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FÁRMACOS DIURÉTICOS

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SUMÁRIO

FÁRMACOS DIURÉTICOS ............................................................................. 5

Indicação dos diuréticos .............................................................................................. 5

Efeitos adversos dos diuréticos ................................................................................. 5

Classificação dos diuréticos ....................................................................................... 5

DIURÉTICOS OSMÓTICOS ........................................................................... 7

Indicação .......................................................................................................................... 7

Efeitos adversos ............................................................................................................. 7

DIURÉTICOS INIBIDORES DA ANIDRASE CARBÔNICA ........................ 7

Mecanismo de ação ...................................................................................................... 7

Indicação .......................................................................................................................... 8

Efeitos adversos ............................................................................................................. 8

DIURÉTICOS DE ALÇA .................................................................................. 8

Mecanismo de ação ...................................................................................................... 8

Aspectos farmacocinéticos ......................................................................................... 9

Indicação .......................................................................................................................... 9

Efeitos adversos ............................................................................................................. 9

DIURÉTICOS TIAZÍDICOS ........................................................................... 10

Indicação ....................................................................................................................... 11

Aspectos farmacocinéticos ...................................................................................... 12

Efeitos adversos .......................................................................................................... 12

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DIURÉTICOS POUPADORES DE POTÁSSIO .......................................... 12

Mecanismo de ação ................................................................................................... 12

Aspectos farmacocinéticos ...................................................................................... 13

Efeitos adversos .......................................................................................................... 13

TRIANTERENO E AMILORIDA ................................................................... 13

Aspectos farmacocinéticos ...................................................................................... 13

Efeitos adversos .......................................................................................................... 14

OUTRAS CLASSES DE DIURÉTICOS ........................................................ 14

USO CRÔNICO DOS DIURÉTICOS ............................................................ 14

RESISTÊNCIA AOS DIURÉTICOS NO EDEMA ........................................ 14

RESUMÃO ...................................................................................................... 15

REFERÊNCIAS ............................................................................................... 17

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Os fármacos diuréticos aumentam a elimi-nação de Na+ e água. Isso ocorre, pois di-minuem a reabsorção de Na+ e de um ânion acompanhante (em geral de Cl-) do filtrado, sendo o aumento da perda de água secundário ao aumento da elimina-ção de NaCl (natriurese). Isso pode ser ob-tido por: ação direta sobre as células do néfron, ou indiretamente, por modificação do conteúdo do filtrado. Dado que uma proporção muito grande do sal (NaCl) e da água que entra no túbulo via glomérulo é reabsorvida, até uma pequena diminuição de reabsorção pode causar acentuado au-mento da eliminação de Na+. A maioria dos diuréticos com ação direta sobre as células do néfron atuam a partir do interior da luz tubular e chegam a seus locais de ação pelo fato de serem secretados para o tú-bulo proximal (com exceção da espirono-lactona).

Indicação dos diuréticos

• Hipertensão Arterial Sistêmica • Insuficiência Cardíaca Congestiva • Acidente Vascular Encefálico (AVC) • Insuficiência Renal • Insuficiência Hepática • Hiperaldosteronismo • Diabetes Insípido • Intoxicação por Lítio • Edema

• Glaucoma • Alcalose metabólica

Efeitos adversos dos diuréticos

• Depleção de Sódio • Depleção de Potássio • Hipercalemia • Alteração no Balanço de Cálcio • Intolerância a Glicose • Hiperlipidemia • Retenção de Ácido Úrico (50% dos

pacientes tratados com Tiazídicos (30% dos HAS) – 2% quadro de Gota).

• Impotência (Tiazídicos) • Ototoxidade (Diuréticos de Alça) • Ginecomastia (Espironolactona)

Classificação dos diuréticos

Classificação: podem ser classificados de acordo com estrutura química, locais de ação e potência. A potência não é dada pelo volume urinário e sim fração de excre-ção de sódio.

- Classificação pela fração de sódio ex-cretada

Alta eficácia (FENa>15%)

• Organomercuriais (não mais utiliza-dos): Mersalyl

• Ácidos fenoxiacéticos: Ác. Etacrínico

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• Benzoatos sulfamídicos: Furosemida, Bumetanida e Piretanida.

• Aminopirazolinonas: Muzolimina • Tiazolidonas: Etozoline

Média eficácia (FENa 5 - 10%)

• Benzotiadazinas: Clortiazida, Benzotia-zida, Hidroclortiazida e Bendrofluozida

• Heterocíclicos relacionados: Clortali-dona (Ftalimidinas), Metolazona (Qui-nazolinonas), Indapamida (Clorobenza-midas) e Xipamida

• Ácidos fenoxi-acéticos: Ac. Tienílico (uricosúrico – precipitação de cristais – ira)

Baixa eficácia (FENa<5%)

• Xantinas: Aminofilina • Osmóticos: Manitol • Poupadores de Potássio: Espironolac-

tona – antagonistas competitivos da al-dosterona; Triantereno, Amilorida.

Locais de ação dos diuréticos:

Diuréticos osmóticos: alça descendente de Henle

Inibidores da anidrase carbônica: túbulo contorcido proximal

Diuréticos de alça: alça espessa de Henle

Diuréticos tiazídicos: túbulo contorcido distal

Diuréticos poupadores de potássio: túbulo contorcido distal e túbulo coletor

Inibidores do ADH: ducto coletor

Figura 1: locais de ação dos diuréticos no néfron

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DIURÉTICOS OSMÓTICOS

Os diuréticos osmóticos são substâncias farmacologicamente inertes (p. ex., mani-tol) filtradas no glomérulo, mas não reab-sorvidas pelo néfron, aumentando a osmo-laridade do ultrafiltrado. A reabsorção pas-siva de água é reduzida pela presença de soluto não reabsorvível dentro do túbulo (com maior osmolaridade), pois a água por osmose tende a ir para o meio mais con-centrado (luz tubular). Isso resulta no au-mento de volume de água na urina, au-mentando a diurese. Dentro do néfron, seu principal efeito é exercido sobre aquelas partes do néfron que são livremente per-meáveis à água: o túbulo proximal, o ramo descendente da alça e os túbulos coleto-res. Isso tem o efeito secundário de reduzir a reabsorção de Na+. Portanto, o principal efeito dos diuréticos osmóticos é aumentar a quantidade de água eliminada, com me-nor aumento da eliminação de Na+.

Indicação

Eles são às vezes usados na insuficiência renal aguda, que pode ocorrer em decor-rência de hemorragia, trauma ou infecções sistêmicas. A taxa de filtração glomerular se reduz, e a absorção de NaCl e água no túbulo proximal se torna quase completa, de modo que partes mais distais do néfron virtualmente “secam” e cessam o fluxo uri-nário. Também são utilizados como

tratamento de emergência para aumento súbito da pressão intracraniana ou intrao-cular. Esse tratamento não se relaciona com o rim, em absoluto, porém se baseia no aumento da osmolaridade plasmática por solutos que não penetram no cérebro ou nos olhos, o que resulta no efluxo de água desses compartimentos.

Efeitos adversos

Os efeitos adversos incluem expansão transitória do volume do líquido extracelu-lar (com risco de causar insuficiência do ventrículo esquerdo) e hiponatremia. Po-dem ocorrer cefaleia, náuseas e vômitos.

DIURÉTICOS INIBIDORES DA ANI-DRASE CARBÔNICA

Mecanismo de ação

Os inibidores da anidrase carbônica inibem a ação dessa enzima, portanto, impedem a reabsorção de ”bicarbonato”, inicialmente na forma de H2O+CO2, portanto impedem a formação de ácido carbônico dentro das

Indicações dos diuréticos osmóticos: glaucoma e hipertensão intracraniana

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células tubulares do túbulo proximal. Ini-bindo a formação de ácido carbônico den-tro da célula, não há formação dos íons de hidrogênio, necessários para reabsorção do sódio (pelo trocador Na+/H+) presente na borda luminal dessas células. Ou seja, os inibidores de anidrase carbônica não só impedem a reabsorção de sódio (como os outros diuréticos) como também de bicar-bonato, causando diurese de NaHCO3.

Obs.: apesar dos inibidores da anidrase carbônica terem como local de ação a por-ção de maior reabsorção de sódio no né-fron (o túbulo contorcido proximal) são classificados como baixa potência, pois há mecanismos de compensação fisiológica de reabsorção de sódio (ou seja, em locais a jusante do túbulo contorcido proximal).

Também estão envolvidos na secreção de íons no ducto coletor, sendo um local de ação secundário. Essa perda urinária de bi-carbonato leva à diminuição das reservas corporais totais de bicarbonato (extracelu-lar), sendo utilizado, portanto, na terapêu-tica da alcalose metabólica. A eliminação de bicarbonato acompanhado de Na+, K+ e água, resultando em aumento do fluxo de urina alcalina e acidose metabólica leve.

Indicação

Esses agentes, embora já não usados como diuréticos, ainda são aplicados no tratamento de glaucoma para reduzir a

formação de humor aquoso e também em alguns tipos de epilepsia infantil, e para acelerar a aclimatação a altitudes elevadas. Uso em edemas, somente em associação devido à baixa potência na excreção de só-dio.

Efeitos adversos

A acetazolamida é uma sulfonamida e po-dem ocorrer efeitos indesejáveis comuns às outras sulfonamidas, como rashes, dis-crasias sanguíneas e nefrites intersticiais. Efeitos adversos: acidose metabólica, alca-linização urinaria (que favorece a precipita-ção de cálculos urinários) e precipitação da encefalopatia hepática (interfere no meta-bolismo de amônia).

DIURÉTICOS DE ALÇA

Mecanismo de ação

Os diuréticos de alça são os mais potentes, capazes de causar a eliminação de 15-25% do Na+ filtrado. Esses fármacos atuam sobre o ramo ascendente espesso, inibindo o transportador Na+ /K+ /2Cl− na membrana luminal, combinando-se com seu ponto de ligação para Cl−. As ações vasculares dos diuréticos de alça também não se compreendem inteiramente.

Os diuréticos de alça aumentam a oferta de Na+ ao néfron distal, causando perda de H+ e K+. Considerando que ocorre perda

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urinária de Cl-, mas não de HCO3−, a con-

centração plasmática de HCO3− aumenta

quando o volume plasmático é reduzido – uma forma de alcalose metabólica, por-tanto, denominada “alcalose de contra-ção”. Os diuréticos de alça aumentam a eli-minação de Ca2+ e Mg2+ e diminuem a eli-minação de ácido úrico.

A administração intravenosa de furose-mida a pacientes com edema pulmonar causado por insuficiência cardíaca aguda provoca um efeito vasodilatador terapeuti-camente útil, independente do início da diurese. Possíveis mecanismos incluem a diminuição da responsividade vascular a vasoconstritores como a angiotensina II e a norepinefrina; aumento da formação de prostaglandinas vasodilatadoras; diminui-ção da produção do hormônio natriurético endógeno semelhante à ouabaína (inibidor da Na+ /K+ ATPase), que tem propriedades vasoconstritoras; e efeitos de abertura de canais de potássio em artérias de resistên-cia.

Aspectos farmacocinéticos

Os diuréticos de alça são absorvidos do trato gastrointestinal e geralmente são ad-ministrados por via oral. Também podem ser dados por via intravenosa em situações de urgência (p. ex., edema agudo de pul-mão) ou quando a absorção intestinal esti-ver comprometida, e podem se tornar

resistentes à ação de diuréticos adminis-trados por via oral. Administrados por via oral atuam em 1 hora; por via intravenosa, produzem efeito máximo em 30 minutos. Os diuréticos de alça ligam-se fortemente às proteínas plasmáticas e não passam di-retamente ao filtrado glomerular.

Indicação

Os usos clínicos dos diuréticos de alça são: edema agudo de pulmão, insuficiência car-díaca crônica, cirrose hepática complicada por ascite, síndrome nefrótica, insuficiência renal e tratamento de hipertensão compli-cada por comprometimento renal (os tiazí-dicos são preferidos, caso a função renal estiver preservada).

Efeitos adversos

São comuns os efeitos indesejáveis: IRA (pré-renal), hiponatremia, hipocalemia, ar-ritmia cardíaca (intoxicação digitálica), hi-pomagnesemia, hipocalcemia/ hipercalciú-ria, ototoxicidade, hiperuricemia,

Principais indicações da furosemida: edema agudo de pulmão, ICC e ascite

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hiperglicemia, hipertrigliceridemia. Perdas excessivas de Na+ e água são comuns, em especial em idosos, e causam hipovolemia e hipotensão. A perda de potássio, resul-tando em K+ baixo no plasma (hipocale-mia), e a alcalose metabólica também são comuns.

A hipocalemia aumenta os efeitos e a toxi-cidade de vários fármacos (p. ex., digoxina, e os antiarrítmicos tipo III), de modo que esta é potencialmente uma fonte impor-tante de interação medicamentosa. Hipo-magnesemia costuma ser menos vista, mas também pode ser clinicamente impor-tante; a hiperuricemia é comum, podendo precipitar gota aguda. A diurese excessiva leva à redução da perfusão renal e com-prometimento pré-renal. Não são frequen-tes os efeitos indesejáveis não relaciona-dos às ações renais dos fármacos.

A perda de audição relacionada à dose (composta pelo uso concomitante de ou-tros fármacos ototóxicos, como os antimi-crobianos aminoglicosídeos) pode resultar do transporte prejudicado do íon pela membrana basolateral da estria vascular na orelha interna. Ocorre somente em do-ses muito mais altas das que usualmente são necessárias para produzir diurese. Po-dem ocorrer reações adversas não relacio-nadas com o efeito farmacológico principal (p. ex., rash, depressão da medula óssea).

DIURÉTICOS TIAZÍDICOS

Os diuréticos que atuam sobre o túbulo distal incluem tiazídicos (p. ex., bendroflu-metiazida, hidroclorotiazida) e fármacos relacionados (p. ex., clortalidona, indapa-mida e metolazona) são mais tolerados que os diuréticos de alça e, em ensaios clí-nicos, demonstram reduzir os riscos de acidente vascular cerebral (AVC) –

Efeitos adversos dos diuréticos alça:

HIPOnatremia

HIPOcalemia

HIPOcalcemia

HIPOmagnesemia

HIPERcalciúria

HIPERuricemia

HIPERglicemia

HIPERtrigliceridemia

Ototoxicidade

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indapamina- e de infarto do miocárdio as-sociados à hipertensão.

São os diuréticos mais comumente utiliza-dos na prática clínica em monoterapia ou em associação com outros fármacos anti-hipertensivos. Os tiazídicos reduzem de forma satisfatória a pressão arterial (PA), quando utilizados em baixas doses, e pos-suem excelente ação quando associados aos inibidores da enzima conversora da angiotensina (IECAs), bloqueadores dos receptores AT1 da angiotensina II (BRAs) e bloqueadores dos canais de cálcio (BCC). Os diuréticos tiazídicos têm ação vasodila-tadora. Quando usados no tratamento de hipertensão, a queda inicial da pressão ar-terial decorre da diminuição do volume sanguíneo causada pela diurese, mas a va-sodilatação contribui para a fase tardia. Os diuréticos tiazídicos têm um efeito parado-xal no diabetes insípido, no qual reduzem o volume de urina por interferência com a produção de líquido hipotônico no túbulo distal e a capacidade do rim de secretar urina hipotônica (reduzem a depuração de água livre).

São diuréticos de potência intermediária (quanto à taxa de excreção de sódio). Apresentam ação prolongada e agem no túbulo distal determinando natriurese mo-derada, limitada a 5 — 10% do sódio fil-trado. Os efeitos metabólicos adversos dos diuréticos tiazídicos não comprometem os

esperados benefícios na redução da PA e nos riscos de AVE e de mortalidade cardi-ovascular. Ligam-se ao ponto do Cl− do sis-tema de cotransporte tubular distal de Na+ /Cl−, inibindo sua ação e causando natriu-rese com perda de íons sódio e cloreto na urina. Os efeitos dos tiazídicos sobre o ba-lanço de Na+, K+, H+ e Mg2+ são qualitativa-mente semelhantes aos dos diuréticos de alça, mas de menor magnitude. Em con-traste com os diuréticos de alça, entre-tanto, os tiazídicos reduzem a eliminação de Ca 2+, o que pode ser vantajoso em pa-cientes mais idosos com risco de osteopo-rose. Embora os tiazídicos sejam diuréticos mais suaves que os diuréticos de alça quando usados isoladamente, a coadmi-nistração com diuréticos de alça tem efeito sinérgico, porque o diurético de alça ofe-rece maior fração da carga filtrada de Na+ ao local de ação do tiazídico no túbulo dis-tal.

Indicação

HAS, Insuficiência cardíaca leve (em geral preferem-se diuréticos de alça), edema re-sistente grave (metolazona, em especial é usada juntamente com diuréticos de alça), prevenção formação recorrente de cálcu-los na hipercalciúria idiopática, e no diabe-tes insípido nefrogênico.

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Aspectos farmacocinéticos

Os tiazídicos e fármacos relacionados são eficazes por via oral. Todos são eliminados na urina, principalmente por secreção tu-bular, e competem com o ácido úrico para o transportador de ânions orgânicos. A bendroflumetiazida tem seu efeito máximo em cerca de 4-6 horas, e a duração é de 8-12 horas. A clortalidona tem duração de ação mais prolongada.

Efeitos adversos

Além do aumento na frequência urinária, o efeito indesejável mais comum dos tiazídi-cos, não obviamente relacionado à sua ação renal principal, é a disfunção erétil, embora reversível. A perda de potássio pode ser importante, assim como a perda de Mg2+. A excreção do ácido úrico é redu-zida, e pode ocorrer alcalose hipoclorê-mica. O diazóxido, um tiazídico não diuré-tico, também ativa os canais KATP, cau-sando vasodilatação e comprometimento da secreção de insulina.* A hiponatremia é potencialmente grave, especialmente nos

idosos. A hipocalemia pode ser causa de interação medicamentosa adversa e pode precipitar encefalopatia em pacientes com hepatopatia grave. Reações adversas não relacionadas com a farmacologia principal (p. ex., rashes, discrasias sanguíneas) são raras, mas podem ser graves.

*Diuréticos tiazídicos devem ser evitados em pacientes com síndrome metabólica, pois pode causar intolerância à glicose.

DIURÉTICOS POUPADORES DE POTÁSSIO

Mecanismo de ação

Os poupadores de potássio são diuréticos capazes de eliminar sódio e água, porém poupam o potássio (diferentemente das outras classes). Agem inibindo os canais condutores de sódio no túbulo coletor, como a amilorida e triantereno, ou bloque-ando a ação da aldosterona, como a espi-ronolactona.

A espironolactona e a eplerenona têm ação diurética muito limitada quando usadas isoladamente, porque a troca distal de Na+ /K+ – local em que agem é responsável pela reabsorção de apenas 2% do Na+ filtrado. Competem com a aldosterona por seus re-ceptores intracelulares, assim inibindo a retenção de Na+ e a secreção de K+ em ní-vel distal. Entretanto, elas têm acentuados efeitos anti-hipertensivos, prolongam a

Os tiazídicos são os diuréticos de escolha na HAS, pois também causam vasodilatação

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sobrevida em pacientes selecionados com insuficiência cardíaca (redução da mortali-dade cardiovascular) e podem impedir hi-pocalemia quando combinadas aos diuré-ticos de alça ou tiazídicos.

Aspectos farmacocinéticos

A espironolactona é bem absorvida no in-testino. Sua meia-vida plasmática é de apenas 10 minutos, mas seu metabólito ativo, canrenona, tem meia-vida plasmá-tica de 16 horas. Eplerenona tem meia-vida de eliminação mais curta que a canre-nona e não tem metabólitos ativos. É ad-ministrada por via oral uma vez ao dia.

Efeitos adversos

Os antagonistas da aldosterona predis-põem à hipercalemia, que é potencial-mente fatal. É bem comum o desconforto gastrointestinal. As ações da espironolac-tona/canrenona sobre os receptores de progesterona e andrógenos em tecidos não renais podem resultar em ginecomas-tia, distúrbios menstruais e atrofia testicu-lar. O uso induziu câncer de mama em ra-tos, em humanos não há evidências cientí-ficas.

TRIANTERENO E AMILORIDA

Tem eficácia limitada apenas como diuré-ticos, pois atuam no néfron distal, onde ocorre apenas pequena fração de

reabsorção de Na+. Atuam sobre também sobre os túbulos e ductos coletores, ini-bindo a reabsorção de Na+ por bloqueio dos canais de sódio luminais e diminuição da eliminação de K+, promovendo a natriu-rese. Podem ser administrados juntamente com diuréticos de alça ou tiazídicos, com a finalidade de manter o balanço de potás-sio.

Aspectos farmacocinéticos

O triantereno é bem absorvido no trato gastrointestinal. Seu início de ação é em 2 horas, e sua duração de ação, de 12-16 horas. É metabolizado, em parte, no fígado, e em parte eliminado inalterado na urina. A amilorida é menos bem absorvida e tem início de ação mais lento, com um pico em 6 horas e uma duração de cerca de 24 ho-ras. A maior parte do fármaco é eliminada inalterada na urina.

Indicações diuréticos poupadores de po-tássio

Insuficiência cardíaca (aumenta a sobre-vida) hiperaldosteronismo primário, (sín-drome de Conn) – hipertensão essencial resistente (em especial hipertensão com renina baixa) e hiperaldosteronismo se-cundário causado por cirrose hepática complicada por ascite.

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Efeitos adversos

O principal efeito indesejável, a hipercale-mia, está relacionado à ação farmacológica desses fármacos e pode ser perigoso. Fo-ram relatados distúrbios gastrointestinais, mas não são frequentes. O triantereno foi identificado em cálculos renais, mas seu papel etiológico é incerto. São incomuns as reações idiossincráticas, como os rashes cutâneos.

OUTRAS CLASSES DE DIURÉTI-COS

• Antagonistas dos receptores V2 de vasopressina (aquaporinas). Indica-ção: hiponatremia euvolêmica e hiper-volêmica

• Bloqueadores de Receptores A1 de Adenosina. A adenosina endógena inibe a adenil-ciclase no Túbulo proxi-mal. A inibição da adenosina promove maior ação do AMPc e menor ação da bomba Na+-HCO3.

• Bloqueadores de Canais de K+ (ROMK): são poupadores de Potássio.

USO CRÔNICO DOS DIURÉTICOS

No uso crônico de diuréticos, o organismo utiliza mecanismos de compensação e re-adaptação. Exemplo:

Contração do volume extracelular: devido ao aumento da secreção de Renina-

Aldosterona e hormônio antidiurético (ADH), estimulação simpática (exerce efei-tos diretos de retenção de NaCl nos túbu-los) e também devido à redução da perfu-são renal e da Filtração Glomerular.

Aumento de solutos no túbulo distal: de-vido ao feedback túbulo-glomerular e a hi-pertrofia do túbulo com aumento da capa-cidade de reabsorção de sódio.

RESISTÊNCIA AOS DIURÉTICOS NO EDEMA

Alguns pacientes com edema podem não ter o efeito necessário com o uso de diuré-ticos. Antes de trocar a medicação é im-portante verificar tais tópicos:

• Verificar se a causa do edema é não re-nal (ex: Insuficiência cardíaca conges-tiva). A hipoalbuminemia é uma causa indireta de edema. Necessário infundir diuréticos próximos ou junto c/ albu-mina (5mg Furosemide/ 1g Albumina).

• Verificar adequação do paciente: a quantidade de ingestão de sódio por dia e uso de outros medicamentos. Pode-se verificar colhendo o sódio uri-nário de 24h.

Afastando demais diagnósticos ou má adesão do paciente, podemos realizar al-gumas medidas que favoreçam e potenci-alizem o uso de diuréticos no edema.

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• Recomendar repouso no Leito. A de-ambulação diminui a circulação renal, apesar de aumentar a pressão intra-glomerular.

• Aumentar a dose dos Diuréticos de Alça: 240 mg Furosemida, 10mg Bu-metanida e 100mg de Torsemida.

• Administrar doses menores e frequen-tes ou infusão contínua: aumenta o tempo em que a dose é efetiva no sítio de ação.

• Apostar em terapias combinadas, de diuréticos de ação sinérgica, pois ini-bem mecanismos adaptativos distais ao primeiro diurético.

• Agendar a administração de diuréticos antes das refeições: doses efetivas maiores no momento da maior carga de sódio.

RESUMÃO

Elimina-se normalmente menos de 1% do Na+. Os diuréticos aumentam a eliminação de sal (NaCl ou NaHCO3) e água.

Os diuréticos de alça, os tiazídicos e os diu-réticos poupadores de K+ são os principais fármacos terapêuticos.

Os diuréticos de alça (p. ex., furosemida) causam abundante produção de urina. Ini-bem o cotransportador Na+ /K+ /2Cl− no ramo ascendente espesso da alça de Henle. São usados no tratamento da insu-ficiência cardíaca e outras doenças compli-cadas por retenção de sal e água. Hipovo-lemia e hipocalemia são importantes efei-tos indesejáveis.

Os tiazídicos (p. ex., bendroflumetiazida) são menos potentes que os diuréticos de alça. Inibem o cotransportador Na+ /Cl− no túbulo contorcido distal. São usados no tratamento da hipertensão. Um efeito ad-verso importante é disfunção erétil. Podem ocorrer hipocalemia e outros efeitos meta-bólicos.

Os diuréticos poupadores de potássio atuam no néfron distal e túbulos coletores, são diuréticos muito fracos, mas eficazes em algumas formas de hipertensão e insu-ficiência cardíaca, e podem impedir a hipo-calemia causada por diuréticos de alça e ti-azídicos – a espironolactona e a eplere-nona competem com a aldosterona por seu receptor – a amilorida e o triantereno atuam bloqueando os canais de sódio con-trolados pelo mediador proteico a aldoste-rona.

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FÁRMACOS DIURÉTICOS

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Diuréticos Mecanismo de ação Indicação Efeitos adversos Inibidores anidrase car-bônica

Inibe irreversivelmente a enzima Anidrase Carbônica, diminuindo a entrada de H2O/CO2 e saída de H+ no túbulo proximal, diminuindo a absorção de Na+

Glaucoma, edema (em asso-ciação com outros fárma-cos), epilepsia, alcalose me-tabólica, mal da montanha e Paralisia Familiar Episódica

Acidose metabólica e al-calinização ad urina, pre-dispõe formação de cál-culos renais e infecção do trato urinário

Osmóticos

Aumenta a taxa de filtração glo-merular e causa diluição do ultra-filtrado distal no túbulo proximal e alça descendente de Henle

Edema cerebral e glaucoma

Edema agudo de pulmão, hiponatremia e Wash-out medular

De alça

Inibe a bomba Na-K-2Cl, inibindo parte do mecanismo contra-cor-rente urinário, impedindo a reab-sorção de sódio na alça espessa de Henle

Edema agudo de pulmão, Insuficiência cardíaca con-gestiva, HAS, edema na sín-drome nefrótica, intoxica-ção/overdose de drogas e hiponatremia

IRA (pré renal), hipona-tremia, hipocalemia, hi-pomagnesemia, hipocal-cemia, hipercalciúria, oto-toxicidade, hiperuricemia, hiperglicemia, hipertrigli-ceridemia e hipercoleste-rolemia

Tiazídicos

Inibe a bomba Na-Cl do túbulo contornado distal, impedindo a reabsorção de sódio

HAS, Insuficiência cardíaca congestiva, edema na cir-rose, edema na síndrome nefrótica, litíase renal e dia-betes insípidus

Disfunção sexual, hipoca-lemia, hiponatremia, hi-pocloremia, alcalose me-tabólica, intolerância a glicose, dislipidemia

Poupadores de potássio

Amilorida e triamterene: inibem canal de sódio no túbulo distal e coletor. Espironolactona: antago-nista dos receptores de aldoste-rona, impedindo a reabsorção de sódio e potássio

Manter níveis séricos de po-tássio, HAS, fibrose cística, intoxicação por lítio, diabe-tes insípidus nefrogênico e hiperaldosteronismo e insu-ficiência cardíaca congestiva

Hipercalemia, náusea, vômito, diarreia, acidose metabólica, ginecomas-tia, hirsutismo e irregula-ridades menstruais.

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FÁRMACOS DIURÉTICOS

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REFERÊNCIAS

Curso fisiologia renal (professora Riane Wanzeler) Jaleko Acadêmico. Dis-ponível em: www.jaleko.com.br.

Brunton, L.L; Chabner BA; Knollmann BC. Goodman & Gilman: As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 12ªedição. Rio de Janeiro, McGraw-Hill, 2012,2112 p.

GUYTON, A.C.; HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. 12. ed. Rio de Ja-neiro: Elsevier, 2011.

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