(Fichamento 5) Francisco Rocha Júnior - Recursos No STJ Do Império
fichamento 5
-
Upload
sarah-lewis -
Category
Documents
-
view
43 -
download
2
Transcript of fichamento 5
![Page 1: fichamento 5](https://reader030.fdocuments.net/reader030/viewer/2022020207/55721381497959fc0b926f43/html5/thumbnails/1.jpg)
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DISCIPLINA PSICOLOGIA DO DES. E APRENDIZAGEM NA ADOLESCÊNCIA
PROFESSORA JAKELINE ANDRADE
ALUNA JESSICA SOUZA FERREIRA
FICHAMENTO: CAPÍTULO 5 – DESENVOLVIMENTO, EDUCAÇÃO E EDUCAÇÃO ESCOLAR: A
TEORIA SOCIOCULTURAL DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM
INTRODUÇÃO
Tinham sido publicados importantes estudos sobre o desenvolvimento das capacidades durante
a infância e gozava de grande prestígio a pesquisa experimental sobre a aprendizagem animal e
humana.
Antes de 1925 tinham considerado a educação como processo decisivo na gênese das
capacidades psicológicas que nos caracterizam como seres humanos.
A teoria revolucionária na qual a natureza humana é o resultado da interiorização, socialmente
guiada, da experiência cultural transmitida de geração em geração. Mas aquele ousado Lev
Semionovitch Vygotsky (1896-1934) era um intelectual excepcional em circunstância
igualmente excepcional.
Os temas de pesquisa que foram tratados sucessivamente por Vygotsky: a necessidade de
encontrar um método (o método genético experimental) e uma unidade de análise (a atividade
instrumental e a interação).
Em sua concepção psicológica, a educação é o processo central da humanização, e a escola, o
principal “laboratório” para estudar a dimensão cultural, especificamente humana, do
desenvolvimento. Ao mesmo tempo, durante toda a sua vida científica sustentou que o objetivo
prático da psicologia é a melhoria da sociedade por meio do aperfeiçoamento da educação.
O MÉTODO GENÉTICO: A CONDUTA COMO A HISTÓRIA DA CONDUTA
Para Vygotsky (Vygotsky, 1978), diferentemente dos métodos utilizados para as teorias
associacionistas, que se sustentam em um esquema unidirecional “estímulo-resposta”, a chave
da compreensão da conduta residia nas relações dialéticas que esta mantém com seu meio.
O método, por sua vez, mantinha uma estreita relação com a argumentação teórica, e foi
precisamente essa necessidade de novas formas de pesquisa concordantes com a psicologia que
estava construindo que o levou ao desenvolvimento do método genético-experimental.
Entender o comportamento humano requer, portanto, a análise do próprio desenvolvimento, de
suas origens e das transformações genéticas (Wetsch, 1991).
Temos, portanto, como elementos indispensáveis a análise dos processos, a explicação
genotípica – que leva em conta a história, a gênese e o desenvolvimento da conduta, mais do
que a mera descrição de um estado particular dessa conduta (Vygotsky, 1978).
Em primeiro lugar, o desenvolvimento não é definido como um incremento quantitativo e
cumulativo constante nas capacidades dos indivíduos, mas como um processo no qual se dão
saltos “revolucionários”, capazes de mudar a própria natureza do desenvolvimento.
Em segundo lugar, essas reorganizações estão relacionadas com o surgimento de novas formas
de mediação dos processos psicológicos ao longo do desenvolvimento.
Por último, o terceiro dos aspectos relativos à noção de desenvolvimento em Vygotsky refere-se
à inexistência de uma única classe de desenvolvimento relevante para a explicação do
funcionamento intelectual humano, mas há diferentes tipos de desenvolvimento ou domínios
genéticos.
Vygotsky referiu-se a quatro domínios genéticos necessários para entender a conduta humana
e os processos psicológicos, a saber, o filogenético, o sociogenético, o ontogenético e o chamado
microgenético.
![Page 2: fichamento 5](https://reader030.fdocuments.net/reader030/viewer/2022020207/55721381497959fc0b926f43/html5/thumbnails/2.jpg)
A ORIGEM SOCIAL DO FUNCIONAMENTO MENTAL NO INDIVÍDUO
A idéia de que os processos psicológicos superiores têm sua origem na vida social, nas
interações que se mantêm com outras pessoas e na participação em atividades regulares
culturalmente talvez seja o postulado emblemático da teoria histórico-cultural.
O processo envolvido na transformação das atividades ou dos fenômenos sociais em fenômenos
psicológicos é o de interiorização. A interiorização é a reconstrução em nível interpsicológico de
uma operação intrapsicológica, graças às ações com signos (Vygotsky, 1978). Esse processo
converte uma operação realizada no plano externo ou social em uma que se realiza no plano
interno ou psicológico.
Vygotsky concebe a internalização como “um processo em que certos aspectos da estrutura da
atividade realizada em um plano externo passam a ser executados em um plano interno”
(Wertsch, 1985).
Vigotsky e posteriormente Leontiev utilizam o termo apropriação para referir-se à reconstrução
feita pelos sujeitos das ferramentas psicológicas em seu desenvolvimento histórico.
Nesse sentido, os seres humanos, mais do que adaptar-se aos fenômenos à sua volta, os fazem
seus ou, o que é o mesmo, apropriam-se deles. Enquanto a adaptação implica um processo de
modificação das faculdades e das características dos indivíduos por exigências do meio – a
apropriação tem como resultado a reconstrução, por parte dos indivíduos, de faculdades e
modos de comportamento desenvolvidos historicamente. A apropriação é um processo ativo, de
interação com os objetos e os indivíduos e de reconstrução pessoal.
A ZONA DE DESENVOLVIMENTO PROXIMAL
O conceito de zona de desenvolvimento proximal formulado por Vygotsky – uma zona na qual
funciona um sistema interativo, uma estrutura de apoio criada por outras pessoas e pelas
ferramentas culturais apropriadas para uma situação que permite ao indivíduo ir além de suas
competências atuais.
Em primeiro lugar, a ZDP não é uma propriedade do indivíduo nem do domínio
interpsicológico, mas de ambos: é determinada, ao mesmo tempo, pelo nível de desenvolvimento
da criança e pelas formas de ensino envolvidos no desenvolvimento da atitude.
A ZDP, em segundo lugar, não é uma zona estática, mas dinâmica, em que cada passo é uma
construção interativa específica desse momento, que, por sua vez, abre diversos canais de
evolução futuros.
O terceiro e último aspecto que queremos destacar é que o papel ativo dos alunos desempenha
um papel importante no caráter dinâmico da ZDP.
A discussão sobre a noção de ZDF leva-nos a uma breve reflexão sobre suas relações com os
processos de desenvolvimento.
O desenvolvimento é encorajado pelos processos de aprendizagem e, em grande medida, é
conseqüência deles.
PARTICIPAÇÃO GUIADA, APROPIAÇÃO E INTERSUBJETIVIDADE
A aprendizagem escolar é um fenômeno comunitário, no qual alunos e alunas aprendem graças
à sua participação nas atividades desenvolvidas em comunidades de alunos, atividades que
estão conectadas com as práticas de sua comunidade e com a sua história.
Segundo Rogoff (1990), são dois os processos que ocorrem na participação guiada. Em primeiro
lugar, os adultos e os companheiros apóiam, estimulam e organizam as atividades de forma
que as crianças possam realizar a parte que é acessível a elas.
Em segundo lugar, os adultos e os companheiros estruturam a participação das crianças de
forma dinâmica, ajustando-se às condições do momento.
O conceito de apropriação, mais uma vez, acentua o fato de que esse fazer seu supõe uma
reconstrução e uma transformação dos conhecimentos e dos instrumentos que são objeto de
apropriação (Leontiev, 1981; Rogoff, 1990).
![Page 3: fichamento 5](https://reader030.fdocuments.net/reader030/viewer/2022020207/55721381497959fc0b926f43/html5/thumbnails/3.jpg)
(...) Parece que todo o processo de construção do conhecimento na escola nos leva a “entender
a influência educacional em termos de ajuda prestada à atividade construtiva do aluno; (...)”
Na opinião de Coll e outros (1992), há duas características novas da análise que Wertsch
realiza em relação a esse ponto: a valorização do contexto de construção de significados
compartilhados e a importância da linguagem para a compreensão dos processos de influência
educacional.
OS PROCESSOS DE MEDIAÇÃO SEMIÓTICA
O argumento de Vygotsky era que nas relações entre as pessoas e seu meio, nas quais estão
envolvidas as formas superiores de comportamento humano, os indivíduos modificam
ativamente a situação ambiental.
(...) É a linguagem que se torna, ao longo do desenvolvimento humano, o instrumento mediador
fundamental da ação psicológica (Vygotsky, 1978, 1982).
Os signos têm um caráter social, são produto das práticas culturais. O acesso a eles por parte
dos indivíduos é assegurado por sua vinculação a uma cultura específica.
A linguagem medeia a relação com os outros e, além disso, a relação da pessoa consigo mesma,
isto é, de acordo com a lei genética do desenvolvimento cultural, a linguagem dos seres
humanos, assim como nas demais funções psicológicas superiores, é primeiro uma ferramenta
compartilhada com outros participantes em atividades sociais, para depois tornar-se em uma
ferramenta de diálogo interior.
A escola, como instituição presente nas sociedades avançadas, caracteriza-se por uma série de
traços e por uma organização peculiar do comportamento (Cole, 1990).
O estudo das formas discursivas oferece algumas respostas sobre a maneira como os
instrumentos de mediação semiótica modificam o funcionamento cognitivo graças à
participação dos indivíduos em contextos de atividade específicos.
A TEORIA SOCIOCULTURAL E A EDUCAÇÃO ESCOLAR
O processo de construção de conhecimento não é mais entendido como uma realização
individual, mas como um processo de construção ou e construção conjunta (Driver e outros,
1994; Edwards e Mercer, 1987; Valsiner, 1988) realizado com a ajuda de outras pessoas, que,
no contexto escolar, são o professor e os colegas de sala de aula.
A teoria sociocultural entende a aprendizagem como um processo distribuído, interativo,
contextual e que é resultado da participação dos alunos em uma comunidade de prática.
A meta educacional a ser alcançada é que o aluno se aproprie dos recursos da cultura, pela sua
participação com outros mais experientes em atividades conjuntas também definidas pela
cultura (Rogoff, 1990).
Os estudos socioculturais as aprendizagem na sala de aula interessam-se particularmente pela
análise do discurso escolar.
A linguagem e o estabelecimento de um consenso na sala de aula são o repertório coletivo de
conhecimento que uma comunidade compartilha como é, em nosso caso, a comunidade
educacional.