Revista Lumen - Maio de 2013 - Edição 02

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EDIÇÃO 02 - MAIO 2013 Habemus papam Papa Francisco encontra Papa Emérito Bento XVI

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Revista Digital Lumen, Arquidiocese de Campinas. Ano 02, Edição 02, Maio de 2013.

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EDIÇÃO 02 - MAIO 2013

Habemus papamPapa Francisco encontra

Papa Emérito Bento XVI

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CAPA

Habemus papamPapa Francisco encontra o Papa Emérito Bento XVI, em 23 de março, em Castel Gandolfo.

Foto de L’Osservatore Romano

Estamos a três meses da Jornada Mundial da Juventude – JMJ Rio 2013, e os jovens da Arquidiocese de Campinas estão pre-sentes nesta 2ª edição da Lumen, apre-sentando seus trabalhos e atividades diver-sas em preparação à Semana Missionária e à JMJ.A Jornada será um momento especial tam-bém pela vinda do nosso novo Papa Fran-cisco, capa da nossa edição, que vem sur-preendendo o mundo pela sua simplicidade e gestos de humildade. Confira os momen-tos mais importantes desde a renúncia do Papa Emérito Bento XVI até os primeiros dias do Papa Francisco, com a retrospectiva da nossa reportagem De Bento XVI a Fran-cisco.Confira, também, as alterações que ocorre-ram no Arquivo Diocesano com a mudança da Cúria Metropolitana de Campinas, do Centro Pastoral Pio XII para o Palácio Lu-men Christi. A história da Igreja Católica na Cidade está melhor preservada e guarda registros preciosos, como a vinda de Dom Pedro II à Campinas em 1886.Essa e outras reportagens, como a do Dia Mundial das Comunicações e o perfil do primeiro padre do Brasil com formação em jornalismo, você confere a partir de agora!

SETOR IMPRENSAARQUIDIOCESE DE CAMPINAS

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Arquivo diocesano

Papa FranciscoDa renúncia de Bento XVI à eleição do novo Papa

Leigos e Leigas na Pastoral das Exéquias

Pequeninos do Senhor

Semana Missionária

Via Sacra Jovem

Páscoa Jovem

Os desafios do Papa Francisco

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Pacientes cardíacos recebem festa

1700 anos do Édito de Milão

Doação de Sangue

Saúde em pauta

A Virgem de San Juan de

los Lagos

Missão: Comunicação

Campanha da Fraternidade 2013

e seus resultados

Catequese Crismal

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O Arquivo Arquidiocesano

A mudança da Cúria Me-tropolitana de Campinas, do Centro Pastoral Pio

XII para o Palácio Lumen Christi, também modificou a acomodação dos registros históricos da Igreja Católica na cidade: no atual prédio, o Arquivo Arquidiocesano conta com novo ambiente e climatização. “A organização de todo o acervo documental durante a mudança foi bem preparada, o que favoreceu a continuidade do nosso trabalho. A nova acomodação está contribuindo muito para a preservação da história eclesiástica de Campinas”, afirma a arquivista Maria Abadia Carneiro de Melo.

POR CAROLINA GROHMANN

Arquivista Maria Abadia

Carneiro de Melo

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Segundo ela, o acondicionamento era feito em temperatura ambiente e em ambiente impróprio. Por esse motivo, a Irmã relembra o livro elaborado por um grupo de professores da PUC-Campi-nas e pelos Cônegos Carlos Menegazzi e José Julio, “Arquidiocese de Campinas: subsídios para a sua história”, publicado em 2004, que cita a falta de recursos para documentos históricos no Arquivo da Cúria e da PUC-Campinas. As críti-cas foram incentivo para que uma série de mudanças gestacionais ocorressem, como também a organização da série documental respeitando a unicidade, tipologia, local e data do documento, o que proporcionou a inventariação e dig-italização de parte dos registros.Por receber média anual de 96 pes-soas, o Arquivo é um ambiente de in-

O documento mais antigo é o Livro Tombo Nova Freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Campinas, onde é possível ler o

registro: Jundiahy, 25 de outubro de 1772.

“Como também a organização da série documental

respeitando a unicidade, tipologia, local e data do

documento, o que proporcionou a

inventariação e digitalização de parte dos registros”

teresse de acadêmicos em busca de in-formações históricas e possui todos os documentos disponíveis para consulta, datados desde antes da criação da Dio-cese de Campinas, em 07 de junho de 1908 pelo Papa Pio X.

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Nele, há a descrição sobre os primeiros anos do povoado da Cidade de Campinas e

também o pedido do capitão Barreto Leme ao Governo Diocesano de São Paulo para construção da Igreja Nossa Senhora da Conceição das Campinas.Noivos em busca da certidão de ba-tismo e pessoas que desejam obter ci-dadania estrangeira também recorrem ao Arquivo, que possui todos os docu-mentos disponíveis para consulta.O espaço físico é formado por livros de Batismo, Crisma, Casamento, Óbi-to, Provisões, títulos diversos e caixas-arquivos de documentos referentes às dispensas canônicas e requerimentos paroquiais solicitados à Cúria. Como os dados são diariamente atualizados, o novo espaço começa a ficar pequeno por conta da demanda de documentos que chegam para ser arquivados. Livro Tombo Nova Freguesia de Nossa

Senhora da Conceição de Campinas

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A solução para preservar os docu-mentos antigos, a fim de evitar o manuseio durante uma pesquisa, foi a digitalização e organização deles em um programa de computador.São três HDs externos com imagens dos livros de Sacramentos referentes ao período de 1774 a 1960, captura-dos no formato digital em programa denominado Archivum, que permite a pesquisa pelo computador.A digitalização foi feita pelos mór-mons, que buscaram os registros an-tigos em arquivos de Igreja, pelo fato de ela ser, até o século XIX, a respon-sável, principalmente nos países Ibéri-cos, pelos registros civis em época em que não existia cartório. Uma das mis-sões dos mórmons é a preservação da genealogia, como um registro de memória do mundo. Em troca, eles disponibilizam uma cópia digital para o Arquivo de Campinas.

Digitalização

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Archivum como fonte

para pesquisaO pesquisador João Paulo Ber-to utiliza o Archivum como fonte para pesquisa de in-

formações sobre Práticas Fúnebres em Campinas no século XIX, seu tema de mestrado em História Cul-tural na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Ele afirma que o trabalho de digitalização é bem feito. “Você consegue en-contrar informações só jogando o nome da pessoa no sistema. É sim-ples e extremamente eficaz”, afirma.A organização dos documentos digitalizados que resultaram no Ar-chivum foi feita pelo analista de sistemas da Arquidiocese de Campi-nas, Marcelo Marques de Lima, que criou o sistema de busca e o layout do programa.O acesso é pelo computador local, na sala de pesquisa do Arquivo da Arquidiocese de Campinas.

João Paulo Berto

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Além do Arquivo de Campinas, Berto teve a oportunidade de utilizar ou-tros arquivos eclesiais. Para ele, o diferencial do Arquivo de Campinas para os demais é a organização. “Dos que eu conheci, o Arquivo da Arquidio-cese de Campinas está muito à frente, principalmente na área de gestão de documentos, preocupação e guarda. É um bom arquivo de pesquisa aquele em que eu posso saber o que eu encontro”. Ele enfatiza que o trabalho da arquivista Abadia também é um diferencial, pois ela sempre oferece as possibilidades de documentos direcionados ao que a pessoa procura. “A listagem é o mais importante do arquivo para eu saber o que tem. E isso é um diferencial no Arquivo em Campinas”.Como comparação, Berto cita que há arquivos que restringem o horário de pesquisa a tempo reduzido, em que é preciso pagar taxa de acesso, além de haver preço para fotografar ou escanear documentos. Muitos não pos-suem guia de arquivo para auxiliar o pesquisador. No artigo As especificidades das Bibliotecas e Arquivos eclesiásticos no Brasil: apon-tamentos históricos para uma política de gestão integrada, de autoria de Berto e publicado no site História e-História, que reúne publicações acadêmicas com o apoio do Grupo de Pesquisa Arqueologia Histórica da Unicamp, o pesquisador cita pesquisa realizada em 1999 pela associação espanhola Fundação Histórica Tavera, que quantificou, considerando a totalidade do acervo documental brasileira, que um terço deste é formado por docu-mentos eclesiásticos.

Trabalho diferenciado

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“Na área de arquivo e de biblioteca, a Igreja

no Brasil possui um dos patrimônios documentais

mais importantes”

Porém, as condições não apenas dos documentos, mas também da alo-cação deles, segundo a pesquisa, re-

velam acervos desorganizados, sem classi-ficação, sem instrumentos de pesquisa, em estado deplorável de conservação. São estes os diagnósticos gerais dos documentos sob poder da Igreja no mundo.Berto afirma que a Igreja tem conhecimen-to do patrimônio documental que possui, porém, para ele, falta reconhecimento da importância deles. “Na área de arquivo e de biblioteca, a Igreja no Brasil possui um dos patrimônios documentais mais impor-tantes”, diz e classifica como a principal dificuldade para manutenção dessa área, a falta de incentivo monetário.

Uma das imagens do Arquivo registra

criança sendo recebida ao Seminário.

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Documentos Mais Procurados

Somam-se ao Livro Tombo Nova Freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Campi-nas outros dois documentos que são os mais procurados no Arquivo: o Livro de Batizado nº 02, da Igreja Santa Cruz de Campinas, atual Basílica de Nossa Senhora do Carmo, de 29 de outubro de 1886, que confirma a vinda de Dom Pedro II à Campinas, para ser padrinho de Pedro Humberto e o livro onde há o registro de Batismo do composi-tor Carlos Gomes.

Registro confirma a vinda de Dom Pedro II à Campinas, para

ser padrinho de Pedro Humberto

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De BENTO XVI a FRANCISCODa renúncia de Bento XVI à eleição de Francisco, o primeiro papa latino-americano da Igreja

11 de fevereiroBento XVI, 85, eleito 265° Papa em 19 de abril de 2005, sucessor de João Paulo II, anuncia a sua renún-cia a partir de 28 de fevereiro. “Depois de ter examinado repetida-mente a minha consciência diante de Deus, cheguei à certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idóneas para exercer adequadamente o ministé-rio petrino(...) Por isso, bem consci-ente da gravidade deste acto, com plena liberdade, declaro que renun-cio ao ministério de Bispo de Roma, Sucessor de São Pedro, que me foi confiado pela mão dos Cardeais em 19 de Abril de 2005”.

24 de fevereiroÚltimo angelus de Bento. “O senhor me chama para subir o monte para me dedicar a oração. Vou continu-ar servindo a Igreja, com o mesmo amor”, afirmou o Papa.

25 de fevereiroBento mudou as regras do conclave, autorizando que o próximo se reunisse antes de 15 de março.

26 de fevereiroVaticano anuncia que Bento terá nome de Papa Emérito após deixar o cargo.

27 de fevereiroÚltima audiência pública do Papa. 200 mil pessoas se reuniram na Praça de São Pedro para se despedir de Bento. “O Senhor nos deu muitos dias de sol e ligeira brisa, dias nos quais a pesca foi abundante, mas tam-bém momentos nos quais as águas estiveram muito agi-tadas e o vento contrário, como em toda a história da Igreja e o Senhor parecia dormir”.

POR MARIANA MAIA

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28 de fevereiroConvocação oficial e formal para o conclave. Último tweet de Bento às 17h local, 13h de Brasília. “Obrigado por vosso amor e o vosso apoio! Pos-sas viver sempre na alegria que se experimenta quando se põe Cristo no centro da vida”.

17h38, Bento apareceu na sacada central do Palácio Apostólico de Castel Gandolfo e se dirigiu aos fieis da dio-cese de Albano, que lotaram a praça.

Às 20h local (16h de Brasília), começou a Sé Vacante, ou seja, o pe-ríodo que vai desde que falece ou re-nuncia um papa e se elege seu suces-sor. Só acabará esse período quando o Conclave de Cardeais escolher o 266º sucessor do apóstolo Pedro.

O cardeal camerlengo assume interi-namente a função de chefe de estado do Vaticano. O título tem origem me-dieval e o significado é “adido do te-souro”.

02 de MarçoEntrega do anel do pescador que foi inutilizado mesmo sendo a tradição destruir o anel após a morte ou renuncia de um Papa.

FOTOS: L’OSSERVATORE ROMANO

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06 de marçoA Capela Sistina entra em reforma para o 25° conclave.Dos 115 cardeais que votam, apenas 2 não chegaram

Lei do silêncioAs autoridades do Vaticano disse-ram aos cardeais reunidos para não falarem mais à mídia.

08 de marçoA 7º reunião do pré-conclave já conta com todos os cardeais.Data do conclave é decidida, início no dia 12 de março.

09 de marçoA chaminé pela qual sairão as fu-maças é instalada na Capela Sis-tina.

12 de marçoDesde as 7 horas (3 horas de Bra-sília) se deu o início do conclave, com a transferência para a Casa Santa Marta. Às 10 horas (6 horas de Brasília) foi iniciada a missa de abertura do conclave, do qual par-ticiparam 115 cardeais de 50 pa-íses, que se reuniram para a escol-ha do 266º Papa.

Às 9h42 (15h42 de Brasília), duas horas e sete minutos depois de as portas terem sido fechadas saiu a primeira fumaça preta marcando a primeira votação do conclave sem ainda uma decisão.

03 de marçoPela primeira vez na história, não houve a oração do Angelus no Vaticano,apesar de haver um papa vivo.

04 de marçoInicia-se às 9h30 (5h30 de Brasília) o pré-conclave com a primeira reunião/congregação com os Cardeais que já se encontram no Vaticano.

05 de marçoA Capela Sistina fecha suas portas para se preparar para a realização do con-clave, só após a escolha do novo Papa ela será reaberta. Pela primeira vez foram usadas na capela duas estufas, uma para queima das cédulas dos vo-tos e a outra da qual sairá a fumaça branca ou preta.

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13 de marçoÀs 11h40 (7h40 de Brasília) sai uma fumaça preta da chaminé marcando a segunda votação do con-clave.Por volta das 19h08 (15h08 de Brasília), Habemus Papam, sai da chaminé a fumaça branca sinalizando a decisão dos cardeais, ao mesmo tempo, tocam os sinos da Basílica de São Pedro.Logo após a notícia, o Papa escolhido se direciona para sacristia da Capela Sistina, chamada ‘das lágri-mas’, para meditar e vestir umas das três batinas brancas, antes de se apresentar aos fieis.No perfil até então fechado do twitter foi postado: Habemus Papam.

Por volta das 20h30 (16h30 de Brasília) o novo Papa, o cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio, o primei-ro papa da América-latina e jesuíta, que escolheu o nome de Francisco, teve sua primeira aparição na janela. “Irmãos e irmãs, boa noite! Vós sabeis que o dever do Conclave era dar um Bispo a Roma. Parece que os meus irmãos Cardeais tenham ido buscá-lo quase ao fim do mundo… Eis-me aqui! Agradeço-vos o acolhimento: a comunidade diocesana de Roma tem o seu Bispo. Obrigado! E, antes de tudo, quero fazer uma oração pelo nosso Bispo Emérito Bento XVI. Rezemos todos juntos por ele, para que o Senhor o abençoe e Nossa Senhora o guarde.Foi realizado também sua primeira benção a uma enorme multidão na Praça de São Pedro nesta quar-ta-feira, pedindo as orações de “todos os homens e mulheres de boa vontade” para que o ajudem a comandar a Igreja Católica.

Papa Francisco telefona para Papa Emérito.

Habemus papam

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14 de marçoPapa Francisco começa seu pontificado com oração na basílica de Santa Ma-ria Maior, às 8h (4h de Brasília) em um automóvel sem placa oficial do Papa, marcando sua grande simplicidade e humildade.No mesmo dia, o Papa paga hospedagem do hotel onde havia se hospedado.Às 17h (13h de Brasília), o Papa celebra sua primeira missa na Capela Sistina.

15 de marçoPapa recebe todos os cardeais (até os com mais de 80 anos) para audiência no Vaticano às 11h (7h de Brasília), fazendo um pronunciamento de boas-vin-das.

17 de marçoPapa celebra o primeiro Angelus de seu pontificado, que contou com a presen-ça de 100 mil fieis. O Papa falou da necessidade da misericórdia e do perdão para um mundo mais justoO papa faz sua primeira publicação no twitter: “Queridos amigos, de coração vos agradeço e peço para continuardes a rezar por mim. Papa Francisco”.

19 de marçoÀs 8h50 (4h50 de Brasília) o Papa passa pela Praça de São Pedro em seu pa-pamóvel (versão “jipe”, sem cobertura) para saudar os cerca de 200 mil fies e líderes mundiais esperados no local.Missa de inauguração do pontificado do Papa Francisco, às 9h30 (6h30 de Brasília), com um pronunciado que pregou a defesa do meio ambiente e dos mais fracos da sociedade. Nesta missa, o papa recebeu o anel do pescador e o pálio.Às 11h30 (8h30) o Papa recebeu as delegações estrangeiras, 132 delegações entre países e organizações internacionais, incluindo 31 chefes de Estado. A primeira chefe de Estado a ser recebida foi a presidente do Brasil Dilma Rous-seff; o encontro durou 20 minutos.

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01 de abrilPapa celebrou e rezou a oração Re-gina Coeli, tradicional da semana da Páscoa. Diante da multidão, o Papa afirmou que a alegria da Páscoa de-veria ser vivida durante o ano inteiro e pediu que os sacramentos que os católicos recebem ao longo da vida se reflitam no comportamento de cada um.Francisco visitou o túmulo de São Pe-dro, na necrópole que se localiza sob o altar da Basílica de São Pedro, ali o pontífice rezou, silencioso e comovido, segundo o Vaticano.

02 de abrilÀs 19h locais (14h de Brasília) Papa Francisco visitou o túmulo em que se encontra o Papa João Paulo II, forma de homenagear os 8 anos de faleci-mento do pontífice polonês.

23 de marçoPapa Francisco almoça com Papa Emérito: é a primeira vez em 600 anos que há esse encontro do en-tão Papa com seu antecessor.

24 de marçoPapa confirma a vinda ao Rio Janeiro em Julho para Jornada Mundial da Juventude, durante ce-lebração da missa de Domingo de Ramos.

Assim segue seu pontificado... FOTO

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ANO26 de março

Papa decide continuar morando na Casa de Santa Marta, no Vaticano, instalações simples e modernas.

27 de marçoO pontífice realizou sua 1º audiência pública.

Lava

-Pés

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Leigos e Leigas na Pastoral das ExéquiasMÁRCIA M. D. ALMEIDA SIGNORELLICONSELHO NACIONAL DO LAICATO DO BRASIL

leigos

Esta é a Pastoral das Exéquias: a Igreja servi-dora que leva consolo

àquelas pessoas que perderam seus entes queridos e das quais, naquele momento, as mentes e corações só pensam na sua dor. A Igreja, na pes-soa de seu representante, o ministro, a ministra das exéquias, aponta o caminho do Senhor, atualiza a práti-ca de Jesus, pastoreia, cuida para manter viva a fé, alimentar a espe-rança e lembrar aos familiares que a morte não é o último passo: há a ressurreição.

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leigos

“As exéquias constituem-se num momento pastoral privilegiado, porque todos estão, nesta hora, mais abertos à mensagem da fé. Nessa ocasião os agentes pastores dão testemunho de esperança, solidarie-dade e conforto” (Doc. 62). A mensagem que se transmite nas exéquias é sempre o grande amor de Deus, que se apaixonou por nós, e que nos quer a vida mesmo depois da morte. E que, por isso, nos res-suscitará para que sejamos para sem-pre unidos a Ele, vivendo uma vida inefável como Paulo disse: “quem nem um olho viu, e nem o ouvido ouviu, nem jamais penetrou no coração do homem, o que Deus pre-parou para aqueles que o amam” (1 Cor. 2-9).

Por outro lado, ao ressuscitar, Je-sus nos mostra também a vida res-surgindo em toda a sua grandiosi-dade, superando tudo o que a limita e acaba com ela: a miséria econômi-ca e humana, a exclusão, os precon-ceitos, toda a sorte de pecado que produz a morte e fere a vida aqui na terra. E nós, os cristãos que cremos em tudo isso, temos que a cada dia remover a pedra do sepulcro e nos sintonizar com a ressurreição, com o cuidado para que as forças da morte não vençam, mas que vença a vida em abundância para todos.

“O Senhor está sobre mim e me enviou a dar a boa notícia aos familiares das pessoas que naquele momento estão

voltando para a casa do Pai”

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questões que são colocadas: nem sempre as pessoas presentes num velório estão atentas ao momento da celebração. Muitos ficam conversan-do ao fundo ou do lado de fora, a-lheios ao momento tão significativo. Existe, de forma subliminar, cultura dos tempos de hoje, nas pessoas não tão próximas ao familiar falecido, a ressonância de uma indústria do es-quecimento, de que tudo vai acabar mesmo, e que a vida continua, e que tudo precisa ser muito rápido, até a própria celebração. Por outro lado, uma celebração fica muito mais participativa quando a pessoa falecida faz parte de uma co-munidade, tem vida de Igreja.

Leigos e leigas que são ministros das exéquias sentem a exigência desta pastoral e, por isso, têm se preparado e têm dado depoimentos de quem realmente se dispõe, com o fervor dos santos, a transmitir es-perança pelo anúncio da Boa Nova naquele momento difícil.As pessoas que estão no velório, tenham ou não fé, irão acreditar ou não. Mas isso é obra de Deus em seus corações. Compete ao agente abrir estar porta e com a sua fé con-victa motivar os demais a realimen-tar a sua fé na ressurreição. Mas isto não é tão simples assim. De fora, as demais pessoas podem não entender, mas esta pastoral é muito desafiadora, já que há várias

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Mais difícil quando os familiares também convivem com diversas de-nominações religiosas e disputam celebrar as exéquias com ritos desta ou daquela denominação. Não se pode banalizar a morte. Ela existe e é muito dolorosa, porém há aquelas mais difíceis de serem en-caradas, especialmente quando en-voltas em muita violência. Também, neste ano em que a Cam-panha da Fraternidade se reporta especialmente aos jovens, estamos vendo um número cada vez maior de jovens falecendo, ou sendo mor-tos, quando ainda havia possibi-lidade de um futuro promissor. E também é realidade que a morte por suicídio tem aumentado e o consolo nesse caso tem que estar envolto em muita misericórdia.O que temos visto e sentido é que pouco se fala da Pastoral das Exéquias. Pessoas com vida de co-munidade também têm dúvidas so-

bre o que de fato é exéquias, ou o que faz a Pastoral das Exéquias. Por isso, estamos nesse espaço lem-brando aos nossos queridos leigos e leigas que a Pastoral das Exéquias está aberta a todos que se sentirem generosos em acolher, e chamados a levar conforto e a Boa-Nova da salvação aos irmãos e irmãs que es-peram a presença da Igreja servidora com sua palavra de alento e esperança.

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PEQUENINOS DO SENHOR

Olá amigo, olá amiga dos pequeninos,

Estamos em tempo de renovação!É Páscoa, e temos também a alegria da presença do Papa Francisco à frente da nossa Igreja, dando-nos exemplo de

humildade e fraternidade que devem ser vividas em todo tempo.Isso nos remete à reflexão sobre como estamos testemunhando a prática da ‘Nova evangelização, para a transmissão da fé cristã’, tema do último Sínodo dos Bispos em Roma, em outubro de 2012. A Associação Pequeninos do Senhor, no dia 23 de março passado, reuniu catequistas de muitas paróquias para o 6º Encontro de Ani-mação e Formação para a evangelização das crianças. Foi um mo-mento único e muito especial que vamos partilhar também, neste caderno.Desejamos um feliz tempo de mudança, de sair de si mesmo em busca do outro que nos espera para conhecer o Cristo vivo e pre-sente no meio de nós.

Um abraço fraterno,

Rachel Lemos Abdalla Fundadora e Presidente da Associação Católica Pequeninos do Senhor

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PEQUENINOS DO SENHOR

Coordenadora e Redatora: Rachel Lemos Abdalla Direção Espiritual: Mons. João Luiz FáveroColaboração Psicopedagógica: Daniela Frattini Colla - [email protected] Corigliano - [email protected]

Colaboração Pedagógica: Beatriz Maria Miranda [email protected]: 55 (19) 2121.0444 Email: [email protected] Site: www.pequeninosdosenhor.org

Quem faz o caderno Pequeninos do Senhor

Escreva para o Pequeninos do SenhorEnvie o seu depoimento ou conte-nos a sua história vinculada ao Projeto Pequeni-nos do Senhor! E se quiser dar alguma sugestão ou fazer alguma crítica, encami-nhe para o nosso endereço de email: [email protected] Com certeza sua mensagem será lida e nós lhe responderemos!

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PEQUENINOS DO SENHOR

Cônego José Luís Araújo fala de sua experiência com o Projeto Pequeninos do Senhor

O ‘Projeto Pequeninos do Senhor’ está implantado na Paróquia Santa Isabel, em Barão Geraldo,

desde 2007. É um trabalho que se en-contra dentro da dimensão Litúrgico-Catequética da comunidade cristã com a preocupação da evangelização dos pequeninos de 3 a 7 anos que precisam ter o co-nhecimento da Palavra de Deus dentro daquilo que é próprio da idade deles, além da experiência de vida comunitária que precisam fazer. Neste aspecto se trata de um trabalho com dimensões Litúrgicas e dimensões Catequéticas no qual se aprende cele-brando, ouvindo e ainda brincando, aqui no caso brincando com as coisas de Deus, como é próprio de toda cri-ança.

“Pequeninos do Senhor é uma transmissão da experiência de fé que está sendo passada

para as crianças”

Este serviço de evangelização do ‘Pequeninos do Senhor’ tem atraído muitas crianças em nossa comuni-dade. A partir dos acolhimentos, elas saem toda semana com uma mensagem

através do desenho que fazem e da pintura que realizam. São trabalhos que ficam marcados para elas e também para a co-munidade que as acolhe na celebração e valoriza o que fazem. Neste sen-tido é fundamental que,

para o início de uma vida de catequese, elas sejam iniciadas dentro daquilo que é próprio da idade delas com históri-as, pinturas, gravuras enfim, recursos didáticos necessários para que possam ter informações sobre a vida de Jesus e da Igreja, mas também possam realizar uma experiência de vida Cristã.

Palavra da Igreja

“Porque não basta ter o

conhecimento teórico da vida de

Deus!”

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PEQUENINOS DO SENHOR

E isso é o mais importante, porque não basta ter o conhecimento teórico da vida de Deus! E o ‘Pequeninos do Se-nhor’ faz esta inserção!O trabalho é muito bem recebido e valorizado na comunidade, os pais par-ticipam e os catequistas se envolvem e é percebida uma presença sempre marcante e cada vez maior de crianças querendo participar deste momento da celebração.Parabenizo o ‘Projeto Pequeninos do Senhor’ que já está há mais de 15 anos evangelizando as crianças, e toda a sua equipe que iniciou este trabalho, e dizer que podem contar com o apoio dos padres, dos pais, das comunidades, dos

catequistas e de todas as pessoas que compreendem o sentido verdadeiro de uma evangelização que não é aula, mas uma transmissão de experiência de vida, uma experiência de fé que está sendo passada para as crianças.Agradeço a toda a equipe do ‘Pequeni-nos do Senhor’ e desejo que este serviço frutifique cada dia mais na vida das comunidades!

Cônego José Luís AraújoDiretor da Faculdade de Teologia da Pon-tifícia Universidade Católica de Campinas

Cônego José Luís Araújo e os pequeninos da Paróquia Santa Isabel

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PEQUENINOS DO SENHOR

Desde o final de 2012, a Associação Pequeni-nos do Senhor tem o seu Estatuto Civil regis-trado na cidade de Campinas, cuja Denomi-nação e Finalidade se encontram dentro do Capítulo I conforme descrito abaixo:

“Artigo 1º - ASSOCIAÇÃO CATÓLI-CA PEQUENINOS DO SENHOR é uma associação de fiéis leigos, católicos consagrados à evangelização de crian-ças de 3 a 7 anos e à formação de leigos para o acolhimento das mesmas, unidos pelos vínculos da fraternidade evan-gélica. Foi idealizada por doze mulheres leigas, fundadoras admitidas entre ou-tros em assembleia conforme este Es-tatuto. A ASSOCIAÇÃO CATÓLICA PEQUENINOS DO SENHOR não tem fins econômicos.Parágrafo 1º - São objetivos essenci-ais de nossa caminhada ter uma vida de contínuo e determinado anseio de atender ao chamado missionário do próprio Cristo, como discípulas evan-gelizadoras, tendo como foco principal a elaboração, atualização e manutenção do “Missal dos Pequeninos” e outros subsídios catequéticos, além do com-promisso de divulgá-los como proposta

de evangelização de crianças na primei-ra infância durante as Missas no Dia do Senhor; e dar encontros de formação e animação aos coordenadores e volun-tários quanto ao acolhimento das crian-ças e uso do “Missal dos Pequeninos” e outros subsídios.”

O Estatuto Canônico foi aprovado em 2010, por Dom Bruno Gamberini e seu conteúdo encontra-se publicado no site Pequeninos do Senhor que, desde dezembro de 2012, passou a ser pequeninosdosenhor.org, caracterizan-do-o como uma Organização.

Novidades

Desde o final de 2012, a Associação Pequeninos do Senhor tem o seu Estatuto Civil registrado na cidade de Campinas

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PEQUENINOS DO SENHOR

6º Encontro de Formação e Animação Pequeninos do Senhor

Anualmente a Associação Pequeninos do Senhor or-ganiza um Encontro de

Catequistas e, no dia 23 de março de 2013, promoveu o 6º Encontro para a apresentação do Projeto às novas Paróquias, e Formação e Animação para os Catequistas que já trabalham nas Paróquias que têm o Pequeninos do Senhor implantado.

O Encontro teve como tema: ‘A alegria do anúncio’ e contou com a participação da ONG Hospitalhaços nas oficinas lúdicas

Diretoria reunida com a camiseta nova do Pequeninos do Senhor que foi lançada neste encontro

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Participaram do evento 19 paróquias de nove cidades (Campinas, Valinhos, Vinhe-

do, Monte Mor, Sumaré, Hortolân-dia, Bragança Paulista, São José do Rio Preto e São Paulo), de quatro Dioceses (Campinas, Bragança Pau-

lista, São José do Rio Preto e São Paulo). Todas as Paróquias da Ar-quidiocese de Campinas receberam uma carta convite que foi enviada pelos Correios aos cuidados dos Párocos para encaminhamento à Coordenação de Catequese.

Equipe da ONG Hospitalhaços junto com a Rachel Abdalla - Presidente do Pequeninos do Senhor

PEQUENINOS DO SENHOR

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O Encontro teve como tema: ‘A alegria do anúncio’ e contou com a participação da ONG

Hospitalhaços nas oficinas lúdicas. Os participantes contaram também com a entusiasmada palestra da Advogada, e uma das Diretoras do ‘Pequeninos do Senhor’, Márcia Ma-ria Bittar Latuf que desenvolveu o tema em cima da passagem de Lucas 1,28-33, sobre a Anunciação à Ma-

ria, quando o anjo lhe fala: “Alegra-te, cheia de Graça, o Senhor está contigo!”O Monsenhor João Luiz Fávero esteve presente, acolhendo e aben-çoando os catequistas, e a duração do Encontro foi das 8h às 17h, encerrando com uma Missa na Paróquia de Nossa Senhora das Dores.

Equipe da ONG Hospitalhaços junto com a Rachel Abdalla - Presidente do Pequeninos do Senhor

Momento das Oficinas Lúdicas

PEQUENINOS DO SENHOR

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Este versículo do Evangelho de Marcos é um convite a todo cristão a ser um discípulo missionário. E, ser discípulo missionário é deslocar-se, sair de si mesmo

e ir ao encontro do outro que pode estar ao seu lado ou além fronteiras do seu próprio conhecimento para anunciar Jesus Cristo, o Filho de Deus.Se notarmos que Jesus está nos dando uma ordem, é preciso que ela seja cumprida! Se Ele está dando uma orientação, é bom que seja seguida! E, se Ele está conduzindo, é melhor acompanhá-Lo, afinal, Ele quer nos levar a algum lugar.Mas, para onde ir? Por todo o mundo? Mas, que mundo é esse? É o mundo que nos rodeia, nos envolve e nos ocupa; é o lugar por onde passamos todos os dias, nos desvios que procuramos de vez em quando ou nas encruzilhadas da vida; é onde estamos agora vivendo e convivendo com as diferen-ças e as igualdades.E todo cristão deve, no caminho ou no descanso, mostrar Cristo ao outro sendo Alter Christus no mundo, fazendo o anúncio como algo que marca a presença do Cristo e reflete a Sua Luz!Pregar o Evangelho é conseguir fixá-lo no coração do outro, e, de preferência, para sempre e como algo inusitado!

aos catequistas

Você ouviu o que Jesus pediu?

PEQUENINOS DO SENHOR

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PEQUENINOS DO SENHOR

Deixá-lo intenso e ativo como uma chama que não se apaga, que faz arder no peito e queimar na alma, porque a Palavra do Cristo é viva, transforma o homem de boa vontade, revigora o ânimo, suaviza a dor, cura a doença e liberta do mal, e precisa ser divul-gada aos quatro cantos do universo por todos aqueles que foram chamados a servir a Cristo; por cada um que teve a experiência de chegar até Deus através do encontro com Jesus no outro; ou que recebeu de graça e que de graça precisa dar, sem limites...O que Jesus pede é para, simplesmente, anunciar o Evangelho em primeiro lugar’, em todos os lugares e a todas as criaturas – aquelas que nos amam ou não, que cuidam de nós ou nos des-prezam, que nos apóiam ou nos condenam - sem desanimar, testemunhando o que somos por Ele, com Ele e para Ele.

por Rachel Abdalla

“Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura”

Mc 16,15

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PEQUENINOS DO SENHOR

Pequeninos do Senhor: o desabrochar da fé desde a infância

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PEQUENINOS DO SENHOR

São Paulo escreve na Carta aos Romanos: “Acredita-se com o coração e, com a boca, faz-se

a profissão de fé” (Rm 10, 10). Mas como desabrochar a fé a partir da infância? Na Carta Apostólica Porta Fidei, escrita pelo Papa Bento XVI para o ‘Ano da fé’ (2012-2013), lemos que, a ‘fé, que atua pelo amor’ (Gl 5, 6),... muda toda a vida do homem (PF6). Ela cresce quando é vivida como

experiência de um amor recebido (PF7)... E o coração indica que o primeiro ato, pelo qual se chega à fé, é dom de Deus e ação da graça que age e transforma a pessoa até o mais íntimo dela mesma (PF10).Frequentemente, ouvimos pessoas dizerem: eu não sei o que é fé, ou a minha fé é muito pequena... E, então, podemos nos perguntar: será que a fé lhe foi transmitida? Ou, como ela foi alimentada ao longo da vida?

A TRANSMISSÃO DA FÉ AOS PEQUENINOS

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Se uma pessoa é batizada e faz a primeira Eucaristia aos dez anos, e só volta à Igreja depois

de vinte anos para se casar, quão grande será a sua fé? Se a primeira e, talvez, a última vez que ela teve uma orientação cristã foi na sua primei-ra catequese, talvez esse seja o ta-manho de sua fé: o tamanho da sua roupa de Primeira Eucaristia. Será que na hora de se casar, a roupa ou a fé estará condizente com o seu ta-manho físico e emocional? A Declaração Gravissimum Educa-tionis - GE, sobre Educação Cristã, promulgada no Concílio Vaticano II, afirma que “os pais devem ser

para seus filhos os primeiros mestres da fé” (GE2). E, o Documento 26 - Catequese Renovada – da CNBB (1983) concorda que ‘’a família cristã, pela graça sacramental do matrimônio tornada como que ‘igre-ja doméstica’, é lugar, por excelên-cia, de Catequese, especialmente na primeira infância’’ (121).Portanto, os pais são os primeiros responsáveis pela transmissão da fé aos seus filhos. Cabe a eles os primeiros passos na caminhada cris-tã em casa, e depois no encami-nhamento para a catequese que é uma educação da fé.

PEQUENINOS DO SENHOR

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E, à Igreja, cabe a responsabilidade de acolhê-los na iniciação cristã desde bem pequeninos, desde a mais tenra idade, até mesmo an-tes dos sete anos, tempo em que estão sendo formados o caráter, a personalidade, a afetividade e os valores que serão a base de suas condutas durante a vida; inseri-los numa catequese lúdica, orientando-os para a fé, o quanto antes, a partir do encontro com a pessoa de Jesus, Aquele que será o melhor amigo du-rante toda a vida, introduzindo-os na vida da comunidade e formando-os para uma vida cristã prática e atu-ante. Segundo o Documento de Apare-cida (2007), ‘assumir essa iniciação cristã exige não só uma renovação de modalidade catequética da Paróquia... mas, desenvolver uma catequese que seja permanente, que continue o processo de ama-durecimento da fé (cf.294), além de organizar novas formas que

Clique aqui para ouvir o programa sobre este tema Por Rachel Lemos Abdalla

ajude o catequizando a valorizar o sentido da vida junto aos sacramen-tos, a participação na comunidade e o compromisso como cidadão, para que ele tenha a consciência de ser sal e fermento no mundo, com uma identidade cristã forte e segura (cf.286).O Pequeninos do Senhor abre as portas da Igreja para esta missão, acolhendo os preferidos de Jesus, as criancinhas, aquelas que, embora tenham muitas vezes as mãozinhas sujas nas brincadeiras, têm a alma e o coração puros...A fé dos pequeni-nos depende de cada pai, de cada mãe, de cada catequista que deve cativá-los para o encontro com Aquele que será o seu melhor amigo durante toda a vida!

PEQUENINOS DO SENHOR

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Entrevista

Pequeninos do Senhor entrevista Daniela Frattini Colla, Diretora de Produtos da Associação

PEQUENINOS DO SENHOR

Inicialmente o trabalho com as cri-anças foi o que me chamou atenção. Esta experiência, que é muito dinâmi-ca, nos dá total suporte para fazer um trabalho diferenciado na catequese familiar. Participo dele desde quando minha filha frequentava o Pequeni-nos do Senhor, e isso também foi uma “ajuda” para que eu conhecesse e aprovasse o projeto.Dentro de uma visão mais ampla, o que é, para você, o Projeto Pequeninos do Senhor dentro da Igreja?O projeto Pequeninos do Senhor é uma das formas de trazer as famílias de volta para a Igreja, pois muitos pais com o nascimento dos filhos acabam afastando-se, e só voltam quando as crianças já estão crescidas e na fase da catequese. Com o Projeto Pequeni-nos do Senhor a família encontra tranquilidade de participar do dia do Senhor, pois as crianças têm um lu-gar apropriado e pessoas preparadas para ficarem com elas e evangeliza-rem de modo adequado, na lin-guagem delas.

Quando e como você conheceu o Pequeninos do Senhor? Conheci o Projeto Pequeninos do Se-nhor em uma chamada para cate-quistas na Paróquia Nossa Senhora das Dores, no Cambuí, aqui em Campinas, onde está implantado o Projeto Piloto e, como eu estava a pro-cura de servir a Igreja, fui conhecer melhor a proposta e me coloquei à disposição para ajudar. Já estou no projeto há 10 anos.O que te atraiu para iniciar as atividades como catequista dos pequeninos? Conte a sua experiência.

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PEQUENINOS DO SENHOR

Como você vê a proposta do Projeto Pequeninos do Senhor no processo de evan-gelização da criança e da família?Fundamental, pois como já falei, o Projeto dá condições de trazer a famíl-ia de volta para o dia do Senhor, no qual a criança é evangelizada de for-ma lúdica, e os pais, após a ce-lebração, podem comentar sobre o Evangelho do dia e trocar experiências em família, pois a criança falará sobre o mesmo assunto com eles.Desde quando você faz parte da Diretoria Pequeninos do Senhor e qual é a sua atu-ação dentro dela?Estou na diretoria há sete anos. Atual-mente sou a Diretora de Produtos e responsável também pelas postagens de coletes para o Brasil todo. Além disso, estou como apresentadora do Programet Pequeninos do Senhor, na Rádio Brasil AM, da Arquidiocese de Campinas, dentro do Programa Povo de Deus, fazendo entrevistas com vo-luntários, catequistas, coordenadores e padres que já atuam no projeto.Como você vê a Associação Pequeninos do Senhor nos próximos 10 anos?A Associação está crescendo muito e eu espero que daqui a 10 anos pos-samos estar em todos os Estados do Brasil, com pelo menos uma cidade implantada, e fortalecendo e aumen-tando as já existentes.

O que você gostaria de fazer e ainda não teve oportunidade de realizar dentro do Projeto Pequeninos do Senhor?Visitar as todas as paróquias que já tem o Pequeninos do Senhor, traba-lho árduo, pois já estamos em muitas paróquias e comunidades.Deixe aqui o seu testemunho ou uma história que marcou sua vida dentro do Pequeninos do Senhor.Como já falei anteriormente, minha filha participava do Projeto, e ela foi crescendo e já na idade de catequese, foi se desinteressando pelo acolhi-mento da missa, pois queria dar con-tinuidade com os coleguinhas, e eu como mãe precisei me acostumar com a ideia, pois para os pais, os filhos são sempre bebês. Para nossa família, ela participar do Pequeninos do Senhor fez muita diferença. Hoje ela é muito amorosa, pensa muito nas outras pes-soas e tem valores cristãos bem defi-nidos. Atualmente, trabalhamos como catequistas no acolhimento do Projeto Piloto, eu e meu marido, e esta ex-periência também é muito importante para minha vida, pois vejo o esforço dele em se relacionar com os meno-res, e para as crianças isso faz toda a diferença, pois a presença masculina é um diferencial.

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A Semana Missionária, que antecede a Jor-nada Mundial da Juventude, evento sediado pelo Rio de Janeiro, já está movimentando as

paróquias da região. Entre os dias 17 e 21 de ju-lho deste ano, a Arquidiocese de Campinas espera receber cerca de quatro mil jovens estrangeiros, que virão à cidade para conhecer os costumes e a cultura do interior do Brasil. Pouco mais de mil peregrinos já se inscreveram, mas a expectativa é que esse número cresça, por conta da presença confirmada do Papa Francisco.Entre os inscritos estão peregrinos da França, Itália, Venezuela, México, Canadá, Argentina, Paraguai, Filipinas, Haiti, Coréia do Sul, Polinésia e Guiana Francesa.O objetivo da Semana Missionária é um intercâm-bio cultural entre os estrangeiros e os brasileiros, sem esquecer da espiritualidade proposta para este encontro. Para que os objetivos se cumpram, a or-ganização propôs uma programação que inclui celebrações eucarísticas, ações missionárias e ativi-dades esportivas, lúdicas e culturais nas paróquias que receberão os peregrinos.

Semana MissionáriaPor Mariana Ignácio

Arquidiocese se programa para receber quatro mil peregrinos estrangeiros

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Clique aqui para ouvir o Hino da JMJ

O hino oficial da JMJ 2013, “Esperança do Amanhecer”, foi lan-

çado na ‘festa aventu-ra da cruz’, na Igreja de Nossa Se-

nhora da Conceição, no Rio de Janeiro, 14 de setembro de 2012. Com letra e melodia simples, a canção foi ins-

pirada na natureza do Rio de Janeiro, no Cristo Redentor e no tema da JMJ “Ide e fazei discípulos entre todas as

nações”; o compositor foi o padre José Cândido. O hino é interpretado pelas vozes de cantores católicos: Adriana

Arydes, Olivia Ferreira, Eliana Ribeiro, Walmir Alencar, Guilherme do Rosa de

Saron e Leandro Souza.

A música “Eu acredito na Juventude” do celibatário consagrado na Comu-nidade Católica Pantokrator, Nilton

Junior, foi composta para a chegada dos símbolos da JMJ ao Brasil em

setembro de 2011. A canção ganhou destaque na Internet, através de Flash

Mobs e de grupos que a tem usado para fazer divulgação da JMJ Rio

2013.

Os hospitais Celso Pierro (PUC) e Caism (Unicamp) abrirão suas por-tas para que as paróquias façam atividades missionárias da Semana com os pacientes dos hospitais, mas é preciso combinar tudo antecipada-mente.Para encerrar a Semana Mis-sionária, uma Missa a nível dio-cesano reunirá todos os peregrinos acolhidos pelas paróquias das oito Foranias da Arquidiocese será re-alizada no recinto onde acontece a Festa do Figo, em Valinhos e está programada para acontecer no dia 20 de julho. A cerimônia enviará os peregrinos estrangeiros e diocesa-nos à Jornada Mundial da Juven-tude, que será sediado no Rio de Ja-neiro dos dias 23 a 28 de julho.

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Jovens de toda a Arquidiocese de Campinas participaram da Via Sacra Jovem, na noite do

sábado de Ramos, 23 de março, sendo uma das comemorações da Páscoa por parte da juventude. O evento aconteceu na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jar-dim Proença, em Campinas.A encenação ficou por conta do grupo Anjos da Luz, da Paróquia São José de Elias Fausto, que mes-mo com um grande desafio em mãos, representou a Paixão do Senhor de maneira que todos pu-dessem entender e sentir a profun-didade do ato de Jesus Cristo.A parte musical da apresentação ficou a cargo do Coro da Arquidi-ocese de Campinas. Enquanto o grupo encenava, o coro cantava a música “Via Crucis” do compositor húngaro Franz Liszt.

Via Sacra, a maneira jovem de ver a Paixão do Senhor

Por Mariana Ignácio

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O evento também foi uma pre-paração para a Semana Mis-sionária da Arquidiocese de Campinas, uma forma de en-volver o jovem no contexto de fé, neste ano em que acolhe-remos a Jornada Mundial da Juventude no Brasil e sendo o Ano da Fé para todos os católi-cos.

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Por Mariana Ignácio

Mais de sete mil pessoas participaram da Páscoa Jovem, na cidade de Su-

maré, no domingo, 7 de abril. O Chapéu Brasil em Sumaré, local onde o evento foi realizado, estava lotado com uma juventude alegre que se reuniu para celebrar o Cris-to Ressuscitado.Os jovens ali presentes gostaram do que viram e viveram.

Páscoa Jovem reúne sete mil jovens de Campinas e região para celebrar o Cristo Ressuscitado

“Foi maravilhoso o Espírito Santo tocando nossos corações” comenta Magda Oliveira, uma das partici-pantes do evento.O evento foi promovido pela Área Juventude da Arquidiocese de Campinas, que preparou shows com Antônio Alves, Abner Santos, Nilton Júnior e a banda Rosa de Saron.

Page 49: Revista Lumen - Maio de 2013 - Edição 02

“A gente percebe, na Páscoa Jovem, que o Cristo está vivo através do jovem e é bom que o jovem também possa sentir isso”, completa.O cantor Nilton Júnior afirmou que a Páscoa Jovem foi, além de tudo, união entre as expressões jovens ali presentes, que eram diferentes entre si, mas uma só Igreja. “Colo-ca todo mundo no mesmo lugar e mostra que unidos nós somos I-greja”, afirma. E completa dizendo que a unidade é o que a Igreja precisa, principalmente em relação ao jovem. “A Igreja precisa de um evento que chame, que atraia o jovem, mas que faça ele se sentir corpo também!”, finaliza.

“Creio que Deus fez grandes obras através do grande louvor, da união da juventude e da nossa fé. Deve-ria ter mais vezes, a nossa juven-tude anseia, precisa e está sedenta de Deus”, diz Luciano Umbelino, outro participante.Durante os shows, os jovens tam-bém podiam se confessar ou se aconselhar com os padres e fazer momentos de adoração, num local separado.Para aqueles que trabalham com a Juventude, o evento foi muito positivo. Nilton Júnior, uma das atrações musicais do evento, lem-brou que jovens vieram de outras dioceses e cidades para prestigiar o evento e espera que existam fu-turas edições e que sejam ainda maiores. Jaqueline Rocha expressa seu sentimento após a realização da Páscoa Jovem. “Transformador! Um divisor de águas em minha vida”, declara.As atrações musicais também gos-taram do que viram. O cantor Antônio Alves declarou que a ju-ventude está pronta para receber a Jornada Mundial da Juventude, pois já atendeu ao chamado de Cristo.

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teologia moral

OS DESAFIOS DO PAPA FRANCISCO

A Igreja Católica está vivendo um momento muito intenso. A renún-cia do Papa Emérito Bento XVI e a chegada do Papa Francisco trouxe um novo fervor. A imprensa mundi-al noticiou estes fatos com grande cobertura. Tenho encontrado mui-tas pessoas otimistas com a escol-ha de Cardeal Bergoglio. Seu pas-sado simples e humilde em terras argentinas sempre trabalhando em prol dos mais pobres tem dignifi-cado a Igreja de Cristo. Entretanto, seus desafios são imensos: vão desde a reforma da Cúria Romana até os problemas morais mais can-dentes. A sociedade civil organi-zada está observando com grande expectativa. Papa Francisco sabe que sua responsabilidade é im-ensa, por isso tem trabalhado com muita cautela, embora já tenha

POR PADRE JOSÉ ANTONIO TRASFERETTIDoutor em Teologia e em Filosofia,

Professor Titular da PUC-Campinas e Pároco da Paróquia de São Pedro Apóstolo

feito pronunciamentos decisivos. Ele conclamou a Igreja a trabalhar pelos pobres, disse que a Igreja não pode se transformar numa ONG piedosa, que é preciso punir os que estão comprometidos com práticas de pedofilia. Seu tempera-mento humilde, suas ações mais próximas das pessoas têm cativado muitos cristãos que estavam um pouco afastados da prática ecle-sial. Papa Francisco tem imen-so trabalho na Europa devido o afastamento de muitos fiéis. O Papa Emérito Bento XVI tentou for-talecer o cristianismo na Europa, mas não conseguiu realizar seus objetivos a contento. A Europa atravessa uma fase muito difícil: crise de valores, secularização e-xacerbada, confusão entre re-ligiões, materialismo doentio têm

Page 51: Revista Lumen - Maio de 2013 - Edição 02

teologia moral

transformado a cultura ocidental num ambiente hostil ao Evangelho. É comum vermos noticiários di-zendo que a Igreja está vendendo templos, terrenos e espaços que antes eram ocupados por religi-osos. Neste sentido, a presença da Igreja nestes ambientes reveste-se de um enorme desafio. A Igreja na América Latina também clama por transformações. As pesquisas mostram que a Igreja Católica tem perdido fiéis, que os evangélicos estão crescendo, que muitas pes-soas até creem em Deus, mas não tem interesse em participar da vida comunitária. Cresce o número de pessoas que se definem como “sem religião”, ou seja, sem vín-culo institucional com alguma de-nominação religiosa. Nós, que coordenamos Comunidades e Paróquias, sabemos que está cada vez mais difícil encontrarmos pes-soas de boa vontade que se dedi-quem aos trabalhos pastorais e so-ciais. O individualismo, o medo, o fechamento tem sido muito comum em nossas cidades grandes. A ar-quitetura do medo, como afirmam alguns teóricos, domina as nos-sas periferias e áreas industriais,

dificultando as ações sociais e co-munitárias. O Papa Francisco terá muitas dificuldades porque não se trata somente de evangelizar, mas de transformar toda uma cultura, um modo de vida, um ethos que invadiu a mente e o coração dos seres humanos. Vivemos realmente tempos difíceis, por isso a Igreja tem insistido em criar novos mé-todos, novas formas de evange-lização. A inserção da juventude em nossas comunidades tem sido uma prioridade, porque são eles que levarão para suas casas e seus ambientes de estudos e trabalhos a nova vida em Cristo. O Papa Fran-cisco sabe disso e não vai medir esforços para estar presente no Jornada Mundial da Juventude, que acontecerá em julho na cidade do Rio de Janeiro.

Vamos rezar e, ao mesmo tempo, contribuir, cada um do seu jeito,

para que o Papa Francisco consiga superar todos os seus desafios e

conduzir a Igreja de Jesus do melhor modo possível.

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Pacientes cardíacos pediátricos recebem festa

Luiz Gustavo, Thacyane Karolayne, Sophia Ema-

nuelly, Davi Dario, Maria Eduarda, Miguel e Mateus

Henrique. Sete crianças que sobreviveram e rece-

beram alta hospitalar após passarem pelo procedi-

mento que utilizou a técnica de ECMO (Extracorpor-

eal Membrane Oxigenation) foram recebidas com

festa pelo Serviço de Cirurgia Cardíaca do Hospital

e Maternidade Celso Pierro (HMCP), no dia 23 de

março.

FOTOS DA FESTA FEITAS POR ÃLVARO JR.

Page 53: Revista Lumen - Maio de 2013 - Edição 02

ECMO é a terminologia que engloba técnicas de

oxigenação extracorpórea por meio de membranas

artificiais (oxigenadores) que substituem temporari-

amente os pulmões e o coração dos pacientes.

Bexigas, balas, bolo e muita diversão com os volun-

tários Griots (contadores de história), Hospitalhaços e

Medicão (cães terapeutas) fizeram parte do evento.

Page 54: Revista Lumen - Maio de 2013 - Edição 02

“A festa teve como objetivo celebrar os excelentes re-

sultados obtidos com a técnica de ECMO no tratamen-

to de crianças que se encontravam em situação clínica

muito crítica, e que se não fossem submetidas a esse

procedimento, certamente teriam falecido”, afirma o

coordenador da cirurgia cardíaca pediátrica, Fernan-

do Antoniali.

“Ela está ótima, saudável e não teve de passar pelo

transplante. A dedicação da equipe e a tecnologia a

salvaram”, afirma a mãe de Maria Eduarda Alves Luis,

1 ano e 8 meses, Maria Averiana Alves de Freitas.

Page 55: Revista Lumen - Maio de 2013 - Edição 02

Segundo Lais Angelina Vieira da Silva, mãe de Mateus Henrique

da Silva, 5 anos, “hoje ele está bem e se prepara para voltar

para a escola”.

“O nosso hospital conta com essa técnica terapêutica que pode

salvar a vida de muitas crianças e adultos. Trata-se de um tra-

balho conjunto com outros médicos da equipe, perfusionistas e

principalmente com as equipes das Unidades de Terapia Intensiva

(UTIs) envolvendo enfermagem, fisioterapeutas e médicos inten-

sivistas. Não podemos admitir que crianças morram em nosso

meio sem oferecer a chance de uma recuperação de seus órgãos

enquanto estiverem em ECMO”, completa.

Page 56: Revista Lumen - Maio de 2013 - Edição 02

espiritualidade

1700 ANOS DO ÉDITO DE MILÃO

EVARISTO EDUARDO DE MIRANDA

Doutor em ecologia, diretor do Instituto Ciência e Fé, pesquisador

da Embrapa.

Em março do ano 313, o imperador Constantino promulgou o Édito de Milão.

Ele proclamou não somente o fim das perseguições aos cris-tãos, que já vinha ocorrendo em diversas regiões do império romano, mas deu aos fiéis dessa nova religião o direito de culto e de não honrar o imperador como uma divindade.O Édito de Milão não transformou o cristianismo em religião oficial do império romano. Isso só aconteceu sob o imperador Teodósio I, no final do século. Constantino proclamou pela primeira vez a liberdade religiosa como um direito da pessoa e não mais como uma liberdade coletiva de natureza étnica. Até então, nas culturas antigas, incluindo o judaísmo, cada povo devia poder prestar culto ao(s) deus (es) de seus ancestrais, segundos seus ritos ancestrais.

“Constantino proclamou pela primeira vez a

liberdade religiosa como um direito da

pessoa”

Page 57: Revista Lumen - Maio de 2013 - Edição 02

espiritualidade

“Ao ser promulgado, o Édito de Milão

reconheceu a comunidade cristã

como parte integrante do

império romano”

Em sua formulação, o Édito deu a todos, cristãos e out-ros, “a liberdade e a pos-

sibilidade de seguir a religião de sua escolha”, “aberta e livre-mente”.Essa definição de liberdade religiosa pessoal no Édito de Milão ainda ressoa neste início do século XXI. Hoje, esse direito do indivíduo está sendo negado em nome de pretensas normas sociais e até nacionais, de uma laicidade entendida como um ateísmo militante e, principalmente, cristofóbico e anticatólico.Ao ser promulgado, o Édito de Milão reconheceu a comunidade cristã como parte integrante do império romano. Os bens da Igreja, que haviam sidoconfiscados e até revendidos, foram devolvidos. Todos os interditos legais que pesavam sobre o nome “cristão” foram revogados.

Page 58: Revista Lumen - Maio de 2013 - Edição 02

Essa política de tolerância religiosa não era restrita aos cristãos, mesmo se foi graças à reflexão cristã que ela se construiu, desde a

apologética de Tertuliano: a religião é o único domínio, no coração do homem, onde a liberdade estabeleceu seu domicílio. O Édito se aplicou a todos os cultos, greco-romanos, judeus, orientais e mesmo ao culto imperial. Constantino foi mais tolerante com os outros cultos do que os próprios cristãos de seu tempo.Não se institucionalizou uma sociedade plurirreligiosa, mas uma coexistência pacífica em que o império buscou sua unidade e se engajou progressivamente na via da cristianização. Não pela força. Não imediata. Mas, pela persuasão e por uma expansão na conquista de almas. Nisso, a cristianização visou à unidade do império e à universalização de seus valores.No que pese as contradições dos relatos históricos envolvendo a conversão de Constantino ao cristianismo, antes ou depois da decisiva batalha da ponte de Milvius no ano 312, seu Édito marcou o início de uma série de eventos históricos: em 315, a inauguração do arco de Constantino em Roma; em 324, a construção de Constantinopla; em 325, o concílio de Nicéia; em 327, a presença de sua mãe Helena na Terra Santa etc. O batismo de Constantino só ocorreu mesmo em 337, ano em que também veio falecer.

espiritualidade

Page 59: Revista Lumen - Maio de 2013 - Edição 02

No momento da promulgação do Édito, existiam no Império cerca de 1.500 sedes episcopais e entre 5 a 7 milhões de habitantes

professavam a fé cristã. Após o Édito, teve início a etapa conhecida pelos historiadores cristãos como ‘Paz da Igreja’. Constantino arriscou-se politicamente ao eliminar a obriga-toriedade de culto ao imperador. Foi uma perda autocon-sentida de poder. E acertou também ao fundar Constantino-pla, onde seu império resistiu aos bárbaros, sem sucumbir, até o tempo da expansão árabe. É festejado no calendário bizantino em 21 de maio. Deveria ser em março, na data do Édito!

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A PUC-Campinas promoveu, no mês de março e abril, a 7ª Campanha de Doação

de Sangue. A primeira etapa foi no dia 12 de março, no período da manhã, no Campus I da Universi-dade. Organizada pela Coordena-doria Geral de Atenção à Comuni-dade Interna (CACI), em parceria com o Hemocentro da Unicamp, a Campanha faz parte das ações solidárias desenvolvidas pela Uni-versidade para recepcionar os es-tudantes. A doação ocorreu em um ônibus

do Hemocentro devidamente equi-pado. A Campanha arrecadou 50 bolsas de sangue e contou com um total de 69 doadores, sendo que

Elismere [email protected]

Solidariedade

32 doaram pela primeira vez. É o caso do aluno do 2º ano do Curso de Jornalismo, Vinícius Oliveira, que sempre teve vontade de doar e aproveitou essa oportunidade. “Recebi um e-mail da Universidade falando da Campanha e logo me inscrevi. É um ato de solidariedade de que todos podiam participar, pois não custa nada e não vai fazer falta para o meu corpo. Hoje estou doando para alguém que nunca conhecerei, mas no futuro pode ser que eu precise do sangue de alguém”, disse. Pela segunda vez, a aluna do 2º ano do Curso de Turismo, Amanda Ramos de Mi-randa, contou que não quer parar de doar.

DOAÇÃO DE SANGUEAlunos e funcionários da PUC-Campinas

participam da 7ª Campanha de Doação de Sangue

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Solidariedade

“A partir da minha primeira ex-periência em doar sangue, criou-se uma motivação para doar mais. É tranquilo e não senti qualquer reação. Desta vez, vim doar em nome de uma conhecida que pre-cisa de sangue”, relata.A segunda fase da 7ª Campanha

de Doação de Sangue aconteceu no dia 16 de abril, no estaciona-mento da Praça de Alimentação do Campus I. De acordo com médica Carolina Costa Lima, o objetivo atual do Hemocentro é alcançar o doador consciente. “Priorizamos o bem-estar do doador para que ele se sinta à vontade e confor-tável com a equipe para que ele volte. Ou seja, queremos o doador voluntário e de repetição, que é diferente da doação motivada, na qual a pessoa conhece alguém que precisa de sangue e doa especifi-camente por uma causa”, disse a médica Hematologista/Hemotera-peuta do Hemocentro Unicamp Unidade PUC-Campinas.

Carolina explica que em uma única cirurgia cardíaca o paciente precisa de 12 doadores. “A cirur-gia cardíaca é a que mais utiliza o banco de sangue e se não tiver reserva suficiente, o paciente não é operado”, conta.

... “A Campanha faz parte das ações solidárias desenvolvidas pela Universidade”

Médica Carolina Costa Lima.

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• Apresentar RG ou algum outro documento oficial com foto;• Se você tomou vacina para qualquer tipo de gripe (comum ou suína), deve certificar-se de que já faz mais de 30 dias, caso contrário não poderá doar;• Não ingerir bebidas alcoólicas durante os três (3) dias que antecedem a data da doação acima mencionada;• Ter entre 18 e 65 anos;• Peso mínimo para doação: 50 quilos;• Não estar em jejum, porém, apenas evitar alimentos gordurosos;• Estar descansado.

Solidariedade

Saiba o que é preciso para fazer a doação

Imagens: PUC-Campinas

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• Estiver com gripe, febre ou infecção; • Ser portador de Sífilis (cancro), Malária ou Doença de Chagas; • Ser alcoolista crônico; • Ingerir álcool nos 3 dias que antecedem a data de doação; • Possuir comportamento de risco para doenças sexualmente transmissíveis; • For ou tenha sido usuário de drogas injetáveis; • Tenha contraído hepatite após os 10 anos de idade; • Tenha feito endoscopia, tatuagem ou piercing a menos de 12 meses.

Solidariedade

Restrições

Não poderá doar

sangue aquele que:

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POR MARIANA MAIA

As atividades de comemoração da Semana Nacional da Saúde começam no dia 1º de abril e se encer-ram dia 7, no Dia Mundial da Saúde. Nos últimos

meses, o assunto tem sido pauta na imprensa nacional e está ligado diretamente à Igreja em função do Conselho Federal de Medicina (CFM) manifestar-se sobre o aborto em março deste ano, quando publicou ser favorável à liberação do aborto até a 12ª semana de gestação, se o médico con-statar que a mulher não apresenta condições psicológicas para a maternidade. Somam-se a essa decisão mais duas condições, as quais o CFM já publicou ser favorável: gravi-dez por emprego não consentido de técnica de reprodução assistida e anencefalia ou feto com graves e incuráveis ano-malias, atestado por dois médicos.O respeito à autonomia da mulher e o alto índice de mor-talidade e de internações de mulheres que fazem abor-tos clandestinos foram as razões da posição do CFM, que alegou a prática de abortos não seguros ter forte impacto sobre a saúde pública.O presidente da Comissão de Família e Vida da CNBB, monsenhor João Carlos Pretini, classificou a decisão do CFM como tendo “um poder deseducativo”.

Saúde em pauta

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No ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) re-cebeu críticas dos bispos

brasileiros por descriminalizar o aborto em caso de fetos com a-nencefalia.Outro assunto que também rece-beu atenção da imprensa nacional foi a prática da eutanásia. Em fe-vereiro, a médica-chefe do depar-tamento da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Evan-gélico de Curitiba foi indiciada pela polícia por ser acusada de praticar eutanásia em pacientes, principalmente do SUS, interna-dos em estado grave desde 2006,

ano em que começou a chefiar o departamento. A médica foi presa pelo Núcleo de Repressão aos Crimes contra a Saúde, sendo acusada de também maltratar pa-cientes.Inaceitável pela Igreja Católica, a eutanásia é uma prática ilegal no Brasil. A Igreja Católica em seu magistério defende a ortotanásia, ou seja, a morte natural. A defesa da vida sempre em primeiro lugar. A Igreja Católica não aprova a eutanásia, que leva a morte ante-cipada, nem a distanásia, que pro-longa a vida por meios artificiais e desproporcionais.

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Maria Emília também atua como professora

das Escolas de Teologia para Leigos da

Arquidiocese de Campinas

A revista digital Lumen con-versou com a médica gra-duada pela Faculdade de

Ciências Médicas da PUC-Campi-nas Maria Emília Schpallir Silva, sobre Eutanásia. Maria é especia-lista em Bioética pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e mestranda em bioé-tica pelo Centro Universitário São Camilo.Católica, ela é bacharelada em Ciências Religiosas na PUC-Campinas. É, ainda, membro das Comissões de Bioética da Confer-ência Nacional dos Bispos do Bra-sil (CNBB), de Bioética e Defesa da Vida da Arquidiocese de Campi-nas, de Defesa da Vida da Region-al Sul 1 da CNBB, e do Comitê de Ética do Hospital Centro Médico Campinas.Maria Emília também atua como professora das Escolas de Teolo-gia para Leigos da Arquidiocese de Campinas, nas áreas de Teologia Moral e Bíblia.

Como é ferido o direito de um ser humano à integridade corporal?Esse direito pode ser ferido de várias maneiras. Por exemplo, quando uma pessoa doente não é atendida tem ferida sua integridade física. Quando al-guém sofre bullying no traba-lho, no ambiente escolar, está sendo ferido em sua integri-dade mental. Então tudo isso está relacionado.

Como está a saúde pública em Campinas? Quais são as melhorias necessárias?O problema da saúde pública em Campinas é um reflexo do que acontece no cenário nacional. Há uma grande carência em todos os níveis de atenção à saúde como falta

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de profissionais de saúde, prin-cipalmente médicos, materiais, e exames básicos como o laborato-rial que só estão sendo realizados em casos urgentes. Os exames laboratoriais são o mínimo que um médico necessita para um bom a-tendimento. Há problemas nos três níveis de atenção: primária (atenção bási-ca, feita em centro e postos de saúde), secundária (atendimento específico, com um profissional especializado) e a terciária (aten-dimento em hospitais). A maior parte das patologias deveria ser atendida nas unidades primarias. Quando isso não ocorre, há uma sobrecarga nas unidades terciárias ocasionando longas filas e de-mora no atendimento hospitalar. A melhora na qualidade da atenção

primária é a mais urgente, mas não podemos esquecer-nos da se-cundária também. Exemplificando, para um paciente com suspeita de tumor, que precisa de um especia-lista na área e exames sofisticados, a espera pode significar um agra-vamento do prognóstico com di-minuição das chances de cura. E é isso que acontece.

Quais são os caminhos que a saúde pública vem percorrendo em Campinas?O que temos visto é que o pro-blema da saúde pública é crônico e tem se agravado pelas condições socioeconômicas atuais como, por exemplo, o crescimento popula-cional. Embora Campinas tenha uma renda per capita alta, existe uma distribuição injusta dessa ren-da. Tudo isso para o agravamento da situação da saúde pública. Os próprios convênios hoje, estão em crise, sobrecarregando a saúde pública.

O que temos visto é que o problema da saúde

pública é crônico e tem se agravado

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Estamos acompanhando na mídia a di-ficuldade de preencher vagas na área da saúde pública em Campinas. A que se deve tudo isso?São vários fatores: primeiro a situação precária que o mé-dico encontra para trabalhar na área pública. O tra-balho do médico é muito sério. Caso não seja realizado adequadamente, se não se tiver um respaldo para trabalhar, coloca-se em risco a vida das pessoas e isso não é pouca coisa. O médico pode se recusar a trabalhar nesses casos, respaldado pelo Código de Ética Médica. A formação de um médico é no mínimo de dez anos entre os seis anos da graduação em período integral acrescido de plantões e, no mínimo quatro anos de residência médica para que comece a exercer com segurança a profissão. Levando-se em conta que é necessária uma atualização permanente, fica difícil com a re-muneração que é oferecida. Ela é realmente indigna e se reflete na

recusa dos médicos a aceitarem o serviço nestas condições. Não sig-nifica falta de interesse do médico pela saúde pública. Outro pro-

blema é a falta de plano de carreira dentro do serviço público, tanto para o médico como para o enfermeiro e outros profissionais na área da saúde, como terapeuta ocupacional, fisioterapeuta e psicólo-go que são extrema-mente necessários.

Segundo a Prefeitura de Campinas, a maior dificuldade é de preencher as vagas psiquiátricas, por que isso acon-tece?Eu acredito que seja pelo mesmo motivo encontrado pelos planos de saúde, os quais também têm dificuldade em ter psiquiátricas no seu quadro de atendimento. O psiquiatra é um profissional que precisa de mais tempo com o pa-ciente, sendo um dos fatores que agravam a manutenção desse profissional tanto na rede pública quanto nos convênios.

“Caso não seja realizado

adequadamente, se não se tiver um respaldo para

trabalhar, coloca-se em risco a vida das

pessoas”

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O convênio é uma forma de so-cializar a medicina. Embora a me-lhor solução seja o investimento na área pública, os convênios não deixam de ser uma alternativa. Falta investir em tudo, pouco se in-veste.A eutanásia é crime aqui no Brasil. Porque há casos, ainda, em que alguns profissionais na área da saúde acabam cortando a alimentação de um paciente em estado vegetativo?Não só é crime do ponto de vista jurídico, como é antiético do ponto de vista do Código de Ética Médica que no artigo 41 diz que é vedado ao médico abreviar a vida do pa-ciente ainda que a pedido deste, ou de seu representante legal, e no artigo 32 explicita que é vedado ao médico deixar de usar todos meios disponíveis de diagnóstico e trata-mento cientificamente reconhe-cidos e ao seu alcance em favor do paciente.Hoje se dá um equívoco entre os termos ‘eutanásia’ e ‘ortotanásia’. O Código de Ética Médica pronun-cia-se a favor da ortotanásia. Nos princípios iniciais do referido có-

digo, no artigo 22, está escrito que nas situações clinicas irreversíveis e terminais o médico evitará a reali-zação de procedimentos diagnós-ticos e terapêuticos desnecessários e possibilitará ao paciente sob sua atenção, todos os cuidados pali-ativos apropriados. Então, praticar a ortotanásia significa que quando você não pode fazer mais nada do ponto de vista curativo, não pode abandonar o doente ou abreviar sua vida. O paciente tem direito a assistência física, a ter sua dor diminuída, assistência psicológi-ca, assistência religiosa, todos os meios possíveis para abreviar seu sofrimento. Um exemplo é o papa João Paulo II, chegou um momento em que não havia mais nada a se fazer dno ponto de vista médico e com isso ele preferiu morrer em casa. Não foi abandonado, mas montou-se um esquema para que os últimos momentos da vida dele fossem bem vividos. Neste caso, a medicina paliativa substitui a cura-tiva. Isto é ortotanásia.

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Há alguma diferença entre a eutanásia ativa e passiva?A eutanásia é crime e antiética seja ela passiva ou ativa. Na ativa a morte é provocada por ação, apli-cando um cloreto de potássio na veia, por exemplo, e a passiva é por omissão, por exemplo, deixan-do de alimentar o doente.

É possível encontrar na mídia casos de pacientes que morreram após aplicarem glicerina, e ou, alimentos na veia deles ao invés de soro. Por que isso acon-tece? Falta uma formação melhor para os profissionais da saúde?Isso acontece por uma série de situações. Uma delas são as más condições de trabalho. Por exem-plo, um profissional de enferma-gem que trabalha num hospital super lotado e necessita fazer as coisas apressadamente, levando a um maior índice de erro. Outras causas são a falta de preparo téc-nico adequado, má remuneração levando à contratação de profissio-nais dos quais não se exige uma qualificação por ser mão de obra mais barata. Falta o devido res-peito pela vida humana, o respeito que ela deveria ter.

Eu tenho como norma própria o-lhar o paciente como se fosse al-guém da minha família. Devo res-guardar sua alteridade, pois ele é o meu outro eu, tudo que eu sinto ele sente. Tudo isso é necessário ter presente quando se trata de um paciente. Outra situação que pode induzir a erro por cansaço é o caso do profissional que precisa ter 2 a 3 empregos para ter uma vida ra-zoável, porque ganha muito mal.

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A questão da eutanásia voltou ao centro de interesse público com a denúncia de que uma médica de Curitiba provocou a eutanásia em diversos pacientes. É im-portante que a sociedade preste aten-ção a este tema? Devemos, sim, prestar atenção a isso. Estamos em uma sociedade extremamente utilitarista. Não há dúvidas de que o problema do iní-cio e do fim da vida tem tudo a ver com problemas sócio-político-econômicos. Em uma sociedade de mercado, se você tem utilidade, você serve, se você não tem, é descartado.A eutanásia acaba sendo reali-zada por motivos econômicos as-sim como também o aborto. O idoso atrapalha, sobrecarrega a providência e o serviço de saúde pública, além do fato de que pes-soas em estado terminal ocupam espaço nos hospitais. Eliminar o idoso é a solução vista por uma sociedade de mercado. É uma fal-sa ética, cruel, a qual devemos es-tar atentos. As pessoas não podem ser descriminadas por não terem mais a utilidade social que se es-pera.

A eutanásia acaba sendo realizada por motivos

econômicos assim como também o aborto

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O suicídio é a segunda maior causa de morte entre jovens no mundo. Como é possível evitar o suicídio e a automu-tilação, como ajudar e orientar? Como deve agir a saúde pública nesse caso?Os transtornos de ansiedade e os suicídios aumentaram nos últimos anos, porque vivemos em uma so-ciedade pós-moderna, num pano-rama de globalização e capita-lismo selvagem. O consumo não satisfaz as necessidades do ser humano. O jovem de hoje perdeu seus ideais e um ser humano sem ideal não tem um motivo para vi-ver. Trocaram o ideal do jovem por consumo e o jovem por natureza é idealista e honesto. Ao deparar-se com isso, perde muitas vezes o sentido da vida.Do ponto de vista cientifico, filosó-fico e sociológico já está provado que o homem é um ser religioso.

O cérebro humano “foi formado” para ser místico. Exames foram feitos com ressonância magnética mostrando que a pessoa em ati-tude mística (oração, meditação) altera o padrão cerebral: áreas de intenso prazer são ativadas. Esse campo de estudo diz respeito à neurociência.As pessoas cada vez mais con-somem antidepressivos. Dificil-mente há alguém que conheça uma pessoa que não tome anti-depressivos. Isso é reflexo de uma cultura massificante, materialista e ateia.

As pessoas cada vez mais

consomem antidepressivos

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Hoje, o aborto é considerado crime pela lei brasileira, exceto em casos de estupro, de risco à vida da mãe e de fetos anencéfalos (sem cérebro). Saúde Pública e aborto, qual é a relação que você vê nisso? Como alguém da área pode orientar e evitar isso?É uma eugenia quando você diz que vai abortar uma criança só porque ela tem uma má formação. Hoje a gente pode ver pessoas com deficiências físicas ou mentais muito felizes trabalhando. Quem somos nós para dizer que eles não servem para viver?O aborto proposto como solução para a pobreza é uma eugenia social. A miséria é um problema social e deve ser encarado e re-solvido não com uma solução barata e imediatista que é o abor-to. Quando olho para uma mulher grávida, olho para aquela criança dentro dela e falo ‘tua mãe tem o direito de te abortar porque você é pobre’, é a mesma coisa que dizer “no mundo não há lugar para você porque você é pobre”.

É preciso investir na ética, não necessariamente religiosa confes-sional. Pode ser uma ética laica, mas que olhe o ser humano com responsabilidade, atenta à sua dig-nidade e não de forma utilitarista, para usá-lo e descartá-lo. Isto em qualquer situação, não só na sexu-alidade, mas em qualquer área da vida, como no plano do trabalho.

“Do mesmo modo não darei a

nenhuma mulher uma substância

abortiva”, o próprio juramento diz que a vida é inviolável

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Percebemos que você tem uma Bíblia na mesa do seu consultório. Você acha que é possível interligar sua profissão com sua essência cristã?O cristão, se ele realmente é cris-tão, não consegue dissociar a fé da vida, porque o cristianismo não é uma doutrina, mas antes, o encontro com uma pessoa: a es-sência do cristianismo é o próprio Cristo. Então, se você tem Cristo, você tem que traduzir isso na práti-ca, não só uma prática dentro da Igreja, mas no seu dia-a-dia.

A medicina se contrapõe ou é a favor naquilo em que a Igreja prega? Existe um conflito entre medicina e Igreja?Dizer que a Igreja se contrapõe à medicina é uma visão errada. Se-gundo o código de ética médica eu posso optar a não fazer aqui-lo que a minha consciência não aprova. Ao formar-se, o médico faz um juramento, o juramento de Hipócrates que é muito lindo (se emocionando) tem uma parte que diz assim “A ninguém darei sub-stância mortal e nem sugerirei o suicídio.

Do mesmo modo não darei a nenhuma mulher uma substân-cia abortiva”, o próprio juramento diz que a vida é inviolável. Não propõe a eutanásia, suicídio, abor-to. O médico jura que “não irá entrar nas casas para corromper”, mas para curar. De acordo com o nosso código de ética o médico sempre deve promover a vida.Eu penso que a profissão que mais se aproxime de Deus seja do mé-dico. Não existe coisa melhor do que você curar e devolver a saúde. Fico muito triste em ver alguns jovens entrando na área pensando somente em remuneração e status. Quando comecei a faculdade nem pensava o quanto eu iria ganhar eu só queria ser médica, não me imagino sendo outra coisa na vida.Esse aspecto não pode ser deixado de lado, eu não posso deixar de socorrer alguém porque ele não tem dinheiro para me pagar.O médico tem que ser isso antes de tudo. É claro que eu vivo da minha profissão, mas não deixa de ser possível você se dedicar por um trabalho voluntario para um obje-tivo social.

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A Virgem de San Juan de los Lagose as devoções que inspiram a fé católica pelas estradas do México

De joelhos, chegam os devotos ao al-tar, vindos de diversas partes do Mé-xico. Encontram-se diante da Virgem

de San Juan de los Lagos, título mariano que comove o povo que peregrina até ela, preenche a sala de ex-votos da Basílica, na cidade de mesmo nome, e move a vida de toda a região, no estado mexicano de Jalis-co, do qual a Virgem é padroeira.Nos olhos de Nossa Senhora, os peregrinos encontram conforto, um vislumbre do Reino dos Céus e, diante da imagem trazida por missionários espanhóis, em especial Padre Miguel de Bologna, em 1542, agradecem sua Sanjuanita de los Lagos, como a chamam com carinho, pelas bênçãos concedidas.

POR BÁRBARA BERAQUET

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Feita de uma pasta de talo de milho - técnica empregada em certas regiões do México, a par-tir da caña de maíz, como tratam - por artesãos, a pequena ima-gem de 33,5 centímetros repre-senta a Imaculada Conceição. Seu primeiro milagre, conforme rela-tos da época, e isso se passa em 1623, foi trazer de volta à vida uma pequena artista circense que havia caído do trapézio, em um momento de desequilíbrio, sobre uma cama com lanças, o que a levava à morte. Desenganada, a família preparava-se para enterrar

O Milagre

Basílica da Virgem de San Juan de los Lagos e Capela em que a imagem era inicialmente venerada.

sua criança, quando uma indígena responsável pela pequena capela onde conservava-se a imagem, sensibilizada pela dor que encon-trava nos pais da menina, pede se pode, sobre ela, repousar “La Cihualpilli”, a Grande Senhora, considerada milagrosa. Artistas e artesãos retrataram o milagre em suas pinturas, e desde então tem se difundido a devoção à Virgem de San Juan de los La-gos, a segunda mais visitada no México, depois da Virgem de Nos-sa Senhora de Guadalupe, na Ci-dade do México.

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Dia de Mortos

À sensação de que se está caminhando pelas catacumbas de Paris, na França, ou pela Capela dos Ossos, em Évora, Por-tugal, segue-se a alegria motivada pela música e pela dança, que talvez nos pareçam tão inad-equados no Dia dos Mor-tos, em meio às multidões de esqueletos falsos que decoram as ruas, as casas e as fachadas das igrejas. Estamos às vésperas de 2 de novembro, quando comemoramos o Dia de Finados, e as cidades se enfeitam e se iluminam.

Altar em homenagem ao Dia dos Mortos em

San Juan de los Lagos. Folheto católico em

Tenancingo. Vendedoras de rua em Guanajuato.

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Nos altares em homenagem aos de-funtos, são oferecidos alimentos e bebi-das, sinais do sincretismo religioso que teve origem no encontro dos rituais dos povos mesoamericanos com os ritos católicos trazidos pelos espanhóis, em sua chegada à América, no século XVI.No México, é a comemoração mais festejada, marcada pelas “calaveras”, que, em comum com os ossuários ao redor do mundo, nos lembram da tran-sitoriedade da vida. A mais famosa du-rante a Festa de Dia de Mortos é “La Catrina”, escultura popularizada por José Posada, que representa o esquele-to de uma dama da alta sociedade.

Pão de Morto e Cempasúchil

Cristo Rei, em Tenancingo. Coroas de flores em homenagem ao Dia dos Mortos em

Guanajuato.

A festa de Dia dos Mortos não é completa sem a presença do “pan de muerto”, um pão doce feito a-penas nesta época. Também são usadas para ornamentar os al-tares pequenos cravos amarelos, flor chamada Cempasúchil, e há regiões que vivem quase comple-tamente da produção da planta.

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DevoçõesUm povo apaixonado por Nossa Senhora de Guadalupe, que se con-sidera “mexicano guadalupano”, dedica ainda enorme carinho a outras denominações marianas, como à Virgem de Zapopan, em Guadala-jara, conhecida como “La Generala”, à qual invocam durante as ca-tástrofes naturais.Em Tenancino, um monumento com mais de 30 metros de altura é o ícone representativo da cidade. Em homenagem a Cristo Rei, no alto da montanha, lê-se abaixo da imagem do Cristo: “Nas alturas, é mais fácil conhecer o poder de Deus e a miséria do homem”.Já no povoado de Chalma, centro de peregrinação nacional, a de-voção é ao Senhor de Chalma. Coroas de flores na cabeça são usadas pelos peregrinos, que banham-se na nascente para se purificar e de-scem dançando até o santuário do Cristo de Chalma, a pedir por sua intercessão. O ditado diz que, quando se pede algo impossível, o mi-lagre não será alcançado “nem indo dançar em Chalma”.

Criança em banca de feira livre, Tenancingo, México.

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Padre Tiago Alberione, fundador da Família Paulina, foi beatificado em 2003 pelo Papa João Paulo II. Teve

a missão de anunciar o Evangelho à so-ciedade moderna, pelas novas formas de linguagem e mídias que nasciam com o progresso na década de 50 na Itália. Em um dos seus escritos, afirma que, se São Paulo fosse vivo, levaria em uma das mãos a Bíblia e, na outra, um jornal.

POR CAROLINA GROHMANN

Essa cena é comumente lembrada por Padre Augusto César Pereira, 82 anos, primeiro padre brasileiro formado em jorna-lismo. Com um vasto currículo que apresenta atuação na Pas-toral da Comunicação em estados do Sul e Sudeste do Brasil, Padre Augusto completa em maio 51 anos de formação jor-nalística. Em seu testemunho de 50 anos, a cena de São Paulo é exposta logo no primeiro parágrafo.

Missão: Comunicação

Padre Tiago Alberione

Fotos: Arquivo Pessoal e Carolina Grohmann

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Se o apóstolo Paulo vivesse hoje, teria numa das mãos a Bíblia e na outra o jornal. Tan-

to ele foi pregador e profeta de seu tempo. E o seria no nosso. O jor-nal é o registro dos acontecimen-tos: nada tira e nada acrescenta à Palavra da Bíblia. Mas a Palavra ilumina os fatos de nossa época.

Essa observação veio-me à mente e ao coração quando, revendo documentos, surpreendi-me com o meu diploma de Jornalismo, assi-nado precisamente em 14 de maio de 1962 pelo diretor da então Es-cola de Jornalismo Cásper Líbero”, à época ligada à PUC-SP. 50 anos passados! Esse encontro casual provocou uma reflexão sobre o fato de ser eu um padre jorna-lista. Não me pergunto de que me serviu o Jornalismo para ser padre. Pergunto-me que uso fiz dos recur-sos do Jornalismo para ser melhor padre. Realmente, não se trata de submeter o Jornalismo à Teologia nem de a Teologia sujeitar-se ao Jornalismo. Mas, ombro a ombro, percebo que ambos me têm aju-dado harmoniosamente. De fato, o Jornalismo me leva pelos cami-nhos da história humana e a Teo-logia me chama atenção para a presença de Deus na caminhada do povo.

Jornalismo e Teologia:um testamento?

A quem receber esta mensagem, peço que se disponha a se

alegrar comigo e a louvar ao Pai pelo fato significativo.

Padre Augusto

Padre Augusto na casa dos pais, em Itajaí, no dia da sua primeira Celebração Eucarística.

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Ambos alertam para acom-panhar o povo de Deus na investigação de análise dos

acontecimentos e no discernimento da voz e da vontade de Deus ex-pressas naquilo que o Concílio Va-ticano II batizou de “os sinais dos tempos”.Entre tantas atitudes que o Jorna-lismo desperta, está a formação de mentalidade com o espírito crítico que leva a pessoa à busca das causas dos acontecimentos e dos interesses que estarão por trás dos fatos. Trata-se de ter os porquês da fé, porque o porquê faz as pessoas se tornarem adultas e maduras na fé. É a capacidade investigativa que não aceita os fatos simples-mente como aconteceram, mas o critério é por que motivo acon-teceram. Nesta linha, importa mui-to a interpretação dos fatos no seu contexto, especialmente o religioso. Para a descoberta do projeto de Deus para a humanidade.As palavras e ações de Jesus tive-ram continuidade nas ações e pa-lavras dos discípulos das comuni-dades de Jerusalém e das demais até chegar ao nosso tempo.Em suma, o proveito que tenho tido da formação jornalística me

tem ajudado muito ao lado da formação teológica. Percebo que também nas atividades pastorais consigo motivar o povo de Deus na caminhada para a construção do mundo novo conforme o Coração do Pai.A oportunidade significativa, a res-ponsabilidade de primeiro padre brasileiro com curso superior de Jornalismo e o compromisso com a Igreja escreveram esse testemu-nho de jubileu de ouro.

Padre Augusto César Pereira SCJ - Dehoniano

Consagração nos 50 anos de sacerdócio

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Padre Augusto dá bênção aos pais

Para ele, a relação do jornal com a Bíblia ocorre por serem publicações impressas e apre-

sentarem um determinado tempo histórico: a Bíblia como sendo pé no chão do povo hebreu e, o jornal, pé no chão da sociedade contem-porânea. “O que acontece na nossa vida precisa ser iluminado pela pala-vra de Deus, assim como aconteceu na Bíblia. Eu posso dizer tranquila-mente que o jornal pode se tornar uma Bíblia pra mim do meu tempo, em que eu quero ver a presença de

Deus atuando no mundo de hoje. A Bíblia e o jornal são, da sua época e ao seu modo, a história do seu povo com o seu relacionamento com Deus” explica.Nascido em Brusque (SC), Padre Augusto é o primogênito de seis fi-lhos de um casal, o qual “o pai era enérgico e a mãe, bondosa, mas que se davam muito bem”, lembra. Completou a formação primária no Sul, no colégio de freiras São José.

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Padre Augusto considera a decisão de entrar para o semi-nário como um amadurecimento natural, pois além da formação católica, morou com a família próximo à

Matriz do Santíssimo Sacramento, o que permitiu que fosse incluído em sua rotina infantil o momento exato de ir à janela diariamente e assistir o pároco passar em frente a sua casa, à caminho da Igreja.

“Mamãe dizia ‘quer ver o padre?’ e eu curioso ia, pois ele usava uma batina e chapéu preto, e eu gostava daquilo. E um dia eu virei para minha mãe “mamãe, eu quero ser assim”, conta.

O padre observado era o José, que mais tarde se tornou padri-nho de crisma do Padre Augusto.Na escola, era respeitado pelos colegas e freiras pela sua esco-lha. “O Augusto quer ser padre”, observavam os amigos. Con-tudo, nunca recebera privilégios, e relembra de uma passagem na qual levou um “baita de um castigo” das Irmãs, por não le-var um dos livros encapados na data certa.

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Assim como Padre Zezinho identifica-se como um “padre-cantor”, Padre Augusto se diz um “padre-jornalista”. Para ele, a formação em jornalismo possibilita um olhar diferencial, o que contribui

para ser um padre melhor: “o sentido de observação das coisas e dos fatos não só da Igreja, mas também de fora, fizeram com que minhas homilias e meus escritos refletissem um ambiente mais vasto do que só de dentro da Igreja” explica, também, que olha para a realidade sem a condenar, mas também não a santifica. “É ter os pés no chão e olhar as coisas que acon-tecem. Isso ajuda demais para quem quer ser padre. Muito mesmo”.A inclinação para a arte escrita foi notada na época do colégio, sendo con-vidado pelas freiras para escrever na primeira edição de um jornal produzi-do pelos alunos.

Não é para ser o melhor, mas para ser melhor

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Padre Augusto faz questão de lem-brar que foram dois os primeiros padres no Brasil com formação em jornalismo: ele e seu companheiro Frei Clóvis Moreira, baiano, morto três anos depois da formatura. Padre Augusto lembra-se dele como uma pessoa dinâmica. “Ia ser um padre jornalista fantástico. Somos nós os primeiros padres a ter o curso supe-rior de jornalismo” completa.

Seu primeiro artigo foi sobre a juventude: “’Nós somos felizes porque somos jovens, somos novos, no esplendor dos nossos 13, 14 anos’. Foi por aí o meu artigo. Foi um artigo positivo, alegre, e era mesmo,

o que eu sentia”. Foi durante a época em que frequentou o Seminário Sagrado Coração de Jesus, Corupá (SC), entre 1945 e 1951, que a escrita se aprimorou, por in-centivo de um professor de redação e, quando cursou Teologia no Institu-to Teológico Sagrado Coração e Jesus, em Taubaté (SP), entre 1955 e 1958, o reitor do curso perguntou se o aluno tinha interesse em cursar Jorna-lismo. Ingressou no curso em 1959, na instituição de ensino Cásper Líbero, em São Paulo.

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Padre Augusto é membro da Con-gregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus há 55 anos. Des-ses, 30 foram dedicados à Arquidi-ocese de São Paulo, onde trabalhou em quatro Paróquias. De 1982 a 1985, foi Pároco da Nossa Senhora da Candelária, Vila Maria, onde hoje é vigário-paroquial.Um dos seus primeiros trabalhos depois de formado foi a criação de uma revista confeccionada por alu-nos de um Seminário, que fotogra-favam e escreviam sobre a rotina de ser seminarista. A revista era desti-nada às pessoas que desconheciam aquele ambiente, sendo elas, princi-palmente, os pais dos seminaristas. “Era como se fosse uma prestação

de contas, como se o pais pergun-tassem ‘bom, o meu filho está lá, o que estão fazendo com ele?’ e todos entrevistavam, escreviam e fotogra-favam sobre a vida no seminário e mostravam que não era ‘só’ rezar”. O padre afirma que a repercussão do material impresso foi ótima e que a reação das pessoas ao lerem era sempre de surpresa, por desconheci-mento da vida de seminarista. “Pes-soas diziam que não imaginavam que fosse assim”, completa.No final de 1991, interrompeu o mestrado em Ciência da Comuni-cação na Universidade de São Paulo (USP) para assumir o cargo de as-sessor nacional da CNBB, onde per-maneceu por quatro anos.

“Não é possível à Igreja não ter alguém na comunicação”

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Aceitou a missão por reconhecer a dificuldade da Confederação em en-contrar alguém com formação na área da comunicação: “Não é pos-sível a Igreja não ter alguém para ir lá fazer isso”, relembra o Padre que, por compaixão, interrompeu seus estudos e aceitou o cargo. “O coração da Igreja no Brasil pulsa na CNBB. Todos os dias acontecia alguma coisa. Era gente do gover-no, da sociedade, índios, negros, gente simples e o coração bondoso de Dom Luciano. Considero uma grande maravilha de Deus ter traba-lhado na CNBB nessa época”, diz, orgulhoso.

Depois da CNBB, Padre Augusto iniciou uma jornada de oito anos na Rede Vida de Televisão, onde apre-sentava programa diário de entrevis-ta Vida Viva, além de ser comenta-rista no jornal vespertino JCTV.

Considera a permanência no ca-nal como uma “escola” para seu caminho como jornalista. Ele reali-zou mais de 2000 entrevistas: “Uma riqueza as pessoas que entrevistei”.

“O coração da Igreja no Brasil pulsa na CNBB”

Padre Augusto na casa dos pais, em Itajaí, no dia da sua primeira Celebração Euca-rística. Embaixo da foto, trecho extraído de carta de sua mãe, datada em 13-04-53: O principal é que o bom Deus te faça um santo e bom sacerdote.

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Quando foi professor de Língua e Literatura Brasileira e Portuguesa no Seminário Sagrado Coração de Jesus, em Corupá (SC), os alunos de Padre Augusto tinham pavor de quando ele os questionava: “mas por quê?”- sempre às afirmações dos jovens. “Eu já dizia: eu vou te perguntar isso e você responde o porquê. Se não tiver, não responda” – lembra. Para ele, essa forma era um incen-tivo para que o aluno entendesse a realidade a qual está inserida. Ele explica que as pessoas surgem com problemas, mas não enxergam qual a procedência da situação, daí a im-portância do conhecimento vindo da filosofia das causas e consequên-cias. “Isso [esse conhecimento] para a pessoa humana é fundamental. E eu provoco assim.

Dizem que eu sou polêmico, mas é por isso, porque aju-da as pessoas que querem

progredir. Agora a pessoa que se acomoda, é pavoroso pra ela”.Segundo o padre, foram e continu-am sendo muitos os porquês em sua vida, mas estes, somados à idade e à experiência, fazem surgir respostas, além de mais porquês. “E aí a gente continua esperando, perguntando, porquê atrás de porquê. Cada pe-dacinho de resposta, mais um por quê. Mas pra chegar a ter uma res-posta completa de tudo, isso a gente não vai ter. Essa inquietação é que é gostosa” – essa inquietação, segundo o Padre Augusto, é o que Padre Ze-zinho chama de ‘coração inquieto’, classificado pelo padre-jornalista como “o bom da vida”.A importância dos porquês, que o Padre Augusto tanto se preocupa, se dá pela busca de autonomia das pes-soas.

A Fé e seus porquês

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“O que fazer com uma pessoa que não sabe os seus porquês? É uma pessoa que joga para lá e para cá, como uma biruta de aeroporto que, conforme o vento, vira, pois não tem convicção” compara.Na Fé, segundo ele, é normal a busca pelas respostas e relembra o conselho dado por Pedro aos cris-tãos sobre saber as razões da sua Fé. Questionar, para o Padre, é es-clarecer e buscar os fundamentos da fé, assim com o Papa Emérito Bento XVI enfatizava: “tudo nele é funda-mentado, baseado em filosofia e teo-logia”.Uma dica do padre é a leitura de textos e artigos das pessoas que es-crevem contra a Igreja, para saber qual o pensamento do escritor em relação à Igreja, assim como o es-critor também lê o que é publicado pelas mídias católicas para saber como ela pensa e, com isso, haver o conflito de idéias e ques-tionamento, resultando no diálogo.

O exemplo dessa divergência de opiniões pôde ser visto com a renúncia de Bento XVI. Padre Au-gusto compara os interesses dos católicos com o da imprensa na-cional, a qual se preocupou em questionar se houve ou não pressão ou quem é o mais indicado para ser eleito Papa. “São coisas que para nós, do nosso lado, não achamos tão importante, mas se as pessoas pen-sam e se preocupam com isso, se torna importante. Então temos que ajudar e dar uma resposta”. Para ele, é importante saber que as duas mí-dias, nacional e católica, buscam o mesmo fim: a informação.

Padre Augusto na sua primeira Celebração Eucarística.Lê-se: Nas minhas mãos te se-guro quando na hóstia me vens! Mas, só me sinto seguro, porque nas tuas me tens.

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A Comunicação para gerar comunhão

Sobre internet, Padre Augusto reflete: “eu posso dizer que tenho 5 mil, 50 mil, 500 mil

seguidores. Mas quantos você en-contra pessoalmente? Comunicação é gente por gente! Minha comu-nicação não é com o instrumento, como o aparelho de televisão ou computador”.Para o Padre, é essencial que os co-municadores católicos não estimem a internet a ponto de desvalorizar a comunicação interpessoal. “A comu-nicação é um processo de relaciona-mento entre as pessoas para gerar comunhão. Eu sou receptor também das coisas que acontecem sem estar na internet. E são, às vezes, fatos im-portantes”.Ainda sobre os porquês, o padre afirma que os meios de comuni-cação não oferecem um tempo para que a pessoa se permita refletir e

questionar o que foi transmitido, impondo um não direito de pergun-tar, pois, explica, “quando você quer perguntar um porquê, já vem duas ou mais notícias que também des-pertam algum porquê”.A comunicação social na Igreja foi um dos objetos de estudos há 50 anos, no Concílio Ecumênico Vati-cano II, momento em que o Papa João XXIII chamou o período da Igreja de Novo Pentecostes, dando ênfase à identidade dos cristãos como membros da Igreja presentes na história e como cidadãos do mundo. No Concílio, “foi observado o problema da comunicação entre a Igreja e o mundo”, afirma o padre, que acredita que o momento possi-bilitou uma nova maneira da Igreja se comunicar com o homem mo-derno.

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“O homem moderno questiona e a gente precisa também questionar junto para ver se encontramos uma saída que seja em bem para a hu-manidade. Porque o Concílio desco-briu uma coisa importantíssima: a Igreja está a serviço do mundo. Não o mundo a serviço da Igreja” diz.Um tempo histórico que ilustra a Igreja a serviço do mundo e que o Padre Augusto gosta de lembrar foi a época da ditadura militar no Bra-sil (1964 a 1985). Segundo ele, foi o tempo que a Igreja mais evangelizou no país, pois focou na dignidade humana e deu voz aos reprimidos.

A atitude de acolhimento foi pro-vocada pela realidade que acontecia e pelas demandas da sociedade. “O discurso as Igreja era provocado pela realidade. O desrespeito à digni-dade e à liberdade da pessoa humana provocou uma reação evangeliza-dora. Aí estava a questão: estávamos atentos à realidade. Então não era a Igreja que impunha os assuntos que ela defendia. Ela via o que estava a-contecendo e vinha para responder aquilo” completa.

“O homem moderno questiona”

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preenchimento da consciência com sensações e percepções, sempre em busca do bem coletivo.Por fim, a fórmula das reflexões geradas pelos porquês, somadas ao diálogo com foco objetivo para o presente, resultam em outra pergun-ta, que resume a cena de São Paulo segurando o jornal e a Bíblia: como a Igreja atua no mundo de hoje?Padre Augusto responde à pergunta com uma advertência. “O serviço [da Igreja] é muito grande, mas pre-cisamos ter cuidado com a tentação de impor, que é grande também. A tentativa é servir, ser fiel ao Concílio e ao Evangelho. Jesus disse ‘Eu vim para servir, não para ser servido’. E no lava-pés ele disse ‘Eu lavei os pés, eu não deixo de ser o mestre, mas eu lavo os pés’, ou seja, vocês vão fazer o mesmo se quiserem ser meu dis-cípulo” finaliza.

Padre Augusto (à esquerda) recebe saudação do Pároco Monsenhor Wendwlino Hobold, com manto escuro, antes de iniciar a primeira missa, concelebrada pelo Padre Orlando Kleis, SCJ (centro). Ao lado, seus pais Serafim Franklin Pereira e Hildegardt Pereira com os irmãos Aldo e Franklin.

Além da área da comunicação, a car-reira missionária de 60 anos do pa-dre ainda conta com atuação na área Pastoral da Formação e na Pastoral Paroquial, além de ser autor de 20 títulos de livros de pastoral popular, ressaltando O Batismo, beirando os 100 mil exemplares. Quem conhece Padre Augusto, sabe que o senhor de 82 anos, mais do que detentor do primeiro título de padre com formação jornalística, é uma pessoa possuidora de amplo conhecimento do mundo, em suas diversas áreas. Crítico, assim como todo jornalista, e pronto ao auxílio, Padre Augusto dedicou sua vida ao

Eu vim para servir

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Eleito Sumo Pontífice em 28 de ou-tubro de 1958, Angelo Giuseppe Roncalli assumiu o nome de João XXIII e seu pontificado durou menos de cinco anos. Ficou recon-hecido com a imagem de bom pas-tor, sendo chamado de “o Papa da bondade”. Visitou muitas paróquias da diocese de Roma, com especial atenção nos bairros mais novos.Da tradução literal do italiano, aggi-ornamento significa atualização. Este termo foi popularizado pelo Papa João XXIII durante o Concílio Vaticano II, realizado há 50 anos. A intenção do Papa ao usar a ex-pressão era a de disseminar o desejo da Igreja Católica de se adaptar ao mundo moderno.

Disponível no site do Vaticano, o documento conciliar Sacrosanctum Concilium traduz a essência do aggi-ornamento como “fomentar a vida cristã entre os fiéis, adaptar melhor às necessidades do nosso tempo as instituições susceptíveis de mudança, promover tudo o que pode ajudar à união de todos os crentes em Cristo e fortalecer o que pode contribuir para chamar a todos ao seio da Igreja”.

Aggiornamento

Papa João XXIII. Arquivo.

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No entanto, esse aggiornamento acontece baseado nos valores e dogmas da Igreja, sem a mudança destes. São as reformas propostas no Concílio: da Liturgia e das Pas-torais, defesa da liberdade religiosa, a necessidade e importância do ecu-menismo e a defesa do apostolado dos leigos, sempre orientada com a doutrina e valores da fé católica.Para o Coordenador do Ambiente Virtual de Formação (AVF) da Ar-quidiocese de Campinas, Pedro Rigolo Filho, a comunicação era a palavra-chave no Concílio, que tinha como objetivo dialogar com o mun-do. Três anos depois, com a morte do Papa João XXIII, o sucessor Papa Pio XII publica o decreto Inter mirifica, sobre os meios de comuni-cação social.

“O documento [Inter mirifica] traz a novidade de que, pela primeira vez, a igreja se preocupa com a questão das mídias. Começa a haver da parte dos Papas um interesse em usar os meios e comunicação para também evangelizar” diz Rigolo.Em 1967, Papa Paulo VI cria o Con-selho para as Comunicações Sociais, que marca o 1º Dia Mundial das Co-municações Sociais, com a iniciativa de “chamar a atenção dos seus filhos e de todos os homens de boa vonta-de para o vasto e complexo fenôme-no dos modernos meios de comu-nicação social, como a imprensa, o cinema, o rádio e a televisão, que são uma das notas mais características da civilização moderna”, conforme escrito na primeira mensagem publi-cada para o Dia.

...“a comunicação era a palavra-chave no Concílio, que tinha como objetivo dialogar com o mundo”

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Segundo Rigolo, quem mais utilizou a comunicação foi Papa João Paulo II. “Sendo ele uma figura midiáti-ca, foi ele que tanto usou da mídia quanto usou a mídia”, e relembra a Carta Encíclica escrita pelo Papa João Paulo II, intitulada Redempto-ris Missio, a qual enfatiza a relação da Igreja com as comunicações.

A última mensagem pelo Dia Mun-dial das Comunicações Sociais foi publicada pelo Papa Emérito Bento XVI, em 24 de janeiro deste ano, dia de Festa de São Francisco de Sales, padroeiro dos Jornalistas.O documento é uma reflexão so-bre o uso da web, ágora, como era chamada pelo Papa João Paulo II. Na carta, Bento XVI diz que “a troca de informações pode trans-formar-se numa verdadeira comuni-cação, os contatos podem amadure-cer em amizade, as conexões podem facilitar a comunhão”, mostrando familiaridade com os termos especí-ficos das redes sociais.

...“a troca de informações pode transformar-se numa verdadeira comunicação”

Pedro Rigolo

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Presença marcante da Igreja nas redes sociais

Para Rigolo, na medida em que Papa João Paulo II começa a se dedicar à comunicação, a Igreja como um todo se preocupa em também usar os meios sociais, o que resultou na criação do site da Santa Sé, ação que gerou, segundo ele, “um efeito cas-

cata” mundial: todas as dioceses, in-clusive de Campinas, criam também sites próprios”.O coordenador lembra-se de um documento publicado ainda no pontificado de João Paulo II, em fe-vereiro de 2002, por John P. Foley, ex-presidente do Conselho Para as Comunicações Sociais, intitulado Igreja e Internet, escrito em três partes: Introdução, Oportunidades e Desafios e Recomendações e Con-clusão. O documento é uma reflexão sobre o uso da Internet pela Igreja e a relevância do papel da internet para a Evangelização.

“Queridos amigos, es-tou contente por estar em contacto convosco através do Twitter. Obrigado pela vossa resposta generosa. Eu vos abençoo a to-dos”. primeira mensagem postada no Twitter pelo então papa Bento XVI, em dezembro de 2012.

... “O documento é uma reflexão sobre o uso da Internet pela Igreja”

“(...) À época que vivemos oferece, neste campo, novas oportunidades à Igreja: a queda de ideologias e sistemas políticos opressivos; o aparecimento de um mundo mais unido, graças ao incremento das co-municações” Carta Encíclica sobre A Vaidade Permanente do Mandato Missionário, 7 de dezembro de 1990.

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Dez anos depois, no seu pontificado, Papa Emérito Bento XVI inaugura conta

no microblog Twitter, identificado como @pontifex.Na quarta-feira dia 12/12/2012, às 12h, com mais de 700 mil seguidores em todo o mundo, ele disse estar fe-liz por usar a ferramenta. Sua men-sagem foi traduzida para as respec-tivas contas oficiais em cada um dos sete idiomas: o espanhol, italiano, português, polonês, alemão, árabe e francês.

Em sua última publicação, com mais de 1,5 milhão de seguidores, o Papa Emérito agradeceu o amor e o apoio dos seus fiéis. A mensagem foi ao ar em 28 de fevereiro, após seu último ato público que reuniu cerca de 200 mil pessoas na Praça de São Pedro.“Obrigado pelo vosso amor e o vosso apoio! Possais viver sempre na alegria que se experimenta quando se põe Cristo no centro da vida”Com a conta suspensa durante o Conclave, às 17h do dia 13 de mar-ço, quarta-feira, um novo tweet rea-tiva o @pontifex: HABEMUS PA-PAM FRANCISCUM.

“A Internet é relevante para mui-tas atividades e programas da I-

greja – a evangelização, incluindo a reevangelização e a nova evan-

gelização, e a obra missionária tradicional ad gentes, a catequese e outros tipos de educação, notí-cias e informações, apologética, governo e administração, assim

como algumas formas de conse-lho pastoral e de direccção espi-ritual”. Do documento Igreja e

Internet. Presidente John P. Foley, Conselho Para as Comunicações

Sociais

Uso da Internet

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Por Mariana Maia

A Campanha da Fraternidade (CF 2013) chegou a sua 50ª edição. Pela segunda vez,

o jovem foi protagonista da cam-panha, o que repercutiu de ma-neira especialmente intensa nas paróquias e colégios católicos que, trabalharam uma correlação da CF com a Jornada Mundial da Ju-ventude (JMJ), que ocorrerá aqui no Brasil, em julho deste ano.No dia 24 de março, Domingo de Ramos, ocorreu à coleta da CF 2013. Metade do valor arrecada-do é repassado a CNBB Regional e Nacional, e o restante, destinado ao Fundo Diocesano de Solidarie-dade.Apesar da coleta já ter sido reali-zada, a campanha não se encer-ra, ocorrerá nos dias 17 e 19 de maio o “encontro de avaliação da CF-2013”, no seminário de Itaici (SP), com objetivo de apresentar

experiências significativas com o protagonismo da juventude abor-dadas em três contextos: Juven-tude missionária, mídias sociais e políticas públicas.Tendo como objetivo maior pro-duzir frutos durante todo o ano, com a continuidade dessa propos-ta nas comunidades e entre os católicos, especialmente os jovens que se preparam para a JMJ.

Cartaz da CF 2013

50ª edição da Campanha da Fraternidade: jovem se torna

protagonista

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De acordo com o professor de En-sino Religioso do colégio Notre Dame, Marciel de Oliveira Rocha, o lema da jornada “Ide e fazei dis-cípulos entre todas as nações (Mt 28, 19)” é um chamado de Cristo aos jovens que está interligado ao lema da campanha “Eis me aqui, envia-me! (Is 6,8)”. O lema, em sua opinião, é a resposta desses jovens. “Então eis me aqui, envia-me para jornada, para que possa-mos, nessa jornada, ser enviados novamente para fazer discípulos em todas as nações”, ressalta Mar-ciel.

Escola x IgrejaSegundo o diretor do Colégio Li-ceu Salesiano, Padre Reinaldo, foi importante vivenciar essa campa-nha junto com a comunidade edu-cativa, estimulando a formação da consciência dos jovens alunos e mostrando a importância deles à Igreja e a serviço dela.O colégio Liceu Salesiano incen-tivou seus alunos a fazerem um “projeto de vida escolar”, além de todos os dias, antes do início das aulas, o alunos participaram de um momento chamado “bom dia”, no qual é preparado acolhimento e mensagem para reflexão sobre um tema – neste período, a CF 2013.

O acolhimento sempre se encerra com uma oração.O colégio Notre Dame também trabalhou com a proposta da CF 2013 que, segundo Marciel, tor-nou-se tema gerador de ou-tras propostas no colégio. A abor-dagem foi feita nas aulas de en-sino religioso e elaborada através de subsídios que a própria cam-panha disponibilizou, entre outros materiais.

1992/2013Essa não foi a primeira vez que a campanha da fraternidade trouxe o jovem como protagonista. Em 1992, o tema da campanha era “Juventude Caminho Aberto” e o lema, “Jovem, Eu te digo, levanta-te” (Lc 7,14).

“Os jovens devem ser protagonistas dos próprios jovens. Quer testemunho mais bonito?”, ressalta o padre Reinaldo

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Marciel participou dessa campa-nha como jovem. “Naquela época, eu via a vontade da Igreja em acolher, mas também do jovem em querer ser Igreja. Hoje em dia, o jovem já se sente Igreja, mas se pergunta o que pode fazer ali den-tro”, relata Marciel.Para ele, é preciso saber traba-lhar com essa nova geração e não punir. “Estamos na geração do ‘fi-car’, de certa forma, os jovens es-tão ficando com a Igreja. Eles es-tão querendo, mas não sabem se ‘pulam’ para um relacionamento mais sério ou não. Essa campanha quer discutir isso, como é que a gente faz para que esse jovem se enam-ore pela proposta de Cristo”, comenta.

A conquistaSegundo o texto base da campanha, os jovens querem ser ativos e participantes na Igreja. E é exata-mente isso que o Pa-dre Paulo Emiliano

está inserindo em sua comunidade Sant’Ana, em Sousas. “Além dos grupos de jovens que existem, pro-curo fazer com que eles fiquem inseridos na organização e par-ticipação da liturgia. Ao mesmo tempo, tento fazer com que eles percebam que a paróquia é um todo, estando em contato também em outras áreas pastorais com as outras formas de atuar na Igreja. Eles têm espaço, eles têm até rep-resentação no conselho da comu-nidade”, conta.

Padre Paulo e os jovens da sua paróquia

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O páro-co da Paróquia de Santa Clara, Pa-dre Jonas Barbosa, também incentiva os jovens a não só participarem do grupo de jovens, mas a se en-volverem em pastorais. “Há um potencial de liderança entre a ju-ventude, a gente incentiva todas as gerações. Mas que a juventude faça aquilo que é próprio da sua fase, em conjunto com toda a co-munidade”, diz Padre Jonas.

CF 2014Com a continuidade da CF 2013, a Conferência Nacional dos Bis-pos do Brasil (CNBB) já está em preparação com o aprofunda-mento da temática da campanha da fraternidade de 2014 que terá como tema ‘Fraternidade e Tráfico Humano’ e o lema ‘É para a liber-dade que Cristo nos libertou’ (GL 5,1).De acordo com o secretário e-xecutivo da Campanha da Frater-

nidade, padre Luiz Carlos Dias, o objetivo geral é mobilizar a socie-dade através da denúncia do trá-fico humano de modo a contribuir pela errradicação desse mal. Tendo como objetivos específicos: ações de prevenção, denuncia e resgate; identificar as causas e os rostos das vitimas promovendo a solidariedade e o cuidado com elas; dentre outros.O padre ainda afirma que a es-colha do tema da CF 2014 não se deu a partir dos eventos que serão realizados, como a Copa do mun-do e as Olimpíadas, porém é um momento oportuno para expandir esse alerta, considerando que es-ses eventos são propícios para atos de exploração sexual e de tra-balho escravo, “podemos ver que a campanha chega em uma hora oportuna e aí tivemos realmente a ação de Deus”, diz. Em outubro desde ano, entre os dias 25 e 27 deverá ocorrer o ‘en-contro de formação CF 2014’, em Itaici-SP.A CNBB lançou um concurso para o hino e o cartaz da CF-2014 os interessados devem acessar aqui para obter mais informações.

Padre Jonas Barbosa

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A alegria da juventude contagia e revigora a catequese crismal

Por Mariana Maia

“Queridos jovens, vós sois os primeiros missionários no meio dos jovens da vossa idade! Ser mis-sionário pressupõe o conhecimento deste patrimônio recebido que é a fé da Igreja: é necessário conhecer aquilo em que se crê, para podê-lo anunciar”, menciona o Papa Eméri-to Bento XVI em mensagem escrita para JMJ Rio2013, no ano passado.São estes preceitos que a Paróquia Santa Edwiges, situada no Jardim Aurélio, em Campinas, prega desde meados da década de 90. Jovens que, por algum motivo, buscavam o Sacramento da Crisma,

Paróquia Santa Edwiges, em Campinas, catequiza jovens que procuram o Sacramento da Crisma através da evangelização de outros jovens

Crismandos e catequistas de 2012/2013 com o pároco da Padre Gildasico

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eram evangelizados por outros jovens que já o possuíam, que deti-nham a palavra de Jesus Cristo e ti-nham sede de anunciá-la.A ideia de jovem evangelizar jovem surgiu durante o período do Páro-co Padre Valdir Antônio Stolf na Paróquia, com o auxílio da Irmã Au-gostine. A Pastoral da Crisma sofreu algumas alterações com os anos, mas até hoje é catequizada por jovens en-

tre 16 a 25 anos que têm como mo-tivação para esse trabalho levar Deus a outros jovens.“Em um mundo que é sedento de Deus, em que jovens querem en-contrar a felicidade e não sabem como, depois de ter tido o meu en-contro com Deus, sinto essa von-tade de transmiti-Lo a outros jovens também”, relata a coordenadora da Crisma, Larissa Lourenço, 20.Os catequistas afirmam que Evange-lização praticada por eles, de jovens para jovens, é um ponto positivo na hora de cativar e inserir os crisman-dos na comunidade e na Igreja. Para Filipe Miranda, 24, catequista há quatro anos, essa Evangelização faz com que os crismando sentem que é mais possível a integração na I-greja ao ver que os catequistas tam-bém são jovens, além da linguagem ser a mesma. “Eu, como catequista, tento ser muito sincero com meus crismandos, falar de uma maneira que eles entendam, usando a lin-guagem deles que é a minha tam-bém, apesar de existir uma diferença de idade.

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É isso: tentar ser sincero, falar a ver-dade e não esconder nada”, comple-ta.“É muito bom ser evangelizada por gente com a idade próxima a minha. A gente consegue entender melhor e há uma sintonia que ajuda muito. É super animado, a gente pensa as mesmas coisas. Eu tenho mais liberdade para perguntar”, afirma a crismanda Bianca Prado, 16.Para o crismando Giovane Samazza, 16, é incrível ter catequistas com a mesma faixa etária que a dele, pois eles entendem todas suas aflições, medos, sonhos e desejos.

Ser exemplo?Para a Larissa Lourenço, os cate-quistas tomam muito cuidado no modo que se comportam tanto den-tro da Igreja como fora, pois, segun-do ela, eles são referências para os crismandos. “Nosso maior exemplo não é buscar ser perfeitos, mas mos-trar para aos crismandos que, as-sim como qualquer jovem da nossa idade, nós também podemos acertar e errar e o mais importante é mos-trar que podemos nos reerguer”, ex-plica.

“O maior desafio é a espera, porque a gente plantou uma

sementinha no jovem, a gente vem todo animado querendo,

esperando uma reação do jovem, esperando que ele se anime e nem sempre ele se anima de imediato. É a es-

pera do tempo de Deus para ver a sementinha florescer

no coração desse jovem”, argumenta a catequista La-rissa Lourenço, na foto ao

lado, no encontro da crisma 2012/2013

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O crismado Mateus Miranda, 16, re-força a questão relatando que muitas vezes quando ainda era crismando olhava para seus catequistas como parâmetro para saber o que podia ou não fazer.

Tic-TacUm dos grandes desafios desses jovens evangelizadores é o tempo. Estudo, trabalho, família, amigos, namorados, saídas... Isso faz parte da rotina de um jovem, sem falar das cobranças. O catequista há três anos Guilherme Bócoli, 24, contra-argumenta que é possível fazer tudo isso e ainda ter tempo de se dedicar à catequese crismal. “Saber adminis-trar o tempo é o segredo. Fazer tudo isso realmente é um desafio, mas na medida do possível a gente deixa de fazer alguma coisa para fazer ou-

tras, é claro que a crisma sempre é a preferência de todos os compro-missos, mas programando com an-tecedência tem como priorizar cada coisa no seu tempo sem prejudicar a outra” explica.Catequista há mais tempo na Pas-toral, Larissa Lourenço acrescenta que é preciso saber dizer sim e não e que um dos segredos é o trabalho em grupo. “É preciso se programar e avisar o grupo quando você pode estar junto e quando não vai. Isso é importante porque alguém pode suprir sua falta no encontro” com-pleta.

Um novo jeito de catequizarA implantação de jovens coordenan-do e evangelizando a Pastoral trouxe uma cara juvenil para a evangeli-zação crismal, quebrando o formato quadrado de catequese, no qual o catequista fala e o catecúmeno anota e escuta. Nos encontros são utili-zadas também ferramentas básicas como a Bíblia, a oração, o catecismo e a música, considerada pelos cate-quistas como um diferencial nos en-contros.

“Eu procuro sempre fazer as coisas certas de acordo com a minha fé, não é fácil mas a gente sempre con-

segue quando quer”, ressalta Giovana Loro

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“Não é só vir na crisma e ficar sen-tada e ouvindo os catequistas falar. Tem uma comunicação entre a gente. Aí fica mais fácil, mais legal seguir”, comenta a crismanda Da-niela Salzana, 15. Na última Jornada Mundial da Ju-ventude (JMJ) em Madri, o Papa Emérito Bento XVI lançou o Cate-cismo Jovem nomeado de YouCat, o qual os catequistas comentam que é um material muito bom que veio para auxiliar esse evangelizadores tanto na catequese quanto em suas vidas pessoais. Para Larissa, o You-cat tem o diferencial de ser em for-

mato de perguntas e respostas. “O YouCat é muito bom, ele traz ques-tionamentos que às vezes são aque-las dúvidas que a gente tem e que também o crismando questiona”, diz.Outra implantação nessa estrutura de Evangelização foi a promoção de três encontros diferentes intitulados pelos catequistas de Domingões. A ex-catequista Renata Beraldo, 35, explica que esse encontros, Dom-ingões, ocorrem em escolas e são uma forma de integração e for-mação, sempre com muita animação, música e dança.

Encontro da Crisma, sobre Maria da turma 2012/2013

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“Passamos o dia todo com os crismandos, na parte da manhã sem-pre com uma formação com um pa-lestrante e a tarde com integração” diz. Com essa estrutura, os encontro da crisma atraem muitos jovens, hoje com participação de cerca de 50 crismandos por turma, e média de 15 catequistas por ano. A solução para atender essa demanda foi a de separar os crismandos no começo do ano em grupos, no qual um casal

de catequistas intitulados de “pa-drinhos catequistas” ficaria respon-sável por cada grupo e, durante a caminhada, cada grupo se reuniria com esse casal, para criarem um vín-culo tanto com o catecúmeno quan-to com a família dele.Para Renata, a família é muito im-portante para essa caminhada e pre-cisam ganhar a confiança também dos pais. “A maior preocupação de-les [dos pais] é no retiro da Crisma, que sempre perguntavam o que a gente faria o final de semana inteiro com tantos jovens reunidos numa casa de retiros”, conta Renata Be-raldo.

“Queria aquela felicidade”, diz a crismanda Bianca Prado

“Há uma sintonia entre crismando e catequista

que ajuda muito, porque é uma catequese super animada”, diz Bianca

Prado

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A picada da abelhinhaTodos os catequistas da Paróquia foram evangelizados também por outros jovens. A mais recente é a catequista Giovana Loro, crismada em abril de 2012 e que desde en-tão participa da equipe de cate- quista. “Essa experiência é mara-vilhosa, estou podendo retribuir aquilo que eu recebi há um ano. Que é amor, alegria, dedicação e hoje eu sei o quanto um catequista dedica seu tempo para estar aqui com os crismandos”, diz.Segundo o ex-catequista Bruno Bó-coli, 29, quando um jovem é picado por essa abelhinha que é o Espírito Santo é impossível tirar a vontade de anunciar dentro de si. Um exemplo disso são os jovens crismados Ma-teus Miranda, 16, crismado em 2012 e a Mariany Delgado, 16, crismada em 2011, e que hoje ambos partici-pam da equipe do grupo teens da Paróquia. Este grupo consiste em pré-adolescentes que já receberam a Primeira Comunhão e ainda não têm idade suficiente para fazer a crisma, então se perseveram nesse grupo

para não pararem de vir na Igreja.De acordo com os dois jovens, a maior motivação que tiveram foi a de terem sido evangelizados por outros jovens. “Eu tive como e-xemplo catequistas jovens e me senti com a vontade de seguir o exemplo. E eu tento nesse grupo teen seguir o mesmo caminho dos meus ca- tequistas jovens que eu tive na crisma”, ressalta Mariany.

Guardarás Domingos SantosO dever de todo cristão de ir à Mis-sa todos os domingos muitas vezes é abalado pela diversidade que o mundo oferece. Isso demanda em-penho na tarefa de levar os jovens a frequentar, de espontânea vontade,

“O amor que os catequis-tas tem por nós, é meio difícil ver jovens que se importam com o outro e não só com eles mesmo”, diz a crismanda Juliana

Coralli

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e revelar o verdadeiro motivo desta celebração.Os jovens crismandos e crismados afirmam que ter catequistas jovens ajuda muito na hora de viver todo Domingo o Dia do Senhor. “Mi-nha frequência na missa aumentou bastante. Eu só ia porque meus pais iam, mas depois eu vi que meus catequistas também vão e eu achava isso muito legal”, conta o crismado Mateus Miranda.Para a crismanda Bianca Prado, não só sua frequência nas missas aumen-tou como também sua vontade, pois ao observar os seus catequistas fe-lizes, decidiu que queria aquela feli-cidade também e percebeu que en-contraria isso todos os domingos na missa.

As experiências daqueles que já passaramDesde o começo desse novo for-mato de Encontros na Paróquia, sempre há renovação de jovens que se dedicam ao serviço de catequizar. Essa renovação se dá por motivos variados: por causa de estudos e tra-balhos no exterior até para se casar e

constituir família.Esses jovens que hoje se tornaram adultos relembram e afirmam que essa experiência de catequizar jovens sendo jovens construiu as pessoas que se tornaram e também os com-portamentos e seus valores. “Isso tudo foi uma base para minha vida. Porque hoje como eu trato meus filhos, meus pais, meus amigos, no serviço, meu marido, as pessoas, na rua.

Turma de 2007

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Tudo vem por conta da experiên-cia que eu tive dessa vivência. Sinto muita falta disso”, relata a ex-catequista Renata Beraldo que participou dessa Evangelização em uma das primeiras turmas de 1998 até 2002.“Eu dediquei parte da minha juven-tude para a Igreja. Levei DP [dis-ciplina pendente, uma reprovação] na faculdade por faltar, porque a aula era de sábado, minha namorada que hoje é minha esposa brigava comigo tremendamente, mesmo no escritório que eu sempre traba-lhei sacrificava boa parte do tempo para fazer as coisas da Igreja, porém valeu à pena. Eu faria tudo i-gualzinho, até mais”, avalia o ex-catequista Bruno Bócoli, que parti-cipou da Evangelização de 2004 até 2009.Ambos já serviram a Deus de ou-tras maneiras e podem afirmar que nada se compara com essa alegria que exala da juventude que afeta to-talmente no jeito de servir. “A dife-rença é que como eu trabalhava com pessoas mais idosas, a animação, o ânimo e o fervor da juventude de

brincar, de dançar, de ser mais ativo não tinha mais. Eu tinha, mas não tinha como passar por que o grupo tinha menos vitalidade, a gente teve que adaptar o nosso jeito de servir”, argumenta Renata Beraldo.

10 Mandamentos do Catequista Jovem

1. Serás coerente naquilo que diz e vive2. Terás muita animação e ener-gia3. Levarás Deus aos jovens4. Abrirá mão de certos com-promissos para catequizar5. Falará a mesma linguagem que seu catecúmeno6. Usarás o catecismo jovem, a bíblia, a oração e a música ao seu favor7. Cativarás a confiança dos pais8. Anunciará a verdade da I-greja e não a sua9. Buscará forças em seu páro-co e na sua comunidade10. Farás tudo com fé, caridade e principalmente muito amor

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A confirmação da féO sacramento da crisma faz parte dos sacramentos de iniciação à vida cristã e, segundo o Padre Jonas Bar-bosa, “todos os Sacramentos são sinais visíveis da Graça de Deus e da alegria no seguimento de Jesus, contudo é pelo sacramento da Con-firmação (Crisma) que o cristão as-sume definitivamente a vontade de

‘ser com Cristo’ no mundo. Por isso damos o nome de Crisma ao sacra-mento que nos torna como Cristo (o Ungido)”.Por isso, um jovem é ungido pelo óleo do crisma porque ele se decidiu por qual fé acredita e quer seguir, ao contrário de uma criança que é ba-tizada porque os pais decidiram por ela.

Catequistas no encontro de 2012/2013 tendo um momento de animação com os crismandos

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O óleo“A unção com o óleo crismal repre-senta a alegria de participarmos da força de Jesus Cristo pela ação do Espírito Santo, assim como também expressa a oração da Consagração do Crisma, realizada na Missa dos Santos Óleos, na Quinta-Feira San-ta, onde, logo após a mistura do perfume do bálsamo e do sopro que o Bispo jorra sobre o santo óleo, ele reza”, relata Padre Jonas Barbosa.O jovem recebe este óleo na testa que de acordo com o padre é para que todos possam perceber que a partir daquele momento os jovens são convidados a exalar esse per-fume da Alegria de Jesus, que se im-pregnou através da unção e da ação do Espírito Santo de Deus.

Como se preparar para esse sacra-mento?O sacramento da crisma é a confir-mação do batismo, momento que o jovem precisa ter certeza do que ele quer. Por isso é importante que, du-rante a caminhada, se preste muita atenção na catequese, tire as dúvidas e estude o catecismo.Mas, como na letra da música colisão da cantora católica Aline Brasil, “mais que conhecer, preciso viver a verdade revelada”, é preciso frequentar a Santa Missa todos os domingos, ler a Palavra e alimentar a espiritualidade como se alimenta o nosso corpo.É de suma importância também a busca pelo sacramento da recon-ciliação antes de receber este sacra-mento.

A missão dos crismados“Os crismados e crismadas são res-ponsáveis por transmitir a alegria de Cristo aos que ainda não O conhecem, o que significa que ser crismado é ser instrumento de mis-são para a adesão ao projeto de Je-sus”.

“O Santo Crisma é o ‘óleo da alegria’, como alude a

oração”, ressalta o Padre Jonas Barbosa

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“A Igreja dos crismados é a Igreja que testemunha a alegria verdadeira que só pode vir como dom do Es-pírito”, afirma o Padre Barbosa.Este também é o papel do catequis-ta com os seus catecúmenos: trans-mitir não apenas os instruir na fé ou repassar os aprendizados sobre

a doutrina da Igreja católica. Mas transmitir a “alegria verdadeira” que é derramado sobre cada crismado.No final todos nós somos chama-dos a ser catequistas, não necessari-amente dentro da catequese, mas no nosso serviço, na escola, até mesmo dentro de casa.

Catequistas e Crismandos da turma 2012/2013 no teatro do primeiro encontro da turma da Crisma 2013/2014

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