Paraísos Extra Solares

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    Parasos extra-solares

    Existem Terras mais habitveis do que a nossa

    Se acredita que o nosso pequeno planeta azul idealmente

    configurado para que a vida prospere e se desenvolva?Errado! H muito melhor no universo. E se sabe mesmo ao

    que parece o paraso: um planeta duas vezes maismassivo do que a Terra, orbitando a volta de uma an

    laranja, dotado de uma gravidade superior aqui que oser vivo se encontra nas melhores condies possveis No sobre a Terra Boa notcia: taisparasos se contam aos

    bilies no cosmos! Vinte anos depois da descoberta do

    primeiro planeta extra solar, a Terra no definitivamente anicae ela mesmo no a mais ideal

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    Assim seria o planeta ideal

    duas vezes mais massivo que a TerraEste exoplaneta 20% a 30% maior que a Terra e com duas atrs vezes a sua massa telrico: composto de silicatos e

    de gua e possui uma atmosfera

    A sua gravidade superiorA gravidade 1,4 a 1,8 vezes mais forte que a Terra. Mais

    plano, com continentes dispersos, esta Terra

    particularmente favorvel ao desenvolvimento de umamultitude de ecossistemas

    ...a sua atmosfera mais espessaDevido a sua massa, o planeta atraiu mais massa a quandoda sua formao. A sua atmosfera por isso mais espessa e

    mais densa que a terrestre e o seu papel regulador maiseficaz

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    e o seu campo magntico mais potenteO campo magntico protege o planeta das radiaes da suaestrela contra a eroso da sua atmosfera e da destruio de

    molculas complexas na sua superfcie. Mais intenso do que o

    terrestre, este escudo est activo desde h mais de10 biliesde anos

    O planeta orbita mais pertoEste planeta gravita no ponto exacto para que possa abrigar

    gua no estado lquido na sua superfcie, est duas vezes maisperto da sua estrela do que a Terra est do Sol.

    de uma estrela mais pequena

    A estrela que ilumina este planeta deve pesar entre 0,6 a 0,9vezes a massa do Sol. Ela emite uma luz estvel durante 30bilies de anos que deixa muito mais tempo do que na

    Terra para a vida evoluir.

    A sua tectnica de placas mais intensaO calor convectivo que provm do ncleo do planeta move

    uma tectnica de placas mais intensa e mais duradora do quena Terra, o que vem permitir reciclar dixido de carbono e de

    manter uma temperatura suave superfcie.

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    Um mundo mergulhado numa luz laranja

    Um cu escarlate

    Mais pequeno, o sol que ilumina o planeta emite uma luzlaranja que d ao cu e ao oceano a sua colorao vermelha

    Um clima hmido com temperaturas suavesNem deserto nem banquisas: a temperatura e humidade so

    reguladas por todo lado pela influncia moderadora dosinmeros mares.

    Anos com 200 dias

    A sua estrela est duas vezes mais prxima do que o Sol daTerra, este planeta leva menos de duzentos dias a fazer a suatranslao

    Numerosos vulces em actividadeO calor do ncleo massivo do planeta cria um vulcanismo

    intenso

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    Ilhotas cercadas por um mar pouco profundo

    Mais intensa do que na Terra, a gravidade cria uma multitudede arquiplagos delimitando pequenos mares

    Uma paisagem homogneaNenhuma cadeia montanhosa: a espessura da atmosfera aqui

    erodiu os relevos

    l que a mais doce vida oferecida aos humanos/Jamaisneve nem grandes frios nem temporais/No se sentem por todoo lado os zfiros mas sim as suas brisas sibilantes/Sobem dooceano para dar a frescura aos homens: Para Homero, oparaso uma eterna Primavera. Para os cristos um pomarfrtil. Para os muulmanos um jardim ondem correm ribeirosde gua doce. Para os turistas, uma lagoa turquesa povoadade ilhotas com areia fina

    E para o cientista, o que se parece o paraso? O canadianoRen Heller da Universidade McMaster (Hamilton, provncia deOntrio, Canad) e o norte-americano John Amstrong dauniversidade Webber (Utah, EUA) vm responder a estaquesto.

    O paraso um planeta duas a trs vezes mais massivo quea Terra, que orbite a volta de um sol 30% menor que o nosso.E a sua paisagem apresenta os atributos paradisacosclssicos: rosrios de ilhas at perder de vista; um mar quente;uma vegetao luxuriante; cascatas de gua doce; um climatemperado por mares omnipresentes. A nica pequena

    diferena: tudo est banhado numa perptua luz vermelha edifanaMesmo esta paisagem parece por fim bem familiar,esta resposta d a vertigem.

    Em vez de outros edens, esta paisagem imaginria nunca foi fotografada por uma sonda espacial nem deduzidapelos dados recolhidos por um telescpio: sim, mas ela no nenhum fantasma! a primeira descrio do planeta super-habitvel.

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    O resultado final de um raciocnio que interroga cadacaracterstica geofsica a fim de se traar os contornos domundo que oferece as melhores condies para que a vidapossa emergir e evoluir. E o primeiro sinal tangvel de uma

    profunda mudana de prespectiva sobre a posio queocupamos no universo.Que mundo procurar para encontrar vida? Esta questo

    orienta os trabalhos desde da descoberta do primeiro planetaextra-solar em 1995. E mesmo antes!, corrige FranoisForget, um dos grandes especialistas de climas planetrios, noInstituto Pierre-Simon Laplace, em Paris, Frana. Se coloca aquesto dos critrios geofsicos necessrios vida desde dosanos 50 do sculo XX. E o conceito de zona habitvel, estalocalizao onde um planeta rochoso recebe luz suficiente dasua estrela para manter gua lquida na sua superfcie, foi

    proposto em 1960.

    Tudo repensado sem geocentrismo

    Ora, de acordo com o nosso mundo que padronizamos ahabitabilidade dos exoplanetas. Este geocentrismo se traduz

    mesmo no vocabulrio que utilizamos, se diverte Ren Heller.Se fala da Terra, de super-Terras, de estrelas solares.

    Mas hoje, agora que mais de 2 mil exoplanetas foramdetectados, os astrnomos reconhecessem que os mundosextrassolares so mais bem variados do que se imaginava. ATerra no representa mais do que um tipo de planeta habitvelde entre dezenas de outras possibilidades cuja atmosfera,clima e a geologia esto a caminho de serem modelados.

    Ren Heller e John Armstrong, os primeiros que se

    libertaram do nosso planeta para recomear do zero oumesmo de parte nenhuma compilam todos os estudos deplanetlogos com um fio condutor que at aqui foinegligenciado, mesmo quando citado na publicao que em1993, traou os contornos da zona de habitabilidade: o tempo.

    A nossa ideia era construir a volta da longevidade comocritrio essencial da habitabilidade, precisa Ren Heller. Poruma razo por vezes simples e evidente: preciso tempo paraque a vida aparecesse e evolua.

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    O nico caso da Terra d com efeito, nmerosimpressionantes: se as anlises isotpicas dos sedimentossugerem que uma forma de vida primitiva poderiam j existirpelo menos de um bilio de anos depois da formao do nosso

    planeta, duas vezes mais tempo para que apaream osprimeiros organismos pluricelulares.

    Um planeta ideal por trs grandes razes

    1. A vida pode evoluir por mais tempoAgora que as espcies vivas no dispem mais do que

    seis bilies de anos para proliferar sobre a Terra, sobre umplaneta super-habitvel poder se desenvolver por muito

    mais tempo

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    2. Na ausncia de zonas hostis a vida se espalha por todo

    o ladoSobre a Terra, o nmero de espcies se reduziu nas fossas

    ocenicas e nos picos das montanhas. Graas a suatopografia plana, um planeta super-habitvel oferece umambiente muito mais ideal.

    3. Chuvas tropicais varrem todas as regiesA vida necessita de gua: o nmero de espcies sobre a

    Terra est directamente correlacionado com o volume.Uma Terra super-habitvel oferece uma higrometria

    elevada sobre toda a sua superfcie.

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    A partir disto, os dois pesquisadores estabeleceram um

    mtodo: listar as condies necessrias a apario de umavida sobre um planeta, e ajustar os processos geofsicos

    afim que eles as satisfaam o maior tempo possvel.A comear pela fonte de energia: para que haja vida, preciso uma estrela que tenha luz. Ora quanto mais pequenaa estrela, maior a durao da sua vida. As estrelas ansconsomem o seu hidrognio mais lentamente, o queaumenta a sua longevidade e oferece mais tempo para avida evoluir, precisa Ren Heller.

    As estrelas ans vermelhas, muito menos massivas doque o Sol, vm assim a sua durao de vida em vriasdezenas de bilies de anos, contra os dez bilies do nossoSol. Somente, estas ans vermelhas tambm tminconvenientes: elas emitem fluxos de raios X e UVconsiderados nocivos para o desenvolvimento de umabiologia. Sem contar que elas tm uma luminosidade tofraca que a sua zona habitvel se situa muito prxima delas,to prxima que os planetas seriam expostos aos seus

    jactos de plasma, acrescenta Franois Forget.Na verdade, outros astros oferecem o perfeito

    compromisso: ans laranjas que os especialistas as

    etiquetaram com a letra K. Com massa intermdia entre asans vermelhas e o Sol, elas acumulam todas as vantagens:durao de vida na ordem dos vinte bilies de anos eactividade moderada. Sim!

    Trs condies necessrias a vida.

    Passemos ao planeta que orbita a volta desta an laranja.

    Os exobilogos esto de acordo sobre trs condiesnecessrias a vida.

    preciso partida que o planeta seja dotado de umasuperfcie a qual seja um meio capaz de estabilizar umsistema bioqumico, por isso tem que ser telrico.

    Tambm necessrio que seja enriquecido com umaatmosfera, essencial a vida na superfcie a qual serviria demediador para o transporte de gua e de nutrientes sob aforma de brumas ou de vapor, explica John Armstrong.

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    Por fim necessrio que o planeta seja dotado de umcampo magntico, a nica barreira capas de impedir os raioscsmicos e das erupes solares a espoliar do seu envelopegasoso.

    Superfcie, atmosfera e campo magntico: quais os tiposde mundos oferecem estas trs condies? Tudo indica queseja uma questo de massa. Demasiadamente pesados, osplanetas se transformam provavelmente em planetasgasosos. Com efeito os tericos da formao planetriapredizem assim que um planeta atinja uma massaequivalente a dez vezes a massa da Terra, atraem de formairresistvel hidrognio e hlio que rodeia a sua estrela logodepois do seu nascimento. E as raras observaes que asquais os astrnomos dispem parecem fixar um limite aindamais baixo: Ns pudemos calcular a densidade de 10exoplanetas, conta Courtney Dressing, explanetloga daUniversidade de Harvard (EUA). Se encontra que maiordo que seis massas terrestres, todos tm uma grande

    proporo de hidrognio e hlio. E por isso so gasosos

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    5 bilies de planetas super-habitveis

    Uma zona de super-habitalibidade foi definida

    Nenhum dos 1928 exoplanetas detectados nem tm o tamanhoideal (tamanho super-habitvel) nem a rbita ideal a volta da suaestrela (zona da super-habitabilidade) para ser super-habitvel

    que abrigaria 5 bilies de parasos potenciaisA partir dos dados do telescpio Kepler, os astrnomos avaliaramque mais de 2% das estrelas abrigam um planeta super-habitvel:

    seriam por isso 5 bilies de parasos na Via Lctea.

    Mas o planeta ideal no pode ser nem pequeno demais. Parainiciar o campo magntico protector necessrio ter um ncleolquido convectivo. Os estudos recenseados avaliaram que umamassa mnima de 0,07 massas terrestres necessria para manterum campo magntico durante 4,5 bilies de anos, precisa John

    Armstrong. Isto no um critrio limitante. Pelo contrrio, se

    considera que uma massa abaixo da massa terrestre pode serdemasiadamente tnue para desempenhar o seu papel protector.

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    Um planeta com 1 a 6 massas terrestres na rbita de uma estrela

    do tipo K. A distncia diminui mas ainda preciso que este planetacontenha gua lquida nas suas propriedades singulares (grande

    reactividade qumica, capacidade de formar as pontes de hidrognioe de estabilizar as macromolculas) e fazer funcionar melhor ossolventes. No se pode imaginar uma qumica que seja tocomplexa como a do carbono na gua lquida, resume FranoisForget.

    Ren HellerAstrofsico da Universidade McMaster (Ontrio,Canad)

    Ns temos que repensar tudo do zero a partir de um critriosimples e evidente: o tempo. Porque preciso tempo para que a

    vida aparea e evolua

    Uma tectnica indispensvel

    Este critrio parece no estar ligado ao tamanho do planeta: bastaque se encontre numa boa distncia do astro a volta do qual orbita,na famosa zona de habitabilidade, que fica entre 0,25 a 1,3 unidadesastronmicas (distncia equivalente entre a Terra e o Sol, N.T.) parauma estrela do tipo K.

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    Excepto o que se observa na Terra, os planetlogos seaperceberam que esta localizao pode no ser suficiente paramanter uma temperatura clemente na superfcie. Um mecanismosuplementar, que desempenha o papel de termostato, aparelho

    necessrio para regular os gases do efeito de estufa.

    Poderemos algum dia visitar um destes parasosextraterrestres?

    Nunca em tempo algum. Nenhum dos meios de propulsoexistentes ou planeados actualmente, at mesmo os mais futuristasno permitem explorar um exoplaneta num tempo razovel. Basta

    observar a sonda New Horizons; Esta sona, a mais rpida desempre que chegou a Pluto em Julho deste ano depois de 9 anos

    e meio de viagem; levaria perto de cem mil anos para chegar a Alfa-Centauro, a estrela mais prxima da Terra (excepto o Sol)

    localizada a 4,3 anos-luz da Terra! Lamentavelmente poderiabem abrigar um planeta super-habitvel. Um planeta da dimenso

    da Terra j foi descoberto em 2012, mas demasiadamente quentepara ser habitvel. Desde h alguns meses, os astrnomos

    suspeitam da existncia de um segundo planeta: Ao observar aestrela com o telescpio Hubble, se detectou um sinal que no pode

    corresponder ao planeta que descobrimos em 2012, conta XavierDumusque, um dos membros da equipa de Harvard. Este planetaento estaria mais distante da sua estrela e por isso mais frio. Masna realidade estamos no limite da deteco. Ser preciso esperarpor 2017 para se ter a confirmao da existncia deste paraso to

    perto, contudo to distante.

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    Alfa-Centauro a an laranja mais prxima de ns, ela poder

    abrigar um planeta super-habitvel mas no se saber antes de2017

    No nosso planeta a tectnica das placas que desempenha opapel regulador dos gases do efeito de estufa conduzindo o dixidode carbono num grande ciclo telrico: este gs se combina com asrochas na superfcie para formar carbonatos que so conduzidosparas as profundezas pela subduco at os vulces os lancem parao ar.

    Este ciclo extremamente potente, insiste Franois Forget. Se

    a Terra se afastasse do Sol em 20%, a sua temperatura cairia atuma temperatura mdia de -60C. Mas na ausncia de gua noestado lquido, a formao de carbonatos no aconteceria e o CO2se acumularia na atmosfera at que passados alguns milhes deanos atingiria um nvel suficiente de CO2 para restabelecertemperaturas suaves

    A questo de saber se tal termostato indispensvel para que umplaneta seja habitvel no est destrinchada nem se sabe se estetremostato funciona sem tectnica de placas a hiptese de um

    termostato movido apenas por um vulcanismo muito activo explorada. Estas so as grandes questes que actualmente socolocadas, precisa Jrmy Laconte. Mas com base nosconhecimentos, Ren Heller e John Armstrong colocam umacondio: o super-habitculo da vida tem que ter placas que flutuem.

    Logicamente, o perodo durante o qual um planeta capaz demanter uma tectnica de placas aumenta conforma a sua massa quanto maior for o planeta maior o seu ncleo e maior o caloremitido logo a seguir a sua formao importante.

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    Excepto que partir 5 massas terrestres, os modelos mostram quea presso no manto tanta que a viscosidade do manto no permiteque as placas deslizem. De um ponto de vista tectnico se situaentre 2 a 3 massas terrestresconclui Ren Heller. Donde no final,

    as primeiras medidas do paraso: um planeta cujo dimetro 20 a30% maior do que o terrestre e que orbita entre 0,25 a 1,3 UA a voltade uma estrela do tipo K.

    E os dois pesquisadores esboam o seu retrato: devido a suagravidade, este planeta ideal dever de estar envolvido por umaatmosfera mais espessa do que a terrestre, e por isso est submetidaa uma eroso mais forte que na Terra o que terraplanaria a suaorografia. Este facto iria reforar o seu estatuto de super-habitvel aooferecer em primeiro lugar um clima temperado e hmido. Se podeimaginar continentes fraccionados, sem deserto rido nem zonagelada separados por uma multitude de mares pouco profundos

    propcios a diversidade, descreve John Armstrong.Quantos destes edens existem na nossa galxia? Por enquanto

    ainda nenhum foi detectado. Mas John Armstrong fez o clculo numcanto da mesa; e os seus nmeros deram o veridicto. As anslaranjas ideais constituem 12,1% das estrelas, o que cerca de 24bilies de estrelas na Via Lctea. Ora um tero destas estrelaspoderiam abrigar um planeta de 2 a 3 massas solares na sua zonahabitvel. Perto de 5 bilies de planetas super-habitveis se

    escondem no nosso pequeno recanto do Universo! Cinco bilies deparasos na nossa nica galxia!

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    Trs super-telescpios vo escrutinar a Via Lctea

    Vrios telescpios podero estudar os planetas super-habitveis: otelescpio gigante E-ELT cuja construo comeou no Chile (

    direita) e os telescpios espaciais JWST a partir de 2018 (em baixo)e o WFIRST ( esquerda) e ARIEL a parir dos anos 2020 foram

    selecionados.

    4607 sinais ainda para serem estudados

    certo que estes trabalhos no so definitivos; vrias hipteses eincertezas permanecem; e na ausncia de uma da descrio daapario da vida sobre Terra, impossvel se estar certo se nenhumacondio necessria para a vida foi esquecida. A composio daatmosfera, ligada por vezes a composio da estrela e aos processosde formao planetria, ainda impossvel de simular.

    A origem dos oceanos tambm um problema, acrescentaFranois Forget. Foram criados por cometas? Acareados logo aseguir ao seu nascimento? Assim que lemos a literatura cientfica sev isto tudo e tambm o contrrio: tanto que se pode dizer que nose sabe.

    Existe confiana nos nossos modelos, mas podem estar erradosforosamente um pouco, precisa Sara Seager, especialista sobre oassunto no MIT. Precisamos de medidas dos espectros dasatmosferas para verificar quais os limites que fixamos so correctos.

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    Os telescpios espaciais que vo ser mobilizados: em 2018 oJWST estudar a atmosfera dos maiores planetas rochosos. ARIELe WFIRST, foram selecionados para se concentrarem nosexoplanetas mais prximos Resta descobrir para onde apontar.

    Nos dados recolhidos pelo Kepler, 4607 sinais ainda no foramestudados, a maioria so de exoplanetas dos quais no se sabenada!, insiste vorazmente Ren Heller.

    Se ter ento todas as razes para pensar que pela primeira vez,se v verdadeiramente o paraso; e que ele no se encontra sobre aTerra, mas no cu numa multitude de exemplares.

    Ser um paraso para o Homem?

    Este paraso ser de qualquer maneira habitvel para o Homem,mas assim to paradisaco como parece?Admitindo que um explorador interestelar consegue a proeza dechegar a um mundo super-habitvel, ele poderia retirar o seu fato

    espacial sem medo: por definio, existiria uma temperaturatemperada e o ar no seu todo respirvel. Os pesquisadores

    lanaram a hiptese de uma atmosfera semelhante a terrestre. Poroutro lado, a gravidade se arriscaria a no ser to agradvel: o factoda massa do planeta ser duas a trs vezes maior do que a terrestrea acelerao da gravidade seria da ordem de 1,4 a 1,8 vezes maisforte que na Terra. Dito de outra forma, uma pessoa que na Terra

    pese 70 kg pesaria entre 97 a 125 kg no paraso.

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    Como os exoplanetas mudaram tudo

    A Terra no mais a referncia: os 2000 exoplanetasdetectados desde h 20 anos por fim vieram o provar. E oseu inventrio desenha uma infinidade de mundospossveis, quem sabe melhores que o nosso

    O paraso no a Terra, pois no o . Nos confrontamos: estepequeno planeta azul no qual nos baseamos habitualmente para

    julgar todos os exoplanetas demasiadamente grande,demasiadamente pequeno, demasiadamente quente - no detodo ideal para a emergncia e para o desenvolvimento da vida. Onosso mundo no o padro da vida. H melhores no Universo eeste melhor diferente: duas vezes mais massivo, 20 a 30% maioriluminado por um pequeno sol laranja (ver captulo anterior).

    Uma nova fronteira acaba de ser ultrapassada no grandemovimento que distancia a humanidade do centro das coisas, desdeh sculos. O antropocentrismo no pode por si mesma resistir muito

    tempo. As provas oferecidas pela natureza e as anlises oferecidaspela cincia so demasiadamente claras, demasiadamenteindiscutveis.

    No incio da nossa era, para Aristteles, a Terra estava no centrodo Universo. Um mundo nico a volta do qual se aconchegavam oSol, a Lua e as estrelas: o centro de tudo era a Terra; mas osmovimentos dos astros no cu acabaram por denunciar a nossaverdadeira posio.

    De incio, discreta, a ideia se insinuou no esprito dos sbios dosculo XVI, apoiada pelos clculos das rbitas de Coprnico e deKepler; antes de se impor assim que se revelou sob a objectiva daluneta de Galileu, o solo poeirento e com crateras da Lua. O nossosatlite no uma decorao pregada no cu terrestre. outromundo, embora mais pequeno e desesperadamente seco, mas ummundo por inteiro, com as suas montanhas, com os seus vales e comas suas plancies. A Terra no nica, no passa de um planeta deentre outros que orbitam a volta de uma estrela, ela mesma perdidano meio de bilies de outras estrelas.

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    O sculo XX amplificou esta revoluo copernicana. O astrnomonorte-americano Edwin Hubble revela que nos anos 20 do sculo XXque o nosso grupo de estrelas, ele mesmo, no o nico nem ocentro do que ento comea a ser concebido: o Universo. A Terra

    no mais do que um nfimo ponto perdido numa infinidade denuvens de estrelas. E a Via Lctea no mais do que uma galxiadentre as outras.

    Uma diversidade surpreendente

    Enfim, h 20 anos apenas, a humanidade cai do seu pedestal pelaterceira vez: os astrnomos descobriram um exoplaneta, depois dez,depois cem (ver cronologia) Sob o olho dos telescpios espaciaisCorot, Hubble ou Kepler, ou sob o olho do Very Large Telescope oudo espectrgrafo Harps no Chile, se revela uma multitude demundos. De gigantes gasosos maiores que Jpiter que gravitammuito da sua estrela numa posio semelhante ao nosso Mercrio, apequenos sis vermelhos que bloqueiam a rotao dos planetas, osforando a lhes apresentar sempre a mesma face; planetas toinclinados que fazem a sua rbita de pernas para o ar. Outros to

    prximos uns dos outros que esto trs no espao equivalente aoque ocupa Jpiter no sistema solar; ou aqueles que orbitam a voltade duas ou mesmo trs estrelas A lista no tem fim!, acrescentaSara Seager uma das grandes especialistas em exoplanetas do MIT.

    a partir disto que uma ideia se vai impor: o nosso sistema solarno pode ser considerado como representativo. Ele no mais doque um exemplo de entre centenas de mundos descobertos e debilies de mundos potenciais, todos diferentes.

    E actualmente, uma nova etapa est quase a ser ultrapassada: a

    Terra, ela mesma, no o arqutipo do planeta habitvel. Outrosmundos podem abrigar dentre eles; esta mesma gua lquida que se

    julga necessria para a emergncia da vida. fora de acumulardados, os astrnomos descobriram vrios planetas potencialmenterochosos como a Terra. Planetas muito diferentes, mas os quaisalguns prometem mesmo serem habitveis, mesmo mais habitveisdo que a Terra!

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    Uma profuso de mundos com massas entre a massa da Terra ede Neptunodimenses que no existem no sistema solar, onde osplanetas esto bem separados entre, numa parte esto os rochososcom uma pequena camada gasosa (Mercrio, Vnus, Terra e Marte)

    noutra parte esto os gigantes (Jpiter, Saturno, Urano e Neptuno),to massivos que eles acarearam todo o gs assim que nasceram,se dotando assim de enormes camadas gasosas.

    A distribuio de planetas detectados pelo Kepler contnua entre0,7 a 10 raios terrestres, mesmo entre 2 a 4 raios terrestres onde atransio entre os planetas do tipo Neptuno e os planetas telricos(mesmo que terrestres N.T.) est indicada onde tem lugar, precisaJrmy Leconte, especialista do clima exoplanetrio na Universidadede Toronto, Canad. Estes planetas intermdios parece serem muitocorrentes no Universo

    Uma massa de novos planetas de um novo gnero.No nosso sistema solar no existem planetas rochosos maiores doque a Terra, nem planetas gasosos mais pequenos que Neptuno.Mas no cu existem bilies de bilies! Kepler186f, Kepler22b,

    Kepler66c Estranhos objectos hbridos entre Neptuno e onosso planeta azul, se distribuem por todo o lado nos dados dos

    telescpios.

    Um novo tipo de planetas que podem esconder o seu lote demundos habitveis, mesmo assim estranhos.

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    Vinte anos deobservao deexoplanetas

    1995O primeiro exoplanetaMichel Mayor e DiderQueloz descobrem umplaneta do tamanho deJpiter em rbita deoutro sol, a 40 anos-luzde ns: 51 Pegasi b.

    2004Primeira imagemO potente Very LargeTelescope capta asilhueta de 2M12207bem rbita de uma ancastanha

    2005Primeira super-TerraSete vezes maismassiva que a Terra,Gleise-876d, abre umanova categoria: asSuper terras, entre ostelricos e os gasosos

    2009O primeiro rochoso

    Composto de rocha,Corot-7b, mede 1,75 odimetro da Terra e 4,8 vezes mais pesado

    2011Primeiro exoplanetahabitvelDepois da modelizaodo seu clima, Gliese

    581d poder abrigar

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    Ningum imaginava estes objectos, e todavia, eles so

    incrivelmente numerosos; a grande descoberta dos ltimos 20 anospor que estes mundos a meio-caminho entre Terra e NeptunoestasSuper-Terras como baptizaram os astrnomos significa que amaquinarai planetria no se resume apenas a dois tipos, os gasosose os telricos, mas se declina de vrias formas.

    Os planetlogos actualmente mergulham nesta diversidade seesforam para explorar toda a gama de geofsicas e de climaspotenciais. Um grande inventrio que j comeou e que em prazodever balizar o campo dos possveis exoplanetas. Os modelos deuma dimenso dos anos 90 do sculo passado, que tomam ahiptese das superfcies planas, foram melhorados, precisa FranoisForget do Instituto Pierre-Simon Laplace em Paris. Se trabalhadoravante em trs dimenses, o que permite ter em conta mais

    parmetros: o tamanho, a rotao, as nuvens, a turbulncia a fase aevaporao

    1% da gua terrestre chegaria

    Impossvel por enquanto simular um mundo desde da suaformao. Os planetlogos no o preverem mesmo para a Terra.Ser necessrio conseguir colocar tudo num mesmo modelo desdeda agregao do planeta at aos detalhes microscpicos daqumica, explica Franck Selsis, do Observatrio Astronmico deBordus, Frana.

    Ento os cientistas partiram da Terra e a deformaram, para ver oque mudaria. Eles a dotaram de 10 ou 100 vezes mais gua;

    aumentaram a sua massa; a colocaram a orbitar a volta de umaestrela mais pequena e a volta de uma estrela maior; mudaram acomposio da sua atmosfera A ideia ver como, logo que semuda um parmetro, os diferentes fenmenos, tais como o efeito deestufa ou tamanho da atmosfera so controlados, precisa SaraSeager.

    E naturalmente novos mundos habitveis se desenham: seimaginam planetas com atmosfera cheia de hidrognio, abrigandomares de gua lquida que orbitam to longe da sua estrela como

    Neptuno orbita do Sol. O hidrognio um gs de efeito de estufa

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    bastante bom, que respousa muito longe da zona da habitabilidade,explica Franois Forget.

    Traa-se os contornos de mundos quase totalmente cobertosoceanos ou de planetas desrticos mas hospitaleiros. Simulaes

    recentes mostram que com apenas 1 % da gua existente na Terraum planeta pode ser habitvel, precisa Jrmy Leconte. Se calculaque planetas rochosos que orbitem a volta de dois sis possam serquanto baste serem estveis para serem dotados de um climatemperado (Tatooine frio, uma forma mais temperada do planetados filmes Star Wars, N.T.)

    A Terra e o Sol eram o alvo dos caadores de exoplanetas.Actualmente, eles se focalizam sobre as estrelas mais pequenas emais vermelhas; sobre planetas maiores e dotados de atmosferasestranhas. Se imagina doravante uma abundancia de outrasopes, confirma Emeline Bolmont, que modelizou os planetas queorbitam a volta de estrelas ans na Universidade de Namur, Blgica.

    A Terra no o centro do sistema solar, nem do universo; no representativa da diversidade; nem mesmo a mais habitvelFalta ultrapassar a ltima etapa: mostrar que a vida terrestre no mais de entre as outras.

    Como conta James Kasting, pioneiro do domnio dos exoplanetasna Universidade do Estado da Pensilvnia, EUA: no a Terra queest adaptada a vida, mas a vida que se adaptou a Terra. Vinte anos

    depois da descoberta do primeiro exoplaneta, j no resta nada dogeocentrismo Ou quase, no resta mais do que a vida.

    O Inferno previsto dentro de 1 bilio de anos

    Se sabe actualmente que a Terra no o paraso que se pensava,

    se sabe tambm que no tardar que se v transformar num inferno.Dentro de um bilio de anos, mesmo que o efeito de estufa nodispare; os oceanos entraro em ebulio e toda a gua a superfcieda Terra desaparecer Ao mesmo tempo que os cientistassimulam o clima nos planetas distantes, Franois Forget e a suaequipa do Instituto Pierre-Simon Laplace aplicou o seu modeloclimtico tridimensional Terra.

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    Tendo em conta o aumento da luminosidade do Sol (a nossaestrela est actualmente 40% mais luminosa em relao ao momento

    da sua formao), a circulao atmosfrica e o efeito das nuvens; oscientistas j podem dar pela primeira vez uma estimativa do momentoonde a Terra se transformar num deserto ardente: estimam que oinferno se produzir assim que a temperatura da superfcie chegaraos 70C e isto acontecer dentro de 1 bilio de anos. Ora possvelque a vida possa sobreviver e se adaptar no subsolo, mas provvelque desaparea da superfcie. A contagem decrescente j comeou:a Terra, este pequeno planeta com 4,5 bilies de anos de vida, jesgotou 4/5 da sua vida habitvel.

    Para saber mais:A ver: a conferncia de Sara Seager sobre os novos mundosextraterrestres.

    A descobrir: uma simulao da NASA que permite explorar osexoplanetas descobertos em:

    www.science-et-vie.com

    (Traduo do artigo Paradis Extra Solaires, Il Existe des Terres plus

    vivables que la Ntre, de Mathilde Fontez, publicado originalmentena revista francesa Science & Vie n 1174 de Julho de 2015)

    http://www.science-et-vie.com/http://www.science-et-vie.com/http://www.science-et-vie.com/