Revista 86 crea

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86 86 Janeiro/Março de 2011 ISSN 1517-8021 ATÉ QUANDO? A tragédia sem precedentes na Região Serrana traz à tona uma discussão sempre presente em situações graves, mas que rapidamente é esquecida pelo poder público: o que é possível fazer para que calamidades como esta não aconteçam mais? ESPECIAL

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Revista crea Março 2011

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8686 Janeiro/Março de 2011

ISSN 1517-8021

ATÉQUANDO?A tragédia sem precedentes na Região Serrana traz à tona uma discussão sempre presente em situações graves, mas que rapidamente é esquecida pelo poder público: o que é possível fazer para que calamidades como esta não aconteçam mais?

ESPECIAL

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Em meio ao caos na Região Serrana do Rio, há duas coisas que podem ser ditas sem preci-

pitações: já é uma das piores catástrofes do país, e muitos dos estragos causados pela tempestade que se abateu na região, no dia 11 de janeiro, po-deriam ser evitados ou amenizados.

A falta de planejamento urbano e a inexis-tência de uma estratégia de emergência – que incluiria não apenas equipamentos meteoroló-gicos adequados para previsão de tempestades e outras intempéries, mas uma comunicação ágil e eficiente entre os institutos de previsão do tempo com a Defesa Civil e demais órgãos pú-blicos – são os principais responsáveis pela gra-ve situação e a mortalidade elevada. Há poucos dias, a Austrália sofreu uma das piores enchentes dos últimos 50 anos, alagando a terceira maior cidade do país, de 2 milhões de habitantes, em uma área equivalente ao tamanho da África do Sul. Apesar do tamanho da tragédia, o número de mortes registradas não chegou a 20 pessoas e teve pouco mais de 90 desaparecidas.

A diferença está no fato de que, no distante país da Oceania, o plano de emergência funciona e a consideração pela vida humana se traduz em ações concretas. A subsecretária da ONU para Re-dução de Riscos de Desastres, Margareta Wahls-tröm, recentemente comparou os dois episódios e citou, em uma entrevista, ser básica a existên-cia de abrigos para onde a população possa ser evacuada e uma orientação eficiente para estas situações. A especialista citou ainda um estudo feito pelas Nações Unidas que diz que, para cada dólar investido em prevenção, cerca de US$ 7 são economizados em resgates e na reconstrução dos locais afetados.

O crescimento desordenado das cidades e a falta de uma política séria de habitação, que in-cluiria uma fiscalização rigorosa da ocupação de áreas de risco, também fazem com que seja cria-do, no Brasil, o cenário perfeito para a destruição que presenciamos. A população urbana no país cresceu de 26,3% para 81,2% entre a década de

1940 e o início do século XXI. Nesse período, o país passou por um processo intenso de urbani-zação, tendo que abrigar mais de 125 milhões de pessoas em suas cidades. E essa transição acon-teceu sem planejamento.

Moradias irregulares, despejo de lixo em en-costas e construções à margem de rios assorea-dos completam a equação mortal.

É preciso cobrar das autoridades públicas um plano amplo e perene nas áreas de habitação, sa-neamento básico, transporte, uso correto do solo e para situações de emergência, para que se deixe de contabilizar mortos.

Artigo publicado no Jornal O Globo em17/01/2011

ediToRiAl

É preciso cobrar!

Agostinho GuerreiroPresidente do CReA-RJ(www.agostinhoguerreiro.blogspot.com)

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sumárioRevista do Crea-RJ . Nº 86

Janeiro/Março de 2011

20CApA

A TRAGÉdiA NA ReGiÃo SeRRANAespecialistas recomendam mapeamento como ponto de partida para

evitar as catástrofes que vêm castigando o Rio de Janeiro todos os anos

7iNSTiTuCioNAldiA do PRoFiSSioNAlNa cerimônia, foi entregue o diploma de láurea ao Mérito 2010

10eCoNoMiA e MeRCAdoeNGeNHARiA eM AlTA Área tecnológica: mais oportunidadesdo que profissionais no mercado

36Meio AMBieNTeôNiBuS SuSTeNTÁVelAs ações para reduzir a quantidade de gases emitidos pelos ônibus no Rio

8iNSTiTuCioNAlPRÊMio Meio AMBieNTeemoção marca entrega da tradicional premiação

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18CAMpOeSTudoS SoBRe AVAliAÇÃo de RiSCoS NoS TRABAlHAdoReS RuRAiS SeRÃo oBRiGATÓRioS PARA ReGiSTRo de AGRoTÓXiCoS

CIDADEo CeNTRo de oPeRAÇÕeS Rio (CoR) É PRoJeTo PioNeiRo No PAÍS e VAi AJudAR NA oRGANiZAÇÃo dA CoPA do MuNdo 2014 e dAS oliMPÍAdAS 2016 34

INDÚSTRIA E INFRAESTRUTURACoMPRA de NoVoS TReNS Pelo MeTRô Rio GeRA PolÊMiCA. eSPeCiAliSTAS AFiRMAM Que AiNdA HÁ MuiTo o Que FAZeR PARA ReSolVeR PRoBleMAS 14

40CulTuRA e MeMÓRiAoBRA HiSTÓRiCAAlargamento da Avenida Atlântica,que mudou a cara de Copacabana,completa 40 anos

45ARTiGoo MeRCAdo PuBliCiTÁRioSaiba o que a publicidade tem a aprender com a engenharia aplicada às ideias

46iNSTiTuCioNAlViSToRiA NA CidAde do SAMBAComissão do Conselho apontou problemas na fiação e nas tomadas como possíveis causas do incêndio

Presidenteengenheiro Agrônomo

Agostinho Guerreiro

diretoria1º Vice-Presidente

engenheiro eletricista e Técnico em eletrotécnica Clayton Guimarães do Vabo

2º Vice-Presidenteengenheiro Civil e de Segurança do Trabalho

Sergio Niskier

1º diretor-Administrativoeng. Metalúrgico e de Segurança do Trabalho

Rockfeller Maciel Peçanha

2ª diretora-AdministrativaMeteorologista

Francisca Maria Alves Pinheiro

3º diretor-AdministrativoTécnico em eletrotécnica

Sirney Braga

1º diretor-Financeiroengenheiro eletricista

Antonio Claudio Santa Rosa Miranda

2º diretor-FinanceiroTécnico em eletrônica, eng. eletricista – Ênfase em

Computação e de Segurança do Trabalho Ricardo Do Nascimento Alves

3º diretor-Financeiroeng. eletricista, de Segurança do Trabalho e

Técnico em eletrotécnicaJosé Amaro Barcelos Lima

CoMiSSÃo ediToRiAl - CeCoordenador

eng. eletricista-industrial eletrotécnica e de operação eletricidade

Alcebíades Fonseca

Coordenador-Adjuntoeng. Agrônomo

Luiz Rodrigues Freire

Membroseng. Mecânico

Oduvaldo Siqueira Arnaudeng. eletricista e Técnico em eletrotécnica Clayton Guimarães do Vabo

Meteorologista Francisca Alves Pinheiro

Suplenteseng. Metalúrgico e de Segurança do Trabalho

Rockfeller Maciel Peçanha; engª elétrica Lusia Maria De Oliveira;Técnico em eletrônica e engenheiro eletricista

Ricardo do Nascimento Alves; Arquiteto e urbanistaPaulo Oscar Saad;

Técnico em Agropecuária

Adriano Martins Carneiro Lopes

assessoria de Marketing e Comunicação

Assessor Chefe alex CamposAssessora Maria dolores Bahia

editor Coryntho Baldez (MT. 25.489)Colaboradores Joceli Frias, Vera Monteiro,

Uallace Lima e aline Martinsestagiária: nathália ronfini

Reportagem Monte Castelo: dânae Mazzini, Helena roballo, Joana algebaile,

Maíra amorim e natália soaresProjeto gráfico Paula Barrenne

diagramação trama Criações de arteilustração Claudio duarteimpressão Gráfica esdeva

Tiragem 140 mil exemplaresPublicidade: (21) 3232-4600

Rua Buenos Aires, 40 – Centro – RJwww.crea-rj.org.br

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cartas

Sua opinião é muito importante. Acompanhe as ações do Crea-RJ e envie ideias, sugestões ou críticas para o e-mail [email protected]

Revista do

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Falta de Profissionais

Técnicos de Nível Médioem primeiro lugar, quero parabenizar a equipe responsá-vel pelas matérias que vêm sendo publicadas nesta Revista. Mas o que quero é deixar clara a minha preocupação com a dificuldade na área Técnica, pois estamos diante de duas realidades. em primeiro lugar temos que formar técnicos com base, que começa no estágio; em segundo lugar, dar espaço aos “velhos”, porque os mesmos precisam interagir com os jovens e passar para eles a experiência adquirida ao longo dos anos.

Luiz Fernando FigueiredoTécnico industrial

Cursos de engenhariaGostaria de manifestar a exatidão do diagnóstico sobre os cursos de engenharia na matéria da dânae Mazzini, publicada na edição 84 da Revista do CReA-RJ. Graduei-me em 2000 pela uFRJ em engenharia mecânica e absolutamente todos os proble-mas encontrados por mim e pelos meus colegas estão retratados na reportagem.

Fico muito feliz que haja uma mobilização para a modificação da grade curri-cular dos cursos e torço para que os mesmos tornem-se mais atrativos e ade-quados às necessidades do mercado.

Fabiano Coradiniengenheiro Mecânico

Temos visto constantemente na imprensa, em geral, matérias dando conta de uma suposta falta de profissionais, como ocor-reu em duas matérias publicadas na Revista 84 do CReA-RJ. Se assim fosse, veríamos os classificados abarrotados de anún-cios solicitando esses profissionais, o que não ocorre. Tenho 25 anos de experiência e respondido a alguns anúncios que aparecem aqui e ali, porém sem retorno. Peço que informem

onde estão os anúncios solicitando todos esses profissionais que estariam faltando. Tenho a impressão de que o que que-rem dizer é: “faltam profissionais bons e de baixo custo”. esses, porém faltarão sempre...

Marcos M. NascimentoTécnico em eletrotécnica

85 Novembro/Dezembro de 2010ISSN 1517-8021

Formar pro� ssionais quali� cados

para os investimentos que se

anunciam no pré-sal e nos

grandes eventos esportivos é o

“bom problema” que o Brasil terá

que resolver nos próximos anos

OPORTUNIDADES

A ERA DAS

CREA-RJ presta homenagem a Oscar Niemeyer

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Para celebrar o Dia do Profissio-nal do Sistema Confea/Crea (11

de dezembro), o CREA-RJ prestou homenagem aos profissionais e às instituições que mais se destacaram por suas contribuições ao meio am-biente e ao Conselho. Em 2010, du-rante a cerimônia solene comemo-rativa da data, realizada na sede do CREA-RJ, no dia 13 de dezembro, foram entregues o Diploma de Láu-rea ao Mérito 2010, certificados de função exercida de serviços meritó-rios prestados à nação e de serviços relevantes, além do Prêmio CREA de Meio Ambiente 2010. Ao todo, fo-ram homenageados 61 profissionais e duas instituições, em parceria.

A premiação foi marcada pelo reencontro de colegas de longa data, reconhecimento mais que de-vido de méritos e gratas surpresas. “Como meteorologista, fui prepara-do para fazer previsões. Mas agora, percebi que errei, pois nunca pode-ria imaginar que ganharia esse prê-mio”, emocionou-se José Marques, ao receber seu Diploma de Láurea ao Mérito.

Durante a abertura do evento, o presidente do CREA-RJ, Agostinho Guerreiro, lembrou das dificulda-des passadas pelos profissionais das áreas tecnológicas nos anos 1980 e 1990 e a mudança desse quadro nos últimos anos. “Naquele tempo, era

muito difícil para nós, profissionais, vermos tantos colegas atuarem em áreas absolutamente diferentes das que foram formados. Mas, felizmen-te, estamos vivendo num outro cená-rio. Agora recebemos demanda de dentro e de fora do estado. E, assim como fomos vítimas dessa econo-mia, que durante duas décadas não cresceu, hoje somos os atores sociais do desenvolvimento do país”.

Também fizeram parte da mesa do eventoos à época vice-presidente Luiz Antônio Cosenza; diretora Sônia Le Cocq; diretor Alcebíades Fonseca; e coordenador da Comissão de Meio Ambiente, Sérgio Velho. (Nathália Ronfini) •

Dia do Profissionaldo Sistema Confea/Crea

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emoção na entrega do

Prêmio CREA-RJ de Meio Ambiente

Muitas vezes, cuidar do meio ambiente ainda é uma luta

solitária de alguns cidadãos ou pe-quenos grupos. Embora essa seja uma questão cada vez mais discuti-da, ainda são poucos os que fazem muito em prol da preservação. Para reconhecer os profissionais e instituições que mais se destacaram por zelar por essa causa, o CREA-RJ oferece, anualmente, o Prêmio CREA de Meio Ambiente. Em 13 de dezembro 2010, durante a co-memoração do Dia do Profissional do Sistema Confea/Crea, na sede

do Conselho, foram homenageados quatro profissionais e duas institui-ções parceiras.

LUTA HISTÓRICAAo receber seu prêmio, o enge-

nheiro agrônomo Alceo Magnanini emocionou os presentes com o tes-temunho de que a preservação do meio ambiente merece a dedicação de uma vida inteira.

“Eu acredito que nós precisa-mos do meio ambiente, mas o meio ambiente não precisa de nós. Estou com 85 anos, mas ainda quero con-

tribuir com essa causa”, declarou Magnanini.

OUTROS HOMENAGEADOSAlém de Alceo Magnanini, tam-

bém foram agraciados o geógrafo Antônio José Teixeira Guerra; o enge-nheiro químico Odir Clécio da Cruz Roque; a parceria entre a Comissão Pastoral da Terra (Baixada Flumi-nense) e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) de Nova Iguaçu; e, em homenagem póstuma, o engenheiro eletricista Ro-vani Souza Dantas. (Nathália Ronfini) •

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Alceo Magnanini

Alceo Magnanini é engenheiro Agrôno-mo, graduado, em 1948, pela antiga escola Nacional de Agronomia, atual universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (uFRRJ).

especialista em “ecologia e Conser-vação da Natureza”, tem efetuado, nume-rosas pesquisas e atividades educacionais e é autor de diversos livros e artigos sobre ecologia.

Recebeu homenagens e prêmios por sua expressiva contribuição na área do meio ambiente e representou oficial-mente o Brasil em congressos nacionais ou internacionais.

Antonio José Teixeira Guerra

Antonio José Teixeira Guerra é Geó-grafo, com bacharelado e mestrado em Geografia, pela universidade Federal do Rio de Janeiro, e doutorado em erosão do Solo, pela universidade de londres, e pós-doutorado, pela universidade de oxford.

Tem experiência na área de Geoci-ências, com ênfase em Geomorfologia. Trabalhou no instituto Brasileiro de Geo-grafia e estatística (iBGe) e em várias uni-versidades de grande porte. Atualmente é professor da universidade Federal do Rio de Janeiro (uFRJ).

Recebeu premiações e títulos de instituições nacionais e estrangeiras. Par-ticipou de vários projetos de preservação e recuperação ambiental e atualizou o dicionário Geológico-Geomorfológico, de Antônio Teixeira Guerra.

Odir Clécio da Cruz Roque

odir Clécio da Cruz Roque é enge-nheiro Químico, e também professor e pesquisador, desde 1973, na Área de en-genharia Sanitária e Ambiental em cursos de pós-graduação na Fundação oswaldo Cruz e nos cursos de graduação e pós, na Faculdade de engenharia da universidade do estado do Rio de Janeiro (uerj).

Na área de pesquisa, desenvolveu pro-cessos de tratamento de esgotos e possui a primeira patente internacional da Fiocruz, justamente em engenharia sanitária.

durante toda a sua trajetória profis-sional, buscou processos e projetos de baixo custo em tratamento de esgotos, redes e operação, de forma que municí-pios e cidades pudessem obter melhoria de qualidade de vida.

Rovani Souza Dantas (Post Mortem)

Rovani Souza dantas foi um gran-de ambientalista, com experiência em

monitoramento, fiscalização, gestão e controle Ambiental. era engenheiro elé-trico, com ênfase em eletrônica de Tele-comunicações, e pós-graduado em Ges-tão Ambiental.

Participou ativamente do Consórcio in-termunicipal da Macro-região Ambiental 5 - MRA5-RJ. Foi membro de vários conselhos e comissões municipais de Rio das ostras com vistas na preservação ambiental e bem estar social. Participou também como membro do Conselho estadual de Meio Ambiente (Conema), do Conselho estadual de Recur-sos Hídricos (CeRHi-RJ), da Câmara Técnica institucional e legal do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Macaé, entre outros. Na entrega do Prêmio, Rovani foi representado pela sua viúva, Bianca Carvalho Rovani.

Comissão Pastoral da Terra (Baixada Fluminense) e Emater de Nova Iguaçu

Juntas, Comissão Pastoral da Terra (Baixada Fluminense) e emater de Nova iguaçu realizam qualificação de comuni-dades rurais para a produção agro-eco-lógica em regiões no entorno de áreas de proteção ambiental.

entre suas ações, destacam-se a adoção de práticas conservacionistas, a restrição ao uso de agrotóxicos na pro-dução rural, a qualificação comunitária e a educação ambiental.

o projeto “escolinha de Agroecologia de Nova iguaçu”, coordenado por esses parceiros, estimula práticas que trazem efetivas melhorias nas áreas ambiental e social e na economia local. o Projeto rece-beu o Prêmio Baixada 2009.

CONhEçA OS AGRACIADOS

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10 economia e mercado

engenharia em altaCom grandes investimentos em infraestrutura

nos últimos anos, diversos setores relacionados à área tecnológica estão abrindo mais

oportunidades do que formando profissionais.

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economia e mercado

A escassez de profissionais das diversas áreas da engenharia

tem provocado uma grande mu-dança no perfil dos profissionais e na forma como as empresas contra-tam seus funcionários. Se antes a disputa por uma vaga nas grandes companhias era acirrada, hoje são as empresas que estão na briga pela preferência dos novos engenheiros. Por conta disso, é cada vez mais co-mum a busca por talentos dentro das universidades e a contratação de recém-formados com bons ní-veis salariais.

Segundo o diretor da Poli-USP, José Roberto Cardoso, em 2000, um recém-formado ganhava 1,5 mil reais, “agora, programas de trai-nee chegam a pagar 4,5 mil reais a engenheiros”, afirma. Para o vice-presidente do Sindicato dos Meta-lúrgicos de Niterói, Edson Carlos Rocha da Silva, a escassez de mão de obra no mercado está afetando diretamente as empresas do setor naval, que estão contratando pro-fissionais que saem dos cursos de Engenharia Mecânica e Naval com ótimos salários.

O último levantamento sala-rial da Catho Online, com base em

outubro de 2010, mostra que oito áreas de engenharia estão entre as dez profissões com maior aumen-to salarial no ano. A engenharia Geológica e Cartográfica lidera os aumentos, com 17,6%, seguida de Mecatrônica (14,5%) e de Civil, Qualidade, de Obras, Naval, Minas e Meio Ambiente, todas com mais de 11% de aumento salarial. A pes-quisa também identifica os setores da economia que pagam salários acima da média nacional. Os dois primeiros estão ligados à indústria petrolífera nas áreas de Mineração e Extração, com 32,3% acima da média, e de Refinarias, 24%.

DEMANDA NA ENGENHARIA NAVALA forte demanda por profissio-

nais de engenharia se deve ao atual momento vivido pelo Brasil, com fortes investimentos em infraestru-tura – especialmente por conta de Copa de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016, que serão realizados no país -, e na indústria petrolífera. Na Pe-trobras, por exemplo, segundo a ge-rente de Planejamento de Recursos Humanos, Mariângela Santos Mun-dim, os segmentos que mais necessi-tam de profissionais atualmente são

Engenharia de Equipamentos, Pro-dução e Química, Geo logia, Geoquí-mica, Química, além de Técnico In-dustrial e Mecânico. Mas ela destaca a área que mais sofre com a escassez de mão de obra: “Por muitos anos, a engenharia naval morreu para o Brasil e deixou de ser uma área atra-tiva para quem estava se formando na profissão, o que resultou no ce-nário que vemos hoje. Daqui para frente, o mercado vai precisar muito de engenheiros navais”, diz.

O engenheiro naval Rodrigo Ba-tista Alberto, recém-contratado pela Petrobras, faz parte do seleto grupo de profissionais que concluíram o curso de engenharia naval. “Na épo-ca do vestibular procurei entender o perfil dos cursos ligados à engenha-ria e me identifiquei muito com a naval. Achei que era uma área pro-missora. Acho que a universidade é um dos momentos mais difíceis, principalmente no início. A turma começa com uns 25 alunos e, no fi-nal, só poucos se formam. Eu optei por fazer estágio apenas no último semestre para me dedicar à faculda-de”, conta o engenheiro de 26 anos, que se formou em 2008 pela UFRJ Rodrigo Batista: “Assim que me formei tive a oportunidade de ser efetivado”.

André Cyriaco

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e foi contratado pela Petrobras em setembro de 2010.

“Eu fazia estágio e, logo assim que me formei, me senti bastante valorizado, porque tive a oportuni-dade de ser efetivado. Acabei indo para outra empresa, onde trabalhei por um ano e meio fazendo ancora-gem de plataforma. Depois prestei concurso para a Petrobras, onde es-tou como Engenheiro Jr. Nessa área são muitas as oportunidades, mas não dá para se acomodar, pois é pre-ciso se dedicar e se atualizar cons-tantemente. A área ainda vai crescer muito porque cada vez mais estão descobrindo petróleo em águas pro-fundas, o que vai exigir profissionais interessados em desafios”, opina.

ENGENHARIA CIVIL VALORIZADAOutra área que tem demanda-

do um grande volume de mão de obra qualificada é a engenharia ci-vil. De acordo com informações do Caged, divulgadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego, de janeiro a outubro de 2010, o emprego for-mal na construção nacional cresceu 15,10%, com geração de mais de 300 mil vagas no período.

Segundo registros da Base de Dados do Sistema de Informações do Confea, atualmente há 712.418 engenheiros no Brasil. Desse to-tal, 169.019 são engenheiros civis. Segundo o presidente do Confea e vice-presidente do Conselho Mun-dial de Engenheiros Civis (WCCE), Marcos Túlio de Melo, cerca de 32 mil engenheiros, de todas as modali-dades, se formam por ano no Brasil, mas se o ritmo de crescimento per-manecer como está, será necessário formar o dobro de engenheiros (60 mil por ano).

Com a escassez, as empresas oferecem salários cada vez mais ele-

vados. Atualmente, segundo infor-mações do Confea, o salário médio de um recém-formado em engenha-ria é de R$ 6 mil e de um especialis-ta sênior em gerenciar projetos na área varia de R$ 25 mil a R$ 30 mil, e existe grande disputa no mercado por esses profissionais.

A João Fortes Engenharia é uma das empresas que está na disputa por talentos na engenharia civil, área onde mais recruta profissionais, e tem encontrado nos recém-forma-

dos a solução para a falta de mão de obra. “Nos últimos 12 meses, contra-tamos sete profissionais que tinham acabado de se formar e já estavam na empresa como estagiários. Bus-camos engenheiros que queiram fazer carreira na empresa. O processo de construção civil é longo e por isso não adianta o profissional ter tempo de formado e não ter participa-do de algumas obras em todas as fases. Tal experiência só se ad-quire com a vivência. E já que profissionais com essas características nor-malmente já estão empre-gados, muitas vezes temos

que investir em formar nossos es-tagiários para, quando se tornarem engenheiros, já possuírem a identi-dade da empresa”, conta Aline Bar-ros, engenheira e gerente de Gente e Gestão da João Fortes.

DRIBLANDO A ESCASSEZPara lidar com a falta de enge-

nheiros no mercado de trabalho, as empresas têm buscado diversas soluções para que essa nova reali-dade não seja um obstáculo para o próprio crescimento. “Nosso de-sejo é não contratar ou contratar cada vez menos profissionais de fora da empresa. Para isso, inves-timos no nosso Programa de Está-gio. Outra ação é realizar palestras em universidades que possuem os cursos que mais necessitamos aqui, entre eles, engenharia civil. Em 2010, realizamos oito pales-tras e, este ano, queremos realizar um total de 12. Além disso, nos-sos funcionários nos ajudam com indicações. Somente quando não conseguimos um candidato inter-namente, partimos para uma con-sultoria para fechamento de uma vaga”, explica Aline Barros.

economia e mercado

acabado de se formar e já estavam na empresa como estagiários. Bus-camos engenheiros que queiram fazer carreira na empresa. O processo de construção civil

malmente já estão empre-gados, muitas vezes temos

“de janeiro a outubro de 2010, o emprego formal na construção nacional cresceu 15,10%, de acordo com o Ministério do Trabalho”

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As empresas também têm enfrentado outro problema: a qualidade dos engenheiros que compõem o seu quadro. Pes-quisa encomendada ao Ibope pela Amcham (Câmara Ameri-cana de Comércio), em 2010, mostrou a opinião das empresas sobre a qualidade da formação dos engenheiros brasileiros. Segundo o levantamento, realizado junto a 211 associadas da entidade, a média das respostas sobre a qualidade da mão de obra formada em relação às necessidades do mercado foi de 4,9 pontos, sendo que 41% dos entrevistados consideraram a formação totalmente inadequada. Outros 52% classificaram a formação dos engenheiros como adequada.

“Como o Brasil não se preparou para este momento, os profissionais não possuem conteúdo pratico. há mui-tos recém-formados que não participaram nem mesmo de uma obra do início ao fim. Esses profissionais não possuem bagagem para lidar com os problemas do dia a dia de uma obra e, por isso, seu superior acaba descendo, ou seja, o gerente passa a lidar com problemas operacionais que não fazem parte do escopo de uma função gerencial”, opina a gerente de Gente e Gestão da João Fortes Engenharia, Ali-ne Barros.

Maiores interessadas em ter profissionais bem forma-dos, as empresas começam a fazer sua parte. “Para os enge-nheiros que já estão conosco, buscamos capacitá-los por meio de cursos de pequena duração, treinamentos on the job, reuniões periódicas para dar feedback e acompanha-mento no dia a dia do superior imediato”, diz Aline.

A Petrobras é uma das empresas que mais investem em capacitação no mundo. Segundo a gerente de Planejamento de Recursos humanos, Mariângela Mundim, o programa de treinamento para os recém-contratados é obrigatório, já que a admissão é feita através de concurso público. “Como a Petro-bras não pode ir ao mercado contratar, recebemos grupos bas-tante heterogêneos. A prova só mostra a competência técnica dos profissionais, por isso é necessário um forte programa de desenvolvimento de pessoas”, opina.

Para desenvolver o seu pessoal e suprir a carência de mão de obra especializada para a instalação da indústria de petróleo no país, a empresa criou a Universidade Petrobras, principal órgão para treinamento e desenvolvimento dos talentos e competências necessárias e que recebe, todos os dias, em seus três campi – Rio de Janeiro, São Paulo e Salva-dor –, cerca de mil pessoas para serem treinadas.

“Todas as pessoas que são admitidas pela empresa passam por um programa de treinamento em nossa universidade com duração de 13 meses, período em que transmitimos os valores da companhia e oferecemos cursos de especialização na nossa área de atuação. Outra vertente da Universidade Petrobras são os programas de educação continuada, nos quais os funcioná-rios voltam a se reciclar. Oferecemos, em média, 130 horas de treinamento ao ano por funcionário. Além disso, ainda inves-timos em cursos nacionais e internacionais de especialização e mestrado ou doutorado quando os mesmos não podem ser oferecidos por nossa instituição”, conta a gerente da empresa.

EMPRESAS INVESTEM EM FORMAçãO COMPLEMENTAR

Mesmo ainda sem sofrer com a falta de engenheiros no mercado, a Petrobras também tem investido para ampliar cada vez mais o seu leque de profissionais. “Oferece-mos o Programa de Formação de Recursos Humanos, que tem como objetivo ampliar e fortalecer a for-mação de recursos humanos volta-dos ao atendimento da demanda por profissionais qualificados na indústria de petróleo, gás, energia e biocombustíveis, por meio da concessão de Bolsas e Taxa de Ban-cada. E ainda temos o Prominp,

que tem como uma das principais rotas de atuação a qualificação profissional no setor de petróleo e gás através de parcerias e cursos especializados oferecidos para pro-fissionais em todo o Brasil”, conta Mariângela Mundim.

As entidades de classe ligadas à engenharia também têm entrado no circuito para evitar um apagão de engenheiros nos próximos anos. A Federação Nacional de Engenhei-ros (FNE), por exemplo, produziu o vídeo “Mais engenheiros para construir o Brasil”, que traz infor-

mações sobre cinco grandes áreas – civil, elétrica, mecânica, química e agronomia. A apresentação inclui, em cerca de 20 minutos, entrevis-tas com graduandos, profissionais bem colocados no mercado e pro-fessores experientes falando sobre as atribuições em cada modalida-de, o ensino e perspectivas profis-sionais. Tendo como público-alvo os estudantes do segundo grau, que estão escolhendo a carreira que irão abraçar, a ideia é incen-tivá-los a optar pela engenharia. (Dânae Mazzini) •

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14 indústria e infraestrutura

A polêmica dosnovos trensMetrô investe em alta tecnologia para solucionar velhos problemas, mas especialistas afirmam que ainda há muito o que fazer

Alvo de muitas críticas entre os usuários nos últimos meses, o

Metrô Rio deu o primeiro passo para cumprir a meta de investir R$ 1,15 bi-lhão na melhoria e ampliação dos seus serviços, compromisso firmado com o Governo do Estado desde a mudança dos termos de concessão, em 2007. Boa parte desse investimento – R$ 320 milhões – concentra-se na compra de 19 novos trens, num total de 114 car-ros, que promete aumentar em 63% a capacidade atual do transporte.

Os primeiros beneficiados com o início da operação dos novos trens, previstos para chegar em outubro de 2011, seriam os passageiros da linha 2 (Pavuna-Botafogo).

TEMPO DE ESPERA

A previsão do Metrô Rio é de que o intervalo de espera entre as estações Central e Botafogo, tre-cho de maior carregamento do sistema, seja reduzido para apenas dois minutos.

“É a primeira vez que se com-pra trens novos para o Metrô des-de o início da sua operação, em 1978. Eles começam a chegar em 2011. Os carros terão ar-condicio-nado adequado às condições da nossa cidade, mais espaço inter-no, maior rapidez nas viagens e reduzirão o tempo de espera nas plataformas. Eles serão usados na Linha 2 porque o ar-condicionado dessas novas composições está adaptado para circular na super-

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fície e os atuais foram projetados só para andar no túnel. Por isso, temos tantos problemas de refri-geração no verão, com esse calor fora do comum”, disse o presiden-te do Metrô Rio, José Gustavo de Souza Costa, em entrevista ao Jor-nal Metrô Rio Informa.

Apesar das promessas de me-lhoria no serviço oferecido, es-pecialistas na área de transporte advertem que os novos trens não serão suficientes para ampliar a capacidade atual e oferecer mais conforto aos usuários. “Estudos realizados por especialistas indi-cam que o tempo de espera nas plataformas não pode ser reduzi-do enquanto a linha 1A estiver em funcionamento. Sem a redução dos intervalos, não será possível aumentar a capacidade atual do metrô, mesmo com a chegada das novas composições”, explica o en-genheiro Alcebíades Fonseca, con-selheiro do CREA-RJ e Chefe da

Divisão Técnica de Transportes e Logística do Clube de Engenha-ria. Ele disse ainda que, tendo em vista que a discussão sobre o pla-nejamento e a adequação técnica do projeto dos novos carros não contou com a experiência do qua-dro de técnicos do antigo Metrô, “provavelmente o cronograma de

chegada dos novos trens deverá sofrer atrasos”.

LINHA CONGELADA?Ex-diretor de Planejamento e

Projetos do Metrô durante sua fase de implantação, o professor e doutor em engenharia do transporte, Fernando Mac Dowell, também compartilha

indústria e infraestrutura

Os novos trens do Metrô Rio foram produzidos pela fá-brica chinesa Changchung Railway Vehicles (CRC), fundada em 1954, que também está produzindo carros para os me-trôs de Sydney, na Austrália, e de Beijing (Pequim), na China. Desde 1995, a CRC já exportou cerca de 3.000 composições para países como Irã, Tailândia, Arábia Saudita, Paquistão, Nova Zelândia, Argentina, entre outros.

A montagem das novas composições será na sede da CRC, em Changchun, cidade industrial a 700 quilômetros de Pequim. A empresa chinesa será responsável ainda pela fa-bricação da carroceria e do truque – onde se localizam rodas

e motor. O motor de tração será feito pela japonesa Mitsu-bishi Electric (Melco), o sistema de ar-condicionado é da Aus-trália, o sistema de portas será da austríaca IFE, e o sistema de freios da Knorr-Bremse, da Alemanha.

Para atender à demanda do Metrô Rio, a CRC construiu uma via com as mesmas características da existente no me-trô carioca para a realização dos testes dos trens. hoje, a fá-brica tem capacidade para produzir 1.500 vagões por ano, mas está duplicando seu parque industrial para melhor atender às encomendas.

Fonte: Metrô Rio Informa – Setembro/2010

iNFoRMAÇÕeS TÉCNiCAS

imagem: Metrô Rio informa – Setembro/2010

interior dos novos carros que o Metrô Rio está comprando de uma fábrica chinesa.

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da mesma opinião. “A proposta da Linha 1A carece de visão sistêmica dos transportes, pois congela toda a Linha 2 com intervalo de 4 min entre trens de apenas 6 carros, que corres-ponde à capacidade 18 mil passagei-ros/hora, considerando 4 passagei-ros/m², contra o projeto original de trem de até 8 carros com intervalo de até 100 segundos, que corresponde à capacidade de escoamento de 60 mil passageiros/hora. Assim, o Rio perde o principal sistema de transporte de massa”, defende.

O engenheiro diz ainda que a cria-ção da linha 1A evita a possibilidade de dar continuidade a um dos trechos mais importantes do metrô: Estácio – Carioca – Praça XV, com extensão para São Gonçalo e depois por aero-móvel até o Comperj. “Uma pesquisa feita entre os usuários mostrou que o destino da maioria deles é a estação

da Carioca, por isso, esse trecho con-seguiria desafogar as outras estações. Com a quantidade de novos carros que foram comprados conseguiría-mos voltar ao sistema antigo, sem a linha 1A, e ainda dar início ao projeto do novo trecho, que já tinha sido pla-nejado”, opina Mac Dowell.

PRÓS E CONTRASO projeto dos novos trens,

que começam a chegar a partir do segundo semestre deste ano, foi desenvolvido em parceria com a MTR, empresa operadora do metrô de Hong Kong (China), referência mundial em transporte metroviário. E a fábrica encarregada de produzir as composições, a Changchun Rai-lway Vehicles (CRC), localizada na província de Changchun, na China, fornece trens para Canadá, Austrá-lia, Paquistão, Nova Zelândia, entre muitos outros países.

Segundo Mac Dowell, os novos trens são veículos do tipo reboque, ou seja, não possuem motor nos vagões. “Os atuais carros do metrô são tracionados, têm todos os eixos com tração. Os veículos tipo rebo-que são mais baratos, mas possuem uma capacidade reduzida para subir e descer rampas, de apenas 1,5%. E podem ter seu desempenho alterado em caso de lotação dos vagões”, diz.

CARROS INTERLIGADOSSegundo o Metrô Rio, as no-

vas composições reúnem o que há de mais moderno em tecnologia e têm como objetivo proporcionar ao usuário mais conforto e rapidez nas viagens. O sistema de climatização é

fabricado pela australiana Sigma e vai refrigerar o interior das composi-ções com capacidade 33% superior à existente atualmente. A temperatu-ra média dentro dos vagões será de 23 graus, impulsionados por 336 mil BTUs, o equivalente a 33 aparelhos de ar-condicionado de 10.000 BTUs ligados ao mesmo tempo em cada composição.

No interior das composições não haverá porta separando os carros, que serão interligados por sanfonas, permitindo ao passageiro trocar de carro. Cada vagão terá 36 assentos em vez dos atuais 48, mas, segundo o Metrô Rio, haverá muito mais espaço interno para os passageiros. As barras para apoio em pé terão nova distri-buição e os novos trens contarão com pega-mãos para aumentar a seguran-ça do usuário de baixa estatura.

REDUÇAÕ DE ASSENTOSO engenheiro Alcebíades Fon-

seca considera que a redução de assentos dos novos trens vai causar mais desconforto para os passagei-ros. “Uma das novidades das novas composições é eliminar 25% dos as-sentos. Essa é mais uma política ado-tada pela empresa para maximizar o rendimento e minimizar o conforto dos usuários”, afirma.

Mac Dowell concorda. “A dimi-nuição no número de assentos dos novos trens só tem como objetivo au-mentar ainda mais a quantidade de passageiros por metro quadrado no interior dos vagões. Atualmente, em horário de grande movimentação, o metrô conta com até oito passageiros por metro quadrado. Além disso, o

André Cyriaco

Alcebíades Fonseca: “o antigo quadro técnico não tem participado das decisões da direção do Metrô Rio”.

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Além dos problemas vivenciados diariamente pelos usuários, como trens superlotados, longa espera nas plataformas, falha no sistema de refri-geração e excesso de paradas inespe-radas ao longo dos percursos, o Metrô Rio possui outras fragilidades graves que, segundo especialistas, devem ser superadas com urgência.

Fernando Mac Dowell defende que um dos maiores problemas do metrô atualmente é o sistema de ventilação nas estações. “Falta um sistema automático, ou seja, que é ca-paz de afastar a fumaça das pessoas,

quando há um caso de incêndio. No nosso projeto inicial existia um siste-ma para proteger a população, mas hoje não sei como está isso. Quando vi que foram colocados ventiladores nas estações, fiquei na dúvida sobre a conclusão de todo o projeto”, diz.

Outro problema, segundo o en-genheiro, é a fragilidade do metrô em relação às quedas de energia no Rio de Janeiro. “O metrô só deveria parar de funcionar no caso de um blackout na cidade, mas, atualmente, está parando com qualquer pequena falta de luz”, conta.

SoluÇÕeS uRGeNTeS

Rio de Janeiro tem hoje uma popu-lação idosa, especialmente em Copa-cabana, que tem a necessidade de um número maior de assentos. Quando deixamos de oferecer conforto no in-terior do trem, passamos a criar um custo social”, opina Mac Dowell.

O engenheiro sustenta que ain-da faltam informações mais técnicas sobre a aquisição dos novos trens para que seja feita uma avaliação mais completa da sua eficácia. “Até hoje, eles não conseguiram me res-ponder a todas as questões que le-vantei. Não sabemos ainda quantas portas esses trens terão, qual serão o tamanho delas, qual o peso desse carro e, principalmente, como é a curva de desempenho dele”, ques-tiona. (Dânae Mazzini) •

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Novas exigências para registro de

produtos agrotóxicos

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O Brasil é o país que mais utiliza agrotóxicos no mundo. Apenas

no primeiro quadrimestre de 2010, foram aplicados 5,5 milhões de to-neladas de produtos sintéticos nas lavouras brasileiras, o que correspon-de a 7,8% a mais que o consumo no mesmo período de 2009.

No país, são liberados, inclusive, produtos já banidos de uso em cultivos na maioria dos países desenvolvidos. Segundo a Agência Nacional de Vigi-lância Sanitária (Anvisa), a agricultura brasileira usa cerca de dez agrotóxicos proibidos na União Européia e nos Estados Unidos. No total, 14 insumos agrícolas precisam ser submetidos à reavaliação.

Por esse motivo, no dia 28/01/2011, uma consulta pública foi aberta pela Agência Nacional de Vigilância Sa-nitária (Anvisa). Segundo a Anvisa, a apresentação de estudos sobre avalia-ção de riscos nos trabalhadores rurais será requisito obrigatório para registro de agrotóxicos no Brasil.

AVALIAÇÃO DO RISCOA avaliação do risco é um proce-

dimento mais sensível e acurado que permite analisar possíveis efeitos dos agrotóxicos na saúde. Apesar de já ana-lisarmos a toxicidade das substâncias presentes nos agrotóxicos, a avaliação do risco possibilitará reduzir ainda mais os agravos indesejados associa-dos à exposição da população a esses produtos, explica o diretor da Anvisa, Agenor Álvares. Os agrotóxicos que causam mutações genéticas, câncer, alterações fetais e danos reprodutivos continuarão impedidos de registro, conforme determinado pela Lei.

Outra novidade proposta é que os estudos apresentados pelas empre-sas para que a Agência realize análise toxicológica dos agrotóxicos sejam conduzidos em laboratórios com cer-tificação de Boas Práticas Laborato-riais (BPL). Essa ação permitirá maior segurança quanto à credibilidade dos estudos apresentados e maior ras-treabilidade dos resultados, além de uniformizar nosso trabalho com o do Ibama, que já efetua essa exigência, afirma Álvares. Além disso, harmoni-za a documentação de avaliações toxi-cológicas com o que já era solicitado para os estudos de resíduos de agrotó-xicos em alimentos, de acordo com a resolução da Anvisa de 2006.

A consulta pública atualiza, ainda, os estudos que devem ser apresenta-dos pelas empresas para obtenção de avaliação toxicológica de agrotóxicos e produtos técnicos. Os critérios de classificação toxicológica dos produtos também foram revisados. Para Álva-res, a nova proposta permite ao Brasil estar alinhado às normas internacio-nais mais atualizadas para avaliação de agrotóxicos e produtos técnicos.

REGISTRO DE AGROTÓXICOSNo Brasil, o registro de agrotó-

xicos é realizado pelo Ministério da Agricultura, órgão que analisa a eficá-cia agronômica desses produtos. Po-rém, a anuência da Anvisa e do Iba-ma é requisito obrigatório para que o agrotóxico possa ser registrado.

A Anvisa realiza avaliação toxico-lógica dos produtos quanto ao impac-to na saúde da população. Já o Ibama observa os riscos que essas substân-cias oferecem ao meio ambiente.

A Consulta Pública 02/2011 propõe uma atualização da Portaria 03/1992 do Ministério da Saúde. A proposta é resultado de dois anos de trabalho da Agência e foi aprovada na Agenda Regulatória de 2009, ins-trumento que expõe os temas consi-derados pela Anvisa como prioritários para regulação.

Sugestões para Consulta Pública 02/2011 deverão ser encaminhadas por escrito, no prazo de 60 dias, para o endereço: Agência Nacional de Vi-gilância Sanitária, SIA, Trecho 5, Área Especial 57, Bloco D – subsolo, Brasí-lia/DF, CEP 71.205-050; por Fax 61-3462-5726; ou para o e-mail: [email protected] sobre a proposta.

A Câmara de Agronomia do CREA-RJ, por sua vez, vem pautando constantemente discussões e ações so-bre agrotóxicos, direcionadas para o aperfeiçoamento do receituário agro-nômico, da fiscalização do uso correto de agrotóxicos, da destinação correta das embalagens, da proteção do traba-lhador e do meio ambiente. Por outro lado, ao convidar os milhares de pro-fissionais do CREA-RJ a participarem da presente consulta pública, reafir-ma seu compromisso e preocupação constante para o desenvolvimento de sistemas agrícolas sustentáveis e com segurança alimentar. •João AraújoCoordenador da Câmara Especia-lizada de Agronomia do CREA-RJ e da Coordenadoria Nacional de Câmaras de Agronomia

Fontes: Carolina Pimentel - Agência Brasil e Assessoria de Comunicação da Anvisa

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um ciclo de calamidades queprecisa ser rompido

especialistas recomendam mapeamento como ponto de partida para evitar catástrofes como as que têm castigado o estado do Rio. Falta de planejamento e descumprimento de

leis ambientais estão entre as causas da tragédia que atingiu a Região Serrana, segundo relatório preliminar do CReA-RJ

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Todos os anos, entre os meses de novembro e abril, o Estado

do Rio é atingido por fortes chuvas. Altos índices pluviométricos, alia-dos à geo grafia de mares e morros, à ocupação irregular em áreas de encostas e ao baixo investimento em prevenção e planejamento fa-zem com que tragédias como as da Região Serrana, de Angra dos Reis, do Morro dos Prazeres e do Morro do Bumba se repitam num calendá-rio sinistro de dor, comoção e de-solação. Afinal, o que se deve fazer e o que se está fazendo para evitar esse ciclo de calamidades – e ain-da um vexame internacional num dos cenários da Copa do Mundo de Futebol de 2014 e sede absoluta das Olimpíadas de 2016.

Segundo a ONG Contas Aber-tas, que monitora gastos públicos, em 2010, a União investiu 14 vezes

mais para sanar estragos causados pelas chuvas do que em prevenção. Ao todo, foram apenas R$ 167 mi-lhões e meio de reais para prevenir e R$ 2,3 bilhões para remediar e, assim mesmo, apenas uma pequena parte do total.

No Estado do Rio, essa relação não foi diferente. Em 2010, gasta-ram-se 80 milhões na reconstrução dos locais atingidos pelas chuvas e apenas R$ 8 milhões foram investi-dos para evitar novas tragédias. Ou seja, investiu-se 10 vezes mais para remediar os estragos do que para prevenir catástrofes.

A tragédia climática deixou no Estado do Rio um rastro de devas-tação em mais de 20 municípios. Cerca de 90 mil pessoas foram di-retamente castigadas, sendo que mais de 900 morreram em enchen-tes, deslizamentos e desabamentos.

Para os sobreviventes, ficou a dor e o desafio de reconstruir a vida e as cidades.

O cenário de lama, destruição e emergência causou comoção na-cional, logo transformada em uma

rede de solidariedade e socorro, da qual o CREA-RJ participou, à pri-meira hora, em várias frentes.

Já no dia 15 de janeiro, por de-terminação do presidente Agosti-nho Guerreiro, o Conselho publicou no jornal O Globo um apelo para que os profissionais de engenharia, arquitetura, agronomia, geologia, geografia, meteorologia e demais especializações procurassem as prefeituras para atuar como volun-tários nos trabalhos de análise, ava-liação, diagnóstico, vistorias, laudos e planos de reconstrução. A ideia era que todos pudessem contribuir, com apoio, suporte, experiência e conhecimento técnico, unissem forças junto à corrente de doações e outras medidas de urgências.

“A população urbana no país cresceu de 26,3% para 81,2% entre a década de1940 e o início do sécu-lo XXI. Nesse período, o país pas-sou por um processo intenso de ur-

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Márcio Machado: “Mapeamento da Geo-Rio identifica áreas que precisam de mais investimentos”.

Nathália Ronfini

“em 2010, estado investiu 10 vezes mais para remediar estragos do que para prevenir catástrofes”

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banização, tendo que abrigar mais de 125 milhões de pessoas em suas cidades. E essa transição aconteceu sem nenhum planejamento”, acres-centou o presidente do CREA-RJ.

Antes, o presidente já havia li-berado a frota de veículos e outros equipamentos do CREA-RJ para au-xiliar as prefeituras nas ações neces-sárias para a recuperação das condi-ções básicas de infraestrutura.

No dia 18 de janeiro, Agostinho tratou do assunto, em reunião na sede do Conselho, com Marcos Tú-lio de Melo, presidente do Confea; José Tadeu da Silva, do Crea-SP: Gilson de Carvalho Queiroz Filho, do Crea-MG; e José Mário de Araú-jo Cavalcanti, do Crea-PE.

RELATÓRIO DE IMPACTONa quarta-feira, dia 19 de ja-

neiro, o presidente do CREA-RJ, Agostinho Guerreiro, viajou à Região Serrana para levar a pre-feitos o Relatório de Impacto do CREA-RJ sobre as áreas atingi-das. Um dos objetivos do relató-rio é auxiliar os órgãos públicos e contribuir para o restabeleci-mento da normalidade através de medidas de prevenção e proteção da sociedade.

Em Nova Friburgo, o prefei-to Dermeval Barbosa agradeceu o apoio e a iniciativa do Conselho do Rio. “As providências propostas pelo CREA-RJ devem ser levadas a sério e colocadas em prática”, afirmou. Em Teresópolis, o secretário de Go-verno, Rogério Siqueira, disse que a ajuda do Conselho será fundamental para reconstruir a cidade. “Vamos

fazer isso com dedicação, honestida-de e transparência”, garantiu.

O presidente foi enfático so-bre a contribuição do relatório: “Estamos trazendo esse relatório para as prefeituras e vamos levá-lo para as autoridades estaduais, porque temos aqui diagnósticos importantes para evitar tragédias anunciadas como essa”, afirmou Agostinho.

Segundo o presidente da As-sociação de Engenheiros e Arqui-

tetos de Nova Friburgo (AEANF), engenheiro civil José Augusto Spinelli, boa parte da devastação pode ser atribuída à força da na-tureza, mas os efeitos provocados pelo temporal foram agravados pela falta de ações e de recursos do poder público – nas esferas municipal, estadual e federal – para obras de infraestrutura em geral.

Ao comentar o esvaziamento do quadro de profissionais das

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o bairro de duas Pedras ficou destruído com as fortes chuvas que atingiram Nova Friburgo.

Valter Campanato/ABr

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Prefeituras, Spinelli frisou “que a falta de técnicos está diretamente ligada aos salários irrisórios que as administrações podem ou que-rem pagar”. Ele sugere que o mes-mo critério para fixar o número de vereadores de cada município, proporcional à população, seja adotado para a contratação de técnicos pelas Prefeituras.

José Augusto Spinelli conta que, no primeiro momento após a tragédia, a AEANF se mobilizou, em conjunto com a defesa civil, para salvar vidas. Depois, passou a participar de levantamentos de novos locais de riscos e de pontes e estradas vicinais que precisavam de reparos. Agora, segundo ele, é necessário começar imediatamen-te a elaboração de planos direto-res, adaptando a sua concepção aos novos parâmetros colocados pela dimensão da tragédia na Re-gião Serrana.

Após duas semanas sendo procurado diariamente por jorna-listas – todos devidamente atendi-dos –, no dia 26 de janeiro, o pre-sidente do CREA-RJ concedeu em

seu gabinete entrevista coletiva que reuniu profissionais de qua-se todos os jornais, rádios, TVs e portais de notícias com sede ou sucursais no Rio de Janeiro (foto). “Se as prefeituras cumprissem as leis brasileiras, 80% das vidas daquelas regiões não teriam sido perdidas. Não é mais suportável ter a certeza de que, a cada verão, perderemos vidas”, afirmou Agos-tinho. Na ocasião, ele também en-tregou aos jornalistas o Relatório de Impacto do CREA-RJ sobre as áreas atingidas.

“Vamos batalhar decisiva-mente para que haja uma política nacional capaz de inf luenciar es-tados e municípios, mas com prio-ridade efetiva, com orçamento justo, com grande participação de técnicos, de equipamentos, para

que haja prevenção ou, ainda em caso de acidente, haja uma ação coordenada para salvar a popula-ção mais rapidamente, evitando o maior número possível de mor-tes”, completou Agostinho.

Outra iniciativa do CREA-RJ foi a aprovação pelos conselheiros, na plenária realizada em feverei-ro, da prorrogação de descontos na anuidade dos profissionais que atuam na Região Serrana até o dia 31 de março. O Ato Administrati-vo n° 01/2011 tomou como base para a medida o Estado de Cala-midade Pública decretado pelo Governo do Estado do Rio e bene-ficiou os profissionais atuantes nos municípios de Nova Friburgo, Te-resópolis, Petrópolis, Bom Jardim, São José do Vale do Rio Preto, Su-midouro e Areal.

Na entrevista coletiva que concedeu à imprensa, Agostinho Guerreiro defendeu uma política nacional de prevenção de acidentes, com orçamento justo e participação de técnicos.

Guilherme Parmera

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TRAGÉDIA EM DEBATEApós um mês da tragédia, foi

realizado no Clube de Engenha-ria, em parceria com o CREA-RJ, a Associação Brasileira de Mecâ-nica do Solo e a Associação Bra-sileira de Geologia de Engenharia e Ambiental, o debate “Desliza-mentos na Região Serrana 30 dias depois”. O presidente do Clube, Francis Bogossian, recebeu à mesa de abertura Agostinho Guerreiro e outros especialistas e autoridades, como Anna Laura Nunes, presi-denta da Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica, Moacir Duarte (Co-ppe/UFRJ), e o deputado federal Hugo Leal.

“O conhecimento técnico está aqui na casa. Temos que buscá-lo, levá-lo para o governo federal e o poder público. E aí temos que fazer mais duas junções: a ação política e a ação jurídica, do Ministério Pú-blico”, disse Leal. O evento contou com a participação da presidente do Instituto Estadual do Ambien-te (Inea), Marielene Ramos, e do engenheiro civil Alberto Sayão, professor da PUC-RIO. Bogossian agradeceu o apoio do CREA-RJ e demais entidades, reiterando o ca-minho da união em direção aos in-teresses nacionais.

MAPEAMENTO DE RISCODepois das chuvas que pararam

a Cidade do Rio de Janeiro, em abril de 2010, as autoridades perceberam que era necessário tomar medidas mais pró-ativas. Uma das mais im-portantes foi a elaboração de uma carta de suscetibilidade a escorrega-

mentos e um inventário de risco em 196 comunidades, encomendado pela Geo-Rio e executado pela Con-cremat Engenharia. “Com esse tra-balho, feito entre abril e dezembro do ano passado, medimos as áreas de alto, médio e baixo risco. Com essas informações, será possível di-mensionar melhor os locais que pre-cisam de maiores investimentos em prevenção de deslizamentos”, expli-cou Márcio Machado, presidente da

Geo-Rio, órgão da Secretaria Muni-cipal de Obras.

Logo após a conclusão desse trabalho, detectou-se que 21 mil imóveis e 117 comunidades se en-contravam em perigo. Segundo dados da Geo-Rio, atualmente são 18 mil moradias em áreas de risco, já que, ao longo de 2010, 47 dessas comunidades receberam obras de contenção ou seus moradores fo-ram reassentados.

No entanto, "esse número [18 mil moradias] não quer dizer que as outras não têm risco algum. Qual-quer área com declive tem”, decla-rou o prefeito Eduardo Paes. “Só se eu revogasse a lei da gravidade aca-baria esse problema", ironizou.

De acordo com Vânia Zaeyen, gerente do Núcleo de Estudos e Projetos de Geotecnia da Concre-mat Engenharia, “o mapeamento realizado no Município do Rio deve

Nova Friburgo (RJ) – Chuvas fortes deixaram rastro de destruição na Região Serrana do estado do Rio.

Valter Campanato/ABr

“No estado do Rio, os meteorologistas mal têm acesso à internet e ao telefone para fazerem as previsões” – isimar dos Santos

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No dia 26 de janeiro, em entrevista coletiva concedida à im-prensa, Agostinho Guerreiro apresentou o Relatório Preliminar de inspeção Realizada nas Áreas de Teresópolis e Nova Friburgo Afe-tadas pelas Fortes Chuvas, produzido logo após a tragédia. Para compor o documento, o Conselho do Rio realizou inspeções nos dias 13 e 14 de janeiro nas áreas críticas atingidas com a participa-ção do assessor de Meio Ambiente, Adacto ottoni, do inspetor de Teresópolis, arquiteto Mariano loureiro, do conselheiro do CReA-RJ residente em Nova Friburgo, engenheiro civil leiner P. Rezende, e dos agentes de fiscalização do CReA-RJ, Marco Antonio Barreto e Rodney Benther, bem como o apoio da coordenadora de fiscaliza-ção do CReA-RJ para a Região Serrana, Jussara lemos.

o documento do CReA-RJ aponta que “não existem Planos de Contingência efetivos para enchentes e deslizamentos de en-costas nos municípios afetados” e lembra que sem instrumentos de monitoramento ambiental permanente, como ferramenta fun-damental de gestão ambiental da bacia hidrográfica, não há como alertar a população previamente sobre eventos extremos, visando à evacuação e evitando mortes causadas por chuvas intensas.

Já o presidente do CReA-RJ, Agostinho Guerreiro, lembrou que se as regiões afetadas, cobertas pela Mata Atlântica, tives-sem sido preservadas e as prefeituras não permitissem a ocupa-ção desordenada das encostas, o número de vítimas por conta do temporal do dia 11 de janeiro teria sido 80% menor. “A chuva que antes encontrava uma proteção natural, não encontra mais, o escoamento das águas, que antes era amortecido no impacto, volume e velocidade, não acontece mais e, por isso, ocorrem desli-zamentos. Antes, descia só água. Agora, desce água com lama e a velocidade é muito grande”, explica.

o relatório assinala medidas para amenizar ou solucionar as questões latentes. Todo o levantamento feito pelo CReA-RJ evi-

dencia que a falta de planejamento e as ocupações desordenadas foram alguns dos principais fatores responsáveis pela tragédia ocorrida.

As medidas de médio e longo prazo apontam que devem ser elaborados um mapeamento das áreas de risco e um Programa de Contingência. Neles, está prevista a retirada das populações de encostas íngremes e topos de morro, e o reflorestamento dessas áreas, bem como a recuperação das faixas marginais de proteção (FMP) dos rios, e o monitoramento ambiental das bacias hidrográ-ficas da região. É importante que sejam construídas barragens de cheias nos trechos médio e superior dos rios, para conter as ondas de enchentes e evitar as manchas de inundação em locais mais planos e baixos da bacia drenante. Tudo isso só será eficaz com a oferta de moradias dignas em locais seguros.

CReA-RJ deFeNde iNSTRuMeNToS de GeSTÃo AMBieNTAlGuilherme Parmera

Agostinho Guerreiro apresenta o Relatório produzido pelo CReA-RJ

servir de modelo e incentivo para outros municípios devido a sua im-portância e abrangência do tema, uma vez que auxilia na implantação de uma política racional de uso e ocupação do solo”.

Machado, da Geo-Rio, concor-da: “Cada município deveria con-tratar um serviço de mapeamen-

to, como o que fizemos aqui, para conhecer bem seu território. Na Região Serrana, por exemplo, não existe um estudo como o que fize-mos”. Para ele, este ano, a cidade está mais preparada para enfrentar as chuvas de verão. “Investimos em mapeamento de risco; no Centro de Operações da Prefeitura do Rio; em

sirenes, que estão sendo instaladas em áreas de risco; no treinamento de emergência oferecido a agentes comunitários e num novo radar me-teorológico", afirmou. "Mas nunca vamos chegar ao ideal, porque, de-vido à própria topografia do Rio, não há como deixar de conviver com deslizamentos. Essa é a nossa

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condição como moradores de uma cidade de encostas”, explicou Már-cio. “O que vamos trabalhar é para evitar ao máximo as consequências da destruição de moradias e vidas. Afinal, ninguém mora numa área de risco porque quer, só vive nesses lugares quem realmente não tem outra opção”, conclui o presidente da Geo-Rio.

Ao ver o cenário de destruição em um voo de helicóptero, a pre-sidenta Dilma Roussef apressou-se em anunciar a criação de um Siste-ma Nacional de Alerta e Prevenção de Desastres Naturais, cujo princi-pal objetivo será evitar que o caos se repita. O sistema, frequentemente visto em países mais desenvolvidos que sofrem com intempéries climá-ticas, integrará informações deta-lhadas de áreas de risco a previsões meteorológicas, de maneira que se possa executar com rapidez planos

de emergência que salvem vidas e preservem patrimônios.

Focar em prevenção passa, pri-mordialmente, por grandes investi-mentos não apenas em tecnologia, mas também em pessoal. Para o cli-matologista Carlos Nobre, recém-empossado no cargo de secretário de Políticas e Programas de Pesqui-sa e Desenvolvimento do Ministé-rio da Ciên cia e Tecnologia, existe uma grande carência de profissio-nais preparados para lidar com de-sastres. “Vários estudos mostram que, em muitas partes do mundo, inclusive no Brasil, estão aconte-cendo mais fenômenos extremos de chuva, com maior frequência e in-tensidade. Precisamos expandir o número de profissionais que lidem com sistemas de alerta, como geó-logos e engenheiros geotécnicos es-pecializados em levantamentos de áreas de risco, pois, nos próximos

anos, há que se fazer um grande esforço para o mapeamento destas áreas. Devemos incentivar a forma-ção de profissionais para atuar nos muitos e interdisciplinares aspec-tos de desastres naturais, inclusive na pós-graduação”, defende.

INTEGRAÇÃO É DESAFIOSegundo o cientista, o Brasil

ainda precisa avançar muito no que diz respeito à prevenção em com-paração aos países mais desenvol-vidos, mas o trabalho já começou. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) já está trabalhan-do com um supercomputador, bati-zado de Tupã, que irá futuramente integrar sistemas de radares mete-orológicos com redes de pluviôme-tros instalados em áreas de risco. “Esses pluviômetros podem ser controlados pelas próprias comu-nidades, a exemplo do que aconte-

2011 é o terceiro ano consecutivo em que o estado do Rio de Janeiro é castigado por fortes temporais.

entre 30 de dezembro de 2009 e primeiro de janeiro de 2010, o Município de An-gra dos Reis foi atingidos por fortes chuvas, que causaram 52 mortes, 30 delas em ilha Grande.

em 6 de abril de 2010, o Rio de Janeiro parou por causa de um dos maiores tem-porais registrados na cidade até então. As principais vias ficaram alagadas e o prefeito eduardo Paes fez um apelo para que aqueles que não estavam em áreas de risco não saíssem de suas casas. Foram registradas mortes no Morro dos Prazeres (Santa Teresa), no Morro dos Macacos (Vila isabel), na Comunidade Santa Maria (Taquara), no Morro do Borel e no Morro do Turano (Tijuca), na ladeira dos Guararapes (Cosme Velho), no Humaitá, na ilha do Governador, no Recreio dos Bandeirantes e no Andaraí.

Nesta mesma época, Niterói sofreu uma das maiores tragédias do estado do Rio de Janeiro. Após três dias de chuvas, o Morro do Bumba sofreu com inúmeros desliza-mentos, que causaram 167 mortes e deixaram 4 mil famílias desabrigadas.

TRAGÉdiAS MAiS ReCeNTeS

No ano passado, o CReA-RJ defendeu medidas preventivas para evitar as calamidades provocadas pelos temporais.

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ceu, com sucesso, nas Filipinas e na Venezuela”, afirma Carlos Nobre.

A chuva que atingiu as cidades serranas na madrugada do dia 12 de janeiro foi uma das piores já regis-tradas naquela região. Até o fecha-mento desta edição, já haviam sido contabilizados 904 mortos e mais de 400 desaparecidos. Bairros inteiros dos municípios de Nova Friburgo, Petrópolis, Teresópolis, Sumidouro e São José do Vale do Rio Preto fi-caram destruídos, além de diversas regiões terem ficado inacessíveis. O número de desabrigados chega a 35 mil pessoas. O desastre também pro-vocou a paralisação da distribuição de hortaliças para a Região Metro-politana do Rio – a Região Serrana é um dos principais produtores – e já impacta o turismo local, que sofre com reservas canceladas em grande número, em hotéis e pousadas.

A catástrofe, apesar de inédita em suas proporções, traz à memória outros tristes e recentes episódios. Há

menos de um ano, em abril de 2010, deslizamentos no Morro do Bumba, em Niterói, no Morro dos Prazeres, em Santa Teresa, e em diversos muni-cípios da Baixada Fluminense deixa-ram mais de 200 mortos. Pouco antes, em janeiro, Angra dos Reis viu 52 pes-soas morrerem após deslizamentos de terra em Ilha Grande e no Morro da Carioca, no centro da cidade.

CADEIA DE FALHASPara o pesquisador e coordena-

dor do Grupo de Análise de Risco Tecnológico e Ambiental (Grata) da Coppe – UFRJ, Moacyr Duarte, é necessária uma mudança radical na metodologia de ocupação do solo e do planejamento urbano, de maneira que se evite ocupação de áreas de ris-co. “A prevenção hoje é apenas pontu-al e esparsa e, por causa disso, a corre-ção dos prejuízos é de uma ordem de grandeza monumental. Existe uma cadeia de falhas que começa desde os estudos de licenciamento”, critica.

Segundo Duarte, para que tragé-dias como essa não se repitam, é pre-ciso primeiro estabelecer um Plano Diretor para as cidades que aponte, com segurança, a distribuição do uso do solo. “Existe a necessidade de se criar certificados de ‘habitabilidade’, com estudos que tragam informa-ções não apenas sobre de que forma empreendimentos construídos em determinada área poderão impactar o ambiente, mas também o inverso: de que forma aquele ambiente pode-rá impactar os empreendimentos. É preciso pesquisar o comportamento do ambiente em situações extremas para prever desastres, e há tecnolo-gia disponível para isto”, explica o pesquisador.

Para o especialista, é preciso esclarecer que áreas virgens de flo-resta podem desmoronar. “O que nós vimos na Região Serrana em vários trechos e também em Ilha Grande foram áreas inabitadas que

deslizaram. Daí a necessidade do mapeamento, pois ele poderá iden-tificar estes locais que, apesar de intactos, são instáveis”, afirma. Um exemplo positivo citado por Duar-te é o trabalho da GeoRio, que ma-peou a cidade do Rio de Janeiro com modelos digitais de terreno e

divulgação CoPPe/uFRJ

Moacyr duarte: “existe uma cadeia de falhas que começa desde os estudos de licenciamento”.

“As cidades precisam ter um Plano diretor que aponte como será a distribuição do uso do solo”

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inspeções de campo para identifi-car quais são as áreas de risco. “Foi visto onde não há obras de conten-ção, locais em que a remoção dos moradores precisa ser feita etc.”, exemplifica.

Ele também vê com bons olhos a instalação de um radar meteorológi-co e a instalação de sirenes em locais considerados de risco. “Mas nada dis-so adianta se não for feito um traba-lho em conjunto. Há casos, como o da Região Serrana, em que os muni-

Teresópolis – Na localidade de Vieira, a 35 quilômetros do centro, houve destruição por toda parte, com pontes derrubadas e dezenas de casas em ruínas.

Valter Campanato/ABr

“AS PeSSoAS NÃo PodeM eSQueCeR”

Para o assessor de Meio Ambiente do CReA-RJ, Adacto otto-ni, a tragédia na Região Serrana do Rio de Janeiro está ligada, para além das questões climáticas, a um conjunto de omissões do po-der público na gestão das bacias hidrográficas e no ordenamento das cidades. Para evitar novas tragédias, segundo ele, é preciso implantar medidas com sustentabilidade ambiental, incluindo o mapeamento das áreas de risco, fiscalização rigorosa do uso e ocupação do solo, entre outras.

REVISTA – Em que medida o desastre na Região Serrana, em janeiro, tem a ver com o não-cumprimento da legislação am-biental?ADACTO – Cabe ao estado fiscalizar de forma rigorosa para que ocupações irregulares e o desordenamento das cidades sejam evitados. Na nossa inspeção na região para elaborar o relatório do CReA-RJ sobre a tragédia, encontramos casos de ocupação de áreas impróprias, mas que foram autorizadas pelas prefeituras. É um exemplo de como os processos de licenciamento e fiscaliza-ção ambientais no nosso país podem muitas vezes ser falhos e ineficazes.

REVISTA – O que é possível fazer, dentro das ferramentas dis-poníveis, para que tragédias como essas não se repitam?ADACTO – As pessoas não podem esquecer! deveria haver a assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta conjunto entre as prefeituras, o estado e a união com o Ministério Públi-co, onde estariam descritas todas as medidas a serem tomadas,

considerando as de curto, médio e longo prazos, com cronogra-ma e previsão de orçamento. essas intervenções vão desde o monitoramento ambiental, de maneira a embasar projetos de controle de enchentes nas bacias hidrográficas, à criação de mapas de riscos na região, com indicação das manchas de inun-dação e áreas de risco de deslizamentos de encosta. Também é preciso um planejamento para a retirada das pessoas dessas áreas de risco, construção de habitações populares, investimen-tos para a o saneamento ambiental, recuperação das matas e a criação de planos de contingência. Além disso, devem ser im-plantadas obras de engenharia adequadas nas calhas dos rios, para evitar ou reduzir o seu transbordamento, e atuações nas encostas, visando o aumento da permeabilidade do solo na ba-cia hidrográfica.

REVISTA – Em que medida as alterações do Código Florestal Brasileiro que estão sendo discutidas no Congresso podem possibilitar episódios como o da Região Serrana?ADACTO – As alterações que estão sendo propostas para o Có-digo Florestal demonstram a fragilidade por que passa o sistema ambiental brasileiro, muitas vezes influenciado pelo interesse eco-nômico. A floresta é muito importante para a produção de água doce na natureza. Não adianta chover. Se o solo estiver desnuda-do, haverá o aumento das enchentes nos períodos chuvosos e as secas ficarão mais vigorosas. o que é preciso é recuperar as áreas degradadas em nosso país, e não aumentar o desmatamento.

ENTREVISTA / ADACTO OTTONI

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cípios devem trabalhar de forma in-tegrada, pois a geografia não respei-ta fronteiras. É preciso também que haja sincronia entre o poder público e as concessionárias de serviços para, por exemplo, dificultar a ocupação ir-regular. A Light não poderia permitir a instalação de iluminação em áreas irregulares, pois isso gera situações como a do Morro do Bumba, que era uma área condenada e contava com vários serviços públicos já institucio-nalizados”, diz. Na avaliação do pes-quisador, o primeiro passo a ser dado na Região Serrana é investir urgente-mente em estudos para reocupação, uma vez que o Estado precisa saber onde recolocar as pessoas e evitar que elas voltem para as áreas de risco.

MAPEAMENTO PREVENTIVOCriado em 2009, o Núcleo de Pre-

venção e Análise de Desastres Geoló-

gicos, do Serviço Geológico do Rio de Janeiro, que, por sua vez, é ligado ao Departamento de Recursos Minerais (DRM), começou a atuar a partir da tragédia de Angra dos Reis. No iní-cio do ano passado, o órgão recebeu recursos do Fundo Estadual de Con-servação Ambiental (Fecam) para ma-pear 30 municípios com os maiores históricos de desastres. Segundo Fran-cisco Dourado, diretor de Geologia do DRM, o levantamento deverá ser concluído em breve. “Estão excluídos deste mapeamento a cidade do Rio, que já possui um, e municípios que já tenham recebido verbas do Ministé-rio das Cidades. Estão sendo realiza-dos esforços para que o mapeamento, com recursos do estado e do Banco Mundial, chegue a 92 municípios”, enumera.

O geólogo também acredita que o planejamento é a chave para que

o trabalho feito agora pelo governo não se perca nas próximas chuvas. Para isto não acontecer, ele diz que deve existir um grande esforço para a contratação de profissionais técnicos. “São poucas escolas no Brasil que for-mam profissionais da área de geolo-gia, por exemplo. Temos muito o que avançar ainda e esperamos concluir o nosso trabalho de mapeamento, mas o prazo e o ritmo dependerão do número de técnicos que poderemos contar no nosso quadro. Com o mer-cado aquecido, o serviço público fica pouco atraente. É difícil atrair e fixar os profissionais nos órgãos”, afirma. Dourado lembra que as medidas to-madas agora não podem ser inter-rompidas. “É um trabalho contínuo, pois a população cresce e se desloca, fazendo com que o mapeamento te-nha que ser atualizado de tempos em tempos”, lembra.

Fundamental para um sistema ágil e eficiente de prevenção, a me-teorologia carece de investimentos, na avaliação de Isimar Azevedo dos Santos, chefe do Departamento de Meteorologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ele comparou a atual estrutura bra-sileira com centros americanos de detecção de tornados e alertou que é preciso investir em centros de me-teorologia regionais. “Recentemen-te, fiz um apelo ao secretário Carlos Nobre para que se dê atenção a es-tes centros regionais, pois sem eles não é possível construir um sistema nacional integrado. Hoje, essa rede não existe. Os estados mais ricos, como os do Sudeste, têm o dever de investir em centros assim. No Rio, apesar dos avanços, o Sistema

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Seleção dos donativos arrecadados para atender os atingidos pelas fortes chuvas que assolaram a região, na Ceasa do distrito de Conquista.

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de Meteorologia do Estado do Rio de Janeiro (Simerj) está deixado de lado. Os meteorologistas mal têm acesso à internet e ao telefone para fazerem as previsões”, critica. “Nos Estados Unidos, o centro de pre-venção de Oklahoma tem mais de 30 anos de existência, por exemplo. É por isso que lá eles contabilizam as perdas mais em danos materiais e menos em vidas. Ao contrário dos países do Caribe e do Brasil”.

Santos afirma ainda que, no Rio, as esferas municipal e federal procuraram agir com mais rapi-dez que a estadual. “A Prefeitura acabou de adquirir um radar e está investindo no sistema de si-renes. O governo federal sinalizou com a criação do sistema nacional de sirenes, e o estado está mais lento. O governador reclamou da informação repassada à Defesa Civil pelo Inmet, dizendo que era incompleta, quando deveria ter agido com a informação que tinha disponível”, diz.

Na sua avaliação, um sistema eficiente deve ser concebido como uma espécie de cadeia, envolvendo diversos profissionais. “É preciso in-vestir em tecnologias e em seu apri-moramento. Um centro ideal teria uma equipe de meteorologistas mo-nitorando equipamentos 24 horas, sete dias por semana, e uma rede de informação e mobilização eficien-te, que incluiria bombeiros, Defesa Civil e outros órgãos públicos, de modo que o aviso da chegada de uma intempérie climática fosse re-cebido e repassado com velocidade e clareza”, completa Isimar dos San-tos. (Nathália Ronfini e Natália Soares) •

“eXiSTe uM deSCASo CoM o SeRViÇo de MeTeoRoloGiA eSTAduAl”

Nesta entrevista, o meteorologista Valdo Marques, chefe do laborató-rio de Meteorologia da universidade estadual do Norte Fluminense (ueNF), afirma que não há relação direta entre o aquecimento do planeta e a ocor-rência de chuvas torrenciais e defende a implantação de um sistema inte-grado de alerta.

REVISTA – No aspecto pluviométrico, o que houve de especial na chuva que atingiu a Região Serrana nos últimos dias?VALDO – Pelo que sabemos, foi a maior chuva em volume ocorrida num pe-ríodo tão curto, em relação a todos os registros que temos notícia até agora. infelizmente, ainda é muito comum que no verão ocorram deslizamentos e enchentes, mas, este ano, sofremos a maior catástrofe do Brasil. e a chuva for-te ocorreu numa área de grande vulnerabilidade. Havia muitas habitações e ocupações em áreas de extremo risco. Portanto, houve uma combinação de chuva muito intensa e uma população ocupando irregularmente áreas que não deveriam ser ocupadas. Além disso, não há no estado um sistema inte-grado de alerta que possibilite a retirada imediata das pessoas das áreas de risco, com rotas de fuga conhecidas e locais seguros para onde essas pessoas possam se dirigir.

REVISTA – Existe a possibilidade de que novas tempestades de grande inten-sidade atinjam a Região Serrana?VALDO – Sim. esta é uma região suscetível de ocorrência de chuvas intensas. e se continuar como está é possível que outras catástrofes possam ocorrer.

REVISTA – As mudanças climáticas que estão acontecendo no planeta têm alguma relação com a intensidade das chuvas que atingiram a região Ser-rana?VALDO – Há pessoas, sobretudo os alarmistas, que pregam essa possibilidade. Mas, lembro que em 1966 e em 1967, quando o mundo passava por um período de declínio geral da temperatura, houve tempestades e chuvas muito intensas no Rio de Janeiro, naturalmente com menores consequências, pois não atingiu zonas de grande vulnerabilidade como a que ocorreu na tempestade atual.

REVISTA – O senhor conseguiria apontar falhas nas políticas públicas de prevenção de enchentes e desmoronamentos que deveriam ser corrigidas para evitar essas tragédias recorrentes? VALDO – Sim. As principais delas são o descaso com o Serviço de Meteorologia estadual, a pouca atenção com a defesa Civil, a inexistência de um plano de Alerta e a permissividade com a ocupação desordenada das áreas de risco.

ENTREVISTA / VALDO MARQUES

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reVista – A princípio, o que acon-teceu que não deveria ter aconteci-do, levando-se em conta a existência de uma série de avanços técnicos e tecnológicos em vários segmentos da engenharia?

FRANCiS BoGoSSiAN – Embora nos últimos anos já se tenha obtido pro-gressos na luta contra a pobreza e a miserabilidade do sofrido povo bra-sileiro, as políticas de enfrentamen-

to no quesito educação e também quanto ao ordenamento nas prio-ridades das ações governamentais permanecem, no meu entender, de-ficientes há muitas décadas. O poder público vem fechando os olhos para a ocupação de áreas de risco sujei-tas a deslizamentos de encostas e a inundações e muitas vezes, até com fins eleitoreiros, incentiva para que os menos favorecidos se estabele-çam e nelas construam imóveis para

alugar. Um povo com as carências de educação típicas das nossas classes menos favorecidas não tem discerni-mento para compreender que essas são moradias sem qualquer seguran-ça e que é apenas questão de tempo para que as tragédias aconteçam. Os avanços técnicos e tecnológicos fi-cam longe dessas comunidades, pois as prefeituras locais alegam falta de recursos para regulamentar e disci-plinar as ocupações.

“Há carência de medidas de prevenção”o poder público vem fechando os olhos para a ocupação de áreas de risco sujeitas a deslizamentos de encostas e a inundações, na avaliação de Francis Bogossian, presidente do Clube de engenharia. Segundo ele, os avanços técnicos e tecnológicos ficam longe dessas comunidades, pois as prefeituras locais alegam falta de recursos para regulamentar e disciplinar as ocupações. Confira.

entrevista / Francis Bogossian

Aline Massuca

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REVISTA – A rigor, de quem é a culpa? Do poder público, das instituições, das comunidades, da sociedade?

FRANCiS BoGoSSiAN – O problema é tão antigo que a relação dos cul-pados direta ou indiretamente pela atual situação ficaria imensurável. Seria também injusto responsabili-zar isoladamente qualquer segmen-to da sociedade para se chegar a uma abordagem eficiente. A sociedade e suas comunidades elegem os políti-cos que comandam as instituições e assim ninguém escapa de constar da relação de criminosos. A hora é de se educar para que mude grada-tivamente a mentalidade política e se possa cobrar o uso adequado do dinheiro público, que é nosso, para fazer deste país uma nação que res-peita seu povo.

REVISTA – O que precisa ser feito urgentemente para que se evitem novos deslizamentos, principalmen-te seguidos de tantas mortes?

FRANCiS BoGoSSiAN – As ciências da engenharia e da geologia conhecem há muitas décadas as receitas para se elaborar mapas de risco, portanto, para definir onde deve ou não ser ocupado por moradias ou quaisquer construções. A recente e espetacular evolução nas tecnologias de coleta e transmissão de dados ambientais à distância permite hoje implantar instrumentais complexos capazes de detectar, processar sinais e enviar alertas para riscos de sinistros, leves a graves, como se faz na Austrália e em Hong Kong, por exemplo. A ecologia já nos vem ensinando há muito tempo que custa caro o des-respeito à natureza, mas faz-se ou-vidos moucos diante de tais evidên-cias, seja por ignorância, seja pelo

descaso com os menos favorecidos ou pela malversação dos recursos, corrupção e ganância desenfreada dos poderosos. A complexidade do problema é, pois, gigantesca.

REVISTA – O alto volume pluviomé-trico realmente é uma desculpa ca-bível por parte das autoridades?

FRANCiS BoGoSSiAN – Quando ape-nas os pobres e favelados morriam nas tragédias, a sociedade educada costumava aceitar esta desculpa es-farrapada. Desta vez vai ser mais difícil empurrar isto pela goela da população, já que todos os níveis foram vitimados. Esta simplória justificativa não é mais palatável. Mesmo que as grandes chuvas fos-sem centenárias, o poder público teria que precaver-se contra suas consequências. Sendo elas tão fre-quentes em países tropicais, como o Brasil, caberiam ações de governo para impedir a ocupação das áreas de risco e instalar sistemas de alerta para determinar sua eventual eva-cuação. Há carência de medidas de prevenção e a pouca educação do povo o deixa despreparado para tais fenômenos decorrentes de chu-vas torrenciais.

REVISTA – É possível chover tanto a ponto de causar tantos danos na infraestrutura de uma cidade? Ou uma boa infraestrutura é imune a qualquer volume de chuva?

FRANCiS BoGoSSiAN – É sempre possível que chuvas excepcionais, assim como terremotos, ciclones, tsunamis e outros fenômenos na-turais causem danos à infraestru-tura de uma cidade. Não dá para se implantar centros urbanos com segurança absoluta. As ocupa-

ções começam quase sempre sem planejamento e a sociedade só se organiza quando muitos danos já foram causados ao meio ambien-te por ocupações inadequadas. As áreas de risco já estão criadas e então cabe ao poder público não permitir que se proliferem, reduzir ou eliminar, pela reurbanização, lo-cais sujeitos a catástrofes e, quando este ideal não puder ser cumprido, adotar ações preventivas e meca-nismos de defesa para a população, que é a razão de ser das cidades, uma vez que os seres humanos são a maior criação de Deus, ou da na-tureza, como preferirem.

REVISTA – Que contribuições ime-diatas a geologia ou a geotecnia po-dem dar para situações como as que vêm se repetindo no Rio depois de fortes chuvas?

FRANCiS BoGoSSiAN – A geologia e a geotecnia, repito, detêm o conhe-cimento necessário para conduzir as soluções adequadas. Há que se destinar recursos suficientes para, inicialmente, retirar todos das áre-as de risco. Creio que, em seguida, cabe levantar e estudar o sistema hidrológico remanescente, a geo-logia local e a geotecnia, para se poder chegar aos mapas de risco e se poder orientar a ocupação de novas áreas seguras. Muitas obras geotécnicas de contenção, drena-gem e também hidráulicas, inevita-velmente dispendiosas, devem ser necessárias para recuperar os estra-gos. Esta é, a meu ver, a condução correta do problema, mas haverá, é claro, as ações políticas detrimen-tais e demagógicas daqueles que quererão tirar vantagens ilícitas. É preciso que as comunidades fiquem de olhos abertos. Nathália Ronfini•

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Principalmente nos verões, a Ci-dade do Rio de Janeiro sofre

com problemas recorrentes: chuvas, alagamentos e deslizamentos de terra. Para tentar minimizar esses e outros riscos, além de monitorar e otimizar o funcionamento diário da cidade, a prefeitura inaugurou em 31 de dezembro o Centro de Operações Rio (COR). “É um projeto pioneiro no Brasil e fundamental para a orga-nização de eventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas”, avalia o chefe executivo Sávio Franco.

Com 30 órgãos integrados e uti-lizando tecnologia de ponta, o COR possui 300 monitores espalhados por 100 salas que transmitem e geram informação sobre todo o funciona-mento da cidade. A Sala de Contro-

le possui o maior telão da América Latina, com 80 m² e, ali, mais de 70 controladores de órgãos municipais e empresas de serviços públicos mo-nitoram em tempo integral a cida-de com imagens em alta resolução, captadas por cerca de 200 câmeras. Estão integrados ao COR órgãos mu-nicipais como Defesa Civil, CET-Rio, Geo-Rio, Rio Águas, Rioluz, Guarda Municipal, Comlurb, secretarias de Ordem Pública, de Conservação, de Saúde, de Assistência Social, de Meio Ambiente, de Educação, de Habita-ção e Riotur; e empresas de serviços públicos como CEG, Cedae, Light, Metrô, Supervia, Rio Ônibus, Ponte Rio-Niterói e Lamsa.

“É preciso que o cidadão enten-da que o Centro foi concebido para

ser um grande facilitador das ações encampadas pela Prefeitura. Ou seja, nós estamos aqui, em uma sala de controle, observando o que acontece na cidade e acionando os órgãos res-ponsáveis com rapidez para a resolu-ção dos problemas”, disse Franco.

Ele informou que, nos primeiros dias de funcionamento, o acompa-nhamento das situações relativas ao trânsito na cidade e o monitoramen-to dos índices pluviométricos foram as principais demandas do novo órgão. “No dia 11, tivemos, pela pri-meira vez, desde o início do funcio-namento do Centro, uma situação em que o município entrou em es-tágio de alerta, com a possibilidade real de ocorrência de chuvas fortes e de deslizamentos. A atuação dos

cidade

Rio eM ALERTACentro de operações é pioneiro no país

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OS NÚMEROS E OS ÓRGãOS DO COR

Os números

• 30 órgãos integrados, utilizando tecnologia de ponta• 300 monitores espalhados por 100 salas• Maior telão da América Latina, com 80 m²• 70 controladores de órgãos municipais e empresas públicas• 200 câmeras captando imagens de alta resolução

Os órgão integrados

• Defesa Civil, CET-Rio, Geo-Rio, Rio Águas, Rioluz, Guarda Municipal, Comlurb, Riotur;

• Secretarias de Ordem Pública, de Conservação, de Saúde, de Assistência Social, de Meio Ambiente, de Educação, de habitação;

• Empresas de serviços públicos, como CEG, Cedae, Light, Metrô, Supervia, Rio Ônibus, Ponte Rio-Niterói e Lamsa.

operadores e dos órgãos foi eficaz, ou seja, a população percebeu uma resposta ainda mais rápida por par-te da Prefeitura”, explicou Franco.

O secretário municipal de Con-servação, Carlos Roberto Osório, que participou da implantação do COR, acredita que o caráter cola-borativo do Centro permitirá uma constante evolução. “As ferramentas para integração estarão sempre evo-luindo, o que colaborará para a atua-ção da Prefeitura na pronta resposta às ocorrências”, afirmou.

Frente às críticas de que o cor-reto seria investir em infraestrutu-ra, Osório informa que, em 2010, a Prefeitura investiu mais de R$ 219 milhões na mitigação dos principais pontos de enchente e deslizamentos da cidade e que esse trabalho terá

continuidade. “Até 2012 mais pontos de alagamentos serão eliminados.”

Há também grandes investi-mentos, como o projeto que preten-de acabar com as enchentes na Pra-ça da Bandeira. A área próxima ao Maracanã, um dos palcos da Copa de 2014, receberá piscinas subterrâ-neas e desvios de rios. A Prefeitura já solicitou recursos ao Governo Fe-deral para iniciar esta obra”, disse o secretário.

O chefe do COR informa que a população pode ter acesso às infor-mações apuradas no Centro através do Twitter – @operacoesrio –, que é atualizado 24 horas por dia, e de três boletins diários repassados à impren-sa. “Em casos extraordinários, serão emitidos boletins especiais. A ideia é que o centro evolua continuamen-

te e integre cada vez mais órgãos e informações da cidade”, concluiu. (Joana Algebaile) •

divulgação

Fachada do Centro de operações Rio, localizado na Cidade Nova

Pedro Peracio

Carlos Roberto osório: “Ferramentas para integração estão evoluindo cada vez mais”.

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Transportesustentável

meio ambiente

Conheça as ações que começam a sair do papel para reduzir a quantidade de gases poluentes emitidos pelos ônibus no Rio de Janeiro

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O transporte é o maior responsá-vel pelo lançamento de gases

de efeito estufa na atmosfera da ci-dade do Rio de Janeiro. Dos mais de 13 milhões de toneladas de carbono emitidas anualmente na cidade, 33% vêm de ônibus, carros e demais veícu-los rodoviários. Essa foi a constatação do Inventário de Emissões de Gases do Efeito Estufa realizado pela Secre-taria Municipal de Meio Ambiente e pela Coppe/UFRJ. O documento foi elaborado para subsidiar as ações da Prefeitura do Rio, que têm como ob-jetivo principal reduzir a emissão de gases poluentes em 8% até 2012, 16% até 2016 e 20% até 2020.

“A variável ambiental faz parte de todos os grandes projetos da Prefeitu-ra. Na área dos transportes não pode-ria ser diferente. A Política Municipal de Mudanças Climáticas do Rio de Janeiro definiu metas que nenhuma outra cidade brasileira tem. E estamos trabalhando para alcançá-las”, afir-mou o secretário de Meio Ambiente e vice-prefeito, Carlos Alberto Muniz.

RACIONALIZAÇÃODentro desta política, a Secreta-

ria adotou uma série de ações para o transporte sustentável na cidade, como a racionalização das linhas de ônibus e a regulamentação do transporte alternativo. A implanta-ção do BRT (Bus Rapid Transit), em vias que vão ligar a Barra da Tijuca a diversos pontos das zonas Norte e Oeste (TransOeste, TransOlímpica e TransCarioca), e o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), na Zona Portuá-ria, também fazem parte do projeto.

Há ainda o incentivo ao uso da bicicleta como transporte. “A malha cicloviária do Rio é composta por 140 quilômetros, sendo a segunda

maior da América Latina, perdendo apenas para Bogotá, na Colômbia. Nossa meta é chegar aos 300 quilô-metros em 2012. É um modal que não polui e ainda dá o benefício do exercício para quem o utiliza”, disse Nelson Moreira Franco, gerente de Mudanças Climáticas da Secretaria Municipal de Meio Ambiente.

Por fim, há a previsão do uso do B20 – combustível composto de 20% de biodiesel - nos ônibus e tes-tes com ônibus híbridos. A utilização do B20 é uma parceria com a Fede-ração das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio De Janeiro (Fetranspor). “Iniciamos os testes com o B20 em 15 ônibus do estado. Estamos completando um ano de estudos e só a partir dos re-sultados vamos ter noção de como aplicar isso nos 22.500 ônibus que compõem a frota”, contou o geren-te de operações de mobilidade da Fetranspor, Guilherme Wilson. A meta é que todos os ônibus passem a utilizar o B20 até 2016. No entanto, o custo do combustível é significati-vamente alto. “A partir do resultado desse teste, poderemos discutir com

o poder público a viabilidade”, com-pletou o gerente.

SELO VERDEOutra ação da Federação é o con-

trole e monitoramento da frota, com a distribuição do Selo Verde para os veículos aprovados. A meta para 2010 era ter 86% dos ônibus de todo o esta-do aprovados nos testes que medem a quantidade de gases emitida. Até ago-ra, 91% já passaram pela avaliação. Os ônibus reprovados são recolhidos das ruas e devem passar por manu-tenção e ser submetidos a novo teste. “A meta geral para 2010 era reduzir o consumo de combustível – e sua queima – em 8,5%. Já a alcançamos e deixamos de emitir 160 mil toneladas de carbono”, afirmou Guilherme.

A Fetranspor também está testan-do o ônibus híbrido, movido a hidro-gênio. O ônibus desenvolvido pela Coppe/UFRJ não emite poluentes, já que o resíduo descartado pelo cano de descarga é apenas vapor d’água. Aguarda-se a implantação de uma unidade de abastecimento de hidro-gênio para que os testes com o híbri-do sejam iniciados. (Joana Algebaile) •

meio ambiente

Guilherme Wilson: “A meta é que todos os ônibus usem combustível com 20% de biodiesel até 2016”.

divulgação Fetranspor

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'Princesinha do Mar'em festa

40 cultura e memória

Quarenta anos das obras que mudaram definitivamente a cara de Copacabana serão lembrados em encontro na Seaerj

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Avenida Atlântica em 1958, antes das obras de duplicação da pista.

Como toda obra de grande im-pacto, aquela também dividiu

opiniões. Foram muitas as reuniões necessárias para convencer os cario-cas de que não era loucura gastar mi-lhões para repaginar uma das regiões mais conhecidas do mundo. Hoje, ninguém duvida de que, naquele 15 de março de 1971, o Rio de Janeiro dava um passo decisivo rumo ao futu-ro. Para festejar as quatro décadas das obras de alargamento e urbanização da Praia de Copacabana, a Socieda-de dos Engenheiros e Arquitetos do Estado do Rio de Janeiro (Seaerj) irá realizar um evento em conjunto com o CREA-RJ. A idéia é reunir figuras centrais daquele momento histórico – a primeira obra de alargamento de praia em mar aberto executada no mundo – para um bate-papo na sede da Seaerj, na Glória. A data ainda não está definida.

Presidente do Centro Cultural da Searj e ex-diretor do Departamen-to de Urbanismo da Sursan (antiga Superintendência de Urbanização e Saneamento), o engenheiro civil Ro-nald Young ressalta a importância de se preservar a memória de um marco da engenharia brasileira. Para ele, as intervenções nos quatro quilômetros de extensão da orla na “Princesinha

do Mar”, realizadas há 40 anos, além da importância urbanística, represen-taram um ato de resgate do Rio, que vinha sofrendo esvaziamento político e econômico desde a transferência da capital federal para Brasília, em 1960.

“Quando houve a mudança da capital do Rio para Brasília, a cidade esvaziou-se muito. Temia-se um fra-casso do então Estado da Guanaba-ra. Nossa vocação era fundamental-mente turística, daí a importância de mudar a cara de Copacabana, ofere-cendo mais conforto aos moradores e aos visitantes. A obra, que foi feita na gestão de Negrão de Lima, entra neste contexto”, explica Young, que capitaneou a empreitada e agora quer promover um encontro de ge-rações. “Queremos reunir engenhei-ros que trabalharam nas obras. São pessoas já com idades avançadas e o ato teria uma grande importância”, completa. Outro fator que torna a data passível de comemoração é o fato de que os cerca de 50 engenhei-ros e arquitetos envolvidos no pro-cesso pertenciam ao Departamento de Urbanização (DURB), do Estado da Guanabara.

Arquivo Ronald Young

cultura e memória

lucio Costa propôs a construção de passarelas cruzando a Avenida Atlântica, ideia que acabou arquivada por causa do alto custo.

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em 1970, o alargamento e a construção do interceptor oceânico não impediram o banho de mar.

42 cidade

Os números impressionam: fo-ram necessários 4,2 milhões de me-tros cúbicos de areia – a maior parte retirada da Praia de Botafogo e o res-tante da Ilha de Cotunduba, na Baía de Guanabara – para tornar possí-vel o alargamento da avenida, com pistas nos dois sentidos, a 80 metros em direção ao mar. Em cifras atua-lizadas, as obras em Copacabana exigiram investimentos de US$ 15 milhões.

Durante um ano e meio a aveni-da litorânea mais famosa do mundo se transformou em um canteiro de obras. Os estudos começaram em 1969 e foram realizados pelo Labo-ratório Nacional de Engenharia Civil

de Portugal (LNEC), que concluiu pela viabilidade das obras.

EMISSáRIO SUBMARINOA plástica em Copacabana tam-

bém significou contribuição inestimá-vel para o saneamento da cidade, com a construção do Interceptor Oceânico, paralelo à Avenida Nossa Senhora de Copacabana. A partir daquele momen-to, todo o esgoto produzido no bairro passou a ser bombeado para o emis-sário submarino de Ipanema. “Havia uma forte pressão contrária à obra. O presidente da associação comercial e os moradores eram contra. Foi difícil. Precisamos fazer uma campanha forte da TV e nos clubes para convencer a

população”, recorda Ronald Young. “O maior temor era de que o mar destru-ísse o novo calçadão. Por fim, mostra-mos que as preocupações não faziam sentido. Uma das marcas da Sursan era primar pelo zelo de suas obras. Os viadutos do Aterro do Flamengo, por exemplo, compõem muito bem com o ambiente no entorno. Ao contrário do viaduto da Perimetral, que inclusive será derrubado”, ressalta.

O encontro também será uma oportunidade para passar a limpo al-gumas questões até hoje mal esclare-cidas. O arquiteto e paisagista Burle Marx, lembra Young, foi o responsável pelo projeto urbanístico do calçadão junto aos prédios e canteiro central. “O calçadão junto à areia, onde ficam os quiosques, não foi concepção dele porque as ondas já eram uma carac-terística anterior da praia”, afirma.Fatos curiosos, e que ficaram perdidos no tempo, também serão lembrados, como a sugestão do renomado Lucio Costa – colaborador da Sursan – para a construção de passarelas cruzando a Avenida Atlântica. A ideia acabou ar-quivada em função do alto custo de exe-cução. Ou ainda a contribuição finan-ceira da Petrobras para as obras, com a contrapartida de explorar os postos de gasolina da orla e do entorno da Lagoa Rodrigo de Freitas. (Maíra Amorim) •

Arquivo Ronald Young

Foram necessários 4,2 milhões de metros cúbicos de areia, a maior parte retirada da Praia de Botafogo, para tornar

possível o alargamento da Avenida Atlântica.

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Catálogo Crea-RJ 2011/2012 Protocolo (uso do Crea-RJ)

Passe cola aqui

Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Rio de Janeiro 2011/2012,

junto à Sociedade.

Profissional, você pode divulgar seus dados e suas atividades técnicas, GRATUITAMENTE nesta publicação, desde que sua situa-ção com o CREA-RJ esteja em dia e tenha enviado ao Conselho este formulário preenchido e assinado, até 20/4/2011.

Nome Completo __________________________________________________________________________________________

Número de Registro/Visto Crea-RJ _______________________________ CPF: ________________________________________

Trabalha em que condição? Autônomo Empregado Outros Qual? __________________________________________

Empresa: Pública Privada ONG Cooperativa Cargo/Função: _________________________________________

DADOS RESIDENCIAIS (Preencha SOMENTE os dados a serem publicados no Catálogo)

Endereço ____________________________________________________________ Nº _______Complemento ______________

Bairro __________________________________ CEP _______________ Cidade __________________________ UF _____

Tel ( ) _______________________ Fax ( ) __________________________ Cel ( ) _____________________________

E-mail __________________________________________________________________________________________________

DADOS COMERCIAIS (Preencha SOMENTE os dados a serem publicados no Catálogo)

Endereço ____________________________________________________________ Nº _______Complemento ______________

Bairro __________________________________ CEP _______________ Cidade __________________________ UF _____

Tel ( ) _______________________ Fax ( ) __________________________ Cel ( ) _____________________________

E-mail __________________________________________________________________________________________________

ATIVIDADES DESENVOLVIDAS (Descreva sucintamente nas linhas abaixo as atividades da área técnica que atua, com no máximo 200 caracteres)

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Local e data ________________________________, ____/____/____

Assinatura _______________________________________________

Você está interessado que seus dados constem dessa edição? SIM NÃO

Caso deseje um anúncio com destaque, entre em contato com a EBGE - Editora Brasileira de Guias Especiais, empresa responsável pela edição do Catálogo, pelo telefone (21) 3506-4423 e consulte a tabela de preços.

IMPORTANTE:

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Remetente: _______________________________________________________________

Endereço: ________________________________________________________________

AC AFONSO CAVALCANTI20211-970 - RIO DE JANEIRO - RJ

CARTA RESPOSTANÃO É NECESSÁRIO SELAR

O SELO SERÁ PAGO PORCREA-RJ Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Rio de Janeiro

CRME/S.RCA - Coordenação Regional Metropolitana / Registro e Cadastro

1ª dobra 1ª dobra

2ª dobra 2ª dobra

instrumento seguro para fazer consultas criteriosas sobre a qualidade e o custo dos serviços técnicos que deseja contratar. Participe dessa iniciativa pioneira e inclua o seu nome no Catálogo 2011/2012.

aos veículos de informação do Conselho. Garanta esse direito. Não deixe de informar qualquer mudança em seus dados pessoais ouO nosso objetivo é que o CREA-RJ se torne um referencial de excelência para a sociedade e, principalmente, para você.

Eng. Agrônomo AGOSTINHO GUERREIRO Presidente do CREA-RJ

Cole aqui

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artigo

o mercado publicitáriopede mais

o que a publicidade tem a aprender com a engenharia

Há tempos o campo da publi-cidade vem mudando e exi-

gindo cada vez mais de seus pro-fissionais, que já perceberam que anúncios em revistas ou comerciais de TV não garantem mais destaque no mercado. Nos dias de hoje, para alcançar o sucesso é preciso se ar-riscar em outros tipos de mídia e vislumbrar campanhas que fujam no padrão. Mais do que isso, o mer-cado publicitário pede conheci-mento extra em diversas áreas.

Para acompanhar as mudanças, um profissional que pretende ser ex-traordinário deve buscar novos ca-minhos e ter mais do que uma gran-de ideia para alcançar o prestígio e reconhecimento do mercado e, por isso, me pergunto: “Será que o dire-tor de criação tem que também ter formação em engenharia?”. Atual-

mente nos deparamos com muitas campanhas que, além da criativida-de do profissional, têm tecnologia e artifícios de engenharia. Além de pensar e articular o que será interes-sante, devemos imaginar um mundo maior em termos estruturais. É ne-cessário engajamento e uma histó-ria atraente e diferenciada, que faça o público sentir-se impressionado a cada momento.

A engenharia aplicada sobre as ideias (para as deixarem diferen-ciadas) está chamando a atenção do público. É preciso pensar além da publicidade tradicional e, para isso, a tecnologia acoplada à engenharia está diversificando o mercado publi-citário, fazendo com que as criações fiquem mais ousadas.

Peças surpreendentes que ino-vam a maneira de ver os produtos e

ideias nos deixam enaltecidos com o rumo em que a profissão está se direcionando. É um trabalho em conjunto que fará com que as ações publicitárias sejam cada vez mais di-ferenciadas. Além de aplicar novas tecnologias à propaganda, podemos inovar a maneira de fazê-la.

Mídias online, offline e mobile, estão aí para nos apresentar muitas maneiras de criar e, aliado às outras áreas, podemos ter grandes criações e descobrir novos talentos. Quem sabe um publicitário não se descu-bra engenheiro e vice-versa. Tudo bem, essa troca não seria drástica, mas traria uma inovação interessan-te para ambas as profissões. •andré Felixdiretor geral de Atendimento da Media Contacts

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Remetente: _______________________________________________________________

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AC AFONSO CAVALCANTI20211-970 - RIO DE JANEIRO - RJ

CARTA RESPOSTANÃO É NECESSÁRIO SELAR

O SELO SERÁ PAGO PORCREA-RJ Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Rio de Janeiro

CRME/S.RCA - Coordenação Regional Metropolitana / Registro e Cadastro

1ª dobra 1ª dobra

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instrumento seguro para fazer consultas criteriosas sobre a qualidade e o custo dos serviços técnicos que deseja contratar. Participe dessa iniciativa pioneira e inclua o seu nome no Catálogo 2011/2012.

aos veículos de informação do Conselho. Garanta esse direito. Não deixe de informar qualquer mudança em seus dados pessoais ouO nosso objetivo é que o CREA-RJ se torne um referencial de excelência para a sociedade e, principalmente, para você.

Eng. Agrônomo AGOSTINHO GUERREIRO Presidente do CREA-RJ

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Cidade do SambaComissão de Análise e Prevenção de Acidentes do

Conselho apontou problemas na fiação e nas tomadas como possível causa do incêndio em barracões.

Em visita à Cidade do Samba, na zona portuária do Rio de Janei-

ro, no dia 14 de fevereiro, a Comissão de Análise e Prevenção de Acidentes (Capa) do CREA-RJ apontou irregu-laridades na parte elétrica dos barra-cões como uma das possíveis causas do incêndio, no dia 7 de fevereiro.

Para o engenheiro eletricista Luiz Antonio Cosenza, coordena-dor da Comissão, gambiarras e ex-tensões facilitam os curtos-circui-tos nos barracões. O engenheiro lembra que 95% dos incêndios são causados por fiações irregulares. Na Cidade do Samba, o problema é ainda mais grave, já que muitos aparelhos elétricos, como máqui-nas de cortar chapas e soldas, so-brecarregam a eletricidade nos barracões.

”Como faltam tomadas para dar conta de todos os trabalhos, existem muitas ligações improvisadas nos barracões e emendas mal isoladas que, somadas a muitas máquinas fun-

cionando ao mesmo tempo, podem provocar curtos-circuitos. Mas algu-mas medidas simples podem preve-nir e minimizar os riscos”, afirma.

BRIGADAS 24 HORASSegundo Cosenza, a fiação elétri-

ca e as tomadas deveriam ser insta-ladas em tubos de metal distribuídos no interior dos galpões, o que pode evitar o uso de gambiarras e outras ligações improvisadas. “As pessoas vão até o quadro de luz e esticam fios e cabos em todo o barracão para ligar todos aqueles equipamentos usados na construção dos carros ale-góricos”, destacou Cosenza.

Outra medida importante seria a criação de brigadas 24 horas em cada barracão para prevenir e combater possíveis incêndios, afirma o enge-nheiro. Ele defendeu a realização de vistorias diárias nos barracões no fim do expediente das escolas para verifi-car deslizes comuns, como deixar um aparelho ligado em meio a tecidos e

placas de madeira. Ele disse também que é fundamental a inspeção peri-ódica dos extintores, uma vez que a Comissão verificou a existência de extintores com prazo de validade vencido, um risco imensurável em um ambiente tão vulnerável à propa-gação de fogo.

Na avaliação de Cosenza, fumar dentro dos barracões também de-veria ser proibido, já que qualquer faísca em contato com o material inflamável usado na confecção das alegorias e fantasias facilita a rápida propagação do fogo.

A Comissão do CREA-RJ visitou dois barracões, já que os que foram atingidos estavam isolados. O rela-tório produzido foi encaminhado à Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa) e à Prefeitura do Rio.

Segundo o laudo divulgado pelo Instituto de Criminalística Carlos Éboli, o incêndio não foi criminoso. (Arthur Januario) •

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Dentre os vários compromissos e desafios assumidos pela atual

gestão, o CREA-RJ acaba de realizar uma conquista histórica: a operacio-nalização do Nosso Sistema Corpo-rativo. Graças ao talento, dedicação e persistência da Gestão e de todos os servidores envolvidos direta ou indi-retamente, essa novidade já está em pleno funcionamento, contribuindo para uma nova era, baseada em um avanço tecnológico inédito nos 76 anos do Conselho do Rio.

“A exemplo de outras grandes instituições, empresas e bancos, que também experimentaram migra-ções tecnológicas de forte impacto e grande complexidade, temos em mãos uma ferramenta de alta quali-dade e extrema sofisticação, além de ser uma das melhores do Brasil. Isso significa uma nova era de tecnologia e inovação que pode servir de base para outros avanços, inclusive, em ou-

tros estados”, afirmou o presidente do CREA-RJ, Agostinho Guerreiro.

Além do novo Sistema – espera-do por muito tempo no Conselho e só agora uma realidade – a Gestão do CREA-RJ segue totalmente em-penhada em promover uma série de investimentos de melhoria (leia abai-xo).

De fato, passaram-se vários anos até que essa e outras conquistas se efe-tivassem. “Foram dias difíceis, porém superados pela dedicação de todos”, lembra Agostinho. Por isso o novo sistema de tecnologia Oracle, em linguagem Java, está sendo tratado por funcionários do CREA-RJ como “Nosso Sistema”, nascido da mente e do coração de toda a coletividade operacional do Conselho. Segundo o professor Edson Monteiro, “nosso” gerente de Infraestrutura, as funcio-nalidades do novo sistema agilizam e facilitam rotinas e serviços para usuá-

rios internos e proporcionam benefí-cios e vantagens para profissionais e empresas.

PRIORIDADESTodo esse desenvolvimento, de-

terminado pela atual gestão como uma das prioridades da Coordenação de Tecnologia (CTCI), está finalmente implantado, com pequenos ajustes de adequação, necessários em qualquer implantação de sistema dessa magni-tude. “Esses ajustes estavam previstos no nosso cronograma, já que temos 723 rotinas diferentes implantadas no Sistema Corporativo”, explica Edson Monteiro.

A melhoria pode ser vista den-tro e fora do CREA-RJ. Somente na primeira semana de implantação (de 24 a 30 de janeiro), 2.200 novos profissionais e 324 novas empresas puderam ingressar nos serviços do CREA Online. •

institucional 47institucional

No ar,o ‘Nosso Sistema’

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Atendimento com rapidez e qualidadeCom o objetivo de ampliar a sua rede de atendi-

mento, o CReA-RJ inaugurou as novas instalações da Coordenação Regional Norte e da inspetoria de Campos dos Goytacazes, no dia 17 de fevereiro. A iniciativa dá se-quência a uma série de medidas voltadas para melhorar a qualidade dos serviços no interior do estado, como as recentes inaugurações da nova casa da inspetoria de Ma-caé e do Posto de Relacionamento do CReA-RJ, no muni-cípio de Pinheiral.

Para o presidente do Conselho, Agostinho Guerrei-ro, essas ações são fundamentais para agilizar, cada vez mais, os serviços prestados a profissionais e empresas que procuram o CReA-RJ e adequá-lo às futuras deman-das de atendimento do estado do Rio de Janeiro.

outra ação recente do Conselho foi a criação do espa-ço do Profissional, localizado no segundo andar da sede. Neste local, o atendimento é especial, pois é prestado so-mente ao próprio profissional, de posse de sua carteira do Crea-RJ.

Atenção: o horário de atendimento ao público na sede do CReA-RJ foi ampliado. ele agora tem início às 8h30 e término às 17h30.

Confea lança "Cidade colaborativa"Construir uma cidade em 3d pela internet. esse é o objetivo da rede social Cidade Colaborativa, projeto lançado pelo Con-

fea. o desafio é construí-la virtualmente, a partir de sugestões enviadas pelos participantes, com base em um plano diretor também participativo. Quando pronta, a cidade permitirá navegação em 360 graus por suas ruas e praças. em cada empreendi-mento, aparecerá o nome dos que participaram do projeto. durante o “passeio” também será permitido opinar e dar sugestões sobre a cidade já construída. Acesse www.cidadecolaborativaconfea.com.br e participe!

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No evento de Campos, Agostinho Guerreiro e o reitor da Faculdade Redentor, Heitor Antonio da Silva, assinaram um convênio de cooperação.

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notas 49

Crea e Ministério Público na fiscalização dos estádios do Rio de Janeiro

o CReA-RJ assinou um convênio com o Ministério Público fluminense para a fiscalização de estádios de fu-tebol do estado, com o objetivo de garantir a segurança dos atletas e dos torcedores durante as partidas.

o MPRJ vai realizar fiscalizações efe-tivas em Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva e defesa do Consumidor e Contri-

buinte. Já o Crea-RJ vai verificar a presença dos quesitos técnicos e formais dos laudos de engenharia emitidos pelos engenhei-ros responsáveis pelos estádios, para que estejam em conformidade com a Portaria 124/09 do Ministério dos esportes.

Segundo o presidente do CReA-RJ, Agostinho Guerreiro, o Conselho cola-borou na formulação do documento. “A

Portaria incluiu o laudo de engenharia como obrigatório para a realização de partidas, além dos laudos da Polícia Mi-litar, do Corpo de Bombeiros e da Vigi-lância Sanitária. Muitos acidentes esta-vam ligados às questões de engenharia e à estrutura dos estádios. Agora, sem este documento, os locais estão suscetí-veis a não ter jogos oficiais", afirma.

Pedro Kirilos/Riotur

o valor do lixoA Associação dos Catadores de Jardim Gramacho, última

cooperativa parceira na Coleta Seletiva Solidária do CReA-RJ, realiza importante obra social em sua comunidade. esse tra-balho foi documentado no filme "lixo extraordinário", indica-do ao oscar de melhor documentário, e teve a participação do artista plástico Vik Muniz.

infraero realiza concurso para profissionais

A empresa Brasileira de infraestrutura Aeroportuária (in-fraero) abriu inscrições para contratar cinco arquitetos e 66 engenheiros civis. os profissionais interessados deverão se inscrever pelo site da Fundação Carlos Chagas (www.concur-sosfcc.com.br), entre 28 de fevereiro e 8 de abril de 2011. So-mente poderão se habilitar a participar do concurso público – que formará um cadastro de reserva – aqueles que possuí-rem o devido registro no sistema Confea/Crea. o salário inicial previsto é de R$ 7.086,68, além de outros benefícios.

de acordo com o edital, o maior número de vagas – um total de 23 – está destinado à área de pavimentação. A se-guir, vem o setor de estruturas e edificações, com 20 vagas. As provas estão marcadas para o dia 22 de maio próximo.

o Sindicato dos engenheiros, em parceria com o CReA-RJ, o Clube de engenharia e a SeAeRJ, está realizando uma pesqui-sa sobre o Perfil do Profissional de engenharia. A pesquisa vem sendo executada pelo departamento intersindical de estatísti-ca e estudos Socioeconômicos - dieeSe. A finalidade é definir políticas e ações que visem atender às reais demandas dos en-genheiros, como apoio jurídico, formação, inserção no mercado de trabalho, seguro de vida, previdência, plano de saúde, entre outras. Serão coletadas informações de 2 mil profissionais com registro no CReA-RJ, que foram escolhidos por sorteio e que se-rão contatados por um entrevistador credenciado pelo dieeSe.

inicialmente, o entrevistador deverá confirmar os dados de contato do profissional para, em um segundo momento da pesquisa, acertar local, data e hora de melhor conveniência do profissional para a entrevista. É importante que o profissional procurado forneça as informações solicitadas, contribuindo, as-sim, para a melhoraria do trabalho das entidades em defesa dos profissionais da engenharia.

As entrevistas não são identificadas e o tempo médio de duração é de 30 minutos. Mais informações em www.sengerj.org.br/extras/pesquisa_perfil_final.jpg ou (21) 3505-0728 e (21) 3505-0710.

Pesquisa de perfil do profissional

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50 notas

Sustentabilidade para o Sistema Confea/Creao Plenário do Confea aprovou o projeto de Resolução que institui o Progra-

ma de desenvolvimento Sustentável do Sistema Confea/Crea e Mútua (PRo-deSu). o objetivo é realocar recursos do Confea e dos Creas para promover políticas de sustentabilidade econômica, financeira e social nos Regionais.

o PRodeSu atenderá a projetos de todos os Creas, inclusive do CReA-RJ. os Conselhos menores terão, finalmente, uma fonte permanente de recursos para ajudar na sua sustentabilidade. A participação dos Creas será voluntária e o Con-selho que desejar participar contribuirá com 1% de suas receitas. Já o Confea alo-cará 10% da sua receita. A contribuição, que também poderá vir da Mútua e de outros órgãos da administração pública, somará um orçamento de cerca de R$ 12 milhões.

os recursos serão administrados pelo Confea, por meio de um Conselho Gestor, e aplicados em desenvolvimento de pessoal, capacitação em fiscali-zação, aquisição de equipamentos e soluções tecnológicas, meios de trans-portes, contratação de auditoria, reforma, locação, aquisição ou construção de sedes e inspetorias, implantação de ouvidoria, Assessoria Parlamentar, Controladoria, Corregedoria, Auditoria, entre outras unidades de controle e transparência.

um censo de engenheiros no Brasilem reunião com o ministro da educação, Fernando Haddad, no dia nove de feve-

reiro, o presidente do Confea, Marcos Túlio de Melo, falou sobre o censo que o Confea pretende realizar em parceria com o Ministério do desenvolvimento para mapear todos os engenheiros do Brasil e quais efetivamente atuam na área.

A ideia é, a partir do diagnóstico traçado, desenvolver um programa de atuali-zação profissional, com o intuito de atrair engenheiros que não estão exercendo a profissão a voltarem para o mercado – apenas cerca de 1/3 do total de engenheiros formados no país atuam na área. Para Túlio, esta é uma solução de médio prazo para atender às demandas mais urgentes, enquanto também se investe no aumento do número de engenheiros formados por ano, medida que só dará resultado em, no mínimo, cinco anos (tempo da formação).

Fernando Haddad, ministro da educação, sugeriu que o programa de atualização profissional seja um mestrado profissional fomentado pela Capes, com grade curri-cular específica que abranja conteúdos necessários para atender às demandas do mercado brasileiro atual.

Com informações da Assessoria de Comunicação do Confea

Sistema no combate à corrupçãoA Controladoria Geral da união, o Confea e o instituto ethos de empresas e Responsabilidade Social assinaram o Acor-

do de Cooperação contra a corrupção. o objetivo é desenvolver mecanismos, instrumentos e técnicas que contribuam para a prevenção e o combate à corrupção no âmbito das licitações, contratações e execuções de obras públicas e a pro-moção da ética e da transparência pública junto aos agentes e profissionais desse segmento.

No Brasil, a CGu é o órgão responsável por acompanhar a implementação da Convenção das Nações unidas contra a Corrupção e de outros compromissos internacionais assumidos pelo país sobre o assunto. No Portal da Transparência será possível acompanhar a aplicação dos recursos públicos para a Copa de 2014 e para as olimpíadas de 2016. (www.portaltransparencia.gov.br)

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De 24 a 28 anos 127,22 142,55 145,48 189,12 222,75 336,51

De 34 a 38 anos 142,00 159,11 171,08 214,34 248,62 383,77

De 44 a 48 anos 196,56 220,23 236,79 296,66 344,12 531,17

De 54 a 58 anos 314,85 352,80 379,35 475,24 550,89 850,89

De 19 a 23 anos 101,79 114,06 122,64 153,64 178,34 275,10

De 29 a 33 anos 133,86 149,99 161,27 201,69 234,36 361,78

De 39 a 43 anos 162,40 181,96 195,65 245,13 284,31 438,87

De 49 a 53 anos 226,03 253,26 272,33 337,60 395,73 610,83

A partir de 59 anos 480,56 538,47 578,99 725,69 841,38 1.298,03

Valores mensais em reais (R$), per capita. Base maio 2010. Pedido de adesão sujeito à análise técnica, de acordo com as normas da Agência Nacional de Saúde - ANS.

*Com

para

doco

mpl

aPLANO PERSONAL(QC E QP)

• CardioBarra• Casa de Saúde N.Sra do Carmo• Clínica Primeira Idade• Hosp. Ordem Terceira da

Penitência.

Algumas unidades que fazem parte da rede de atendimento:PLANO ALFAToda a rede do Plano Personal e mais:• Casa de Saúde Sta. Therezinha• Centro Pediátrico da Lagoa• Clínica São Bernardo• Hosp. São Lucas

PLANO BETAToda a rede do Plano Alfa e mais:• Casa de Saúde Sta. Lúcia• Hosp. Israelita Albert Sabin

PLANO DELTAToda a rede do Plano Betae mais:• Casa de Saúde São José• Hosp. Barra D’OR• Hosp. Pasteur• Hosp. Quinta D’OR• Hosp. Rio Mar

PLANO ÔMEGAToda a rede de Plano Deltae mais:• Clínica Perinatal Laranjeiras• Clínica São Vicente• Hosp. Pró-Cardíaco

Contrato coletivo de assistência à saúde por adesão, celebrado entre Qualicorp Administradora de Benefícios Ltda e a Cooperativa de Trabalho Médico do Rio de Janeiro Ltda (Unimed Rio), em convênio com o CREA-RJ. Este anúncio contém informações resumidas. Ressalta-se que o benefício referido origina-se de um contrato coletivo. A adesão está condicionada ao cumprimento integral das condições especí cas do contrato e de sua política de comercialização. Os preços e a rede médica credenciada estão sujeitos a alterações, por parte da operadora, respeitadas as disposições contratuais e legais (Lei 9656/98). Condições contratuais disponíveis para análise, podendo ser solicitadas pelo telefone 21 2158-0580.

Ligue agora e aproveite essa oportunidade:

(21) 2158-0580