Revista Rostos Online N07

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NÚMERO 07 SETEMBRO-OUTUBRO 2012 PALHAIS Onde a NATUREZA é pulmão do BARREIRO e a memória nasce nos DESCOBRIMENTOS

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A «Revista Rostos on line» é um projecto, inovador que visa estabelecer a ponte entre a nossa experiência no jornalismo digital, com a nossa edição diária – Rostos on line – e o trabalho que vamos realizando com as edições impressas. Entramos no jornalismo do futuro, estabelecendo a ligação entre «jornalismo on line» e «jornalismo off line». A «Revista Rostos on line» vai contar com cerca de 80 mil leitores. A «Revista Rostos on line» é a primeira revista on line editada, no mundo do jornalismo na região de Setúbal.

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NÚMERO 07SETEMBRO-OUTUBRO 2012

PALHAISOnde a

NATUREZAé pulmão do

BARREIROe a memória

nasce nosDESCOBRIMENTOS

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SETEMBRO/OUTUBRO - REVISTA ROSTOS ONLINE /// 3

PRODUÇÃO DE SENTIDOS

No dia 25 de Setembro de 2002 foi lançada a nossa edição online de jornal «Rostos». Assinalamos dez anos de actividade no mundo di-

gital, um processo que nos proporciona uma acção enrique-cedora, produzindo diariamente noticias, ou divulgando as noticias que nos vão sendo enviadas pelas mais diversas fontes.

São dez anos de uma presença diária, permanente, que têm contribuído para que sejamos o orgão de comunicação so-cial ao nível da nossa região que ocupa o primeiro lugar no ranking dos mais visitados.Este é resultado que nos motiva, que nos entusiasma, que nos dá força, porque, sem dúvida, termos leitores é uma das principais razões do nosso trabalho.

Temos procurado, dentro de todos os condicionalismos, por falta de recursos humanos, dar respostas às muitas soli-citações de reportagens, mas, na verdade, nem sempre é possível estarmos em cima do acontecimento, no entanto, muitas vezes, somos os primeiros a estar na primeira linha da divulgação – fazendo noticia.

Sabemos das nossas limitações, sabemos o caminho que queremos percorrer e cá vamos trabalhando e inovando, por exemplo, esta revista a primeira revista que faz a ponte entre o jornalismo online e o jornalismo offline foi a primeira que surgiu na região de Setúbal.Temos vindo a fazer um caminho, muito longe daquele que queríamos trilhar, mas não desistimos, não baixamos os braços e procuramos sempre continuar este projecto porque é, na verdade, já uma referência na nossa actividade e na nossa acção jornalística.

Chegámos aqui, neste final de uma década e continuamos com a mesma vontade firme do primeiro dia, porque acredi-tamos, pouco a pouco iremos superando barreiras e dando pequenos passos que vão contribuir para o desenvolvimen-

to estruturado do nosso projecto.

O Rostos online é um das componentes do conjunto de pro-dutos que mantemos com regularidade – o Jornal ROSTOS, as edições do ROSTOS NOTICIAS e a REVISTA ROSTOS PT, ou os CADERNOS ON LINE.Outras experiências já concretizamos como a edição em di-recto de entrevistas via net, actividade que decorreu com grande sucesso, e recebida com aplauso. Voltaremos.

Todas as experiências que temos realizado foram momentos de aprendizagem que não esquecemos e, no momento pró-prio, retomaremos de forma renovada e mais activa.

Estamos a assinalar 10 anos do ROSTOS ON LINE e senti-mos que valeu a pena e que vale a pena continuarmos a tra-balhar, contando com uma rede diversificada de colaborado-res e colunistas, com uma equipa que aposta na criatividade e com um sonho que somos pequeninos mas grandes na vontade que no move e anima os nossos dias.

Aqui fica o nosso agradecimento aos colaboradores, aos jor-nalistas que por aqui têm passado e enriqueceram o nosso projecto, aos empresários que nos apoiam, aos autarcas que acreditam na dinâmica e papel da imprensa digital, aos nossos leitores, à equipa que faz todos os dias este jornal – OBRIGADO!

Dez anos de sonho. Dez anos de acção. Dez anos que já mereceram, por exemplo, o reconhecimento do Arquivo Na-cional da Web que nos classifica e regista como fundo de interesse nacional.Dez anos que fazem do Rostos um referência quotidiana do Google ou do Sapo, os principais motores de busca de Por-tugal e do mundo.

Vamos continuar, porque acreditamos que damos rostos às cidades e porque as cidades só são feitas com Rostos.

ROSTOS ONLINEDez anos a fazer noticia

/// TEXTO: ANTÓNIO SOUSA PEREIRA

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EM DESTAQUE

Director: António Sousa Pereira [email protected]; Redacção: Claudio Delicado, Maria do Carmo Torres, Vanessa Sardinha; Colaboradores Permanentes: Marta Sales Pe-reira, Luís Alcantara, Rui Nobre (Setúbal), Ana Videira (Seixal); Colunistas: Manuela Fonseca, Ricardo Cardoso, Nuno Banza, António Gama (Kira); Carlos Alberto Correia, Pedro Esta-dão, Nuno Cavaco e Paulo Calhau; Departamento Relações Públicas: Rita Sales Sousa Pereira; Departamento Comercial: Lurdes Sales [email protected]; Paginação: Alexandra An-tunes [email protected]; Departamento Informático: Miguel Pereira [email protected] Contabilidade: Olga Silva; Editor e Propriedade: António de Jesus Sousa Pereira; Redacção e Publicidade: Rua Miguel Bombarda, 74 - Loja 24 - C. Comercial Bombarda - 2830 - 355 Barreiro - Tel.: 21 206 67 58/21 206 67 79 - Fax: 21 206 67 78 E - Mail: [email protected]; Website: www.rostos.pt; Nº de Registo: 123940; Nº de Dep. Legal: 174144-01;

Mosaicos da Região – PÁGINA 9

BARREIRO - A CIDADE DOS TRÊS «DÊS»Barreiro hoje tem excesso de memória e ausência de fantasia

“A beleza existe (no Barreiro) é preciso encontrá-la” – di-zia Augusto Cabrita, com quem aprendi a olhar, com o meu olhar subjectivo, os recantos deste lugar Barreiro.Acho que é este o desafio que se coloca aos Artistas e às Artes no Barreiro – encontrar a beleza!

Fixando no Tempo – PÁGINA 13

LABABA - LABORATÓRIO DEANÁLISES CLÍNICAS DO BARREIROUm dos primeiros laboratórios a serlicenciado em Portugal

“O nosso objectivo é servir o Barreiro e a Margem sul, com excelência em qualidade” - salientou ao «Rostos» Mariza Pereira, Directora Técnica do Lababa - Laboratório de Análi-ses Clínicas do Barreiro.“Fomos dos primeiros laboratórios a ser licenciados no país” – sublinha.

Em Foco – PÁGINA 15

EXAMES DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICASÃO EM CASCAISUtentes deslocam-se mais de 100 Kms para obter um exame que poderia ser feito no Barreiro

. Não foram critérios de ordem técnica que prevaleceram

A Radig – Casa de Saúde do Barreiro perdeu o concurso hospitalar para adjudicação de exames de Ressonân-cia Magnética Nuclear (RMN) em favor de um grupo que efectua esses mesmos exames aos doentes do Hospital do Barreiro que agora têm que se deslocar a Cascais.

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REGISTOS E HISTÓRIAS

Freguesia de Palhais - PALHAIS A natureza, em si.NOVO LOGOTIPO QUER DAR UMA VISÃODA FREGUESIA NA SUA DIVERSIDADE

Júlio Rebelo, Presidente da Junta de Freguesia de Palhais no Barrei-ro, sublinha que “a freguesia está

a crescer”, e por essa razão a autarquia sentiu necessidade de alterar o logotipo existente que se centrava no património.A Junta de Freguesia de Palhais pretende com o novo logotipo dar uma nova dimensão sobre a diversidade patrimonial e natural da freguesia.Júlio Rebelo, sublinha que não se trata ap-enas de lançar um novo logotipo, o objec-tivo é também dar inicio a um programa de actividades regulares que contribuam para dar mais animação à freguesia.

UMA VISÃO DA FREGUESIA NA SUA DIVERSIDADE

Segundo o Presidente da Junta de Freguesia de Palhais o novo logotipo perspectiva uma visão da freguesia na sua diversidade desde a Mata da Machada que referiu – “é o ver-dadeiro pulmão do concelho do Barreiro”, passando pela sua zona ribeirinha o Sapal do Rio Coina, e também pelo seu património ligado aos descobrimentos portugueses.

MARCAR A ABERTURADO NOVO ANO LECTIVO

O autarca salientou que a apresentação do novo logotipo, integrou-se na abertura do novo ano lectivo, proporcionando a criação de um conjunto de materiais que oferecidos aos da freguesia - uma sacola, um caderno, um conjunto de lápis e um folheto que car-acteriza a freguesia.

ABRIR A FREGUESIA PARA AS PESSOAS

No âmbito das actividades que vão ser di-namizadas na freguesia Júlio Rebelo sublin-hou a realização de diversos espectaculos.O presidente da Junta de Freguesia de Pal-hais salientou que as iniciativas que vão ser concretizadas visam “abrir a freguesia para as pessoas” e animar os seus diferentes

espaços.No próximo ano a Festa de Palhais vai ser marcada por um programa muito específico e diversificado.

RECUSA DA EXTINÇÃO DA FREGUESIA

Acerca da criação do novo logotipo o autarca sublinhou ainda que, esta, é também uma forma de afirmar “a recusa da extinção da freguesia”.“Nós estamos convictos que vão manter-se as oito freguesias no concelho do Barreiro” – salientou.“Não é a Lei que nos vai esmorecer” – referiu Júlio Rebelo.

TRABALHAR COM AS PESSOASDO BARREIRO

De referir que o novo logotipo foi criado por um “grupo de criativos” do concelho do Barreiro.“Nós apostamos em trabalhar com as pes-soas do Barreiro”- sublinhou-

PALHAIS A NATUREZA, EM SI.

Júlio Rebelo, na apresentação do novo log-otipo, sublinhou que Palhais - “ é natural-mente, um espaço de partilha.”“A partilha de rumos, vontades e caminhos, em que se cruza a grandiosidade da história portuguesa, nos ecos presentes dos Desco-brimentos Marítimos” – salientou.

PULMÃO DO CONCELHO DO BARREIRO

Referiu, igualmente, “a partilha da Mata da Machada, autêntico “pulmão” do concelho do Barreiro, um prazer renovado, reservado para todos.”Assim como, “a partilha da zona ribeirinha, próxima do sapal do Rio Coina, local eleito por aves e peixes para reprodução e ber-çário.”“Palhais é a partilha de tudo o que a vista e os outros sentidos alcançam. FO

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REGISTOS E HISTÓRIAS

PalhaisEquilibra sereno crescimento com passagem do tempoA Junta de Freguesia de Palhais na implementação do novo logotipo salientou as seguintes vertentes do seu conteúdo: Freguesia de Palhais «A Natureza em si»

UM PRAZER RENOVADO, RESERVADO PARA TODOS

A Mata da Machada, autêntico pulmão da cidade, e o sapal do Rio Coina, paraíso natural que a cada visita se preserva secreto e único, antes de abraçar o estuário do Tejo e, há muito local eleito por aves e peixes para reprodução e berçário, constituem por sisó um convite à tranquilidade, ao usufruto de um espaço raro, ou à exploração de múltiplas atividades desportivas. Um convite amplamente reforçado, em qualidade e diversidade, pelo Centro de Educação Ambiental Mata da Machada e Sapal do Rio Coina.

HISTÓRIA PRESENTE, EM HARMONIA COM O FUTURO

A igreja de traça manuelina, dedicada a Nossa Senhora da Graça, fundada segundo a tradição por Paulo da Gama, irmão de Vasco da Gama é o único Monumento Nacional Classificado do Con-celho do Barreiro. A par da Sala Museu da Escola de Fuzileiros de Vale de Zebro, e dos fornos cerâmicos da Mata da Machada, é um eco da grande azáfama do estaleiro naval do século XVI, junto ao rio Coina,em que se construíram os navios dos descobrimentos Portugueses

QUALIDADE E EQUILÍBRIO, AO NATURAL

Espaço de partilha, Palhais equilibra o seu sereno crescimento, a passagem do tempo, preservando as qualidades que sempre distinguiram este peculiar território de afetos. Os caminhos, os percursos de vida, os espaços, o ambiente, prolongam coer-entemente os ritmos próprios marcados pelo rio, pela floresta e pela tão forte e confiante identidade que estão na sua natureza.

PALHAIS, A NATUREZA EM SI.

Palhais é, naturalmente, um espaço de partilha.Freguesia aconchegada entre a fina e intrigante candura das margens da ribeira do Coina, o cada vez mais vigoroso e cati-vante apelo da Mata da Machada e a proximidade, quanto baste, dos diferentes ritmos das freguesias vizinhas, reflete, em cada recanto, uma firme e sólida identidade. Naturalmente.Palhais partilha rumos, vontades e caminhos, em que se cruzam a grandiosidade da história portuguesa, nos ecos presentes dos Descobrimentos Marítimos, com a serenidade das ruas, os sor-risos de sempre, as graciosas visitas das aves migratórias e a tranquilidade incomparável dos percursos por arvoredos quase secretos e sempre surpreendentes. Esta é a sua voz, genuína e única. Uma qualidade, muito própria.Que está em si, na sua natureza.

De um sereno crescimento, da passagem do tempo, preservando as qualidades que sempre distinguiram este peculiar território de afetos. Percursos de vida, marcados pelo rio, pela floresta e pela tão forte e confiante identidade que estão na sua natureza. Visíveis para quem visita, e para quem vive. Está na sua natureza. Está em si.” – salientou o Presidente da Junta de Freguesia de Palhais.

«A PARTILHA DA ZONA RIBEIRINHA, PRÓXIMA DO SAPAL DO RIO COINA, LOCAL ELEITO POR AVES E PEIXES PARA REPRODUÇÃO E BERÇÁRIO.»

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MOSAICOS DA REGIÃO

Barreiro hoje tem excesso de memória e ausência de fantasia

Quando penso Barreiro e quando me pen-so, a mim próprio, no contexto Barreiro, normalmente, procuro equacionar – quer

aquilo que dou, quer aquilo que recebo, deste lu-gar onde tenho construído a minha vida. Terra dos meus filhos. Terra dos meus mortos.A minha visão da vida (talvez, devido à minha experiência de associativista e cooperativista) é que cada um de nós – individualmente – deve assumir que tem direitos e deveres para com a comunidade. Nesta perspectiva considero que é essencial, no plano individual, e, obviamente, no plano da comu-nidade, que a vida tenha por referência aquilo que costumo designar por «três dês». Que são três dês de direitos e de Deveres, porque na vida é preciso assumir direitos e deveres.Pela experiência de vida, considero de relevo uma abordagem das experiências humanas, quer no plano individual, quer no plano das vivências na

comunidade, que sejam tomados como essenciais «três dês»: Direitos Humanos; Direitos da Natureza e Direito à Diferença.

1º - DIREITOS HUMANOS

A minha experiência associativa levou-me a con-ceptualizar que é vivendo a individualidade atra-vés da construção da diversidade que se dá sen-tido à vida.Para mim, fazer cidade, é indissociável do respeito pelo outro(a).Por essa razão, afirmar no quotidiano a valoriza-ção dos «Direitos Humanos», é afirmar uma dimen-são ética de realização da vida humana.Naturalmente, que esta dimensão ética é indisso-ciável da Liberdade.E, para mim, desde que cheguei a esta terra nos anos 70, aqui, aprendi a viver e a sentir a Liberda-de, como motor da história.

BARREIRO A CIDADE DOS 3 «DÊS»

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MOSAICOS DA REGIÃO

«AQUI, APRENDI A SENTIR COM O OLHAR, A IMAGINAR, E A DESCOBRIR QUE ESTE LUGAR É UM ESPAÇO DE CRIATIVIDADE.»

Aqui, aprendi a encontrar a dimensão Ética, como energia própria que se expressa na solidariedade as-sociativa, nas amizades, nas esquinas, que marcam o pulsar deste lugar.

2º DIREITOS DA NATUREZA

Aqui, também, aprendi a descobrir essa relação com a natureza, numa relação com o espaço, onde, a fá-brica, que era um foco de poluição, era, simultanea-mente, a referência que dava ao Barreiro essa dimen-são de «casa comum».Este sentir o ambiente, desde cedo levou-me a desco-brir as belezas naturais do Barreiro – Alburrica, Barra à Barra, Ilha do Rato, Praia da Copacabana, Mata da Machada, Rio Coina, Rio Tejo – a varanda do Tejo que é a Avenida da Praia.Nesta relação com os barcos do Tejo, as buzinas das fábricas, o movimento dos nossos autocarros, as su-cessivas transformações da paisagem pela chegada do betão, as nossas gaivotas, e, os sons dos pássaros na Rua Miguel Pais ou no Parque Central.Em tudo isto, senti a diversidade desta «casa comum» e encontrei uma dimensão estética deste lugar…Aqui, aprendi a sentir com o olhar, a imaginar, e a des-cobrir que este lugar é um espaço de criatividade.Aprendi a sentir a natureza – natural e humanizada – tomando a consciência que a afirmação dos «Direitos da Natureza» é afinal aquilo que dá uma dimensão Estética, onde emerge a criatividade que se expressa nas mais diversas artes – fotografia, música, pintura, poesia…

3º DIREITO À DIFERENÇA

Foi antes de Abril acontecer que, nesta terra, descobri o valor do Direito à Diferença.O Direito à Diferença como cultura de Liberdade e de rejeição do pensamento único.Esta era uma terra olhada com uma simbologia – como espaço de resistência, de luta, de trabalho.Uma terra que afirmou uma identidade.Uma terra marcada por valores – a luta pela demo-cracia.Este Direito à Diferença teve sempre subjacente uma Axiologia – era uma identidade que se escrevia com um valor: o amor à Liberdade.

O BARREIRO É, POIS, PARA MIM, ESTA CIDADE DOS «TRÊS DÊS:

- Direitos Humanos, que se reflectem numa ÉTICA, que tem por motor a LIBERDADE.

. Direitos da Natureza – que se reflectem numa ESTÉ-TICA que se impulsiona pela CRIATIVIDADE.

- Direito à Diferença – que se traduz numa AXIOLOGIA que se forja na SOLIDARIEDADE.

Esta, penso, é uma forma de SER e ESTAR no Barrei-ro, que, em cada um de nós individualmente, e, na vida em comunidade, se reflecte em comportamen-tos, e marcam a nossa acção quotidiana.

1º EU ÉTICO – tem reflexos na nossa relação com os outros, emerge através da vontade de partilha, de so-ciabilização.Esta dimensão ética dá ao Barreiro e aos barreiren-ses ( todos aqueles que aqui construíram a sua vida, tendo, ou não, cá nascido) uma característica espe-cifica no modo de viver, quer na conflitualidade, quer na formação de amizades.Esta é uma terra onde em cada esquina encontramos um amigo.Somos aquilo que costumo designar como uma «al-deia-cosmopolita».Considero que a dimensão intelectual do Barreiro se projecta nesta sua dimensão ética – individual e co-munitária – como lugar que se afirma em defesa dos Direitos Humanos, uma terra de Liberdade.

2º EU ESTÉTICO - tem reflexos na nossa interioridade, é o nosso eu onde se espelha uma dimensão emo-cional, na nossa relação com o rio, na nossa relação com o passado.Considero que esta dimensão emocional do Barreiro, devidos às transformações bruscas, destruição da fá-brica – ponto de encontro e de referência da nossa «casa comum», hoje, é marcada por um «excesso de memória», e, simultaneamente por «perda de memó-ria».É neste campo que se estão a dar as rupturas.

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Esta, considero que é a dimensão da nossa CRIATIVIDADE.O artista, o actor, o escritor, o político, o associativista – os cria-tivos e os agentes de acção – têm hoje um papel importante, no fazer a ponte entre o presente ( que está aí real) e o passado que é memória ( real dentro de cada um de nós).

3º EU AXIOLÓGICO - é o espaço onde cada um de nós é único, é o eu das diferenças, mas também o eu das crenças, é o eu da nossa espiritualidade e o nosso eu ideológico. É o eu dos valores.E, neste campo, o Barreiro que foi construído como um espaço de LIBERDADE, muitas vezes, tem encontrado numa «identidade histórica» (mais ou menos excessiva) uma barreira, que, por vezes, parece esquizofrénica, pois, é contraditória, porque, não respeita valores e as raízes que caracterizam a nossa identidade de terra construída com amor à Liberdade.É que o respeito pela nossa identidade axiológica – os valores que marcaram a luta de gerações – é acima de tudo marcada pelo respeito pela diversidade, respeito pelo outro.Para mim, as palavras que marcam o nosso viver comum são três,

porque são elas que são a expressão e definem a cidade dos três dês.- SOLIDARIEDADE : na forma de estar e viver nesta aldeia cosmo-polita;- CRIATIVIDADE – o nosso olhar emocional por este lugar onde gos-tamos de viver e construir cidadania;- LIBERDADE – a força que une as nossas emoções, que faz a ponte entre o presente e o passado, que une o presente ao futuro. Seremos sempre uma Terra de Liberdade.“A beleza existe (no Barreiro) é preciso encontrá-la” – dizia Augus-to Cabrita, com quem aprendi a olhar, com o meu olhar subjectivo, os recantos deste lugar Barreiro.Acho que é este o desafio que se coloca aos Artistas e às Artes no Barreiro – encontrar a beleza!E, este, é um acto individual, de construção da liberdade individu-al, não confundindo o acto individual com egoísmo.A construção da individualidade faz-se na comunidade na constru-ção das diferenças.O egoísmo nega as diferenças, acha-se único e perfeito. O perfec-

MOSAICOS DA REGIÃO

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MOSAICOS DA REGIÃO

cionismo e a superioridade moral são geradores da negação do Direito à Diferença.Não há criatividade sem ligação a grupos activos que fazem pulsar a comunidade.Hoje não temos a fábrica, mas temos a escola, as associações, as actividades promovidas pelas autarquias, e, até, novos es-paços cosmopolitas, por onde e onde, a arte e os artistas de-vem fazer fluir a criatividade.É preciso quebrar com o excesso de tradicionalismo.É preciso quebrar com a falta de co-operação e sermos capa-zes de dar força a ideias inovadoras e irreverentes,Na minha opinião o que falta hoje ao Barreiro é reencontrar-se com o seu amor à Liberdade, que lhe deu energias criadoras.O Barreiro tem pessoas, tem saber, tem vontades, tem uma rede social de equipamentos e de associações que lhe dão co-esão social.O Barreiro tem criatividade, tem sido pioneiro em diversas áre-as, e, exemplo para o país e para o mundo – falta-lhe largar as amarras e zarpar!

O Barreiro hoje tem excesso de memória e ausência de fanta-sia.No Barreiro muitas vezes, privilegia-se a crítica pela crítica, rotu-la-se, estigmatiza-se, mistifica-se, modela-se. Matam-se ideias, para mais tarde as descongelar.

Os artistas no Barreiro deviam ser protagonistas, actores, cria-dores, sendo uma referência activa, de homens e mulheres ca-pazes de ser os primeiros a afirmar esta cidade como a cidade dos três dês:

. Cidade dos Direitos Humanos – construindo uma ética, assen-te na solidariedade e Liberdade;. Cidade dos Direitos da Natureza, construindo uma estética, assente na criatividade;. Cidade do Direito à Diferença, construindo uma axiologia, as-sente no respeito pela construção de uma cidadania activa e democrática.

Homens e Mulheres que sentem que pela sua acção brota:- Solidariedade- Criatividade- Democracia

É assim que se constrói esta terra de LIBERDADE.É assim que se constrói o BARREIRO terra que se orgulha do seu nome como sendo aquele que significa um sentir e viver indissociável da palavra Liberdade.É que, acreditem, o Barreiro escreve-se com a palavra LIBERDADE.

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12 /// REVISTA ROSTOS ONLINE - SETEMBRO/OUTUBRO

FIXANDO NO TEMPO

Lababa - Laboratório de Análises Clínicas do BarreiroUM DOS PRIMEIROS LABORATÓRIOS A SER LICENCIADO EM PORTUGAL “O nosso objectivo é servir o Barreiro e a Margem sul, com excelência em qualidade” - salientou ao «Rostos» Mariza Pereira, Directora Técnica do Lababa - Laboratório de Análises Clínicas do Barreiro.

O Laboratório de Análises Clínicas do Barreiro – LABABA - foi fun-dado em 1974, há mais de 30

anos, Salgueiro, tendo as suas instala-ções iniciais na Rua Eça de Queiroz, onde funciona actualmente a sua sede social.Na origem da fundação do Laboratório esteve o objectivo de dar respostas às necessidades de diagnóstico sentidas, devido à inexistência de instituições que desenvolvessem acções, nesta área, no concelho do Barreiro e na região.Após 1999 o Laboratório começou a fun-cionar na Rua Piloto Nascimento Costa, na freguesia da Verderena, no Barreiro. O Lababa no conjunto dos seus diversos serviços, conta com cerca de 30 postos de trabalho.

UMA PRESENÇA NA REGIÃO

Ao longo dos anos o LABABA tem regis-tado um crescimento da sua estrutura, procedendo à abertura de novas unida-des de atendimento.Actualmente mantém em funcionamento unidades de atendimento nos concelhos de Barreiro, Moita, Palmela, Setúbal, Loures, Almada, Seixal.De referir que as unidades de colheita, têm organização e métodos de atendi-mento em tudo idênticos aos do Labora-tório Central, estando informaticamente interligadas.

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FIXANDO NO TEMPO

TECNOLOGIA DE PONTA DE ÂMBITO NACIONAL E MUNDIAL

Visitámos o Laboratório do LABABA, um es-paço moderno, que está dotado de todas as infra-estruturas necessárias ao desenvolvi-mento de um trabalho laboratorial altamen-te qualificado, com tecnologia de ponta de âmbito nacional e mundial.De referir que o LABABA foi dos primeiros laboratórios de análises clínicas no país a disponibilizar o boletim de resultados via e--mail para o clínico e/ou utente.

SEROTECA EVITA REPETIÇÃO DE COLHEITAS

O Lababa dispõe de uma Seroteca e Urino-teca que permite ao Laboratório prestar um serviço rápido, eficiente e de qualidade, em benefício tanto do clínico (que poderá mais eficazmente proceder ao diagnóstico), quanto do utente ao evitar repetir a colheita.O Laboratório executa análises nas áreas de Hematologia e Hemostase, a Química Clínica, a Endocrinologia, a Imunologia, a Alergologia, a Parasitologia, a Microbiologia, as Análises de urina e Drogas de Abuso, bem como a Monitorização de Fármacos.

DOS PRIMEIROS LABORATÓRIOS A SER LICENCIADO

Mariza Pereira, Directora Técnica, fala com entusiasmo do trabalho realizado ao longo dos anos pelo Lababa, nomeadamente a acção desenvolvida, na sua fase inicial ao nível, do diagnóstico precoce e rápido dos doentes com

tuberculose, tendo tido um papel de relevo no combate à doença quer no concelho do Barreiro, quer no concelho da Moita.“Fomos dos primeiros laboratórios a ser licen-ciados no país” – sublinha Mariza Pereira.

UMA REFERÊNCIA PARA O CONCELHO DO BARREIRO

“O Lababa é, já hoje, uma referência para o concelho do Barreiro em determinadas bolsas da população, mas, terá que ser, no futuro, uma referência para todo o concelho do Barreiro e para a região.Posso referir que a tecnologia que está im-plementada na nossa empresa e que está disponível para servir os nossos utentes, é uma tecnologia de ponta não só de âmbito nacional, mas até de âmbito mundial” – su-blinha Jorge Marques, Gerente do Lababa.

RECONHECIDO PELO SEU SISTEMA DE QUALIDADE

“Nós trabalhamos com os principais operado-res do mercado, tudo o que nós temos tem a

ver com operadores internacionais, não há, hoje em dia, na nossa empresa, qualquer tipo de trabalho manual.De facto o nosso trabalho está reconhecido pelo seu sistema de qualidade.” – refere o Gerente do Lababa.

LIGAR O LABABA À COMUNIDADE

“Estamos numa fase, que consideramos muito importante. O nosso objectivo é aproximar e ligar de forma mais profunda o Lababa à comunidade.”- sublinha Jorge Marques.De referir que nesse sentido se insere a par-ticipação do Lababa em diversas campanhas de prevenção, tendo sido a mais recente, a campanha de diagnóstico da Hepatite B, assim como acções de prevenção de diabetes realizadas com a colaboração de colectivi-dades.

“O nosso objectivo é servir o Barreiro e a Margem sul, com excelência em qua-lidade” – sublinha Directora Técnica do Lababa - Laboratório de Análises Clínicas do Barreiro.

«O LABABA É, JÁ HOJE, UMA REFERÊNCIA PARA O CONCELHO DO BARREIRO EM DETERMINADAS BOLSAS DA POPULAÇÃO, MAS, TERÁ QUE SER, NO FUTURO, UMA REFERÊNCIA PARA TODO O CONCELHO DO BARREIRO E PARA A REGIÃO.»

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14 /// REVISTA ROSTOS ONLINE - SETEMBRO/OUTUBRO

EM FOCO

Utentes deslocam-se mais de 100 Kms para obter um exame que poderia ser feito no Barreiro A Radig – Casa de Saúde do Barreiro perdeu o concurso hospitalar para adjudicação de exames de Ressonância Magnética Nucle-ar (RMN) em favor de um grupo que efectua esses mesmos exames aos doentes do Hos-pital do Barreiro que agora têm que se deslo-car a Cascais.“O que lamentamos profundamente é que ao fim de anos de relação de trabalho com o Hospital do Barreiro, o nosso esforço e de-dicação tenha sido negligenciado da forma que foi pelo Hospital” – foi referido pela Radig – Casa de Saúde do Barreiro ao «Rostos».

Exames de Ressonância Magnéticasão em Cascais

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EM FOCO

De acordo com as nossas informações, a Radig perdeu o concurso hospitalar para adjudicação de exames de Ressonância Magnética Nuclear (RMN) em favor de um

grupo que efectua esses mesmos exames aos doentes do nosso hospital em Cascais. Esta situação não é bem entendida pela população, já que tem de se deslocar a mais de 100 Kms, ida e volta, para obter um exame que poderia ser feito aqui no Barreiro.

INVESTIMENTO EM EQUIPAMENTODE TOPO DE GAMA

A Radig sobre esta situação, sublinhou ao «Rostos» que – “fruto da aposta desta empresa na oferta de serviços de qualidade na área da saúde, decidiu-se investir na aquisição de um equipa-mento de RMN topo de gama, que é um dos modelos tecnologica-mente mais avançados existentes na Península Ibérica, com a capacidade de fazer estudos dinâmicos dos orgãos, como seja perfusão coronária, hepato-biliar, entre outras… Para além disso, adquiriu-se um equipamento anestésico dito “compatível” com a RMN, o que significa poder administrar com segurança técnicas de sedação ou de anestesia a doentes sujeitos a estes exames.”

EQUIPAMENTO MUITO DISPENDIOSO

“Este equipamento é muito dispendioso, compreendendo uma máquina anestésica com um ventilador de características especiais e monitores de função cardíaca e respiratória também especiais que garantem sem risco a sua função quando expostos a meios de tão grande intensidade electro-magnética.” – é sublinhado.

POUCOS CENTROS DOTADOS NO NOSSO PAÍS

“Todos estes investimentos foram efectuados no sentido de proporcionar aos nossos utentes a possibilidade de beneficiar ao máximo das capacidades do equipamento, garantindo o cum-primento escrupuloso das normas de segurança para o utente. Posso dizer-lhe que são poucos os centros de RMN dotados deste tipo de equipamentos no nosso País e resta saber se o grupo a quem o Hospital adjudicou estes serviços possui equipamentos tecnologicamente comparáveis ao nosso” – é referido.

TÉCNICOS ALTAMENTE DIFERENCIADOS

“Para além do mais, dispomos de uma Unidade de Recobro An-estésico monitorizada com enfermagem residente e supervisão médica. Pelo exposto, temos orgulho no Serviço que montámos e que prestamos aos utentes, que cumpre as normas internac-ionais de qualidade e que do ponto de vista estrutural envolve um grande número de técnicos altamente diferenciados.” – sa-lienta a RADIG.

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16 /// REVISTA ROSTOS ONLINE - SETEMBRO/OUTUBRO

EM FOCO

NÃO FORAM CRITÉRIOS DE ORDEMTÉCNICA QUE PREVALECERAM

A Radig, apesar dos investimentos que fez em equipamento e pessoal, pelo resultado do concurso, não “cumpriu” os critérios necessários para ser a proposta ganhadora para o Hospital. “De facto perdemos o concurso do Hospital” – salienta a RADIG, acrescentando que – “pelo exposto atrás, torna-se evidente que não foram os critérios de ordem técnica que prevaleceram à decisão, pois dificilmente haveria algo a apontar quanto às nossas capacidades técnicas.”

PREÇO UNITÁRIO MAIS BARATO NA ORDEM DE POUCOS EUROS “Então, se não prevaleceram os critérios de ordem técnica, foram critérios de ordem económica. Constatou-se de facto que o preço unitário da proposta ganhadora era mais barata que a nossa, na ordem de pou-

cos euros. Contudo, factores como a locali-zação do local do exame, o custo do pessoal acompanhante (sejam familiares, médicos e ou enfermeiros ), o aumento de risco para o utente, foram sofrivelmente valorizados na ponderação do concurso. É a mesma coisa transportar um doente para Cascais ou para o Barreiro? O risco do transporte é igual? As condições técnicas são as mesmas? Gasta-se o mesmo dinheiro em tempo, pessoal, etc, etc, etc?…” – sublinha a RADIG.

ESFORÇO DA RADIG FOI NEGLIGENCIADO

“Todas estas são questões que qualquer leigo se pode colocar, interrogando-se sobre a transparência que deve presidir a este tipo de concursos. Se recuarmos algumas décadas atrás, processos deste tipo eram im-pensáveis, desde logo porque eram parados pela capacidade das pessoas se organiza-rem na defesa dos seus interesses. “Esses tempos levou-os o vento”, como diz o poeta e de facto estas “tropelias” são hoje em

dia consentidas pela perda de capacidade reivindicativa das pessoas” – é referido. “O que lamentamos profundamente é que ao fim de anos de relação de trabalho com o Hospital do Barreiro, o nosso esforço e dedicação tenha sido negligenciado da forma que foi pelo Hospital, ainda por cima porque acreditamos que os utentes em nada terão a ganhar com esta decisão e o Hospital muito menos, porque no cômputo geral, esta decisão vai-lhe sair mais cara.” – é acrescentado.

SE NÃO HÁ PROCURA NÃO SE FAZEM RESSONÂNCIAS

Que tipo de repercussão poderá ter a perda do concurso para a vossa empresa?“A resposta é simples: se não há procura não se fazem ressonâncias, se não se fazem ressonâncias não há facturação, se não se factura…”

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