Comerciantes e moradores esperam que bairroantigo do Rio volte a ser o que era antes do acidenteocorrido em 2011. Cidades | pág. 5

Mundo | pág.6Bondinho retomaatividades no Rio

Esportes | pág.15

Zico na presidência

da FifaO que não falta

são nomes e mais nomes parasubstituir Blatter

TSS Mohamed Dabbous

Divulgação

Pablo Vergara/ Brasil de Fato

A maioria era de cidadãos da Etiópia, Eritreia, Sudão e Afeganistão

3 a 5 de agosto de 2015 • distribuição gratuita

Ano 3 | edição 109

Div

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ção

Educação precisa do triplo de verbasPara ter qualidade, R$ 37 bilhões deveriam ser investidos a mais no setor

Cultura | pág. 11

Aos poucos, os cariocas vão deixandose seduzir pelo gênero musical

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Educ

ação

Geral | pág.3

Paula Fernandes naterra do samba

Depois de quatro anos, o bonde de Santa Teresavoltou a circular na semana passada. Duranteperíodo de teste, passagem será gratuita.

PREPARA, NEM! Curso gratuito no Rio de Janeiro prepara transexuais e travestis para o ENEM. O acesso à educação é uma grande dificuldade para essas pessoas, mas elas estão arrasando na luta por uma formação. Sem apoio do governo, iniciativa é mantida por voluntários e doações.

2 milimigrantestentam entrarno Eurotúnel

Cidades | pág. 7

Polêmica barragem em Cachoeiras de Macacu

Falar de crise hídrica no Rio de Janeiro envolve di-versos aspectos, desde a necessidade de diminuição das_perdas_pela_compa-nhia de abastecimento até a ampliação do leque de alternativas de captação de água. Entre elas está o polê-mico projeto de construção de uma barragem no rio Guapiaçu, que preocupa os moradores do município de Cachoeiras de Macacu des-de a década de 80.

O atual projeto da barra-gem é do governo do estado e tem o objetivo de incre-mentar o fornecimento de

Se construída, a barragem inundará as melhores terras agricultáveis do vale do Guapiaçu (cerca de dois mil hectares)

água para o Sistema Imu-nana-Laranjal. Insere-se no conjunto de condicionantes do licenciamento ambien-tal do Comperj e no cenário de crise hídrica.

Acadêmicos, sindicatos, ent idades,_ mov imentos sociais e moradores da região questionam diver-sos aspectos do projeto da barragem, cujo relatório de meio ambiente (RIMA) aponta o número de 281 famílias atingidas em toda a área. No entanto, levan-tamento feito pelo Movi-mento dos Atingidos por Barragens_(MAB)_apon-

PREÇO DOS ALIMENTOSSe construída, a barragem

inundará as melhores terras agricultáveis do vale do Gua-piaçu (cerca de 2 mil hecta-res). O próprio RIMA aponta o risco de desabastecimento alimentar e aumento dos preços dos alimentos, já que o local é de significativa im-portância para o forneci-mento de alimentos para a região metropolitana, que também vive a ameaça da privatização da água e do aumento das tarifas.

A Associação dos Geógra-fos do Brasil e o MAB apon-tam que o tratamento da questão hídrica no estado deve passar pela integração de múltiplas soluções, com-binadas e simultâneas, que levem em conta o manejo integrado de bacias hidro-gráficas, a recuperação de florestas, a introdução de práticas agrícolas sustentá-veis e uma profunda rees-truturação no sistema de distribuição da Cedae.

SOLUÇÃO PARA CRÍSE HÍDRICA

Todas essas ações seriam mais adequadas à solução da crise hídrica do que in-sistir em uma única saída, como se ela fosse dar conta do problema. Esses e outros temas estarão em debate no próximo dia 6 de agosto, quando os atingidos pela barragem do Guapiaçu da-rão o seu depoimento na CPI da Crise Hídrica, insta-lada na ALERJ.

EDITORIAL

Segunda-feira, 3 de agosto Rio de Janeiro, Brasil

º C | F23Parcialmente Nublado

PREVISÃO DO TEMPO

EXPEDIENTE

Desde 1º de maio de 2013

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora com edições regionais em Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. O Brasil de Fato RJ circula todas as segundas e quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e em nosso estado.

CONSELHO EDITORIAL:Alexania Rossato,Antonio Neiva (in memoriam), Joaquín Piñero, Kleybson Andra-de, Mario Augusto Jakobskind, Rodrigo Marcelino, Vito Giannotti (in memoriam) EDITORA: Vivian Virissimo (MTb 13.344) REPÓRTERES:André Vieira, Bruno Porpetta, Fania Rodrigues e Pedro Rafael VilelaREVISÃO: Sheila JacobCOLUNA SINDICAL: Claudia Santiago FOTÓGRAFO: Pablo Vergara ADMINISTRAÇÃO: Carla Guindani DISTRIBUIÇÃO: Kleybson Andrade DIAGRAMAÇÃO: Juliana BragaStefano Figalo TIRAGEM MENSAL: 200 mil exemplares

(21) 4062 7105redacaorj@brasildefato.com.br

ta cerca de 800 famílias, cujo destino é totalmente incerto, pois nos estudos e relatórios apresentados essas pessoas não estão contempladas em nenhu-ma política de direitos.

2 | Opinião Rio de Janeiro, 3 a 5 de agosto de 2015

pública para garantir edu-cação com padrões míni-mos de qualidade, de acordo

com a Campa-nha Nacional pelo Direito à Educação, rede que reú-ne mais de 200 organizações. Esse cálculo signi� ca R$ 37 bilhões a mais

Raphael Lima / PCRJ

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Criminalização de sindicatos

A Central Única dos Tra-balhadores (CUT) segue alertando para a crimina-lização de representantes sindicais e o uso político da Operação Lava Jato, da Polícia Federal. A CUT a� rmou ainda que está entre as entidades que mais combatem a corrup-ção e exige apuração de todas as denúncias, mas que não permitirá o uso de denúncias falsas para a criminalização de lide-ranças políticas.

SINDICALpor Claudia Santiago

FRASE DA SEMANA

Divulgação

Gilvan Souza / FlaImagens

Ricardo Bufolin/CBG

Educação precisa de três vezes mais dinheiro para ter qualidade

O Brasil terá que aumen-tar em até três vezes o valor investido por aluno na rede

A Confederação Bra-sileira_de_Ginástica proibiu o atleta Ângelo Assumpção de se pro-nunciar contra o caso de racismo que sofreu de seu colega de delegação.

O_Mengão_participou nesse domingo (2) de uma campanha contra o trá� co de pessoas. O problema é muito comum no futebol, e é importante que os clu-bes se posicionem publi-camente contra.

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REPRESENTAÇÃO Cerca de 100 jovens farão parte do Conselho da Juventude da Cidade, lançado na semana passada pela Prefeitura do Rio. O órgão, que terá caráter consultivo, servirá para acompanhar e � scalizar o andamento do Planejamento Estratégico para os próximos 50 anos.

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rdisse o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, sobre as investigações da Operação Lava Jato terem levado a Polícia Federal (PF) ao setor elétrico.An

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ABr

disse o ministro da Justiça, CardozoLava Jato terem levado a Polícia Federal (PF) ao setor elétrico.

“Eu diria que a corrupção no Brasil, infelizmente, é histórica”,

no sistema educacional pú-blico, que engloba 40,7 mi-lhões de matrículas. A etapa educacional que mais neces-sita de investimentos é a cre-che, que atende crianças até três anos de idade. O valor ideal seria R$ 10 mil por alu-no para o atendimento em tempo integral. Atualmente, segundo dados divulgados pela campanha, são gastos R$ 3,3 mil. (ABr)

Foto no cartão postal

O Sindicato dos Servido-res da Justiças Federais no Rio (SISEJUFE) realizou na última sexta-feira (31) o ato “Foto no Cartão Postal”. Na capital, a atividade foi rea-lizada nos Arcos da Lapa. Em outras cidades os servi-dores repetiram a ação, que visa pressionar o Congresso a derrubar o veto da presi-denta Dilma ao PLC 28/15, que recompõe as perdas salariais dos últimos nove anos desses servidores.

Geral | 3Rio de Janeiro, 3 a 5 de agosto de 2015

A Secretaria Municipal de Educação divulgou na última semana o laudo da Vigilância Sanitária sobre a contaminação dos 46 alunos da Escola Muni-cipal Leila Barcellos, que passaram mal no último dia 14. A escola fica na Ci-dade de Deus, zona oeste. As amostras de alimentos apresentaram coliformes totais e fecais e a bactéria E.col, um indicativo de manipulação inadequa-da dos alimentos e refri-

Nova legislação obedece orientações do Estatuto do Desarmamento

da Agência Brasil

A venda de armas de brinquedo, que já era proi-bida no Rio de Janeiro, passa a ter punição para os comerciantes que des-respeitarem a legislação. A lei, proposta pela depu-tada estadual Martha Ro-cha (PSD), publicada na semana passada, no Diário Oficial do Estado, altera a regra vigente desde 1995. A multa vai variar de R$ 50 mil a R$ 100 mil para quem não cumprir o determina-do, e pode chegar a R$ 200 mil, caso a venda seja feita a um menor de 18 anos. Há ainda a possibilidade de restrição da identidade co-mercial da empresa.

Para a deputada, a simples proibição não era capaz de

coibir nem a fabricação, nem a comercialização. “A lei que nós fizemos proíbe a comer-cialização e apresenta puni-ção através de multas caras. Então, a gente consegue, com isso, coibir efetivamen-te a fabricação e a comer-cialização de réplicas ou si-mulacros de armas de fogo”, disse Martha Rocha.

As empresas proprietárias de réplicas de armas de-vem entregá-las em delega-cias policiais, obedecendo a orientações do Estatuto do Desarmamento. Ela dis-se que a Polícia Civil ficará responsável pela destruição das imitações que, “pela sua

Divulgação

Divulgação/ANF

Ação contra tráfico de pessoas

O Aeroporto Interna-cional Tom Jobim/Ga-leão, importante porta de entrada e saída do Brasil, realizou na últi-ma semana uma ação de conscientização sobre o tráfico de pessoas. Uma caixa gigante com textos e imagens mostrou his-tórias reais de vítimas desse crime. Para de-nunciar casos de tráfico de pessoas, contraban-do de migrantes, tráfi-co de mulheres e outros delitos semelhantes às autoridades brasileiras, disque 100 ou 180. A mostra faz parte da pro-gramação da Semana de Enfrentamento ao Tráfi-co de Pessoas. (ABr)

geração insuficiente. Não foram detectados micro-organismos patogênicos, que poderiam provocar in-toxicação. O material das amostras foi coletado na cozinha e nos bebedouros.

Para a Secretaria, este é um fato isolado, já que, até o momento, não há registro de outros casos. Diariamen-te, são preparadas e servidas mais de 1 milhão de refei-ções para mais de 660 mil alunos nas 1.461 unidades escolares da rede. (ABr)

Amostras de alimentos apresentaram coliformes fecais

Réplicas devem ser entregues em delegacias policiais

Escola no Rio: laudo mostra manipulação inadequada dos alimentos

Venda de arma de brinquedo pode gerar multa de até R$ 200 mil

perfeição, têm o mesmo po-der intimidativo que a arma de fogo”. Segundo o texto da legislação, o Dia da Crian-ça (12 de outubro) abrirá a Semana do Desarmamento Infantojuvenil. (ABr)

4 | Cidades Rio de Janeiro, 3 a 5 de agosto de 2015

Bondinho de Santa Teresavolta a circular

Depois de quatro anos deespera, o bondinho de SantaTeresa voltou a circular essasemana. Nessa primeira fasevai funcionar de segunda asábado, das 11h às 16h, sain-do do Largo da Carioca atéo Largo do Curvelo, com pas-sagem gratuita. A capacidadeé de 32 passageiros sentadose está proibida a viagem depessoas em pé e penduradosna lateral, o que era comumno antigo bonde.

Animados com a volta dobondinho, turistas e visitantesfizeram filas para conferir anovidade. Mas, em Santa Te-resa, foram poucos os mora-dores que puderam subir oudescer no novo bonde. “Otrajeto é muito curto e a es-pera é grande. Os moradorese trabalhadores do bairro,que têm horário marcado,não podem ficar esperando”,afirma Marli Soares, que mora

há 40 anos em Santa Teresa. O presidente da Associa-

ção de Moradores de SantaTeresa, Jacques Schwarzstein,diz que os moradores rece-beram o bondinho com "umaalegria tímida". “Ainda é cedopara a gente fazer uma ava-lição. Sabemos que ele aindanão atende as necessidadesdos moradores, mas o bon-dinho é bom para o bairro,

mesmo com esse pequenotrajeto”, fala Jacques.

Agora, os comerciantesesperam que Santa Teresavolte a ser o que era antesdo acidente do bondinho,em 2011, que deixou um sal-do de seis mortos e dezenasde feridos. Porém, durante aprimeira semana de funcio-namento do bonde, os barese restaurantes continuaram

vazios. “Temos que ter espe-rança, as coisas vão melho-rar”, diz o gerente de bebidasTeodoro Barracosa.

ATRASOS NAS OBRASAté agora foi construído

apenas 1,7 km. A previsãoda Secretaria de Estado de

Transporte (Setrans) é queo bondinho chegue ao Largodos Guimarães até o final desetembro desse ano.

No entanto, os outros 10km de trilho devem ser con-cluídos só em 2017, no me-lhor dos cenários. Isso porquea possibilidade de romper ocontrato com a empreiteiraain da não foi descartada. Aprevisão inicial do governo Pe-zão era de que as obras fica-riam prontas para a Copa doMundo, mas não estarão nempara as Olimpíadas de 2016.

Rio de Janeiro, 3 a 5 de agosto de 2015 Cidades | 5

Pablo Vergara/Brasil de Fato

Moradores se queixamde abandono do bairro

Fania Rodriguesdo Rio de Janeiro (RJ)

Moradores recebembondinho com “alegria tímida”

A moradora Marli Soaresdiz que o bairro foi abando-nado pelo poder público des-de o acidente do bondinho.

“No final da linha do bondi-nho, no Largo dos Guima-rães, cresceu um matagalque está trazendo transtornopara o bairro. Bandidos seescondem no mato e assal-tam as pessoas que passampela Ladeira do Castro, quedá acesso à rua Riachuelo”,denuncia a moradora. Elaafirma que há mais de um

ano a Central do Bonde e aComlurb não realizam ma-nutenção do local.

O presidente da Associa-ção de Moradores tambémcobra mais responsabilida-de do governo do estadoem relação à conclusão dasobras do bondinho. “O únicocompromisso que a Setransfez com os moradores foi

em relação ao trecho que vaiaté o Largo dos Guimarães,mas não se comprometeu

quanto ao prazo para termi-nar as obras”, destaca JacquesSchwarzstein. (FR)

do Rio de Janeiro (RJ)

Mato na estação de bondinho viraesconderijo

Após quatro anos, bondinho de Santa Teresa volta a circular

Estação do bondinho abandonada preocupa moradores

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A previsão inicial do governo Pezão era de que asobras ficariamprontas para a Copa do Mundo,mas não estarão nem para as Olimpíadas de 2016_______________

Fania Rodrigues/Brasil de Fato

Peru: reféns do Sendero Luminoso são resgatados

Soldados da brigada especial que reúne mem-bros da Polícia Nacional e das Forças Armadas do Peru resgataram, na tar-de de segunda-feira (27), 39 crianças e adultos sequestrados pelo gru-po Sendero Luminoso. Algumas dessas pessoas podem estar em poder da organização há várias décadas – as autoridades peruanas ainda vão ana-lisar cada um dos casos.

Segundo o vice-ministro de Defesa, Ivan Vega, as 26 crianças e os 13 adultos eram mantidos reféns em um acampamento mon-tado em Satipo, a cerca de 450 quilômetros da capital peruana, Lima. O local foi identi� cado pelo serviço de inteligência das forças de segurança peruanas. (ABr)

EM FOCO

Divulgação

Divulgação

Divulgação / La Izquierda Diário

Trabalhadores do setor de cobre e policiais voltaram a se enfrentar semana passada no Chile, deixando um morto e dois feridos. Os trabalhadores lutam pela abertura das negociações com o governo.

A Casa Branca rejeitou documento assinado por 167.954 pessoas solicitan-do perdão incondicional ao ex-consultor da Agên-cia de Segurança Nacio-nal norte-americana_(NSA) Edward Snowden.

Snowden foi o responsá-vel pela revelação de que as forças de segurança nor-te-americanas espionavam indiscriminadamente ci-dadãos, autoridades e em-presas de vários países. Ele está refugiado na Rússia, de

Casa Branca rejeita pedido de perdão a Edward Snowden

Snowden divulgou documentos que revelaram espionagem dos EUA

onde não sai por medo de ser preso e extraditado.

Nos Estados Unidos, onde é acusado de terrorismo, o ex-consultor Snowden pode ser condenado a 30 anos de prisão por ter fornecido a jornalistas cópias de um grande número de documentos secretos da NSA, agência de informações que, entre outras atividades, monitora e intercepta as co-municações_eletrônicas._A revelação gerou um debate mundial sobre direito à priva-cidade. (Agência Lusa)

Divulgação/Wikimedia

Cerca de 2 mil imigrantes ilegais tentaram entrar no Eurotúnel

Cerca de dois mil imi-grantes ilegais tentaram entrar no túnel sob o ca-nal da Mancha, perto de Calais, no norte da França, com o objetivo de chegar ao território britânico, infor-mou o grupo Eurotúnel. “É a maior tentativa de incur-são [de imigrantes] do úl-timo mês e meio”, a� rmou um porta-voz do grupo responsável pela gestão do túnel que liga o continente

europeu ao Reino Unido. A tentativa aconteceu na últi-ma terça-feira (28).

Desde o início de junho, oito imigrantes morreram ao tentar entrar clandesti-namente no túnel.

Segundo os últimos dados o� ciais, cerca de três mil imigrantes, a maioria oriun-da de países como Etiópia, Eritreia, Sudão ou Afeganis-tão, estão acampados na re-gião de Calais. (ABr)

Desde junho, oito imigrantes morreram ao tentar entrar no túnel

6 | Mundo Rio de Janeiro, 3 a 5 de agosto de 2015

A prova do Enem será emoutubro e, quanto mais pertovai chegando o dia da prova,os estudos vão se intensifi-cando. No Rio, uma turmavem bombando nos meiosde comunicação: o “Prepara,Nem!”. Construído por mui-tas mãos, o curso é direcio-nado a transexuais e traves-tis e todos os professoressão voluntários. A cada diaa aula acontece em lugaresdiferentes, seja em sindica-tos ou espaços culturais. Aideia é ocupar o máximo delocais possíveis.

A mineira Luciana Vascon-celos, de 35 anos, é uma dasalunas. Travesti negra, ela temmais do que as matérias es-colares para se preocupar. Aestudante está com um prazodeterminando para sair doabrigo em que mora no centrodo Rio. “É preciso que haja apreocupação com as alunasnão apenas na sala de aula,mas também na questão damoradia. Porque eu venho as-sistir aula e vou dormir onde,nos Arcos?”, questiona Luciana,que prestará vestibular parao curso de serviço social.

Além dos dilemas comeducação e moradia, a inser-ção no mercado de trabalhoé outra pedra no caminho.Por preconceito e sem avaliara capacidade de quem se can-didata, os empregadores pre-ferem não abrir a oportuni-dade de trabalho. Como re-sultado, as pessoas transe-xuais e travestis têm comoúnica alternativa a prostitui-

ção. Luciana virou uma ex-ceção. Ela vai começar essasemana a trabalhar em umrestaurante. “Me sinto vito-riosa, mas sei que vou en-frentar outra luta. Quero serrespeitada lá dentro comotravesti e ter direito ao meunome social”, conta.

SEM PRECONCEITOSO “Prepara, Nem!” é um

curso acolhedor. Embora sejavoltado para travestis e tran-sexuais, o preparatório não

impede que participem pes-soas cisgêneras, ou seja,aquelas que se identificamcom o gênero determinadopela medicina. Por lá, sãomuitos os sonhos. BárbaraAires, de 25 anos, vai ser jor-nalista. Mulher transexual,ela já teve experiência comoprodutora de televisão. Sobrea luta por direitos, ela pon-dera que falta acolhimentoainda na escola. “O primeiropasso de todos na educaçãoé preparar os professores parareceber as crianças e ado-lescentes transexuais. Se issonão ocorrer, essa pessoa nun-ca vai terminar os estudos”,reivindica Bárbara.

PAPEL DA MÍDIAPara a travesti Indianara Si-

queira, uma das organizadorasdo “Prepara, Nem!”, os meiosde comunicação têm grandeinfluência na luta contra ospreconceitos. "Há lugares emque a escola não chega eonde a imprensa se tornafonte de educação. Há pes-

soas que são até alfabetiza-das a partir da mídia. É umagrande responsabilidade. Ojornalista tem esse papel detornar a sociedade mais aco-lhedora para todas as pessoasque a compõem”, adverte.

SEM APOIO DO GOVERNO

Uma das grandes dificul-dades do curso é a manuten-ção. O transporte e a alimen-tação para os alunos e alunassão alguns entraves. Comonão tem apoio de governos,o preparatório é mantido pordoações. O Brasil de Fato RJfez contato com o programaRio Sem Homofobia, do go-verno do estado, e com aCoordenadoria Especial daDiversidade Sexual, da Pre-feitura do Rio, para questionarsobre os projetos públicos de-senvolvidos pelas instituiçõespara contribuir com a forma-ção de pessoas transexuais.Não obtivemos resposta denenhum dos órgãos até o fe-chamento da matéria.

Rio de Janeiro, 3 a 5 de agosto de 2015 Cidades | 7

Travestis e transexuais lutam por educação

Andre Vieirado Rio de Janeiro (RJ)

Acesso ao mercadode trabalho e àmoradia é grandedificuldade Transforme

sua falaMulher e homem transPessoa que constrói seu gênero a partirde sua compreensão, e não a partir do que amedicina impõe aonascer. Pretende reade-quar seu gênero pormeio de operação.

Mulher e homem cisPessoa que se reco-nhece com a designa-ção de gênero atribuídapela medicina.

TravestiPessoa que rompe a ló-gica binária (homem emulher) de gêneros. Nãopretende fazer cirurgiade mudança de sexo.

Comochamar?Para as travestis eas mulheres trans Sempre usar artigos no feminino. Ex: Minhaamiga travesti.

Para os travestis eos homens trans Utilizar artigos no masculino. Ex: Meuamigo namora com um homem trans.

Mais informaçõessobre o Prepara:facebook.com/PreparaNem

Bandeira da lutatransexual

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Além dos dilemas com educação e moradia, a inser-ção no mercadode trabalho éoutra pedra no caminho das pessoas transe-xuais e travestis_______________

Pablo Vergara/Brasil de Fato

No Rio, uma turma vem bombando nos meios de comunicação: o “Prepara, Nem!”

Mas não é só isso: na Fio-cruz, a paralisação das ativi-dades tem sido consideradauma forma de lutar pela saú-de pública e contra o ajuste

fiscal. O entendimento é deque o que está em jogo agoranão é uma redução de custosdo Estado, mas a destinaçãodos recursos públicos. A con-ta é simples: em 2015, o go-verno cortou mais de R$ 11bilhões no orçamento da saú-de pública. Mas, somente em2012 — dados mais recentesdisponíveis —, gastou apro-ximadamente R$ 9 bilhõescom incentivos indiretos aplanos de saúde privados.

Em 2014, de acordo coma Auditoria Cidadã da Dívida,apenas 3,98% do orçamentofoi investido na saúde, en-quanto mais de 45% (soman-do R$ 978 bilhões) foram gas-tos com os juros da dívidapública, que beneficiam di-retamente os bancos. Nãopor acaso, no primeiro tri-mestre deste ano, em plenacrise econômica, o Bradescoteve o segundo maior lucroda sua história. A greve dos

servidores também tem de-nunciado as medidas de ajus-te fiscal que atingem todosos trabalhadores. Entre elas,estão as Medidas Provisórias664 e 665, que atacam direitostrabalhistas como o segurodesemprego, a pensão pormorte e o abono salarial. Ain-da em tramitação no Senadoestá também o projeto de leique regulamenta a terceiri-zação e, na avaliação do mo-vimento grevista, piora ascondições de trabalho tantono setor privado quanto noserviço público.

Para simbolizar todas essaslutas, os trabalhadores daFiocruz vestiram de luto o

seu patrimônio histórico maisprecioso. Hoje, quem passapela Avenida Brasil enxergauma faixa preta sobre o cas-telo construído para ser umsímbolo da ciência brasileira.

Rio de Janeiro, 3 a 5 de agosto de 2015 Cidades | 9

Defender o direito da po-pulação a uma saúde públicade qualidade e lutar contra oajuste fiscal do governo, quetem atingido todos os traba-lhadores: esse é o pano defundo da greve que a maiorinstituição de pesquisa emsaúde do país, a Fundação Os-waldo Cruz (Fiocruz), defla-grou na semana passada.

E ela não está sozinha: cal-cula-se que mais de 80% dosservidores públicos federaisestejam em greve em todo oBrasil. “A disposição é resistir,lutar e derrotar essa políticado governo Dilma dialogandocom a sociedade em buscade apoio da opinião públicaem relação à justeza da nossaluta, que envolve salários, adefesa dos serviços públicose paridade entre ativos eaposentados”, disse em notapública o Fórum das Enti-dades Nacionais dos Servi-

dores Públicos Federais. Exatamente pelo compro-

misso com a população, ostrabalhadores da Fiocruz têmmantido todas as atividadesconsideradas essenciais, prin -cipalmente os serviços am-bulatoriais e hospitalares,além da produção de vacinas

e medicamentos. A institui-ção tem promovido aindaum conjunto de atividadesde greve, que envolve desdedebates e aulas públicas so-bre a conjuntura nacionalaté uma caravana para doa-ção de sangue. Entidades re-presentativas de estudantesda Fiocruz, que tiveram asaulas afetadas, emitiram no-tas de apoio ao movimento.

PARA ALÉM DO SALÁRIO

A decisão pela greve foiprovocada por um impassena negociação sobre o rea-juste salarial. A proposta dogoverno é de 21,3%, mas, aocontrário do que muitos jor-nais noticiaram, esse percen-tual seria dividido em quatroanos. Com isso, já em 2015, o

ganho real sequer cobriria os9% de inflação previstos pelopróprio governo para o ano.

A inflação é uma referên-cia para o cálculo dos salá-rios porque é medida a partirdo IPCA, índice que leva emconta a variação do custode serviços como alimenta-ção, transporte e habitação.Portanto, quando os reajus-

tes ficam abaixo da inflação,significa que o salário nãoacompanhou o aumento dosgastos dos trabalhadores noperíodo. No caso dos servi-dores públicos federais, ficaainda pior, porque a propostado governo não leva em contaas perdas salariais causadaspela inflação passada, queultrapassam os 19%.

Fiocruz em greve por umasaúde pública de qualidade

Trabalhadores lutamcontra ajuste fiscal

do Rio de Janeiro (RJ)

do Rio de Janeiro (RJ)

Trabalhadores têmmantido todas asatividades essenciais

Em 2015, o governocortou mais de R$ 11bilhões no orçamentoda saúde pública

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Proposta do governo Dilma sequer cobriria os 9% de inflaçãoprevistos pelopróprio governopara 2015_______________

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Somente em 2012, o governogastou aproxima-damente R$ 9 bilhões com incentivos indire-tos a planos desaúde privados_______________

Trabalhadores da Fiocruz vestiram de luto o castelo construído para ser um símbolo da ciência brasileira

Gutemberg Brito

Conversa comum, não fosse o fato de os irmãos se-rem órfãos, ne-gros e moradores do morro da Babilônia

Rolou um bate papo sincero entre os irmãos Wolnei (Peter Brandão) e Tadeu (Cesar Mello) essa semana em Babilônia. Um papo sobre o racismo e as consequências_nocivas dele para a perpetuação das desigualdades e das injustiças na sociedade.

Os_dois_conversaram sobre as expectativas de vida e re� etiram sobre suas aspirações e desejos, como qualquer indivíduo. Wolnei é um adolescente cheio de energia e está na idade em que projetamos o que queremos para o futuro. Tal conversa seria comum, não fosse o fato de os irmãos serem ór-fãos, negros e moradores do morro da Babilônia.

Wolnei sente o precon-ceito na pele, literalmen-te. Ele sabe que existem formas de diminuir os efeitos perversos de ser

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arcio Meirelles

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Samba da Pedra do SalO quê? A roda da Pedra do Sal prova que segunda-feira não é dia de � car em casa. O show traz no repertório clássicos no Largo onde foi criado o samba.Quando? Todas segunda-feira, a partir das 19h.Onde? Pedra do Sal (Rua Argemiro Bulção - Saúde)Quanto? 0800

FicçõesO quê? A exposição mergulha no universo da narrativa do argentino Jorge Luis Borges, um dos maiores artistas contemporâneos. Quando? Até o dia 06 de setembro.Onde? Caixa Cultural (Avenida Almirante Barroso, 25 - Centro)Quanto? 0800

Cine em Cena BrasilO quê? Mostra de � lmes nacionais e internacionais que transforma espaços públicos em salas de cinema.Quando? De 3 a 5 de agosto, a partir das 8h.Onde? Praça Rui Barbosa - (Centro de Nova Iguaçu)Quanto? 0800

Samba do TrabalhadorO quê? O compositor Moacyr Luz apresenta a roda “Samba do Trabalhador”. No repertório músicas do CD e DVD Moacyr Luz e Samba do Trabalhador.Quando? Toda segunda, a partir das 17h.Onde? Clube Renascença (Rua Barão de São Francisco, 54 - Andaraí)Quanto? R$ 20,00O Campo de Batalha

O quê? Em uma suposta Terceira Guerra Mundial, dois soldados de corporações inimigas são surpreendidos pelo anúncio da suspensão temporária da guerra.Quando? De quarta a domingo, às 19h30.Onde? Centro Cultural Banco do Brasil (Rua Primeiro de Março, 66 - Centro)Quanto? R$ 10,00 (inteira)

AGENDA DA SEMANA Novela | Joaquim Vela

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Consequências nocivas do racismo

negro e pobre nas suas chances e recompensas de vida. Sim, ele pode es-tudar, trabalhar, afastar-se das drogas, dos delitos e da violência. Mas essa condição desigual que ele vive ultrapassa a sua capacidade de escolha.

COTAS NA UNIVERSIDADE

É por isso que as co-tas nas universidades, os programas de transferên-cia de renda, as políticas_compensatórias, a não redução da maioridade penal são fundamen-tais para o projeto de um país mais justo e menos desigual. Tarefa indiscu-tível do Estado em ofere-cê-las e da sociedade em pressionar por elas. Mas ainda assim, é preciso lutar contra a ideia de que uns merecem mais do que os outros porque são brancos ou ricos, ou porque simplesmente se esforçam mais do que os outros. Enquanto pen-sarmos assim, a “coroa” continuará_escondendo a bolsa debaixo do braço e o racismo seguirá dei-xando sem perspectivas garotos_inteligentes_e cheios de vida como Wol-nei. Luta complexa, mas não impossível!

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Divulgação/TV Globo

Em “Babilônia”, Wolnei e Tadeu abordam o racismo

Allbrazz QuartetoO quê?Grupo musical que interpreta temas dos mais variados gêneros com a participação de velhos e novos amigos músicos. Quando? Toda segunda-feira, a partir das 20h. Onde? AABB (Rua Haddock Lobo, 227 - Tijuca)Quanto? 0800

10 | Cultura Rio de Janeiro, 3 a 5 de agosto de 2015

Paula Fernandes conquistaa terra do samba

O sertanejo e suas vertentesestão invadindo o cenáriocultural do Rio. Antes reclusoa shows, o estilo musical jácomeça a chegar nas maisbadaladas boates da cidadee a todas às classes sociais.Aos poucos, os cariocas vãodeixando se seduzir pelamúsica sertaneja.

Foi assim, aos poucos, quea mineira Paula Fernandesfoi conquistando seu espaçona terra do samba, do funke da bossa nova. Na últimaquinta-feira (30), a cantora

fez show na Expo Itaguaí,onde reuniu milhares de fãs.

SUCESSO GARANTIDO

Dona de um vozeirão aoestilo Ivete Sangalo, PaulaFernandes superou a marca

de um milhão de vendas deCDs e DVDs, do projeto “Pau-la Fernandes - Ao Vivo”, em2011. Uma marca significa-tiva na era digital, em que asmúsicas são facilmente pi-rateadas. Na música serta-neja, o último nome a atingir

essa marca tinha sido Brunoe Marrone, em 2003, com oálbum “Inevitável''.

O talento, o timbre agra-dável e a beleza da moça alevaram ao topo. Com agendacheia até o final do ano, a mi-neira cruzou a fronteira e rea-lizou duas turnês pela Europa,outras duas pelos EstadosUnidos e uma pela África.

NOVAS MÚSICAS

Com somente 30 anos, elaestá em seu sétimo álbummusical, “Encontros pelo Ca-minho”, e já prepa-ra um novo re-pertório. “Ago-ra em agostoPaula Fernan-des vai para oestúdio gravar

as músicas que vão comporseu novo disco”, conta KélitaMyra, da gravadora Univer-sal Music. O oitavo álbumdeve ser lançado até o finalde setembro desse ano, se-gundo a gravadora.Fania Rodrigues

do Rio de Janeiro (RJ)

Rio de Janeiro, 3 a 5 de agosto de 2015 Cultura | 11

Música sertanejainvade as noitescariocas

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Cantora conquistou seu espaço na terra do samba

Divulgação

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Oitavo álbum deveser lançado até final de setembro desse ano____________

Paula Fernandes nuncagostou de rotular sua mú-sica. Quando a perguntam

sobre seu estilo musical,a resposta é quase sempre:“sou uma representanteda música popular brasi-leira”. Dentro do universosertanejo ela se definecomo “pop rural”.

Seu repertório, no entan-to, vai do clássico da MPB

ao sertanejo de raiz. Já gra-vou canções de Roberto Car-los, Ivete Sangalo, Tião Car-reiro e Almir Sater. Como senão bastasse o talento comocantora, Paula também éuma excelente compositorae já fez grandes parceriascom músicos no naipe deZezé Di Camargo. “Ficamosamigos e re solvemos fa-zer algumas can-ções juntos”, revelaa sertaneja em umaentrevista ao site de mú-sica Kboing. (FR)

Cantora passeia porvários estilos musicaisArtista diz serrepresentante da MPB

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Paula fez grandes parce-rias com músicosno naipe de Zezé Di Camargo_______________

do Rio de Janeiro (RJ)

Compositora superou a marca de 1 milhão de vendas de CDs e DVDs

Divulgação

Ser Mulher Negra? “É Legal! É força!”

Uma menina de oito anos, ao ser perguntada o que era ser mulher negra, respondeu: “legal.” Aos 19, sem perder sua característi-ca monossilábica, disse: “for-ça”. Porém, complementou: “Não nos vemos nas mídias com uma imagem positiva, como parceiras, como seres humanos. Temos de ser for-tes. E ser Mulher Negra re-presenta Força e Sororidade (parceria entre mulheres). Porque nós não temos com quem contar. Contamos com nós mesmas: mulheres negras e irmãs”.

Opinião | Sandra MartinsJoão Paulo Cunha

cabeça, anda ereta.Antenada com a lógica

do Ter, entende que o Ser é valioso – e incomoda. As-sim como incomoda saber que existem outras versões das histórias tidas como oficiais e estabelecidas como verdades. Brigonas, lutadoras, construímos o dia 25 de Julho, quando co-memoramos o Dia Nacio-nal de Tereza de Benguela e da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha.

TEREZAS DE BENGUELA

Além de homenagear as Terezas de Benguela, as Marias José Martins, as Conceições Evaristos, as muitas mulheres negras brasileiras promovem de-bates sobre o empodera-mento dessas guerreiras que lutam contra o racismo e a violência e pelo Bem Vi-ver. É fundamental dar um fim ao feminicídio, cobrar a eficácia das políticas públi-cas e a promoção da equi-dade de gênero e raça.

MARCHA DAS MULHERES NEGRAS

É o caso do seminário de mobilização desenvolvido pelo Comitê Impulsor de Ni-terói da Marcha das Mulhe-res Negras – 2015, realizado no dia 25. Reunindo ativistas do movimento feminista, fe-minista negro e acadêmico, o evento não ficou restrito às mulheres. Homens e jovens participaram, possibilitan-do o diálogo com a sua pró-pria sensibilidade.

Sandra Martins é jor-nalista e integrante da

Cojira-Rio/SJMPRJ

O mesmo e o outro Uma das bandeiras do

nosso tempo é a que aponta que outro mundo é possí-vel. Na verdade, trata-se de um princípio de esperança, de uma aposta capaz de mover os homens e mulhe-res em direção a uma vida melhor para todos.

Num tempo em que os valores aparentemente vi-toriosos apontam para o aprofundamento da desi-gualdade, destruição da natureza e consumo como índice de felicidade, o im-pulso em direção à mudan-ça é uma tarefa ética.

A busca de transforma-ção e a vontade de fazer nascer a diferença gene-rosa – o outro mundo - é um motor poderoso, mas o jogo não está ganho. O que deixa uma tarefa urgente para todos que se dedicam de alguma forma ao exer-cício das possibilidades de transformação da realida-de, sejam eles reformistas ou revolucionários. É pre-ciso promover o possível e torná-lo real.

O sonho que alimenta a vida individual dos milhões de militantes de todos os matizes não sustenta por si só a nova sociedade, a ser feita de justiça social, parti-cipação e liberdade. A sim-ples presença nas divisões da utopia pode apaziguar as consciências, mas não muda as peças no tabulei-ro da história. É preciso ir adiante. Está na hora de dar carne e vísceras aos proje-tos de transformação social.

A luta política à esquerda é feita quase sempre de duas ações complementares: a necessidade de compreen-der o mundo e identificar a raiz de suas relações alie-nantes e injustas; e a ação consciente para transformar as circunstâncias desuma-nizantes que comandam

a sociedade. É preciso lutar para saber e saber lutar.

CRÍTICA AO CAPITALISMO

Por isso, no atual mo-mento político, talvez seja importante retomar a di-mensão global da crítica ao modelo de capitalismo que se estabelece no plane-ta como a consagração de uma verdade única.

Outra divisão de renda é pos-sível, tirando de quem se bene-ficiou de privilégios históricos e partilhando de forma soli-dária a riqueza social. Outra política é possível, resgatando a força participativa da demo-cracia direta, hoje ameaçada

por interesses e conchavos an-tipopulares e elitistas.

É POSSÍVELOutra comunicação social

é possível, em respeito à liber-dade real e à expressão plural da sociedade e de suas vozes, resgatando o potencial crítico do jornalismo. Outra cultu-ra é possível, livre, popular e contestadora, sem se curvar aos indicativos da alienação.

Outra resposta às necessi-dades de serviços públicos é possível, conjugando uni-versalidade, equidade e qua-lidade de atenção em saúde, educação e transporte e ha-bitação. Outra relação com a natureza é possível, preser-vando a vida, garantindo a qualidade da relação com o planeta e promovendo uma renovação da noção de de-senvolvimento e riqueza.

Outro mundo é possível. Mas não está garantido. Todo o esforço político con-sequente e libertário é uma forma de combater a dita-dura do mesmo.

João Paulo Cunha é jornalista

As mulheres ne-gras brasileiras estão promoven-do debates sobre o empoderamen-to dessas guerrei-ras do cotidiano que lutam contra o racismo

Uma das bandeiras do nosso tempo é a que aponta que outro mundo é possível. Na verdade, trata-se de um princípio de esperança

PRONTO. FALOU TUDO.

Essa menina-mulher é o reflexo positivo da nossa militância cotidiana. Mi-litância de formiguinha, que dá trabalho, pois en-volve escolhas, renúncias, questionamentos, isola-mentos, muitas leituras, debates, caminhadas so-bre terrenos arenosos. Os resultados não aparecem nas manchetes dos jor-nais, mas são percebidos pelo tom certo das respos-tas bem colocadas; pelo posicionamento adequa-do do nariz e a postura dos ombros – ela não abaixa a

12 | Opinião Rio de Janeiro, 3 a 5 de agosto de 2015

Macarrão com brócolis

BOA E BARATA

Ingredientes

500 g de macarrão parafuso ou penne1 maço de brócolis aferventado com água e salSal a gosto1 colher de margarina200 ml de leite2 colheres de maizena1 caixinha de creme de leite (opcional)Mussarela para cobrir2 dentes de alho2 fatias de bacon picadoCheiro verde a gosto

Tempo de preparo40min

Modo de preparo

Cozinhe o macarrão normalmente até � car al dente com um pouco de sal e margarina. Prepare um molho branco. Leve ao fogo o leite, a margarina e a maizena, mexendo sempre até engrossar (se quiser, após engrossar, acrescente 1 caixinha de creme de leite). Frite o bacon com o alho e acrescente o brócolis e o cheiro verde. Despeje o molho branco no brócolis refogado e, depois, esta mistura ao macarrão. Cubra com a mussarela e leve ao forno para derreter.

Rendimento5 porções

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Caro José, os pro� ssio-nais de saúde condenam a prática de outra mulher que não seja a mãe ama-mentar uma criança por-que o leite pode transmitir enfermidades. E o pior é que existem muitas doen-

Antigamente eram tão comuns as amas de leite e os me-ninos cresciam fortes. Não é melhor o leite materno, mes-mo que de outra mulher, que qualquer outro leite? Por que hoje os pro� ssionais de saúde proíbem essa prática?

José Eustáquio, instrutor de autoescola

AMIGA DA SAÚDE

ças que não manifestam sintomas por muitos anos, e a própria pessoa pode não saber que tem. A me-lhor alternativa hoje são os bancos de leite, formados por doações de mulheres que têm leite sobrando.

Assim, as mães que não podem amamentar_re-cebem o leite já devidamente tra-tado. Dessa for-ma, o bebê con-tinua_tendo_os benefícios do lei-te materno sem o risco de contrair doenças.

Dúvidas sobre saúde? Encaminhe e-mail para redacaorj@brasildefato.com.br

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2 fatias de bacon picadoCheiro verde a gosto

Variedades | 13Rio de Janeiro, 3 a 5 de agosto de 2015

Estará cheio de energia e força. A sema-na será muito proveitosa, especialmente para terminar trabalhos.

Terá um mês forte, em que conseguirá aplicar as suas energias da melhor forma e obter resultados bastante positivos.

Evoluções são lentas, mas seguras e bastante positivas. Não pressione.

Conjuntura vai permitir ultrapassar todos os obstáculos e minimizar situa-ções desfavoráveis.

Certas decisões terão efeitos imediatos no desenvolvimento da sua vida. Fique atento!

Desafi os e bons resultados tendem a apa-recer. Vai deparar-se com alguns proble-mas que serão resolvidos de imediato.

É provável que sinta a necessidade de iniciar novos trabalhos em função do alto grau de disposição.

Você se sentirá forte, decidido e terá grande capacidade de execução. Tente ser justo.

Certa instabilidade provocará ansiedade e impaciência. Combata essa sensação.

Para o nativo do signo, esta semana será cheia de mudanças e também de novidades.

Terá uma semana marcada por alguma insatisfação pessoal e confusão geral. Tente parar um pouco para refl etir.

Sentirá um acréscimo de responsabilida-des e por isso terá de estar muito atento para que nada lhe escape.

14 | Variedades

CrescenteAté 22/8

LUA DA SEMANACHEIA

CheiaAté 5/8 Minguante

6/8

Nova14/8

FASES DA LUA

Rio de Janeiro, 3 a 5 de agosto de 2015

Rio de Janeiro, 3 a 5 de agosto de 2015 Esporte | 15

A cidade de Boston (EUA)não será mais candidata asediar os Jogos Olímpicos de2024, pois, segundo o prefeito,a conta do projeto olímpicoseria paga pelo contribuinte,o que colocaria o futuro dacidade em risco. Após essadecisão, o presidente do COIse pronunciou a respeito.

Thomas Bach disse, emevento em Kuala Lumpur, capital de Cingapura, que

a responsabilidade pela de-sistência da candidatura éda prefeitura de Boston, quenão teria cumprido os com-promissos assumidos coma USOC (Comitê Olímpicodos Estados Unidos).

O dirigente do COI tam-

bém disse aos repórteres quea então candidata não pos-suía uma estratégia clarapara concretizar o projetodos Jogos. Ele entende a de-cisão da USOC e aguardaque a entidade estaduniden-se apresente outra candida-tura em substituição. (BP)

Toques curtos | Bruno PorpettaCOI rebate prefeito deBoston sobre desistência

Divulgacao/CBFA

FIBA pune Rússia,que deve ficar fora do Rio 2016

A FIBA (Federação In-ternacional de Basquete)suspendeu a Rússia decompetições internacio-nais, comprometendo aparticipação da seleçãomasculina – atual medalhade bronze olímpica emLondres – na competiçãoeuropeia que dará vaga nosJogos de 2016.

Um tribunal russo de-

terminou a realização denovas eleições na RFB (Fe-deração Russa de Basque-te), alegando que as elei-ções em 2013 foram feitasirregularmente. Com isso,a FIBA considerou quehouve intervenção do po-der público na entidade.

O Ministro dos Esportesda Rússia, Vitaly Mutko,afirmou à Agência EFEque a federação local nãotem outra alternativa anão ser cumprir a decisãojudicial e, diante disso,pede a compreen são da FI -BA no caso. (BP)

Entidade suspende país por intervenção estatal na federação local

Thomas Bach responsabilizou a prefeitura de Boston pela desistência

BINÓCULO

Desdenhou

Ao apresentar o planode legado dos Jogos Olím-picos do Rio em 2016, osecretário de coordenaçãoda Prefeitura e pré-can -didato ao posto de Eduar-do Paes, Pedro Paulo, deude ombros para a ajudado Ministério do Esporte.“O Ministério do Esportepode ser nosso parceiro,mas se não quiser parti-cipar é uma decisão de-les. A cidade não vai ficarparada”, disse o secretário.Eduardo Paes já havia fei-to algumas cobranças pú-blicas ao Ministério, des-de o início do ano.

Divulgação

Cidade estaduni-dense desistiude candidatura aosJogos de 2024

Com o declínio da era Blat-ter à frente da FIFA, come -çam as especulações sobreo processo de sucessão, quese completa em fevereiro.

O que não faltam são no-mes, nomes e mais nomespara substituí-lo. Desdepríncipes, passando por do-nos de montadoras, até osaparentemente mais sau-dáveis ex-jogadores.

Nesses últimos é que nosdeteremos mais. Até por-que, dentre eles, está omaior ídolo da história doFlamengo, o Zico.

A FIFA é uma empresa.Desde a passagem de Ha-velange, a entidade se trans-formou e, por consequên-cia, também ao futebol, emmáquina de fazer dinheiro.Não dá para dizer que elenão foi muito competenteem seu intento.

Hoje, a Copa do Mundo,só para tratar do filé mignon,movimenta mais grana quea produção anual de alguns

países. Esta grana toda vaipara o bolso da FIFA, com oconsentimento dos governos,que tentam lucrar politica-mente com o evento. O quefica enquanto “investimento”no país que sedia a Copa émuito, muito pouco.

Mas não basta ser umaempresa. Porque empresasexistem aos montes, algu-mas com alguma razoabi-lidade ética. Tem que serextremamente corrupta,passando os anos acenden-do velas para santos e de-mônios, de acordo comquem dá mais.

E não se trata somenteda escolha de sedes, mastambém de patrocinadores.O rolo armado por JérômeValcke na troca da Master-card pela Visa, onde as duaspassaram dias acreditan-do que estavam acertadascom a FIFA, quando naverdade ninguém estava, ébastante elucidativo.

Só que esse tipo de con-duta não parte de cima. OComitê Executivo da enti-dade é formado por genteassim, desse jeitinho.

Diante disso, só existemduas hipóteses para al-guém se colocar para diri-gir a FIFA. Ou o sujeito émuito inocente, ou quer fa-zer parte disso.

De que lado sambam Pla-tini e Zico?

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A FIFA acende velaspara santos e demônios, de acordo comquem dá mais_______________

Ou Zico é muito inocente, ou quer fazer parte desse antro de sacanagens

Sarna para se coçarDivulgacao/FIBA

16ª RODADA

3 X 0

Brasileirão 2015

3 X 1

1 X 0

0 X 1

1 X 1

2 X 2

0 X 0

3 X 1

2 X 0

0 X 0

Teixeira admite ser investigado pelo FBI

Em entrevista ao jor-nal Folha de São Paulo neste domingo (2), o ex-presidente da CBF Ri-cardo Teixeira admitiu ser um dos “co-conspi-radores”_investigados pelo FBI, citados em um relatório que deu origem ao escândalo envolven-do a FIFA.

Os citados nominal-mente no relatório já estão presos, na Suíça, e suas extradições para os EUA vêm sendo ne-gociadas entre a justi-ça estadunidense e os representantes dos di-rigentes detidos. Entre eles está o também ex-presidente da CBF José Maria Marin.

Teixeira referiu-se ao contrato celebrado en-tre a CBF e a empresa de material esportivo fornecedora da seleção, a Nike. Este acordo foi feito em 1996, durante o mandato de Teixeira na CBF, e foi citado na investigação com indí-cios de irregularidade, seg undo_depoimento de J. Hawilla, presiden-te da FIFA.

Porém, o ex-dirigente negou as suspeitas le-vantadas pelo relatório, como recebimento de propinas_envolvendo Nike, Tra� c e depósi-tos em contas na Suíça. Também negou acusa-ções de sonegação � scal na venda de uma cober-tura na Barra da Tijuca, por preço muito abaixo do mercado.

Sobre todas as acusa-ções de corrupção, Tei-xeira disse: “não tem a mínima lógica”. (BP)

Empate com gosto de derrota para o Fla

Após nocaute relâmpago, Ronda assiste ao Fla no Maraca

Flamengo abre 2 a 0 no primeiro tempo, mas Santos iguala o placar no segundo

O Flamengo recebeu o Santos, no Maracanã, dian-te de grande público. Fo-ram mais de 61 mil pessoas que empurraram o rubro-negro para o ataque desde o primeiro minuto de jogo.

Apesar dos dois terços da posse de bola, a pressão no campo de ataque, as � naliza-ções e os muitos escanteios, o Flamengo não criavas chan-ces mais claras de gol. Suas principais jogadas eram os chutes de fora da área.

Os santistas limitavam-se a defender, mas não con-seguiam encaixar um con-tra-ataque. Ricardo Oliveira cavava faltas na frente para tentar segurar a bola, mas o meio-campo do Peixe jogava mal. Deram trabalho apenas uma vez para Paulo Victor.

Somente aos 40 minutos, o Flamengo achou seu gol, em um lindo chute de fora da área de Alan Patrick. Gol que fez o Santos se abrir e levar o segundo um minuto depois,

A lutadora do UFC, Ron-da Rousey, esteve no Ma-racanã neste domingo (2) para assistir ao jogo entre Flamengo e Santos, válido pela 16ª rodada do Cam-peonato Brasileiro.

Gilvan Souza / Fla Imagens

Guerrero tentou, mas não fez grande partida contra o Santos

Bruno Porpettado Rio de Janeiro (RJ)

em bola en� ada por Canteros para a conclusão de Sheik.

Após o intervalo, o Santos voltou mais organizado e, aproveitando um vacilo de-fensivo em cobrança de es-canteio, diminuiu o placar com Ricardo Oliveira, aos seis minutos.

O Flamengo sentiu o gol, dando espaço para o Santos

Vestida com a camisa do rubro-negro, ela foi simpá-tica e atendeu fãs que apro-veitaram para tietar e tirar fotos com a estrela maior do UFC feminino. Tudo isso após vencer a brasileira Be-

ser melhor no segundo tem-po. O empate veio após um lindo chute por cobertura de Lucas Lima, aos 27 minutos.

Duas defesas de Vander-lei nos acréscimos garanti-ram o empate com gosto de derrota para o Flamengo, diante de um Maracanã lo-tado, com novo recorde de público no Brasileirão.

the Correia, na Arena da Barra, na noite de sábado (1), em incríveis 34 segun-dos de luta.

Aliás, Ronda vem se es-pecializando em � nalizar adversárias em um piscar

de olhos. Nas últimas três lutas, foram apenas 64 se-gundos de combate. Suas 12 vitórias na carreira, dentro do UFC, aconteceram em pouco mais que o tempo to-tal de uma única luta. (BP)

Qua 29/0722h

Qua. 29/07 22h

Sáb. 01/0818h30

Dom. 02/0811h

Dom. 02/0811h

Dom. 02/0816h

Dom. 02/0816h

Dom. 02/0816h

Dom. 02/0816h

Dom. 02/0818h30

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16 | Esportes Rio de Janeiro, 3 a 5 de agosto de 2015