Revista Economia Rio

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Diretor: Luiz Alberto BettencourtDiretora Executiva: Joyce MartinsEditora: Cristina Alves (MTb 19.683)Relações Institucionais: Thaisa BianchiDireção de Arte: VX ComunicaçãoRelações Comerciais: Leila Garcia, Jorge Abreu Fotógrafo: Marco A. BritoAdministrativo: Eliana Rodrigues e Beth PinheiroTradutor: John JardineRevisora: Denise Scofano

REDAÇÃO, PUBLICIDADE E ADMINISTRAÇÃOPensar Comunicação - Rua Miguel Pereira, 64Humaitá - CEP 22261 090 - Rio de Janeirowww.pensarcomunic.com.br(F) www.facebook.com/PensarComunicacaoTel.: +55 (21) 3970-1552 / 2507-2451

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PPPs, a chave para o investimento16

Coluna

Coluna

59

50..............

Ibmec Rio Informa

SESI/SENAI Indústrias do Rio

BRT impulsiona mercado imobiliário52....................................Mobilidade

08

14

.......................................

....................................

Inovação

Imaginação

Caminhos para empreender54..............................Horizonte 2030

Quanto vale o sol que brilha para você?45.........................................Energia

Turismo depois dos Jogos 201624...................................Rio Olímpico

Rio vira sinônimo de biotecnologia

Nem só de petróleo...

Índice

.............................Competitividade

Economia Rio - Junho 2015

Economia Rio é um projeto de branding do desenvolvimento econômico, social, político e cultural do Rio de Janeiro. Cada editoria, com suas respectivas cores, corresponde a um atribu-to de marca. Também conhecidos como valores fundamentais, estes atributos representam a essência da marca que queremos transmitir. É um conjunto de características que identificam o caráter, a personalidade e os aspectos físicos da marca Economia Rio.

A saída pela floresta34................................Produtividade

Soluções para a Crise Hídrica

Criatividade 37...................................

Um novo conceito para administrar a cidade48...........................Qualidade de Vida

Nestlé cria mata virtual no sul -sudeste51............Responsabilidade Corporativa

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Editorial

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O Estado do Rio sofre, diminui seu crescimento, mas está longe de ser paralisado, pela redução dos preços internacionais do petróleo, pela queda na arrecadação e pelos grandes cortes de programas da Petrobras.

É claro que esses dados da realidade afetam nosso Estado, como, de resto, todo o país.

Nesta edição, no entanto, Economia Rio busca ver o Rio para além de sua riqueza maior e mostra que iniciativas podem mover a economia fluminense.

Ouvimos empresários, autoridades e especialistas.

Na área de novas vocações que temos, nos deparamos com a biotecnologia, alimentada por institutos de pesquisa que atingiram o nível de excelência.

Energia, desenvolvimento florestal e interiorização do turismo estão nesse mesmo radar.

Entre os setores que continuam crescendo, vimos que alimentos e bebidas não param de encher pratos e taças, elevando produção, conquistando mercados.

Da parte do governo, as Parcerias Público-Privadas são a mais forte alavanca para manter investimentos em áreas básicas, como saneamento e mobilidade.

Enfim, pode-se afirmar que a diversificação da economia, empurrada pela crise econômica, é, também, a chave do futuro, se soubermos aproveitar as oportunidades que se abrem.

Diversificar para continuar crescendo

Os editores

Junho 2015 - Economia Rio

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Editorial

7Junho 2015 - Economia Rio

A BIOTECNOLOGIA deverá ocupar uma posição central nas economias fluminense e nacional a partir deste ano, substituindo as lacunas deixadas pela queda de receitas do setor de petróleo e gás. A tradição do Rio de Janeiro nessa área vem da criação do Pólo Bio-Rio pela prefeitura, em 1988. Localizado na Cidade Universitária da UFRJ, o Bio-Rio foi o primeiro parque tecnológico dedicado às Ciências da Vida na América Latina.

Criado pela prefeitura e tendo como cofundadores da área empresarial a Firjan e a ACRJ, o Bio-Rio teve seu investimento complementado por agências federais (Finep, CNPq e BNDES) e foi ancorado nas duas principais instituições científicas do Estado, a UFRJ e a Fiocruz. Bio-Rio tem hoje 41 empresas residentes, sendo 13 delas de médio porte, que investiram recursos próprios de US$50 milhões em pesquisa e produção, em associação com a grande indústria da saúde e com outras instituições acadêmicas no Estado do Rio (UERJ, UFF, UENF), em outros estados e no exterior. Além da área da Saúde, a Biotecnologia no Estado do Rio se estende a outras aplicações.

No agronegócio, a Biotecnologia é liderada no Rio por dois Centros da Embrapa e pelas grandes universidades agrícolas do Estado (especialmente UFRRJ e UFF). A novíssima vertente de Biotecnologia da Biodiversidade aproveita-se de empresas como a Extracta, com suas coleções de amostras vegetais de interesse para Farma, Bem Estar e outras aplicações industriais.

O Estado vem liderando a Rede Brasileira de Biotecnologia da Biodiversidade, uma plataforma de conhecimento que reúne academia, empresas e governo em todo o território nacional para o aproveitamento de nossas riquezas naturais. Estado e cidade atraíram empresas da área de Beleza e Bem-Estar, tipificadas pelo Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação para cosméticos da L’oreal no Fundão, um investimento previsto de US$ 70 milhões, um dos maiores da empresa fora da França.

O Estado do Rio de Janeiro concentrou atenções na Biotecnologia e na Biodiversidade como propostas de complementação dos investimentos públicos e privados em petróleo e gás. O GECIV - Grupo Executivo do Complexo Industrial das Ciências da Vida foi criado pelo governo estadual em 2011, com essa missão.

Um novo protagonista

Antonio Paes de Carvalho, MD, PhD, MBA Professor Emérito da UFRJ,

Fundador do Pólo Bio Rio e Presidente da EXTRACTA Moléculas Naturais S/A

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8 Economia Rio - Junho 2015

m terreno de 570 mil metros quadrados localizado no Distrito Industrial de Santa

Cruz, na Zona Oeste da capital, está destinado a transformar o Estado do Rio de Janeiro no principal polo de biotecnologia no Brasil e um dos mais importantes no Hemisfério Sul. Com investimento de R$ 3 bilhões, ali está sendo construído o Complexo Industrial de Biotecnologia em Saúde (CIBS) de Bio-Manguinhos, que multi-plicará por seis a capacidade de pro-dução de vacinas, reagentes e outros produtos biotecnológicos da autarquia federal, passando de 20 milhões para 120 milhões de frascos por ano. O projeto é fazer de Bio-Manguinhos, a partir de 2018, um núcleo de atração de empresas _ em geral pequenas _ geradoras de tecnologias, de modo a constituir em Santa Cruz uma espécie de cluster biotecnológico.

Rio vira sinônimo de biotecnologiaChico Santos

U “O CIBS nasce do êxito que tivemos em dominar as tecnologias das parcerias nas quais entramos para o desenvolvimento de novos produtos, levando à necessida-de de aumentar em muito a produção do que já fazíamos e também desses novos produtos”, explica Artur Roberto Couto, diretor-geral de Bio-Manguinhos. A con-cretização desse objetivo está atrelada a outro salto, na área institucional. Foi concluído pelo governo federal o projeto de lei que retira de Bio-Manguinhos as amarras da sua condição de autar-quia, transformando-o em uma empresa pública com autonomia para gerenciar em todos os níveis a transformação em curso. A expectativa de Couto é que o projeto seja encaminhado e votado pelo Congresso Nacional ainda este ano. “Todo o desenho está feito, inclusive o plano de cargos”, afirma.

Santa Cruz é o maior e mais ambi-cioso projeto em execução por Bio-Manguinhos, mas a instituição está

investindo, no total, mais de R$ 3,5 bilhões em três empreendimentos de expansão, sendo dois deles dentro do campus da Fiocruz, localizado no bairro de Manguinhos, Zona Norte do Rio. O primeiro deles é a construção de um Centro Integrado de Protótipos, Biofármacos e Reativos (CIPBR), em um prédio totalmente novo de 17 mil m2.

O prédio, quase pronto para inaugura-ção, abrigará três fábricas: uma de bio-fármacos, uma de reativos para diagnós-ticos e a primeira planta de protótipos na área biotecnológica do país, desti-nada a preencher uma lacuna, liberando outras áreas industriais para a fabri-cação de produtos já desenvolvidos. Segundo Couto, a planta de protótipos deverá entrar em operação ainda este ano e não servirá apenas a Manguinhos: vai prestar serviço a todas as empresas interessadas em desenvolver seus novos projetos sem comprometer a capacidade atual de produção

Projeto da construção do complexo industrial de Biotecnologia em Saúde/Foto: Divulgação Bio-manguinhos

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9Junho 2015 - Economia Rio

O outro projeto é uma unidade de fabricação de vacinas contra rotavírus, prevista para entrar em operação no fim deste ano ou início de 2016. Em parceria com a gigante internacional GlaxoSmithKline (GSK), a fábrica tem investimento de R$ 80 milhões e, de acordo com Couto, deverá se transfor-mar em uma base para exportação de vacinas. Tanto o CIPBR como a unidade de vacinas para rotavírus estão sendo construídos com recursos gerados pelas operações de Bio-Manguinhos, que tem como principal cliente o Ministério da Saúde, seu controlador. A planta de protótipos tem financiamento do BNDES (R$ 30 milhões).

O complexo de Santa Cruz foi con-cebido para ser feito com recursos orçamentários do Ministério da Saúde e, até o começo deste ano, já tinha absorvido investimentos de R$ 270 milhões, estando previstos, para até o fim de 2015, mais R$ 300 milhões.

Segundo Maurício Zuma, gerente do projeto, os recursos para as obras não estão entre os alvos dos cortes promo-vidos pelo Ministério da Fazenda no Orçamento da União deste ano.

Zuma ressalta que essa dependência de recursos poderá ser revista a partir do momento em que Bio-Manguinhos se torne uma empresa pública, com mais autonomia para gastar e fazer engenharia financeira. “Queremos ser uma empresa pública não dependen-te. Fazer como faz toda a indústria, ir ao mercado para captar recursos de longo prazo na rede bancária para sustentar nossas operações”, expli-ca. Uma das alternativas a partir da mudança institucional, especialmente para a parte de obras, seria cap-tar recursos na modalidade project finance, com pagamento a partir das receitas geradas pelo próprio empre-endimento.

A transformação em empresa pública daria à autarquia (como é hoje) mais agilidade para contratar pessoal, redu-zindo a dependência de terceirizados provocada pela demora nos processos de contratação pelo regime atual.

Mas é no aspecto tecnológico, propria-mente dito, que Bio-Manguinhos terá seu maior ganho com a mudança jurídi-ca. Para se tornar, como pretende, um grande competidor e inovador no mer-cado internacional de produtos biotec-nológicos, ele precisa ganhar agilidade para fazer parcerias e até comprar pequenas empresas inovadoras, como fazem as chamadas “big pharma”, os grandes laboratórios internacionais.

O vice-diretor de Desenvolvimento Tecnológico da autarquia, Marcos Freire, ilustra com uma experiência recente: ele e sua equipe haviam des-coberto que uma pequena empresa da Carolina do Norte, Estados Unidos,

no alto, vista externa do prédio da Fiocruz. acima, terreno onde está sendo construído o complexo de Bio-manguinhos, no Distrito industrial de Santa cruz/Foto: marco Brito e Divulgação/Bio-manguinhos

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10 Economia Rio - Junho 2015

avançava com sucesso em uma pes-quisa para o desenvolvimento de uma vacina de pneumococos com base em nanotecnologia, bem à frente do que é feito hoje nessa área. E descobriram também que estavam, aparentemente, à frente da concorrência. Tiveram início as primeiras negociações, dentro dos limites legais de Bio-Manguinhos, até que um dia o site da empresa apareceu com o logotipo de uma “big pharma”.

O papel da Bio-Rio

A rede de parcerias que trará uma nova densidade à indústria biotecnológica do Rio de Janeiro está em formação, sendo o projeto de Bio-Manguinhos para Santa Cruz uma espécie de âncora que dará sustentação a novos empre-endimentos, os punhos de uma “rede” que seus dirigentes consideram essen-cial para que o Rio possa assumir, de fato, essa liderança na indústria bio-tecnológica brasileira. Mas o embrião dessa “rede de parceiros”, como projeta Freire, já existe, funcionando como uma malha com outras instituições.

A Fundação Bio-Rio, criada em 1988 pelo gênio inovador de Antonio Paes de Carvalho, é hoje o principal polo agregador dos pequenos empresários e pesquisadores fluminenses que buscam espaço na área biotecnológica. Segundo Katia Aguiar, gerente de Negócios da Fundação, ela congrega atualmente 42 empresas, sendo 20 já instaladas no parque tecnológico e 22 na incubadora, havendo ainda outras 23 associadas, totalizando 65 empresas ligadas ao polo. Funciona em uma área dentro do campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), esta por si só uma fornecedora de cérebros para o polo.

Segundo Katia, a Bio-Rio funciona com uma espécie de hub, fornecendo, mediante taxa de aluguel, área para a instalação da empresa, conexão à internet, apoio jurídico, apoio logístico e, o mais importante, contatos. “O pes-quisador, quando descobre algo, tem com essa descoberta quase uma ligação

como a que se tem com um filho. A des-coberta dele resolve todos os males do mundo. E uma coisa é a pesquisa, outra é o mercado. A Fundação Bio-Rio ajuda os pesquisadores a desenvolverem seus negócios”, resume a executiva.

Uma das companhias instaladas no polo Bio-Rio que vem ganhando mais visibili-dade é a Axis Biotec, hoje uma pequena holding com cinco empresas, dedicadas a atividades que vão do armazenamento de células-tronco do sangue do cordão umbilical e outros materiais biológicos à produção de fármacos, passando pela pesquisa na área da medicina regene-rativa e pelo desenvolvimento de novos produtos. Gera 130 empregos diretos e cerca de 500 indiretos.

Eduardo Cruz, presidente da empresa, é um dos maiores entusiastas da pers-pectiva de que o Rio venha a se trans-formar no principal polo biotecnológico do país. Sua receita: “É preciso que existam, assim como em outros locais, acordos de cooperação tecnológica e comercial entre pequenas e grandes empresas públicas e privadas localiza-das no Rio de Janeiro. Interação entre pequenos, médios e grandes.”

O empresário reforça com dados da Bolsa da Nova York (Índice Dow Jones) seu entusiasmo pelo investimento em biotecnologia como alternativa para reduzir a supremacia da finita indústria do petróleo no Rio. Segundo ele, em 2012, o setor de saúde cresceu 19% no Dow Jones e o de petróleo e gás, 6%. Em 2013, a relação foi 35% e 17%, respectivamente. E em 2014, o setor

de saúde cresceu 34% na bolsa ame-ricana, enquanto o de petróleo e gás recuava 9%.

No dia 14 de abril, Cruz recebeu a nata do setor no estado para inaugurar a expansão de uma das suas empresas, a Cryopraxis, dedicada ao armaze-namento de células-tronco e tecidos. A capacidade de armazenamento da empresa foi dobrada, de 40 mil para 80 mil amostras, com investimento de R$ 5 milhões.

Agora, ele planeja construir uma nova unidade, a partir de um acordo com a empresa canadense Plantform, para a produção de anticorpos monoclonais para o tratamento de alguns tipos de câncer a partir de folhas de tabaco. O projeto será parcialmente subvencio-nado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), empresa federal volta-da para o apoio à pesquisa e inovação.

Fora do polo Bio-Rio, grandes empre-sas internacionais com longa tradição em pesquisa biotecnológica já estão instaladas no Rio, constituindo-se em ilhas que poderão ser interligadas pela “rede” preconizada pelos dirigentes de Bio-Manguinhos. Até porque muitas delas, como a GSK e a Biomerieux, têm ligações antigas com o setor biotecno-lógico brasileiro.

A francesa Biomerieux tem um longo histórico de parceria com o Brasil, desde que, em 1974, forneceu 80 milhões de doses de vacinas contra meningite meningocócica para com-bater a epidemia que atingia o país. A vacina passaria depois a ser produ-zida no Brasil a partir de um acordo de transferência de tecnologia com a Fiocruz na época da criação de Bio-Manguinhos (1976).

Hoje, a empresa possui uma fábrica de placas de meios de cultura para diagnósticos em Jacarepaguá (na Zona Oeste), exportando para países como Argentina, México, Chile e Colômbia, segundo seu diretor-geral, Pedro Di

Fundada em 1988, a Bio-Rio funciona como uma espécie

de hub e ajuda pesquisadores a

desenvolrem seus negócios

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inovação

11Junho 2015 - Economia Rio

Rocco. Hoje, 80% da produção são destinados ao mercado brasileiro, mas, segundo Di Rocco, o objetivo é aumen-tar as exportações a uma média de 20% ao ano. A fábrica produz atual-mente 20 milhões de placas por ano, mas pode chegar a 40 milhões.

Em 2014, a Biomerieux venceu uma licitação do governo brasileiro para fornecer testes rápidos para diagnósti-co de hepatite. Os testes são produzi-dos atualmente na fábrica da empresa na China, mas Di Rocco informou que o objetivo da Biomerieux é firmar parceria com uma empresa brasileira para fazer a produção no país. Disse que está negociando, e não esconde a preferência: “Gostaria muito que fosse Bio-Manguinhos.”

Cientes do papel da autarquia como catalizador desse crescimento da bio-tecnologia no Rio, os dirigentes de Bio-Manguinhos querem criar um evento periódico que aproxime as empresas, universidades, institutos de pesquisas e pesquisadores do Estado, de modo

a estimular a formação de parcerias que gerem novas descobertas, novos produtos e novas empresas.

Um dos instrumentos para unir essas forças são das Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDPs), criadas pelo Ministério da Saúde para estimular o setor biotecnológico no país. Segundo Couto, existem 104 PDPs em andamento no Brasil, sendo 35 envolvendo a Fiocruz. Destas, 14 são com Bio-Manguinhos e três têm contratos assinados. O tempo entre a formação da PDP e sua concretização demora entre um ano e um ano e meio.

Bio-Manguinhos quer que o Rio de Janeiro também estimule essas siner-gias como uma estratégia para o desenvolvimento do setor no Estado. O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, que participou da cerimônia de reinauguração da Cryopraxis ampliada, manifestou o mesmo entusiasmo que o controlador da empresa, Eduardo Cruz, quanto às possibilidades do setor.

Fachada axis Biotec, na ilha do Fundão: Holding dedicada ao armazenamento de células tronco. no detalhe, os tanques da cryopraxis.

Pezão quer que o poder de compra dos três níveis de governo seja uti-lizado para gerar demanda para as empresas, paralelamente à criação de estímulos para que elas se instalem no Rio e desenvolvam pesquisas aqui.. “Não tenho dúvidas de que esse é o setor do futuro do nosso Estado”, afir-mou. A presidente da Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio de Janeiro (Codin), Conceição Ribeiro, disse que, neste momento, o papel do Estado é “identificar compe-tências que norteiem a vinda de outras [competências]”. A Codin é responsá-vel pela gestão dos distritos industriais do Rio de Janeiro.

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inovação

12 Economia Rio - Junho 2015

Rio acaba de dar mais um passo para se consolidar como um hub

de bioteconologia. A Roche – empresa líder em biotecnologia no mundo – anun-ciou em março um investimento de R$ 300 milhões, em cinco anos, em sua fábrica instalada em Jacarepaguá.

O montante será direcionado a moder-nização e adaptação das instalações da fábrica, que se tornará o centro exporta-dor da Roche para a América Latina. De acordo com o diretor técnico da Divisão Industrial Farmacêutica da Roche Brasil, Fabrice Goisset, a Roche Brasil é a subsidi-ária da companhia que mais cresce entre os mercados emergentes.

A Roche opera a unidade instalada no Estado desde 1978, que, segundo Goisset, é estratégica para a companhia. “Com o recente investimento, devemos aumentar nossa produção em 10% a partir de 2017”, diz o diretor.

O Rio de Janeiro exporta cerca de 30% da produção total da Roche para 23 países, o que corresponde a 16 milhões de unidades de medicamentos. “Investir no Estado do Rio de Janeiro reforça o compromisso da companhia com a América Latina e está totalmente alinhado à estratégia de cres-

cimento no Brasil e na região” diz Goisset.

Após o investimento, no prazo de dois anos, alguns medicamentos produzidos no Rio, como é o caso do Bactrim® (sulfa-metoxazol + trimetoprima), indicado para tratamento de algumas infecções, devem passar a ser exportados globalmente. “O aporte permitirá que a filial continue a atender às crescentes expectativas das autoridades de saúde pública e expandirá potencialmente a oferta de produtos para além da América Latina”, explica o diretor.

Para garantir um crescimento sustentável para a unidade brasileira, a companhia vem trabalhando junto às autoridades locais para ampliar o acesso da população aos medicamentos inovadores desenvol-vidos pela Roche nas áreas de oncologia, neurologia e imunologia. “O faturamento no Brasil foi de R$ 2,3 bilhões em 2014. Nos próximos anos, a expectativa é crescer em linha com o mercado, no patamar de dois dígitos”, afirma Goisset.

Em 2014, a Roche investiu globalmente mais de 9 bilhões de francos suíços em pesquisa e desenvolvimento, montante que representa 20% do faturamento. O valor foi destinado à criação de soluções em biotecnologia e medicina personalizada,

baseadas na integração entre métodos de diagnóstico e tratamentos direcionados, inclusive no Brasil.

De acordo com Goisset, o país tem papel fundamental na estratégia global da com-panhia para desenvolvimento de inovação na área de saúde. No Brasil, a Roche dispõe de mais de 240 centros de pes-quisa participantes em 79 estudos clíni-cos. “Atualmente, mais de 1.700 pacien-tes estão envolvidos nessas pesquisas e, nos últimos três anos, R$ 368 milhões foram investidos em pesquisa clínica pela Roche no país, o que representa 200% de aumento nesse período”, afirma o diretor.

Roche põe o Rio na sua estratégia global

Entrada da fábrica da Roche em Jacarépaguá: parte da produção do Rio é exportada para 23 países./Foto de divulgação

Fabrice Goisset, Diretor da Roche

OIsabel Correia

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A economia do Estado do Rio de Janeiro é tão diversificada quanto seu território. São diversos mercados em muitos municípios, com destaque para as áreas de alimentação, moda, turismo e petróleo e gás. O Sebrae/RJ atua em todos os setores oferecendo consultorias, capacitações, cursos e palestras. As micro e pequenas empresas sabem que podem contar com essa ajuda, seja na praia ou na serra, na capital ou no interior.

The economy of the State of Rio de Janeiro is as diverse as its territory.There are several markets in many cities, especially in the areas of food, fashion, tourism and oil and gas. Sebrae/RJ operates in all sectors offering consulting, training, courses and lectures. Micro and small businesses know they can rely on this help, whether on the beach or in the mountains, in the capital or in the interior.

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imaginação

14 Economia Rio - Junho 2015

esde o início da produção de petróleo e gás natural na Bacia de Campos, no fim dos anos

1970, a indústria de petróleo e gás vem dominando a economia do Rio de Janeiro. O Estado é o maior produtor desses hidrocarbonetos e viu os negócios no seg-mento se expandirem exponencialmen-te, puxados sobretudo pela Petrobras. Cerca de 30% do Produto Interno Bruto (PIB) fluminense são oriundos do setor industrial, de acordo com informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Fundação Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores Públicos do Rio de Janeiro (Ceperj). E mais da metade desse percentual vem da indústria extrati-va mineral, quase que totalmente domina-da pela extração de petróleo e gás natural na costa do Estado.

Hoje, porém, com a crise envolvendo a petroleira estatal e a queda abrupta do valor do barril de petróleo, as finanças do Estado e dos municípios ligados à atividade vêm sofrendo um duro golpe. A arrecadação do governo do Estado com participações governamentais, que incluem royalties e participações espe-ciais sobre a produção de petróleo e gás, subiu R$ 455 milhões em 2014 sobre o ano anterior, atingindo R$ 13,2 bilhões.

D

Nem só de petróleo...No momento de crise da Petrobras e de queda do preço do óleo bruto, é preciso estimular o crescimento de outros setores da economia fluminense

Contudo, desde setembro passado, veri-fica-se queda nos valores, o que aponta para diminuição em 2015, devido às vari-áveis envolvidas, como o preço do barril e a cotação do dólar.

O revés atual pode ser uma boa oportu-nidade para diversificar a indústria flumi-nense e torná-la menos dependente do “ouro negro”. Há alguns anos, o Rio vem buscando atrair outros segmentos econô-micos, como a indústria metalmecânica, e apostando na criação de arranjos produti-vos locais (APLs) como forma de desenvol-ver regionalmente a economia do Estado. Entretanto, muito ainda pode ser feito, e o momento parece oportuno para isso.

O professor Jorge Britto, do Departamento de Economia da Universidade Federal Fluminense (UFF), desenvolveu um estudo junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) sobre APLs. Apesar de achar que os arranjos locais são um caminho, Britto aponta outras possibilidades de maior porte, e até mesmo um aprimoramento da indústria do petróleo no Estado, a fim de ampliar o valor agregado de produtos e serviços. Mas acredita que, inicialmente, a primeira questão a ser enfrentada é a visão do empresariado. “A base empre-sarial fluminense sempre teve um viés

mais conservador. Há poucas empresas inovadoras no Estado. A indústria é muito vinculada a atividades mais tradicionais e ao atendimento marginal a grandes proje-tos”, explica ele.

Britto chama atenção ainda para a neces-sidade de articulação entre governos e empresas, a partir de um planejamento centralizado. “Nos últimos 15 anos, acre-ditou-se que o desenvolvimento regional viria a reboque do petróleo. No entanto, não foram definidos os setores prioritá-rios. A capacidade de planejamento ficou muito presa às questões orçamentárias.”

Por isso, o especialista acredita que o cenário desfavorável atual somente será mudado com a retomada do planejamen-to de longo prazo. Para que isso ocorra, será crucial o diálogo entre o governo do Estado e as prefeituras municipais, opina Britto. “Há uma constante competição com os outros estados. Por isso, deve haver ferramentas e órgãos capacita-dos para promover esse planejamento. E isso deve ser feito em conjunto com municípios e sub-regiões, que têm de ter capacidade de identificar novas vocações econômicas. É preciso criar uma resili-ência regional, ou seja, uma capacidade local de se adaptar a mudanças, como a que está ocorrendo agora.”

Alexandre Gaspari

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imaginação

15Junho 2015 - Economia Rio

Como vencer o desafio

Os obstáculos...

• O Rio de Janeiro precisa intensificar e ampliar o número de empresas inovadoras insta-ladas em seu território. A inovação é considerada um elemento crucial para a diversifica-ção econômica e para a atração de novos negócios. Hoje, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Santa Catarina têm mais empresas inovadoras que o Rio.

• Há no Estado muitas competências científico-tecnológicas, como universidades e cen-tros de pesquisa, que precisam ser mais bem exploradas. A integração entre empresa, academia e governos, embora venha evoluindo sistematicamente, precisa ser mais incre-mentada, sobretudo em outros segmentos além do de petróleo e gás natural.

• A infraestrutura ainda é um gargalo que dificulta a diversificação da economia e o desenvolvimento regional. Muitas regiões do Estado ainda não dispõem de uma malha de transportes que facilite a instalação de novas empresas.

... e as oportunidades de negócios

As rochas vão rolar – e render bons negócios

Quando se trata de arranjos produti-vos locais (APL), um dos que têm rece-bido atenção especial da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado do Rio de Janeiro (Sedeis) é o de rochas orna-mentais, no Noroeste Fluminense. Em 2013, a Lei 6.423 isentou da necessidade de Estudo de Impacto Ambiental (EIA) jazidas de até 5 ha de frente. E a Agência Estadual de Fomento (AgeRio) oferece uma linha de crédito específica para empresas do setor.

A coordenação do trabalho de estímulo ao segmento está a cargo do Departamento de Recursos Minerais (DRM), com apoio da Sedeis. De acordo com dados do DRM, o setor de rochas ornamentais é composto por 160 empresas, entre serrarias e pedreiras legalizadas ambientalmente. São cerca de 1.500 empregos diretos.

Debora Toci, diretora de Mineração do DRM, explica a importância do apoio a esse seg-mento. “A Região Noroeste possui o menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Estado, no entanto, possui o maior potencial de rochas ornamentais. Somente este ano, com o licenciamento de empresas estratégicas para extração de blocos, o Rio de Janeiro contará com investimento inicial de R$ 500 milhões, podendo ser expandido em mais R$ 500 milhões no próximo ano. Isso sem falar nos empregos diretos e indire-tos que esse setor irá alavancar.”

Para atrair esses investimentos, a participa-ção em eventos internacionais tem sido cru-cial. “Divulgamos os materiais rochosos do Estado em duas grandes feiras: A Covering’s, nos EUA; e a Verona Stone Fair, em Verona, na Itália. São eventos estratégicos para atrair empresários para investir no setor e em sua cadeia produtiva. Essa ação conjunta entre a Firjan, o Sebrae e o DRM tem atraído empre-sas de médio e grande portes para extração de blocos e chapas para exportação. Isso levará a região Noroeste a outro patamar”, conclui Debora.

BiotecnologiaA recente ampliação da Cryopraxis, laboratório de criogenia e armazenamento de células-tronco, chama a atenção para o segmento de biotecnologia, com a produção de insumos mais sofisticados.

Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC)As indústrias criativas são outra boa possibilidade. Tem havido um crescimento expressivo na produção de softwares e aplicativos, e o Rio de Janeiro poderia explorar algumas dessas competências, por meio de startups. Para isso, é preciso mais apoio, sobretudo de fundos de investimentos.

Atividades entre indústria e serviçosAlguns segmentos já instalados no Estado, como o de audiovisual e o de turismo, podem ser incrementados com a reestruturação da infraestrutura urbana, de transportes e de telefonia. É um caminho ainda para a implantação de smart cities em diversas regiões do Rio. Com a oferta de produtos e serviços tecnológicos de alto valor agregado, as smart cities poderiam atrair diversos modelos de negócios.

DesignA vantagem desse segmento é que ele pode ser combinado com outros setores, inclusive os tradicionais, como os de vestuário e móveis. O objetivo é buscar nichos de trabalho mais sofisticados, agregando valor a produtos.

Diversificação no segmento petrolíferoMesmo as empresas que oferecem bens e serviços atualmente para a indústria de petróleo e gás poderiam diversificar suas carteiras, ampliando os setores que podem atender. Exemplos são os segmentos de peças de reposição e de logística que atendem a Petrobras.

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competitividade

16 Economia Rio - Junho 2015

Estado do Rio de Janeiro é o maior do Brasil em número de Parcerias Público-Privadas

previstas para os próximos meses. Ao todo, são oito e a maioria já entra em fase de estudos para a modelagem dos projetos. As áreas vão de mobilidade urbana a saneamento, passando pela informatização de serviços públicos. As PPPs representam hoje um instrumento importante para a manutenção de inves-timentos no Estado, apesar da queda na arrecadação de impostos, fruto da crise. Segundo a Economia Rio apurou, mesmo com o freio na economia, há setores que continuam investindo no Estado, como os de alimentos e bebidas e automotivo.

O secretário de Desenvolvimento Econômico do Rio, Marco Capute, e o presidente da AgeRio, Domingos Vargas, ambos à frente do processo de consolida-ção das PPPs no estado, conversaram com a revista Economia Rio sobre o projeto.

OCom pré-sal e Jogos Olímpicos, oportunidades se multiplicam em vários municípios

ECONOMIA RIO Qual a vantagem das PPPs?

CAPUTE - Sempre que o capital privado puder entrar no lugar do capital público, ele deve entrar, independentemente de ser momento de crise ou não. Principalmente na área de infraestrutura, que é intensiva em capital.

ECONOMIA RIO Um momento de crise na economia brasileira pode atrapalhar os planos do governo do Rio?

CAPUTE - Em momento de crise, você tem dificuldades enormes de realizar parcerias com sucesso. Existe a crise de credibilidade no próprio país, discussão de rebaixamento de rating, coisas desse tipo. Mas crises também abrem oportunidades. Atualmente há liquidez no mercado internacional e pretendemos atrair novos players para atuarem sozinhos ou em parcerias. Há também os grupos nacionais.

ECONOMIA RIO E a questão dos finan-ciamentos, pode ser equacionada?

CAPUTE - Tem um capital mais caro que-rendo vir, querendo retorno maior, e tem organismos, como o BNDES, aumentando sua taxa de juros e fazendo mudanças que a gente não sabe como vão ficar, mas espera-mos que projetos estruturantes e de base não sejam atingidos.

ECONOMIA RIO Qual o modelo que será adotado nas PPPs do Estado?

CAPUTE - Não há um modelo único. Há princípios. Cada PPP terá um modelo cen-trado no tripé: boa modelagem, governança e garantias. Para a governança, existe um conselho com participação de várias secreta-rias. Concentramos o conhecimento de como realizar esse processo dentro da AgeRio e da Sedeis, Secretaria de Desenvolvimento. Na outra perna do tripé, é a modelagem, e ela tem, em parte, a ver com os PMIs, que

Cristina Alves

PPPs, a chave para o investimento

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competitividade

17Junho 2015 - Economia Rio

Com pré-sal e Jogos Olímpicos, oportunidades se multiplicam em vários municípios

são os Procedimentos de Manifestação de Interesse. O governo autoriza alguém a fazer um PMI. No nosso caso, a definição é que as empresas que estruturarem a modelagem não participarão da execução do projeto. A última perna do tripé são as garantias. Para estruturar esse processo, foi redigida uma lei que passou pela Procuradoria Geral do Estado (PGE), pela Casa Civil, e foi para a Alerj. Mas, enquanto não tivermos a lei nova, vamos trabalhar com a antiga.

ECONOMIA RIO As empresas estran-geiras poderão participar?

CAPUTE - Temos todo o interesse em que haja total concorrência.

ECONOMIA RIO Como se dará a parti-cipação do governo no processo?

CAPUTE - Todo mundo pensa que, numa PPP o governo e a outra parte envolvida aportam recursos. Mas não precisa ser assim. O Estado tem ativos, tem garantias, uma série de coisas valores a converter em uma PPP. Acho até que se o governo tem direito a uma concessão, este é um valor que ele tem na mão e pode disponibilizar. Por exemplo, se quer fazer um BRT, pode fazer uma licitação para todo o percurso, prevendo obras em cada estação, ou pode licitar cada trecho. A modelagem ainda vai ser feita.

DOMINGOS - As parcerias estão prioriza-das, mas os estudos estão em fase inicial.

CAPUTE - A EBP (Empresa Brasileira de Projetos) manifestou interesse em fazer estu-do na área de saneamento tanto para a Baixada Fluminense como para a área Leste, de São Gonçalo e Itaboraí.

ECONOMIA RIO Esse é um investimen-to de R$ 12 bilhões?

CAPUTE - É preciso deixar o estudo ser finalizado para termos os números. Mas, podemos falar em ordem de grandeza de R$ 10 bilhões. Nesse total há ativos prontos, há investimentos que estão sendo feitos. Após a modelagem é que saberemos, por exemplo, se a PPP de infraestrutura abarcará somente o saneamento, ou se (o abastecimento de) água (será incluído também). Quem vai estar conosco pilotando essa PPP é a Cedae, que será também o órgão demandante.

ECONOMIA RIO Como funciona esse processo das áreas demandantes no Estado?

DOMINGOS - Cada PPP tem a sua área demandante e a Sedeis coordenará os pro-jetos, presidindo o Conselho Do Programa Estadual de Parcerias Público-Privadas (PROPAR), conforme instituído pela nova Lei. Exemplos: Quando for saneamento (a área demandante) é a Cedae. Quando for mobilidade (a demandante) é a Secretaria de Transportes.

ECONOMIA RIO Haverá linhas especiais de financiamento?

CAPUTE - Quando nós modelarmos e bus-carmos os players, cada um pode trazer o seu financiamento. Os players externos normalmente trazem consigo financiamentos próprios. E os nacionais terão os nossos agentes econômicos.

DOMINGOS - Há a Caixa Econômica, Banco do Brasil e BNDES. Eles são parceiros dos empreendedores nesse processo.

ECONOMIA RIO A empresa estrangeira pode vir sozinha ou ela, obrigatoriamente, terá que estar associada a uma local?

CAPUTE - Isso será definido na modelagem, dependendo do setor e seus aspectos legais. Pode ser uma (companhia) estrangeira que venha montar uma empresa no Brasil.

DOMINGOS - Pode ser uma empresa estrangeira associada a uma de menor porte

no Brasil. Com as Sociedades de Propósito Específico (SPEs) que são formadas, não há dificuldade de financiamento.

CAPUTE - Mas todos os financiamentos aqui, tipo do BNDES, preveem garantias e a empresa, sendo lá de fora, também pode dar garantias ou ser financiada por bancos estrangeiros.

ECONOMIA RIO Tem uma previsão para a conclusão dos estudos, da mode-lagem? Quando se pode esperar o início das obras?

CAPUTE - Um estudo desses para uma PPP leva cerca de um ano. Porém, podemos baixar para sete, oito meses. Temos que dar o pontapé logo agora para que as obras tenham início até o meio do ano que vem. Precisamos entender que uma PPP começa na fase do estudo, na fase até de autoriza-ção do estudo. O pós-estudo é que define as outras fases, de fundo garantidor, de modelagem...

DOMINGOS - Aí entra a etapa da estrutura-ção de garantias...

CAPUTE - Podem ser fundos garantidores ou negócios que se viabilizem por si mesmos.

ECONOMIA RIO As obras de sanea-mento são a grande vitrine de todo esse projeto de PPPs no Estado? Qual a previ-são para elas?

CAPUTE - Tem obra de saneamento que está licitada pela Cedae e que já está andando. Quando você saneia a Baixada Fluminense, por exemplo, melhora a qualidade da Baía de Guanabara. O saneamento é um dos prin-

Crises abrem oportunidades.

Atualmente há liquidez no mercado internacional

e pretendemos atrair novos players para

atuarem sozinhos ou em parcerias.

Não há um modelo único. Há princípios. Cada PPP terá um

modelo centrado no tripé: boa modelagem, governança e garantias

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competitividade

18 Economia Rio - Junho 2015

cipais compromissos do governador. As obras (de abastecimento de água) da Baixada estão andando, estão sendo feitas pela Cedae, mas ela tem limitação de investimentos. Essa PPP (de saneamento) está sendo feita para com-plementar esses investimentos, para levar esgoto e saneamento no período de cinco a dez anos. Em cinco anos, a água e, em dez anos, o esgoto. A premissa é conseguir isso e com o menor custo para o governo.

DOMINGOS - Os estudos vão começar logo. Agora, tão logo comece, já está sendo pensada a parceria de tal maneira que as obras que estão sendo feitas façam parte da estratégia. Tudo depende do modelo que for feito. O governo pode licitar por um prazo determinado, por 30 anos, por exemplo. Pode prever que, em algum momento, volte para a Cedae.

CAPUTE - Nesse caso do saneamento, tem a discussão da Câmara Metropolitana. O poder concedente da Região Metropolitana é a Câmara porque há vários municípios envolvidos.

DOMINGOS - Já existia, por parte do gover-nador, uma articulação com os municípios para garantir que não teríamos problemas com a regulação para investidores e a Cedae. Mas a Câmara Metropolitana foi aprovada e ela está perfeitamente sintonizada com a proposta. O governador Pezão se antecipou e lançou a Câmara no fim do ano passado. Acho que estamos indo bem.

ECONOMIA RIO E a PPP do Rio Digital? Em que pé está?

DOMINGOS - O órgão demandante é a Secretaria de Ciência e Tecnologia. O gover-nador, que já fez o Piraí Digital, agora deseja fazer o Rio Digital.

ECONOMIA RIO Haverá licitação?

CAPUTE - A parceria vai ser licitada pela Secretaria de Ciência e Tecnologia.

DOMINGOS - Está numa fase de prever quais serviços serão potencializados. Esse projeto não é para levar a banda larga ao município mais longínquo, por mais relevante que seja isso. A ideia é levar serviços, colocar

numa rede a possibilidade de consulta a um determinado livro pela internet. Estamos na fase de decidir os serviços que podem ser alcançados: delegacias, escolas...

CAPUTE - Há muita coisa ali que vai gerar negócios a partir daí para valorizar a PPP, criando produtos e serviços.

ECONOMIA RIO Há uma expectativa de ter vários grupos interessados nas PPPs?

CAPUTE - Creio que a modelagem está bastante atrativa por sua transparência e governança. Quando cheguei aqui, as PPPs tinham um esboço. Hoje há leis, decretos, estudos. Temos uma PPP que possibilitará maior garantia ao abastecimento de água da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. São obras que vão facilitar a manutenção da estação de Ribeirão das Lajes. Nesse caso, o governo vai entrar com diferimento de impos-tos. A Emop deve validar o estudo. Hoje, quando a Light precisa fazer manutenção em Ribeirão das Lajes afeta o abastecimento de água pela Cedae.

ECONOMIA RIO Qual a previsão quan-to aos prazos?

CAPUTE - Olha, não tem uma obra que se diga que se faz em um ano e meio e faça. Sempre tem alteração. Agora, queria desta-car um ponto: estamos fazendo a modela-gem com órgãos independentes e que não vão entrar no negócio. Quem faz o projeto não faz a obra. Esse mecanismo dá mais transparência e atrai um número maior de players, devido à simetria das informações para todos os participantes.

DOMINGOS - Nos estudos existen-tes no mercado, essa é a forma mais exitosa de se fazer uma PPP. Nos PMIs (Procedimento de Manifestação de Interesse) tradicionais, muitas vezes há só uma empresa concorrendo.

ECONOMIA RIO Como o governo pretende vender a ideia das PPPs aos investidores?

CAPUTE - Vamos fazer road show, vamos levar lá para fora.

ECONOMIA RIO Quando?

CAPUTE - No mínimo, daqui a uns seis, sete meses. Queremos fazer por evento, mas a modelagem vai dizer. Quais são as empresas interessadas? Cada uma vai ter uma apresentação.

ECONOMIA RIO Como seria no caso do Metrô? Pode detalhar um pouco mais?

CAPUTE - Seria uma extensão da Linha 2, do Estácio àPraça Quinze, passando pela Praça da Cruz Vermelha, Carioca. Serão linhas paralelas. E Linha 3 que pode ser VLT, BRT ou Metrô.

DOMINGOS - Tem oito PPPs sendo priorizadas no Rio. Não tem estado no Brasil com esse número de PPPs e há outras em estudos.

CAPUTE - Se der certo, vai ser espe-tacular. Seremos referência. Pode ter na área de educação, de saúde, real state ...

DOMINGOS - E tem a do retrofit do Centro Administrativo Lúcio Costa (antiga sede do Banerj), onde estão várias secretarias. A ideia do governo é colocar a maior quantidade possível de secretarias lá. O órgão demandan-te, nesse caso, é o Rio Previdência. A outra é a modernização dos batalhões da Polícia Militar. Esse projeto está começando a ganhar forma. O gover-nador pediu um estudo preliminar para modernizar os batalhões. Criar bata-lhões verticais

Queria destacar um ponto: estamos fazendo a modelagem com órgãos independentes e que não

vão entrar no negócio. Quem faz o projeto não faz

a obra. Esse mecanismo dá mais transparência e

atrai um número maior de players

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19Junho 2015 - Economia Rio

São oito as Parcerias Público-Privadas (PPPs) em andamento no Estado do Rio. O destaque é o saneamento básico, com dois projetos cujo objetivo é universalizar o acesso ao serviço para a população da Baixada Fluminense e da Região Leste do Estado (municípios de Itaboraí e São Gonçalo). No total, serão cinco milhões de pessoas beneficiadas, no prazo de dez anos.

Além desses dois projetos na área de saneamento, há outros dois de mobilidade urbana, com extensão da Linha 2 do Metrô Estácio-Praça XV (até a estação das barcas) e a ligação expressa Niterói-São Gonçalo, que poderá ser feita por Metrô, Bus Rapid Transit (BRT) ou Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). O estudo preliminar dirá qual o modal a ser usado nesse caso, e o valor do investimento varia.

Outro projeto relevante é o do Rio Digital, que pretende melhorar os serviços públicos e integrar a infraestrutura de transporte de dados entre todos os municípios fluminenses. O objetivo é aperfeiçoar o atendimento básico ao cidadão em áreas como educação, saúde e segurança, acelerando o acesso às redes de alta velocidade.

As obras de retrofit do Centro Administrativo Lúcio Costa (no anti-go prédio conhecido como Banerjão) também estão incluídas nas PPPs. A proposta é instalar no local o máximo possível de secreta-

rias do Estado. Uma outra PPP deve facilitar as obras de manuten-ção da estação de Ribeirão das Lajes, garantindo o abastecimento de água na Região Metropolitana. Uma última PPP que está sendo avaliada é a dos batalhões da Polícia Militar. O governo poderia autorizar a construção de batalhões verticais, abrindo espaço para o uso do restante das áreas.

O programa das PPPs foi oficialmente lançado no início de maio pelo governador Luiz Fernando Pezão, mas as mudanças na lei já vinham sendo preparadas. Em 22 de abril, o governador enviou à Assembleia Legislativa o Projeto de Lei 336/2015, que altera a Lei 5.068, de julho de 2007 - que instituía o programa das PPPs - e revoga a Lei 6.089, de 25/11/2011, que cria o Fundo Fluminense de Parcerias.

Maria Paula Martins, secretária-executiva do Conselho Gestor do Programa das Parcerias Público-Privadas (Propar), lembra que há vários modelos possíveis. No caso do retrofit do prédio do Banerjão, já há um protocolo de intenções assinado entre o Estado e a Caixa Econômica e deve ser criado um fundo imobiliário. “A grande vantagem das PPPs é antecipar investimentos que leva-riam muito mais tempo para ser feitos”, resume a executiva.

ECONOMIA RIO Como seria?

CAPUTE - Hoje, os batalhões são prédios antigos. Podemos verticalizar os edifícios. A área que sobrar pode ser usada como con-trapartida dada pelo estado

ECONOMIA RIO Quanto as PPPs podem representar em termos de investimento?

DOMINGOS - Os valores variam. Se a Linha 3, por exemplo, for um BRT em vez de Metrô, pode custar muito menos..

cerimônia de lançamento do programa das PPPs no Palácio Guanabara, no início de maio Foto: Shana Reis/Divulgação Governo RJ

Conheça os projetos

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o mundo do comércio

21Junho 2015 - Economia Rio

O Mundo do Comércio

Capacitação para o mercado internacional

Cerca de 140 empresas fluminenses de diver-sas áreas serão capacitadas para ampliar a competitividade empresarial e a aumentar a inserção no mercado internacional. O anún-cio foi feito pelo subsecretário de Relações Internacionais da Casa Civil, Pedro Spadale, durante o lançamento do Projeto Extensão Industrial Exportadora (PEIEX). Formatado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), no Rio de Janeiro, o PEIEX será operado pelo Instituto Gênesis, vinculado à PUC-Rio.

O Rio de Janeiro é o 14° Estado a receber o programa, que funciona como uma con-sultoria gratuita para melhorar o desempe-nho competitivo das empresas. “Queremos apoiar principalmente as micro e pequenas empresas em setores diversificados, em espe-cial no interior do Estado, que planejam se internacionalizar. Isso vai gerar desenvolvi-mento econômico, emprego e renda para os trabalhadores, e as empresas ficarão ainda mais competitivas para atuarem no mercado nacional”, afirmou Spadale.

Rio recebe Congresso de Estatística

Considerada a mais importante confe-rência internacional sobre Estatística do mundo, o 60º Congresso Mundial de Estatística acontece de 26 a 31 de julho de 2015, no Riocentro. Com organização do International Statistical Institute (ISI) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o evento apresentará um rico programa científico, estruturado para disponibilizar apresentações e dis-cussões de artigos de alta qualidade em todos os campos da Estatística.

O evento contará ainda com um diversifi-cado programa social, oferecendo opor-tunidades para networking e atividades, como cursos de curta duração e passeios turísticos.

Câmara de Comércio da Turquia inicia operações

A Câmara de Comércio, Turismo e Cultura Brasil Turquia inciou operações no início deste ano, e pretende atuar como uma instituição de referência para intermediar negócios entre os dois países.

Para a presidente da instituição, Brasil e Turquia têm economias complementares e suas relações comerciais ainda têm muito o que crescer. “A Turquia, ape-sar de ter apresentado crescimento de 108% nas trocas com o Brasil de 2009 a 2013, é apenas o 41º parceiro comercial brasileiro. Nosso grande desafio é estrei-tar os laços entre os países, tornando a Turquia um parceiro preferencial para o comércio exterior brasileiro.”

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o mundo do comércio

22 Economia Rio - Junho 2015

Parceria trará Centro de Inovação para o Rio

A prefeitura do Rio firmou parceria com a Faculdade de Engenharia da Columbia University para instalação de um Centro de Inovação e Desenvolvimento de soluções reais e aplicáveis para desafios urbanos. Com investimento inicial de US$ 500 mil da prefei-tura, o Rio Columbia Innovation Hub reunirá professores da universidade americana e do Centro de Pesquisa da UFRJ (Coppe) de diversas áreas, como engenharia, design de produtos e empreendedorismo.

O objetivo é promover o intercâmbio de téc-nica e conhecimento entre Brasil e Estados Unidos, além de desenvolver soluções con-cretas inspiradas em desafios do Rio que sejam replicáveis em outras cidades. O centro trabalhará, de maneira interdisciplinar, temas como cidades inteligentes, sustentabilidade, engenharia, análise de dados, ciências da vida e materiais avançados.

A unidade começa a operar em julho e será a primeira da Ivy League (grupo que reúne as mais conceituadas universidades america-nas) na América do Sul na área de ciências aplicadas.

FIRJAN firma parceria com NOF Energy

O Sistema Firjan fechou um memorando de entendimentos com a NOF Energy, orga-nização do Reino Unido que trabalha em prol do desenvolvimento de negócios nos setores de petróleo e gás, energia nuclear e energias renováveis. O acordo prevê a troca de informações de mercado e parcerias para o desenvolvimento da cadeia de petróleo e gás no Rio de Janeiro.

Segundo o presidente da Firjan, Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, é muito importante que o representante das indústrias fluminen-ses participe desse seleto grupo de parceiros da NOF Energy. “Estamos muito orgulhosos dessa parceria. Tudo isso começou numa missão do governo britânico e do UK Trade & Investment, realizada em fevereiro, quando uma delegação do Rio de Janeiro, liderada por nós e em parceria com o governo do Estado, foi até o Reino Unido. O grupo visitou Newcastle e Aberdeen; a Firjanfez vários contatos e começou a discutir com a NOF a possibilidade do acordo que prevê a cooperação entre as duas entidades na área de petróleo e gás para troca de experiências nas duas regiões”, disse.

O gerente do setor de energia do Consulado Britânico, Renato Cordeiro, ressaltou que a parceria deve incentivar a vinda de novas empresas do Reino Unido para o Brasil. “O consulado organiza esse tipo de missão há muito tempo. Na área de petróleo e gás, tivemos várias experiências de missões nas duas direções. Temos o papel de facilitar o contato entre entidades britânicas e bra-sileiras, tornando mais fácil os encontros. Já temos mais de 120 empresas britânicas da cadeira de petróleo e gás atuando com sucesso no Brasil, como, por exemplo, as grandes produtoras Shell, BP e BG, além da Rolls Royce e de várias outras de porte médio da cadeia de fornecedores”, destacou.

Brasil na Noruega

O Brasil marcou presença na Norshipping em Oslo, na Noruega, a mais importante feira e conferência internacional de trans-porte marítimo do mundo, realizada no início de junho.

Com o apoio da comunidade de negócios norueguesa estabelecida no Brasil e na Noruega, a Associação dos Armadores Noruegueses (NSA), por meio da sua repre-sentação brasileira, ABRAN, realizou, junto à Câmara de Comércio Noruega Brasil (NBCC), e demais parceiros, um progra-ma de atividades denominado Brazil@NorShipping, que contou com a participa-ção de importantes autoridades e executi-vos brasileiros e noruegueses.

O objetivo principal do Brazil@Nor-Shipping é fortalecer os laços entre os dois países, permitindo a troca de informações sobre o ambiente e oportunidades de negócios do Brasil.

“O Brasil ainda é o principal mercado offshore do mundo em termos de investi-mentos. Uma agenda focada no Brasil será, sem dúvida, uma plataforma ideal para divulgação de oportunidades e prospecção de novos negócios”, afirmou o Diretor Executivo da ABRAN, Ricardo Fernandes.

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o mundo do comércio

23Junho 2015 - Economia Rio

Após 13 anos de superávit na balança comercial, o Brasil apresentou, em 2014, um saldo deficitário de US$ 4 bilhões. Por sua vez, o Estado do Rio de Janeiro aumentou as exportações de produtos básicos (11%) e industrializados (1%) no ano, fazendo com que o saldo comercial fluminense seguisse o fluxo contrário do nacional e registrasse saldo positivo (US$ 1 bilhão) e aumento de 3,1% na corrente de comércio (US$ 44,2 bilhões).

O Rio ultrapassou Minas Gerais e voltou a ser o segundo estado no Comércio Exterior Brasileiro (9,7% de participação), atrás apenas de São Paulo. Além disso, entre os cinco prin-cipais estados exportadores (SP, MG, RJ, RS e PR), responsáveis por 61% do total embarcado pelo país, o Rio foi o único que cresceu nas exportações totais e de produtos industrializados.

As exportações fluminenses, em relação a 2013, registraram um aumento de 6,4%, e os prin-cipais destinos das embarcações fluminenses foram: EUA, China, Índia, Chile e Cingapura. Os principais embarques do Estado em 2014 foram: Combustíveis Minerais (US$ 13,7 bilhões), Ferro Fundido (US$ 2,3 bilhões); e Embarcações e Estruturas Flutuantes (US$ 1,9 bilhão).

Já as importações apresentaram um crescimento menos expressivo se comparado a 2013 (0,3%). As origens mais relevantes das compras fluminenses, em 2014, foram: EUA, Arábia Saudita, China, Alemanha e Iraque. Os principais produtos importados foram: Combustíveis Minerais (US$ 7 bilhões), Reatores Nucleares (US$ 3,9 bilhões) e Veículos Automóveis (US$ 1,2 bilhão).

Balanço 2014 - comércio exterior no Estado

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Rio olímpico

24 Economia Rio - Junho 2015

Turismo depois dos Jogos 2016secretário estadual de Turismo do Rio, Nilo Sérgio Félix, adqui-riu um hábito curioso para res-

ponder à pergunta que tem sido recor-rente nos eventos e entrevistas dos quais participa: quais são as metas de sua gestão para estimular o turismo no Rio, a partir da oportunidade de exposição mundial que o Estado terá com a realiza-ção dos Jogos Olímpicos no ano que vem? Diante da indagação, ele saca do bolso do paletó um cartão de visitas onde estão marcados os cinco objetivos que pretende alcançar até 2018, e que, pelas suas con-tas, serão responsáveis pelo aumento de 15% no número de turistas estrangeiros, atualmente em torno de dois milhões de visitantes por ano. Outros seis milhões de turistas vêm de outros estados brasileiros para o Rio.

As metas do governo estadual foram elaboradas a partir da identificação de gargalos e oportunidades de crescimento da atividade turística. E deverão dar res-

postas para duas das principais questões discutidas atualmente pelos empresários do setor sobre o futuro da atividade no Rio: como manter ocupada a rede hoteleira após a realização dos Jogos de 2016 e como atrair os visitantes para as outras regiões do Estado, fora da área metropolitana, aumentando seu tempo de permanência e gastos diários no Estado?

O plano de ação liderado pela secretaria envolve, por exemplo, a aprovação de lei de incentivo fiscal para o turismo, semelhante ao que já ocorre nos estados de Minas Gerais e Santa Catarina. “No Rio, investimentos na área da cultura e do esporte já recebem um benefício de 0,25%. Queremos o mesmo para quem decidir apoiar as atividades turísticas”, defende o secretário. Projeto nesse sen-tido, de autoria do deputado Bernardo Rossi (PMDB), tramita na Assembleia Legislativa.

Outra meta da pasta é apoiar a luta de

entidades do setor pelo fim da exigência do visto americano no país, considerada forte empecilho para o aumento do fluxo de turistas vindos dos Estados Unidos. “É necessário modernizar os sistemas de segurança e controle de entrada e saída de turistas em território brasileiro, mas sem que a burocracia e os custos gerados pela necessidade do visto impeçam o aumento do volume de visitantes”, defen-de o secretário.

Nilo Félix também trabalha pela insti-tuição de um serviço de tax free nos aeroportos do Rio, a exemplo de outros países, como a vizinha Argentina, para que os visitantes possam ser ressarcidos de parte do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) cobrados pelos produtos adquiridos em lojas asso-ciadas.

Investir na infraestrutura do Estado, com a requalificação das regiões turísticas, é uma meta que já começou a ser cum-

OCelia Abend

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Rio olímpico

25Junho 2015 - Economia Rio

Parque Natural Montanhas de Teresópolis/Foto: Marco Esteves

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Rio olímpico

26 Economia Rio - Junho 2015

prida, com a obtenção de crédito de U$ 187 milhões do Programa Nacional de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur), por meio do Banco Interamericano de Desenvolvimento. “Essa linha de crédito foi uma grande conquista para o Rio e, graças a ela, podemos oferecer condições para novos investimentos privados na área do turismo. Estamos realizando importan-tes obras de infraestrutura, como a da Estrada Parque entre Penedo e Visconde de Mauá, na região das Agulhas Negras, e da ligação Paraty-Cunha, na Costa Verde. Nos municípios de Angra dos Reis e de Paraty, estamos revitalizando os cais dos portos e construindo três centros de convenções em Cabo Frio, Nova Friburgo e Paraty. O novo Museu da Imagem e do Som, na praia de Copacabana, também é resultado do Prodetur”, explica o secre-tário.

O programa também permitirá investir U$ 9 milhões em um plano de marketing e mídia para divulgação do Rio no Brasil e no exterior, que será executado nos pró-ximos meses. Fazem parte desse pacote vídeos institucionais, investimentos em redes sociais, produção de folheteria e publicações e participação em eventos e feiras. Também será desenvolvida sina-lização turística de padrão internacio-nal e implantada uma rede de centros de atendimento aos turistas (CATs) para informações e acolhimento aos visitantes.

O Prodetur-RJ abrange 23 municípios fluminenses.

Completando as metas do governo, a Secretaria de Turismo vai promover salões de turismo nas regiões serrana e litorâne-as do Estado, com duração de três dias, como forma de facilitar a comercialização de produtos locais e de divulgar a progra-mação cultural entre as diversas regiões. E se mudará em breve para nova sede no Centro do Rio, onde terá mais espaço para receber interessados em investir na atividade.

Enquanto isso, o órgão começou em janeiro a elaborar o Inventário da Oferta Turística do Estado do Rio de Janeiro, para mapeamento dos atrativos turísticos, infraestrutura, equipamentos e serviços já existentes e da cadeia produtiva do segmento em cada um dos municípios com potencial nas seis regiões do Estado. O inventário é uma recomendação da Organização Mundial do Turismo e instru-mento para o planejamento das políticas públicas para o setor, assim como referên-cia para os investimentos privados.

“O turismo é a atividade que mais cresce no mundo. De cada 11 trabalhadores, um atua em alguma atividade do setor. Temos todas as condições de melhorar nosso desempenho nessa área econômica, e um dos meios para conseguir isso é aprender

com quem sabe”, avalia o secretário, lem-brando o exemplo da cidade espanhola de Barcelona, que atualmente vive exclusiva-mente do turismo. Estado, prefeituras e empresários vêm trabalhando em parceria para divulgar o Rio em importantes even-tos internacionais, como o Rock´n Rio em Las Vegas e no Rio de Janeiro.

Resultado importante dessa política governamental foi a parceria fechada entre a secretaria e a operadora Rio Insider, da Flórida (EUA), que passará a incluir o interior do Estado em seus pacotes. A operadora, que tem convênios com diversas agências americanas, agora inclui três dias de viagem pelo interior. O perfil dos visitantes trazidos ao Rio pela Rio Insider é interessante para o setor: eles têm mais de 50 anos de idade, em geral são aposentados, dispõem de pelo menos uma semana para viajar e têm alto potencial de consumo.

Mesmo os turistas que ficam nos peque-nos meios de hospedagem do Rio (alber-gues, pousadas, cama e café e hostels) são vistos com muito interesse pelos investidores na cadeia produtiva do turismo. De acordo com pesquisa reali-zada pelo Sebrae/RJ, em dezembro de 2014, com 300 visitantes nacionais e estrangeiros hospedados nos bairros de Copacabana, Botafogo, Ipanema, Leblon, Santa Teresa, Lapa e Tijuca e nas favelas do Chapéu Mangueira e Vidigal, 34% têm renda familiar mensal superior a R$ 2.500,00. A pesquisa, realizada com o apoio da Associação de Cama e Café e Albergues do Estado e da Riotur, empresa de turismo da prefeitura, mostrou tam-bém que a maioria dos hóspedes tinha ensino superior completo ou pós-gradu-ação (55%).

O levantamento integra o projeto Gestão Turística e Sustentável nos Meios de Hospedagem, que o Sebrae/RJ está imple-mentando para 39 empresas nas cidades do Rio de Janeiro, Paraty, Ilha Grande e Búzios. Há dois anos, essas empresas participam de ações de incentivo a práticas sustentáveis com ênfase na redução de consumo de água e energia, captação de água da chuva, uso de placas solares e redução de custos.

Vista externa do museu imperial em Petrópolis: Região da Serra Verde imperial atrai turistas que querem conhecer mais como vivia a família imperial no Brasil/Foto: alexandre Peixoto

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Rio olímpico

27Junho 2015 - Economia Rio

Legado dos Jogos 2016

De acordo com estimativa da Rio Negócios, agência de fomento ligada à prefeitura do Rio, a meta de alcançar 48 mil acomoda-ções para os Jogos Olímpicos no ano que vem será ultrapassada já no fim de 2015. A previsão é de que o número de quartos em hotéis, aparts, albergues, pousadas e motéis convertidos chegue a 51,1 mil e que a Barra da Tijuca, uma região pouco conhecida pelos turistas, se consolide como polo hoteleiro. As diárias pagas nesses 15 mil novos quartos vão gerar receita de R$ 1,22 bilhão por ano em cobrança de Imposto sobre Serviços (ISS) pela prefeitura, de acordo com estimati-va da Rio Convention & Visitors Bureau (Rio CVB) e da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH).

Manter essa rede ocupada depois da realização do megaevento é uma preocu-pação do governo e dos empresários. A meta da prefeitura do Rio é que a taxa de ocupação na cidade permaneça acima dos 70%, como vem ocorrendo desde 2011. No período dos Jogos, a previsão é de que o Estado do Rio receba 800 mil turistas, entre visitantes e delegações.

Uma estratégia para dar sustentabilidade a esse investimento será focar no turismo de negócios e na atração de congressos e feiras entre 2017 e 2020. A Rio CVB,

responsável pela captação de congres-sos, feiras e convenções, já registra em sua agenda 21 eventos médicos a serem realizados nos próximos três anos. Entre 2016 e 2018, estes eventos trarão ao Rio mais de 56 mil congressistas, que gera-rão para a cidade uma receita estimada em U$ 92,6 milhões. O maior deles será o Congresso Mundial de Ginecologia e Obstetrícia, em 2018, com 12 mil par-ticipantes e receita prevista de U$ 19,8 milhões.

“O turismo de negócios é um dos seg-

mentos que mais cresce no Estado do Rio. Algumas localidades, como Penedo, tinham seus quartos ocupados apenas nos fins de semana, por conta do turis-mo de lazer. Atualmente, por causa da presença das empresas do cluster automotivo na região, como Volkswagen e Peugeot-Citroën, há reservas para a semana toda. Estudos indicam que cerca de 70% das viagens hoje em dia são motivadas por negócios”, analisa o secretário Nilo Félix. Ele lembra que o Anuário Estatístico da ABIH e da Federação do Comércio do Estado do Rio (Fecomércio-RJ) aponta que, em 2012, 48,35% dos 1,7 milhão de turistas esta-vam na cidade por motivo de negócios ou congressos.

No caso específico da Barra da Tijuca, que se tornou a aposta das grandes redes internacionais para acomodações de luxo (Hilton Hotel Collection, Grand Hyatt Residences, três novos hotéis e um centro de convenções da rede Windsor), a partir da escolha do bairro para receber o Parque Olímpico, o plano é divulgar mais a região. O Rio CVB criou o Fórum de Marketing da Barra, responsável por ações como publicações (mapas, guias e folhetos) e criação de uma logomarca para criar a identidade da região, realiza-ção de inventário e pelas condições dos atuais equipamentos turísticos.

Barco com turistas em arraial do cabo, na costa do Sol/ Foto: Divulgação TurisRio

Detalhe de queda de água na região das agulhas negras, em Resende: região atrai adeptos do montanhismo/ Foto: antônio Leão

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Rio olímpico

28 Economia Rio - Junho 2015

O Rio recebeu investimentos de diver-sas redes internacionais, como Hilton, Hyatt e Trump Hotel Collection, além da ampliação de outras redes que já esta-vam presentes na cidade, como Windsor e Marriott. “A Copa do Mundo foi um grande ensaio para os jogos e mostrou que o Rio está pronto para figurar entre os mais importantes anfitriões do turis-mo internacional”, garante o presidente da Rio CVB e da ABIH, Alfredo Lopes.

Aprendendo com os erros

Se Barcelona hoje é considerada um modelo na área do turismo, nem sem-pre foi assim. A conquista dos Jogos Olímpicos de 1992 serviu para a moderni-zação e para a construção de um grande legado para os moradores da cidade e para os turistas. A rede hoteleira cresceu para oferecer o número de quartos sufi-ciente para receber os visitantes durante o evento. Nos quatro anos seguintes, entre-tanto, a ocupação ficou muito aquém do esperado. Foi só então que a cidade cata-lã decidiu investir em um plano estratégi-co de turismo que não apenas conseguiu elevar a ocupação de 71% para 78% e triplicar a oferta de hotéis, mas garantiu

posição privilegiada entre as cidades mais visitadas do mundo.

Em Londres, sede dos últimos Jogos, o turismo de eventos cresceu de 6% para 8%. Mas nos meses anteriores à reali-zação do evento, empresários do setor demonstravam preocupação com o futuro da rede hoteleira. Pequim, por exemplo, viu cair em 20% o número de turistas no período posterior aos Jogos. E em Sidney a situação só não foi igual porque os australianos já vinham investindo maciça-mente no turismo de negócios, com mui-tas ações de marketing, desde a década de 1980, isto é, 20 anos antes dos Jogos.

Alfredo Lopes está otimista com o legado que os Jogos deixarão para o turismo no Rio: “Os ganhos em infraestrutura, promoção turística, renovação do parque hoteleiro e investimentos em treinamento no setor de serviços já são legados incon-testáveis”, assegura.

Quem também defende a implementação de políticas governamentais que estimu-lem o turismo para o período depois dos Jogos é o Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC, sigla em inglês). Na

avaliação da instituição, o Brasil poderá se beneficiar com 10,2% do Produto Interno Bruto (PIB) para a economia e com a geração de 10,3 milhões de postos de trabalho no setor até 2025. Mas pre-cisa de investimentos em infraestrutura, conectividade e marketing para assegurar o aproveitamento das oportunidades sur-gidas com a realização dos megaeventos.

Oportunidades no interior

Não é só a capital do Estado que vai se beneficiar com a realização dos Jogos 2016. O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) anunciou em abril que 35 municípios flu-minenses vão receber atletas e delegações para treinamento e hospedagem durante o evento. Entre essas cidades estão Nova Friburgo, Petrópolis, Teresópolis e Angra dos Reis. Na avaliação do COB, a indústria do esporte, estimulada pelos Jogos, vai gerar oportunidades em diversas áreas, como comércio, marketing, administração, medicina e jornalismo.

“O Rio de Janeiro é a porta de entrada do turismo no Brasil e também um mercado interno muito interessante. Tem o benefício de atrair turismo internacional e nacional, de negócios e lazer”, diz o presidente do Club Med para a América Latina, Janyck Daudet. A empresa, maior rede de resorts do mundo, aplicou nos últimos três anos R$ 50 milhões no Village Rio das Pedras, na Costa Verde, para renovar os quartos e restaurantes e duplicar o salão de conven-ções. Também vai construir outro resort em Cabo Frio, com previsão de investimentos de R$ 230 milhões e inauguração em 2017.

O construtor Roberto Prata, mais conhe-cido como Beto Prata, dono da Prata Construções, também acredita na força do turismo no Rio. O empresário decidiu cons-truir, em Macaé, um hotel quatro estrelas para executivos, em duas etapas, cada uma com a entrega de 60 quartos.

Para realizar o projeto, ele teve o apoio da AgeRio, agência de fomento do governo do Estado, por meio de uma linha de financiamento. O que seria o Hotel Tropical Maramar ganhou a parceria da Rede Accor e agora terá a bandeira Mercure.Recanto em cantaguases, angra dos Reis/Foto: arquivo TurisRio

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Rio olímpico

29Junho 2015 - Economia Rio

Outro exemplo de investimento privado no setor de turismo vem de Maricá, que vai receber três hotéis cinco estrelas (sendo um superior) do grupo espanhol BlueBay, um investimento da ordem de U$ 350 milhões que será responsável pela gera-ção de 6.500 empregos. Serão mil quar-tos, 200 vilas turísticas, um centro hípico internacional, campo de golfe, academia e um eco-resort em área de restinga com 450 hectares que será transformada na segunda maior reserva particular de patri-mônio natural do país. Em Rio das Ostras, a prefeitura também aposta no turismo e acertou com a rede Bristol a construção de um empreendimento com 400 aparta-mentos, gerando 500 empregos.

moradores cruzam as ruas de Paraty, na costa Verde do Rio: cidade, que é patrimônio da Humani-dade, atrai milhares de visitantes todos os anos/Foto: arquivo TurisRio

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Por decisão do então prefeito Luiz Paulo Conde, arquiteto e urbanista, a administração municipal investiu, em 1997, U$ 12 milhões em um plano estratégico, com duração de quatro anos, para alavancar o turismo na cidade, fazendo do Rio um destino global. Descendente de espanhóis, Conde se inspirava no modelo de Barcelona e, por esse motivo, convidou parte da equipe que havia trabalhado no plano de turismo daquela cidade no período pós-Jogos, liderada pelo consultor Josep Chias, para colaborar com a equipe da Secretaria Municipal de Turismo do Rio, cujo titular também tinha grande experiên-cia na área: Gérard Bourgeaiseau, ex-executivo da Varig, a primeira e maior companhia aérea brasileira durante décadas; do Riocentro, o maior centro de convenções da cidade, de pro-priedade da Prefeitura; e do Rio Convention & Visitors Bureau.

Nos primeiros oito meses do chamado Plano Maravilha, a equipe preparou um diagnósti-co do setor. “A principal condição para um plano como esse dar certo é permitir que as pessoas sejam ouvidas, que tenham um sentimento de participação na elaboração”, observa Bourgeaiseau, atualmente diretor de Relações Institucionais da rede Windsor de Hotéis. Depois, foi preparado o plano de ação e seu respectivo orçamento, aprovado na Câmara de Vereadores. O Plano elevou a ocupação hoteleira e 58% para 70%.

“Era um momento difícil para o Rio, pois tínha-mos muitos problemas de segurança, e os arras-tões nas praias da Zona Sul ganhavam destaque na imprensa estrangeira”, conta o executivo. “O carnaval estava vivendo uma fase difícil e tivemos que promover sua revitalização, tanto na parte dos desfiles na Avenida Marquês de Sapucaí quanto nas ruas”, completa ele.

O slogan escolhido para o Plano Maravilha foi “Rio. Incomparável”. Não apenas pelas paisa-gens, pela arquitetura, pelo patrimônio his-tórico e pela cultura singulares, mas também porque a palavra “incomparável” poderia ser compreendida sem dificuldades nas línguas dos países de origem da maior parte dos turistas estrangeiros que visitam a cidade (incompara-ble, em inglês, francês e espanhol). Foram con-tratados escritórios para promoção da cidade em São Paulo, Buenos Aires, Nova York, Los Angeles, Paris, Londres e Frankfurt.

“Não fizemos anúncios publicitários. A ideia era convidar jornalistas formadores de opinião, dos diversos nichos de interesse para a cidade, para que nos visitassem e pudessem colher suas impressões, sem qualquer interferência editorial por parte da prefeitura. A prefeitu-ra produziu folheteria em português, inglês, francês, alemão e espanhol com proposta de roteiros para todos os gostos e bolsos, inclu-sive com sugestões para o caso de chover na cidade.

Os resultados desses quatro anos de trabalho levaram o Plano Maravilha a se tornar um marco do setor em todo o país. A Air France, por exemplo, foi primeira companhia aérea a retomar seus voos diretos para o Rio.

“Trabalhamos a autoestima dos cariocas, fazendo com que eles tivessem orgulho de sua cidade. O Rio está ao lado de Londres, Paris e Nova York no Top of Mind do turismo. A popu-lação deve estar consciente e orgulhosa disso”, defende Gérard.

Um Rio Incomparável

Rio olímpico

30 Economia Rio - Junho 2015

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Rio olímpico

31 Economia Rio - Junho 2015

A Secretaria de Estado de Turismo realizou, durante dois meses, rodadas de apresentação das cidades das diferentes regiões do Rio junto aos visitantes do Pão de Açúcar, um dos maiores pontos turísticos do Brasil. O objetivo foi divulgar os roteiros fora da capital, aumentando o tempo de permanência dos visitantes e estimulando a cadeia produtiva no interior do Estado. Nos eventos, que aconteceram aos sábados, foram distribuídos exemplares da revista “Economia Rio”. Cerca de 4 mil turistas tiveram acesso às informações divulgadas pela Secretaria e pela TurisRio.

Em cada rodada, cidades de diferentes regiões puderam distribuir seu material de divulgação e apresentar aspectos das culturas locais, como a gastronomia, o clima, o artesanato, a arquitetura e as belezas naturais. O Estado do Rio possui seis regiões turísticas - Metropolitana, Serra Verde Imperial, Costa do Sol, Costa Verde, Vale do Café e Agulhas Negras -, cada uma com características singulares, fazendo com que os turistas desfrutem de locações completamente diferentes uma das outras.

CIDADESMARAVILHOSAS

REGIÃOMETROPOLITANA

COSTA VERDE

COSTADO SOL

SERRA VERDEIMPERIALVALE

DO CAFÉ

AGULHASNEGRAS

REGIÃO METROPOLITANAComposta pelas duas maiores cidades do Estado - a capital e Niterói -, a Região Metropolitana reúne considerável patrimônio histórico e arquitetônico, emoldurados por montanhas verdes, pela Baía de Guanabara e por praias oceânicas dotadas de excelente infraestrutura para receber os turistas. O Rio de Janeiro, que foi capital do país até 1960, completa 450 anos de fundação em 2015, e é o principal destino turístico do Brasil. Niterói, que foi capital do Estado, é a sétima melhor cidade em qualidade de vida, segundo o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal, medido pela Organização das Nações Unidas, de 2013. As duas cidades são ligadas pela ponte Rio-Niterói, uma das mais grandiosas obras de engenharia brasileiras, que faz a travessia de veículos sobre a Baía de Guanabara.

SERRA VERDE IMPERIALFormada pelos municípios de Petrópolis, Teresópolis, Nova Friburgo, Guapimirim e Cachoeiras de Macacu, esta região apresenta paisagens montanhosas extremamente belas e é servida por excelentes redes de hotéis, pousadas e restaurantes que compõem um roteiro de charme. No inverno, é muito procurada pelos turistas em busca do clima frio, das opções gastronômicas e das atrações de seus festivais de cultura. No verão, oferece várias atividades de ecoturismo, com rios e cachoeiras. É conhecida também pela prática do montanhismo, com trilhas e escaladas, e onde tem a travessia mais famosa do país, entre Petrópolis e Teresópolis, pelo Parque Nacional da Serra dos Órgãos. Petrópolis, a Cidade Imperial, foi moradia de verão da família do imperador D. Pedro II (1840-1899), até a Proclamação da República. Colonizada por alemães, a cidade conta com importante conjunto arquitetônico eclético, reunido em um centro histórico bem preservado, e com o Museu Imperial, o palácio construído para receber a Família Imperial, que reúne móveis, objetos, roupas e joias, entre elas a coroa do imperador, com 639 diamantes e 77 pérolas.

COSTA DO SOLBúzios, Cabo Frio, Arraial do Cabo, Maricá, Rio das Ostras, Macaé, Saquarema, Araruama, Iguaba Grande, Casimiro de Abreu, São Pedro D´Aldeia, Quissamã e Carapebus compõem a região, repleta de praias e excelente opção para quem gosta de praticar esportes aquáticos. Arraial do Cabo, por exemplo, ganhou o título de Capital do Mergulho. Em Casimiro de Abreu, a opção é o rafting, praticado em rios de águas cristalinas. Cabo Frio conta com um rico patrimônio histórico do período colonial e Búzios mantém, há anos, fama internacional pelo comércio sofisticado, bons restaurantes e agitada vida noturna.

COSTA VERDEMais de duas mil praias e um sem-número de ilhas protegidas por um verdadeiro paredão de montanhas recobertas pela Mata Atlântica formam esta região do Estado do Rio, servida por resorts de padrão internacional e paraísos ecológicos, com praias semidesertas e cachoeiras de águas cristalinas. Localizada na área onde se encontra a Serra do Mar, e banhada pelo Oceano Atlântico, a Costa Verde abrange os municípios de Angra dos Reis (incluindo a Baía da Ilha Grande, considerada o melhor local do litoral brasileiro para navegar), Paraty, Mangaratiba, Itaguaí e Rio Claro. A cidade de Paraty é considerada Patrimônio Histórico Nacional e é candidata a Patrimônio da Humanidade, por guardar bem preservados prédios e monumetos da época colonial do Brasil, quando a região era considerada o principal porto de escoamento do ouro extraído em Minas Gerais e levado para Portugal. Lá se realiza anualmente a Festa Literária de Paraty (FLIP), que reúne escritores, críticos, editores e amantes da literatura do mundo inteiro.

VALE DO CAFÉA paisagem nesta região é rural e favorece as atividades ao ar livre e passeios ecológicos. Mas as maiores atrações são as antigas fazendas de café, muito bem preservadas, que guardam a história de um período em que a economia brasileira estava focada na exportação da bebida. Ao visitar as fazendas, o turista pode conhecer melhor a história do Brasil da época dos barões do café. Integram essa região os municípios de Vassouras, Valença, Barra do Piraí, Rio das Flores, Miguel Pereira, Piraí, Paty do Alferes, Pinheiral, Mendes, Engenheiro Paulo de Frontin, Barra Mansa, Volta Redonda e Paracambi.

AGULHAS NEGRASA maior atração dessa região é o Pico das Agulhas Negras, ponto culminante do Estado, com 2.791 m de altura. Localizado no Parque Nacional de Itatiaia, faz parte de um conjunto de montanhas muito procurado por adeptos do montanhismo e do ecoturismo. No inverno, costuma registrar temperaturas negativas, atraindo muitos turistas. A região, formada pelos municípios de Resende, Itatiaia, Quatis e Porto Real, também conta com localidades muito visitadas: Penedo, de colonização finlandesa, com excelentes opções de gastronomia e artesanato, e Visconde de Mauá, na divisa com os estados de São Paulo e Minas Gerais, que foi um retiro de hippies nas décadas de 1970 e 1980, com belezas naturais preservadas.

SAIBA MAIS NO SITEWWW.CIDADESMARAVILHOSAS.RJ.GOV.BR

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A Secretaria de Estado de Turismo realizou, durante dois meses, rodadas de apresentação das cidades das diferentes regiões do Rio junto aos visitantes do Pão de Açúcar, um dos maiores pontos turísticos do Brasil. O objetivo foi divulgar os roteiros fora da capital, aumentando o tempo de permanência dos visitantes e estimulando a cadeia produtiva no interior do Estado. Nos eventos, que aconteceram aos sábados, foram distribuídos exemplares da revista “Economia Rio”. Cerca de 4 mil turistas tiveram acesso às informações divulgadas pela Secretaria e pela TurisRio.

Em cada rodada, cidades de diferentes regiões puderam distribuir seu material de divulgação e apresentar aspectos das culturas locais, como a gastronomia, o clima, o artesanato, a arquitetura e as belezas naturais. O Estado do Rio possui seis regiões turísticas - Metropolitana, Serra Verde Imperial, Costa do Sol, Costa Verde, Vale do Café e Agulhas Negras -, cada uma com características singulares, fazendo com que os turistas desfrutem de locações completamente diferentes uma das outras.

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REGIÃOMETROPOLITANA

COSTA VERDE

COSTADO SOL

SERRA VERDEIMPERIALVALE

DO CAFÉ

AGULHASNEGRAS

REGIÃO METROPOLITANAComposta pelas duas maiores cidades do Estado - a capital e Niterói -, a Região Metropolitana reúne considerável patrimônio histórico e arquitetônico, emoldurados por montanhas verdes, pela Baía de Guanabara e por praias oceânicas dotadas de excelente infraestrutura para receber os turistas. O Rio de Janeiro, que foi capital do país até 1960, completa 450 anos de fundação em 2015, e é o principal destino turístico do Brasil. Niterói, que foi capital do Estado, é a sétima melhor cidade em qualidade de vida, segundo o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal, medido pela Organização das Nações Unidas, de 2013. As duas cidades são ligadas pela ponte Rio-Niterói, uma das mais grandiosas obras de engenharia brasileiras, que faz a travessia de veículos sobre a Baía de Guanabara.

SERRA VERDE IMPERIALFormada pelos municípios de Petrópolis, Teresópolis, Nova Friburgo, Guapimirim e Cachoeiras de Macacu, esta região apresenta paisagens montanhosas extremamente belas e é servida por excelentes redes de hotéis, pousadas e restaurantes que compõem um roteiro de charme. No inverno, é muito procurada pelos turistas em busca do clima frio, das opções gastronômicas e das atrações de seus festivais de cultura. No verão, oferece várias atividades de ecoturismo, com rios e cachoeiras. É conhecida também pela prática do montanhismo, com trilhas e escaladas, e onde tem a travessia mais famosa do país, entre Petrópolis e Teresópolis, pelo Parque Nacional da Serra dos Órgãos. Petrópolis, a Cidade Imperial, foi moradia de verão da família do imperador D. Pedro II (1840-1899), até a Proclamação da República. Colonizada por alemães, a cidade conta com importante conjunto arquitetônico eclético, reunido em um centro histórico bem preservado, e com o Museu Imperial, o palácio construído para receber a Família Imperial, que reúne móveis, objetos, roupas e joias, entre elas a coroa do imperador, com 639 diamantes e 77 pérolas.

COSTA DO SOLBúzios, Cabo Frio, Arraial do Cabo, Maricá, Rio das Ostras, Macaé, Saquarema, Araruama, Iguaba Grande, Casimiro de Abreu, São Pedro D´Aldeia, Quissamã e Carapebus compõem a região, repleta de praias e excelente opção para quem gosta de praticar esportes aquáticos. Arraial do Cabo, por exemplo, ganhou o título de Capital do Mergulho. Em Casimiro de Abreu, a opção é o rafting, praticado em rios de águas cristalinas. Cabo Frio conta com um rico patrimônio histórico do período colonial e Búzios mantém, há anos, fama internacional pelo comércio sofisticado, bons restaurantes e agitada vida noturna.

COSTA VERDEMais de duas mil praias e um sem-número de ilhas protegidas por um verdadeiro paredão de montanhas recobertas pela Mata Atlântica formam esta região do Estado do Rio, servida por resorts de padrão internacional e paraísos ecológicos, com praias semidesertas e cachoeiras de águas cristalinas. Localizada na área onde se encontra a Serra do Mar, e banhada pelo Oceano Atlântico, a Costa Verde abrange os municípios de Angra dos Reis (incluindo a Baía da Ilha Grande, considerada o melhor local do litoral brasileiro para navegar), Paraty, Mangaratiba, Itaguaí e Rio Claro. A cidade de Paraty é considerada Patrimônio Histórico Nacional e é candidata a Patrimônio da Humanidade, por guardar bem preservados prédios e monumetos da época colonial do Brasil, quando a região era considerada o principal porto de escoamento do ouro extraído em Minas Gerais e levado para Portugal. Lá se realiza anualmente a Festa Literária de Paraty (FLIP), que reúne escritores, críticos, editores e amantes da literatura do mundo inteiro.

VALE DO CAFÉA paisagem nesta região é rural e favorece as atividades ao ar livre e passeios ecológicos. Mas as maiores atrações são as antigas fazendas de café, muito bem preservadas, que guardam a história de um período em que a economia brasileira estava focada na exportação da bebida. Ao visitar as fazendas, o turista pode conhecer melhor a história do Brasil da época dos barões do café. Integram essa região os municípios de Vassouras, Valença, Barra do Piraí, Rio das Flores, Miguel Pereira, Piraí, Paty do Alferes, Pinheiral, Mendes, Engenheiro Paulo de Frontin, Barra Mansa, Volta Redonda e Paracambi.

AGULHAS NEGRASA maior atração dessa região é o Pico das Agulhas Negras, ponto culminante do Estado, com 2.791 m de altura. Localizado no Parque Nacional de Itatiaia, faz parte de um conjunto de montanhas muito procurado por adeptos do montanhismo e do ecoturismo. No inverno, costuma registrar temperaturas negativas, atraindo muitos turistas. A região, formada pelos municípios de Resende, Itatiaia, Quatis e Porto Real, também conta com localidades muito visitadas: Penedo, de colonização finlandesa, com excelentes opções de gastronomia e artesanato, e Visconde de Mauá, na divisa com os estados de São Paulo e Minas Gerais, que foi um retiro de hippies nas décadas de 1970 e 1980, com belezas naturais preservadas.

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A Secretaria de Estado de Turismo realizou, durante dois meses, rodadas de apresentação das cidades das diferentes regiões do Rio junto aos visitantes do Pão de Açúcar, um dos maiores pontos turísticos do Brasil. O objetivo foi divulgar os roteiros fora da capital, aumentando o tempo de permanência dos visitantes e estimulando a cadeia produtiva no interior do Estado. Nos eventos, que aconteceram aos sábados, foram distribuídos exemplares da revista “Economia Rio”. Cerca de 4 mil turistas tiveram acesso às informações divulgadas pela Secretaria e pela TurisRio.

Em cada rodada, cidades de diferentes regiões puderam distribuir seu material de divulgação e apresentar aspectos das culturas locais, como a gastronomia, o clima, o artesanato, a arquitetura e as belezas naturais. O Estado do Rio possui seis regiões turísticas - Metropolitana, Serra Verde Imperial, Costa do Sol, Costa Verde, Vale do Café e Agulhas Negras -, cada uma com características singulares, fazendo com que os turistas desfrutem de locações completamente diferentes uma das outras.

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REGIÃOMETROPOLITANA

COSTA VERDE

COSTADO SOL

SERRA VERDEIMPERIALVALE

DO CAFÉ

AGULHASNEGRAS

REGIÃO METROPOLITANAComposta pelas duas maiores cidades do Estado - a capital e Niterói -, a Região Metropolitana reúne considerável patrimônio histórico e arquitetônico, emoldurados por montanhas verdes, pela Baía de Guanabara e por praias oceânicas dotadas de excelente infraestrutura para receber os turistas. O Rio de Janeiro, que foi capital do país até 1960, completa 450 anos de fundação em 2015, e é o principal destino turístico do Brasil. Niterói, que foi capital do Estado, é a sétima melhor cidade em qualidade de vida, segundo o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal, medido pela Organização das Nações Unidas, de 2013. As duas cidades são ligadas pela ponte Rio-Niterói, uma das mais grandiosas obras de engenharia brasileiras, que faz a travessia de veículos sobre a Baía de Guanabara.

SERRA VERDE IMPERIALFormada pelos municípios de Petrópolis, Teresópolis, Nova Friburgo, Guapimirim e Cachoeiras de Macacu, esta região apresenta paisagens montanhosas extremamente belas e é servida por excelentes redes de hotéis, pousadas e restaurantes que compõem um roteiro de charme. No inverno, é muito procurada pelos turistas em busca do clima frio, das opções gastronômicas e das atrações de seus festivais de cultura. No verão, oferece várias atividades de ecoturismo, com rios e cachoeiras. É conhecida também pela prática do montanhismo, com trilhas e escaladas, e onde tem a travessia mais famosa do país, entre Petrópolis e Teresópolis, pelo Parque Nacional da Serra dos Órgãos. Petrópolis, a Cidade Imperial, foi moradia de verão da família do imperador D. Pedro II (1840-1899), até a Proclamação da República. Colonizada por alemães, a cidade conta com importante conjunto arquitetônico eclético, reunido em um centro histórico bem preservado, e com o Museu Imperial, o palácio construído para receber a Família Imperial, que reúne móveis, objetos, roupas e joias, entre elas a coroa do imperador, com 639 diamantes e 77 pérolas.

COSTA DO SOLBúzios, Cabo Frio, Arraial do Cabo, Maricá, Rio das Ostras, Macaé, Saquarema, Araruama, Iguaba Grande, Casimiro de Abreu, São Pedro D´Aldeia, Quissamã e Carapebus compõem a região, repleta de praias e excelente opção para quem gosta de praticar esportes aquáticos. Arraial do Cabo, por exemplo, ganhou o título de Capital do Mergulho. Em Casimiro de Abreu, a opção é o rafting, praticado em rios de águas cristalinas. Cabo Frio conta com um rico patrimônio histórico do período colonial e Búzios mantém, há anos, fama internacional pelo comércio sofisticado, bons restaurantes e agitada vida noturna.

COSTA VERDEMais de duas mil praias e um sem-número de ilhas protegidas por um verdadeiro paredão de montanhas recobertas pela Mata Atlântica formam esta região do Estado do Rio, servida por resorts de padrão internacional e paraísos ecológicos, com praias semidesertas e cachoeiras de águas cristalinas. Localizada na área onde se encontra a Serra do Mar, e banhada pelo Oceano Atlântico, a Costa Verde abrange os municípios de Angra dos Reis (incluindo a Baía da Ilha Grande, considerada o melhor local do litoral brasileiro para navegar), Paraty, Mangaratiba, Itaguaí e Rio Claro. A cidade de Paraty é considerada Patrimônio Histórico Nacional e é candidata a Patrimônio da Humanidade, por guardar bem preservados prédios e monumetos da época colonial do Brasil, quando a região era considerada o principal porto de escoamento do ouro extraído em Minas Gerais e levado para Portugal. Lá se realiza anualmente a Festa Literária de Paraty (FLIP), que reúne escritores, críticos, editores e amantes da literatura do mundo inteiro.

VALE DO CAFÉA paisagem nesta região é rural e favorece as atividades ao ar livre e passeios ecológicos. Mas as maiores atrações são as antigas fazendas de café, muito bem preservadas, que guardam a história de um período em que a economia brasileira estava focada na exportação da bebida. Ao visitar as fazendas, o turista pode conhecer melhor a história do Brasil da época dos barões do café. Integram essa região os municípios de Vassouras, Valença, Barra do Piraí, Rio das Flores, Miguel Pereira, Piraí, Paty do Alferes, Pinheiral, Mendes, Engenheiro Paulo de Frontin, Barra Mansa, Volta Redonda e Paracambi.

AGULHAS NEGRASA maior atração dessa região é o Pico das Agulhas Negras, ponto culminante do Estado, com 2.791 m de altura. Localizado no Parque Nacional de Itatiaia, faz parte de um conjunto de montanhas muito procurado por adeptos do montanhismo e do ecoturismo. No inverno, costuma registrar temperaturas negativas, atraindo muitos turistas. A região, formada pelos municípios de Resende, Itatiaia, Quatis e Porto Real, também conta com localidades muito visitadas: Penedo, de colonização finlandesa, com excelentes opções de gastronomia e artesanato, e Visconde de Mauá, na divisa com os estados de São Paulo e Minas Gerais, que foi um retiro de hippies nas décadas de 1970 e 1980, com belezas naturais preservadas.

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olympics in Rio

33 Economia Rio - Junho 2015

Page 34: Revista Economia Rio

Produtividade

34Junho 2015 - Economia Rio

om cerca de 120 mil hectares (ha) de floresta plantada – área equivalente à da capital e a

2,5% do território do Estado, de 44 mil quilômetros quadrados (km²) – e inves-timentos que não chegariam a R$ 1 bilhão, o Rio de Janeiro poderia tornar-se autossuficiente em produtos madeireiros. Terra não falta, sobretudo no Norte e no Noroeste fluminenses, bem como na região do Médio Paraíba. Entretanto, a legislação estadual dificulta o desenvolvi-mento desse setor. Para mudar o cenário, o governo do Estado, a Federação das Indústrias do Estado do Rio (Firjan) e empresas do segmento começam a se articular.

A Firjan tem liderado o movimento para deslanchar o desenvolvimento florestal no Rio. Em 2013, a entidade encomendou um

C estudo à consultoria Pöyry Silviconsult, que indicou a área a ser plantada, em cinco anos, para o Estado conseguir suprir sua necessidade de madeira. De acor-do com o economista Antônio Salazar Pessoa Brandão, coordenador do grupo de Agroindústria do Sistema Firjan, seria necessário um investimento de R$ 7 mil por hectare – ou seja, cerca de R$ 850 milhões – para atingir esse objetivo. É uma cifra pequena, considerando que a cadeia produtiva da madeira no Estado movimenta anualmente R$ 500 milhões, com R$ 132 milhões recolhidos aos cofres públicos, e emprega cerca de 30 mil pes-soas. “O trabalho maior seria nos primei-ros dois anos. Depois, o negócio vai por si mesmo”, explica ele.

O último anuário estatístico da Associação Brasileira de Produtores de Florestas

Plantadas (Abraf), que tem 2012 como ano-base, aponta que o Rio de Janeiro detém 18.368 ha (183,6 km²) de áreas plantadas com eucalipto e pinus, árvores utilizadas em negócios de base flores-tal. Isso equivale a menos de 0,5% do território fluminense e coloca o Rio na “lanterna” do ranking dos 16 estados brasileiros com florestas plantadas. Bem atrás, inclusive, do vizinho Espírito Santo, que tem pouco mais de 46 mil km² (terri-tório equivalente ao do Rio), mas onde a área de florestas plantadas é de 205.895 ha (2.058,9 km²), quase 5% do território. “Basta sair do Rio em direção aos esta-dos vizinhos para ver plantio florestal em geral”, comenta Salazar, lembrando que Minas Gerais e São Paulo são os líderes em florestas plantadas do país.

Essa pequena área de plantio florestal no

A saída pela floresta Alexandre Gaspari

Com ajustes na legislação, Rio de Janeiro poderá explorar mais de 100 mil hectares com negócios florestais, criando empregos e movimentando a economia em regiões degradadas do Estado

Reflorestamento em Piraí: empresários têm defendido mudança na legislação para estimular o plantio de árvores como atividade econômica no Estado do Rio/ Foto: antônio Batalha/Divulgação Firjan

Page 35: Revista Economia Rio

Produtividade

35 Economia Rio - Junho 2015

Rio é um sinal positivo, segundo Marcelo Ambrogi, sócio-diretor da IMA Gestão e Análise Florestal. “Existem no Rio experi-ências que mostram que o negócio é pos-sível”, diz ele. Contudo, Ambrogi confirma que a legislação estadual é uma barreira para grandes projetos florestais. “Todos os grandes players do setor já procuraram o Estado, mas não tiveram sucesso.”

Com a experiência de quem desenvolve negócios e gerencia ativos florestais em diversos estados brasileiros, Ambrogi afir-ma que as florestas plantadas são, hoje, o segundo maior agronegócio do país, ficando atrás apenas da soja. Contudo, ainda há um grande preconceito com o setor. “Questiona-se muito o refloresta-mento, porque o plantio de eucalipto é comparado à floresta nativa. No entanto, essa cultura ocupa apenas áreas degra-dadas ambientalmente, onde não é pos-sível recuperar a mata nativa”, explica o executivo.

São essas áreas degradadas que estão na mira. Há cerca de 690 mil ha com “pas-tagens naturais” e “pastagens plantadas degradadas”, de acordo com o último Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2006. São áreas com baixíssima produ-tividade e que poderiam, em parte, ser ocupadas por florestas plantadas, garan-tindo pelo menos a demanda do Estado. O estudo da Pöyry Silviconsult mostrou que o consumo industrial de produtos de base florestal no Rio foi da ordem de 3,6 milhões de m3 em 2012, e cerca de 90% do consumo equivalente de madeira têm origem fora do Rio. “Madeira não gosta de viagem. Custa caro transpor-tá-la. Precisamos ter madeira no local”, comenta Antônio Salazar.

Articulação política

Empreendedores e investidores estão a postos para implantar negócios flores-tais no Rio. Mudar esse quadro, porém, depende de uma articulação com o poder público para alterar a legislação e o processo de licenciamento de florestas plantadas no Estado. Nesse sentido, a

Firjan e a Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Rio (Sedeis) começaram a discutir ações com esse fim, mas ainda não determinaram os mecanismos de atuação.

O problema começa com a Lei 5.067, de 9 de julho de 2007, que dispõe sobre o Zoneamento Econômico-Ecológico (ZEE) do Estado e define os critérios para implantação da silvicultura. Embora o Decreto 44.377, de 10 de setembro de 2013, que regula a lei, tenha aprimorado alguns de seus pontos, a Firjan acredita que ainda é possível uma maior flexibili-zação para que mais áreas possam ser uti-lizadas para o desenvolvimento florestal.

A situação se agrava com a exigência de Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e Relatório de Impacto ao Meio Ambiente (Rima) para áreas a partir de 200 ha,

Área e distribuição do total de plantios de eucalipto e pinus nos estados do Brasil - em hectares (2012)

Fonte: anuário Estatístico abraf 2013 - ano-base 2012

determinada pela Lei 1.356, de 3 de outu-bro de 1988. A legislação federal sobre o tema – bem como a de vários estados do país – exige o EIA/Rima a partir de 1.000 ha. Isso encarece projetos florestais no Rio e termina por inviabilizá-los. “Não se cobra o mesmo de outras culturas”, protesta Ambrogi.

Se a legislação mudar, o Estado poderá obter posição de destaque no segmento, como detinha nos anos 1980, lembra Ambrogi. “As principais empresas flores-tais cresceram no litoral. Hoje, elas estão indo para o interior. Se a legislação contri-buir, o Rio teria uma posição privilegiada de ser um possível exportador de madeira localizado à beira-mar, o que seria um ganho logístico”, explica o diretor da IMA.

Page 36: Revista Economia Rio

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criatividade

37 Economia Rio - Junho 2015

indústria do Rio de Janeiro está implantando diversas ações para combater a escassez de água que

atingiu o Estado este ano. De acordo com uma pesquisa da Federação das Indústrias do Estado do Rio (Firjan), três em cada dez empresas do Estado já sentiram os reflexos da redução do fornecimento de água resul-tante da diminuição da vazão dos reserva-tórios de Jaguari, Paraibuna, Santa Branca e Funil, às margens do rio Paraíba do Sul. Para os empresários, reagir foi uma questão de sobrevivência.

A pesquisa da Firjan foi feita com 487 empre-sas, a maioria delas de pequeno porte, de diferentes setores da economia: vestuário e acessórios, produtos de metal, alimentos e bebidas. Juntas, elas empregam cerca de 60 mil trabalhadores, o que corresponde a 15% do total de postos nas indústrias fluminenses. Pouco mais da metade das empresas afeta-das alegou que o efeito imediato no chão

ASoluções para a crise hídrica

da fábrica foi o aumento de custo (50,3%), seguido da redução de produção (15,9%) e da interrupção temporária do processo de fabricação (13,9%).

Das empresas pesquisadas, 56,7% reagiram à crise, lançando mão de um rol de medi-das que combinou controle de consumo, campanhas internas de conscientização e uso de água subterrânea captada de poços artesianos, além de reúso e recirculação. O resultado foi uma economia de água, em média, de 25,6%. A Firjan constatou ainda que a água que, até há pouco tempo, era considerada um recurso natural abundante, entrou na conta dos itens de infraestrutura que mais preocupam os empresários e afe-tam a produção, tendo ficado à frente de problemas estruturais da área de logística, como portos, ferrovias e aeroportos.

A Nova Cedae, a segunda maior companhia de saneamento do país, responsável pelo

abastecimento da região do Grande Rio, está apostando no reúso para minimizar os efeitos da crise. Para a água de esgoto ser utilizada, ela passa por quatro etapas de tratamento para remoção de resíduos, como lixo, matérias orgânicas, areia e microorganis-mos, além de sofrer desinfecção. O processo leva 12 horas para ser concluído. O dire-tor de Produção e Grande Operação, Edes Fernandes, antecipou que a empresa assinou contrato com o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), comprometendo-se a disponibilizar 650 metros cúbicos por segundo para uso industrial.

“Vamos disponibilizar água não nobre, ou seja, de esgoto tratado para o processo industrial do Comperj. É um volume capaz de abastecer todo o município de Nilópolis, na Região Metropolitana do Estado.”

Disse também que a Comlurb passou a usar água de reúso para a rega de jardim.

Liana Melo

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38Junho 2015 - Economia Rio

O mesmo já vem sendo adotado pelos con-sórcios Porto Rio, que venceu a disputa para executar as obras do projeto Porto Maravilha, e TransBrasil, responsável pela construção das faixas de circulação e estações do BRT que ligará o bairro de Deodoro ao Caju. A gravidade da crise levou a Cedae a lançar no Dia Mundial de Água, em 22 de março, uma campanha contra o desperdício: “Toda gota conta”, com o ator Marco Nanini.

Ainda que a crise não lembre a escassez que se abateu sobre São Paulo – onde os reservatórios do Sistema Cantareira passa-ram a operar no volume morto, apesar das tempestades que caíram sobre a cidade –, a Firjan encaminhou carta ao governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, enume-rando propostas para enfrentar a crise. As principais medidas apresentadas, segundo o especialista em meio ambiente da entidade, Jorge Peron, são a criação de condições dife-renciadas e incentivadas para a implantação de projetos de dessalinização de água do mar e a adoção de programas de reúso de água de estações de tratamento de água e esgoto.

A coordenadora adjunta do Centro de Regulação e Infraestrutura da Fundação Getulio Vargas (FGV-Rio), Marilene Ramos, defende a necessidade urgente de se tirar do papel um antigo projeto de investimento do rio Paraíba do Sul.

“É um manancial estratégico para o Rio de Janeiro”, diz ela, chamando a atenção para o fato de que 70% do esgoto jogado no rio não recebem qualquer tipo de tratamento. “Não vi, até o momento, movimento dos governos estadual e federal no sentido de viabilizar esse plano de recuperação”, acrescenta, concluindo que, com a pers-pectiva de agravamento da situação, a melhor opção é trabalhar com cenários menos otimistas – exatamente o contrário do que fez o governo de São Paulo, que acabou adiando decisões importantes para enfrentar a crise hídrica.

As empresas fluminenses vêm criando alter-nativas para tentar driblar a crise. A Stam Metalurgia, de Nova Friburgo, construiu um reservatório de 800 mil litros para captar

água da chuva e implantou uma Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) para uso em bacias sanitárias. A empresa importou uma tecnologia francesa de membranas de ultrafiltração, que permite a reutilização da água. A capacidade de deter sólidos é a principal função dessas membranas, que têm capacidade para separar sólidos de diâmetros entre dois e 50 nanômetros (NM é uma unidade de medida equivalente a um milionésimo de milímetros). Após a desinfecção, a água pode ter usos menos nobres, como descargas de banheiros e rega de jardim. No processo produtivo – especialmente nas áreas de galvanoplastia e vibroacabamento, considerados intensivos em água –, a empresa vem conseguindo gerar uma economia de 60 mil m3 de água por mês. O conjunto de ações adotado pela empresa para reduzir o consumo de água vem gerando economia mensal de 3.250 m3/ dia. Esse volume deixa de ser captado dos mananciais, seja de rede pública ou de fontes alternativas.

Medidas para conter a crise hídrica

Fonte: Firjan

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39 Economia Rio - Junho 2015

Vivendo há 15 anos na Austrália, o geógra-fo brasileiro Marlos de Souza está conven-cido de que o país da Oceania que esco-lheu para viver e para trabalhar tem muito a ensinar ao Brasil em relação à gestão dos recursos hídricos. De passagem pelo país no começo de abril, onde participou de encontros nas federações das indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), de São Paulo (Fiesp) e de Minas Gerais (Fiemg), o dire-tor de Planejamento e Políticas da Bacia Hidrográfica Murray-Darling disse que as ações implantadas no país são factíveis de serem replicadas no Brasil. O órgão é a versão australiana da Agência Nacional de Águas (ANA). Por ser o continente habitado mais seco do mundo, a Austrália aprendeu a conviver com a escassez crô-nica, mas foi durante a mais longa seca vivenciada pelo país (de 1997 a 2009) que os australianos deram uma guinada de 180 graus na gestão desse recurso. A crise foi usada como oportunidade. O governo implantou um rigoroso controle do uso da água e investiu pesadamente em propa-ganda para engajar a população. Algumas práticas corriqueiras, como lavar calçadas e regar plantas com água tratada, foram abolidas no país.

ECONOMIA RIO Como foi trabalhar em um país que, ao contrário do Brasil, sofre de escassez hídrica crônica?

MARLOS DE SOUZA – Foi difícil enten-der a dinâmica. A Austrália é o conti-nente habitado mais seco do mundo, enquanto a Antártida é o mais seco entre os não habitados. Não bastasse isso, o país costuma sofrer forte influência de dois fenômenos, El Niño e La Niña. Não à toa a coleta de dados é antiga, tendo começado em 1860. O país passou por um período de seca muito longa e severa, que ficou conhecida como a seca do milênio, que durou 12 anos, de 1997 a 2009. O governo enxergou nessa crise uma oportunidade para engajar a população no gerenciamento do recurso hídrico. O envolvimento da população foi fundamental para mudar o entendi-mento comum em relação à água. Todos passaram a se sentir responsáveis por gerenciá-la e, coletivamente, começa-ram a enxergar um valor econômico em cada gota d´água.

ECONOMIA RIO Como é feito o gerenciamento da água na Austrália?

MARLOS DE SOUZA – Ao contrá-rio do Brasil, o governo federal na Austrália não tem poder constitucional para legislar sobre questões como meio ambiente, saúde, educação e transporte, que são atribuições dos governos esta-duais. A única possibilidade de mudar essa dinâmica é quando o país assi-na uma convenção internacional das Nações Unidas. Foi o que ocorreu em 1971, durante a Convenção sobre Zonas Úmidas de Importância Internacional, que ficou conhecida como a Convenção de Ramsar, que é o nome da cidade do Irã onde foi realizado o encontro da ONU. A convenção, da qual a Austrália é uma das signatárias, entrou em vigor em 1975. A partir de então, o governo Federal passou a ter poderes para cuidar da qualidade da água nas áreas alaga-das, como é o caso da bacia hidrográfica de Murray-Darling. Em 2007, a Austrália promulgou a Lei de Recursos Hídricos.

ECONOMIA RIO Só recentemente é que a água começou a ser gerenciada na Austrália?

MARLOS DE SOUZA – A lei federal é recente, mas o gerenciamento começou a ser feito pelos estados há mais de 100 anos. Com a promulgação da Lei de Recursos Hídricos, foi possível criar o conceito de água ambiental. Antes da lei, quando os usuários de uma bacia sentavam à mesa para discutir, falava-se em água para gerar energia, para abastecimento, para agricultura. Desde então, trouxemos a questão da água de volta para o meio ambiente. O governo federal passou a se responsabilizar pelo volume de água nos rios, não apenas para manter os peixes vivos, mas tam-bém para garantir que o volume de água dos rios provoque a inundação em área de floresta, que não são inundadas. Para garantir um volume mínimo de água nos rios, o governo federal passou a comprar água daqueles que tinham a sua outorga.

ECONOMIA RIO A água passou a ser tratada como commodity?

marlos de Souza: gerenciamento do uso da água na austrália começou a ser feito há 100 anos pelos estados/Foto: antônio Batalha/Divulgação Firjan

A água como um bem econômicoLiana Melo

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40Junho 2015 - Economia Rio

MARLOS DE SOUZA – Exatamente. O governo passou a comprar água de volta de quem tinha a outorga, num processo que foi chamado de reforma de geren-ciamento dos recursos hídricos. O mer-cado de água na Austrália é fortíssimo. Só na bacia Murray-Darling, o governo já gastou US$ 13 bilhões desde 2007. Esse volume de investimentos foi gasto com compra de água, campanhas de conscientização da população e inter-venções nos rios Murray e Darling, onde foram levantadas barragens para mudar o curso da água. Nesse período, as tran-sações com água movimentaram 1.044 gigalitros do produto (um gigalitro é igual a um bilhão de litros) pelo sistema de outorga e outros 6.058 gigalitros pelo sistema de locação. O mercado de recursos hídricos da Austrália passou a ser um dos mais movimentados do mundo. Se uma cultura estiver em baixa no mercado internacional, o agricultor pode, por exemplo, abandonar a lavoura naquele ano e optar por vender a con-cessão da água por um período de um ano, ou mesmo negociar sua outorga, que tem validade superior a 25 anos. Com o fortalecimento do mercado de água no país, o governo federal virou o

maior dono de outorga de água no país. A recompra das outorgas dos recursos hídricos foi feita para garantir a quali-dade e o nível mínimo de água na bacia Murray-Darling.

ECONOMIA RIO Como é feita a ges-tão da água no país?

MARLOS DE SOUZA – Os estados são obrigados a entregar ao ministro do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Garry Hunter, um plano de manejo. Não existe a possibilidade de esse plano não ser cumprido, como é comum ocorrer no Brasil. A implantação do plano de manejo é compulsória. Aos usuários da bacia Murray-Darling foi imposta uma redução máxima de 35% no volume de água que pode ser retirado do rio. Um usuário que retirava, por exemplo, 100 milhões de litros de água, passou a ter permissão para retirar 65 milhões de litros de água. O plano de manejo também precisa apresentar um progra-ma para melhorar a qualidade da água. Por exemplo, precisa definir o número de mudas de árvores a serem plantadas. O governo federal, por sua vez, investiu pesado em campanhas para engajar a

população. Na Austrália, ninguém gasta mais do que quatro minutos para tomar um banho. Todo cidadão australiano tem uma ampulheta no banheiro e o equipa-mento foi doado pelo próprio governo, que também incentiva a troca por chu-veiros mais econômicos. Tudo isso é sub-sidiado pelo governo. Periodicamente, um auditor é enviado à casa do cidadão para verificar se está ocorrendo ou não perda de água. Se o consumidor austra-liano usar todos os mecanismos disponi-blizados pelo governo, a casa vira uma microusina de reciclagem de água.

ECONOMIA RIO E se as metas apre-sentadas no plano de manejo não forem cumpridas?

MARLOS DE SOUZA – Não existe essa possibilidade. Quem descumpre a lei é punido. A multa varia de US$ 135 a US$ 5 mil. O infrator não sabe previamente o valor da multa a ser paga. Tudo vai depender do tamanho do delito e onde o crime foi cometido. O valor da multa é arbitrado posteriormente, o que inibe ações criminosas, já que o usuário pode vir a pagar uma multa de US$ 5 mil. É um valor que pesa no bolso.

Impacto da escassez nas indústrias no Rio

Fonte: Firjan

50,3% - Aumento do Custo

15,9% - Redução de produção

13,9% - Interrupção temporária de produção

6% - Demissão de colaboradores

1,3% - Adoção de férias coletivas

31,8% - Nenhuma

1,3% - Não sabe

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41 Economia Rio - Junho 2015

ECONOMIA RIO Como a Austrália é um país extremamente suscetível a mudanças climáticas, os planos de manejo levam em consideração essa realidade?

MARLOS DE SOUZA – Os planos de manejo incluem diferentes cenários, do mais otimista ao mais pessimista. No estágio 1, que é considerado o mais brando, o governo federal regula o uso da água, impõe medidas de economia à população e define normas de condu-ta. Os jardins, por exemplo, só podem ser regados em determinados dias da semana e em horários definidos. Quem descumprir a lei paga multa. No estágio 4, o mais severo, é quando o volume de água no reservatório cai para menos de 20%. Como trabalhamos com cenários, o governo está preparado para cada um desses estágios e dificilmente deixa a situação chegar à situação de crise hídri-ca que o Brasil está vivendo atualmente.

ECONOMIA RIO Quais as lições que a Austrália tem a ensinar ao Brasil?

MARLOS DE SOUZA – Os australianos sabem gerenciar com excelência e efici-ência os seus parcos recursos hídricos. É uma combinação de planejamento e transparência. Como o governo trabalha com estágios, ele nunca é surpreendido por novas situações, já que vive moni-torando o volume de água nos reser-vatórios. Tudo é planejado de antemão. O bureau de meteorologia da Austrália informa, em tempo real, as informações sobre as bacias hidrográficas. Além do mais, a eficiência do Estado e das agên-cias faz toda a diferença. Aqui no Brasil, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, a Sabesp, chega a perder 32% da água que sai do reserva-tório. Na Austrália, essa perda varia de 9% a 12%, o que já é considerado um valor astronômico. As perdas se dão especialmente nas cidades mais antigas. No Japão, que é considerado o melhor país do mundo quando se fala em con-trole do recurso hídrico, o percentual de perda não passa de 2%. O consumidor acompanha na conta de água como está o seu consumo e conta com o apoio do

governo para melhorar a performance dentro de casa. Durante a seca do milênio, por exemplo, o consumo per capita de água teve que baixar de 224 litros por dia para 155 litros diários. Se o consumidor fizer tudo que está ao seu alcance, a casa vira uma microusina de reciclagem.

ECONOMIA RIO Como a Austrália lida com seu esgoto?

MARLOS DE SOUZA– Na Austrália, o saneamento é visto como mais uma fonte de dinheiro. No Estado de Vitória, o governo definiu um patamar de no

a empresa Stam metalúrgica construiu reservatório para captar água da chuva e implantou uma estação de tratamento de esgoto/Foto: Divulgação

operário na Stam metalúrgica opera estação de tratamento de água/Foto: Divulgação

mínimo 20% de água a ser reciclada nas centrais de tratamento. Em algumas estações de pequeno porte, a reciclagem já chega a 100%. O Brasil tem que acor-dar e ver que saneamento não é sinôni-mo de prejuízo. É inconcebível que uma cidade como São Paulo, banhada pelos rios Tietê e Pinheiros, esteja passando por uma crise hídrica dessa proporção. O maior problema do país é a total falta de saneamento básico. Os governos no país estão matando a fonte de água por falta de saneamento, porque os políticos olham o problema como algo que não dá voto. A Austrália é o exemplo de que é possível ganhar dinheiro com esgoto.

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no interior da notícia

43 Economia Rio - Junho 2015

No interior da Notícia

Nova Iguaçu avança na Regulamentação da Lei GeralA parceria entre a prefeitura de Nova Iguaçu e o Sebrae/RJ está avançando para elevar a posição da cidade no ranking dos municí-pios fluminenses reconhecidos por facilitar os negócios dos pequenos e microempreendedores. Além de mais facilidade e menos burocra-cia, a Lei Geral gera mais investimentos, emprego, renda e apoio para quem deseja estabelecer seu negócio na cidade.

Com o Programa de Desenvolvimento Municipal e Fortalecimento da Micro e Pequena Empresa, os empreendedores de Nova Iguaçu contarão com um processo de consultoria que facilitará a legalização e posterior gestão de seus negócios.

O município também vai implantar o REGIM, um sistema integrador disponibilizado pela Junta Comercial do Estado do Rio de Janeiro para as prefeituras, em parceria com o Sebrae/RJ. Por meio do REGIM, o empreendedor poderá agilizar e resolver remotamente diferentes etapas relativas à abertura de uma nova empresa no município atendido.

5x Areal

Costa Verde terá Guia Cultural

Empresários da francesa Pierre Fabre, com sede em Areal, comunicaram investimento superior a 50 milhões de reais. O plano visa principalmen-te reforçar a presença industrial do grupo no Brasil por meio da moder-nização de sua fábrica de Areal, que emprega hoje, aproximadamente, 80 funcionários. Com esse investimento, a empresa pretende quintuplicar sua sua capacidade de produção e aumentar os efetivos em 50% até 2020.

A editora Cidade Viva, com o apoio do governo do Estado, lançou em abril a versão impressa do Guia Cultural da Costa Verde. A edição reúne mais de cem atrativos de Paraty, Angra dos Reis, Mangaratiba e Itaguaí, e lista oficinas e ateliês sediados nos quatro municípios, levando o leitor direta-mente à fonte de produção de artistas plásticos e artesãos.

O guia também traz informações sobre centros culturais, restaurantes, bares e cafés da região. A publicação estará disponível para retirada gratuita nas secretarias de Cultura e Turismo dos municípios.

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no interior da notícia

44Junho 2015 - Economia Rio

Rota CervejeiraMais água para a Baixada

Ciências exatas em mandarim

O secretário de Turismo do Estado, Nilo Sergio Felix, reuniu-se em abril com o presidente do Grupo Arbor (proprietário da Cervejaria St.Gallen) e com o consultor da Rota Cervejeira, Alexandre Zubaran, para alinhar estratégias que visam consolidar o projeto como um dos atrativos turísticos do Estado.

O roteiro reúne cervejarias das cidades de Petrópolis, Teresópolis, Nova Friburgo, Cachoeiras de Macacu, Guapimirim e Santa Maria Madalena, e tem como objetivo proporcionar aos visitantes uma imersão na cultura da cerveja e na gas-tronomia, misturado ao rico cenário de montanhas, cachoeiras cristalinas, par-ques naturais e outros atrativos turísticos da região.

Criada pela iniciativa privada, a Rota Cervejeira receberá R$ 8 milhões em investimentos do governo do Estado, do Sebrae e das prefeituras. Serão mais de 15 cervejarias participantes, incluindo grandes representantes do setor, como a Bohemia e a Petrópolis, que também fabricam pro-dutos premium.

“É mais um atrativo para o nosso Estado, que pode beneficiar o setor turístico da serra, gerando empregos, renda e melhorando a qualidade de vida das pessoas”, disse Nilo Sergio.

Maior Estação de Tratamento de Água (ETA) em volume produzido continua-mente no mundo, o Sistema Guandu completou 50 anos em abril. Agora, será ampliado com a construção do Novo Guandu, que vai universalizar o abas-tecimento e o saneamento na Baixada Fluminense.

Com investimentos de R$ 3,4 bilhões do Banco Mundial, a nova ETA terá 300 km de rede de distribuição, capacidade para produzir 12 mil litros de água por segundo e armazenar 161 milhões de litros de água.

“Estamos às vésperas de uma gran-de obra, que fará com que a Baixada Fluminense tenha plenitude no abaste-cimento de água e saneamento. Vamos construir uma nova estação, que será importante, principalmente, como back up da estação atual, com capacidade para absorver o crescimento das cidades pelas próximas décadas”, afirmou o pre-sidente da Cedae, Jorge Briard.

O governo do Estado inaugurou em fevereiro a primeira escola pública do país com foco em ciên-cias exatas e proficiência em mandarim e inglês. Fruto de parceria entre a Secretaria de Educação e a Universidade Normal de Hebei, na China, o Colégio Estadual Matemático Joaquim Gomes de Sousa – Intercultural Brasil-China funciona na Casa da Princesa, em Niterói, e é a 27ª unidade do programa Dupla Escola.

Outro diferencial da escola é o Ensino integrado, no qual as disciplinas e os pro-fessores trabalham de maneira articulada e conectada. Para este ano, 900 estudantes se inscreveram para concorrer às 72 vagas de 1º ano do ensino médio em tempo integral.

“Essa unidade é um marco para a educação brasileira, uma vez que possibilita a formação integral do jovem. A China é uma economia global poderosíssima, e os países que con-seguirem levar o idioma para dentro de sua economia sairão na frente”, disse o secretário de Educação, Antônio Neto.

A escola terá nove salas de aula, dois labora-tórios de idiomas, dois laboratórios de games on-line, laboratório de Informática, auditório, biblioteca, sala de música, sala de ginásti-ca, áreas de convivência, piscina, cozinha com refeitório e recepção. No todo, foram investidos R$ 21,4 milhões na reforma e em aquisição de equipamentos.

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Energia

45 Economia Rio - Junho 2015

s cariocas que pensam em pro-duzir sua própria energia elétrica terão, em breve, uma podero-sa ferramenta à sua disposição.

Com o fim da primeira fase do mapea-mento dos telhados do Rio de Janeiro para produção de energia solar fotovoltaica, começa agora a etapa de oferta de dados sobre radiação solar por meio da internet, em uma plataforma específica para esse fim. Com ela, qualquer cidadão poderá conhecer a incidência de raios solares sobre sua residência e verificar a viabili-dade da instalação de painéis ou filmes fotovoltaicos. A expectativa é de que a plataforma esteja no ar para consulta até o fim deste ano.

O mapeamento – conhecido como “Telhados Solares” – integra a carteira de projetos do Programa Rio Capital da Energia, da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado do Rio de Janeiro (Sedeis). Também participam do projeto a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos (IPP), autarquia ligada à prefei-tura do Rio, e a Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ), agência do governo da Alemanha para cooperação internacional e fomento a pro-jetos de desenvolvimento sustentável.

OQuanto vale o sol que brilha para você?

Na primeira fase do trabalho, iniciada em 2014 e encerrada em abril passado, a equipe técnica da TerraGis, consultoria responsável pelo levantamento, cruzou dados do IPP e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Também foram utilizadas metodologias para aprimorar trabalho semelhante feito para a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) em todo o território nacional. A partir dessas infor-mações, o IPP irá elaborar a plataforma virtual, com os índices de radiação solar nas diversas regiões da cidade. Esses números serão o ponto de partida para a decisão de investir ou não em um sistema de geração fotovoltaica.

O mapeamento dos telhados do Rio ocorre em um momento bastante oportuno, devi-do à delicada situação do setor elétrico brasileiro. Com a estiagem registrada nos últimos anos, o nível de água dos reserva-tórios das hidrelétricas caiu drasticamente, diminuindo a oferta dessa fonte energéti-ca. “Esse projeto é bastante importante, sobretudo no atual momento do setor elé-trico brasileiro. O mapeamento da capaci-dade de geração solar em telhados do Rio vai contribuir para o aumento da produção de energia elétrica de forma distribuída, de pequeno porte. Isso significa uma menor pressão sobre o sistema elétrico como um todo”, explica Maria Paula Martins, coor-denadora do Rio Capital da Energia.

Custos e impostos em queda

Embora tenha um grande apelo ambiental, por ser uma fonte renovável, o sol ainda bri-lha para poucos. O investimento em painéis fotovoltaicos para um cidadão comum é alto. Segundo levantamento do Instituto para o Desenvolvimento de Energias Alternativas na América Latina (Ideal), o custo médio de cada watt-pico (Wp) instalado fica entre R$ 8 e R$ 10. Portanto, a instalação de painéis com potência de 2 kW – suficientes para gerar entre 200 e 250 quilowatts-hora (kWh) por mês, equivalentes ao consumo médio de uma família de quatro pessoas –, custaria entre R$ 16 mil e R$ 20 mil, em média.

Contudo, a atual situação brasileira pode alavancar essa forma de gerar energia. Com a escassez hídrica, houve um consequente aumento da produção de eletricidade nas usinas térmicas, com uso de gás natural, carvão mineral, óleo diesel e óleo combus-tível. Todas essas fontes de energia acabam sendo bem mais caras do que a gerada pelas hidrelétricas. Com isso, houve elevação nas tarifas de energia elétrica entre 40% e 50% nos últimos meses, abrindo caminho para a implantação de sistemas solares de pequeno porte. “Com a elevação das tarifas elétricas, o investimento em energia fotovoltaica vem

Alexandre GaspariPaineis solares: Rio vai ganhar um indicador sobre a luminosidade do sol para quem quiser investir na instalação de placas solares em escritórios e residências Foto: Divulgação

Page 46: Revista Economia Rio

Energia

46Junho 2015 - Economia Rio

A elaboração do Atlas Solarimétrico do Rio de Janeiro, que aponta o potencial de geração de energia solar no Estado, entrou na reta final. Foi iniciada a editoração dos dados que vêm sendo obtidos desde dezembro de 2014 em três estações solarimétricas instaladas para esse fim: no Inmetro, em Duque de Caxias, na Região Metropolitana; na UENF, em Macaé, no Norte Fluminense; e na Nissan, em Resende, no sul do Estado. A meta é lançar a publicação no início de 2016.

Os primeiros levantamentos apontam o Norte Fluminense, parte da Região dos Lagos e o litoral Sul do estado como uma das áreas com o maior potencial para produção de energia solar fotovoltaica no Estado. A Região Serrana teria a menor capacidade, mas, mesmo assim, sua radiação solar é superior à da Alemanha, um dos líderes mundiais na expansão da energia solar fotovoltaica. Em média, a radiação solar global anual no território fluminense varia entre 4,1 e 5 quilowatts-hora/metro quadrado por dia.

O projeto para elaboração do atlas é liderado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços do estado (Sedeis), em parceria com a EDF – Norte Fluminense, a PUC-Rio e a EGPE Consult, e integra a carteira de projetos do Programa Rio Capital da Energia. “O atlas é um importante referencial para que o potencial solar do estado possa ser plenamente aproveitado e fundamental para atrair proje-tos de usinas fotovoltaicas de grande porte”, explica Maria Paula Martins, coordenadora do Rio Capital da Energia.

De fato, o mapeamento se mostra crucial para deslanchar a energia solar no Estado. Embora fique atrás da Região Nordeste em taxas de radiação solar, de acordo com o Atlas Solarimétrico do Brasil, elaborado pelo Cepel/Eletrobras em 2000, o Rio tem um bom potencial fotovoltaico a ser explo-rado. Contudo, no primeiro leilão para contratação dessa fonte promovido pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), no fim de outubro de 2014, nenhum dos 31 projetos que ganharam contratos na licitação (com capaci-dades variando entre 10 e 30 megawatts de potência) estava previsto para o território fluminense. E o investimento previsto nas usinas vencedoras somava R$ 4,1 bilhões.

Outra vantagem do Atlas Solarimétrico do Rio de Janeiro é que suas infor-mações poderão ser utilizadas para estudar a viabilidade de outras formas de produzir energia a partir do sol. “Outra possibilidade são as usinas heliotérmicas, que usam a radiação solar para gerar energia por meio do calor”, ressalta Maria Paula.

Segundo a EGPE Consult, que gerencia os estudos, até abril foram adqui-ridos 19,7 milhões de dados, com taxa média de sucesso na obtenção de informações de 94,4%. O mapeamento também inclui séries históricas de dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). E como haverá aquisição contínua de dados nas estações, o atlas será atualizado periodi-camente e disponibilizado no Portal Rio Capital da Energia.

se tornando mais vantajoso”, reforça Maria Paula.

Outro entrave à expansão da geração solar distribuída tem sido o ICMS cobrado sobre a produção elétrica. Contudo, alguns estados já começaram a isentar a cobrança desse imposto sobre a geração de instalações fotovoltaicas de pequeno porte. Hoje, o ICMS varia de estado para estado. Em São Paulo, é de 18%. O ICMS é o único imposto que incide sobre os créditos de energia solar que o consumidor ganha junto à concessionária quando produz energia foto-voltaica. Minas Gerais, por conta própria, isen-tara a cobrança desse tributo sobre instalações solares de pequeno porte em 2013, mas apenas até 2018. E, em abril, convênio do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) tornou oficial as isenções dadas por São Paulo, Goiás e Pernambuco, abrindo caminho para que outras unidades da federação façam o mesmo.

O peso do ICMS é confirmado por Hans Rauschmayer, diretor da Solarize Serviços em Tecnologia Ambiental e o primeiro morador do Rio a instalar um sistema fotovoltaico em sua residência, em 2013. De acordo com ele, em 19 meses, sua conta de energia foi 52% menor que o habitual, totalizando R$ 2.232,11. “Mas se não houvesse a cobrança de ICMS, teria economizado R$ 529,96 a mais”, conta.

Conforme dados do Banco de Informações de Geração (BIG) da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), há hoje 33 plantas fotovoltaicas em operação em todo o Estado do Rio de Janeiro, totalizando uma potência instalada de 555 quilowatts (kW). A maior delas é o Maracanã Solar, de 360 kW, projeto do Rio Capital da Energia, em parceria com a concessionária Light, instalado no estádio de futebol do Maracanã. Quase todas as demais instalações são de porte bem pequeno, com-patível com padrões residenciais.

O estado com o maior número de plantas fotovoltaicas em operação, segundo a Aneel, é Minas Gerais, com 51. Em potência instala-da, o líder é Santa Catarina, com 4.214 kW, dos quais 3.068 kW se referem a uma única planta, Nova Aurora, da Tractebel Energia.

Rio terá Atlas Solar no início de 2016

Page 47: Revista Economia Rio

Geração solar por estado - por potência fiscalizada (kW)

Fonte: aneel

Energia

Page 48: Revista Economia Rio

Qualidade de Vida

48 Economia Rio - Junho 2015

esiliência é uma palavra que vem das ciências naturais e define a capacida-de de um corpo de voltar ao estado

normal após ser submetido a condições extre-mas. Um conceito que pode ser aplicado tam-bém a indivíduos, comunidades e instituições.

O uso do termo na gestão de cidades é algo novo e que vem ganhando peso no cenário internacional e na forma com que governos lidam com as mudanças climáticas e outros fatores de suas realidades.

Lançado em janeiro pela prefeitura do Rio, o Rio Resiliente, projeto pioneiro que aponta as principais orientações da cidade para enfrentar impactos e se adaptar a choques e estresses crô-nicos causados pelas mudanças climáticas e por desafios urbanos, vem ganhando destaque inter-nacional. Em fase de modelagem de projetos, o Rio Resiliente passa a fazer parte do planejamen-to estratégico da cidade nos próximos anos.

Tudo começou em 2013, quando o Rio entrou para a lista das 32 primeiras cidades selecio-nadas para a rede 100 Cidades Resilientes, da Fundação Rockefeller – instituição internacio-nal sem fins lucrativos que incentiva, há mais de um século, iniciativas filantrópicas.

RUm novo conceito para administrar a cidade

Com isso, o Rio ganhou suporte técnico para implantar a competência da resiliência no município, além de ter a possibilidade de trocar experiências com outras cidades, como Medellín (Colômbia), Melbourne (Austrália) e Nova Orleans (EUA).

Ao longo de 2014, foi produzido um extenso diagnóstico sobre o atual cenário de resiliência do município, com a identificação dos prin-cipais riscos relacionados com as alterações climáticas, como chuvas e ventos intensos, ondas de calor, elevação do nível do mar e dengue, além de outros tipos de situações que tenham potencial para modificar a normalida-de da cidade.

Mais de 100 funcionários de cerca de 40 órgãos municipais estiveram envolvidos na produção do levantamento. Com os dados, foi elaborado um inventário de projetos, pro-gramas e iniciativas concretas de resiliência por parte da prefeitura e de alguns de seus parceiros.

O documento final contou com prefácio de Al Gore, ex-vice-presidente dos Estados Unidos e Nobel da Paz por sua atuação no combate às mudanças climáticas.

“Ser resiliente é fazer com que choques tragam o menor impacto possível para a cidade. Agir pre-ventivamente é o mais importante. Mas quando os choques são inevitáveis, é essencial ter infor-mações e infraestruturas adequadas, operações específicas e cidadãos capazes de proteger uns aos outros”, explica Pedro Junqueira, chefe exe-cutivo de Resiliência e Operações do Rio.

“No caso do Rio Resiliente, é a história de uma cidade cuja economia esteve estagnada por décadas, e que agora está passando por transfor-mações rápidas - e estas precisam ser resilientes, de forma que sejam duradouras, sustentáveis e integradas”, diz.

O Rio Resiliente está hoje na fase de modela-gem dos projetos, que serão apresentados até outubro deste ano. As propostas elaboradas até agora buscam alternativas para diversas questões, da crise hídrica aos efeitos climáticos no espaço urbano, passando pela eficiência ener-gética, pela economia de baixo carbono e pela economia circular.

A partir dessas propostas, a prefeitura do Rio construirá o Plano de Resiliência da cidade. O plano será construído de forma colaborativa e contará com a contribuição de outras esferas

Cassiano Viana

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Qualidade de Vida

49Junho 2015 - Economia Rio

de governo, de parceiros privados, da sociedade civil e dos cariocas, além de também promover parcerias com as principais redes internacionais que discutem o tema.

Entre os parceiros estão o Commonwealth Scientific and Industrial Research Organization (CSIRO), órgão nacional para pesquisa científica na Austrália (com estudos sobre subida do nível do mar), o Alerta Rio (que vai interpretar dados de padrão de ventos), o Núcleo Computacional de Estudos da Qualidade do Ar da UFRJ (que estudará as ilhas de calor, e a Elle MacCarthur Foundation, com quem o Rio Resiliente promove-rá, em agosto, um workshop sobre economia de baixo carbono e economia circular.

“Outros parceiros devem se juntar ao projeto em breve. Principalmente se considerarmos as competências e conhecimentos das empresas instaladas no Rio, em setores como petróleo e gás e TI, por exemplo”, prevê Pedro Junqueira.

Menos de seis meses depois de seu lançamento, o Rio Resiliente já ganhou projeção internacional, com convites para apresentações em várias cida-des do mundo.

“Participamos de um evento da BMW Foundation, na Bahia, e fomos convidados para o fórum global da fundação, que será realizado em novembro, em Berlim. Também participa-remos do Designing Resilient Cities em junho, em Londres”, conta Luciana Nery, Gerente de Resiliência do Centro de Operações Rio (COR).

“Além disso, integrantes da C40 – grupo inter-nacional de cidades que traçam estratégias para enfrentar as mudanças climáticas e ampliar a resiliência – elogiaram o trabalho realizado pelo Rio de Janeiro e irão sugerir que o plano seja o modelo a ser seguido pelas demais cidades integrantes da principal rede global de megaci-dades”, conta ela.

“Por definição, resiliência é de longo prazo: é pensar a cidade em termos de sobrevivência a desafios e à prosperidade de seus cidadãos”, observa Pedro Junqueira; “sendo assim, tudo o que pesquisamos acerca de clima e de melhor uso de recursos, como energia e água, têm que se tangibilizar no espaço urbano. Estamos trazendo a sustentabilidade para o planejamento da cidade, e contribuiremos com estudos e pro-postas de políticas públicas.”

O projeto Rio Resiliente é coordenado pelo Centro de Operações Rio (COR). Espécie de quartel-general da prefeitura, o COR integra cerca de 30 órgãos - instituições municipais, estaduais e concessionárias -, com o objetivo de monitorar e otimizar o funcionamento da cidade no dia a dia e, em especial, em grandes eventos e em crises. Além de acompanhar de perto a rotina do município durante 24 horas por dia, sete dias por semana, o Centro busca antecipar soluções e minimizar o impacto de ocorrências, alertando os setores responsáveis sobre os riscos e as medidas imediatas que precisam ser tomadas em casos de emergências, como chuvas fortes, deslizamentos e acidentes de trânsito.

Quartel-general da resiliência

Pedro Junqueira: “Ser resiliente é fazer com que choques tragam o menor impacto possível” Foto: Divulgação

Lançamento do Programa Rio Resiliente/Foto: Divulgação Prefeitura do Rio de Janeiro

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SESi/SEnai indústrias do Rio

50 Economia Rio - Junho 2015

Sul Fluminense: importante motor de desenvolvimento do interior

mportante motor de desenvol-vimento do interior do Rio de Janeiro, o Sul Fluminense se des-

taca pela forte industrialização. Um em cada cinco trabalhadores formais da região é empregado da Indústria de Transformação. Essa característica contribuiu de forma decisiva para o crescimento de seus municípios nos últimos anos. Só entre os anos de 2007-2012, a indústria cresceu 9,6%. Angra dos Reis, Volta Redonda e Resende, juntos, respondem por mais da metade de toda a produção regional.

A indústria é a principal ativida-de econômica em cinco municípios. A Indústria de Transformação abriga 60% dos estabelecimentos industriais (1,3 mil) e emprega 58 mil trabalha-dores formais. Mais da metade das vagas é de empresas metalmecânicas, com destaque para os setores de metalurgia e automotivo.

Para manter-se competitiva, a indús-tria conta com o SESI e o SENAI na região. Em 2013 e 2014, o SENAI

I investiu para modernizar as unidades do SENAI de Volta Redonda – voltada para a qualificação dos trabalhadores para a indústria metalmecânica –, e de Resende, que é focada no setor automotivo. As escolas reproduzem o ambiente de uma indústria com tec-nologia de ponta em laboratórios que contam com simuladores. O SENAI de Volta Redonda é a única escola do estado que possui um pátio de operação para ponte rolante e empi-lhadeira.

Já o SESI oferece serviços que ajudam as empresas a atender as exigências legais relacionadas à saúde de seus trabalhadores e à segurança do tra-balho, como o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) e o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO).

Tudo isso contribui para que as empre-sas tenham ambientes mais seguros, trabalhadores mais produtivos e pro-f issionais mais preparados para o desafio de elevar ainda mais a produ-tividade da indústria.

Simulador de empilhadeira do SEnai Volta Redonda. Foto: Guarim de Lorena/Sistema FiRJan

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Responsabilidade coorporativa

51Junho 2015 - Economia Rio

m bosque com mais de 13 mil árvores surgiu em 2014 na rota entre os Estados do Rio de

Janeiro, São Paulo e Paraná. Nenhuma nova árvore foi plantada, mas o ar ficou mais puro graças a uma combinação virtuosa que incluiu menos emissão de gás carbônico (CO2) e menor consumo de matérias-primas, renováveis ou não. O investimento total na operação foi de aproximadamente R$ 20 milhões.

Tudo teve origem na decisão da Nestlé, uma das maiores fabricantes de alimentos do mundo, de racionalizar a produção e a estrutura dos potes utilizados nas embala-gens de sorvetes produzidos na sua fábrica de Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio, e que abastece o Brasil inteiro por meio de uma rede de 35 distribuidores, sendo cinco pró-prios. Com o objetivo de aumentar a com-petitividade e em apoio aos planos de cres-cimento, a empresa gozará de incentivos de acordo com os programas de fomento ao desenvolvimento oferecidos pelo governo do Estado do Rio.

O vice-presidente de Sorvetes da empresa, Rogério Lopes, conta que o processo teve dois objetivos essenciais: encontrar a melhor solução de embalagem para o perfil do con-sumidor e reduzir as emissões de CO2 duran-te o processo produtivo e logístico, tornando a cadeia produtiva do sorvete Nestlé ainda mais amigável ao meio ambiente.

O primeiro passo, de acordo com o execu-tivo, foi redefinir as dimensões do pote, até então com volume de dois litros. Com base nas estatísticas demográficas que mostram uma progressiva redução do tamanho da família brasileira, foi definido que a nova embalagem teria um litro e meio.

Paralelamente, uma nova tecnologia desen-volvida pela própria Nestlé e seus parceiros permitiu, simultaneamente, reduzir a espes-sura das paredes do pote e obter ganho em resistência da embalagem, tornando

UNestlé cria mata virtual no sul-sudeste

também seu manuseio mais firme graças a uma superfície mais aderente ao tato.

Para chegar à solução adequada, foi con-tratado junto à Braskem o fornecimento de uma resina especial, o polipropileno tipo PP-191, que atendesse às especificações técnicas do projeto.

Somado à definição de um design correto, o pote ficou mais leve, mais ergométrico, mais

hermético e mais adequado ao armazena-mento em pilhas, adquirindo também maior resistência à baixíssima temperatura (-25° Celsius) da câmara de armazenamento. A nova embalagem permitiu ainda aperfeiçoar o invólucro do pote, que contém a comuni-cação da Nestlé com seu consumidor.

O segundo problema a resolver, relata Lopes, era a criação de nova logística na relação Nestlé-fornecedor de embalagem, de modo a tornar a operação mais susten-tável. Na configuração anterior, os potes eram fabricados em São Paulo e no Paraná e viajavam vazios em caminhão, acondiciona-

dos em caixas de papelão e empilhados em pallets, até a fábrica de sorvetes no Rio. Na Nestlé eles eram estocados em um armazém anexo à linha de produção.

A solução foi trazer o fabricante dos potes para junto da área da produção de sorve-tes, utilizando o armazém como chão de fábrica. A empresa Globalpack venceu a concorrência e conquistou o direito de ser a nova fornecedora exclusiva das embala-gens. Utilizando máquinas ultramodernas, de tecnologia franco-japonesa com elevado grau de mecanização, foi possível criar uma linha de montagem de produto e embala-gem dentro do mesmo espaço, respeitando as mais rigorosas técnicas de segregação e esterilidade. E mais de 20 empregos foram criados no Rio.

O passo seguinte, a ser efetuado no meio deste ano, será substituir as caixas de pape-lão usadas na embalagem do produto para entrega nos pontos de venda por plástico termoencolhível, facilitando o manuseio e agilizando a identificação dos sabores na hora da entrega.

Foram menos de 300 mil quilômetros de rodagem de caminhões pelas estradas do Sudeste-Sul, consumindo um milhão de litros de óleo diesel/ano, contabiliza Lopes. A embalagem menor e menos espessa consome 15% a menos de plás-tico, totalizando uma economia anual de 225 toneladas de resina.

A eliminação das caixas de papelão para o transporte dos potes vazios proporcio-nou uma economia de 250 toneladas de papelão, fabricado com árvores cortadas, por ano. Outras cerca de 150 toneladas/ano de papelão serão economizadas com a substituição das caixas para entrega por plástico termo encolhível. O resultado geral corresponde a 13.565 árvores capturando carbono da atmosfera. A terra agradece!

Rogério Lopes, vice-presidente de Sorvetes da nestlé/Foto: Divulgação nestlé

Redação

Page 52: Revista Economia Rio

mobilidade

52 Economia Rio - Junho 2015

m fase de implantação no Rio de Janeiro, o BRT (Bus Rapid Transit, ou Transporte Rápido por Ônibus),

além de representar um avanço no sentido de solucionar as questões de mobilidade urbana e promover a maior integração das diversas regiões da cidade, representa uma grande opor-tunidade para o mercado imobiliário comercial e residencial.

De acordo com o Sindicato da Habitação do Rio (Secovi-Rio), de julho de 2013 a abril deste ano, o preço do metro quadrado registrou valorização de 21,6% na Penha, 20,5% em Madureira e 18,5% na Ilha do Governador. Em Ramos e Jacarepaguá, houve altas de 15,1% e 10,9%, respectivamente.

“Com certeza, haverá uma valorização acima da média nos preços desses imóveis”, afirma Leonardo Schneider, vice-presidente do Secovi Rio. “A implantação do BRT vai impactar posi-tivamente o setor, tanto para imóveis comerciais como para residenciais nessas regiões. Isso já está acontecendo.”

Segundo Schneider, o BRT vai resgatar algumas áreas e regiões. “A região da Grande Olaria, na Zona Norte, por exemplo, era muito pouco contemplada por investimentos como esse. Todo

E

BRT impulsiona mercado imobiliário Para especialistas, modelo vem ao encontro de uma cidade cada vez mais competitiva e atraente para investimentos.

o miolo da Zona Norte, que é uma área muito tradicional e que ficou, de certa maneira, por muitos anos esquecida, vai ser valorizada.” Ele prevê impactos positivos também para os bairros de Ramos e Bonsucesso.

Para especialistas, o BRT vem ao encontro de um Rio cada vez mais competitivo e atraente para investimentos.

“O Rio precisava de investimentos como esse. O mercado imobiliário precisava desse impulso”, comemora Schneider.

Para Marcelo Haddad, presidente da Rio Negócios, agência de atração de investimentos da cidade, o Plano Diretor da cidade precisa definir que ativi-dades poderão ser implementadas nas regiões às

margens dos BRTs. “Estas áreas são um esplên-dido vetor de desenvolvimento urbano e novos negócios para a cidade”, observa.

“Para se ter uma ideia dessa oportunidade, o Porto Maravilha tem um potencial construtivo de 5 milhões de m2 com a utilização das Cepacs. Ao longo dos 120 km de vias às margens dos três BRTs (excluindo o BRT Brasil), considerando que a área contígua à linha do BRT seja formada por uma faixa média de 500 m para cada lado, o volume dessa área será aproximadamente 25 vezes maior do que a do Porto Maravilha, com oportunidades para novas residências, varejo, centros de distribuição, indústrias e serviços. Essas vias podem transformar para melhor a vida das comunidades no seu entorno”, diz Haddad. Cepacs são os Certificados de Potencial Adicional de Construção, ou seja, títulos negociados para financiar operações urbanas em áreas considera-das degradadas da cidade.

Curitiba, no Paraná, foi a primeira cidade do mundo a implantar o sistema BRT (Bus Rapid Transit), em 1974. As mudanças transformaram a capital em uma cidade de sucesso urbano, renomada em todo o mundo.

Na avaliação da prefeitura de Curitiba, a implan-tação do sistema foi altamente positiva.

De acordo com a pesquisa EMBARQ, do World Resources Institute (WRI), organi-zação global de pesquisa para transporte sustentável e desenvolvimento urbano, em Bogotá, os imóveis comerciais em áreas com acesso ao BRT chegaram a uma valori-zação de cerca de 268%.

Cassiano Viana

Page 53: Revista Economia Rio

mobilidade

53Junho 2015 - Economia Rio

Os projetos de mobilidade executados no Rio de Janeiro representam uma transformação histórica, com benefícios que se estenderão pelas próximas décadas e proporcionarão melhor qualidade de vida para milhões de pessoas.

De acordo com a Secretaria Municipal de Transportes (SMTR), a cidade tinha, até 2009, menos de 18% de seus habitantes atendidos por transporte de massa - restritos a trens e metrô. A rede de alta capacidade que combina corredores exclusivos de ônibus articulados (Bus Rapid Transit - BRT), Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), as barcas e a expansão do Metrô, em parceria com o governo do Estado, levará os transportes de alta capacidade a 63% dos habitantes do Rio.

“Essa mudança fará com que 107 dos 160 bairros da cidade fiquem integrados na área coberta por transporte de massa, com 2,5 milhões de habitantes tendo linhas e estações dessa categoria a até 500 m de suas residências “, afirma Rafael Picciani, secretário municipal de Transportes. “Essa guinada no desenvolvimento da cidade põe o Rio no caminho das grandes metrópoles mundiais em sua busca permanente por aumento na qualidade de vida e na redução dos impactos do transporte sobre o meio ambiente”, disse ele.

Para Picciani, o transporte público é o centro de uma ampla política de transformação no Rio de Janeiro: “O grande número de investimentos em mobilidade urbana tem como objetivo ampliar os transportes de alta capacidade e proporcionar conforto aos passageiros , com resultados mais eficientes e duradouros para a população”, avalia. “Essa perspectiva cria, para todos os cidadãos, um círculo virtuoso, que reduz congestionamentos, encurta períodos de viagem e, principalmente, alinha a política de transportes aos vetores de crescimento da cidade, de forma a integrar bairros e conectar regiões antes precariamente atendidas.”

A cidade já conta hoje com dois corredores de BRT (TransOeste e TransCarioca) e outros dois, em construção, devem ser entregues em 2016 e 2017 (TransOlímpica e TransBrasil), além do VLT, na região central. Está em andamento, ainda, o Plano de Mobilidade Urbana Sustentável (PMUS), que orientará os investimentos do setor por dez anos, a partir de 2016. O objetivo é desenvolver propostas para os sistemas viário e de transportes, permitindo que os deslocamentos de pessoas e bens ocorram de forma sustentável, contribuindo para o desenvolvimento econômico, social e ambiental da cidade. Ao fim do projeto, será elaborado um documento com as principais propos-tas para os cenários de 2021 e 2016.

O BRT também está no radar do Estado do Rio, que planeja incluir o sistema na licitação das linhas intermunicipais a ser realizada ainda este ano.

Atualmente, técnicos da Secretaria de Estado de Transportes estão realizando estudos e modelagens para definir os corredores de BRT intermunicipais a serem implementados na Região Metropolitana. Esses estudos têm como base os dados do Plano Diretor de Transporte Urbano (PDTU).

Na Baixada Fluminense, estão sendo avaliados quatro corredores de BTR. O primeiro, no eixo da rodovia Washington Luiz, interligando a região de Duque de Caxias com o município do Rio. O corredor seria integrado ao BRT municipal Transbrasil, no Trevo das Missões.

O segundo estudo prevê um corredor BRT no eixo da rodovia Presidente Dutra, ligando com o BRT TransBrasil no Trevo das Margaridas. O terceiro estudo é do BRT Via Light, construído em conjunto com a expansão da via e sua conexão com a Avenida Brasil.

O quarto corredor é a TransBaixada, com 27 km de extensão, construída às margens do rio Sarapuí e que faria a ligação de alta capacidade entre os diversos municípios da Baixada Fluminense: Belford Roxo, Mesquita, Nilópolis, Caxias e São João de Meriti.

Atualmente, 163 cidades no mundo utilizam o BRT, sendo que 34% estão na América Latina, que é responsável, hoje, por 62% do total de passageiros transportados pelo sistema diariamente no mundo.

O Brasil lidera o ranking de países com o maior número de cidades com o sistema implantado (32).

Fonte: EmBaRQ, do World Resources

institute (WRi)

Uma transformação da cena urbana

No Estado, planos para vias de alta capacidade

“O BRT teve papel fundamental como indutor do desenvolvimento radial da cidade, levando-a a crescer de forma organizada, segura e consis-tente”, afirma Sérgio Póvoa Pires, presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc).

De acordo com o arquiteto, com o BRT, criou-se um padrão urbano muito bem definido, norteado pelo Plano Diretor, que fez com que a cidade atra-ísse muitos investimentos e empresas de grande porte. “Isso criou um círculo virtuoso de atração não apenas de investimentos e empreendimen-tos, mas também de pessoas em busca de mais qualidade de vida”, disse ele.

“Os imóveis mais valorizados da cidade estão nas adjacências dos corredores, assim como nas áreas próximas, principalmente nos bairros do entorno da região central da cidade”, completou.

Page 54: Revista Economia Rio

Horizonte 2030

54 Economia Rio - Junho 2015

os últimos anos, é notável a posição de destaque que o apoio ao empreendedorismo

ganhou como medida adotada por governos para fomentar o crescimen-to econômico. É certo o seu impacto no desenvolvimento de um estado ou região, uma vez que o surgimento de novas empresas promove a criação de postos de trabalho, além de estimular a inovação e a competitividade.

É nesse contexto que atua o Instituto Empreender Endeavor, uma organi-zação sem fins lucrativos que tem como missão identif icar, inspirar e capacitar empreendedores com negó-cios de potencial de alto impacto na sociedade.

Mas o que significa ser um empre-endedor de alto impacto? Segundo João Melhado, gerente de Pesquisa & Mobilização da Endeavor, são aqueles que apresentam, entre outras caracte-rísticas, crescimento acelerado, forte

NCaminhos para empreender

potencial de mercado e diferencial competitivo.

No Rio de Janeiro, é possível observar diversos exemplos desses empreende-dores. Cerca de 6% das empresas de alto crescimento estão concentradas na capital fluminense, o que equi-vale a pouco mais de 4 mil empre-sas - atrás apenas de São Paulo, com 14,1%. Apesar de representarem somente 1% do total, as empresas de alto crescimento são responsáveis pela criação de quase 50% dos novos empregos do país.

Casos como o do Beleza Natural, famosa rede de salões de beleza com foco em consumidores da classe C, fundada em 1993 por Heloísa Assis e que recebe apoio da Endeavor desde 2005. A empresa, que começou com um pequeno salão na Grande Tijuca, hoje conta com mais de 100 lojas e emprega aproximadamente 3 mil pessoas, das quais quase 80% são

ex-clientes.

São histórias que explicam por que a Endeavor acredita que o Rio de Janeiro tem capacidade de se tornar referência em empreendedorismo no Brasil. “O nosso primeiro escritório regional foi no Rio de Janeiro, em 2009. Ter uma economia diversificada é excelente para o Estado. É possível usar o potencial econômico trazi-do pelo petróleo para apoiar novos negócios, a exemplo do que acontece nos Emirados Árabes, que, ao se pro-jetarem internacionalmente, transfor-mam-se em grandes hubs do Oriente Médio. Ou seja, conectores que fazem ligação com mercados da Ásia e da Europa”, aponta Melhado.

Em 2014, em parceria com o Sebrae, o Itaú e a empresa alemã SAP, o ins-tituto lançou o estudo Rio de Janeiro Empreendedor, visando promover um ambiente mais favorável para o sur-gimento e crescimento de negócios.

Thaisa Bianchi

Page 55: Revista Economia Rio

Horizonte 2030

No mesmo ano, a cidade foi escolhida para compor o Índice de Cidades Empreendedoras (ICE), ao lado de outras 13 capitais brasileiras.

Os estudos são unânimes ao apon-tar o enorme potencial que o Rio de Janeiro tem, especialmente nos quesitos mercado, infraestrutura e acesso a capital. O Rio de Janeiro tem o terceiro maior mercado entre as cidades analisadas, com o segundo maior Produto Interno Bruto (PIB). Complementarmente, tem hoje um crescente potencial de consumo, des-tacando-se nos modelos de transação entre empresas (Business to Business, ou B2B) e empresa-governo (Business to Government, ou B2Gov).

Mesmo diante de todos esses fatores positivos, o Rio de Janeiro ficou ape-nas em nono lugar entre as 14 cidades

pesquisadas. As burocracias referen-tes ao sistema regulatório e a ausên-cia de uma cultura empreendedora consolidada estão entre os principais - e mais preocupantes - desafios a serem superados.

Desafios que se refletem em núme-ros: 36% da população fluminense acredita que empreender no Rio é difícil, uma taxa bastante superior à média das outras cidades analisadas pelo ICE. Para o gerente de Pesquisa & Mobilização da Endeavor, “precisa-mos de empreendedores mais prepa-rados, que tenham um sonho grande e a ambição positiva de continuar cres-cendo. É preciso fortalecer a cultura empreendedora, favorecendo os bons exemplos que inspiram o crescimento de novos mercados”.

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56 Economia Rio - Junho 2015

taxa total de empreendedorismo no Brasil atingiu, em 2014, o seu maior índice de todos os tempos. De

acordo com a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), realizada no Brasil pelo Sebrae e pelo Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP), três em cada dez brasilei-ros entre 18 e 64 anos possuem uma empresa ou estão envolvidos com a criação de um negócio próprio.

Em dez anos, essa taxa de empreendedorismo saltou de 23%, em 2004, para 34,5%. Metade dessa taxa corresponde aos empreendedores novos – com menos de três anos e meio de ativi-dade – e a outra metade, a donos de negócios já estabelecidos há mais tempo.

E as mulheres têm grande participação nesse contexto. Hoje, elas representam 47% dos 10,1

A

Quando elas estão no comandoCerca de 47% dos negócios empreendidos no Sudeste são liderados por mulheres, que ten-dem a ser mais bem-sucedidas que os homens

milhões de empreendedores em estágio inicial na Região Sudeste, segundo a pesquisa.

Apesar de ainda serem minoria, as perspectivas de sucesso são maiores para elas. De acordo com o gerente da área de Soluções e Inovação do Sebrae/RJ, Ricardo Wargas, as empresas geridas por mulheres têm um tempo de vida maior do que as dos homens.

Ele destaca que as empreendedoras têm, em geral, melhor qualificação profissional e maior escolaridade do que os homens, além de apre-sentarem características específicas na gestão de seus projetos. “As mulheres valorizam aspectos como bem-estar dos funcionários e prezam por ambientes de trabalho mais suaves e familiares. Além de serem mais organizadas e criteriosas nas questões da organização”, explica.

A provedora

Em algumas localidades, o poder feminino é ainda mais relevante. Uma sondagem realizada pelo Sebrae/RJ com cem empre-endedoras da Região dos Lagos mostrou que seus negócios ajudam a sustentar suas famílias.

Segundo o estudo, para 38% das mulheres entrevistadas, o negócio próprio responde por mais de 51% da renda familiar. Já 16% das entrevistadas afirmam que sua renda representa 100% dos ganhos da família.

Em comunidades menos favorecidas do Estado, a mulher também vem assumindo o papel de única geradora de renda. “É comum empreenderem negócios do ramo de beleza, como serviços de cabeleireira e

Isabel Correia

mulheres trabalhando na oficina de adereços da amebras/Foto: Fernando azevedo

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Horizonte 2030

57 Economia Rio - Junho 2015

manicure, e de alimentação, que têm baixo valor agregado, mas se estruturam rapida-mente”, afirma Wargas.

As mulheres com maior renda e de classes mais altas também entraram na onda do empre-endedorismo. Muitas optam por franquias já conhecidas, direcionadas ao público feminino, como serviços diferenciados de depilação e unha, reformas de roupas, eventos, turismo e moda. “Muitos negócios são estruturados por mulhe-res e voltados para as mulheres e, por isso, os produtos são customizados de acordo com as necessidades delas”, explica Wargas.

Ele afirma que esse perfil de empreendedo-ra geralmente investe no próprio negócio pela vocação e na busca por autorrealização: “São empresas mais elaboradas, que foram criadas por opção, e não por necessidade.”

Capacitação

O Rio de Janeiro parece contribuir para o sucesso dessas empreendedoras. Segundo o gerente do Sebrae/RJ, o Rio de Janeiro é a capital do conhe-cimento, e por isso oferece um leque de oportu-nidades muito grande em termos de qualificação. “O diferencial em relação aos outros estados está

na capacitação, com as muitas ofertas de cursos e centros tecnológicos. Isso acaba facilitando, já que elas encontram no mesmo ambiente uma série de fatores que ajudam na busca do conhe-cimento”, diz ele.

O governo do Estado realiza o seu papel por meio da Secretaria de Estado de Trabalho e Renda (Setrab), que oferece cerca de 50 cursos em áreas como Estética, Beleza, Administração e Gastronomia Sustentável. Entre 2013 e 2014, mais de 17 mil pessoas receberam algum tipo de formação na Casa do Trabalhador, em Manguinhos, Zona Norte do Rio.

A Coordenadora da Casa do Trabalhador, Silmara Bernardo, afirma que o foco da instituição é qualificar a mão de obra e auxiliar na reinserção no mercado de trabalho: “Tudo que fazemos é para que o indivíduo seja dono da sua própria história.”

Silmara conta que 78% dos inscritos em Manguinhos são mulheres. “Além de empreen-dedoras, elas são chefes de família, e geradoras de trabalho e renda. Acreditamos que, empo-derando essas mulheres, elas vão se manter no território e fazer o capital local circular”, diz a coordenadora.

Para homenagear a trajetória de sucesso de mulheres empreendedoras, o Sebrae/RJ realiza anualmente o Prêmio Sebrae Mulher de Negócios. A premiação é em parceria com a Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) e a Federação das Associações de Mulheres de Negócios Profissionais do Brasil (BPW), com apoio técnico da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ).

Podem se candidatar empreendedoras que tenham mais de um ano de atividade fiscal, com mais de 18 anos de idade e que não ultrapassem o faturamento anual de R$ 3,6 milhões. São três categorias: Pequenos Negócios (donas de micro e pequenas empresas), Produtora Rural e Microempreendedora Individual (MEI).

O relato pode ser escrito à mão e deve destacar valores positivos que possam incentivar outras mulheres, tais como: iniciativa, visão de futuro, pensamento sistêmico, aprendizado, inovação, valorização das pessoas e do gênero feminino, planejamento, estabelecimento de metas, busca de informações e de oportunidades.

Em 2014, o prêmio recebeu o relato de quase 11,5 mil empresárias de todo o país, o que representou um crescimento de 64,2% em comparação ao número de inscrições da última edição. Os estados com maior participação foram São Paulo (2.707), Rio Grande do Sul (977), Paraná (951), Bahia (844) e Rio de Janeiro (812).

A maioria delas (63%) é dona de pequenos negócios, empreende no setor de comércio e de serviços (89%) e, em 2014, tinha entre 35 e 54 anos (55,57%). Uma boa parte (29%) tem nível superior completo e 25% delas tem ensino médio completo.

No segundo semestre deste ano será realizado em Manguinhos o Curso de Formação para o Empreendedor Jovem. Em parceria com Sebrae/RJ, o projeto oferecerá 40 vagas para a profissio-nalização de mulheres jovens, de 16 a 25 anos. “A intenção é oferecer um formato mais profissio-nal ao empreendedor jovem, mas que ainda não possui muita experiência”, diz Silmara.

O curso terá duração de nove meses, com 340 horas/aula, e dez módulos. “Apesar de o público alvo ser de mulheres jovens, não há restrição para a participação de jovens homens”, explica Silmara.

A casa também oferece cursos específicos volta-dos para áreas dominadas por mulheres, como depilação, manicure, maquiagem, gastronomia e costura. Terminando o curso, muitas alunas são procuradas por grandes redes, como a do salão Werner, e são contratadas com carteira assinada. “Por outro lado, conseguimos quebrar o paradig-ma de que mulheres vão necessariamente traba-lhar como empregadas domésticas e homens, na construção civil, por meio de cursos diferenciados como o de projetos sociais”, afirma Silmara.

Um prêmio para os bons e pequenos negócios

Page 58: Revista Economia Rio

Horizonte 2030

58Junho 2015 - Economia Rio

Fundada em 1998 por 18 empresárias de diferentes setores, a Associação de Mulheres Empreendedoras do Brasil (Amebras) nasceu com o objetivo de capacitar, reciclar e preparar a mulher empreendedora para seus negócios.

As empresárias sentiam falta de mão de obra qualificada e começaram a elaborar projetos de capacitação, que inicialmente foram custeados por elas mesmas. Ao término dos cursos, as alunas que mais se destacavam eram convidadas para integrar suas empresas.

Mais tarde, a Amebras passou a apostar em oficinas de carnaval, oferecendo aos moradores das comunidades das escolas de samba oportunida-des de qualificação, para que trabalhassem na produção do espetáculo em que eles eram os protagonistas.

A instituição começou a oferecer aulas de costura, bordado, artesanato, decoração, cenografia e customização, entre outras. “Vimos que as escolas tinham que ter projetos sociais. Muitas pessoas estavam desempregadas e sem qualificação”, afirma a presidente da Amebras, Célia Domingues.

Com o apoio da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), Associação das Escolas de Samba, LESGA e AESMRIO, a instituição ofereceu diversas oportunidades às comunidades das escolas de samba e outras do Estado do Rio. “Sempre acreditamos e apostamos no carnaval como forte ferramenta de inclusão sociocultural , por meio da geração de trabalho e renda, durante todo o ano”, diz.

Desde 2007, a Amebras conta com seu Centro de Formação Profissional Armazém do Samba, no Barracão Cultural, na Cidade do Samba, espaço cedido pela Liesa. Com salas estruturadas e equipadas, o Armazém do Samba, financiado pelo Ministério do Turismo e Fundação Banco do Brasil, qualifica jovens e adultos em dez oficinas de diferentes técnicas. “Em parceria com o Ministério do Trabalho, as oficinas vão para as comunidades e atendem as pessoas, com diferentes e novas propostas”, diz a presidente.

A Amebras atua ainda no Espaço Cultural Carnaval e Cidadania, no Sambódromo, com o apoio da Riotur, da Secretaria de Turismo do Município e da Liesa; recebe diariamente uma média de 150 turistas, que podem vestir uma fantasia e comprar souvenirs de carnaval, produzidos pelos artesãos.

Hoje, a Amebras conta com 886 associadas e empreendedoras de diferentes classes e áreas de negócios. A instituição já qualificou mais de 22 mil pessoas residentes em diversas comunidades do Estado. Resultado: 72% têm trabalho e renda resultantes do atendimento e investimento da Amebras e seus parceiros. “A Amebras é um grande programa social. Ontem, muitos não acreditavam, mas, hoje, apostam e investem no carnaval como grande mercado de negócios, dando oportunidades de trabalho e renda a milhares de pessoas”, diz Célia.

Protagonistas do Carnaval

Apresentamos a nova fábrica da NOV no Superporto do AçúInovação e qualidadeLocalizada estrategicamente em frente aos campos de petróleo da Bacia de Campos e próximo das regiões produtoras do pré-sal, a fábrica emprega mais de 400 trabalhadores locais, apoiada na inovação e qualidade de níveis internacionais, contribuindo na geração de energia para o Brasil e para o mundo.

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ibmec Rio informa

59 Economia Rio - Junho 2015

m dos mais importantes cen-tros brasileiros de ensino, o Ibmec, comemora em 2015 os

30 anos do primeiro MBA de Finanças do país. A trajetória de sucesso teve início em 1970, quando o Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec) foi fundado no Rio de Janeiro.

Naquela época, profissionais especializados ministravam cursos de curta duração na área e realizavam pesquisas encomendadas por empresas ou institutos. Ao perceber que muitos alunos voltavam para fazer outros cursos, identificaram a oportunidade de oferecer uma especialização na área.

Então, no dia 18 de março de 1985, o Ibmec deu início às aulas do 1º MBA de Finanças do Brasil, numa sala do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM). O Brasil passava por um momento político-econômi-co conturbado. Nesse mesmo ano, acabava a ditadura no país e Tancredo Neves era eleito o primeiro presidente do Brasil.

U Segundo José Luiz Trinta, diretor exe-cutivo das Faculdades Integradas Ibmec e professor dos cursos de mestrado do Ibmec desde 2008, “é uma honra fazer parte da história do país como a insti-tuição de ensino brasileira que trouxe o 1º MBA Executivo de Finanças, permi-tindo a discussão de importantes ques-tões relacionadas ao mercado de capitais, acompanhando três décadas de história político-econômica do Brasil”.

A primeira turma do MBA Executivo em Finanças era formada por executivos do mercado financeiro, gestores de fundos de investimento e até diretores e presi-dentes de bancos públicos e privados, além de outros profissionais do mercado que viram oportunidade de desenvolvi-mento com o curso de 360h/aula.

Grandes nomes do cenário político brasi-leiro, que vivia uma economia estagnada, com inflação e crise cambial, reuniam-se no Ibmec para discutir questões relativas

à situação do país no âmbito mundial. Os profissionais do Ibmec faziam projeções da Economia.

O diretor acadêmico do Grupo Ibmec, Antônio Carlos Kronemberger, foi aluno da segunda turma de mestrado em Administração e há dez anos é profes-sor da pós-graduação. Segundo ele, “o Ibmec é visto como uma marca premium, de excelência. É uma marca aspiracio-nal, por isso conseguimos os melhores alunos, professores e funcionários. O grande diferencial do Ibmec é o corpo docente. Os nossos professores são arte-sãos do conhecimento”.

Ao longo dos anos, o curso foi se modi-ficando, mesclando foco na macro ou microeconomia. Nos anos 1990, houve o fisco à poupança e a inflação beirava os 2.000% ao ano. E foi nessa época que o governo desenvolveu um plano mais sustentável, com resultados até os dias atuais.

Primeiro MBA de Finanças do Brasil completa 30 anos

MBA 30 ANOS IBMECL INHA DO TEMPO

Fundação do Instituto Brasileiro de Mercado de

Capitais (IBMEC)

IBMEC lança o1º MBAFinanças do Brasil

FIM DA DITADURANO BRASIL

NOVA ORDEM MUNDIAL: A GLOBALIZAÇÃO

IBMEC se expande geograficamente

lançando sede em Minas Gerais e ampliando o

portfólio de cursos

A instituição se torna independente do

Instituto Brasileiro de Mercado de

Capitais (IBMEC) para se dedicar

exclusivamente ao segmento educação

1970 1985DÉCADADE 80 1988

DÉCADADE 90

DÉCADADE 90 1994 1999

ESTAGNAÇÃO ECONÔMICA NO BRASIL

450 ANOSDO RIO DE JANEIRO

PROMULGADA A CONSTITUIÇÃO

DE 1988

IMPLANTAÇÃO DO PLANO REAL

Inauguração daatual sede do IBMEC

no Rio de Janeiro (Av. Presidente Wilson)

Certificação internacional AMBA para os programas

MBA no Rio de Janeiro

Ranking Você S/A

Os melhores MBA’s do

Brasil

Guia Folha de São Paulo - entre os 5 melhores

destinos para estudar no Brasil

45 anos de fundação do Ibmec

30 anos de lançamento do MBA Finanças20 anos da

graduação em Administração e

Economia 15 anos do mestrado em Administração

ANOS2000 2007 2008 2009 2010 2011 2014 2014

CRISE FINANCEIRA MUNDIAL

ECONOMIA COMEÇA A SE ESTABILIZAR NO BRASIL

DILMA ROUSSEF É A1ª MULHER PRESIDENTE

DO BRASIL

Page 60: Revista Economia Rio

ibmec Rio informa

60Junho 2015 - Economia Rio

Após o lançamento do MBA de Finanças no Rio, o Ibmec iniciou as atividades em São Paulo em 1987. O Ibmec Educacional nascia em 1999. Depois, surgiram os mestrados em Economia e Administração. A nova sede das Faculdades Ibmec no Rio de Janeiro foi inaugurada em 2007, na Av. Presidente Wilson, onde funciona até hoje e tem uma belíssima vista de um dos cartões postais da cidade: o Pão de Açúcar.

Segundo Roberto Montezano, professor da 1ª turma do MBA Executivo em Finanças do Ibmec, “as aulas eram reuniões de negócios porque o nível sênior da turma era extremamente alto. Era desafiador. Foi surpreendente o feedback dado pelos 30 alunos do 1º MBA Executivo de Finanças do mercado brasileiro”.

A preocupação constante com a qualidade do ensino e da formação do corpo docente fez o MBA Finanças ser um dos mais procu-rados da instituição.

Em 2009, todos os MBAs do Ibmec/RJ rece-beram certificação internacional da AMBA. A Association of MBAs (AMBA) é a autori-dade imparcial internacional sobre educa-ção empresarial que reúne as principais e mais importantes instituições de ensino do mundo. Atualmente, mais de 200 escolas de negócios em 70 países diferentes são acreditadas pela AMBA.

Renata Nogueira, coordenadora-geral da Educação Executiva do Ibmec/RJ, fala com orgulho sobre a conquista da certificação internacional. “Somos a única instituição de ensino do Rio de Janeiro credenciada pela Association of MBAs (AMBA) - e no Brasil apenas cinco instituições de ensino têm esse título; com isso, nossos cursos seguem padrões internacionais”, completou a executiva.

Hoje as Faculdades Ibmec oferecem, além do tradicional MBA Executivo em Finanças, o MBA Gestão de Negócios, MBA Gestão de Projetos, MBA Controladoria e o Master

em Ativos Financeiros no Rio de Janeiro. A Coordenadora Acadêmica dos Cursos de MBA no Rio de Janeiro, Flavia Bendelá, lembra que os programas dos cursos, de maneira geral, foram atualizados para 2015, abordando temas que estão em voga no mercado e ampliando sua representativi-dade nas empresas hoje, como a Gestão da Inovação, Design Thinking, Reputação da Imagem, Processos, Portfolio de Investimentos e Gestão de Risco. No Ibmec em Belo Horizonte e em Brasília há outros cursos sendo oferecidos ao público.

Realmente 2015 é um ano de grandes comemorações para as Faculdades Ibmec. Afinal, são 30 anos de lançamento do MBA Executivo em Finanças, 20 anos da gradu-ação em Administração e Economia e 15 anos do mestrado em Administração. A ins-tituição, que nasceu na Cidade Maravilhosa, festeja a trajetória de sucesso ao mesmo tempo em que o Rio de Janeiro recebe homenagem pelos 450 anos de fundação.

MBA 30 ANOS IBMECL INHA DO TEMPO

Fundação do Instituto Brasileiro de Mercado de

Capitais (IBMEC)

IBMEC lança o1º MBAFinanças do Brasil

FIM DA DITADURANO BRASIL

NOVA ORDEM MUNDIAL: A GLOBALIZAÇÃO

IBMEC se expande geograficamente

lançando sede em Minas Gerais e ampliando o

portfólio de cursos

A instituição se torna independente do

Instituto Brasileiro de Mercado de

Capitais (IBMEC) para se dedicar

exclusivamente ao segmento educação

1970 1985DÉCADADE 80 1988

DÉCADADE 90

DÉCADADE 90 1994 1999

ESTAGNAÇÃO ECONÔMICA NO BRASIL

450 ANOSDO RIO DE JANEIRO

PROMULGADA A CONSTITUIÇÃO

DE 1988

IMPLANTAÇÃO DO PLANO REAL

Inauguração daatual sede do IBMEC

no Rio de Janeiro (Av. Presidente Wilson)

Certificação internacional AMBA para os programas

MBA no Rio de Janeiro

Ranking Você S/A

Os melhores MBA’s do

Brasil

Guia Folha de São Paulo - entre os 5 melhores

destinos para estudar no Brasil

45 anos de fundação do Ibmec

30 anos de lançamento do MBA Finanças20 anos da

graduação em Administração e

Economia 15 anos do mestrado em Administração

ANOS2000 2007 2008 2009 2010 2011 2014 2014

CRISE FINANCEIRA MUNDIAL

ECONOMIA COMEÇA A SE ESTABILIZAR NO BRASIL

DILMA ROUSSEF É A1ª MULHER PRESIDENTE

DO BRASIL

Page 61: Revista Economia Rio

Visões do mercado

61 Economia Rio - Junho 2015

Rio vai ganhar seu primeiro centro privado de pesquisas focado no desenvolvimento de

inovações tecnológicas sustentáveis. O objetivo da New Steel, empresa que está implantando a unidade, é criar produtos e serviços 100% sustentáveis para as áreas mineral, metalúrgica, mecânica e de resíduos sólidos. A meta é proporcio-nar mais competitividade às empresas e reduzir o impacto de suas atividades no meio ambiente. O Centro Tecnológico de Soluções Sustentáveis (CTSS) será inau-gurado no início do segundo semestre no Polo Industrial de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.

O centro ocupará um terreno de 12 mil m2 e será o único no Brasil a dispor de infra-estrutura para atender a todas as etapas dos projetos, da elaboração do conceito à fabricação de protótipos que comprovem a eficácia da nova tecnologia.

O Cientistas da New Steel desenvolveram numa técnica inovadora que beneficia o minério de ferro sem usar uma gota de água – métodos tradicionais usam, pelo menos, mil litros de água na con-centração de cada tonelada de minério. Pela criação dessa nova tecnologia, a New Steel tornou-se a única empresa brasileira a chegar à final do prêmio Platts Global Metals Awards 2015, na categoria Inovação, uma espécie de “Oscar” da mineração e siderurgia. O resultado será divulgado no dia 21 de maio, em Londres.

Aliada à tecnologia, a equipe de cien-tistas do CTSS possui mais de 35 anos de experiência em mineração e foi res-ponsável pelo desenvolvimento e pela implantação de vários projetos de gran-de porte de empresas no Brasil e na América Latina.

O comprometimento da New Steel com a proteção do meio ambiente passa também pelo projeto das suas novas instalações: cerca de quatro mil metros quadrados do terreno onde o laboratório está sendo erguido serão transformados em área de preservação permanente. A localização do CTSS – próxima ao Arco Metropolitano – tem a vantagem do rápido acesso à rodovia que liga Rio a São Paulo e Minas Gerais, facilitando a comunicação com polos siderúrgicos e minerais.

Um novo centro de pesquisas sustentáveis

Page 62: Revista Economia Rio

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as duas imagens simulam como ficará o cTSS em Xerém: os prédios abrigarão laboratórios e o galpão onde as plantas de beneficiamento de minérios serão construídas./Fotos: Divulgação

Visões do mercado

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Job: 20744-026 -- Empresa: africa -- Arquivo: AFF-20744-026-BRASKEM-BANDEIRA BRASIL-RV ABEQ-210X280_pag001.pdfRegistro: 168005 -- Data: 17:03:32 15/05/2015

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Page 64: Revista Economia Rio

centro de Referências

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Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços (SEDEIS) www.rj.gov.br/web/sedeis Endereço: Av. Rio Branco, 110 – 20º, 21º e 22º andares - Centro, Rio de Janeiro Tel.: +55 (21) 2332-8413

Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio de Janeiro (Codin) www.codin.rj.gov.br Endereço: Av. Rio Branco, 110/ 19º e 34º andares - Centro - Rio de Janeiro Tel.: +55 (21) 2334-1400

Agência Estadual de Fomento (AgeRio) Development Agency in the State Rio de Janeiro - www.agerio.com.br Endereço: Av. Rio Branco 245, 3° andar - Centro, Rio de Janeiro Tel.: +55 (21) 2333-1212

Rio Negócios International Promotion Agency for the city of Rio de Janeiro - www.rio-negocios.com Endereço: Rua da Candelária, 9 - 10º andar - Centro, Rio de Janeiro Tel.: +55 (21) 3031-4001

Subsecretaria de Relações Internacionais (SSRI) - Secretaria da Casa Civil Department of International Relations - www.rj.gov.br/web/casacivil/ Endereço: Rua Pinheiro Machado, s/no -Prédio Anexo - 3o Andar - Laranjeiras, Rio de Janeiro Tel.:+55 (21) 2334-3511

Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) Brazilian Trade and Investment Promotion Agency - www.apexbrasil.com.br Endereço: SBN Quadra 2, Lote 11, Ed. Apex-Brasil - Brasília, DF Tel.: +55 (61) 3426-0202

Federação das Indústrias do Rio (Firjan) www.firjan.org.br Endereço: Av. Graça Aranha, 1 - Centro, Rio de Janeiro Tel.: +55 (21) 2563-4196

Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) www.bndes.gov.br Endereço: Av. República do Chile, 100 - Centro, Rio de Janeiro Tel.: +55 (21) 2172-7447

Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae RJ) www.sebrae.com.br/uf/rio-de-janeiro Endereço: Rua Calógeras, 23 - Centro, Rio de Janeiro Tel.: 0 800 570 0800

Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomercio RJ) www.fecomercio-rj.org.br Endereço: Rua Marquês de Abrantes, 99 - Flamengo, Rio de Janeiro Tel.: +55 (21) 3138-1113

Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (FETRANSPOR) www.fetranspor.com.br Endereço: Rua da Assembléia, 10 - Centro, Rio de Janeiro Tel.:+55 (21) 3221-6300

ORBIZ - Desenvolvimento de Negócios e Projetos Internacionais: www.orbiznet.com.br Endereço: Rua Estela, 505 - bl. H, cj. 202 - São Paulo, SP Tels.: +55 (11) 3266-3631 / 3266-4961 Ramo de Atividade: Apoio a empresas em seu processo de internacionalização, visando ao desenvolvi-mento de negócios e parcerias comerciais. Estudos de mercado, organização de missões comerciais, identifica-ção de potenciais parceiros e clientes.

Brazilian Global Investment: www.gbrinvest.com Endereço: Av. Roque Petroni Jr, 1089 Cj 213 - Centro Profissional Morumbi Shopping, SP Tel.: +55 (11) 3624-0505 / 3624-0905 Ramo de Atividade: Consultoria, execução e gestão completa de projetos de investimentos produtivos. Consultoria em planejamento tributário, societário e relações governamentais.

JFA Consulting Ltda.: www.jfaconsulting.com.br Endereço: Rua 7 de Setembro, 124 - Centro, Rio de Janeiro Tel.: +55 (21) 3852-7282 Ramo de Atividade: Consultoria na área de comércio internacional para empresas brasileiras e estrangei-ras que querem instalar, desenvolver ou encontrar produtos e serviços no mercado brasileiro. Especializada na área de óleo e gás.

BRASCA LTD: www.brasca.no Endereço: Rua Odilon Duarte Braga, 82/202 - Recreio dos Bandeirantes - RJ (Project Office Brasil) Área de atuação: Empresa estabelecida na Noruega, especializada em viabilizar negócios e acordos entre empresas da Escandinávia e do Brasil, principalmente na área de óleo e gás. Oferece transferência de tecno-logia, internacionalização da produção, parceiros estratégicos.

Berbat Curio e Oliveira Advogados Associados: www.berbatcurio.com.br Endereço: Av. Pastor Martin Luther King Jr., 126, Bloco 2.000 Sala 1.015 - Del Castilho, Rio de Janeiro Tels.: +55 (21) 2439-0558 / 7012 Ramo de Atividade: Assessoria tributária especializada em benefícios fiscais estaduais e federais.

MGB Consultoria Empresarial: www.mgbconsultoria.com Endereço: Av. Luis Carlos Prestes, 180 - 3º andar - Barra da Tijuca, Rio de Janeiro Tel.: +55 (21) 2112-4999 Ramo de Atividade: Desenvolvimento e aplicação de simulações empresariais, “business games” e vivên-cias estruturadas ao ar livre combinando competências de treinamento em gestão de negócios, gestão de processos - operacionais e de suporte – e comportamento gerencial.

ConsultoriasAssociações, Federações e Setor Público

Serviços de referência para o investidor

Economia Rio - Junho 2015

Page 65: Revista Economia Rio

Câmaras de Comércio Bilaterais no Rio

Federação das Câmaras de Comércio Exterior www.fcce.org.br Endereço: Av. General Justo, 307, 6º andar - Centro, Rio de Janeiro Tel.: +55 (21) 3804-9289

Secretaria Geral das Câmaras de Comércio Exterior (ACRJ) www.acrj.org.br/camaras Endereço: Rua da Candelária, 9º, 11º e 12º andares - Centro, Rio de Janeiro Tel.: +55 (21) 2514-1229

Câmara Brasil-Alemanha www.ahkbrasilien.com.brEndereço: Av. Graça Aranha, 1 - Centro, Rio de JaneiroTel.: +55 (21) 2224-2123

Câmara de Comércio Americanawww.amchamrio.com.brEndereço: Praça Pio X, 15 / 5º andar - Centro, Rio de JaneiroTel.: +55 (21) 3213-9200

Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Chinawww.ccibc.com.brEndereço: Rua Senador Dantas, 71 - 12° andar - Centro, Rio de JaneiroTels.: +55 (21) 2532-5877 / 2240-8648

Câmara de Comércio Noruega-Brasil www.nbcc.com.brEndereço: Rua Lauro Muller 116 suite 2.405 - Botafogo, Rio de JaneiroTel.: +55 (21) 3544-0047

Câmara Britânica de Comércio e Indústria no Brasilwww.britcham.com.brAddress: Av. Graça Aranha, 1 - 6º andar - Centro, Rio de JaneiroTel.: +55 (21) 2262-5926

Câmara de Comércio Suécia-Brasilwww.webrasrio.com.brEndereço: Praia do Flamengo 344, 9° andar - Flamengo, Rio de Janeiro

Câmara de Comércio França-Brasil www.rio.ccfb.com.br Endereço: Av. Presidente Antonio Carlos, 58 - Centro, Rio de Janeiro Tel.: +55 (21) 2220-1015

Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio e Indústria do RJwww.camaraitaliana.com.brEndereço: Av. Graça Aranha, 1, 6º andar – Centro, Rio de JaneiroTels.: +55 (21) 2262-9141 / 2262-2996

Câmara de Comércio e Indústria Japonesa do Rio de Janeirowww.ccijr.org.brEndereço: Rua Senador Dantas, 80, Sala 1.401 - Centro, Rio de JaneiroTel.: +55 (21) 2524-7361

Câmara Portuguesa de Comércio e Indústriawww.camaraportuguesa-rj.com.brEndereço: Av. Graça Aranha, 1 / 6º andar - Centro, Rio de JaneiroTel.: +55 (21) 2533-4189

Câmara de Comércio Brasil-Índia www.ccbrasilindia.org.brEndereço: Rua do Carmo 11, 7º andar - Centro, Rio de JaneiroTel.: +55 (21) 2221-4603

Câmara de Comércio Brasil-Holandawww.hbcc.com.brEndereço: Rua da Candelária, 11º andar, sala 1101 - Centro, Rio de JaneiroTel.: +55 (21) 99154-5071

centro de Referências

65Junho 2015 - Economia Rio

Page 66: Revista Economia Rio

centro de Referências

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Bio-Manguinhos www.bio.fiocruz.br Endereço: Av. Brasil, 4365 – Manguinhos, Rio de Janeiro Tel.: +55 (21) 3882-7176

Fundação Bio-Rio www.biorio.org.br Endereço: Av. Carlos Chagas Filho, 791 – Cidade Universitária, Ilha do Fundão, Rio de Janeiro Tel.: +55 (21) 3525-2400

Axis Biotec www.axisbiotec.com.br Endereço: Av Carlos Chagas Filho, 791 – Cidade Universitária, Ilha do Fundão, Rio de Janeiro Tel.: +55 (21) 3035-6950

Biomérieux Brasil www.biomerieux.com.br Endereço: Estrada da Mapuá, 491 – Jacarepaguá, Rio de Janeiro Tel.: +55 (21) 2444-1400

Codin - Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio de Janeiro www.codin.rj.gov.br Endereço: Av. Rio Branco, 110 – 19º e 34º andares – Centro, Rio de Janeiro Tel.: +55 (21) 2334-1416

Rio Capital da Energia www.riocapitaldaenergia.rj.gov.br Endereço: Avenida Rio Branco, 110, 22º andar, Centro – RJ Tel.: +55 (21) 2332-8413

Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH Endereço: Av. Nilo Peçanha, 50, sala 3009, Centro – RJ Tel.: +55 (21) 3550 6700

Empresa de Pesquisa Energética – EPE www.epe.gov.br Endereço: Avenida Rio Branco, 1, 11º andar, Centro – RJ Tel.: + 55 (21) 3512 3100

TerraGis Consultoria, Geoprocessamento E Geografia Aplicada www.terragis.com.br Endereço: Rua Artur Bernardes, 37/301, Catete – RJ E-mail: [email protected]

Instituto Pereira Passos – IPP www.rio.rj.gov.br/web/ipp/ Endereço: Rua Afonso Cavalcanti, 455, Cidade Nova – RJ Tel.: +55 (21) 2976 6666

Solarize Serviços em Tecnologia Ambiental www.solarize.com.br. Endereço: Rua Paschoal Carlos Magno, 57, Santa Teresa – RJ Tel.: +55 (21) 2224 1997 E-mail: [email protected]

Instituto para o Desenvolvimento de Energias Alternativas na América Latina – Ideal www.institutoideal.org Endereço: Rua Lauro Linhares, 2123, Torre A, Sala 503, Trindade, Florianópolis – SC Tel.: +55 (48) 3234 1757

Agência Nacional de Energia Elétrica – Aneel www.aneel.gov.br Endereço: SGAN 603 módulo J, Brasília – DF Tel.: +55 (61) 2192 8600

Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas – Abraf www.abraflor.org.br Endereço: Setor de Autarquias Sul, Quadra 1, Bloco N, Lotes 1 e 2, Edifício Terra Brasilis, Salas 503 e 504, Brasília – DF Tel.: +55 (61) 3224 0108 / 3224 0109

Pöyry Consultoria em Gestão e Negócios (ex-Pöyry Silviconsult) www.poyry.com.br Endereço: Rua General Carneiro, 904, Curitiba – PR Tel.: +55 (41) 3252 7665

IMA Gestão e Análise Florestal www.imaflorestal.com.br Endereço: Rua das Carpas, 60 - Sala 38 – Jardim Aquarius, São José dos Campos Tel.: +55 (12) 3209 5262

Universidade Federal Fluminense (UFF) – Departamento de Economia www.economia.uff.br Endereço: Rua Tiradentes, 17 – Ingá, Niterói Tel.: +55 (21) 2629 9713

Departamento de Recursos Minerais – DRM www.drm.rj.gov.br Endereço: Rua Marechal Deodoro 351 – Centro, Niterói Tel.: +55 (21) 2717 3334

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE www.ibge.gov.br Endereço: Avenida Beira Mar, 436 – Centro, Rio de Janeiro Tel.: +55 (21) 2142 4805/4806/4810

Fundação Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores Públicos do Rio de Janeiro – Ceperj www.ceperj.rj.gov.br Endereço: Av. Carlos Peixoto, 54, 3º andar – Botafogo, Rio de Janeiro Tel.: +55 (21) 2334 7319

Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) www.cedae.com.br Endereço: Avenida Presidente Vargas, 2.654 – Cidade Nova, Rio de Janeiro Tel.: +55 (21) 2332-3640

Stam Metalúrgica www.stam.com.br Endereço: Avenida Sebastião Martins, 872 – Conselheiro Paulino, Nova Friburgo Tel.: +55 (21) 2525-1000

Secretaria de Estado de Agricultura e Pecuária www.rj.gov.br/web/seapec Endereço: Alameda São Boaventura, 770 – Niterói Tel.: +55 (21) 3607-5997

Programa Balde Cheio www.sistemafaerj.com.br/senar-rio/ Endereço: Av. Rio Branco, 135 grupos 908 a 914 – Centro, Rio de Janeiro Tel.: +55 (21) 3380-9500

Dow AgroSciences www.dowagro.com/br Endereço: Av. das Nações, 14.171 – Santo Amaro, São Paulo Te.: (0800) 772-2492 (Central de Atendimento)

Secretaria de Estado de Turismo/TurisRio www.rj.gov.br/web/setur Endereço: Rua do Acre, 30 – Centro, Rio de Janeiro Tel.: +55 (21) 2334-5646 / 2334-6144

Empresa de Turismo do Município do Rio de Janeiro – Riotur www.rio.rj.gov.br/web/riotur Endereço: Praça Pio X, 119, 9º andar – Centro, Rio de Janeiro Tel.: +55 (21) 2271-7000

Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH) www.abih.com.br/em/abih-rj Endereço: Rua Barata Ribeiro, 370, Sala 318 – Copacabana, Rio de Janeiro Tel.: +55 (21) 3410-5131

Rio Convention & Visitors Bureau www.rcvb.com.br Endereço: Rua Guilhermina Guinle, 272 – Botafogo, Rio de Janeiro Tel.: +55 (21) 2266-9750

Nestlé Sorvetes www.nestle.com.br/site/marcas/sorvetes_nestle.aspx Endereço: Estrada dos Bandeirantes, 4935 – Jacarepaguá, Rio de Janeiro Tel.: 0800 770 2460

Instituto Empreender Endeavor Brasil www.endeavor.org.br Endereço: Rua Quatá, 300, 6º andar – Vila Olímpia, São Paulo Tel.: +55 (11) 4504-2460

Fontes Citadas

Economia Rio - Junho 2015

Page 67: Revista Economia Rio