Paraísos longe da multidão

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Grande viagem pelas paisagens belas e tranquilas do interior de Portugal, incluindo Alcoutim. Artigo da revista "Visão".

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PARAÍSOS BEM LONGE

DAS MULTIDÕES

R O S A R O E L A M A R C O S B O R G A

VIAJÁMOS DO MINHO AO ALGARVE, PELO INTERIOR, À PROCURA DE LUGARES DE SONHO. FIZEMOS MAIS DE 2 500 QUILÓMETROS, SEMPRE COM UM SORRISO NA CARA E COM A ÁGUA COMO MOTE. QUEM DIZ QUE FÉRIAS DEVEM RIMAR COM PRAIAS NUNCA ANDOU POR ONDE TIVEMOS A SORTE DE ANDAR

Castelo Mendo

Freixo de Espada à Cinta

Fisgas de Ermelo

12

3

Lousã

Mora

Odemira Alcoutim

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A banhos Não há calor que resista nas cascatas

de Fisgas de Ermelo

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A este ritmo vamos de-morar uma eternidade a chegar ao miradouro das Fisgas de Ermelo, pensei à terceira vez que encos-tei o carro numa berma para o Marcos tirar mais umas fotografias. Mas não

faz mal, decidi logo a seguir. Para quem vai a conduzir também é um prazer poder parar de vez em quando e olhar em volta demo-radamente. Ultrapassado o túnel do Marão (e aqui o verbo é qua-se abusivo porque ele percorre-se suavemente, não tem nem uma das curvas da serra), a estrada em di-reção a Mondim de Basto é linda, acinzentada pelos pedregulhos de granito. O Obélix seria feliz aqui.

Estamos perto da hora do al-moço e o calor é tanto que não se ouve uma ave cantar. Os carros são raros, as cabras procuram as som-bras e as vacas pastam nas bermas como se estivessem na Índia; o pastor deve ter adormecido debai-xo de uma árvore.

Deixamos para trás a placa a indicar Ermelo e seguimos para as fisgas, nome delicioso para uma das maiores quedas de água de Portugal “e uma das maiores da Europa fora da Escandinávia e dos Alpes”, lerá quem espreitar a Wikipédia. Não andamos à procu-ra de locais bons para o Guinness, mas bastou terem-nos dito que é de abrir a boca de espanto e pou-co visitadas durante a semana para querermos conhecê-la.

A estrada é sempre a subir até que, a 3,8 km de Ermelo, chega-

1 FISGAS DE ERMELO

UM BARULHINHO BOMNO PARQUE NATURAL DO ALVÃO EXISTEM UMAS CASCATAS BOAS PARA VISTAS E BANHOS DE LAGOA

DICAS DE VIAGEMIDEAL PARAFamílias com crianças aventureiras e já capazes de caminhar sobre pedras escorregadias q.b.

VER À VOLTAAs duas lagoas na estrada para Vila Real e o parque de Pedras Salgadas, a 32 km de Chaves

ONDE FICARParque de Pedras Salgadas, Bornes de Aguiar, Tel. 259 437 140

PROXIMIDADEAs Fisgas de Ermelo ficam a cerca de 20 km de Mondim de Basto, a 100 km do Porto e a 400 km de Lisboa

mos a um miradouro natural com uma vista direta para a cascata. Primeira surpresa: ela desce aos saltos, por socalcos. Segunda: tem menos água do que esperávamos. O rio Olo, que há de desaguar no Tâmega, nasce lá em cima na serra do Alvão, e por esta altura do ano corre rápido por ali abaixo, mas já secou um bom bocado.

Nem por isso as fisgas arrancam menos Ós! a quem as vê pela pri-meira vez entre placas de xisto e blocos de granito, percebemos ao

dar com dois casais que acabaram de largar os carros e param junto a um painel explicativo. Por aqui há lobos e águias-reais, carvalhais, vacas maronesas, granito e man-chas de xisto, leem Fernanda e Tony, que vieram de Lousada com a cascata na mira. A paragem de Jeanne e Martin é mais curta. Fran-ceses pela primeira vez de férias em Portugal, os dois engenheiros civis não apanham quase nada de português; uma olhadela no mapa e siga para o miradouro. Estão de ténis bons para caminhadas, repa-ramos, quando olham com inveja os montes à volta (“Dali a vista deve ser excelente”, aponta ela) antes de se colocarem a jeito para uma selfie com a cascata como cenário.

O caminho só pode ser em dire-

Pedras Salgadas O parque tem cerca de 100 hectares (nem todos visitáveis), um grande lago e edifícios que nos levam a viajar no tempo

N304

Parque Naturaldo Alvão

Rio Tâmega

Mondimde Basto

Bilhó

Fisgas de Ermelo

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ção a umas das “piocas”, as lagoas que se formam acima e abaixo de onde estamos. As de cima obrigam a uns valentes quilómetros a pé, arriscamos antes de concluirmos que bastará voltar para trás, virar para a direita depois do parque das merendas e novamente à direita,

para cima. Deixa-se o carro num estacionamento e depois são 600 metros a descer, metade deles no meio de pedras soltas.

Chegamos e, Ah!, o paraíso pode ser isto? Pode, se a ideia de paraí-so forem pequenas lagoas de água surpreendentemente morna, gran-

des placas de xisto aquecidas ao sol, árvores a toda a volta e um rio que corre montanha abaixo com um barulhinho bom.

Morgane, a segunda francesa do dia, tem 19 anos e uma frase para adjetivar o sítio que um amigo por-tuguês escolheu para ela e a amiga fecharem as férias: “Isto é top!” Os três estudam em Paris, passaram agora para o segundo ano de Téc-nicas de Comércio, contará. Ama-rante é uma bela cidade para des-cansar mas tinham de ser as fisgas a marcar os seus dias em Portugal.

Bebemos água diretamente do rio antes de virarmos costas à ten-tação de ficarmos por ali entre ba-nhos e uma sesta à sombra de um dos pedregulhos equilibrados nas margens. Queremos passar pelo vale à beira de Bilhó, que nos dis-seram ser um sossego, mas faze-mos uma paragem técnica no Café Bartolomeu e acabamos por seguir a sugestão de Olinda, a dona, e se-guir logo em direção a Vila Real. O calor faz-nos preguiçosos. Dei-xamos para outra viagem uma ida à Senhora da Graça e metemo-nos à estrada onde há duas grandes la-goas bonitas de se ver.

É ir com atenção porque não es-tão identificadas. Damos por uma delas, a “grande”, meio-camuflada no mato, antes de surgir entre o arvoredo o restaurante A Cabana, uma casa de madeira com alguma coisa de Hansel & Gretel. Há quase quarenta anos, Gina e Florindo tive-ram o sonho de começar uma coisa a dois, e essa coisa resultou. Estava a ser construída a barragem de Lamas do Olo, o alcatrão ainda nem chega-va ali, mas eles já contavam que os trabalhadores seriam os seus pri-meiros clientes. A lareira acesa e o que saía e sai da cozinha (agora por encomenda) – cabrito assado, truta recheada e vitela lá de casa – foram sempre uns bons chamarizes.

Ficaríamos ali para petiscar não fosse estarmos decididos a passar o final de tarde no parque de Pedras Salgadas, uns bons hectares de verde-fresco com cheiro de outras épocas. Pode-se escrever que vale a pena nem que seja só para ver o casino que nunca chegou a ser.

Paisagem 'top' Os franceses Martin e Jeanne começaram por fotografar a cascata ao longe, e só depois foram até às lagoas de cima

Deixamos para trás Ermelo e seguimos para as fisgas, nome delicioso de uma das maiores quedas de água de Portugal

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Acordamos com o nas-cer do sol para olhar-mos a Foz do Sabor às 6 e 45 da manhã. Só é cedo para meninos da cidade, já sabíamos antes de en-contrarmos um pescador a encostar o seu barco à

margem, o balde cheio de barbos. Tínhamos dormido em Moncorvo e queríamos ver o Douro Inter-nacional do alto do miradouro de Penedo Durão, mas como não pas-sar primeiro pelo vizinho Sabor, ali feito espelho de água?

O velho Ramiro tem um apelido adequado à região – Relha é uma peça de ferro que reforça externa-mente as rodas dos carros de bois –, mas tem sobretudo paciência para explicar a uns citadinos o que é isso de deixar a rede de véspera para a levantar de madrugada. Quando co-nhecermos a sua mulher, dali a um bocado de conversa, ficaremos a sa-ber que paciência é virtude que lhe sobra. A saúde de Ausenda dá-lhe que fazer. “Se não fosse ele eu mor-ria à fome”, diz ela, de olhos no pei-xe, embrulhado numa serapilheira, que será comido ao meio-dia.

Ouvem-se chocalhos ao longe quando regressamos ao carro. Pró-xima paragem: o miradouro Penedo Durão, cuja vista o escriba de ser-viço no guia Portugal Inesquecível, que a VISÃO publicou em fascícu-los, em 2008, decidiu que merecia o adjetivo “esmagador”. De Freixo de Espada à Cinta (“a vila mais manue-lina de Portugal”, a pedir uma visita demorada), basta apanhar a estra-da em direção a Ligares/Poiares e seguir as indicações.

2 FREIXO DE ESPADA À CINTA

POR ESPELHOS DE ÁGUADA FOZ DO SABOR AO DOURO INTERNACIONAL, UMA VIAGEM ENTRE PESCADORES E GRAVURAS RUPESTRES

DICAS DE VIAGEMIDEAL PARAQuem gosta de paisagem, passeios de barco, aves e arqueologia VER À VOLTAO Miradouro do Penedo Durão e o Cavalinho do Mazouco

ONDE FICARMoradias do Douro Internacional, praia da Congida, Freixo de Espada à Cinta, Tel. 279 653 018

PROXIMIDADEFreixo de Espada à Cinta situa-se a 288 km do Porto e a 443 km de Lisboa

Pelos rios A vista panorâmica do topo do Penedo

Durão só é comparável com o

passeio de barco que parte da praia fluvial da Congida,

no Douro

ESPANHAPORTUGAL

N220

N325

N222 N221

Rio Douro Freixo deEspada à Cinta

Parque Natural doDouro Internacional

Foz doSabor

Mazouco

Penedo Durão

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Sorrimos ao estacionar o carro porque lemos numa pedra “Dilma 1987”. Mas por essa altura Rousseff era secretária Municipal da Fazen-da, não acreditamos que tenha sido ela a riscá-la. Depois foi impossível resistir a experimentar o balancé fei-to de troncos de madeira, descer os vários patamares e desviar os olhos do paredão da barragem espanhola de Saucelle, por gostarmos mais dos socalcos, das vinhas, do Douro.

Visto de cima, o rio apetece, mas ainda apetecerá mais quando

embarcarmos no Douro Interna-cional, na companhia de cinquenta elementos da “GNR verde” (SEPNA) que nessa manhã saem do cais junto à praia fluvial da Congida para ve-rem de perto a bicheza que prote-gem. De 15 de julho a 31 de agosto, o barco parte dali duas vezes por dia para um passeio ao longo das Arri-bas do Douro, pela mão da Socie-dade Transfronteiriça Congida-La Barca, em que participam a Câmara de Freixo de Espada à Cinta e o vizi-nho Ayuntamiento de Vilvestre.

Às 9 e pouco da manhã, é mais um rio a parecer um espelho quan-do encontramos Alfredo Corre-deira entretido a pescar à linha na Congida. Reformado de uma vida de trabalho no Ministério da Defe-sa, em Lisboa, já se deixou da caça por causa das dores de costas, mas aos 83 anos é campeão a apanhar carpas, mesmo sem o seu barqui-nho. Antigamente havia boga e escalo; veio o lúcio e quase só so-breviveram as carpas. “Elas gostam de tudo o que é farináceo”, ensina Alfredo, nessa manhã a usar mas-sinha de cotovelo como engodo e elas a caírem, às de quilos.

Nas suas costas estão umas casas encaixadas no monte, com uma vista soberba para a água (as Moradias do Douro Internacio-nal, até há pouco exploradas pela Câmara), um café e uma pisci-na municipal limpinha. Em tem-pos também havia sempre tendas, proibidas e bem, dizemos nós, mal proibidas, diz o nosso homem, que preferia ver a praia mais animada.

No barco, Edson Pereira, o guia, há de apontar o voo dos grifos, os ninhos de cegonha-preta, a man-cha de lódão-bastardo, a cabra tão solitária como um pinheiro isolado que nasceu na margem portugue-sa. Será também ele a falar-nos do Cavalinho de Mazouco, uma gra-vura rupestre do final do Paleolítico Superior, descoberta em 1982, per-to da aldeia com o mesmo nome. O carro marca 40 graus quando nos despedimos da região depois de a vermos. Foram dois minutos a descer em direção à margem direi-ta da ribeira de Albagueira, a me-nos de 1 800 metros do Douro, e lá estava ela numa parede de xisto lisinha. Um desenho com 62 cm, tão pequeno e afinal tão grande.

Ramiro e o cavalinho O dia começa com as histórias do velho pescador da Foz do Sabor e termina junto à gravura rupestre perto da aldeia de Mazouco

No barco, o guia há de apontar o voo dos grifos, os ninhos de cegonha-preta, a mancha de lódão-bastardo

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Para chegar a esta aldeia histórica do concelho de Almeida, a um pulo de ter-ras de Espanha, é preciso passar por outros lugares de nomes ainda mais estra-nhos. Se duvida, lembre-se de que Ade, Monteperobol-

so e Mesquitela são as três aldeias que com ela fazem parte de uma união de freguesias.

No Censos de 2011, Castelo Mendo tinha 87 pessoas a morar. Na tarde em que lá passámos, es-tivemos com duas delas: Maria da Conceição Martinho, dona de uma loja de souvenires quase sempre fechada, e uma sua amiga, Florin-da. Mas, logo à entrada, vimos dois casais de franceses, cada um com a sua autocaravana estacionada do lado de fora da muralha.

Para visitar o burgo sem trope-çar em multidões, é preciso chegar depois de terem partido as camio-netas de excursões. Às 6 da tarde, corre uma aragem, ouve-se o sino da igreja tocar o Avé Maria de Fá-tima sem vozes em fundo e será quase certo que Maria da Con-ceição estará sentada à sombra da sua loja D. Sancho, a ver se ainda alguém subirá em direção ao que resta do castelo.

A aldeia parece ainda mais bo-nita sem vivalma. As gentes esta-rão a trabalhar nas hortas ou na área de serviço mais próxima, diz Florinda, e as crianças (“Meia dú-zia?”) ainda não regressaram do ATL. Não há fregueses para o café, que por isso está fechado, como acabou por não haver para as três

3 CASTELO MENDO

CALMA NA ALDEIAQUANDO AS EXCURSÕES SE VÃO EMBORA,É HORA DE COMEÇAR A EXPLORAR

DICAS DE VIAGEMIDEAL PARAQuem gosta de História e de banhos de água doce

VER À VOLTAA praça-forte de Almeida e a praia fluvial de Rapoula do Côa

ONDE FICARCasa do Corro, Castelo Mendo, Tel. 916 237 914

PROXIMIDADECastelo Mendo situa-se a 40 km da Guarda, a 295 km do Porto e a 380 km de Lisboa

tabernas e a mercearia de outros tempos. Sobram umas casas de banho, impecáveis, pensadas para quem aqui vem e se delicia com as portas pintadas de lilás, os detalhes esculpidos no granito, as flores nas ruas.

Aline e Jean-Claude Beaucé saí-ram de Rennes há um mês e quei-mam agora os últimos dias em Por-tugal com mais uma aldeia, um jogo

de Scrabble e umas gargalhadas a dois. Ele é filho de agricultor e não resistiu a encher um pequeno al-guidar com água para dar de beber às cabras que pastam à entrada de Castelo Mendo. Já não é desta que vão a Rapoula do Côa, meia hora de caminho, e nem sabem o que perdem – nunca devem ter estado numa praia fluvial onde as trutas pedem para ser apanhadas.

A dois tempos Depois de um mergulho no século XIII, sabe bem ir até à praia fluvial de Rapoulas do Coa, a apenas 27 km de distância

LS

ON

AN

DR

AD

E

Rio Coa

ESPANHAPORTUGALCastelo Mendo

A25

Almeida

Vilar Formoso

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Já passa das nove da noi-te quando vemos Talasnal numa curva da estrada. Ao longe e a esta hora, a aldeia nem parece de xisto – as luzes amarelas dão-lhe um ar quente, quase de fogo (lagarto, lagarto, lagarto!), e

ela fica belíssima.Da Lousã até ao Talasnal são ape-

nas 18 quilómetros mas o caminho é feito de curvas e contracurvas tão apertadas que, na manhã seguinte, havemos de demorar quase meia hora a lá chegar. Em chegando e es-tacionando o carro à entrada, junto à fonte, apetece perguntar “A aldeia é a sério ou a brincar?”, coisa que perguntamos a Edna e Pedro, logo a eles, que um dia se apaixonaram ao ponto de decidirem comprar uma casa em ruínas, reconstruí-la e ali passarem uns dias, sempre à se-mana porque ao sábado e domingo “é terrível”.

É terrível porque Talasnal faz parte da Rota das Aldeias de Xis-to, uma aposta turística que atrai multidões, e porque, além de estar bem recuperada, tem dois restau-rantes (o Ti Lena e o Retalhinhos), um bar (O Curral), a Lojinha da Ti Filipa e quatro casas que podem ser arrendadas. “Ao fim de semana passam por aqui milhares de pes-

4 LOUSÃ

NOS CAMINHOS DO XISTOVALE BEM A PENA VISITAR AS ALDEIAS SERRANAS, FIGUREM OU NÃO NA ROTA TURÍSTICA OFICIAL

DICAS DE VIAGEMIDEAL PARAQuem gosta de fazer caminhadas e andar de bicicleta de montanha

VER À VOLTAAlém do Talasnal, aconselha-se uma visita a Vaqueirinho e Cerdeira

ONDE FICARPalácio da Lousã Boutique Hotel, Rua Viscondessa do Espinhal, Tel. 239 990 800

PROXIMIDADEA Lousã situa-se a 40 km de Coimbra, a 200 km do Porto e a 220 km de Lisboa

soas”, exagera compreensivelmente Paulo, o único habitante a tempo inteiro, nessa manhã a caminho do Tribunal da Lousã para servir de testemunha numa quezília de vizinhos.

Apanhamos Edna e Pedro a habituarem-se à nova casa, ainda com móveis por montar mas sem ponta de stresse. A manhã está boa para uma caminhada de 2,5 km até à piscina natural do Castelo, lá em baixo, na Lousã; os puzzles caríssimos do IKEA (a piada é do Ricardo Araújo Pereira) podem esperar. Conversaremos, por isso, serra abaixo, com eles a contarem

Águas gélidas É preciso alguma coragem para tomar banho na praia natural junto ao castelo e à ermida de Nossa Senhora da Piedade

Lousã

N342

N236

Talasnal

Vaqueirinho

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– Os caminhos são de pedras polidas e placas de xisto, com mus-go entre elas;

– Tem um bar chamado O Fim do Mundo, nome herdado do filme que João Mário Grilo ali rodou, em 1993;

– E é lá que mora há 36 anos António, um hippie que encontra-mos de vassoura na mão para a al-deia andar limpa como ele gosta.

“A minha aldeia está de origem”, dirá António, com orgulho, já no

largo da entrada, o do bar, que um dia foi atapetado de xisto pelos habitantes cansados de tropeça-rem por ali fora. Segundo ele, nas outras aldeias é pouco o respeito pela pedra, o que diz quase tudo o que pensa delas. “O Talasnal é só turismo. Metem lá muito cimento, muita placa. E, ao fim de semana, parece o Bairro Alto.”

No Vaqueirinho, existe uma associação de aldeia, onde os qua-tro habitantes permanentes e os que só aparecem nas férias tomam as decisões importantes. “Convive-mos uns com os outros, não somos nenhuns bichos”, ri-se António, que ganha a vida como faz-tudo.

Todos têm água canalizada, eletricidade, televisão; nenhum tem telefone ou internet. Para irem à Lousã, onde se abastecem num dos quatro grandes supermerca-dos, gastam duas horas a pé.

Nos dias de maior calor, Antó-nio desce a serra a pensar que um dia também há de aproveitar a ida à vila para dar um mergulho na praia fluvial natural na ribeira de S. João, junto ao castelo e à ermida de Nos-sa Senhora da Piedade. Mas a água é tão gelada que arrepia sempre caminho.

Contrastes Talasnal (em cima) parece uma aldeia-museu, enquanto Vaqueirinho se mantém como sempre foi – só mudaram os habitantes

Uma das caminhadas serra abaixo leva-nos até à praia natural da Lousã, junto ao casteloque moram em Caldas da Rainha e aproveitam todos os momentos livres para virem à serra.

Se Talasnal é uma delícia, a vizi-nha Vaqueirinho, que não faz parte da rota oficial, ainda nos encanta mais. Será uma questão de gosto e discutível, por isso embora lá apre-sentar argumentos:

– É uma aldeia parada no tempo, sem plaquinhas coloridas nem ma-gotes de turistas;

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É difícil não sonhar com água quando se atravessam cam-pos amarelos sem uma árvo-re e o termómetro do carro paralisou nos 37 graus. “Está uma abafadura!”, diria um alentejano, uma “calma” tal que queremos chegar de-

pressa ao aquaturismo Azenhas da Seda, a 20 km de Mora. A palavra

5 MORA

PASSEIOS ENTRE RIBEIRASGLAMPING, ATIVIDADES AQUÁTICAS, PRAIA FLUVIAL E CAMINHADAS, TUDO NUM RAIO DE POUCOS QUILÓMETROS

acabada em “ismo” antes do nome diz quase tudo, mas acrescente-se que a casa de Inês Ferreira e Luís Lucas está virada para uma peque-na praia na ribeira da Seda, praia essa que os levou a deixarem Lis-boa e a investirem nas atividades aquáticas no Alentejo.

Inês era designer numa agên-cia de publicidade e Luís já estava

ligado ao turismo-aventura quando decidiu fazer a ribeira da Seda em modo sobrevivência, só com uma canoa e um quilo de arroz. Pelo ca-minho, apaixonou-se por um pe-queno areal e não demorou nada a envolver a namorada na sua nova paixão. Comprado o terreno, os dois perceberam logo que não que-riam apenas passar ali os fins de se-mana – aquele era o local ideal para ele apostar nas atividades aquáticas e ela, de Tomar, poder concretizar a sua vontade de regressar ao campo e tornar-se free lancer.

Recuperaram, então, uma casa e uma azenha, montaram as infraes-truturas para conseguirem receber dezenas de participantes nas ativi-dades que Luís organiza e, há três

Praia fluvial do Gameiro É difícil resistir aos mergulhos

na ribeira do Raia. Mesmo ao lado há um café com esplanada

e parque infantil

N251

N2

Cabeção

Fluviáriode Mora

MoraRibeira da Seda

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DICAS DE VIAGEMIDEAL PARAFamílias que gostam de desportos de água e natureza

VER À VOLTAParque Ecológico do Gameiro, Fluviário de Mora, Santuário de Nossa Senhora de Brotas, Capela de São Dinis (em Pavia)

ONDE FICARAzenhas da Seda, Moinho do Arieira, Pavia, Tel. 266 448 036

PROXIMIDADEMora situa-se a 60 km de Évora, a 112 km de Lisboa e a 310 km do Porto

verões, acrescentaram o glamping ao projeto.

São sete tendas, a maioria perto da água. Catorze pessoas, no máximo, a dormirem ali – mas só se fizerem pelo menos uma atividade, lembra Inês. O objetivo, neste aquaturismo que tem como assinatura “Alente-jo em estado líquido”, é levar toda a gente a molhar os pés e a gostar.

A lista é apetitosa. Quem expe-rimentar o hidrospeed habilita-se a flutuar rio rápido abaixo, com a ajuda de uma prancha especial e barbatanas. A atividade hike & swim junta percursos pedestres ribei-rinhos à natação em águas calmas. O aquapedestre é uma atividade de soft-canyoning “à descoberta de ri-beiras rochosas com rápidos e pe-quenas cascatas”, lê-se no site. A ca-noagem down river faz-se por entre

Natureza Ao final do dia, sabe bem percorrer o passadiço do Gameiro, depois de se espreitarem as lontras no Fluviário de Mora

antigas azenhas onde a ribeira acele-ra em pequenos rápidos com algu-mas passagens de açudes. E há mais – é espreitar em azenhasdaseda.com.

Não chegamos a pôr o pé na água ali, apesar de o calor não ter abran-dado com o andar das horas. Muito perto fica o Fluviário de Mora e uma praia fluvial do Parque Ecológico do Gameiro, de onde parte um percurso pedestre quase sempre junto à ri-beira do Raia. A caminhada come-ça num passadiço de madeira com 1,5 km de comprimento, pontuado por placas com informação sobre a fauna e a flora da zona; os 4 km se-guintes são por um trilho de terra, com subidas e descidas. Sabe bem percorrer parte do passadiço e de-pois voltar para trás já na ideia de um mergulho. Quem disse que é preciso sofrer para apreciar a natureza?

Nas Azenhas da Seda, Inês Ferreira e o marido montaram sete tendas, a maioria com vista para a ribeira

D.R

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Antes de embarcarmos na lancha de Pedro Félix já lêramos que a albufei-ra da Barragem de Santa Clara, no rio Mira, cobre uma área de 1 986 hecta-res, quase dois mil cam-pos de futebol (como se

alguém conseguisse imaginá-los seguidos). Mas só quando estamos algures entre ilhas e reentrâncias e o ouvimos dizer “Isto é uma coisa aqui perdida no meio do Alentejo” é que nos cai a ficha: estamos longe de tudo, que maravilha.

Água e verde por todos os lados, uma casa aqui, outra ali, cavalos de chocalho ao pescoço, um saxofone em dueto com um acordeão. Não fosse o guia de pesca ao achigã co-nhecer melhor esta barragem do que a sua própria casa e não sabe-ríamos de que terra éramos.

“Conheço cada pedra, cada árvore, não preciso de GPS”, des-cansa-nos Pedro, depois de dar mais uma volta só para passar à frente da propriedade onde um francês mantém cangurus. A ma-nhã vai a meio, entrámos na água pouco depois das 9 horas e os bichos teimam em não se mos-trar. Não faz mal, era só mais uma curiosidade.

Por aqui há lontras e javalis. Há sossego porque se proíbe tudo o que é rebocável. E há água trans-parente e a 26 graus, um caldinho bom para banhos. Mas Pedro olha para a barragem e só pensa em passeios de caiaque e dias de pesca.

Depois de muitos anos na com-petição, o nosso cicerone criou a

6 ODEMIRA

UM OUTRO ALENTEJOA BARRAGEM DE SANTA CLARA PODE SER O INÍCIO DE UMAS FÉRIAS FEITAS DAS COISAS MAIS SIMPLES

DICAS DE VIAGEMIDEAL PARAQuem gosta de calma, pesca e passeios a cavalo

VER À VOLTAPonte romana de Santa Clara e Necrópole de S. Martinho das Amoreiras (na estrada para Corte Malhão)

ONDE FICARDias Distintos, Herdade da Nora, Colos, Tel. 917 816 239

PROXIMIDADEA Barragem de Santa Clara situa-se a 36 km de Odemira, 234 km de Lisboa e a 625 km do Porto

empresa Sul Pesca e acompanha clientes na pesca, sobretudo fran-ceses. “Nem param para comer ou beber”, conta. “Tenho um casal que vem cá há quatro anos. No verão passado, estiveram doze dias con-secutivos dentro de água. Eu já não podia ver o barco.”

Quando não está na Barragem de Santa Clara, Pedro está nuns

lagos ali próximos onde pesca e liberta sem parança (tem uma par-ceria com o proprietário), já nos explicara Isabel Brito Ramos, dona do turismo rural Dias Distintos, em Colos, onde chegámos ao pôr do Sol. Tínhamos passado primeiro pelo Figueirinha Ecoturismo, per-to de Relíquias, por causa do qual Paula Silva e Alexandre Coutinho,

Sossego Ter o prazer de, no mesmo dia,

riscar as águas da albufeira

de Santa Clara e visitar o Monte d'Avó, no Cercal

N123

N263

N120

Odemira

CercalColos

Barragem de Santa Clara

Relíquias

Page 13: Paraísos longe da multidão

Tiragem: 93360

País: Portugal

Period.: Semanal

Âmbito: Interesse Geral

Pág: 51

Cores: Cor

Área: 17,70 x 23,50 cm²

Corte: 13 de 15ID: 65184125 07-07-2016

ex-jornalistas, largaram a cidade, e ficáramos a invejar os hóspedes da enorme tenda montada junto à piscina biológica.

Todos os dias, Isabel senta-se de frente para a piscina infinita e o céu alaranjado. É assim des-de que fechou a loja de móveis e decoração que tinha no Cercal, a 17 km dali, e fez 18 quartos numa

propriedade da família. “Têm de vir aqui, é lindo”, instara.

Só depois nos falara nos passeios pela barragem e em dois artesãos, a holandesa Helena Loermans, com ateliê de tecelagem em Odemira, e o português José António Saraiva, mestre a trabalhar a cortiça, na sua casa em Ribeira do Seissal. “Vão gostar de os conhecer”, garantira.

A viver em Odemira há 25 anos, depois de ter trocado a histologia (estudo dos tecidos de animais e plantas) pelos teares, Helena en-contra-se com facilidade na rua Alexandre Herculano, onde uns guarda-sóis forrados com desper-dício da indústria têxtil dão nas vistas.

Encontrar José António não é tão fácil. Vale-nos a ajuda de uma vizinha que manda passar “a cabina de espera [a paragem da camione-ta]” e virar à direita na terra batida. Recebe-nos no meio de pedaços de cortiça, orgulhoso das cadeiras e tachos que lhe levam dezenas de horas de trabalho. Só não venha a Câmara convidá-lo para participar em feiras – enquanto o alcatrão ali não chegar, nada feito.

O litoral dista meia hora de car-ro e sentimo-nos no fim do mun-do? Que nada, dirá Meike Valk. Há uns dias, a holandesa recebeu no Monte d'Avó, um turismo rural e centro hípico a 1,5 km do Cercal, uns americanos que lhe explica-ram, pragmáticos: a zona está a uma hora e meia de Lisboa, Sintra, Évora e Lagos. E longe da confusão.

Pelas suas mãos Sempre que a horta lhe dá descanso, José António Saraiva dedica-se a fazer cadeiras, bancos e tachinhos de cortiça. É um artesão, e com orgulho. Mas não o convidem para ir a feiras enquanto não tratarem de alcatroar a estrada até sua casa, na Ribeira do Seissal

Água e verde por todos os lados, uma casa aqui, outra ali, cavalos de chocalho ao pescoço, um saxofone em dueto com um acordeão

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Tiragem: 93360

País: Portugal

Period.: Semanal

Âmbito: Interesse Geral

Pág: 52

Cores: Cor

Área: 17,70 x 23,50 cm²

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Decidimos terminar a brin-car com o tempo e a culpa é de David Jarman, o inglês radicado em Espanha há dez anos que se lembrou de montar um slide trans-fronteiriço entre Sanlúcar de Guadiana e Alcoutim.

São 720 metros sobre o casario es-panhol e o rio, 50 segundos sem-pre a deslizar que nem dão tempo para cantar o antigo hino dos con-trabandistas que põe “daqui nin-guém arredou” a rimar com “sendo homem como eu sou”.

7 ALCOUTIM

ALDEIAS SEM FRONTEIRASSE LHE DISSEREM QUE UMA DESCIDA DE SLIDE LHE GARANTE QUASE MAIS UMA HORA DE VIDA VAI, RESISTIR A EXPERIMENTAR?

DICAS DE VIAGEMIDEAL PARAQuem gosta de desportos náuticos e história

VER À VOLTAMértola, villa romana do Montinho das Laranjeiras e Posto Escolar de Santa Justa

ONDE FICARPousada da Juventude, Alcoutim, Tel. 281 546 004

PROXIMIDADEAlcoutim situa-se a 37 km de Castro Marim, 300 km de Lisboa e 540 km do Porto

“Preparem-se para chegar 59 minutos antes de saírem”, anun-cia o dono da Limite Zero a dois amigos ingleses que vieram de Isla Canela, ao lado de Ayamonte, para poderem fazer uma viagem no tem-po por 17 euros. “Aaaaaaaaaaaaa!” gritarão, a curtir a vista.

David acredita que o slide con-tribuiu para animar Sanlúcar. “Isto era tipo aldeia do Faroeste: fecha-vam as portadas quando viam um turista”, compara. “Agora, sempre está menos adormecida.” A €1 a passagem de barco, tudo o que ani-

ma Sanlúcar anima Alcoutim, que em meados deste mês vê regressar a Música na Praça (às quartas-fei-ras), mas pouco mais tem para ofe-recer aos visitantes além dos pas-seios pelo Guadiana.

Do Riverside Tavern, vemos como, do lado de Espanha, a em-presa Guadiana Xtremme leva gente a voar sobre a água num Flyboard. Quase conseguimos ouvir-lhes as gargalhadas, enquanto despacha-mos omeletas de queijo servidas pelo inglês Julian – “Scott, como o segundo homem a chegar ao Polo Sul, depois do Amundsen” –, a es-trear-se como empregado de mesa.

A referência faz sentido quan-do Julian conta que ele e a mulher são cientistas polares. Há um ano e meio, decidiram navegar pelo mun-do com as duas filhas pequenas, e agora preparam-se para passar mais um ano letivo a dormir no veleiro em Sanlúcar. Talvez tenham, então, tempo para levar as miúdas até San-ta Justa, a caminho de Martinlongo, onde se regressa aos anos 50 numa antiga escola primária. Duas filas de carteiras, fotografias de Salazar e Américo Tomás, quadro de ardósia e eis-nos a fazer mais uma viagem no tempo, esse grande escultor. [email protected]

Slide De Sanlúcar do Guadiana são 720 metros sempre a descer até Alcoutim, onde chegamos 59 minutos antes de partirmos – cortesia da diferença horária entre Portugal e Espanha

Rio Guadiana

ESPANHAPORTUGAL

N122

Alcoutim Sanlúcar de Guadiana

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Tiragem: 93360

País: Portugal

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Âmbito: Interesse Geral

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Cores: Cor

Área: 17,70 x 23,50 cm²

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Grande viagem pelas paisagens belas e tranquilas do interior de Portugal, com cascatas, lagoas, trilhos selvagens e aldeias renovadas. Sempre junto à água

PARAÍSOS LONGE DA MULTIDÃO

Praia fluvial da Congida, no rio Douro, em Freixo

de Espada à Cinta