o Analfabetismo Funcional

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O ANALFABETISMO FUNCIONAL Ana Cristina dos Reis Cruz * CRUZ, Ana C. dos R. Artigo Científico: O Analfabetismo Funcional . Belo Horizonte: UFMG, 10 de março de 2004. A autora graduou-se em Letras pela Universidade Presidente Antônio Carlos - Barbacena, é escritora, professora de Língua Portuguesa e trabalha com elaboração e/ou execução de projetos de caráter artístico-cultural e educacional, sendo também membro da organização Poetas del Mundo, fundadora e coordenadora do espaço virutual Mural dos Escritores e autora das obras: Uma Gramática Holística (aulas em multimídia), Ao Meu Amor (livro de poesias) e Versos Inéditos (Oficina Literária).

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Este trabalho tem por objetivo informar sobre o analfabetismo funcional, tambémconhecido como baixo-letramento ou semi-analfabetismo, àqueles que participamdas situações de ensino de Língua Portuguesa como meio de aquisição deconhecimentos e melhoria da capacidade comunicativa: conceituá-lo, tentarvislumbrar causas do seu surgimento, estabelecer fatos que ocasiona e perspectivaspara diminuição de sua incidência. Este conhecimento poderá dar sustentação àpráxis que objetiva o trabalho com a leitura, interpretação e escrita de textos emportuguês, nos seus variados tipos de situação, inclusive no uso de tecnologiasmodernas, como uma das formas de potencializar o aluno para lidar com asestruturas sociais vigentes.

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O ANALFABETISMO FUNCIONAL

Ana Cristina dos Reis Cruz *

CRUZ, Ana C. dos R. Artigo Científico: O Analfabetismo Funcional. Belo Horizonte:

UFMG, 10 de março de 2004. A autora graduou-se em Letras pela Universidade

Presidente Antônio Carlos - Barbacena, é escritora, professora de Língua

Portuguesa e trabalha com elaboração e/ou execução de projetos de caráter

artístico-cultural e educacional, sendo também membro da organização Poetas

del Mundo, fundadora e coordenadora do espaço virutual Mural dos Escritores e

autora das obras: Uma Gramática Holística (aulas em multimídia), Ao Meu Amor

(livro de poesias) e Versos Inéditos (Oficina Literária).

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RESUMO

Este trabalho tem por objetivo informar sobre o analfabetismo funcional, também

conhecido como baixo-letramento ou semi-analfabetismo, àqueles que participam

das situações de ensino de Língua Portuguesa como meio de aquisição de

conhecimentos e melhoria da capacidade comunicativa: conceituá-lo, tentar

vislumbrar causas do seu surgimento, estabelecer fatos que ocasiona e perspectivas

para diminuição de sua incidência. Este conhecimento poderá dar sustentação à

práxis que objetiva o trabalho com a leitura, interpretação e escrita de textos em

português, nos seus variados tipos de situação, inclusive no uso de tecnologias

modernas, como uma das formas de potencializar o aluno para lidar com as

estruturas sociais vigentes.

Palavras-chaves:: alfabetização, analfabetismo, comunicação, letramento.

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INTRODUÇÃO

Quem não se comunica, se estrumbica.

Abelardo Barbosa, o Chacrinha.

O analfabetismo funcional, baixo-letramento ou semi-analfabetismo,

neste estudo, é utilizado para designar a condição de pessoas ou grupos que sabem ler e escrever, no sentido de identificar e desenhar palavras no

papel, mas não sabem também, interpretar um enunciado e expressar-se

na sua própria língua, utilizando-se da leitura e da escrita, incorporando-

as em seu viver, como elemento transformador de sua condição pessoal, dentro do âmbito cultural, social e de trabalho.

A escolha deste tema deve-se a uma aula da Profª. Regina Lúcia Péret

Dell‟Isola - Disciplina de Stricto Sensu da FALE em Lingüística: Parâmetros

Atuais do Ensino de Português através de Textos, onde se discorreu sobre os níveis de letramento. A referência ao baixo-letramento vem de

encontro a uma preocupação de todos os educadores conscientes, pela

problemática visivelmente enfrentada por muitos adolescentes e adultos,

na sua compreensão dos fatos lingüísticos e na expressão de seus pontos

de vista, fato este que serve de empecilho para o seu crescimento pessoal, social e profissional.

O ser humano é o sujeito da fala, disto ninguém duvida. Ele está

asujeitado à linguagem falada, isto lhe é inerente – a não ser que tenha

uma deficiência fonológica séria. Mas, o sujeito letrado, da leitura e da escrita [que também incidem numa melhoria da sua fala], este é

construído através de aprendizagens vividas no contexto familiar, social,

escolar, e, pela própria necessidade, que a vida lhe impõe, de ampliar

suas possibilidades de comunicação. É visível a dificuldade de adaptação e inserção social dos iletrados.

Assim, procurou-se problematizar a natureza do baixo-letramento, e,

levando em conta a importância da discussão dos fatores que levam ao

seu surgimento, estabeleceu-se um quadro do analfabetismo funcional no Brasil, com o objetivo de que as informações e as colocações aqui

contidas possam abrir novas discussões, propostas, projetos, e, até

mesmo ações por parte de seus leitores.

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A PROBLEMÁTICA DO ANALFABETISMO FUNCIONAL DE JOVENS

E ADULTOS NO CENÁRIO NACIONAL

Para início de conversa, procura-se reforçar o conceito, proposto neste trabalho de analfabetismo funcional, tido também como baixo-letramento

e semi-analfabetismo, através do parecer de duas educadoras,

especialistas no assunto. Segundo SOARES (1998)1:

Uma pessoa é funcionalmente letrada quando pode participar de todas

aquelas atividades nas quais o letramento é necessário para o efetivo

funcionamento de seu grupo e comunidade e, também, para capacitá-la a

continuar usando a leitura, a escrita e o cálculo para seu desenvolvimento e o de

sua comunidade.

Segundo INFANTE (1994)2, foi na direção oposta à definição proposta

pela UNESCO (1978), o conceito de baixo-letramento:

Uma pessoa funcionalmente analfabeta é aquela que não pode participar de

todas as atividades nas quais a alfabetização é requerida para uma atuação

eficaz em seu grupo e comunidade, e que lhe permitem, também, continuar

usando a leitura, a escrita e o cálculo a serviço de seu próprio desenvolvimento e

do desenvolvimento de sua comunidade. *

Sabe-se que os processos cognitivos, comuns a todo ser humano, são

mobilizados de modos diferentes, dependendo das situações enfrentadas

por membros de diferentes grupos sociais. O alfabetismo ou a falta dele

surge como traço comum a várias atividades que caracterizam as

sociedades ocidentais contemporâneas: a escolarização, a ciência e a tecnologia, a burocracia e a política.

Hoje, o analfabetismo funcional é uma preocupação de toda a

sociedade, envolvendo lingüistas, literatos, pedagogos e os educadores

como um todo, como também a sociólogos, psicólogos, famílias, e, por conseqüência, os políticos. Uma pessoa, para ser considerada

alfabetizada, tem que apresentar certas competências comunicativas.

Segundo laboratório feito por OLIVEIRA (1999)3 para observação dos

diferentes níveis de letramento em jovens e adultos, chama-se a atenção para o resultado referente aos testes feitos com moradores de periferia.

Observou-se que estes resultados, além dos fatores individuais de

capacidade cognitiva, também tiveram claras relações com educação,

ocupação, salário mensal e competência na vida cotidiana. Para fazer-se menção ao resultado, vale lembrar que os testes

discriminaram os diferentes sujeitos estudados e relacionaram-se com

variáveis relevantes de seu ambiente. Isto é, embora todos os sujeitos

tenham tido um desempenho correspondente aos níveis mais baixos de

outros grupos, também incluídos nas normas dos testes, seus resultados

* Neste contraste entre o funcionalmente letrado e o deficientemente letrado, evidenciado pela fala das duas autoras, parece que Soares (1998), apropriou-se de Infante (1994) ao conceituar a pessoa letrada.

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não foram simplesmente um conjunto de resultados igualmente baixos,

acumulados de forma inexpressiva no extremo inferior de uma escala. Ao

contrário, seus resultados nos dois testes foram correlacionados e bem

dispersos ao longo da faixa de desempenho desse grupo específico. Os dados obtidos, muitas vezes, apontaram para a heterogeneidade no

interior do grupo e para diferentes fontes que contribuiriam para a

constituição do funcionamento intelectual. A seguir, uma seleção de

trechos que clareiam esta fala:

Em primeiro lugar haveria um nível básico de competência, altamente

condicionado pelas características do ambiente e disseminado entre os

membros da comunidade: qualquer pessoa sabe como ir de casa ao trabalho,

como preparar algum tipo de alimento ou como lidar com dinheiro, por exemplo.

(...) Há um nível intermediário de competência que não é generalizado e que

caracteriza alguns indivíduos como mais capazes que outros; esses indivíduos são

cruciais para a vida da comunidade, e podem ter algumas vantagens no

decorrer de suas vidas por serem capazes de lidar melhor com os recursos

disponíveis no ambiente. (...) No nível mais elevado de competência encontram-

se alguns indivíduos chave na comunidade, que foram denominados de “focos

de competência”, por concentrarem a maior parte das habilidades necessárias

à solução dos problemas enfrentados pelos membros da comunidade em geral,

dominando quantidade de “informações úteis” (como encontrar um advogado

ou um médico, onde é o hospital mais próximo, como fazer para adotar uma

criança, por exemplo), conhecia a cidade muito bem e dominava o sistema

burocrático (como tirar documentos, preencher formulários, etc). Um destes

“foco de competência” era um aluno do curso de adultos. Era um excelente

aluno e liderava o grupo na maior parte das atividades desenvolvidas em sala de

aula. Também tocava violão, sabia coordenar jogos de salão, escreveu peças

de teatro, compôs músicas e criou roteiros de shows para os alunos

apresentarem. Os demais alunos contavam com ele para tudo. (Cit., 1999).

A partir do século XX, com o advento da globalização, criou-se o mito

de que o desenvolvimento humano seria garantido e inevitável, em

decorrência do desenvolvimento da ciência (possibilitando a qualidade da técnica) e do desenvolvimento industrial e tecnológico. A educação

passou, então, a ser relegada a um segundo plano, a não ser quando

formadora de mão-de-obra, o que foi desastroso.

Ao atentar para o fato, a sociedade tem tentado se mobilizar. O analfabetismo funcional tem sido tema de fóruns, seminários, revistas,

jornais, passando a ser pauta também de programas de governo, na

tentativa de reverter esta situação.

Os resultados da pesquisa feita pelo Sistema Estadual de Análise de

Dados Educacionais - SEAD, em São Paulo, publicados na Revista VEJA (2000)4, desmistifica este pensamento, apontando que, nas grandes

corporações brasileiras,

48% dos funcionários têm dificuldades com comunicação escrita, e se fosse

mais detalhada, apontaria outras dificuldades como: a pouca habilidade para

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analisar criticamente uma informação, a falta de cultura geral e dificuldades

com comunicação oral e na sociabilização de idéias, muito provavelmente,

dificuldades com outras formas de comunicação.

É fato que, toda pessoa, tendo ou não passado pela escola, por se

encontrar em uma sociedade escolarizada, precisa se submeter ao

processo de legitimação de sua comunicação que passa pelos sentidos do

padrão gerado pela escolarização. Ser um semi-analfabeto, ou seja, não conseguir acompanhar os estudos, ter dificuldade de interpretar, de

aprender, de ler e de escrever, leva a pessoa mostrar-se como um ser de

um grupo à parte que só ganha evidência enquanto grupo à parte (deve

ter acompanhamento especial). Suas origens são visíveis: vêm de regiões carentes de infra-estrutura, alguns são marginalizados em

conglomerados, vivendo muito próximos da situação de miséria.

Nota-se que, na maioria das vezes, estas pessoas têm uma

experiência de vida muito aquém da necessária para serem consideradas letradas - por dificuldade de acesso ou falta de recursos financeiros para

ter acesso a uma boa escola, ou, ainda, por falta de hábitos de leitura no

grupo em que estão inseridas, ou a soma destes fatores. Fato é que não

tiveram acesso a um ambiente favorável, nem a bons professores ou

livros. No entanto são sobreviventes. São pessoas tentando extrapolar suas limitações. O depoimento de MANUEL (2003)5, nos mostra a

importância de se estabelecer o hábito da leitura:

Quando se fala em escritor fala-se em livro e quando se fala em livro, vem à

mente falas eternas de educação, cultura e lazer. Na nossa vida de homens em

constante construção de letramento, sabemos que cartilha hoje é coisa do

passado.Sabemos que não mais procede a fala de que o poeta nasce feito, pois

tudo acontece através da socialização. O letramento é interpretar conteúdos e

produzir bem, é saber que linguagem se usa em qualquer situação. Aprendi a ler

cedo. Li centenas de gibis, depois foto novelas. Foi no "jornal das moças" [de

minha mãe] - que lia os versos de Luiz Otávio; no "Eu sei tudo" - as charadas

poéticas de bons sonetistas; na revista O Cruzeiro [na coluna Garotas] extraí esta

trova que foi para a Praça XV, em 1974, Garota tua bondade, tonteia qualquer

parceiro. Pedaço de tempestade, no céu de rapaz solteiro; nos Arquivos

Implacáveis - do João Condé, tive acesso a farto material de reportagem; e

enriqueci meu vocabulário nas páginas das "Seleções". Os livros do Clube do

Livro, por anos, fizeram parte da minha vida e, sempre lia e relia, na contra-capa,

os versos de Castro Alves.

ESCOLA PÚBLICA: CAMPO FÉRTIL AO ANALFABETISMO FUNCIONAL

A FOLHA DE SÃO PAULO (2001)6 publicou uma matéria que ilustra isto

muito bem:

Pelo menos 2.800 (4,3%) dos 65.406 estudantes da 5ª à 8ª séries da rede pública

de ensino das regiões de Campinas e de Jundiaí estão com escolaridade

atrasada ou não sabem ler. A informação consta de levantamento obtido pela

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Folha na semana passada nas Diretorias Regionais de Ensino nas duas cidades.

(§)As estatísticas do Estado revelam um panorama mais preocupante na cidade

de Jundiaí, onde foi detectado que 235 (4%) dos 5.800 alunos que freqüentam a

5ª série da rede fundamental de ensino possuem dificuldade em leitura, podendo

ser considerados semi-analfabetos. (§) São considerados semi-analfabetos os

alunos que terminam os primeiros quatro anos do ensino fundamental sem

conseguir acompanhar os estudos, possuem dificuldades de interpretação,

aprendizagem, leitura e escrita e, por isso, precisam de acompanhamento

especial. (§) A região coberta pela Diretoria Regional de Jundiaí também

levantou que 492 alunos, ou 2,7% dos 17.987 estudantes de 5ª a 6ª séries da

cidade, de Campo Limpo Paulista e Várzea Paulista têm dificuldades para ler e

escrever. (§) Essas crianças freqüentaram o ciclo de alfabetização (da 1ª à 4ª

séries) na rede pública municipal e foram considerados com alfabetização

defasada pelo Estado, que as avaliou e as reteve por um ano para um programa

especial de educação. (§) Segundo o secretário da Educação de Jundiaí, (...), o

município está investindo na capacitação de professores para reduzir o índice de

alunos que saem das suas escolas sem uma base de alfabetização. (§) As duas

diretorias de ensino da região de Campinas, que também incluem escolas de

Valinhos e Vinhedo, não forneceram números de semi-analfabetos da rede, mas

revelaram que, dos 47,4 mil alunos que estudam entre as 5ª e 8ª séries do ensino

fundamental, 2.341 estudantes (4,9%) estão com escolaridade atrasada. (§) Esses

alunos precisam ter seus estudos atualizados pelo programa de classes de

aceleração, criado pelo Estado após a determinação da não-retenção de

alunos por repetência, em vigor desde 1996.(§) As crianças que estudam nas

classes de aceleração da 5ª série nessa região são 1569. Eles representam 3,3%

do total de alunos do ensino fundamental administrado pelas Diretorias. (§)

Segundo doutoranda em educação pela Unicamp (...), os alunos que chegam

com defasagem de ensino ao ciclo da 5ª à 8ª série, provavelmente sairão das

escolas sem uma educação adequada. (§) "A Alfabetização hoje é vista como

um processo, e se faz entre a 1ª e a 4ª série, não no outro ciclo"(...).

É estranho observar que, simploriamente, há duas imagens cristalizadas, colocadas pelo governo que tenta se redimir, perante a

sociedade: do aluno como deficiente (tem dificuldades de aprendizagem)

e do professor como incapaz (precisa de cursos de capacitação). Quer

dizer, a culpa costuma ser dirigida aos professores e alunos, quando isto não é tão simples assim, pois são eles as grandes vítimas do descaso que

a classe política vem tendo com a educação no país. Só que a sociedade

não acredita mais nesta mentira. LOPES JÚNIOR (2002) 7 desabafa:

Nesta 2ª feira, dia 15 de outubro, milhares de escolas em todo o país estarão

comemorando o Dia do Professor. (...) Quanto às homenagens aos professores,

sinceramente, preferiria que eles fossem homenageados com salários mais dignos

e condizentes com a sua importância para o desenvolvimento na Nação

brasileira, embora receie que meu desejo não vá se realizar tão cedo.

Continuarão sendo mal remunerados, tendo de se esfalfar de tanto trabalhar

para trazer um ridículo salário para sustentar suas casas e filhos, sem a menor

condição física ou financeira ou motivação para se reciclar, aprender mais e

mais se atualizar, para mais e melhor poder ensinar suas multidões de crianças.

(...) Apesar de falidos e mal pagos, maltratados mesmo, destratados até,

muitos/as professores/as vêm se empenhando em viciar seus alunos em Leitura.

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Aos poucos, inoculam nas crianças e adolescentes noções de cidadania,

ecologia, história, tradição, valores, conhecimento e, melhor, estimulam à

reflexão pessoal, abrindo, assim, caminhos para que tenhamos cidadãos mais

capazes de escolher seus próprios destinos, mas são heróis isolados.

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), a aptidão para

ler e produzir textos – dos mais variados gêneros e temas – com

proficiência é o mais significativo indicador de um bom desempenho

lingüístico e, conseqüentemente, de letramento. Um escritor competente

deve, portanto, saber selecionar o gênero apropriado a seus objetivos e à circunstância em que realizará seu discurso. A escola deve preparar para

isto, mas não o faz. Todos parecem saber o papel da escola. DESCARDECI

(1997)8 coloca:

O papel da escola enquanto formadora de leitores deve ser o de apresentar o

código escrito como mais uma forma de representação do mundo, valorizada

em sociedades letradas, sem isolá-la do conjunto de formas disponíveis para a

composição de mensagens.

Mas, segundo LUGARINHO (2002) 9, não é bem isto que acontece:

Certa vez, quando ainda me encontrava lecionando Língua Portuguesa no

antigo 2º grau, um colega, professor de Física, procurou-me para solicitar uma

ajuda em uma situação embaraçosa. Queria ele que os alunos realizassem uma

experiência colocando um objeto em movimento, de acordo com a descrição

da trajetória do objeto por ele descrita. Segundo o colega, não havia jeito dos

alunos conseguirem entender como colocar em prática o que a descrição

determinava. Não consegui ajudá-lo naquele momento, mas, mais tarde, pude

refletir e verificar que aqueles alunos eram os mesmos que eram incapazes de

comporem uma redação legível, com coerência e coesão, que estes mesmos

alunos não eram incentivados a compreenderem que uma narrativa simples

contém uma ação que abre uma seqüência de ações, outra que sustenta a

seqüência de ações e mais uma que encerra a mesma seqüência de ações.

Eram incapazes de compreenderem a estrutura de uma narrativa, simplesmente

porque não liam estórias, quaisquer estórias... e estavam numa escola que se

dizia "privilegiar" o ensino da Língua!

É importante ressaltar, nesta declaração, a importância da interação

entre os professores de uma escola na condução do seu processo de

ensino-aprendizagem. Sabe-se que uma das funções da escola é habilitar

para uma boa leitura, seja de um bilhete ou de um romance. Mas o que se vê hoje é que muitas crianças não entendem o que lêem, apenas

decoram. E isto incide também sobre a sua dificuldade de escrever. GUIDI

(2004) 10 aborda, muito bem, este aspecto:

Sabemos que, para escrever, é preciso ler. Poderíamos dizer que quem não lê,

não escreve. Agora dizer que quem lê muito escreve bem já é uma outra

questão. É claro que a leitura em permanência, essa constância da leitura vai

tornando esse leitor alguém muito mais perspicaz para ter a avaliação de toda

tipologia de textos, de verificar como se produzem esses textos. Então,

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provavelmente, essa pessoa terá na sua bagagem condições de vir a escrever

melhor. Também o fato de você estar em contato permanente com a imagem

do texto escrito evita uma série de problemas que são aqueles de que se

queixam todos: erros de ortografia e falta de habilidade para construir orações.

Mas isso não é uma regra, é claro que não. Agora, é preciso dizer que a leitura é

uma aprendizagem específica e a escrita também. Elas têm naturezas diferentes,

mas são indissociáveis, leitura e escrita. Então, ler bem possibilita alguém vir a

escrever bem, mas não é uma regra absoluta nesse sentido.

O DIRECIONAMENTO POLÍTICO-SOCIAL DA EDUCAÇÃO NO BRASIL É

UM FATOR GERADOR DE UMA ESCOLA DESACREDITADA E, POR

CONSEGUINTE, DE UMA ALFABETIZAÇÃO MAL-FEITA.

PFFEIFER (2001)11 faz uma crítica coerente sobre a fala demagógica,

feita em cima do problema do baixo nível de alfabetização do brasileiro:

Práticas discursivas que produzem um deslize de sentidos na referência ao

problema do analfabetismo enunciado. O problema passa a ser o sujeito referido

como analfabeto. Vejamos. O analfabetismo acarreta males ao país, seus

habitantes, os índices evidenciam (são marcados por) a precariedade do grau

de instrução (não é o país que possui baixo índice de alfabetização, são os

habitantes que não possuem instrução), habitantes que devem estar prontos ao

sacrifício pela pátria que é perder seu endêmico analfabetismo. A

responsabilidade pelo analfabetismo desliza para o analfabeto. (...) Reduzir o

índice de semi-analfabetismo é muito diferente de reduzir o índice de semi-

analfabetos. esse tipo de formulação só se dá quando já há o trabalho

ideológico dos sentidos que associa o processo de não-alfabetização e sua

conseqüência - o estado de estar semi-analfabeto - , reduzindo o processo ao

sujeito que o sofre, cristalizando no imaginário de todos o problema do semi-

analfabeto: sua existência. Trago essa cristalização dentro de um texto formulado

por uma pesquisadora que, se confrontada com essa análise, diria, muito

provavelmente, que jamais teria tido a intenção de colocar no sujeito qualificado

como semi-analfabeto a responsabilidade de seu estado-ser-existência. Como

vemos o problema não é das intencionalidades, mas do trabalho ideológico de

sentidos dominantes na formação social em que nos inserimos.

A personificação do problema: o governo procura não enxergar o problema do analfabeto funcional, como de uma conjuntura de fatores

nacionais, inclusive a própria política, não se trata do semi-alfabetismo

brasileiro, mas de um semi-analfabeto que deve ser extinto. SILVA

(2001)12 estabelece um marco para o início deste processo da queda

vertiginosa da qualidade no ensino brasileiro:

Desde a década de 70, quando se inicia a deterioração do ensino brasileiro

público, o ensino da leitura e da escrita é deficitário, sem que soluções tenham

sido devidamente encontradas. Isto quer dizer que, quando da entrada nas

exigências do mundo da escrita, o brasileiro encontra dificuldades em conduzir,

com autonomia, práticas específicas.

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Parece que os nossos governantes se esquecem, como bem nos coloca

OLIVEIRA (1997)13, que:

Quando se considera uma determinada instituição social no contexto de uma

certa sociedade, como a escola na complexa sociedade contemporânea, a

reflexão tem que se referir tanto à possibilidade de múltiplas trajetórias para

diferentes indivíduos e grupos como às especificidades culturais em jogo, que

definem a finalidade de tal instituição. A intervenção educativa teria que atuar

sobre indivíduos necessariamente diversos, no sentido de lhes dar acesso àquela

modalidade particular de relação entre sujeito e objeto de conhecimento que é

própria da escola, promovendo transformações específicas no seu percurso de

desenvolvimento.

Ao contrário do que supõe o senso comum no país, a indigência de

leitura e o tédio em escrever é mais do que um problema de ordem educacional ou cultural. É mais uma dimensão da exclusão social, da não

participação, da perda de capacidade de intervenção social manifestadas

na leitura e na escrita.

A população, como um todo, sempre escuta ou lê sobre propagandas da administração pública anunciando campanhas de promoção do livro e da

leitura, mas, a classe educadora sabe, que, quase sempre, os resultados

destes esforços são medíocres, localizados e não desencadeiam um

processo perene. Educação, saúde, cultura e segurança são carros-chefes das campanhas

políticas. O país ainda se debate contra o analfabetismo mas avança. As

taxas de alfabetização e escolarização cresceram vertiginosamente, mas

isto não implicou num correspondente apego ao livro, à leitura e à escrita. E aí surge o nosso grande problema: uma alfabetização que não funciona,

que não liberta a pessoa, que não lhe dá asas para voar.

Uma investigação de problemas de linguagem, feita pela Associação

Brasileira de Lingüística – ABRALIN, relatada por CARVALHO (1997)14,

mostrou que as crianças analisadas se encontram deficitárias em pontos, que podem levar a pensar em procedimentos instrucionais que visassem

exemplo, visando a expansão do vocabulário, a apreensão da estruturação

da escrita, num nível geral e ainda centrado no ouvir a linguagem escrita.

E, mais especificamente, ao nível das habilidades de base, trabalhar a noção de que a linguagem é estruturada em unidades mínimas.

O Programa Internacional de Avaliação de Alunos – PISA (2002)15,

avaliou o desempenhos dos estudantes de 41 países e deixou o Brasil

envergonhado. 4.800 adolescentes brasileiros participaram da amostra representativa dos estudantes matriculados nas 7ª e 8ª séries do ensino

fundamental e nas 1ª e 2ª séries do ensino médio. O que foi mesmo

constatado foi nosso imenso atraso escolar. O objetivo do Pisa é verificar

como as escolas estão preparando os jovens para os desafios futuros e detectar até que ponto os estudantes adquiriram conhecimentos e

desenvolveram habilidades essenciais para a participação efetiva na

sociedade. Na média geral das três áreas avaliadas: leitura, matemática e

ciências, o desempenho brasileiro também ficou em penúltimo lugar. Na

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prova de leitura, o Brasil fica à frente da: Macedônia, Indonésia, Albânia e

Peru. Nas provas de matemática, com média de 334, e ciências, em que

obteve pontuação de 375, é o penúltimo, ficando apenas em melhor

posição que o Peru. Segundo DREYER (2003)16, os resultados Sistema Nacional de Avaliação

da Educação Básica – SAEB, vêm mostrando que os estudantes da quarta

série do ensino fundamental e médio não desenvolveram as competências

básicas de leitura e cálculo, relativas a sua faixa etária.

Os resultados da pesquisa Retrato da Leitura no Brasil, feita em 2002 – encomendada pela Câmara Brasileira do Livro - CBL, em parceria com o

Sindicato Nacional dos Editores de Livros - SNEL, a Associação Brasileira

dos Editores de Livros (Abrelivros) e a Associação Brasileira dos

Fabricantes de Celulose e Papel (Bracelpa) não deixam dúvida. PAGANINI (2002)17, comentando os dados desta pesquisa, desabafa:

O número de bibliotecas públicas no país é ridículo. Em um país que possui

apenas uma biblioteca para cada dois municípios, poder comprar um livro é

condição para se tornar um leitor. Entre os alfabetizados, a pesquisa apontou 17

milhões de compradores, que adquiriram pelo menos seis livros no ano passado.

A alentadora novidade é que grande parte desse número não é composto

somente por pessoas da classe A, proporcionalmente pequena. É nas classes B e

C que se concentra o maior contingente de compradores, estimado em 12

milhões de pessoas.

Outra pesquisa nacional, feita pelo Instituto Ação Educativa/Ibope,

publicada pela UNICAMP (2003)18, também não deixa dúvidas:

A pesquisa foi feita com pessoas de 15 a 64 anos, e revela que apenas 25%

dos brasileiros têm habilidades mais refinadas de leitura, como dizem os

educadores, para ler um texto e compreendê-lo. A pesquisa revela outro

componente não menos dramático da realidade brasileira: apenas 17% da

população tem acesso ao mundo digital.(...) Os números da pesquisa nacional

feita pela Ação Educativa coincidem com algumas das informações divulgadas

recentemente pelo IBGE, entre elas os índices de analfabetismo absoluto e de

alfabetismo funcional, respectivamente em 9% e 25%, o que corresponde a ¼ da

população brasileira.

O Ministério da Educação vem empenhando-se em buscar justificativas

mais favoráveis para a constante queda do desempenho das escolas públicas, dando destaque ao despreparo do grande contingente de alunos

de baixa renda que passaram a ter acesso ao Sistema e gabando-se do

mérito de oportunizar maior acesso das camadas populares à escola. Além

disto, não prima pelo apoio às escolas particulares. Segundo PIGNATON

(2001)19:

Quando se trata da escola particular, não há grandes preocupações de

análise, realçando-se o tom da crítica pela crítica. Entrevistado pela Folha de São

Paulo em 04/12/2000, o então Ministro Paulo Renato alegou esperar um melhor

desempenho no Sistema de Avaliação do Ensino Básico – SAEB, como fruto dos

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investimentos maciços na educação, bem como que a distribuição dos

Parâmetros Curriculares Nacionais desembocasse na melhor formação de

professores – como se a transmissão do conhecimento, em forma de publicações

formais, sempre representasse apropriação ou extrapolação. O que idealizara o

Ministro a respeito dos profissionais de educação: bastaria que fizéssemos a

leitura de uns poucos livros (PCNs), que a competência viria como "num passe de

mágica"? Ora, já não teríamos feito muitas outras leituras antes destas "bíblias"?

O que vem se observando é que as políticas de educação de jovens e

adultos no Brasil, têm se caracterizado, via de regra, pelo seu viés

emergencial, compensatório, assistencialista, campanhista, sem a dimensão da educação continuada. Para GARCEZ (2001)20, professora de

Lingüística, o sistema educacional brasileiro é descontínuo:

Em um ano, o aluno pode encontrar um professor que estimule a leitura e, no

outro, se deparar com um professor que não lê, nem trabalha a leitura em sala

de aula. Tudo isso contribui para que, depois de passar 15 anos na escola, o

aluno ainda não tenha a leitura consolidada.

A visão que se mantém e que é passada para a sociedade como um

todo, é que o analfabetismo e o baixo-letramento tem um ou dois culpados: a escola ou o próprio indivíduo analfabeto. A repetência é

colocada apontada, pelo governo, como fator que contribui para diminuir o

desempenho do aluno, e não como prova que o investimento na educação

nacional é fraco. E combater a repetência, explica o então Ministro da

Educação, SOUZA (2002)21, é responsabilidade da escola e dos professores.

Os programas foram desenhados para que os alunos aprendam, não são

programas impossíveis de serem ensinados e de serem absorvidos pelos alunos.

Se isso está acontecendo, temos que buscar dentro da escola a correção dos

rumos (...)

Ainda bem que ele não continua ministro. O fato é que a educação de

jovens e adultos vem mantendo uma situação marginal na política pública

brasileira, na medida em que o setor político não costuma ter uma

dimensão universal e nem tampouco personifica um compromisso institucionalizado com o bem estar coletivo.

Quando a bomba estoura, vem sempre um novo projeto, um

investimento aqui e ali, para tapar buracos, onde já se abrem cavernas.

Tudo sem continuidade. Assim, os políticos, numa política paternalista, procuram limitar a sua prática a grupos sociais tidos como marginais e

acabam por aparentar funcionar como autêntico pronto socorro social,

criando assim um vínculo com seu eleitorado, pessoas que não enxergam

estar sendo tratados como cidadãos de segunda classe, pertencentes a segmentos mais vulneráveis da população de que deles se beneficia. De

vez em quando ganham uma caneta, um caderno e está tudo bem.

Page 13: o Analfabetismo Funcional

13

MATERIAL E MÉTODOS

O objetivo desta pesquisa é tentar dimensionar e analisar o fenômeno

do analfabetismo funcional no Brasil, estabelecendo uma pesquisa com

bases empíricas onde se procurou traçar um perfil da população iletrada

quanto às suas habilidades de leitura, testando as hipotéticas relações entre essas habilidades e certas competências sociais e profissionais, com

base na observação de dados de pesquisas [feitas por fontes consideradas

confiáveis]; nas avaliações feitas a partir de experiências concretas de

educadores, literatos, instituições de ensino e órgãos da administração pública; e, nos pareceres de pesquisadores especializados no assunto.

Page 14: o Analfabetismo Funcional

14

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados das pesquisas e avaliações, vistas neste estudo apontam

para a percepção de que esta situação enfrentada hoje, é

obrigatoriamente, fruto da política de descaso educacional que tanto a Poder Público quanto a Sociedade Civil vêm tratando a questão da

qualidade no processo ensino-aprendizagem. Ficou comprovado que o

acesso à tecnologia pura e simples, não garante uma população

efetivamente educada. Comprovou-se também que a maioria dos estudantes brasileiros não lêem, nem quantitativamente nem

qualitativamente. É preciso valorizar a leitura, trabalhar a leitura,

reinventar a leitura nas escolas. A literatura, de todas as artes, é aquela

que encerra maior probabilidade de relações entre o indivíduo e o outro indivíduo, entre o indivíduo e a sociedade em que ele vive, e, ao mesmo

tempo, a transposição disso para outros níveis que são níveis da beleza ou

da expressão. Ela assegura a manutenção de uma cultura, de um povo,

de uma nação. Como se pode perder este potencial? Entretanto, não se pode fechar os olhos a outras formas de leitura que

vêm se incorporando na cultura brasileira. É interessante trabalhar

também com o material da variante. Não se tem prestado bastante

atenção na literatura incorporada nas letras de funk, no pagode, nas

histórias em quadrinhos, nos e-mails, chats e e-books da internet, nas placas informativas, nos jornais de bairro, nas revistas, nos proclamas da

igreja, nos quadros de recados da escola..., e, ainda, nas possibilidades de

leitura do que se visualiza no videogame, na televisão, no cinema, no

teatro... O ensino escolar ainda vai ficar preso apenas em cartilhas e livros didáticos?

Page 15: o Analfabetismo Funcional

15

Contudo, não se pode esquecer de que, além da valorização da escola e

da figura do professor, da busca de novas estratégias educacionais,

parece necessário desenvolver também, junto às famílias e comunidades,

programas de apoio para que possam auxiliar suas crianças a, pelo menos, permanecer na escola, visto que a questão das dificuldades

escolares de crianças, na realidade brasileira, mesclam, além da condição

da escola, com as condições da criança, de sua família e de seu grupo

social. Então, porque não trabalhar este fator?

Um ponto crítico, recorrente nos debates em torno do alfabetismo é a sua relação com a escolarização, pois se começa a vislumbrar que muitas

das conseqüências cognitivas e atitudinais freqüentemente atribuídas à

aquisição da linguagem escrita são, na verdade, conseqüências do tipo de

escolarização. O que a escola de hoje oferece ao aluno, ou o que ela deixou de oferecer? Esta é a grande questão.

A democratização do processo ensino-aprendizagem, observada nas

escolas a partir da década de 70, é positiva se considerarmos a maior

liberdade de ação dos vários grupos que formam o contexto escolar. Antes este processo era totalmente arbitrário. Porém, havia fatores positivos, na

forma das escolas ensinarem, anterior a esta abertura: a valorização da

figura do professor como educador, da escola como instituição e o

trabalho com a leitura que tinha lugar de destaque na escola. Pode-se até argumentar quanto a forma com que isto era feito, mas é fato que não se

escutava falar em analfabeto funcional. Quem estudou, há mais de 30

anos atrás, até a 8ª série do primeiro grau - como se falava, apresenta

hoje um preparo que não se vê nos alunos que concluem o 2º grau e

chegam à faculdade. Na dúvida, é só prestar atenção aos pais e avós que fizeram parte deste processo. Houve avanço no ensino? Sem dúvida.

Houve retrocesso? Parece que também aconteceu. A experiência mostra

que o novo não deve descartar tudo o que há no velho. Falar assim,

parece clichê, mas se aplica. Não dá para ser tão criativo, em se tratando de educação, como no universo, onde nada se cria, mas se recria, e se faz

isto trazendo inovações que atacam pontos críticos de um sistema,

conservando o que dá certo. Neste estudo, acredita-se que esteja nesta

mistura, o componente certo para ir em frente. Por que continuar nesta premissa, a cada novo „projeto educacional‟ de descartar todo o

molde anterior?

A alfabetização, no entanto, não pode ser concebida unicamente como

produto da escolarização, na medida em que a tecnologia vai atingido

cada vez mais esferas da vida das sociedade modernas, sendo também um veículo de informação e „formação‟. Até que ponto a educação à

distância tem sido explorada, diante de todo este potencial? Será

que tem existido um comprometimento, neste sentido, por parte

dos detentores destes veículos? Poder-se-ia perguntar aonde as práticas leitoras, implementadas na

escola ou nos espaços culturais, estarão levando os leitores que se

pretende formar. Estarão eles vivenciando momentos de inquietude

cultural, daqueles que formigam o curioso, que sai atrás da novidade? Estão tendo oportunidades leitoras ou mesmo

Page 16: o Analfabetismo Funcional

16

“oralizadoras” de usufruir da sua cultura? Estão eles sendo

percebidos como professores ou aprendizes, partilhando leituras e

experiências leitoras? Estão estas leituras sendo úteis para a sua

vida, aumentando-lhes as chances de sobrevivência, as chances de enfrentar desafios, atendendo as suas múltiplas inteligências, em

suas necessidades cognitivas, afetivas, emocionais, sociais? Ou,

estarão eles ainda, buscando clarear para si, buscando

compreender as entrelinhas dos textos e os ganhos que estão por

trás das suas ações de leitores ou de formadores de leitores? Como criar um campo fértil para o nascimento potencial de

leitores? Tudo isto e muito mais fervilha na cabeça de um educador,

comprometido com o seu trabalho.

Noutra direção, podemos também questionar: Será que os professores lêem? De que maneira eles podem incentivar as

crianças e os adolescentes, se, muitas vezes, os próprios

professores não são bons leitores?

Vale a pena considerar também quais seriam os limites das habilidades de leitura que se podem medir por meio do teste de leitura. A evidência a

esse respeito é proporcionada pela verificação da relação significativa

entre a leitura e a escrita, muitas vezes, fora do contexto escolar e de

trabalho, mas em outros ambientes e recursos, que oportunizam a formação continuada da educação iniciada no ambiente escolar, como as

diversas formas de entretenimento e informação de que se dispõe

[cinema, teatro, televisão, videogame, revistas, jornais, internet...]. Qual

seria o modo ideal de avaliar a capacidade de leitura do aluno?

A partir da detecção do nível de analfabetismo funcional do brasileiro e nos males ocasionados pelo mesmo, vários projetos e programas têm sido

criados e desenvolvidos por governos e/ou instituições privadas para

incentivar a leitura, especialmente entre crianças e jovens. Dentre eles, o

mais conhecido e amplo é o Programa Nacional de Incentivo à Leitura - PROLER, do MINC (1996)22, que preconiza que “o acesso” (à leitura) “deve

ser viabilizado através da disponibilidade de material de leitura variado e

de qualidade em bibliotecas escolares e públicas, salas de aula, salas de

leitura e em locais públicos”. A idéia está lançada, mas espera-se que os governos federal, estadual e municipal empenhem-se torná-la exequível.

Como fazer isto se nem o governo tem o compromisso de

implantar, pelo menos, uma biblioteca pública em cada cidade

brasileira? Como fazer isto, sem programas de enriquecimento do

acervo das bibliotecas das escolas públicas existentes, que andam esquecidas, principalmente no acervo literário dirigido ao Ensino

Médio?

Ainda remontando à fala, mencionada anteriormente, do ex-ministro,

Paulo Renato de Souza, quando falou sobre programas perfeitos e esclareceu que a culpa do surgimento do analfabetismo funcional é da

escola, vale esclarecer alguns pontos:

1- Esqueceu-se, porém de mencionar os professores sem salários

(porque não se pode dizer que o que um professor do ensino público recebe hoje seja salário) ainda são pagos com atraso. Ele tem que

Page 17: o Analfabetismo Funcional

17

trabalhar em dois turnos, se não tiver que ter ainda um outro bico para

conseguir um salário decente (que lhe possibilite manter-se e à sua

família com dignidade) impossibilitando-o de se preparar mais humana e

materialmente para desenvolver um trabalho melhor. Além disto, não se percebeu ainda que efetivar professores, não é sobrecarregar a máquina

do estado. A educação é a máquina de uma nação. Deixando de fazê-lo,

não permite acontecer um trabalho sério e continuado, nem que se

estabeleçam padrões de procedimentos, baseados em experiência específica com a clientela atendida, seja ela B, C ou D. Nem lanche para

os professores, algumas escolas oferecem. Isto sem falar que ele não tem

fundo de garantia por tempo de serviço, seguro desemprego (...). É como

dizer ao professor: Tá reclamando? E lá vem aquela leléia que se escuta há décadas: ‘Lecionar é um sacerdócio. Exige sua dose de sacrifício. Os

alunos não têm culpa. Ninguém lhe obrigou a ser professor. Quer ganhar

melhor? Mude de emprego’. E quem sabe, ele mude, como muitos estão

mudando. E os governantes públicos mostram-se espantados ao perceberem que não há professores formados interessados nas suas

vagas. Talvez estejam até procurando um outro emprego, fazendo uma

outra faculdade. Quem sabe a família já não tinha avisado: Isto é muito

bonito, mas não é profissão. Do que você vai viver? O governo diz, a sociedade avisa, e, de repente, o professor público escuta, cansado de,

„carinhosamente‟ ser chamado de sofredor, ele dá um basta. Daí, surge a

grande oportunidade de abrir a escola para qualquer aventureiro que

queira dar aula, mesmo sem nenhuma formação ou preparo no conteúdo a ser lecionado, porque não conseguiu emprego em nenhum outro lugar.

É com este recurso humano que os governantes pretendem

reverter o processo ilegítimo de educação gerador do analfabeto

funcional? Você deixaria uma pessoa lhe operar se não fosse um médico experiente? Moraria num prédio que não tenha contado

com o trabalho de um engenheiro e um arquiteto responsáveis?

Compraria um remédio de um laboratório não autorizado? Será

que a educação pública brasileira é o único ramo que não se valoriza a habilitação específica?

2- O então ministro esqueceu-se de mencionar também os alunos de 2º

grau, que, em várias cidades e estados brasileiros, chegam às escolas

sem ter direito a uma merenda, nem a uma biblioteca constantemente atualizada - trazendo novidades que despertem seu interesse, nem a um

livro didático - ao qual não se deve estar preso, mas serve como material

de apoio. Muitos destes alunos trabalham durante o dia e estudam à

noite. Saem direto do trabalho para a escola com fome e cansados e já encontram seu professor também cansado. É como dizer ao aluno. Tá

reclamando. Não está bom? Paga uma escola particular. E ele não pode

pagar. É assim, apenas construindo prédios, que podem ser inaugurados

em qualquer campanha, abrindo novas vagas, de uma escola - sem infra-estrutura de funcionamento, já fadada ao fracasso, que o governo quer

oportunizar aprendizagem e qualificação do aluno de escolas públicas para

a vida e para o mercado de trabalho? Esqueceu-se que apenas um

diploma não confere preparo e, com esta postura política atual para com a

Page 18: o Analfabetismo Funcional

18

educação pública, fada este aluno, se não ao fracasso, com certeza, a

subempregos. Preparo pressupõe conhecimento, que só poderá conferido

a estes alunos, com uma infra-estrutura melhor para a escola e mão-de-

obra qualificada de administradores, professores e apoiadores para um bom desempenho de seu processo de funcionamento enquanto instituição

promotora de conhecimento e otimizadora de capacidades de seus

educandos. Em algumas escolas, faltam ainda folhas para impressão de

material, papel higiênico (...). Só resta faltar o gis. Professor já falta. Aluno, começa a faltar. O que mais falta? Fechar as escolas públicas?

A pertinência destes últimos pontos se faz porque parece que este

pensamento não se deveu a apenas um período da administração do Ministério da Educação, ou de secretarias de educação municipais e

estaduais, no Brasil. Isto não pode continuar.

CONCLUSÃO

Sente-se que o problema do analfabetismo funcional parte tanto das

práticas educativas [relativas ao ensino da leitura e escrita], quanto da desvalorização social e política das figuras da escola e do professor. Não

há dúvidas que ainda existem escolas públicas, consideradas modelos,

que ainda sobrevivem graças ao esforço heróico de bons educadores [que

ainda não a abandonaram], parcerias com o setor privado, gincanas, doações de estudantes e familiares [já que não se pode cobrar taxas], e,

até de professores que compram material com parte de seu „salário‟. São

estas escolas [que fazem parte de um percentual mínimo] que surgem na

mostra publicitária, em canais de tv, rádio e jornal, como prova da competência do executivo público em administrar o setor educativo na

federação, num estado ou num município brasileiro. Só se esquece de

mencionar que estas escolas são exceções e raras exceções.

É senso comum que o analfabetismo funcional está intrinsecamente ligado com o trabalho da leitura interpretativa e da escrita,

concomitantemente. Durante muito tempo se acreditou e se identificou

leitura como sendo um processo apenas de decifração. A problemática da

atual prática educacional, observada no surgimento do analfabetismo funcional nos mostra muito bem que decifrar é apenas dominar um

código, o que não significa conseguir dar sentido ao que se lê e que se

consiga incorporar aprendizagem com esta leitura, ou seja, incorporação

de conhecimentos prévios necessários para um melhor conhecimento de mundo e a melhoria da expressão pessoal, quer oral, quer escrita, do

indivíduo.

Em outras palavras, a capacidade para ler [no sentido de repetir ou

reconhecer o signo lingüístico] e escrever [no sentido de desenhar

palavras], não garante a realização concreta da leitura e escrita, se não existe a assimilação de significado e competência para se expressar na

forma escrita, nas diversas situações sociais. Como conseqüência, o Brasil

Page 19: o Analfabetismo Funcional

19

tem grande parte de sua população ativa fora do mercado de trabalho

formal, pois, embora seja um país que vem se modernizando rapidamente

e haja um trabalho bom e generalizado oportunizando o aumento do

acesso à escola de crianças e adolescentes, o país não apresenta uma sociedade com um bom grau de letramento.

De um lado, tem-se que pensar num nível de letramento, de

leiturização do nosso povo, onde muitas etapas sócio-econômico-cultural,

têm de ser vencidas. Outro lado é o custo. O acesso ao produto livro é um

tanto inacessível e caro. Acrescenta-se a isso, todos os outros fatores que já se havia falado antes, como sobre o fato de que o incentivo à leitura na

família desapareceu, ou pelo menos diminuiu muito. Delegou-se esse

papel à escola, mas a escola também tem outros muitos papéis a exercer,

além de seu papel e do professor ter sofrido um processo de desvalorização gradativa nas últimas décadas.

Em relação à prática de ensino escolar, pode-se dizer que, da mesma

forma como os professores de língua portuguesa se atém à gramática

[que também é importante e não deve ser descartada], deveriam se ater também a uma alfabetização funcional, ou seja, a um trabalho que leve ao

domínio concreto da linguagem escrita, concretizando as aprendizagens

específicas de domínio da escrita [trabalho este extensivo a todas as

outras disciplinas]. A soma das duas vertentes, deixaria os jovens mais desarmados e seguros da análise e/ou produção de quaisquer tipos de

linguagem, que deixaria de ser os grandes vilões do momento, impedindo

o crescimento pessoal, social e profissional dos jovens e adultos

brasileiros.

Percebe-se que se inicia uma nova era para a prática da leitura. Afinal o termo analfabetismo funcional serviu para alguma coisa. Levou a

sociedade a tomar um susto: sabemos ler e escrever as palavras

desenhadas no papel ou nas telas de computadores, mas somos

analfabetos? Pelo susto, dão-se os primeiros pulos. Nunca se falou tanto em incentivo à leitura como agora. Há movimentos e projetos - oficiais ou

não-oficiais, e, muitos deles, bons. Acredita-se, entretanto, que a grande

dificuldade não será iniciá-los e nem desenvolvê-los, mas dar-lhes

seqüência, de modo que viabilizem uma formação de leitor para o estudante e para o seu professor também, como para a sociedade em

geral.

É claro e notório, entretanto, que as atividades de letramento nas

escolas estão longe ainda de serem resolvidas. O ensino público, com a

conivência da sociedade, foi se deteriorando através de uma política insensata de sucatear tudo o que poderia ser visto como máquina do

estado, com exceção do administrativo, do judiciário e do legislativo,

numa concepção social democrata de privatização. A escola pública fez

parte deste processo e ainda sofre com ele. O que conforta é que a necessidade de retomada deste processo, em

relação à escola, agora parece cristalizada com o grande vexame nacional

de formar analfabetos funcionais [ou semi-analfabetos, ou iletrados, ou

cidadãos de baixo-letramento], acentuadamente, em escolas públicas de 1º e 2º graus. Qualquer que seja o nome, a realidade é a mesma. É certo

Page 20: o Analfabetismo Funcional

20

que esta reeducação e revisão de procedimentos não tem um alcance nem

tão rápido – como se precisa, nem tão fácil – como se possa vir a pensar,

mas é um caminho a trilhar. Parece que o grande trabalho de qualquer

Ministro da Educação, dos governadores e prefeitos deste país será trabalhar para reverter esta verdadeira tragédia na educação pública.

Vale ainda lembrar que o desenvolvimento também traz novas leituras

e escritas, como foi colocado na discussão proposta. Os professores não

devem fechar os olhos para esta realidade. O conhecimento sobre práticas

de leitura e escrita não escolares, a análise das diferentes habilidades nelas envolvidas e de suas interfaces com outras linguagens é essencial

para orientar o trabalho da escola. Acredita-se que interagir com estas

novas leituras contribuirá, de modo positivo, para a que a escola, como

um todo, possa cumprir mais adequadamente sua missão de ser a principal agência de alfabetismo em nossa sociedade.

Page 21: o Analfabetismo Funcional

21

AGRADECIMENTO

Agradecemos à Profª. Regina Lúcia Péret Dell‟Isola, da Disciplina

Parâmetros Atuais do Ensino de Português através de Textos, do

Curso de Mestrado, na Faculdade de Letras da UFMG, pelo carinho,

dedicação, companheirismo e competência com que nos conduziu, durante este semestre, nesta instituição. Sabemos que sua lida é

árdua, exige muita dedicação, ainda assim, sempre a encontramos

solícita a nos ouvir e orientar, com a tranquilidade e firmeza que

lhe são peculiares.

Aos colegas, pela amabilidade e a formação de laços de amizade

e companheirismo durante a caminhada.

Aos funcionários das bibliotecas das áreas de humanas, pela boa

vontade com que sempre nos receberam no seu ambiente de

trabalho.

Aos meus alunos, pela rica experiência de conviver com eles, o

que me tornou sensível ao problema abordado.

Page 22: o Analfabetismo Funcional

22

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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