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Universidade de Aveiro Departamento de Comunicao e Arte 2010

Joana Soares Gonalves

Motivar Interagindo: Ferramentas para Crianas na Iniciao ao Violino

Universidade de Aveiro Departamento de Comunicao e Arte 2010

Joana Soares Gonalves

Motivar Interagindo: Ferramentas para Crianas na Iniciao ao Violino

Dissertao apresentada Universidade de Aveiro para cumprimento dos requisitos necessrios obteno do grau de Mestre em Mestrado em Msica para o Ensino Vocacional, realizada sob a orientao cientfca da Doutora Nancy Lee Harper, Professora Associada com Agregao do Departamento de Comunicao e Arte da Universidade de Aveiro.

o jripresidente Doutor JORGE MANUEL SALGADO DE CASTRO CORREIAProfessor Auxiliar do Departamento de Comunicao e Arte da Universidade de Aveiro

Doutora NANCY LOUISA LEE HARPER

Professora Associada com Agregao do Departamento de Comunicao e Arte da Universidade de Aveiro (Orientadora)

Doutora MARIA HELENA GONALVES LEAL VIEIRA

Professora Auxiliar do Departamento de Teoria da Educao, Educao Artstica e Fsica da Universidade do Minho

agradecimentos

Professora Doutora Nancy Lee Harper, minha orientadora, pelo incentivo e desafo constante reeexo e aperfeioamento, que fomentou ao longo do desenvolvimento do projecto educativo. Agradeo tambm a disponibilidade, a partilha de saberes e a orientao ao longo de todo o processo. Ao Filipe, o apoio na concretizao do DVD. Snia, o apoio na validao do projecto. Aos dois, a disponibilidade, a orientao e o incentivo, os momentos de trabalho conjunto, a segurana proporcionada, os momentos de partilha e a amizade sempre demonstrada. Ao Lus Miguel, Tatiana e Ins, agradeo a disponibilidade e apoio, a partilha, a preocupao, o incentivo e a confana. Aos meus pais, todo o apoio, compreenso e carinho, e por sempre terem estado presentes. s Instituies e a todos os intervenientes neste projecto, por possibilitarem a sua concretizao, pela curiosidade, boa vontade e disposio.

palavras-chave

motivao, interaco, inovao, criana, violino, pedagogia, jogo ldico.

resumo

Partindo de uma reeexo sobre a motivao como a essncia do tentar, do procurar, do querer, como um impulso orientador, enquadrado num sculo que promove uma didctica estimulante e inovadora, a presente dissertao prope um complemento pedaggico na abordagem ao instrumento. O projecto em questo tem por objectivo despertar e desenvolver o interesse pelo violino atravs de jogos didcticos, que abordam princpios bsicos do instrumento referido, compilados num DVD interactivo, destinado a crianas no ensino preparatrio e primrio. O projecto foi testado junto de 20 crianas, com idades compreendidas entre os 5 e os 9 anos de idade, divididos em dois grupos de 10 participantes, de acordo com os seus conhecimentos musicais. Os resultados mostraram um rcio signifcativamente positivo, note-se no entanto, que pelo cariz exploratrio deste estudo, considero uma investigao futura mais vasta e profunda, aliada ao aperfeioamento do DVD que o complementa.

keywords

motivation, interacting, innovation, childhood, violin, pedagogy, playful game.

abstract

Based on many principles of motivational's development, on a century that promotes stimulating teachers, the present dissertation intends to explore new tecniques of teaching on the aproach to the instrument. The project focus to arouse and develop the violin's interest and motivation on childhood, by playing on an interactive DVD of the instrument. The project reports data from 20 children aged between 5 and 9 years old. This group is divided into two subgroups of 10 participants, organized by their musical's achivement. The study reports positive results. One the other hand, these results are discussed light of research on the topic, and will be the aim of a future research to further develop and deepened the framework of the DVD.

ndice Resumo Abstract Introduo Enquadramento Terico Mo ti va o e Me ta co g n i o : Fa cto re s d o mi n a n te s n a aprendizagem do violino O Ensino e as Novas Tecnologias: A importncia da experincia no desenvolvimento de aprendizagens e competncias Referncias Pedaggicas: Anlise de mtodos de iniciao ao violino e questionrios aos docentes da disciplina Anlise do mtodo 1 Anlise do mtodo 2 Anlise do mtodo 3 Anlise do mtodo 4 Anlise do mtodo 5 Anlise de questionrios aos docentes da disciplina Medidas, procedimentos e resultados Sntese Realizao do DVD: Concretizao da ferramenta motivacional Enquadramento, objectivos e metodologogia Estudo: Aplicao do DVD Amostra e Procedimentos Resultados Discusso Concluso Anexos Bibliografa

I. 1.1. 1.2. II. 2.1. 2.2. 2.3. 2.4. 2.5. 2.6. 2.7. 2.8. III. 3.1. 3.2. 3.3. 3.4. IV.

9 10 10 15 17 18 21 25 26 27 30 30 35 36 36 41 41 42 45 45 49 61

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ndice de Tabelas Tabela 1: I. Perfl do Docente Tabela 2: Anlise da aplicao do DVD ao grupo 1 Tabela 2: Anlise da aplicao do DVD ao grupo 2 31 43 44

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Introduo Os parmetros que regem a educao musical na nossa sociedade so actualmente alvo de crtica recorrente, balanando entre disfunes, que pouco ou nada so congruentes convico e motivao daqueles que ensinam, mas sobretudo para os que so ensinados. Aprender a tocar um instrumento uma actividade que requer pacincia e mtodo, factores inconstantes na maioria das crianas em idade pr-escolar e ainda embrionrios para os que frequentam o ensino primrio. Como em qualquer actividade, diversos so os factores externos criana que inferem na sua formao, bem como na sua abordagem aprendizagem, e neste sentido, que centro a necessidade de considerar estratgias capazes de infuir intrinsecamente na prpria, despertando de forma aprazvel a sua vontade para aprender. O ponto de partida deste projecto educativo a experincia, contextual e motivadora, enquadrada num mundo infantil orientado para uma aprendizagem estimulante do violino, numa sociedade de inovao, que torna cada vez mais coerente uma pedagogia criativa e a adaptada mudana. Este projecto consiste no desenvolvimento de um conjunto de jogos ldicos interactivos, para uma primeira abordagem ao referido instrumento, compilados num DVD que apresento como uma ferramenta didctica dinmica, motivante, integradora e imersiva, em ordem estimulao integrada dos sentidos, da memria e das capacidades cognitivas e emocionais. A presente dissertao trata de um estudo exploratrio, que procura validar esta ferramenta apenas como complemento da pedagogia do instrumento, com o intuito de desenvolver uma srie de factores cruciais aprendizagem do grupo alvo, sem descurar de todo outras metodologias e abordagens ao violino. Em ordem coerncia para a concretizao do proposto projecto educativo, foram consideradas trs fases de desenvolvimento, integrando, numa primeira fase, a fundamentao terica (pela pesquisa bibliogrfca relevante), seguido, numa segunda fase, da delimitao de objectivos e metodologias a seguir, e incluindo desta forma, a anlise de algumas referncias pedaggicas, que partem consequentemente da anlise de cinco mtodos de iniciao ao violino e a anlise do questionrio realizado aos 9

docentes da disciplina. Por fm, numa terceira fase, o desenvolvimento do processo de execuo do projecto e a sua implementao, com a concretizao e validao do DVD como ferramenta motivacional, pela anlise da experincia e do questionrio realizado aos elementos intervenientes no estudo. A avaliao fnal do projecto desenvolvido, refecte uma viso pessoal, sustentada nos resultados da investigao e no quadro terico defnido. I. Enquadramento Terico 1.1. Motivao e Metacognio: Factores dominantes na aprendizagem do violino So inmeras as perspectivas que tentam explicar a motivao. O estudo da motivao mostra-se extremamente complexo quando se torna relevante examinar uma srie de factores relacionados e convergentes. A personalidade (caractersticas individuais), o auto-conceito, a auto-estima e a confana, muitas vezes determinados pelo feedback do meio envolvente (incluindo factores culturais e histricos, o meio educativo e o meio familiar) constituem em si, particularidades do processo motivacional. So traados objectivos que culminam em traos comportamentais, numa ltima articulao desta cadeia. No campo da educao, a necessidade de conquista/realizao tem sido, consideravelmente tida em conta, baseada na dicotomia dos elementos sucesso e fracasso. Note-se que os factores motivacionais podem ser extrnsecos ou intrnsecos e so considerados dois padres de comportamento da motivao, o padro de comportamento motivacional adaptativo (que compreende estratgias efectivas de resoluo de problemas para manter ou melhorar o nvel de performance) e o padro de comportamento motivacional maladaptativo (no caso das experincias de insucesso ao ultrapassar obstculos). Assim, a motivao referida como um esforo para alcanar o auto-preenchimento atravs da auto-realizao, maturidade e socializao, no entanto, estas teorias tm evoludo a partir destas posies meta-tericas, tomando em conta o fator cognio, o modo como determinada a percepo dos acontecimentos e a forma como inferida a interpretao desses acontecimentos, infuenciando consequentemente a constante mudana de 10

percepo que cada um tem de si (Susan Hallam, 2002). O facto de na aprendizagem musical os padres de motivao infuenciarem o aluno muito mais cedo do que no ensino acadmico geral (Pinto, 2004) parece ser consensual, considerando que neste tipo de aprendizagem o aproveitamento do espao da aula substancialmente diferente, pelo relacionamento aluno/professor signifcativamente mais estreito do que no ensino genrico, canalizando a comunicao para uma situao individual, entre dois, e no entre um grande grupo. A ateno dispensada de um para um proporciona uma relao de envolvimento pessoal encaminhada muitas vezes para uma relao de amizade, infuindo nos nveis de motivao. Segundo O'Neill (1997), um outro factor adicional considervel, no que concerne motivao musical, referente aos obstculos que tm de ser ultrapassados no incio da aprendizagem de um instrumento, tais como a postura com o instrumento, a articulao ou a leitura, entre muitos outros, que, por serem individuais, so extremamente variveis e exigem a adaptao do professor s necessidades especfcas do aluno. Neste contexto, quanto mais orientado for o estudo, por um lado, e quanto mais slidos forem os conhecimentos adquiridos, por outro, melhor estruturado fcar o conhecimento musical e menos espao ser concedido possibilidade de fracasso do aluno. Assim, enquadrada na psicologia cognitiva, coerente referir uma das mltiplas perspectivas e defnies consideradas sobre a metacognio como o (...) conhecimento que se tem dos prprios processos cognitivos e produtos (resultados), isto , refere-se ao conhecimento das propriedades relevantes da informao ou dos dados; refere-se entre outras coisas, monitorizao activa e consequente regulao e orquestrao desses processos (...) usualmente ao servio de alguma meta ou objectivo concreto (Cavedal, 2007). O perfl e a postura do aluno face ao estudo e prpria msica so a base a partir da qual se pode sedimentar toda a aprendizagem musical. Desta forma, fundamental um trabalho conjunto do professor, da famlia e do ambiente escolar, afm de proporcionar o contexto necessrio para o desenvolvimento de todas as potencialidades do aluno, procurando despertar um aluno com vontade de aprender, persistente e capaz de todos os esforos, perseverante e com esprito de iniciativa. Muita da investigao sobre a motivao para a aprendizagem musical no tem sido encaixada dentro das investigaes dos paradigmas 11

motivacionais ou das posies tericas. Investigaes que contemplam o lado psicolgico exploram a motivao musical centrando-se na motivao para aprender e continuar a tocar um instrumento. Este foco refecte o interesse da psicologia sobre o desenvolvimento dos parmetros habilidade/percia, os factores que o afectam, e ainda, a tendncia para a aprendizagem de um instrumento ser uma actividade voluntria, que permite liberdade de escolha em comear e continuar a tocar (Hallam, 2002). A motivao pensada sobre o desenvolvimento do interesse pela temtica, pela sua ligao prtica de um instrumento, por conseguinte determinante para a obteno de competncias. Na didctica do violino, tal como para qualquer outra arte, no muito coerente manter uma srie de princpios rgidos, mas antes, considerar um pequeno grupo de axiomas gerais, possvel de adaptao e por conseguinte, fexvel o sufciente para que possa ser aplicado aos mais variados casos. O professor deve considerar que cada aluno um indivduo com a sua prpria personalidade, com a sua prpria caracterstica fsica e mental, e tambm com uma forma prpria de se aproximar do instrumento e da msica, pois s ento ser possvel pensar de forma efcaz sobre como atingir a maior evoluo possvel. A naturalidade o primeiro princpio orientador. "Correcto" seria exactamente o que natural para os alunos, uma vez que s o que natural confortvel e efcaz, da a importncia de dar a todos os estudantes a oportunidade de estar confortavelmente em contacto com o instrumento. necessria alguma criatividade na elaborao de mtodos prticos adaptativos ao instrumentista, para o atingir de objectivos especfcos, e no meras descries fsicas de movimentos ou tcnicas, que no deixam por isso, de ser aspectos refectidos na generalidade de algumas consideraes fulcrais tcnica violinstica. Muitos so os mtodos e os mestres que explicam o que e como se faz, difcil prever nesta heterogeneidade de indivduos qual ser o problema tcnico adjacente de cada um, isso no vem de um mtodo, mas de um exaustivo e pertinente estudo de processos metacognitivos e tecnicistas. A nvel metacognitivo, deve pensar-se sobre estratgia, considerando um desenvolvimento proporcional. Assim, adequar a estratgia refectir sobre os condicionamentos do indivduo alvo. Note-se que as crianas so capazes de aplicar estratgias, no entanto, todas as condies e instrues de processamento devem ser adequadas (Schneider, 2010). Relacionando 12

conceitos de associao e metacognio, e intervindo no processo metacognitivo em ordem ao progresso, possvel focar contedos de metacognio visual, auditiva ou sensorial, que podem, quando assim condicionados, conduzir a um estado de metaconscienciosidade, imprimindo, consequentemente, um valor fundamental concentrao. Desta forma, tornase imperial tomar em considerao todas estas referncias durante o processo de aprendizagem e especialmente no que concerne aquisio de competncias por parte das crianas mais novas. Por conseguinte, ainda coerente abordar estratgias metacognitivas, centradas na planifcao, acompanhamento e avaliao da aprendizagem e performance (Hallam, 2001). Considerando a relao de dependncia dos planos motivacional e metacognitivo, pode atentar-se sobre o sucesso decisivo desta relao pluridimensional: a motivao, como o impulso que orienta ao desejo de realizao mxima, auto-actualizao e s experincias-limite, e a metacognio, como a tomada de conscincia dos processos que podem conduzir a esse marco. Ponderando que o uso de competncias metacognitivas por parte dos alunos, ao nvel da aprendizagem musical, melhora a efccia do tempo de estudo em casa, contribuindo para um aumento signifcativo da velocidade e da qualidade da aprendizagem, a questo do auto-ensino torna-se particularmente importante, especialmente quando reportado prtica regular de um instrumento, requerendo toda a efccia da tarefa e a racionalizao e refexo sobre todos os pontos do processo de aprendizagem. Assim sendo, simplifcar o todo e sistematizar a estruturao deste em partes mais simples torna-se nitidamente coerente em ordem referida optimizao. parte da heterogeneidade, que confere a cada aluno um papel singular, do discurso do docente sobressaem as palavras-chave reconhecer, avaliar, gerir e solucionar, embora naturalmente seja necessrio que o aluno em questo j tenha adquirido competncias sufcientes que o permitam considerar as referidas palavras-chave. Compreender ainda o que pensam os alunos sobre si prprios, sobre a tarefa e sobre o seu prprio desempenho, deveras importante no sentido de criar e manter um ambiente de aprendizagem estimulante e desafador. Os alunos precisam de sentir que a sua participao na aprendizagem musical lhes proporciona um sentimento de escolha pessoal e responsabilidade para 13

alcanar os objectivos que estabeleceram para si prprios. Partindo das especifcidades de cada aluno, o desafo com que se depara o professor est em ser receptivo perspectiva de cada um sobre a sua prpria aprendizagem, e em desenvolver um entendimento da complexa gama de pensamentos, sentimentos e aces que podem manter ou prejudicar os alunos ao longo dos muitos anos necessrios para incrementar as respectivas competncias musicais. Uma vez consciencializada a forma como o aluno planeia abordar uma tarefa, a forma como mede o progresso na respectiva resoluo ou na aquisio de determinada competncia, a forma como mantm elevados os nveis de motivao necessrios para concluir a aprendizagem pretendida, ou ainda, a forma como evita distraces e mantm um esforo continuado de apreenso de contedo, imprime capacidade do aluno em aplicar competncias metacognitivas uma signifcncia primordial. O aluno deve ser capaz de audiar e refectir tambm em questes tcnicas, cognitivas e musicais, pensar sobre as suas foras e fraquezas individuais, estratgias de estudo adequadas, demarcando metas e acompanhando o progresso, reforando a motivao e melhorando a gesto de tempo e de concentrao. Por conseguinte, assim que as capacidades bsicas do aluno sejam consistentes, o professor dever insistir e encorajar o aluno a tornar-se um aprendiz mais independente. A problemtica, ou melhor, o desafo da temtica centra-se sobretudo em como sistematizar uma metodologia sufcientemente abrangente e no limitativa, mas simultaneamente concisa, vlida e estimulante, e no tanto na pertinncia da questo de partida sobre o conceito. Ser, no entanto, naturalmente mais simples sistematizar a partir da escolha de um grupo alvo, refectindo especialmente sobre quais os motivos do insucesso de algumas crianas na aprendizagem do instrumento, no caso da presente dissertao. Muitas investigaes tm notado que as diferenas no desenvolvimento das competncias musicais das crianas no esto exclusivamente associadas a capacidades cognitivas, mesmo quando reportadas ao estudo de um instrumento, salientando em proporo directa sucesso/qualidade e esforo/ persistncia (Ericsson et al, 1993; Sloboda et al, 1996). neste contexto, e margem da forte ligao entre o ambiente social e cultural, e a motivao para 14

o estudo e a prtica de um instrumento, ou outros factores externos criana, quando a ela reportados, que sobressai a necessidade de nela despertar um interesse intrnseco pela actividade em questo. Torna-se, por conseguinte, imprescindvel, refectir sobre os melhores caminhos para o propsito pretendido, tomando ento em considerao as caractersticas refexas da entidade a motivar.

1.2. O Ensino e as Novas Tecnologias: A importncia da experincia no desenvolvimento de aprendizagens e competncias O interesse em alargar o campo dos contedos disciplinares, apoiado pelos avanos noutras reas afns e pelas concluses de investigaes j desenvolvidas, um sinal de maturao na profsso de professor. Igualmente excitante e um possvel agente de mudana ainda mais poderoso, talvez seja o avano nas metodologias de ensino, no modo em como estruturamos as experincias numa perspectiva de aprendizagem formal e na forma como comunicamos com os alunos, implicando mudanas na flosofa base, avanos tecnolgicos na msica e a valorizao de competncias no pensamento criativo musical, cada vez mais coerentes num sculo de inovao. Pensar sobre a inovao tecnolgica admitir realidades sociais e culturais transformadas, aceitando novos sentidos e modos de integrao da interaco pedaggica nos campos educativo e formativo. A aplicao da tecnologia na pedagogia musical progressivamente vista como uma importante aliada na construo e no desenvolvimento de alicerces num processo global de aprendizagem. O sucesso educativo est dependente de diversos factores, desde a compreenso dos objectivos e dos desempenhos esperados em cada experincia de aprendizagem, a par das estratgias utilizadas, criativas e fexveis, e os nveis de motivao dos alunos, como j foi referido anteriormente no ponto I.1. desta dissertao. Neste contexto, atentando numa comunicao aberta, promotora de uma atitude que substitui as pedagogias discursivas pelas vivenciais, sensato considerar recursos diversifcados e instrumentos de trabalho actualizados, capazes de desencadear um vasto processo para o desenvolvimento de competncias pessoais que esto na 15

base do factor-chave do desenvolvimento e da adaptao evoluo acelerada da sociedade. Os novos desafos e a experincia, pensados numa metodologia adequada faixa etria dos alunos, so fortes condicionantes para elevados nveis de motivao e qualidade no processo de aprendizagem. Por tantas vezes apelidada, sociedade de inovao, actual a tendncia para a generalizao do acesso aprendizagem prtica quando tratamos da aplicao das novas tecnologias nos processos de ensino e aprendizagem musical, no fosse cada vez mais presente a utilizao e explorao das potencialidades dos instrumentos musicais electrnicos, sintetizadores, samplers e controladores, ou at mesmo pela utilizao de softwares de notao musical, entre outros, que mostram, por conseguinte, como pode o recurso s novas tecnologias facultar o desenvolvimento de competncias aos mais variados nveis, como a comunicao, interpretao, criao, experimentao, percepo ou contextualizao. O desenvolvimento de aprendizagens e competncias, a formao de valores, gostos ou interesses, moldaro progressivamente o indivduo no sentido da construo da sua identidade pessoal e da sua orientao para a vida. neste sentido, fulcral, que o leque de experincias que o acompanham durante a sua formao seja vasto e contextual na sua relao com o mundo, susceptvel, por conseguinte, de infuenciar o seu desenvolvimento pessoal. Os professores, no mbito da sua interveno educativa, mostram-se um motor propulsor para o referido desenvolvimento, atentando na orientao e na resposta s necessidades da adjacentes. Considerar que o objectivo da educao passa por transformar e desenvolver as caractersticas de cada aluno, implica, tendo como meta a aquisio de competncias de forma rpida e efcaz, reputar algum engenho na elaborao das metodologias envolventes e pressupe pensar sobre a dimenso cognitiva como ltima premissa de um silogismo que sobrepe o investimento (gosto) sobre o pensamento (nesse investimento) em ordem ao conhecimento pessoal, admitindo que as escolhas do indivduo so de ndole essencialmente afectiva e emocional. admitir analogamente que o despertar do interesse passa pela atraco e pela experincia, possibilitando, por conseguinte, a escolha e o investimento respectivos, referindo impreterivelmente as experincias de aco como matria prima do desenvolvimento pretendido, optimizadas pelo desafo, signifcado, compromisso e a novidade (considerando que a variao constitui a 16

essncia do processo de explorao). Neste sentido, ainda coerente afrmar que parte do docente criar oportunidades de contacto e explorao, nas quais o educando vai interagindo e construindo um prprio conhecimento de si e da matria. Considerando as vrias etapas da aprendizagem de um instrumento como parte integrante de uma via de desenvolvimento de diferentes competncias, podem ser realados trs aspectos respectivos dessa integrao, nomeadamente o visual (para o movimento), o auditivo (conhecer o som) e o sinestsico (conhecer a sensao do movimento). Calissendorff (2006), defende que a exaustiva explicao por palavras leva as crianas perda de concentrao e disperso da ateno. por conseguinte da responsabilidade do pedagogo descobrir qual a melhor forma para cativar o aluno, explorando as diferentes caractersticas de cada um, sejam elas essencialmente visuais, auditivas, ou ainda, sinestsicas, refectindo desta forma, sobre a necessidade de criar oportunidades para experincias activas capazes de promover os referidos factores. Novos caminhos e diferentes saberes pedaggicos, tecnolgicos e de contedo so hoje incontornveis, mobilizando as vrias cincias, as vrias artes, convergindo para um mesmo fm, fundindo progressivamente o processo educativo.

II. Referncias Pedaggicas: Anlise de mtodos de iniciao ao violino e questionrios aos docentes da disciplina O critrio de seleco dos mtodos, The First Year Violin Tutor de Neil Mackay, o mtodo para violino Mtodo de Charles-Auguste Briot, Methode de Violon Dbutants de Bruno Garlej e Jean-Franois Gonzales, Stepping Stones da autoria de Katherin e Hugh Colledge, e Suzuki Violin School de Suzuki, que seguem em anlise, surge da minha experincia como docente, mas tambm pela minha prtica anterior como educanda. Pela experincia de trabalho com cada um destes mtodos, posso referir a adequao dos mencionados a um leque variado de alunos, cuja aquisio de competncias , na generalidade, bem conseguida. Como docente e investigadora, considero a abordagem de cada um deles pertinente, dentro de um conjunto de 17

caractersticas consideradas imprescindveis para a iniciao da aprendizagem do violino, e adequada ao propsito fnal deste projecto educativo.

2.1. Anlise do mtodo 1 The First Year Violin Tutor de Neil Mackay, orientado para uma classe de alunos na iniciao ao violino, mas tambm usado no ensino individual. O seu contedo programtico est estruturado em trs partes, abrangendo um ano de ensino. Prev-se, com este mtodo, que os melhores resultados sejam conseguidos com aulas de durao entre 30 a 40 minutos, dependendo naturalmente do nmero de alunos. Na fase inicial de aprendizagem, considerada uma dedilhao padro para a mo esquerda, similar em todas as cordas (1 tom, 1 tom, tom), trabalhada com melodias e exerccios escritos numa s corda ou em duas cordas adjacentes, esquematizada visualmente atravs de um desenho representativo da escala do violino e da posio dos dedos, para que o aluno possa percepcionar melhor as distncias entres os dedos. Alis, so frequentes os esquemas grfcos no incio de cada lio, juntamente com pequenos exerccios, desde fragmentos de escalas a exerccios de terceiras quebradas, entre outros similares, que alertam s novidades das competncias a apreender. O mtodo de Neil Mackay um mtodo preocupado em criar uma grande familiaridade com a primeira posio ao fnal de um ano de aprendizagem. Importa realar, que esta competncia, depois de adquirida, produz uma maior destreza dos dedos e uma afnao mais precisa. Uma vez que os exerccios do mtodo so limitados a uma corda ou a duas cordas adjacentes, os exerccios relativos ao desenvolvimento da tcnica de arco so tambm eles limitados, no entanto, pensados de forma a intensifcar gradualmente uma boa tcnica de arco. No caso de maior ambio na obteno de resultados rpidos, este mtodo apresenta algumas defcincias no caso de uma classe de alunos, apresentando resultados considerveis no caso das aulas individuais. Tendo em conta que a complexidade rtmica e a tcnica de arco so desenvolvidas de forma gradual, assume importncia o facto da 1 posio ter 18

sido bem assimilada, por ser idntica nas quatro cordas do instrumento. Este aspecto possibilita aos alunos dirigirem a sua ateno e concentrao para a mo direita. Este mtodo considera tambm a designada posio banjo, muitas vezes preferida pelas crianas antes de comearem a usar o arco, no entanto, a aprendizagem do violino pode no compreender esta etapa, que depender, por conseguinte, de factores como a idade, tamanho, destreza ou nvel de aptido do aluno. Entre vrios aspectos positivos da abordagem de Neil Mackay, reala-se a necessidade de ouvir, um dos factores determinantes na aprendizagem de um instrumento de cordas. um mtodo estruturado quase sempre em duo, o que facilita a adaptao prtica em conjunto, no esquecendo a oportunidade de trabalhar a capacidade de audiar do aluno, e que vive muito da progresso pela automatizao de exerccios e consolidao de competncias. Sumariamente, The First Year Violin Tutor, considera a necessidade que o promissor violinista tem em apurar a afnao, na prtica em conjunto e em saber ouvir o grupo (o que tambm refecte noes sobre entoao, afnao e equilbrio). Cada lio trabalhada em conjunto, seja aluno/professor, ou aluno/ aluno, motivando o aprendiz, que v a sua execuo, mais simples, transformada na complexidade das partes musicais adjacentes. As vantagens para a aprendizagem atravs deste mtodo sobressaem pela sua estrutura e abordagem aos contedos indispensveis aprendizagem do instrumento em questo, insistindo sobre a sistematizao da mo esquerda num processo lento, mas consistente e intensivo, at porque esta progresso gradual necessria e acentua a sua efccia considerando as aulas de curta durao, as mais indicadas para absorver toda a ateno de alunos mais novos e irrequietos! Facto , que o mtodo em questo foi pensado tambm para uma classe de conjunto, da o ritmo de trabalho que imprime. Em suma, h uma estrutura para a aprendizagem duma corda, que vai sendo repetida nas restantes cordas, num crescendo gradual de complexidade, baseando-se na primeira posio e atentando para que a novidade includa nos exerccios, possibilitada apenas pela automatizao anterior dos restantes aspectos tcnicos, evite que os mesmos se tornem pesados e chatos para o aluno. De qualquer forma, no coerente pensar que h um mtodo certo, mas um certo mtodo para cada aluno, e assim, todas as opes e todos os 19

mtodos de ensino devem ser pensados considerando uma possvel pluralidade de situaes e no uma nica. Notas terico-prticas do mtodo: Nomenclatura das partes do violino e do arco o instrumento dado a conhecer com recurso a desenho; Como afnar o violino; Cuidados a ter com o violino; Cuidados a ter com o arco; Cuidados a ter com o material necessrio para a aula; Noes bsicas de formao musical: nomenclatura das notas musicais e a sua grafa; a pauta musical; noes rtmicas; as pausas; tom e tom; o compasso; noes de andamento e pulsao; Terminologia especfca da escrita para violino (arcadas); Indicaes de aggica (dinmicas, articulao e distribuio do arco); Aspectos considerveis da posio da mo esquerda especfcos de cada lio (com ilustrao); Como colocar o violino e o arco (recurso a fotografa). Contedo Programtico: Corda l utilizao de todo o arco, recorrendo a diferentes ritmos e dinmicas; Aprendizagem do 1 e 2 dedos na corda l; Aprendizagem do 1, 2 e 3 dedos na corda l; Corda r uso do 1, 2 e 3 dedos seguindo o processo considerado para a aprendizagem na corda anterior; Tocar em duas cordas adjacentes corda r e corda l; Tomada de conscincia progressiva da aggica musical; Os dedos que devem ser mantidos na corda; Escalas numa oitava e respectivo arpejo; variaes rtmicas na escala; Como distribuir o arco; aprender a aplicar essa competncia; Corda mi aprendizagem do 1, 2 e 3 dedos seguindo o processo considerado para a aprendizagem das cordas anteriores; Tocar em duas cordas adjacentes corda l e corda mi; 20

Noo de frase musical e acentuaes; Exerccios de tcnica de arco; diferentes golpes de arco; exerccios rtmicos; Corda sol aprendizagem do 1, 2 e 3 dedos seguindo o processo considerado para a aprendizagem das cordas anteriores.

2.2. Anlise do mtodo 2 O mtodo para violino de Charles-Auguste Briot, Mtodo, orientado para o ensino individual do violino, desde a iniciao at um grau mais avanado, abrangendo a aprendizagem no s da 1 posio, mas tambm das seguintes at 5 posio. Aposta em muitos exerccios de cordas soltas, de forma a consolidar a tcnica de arco e objectivando uma correcta colocao de dedos da mo esquerda. Inicia, por conseguinte, ao estudo das escalas, de forma geral com acompanhamento do professor, em duo, tornando os exerccios menos aborrecidos e orientados para uma maior motivao. Aps o estudo dos intervalos, surgem ento as melodias em duo com o professor, implicando a aplicao das competncias adquiridas nos exerccios anteriores. Neste mtodo, pretende-se que o aluno seja capaz de percorrer todas as cordas do violino, inicialmente uma corda de cada vez e numa segunda etapa trabalhando em cordas adjacentes, at que por fm so progressivamente trabalhadas de forma intercalada, procurando um equilbrio de combinao entre a tcnica das mos esquerda e direita. O mtodo para violino de Briot, no ento um mtodo que se aplique aos alunos apenas num primeiro ano de aprendizagem do instrumento, mas antes, um mtodo de acompanhamento mais completo a nvel do contedo programtico. Desta forma, ser da responsabilidade do professor de violino, decidir at que parte do livro o aluno est preparado para assimilar num primeiro ano de aprendizagem, tendo em conta a sua aptido, idade, personalidade, entre outras condicionantes que possam ser consideradas. Sumariamente, este mtodo sobressai pelo recurso a imagens no incio do livro relativas a qual a postura correcta a adoptar com o instrumento, incluindo a colocao das mos esquerda e direita, paralelamente incluso de outras imagens que ilustram uma postura incorrecta, de forma a que o aluno distinga tambm aquilo que no deve fazer. Apesar do recurso a muitos duos e 21

melodias que incentivam o aluno na aula e ao estudo em casa, a concentrao de muitos exerccios de cordas soltas numa parte inicial, sem uma parte de acompanhamento para o professor, tal como volta a acontecer com os primeiros exerccios para a colocao dos dedos da mo esquerda, poder imprimir um carcter montono e pouco apelativo a esta fase de aprendizagem. Na medida em que no se trata de um mtodo de ensino para um nico ano de aprendizagem do instrumento, mas mais abrangente ao nvel dos contedos programticos, permite incutir no aluno alguma organizao e mtodo para o estudo dirio de muitos contedos imprescindveis sua boa formao, pela automatizao estruturada na aquisio de vrias competncias. Notando que este mtodo abrange exerccios at aprendizagem da 5 posio da mo esquerda, seguindo uma estrutura de aprendizagem similar desde a aprendizagem da 1 posio, o facto de insistir na prtica de escalas desde o momento inicial de aprendizagem, entre outros aspectos cruciais na evoluo tcnica de um aluno, e que vo sendo repetidos na progresso para a aquisio das vrias competncias, levam sistematizao do estudo, que passar naturalmente por esses patamares apreendidos imediatamente antes de se iniciar qualquer prtica, complementando, por conseguinte, desta forma, a capacidade metacognitiva do aluno na abordagem de qualquer tarefa. No entanto, pela forma como est organizado este mtodo, atentando ao carcter pesado na insistncia tcnica inicial, poder-se- tornar demasiado pesado e menos motivador para crianas pequenas na iniciao ao violino. Notas terico-prticas do mtodo: Noes bsicas de formao musical nomenclatura das notas musicais e a sua grafa; a pauta musical; noes rtmicas; Como colocar o violino e o arco, com recurso a uma explicao textual e imagens desenhadas; Indicaes de aggica musical; Nomenclatura das partes do violino e do arco com recurso a desenho; Nome das cordas do violino e respectivo grafsmo na pauta musical.

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Contedo Programtico: Exerccios com cordas as soltas Primeiro em cada corda separadamente (fgura rtmica utilizada: semibreve); Alternar cordas que fcam mais prximas (por exemplo entre a 2 e a 3 cordas) alternar primeiro duas cordas e depois trs; Exerccio rtmico que alterna as quatro cordas; Exerccios com a aplicao de ligaduras e com a introduo ao stacatto. Explicao terica dos acidentes musicais: bemis e sustenidos A 1 Posio Exerccios para a mo esquerda (colocao dos dedos na escala) Exerccios com o 1 dedo: em cada corda separadamente, e com intervalo de 1tom e de tom; s depois se intercalam as quatro cordas; Estes exerccios so repetidos sucessivamente desta forma com os restantes dedos. Os intervalos Exerccios para intervalos simples de terceira, quarta, quinta, sexta, stima e oitava. Clareza e intensidade de som Exerccios com cordas soltas e com diferentes dinmicas; recurso a fguras rtmicas desde a semnima at semibreve; Exerccio de intercalar cordas soltas com dedos (do 1 ao 4 dedo). Exerccios de escalas Ascendente e descendente, no mbito de uma oitava; Com diferentes ritmos, aumentando a velocidade progressivamente; Primeiros Duos: aluno executa escalas com acompanhamento do professor, que toca uma melodia (estes exerccios percorrem todas as escalas maiores e relativas menores e a difculdade rtmica vai aumentando gradualmente).

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Primeiras melodias Duos: o aluno toca agora a melodia, a qual o professor acompanha (apreenso dos diferentes intervalos, executados pelo aluno em forma de melodia). Ligaduras Aplicao nas escalas, em intervalos de terceiras, quartas e sextas; Aplicao em Melodias (duos). Estudos: combinao de diferentes golpes de arco Combinao de dtach com ligaduras e mudanas de corda nas ligaduras. Escalas maiores e menores Todas as escalas existentes so apresentadas podem ser tocadas em forma de estudo, j que todas tm ligao de umas para as outras; mbito: uma oitava (ascendente e descendente); Aumento da difculdade rtmica em relao 1 vez que aparece no livro. Escalas cromticas Combina duas cordas de cada vez; Exerccios: Pea e Estudo. A sncopa Explicao terica; Exerccios em duo e individual. A partir deste ponto, iniciam-se os exerccios a partir da 2 posio, repetindo a mesma estrutura de aprendizagem da 1 posio e aplicada na aprendizagem das seguintes posies, num crescendo progressivo de difculdades tcnicas variadas.

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2.3. Anlise do mtodo 3 Considerando a crescente necessidade de modernizar, Methode de Violon Dbutants, de Bruno Garlej e Jean-Franois Gonzales, um mtodo que pensa no s sobre o contedo programtico para a fase de aprendizagem pretendida, mas tambm no gnero de apresentao desse contedo, contextualizada para crianas na iniciao da aprendizagem do violino. Note-se que as ilustraes do mtodo em anlise so frequentes e enquadradas no mundo infantil, recorrendo no entanto fotografa sempre que possvel para a apresentao de novos contedos, apelando ao instinto visual, e evitando, analogamente, o afastamento errneo da realidade que uma ilustrao limitaria. O mtodo em questo procura familiarizar o violinista aprendiz com a necessidade de refectir, de considerar problemas de anlise, e ainda, com o exerccio fsico. focada a importncia de uma postura correcta na aprendizagem do instrumento, notando que aquilo que caracterizado como correcto depender da naturalidade de cada um para segurar o instrumento, seja na prtica sentado ou de p. A postura da mo direita, no arco, tambm considerada, recorrendo a algumas fotografas e apontamentos tericos respectivos. As descries do violino e do arco no foram esquecidas. Num nico volume, so estudadas as dedilhaes bsicas da primeira posio, prevendo tambm a utilizao das diferentes partes do arco (meio, talo e ponta), atentando no equilbrio entre as capacidades de realizao tcnica e a realizao expressiva. Segundo os autores deste mtodo, foram tomadas em conta opinies diversas de um nmero considervel de professores que testaram com sucesso a implementao do respectivo mtodo. Note-se, no entanto, que a elaborao de um mtodo perfeito implicaria escrever de forma diferente para cada aluno, em cada curso, dependendo das necessidades e capacidade de absoro de cada um, dependendo da frequncia e durao das aulas, e neste sentido, qualquer mtodo pode pecar pela sua forma de abordagem, que naturalmente diverge de aluno para aluno, podendo caracterizar-se respectivamente pela pressa excessiva ou o excesso de lentido na aprendizagem de contedos, pela inovao ou conservadorismo, sendo da responsabilidade do professor adaptar o mtodo para cada caso, retomando uma passagem quando 25

inadequadamente assimilada, ou gerindo uma abordagem mais rpida no caso de contedos j dominados. Com base na perspectiva anterior, de notar que a ordem e a organizao do contedo dos captulos deste mtodo, foram concebidas de forma lgica e coerente e podendo vantajosamente ser respeitada, porm, evidente que a progresso de forma no linear perfeitamente possvel, a critrio do professor ou pelas necessidades especfcas do aluno. Contam-se ento 10 captulos onde se prev a aprendizagem do violino comeando pela prtica das cordas soltas, em dtach e com ligaduras de expresso de duas em duas notas e de quatro em quatro notas; seguindo a aprendizagem da colocao dos quatro dedos progressivamente, considerando a estrutura de 1 tom, 1 tom, tom, 1 tom; a aprendizagem do staccato; a colocao dos quatro dedos seguindo a estrutura 1 tom, tom, 1 tom, 1 tom, misturando as diferentes disposies dos dedos da mo esquerda, mais tarde aplicadas em estudos e peas que contam j com variados elementos da aggica musical e acompanhamento a realizar pelo professor de instrumento. Note-se que pelas caractersticas deste mtodo, j referidas at ento, no considero a necessidade de esquematizar as notas terico-prticas ou o contedo programtico respectivos.

2.4. Anlise do mtodo 4 Stepping Stones, da autoria de Katherin e Hugh Colledge, um mtodo que trata de um conjunto de peas destinadas a alunos na iniciao ao violino. Objectivando uma aquisio de competncias de forma concisa e bem estruturada, este mtodo prope uma abordagem calma mas frme, introduzindo gradualmente novos contedos de aprendizagem, acompanhados de vrios exemplos, em ordem sistematizao do processo. Pela insistncia na prtica das cordas soltas e a aprendizagem da colocao do 1 dedo em todas as cordas, um mtodo que pensa na simplifcao da tarefa em ordem efccia, orientado especialmente para crianas em estgio de desenvolvimento pr-operatrio. O mtodo referido prope que as peas sejam acompanhadas ao piano e traz um CD com o referido acompanhamento, incitando ao estudo em casa e 26

de forma a tornar mais motivadora a prtica do violino. So 26 pequenas peas, bastante simples, alternando entre o desempenho com arco e pizzicato. A apresentao deste mtodo, a nvel esttico, consideravelmente infantil e permite colorir as imagens que acompanham as peas em questo, referentes aos ttulos das canes. As indicaes de aggica musical so omitidas, podendo, no entanto, ser includas consoante a metodologia de trabalho do respectivo professor, e, embora aparentemente limitativo no que concerne ao conceito de aprendizagem do violino, este mtodo permite, precisamente por isso, considerar um leque de possibilidades nesse sentido, deixando ao critrio do professor qual a melhor forma de complementar a aprendizagem pretendida. Note-se que tambm neste mtodo, pela sua caracterizao bem concisa anterior, no considero a necessidade de esquematizar as notas terico-prticas ou o contedo programtico respectivos.

2.5. Anlise do mtodo 5 Partindo da ideia de que a criana desenvolve a sua habilidade a partir dos estmulos externos que recebe, fundamental que a sua educao no seja negligenciada (Suzuki).(...) Ao longo de quarenta anos de experincia pedaggica, apercebi-me sem sombra de dvida que a habilidade no inata. (...) A partir da minha investigao sobre a metodologia pedaggica acerca da aquisio da lngua materna, criei uma abordagem educacional conhecida como o Mtodo Suzuki. Tal como todas as crianas tm potencial para desenvolver tremendas habilidades no domnio da lngua materna, cada criana tem o potencial de desenvolver habilidades musicais. (...) um erro pensar que o futuro da sua criana est apenas dependente da hereditariedade ou de qualidades inatas. (Suzuki, 2007)1

1(...) For more than forty years of experimental pedagogy, I have come to know without adoubt that ability is not inborn. (...) From my research of the pedagogical methodology of mother-tongue acquisition, I have created an educational approach know as the Suzuki Method. Just as every child has the potential to develop tremendous abilities in the mastery of his mother tongue, each child has been imbued with the potential to develop

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Suzuki acreditava que a comum designao de talento musical resultava na realidade de um processo cuidadoso de aprendizagem musical e no de algo inato. Assim, consequentemente, defendia que todas as crianas, independentemente do seu contexto social ou familiar tinham iguais possibilidades para aprender. O seu mtodo, baseado numa flosofa de vida que aceita uma sociedade evoluda pela proposio de um estudo diligente e musical na educao de bons cidados, conhecido como Mother Tongue Education, na medida em que tenta aproximar os processos do ensino da msica dos processos da aprendizagem da lngua materna. Considerado ento, que o processo de aprendizagem deve seguir de perto a forma como uma criana aprende a lngua materna, incentivando participao activa dos pais no processo de aprendizagem, a base do mtodo a simplifcao de processos, tornando simples as aprendizagens por estabelecer objectivos comportamentais muito pequenos. Note-se que as primeiras preocupaes devem integrar o desenvolvimento de uma boa postura, de uma boa qualidade de som e uma boa qualidade de afnao, a par de um ambiente de motivao constante. So reputadas as aulas de grupo, orientadas para o aumento a motivao pela integrao num grupo, apelando socializao no processo de aprendizagem e interaco (verbal e musical) com outros colegas. Aprender a tocar em unssono, ou simplesmente tocar para os colegas so consideradas actividades absolutamente vitais para a aprendizagem do instrumento. A repetio o incio de todo o processo de aprendizagem (da a necessidade de ouvir todos os dias o CD recomendado com as peas a estudar), sem descurar ainda os necessrios exerccios fsicos (coordenao, postura, movimento com o instrumento), em ordem preparao da criana para as difculdades motoras a enfrentar na aula, e predisposio para manipular o instrumento de forma orgnica, como que sendo uma extenso do prprio corpo. Pressupe-se que as crianas adoptem hbitos de estudo instrumental e sejam estimuladas a ouvir bons exemplos das peas que esto a tocar (pelo professor e atravs de exemplos gravados). A memria a base da aprendizagem. Visto que uma criana no aprende a ler ao mesmo tempo que aprende a falar, tambm no devermusical abilities. (...) It is a mistake to think that your child's future is only a matter of heredity or inborn qualities. (Suzuki, 2007)

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aprender a notao musical enquanto no souber tocar o seu instrumento. A leitura vem mais tarde, quando aprenderam j sufciente repertrio que ajudou no desenvolvimento da relao entre o som e a parte motora. Notas terico-prticas do mtodo: Nomenclatura das partes do violino e do arco o instrumento dado a conhecer com recurso a desenho; Como afnar o violino (recurso a explicao terica); Cuidados a ter com o violino (recurso a explicao terica); Cuidados a ter com o arco (recurso a explicao terica); Como colocar o violino e o arco: recurso a imagens (fotografa) e a explicao terica; Padres de dedilhao na 1 posio da mo esquerda (recurso a fotografa); Glossrio de smbolos recorrentes ao longo do mtodo (especifcidades da escrita para violino; sugestes para estudo e prtica; distribuio do arco). Contedo Programtico: Corda l exerccios com diferentes ritmos e articulaes; Aprendizagem da colocao dos 1, 2 e 3 dedos na corda l (1 tom, 1 tom, tom); Corda mi uso do 1, 2 e 3 dedos seguindo o processo considerado na aprendizagem na corda anterior; Exerccios para a tcnica de preparao; Tocar em duas cordas adjacentes corda mi e corda l; Tocar em duas cordas adjacentes corda l e corda r; Aprendizagem da colocao do 4 dedo; Tomada de conscincia progressiva da aggica musical; Escalas numa oitava e respectivos arpejos; Tocar em duas cordas adjacentes corda r e corda sol; Exerccios de dedilhao segundo o padro 1 tom, tom, 1 tom, 1 tom); Escala de sol maior em duas oitavas e respectivo arpejo; Exerccios de dedilhao segundo o padro 1 tom, 1 tom, 1 tom, tom).

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Note-se que este mtodo rene um conjunto de peas, algumas da autoria do prprio Suzuki, mas todas elas acompanhadas de uma explicao terica, entre outros exerccios e sugestes diversas, para um acompanhamento optimizado do estudo pretendido. A possibilidade de transposio das peas a estudar tambm referida bastantes vezes, pela simplifcao para a prtica noutras cordas adjacentes. Novos contedos so introduzidos progressivamente, consoante so necessrios para a aprendizagem de novas canes. No fnal do mtodo ainda possvel consultar um guia de notao musical.

2.6. Anlise de questionrios aos docentes da disciplina Na sequncia da anlise dos mtodos referidos no ponto anterior, segue a anlise dos questionrios elaborados com o propsito de averiguar tcnicas e metodologias pedaggicas para crianas na iniciao ao violino e cujo questionrio modelo se encontra em anexo. O questionrio foi elaborado com o intuito de explorar diferentes pontos de vista sobre a problemtica em questo, focando alguns dos aspectos que considerei fundamentais para a concretizao do meu projecto educativo.

2.7. Medidas, procedimentos e resultados Os questionrios, de cariz annimo, foram entregues aos professores da disciplina de violino do Conservatrio de Msica Calouste Gulbenkian de Braga e do Conservatrio de Msica do Porto, aps deferida a carta de apresentao relativa ao estudo em questo e respectivos objectivos. Com o intuito de averiguar diferentes tcnicas e metodologias pedaggicas adequadas a crianas na iniciao ao violino, foram distribudos 15 questionrios estruturados, de acordo com o nmero de docentes da disciplina de violino em cada um dos conservatrios. Dos 15 questionrios distribudos apenas 8 foram devolvidos. No considero uma anlise de resultados signifcativamente relevante, 30

atentando reduzida amostra, que, no entanto, se mostrou maioritariamente consensual na generalidade dos temas abordados. Note-se que o meu objectivo na aplicao dos referidos questionrios foca-se essencialmente na necessidade de conhecer diferentes perspectivas relativas ao processo de aprendizagem do violino numa fase inicial (e respectivas envolventes), permitindo-me a uma refexo mais pertinente sobre o assunto. Os questionrios foram analisados qualitativamente, seguindo a sua estrutura de apresentao. I. Perfl do Docente Tabela 1: I. Perfl do ocente Gnero Nacionalidade Portuguesa Masculino Feminino Sim No N 5 3 7 1 % 62.5 37.5 87.5 12.5

de referir que todos os intervenientes no questionrio pretendido so ou foram professores de violino de crianas no 1 ciclo de aprendizagem e em iniciao ao estudo do referido instrumento. No que concerne ao nmero de anos em que ensinaram alunos com estas caractersticas, os valores oscilam entre os 10 e os 27 anos. II. Material de Apoio Pedaggico Entre os manuais mais referidos constam os mtodos Suzuki Violin School de S.Suzuki e The First Year Violin Tutor de Neil Mackay, pela continuidade de desenvolvimento gradual que imprimem, considerada vantajosa pela maioria dos docentes. Um dos docentes refere: Uso o meu mtodo que uma combinao do que tenho lido e experienciado ao longo dos anos. Material que uso por exemplo: N.Mackay (1 livro), os primeiros livros do Suzuki, canes populares, peas compostas por mim (e exerccios).

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Nenhum dos docentes tem conhecimento de um manual de iniciao ao violino em Lngua Portuguesa e apenas um dos docentes considera este factor importante, na medida em que o apoio na prtica do instrumento em casa seria mais consciente, pela interpretao mais precisa dos contedos explicados na aula. III. Metodologias/Recursos/Estratgias O parmetro relativo ao tipo de abordagem ao instrumento por parte da criana numa fase inicial, no foi unnime, realando no entanto, de forma geral, palavras como aventura, naturalidade, divertimento, alegria, entusiasmo e prazer. Um dos docentes afrma: A criana deve ter a noo que aprender um instrumento um assunto srio, que no se trata de um brinquedo e que tem que praticar com regularidade. Mas tambm quero que a criana perceba que fazer msica uma coisa maravilhosa que d muita alegria e perspectiva no futuro. A importncia da utilizao de jogos didcticos no processo de aprendizagem consensual e considerada uma estratgia motivadora e estimulante, pela crescente entrega e concentrao que desenvolve. Um dos docentes considera ainda que (... ) O objectivo o aluno sentir que interessante aprender e ao mesmo tempo sentir que um desafo (como normalmente num jogo) se conseguir vai fcar mais motivado. (...), enquanto outro docente complementa objectivando (...) Aumentar o gosto pela aprendizagem e motivar para o trabalho. Apenas um dos intervenientes no questionrio alega falta de tempo para trabalhar a comunicao com o instrumento alm da aprendizagem tcnica e dois dos restantes intervenientes consideram a referida situao de acordo com determinados momentos e alunos especfcos. Os restantes docentes consideram bastante importante trabalhar essa comunicao, uma vez que fundamental (...) estabelecer-se, desde cedo, uma boa relao com o instrumento, tornando-o uma parte da alma. Tambm consensual a adaptao do tipo de linguagem e a recorrncia a vocabulrio especfco adequado s idades cronolgica e musical dos alunos em questo, de acordo com o seu (...) desenvolvimento psicolgico e emocional (...), considerando uma diversidade de alunos que devem ser 32

tratados (...) de acordo com as suas necessidades, no entanto, (...) o vocabulrio deve ser adaptvel idade do aluno mas rigoroso do ponto de vista tcnico e musical. No que concerne aplicao de outros materiais e metodologias alm do instrumento para ensinar tcnicas de postura ou outras realizaes tcnicas, apenas dois dos intervenientes no questionrio consideram prescindvel este parmetro, porm, a maioria atenta na necessidade de realizar exerccios e tcnicas de relaxamento, danar, cantar e ouvir, (...) toda a tcnica auxiliar que possa ajudar o aluno(a), tendo em conta a nossa imaginao. Um dos docentes refere ainda (...) O uso de um lpis para fazer exerccios com a mo direita, por exemplo (...) s vezes ponho uma estante por baixo da cabea do violino para obrigar o aluno a levantar o violino. (...) O solfejo importante mas tento primeiro fazer o aluno perceber a lgica da msica/da pea, ouvindo, depois mais fcil de explicar o solfejo, que naturalmente importante. O aluno precisa de saber bem o que faz., refere um dos participantes no questionrio, notando apenas trs dos docentes que consideram o solfejo dispensvel quando aplicado numa fase inicial de aprendizagem do instrumento. A importncia de um instrumento harmnico de apoio ao processo de aprendizagem considervel, pelo desenvolvimento auditivo que proporciona, no trabalho da afnao e para a experincia de tocar em conjunto. No entanto, dois dos docentes questionados prescindem do apoio referido. A envolvncia dos pais no processo de aprendizagem do instrumento consensualmente considerada fundamental para a criao de hbitos de trabalho em casa. (...) Os pais tm um papel fundamental no processo de aprendizagem dos flhos, como retaguarda de apoio e superviso do trabalho em casa., sendo imprescindvel a comunicao entre o professor e o encarregado de educao da criana. IV. Feedback/Performance Tendo em conta a idade cronolgica e musical das crianas nesta fase de aprendizagem, apenas dois dos docentes questionados consideram a motivao intrnseca mais presente, enquanto os restantes ponderam o equilbrio entre motivao intrnseca e motivao extrnseca. 33

No que diz respeito ao elogio e crtica na aprendizagem de acordo comum que (...) Ambos tm um papel importante, os elogios como reforo positivo e as crticas como forma de fazer mudar o que no est bem, um dos docentes pondera que (...) para no retrair o aluno a ouvir, importante elogiar antes de criticar, elogiar cada bocadinho correcto, e ainda a importncia do (...) professor ser honesto com o aluno mas numa forma positiva (...) sem o aluno fcar com medo de errar. Consideraes como (...) O aluno precisa de saber que para alterar ou melhorar alguma coisa preciso pensar, os dedos no fazem nada diferente se o aluno no pensar. preciso ouvir, analisar e corrigir., (...) explico e demonstro, ensino o aluno a estudar, mostro estratgias para atingir objectivos (...), atestam tambm o acordo comum no que diz respeito importncia do desenvolvimento e aplicao de estratgias metacognitivas nos respectivos alunos. Alterar a estratgia, alterar a abordagem, a pedagogia, o discurso expositor e demonstrativo, so algumas das atitudes pensadas para uma aula que no est a ser bem conseguida, mas foram ainda referidos outros aspectos que passo a citar: Arranjar solues prticas para atingir os objectivos defnidos para essa aula.; Procuro perceber onde est o erro (em mim ou no aluno) e corrigir., No insisto. Mudar para qualquer coisa j trabalhada procurando retomar um caminho seguro dando confana ao aluno.; Normalmente as aulas correm bem, mas se notar que um aluno est muito cansado por exemplo, falamos um pouco ou toco eu alguma coisa diferente para o aluno ouvir, ou tocamos alguma pea juntos para nos divertirmos. Relativamente relevncia de trabalhar a noo de palco no referido momento de aprendizagem as opinies no so muito divergentes e apenas dois dos docentes no consideram relevante justifcando pela falta de noo da responsabilidade da aco por parte dos alunos, no entanto, os restantes docentes mostram uma abordagem diferente da temtica em questo, procurando incutir essa responsabilidade nos alunos, procurando promover (...) uma atitude sria e educada com o pblico (...), mostrando que (...) o palco importante pois l que se projecta todo o trabalho (...) e (...) bom o aluno fcar amigo com o palco cedo, para chegar a sentir o prazer que d estar l e partilhar uma pea bonita e bem preparada. Todos os docentes concordam com a necessidade de assistir a 34

concertos, pelas referncias possveis, pela possibilidade de observar comportamentos e reconhecer tcnicas, e embora a maioria dos docentes questionados considere a importncia de (...) ensaiar tudo para um concerto (como performer), saber como entrar no palco, agradecer, etc, e como ouvinte, saber estar com ateno, quando aplaudir, etc (...), dois dos mesmos docentes no consideram pertinente uma preparao para esse momento. 2.8. Sntese Todos os mtodos analisados atentam na importncia do factor motivao para esta fase inicial de aprendizagem e procuram desenvolver, neste sentido, uma interaco de conjunto, parte de outros pormenores, mais, ou menos, considerados e abordados de forma divergente, embora com o mesmo intuito. Excepto o primeiro mtodo de Neil Mackay, os restantes autores no especifcam uma estrutura orientada para apenas um ano de aprendizagem, mostrando-se preocupados em consolidar competncias de acordo com o tempo necessrio para essa consolidao, divergente pelas especifcidades de cada aluno. Stepping Stones e Suzuki Violin School vol.1, prevem a continuidade de progresso no processo de aprendizagem pela repetio insistida de contedos apreendidos anteriormente. Porm, neste contexto, todos os mtodos analisados atentam na automatizao natural de determinadas competncias (respectivas dos parmetro mais considerados, com maior ou menor complexidade de execuo e de acordo com a abordagem pretendida). Mais uma vez, pela anlise efectuada, considerando analogamente uma refexo anterior sobre os questionrios aos docentes da disciplina em questo, no posso considerar um mtodo ou uma metodologia ambivalente para a didctica do violino, mas um conjunto de mtodos e metodologias que se complementam, de forma a colmatar as especifcidades de cada aluno. Esta anlise, um dos princpios orientadores para a concretizao da minha ferramenta motivacional proposta neste projecto educativo, cujo contedo programtico tem origem na considerao dos parmetros menos fexveis para a experincia interactiva que a aprendizagem do instrumento prope, no entanto, igualmente signifcativos para a aprendizagem pretendida 35

(como caso da nomenclatura das partes do violino, por exemplo), entre outras consideraes, difceis de reter nesta fase de aprendizagem, pela amalgama de conhecimento novo, que resulta por conseguinte e de forma geral, na disperso da ateno do aluno e em menores nveis de optimizao de tarefas.

III. Realizao do V : Concretizao da ferramenta motivacional 3.1. Enquadramento, objectivos e metodologia Tomando em considerao a abordagem no ponto I.2. O Ensino e as Novas Tecnologias: A importncia da experincia no desenvolvimento de aprendizagens e competncias desta dissertao, complemento o enquadramento do DVD criado neste projecto educativo como uma ferramenta motivacional adequada a crianas na iniciao da aprendizagem do violino. Tendo em conta os vrios agentes da motivao (o professor, a famlia e o meio envolvente) notada uma aco reactiva, refectindo essencialmente sobre a motivao quando ela constitui um problema ou se, atravs dela se conseguir solucionar algum problema. No entanto, encarar a motivao como uma estratgia defnida poder simplifcar todo o processo envolvente e optimizar os objectivos pretendidos. Consequentemente, torna-se fundamental que os agentes da motivao estejam conscientes do papel de relevo que lhes destinado no processo motivacional, em ordem contribuio de forma optimizada para o sucesso musical do aluno. Os professores mais entusisticos so mais capazes de captar a ateno dos alunos e de estabelecer com eles uma cooperao, bem como um feedback imediato das actividades, assente numa postura positiva e que produz nos alunos um sentimento de sucesso. Trata-se de um professor refexivo, capaz de desenvolver a capacidade de observar os alunos e a si prprio e que mediante as necessidades e as respostas dos alunos, adapta a sua prpria conduta. Pode considerar-se que a criana v o jogo como uma actividade aprazvel. Trata-se de uma experincia de si mesmo que sempre adquirida, que sempre criadora de um conhecimento renovado de si mesmo e s vezes dos outros. Pode ento observar-se a criana em actividade ldica, no entanto, 36

certas crianas conhecem tambm um prazer muito vivo numa maneira de ser aparentemente passiva.

O prazer de ouvir, de olhar, de sentir, de observar, para elas brincar, ou melhor, se preferirem, divertir-se com as percepes que encontram estando atentas e s quais do sentido em consequncia da funo simblica de que esto constantemente animadas. muito importante para as criana variar os brinquedos com os quais experimentam sua sensorialidade e a sua inteligncia. (Dolto, 1999)

Partindo do pressuposto que a criana, de natureza curiosa, est intrinsecamente motivada para aprender, o desafo consiste em canalizar conhecimentos e experincias, na descoberta de meios para proteger, fomentar e reforar essa motivao intrnseca, e desta forma, surge a ideia de criar o referido DVD, pela observao e enquadramento num mundo infantil muito prprio. Trata-se de um DVD ajustado num equilbrio entre o desafo e a competncia, reconhecendo, no aluno, de forma geral, o seu ponto de excelncia e desistncia e ajustando os seus objectivos ao nvel de esforo necessrio, no esquecendo a importncia de fomentar o interesse dos encarregados de educao pela actividade. Note-se que os pais representam, sobretudo nas primeiras etapas da aprendizagem musical, um papel muito importante, de envolvimento crucial para um estudo continuado para msica por parte dos educandos, e neste sentido, a par da difculdade que muitos dos encarregados de educao encontram em acompanhar a aquisio de novas competncias nesta rea por parte dos educandos, serve o presente DVD para a contextualizao da disciplina referida, numa primeira abordagem ao instrumento. O DVD dever ser jogado com a superviso do encarregado de educao, num ambiente de aprendizagem descontrada e divertida. Este projecto educativo advm ainda da necessidade de criar novas metodologias e estratgias, apoiadas numa crescente variedade de experincias, capazes de promover uma didctica interactiva, que apoia o aluno como elemento participante e no um receptor passivo. fundamental referir o carcter complementar do DVD, enquadrado num pensamento construtivista, na medida em que este tipo de pensamento, que tem servido de 37

base inovadora aos mais recentes modelos de reforma curricular (Webster et al. Gardner, 1991; Papert, 1993), o enfoque na importncia da criatividade e na motivao da aprendizagem atravs da prtica, notando que a aprendizagem mais efcaz quando abordada atravs de experincias prticas concretas do que quando o sujeito colocado numa atitude passiva de receptor. O contedo programtico do DVD em questo, aborda precisamente aspectos que mais facilmente so ensinados de forma passiva, porm, com alguma difculdade so apreendidos, e desta forma, atravs do jogo ldico, possvel implementar uma aco interactiva na aprendizagem dos referidos contedos. O contedo programtico do DVD segue uma estrutura sequenciada de aprendizagem, introduzindo o instrumento e respectivas caractersticas, simplifcando de uma forma interactiva a etapa antecedente ao incio da prtica do instrumento. O objectivo , por conseguinte conciso, e consiste em contextualizar instrumentista e instrumento, facultando algum conhecimento preparatrio para a aprendizagem do referido. Neste sentido, esto integrados no DVD, os jogos, O violino no Luthier!, Antes de comear preciso endireitar!, Com o dedo ou com o arco vamos l ver o que fao!, 1,2,3, ou at mais de uma s vez! e Era uma vez..., estruturados pela necessidade de conhecer o instrumento, perceber qual o procedimento a adoptar antes de comear a tocar o instrumento e, por fm, como/de que forma pode ser tocado e em que contexto. O violino no Luthier! constitudo por trs jogos. O primeiro, consiste em conhecer a nomenclatura das diferentes partes do violino e do arco e foi concebido para desenvolver as capacidades mnemnicas da criana. Os nomes referenciados so muitas vezes utilizados nas aulas e nem todos os alunos tomam a iniciativa de perguntar. Esta uma forma de quebrar possveis inseguranas e fomentar a iniciativa da criana, mais confortvel na descoberta do desconhecido. Note-se que quanto melhor a criana identifca as partes que formam o todo, mais rpida ser a sua capacidade de resposta aquando da utilizao de conceitos aparentemente complexos. A criana pode ouvir e repetir em seguida, desafando um companheiro de jogo a decorar as referidas partes. O segundo, diz respeito reconstruo do violino. A criana dever juntar as partes de modo a formar o todo, seguindo a imagem modelo. Como qualquer outro puzzle, este jogo permite criar uma percepo do todo atravs 38

da desintegrao da imagem, desenvolvendo ainda a capacidade da criana para reconhecer as partes importantes do instrumento. O terceiro jogo concerne reconstruo do arco, e semelhana do puzzle do violino, pretende-se, tambm neste jogo, que juntem as partes de modo a formar o todo. Tendo em conta a frequncia com que o arco utilizado, torna-se fundamental um conhecimento mais pormenorizado do mesmo. um exerccio que, tal como os restantes, permite desenvolver a concentrao e a capacidade em reconhecer pormenores. Antes de comear preciso endireitar!, prope que atravs de um conjunto de imagens apresentado, a criana seja capaz de reconhecer uma postura correcta, necessria prtica do instrumento. No entanto, de referir ainda, que no necessrio tocar o instrumento para percepcionar as diferenas na postura apresentada, pela natureza da experincia. Considero um meio interessante para ensinar tcnicas corporais de relaxamento e boa postura que pode ser aplicado para alm da prtica do violino. Com o dedo ou com o arco, vamos l ver o que fao!, constitudo por dois jogos. O primeiro, parte de uma melodia simples, e d a conhecer o som do violino tocado com o arco e em pizzicato, recorrendo a uma imagem colorida e de carcter pedaggico. Pressionado a imagem por tempo sufciente, ser ouvido o som desejado. O segundo, explora uma forma divertida de conhecer o som do instrumento. Trata-se de um jogo desenvolvido para dar a conhecer algumas das potencialidades sonoras do violino, tendo por objectivo, aprimorar o cuidado que o jovem violinista deve ter com o som, utilizando o local correcto para tocar, tanto com o arco como em pizzicato, e permitindo ainda aos mais curiosos, que no tiveram a oportunidade de manusear o instrumento, conhecer o registo natural das cordas e experimentar melodias improvisadas com as cordas soltas do violino. 1,2,3, ou at mais de uma s vez!, colmata todos os pontos trabalhados nos jogos anteriores, seja atravs de uma execuo a solo, em msica de cmara ou at mesmo em orquestra. Para tornar ainda mais engraado para a criana, permitido arrastar o rato sobre as imagens e misturar as diferentes melodias. Uma vez mais, mostra como uma parte pode ser integrada num todo. Neste caso, as vrias actividades em que o violino pode ser integrado. Era uma vez..., consiste numa curta-metragem animada que conta a histria de uma criana entre a realidade e o fantstico na aprendizagem do 39

violino. Este parmetro foi pensado para a aplicao ldica da msica, recorrendo a um dos pontos cruciais da infncia da maioria das crianas, os contos! Com o intuito de tornar os jogos mais motivadores e apelativos, no s as imagens mas tambm as cores e os sons, foram, dentro do possvel, pensados de acordo com as caractersticas do sujeito alvo. Para a concretizao deste DVD recorreu-se ao seguinte software: Processing, MaxMSP e Adobe Flash CS4. A msica atreve-se por outras artes e vice-versa. Concebido em 2001 como ferramenta grfca para estudantes de arte e design, onde estes pudessem conhecer e experimentar formas digitais num contexto visual, o Processing um software livre que rapidamente se expandiu por outros segmentos criativos. Hoje utilizado um pouco por todo o mundo para criar design grfco, vdeo, msica, instalaes, stios web, visualizao de dados e tudo o mais que a imaginao dos seus utilizadores permitir.Processing um ambiente de programao open source para quem quer programar imagens, animao, e som. utilizado por estudantes, artistas, criadores, arquitectos, pesquisadores e curiosos, para aprender, fazer prottipos, e produo. criado para ensinar fundamentos de programao no mbito de um contexto visual, servindo para esboar software e como ferramenta profssional de produo. Processing desenvolvido por artistas e designers como uma alternativa a software comercial do referido domnio. (Shiffman, 2008)2

MaxMSP um programa de composio algortmica baseado no paradigma modular e com interface grfco. Trata-se portanto de um ambiente de programao grfca interactivo para msica, udio e media. Neste DVD, o Processing explorado enquanto ferramenta para a criao de interfaces grfcos interactivos. Atravs da interaco deste 2 Processing is an open source programming language and environment for people whowant to program images, animation, and sound. It is used by students, artists, designers, architects, researchers, and hobbyists for learning, prototyping, and production. It is created to teach fundamentals of computer programming within a visual context and to serve as a software sketchbook and professional production tool. Processing is developed by artists and designers as an alternative to proprietary software tools in the same domain. (Shiffman, 2008)

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programa com o MaxMSP possvel aliar as componentes visuais e sonoras, pela comunicao entre ambos, assegurada pelo protocolo de Open Sound Control (OSC). Adobe Flash CS4 consiste num software de criao de contedos interactivos bastante utilizado em web design. Este software utilizado na criao da curta-metragem de animao. 3.2. Estudo: Aplicao do V

Neste estudo exploratrio, foi adoptada uma abordagem cientfca indutiva, na anlise de casos particulares para uma concluso mais abrangente. No que concerne ao tipo de investigao, foi tomado como referncia o mtodo correlacional, visto o relacionamento de variveis e a apreciao sobre a interaco das mesmas. O estudo em questo de tipo ecolgico. Trata-se de um estudo experimental e de objectivo analtico, que no conta com a referncia de um grupo de controlo.

3.3. Amostra e procedimentos Em ordem validao do projecto educativo proposto, os jogos didcticos, j apresentados, foram dados a conhecer a dois grupos de 10 crianas, durante o mesmo perodo de tempo. de referir que no havia alunos com defcincias de nenhuma natureza ou outras condicionantes relevantes. Do grupo 1 fazem parte crianas com idades compreendidas entre os 6 e os 9 anos de idade, estudantes no Conservatrio de Msica do Porto, e, do grupo 2 fazem parte crianas com 5 anos de idade que frequentam o Centro Social e Paroquial de Arcos de Valdevez. Os dois grupos divergem no que diz respeito ao conhecimento musical. Note-se que as crianas do grupo 1 j tomam o violino como escolha de um instrumento a aprender, independentemente de se encontrarem a iniciar essa aprendizagem, enquanto as crianas do grupo 2 no possuem qualquer conhecimento formal de msica. A considerao dos dois grupos prende-se pela validao do DVD interactivo como ferramenta capaz de motivar, mas tambm, de despertar o interesse pela aprendizagem do violino. A heterogeneidade de idades, de um grupo para o outro, no considerado um 41

factor relevante neste sentido, mas antes, uma forma de averiguar qual a faixa etria adequada ao contacto com este tipo de estratgia, relacionada com o ensino e as novas tecnologias onde est integrada a aplicao do DVD. O gnero das crianas no foi analogamente considerado um factor dominante para a escolha dos elementos participantes, atentando numa seleco voluntria de acordo com a abertura para a experincia em questo. Foi possibilitada s crianas a oportunidade de experimentar os jogos do DVD com o meu auxlio, procedendo em seguida participao num pequeno questionrio referente experincia anterior, a partir do qual poderiam expor a sua opinio e que segue em anexo. Os jogos foram experimentados seguindo a estrutura de apresentao prevista, pensada sobre uma hierarquia de aquisio de competncias. As crianas ouviam a introduo ao jogo, gravada, e em seguida era-lhes explicado o objectivo do respectivo jogo. Era uma vez... foi testada de duas formas, a primeira vez sem som e a segunda vez com som. O meu objectivo quanto a este parmetro prende-se na integrao do violino numa outra perspectiva, a importncia do som como elemento fundamental para a compreenso do contedo visual. Note-se que nenhum dos grupos participantes tinha experimentado jogos com esta temtica, independentemente do nvel da sua habilidade com as novas tecnologias.

3.4. Resultados Relativamente anlise da avaliao do grupo 1, de referir que a ateno dos participantes esteve essencialmente focada nos aspectos de interaco que os jogos possibilitavam, na explorao sonora e na apreciao das fguras coloridas. Foi consensual a preferncia da observao da curtametragem de animao com som, pela maior facilidade de percepo de contedo, que desta forma proporcionava. Entre os jogos mais apreciados contam o jogo n1 de O Violino no Luthier!, o jogo n2 de Com o dedo ou com o arco, vamos l ver o que fao!, e o jogo n1 de 1, 2, 3 ou at mais de uma s vez!. Entre os jogos menos apreciados contam o jogo n1 de Antes de comear preciso endireitar!, embora os parmetros visuais e sonoros tenham sido 42

referidos como divertidos no foram considerados to apelativos como nos outros jogos j referidos anteriormente, e a curta-metragem de animao Era uma vez.... Na caracterizao global dos jogos considerados, so de notar expresses recorrentes como divertidos, engraados, interessantes e giros. A aquisio de conhecimentos focou-se essencialmente sobre aspectos de postura, com e sem o instrumento, e a nomenclatura das partes do violino. Uma das crianas insistiu, que (...) no tinha ainda notado em algumas peas (...). Considere-se ainda o facto de algumas crianas terem ainda reconhecido os trechos musicais apresentados. consensual, o resultado positivo no que concerne ao factor motivacional que estes jogos objectivavam. Tabela 2: Anlise da aplicao do V ao grupo 1 No Gostei N% 00 00 00 00 00 00 00 1 10 Avaliao Gostei N% 1 10 3 30 3 30 4 40 3 30 1 10 1 10 4 40 Gostei Muito N% 9 90 7 70 7 70 6 60 7 70 9 90 9 90 5 50

Designao do Jogo O Violino no Luthier! Jogo n1 Jogo n2 Jogo n3 Jogo n1 Jogo n1 Jogo n2 Jogo n1 Animao

Antes de comear preciso endireitar! Com o dedo ou com o arco, vamos l ver o que fao! 1, 2, 3 ou at mais de uma s vez! Era uma vez...

No que concerne anlise da avaliao do grupo 2 de referir que a ateno dos participantes esteve essencialmente focada na explorao sonora e na apreciao das fguras coloridas, bastante apreciadas. Algumas difculdades de interaco foram reconhecidas, em especial no jogo n2 de O Violino no Luthier!. Tambm neste grupo, foi consensual a preferncia da observao da curta-metragem de animao com som, pela maior facilidade de 43

compreenso do contedo, que desta forma proporcionava, e apenas uma criana no gostou de Era uma vez..., tal como acontece no grupo 1. Nota-se um equilbrio de apreciao dos diferentes jogos de O Violino no Luthier! e o jogo n1 de Antes de comear preciso endireitar!, sobressaindo apenas a curta-metragem de animao Era uma vez... como o menos apreciado, seguida do jogo n1 de 1, 2, 3 ou at mais de uma s vez! e o jogo n1 de Com o dedo ou com o arco, vamos l ver o que fao!, pelo tipo de interaco que proporcionavam. Divertidos, giros e engraados, so adjectivos considerados tambm por este grupo de participantes para a caracterizao dos jogos em causa. A aquisio de conhecimentos neste grupo no foi to relevante como no grupo 1 e apenas um dos participantes conseguiu reter o contedo da informao. As crianas em questo referiam: (...) aprendi mas no me lembro (...). Foi consensual a apreciao pela introduo gravada para cada jogo, por outro lado, no foi unnime o resultado no que concerne ao desenvolvimento do interesse pelo instrumento, tambm objectivo destes jogos, na medida em que trs dos elementos participantes no mostraram qualquer entusiasmo para a aprendizagem do violino. Tabela 3: Anlise da aplicao do V Designao do Jogo ao grupo 2 No Gostei N% 00 00 00 00 00 00 00 1 10 Avaliao Gostei N% 5 50 5 50 5 50 5 50 7 70 5 50 7 70 90 Gostei Muito N% 5 50 5 50 5 50 5 50 3 30 5 50 3 30 00

O Violino no Luthier!

Antes de comear preciso endireitar! Com o dedo ou com o arco, vamos l ver o que fao! 1, 2, 3 ou at mais de uma s vez! Era uma vez...

Jogo n1 Jogo n2 Jogo n3 Jogo n1 Jogo n1 Jogo n2 Jogo n1 Jogo n1

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IV. iscusso Considerando a heterogeneidade das duas amostras quando comparadas entre si, a discusso dos resultados no pode ser fundamentada de forma precisa. Realo ainda, a difculdade em avaliar o factor motivacional a curto prazo, no caso dos participantes do grupo 2, considerando o nulo conhecimento musical que possuem e a natureza da disposio, ou curiosidade, que possam ou no ter, para, ou, por esta rea. Este factor, descurado, revelou-se um aspecto fundamental e decisivo para a anlise de resultados. Tendo em conta os nveis de concentrao considerados para as crianas em idade pr-escolar, torna-se bastante complexo avaliar a sua capacidade de aquisio de conhecimento sobre a presente temtica, na medida em que no podem ser excludos outros factores condicionantes da experincia, neste estudo exploratrio. Neste contexto, a longevidade desta experincia deveria ser mais continuada para aprofundar resultados. Por outro lado, as anteriores consideraes no se pem no caso da anlise do grupo 1, no entanto, independentemente do resultado positivo considerado, no que concerne ao factor motivacional que estes jogos procuram desenvolver, o nmero de participantes de cada grupo revela-se uma amostra reduzida para a preciso da anlise neste sentido. A heterogeneidade de idades, de um grupo para o outro, e at mesmo em relao aos elementos que integram o mesmo grupo, no caso do grupo1 (contando trs crianas de 6 anos de idade, quatro de 7, uma de 8 e duas crianas de 9 anos de idade), no permite, analogamente, precisar qual a faixa etria adequada aplicao deste tipo de estratgia, que integra o DVD como uma ferramenta motivacional, independentemente do resultado obtido, pelo desequilbrio e reduo da amostra considerada.

Concluso O presente estudo, de carcter exploratrio, apresenta uma srie de limitaes que devero ser analisadas e consideradas numa investigao 45

posterior, no seguimento deste projecto educativo. Tomando em considerao que a reduzida dimenso da amostra condicionou a complexidade da anlise realizada, levantando problemas de signifcncia, um estudo futuro, partindo de uma amostra com maior nmero de participantes (igualmente condicionados), paralelamente apreciao da experincia durante um perodo de tempo mais extenso, poder ser sufciente para colmatar o presente estudo. Ainda outros aspectos que podero ser desenvolvidos e aperfeioados numa futura investigao, remete para a compatibilidade da programao do DVD para outros sistemas operativos alm do utilizado, Mac OSX, paralelamente aos melhoramentos da qualidade de gravao e pormenores de apresentao. Deve ser analogamente considerado o aperfeioamento de alguns parmetros dos jogos, nomeadamente no caso dos jogos n2 e n3 de O Violino no Luthier!, que pecam pela ausncia de som (por exemplo no caso da concretizao correcta ou incorrecta do puzzle), e relativamente a Era uma vez..., cujo argumento parece demasiado rebuscado e complexo. Assim sendo, apesar de constituir uma ferramenta coerente e consistente, para uma primeira abordagem ao instrumento, este DVD, dever ainda ser aperfeioado, incorporando uma maior diversidade de proposies dentro de cada assunto que integra. Como j foi foco de refexo anterior, no enquadramento terico deste projecto educativo, a experincia resulta no enfoque motivacional e metacognitivo que integra a aquisio de novas competncias. O DVD interactivo, apresentado como uma nova ferramenta motivacional, complementar aprendizagem do violino e orientado para uma primeira abordagem ao instrumento na sua prtica inicial, contextualizado positivamente nos parmetros acima referidos, quando experimentado num ambiente no limitativo de conhecimento formal de msica. Ainda que possa decorrer, em grande parte, destas limitaes, a ausncia de signifcncia analtica ao nvel dos resultados atingidos, colocamse uma srie de questes e refexes, que se prendem, sobretudo, com a especifcidade da fase de desenvolvimento e aquisio de competncias da amostra em causa. De facto, as particularidades desta fase colocam desafos, no s aos procedimentos de estudo, mas tambm prpria postura do investigador. Assim, sintetizando, o efeito surpresa que os resultados relativos 46

a este tipo de amostra despertou, impe-se a necessidade de orientar um estudo mais profundo e atento s suas especifcidades.

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Anexos

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Porto, 19 de Abril de 2010 Ao Ex.mo Sr. Presidente do Conselho Executivo do Conservatrio de Msica Calouste Gulbenkian de Braga: Assunto: Realizao de um questionrio aos docentes de violino do Conservatrio, no mbito de uma investigao inserida no projecto educativo do 2 ano de Mestrado em Msica para o Ensino Vocacional ministrado na Universidade de Aveiro. Eu, Joana Gonalves, aluna do Mestrado em Msica para o Ensino Vocacional ministrado na Universidade de Aveiro, venho desta forma, pedir autorizao para a realizao de um questionrio, aos docentes da disciplina de violino do Conservatrio de Msica Calouste Gulbenkian de Braga, no mbito da investigao inserida no projecto educativo do 2 ano do referido mestrado. O presente estudo surge como uma refexo na averiguao de tcnicas e metodologias pedaggicas para crianas na iniciao ao violino. Os dados recolhidos sero confdenciais, annimos e objecto de anlise quantitativa e qualitativa, constituindo uma parte fulcral no desenvolvimento do referido projecto. A elaborao deste questionrio teve a superviso e autorizao da minha professora orientadora, Nancy Lee Harper. Aguardo um parecer vosso ao meu pedido, estando disponvel para qualquer esclarecimento que considere necessrio atravs dos seguintes contactos: Telemvel: 91 838 37 32 / 96 639 09 13 E-mail: [email protected]

Agradecendo desde j a vossa ateno, despeo-me com elevada considerao.

Cumprimentos cordiais, __________________________(Joana S.Gonalves)

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Porto, 19 de Abril de 2010

Ao Ex.mo Sr. Presidente do Conselho Executivo do Conservatrio de Msica do Porto: Assunto: Realizao de um questionrio aos docentes de violino do Conservatrio, no mbito de uma investigao inserida no projecto educativo do 2 ano de Mestrado em Msica para o Ensino Vocacional ministrado na Universidade de Aveiro. Eu, Joana Gonalves, professora contratada do Conservatrio para a disciplina de violino, venho, desta forma, pedir autorizao para a realizao de um questionrio, aos restantes docentes da disciplina de violino, no mbito da investigao inserida no projecto educativo do 2 ano de Mestrado em Msica para o Ensino Vocacional ministrado na Universidade de Aveiro. O presente estudo surge como uma refexo na averiguao de tcnicas e metodologias pedaggicas para crianas na iniciao ao violino. Os dados recolhidos sero confdenciais, annimos e objecto de anlise quantitativa e qualitativa, constituindo uma parte fulcral no desenvolvimento do referido projecto. A elaborao deste questionrio teve a superviso e autorizao da minha professora orientadora, Nancy Lee Harper. Aguardo um parecer vosso ao meu pedido, estando disponvel para qualquer esclarecimento que considere necessrio atravs dos seguintes contactos: Telemvel: 91 838 37 32 / 96 639 09 13 E-mail:[email protected]

Agradecendo desde j a vossa ateno, despeo-me com elevada considerao.

Cumprimentos cordiais, __________________________(Joana S.Gonalves)

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