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  • A Anarquia explicada para crianas

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  • Jos Antnio Emmanuel

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  • A Anarquia explicada para crianas

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    A ANARQUIA EXPLICADA PARA CRIANAS

  • Jos Antnio Emmanuel

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    Jos Antonio Emmanuel

    A ANARQUIA EXPLICADA PARA CRIANAS

    Grupo de Estudos Anarquistas do Piau

    2014

  • A Anarquia explicada para crianas

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    A anarquia explicada para crianas/ Jos

    Antonio Emmanuel; traduo Alexandre

    Wellington dos Santos Silva; Prefcio de

    Grupo de Estudos Anarquistas do Piau.

    Parnaba; GEAPI, 2014.

    Ttulo original: La anarqua explicada a los

    nios. Barcelona, Ediciones BAI, 1931.

  • Jos Antnio Emmanuel

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    SUMRIO

    I. O que anarquia? ............................................................... 11

    II. Como chegar anarquia? ................................................. 18

    III. Como nos fazemos dignos da anarquia? ...................... 24

  • A Anarquia explicada para crianas

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    Frgeis e pequenas, as crianas so, por isso mesmo, sagra-

    das.

    - Elise Rclus

  • Jos Antnio Emmanuel

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    INTRODUO PRIMEIRA EDIO

    Este livreto foi escrito para contestar a pergunta que vrios

    camaradas nos fazem: Como educarei meus filhos? Pergunta que

    j espervamos e a que respondemos atendendo aos ditos da razo

    e da cincia.

    Dedicado aos filhos do proletariado espanhol, esperamos que,

    estas pginas - modestamente escritas - orientaro a educao de

    nossa infncia num sentido verdadeiramente renovador.

    s crianas, aos pais e aos professores nos dirigimos para

    que - no lar e na escola - propaguem as doutrinas ss de uma edu-

    cao onde se retire todo fanatismo e se aspire a libertar a infncia

    da nefasta opresso que sobre ela se exerce.

    Por culpa de uns e outros, a educao est estancada em um

    marasmo de servido, da qual deve sair redimida e reconfortada.

    Que estas pginas sejam um estmulo para todos.

    O GRUPO EDITOR

    A Anarquia explicada para crianas

    Aos filhos do proletariado espanhol

  • A Anarquia explicada para crianas

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    INTRODUO DO GEAPI

    com prazer que o Grupo de Estudos Anarquistas do Piau

    novamente apresenta uma obra indita em lngua portuguesa.

    A anarquia explicada para crianas um texto de 1931,

    de modo simples e direto. Cremos que em sua poca, tenha servido

    para uma ampla parcela da populao espanhola, em especial, co-

    mo sempre abordado pelo autor, aos filhos do proletariado espa-

    nhol.

    Aps 83 anos, o livreto de Jos Antonio Emmanuel mantm-

    se atual, ou ao menos nos coloca para reflexo a possibilidade de

    retomarmos e reocuparmos determinados espaos amplamente uti-

    lizados e difundidos pelos anarquistas.

    Todo documento merece e deve ser problematizado. Analisa-

    do a quem se destinava, assim como a conjuntura social em que o

    autor vivia. Nenhum escrito neutro, independentemente da

    ideologia que o permeia. Indicamos que o leitor atento no descon-

    sidere estas nossas observaes, pois garantir que no se cometa

    anacronismos ou qualquer outra confuso possvel.

    Aproveitamos para agradecermos imensamente o apoio que

    recebemos de outros Estados e pases, o que sempre refora nossas

    convices e nos impulsiona cada vez mais adiante.

    Venceremos!

  • Jos Antnio Emmanuel

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  • A Anarquia explicada para crianas

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    I

    O QUE A ANARQUIA?

  • Jos Antnio Emmanuel

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    ANARQUIA, crianas, a doutrina, que no se conforman-

    do com a organizao social da humanidade, desde os tempos em

    que comearam a criar a sociedade, tenta dar uma constituio

    vida baseada nos princpios sagrados do amor universal e da soli-

    dariedade humana.

    Sua misso fazer cessar a desigualdade reinante entre os

    seres que os divide em pobres e ricos, explorados e exploradores,

    escravos e dominadores. Que a vida seja tal qual como deve ser: a

    livre manifestao das faculdades, a espontaneidade das aes, a

    libertao final, destruindo as causas que opem a sociedade viver

    na mais plena liberdade e na mais absoluta independncia.

    Entre as coisas que a anarquia quer destruir por considera-

    las nocivas e prejudiciais ao desenvolvimento livre do indivduo e

    da coletividade posso enumerar as seguintes para no duvidarem

    nunca que, ao combat-las, trabalhamos para o bem-estar de to-

    dos.

    O MILITARISMO a fora armada de que se valem os que

    se apoderaram da vida, para impor suas injustias e alicerar suas

    maldades. Esta fora no retrocede nem ante ao crime; arma os

    seres entre si, os lana contra os que, como vocs, como vocs,

    pais, seus irmos, fazem do trabalho uma virtude. Quando nos re-

    belamos contra este modo de proceder, quando nos lanamos con-

    tra a injustia que se comete contra ns, caem sobre ns. No con-

  • A Anarquia explicada para crianas

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    tentes em querer nos destruir, fazem guerras, dizimam a humani-

    dade, e os crimes se amontoam no caminho que percorremos.

    A anarquia ope a esta fora bruta, a paz. O anarquista no

    quer guerra, se ope guerra, anseia pela paz, porque um ponto

    fundamental da doutrina anarquista. Considera a todos os seres

    como irmos; no quer fronteiras que nos separem, seno cora-

    es que se entrelaam em um s amor: A emancipao total e

    absoluta dos seres humanos. As armas do anarquismo este livro,

    o trabalho, a palavra. Com estas, combate a fora organizada

    do militarismo e com elas triunfar sobre os carniceiros e devora-

    dores de homens. Com o livro, com o trabalho, com a palavra

    chama a todos, fazendo-lhes ver que sobre a fora bruta se levanta

    a fora da ideia cujo triunfo final no se pode discutir.

    O CLERICALISMO a farsa de que se rodeiam todos os

    usurpadores da vida para demonstrar que suas imposies, suas

    tiranias, suas opresses so justas e agradveis a um deus que

    se forjou para revestir da bondade de seus atos. Com este deus

    se dirigem ao corao dos crentes e lhes rodeando de um fausto e

    um luxo inusitado nos templos erigidos para ele, dirigem-lhe ora-

    es e preces para fazer crer a todos que so os diretores da vida,

    os organizadores da vida, e que a sociedade constituda cai em

    pecado se no seguir a este deus, os mandamentos deste deus, as

    tirnicas ordens deste deus. Sobretudo, se apodera de vocs, que-

    ridas crianas, para aterrorizarem vocs com os fabulosos tormen-

  • Jos Antnio Emmanuel

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    tos de um inferno e os prazeres de um cu que ganhar subordi-

    nando-os aos que representam este deus no Mundo. Aos que no

    lhe seguem, aos que se separam deles enojados e rebelados, os

    declaram inimigos e frente ao poder de seu deus, a onipotncia

    de seu deus, criam o demnio que tenta o homem, a mulher, a vo-

    cs, condenando-nos a penas eternas em um fogo infinito.

    Para assegurarem, para garantirem seu domnio no mundo e

    sobre todos os seres, chama em seu auxlio o militarismo que tem

    organizado a vida dos exrcitos dispostos a fazer triunfar o prin-

    cpio divino. A anarquia se ope a este poder absoluto, a este po-

    tentado terrfico, a cultura pela cincia. A cincia, que o conhe-

    cimento ordenado da vida, descobre as leis que regem os mundos

    e a sociedade; investiga que tudo o que atribudo a deus, o deus

    inato, falso e errneo; que s existe uma lei que derrota a lei di-

    vina, que destri a onipotncia divina: A lei natural do progresso

    humano. Em virtude deste progresso se chega facilmente a con-

    templar a vida em toda sua pureza; que a terra, no a morada de

    deus, nem o templo de deu; que o ser humano no tem origem di-

    vina, mas que surgimos no mundo em virtude de ondas e inces-

    santes transformaes evolutivas no organismo animal at chegar

    a nossa espcie; que o fim do mundo tampouco est sujeito aos

    providenciais destinos de deus, mas que a cincia fixa seu fim de

    um modo racional e de acordo com as leis naturais.

  • A Anarquia explicada para crianas

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    A anarquia destri as religies porque so absolutistas, des-

    pticas, cruis e sanguinrias. E contra elas quer preserv-los,

    queridas crianas, para que se rebelem ao temor de serem conde-

    nados, ao medo de serem castigados, ao prazer de serem premia-

    dos. O castigo e o prmio s podem existir na sociedade burguesa

    criada pelos religiosos e os militares. S existe uma recompensa:

    A do dever cumprido com a vida, de serem teis aos semelhantes

    e de ajudar a implantar a nova sociedade onde no existam dios,

    rancores, nem classes, nem vaidades, nem tiranias.

    O CAPITALISMO a sociedade organizada no egosmo

    brutal e anti-humano, detendo o poder absoluto sobre a humani-

    dade que produz e trabalha, aproveitando-se do esforo comum

    para criar riquezas e privilgios sem os quais no poderia viver.

    Erige um poder para se sustentar, funda estados, divide os homens

    em naes, seus tentculos se cravam nas entranhas da terra, para

    produzir dinheiro que monopoliza e distribui iniquamente; pene-

    tra em todos os mbitos, desde a oficina e a fbrica at o controle

    absoluto de vidas e fazendas, no repara que em meios para des-

    naturalizar o trabalho, atribuir-se a produo, regularizar a vida

    atravs da usurpao e da violncia. Amo e senhor do organismo

    social, tem o clericalismo porque lhe ajuda em seus nefastos de-

    sgnios e conta com o militarismo porque o sustenta e lhe serve

    de apoio. Quer que sua lei seja acatada e obedecida por todos:

  • Jos Antnio Emmanuel

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    conta para isso com os escrives para faz-la cumprir. Isto seu

    mandato: A isto se d o nome de poder.

    Mas a anarquia, queridas crianas, se levanta contra o modo

    de conceber a vida e se rebela contra esta forma de organizar a

    existncia. A anarquia aspira suprimir todas estas causas que

    prendem a humanidade na letargia do pio. No quer estados que,

    por somente o direito de existir, levam em si mesmos desigualda-

    des irritantes e injustias cruis. Contra o dinheiro, se ope o livre

    comrcio de produtos; contra o trabalho remunerador para os pri-

    vilegiados, se ope o trabalho distribudo a cada qual segundo as

    suas foras; contra o egosmo insano dos poderosos, se ope que

    as necessidades de cada um sejam supridas de acordo com a ne-

    cessidade de todos. Contra a lei opressora, se ope a lei do amor.

    Contra o egosmo, se ope a tese de que a terra pertence ao que

    trabalha e produz.

    Isto a anarquia, amadas crianas. Isto, e muito mais que

    no posso explicar nestas breves pginas, mas o tempo os ensina-

    r e na vida descobriro.

    A anarquia deseja que investiguem a origem de todas estas

    desigualdades, o motivo de todas estas injustias; que se capaci-

    tem para que compreendam que a vida que vivem, reflexo da vida

    amarga de seus pais, no assim, nem pode ser assim. A vida

    beleza; a vida a justia; a vida paz e bem-estar.

  • A Anarquia explicada para crianas

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    A anarquia os pe no caminho de conseguir e obter: E, pois

    sois os mais frgeis, os mais inocentes desta malfadada organiza-

    o, que devem saber se rebelar contra tudo o que os oprime e

    aprisiona. No esto ss. H quem luta por douras da amargura

    que os rodeiam, dos arbustos que ferem suas carnes, dos venenos

    que se infiltram nos seus coraes puros e sagrados.

    Estes no os oferecero templos, nem os faro adorar divin-

    dades, nem poro o temor nos seus espritos, nem corrompero

    suas conscincias os cegando com a dor e o engano.

    Levantem os olhos, olhem ao seu redor. A hora das alegrias

    ss, da felicidade e da paz chega para vocs.

    A anarquia acelera esta hora, esta alegria, esta felicidade, es-

    ta paz que ainda no possuem.

  • Jos Antnio Emmanuel

    18

    II

    COMO CHEGAR ANARQUIA?

  • A Anarquia explicada para crianas

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    A anarquia, queridas crianas, facilita-nos o caminho para

    chegar ela. Conta com a Escola, o Sindicato, e o Ateneu Cultu-

    ral. Vamos explicar estas trs poderosas foras, que ter de ajudar

    sempre.

    A ESCOLA

    Compreender facilmente, que no estamos nos referindo a

    escola burguesa e reacionria onde at agora tm os feito assistir.

    Nossa escola, a escola que os oferecemos, no a escola alicera-

    da a base de tolices e ensinos vagos, mas a escola racionalista.

    preciso que saibam que a nossa escola tem um fundamen-

    to cientfico que o que orientar as suas vidas. Seu professor o

    nico talvez a quem devam agradecer os esforos por educ-los,

    que definia esta escola dizendo, que destacava o desenvolvimento

    espontneo de suas faculdades, buscando livremente a satisfao

    de suas necessidades fsicas, intelectuais e morais.

    Era chamado de Ferrer. Estudem a sua vida, mantenham seu

    trabalho e faam dele seu apstolo e guia. A ele se deve a escola

    racionalista, que para honra da humanidade, criou nesta Espanha.

    Expulsou da escola as trs farsas de que os falava antes: O milita-

    rismo, o clericalismo, e o capitalismo. Fez penetrar a cincia no

    crebro de outras crianas que com ele se educavam e colocou a

    razo nos seus coraes. Ele fez sagrado o seus direitos a se ins-

    truir e se educar fora do antro das velhas escolas e dos professores

  • Jos Antnio Emmanuel

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    limitados. Ele expulsou de suas mentes a ideia da divindade e

    transformou isso pelo culto justia e a bondade. Ele abriu o cr-

    cere das ideias para convert-las em seu lugar, agradveis e delei-

    tveis. Ele viu em vocs o que a humanidade deve ver em vocs:

    O incio de uma nova humanidade.

    Celebre Ferrer seguindo suas doutrinas redentoras. Era

    anarquista, Ferrer; isto , lutava contra as potentes foras cleri-

    cais, militaristas e capitalistas que convertem a sociedade em um

    caos disforme de ignominia. Assim devem aprender a lutar. Ini-

    cia-os nesta ideia salvadora e de vocs mesmos surgir o mundo

    novo que estamos construindo.

    hora de saber que se no se libertar na escola, ser traba-

    lho custoso se libertar quando adulto. A libetao deve comear

    em vocs. Por isso, a anarquia lhes d a escola. Que vocs, pro-

    fessores, se compenetrem tambm desta altssima verdade. De

    no ser assim, cairiam abandonados a suas foras escassas e, por

    sua culpa, cairiam nos braos dos que escravizam a vida.

    A escola haver de os ensinar a ser rebeldes, rebeldes contra

    esta sociedade corrompida e desgraada. Os inimigos de seus

    pais, de seus irmos so e sero os seus inimigos. A causa do seu

    mal-estar e de sua amargura tambm pesa sobre os que deram o

    ser e vivem com vocs. Devem se unir em luta para encerrar to-

    talmente a sua dor e nossa infelicidade.

  • A Anarquia explicada para crianas

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    No os queremos resignados; deixe a resignao aos profes-

    sores burgueses e aos crceres escolares que os regem.

    A escola que a anarquia oferece a da liberdade.

    Existem trs livros que os ajudaram a consegui-la. Trs li-

    vros que educaram trs geraes. Trs livros que devem deixar as

    suas escolas como guias e condutores de suas vidas: A Dor Uni-

    versal, A Conquista do Po e A Montanha. Seus autores so trs

    luzes que ainda brilham: Sebastian Faure, Piotr Kropotkin e Eli-

    se Rclus. Estes trs homens, no os esqueam. Ao chegar aos

    doze aos, no podem faltar na biblioteca que ir engrandece-lo.

    Eles os daro a conhecer as causas de seus sofrimentos, a origem

    de sua escravido no trabalho, o incio da vida e da existncia, a

    histria da terra. Neles, aprender a vencer as dificuldades que se

    apresentaro na luta, a fortaleza para resistir e a esperana no fu-

    turo. Que sejam os seus primeiros passos na vida: Equipe preciosa

    para seu progresso.

    O SINDICATO

    Uma vez que saiam da escola, a anarquia no os abandona-

    r. A medida que crescem, a medida que avanam j jovens ,

    os faz continuar a luta aumentando a sua rebeldia. Deram uma es-

    cola para que investiguem e conheam o mundo em que seus

    olhos se abrem. Os fizeram ver a desigualdade, mostraram onde

    comea o egosmo, onde est a maldade, onde se oculta o nosso

  • Jos Antnio Emmanuel

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    eterno inimigo. Mostrou e nos fez ver para que lhe combater e lhe

    derrotar.

    Conseguindo isto, abre as portas de outra organizao: O

    Sindicato. Se na infncia tinham a escola, na juventude no os fal-

    tar outra: A escola do proletrio.

    Os mesmos inimigos que nos cercaram quando crianas so

    os mesmos inimigos que nos cercam agora. preciso de um or-

    ganismo de luta, um lar aonde possamos nos refugiar e recuperar

    a confiana, para aumentar o ideal e centuplicar as foras que de-

    ve acumular para a batalha decisiva e final. As mesmas angstias,

    as mesmas amarguras que os assediavam quando criana, os asse-

    diam agora, enquanto homens. Entra nele. Proteja-se nele. Unidos

    todos, identificados todos, resistiremos melhor. Sejam fiis e soli-

    drios com o companheiro, com o seu irmo em luta e em rebel-

    dia.

    No abandone esta nova escola a escola da vida . Junto

    com seus pais, sigam lutando por um mundo melhor.

    O ATENEU.

    Para que nesta luta tirnica, no perca nem a f, nem o entu-

    siasmo, a anarquia os brinda com uma terceira escola onde se pra-

    tica a luta pela cultura. So os Ateneus Libertrios, complemento

    dos sindicatos, guias dos sindicatos, condutores dos militantes.

  • A Anarquia explicada para crianas

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    No s a luta pelo melhoramento material que nos deve

    unir, tambm a luta pela cultura que deve nos solidarizar. Aque-

    las nsias que sente na escola por adquirir conhecimentos, aqui

    deve continua-las, aumentando-as, intensificando-as.

    V como a anarquia cuida de vocs, queridssimas crianas?

  • Jos Antnio Emmanuel

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    III

    COMO NOS FAZEMOS DIGNOS DA ANARQUIA?

  • A Anarquia explicada para crianas

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    Para que se identifique com a anarquia, para dignificar sua

    vida, voc deve atender estes postulados cratas.

    1. Ajuda

    Nunca se desentenda com os que lutam como voc, dos que

    sofrem como voc. So seus irmos, Na escola, os que voc teve

    o seu lado. Agora, eles esto nas lojas, fbricas, minas, ainda se-

    dentos de justia. Onde quer que voc veja o seu irmo, ajuda-o.

    Acima das fronteiras elevadas pelos privilgios, tende a sua mo a

    todo aquele que vtima da sociedade atual burguesa.

    2. Apoia

    Ao que vacila, d alimentos, ao que se desespera ao ver o

    triunfo distante, incentiva. Ajuda mtua um dever sagrado e

    universal.

    3. Copie o belo

    No imite o transitrio, efmero. Afaste de voc todos os

    males: Eles ainda so o legado da imperfeio humana que esta-

    mos acorrentados. Acima deste caos da ignomnia, levante os seus

    olhos para a beleza da vida.

    4. Labora

    Tudo trabalho na natureza e sua misso contribuir, na

    medida das suas foras, perfeio deste trabalho, no se resigne

    a ser servo deste trabalho, no se resigne a ser servo da mquina,

  • Jos Antnio Emmanuel

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    nem escravo dos msculos. Dignifica o trabalho, embeleze-o, pu-

    rifica-o.

    5. Estuda

    Que o livro seja um dos seus melhores amigos, seu conse-

    lheiro, seu guia. Ns nunca saberemos o suficiente. Aquele que

    aumenta o conhecimento aumenta a anarquia. Investigue por si

    mesmo, esclarece os mistrios que o cercam. Instrua-se, eduque-

    se. Este o nico legado que voc deixa na vida.

    6. Ama

    A cincia no coloca pedras no corao. Um amor humano e

    puro faz penetrar em ns. Por mais longe que estejam, por mais

    distantes, cada ser um amado nosso.

    7. Protege

    Quem ama muito, muito mais ajuda. Proteja o ser fraco. O

    ancio, os deficientes, os doentes; o amor nos une mais, porque

    eles so fracos. Esse pobre ancio que voc v, era forte como

    voc, corajoso como voc ; esse doente e invlido tambm foi

    como voc. Pense que voc pode ser como eles; reflita que o tra-

    balho burgus envelhecer voc e te adoecer. Protege-os!

    Pense naqueles que no esto entre ns: Prisioneiros; por lu-

    tar, por defender, no tm liberdade. Lembre-se deles!

    8. Cultiva

  • A Anarquia explicada para crianas

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    A terra sua me, o campo o seu sustento. Experimente

    frutas timas de se cultivar e colher. No deixe nenhuma terra es-

    tril. D a Terra os cuidados que ela precisa para aliment-lo e fa-

    z-lo viver. No mundo das ideias, plantando ideias, espace o pen-

    samento, escreve e age. No mundo real, que a semente caia sobre

    toda a terra que, bem cuidada e preparada, fertilizar a semente

    para que se tornem flores e frutos.

    9. No tenha escravos

    Aspira a ser livre e que a nsia de tua liberdade abrace a to-

    dos. No escravize nada. Nenhum pssaro, Nem nenhum ser vi-

    vente pode ser encarcerado impunemente. Abra as portas de todas

    as jaulas, cerre as grades de todas as prises, onde, como os ps-

    saros engaiolados seres humanos sofrem e padecem. Seja livre e

    faa a liberdade, para voc, para os outros. Abra as portas do seu

    corao para sair dele todos os vcios, todos os defeitos que con-

    seguiram escapar. Seja livre e seja puro: no tenha escravos, ou

    voc se torna um escravo.

    10. Trabalha

    Trabalha e luta, diz a anarquia. Antes te disseram: Trabalha

    e ora. Deixe as rezas, deixe as oraes. H apenas uma orao que

    voc nunca deve esquecer: a do trabalho. Trabalhar para o bem da

    humanidade, para que termine os sofrimentos, para a amargura se

  • Jos Antnio Emmanuel

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    distancie para sempre. S feliz em uma humanidade feliz. Seja

    livre em uma humanidade livre.

    Isso anarquia, queridos filhos. Bem-aventurado , se voc

    praticar e entender!

    Comece, ento, com vocs, a viso de uma nova vida de pu-

    rezas e bondades!

  • A Anarquia explicada para crianas

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  • Jos Antnio Emmanuel

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