Monografia Jucelino Pedagogia Itiúba 2012
Click here to load reader
-
Upload
biblioteca-campus-vii -
Category
Documents
-
view
4.047 -
download
7
description
Transcript of Monografia Jucelino Pedagogia Itiúba 2012
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB DEPARTAMENTO DA EDUCAÇÃO – CAMPUS VII
LICENCIATURA EM PEDAGOGIA
USO DE TEMAS LOCAIS EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS SÉRIES
INICIAIS: A POLUIÇÃO DO AÇUDE JACURICI, ITIÚBA, BAHIA
Jucelino Ribeiro da Silva Manoel Augusto de Santana
Neilton da Silva Lima Valdecy Dantas de Oliveira Sousa
Itiúba
2012
JUCELINO RIBEIRO DA SILVA MANOEL AUGUSTO DE SANTANA
NEILTON DA SILVA LIMA VALDECY DANTAS DE OLIVEIRA SOUSA
USO DE TEMAS LOCAIS EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS SÉRIES INICIAIS: A POLUIÇÃO DO AÇUDE JACURICI, ITIÚBA, BAHIA
Monografia apresentada ao Departamento
de Educação – Campus VII como requisito
parcial para obtenção da graduação em
Pedagogia do Departamento de Educação
da Universidade do Estado da Bahia, sob
orientação da Profª. Dra. Cristiana de
Cerqueira Silva Santana.
Itiúba,
2012
JUCELINO RIBEIRO DA SILVA MANOEL AUGUSTO DE SANTANA
NEILTON DA SILVA LIMA VALDECY DANTAS DE OLIVEIRA SOUSA
USO DE TEMAS LOCAIS EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS SÉRIES INICIAIS: A POLUIÇÃO DO AÇUDE JACURICI, ITIÚBA, BAHIA
Monografia apresentada ao Departamento
de Educação – Campus VII como requisito
parcial para obtenção da graduação em
Pedagogia do Departamento de Educação
da Universidade do Estado da Bahia, sob
orientação da Profª. Dra. Cristiana de
Cerqueira Silva Santana.
Itiúba, 15 de Julho de 2012.
Prof.ª Dr.ª Cristiana de C. Silva Santana
Banca Examinadora
Prof.ª Dr.ª Maria da Glória Paz
Banca Examinadora
1
Dedicamos esse trabalho aos nossos mestres
Mestre, durante toda a nossa vida profissional, ser-nos-à de grande valia todos os conhecimentos adquiridos, não somente através da teoria, mas também os aprendidos através da transmissão de suas experiências e exemplos de vida.
1
Agradecimento
A Deus que é a razão maior de toda a nossa caminhada. Esteve presente em todos os momentos e naqueles mais difíceis, que pensávamos não mais suportar, nos carregou no colo...
Aos nossos pais, esposos (as) e filhos, que compartilharam conosco durante todo esse período em que buscávamos a concretização do nosso ideal, através de ajuda, compreensão e carinho, oferecemos-lhes esse momento, demonstrando-lhes que toda essa nossa caminhada não foi em vão.
Aos colegas, vencemos mais uma etapa de nossas vidas com sacrifícios e renúncias. Que esta seja apenas uma escala para outros desafios que certamente virão.
Não podemos esquecer nossos sonhos e ideais, assim como o nosso compromisso com a Educação.
Entre nós brotaram muitas amizades e a saudade deste convívio diário só será atenuado pela certeza de que cada um seguirá seu caminho com muito sucesso.
A professora orientadora Cristiana, por toda dedicação, compreensão, paciência e carinho... Sem sua participação não chegaríamos até aqui. O nosso muito obrigado.
1
Entrega o teu caminho ao Senhor, confia Nele, e o mais Ele fará. Salmos, 37:5
1
RESUMO
O presente trabalho, produto de uma pesquisa científica, teve como objetivo levantar os problemas de poluição do Açude Jacuricí e com este sensibilizar a comunidade escolar dentro da prática da Educação Ambiental nas séries iniciais do ensino fundamental. A investigação constitui no levantamento de análises de dados. O que nos chamou a atenção para trabalhar o tema foi pensar em nossa inquietação enquanto professores-alunos do Programa Rede UNEB 2000 e professores nas series iniciais do ensino fundamental. A metodologia aplicada foi a qualitativa e desenvolvida num estudo de caso com coleta de dados. A pesquisa foi realizada na parte Sul do Açude Jacuricí, localizado no Povoado Rômulo Campos e na Escola Centro Educacional Pedrina Silveira, localizada na Praça Hilda Mendonça S/Nº neste mesmo Povoado, município de Itiúba – Bahia. A partir do quadro teórico, pudemos obter os resultados da pesquisa, os quais comprovaram com a Educação Ambiental inserida aos conteúdos e as atividades, resultaram em uma aprendizagem significativa. Palavras chaves: Prática ambiental, Ensino Fundamental, Educação para a cidadania.
ABSTRACT
The present work, a product of scientific research, aimed to raise the problems of pollution of the dam and with this Açude Jacuricí sensitize the school community within the practice of Environmental Education in the early grades of elementary school. The research is the survey data analysis. What drew our attention to work on this subject was to think of our concern as teachers and students from the Programa Rede UNEB 2000 series and teachers in elementary education. The methodology was qualitative and developed a case study with data collection. The survey was conducted in the southern part of Açude Jacuricí, located in Rômulo Campos Village and School Educational Center Pedrina Silveira, located in the Plaza Hilda Mendoza S / N º in the same settlement, the city of Itiúba - Bahia. From the theoretical framework, we obtain the results of research, proven wanted to Environmental Education inserted the content and activities, resulted in significant learning.
Key Words: Environmental practice, basic education, education for citizenship.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10
2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 14
2.1 GERAL ................................................................................................................ 14
2.2 ESPECÍFICOS .................................................................................................... 14
3 O LIXO E A POLUIÇÃO GERADOS PELA SOCIEDADE CONSUMISTA ATUAL . 15
3.1 Como Resolver o Problema do Lixo .................................................................... 18
3.2 Poluição, Contaminação da Água e sua Relação com o Saneamento ............... 21
4. A EDUCAÇÃO E A TRANSFORMAÇÃO DA CONSCIÊNCIA AMBIENTAL ......... 24
4.1 A Educação Ambiental nas Séries Iniciais .......................................................... 26
4.2 Educação Ambiental, Frente à Prática Pedagógica ............................................ 28
5 METODOLOGIA ..................................................................................................... 31
5.1 Localização e Caracterização da Área e Objeto de Estudo ................................ 31
5.2 Caracterização dos Sujeitos da Pesquisa ........................................................... 33
5.3 Procedimentos da Pesquisa ................................................................................ 35
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................. 36
6.1 Situação Geral do Setor Sul do Açude ................................................................ 36
6.2 Descrição dos Pontos Críticos ............................................................................ 41
6.2.1 Ponto 01: Prainha da Quinita ........................................................................... 42
6.2.2 Ponto 02: Vila Ponta da Banca ......................................................................... 44
6.2.3 Ponto 03: Acampamento do Movimento Sem Terra (MST) .............................. 45
6.2.4 Ponto 04: Prainha da Camandaroba ................................................................ 46
6.2.5 Ponto 05: Carrascão......................................................................................... 48
6.2.6 Ponto 06: Final da Av. Tiradentes .................................................................... 49
6.2.7 Ponto 07: Lateral da BA - 381 .......................................................................... 51
6.2.8 Ponto 08: Esgoto Alto da Ema ......................................................................... 51
6.3 Aplicando o Projeto de Educação Ambiental Açude Jacurici .............................. 53
6.3.1 Aplicação em campo ........................................................................................ 54
6.3.2 Desenvolvendo o Projeto na Escola ................................................................. 59
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 67
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 69
10
1 INTRODUÇÃO
A questão ambiental nos últimos anos tem se revelado como um elemento
de grande preocupação para a população mundial e vem sendo discutida não só
pelos meios de comunicação como também pelas escolas, universidades, ONGs e
outras instituições civis e governamentais (NASS, 2002).
O futuro da humanidade depende da relação estabelecida entre a natureza
e o uso pelo homem dos recursos naturais disponíveis (BRASIL, 1977, p.15). Essa
relação vem sendo desarticulada em função da intensa poluição causada pelo
homem ao seu ambiente. Poluição essa, que vem crescendo de forma
desesperadora em vista do crescimento da população. Fazendo-se necessário
refletir na questão da conservação dos recursos naturais.
Um dos recursos que mais causa preocupação é a água. Braga (2002),
esclarece que a questão da disponibilidade da água não deve ser analisada apenas
de modo quantitativo, mas, principalmente, de forma qualitativa.
De acordo com Merten (2002), a questão da qualidade não se trata
exatamente de um estado de pureza, mas sim, das características químicas, físicas
e biológicas estipuladas para diferentes finalidades de uso.
Ultimamente, a população que consome as águas do Açude Jacuricí,
situado no norte da Bahia, em especial a população ribeirinha que sobrevive da
pesca e do plantio de hortaliças, está se sentindo ameaçada pela poluição deste
importante manancial hídrico regional.
A poluição desse açude e de tantos outros instalados no semi-árido baiano,
justamente em local onde a água é escassa, tem sido tema de discussões. Entre
nós, alunos do curso de licenciatura em Pedagogia, esse tema se apresenta com
forte consenso de que alguma coisa deve ser feita no sentido de sensibilização e
conscientização, para que todos possam fazer uma séria reflexão dos danos que
são causados ao Açude, sabendo que somos os únicos responsáveis e também
prejudicados.
O nosso trabalho está focado na poluição do Açude Jacurici que se
encontra com muito lixo depositado dentro e ao redor do lago.
11
Preocupados com o tema, pensamos em trabalhar com nossos alunos
alertando-os para a necessidade de conservação do Açude, já que grande parte da
comunidade pesqueira e demais usuários das águas do Açude Jacuricí têm dado
pouca importância à questão da conservação.
Tal comportamento existente na comunidade levou-nos a questionar: será
que os nossos alunos estão devidamente sensibilizados e têm consciência da
importância desse nosso relevante legado ambiental? Este questionamento levou-
nos a necessidade de trabalhar as questões ambientais na escola a partir de um
exemplo local que permitisse ao alunado a vivência necessária capaz de gerar
posicionamentos e reflexões diante da própria realidade do Povoado em que vivem.
O presente trabalho foi desenvolvido a partir da necessidade de sensibilizar
alunos das series iniciais da Escola Centro Educacional Pedrina Silveira para a
preservação e conservação do Açude Jacurici. Assim, a pesquisa foi realizada com
alunos do 5º ano do ensino fundamental da Escola Centro Educacional Pedrina
Silveira, com o objetivo de sensibilizá-los para os problemas relacionados à questão
ambiental, enfocando a poluição do Açude Jacuricí.
Para a escolha do tema deste trabalho, levam-se em consideração, alguns
fatores internos e externos pertinentes à pesquisa científica e que são levantados
por Lakatos e Marconi (1991, p. 44 – 45).
Como fatores internos, consideramos:
a) Um assunto cujo qual houvesse maior inclusão, aptidão e tendência para o
desenvolvimento do trabalho científico;
b) Um objeto que merece ser interrogado cientificamente e que tivesse condições de
ser formulado e delimitado em função da pesquisa.
Como fatores externos, consideramos:
a) A disponibilidade do tempo para realizar a pesquisa na fonte mais aprofundada; a
existência de obras pertinentes ao assunto e em número suficiente para o estudo de
caso; e possibilidade de consultar pessoas que entenda do caso, para uma
orientação tanto na escolha, quanto na análise e interpretação da documentação
específica.
Abordar a Educação Ambiental é tratar da educação, dando-lhe uma nova
dimensão contextualizada e adaptada a realidade interdisciplinar, veiculada dos
termos ambientais.
12
Compartilhando dos estudos de Santos e Sato (2001), verifica-se que a vida
do cotidiano, torna-se um lugar que dá sentido à pedagogia, uma vez que a
condição humana passa de maneira inexorável por ela, a ecopedagogia, por sua
vez, implica em mudanças na mentalidade tanto na relação de qualidade de vida
quanto ao meio ambiente, estando diretamente ligado ao tipo de convivência
mantido entre os seres humanos e a natureza.
Em razão dos grandes impactos naturais, a Educação Ambiental tem por
desafio oportunizar o aprimoramento das relações homem/natureza,
conscientizando a sociedade de que maneira que esta se apropria da natureza, a
qual gera reflexo de ordem social, cultural, histórico e econômico.
A educação ambiental nas séries iniciais sensibiliza a criança a entender e
valorizar o meio em que vive desenvolvendo sua capacidade de raciocínio na
conservação do meio ambiente.
Através da educação ambiental o educando pode entender melhor como a
natureza tem sofrido várias transformações pelo ser humano e que essas
ocorrências podem modificar a natureza. Trabalhando de maneira interdisciplinar
conscientizando e responsabilizando o indivíduo pelos danos ambientais,
desenvolve no educando a iniciativa crítica e o senso de responsabilidade.
Nas séries iniciais, a Educação Ambiental deve penetrar em todas as áreas
do ensino, sendo o educador o principal responsável por esse processo (BRASIL,
1997).
Segundo Freire (1983) ensinar exige compreender que a Educação é uma
forma de intervenção no mundo. Exige também a convicção de que a mudança é
possível. Ensinar exige liberdade e autoridade.
A educação ambiental é tema transversal nos programas pedagógicos,
porém, na prática isso não acontece.
O professor precisa também estar preparado para utilizar metodologias de
ensino que sustentem a importância de estudar a questão ambiental, porém, é
necessário ouvir a sugestão dos alunos, pois a partir disso há uma maior integração
entre estes e o professor.
Cabe à escola, portanto, a ação em torno desse objetivo, que, sem dúvida,
refletirá na forma de pensar educação, e principalmente, meio ambiente nas novas
gerações, ensinando, educando, valorizando para tentar salvar o que nos resta.
13
Vivemos em um mundo globalizado, que constantemente sofre mudanças
em vários aspectos e é importante salientar que a questão ambiental abrange
aspectos políticos, econômicos, culturais, sociais, tecnológicos, filosóficos,
religiosos, ecológicos entre outros, que podem refletir na formação de indivíduos
responsáveis, críticos e competentes.
A educação tem um papel fundamental no desenvolvimento das pessoas e
das sociedades, principalmente neste século onde é necessário construir uma
escola formadora de cidadãos. Os diferentes tipos de pesquisas, as manifestações
populares, as informações dos mais variados contextos e etc. são alguns princípios
básicos para a formação intelectual e crítica dos alunos.
Nesse sentido, o ensino deve ser organizado de forma a proporcionar
oportunidades para que os alunos possam utilizar o conhecimento sobre Meio
Ambiente para compreender a sua realidade e atuar nela, por meio do exercício da
participação em diferentes instâncias: nas atividades dentro da própria escola e nos
movimentos da comunidade. É essencial resgatar os vínculos individuais e coletivos
com o espaço em que os alunos vivem para que se construam essas iniciativas,
essa mobilização e envolvimento para solucionar problemas (BRASIL, 1997).
Por outro lado, cabe à escola também garantir situações em que os alunos
possam pôr em prática sua capacidade de atuação. O fornecimento das
informações, a explicitação e discussão das regras e normas da escola, a promoção
de atividades que possibilitem uma participação concreta dos alunos, desde a
definição do objetivo, dos caminhos a seguir para atingi-los, da opção pelos
materiais didáticos a serem usados, dentro das possibilidades da escola, são
condições para a construção de um ambiente democrático e para o desenvolvimento
da capacidade de intervenção na realidade (BRASIL, 1997).
A educação ambiental propicia o fortalecimento de grupos, pois os
participantes acabam compartilhando as mesmas dificuldades e construindo
soluções coletivamente. Esse processo promove valores, como a solidariedade, a
cooperação e responsabilidade diante das decisões tomadas (LEME, 2006).
14
2 OBJETIVOS
2.1 GERAL
Levantar os problemas de poluição do setor sul do Açude Jacuricí
utilizando-os como tema problematizador com intuito de sensibilizar e estimular
valores, comportamentos ambientalmente sustentáveis, entre os discentes da escola
Pedrina Silveira em Rômulo Campos, Itiúba, Bahia.
2.2 ESPECÍFICOS
Levantar e descrever os pontos de poluição da área de estudo no Açude
Jacuricí;
Identificar os tipos de poluentes e agentes geradores de poluição,
caracterizando-os quanto aos prejuízos que podem causar;
Utilizar os problemas ambientais do Açude como meio de sensibilizar os
discentes para o problema da poluição local;
Estimular os alunos a pensarem coletivamente acerca do meio ambiente.
15
3 O LIXO E A POLUIÇÃO GERADOS PELA SOCIEDADE CONSUMISTA ATUAL
O aumento da população tem gerado a crescente necessidade de consumo,
o que tem gerado quantidade cada vez maior de resíduos. O lixo produzido
ultrapassa a capacidade de absorção da natureza e o homem é o maior culpado, por
não saber como lidar com tanto lixo causando assim a degradação da água, do solo,
e até mesmo do ar.
No passado, os seres humanos viviam em harmonia com o meio ambiente.
Assim, o lixo gerado era reintegrado aos ciclos naturais e serviam de adubo para a
agricultura. A partir da Revolução Industrial e do aumento desenfreado da massa
populacional nas grandes cidades o lixo passou a ser um grande problema para a
humanidade (LIXO, 2005, p.114).
No entanto, tudo nos leva a crer que a natureza trabalha em ciclos – “Nada
se perde, tudo se transforma”. Animais, excrementos, folhas e todo tipo de material
orgânico morto e toda a espécie se decompõe pelos microorganismos,
decompositores como: bactérias, fungos, vermes e outros, alimentando os nutrientes
que certamente vão gerar outras formas de vida (LIXO, 2005, p. 114).
Pode-se afirmar que a sociedade moderna rompeu os ciclos da natureza e
por um lado extraímos mais e mais matérias primas, por outro fazemos crescer
montanhas de lixo. E como todo esse rejeito não retorna ao ciclo natural,
transformando-se em novas matérias primas, torna-se uma perigosa fonte de
doenças e de contaminação para o meio ambiente (LIXO, 2005, p. 114).
O lixo tem prejudicado e muito o meio ambiente, solucionar a questão da
poluição e contaminação é de vital importância para a sobrevivência do planeta.
Para a Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente, poluição é a
“introdução, no meio de elementos tais como organismos patogênicos, substâncias
tóxicas ou radiativas, em concentrações nocivas a saúde humana”. Para a
Organização Mundial da Saúde “poluição ou contaminação ambiental é uma
alteração do meio ambiente que pode afetar a saúde e integridade dos seres vivos”
(BRASIL, 1997, p.37). O quadro 01 a seguir encontram-se listados alguns vetores e
doenças que podem ser adquiridos com o contato do lixo.
16
Quadro 01. Doenças de veículos pelo lixo e vetores responsáveis.
VETORES FORMAS DE TRANSMISSÃO ENFERMIDADES
Ratos e pulgas Mordida, urina, fezes e picadas Leptospirose, Peste
Bubônica, Tifo murino
Moscas Asas, patas, corpo, fezes e saliva Febre Tifóide, Cólera,
Amebíase, Giardíase,
Ascaridíase
Mosquito Picada Malária, Febre Amarela,
Dengue, Leishmaniose
Barata Asas, patas, corpo e fezes Cólera, Giardíase, Febre,
Tifóide
Gado e porco Ingestão de carne contaminada Teníase, Cisticercose
Cão e gato Urina e fezes Toxoplasmose
Fonte: Manual e Saneamento Funasa / MS - 1999 (LIXO, 2005).
Cada tipo de resíduo tem um tempo para se decompor, de acordo com os
materiais que o compõem. Dos resíduos atualmente mais comuns os vidros,
borrachas e plásticos são os que demoram mais tempo para serem decompostos
(Quadro 02).
Quadro 01. Materiais residuais e tempo de decomposição.
MATERIAIS TEMPO DE DECOMPOSIÇÃO
Papel De 3 a 6 meses
Panos De 6 meses a 1 ano
Filtro de cigarro Mais de 5 anos
Madeira pintada Mais de 3 anos
Náilon Mais de 20 anos
Metal Mais de 100 anos
Alumínio Mais de 200 anos
Plásticos Mais de 400 anos
Vidro Mais de 1000 anos
Borrachas Indeterminado
Fonte: CEMPRE (2002)
17
Dentre os materiais listados destacamos a borracha e o plástico, o primeiro
por ser o que apresenta tempo indeterminado de decomposição; o segundo por
representar uma ameaça séria devido ao consumo exagerado pelas sociedades
consumistas atuais.
Quanto às borrachas salienta-se a situação dos pneus que se tornaram um
sério problema ambiental. Segundo a Associação Nacional da Indústria de
Pneumáticos, o Brasil descarta, anualmente, cerca de 21 milhões de pneus de todos
os tipos: de trator, caminhão, automóvel, carroça, moto, avião e bicicleta, entre
outros. Quando descartados inadequadamente em lixões, proporcionam o acúmulo
de água em seu interior e podem contribuir para a proliferação de mosquitos
transmissores de doenças como a dengue ou outras doenças de veiculação hídrica
como o cólera. Quando descartados em rios e lagos podem contribuir para o
assoreamento e enchentes, pois servem como armadilhas para o acúmulo de
sedimentos. Quando são queimados, produzem emissões extremamente tóxicas
devido à presença de substâncias que contém cloro (dioxinas furanos) (ANIP, 2012).
Por esse motivo o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) proibiu
o descarte e a queima de pneus a céu aberto e responsabilizou fabricantes e
importadores pela destinação final ambientalmente adequada daqueles que não
tiverem mais condições de uso. De acordo com a Resolução CONAMA nº. 258/1999,
a partir de 2004 para cada pneu fabricado deve recolher um em desuso (inservível)
e, a partir de 2005, para cada quatro pneus novos as empresas deverão recolher
cinco pneus inservíveis.
O plástico apresenta alto poder de acumulação e persistência sendo de
difícil decomposição. Esse tipo de resíduo é problemático do ponto de vista
ambiental.
De acordo com Rosa et al (2002, p. 312) cada habitante norteamericano
descarta 70 kg de lixo plástico por ano. Na Europa são 38 kg anuais e no Brasil algo
da ordem de 10 kg anuais por habitante. Na cidade de São Paulo, são produzidos
12.000 ton/dia de lixo, dos quais, cerca de 10% é constituído de material plástico.
De acordo com Araújo e Costa (2003, p. 64) o rápido aumento, nos últimos
50 anos, da produção de materiais sintéticos persistentes mudou significativamente
o tipo e a quantidade de lixo gerados. O culto ao „descartável‟, pilar da praticidade
nas sociedades modernas, tem cobrado um custo ambiental alto. Retirar o lixo dos
ambientes onde ele se acumula exige tempo, energia e espaço – logo, muito
18
dinheiro. Esse custo tem levado a reflexões: nunca se falou tanto em lixo, coleta
seletiva, reciclagem, lixões e aterros como nos últimos anos.
3.1 Como Resolver o Problema do Lixo
Um caminho para a solução dos problemas relacionados com o lixo é
apontado pelo Princípio dos três Erres (3 R‟s) – Reduzir, Reutilizar e Reciclar.
Fatores associados com esses princípios devem ser considerados, como ideal de
prevenção e não geração de resíduos somados à adoção de padrões de consumo
sustentáveis, visando poupar os recursos naturais e conter o desperdício (LIXO,
2005, p. 118).
A reutilização do lixo, além de resolver parte do destino final dos resíduos
no meio ambiente, pode gerar novos empregos e dar lucro as empresas privados
interessadas em trabalhar com os diversos materiais recicláveis. No entanto, para
reciclarmos é necessário um processo de separação de resíduos, praticando a
coleta seletiva. Onde a partir de uma conscientização a sociedade pode ajudar
separando o lixo em containeres distribuídos nos canto das cidades, diferenciados
pela cor: amarelo (metal), vermelho (plástico), azul (papéis) e verde (vidro). A
reciclagem de resíduos traz inúmeros benefícios ao meio ambiente, podemos
enumerar como: contribuição para limpeza do meio ambiente, redução do consumo
de recursos naturais, entre outros (LIXO, 2005, p. 1).
Com relação aos pneus reutiliza-se fazendo recauchutagem, pode-se
produzir pó de borracha que serve para fabricar tapetes solados de sapatos, novos
pneus e outros artefatos. No Brasil e em muitos outros países, os pneus inservíveis
já têm sido utilizados na pavimentação de estradas, misturando-se a borracha ao
asfalto (LIXO, 2005. p. 118).
Os problemas decorrentes da poluição ambiental gerada pelo lixo plástico
têm levado a comunidade científica também a refletir sobre possíveis alternativas
para o problema. Para o gerenciamento do lixo plástico produzido em sociedade, a
biodegradação é uma das alternativas que tem sido proposta (ROSA et al, 2002, p.
312).
19
Se as pessoas adotarem conscientemente princípios de comportamento
com relação ao ambiente, como cumprirem as normas de relação dos resíduos
destinados ao lixo, pode-se alterar significativamente a qualidade de vida.
Todos nós podemos contribuir para minimizar os problemas causados pelo
lixo com pequenas ações no dia-a-dia. Veja algumas dicas existentes em (LIXO,
2005, p. 129):
Pensar se realmente precisa de determinados produtos;
Comprar somente o necessário para o consumo, evitando o desperdício;
Planejar a compra de alimentos para não haver desperdício, dimensionando a
compra de produtos perecíveis com as reais necessidades da família e com
as possibilidades de uso;
Comprar produtos duráveis e resistentes, evitando comprar produtos
descartáveis;
Reduzir a quantidade de pacotes e embalagens (evitar comprar frutas,
verduras e legumes embalados; dar preferência para produtos vendidos a
granel - você pode levar de casa a embalagem para esses produtos;
Escolher produtos com menor número de embalagens; comprar produtos
concentrados que possam ser diluídos antes do uso;
Comprar produtos em embalagens econômicas que possuem menos
embalagem por unidade de produto; comprar produtos que tenham refil; levar
sacolas ou carrinho de feira para carregar as compras, em substituição às
sacolas oferecidas nas lojas e supermercados;
Colocar o máximo de produtos numa mesma sacola, evitando o uso de duas
sacolas sobrepostas;
Evitar a compra de sacos de lixo, utilizando as sacolas plásticas que embalam
as compras);
Comprar produtos cujas embalagens são reutilizáveis e/ou recicláveis;
Comprar produtos reciclados e/ou que a embalagem seja feita de um material
reciclado;
Escolher produtos de empresas certificadas (ISO 9000 e 14000), que
desenvolvem programas socioambientais e /ou que sejam responsáveis pelos
produtos pós-consumo;
Evitar a compra de produtos que possuem elementos tóxicos ou perigosos;
20
Emprestar ou alugar equipamentos que não são usados com freqüência, ao
invés de comprá-los;
Consertar produtos em vez de descartá-los e substituí-los por novos;
Doar produtos que possam servir a outras pessoas;
Reutilizar materiais e embalagens;
Separar os materiais recicláveis e encaminhá-los para artesãos, catadores,
entidades ou empresas que reutilizarão ou reciclarão os materiais;
Fazer sua própria compostagem, quando for possível;
Organizar-se em seu trabalho/escola/bairro/comunidade/igreja e iniciar um
projeto piloto de separação de materiais recicláveis;
Organizar-se junto a outros consumidores para exigir produtos sem
embalagens desnecessárias, como também vasilhames reutilizáveis ou
recicláveis;
Evitar gastos de papel e outros materiais desnecessários ao embrulhar
presentes;
Evitar a queima de qualquer tipo de lixo; se não houver coleta no seu bairro,
enterre o lixo em vez de queimá-lo;
Evitar a compra de cadernos e papéis que usam cloro no processo de
branqueamento;
Não descartar remédios no lixo; o mesmo vale para material usado em
injeções e curativos feitos em casa. Procure com o seu farmacêutico ou nos
postos de saúde uma alternativa de descarte mais adequada;
Ler os rótulos dos produtos para conhecer as suas recomendações ou
informações ambientais;
Usar detergentes e produtos de limpeza biodegradáveis;
Utilizar pilhas recarregáveis ou alcalinas;
Deixar a bateria usada do seu carro no local onde adquiriu a nova e
certificando-se que existe um sistema de retorno ao fabricante;
Deixar os pneus velhos nas oficinas de troca, pois elas são responsáveis pelo
destino final adequado;
Colecionar dicas ambientais sobre consumo sustentável e compartilhá-las
com seus amigos.
21
3.2 Poluição, Contaminação da Água e sua Relação com o Saneamento
A poluição é uma alteração ecológica, ou seja, alteração entre os seres
vivos, provocada pelo ser humano. A ação prejudicial aos recursos naturais como a
água e o solo, compromete atividades econômicas como a pesca e a agricultura.
Podemos concluir então que: poluir é tornar impuro o uso dos recursos naturais,
como: o solo e principalmente, a água e o ar (NASS, 2002).
A contaminação é a presença “num determinado ambiente” de seres que
provocam doenças, ou de substancias em concentração nociva ao ser humano. A
ocorrência de coliformes fecais em um lago é um bom exemplo de contaminação
aquática e que não deve ocorrer em nossa sociedade. É comum confundir
contaminação com sujeira: uma água barrenta de coloração acentuada, por
exemplo, pode ser considerada impura por estar suja. Porém, muitas vezes, trata-se
de uma água que não prejudica a saúde; enquanto que aparentemente determinada
água pura e límpida, pode estar contaminada por germes patogênicos e bactérias,
invisíveis a olho nu; o uso dessa água para beber, pode causar sérios danos e
conseqüências graves à saúde (NASS, 2002).
Segundo Nass (2002) o fator poluição não costuma agir ativamente sobre o
ser vivo, mas, indiretamente retira dele as condições adequadas à sua
sobrevivência. A poluição da água é um exemplo: as alterações ecológicas que
provocam a morte dos peixes de um rio que recebe grande quantidade de esgotos
não se dão pela ação de uma substância ou ser patogênico letal, mas sim pelo
lançamento de alimentos em quantidades excessivamente grandes.
A composição do esgoto é formada principalmente de matéria orgânica e
esta serve de alimentação para os organismos vivos existentes nos ambientes
receptores, a saber: Lagos, Rios, Açudes e etc. Os tipos de substância dessa
matéria orgânica que alimenta animais, fungos e bactérias, introduzidos em pequena
quantidade nesses ambientes, são de certa forma favoráveis, pois alimenta direta ou
indiretamente os peixes. Entretanto, o escoamento de esgoto em quantidades
maiores produz grande quantidade de alimento que só poderá ser consumido por
bactérias, que passarão a ter condições excepcionais para multiplicar-se
rapidamente (KAPP, 2012).
22
O aproveitamento de energia contido nesse alimento só pode ser efetuado o
consumo de oxigênio através da respiração celular. O consumo passa a ser maior
que a quantidade de oxigênio que a água pode captar da atmosfera ou que recebe
das algas que fazem a fotossíntese. Dessa forma, os peixes que são os organismos
maiores, necessitam de maiores quantidades de oxigênio para sobreviverem, são os
primeiros a morrerem, não por causa do esgoto jogado na água, mas pelas
conseqüências por ele causadas em tais ambientes aquáticas, como a falta da
captação de oxigênio e a proliferação de doenças causadas por bactérias e
verminoses (KAPP, 2012).
O esgoto origina-se do uso da água nas casas, estabelecimentos
comerciais e indústrias.
A água que chega em nossa casa passa pelo sanitário, pela cozinha e pela
área de serviço. No sanitário a água recebe dejetos humanos, na cozinha recebe
sabão e detergente e na área de serviço recebe sabão e sujeira proveniente da
lavagem de roupas.
No Brasil apenas 49% dos domicílios urbanos tem acesso às redes públicas
de esgotamento sanitário, sendo que apenas 20% do esgoto coletivo é submetido a
algum tipo de tratamento. Infelizmente, uma grande parte do esgoto ainda corre a
céu aberto, provocando mau cheiro e doenças (BAHIA, 2000, p. 16).
Podemos observar que cada pessoa, ao consumir em média 200 litros de
água por dia converte cerca de 150 litros em esgoto. Os 50 litros restantes podem
voltar à atmosfera pela evaporação ou infiltrar-se no solo quando lavamos o quintal
ou irrigamos jardins (BAHIA, 2000, p. 16).
Os esgotos também podem ser classificados como resíduos líquidos, afinal
possuem na sua composição mais de 99% de água. Possuem alta concentração de
substâncias orgânicas resultantes de restos de comida, fezes, sabão e outros.
Quando chegam dos rios servem de alimento aos organismos aeróbios
(SANEAMENTO BÁSICO, 2003, p. 68).
Diante, dessa quantidade de nutrientes, os organismos aeróbios se
multiplicam, consomem o oxigênio disponível na água, provocando a morte dos
peixes. Os esgotos possuem um elevado número de bactérias do grupo coliforme,
cuja concentração é proporcional ao numero de pessoas que vivem na região.
(SANEAMENTO BÁSICO, 2003, p. 68).
23
Em muitos países, como na Austrália, o esgoto tratado é usado para irrigar
plantações. No Brasil, os técnicos de saneamento estudam a possibilidade de usar a
água do banho para dar descarga no banheiro (SANEAMENTO BÁSICO, 2003, p.
72). Reaproveitando, assim, as águas utilizadas a uma forma de contribuir com a
conservação do meio ambiente.
O principal objetivo do saneamento é prevenir o surgimento e a proliferação
de doenças. Correndo a céu aberto e misturado ao lixo o esgoto é um importante
fator de veiculação de doenças em decorrência da existência constante de vetores
como insetos e mamíferos.
24
4. A EDUCAÇÃO E A TRANSFORMAÇÃO DA CONSCIÊNCIA AMBIENTAL
Por ocasião da Conferencia Internacional Rio / 92, cidadãos representando
instituições de mais de 170 países assinaram tratados nos quais se reconhece o
papel central da educação para a “Construção de um mundo socialmente justo e
ecologicamente equilibrado”, o que requer “responsabilidade individual e coletiva em
níveis local, nacional e planetário” (BRASIL, 1997. p.24). E é isso que se espera da
Educação Ambiental no Brasil, que foi assumido pela constituição promulgada em
1998.
No inicio de 1947, a expressão “estudos ambientais” começava a ser
utilizada por profissionais do ensino na Grã-Bretanha, e, quatro anos mais tarde a
temática ambiental passaria a ocupar a Country Sand Almanc nos Estados Unidos,
com os artigos de Aldo Leopoldo sobre a ética da terra. O trabalho desse biólogo de
Yowa do moderno é considerado a fonte mais importante do moderno biocentrismo
ou ética holística, tornando-o patrono do movimento ambientalista (DIAS, 2001).
Em 1975, o Seminário de Educação Ambiental em Belgrado, já um
desdobramento das discussões ocorridas na Conferência das Nações Unidas sobre
o ambiente humano em 1972. Sua orientação central e compreensão do que é
educação ambiental. Apenas um ano após, o contundente ensaio de Thomas Huxley
sobre a interdependência dos seres humanos com os demais seres vivos
(evidencias sobre o lugar do homem com a natureza, 1863) o diplomata George
Perkin March publicava o livro: O Homem e a Natureza: ou geografia física
modificada pela a ação do homem, documentado como os recursos do planeta
estavam sendo esgotados e prevendo que tais ações não continuariam sem exaurir
a generosidade da natureza. Analisava a causa do declínio de civilizações antigas e
previa um destino semelhante para as civilizações modernas, caso houvesse
mudanças (DIAS, 2001).
A preocupação com o ambiente; entretanto, restringe ainda a um pequeno
número de estudiosos e apreciadores da natureza – especialistas, naturalistas e
outros.
Nesse período o Brasil recebia a visita de ilustres naturalistas, Darwin,
Bates (inglês que recolheu e levou oito mil espécies de plantas e animais da
Amazônia), Warning (dinamarquês que conduziu os estudos do Cerrado em Lagoa
25
Santa Minas Gerais), despertando a atenção dos estudiosos para exuberância dos
recursos naturais brasileiros, tão apregoada pelos colonizadores (DIAS, 2001).
Loreiro, (1999) esclarece que cerca de trinta anos de ocorrência em larga
escala no Brasil, a Educação Ambiental constitui-se em uma área de conhecimento
relativamente recente no campo educacional. A pesar de ser uma das prioridades
governamentais, expressos nos denominados temas transversais do Ministério da
Educação e Cultura (ME) a concretização de seus pressupostos teóricos ainda é
falha no âmbito dos trabalhos realizados. Loreiro define a Educação Ambiental
como:
É a educação dirigida ao crescimento de uma população mundial consciente e preocupada com o meio ambiente e seus problemas associados e que tenha conhecimentos, habilidades, atitudes, modificações e compromisso de trabalhar individual e coletivamente para a solução dos problemas atuais e preservação dos problemas futuros (UNESCO, apud LOREIRO, 1999, P. 01).
Esse conceito reforça e situa a Educação Ambiental, no campo do
desconhecido sistematizado, como a educação que parte do que está próximo do
indivíduo ou da comunidade e da compreensão de que a realidade em suas
múltiplas dimensões, enfatizando a interdisciplinaridades e o processo educativo na
formação de uma nova sociedade ambientalmente sustentável e socialmente justa.
Segundo Reigota (1994), o problema ambiental não está na quantidade de
pessoas que existe no planeta e da necessidade dessas pessoas consumirem os
recursos naturais cada vez maior para se alimentar, vestir e morar, o problema
ambiental reside sim no excessivo consumo desses recursos por uma minoria.
Em 1968, em Roma houve uma reunião de países desenvolvidos que
recebeu o nome de Clube de Roma, onde se discutiu o consumo e as reservas de
recursos naturais não renováveis e o crescimento mundial até os meados do século
XXI, onde chegou a conclusão, da necessidade urgente de se buscar mecanismos
de controle do crescimento populacional e também da necessidade de investimentos
numa mudança radical na mentalidade de consumo e procriação (REIGOTA, 1994).
O autor observa que os méritos deste debate e as conclusões do clube de
Roma foi tornar o problema ambiental a nível global, o que levou à Organização das
Nações Unidas (ONU) em 1972, realizou em Estocolmo, na Suécia, a primeira
Confederação Mundial do Meio Ambiente humano, onde e conclui a importância de
26
educar o cidadão para a solução dos problemas ambientais, que proporcionou o
surgimento da Educação Ambiental.
Em 1975, segundo o autor, na Iugoslávia reuniu especialistas em educação,
biologia e história e que fez surgir a definição de Educação Ambiental onde os
assuntos tratados nessa reunião foi publicada e recebeu o nome de Carta de
Belgrado. Em 1977, em Tiblisi, foi realizado o primeiro Congresso Mundial de
Educação Ambiental onde nesse evento foram apresentados os primeiros trabalhos
que estavam sendo desenvolvidos em vários países, sobre a temática ambiental
(REIGOTA, 1994).
4.1 A Educação Ambiental nas Séries Iniciais
A Educação Ambiental tem assumido um papel essencial na sensibilização
dos alunos com relação aos conflitos estabelecidos entre os homens e a natureza e
a cultura, uma vez que é por meio da incorporação da dimensão ambiental que o
indivíduo, durante o processo educativo, toma consciência do meio ambiente. Essa
perspectiva exige, entretanto, abordagens pedagógicas globalizantes, sistemas e
interdisciplinares.
No Brasil, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) para o ensino
fundamental de 1ª a 4ª séries (1997), estabelecem as primeiras orientações à prática
da Educação Ambiental, inserida no tema transversal Meio Ambiente. Segundo esse
documento, a Educação Ambiental deve permear todas as áreas do ensino,
cabendo aos professores tal tarefa.
Nas séries iniciais, a Educação Ambiental deve penetrar em todas as áreas
dos ensino, sendo o educador o principal responsável por esse processo (BRASIL,
1997).
Depois que a Educação Ambiental tornou-se Lei no Brasil, em 27 de abril de
1999, ficou definida no primeiro artigo que os processos por meio dos quais as
pessoas e a sociedade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades,
atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de
uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.
27
Segundo Dias (1997), o processo educativo, sob prisma ambiental, ainda
que incipiente, objetiva a promoção do desenvolvimento das potencialidades do ser
humano enquanto ser social que interage e se comunica em sociedade dentro de
um contexto histórico marcado por profundas modificações nos sistemas naturais.
Apesar da educação ambiental ser uma exigência constitucional de formar
cidadãos conscientes, o que se observa nas escolas e que ainda não acontece
efetivamente a aplicação concreta da Lei.
Em relação ao assunto, a constituição assim se expressa:
Art. 225 – Todos Têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo essencialmente à sadia qualidade de vida impondo-se ao Poder Publico e a coletividade o dever de defendê-lo para presente e futura gerações. VI – Promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente.
A principal função do trabalho com o tema meio ambiente é contribuir para
formação de cidadãos conscientes, aptos a decidir e atuar na realidade socialmente
de um modo comprometido com a vida, com o bem-estar de cada um e da
sociedade. Cabe à escola refletir na forma de pensar a educação e principalmente o
meio ambiente, ensinando, educando, valorizando para tentar salvar o que resta.
Se não houver conscientização, mudança de comportamento,
desenvolvimento de competências, capacidade de avaliação e participação do
educando, as propostas pedagógicas centradas na Educação Ambiental não
alcançará seus objetivos (REIGOTA, 1998).
O papel dos professores como orientadores desse processo são de
fundamental importância. Essa vivencia permite aos alunos perceber que a
construção e a produção dos conhecimentos são contínuas e que para entender as
questões ambientais, há necessidade de atualização constante. Como este campo
temático é relativamente novo no ambiente escolar, os professores podem priorizar
sua própria formação/informação à medida que as necessidades se configurem.
Pesquisar sozinho ou junto com os alunos, aprofundar seus com conhecimentos
com relação à temática ambiental será necessário ao professores, por, pelo menos
três motivos: Para tê-lo disponível ao abordar assuntos gerais ou específicos de
cada disciplina, vendo-os não só do modo analítico tradicional, parte por parte, mas,
28
nas interações com outras áreas compondo todo mais amplo; pode ter maior
facilidade em identificar e discutir os aspectos éticos.
O ensino deve ser organizado para propor oportunidade para que os alunos
utilizem o conhecimento sobre o meio ambiente, assim compreender sua realidade e
atuar nela.
Atualmente e educação tem um papel fundamental no desenvolvimento das
pessoas e da sociedade. Entretanto, não se pode esquecer que a escola é o único
agente educativo e que os padrões de comportamento da família e as informações
vinculadas pela mídia exercem especial influência sobre os adolescentes e jovens
(BRASIL, 1997).
A Educação Ambiental propicia o fortalecimento de grupos, pois os
participantes acabam compartilhando as mesmas dificuldades e construindo
soluções coletivamente. Esse processo promove valores, como solidariedade, a
cooperação e responsabilidade diante das decisões tomadas (LEME, 2006).
Dessa forma, a estrutura da escola, a ação dos outros integrantes do
espaço escolar deve contribuir na construção das condições necessárias a desejada
formação mais atuante e participativa.
4.2 Educação Ambiental, Frente à Prática Pedagógica
O papel da escola é significativo na formação da personalidade do indivíduo
sendo relevante no processo ensino-aprendizagem como um todo. Conviver com a
diversidade, assim, como um ambiente onde a leitura e a escrita tenham significados
torna-se fator determinante para a formação do cidadão crítico.
Como finalidade e propósito de trabalhar o tema transversal “Meio
Ambiente” para prática pedagógica, destacam-se:
sua contribuição para a formação de cidadãos conscientes, aptos decidirem e atuarem na realidade socialmente de um modo comprometido com a vida, com o bem-estar de cada um e da sociedade local e global. Para isso é necessário que, mais do que informações e conceitos, a escola se propunha trabalhar atitudes com formação de valores e com o ensino e aprendizagem de habilidades e procedimentos. Esse é um grande desafio para a educação. Comportamentos “ambientalmente corretos” serão aprendidos na prática do dia a dia na escola: gesto de solidariedade, hábitos de higiene
29
pessoal e dos diversos ambientes, participação em pequenas negociações podem ser exemplos disso (BRASIL, 1998, p. 20).
Como entraves a efetivação de mudanças na prática escolar, Oliveira e
seus colaboradores destacam (2000, p. 1) a idéia de que a Educação Ambiental é
tema somente para aulas de ciências, a ausência de material didático e elevado
número de alunos por sala de aula dificulta a transmissão de informações políticas,
sociais e culturais institucionais que não confluem para ações educativas centradas
nas mudanças de atitude e valores frente à realidade. A educação, entendida como
processo pedagógico que orienta o indivíduo na expressão de suas potencialidades,
conjuga uma série de atividades para desenvolver no educando sua capacidade
crítica, seu espírito de iniciativa e seu censo de responsabilidade.
A ação interdisciplinar da Educação Ambiental estabelecerá, segundo
Cascino (2003), junto das práticas docentes e de seu desenvolvimento do trabalho
didático – pedagógico a relação de “ser-no-outro”, não se tratam de simples
cruzamento de coisas parecidas, e sim, de constituição de diálogos fundamentados
na diferença, abraçando concretamente a riqueza derivada da diversidade, a, além
disso, creio que a cultura, sensibilidade, competência e compreensão fazem parte
dessas diversidades e conhecimentos.
A Educação Ambiental é um tema que deve ser obrigatoriamente abordado
nas escolas, é multidimensional, ou seja, pode ser inserido em todas as disciplinas,
pois o aprendizado está fundamentado na interdisciplinaridade, todas as matérias
podem ser envolvidas na Educação Ambiental, ou vice-versa. Segundo Morim
(2006):
A educação deve favorecer aptidão natural da mente em formular correlatado, estimular o uso total de Inteligência geral. Este uso total pede o livre exercício da curiosidade, a faculdade mais expandida e mais viva durante a infância e a adolescências, que com frequência a instrução extingue e que, ao contrário se trata de estimular ou, caso esteja adormecida de despertar.
Sem dúvida a Educação Ambiental é indispensável na evolução educacional
da sociedade que está se adaptando a nova realidade mundial, que pede um
comprometimento com o crescimento sustentável sempre preservando os recursos
naturais. Segundo Vilmar Berna (2004):
30
O ensino sobre o meio ambiente deve contribuir principalmente para o exercício da cidadania, estimulando ação transformadora além de buscar e aprofundas os conhecimentos sobre as questões ambientais de melhorar tecnologias, estimular a mudança de comportamento e a construção de novos valores éticos menos antropocêntricos.
Ao refletirmos sobre o que diz Berna, podemos aceitá-las e transformá-las.
E nas práticas pedagógicas cotidianas que a Educação Ambiental poderá oferecer
uma possibilidade de reflexão sobre alternativas e intervenções sociais, nas quais a
vida seja constantemente valorizada e os atos de deslealdade, injustiça e crueldade
possam ser repudiados. Portanto, o educador deve aceitar e transformar essas
práticas pedagógicas, sensibilizando o educando e sua responsabilidade com a
aprendizagem, práticas ambientais e sociais. Segundo Reigota (1998), a Educação
ambiental aponta para propostas pedagógicas centradas na conscientização,
mudança de comportamento, desenvolvimento de competências, capacidades de
avaliação e participação do educando.
O professor precisa também estar preparado para utilizar metodologias de
ensino que sustentem a importância de estudar a questão ambiental, porém, é
necessário ouvir a sugestão dos alunos, pois a partir disso há uma maior integração
entre estes e o professor.
A escola é o meio pelo qual a informação pode chegar com maior cuidado.
Um professor precisa dedicar-se muito em suas aulas, tomando atitudes juntamente
com seus alunos e com a sociedade, a escola precisa estar sempre atenta aos seus
alunos e renovar seu processo pedagógico, trazendo para o campo educacional a
criatividade.
Entretanto, não se pode esquecer que a escola não é o único agente
educativo e que os padrões de comportamento da família e as informações
veiculadas pela mídia exercem especial influência sobre os adolescentes e jovens.
Utilizando meios de comunicação como ferramentas pedagógicas na
complementaridade de ensino, a escola dará o aluno a oportunidade de se
expressar de forma mais viva e completa.
31
5 METODOLOGIA
5.1 Localização e Caracterização da Área e Objeto de Estudo
O açude Jacurici é o foco deste estudo e está situado entre os municípios
de Itiúba e Cansanção, sendo que nesta pesquisa estudamos apenas um trecho
inserido no Povoado de Rômulo Campos, município de Itiúba, Bahia.
O Município de Itiúba (Figura 1) está localizado na microrregião de Senhor
do Bonfim, região Centro Norte do Estado da Bahia, também denominada Piemonte
Norte do Itapicuru. A altitude média do município é de 377m Acima do nível do mar
(SEI, 2012).
Figura 1. Mapa de localização do município de Itiúba.
Fonte: http://eo.wikipedia.org/wiki/Dosiero:Bahia_Municip_Itiuba.svg
De acordo com o DNOCS (1999) o Povoado dista 16 km da cidade de Itiúba
e 354 Km da Capital Salvador. Para se chegar ao Perímetro Irrigado Jacuricí (PIJ),
32
ou Açude Jacuricí, a via de acesso se dá pela rodovia BA 381 (Figura 2). A área
específica da pesquisa se inseriu na porção sul do açude, conforme a figura 3.
Figura 2. Mapa de localização do açude Jacurici
Fonte: Google Earth, com modificações.
Figura 3. Mapa de localização da área de estudo inserido no açude Jacurici. O traçado vermelho indica a área percorrida e investigada (porção sul do açude).
Fonte: Google Earth, com modificações.
O clima da região é o semiárido, típico do Nordeste, com chuvas
esporádicas, sendo que no inverno chove, mas, o que predomina no restante do ano
é o clima seco.
33
A hidrografia regional é composta pelos Rios Itapicurú, Itapicurú Mirim,
Riacho Santa Helena, e pelos açudes do Coité e Jacuricí.
A região do açude Jacurici possui alguns pontos em que aflora o lençol
freático; o mais conhecido afloramento é o do poço dos cachorros, (nome dado na
época por existir muitos cachorros selvagens nas serras próximo à sua nascente). O
mesmo está localizado próximo à rodovia que liga a cidade de Itiúba ao povoado
Rômulo Campos, a aproximadamente 6 km de Itiúba (AZEREDO, 1980).
A vegetação predominante é a Caatinga, no entanto, por ser uma região de
serras, possui matas fechadas com arvores altas como o jequitibá, pau ferro,
barriguda, pau d‟arco, araticum umburana entre outros. A fauna é riquíssima na
diversidade principalmente nas serras. O Povoado Rômulo Campos faz limite com
as cidades de cansanção, Queimadas, Monte Santo, pertencentes à região sisaleira
e a cidade de Andorinha a qual se encontra localizada na nascente do Rio Jacuricí
(AZEREDO, 1980).
O açude, objeto desta pesquisa, foi construído pelo Órgão Federal DNOCS,
(Departamento Nacional de Obras Contra as Secas), seus estudos começaram na
década de quarenta no leito do Rio Jacuricí, para que se represassem suas águas.
Com o projeto aprovado, final da década de quarenta começa a construção da
barragem para represar as águas do Rio Jacuricí. Começaram as escavações
através de trabalho braçal de aproximadamente 1700 homens entre pedreiros,
carpinteiros, eletricistas e cassacos. Passaram-se quase vinte anos de trabalho,
finalmente em 1956 as obras foram concluídas e, em 1960 o açude enche e
transborda pela primeira vez. O Açude Jacuricí tem a capacidade 146.000.000m³ de
água e 42 Km de extensão quando cheio.
5.2 Caracterização dos Sujeitos da Pesquisa
A pesquisa foi realizada com alunos do 5º ano do ensino fundamental da
Escola Centro Educacional Pedrina Silveira.
Para o estudo procuramos conhecer as opiniões dos envolvidos em relação
ao problema para sabermos se os mesmos estavam conscientes da situação real
em que se encontra o Açude Jacuricí.
34
De acordo com Costa, (2004, P. 221): a Educação Ambiental trata-se do
processo de aprendizagem e comunicação de problemas relacionados à interação
do homem com seu ambiente natural. É o instrumento de formação de uma
consciência por meio do conhecimento e da reflexão sobre a realidade ambiental.
Nesta perspectiva, o sujeito da pesquisa deve estar inserido no contexto
como um processo permanente e não de forma isolada. Assim, como os problemas
a serem discutidos, devem ser abordados interagindo o sujeito com o meio ambiente
e também responsável pelos problemas ambientais.
Como a escola é o local mais apropriado para a transformação social, foi
escolhida por apresentar um modo de organização voltada para um trabalho
diferente com alunos oriundos tanto da zona rural quanto da zona urbana, motivo
pelo qual despertou-nos o interesse de trabalhar o tema citado para realizar nossa
pesquisa, devido a diversificação de níveis sociais e culturais.
Consultando os relatos dos teóricos Marconi e Lakatos (2003), encontramos
informações que desencadearam nas concepções relevantes com a melhor maneira
de dominar o tipo de pesquisa e de abordagem que mais se adequasse às
pesquisas envolvidas com o meio ambiente e a educação, e, a que mais dava
oportunidade de aproximação ao ser humano; então foram desenvolvidas as
seguintes pesquisas: A pesquisa de campo, que nos ajudou a conseguir
informações para conhecer o objeto de estudo, conduzindo este trabalho ao tipo de
abordagem qualitativa, devido à mesma estar relacionada às questões humanas.
Partindo, não somente do conhecimento prévio do qual já se tinha sobre a área
analisada, mas, da visão das questões concretas estabelecidas entre a “teoria e a
prática”.
Esta pesquisa trata de analisar dados possíveis de interpretações pessoais
e culturais; assim, dentro dessa perspectiva, o método qualitativo de investigação é
o melhor que se enquadra nesse estudo.
O método qualitativo é utilizado na investigação de valores, atitudes,
percepções e motivação do público pesquisado e tem a preocupação de
compreender os sujeitos sociais e as causas de suas atitudes (NEVES, 1996, apud,
SOUZA, et, all, 2006, p. 19).
Segundo Neves (1996), as técnicas de coleta de dados na investigação
qualitativa podem ser agrupadas em três conjuntos:
a) Inquérito (Por entrevistas ou questionamentos formulados).
35
b) Observação (por observação direta, sistemática ou participante).
c) Analise documental.
5.3 Procedimentos da Pesquisa
Para que o referencial teórico ocorresse de forma positiva e que o desejo
proposto se transformasse em um grande aprendizado, houve-se a necessidade de
fazermos pesquisas bibliográficas que também serviram para embasar a nossa
discussão.
Como se trata de pesquisa prática, inicialmente foram realizados estudos de
campo a fim de identificar locais poluídos do açude com o objetivo de obtermos
dados sobre as condições ambientais, sobre o descarte do lixo, bem como dos
esgotos que se direcionam ao Açude, para que tais locais servissem como ambiente
de aula prática (de campo). Após a identificação dos pontos foram selecionados dois
desses para serem utilizados na aula de campo sendo que a seleção se deu pela
facilidade de acesso aos alunos e pela fragilidade ambiental desses.
A segunda etapa de campo teve início com a problematização do tema
ainda em sala de aula por meio do diálogo e de imagens do Açude. Após essa
aproximação com o tema os alunos foram convidados para se deslocarem até o
Açude (deslocamento feito com ônibus). Nos dois pontos escolhidos aconteceu a
atividade de observação e de coleta de dados.
O trabalho de coleta de dados foi feita inicialmente por observação dos
pontos escolhidos e em seguida foi realizada a coleta dos resíduos sólidos de partes
selecionadas de cada ponto escolhido. Os alunos anotaram todas as observações e
os professores documentaram a atividade por meio de fotografias.
Os alunos foram orientados sobre os perigos relacionados ao manuseio do
lixo a ser coletados e para tanto realizamos a distribuição de luvas e máscaras.
Após as observações e coletas de campo levamos os resíduos para a
escola e no ambiente escolar realizamos as observações referentes aos tipos,
volumes e aos pesos dos lixos coletados. Após todos esses procedimentos os
alunos foram estimulados a se manifestarem acerca da situação vivenciada por meio
de produções textuais, colagens, desenhos.
36
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO
6.1 Situação Geral do Setor Sul do Açude
A primeira visita ao campo foi realizada no dia 20 de (vinte) de Abril de 2011
com a finalidade de se fazer o levantamento da área a ser estudada.
Durante a pesquisa realizada observa-se que apesar de haver coleta
seletiva do lixo gerado pela população do Distrito Rômulo Campos e demais
povoações próximas ao setor sul do açude, o sistema de coleta ainda é insuficiente,
visto que é possível observar vários locais contendo acúmulos de lixos e demais
resíduos. Dentre os resíduos destacam-se os orgânicos, os plásticos, os metais e os
vidros, mas, além disso, ocorre a contaminação local com substâncias ou
contaminantes oriundos de excrementos e de produtos químicos.
Dos restos orgânicos podem-se destacar a presença de resíduos das
atividades de pesca como peixes mortos, vísceras e escamas desses animais que
são descartados nas margens do lago (Figura 4). Isso acontece porque os
pescadores, ao prepararem os filés de peixe, abandonam as carcaças próximas da
água. Esses materiais acabam por entrar em putrefação exalando odores fétidos e
acumulando muitas moscas, urubus, além de outros animais carniceiros que rondam
a área em busca dessas carcaças (Figura 5). Ainda dentre essa categoria de
resíduos destacam-se fezes e urinas de animais e de humanos, além de esgotos a
céu aberto que desembocam no açude (Figura 6).
Figura 4. Peixes descartados durante as atividades de pesca às margens no açude Jacurici.
Fotos: Manoel Santana, Jucelino Ribeiro, Neilton Lima
37
Figura 4. Urubus à margem do açude Jacurici, próximo à estação de tratamento de água da EMBASA, onde se alimentam das carcaças e vísceras de peixes descartados pelos pescadores.
Fotos: Manoel Santana Figura 5. Fezes de animais e humanas; Abaixo esgotos, todos às margens no açude Jacurici.
Fotos: Manoel Santana, Jucelino Ribeiro, Neilton Lima
38
As carcaças, vísceras e fluidos dos peixes e fezes e urinas dos diversos
animais e do homem alcançam a água contaminado-a. A esses se somam os
esgotos que lançam mais dejetos humanos e juntos formam um tipo de poluição
perigosa, pois, favorecem a proliferação de insetos e de microorganismos que
podem causar ou levar danos à saúde humana.
Os esgotos domésticos são as principais fontes de poluição dos recursos
aquáticos, e causam risco para a saúde humana e ao meio ambiente. Esses
efluentes contêm grande número de compostos orgânicos resultantes da atividade
humana, além de patógenos presentes em fezes de indivíduos infectados e
coliformes fecais, responsáveis pela transmissão de doenças de veiculação hídrica
(LIMA e GARCIA, 2008).
Substâncias químicas são também lançadas no lago sendo provenientes
das atividades de lavadeiras: sabões, detergentes, clorados como a água sanitária;
das atividades turísticas: água oxigenada e outros químicos para dourar pelos; bem
como das atividades de lavagem de carros: sabões, óleos em geral (Figura 6).
Além das substâncias, lançam-se às águas e às margens do açude os
frascos desses produtos, bem como pneus velhos e até mesmo móveis e colchões
imprestáveis que são possíveis de identificar durante as épocas de secas quando o
nível do açude abaixa muito (Figura 7).
Figura 6. Mulheres em atividade de lavagem de roupas (à esquerda) e de utensílios de cozinhas (à direita) no lago Jacurici.
Fotos: Manoel Santana, Jucelino Ribeiro, Neilton Lima
39
Figura 7. Resíduos sólidos oriundos das atividades de lavagens e de descartes diversos lançados ao açude.
Fotos: Manoel Santana, Jucelino Ribeiro, Neilton Lima
Ao falar sobre a poluição gerada pelos produtos de limpeza domésticos,
Branco (1990) informa que a poluição das águas nem sempre resulta de ações
individuais de uma substância ou outra, mas, da reação química somada dos
diversos produtos, tais como, detergentes, sabões, desinfetantes, água sanitária e
outros. Segundo o autor a mistura de produtos amplia os impactos sobre os
ecossistemas aumentando o perigo.
As águas sanitárias, por exemplo, (à base de hipoclorito de sódio ou cálcio),
causam danos ambientais, provocam a poluição dos rios, da flora, do solo, do ar e
prejudica a fauna, além de oferecer perigos físicos e químicos, pois, reagem com
metais liberando gás explosivo (hidrogênio), reagem com produtos orgânicos
resultando em fogo, sendo incompatível com agentes redutores (amônia, éter)
(NOBREGA, DANTAS & SILVA, 2010).
Como mencionado os óleos de motores, bem como vasilhames sujos de
óleo queimado também foram observados no açude. Os óleos são poluentes muitos
prejudiciais, como menciona Alberici & Pontes (2004, p. 74), “o óleo mais leve que a
40
água, fica na superfície, criando uma barreira que dificulta a entrada de luz e a
oxigenação da água, comprometendo assim, a base da cadeia alimentar aquática,
os fitoplânctons”.
Pode-se assim identificar no açude a existência de grande quantidade de
recipientes e outros objetos em plásticos, seguido de metais e papelão de uso
doméstico e muitos destes relacionados às atividades turísticas que ocorrem nas
margens do lago durante os finais de semana, feriados e festejos. Destes se
destacam frascos de refrigerantes (PET), garrafas de aguardente, copos
descartáveis, sacos, pacotes de alimentos, e até fraldas descartáveis, roupas,
calçados, preservativos (Figuras 8 e 9).
Figura 8. Vasilhames, frascos e embalagens diversas em plástico encontradas nas margens do açude Jacurici.
Fotos: Manoel Santana, Jucelino Ribeiro, Neilton Lima
41
Figura 9. Calçados, embalagens de cigarros e latas de cerveja encontradas nas margens do açude Jacurici.
Fotos: Manoel Santana, Jucelino Ribeiro, Neilton Lima
De todos os resíduos lançados no açude os plásticos são considerados um
dos mais danosos. De acordo com a CEMPE (2002) os plásticos são produtos
oriundos do petróleo e levam mais de 400 anos para decompor.
Essa demora em decompor resulta ainda na capacidade de se acumular
lentamente no ambiente, causando um aumento crescente com o tempo. Além
disso, o plástico apresenta baixa densidade o que facilita a sua flutuação, e
conseqüente dispersão no ambiente (MOURA et al, 2011).
Os resíduos plásticos além de apresentarem elevado tempo de
decomposição apresentam outro fator preocupante, pois, o balanço das águas
causa a quebra desse material em pedaços menores que podem ser confundidos
por alguns animais como alimento e levá-los à morte. Juntamente com outras formas
de poluição extremamente danosas, plásticos compõem uma das maiores
preocupações por causa da ampla disseminação do uso. Este tipo de resíduo é tão
prejudicial que atualmente é considerado uma das cinco maiores prioridades a ser
alvo de monitoramento permanente a nível mundial (MOURA et al, 2011).
6.2 Descrição dos Pontos Críticos
Durante a primeira visita, apesar de se observar lixo em vários pontos nas
proximidades do açude, pode-se perceber que em oito locais há maior acúmulo ou
42
condições de saúde ambiental precária (Figura 10). Esses locais foram fotografados
e descritos conforme se seguem.
Figura 10. Mapa com localização dos pontos poluídos e contendo condições ambientais precárias.
Fonte: Google Earth (com inserção de rota e pontos obtidos com receptor GPS).
6.2.1 Ponto 01: Prainha da Quinita
A Prainha da Quinita (Figura 11) é um local de turismo bastante disputado
por banhistas de várias localidades. No local há um bar e restaurante que nos finais
de semana torna-se bastante freqüentado.
Normalmente a área do restaurante e da praia encontra-se limpa, pois,
ocorre coleta dos resíduos após os finais de semana e feriados, acredita-se, todavia,
que o lixo gerado nesses momentos não deve ser totalmente recolhido, sendo
alguma parte dispersa pelas águas, já que muitos dos materiais encontrados nos
vários locais do açude e já descritos mostram vestígios de atividades recreativas,
tais como: garrafas de bebidas e de alimentos.
Observando-se o trecho que abrange a Fazenda Palmeira até a Prainha da
Quinita, percebe-se o descaso dos freqüentadores, pescadores e banhistas; estes
43
lançam em suas águas restos de comida, sacolas plásticas, garrafas PET, latas de
cerveja. Obtiveram-se informações de que algumas pessoas defecam dentro do
açude.
Figura 11. Vista geral da Prainha da Quinita. Abaixo: sacolas plásticas encontradas na Prainha da Quinita.
Fotos: Manoel Santana.
44
6.2.2 Ponto 02: Vila Ponta da Banca
Em um local por nome Ponta da Banca parte sudeste da barragem, alguns
moradores utilizam um local próximo à margem do açude para depositar o lixo
(Figura 12). Esse local apresenta suave declive, assim, quando chega à época das
chuvas ocorre o deslizamento do lixo para dentro do açude (Figura 13).
Nessa localidade não existe abastecimento de água, nem rede de
saneamento, os moradores utilizam o açude para banhos, lavagem de roupas, de
utensílios, para diversos usos domésticos usando assim produtos dentro das águas
do açude.
Em uma entrevista com um dos moradores, estes informaram que
motoristas lavam seus carros e que até caminhão frigorífico já foi lavado dentro do
açude. Um proprietário de uma horta nas proximidades do ponto degradado também
informou que utiliza defensivos agrícolas e fertilizantes, porém em pequena
proporção dando prioridade a matéria orgânica. Assim mencionou: “Muitas vezes eu
recolho lixo daí da beira do açude, mas quando pensa que não, tá cheio de novo”
(Sr. A dono da horta).
Este ainda informou que as sacolas plásticas são normalmente trazidas pelo
vento; enquanto que outros materiais como: garrafas pet, vidros, bem como os
metais são irresponsavelmente deixadas por pessoas que utilizam e usufruem do
próprio açude.
Ao se observar o lixo situado nessa margem do lago pode-se constatar a
existência de vários dejetos entre eles fezes humanas e fraldas descartáveis.
Figura 12. Lixo acumulado na margem do Açude, localizada na Vila Ponta da Banca.
Foto Jucelino Ribeiro e Neilton Lima.
45
Figura 13. Lixo exposto próximo à margem do Açude Jacuricí na Vila Ponta da Banca.
Foto Manoel Santana.
6.2.3 Ponto 03: Acampamento do Movimento Sem Terra (MST)
Do outro lado a sudoeste da barragem, localidade denominada
Camandaroba, estão acampados nas margens do açude, há vários anos muitas
famílias integrantes do Movimento Sem Terra.
Conversando com alguns acampados estes informaram que o lixo era
depositado do outro lado da barragem. No entanto, observam-se no quintal dos
acampados diversos tipos de resíduos sólidos, mais próximo à margem do açude,
local onde utilizam para o plantio, registram-se em pequena quantidade: garrafas
PET, plásticos diversos, peixes mortos, tecidos, filtros de cigarros e metais (Figura
14). O lixo jogado no quintal, com o vento e principalmente com a chuva é levado em
direção ao açude.
46
Figura 14. Lixo no fundo das barracas do acampamento dos sem terra localizado a 100m do açúde Jacurici.
Foto Jucelino Ribeiro.
6.2.4 Ponto 04: Prainha da Camandaroba
A Prainha da Camandaroba (Figura 15) está situada em um local do açude
que pertence ao DNOCS e que comporta os escritórios, a parte das sucatas, e um
hotel. Mais próximo da margem encontra-se um bar/restaurante que é freqüentado
por turistas e banhistas de várias localidades.
Da mesma forma que na prainha da Quinita, a da Camandaroba encontra-
se limpa, pois, os responsáveis pelos estabelecimentos realizam a coleta dos
resíduos após os finais de semana e feriados. Como descrito anteriormente,
acredita-se também que parte dos lixos gerados (Figura 16) nesses momentos não
sejam totalmente recolhidos, sendo alguns dispersos pelas águas.
47
Figura 15. Vista geral da Prainha da Camandaroba. Abaixo vista parcial no período seco.
Foto: Manoel Santana.
48
Figura 16. Resíduos sólidos presentes na prainha da Camandaroba.
Fotos: Manoel Santana.
6.2.5 Ponto 05: Carrascão
O Carrascão é uma Rua que se situa na periferia do Povoado Rômulo
Campos, nas proximidades do açude. Nesse local observa-se grande quantidade de
lixo próximo das casas que por sua vez situam-se próximo do Açude de Jacuricí
(Figura 17).
Apesar de haver coleta de lixo pela prefeitura do município, o caminhão só
passa duas vezes por semana e no local não se observou latão ou contentor de
despejo.
49
Figura 17. Lixo em fundo de quintal no povoado de Rômulo Campos. O mesmo pode ser arrastado pela enxurrada para dentro do açude.
Foto Jucelino Ribeiro.
6.2.6 Ponto 06: Final da Av. Tiradentes
A Avenida Tiradentes é a principal via do Distrito, situada no centro
comercial. Ao final da Avenida, a aproximadamente 200m do açude encontra-se
grande quantidade de lixo exposto, e nesse trecho não se localiza recipientes de
coleta de lixo. No local há também esgoto a céu aberto com fluxo permanente que é
absorvido pelo solo antes que chegue ao Açude no período seco; porém, no período
chuvoso, a enxurrada leva além do esgoto, o lixo encontrado no final da Avenida
para dentro do mesmo (Figura 18). Esse ponto é denominado de “Bebedouro”.
Antigamente o Bebedouro era utilizado pela comunidade local como ponto
para banho, atualmente não há mais água, apenas existem lama, chiqueiros e
galinheiros, que quando chove os dejetos desses animais são lançados dentro do
Açude do Jacuricí, e assim poluem e degradam-no.
50
Figura 18. Lixo exposto no final da Avenida Tiradentes, Povoado Rômulo Campos, cerca de 200m do açude. Esgoto a céu aberto correndo por entre os criatórios de animais domésticos que se alimentam de resíduos. Final da Avenida Tiradentes, Distrito de Rômulo Campos.
Fotos: Manoel Santana e Jucelino Ribeiro.
51
6.2.7 Ponto 07: Lateral da BA - 381
À beira da estrada asfaltada que liga o Distrito de Rômulo Campos à cidade
de Cansanção, próximo ao Bar da Marieta, depara-se com mais lixo depositado
pelos moradores (Figura 19).
Esse local encontra-se acerca de 500m do açude quando em período de seca
e a aproximadamente 200m quando no tempo da cheia. Em situação de chuvas
torrenciais o lixo depositado nesse local é levado para dentro do açude Jacurici.
Figura 19. Entulho, lixo orgânico (rodeado por urubus) e não-orgânico ao lado da BA 381 próximo ao açude.
Foto Jucelino Ribeiro.
6.2.8 Ponto 08: Esgoto Alto da Ema
O Alto da Ema é um bairro do Distrito de Rômulo Campos situado ao final
do centro, paralela ao trecho terminal da Avenida Tiradentes.
Nesse local não há rede de esgoto, nem tampouco as casas apresentam
fossas, com isso, todo esgoto que aparece a céu aberto deságua diretamente e in
natura dentro do açude (Figura 20).
52
Figura 20. Inicio do principal esgoto a céu aberto em Rômulo Campos, situado no Alto da Ema e direcionado ao Açude Jacuricí.
Foto Jucelino Ribeiro.
Diante do que foi exposto sobre as condições ambientais do açude Jacurici
podem-se apontar pelo menos duas possibilidades para explicar essa situação de
descaso com o meio ambiente local: carência de saneamento adequado e falta de
educação ambiental. Acredita-se que ambas as situações estejam relacionadas,
pois, tanto o saneamento, quanto a educação ambiental são de ordem pública no
Brasil. Por mais e melhores que sejam as ações educativas a ocorrer, sejam
estimuladas por ONGs, escolas, associações estas normalmente serão ações
solitárias e que necessitam de um posicionamento mais efetivo do poder público
para a sua definitiva solução.
Percebe-se assim o grande descaso que tem parte da população do Distrito
de Rômulo Campos e Povoações próximas, bem como turistas que freqüentam a
região, para com o descarte dos resíduos. Normalmente as pessoas têm noção dos
problemas ambientais que acometem suas localidades, mas, mesmo assim sentem
dificuldade para mudar os hábitos. Como salienta Oliveira:
(...) a população, de uma maneira geral, sabe o que precisa ser feito para melhorar o espaço em que vive, porém precisa de meios mais eficientes para compreender a importância de mudanças de hábitos e atitudes para uma melhor qualidade de vida (OLIVEIRA, 2006, p.45).
Nota-se que é necessário se trabalhar o tema Educação Ambiental não só
nas escolas como também junto aos moradores para que os mesmos saibam o mal
que eles mesmos causam ao açude e a si próprios.
53
6.3 Aplicando o Projeto de Educação Ambiental Açude Jacurici
Na fase anterior da aplicação do Projeto fizemos a problematização junto
com os alunos sobre o tema da Poluição Ambiental. Para tanto antes de iniciarmos o
projeto com os alunos do 5º ano, na Escola Centro Educacional Pedrina Silveira,
visitamos a classe e fizemos algumas perguntas para que pudéssemos entender a
opinião deles em relação ao tema escolhido “Poluição do Açude Jacuricí”.
Perguntamos aos alunos o que eles entendiam por poluição. Segundo os
alunos, a poluição é o lixo; é a encontrada dentro e fora do açude, provocada por
resíduos.
Perguntamos a seguir se eles consideravam o açude Jacuricí poluído.
Muitos informaram que sim porque a água era escura; outros informaram que já
ouviram falar que a água do açude é poluída.
Em seguida distribuímos algumas fotos das áreas percorridas e
pesquisadas para que entendessem melhor. Ao ver uma das fotos uma aluna
desabafou:
“Gente a coisa tá séria, eu não tava nem aí para o que tavam falando que o açude tava morrendo depois que vi essa foto vi que não é brincadeira”.
Ela termina dizendo: “Vamos ajudar de alguma forma ou uma das nossas riquezas vai morrer, por favor, nos ajude”. “S.O.S. Açude Jacuricí”.
Observamos que a concepção prévia dos alunos acerca das condições do
açude está próximo do que na realidade iriam encontrar em campo. Possivelmente
por já estarem acostumados a ver os arredores do Distrito de Rômulo Campos
sempre com tanto lixo e ouvirem os adultos comentarem que o açude está poluído.
A problematização e a coleta de informações prévias dos alunos são
importantes, pois, permitem ao professor compreender o olhar do aluno. Conforme
salientam Possobom, Okada e Diniz:
Outros aspectos importantes a serem destacados, para que o processo de ensino seja efetivado, são: a existência de problematizações prévias do conteúdo como pontos de partida; a vinculação dos conteúdos ao cotidiano dos alunos; e o estabelecimento de relações interdisciplinares que estimulem o raciocínio exigido para a obtenção de soluções para os questionamentos, fato que efetiva o aprendizado (POSSOBOM, OKADA E DINIZ, 2011).
54
Após a problematização do tema passamos para a aplicação do Projeto de
em campo e seguida a esse a etapa em sala de aula.
Antes da realização da atividade de campo orientamos os alunos acerca
dos cuidados que deveriam tem ao caminhar e ao manusear e coletar os resíduos,
já que se trata de lixo.
6.3.1 Aplicação em campo
Com o intuito de efetuar a visita a campo com os alunos, locamos um micro-
ônibus e nos dirigimos ao primeiro ponto, ao final da Avenida Tiradentes (Ponto 06).
Antes de iniciarmos a coleta dividimos a turma em grupos, distribuímos luvas látex,
mascaras de proteção respiratória e sacos plásticos para a coleta (Figura 21).
Figura 21. Chegada dos alunos ao campo e distribuição de luvas e máscaras
Fotos: Jucelino Ribeiro, Neilton Lima, Valdecy Dantas e Manoel Santana.
Já munidos de luvas e máscaras, os alunos começaram a se preparar para
recolher os resíduos sólidos. Em cada ponto de coleta demarcamos uma faixa
imaginária e dentro desta coletamos todos os materiais encontrados para que não
houvesse seleção de alguns resíduos em detrimento de outros.
Para o desenvolvimento da etapa de campo escolhemos dois dos oito
pontos visitados e descritos. Os pontos foram escolhidos pela facilidade de acesso e
pelo fato de apresentarem menor risco, já que nosso público foi o das séries iniciais.
O primeiro ponto visitado foi o da Avenida Tiradentes (Figura 22),
precisamente no final da Avenida. Ao chegarmos nesse primeiro local explicamos
55
aos alunos como seria a atividade, que realizaríamos a vistoria, e que
selecionaríamos uma porção da área para a coleta dos resíduos para levar para a
escola.
Figura 22. Primeiro ponto de visita: parte final da Avenida Tiradentes.
Foto: Valdecy Dantas.
Nesse ponto os alunos fizeram inicialmente a observação e em seguida
recolheram muitos resíduos à margem e dentro do açude, principalmente plásticos,
mas a maior parte dos alunos se assustou ao encontrar uma fralda descartável
dentro da água, o que indicava que a mesma estava contaminada com fezes.
Durante toda a ação, observaram esgotos a céu aberto, bem como animais
alimentando-se dos restos encontrados no esgoto.
Foram coletados pelos alunos os seguintes resíduos: muitos pedaços de
vidros, botas velhas, fralda descartável, garrafas PET, metais (latas), muitas sacolas
56
plásticas, fios de nylon, papéis, papelões, filtros de cigarro e outros, ou seja, uma
grande quantidade de lixo.
O segundo ponto visitado (Ponto 02) foi o da Vila Ponta da Banca (Figura
23), e nesse os alunos também realizaram a vistoria e a coleta na margem e dentro
do açude. Os alunos recolheram: vidros, sacolas plásticas, papéis metais, garrafas
PET e outros resíduos.
Figura 23. Segundo Ponto visitado próximo a uma horta na Vila Ponta da Banca.
Foto: Jucelino Ribeiro.
Durante todo o desenvolvimento da atividade os alunos fizeram
observações e anotações em seus cadernos (Figura 24).
57
Figura 24. Alunos em atividade de observação, coleta e anotações em campo.
Fotos: Jucelino Ribeiro, Neilton Lima, Valdecy Dantas e Manoel Santana.
Consideramos o trabalho de campo essencial no desenvolvimento da
atividade. Com a aula externa realizada pudemos perceber por meio das falas e
58
expressões dos alunos que os mesmo tiveram total integração com a atividade e
participação ativa.
Como salientam Seniciato e Cavassan (2004) os problemas ambientais
estão entre os assuntos prioritários na sociedade moderna e as aulas de campo são
um instrumento eficiente para o estabelecimento de uma nova perspectiva na
relação entre o homem e a natureza.
Nessa perspectiva acreditamos que os alunos compreenderam a real
situação da poluição do Açude Jacuricí; acreditamos ainda que por ter tido a
oportunidade de vivenciar a realidade fora do seu contexto escolar formal essa
aprendizagem tenha sido mais dinâmica e prazerosa.
Ainda sobre a experiência de atividades escolares em campo assim
Compiani relata:
O trabalho de campo pode ser utilizado, no ensino, como estratégia em que todas as coisas podem tomar parte de um processo maior: o efeito holográfico. A idéia é enfrentar a dominante fragmentação do conhecimento, que bloqueia os mecanismos de análise de problemas reais ao não facilitar a relação de conceitos, procedimentos e de atitudes, trabalhados em diferentes disciplinas do currículo. Por meio das atividades de campo, a categoria geocientífica “lugar” é entendida como o locus de ligação com o todo, uma interação sutil da particularidade e da generalização. Assim, é possível sair do paradigma da causalidade tão enraizado no ensino de ciências e praticar um ensino mais contextualizado, situar espaço-temporalmente os fenômenos, ou seja: levar em conta o aspecto histórico dos fenômenos e, ao fazer isso, compreender a complexidade do contexto e causalidade de um fenômeno (COMPIANI, 2007, p. 32).
Muitos alunos expuseram as suas emoções e se expressaram durante a
atividade, dentre os comentários destacamos:
“Eu não gostei que vi, tinha peixe morto, sacolas no açude”. “Por favor, não vamos jogar o lixo dentro do açude”. “Com a nossa ajuda podemos proteger a água”. “O esgoto indo para o açude, os peixes mortos, pneu dentro das águas do açude, o mundo está gritando por ajuda”... “Nós precisamos tirar estas sujeiras do açude... Não sei, mas tenho certeza que esse projeto pode ajudar”. “Eu acredito nesse projeto, sei que posso ajudar... Vamos ajudar o nosso Açude, para que ele fique limpo”.
59
“Eu não gostei que tinha peixe morto, sacola, vidro, no rio...” “O Esgoto dentro do açude, as pessoas jogam lixo nós não podemos jogar lixo no Açude, nós podemos ajudar as pessoas pra as pessoas não jogar lixo no rio”. “As pessoas jogam fraldas... O Açude é escuro de tanto lixo”. “pessoas lava roupas no Açude vamos dizer a essas pessoas não jogue lixo no Açude”.
Consideramos muito importante o fato dos alunos terem se expressado
emocionalmente o que mostra que eles se envolveram de tal maneira com a
situação do Açude que despertou neles a vontade de tomar atitudes e agir de
maneira cidadã. Sobre isso consideram Seniciato e Cavassan:
Desse modo, todas as emoções e sensações surgidas durante a aula de campo em um ambiente natural podem auxiliar na aprendizagem dos conteúdos, à medida que os alunos recorrem a outros aspectos de sua própria condição humana, além da razão, para compreenderem os fenômenos. Mais que compreender a realidade, trata-se também de considerar as emoções como fundamentais nos processos de tomada de decisão e de julgamento moral dos seres humanos, conforme afirma DAMÁSIO (2001), e assim inferir que as emoções participam tanto dos processos de raciocínio quanto na construção de valores humanos que garantirão a forma pela qual o corpo de conhecimentos vai influir na escolha entre as soluções possíveis para a ação na vida prática (SENICIATO e CAVASSAN, 2004, p.145).
6.3.2 Desenvolvendo o Projeto na Escola
Após a coleta do lixo nas áreas escolhidas, retornamos à sala de aula. Os
grupos já com o lixo coletado e separado, distribuíram-se no espaço da sala de aula
para realizar a observação do volume e a pesagem. De todos os resíduos o plástico
foi o que apresentou maior volume, porém o vidro liderou em peso (Figuras 25 e 26).
60
Figura 25. Alunos em atividade de avaliação do volume dos resíduos.
Foto: Valdecy Dantas.
Figura 26. Pesagem do lixo já selecionado em sala de aula.
Foto Valdecy Dantas.
Para contextualizar a atividade abordamos o tempo de decomposição de
cada material coletado (Figura 27), sobre o efeito cumulativo desse lixo no lago, e
sobre os perigos que o lixo acumulado e os esgotos (quando descartados sem
tratamento) podem causar ao homem e a natureza. Os alunos tiveram ainda a
oportunidade de produzir textos construírem cartazes, assistirem a vídeos reflexivos
sobre a questão ambiental e lerem histórias em quadrinhos, onde mostrava o tempo
de decomposição dos resíduos.
61
Figura 27. Projeção de resíduos expondo os diversos tempos de decomposição; utilizado em sala como recurso auxiliar de pesquisa para o aluno durante a atividade.
Foto: Valdecy Dantas.
Após, os alunos realizaram diversas atividades como produção textual,
elaboração de cartazes com desenhos e colagens (Figura 28), expondo suas idéias
e sentimentos acerca da realidade vivida e dos novos desafios que os esperam.
Figura 28. Produção de cartazes com desenhos e colagens.
Fotos: Jucelino Ribeiro, Neilton Lima, Valdecy Dantas e Manoel Santana.
62
Os alunos representaram através de desenhos suas angústias e dentre
estas a mais constante, além do lixo, foi com relação à morte dos peixes (Figuras 29
e 30). Destacamos que grande parte da economia de Rômulo Campos e dos demais
Povoados que margeiam o Açude Jacurici se embasa na pesca, e que muitos dos
alunos são filhos ou netos de pescadores.
Outro tema bastante citado pelos alunos em suas dinâmicas foi a dos
esgotos. Assim, esgotos e morte dos peixes foram os subtemas mais externados
pelos alunos e que pareceram ser a maior preocupação destes.
Figura 29. Produção textual dos alunos mostrando a preocupação com a morte dos peixes.
Fotos: Jucelino Ribeiro, Neilton Lima, Valdecy Dantas e Manoel Santana.
63
Figura 30. Produções textuais de alunos mostrando a preocupação com a morte de peixes e com a poluição do açude por lixo e esgotos.
Fotos: Jucelino Ribeiro, Neilton Lima, Valdecy Dantas e Manoel Santana.
Por meio dessas dinâmicas participativas e da produção textual, nas quais
incentivamos a construção e a reflexão dos problemas apresentados, sensibilizamos
64
os alunos para o fato de que sozinhos não podemos fazer muito, mas, que como
parte do meio ambiente, precisamos fazer a nossa parte. Finalizamos com a idéia de
que somos os atores principais do ambiente e que as ações ambientais devem ser
praticadas na escola, na família, e na sociedade. Assim, convidamos os alunos a
responsabilizarem-se e a se comprometerem a propagar esta consciência ou
sensibilidade ambiental. Fizemos um trabalho de reflexão orientando-os a repassar
aos familiares, colegas e amigos.
Concluímos que os alunos alcançaram de maneira satisfatória o
conhecimento através da aplicação do Projeto de Educação Ambiental. Podemos
afirmar com base nas atividades propostas aos alunos.
Segundo Fhilippe Perrenoud (2004) a consciência de uma prática em que
os conteúdos são depositados nas cabeças dos alunos de forma desprovida de
significado é que eles acumulam saberes, mas, não conseguem mobilizar o que
aprenderam em situações reais (PERRENOUD, 2004; apud, AUCURI, 2011) o que
significa que só se constrói conhecimentos com significados sobre Educação
Ambiental, a partir da prática necessária da vida diária.
Consideramos que é grande o descaso das instituições governamentais e a
população contribui quando se “cala” acomodando-se diante desse desastre
ecológico. Assim, é necessário que haja uma consciência ambiental justa não só por
parte da comunidade, mas também, e principalmente por parte dos políticos que
estão no poder, vendo a situação do povoado, respectivamente do açude Jacuricí e
nada fazem para melhorar ou pelo menos amenizar os problemas do lixo e do
saneamento básico do Povoado Rômulo Campos e do açude Jacuricí.
Fica evidenciado que trabalhamos com a temática aplicando a realidade do
dia a dia dos alunos, mostrando a importância da conservação do meio ambiente.
Com referência ao trabalho com a realidade do aluno os Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCN), apresentam a seguinte consideração:
O desenvolvimento de uma proposta, o tema meio ambiente, exige clareza sobre as prioridades a serem eleitas. Para tanto, é necessário levar em conta o contexto social, econômico, cultural e ambiental no qual se insere a escola. A realidade de uma escola em região metropolitana, por exemplo, implica exigências diferentes daquelas de uma escola da zona rural. Da mesma forma, escolas inseridas em ambientes mais saudáveis, sob o ponto de vista ambiental ou em ambientes muito poluídos, deverão eleger objetivos e conteúdos que permitam abordar esses diferentes aspectos. Também os elementos da cultura local, sua história, seus costumes irão determinar diferenças no trabalho, com o tema meio ambiente em cada escola (BRASIL, 1997, p. 74).
65
Pensa-se que a educação ambiental se reveste de especial importância não
podendo falar em ensino formativo e educativo sem considerar a necessidade de já
nos primeiros anos de vida escolar desenvolver nas crianças uma mentalidade
ecológica.
Ao trabalharmos o tema Educação Ambiental nas séries iniciais do Centro
Educacional Pedrina Silveira percebemos que os alunos se mostram sensibilizados
com a situação do açude, mas, também percebemos que seus conhecimentos ainda
são superficiais, embora apresentem muita vontade de aprender sobre o assunto.
No item ensinar e aprender constante dos PCNs, aponta a necessidade de
aquisição de informações e conhecimentos por parte dos professores para o
trabalho com a temática, que diz:
A opção pelo trabalho com o tema Meio Ambiente traz a necessidade de aquisição de conhecimento e informação por parte da escola, para que se possa desenvolver um trabalho adequado junto aos alunos. Pela própria natureza da questão ambiental, a aquisição de informações sobre o tema é uma necessidade constante para todos. Isso não significa dizer que os professores deverão “saber tudo” para que possa desenvolver um bom trabalho junto dos alunos, mas sim, que deverão se dispor a aprender sobre o assunto e, mais do que isso, transmitir aos seus alunos a noção de que o processo de construção e de produção do conhecimento é constante. (BRASIL, 1997, p. 47).
A temática poluição do Açude Jacurici foi desenvolvida com o intuito de
ajudar futuros cidadãos a terem uma idéia sobre o meio ambiente para que possa se
posicionar para obtenção de sua melhoria.
Referente à sensibilização ambiental, os alunos afirmaram que o lixo e os
esgotos lançados nas águas do Açude Jacuricí ocasiona a poluição do mesmo. A
partir desta constatação, analisa-se que estes alunos possuem noção da
problemática quando ocasiona o lançamento do lixo e do esgoto no açude. Contudo,
é fundamental que professores despertem o interesse dos alunos para exercer sua
cidadania, auxiliando na formação de um cidadão crítico e participativo com uma
consciência socioambiental.
Sem dúvida, a Educação Ambiental é indispensável no crescimento
educacional da sociedade que está aos poucos se adaptando a nova realidade
mundial, que pede um comprometimento com desenvolvimento sustentável, dando
sempre prioridade à preservação e conservação dos recursos naturais.
Como salienta Berna:
66
O ensino sobre o meio ambiente deve contribuir principalmente para o exercício da cidadania, estimulando a ação transformadora alem de buscar aprofundar os conhecimentos sobre as questões ambientais de melhores tecnologias; estimular a mudança de comportamento e a construção de novos valores éticos menos antropocêntricos (BERNA, 2004, p.18).
Acreditamos ter contribuído no processo de sensibilização dos alunos,
incentivando a levarem consigo a responsabilidade de se tornarem vigilantes
permanentes do meio ambiente em defesa do Açude Jacuricí. Nessa perspectiva,
fica como sugestão:
Que as escolas, a comunidade e as instituições governamentais e não
governamentais, (ONG), se empenhem com mais responsabilidade na aplicação da
prática da Educação Ambiental, para que esta deixe de ser apenas um tema
transversal que funciona somente na teoria, mas, que funcione principalmente na
prática, sendo objeto de discussão e sensibilização em sala de aula e que seja
prioridade dos projetos políticos pedagógicos, sabendo-se que a Educação
Ambiental deve ser estudada em todas as séries e em todas as disciplinas, para
construção de uma consciência ecológica equilibrada e a formação da cidadania
focada na certeza de que se pode mudar a realidade ao seu redor e que essa
realidade transformadora, somada com a força de vontade transformará um
ambiente poluído em um ambiente ecologicamente correto e agradável.
67
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O tema poluição ambiental traz questões desafiantes como a organização
de projetos que atendam os mais diversos aspectos e entre eles, a Educação
Ambiental.
Faz-se necessário um conhecimento amplo e não fragmentado de
concepções éticas, ambientais e socio-cultural de praticas educativa que propciem
uma compreensão real e crítica da situação atual, numa visão global, nacional,
regional e local, para com isso despertar atitudes que vise dinâmica e sensibilização,
cuja participação envolva todos: escola, professores, alunos, família e comunidade.
Ao analisarmos a tematica Poluição do Açude Jacuricí em sala de aula,
percebe-se que a transformação da cidadania inicia-se com a criança em sua
educação infantil e sequência no ensino fundamental. Cresce a necessidade de
organizar o ensino para que este tema, a “Poluição do Meio Ambiente” perpasse a
diversas disciplinas e tome-se conhecimento.
A informação de crianças aptas a viver numa sociedade plural democratica
e em constante mudança é uma exigencia social deste tempo. O processo de
formação da cidadania e a reavaliação de vários valores, entre eles o ético, o
ambiental, o social entre outros.
Após a realização deste trabalho pode-se concluir que é possivel articular e
planejar ações envolvendo a comunidade escolar e os problemas locais,
relacionando e interagindo o conhecimento sobre a realidade local tornando-o
contextualizado e inserido às reais necessidades do povo em prol da melhoria da
qualidade de vida e dignidade humana.
Durante a realização do trabalho foram identificados poluentes e agentes
poluidores que causam danos ao Açude Jacuricí. Dos poluentes, identificamos:
O lixo que jogam dentro do açude, como: garrafas pet, sacolas plasticas,
embalagens, sapatos velhos, animais mortos, restos de comida, carcaças de
peixes, entre outros;
Os esgotos domesticos, e dejetos de animais, incluindo porcos em chiqueiros
proximos ao açude.
Reconhecemos também varios agentes causadores dessa poluição, entre
eles:
68
Os turistas que frequentam as praias e descartam restos e embalagens de
produtos;
Os pescadores que limpam as carcaças na beira do lago e também
descartam restos dos implementos de pesca (nylon, isopôr);
Os moradores que lançam lixo nas proximidades do Açude;
Por fim o poder público que não realiza o saneamento adequado e nem
campanhas de educação ambiental.
Nesta perspectiva, a participação efetiva da escola e da comunidade local é
importante na elaboração de projetos socio-ambientais, pois ações pontuais devem
partir do contexto da comunidade oportunizamdo cidadãos atuantes, críticos e
reflexivos quanto sua trajetória social em defesa da busca de um ambiente
adequado para viver.
Nota-se que há solução e esta é visível, mas, é necessário coragem,
mesmo que tenha de se contra por a interesses da classe mais favorecida, assim
como padrões de comportamento e costumes difíceis de serem alterados, mas que,
de uma forma ou de outra, terão de ser avaliados, assim, a adoção de medidas
podem ser tomadas para que objetivem a fornecer elementos a população,
proporcionando um autodesenvolvimento de conscientização ambiental, é essencial
para a iniciação de passos que pretendam demonstrar o tamanho do problema que
aqui tratamos.
A partir da conclusão deste trabalho, constata-se que os envolvidos
mostram-se preocupados com os problemas ambientais. Porém, percebe-se que a
forma como vem sendo trabalhada a temática na escola ainda está longe de comprir
seu papael de conscientização e criar uma postura ambientalista saudável.
Lembramos que a Educação Ambiental é continuada, e que não acaba com
a conclusão do projeto.
69
REFERÊNCIAS
ALBERICI, Rosana Maria & PONTES, Flávia Fernanda Ferraz de / Reciclagem de óleo comestível usado através da fabricação de sabão. Eng.ambient., Espírito Santo do Pinhal, v.1, n.1, p.073-076, jan./dez., 2004.
ANIP – Associação Nacional das Indústrias de Pneumáticos. Disponível em: <http://www.anip.com.br/> Acesso em: 7 de novembro de 2011.
ARAÚJO, Maria Christina B. de e COSTA, Mônica Ferreira da. Lixo no ambiente marinho. CIÊNCIA HOJE, vol. 32. nº 191. Disponível em: < http://artigocientifico.uol.com.br/uploads/artc_1151246820_25.pdf> Acesso em: 12 de maio de 2012.
AZEREDO, Itiúba e os Roteiros do Padre Severo. Goiania: Unigraf. 1987
BAHIA – cartilha Saneamento e Saúde. Bahia Azul – Projeto de Educação Ambiental. Março/2000. 29 p.il. Disponível em www.sedur.ba.gov.br
BRAGA: Benedito et al.. Introdução à Engenharia. Ambiental – O desafio do
Desenvolvimento Sustentavel, 2º edicção, SP, Pearson / Pretence Hall, 2006
BRANCO, S. M. Natureza e agroquímicos. São Paulo: Moderna, 1990.
BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria do Ensino Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Meio Ambiente. Brasília, 1997.
BRASIL. Política Nacional de Educação Ambiental. Lei Nº 9.795. 27 de abril de 1999.
CASCINO, F. Educação Ambiental: princípios, história, formação de professores. 3ª ed. São Paulo: SENAC São Paulo, 2003.
CAVINALTO, Vilma Maria – Saneamento básico: fonte de saúde e bem estar / - 2 ed - São Paulo: Moderna, 2003. P. 87
COMPIANI, M. Lugar e as Escalas e suas Dimensões Horizontal e Vertical nos Trabalhos Práticos: Implicações para o Ensino de Ciências e Educação Ambiental. Ciência & Educação, v. 13, n. 1, p. 29-45, 2007.
CONSTITUIÇÃO 1988, Texto constitucional 5 de outubro de 1988 com alterações adotadas pelas Emendas nº 1/92 a 19? 98 e 6/94, ed. Atual em 1988 – Brasília: Senado Federal, Subsecretaria de Educação tecnica, 1988.
70
COSTA, M.V. O Currículo nos limiares do contemporâneo. Rio de Janeiro, DP e A, 2004.
DIAS, D. M. dos S: Enunciação de um Educador Ambiental: O utópiuco é possivel em educação, Belém: UF PA, NUMA, SECTAM, Ministério público, 1977.
DIAS, Genebaldo Freire 1949. Educação ambiental: princípios e práticas / Genebaldo Freire Dias – 7° ed – São Paulo: Gaio, Zool
DIMESTEIN, Gilberto. Aprendiz do futuro: cidadania hoje e amanhã. São Paulo: Ática, 1997. FREIRE, Paulo. A pedagogia do oprimido. 13. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.
GUIMARÃES, M. Abordagem relacional como forma de ação. In: GUIMARÃES. M. (org.) Caminhos da educação ambiental: Da forma à ação. Campinas: Papirus, 2006. P. 9-16
KAPP, T. http://fotolog.terra.com.br/tiagokapp
LAKATOS, E. M, MARCONI, M, de A, Tecnica de pesquisas, 2ª ed. São Paulo: Atlas.
LEME,Tarciana Neto.Os conhecimentos práticos dos professores reabrindo para a educação ambiental nas escolas. São Paulo. Anablume 2006, 146
LIMA, W. S., GARCIA, C. A. B. Qualidade da Água em Ribeirópolis-SE: O Açude do Cajueiro e a Barragem do João Ferreira. SCIENTIA PLENA. Vol. 4, Nº. 12. P: 1-24. 2008. www.scientiaplena.org.br
LIXO – Um Grave Problema no Mundo Moderno. Disponível em: < http://www.idec.org.br/biblioteca/mcs_lixo.pdf> acessado em: 7 de novembro de 2011.
LOREIRO, Carlos Frederico Bernardo. Considerações sobre o conceito Educação Ambiental. Teoria e Praticas da Educação: Revista, p. 1 set, 1999.
MERDONWS, Demmis L., MEADOWS, Donella H., RANDERS, Jorgen 8
MORIN, Edigar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. 11ª ed. São Paulo – Cortez, 2005
MOURA, C.M.; MOURA,A.C.; SILVA,E.V.; ROCHA, F. S. P.; PONTES-NETO, J. G.; CAVALCANTI,K.P. S.; CARVALHO, R. C. X.; JIMENEZ, G. C.; ANJOS, F. B. R.; SOUZA, I. A.; PASSAVANTE, J.Z.O. Estudo dos Impactos Ambientais Decorrentes da Deposição de Resíduos Sólidos na Zona Costeira do Jaboatão dos Guararapes –
71
Pernambuco. V Simpósio Brasileiro de Oceanografia. Oceanografia e Políticas Públicas, Santos, SP, Brasil. P: 1-5. 2011.
NASS, Daniel Perdigão. O conceito de poluição. Revista Eletrônica de Ciências, São Carlos, Número 13, Novembro de 2002. Disponível em: <http://www.cdcc.usp.br/ciencia/artigos/art_13/poluicao.html> Acesso em: 30 nov. 2011.
NEVES, R. M. Construção de um modelo de Educação Ambiental. Florianópolis, 1996.
NOBREGA, G. A.; DANTAS, W. S. & SILVA, V.P. Percepção Ambiental de Donas de Casa sobre o uso de Produtos Químicos em Domicílios e Estratégias Sustentáveis. HOLOS, Ano 26, Vol. 4. P: 47-73, 2010.
OLIVEIRA M. M. Formação Associativismo e Desenvolvimento local no Nordeste do Brasil: Faculdade de Educação, Universidade de sherbnouke – Quebec, 1999.
OLIVEIRA, Nilza Aparecida da S. A Educação Ambiental e a Percepção Fenomenológica, Através de Mapas Mentais. In: Revista Eletrônica Mestrado em Educação Ambiental. ISSN 1517-1256, v.16, janeiro junho de 2006. Disponível em: <http://www.remea.furg.br/edicoes/vol16/art03v16.pdf>. Acesso em 29 de maio de 2012.
PERRENOUD, Philippe. Os caminhos de aprendizagem. Um caminho para combater o fracasso escolar. Porto Alegre (Brasil), Artmed Editora,2004. Educare.bruc.com.br/cd2011/pdf/60693451.pdf. acesso em 16 de Abril de 2012.
POSSOBOM, Clívia Carolina Fiorilo; OKADA, Fátima Kazue; DINIZ, Renato Eugênio da Silva. Atividades Práticas de Laboratório no Ensino de Biologia e de Ciências: Relato de uma Experiência. 2011. P: 113-121. Disponível em: <http://200.189.113.123/diaadia/diadia/arquivos/Image/conteudo/artigos_teses/2011/biologia/artigos/1atividades_praticas.pdf> Acesso em: 23.03.2012.
REIGOTA, M. Desafios à educação ambiental escolar. In: JACOBI, P. et al. (orgs.). Educação, meio ambiente e cidadania: reflexões e experiências. São Paulo: SMA, 1998. p. 27-32. SANTOS, Ivani Cristina Turini dos, JÚNIOR, Álvaro Lorencini. Metodologia da prolematização: um novo desafio para a Educação Ambiental na escola. Disponível em: < http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/81-4.pdf?PHPSESSID=2009043009352733> Acesso em 12 jul. 2009.
REIGOTA, M. O que é Educação Ambiental. São Paulo: Brasiliense, 1994 p. 19
ROSA, D. S. et al. - Biodegração de PHB, PHB-V e PCL em solo compostado. Polímeros: Ciência e Tecnologia, vol. 12, nº 4, p. 311-317, 2002
72
SANTOS J. E. SATO, M. A. Ac educação da educação ambiental à esperança de Pandora. São Carlos/SP: RIMA/// E, 2001.
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL. Paramentros Curriculares Nacionais: Meio Ambiente e Saúde. Brasília: Secretaria da Educação Fundamental, 2001.
SENICIATO, Tatiana; CAVASSAN, Osmar. Aulas de Campo em Ambientes Naturais e Aprendizagem em Ciências – um Estudo com Alunos do Ensino Fundamental. Ciência & Educação, v. 10, n. 1, p. 133-147, 2004.
SPERLIG, Marcos Von. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos. Livro, Princípios do Tratamento Biológico de águas residuárias; Vol. 1 -3. Ed. Belo Horizonte: Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental; Universidade Federal de Minas Gerais; 2005. Disponível em: M Von Sperling–1996–books.gogle.com.
STENGERS, (1992) Preface – In Rigaux, N Reison et déraison Bruxelas: de BoccK.
UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a cult ura). Carta de Belgrado. Iugoslávia, 1975.
VILMAR, B. Como fazer Educação Ambiental, 2ª ed. São Paulo, 2004.