Edicao maio 2014 pagina patricia ervilha

1
Notícias de Colmeias - Maio 2014 Notícias de Colmeias - Maio 2014 www.noticiasdecolmeias.com www.noticiasdecolmeias.com 6 7 Escrever Leiria Espécie de introdução Leiria é a minha cidade de nascimento, de crescimento até à maioridade e de re- gresso quando Lisboa se tornou grande demais para mim. Por isso, Leiria deixou-me ir e fez-me voltar. Fazer-me voltar é já um sinal de que tem qualquer coisa… Para além das raízes que são nossas e nos seguram à terra, para além da pertença que nos abraça, para além de tudo, Leiria tem mais qualquer coisa que faz com que - “all said and done” – ainda por ela sinta orgulho. E como é tempo de festa e de celebração, esta Leiria de que vos escrevo não tem defeitos. Pensando e repensando sobre como poderia eu escrever sobre Leiria sem sequer tocar nos seus pontos negativos, com toda a intenção de escrever so- bre o lado “feliz” de Leiria, então pensei escrever sobre aquilo que eu aqui gosto e, sem grandes intenções, fazer o meu próprio roteiro da cidade, dando a conhecer os meus pontos de interesse em Leiria, com a intenção de que algum leitor possa que- rer conhecê-los também. Assim, o que aqui escrevo é absoluta e estritamente uma opinião pessoal e não pretende ser mais do que isso mesmo. Vamos ao que interessa. O que proponho é um dia em Leiria. Naturalmente, não podemos hoje pensar Leiria sem rio, sem Polis, sem caminhar. Ora, com o objecti- vo de nos “atirarmos” ao rio, sugiro um bom pequeno-almoço na Praça Rodrigues Lobo, concretamente na Aldeia dos Sabores e, se possível, atendido pelo Sr. Matos. O pão é bom, a pastelaria é boa, os sumos também e o café é um café. O Sr. Matos, com todo o respeito, é um clássico de Leiria, a atender pessoas desde mil novecen- tos e qualquer coisa, por isso, é um elemento fundamental para o pequeno-almoço perfeito. Com sol (se houver) e com vista para o Castelo. Bom, prontíssimos para atacar o rio, sugiro entrada pelo Jardim Luís de Camões e descida, como quem vai até à Praia da Vieira mas se fica pela Estação de Cami- nhos-de-ferro. Ora então, atravessamos a Praça, entramos no Jardim, subimos as escadinhas com aquele pequeno charco e Marachão connosco. Vamos andando nas calmas. Não sou adepta de corridas! Aliás, lá diz o outro: “o caminho faz-se caminhando” e é essa a nossa intenção. Estamos (eu e o caro leitor) a seguir pela margem esquer- da porque nesta zona a margem direita está numa espécie de obras de requalifica- ção e nós não queremos ver nada disso. Seguimos passo lento, passamos nas traseiras do Edifício 2000, zona especial- mente agradável, descemos um pequeno túnel para não termos que atravessar a no Praça Café”. Mas adiante, regressa à Praça, aprecia o movimento das esplana- das e observa na calada o quão pretensiosa Leiria pode ser! A Praça é o sítio ideal para ver tudo o que Leiria tem porque toda a gente vai à Praça. Mesmo toda a gen- te. Os intelectuais, a malta designada por alguém que não me atreverei a identificar como a malta “canal 2”, a velha guarda, os pais com os filhos, os filhos sem os pais, os avós, os escritores, os fotógrafos, os músicos, as pessoas normais que não são nem isto nem aquilo, enfim, toda a Leiria e arredores cai na Praça ao Sábado à tar- de. E ainda bem que assim é! Como ainda temos que fazer, termine lá o cafezinho e vamos embora. Onde? Vamos apanhar o rio mas desta vez ao contrário. Vamos subir o rio, como quem vai até às Cortes. Onde é que vamos entrar? Na ponte nova pois claro! Se gosta da ponte óptimo, se não gosta, abstraia-se e olhe para o Castelo que tem aí boa vista. Nova oportunidade de fotografar o Castelo. Deixando a ponte para trás, encontra- mos a parte mais agitada do Rio Lis, aquela onde até querem fazer surf de rio. Admi- to que acho uma ideia tonta e, como dizem os miúdos, até mesmo ridícula, fazer surf no rio Lis é mais ou menos fazer surf na banheira mas pronto, há gostos para tudo. Esquecendo o surf e se o rio ainda levar um bom caudal, é um excelente local para parar um pouquinho, ver os patos ou o que resta dos edifícios em volta que, mesmo quase a cair, continuam bonitos. A minha sugestão é seguir sempre até ao skate parque, o que vai obrigar a an- dar um bocadinho mas também ainda agora almoçámos por isso temos tempo. Eu gosto da zona do skate parque, é grande, é arranjada e arejada, dá para levar os mi- údos e jogar à bola… a mim parece-me a zona mais ampla, por isso, embora mui- to movimentada no fim-de-semana, é agradável andar por aí. Tem outra vantagem que é poder sentar-se e estender as pernas. Se gosta de skate, ainda aproveita para apreciar uma manobra ou outra. Bom, com tudo isto já andámos o suficiente para um dia, por isso toca a fazer o caminho de volta que se vai fazendo tarde. Situação ideal: não ter fechado o Ócio e tomar qualquer coisa ali na esplanada de Santo Agostinho. Sem dúvida, a melhor de Leiria, em termos de qualidade e bem-estar. Mas a verdade é que fechou e ago- ra a Câmara tem mais um problema para resolver. Se resolvesse antes do Verão, seria tão bom! Como não há Ócio para tomar um copo, então podemos seguir sempre rio abai- xo, agora sim pelo Parque e aproveitar uma das esplanadas que por aí estão. Sim, Parque do Avião. Chega de passeio. Como já reparou, o meu roteiro é andar, comer e beber. Não tenho museus, exposições, nada disso. É um roteiro alternativo, não tem o Padre Amaro nem o Eça. O roteiro cultural, o caro leitor, fará a seu belo prazer. O meu roteiro poderia ser designado por “Roteiro Zen” (não fosse termos bebi- do vinho ao almoço) porque o objectivo não é fazer nada de especial, é só e apenas aproveitar, com calma e sem horários. Assim sendo e imaginado que são umas seis horas da tarde, o que é que pode- mos fazer em Leiria ao Sábado no final da tarde? Poderíamos regressar à Praça, mas assim até pareceria que Leiria não tem mais nada. Por isso vamos … vamos … vamos pela Avenida Heróis de Angola! Isto é, deixamos o rio, descemos do Ma- rachão para a Avenida, ali como quem vai apanhar um táxi e damos uma voltinha. A volta é pequena, por isso, lhe chamei voltinha. Desce a Avenida, chega ao Maringá e sobe a Avenida, preferencialmente pelo outro lado para que assim possa ver to- das as montras! Se precisar de fazer umas comprinhas, é agora, porque o shopping está fora de questão ao Sábado. Com tudo isto, está na hora de pensar onde jantar. Confesso que na cidade e sabendo que não se pode usar o carro neste roteiro, as ofertas para jantar não me agradam especialmente. Não há neste momento em Leiria (centro) um local relati- vamente ao qual possa afirmar: gosto de jantar ali! Contudo, gosto da Taberna Ibé- rica, sendo que apenas podemos ir quando a bolsa nos permite e a época não está para grandes despesas. Mas imaginemos que até podemos ir (financeiramente fa- lando), então sugiro voltarmos um pouco atrás e para não irmos novamente parar à Praça, irmos à Taberna Ibérica da Rua de Tomar. Tem de tudo um pouco e para to- dos os gostos. É bem confeccionado, o presunto é excelente, os bifes, muitos bons. Etc. etc. Grande vantagem: serve até à meia-noite, no mínimo. Porque, com jeitinho, ainda lhe fazem um bife à uma da manhã. Pode ficar cá fora (se conseguir mesa), embora a rua não tenha nada que ver. Aproveita simplesmente o ar e o espaço lá dentro também não é grande… Depois de um belo jantar … já é Sábado à noite! Atenção que a noite tarda cada vez mais a começar, mas cada um faz como entender. Eu cá, não fico à espera que os miúdos ocupem as ruas para sair. Imaginemos que o leitor, como eu, está naquela idade em que gosta de conver- sar e não apenas “mirar”, então não pode deixar de ir ao Alinhavar. É muito simples. Sai da Taberna, atravessa a estrada, desce até ao rio, atravessa o rio na ponte ver- melha, atravessa o Jardim de Santo Agostinho e lá ao fundo, num prédio com azu- lejos azuis, fica o Alinhavar. A descrição que acabei de fazer parece que fica imen- samente longe, mas é mesmo ali… Leiria é pequena como sabe. No Alinhavar vai encontrar o Carlos. Se já conhece o Carlos não preciso de dizer mais nada. Se não conhece, tenha paciência. Não é o “campeão da simpatia” mas tem um coração do tamanho do mundo por detrás daquela aparência mais insensí- vel. Eu gosto do Carlos e sei que ele gosta de mim. Ali encontra um espaço relativa- mente grande, calmo, com boa música, pode conversar à vontade, até pode fumar um cigarrito e, se for Inverno, veja só, até a lareira está acesa! A garrafeira é sufi- ciente e a panóplia de chás também, por isso, é válido para todos os gostos. Até às duas da manhã pode ficar à vontade. Depois disso, meu amigo leitor, se ainda quer continuar, vai ter que descobrir sozinho porque eu não sou rapariga de “disco”, por isso, não faço a menor ideia de onde deva ir, mas que há oferta isso há! Concluindo Espero que se tenha divertido. Sobretudo que tenha relaxado e passado um belo dia em Leiria. Note que não gastámos um cêntimo em gasolina… Sim é um ro- teiro com custos, mas infelizmente nada nesta vida se faz sem custos. E até ficá- mos com os músculos mais tonificados, sem dar por isso, porque a andar não se nota! Fique bem e até já! estrada e seguimos sempre margem abaixo até chegarmos ao recinto do mercado. Ah! Esqueci-me de referir que é Sábado, por isso é dia de mercado. Se for como eu e pregões como “o cigano está maluco” fizerem parte do seu imaginário, aproveite, salte a margem e dê um saltinho ao mercado. Eu cá acho sempre que vale a pena. Então se rondar o meio-dia, os preços são ainda melhores. Não sendo adepto de mercados, então siga, passe a Ponte Europa, continue andando e encontre um pon- to de interesse: a junção entre o Lis e o Lena. Beleza natural não tem mas é um mar- co! Acho que vale o esforço. Entretanto, já caminhou um pouco, está na hora de regressar. Não se esqueça de ir bebendo água e com sorte até encontra uns bebedouros pelo caminho. Quanto aos candeeiros partidos ou os bancos quebrados, bom, não repare, siga em frente. Com mais um pouco de sorte encontra, logo ali, no Centro de Lançamentos, a malta a arremessar uns discos e pode parar 5 ou 10 minutinhos a apreciar. Hora de almoço! Como o sítio que vou sugerir não é fácil, sugiro que na sexta-feira dê um toque ao Abel e marque mesa. É isso: vamos almoçar ao Porto Artur. O Porto Artur fica logo ali, como quem vai da Praça Rodrigues Lobo para a Rua Direita. Porquê o Porto Artur? Porque o Abel faz parte de Leiria, é assim como se fosse uma peça viva de Leiria, é um querido e bem-disposto e serve boa comida. Para Sábado ao almoço, sugiro um peixinho grelhado. Se for época da sardinha, tanto melhor. Acreditando que o tempo está bom, almoce na esplanada e beba um tinto ou branco da casa, se for adepto do néctar. Se não for, tem outras alternati- vas… Na esplanada do Abel até consegue ver um pedacinho do Castelo. Veja e tire já uma foto porque hoje não vamos lá cima. Almoço de Sábado é com calma por isso nada de pressas. O café pode deixar para tomar no Praça Café ou no Zito (o que é quase a mes- ma coisa). Sim, o Zito por vezes confunde-se com o Praça Café. Aliás, é mais fre- quente ouvir: “bora beber uma imperial ao zito” do que “bora beber uma imperial Patrícia Ervilha Socióloga [email protected] Foto: Ricardo Romeiro Foto: Ricardo Romeiro Foto: Zito Camacho Foto: Zito Camacho Foto: Beatriz Branco Foto: Suse Silva Foto: Ricardo Romeiro

Transcript of Edicao maio 2014 pagina patricia ervilha

Page 1: Edicao maio 2014   pagina patricia ervilha

Notícias de Colmeias - Maio 2014 Notícias de Colmeias - Maio 2014

www.noticiasdecolmeias.com www.noticiasdecolmeias.com

6 7

Escrever Leiria

Espécie de introduçãoLeiria é a minha cidade de nascimento, de crescimento até à maioridade e de re-

gresso quando Lisboa se tornou grande demais para mim.Por isso, Leiria deixou-me ir e fez-me voltar. Fazer-me voltar é já um sinal de que tem qualquer coisa… Para além das raízes

que são nossas e nos seguram à terra, para além da pertença que nos abraça, para além de tudo, Leiria tem mais qualquer coisa que faz com que - “all said and done” – ainda por ela sinta orgulho.

E como é tempo de festa e de celebração, esta Leiria de que vos escrevo não tem defeitos. Pensando e repensando sobre como poderia eu escrever sobre Leiria sem sequer tocar nos seus pontos negativos, com toda a intenção de escrever so-bre o lado “feliz” de Leiria, então pensei escrever sobre aquilo que eu aqui gosto e, sem grandes intenções, fazer o meu próprio roteiro da cidade, dando a conhecer os meus pontos de interesse em Leiria, com a intenção de que algum leitor possa que-rer conhecê-los também. Assim, o que aqui escrevo é absoluta e estritamente uma opinião pessoal e não pretende ser mais do que isso mesmo.

Vamos ao que interessa. O que proponho é um dia em Leiria. Naturalmente, não podemos hoje pensar Leiria sem rio, sem Polis, sem caminhar. Ora, com o objecti-vo de nos “atirarmos” ao rio, sugiro um bom pequeno-almoço na Praça Rodrigues Lobo, concretamente na Aldeia dos Sabores e, se possível, atendido pelo Sr. Matos. O pão é bom, a pastelaria é boa, os sumos também e o café é um café. O Sr. Matos, com todo o respeito, é um clássico de Leiria, a atender pessoas desde mil novecen-tos e qualquer coisa, por isso, é um elemento fundamental para o pequeno-almoço perfeito. Com sol (se houver) e com vista para o Castelo.

Bom, prontíssimos para atacar o rio, sugiro entrada pelo Jardim Luís de Camões e descida, como quem vai até à Praia da Vieira mas se fica pela Estação de Cami-nhos-de-ferro.

Ora então, atravessamos a Praça, entramos no Jardim, subimos as escadinhas com aquele pequeno charco e Marachão connosco. Vamos andando nas calmas. Não sou adepta de corridas! Aliás, lá diz o outro: “o caminho faz-se caminhando” e é essa a nossa intenção. Estamos (eu e o caro leitor) a seguir pela margem esquer-da porque nesta zona a margem direita está numa espécie de obras de requalifica-ção e nós não queremos ver nada disso.

Seguimos passo lento, passamos nas traseiras do Edifício 2000, zona especial-mente agradável, descemos um pequeno túnel para não termos que atravessar a

no Praça Café”. Mas adiante, regressa à Praça, aprecia o movimento das esplana-das e observa na calada o quão pretensiosa Leiria pode ser! A Praça é o sítio ideal para ver tudo o que Leiria tem porque toda a gente vai à Praça. Mesmo toda a gen-te. Os intelectuais, a malta designada por alguém que não me atreverei a identificar como a malta “canal 2”, a velha guarda, os pais com os filhos, os filhos sem os pais, os avós, os escritores, os fotógrafos, os músicos, as pessoas normais que não são nem isto nem aquilo, enfim, toda a Leiria e arredores cai na Praça ao Sábado à tar-de. E ainda bem que assim é!

Como ainda temos que fazer, termine lá o cafezinho e vamos embora. Onde? Vamos apanhar o rio mas desta vez ao contrário. Vamos subir o rio, como quem vai até às Cortes. Onde é que vamos entrar? Na ponte nova pois claro! Se gosta da ponte óptimo, se não gosta, abstraia-se e olhe para o Castelo que tem aí boa vista. Nova oportunidade de fotografar o Castelo. Deixando a ponte para trás, encontra-mos a parte mais agitada do Rio Lis, aquela onde até querem fazer surf de rio. Admi-to que acho uma ideia tonta e, como dizem os miúdos, até mesmo ridícula, fazer surf no rio Lis é mais ou menos fazer surf na banheira mas pronto, há gostos para tudo.

Esquecendo o surf e se o rio ainda levar um bom caudal, é um excelente local para parar um pouquinho, ver os patos ou o que resta dos edifícios em volta que, mesmo quase a cair, continuam bonitos.

A minha sugestão é seguir sempre até ao skate parque, o que vai obrigar a an-dar um bocadinho mas também ainda agora almoçámos por isso temos tempo. Eu gosto da zona do skate parque, é grande, é arranjada e arejada, dá para levar os mi-údos e jogar à bola… a mim parece-me a zona mais ampla, por isso, embora mui-to movimentada no fim-de-semana, é agradável andar por aí. Tem outra vantagem que é poder sentar-se e estender as pernas. Se gosta de skate, ainda aproveita para apreciar uma manobra ou outra.

Bom, com tudo isto já andámos o suficiente para um dia, por isso toca a fazer o caminho de volta que se vai fazendo tarde. Situação ideal: não ter fechado o Ócio e tomar qualquer coisa ali na esplanada de Santo Agostinho. Sem dúvida, a melhor de Leiria, em termos de qualidade e bem-estar. Mas a verdade é que fechou e ago-ra a Câmara tem mais um problema para resolver. Se resolvesse antes do Verão, seria tão bom!

Como não há Ócio para tomar um copo, então podemos seguir sempre rio abai-xo, agora sim pelo Parque e aproveitar uma das esplanadas que por aí estão. Sim, Parque do Avião.

Chega de passeio. Como já reparou, o meu roteiro é andar, comer e beber. Não tenho museus, exposições, nada disso. É um roteiro alternativo, não tem o Padre Amaro nem o Eça. O roteiro cultural, o caro leitor, fará a seu belo prazer.

O meu roteiro poderia ser designado por “Roteiro Zen” (não fosse termos bebi-do vinho ao almoço) porque o objectivo não é fazer nada de especial, é só e apenas aproveitar, com calma e sem horários.

Assim sendo e imaginado que são umas seis horas da tarde, o que é que pode-mos fazer em Leiria ao Sábado no final da tarde? Poderíamos regressar à Praça, mas assim até pareceria que Leiria não tem mais nada. Por isso vamos … vamos … vamos pela Avenida Heróis de Angola! Isto é, deixamos o rio, descemos do Ma-rachão para a Avenida, ali como quem vai apanhar um táxi e damos uma voltinha. A

volta é pequena, por isso, lhe chamei voltinha. Desce a Avenida, chega ao Maringá e sobe a Avenida, preferencialmente pelo outro lado para que assim possa ver to-das as montras! Se precisar de fazer umas comprinhas, é agora, porque o shopping está fora de questão ao Sábado.

Com tudo isto, está na hora de pensar onde jantar. Confesso que na cidade e sabendo que não se pode usar o carro neste roteiro, as ofertas para jantar não me agradam especialmente. Não há neste momento em Leiria (centro) um local relati-vamente ao qual possa afirmar: gosto de jantar ali! Contudo, gosto da Taberna Ibé-rica, sendo que apenas podemos ir quando a bolsa nos permite e a época não está para grandes despesas. Mas imaginemos que até podemos ir (financeiramente fa-lando), então sugiro voltarmos um pouco atrás e para não irmos novamente parar à Praça, irmos à Taberna Ibérica da Rua de Tomar. Tem de tudo um pouco e para to-dos os gostos. É bem confeccionado, o presunto é excelente, os bifes, muitos bons. Etc. etc. Grande vantagem: serve até à meia-noite, no mínimo. Porque, com jeitinho, ainda lhe fazem um bife à uma da manhã. Pode ficar cá fora (se conseguir mesa), embora a rua não tenha nada que ver. Aproveita simplesmente o ar e o espaço lá dentro também não é grande…

Depois de um belo jantar … já é Sábado à noite! Atenção que a noite tarda cada vez mais a começar, mas cada um faz como entender. Eu cá, não fico à espera que os miúdos ocupem as ruas para sair.

Imaginemos que o leitor, como eu, está naquela idade em que gosta de conver-sar e não apenas “mirar”, então não pode deixar de ir ao Alinhavar. É muito simples. Sai da Taberna, atravessa a estrada, desce até ao rio, atravessa o rio na ponte ver-melha, atravessa o Jardim de Santo Agostinho e lá ao fundo, num prédio com azu-lejos azuis, fica o Alinhavar. A descrição que acabei de fazer parece que fica imen-samente longe, mas é mesmo ali… Leiria é pequena como sabe.

No Alinhavar vai encontrar o Carlos. Se já conhece o Carlos não preciso de dizer mais nada. Se não conhece, tenha paciência. Não é o “campeão da simpatia” mas tem um coração do tamanho do mundo por detrás daquela aparência mais insensí-vel. Eu gosto do Carlos e sei que ele gosta de mim. Ali encontra um espaço relativa-

mente grande, calmo, com boa música, pode conversar à vontade, até pode fumar um cigarrito e, se for Inverno, veja só, até a lareira está acesa! A garrafeira é sufi-ciente e a panóplia de chás também, por isso, é válido para todos os gostos. Até às duas da manhã pode ficar à vontade. Depois disso, meu amigo leitor, se ainda quer continuar, vai ter que descobrir sozinho porque eu não sou rapariga de “disco”, por isso, não faço a menor ideia de onde deva ir, mas que há oferta isso há!

ConcluindoEspero que se tenha divertido. Sobretudo que tenha relaxado e passado um

belo dia em Leiria. Note que não gastámos um cêntimo em gasolina… Sim é um ro-teiro com custos, mas infelizmente nada nesta vida se faz sem custos. E até ficá-mos com os músculos mais tonificados, sem dar por isso, porque a andar não se nota! Fique bem e até já!

estrada e seguimos sempre margem abaixo até chegarmos ao recinto do mercado. Ah! Esqueci-me de referir que é Sábado, por isso é dia de mercado. Se for como eu e pregões como “o cigano está maluco” fizerem parte do seu imaginário, aproveite, salte a margem e dê um saltinho ao mercado. Eu cá acho sempre que vale a pena. Então se rondar o meio-dia, os preços são ainda melhores. Não sendo adepto de mercados, então siga, passe a Ponte Europa, continue andando e encontre um pon-to de interesse: a junção entre o Lis e o Lena. Beleza natural não tem mas é um mar-co! Acho que vale o esforço.

Entretanto, já caminhou um pouco, está na hora de regressar. Não se esqueça de ir bebendo água e com sorte até encontra uns bebedouros pelo caminho. Quanto aos candeeiros partidos ou os bancos quebrados, bom, não repare, siga em frente. Com mais um pouco de sorte encontra, logo ali, no Centro de Lançamentos, a malta a arremessar uns discos e pode parar 5 ou 10 minutinhos a apreciar.

Hora de almoço! Como o sítio que vou sugerir não é fácil, sugiro que na sexta-feira dê um toque

ao Abel e marque mesa. É isso: vamos almoçar ao Porto Artur. O Porto Artur fica logo ali, como quem vai da Praça Rodrigues Lobo para a Rua

Direita. Porquê o Porto Artur? Porque o Abel faz parte de Leiria, é assim como se fosse uma peça viva de Leiria, é um querido e bem-disposto e serve boa comida. Para Sábado ao almoço, sugiro um peixinho grelhado. Se for época da sardinha, tanto melhor. Acreditando que o tempo está bom, almoce na esplanada e beba um tinto ou branco da casa, se for adepto do néctar. Se não for, tem outras alternati-vas… Na esplanada do Abel até consegue ver um pedacinho do Castelo. Veja e tire já uma foto porque hoje não vamos lá cima.

Almoço de Sábado é com calma por isso nada de pressas.

O café pode deixar para tomar no Praça Café ou no Zito (o que é quase a mes-ma coisa). Sim, o Zito por vezes confunde-se com o Praça Café. Aliás, é mais fre-quente ouvir: “bora beber uma imperial ao zito” do que “bora beber uma imperial

Patrícia ErvilhaSocióloga

[email protected]

Foto

: Ric

ardo

Rom

eiro

Foto

: Ric

ardo

Rom

eiro

Foto

: Zito

Cam

acho

Foto

: Zito

Cam

acho

Foto

: Bea

triz

Bra

nco

Foto

: Sus

e S

ilva

Foto

: Ric

ardo

Rom

eiro