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AMANDA GONÇALVES DE FREITAS
HIPERPLASIA FIBROADENOMATOSA MAMÁRIA FELINA:
RELATO DE CASO
SÃO PAULO
2009
FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS (FMU)
AMANDA GONÇALVES DE FREITAS
HIPERPLASIA FIBROADENOMATOSA MAMÁRIA FELINA:
RELATO DE CASO
Monografia apresentada, como
pré requisito de conclusão do
curso de Medicina Veterinária /
FMU, sob orientação da
Professora Aline Machado De
Zoppa
SÃO PAULO
2009
AMANDA GONÇALVES DE FREITAS
HIPERPLASIA FIBROADENOMATOSA MAMÁRIA FELINA:
RELATO DE CASO
Monografia apresentada, como
pré requisito de conclusão do
curso de Medicina Veterinária /
FMU, sob orientação da
Professora Aline Machado De
Zoopa. Defendido e aprovado
em 23 de Junho de 2009, pela
banca examinadora constituída
pelos professores:
_____________________________________________
Profª. Aline Machado De Zoopa
Orientadora
_____________________________________________
Profª. Thais Fernanda Da Silva Machado
FMU
__________________________________________
M. V. Jamara Alves Siqueira
Dedico este trabalho aos meus
pais e as minhas irmãs, pelo
reconhecimento à minha
profissão, meus agradecimentos
por terem aceitado se privar de
minha companhia pelos
estudos, concedendo a mim a
oportunidade de me realizar
ainda mais. À Deus pela saúde,
fé e perseverança que tem me
dado. A meus cães, que são
companhias indispensáveis em
minha vida.
Agradeço a todos aqueles que
de uma forma ou de outra
contribuíram para a
concretização deste trabalho,
meus amigos de profissão do
HOVET – FMU, meus amigos
e companheiros do curso de
Med. Veterinária. Em especial a
Profª Aline Machado De Zoppa
pela paciência e incentivo, por
ter sido companheira na
orientação, por ser a minha
professora que eu tanto admiro,
e pela orientação na escolha do
meu tema. A Profª Doutora
Clair Motos de Oliveira pelo
seu conhecimento e por suas
orientações para a elaboração
deste trabalho. A Jamara
Siqueira, pela receptividade e
por aceitar meu convite como
membro de minha banca. A
Thais Machado, por estar
presente em minha vida
constantemente, sendo minha
amiga, companheira,
professora, e profissional a qual
me espelho e acredito.
Resumo
A Hiperplasia Fibroadenomatosa Mamária Felina corresponde a uma lesão dependente
de substancias progestacionais naturais ou sintéticas, caracterizada por um rápido
aumento de uma ou mais glândulas mamárias. Após o reconhecimento da lesão, o
tratamento pode ser medicamentoso através do uso do antiprogestágeno Aglepristone,
ou por excisão cirúrgica do tecido mamário, onde a indicação ocorre em casos de
ulcerações e necrose cutânea, podendo inclusive evoluir para uma neoplasia. A OSH é
desejada para evitar recidivas e acelerar o tratamento de alguns casos, no entanto muitas
vezes é dificultada pelo aumento de volume das mamas. Quando tratada precocemente
com o uso do Aglepristone, os resultados são favoráveis, evitando a evolução para um
quadro agressivo, que necessite de intervenção cirúrgica.
Palavras-chave: Hiperplasia, glândula mamária, felino, Aglepristone
Abstrat
The Feline Mammary Hyperplasia Fibroadenomatous corresponds to a dependent injury
of natural or synthetic progesterone, characterized by a rapid increase of one or more
mammary glands. After the injury recognition, treatment may be drug through the use
of progesterone-antagonist Aglepristone, or by surgical excision of breast tissue, where
the reference occurs in cases of skin ulceration and necrosis, may even develop into a
malignancy. The OSH is desired to avoid relapses and accelerate the processing of some
cases, however it is often complicated by the increase in volume of the breasts. When
treated early with the use of Aglepristone, the results are favorable, avoiding a change to
a aggressive state, that needs surgical intervention.
Kew Words: Hyperplasia, mammary gland, Aglepristone
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AINES – Antiinflamatórios Não Esteroidais
FMU – Faculdade Metropolitanas Unidas
FMVZ – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia
HFMF – Hiperplasia Fibroadenomatosa Mamária Felina
HOVET – Hospital Veterinário
OSH – Ovariossalpingo-Histerectomia
SRD – Sem raça definida
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO...................................................................................................9
1.1 ETIOLOGIA........................................................................................................10
1.2 SINAIS CLÍNICOS.............................................................................................11
1.3 DIAGNÓSTICO..................................................................................................12
1.4 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL.......................................................................13
1.5 TRATAMENTO..................................................................................................14
1.6 PROGNÓSTICO.................................................................................................15
1.7 PROFILAXIA.....................................................................................................16
2. 1° RELATO DE CASO.....................................................................................17
3. 2° RELATO DE CASO.....................................................................................29
4. CONCLUSÂO....................................................................................................24
5. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................25
6. NOTAS INFORMATIVAS...............................................................................28
- 9
1. INTRODUÇÃO
A hiperplasia fibroadenomatosa mamária felina (HFMF), também denominada
hiperplasia fibroepitelial, hipertrofia mamária felina, adenofibroma ou fibroadenoma, é uma
proliferação glandular benigna, caracterizada por um rápido aumento de uma ou mais
glândulas mamárias, associada à ação de substâncias progestacionais naturais ou sintéticas
(LORETTI, A.P. 2005; VASCONCELLOS, C.H.C. 2003; AMORIM, F.V. 2007).
Os felinos acometidos são fêmeas inteiras, geralmente jovens, que estejam em início
de gestação, ou quando estão ciclando, ou após administração prolongada de medicamentos a
base de progestágenos. Raramente é observada em machos (LORETTI, A.P. 2005;
VASCONCELLOS, C.H.C. 2003; AMORIM, F.V. 2007; SOUZA, T.M. 2002).
Embora a causa seja pouco relatada e desconhecida, há evidências de que se trate de
uma lesão hormônio-dependente (SOUZA, T.M. 2002)
- 10
1.1 Etiologia
Um considerável número de hormônios tem sido implicado na patogênese da
hiperplasia mamária em felinos incluindo os progestágenos sintéticos, como o acetato de
medroxiprogesterona e acetato de megestrol, utilizados principalmente como contraceptivos
(LORETTI, A.P. 2005). A maioria dos felinos acometidos é composto por fêmeas inteiras
com menos de 4 anos de idade, gatas sexualmente intactas, podendo ocorrer na primeira fase
do ciclo estral, após uma gravidez, ou pseudociese, ou pela administração exógena de
progestágenos (LORETTI, A.P. 2005; RUBIO, A. 2008).
Com o aumento dos níveis de progesterona circulantes ocorre o estímulo das glândulas
mamárias, havendo uma rápida hipertrofia, proliferação do estroma, onde freqüentemente há
o aumento de tamanho de mais de uma glândula (Figura 1), resultante da estimulação
hormonal no tecido mamário (AMORIM, F.V. 2007; SOUZA, T.M. 2002; RUBIO, A. 2008;
JOOSTING, N. 2006; BEVERAGGI, M.G. 1999).
Embora alguns autores concordem que se trata de uma lesão clinicamente benigna,
alguns consideram este super crescimento fibroepitelial uma forma de displasia mamária,
enquanto outros a tratam como neoplasia. Curiosamente, tumores mamários com aspectos
morfologicamente similares, isto é, fibroadenomas, ocorrem comumente em ratas e na
mulher, sendo que nesta ultima, a hiperplasia fibroepitelial quando atípica está associada a um
maior risco de desenvolvimento de carcinomas mamários (AMORIM, F. 2006).
Fig. 1 – Felino, fêmea, apresentando glândulas mamárias edemaciadas e hiperêmicas (Fonte: SILVA, A.P.
2008).
- 11
1.2 Sinais Clínicos
Os sinais clínicos tornam-se evidentes macroscopicamente por haver o aumento
maciço de uma ou mais glândulas mamárias, uni ou bilateral, apresentando edema, nódulos
firmes, túrgidos, quentes, algumas vezes com áreas de necrose e conseqüentemente infecção
bacteriana secundária (AMORIM, F. 2006; VERSTEGEN, J. 2004; FILGUEIRA, K.D. 2008)
(Figuras 2 e 3). Ocorrem ainda, sinais clínicos sistêmicos, como apatia, anorexia, febre e
desidratação (VASCONCELLOS, C.H.C. 2003). Certos animais podem até vir a óbito ou
serem eutanasiados por apresentarem acentuado grau de morbidade decorrente às
complicações da doença (FILGUEIRA, K.D. 2008).
Fig. 2.- Acentuado aumento de volume em toda a cadeia mamária, com presença de áreas ulceradas (Fonte:
WEHREND, A. 2000).
Fig. 3 – Glândulas mamárias com áreas necrosadas e secreção purulenta (Fonte: SILVA, A.P. 2008).
- 12
1.3 Diagnóstico
O diagnóstico pode ser feito através do histórico e sinais clínicos, porém o definitivo
só pode ser realizado através da biópsia do tecido para possível exame histopatológico
(SOUZA, T.M. 2002; AMORIM, F. 2006).
A descrição histopatológica característica refere proliferação de células epiteliais com
morfologia arredondada de projeções laterais alongadas, na forma de estruturas acinares, e
acentuada proliferação dos ductos intralobulares cercado por extensa abundância de tecido
conjuntivo e vascular (SOUZA, T.M. 2002; RUBIO, A. 2008; AMORIM, F. 2006;
MACDOUGALL, L.D. 2003) (Figura 4).
Fig. 4 – Proliferação de células epiteliais, com estruturas acinares rodeados por tecido conjuntivo (Fonte:
RUBIO, A. 2008)
- 13
1.4 Diagnóstico Diferencial
Os diagnósticos diferenciais devem incluir mastite, onde a gata lactante apresenta
glândulas mamárias eritematosas e dolorosas, sendo uma doença sistêmica com manifestações
de febre, neutrofilia imatura e células inflamatórias (SOUZA, T.M. 2002; HAYDEN, D.W.
1981).
A Neoplasia mamária, que geralmente acomete gatas idosas, onde a aparência
macroscópica pode ser indistinguível, com crescimento tumoral rápido, principalmente
adenocarcinomas, devendo ser diferenciada por análise histopatológica do tecido acometido
(SOUZA, T.M. 2002; HAYDEN, D.W. 1981).
Displasia mamária cística ou mastose é uma mastopatia rara, caracterizada pelo
aparecimento de cistos mamários volumosos, contendo líquido claro, róseo ou azulado.
Através da citologia aspirativa é possível diagnosticar grande quantidade de macrófagos
contendo grânulos basofílicos e pleomórficos (SOUZA, T.M.2002; HAYDEN, D.W. 1981;
FIGHERA, R.A. 2005).
- 14
1.5 Tratamento
O tratamento depende da redução dos níveis de progesterona circulantes. A fase de
secreção de progesterona circulante acaba após o parto ou lactação, podendo haver a remissão
espontânea. Em casos de administração exógena de progesterona a indicação é a interrupção
do mesmo (LORETTI, A.P. 2005; AMORIM, F. 2006).
Entretanto, se houver necrose e/ou reações inflamatórias, infecciosas, o tratamento
indicado é cirúrgico, com a realização da mastectomia, e tratamento de suporte, incluindo
analgésicos, antibióticos e antiinflamatórios (AMORIM, F. 2006; BEVERAGGI, M.G. 1999;
MACDOUGALL, L.D. 2003).
Atualmente, destaca-se o tratamento da HFMF com a utilização de um fármaco
antagonista da progesterona (antiprogestágeno) o aglepristone, competidor da progesterona
por seus receptores. A ocupação dos receptores de progesterona pelo seu antagonista
aglepristone, mimetiza um declínio da concentração da progesterona, conseqüentemente inibe
os efeitos estimulatórios no crescimento das mamas (AMORIM, F. 2006; FILGUEIRA, K.D.
2008; CHATDARONG, K. 2008; ALIZIN®, VIRBAC, 2009).
Por se tratar de um tratamento novo, a dose correta que deve ser administrada do
aglepristone ainda esta sendo estudada e aplicada. Porém, em relatos já citados na literatura, e
pela recomendação do fabricante, o fármaco é administrado em 5 aplicações, na dose de 10 a
15mg/kg, a cada 24hs, por um período de cinco dias, pela via subcutânea (FILGUEIRA, K.D.
2008; CHATDARONG, K. 2008; ALISIN ®, VIRBAC, 2009).
A ovariossalpingo-histerectomia (OSH) consiste no tratamento definitivo, devendo ser
realizada após a remissão da HFMF. Não sendo possível aguardar a remissão total das
mamas, ao contrario do acesso típico pela linha média o ideal é que a OSH seja realizada
através do acesso cirúrgico pelo flanco, devido ao grande volume mamário (LORETTI, A. P.
2005; VASCONCELLOS, C.H.C. 2003; AMORIM, F. 2006; FILGUEIRA, K. D. 2008).
- 15
1.6 Prognóstico
Em geral o prognóstico é bom. Em casos onde há presença de áreas necróticas, ou
infecções secundárias, septicemia, os cuidados exigidos são maiores, podendo haver um
prognostico reservado à ruim. Há probabilidade de haver recidiva nas gatas que não forem
submetidas à OSH (HAYDEN, D.W. 1981).
- 16
1.7 Profilaxia
Por se tratar de uma lesão hormônio-dependente, o ideal é a não utilização de
contraceptivos, e caso não seja um animal de reprodução, realizar a ovariossalpingo-
histerectomia (HAYDEN, D.W. 1981; LORETTI, A. P. 2005).
- 17
1° RELATO DE CASO
No setor de reprodução e obstetrícia da FMVZ da Universidade de São Paulo, foi
atendida uma gata siamesa, não castrada, com 10 meses de idade, pesando 4.8 kg,
apresentando histórico de aumento de volume em todas as cadeias mamárias e redução de
apetite. Segundo a proprietária, desde o primeiro cio do animal, fazia o uso esporádico de
anticoncepcional. Após 1 mês de aplicação do mesmo, a proprietária observou crescimento
progressivo das glândulas mamárias.
O animal foi submetido ao exame clínico de rotina e ao avaliar o sistema reprodutor e
glândulas mamárias, observou-se grande volume em ambas às cadeias mamárias (Figuras 13 e
14). A gata apresentava nódulos firmes, quentes, sem presença de áreas necróticas, sem
sensibilidade dolorosa. Em virtude da anamnese e exame físico, foi estabelecido o diagnóstico
presuntivo de hiperplasia fibroadenomatosa mamária felina.
Após histórico e avaliação do animal com características típicas de uma HFMF, optou-
se por não execução de biópsia incisional do tecido mamário. Contudo, o protocolo escolhido
foi o terapêutico. Foi feito o uso da terapêutica específica, com o antiprogestágeno
aglepristone (Alizin ®, Virbac Saúde Animal, São Paulo, SP), na dose de 15mg/kg por via
subcutânea.
Fig. 13 e 14 – Formação em ambas as cadeias mamárias (Fonte: Arquivo pessoal; FREITAS, A.G. 2009)
- 18
Fig. 15 – Contenção do animal para aplicação do fármaco Aglepristone. (Fonte: Arquivo pessoal; FREITAS,
A.G. 2009)
Foram necessárias 3 aplicações de Aglepristone para obter a remissão do grande
volume do tecido mamário. A segunda aplicação do medicamento foi realizada após 48 horas
da primeira. Acompanhou-se a evolução do quadro para possível espaçamento da
administração do mesmo, realizando a terceira aplicação após 10 dias de intervalo da segunda.
A remissão total das mamas ocorreu após á ultima aplicação de aglepristone. Não foi
necessário associar a administração de outros fármacos, como por exemplo, AINES ou
analgésicos, já que não havia processo inflamatório presente ou dor por distensão. Após o
término do tratamento foi solicitado que o proprietário submetesse o animal à cirurgia de
ovariossalpingo-histerectomia (OSH), pois sabe-se que, após o uso de contraceptivos, o
mesmo permanece latente no organismo meses após sua administração (LORETTI, A.P.
2005).
- 19
2° RELATO DE CASO
No setor clínico cirúrgico do Hospital Veterinário FMU, foi atendido uma gata, SRD,
não castrada, jovem adulta, pesando 2.8 kg, em bom estado geral, porém apresentava um
crescimento mamário bastante acentuado e extenso, e discreta dificuldade de locomoção. O
animal foi submetido ao exame clínico de rotina, onde foi observado um aumento maciço das
glândulas mamárias, com presença de nódulos firmes e indolores, quentes, com áreas
ulceradas, acometendo ambas as cadeias, com características típicas à HFMF (Figuras 16 e
17). Após analise laboratorial, não foram observados alterações nos valores hematológicos,
todos os exames encontravam-se normais. Sendo assim, optou-se por realizar a mastectomia
bilateral, pois o aumento mamário era de extrema agressão física ao animal, incluindo a
presença de necrose tecidual.
Fig. 16 - Animal antes da tricotomia (Fonte: Arquivo pessoal. FREITAS, A.G. 2008)
- 20
Fig. 17 - Animal após a tricotomia, acentuado aumento de volume mamário, com presença de áreas já
necrosadas (Fonte: Arquivo pessoal; FREITAS, A.G. 2008)
A incisão foi realizada ao longo de ambas as cadeias mamárias, porém devido à
extensão nodular, não foi possível realizar a ovariossalpingo-histerectomia (Figuras 18 e 19).
Fig. 18 – Início da mastectomia bilateral. (Fonte: Arquivo pessoal; FREITAS, A.G. 2008)
- 21
Fig. 19 - Retirada das glândulas mamárias. Observar glândulas mamárias com necrose (Fonte: Arquivo pessoal;
FREITAS, A.G. 2008)
Após a cirurgia foi feito tratamento terapêutico com antiinflamatório, analgésicos, e
antibiótico (Figura 20). O animal permaneceu em bom estado geral (Figura 21), ferida
cirúrgica em boa cicatrização, sem presença de seroma, deiscência de sutura, edema ou
hematoma.
Fig. 20 - Fotografia após 7 dias de cirurgia. (Fonte: Arquivo pessoal; FREITAS, A.G, 2008).
- 22
Fig. 21 - O animal teve alta cirúrgica, após 21 dias. (Fonte: Arquivo pessoal; FREITAS, A.G. 2008)
O diagnóstico definitivo foi obtido através do laudo histopatológico, apresentando
proliferação de células epiteliais de morfologia arredondada, arranjadas na forma de estruturas
acinares ou tubulares de morfologia alongada. O estroma de sustentação, bem desenvolvido e
vascularizado (Figuras 22 e 23). Há presença de alterações celulares de atipia (nucléolos
evidentes; pleomorfismo celular e nuclear; mitoses atípicas), que ocorrem em neoplasias
malignas, o que confirma, um quadro histopatológico característico de carcinoma mamário
complexo de graduação 1 (Figuras 24 e 25).
Fig. 22 e 23 - Fotomicrografia da região mamária (HE – 400xs) mostrando estruturas tubulares neoplásicas em
meio a estroma desmoplásico. (Fonte: REGO, A.M.S. 2008)
- 23
Fig. 24 e 25 - Fotomicrografia da região mamária (HE – 800xs) mostrando detalhes das fotos, especificamente
uma mitose atípica (explosiva) no centro. (Fonte: REGO, A.M.S. 2008)
Após alta cirúrgica, foi solicitado um retorno clínico para controle do animal, pois sabe-
se que, animal felino, com um quadro de carcinoma mamário, possui propensão à formação
de metástases futuras, principalmente para linfonodos regionais e pulmões. Após 3 meses de
cirurgia, animal retornou ao setor clínico cirúrgico do HOVET FMU, para realização de RX
controle, e pesquisa de metástase pulmonar, onde observamos aspectos radiográficos da
silhueta cardíaca e campos pulmonares dentro dos padrões da normalidade, afastando a
hipótese de metástase pulmonar.
- 24
CONCLUSÃO
A espécie felina possui uma forte predisposição ao desenvolvimento de lesões
mamárias quando é instituído o uso de contraceptivos a base de análogos sintéticos da
progesterona, como o acetato de medroxiprogesterona ou acetato de megestrol. São
substâncias contra indicadas, uma vez que pode desencadear conseqüências futuras, como a
ocorrência de hiperplasia fibroadenomatosa mamária felina.
Nos presentes relatos, verificamos que em casos de HFMF quando não há presença de
tecido necrótico, inflamado, ou infecções secundárias, torna-se possível a utilização do
fármaco aglepristone como um protocolo terapêutico dessa condição. No primeiro relato,
optou-se por realizar o aglepristone em 3 aplicações na dose de 15mg/kg, pois observou-se,
que o mesmo possui uma meia vida longa, durando em torno de 20 dias, sendo desnecessária
a utilização de mais aplicações. A HFMF é definida teoricamente como uma condição não
neoplásica, porém se não diagnosticada e tratada, pode adquirir um caráter emergencial e
maligno, originando um carcinoma mamário complexo, assim como no 2° relato citado.
A utilização do aglepristone torna-se possível quando o diagnostico é feito
precocemente, já que este antiprogestágeno demonstrou ser uma opção de tratamento segura,
eficaz, bem tolerada e com involução completa do tecido mamário.
- 25
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NOTAS INFORMATIVAS
ALIZIN®. VIRBAC, Saúde Animal. São Paulo, SP / Brasil.
REGO, A. M. S.; Pet Legal Diagnósticos. São Paulo, SP / Brasil