Portuguese Tribune Feb 1

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QUINZENÁRIO INDEPENDENTE AO SERVIÇO DAS COMUNIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA 1 a Quinzena de Fevereiro de 2009 Ano XXIX - No. 1056 Modesto, California $1.50 / $40.00 Anual FESTAS NA TERCEIRA Pág 24 Sanjoaninas na California Com o intuito de con- vencer a nossa gente a visitar os Açores e a assistir as Sanjoaninas 2009, chega no dia 5 a California, uma comiti- va angrense constituida pelos seguintes elemen- tos - Miguel Costa, Pre- sidente das Sanjoaninas 2009, José Couto, da Comissáo Taurina, Lui- sa Brasil, Vereadora da Camara Municipal de Angra, Miguel Brasil e Graziela Pereira, da Comis- sáo Cultural das Sanjoaninas. (poster by plugplug) POLITICA Pág 17 Directora Reg. das Comunidades MUSICA Pág. 28 Joana Carneiro em Berkeley CULTURA Susana Goulart Costa es- creveu, Deolinda Adão organizou/coordenou, e Rosa Neves Simas traduz- iu, esta obra que devia estar em casa de todos os açoria- nos. Escrito em Português e Inglês, este livro de 380 páginas foi publicado pelo Programa de Estudos Por- tugueses da Universidade da California, Berkeley. Susana Goulart Costa é professora do Departamen- to de História, Filosofia e Ciências Sociais da Univer- sidade dos Açores. Uma obra a não perder. A História dos Açores Alzira Silva despediu-se da California [email protected] • www.portuguesetribune.com • www.tribunaportuguesa.com Tomou posse no dia 30 de Janeiro a nova Directo- ra Regional das Comunidades, do Governo Regional dos Açores. Rita Dias tem 35 anos, é natural do Faial e possui uma licenciatura em Ciência Política, com especialização em Instituições Políticas e Administração Pública, e em Relações Internacionais, pelo Instituto Superior de Matemáticas e Gestão da Universidade Lusófona. O Bispo de Fresno D. John Steinbock celebrando a Missa da Celebração dos 10 anos, coadjuvado pelo novo Padre de New Bethany, Robert Gamel Pág.32 Joana Carneiro foi nomeada Directora Musical da Orquestra Sinfónica de Berkeley, California. Esta orquestra foi fun- dada em 1969 e tem sido reconhecida como uma das melhores da California. Joana Car- neiro, nasceu em Lisboa e começou a sua carreira como violinista. Depois de cursar-se na Academia Nacional Superior de Lisboa, tirou o Mestrado em Condução de Orquestras na Northwestern University e está a doutorar-se na Michigan University . Em 2004 foi condecorada pelo Presidente da Republi- ca Portuguesa Jorge Sampaio, com a Ordem do Infan- te D. Henrique, no grau de Comendador. Alzira Silva conquistou o respeito e a admiração de todas as Comunidades Açorianas Pág. 16, 17 New Bethany 10 anos de vida a fazer o Bem

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QUINZENÁRIO INDEPENDENTE AO SERVIÇO DAS COMUNIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA

1a Quinzena de Fevereiro de 2009Ano XXIX - No. 1056 Modesto, California$1.50 / $40.00 Anual

FESTAS NA TERCEIRA Pág 24

Sanjoaninas na CaliforniaCom o intuito de con-vencer a nossa gente a visitar os Açores e a assistir as Sanjoaninas 2009, chega no dia 5 a California, uma comiti-va angrense constituida pelos seguintes elemen-tos - Miguel Costa, Pre-sidente das Sanjoaninas 2009, José Couto, da Comissáo Taurina, Lui-sa Brasil, Vereadora da Camara Municipal de

Angra, Miguel Brasil e Graziela Pereira, da Comis-sáo Cultural das Sanjoaninas. (poster by plugplug)

POLITICA Pág 17

Directora Reg. das Comunidades

MUSICA Pág. 28

Joana Carneiro em Berkeley

CULTURA

Susana Goulart Costa es-creveu, Deolinda Adão organizou/coordenou, e Rosa Neves Simas traduz-iu, esta obra que devia estar em casa de todos os açoria-nos. Escrito em Português e Inglês, este livro de 380 páginas foi publicado pelo Programa de Estudos Por-tugueses da Universidade da California, Berkeley. Susana Goulart Costa é professora do Departamen-

to de História, Filosofia e Ciências Sociais da Univer-sidade dos Açores. Uma obra a não perder.

A História dos Açores

Alzira Silva despediu-se da California

[email protected] • www.portuguesetribune.com • www.tribunaportuguesa.com

Tomou posse no dia 30 de Janeiro a nova Directo-ra Regional das Comunidades, do Governo Regional dos Açores.Rita Dias tem 35 anos, é natural do Faial e possui uma

licenciatura em Ciência Política, com especialização em Instituições Políticas e Administração Pública, e em Relações Internacionais, pelo Instituto Superior de Matemáticas e Gestão da Universidade Lusófona.

O Bispo de Fresno D. John Steinbock celebrando a Missa da Celebração dos 10 anos, coadjuvado pelo novo Padre de New Bethany, Robert Gamel Pág.32

Joana Carneiro foi nomeada Directora Musical da Orquestra Sinfónica de Berkeley, California.Esta orquestra foi fun-dada em 1969 e tem sido reconhecida como uma das melhores da California. Joana Car-neiro, nasceu em Lisboa e começou a sua carreira como violinista. Depois de cursar-se na Academia Nacional Superior de Lisboa, tirou o Mestrado em Condução de Orquestras na Northwestern University e está a doutorar-se na Michigan University.Em 2004 foi condecorada pelo Presidente da Republi-ca Portuguesa Jorge Sampaio, com a Ordem do Infan-te D. Henrique, no grau de Comendador.

Alzira Silva conquistou o respeito e a admiração de todas as Comunidades Açorianas Pág. 16, 17

New Bethany 10 anos de vida a fazer o Bem

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2 1 de Fevereiro de 2009SEGUNDA PÁGINA

Year XXIX, Number 1056, February 1, 2009

A Maratona de Obama

O dia 20 de Janeiro de 2009 ficará marcado na história, como o dia de todas as esperanças. Nunca na nossa geração, houve um dia em que o Mundo parou todo `a espera que um

homem jurasse fidelidade a uma Constituição que é a de nós todos. Mais de dois milhões presenciaram a cena e muitos ou-tros milhões viram-na e choraram, no sossego das suas casas.Obama parte para uma maratona que só terá fim quando este País voltar a ser o que era, e quando os milhões de desempregados poderem orgulhosamente levar para casa o cheque do seu suor. O Presidente Obama disse e muito bem, que o esforço tem de ser de todos, o empe-nho, o profissionalismo, a honestidade, tem de voltar ao de cima. A justiça tem de aprender de uma vez por todos de que lado é que está, e a maioria dos politicos actuais não terão futuro neste novo mundo.

Açores - Nove Ilhas, uma História, é mais do que um livro. É um repositório de tudo aquilo que nunca soube-mos acerca das nossas Ilhas. É a história de um povo que tornou um punhado de Ilhas nos sonhos das suas vidas. Vale a pena ler e mesmo obrigar os nossos filhos e netos a fazer o mesmo.Nos tempos modernos de hoje, este livro capta muitas vertentes que no passado foram deixadas ao acaso e ao esquecimento.Este é um grande exemplo como um protocolo entre a Universidade de Berkeley e a dos Açores pode produzir resultados práticos, tal como a publicação deste livro.Estamos todos de parabéns.

jose avila

EDITORIAL

Californianos na Inauguração de Obama

Familia Borges - Micahel, Steven e Diniz. Embaixo: Manuel Eduardo e Laurinda Vieira; Maria Nazaré e Henrique Escobar

Milhões viram ao vivo a maior tomada de posse his-tória na America. O mun-do entrou em delírio com este jovem Presidente, que durante dois anos condu-ziu uma campanha políti-ca nunca igualada e nunca vista na nossa terra das Americas.Calmo, inteligente, cordial, rodeou-se de um grupo de gente que sabe o que faz, que sabe criar as funda-ções necessárias para que este nosso País volte a ser o líder mundial que sempre tem sido.Bastou ver as primeiras pá-ginas de todos os jornais e revistas de todo o mundo, no dia 21 de Janeiro, para se compreender a impor-tancia que esta eleição teve em todo o mundo.“We do not have a mo-mento to spare”, disse Obama, hoje, dia 28 de Ja-neiro, depois do seu pacote económico ter passado no Congresso. É mesmo verdade. Não se pode perder nem um minu-to. O mundo espera.

Alguns amigos nossos tive-ram a oportunidade de ir a Washington. Aqui ficam para a história esses momentos.

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3COLABORAÇÃO

Tribuna da Saudade

Ferreira Moreno

P’ra quem lê habitual-mente as crónicas que vou rabiscando, não é novidade o empenho da

minha parte em citar as fontes de informação, sempre que a opor-tunidade favorece a transcrição adequada. No entanto, uma vez por outra, o diabo passa-me uma endiabrada rasteira, como acon-teceu recentemente na crónica“Combate no Alto Mar”.Ao tempo escrevi que ao navio inglês “Jonquil”, adquirido pela Empresa Insulana de Navegação, fôra atribuído o nome de “Car-valho Araújo”. A notícia é au-téntica e em conformidade com a lacónica informação fornecida por James Guill (1924-2004), que conheci em vida. Apenas falhei, despercebidamente, em apontaro nome do livro (Azores Islands, A History), o número da página (507) e o ano da edição (1933).Embora, como adiante explica-

rei, seja outra a origem do paque-te Carvalho Araújo, destinado ao transporte de passageiros e carga entre o Continente e Ilhas Atlân-ticas, tenciono transcrever, aqui e agora, os resultados das minhaspesquisas àcerca do Jonquil, que em português dir-se-ia junqui-lho.No espaço OLDSHIPS.ORG.UK está evidenciada a existência dum sloop (aviso ou corveta), de na-cionalidade inglesa com o nome Jonquil. Foi lançado ao mar emDezembro de 1915 e vendido à Marinha Portuguesa em Maio de 1920, tomando o nome de Carva-lho Araújo, e acabando por ser desmantelado em 1959. Na pági-na 118 do livro “30 Anos de Es-tado Novo”, publicado em 1957, o Carvalho Araújo encontra-se classificado na categoria de navio hidrográfico (survey ship, em in-glês).A este respeito escreveu-me o dr.

Mayone Dias: “Creio que foi com certo optimismo que a Marinha de Guerra Portuguesa o classifi-cou como cruzador. De qualquer modo, não me parece que o Jon-quil pudesse ter sido transforma-do num paquete com lotação p’ra 354 passageiros. Admitamos pois que o Jonquil nasceu e morreu como navio de guerra”.Uma outra corveta inglesa “H.M.S. Jonquil K68” foi lança-da ao mar em Setembro de 1940, vendida em Maio de 1946, rebap-tizada sucessivamente com os nomes de Lemnos e de Olympic Rider (1951), ficando perdida em Janeiro de 1955.Numa informação que me foi transmitida por José do Couto Rodrigues, (Portuguese Heritage Publications of California), o pa-quete Carvalho Araújo teria sidomandado construir em 1930 pela Empresa Insulana de Navegação nos estaleiros de Monfalcone, Itália.Não pretendo suscitar controvér-sia, mas recordo-me de ter lido algures que as máquinas, caldei-

ras e respectivas fornalhas, foram construídas em 1929 na Escócia.Escrevendo de Lisboa p’ró quin-zenário “Correio do Norte” (Capelas, S. Miguel, 15 de No-vembro, 2008), Luís Machado brindou-nos com uma apresenta-ção mais desenvolvida e autori-zada àcerca da história associada com o paquete Carvalho Araújo. Eis a transcrição:“O navio da E.I.N. que foi nomea-do de “Carvalho Araújo”, em ho-menagem ao mesmo oficial e que vem referenciado nas gravuras ilustrativas do artigo (Combateno Alto Mar), não proveio do navio inglês Jonquil. Na reali-dade, o navio Carvalho Araújo foi encomendado pela E.I.N. ao estaleiro italiano Cantieri Nava-li Triestino e lançado à água em 17 de Dezembro, 1929, chegou a Lisboa vindo do estaleiro em 19 de Março, 1930, e partiu de Lis-boa p’rà sua viagem inaugural nalinha da Madeira e Açores a 23 d’Abril do mesmo ano.Este navio manteve-se ao serviço do mesmo armador e na mesma linha até que foi desarmado em 8 de Janeiro, 1971, fazendo os portos de todas as ilhas, quando o tempo o permitia, incansavel-mente a transportar pessoas e bens, a ligar os Açores ao Con-tinente, e quebrar mensalmente o isolamento, a proporcionar ofestejado dia de São Vapor.Na fase final da sua longa vida, ainda fez diversas viagens a trans-portar tropas p’rà Guiné, quando as linhas aéreas já o tinham feito dispensável. De 1971 a 1973 per-

maneceu desarmado e atracado em Lisboa, sem préstimo. Em 1972 mudaram-lhe o nome p’ra Marcéu, porque o armador ad-quiriu um cargueiro a que quisatribuir a honra de homena-gear Carvalho Araújo. A 20 d’Outubro, 1973, saiu de Lisboa, a reboque, p’ra ir morrer em Es-panha (Aviles), desmantelado por um sucateiro espanhol”.Confesso que não consegui en-contrar em parte alguma a cópia do livro “Paquetes Portugueses” de Luís Miguel Correia. Igual-mente, quer na colectânea perten-cente à biblioteca da U.P.E.C. em San Leandro, quer entre os núme-ros avulsos de que disponho, não encontrei o referido exemplar da revista “Atlântida” com o artigo “A Insulana e a sua frota”.A fechar, só me resta registar um reconhecido e entusiástico obrigado ao Luís Machado, não só pela gentileza que dispensou à leitura da minha crónica, mas sobretudo pelo cuidado que em-pregou em arrecadar tantas e tão preciosas informações a respeito das origens e dos tempos do pa-quete Carvalho Araújo.

Quando eu era barco novo,Ganhava muito dinheiro;Agora que já sou velho,Estou posto no estaleiro.

Eu nasci no alto marE nele fui embalado;Com um beijo duma vagaLogo fiquei baptizado.

A bordo do Carvalho Araujo

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4 1 de Fevereiro de 2009COLABORAÇÃO

Da Música e dos Sons

Nelson Ponta-Garç[email protected]

Revelação vandalizada pela América onde nasci e onde te-nho muito que agradecer.Não podia ter vindo em melhor altura. Na verdade, nos dias que correm, um jovem nascido nos Estados Unidos e

educado em Portugal debate-se com paradigmas únicos para deci-frar. Este prémio, se o posso chamar assim, trás um conforto especial àquelas alturas que nos sentimos “encostados à parede”, debatendo se isto e aquilo faz sentido no nosso trabalho e dedicação. O Tribuna Portuguesa, na coluna do Miguel Ávila (fruto de um individuo que seria um pai ou avô de eleição, se escolhêssemos família), permite-me partilhar com os leitores a minha paixão pela música, e o facto de considerar a minha pessoa como uma personalidade relevante na Comunidade Portuguesa da Califórnia é, para mim, um privilégio. Apresento hoje aqui um artigo que foge ao propósito da coluna mas, depois de um ano a escrever no Tribuna, sinto que o Jose Ávila, e os nossos leitores me permitem este desabafo.Em 2009, Nelson Ponta-Garça ou se integra no comodismo que a comunidade já vive há anos, ou se revoluciona, reflecte e afasta-se como muitos. Ter paciência também faz parte da solução, mas quan-do se tem 28 anos, paciência não é palavra de ordem!Por amor de Deus, inspirem-me Oh grandes Portugueses, Oh Pátria Lusitana em terras Americanas.Não tenho por hábito usar esta coluna “Dos Sons e da Música” como diário, mas desta vez gostaria de utilizá-la para partilhar o que sinto, e também porque sei que também só a lê quem quer! De uma coisa sou humildemente orgulhoso, de uma capacidade que a gentes e a Ilha me transmitiu de viver e agir, e que é comum a muitos outros Açorianos; Se numa quinta-feira à noite me comporto como um Jovem músico a tocar Rock Alternativo, no meio de ame-ricanos, em San Francisco, e até altas horas, no outro dia também me integro como professor de música numa escola católica, a ensinar às crianças as primeiras notas musicais, a cantarem cantos gregorianos para Jesus, e a editar o Califórnia Contacto a seguir. Por vezes acabo o dia numa complexidade de experiências assustadora.No meio de tudo isto, imensa gente tenho conhecido! É difícil de as-similar, mas ainda bem, porque boa gente faz falta! E sempre gostei da diversidade das pessoas, das conversas e das culturas, assim é que se vai aprendendo e crescendo.Converso com intelectuais, sejam escritores, pintores ou professo-res, da mesma forma que a seguir tomo um café e dois dedos de conversa com os habituais sabedores de bola, filarmónicas e com as nossas associações comunitárias. Na verdade, tenho a mesma difi-culdade em compreender as pessoas que não expandem para além da comunidade como aquelas que a ignoram completamente.Em geral encontram-me em conversa com amigos que têm idade de serem meus pais ou avós, e gosto disso desde criança; a grande maioria dos meus bons amigos são muito mais “crescidos” do que eu, o que me deu oportunidade de aprender muito e de me tornar adulto rapidamente. Mas claro que também me junto com rapaziada da minha idade e fazemos das nossas! Por vezes sinto falta de uma boa conversa na língua de Camões, e com alguém da minha idade, mas aqui é difícil! Chamo para Por-tugal para matar as saudades. Saudade, pois, significa sempre algo diferente para cada geração. Já não é das sopas de leite ou das sopas do espírito santo.Estou eternamente agradecido a grandes indivíduos que me guiaram e me abriram portas à rede de contactos da comunidade Portuguesa na Califórnia. Eu ando cá há poucos anos, e como todos, o meu ob-jectivo é divulgar a comunidade e contribuir para o seu crescimento, portanto, evitem burocracias no processo por favor. Agradece-se! Um Bem-haja a todos e que não nos falte inspiração para continuar a divulgar e a espalhar o nosso orgulho luso-americano.If “You smile like you mean it” you must be doing something right.Let’s all smile like we mean it at least once before we go!

Traços do Quotidiano

Margarida da [email protected]

Costumam dizer que não se conhece um livro pela capa, mas sim, pelo seu conteúdo. Foi

o que me sucedeu ao ler “O PRO-FETA” do grande escritor, poeta e pensador Khalil Gibran. Trata-se de um pequeno volume mas tão interessante e fascinante que me deixou deveras impressiona-da e me fez ponderar sobre a ra-zão de viver. Khalil Gibran nasceu no Líbano, a 6 de Dezembro de 1883. Emi-grou com a sua família para os Estados Unidos mas regressou a Beirute em 1896 para estudar na Escola da Sabedoria onde des-cobriu a sua vocação pelas artes, especialmente, o desenho e a pin-tura.Em 1901 foi estudar pintura para Paris. Dois anos mais tarde es-creve “Espíritos Rebeldes”, que foi queimado na praça pública de Beirute e Gibran foi excomunga-do pela Igreja Católica Maronita a que pertencia.Em 1910 regressa definitivamente aos Estados Unidos, instalando-se em New York onde veio a fale-cer no dia 10 de Abril de 1931. “O PROFETA”, que é considerado a sua obra-prima, foi publicado em 1923.Fico muito grata à minha particu-lar amiga Luisa Raposo, amante das letras e dedicada professora da Escola Primária Bahia Vista, em San Rafael, por ter recomen-dado este maravilhoso tesouro li-terário do qual passo a transcre-ver alguns excertos para o apreço e reflexão dos estimados leitores.

O AMOR“O Amor alimenta-se a si próprio. O Amor não possui nem quer ser possuído. Porque o Amor bas-ta ao Amor. Não podeis guiar o curso do amor, porque o amor, se vos escolher, marcará ele a vossa estrada. O Amor não tem outro desejo senão o de existir e cres-cer. Mas se tiverdes desejos de-verão ser estes: Ser um regato de água corrente a cantar a sua me-lodia à noite; conhecer a dor da excessiva ternura; ser ferido pela própria inteligência do amor e sangrar feliz; acordar de manhã com o coração cheio e agradecer outro dia de amor; descansar ao meio-dia e meditar no êxtase que

vos dá o amor: voltar a casa ao crepúsculo com gratidão e ador-mecer tendo no coração uma pre-ce pelo bem amado.”

O CASAMENTO“Nascestes juntos e juntos fica-reis para sempre, até quando as asas brancas da morte dispersa-rem os vossos dias. Sim. Sempre juntos até na silenciosa memória de Deus. Mas que haja espaço na vossa comunhão e que os ventos do céu dancem no meio de vós.Amai-vos um ao outro, mas não façais do amor uma obrigação, mas antes um mar vivo entre as praias das vossas almas. En-chei cada um o copo do outro, mas não bebais por um só copo. Partilhar o pão mas não comer

a mesma fatia. Cantai e dançai juntos. Partilhai a alegria mas que permaneça cada um sozinho, como estão sozinhas as cordas do alaúde enquanto nelas vibra a mesma harmonia. Dai os vos-sos corações mas não o deixai à guarda um do outro. Porque só a mão da Vida os pode guardar. Permanecer sempre juntos, mas nunca demasiado próximos: por-que os pilares do templo elevam-se distanciados e o carvalho e o cipreste não crescem à sombra um do outro.”

AS CRIANÇAS“Os vossos filhos não são vossos. Pertencem à Vida. Vem por vos-so meio mas não de vós, e apesar de estarem convosco não vos per-tencem.Podeis dar-lhes o vosso amor, mas não os vossos pensamentos porque eles têm os seus.Podeis acolher os seus corpos mas não as suas almas, porque elas habitam já num futuro que vós não podeis visitar nem em sonhos. Podeis esforçar-vos por ser como eles: mas não tentar

fazê-los como vós, porque a Vida não para trás, nem se detem no Presente.Sois os arcos, e os vossos filhos as setas vivas projectadas no fu-turo. O Arqueiro vê o alvo no caminho do infinito e retêm-vos com o seu poder para que as setas possam voar para longe. Que a vossa tensão na mão do Arquei-ro seja de alegria. Porque assim como Ele gosta da seta que voa, também gosta do arco que fica.”

A AMIZADEO vosso amigo é a resposta às vossas necessidades. É o vosso campo semeado com dedicação e amor. É a vossa mesa e a vossa casa, porque recorreis a ele para saciar a vossa fome e para vos re-colher na paz da sua amizade.Quando o vosso amigo revela o seu pensamento, não temais o não do vosso próprio espírito, nem re-cuseis o sim. E quando ele estiver silencioso escutai com o coração o que ele diz. Porque na amiza-de todos os pensamentos, todos os desejos, todos os sonhos nas-cem sem palavras e partilham-se numa alegria de silêncio;E quando tiverdes que vos sepa-rar do vosso amigo não vos pre-ocupeis porque aquilo que mais amais nele fica ainda mais claro na sua ausência, como para o al-pinista para quem a montanha é muito mais nítida quando a olha da planície.É que não há outro fim na ami-zade a não ser o aprofundamento do espírito. Como o amor que busca algo mais além da revela-ção so seu próprio mistério, não é amor, mas uma rede atirada onde apenas o inútil fica preso, é que o melhor de vós deve ser oferecido ao amigo. Se ele tem de conhe-cer o refluxo da vossa maré, que conheça também o fluxo. Pois, para que servirá o amigo se o procurais apenas para matar o vosso tempo? Buscai-o antes nas horas vivas, porque ele está ali para resolver a vossa necessida-de de consolo e não para encher o vosso vazio. E que na doçura da vossa amizade exista também o riso e os prazeres partilhados. Porque no orvalho das pequenas coisas é que o coração encontra a sua manhã e a sua frescura.”

O ProfetaPersonalidade do Ano

Luso-American Life Insurance Society

Director of SalesThe Luso-American Life Insurance Society is accepting resumes for the position of Director of Sales to direct full time and part time salesagents in California, Idaho and Nevada.Position would include recruit new agents, train and motivate agents, hold Agents weekly meetings, assist on presidents receptions, etc.

Please submit your resume to the attention of

Vice-President/Secretary Joseph Resendes. For questions please call the Society at(925) 828-4884. Resumes will be accepted until February 25th.

Luso-American Life Insurance Society 7080 Donlon Way suite 200 Dublin, CA 94568

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5COLABORAÇÃO

Muito Bons Somos Nós

Joel [email protected]

Crescei e multiplicai-vos

Para mim, é questão do domínio da matemática. Dizem as minhas ami-gas trintonas e sozinhas,

cujo número parece crescer ine-xoravelmente de ano para ano, que os homens são “muito mais tentáveis” (sic) do que as mulhe-res. Falam, naturalmente, de fide-lidade conjugal – e sobretudo da falta dela. No essencial, querem elas dizer, as mulheres são regra geral fiéis e as homens regra ge-ral uns bananas excitáveis que não podem ver rabo de saia sem irem cheirar-lhe o género – e, assim lhes dê a fêmea o mínimo sinal de condescendência, jamais conseguem reprimir o impulso de porem-se de pé sobre as patas tra-seiras e imitarem os cãezinhos da rua. É por isso, deixam implícito, que estão sozinhas: porque eles são “mais tentáveis” e porque elas não estão aí para tipos capazes de bater em retirada à primeira ten-tação – ou, pior ainda, de andar o dia inteiro a tombar em tentação em tentação, regressando à noite a casa com a roupa impregnada ainda dos cheiros putrefactos do seu crime animal.Questão matemática pura e sim-ples. Se o ratio mundial entre as populações masculina e feminina é de 105, havendo portanto 1,05 homens para cada mulher, o fac-to de eu encontrar cada vez mais mulheres trintonas sozinhas só pode querer dizer uma de duas coisas: ou há cada vez mais tipos de trinta anos a jogar PlayStation

com os amigos durante as longas noites de sábado, deixando as ra-parigas sem saberem muito bem onde param os rapazes, ou então há cada vez mais mulheres a re-produzirem o modelo da tribos índias do Pará, avocando marido sobre marido ao sabor da sua pró-pria voracidade – e, naturalmen-te, do bananismo excitável destes novos cãezinhos urbanos, a que a confusão entre as imposições do progresso e os apelos biológicos lança inapelavelmente no confor-to inerte da animalidade. A mi-nha explicação, já aqui o disse é a primeira: há demasiadas PlaySta-tions neste mundo. A delas, como é natural, é a segunda: há aí umas quantas galdérias a lançar o caos – e o resto, inevitavelmente, são trintonas sozinhas. Bem vistas as coisas, as ditas “galdérias” são o X da equação. E nem chegam a ser propriamente uma incógnita: são duas ou três, quando muito meia dúzia – fossem muitas e a classe das trintonas sozinhas não engrossaria ao ritmo a que parece engrossar.

Perda de tempo, todo o exercício. A vida já é um buraco de agulha tão estreitinho, e as suas

obrigações camelos tão gordos e abastecidos, que passar três quar-tos do ano a magicar numa distin-ção maniqueísta entre mulheres decentes e galdérias perniciosas, entre cãezinhos de rua e prínci-pes encantados, é matemática tão intrincada como a dos fanatismos

religiosos, políticos ou mesmo clubísticos: passamos uma vida inteira a identificar bons e maus – e, quando finalmente percebe-mos a soma zero do problema, já estamos com a pele encarquilha-da e a tomar comprimidos para a tensão arterial. Mas não deixa de ser curioso o princípio por detrás de todo o raciocínio. Segundo as minhas amigas trintonas, as mulheres incertas são as más da fita e os homens os seus bobos de corte. Ora, para alguém que cresceu nos Açores dos anos 80, a anos-luz de uma revolução se-xual de que apenas se ouvia falar nas canções do “Topdisco”, éra-mos nós os predadores, as mulhe-res em geral as presas – e as ditas “galdérias” apenas uma bênção vinda dos céus. Vai-se a ver e, afinal, somos nós, os cãezinhos da rua, as verdadeiras vítimas – e as libertinas, saltando de cama em cama, incapazes de se ligarem emocionalmente a quem quer que seja, levando pancada de um e es-perando interminavelmente por um telefonema de outro, as vilãs. Há algo de remissor nisto.Como mudam, com a idade, es-tes jantares de Verão. Fazem-me lembrar o “Frágil”, do Jorge Pal-ma: elas dando-se com toda a gente e não se dando a ninguém – e eu ali já tão pouco ágil, ain-da por cima sabendo-me agora tão mal este uísque de malte. Em

todo o caso, deixo-vos aqui o meu solene pedido: façam-me um sinal qualquer se me virem falar de mais – eu às vezes embarco em conversas banais. Como por exemplo esta de passar uma noite de sábado a debater demografia com trintonas simpáticas para quem o príncipe encantado é um homem sem curiosidade – e não

um homem que, tendo-a, a traz já satisfeita. Sinceramente, quem nos disse que havia sexualidade livre bem nos enganou. Aparen-temente, somos todos vítimas – e o mais que podemos fazer, hoje em dia, é rezar pela sobrevivên-cia da espécie.

“Eu às vezes embarco em conversas banais. Como por exemplo esta de passar uma noite de sábado a debater demografia com trintonas simpá-ticas para quem o príncipe encantado é um homem sem curiosidade – e não um homem que, tendo-a, a traz já satisfeita.”

A escola secundária San Jose High Academy, deseja infor-mar todos os interessados de que tem à disposição dos seus alunos um programa completo de Português, como já acontece há 35 anos.

O programa inclui as seguintes aulas:

Português 1-2 (primeiro ano)Português 3-4 (segundo ano)Português 5-6 (terceiro ano)Português 7-8 (quarto ano)

Além desses níveis, SJHA tam-bém proporciona aos seus alunos as seguintes aulas de Bacharelato Internacional (IB) em português durante os dois últimos anos da escola:

Nível Médio (Português SL)Nível Superior (Português HL)

O Bacharelato Internacional é um programa de enorme prestígio in-ternacional, reconhecido oficial-mente por mais de uma centena de países, incluindo os países lusófonos. Esse programa ofere-ce também vantagens aos alunos que se candidatam à admissão a universidades americanas, não só porque podem receber crédito universitário através do IB, como também porque muitas dessas

universidades dão atenção espe-cial aos alunos desse programa, devido ao rigor da sua prepara-ção académica.

O programa de Português de San Jose High Academy também in-clui o Clube Português, conside-rado o mais activo da escola. Esse clube, entre várias actividades socio-culturais, promove há doze anos um jantar anual dos finalis-tas (este ano a 15 de Maio) que angaria fundos para bolsas de es-tudo, e tem um grupo folclórico com cada vez mais participantes.

Qualquer interessado em ins-crever jovens do 9o ao 12o anos escolares em San Jose High Aca-demy, pode contactar (em portu-guês ou inglês) a coordenadora do programa IB, a Sra. Nancy Pereira, através do número de te-lefone (408) 535-6320. Para qual-quer informação específica sobre o programa de Português, é favor contactar o professor José Luis da Silva pelo mesmo número de telefone, ou utilizando o e-mail ([email protected]).

Os alunos que não residam na área de San Jose Unified School District podem pedir uma transfe-rência ao distrito em que residem. Esse processo, conhecido em in-glês como interdistrict transfer, é

normalmente fácil. Mesmo o dis-trito Eastside, que anteriormente negava essas transferências, tem vindo a aceitá-las ultimamente. Como San Jose High Academy é a única escola secundária na Área da Baía que oferece um programa de Português, os outros distritos devem deixar os alunos transferi-rem-se para onde possam estudar o idioma que desejam. Se o dis-trito onde moram recusar a trans-ferência, é importante apelar essa decisão e insistir no facto de que esse distrito não oferece um pro-grama de Português.

San Jose High Academy tem tido um número considerável de alu-nos que se transferiram de ou-tros distritos em São José, Santa Clara, Milpitas e Fremont. SJHA proporciona a todos os seus alu-nos um programa grátis (como todas as escolas públicas), in-cluindo um programa completo em Português.

A comunidade portuguesa tem ao seu dispor em SJHA um pro-grama de Português bem estru-turado, sólido, com largas provas dadas ao longo de várias déca-das. Presentemente, o programa oferece 5 turmas de Português, incluindo duas aulas de primeiro ano, o número mais alto de sem-pre. Aproveitem este programa

Aulas de Português em San Jose Highe dêem aos seus filhos a oportu-nidade de estudar a nossa língua e cultura e de se desenvolverem academicamente num programa

de prestígio reconhecido interna-cionalmente pelas melhores uni-versidades.

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6 1 de Fevereiro de 2009COMUNIDADE

Daniel de Sá falou sobre a

Graciosa no seu livro Açores,

publicado pela editora Everest

Não é uma miniatura de ilha, mas é quase. Com a beleza e a graça das miniaturas bem feitas. Provavelmente por isso a chamaram Graciosa. Mas há quem pense que o seu baptismo foi em honra da Virgem, a cheia de Graça. Qualquer que seja a verdade, merece o nome.Apesar de os vulcões se terem apagado há tanto tempo que a sua obra está com certeza completa, há ainda lembranças deles, como as cinzas de uma fogueira, nas fumarolas da baía dos Homiziados e na Furna do Enxofre – onde é possível um temeroso vislumbre das entranhas da Terra – ou nas termas do Carapacho, cujas águas curam doenças do corpo e talvez do espírito.São sessenta quilómetros quadrados de serras pouco mais altas que colinas e de pequenas planícies que sempre bastaram para alimentar os seus habitantes, que já foram quase dez mil na década de 1950 e, agora, são menos de cinco mil. (A atracção das sereias da fortuna... Pensando bem, no entanto, talvez houvesse sido melhor para muitos terem-se feito amarrar às suas pedras brancas, como Ulisses ao mastro do seu navio.) Gente que aprecia os prazeres da vida, seja nas longas, breves noites dos bailes de Carnaval, seja no entusiasmo ocasional de uma tourada ou em algum concerto público ou num recital familiar. (Aí por meados do século XX havia na Graciosa um piano por cada cinquenta habitantes.) Gente que não sente a ilha como solidão, que é sentimento que só de fora se pode julgar que existe. Por isso o seu poeta Victor Rui Dores escreveu: “Ilhéu prisioneiro em Lisboa/ fiz-me ao Tejo e rumei às ilhas/ - para o lado de lá de tudo isso.”

Coisas & LoisasSaúde a quanto obrigas - se um Presidente da Republica pode dedicar uma hora a tratar a sua saude fisica; se o Bispo de Fresno, pode jogar golfe todos os dias para manter o seu bem estar, então porque é que nós todos não fazemos o mesmo? Estas duas importantes figuras da nossa sociedade deveriam ser farois para todos nós.

Promessa para ser cumprida - A nova Directora Regional das Comunidades, Rita Dias, prometeu publicamente avisar atempadamente das suas viagens a California. As vezes parece que os açorianos não sabem que a California é cinco vezes maior que Portugal Continental. Alguns ainda pensam que todos vivemos ao pé da Rua da Sé.

O Carnaval tem temáticas diferentes este ano - segundo fomos informados alguns grupos carnavalescos tem temas que nunca foram trazidos em bailhinhos na California. Carnaval é mesmo isso - inovação, criatividade, humor, sensibilidade. Não percam o melhor teatro do mundo.

Artistas lançam DVDs - RamanaVieira lançou “Lágrimas de Rai-nha”, 12 fados, 10 em português e dois em Inglês. Em Dezembro, Otilia de Jesus, residente em Ontario, Canadá, lançou um DVD com 8 Canções de Natal, que podem ser ouvidas todo o ano. Parabéns a ambas.

Chamada de Ilha Branca, tem 60.84 km2, numa forma oval, com um comprimento de 10 km (6.2 milhas) e de largura 7 km (4.3 mi-lhas). A Ilha é dominada pela Cal-deira que tem um diametro de 1.6 km (0.9 milhas). A Furna do En-

xofre é considerada uma das mara-vilhas do mundo. A Graciosa tem 4,780 habitantes e foi descoberta em 1450. O seu primeiro povoador veio de Montemor-o-Velho e cha-mava-se Vasco Gil Sodré.Façam-lhe uma visita.

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7COLABORAÇÃO

Rasgos d’Alma

Luciano [email protected]

Aplauso Universal

Janeiro foi um mês especta-cular! Imagens insólitas, emoções vibrantes, invidu-os carismáticos brindaram-

nos em grande com o melhor do seu melhor.

Terca Feira - dia 20. Está um dia lindo.Até o Inverno se rende.O momento é histórico.A America delira em festa.Os olhos do mundo viram-se para Washington e o aplauso é universal.Dois milhões de almas aglomera-das no coração da cidade capital entoam em coro OBAMA – um nome que soa bem.As suas palavras soaram ainda melhor.Ninguem o nega: o novo presi-dente é um brilhante orador. Este grandioso pais, no entanto, espera ansiosamente que ele pos-sa sobretudo vir a ser um brilhan-te presidente – um lider capaz e corajoso – que inspire esperança mas lidere com confiança porque o momento é de profunda crise.

Quinta Feira – dia 15.A crise desenha-se feia e fatal so-bre os tensos ares de New York. Um distraido bando de gansos voadores acaba de se suicidar em massa nos motores dum Airbus

A320 com cento cinquenta e cin-co passageiros a bordo.A reação tem de ser pronta. Não há margem para erro. Um movi-mento em falso, uma hesitação precoce, um surto de pânico e tudo se pode drasticamente ir por água abaixo.Lider nato, piloto confiante, qua-se a completar três decadas de exemplar serviço na aviação co-mercial e militar norteamericana, Chesley Sullenberger – “Sully” – como é afetivamente conhecido entre familiares e amigos – con-sumado capitão de bordo – é o homem certo no momento exato para enfrentar aquela súbita crise com o profissionalismo e a deter-minação que se exige.A decisão de encaminhar o ava-riado avião a cento e tal milhas à hora para as águas frigidas do Hudson River é absolutamente fenomenal e a manobra impe-cável duma amaragem perfeita àquela estonteante velocidade dá a toda a gente a bordo a magnifi-ca oportunidade de salvar a sua vida quando, por um triz, tudo se poderia dramáticamente ter afun-dado.Enquanto decorre a operação de salvamento, onde um bébé de me-ses e uma velhota de oitenta e cin-co anos tambem sobrevivem para nos contarem mais tarde como

foi, com os passageiros alinhados nas asas do avião a flutuar no rio – Sully – imperturbável, percorre por duas vezes os corredores do seu naufragado veiculo para se certificar de ser ele próprio o ulti-mo a abandonar o “palco” molha-do daquele espantoso drama com fim feliz, a merecer de todos nós o mais vigoroso aplauso.

Terca Feira – dia 13.Aplaudido mas tambem apupa-do, com jeitos de peneirento ou ares de arrogante mas indiscuti-velmente talentoso e espetacular naquilo que melhor faz: jogar fu-tebol, Cristiano Ronaldo é meri-toriamente coroado o Melhor do Mundo para delirio dos adeptos que o adoram e de todos aqueles portugueses que se orgulham de tamanha honra.Franzino, magricelas, traquinas mas altamente ambicioso, o ir-reverente puto da Madeira de-sembarcara em Lisboa aos doze anos de idade com uma vontade inquebrável de chegar ao topo e tem agora o mundo da bola a seus pés.Com o cobiçado trofeu nas mãos, após um caloroso abraço do “rei” Pelé, Ronaldo faz questão de re-alçar a familia como razão forte do seu imenso sucesso.Embora sem conseguir disfarçar

por completo a verdura própria dos seus vinte e três anos, o nosso “menino d’oiro”, apesar de tão al-tos vôos, parece começar a ter os pés assentes no chão e a cabeça no seu lugar.Não é facil lidar com a pressão continua de estar no topo e per-sistir em ser o melhor neste bu-liçoso mundo de grandes desafios e eternas exigên-cias.

Sábado – dia 3.Em conversa in-formal com mais dois ou três dos nossos imigra-dos ilhéus, ouvimos com algu-ma curiosidade a opinião forte e apaixonada dum filho saudoso da sua ditosa “Pérola do Atlântico”:“Não só temos o melhor joga-dor, o Cristiano, mas tambem o melhor presidente do mundo. O único, que podia endireitar Por-tugal e se viesse cá tambem de certeza endireitava a America, é

o Alberto João Jardim.”“Em que mundo é que tu vives?” Pergunta-lhe de imediato outro imigrante doutra ilha e doutro pensar.A resposta – “vivo e viverei no mundo em que sempre vivi.” – porventura a melhor do seu me-lhor – diz tudo mas não adianta nada.(Adiantá-lo-ei em breve.)

Catarina Freitas900 H Street, Suite GModesto, CA 95354Phone: 209.338.5500Cell: 209.985.6476Fax: [email protected]

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8 1 de Fevereiro de 2009COLABORAÇÃO

Comunidades do Sul

Fernando Dutra

Não sou caçador de saudades nem de saudosismos, mas – vá-se lá saber porquê

– continuo a remexer os arquivos da minha adolescência tercei-rense.Desta vez tenho 18 anos e entre-go-me ao tumulto dos prazeres e ao tropel das paixões… Noite fria. Uma cortina de chuva desaba sobre Angra do Hero-ísmo.Sinto uma indescritível sensação de bem-estar. Estou no Ginásio do Liceu de Angra, em pleno bai-le de finalistas. Dei um jeito ao cabelo, vesti um fatinho à manei-ra e uma blusa de gola alta, calcei sapatos pretos de tacão alto.Respiro este ambiente festivo. Comigo estão dezenas de estu-dantes, tudo malta generosa e irmanada em sólida amizade. Para nós, que desconhecemos as turmas mistas, os bailes do Liceu funcionam como forma de procurar novas amizades e cumplicidades, novas emoções e sensações… Sim, buscamos, na dança, amores e arrebatamentos, momentos de esperança e de ter-nura…Olho em redor e sinto um bafo de ar quente na cara. Vejo um mar de gente e oiço risos e conversas e confusão de copos e bandejas. Na pista, magotes de jovens rodo-piam, unidos em corpo e alma, ao som da música do conjunto “Os Bárbaros”, que esta noite abri-lhanta o baile.O sistema operativo de luzes, montado no topo do Ginásio, funciona de acordo com a música tocada, para criar ambientes pro-pícios: nos “yé-yés”, luz intensa; nos “slows”, luz amortecida…Temos casa cheia, muita alegria, boa disposição, fumo e cerveja-me… A música reforça os laços da amizade. Mas o reitor anda de olho nalguns estudantes a quem chama de “cambada de comunis-tas”… Ainda a semana passada houve, ali no palco, uma récita – simbiose de teatro e música, à mistura com caricaturas e imita-ções dos professores mais emble-máticos – e o reitor foi especial-mente visado pelo L.F.D.A luz diminui de intensidade e o Ginásio enche-se, agora, com os acordes do “Samba Pa Ti”, de Santana, que é sempre um dos “slows” mais ansiosamente aguardados por nós. Segue-se uma inusitada correria para ver quem chega primeiro às rapari-

Os bailes do Liceu gas com quem queremos dançar. Elas, sentadas às mesas, esbo-çando sorrisos de suave compla-cência, aguardam, envaidecidas, os seus pretendentes. Vou tirar a M.A., já que a M.T., sorriso ras-gado, corpo elegante, seios es-plêndidos, morena e muito bela, me deu feia “tampa” num “slow” anterior – não estou para passar vergonhas… Escolhidos os pares, os mais afoi-tos procuram logo o centro da pis-ta. Os menos aventureiros ficam em primeiro plano e expõem-se à coscuvilhice… Paira por cima das nossas cabeças o olhar severo e vigilante de pais, mães e outros adultos que estão ali a “bispar” tudo: ousadias, atrevimentos e outras poucas vergonhas…Mas só quem está no meio da pis-ta a dançar é que sabe o que lá se passa.

Em gestos lentos e lindos, os pares entrelaçam-se em profundo abraço. Há as meninas que se

deixam apertar e as que mantêm as distâncias. (Algumas chegam mesmo a espetar os cotovelos contra nós…). Há as que “dão roço” e as que dão bofetadas… É preciso conhecer a caça… (Sim, porque naquele tempo competia ao macho ser predador e tomar a iniciativa…).A dança prossegue. O meu par tem um sorriso tímido, cheira a “Bien Être” e pousa a cabeça no meu ombro. Sinto-me um verda-deiro Alain Delon… Circumnavego o olhar. Vejo cor-pos unidos, sensuais e sincroniza-dos. Há pares de namorados que se olham, ávidos, ao alcance da respiração um do outro. Outros, mais discretos, deixam-se levar pela música e até se dão ao luxo de conversar enquanto dançam… Os menos jovens evoluem com ar de compungida gravidade. E há os que dançam, enfastiados, a olhar para os outros pares… Mas é no centro da pista onde as emoções estão literalmente ao rubro….… Há mãos subreptícias que aca-riciam, em meneios circulares, cabelos e nádegas…… Há corpos que ondulam gemi-dinhos de prazer… … Há olhos humedecidos que fa-íscam a expressão do desejo…… Há lábios trémulos e quentes e narinas dilatadas de lascívia…… O A. mordisca ostensivamente o lóbulo da orelha esquerda da F., em cuja face se lê a plácida ex-

pressão de um sossego feliz…… A M.A. e o M.C., de olhos fe-chados e pálpebras cerradas, bei-jam-se de forma enternecida… … O B. é apanhado em flagrante a mordiscar o pescoço da N….… O suor ensombra o rosto do P., que está cada vez mais gordo…… Há no olhar da I. uma ponti-nha de ciúme, pois o R.R. está a dançar com a S….… Arfam os seios do meu par, subindo e descendo como o mo-vimento das ondas do mar…… E há olhares perdidos, segre-dinhos doces, estremecimentos meigos, leves suspiros, requebros subtis, bocas entreabertas e insi-nuantes, beijos de fugida…Há quem não dance e fique, fora da pista, de cerveja na mão a olhar os outros. Bebem para es-quecer o lado frustrante do quo-tidiano, para exorcizar recalca-mentos, frustrações e desilusões. É o caso do José Berto, músico boémio e filósofo da noite que, resmungando queixas, continua a querer ultrapassar o real e tocar o infinito.Nós, estudantes liceais, estamos ali a sublimar as nossas paixões. Entre a realidade da vida e a utopia do sonho, buscamos a fe-licidade possível que, naquele momento, está na vibração dos corpos das nossas colegas!Aliás, pomos à prova o que aprendemos nas aulas de Física: o calor dilata os corpos… O cora-ção bate-nos apressado, as fontes latejam-nos… Abraçados, pres-sentimos intimidades de mamilos erectos e sentimos – ai jasus! – o sexo endurecido e arquejante por dentro das cuecas…Repentinamente os “Bárbaros” terminam o “Samba Pa Ti” e ar-rancam com um “rock and roll”. As luzes voltam à sua luminosi-dade intensa e, estremunhados, saímos ruborizados daquele abra-ço confortador, doce e quente. Os rapazes mais fogosos colocam as mãos nos bolsos para disfarçar o desejo e, dissimuladamente, co-meçam a dançar “rock”…Vamos ter que esperar pelo pró-ximo “slow” e por outras emo-ções. Sabemos que, mais lá para o fim do baile, “Os Bárbaros” vão de certeza tocar o “Angie”, dos Rolling Stones: “Angie, angie When will those clouds all disa-ppear”…Lá fora, continua a chover e paira sobre a cidade um manto de ne-voeiro e silêncio.

Artesia D.E.S. tem nova Direcção

Após estar completa-mente organizada, a nova Direcção desta associação tomou

posse dos respectivos cargos no dia 4 do corrente mes de Janeiro, durante a reunião ordinária da respectiva Assembleia Geral.São estes os directores que serão responsáveis pelos destinos des-ta distinta associação, durante o corrente ano: Presidente, Ercilio Cardoso; Vice-Presidente, Tony Martins; Secretário Vital Lou-renço; Ajudante de Secretario, Teresina Ortega; Tesoureiro, Tony Freitas; Ajudante, Nelson Miranda; Director Musical da Filarmónica, Tony Gonçalves; Director Desportivo, Luis Ro-

cha; Directores Encarregados da Cozinha, Leonel Machado e Fernando Gonçalves; Director Encarregado dos Bares, Manuel Coelho e Directores Encarrega-dos da Juventude, Nelson Esteves e Roberto Falcão.Todos nós sabemos, aqueles que já passaram por identicas circuns-tancias, que é um ano de trabalho, nao é um ano de prazer, mas sim de prestígio, servindo a comuni-dade em que estão inseridos e, simultaneamente, uma sociedade do Divino Espírito Santo.Desejamos a todos os directores e respectivas famílias, uma ano fe-liz e que todos os seus programas sejam concluidos com óptimos exitos.

Ao Cabo e ao RestoVictor Rui Dores

Diz-me minha mulher (e se calhar com muita razão) que 2008 não agradou a ninguém.

Por exemplo, pelas pessoas que desapareceram do nosso meio, em outras comunidades e Por-tugal; em doenças e outras tra-gédias pessoais, como no caso de um nosso distinto amigo cuja área residencial sofreu vários fogos no espaço de três anos.E, claro, cada comunidade tem as suas próprias tragédias!Depois, houve, há sobretudo o caso do meu estado de saúde.Cancro! É um nome que arrepia em qualquer idioma. Não haja quem tenha a desprezível e ne-fasta experiência de ser sua víti-ma. Mesmo que os prognósticos sejam dos melhores e a ciência se encontre bastante avançada, fica sempre a marca traumática daquele dia quando o médico anuncia a má notícia; de ir para a cama com ela e ter infindáveis noites sem poder dormir! De-pois, a incerteza se os tratamen-tos resultarão, o desgosto para a família e amigos, etc.Foi mais ou menos o que me aconteceu.Paralelamente, em nada me aju-dou o desaparecimento de mui-tos amigos, desde a Maria Tere-sa Pereira até ao Tadeu Rocha, passando por Fernando Pereira, Dinarte Costa, Carlos Cândido, Duarte Raposo, José Eduardo Pereira, José Luís Medeiros,

João Froias, Domingo Fernan-dez, Nikolaos Polykandriotis, Thomas Hanchay, José Francisco Miranda, Cesário Correia e Ro-berto Barcelos, apenas para falar dos mais íntimos e que preenche-ram deliciosas páginas da minha vida.Sinto-me por isso mais pobre e só no mundo.2008? Safa! Não venham muitos como ele.Todavia, tudo é relativo na vida, pelo que evidentemente have-rá muita gente para quem o ano transacto terá sido um ano nor-mal e/ou excepcional mesmo, sobretudo porque tiveram algo de bom para fazer e recordar.Ainda bem. Sinto-me feliz por isso.Apraz-me registar, por exemplo, o caso dos meus compadres Regi-na e Manuel Fontes, ambos natu-rais de Vila Franca do Campo, os quais, graças a Deus, celebraram os seus 50 anos matrimoniais e de muita felicidade, rodeados dos quatro filhos e filhas, dos quatro genros e noras, assim como dos nove netos.Para eles vai esta saudação mui-to especial, com votos que 2009 possa ser também de muitas feli-cidades para toda a família.Bodas de ouro... Pudera eu chegar lá também para poder celebrar os nossos “50”. Desejo-o ardente-mente não por inveja, mas como indicativo de que poderei viver ainda mais alguns anos!

Crónica de Montreal

Antonio [email protected]

Crónica Insular 2008 do meu descontentamento

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9COLABORAÇÃO

Sabor Tropical

Elen de [email protected]

Guerra e Paz

As imagens de corpos mutilados, ensan-güentados, com o ter-ror do sofrimento no

olhar, que jazem como animais sobre o chão do abandono e da descompaixão, violentam-nos sobremaneira quando abrimos o jornal ou ligamos a tv, quando vemos mulheres que se abraçam aos seus entes queridos e choram, inconformadas, as suas desgra-ças. Nesse momento, como mães, sentimos que o punhal da mesma dor traspassa nossa alma e põe em cheque os nossos sentimentos mais elevados, transmudando-os em raiva e revolta e nos arranca lagrimas amargas pelo hediondo da morte sem razão, que nos faz gritar mesmo quando a voz cala seu som, pelos inúteis assassina-tos que nos colocam frente a fren-te com a insanidade do homem que faz a guerra para obter a paz, que a faz em nome de Deus, por um pedaço de chão, por dinheiro, para se vingar ou pelo medo. E não me refiro só ao que se pas-sa no oriente médio. Falo também da guerra nossa de cada dia, das mortes causadas pela irresponsa-bilidade dos motoristas que diri-gem embriagados, dos seqüestros, dos dependentes químicos que se atolam nas drogas e que se não morrem de overdose ou nos en-

frentamentos com policiais, são mortos pelos próprios traficantes. Se de um lado vemos mães desa-lentadas, que pedem justiça pelos filhos assassinados em assaltos, por balas perdidas na troca de ti-ros entre policiais e bandidos ou pela violência do tráfico de dro-gas, do outro lado vemos as mães inconformadas, desses bandidos, debruçadas sobre os seus corpos, revoltadas pela morte prematu-ra dos mesmos, pela sorte ruim, pela falta de oportunidade, pela desigualdade social, pela bruta-lidade de alguns policiais e de outro lado, ainda, vemos mães e esposas de policias, chorando por aqueles que perderam a vida nos confrontos, no cumprimento da lei. Impotentes, perplexos, nos per-guntamos por que? Por que tanto prazer em matar, tanta necessi-dade de reduzir o outro a peda-ços descartáveis, por que a força, por que o terror e, sobretudo, por que assistimos impassíveis ao sofrimento do nosso semelhante, sem tomarmos uma posição com pulso firme, mas não beligerante, para que os conflitos sejam solu-cionados?Talvez se as mulheres governas-sem o mundo, fossemos uma fa-mília global feliz. Comungo de algumas idéias do medico e cien-tista inglês Malcom Potts, profes-

sor da Universidade de Berkeley que diz em seu livro “Sex and war”, escrito em parceria com o jornalista Thomaz Hyden, “que a mesma agressividade que permi-tiu ao homem evoluir na pré-his-tória, agora provoca dois grandes problemas do mundo contempo-râneo: as guerras e o terrorismo”. O cientista também defende que para diminuir a violência, a solu-ção seria um mundo liderado pe-las mulheres. E continua dizendo que para entender a violência temos que nos dar conta de que ela é um aspecto masculino, con-duzido pela testosterona, embora haja violência entre as mulheres também, mas a necessidade de sair e matar outros da mesma es-pécie é masculina, especialmente desenvolvida nos primatas mais evoluídos, como o chimpanzé e o homem.Deixo a poesia continuar por mim:

GUERRA E PAZElen de Moraes

Um dia nós germinamosduma mesma sementeirae dela nós nos tornamosramificação cabal,eixo, raiz principalda videira verdadeira.Folhas, caulificação,o todo, a parte inteira,a partilha, a fração.

Sem ter o mesmo cariz,nós temos o mesmo fado:

prerrogativa arbitralpara fazermos o bemou escolhermos o male decidir de que ladovamos ficar - e com quem...

Por quê escolher a guerra,essa luta indecente,que assassina e sacrificao nosso irmão inocente?Que mata achando legalmatar em nome de Deus!Matar próprios irmãos seus...

Se paz para uns é guerrae pra outros guerra é paz,desprezível é o homemque no ódio se compraz.Animal recalcitrantesem amor ao semelhante.Semente que foi plantada pela mão do Criador,o mesmo Pai e Senhor.

Não adianta armistíciosse dentro de cada uma guerra não for sanada.Nem tampouco artifícios

por essa paz ansiada,se começa em nossos laresda guerra, as preliminares!

É tão triste e dilaceraver criança explodidapor um míssil governado,quanto ver um inocentemorto por bala perdidadurante fogo cruzadoentre policia e bandido.

Ver menor abandonado,faminto, aberto em feridas!Da violência, nos braços!Também ser assassinadopelas drogas consumidasque transformam os seus órgãosem descartáveis pedaços!

Maldito homem, fera contumaz,que faz a guerra, que vive sem Deus!Bendito homem que busca a paz,que acolhe o inimigo nos braços seus!

Ao Sabor do Vento

José [email protected]

Estou cantando com o Daniel...

Quando vou a uma festa portuguesa, são raras as vezes que alguém não co-

menta os meus artigos no jornal. E apraz-me dizer que, na maioria das vezes, os comentários são a favor, com a excepção de um ou outro “porra tonta” que quanto mais lê, mais trelê. Outros ainda me perguntam: “Ó Raposo, quando é que dás outra pancada no cônsul?” Para já que-ro informar que eu não dou pan-cadas em ninguém, outrossim limito-me a dizer o que vejo e ouço. E, como sabem, eu próprio pedi uma entrevista a este cônsul, fui atendido e publiquei no jornal o resultado da mesma. O consulado de Portugal em São Francisco, como escreveu o José Ávila, nem oferece instala-ções adequadas aos seus funcio-nários. E de quem é a culpa? É deste cônsul ou dos cônsules que exerceram funções anteriormen-te e nunca fizeram nada para que a situação se alterasse? Alguns dos funcionários que passaram pelo consulado dizem que aquilo agora é um asilo e eu pergunto: Como é que era no tempo que eles lá trabalhavam? Qual é a di-ferença? O meu intuito não é, de forma

alguma, defender ou atacar este cônsul se bem que na minha opi-nião ele cometeu alguns erros. Os cônsules quando chegam aqui não conhecem a comunidade. São os líderes que cá estão e os os funcionários do consulado que têm a obrigação de os orientar e colocá-los a par do que se passa na comunidade. Informá-los das organizações de datas de festas e banquetes aos quais pensam que o cônsul deveria aparecer ou mandar um representante. Tem que haver mais união entre a nos-sa gente, haver mais coordenação, mais sensatez, para que a coisa resulte para o bem de todos. Há uma coisa impressionante sobre este cônsul que me apraz realçar. Das poucas vezes que tenho falado com ele, depois dos cumprimentos da praxe, ele per-gunta-me sempre: “como está o nosso amigo Daniel Arruda?” Na terrinha onde o Sr. Cônsul nasceu, lá no nosso Portugal dis-tante, também se canta ao desafio e o homem gosta das cantigas de improviso e como sabe que o es-tado de saúde do Daniel é precá-rio, pergunta-me sempre por ele. Aqui, há dias, ou melhor, numa noite em que eu dormia, não sei como, estava a sonhar que can-

tava com o Daniel Arruda e meu primo Abel, num salão qualquer. E alguém estava a criticar que o cônsul tinha sido convidado, mas não tinha aparecido. No meu so-nho, eu olho para a porta e vejo o cônsul entrar com a esposa, que gosta muito de ser chamada de Teresinha. O Sr. Cônsul, devido a sua estatura, pode-se avistar ao longe e a Teresinha como vinha, isto no meu sonho, vestida com uma sweater vermelha e umas calças verdes, também foi fácil de detectar. A dada altura da cantoria e do meu sonho, o Abel faz uma canti-ga desta maneira

Eu estou bem prevenido Para que esteja aqui cantando. Ponham-se todos em sentido Porque o cônsul está entrando.

Ao que eu respondi:

O cônsul tem grande altura Com ele não quero despiques.Se tivesse espada e armadura,Pareceria Afonso Henriques O Daniel a seguir diz:Reparem como vem garrida A sua esposa a seu lado.

Da forma que está vestida É Portugal representado.

Eu não me calei e disse:

A Teresinha vestes as cores Da Bandeira Portuguesa Se tivesse ao peito a cruz e as flores Pareceria Santa Teresa.

Claro que no meu sonho as fra-ses, talvez, não tenham sido bem ditas pois que durmo com um raio de uma maquina ligada ao nariz por causa da apneia. A mi-nha mulher acorda, dá-me uma

cotovelada e pergunta: - “ Que diabo estás para aí a re-zar?” Ao que eu respondi : Estou cantando com o Daniel.

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10 1 de Fevereiro de 2009COLABORAÇÃO

Reflexos do Dia–a–Dia

Diniz [email protected]

Foi um dia de grandes emoções

Há coisas que se faz apenas uma vez na vida. Quando Barack Obama ganhou as elei-

ções, para além da celebração que ocorreu em minha casa, com dois amigos meus, as chamadas e tro-ca de felicitações que vieram dos meus dois filhos e de alguns ami-gos, particularmente dos Açores, o meu filho mais novo, licenciado em direito, e na altura funcioná-rio duma campanha política aqui na Califórnia, desafia-me: então porque não vamos à cerimónia de posse do presidente-eleito? O pedido foi feito através do con-gressista do distrito onde vivo, o luso-americano Devin Nunes, que conheço há vários anos. Ainda antes de ser eleito, estive com o Congressista Devin Nunes nos Açores, mais concretamente na ilha Terceira. Apesar de estar-mos ideologicamente em campos diferentes, tenho muito respeito pelo Congressista Nunes. Com um staff extremamente eficien-te, começando com o seu chefe de gabinete, o luso-descendente Johnny Amaral, não demorou muito tempo para recebermos a confirmação que tínhamos bilhe-tes e que nos tinham conseguido lugares sentados. A partir daí começou a nossa odisseia ao que acabou por ser uma das experiên-cias mais inesquecíveis da minha vida.Porque esperei uma semana para marcar o bilhete aéreo; porque as companhias aéreas e os hotéis na

capital dos EUA estavam a preços super altíssimos; e porque por es-tes lados o dinheiro não é assim tão fértil, optámos por ficar um pouco mais longe de Washington, na cidade de Richmond, estado de Virgínia. Se por um lado, tí-nhamos que viajar 90 milhas para chegar à capital deste magnífico país, por outro lado tivemos a oportunidade de verificar que, um pouco por todo o lado, e até mesmo no estado onde ainda se fala na bandeira da confederação, havia um ar de esperança, uma onda de optimismo, um alivio que os últimos oito anos estavam, finalmente, a chegar ao fim.Depois de estarmos naquela zona cerca de dia e meio, chegou o dia da cerimónia de posse. Saímos do hotel às 3 da madrugada. Pela auto-estrada, a conhecida 95, encontrámos uma amalgama de autocarros vindos dos mais va-riados pontos do país. Um atrás do outro, ultrapassámos centenas e centenas de autocarros vindos da Florida, das Carolinas, de Alabama, de Arkansas, de Ten-nessee e da Geórgia, entre ou-tros. Eram homens e mulheres, muitos descendentes de escravos, que vinham até Washington para viverem um dos momentos mais históricos na política norte-ame-ricana nos últimos anos. Já no metro, onde estávamos em-pacotados como “sardinhas en-latadas”, vivia-se momentos de euforia. É que normalmente os metros são lugares onde pouco se

fala, onde raramente um estranho diz algo. Porém, no amanhecer do dia 20 de Janeiro, éramos to-dos vizinhos. Havia um civismo extraordinário. Os cavalheiros levantavam-se para as senhoras. Apesar do aperto, da lentidão do comboio, que por excesso de passageiros em praticamente to-das as paragens teve que reduzir, substancialmente, a velocidade, ninguém desesperava. Todos agiam com respeito e delicadeza.Já na capital dos Estados Unidos, onde todas as ruas que cercavam o Capitólio e a Casa Branca es-tavam encerradas ao trânsito, era espectacular o número de pesso-as que circulavam nas ruas. E era espantoso o número de quiosques com todo o tipo de lembranças. Barack Obama estava em tudo, desde camisas a porta-chaves. Confesso que também fiz as mi-nhas compras. Na bicha para a entrada no recinto reservado a quem possuía bilhe-tes, bicha que ultrapassava qua-tro quarteirões, apesar das tem-peraturas frígidas, registava-se a mesma cordialidade do metro e das ruas. Uma grande satisfação reinava no rosto do participan-tes. Encontrámos gente de todo o país. Os nossos vizinhos eram do Texas, de Washington, de Oregon e de Indiana. Cada qual tinha a sua história particular, mas todas confluíam na euforia do histórico momento e na confiança deposita-da na mensagem positiva do novo presidente, a qual, como se sabe

assentava-se e ainda s e assenta no cidadão comum. Gente que vinha não só das mais variadas zonas geográficas, mas também de todas as classes económicas e sociais, e sobretudo muita, mas mesmo muita gente jovem. Este é, seguramente, o presidente das novas gerações.

Já no relvado junto à escada-ria do Capitólio, foi impres-sionante, olhar para o cha-mado Washington Mall e

ver um mar de gente, uma nuvem de bandeiras americanas, um eco constante a favor do Presidente Barack Obama. Durante a ce-rimónia, no momento do jura-mento, efectuado pelo Supremo Juiz do Tribunal Superior, John Roberts (que deveria ter pratica-do as 35 palavras do juramento) tinha na minha fila uma senhora afro-americana. Era uma anciã com mais de 80 anos. As lá-grimas percorriam-lhe o rosto. Nesse momento, também eu com algumas lágrimas, olhamo-nos e a única coisa que lhe soube dizer foi a prosaica frase: “minha se-nhora, este é um momento mui-to especial, não é?” Ao que ela respondeu: “meu filho, tu nem imaginas quão especial este mo-mento é.” Naquele momento má-gico, senti que de facto apenas podia imaginar a importância, o significado deste momento para os afro-americanos, cujos ante-passados, em plena escravatura haviam construído o Capitólio e a Casa Branca. Uma cerimónia

tornada ainda mais vigorosa com o discurso verdadeiramente mar-cante do novo Presidente. Um discurso que despoletou mais do que aplausos, despoletou refle-xão, e um renovado sentido de responsabilidade na reconstrução do sonho americano.Foi um dia de grandes emoções. Vividas e sentidas não só porque a América finalmente enfrentou os tabus do racismo e da discri-minação; não só porque Barack Obama estalou com os telhados de vidro, o mais alto telhado de vidro no mundo político norte-americano, mas também porque a sua candidatura, e a sua pos-se como Presidente dos Estados Unidos, representam uma mu-dança radical com um passado recheado de impedimentos, para um presente e um futuro onde como afirmou o Dr. Martin Lu-ther King jr, as pessoas serão jul-gadas pelo seu carácter e não pela cor da sua pele. Foi um momento único e dupla-mente satisfatório porque tive a oportunidade de o viver com os meus dois rebentos. Eles, que com os congéneres da sua gera-ção, serão o futuro deste país. A América viveu um dos mo-mentos mais importantes da sua história recente. Guardarei para sempre a memória grata de o ter presenciado ao vivo.

Memorandum

João-Luís de [email protected]

Andar à cordadas probabilidades

1 – Autonomias - “pérolas” cons-titucionais para ornamentar sepa-ratismos?

Numa comunidade plu-ralista, os profetas da verdade são porven-tura os mais assídu-

os beneficiários do subsídio de desemprego: há cada vez menos paciência para escutar o tenesmo verbal dos eruditos em gozo de férias. Entretanto, a maioria dos cidadãos parece viver obsecada na (con)gestão das suas certezas, consoante as oscilações acon-tecidas no mercado da mentira; por seu lado, os hipocondríacos políticos da moda actualizam o dote das suas mazelas socráti-cas, palreando o receituário das “sete-desgraças” lusitanas, na sala-de-espera da tolerância de-mocrática. Sabemos que os tempos não es-tão a ser fáceis. A experiência dos últimos cinco séculos de ul-trapasssagem do feudalismo até a grande-área do pós-capitalismo está a franzir a testa para acomo-dar cerca de 5.000 grupos étnicos que se foram apertando no seio das 189 nações-estados (quase todas queixosas das “infecções” étnicas resultantes da porosidade fronteiriça da mobilidade plane-tária). Em plena primeira década do séc. XXI, vamos aprendendo que o galopante desassossego da actu-alidade financeira não se comove com as receitas emocionais de ca-

riz patrioteiro. De resto, os povos carentes da satisfação elementar à própria sobrevivência mal têm fôlego para entoar os respectivos hinos nacionais; a dignidade de-mocrática açórica não se aquieta com folclorismos rupestres tipo “danças-de-cadarços”, junto ao panteão das antigas bandeiras do “nacionalismo” feudal...Acontece que não me considero discípulo incondicional das prio-ridades políticas do Estado por-tuguês; tenho contudo procurado manter fidelidade à mátria por-tuguesa, apetrechada do valioso (todavia imperfeito) documento saído da Constituinte de 1976 (cerca de 760 anos depois da Car-ta Magna). Entrementes diria que as autonomias politicas dos Aço-res e da Madeira não são “péro-las” constitucionais oferecidas pela República para ornamentar teimosias adolescentes. Repito o que escrevi algures: a autonomia politico-administrativa das regi-ões é uma experiência em trânsi-to, cujo etapa final não interessa ao presente adivinhar; prefiro dizer que a maturidade democrá-tica é o mais credível instrumen-to para aferir a sua longevidade institucional... Nos Açores (e não só) a demo-cracia é ainda uma “rapariga nova” acicatada pelo anti-ciclone das urgências ditadas pelo con-sumismo elegante. Exemplo: o apoio financeiro ao rendimento mínimo, em vez de figurar como esmolaria politica, deveria ser

uma tarefa transitória conferida aqueles candidatos seleccionados ao desafio da própria autonomia existencial.

2 – Capitalismo e Democracia – ambos juntos por medos recípro-cos Há cerca de 60 anos, o presidente F.D.Roosevelt teve a humildade corajosa de controlar o ‘saram-po’ capitalista do seu tempo com algumas ‘aspirinas’ do ideário socialista (seguro-social, plu-ralismo sindical, melhoria do acesso à educação). Desta feita o presidente Barack Obama acaba de ser fervorosamente investido como “comandante” duma em-barcação que navega sob forte temporal. A nação não o vê como um “deus” providencial descido à terra. Nada disso! A sua mensa-gem é de inspiração horizontal, cujo conteúdo reflecte o itinerário histórico da União Norte-Ameri-cana: determinação, solidarieda-de, mudança. A crise actual apresenta uma vertente financeira que dispensa microscópio. Contudo, há rami-ficações sociológicas com raízes históricas que o presidente Oba-ma não precisa revisitar, dado que a sua ancestralidade pessoal não passou pela fieira norte-ame-ricana da escravatura. E já agora lembraria que, no primeiro quar-tel do século XIX, houve um fa-migerado movimento separatista da Nova Inglaterra: naquela al-

tura (1820), alguns New-Englan-ders preferiam uma separação com dignidade do que viverem integrados na jovem União que parecia então alicerçada sobre o pecaminoso cimento da escrava-tura. Há vários tipos de escrava-tura que valeria a pena recapitu-lar... Mas não é hoje. Tenho os ouvidos ainda frementes pelas recentes palavras do presi-dente Barack Obama: “...um país não pode manter por muito tem-po a sua prosperidade, quando só cuida do bem-estar daqueles que tudo têm.”(*). Ficámos ainda a saber que o novel presidente é um mensageiro convicto da diversi-dade étnico-política (não da uni-formidade cívico-evangélica). A humildade inteligente do seu ca-rácter apresenta as cores do arco-íris, e o seu estilo não abdica da sua valorosa autonomia emotiva e psico-politica. Por mais de uma vez, o presidente Obama declarou o seu entusiasmo pelo imbatível patriotismo de Abraham Lincoln, que em plena guerra civil deixou escrito o seguinte pensamento: “o meu objectivo primordial centra-se na salvação da União, o que não significa apoio ou condena-ção da escravatura. Se eu pudes-se salvar a União sem libertar um escravo, fá-lo-ia; se para salvar a União me fosse dado libertar uns e deixar outros à sua sorte, fá-lo-ia também. Tudo quanto me for dado fazer em relação à escravatura, faz parte da minha crença no objectivo de preservar

a União.”(*) Há estudiosos que consideram o episódio original que levou à rebelião das trezes colónias con-tra o império britânico, não ser merecedor do rótulo histórico de “revolução”; preferem que ‘rebe-lião’ seja vista como página bri-lhante na história do separatismo anti-colonial. De facto, o objec-tivo dos “fundadores” da União não era o de subverter o governo de sua majestade britânica: eram tão somente civilizados separa-tistas... Muito dessas vulnerabilidades circunstanciais foram entretanto dissipadas pelos ventos da his-tória. Estamos à proa duma alta madrugada do século XXI. Há suspeitas de que a globalização pode ser a via racional para ate-nuar e ultrapassar velhas confli-tualidades baseadas no orgulho das ancestralidades regionais. Muito irá depender do grau de aceleração aplicado ao esforço da mudança planetária. Ainda acredito que somos seme-lhantes na ânsia sagrada da afir-mação da nossa inviolável indi-vidualidade.Talvez por isso, não gostaríamos de assistir ao resva-lar da humanidade no delírio uni-forme de instaurar por decreto a ditadura da igualdade humana...

(*) tradução livre da responsabilidade do signatário.

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11COLABORAÇÃO

Temas de Agropecuária

Egídio [email protected]

Situada à beira do “Rio Eel” numa das mais pito-rescas paisagens do Esta-do Dourado encontra-se a Humboldt Creamery, uma das mais antigas Coopera-tivas de Lacticinios da Ca-lifornia

Na pequena cidade de Fortuna, muito seme-lhante às nossas ter-ras açorianas, qua-

se no extremo Norte do Estado da California, e propriedade de cerca de 50 famílias produtoras de leite daquela região nortenha, esta Coope-rativa tornou-se famosa por muitos dos seus pro-dutos especiais do leite, muitos destes classifica-dos de orgânicos.Humboldt Creamery está situada numa re-gião ideal, que através dos anos tem atraído emigrantes portugueses e seus descendentes. As suas vacas vivem numa das mais belas paisagens do Pla-neta Terra e alimentam-se em vi-çosas pastagens, respirando a ar puro do Oceano Pacífico e com o conforto de cerca de um acre de

Humbolt Creameryterreno por animal produtor. O resultado final, é que a especta-tiva de vida destes animais e das mais longas dos Estados Unidos, produzindo leite com maior per-centagem de creme, e de acordo com os peritos, de notável melhor sabor. Um ponto importante - é uma cooperativa, não uma enor-me corporação, são negócios de família que vem de geração em geração e que se tem empenha-do de alma e coração no melho-ramento dos seus produtos e do nível de vida das suas famílias. Esta é por certo uma história digna de ser contada.

Presentemente esta companhia contratou a famosa firma de pro-moções de San Francisco “Gauge & Associates” para promover e comercializar os seus produtos

mais famosos tais como, “Ice-Cream, Wallaby Yogurt, Brown Cow, It’s It e Laloo’s“. O Presi-dente e Gerente Geral, Richard Ghilarducii declarou que ficou impressionado com o sucesso desta companhia na promoção de outros produtos, tornando-os campeões do mercado. Esta é uma das maiores iniciativas des-ta cooperativa no sentido de co-mercializar directamente as suas marcas famosas. Enquanto que a cooperativa tem funcionado sem interrupção desde 1929, estava direccionada a vendas por ataca-do a companhias de cariz natio-

nal e internacional que controlam os mercados globais.Não obstante os seus 80 anos de existência, esta Cooperativa é quase desconhecida fora desta loc alidade. Espera-se que esta decisão de ne-gócio venha grangear a Cooperativa e aos seus produtos uma projecção nacional. Parabéns, não só a este negócio de fa-

milias, mas a esta loc alidade, onde sempre encontramos muitos amigos pessoais, e também do TRIBUNA.

Sabores da vidaQuinzenalmente con-vidaremos uma pessoa a dar-nos a receita do seu prato favorito, com uma condição - que saibam cozinhá-lo.

Fatima Moules

Nasceu na Ilha da Madeira e reside em Fremont, CaliforniaTem dois filhos e é casada com Abilio Sousa.

Gelatina de Fruta1 pacote de gelatina de morango2 copos de água a ferverDissolve-se a gelatina na água a ferverAdiciona-se 1 libra de sorvete de baunilha, amolecidoColoca-se no frigorífico durante a noiteAntes de servir, coloca-se por cima whipping cream e enfeita-se com morangos ou outras frutas, tais como kiwi, uvas e amen-doim picado.

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12 1 de Fevereiro de 2009COLABORAÇÃO

Perspectivas

Fernando M. Soares Silva

[email protected]

“O Amigo dos Católicos”e a história do seu fundador

O AMIGO DOS CATÓ-LICOS, o quarto jornal de língua portuguesa na Califórnia, foi fun-

dado, em 26 de Maio de 1888, na cidade de Irvington, pelo sacer-dote MANUEL FRANCISCO FERNANDES, natural da ilha do Pico, nos Açores, onde nasceu no dia 19 de Janeiro de 1850. À procura de melhores condições de vida, Manuel Francisco, com apenas 14 anos de idade, navegou para o Brasil, mas, decepcionado, regressou à sua terra natal após meros quatro anos. Em 1873, já moço, decidiu tentar novamente a sua sorte no Novo Mundo, emigrando, desta vez, com rumo à Califórnia, onde, a primei-ro, conseguiu emprego como pas-tor de ovelhas e mais tarde como trabalhador na exploração de mi-nas de ouro de Hawkinsville, no condado de Siskiyou. Ali labutou durante cinco árduos anos, conseguindo amealhar as suas economias, sempre impelido pelo seu velho sonho: o sacerdócio. Na realidade, o pastor de rebanhos de ovelhas aspirava ser pastor de al-mas humanas... E assim, em 1878, já com a idade de 28 anos, regres-sou aos Açores, ou mais especifi-camente à ilha Terceira, onde, após acelerados estudos de instrução primária, ingressou no seminário diocesano, em Angra do Heroís-mo, para completar a sua educação secundária e para começar estudos superiores necessários para a sua projectada carreira sacerdotal, se-gundo testemunha o abalizado, e já falecido, historiador Rev. Cónego José Augusto Pereira (1885-1969) na sua obra “Sacerdotes Açoria-nos”, publicada em 1939. Aponta o jornalista, escritor e his-toriador Rev. Padre José Ferreira, --- muito conhecido no mundo jor-nalístico como Ferreira Moreno---,

que Manuel Francisco Fernandes, antes da sua partida para a ilha Ter-ceira, havia doado fundos para a compra de um edifício de tijolo que, até então, servira de “saloon”, isto é, de bar e salão de dança, e também de mercearia, à população local. Após a necessária remodelação, o edifício passou a servir de igreja às comunidades portuguesas e a outros católicos residentes naquela área rural. O templo foi denomina-do Igreja da Imaculada Conceição. Regressando à Califórnia em 1883, já com a idade de 33 anos, Manuel Francisco Fernandes ingressou no Seminário de Saint Thomas, em Mission San José onde estudou mais dois anos, até 1885, data da sua ida para o Seminário de Saint Anthony, adjacente à cidade de Santa Barbara. A sua ordenação sacerdotal foi efectuada no dia 10 de Junho de 1886, na Sé Catedral de Saint Mary, na cidade de San Francisco. O novo sacerdote foi prontamente nomeado pastor assistente da paró-quia Mission San José. Essa região era centro de elevados números de portugueses que acolheram o dedi-cado Padre Fernandes com grande simpatia e apreço. Em resultado das suas campanhas sócio-religiosas, o Padre Fernan-des organizou naquele próspero meio agrícola uma agremiação que, entre outras actividades de cunho social e religioso, deu início às primeiras FESTAS DE HOME-NAGEM AO DIVINO ESPÍRITO SANTO. A popularidade destas Festas tornou-se contagiosa, e as-sim essas manifestações da reli-giosidade das comunidades de ori-gem portuguesa, maioritariamente açorianas, cedo se espalharam por toda a Califórnia. Aponta o citado escritor Ferreira Moreno que a pu-jante Irmandade do Divino Espíri-to Santo, ou I. D. E. S., derivou, mais tarde, dessa agremiação fun-dada pelo Padre Fernandes.

Consoante relata Ferreira Mo-reno em artigo publicado no se-manário Tribuna Portuguesa em 15 de Abril de 2005, as melho-res fontes históricas especificam que a fundação de “O Amigo dos Católicos” se deve “unica-mente” ao PADRE MANUEL FRANCISCO FERNANDES. Neste arrojado empreendimento, o fundador foi apoiado pelo seu amigo, o tipógrafo MANUEL B. QUARESMA, que, por sua vez, era coadjuvado pelos tipógrafos FERNANDO e JOSÉ TAVA-RES, sobrinhos do sacerdote açoriano. O nome de JOSÉ FRANCISCO TAVARES tem sido apresentado como co-fundador deste jornal, mas, como assegura Ferreira Moreno, a quem agradecemos a amabilidade de mais esta eluci-dação, não existem documentos comprovativos da existência de alguém com este nome, o qual, como se escreveu, tenha sido também sacerdote. A confusão histórica que existiu sobre a apa-rente co-fundação de “O Amigo dos Católicos” parece haver ori-ginado nos sobrenomes TAVA-RES dos dois jovens açorianos ti-pógrafos sobrinhos e coadjutores do fundador, PADRE MANUEL FRANCISCO FERNANDES, durante a fase inicial do existên-cia deste semanário pioneiro da imprensa de língua portuguesa na Califórnia.

Outro nome que tam-bém tem sido errone-amente citado como co-fundador de “O

Amigo dos Católicos” é o do PADRE JOÃO MANUEL TA-VARES, açoriano natural de Vila Franca, ilha de São Miguel, onde

nasceu à volta de 1861. Sabe-se que ele ingressou no seminário de Saint Thomas, em Mission San José em Maio de 1885, sendo enviado em Setembro do mesmo ano, para o seminário de Saint Mary, na cidade de Baltimore, mo estado de Maryland, onde foi ordenado sacerdote em Dezem-bro de 1888. Havendo regressado à Califórnia, este jovem sacerdote foi coloca-do em Mission San José, na capa-cidade de pastor assistente. Pou-co após, o arcebispo Riordan, de San Francisco, enviou-o em rumo a Oakland para que ele servisse a crescente comunidade de origem portuguesa daquela cidade e ad-jacente região. Durante algum tempo, o Padre Tavares utilizou o salão paroquial da Igreja de Saint Mary para as suas missas e ou-tros serviços religiosos, mas cedo lançou-se a uma intensa campa-nha de angariação de fundos para a construção de novo templo para os crentes portugueses, e até che-gou a comprar vários lotes de ter-reno com este objectivo. Infelizmente, o dedicado sacerdote foi impossibilitado de completar o seu sonho, havendo falecido re-pentinamente, após grave doença, no dia 1 de Fevereiro de 1891, com apenas 25 anos de idade, segundo atesta o Número Comemorativo da Quinquagésima Quarta Edição Anual do “Jornal Português” de 3 de Julho de 1942. Não existe evi-dência histórica comprovativa da sua participação na fundação de “O Amigo dos Católicos”.Os arquivos históricos apontam ainda que, após o falecimento do Padre Tavares, o arcebispo Rior-dan, de San Francisco, encarregou o Padre Manuel Francisco Fernan-des da missão da implementação do projecto concebido pelo Padre Tavares. Os lotes comprados pelo

Padre Tavares foram trocados por outros terrenos em Chestnut Stre-et, em Oakland, e aí, um ano mais tarde, surgiu a linda Igreja de Saint Joseph, ficando o Padre Fernandes como seu pastor. Infelizmente, o dinâmico sacerdote adoeceu e fa-leceu no dia 25 de Junho de 1896, com a ainda jovem idade de 46 anos. Ainda antes do falecimento do seu fundador, “O Amigo dos Ca-tólicos” passou a ser dirigido por várias administrações que agiram consoante as exigências dos tem-pos e as vigentes situações econó-micas. Assim, em 1889, sob a ge-rência do advogado FRANCISCO INÁCIO DE LEMOS e do já citado MANUEL B. QUARESMA, este periódico foi publicado em Mis-sion San José, e, seguidamente, em oficinas gráficas da cidade de Pleasanton, e mais tarde, em 1893, na cidade de Hayward. Em 1898, o supramencionado José Tavares que, com seu irmão Fernando, havia coadjuvado as administra-ções do jornal, acabou por vender a sua parte e parceria no semaná-rio a MANUEL QUARESMA em 1890. No ano de 1894, o escritor e poeta GUILHERME S. GLÓRIA passou a ser o seu redactor e editor, cargos que ocupou até 1896, sendo então substituído por JOAQUIM BOR-GES DE MENEZES. Note-se que este jornalista, em 13 de Julho de 1896, fundou “O ARAUTO”, o quinto jornal de lín-gua portuguesa na Califórnia, o qual foi publicado até Janeiro de 1917. Por sua vez, Guilherme S. Glória foi mais tarde, em 1900, o fundador do mono jornal luso-ca-liforniano, “A LIBERDADE”, que ele dirigiu até 1937. E Manuel B. Quaresma foi o fundador, em 1903, de “ O IMPARCIAL”, o décimo se-manário comunitário, que existiu até 1932.

Uma das acções mais frequentes feitas contra empregadores por empregados é nos salários por pagar. Repetidas vezes vemos

casos onde o empregado faz alegações exageradas, tais como nunca ser permitido pausas do descanso ou almoço, trabalhan-do overtime sem pagamento, ou não ser pago pelo menos o salário mínimo. A documentação do tempo trabalhado é o melhor amigo do empregador e sem ela os empregadores geralmente acabam por pagar, porque na Califórnia os emprega-dores são exigidos por lei manter registos de tempo exactos para empregados non-exempt - aqueles que são pagos a hora, e que devem ser pagos tempo-e-meio por overtime. Para os empregados exempt, que devem ser pagos pelo menos duas vezes o salário mínimo, não há nenhuma lei que exigem manter registos de tempo. Os empregadores devem confirmar que o empregado cabe realmente no estatuto de exempts. Um salário mensal, em vez de um salário de hora em hora não faz um empre-gado exempt. Há critérios específicos.Os empregadores que já estiveram no tri-bunal ou no Department of Labor Standar-ds and Enforcement (DLSE), mais conhe-

cido como o Labor Commissioner, sabem que a eles não é-lhes dado o beneficio da dúvida. Eles podem ter passado cheques a uma pessoa que eles sabem que tomaram pausas do descanso e refeição mas eles não o podem provar. Eles também aprenderam que as penalidades podem adicionar mi-lhares de dólares à quantia que eles têm que pagar. Se um empregador falha em manter registos exactos de tempo, o teste-munho do empregado é que vale. Um empregado pode voltar três anos atrás e fazer reivindicações para salários pen-dentes. Por cada dia que as pausas de re-feição não são fornecidas, um empregado é intitulado a receber uma hora de salário e por todos os dias que pausas de descanso não são fornecidas, um empregado é inti-tulado a receber uma hora de salário. Além dos salários pendentes, empregadores são responsáveis por 10% de juro, penalida-des até $4,000 por não ter dado declara-ções exactas de salário (wage statements), penalidades por não ter pago todo o salário devido quando o empregado é despedido ou desiste (até 30 dias de salário), e outras penalidades.Aqui está um exemplo. Um trabalhador nonexempt que ganhava $15 a hora perdeu

o seu trabalho. Ele trabalhava cinco dias por semana, normalmente 8 horas por dia. Não tendo encontrado trabalho, ele decide tentar a sua sorte e faz uma reivindicação de salário com o Labor Commissioner por infrações de pausa de almoço e descanso, voltando três anos atrás. Sabe que o seu empregador nem sempre se assegurou que os cartões de horas de trabalho foram completamente preenchidos. Reivindica que durante 200 dias por ano, ele não foi permitido tomar pausas de refeição ou de descanso. Ele reivindica que lhe é devido $9,000 para pausas de almoço e $9,000 para pausas de descanso não tomadas. Também reivindica que lhe é devido 30 dias de penalidades de tempo de espera, porque não foi pago todo o salário devido, quando foi despedido - o salário das horas de descanso e almoço não tomadas. São mais mais $3,600. Os $21,600 não incluem juros, nem penalidades por transgredir leis de salário, adicionando assim milhares de dólares.A maioria de empregadores estão ocupa-dos com as exigências de manter um ne-gócio e não perdem muitas vezes o tempo para se assegurar que os registos de tempo são mantidos ou que empregados tomam

a refeição e pausas de descanso como pre-visto pela lei. As vezes não é uma priori-dade. Contudo, ter um sistema eficiente de manter registos de tempo estabelecido pa-gar-se-á a longo prazo. Os empregadores poderão defender-se contra reivindicações sem mérito e evitar a despesa e dores de cabeça associadas com um processo, espe-cialmente a despesa de contratar um bom advogado.

Nota do Editor:

Ana Toledo é advogada, trabalha no Saqui Law Group, em Salinas, California, onde representa empresários na interpretação das leis de emprego. Antes de se juntar a esta firma de advogados, trabalhou no Supremo Tribunal do Condado de Santa Clara. Desde 2006 que pratica advocacia.Ana Toledo licenciou-se em Direito pela Universidade de Santa Clara e também é licenciada em Ciencias Politicas, pela Uni-versidade da California em Los Angeles.Nasceu em Angola, a sua familia é descen-dente dos Açores e cresceu num rancho do Vale Central, sendo fluente em Português, Inglês e Espanhol.Seja benvinda.

Sobre o Trabalho

Ana [email protected]

Ter um sistema eficiente de conta-gem de tempo vale sempre a pena

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13COLABORAÇÃO

Agua Viva

Filomena [email protected]

Sim, nós podemos!

75 Anos ao Serviço do Futebol

Nota sobre o autor do livro: Manuel Faria de Castro, nasceu na Praia do Norte, licenciado em História pela Universidade Clássica de Lisboa, iniciou-se no Ensino em 1973-74 na Escola Básica Pintor Co-lumbano, no Feijó. Depois passou pela Damaia, onde criou um escola de patinagem que teve muito sucesso. Em 1977 foi colocado na escola Preparatória da Horta, hoje Escola Básica Integrada, once lecciona.

Realizou-se no dia 23 de Janeiro, na Casa dos Açores de Hilmar, a apresentação do livro “Associação de Futebol da Horta - 75 Anos ao Serviço do Futebol - 1930-2005” de Manuel Faria de Castro.O autor deslocou-se propositadamente do Faial até a California, para poder pessoal-mente fazer a apresentação do seu livro.No prefácio de Avelino de Freitas Meneses ao livro, pode ler-se o seguinte: “O futebol nasce na Inglaterra por meados do século XIX, guinando-se então por um regula-mento publicado em 1863. Em Portugal, aparece inicialmente na Madeira em 1873, por influência da numerosa comunidade britanica há muito residente no Funchal...Nos Açores, o futebol surge no Faial. Aqui, é igualmente uma especie de invenção es-trangeira, sobretudo britanica, resultante da acção dos inúmeros ingleses, que per-maneceram na Horta ao serviço das em-presas dos ramos dos transportes e das comunicações. Por isso, o Fayal Sport Club, fundado em 2 de Fevereiro de 1909, é a mais antiga equipa açoriana e inclusi-vamente umas das primeiras do País, logo depois do Boavista, do Benfica, do Spor-ting e do Porto.Após a fundação, em 1923, do Angústias Atlético Club e do Sporting Club da Hor-ta, a criação da Associação de Futebol da Horta, em 1930, testemunha o desenvolvi-mento desportvo faialense.Agora, na passagem dos 75 anos da A.F.H., é justa a pretensão do registo em livro das datas, dos eventos e das personalidades de maior relevo.”

Aspecto do Salão da Casa dos Açores onde houve o lançamento do livro. Rodeando o autor, Manuel Faria de Castro, pode-se Manuel Eduardo Vieira e José Brum, Presidente da Casa dos Açores.

Sob o signo da Esperança, começou a Era Obama. De modo diferente, com muitas cautelas, no ros-to uma certa apreensão, sem demasiada pompa, apenas a necessária deste género de celebrações

e com muito povo a assistir, desejoso de mudança. Não só o povo da Nação Americana, mas o de todo o mundo que espera milagres de um homem com formação que conhece o lado bom e o menos bom da vida.Por experiência familiar, saberá discernir o bom do mau, a riqueza da pobreza, sabendo valorizar as qualidades hu-manas acima de outros quaisquer valores. Os ensinamen-tos da mãe e dos avós aliados ao bom carácter que lhe foi transmitido, fizeram de Obama uma pessoa de crença em si e nos outros, capaz de mover montanhas. Com o “Sim, Nós Podemos”, foi criada a frase que transmite força a to-dos e cada um que ainda não tenha tomado a iniciativa certa da sua vida. E é com esta mesma Fé e firmeza de carácter que tem de enfrentar os maiores desafios e pro-blemas, não só os do seu País, mas de todos os que envol-vam e dependam da América. Muito é o trabalho que tem pela frente, a par das mais difíceis decisões a tomar que por ventura levantem a pátria do caos e da incredibilidade em que está mergulhada, tarefa árdua se à sua volta não estiverem as pessoas certas, capazes de o acompanharem neste período de transição. E ainda assim, que ninguém pense que tudo isto será pròpriamente um doce de côco. Quem é que vai juntar todos os cacos dos estragos feitos pela governação anterior, não só por causa da guerra com o Iraque, mas de toda a desestabilização causada pelo fa-tídico Onze de Setembro, de cujo susto e consequências ainda muitos não se refizeram e continuam à procura de uma razão que justifique semelhante tragédia. As pergun-tas continuam sem resposta, de como num país de gran-de segurança como a América, tem no seu território, nos seus establecimentos de ensino indivíduos que treinam para cortar a mão de quem os serve. Desde então, tem sido só fingir que tudo está bem.

Ainda ninguém se atreve a pensar que a Améri-ca está de cangalhas, apesar de muita gente ter perdido as suas casas, de o desemprego estar a aumentar com o encerramento desenfreado

de toda a casta de posições, desde o mais qualificado ao mais humilde trabalho. A crise está a instalar-se de forma cruel numa terra habituada ao desafogo e à grandeza. E se aqui está assim, como deverá ficar o resto do mundo, incluíndo a buliçosa Europa que estava a acostumar-se à sua moeda única, às suas portas francas, experimentando uma nova forma de fazer amigos, comércio e turismo. Foi uma espécie de embarque no sonho efémero que não deixa de ser uma boa experiência para o futuro, desde que seja mantida a esperança.Apesar do que ainda está para vir, que ninguém perca o bom senso da concórdia, o sorriso da compreenção, a ale-gria de viver mesmo nas piores situações.À porta está o Carnaval que já começou a pisar os palcos das Comunidades lusas, apitando para as primeiras actua-ções ainda um pouco fora de tempo é certo, mas trazendo aos espectadores motivos de boa disposição, com muita graça, espírito crítico inofensivo, roupas vistosas e música alegre, ingredientes necessários para fazer esquecer um pouco os amargos do dia-a-dia da vida.Saibamos disfrutar do que ainda temos.

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14 1 de Fevereiro de 2009COMUNIDADE

um grupo musical para todos os tempos

A História do GrupoO Conjunto Zodiac foi fundado em 1984 com o intuito de compor a sua própria música sendo diferente da norma. Os seus sons consistem de batoques intensos, vocais me-lódicos, ritmos quentes e trompetes coordenados. O grupo conta com oito elementos – teclado e vocalista, baixista, guitarrista, guitarrista rítmico, baterista, percussionista e dois trompetistas. Tornaram-se na fórmula copiada por outros grupos que se seguiram, um antídoto ideal para a música portuguesa da altura. Os Zodiac lançaram quatro CDs originais além de uma colectânea. O mais recente tra-balho, Mentirosa, recebeu notas positivas dos fãs e comunicação social.Desde o lançamento do seu primeiro disco, os Zodiac tem vendido milhares de exem-plares e actuado perante muitos milhares de fãs.O grupo está presentemente em estúdio a trabalhar no seu quinto album que será lan-çado no próximo verão.Alguns dos seus trabalhos estão disponiveis para venda no iTunes.

www.myspace.com/oconjuntozodiac

Actuações futuras:

Feb 28 2009 9:00P IES Hall - Crab Cioppino San Jose, CaliforniaMay 16 2009 9:00P Gilroy IFDES Hall Gilroy, CaliforniaMay 31 2009 8:00P San Diego UPSES Hall San Diego, CaliforniaJun 6 2009 9:00P Stockton Portuguese Hall Stockton, CaliforniaJun 13 2009 9:00P Mountain View Villa St Hall Mountain ViewJun 14 2009 4:00P Mountain View Villa St. Hall Mountain View, Calif.Jul 25 2009 8:00P Private Event - Wedding Campbell, CaliforniaAug 8 2009 9:00P Tulare TDES Hall Tulare, CaliforniaAug 14 2009 8:00P Turlock - Our Lady Of Assumption Hall Turlock, CaliforniaOct 17 2009 8:00P Watsonville Portuguese Hall Watsonville, CaliforniaDec 31 2009 10:00P *New Years Show - Pending* Chino, California

Z o d i a c

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15PATROCINADORES

COMUNICADO 1

O Consulado-Geral de Portugal em San Francisco apresenta os seus melhores cumprimentos e têm a honra de comu-nicar que o Instituto Camões acaba de lançar a Biblioteca Digital Camões, com cerca de 1200 títulos, entre artigos,livros, partituras e textos de cultura hu-manística portuguesa, com consultagratuita, a qual pretende ser repositó-rio da cultura em língua portuguesa,tendo como principal critério a publi-cação de obras integrais, para leituragratuita, sem necessidade de registos

ou subscrição; aconselha-se a consultade informação disponível em www.instituto-camoes.pt/noticias-ic-portugal/ biblioteca-digital-camoes.html.

San Francisco da Califórnia, aos 28 de Janeiro de 2009.

COMUNICADO 2

O Consulado-Geral de Portugal em San Francisco apresenta os seus meihores cumprimentos e tem a honra de, a pedido do.Ministério dos Negócios Estrangeiros, comunicar que o Instituto Camöes, na sua

plataforma de aprendizagem à distância, publicou na sua página em

www.instituto-camoes.pt/cvc, dados sobre os cursos, que terão inicio no 2º semestre do corrente ano lectivo, e cujo calendário é o seguinte: • 7 a 25 de Janeiro de 2009 - inscriçôes • 26 a 28 de Janeiro de 2009 - seleccão de candidatos • 29 de Janeiro a 5 de Fevereiro de 2009 - perlodo de pagamento • 10 de Fevereiro de 2009 - início dos cur-sos Para mais informações os interessados po

dem entrar em contacto corn o Consulado-Geral de Portugal, das Segundas as Sex-tas-feiras, das 9 da manhã as 3 da tarde, pelo telefone (415) 346-3400 ou fax (415) 346-1440. Ou acedendo ao site acima indicado.

San Francisco, 14 de Janeiro de 2009.

Antonio Alves de Carvalho Consul General

3298 Washington Street - San Francisco California 94115 - Tel (415) 346 3400

CONSULADO GERAL DE PORTUGAL S. FRANCISCO - CALIFORNIA

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16 1 de Fevereiro de 2009ENTREVISTA

O Adeus de Alzira Silva“O que eu não sabia é que me iria apaixonar tanto pelo meu trabalho”

Há doze anos ao tomar posse não sabia onde é que se ia meter?

Tinha ideia do que ia acontecer, porque eu já tinha feito alguns trabalhos como jorna-lista sobre as comunidades e tinha ficado muito sensível a vários sentimentos que atravessam as comunidades. A saudade, o sentimento da lonjura, a quase “orfandade” que se sente nos primeiros anos em que se vive numa terra diferente. Tudo isso me tinha levado a ficar extraordináriamente sensível ao tema. Também tinha feito um outro trabalho sobre os regressos forçados, ou seja, as pessoas alvo de deportação.Fiquei assim mais desperta para as comu-nidades, embora eu tivesse família emi-grada na California e na Costa Leste. Isto só para falar dos Estados Unidos. Também tinha família no Brasil e Canadá.Portanto, eu sabia um pouco. O que eu não sabia é que me iria apaixonar tanto pelo trabalho e que iria dar dias e noites de tra-balho até ao ponto de me esquecer de tudo o que me rodeava. Isso, eu não sabia no princípio.

Havia limitações políticas nas ajudas às comunidades?

Há limitações sempre. Nunca senti limita-ções políticas por fazer isto ou aquilo. Há sempre limitações financeiras. Nós não te-mos nunca os orçamentos que gostaríamos de ter, para fazer muitos e muitos projec-tos e também não temos nunca os meios humanos para desenvolver esses projectos. No entanto, eu considero que tive ao lon-go dos anos um equilíbrio entre a equipa humana e os meios financeiros. Isso per-mitiu-me fazer algumas opções daquilo que nós consideramos ser mais importante fazer num determinado ano, numa deter-minada legislatura, embora tivéssemos sempre procurado, por um lado, evoluir e ir ao encontro de novas necessidades das comunidades, dar novas respostas, fazer novas reflexões e também procurar sem-pre inovar. Criar e inovar, ouvindo sempre as comunidades, de maneira a saber que o que estávamos a fazer era dos interesse delas. Temos que adequar as respostas aos destinatários do nosso trabalho. Isso foi uma coisa que procurámos sempre fazer. Obviamente que, se eu tivesse tido mais pessoas e mais meios técnico-financeiros, ter-se-ia feito mais. Mas também sei que tendo em conta, as realidades da região e

do país, houve sempre vontade e meios po-líticos para o que foi urgente fazer.

Como é que a Direcção Regional dividia equitativamente os projectos entre todas as comunidades? Qual era a filosofia da distribuição entre todos?

A filosofia poderia ser equitativa mas não em primeira instância. Os projectos que eram desenvolvidos por nós para as comu-nidades, faziamos de uma maneira equi-tativa, ou seja, se num ano privilegiava-se com mais projectos nossos os Estados Uni-dos, no outro ano procurávamos dar mais um projecto nosso ao Canadá ou ao Brasil, de maneira a termos sempre trabalho nas várias frentes, incluindo as Bermudas e o Uruguai. Mas quando os projectos eram apresentados pelas comunidades a candi-daturas, nós não podíamos ser equitativos, ou seja, o que nos chegava era o que era objecto da nossa análise. Aí, nós podíamos ter, por exemplo, 20 projectos de uma co-munidade e zero da outra. Como é que se pode ser equitativo nestas circunstâncias? Dentro dos vinte, seleccionávamos aque-les que tinham maior capacidade de ino-vação, criatividade, realização dos seus promotores.A abrangência do projecto também entra-va em linha de conta. Quantos seriam os destinatários de um projecto? Se abran-gesse milhares de pessoas tínhamos que apostar nele. Se abrangesse três pessoas apenas, já não teria tanto interesse.Uma equipa fazia a análise do projecto que nos era apresentado e depois havia o despacho, que era baseado nesse pa-recer, mas que tinha uma certa margem de concordância ou discordância, con-forme achávamos que a análise estava mais ou menos detalhada. Haviam projectos culturais, sociais, que nos apresentavam, projectos de intercâm-bio escolares e ainda os nossos próprio projectos.Que tipo de projectos idealizados por si é que não conseguiram vin-gar?Não tenho exemplos de projectos que não conseguiram vingar, mas posso di-zer que há projectos que estão ainda num fase que terão que ter um maior desen-volvimento. O projecto da Plataforma dos Jovens, por exemplo, que aconteceu aqui na California há pouco tempo, precisa de ser consolidado. É um projecto com futu-

ro na minha opinião. O projecto do Portal das Comunidades Açorianas é um projec-to apoiado pela Direcção Regional das Co-munidades, que não lhe pertence sozinho, e que é um projecto que tem muita poten-cialidade, mas precisa de ser consolidade. É um projecto de estudos, académico. É um projecto de ponto de encontro de es-tudos sobre os Açores e as Comunidades Açorianas. Há também o projecto dos En-contros que penso que terão que continuar, mas também numa maneira mais sólida, ou seja, com mais resultados práticos. Aqueles Encontros temáticos de caracter social, de caracter cultural e informativo, penso que esses terão de ser mais consoli-dados de maneira a que possamos levar a cada encontro resultados muito práticos,

para que as pessoas possam desenvolver projectos comuns. Eu não penso que há projectos falhados a nível da Direcção Regional, há sim pro-jectos com necessidade de reforço, e nem estou a referir-me a esforço financeiro. Estou a referir-me ao esforço das próprias Comunidades e da Direcção Regional, para haver uma maior concentração de

meios em projectos que são estruturantes para as comunidades.Não querendo comparar as comunida-des entre si, quais foram as mais activas em projectos?

Dependeu das épocas. Houve em deter-minadas alturas vários projectos da Ca-lifornia, houve em determinados anos mais projectos de Santa Catarina, Brasil. Noutras alturas a área de Toronto foi mui-to activa. Mais tarde, a área de Vancouver foi mais activa. Felizmente que tem havi-do ciclos. Uma vez é uma comunidade e no outro ano outra. Depois volta tudo ao princípio.

Que tipo de projecto era mais bem re-cebido pela Direcção Regional? Técnico, científico, cultural, social?

É uma pergunta muito d i f í c i l , p o r q u e

nós,teóricamente, gostamos de quaisquer projec-tos que tenham

algo de novidade. Os projectos cultu-

rais não se podem comparar aos sociais e

vice-versa, portanto, é difícil eu dizer qual é ou quais eram aqueles que teriam mais acei-tação nossa, porque eram tantos e tão variados. Aceita-ção havia sem-pre, desde que esses projectos tivessem reflexo nas comunida-des, no sentido de abranger pes-

soas, de mostrar algo novo.

Como é que a Direcção Regional media o sucesso de um projecto?

Quando estávamos a analisar o projec-to, nós tínhamos o nosso critério de avaliação, que está publicado. Havia regras muito claras e que balisava a nossa apreciação.O problema era medir depois do projecto acabado. Depois do projecto desenvolvido em que nós não tínhamos participado, tínhamos que acreditar nos relatórios que nos eram apre-sentados pelos promotores, tínhamos que acreditar nas

provas que nos mandavam do projecto - fotografias, relatórios de contas, artigos de jornal que tinham falado daquele projecto, etc.. Também o próprio diálogo com a comunidade ajudava a com-preender o sucesso do projecto.

Ultima pergunta - A Rita Dias é a pessoa indicada para a suceder?

A Rita vai ser uma Directora Regional atenta, competentee, profissional. Ela tem todas as qualidades para ser uma granmde Directora Regional. Estou muito feliz por ter sido ela a escolhida.

Doze anos a trabalhar com as Comunidades Açorianas espalhadas pelo mundo fora, deram a Alzira Silva uma visão unica das nossas re-alidades, das nossas ansiedades e do amor que todos temos pela terra que nos viu nascer. Durante estes anos, houve de parte a parte maus entendidos, que algumas vezes dificultaram o diálogo. Esperamos que a nova geração de governantes, que pouco sabe da nossa emigração, pois muitos já nasceram depois do 25 de Abril e não conheceram as misérias do nosso país, saibam compreender aquilo que Alzira Silva e o seu grupo de trabalho, aprenderam estes anos todos.Rita Dias, conhecendo como conhece a Direcção Regional, pode fazer um grande trabalho, como Directora das Comunidades. Tem tudo a seu favor.

“A Rita vai ser uma uma Directora Regional atenta, competente, profissional”

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17

Alzira Silva e Rita Dias, a nova Directora Regional das Comunidades, rodeadas por representantes de organizações comunitarias.

COMUNIDADE

Alzira Silva, Directora Regional das Comunidades até ao dia 30 de Janeiro de 2009

Maria Ricardo, uma das patrocinadoras da Festa de Despedida a Directora Regional das Comunidades

Antonio Alves de Carvalho, Consul Geral de Portugal em San Francisco

Realizou-se no S.E.S. de Santa Clara uma festa de despedida a Alzira Silva, até agora Directora Regional das Comunidades. Muitas organizações comunitarias estiveram re-presentadas nesta homenagem, para dizer adeus a uma Mulher que durante 12 anos dedi-cou a sua vida as relações entre os Açores e a Diáspora, de uma maneira muito positiva.

Queremos crer, que talvez a California não tivesse usufruido de projectos devido a nossa maneira de ser. Muitas vezes esperamos que caiam dos céus algumas benesses e quem espera coisas dessas não tem muita sorte. Precisamos de novas lideranças que estejam atentas aos ventos que correm e que sejam capazes de projectar o futuro.

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18 1 de Fevereiro de 2009PATROCINADORES

Compre produtos dos nossos patrocinadores

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19COLABORAÇÃO

Minha Língua Minha Pátria

Eduardo Mayone [email protected]

GungunhanaAscensão e Queda

Mudungazi que mais tarde adop-tou o nome N’g u n g u n h a n e ,

aportuguesado como Gungunha-na, foi o último régulo de Gaza, em Moçambique, o segundo rei-no mais poderoso da África e o primeiro do Ultramar Português. Este reino ocupava uma área de quase 90 000 quilómetros qua-drados, habitada por uma popu-lação de etnia vátua estimada em cerca de um milhão e meio e dis-pondo de um numeroso exército. A sua extensão representava o que é hoje metade da República de Moçambique e zonas do Zim-babué e da União Sul Africana.Gungunhana nasceu por volta de 1850 e após a morte do pai, as-sassinou um irmão mais velho de modo a poder assumir o poder sobre o reino de Gaza. Os dez anos do seu reinado, de 1885 a 1895, foram marcados por uma extrema violência nas lutas con-tra tribos vizinhas.O chamado “Leão de Gaza” man-teve, contudo, uma hábil política de relações com as potências eu-ropeias, numa série de alternadas alianças com Lisboa e com Lon-dres, na crença de que lucraria com as divergências entre os dois países que disputavam o domínio da África Austral.Em 1894 comete, todavia, um erro fatal ao dar guarida a dois ré-gulos tsongas, Zixaxa e Amdun-gjuana, que haviam atacado po-sições portuguesas em Lourenço Marques durante uma revolta. As represálias portuguesas não se fi-zeram esperar.A 28 de Dezembro de 1895 uma coluna militar portuguesa co-mandada por Mouzinho de Albu-querque, ataca a aldeia fortificada de Chaimite, onde o Gungunha-na se havia refugiado, e consegue aprisioná-lo. Conduzido com al-guns familiares e companheiros à cidade de Lourenço Marques, o grupo é embarcado no vapor África com destino a Lisboa.A 13 de Março de 1896 chegam pois ao Tejo o Gungunhana, as suas sete mulheres, o filho Go-dide, o seu tio Molungo e dois régulos vassalos de Gaza com as respectivas mulheres, assim como um cozinheiro.Vinham amontoados num peque-no e nauseabundo beliche a esti-bordo do navio. Quando alguns jornalistas foram autorizados a subir a bordo, depararam-se com Gungunhana deitado numa estei-ra, com a cara tapada. Alguém a destapou e o preso ergueu-se com uma expressão desconfiada e co-briu o rosto com as mãos. Acer-caram-se depois mais pessoas e os africanos foram trazidos para o convés.Aí, o sanguinário chefe rompeu num convulsivo pranto e implo-rou a sua libertação e regresso à terra natal. (Mais tarde chegaria a ajoelhar-se e a beijar as botas dos captores, pedindo-lhes perdão.)Uma vasta multidão invade o Terreiro do Paço na ânsia de ob-servar os vencidos. Após a humi-

lhação do ultimato britânico de 1890, o povo regozijava-se com a chegada destes troféus de guerra.Após o desembarque no Arsenal de Marinha, o jovem Godide, alto e garboso, de aspecto cativante, desperta a atenção de esposas de funcionários do Arsenal, que lhe pedem autógrafos. Os prisionei-ros são então conduzidos a seis carruagens com escolta de cava-laria, que a custo abrem caminho pelas ruas da Baixa, entre os gri-tos e insultos dos populares que se apinhavam ao seu redor.Chegado ao Forte de Monsanto, todos são encerrados em sotur-nas e húmidas casamatas, onde as suas escassas roupas não os podem proteger do frio. Mais tarde transferidos para quartos de oficiais, com janelas e mais secos, logram suportar um pou-co melhor a sua desdita. O cozi-nheiro do grupo prepara-lhes as refeições, sobretudo um prato fa-vorito de carne assada com arroz e feijão verde.À volta do forte criara-se um ver-dadeiro arraial de gente que pre-tendia avistar os detidos. Quando o conseguiam, havia impropérios e gestos indecorosos.Três meses depois o grupo se-parou-se e as mulheres foram enviadas para São Tomé, onde algumas faleceram. O Gungu-nhana, o filho Godide, o seu tio Molungo e o régulo Zixaxa são embarcados com destino à Ilha Terceira.

A 27 de Junho de 1896 dão entrada no Forte de S. João Baptis-ta, situado no Monte

Brasil, em Angra do Heroísmo. A caminho deste destino, como notaria o jornal A União do dia seguinte, causaram certa comise-ração pelo seu aspecto. Vestiam roupas velhas e o Gungunhana ia descalço e com a fralda da ca-misa fora das calças. Mais tarde receberam chapéus e botas. Um fotografia de 1899 mostra-os já quase elegantemente vestidos à moda europeia do tempo.Em Angra os prisioneiros foram tratados com relativa benevo-lência. Equiparados a segundos sargentos de Caçadores 10, a unidade aquartelada no Forte. re-cebiam o respectivo pré, 60 réis diários, e rancho. Gozavam do chamado “regime livre” e esta-vam autorizados a circular pelas ruas da cidade. Aí foram alvo da complacente curiosidade dos transeuntes, muitos dos quais nunca haviam visto um negro. As crianças acercavam-se ao Gun-gunhana e algumas penduravam-se do seu braço.Todos foram alfabetizados e a 16 de Abril de 1899 receberam o baptismo na Sé Catedral das mãos do bispo de Angra, apadrinhados por elementos da alta sociedade local. Receberam também novos nomes: o Gungunhana passa a ser Reinaldo Frederico, o filho Antó-nio da Silva Pratas, o tio torna-se José Frederico e Zixaxa Roberto Frederico. Eram agora considera-dos pessoas de bem e facilmente

aceites pela sociedade angrense.Gungunhana e Molungo, os mais velhos, nunca se puderam adaptar à vida europeia e caíram numa forte depressão, talvez a causa que os levou ao alcoolis-mo.Zixaxa, o mais empreendedor de todos, dedicou-se à fabricação de cestos e xaropes medicinais,e chegou a tornar-se guarda do Monte Brasil. Faleceu em 1927, casado e com um filho. Molungo morreu em 1912, com mais de 80 anos. Godide contraiu a tu-berculose que em 1906 grassava nos Açores. Embora tratado em Angra e em Lisboa, veio a falecer em 1911 no Hospital Militar da Boa-Nova, apenas com 35 anos.O Gungunhana sucumbiu a um derrame cerebral no mesmo Hos-pital da Boa-Nova, a 23 de De-zembro de 1906. Assim passou

à História aquele que Portugal considerou um detestado rebelde e Moçambique um dos seus he-róis nacionais.

Ilha Terceira - Gungunhama, Godide, Molungo e Zixaxa em 1899

Moçambique - o caixão de Gungunhama, Rei de Gaza, em Maputo

Ilha Terceira - Castelo de São João Baptista

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20 1 de Fevereiro de 2009COLABORAÇÃO

Mais Tarde Para Recordar

Eis que chegou a confirmação, o dia em que tudo se tornou oficial: Barack Obama tornou-se o novo presidente dos Estados Unidos

da América. No passado dia vinte de Janeiro, às nove horas da manhã, o país parou para teste-munhar uma inauguração histórica. Por momentos, todos deixaram de fazer o que estavam a fazer para assistirem pela televisão(e alguns ao vivo) à tomada de posse do nosso novo líder. Por momentos, o carpinteiro parou de pregar, o pintor dei-xou de pintar, o barbeiro deixou de cortar, o professor parou de ensinar, o doutor pa-rou de operar, as mexeriqueiras pararam de mexericar, os estudantes pararam de estudar…e é importante não esquecer que o George Bush deixou de governar.

Eu, assim como milhares de outros estu-dantes assistimos à inauguração através do ecrã gigante que se encontrava no pavi-lhão da nossa universidade. Por sorte, nes-se dia eu não tinha aulas às nove da manhã mas mesmo que tivesse, tinham sido can-celadas certamente. No momento em que Barack Obama foi anunciado oficialmente como o novo pre-sidente dos Estados Unidos da Améri-ca, parecia que o pavilhão vinha abaixo. Os ânimos apenas se acalmaram quando chegou à altura do discurso do novo pre-sidente. Durante trinta minutos, o novo presidente fez um discurso emocionante

carregado de realismo e transmitindo uma mensagem de esperança apelando à contri-buição do povo para um futuro promissor. O presidente terminou o seu discurso com o habitual “God bless you. And God bless the United States of América”. No final, ninguém conseguia conter as emoções: uns gritavam e saltavam de alegria enquanto que outros limpavam as lágrimas dos ros-tos. Havia uma sensação de renascimento e uma das palavras que se ouvia com mais frequência da boca dos jovens era “hope” que em português significa esperança.Nunca um presidente foi tão apoiado pelo geração jovem. Na minha opinião, a expli-cação para isto deve-se ao facto do Presi-dente Barack Obama possuir tudo aquilo que é necessário para ser um ídolo. Para a maioria dos Americanos de origem Afri-cana, Barack Obama é sem dúvida o ído-lo de eleição, mas não será só para eles. Arrisco-me a dizer que Barack Obama se tornou num ídolo para muitos de nós. Eu não me refiro apenas ao Presidente Bara-ck Obama, ou ao Senador Barack Obama, mas sobretudo à pessoa que é o Barack Obama – um homem que, pela sua histó-ria de vida, inteligência, carácter, e capa-cidade de liderança, conquistou os nossos votos tornando o que era imaginável na realidade a que presentemente assistimos.

Provavelmente estou a cometer um peque-no erro ao dizer que Barack Obama con-quistou os “nossos votos”, pois pelas con-

versas que tive com alguns portugueses, o apoio a Barack Obama não era unânime. Cada um tem a sua preferência política e a decisão de votar em quem quer que seja deve ser respeitada, mas é muito triste saber que alguns portugueses(e não só) basearam a sua escolha política na cor do candidato. Mas no fundo, o que interessa é que 53% dos Americanos não votaram na cor, mas sim na pessoa que hoje é o nosso Presidente. Após o discurso do Presidente, seguiu-se outro momento marcante do dia que foi a partida do nosso antigo presidente, George Bush. Até neste aspecto, o novo presidente mostrou ser uma pessoa de grande carácter. Apesar de ter criticado o antigo presidente duramente nos últimos meses, Barack Obama não deixou de agra-decer a George Bush o serviço prestado ao país durante os últimos oito anos no seu discurso. Para além disto, o Presidente Ba-rack Obama fez questão de acompanhar o antigo presidente e a sua esposa até ao helicóptero que eventualmente os levaria para o Texas. Nunca um presidente tinha acompanhado o antigo presidente até ao helicóptero no dia da sua despedida. Mi-nutos depois o helicóptero estava no ar. O antigo presidente dizia adeus à casa que foi sua durante oito anos enquanto que milhares de pessoas que ficaram em terra diziam adeus acenando com a mão, alguns até fazendo gestos de despedida pouco amigáveis ao ponto de serem cortados pela

televisão. O adeus a George Bush e as boas vindas a Barack Obama parecem ter instalado um novo sentimento de esperança no povo Americano. As expectativas são elevadas, mas não podemos estar à espera que o Pre-sidente Obama e o seu governo façam mi-lagres e o seu discurso realista transmitiu essa sensação. Podemos sim esperar que ele e a sua equipa governem com transpa-rência e que façam tudo que estiver ao seu alcance para colocarem este país onde ele deve estar.A inauguração do quadragésimo quarto Presidente dos Estados Unidos da Amé-rica será lembrada, sem qualquer dúvida, como um dos momentos mais marcantes da história nacional e mundial. O dia 20 de Janeiro de 2009 será certamente um dia para mais tarde recordar.

Lufada de Ar Fresco

Paul [email protected]

Page 21: Portuguese Tribune Feb 1

21PATROCINADORES

FRATERNAL ACTIVITIES OF THE SOCIETY

Luso American Fraternal FederationSociedade Portuguesa Rainha Santa Isabel

February 2009 LAFF

Date Time Council City LocationSaturday 7th 5:00 pm No-

Host Cockt.6:00 Dinner

YC # 11 Santa ClaraFundraisingAnnual Youth Council Fun-draising Acti-vity

SES Hall1372 Lafayette StSanta Clara, CAMore info: callLidia Resendes408-368-9499Arnold Rodrigues408-202-2728Joseph Resendes408-438-6740

Sunday 8th 12:30 No-Host Cocktails1:00 Lunch

42B-43C MartinezPresident Visits

Martinez Sportmen’s Club304 Embarcade-ro, Martinez

Sunday 15th 2:00 pm Cocktails3:00 Lunch

58B SalinasP residentes Visits

Waffle Rerstau-rant1465 N Main StSalinas

SPRSISunday 8th TBA 17- 43 Half Moon

BayCameron’s Highway 1Call SecretaryCarolina Silva650-324-7854

Saturday 21st TBA 94 Novato More Info to follow

Sunday 22nd 9:00 am Mass, Brunch follo-wing Mass

112 MartinezMore info: call Dorothy Potts510-799-2677

Mass at St. Ca-therine Church1100 Estudillo St, Martinez

Saturday 28th TBA 36-46-48 More info to follow

LUSO AMERICAN LIFE

20-30’s Associate President Liz Alves, State President Liz Rodrigues, State Youth President Gary Resendes

Contact LAFF 925-828-4884

SPRSI Presidents:

Constance Brazil, Tisha Cardoza, Brianne Mattos

Page 22: Portuguese Tribune Feb 1

22 1 de Fevereiro de 2009DESPORTO

O F.C. Porto fechou a primei-ra volta na frente, como na época passada, mas é o úni-co dos «grandes» que perde

pontos na comparação com 2007/08. Esta temporada Jesualdo somou 31 pon-tos, resultado de nove vitórias, quatro empates e duas derrotas. Mais um de-saire do que em 2007/08 e dois empates. E menos três vitórias. No total, o cam-peão tinha 38 pontos depois de disputa-das quinze jornadas. Ou seja, mais sete do que hoje. Quanto a golos, 26-11 hoje, versus 24-5. O ataque está ligeiramente melhor, a defesa piorou bastante. O Sporting de Paulo Bento tem hoje mais quatro pontos, 30 contra 26. Na prática, Paulo Bento perdeu o mesmo (três vezes), mas ganhou em mais duas ocasiões. Quanto a golos, 19-8 hoje, contra 22-14 em 2007/08. Ataque me-nos feliz, defesa mais certa. Por último o Benfica. Tem apenas mais um ponto do que em 2007/08 por esta altura. Trocou uma derrota por um empate. Quanto a golos, 25-12 esta temporada; 26-9 na época anterior. Ou seja, nada de especial se alterou na Luz, apesar do ruído mediático que levaria a supor o contrário. Mais de dez pontos perdidos no Sado Olhando mais para baixo, percebe-se que o Vitória de Setúbal apresenta a queda mais significativa no último ano. Por esta altura, em 2007/08, a formação sadina acumulava 24 pontos, lutando

pelo apuramento para a Taça UEFA. Ago-ra, com metade dos pontos, ocupa a penúl-tima posição da tabela classificativa. O F.C. Porto, conforme referido acima, também apresenta uma quebra significa-tiva (sete pontos), surgindo o Vitória de Guimarães a completar este pódio, com outros sete pontos perdidos. O Leixões, por seu turno, deu o maior sal-to (mais doze pontos), seguido do Nacional da Madeira (mais oito pontos).

Pontuação comparativa(07/08 com 08/09):

F.C. Porto - 38 /31 pontos Benfica - 29/30 Sporting - 26/30

V. Guimarães - 25/18 V. Setúbal - 24/12 Sp. Braga - 23/23 Marítimo - 23/23 Belenenses - 19/14 Nacional - 17/25 E. Amadora - 16/19 Académica - 15/14 Naval - 15/19 Leixões - 15/27 P. Ferreira - 12/15

In Maisfutebol

Liga Sagres

Liga perde 112 mil espectadoresFormação de jogadores ameaçada

A Liga perdeu 112.947 espec-tadores em relação à época passada, tendo em conta os totais de assistências no fi-

nal da primeira volta. Uma quebra de 8,7 por cento, numa tendência quase ge-ral e que afecta todos os «grandes».O Benfica é o clube com melhores totais de assistências (290.857 espectadores),

mas está ainda as-sim abaixo de igual período da época passada (300.029), sendo que já rece-beu F.C. Porto e Sporting, tal como tinha acontecido na última tempora-da por esta altura.A diferença do F.C. Porto é maior, mas os «dragões» ainda vão receber os dois clássicos.

Na época passada, por esta altura, os cam-peões tinham levado 302.299 espectado-res ao estádio, esta temporada o total é de 243.172.Quanto ao Sporting, tem 187.714 especta-dores, contra 208.427 há um ano. E neste caso os «leões» já receberam o F.C. Porto, quando na época passada os dois clássicos

aconteceram na segunda volta. Tendência igual mostram V. Guimarães e Sp. Braga, os clubes que se seguem com maiores as-sistências.Por curiosidade, refira-se que a taxa de ocupação dos estádios se mantém muito próxima da época passada, com 44,2 por cento, porque a Liga perdeu dois recintos com maior capacidade, Bessa e Leiria, que foram substituídos pelos estádios com me-nor capacidade de Tofense e Rio Ave.A melhor jornada da Liga 2008/09 foi a oitava, com 130 mil espectadores no total. A pior foi a 13ª, com 30 mil espectadores a dividir por oito estádio. Seguiu-se a ronda que agora terminou, a última da primeira volta, com um total de 39.992 espectado-res nos estádios.O Benfica-Sporting da 4ª jornada foi o jogo com melhor assistência, um total de 60.022 espectadores.

In Maisfutebol

A Liga Portuguesa é segunda no ranking dos campeonatos europeus com mais es-trangeiros. Essa é a conclusão do «Estudo demográfico dos futebolistas na Europa», que aponta o risco da formação lusa se extinguir.«Há o risco de ser abandonada a forma-ção de jogadores portugueses e de vir a tornar-se uma liga suplementar de joga-dores brasileiros», afirma Raffaele Poli, um dos autores do estudo, em declarações à Lusa.Os números apresentados são revelado-res: dos 383 jogadores da Liga portugue-sa, 53,7 por cento são estrangeiros (211). A maior parte é oriunda do Brasil (137), na segunda posição surgem os argentinos (15) e depois os franceses (9).A Liga portuguesa só é superada por In-glaterra, em que 59,1% dos jogadores são estrangeiros. No entanto, mais de metade

dos jogadores que actuam na Liga inglesa são internacionais, enquanto que em Por-tugal apenas um quinto já passou pelas respectivas selecções.«O mecanismo é que os jogadores por-tugueses mais talentosos vão para o es-trangeiro e são substituídos por jogadores brasileiros mais medíocres», acrescenta o docente da Universidade de Neuchâtel e Lausanne.

Belenenses é o clube com mais estrangeiros

O Belenenses é o clube que mais contri-bui para a elevada percentagem de es-trangeiros em Portugal. 72 por cento do plantel do clube do Restelo é constituído por jogadores estrangeiros. No sentido oposto, o Rio Ave é o clube com menos estrangeiros no seu plantel (29,2%).

Portugal tem 121 jogadores em campeonatos europeus

Portugal é o quinto país mais exportador de futebolistas na Europa, com 121 joga-dores a actuarem em campeonatos euro-peus, atrás do Brasil (551), França (233), Argentina (222) e Sérvia (192).Raffaele Poli fundou, juntamente com Loïc Ravenel da Universidade de Fran-che-Comté (França), o Observatório dos Jogadores Profissionais de Futebol (OJPF) e desenvolveu o «Estudo demográfico dos futebolistas na Europa». A investigação integra dados referentes a Outubro de 2008 e abrange 11015 jogadores, de 456 clubes, que jogam em 30 ligas europeias.

In Maisfutebol

Liga Profissional de Futebol

Balanço da Primeira VoltaAfinal o que é que mudou?

Page 23: Portuguese Tribune Feb 1

23PATROCINADORES

Page 24: Portuguese Tribune Feb 1

24 1 de Fevereiro de 2009TAUROMAQUIA

SANJOANINAS 2009Cartéis a mais em tempode crise, mas com El JuliCalculo as dificuldades que a Comissão Taurina das Sanjoaninas 2009 teve em contratar artistas este ano, tendo em vista a crise económica mundial que afecta todos nós.Como deve ter sido dificil prever a vin-da de aficionados das Américas para que se possa equilibrar um orçamento já de si mais curto que os anos ante-riores. Não se pode justificar hoje em dia, que as taxas camarárias do povo do Conselho de Angra sirva para pagar Corridas de Toiros. E aí é que está a di-ficuldade da Comissão. Prever o futu-ro. Sem “americanos e canadianos” as praças de toiros ficarão as moscas. Te-mos a certeza que mesmo com a crise, a SAUDADE fará milagres e os aviões da SATA Internacional irão cheios para a Terceira.Oxalá que um dia os açorianos compre-endam o bem que é ter uma rectaguarda destas, que está, esteve e estará sempre ao lado deles. O contrá-rio é que nem sempre é verdade.

Dia 21 de Junho, Domingo“Corrida da Oportunidade”

CavaleirosRui Lopes

NovilheiroManuel Dias GomesJose Manuel Mass

Grupo de ForcadosGrupo de Forcados Amadores da Tertúlia Tauromáquica Terceirense

Toiros deRego BotelhoHerdeiros de Ezequiel RodriguesIrmãos Toste

Dia 24 de Junho Quarta-feira“Corrida de Prata - 25 Anos da Praça de Toiros Ilha Terceira”

CavaleirosMarcos Tenório BastinhasTiago PamplonaJoão Pamplona

MatadorRuben Pinar

Toiros deRego BotelhoIrmãos Toste

Grupo de ForcadosGrupo de Forcados Amadores da Tertúlia Tauromáquica TerceirenseGrupo de Forcados Amadores do Ramo Grande

Dia 26 de Junho Sexta-feira“Majestosa Corrida”

CavaleiroManuel Lupi

MatadorEl Juli

Toiros deRego Botelho

Grupo de ForcadosGrupo de Forcados Amadores da Tertúlia Tauromáquica Terceirense

Dia 27 de Junho Sábado“Imponente Mano-a-mano”

CavaleiroVítor Ribeiro

MatadorEl Fundi

Toiros deCasa Agrícola José Albino Fernandes

Grupo de ForcadosGrupo de Forcados Amadores do Ramo Grande

Dia 28 de Junho Domingo“Grandioso Concurso de Ganadarias”

CavaleirosVitor RibeiroManuel LupiMarcos Tenório Bastinhas

Toiros deRego BotelhoCasa Agrícola José Albino FernandesIrmãos Toste

Grupo de ForcadosGrupo de Forcados Amadores da Tertúlia Tauromáquica TerceirenseGrupo de Forcados Amadores do Ramo Grande

Cartel in Terceira Taurina

PS - um grande abra-ço ao meu amigo José Couto, responsável tau-rino das Sanjoaninas. Um grande aficionado e uma velha glória do Sport Clube Lusitania.Benvindo mais uma vez à California.

Quarto Tércio

José Á[email protected]

Atirei o meu chapéu três vezes ao ar, quando soube que os dois Grupos de Forcados de Turlo-ck iriam tourear jun-tos numa corrida em Stevinson. Parabéns aos dois grupos.

O meu chapéu fica na mão a tremer nervosamente, quando vejo o numero de corridas de toiros aumentar na Terceira, num País em total rece-ção económica. O importante em tempo de crise é ser-se inventivo e escolher o melhor, dentro das possibilidades económicas da Ilha. Reduzir em uma as corridas faria muito mais sentido. Outra coisa que não compreendo é haver duas corridas com dois artistas, um cavaleiro e um matador. Estatísticamente são sempre corridas falhadas, sem emoção, sem competição, aborrecidas. Não há artistas que gostem deste tipo de corridas, só as aceitam agora para ganhar dinheiro em tempo de crise. Quem perde é quem paga o seu bilhete. Oxalá eu me enganasse.

Enfio o meu chapéu até as orelhas ao ler que no dia 27 de Junho haverá um mano-a-mano en-tre um cavaleiro e um matador. Nunca se deve chamar mano-a-mano a duas coisas distintas - um toureia a ca-valo e outro a pé. Não há comparação, nem sequer com-petição. São coisas distintas. Chama-se mano-a-mano a disputa entre dois matadores ou entre dois cavaleiros.Deve ter sido um descuido linguístico.

Enfio o meu chapéu até aos olhos, de vergonha, quando oiço dizer que o Sário Cabral vai tourear 3 toiros na Corrida de Elk Grove - querem matar um jovem praticante logo no princípio da temporada? Nós queremos o Sário a tourear a temporada inteira e aquela corrida pode ditar o seu futuro. Quem é que faz coisas destas? Que raio de aficion é esta?

Tiro o meu chapéu ao matador José Tomás, depois de ver aquela extraordinária faena ao toiro Idilico, e de o ter indultado. São faenas destas que mostram a toda a gente, a beleza do toureio, o sincro-nismo entre um toiro e um homem, a pintuta tornada movimento, a bravura e a nobreza de um toiro, a arte e a técnica de um dos maiores matadores da história.

El Juli - um dos maiores matadores de toiros da actualidade

Page 25: Portuguese Tribune Feb 1

25PATROCINADORES

VISITAS OFICIAIS PARA O MÊS DE FEVEREIRO

February 13: 6:30PM – Fremont, Council #5 Tel: (510) 489-4804February 15: 1:00PM – Merced, Council #29 Tel: (209) 358-6175February 21: 5:00PM – Hayward, Council #3 Tel: (510) 483-7788February 22: 1:00PM – Tracy, Council #137 Tel: (209) 835-4341February 28: 6:00PM – Redlands, Council #100 Tel: (909) 794-6556

Para mais informação telefone para os números indicados

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26 1 de Fevereiro de 2009ARTES & LETRAS

Diniz [email protected]

Esta é, seguramente, uma Maré Cheia diferente. Apresentámos, um texto que para muitos pode não ser lite-rário, mas é, indubitavelmente, um magnífico texto. Este é o discurso do novo Presidente dos Estados Unidos da América, Barack Obama. É um texto importantíssimo para a América e para o mundo. Daí que sem outros comentários, deixamos, nesta segunda Maré Cheia de 2009, o discurso pro-ferido pelo Presidente Barack Obama na cerimónia de posse que ocorreu a 20 de Janeiro último, na escadaria do Capitólio em Washington DC, perante um multidão que rondava os 2 milhões de homens, mulheres e crianças. Dos Açores, houve quem me escreveu dizendo que era um dos discursos mais interessantes e um dos textos mais in-teressantes que tivessem ouvido. Aqui nos Estados Unidos houve quem me disse que este texto precisava ser lido e reflectido em todos os cantos deste país.

Abraçosdiniz

Apenas Duas Palavras

Discurso de Barack ObamaMeus caros cidadãos:

Aqui estou hoje, humilde perante a ta-refa à nossa frente, grato pela confiança que depositaram em mim, consciente dos sacrifícios que os nossos antepassados enfrentaram. Agradeço ao Presidente Bush pelo seu serviço à nossa nação, as-sim como a generosidade e a cooperação que demonstrou durante esta transição.Quarenta e quatro americanos fizeram até agora o juramento presidencial. Os discur-sos foram feitos durante vagas de crescen-te prosperidade e águas calmas de paz. No entanto, muitas vezes a tomada de posse ocorre no meio de nuvens espessas e fu-riosas tempestades. Nesses momentos, a América perseverou não só devido ao ta-lento ou à visão dos que ocupavam altos cargos mas porque Nós o Povo permane-cemos fiéis aos ideais dos nossos antepas-sados e aos nossos documentos fundado-res.Assim tem sido. E assim deve ser com esta geração de americanos.Que estamos no meio de uma crise, já to-dos sabem. A nossa nação está em guerra, contra uma vasta rede de violência e ódio. A nossa economia está muito enfraqueci-da, consequência da ganância e irrespon-sabilidade de alguns, mas também nossa culpa colectiva por não tomarmos deci-sões difíceis e prepararmos a nação para uma nova era. Perderam-se casas; empre-gos foram extintos, negócios encerraram. O nosso sistema de saúde é muito oneroso; para muita gente as nossas escolas falha-ram; e cada dia traz-nos mais provas de que o modo como usamos a energia refor-ça os nossos adversários e ameaça o nosso planeta.Estes são indicadores de crise, resultado de dados e de estatística. Menos mensu-rável mas não menos profunda é a perda de confiança na nossa terra - um medo in-cómodo de que o declínio da América é inevitável, e que a próxima geração deve baixar as expectativas. Hoje eu digo-vos que os desafios que en-frentamos são reais. São sérios e são mui-tos. Não serão resolvidos facilmente nem num curto espaço de tempo. Mas fica a sa-ber, América - eles serão resolvidos.Neste dia, unimo-nos porque escolhemos a esperança e não o medo, a unidade de objectivo e não o conflito e a discórdiaNeste dia, viemos para proclamar o fim dos ressentimentos mesquinhos e falsas promessas, as recriminações e dogmas gastos, que há tanto tempo estrangulam a nossa política. Continuamos a ser uma nação jovem, mas nas palavras da Escritura, chegou a hora de pôr as infantilidades de lado. Chegou a hora de reafirmar o nosso espírito de re-sistência, de escolher o melhor da nossa história; de carregar em frente essa ofer-ta preciosa, essa nobre ideia, passada de geração em geração; a promessa de Deus de que todos somos iguais, todos somos li-vres, e todos merecemos uma oportunida-de de tentar obter a felicidade completa.Ao reafirmar a grandeza da nossa nação, compreendemos que a grandeza nunca é um dado adquirido. Deve ser conquistada. A nossa viagem nunca foi feita de atalhos ou de aceitar o mínimo. Não tem sido o caminho dos que hesitam – dos que pre-ferem o divertimento ao trabalho, ou que procuram apenas os prazeres da riqueza e da fama. Pelo contrário, tem sido o dos que correm riscos, os que agem, os que fazem as coisas – alguns reconhecidos mas, mais frequentemente, mulheres e homens des-conhecidos no seu labor, que nos condu-ziram por um longo e acidentado caminho

rumo à prosperidade e à liberdade.Por nós, pegaram nos seus parcos bens e atravessaram oceanos em busca de uma nova vida. Por nós, eles labutaram em condições de exploração e instalaram-se no Oeste; suportaram o golpe do chicote e lavraram a terra dura. Por nós, eles com-bateram e morreram, em lugares como Concord e Gettysburg; Normandia e Khe Sahn. Tantas vezes estes homens e mu-lheres lutaram e se sacrificaram e traba-lharam até as suas mãos ficarem ásperas para que pudéssemos viver uma vida me-lhor. Eles viram a América como maior do que a soma das nossas ambições individu-ais; maior do que todas as diferenças de nascimento ou riqueza ou facção.Esta é a viagem que hoje continuamos. Permanecemos a nação mais poderosa e próspera na Terra. Os nossos trabalha-dores não são menos produtivos do que eram quando a crise começou. As nossas mentes não são menos inventivas, os nos-sos produtos e serviços não são menos ne-cessários do que eram na semana passada ou no mês passado ou no ano passado. A nossa capacidade não foi diminuída. Mas o nosso tempo de intransigência, de prote-ger interesses tacanhos e de adiar decisões desagradáveis – esse tempo seguramente que passou. A partir de hoje, devemos levantar-nos, sacudir a poeira e começar a tarefa de re-fazer a América. Para onde quer que olha-mos, há trabalho paraa fazer. O estado da economia pede acção, corajosa e rápida, e nós vamos agir – não só para criar novos empregos mas para lançar novas bases de crescimento. Vamos construir estradas e pontes, redes eléctricas e linhas digitais que alimentam o nosso comércio e nos li-gam uns aos outros. Vamos recolocar a ciência no seu devido lugar e dominar as maravilhas da tecnolo-gia para elevar a qualidade do serviço de saúde e diminuir o seu custo. Vamos do-mar o sol e os ventos e a terra para abas-tecer os nossos carros e pôr a funcionar as nossas fábricas. E vamos transformar as nossas escolas e universidades para satis-fazer as exigências de uma nova era. Podemos fazer tudo isto. E tudo isto iremos fazer. Há alguns que, agora, questionam a escala das nossas ambições – que sugerem que o nosso sistema não pode tolerar mui-tos planos grandiosos. As suas memórias são curtas. Esqueceram-se do que este país já fez; o que homens e mulheres livres podem fazer quando à imaginação se jun-ta um objectivo comum, e à necessidade a coragem.O que os cínicos não compreendem é que o chão se mexeu debaixo dos seus pés – que os imutáveis argumentos políticos que há tanto tempo nos consomem já não se aplicam. A pergunta que hoje fazemos não é se o nosso governo é demasiado grande ou demasiado pequeno, mas se funciona – se ajuda famílias a encontrar empregos com salários decentes, cuidados de saúde que possam pagar, pensões de reformas que sejam dignas. Onde a resposta for sim, tencionamos seguir em frente. Onde a res-posta for não, programas chegarão ao fim.E aqueles de nós que gerem os dólares do povo serão responsabilizados – para gas-tarem com sensatez, reformarem maus hábitos e conduzirem os nossos negócios à luz do dia – porque só então poderemos restaurar a confiança vital entre o povo e o seu governo.Não se coloca sequer perante nós a questão se o mercado é uma força para o bem ou para o mal. O seu poder de gerar riqueza e

de expandir a democracia não tem parale-lo, mas esta crise lembrou-nos que sem um olhar vigilante o mercado pode ficar fora de controlo – e que uma nação não pode prosperar quando só favorece os próspe-ros. O sucesso da nossa economia sempre dependeu não só da dimensão do nosso Produto Interno Bruto, mas do alcance da nossa prosperidade; da nossa capacidade em oferecer oportunidades a todos – não por caridade, mas porque é o caminho mais seguro para o nosso bem comum.Quanto à nossa defesa comum, rejeitamos como falsa a escolha entre a nossa segu-rança e os nossos ideais. Os nossos Pais Fundadores, face a perigos que mal con-seguimos imaginar, redigiram uma carta para assegurar o estado de direito e os di-reitos humanos, uma carta que se expan-diu com o sangue de gerações. Esses ide-ais ainda iluminam o mundo, e não vamos abdicar deles por oportunismo. E por isso, aos outros povos e governos que nos estão a ver hoje, das grandes capitais à pequena aldeia onde o meu pai nasceu: saibam que a América é amiga de todas as nações e de todos os homens, mulheres e crianças que procuram um futuro de paz e dignidade, e que estamos prontos para liderar mais uma vez.Recordem que as primeiras gerações en-frentaram o fascismo e o comunismo não só com mísseis e tanques mas com alian-ças sólidas e convicções fortes. Compre-enderam que só o nosso poder não nos protege nem nos permite agir como mais nos agradar. Pelo contrário, sabiam que o nosso poder aumenta com o seu uso pru-dente; a nossa segurança emana da justeza da nossa causa, da força do nosso exemplo, das qualidades moderadas de humildade e contenção.Nós somos os guardiães deste legado. Guiados por estes princípios uma vez mais, podemos enfrentar essas novas ameaças que exigem ainda maior esforço – ainda maior cooperação e compreensão entre nações. Vamos começar responsavelmen-te a deixar o Iraque para o seu povo, e a forjar uma paz arduamente conquistada no Afeganistão. Com velhos amigos e antigos inimigos, vamos trabalhar incansavelmen-te para diminuir a ameaça nuclear, e afas-tar o espectro do aquecimento do planeta. Não vamos pedir desculpa pelo nosso modo de vida, nem vamos hesitar na sua defesa, e àqueles que querem realizar os seus objectivos pelo terror e assassínio de inocentes, dizemos agora que o nosso espírito é mais forte e não pode ser que-brado; não podem sobreviver-nos, e nós vamos derrotar-vos.Porque nós sabemos que a nossa herança de diversidade é uma força, não uma fra-queza. Nós somos uma nação de cristãos e muçulmanos, judeus e hindus – e não crentes. Somos moldados por todas as lín-guas e culturas, vindas de todos os cantos desta Terra; e porque provámos o líquido amargo da guerra civil e da segregação, e emergimos desse capítulo sombrio mais fortes e mais unidos, não podemos deixar de acreditar que velhos ódios um dia pas-sarão; que as linhas da tribo em breve se dissolverão; que à medida que o mundo se torna mais pequeno, a nossa humanidade comum deve revelar-se; e que a América deve desempenhar o seu papel em promo-ver uma nova era de paz. Ao mundo mu-çulmano, procuramos um novo caminho em frente, baseado no interesse mútuo e no respeito mútuo. Aos líderes por todo o mundo que procuram semear o conflito, ou culpar o Ocidente pelos males da sua

sociedade – saibam que o vosso povo vos julgará pelo que construírem, não pelo que destruírem. Aos que se agarram ao poder pela corrupção e engano e silenciamento dos dissidentes, saibam que estão no lado errado da história; mas que nós estendere-mos a mão se estiverem dispostos a abrir o vosso punho fechado.Aos povos das nações mais pobres, prome-temos cooperar convosco para que os vos-sos campos floresçam e as vossas águas corram limpas; para dar alimento aos cor-pos famintos e aos espíritos sedentos de sa-ber. E às nações, como a nossa, que gozam de relativa riqueza, dizemos que não po-demos mais mostrar indiferença perante o sofrimento fora das nossas fronteiras; nem podemos consumir os recursos do mundo sem prestar atenção aos seus efeitos. Por-que o mundo mudou, e devemos mudar com ele. Ao olharmos para o caminho à nossa frente, lembremos com humilde gratidão os bravos americanos que, neste preciso momento, patrulham desertos lon-gínquos e montanhas distantes. Eles têm alguma coisa para nos dizer hoje, tal como os heróis caídos em Arlington fazem ouvir a sua voz. Honramo-los não apenas porque são guardiões da nossa liberdade, mas por-que incorporam o espírito de serviço; uma vontade de dar significado a algo maior do que eles próprios. E neste momento – um momento que definirá uma geração – é este espírito que deve habitar em todos nós. Porque, por mais que o governo possa e deva fazer, a nação assenta na fé e na de-terminação do povo americano. É a generosidade de acomodar o desco-nhecido quando os diques rebentam, o altruísmo dos trabalhadores que preferem reduzir os seus horários a ver um amigo perder o emprego que nos revelam quem somos nas nossas horas mais sombrias.

(conclui na pagina 31)

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portugueses e r v i n g t h e p o r t u g u e s e – a m e r i c a n c o m m u n i t i e s s i n c e 1 9 7 9 • e n g L i s h s e c t i o n

Ideiafix

Miguel Valle Á[email protected]

“Grande Entrevista” with Champion

“I feel I am closer to the Lord during mass than any other moments of my life”Who is Champion? Where were you born, raised, educated?

My real name is Champion Moonwind Ri-vada Avecilla born in the Philippines and moved here in the U.S. with my family when I was young. I studied in San Juan Elementary School, Raymond Cree Middle School and James Lick High School. What led you to be interested in serving in church?

When we were very young, our mother used to take me and my siblings to Satur-day mass to pray the Rosary and to attend mass. We were encouraged as well to sing in the Sunday choir and after I received my First Communion I was able to become a Kni-ght of the Altar (Altar Server). I used to get scared because at our chur-ch of Saint John the Evangelist, there are statues of the Lord’s bleeding hands and scourged body. I used to hold on to our mother’s hands tightly and seat closed to her as we prayed the Rosary. And then one night, I had a dream that I went to the church by myself and I saw the Lord with His bleedings hands and He placed His palm on my head and said “Do not be afraid.” Ever since then I was never afraid anymore to look at his statues.

What is it like to serve Five Wounds Portuguese National Church?

When you serve the Lord with all that you are, you would feel you are at the right pla-ce at the right time. Just think of the Sorro-wful Passion and how the Lord is our Gre-

atest Inspiration. He did all that because He loves us.

Do you feel called to a religious voca-tion?

When I was younger but now I feel I am where the Lord wants me to serve HIM as a Sacristan and a Knight of the Altar.

What is your favorite religious celebration? Why?

It would have to be the Holy Sacrifi-ce of the Mass which is the highest form of prayer. Somehow I feel I am closer to the Lord during mass than any other moments in my life. All the troubles and worries of the world do not exist at the moment of Holy Mass. I only see the Lord and that is all that matters. What do you think non-Portu-guese-American parishioners feel about Five Wounds?

Some may feel awkwardness at first thinking this is a Portuguese Chur-ch, but when I see them and they ask me some questions I would tell them everyone is welcome here. A simple smile can do so much when we see new people here. How can more youth be encoura-ged to attend mass at Five Woun-ds?

The encouragement for them to attend should come from their parents. Parents are responsible in helping their children become closer to the Lord. They have to teach them how to pray the Rosary, go to catechism class, and to receive the Sacra-ments. Parents have to be the examples as well. What do you see as your greatest ac-complishment in serving Five Wounds Parish? Teaching my fellow altar servers the im-portance of mass and helping them learn how to pray the Rosary.

And just by being here on weekends to keep the doors open so people can come by to pray. What do you see as your own personal greatest accomplishment?

It would have to be the time when I lear-ned how to make Rosaries from my chur-ch friend Sherry Barreiro and giving them out to people who come to pray.The Divine Mercy of our Lord Jesus Christ is flowing out for us all. We should open our hearts and we should receive them with joy and humility. We need to be merciful to others as our Lord is merciful to us.

“Champion is the unsung hero of the Five Wounds Portuguese National Church in San José. He serves the Portuguese and English masses with equal devo-tion as the church’s sacristan and Knight of the Altar. Champion shows that non-Portuguese-Americans can love that church as much as our immigrants and their descendants. For his qualities and dedication in serving the Five Wounds Parish, Champion was nominated as the 2008 Religious of the Year by this newspaper on its January 15th edition.”

Below from left: Champion conducts wedding rehersals; Five Wounds Portuguese Church’s altar; Champion during the Church 94th aniversary Mass

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28 1 de Fevereiro de 2009ENGLISH SECTION

An advisory committee has worked to assist the Uni-versity in supporting and strengthening the Portuguese Studies Program at San Jose State University. Each year the committee has solicited additional funds to comple-ment the funding from the University and the Portugue-se Studies Endowment Fund. Over the years, one of the community’s objectives has been to establish Portuguese as an official minor that the University established this minor in the Department of Foreign Languages.The State budget crisis has created significant funding problems for the University. However, the advisory com-mittee was surprised and di-sappointed upon hearing that the Advanced Portuguese class 1101B may be cancelled because of low enrollment. It seems inconsistent to annou-nce an official minor and then cancel classes that support completing the minor. One would expect that it would take some time to have addi-tional students complete the prerequisite courses to “fill the pipeline” of enrollments for the advanced classes.Recognizing the State fun-ding crisis and its pressures on University Programs, on November 24, 2008 the Por-tuguese Studies Program advisory committee met to develop a strategy to obtain community support for addi-tional funds for the Portugue-se Studies Operating Fund. The committee plans to meet in February to move forward with this plan. One important consideration is that since the inception of the Portuguese Endowment Fund, the Por-tuguese community has con-tinued to provide donations to support classes beyond the introductory level.In addition, many of the same individuals from this com-

mittee are involved in esta-blishing an endowment for a Portuguese Heritage Collec-tion at San Jose State Univer-sity King Library. The dri-ve to establish this $25,000 initial endowment fund has reached approximately two-thirds of its goal. Any appeal for support for the Portuguese Studies Pro-gram must be developed in a way to obtain donations from the same community base, a targeted appeal to a select group within the community, perhaps based on commit-ments for multi-year support.With Brazil’s emerging role as a major player in the world economic scene and Portugal’s role in the Euro-pean Union along with its historic ties to other Portu-guese-speaking countries throughout the world, a strong Portuguese Studies Program must be considered an impor-tant element in supporting the high tech and other industries that the University supports.The advisory committee re-quested Dean Karl Toepfer of the College of Humanities and the Arts for keeping the Advanced Portuguese class available to students and thanked him for his conti-nuing support to making the Portuguese Minor a reality at the University.

The University reversed its decision and agreed to keep the class open to enrollment in the Spring 2009 semester.

For more information on the activities of the Portuguese Studies Program Advisory Committee, contact co-chairs Manuel Bettencourt ([email protected]) or Miguel Ávila ([email protected]).

SJSU almost cancelsPortuguese class

Berkeley Symphony names Joana Carneiro Music DirectorFollowing an intensive two-year search, conductor Joana Carneiro has been named Music Director of Berkeley Symphony beginning with the 2009-10 se-ason. She will lead the orchestra in four programs in UC Berkeley’s Zellerbach Hall beginning October 15, 2009, in addition to leading Berkeley Symphony’s Under Construction new music series. Carneiro succeeds Kent Nagano, the California-born conductor who rose to international prominence du-ring his three-decade tenure with the orchestra, as only the third Music Director in Berkeley Symphony’s history.Joana Carneiro served as Assistant Conductor and American Conducting Fellow with the Los Angeles Philharmonic from 2005-2008, working closely with Esa-Pekka Salonen. A native of Lisbon, Portugal, Carneiro is currently official guest conductor of the Gulbenkian Orches-tra. Previously, she was Assistant Conductor with the Los Angeles Chamber Orchestra and Principal Guest Conductor of the Metropolitan Orchestra of Lisbon. She also served as Music Director of the Los Ange-les Debut Orchestra following her selection in 2002 through the Young Musician’s Foundation’s National Conductor Search, past winners of which include André Previn and Michael Tilson Thomas.“I am profoundly moved with my appointment as Mu-sic Director of Berkeley Symphony,” Carneiro stated. “It is an honor and privilege to serve an orchestra with such a tradition of excellence and imagination, an orchestra that has been, for decades, at the fore-front of artistic innovation. What a great challenge it is to serve the community of Berkeley. I look forward to this opportunity and to our beautiful creative years together.”For more information, go to:http://www.berkeleysymphony.org/musicdirector.htm

Berkeley Symphony Orchestra

Founded in 1969 as the Berkeley Promenade Orches-tra, Berkeley Symphony has established a reputation for presenting major new works for orchestra along-side fresh interpretations of the classic European re-pertoire. Berkeley Symphony’s commitment to new music has been recognized in six of the past eight seasons with a prestigious Award for Adventurous Programming from the American Society of Compo-sers, Authors and Publishers (ASCAP). In addition to its subscription concert series, Berkeley Symphony hosts informal Under Construction concerts in which composers hear works-in-progress read for the first time and regularly partners with Cal Performances to provide music for visiting artists. Berkeley Sym-phony also sponsors an award-winning, year-long Music Education Program which reaches every pu-blic elementary school student in Berkeley. San Fran-cisco public radio station KALW 91.7 FM is Berkeley Symphony’s broadcast partner, airing all Berkeley Symphony subscription concerts.

Joana Carneiro’s Biography

Noted for her vibrant performances in a wide diver-sity of musical styles, Joana Carneiro has attracted considerable attention as one of the most outstan-ding young conductors working today. In January 2009, Ms. Carneiro was named music director of the Berkeley Symphony, succeeding Kent Nagano and becoming only the third music director in the 40-year history of the orchestra. She currently serves as official guest conductor of the Gulbenkian Orchestra, working with the orchestra at least four weeks every year. As a finalist of the prestigious 2002 Maazel-Vilar Conductor’s Competition at Carnegie Hall, Ms. Car-

neiro was recognized by the jury for demonstrating a level of potential that holds great promise for her future career. Since then, her profile has grown qui-ckly both in the US and Europe, and recent engage-ments have included her debuts with the Los Angeles Philharmonic, the New World Symphony, the Grant Park Music Festival orchestra, the Norkopping Sym-phony and the Los Angeles Chamber Orchestra. Ms. Carneiro has conducted the Frankfurt Radio Sym-phony; the Toledo and Phoenix symphonies; the Macau Chamber Orchestra and Beijing Orchestra at the International Musica Festival of Macau (Chi-na); the Portuguese National Symphony Orchestra; the Orchestre de Bretagne; and the Beiras Philhar-monic Orchestra. Her 2008-2009 schedule includes return engagements with the Kitchener-Waterloo Symphony, the Los Angeles Chamber Orchestra, and the Manhattan School of Music, and debuts with the Prague Philharmonia, Ensemble Orchestral de Paris and Iceland Symphony.In increasing demand as an opera conductor, Ms. Carneiro served as assistant conductor to Esa-Pekka Salonen at the Paris Opera’s premiere of Adriana Ma-ter by Kaija Saariaho, and in the 2007-2008 season, she made her debut with the Chicago Opera Theater in John Adams’s A Flowering Tree. In 2008-2009, Ms. Carneiro led critically-acclaimed performances of Philippe Boesmans’ Julie in Bolzano, Italy. She will return to Paris in Spring 2010 to conduct A Flo-wering Tree at La Cité de la Musique. From 2005 through 2008, Ms. Carneiro was a Con-ducting Fellow at the Los Angeles Philharmonic, a program developed and managed by the American Symphony Orchestra League with the aim of sup-porting the musical and leadership development of exceptionally talented conductors in the early sta-ges of their professional careers. At the Los Ange-les Philharmonic, Ms. Carneiro worked closely with Esa-Pekka Salonen, hosted education concerts, and conducted subscription concerts and special projects at Walt Disney Concert Hall and at the Hollywood Bowl.Ms. Carneiro was one of three conductors chosen to participate in the newly-founded Allianz Cultural Foundation International Conductors Academy in London during 2003/2004. As part of this program, Ms. Carneiro benefited from guidance from Maes-tros Kurt Masur and Christoph von Dohnanyi as well as the opportunity to conduct both the London Philharmonic Orchestra and the Philharmonia Or-chestra. Ms. Carneiro completed her tenure as Music Director of the Los Angeles Debut Orchestra in June 2005, having won the Young Musician’s Foundation’s 2002 National Conductor Search, whose past winners include among others André Previn, Michael Tilson Thomas, and Lucas Richman. In past seasons Ms. Carneiro served as Music Director of the Campus Philharmonia Orchestra (Michigan), and as Assistant Conductor of the Los Angeles Chamber Orchestra. A native of Lisbon, Ms. Carneiro began her musical studies as a violist before receiving her conducting degree from the Academia Nacional Superior de Or-questra in Lisbon, where she studied with Jean-Marc Burfin. Ms. Carneiro received her masters degree in orchestral conducting from Northwestern Univer-sity as a student of Victor Yampolsky and Mallory Thompson, and pursued doctoral studies at the Uni-versity of Michigan, where she studied with Kenneth Kiesler. She has participated in master classes with Gustav Meier, Michael Tilson Thomas, Larry Rach-leff, Jean Sebastian Bereau, Roberto Benzi and Pas-cal Rophe.In March 2004, Ms. Carneiro was decorated by the President of the Portuguese Republic, Mr. Jorge Sam-paio, with the Commendation of the Order of the In-fante Dom Henrique. Source: www.imgartists.com

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29ENGLISH SECTION

Donkey TalesCalifornia Chronicles

Ferreira Moreno

Both the wild and domes-tic donkey are mentio-ned repeatedly in the Bible. There are 150

references to them in “The New Strong’s Exhaustive Concordan-ce of the Bible” (1990 edition), originally published in 1890 by Dr. James Strong (1822-94). The wild donkey is a proverbial example of freedom, while the domestic donkey is most fre-quently referred to as a means of transportation for goods or peo-ple. Abraham saddled a donkey when Yahveh commanded him to go to the land of Noriah, and offer his son Isaac as a burnt offering on one of the mountains there (Genesis 22:2-3). When Noses returned to Egypt, he took his wife and his sons, and put them on a donkey. (Exodus 4:20). A most curious episode is described in th.e Book of Num-bers (chapter 22), when Yahveh, “opened the mouth” of a donkey, and it spoke to its owner Balaam. Another memorable biblical nar-rative (Judges 15:15) relates that “Samson found a fresh jawbone of a donkey, and with it killed a thousand men.” The Gospels speak of Jesus triumphal entry into Jerusalem riding astride a donkey, thus fulfilling Zechariah’s prophecy; “Lo, your king comes to you, triumphant and victorius, humble and riding on a donkey.” (Zech,

9:9). Even though ft is a long ac-cepted tradition that Joseph and Mary traveled to Bethlehem on a donkey, no such information is found in the Gospels. The idea of a Nativity Scene, with a donkey by Jesus crib, evolved from St. Luke’s account that Mary laid the baby Jesus “in a manger, because there was, no place for them in the inn.” (Lk. 2:7). It has been written that Jesus, “in his early years as a carpen-ter, owned a donkey for riding and transporting the tools of his trade.” Of course, that is mere speculation, like inferring that the dark stripe running down the donkey’s back crossed by another at the shoulder was given to the donkey because it carried Jesus

on Palm Sunday. Some people believe that hairs taken from the cross on the donkey’s back will help to cure whooping-cough, if hung in bag around the neck of the patient. Throughout the ages, the donkey has appeared as a leading charac-ter in numerous folktales, fairy tales and fables. Quite frequen-tly the donkey is referred to in proverbs. We are all acquainted with, the meaning of the popular exprvession ”to make an ass of oneself.” Burro is the Spanish name for “jackass,” It is frequently found in California’s place names, though not nearly as often as the English term. Five miles west of the city center of Santa Barbara

is Arroyo Burro Beach County Park. Within Fort Hunter Lig-gett, in Nonterey County, there is Burro Mountain. Los Burros Mi-ning District, also in Monterey County, owes its name to the fact that sure-footed burros were the only feasible means of transpor-tation when the Spaniards started mining operations there. Burro Lake is located in Madera Coun-ty, and Burro Pass is in Tuolumne County. A Burrito Creek flows in San Luis Obispo County. According to Erwin Gudde (1889-1969), more than 25 place names in California testify to the wide use of jackasses as pack animals in the mining days. Most of them originated, from an inci-dent in which a jackass played a role. Jackass Creeks are the most numerous, but there are also Jackass Buttes, Peaks, Rocks, Meadows and Gulches. Jackass-ville was originally a mining camp known as the City of Six by its first six inhabitants, The nei-ghboring camps referred to it as the “cawp of half a dozen jackasses.” In closing, I will mention Jackass, Hill in Tuolum-ne County. The hill re-ceived its name from the braying of the jackasses in the pack trains that

paused overnight in their way to and from the mines, As many as two hundred jackasses are said to have been on the hill at one time.Jackass Hill achieved notorie-ty in the early 1850’s when gold was found there, and several hun-dred miners rushed to the site. Mark Twain (1835-1910) spent a few months on Jackass Hill, The cabin where he stayed was destroyed by fire. The present structure, set apart by a fence and surrounded by modern homes, is a replica of the original, and it is identified as State Historical Lan-dmark No. 138.

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30 1 de Fevereiro de 2009COMUNIDADE

Portuguese Americans and Portuguese Immigrants:

Who They Are

The Portuguese emigration to the United States was most noticea-ble during the last century. The-re were varying factors that ran-

ged from social and political oppression, an unstable economy, natural disasters, reuniting with families, and economic betterment, which led to the growth of the Portuguese population.The first Portuguese emigration occurred during the end of the 18th century but the largest increase in the Portuguese emi-grant population happened between 1958-1970; with the majority of the people co-ming from the Azores.Emigration for the Portuguese people was part of their liberation from oppression. The Azores had always been a point of transition for the two continents of Europe and America and so Azoreans looked at the sea as a way of freedom. The Portu-guese emigration from the mainland, in its majority, was and still continues to be to Europe. The Azorean preference has been North America. Brazil was also one of the destinations of choice. For those who leave their country all mo-ments in life are times for remembrance and reflection, because the difficulties found in the readjustment to a new coun-try are complex, difficult and sometimes adventures. Two thousand and eight ma-rks the fiftieth anniversary of the volcanic eruption at Capelinhos on the island of Faial, Azores. That caused the largest of all emigration cycles to United States. Not only did people from the island of Faial be-nefit from the Azorean Refugee Act or the Postore-Kennedy Act of 1958, but many other Azoreans did as well, inclusively pe-ople from the mainland. This was an un-certain journey, but filled with high hopes for all families. As whales today freely surface to breathe pure air and dive in our crystalline sea wa-ters, the earth also breathed through the volcano of the Capelinhos, and the Azo-rean people breathed freedom when they received their passport and visa, which opened for them the doors of the vast Nor-th American continent. The adjustment to a new country and cul-ture was difficult for all, but with time things became familiar. The difficulties were part of the acculturation in this new land. The professional demands, punctua-lity, availability and responsibility led the Portuguese emigrants to be respected in the work place, in the community, towns and cities. The majority who emigrated came with none or minimum proficiency in English or technical areas, which was a consequence of the Portuguese political system of social

and economic oppression that forced them to leave their islands. This was not their fault; it was that of the Salazarista politi-cal system that not only limited knowled-ge, but also socially suppressed them. The 25th of April of 1974, validated the student uprising of the sixties, which contested the colonial war and lack of social and politi-

cal freedom that led to the Carnation Re-volution and present democracy.Today, the first, second, and third gene-rations of Portuguese Americans and the Portuguese immigrants, are an ethnic group totally immerged in all the existing careers and professions that this vast coun-try offers. The effort of the first generation was validated by the following generations that today represent them. They know the American social, economic, and political system, and know how to progress in a society in constant competition and deve-lopment.

Those who are persistent, diligent, dedicated and honest have the potential to reach their objecti-ves. It is a known fact, that edu-

cation is very important in any country of the world, in this country that reality is not different. Today the young members of the community, young adults between twenty and forty years of age, represent and reflect North American professionals. What they were and continue to be in the American society is reflected in the statistics of the IPUMS (U.S. Census Bureau - 1970 and 2000 in percentage (%). M. Gloria de Sá, Assistant Professor of Sociology at UMass Dartmouth, Dartmouth, Massachusetts did the study). The original graphic has some variables, but the focus will be on the following: Portuguese Immigrants and Portuguese Americans, Males and Fema-les. However, it is recommended to the reader to look into the variable European American, if you would like to compare the Portuguese with other Europeans. The

numbers are very much in parallel.

U.S. Census Bureau 2000 (percentages)

As the statistics indicate, the difference between what the Census Bureau called Portuguese immigrants and Portuguese

Americans reflects that the type of ca-reers/professions chosen by Portuguese Americans which has promoted socio-economic growth, and can be the conse-quence of a more differentiated education. Also, it’s relevant to see the progress and achievements of the Portuguese female’s education and job opportunities, perhaps a result of their liberation. Unfortunately females did not have the same educational or job opportunities as males did in their homeland. A second statistic called: Bachelor’s de-gree of persons of Portuguese ancestry, by state of residence (U.S. Census Bure-au, 2000, American Factfinder), includes seven states (MA, CA, NJ, RI, NY, CT, FL). In this graph the average number of people with a Bachelor Degree (four- five years of college education, called in Por-tugal licenciatura) in the states indicated above, averaged out to 24% in 2000, 19% of this average are of Portuguese descent. These numbers are encouraging, and at the same time reveal to the social and political citizens who have responsibilities in the U.S Portuguese community and Portugal, that our young generations are doing just as well as other European groups. In rea-lity the young females and males are much more educated and active at all levels in this country.The majority of young men and women vote in every national and local election in their cities and towns. What is missing is an ethnic group cohesion and dialogue be-tween civic, sportive, and religion organizations and these young Portuguese Americans, so that the number of voters

are identified as Portuguese Americans and Portuguese immigrants. Today the Portuguese community has a great enough number of voters, and members who are capable to lead the community now and in the future.The Portuguese community should be proud of their accomplishments. It is these

young Portuguese Americans that should, and must assume the responsibility of le-ading the Portuguese community into the future. The ethnic cohesion is essential in the social, professional, economic and po-litician context. Only when the Portuguese from the mainland, Azores, and Madeira understand that united can they be a repre-sentative and respected ethnic force, then they will understand the time they have lost with divisionism. Determination, persistence, understanding and commitment to the Portuguese cause, is necessary. Only with the latter, can we empower ourselves and consequently the community. Readjusting the words of Pre-sident John Kennedy: it is not what the country can do for us, but what we can do for ourselves, and consequently for the country.All Portuguese can reach their maximum, professional or intellectual potential, but they have to have the aspiration and tena-city to do so. In this country one needs to do the best that they can for themselves. Perhaps I am pragmatist, but I am also rea-listic and optimistic, because I see the rea-lity and practicability of things within the pre-established rules. I believe that people are comprehensive human beings, who respect the rights of others, and care. At this time the Portuguese community has the appropriate structures to be an active and participatory ethnic group in all as-pects of American life.

ApontamentoSerafim [email protected]

Professional & Technical

Farmers Managers Clerical Sales Craftmen Operatives Non-Professional Services

Laborers

MALESPortugueseImmigrants

6.5 1.2 10.2 6.4 3.1 26.2 21.7 8.2 16.5

Portuguese Americans

15.1 1.6 11.5 10.4 7.3 20.2 14.3 11.6 8

FEMALESPortuguese Immigrants

11.9 0.3 5 21.4 5 5.2 25.6 23.4 2.2

Portuguese Americans

26.2 0.4 8.5 33.9 7.1 1 4.6 17.2 1.2

Additional SATA/Azores Express flights means daily summer service from Boston to Lisbon; more year-round flights to Portugal’s Azores Islands

Boston, MA – Azores Express, the second largest airline in Por-tugal, announced today that it will add a flight between Boston and Lisbon starting in April. The addition means travelers will have a flight option between the two cities every day of the week for the first time.On April 5, SATA/Azores Ex-press, which is known as Grupo SATA in Portugal, will begin this new Sunday flight to Lisbon, with

a stop in the city of Ponta Delga-da on the Azores island of San Miguel, for $710 plus tax. SATA/Azores Express currently runs only two flights per week year-round between Boston and Lis-bon. Also, starting on July 1 and running throughout the summer, SATA/Azores Express will add a third nonstop flight between Bos-ton and Lisbon. The new nonstop flight runs on Wednesdays for $816 plus tax.Total flights between Boston and Lisbon will be three non-stop, plus five flights with a stop in Pon-ta Delgada. For the summer mon-ths, flights will run from Boston to Lisbon via Ponta Delgada on Mondays, Tuesdays, Fridays and Sundays; and nonstop to Lisbon

on Wednesdays, Thursdays and Saturdays. According to Nuno Puim, the general manager of SATA/Azores Express, “We’ve seen demand grow for our flights, and our air and hotel packages to the Azores, Lisbon and Madeira. Our passengers told us they wan-ted more flights to Lisbon and Portugal. We have seen a signi-ficant increase in demand to Lis-bon and to the Azores, so we are excited to offer more service and travel options”SATA/Azores Express speciali-zes in flights to Portugal’s Azores Islands, an autonomous region of Portugal some 800 miles from the mainland. This summer the airlines will offer more flights di-rect to those islands. The Lisbon

flights mentioned above which stop in Ponta Delgada have con-nections to all of the islands. In addition, SATA/Azores Express will offer one flight a week, on Thursdays, from Boston direct to the Azores island of Terceira, for the summer only. SATA/Azores Express also offers a weekly Ter-ceira flight from Oakland, Cali-fornia for the summer.Another summer-only option is a flight from Boston to Porto, Portugal via Ponta Delgada, on Fridays.The flying time to the Azores is just four hours from Boston. If heading on to Lisbon, a flight takes 5 and half hours from Bos-ton. The Azores Islands are series of nine islands, an autonomous region of Portugal. Sitting some 800 miles west of the mainland,

they are Europe’s closest point to the United States. The islands are characterized by volcanic moun-tains, seaside villages, black sand beaches and steaming geysers. SATA/Azores Express is the only airline to fly directly to the Azo-res from the United States.SATA/Azores Express has con-nected New England with the Azores and mainland Portugal for more than 20 years. The carrier is part of the SATA Group, which connects the Azores, an autono-mous region of Portugal, with the world. For more information and reservations, contact your travel agent or SATA/Azores Express at 800-762-9995, www.SATA.pt.

(partial)

SATA - More flights to Azores

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31COMUNIDADE

Chino D.E.S. 2008uma direcção dinâmicaA direcção do Chino D.E.S. 2008 foi sem duvida uma das direcções mais dinâmicas dos ultimos anos.

Começando pelas senhoras que muito tra-balharam na cozinha preparando comidas ou na ornamentação do salão em dias de festa. Todas elas participaram na bonita marcha de S.João, ensaiada por Margarida Gomes que também organizou a Festa do EImigrante. Tambm a Filarmónica do Chino D.E.S. em Dezembro gravou o seu primeiro CD, graças ao trabaiho e empenho dos seus musicos, directores José Coelho, Manuel Dias e do seu competente regente Anibal do Campo. O ponto mais alto desta direcção foi a li-quidação de uma dívida ao banco no valor de $119 mil dólares, mas não podemos es-quecer que o trabalho da anterior também contribuíu para a liquidação dessa dívida, e que vai facilitar o trabalho da nova direc-ção neste tempo de crise.

A Direcção do Chino D.E.S. 2008 era assim constituida:

Presidente -Agostinho e Ana Simões Vice-Presidente - Frank e Lucia Rocha Tesoureiro - José H. e Margarida Gomes Secretário - Helio e Fatima Simões Directores da Filarmónica - Manuel e Ali-ce Dias; Jose e Fatima CoelhoDirector da Cozinha - Natalino e Con-ceição Silva; Celestina Carvalho e Frank Costa

O trabalho desta direcção e o apoio da co-munidade foi mais um pequeno exemplo de tantos nas nossas comunidades. Quando queremos, podemos.

Texto: Carlos Silveira Fotos: Jose Enes

É a coragem do bombeiro ao entrar por uma escada cheia de fumo, mas também a disponibilidade dos pais para criar um fi-lho, que acabará por selar o nosso destino. Os nossos desafios podem ser novos. Os instrumentos com que os enfrentamos po-dem ser novos. Mas os valores de que de-pende o nosso sucesso – trabalho árduo e honestidade, coragem e fair play, tolerân-cia e curiosidade, lealdade e patriotismo – estas coisas são antigas. Estas coisas são verdadeiras. Têm sido a força silenciosa do progresso ao longo da nossa história. O que é pedido, então, é o regresso a essas verdades. O que nos é exigido agora é uma nova era de responsabilidade – um reconhecimen-to, da parte de cada americano, de que temos obrigações para connosco, com a

nossa nação, e com o mundo, deveres que aceitamos com satisfação e não com má vontade, firmes no conhecimento de que nada satisfaz mais o espírito, nem define o nosso carácter, do que entregarmo-nos todos a uma tarefa difícil.Este é o preço e a promessa da cidadania.Esta é a fonte da nossa confiança – o co-nhecimento de que Deus nos chama para moldar um destino incerto. Este é o sig-nificado da nossa liberdade e do nosso credo – é por isso que homens e mulheres e crianças de todas as raças e todas as reli-giões se podem juntar em celebração neste magnífico mall, e que um homem cujo pai há menos de 60 anos não podia ser atendi-do num restaurante local pode agora estar perante vós a fazer o mais sagrado jura-mento.

Por isso, marquemos este dia com a lem-brança do quem somos e quão longe fo-mos. No ano do nascimento da América, no mais frio dos meses, um pequeno gru-po de patriotas juntou-se à beira de ténues fogueiras nas margens de um rio gelado. A capital tinha sido abandonada. O inimi-go avançava. A neve estava manchada de sangue. No momento em que o resultado da nossa revolução era incerto, o pai da nossa nação ordenou que estas palavras fossem lidas ao povo: “Que o mundo que há-de vir saiba que... num Inverno rigoro-so, quando nada excepto a esperança e a virtude podiam sobreviver... a cidade e o país, alarmados com um perigo comum, vieram para [o] enfrentar.” América. Face aos nossos perigos comuns, neste Inverno das nossas dificuldades,

lembremo-nos dessas palavras intempo-rais. Com esperança e virtude, enfrente-mos uma vez mais as correntes geladas e suportemos as tempestades que vierem. Que seja dito aos filhos dos nossos filhos que quando fomos testados recusámos que esta viagem terminasse, que não re-cuámos nem vacilámos; e com os olhos fixos no horizonte e a graça de Deus sobre nós, levámos adiante a grande dádiva da liberdade e entregámo-la em segurança às futuras gerações.

(Tradução: do jornal Público)

O Discurso de Barack Obama conclusão da página 26

A Cidade do Chino fica situada no Condado de San Bernardino e tem cerca de 83,000 pessoas. Tem uma área de 21.1 milhas quadradas (54.5 km2). Até 1970 era rodeada por ranchos, que já vinham do tempo dos espanhois. Muitos portugueses tiveram e ainda têm os seus ranchos naquela area. A partir dos anos 70 houve um cresciemento enorme e hoje é uma bonita cidade. O Salão do Chino D.E.S é um dos maiores da California.

Margarida Gomes e a família Simões

Marcha do Chino D.E.S. 2008

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32 1 de Fevereiro de 2009ÚLTIMA PÁGINA

New Bethany esteve em festacomemorando 10 anos de existência

No dia 22 de Janeiro de 2009 e para comemorar os 10 anos de existência de New Bethany em Los Banos, realizou-se Missa de Festa celebra-da pelo Bispo de Fresno D. John T. Steinbock, coadjuvado pelo novo padre daquela casa de hospedagem, Robert Gamel.Depois da missa, houve almoço para todos os presentes e visita as extraordinárias instalaçõesdesta casa, que tem 111 quartos onde acomodam

confortávelmente as pessoas que a procura. Muitas das nossas organizações ajudam pecu-niáriamente New Bethany e não seria demais se outras, que ainda não o fazem, pudessem par-ticipar no futuro. Todos a deviam visitar, para ficarem com a ideia de a poder copiar em outras cidades, que estão carecidas deste tipo de aloja-mento para os nossos pais e avós.Bispo de Fresno falou e bem sobre a obra maravilhosa deste grupo de Irmãs

que merecem todo o nosso apoio. Knights of Columbus sempre presentes.

O Bispo de Fresno John Steinbock rodeado pelas Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição responsáveis por New Bethany, em Los Banos