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IMUNOLOGIA 2009/2010 Licenciatura em Bioquímica 3º Ano

Joana Maria Soares Pereira

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Joana Maria Soares Pereira 1

INTRODUÇÃO AO SISTEMAIMUNITÁRIO

V I S Ã O G E R A L D A R E S P O S T A I M U N E

Imunidade

A Imunidade refere-se à protecção da doença, mais especificamente, da doença infecciosas. As células

e as moléculas responsáveis pela imunidade constituem o sistema imunitário, e a sua resposta colectiva

e coordenada à introdução de substâncias estranhas é referida como resposta imune.

Assim, as funções do sistema imunitário são:

  Defender o organismo de micróbios e de substâncias estranhas não infecciosas;

  Defesa contra infecções;

  Defesa contra certos tumores;

  Impede a transplantação;

 

Causador de algumas doenças.

Em adição, mecanismos que normalmente protegem individuos da infecção e eliminam substâncias

estranhas são capazes de causar dano tecidular e doença em alguns casos. Portanto, podemos definirem melhor extensão:

  Resposta imune – acção contra componentes dos micróbios, a macromoléculas, como proteinas

e polissacarideos, e a pequenos químicos que são reconhecidos como estranhos, descuidando a

consequência fisiológica ou patológica de tal reacção.

A resposta imune usa mecanismos protectores para controlar e eliminar os micróbios infecciosos. Todos

esses mecanismos se baseiam na detecção de características estruturais do agente patogénico que os

distinguem das células do hospedeiro. Tal discriminação entre o agente infeccioso e o hospedeiro é

essencial para permitir ao hospedeiro eliminar o microorganismo patogénico sem ocorrer dano

excessivo dos tecidos do hospedeiro.

A imunologia é o estudo da resposta imune no seu sentido lato e dos eventos celulares e moleculares

que ocorrem após um organimo entrar em contacto com um micróbio e outras macromoléculas

estranhas.

Perspectiva Histórica

A imunologia cresceu da observação de que individuos que recuperavam de certas doenças infecciosas

estavam protegidos contra a doença:

Immunis isento

Imunidade  estado de protecção contra uma doença infecciosa

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Na história da imunologia encontram-se vários nomes:

  Thucydides, ao descrever uma praga em Atenas, escreveu em 430 a.C. que apenas aqueles que

recuperaram da praga conseguiam podiam cuidar a doença pois não eram capazes de contrair a

doença uma segunda vez;

  Edward Jenner, um médico inglês, reparou que vacas que tinham recuperado da varíola bovina

nunca contraiam a varíola mais séria. Na base da sua observação, ele injectou material de uma

pústula (pequena borbulha característica da varíola) de varíola bovina no braço de um rapaz de

8 anos de idade. Quando este rapaz foi mais tarde inoculado intencionalmente com varíola, a

doença não se desenvolveu. O seu trabalho quanto à vacinação (vaccinus   vaca) foi publicado

em 1798. Este método permitiu que a varíola fosse a primeira doença erradicada por todo o

mundo;

 

Louis Pasteur cresceu bactérias que pensava provocarem cólera aviária em cultura e mostrou

que galinhas injectadas com as bactérias desenvolviam cólera. Após regressar de umas férias,

ele injectou algumas galinhas com uma cultura antiga e estas ficaram doentes mas, para

surpresa de Pasteur, elas recuperaram. Pasteur cresceu então uma nova cultura de bactériascom a intenção de as injectar noutras galinhas, mas o suprimento em galinhas era baixo e,

portanto, ele usou as galinhas já anteriormente inoculadas. De novo para sua surpresa, as

galinhas estavam protegidas da doença. Assim, ele mostrou que a idade enfraqueceu a

virulência do patogénio e que tal estirpe atenuada pode ser usada para proteger da doença. À

estirpe atenuada ele deu o nome de vacina, em honra ao trabalho de Jenner. Pasteur extendeu

as suas descobertas a outras doenças, demonstrando que era possivel atenuar, ou enfraquecer,

um patogénio e administrar a estirpe atenuada como uma vacina. Em 1885, Pasteur administrou

pela primeira vez a sua vacina num humano, um pequeno rapaz que tinha sido mordido

repetidamente por um cão com raiva. O rapaz Joseph Meister, foi inoculado com uma séria de

preparações de virus da raiva atenuadas e sobreviveu.

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No entanto, a vacinação com estirpes atenuadas apresenta desvantagens:

  Pessoas imunodeficientes são susceptiveis a ataque pela estirpe atenuada;

  Os microorganismos podem não permanecer atenuados.

Podemos ainda definir dois tipos de vacinas:

  Terapeuticas, que são usadas após a inoculação com o agente patogénico e que permitem lutar

contra este;

  Preventivas, que são usadas antes da inoculação e que previnem a resposta imune.

Imunidade Inata e Adaptativa

A defesa contra micróbios é mediada pelas primeiras reacções da imunidade inata e pelas respostas

mais tardias da imunidade adaptativa:

Estes dois tipos de imunidade diferem pelas suas caracteristicas e componentes:

Imunidade Inata Imunidade Adaptativa

Caracteristicas

Especificidade Para estruturas partilhadas por grupos de

microorganismos relacionados

Para antigénios dos microorganismos e para

antigénios não microbianos

Diversidade Limitada; codificada pela linhagem

germinativa

Elevada; receptores são produzidos por

recombinação somática de segmentos de genes

Memória Não Sim

Auto-tolerância Sim Sim

Componentes

Barreiras celulares e

químicas

Pele, epitélio mucoso; químicos

antimicrobianos

Linfócitos no epitélio; anticorpos secretados

nas superficies epiteliais

Proteínas sanguineas Sistema complemento, outras Anticorpos

Células Fagócitos (macrófagos, neutrófilos),

células naturalmente assassinas (NK cells)

Linfócitos, células dendriticas

A imunidade inata e a adaptativa constituem componentes de sistemas integrados de defesa do

hospedeiro nos quais numerosas células e moléculas funcionam cooperativamente:

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  Os mecanismos da imunidade inata fornecem uma defesa inicial potente contra as infecções;

  No entanto, vários micróbios patogénicos evoluiram de modo a resistir à imunidade inata, e a

sua eliminação requer os mecanismos mais poderosos da imunidade adaptativa;

 

A resposta imunitária inata aos micróbios também estimula a resposta adaptativa e influência a

sua natureza;

 

A imunidade inata é filogeneticamente o sistema de defesa do hospedeiro mais antigo.

Imunidade Inata

A Imunidade Inata, também chamada de imunidade nativa, fornece a primeira linha de defesa contra

os micróbios. Consiste nos mecanismos bioquímicos e celulares de defesa que estão em vigor mesmo

antes da infecção e estão bem posicionados para responder rapidamente à infecção:

  Estes mecanismos reagem apenas contra micróbios e produtos de células danificadas, e

respondem essencialmente do mesmo modo para repetidas infecções.

Os principais componentes da imunidade inata são:Tipo de Componente  Mecanismo

Barreiras anatómicas

Pele Barreira mecânica que retarda a entrada de micróbios;

Ambiente acidico (pH 3-5) retarda o crescimento de micróbios;

Membranas mucosas Flora normal compete como micróbios para locais de ligação e nutrientes;

Muco impede a entrada de microorganismos;

Cilios levam os microorganismos para fora do corpo

Barreiras fisiológicas

Temperatura Temperatura corporal normal inibe o crescimento de alguns patogénios;

Febre inibe o crescimento de alguns patogénios

Baixo pH Acidez do estômago mata a maior parte dos microorganismos ingeridos

Mediadores químicos Lisozimas quebram a parede celular;

Interferon induz um estado antiviral em células não infectadas;

Sistema complemento lisa microorganismos ou facilita a fagocitose;

Receptores toll-like reconhecem moleculas microbianas, sinal celular para a secreção de

citocinas imunostimulatórias;

Colectinas rompem a parede celular do patogénio

Barreiras

 fagociticas/endociticas

Várias células internalizam (endocitose) e quebram macromoléculas estranhas;

Células especializadas (monócitos, neutrófilos, macrofagos) internalizam (fagocitose),

matam e digerem microorganismos inteiros

Barreiras inflamatórias Dano tecidular e infecção induzem células fagocitárias para a área afectada

Os mecanismos da imunidade inata são especificos para estruturas que são comuns para grupos de

microorganismos relacionados e não distinguem diferenças ligeiras entre substâncias estranhas:

 

PAMPS  –  o sistema imunitário inato reconhece estruturas que são compartilhadas por várias

classes de micróbios e não estão presentes nas células do hospedeiro, as  pathogen associated

molecular patterns. Existem na superficie dos patogénios e avisam a entrada destes, podendo

ser reconhecidos por receptores;

  DAMPS  –  o sistema imunitário inato reconhece estruturas encontradas nas células do

hospedeiro em stress ou mortas, as danger associated molecular patterns. 

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Imunidade Adaptativa

Em contraste com a imunidade inata, a imunidade adaptativa é estimulada pela exposição a agentes

infecciosos e aumenta em magnitude e capacidades defensivas com cada exposição sucessiva a um

micróbio particular. Assim, esta forma de imunidade desenvolve-se como uma resposta à infeccção e

adapta-se à infecção:

  Têm grande especificidade para moléculas distintas e habilidade para relembrar e responder

mais vigorosamente a esposições repetidas ao mesmo micróbio;

  É capaz de reconhecer e reagir contra um grande numero de substâncias microbianas e não

microbianas;

  Tem uma extraordinária capacidade de distinguir entre diferentes micróbios e moléculas,

mesmo que intamamente relacionadas, o que a torna muito especifica;

Os principais componentes da imunidade adaptativa são linfócitos e seus produtos secretórios, como os

anticorpos. Substâncias estranhas que induzem respostas imunitárias especificas ou são os alvos de tais

respostas são designados antigénios.

Tipos de respostas imunitárias adaptativas

Existem dois tipos de respostas imunitárias adaptativas que são mediadas por diferentes componentes

do sistema imunitário e funcionam para eliminar diferentes tipos de micróbios:

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  Imunidade humoral  –  mediada por moléculas no sangue e nas secreções da mucosa,

designados anticorpos, que são produzidos por células designadas linfócitos B. Os anticorpos

reconhecem antigénios microbianos, neutralizam a infectividade dos micróbios e marcam

micróbios para eliminação por variados mecanismos efectores. Este é o principal mecanismo de

defesa contra micróbios extracelulares e as suas toxinas porque os anticorpos secretados

podem ligar-se a esses micróbios e toxinas e assistir a sua eliminação. Os anticorpos sãoespecializados: diferentes tipos de anticorpos promovem a fagocitose de micróbios por células

do hospedeiro e outros ligam-se e provocam a libertação de mediadores inflamatórios das

células;

  Imunidade mediada por células  – é mediada por linfócitos T . Microbios intracelulares, como os

virus e algumas bactérias, sobrevivem e proliferam dentro do fagócito e de outras células

hospedeiras, onde estão inacessiveis para os anticorpos circulantes. Defesa contra tais infecções

é função deste tipo de imunidade, que promove a destruição de micróbios que residem em

fagócitos ou a morte das células infectadas, para elimnar os reservatórios de infecção.

A imunidade protectora contra um micróbio pode ser induzida por resposta do hospedeiro ao micróbio

ou pela transferência de anticorpos ou linfócitos especificos para o micróbio:

 

Imunidade activa – forma de imunidade que é induzida pela exposição a um antigénio estranho.

Assim, o individuo imunizado tem um papel activo na resposta ao antigénio. Individuos e

linfócitos que não encontraram um antigénio particular são designados de naive, implicando

que sejam imunologicamente inactivos. Individuos que responderam a um antigénio microbiano

e estão protegidos de subsequentes exposições ao micróbios são designados de imunes;

  Imunidade passiva – forma de imunidade que é conferida a um individuo por transferência de

soro ou linfócitos de um individuo especificamente imunizado. O recebedor de tal transferência

torna-se imune a um antigénio particular sem nunca ser exposto ou ter respondido a esse

antigénio. É um método util para conferir imunidade rapidamente. Um exemplo é a

transferência de anticorpos maternais para o feto, que permite aos recém-nascidos combater

infecções antes de desenvolverem a habilidade de produzirem anticorpos.

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Principais Características da Resposta Imunitária Adaptativa

Ambas as respostas imunitárias mediadas por células ou humorais a antigénios estranhos têm um

numero de propriedades fundamentais que reflectem as propriedades dos linfócitos que medeiam

essas respostas:

  Especificidade e diversidade  – as respostas imunes são especificas para antigénios distintos e

para diferentes porções de um único complexo proteico, polissacarideo ou outras moléculas. As

partes de tais antigénios que são especificamente reconhecidas por linfócitos individuais são

desigandos epitopos. Esta fina especificidade existe porque linfócitos individuais expressam

receptores de membrana que são capazes de distinguir diferenças subtis na estrutura de

diferentes antigénios. Clones de linfócitos com diferentes especificidades estão presentes em

individuos não-imunizados e são capazes de reconhecer e responder a antigénios estranhos. O

numero total de especificidades de antigénios dos linfócitos de um individuo é extremamente

elevado. esta diversidade é o resultado da variabilidade em estruturas dos locais de ligação a

antigénios dos receptores nos linfócitos;

  Memória  – exposição do sistema imunitário a antigénios estranhos aumenta a sua habilidade

para responder de novo a esse antigénio. As respostas a exposições seguintes ao mesmo

antigénio são normalmente mais rápidas, maiores e qualitativamente diferente da primeira. A

memória imunológica ocorre parcialmente porque cada exposição ao antigénio expande a

clonagem de linfócitos para antigénios especificos. Em adição, estimulação de linfócitos naivepor antigénios gera células de memória de longa vida. Estas células de memória apresentam

caracteristicas especiais que as torna mais eficientes na resposta e eliminação do antigénio do

que os linfócitos naive. Os linfócitos B de memória produzem anticorpos que se ligam a

antigénios com maior afinidades que os anticorpos produzidos nas respostas imunitárias

primárias, e os linfócitos T de memória reagem muito mais rapida e vigorosamente ao antigénio

do que os linfócitos T naive;

 

Expansão clonal  –  os linfócitos sofrem proliferação considerável a seguir à exposição ao

antigénio. Este termo refere-se ao aumento do número de células que expressam receptores

idênticos para o antigénio. Este aumento no numero de células especificas para um antigénio

permite que a resposta imunitária adaptativa ocorra rapidamente;

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  Especialização  –  o sistema imunitário responde por vias distintas e especiais a diferentes

micróbios, maximizando a eficiência dos mecanismos de defesa antimicrobianos. Assim, a

imunidade humoral e a mediada por células são elicitadas por diferentes classes de micróbios

ou pelo mesmo micróbio em diferentes estágios da infecção (extracelular e intracelular), e cada

tipo de resposta imunitária protege o hospedeiro contra essa classe de micróbio. Mesmo dentro

das respostas humorais ou mediadas por células, a natureza dos anticorpos ou dos linfócitos Tque são gerados pode variar entre classes de micróbios;

  Contracção e homeostasia  –  todas as respostas imunes normais desvanescem com o tempo

após a estimulação pelo antigénio, sendo que o sistema imunitário retorna ao seu estado basal,

o que se designa de homeostasia. A contracção da resposta imune ocorre largamente porque

respostas que são provocadas por antigénios funcionam para eliminar os antigénios, sendo

assim a eliminação o estimulo essencial para a sobrevivência e activação dos linfócitos;

  Auto-tolerância  –  uma das propriedades mais importantes do sistema imunitário de todos os

individuos normais é a sua habilidade para reconhecer, responder, e eliminar antigénios

estranhos enquanto não reage com as substâncias antigénicas desse individuo. A ausência de

resposta imunológica é chamado de tolerância. A tolerância a antigénios do próprio, ou auto-

tolerância, é mantida por vários mecanismos, que incluem a eliminação de linfócitos que

expressam receptores especifico para alguns antigénios do próprio e permitindo que linfócitos

encontrem outros antigénios do próprio de modo a que leve à inactivação funcional ou à morte

de linfócitos auto-reactivos. Anormalidades nestes sistemas levam a respostas auto-imunes.

Estas caracteristicas da imunidade adaptativa são necessários caso o sistema imunitário esteja a

desempenhar as suas funções normais de defesa do hospedeiro:

Componentes Celulares do Sistema Imunitário Adaptativo

As principais células do sistema imunitário são os linfócitos, as células apresentadoras de antigénios e as

células efectoras.

Os linfócitos são as células que reconhecem e respondem especificamente a antigénios estranhos e são,

assim, mediadores da imunidade humoral e mediada por células. Existem distintas subpopulações de

linfócitos que diferem na sua função:

  Linfócitos B  –  são as únicas células capazes de produzir anticorpos. Reconhecem antigénios

extracelulares (incluindo da superficie celular) e diferenciam-se entre plasmócitos que secretam

anticorpos, funcionando como mediadores da imunidade humoral;

Caracteristica Significado Funcional

Especificidade Assegura que antigénios distinctos provoquem respostas especificas

Diversidade Permite que o sistema imunitário responda a uma garnde variedade de antigénios

Memória Leva ao aumento da resposta a exposições repetidas ao mesmo antigénio

Expansão clonal Aumenta o numero de linfócitos especificos para um antigénio

Especialização Gera respostas que são óptimas para a defesa contra diferentes tipos de micróbios

Contracção e homeostasia Permite que o sistema imunitário responda e novos antigénios

 Auto-tolerância Previne o dano do hospedeiro durante a resposta a antigénios estranhos

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  Linfócitos T  –  as células da imunidade mediada por células. Reconhecem antigénios de

micróbios intracelulares e destroem esses micróbios ou as células infectadas. Os linfócitos T não

produzem anticorpos. Os seus receptores de antigénios são moléculas de membrana distintas

mas estruturalmente relacionadas com anticorpos. Estas células apresentam uma especificidade

restrita para os antigénios, reconhecem apenas antigénios péptidicos ligados a proteinas do

hospedeiro codificadas por genes do complexo principal de histocompatibilidade (MHC) e quesão expressas na superficie de outras células. Como resultado, estas células T reconhecem e

respondem a células associadas pela superficie mas não a antigénios soluveis;

  Células naturalmente assassinas (NK)  - envolvidas na imunidade inata contra virus e outros

micróbios intracelulares.

Os linfócitos T consistem em populações funcionalmente distintas de células:

  Linfócitos T helper (TH  cells)  –  em resposta a estimulação antigénica, secretam proteinas

denominadas citocinas, cujas funções são estimular a proliferação e diferenciação de linfócitos T

e activar outras células, incluindo linfócitos B, macrófagos e outros leucócitos. Apresentam à sua

superficie CD4;

  Linfócitos T citotóxicos (TC  cell)  –  matam células que produzem antigénios estranhos, como

células infectadas por virus e outros micróbios intracelulares. Apresentam à sua superficie CD8;

  Linfócitos T reguladores  –  alguns linfócitos T e funcionam principalmente de modo a inibir a

resposta imunitária.

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Diferentes classes de linfócitos podem ser distinguidas pela expressão de proteinas de superficie que

são chamadas “moléculas CD” e numeradas:

A iniciação e desenvolvimento da resposta imunitária adaptativa requer que os antigénios sejam

capturados e disponibilizados a linfócitos especificos. As células que têm este papel são as células

apresentadoras de antigénio (APCs):

 

Células dendriticas  –  as células apresentadoras de antigénios mais especializadas e capturamantigénio microbianos que entram apartir do ambiente externo, os transportam para os orgãos

linfoides e apresentam os antigénios ao linfócitos T naive para iniciar respostas imunitárias;

 

Outros tipos de células  funcionam como ACPs em diferentes estágios das respostas imunes

humoral ou mediada por células.

A activação dos linfócitos pelo antigénio leva à geração de numerosos mecanismos que funcionam para

eliminar o antigénio. Esta eliminação normalmente requer a participação de células que são designadas

de células efectoras porque elas ela medeiam o efeito final da resposta imunitária, que é eliminar o

micróbio:

  Linfócitos T activados, fagocitos mononucleares e outros leucócitos   funcionam como células

efectoras em diferentes respostas imunitárias.

Os linfócitos e as APCs estão concentradas em orgãos linfáticos anatomicamente discretos, onde

interagem com um outro para iniciar respostas imunitárias. Os linfócitos estão também presentes no

sangue, e daqui podem recircular para tecidos linfáticos e para locais periféricos onde houve exposição

ao antigénio para o eliminar.

Disfunção Imunitária e suas Consequências

Embora a resposta imunitária inata e adaptativa tenham mecanismos de acção diferentes, o sinergismoentre elas é essencial para uma resposta imune eficaz. No entanto, é importante regular as vias de

resposta imune:

  Evitar a activação excessiva de linfócitos e o dano de tecidos durante o desenvolvimento de uma

resposta protectora normal contra os micróbios;

  Prevenir reacções inapropriadas contra auto-antigénios.

Por vezes, o sistema imunitário falha na protecção adequada do hospedeiro ou então desvia as suas

actividades causando desconforto, doença debilitante ou mesmo morte. Existem várias manifestações

comuns de disfunção imune: 

  Alergia e asma;

  Rejeição de tecidos transplantados ou do próprio hospedeiro;

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  Doença auto-imune;

  Imunodeficiência.

 Alergia e asma

A alergia e a asma resultam de respostas imunitárias inapropriadas, normalmente a antigénios comuns

como o pólen, alimento ou pêlos de animais.

Reacções alérgicas  constituem respostas baseadas principalmente na

classe de imunoglobulinas IgE. A exposição do antigénio (ou alergénio)

provoca uma estimulação pela IgE da libertação imediata de moléculas

que causam sintomas que vão desde espirros e dermatites a inflamação

dos pulmões num ataque asmático:

  Quando o anticorpo produzido após o contacto com o alergénio é

do tipo IgE, esta classe de anticorpo reage via a sua região

constante com mastócitos;  A reacção subsequente do local de ligação do anticorpo com o

alergénio provoca a secreção de moléculas que causam sintomas

alergénicos pelos mastócitos a que a IgE está ligada.

O desconforto de alergias comuns, como a pólen de plantas, consiste

numa ou duas semanas de espirros e coriza (inflamação da mucosa nasal,

acompanhada de secreção e obstrução nasal), que parece trivial quando

comparado com problemas como câncro, paragem cardíaca ou infecções

de tratamento continuo.

A asma constitui uma resposta alérgica mais séria, uma doença crónicados pulmões na qual a inflamação, mediada por antigénios ambientais ou

infecções, causa dificuldade severa na respiração.

Resposta a transplantes

Quando o sistema imunitário encontra células ou tecidos estranhos, ele responde fortemente para

proteger o hospedeiro de invasores. No entanto, em alguns casos, a transplantação de células ou de um

órgão de outro individuo, apesar de ser visto pelo sistema imunitário como uma invasão, poderá ser o

único tratamento possivel para uma doença:

 

Como o sistema imunitário irá atacar e rejeitar qualquer orgão transplantado que não

reconhece como próprio, é uma barreira a este potencial tratamento vital;

 

Um risco adicional ao transplante está no facto de que qualquer células transplantada com

actividade imunológica irá reconhecer o hospedeiro como estranho e reagir contra este, o que

pode ser uma resposta fatal.

Estas reacções de rejeição podem ser suprimidas por drogas, mas este tipo de tratamento suprime toda

a função imunitária, pelo que o hospedeiro deixa de estar protegido pelo seu sistema imunitário e

torna-se susceptivel a doenças infecciosas.

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Doença auto-imune

Em certos individuos, o sistema imunitário funciona de modo errado por perda da sua auto-tolerância, o

que permite um ataque imunitário contra o hospediro. Esta condição, auto-imunidade,  pode levar a

várias doenças crónicas debilitantes e os sintomas diferem dependendo dos tecidos e orgãos que estão

a ser sujeitos a ataque:

  Esclerose múltipla – devido a ataque auto-imune do cérebro e do sistema nervoso central;

  Doença de Crohn – devido a ataque dos tecidos do intestino;

  Artrite reumatóide – devido a ataque nas articulações dos braços e pernas.

Estas respostas podem ser provocadas e sustentadas por factores genéticos e ambientais.

Imunodeficiência

Se qualquer um dos componentes da imunidade inata ou adaptativa estiver deficiente devido a

anormalidades genéticas, ou se qualquer função imunitária é perdida devido a dano por agentes

quimicos, fisicos ou biológicos, ocorre imunodeficiência. Nestes casos, diz-se que o hospedeiro sofre deimunodeficiência e a sua severidade depende do numero de componentes afectados:

 

Imunodeficiência selectiva – quando apenas um tipo de imunoglobulina, IgA, está em falta;

 

Imunodeficiência combinada severa (SCID)  – afecta tanto os linfócitos T e B e, se não tratada,

resulta em morte por infecção na idade jovem. Normalmente, são os doentes que têm de viver

dentro de “bolhas” para sobreviver; 

  Sindrome da imunodeficiência adequirida (SIDA)  – é a forma mais comum de imunodeficiência

e resulta da infecção com o retrovirus da imunodeficiência humana (HIV). Aqui os linfócitos T

são infectados e e destruidos pelo HIV, causando o colapso do sistema imunitário.

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I M U N I D A D E I N A T A

Imunidade Inata

A imunidade inata constitui a primeira linha de defesa contra infecções. Os mecanismos da imunidade

inata existentes antes do encontro com microorganismos são rapidamente activados pelos

microorganismos antes do desenvolvimento das respostas imunes adaptativas:

  A imunidade inata é, filogeneticamente, o mecanismos de defesa contra microorganismos mais

antigo e co-evolui com os microorganismos para proteger todos os organismos multicelulares,

incluindo plantas e insectos.

A imunidade inata tem duas importantes funções:

 

Resposta inicial ao microorganismos  – previne, controla ou elimina infecções do hospedeiro. A

inibição ou eliminação qualquer um dos mecanismos da imunidade inata aumentamarcadamente a susceptibilidade a infecções, mesmo quando o sistema inume adaptativo está

intacto e funcional. Muitos microorganismos patogénicos evoluiram estratégias para resistir à

imunidade inata e essas estratégias são cruciais para a sua virulência. Na infecção por tais

microorganismos, as defesas da imunidade inata devem manter a infecção controlada até que

as respostas imunes adaptativas sejam activadas. As respostas imunes adaptativas, sendo mais

potentes e especializadas, são capazes de eliminar microorganismos que resistem aos

mecanismos de defesa inatos;

  Estimula as respostas imunes adaptativas e influencia a sua natureza  –  assim, optimiza as

respostas imunes adaptativas contra diferentes tipos de microorganismos. A imunidade inatanão serve só como um mecanismo de defesa antes da infecção, mas também fornece o “aviso”

de que uma infecção está presente contra a qual uma resposta imune adaptativa será

subsequentemente montada. Ainda, diferentes componentes da resposta imune inata

normalmente reagem de modos distintos a diferentes microorganismos e, portanto, influencia o

tipo de resposta adaptativa que se desenvolve.

Alguns componentes da imunidade inata funcionam continuadamente, a todo o momento, mesmo

antes da infecção. Estes componentes incluem barreiras à entrada microbiana fornecidas pelas

superficies epiteliais, como a pele e os epitelios dos tractos gastrointestinal e respiratório. Outros

componentes são normalmente inactivos mas estão prontos a responder rapidamente na presença demicroorganismos, como os fagocitos e o sistema complemento.

Caracteristicas do Reconhecimento Imune Inato

A especificidade do sistema imunitário inato para produtos microbianos difere da especificidade do

sistema imune adaptativo em vários aspectos:

1. 

Os componentes da imunidade inata reconhecem estruturas que são carateristicas de

patogénios microbianos que não estão presentes nas células do hospedeiro  – o sistema imune

inato reconhece apenas um numero limitado de produtos microbianos, enquanto o sistema

imune adaptativo é capaz de reconhecer uma gama mais ampla de substâncias estranhas

mesmo que sejam ou não produtos microbianos:

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  As substâncias microbianas que estimulam a imunidade inata são desiganados  padrões

moleculares associados a patogénios  (PAMPs), e os receptores que ligam essas

estruturas conservadas são designados receptores de reconhecimento de padrões;

  Diferentes classes de microorganismos expressam diferentes PAMPs. Essas estruturas

incluem ácidos nucleicos que são únicos dos microorganismos (RNA de cadeia dupla

encontrado em virus), caracteristicas de proteinas encontradas em microorganismos(iniciação por N-formilmetionina, tipico de proteinas bacterianas) e lipidos e

carboidratos complexos que são sintetizados por microorganismos e não pelas células

do hospedeiro (lipopolissacarideos em bactérias gram-positivo e oligossacarideos ricos

em manose encontrados nos microorganismos e não nos mamiferos);

 

Devido a esta especificidade por esturutras microbianas, o sistema imune inato é capaz

de distinguir células do hospedeiro de células estranhas não pertencentes ao

hospedeiro.

2. 

O sistema inume inato reconhece produtos microbianos que são normalmente essenciais para

a sobrevivência dos microorganismos - esta adaptação do hospedeiro é importante porque

assegura que os alvos da imunidade inata não possam ser descartados pelos microorganimos

num esforço para escapar ao reconhecimento pelo hospedeiro. Em contraste, os

microorganismos podem mutar ou perder alguns dos antigénios que são reconhecidos pelo

sistema imune adaptativo, permitindo assim que os microorganismos escapem à defesa pelo

hospedeiro sem compremeterem a sua sobrevivência;

3. 

As moleculas de reconhecimento de padrões da imunidade inata incluem receptores de

reconhecimento de padrões expressos na superficie ou no interior da célula, e proteinas

soluveis no sangue e no fluido extracelular – os receptores associados à célula podem ter duasfunções principais, traduzindo sinais que activam funções antimicrobianas e pro-inflamatorias

na célula em que são expressos e podem facilitar o uptake de microorganimos pela célula.

Receptores soluveis são responsáveis por facilitar a eliminação de microorganismos do sangue,

estimulando o seu uptake pelas células ou activando mecanismos extracelulares de morte dos

microorganismos;

4.  Os receptores de reconhecimento de padrões do sistema imune inato são codificados no DNA

de germline  –  em contraste, linfócitos T e B, os principais componentes da imunidade inata,

mudam o rearranjo de genes somático para gerar os seus receptores de antigénios. Como

apenas poucos receptores podem ser codificados na germline, o sistema imune inato apresentaum reportório limitado de especificidades. Ainda, enquanto o sistema imune adaptativo

consegue distinguir entre antigénio de um microorganismo, a imunidade inata consegue

destinguir apenas classes de microorganismos;

5. 

O sistema imune inato também consegue reconhecer células do hospedeiro danificadas ou

sob stress  –  células stressadas ou danificadas normalmente expressam moléculas não

encontradas em abundância em células saudáveis, sendo assim facilmente reconhecidas pelo

sistema imune inato. Células que são directamente infectadas ou que estão na vizinhança de

outras células infectadas podem aumentar a expressão de moléculas deste tipo. Deste modo, a

imunidade inata pode contribui para a eliminação de células que albergam microorganismos,

mesmo se produtos microbianos não forem expostos na superificie da célula.

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Receptores de

Reconhecimento de PadrõesLocalização Exemplos Especificos e os seus Ligandos PAMP

Receptores toll-like Membrana plasmática e membranas

endossomais de células dendriticas,

fagocitos, endoteliais e muitos outros

tipos de células

TLRs 1-9: várias moléculas virais e microbianas

Lectinas tipo C Membrana plasmática dos fagócitos Receptor de manose: carboidratos na superficie

microbiana com terminais de manose e frutose;

Dectina: glicanos presentes nas paredes celulares

dos fungos

Receptores scavenger Membrana plasmática dos fagócitos CD36: diacilglicerideos microbianos

NLRs Citoplasma dos fagócitos e de outras

células

Nod1, Nod2 e NALP3: peptidoglicanos microbianos

Receptores N-formil Met-Leu-

Phe

Mambrana plamsática dos fagócitos FPR e FRKL1: peptidos contendo residuos N-

formilmetionil

Moleculas de

Reconhecimento SoluveisLocalização Exemplos Especificos e os seus Ligandos PAMP

Pentraxinas Plasma Proteinasreactivas C (CRP): fosforilcolina e

fosfatidiletanolamina microbianas

Colectinas Plasma;

Alvéolos

Lectina de ligação à manose (MBL): carboidratos

com terminação em manose e frutose;

Proteinas surfactantes SP-A e SP-D: várias estrutras

microbianas

Ficolinas Plasma Ficolina: componentes N-acetilglucosamina e ácidolipoteicoico das paredes celulares das bactérias

gram-positivo

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Receptores de Reconhecimento de Padrões

Uma grande variedade de tipos de células  expressa receptores de reconhecimento de padrões e,

portanto, participam na resposta imune inata. Mesmo assim, outras células também os expressam,

mesmo não pertencendo à resposta imune inata. As células que os expressam são:

 

Neutrófilos;  Macrofagos;

  Célula dendriticas;

 

Células endoteliais;

  Células epiteliais;

  Linfócitos;

  Etc… 

Estes receptores de reconhecimento de padrões associados a

células estão presentes na superficie da célula, em vesiculas

endossomais e no citoplasma prontos a reconhecermicroorganismos em qualquer uma dessas localizações:

  Receptores de reconhecimento de padrões estão ligados a

vias de trasdução do sinal intracelulares que activam várias

respostas celulares, incluindo a produção de moléculas que

promovem a inflamação e a defesa contra o

microorganismo.

Receptores toll-like (TLRs)

Os TLRs  são uma familia evolucionalmente conservada de receptors de reconhecimento de padrões

expressa em vários tipos de células que exercem papeis essenciais nas respostas imunes inatas aos

microorganismos:

  Toll foi originalmente identificada como um gene de Drosophila envolvido no estabelecimento

do eixo dorso-ventral durante a embriogénese da mosca, mas subsequentemente foi também

descoberto que as proteinas Toll também medeiam respostas antimicrobianas;

  Existem onze TLRs humanos diferentes, desigandos de TLR1 a 11;

  Todos estes receptores contêm um dominio homólogo a receptor Toll/IL-1 (TIR) na sua região

citoplasmática, que é essencial na sinalização.

Os principais tipos de células que expressam TLRs incluem:

  Macrófagos;

 

Células dendriticas;

 

Neutrófilos;

 

Células epiteliais da mucosa;

  Células endoteliais.

Os TLRs dos mamiferos estão envolvidos na resposta a vários tipos divergentes de moléculas que são

normalmente expressas por células microbianas mas não dos mamíferos:

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  TLRs são encontradas na superficie celular e nas membranas intracelulares, e são assim capazes

de reconhecer microorganismos em diferentes localizações celulares;

  Alguns dos produtos microbianos que estimulam a sinalização via TLR incluem LPS bacterianos

gram-negativo, peptidoglicanos bacterianos gram-positivo, lipoproteinas bacterianas, ácido

lipoteicoico, lipoarabinomannan, zymosan, a proteina microbiana flagelar fladelina, proteina de

fusão do virus respiratório syncytial, motivos CpG não metilados, RNA de cadeia dupla, RNA de

cadeia simples;

  TLRs 3, 7, 8 e 9 são maioritariamentente expressos dentro das células no reticulo

endoplasmático (ER) e nas membranas endossomais, onde detectam ácidos nucleicos

microbianos.

Apesar dos ligandos ácidos nucleicos reconhecidos pelos TLRs não serem todos produzidos unicamente

por microorganismos, os ácidos nucleicos produzidos pelas células dos hospedeiros não se encontram

normalmente nos endossomas, ou seja, os TLRs 3, 7, 8 e 9 destinguem substâncias próprias de

estranhas baseado na localização celular dos ligandos a que se ligam.

Várias vias de sinalização ligam o reconhecimento por TLR de ligandos microbianos com a activação de

factors de transcrição, resultando na expressão de genes importantes para a resposta imune inata:

 

Essas vias de sinalização são iniciadas pela ligação do ligando ao TLR na superficie da célula, ouno reticulo endoplasmático ou nos endossomas, levando à dimerização das proteinas do TLR;

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  A dimerização do TLR é acompanhada pelo recrutamento de proteinas adaptadoras contendo

um dominio TIR, que facilitam o recrutamento e a activação de várias proteinas cinases, levando

à activação de diferentes factores de transcrição.

Os principais factores de transcrição que são activados pelas vias de sinalização dos TLRs são:

  Factor nuclear KB(NF-KB) e/ou AP-I  –  estimulam a expressão de genes que codificam várias

moléculas da resposta imune inata, incluindo citocinas inflamatórias (p. e. TNF e IL-1),

quimiocinas (p. e. CCL2) e moléculas de adesão endotelial (p. e. E-selectina);

  IRF-3 e IRF-7  –  promovem a expressão de genes do interferão, importante para a resposta

imune inata aos virus.

O uso de diferentes proteinas adaptadoras por diferentes TLRs fornece alguma variabilidade no tipo de

resposta celular que é estimulada por produtos microbianos distintos.

Componentes do Sistema Imune Inato

O sistema imune inato consiste em:

 

Barreiras epiteliais;  Células dos tecidos e circulantes;

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  Proteinas plasmáticas.

As principais células efectoras do sistema imune inato são:

  Neutrófilos;

  Fagócitos mononucleares;

 

Células naturalmente assassinas (NK).

Estas células atacam microorganismos que ultrapassaram as barreiras epiteliais e entraram nos tecidos

ou na circulação. Cada um destes tipos de células tem um papel importante na resposta aos

microorganismos. Algumas das células da imunidade inata, principalmente macrófagos e células

naturalmente assassinas, secretam citocinas que activam fagócitos e estimulam a reacção celular da

respsota imune, designada inflamação:

  A inflamação consiste no recrutamento de leucócitos e extravasão de várias proteinas

plasmáticas para o local de infeccção, e activação dos leucócitos e de proteinas para a

eliminação do agente infeccioso;   A inflamação também é capaz de danificar tecidos normais. 

Se os microorganismos entrarem na circulação, são combatidos por várias proteinas plasmáticas. As

principais proteinas plasmáticas da imunidade inata são:

  Proteinas do sistema complemento;

  Outras proteinas plasmáticas que reconhecem estruturas microbianas, como a lectina que liga

manose.

Barreiras Epiteliais

As superficies epiteliais  intactas formam barreiras intactas entre

os microorganismos no ambiente externo e os tecidos do

hospedeiro.

  As três principais interfaces entre o ambiente e o

hospedeiro são a pele e as superificies mucosas dos

tractos gastrointestinal e respiratório;

  Todas as três estão protegidas pelo epitélio continuo que

previnem a entrada de micoorganismos, e a perda da sua

integridade comummente leva a infecção.O epitélio, tal como os leucócitos, produz péptidos que apresentam propriedades anti-microbianas.

Existem duas familias estruturalmente distintas de peptidos anti-microbianos:

1. 

Defensinas  –  pequenos péptidos catiónicos, com cerca de 29 a 34 aminoácidos de

comprimento, que contêm três ligações dissulfito intracadeia. Três familias de defensinas,

designadas α, β e φ, são distinguidas pela localização dessa ligações. As defensinas são

produzidas pelas células epiteliais das superficies mucosas e pelos leucócitos granulócitos,

incluindo neutrófilos, células NK e linfócitos T citotóxicos. O conjunto das moléculas de

defensinas produzidas difere entre diferentes tipos de células. As principais produtoras de

defensinas são as células de Paneth nas criptas do intestino grosso. As defensinas destas célulasservem para limitar a quantidade de microorganismos no lumen. As defensinas são também

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produzidas noutros locais no intestino, nas células da mucosa respiratória e na pele. Algumas

defensinas são constitutivamente produzidas por alguns tipos de células, mas a sua secreção é

aumentada por citocinas ou produtos microbianos. As acções protectoras  das defensinas

incluem:

  Toxicidade directa aos microorganismos, incluindo bactérias e fungos;

 

Activação de células envolvidas na resposta inflamatória aos microorganismos.

2. 

Catelicidinas  – são expressas pelos neutrófilos e por várias barreiras epiteliais,incluindo a pele,

as células mucosas gastrointestinais e respiratórias. Uma proteina precursora da catelicidina de

18 kD é transcrita e proteoliticamente clivada em dois péptidos, cada um com funções

protectoras. Tanto a sintese do percursor como a clivagem proteolitica são estimuladas pelas

citocinas inflamatórias e por produtos microbianos. O fragmento N-terminal tem actividade

antimicrobianas. E o C-terminal apresenta multiplas funções que servem para protecção contra

a infecção, que incluem:

  Toxicidade directa a uma gama larga de microorganismos;

 

Activação de várias respostas nos leucócitos e noutros tipos de células que promovem a

erradicação de microorganismos;

  Apresenta um dominio (LL-37) que se liga e neutraliza LPS, que é um componente tóxico

da parede celular externa das bactérias gram-negativo.

As barreiras epiteliais e as cavidades serosas contêm certos tipos de linfócitos, incluindo linfócitos T e B-

1 (um subgrupo de células B) intra-epiteliais, que reconhecem e respondem a microorganismos que

encontram nesses locais. Uma terceira população de células presente nos epitélios e nas cavidades

serosas são os mastócitos, que respondem directamente a produtos microbianos secretando citocinas e

mediadores lipidos que promovem a inflamação.

Fagócitos e Resposta Inflamatória

As células efectoras mais numerosas do sistema immune inato são células derivadas da medula óssea 

que circulam no sangue e migram para os tecidos. Estas incluem:

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  Células da linhagem mielóide  –  incluindo os neutrófilos, fagócitos mononucleares e células

dendriticas;

 

Células da linhagem linfoide  –  incluindo as células naturalmente assassinas, as células

dendriticas e os linfócitos T e B.

Os fagócitos, incluindo os neutrófilos e os macrófagos, são células cuja a função primária consiste na

identificação, ingestão e destruição dos microorganismos. As suas respostas funcionais na defesa do

hospedeiro consiste numa sequência de passos:

  Recrutamento activo de células para o local de infecção;

  Reconhecimento de microorganismos;

  Ingestão de microorganismos pelo processo de fagocitose;

 

Destruição dos microorganismos ingeridos;

  Produzem citocinas, que apresentam várias funções nas respostas imunes inata e adaptativa e

na reparação de tecidos.

Estas funções efectoras dos fagócitos são importantes não apenas na imunidade inata, mas também nasfases efectoras das respostas imunes adaptativas:

  Na imunidade mediada por células T, os linfócitos T estimulados por antigénios conseguem

activar macrófagos para que estes se tornem mais eficientes na fagocitose;

  Na imunidade humoral, o revestimento por anticorpos, ou opsonização, dos micróbios promove

a fagocitose destes pelos macrófagos, pois estes ultimos apresentam receptores de superficie

para os anticorpos.

Granulócitos

Os granulócitos  são classificados em neutrófilos, eosinófilos ou

basófilos com base na morfologia celular e nas caracteristicas da

coloração citoplasmática:

  Os neutrófilos apresentam um núcleo multilobado e um

citoplasma granulado que colora tanto com colorações

acidicas como básicas;

 

Os eosinófilos  apresentam um núcleo bilobado e um

citoplasma granulado que colora com a eosina

(vermelho), uma coloração acidica;

  Os basófilos, apresentam um núcleo lobado e um

citoplasma ricamente granulado que colora de azul

devido à coloração básica azul de metileno.

Tanto os neutrófilos como os eosinófilos são fagócitos, enquanto

os basófilos não o são.

Os neutrófilos, que constituem 50%-70% dos leucócitos

circulantes, são muito mais numerosas que os eosinófilos (1%-

3%) ou os basófilos (-1%).

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Os neutrófilos, também designados leucócitos polinucleares, são a população de leucócitos circulantes

mais abundante e medeiam as primeiras fases das respostas inflamatórias:

  Circulam como células esféricas com cerca de 12 a 15/lm de diâmetro com numerosas projecção

da membrana;

  O seu núcleo é segmentado em três a cinco lóbulos ligado, daí a designação de leucócito

 polimorfonuclear. 

O citoplasma dos neutrófilos apresenta grânulos de dois tipos:

1. 

Grânulos especificos  – cheios de enzimas, como lisozimas, colagenase e elastase. Não coloram

fortemente tanto como colorações acidicas ou básicas (eosina e hematoxilina,

respectivamente), que distingue os grânulos dos neutrófilos dos dos eosinófilos e basófilos,

respectivamente;

2. 

Grânulos azurófilos  –  lisossomas que contêm enzimas e outras substâncias microbicidas,

incluindo defensinas e catelicidinas.

Os neutrófilos são produzidos na medula óssea e surgem de uma linhagem comum com os fagócitosmononucleares, a linhagem mielóide:

  A produção de neutrófilos é estimulada pelo granulocyte colony-stimulating factor (G-CSF);

  Um humano adulto produz mais de 1 x 1011 neutrófilos por dia, sendo que cada um circula no

sangue por apenas cerca de 6 horas.

Os neutrófilos migram para os locais de infecção poucas horas depois da entrada dos microorganismos.

Mas se um neutrófilo não for recrutado para o local de infecção nesse periodo, ele sofre apoptose e é

normalmente fagocitado por macrófagos residentes no fígado ou no baço. Mesmo depois de entrarem

nos tecidos, os neutrófilos funcionam durante poucas horas e depois morrem.

Os eosinófilos, como os neutrófilos, são células fagociticas móveis que podem migrar do sangue para os

espaços entre os tecidos. O seu papel fagocitico é menos importante que o dos neutrófilos, e parecem

apresentar papel importante na defesa contra organismos parasitas:

  A secreção dos conteudos dos grânulos eosinófilos danificam a membrana do parasita.

Os basófilos  são granulócitos não fagocitários que funcionam pela libertação de substâncias

farmacologivamente activas dos seus granulos citoplasmáticos:

 

Estas substâncias têm papel importante em certas respostas alérgicas.

Neutrófilo  Eosinófilo  Basófilo 

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Fagócitos Mononucleares

O sistema dos  fagócitos mononucleares  consiste em células que apresentam uma linhagem comum

com a dos granulócitos, linhagem mielóide, e a sua função primária é a fagocitose, apresentando um

papel importante na imunidade inata e adaptativa.

As células do sitema fagocitário mononuclear originam-se na medula óssea, circulam no sangue ematuram-se, tornando-se activas em vários tecidos:

 

Monócito  –  é o primeiro tipo de célula que entra no sangue periférico depois de deixar a

medula, estando diferenciada de modo incompleto. Apresenta 10 a 15/lm de diâmetro e

apresenta um núcleo em forma de ferredura e um citoplasma fracamente granular contendo

lisossomas, vacuolos fagociticos e filamentos do citoesqueleto;

  Macrófago  –  monócito maduro que se forma quando este entra nos tecidos. Os macrófagos

podem assumir diferentes formas morfológicas depois da activação por vários estimulos

externos, como os microorganismos. Alguns desenvolvem um citoplasma abundante e são

designados células epitelioides devido à sua semelhança com as células epiteliais da pele.Macrófagos activados podem fundir-se formando células gigantes multinucleadas.

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A diferenciação  dos monócitos em macrófagos tecidulares ocorre cerca de 8h após a libertação dos

monócitos na circulação quando estes entram nos tecidos e envolve um número de alterações:

  A célula de tamanho 5 a 10 vezes;

  Os organelos intracelulares aumentam em número e complexidade;

  Aumenta a habilidade fagocitica, produzindo maiores niveis de enzimas hidroliticas e secretando

uma varieade de factores soluveis.

Os macrófagos estão dispersos por todo o corpo. Alguns tomam residência num tecido particular,

desigando-se macrófagos residentes, enquanto outros se mantêm moveis e são designados de

macrófagos livres e viajam através dos tecidos por movimentos amebóide.

Células do tipo macrófago apresentam diferentes funções me diferentes tecidos e são designadas de

acordo com o tecido onde se localizam:

  Macrófagos alveolares no pulmão;

 

Histiócitos nos tecidos conjuntivos;  Células de Kupffer  no fígado;

  Células mesangiais no rim;

  Células da microglia no cérebro;

 

Osteoclastos no osso.

Apesar de normalmente se encontrarem num estado de repouso, os macrófagos são activados por uma

variedade de estimulos activadores no decurso da resposta imune:

  A fagocitose de um antigénio particular funciona como o estimulo activante inicial;

  A actividade do macrófago pode também ser ainda aumentada por citocinas secretadas por

linfócitos TH activados, por mediadores da resposta inflamatória e por componentes da parede

bacteriana;

  Um dos activadores de macrófagos mais potentes é o interferão gama (IFN-γ) secretado pelos

linfócito TH activados.

Os macrófagos activados são mais eficientes que os que se encontram em repouso na eliminação de

potenciais patogénios, o que se deve ao facto de exibirem:

  Maior actividade fagocitica;

  Maior habilidade para matar microorganismos ingeridos;

 

Maior secreção de mediadores inflamatórios;  Maior habilidade para activar linfócitos T;

  Secretam várias proteinas citotóxicas que ajudam a eliminar uma gama alargada de patogénios,

incluindo células infectadas com virús, células de tumores e bactérias intracelulares;

 

Expressam elevados niveis de moléculas do MHC classe II, permitindo que funcionem mais

efectivamente como células apresentadoras de antigénios;

  Macrófagos e linfócitos TH  facilitam mutuamente a activação de ambos durante a resposta

imune.

Devido ao facto de normalmente serem residentes num tecido, os macrófagos são as células do sistema

imunitário com maior tempo de vida, mantendo-se normalmente inactivos, enquanto os neutrófilos

vivem cerca de 6 horas e estão prontos a actuar.

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Células Dendriticas

As células dendriticas apresentam um papel importante nas respostas inatas a infecções e na ligação

entre as respostas imunes inata e adaptativa:

  Apresentam longas projecções membranares e capacidade fagociticas, e são amplamente

distribuidas pelos tecidos linfóides, epitélio mucoso e parenquima dos orgãos;  São derivadas de precursores da medula óssea e as mais relacionadas em linhagem com os

fagócitos mononucleares;

  Expressam receptores de reconhecimento de padrões e respondem aos microorganismos pela

secreção de citocinas.

Existem vários tipos de células dendriticas, apesar da maior

parte das células dendriticas maduras apresentarem a mesma

função principal, a apresentação de antigénios aos linfócitos TH.

são conhecidos quatro tipos de células dendrtiticas:

  Células de Langerhans;

  Células dendriticas intersticiais;

 

Células dendriticas mielóides;

 

Células dendriticas linfóides.

Cada um dos tipos de células dendriticas origina-se de células

estaminais hematopoiéticas por diferentes vias e em diferentes

localizações, podendo descender tanto da linhagem mielóide

como linfóide.

Apesar das sua diferenças, todas elas constitutivamente expressam elevados niveis de moléculas do

MHC classe II e membros da familia co-estimulante B7. Assim, são células apresentadoras de antigénios 

mais potentes que os macrófagos e as células B, pois estes ultimos precisam de ser activados antes de

funcionarem deste modo:

  Formas imaturas de cada um destes tipos de células dendriticas adquirem antigénior por

fagocitose ou endocitose;

 

O antigénio é processado e as células dendrtiticas maduras apresentam-no a linfócitos TH;

  Após a invasão microbiana ou durante a inflamação, formas maduras ou imaturas de células de

Langerhans e celulas dendriticas intersticiais migram para nodos linfáticos de drenagem onde

apresentam os antigénios a células TH, processo essencial para a iniciação da resposta por estas

células chave.

Outro tipo de células dendrtiticas, as células dendriticas foliculares, não se originam nas medula óssea

e apresentam uma função diferente das células dendriticas com origem na mdeula:

  Não expressam coléculas de MHC classe II, não funcionando como células apresentadoras de

antigénios para a activação das células TH;

 

Localizadas exclusivamente em estruturas organizadas dos nodos linfáticos designados foliculos

linfáticos, que são ricos em células B;

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  Expressam altos niveis de receptores de membranas para anticorpos, o que permite a ligação de

complexos anticorpo-antigénio, assim, a interacção de células B com este antigénio ligado pode

ter efeitos importantes na resposta dos linfócitos B.

Recrutamento de Leucócitos para o Local de Infecção

Os neutrófilos e os monócitos são recrutados do sangue para os tecidos pela ligação a moléculas deadesão nas células endoteliais e por quimiotaxia em resposta a quimio-atraidores produzidos em

resposta à infecção:

  Na ausência de infecção, estes leucócitos circulam no sangue e não migram para os tecidos;

 

O seu recrutamento para locais de infecção é um processo com multiplos passos envolvendo a

adesão de leucócitos circulantes à superficie luminal das células endoteliais nas vénulas pós-

capilares e migração através da parede do vaso.

Cada passo é orquestrado por diferentes tipos de moléculas:

1.  Rolagem mediada por selectinas  – em resposta aos microorganismos e a citocinas produzidas

pelas células que encontram os microorganismos (e. g. macrófagos), as células endoteliais que

revestem as vénulas pós-capilaresno local de infecção rapidamente aumentam a expressão deproteinas designadas selectinas à sua superficie. As citocinas mais importantes na activação do

endotélio são o tumor necrosis factor (TNF) e a interleucina-I (IL-I). Os dois tipos de selectinas

expressas pelas células endoteliais são a P-selectina, que é armazenada em grânulos

citoplasmáticos e rapidamente redistribuida pela superficie em resposta a produtos microbianos

e citocinas, e a E-selectina, que é sintetizada em resposta a IL-I e TNF como a produtos

microbianos, e é expressa na superficie celular em 1 a 2 horas. Um terceira selectina,

desiganada L-selectina (CD62L), é expressa nos linfócitos e outros leucócitos e funciona como

receptor para linfócitos T naive e células dendriticas nos nodos linfáticos, mediando a sua

ligação ao endotélio das vénulas. Nos neutrófilos, funciona para a ligação destas células a células

endoteliais que foram activadas por citocinas (TNF, IL-I e IFN-γ) encontradas nos locais de

infecção. Os leucócitos expressam L-selectina e os ligandos carboidratos para as P- e E-selectinas

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nas pontas das sua microvilosidades, facilitando interacções com moléculas na superficie das

células endoteliais. As interacções selectina-ligando são de baixa afinidade e facilmente

quebradas pela força do sangue que flui. Como resultado, os leucócitos repetitivamente

deligam-se e ligam-se à superficie endotelial. Este abrandamento dos leucócitos no endotélio

permite o próximo passo de estimulos;

2. 

Activação das integrinas mediada por quimiocinas  –  quimiocinas são pequenas citocinas

péptidicas produzidas por macrófagos tecidulares, células endoteliais e outros tipos de células

em resposta a produtos microbianos e IL-I e TNF, citocinas associadas a infecções. A principal

função das quimiocinas é estimular a quimotaxia das células. As quimiocinas produzidas num

local de infecção são transportadas para a superficie luminal das células endoteliais das vénulas

pós-capilares, onde se ligam da glicosaminoglicanos, e são apresentadas em em altas

concentrações. Neste local, as quimiocinas ligam-se a receptores especificos de quimiocinas nas

superficie do leucócito em rolagem. Os leucócitos expressão uma familia de moléculas de

adesão designadas integrinas, que estão num estado de baixa afinidade nas células inactivas e

não efectivos na mediação de interacções de adesão. Duas consequências da sinalização peloreceptor de quimiocinas são o aumento da afinidade das integrinas dos leucócitos e

agrupamento membranar de integrinas, resultando num aumento da força da ligação mediada

por integrinas dos leucócitos à superfici endotelial;

3.  Adesão estável dos leucócitos ao endotélio mediada por integrinas  –  em paraleo com a

activação das integrinas e a sua conversão ao estado de alta afinidade, as citocinas (TNF e IL-I)

também aumentam a expressão endotelial de ligandos de integrina, principalmente vascular cell

adhesion molecule-1 (VCAM-1, o ligando da integrina VLA-4) e intercellular adhesion molecule-1

(ICAM-1, o ligando para as integrinas LFA-1 e Mac-1). O resultado final destas alterações é a

ligação firme do leucócito ao endotélio, sendo que o seu citoesqueleto se reorganiza e a célula

se espalha pela superficie endotelial;

4. 

Migração dos leucócitos pelo endotélio (diapedése)  –  as quimiocinas actuam depois nos

leucócitos aderentes e estimulam as células a migrar através dos espaços inter-endoteliais ao

longo de um gradiente quimico de concentração das quimiocinas (i. e., para o local de infecção).

Outras proteinas expressas nos leucócitos e células endoteliais, principalmente CD31, têm um

papel importante nesta migração através do endotélio. Os leucócitos produzem enzimas que

permite a sua passagem através das paredes dos vasos, e acumulam-se nos tecidos

extravasculares à volta dos microorganismos infecciosos.

A acumulação dos leucócitos nos tecidos é o principal componente da inflamação:

  É tipicamente ilicitada pelos microorganismos, mas também pode ser observada na resposta a

uma variedade de estimulos não infecciosos;

 

Existe alguma especificidade no processo de migração de leucócitos baseado na expressão de

combinações distinctas de moléculas de adesão e receptores de quimiocinas em neutrófilos e

monócitos;

  Padrões temporariamente distintos de expressão de moléculas de adesão e quimiocinas nos

locais de infecção tipicamente resulta no recrutamento inicial de neutrófilos (horas a dias)seguida do recrutamento mais tardio de monócitos (dias a semanas);

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  Outras combinações de moléculas de adesão e de quimiocinas controlam a ligração de linfócitos

para os tecidos linfóides ou não linfóides.

Fagocitose de Microorganismos

Os neutrófilos e os macrófagos ingerem microorganismos em vesiculas pelo processo de fagocitose:

  Processo activo, dependente de energia de englobamento de particulas de grandes dimensões

(> 0,5 µm de diâmetro);

  A morte dos microorganismos ocorre em vesiculas formadas pela fagocitose, estando assim o

mecanismos de eliminação, que potencialmente poderia danificar o fagócito, estão isolados do

resto da célula.

O primeiro passo é o reconhecimento do microorganismo pelo fagócito:

 

Os neutrófilos e os macrófagos são constantemente expostos a células normais, que ignoram,

mas ingerem especificamente vários microorganismos e particulas;

 

Esta especificidade deve-se ao facto de neutrófilos e macrófagos expressarem receptores que

reconhecem especificamente microorganismos, e que estão funcionalmente ligados ao

mecanismo de fagocitose;

 

Alguns destes receptores são receptores de reconhecimento de padrões, incluindo lectinas do

tipo-C e receptores scavenger. Receptores de reconhecimento de padrões podem contribuir

para a fagocitose de apenas microorganismos que expressão padrões moleculares particulares,

como a manose;

  Outro grupo de receptores nos fagócitos reconhecem certas proteinas do hospedero que

revestem os microorganismos. Estas proteinas são designadas opsoninas, e incluem anticorpos,

proteinas do complemento e lectinas, e cobrem o microorganismo alvo para fagocitose no

processo designado de opsonização. 

Os fagócitos apresentam receptores que se ligam especialmente a anticorpos, moléculas do

complemento e lectinas com alta afinidade. Estes receptores são criticos para a fagocitose da maior

parte dos microorganismos pelo processo de opsonização:

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  Um dos processo mais eficientes de opsonização de

microorganismos é o seu revestimento com anticorpos. Os

anticorpos apresentam locais de ligação ao antigénio numa

extremidade e na outra extremidade, desiganada região Fc,

o anticorpo interage com células efectoras e moléculas do

sistema imune inato;  Os fagócitos expressam receptores Fc de alta afinidade

(FcyRI) especificos para um único tipo de anticorpo, o IgG.

Assim, se um individuo responder a uma infecção com a

produção de IgG contra agentes microbianos, a molécula de

IgG liga-se a esse antigénio, a extremidade Fc interage com

FcyRI nos fagócitos e o resultado final é a fagocitose eficiente dos microorganismos;

  Como diferentes anticorpos podem ser produzidos pela ligação de diferentes produtos

microbianos, a opsonização mediada por anticorpos contribui para a fagocitose de uma larga

gama de microorganismos em comparação com o reconhecimento de padrões;

 

Apesar dos anticorpos IgG serem essenciais para uma fagocitose eficiente de vários organismos,

eles são de facto um produto do sistema imune adaptativo (linfócitos B) que se envolve com as

células efectoras do sistema imune inato (fagócitos) para que estas desempenham as sua

funções;

 

Vários receptores de reconhecimento de padrões soluveis e moléculas efectoras do sistema

imune inato, incluindo complemento e lectinas, são opsoninas importantes, sendo que estão

presentes no sangue e se ligam a microorganismos facilitando a fagocitose pelos fagocitos que

expressam receptores para elas.

A opsonização aumenta bastante o grau de ligação da particula a fagocitar ao fagócito, sendo que o

reconhecimento de anticorpos leva a um menor aumento relativamente ao do complemento. No

entanto, a combinação de ambos leva a um elevado aumento da ligação, logo da actividade fagocitica.

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Quanto aos receptores de anticorpos ou do complemento, estes diferem:

  Receptores Fc – dependentes de cinase de tirosina, activam cdc42 e rac, e a inflamação envolve

radicais de oxigénio, TNFα, IL-1 e IL-6;

  Receptores do complemento  –  independentes de cinases de tirosina, activam rho mas não

cdc42 ou rac, e não provocam inflamação.

Assim que um microorganismo ou particula se liga ao receptor no fagócito, a membrana plasmática na

região do receptor começa a redistribuir-se e extende projecções em volta do microorganismo ou

particula:

 

Quando a membrana saliente se extende para além do diâmetro da particula, o topo das

saliências fecha-se e forma-se uma vesicula intracelular –  fagossoma; 

  Esta vesicula contém a particula estranha ingerida e distancia-se da membrana plasmática;

 

Os receptores na superficie da membrana também transmitem sinais activadores que

estimulam as actividade microbicidas dos fagócitos;

  Os micoorganismos fagocitados são destruidos e, ao mesmo tempo, são produzidos péptidos a

partir de proteinas microbicidas e apresentados aos linfócitos T para que estes iniciem respostas

imunes adaptativas.

Destruição de Microorganismos Fagocitados

Os neutrófilo e macrófagos activados matam microorganismos fagocitados pela acção de moléculas

microbicidas nos fagolisossomas:

  Vários receptores que reconhecem microorganismos, incluindo TLRs, receptores acoplados a

proteinas-G, receptores de Fc dos anticorpos e C3 do complemento e receptores para citocinas,

Receptores Fc  Receptores do Complemento 

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principalmentes de IFN-γ, funcionam de modo cooperativo para activar a destruição de

microorganismos fagocitados pelos fagócitos;

  A fusão dos fagossomas com lisossomas resulta na formação de fagolisossomas, onde a maior

parte dos mecanismos microbicidas estão concentrados.

Os mecanismos de destruição de microorganismos fagocitados são:

1.  Enzimas proteoliticas  –  produzidas por neutrófilos e macrófagos nos fagolisossomas e que

destroem os microorganismos. Uma das enzimas importantes nos neutrófilos é a elastase, uma

serina protease de larga escala necessária para matar vários tipos de bactérias. Outra enzima

importante é a catepsina G sendo essencial na eliminação de microorganismos fagocitados;

2. 

Espécies reactivas de oxigénio (ROS)  –  formadas quando macrófagos e neutrófilos activados

convertem oxigénio molécular. São agentes oxidantes altamente reactivos que destroem

microorganismos (e outras células). O sistema de produção de redicais livres primário é o

sistema fagócito oxidase:

  Enzima com multiplas subunidades que se forma no fagócitos activados principalmente

na membrana fagolizossomal;

  É induzida e activada por vários estimulos, incluindo IFN-γ e sinais de TLRs; 

  A sua função é reduzir oxigénio molecular em ROS como radicais superóxido, com o

NADPH actuando como cofacto;

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  O superóxido é enzimaticamente dismutado em peróxido de hidrogénio, que é usado

pela enzima mieloperoxidase para converter iões halogenetos não reactivos em ácidos

halogenados que são tóxicos para as bactérias;

  O processo pelo qual os ROS são produzidos é designado explosão respiratória;

  Apesar da geração de ROS tóxicos ser comummente visat como a principal função da

fagocito oxidase, outra função da enzima é produzirs condições nos vacuolos fagociticosque são necessárias para a actividade de enzimas proteoliticas;

  A oxidase actua como uma bomba de electrões, gerando um gradiente electroquimico

através da membrana do vacuolo, que é compensado pelo movimento de iões para o

vacúolo. O resultado é uma diminuição de pH e da osmolaridade dentro do vacuolo, o

que é necessário para a actividade da elastase e da catepsina G;

  Uma doença designada doença granulomatosa crónica é causada por uma deficiência

num dos componentes da fagócito oxidase, compremento a capaciade dos neutrófilos

matarem certas espécies de bactérias gram-positivo.

3. 

Intermediários reactivos de azoto  – produzidas em adição aos ROS pelos macrófagos, sendo o

mais comum o óxido nitrico (NO), pela activação de uma enzima designada oxido nitrico sintase

indusivel (iNOS):

  iNOS é uma enzima citosólica que está ausente nos macrófagos em repouso mas pode

ser induzida em resposta a produtos microbianos que activam TLRs, especialmente na

combinação com IFN-γ, anoxia, baixos niveis de ferro, etc…; 

  Cataliza a conversão de arginina em citrulina, sendo o gás óxido nitrico libertado já que é

livremente difundivel:

  Nos fagolisossomas, o óxido nitrico combina-se com peróxido de hidrogénio, gerado

pela fagócito oxidase, para produzir radicais peroxinitrito altamente reactivos que

matam microorganismos;

  A função cooperativa e redundante dos ROS e do óxido nitrico é demonstrada pelo facto

de perda de iNOS e fagocito oxidase leva a um aumento da susceptibilidade a infecções

microbianas, relativamente à perda de apenas um destes componentes.

Quando os neutrófilos e os macrófagos são fortemente activados, podem danificar tecidos normais do

hospedeiro pela libertação de enzimas lisossomais, ROS e NO:

  Os produtos microbicidas destas células não distinguem entre tecidos do hospedeiro e

microorganismos;

 

Como resultado, se os produtos entram no ambiente extracelular, são capazes de danificar ostecidos.

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Outras Funções dos Macrófagos Activados

Em adição à eliminação de microorganismos fagocitado, os macrófagos servem muitas outras funções

na defesa do organismo:

 

Muitas destas funções são mediadas por citocinas. TNF, IL-1 e quimiocinas induzem as reacçõesinflamatórias, mas, em adição, os macrófagos produzem IL-12 que estimula as células NK e as

células T a produzirem IFN-γ; 

  Altas concentrações de LPS induz uma doença sistémica caracterizada por coagulação

dosseminada, colapso vascular e anormalidades vasculares, todas constituindo efeitos

patogénicos de altos niveis de citocinas secretadas por macrófagos activados por LPS;

  Os macrófagos activados também produzem factores de crescimento de fibroblastos e células

endoteliais, que participam na remodelação de tecidos depois da infecção e da danificação.

Assim, podemos resumir alguns dos factores secretados por macrófagos activados do seguinte modo:

Factor Função

Interleucina 1 (IL-1) Promove respostas inflamatória e a febre

Interleucina 6 (IL-6)Promovem a imunidade inata e a eliminação de patogénios

TNF α 

Proteinas do complemento Promovem a resposta inflamatória e a eliminação de patogénios

Enzimas hidroliticas Promovem a resposta inflamatória

Interferão alfa (IFN-α )Activa genes elulares, resultando na produção de proteinas que

conferem um estado antiviral na célula

Tumor necrosis factor (TNF-α ) Mata células de tumores

GM-CSF

Promovem a hematopoiese indusivelG-CSFM-CSF

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Células Naturalmente Assassinas (NK cells)

As células naturalmente assassinas são uma linhagem de células relacionadas com os linfócitos tha

reconhecem células infectadas e/ou stressadas e respondem directamente matando essas células e

secretando citocinas inflamatórias:

 

Constituem 5% a 20% das célula mononucleares no sangue e no baço e são raras noutros órgãoslinfóides;

  O termo naturalmente assassinas deriva do facto de se estas células estiverem isoladas do

sangue ou do baço, elas matam várias células alvo sem qualquer necessidade de activação;

  São também as principais fontes de IFN-γ, que activa macrofagos de modo a que estes matem

micróbios ingeridos;

Estas células derivam de percursores na medula óssea e aparecem como grandes linfócitos com

numerosos grânulos citoplasmáticos, o que por vezes leva a uma designação de linfócitos granulares.

Estas células não são nem linfócitos B nem T e não expressam receptores somaticamente rearranjados,

como imunoglobulinas ou receptores T.

Reconhecimento de Células Infectadas e Stressadas

A activação das células naturalmente assassinas é regulada pelo balanço entre sinais que são gerados

por receptores activadores e receptores inibitórios:

 

A maior parte destes receptores são complexos de

subunidades de ligação ao ligando, que reconhecem

moléculas na superficies de outras células, e

subunidades sinalizadoras, que traduzem sinais

activadores ou inibitórios para a célula;

 

Quando uma célula naturalmente assassina interage

com outra célula, o resultado é determinado pela a

integração de sinais gerados por um arranjo de

receptores inibitórios e activadores são

simultaneamente expressos pela célula naturalmente

assassina e simultaneamente interagem com ligandos

na outra célula;

  Em geral, os sinais activadores devem ser bloquedos

pelos sinais inibitórios de modo a prevenir a activaçãode células naturalmente assassinas e o ataque de

células normais;

A maior parte destes receptores nas células naturalmente

assassinas reconhece moléculas MHC classe I ou proteinas

que são estruturalmente semelhantes a moléculas MHC

classe I:

  No entanto, é importante perceber que estas células

usam tipos de receptores fundamentalmente

diferentes dos receptores usados pelas células T parareconhecer MHC tipo I ou II.

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Os receptores activadores nas células naturalmente assassinas reconhecem um grupo heterogeneo de

ligandos que são expressos nas células que sofreram stress, nas que foram infectadas com micróbios

intracelulares ou células que foram malignamente transformadas:

 

Cascatas de sinalização dependentes de cinases são iniciadas quando os receptores activadores

nas células naturalmente assassinas ligam os seus ligandos, rapidamente levando a uma

actividade citotóxica contra as células alvo e produzindo citocinas.

Os receptores inibitórios nas células naturalmente assassinas ligam-se a moléculas MHC classe I, que

são normalmente expressas na maior parte das células saudáveis não infectadas:

  A ligação destes receptores inibitórios aos seus ligandos desencadeia casacatas de sinalização

dependentes de fosfatases, que contra-actuam os efeitos das cinases nas casacatas de

sinalização iniciadas pelos receptores activadores;

  Devido à especificidade dos receptores inibitórios para moléculas MHC classe I do próprio,

células do hospedeiro normais estão protegidas das células naturalmente assassinas;

 

Esta especificidade não usual dos receptores inibitórios para as moleculas MHC classe I normaispermite ao sistema imune inato atacar célula viralmente infectadas que seriam invisiveis ás

células T, que requerem a expressão de MHC para o reconhecimento.

A infecção de células do hespedeiro, especialmente por alguns virus, normalmente leava a uma

expressão reduzida de moléculas MHC classe I e, assim, os ligandos para os receptores inibitórios são

perdidos. Como resultado, as células naturalmente assassinas são libertadas do seu estado normal de

inibição. Ao mesmo tempo, ligandos para os receptores activadores são expressos e, assim, as células

infectadas são mortas.

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Por outro lado, a expansão e a actividade das células naturalmente assassinas são também estimuladas

por citocinas, principalmente IL-15 e IL-12:

  A citocina IL-12 derivada dos macrófagos é um potente indutor da produção de IFN-γ e da

actividade citotóxica, sendo esta actividade aumentada pelo IL-18;

  IL-12 e IL-18 também estimulam a produção de IFN-γ pelas células T e são assim particiantes

centrais na produção de IFN-γ e subsequente activaão de macrofagos mediada por IFN-γ tanto

na imunidade inata com adaptativa;

  Os IFNs tipo I, IFN-α e IFN-β, também activam o potencial cititóxico das células naturalmente

assassinas, talvez pelo aumento da expressão de receptores de IL-12 e assim a resposta a estes;

  IL-IS, IL-12 e IFNs tipo I são produzidos por macrofagos em resposta à infecção e assim as trÊs

citocinas activam as células naturalmente assassina na imunidade inata;

  Altas concentrações de IL-2 também estimulam as actividades das células naturalmente

assassinas, e cultura em IL-2 é por vezes usada para aumentar a sua actividade.

Funções Efectoras das Células Naturalmente Assassinas

As funções efectoras das células naturalmente assassinas são:

  Efeito citotóxico  –  o mecanismos de citotoxicidade mediada por células naturalmente

assassinas é essencialmente o mesmo dos linfócitos T citotóxicos. Estas células apresentam

grânulos que contêm proteinas que medeiam a morte das células alvo. Quando as células

naturalmente assassinas são activadas, a exocitose de grânulos liberta estas proteinas para as

células alvo. Uma proteina granular das células naturalmente assassinas, designada perforina,

facilita a entrada de outra proteinas granulares, designadas granzimas, para o citoplasma das

células alvo levando à apoptose da célula alvo. Por matar células infectadas com virus e

bactérias intracelulares, as células naturalmente assassina eliminam reservatórios de infecção.Isto também pode ocorrer contra algumas células tumorais;

  Defesa contra micróbios intracelulares  –  matam células viralmente infectadas antes dos

linfócitos citotóxicos antigénio-especificos serem completamente activados, ou seja, durante os

primeiro dias depois da infecção viral. Cedo no curso da infecção viral, as células naturalmente

assassinas são expandidas e activadas por citocinas da imunidade inata, como IL-12 e IL-IS, e

matam células infectadas, especialmente aqeulas que apresentam niveis reduzidos de

moléculas MHC classe I. Em adição, os IFN-γ secretado por células naturalmente assassinas

activa macrofagos para destruirem microbios fagocitados. Esta activação por IFN-γ conseguecontrolar uma infecção por uma bactéria intracelular por vários dias ou semanas e assim

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fornece tempo para o desenvolvimento da imunidade mediada por células T e a eliminação da

infecção por estas.

A ausência de células naturalmente assassinas leva a um aumento da susceptibilidade a infecções por

alguns virus e bactérias intracelulares. Em ratos sem células T, a resposta das células naturalmente

assassinas deve ser adequada para manter a infecção controlando tais micróbios por algum tempo, mas

os animais normalmente sucumbem na ausência de imunidade mediada por células T. as células

naturalmente assassinas também matam células infectadas que tentam escapar ao ataque imune

mediado por células T citotóxicas pela reduzida expressão de moléculas MHC classe I.

Papel da Imunidade Inata na Estimulação da Resposta Imune

Adaptativa

A resposta imune inata fornece sinais que funcionam de modo concertado com antigénios para

estimular a proliferação e a diferenciação de linfócitos T e B especificos para determinados antigénios.

Enquanto a reposta imune inata fornece uma defesa inicial, tambémprepara a resposta imune adaptativa. A activação de linfócitos

requere dois sinais, o primeiro sendo o antigénio e o segundo

componentes da resposta imune inata a micróbios ou células

danificadas. Esta ideia é designada de two-signal hypothesis para a

activação de linfócitos:

 

Sinal 1 - a necessidade do antigénio assegura que a resposta

adaptativa é especifica;

 

Sinal 2 - a necessidade de um estimulo adicional provocado

por micróbios ou reacções da imunidade inata a micróbiosassegura que as respostas imunes adaptativas são induzidas

quando existe um perigo de infecção e não quando os

linfócitos reconhecem antigénios inofensivos, incluindo

antigénios do próprio.

As moléculas produzidas durante as reacções da imunidade inata que funcionam como sinais

secundários para a estimulaçãom de linfócitos incluem:

  Co-estimuladores, para as células T;

  Citocinas, tanto para as células T e B;

  Produtos da destruição de complemento, apenas para as células B

No entanto, os sinais secundários gerados durante as respostas imunes inatas a diferentes micróbios

não aumentam apenas a magnitude da subsequente resposta imune adaptativa como também

influenciam a natureza da resposta imune adaptativa:

1. 

A principal função da imunidade mediada por células T é activar macrófagos de modo a que

estes destruam micróbios intracelulares:

 

Agentes infecciosos que se ligam a TLRs tendem a estimular as respostas imunes

mediadas por células T, pois a sinalização por TLR aumenta a habilidade de células

apresentadoras de antigénios induzirem a diferenciação de células T em célulasefectoras designadas células TH1;

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  Células TH1 produzem a citocina IFN-γ, que consegue activar macrofagos de modo a

estes matarem micróbios que de outro modo poderiam sobrevivers nas vesiculas

fagociticas;

2. 

Em contraste, vários micróbios extracelulares que entram no sangue activam a via alternativa do

complemento, que por sua vez aumenta a produção de anticorpos por linfócitos B. estaimunidade humoral serve para eliminar micróbios extracelulares.

O papel da imunidade inata na estimulação das respostas imunes inatas é a base da acção de

adjuvantes, que são substâncias que necessitam de ser administradas em conjunto com antigénios

proteicos para provocar respostas imunes inatas dependentes de células T máximas:

  Adjuvantes são uteins em imunologia experimental e vacinas clinicas;

  Vários adjuvantes usados experimentalmente constituem proutos microbianos, como

micobactérias mortas e LPS, que se ligam a TLRs e provocam respostas imunes inatas fortes no

local de entrada do antigénio.

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Joana Maria Soares Pereira 39

RECONHECIMENTO DEANTIGÉNIOS

O C O M P L E X O P R I N C I P A L D E H I S T O C O M P A T I B I L I D A D E

O Complexo Principal de Histocompatibilidade

Todos os mamiferos estudados até agora possuem um grupo de genes fortemente ligados, o complexo

principal de histocompatibilidade (MHC), cujos produtos têm papeis importantes no reconhecimento

intercelular e na descriminação entre o próprio e o estranho:

  O MHC participa no desenvolvimento de respostas imunes humorais e mediadas por células;

 

Enquanto os anticorpos reagem com antigénios sozinhos, a maior parte das células T

reconhecem antigénios apenas quando estes estão associados com uma molécula MHC.

As principais funções dos linfócitos T são defesa contra micróbios intracelulares e activação de outras

células, como macrófagos e linfócitos B. Todas estas funções requerem que os linfócitos T interajam

como outras células, que serão células do hospedeiro infectadas, células dendriticas, macrófagos e

linfócitos B. No entanto, os receptores de antigénio das células T conseguem apenas reconhecer

antigénios que são apresentados por outras células. A tarefa de apresentar antigénios associados a

células para reconhecimento pelas células T é realizada por proteinas especializadas codificadas pelocomplexo principal de histocompatibilidade (MHC).

Como as moléculas MHC actuam como estruturas apresentadoras de antigénios, o grupo particular de

moléculas MHC expressas por um individuo influencia o reportório de antigénios a que as células TH e Tc 

desse individuo reagem. Por esta razão, o MHC determina parcialmente a resposta a um antigénio

individual de organismos infecciosos e está, assim, implicado na susceptibilidade a uma doença e no

desenvolvimento da autoimunidade. Assim, o conhecimento da estrutura e da biossintese de moléculas

MHC e a associação de péptidos antigénios com moléculas MHC é fundamental para a compreensão de

como as células T reconhecem antigénios.

A recente compreensão que as células naturalmente assassinas expressam receptores para antigénioMHC classe I e o facto da interacção receptor-MHC poder levar a inactivação ou activação, expande o

papel conhecido desta familia de genes.

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Descoberta do MHC

O conceito de que a rejeição de tecidos estranhos é o resultado de uma resposta imune a moléculas na

superficie das células, agora designados antigénios de histocompatibilidade, tem origem no trabalho

de Peter Gorer nos meados dos anos 1930:

 

Gorer estava a usar estirpes puras de ratinhos para identificar grupos antigénios do sangue e, nocurso destes estudos, ele identificou quatro grupos de genes, designados de I a IV;

  Trabalhos levados a cabo nos anos 1940s e 1950s por Gorer e George Snell estabeleceram que

os antigénios codificados pelos genes no grupo designado II participava na rejeição de tumores

transplantados e outros tecidos;

  Snel designou estes genes como “genes de histocompatibilidade”, e a sua designação corrente

como genes de histocompatibilidade-2 (H-2) refere-se ao grupo II dos genes de antigénios de

Gorer.

Assim, o MHC foi descoberto como:

  Locus genético cujos produtos eram responsáveis pela rejeição rápida de enxertos de tecidos

trocados entre linhagens puras de ratos.

Nos anos 1940s, George Snell e os seus colegas usaram técnicas genéticas para analisar a rejeição de

tumores transplantados e outros enxertos de tecidos entre estirpes de ratos de laboratório. Primeiro,

foi necessário produzir estirpes de ratinhos isogênicos por cruzamento repetitivo de irmãos:

 

Após 20 gerações, cada membro de cada estirpe apresentava sequências de ácidos nucleicos

idênticas em todas as localizações de todos os cromossomas;

  No caso dos genes polimórficos, cada estirpe pura, já que é homozigótica, expressa um único

alelo, e diferentes estirpes expressam diferentes alelos;

Quando um tecido ou orgão, como um enxerto de pele, é transferido de um animal para outro existem

dois resultados possiveis:

1. 

Em alguns casos, a pele enxertada sobrevive e funciona

como pele normal;

2. 

Em outros casos, o sistema imune destroi o enxerto, um

processo designado de rejeição.

Estas experiências de transferência de pele mostraram que

enxertos torcados entre animais de uma estirpe pura são aceites

enquanto enxertos torcados entre diferentes estirpes são

rejeitadas:

  Os genes responsáveis por tornarem o tecido enxertado

reconhecido como similar ou diferente dos tecidos do

próprio são desigandos genes de histocompatibilidade;

 

As diferenças entre próprio e estranho foram atribuidas a

polimorfismos entre diferentes alelos de genes de

histocompatibilidade;

Técnica genéticas foram de seguida aplicadas para identificar os genes relevantes:

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Joana Maria Soares Pereira 41

  A estratégia critica neste esforço foi a criação de linhagens congénica de ratinhos. Em dua

estirpes congénicas, os ratinhos são idênticos em todos os loci excepto naquele em que foram

seleccionados para serem diferentes;

  Análises de ratinhos congénicos que foram seleccionados pela sua habilidade de rejeitar

enxertos indicaram que uma única região genética era responsavel pela rejeição rápida de

enxertos e foi designada de locus princiapl de histocompatibilidade;  O locus particular que foi identificado pelo grupo de Snell estava ligado a um gene no

cromossoma 17 codificante de um grupo de antigénios sanguineos designado antigénio-II, e

assim essa região foi designada de histocompatibilidade-2, ou simplesmente H-2.

Inicialmente, pensava-se que este locus continha um único gene que controlava a compatibilidade de

tecidos. Contudo, ocorreram eventos de recombinação ocasionais no locus H-2 durante o cruzamento

de diferentes estirpes, indicando que ele contem vários genes diferentes mas fortemente ligados, cada

um envolvido na reeição de enxertos. Assim, a região genética que controlava a rejeição de enxertos foi

designada de complexo principal de histocompatibilidade.

Genes que determinam o destino de tecidos enxertados estão presentes em todas as espécies de

mamiferos, são homologos das genes H-2 primeiro identificados em ratinho e são todos designados

genes MHC. Durante cerca de 20 anos após a descoberta do MHC, o seu único papel documentado era a

rejeição de enxertos. No entanto, a transplantação não é um fenómeno normal e não parecia existir

qualquer razão óbvia para o facto de um grupo de genes ter sido preservado durante a evolução

quando a sua única função era controlar a rejeição de enxertos de tecidos estranhos.

Nos anos 1960s e 1970s foi descoberto que os genes MHC são de importância fundamental para todas

as respostas imunes a proteinas antigénios:

 

Baruj Benacerraf, Hugh McDevitt e os seus colegas descubriram que estirpes puras de ratinhos eporquinhos diferiam na sua habilidade para produzir anticorpos contra polipéptidos sintéticos

simples;

  Os genes relevantes foram designados genes de resposta imune (Ir), e foram todos encontrados

da região do MHC.

Sabemos agora que os genes Ir são, de facto, genes MHC que codificam moléculas MHC que diferem na

sua habilidade a ligar e apresentar proteinas antigénios:

  Estirpes que respondem  - herdam alelos MHC cujos produtos ligam tais péptidos, formando

complexos péptido-MHC que são depois reconhecidos por células T helper. Estas células Tajudam então células B a produzir anticorpos;

  Estirpes que não respondem  –  expressam moléculas MHC que não são capazes de ligar a

peptidos derivados de um antigénio polipeptidico e, assim, estas estirpes não geram células T

helper ou anticorpos especificos para o antigénio.

Organização Geral e Herança do MHC

O complexo principal de histocompatibilidade é uma colecção de genes organizados num alogamento

continuo e longo de DNA:

 

HLA – MHC do humano e encontra-se no cromossoma 6;  H-2 – MHC do ratinho e encontra-se no cromossoma 7.

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Apesar do arranjo de genes ser de certo modo diferente, nos dois casos os genes MHC estão

organizados em regiões que codificam três classes de moléculas MHC:

  Genes MHC classe I  –  codificam glicoproteinas expressas na superficie da maior parte das

células nucleadas. A prinicpal função dos seus produtos é a apresentação de péptidos

antigénicos a células TC (CTL);

  Genes MHC classe II  –  codificam glicoproteinas expressam principalmente em células

apresentadoras de antigénios (macrófagos, células dendrtiticas e linfócitos B), onde apresentam

péptidos antigénicos a células TH;

  Genes MHC classe III  –  codificam, em conjunto com outros produtos, várias proteinas

secretadas que apresentam funções imunes, incluindo componentes do sistema complemento e

moléculas envolvidas na inflamação.

Podemos dividir as moléculas MHC classe I em dois tipos:

 

Moléculas classe I clássicas – são as codificadas pelas regiões K e D no ratinho e pelos loci A, B e

C no humano. Foram as primeiras a serem descobertas e são expressas numa ampla gama de

tipos de células;

  Moléculas classe I não-clássicas  –  são genes ou grupos de genes adicionais dentro dos

complexos H-2 ou HLA que também codificam moléculas classe I. A sua expressão é limitada acertos tipos de células especificos e apesar das suas funções não serem todas conhecidas,

alguns produtos podem ter papeis altamente especializados na imunidade.

As duas cadeias das moléculas MHC classe II são codificadas pelas regiões IA e IE em ratinho e pelas

regiões DP, DQ e DR em humanos:

  A terminologia pode ser de algum modo confusa visto que a região D em ratinho codifica

oléculas classe I enquanto a região D (DR, DQ, DP) em humanos refere-se a genes codificantes

de moléculas MHC classe II;

  Como nos loci classe I, moléculas classe II adicionalmente codificadas nesta região apresentam

funções especializadas nos processos imunes.

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As moléculas MHC classe I e classe II apresentam caracteristicas estruturais comuns e ambas

apresentam papeis no processamento de antigénios. Em contraste, a região MHC classe III, que se

encontra entre as regiões classe I e classe II, codifica moléculas que são criticas para a função imune

mas que têm pouco em comum com as mol´culas classe I e classe II. Os produtos classe III incluem:

  Componentes do complemento (C4, C2, BF);

  Citocinas inflamatórias, incluindo tumor necrosis factor (TNF) e heat-shock proteins.

Formas alélicas do MHC

Os loci constituintes do MHC são altamente polimórficos, isto é, existem várias formas alternativas dos

genes em cada locus entre a população, o que se designa de alelos. Os genes dos loci MHC encontram-

se todos juntos e a  frequência de recombinação, isto é, a frequência de eventos de crossover

cromossomal durante a mitose, indicativo da distância entre determinados segmentos de genes, é

baixa:

 

Assim, a maior parte dos individuos herda os alelo codificados por estes loci tão juntos comodois grupos, um de cada progenitor;

  Cada grupo de alelos é referido com haplótipo. um individuo herda um haplótipo da mãe e

outro do pai;

 

Em populações hibridas, os recem-nascidos são geralmente heterozigóticos em vários loci e

expressarão ambos os alelos MHC da mãe e os do pai. Estes alelos são codominantemente

expressos, isto é, ambos os produtos maternais como paternais são expressos nas mesma

células.

Se os ratinhos forem puros, isto é, apresentarem alelos idênticos em cada loci, cada locus H-2 será

homozigótico porque os haplótipos materno e paterno são idênticos, e todos os recém-nascidosexpressarão haplótipos idênticos. Certas estirpes de ratos puras foram designadas como estirpes

protótipo  e o haplótipo MHC expresso por essas estirpes é designado por um sobrescripto itálico

arbitrário (e.g. H-2a, H-2b). Estas designações referem-se ao conjunto inteiro de H-2 alelos herdados

numa estirpe sem ser necessário listar cada alelo individualmente. No entanto, diferentes estirpes

podem ter o mesmo haplótipo MHC, diferindo apenas noutros genes fora do MHC.

Estirpe

protótipo

Outras estirpes com o mesmo

haplótipoHaplótipo

Alelos H-2

K IA IE S D

CBA AKR, C3H, B10.BR, C57BR k k k k k k

CBA/2 BALB/c, NZB, SEA, YBR d d d d d d

C57BL/10(B10) C57BL/6, C57L, C3H.SW, LP, 129 b b b b b b

 A A/He, A/Sn, A/Wy, B10.A a a a a a a

 A.SW B10.S, SJL s s s s s s

 A.TL t1 s k k k d

DBA/1 STOLI, B10.Q, BDP q q q q q q

Se dois ratos de estirpes puras contendo diferentes haplótipos MHC forem cruzados, a geração F1 herda

haplótipos de ambos os progenitores e, assim, expressam os alelos de locus MHC de ambos. Como tais

F1  expressam as proteinas MHC de ambas as estirpes parentais em todas as células, eles são

histocompativeis com ambas as estirpes e capazes de aceitar enxertos de ambas as estirpes

progenitoras. Contudo, nenhuma das estirpes parentais puras são capazes de aceitar um enxerto deuma ratinho F1 porque metade das moléculas MHC serão estranhas para o progenitor.

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Numa população não pura, cada individuo é geralmente heterozigótico em cada locus. O complexo HLA

humano é altamente polimórfico e existem multiplos alelos de cada gene classe I e classe II. Contudo,

tal como com os ratinhos, os loci MHC humanos estão juntos e são herdados como um haplótipo.

Quando o pai e a mãe apresentam diferentes haplótipos, existe uma probabilidade de 1 para 4 do

filhote herdar os mesmos haplótipos do pai e da mãe e, assim, serem histocompativeis com cada um.

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Joana Maria Soares Pereira 45

Apesar da taxa de recombinação por crossover ser baixa dentro do HLA, esta contribui

significativamente para a diversidade dos loci nas populações humanas. A recombinação genética gera

novas combinações alélicas e o elevado numero de gerações intervenientes desde o aparecimento dos

humanos como espécie permitiu uma recombinação extensiva, de modo que é raro dois individuos não

relacionados apresentarem grupos de genes HLA idênticos.

Assim, várias caracteristicas importantes dos genes MHC  e dos seus produtos foram deduzidas de

análises genéticas e bioquimica clássicas feitas em ratinhos e humanos:

1.  Os dois tipos de genes MHC polimórficos, os genes MHC classe I e os genes MHC classe II,

codificam dois grupos de proteinas estruturalmente distintas mas homólogas. Moléculas MHC

classe I apresentam péptidos a células T CD8+, e moléculas MHC classe II apresentam péptidos a

células T CD4+;

2. 

Os genes MHC são os genes mais polimórficos presentes no genoma. Sequenciação molecular

mostrou que um único alelo HLA pode consistir em multiplas variantes que diferem

ligeiramente;

3. 

Os genes MHC são concomitantemente expressos em cada individuo. Isto é, para um

determinado gene MHC, cada individuo expressa os alelos que são herdados de ambos os pais.

Para o individuo, isto maximiza o numero de moléculas MHC disponivel para ligar peptidos para

apresentação a células T.

Moléculas MHC

As moléculas MHC classe I e classe II são glicoproteinas membranares intimanente relacionadas

estrutura e funcionalmente:

 

Ambas as moléculas MHC classe I e classe II foram isoladas e purificadas e as estruturastridimensionais dos seus dominios extracelulares foram determinadas por cristalografia de

raios-X;

 

Ambos os tipos de glicoproteinas membranares funcionam como moléculas apresentadoras de

péptidos antigénicos altamente especializadas que formam complexos estáveis com péptidos

antigénicos, apresentando-os na superficie da célula para reconhecimento por células T.

Em contraste, as moléculas MHC classe III  são um grupo de proteinas não relacionadas que não

partilham de semelhança estrutural e função comum com as moléculas da classe I e da classe II.

As principais caracteristicas das moléculas MHC apresentadoras de antigénios são, resumidamente:

Caracteristica MHC classe I MHC classe II

Cadeias polipetidicasα (44-47 kD)

β2-microglobulina (12 kD)

α (32-34 kD)

β (29-32 kD)

Localização dos residuos

 polimórficosDominios α1 e α2 Dominios α1 e β1

Local de ligação ao co-receptor

das células TRegião α3 liga-se a CD8 Região β2 liga-se a CD4

Tamanho da fenda de ligação

ao péptido

Acomoda péptidos com cerca de 8-11

residuos

Acomoda péptidos com cerca de 10-30

residuos ou mais

Nomenclatura

HumanoRatinho

HLA-A, HLA-B, HLA-CH-2K. H-2D, H-2L

HLA-DR, HLA-DQ, HLA-DPI-A, I-E

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Todas as moléculas MHC partilham certas caracteristicas estruturais que são criticas para o seu papel

de apresentação de péptidos e reconhecimento de antigénios pelos linfócitos:

1. 

Cada molécula MHC consiste numa fissura de ligação ao péptidos extracelular, ou groove,

seguida de dominios imunoglobulin (Ig)-like e dominos transmembranares e citoplasmáticos.

As moléculas classe I são compostas por uma cadeia polipeptidica codificada no MHC e uma

segunda cadeia não codificada pelo MHC, enquanto as moléculas classe II são constituidas por

duas cadeias codificadas pelo MHC. Apesar desta diferença, as estruturas tridimensionais das

moléculas MHC classe I e classe Iisão semelhantes;

2. 

Os residuos de aminoácidos polimórficos das moléculas MHC estão localizados na e

adjecentes à fissura de ligação do péptido. Esta fissura é formada pelo enrolamento do N-

termini das proteinas codificadas pelo MHC e é composta por α-hélices paralelas sobre oito

folhas-β. Os residuos polimórficos, que são aminoácidos que variam entre diferentes alelos,

estão localizados dentro e à volta da fissura. Esta porção das moléculas MHC liga-se a péptidos

para os apresentar a células T, e os receptores de antigénios nas células T interagem com estepéptido e com as α-hélices das moléculas MHC. Devido à variabilidade de aminoácidos nesta

região, diferentes moléculas MHC ligam-se a e apresentam diferentes péptidos e são

reconhecidas especificamente pelos receptores de antigénios de diferentes células T;

3. 

Os domínios Ig-like não polimórficos das moléculas MHC contêm locais de ligação para as

moléculas CD8 e CD4 das células T. CD4 e CD8 são expressas em sub-populações distintas de

linfócitos T maduros e participam, em conjunto com os receptores de antigénios, no

reconhecimento do antigénio, isto é, são “co-receptores”: 

  CD4 liga-se selectivamente a moléculas MHC classe II e é por isso que as células T CD4 + 

reconhecem apenas péptidos apresentados por moléculas MHC classe II, funcinandodepois como linfócitos TH;

  CD8 liga-se selectivamente a moléculas MHC classe I e é por isso que as células T CD8+ 

reconhecem apenas péptidos apresentados por moléculas MHC classe I, funcionando

depois como linfócitos Tc.

Estrutura das Moléculas MHC classe I

As moléculas MHC classe I contêm uma cadeia-αde 45 kDa associada não-covalentemente com uma

molécula β2-microglobulina de 12 kDa:

 

Cadeia-α  –  é uma glicoproteina transmembranar

codificada por genes polimórficos nas regiões A, B e

C do complexo HLA humano e nas regiões K e D/L

do complexo H-2 do ratinho;

 

β2-microglobulina  –  proteina codificada por um

gene altamente conservado localizado num

cromossoma diferente.

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A associação da cadeia-α  com a β2-microglobulina é necessária para a expressão das moléculas MHC

classe I nas membranas celulares. A cadeia-α é ancorada na membrana plasmática pelo seu segmento

transmembranar hidrofóbico e cauda citoplasmática hidrofilica.

Análises estruturais revelaram que a cadeia-α das moléculas MHC classe I estão organizadas em:

 

Três dominios externos (α1, α2 e α3), cada contendo aproximadamente 90 aminoácidos;  Um dominio transmembranar com cerca de 25 aminoécidos hidrofóbicos seguidos de um

pequeno alongamento de aminoácidos carregados (hidrofilicos);

  Um segmento citoplasmático de 30 aminoácidos.

A β2-microglobulina é semelhante em tamanho e organização ao dominio α3, mas não contem uma

região transmembranar e não é covalentemente ligada à glicoproteina classe I. Esta região e a α3

revelam homologia e também com os dominios das regiões constantes das imunoglobulinas.

A enzima papaina cliva a cadeia-α 13 residuos acima do dominio transmembranar, libertando a porção

extracelular da molécula, consistindo nos α1, α2, α3 e na β2-microglobulina. A purificação e cristalizaçãoda porção extracelular revelou dois pares de dominios a interagirem:

 

Um par distante da membrana dos dominios α1 e α2, formando uma plataforma de folhas-β

antiparalelas rodeadas por duas longas regiões de α-hélices. A estrutura forma uma fenda

profunda com as longas α-hélices como paredes e as folhas-β antiparalelas como o fundo. Os

residuos polimórficos das moléculas classe I estão confinados aos dominos α1 e α2, onde

contribuem para variações entre diferentes alelos classe I na ligação a péptidos e

reconhecimento por células T;

  Um par próximo da membrana dos dominios α3 e β2-microglobulina, formando uma estrutura

essencial para o reconhecimento do MHC pela célula T. Estes estão organizados em duas folhas-β praguedas, cada formada por cadeias-β antiparalelas de aminoácidos. Esta estrutura é 

caracteristica de dominios imunoglobulina e, assim, as moléculas MHC e a β2-microglobulina são

classificadas como membros da superfamilia de imunoglobulinas.

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A fenda de ligação ao péptido está localizada na superficie superior da molécula MHC classe I e é

suficientemente grande para ligar um peptido de cerca de 8-10 aminoácidos. Estes péptidos são, de

facto, antigénios processados e péptidos do próprio.

O dominio α3 parece ser altamente conservados entre moléculas MHC classe I e contem uma sequência

que interage com a molécula membranar CD8 presente nas células Tc. A β2-microglobulina interage

extensivamente com o dominio α3 e também com aminácidos dos dominios α1 e α2. A interacção com

a β2-microglobulina e a com um péptido pela cadeia-α classe I é essencial paraa molécula  classe I

alcançar a conformação completamente montada. Na ausência de β2-microglobulina, a cadeia-α MHC

classe I não é expressa na membrana celular.

Estrutura das Moléculas MHC Classe II

As moléculas MHC classe II contêm duas cadeias polipéptidicas diferentes, uma cadeia-α de 33 kDa e

uma cadeia-β de 28 kDa, associadas por interacções não covalentes: 

  Como as cadeias-α classe I, as moléculas MHC classe II

são glicoproteinas membranares que contêm dominios

externos, um segmento transmembranar e um

segmento citoplasmático;

  Cada cadeia numa molécula classe II contem dois

dominios externos: os dominio α1 e α2 numa cadeia e

os dominios β1 e β2 na outra cadeia. 

  Os dominios α2 e β2 próximos da membrana, como os

dominos α3 e β2-microglobulina das moléculas MHC

classe I, apresenta semelhança sequencial com a

estrutura das imunoglobulinas, sendotambémclassificadas como membros da superfamilia de

imunoglobulinas;

  A porção das moléculas classe II distante da membrana é composta pelos dominios α1 e β1 e

forma uma fenda de ligação ao antigénio;

  Ao contrário das moléculas MHC classe II, os genes que codificam ambas as cadeias das

moléculas classe II pertencem ao MHC e são polimórficos.

Os segmentos N-terminal α1 e β1 das cadeia classe II interagem para formar a fissura de ligação ao

péptido, que é estruturalmente semelhante à fissura das moléculas classe I:

  Quatro folhas β das fissura e das paredes constituidas por α-hélices são formadas pelo

segmento α1 e as outras quatro folhas β e a segunda parede são formadas pelo segmento β1; 

  Os residuos polimórficos estão localizados nos segmentos α1 e β1, dentro e à volta da fissura,

como nas moléculas MHC classe I. Nas moléculas classe II humanas, a maior parte dos residuos

polimórficos está na cadeia β; 

  Nas moléculas classe II, as terminações da fissura de ligação ao péptido estão abertas, de modo

que péptidos de 30 ou mais residuos conseguem encaixar.

Os segmentos α2 e β2 das moléculas MHC classe II, como as α3 e β2-microglobulina da classe I, estão

enroladas em dominios Ig e são não-polimórficas entre vários alelos de um gene particular da classe II:

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Joana Maria Soares Pereira 49

  O segmento β2 das moléculas classe II contêm locais de ligação para CD4, de modo semelhante

ao local de ligação a CD8 no segmento α3 da cadeia pesada da classe I; 

 

Em geral, cadeias α  de um locus do MHC classe II (e.g., DR) normalmente emparelha com

cadeias β do mesmo locus e menos commumente com cadeias β de outros loci (e.g., DQ, DP); 

  As terminações C-terminal dos segmentos α2 e β2 continuam em pequenas regiões de ligação

seguidas de um alongamento de aproximadamente 25 residuos transmembranares ehidrofóbicos;

  Nas duas cadeias, as regiões transmembranares terminam com grupos de residuos de

aminoácidos, seguidos de pequenas caudas citoplasmáticas hidrofilicas.

A molécula classe II completamente montada é um heterodimero constituido por uma cadeia α, uma

cadeia β e um péptido antigénico ligado. Para além disso, a expressão estável de moléculas classe II na

superficie da célula requeres a presença de todos os três componetes do heterodimero. Como nas

moléculas classe II, isto assegura que as moléculas MHC que acabam na superficie da célula são as

moléculas que estão a actuar normalemnte na sua função de apresentação de péptidos antigénicos.

Relação Exão/Estrutura dos Genes e Proteinas MHC

Exões separados codificam cada região de proteinas classe I e classe II. Cada um dos genes classe I do

humano e do ratinho apresenta um exão 5’ que codifica um pequeno péptido sinal seguido de cinco ou

seis exões que codificam a cadeia α das moléculas classe I: 

  O péptido sinal serve para facilitar a inserção da cadeia α no reticulo endoplasmático e é

removido por enzimas proteoliticas no reticulo endoplasmático depois da translacção estar

completa;

  Os três exões seguintes codificam os dominios extracelulares α1, α2 e α3 e os seguintes exões

codificam a região transmembranar (Tm);  Um ou dois codões 3’-terminal codificam os dominios citoplasmáticos (C).

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Como os genes MHC classe I, os genes classe II  estão organizados numa série de exões e intrões

reflectindo a estrutura dos dominios das cadeias α e β: 

  Ambos os genes α e β que codificam moléculas MHC classe II de ratinho e humanas apresentam

um exão lider, um exão α1 ou β1, um exão α2 ou β2 e um mais exões citoplasmático. 

Ligação de Péptidos a Moléculas MHC

As moléculas MHC apresentam uma ampla especificidade para a ligação a péptidos, em contraste com a

grande especificidade de reconhecimento de antigénios pelo receptor de antigénios dos linfócitos T e

existem várias caracteristicas importantes da interacção das moléculas MHC com os péptidos

antigénicos:

 

Cada molécula MHC classe I e classe II apresentam uma única fenda de ligação a um péptido

péptido, mas cada moléculas MHC pode ligar-se a diferentes péptidos;

  Os péptidos que se ligam a moléculas MHC partilham caracteristicas estruturais que promovem

esta interacção;

  A associação de péptidos com moléculas MHC é um processo saturável e muito lento;

  As moléculas MHC de um individuo não são capazes de discriminar entre péptidos estranhos e

péptidos derivados de proteinas desse individuo.

A habilidade das moléculas MHC ligarem diferentes péptidos foi estabelecida por diferentes evidências

experimentais:

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1. 

Se uma célula T especifica para um péptido for estimulada

por células apresentadoras de antigénios que apresentam

esse mesmo péptido, a resposta é inibida pela adição de

excesso de um outro péptido com semelhança estrutural.

Nestas experiências, a molécula MHC liga diferentes

péptidos mas a célula T reconhece apenas um dessespéptidos;

2.  Estudos de ligação directa com moléculas MHC purificadas

em solução estabeleceram que uma única molécula MHC

consegue ligar diferentes péptidos (um de cada vez) e que

multiplos péptidos competem entre si para a ligação a uma

única molécula MHC;

3.  As análises de péptidos eluidos de moléculas MHc purificadas de células apresentadoras de

antigénios mostraram que diferentes péptidos podem ser eluidos de qualquer tipo de moléculaMHC.

A determinação da estrutura cristalina das moléculas MHC classe I e classe II confirmou a presença de

uma unica fenda de ligação a péptidos nestas moléculas. Não é supreendente que uma única molécula

MHC seja capaz de ligar multiplos péptidos porque cada individuo contem apenas algumas moléculas

MHC diferentes (6 moléculas classe I e cerca de 10-20 moléculas classe II num individuo heterozigótico),

e essas devem ser capazes de apresentar péptidos de um numero enorme de proteinas antigénicas.

Os péptidos que ligam moléculas MHC partilham caracteristicas estruturais que promovem a interacção

destes com as moléculas MHC:

1.  Moléculas classe I conseguem acomodar péptidos com um comprimento de cerca de 8-11

residuos e moléculas classe II ligam péptidos que podem ter cerca de 10-30 residuos ou mais,

sendo o tamanho óptimo 12-16 residuos;

2.  Péptidos que se ligam a uma forma alélica particular de uma molécula MHC comtêm residuos de

aminoácidos que permitem interacções de complementariedade entre o péptido e essa

molécula MHC;

3.  Os residuos que um péptido que ligam à molécula MHC são distintos dos reconhecidos pelas

células T.

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Numa célula, várias chaperones e enzimas facilitam a ligação do péptido a moléculas MHC. Quando

formado, a maior parte dos complexos péptido-MHC são estáveis, e as constantes cinéticas de

dissociação são indicativas de tempos de semi-vida longos, que variam entre várias horas a dias:

  Esta taxa de dissociação tão baixa permite que os complexo péptido-MHC persistam tempo

suficiente na superificie da célula apresentadora de antigénios para que estes sejam

reconhecidos pelas células T;

  Esta caracteristica da apresentação de antigénios permite que as poucas células T que são

especificas para o antigénio localizem-no enquanto as células circulam pelos tecidos e, assim,

gerar respostas imune eficientes contra o antigénio.

Com as moléculas MHC não são capazes de distinguir entre péptidos estranhos e péptidos do próprio,

apresentam tanto péptidos do próprio como péptidos estranhos e as células T examinam esses péptidos

para a presença de péptidos estranhos. Este processo é central para a função de vigilância das células T.

No entanto, a incapacidade das moléculas MHC discriminarem entre antigénios próprios e estranho

levanta duas questões:

1. 

Como as moléculas MHC são continuadamente expressas expostas a, e presumivelmente

ocupadas por, péptidos do próprio abundantes, como é que as suas fendas de ligação a péptidos

estão sempre disponiveis para ligar e apresentar péptidos estranhos, que são raros?2. 

Se os péptidos propríos estão continuadamente a ser apresentados, porque é que o individuo

não desenvolve reacções autoimunes?

As respostas a estas questões encontra-se na biologia celular da biossintese e montagem das moléculas

MHC, na especificidade das células T e na sensividade requintada destas células a pequenas quantidade

de complexos MHC-péptido.

Base Estrutural da Ligação de Péptidos a Moléculas MHC

A ligação de péptidos a moléculas MHC é uma interacção não covalente mediada por residuos dos

péptidos e das fendas das moléculas MHC:

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Joana Maria Soares Pereira 53

  Proteinas antigénicas são proteoliticamente clivadas nas células apresentadoras de antigénios

para gerar os péptidos que se ligarão e serão apresnetados pelas moléculas MHC;

 

Esses péptidos ligam-se ás fendas das moléculas MHC numa conformação extendida e, quando

ligados, os péptidos a as moléculas de água associadas preenchem as fendas, fazendo contactos

extensivos com residuos de aminoácidos que formam o pavimento de folhas-β e as paredes de

α-hélices.

Na maior parte das moléculas MHC, as cadeias-β do

pavimento da fenda contêm “bolsas”. Os residuos de

aminoácidos do péptido podem conter cadeias laterais

que encaixam nessas bolsas e ligam-se por a aminoácidos

complementares na molécula MHC, normalmente por

interacções hidrofóbicas. Tais residuo do péptido são

designados residuos de ancoragem  porque contribuem

para a maior parte das interacções favoráveis à ligação:

  Ancoram o péptido na fenda da molécula MHC;

  Estão localizados no meio ou nas terminações do

péptido;

  Cada péptido de ligação ao MHC normalmente

contem apenas um ou dois residuos de

ancoragem e isto permite uma grande

variabilidade nos outros residuos do péptido, que

são residuos que são reconhecidos por células T

especificas.

No entanto, nem todos os péptidos usam residuos de

ancoragem para ligar a moléculas MHC, especialmente a

moléculas MHC classe II:

  Interacções especificas do peptido com as α-hélice laterais da fenda MHC também contribuem

para a ligação do péptido por formação de pontes de hidrogénios ou ponte salinas com este;

  Para além disso, péptidos de ligação a moléculas classe I normalmente contêm aminoácidos

básicos ou hidrofóbicos na sua terminação carboxi que também contribuem para a interacção.

Assim, como vários residuos dentro e nas redondezas da fenda de ligação ao péptido das moléculas

MHC são polimórficas (e.g., diferem entre vários alelos MHC), diferentes alelos favorecem a ligação dediferentes péptidos. Esta é a base estrutural da função dos genes MHC   como “genes da resposta

imune”: 

  Apenas animais que expressam alelos MHC que ligam um péptido particular e o apresentam a

células T são capazes de responder a esse péptido.

Os receptores de antigénios das células T  reconhecem tanto os péptidos antigénicos como as

moléculas MHC, sendo o péptido responsável pela requintada especificidade do reconhecimento do

antigénio e os residuos MHC contribuindo para a restrição de MHC das células T:

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  Uma porção do péptido é exposta na superficie da fenda

da molécula MHC e as cadeias laterais de aminoácidos

desta porção do péptido são reconhecidos pelos

receptores de antigénios de células T especificas;

  O mesmo receptor da célula T também interage com

residuos polimórficos das α-hélices da moléculas MHCem si.

Portanto, variações no péptido ou na fenda de ligação ao

péptido da molécula MHC alterará a apresentação desse péptido

ou o reconhecimento pelas células T.

Diversidade de Moléculas MHC entre Animais

Uma enorme diversidade é exibida pelas moléculas MHC dentro de uma espécie e entre individuos. Esta

variabilidade assemelha-se à diversidade de anticorpos e receptores de células T, mas a fonte de

diversidade de moléculas MHC não é a mesma:

  Anticorpos e receptores de células T são gerados por vários processos somáticos, incluindo

rearranjo de genes e mutações somáticas de genes rearranjados. Assim, a geração de

receptores de células T e B é dinâmica, alterando durante o tempo num individuo;

  Em contraste, as moléculas MHC expressas por um individuo são fixas nos genes e não alteram

ao longo do tempo. A diversidade do MHC dentro de uma espécie tem origem no polimorfismo,

a presença de multiplos alelos num determinado locus genético dentro da espécie.

A diversidade de moléculas MHC num individuo resulta não apenas deste apresentar multiplos alelos

para cada gene mas também da presença de genes duplicados com funções semelhnates ousobrepostas, ao contrário dos isotipos das imunoglobulinas. Como inclui genes com semelhantes mas

não idênticas funções e estruturas (por exemplo, HLA-A, -B e –C), o diz-se que o MHC é poligénico.

O MHC possui um número extraordinariamente grande de alelos diferentes em cada locus e é um dos 

complexos genéticos mais polimórficos  conhecidos nos vertebrados superiores. Esses alelos diferem

nas suas sequências de DNA entre individuos em cerca de 5-10% e o número de diferenças de

aminoácidos entre alelos MHC pode ser significante, com cerca de 20 aminoácidos a contribuir para a

natureza estrutural única de cada alelo:

  Análises de genes classe I do HLA humano revelaram aproximadamente 240 alelos A, 470 alelos

B e 110 alelos C. Em ratinhos o polimorfismo é igualmente elevado;

  Os genes humanos classe II são de igual modo altamente polimórficos e, em alguns casos,

existem numeros diferentes de genes em individuos diferentes. O numero de genes HLA-DR da

cadeia-β pode variar entre 2 e 9 em haplótipos diferentes, e conhecem-se 350 alelos de genes

DRB. No entanto, a cadeia DRA é altamente conservada, com apenas 2 alelos diferentes

conhecidos.

Este polimorfismo tão elevado resulta numa diversidade tremenda de moléculas MHC dentro de uma

espécie. Usando os números de formas alélicas dos HLA-A, -B e  –C, é possivel calcular o numero teórico

de combinações que podem existir (240x470x110=12.408.000) para os haplótipos classe I.

Considerando também os haplótipos classe II, obtemos uma diversidade elevadissima de alelos MHC.

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Joana Maria Soares Pereira 55

Desiquilibrio de Ligação

O cálculo da diversidade teórica assume uma combinação completamente aleatória dos alelos. No

entanto, a diversidade actual é inferior, pois certas combinações alélicas ocorrem mais frequentemente

em alguns haplótipos HLA do que o previsto pela combinação aleatória, um estado referido com

desiquilibrio de ligação:

  O desiquilibrio de ligação é a diferença entre a frequência observada para uma combinação

particular e a esperada para as frequências de alelos individuais;

 

A frequência esperada para a combinação deve ser calculada pela multiplicação da frequência

de dois alelos.

HLA-A1 ocorre em 16% dos individuos numa população (frequência de 0,16)

HLA-B8 ocorre em 9% dos individuos dessa população (frequência de 0,09)

Será esperado que a combinação de HLA-A1 com HLA-B8 ocorra em 1,4% dos individuos.

No entanto, esta combinação é observada em 8,8% dos individuos!

Foram já avançadas várias explicações para o desiquilibrio de ligação:

1.  A mais simples é que ainda não decorreram gerações suficientes para se atingir o numero de

crossovers necessários para atingir o equilibrio entre os alelos presentes em fundadores da

população. Os haplótipos que estão representados em maior percentagem na população hoje

refletem as combinações de alelos presentes nos fundadores;

2. 

Alternativamente, efeitos selectivos poderão ter levado a uma maior frequência de certa

combinações alélicas. Por exemplo, certas combinações de alelos podem produzir resistência a

certas doenças, levando a que sejam seleccionados, ou podem gerar efeitos malignos, como

susceptibilidade a desordens autoimunes, e sofrer selecção negativa;

3.  Os crossovers podem ser mais frquentes em certas regiões da sequência de DNA, e a presença

ou ausência de regiões propensas a sofrer crossover entre alelos pode dictar a frquência de

associação de alelos. De facto, comprova-se a existência de alguns locais deste género dentro do

MHC.

Apesar do desiquilibrio de ligação, existe aida um enorme polimorfismo no MHC humano e continua a

ser muito dificil emparelhar tipos de MHC do dador e do aceitador para transplantes de órgãos com

sucesso.

Relevância Funcional do Polimorfismo

A divergência sequencial entre alelos do MHC de uma espécie é bastante elevada, tanto com a

divergência observada para os genes codificantes para algumas enzimas entre espécies. No entanto, a

variação sequencial entre moléculas MHC não está aleatoriamente distribuida ao longo da cadeia

polipéptidica, está agrupada em pequenos segmentos, maioritariamente nos dominios α1 e α2 das

moléculas classe I e no dominio α1 das moléculas classe II. 

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Dos aminoácidos que mostram polimorfismo significante, a maior parte encontra-se na fenda de ligação

ao péptido destas moléculas. Assim, a importância do polimorfismo será:

 

As diferenças alélicas contribuem para as diferenças observadas na habilidade das moléculasMHC interagirem com um determinado péptido antigénico.

Organização Genómica do MHC

O MHC ocupa cerca de 2000 kb do DNA do ratinho e cerca de 4000 kb do DNA humano. Nos humanos, o

MHC está localizado no braço curto do cromossoma 6 e a β2-microglobulina é codificada por um gene

no cromossoma 15:

 

O locus MHC extende-se cerca de 4 centrimorgans, significando que ocorrem crossovers no

MHC numa frequência de cerca de 4% em cada meiose;

  A recentemente completa sequência do genoma humano mostra que esta região é bastante

densa, sendo que a maior parte dos genes apresentam funções conhecidas.

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Joana Maria Soares Pereira 57

Em humanos, a região MHC classe I tem cerca de 2000 kb de comprimento e contem aproximadamente

20 genes. No entanto, em ratinho, o MHC classe I consiste em duas regiões separadas pelas regiões

classe II e III. Incluidos na região classe I estão os genes que codificam as moléculas MHC classe I

clássicas bem caracterizadas, designadas HLA-A, HLA-B e HLA-C em humanos e H-2K, H-2D e H-2L em

ratinhos.

No entanto, vários genes classe I não-clássicos, identificados por mapeamento molecular, estão

também presentes no MHC humano e do ratinho:

  Em ratinhos, os genes classe I não-clássicos estão localizados em três regiões (H-2Q, T e M) a

 jusante do complexo H-2;

  Em humanos, os genes classe I não-clássicos incluem os loci HLA-E, HLA-F, HLA-G, HFE, HLA-J e

HLA-X em cojunto com a familia recentemente descoberta de genes MIC, que inclui desde MICA

a MICE;

 

Alguns dos genes MHC classe I não-clássicos são pseudogenes e não codificam um produto

proteico, mas outros, como HLA-G e HFE, codificam produtos classe I-like com funções

altamente especializadas;

  A familia MIC de genes classe I apresenta apenas 15%-30% de identidade sequencial para com

os genes clássicos, e os membros designados como MICA são altamente polimórficos. Os

produtos de genes MIC são expressos em niveis baixos nas células epiteliais e são induzidos pelo

calor ou outros estimulos que influenciam as heat shock proteins.

As funções dos genes MHC classe I não-clássicos  são amplamente desconhecidas, apesar de alguns

estudos sugerirem que algumas destas moléculas, como as moléculas MHC classe I clássicas, podem

apresentar péptidos ás células T:

 

Uma molécula codificada pelo locus H-2M em retinho é capaz de ligar um péptido self derivadode uma subunidade da NADH desidrogenase, uma enzima codificada pelo genoma mitocondrial.

Este péptido self contem uma metionina N-terminal formilada. Curiosamente, péptidos

derivados de organismos procarióticos também apresentam metioninas formiladas;

  Estas moléculas H-2M podem assim apresentar péptidos de organismos procarióticos que são

capazes de viver intracelularmente, como de Mycobacterium tuberculosis, Listeria

monocytogenes, Brucella abortus e Salmonella typhimurium. 

A região MHC classe II  contem genes que codificam as cadeias α  e β  das moléculas MHC classe II

clássicas desiganadas HLA-DR, DP e DQ em humanos e H-2IA e  –IE em ratinho. O mapeamento

molécular do MHC classe II revelou multiplos genes para cadeias-β  em algumas regiões tanto parahumanos como para ratinhos, tal como multiplos genes para cadeias-α em humanos:

  Na região DR humana, por exemplo, existem três ou quatro genes de cadeia-β funcionais;

  Todos os produtos destes genes de cadeia-β podem ser expressos em conjunto com o produto

do gene de cadeia-α numa determinada célula, aumentanto deste modo o numero de moléculas

apresentadoras de antigénios diferentes na célula;

 

Apesar da região DR humana conter apenas um gene de cadeia-α, cada uma das regiões DP e

DQ apresentam dois.

Foram também identificados genes MHC classe II não-clássicos tanto em ratinho como em humanos:

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  Em ratinhos, vários genes classe II (Oα, Oβ, Mα e Mβ) codificam moléculas MHC não-clássicas

que exibem polimorfismo limitado e um padrão de expressão diferente das moléculas classe II

clássicas IA e IE;

  Na região classe II humana, genes não-clássicos denominados DM e DO foram identificados;

  Os genes DM codificam uma molécula classe II-like (HLA-DM) que facilita o carregamento de

péptidos antigénicos para as moléculas MHC classe II;  As moléculas DO classe II, que são expressas apenas no timo e nas células B aduras, funcionam

como reguladores do processamento de antigénios classe II.

A região MHC classe III em humanos e ratinhos contem uma colecção heterogénea de genes:

  Estes genes codificam vários componentes do complemento, duas esteróide 21-hidrolases, duas

heat-shock proteins e duas citocinas (TNF-α e TNF-β);

  Alguns destes produtos MHC classe III têm papel importante em algumas doenças. Por exemplo,

mutações em genes codificantes para 21-hidrolases estão relacionadas com congenital adrenal

hyperplasia; 

A presença de um grupo de genes classe III é conservada em todas as espécies com MHC.

Expressão de Moléculas MHC

Como as moléculas MHC são necessárias para a apresentação de antigénio aos linfócitos T, a expressão 

destas proteinas determina se antigénios estranhos (e.g., microbianos) nessas célula serão

reconhecidos por células T. Assim, existem várias caracteristicas importantes da expressão de moléculas

MHC:

  As moléculas classe I são constitutivamente expressas virtualmente em todas as células

nucleadas, enquanto as moléculas classe II são normalmente expressas apenas em célulasdendriticas, linfócitos B, macrófagos e algumas outras células;

  A expressão de moléculas MHC é aumentada por citocinas produzidas durantes as respostas

imunes inata e adaptativa;

  A taxa de transcrição é o principal determinate do nivel de sintese e expressão de moléculas

MHC na superficie.

O padrão de expressão do MHC está relacionado com as funções das células restritas a classe I e

restritas a classe II:

  A função efectora dos linfócitos T c  CD8+  restritas a classe I é matar células infectadas com

micróbios intracelulares, como virus. Com os virus são capazes de infectar virtualmente todas as

células nucleadas, os ligandos que as células T CD8+  reconhecem necessitam de ser

apresentados por todas as células nucleadas. A expressão de moléculas MHC classe I em todas

as células nucleadas tem precisamente este propósito, fornecendo um sistema de apresentação

para antigénios virais;

  Os linfócito T H  CD4+  restritos a classe II apresentam um grupo de funções que requerem o

reconhecimento de antigénios apresentados por um número de células mais limitado. Em

particular, células T CD4+ naive precisam de reconhecer antigénios que são apresentados por

células dendrtiticas em órgãos linfácitos perféricos. Linfócitos TH CD4+ diferenciados têm como

principal função activar macrófagos a eliminar micróbios extracelulares que foram fagocitados eactivar os linfócitos B a produzir anticorpos que também eliminam micróbios extracelulares. As

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moléculas classe II são expressas principalmente nestes tipos de células e fornecem um sistema

de apresentação de péptidos antigénicos derivados de micróbios e proteinas extracelulares.

A regulação da expressão de genes MHC é feita por citocinas produzidas durante as respostas imunes

inata e adaptativa:

1. 

Na maior parte dos tipos de células, os interferões IFN-α, IFN-β e IFN-γ aumentam o nivel deexpressão de moléculas classe I, e TNF e LT podem ter o mesmo efeito. Os interferões são

produzidos durante o inicio da resposta imune inata a vários virus, e TNF e LT são produzidos em

resposta a várias infecções microbianas. Assim, as respostas imunes inatas a micróbios

aumentam a expressão de moléculas MHC que apresentam antigénios microbianos a células T

especificas para micróbios;

2.  A expressão de moléculas MHC classe II  é também regulada por citocinas e outros sinais em

diferentes células. IFN-γ  é a principal citocina envolvida na estimulação da expressão de de

moléculas classe II pelas células apresentadoras de antigénios, como as células dendriticas e os

macrófagos:

 

O IFN-γ é produzido pelas células naturalmente

assassinas durante as reacções imunes inatas, e

por células T activadas por antigénios durantes

reacções imunes adaptativas;

  A habilidade do IFN-γ aumentar a expressão de

classe II em células apresentadoras de

antigénios é um mecanismo amplificador na

imunidade inata;

  Nas células dendriticas, a expressão de

moléculas classe II também aumenta a respostaa sinais de Toll-like receptors respondendo a

componentes microbianos, promovendo assim a

apresentação de antigénios microbianos;

  Linfócitos B expressam constitutivamente

moléculas classe II e aumentam a expressão em

resposta ao reconhecimento de antigénios e a

citocinas produzidas por células TH, melhorando

assim a apresentação de antigénios pelas células

TH;

 

Células endoteliais vasculares, como os macrófagos, aumentam a expressão de classe II

em resposta ao IFN-γ. A significância deste fenómeno não é clara mas vários tipos de

células não imunes expressão poucos, se não nenhumas, moléculas moléculas MHC a

menos que sejam expostas a elevados niveis de IFN-γ  mas não perecem apresentar

antigénios a células CD4+;

 

Células T humanas, mas não de ratinho, expressam moléculas classe II depois da

activação. Contudo, nenhuma citocina foi identificada nesta resposta.

As citocinas aumentam a expressão de MHC por estimulação da taxa de transcrição de genes classe I e

classe II numa larga variedade de tipos de células:

  Estes efeitos são mediados pela ligação de factores de transcrição activados por citocinas a

sequências de DNA regulatórias nas regiões promotoras dos genes MHC;

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  Vários factores de transcrição devem ser

montados e ligar-se a uma proteina designada

activador de transcrição classe II (CIITA), e o

complexo inteiro liga-se ao promotor classe II e

promove a trancrição eficiente;

 

Por manter o complexo de factores detranscrição junto, a CIITA funciona como um

regulador principal da expressão de genes classe

II e é expressa em resposta ao IFN-γ;

  Mutações em alguns destes factores de

transcrição foram identificadas como a causa de

doenças humanas de imunodeficiência

associadas com expressão deficiente de

moléculas MHC.

A expressão da maior parte das proteinas envolvidas no

processamento e apresentação de antigénios é

coordenadamente regulada. Assim, o IFN-γ  aumenta a

transcrição de não só genes classe I e classe II como

também de β2-microglobulina, dos genes que codificam

duas das subunidades do proteossomas e dos genes que

codificam as subunidade do heterodimero TAP.

P R O C E S S A M E N T O D E A N T I G É N I O S E S U A A P R E S E N T A Ç Ã O A O SL I N F Ó C I T O S T

Reconhecimento de Antigénios pelos Linfócitos T

Os linfócitos T têm um papel importante nas respostas imunes  adaptativas contra proteinas

antigénicas:

 

Na imunidade mediada por células, as células T CD4

+

  activam macrófagos para destruirmicróbios fagocitados e as células T CD8+ matam células infectadas por micróbios intracelulares;

  Na imunidade humoral, as células TH CD4+ interagem com linfócito B e estimulam a proliferação

e diferenciação dessas células B.

Tanto a fase de indução como a efectora das respostas das células T são desencadeadas pelo

reconhecimento de um antigénio especifico. As células T reconhecem fragmentos peptidicos que são

derivados de proteinas antigénicas e que estão ligados a moléculas na superficie celular codificadas por

genes do MHC. As células que apresentam péptidos associados ao MHC são designadas células

apresentadoras de antigénios (APCs):

 

Certas APCs apresentam antigénios a células T naive durante a fase de reconhecimento das

respostas imunes de modo a iniciar essas respostas;

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Joana Maria Soares Pereira 61

  E algumas APCs apresentam antigénios a células T diferenciadas durante a fase efectora para

desencadear os mecanismos que levam à eliminação do antigénio.

As formas fisico-quimicas dos antigénios que são reconhecidos pelas células T são diferentes das

reconhecidas pelos linfócitos B e pelos anticorpos, e este facto levou à descoberta do papelo do MHC

no reconhecimento de antigénios pelas células T: várias caracteristicas do reconhecimento de

antigénios são unicas dos linfócitos T:

1. 

A maior parte das células T reconhece péptidos e não outras moléculas. Isto portque apenas

péptidos se ligam a moléculas MHC. A maior parte dos linfócitos T reconhecem apenas péptidos 

enquanto as células B são capazes de reconhecer péptidos, proteinas, ácidos nucleicos,

polissacarideos, lipidos e pequeno quimicos. Como resultados, as respostas imunes mediadas

por células T são normalmente induzidas por antigénios péptidicos, a fonte natural de péptidos

estranhos, enquanto as respostas imunes humorais são observadas com antigénio péptidicos e

não péptidicos. Para além disso, algumas células T são especificam para pequenos haptenos

quimicos, como dinitrofenol, uruchiol do veneno de hera, plactams de antibióticos pinicilina.

Nestas situações, os haptenos devem ligar-se a proteinas do p´roprio e estes péptidos

conjugados são reconhecidos por células T.

2.  As células T são especificas por sequências de aminoácidos dos péptidos. Em contraste, as

células B reconhecem determinantes conformacionais dos antigénios,mesmo proteinas, na sua

configuração terciária nativa. Os receptores de antigénios das células T reconhecem poucos

residuos num único péptido e diferentes células T são capazes de distinguir péptidos que

diferem mesmo num único aminoácido;

3. 

As células T reconhecem e respondem a péptidos antigénicos estranhos apenas quando estesestão ligados à superficie das APCs, enquanto as células B e anticorpos secretados se ligam a

antigénios soluveis nos fluidos corporais e a antigénios expostos na superficie das células

estranhas. Isto ocorre porque as células T são capazes de reconhecer apenas péptidos ligados e

apresentados pelas moléculas MHC, e estas são proteinas intgrais da membrana das APCs;

4. 

As células T de qualquer individuo reconhecem péptidos antigénicos estranhos apenas

quando estes estão ligados e são apresentados pelas moléculas MHC desse individuo. Esta

caracteristica é designada restrição MHC  e pode ser demonstrada em situações experimentais

nas quais os linfóctios T de um individuo são misturadas com APCS de outro individuo;

5. 

As células TH  CD4+  reconhecem péptidos ligados a moléculas MHC classe II, enquanto as

células Tc CD8+ reconhecem péptidos ligados a moléculas MHc classe I. Assim, as células T CD4+ 

são restritas a MHC classe II e as células T CD8+ são restritas a MHC classe I. A razão para esta

segregação é que o CD4 se liga directamente a moléculas MHC classe II e o CD8 a moléculas

MHC classe I;

6. 

As células T CD4+  restritas a classe II reconhecem péptidos derivados principalmente de

proteinas extracelulares que são internalizadas em vesiculas pelas APCs enquanto as células T

CD8+  reconhecem péptidos derivados do citosol, principalmente proteinas endogenamente

sintetizadas. Isto ocorre porque proteinas vesiculares entram na via de processamento e

apresentação de péptidos classe II e as proteinas citosólicas entram na via classe I.

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Joana Maria Soares Pereira 62

A primeira demonstração da restrição MHC surgiu de estudos de Rolf Zinkernal e Peter Doherty, que

examinavam o reconhecimento de células infectadas por virus por linfócitos T citotóxicos (CTLs)

especificos para virus em ratinhos puros:

 

Se um ratinho for infectado por um virus, as CTLs CD8+ especififcas para virus desenvolvem-se

no animal. Essas CTLs reconhecem e matam células infectadas por virus apenas se essas células

infectadas expressarem moléculas MHC de alelos que são expressos no animal no qual as CTLs

foram geradas;

  Pelo o uso de estirpes de ratinhos MHC congénicos, mostrou-se que as CTLs e a célula alvo

infectada devem ser derivadas de ratinhos que partinham um alelo MHC classe I;

  Assim, o reconhecimento de antigénios pelas CTLs CD8+ é restrito a alelos MHC classe I self;

  Experiências essencialmente semelhantes demonstraram também que as respostas dos

linfócitos TH CD4+ a antigénios são restritos a MHC classe II.

A restrição MHC das células T é uma consequência dos processos de selecção durante a maturação de

células T no timo:

  Durantes este processo de maturação, as células T que expressam receptores de antigénios

especificos para péptidos ligados a MHC próprio são selecionados para sobreviver, e as célulasque não reconhecem MHC do próprio acabam por morrer;

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Joana Maria Soares Pereira 63

  Este processo assegura que as células T que atingem a maturidade são as úteis porque serão

capazes de reconhecer antigénios apresentados pelas moléculas MHC do individuo.

A descoberta da restrição MHC forneceu uma evidência definitiva que as células T não reconhecem

apenas proteinas antigénicas mas também residuos polimórficos das moléculas MHC, que são residuos

que distinguem MHC próprio do estranho. Assim, as moléculas MHC apresentam péptidos para

reconhecimento por linfócitos T e são também componentes integrais dos ligandos que as células T

reconhecem. No entanto, apesar das células T serem restritas a MHC do próprio, elas também

reconhecm moléculas MHC etsranhas presentes em enxertos de tecidos e rejitam-nos.

Em adição à apresentação de péptidos associada ao MHC, existe um outro sistema de apresentação de

antigénios especializado para apresentar antigénios lipidicos:

 

A molécula CD1 classe I não-polimórfica é expressa numa variedade de APCs e epitélios, e

apresenta antigénios lipidicos a populações de células T não usuais que não são restritas a MHC;

  Uma variedade de células são capazes de reconhecer antigénios lipidicos apresentados pelas

CD1, incluindo células T CD4+, CD8+ e CD4-CD8- que expressam recpetores de células T (TCR) αβ e também células T γδ;

  Existe um pequeno grupo de células T que expressam marcadores de células naturalmente

assassinas, designadas NK-T cells, e reconhecem lipidos associados a CD1 e glicolipidos,

incluindo alguns produzidos por bactérias.

Células Apresentadoras de Antigénios

As respostas dos linfóctios T especificos para proteinas antigénicas requerem a participação de células

apresentadoras de antigénios (APCs), que capturam e apresentam as células T. Esta conclusão é

baseada em várias linhas de evidência experimental:

1. 

As células T presentes no sangue, baço ou nodos linfáticos de individuos imunizados com uma

proteina antigénica podem ser activadas pela exposição a esse anitgénio numa cultura de

tecido. Se células dendriticas, macrófagos e linfócitos B contaminates forem removidos da

cultura, os linfócitos T purificados não respondem ao antigénio, e a resposta pode ser

restaurada pela adição de qualquer uma dessas células. Isto permite determinar que tipo de

célula é capaz de apresentar função apresentadora de antigénios;

2.  Se um antigénio for recolhido por células dendriticas ou macrófagos in vitro e dpois injectado

num ratinho, a quantidade de antigénio associado a células para induzir a resposta é 1000 vezesinferior à quantidade de mesmo antigénio necessária quando administrado por si só nums

forma livre. Isto é, as proteinas associadas a células são muito mais imunogénicas que as

proteinas soluveis. Isto é explicado pelo facto de a forma imunogénica do antigénio ser a forma

associada a APCs e apenas uma pequena fracção de antigénio livre injectado é que acaba

associado a APCs in vivo. Este conceito é agora explorado para imunizar pacientes com cancro

contra os seus tumores pelo crescimento de APCs (especeialmente, células dendriticas) desses

pacientes incubando-as com antigénios tumorais e injectando-as nos pacientes como uma

vacina celular.

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As células apresentadoras de antigénios apresentam duas funções importântes na activação de células

T:

 

Processamento de antigénios  –  as APCs convertem proteinas antigénicas a péptidos, eapresentam complexos péptido-MHC para reconhecimento por células T;

  Co-estimulação – algumas APCs fornecem estimulos (co-estimuladores) às células T, para além

dos iniciados pelo reconhecimento dos complexos péptido-MHC pelo receptor da célula T, que

são necessários para as respostas completas das células T, especialmente as células CD4+ naive.

A função apresentadora de antigénios das APCs é aumentada pela exposição a produtos microbianos:

  As células dendriticas e os macrófagos expressam Toll-like receptors que respondem a micróbios

pelo aumento da expressão de moléculas MHC e de co-estimuladores, melhorando a eficiência

da apresentação de antigénios e antivando as APCs a produxir citocinas, que estimulam asrespostas das células T;

  As células dendriticas e os macrófagos que são activados por micróbios expressam receptores

de quimiocinas que estimulam a sua migração para locais de infecção, amplificando assim a

apresentação de antigénios e a antivação de células T.

Para induzir a resposta das células T a uma proteina antigénica experimentalmente, o antigénio deve

ser administrado com substâncias designadas adjuvantes, que podem ser produtos microbianos, como

micobactérias mortas, ou mimitizam micróbios e estimulam as respostas das células T pelos mesmo

mecanismos dos produtos microbianos:

 

Não é possivel usar vários abjuvantes microbianos em humanos devido à inflamação aptológica

que os produtos microbianos geram;

  Alguns adjuvantes que são usados em humanos, como alúmen, são especialmente bons na

estimulação das respostas dos anticorpos mas são estimuladores de células T menos potentes;

  Antigénios proteicos administrados na forma aquosa sem adjuvantes tanto não induzem

respostas das células T como induzem um estado de não-resposta, designado de tolerância.

Diferentes tipos de células funcionam como células apresentadoras de antigénios para activar células T

naive e previamente efectoras diferenciadas:

 

Células dendriticas – são as células apresentadoras de antigénios mais efectivas na activação decélulas T CD4+ e CD8+ naive e, assim, na iniciação das respostas das células T;

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Joana Maria Soares Pereira 65

  Macrófagos  –  apresentam antigénios a c+elulas T CD4+  diferenciadas (efectoras) na fase

efectora da imunidade mediada por células;

 

Linfócitos B – apresentam antigénios a células TH durante as respostas imunes humorais.

As células dendriticas, macrófagos e linfócitos B expressam moléculas MHC classe II e co-estimuladores,

e são, assim, capazes de activar linfócitos T CD4+. Por esta razão, estes três tipos de células foram

designados células apresentadoras de antigénios profissionais. Contudo, este termo é por vezes usado

para referir apenas as células dendrtiticas porque:

  Este é o unico tipo de células cuja função principal é capturar e apresentar antigénios;

  É o unico tipo de APCs capazes de iniciar respostas das células T.

Resumidamente, podemos organizar as principais caracteristicas das APCs do seguinte modo:

Tipos de célulasExpressão de

Principal funçãoMHC classe II Co-estimuladores

Células dendriticas

Constitutiva; aumenta

com a maturação;

aumentada pelo IFN-γ 

Constitutiva; aumenta com

a maturação; induzivel pelo

IFN-γ, interacções CD40-

CD40L

Iniciação das respostas das

células T a proteinas

antigénicas

Macrófagos

Baixa ou negativa;

induzida pelo IFN-γ 

Induzivel pelo LPS, IFN-γ,

interacções CD40-CD40L

Fase efectora das respostas

mediadas por células

Linfócitos BConstitutiva; aumentada

pela IL-4

Induzida pelas células T

(interacções CD40-CD40L),

cross-linking antigénio

receptor

Apresentação de antigénios a

células TH CD4+ nas respostas

imunes humorais

(interacções célula T-célula B)

Células endoteliais

vasculares

Unduzivel pelo IFN-γ;

constitutiva em humanos

Constitutiva; induzivel em

ratinhos

Promove a activação de

células T especificas para

antigénios no local de

exposição ao antigénio

Várias células epiteliais

e mesenquimaisInduzivel pelo IFN-γ  Probabelmente nenhuma

Função fisiológica

desconhecida

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Papel das Células Dendriticas na Iniciação das Respostas das Células T

As células dendrtiticas estão presentes nos órgãos linfáticos, no epitélio da pele e dos tractos

respiratório e gastrointestinal e no intersticio da maior parte dos órgãos parenquimais:

  Estas células são morfologicamente identificadas

pelas suas projecções membranosas;  Existem grupos de células dendriticas que podem

ser distinguidas pela expressão de vários

marcadores membranares e podem ter diferentes

papeis nas respostas imunes;

 

Todas as células dendriticas têm origem em

percursores da medula óssea e a maior parte,

designadas células dendriticas mielóides, estão

relacionadas em linhagem com os fagócitos

mononucleares;

  As células dendriticas epiteliais são as células de

Langerhans e ocupam cerca de 25% da área

superficial da epiderme devido às suas grandes

projecções.

Normalmente, as células dendriticas epiteliais e dos

tecidos encontram-se num estado de descanso ou

imaturo, necessitando de um processo de maturação: 

  Estas células dendriticas capturam proteinas antigénicas microbianas e transportam os

antigénios para nodos linfáticos;  Em resposta aos componentes microbianos encontrados, as células dendriticas maturam-se

enquanto migram para os nodos linfáticos e tornam-se extremamante eficientes na

apresentação de antigénios e na estimulação de células T naive;

 

As células dendriticas maduras residem nas zonas de células T nos nodos linfáticos e neste local

apresentam antigénios a células T, e neste local são simplesmente designadas células

dendriticas.

Assim, a iniciação das respostas das células T CD4+  dá-se nos órgãos linfoides periféricos, sendo

necessário um transporte de antigénios para os órgãos linfóides depois de serem recolhidas na sua

entrada portal:

  As vias comuns de entrada de antigénios estranhos, como micróbios, num hospedeiro são a pele

e os epitélios dos sistemas respiratório e gastrointestinal. Em adição, antigénios microbianos

podem ser produzidos em qualquer tecido que possa ter sido infectado;

  A pele, o epitélio mucoso e os órgãos parenquimais contêm numerosos capilares linfáticos que

drenam linfa dessas locais para os nodos linfáticos regionais. A linfa contem uma amostra de

todos os antigénios soluveis e associados a células presentes nestes tecidos;

 

Os órgãos linfáticos que se encontram ao longo dos vasos linfáticos actuam como filtros da linfa

em numerosos pontos antes desta alcançar o sangue;

 

Antigénios que entram na corrente sanguinea são de modo semelhante testados no baço.

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Joana Maria Soares Pereira 67

O função das células dendriticas residentes nos epitélios e nos tecidos é capturar proteinas antigénicas

e transportar os antigénios para drenagem nos nodos linfáticos:

 

As células dendriticas imaturas, residentes nos epitélios e nos tecidos, expressam receptores

membranares que se ligam aos micróbios, como receptores de manose. As células dendriticas

usam esses receptores para capturar e endocitar antigénios microbianos, e iniciam o

processamento de proteinas em péptidos capazes de se ligar a moléculas MHC.

 

As células dendriticas também expressam Toll-like receptors que reconhecem moléculas

microbianas e activam a célula para secreção de citocinas e iniciam o seu processo de

maturação;

  As células dendriticas que são activadas por micróbios e por citocinas produzidas localmente,

como tumor necrosis factor, perdem a sua adesão pelos epitélios e começam a expressar um

receptor de quimiocinas designado CCR7 que é especifico para quimiocinas produzidas nas

zonas de células T nos nodos linféticos. Assim, as quimiocinas atraem células dendriticas

carregadoras de antigénios microbianos para as zonas de células T dos nodos linfáticos

regionais;  A maturação também converte as células dendriticas cuja função era capturar antigénios em

células que são capazes de apresentar antigénios a células T naive e activar os linfócitos. As

células dendriticas maduras expressam elevados niveis de moléculas MHC classe II com péptidos

ligados tal como co-estimuladores necessários para a activação de células T;

  Quando estas células se tornam residentes no nodos linfáticos, elas estão completamente

desenvolvidas em potentes APCs com a habilidade de activar linfócitos T. Células T naive que

recirculam através dos nodos linfáticos encontram estas APCs, as células T que são especificas

para a apresentação de complexos péptido-MHC são activadas e um resposta imune é iniciada.

Assim, podemos descrever várias propriedades das células dendriticas que as tornam as célulasapresentadoras de antigénios mais efectivas na iniciação de respostas primárias das células T:

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Joana Maria Soares Pereira 68

1. 

As células dendriticas estão estrategicamente localizadas em locais comuns de entrada de

micróbios e antigénios estranhos e em tecidos que podem ser colonizados por micróbios;

2. 

As células dendriticas expressam receptores que permitem que elas capturem micróbios e

respondam a estes;

3. 

Estas células migram preferencialmente para zonas de células T nos nodos linfáticos, através dos

quais linfócitos T naive circulam procurando por antigénios estranhos;4.

 

Células dendriticas maduras expressam elevados niveis de co-estimuladores, que são

necessários para activar linfócitos T naive.

Células dendriticas imaturas Células dendriticas maduras

Principal função Captura de antigéniosApresentação de antigénios a

células T

Expressão de receptores Fc, receptores

de manose++ -

Expressão de moléculas envolvidas na

activação de células T:

B7, ICAM-1, IL-12

- ou baixa ++

Moléculas MHC classe II

Semi-vida

Numero de moléculas de superficie

~ 10 hr

~ 106

>100 hr

~ 7 x 106 

Os antigénios podem também ser transportados para os nodos linfáticos numa forma soluvel. Quando a

linfa entra num nodo linfóide através de um vasos lifántico aferente é filtrada por todo o nodo:

  Aqui, os antigénios soluveis na linfa podem ser extraidos do fluido por células dendriticas

residentes e macrófagos e as células B no nodo podem também reconhecer e internalizar

antigénios soluveis;  As células dendriticas, os macrófagos e as células B que reconheram proteinas antigénicas

podem depois processá-las e apresentar esses antigénios a células T naive e a células T efectoras

que foram anteriormente produzidas;

  Assim, as populações de APCs nos nodos linfáticos acumulam e concentram antigénios e

apresentam-nos a linfócitos T CD4+ especificos.

As células dendriticas são também as melhores APCs na indução de respostas primárias de células T

CD8+, mas isto coloca um problema especial porque os antigénios que estes linfócitos reconhecem têm

de ser produzidos em qualquer tipo de célula, como uma célula infectada por virus ou tumoral:

  As células dendriticas apresentam a habilidade de ingerir células infectadas por virus ou

tumorais e apresentar antigénios dessas células em moléculas MHC classe I;

  Esta via de apresentação de antigénios é contrária à regra geral de que antigénios ingeridos em

vesicula são apresentadas em moléculas MHC classe II, enquanto péptidos associados a MHC

classe I são derivados de proteinas citosólicas;

 

Este processo é designado cross-presentation  para indicar que um tipo de célula é capaz de

apresentar antigénios de outra célula e activar células T especificas para esses antigénios.

Os linfócitos B reconhecem antigénios soluveis tal como antigénios apresnetados por células

dendriticas. Um tipo de células especializadas designadas de células dendriticas foliculares, que sãodistintas das células dendriticas comuns, apresentam antigénios a linfócitos B previamente activados

em centros germinais.

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Joana Maria Soares Pereira 69

 Apresentação de Antigénios a Linfócitos T Efectores Diferenciados

Nas respostas imunes mediadas por células, os macrófagos apresentam os antigénios de micróbios

fagocitados e células T efectoras, que activam os macrófagos a matar os micróbios. Este processo é a

reacção central da imunidade mediada por células:

 

Monócitos circulantes são capazes de migrar para qualquer local de infecção e inflamação, ondese diferenciam em macrófagos e fagocitam e destroem micróbios;

  As células T CD4+ aumentam as actividade microbicidas destes macrófagos. A maior parte dos

macrófagos expressa baixos niveis de moléculas MHC classe II e co-estimuladores, e niveis mais

elevados são induzidos pela citocina IFN-γ.

Por outro lados, nas respostas imunes humorais  os linfócitos B internalizam proteinas antigénicas

soluveis e apresentam péptidos derivados dessas proteinas a células TH. Esta função das células B é

essencial para a produção de anticorpos dependentes de células TH, um processo que ocorre

principalmente nos órgãos linfóides.

Todas as células nucleadas são capazes de apresentar péptidos associados a moléculas MHC classe I ,

derivados de proteinas antigénicas citosólicas, a linfócitos T CD8+  citotóxicos porque todas as células

nucleadas expressam moléculas MHC classe I:

 

A maior parte das proteinas antigénicas estranhas que estão presentes no citosol são

engenamente sintetizadas, como proteinas virais em células infectadas por virus e proteinas

mutadas em células tumorais;

  Todas as células nucleadas são susceptiveis a infecções virais e a mutações causadoras de

tumores. Assim, é importante que o sistema imune seja capaz de reconhecer antigénios

citosólicos ancoradas em qualquer tipo de célula;  CTLs CD8+  diferenciadas são capazes de reconhecer péptidos associados a classe I e matar

qualquer célula que expresse antigénios;

  A expressão ubiqua de moléculas classe I permite que CTLs restritas a classe Ireconheçam e

aliminam qualquer tipo de célula infectada por virus ou tumoral;

  Micróbios fagocitados podem tambem ser reconhecidos por CTLs CD8+  porque alguns destes

micróbios ou os seus antigénios podem escapar das vesiculas fagociticas para o citosol.

No entanto, a apresentação de péptidos associados a moléculas MHC classe II ocorre apenas nas APCs,

mas ainda outras células são capazes de expressar estas moléculas MHC classe II:

 

As células endoteliais vasculares em humanos expressam moléculas MHC classe II e poderão

apresentar antigénios a células T sanguineas que se tornaram aderentes à aprede do vaso. Isto

contribui para o recrutamento e activação de células T nas reacções imunes mediadas por

células;

  As células endoteliais em enxertos são também alvos de células T reagindo contra enxertos

antigénicos. Várias células epiteliais e mesenquimais expressam moléculas MHC classe II em

resposta a IFN-γ. O significado fisiológico da apresentação de antigénios por estas células ainda

não é claro, e já que não expressam co-estimuladores não devem ter papel importante na

apresentação de antigénios a células T;

 

As células epiteliais timicas expressam constitutivamente moléculas MHC classe II e têm umpapel critico na apresentação de complexos MHC-péptido a células T que sofrem maturação no

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Joana Maria Soares Pereira 70

timo como parte dos processos de selecção que moldam o reportório de especificidades das

células T.

Processamento de Antigénios

As vias de processamento de antigénios convertem proteinas antigénicas derivadas do espaço

extracelular ou do citosol em péptidos e carregam esses péptidos nas moléculas MHC paraapresentação aos linfócitos T:

  As vias de processamento e apresentação de antigénios usam organelos e enzimas subcelulares

que apresentam funções generalizadas de degradação e reciclagem de proteinas que não são

exclusivamente usadas para a apresentação de antigénios ao sistema imune;

  Assim, tanto a via de apresentação de antigénio pelo MHC classe I ou classe II evoluiram como

adaptações de funções celulares básicas;

  Os mecanismos celulares de processamento de antigénios são designados para gerar péptidos

que apresentam caracteristicas estruturais necessárias para a associação com moléculas MHC e

para colocar esses péptidos na mesma localização celular das moléculas MHC apropriadas comfendas de ligação a péptidos disponiveis;

  A ligação de péptidos a moléculas MHC ocorre antes da expressão na superficie da célula e é um

componente integral da biossintes e montagem das moléculas MHC, devido també ao facto de

este passo ser necessário para uma montagem estável das moléculas MHC.

Os diferentes destinos dos antigénios  vesiculares e citosólicos são devidos a vias de biossintese e

montagem diferentes para moléculas classe I e classe II:

  Esta diferente fundamental entre antigénios vesiculares e citosólicos foram demonstrados

experimentalmente pela análise da apresentação do mesmo antigénio produzido em APC por

diferentes vias;

 

Se uma proteina globular for adicionada na forma soluvel a APCs e endocitada para vesiculas

destas células, ele é subsequentemente apresentada como péptidos associados a classe II e

reconhecida por células T CD4+;

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Joana Maria Soares Pereira 71

  Em contraste, se a mesma proteina antigénica for produzida no citoplasma de APCs com

produto de um gene modificado de modo a entrar na via secretória, ou introduzida

directamente no citoplasma de APCs por choque osmótico, ela é apresentada na forma de

péptidos associados a classe I que são reconhecidos por células T CD8+.

As principais caracteristicas das vias MHC classe I e classe II são:

Caracteristica Via MHC classe II Via MHC classe I

Composição do complexo péptido-MHC

estável

Cadeias α e β polimórficas, péptido Cadeia αpolimórfica, β2-

micrglobulina, péptido

Tipos de APCs

Células dendriticas, fagócito

mononucleares, linfócitos B,

células endoteliais, epitélio timico

Todas as células nucleadas

Células T Células T CD4+  Células T CD8+ 

Fontes de proteinas antigénicas

proteinas endossomais/lisossomais

(maioritariamente internalizadas

do ambiente extracelular) 

Proteinas citosólicas

(principalmente sintetizadas na

célula, podem também entrar no

citosol a partir dos fagossomas)

Enzimas responsáveis pela geração de

 péptidos

Proteases endossomais e

lisossomais (e.g., catepsinas)Proteossoma citosólico

Local de carregamento do MHCCompartimento vesicular

especializadoReticulo endoplasmático

Molécula envolvidas no transporte de

 péptidos e carregamento de moléculas

MHC

Chaperones no ER; cadeia

invariante no RE, Golgi e MIIC/CIIV;

DM

Chaperones, TAP no RE

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Joana Maria Soares Pereira 72

Via MHC Classe II

A produção de péptidos associados a MHC classe II a partir de antigénios endocitados involve a

degradação proteolitica de proteinas internalizadas em vesiculas endociticas e a ligação de péptidos a

moléculas MHC classe II nestas vesiculas:

1. 

RECOLHA DE PROTEINAS EXTRACELULARES PARA COMPARTIMENTOS VESICULARES DAS APCS

Os passos iniciais na apresentação de proteinas antigénios extracelulares são a ligação do antigénio

naive a uma APC e a internalização desse antigénio. Diferentes APCs são capazes de se ligar a proteinas

antigénicas de vários modos e com eficiências e especificidades variáveis:

  Células dendriticas e macrófagos expressam uma variedade de receptores de superficie que

reconhecem estruturas partilhadas por vários micróbios. Assim, estas APCs ligam e internalizam

micróbios eficientemente;

 

Macrófagos também expressam receptores para as porções Fc dos anticorpos e receptores para

a proteina do complemento C3b, que liga antigénios com anticorpos ligados ou proteinas do

complemento e melhoram a sua internalização;  Na superficie dos linfócitos B também existem receptores, as imunoglobulinas de superficie,

que, devido às suas elevadas afinidade para antigénios, conseguem mediar a internalização de

proteins presentes a concentrações muito baixas no fluido extracelular.

Depois da internalização, as proteinas antigénicas localizam-se em vesiculas intracelulares revestidas

por uma membrana e os endossomas são vesiculas com pH acidico que contêm enzimas proteoliticas. A

via endossomal de trâfego intracelular de proteinas comunica com lisossomas, que são vesiculas

revestidas por uma membrana mais densas e com conteudo enzimático. Micróbios particulares são

internalizados em vesiculas designadas fagossomas, produzindo vesiculas designadas fagolisossomas. A

fusão dos lisossomas com as vesiculas de endocitose leva à degradação do conteúdo fagocitado.

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No entanto, alguns micróbios, como as micobactérias e a Leishmania, podem sobreviver e mesmo

replicar nos fagossomas ou endossomas, fornecendo uma fonte persistente de antigénios nos

compartimentos vesiculares.

2. 

PROCESSAMENTO DE PROTEINAS INTERNALIZADAS EM VESICULAS ENDOSSOMAIS E LISOSSOMAIS

Proteinas internalizadas são degradadas enzimaticamente em endossomas tardios e lisossomas paragerar péptidos que são capazes de se ligar às fendas de moléculas MHC classe II. A degradação de

proteinas antigénicas em vesiculas é um processo activo mediado por proteases que apresentam um

pH óptimo:

  O processamento de proteinas soluveis por macrófagos (e outras APCs) é inibida mantendo as

APCs metabolicamente inertes por fixação quimica ou aumentando o pH de vesiculas

intracelulares acidicas com agentes como as cloroquinas;

  Vários tipos de proteases estão presentes em endossomas e lisossomas e inibidores especificos

destas enzimas bloqueiam a apresentação de proteinas antigénicas pelas APCs;

 

As formas processadas da maior parte das proteinas antigénicas que as células T reconhecempodem ser artificialmente geradas por proteólise. As APCs que são quimicamente fixadas ou

tratadas com cloroquina antes de processarem proteinas antigénicas podem apresentar

eficientmente péptidos antes digeridos desse antigénio mas não a proteina intacta a células T

especificas.

Várias enzimas diferentes participam na degradação de proteinas antigénicas nos endossomas. As

proteases mais abundantes nos endossomas são as catepsinas, que são proteases tiol e aspartil com

largas especificidades de substratos e que apresentam um papel importante na produção de péptidos

para a via classe II. Proteinas parcialmente degradadas ou clivadas ligam-se a fendas MHC classe II livres

e são enzimaticamente aparadas para o seu tamanho final.

A maior parte dos péptidos de ligação a MHC classe II   são derivados de proteinas internalizadas do

meio extracelular e proteinas de compartimentos secretórios que são normalmente degradadas em

lisossomas. Menos frequentemente, as proteinas citoplasmáticas e membranares podem tambémentrar na via classe II.

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Em alguns casos, isto pode resultar de digestão enzimática de conteudos citoplasmáticos, autofagia: 

  Nesta via, proteinas citoplasmáticas são presas em vesiculas derivadas do reticulo

endoplasmático designadas autofagossomas;

  Estas vesiculas fundem-se com lisossomas e as proteinas citoplasmáticas são proteoliticamente

degradadas;

  Os péptidos gerados por esta via podem ser entregues às mesmas vesiculas classe II às quais os

péptidos derivados de antigénios ingeridos são entregues.

Alguns péptidos que se associam com moléculas classe II derivam de proteinas membranares que

podem ser recicladas pela mesma via endocitica que as proteinas extracelulares. Assim, mesmo virus,

que replicam no citoplasma de células infectadas, produzem proteinas citoplasmáticas e membranares

que são degradadas em péptidos que entram na via MHC classe II de apresentação de antigénios. Este

pode ser um mecanismo para a activação de células TH CD4+ especificas para antigénios virais.

3. 

BIOSSINTESE E TRANSPORTE DE MOLÉCULAS MHC CLASSE II PARA OS ENDOSSOMAS

A biossintese de moléculas MHC classe II ocorre no RE e estão são transportadas para endossomas com

uma proteina associada, designada cadeia invariante (I j), que ocupa as fendas de ligação ao péptido de

moléculas classe II recentemente sintetizadas:

 

As cadeias α e β das moléculas MHc classe II são coordenadamente sintetizadas e associadas

uma à outra no RE;

  Dimeros classe II nascentes são estruturalmente instáveis e a sua montagem é auxiliada por

chaperones residentes no RE, como a calnexina;

 

A I j não polimórfica também se associa com heterodimeros αβ MHC classe II no RE.

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A proteina I j é um trimero composto por três subunidades de cerca de 30 kDa, cada uma das quais se

liga a um heterodimero αβ MHC classe II de tal modo que interfere  com o carregamento da fenda

formada pelas cadeias α e β: 

 

Assim, as moléculas MHC classe II não conseguem ligar e apresentar péptidos que encontram no

RE, deixando tais péptidos para se associar a moléculas classe I;

  A I j  também promove a montagem de moléculas classe II e direcciona moléculas classe II

recentemente formadas para endossomas tardios e lisossomas onde proteinas internalizadas

foram proteoliticamente degradadas em péptidos.

Ao contrário das vesiculas contendo proteinas destinadas para secreção ou para a superficie da célula,

as vesiculas contendo moléculas MHC classe II  emergem do aparelho de Golgi e são enviadas para

endossomas e lisossomas:

  Durante a sua viagem até à superficie das células, as vesiculas exociticas transportadoras de

moléculas MHC classe II encontram-se e fundem-se com vesiculas endociticas contendo

antigénios internalizados e processados;  Como resultado, as moléculas classe II entram nas vesiculas que também contêm péptidos

gerados por proteólise de proteinas endocitadas.

Foi definida uma classe de endossomas ricos em classe II que apresentam papeis importantes na

apresentação de antigénios. Em macrófagos e linfócitos B humanos, designa-se compartimento MHC

classe II, ou MIIC:

 

Apresenta uma aparência multilaminar por microscopia electrónica;

  Contem todos os compartimentos necessários para a associação péptido-classe II, incluido

enzimas que degradam proteinas antigénicas, as moléculas classe II, as I j  e uma moléculadesignada human leukocyte antigen DM (HLA-DM).

APCs de ratinhos KO deficiente em I j  mostram apresentação deficiente de algumas proteinas

antigénicas mas são ainda capazes de apresentar péptidos associados a classe II derivados de uma larga

gama de proteinas. Assim, isto sugere que a importância da I j pode variar de acordo com o antigénio e

aser apresentado.

4. 

ASSOCIAÇÃO DE PÉPTIDOS PROCESSADOS COM MOLÉCULAS MHC CLASSE II EM VESICULAS

Nos MIIC, ocorre a associação de péptidos às moléculas MHC classe II. A I j (cadeia invariante) dissocia-

se das moléculas MHC classe II pela acção combinada de enzimas proteoliticas e da moléculas HLA-DM,e os péptidos antigénicos são então capazes de se ligar a fendas de ligação de péptido disponiveis nas

moléculas MHC classe II:

  Como as I j bloqueiam o acesso à fenda de ligação ao péptido de moléculas MHC classe II, devem

ser removidas antes de se poderem formar complexos de péptidos com moléculas MHC classe

II;

 

As mesma enzimas proteoliticas, como catepsina S, que geraram péptidos a partir de proteinas

internalizadas também actuam sobre as I j, degradando-as e deixando apenas um pequeno

péptidos de 24 aminoácidos designado péptido classe II associado a cadeia invariante (CLIP);

 

O CLIP localiza-se na fenda de ligação ao péptido de moléculas classe II. Assim, é necessária aremoção do CLIP antes da fenda se tornar acessivel para os péptidos produzidos a partir de

proteinas extracelulares;

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  Esta remoção é feita pela a acção de uma molécula chamada HLA-DM (ou H-2M no ratinho), que

é codificada no MHC, tem uma estrutura semelhante a moléculas MHC classe II e co-localiza-se

com as moléculas MHC classe II nos compartimentos MIIC;

  Assim que o CLIP é removido, os péptidos gerados por proteólise de proteinas antigénicas

internalizadas são capazes de se ligar a moléculas MHC classe II. Assim, as moléculas HLA-DM

aceleram a ligação de péptidos a moléculas classe II;  Como as terminações das fendas de ligação em moléculas MHC classe II estão abertas, péptidos

grandes e mesmo proteinas inteiras não enroladas podem ligar-se à fenda e são depois

aparadas por enzimas proteoliticas para o tamanho adequado;

  Os péptidos apresentados na superficie das células classe II têm um tamanho de 10-30 residuos,

sendo que normalmente são gerados por este processo de aparamento.

As moléculas HLA-DM diferem das moléculas classe II em vários aspectos:

  Não são polimórficas;

 

Não se associam com as I j; 

Não são expressas na superficie das células.

As moléculas HLA-DM actuam como trocadores de péptidos, facilitando a remoção do CLIP e a adição

de outros péptidos a moléculas MHC classe II. O papel critico das HLA-DM  foi demonstrado pela

descoberta de que linhas celulares mutantes que não apresentam Dm, e ratinhos KO que não contêm a

proteina homóloga H-2M, são deficientes na apresentação de péptidos derivados de proteinas

extracelulares:

 

Quando moléculas MHC classe II são isoladas deste mutantes, encontram-se CLIPs quase

exclusivamente a ocupar as suas fendas de ligação, facto consistente com o papel de remoçãodo CLIP pelo DM;

  Transfecção de genes codificantes de DM para estas linhas celulares mutantes restaura a

apresentação de antigénios associados a classe II.

Linfócitos B, e talvez outras APCs, expressam outro heterodimero classe II-like não-polimórfico

designado HLA-DO:

  A maior parte das DO nas células é encontrada com as DM, sugerindo que as moléculas DO

poderão regular a eficiência da apresentação de antigénios ou o tipo de péptidos que são

gerados nas células B;

 

Contudo, as DO não são necessárias para o processamento de antigénios, e as suas funções

continuam pobremente definidas.

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5. 

EXPRESSÃO DE COMPLEXOS PÉPTIDOS-CLASSE II NA SUPERFICIE DAS APCS

As moléculas MHC classe II são estabilizadas pela ligação de péptidos e os complexos péptido-classe II

estáveis são deixados na membrana das APCs, onde são apresentados para reconhecimento pelas

células T CD4+:

 

A necessidade da ligação do péptido para a estabilização de moléculas MHC classe II asseguraque apenas complexos péptido-MHC apropriadamente carregados são expressos na superficie

das células;

  Assim, que são expressos na superficie das APCs, os complexos péptido-classe II são

reconhecidos por células T CD4+ especificas, com o co-receptor CD4 a ter um papel essencial na

ligação a regiões não-polimórficas das moléculas MHC classe II;

 

A baixa taxe de dissociação e, assim, o longo tempo de semi-vida dos complexos péptido-MHC

aumenta a probabilidade de uma célula T especifica para tal complexo faça contacto e seja

activada;

  Enquanto moléculas classe II carregadas com péptidos viajam dos endossomas tardios para a

superficie da célula, outras moléculas envolvidas na apresentação de antigénios, como DM,

mantêm-se em vesiculas e não são expressas com proteinas membranares.

Como as APCs apresentam continuadamente péptidos derivados de todas as proteinas que encontram,

apenas uma fracção muito pequena de complexos péptido-MHC na superficie celular apresentarão o

mesmo péptido. Além disso, a maior parte dos péptidos ligados serão derivados de proteinas do próprio

normais porque não existe nenhum mecanismo para destinguir proteinas self de non-self no processo

que gera os complexos péptido-MHC. Isto gera duas questões:

1. 

Como é que as células T reconhecem e são activadas por qualquer antigénio estranho se

normalmente todas as APCs apresentam principalmente complexos péptido-MHC self? As células T são notavelmente sensiveis e necessitam de reconhecer especificamente muito

poucos complexos péptido-MHC para serem activadas. Estima-se que apenas cerca de 100

complexos de um péptido particular com uma molécula MHC classe II na superficie de uma APC

são capazes de iniciar uma resposta especifica de uma célula T. Isto representa menos de 0,1%

do número total de moléculas MHC classe II presentes na superficie de uma APC. Assim,

antigénios recentemente introduzidos podem ser processados em péptidos que carregam

suficientes moléculas MHC de APCs para activar células T especificas para esses antigénio,

apesar de algumas moléculas MHC estarem ocupadas por péptidos self. A habilidade das APCs

internalizarem, processarem e apresentarem uma mistura heterogénea de proteinas self e non-

self assegura que o sistema imune seja capaz de reconhecer pequenas exposições a antigénios

estranhos. O reconhecimento de antigénios pelas células T também desencadeia uma

redestribuição de moléculas MHC sobre as APCs para a célula T, estabelecendo um feedback

positivo que promove o reconhecimento de antigénios.

2. 

Se individuos processam as suas proteinas e as apresentam em associam com as próprias

moléculas MHC classe II, porque é que não desenvolvemos normalmente respostas imune

contra as nossas proteinas? 

Complexos péptido-MHC self são formados mas não induzem autoimunidade porque células T

especificas para tais complexos são morta ou inactivadas. Assim, as células T não capazes deresponder normalmente a antigénios self.

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Via MHC Classe I

A produção de péptidos associados a MHC classe I é feita por degradação proteolitica de proteinas

citosólicas, transporte dos péptidos gerados para o RE e a sua ligação a moléculas MHC classe I

recentemente sintetizadas:

1. 

FONTES DE ANTIGÉNIOS CITOSÓLICOS

Os péptidos que são apresentados ligados a moléculas MHC classe I derivam de proteinas citosólicas,

sendo a maior parte sintetizadas endogenamente nas células nucleadas:

  Antigénios estranhos no citosol são produtos de virus ou outros micróbios intracelulares que

infectaram tais células;

 

Nas células tumorais, vários genes mutados ou expressos em excesso podem produzir proteinas

antigénicas que são reconhecidas por CTLs restritas a classe I;

 

Péptidos que são apresentados em associação com moléculas classe I podem também ser

derivados de micróbios ou outros antigénios particulares que são internalizados nos

fagossomas.

Alguns micróbios são capazes de danificar as membranas dos fagossomas e criar poros através dosquais os micróbios e os seus antigénios entram no citosol. Por exemplo, estirpes patogénicas de Listeria

monocytogenes produzem uma proteinas, designada listeriolisina, que permite que a bactéria escape

de vesiculas para o citosol. Assim que os antigénios de micróbios fagocitados estão no citosol, são

processados como qualquer outro antigénio citosólico.

2. 

DEGRADAÇÃO PROTEOLITICA DE PROTEINAS CITOSÓLICAS

O principal mecanismo para a produção de péptidos a partir de proteinas antigénicas citosólicas é a

proteólise pelo proteossoma:

 

O proteossoma é uma grande enzima multimérica com uma larga actividade proteolitica que éencontrada no citoplasma da maior parte das células;

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  Uma forma do proteossoma com 700 kDa aparece como

um cilindo composto por dois aneis externos e dois

internos, cada anel sendo composto por sete subunidades.

Três das sete subunidades são os locais cataliticos para

proteólise;

 

Um proteossoma maior, 1500 kDa, é mais importante naprodução de péptidos classe I e é composto pela estrutura

de 700 kDa mais algumas subunidades adicionais que

regulam a actividade proteolitica;

  Duas subuinidade cataliticas presentes nos proteossomas

de 1500 kDa, designadas LMP-2 e LMP-7, são codificadas

por genes no MHC, e são particularmente importantes para

a produção de de péptidos classe I.

O proteossoma realiza uma função básica das células degradando várias proteinas danificadas ou mal

montadas. Estas proteinas são alvo de degradação proteossomal por ligação covalente a várias cópiasde pequenos péptidos designados ubiquitina. Proteinas ubiquinadas são reconhecidas pelas cápsulas

dos proteossomas e são desenroladas, a ubiquitina é removida e as proteinas são puxadas para dentro

do proteossoma.

O proteossoma apresenta uma ampla gama de especificidade de substratos  e gera uma grande

variedade de péptidos a partir de proteinas citosólicas, mas não as degrada em aminoácidos:

  Em células tratadas com a citocina IFN-γ, existe um aumento da transcrição e sintese de LMP-2 e

LMP7, e essas proteinas substituem duas das subunidades do proteossoma;

 

Isto resulta numa alteração de especificadade para substratos de modo que os péptidos

produzidos apresentam cerca de 6-30 residuos e contêm aminoácidos C-terminais básicos ou

hidrofóbicos, caracetristicas tipicas de péptidos transportados por moléculas MHC classe I;

 

Assim, os proteossomas são excelentes exemplos de organelos cujas funções celulares básicasforam adaptadas para o papel expecializados de apresentação de antigénios.

Várias linhas de evidência estabeleceram que a degradação proteossomal de proteinas citosólicas é

necessa´ria para a entrada na via de processamento de antigénios classe I:

1. 

Inibidores especificos da função proteossomal bloqueiam a apresentação de uma proteina

citoplasmática a células T restritas a MHC classe I. Contudo, se o péptido que é reconhecido

pelas CTLs for sintetizados directamente no citoplasma de uma célula como produto de um

minigene transfectado, o péptido é apresentado e a célula pode ser morta por CTLs. Nesta

situação, a apresentação do péptido não é bloqueada por inibidores de enzimas proteossomais,indicando que assim que os antigénios são convertidos a péptidos citosólicos não necessitam de

mais dagradação proteossomal;

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2. 

Em algumas linhas celulares, a inibição da ubiquitinização também inibe a apresentação de

ptoteinas citoplasmáticas a células T restritas para MHC classe I especificas. De modo reciproco,

modificação de proteinas por ligação de uma sequência N-terminal que é reconhecida por

enzimas de conjugação de ubiquitina leva ao aumento da ubiquitinização e a apresentação de

antigénios associados a MHC classe I mais rapidamente;

3. 

Ratinhos nos quais genes codificantes de determinadas subunidades proteossomais (LMP-2 ou

LMP-7) são eliminados mostram defeitos na produção de CTLs contra alguns virus,

presumivelmente devido a deficiente apresentação de antigénios virais associados a MHC classe

I.

Assim, os mecanismos preoteoliticos que geram péptidos antigénicos que ligam moléculas MHC classe I

são diferentes dos mecanismos descritos para as associações péptido-MHC classe II. Isto é também

evidente a partir da observação que agentes que aumentam o pH endossomal e lisossomal, ou

directamente inibem proteases endossomais, bloqueiam a apresentação de antigénios restrita a classe

II mas não classe I, enquanto inibidores da ubiquitinização ou dos proteossomas fazem exactamente oinverso.

No entanto, existem outros mecanismos de produção de péptidos para apresentação via classe I que

não exigem ubiquinização e o proteossoma, podendo ocorrer degradação de proteinas no RE.

3. 

TRANSPORTE DE PÉPTIDOS DO CITOSOL PARA O RETICULO ENDOPLASMÁTICO

Como os péptidos antigénicos para a via classe I são produzidos no citosol mas as moléculas MHC classe

I são sintetizadas no RE, tem de existir um mecanismo de transporte  de péptidos para o RE. A proteina

transportadora, designada TAP (transportador associado com o processamento de antigénios):

 

Heterodimero trans-membranar constituido por duas proteinas: TAP1 e TAP2;

  Em adição aos seus segmentos trans-membranares, as proteinas TAP1 e TAP2 apresentam um

dominio projectado para o lumen do RE e um dominio de liagação a ATP que se projecta para o

citoso;

  Ambas as proteinas TAP1 e TAP2 pertencem à familia de proteinas transportadoras de ligação a

ATP encontradas na membrana de várias células, incluindo bactérias, e que medeiam o

transporte de pequenas moléculas dependente de ATP.

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Péptidos gerados no citosol pelo proteossoma são translocados pela TAP para o RE por um processo

que requer a hidrólise de ATP e a TAP tem caracteristicas importantes que beneficiam este transporte:

  A TAP apresenta o máximo de afinidade para péptidos com cerca de 8-10 aminoácidos, o que

corresponde a um tamanho óptimo para ligação a moléculas MHC classe I;

  Em adição, a TAP favorece péptidos com residuos hicrofóbicos ou básicos C-terminais, os

residuos preferidos para ancoragem a moléculas MHC classe I;

 

A TAP é óptima para o transporte de péptidos que irão interagir com moléculas MHC classe I.

Os genes TAP1 e TAP2 localizam-se na região MHC classe II, adjacentes aos genes LMP2 e LMP7. Ambos

os genes transportadores e LMP são polimórficos, o que significa que diferentes alelos são expressos

numa população. Este polimorfismo pode contribuir para a variação observada entre individuos

relativamente às suas respostas a diferentes antigénios endogenos.

4.   MONTAGEM DE COMPLEXOS PÉPTIDO-MHC CLASSE I NO RETICULO ENDOPLASMÁTICO

A sintese e montagem de moléculas classe I envolve um processo de vários passos no qual a ligação do

péptido é um ponto importante:

  As cadeias α e β2-microglobulina classe I são sintetizadas no RE e o enrolamento adequado de

cadeias α nascentes é assistida por várias chaperones do RE, como calnexina e calreticulina; 

  No RE, os dimeros classe I formados vazios continuam ligados ao complexo TAP por tapasina;

  Depois da entrada no RE via TAP, os péptidos são normalmente aparados para o tamanho

apropriado por uma aminopepidase residente no RE, ERAP;

  Os péptidos podem então ligar-se à fenda da molécula classe I adjacente, sendo depois o

complexo péptido-classe I libertado da tapasina e capaz de sair do RE e ser transportado para a

superficie da célula; 

Na ausência de péptido ligado, a maior parte dos dimeros MHC classe I formados são instáveis,

não são transportados do RE eficientmente e são degradados neste local.

Péptidos transportados para o RE preferencialmente ligam-se a moléculas classe I mas não a classe por

duas razões:

1. 

Moléculas classe I recentemente sintetizadas estão ligadas à parte luminal dos complexos TAP,

prontas para receber péptidos;

2.  No RE, as fendas de ligação a péptidos de moléculas MHC classe II recentemente sintetizadas

estão bloqueadas pela I j associada.

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5. 

EXPRESSÃO DE COMPLEXOS PÉPTIDO-MHC CLASSE I NA SUPERFICIE CELULAR

Moléculas MHC classe I com péptidos ligados são estruturalmente estáveis e são expressas na superficie

celular:

  Complexos péptido-MHC classe I que foram produzidos no RE movem-se atravé do aparelho de

Golgi e são transportados para a superficie da célula por vesiculas exociticas;  Assim que são expressas na superficie da célula, os complexos péptido-classe I são reconhecidos

por células T CD8+ especificas, com o co-receptor CD8 apresnetado um papel essencial ligando-

se a regiões não-polimórficas das moléculas MHc classe I.

Vários virus evoluiram mecanismos que interferem com a montagem e carregamento de moléculas

MHC classe I, enfatizando a importância desta via na imunidade antiviral.

Significado Fisiológico da Apresentação de Antigénios via MHC

As vias de apresentação de antigénio classe I ou classe II processam proteinas disponiveis para

apresentação a células T, e a maior parte dessas proteinas são próprias do hospedeiro. Proteinasestranhas são relativamente raras, podendo derivar de micróbios infecciosos, outros antigénios

estranhos introduzidos no corpo e tumores.

As células T apresentam uma função de vigilância, analisando todos os péptidos apresentados para a

presença de péptidos estranhos e respondendo a estes ultimos:

 

Péptidos do próprio não estimulam respostas das células T, porque células T com receptorespara estes péptidos foram eliminadas durante a maturação no timo ou porque as células podem

sofrer inactivação por reconhecimento de antigénios do próprio;

  As moléculas MHC apresentam antigénios do espaço extracelular ou do citosol de todas as

células nucleadas, e isto é importante porque micróbios podem residir nas duas localizações.

Apesar de péptidos derivados de antigénios estranhos (e.g., microbianos) não serem

abundantes, estes antigénios estranhos são reconhecidos pelo sistema imune devido à eslevada

sensibilidade das células T;

 

Micróbios infecciosos estimulam a expressão de co-estimuladores nas APCs que aumentam as

respostas das células T, assegurando assim que as células T sejam activadas quando micróbios

estão presentes.

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A apresentação de proteinas vesiculares versus citosólicas pelas vias MHC classe II ou classe I,

respectivamente, determina quais os grupos de células T que responderão a antigénios encontrados

nestas duas pools de proteinas:

 

Antigénios extracelulares  –  normalmente terminam em vesiculas endossomais e activamcélulas T CD4+ restritas a classe II porque proteinas vesiculares são processadas em péptidos que

se ligam a classe II. As células T CD4+  funcionam como ajudantes para estimular mecanismos

efectores, como anticorpos e a fagocitose, que servem para eliminar antigénios extracelulares;

  Antigénios citosólicos  –  antigénios sintetizados endogenamente estão presentes na pool

citoplasmática de proteinas, onde estão inacessiveis aos anticorpos e à fagocitose. Estes

antigénios citosólicos entram na via de processamento de moléculas classe I e activam CTLs

CD8+  restritas a classe I, que matam as células que produzem os antigénios intracelulares. A

expressão de moléculas classe I em todas as células nucleadas assegura que os péptidos de

virtualmente qualquer proteina podem ser apresentados para reconhecimento por células T

CD8+. Assim, antigénios de micróbios que residem em diferentes localizações celulares

selectivamente estimulam as respostas das células T que são mais efectivos na eliminação desse

tipo de micróbio.

Isto é especialmente importante porque os receptores de antigénios de células T H  e CTLs não são

capazes de distinguir entre micróbios extracelulares e intracelulares. Pela secreção de péptidos

derivados de diferentes tipos de micróbios, as moléculas MHC guiam estes subgeupos de células T a

responder a micróbios que cada grupo consegue combater.

A especificidade única das células T para antigénios ligados à superficie de células é essencial para as

funções dos linfócitos T, que são amplamente mediadas por interacções que requerem contacto célula-

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célula directo e por citocinas que actuam a curtas distâncias. As APCs não apresentam apenas

antigénios a linfócitos T mas também são alvos das funções efectoras das células T:

  Macrófagos com micróbios fagocitados apresentam antigénios microbianos a células T CD4+ e as

células T respondem pela activação da macrófago para a destruição dos micróbios;

  Linfócitos B que ligaram e endocitaram especificamente uma proteina apresentam péptidos

derivados deste antigénios a células TH, e as células T estimulam depois os linfócitos B a produzir

anticorpos contra a proteina;

  A apresentação de péptidos associados a classe I permite que CTLs CD8+ detectem e respondam

a antigénios produzidos em todas as células nucleadas e destroem estas células.

As moléculas MHC determinam a imunogenicidade de proteinas antigénicas por duas vias relacionadas:

1. 

Os epitopos de proteinas complexas que elicitam as respostas das células T mais fortes são os

péptidos que são gerados por proteólise em APCs e ligam mais avidamente a moléculas MHC. Se

um individuo é imunizado com uma proteina antigénica multideterminante, em muitos casos a

maioria das células T que respondem são especificas para uma ou poucas sequências deaminoácidos lineares do antigénio, designadas epitopos ou determinantes imunodominantes.

As proteases envolvidas no processamento de antigénios produzem uma variedade de péptidos

a partir de proteinas naturais, e apenas alguns desses péptidos possuem as caracteristicas que

permitem que estes se liguem a moléculas MHC presentes em cada individuo;

2. 

A expressão de alelos MHC classe II particulares num individuo determina a habilidade desse

individuo para responder a antigénios particulares. Sabemos que os genes de resposta imune

(Ir) que controlam as respostas dos anticorpos são genes estruturais do MHC classe II. Estes

influenciam a resposta imune porque várias moléculas MHC classe II alélicas diferem na sua

habilidade de ligar a diferentes péptidos antigénicos e, assim, estimular as células TH especificas.

Apresentação de Lipidos Antigénicos por Moléculas CD1

Uma excepção à regra que as células T apenas reconhecem péptidos é o reconhecimento de lipidos e

glicolipidos antigénicos  por uma população de células T numericamente raras designadas células T

naturalmente assassinas (NK-T cells). Estes linfócitos apresentam propriedades não usuais:

 

Expressam marcadores que são caracteristicos de células T e de células naturalmente

assassinas;

 

Apresentam receptores com uma diversidade limitada.

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As células NK-T reconhecem lipidos e glicolipidos apresentados por moléculas MHC classe I-like não

clássicas designadas CD1. Apesar das suas vias de trâfego intracelular diferirem de modos subtis, todas

as moléculas CD1 ligam a apresentam lipidos por uma via unica:

 

Moléculas CD1 recentemente sintetizadas ligam lipidos celulares e carregam-nos até à superficie

da célula;

  A partir daqui, os complexos CD1-lipido são endocitados para endossomas ou lisossomas, onde

lipidos que foram ingeridos do ambiente externo são capturados e novos complexos CD1-lipido

regressam à superficie da célua;

  Assim, as moléculas CD1 ligam lipidos endocitados durante a reciclagem e apresentam-nos sem

processamento aparente.

As células NK-T que reconhecem os lipidos antigénicos parecem ter um papel na defesa contra

micróbios, especialmente micobactérias (que são ricas em componentes lipidicos).

MHC e Susceptibilidade a Doença

Alguns alelos HLA ocorrem com muito maior frequência nos individuos que sofrem certas doenças

relativamente à população a que pertencem. As doenças associadas com alelos MHC particulares

incluem:

  Doenças autoimunes;

  Certas doenças virais;

  Algumas doenças neurológicas;

 

Várias alergias diferentes.

A associação entre alelos HLA e uma determinada doença deve ser quantificada pela determinação da

frequência de alelos HLA espressos por individuos com essa doença, e comparando esses dados com a

frequência do mesmo alelo na população geral. Esta comparação permite o calculo do risco relativo

(RR):

Doença Alelo HLA associado Risco relativo

Espondilite anquilosante B27 90

Sindrome de Goodpasture DR2 16

Enteropatia sensivel ao gluten DR3 12

Hemacromatose hereditária

A3

B14

A3/B14

9,3

2,3

90Diabetes tipo I DR4/DR3 20

Esclerose multipla DR2 5

Miastenia grave DR3 10

Narcolepsia DR2 130

 Artrite reactiva ( Yersinia,

Salmonella, Gonococcus)B27 18

Sindrome de Reiter B27 37

 Artrite reumatóide DR4 10

Sindrome de Sjorgen Dw3 6

Lupus eritematosa sistémica DR3 5

  Um risco relativo de 1 significa que o alelo HLA é expresso com a mesma frequência no paciente

e na população geral, indicando que o alelo não confere risco de doença;

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Joana Maria Soares Pereira 86

  Um risco relativo substancialmente superior a 1 indica uma associação entre o alelo HLA e a

doença.

A existência de uma associação entre um alelo MHC e uma doença não pode ser interpretada como

implicando que a expressão do alelo causa a doença, a relação entre alelos MHC e o desenvolvimento

da doença é complexa. Por exemplo,

  No caso da espondilite anquilomatose, foi sugerido que devido à forte ligação entre os genes

TNF-α  e TNF-β  com o locus HLA-B estas citocinas podem estar envolvidas na destruição da

cartilagem, o que é caracteristico desta doença.

Quando as associações entre alelos MHC e doença são fracas, reflectidas por baixos valores de risco

relativo, é provavel que multiplos genes influenciem a susceptibilidade, dos quais apenas um é do MHC.

Gémeos são um bom modelo para mostrar que estas doenças não são herdadas por degregação

Mendeliana simples já que ambos herdam o factor de risco mas não significa que ambos desenvolverão

a doença. Isto sugere que que multiplos factores genéticos e ambientais apresentam papeis no

desenvolvimento da doença, especialmente doença autoimunes, com o MHC a apresentar um papelimportante mas não exclusivo.

Uma dificuldade adicional na associação de um produto MHC particular com uma doença é o fenómeno

genético de desiquilibrio de ligação. O facto de alguns alelos MHC classe I estarem em desiquilibrio de

ligação com alelos MHC classe II faz com que a sua contribuição na susceptibilidade a doenças pareça

mais pronunciada do que é na realidade. Por exemplo,

 

Se DR4 contribui para risco de doença e se este ocorre frequentemente em combinação com A3

devido ao desiquilibrio de ligação, o A3 será incorrectamente associado com a doença.

Um numero de hipóteses foram sugeridas para explicar o papel do MHC na susceptibilidade a doenças:

  Diferenças alélicas podem levar a diferenças na resposta imune, que se devem a variações na

habilidade de apresentar antigénios processados ou na habilidade das células T reconhecerem

antigénios apresentados;

  Formas alélicas de genes MHC podem codificar moléculas que são reconhecidas como

receptores por virus ou toxinas bacterianas;

  A anélise genética da doença deve considerar a possibilidade de genes em multiplos loci

estarem envolvidos e que interacções complexas entre eles podem ser necessárias para

desencadear a doença.

Por outro lado, algumas evidências sugerem que uma redução no polimorfismo do MHC numa espécie

pode predispor essa espécie a doença infecciosas. Por exemplo, chitas e outros felinos são altamente

susceptiveis a doenças virais e apresentam um polimorfismo de MHC muito limitado. Este aumento de

suceptibilidade deverá resultar da redução no numero de moléculas MHC diferentes diponiveis na

espécie como um todo e a uma limitação correspondente da gama de antigénios processados com os

quais estas moléculas MHC interagem. Assim,

  Os altos niveis de polimorfismo do MHC observados em várias espécies tem como vantagem

fornecer uma grande gama de moléculas MHC apresentadoras de antigénio;

 

Apesar de alguns individuos numa espécie provavelmente não serem capazes de desenvolverum resposta imune a um determinado antigénio e assim serem susceptiveis à infecção por este,

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o polimorfismo extremo assegura que pelo menos alguns membros da espécie serão capazes de

responder e serão resistentes;

  A diversidade de MHC parece proteger uma espécie de uma grande gama de doenças

infecciosas.

É importante salientar também que as moléculas MHC estão também presentes na saliva e noutras

secreções, funcionando como feromonas.

R E C E P T O R E S D E A N T I G É N I O S E M O L É C U L A S A C E S S Ó R I A S N A SC É L U L A S T

Recepção de Antigénios pelas Células T

Os linfócitos T respondem a fragmentos péptidicos de proteinasantigénicas que são apresentados por células apresentadoras de

antigénios (ACPs). A iniciação destas respostas requere:

  O reconhecimento especifico de antigénios pelas células T;

  Adesão das células T às APCs;

  Tradução do sinal a partir da superficie ao núcleo da célula

T.

Cada um destes eventos é mediado por grupos distintos de

moléculas na superficie das células T:

  Moléculas membranares envolvidas no reconhecimento do

antigénio e na sinalização intracelular;

  Moléculas envolvidas na adesão das células T às APCs.

Os linfócitos T apresentam especificidade dupla:

  Reconhecem residuos polimórficos de MHC próprio, o que conta para a restrição de MHC;

 

Reconhecem residuos de péptidos antigénicos apresentados por estas moléculas MHC, o que é

responsável pela especificidade.

Moléculas MHC e péptidos formam complexos na superficie das APCs. O receptor que reconhece estescomplexos péptido-MHC é designado T cell receptor (TCR). O TCR é um receptor clonalmente

distribuido, o que significa que clones de células T com diferentes especificidades expressam diferentes

TCRs. Os sinais bioquimicos que são desencadeados nas células T por reconhecimento de antigénios não

são traduzidos pelo TCR em si mas sim por proteinas invariantes designadas CD3 e ξ, que estão não-

covalentemente ligadas ao TCR para formar o complexo TCR.

Assim, nas células T, e também nas células B, o reconhecimento de antigénios e a sinalização são

separadas por dois grupos de moléculas:

 

Um receptor de antigénos altamente variável – o TCR nas células T e o TCB nas células B;  Proteinas sinalizadoras invariantes – cadeias CD3 e ξ nas células T e Igα e Igβ nas células B.

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Joana Maria Soares Pereira 88

Os receptores de célula T não apresentam apenas função de activação de células T imaturas que

encontram antigénios, mas este receptor e um receptor relacionado designado receptor pré-T

desempenham papeis importantes durante o desenvolvimento de células T.

As células T também expressam outros receptores membranares que não reconhecem antigénios mas

participam em respostas as antigénios, sendo designados colctivamente moléculas acessórias:

  O papel fisiológico de algumas moléculas acessórias é facilitar a sinalização pelo complexo TCR,

enquanto outras fornecem “sinais secundários” para a activação completa das células T; 

 

Outras moléculas acessórias funcionam como moléculas de adesão para estabilizar a ligação das

células T às APCs, permitindo assim que o TCR se ligue ao antigénio o tempo suficiente para a

tradução dos sinais necessários;

  Moléculas de adesão também regulam a migração de células T para os locais onde os antigénios

se localizam e respondam a estes;  A maior parte da moléculas de adesão também participam na formação de “sinapses

imunologicas” entre células T e APCs. 

TCR αβ  para Péptidos Antigénicos Associados a MHC

O receptor de antigénios de células TH CD4+ e de células TC CD8+ restritas a MHC é um heterodimero

constituido por duas cadeias polipéptidicas transmembranares, designadas α  e β, covalentemente

ligadas por uma ponte dissulfito. Cada cadeia α e β é constituida por: 

 

Um dominio Ig-like N-terminal variável (V);

  Um dominio Ig-like constante (C);

  Uma região transmembranar hidrofóbica;

  Uma pequena região citosólica.

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A porção extracelular do heterodimero αβ é estruturalmente semelhante ao fragmento de ligação ao

antigénio (Fab) de uma molécula Ig, que é construida pelas regiões V e C da cadeia leve e pelas regiões

V e C da cadeia pesada.

As regiões V das cadeias α e β do TCR contêm pequenos segmentos de aminoácidos onde avariabilidade entre diferentes TCrs está concentrada e estes formam as regiões hipervariáveis ou

determinantes da complementaridade (CDRs):

  Três CDRs na cadeia α estão justapostas a três regiões similares na cadeia β para formar a parte

do TCR que reconhece especificamente complexos péptido-MHC;

  Uma quarta CDR encontra-se no dominio V da cadeia β, e esta não parece participar no

reconhecimento de anti´genios mas é o local de ligação para produtos microbianos designados

superantigénios.

Cada cadeia TCR é codificada por multiplos segmentos génicos que sofrem rearranjo somético durante a

maturação dos linfócitos T. Nas cadeias α e β, a terceira região hipevariável é composta por sequências

codificantes por segmentos de genes V e J (joining), no caso da cadeia α, ou segmentos V, D

(diversidade) e J, no caso da cadeia β. Estas regiões CDR3 também contêm sequencias juncionais que

são codificadas por nucleótidos adicionados, designados assim nuclótidos de regiões N e P. Assim, a

maior parte da variabilidade dos TCRs está concentrada nas regiões CDR3.

As regiões C das cadeias α e β  continuam em pequenas regiões dobradiça, que contêm residuos decisteina que contribuem para pontes de dissulfureto que ligam as duas cadeias:

  A dobradiça é seguida por porções transmenbranares hidrofóbicas e uma caracteristica não

usual é a presença de residuos acidicos positivamente carregados, incluindo residuos de lisina

(na cadeia α) ou um residuo de lisina e arginina (na cadeia β). Estes residuos interagem com

residuos carregados negativamente presentes nas porções transmembranares de outros

polipeptidos (CD3 e ξ) que fazem parte do complexo TCR;

  Ambas as cadeias α e β apresentam caudas citoplasmáticas C-terminal com cerca de 5-12

residuos de comprimento. Estas regiões citoplasmáticas são muito curtas para traduzirem sinais,

e moléculas fisicamente associadas com o TCR permitem esta transmissão do sinal.

Os TCRs e as moléculas Ig são estruturalmente semelhantes, mas existem várias diferenças

significantivas entre estes dois tipos de receptores de antigénios:

  O TCR não é produzido numa forma secretada, e não cumpre uma função efectora por si só. Por

outro lado, ligando-se a complexos péptido-MHC, os complexos TCR iniciam sinais que activam

as funções efectoras das células T;

  Para além disso, ao contrário dos anticorpos, as cadeias TCR nas sofrem alterações de expressão

da região C ou maturação de afinidade durante a diferenciação das células T.

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Caracteristica ou função Anticorpo (imunoglobulina – Ig) Receptor da célula T (TCR)

Componentes Cadeias leve e pesada Cadeias α e β 

Número de dominios Ig

Cadeia pesada – um dominio V, três ou

quatro dominio C

Cadeia leve – um dominio V e um

dominio C

Um dominio V e um dominio C em cada

cadeia

Numero de CDRs Três em cada cadeia

Três em cada cadeia para ligação ao

antigénio; quarta região hipervariável na

cadeia β 

Moléculas sinalizadoras associadas Igα e Igβ  CD3 e ξ 

 Afinidade para o antigénio (K d  ) 10-7

-10-11

 M (Ig secretada) 10-5

-10-7

 M

 Alterações depois da activação celular

Produção da forma secretada

 Alteração de isotipo

Mutações somáticas

Sim

Sim

Sim

Não

Não

Não

Formas de antigénios reconhecidos

Macromoléculas (proteinas,

polissacarideos, lipidos, ácidos

nucleicos), pequenos péptidos;

epitopos conformacionais e lineares

Péptidos apresentados por moléculas

MHC nas APCs; epitopos lineares

Diversidade

Cada clone apresenta uma

especificidade unica; potencial para

>109 especificidades distintas

Cada clone apresenta uma

especificidade unica; potencial para

>1011

 especificidades distintas

Reconhecimento de antigénios porRegiões variáveis (V) das cadeias leve e

pesada das Ig membranaresRegiões variáveis (V) das cadeias α e β 

Funções sinalizadoras mediadas porProteinas (Igα e Igβ) das Ig associadas

à membranaProteinas (CD3 e ξ) associadas com TCR

Funções efectoras mediadas porRegiões constantes (C) de Ig

secretadasTCR não apresenta função efectora

Papel do TCR αβ no Reconhecimento de Péptidos Antigénicos Associados a MHC

O local de  ligação ao antigénio do TCR é formado pelos seis CDRs das cadeias α e β  que estão

espalhados para formar uma superficie de reconhecimento de complexos péptido-MHC. Esta estrutura

é semelhante às superficies de ligação ao antigénio dos anticorpos, que são formadas por regiões V de

cadeias leves e pesadas. Nas estruturas de TCR que foram analisadas em detalhe:

 

o TCR contacta com o complexo péptido-MHC numa orientação diagonal, encaixando entre ospontos altos das α-hélices MHC;

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  Em geral, o loop CDR1 das cadeias α e β do TCR estão posicionadas nas extermidades do péptido

ligado, os loops CDR2 sobre as hélices da molécula MHC, e o loop CDR3 está posicionado sobre

o centro do MHC associado;

  As cadeias laterias de apenas um ou dois residuos de aminoácidos do péptido ligado ao MHC é

que fazem contacto com o TCR.

A afinidade do TCR para complexos péptido-MHC é baixa, muito menor que a da maior parte dos

anticorpos:

  Nas poucas células T que foram analizadas em detalhe, a constante de dissociação (Kd) das

interacções do TCR com complexos péptido-MHC varia entre 10-5-10-7 M;

 

Esta baixa afinidade para a ligação especifica de antigénios e provavelmente a razão para a

necessidade de moléculas de adesão para estabilizar a ligação das células T às APCs, permitindo

que as respostas biológicas se iniciem.

A sinalização via complexos TCR parece requerer ligações prolongadas ou repetitivas a complexos

peptido-MHC, o que também é promovido pela adesão estável entre as células T e as APCs. O TCR e as

moléculas acessórias nas membranas plasmática das células T movem-se coordenadamente com os

seus ligandos na membrana da APC para formar estruturas supramoleculares transients que sãodesignadas sinapses imunológicas. A formação desta sinapse regula a tradução de sinal mediada pelo

TCR.

Proteinas CD3 e ξ  dos Complexos TCR

As proteinas CD3 e ξ estão não covalentemente associadas com o heterodimero αβ e, quando o TCR

reconhece antigénios, estas proteinas associadas tranmitem os sinais que leva à activação das células T:

  Cada complexo TCR contem um dimero αβ associado com um heterodimero CD3 γε, um

heterodimero δε e um heterodimero ξξ ligado por pontes dissulfito;  As cadeias CD3 e ξ são idênticas em todas as células T independentemente da especificidade, o

que é consistente com o papel de ambas na sinalização e não no reconhecimento de antigénios.

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As proteinas CD3 γ, δ e ε são homólogas entre si e são divididas em três regiões:

  As regiões N-terminal extracelulares das cadeias γ, δ  e ε  contêm um unico dominio Ig-like, e

assim estas proteinas são membros da superfamilia Ig;

  Os segmentos transmembranres de todas as cadeias CD3 contêm um residuo de aspartato

negativamente carregado, que se liga a residuos carregados positivamente nos dominios

transmembranares das cadeias α e β do TCR; 

  Os dominios citoplasmáticos das proteinas γ, δ  e ε  têm cerca de 44-81 residuos de

comprimento e cada um desses dominios contem uma cópia de um motivo conservado

importante para a sinalização que é designado immunoreceptor tyrosine-based activation motif

(ITAM).

Os motivos ITAMs têm um papel importante na sinalização pelo complexo TCR. São encontrados nas

caudas citoplasmáticas de várias proteinas membranares de outros linfócitos que estão envolvidas na

trandução de sinais, incluindo:

 

A cadeia ξ do complexo TCR;

  As proteinas Igα e Igβ associadas com moléculas Ig membranares nos linfócitos B;

 

Componentes de vários receptores Fc;

  Componentes do receptor activador NKG2D nas células naturalmente assassinas;

 

Etc...

A cadeia ξ apresenta uma curta região extracelular de nove aminoácidos, uma região transmembranar

contendo um residuo de aspartato negativamente carregado e uma região citoplasmática longa (113

aminoácidos) que contem três ITAMs. É normalmente expressa com um heterodimero e está também

associada com receptores de sinalização de outros linfócitos, como os receptores Fc γ  (FcγRIII) nascélulas naturalmente assassinas.

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Joana Maria Soares Pereira 93

A expressão do complexo TCR requer a sintese de todos os seus componentes:

 

Durante a maturação das células T no timo, as proteinas CD3 e ξ  são sintetizadas antes dosgenes α e β do TCR serem expressos, mas   estas proteinas não viajam para a membrana

plasmática e são degradadas;

  Chaperones, como as calnexinas, retêm membros individuais do complexo TCR no RE antes do

complexo ser completamente montado e, em células T maduras, o complexo TCR inteiro é

montado no RE e transportado para a superficie celular.

Funções das Proteinas CD3 e ξ  

As cadeias CD3 e ξ ligam o reconhecimento do antigénio pelo TCR aos eventos bioquimicos que levam à

activação funcional das células T. Várias linhas de evidência  suportam o papel critico destes

componentes do complexo TCR na tradução de sinal nas células T:

  Anticorpos contra proteinas CD3 normalmente estimulam as respostas funcionais das células T

que são idênticas a respostas induzidas por antigénios. Ao contrário dos antigénios, que

estimulam células T especificas, anticorpos anti-CD3 ligam-se a e estimulam todas as células T,

idependentemente da especificidade. Assim, os anticorpos anti-CD3 são activadores policlonais

das células T;

  A cauda citoplasmática das proteinas CD3 e ξ é suficiente para traduzir sinais necessários para a

activação das células T na ausência de outros componentes do complexo TCR. Isto foi mostradoexpressando, em certas linhas de células T, moléculas quiméricas obtidas por engenharia

genética contendo a porção citoplasmática das cadeias CD3 e ξ  fundida com os dominios de

outros receptores superficiais para ligando soluveis, como o receptor para a interleucina-2 (IL-

2). A ligação do ligando (e.g., IL-2) a estes receptores quiméricos resulta na activação de

respostas idênticas às induzidas pela estimulação através do complexo TCR normal nas mesmas

células T.

Os primeiros eventos intracelulares que ocorrem nas células T depois do reconhecimento do antigénio é

a fosforilação de residuos de tirosina das ITAMs nas caudas citoplasmáticas pas proteinas CD3 e ξ por

cinases. Os residuos fosforilados nas ITAMs tornam-se locais de ancoragem para uma tirosina cinase,

que é recrutada para a cadeia ξ  e desencadeia vias de tradução de sinal que levam a alterações da

espressão de genes nas células T.

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Co-receptores e Receptores de Co-estimuladores nas Células T

Outras categorias de proteinas para além do complexo TCR na superficie das células T contribuem de

um modo principal na activação e diferenciação dos linfócitos T:

  Co-receptores  –  representam uma categoria de proteinas membranares que aumentam a

sinalização do TCR. Os seus nomes referem-se ao facto de estes ligarem moléculas MHC e,assim, reconhecem uma parte dos mesmo ligandos (complexos péptido-MHC) como os

receptores de antigénios;

  Receptores de co-estimuladores  –  representam um grupo de proteinas que também

apresentam sinais activadores a células T, mas estas proteinas, em contraste com os co-

receptores, reconhecem moléculas nas APCs que não fazem parte dos complexos péptido-MHC.

Os receptores de quimiocinas e citocinas são também de grande importância para as respostas

das células T, por exemplo.

CD4 e CD8: Co-receptores Envolvidos na Activação das Células T Restritas a MHC

As CD4 e CD8 são proteinas das células T que ligam regiões não polimórficas das moléculas MHC e

facilitam a sinalização pelo complexo TCR durante a activação das células T:

  As células T αβ maduras expressam ou CD4 ou CD8, mas não ambos;

  As CD4 e as CD8 interagem com moléculas MHC classe II e classe I, respectivamente, quando os

receptores de antigénios das células T reconhecem especificamente complexos péptido-MHC

nas APCs.

A principal função das moléculas CD4 e CD8 encontra-se na tradução de sinal no momento de

reconhecimento do antigénio. Para além disso, reforçam a ligação das células T às APCs. Como as CD4 e

as CD8 participam em conjunto com os TCR no reconhecimento de moléculas MHC e na activação das

células T, são designadas co-receptores.

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As CD4 e CD8 são glicoproteinas transmembranares membros da superfamilia Ig, que medeiam funçõessemelhantes a estas:

 

CD4  –  expressa como um monómero na superficie de células T periféricas e timócitos e está

presente nos fagócitos mononucleares e em algumas células dendriticas. Apresenta quatro

dominios Ig-like extracelulares, uma região hidrofóbica transmembranar e uma cauda

citoplasmática altamente básica com cerca de 38 aminoácidos. Os dois dominios N-terminal Ig-

like da proteina CD4 ligam ao dominio β2 não polimórfico das moléculas MHC classe II;

 

CD8 – a maior parte existe como heterodimeros mantidos por pontes dissulfito compostos por

duas cadeias relacionadas designadas CD8α e CD8β. Ambas as cadeias apresentam um unico

dominio Ig-like extracelular, uma região hidrofóbica transmembranar e uma cauda

citoplasmática altamente básica com cerca de 25 aminoácidos de comprimento. O dominio Ig da

CD8 liga-se ao dominio α3 não polimórfico das moléculas MHC classe I. Algumas células T

expressam homodimeros CD8αα, mas este parece funcionar de modo semelhante. 

A ligação selectiva das CD4 às moléculas MHc classe II e das CD8 às moléculas MHC classe I assegura

que as células T CD4+ respondem a péptidos antigénicos associados a classe I e que as células T CD8 + 

respondem a péptidos antigénicos associados a classe II. A separação das respostas das células T CD4+ e

CD8+  a estes diferentes grupos de antigénios ocorre devido às especificidades dos CD4 e CD8 a

diferentes classes de moléculas MHC:

  CD4 liga-se a moléculas MHC classe II e é expresso em células T cujos TCRs reconhecem

complexos de péptidos e moléculas MHC classe II. A maior parte das células T CD4 + restritas a

classe II são células TH  produtoras de citocinas e funcionam na defesa do hospedeiro contra

micróbios extracelulares que são ingeridos por macrófagos ou são reconhecidos por anticorpos

de modo a serem eliminados;

  CD8 liga-se a moléculas MHC classe I e é expresso em células T cujos TCRs reconhecem

complexos de péptidos com moléculas MHC classe I. A a maior parte das células T CD8+ restritas

a classe I são CTLs, que servem para erradicar infecções por micróbios intracelulares que

residem no citoplasma de células infectadas;

 

Algumas células T CD4+, especialmente em humanos, funcionam como CTLs, mas mesmo estas

são restritas a classe II.

35% body T cells 65% body T cells

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Joana Maria Soares Pereira 96

Os papeis essenciais das CD4 e CD8 nas respostas funcionais das células T foram demonstradas por

vários tipos de experiências:

  Anticorpos especificos para CD4 selectivamente bloqueiam a estimulação de células T restritas a

classe II pos antigénios e APCs, e anticorpos para CD8 selectivamente bloqueiam a morte de

células alvo por CTLs restritas a MHC classe I;

  Se genes TCR α e β forem isolados de um clone de célula T CD4+ e transfectado para outra linha

de células T que não expressam CD4, a linha transfectada não responderá a APCs que carregam

o antigénio classe II relevante associado. A resposta é restaurada de o gene CD4 for

cotransfectado com os genes TCR. O mesmo é observado relativamente à relação CD8/classe I;

  Uma APC que não apresenta moléculas MHC não é capaz de apresentar antigénios a ou activar

células T. A habilidade de activar células T é restaurada pela transfecção da APC com moléculas

MHC normais mas não pela transfecção de moléculas MHC nos quais os locais de ligação de CD4

ou CD8 não polimórficos estão mutados;

 

Ratinhos KO que não apresnetam CD4 ou CD8 não contêm células T maduras restritas a classe II

ou classe I, respectivamente, porque estes co-receptores têm um papel importante namaturação das células T no timo.

As CD4 e CD8 participam nos primeiros eventos da tradução de sinal que ocorre depois do

reconhecimento pela célula T de complexos péptido-MHC nas APCs. Estas funções de tradução do sinal

são mediadas por por tirosinas cinases especificas de células T que está não covalentemente mas

fortemente associada com as caudas citoplasmáticas das CD4 e CD8. A associação destas cinases com

estas moléculas é necessária para a maturação e activação das células T:

  Quando uma célula T reconhece complexos péptido-MHC via os seus receptores de antigénios,

interacções simultânea de CD4 ou CD8 com as moléculas MHC leva o co-receptor e a sua cinase

associada para próximo do complexo TCR;

  A cinase fosforila os residuos de tirosina dos ITAMs das cadeias CD3 e ξ, iniciando a cascata de

activação das células T.

 A N T I C O R P O S E A N T I G É N I O S

Os Anticorpos

Os anticorpos são as proteinas de ligação ao antigénio presentes nas membranas das células B e

secretadas pelos plasmócitos:

  Anticorpos ligados à membrana conferem especificidade antigénica às celulas B, sendo a

proliferação especifica para antigénios das células B causada pela interacção deste anticorpo

com os antigénios;

  Anticorpos secretados circulam no sangue, onde servem como efectores para a imunidade

humoral procurando e neutralizando antigénios ou marcando-os para eliminação.

Todos os anticorpos partilham caracteristicas estruturais, ligam-se ao atigénio e participam num

numero limitados de funções efectoras. Aqueles que são produzidos em resposta a um antigénio

particular são heterogéneos.

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A maior parte dos antigénios  são complexos e contêm diferentes determinantes antigénicos, e

normalmente o sistema imune responde a estes pela produção de anticorpos para vários epitopos no

antigénio. Esta resposta requer o recrutamento de vários clones de células B. As suas respostas são

anticorpos monoclonais, sendo que cada um liga especificamente um unico determinante antgénico.

Em conjunto, estes anticorpos monoclonais constituem a resposta por anticorpos séricos policlonal e

heterogénea contra um antigénio imunizantes, no sangue.

Estrutura Básica dos Anticorpos

O sangue pode ser separado numa centrifuga num fracção fluida e noutra celular:

  Plasma – é a fracção fluida e contem todas as pequenas moléculas e macromoléculas soluveis

do sangue, incluindo fibrina e outras proteinas requeridas para a formação de coagulos. Se estas

moléculas coagulantes forem excluidas, o fluido resultante é designado de soro;

  Fracção celular – contem os eritrócitos, leucócitos e plaquetas.

Sabe-se que os anticorpos residem no soro, e a primeira evidência que os anticorpos estavam contidosem fracções particulares de proteinas séricas surgiu de uma experiência clássica por A. Tiselius e E. A.

Kabat, em 1939:

  Eles imunizaram coelhos com a proteina ovalbumina e dividiram o soro dos ratinhos imunizados

em duas aliquotas;

  A electroforese de uma aliquota revelou quatro picos correspondentes a albumina e às

globulinas alpha (α), beta (β) e gamma (γ);

 

A outra aliquota sérica reagiu com albumina e o precipitado formado foi removido. As proteinas

sérica que restaram, que não reagiram com o antigénio, foram separadas em electroforese;

 

A comparação do perfis electroforéticos das duas aliquotas revelou uma queda abrupta do picoγ-globulina na aliquota que reagiu com o antigénio.

Assim a fracção γ-globulina foi identificada como contendo anticorpos séricos, que foram designados

imunoglobulinas, para distingui-los de qualquer outras proteinas que podiam estar contidas na fracção

γ-globulina. No entanto, sabe-se agora que, apesar das imunoglobulinas G (IgG), a principal classe de

anticorpos, ser de facto encotrada principalmente na fracção γ-globulina, quantidades significantes

desta e de outras classes importantes de anticorpos são encontradas nas fracções α e β de soro. 

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As moléculas de anticorpos apresentam uma estrutura comum de quatro cadeias polipéptidicas,

também designadas imunoglobulinas:

  Duas cadeias leves (L), polipéptidos com peso molecular de cerca de 25.000;

  Duas cadeias pesadas (H), polipéptidos maiores com peso molecular de cerca de 50.000;

  Cada cadeia leve é ligada a uma cadeia pesada por uma ponte dissulfito, e por ligações não

covalentes como pontes salinas, pontes de hidrogénio e ligações hidrofóbicas, para formar o

heterodimero (H-L);

  Interacções não covalentes semelhantes e pontes dissulfito ligam dois heterodimero (H-L) para

formar uma estrutura básica de quatro cadeias (H-L)2, um dimero de dimeros;

 

O numero exacto de as posições precisas destas pontes dissulfito diferem entre classes e

subclasses de anticorpos.

Os primeiros 110 aminoácidos das regiões N-terminais das cadeias leve e pesada variam altamente

entre anticorpos com diferentes especificidades. Estes segmentos com sequências altamente variáveis

são designadas regiões V:

  VL nas cadeias leves e VH nas pesadas;

  Todas as diferenças de especificidade apresentadas por diferentes anticorpos podem ser

relacionadas com diferenças nas sequências de aminoácidos nas regiões V;

  A maior parte das diferenças entre anticorpos caem em áreas das regiões V, designadas regiões

determinantes de complementariedade (CDRs –  como visto para os TCRs ) e são estes CDRs nas

cadeias leves e pesadas que constituem o local de ligação aos antigénios na molécula de

anticorpo.

Por outro lado, dentro da mesma classe de anticorpo, muito poucas diferenças são observadas quando

comparamos sequências no resto da molécula. As regiões com sequências relativamente constantesabaixo das regiões variáveis foram designadas regiões C:

  CL nas cadeias leves e CH nas pesadas;

  Os anticorpos são glicoproteinas. Com pequenas excepções, os locais de ligação dos

carboidratos são restritos a estas regiões.

O papel da glicolisação não é ainda bem entendido, mas provavelmente aumenta a solubilidade dos

anticorpos. A glicolisação inapropriada, ou a sua ausência, afecta a taxa pela qual os anticorpos são

retirados do soro, e diminui a eficiência da interacção entre o anticorpos e o sistema complemento e

entre os anticorpos e os receptores Fc.

Quando a fracção γ-globulina do soro é separada em fracções de baixo e elevado peso molécular,

anticorpos com cerca de 150.000 MW, designados imunoglobulinas G (IgG) são encontradas na fracção

de baixo peso molecular e experiências com esta molécula permitiram a modulação da estrutura de

uma molécula de anticorpo:

1. 

A digestão breve das IgG com a enzima papaina produz três fragmentos, dois dos quais são

idênticos:

  Os dois fragmentos idênticos (cada um com peso molecular de 45.000) apresentam

actividade de ligação ao antigénios e foram designados fragmentos Fab;

  O outro fragmento (com peso molecular de 50.000) não apresenta actividade de ligação

ao antigénio e foi designado fragmento Fc.

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2. 

A digestão com pepsina, uma enzima proteolitica diferente, também demonstrou que as

propriedades de ligação ao antigénio pelo anticorpo podem ser separadas do resto da

molécula:

  A digestão por pepsina gerou um unico fragmento com peso molécular de 100.000

composto por dois fragmentos Fab-like designado fragmento F(ab’)2, que se liga ao

antigénio;  O fragmento Fc não foi recuperado porque foi digerido a vários fragmentos.

Anticorpos por si só foram usados para determinar como é que os produtos enzimáticos – Fab, F(ab’)2 e

Fc – estão relacionados com produtos de redução das cadeias leves e pesadas, e isto foi feito pelo uso

de soros de caprinos que foram imunizadas tanto com fragmentos Fab ou Fc de IgG de coelho:

 

O anticorpos para o fragmento Fab reagiu tanto com as cadeias H e L, enquanto o anticorpopara o fragmento Fc reagiu apenas com a cadeia H;

  Isto leva à conlusão que o fragmento Fab consiste em porções de uma cadeia pesada e de outra

leve e que o Fc contem apenas componentes das cadeias pesadas;

 

A partir destes resultados a estrutura da IgG foi deduzida.

Estrutura Aprofundada das Imunoglobulinas

A estrutura das moléculas imunoglobulinas é determinada pela organização primária, secundária,

terciária e quaternária da proteina:

1. 

A estrutura primária , a sequência de aminoácidos, conta para as regiões constantes e variáveis

das cadeias pesadas e leves;

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2. 

A estrutura secundária  é formada pelo enrolamento da cadeia polipéptidica numa folha-β 

pragueada antiparalela;

3. 

As cadeias são depois enroladas numa estrutura terciária de dominios globulares compactos,

que são ligados aos dominios vizinhos da cadeia polipeptidica que se encontram fora das folhas-

β;

4. 

Os dominios globulares de cadeias polipeptidicas pesadas e leves interagem numa estruturaquaternária, formando dominios funcionais que permitem que a molécula de ligue

especificamente ao antigénio e, ao mesmo tempo, realizar um numero de funções biológicas

efectoras.

Enrolamento Imunoglobulina

Análise cuidadosas das sequências de aminoácidos das cadeias pesadas e leves das imunoglobulinas

mostraram que ambas as cadeias contêm várias unidades homólogas com cerca de 110 residuos de

aminoácidos. Dentro de cada unidade, denominadas dominios , uma ponte dissulfito intracadeia forma

um loop com cerca de 60 aminoácidos:

  As cadeias leves contêm um dominio variável (VL) e um dominio constante (CL);

  As cadeias pesadas contêm um dominio variável (VH) e três ou quatro dominios constantes (CH1,

CH2, CH3 e CH4), dependendo da classe do anticorpo.

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Análises de cristalografia revelaram que os dominios imunoglobulina são enrolados numa estrutura

compacta caracteristica designada enrolamento imunoglobulina:

  Esta estrutura consiste numa “sandwich” de duas folhas-β  pragueadas, cada uma contendo

cadeias-β antiparalelas de aminoácidos, que são ligadas por loops de vários comprimentos;

  As duas folhas-β numa estrutura deste tipo são estabilizadas por interacções hidrofóbicas entre

elas e pela ponte dissulfito.

Apesar de dominios variáveis e constantes apresentarem estrutura semelhante, existem diferenças

subtis entre elas. O dominio V é ligeiramente mais longo que o dominio C e contem um par extra de

cadeias-β  na estrutura das folhas-β, tal como uma seuquênica loop extra que conecta este par de

cadeias-β.

A estrutura básica deste enrolamento imunoglobulina contribui para:

  A estrutura quaternária das imunoglobulinas facilitando interacções não-covalentes entre

dominios atraves das faces das folhas-β. Interacções formam ligações entre dominios idênticos

(e.g., CH2/CH2, CH3/CH3 e CH4/CH4) e entre dominios não idênticos (e.g., VL/VH e CH1/CL);

 

Comprimentos e sequências de aminoácidos variáveis que formam loops ligando as cadeias-β.

Algumas sequências de loops dos dominios VL e VH  contêm aminoácidos variáveis e constituem

o local de ligação ao antigénio desta molécula.

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Dominios da Região Variável e Ligação ao Antigénio

Comparações detalhadas das sequências de aminoácidos de um grande numero de dominios V L  e VH 

revelaram que a variação sequencial está concentrada em poucas regiões discretas desses dominios. O

padrão desta variação é melhor resumido medindo quatitativamente a variabilidade em cada ponto da

cadeia polipeptidica. a variabilidade é definida como:

 

A determinação quantitativa da variabilidade dos dominios VL e VH mostram que variações máximas são

observadas em sequências que correspondem aos loops que ligam as cadeias-β. Essas regiões foram

designadas originalmente regiões de hipervariabilidade  em reconhecimento da sua elevada

variabilidade. No entanto, estas regiões formam os locais de ligação ao antigénio e, por isso, são agora

designadas regiões determinantes da complementariedade (CDRs). As regiões restantes dos dominios

VL e VH exibem menor variação, sendo designados regiões framework (FRs): 

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  A grande gama de especificidades exibida pelos anticorpos é devida a variações no

comprimento e na sequência de aminoácodps das seis CDRs em cada fragmento Fab;

  A região framework actua como scaffold que suporta os seis loops;

  A estrutura tri-dimensional das regiões framework de virtualmente todos os anticorpos

analizados pode ser sobreposta, no entanto, os loops hipervariáveis apresentam diferentes

orientações em diferentes anticorpos.

Difracção de raios-X de vários complexos anticorpo-antigénio mostrou que vários CDRs fazem contacto

com o antigénio, podendo até fazer os seis. Em geral, parece que mais residuos dos CDRs da cadeia

pesada contactam com o antigénio, do que residuos dos CDRs da cadeia leve. Assim, o dominio V H 

normalmente contribui mais para a ligação ao antigénio do que o dominio VL.

A forma do local de ligação ao antigénio formada por qualquer combinação de CDRs varia

dramaticamente entre anticorpos. Isto deve-se a diferenças de tamanho dos antigénios, que levarão a

diferentes tipos de interacções:

1. 

Contactos entre um grande numero de  proteinas antigénicas globulares grandes e anticorpos

ocorrem numa grande superficie, sendo que, na área de contacto, depressões ou saliências no

antigénio complementam saliências ou depressões no anticorpo. Nesta área, cerca de 15-22

aminoácidos no anticorpo contactam o mesmo numero de residuos na proteina antigénica;

2. 

Anticorpos que ligam pequenos antigénios, como haptenos, fazem-no em bolsas mais pequenas,

em que o antigénio é encaixado.

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As interacções não covalentes que formam a base da ligação antigénio-anticorpos incluem:

  Pontes de hidrogénio;

  Ligações iónicas;

  Interacções hidrofóbicas;

 

Interacções de van der Waals.

Como estas interacções são individualmente fracas

(comparado com uma ligação covalente), um grande

numero delas é necessário para formar uma ligação

antigénio-anticorpo forte. Ainda, como cada uma destas

interacções não covalentes opera a distâncias muito

curtas, geralmente cerca de 1x10-7  mm, uma interacção

antigénio-anticorpo forte depende de uma aproximação e

de um encaixe entre o anticorpo e o antigénio. Isto

depende assim de uma elevada complementariedade

entre antigénio e anticorpo, um requerimento que

caracteriza as interacções antigénio-anticorpo.

Com o avanço da resolução da estrutura dos fragmentos Fab, começou a tornar-se claro que em alguns

casos a ligação do antigénio induz alterações conformacionais  no antigénio, no anticorpo, ou em

ambos, dependendo do anticorpo e do antigénio. Esta alteração de conformação resulta no encaixe

fechado entre o epitopo e o local de ligação ao antigénio no anticorpo, necessário para as interacções.

Assim, em adição à variabilidade no comprimento e na composição em aminoácidos dos loops CDR, a

habilidade destes loops alterarem de conformação significativamente no local de ligação permite que os

anitcorpos assumam uma forma mais complementar para os epitopos. No entanto, estas alterações nãonecessitam de ser limitadas ao anticorpo, o que também pode inactivar os antigénios (no caso de

moléculas com actividade biológica).

Dominios da Região Constante

Os dominios da região constante  das imunoglobulinas

participam em vária funções biológicas que são determinadas

pela sequência de aminoácidos de de cada dominio. Existem

vérios dominios com diferentes funções, sendo de importância

mais elevada: 

Dominios CH1 e CL;

  Região dobradiça;

  Dominios da região Fc.

Os dominios CH1  e CL  existem em todos os tipos de cadeia

pesadas e servem para:

  Extender os braços Fab da molécula de anticorpo,

facilitando assim a interacção com o anticropo e

aumentando a rotação máxima dos braços Fab;   Ajudam a manter os dominios VH e VL juntos através de

pontes dissulfito entre eles;

α, γ e δ 

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  Contribuem para a diversidade de anticorpos permitindo uma maior associação aleatória entre

dominios VH  e VL  do que aquela que ocorreria se esta associação fosse feita apenas pelas

interacções VH/VL.

Estas considerações para estes dois dominios apresentam implicações importantes na montagem de

diversos anticorpos pois rearranjos aleatórios de genes imunoglobulina geram sequência unicas VH e VL

que depois geram locais de ligação ao antigénio unicos, e a presença destes dois dominios aumenta o

numero de interacções VH/VL  estáveis que são possiveis, contribuindo para a diversidade geral de

moléculas de anticorpos que podem ser expressos num animal.

As cadeias pesadas α, γ e δ contêm uma sequência péptidica extendida entre os dominios C H1 e CH2 que

apresenta homologia com outros dominios. Esta região, é designada região dobradiça (hinge region):

 

É rica em residuos de prolina e é flexivel, fornecendo flexibilidade às IgA, IgD e IgG;

  Como resultado, os dois braços Fab são capazes de assumir vários ângulos um com o outro

quando o antigénio está ligado, podendo assim um anticorpo ligar um antigénio cujos epitopos

estejam mais ou menos separados;  Varia em comprimento (10-60 residuos) entre diferentes isotipos de imunoglobulinas, sendo

que as maiores diferenças entre as subclasses IgG estão concentradas nesta região.

Os aminoácidos mais comuns nas regiões dobradiça são:

  Prolina  –  fornecem a esta região uma conformação polipeptidica extendida, tornando-a

particularmente vulnerável à clivagem por enzima proteoliticas. É aqui que o anticorpo é clivado

pela papaina ou pepsina;

  Cisteina – formam ponte dissufito inter-cadeias que mantêm as duas cadeias pesadas juntas. O

numero de pontes dissulfito na região dobradiça varia consideravelmente entre diferentesclasses de anticorpos e entre espécies.

Por outro lado, as cadeias pesadas das imunoglobulinas do tipo μ e ε

não apresentam uma região hinge, mas contêm um dominio

adicional de 110 aminoácidos (CH2/CH2) que apresenta caracteristicas

semelhantes à região dobradiça.

μ e ε 

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Como visto anteriormente, as cadeias pesadas nas IgA, IgD e IgG contêm três dominios na região

constante e uma região dobradiça enquanto as cadeias pesada na IgE e IgM contêm quatro regiões

constantes e nenhuma região dobradiça. Os dominios correspondentes dos dois grupos são:

IgA, IgD, IgG IgE, IgM

CH1/CH1 CH1/CH1

Região dobradiça CH2/CH2

CH2/CH2 CH3/CH3

CH3/CH3 

CH4/CH4

Cristalografia raios-X revelou que dos dois dominios CH2 das IgA, IgD e IgG, e os dominios CH3 das IgE e

IgM,  são separados por cadeias laterais oligossacrideo, sendo estes os dois dominios globulares mais

acessiveis que os outros em meio aquoso. Isto contribui para a actividade biológica destes dominios na

activação de components do complemento pelas IgG e IgM.

O dominio C-terminal  é designado CH3/CH3 nas IgA, IgD e IgG e CH4/CH4 nas IgE e IgM, e este está

relacionado com a possibilidade de podermos dividir a imunoglobulinas em dois tipos, sendo diferentesem ambos os tipos:

1. 

Imunoglobulinas secretadas (sIg)  –  apresentam uma sequência de aminoácidos hidrofilica de

vários comprimentos nas suas terminações carboxilicas;

2. 

Imunoglobulinas membranares (mIg)  –  o dominio C-terminal contem três regiões (uma

sequência extracelular hidrofilica de 26 residuos, uma sequência transmembranar hirdofóbica e

uma cauda citoplasmática) sendo a região transmembranar constante entre isotipos de

imunoglobulinas, enquanto os comprimentos das sequências extracelular e citoplasmática

variáveis.

As células B expressam diferentes classes de mIg em diferentes estágios de desenvolvimento:

 

Células B imaturas, ou células pré-B, expressam apenas mIgM;

 

Mais tarde na maturação, mIgD é co-expresso com IgM na superficie das células B madurasantes de estas serem activadas por um antigénio;

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  Uma célula B de memória é capaz de expressar mIgM, mIgG, mIgA ou mIgE.

Mesmo quando diferentes classes são expressas sequencialmente numa unica célula, a especificidade

antigénica de todas a moléculas de anticorpos membranares expressas por uma unica célula é idêntica,

se modo que cada anticorpo liga o mesmo epitopo.

Funções Efectoras Mediadas por Anticorpos

Em adição a ligar antigénios, os anticorpos participam numa grande gama de outras actividades

biológicas. Quando consideramos o papel dos anticorpos na defesa contra uma doença, é importante

ter em conta que os anticorpos não matam ou removem patogénios apenas por se ligarem a eles. Para

serem efectivos contra estes patogénios, os anticorpos não devem apenas reconhece-los mas também

evocar respostas que resultarão na remoção do antigénio e na morte do patogénio:

  Opsonização (visto já no capitulo da fagocitose);

 

Activação do complemento - IgM e, em humanos, a maior parte das subclasses de IgG são

capazes de activar uma classe de glicoproteinas séricas designadas sistema complemento. Oprincipal produto desta activação é um fragmento péptidico designado C3b que se liga a

complexos de opsonização e que é reconhecido pelos eritrócitos e pelos macrófagos. Isto facilita

a fagocitose pelos macrófagos e também permite que os eritrócitos transportem estes

complexos para o figado ou baço onde macrófagos residentes eliminam os antigénios e matam

os patogénios sem danificar o eritrócito;

 

Citotoxicidade mediada por células dependente de anticorpos   - A ligação de um anticorpo

ligado a células alvo (células do hospedeiro infectadas com virus) a receptores Fc de um numero

de tipos de células, particularmente células naturalmente assassinas, é capaz de dirigir

actividades citotóxicas efectoras contra a célula alvo;

 

Transcitose – Define a entrega de anticorpos nas superficies mucosas dos tractos respiratório,gastrointestinal e urogenital, tal como o seu exporte para o leite materno, que requer o

movimento de imunoglobulinas atraves das camadas epiteliais.

Enquanto as regiões variáveis dos anticorpos são quem liga os antigénios, a região constante das

cadeias pesadas (CH) é responsável por esta variedade de interacções colaborativas com outras

proteinas, células e tecidos, que resultam nas funções efectoras da resposta humoral.

Como estas funções efectoras resultam de interacções entre a região constante das cadeias pesadas e

outras proteinas séricas ou receptores membranares, nem todas as classes de imunoglobulinas

apresentam as mesmas propriedades funcionais.

A capacidade das imunoglobulinas serem transportadas por transcitose depende das propriedades da

região constante:

  Em humanos e ratinhos, a IgA é a principal espécie de anticorpo que sofre tal transporte, apesar

das IgM também poderem ser transportadas para as superficies das mucosas;

  Algumas espécies de mamiferos, como os humanos e os ratinhos, também transferem grandes

quantidades de IgG da mãe para o feto. Visto que os sistemas circulatorios da mãe e do feto são

separados, os anticorpos devem ser transportados através do tecido da placenta. Isto fornece

uma inicial protecção do feto, o que é uma forma de imunização passiva.

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Classes e Actividades Biológicas dos Anticorpos

As várias classes e isotipos de imunoglobulinas são distinguidas por sequências de aminoácidos unicas

na região constante das cadeias pesadas, que conferem propriedades funcionais e estruturais

especificas da classe. A estrutura das principais classes na forma secretada é a seguinte:

As propriedades moleculares e biológicas  das diferentes classes podem ser sumariadas na seguinte

tabela:

Isotipo Subtipos Cadeia H Cadeia LConcentração

sérica (mg/mL)

Semi-vida

sérica (dias)

Funções

IgA IgA1,2 Α (1 ou 2) Κ ou λ  3,5 6 Imunidade das mucosas

IgD Nenhum δ  Κ ou λ  Traços 3Receptor de antigénios nas

células B naive

IgE Nenhum ε  Κ ou λ  0,05 2

Defesa contra parasitas

helmintos, hipersensibilidade

imediata

IgG IgG1-4γ (1, 2, 3

ou 4)Κ ou λ  13,5 23

Opsonização, activação do

complemento, citotoxicidade

mediada por células,

imunidade neo-natal, inibição

por feedbcak das células B

IgM Nenhum μ  Κ ou λ  1,5 5

Receptor de antigénios nas

células B, activação do

complemento

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Joana Maria Soares Pereira 109

Imunoglobulina G (IgG)

A classe de imunoglobulinas G, a mais abundante no soro, constitui cerca de 80% do total de

imunoglobulinas no soro. A molécula de IgG consiste em duas cadeias pesadas γ e duas cadeias leve κ

ou λ. Existem quatro subclasses de IgG humana, distinguidas por diferenças na sequência da cadeia γ e

numeradas de acordo com a diminuição das suas concentrações no soro:

  As sequências de aminoácidos que distinguem as quatros subclasses IgG são codificados por

diferentes genes CH, cujas sequências de DNA são 90%-95% homólogas;

  As caracteristicas estruturais que distinguem estas subcalsses são o tamanho da região

dobradiça e o numero e posição das pontes dissulfito entre as cadeias pesadas.

As diferenças subtis de aminoácidos entre subclasses de IgG afectam a actividade biológica  das

moléculas:

 

IgG1, IgG3 e IgG4 atravessam a placenta e têm um papel importante na protecção do feto em

desenvolvimento;

  IgG3 é o activador do complemento mais efectivo seguido por IgG1. IgG2 é menos eficiente e

IgG4 não é capaz de activar o complemento;

  IgG1 e IgG3 ligam receptores de Fc com elevada afinidade nas células fagociticas e, assim,

medeiam a opsonização. IgG4 apresenta uma afinidade intermédia para receptores Fc e IgG2

apresenta uma afinidade extremamente baixa.

Imunoglobulina M (IgM)

As imunoglobulinas M correspondem a cerca de 5%-10% do total de imunoglobulinas séricas, com uma

concentração sérica média de 1,5 mg/mL. Podemos ter duas formas de IgM:

  IgM monomérica, com um peso moleculas de 180.000, é expressa com um anticorpo

membranar nas células B;

  IgM pentamérica é a forma secretada, na qual cinco unidades monoméricas são mantidas em

conjunto por pontes dissulfito que ligam os dominios C-terminal das cadeias pesadas (C H4/CH4)

e os seus dominios CH3/CH3.

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Na IgM pentamérica, as cinco subunidades monoméricas estão arranjadas com as suas regiões Fc no

centro de um pentâmero e os dez locais de ligação ao antigénio na periferia da molécula. Cada

pentâmero contem um polipéptido adicional designado cadeia J (joining), que se encontra ligado por

pontes dissulfito a residuos de cisteina de duas das dez cadeias μ . Esta cadeia parece ser necessária

para a polimerização do monómero para formar a IgM pentamérica, e é adicionada mesmo antes da

secreção do pentâmero.

A IgM é a primeira classe de imunoglobulinas a ser secretada numa primeira resposta ao antigénio, e é

também a primeira imunoglobulina a ser sintetizada nos recém-nascidos. Devido à sua estrutura

pentamérica com 10 locais de ligação ao antigénio, a IgM sérica apresenta uma maior valênciarelativamente aos outros isotipos, tendo uma actividade biológica mais rápida:

  Uma IgM é capaz de ligar 10 pequenas moleculas de haptenos, contudo, devido ao

impedimento estéreo, apenas cerca de 5 moléculas de antigénios maiores se conseguem ligar

simultaneamente;

  Devido à elevada valência , a IgM pentamérica é mais eficiente do que outros isotipos na ligação

a antigénios com vários epitopos repetidos, como particulas virais e eritrócitos, formando

aglutinados e inactivando particulas virais mais rapidamente do que qualquer outro isotipo;

  IgM é mais eficiente que IgG na activação do complemento, que requer duas regiões Fc em

grande aproximação.

Devido ao seu elevado tamanho, a IgM não se difunde bem e, assim, é encontrada em concentrações

muito baixas nos fluidos intercelulares. A presença da cadeia J pemite que as IgM se liguem a

receptores nas células secretórias, que a transportam através de revestimentos epiteliais de modo a

entrarem nas secreções externas que banham as superficies mucosas.

Imunoglobulina A (IgA)

Apesar das imunoglobulinas A constituirem cerca de 10%-15% das imunoglobulinas totais no soro, elas

são a classe de imunoglobulinas predominantes nas secreções externas como o leite materno, a saliva,

as lágrimas e o muco dos tractos broncal, genitourinário e digestivo. Assim, podemos ter dois tipos deIgA:

IgM membranar  IgM secretada 

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  IgA sérica  –  existem principalmente como um monómero, mas formas poliméricas (dimeros,

trimeros e alguns tetrameros) são por vezes observadas, todas contendo uma cadeia J;

 

IgA secretória – é a das secreções externas e consiste num dimero ou tetramero, uma cadeia J e

uma cadeia polpeptidica designada componente secretório.

O componente secretório é derivado a partir do receptor que é responsável pelo transporte da IgA

polimérica através da membrana celular, e a cadeia J é idêntica com aquela encontrada na IgM

pentamérica, servindo para funções semelhantes facilitando a polimerização dos dois tipos de IgA:

  O componente secretório é um polipéptido de 70.000 MW produzido pelas células epiteliais das

membranas mucosas e consiste em cinco dominios Ig-like que se ligam a dominios da região Fc

do dimero IgA;

 

Esta interacção é estabilizada por uma ponte dissulfito entre o quinto dominio do componente

secretório e uma das cadeias da IgA dimérica.

A produção diária de IgA secretória  é maior que a de qualquer outra classe de imunoglobulina. Os

plasmócitos secretores de IgA estão concentrados ao longo da superficie das membranas mucosas e,

todos os dias, um humano secreta 5g a 15g de IgA secretória nas secreções mucosas:

1. 

Estas células preferencialmente migram para tecidos subepiteliais, onde a IgA secretada se liga

fortemente a receptores para moleculas imunoglobulinas poliméricas, que são expressos nas

mucosas epiteliais e no epitélio glandular nas glândula mamárias, salivares e lacrimais;

IgA sérica  IgA scertória 

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2. 

Depois da IgA polimérica se ligar a estes receptores, o complexo IgA-receptor é transportado

através da barreira epitelial para o lumen;

3. 

O transporte deste complexo envolve endocitose mediada por receptores e transporte directo

das vesiculas através da célula epitelial para a membrana luminal, onde a vesicula se funde com

a membrana plasmática;

4. 

O receptor é então clivado enzimaticamente da membrana e torna-se o componente secretório,que se encontra ligado e é libertado em conjunto com a IgA polimérica nas secreções mucosas.

Os componente secretório mascara locais susceptiveis a clivagem por proteases na região dobradiça das

IgA secretórias, permitindo que a molécula polimérica exista durante mais tempo no ambiente rico em

proteases do muco que de outro modo não seria possivel. Este mecanismo de transporte é também

usado pelas IgM pentaméricas, mas estas ultimas existem numa percentagem muito menor nas

secreções mucosas.

As principais actividades biológicas das IgA são:

 

Função efectora importante nas superficies membranares das mucosas, que são os principaislocais de entrada de organismos patogénicos;

  Como são poliméricas, as IgA secretórias são capazes de ligar de modo cruzado antigénios com

multiplos epitopos;

 

A ligação de IgA secretória a antigénios superficiais de virus e bactérias previne a ligação destes

às células mucosas, inibindo a infecção virica e a colonização bacteriana;

 

Complexos de IgA secretória e antigénios são facilmente presos no muco e depois eliminados

pelas células epiteliais ciliada do tracto respiratório ou pelos movimentos peristálticos do

sistema digestivo;

  O leite materno contem IgA secretória e muitas outras moléculas que ajudam a proteger o

recem-nsacido contra a infecção durante o primeiro mês de vida. Como o sistema imune dos

bebés não está completamente funcional, a amamentação tem um papel importante na

manutenção da saude dos recém-nascidos.

Imunoglobulina E (IgE)

A potente actividade biológica das imunoglobulinas E permitiu que

estas fossem identificadas no soro apesar da concentração sérica

extremamente baixa (0,3 μg/mL). Estes anticorpos medeaim as

reacções de hipersensibilidade imediata que são responsáveis pelos

sintomas da febre do feno, asma, urticária e choque anafilático:

  IgE liga-se a receptores Fc na membrana dos basófilos no

sangue e dos mastócitos nos tecidos;

  A ligação cruzados dos antigénios a moléculas IgE ligadas

aos recepotres induz os basófilos e os mastócitos a

translocarem os seus grânulos para a membrana plasmática

e a libertarem o seu conteudo para o ambiente

extracelular;

  Como resultado, uma variedade de mediadores

farmacologicamente activos são libertados e dão origem àsmanifestações alérgicas.

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No entanto, a desgranulação dos mastócitos localizada induzida pelas IgE podem também libertar

mediadores que facilitam a montagem de células necessárias para a defesa antiparasitica.

Imunoglobulinas D (IgD)

A classe de imunoglobulinas D apresenta uma concentração sérica de 30 μg/mL e constitui cerca de

0,2% das imunoglobulinas séricas totais. Em conjunto com as IgM, as IgD são as principaisimunoglobulinas membranares expressas pelas células B maduras, e o seu papel na fisiologia das células

B ainda está sob investigação.

Assim, podemos resumir as principais propriedades dos diferentes subtipos de imunoglobulinas  na

seguinte tabela:

Propriedade/Actividade IgG1 IgG2 IgG3 IgG4 IgA1 IgA2 IgM IgE IgD

Peso molecular 150.000 150.000 150.000 150.000150.000-

600.000

150.000-

600.000900.000 900.000 150.000

Componente da cadeia

 pesadaγ1 γ2 γ3 γ4 α1 α2 μ  ε  δ 

Nivel sérico normal

(mg/mL)9 3 1 0,5 3,0 0,5 1,5 0,0003 0,03

Semi-vida sérica (dias) 23 23 8 23 6 6 5 2,5 3

 Activa a via do

complemento clássica+ +/- ++ - - - +++ - -

 Atravessa a placenta + +/- + + - - - - -

Presente na membrana

cas células B maduras- - - - - - + - +

Liga a receptores Fc nos

 fagócitos++ +/- ++ + - - ? - -

Transporte para asmucosas

- - - - ++ ++ + - -

Induz desgranulação

dos mastócitos- - - - - - - + -

Determinantes Antigénicos nas Imunoglobulinas

Como os anticorpos são glicoproteinas, eles podem funcionar como potentes imunogénios para induzir

uma resposta por anticorpos. Tais anticorpos anti-Ig são ferramentas poderosas para o estudo do

desenvolvimento das células B e das respostas imunes humorais. Os determinantes antigénicos, ou

epitopos, nas imunoglobulinas caem em três principais categorias, que estão localizadas em porções

caracteristicas da molécula:

1. 

Determinantes isotipicos  –  regiões constantes que colectivamente definem cada classe e

subclasse de cadeia pesada e cada tipo e subtipo de cadeia leve numa espécie. Cada isotipo é

codificado por um gene de região constante separado, e todos os membros de uma espécie

carrega o mesmo gene de região constante, que apresenta multiplos alelos. Assim, diferentes

espécies expressam diferentes isotipos;

2. 

Determinantes alotipicos  – apesar de todos os membros de uma espécie herdarem o mesmo

grupo de genes isotipo, multiplos alelos existem para alguns dos genes. Estes alelos codificam

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Em cada caso, a cauda citoplasmática é demasiado pequena para

ser capaz de se associar a moléculas sinalizadoras intracelulares

(e.g., tirosina cinases e proteinas G). Portanto, as imunoglobulinas

membranares não constituem por si só o receptor completo e

associam-se com proteinas acessórias (Igα e Igβ) para formar o

complexo BCR:

 

o complexo BCR é um complexo de proteinas

transmembranres composto por uma mIg e heterodimeros

Igα e Igβ ligados por pontes dissulfito; 

  A cadeia Igα apresenta uma cauda citoplasmática mais

longa contendo 61 aminoácidos e a cauda da cadeia Igβ

contem 48 residuos;

  As caudas do heterodimero Igα/Igβ são suficientemente

longas para interagir com moléculas sinalizadoras

intracelulares.

Este complexo é diferente do TCR, como já foi visto anteriormente quando foi estudado o TCR.

A Superfamilia Imunoglobulina

As estruturas de várias cadeias imunoglobulina pesadas e leves partilham várias caracteristicas,

sugerindo que elas apresentam um ancestral comum. Em particular, todas as classes de cadeias pesadas

e leves apresentam a mesma estrutura do dominio imunoglobulina (enrolamento imunoglobulina).

Para além disso, um grande numero de outras proteinas possuem uma ou mais regiões homólogas com

um dominio imunoglobulina, como já visto para o MHC e o TCR. Cada uma destas proteinas éclassificada como membro da superfamila imunoglobulina  e os genes que as codificam evoluiram

independentemente e não partilham ligação genética ou função. As seguintes proteinas, em conjunto

com as imunoglobulinas por si só, são membros representativos da superfamilia imunoglobulina:

  Heterodimero Igα/Igβ, parte do BCR; 

  Receptor poli-Ig, que contribui para o componente secretório das IgA e IgM;

  Receptor da célula T (TCR);

 

Proteinas acessória da célula T, incluindo CD2, CD4, CD8, CD28 e as cadeias γ, δ e ε do CD3; 

  Moléculas MHC classe I e classe II;

 

β2-microglobulina, uma proteina invariante associada com as moléculas MHC classe I;  Várias moléculas de adesão celular, incluindo VCAM-1, ICAM-1, ICAM-2 e LFA-3;

  Factor de crescimento derivado das plaquetas.

Muitas outras proteinas também pertencem à superfamilia imunoglobulina. Análises cristalográficas

ainda não foram feitas a todos os membros desta superfamilia. No entanto, a sequência de aminoácidos

primária dessas proteinas sugere que todas elas contêm um dominio com enrolamento imunoglobulina

tipico. Especificamente, todos os membros da superfamilia imunoglobulina contêm pelo menos um ou

mais segmentos de 110 aminoácidos capazes de se arranjarem nesse enrolamento.

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A maior parte dos membros da superfamilia imunoglobulina não é capaz de se ligar a antigénios. Assim,

a estrutura caracteristica Ig encontrada em tantas proteinas membranares deve apresentar uma outra

função para além da ligação a antigénios. Uma possibilidade é que o enrolamento imunoglobulinapoderá facilitar as interacções entre proteinas membranares.

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MATURAÇÃO, ACTIVAÇÃO EREGULAÇÃO DOS LINFÓCITOS

O R G A N I Z A Ç Ã O E E X P R E S S Ã O D E G E N E S I M U N O G L O B U L I N A

Diversidade de Imunoglobulinas

Uma das caracteristicas mais importantes do sistema imune dos vertebrados é a sua habilidade para

responder a uma gama aparentemente ilimitada de antigénios estranhos pois virtualmente todos os

anticorpos estudados até agora contêm uma unica sequência de aminoácidos na região variável mas

apenas um numero limitado de sequências invariáveis na região constante. A base genética para estacombinação numa unica molécula proteica encontra-se na organização dos genes de imunoglobulinas

(Ig):

  No DNA da linha germinativa, multiplos segmentos de genes condificam porções das cadeias

leve ou pesada de uma única imunoglobulina;

 

Estes segmentos de genes são carregados nas células germinativas mas não podem ser

transcritos e traduzidos em cadeias completas até serem rearranjados em genes funcionais;

 

Durante a maturação das células B na medula óssea, certos segmentos desses genes são

aleatoriemante baralhados por um sistema genético dinâmico capaz de gerar mais de 106 

combinações;

  Processos subsequentes aumentam a diversidade do reportório de locais de ligação do

anticorpo para um numero que excede 106 em pelo menos duas ou três ordens de magnitude.

Assim, os processos de desenvolvimento das células B são cuidadosamente regulados:

  A maturação de uma célula B progenitora progride através de uma sequência ordenada de

rearranjos de genes Ig, acoplada com modificações dos genes que contribuem para a

diversidade do produto final;

 

No final deste processo, uma célula B madura, imunocompetente, conterá sequências

codificantes para uma região variável funcional da cadeia pesada e uma região variável dacadeia leve;

  Assim, a célula B individual é antigenicamente comprometido com um epitopo especifico.

Depois da estimulação antigénica de uma célula B madura nos orgãos linfóides periféricos, rearranjos

adicionais de segmentos de genes da região constante podem gerar alterações no isotipo expresso, o

que produz alterações nas funções biológicas efectoras da molécula de imunoglobulina sem alterar a

sua especificidade. Assim, as células B madura contêm DNA cromossómico que já não é semelhante ao

DNA da linha germinativa.

Assim, enquanto pensamos no DNA genómico como uma impressão digital genética estável, a linhagem

de células linfocitárias não retem uma cópia intacta desta impressão. O rearranjo genómico é uma

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caracteristica essencial da diferenciação dos linfócitos, e nenhum outro tipo de célula dos vertebrados

sofre este processo.

Modelo Genético Compativel com a Estrutura das Imunoglobulinas

Como sabemos, existe um enorme reportório de respostas dos anticorpos (108). No entanto, se todos

os anticorpos diferentes que levam a esta gama de diversidade de respostas fossem expressos porgenes no nosso genoma, seria necessário cerca de 1/3 do genoma. Assim, é dificil iconciliar esta

diversidade com os modelos genéticos clássicos.

Portanto, qualquer modelo viável da organização dos genes das imunoglobulinas tem de ter em conta

as seguintes propriedades dos anticorpos:

  A vasta diversidade de especificidades dos anticorpos;

  A presença de regiões variáveis nas cadeias leve e pesada das Ig na extermidade N-terminal e de

uma região constante na extermidade C-terminal;

 

A existência de isotipos com a mesma especificidade antigénica, que resulta da associação deuma determinada região variável com diferentes regiões constantes da cadeia pesada.

Surgiram dois grupos de  teorias na tentativa de descrever a organização dos genes das

imunoglobulinas:

1. 

Teorias da linha germinativa  –  o genoma contido nas células germinativas, ovulo e

epsermatozóide, contem um grande reportório de genes das imunoglobulinas. Assim, estas

teorias não invocam mecanismos genéticos especiais na origem da diversidade de anticorpos.

Argumentam que o imenso valor vital do sistema imune justifica a dedicação de uma fracção

significativa do genoma à codificação de imunoglobulinas;

2. 

Teorias de variação somática  –  o genoma contem um pequeno numero de genes das

imunoglobulinas, a partir dos quais um grande numero de anticorpos especificos são gerados

nas células somáticas por maturação ou recombinação.

Independentemente da diversidade ser gerada por mecanismos da linha germinativa ou somáticos, um

paradoxo mantem-se:

Como é que a estabilidade é mantida nas regiões constantes (C) enquanto um mecanismo

diversificante gera a região variável (V)?  

 

As teorias da linha germinativa não parecem ser capazes de responder a esta questão porque

parece dificil que um mecanismo evolutivo fosse capaz de gerar diversidade na parte variável de

vários genes das cadeias pesadas e leves preservando a região constante;

  As teorias da variação somática não parecem ser capazes de responder a esta questão porque

parece dificil conceber um mecanismo que diversificasse a parte variável de um unico gene das

cadeias pesadas e leves nas células somáticas sem alterar a sequência de aminoácidos

codificada pela regiãos constante.

Em 1976, S. Tonegawa e N. Hozumi encontraram a primeira evidência directa de que genes separados

codificam as regiões V e C das imunoglobulinas e que os genes são rearranjados no decurso da

diferenciação das células B, o que dá peso às teorias da variação somática e explica a diferença de

variação nas duas regiões das imunoglobulinas.

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Organização dos Genes das Imunoglobulinas

As cadeias leves λ e κ e as cadeias pesadas são codificadas por familias multigénicas separadas situadas

em diferentes cromossomas. No DNA da linha germinativa, cada uma destas familias multigénicas

contêm várias sequências codificantes, desiganadas segmentos de genes, separadas por regiões não

codificantes. Durante a maturação das células B, esses segmentos de genes são rearranjados e juntos de

modo a formar genes de imunoglobulinas funcionais:

  As familias λ e κ da cadeia leve contêm segmentos de gene V (variavel), J (joining)  e C

(constante), sendo que os segmentos VJ rearranjados codificam a região variável das cadeias

leves e o segmento C codifica a região constante;

  As familias da cadeia pesada contêm segmentos de gene V (variavel), D (diversidade), J (joining) 

e C (constante), sendo que os segmentos VDJ rearranjados codificam a região variável das

cadeias pesadas e o segmento C codifica a região constante.

Os segmentos J codificam a região terminal das regiões constante que se ligam às regiões constantes,

daí o J de Joining.

Cada segmento de genes V é precedido na sua terminação 5’ por um pequeno exão que codifica um

pequeno péptido sinal (L) que guia a cadeia leve ou pesada através do reticulo endoplasmático. Este

péptido sinal é clivado das cadeias leves e pesadas nascentes antes da montagem da molécula de

imunoglobulina final. Assim, os aminoácidos codificados por esta sequência não aparecem na molécula

de imunoglobulina.

Familia de Multigenes das Cadeias λ  

A familia de multigenes das cadeias λ na liha germinativa de ratinho contêm:

 

3 segmentos de genes Vλ, cada um com uma sequência sinal a pequena distância na

exterminada 5’; 

  4 segmentos de genes Jλ;

  4 segmentos de genes Cλ.

Jλ4 é um pseudogene, um gene defeituoso que é incapaz de codificar uma proteina, e genes deste tipo

são indicados com o simbolo psi (ψ). No entanto, o parceiro de região constante do J λ4 (Cλ4) é um gene

prefeitamente funcional. Assim, os segmentos de genes Vλ  e os três Jλ  funcionais codificam a região

variável da cadeia leve e cada um dos segmentos de genes Cλ funcionais codificam a região constante de

cada um dos três subtipos de cadeias (λ1, λ2 e λ3). 

No entanto, em humanos, este locus é mais complexo, contendo 31 segmentos de genes Vλ, 4

segmentos de genes Jλ e 7 segmentos Cλ, e ainda bastantes pseudogenes de cada tipo de genes.

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Familia de Multigenes das Cadeias κ  

A familia de multigenes das cadeias κ em ratinho, sendo semelhante em humano, contem:

  Aproximadamente 85 segmentos de genes Vκ, cada um com uma sequência sinal a pequena

distância na exterminada 5’; 

 

5 segmentos de genes Jκ, um dos quais é um pseudogene não funcional;  Um unico segmentos de genes Cκ. 

Tal como na familia de multigenes das cadeias λ, os segmentos de genes Vκ  e Jκ  codificam a região

variável da cadeia pesada κ e o segmento Cκ codifica a região constante. No entanto, como só existe umúnico segmento Cκ, não existem subtipos de cadeias κ. Por outro lado, comparando o arranjo dos genes

desta familia e os da familia λ, vemos que o arranjo de cada uma é muito diferente. 

Familia de Multigenes das Cadeias Pesadas

A organização dos genes das cadeias pesadas das imunoglobulinas é semelhante, mas mais complexa, è

dos genes κ e λ das cadeias leves. No entanto, um segmento de genes adicional codifica parte da região

variável das cadeias pesadas:

 

Segmento D (diversidade) – segmento que se liga aos segmentos de genes VH e JH para codificar

a região variável interira da cadeia pesada. Codifica aminoácidos no CDR3 e contribui para a

geração da diversidade de anticorpos. Encontra-se entre os segmentos de genes VH e JH.

A familia de multigenes das cadeias pesadas em humano, sendo semelhante em ratinho, contem:

 

51 segmentos de genes VH  localizados a montante dos segmentos de genes DH  e cada um éprecedido por uma sequência sinal a pequena distância na extremidade 5’; 

  27 segmentos de genes DH localizados a jusante dos segmentos de genes VH;

 

6 genes JH funcionais a jusante dos segmentos de genes DH;

 

Uma série de segmentos CH a jusante dos segmentos de genes JH, sendo que cada um codifica a

região constante de um isotipo de cadeia pesada das imunoglobulinas. Os segmentos de genes

CH consistem em exões codificantes e intrões não codificantes. Cada exão codifica um domino

separado da região constante da cadeia pesada.

A conservação de funções biológicas efectoras importantes da molécula de anticorpo é mantida pelo

numero limitado de genes de região constante da cadeia pesada. Em humanos e ratinhos, os segmentosde genes CH são arranjados sequencialmente na ordem Cμ, Cδ, Cγ, Cε e Cα e este arranjo não é acidental,

ele está relacionado com a expressão sequencial das classes de imunoglobulinas no curso do

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desenvolvimento das células B e a resposta inicial IgM das células B quando encontram pela primeira

vez um antigénio.

Rearranjos dos Genes das Regiões Variáveis

Genes funcionais que codificam as cadeias leves e pesadas das imunoglobulinas são montadas por

eventos de recombinação ao nivel do DNA. Estes eventos e os eventos paralelos que envolvem genes doreceptor das células T são os unicos rearranjos de DNA especificos de um local conhecidos nos

vertebrados.

Os rearranjos de genes das regiões variáveis ocorrem numa sequência ordenada durante a maturação

das células B na medula óssea:

  Os genes das regiões variáveis das cadeias pesadas rearranjam primeiro;

  Depois rearranjam os genes das regiões variáveis das cadeias leves;

 

No final do processo, cada célula B contem uma unica sequência de DNA para a região variável

funcional para a sua cadeia pesada e outra para a sua cadeia leve.

O processo de rearranjo de genes das regiões variáveis produz células B maduras, imunocompetentes,

sendo cada uma dessas células consignada a produzir anticorpos com um local de ligação codificado por

uma sequência particular dos seus genes V rearranjados. Por outro lado, rearranjos dos genes da região

constante da cadeia pesada gerará alterações seguintes na classe de imunoglobulina (isotipo) expressa

por uma célula B, mas estas alterações não afectarão a especificidade antigénica da célula.

Os passos no rearranjo de genes das regiões variáveis ocorrem numa sequência ordenada, mas são

eventos aleatórios que resultam na determinação aleatória da especificidade da célula B.

Rearranjos V-J das Cadeias Leves

A expressão de ambas as cadeias leves κ e λ requer rearranjos dos segmentos de genes V e J  da região

variável:

  Em humanos, qualquer um dos segmentos de genes Vλ  funcionais pode combinar-se com

qualquer uma das quatro combinações Jλ-Cλ;

  Em ratinho, é mais complicado, sendo que o rearranjo de DNA pode juntar o segmento de gene

Vλ1 com qualquer um dos segmentos Jλ1 ou Jλ3, ou o segmento de gene Vλ2 com o segmento de

gene Jλ2;

 

No DNA de cadeia leve κ, qualquer um dos segmentos de genes Vκ pode ser combinado com

qualquer um dos segmentos de genes Jκ.

Assim, os genes λ e κ rearranjados contêm as seguintes regiões na ordem 5’→3’: 

  Um pequeno exão sinal (L);

 

Uma sequência não codificante (intrão);

  Um segmento VJ;

  Um segundo intrão;

  A região constante.

A montante de cada segmento sinal do gene encontra-se uma sequência promotora. A sequência decadeia leve rearranjada é transcrita pela RNA polimerase a partir do exão L através do segmento C até

ao sinal stop, gerando um transcrito de RNA primário para a cadeia leve. Os intrões no transcrito

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Joana Maria Soares Pereira 122

primário são removidos por enzimas de processamento de RNA, e o mRNA de cadeia leve resultante sai

assim do nucleo. O mRNA de cadeia leve liga-se a ribossomas e é traduzido na proteina de cadeia leve.

A sequência sinal no N-terminal transporta a cadeia polipeptidica para o lumen do reticulo

endoplasmático rugoso e é depois clivada, portanto, não está presente no produto proteico de cadeia

leve.

Esquematicamente, para as cadeias κ, o processo de rearranjo e expressão é o seguinte:

Rearranjos V-D-J das Cadeias Pesadas

A produção de genes de cadeia pesada funcionais requer dois eventos de rearranjo separados dentro

da região variável:

1.  Um segmento de gene DH primeiro combina-se com um segmento JH;

2. 

O segmento DHJH  resultante aproxima-se e combina-se com um segmento VH para gerar uma

unidade VHDHJH que codifica a região variável inteira.

Assim, no DNA de cadeia pesada, os rearranjos da região variável produz um gene rearranjado  que

contêm as seguintes regiões na ordem 5’→3’: 

  Um pequeno exão L;

  Um intrão;

 

Um segmento VDJ;

 

Outro intrão;

  Uma série de segmentos de genes C.

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Tal como nos genes das cadeias leves, uma sequência promotora está localizada a uma pequena

distância a montante de cada sequência L da cadeia pesada. Assim que o rearranjo é concluido, a RNA

polimerase pode ligar-se à sequência promotora e transcrever o genes de cadeia pesada inteiro,

incluindo os intrões. Inicialmente, ambos os segmentos de genes C μ e Cδ são transcritos. Poliadenilação

diferencial e splicing de RNA remove os intrões e processa o transcrito primário para gerar mRNA,

incluindo tanto o transcrito Cμ como o Cδ. Estes dois mRNAs são depois traduzidos, e o péptido sinal dopolipéptido nascente resultante é clivado, gerando cadeias μ e δ acabadas. A produção de dois mRNAs

de cadeia pesada permite que a célula B madura, imunocompetente, expresse ambas IgM e IgD com

especificidade antigénica idêntica na sua superficie.

Esquematicamente, o processo de rearranjo e expressão é o seguinte:

Mecanismos de Rearranjos de DNA das Regiões Variáveis

Estudos de sequenciação de DNA revelaram a presença de sequências sinal de recombinação (RSS) 

unicas nas extremidades de cada segmento de genes V, D e J da linha germinativa:

 

Uma RSS está localizada a 3’ de cada segmento de gene V, a 5’ de cada segmento de gene J e

dos dois lados de cada segmento de gene D;

  Estas sequências funcionam como sinais para o processo de recombinação de rearranja os

genes;

 

Cada RSS contem um heptamero palindrómico conservado e um nonamero rico em ATconservado separado por uma sequência interveniente com 12 ou 23 pares de bases.

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As sequências intervenientes de 12- e 23-bp correspondem, respectivamente, a uma ou duas voltas da

hélice de DNA. Por esta razão, as sequências são deignadas sequência sinal de recombinação one-turn

(one-turn RSS) e sequência sinal de recombinação two-turn (two-turn RSS).

  A RSS Vκ apresenta um espaço one-turn e a RSS Jκ apresenta um espaço two-turn;

 

No DNA de cadeia leve λ, esta ordem é revertida, isto é, a RSS Vλ apresenta um espaço two-turn

e a RSS Jλ apresenta um espaço one-turn;  No DNA de cadeia pesada, as RSS dos segmentos de genes VH e JH apresentam espaços two-turn

enquanto cada lado dos segmentos de genes DH apresentam espaço one-turn.

A lei one-turn/two-turn diz que RSS com um espaço one-turn se conseguem ligar apenas a sequências

com um espaço two-turn. Esta lei assegura, por exemplo, que um segmento VL  se liga apenas a um

segmento JL a não a outro segmento VL e também que os segmentos VH, DH e JH se combinam na ordem

apropriada e que outros segmentos os mesmo tipo não se ligam um ao outro.

A recombinação V-(D)-J, que ocorre nas junções entre as RSSs e as sequência codificantes, é catalizada

por enzimas colectivamente designadas recombinase V(D)J. Estas enzimas são os unicos produtos degenes especificos das células linfóides que estão envolvido no rearranjo V-(D)-J:

 

RAG-1 e RAG-2  – produtos de genes activantes da recombinação;

 

TdT – terminal deoxynucleotidyl transferase.

A recombinação de segmentos de genes da região variável consite nos seguintes passos, catalizados

por um sistema de enzimas recombinases:

1. 

Reconhecimento de RSSs por enzimas recombinase, seguida de sinapse na qual duas sequências

sinal e as sequências codificantes adjacentes (segmentos de genes) são aproximadas;

2. 

Clivagem de uma cadeia de DNA pelas RAG-1 e RAG-2 nas junções das RSSs com as sequênciascodificantes;

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3. 

Uma reacção catalizada pelas RAG-1 e RAG-2 na qual o

grupo –OH 3’ livre no corte na cadeia de DNA ataca a

ligação fosfodiester que liga a cadeia oposta à RSS,

simultaneamente produzindo uma estrutura hairpin na

extremidade de corte da sequência codificante e a

quebra da cadeia dupla na RSS;4.

 

Corte do hairpin para gerar locais de adição de

nucleótidos de região P, seguida de primming de

alguns nucleótidos a parte da sequência codificante

por uma endonuclease de cadeia simples;

5. 

Adição de cerca de 15 nucleótidos, designados

nucleótidos de região N, nas extermidades de corte

das sequências codificantes de segmentos V, D e J das

cadeias pesadas por uma enzima TdT;

6.  Reparo e ligação para juntar as sequencias codificantes

e para juntar as sequências sinal, catalizada porenzimas doublestrand break repair normais (DSBR),

que são expressas em todas as células somáticas.

A recombinação resulta na na formação de uma encaixe

codificante, entre as duas sequências codificantes, e um

encaixe sinal, entre as RSSs. A orientação transcripcional dos

segmentos de genes a serem ligados determina o destino do

encaixe sinal e dos DNA interveniente:

 

Quando os dois segmentos de genes estão na mesmaorientação transcripcional, a combinação resulta na

delecção do encaixe sinal e do DNA interveniente

como um produto circular;

  Menos frequentemente, se os dosi genes tiverem

orientações opostas, a combinação resulta por

inversão do DNA, resultando na retenção de ambos os

encaixes no cromossoma.

No locus κ humano, cerca de metade dos segmentos de genes Vκ estão invertidos relativamente aos Jκ e

a sua combinação é feita assim por inversão.

A TdT é um membro dos factores non-homologous end joining

(NHEJ) que são expressos em qualquer célula e estão envolvidos

no reparo do DNA. Estas adicionam nucleótidos ao DNA e fecham

espaços entre dois pedaços de DNA. Constituem um complexo

enzimático cujas enzimas são:

 

DNA-PKs;

  Ku-70 e Ku-86;

  Artemis;

 

Pol μ;

  DNA-ligase IV;

  XRCC4.

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Qualquer deficiência nestas enzimas, NHEJ e Rags, leva a doenças autoimunes pois os linfócitos ficam

incapazes de produzir anticorpos.

 Junção Flexivel dos Segmentos

Uma das caracteristicas notáveis da recombinação de segmentos de genes é a diversidade de junções

codificantes que são formadas entre dois quaisquer segmentos. Apesar das quebras na cadeia dupla deDNA para inicai os rearranjos V-(D)-J serem introduzidos precisamente nas junções das RSSs e das

sequências codificantes, a ligação subsequente das sequências codificantes é imprecisa. A diversidade

 juncional nas ligações V-J e V-D-J são geradas por um numero de mecanismos:

  Variação no corte do hairpin para gerar nucleótidos P;

  Variações no aparamento das sequências codificantes;

  Variações na adição de nucleótidos N;

  Flexibilidade na junção de sequências codificantes – a introdução de aleatoriedade no processo

de junção ajuda a gerar diversidade de anticorpos contribuindo para a hipervariabilidade do

local de ligação ao antigénio.

A junção flexivel pode gerar hipervariebilidade por alterar o open reading frame. No entanto, podemos

ter duas consequências:

 

Rearranjo não produtivo - os segmentos de genes podem ser ligados fora de fase, de modo que

o open reading frame não é preservado e a unidade VJ ou VDJ resultante provavelmente pode

conter condões stop, de modo que interrompe a tradução;

  Rearranjo produtivo – os segmentos de genes podem ser ligados em fase, de modo que o open

reading frame é preservado e a unidade VJ ou VDJ pode ser traduzida inteiramente, levando a

um anticorpo completo.

Se um alelo rearranja não produtivamente, uma célula B pode ser capaz de rearranjar o outro alelo

produtivamente. Se um gene de cadeia leve e um de cadeia pesada rearranjados em fase não forem

produzidosm a célula B morre por apoptose. Estima-se que apenas um 1/3 das combinações V L-JL e 1/3

das combinações VH-DH-JH  são produtivas. Como resultado, menos de 1/9 (11%) das células pré-B na

medula ossea maturam e deixam-na como células B imunocompetentes.

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Joana Maria Soares Pereira 127

Exclusão Alélica

As células B, como todas as células somáticas, são diplóides e

contêm os cromossomas maternos e os paternos. No entanto,

apesar de uma célula B ser diplóide, ela expressa os genes

rearranjados de apenas um cromossoma. O processo pelo qual isto

ocorre, designado exclusão alélica, assegura que células B

funcionais nunca contêm mais de uma unidade VHDHJH e VLJL:

  É essencial para a especificidade antigénica da célula B,

porque a expressão de ambos os alelos levaria a

multiespecificidade das células B;

  Este fenómeno sugere que assim que um rearranjo VH-DH-

JH  produtivo e um rearranjo VL-JL  produtivo ocorrem, a

maquinaria de recombinação é desligada, de modo que os

genes de cadeia leve e pesada em cromossomas

homólogos não são expressos.

O modelo de exclusão alélica diz que assim que um rearranjo produtivo é alcançado, a sua proteina

codificada é expressa e a presença desta proteina actua como sinal para prevenir rearranjos de genes

futuros. De acordo com este modelo:

1.  A presença de de cadeia pesada μ sinaliza na célula B de modo a que esta desligue o rearranjo

de outros alelos de cadeia pesada e inicie o rearranjo de genes de cadeia leve;

2. 

Se um rearranjo κ produtivo ocorrer, as cadeias leves κ são produzidas e emparelham com as

cadeias pesadas de modo a formar uma molécula de anticorpo completa. A presença deste

anticorpo desliga os rearranjos seguintes das cadeias leves;3.

 

Se um rearranjo κ é não produtivo para ambos os alelos κ , rearranjos dos genes de cadeias λ

começam. Se nenhum rearranjo dos alelos λ for produtivo, a célula B para a maturação e morre

por apoptose.

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Produção da Diversidade de Anticorpos

Sete modos de diversificação de anticorpos foram já identificados em ratinho e humanos:

  Segmentos de multiplos genes da linha germinativa;

 

Junção combinatória V-(D)-J;

 

Flexibilidade juncional;  Adição de nucleótidos região P (adição P);

  Adição de nucleótidos região N (adição N);

  Hipermutação somática;

  Associação combinatória de cadeias leves e pesadas.

Apesar da contribuição exacta de cada uma destas vias de diversificação para a diversidade total do

anticorpo não ser conhecida, cada uma destas contribui significativamente para o imenso numero de

anticorpos distintos que o sistema imune mamifero é capaz de gerar.

Segmentos de Multiplos Genes da Linha Germinativa

Um inventório dos segmentos de genes V, D e J funcionais no DNA da linha germinativa de um humano

revela 51 VH, 25 D, 6 JH, 40 Vκ, 5 Jκ, 31 Vλ  e 4 Jλ  segmentos de genes. Em adição a estes segmentos

funcionais existem ainda vários pseudogenes e devemos ter em emnte que estes valores foram obtidos

de apenas um individuo, podendo variar entre diferentes individuos. Em ratinho, apesar dos valores

serem conhecidos com menos precisão, parecem existir cerca de 135 VH, 13 D, 4 JH, 85 Vκ, 4 Jκ, 3 Vλ e 3 Jλ 

segmentos de genes:

 

Apesar do numero de genes encontrados na linha germinativa de humanos e ratinhos ser menor

ao esperado pelo modelo da linha germinativa, os multiplos segmentos de genes V, D e J da

linha germinativa contribuem claramente para a diversidade de locais de ligação ao antig+enio

nos anticorpos.

 Junção Combinatória V-(D)-J

A contribuição dos multiplos segmentos de genes da liha germinativa para a diversidade dos anticorpos

é magnificada pelo rearranjo aleatório  desses segmentos nas células sométicas. É possivel calcular

quanta diversidade pode ser alcançada pelo rearranjo de genes:

  A habilidade de qualquer um dos segmentos de genes V H  combinar com qualquer um dos

segmentos DH e com qualquer um dos segmentos JH fornece uma quantidade consideravel de

diversidade de cadeias pesadas;

 

De modo semelhante, a combinação de qualquer um dos um dos segmentos de genes V L 

combinar com qualquer um dos segmentos JH fornece uma quantidade consideráve de cadeias

leves;

  A combinação de cadeias leves com cadeias pesadas aumenta a diversidade um modo colossal.

No entanto, é importante ter em conta que estes são calculos minimos de diversidade potencial. A

flexibilidade juncional, as adições de nucleótidos P e N e, especialmente, a hipermutação somática

contribuem bastante para a diversidade dos anticorpos, e que estes valores elevados não significam que

a um determinado momento da sua vida um individuo tenha este numero de variedades de anticorpos,

mas sim o reportório total que podemos encontrar em vários individuos.

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Multiplos segmentos da linha

germinativaCadeia pesada

Cadeias leves

κ  λ 

Em Humano

V 51 40 30

D 27 0 0

J 6 5 4

Junção combinatoria V-D-J e V-J(numero possivel de combinações)

51 x 27 x 6 = 8262 40 x 5 = 200 30 x 4 = 120

Associações combinatórias possiveis

das cadeias leves e pesadas8262 x (200 + 120) = 2,64 x 10

6

Em Ratinho

V 134 85 2

D 13 0 0

J 4 4 3

Junção combinatoria V-D-J e V-J

(numero possivel de combinações)134 x 13 x 4 = 6968 85 x 4 = 340 2 x 3 = 6

Associações combinatórias possiveis

das cadeias leves e pesadas 6968 x (340 + 6) = 2,41 x 106

Flexibilidade Juncional

A enorme diversidade gerada por meio das combinações dos segmentos V, D e J é de seguida

aumentada por um fenómeno designado flexibilidade juncional:

  A recombinação envolve a ligação RSSs para formar um encaixe sinal e a ligação de sequências

codificantes para formar o encaixe codificante;

 

Apesar das RSSs serem sempre ligadas de modo preciso, a ligação das sequências codificantes é

normalmente imprecisa.

A flexibilidade juncional leva a vários rearranjos não produtivos mas também gera combinações

produtivas que codificam aminoácidos alterantivos em cada junção codificante, aumentanto a

diversidade de anticorpos:

 

A variação na sequência de aminoácidos gerada pela flexibilidade juncional nas junções

codificantes caem na terceira região hipervariável (CDR3) no DNA da cadeia leve a da cadeia

pesada;

 

Visto que a CDR3 tem a maior contribuição para a ligação ao antigénio pela molécula deanticorpo, as alterações de aminoácidos gerados pela flexibilidade juncional são importantes na

geração da diversidade dos anticorpos.

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Joana Maria Soares Pereira 130

 Adição P

Após a primeira clivagem de uma unica cadeia de DNA na junção de um segmento de genes de região

variável e a RSS ligada, os nucleótidos na terminação da sequência codificante formam uma estrutura

em hairpin. Este hairpin é depois clivado por uma endonuclease:

 

A segunda clivagem por vezes ocorre a uma posição que deixa uma pequena cadeia simples naterminação da seuqência codificante;

  A adição subsequente de nucleótidos complementares a esta cadeia (adição P) por enzimas de

reparação gera uma sequência palindrómica na junção codificante e, assim, esses nucleótidos

são designados nucleótidos P;

 

Variações na posição na qual o hairpin é cortado leva, assim, a variações na sequência da junção

codificante.

 Adição N

As junções codificantes da região variável em genes rearranjados de cadeias pesadas contêm pequenas

sequências de aminoácidos que não são codificadas pelos segmentos de genes V, D ou J na linha

germinativa. Esses aminoácidos são codificados por nucleótidos adicionados durante o processo de

 junção de D a J e de V a DJ por uma reacção catalizada pela TdT, processo esse designado adição N:

 

Cerca de 15 nucleótidos podem ser adicionados às junções DH-JH e VH-DH-JH;

  A diversidade adicional gerada pela adição de nucleótidos N  é bastante elevada porque as

regiões N parecem consistir em sequências completamente aleatórias;

 

Como esta diversidade ocorre nas junções V-D-J codificantes, está localizada no CDR3 dos genesde cadeia pesada.

Hipermutação Somática

Toda a diversidade de anticorpos descrita até agora tem origem em mecanismos que operam durante a

formação de regiões variáveis especificas por rearranjo de genes. Diversidade de anticorpos adicional é

gerana em unidade de genes de regiões variáveis rearranjados por um processo designado

hipermutação somática. Como resultado, nucleótidos individuais nas unidades VJ ou VDJ são

substituidos por outros alternativos, potencialmente alterando a especificidade das imunoglobulinas

codificadas: 

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  A hipermutação somática rearranja regiões V localizadas numa sequência de DNA contendo

cerca de 1500 nucleótidos, o que inclui o total dos segmentos VJ ou VDJ;

 

A hipermutação somática a uma frequência de 10-3  pares de base por geração. Esta taxa é

bastante superior à taxa de mutação espontânea (10-8) de outros genes;

  Visto que o comprimento combinado dos genes da região variável das cadeias pesada e leve é

cerca de 6000 bp, a hipermutação somética introduzirá pelo menos uma mutação a cada duasdivisões celulares no par de genes VH e VL que codificam um anticorpo.

O mecanismo de hipermutação somática ainda não foi determinado, mas envolve a enzima AID

(activation induced cytidine deaminase). A maior parte das mutações são substituições em vez de

delecções ou inserções. A hipermutação somática introduz essas substituições de um modo quase

completamente aleatório:

  Certos motivos de nucleótidos e sequências palindrómicas dentro dos VH  e VL  podem ser

especialmente susceptiveis a hipermutação somática;

  Hipermutações somáticas ocorrem por todo o segmento VJ ou VDJ, mas em células B maduras

estão agrupadas nos CDRs das sequências VH  e VL, onde influenciam a afinidade geral para o

antigénio e entrarão na selecção de células B com maior afinidade para um determinado

antigénio durante a maturação.

A hipermutação somática aumenta progressivamente ao longo da primeira, segunda e terceira

imunizações aumentando a afinidade do anticorpo para um antigénio. Isto permite que células B

especificas para um antigénio sejam seleccionadas e que a diversidade de anticorpos seja produzida

mesmo depois dos genes serem rearranjados e de uma célula B se tornar especifica para um antigénio.

Isto é, permite que células B alterem de especificidade ou aumentem a sua especificidade para um

antigénio.

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Joana Maria Soares Pereira 132

 Associação Combinatória de Cadeias Leves e Pesadas

Em humanos, existe a potencialidade de gerar 8262 genes de cadeia pesada e 320 genes de cadeia leve

como resultado dos rearranjos de genes das regiões variáveis. Assumindo que qualquer um dos genes

de cadeia leve ou pesada possiveis podem ocorrer aleatoriamente na mesma célula, o numero

potencial de combinações das cadeias leves com as cadeias pesadas possiveis é 2.644.240:

  Este numero é provavelmente superior à quantidade de diversidade combinatoria actualmente

gerada num individuo, porque não será provável que todas as VH e VL se emparelhem umas com

as outras;

  Para alem disso, o processo de recombinação não é completamente aleatório. Nem todos os

segmentos VH, D e VL  são usados com a mesma frequência. Alguns são usados mais

frequentemente, outros apenas ocasionalmente, e ainda outros quase nunca.

Apesar do numero de diferentes locais de anticorpos diferentes que o sistema imune é capaz de gerar

ser dificil de calcular com precisão, sabe-se que este é elevado. Devido ao grande numero de novas

sequências criadas por flexibilidade juncional, adição P e adição N serem no terceiro CDR, elas estãoposicionadas para influenciar a estrutura do local de ligação do anticorpo. Em adição a estas fontes de

diversidade de anticorpos, o fenomeno de hipermutação somática contribui de enormemente para o

reportório de anticorpos depois da estimulação pelo antigénio.

No entanto, estes processos ocorrem mais commumente para ratinhos e humanos, sendo que outros

animais, como as aves, usam outros mecanismos e mais frquentemente a mutação somética.

Class Switching entre Genes da Região Constante

Depois da estimulação antigénica de uma célula B, o DNA de cadeia pesada pode sofrer mais rearranjos

nos quais a unidade VHDHJH pode combinar com qualquer outro segmento de gene CH. O mecanismoexacto deste processo, designado classe switching ou isotype switching, ainda não é claro, mas involve

sequências de DNA designadas regiões de switch localizadas 2-3 kb a montante de cada segmento CH 

(excepto Cδ):

  Estas regiões de switch são relativamente grandes (2-10 kb) e compostas por multiplas cópias de

pequenas repetições (GAGCT e TGGGG);

  Uma proteina ou sistema de proteinas que constitui a recombinase de switch (enzima AID)

reconhece estas repetições e liga-se a elas levando a uma recombinação do DNA que resulta no

switch de classe.

Proteinas intracelulares regulatórias conhecidas como citocinas actuam como “factores de switch” e

têm um papel importante na determinação da classe particular de imunoglobulias que é expressa como

sequência do switching:

  Interleucina 4 (IL-4), por exemplo, induz o class switching de Cμ para Cγ1 ou Cε;

 

Em alguns casos, a IL-4 induz switching de um modo sucessivo, sendo primeiro de C μ para Cγ1 e

depois de Cγ1 para Cε.

A examinação dos produtos de excisão de DNA  produzidos durante o switching de Cμ  para Cγ1

mostraram que era gerada um produto de excisão circular contendo Cμ em conjunto com a terminação

5’ da região de switch γ1 (Sγ1) e a terminação 3’ da região de switch μ (Sμ). Em adição, o switch de Cγ1

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para Cε produziu produtos de excisão circular contendo o Cγ1 em conjunto com porções das regiões de

switch μ, γ e ε. 

Assim, o class switching depende da actuação de três elementos:  Regiões de switch;

  Recombinase de switch (enzima AID);

  Citocinas sinais que dictam o isotipo para o qual a célula B troca.

Expressão de Genes Ig

Como na expressão de outros genes, o processamento pós-transcripcional de transcritos primários de

imunoglobulinas é necessário para produzir mRNAs funcionais:

  Os transcritos primários produzidos a partir de genes de cadeia pesada e leve rearranjados

contêm sequências de DNA intervenientes que incluem intrões não codificantes e segmentos de

gene J não perdidos durante o rearranjo V-(D)-J;

 

Os segmentos de gene C das cadeias pesadas estão organizados como uma série de exões

codificantes e intrões não codificantes. Cada exão de segmento de gene CH corresponde a um

dominio da região constante ou a uma região dobradiça da cadeia pesada.

Assim, o trascrito primário deve ser processado para remover as sequências de DNA intervenientes e os

exões que permanecem deve ser ligados por RNA splicing. O processamento do transcrito primário no

nucelo remove cada uma destas sequências interveniente para gerar o produto mRNA final. O mRNA é

depois exportado do nucleo para ser traduzido por ribossomas nas cadeias H ou L completas.

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Joana Maria Soares Pereira 134

O processamento de um transcrito primário de cadeia pesada pode dar origem a diferentes mRNAs, o

que explica como uma única célula B é capaz de produzir formas secretada ou membranares de uma

imunoglobulina particular e simultaneamente expressar IgM e IgD.

Expressão de Imunoglobulinas Secretadas e Membranares

Uma imunoglobulina particular pode existir tanto na forma membranar ou secretada. As duas formasdiferem na sequência de aminoácidos dos dominios C-terminal da cadeia pesada (CH3/CH3 na IgA, IgD e

IgG e CH4/CH4 na IgE e IgM):

  A forma secretada apresenta uma sequência hidrofilica com cerca de 20 aminoácidos no dminio

C-terminal;

  Na forma membranar  esta região é substituida por uma sequência com cerca de 40

aminoácidos contendo um segmento hidrofilico que se extende para fora da célula, um

segmento hidrofóbico transmembranar e um pequeno segmento hidrofilico no C-terminal que

se extende para o citoplasma.

Por algum tempo, a existência destas duas formas parecia inconsistente co a estrutura do DNA da linha

germinativa para a cadeia pesada, que contem um único segmento de gene C H correspondente a cadaclasse e subclasse. A sequenciação do segmento de gene Cμ mostrou que:

  Este consiste em quatro exões (Cμ1, Cμ2, Cμ3 e Cμ4) cada um correspondente a quatro dominios

na molécula IgM. O exão Cμ4 contem uma sequência de nucleótidos (designada S) em 3’ que

codifica a sequência hidrofilica do dominio CH4 da IgM secretada;

  Dois exões adicionais designados M1 e M2  localizam-se 1,8 kb a jusante do 3’ do exão Cμ4,

sendo que M1 codifica o segmento transmembranar e M2 codifica o segmento citoplasmático

do dominio CH4 na IgM membranar.

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Joana Maria Soares Pereira 135

Outros estudos de sequenciação revelaram que todos os segmentos de genes CH apresentam dois exões

M1 e M2 adicionais a jusante que codificam os segmentos transmembranar e citoplasmático.

O transcrito primário produzido por transcrição de um gene μ rearranjado contem duas sequências

sinalizadoras de poliadenilação, ou locais poli-A, no segmento Cμ:

  O local 1 localiza-se na extremidade 3’ do exão Cμ4, e o local 2 localiza-se na extremidade 3’ do

exão M2;

 

Se a clivagem do transcrito primário e adição da cauda poli-A ocorre no local 1, os exões M1 eM2 são perdidos. A excisão de intrões e o splicing dos exões que ficam produz assim mRNA que

codifica a forma secretada da cadeia pesada;

  Se a clivagem e poliadenilação do transcrito primário ocorre, por outro lado, no local 2 um

diferente padrão de splicing resulta. O splicing remove a sequência S na extremidade 3’ do exão

Cμ4, que codifica a extremidade C-terminal hidrofilica da forma secretada e liga o exão C μ4 com

os exões M1 e M2, produzindo mRNA para a forma membranar da cadeia pesada.

Assim o processamento diferencial  de um transcrito primário determina se será produzida a forma

membranar ou secretada de uma imunoglobulina.

Expressão Simultânea de IgM e IgD

O processamento de RNA diferencial também tem subjacente a expressão de IgM e IgD membranares 

pelas células B maduras pois a transcrição de genes de cadeia pesada rearranjados pelas células B

produz transcritos primários que contêm ambos os segmentos de genes Cμ e Cδ:

 

Os segmentos de genes Cμ e Cδ estão juntos no gene rearranjado (apenas a uma distência de

cerca de 5 kb) e a ausência de um local de switch entre eles permite que a região VDJCμCδ inteira

seja transcripta numa único transcrito primário com cerca de 15 kb, que contem quatro locais

poli-A;

 

Os locais 1 e 2 estão associados com Cμ como já descrito e os locais 3 e 4 estão localizados emlocais semelhantes no segmento de gene Cδ;

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  Se o transcrito de cadeia pesada é clivada e poliadenilada no local 2 depois dos exões C μ, o

mRNA codificará a forma membranar da cadeia pesada μ; 

 

Se a poliadenilação ocorrer a jusante do local 4 depois dos exões Cδ, o mRNA codificará a forma

membranar da cadeia pesada δ. 

Já que as células B maduras expressam as IgM e IgD na sua membrana, ambas as vias de processamento

devem ocorrer simultaneamente.

Organização e Rearranjo dos Genes TCR

Os genes que codificam os receptores αβ e γδ das células T são expressos apenas na linhagem das

células T. Os quatro loci TCR (α, β, γ e δ) estão organizados na linha germinativa de um modo bastante

semelhante à organização de multigenes das imunoglobulinas (Ig):

  Como no caso dos genes Ig, os genes TCR funcionais são produzidos por rearranjos de

segmentos V e J nas familias das cadeias α e γ e segmentos V, D e J das familias de cadeias β e δ; 

 

No ratinho, os segmentos de genes das cadeias α, β e γ estão localizados nos cromossomas 14, 6

e 13, respectivamente;

  Os segmentos de genes δ localizam-se no cromossoma 14 entre os segmentos Vα  e Jα. Esta

localização é significante, porque um rearranjo produtivo dos segmentos de genes da cadeia α

elimina Cδ, de modo que, uma determinada célula T, o receptor αβ não pode ser co-expresso

com o receptor γδ. 

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A organização da familia de multigenes de TCR em humanos é geralmente semehlante à do ratinho,apesar do numero de segmentos diferir:

Gene Localização cromossómicaNumero de segmentos de genes

V D J C

Em Humano

Cadeia α  14 50 70 1

Cadeia δ  14 3 3 3 1

Cadeia β  7 57 2 13 2

Cadeia γ  7 14 5 2

Em Ratinho

Cadeia α  14 100 50 1Cadeia δ  14 10 2 2 1

Cadeia β  6 20-30 2 12 2

Cadeia γ  13 7 3 3

A cadeia α, como a cadeia L das imunoglobulinas, é codificada por segementos de genes V, J e C e a

cadeia β, como a cadeia H das imunoglobulinas, é codificada por segmentos de genes V, D, J e C. O

rearranjo dos segmentos de genes das cadeias α e β do TCR  resulta em junção VJ da cadeia α e junção

VDJ da cadeia β: 

 

Depois da transcrição de genes TCR rearranjados, processamento de RNA e tradução, as cadeiasα e β são expressas com um heterodimero ligado por pontes dissulfito na membrana da célula

T;

  Ao contrário das imunoglobulinas, que podem ser membranares ou secretadas, o hetrodimero

αβ é expresso apenas na forma membranar. Assim, não é necessário nenhum processamento

diferencial de RNA para produzir formas membranar e secretada.

Cada região constante do TCR inclui:

  Uma sequência de conexão;

  Uma sequencia transmembranar;

 

Uma sequência citoplasmática.

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O DNA da linha germinativa que codifica as cadeias α e β do TCR é muito mais simples que o DNA da

linha germinativa que codifica a cadeia pesada das imunoglobulinas, que contem multiplos segemtnos

de gene C que codificam distintos isotipos com diferentes funções efectoras:

 

O DNA da cadeia α tem apenas um segmento de gene C;

  O DNA da cadeia β tem dois segmentos de gene C, mas os seus produtos proteicos diferem

apenas em alguns aminoáicdos e não apresentam diferenças funcionais conhecidas.

Mecanismo de Rearranjo do DNA do TCR

Os mecanismos pelos quais o DNA da linha germinativa para o TCR é  rearranjado para formar genes doreceptor funcionais parecem ser semelhantes aos mecanismos de rearranjo dos genes Ig:

  RSSs conservados, contendo tanto sequências de espaço 12-pb (one-turn) ou 23-pb (two-turn)

foram identificadas na vizinhança de cada segmento de genes V, D e J no DNA da linha

germinativa para o TCR;

 

Todos os rearranjos de genes TCR seguem a lei one-turn/two.turn observada para os genes Ig,

portnato a recombinação ocorre apenas entre dois tipos diferentes de RSSs.

Como as células pré-B, as células pré-T expressam genes activantes da recombinação ( RAG-1 e RAG-2).

A enzima recombinase RAG-1/2 reconhece os sinais de reconhecimento das RSSs e catalizam a junção

V-J e V-D-J durante o rearranjo de genes do TCR pelos mesmo mecanismos deleccional ou inversional

que ocorrem para os genes Ig:

  RAG-1/2 introduz um corte numa cadeia de DNA entre as sequências codificante e sinal;

  A recombinase depois cataliza a reacção de transfecção que resulta na formação de um hairpin

na sequência codificante;

  Produtos de excisão circular são gerados por delecção durante o rearranjo dos genes de TCR.

Apesar das células B e T usarem mecanismos bastante semelhantes para o rearranjo de genes das

regiões variáveis, os genes Ig não são normalmente rearranjados nas células T e os genes TCR não são

rearranjados nas células B. Provavelmente, o sistema de enzimas recombinase é regulado em cadalinhagem celular, de modo que apenas rearranjos de DNA do receptor correcto é que ocorrem.

Rearranjo de segmentos de genes nas células B e T cria uma sequência de DNA unica para essa célula e

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a sua progenia. O grande numero de configurações possiveis para os genes rearranjados faz com que

esta sequência nova funcione como marcador que é especifico para o clone da célula.

Exclusão Alélica dos Genes TCR

Os genes δ estão localizados no complexo de genes α e são eliminados por rearranjos da cadeia α. Este

evento fornece um modo irrevogável de exclusão dos genes δ localizados no mesmo cromossomaenquanto os genes α rearranjam. A exclusão alélica de genes para as cadeias α e β ocorre também, mas

existem excepções:

  A organização dos segmentos de genes para cadeia β em dois grupos significa que, se rearranjos

não produtivos ocorrerm, o timócito pode sofrer um segundo rearranjo. Isto aumenta a

probabilidade de um rearranjo produtivo para a cadeia β. Assim que um rearranjo produtivo

ocorrer para um alelo de cadeia β, o rearranjo do outro alelo é inibido. 

Excepções à exclusão alélica são mais observadas para os genes de cadeias α do TCR: 

 

Análise a clones de células T que expressam TCRs αβ funcionais revelaram um numero de clones

com rearranjos produtivos de dois alelos da cadeia α; 

  Quando um linfoma de células T imaturo que expressa um TCR αβ particular é subclonado,

vários subclones obtidos expressam o mesmo alelo de cadeia α mas um alelo de cadeia α

diferente do expresso pela célula parental original;

  Estudos com ratinhos trangénicos indicam que a exclusão alélica é menos rigorosa para os genes

de cadeia α do que para cadeia β. 

Visto que a exclusão alélica não é completa para a cadeia α do TCR, existem ocasiões raras quando mais

de uma cadeia α é expressa na membrana de uma determinada célula T, mas apenas uma levará a um

receptor restrito a MHC próprio e, assim, funcional.

Estrutura Geral dos Genes TCR Rearranjados

A estrutura geral dos genes TCR rearranjados é a seguinte:

 

As regiões variáveis dos TCRs são codificadas por sequências VDJ e VJ rearranjadas. Nos genesTCR, a junção combinat´roia de segmentos de genes V parece gerar a CDR1 e a CDR2, enquanto

a flexibilidade juncional e a adição de nucleótidos N gera a CDR3;

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  Os genes TCR rearranjados também contêm um pequeno exão sinal (L) a montante das

sequências VJ ou VDJ. Os aminoácidos codificados por este exão são clivados quando a cadeia

polipeptidica nascente entra no reticulo endoplasmático;

  A região constante de cada cadeia TCR é codificada por um segmento de gene C que apresenta

multiplos exões correspondendo aos dominios estruturais na proteina. O primeiro exão do

segmento de gene C codifica a maior parte do dominio C da cadeia correspondente e a seguirencontra-se um pequeno exão que codifica a sequência de conexão, seguida de exões que

codificam a região transmembranar e a cauda citoplasmática.

Diversidade de TCRs

Apesar do DNA da linha germinativa para o TCR conter menos segmentos de genes V que o DNA da

linha germinativa para as Ig, vários mecanismos que operam durante o rearranjo  de genes de TCR

contribuem para um alto grau de diversidade entre os TCRs:

  Junção combinatória de segmentos de genes de região variável;

 

Junção alternativa de segmentos de genes de cadeia δ;  

Flexibilidade juncional;

 

Adição P e adição N.

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Joana Maria Soares Pereira 141

O mecanismo pelo qual a diversidade para o TCR é gerada deve permitir que o receptor reconheça um

grande numero de antigénios processados diferentes enquanto restringe o seu reportório de

reconhecimento de MHC a um numero muito pequeno de moléculas de MHC do próprio:

 

O DNA do TCR tem muito menos segmentos de gene V do que o DNA das Ig. Assim, foi

postulado que o pequeno numero de segmentos de genes no DNA do TCR foi seleccionado para

codificar um numero limitado de regiões CDR1 e CDR2 com afinidade para regiões das hélices α 

de moléculas MHC;

  Apesar desta ser uma ideia atractiva, o complexo TCR-péptido-MHC faz contacto através das

CDR1 e CDR3. Portanto, os residuos do TCR que ligam o péptido versus os que ligam o MHC não

são confinados apenas à região CDR3.

Em contraste com a limitada diversidade dos CDR1 e CDR2, a CDR3 do TCR tem ainda maior diversidade

do que aquela observada nas imunoglobulinas. A diversidade na CDR3  é gerada por diversidade

 juncional na ligação dos segmentos V, D e J, na ligação de multiplos segmentos de genes D e na

introdução de nucleótidos P e N nas junções V-D-J e V-J.

Ao contrário dos genes Ig, os genes TCR não aparecem sofrer mutação somática extensiva. Isto é, os

genes TCR funcionais gerados por rearranjos durante a maturação das células T no timo têm as mesmas

sequências que aquelas encontradas na população de células T maduras periférica. A ausência de

mutação somática  nas células T assegura que a especificidade das células T não altera depois da

selecção timica e, assim, reduz, a possibilidade de mutação aleatória que poderia gerar

autoreactividade. No entanto, por vezes pode ser observada mutação somética.

A  junção combinatorial de segmentos de genes da região variável gera um grande numero de

combinações de segmentos de genes aleatórios para todas as cadeias TCR, como ocorre para os genes

de cadeia pesada e leve das Ig:

  Apesar de existirem menos segmentos de genes Vα e Vβ do que os segmentos de genes VH e VL 

das imunoglobulinas, esta diferença é compensada pelo grande numero de segmentos J no DNA

da linha germinativa para o TCR;

  Assumindo que a especificidade de ligação ao antigénio de um determinado TCR depende da

região variável de ambas as cadeias, associação aleatória dos segmentos Vα e Vβ leva a cerca de

106 combinações possiveis para o receptor αβ. 

A localização das RSSs one-turn (12 pb) e two-turn (23 pb) no DNA das cadeias δ e β do TCR difere da

localização no DNA das Ig. Devido a este arranjo, pode ocorrer junção alternativade segmentos de geneD enquanto a regra one-turn/two-turn é observada. Assim, é possivel que um segmento V β se combine

directamente com um segmento Jβ ou Dβ, gerando uma unidade (VJ)β ou (VDJ)β.

A junção alternativa de segmentos de genes de cadeia δ gera unidades semelhantes e, em adição, um

Dδ pode combinar-se com outro originando (VDDJ)δ e, em humanos, (VDDDJ)δ. Este mecanismo, que

não pode operar um DNA de cadeia pesada de Ig, gera diversidade adicional considerável nos genes

TCR.

A junção de segmentos de genes durante o rearranjo de genes TCR exibe flexibilidade juncional. Tal

como nos genes Ig, a flexibilidade é capaz de gerar vários rearranjos não produtivos, mas também

aumenta a diversidade codificando vários aminoácidos alternativos em cada junção.

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Joana Maria Soares Pereira 142

Para além disso, tanto nos genes Ig e TCR, nucleótidos podem ser adicionados nas junções entre alguns

segmentos de genes durante os rearranjos:

  Variações na clivagem por endonucleases leva à adição de mais nucleótidos que são

palindrómicos. Esta adição P pode ocorrer nos genes que codificam as cadeias TCR e Ig:

  A adição N, catalizada pela TdT, gera diversidade juncional adicional. Enquanto nos genes Ig

ocorre apenas nos genes de cadeia pesada, esta adição ocorre em genes codificantes de todas

as cadeias TCR, sendo adicionados cerca de 6 nucleótidos de um modo aleatório.

No entanto, algumas destas combinações levam a rearranjos não produtivos por inserção de codões

stop que terminam prematuramente a cadeia TCR, ou por substituição de aminoácidos que tornam o

produto não funcional. Apesar de cada região juncional no gene TCR codificar apenas 10-20

aminoácidos, uma grande diversidade pode ser gerada nestas regiões (estima-se que os efeitos

combinados da adição N e da adição P podem gerar cerca de 1013 sequências de aminoácidos possiveis).

V I S Ã O G E R A L D O D E S E N V O L V I M E N T O D O S L I N F Ó C I T O S

Visão Geral do Desenvolvimento dos Linfócitos

A maturação dos linfócitos T e B  envolve uma série de eventos que ocorrem nos órgãos linfáticos

generativos (centrais):

 

A entrada (commitment) das células progenitoras na linhagem das células B e T;

  Um processo temporalmente ordenado de rearranjo de genes de receptores de antigénios  e

expressão de proteinas receptoras de antigénios;

 

Eventos de selecção que preservam as células que produziram proteinas receptoras de

antigénios correctas e eliminam células potencialmente perigosas que reconhecem fortemente

antigénios do próprio. Estes checkpoints asseguram que apenas linfócitos que expressam

receptores funcionais com especificidades uteis se maturam e entram no sistema imune

periférico;

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Joana Maria Soares Pereira 143

  Proliferação de células progenitoras e imaturas mantidas num estádio precoce de

desenvolvimento, fornecendo uma grande pool de células que podem gerar linfócitos uteis;

 

Diferenciação de células B e T em subpopulações funcionalmente e fenotipicamente

distinctas. As células B desenvolvem-se em células B foliculares, da zona marginal e B-1, e as

células T desenvolvem-se em linfócitos T CD4+ helper e CD8+ citotóxicos e em células T γδ. Esta

diferenciação em classes distinctas fornece uma especialização que é caracteristica do sistemaimune adaptativo.

Após a geração de um diverso reportório linfóide nos órgãos linfáticos centrais, linfócitos naive

adquirem a habilidade de re-circular e subsequentemente moverem-se de um orgão linfático

secundário para outro na procura de um antigénio.

Entrada das Células Progenitoras na Linhagem das Células B e T

Células estaminais pluripotentes na medula óssea (e fígado fetal), geralmente referidas como células

estaminais hematopoiéticas (HSCs), dão origem a todas as linhagens de células sanguineas, incluindo

células da linhagem linfóide. As HSCs maturam-se em progenitores linfóides comuns (CLPs) que sãocapazes de dar origem a:

  Células B;

  Células T;

  Células naturalmente assassinas;

 

Algumas células dendriticas.

A maturação das células B a partir de progenitores que

entram na sua linhagem ocorre maioritariamente na medula

óssea e, antes do nascimento, no fígado fetal:

  As células estaminais que derivam do  figado fetal  dão

origem principalmente a um tipo de celula B

designadas células B B-1;

  As células estaminais derivadas da medula óssea  dão

origem à maior parte das células B circulantes (células

B foliculares).

Precursores dos linfócitos T deixam o figado fetal antes do nascimento e a medula óssea mais tarde na

vida, e circulam para o timo, onde completam a sua maturação:

 

A maior parte das células T γδ têm origem nas HSCs do figado fetal ;

  A maior parte das células T, que são células T αβ, têm origem nas HSCs da medula óssea.

Em geral, menos diversidade de células B e T é gerada nos estádios iniciais da vida fetal. E apesar das

suas diferentes localizações anatómicas, os primeiros eventos de maturação das células T e B são

fundamentalmente semelhantes. A entrada na linhagem das células B ou das células T depende de

instruções recebidas na superficie da célula, seguidas de indução de reguladores transcripcionais

especificos que levam a que uma CLP assuma especificamente um destino B ou T.

O desenvolvimento inicial das células B e T é caracterizado pela proliferação dos progenitores,estimulada pricipalmente pela citocina interleucina-7 (IL-7), resultando em aumentos marcados no

numero de células:

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Joana Maria Soares Pereira 144

  A proliferação assegura que uma pool suficientemente grande de células progenitoras será

gerada para eventualmente fornecer um reportório altamente diverso de linfócitos especificos

para antigénios;

  A IL-7 é produzida pelas células estaminais na medula óssea e no timo e é essencial para a

maturação das células T e B nos estádios iniciais de vida pois ratinhos com mutações no gene da

IL-7 ou do receptor desta demonstram deficiências profundas em células T e B maduras e baixamaturação de precursores de linfócitos nos estádios inicias de desenvolvimento, no entanto, as

células B humanas não requerem IL-7 para proliferar.

A actividade proliferativa no inicio do desenvolvimento dos linfócitos, levada a cabo principalmente pela

IL-7, cessa antes do rearranjo de genes dos receptores estar completo. Sendo assim, a sobrevivência e a

proliferação subsequentes dos linfócitos maduros dependem de sinais dos receptores das células pre-B

e pre-T. De facto, a maior expansão das linhagens das células B e T ocorre como uma consequência da

sinalização do pré-receptor de antigénios. Este é um checkpoint importante no desenvolvimento, pois

apenas as células que expressam receptores funcionais podem seguir para a seguinte etapa.

Rearranjo e Expressão de Genes de Receptores de Antigénios

Os produtos dos genes de receptores de antigénios fornecem também sinais que asseguram a

sobrevivência selectiva de linfócitos com especificidades uteis. Cada clone do linfócitos T ou B produz

um receptor de antigénio com uma estrutura de ligação ao antigénio unica e num individuo existem 107 

ou mais clones de células T e B diferentes, cada com um unico receptor.

A habilidade de cada individuo gerar estes reportórios de linfócitos diversos evoluiu de um modo que

não requer um numero igualmente grande de genes de receptores de antigénios distintos. Caso

contrário, uma grande proporção do genome mamifero (1/3) seria usado para codificar as moléculas de

Ig e TCR. Assim:

1.  Genes de receptores de antigénios funcionais são produzidos nas células B imaturas na medula

ossea e nas células T imaturas no timo por um processo de rearranjo de genes, que é designado

para gerar um grande numero de exões codificantes de regiões variáveis usando uma fracção

relativamente pequena do genoma.

Os eventos de rearranjo de DNA que levam à produção de receptores de antigénios não dependem da,

ou não são influenciados pela, presença de antigénios. Ou seja, os receptores de antigénios são

expressos antes dos encontros com antigénios.

Eventos de Selecção

Pré-receptores de antigénios e receptores de antigénios fornecem sinais aos linfócitos em

desenvolvimento que são necessários para a sobrevivência dessas células e sua proliferação e

maturação continuada. O processo geral de maturação dos linfócitos pode ser resumido do seguinte

modo:

1. 

O rearranjo de genes para Ig e TCR envolve a adição e remoção aleatória de bases entre

segmentos de genes combinados entre si de modo a maximizar a diversidade;

2.  Apenas um em três das células B e T em desenvolvimento que rearranja um gene de receptor de

antigénio faz um rearranjo produtivo e, assim, é capaz de gerar uma proteina funcional. Nascélulas B em desenvolvimento, o primeiro gene de receptor de antigénio a ser completamente

rearranjado é a cadeia pesada das Ig. Nas células T αβ, a cadeia β do TCR é rearranjada primeiro; 

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Joana Maria Soares Pereira 145

3. 

Células que rearranjam com sucesso os seus genes de cadeia pesada das Ig expressam a

proteina de cadeia pesada e montam um pré-receptor de antigénio conhecido como o receptor

da célula pré-B. De modo análogo, o mesmo ocorre para a cadeia β do TCR, formando -se um

 pré-TCR;

4. 

Depois deste checkpoint, os linfócitos desenvolvem-se nos orgãos linfáticos centrais e

expressam o receptor de antigénio completo enquanto ainda estão imaturos, sofrendo depoiseventos de selecção.

Na ausência de expressão do pré-receptor de antigénio, as células que fazem rearranjos não

produtivos dos loci Igμ pesada ou TCRβ sofrem morte celular programada. Parece que a montagem dos

complexo pré-BCR e pré-TCR, na ausência de qualquer ligando conhecido, fornece sinais para a

sobrevivência, proloferação, exclusão alélica e desenvolvimento segunite das linhagens de células B e T.

Quando os linfócitos se desenvolvem nos orgãos linfóides centrais e expressam o receptor de antigénios

completo, ainda num estado imaturo, as células potencialmente perigosas que reconhecem avidamente

estruturas do próprio serão eliminadas ou induzidas a alterar os seus receptores de antigénios e as

células que expressam receptores de antigénios uteis serão preservados. Isto dá-se por eventos de

selecção:

 

Selecção positiva – processo envolvido na preservação de especificidades uteis. Na linhagem T,

a selecção positiva assegura a maturação de células T cujos receptores se ligam com baixa

avidez (fracamente) a moléculas MHC. As células T madura cujos precursores foram

positivamente seleccionados por moléculas MHC do próprio no timo são capazes de reconhecerpéptidos antigénicos estranhos apresentados pelas mesmas moléculas MHC do próprio nas

células apresentadoras nos tecidos periféricos. A selecção positiva fornece sinais de

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Joana Maria Soares Pereira 146

sobrevivência aos linfócitos T e B que arranjaram

apropriadamente os seus receptores de

antigénios;

  Selecção negativa  –  processo que elimina ou

altera os linfócitos em desenvolvimento cujosreceptores de antigénios se ligam fortemente a

antigénios do próprio presentes nos órgãos

linfáticos generativos. A selecção negativa dos

linfócitos em desenvolvimento é um mecanismo

importante para a manutenção da tolerância a

vários antigénios do próprio, o que é designado de

tolerância central .

Tanto as células B ou T em desenvolvimento são

susceptiveis a sofrer selecção negativa durante um curtoperiodo de tempo após os receptores de antigénios serem

pela primeira vez expressos:

  As células T em desenvolvimento com alta

afinidade para antigénios do próprio são

eliminadas por apoptose, um processo conhecido

como delecção clonal ;

 

Células B imaturas fortemente auto-reactivas serão induzidas a sofrer mais rearranjos de genes

Ig e, assim, evitar a auto-reactividade, um processo designado de editing do receptor .

Geração de Subgrupos de Linfócitos

O processo de selecção positiva fornece sinais que asseguram que os subgrupos de linfócitos T CD4+ e

CD8+ são adequados para a classe de moléculas MHC apropriada que elas irão reconhecer:

  Precursores que expressam tanto CD4 e CD8 diferenciam-se tanto em células T CD4 + restritas a

MHC classe II ou CD8+ restritas a MHC classe I;

  As células CD4+ que deixam o timo podem ser activadas por antigénios para se diferenciarem

em células TH cujas funções efectoras são mediadas por proteinas membranares especificas e

pela produção de citocinas;

 

as células CD8+  podem diferenciar-se em linfócitos TC  cuja prinipal função efectora é matarcélulas alvo infectadas.

Um processo semelhante durante a selecção positiva das células B dirige o desenvolvimento destas

células em dois subgrupos de linfócitos B periféricos distintos. Células B em desenvolvimento derivadas

da medula óssea diferenciam-se:

  Células B foliculares que recirculam e medeiam respostas imunes dependentes de células T nos

órgãos linfáticos secundários;

 

Células B da zona marginal que residem na vezinhança dos seios marginais no baço e medeiam

respostas amplamente independentes de células T a antigénios sanguineos.

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Joana Maria Soares Pereira 148

  Esta interacção activa a c-Kit, que é uma tirosina cinase, e a célula pró-B começa a dividir-se e a

diferenciar-se em células pré-B e começa expressando um receptor para IL-7.

A IL-7 secretada pelas células do estroma dirige o processo de maturação, eventualmente induzindo a

regulação de moléculas de adesão nas células pré-B, de modo que as células em proliferação são

capazes de se desligar das células do estroma. Neste ponto, as células pré-B não requerem mais

contacto directo com células do estroma mas continuam a requerer IL-7 para o crescimento e a

maturação.

Rearranjo de Genes IgA maturação das células B depende do rearranjo do DNA para imunoglobulinas nas células estaminais

linfóides:

  Primeiro ocorre na etapa das células pró-B rearranjo DH-JH dos genes de cadeia pesada;

  De seguida, ocorre um arranjo VH-DHJH;

  Se o primeiro arranjo não for produtivo, o arranjo VH-DH-JH continua no outro cromossoma.

Após a conclusão do rearranjo de cadeias pesada, a célula é classificada como uma célula pré-B  e o

desenvolvimento continuado de uma célula pré-B numa célula B imatura requer o rearranjo produtivo

de genes de cadeia leve. Devido à exclusão alélica, apenas um isotipo de cadeia leve é expresso namembrana da célula B. A realização de um rearranjo de cadeia leve produtivo compremete a, agora,

célula B  imatura a uma especificidade antigénica particular determinada pela sequência VDJ da cadeia

pesada e a sequência VJ da cadeia leve:

  As enzimas recombinase  RAG-1 e RAG-2, que são necessárias para o rearranjo de genes de

cadeia pesada e de cadeia leve, são expressas durante as etapas das células pró-B e pré-B;

  A enzima TdT, que cataliza a inserção de nucleótidos N nas junções codificantes D H-JH e VH-DHJH,

está activa durante a etapa de células pró-B. como a expressão de TdT é desligada quando

ocorre o rearranjo de cadeias leves, nucleótidos N não são normalmente encontrados nas

 junções codificantes VL-JL.

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Joana Maria Soares Pereira 149

A fase da medula óssea do desenvolvimento das células B culmina na produção de células B imaturas

que expressam IgM membranar. Nesta etapa de desenvolvimento, a célula B não está completamente

funcional e antigénios induzem morte ou anergia (falta de resposta) em vez de divisão e diferenciação.

A maturação completa é sinalizada pela co-expressão de IgD e IgM  na membrana. Esta progressão

envolve uma alteração no processamento do RNA do transcrito primário de cadeia pesada que permite

a produção de dois mRNAs, um que codifica a forma membranar da cadeia μ e outro que codifica a

forma membranar da cadeia δ.

Apesar da IgD ser uma marcador superficial das céluls B naive maduras, a sua função ainda não é

conhecida. Contudo, visto que ratinhos knockout para Igδ  apresentam numeros normais de céluls B

completamente funcionais, a IgD não é essencial nem para o desenvolvimento das células B nem para a

resposta a antigénios.

Receptor da Célula Pré-B

Na célula pré-B, a cadeia μ membranar encontra-se associada com um cadeia leve substituta (surrogate

light chain), um complexo constituido por duas proteinas, que se associam para formar uma estruturasemelhante a uma cadeia leve:

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Joana Maria Soares Pereira 150

  Uma sequência V-like desiganada Vpré-B;

  Uma sequência C-like designada λ5. 

O complexo membranar da cadeia pesada μ com a cadeia leve substituta surge na célula pré-B

associado com o heterodimero Igα/Igβ para formar o receptor da célula pré-B e apenas células pré-B

que são capazes de expressar cadeias pesadas μ  membranares em associação com cadeias leves

substitutas são capazes de proceder na via de maturação. Existe também a especulação de que o

receptor das células pré-B reconhecem ligandos ainda não identificados nas membrana das células do

estroma, transmitindo um sinal à células pré-B que previne o rearranjo VH-DHJH do outro alelo da cadeia

pesada, levando assim a exclusão alélica.

Após o establecimento de um receptor da célula pré-B efectivo, cada célula pré-B sofre multiplas

divisões celulares, produzindo 32 a 64 descendentes. Cada uma das células produzidas deve assim

rearranjar diferentes segmentos de genes de cadeia leve, aumentando assim a diversidade geral dereportório de anticorpos.

O papel critico do receptor da célula pré-B foi demosntrado com ratinhos knockout nos quais o gene

que codifica a proteina λ5 do receptor foi inactivado. O desenvolvimento das células B nesses ratinhos

ficou bloqueada na etapa pré-B, o que sugere que:

  Um sinal gerado atraves do receptor é necessário para que as células pré-B procedam para a

etapa das células B imaturas.

Factores de Transcrição e Defeitos no Desenvolvimento das Células B

Vários factores de transcrição  diferentes actuam no desenvolvimento das células hematopoiéticas e

cerca de uma duzia deles parecem ter papeis no desenvolvimentos das células B, sendo que quatro são

particularmente importantes:

  E2A;

 

Early B-cell factor (EBF);

 

B-cell specific antivator protein (BSAP);

  Sox-4.

Ratinhos que não apresentam E2A não expressam RAG-1, são incapazes de fazer rearranjo DHJ

H  e

falham na expressão de λ5, um componente critico da cadeia leve sustituta, sendo um padrão

semelhante também obeservado para ratinhos deficientes em EBF. Assim:

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  E2A e EBF apresentam papeis importantes no desenvolvimento inical das células B e podem

também apresentam papeis importantes nas etapas inicias de entrada na linhagem cas células

B.

A supressão do gene Pax-5, cujo produto é o factor de transcrição BSAP, também resulta na retenção

do desenvolvimento das células B numa etapa inical:

  Locais de ligação de BSAP são encontrados nas regiões promotoras de vários genes especificos

das células B, incluindo Vpre-B e  λ5, num numero de regiões de switch de Ig e no enhancer da

cadeia pesada de Ig;

  BSAP tem um papel importante nas etapas iniciais do desenvolvimento das células B;

  É também expresso no sistema nervoso central e a sua ausência resulta em defeitos severos no

desenvolvimento cerebral.

No entanto, apesar de não se conhecer o local exacto de acção de Sox-4, este afecta as etapas iniciais

da activação das células B. E também é preciso ter em conta que, apesar de todos estes factores de

transcrição afectarem o desenvolvimento em etapas inicias, alguns deles estão activos em etapas maistardias.

Falhas semelhantes no desenvolvimento dos linfócitos são também observadas quando existe uma

mutação no gene que codifica a subunidade catalitica da proteina cinase dependente do DNA (DNA-

PKCS), designada mutação da imunodeficiência severa combinada (SCID).

  Enquanto a actividade recombinase da SCID é capaz de marcar sequências de reconhecimento

consensus (sinais) nas extremidades dos elementos codificantes V, D e J e induzir quebras de

cadeia dupla nas fronteiras sinais/codificantes, ela não é capaz de mediar a formação de junções

codificantes a uma frequência significante;  Esta incapacidade reflecte um defeito geral no reparo de quebras de DNA de cadeia dupla e a

morte dos linfócitos por incapacidade de reparar quebras cromossómicas resultantes da

tentativa de recombinação.

E o mesmo se observa também em casos de mutação de proteinas envolvidas na via de sinalização do

receptor da célula pró-B, como BLNK, e do receptor da célula pré-B, como Btk, o que impede a

passagem destas células à etapa seguinte e provoca uma imunodeficiência

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Marcadores de Superficie

A progressão a partir da célula progenitora até à célula B madura é tipificada por um padrão alterado de

marcadores de superficie:

  CD45R - na etapa pró-B, as células não apresentam as cadeias leves ou pesadas dos anticorpos

mas expressam esta forma de proteina tirosina fosfatase encontrada nos leucócitos, e durante

todas as outras etapas; 

 

Igα/Igβ –  expressas na etapa pró-B e também encontradas em associação com as formas

membranares dos anticorpos em etapas mais tardias do desenvolvimento das células B; 

  CD19, CD43 e CD24 – parte do co-receptor da célula B, leucossialina e uma molécula conhecida

como heatstable antigen (HSA), respectivamente. Expressas nas células pró-B também; 

  C-Kit – expressa apenas na superficie das células pró-B e é um receptor para o ligando promotor

do crescimento presente nas células do estroma; 

  CD25 – expressa nas células pré-B em substituição de CD43 e constitui o receptor para IL-2. 

Enquanto as células progridem da etapa pró-B para a pré-B, expressam muitos dos marcadores que

estava presentes durante a etapa pró-B. Contudo, deixam de expressar c-Kit e CD43 e começam a

expressar CD25.

A apresentação do receptor da célula pré-B (pré-BCR) é uma caracteristica saliente da etapa pré-B.

Depois do rearranjo da cadeia leve, imunoglobulinas membranares que contêm tanto as cadeias levescomo pesadas surgem, e as células, agora classificadas como células B imaturas, perdem o pré-BCR e

não expressam mais CD25.

Existem anticorpos monoclonais que são capazes de reconhecer todos estes marcadores antigénicos,

tornado possivel reconhecer e isolar as várias etapas do desenvolvimento das células B pelas técnicas

de imunohistoquimica e citometria de fluxo.

Subgrupos de Células B

Subgrupos de células B distintos desenvolvem-se a partir de diferentes progenitores:

  Células B B-1 – têm origem em células HSCs derivadas do figado fetal;

  Células B B-2 – têm origem em células HSCs derivadas da medula óssea.

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As células B B-1 diferem da maior parte dos linfócitos e desenvolvem-se de um modo unico:

  Expressam a molécula CD5 (Ly-1);

 

No adulto, grandes numeros destas células são encontrados como uma auto “repopulação” nas

cavidades pleural e peritoneal;

  Desenvolvem-se mais cedo que as células B convencionais e expressam um reportório

relativamente limitado de genes V e exibem muito menor diversidade juncional do que as

células B convencionais (a TdT não é expressa no figado fetal);

  Secretam espontaneamente anticorpos IgM que normalmente reagem com polissacarideos e

lipidos microbianos. Estes anticorpos são por vezes designados anticorpos naturais porque estãopresentes em individuos sem imunização, apesar de ser possivel que a flora microbiana do

tracto gastrointestinal seja a fonte de antigénios que estimula a sua produção;

  Fornecem uma fonte de produção rápida de anticorpos contra micróbios em locais particulares,

como o perineurio;

  Na pleura, podem diferenciar-se em cerca de metade das células secretoras de IgA na lâmina

própria;

  São análogas às células T γδ pois ambas possuem reportórios de receptores de antigénios

limitados e estão ambas envolvidas na resposta a antigénios microbianos comummente

encontrados nas primeiras etapas das respostas imunes.

As células B B-2 passam rapidamente através de duas etapas transicionais e podem desenvolver-se em

dois grupos distintos de células:

  Células B da zona marginal – localizam-se primariamente nas vizinhanças dos seios marginais no

baço e são de algum modo semelhantes às células B-1 pois apresentam diversidade limitada e

são capazes de responder a antigénios polissacarideos e produzir anticorpos naturais.

Expressam IgM e o marcador de superficie CD21. Respondem muito rapidamente a micróbios

sanguineos e diferenciam-se em células plasmáticas secretoras de IgM de curta vida. Apesar de

geralmente mediarem respostas imunes independentes de células T contra patogénios

circulantes, estas células parecem também ser capazes de mediar algumas respostas imunes

Notch2

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dependentes de células T. Surgem por diferenciação da célula B madura progenitora na

presença de Notch2;

  Células B foliculares  – constituem a maior parte das células B maduras e co-expressam cadeias

pesadas μ e δ em associação com cadeias leves κ ou λ e, assim, produzem tanto IgM e IgD

membranares. Ambas as classes de Ig utilizam o mesmo exão VDJ e associam-se com cadeiaspesadas idênticas e, assim, exibem a mesma especificidade de antigénio. Deste modo, splicing

alternativo permite que uma célula B produza simultaneamente mRNAs e proteinas maduras de

dois isotipos diferentes de cadeia pesada. O mecanismo pelo qual uma célula começa a

expressar ambos os isotipos ainda é desconhecido mas a co-expressam de IgM e IgD é alcançada

pela aquisição de competência funcional e de habilidade para recircular, e esta é a razão pela

qual células B foliculares são também designadas células B maduras.

A correlação entre a expressão de IgD e a aquisição de competência funcional sugere que a IgD é o

receptor activador essencial das células B maduras. No entanto, não existe evidência para uma

diferença funcional entre IgM e IgD membranares.

As células B foliculares são na maior parte das vezes designadas células B recirculantes, visto que

migram de um orgão linfático para o seguinte, residindo em nichos especializados conhecidos como

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foliculos de células B. Nestes nichos, estas células B são mantidas, em parte, por sinais transmitidos por

um ligando trópico do familia de citocinas tumor necrosis factor (TNF) designado de BAFF ou BlyS.

Células B maduras, naive, respondem a antigénios e, a não ser que as células encontrem antigénios que

reconhecem com alta afinidade e a que respondem, elas morrem em dias.

Resumidamente, as principais caracteristicas dos diferentes subgrupos de células B são:

Propriedade/Actividade Células B-1 Células B-2 convencionaisCélulas B-2 da zona

marginal

Quando produzido pela

 primeira vez

Feto Após nascimento Após nascimento

Regiões N nas junções VDJ Algumas Extensivas Sim

Reportório da região V Restrito Diverso Parcialmente restrito

Localização primáriaCavidade corporais

(peritoneal, pleural)

Órgãos linfáticos

secundáriosBaço

Modo de renovação Auto-renovação Repostas na medula óssea Grande longevidade

Produção de

imunoglobulinas

espontânea

Alta Baixa Baixa

Isotipos secretados IgM >> IgG IgG > IgM IgM > IgG

Resposta a carboidratos

antigénicosSim Talvez Sim

Resposta a proteinas

antigénicasTalves Sim Sim

Necessidade de ajuda das

células TNão Sim Por vezes

Hipermutação somática Baixa-nenhuma Alta ?

Desenvolvimento de

memóriaBaixa-nenhuma Sim ?

Selecção do Reportório de Células B Maduras

O reportório de células B maduras é positivamente seleccionado da pool de células B imaturas. A

selecção positiva está bem definida nos linfócitos T e é responsável por preservar as células T CD4 + e

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Joana Maria Soares Pereira 156

CD8+ restritas a MHC do próprio de uma pool de células T imaturas não seleccionadas. Não existe uma

restrição comparável para o reconhecimento de antigénios pelas células B. No entanto, a selecção

positiva parece ser um fenómeno gerado para identificar linfócitos que completaram o seu programa de

rearranjo com sucesso e possivelmente facilitando a produção de subgrupos de células T ou B:

  Acredita-se que apenas células B que expressam moléculas Ig membranares funcionais recebem

sinais de subrevivência constitutivos derivados do BCR;

  Antigénios do próprio parecem influenciar a força do sinal do BCR e, assim, a escolha

subsequente da linhagem de células B periféricas durante a maturação de células B.

Células B imaturas de reconhecem antigénios do próprio com grande avidez podem ser induzidas a

alterar as suas especificidades por um processo designado de editing do receptor:

  Neste processo, o reconhecimento de antigénios leva à reactivação de genes Rag, a eventos

adicionais de recombinação V-J de cadeia leve, e à produção de novas cadeias Ig leves,

permitindo que a célula expresse diferentes receptores de cálula B que não são auto-reactivos;

 

Este processo ocorre normalmente em genes κ de cadeia leve, sendo que exões VJκ  quecodificam os dominios variáveis das cadeias leves auto-reactivas são eliminados e substiuidos

por novos exões exões VJκ ou por rearranjos da cadeia leve λ;

  O novo exão exões VJκ deverá ser gerado pelo rearranjo de um gene V a montante do gene V

original que produziu uma cadeia leve auto-reactiva com um segmento J a jusante do segmento

J originalmente rearranjado.

Células B imaturas que expressam receptores de alta afinidade para antigénios próprios e que

encontram esses antigénios na medula óssea devem morrer ou não maturar se não forem editados. A

eliminação é geralmente designada selecção negativa e é parcialmente responsável pela manutenção

da tolerância das células B a antigénios próprios que estão presentes na medula óssea:

  Os antigénios que medeiam a selecção negativa  – normalmente antigénios próprios abundantes

ou multivalentes (e.g., membranares)  –  fornecem sinais fortes a linfócitos B imaturos que

expressam IgM que parecem ser especificos para esses antigénios próprios;

  O reconhecimento do antigénio pela a morte por apoptose das células B imaturas, quando o

editing falha.

Assim que é feita a transição para a etapa das células B maduras+IgD+IgM, o reconhecimento de

antigénios leva a proliferação e diferenciação, e não a apoptose oi editing do receptor. Como resultado,

as células B maduras que reconhecem antigénios com grande afinidade nos tecidos linfóides periféricossão activadas e esse processo leva a respostas imunes humorais.

Podemos ter quatro destinos diferentes para as células B imaturas  na medula óssea dependendo da

avidez e do tipo de ligando que ligam:

 

Molécula própria multivalente  –  quando as células B imaturas expressam receptores que

reconhecem ligandos multivalentes, como moléculas membranares próprias, elas são

eliminadas de reportório (delecção clonal). Estas células B ou sofrem editing do receptor, de

modo que a auto-reactividade do receptor é eliminada, ou sofrem morte celulars programada

ou apoptose (selecção negativa);

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  Molécula própria soluvel  –  células B imaturas que se ligam a antigénios próprios soluveis

capazes de fazer cross-link com o receptor da célula B são mantidos num estado de não

resposta ao antigénio (anérgico) e carregam muito poucas IgM membranares. Estas células

migram para a periferia onde expressam IgD mas se mantêm anérgicas. Se em competição com

outras células B na periferia, elas são rapidamente perdidas;

  Molécula própria que não permite cross-link e com baixa afinidade  – células B imaturas que

ligam estes ligandos não recebem qualquer sinal como resultado da sua interacção e maturam

normalmente para expressar tanto IgM como IgD na superficie da célula. Tais células são

potencialmente auto-reactivas e são clonalmente ignorantes já que o seu ligando está presente

mas não é capaz de as activar;

  Reacção não própria – células B imaturas que não encontram antigénio maturam normalmente,

migram da medula óssea para os tecidos linfóides periféricos onde se tornam células B

recirculantes maduras carregadoras de IgM e IgD na sua superficie.

Activação e Proliferação das Células B

Após o exporte de células B da medula óssea, ocorre activação, proliferação e diferenciação na periferia

na presença de antigénio. A activação e selecção clonal conduzida pelo antigénio de células B naive

leva à produção de células B de memória e de plasmócitos e na ausência de activação induzida pelo

antigénio, as células B naive na periferia apresentam uma curta longevidade, morrendo em poucas

semanas por apoptose.

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Joana Maria Soares Pereira 158

Células B naive são células que não se dividem e que se encontram na etapa G 0  do ciclo celular. A

activação dirige as células naive para o ciclo celular, progredindo através da fase G 1 para a S, na qual o

DNA é replicado. A transição de G1 para S é um ponto de restrição critico no cicli celular. Assim que acélula alcança a etapa S, ela complete o ciclo, movendo-se através G 2 para a mitose (M). Estes sinais e

eventos podem ser agrupados em duas categorias:

 

Sinais de competência  – dirigem a célula B de G0 para G1,

tornando a célula competente para recebr os sinais

seguintes para o nivel seguinte de sinais;

  Sinais de prograssão  – dirigem depois a célula de G1 para

S e no final para a divisão celular e diferenciação.

A competência é alcançada, não por um mas, por dois eventos desinalização distintos, que são designados sinal 1  e sinal 2. Esses

eventos de sinalização são gerados por diferentes vias com

antigénios dependentes do timo (dependentes de células TH  – TD

antigen) e não dependentes do timo (não dependentes de células

TH  – TI antigen), mas ambas as vias incluem sinais gerados quando

antigénio multivalentes se ligam e fazem cross-link de mIg.

Assim que a célula B adquiriu uma sinal de competência efectivo na activação inicial, a interacção de

citocinas e possivelmente outros ligandos com o BCR fornece sinais de progressão.

Tradução de Sinais de Activação

Todos os isotipos de mIg apresentam caudas citoplasmáticas muito curtas, sendo que tanto mIgM e

mIgD nas células B extendem para o citoplasma apenas três aminoácidos, mIgA extende 14 aminoácidos

e mIgG e mIgE extendem 28 aminoácidos. Em cada caso, a cauda citoplasmática é muito curta para ser

capaz de gerar um sinal em associação com moléculas de sinalização intracelulares, como tirosina

cinases e proteinas G. Assim, as mIgs estão associadas com um heterodimero Igα/Igβ, formando o

receptor das células B (complexo BCR). Assim, o BCR divide-se funcionalmente em:

  Molécula Ig de ligação ao ligando; 

 

Heterodimero Igα/Igβ de tradução de sinal. 

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Uma divisão funcional semelhante marca oo pré-BCR, que traduz sinais via um complexo consitindo

num heterodimero Igα/Igβ e cadeias pesadas μ combinados com cadeias substitutas de cadeia leve.

A cadeia Igα apresenta uma cauda citoplasmática longa com cerca de 61 aminoácidos e a cadeia Ig β 

apresenta uma cauda com 48 aminoácidos. As caudas citoplasmáticas de ambas as cadeias contêm

motivos ITAM, que são encontrados também em várias molécula do complexo TCR. interacções com as

caudas citoplasmáticas de Igα/Igβ traduzem estimulos produzidos por cross-link de moléculas mIg em

sinais intracelulares efectivos.

O cross-link de BCRs resulta na indução de várias vias de tradução de sinal e na activação da célula B.

estas incluem:

  Compartimentação da função nas subunidades do receptor  – a via começa com receptores de

antigénios que são compostos por uma subuinidade de sinalização e outra de ligação ao

antigénio. A subunidade de ligação ao antigénio confere especificidade mas apresenta caudas

citoplasmáticas muito curtas para traduzir o sinal para o citoplasma da célula. A subuinidade

sinalizadora apresenta caudas citoplasmáticas mais longas que são os tradutores de sinal no

complexo receptor;

  Activação de tirosina cinases associadas à membrana  – a proteinas tirosina cinases associadas

ao receptor (Lyn, Blk e Fyn) catalizam fosforilações durante as primeiras etapas da tradução de

sinal que são essenciais para a formação de um complexo receptor de sinalização funcional;

 

Montagem de uma complexo de sinalização grande com actividade tirosina cinase  –  as

tirosinas fosforiladas dos ITAMs no BCR fornecem locais de ancoragem para moléculas que seligam a estes receptores;

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  Recrutamento de outras vias de tradução de sinal – sinais apartir do BCR resultam na produção

de mensageiros secundários que activam várias vias de sinalização importantes, a via da PKC, a

via do cálcio e a via das proteinas Ras-MAP cinase;

  Alterações na expressão de genes  – um dos resultados importantes dos processos de tradução

de sinal é a geração ou translocação para o nucleo de factores de transcrição activos queestimulam ou inibem a transcrição de genes especificos.

Falhas na tradução de sinal podem levar a severas consequências para o sistema imunitário.

Complexo Co-receptor da Célula B

A estimulação através dos receptores de antigénios pode ser modificada siginificativamente por sinais

através de co-receptores. Nas células B, um componente da membrana, desigando co-receptor da

célula B fornece sinais estimulantes. O co-receptor da célula B é um complexo de três proteinas:

 

CD19   –  membro da superfamilia deimunoglobulinas, tem uma longa cauda

citoplasmática e três dominios extracelulares;

 

CR2 (CD21)  –  receptor de C3d, um produto da

quebra do sistema complemento, que é um

importante mecanismo efector para a destruição

de invasores. O envolvimento da C3d na via de

actividade do co-receptor revela diferentes braços

do sistema imune a interagirem entre si. CR2

também funciona como um receptor para uma

molécula membranar e para a proteinatransmembranar TAPA-1 (CD81).

Em adição ao co-receptor estimulador, outra molécula,

CD22, que é constitutivamente associada com o receptor

de células B não activas, fornece sinais negativos que

fazem com que seja mais dificil activar a célula B.

O papel mediado pelo co-receptor é o seguinte:

1. 

O componente CR2 do complexo co-receptor liga-se a antigénios revestidos por complemento

que foram capturados pelas mIg na célula B;2.

 

Isto liga o co-receptor ao BCR e permite que o componente CD19 do co-receptor interaja com o

componente Igα/Igβ do BCR;

3. 

Fosforilação de CD19 permite que este se ligue a moléculas sinalizadoras;

4.  Estas moléculas são então capazes de contribuir para o processo de activação e o complexo co-

receptor serve para amplificar o sinal transmitido pelo BCR.

Este fenómeno explica como células B naive, que normalmente expressam mIg com baixa afinidade

para antigénios, são capazes de responder a muito baixas concentrações de antigénio numa resposta

primária. Tais respostas, mesmo que inicialmente de baixa afinidade, desenpenham papeis significantes

na geração de anticorpos de alta afinidade.

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Joana Maria Soares Pereira 162

das células B às células TH, induzindo a sua activação. Quando a concentração de antigénio é elevada,

macrófagos e células dendriticas são APCs efectivas, mas, quando os niveis de antigénio caem, as

células B tornam-se as principais apresentadoras de antigénio às células TH.

Assim que a célula TH  reconhece um péptido antigénico processado apresentado por uma molécula

MHC classe II na membrana de uma célula B, as duas células interagem para forma um conjugado B-T:

  Nestes conjugados, as células TH apresentam o aparelho de Golgi e centros microtubulares re-

arranjados para a junção com a célula B;

 

Este ajuste estrutural facilita a libertação de citocinas para a célula B especifica para o antigénio.

A formação do conjugado B-T não leva apenas a libertação direccionada de citocinas das células TH mas

também à regulação de CD40L, uma proteina membranar das células TH que depois interage com CD40

nas células B para fornecer um sinal essencial para a activação de células B dependente de células T:

 

CD40  –  pertence à familia TNF de proteinas membranares e citocinas soluveis que regulam a

porliferação celular e a morte celular por apoptose;  CD40L – pertence à familia de receptores de TNF (TNFR).

Interacções de CD40L com CD40 nas células B fornece um sinal (sinal 2, ou secundário) à célula B que,

em conjunto com o sinal gerado pela mIg (sinal 1, ou primário), dirige a célula B para G 1. Os sinais

apartir de CD40 são traduzidos por um numero de vias de sinalização intracelulares resultando no fim

na alteração da expressão de genes.

Apesar das células B estimuladas por proteinas membranares a partir de células TH  activadas serem

capazes de proliferar, elas falham na diferenciação a não ser que citocinas estejam também presentes.

Isto sugere que ambos os sinais de contacto e das citocinas são necessários para induzir a proliferação e

diferenciação de células B.

Assim que é activada, a célula B começa a expressar receptores membranares para várias citocinas,

como IL-2, IL-4, IL-5 e outras. Esses receptores ligam depois citocinas produzidas pela célula T H  com

quem interagem. Os sinais produzidos pela interacções citocina-receptor suportam a proliferação das

células B e é capaz de induzir a diferenciação em plasmócitos e células B de memória, o class switching

e a maturação da afinidade.

Resposta Humoral

A cinetica e outras caracteristicas da resposta humoral diferem consideravelmente dependendo se a

resposta humoral resulta de uma activação de células B naive (resposta primária) ou de células B dememória (resposta secundária). Em ambos os casos, a activação leva à produção de anticorpos

secretados de vários isotipos, que diferem na sua habilidade de mediar funções efectoras especificas:

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O primeiro contacto de um antigénio exógeno com um individuo gera uma resposta humoral primária,

caracterizada pela produção de plasmócitos secretores de anticorpos e de células B de memória. A

cinética desta resposta depende de:

  Natureza do antigénio;

  Via de administração do antigénio;

 

Presença ou ausência de adjuvantes;

 

Espécies ou estirpes a serem imunizadas.

Em todos os casos, contudo, uma resposta primária é caracterizada por:

  Uma fase lag, durante a qual células B naive sofrem selecção clonal, subsequente expansão

clonal e diferenciação em células de memória ou plasmócitos;

  Um aumento logaritmico dos niveis séricos de anticorpos, a seguir à fase lag, que atinge um

pico, estabiliza por algum tempo e depois cai.

A duração da fase lag varia com a natureza do antigénio:

  A imunização de ratinhos com um antigénio como eritrócitos de carneiro (SRBCs) tipicamente

resulta numa fase lag de 3-4 dias. Oito ou nove divisões celulares sucessivas de células B

activadas durante 4-5 dias geram depois plasmócitos e células de memória. O pico dos niveis de

plasmócitos é alcançado aos dias 4-5 enquanto o pico de anticorpos séricos é alcançado por

volta dos dias 7-10;

  Para antigénios soluveis, a fase lag é um pouco mais longa, normalmente durando cerca de uma

semana. O pico nos niveis de plasmócitos é alcançado aos dias 9-10 e o pico de anticorposséricos é alcançado ao dia 14.

Durante a resposta humoral primária, IgM é secretada inicialmente, normalmente seguida por um

switch de modo a aumentar a proporção de IgG. Dependendo da persistência do antigénio, a resposta

primária pode durar vários periodos, variando de alguns dia a várias semanas.

As células de memória formadas durante a resposta primária param de se dividir e entram na fase G0 do

ciclo celular. Estas células têm tempos de vida variáveis, com algumas persistindo durante toda a vida

do individuo. A capacidade de desenvolver uma resposta humoral secundária depende da existência

desta população de células B de memória tal como de células T de memória. A activaçãode células de

memória resulta numa resposta de anticorpos secundária que pode ser distinguida da primária de

vários modos:

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  Tem um periodo lag inferior, antige maior magnitude, dura menos tempo;

  Caracterizada pela secreção de anticorpos com elevada afinidade para o antigénio, e isotipos

diferentes de IgM predominam.

Propriedade Resposta primária Resposta secundária

Células B que respondem Células B naive Células B de memória

Periodo Lag aseguir à

administração do antigénioGeralmente 4-7 dias Geralmente 1-3 dias

Tempo do pico de resposta 7-10 dias 3-5 dias

Magnitude do pico de resposta Varia dependendo do antigénioGeralmente 100-1000 vezes

superior que a resposta primária

Isotipo produzidoIgM predomina primariamente na

respostaIgG predomina

 AntigéniosDependento do timo e

independente do timoDependente do timo

 Afinidade dos anticorpos Inferior Superior

Um grande factor na resposta mais rápida e na maior magnitude das resposta secundárias é o facto de

populações de células B de memória especificas para um determinado antigénio serem maiores que as

populações correspondentes de céluls B naives e também o facto das células de memória serem mais

faceis de activar do que as células B naive. O processo de afinidade da maturação e o class switching são

responsáveis pela maior afinidade e diferentes isotipos ixibidos numa resposta secundária. Os maiores

niveis de anticorpos acoplados com a maior afinidade geral fornece uma defesa do hospedeir eficiente

contra a re-infecção. A alteração nos isotipos fornece anticorpos cujas funções efectoras são

particularmente moldadas a um determinado anitgénio.

A existência de células B de memória de grande longevidade conta para a existência de um fenómeno

designado “original antigenic sin”, que foi inicialmente observado quando a resposta de anticorpos a

vacinas da gripe foi monitorizada em adultos:

  A monitorização revelou que a imunização com uma vacina de uma estirpe da gripe elicitava

uma resposta de anticorpos responsáveis para essa estirpe mas também elicitava,

paradoxalmente, uma resposta de anticorpos de grande magnitude para outras estirpes de

gripe às quais o individuo tinha sido exposto na infância. Parecia assim que a primeira exposição

ao antigénio tivesse deixado uma impressão longa no sistema imunitário;

  Este fenómeno pode ser explicado pela presença de uma população de células de memória,

elicitada pela estirpe de gripe encontrada na infância, que é activada por epitopos reactivos na

vacina da estirpe encontrada mais tarde;

  Este processo gera uma resposta secundária, caracterizada por anticorpos com maior afinidade

para a primeira estirpe viral.

Papel das Células T H  na Resposta Humoral a Haptenos

Quando animais são imunizados com pequenos compostos orgânicos (haptenos) conjugados com

grandes proteinas (carregaoras), o conjugado induz uma resposta imune humoral consistindo em

anticorpos tanto para os epitopos hapteno e para os epitopos inalterados da proteina carregadora.

Vérios estudos demonstraram que a geração da resposta humoral requer o reconhecimento do

antigénio tanto pelas células TH como pelas células B, cada uma reconhecendo diferentes epitopos nomesmo antigénio.

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Isto é conhecido como o efeito hapteno e é caracterizado por:

  O hapteno tem de estar quimicamente acoplado a uma

molécula carregadora maior para induzir uma resposta

humoral ao hapteno. Se um animal for imunizado com

o hapteno e o carregador em separado, muito poucos

ou nenhuns anticorpos são gerados;

  De modo a gerar uma resposta humoral secundária a

um hapteno, o animal tem ser imunizado de novo com

o mesmo conjugado usado na primeira imunização. Se

a segunda imunização for feita com o mesmo hapteno

mas o conjugado for diferente não existe resposta

secundária.

Vários estudos demonstraram que as células imunizadas contra o haptenos e as células imunizadas

contra o carregador constituem populações distinctas. Estas experiências demosntraram que a resposta

de células B condicionadas a haptenos a conjugados carregadores de haptenos requer a presença de

células TH CD4+ condicionadas a carregador especificas para epitopos do carregador.

As experiências com conjugados carregadores de haptenos revelaram que tanto as células TH como as B

têm de ser capazes de reconhecer determinantes antigénicos na mesma molécula para que ocorra a

activação das células B. Esta propriedade da interacção das células T com as B na resposta humoral é

designada reconhecimento associativo.

Locais in vivo para a Indução da Resposta Humoral

A activação e diferenciação das células B ocorre em locais anatomicos definidos cuja estruturaestabelece certas restrições aos tipos de interacções celulares que ocorrem. Quando um antigénio é

introduzido no corpo torna-se concentrado em vários órgãos linfáticos periféricos:

  Antigénios sanguineos são filtrados pelo baço;

  Antigénios presentes nos espaços tecidulares drenados pelo sistema linfático são filtrados pelos

nodos linfáticos regionais.

Um nodo linfático é um filtro extremamente eficiente

capaz de reter mais de 90% de antigénios que passam

atraves dele pelos vasos linfáticos aferentes. Antigénios ou

complexos anticorpo-antigénio entram no nodo linfático

tanto sozinhos como associados a células transportadoras

de antigénios (e.g, células de Langerhans ou dendriticas) e a

macrófagos e, enquanto este atravessa toda a arquitectura

celular do nodo, encontrará um de três tipos de células

apresentadoras de antigénios:

 

Células dendriticas no paracortex;

  Macrófagos espalhados por todo o nodo;

  Células dendriticas foliculares nos foliculos e centros germinativos.

O desafio antigénico que leva a uma resposta imune humoral envolve uma série de eventos complexos,

que ocorrem em microambientes distintos dentro do nodo linfático. Vias ligeiramente diferentes

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operam durante uma resposta primária e secundária porque muito do tecido antigénico está

complexado com anticorpos circulantes na resposta secundária.

Assim, a indução da resposta humoral ocorre do seguinte modo:

  Assim que a activação das células B mediada por antigénios ocorre, pequenos focus de células B

em proliferação formam-se nas extremidades da zona rica em células T;  Estas células B diferenciam-se em plasmócitos secretando isotipos IgM e IgD;

  A maior parte dos anticorpos produzidos durante a resposta primária têm origem nos

plasmócitos destes focus.

Uma sequência de eventos semelhante ocorre no baço, onde a activação de células B inicial ocorre na T-

cell-rich periarterial lymphatic sheat, PALS.

Alguns dias após a formação dos focus nos nodos linfáticos, algumas células B activadas, em conjunto

com algumas células TH, podem migrar dos focus para foliculos primários. Estes foliculos desenvolvem-

se depois em foliculos secundários, que fornecem um microambiente especializado favorável ainteracções entre células B, células TH activadas e células dendriticas foliculares. Após estas interacções,

as células B activadas migram para o centro do foliculo secundário, formando um centro germinativo.

É importante ter em atenção que, apesar de partilharem a morfologia altamente ramificada das células

dendriticas derivadas da medula óssea, as células dendriticas foliculares:

 

Não têm origem na medula óssea, não expressam moléculas MHC classe II e não apresentam

antigénios a células T CD4+;

 

Apresentam longas extensões, ao longo das quais se encontram receptores Fc e receptores do

complemento. Estes receptores permitem que a célula dendritica folicular retenha e apresente

complexos antigénio-anticorpo por longos periodos de tempo, mesmo meses, na superficie da

célula.

Centros Germinativos e Diferenciação de Células B Induzida por

Antigénio

Os centros germinativos surgem entre 7-10 dias após a exposição inicial a antigénios dependentes do

timo e podemos distinguir duas zonas distintas:

  Zona escura (Dark zone) - Durante a primeira etapa da sua formação, as células B activadas

sofrem proliferação intensa. As células B em proliferação, conhecidas como centroblastos,surgem nesta zona e distinguem-se pelo seu grande tamanho, citoplasma extenso, cromatina

difusa e ausência de Ig membranares. Os centroblastos eventualmente dão origem a

centrócitos, que são pequenas células B que não se dividem e expressam Ig membranares;

  Zona clara (Light zone) – os centrócitos movem-se da zona escura para esta região, que contem

células dendrtiticas foliculares, onde alguns centrócitos fazem contacto com antigénios

apresentados como complexos antigénio-anticorpo na superficie de células dendrititicas

foliculares.

Três eventos de diferenciação importantes ocorrem nos centros germinativos:

  Maturação da afinidade;

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  Class switching;

  Formação de plasmócitos e células B de memória.

Maturação da Afinidade

Resumidamente, os eventos celulares nos centros germinativos processam-se do seguinte modo:

  Células B estimuladas por antigénios migram para os centros germinativos, onde reduzem a

expressão de Ig membranares e sofrem rápida divisão celular e mutação de genes de região V

de imunoglobulinas rearranjados na zona escura;

 

Subsequentemente, a divisão pára e as células B migram para a zona clara e aumenta a

expressão de Ig membranar. Nesta etapa designam-se centrócitos;

 

Na zona clara, os centrócitos devem interagir com células dendriticas foliculares e células T

helper para sobreviverem;

  As células dendriticas foliculares ligam complexos antigénio-anticorpo ao longo das suas

extensões e os centrócitos devem competir uns com os outros para ligar o antigénio. As célulasB que apresentam Ig membranares de alta afinidade são aquelas que competem com sucesso;

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  Aquelas células B que perdem nesta selecção mediada pelo antigénio morrem por apoptose;

  As células B que passam na selecção e recebem um segundo sinal de sobrevivência a partir das

células T helper diferenciam-se em células B de memória ou plasmócitos secretores de

anticorpos.

Assim, o principal objectivo dos centros germinativos é gerar células B de alta afinidade a partir de

células B de baixa afinidade. Em geral, a maturação da afinidade e a formação de células B de memória

requer os centros germinativos. Contudo, algum class switchig e a formação significante de plasmócitos

ocorre também fora dos centros germinativos.

Papel da Hipermutação Somática

Monitorizando os genes de anticropos durante uma resposta imune observa-se que ocorrem mutações

extensivas nos genes Ig que respondem à infecção das células B no centros germinativos. A introduçãode mutações pontuais, delecções e inserções nos genes de imunoglobulina rearranjados é um processo

bastante direccionado:

  A maior parte destas mutações ocorre na região que se extende desde cerca de 0,5 kb a 5’ até

1,5 kb a 3’ dos segmentos V(D)J dos genes de imunoglobulina rearranjados;

  Apesar do processo de hipermutação inserir mutações por toda a região V, a selecção conduzida

pelo antigénio resulta na eventual emergência de genes de imunoglobulinas nos quais a maior

parte das mutações se encontram nas CDRs.

As taxas extremamentes elevadas (1 a cada 2 divisões) e a direcção precisa da hipermutação são

caracteristicas extraordinárias unicas do sistema imunitário e a determinação deste mecanismo ainda se

encontra desconhecido.

Como a mutação somática ocorre aleatoriamente, gerará poucas células com receptores de alta

afinidade e muitas células com receptores com afinidade igual ou mais baixa que os da célula mãe para

um antigénio particular. Assim, é necessária selecção para derivar uma população de células que

apresentam maior afinidade. O centro germinativo á o local de selecção:

  Células B que apresentam receptores de alta afinidade para o antigénio serão positivamente

selecionadas e deixam o centro germinativo;

 

Células B que apresentam receptores de baixa afinidade sofrem selecção negativa e morrem nocentro germinativo.

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Papel da Selecção

A hipermutação somática dos genes das regiões variáveis das cadeias pesada e leve ocorre quando os

centroblastos proliferam na zona escura do centro germinativo. A selecção ocorre nas zona clara, na

população de centrócitos que não se dividem. O factor mais importante na selecção é a habilidade de

moléculas Ig membranares nos centrócitos reconhecerem e ligarem antigénios apresentados por células

dendriticas foliculares:

  Como as superficies das células dendriticas foliculares estão ricamente cobertas por receptores

Fc e do complemento, antigénios complexados com anticorpos ou antigénios ligados a

fragmentos do complemento gerados durante a activação do complemento são capazes de se

ligar às células dendriticas foliculares;

  Um centrócito cujas Ig membranares se liga e sofre crosslinking com antigénios ligados a células

dendriticas foliculares recebem um sinal que é essencial para a sua sobrevivência;

 

Aqueles que não recebem este final morrem.

Contudo, os centrócitos devem competir para as pequenas quantidades de antigénios apresentados nascélulas dendriticas. Como a quantidade de antigénio é limitada, os centrócitos com receptor de maior

afinidade têm maior probabilidade de se ligar com sucesso do que aqueles com menor afinidade.

Apesar da ligação do antigénio ser necessária para a sobrevivência do centrócito, não é suficiente. Um

centrócito deve receber sinais gerados por interacção dom células T CD4+  helper para sobreviver.

Centrócitos que não recebem estes dois sinais sofrem apoptose nos centros germinativos. De facto,

uma das caracteristicas dos centros germinativos é a morte celular por apoptose que ai ocorre. Isto é

claramente evidente pela presença de fragmentos de cromatina condensada, indicativa de apoptose,

em macrófagos especificos que removem células por fagocitose nos tecidos linfáticos.

Class Switching

Os anticorpos têm duas actividade importantes:

  Ligação especifica a um antigénio, que é determinada pelos dominios VH e VL;

  Participação em várias funções biológicas efectoras, que é determinada pelo isotipo do dominio

constante da cadeia pesada.

O class switching permite que qualquer dominio VH  se associe com a região constante de qualquer

isotipo. Isto permite que a especificidade do anticorpo continue constante enquanto as actividades

biológicas efectoras da molécula variam. Um numero de citocinas afectam a decisão de qual class de Igé escolhida quando uma célula B que carrega IgM sofre class switch.

A resposta humoral a antigénios dependentes do timo é marcada por um class switching extensivo para

isotipos diferentes de IgM, enquanto a resposta humoral a antigénios independentes do timo

(independentes de células T) é dominada por IgM. No caso dos antigénios dependentes do timo, a

interacção de células B com as células T helper é necessária, isto é, é necessária a maturação da

afinidade feita pela selecção nos centros germinativos. Esta interacção é feita CD40 na célula B e CD40L

na célula T helper e é essencial para a indução do class switch.

A importância da interacção CD40/CD40L é ilustrada pelo sindroma X-linked hyper-IgM, uma

imunodeficiência nas quais as células TH falham na expressão de CD40L. Os pacientes com esta doença

produzem IgM mas não outros isotipos. Tais pacientes falham na geração de populações de células de

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memória, falham na formação de cnetros germinativos, e os seus anticorpos não sofrem hipermutação

somática.

Células de Memória e Plasmócitos

Depois das células B serem seleccionadas nos centros germinativos para aquelas que carregam mIg de

alta afinidade para antigénios apresentados pelas células dendriticas foliculares, algumas células B

diferenciam-se em plasmócitos e outras tornam-se células de memória:

Propriedade Célula B naive Célula B de memória

Marcadores membranaresImunoglobulinas

Receptores do complemento

IgM, IgD

Baixo

IgM, IgD(?), IgG, IgA, IgE

Alto

Localização anatómica Baço Medula óssea, nodo linfático, baço

Longevidade Curta Pode ser longa

Recirculação Sim Sim

 Afinidade do receptorAfinidade média

baixa

Afinidade média elevada devido à

maturação da afinidade

Moléculas de adesão Baixo ICAM-1 Alto ICAM-1

  Plasmócitos  –  geralmente não apresentam imunoglobulinas membranares detectáveis e, em

vez disso, sintetizam grandes niveis de anticorpos secretados (a taxas superiores a 1000moléculas de anticorpo por célula por segundo). A diferenciação das células B em plasmócitos

requer uma alteração no processamento de RNA de modo que a forma secretada da cadeia

pesada é sintetizada em vez da membranar. Em adição, apresentam uma taxa de expressão de

cadeia pesada muito mais elevada. A transcrição aumentada pelos plasmócitos pode ser

explicada pela sintese de maiores niveis de factores de transcrição que se ligam aos enhancers

das imunoglobulinas. Para alem disso, alguns memcanismos devem estar coordenados para

aumentar a transcrição dos genes de cadeia pesada e de cadeia leve, mesmo estando estes

genes em diferentes cromossomas;

  Células B de memória  –  células B que sobrevivem à selecção na zona clara dos centros

germinativos podem diferenciar-se neste tipo de células semelhantes a células B naive mas com

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propriedades diferentes. Por exemplo, à excepção das imunoglobulinas membranares, algumas

moléculas membranares distinguem as células B naive das de memória. As células B naive

expressam apenas IgM e IgD enquando as células B de memória, devido ao class switching,

expressam isotopos adicionais, incluindo IgG, IgA e IgE.

M A T U R A Ç Ã O , D I F E R E N C I A Ç Ã O E A C T I V A Ç Ã O D A S C É L U L A S T

Maturação dos Linfócitos T

A maturação dos linfócitos T a partir dos seus progenitores envolve:

  Rearranjo e expressão sequencial dos genes TCR;

 

Proliferação celular;

 

Selecção induzida pelo antigénio;  Aquisição de capacidades funcionais.

Em vários aspectos, este mecanismo é semelhante à maturação das células B. Contudo, a maturação

das células T apresenta algumas caracteristicas unicas que reflectem a especificidade dos linfócitos T

para péptidos antigénicos associados a MHC próprio e a necessidade de um microambiente

especializados para a selecção de células com esta especificidade.

Papel do Timo na Maturação das Células T

O timo  é o principal local de maturação das células T. Esta funcção do timo é demonstrada por

deficiências imunológicas associadas com a ausência de timo:

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Joana Maria Soares Pereira 172

  Se o timo é removido de ratinhos neo-natais, estes animais falham no desenvolvimento de

células T maduras;

 

A ausência congenital de timo, como ocorre no sindrome de DiGeorge em humanos ou em

estirpes de ratinhos nus, é caracterizada por baixo numero de células T maduras em circulação e

nos tecidos linfóides periféricos e deficiência severa na imunidade mediada por células T.

O timo regride com a idade e é virtualmente indectável em humanos após a puberdade, mas alguma

maturação de células T continua através da vida adulta, como indicada pela reconctituição com sucesso

do sistema imune em adultos que recebem transplantes de medula óssea. É possivel que o resto do

timo regredido seja adequado para alguma maturação de células T. Como as células T de memória

apresentam uma longa longevidade (talvez mais de 20 anos em humanos) e se acumulam com a idade,

a necessidade de gerar novas células T diminui enquanto o individuo envelhece.

Os linfócitos T têm origem em precursores que surgem no

figado fetal e na medula óssea adulta e que se fixam no timo:

 

Em ratinhos, os linfócitos imaturos são primeirodetectados no timo no dia 11º de uma gestação

normal de 21 dias, o que corresponde a mais ou menos

7-8 semanas de gestação;

  Células T em desenvolvimento no timo são designadas

timócitos e os timócitos mais imaturos não expressam

TCR nem co-receptores CD4 ou CD8, são encontrados

nos seios subcapsulares e na região cortical do timo;

  A partir daqui, os timócitos migram para e através do

córtex, onde a maior parte dos eventos da maturação

subsequente ocorrem;

  É no córtex que os timócitos primeiro expressam TCRs

γδ e αβ, e as células T αβ se começam a maturar em

células T CD4+  restritas a MHC classe II ou CD8+ 

restritas a MHC classe I;

  Enquanto estes timócitos entram nas etapas finais da

maturação, eles migram para o córtex da medula e

saem do timo através da circulação.

O ambiente timico  fornece estimulos que são necessários para a proliferação e maturação dos

timócitos. A maior parte destes estimulos têm origem em células timicas para além das células T em

maturação. Estas incluem células epiteliais timicas e macrófagos e células dendriticas derivadas da

medula óssea:

  No córtex, as células epiteliais formam uma rede de processos citoplasmáticos longos, à volta

dos quais os timócitos devem passar para alcançar a medula. Também existem células epiteliais

na medula;

  Células dendriticas derivadas da medula óssea estão presentes na fronteira corticomedular e na

medula e macrófagos estão presentes principalmente na medula;

 

A migração dos timócitos através deste arranjo anatómico permite interacções fisicas entretimócitos e estas outras células, que são necessárias para a maturação dos linfócitos.

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Dois tipos de moléculas produzidas pelas células não-linfóides timicas são importantes para a

maturação das células T:

 

Moléculas MHC classe I e classe II – expressas nas células epiteliais e nas células dendriticas no

timo. As interacções dos timócitos em maturação com estas moléculas MHC no timo são

essenciais para a selecção do reportório de células T maduras;

  Citocinas e quimiocinas  –  secretadas pelas células do estroma do timo, incluindo as células

epiteliais, e estimulam a proliferação de células T imaturas e orquestram a transição do córtex

para a medula da linhagem de timócitos αβ, respectivamente. A citocina melhor definida é a IL-7, que é um critico factor de crescimento linfopoietico, e quimiocinas como CCL21 e CCL19, que

são reconhecidas pelo receptor de quimiocinas CCR7 nos timócitos, medeiam o movimento

guiado dos timócitos pelo timo.

As taxas de proliferação e morte celular por apoptose são extremamente elevadas nos timócitos

corticais. Um único precursor dá origem a muita progenia, e 95% dessas células morre por apoptose

antes de alcançar a medula. A morte celular deve-se à combinação de rearranjos não produtivos do

gene de cadeia β do TCR, à não selecção positiva por moléculas MHC no timo e a selecção negativa

induzida por antigénios próprios. Para além disso, timócitos corticis são sensiveis a radiação a

glucocorticóides, sendo que, in vivo, altas doses de corticóides induzem morte apoptótica dos timócitoscorticais.

Inicio da Maturação das Células T no Timo

Durante a maturação das células T, existe uma ordem precisa na qual genes TCR são rearranjados e o

TCR e os co-receptores CD4 e CD8 são expressos:

 

No ratinho, a expressão superficial de TCRγδ  ocorre primeiro, 3 a 4 dias após as células

precursoras chegarem ao timo, e o TCRαβ é expresso 2 ou 3 dias depois;

 

No timo humano fetal, a expressão do TCRγδ começa às 9 semanas de gestação, seguida pela

expressão do TCRαβ às 10 semanas. 

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Os timócitos corticais, que são recém-chegados apartir da medula óssea, contêm genes TCR na sua

configuração da liha germinativa e não expressam TCR, cadeias CD3 ou ξ, ou CD$ ou CD8. Estas células

são designada timócitos duplo-negativos  e esta etapa de maturação é conhecida como a etapa das

células pró-T:

  A maioria dos timócitos duplo-negativos (>90%) dará origem a células T que expressam TCRαβ e

restritas a MHC com CD4 ou CD8;

 

Proteinas Rag-1 e Rag-2 são expressas primeiro nesta etapa e são necessárias para o rearranjode genes do TCR.

Os rearranjos Dβ-Jβ no locus da cadeia β do TCR ocorre primeiro, e envolve a combinação do segmento

de gene Dβ1 com um dos seis segmentos Jβ1 ou combinação do segmento Dβ2 com um dos seis

segmentos Jβ2. Os rearranjos Vβ-DJβ  ocorrem na transição entre a etapa das células pró-T e a

subsequente etapa das células pré-T durante o desenvolvimento das células T αβ. As sequências de

DNA entre os segmentos que sofrem rearranjo, incluindo genes D, J e possivelmente C β1 (se os

segmentos Dβ2 e Jβ2 forem usados), são eliminados durante estes processos de rearranjo formando no

final uma cadeia β funcional. 

Receptor da Célula Pré-T

Se um rearranjo produtivo do genes da cadeia β do TCR ocorrer numa determinada célula pré-T, a

proteina da cadeia β é expressa na superficie em associação com uma proteina invariante designada

pré-Tα e com proteinas CD3 e ξ para formar um receptor da célula pré-T. O pré-TCR medeia a selecção

das células pré-T em desenvolvimento que produtivamente rearranjaram a cadeia β do TCR, pois cerca

de dois terços das células T em desenvolvimento adiciona ou remove bases nas junções de rearranjo

que de um modo não multiplo de três e, assim, esses rearranjos falham na codificação da proteina β do

TCR.

A função do complexo pré-TCR  no desenvolvimento das células T é semelhante à do pré-BCR nodesenvolvimento das células B:

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  Sinais a partir do pré-TCR medeiam a sobrevivência

das células pré-T e contribuem para a expansão

proliferativa durante o desenvolvimento das

células T;

  Os sinais do pré-TCR também iniciam a

recombinação do locus da cadeia α do TCR e dirigea transição a etapa duplo-negativa para a etapa

duplo-positiva do desenvolvimento dos timócitos,

levando também à expressão de CD4 e CD8;

  Estes sinais também inibem o rearranjo seguinte de

locus de cadeia β do TCR limitando a acessibilidade

dos outros alelos à maquinaria de recombinação.

Isto resulta numa exclusão alélica da cadeia β. 

Tal como nas células pré-B, não se sabe qual, se existir, ligando o pré-TCR reconhece. A sinalização do

pré-TCR, tal como a sinalização do pré-BCR, poderá ser iniciada de um modo dependente de ligando e étambém dependente da montagem do complexo pré-TCR. Esta sinalização é mediada por um numero

de cinases citosólicas e proteinas adaptadoras que são conhecidas por também estarem envolvidas na

sinalização do TCR.

A função essencial dos pré-TCR na maturação das células T foi demonstrada por numerosos estudos

com ratinhos mutados geneticamente:

  Em ratinhos deficientes em Rag-1 ou Rag-2, os timócitos não são capazes de rearranjar os genes

das cadeias α e β e falham na maturação após a etapa duplo-negativa. Se um gene β rearranjda

funcionalmente é introduzido nestes ratinhos deficientes como um transgene, a cadeia β

expressa associa-se com pré-Tα para formar um pré-TCR, e a maturação procegue para a etapa

duplo-positiva. Um transgene de cadeia α sozinho não liberta a maturação porque a cadeia β é

necessária para a formação do pré-TCR;

  Ratinhos KO que não apresentam qualquer componente do complexo pré-TCR (i.e., a cadeia β

TCR, pré-Tα, CD3, ξ ou Lck  –  tirosina cinase envolvida na sinalização do TCR e do pré-TCR)

mostram um bloqueio na maturação das células T na etapa duplo-negativa.

Produção de Timócitos Efectores e Expressão do TCR

Na etapa seguinte da maturação das células T, os timócitos expressam CD4 e CD8 e são designados

timócitos duplo-positivos. Células T duplo-positivas também induzem a expressão do receptor CCR7 dequimiocinas, que guia estas células do córtex até à medula, onde quimiocinas especificas para este

receptor são secretadas por células do estroma. A expressão de CD4 e CD8 é essencial para os eventos

de selecção subsequentes:

  O rearranjo dos genes da cadeia α do TCR e a expressão de heterodimeros TCR αβ ocorre na

população CD4+CD8+  duplo-positiva, mesmo antes ou durante a migração dos timócitos do

córtex para a medula;

  Uma segunda onda de expressão de genes Rag no final da etapa pré-T promove a recombinação

do gene α do TCR; 

 

Assim que o rearranjo da cadeia α começa, este procegue por 3 ou 4 dias (em ratinho) até a

expressão de Rag-1 e Rag-2 ser desligada por sinais do TCR αβ durante a selecção positiva. 

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Os passos envolvidos no rearranjo de genes de cadeia α do TCR  são bastante semelhantes aos que

ocorrem durante o rearranjo dos genes de cadeia β do TCR. No entanto, como não existem segmentos

D no locus TCR α, o rearranjo consiste apenas na junção de segmentos V e J:

 

O grande numero de segmentos Jα permite multiplas tentativas de junção V-J produtiva em cada

cromossoma, aumentando assim a probabilidade de um TCR αβ funcional ser produzido;

  Em contraste, com o locus da cadeia β do TCR, onde a produção da proteina e formação do pré-

TCR suprime rearranjos seguintes, existe muito pouca, se nenhuma, exclusão alélica no locus da

cadeia α.

Assim, rearranjos produtivos de cadeias α do TCR poderão ocorrer em ambos os cromossoma e, se isto

acontecer, a célula T irá expressar duas cadeias α.  De facto, cerca de 30% das células T periféricas

expressam dois TCRs diferentes, com diferentes cadeias α mas com a mesma cadeia β. A consequência

funcional desta expressão dual de receptores é ainda desconhecida mas como apenas um é necessário

para a selecção positiva, será possivel que o segundo TCR não apresente qualquer afinidade para MHC

próprio e, assim, não terá função.

A regulação transcripcional do gene de cadeia α ocorre de um modo bastante semelhante à da cadeia

β:

  Existem promotores a 5’ de cada gene Vα  que apresentam baixo nivel de actividade e são

responsáveis por alto nivel de transcrição de células T especificas quando em proximidade com

um enhancer localizado 3’ do gene Cα;

  A incapacidade de rearranjar com sucesso a cadeia α do TCR em cada cromossoma leva a uma

falha na selecção positiva e estes timócitos morrem por apoptose pois não fizeram um rearranjo

produtivo.

A expressão do gene TCR α cedo na etapa duplo-positiva leva à formação do TCRαβ completo, que é

expresso na superficie celular em associação com proteinas CD3 e ξ. A expressão coordenada das

proteinas CD3 e ξ e a montagem de compexos TCR intactos são necessárias para a expressão na

superficie. O rearranjo de genes TCRα resulta na delecção do locus δ que se encontra entre segmentos

V. Como resultado, esta célula não é capaz de se tornar uma célula T γδ. 

A expressão de genes Rag e recombinação seguinte de genes TCR cessa depois desta etapa de

maturação e as primeiras células a expressar TCRs encontram-se no córtex tímico, sendo esta expressão

baixa comparada com células T maduras. Por virtude da sua expressão de complexos TCR completos, as

células duplo-positivas são capazes de responder a antigénio e são sujeitas a selecção positiva enegativa.

Células que sofrem esta selecção com sucesso progridem para se

maturarem em células CD4+  ou CD8+, que são designadas timócitos

single-positivos. Assim, as etapas da maturação das células T podem ser

distinguidas pela expressão de CD4 e CD8. Esta maturação fenotipica é

acompanhada pela maturação funcional:

  Células CD4+  - adquirem a habilidade de produzir citocinas em

resposta à estimulação de antigénio subsequente e expressar

moléculas efectoras (como ligando CD40) que “ajudam” os

linfócitos B e os macrófagos;

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  Células CD8+ - tornam-se capazes de produzir moléculas que matam outras células.

Timócitos single-positivos maduros entram na medula timica e depois deixam o timo para povoarem

tecidos linfáticos periféricos.

Marcadores de Superficie

Apesar dos co-receptores CD4 e CD8 não serem expressos nas fases inicias da etapa duplo-negativo, o

programa de diferenciação progride e é marcado por alterações na expressão de moléculas de

superficie como c-Kit, CD44 e CD25:

  A população de timócitos inicial apresenta c-Kit, o receptor de factores de crescimento para as

células estaminais, e CD44, uma molécula de adesão envolvida no povoamento do timo. CD25, a

cadeia β do receptor de IL-2, também surge cedo na etapa duplo-negativa. Durante este

periodo, as células estão a proliferar mas os genes TCR continuam não rearranjados;

  A célula pára de expressar c-Kit, reduz marcadamente a expressão de CD44, e liga a expressão

de genes Rag-1 e Rag e começa a rearranjar genes TCR;

  A partir daqui, a célula expressa TCR ou pré-TCR, tal como proteinas acessórias do complexo TCR

e também co-receptores.

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Processos de Selecção Durante a Maturação das Células T αβ  

A selecção de células T αβ em desenvolvimento é dependente do reconhecimento do antigénio

(complexos péptido-MHC) no timo e é responsável por preservar células uteis e eliminar aquelas que

podem ser potencialmente perigosas:

 

O reportório de céluls T imaturo, não seleccionado, consiste em células cujo receptor é capaz dereconhecer qualquer péptido antigénico (próprio ou estranho) apresentado por qualquer

molécula MHC (própria ou estranha), mas também podem ser expressos receptores incapazes

de detectar qualquer complexo MHC-antigénio;

  Em todos os individuos, as unicas células T úteis são aquelas especificas para péptidos estranhos

apresentados por moléculas MHC próprias;

  Em todos os individuos, as células T que reconhecem antigénios próprios com alta avidez podem

levar a auto-imunidade.

Assim, os processos de selecção actuam no reportório de células T imaturas para assegurar que apenas

as células uteis completam o processo de maturação. Quando timócitos duplo-positivos primeiroexpressam TCRs αβ, esses receptores encontram péptidos próprios (os unicos péptidos normalmente

presentes no timo) apresentados por moléculas MHC próprias (as unicas moléculas MHC disponiveis

para apresentar péptidos) prinicpalmente nas células epiteliais timicas no córtex mas também em

células dendriticas nesta localização. Esta apresentação pode levar a dois resultados:

 

Selecção positiva – processo no qual timócitos cujo TCR liga com baixa avidez (i.e., fracamente)

a complexos péptido-MHC próprios são estimulados a sobreviver, e timócitos cujos receptores

não reconhecem moléculas MHC próprias são induzidos a morrer por uma via de apoptose

geral. Isto assegura que as células T que maturam são restritas a MHC próprio. Este processo

também fixa a restrição a MHC classe I ou classe II dos subgrupos de células T, assegurando queas células T CD8+ sejam especificas para péptidos apresentados por moléculas MHC classe I e as

células T CD4+ sejam especificas para péptido apresentados por moléculas MCH classe II;

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  Selecção negativa  –  processo no qual timócitos cujos TCRs se ligam foretmente a péptidos

antigénicos próprios em associação com moléculas MHC próprias são eliminados. Isto elimina

células T em desenvolvimento que são altamente autorreactivas contra antigénios próprios que

estão presentes em elevadas concentrações no timo.

O resultado final destes processos de selecção é que o reportório de células T maduras que deixam o

timo é restrito a MHC próprio e tolerante a vários antigénios próprios.

Selecção Positiva de Timócitos: Desenvolvimento da Restrição MHC

A selecção positiva funciona de modo a promover a sobrevivência e expansão selectiva de timócitos

com TCRs restritos a MHC próprio:

 

Timócitos duplo-positivos são produzidos sem

qualquer estimulação antigénica e começam a

expressar TCRs αβ com especificidades

aleatoriamente geradas; 

No córtex timico, essas células imaturas encontram

células epiteliais que apresentam uma variedade de

péptidos próprios ligados a moléculas MHC classe I e

classe II;

  Se o TCR numa célula reconhecer péptidos

apresentados por moléculas MHC classe I e ao

mesmo tempo CD8 interagir com moléculas MHC

classe I, essa célula T recebe sinais que previnem a

sua morte e promovem a sua maturação continuada;

 

Para proceder na via de maturação, a célula T devecontinuar a expressar TCR e CD8 mas pode perder a

expressão de CD4;

  O resultado é o desenvolvimento de uma célula T

CD8+ restrita a MHC classe I.

Um processo inteiramente análogo leva ao desenvolvimento de células T CD4+ restritas a MHC classe II

e qualquer célula T que expressa u TCR que não reconhece uma molécula MHC carregada com péptido

no timo morrerá e será perdida.

Os papeis essenciais das moléculas MHC e da especificdade do TCR na selecção positiva foramestablecidos por uma variedade de linhas experimentais:

  Se um timo de uma estirpe pura for transplantado em animais quiméricos de outra estirpe, as

células T que maturam são restritas ao tipo de MHC apresentado pelo timo. Os timos

tranplantados têm de ser irradiados ou tratados com drogas citotóxicas para matar todos os

macrófagos, células dendriticas e células linfóides residentes originárias da medula óssea. De

novo, células T desenvolvem-se nestes timos, e a sua habilidade para reconhecer antigénios é

restrita a produtos de genes MHC expressos nas células epiteliais timicas e não necessariamente

a produtos de genes expressos nas células extratimicas. Assim, o epitélio timico é o elemento do

hospedeiro critico para selecção positiva (i.e., o desenvolvimento de padrões de restrição MHCdas células T);

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classe I ou classe II para seleccionar positivamente células single-positivo CD8 +  ou CD4+,

respectivamente;

  Em ratinhos transgénicos que expressam TCRs restritos a MHC classe II, as células T que se

desenvolvem são quase exclusivamente CD4+, mesmo havendo numeros normais de timócitos

CD4+CD8+. Inversamente, se um TCR trasngénico é restrito a classe I, as células T que maturam

são CD8+

. Assim, o co-receptor e a especificidade MHC do TCR deverão igualar se um linfócito seestá a desenvolver numa célula T madura.

Para além disto, os péptidos ligados às moléculas MHC  nas células epiteliais timicas têm um papel

essencial na selecção positiva. Estes péptidos associados a MHC nas células apresentadoras de antigénio

timicas provavelmente têm duas funções nas selecção positiva:

  Promovem a expressão estável das moléculas MHC na superficie da célula;

  Influenciam as especificidades das células que são seleccionadas.

Obviamente, o timo não é capaz de conter os antigénios estranhos aos quais um individuo é capaz de

responder. Assim, péptidos estranhos não podem estar envolvidos na selecção positiva de células T quepor fim recenhocerão esses péptidos. No entanto, péptidos próprios são necessários para a selecção

positiva e o papel exacto que têm neste processo foi sujeito de numerosos estudos. 

Para resolver o papel dos péptidos na selecção de células T, foi necessário desenvolver sistemas nos

quais a gama de péptidos apresentados a timócitos em desenvolvimentos era limitada e fácil de

manipular experimentalmente:

  Para a selecção positiva dependente de MHC

classe I, isto foi conseguido pelo o uso de ratinhos

deficientes em TAP-1 ou β2-microglobulina.Nestes ratinhos, as moléculas classe I são

instáveis e não são carregadas com péptidos

citosólicos, mas podem ser carregadas com

péptidos exogenamente adicionados. Se timos de

tais ratinhos forem cultivados sem a adição de

péptidos, poucas celulas maturam. A adição de

péptidos aumenta drasticamente o

desenvolvimento de células T CD8+  single-

positivo, indicando selecção positiva de timócitos

que expressam TCRs restritos a MHC classe I; 

Uma descoberta chave nestas experiências foi que um ou poucos péptidos induziam a selecção

positiva de um grande reportório de células T CD8 +  que podiam potencialmente reconhecer

vários péptidos não relacionados. Contudo, a ausência de péptido era suficiente para gerar um

numero normal de células T maduras. Para além disso, misturas complexas de péptidos

induziam a maturação de mais células T CD8+ do que os péptidos unicos.

A conclusão retirada destas experiências é que:

 

Péptidos ligados a moléculas MHC são necessários para a selecção positiva de células T e alguns

péptidos são melhores que outros no suporte deste processo.

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altas concentrações de péptido para o qual o TCR é especifico. Em todos estes exemplos, existe

um bloqueio da maturação das células T depois do etapa cortical duplo-positiva,

presumivelmente porque timócitos imaturos expressam o TCR transgénico, reconhecem o

antigénios nas células apresentadoras de antigénio e são eliminadas. A delecção de células T

imaturas auto-reactivas ocorre quando o TCR num timócito CD4+CD8+ se liga fortemente a um

péptido próprio apresentado por outra célula timica.

A selecção negativa pode ocorrer tanto na etapa duplo-positiva no cortex e em células T single-positivas

acabadas de gerar na medula. As células apresentadoras de antigénios timicas que medeia a selecção

negativa são principalmente células dendriticas e células epiteliais timicas medulares, enquanto as

células epiteliais corticas são especialmente efectivas na indução da selecção negativa:

  Células T duplo-positivas são levadas para a medula timica pelas quimiocinas especificas CCR7,

as CCL21 e CCL19;

  Na medula, células epiteilais timicas medulares expressam uma proteina nuclear designada AIRE

(regulador autoimune) que induz a expressão de um numero de genes tecido-especificos no

timo, fazendo assim um hospedeiro de péptidos tecido-especificos disponiveis para

apresentação no timo a células T duplo-positivas e single-positivas durante o processo de

selecção negativa.

O factor chave determinante da escolha entre

selecção positiva e negativa é a força de

reconhecimento do antigénio:

 

Baixa avidez leva a selecção positiva;

 

Alta avidez leva a selecção negativa.

As moléculas CD4 e CD8 provavelmente têm um papel na selecção negativa, como têm na selecção

positiva, porque estes co-receptores participam no reconhecimento de moléculas MHC que apresentam

péptidos próprios.

A base celular da selecção negativa no timo é a indução de morte por apoptose  por sinais activos

promotores de morte que são gerados quando o TCR de timócitos imaturos se ligam com alta afinidade

ao antigénio. Isto contrasta com a via de apoptose induzida pela ausência de selecção positiva. A

indução por sinalização do TCR de uma proteina pró-apoptótica designada Bim tem um papel

importante na indução de dano mitocondrial e apoptose de timócitos durante a selecção negativa.

O reconhecimento de antigénios próprios no timo é capaz de gerar também uma população de células T

reguladoras (células T naturalmente reguladoras), cuja função é prevenis reacções autoimunes. Não é

claro como um antigénio próprio causa delecção de algumas células T imaturas e o desenvolvimento de

células T reguladoras a partir de outros timócitos imaturos com a mesma especificidade.

Linfócitos T γδ  

Os timócitos que expressam TCR αβ e γδ são linhagens separadas com um precursor comum. Nos timos

fetais, os primeiros rearranjos de genes TCR envolvem os loci γ e δ e a recombinação destes loci

procegue de um modo semelhante ao observado para os outros genes do outro TCR, apesar da ordem

de rearranjos parecer ser menos rigido do que nos outros loci.

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Células T que expressam funcionalmente cadeias γ e δ não expressam TCRs αβ, e vice versa. A

independência destas linhagens é indicada por várias linhas de evidência:

  Células T maduras que expressam αβ normalmente contêm rearranjos de genes δ com quadro

de leitura errado, indicando que essas células nunca foram capazes de expressar receptores γδ; 

  Ratinhos KO para o gene da cadeia δ do TCR desenvolvem numeros normais de células T αβ e

ratinhos KO para o gene da cadeia β do TCR desenvolvem numeros normais de células T γδ. 

A diversidade do reportório de células T γδ é teóricamente maior que a do reportório de células T αβ,

em parte devido à permissão de junção D-D. Pradoxalmente, contudo, a diversidade actual de TCRs γδ

expressos é limitada porque apenas alguns dos segmentos V, D e J disponiveis são usados nas células T

γδ maduras, por razões desconhecidas. A diversidade limitada faz lembrar a diversidade limitada do

subgrupo B-1 dos linfócitos B e sugere que as células T γδ funcionam como defensores iniciais contra

um numero limitado de micróbios comummente encontrados nas barreiras epiteliais (defesa inata).

Em humanos, menos de 5% das células T apresentam o heterodimero γδ e a percentagem de células T

γδ nos órgãos linfáticos de ratinho apresentam cerca de 1% a 3%. Em adição à sua presença no sangue enos tecidos linfáticos, estas células também aparecem na pele, no epitélio intestinal e no epitélio

pulmonar, constituindo mais de 1% das células da epiderme de pele de ratinho.

As células T δγ caracterizam-se por:

  Não são restritas a MHC;

 

Não expressam os co-receptores CD4 e CD8 presentes nas populações de células T αβ. 

Linfócitos T Naturalmente Assassinos (NK-T Cells)

As células T naturalmente assassinas não são restritas a MHC e nãoreconhecem péptidos apresentados por células apresentadoras de antigénios:

  Expressam TCRs αβ; 

  São restritas a CD1;

  Apresentam uma marcador superficial encontrados nas células

naturalmente assassinas, daí o seu nome.

Os TCRs das células T-NK reconhecem lipidos antigénicos ligados à fenda das

moléculas CD1. As moléculas CD1  são moléculas semelhantes a MHC classe I

feitas de uma cadeia pesada e β2-microglobulina. A cadeia pesada apresenta

uma fenda construida por residuos hidrofóbicos que consegue ligar e apresentar lipidos antigénicos.

Estes lipidos antigénicos podem ser derivados de micróbios endocitados ou de lipidos próprios.

Uma grande quantidade de células T-NK restritas a CD1 apresentam um receptor de células T

invariante, resultante de um unico e esterotipico rearranjo de genes de cadeia α do TCR. para além

disso, as células T-NK secretam citocinas e participam na defesa do hospedeiro, mas são também

relevantes de um ponto de vista regulatório no contexto de auto-imunidade e alergia.

Células T αβ em desenvolvimento a expressar TCRs invariantes serão positivamente selecionados no

córtex timico na etapa duplo-positiva por CD1 e lipidos próprios apresentados na superficie de outros

timócitos corticais. Essas células T-NK selecionadas não expressam CCR7 e, assim, não migram para a

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medula como outras células T αβ convencionais. Estas células recebem instruções para sair do timo e se

alojarem num numero de locais periféricos, principalmente o figado.

Activação dos Linfócitos T

Linfócitos T naive  alojam-se nos órgãos linfáticos secundários, onde podem encontrar antigénios

apresentados por células dendriticas maduras em moléculas MHC classe I ou classe II e serem activados.Isto resulta na expanção da pool de linfócitos especificos para um antigénio e na diferenciação destas

células em linfócitos efectores e de memória:

Proteinas antigénicas que atravessam as barreiras epiteliais são capturadas por células dendriticas

imaturas e transportadas para os nodos linfáticos, e os antigénios que entram no sangue são

capturados pelas células dendriticas e levados para o baço. Se estes patogénios estiverem associados a

PAMPs, como ligandos para os TLRs, as células dendriticas são activadas e induzidas a expressar co-

estimuladores como proteinas B7 na superficie da célula. As células dendriticas que encontraram

micróbios e interanlizaram os seus antigénios começam a maturar e a migrar para as zonas de células T

dos órgãos linfáticos secundários como os nodos linfáticos.

Assim, a partir daqui, o processo de activação das células T ocorre do seguinte modo:

 

As células T naive a as células dendriticas são levadas para as zonas de células T por quimiocinasque activam o receptor de quimiocinas CCR7;

  Quando alcançam estas áreas de células T, as células dendriticas apresentam antigénios em

moléculas MHC e também expressam co-estimuladores que podem fornecer sinais secundários

às células T naive;

  Quando uma célula T naive com a especificidade correcta reconhece antigénios, na forma de

complexos péptido-MHC, e recebe sinais via a interacção de B7 com receptores de co-

estimuladores na célula T, essa célula T naive é activada.

Células T estimuladas por antigénios que receberam o sinal 1 através do receptor de antigénio e o sinal

2 via receptores de co-estimuladores podem ser induzidas a secretar citocinas e a expressar receptoresde citocinas. A citocina interleucina-2 (IL-2) fornece sinais autocrinos a células T activadas, levando à

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expansão de clones especificos para o antigénio, e, em conjunto com outras citocinas produzidas pelas

células T e outras APCs, também estimula a diferenciação das células T em células efectoras e de

memória. Algumas destas células T activadas deixam os órgãos linfáticos onde a activação ocorreu e

entram na circulação. Outras células T CD4+  ficam no órgão linfático, onde ajudam linfócitos B a

diferenciarem-se em plasmócitos.

Depois, as células T efectoras reconhecem antigénios em órgãos linfáticos ou em tecidos não-linfáticosperiféricos e são activados a desempenhar as suas funções efectoras. Estas células são capazes de

migrar para qualquer local de infecção ou inflamação. Aqui, estas células encontram de novo o

antigénio para o qual são especificos e respondem de modo a eliminar a fonte de antigénio:

  As células T efectoras CD4+ subgrupos expressam moléculas membranares e secretam citocinas

que activam (ajudam) macrófagos a matar micróbios fagocitados. Algumas células T CD4+ helper

continuam nos órgãos linfáticos e ajudam células B a diferenciar-se em células que secretam

anticorpos para ligar a antigénios;

  Linfócitos T CD8+  citotóxicos (CTLs), as células efectoras do subgrupos CD8, matam células

infectadas e tumores, células que apresentam antigénios associados a MHC classe I.

As células T de memória são uma população expandida de células T especificas para antigénios que são

capazes de responder rapidamente a antigénios e diferenciar-se em células efectoras que eliminam o

antigénio. Em geral, a activação de células T de memória dependenapenas da ligação do TCR, e sinais

secundários co-estimuladores não são necessários nesta etapa de diferenciação.

A resposta das células T decai depois do antigénio ser eliminado. Este decaimento é importante para

que o sistema imune retome o estado de descanso, ou homeostasia. Isto acontece principalmente

porque a maioria das células T activadas por antigénio morrem por apoptose pois, enquanto o antigénio

é eliminado, os linfócitos são privados de estimulos de sobrevivência que são normalmente fornecidosprlo antigénio e por co-estimuladores e citocinas produzidos durante as reacções inflamatórias ao

antigénio.

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A sequência de eventos nas respostas das células T CD4 + e CD8+ são fundamentalmente semelhantes.

No entanto, existem bastantes diferenças na iniciação e culminação destas respostas.

Activação dos Linfócitos T CD4 +  

A diferenciação dos linfócitos T CD4+  naive em células efectoras da imunidade mediada por células

requer o reconhecimento do antigénio e co-estimulação. A iniciação das respostas imunes mediadaspor células requer que as células T CD4+  e os antigénio que elas reconhecem estejam presentes no

mesmo tecido linfóide ao mesmo tempo. Isto é alcançado pela recirculação de células T naive e pelo

transporte de antigénios para os órgãos linfáticos:

  Células T naive migram do sangue para órgãos linfáticos, de um órgão linfático para outro, e de

novo para o sangue, até que encontrem o antigénio para o qual eles expressam receptores

especificos;

  O antigénio é entregue nos nodos linfáticos pela drenagem linfática e ao baço pelo sangue;

  As células dendriticas têm um papel importante na recolha de antigénios nos locais de infecção

e na migração através dos vasos linfáticos até aos nodos linfáticos. Durante a sua migração paraos nodos linfáticos, as células dendriticas maturam e tornam-se eficientes células

apresentadoras de antigénios (APCs).

Depois, a activação das células T CD4+  naives requer a apresentação de antigénios pelas células

dendriticas. Assim que se encontram nos nodos linfáticos, as células dendritica apresentam péptidos

derivados de proteinas antigénicas endocitadas em associação com moléculas MHC classe II a células T

CD4+ naive:

  Reacções imunes mediadas por células T CD4+  são elicitadas por proteinas antigénicas de

micróbios extracelulares que são ingeridos pelas células dendriticas, ou por proteinasantigénicas soluveis que são administradas com adjuvates, no caso das vacinações, e recolhidas

pelas células dendriticas;

  Estes antigénios microbianos ou soluveis são internalizados em vesiculas pelas células

dendriticas e apresentadas em associação com moléculas MHC classe II.

Alguns quimicos introduzidos atraves da pele também elicitam reacções de células T, deignadas

“contact sensitivity reactinos”. Acredita-se que estes quimicos se ligam e modificam proteinas próprias,

criando novos determinantes antigénicos que são apresentados a células T CD4+ ou CD8+.

Em adição à apresentação de antigénios, as células dendriticas respondem a estruturas microbianas

pela expressão de altos niveis de co-estimuladores, como proteinas B7-1 e B7-2, que fornecem sinais

secundários para a activação de células T, e pela secreção de citocinas como IL-2, que estimula a

deiferenciação de células T. Os sinais co-estimuladores são geralmente essenciais para a activação e

diferenciação das células T CD4+, sendo as CD8+ menos dependentes.

A proliferação das células T em resposta ao reconhecimento do antigénio é mediada principalmente por

uma via de crescimento autocrina, na qual a célula T que responde secreta as sua citocinas promotoras

do crescimento e também exprime receptores superficiais para essas citocinas. O principal factor de

crecimento autocrino da maior parte das células T é a IL-2:

 

A produção de IL-2 e a expressão de receptores de alta afinidade para a IL-2 requer oreconhecimento do antigénio por células T especificas tal como co-estimulação;

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  Assim, as células que reconhecem antigénios produzem IL-2 e também respondem

preferencialmente a esta citocina, assegurando que as células T especificas para o antigénio são

as que mais proliferam.

O resultado da proliferação de células T naive é a expansão clonal, que gera a partir de uma pequena

pool de linfócitos naive especificos o grande numero de células necessária para eliminar o antigénio.

Estes numeros decaem rapidamente enquanto o antigénio é eliminado e, depois da resposta imune

retroceder, o numero de células de memória sobreviventes especificas para o antigénio é na ordem de

1 em 104.

Enquanto os antigénios são eliminados, várias células T activadas morrem por apoptose, fornecendo

assim um mecanismo homeostático que leva o sistema imune ao seu estado basal de descanso depois

na infecção ser eliminada. Algumas das células T que proliferaram diferenciam-se em células efectoras e

outra progenia de linfócitos T estimulados por antigénios diferenciam em células de memória, que

apresentam grande tempo de vida e respondem rapidamente a antigénios.

Activação das Células T CD8 +  

A activação de células T CD8+ naive também requer reconhecimento de antigénios e sinais secundários,

mas a natureza dos sinais secundários é diferente da das células CD4+. Para serem estimuladas a se

proliferar e diferenciar em CTLs efectoras, células T CD8 + naive devem reconhecer péptidos antigénicos

associados a MHC classe I e também encontrar co-estimuladores nas APCS ou sinais fornecidos pelas

células T helper.

As células dendriticas também têm um papel importante na activação de células T CD8+ naive:

  A resposta das células T CD8+  é elicitada por péptidos microbianos que estão presentes no

citosol de células infectadas e são apresentados por moléculas MHC classe I. Os micróbios queproduzem antigénios citosólicos são tipicamente virus, que expressam proteinas no citoplasma

de células infectadas;

  As células T CD8+ têm de responder também a algumas bactérias fagocitadas e virus se esses

micróbios ou suas proteinas antigénicas forem transportadas para fora dos fagossomas para o

citosol.

  Células dendriticas que expressam esses antigénios citosólicos são capazes de activar células T

CD8+ naives, do mesmo modo que iniciam as respostas das células T CD4+ 

Contudo, a indução da resposta das células T CD8 + tem um problema especial porque o antigénio que

estas células reconhecem pode ser poduzido num tipo de célula que não é uma APC profissional e não é

capaz de activar células T naive. De modo a iniciar a resposta, o antigénio tem acesso à via MHC classe I

das células dendriticas. As células dendriticas têm a especial habilidade de capturar e ingerir células

infectadas por virus ou tumorais, e apresentar os antigénios virais ou tumorais a células T CD8+ naives:

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  Nesta via, os antigénios ingeridos são transportados das vesiculas para o citosol, donde os

péptidos entram na via classe I, uma caracteristica unica das células dendriticas e designada de

apresentação cruzada.

A activação completa das células T CD8+  e a sua diferenciação em CTLs funcionais pode requerer a

participação de células TH CD4+. Isto é, as células TH fornecem “sinais secundários” às células T CD8+. O

requerimento de células TH pode variar de acordo com o tipo de exposição do antigénio:

  No cenário de uma resposta imune inata forte a um micróbio, se APCs profissionais estão

directamente infectadas pelo micróbio, ou se a apresentação cruzada de antigénios microbianos

é eficiente, a ajuda das células TH CD4+ pode não ser necessária;

 

Células TH CD4+ podem ser necessárias para a resposta das CTLs a infecções de virus latentes,

transplantes de órgãos, e tumores, sendo que todos tendem a gerar reacções imunes inatas

fracas.

As células TH podem promover a activação de células T CD8+ através de vários mecanismos:

  Células TH podem secretar citocinas que estimulam a diferenciação de células T CD8+;

  Células TH  estimuladas por antigénios expressam um membro da familia de TNFs designado

ligando CD40 (CD40L), que se liga a CD40 nas APCs e activa estas APCs a serem mais eficientes

na estimulação da diferenciação de células T CD8+.

Os efeitos das células TH parecem ser principalmente na diferenciação de células CD8+ em células de

memória mais funcioanis, e menores nas expansão clonal inicial e no desenvolvimento inicial das CTLs.

Antes da exposição ao antigénio, a frequência de células T CD8+  naives especificas para qualquer

antigénio de 1 em 105 a 106  linfócitos. A seguir à exposição ao antigénio, o numero de células T CD8+ 

especificas para esse antigénio aumenta para mais de 1 em 10.

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Estudos em ratinhos revelaram uma grande expansão não esperada de células T CD8+ durante a fase

aguda de infecções com micróbios intracelulares. Apesar de ter sido mais dificil quantificar a expansão

de células T CD4+ estimulada por antigénios, ela parece ser muito menor à expansão clonal das células

T CD8+:

  Isto seria de esperar, porque CTLs CD8+  desempenham as suas funções efectoras atacando

directamente células infectadas, enquanto células TH  CD4+  unicas secretam citocinas que

activam várias células efectoras como macrófagos e, assim, um numero bastante maior de CTLs

são necessárias para a imunidade protectiva.

Várias citocinas funcionam como factores de crescimento para dirigir a expansão clonal das células T

CD8+. Estas incluem IL-12, IL-15 e IL-7.

Papel dos Co-estimuladores na Activação das Células T

A proliferação e diferenciação das células T naive requer sinais fornecidos por moléculas nas APCs,

desigandas co-estimuladores, em adição a sinais induzidos por antigénios:

  O sinal secundário para a activação das células T é designada co-estimulação porque funciona

em conjunto com o antigénio para estimular a célula T;

  Na ausência de co-estimulação, as células T que encontram antigénios não respondem e

morrem por apoptose ou entram num estado de anergia.

A via co-estimulatória melhor caracterizada na activação das células T envolve a molécula de superficie

CD28 das células T, que se liga às moléculas co-estimulatórias B7-1 (CD80) e B7-2 (CD86) expressas em

APCs activadas:

 

CD28  fornece sinais que aumentam as respostas das células T a antigénios, incluindo

sobrevivência celular, produção de citocinas como IL-2 e diferenciação de células T naive em

células efectoras e de memória;

  B7-1 e B7-2  são estruturalmente semelhantes a glicoproteinas de cadeia unica integrais da

membrana, cada com dois dominios Ig-like extracelulares, apesar de na superficie celular a B7-1

existir como dimero e B7-2 como um monómero. As moléculas B7 são expressas principalemntenas APCs, incluindo células dendriticas, macrófagos e linfócitos B. Estão ausentes ou são

expressas em baixos niveis em APCs em descanso e são indusidas por vários estimulos.

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O papel essencial dos co-estimuladores B7 na activação das células T foi estabelecido por vários tipos

de experiências:

  In vitro, populações purificadas de células T CD4+ respondem a antigénios secretando citocinas e

proliferando quando o antigénio é apresentado pelas APCs que expressam moléculas B7 mas

não quando o antigénio é apresentado por APCs que não expressam B7. Um anticorpo

inactivador que se liga a CD28 é capaz de fornecer um sinal so-estimulador artificial e induzir as

respostas das células T mesmo quando as APCs não apresentam moléculas B7;

  Se uma população de células T CD4+ é cultivada com agentes que fazem cross-linking com TCR,

como anticorpos anti-CD3, as células T produzem muito poucas citocinas e não proliferam. De

novo, se um sinal so-estimulador adicional é fornecido por anitcorpos que se ligam a CD28, a

célula T é capaz de responder. O sinal co-estimulatório fornecido pelo anticorpo anti-CD28 na

ausência de sinal TCR não induz por si só a reposta das células T;

  Ratinhos KO que não apresentam B7-1 e B7-2 são deficientes em respostas dependentes de

células T à imunização com proteinas antigénicas.

A expressão de co-estimuladores é regulada e assegura que as respostas dos linfócitos T são iniciadas

no momento e local adequado:

  A expressão de co-estimuladores B7 é aumentada por produtos microbianos que se ligam a TLRs

e por citocinas como IFN-γ produzidas durante as reacção imunes inatas a micróbios. A indução

de co-estimuladores por micróbios e por citocinas da imunidade inata promove as respostas das

células T a antigénios microbianos;

 

Em adição, células T activadas expressam CD40L na sua superficie, que se liga a CD40 expresso

nas APCs e fornece sinais que aumentam a expressão de co-estimuladores B7 nas APCs.

De todas a potenciais APCs, as células dendriticas maduras expressam o niveis mais elevados de co-estimuladores e, como resultado, são os estimuladores mais potentes de células T naive (que são

completamente dependentes da co-estimulação para activação). Os adjuvantes têm como papel

estimular a expressão de co-estimuladores nas APCs e a ausência de co-estimuladores em APCs não

activadas nos tecido normais contribui para a manutenção de tolerância a antigénios próprios. como

tais APCs tecidulares são capazes de apresentar antigénios próprios a células T, a falta de expressão de

co-estimuladores assegura que células T potencialmente auto-reactivas são sejam activadas e se

tornem anérgicas.

Células T efectoras e de memória anteriormente activadas são menos dependentes da co-estimulação

pela via B7:CD28 que as células naive. Esta propriedade das células efectoras e de memória permite queelas respondam a antigénios apresentados por várias APCs que possam residir em tecidos não-linfóides

e que expressam menores niveis de B7. Assim, a diferenciação de células T CD8 +  em CTLs efectoras

requer co-estimulação mas CTLs efectoras são capazes de matar outras células que não expressam co-

estimuladores.

Uma função essencial da via B7:CD28 é a produção de células T reguladoras:

  Células T reguladoras são células T CD4+CD25+ que são capazes de suprimir a função das células

T efectoras;

 

Uma grande proporção destas células desenvolvem-se no timo e são conhecidas como células Tnaturalmente reguladoras;

 

O desenvolvimento de células T naturalmente reguladoras requer B7 e CD28.

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O mecanismo bioquimico pelo qual interacções CD28:B7 promovem a activação das células T é

incompletamente conhecido:

  Sinais mediados por CD28 aumentam a produção de citocinas, especialmente o factor de

crescimento de células T autócrino IL-2. Isto ocorrerá por uma combinação de transcrição

aumentada e estabilização do mRNA de IL-2;

  Ainda, sinais CD28 promivem a sobrevivência de células T, em parte por aumento da expressão

da proteina anti-apotótica Bcl-x.

A via CD28:B7 de co-estimulação é o protótipo de uma familia muito maior de receptores e ligando que

funcionam para estimular e inibir as células T.

  Uma proteina designada ICOS  (co-estimulador induzivel) é homólogo do CD28 e deve o seu

nome ao facto de ser induzido nas células T após a activação. O ligando para ICOS é homólogo

de B7-1 e B7-2. ICOS parece ser particularmente importante na estimulação da produção de

certas citocinas, notavelmente IL-10, e na activação de células T efectoras previamente

diferenciadas;

  Uma proteina designada CTLA-4 (CD152) é também homóloga do CD28, liga-se a B7-1 e B7-2, e

é expressa em células T activadas. As contrário do CD28, CTLA-4 funciona para terminar as

respostas das células T e tem um papel importância da auto-tolerância e se for inibido a

resposta das células T não termina.

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Para elém desta via, a interacção de CD40L nas células T com

CD40 nas APCs melhora a activação das células T. Isto ocorre

porque o compromisso de CD40 nas APCs activa as APCs para as

tornar mais potentes, talvez por aumentar a expressão de

moléculas B7 e a secreção de citocinas como IL-2, que promove

a diferenciação das células T. Assim, a via CD40  amplificaindirectamente as respostas das células T e não funciona como

uma via de co-estimulação por si só:

  Células T naive são activadas por complexos péptido-

MHC em APCs previamente activadas por PAMPs em

TLRs;

 

O reconhecimento do antigénio pelas células T em

conjugação com a activação de CD28 induz a expressão

de ligando CD40 (CD40L) nas células T activadas;

 

CD40L liga-se a CD40 nas APCs e estimula a expressão demoléculas B7 e a secreção de citocinas que activam as

células T;

 

Assim, CD40L nas células T torna as APCs melhor APCs e

as vias B7 e CD40 estimulam-se mutuamente.

Muitas outras moléculas superficiais das células T, incluindo CD2 e integrinas, fornecem sinais co-

estimulatórios in vitro, mas o seu papel fisiológico em ratinhos e humano é menos claro.

Tradução do Sinal pelo Complexo TCR

As vias de sinalização das células T activam coordenadamente a transcrição de genes que sãosilenciosos nas células naive e cujos produtos medeiam as respostas e funções das células T activadas. O

reconhecimento do antigénio pelo TCR inicia uma sequência de sinais bioquimicos nas células T que

resulta na activação transcripcional de genes particulares e a entrada das células no ciclo celular. Estes

genes exprossos nas células T depois do reconhecimento do antigénio codificam várias proteinas que

medeiam as respostas biológicas destas células.

Várias caracteristicas gerais importantes da tradução do sinal das células T estão já establecidas:

 

A activação das células células T involve a integração de sinais a partir de multiplos receptores –  o TCR fornece especificidade e os receptores de citocinas e co-estimuladores têm papeis

importantes na expansão clonal e diferenciação;

Factor de Transcrição

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  As respostas bioquimicas iniciais ao reconhecimento do antigénio consiste num agrupamento

de co-receptores com o receptor do antigénio e a fosforilação de tirosinas de motivos ITAM  – 

o TCR não apresenta actividade enzimática intrinseca mas está associado com com o complexo

de proteinas CD3 e ξ que ligam enzimas e contêm ITAMs. A fosforilação de tirosinas nos ITAMs

inicia a tradução de sinal e a activação a jusante de tirosina cinases, que por sua vez fosforilam

residuos de tirosina noutras proteinas adpatadoras. Os eventos subsequentes na tradução desinal são gerados por recrutamento especifico de enzimas chave sendo que cada uma inica vias

de sinalização a jusante distinctas;

  Sinais a partir do receptor de antigénio activam coordenadamente um numero de vias

bioquimicas importantes sendo as mais importantes a via das Ras-MAP cinase, a via da

proteina cinase C (PKC) e a via de cálcio-calcineurina  – a activação destas enzimas ocorre em

minutos após o reconhecimento do antigénio. As enzimas activadas em cada uma destas vias

induzem a expressão de de vários genes nas células T, um processo de leva várias horas.

Formação da Sinapse Imunológica

Quando o complexo TCR reconhece péptidos associados a MHC numa APC, várias moléculas da

superficie das células T e moléculas de sinalização intracelulares são rapidamente mobilizadas para o

local de contacto APC-célula T. Esta região é designada sinapse imunológica, ou cluster supramolecular

de activação (SMAC):

 

As moléculas das células T que se rapidamente mobilizadas para o centro da sinapse incluem o

complexo TCR (o TCR e as cadeias CD3 e ξ), os co-receptores CD4 ou CD8, receptores para co-estimuladores (como CD28), enzimas como PKC-θ e proteinas adpatadoras que se associam com

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as caudas citoplasmáticas dos receptores transmembranares. Nesta porção da sinapse,

designada c-SMAC (para cluster supramolecular de activação central), a distância entre a

membrana plasmática da célula T e a da APC é cerca de 15 nm;

  As integrinas ficam na periferia da sinapse, onde funcionam para estabilizar a ligação da célula T

com a APC, formando uma porção periférica da SMAC designada  p-SMAC . Nesta parte da

sinapse, as duas membranas estão a uma distância de cerca de 40 nm.

Várias moléculas de sinalização encontradas nas sinapses estão localizadas em regiões da membrana

plasmática que apresentam um conteudo lipidico diferente do resto da membrana e que são

designadas jangadas lipidicas (lipid rafts) ou micro-dominios enriquecidos em glicolipidos e colesterol.

A sinalização do TCR e dos receptores co-estimuladores é iniciada nestas jangadas e induzem rearranjos

do citoesqueleto que permitem que as jangadas se fundam e formem a sinapse imunológica. É devido à

composição destas jangadas que os vários componentes membranares da interacção de podem mover

na membrana.

As sinapses imunológicas podem ter várias funções durante e depois da activação da célula T:

c-SMAC

p-SMAC

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  Apesar da tradução de sinal do TCR ser iniciada antes da formação da sinapse e ser necessária

para a formação da sinapse, a sinapse imunológica por si só é capaz de fornecer uma interface

unica para o desencadeamento do TCR. A activação da célula T necessita de ultrapassar os

probelmas de uma geralmente baixa afinidade dos TCRs para ligandos péptido-MHC e a

presença de poucas moléculas MHC a apresentar qualquer péptido numa APC. A formação da

sinapse ultrapassa estes problemas. A sinapse representa um local no qual activações repetidasdos TCRs podem ser sustentadas com este baixo numero de complexos péptido-MHC na APC,

facilitando assim a sinalização prolongada e efectiva da célula T;

  A sinapse assegura a entrega especifica de granulos secretórios e sinais apropriados a APCs ou

alvos. A entrega vectorial de granulos secretórios contendo perforina e granzimas pelas CTLs a

células alvo ocorre na sinapse. De modo semelhante, interacções CD40L-CD40 são facilitadas

pela acumulação destas moléculas na sinapse imunológica. Algumas citocinas são também

secretadas de um modo directo na fenda sináptica;

 

A sinapse é um local importante para o turnover de moléculas de sinalização, principalmente

por ubiquinação e entrega em endossomas tardios e lisossomas. Esta degradação de proteinas

sinalizadoras podem contribuir para a terminação da activação das células T.

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MECANISMOS EFECTORES DASRESPOSTAS IMUNES

 A S C I T O C I N A S

As Citocinas

As citocinas são proteinas secretadas pelas células da imunidade inata e dapatativa que mediam muitas

das funções destas células:

 

São produzidas em resposta a micróbios e outros antigénios, e diferentes citocinas estimulamdiversas respostas de células envolvidas na imunidade e inflamação;

  Na fase de activação das respostas imunes adaptativas, as citocinas estimulam o crescimento e

diferenciação de linfócitos, e na fases efectoras da imunidade inata e adaptativa activam

diferentes células efectoras para que estas eliminem micróbios e outros antigénios;

  As citocinas também estimulam o desenvolvimento de células hematopoiéticas;

 

As citocinas são importantes como agentes terapeuticos e como alvos de antagonistas

especificos em várias doenças imunes e inflamatórias.

A nomenclatura das citocinas baseia-se normalmente nas suas fontes celulares:

 

Monocinas – designação original das citocinas produzidas por fagócitos mononucleares;

  Linfocinas – designação original das citocinas produzidas por linfócitos;

  Interleucinas – citocinas que são produzidas por uns leucócitos (e.g., macrófagos ou células T) e

que actuam noutros leucócitos.

Com o desenvolvimento de anticorpos anti-citocinas e de sondas moleculares, tornou-se claro que a

mesma proteina pode ser sintetizada por linfócitos, monócitos e por uma variedade de células

tecidulares, incluindo células endoteliais e algumas células epiteliais. Assim, o termo genérico citocina é

o nome preferido para esta classe de mediadores.

Por outro lado, o termo interleucina  é imperfeito porque muitas citocinas que são sintetizadas apenaspor leucócitos e que actuam apenas em leucócitos não são designadas interleucinas, por razões

históricas, enquanto muitas citocinas designadas de interleucinas são produzidas ou actuam noutras

células para além dos leucócitos. Todavia, o termo tem tido sucesso porque enquanto novas citocinas

são molecularmente caracterizadas, é-lhes atribuido um numero interleucina (IL) (e.g., IL-1, IL-2, e por ai

fora) para manter a nomenclatura standard.

Propriedades Gerais das Citocinas

As citocinas são polipeptidos produzidos em resposta a micróbios e outros antigénios que medeiam e

regulam as reacções imunes e inflamatórias.

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Apesar das citocinas serem estruturalmente diversas, elas partilham várias propriedades:

1.  A secreção de citocinas é um evento breve e limitado. As citocinas não são normalmente

armazenadas e a sua sintese é iniciada por transcrição de genes como resultado da activação

celular. Tal activação da transcrição é transiente e os mRNAs que codificam as citocinas são

instáveis, de modo que a sintese de citocinas é transiente. A produção de algumas citocinasdeve ser adicionalmente controlada por processamento de RNA e por mecanismos pós-

tradução, como libertação proetolitica de um produto activo de um precursor inactivo. O

processamento proteolitico é importante, por exemplo, na produção de TNF, IL-1 e TGF-β 

activos. Quando sintetizadas, as citocinas são rapidamente secretadas, resultando numa

explosão quando necessárias;

2. 

As acções das citocinas são muitas vezes pleiotrópicas e redundantes. O pleitotropismo refere-

se à habilidade de uma citocina actuar em diferentes tipos de células. Esta propriedade permite

que a citocina medeie diversos efeitos biológicos, mas limita altamente o uso terapeutico das

citocinas porque a administração de uma citocina para um efeito clinico desejado pode resultarem muitos efeitos indesejados. A redundância refere-se à propriedade de multiplas citocinas

apresentarem os mesmos efeitos funcionais. Devido a esta redundância, antagonistas contra

uma unica citocina ou mutação de um gene de citocina não terão consequências funcionais, pois

outras citocinas irão compensar;

3.  As citocinas muitas vezes influenciam a sintese e a acção de outras citocinas . A habilidade de

uma citocina estimular a produção de outras leva a casacatas nas quais uma segunda ou terceira

citocina mediarão os efeitos biológicos da promeira. Duas citocinas podem antagonizar a acção

de ambas, produtir efeitos adaptativos, ou, em alguns casos, produzir efeitos maiores que os

antecipados ou sinérgicos;

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4. 

As acções das citocinas podem ser locais ou sistémicas. A maior parte das citocinas actuam

próximo do local onde são produzidas, tanto na célula que a secreta (acção autócrina) ou numacélula vizinha (acção parácrina). As células T muitas vezes secretam citocinas no local de

contacto com as APCs, na sinapse imunológica. Esta pode ser a razão do facto das citocinas

muitas vezes actuarem em células que estão em contacto com os produtores de citocinas.

Quando produzidas em grandes quantidades, as citocinas podem entrar na circulação e actuar

num local distante do local de produção (acção endócrina). O TNF é um exemplo de uma

citocina que tem efeitos sitémicos e locais importantes;

5. 

As citocinas iniciam as suas acções ligando-se a receptores membranares especificos nas

células alvo. Os receptores para as citocinas ligam os seus ligandos com altas afinidades, com

constantes de dissociação entre 10-10-10-12  (os anticorpos tipicamente ligam os antigénio com10-7-10-11 e os TCRs ligam péptidos associados a MHC com 10-5-10-7). Assim, apenas pequenas

quantidades de uma citocina são necessárias para ocupar os receptores e provocar uma

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resposta biológica. A maior parte das células expressa baixos niveis de receptores de citocinas

(na ordem dos 100-1000 receptores por célula), mas estes são adequados para induzir

respostas;

6. 

Sinais externos regulam a expressão de receptores de citocinas e, assim, a resposta das células

às citocinas. Por exemplo, a estimulação de células B ou T por antigénios leva a uma maior

expressão de receptores de citocinas. Por esta razão, durante uma resposta imune, os linfócitos

especificos para antigénios são quem responde preferencialmente às citocinas secretadas. Esteé um mecanismo para a manutenção da especificidade das respostas imunes, apesar da

citocinas não serem especificas para os antigénios. A expressão dos receptores é também

regulada pelas citocinas por si só, incluindo a mesma citocina que liga o receptor, permitindo a

amplificação positiva ou o feedback negativo;

7.  As respostas celulares da maior parte das citocinas consistem em alteraçõs na expressão de

genes nas células alvo, resultando na expressão de novas funções e, por vezes, na proliferação

das células alvo. Muitas das alterações na expressão de genes induzidas pelas citocinas resulta

na diferenciação dos linfócitos T e B e na activação de células efectoras como os macrófagos.

Por exemplo, as citocinas estimulam o switch de isotipos de anticorpos nas células B, adiferenciação de células TH em subgrupos TH2 e TH1, e a activação de mecanismos microbicidas

na fagocitose. Excepções são as quimiocinas, que elicitam alterações rápidas na afinidade das

integrinas e na reorganização do esqueleto que favorecem a migração, e uma citocina designada

TNF, que é capaz de induzir a apoptose activando enzimas celulares, sem transcrição de novos

genes ou sintese proteica;

8. 

As respostas celulares às citocinas são fortemente reguladas, e existem mecanismos de

feedback inibitórios para terminar essas respostas. Estes mecanismos incluem a indução pelas

citocinas de genes que codificam inibidores dos receptores de citocinas ou das vias de

sinalização a jusante activadas pelos recepotres. Os inibidores incluem receptores “armadilha”

de citocinas expressos na superficie celular, moléculas que bloqueiam interacções entre cinases

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Joana Maria Soares Pereira 201

sinalizadoras, fosfatases que contra-atacam os efeitos cinases activadoras, e moléculas que

bloqueiam interacções produtivas de factores de transcrição induzidos por citocinas com o DNA.

Categorias Funcionais das Citocinas

As citocinas podem ser classificadas em três categorias funcionais principais com base nas suas acções

biológicas principais:

1. 

Mediadoras e reguladoras da imunidade inata  –  produzidas principalmente por fagócitos

mononucleares em resposta a agentes infecciosos. PAMPs, como o LPC e DNA de cadeia dupla

viral, ligam-se a TLRs na superficie das células ou nos endossomas dos macrófagos e estimulam

a sintese e secreção de algumas das citocinas importantes da imunidade inata. As mesmas

citocinas podem também ser secretadas por macrófagos que são activados por células T

estimuladas por antigénios (i.e., como parte da imunidade adaptativa mediada por células). A

maior parte dos membros deste grupo de citocinas actuam em células endoteliais e leucócitos

para estimular as reacções inflamatórias iniciais aos micróbios, e alguns funcionam para

controlar estas respostas. As células naturalmente assassinas e as células T naturalmenteassassinas também produzem citocinas durante as reacções imunes inatas;

2. 

Mediadoras e reguladoras da imunidade adaptativa  – produzidas principalmente por linfócitos

T em resposta ao reconhecimento especifico de antigénios estranhos. Algumas citocinas das

células T funcionam principalmente para regular o crescimento e diferenciação de várias

populações de linfócitos e, assim, têm um papel importante na fase de activação das respostas

imunes dependentes de células T. Outras citocinas derivadas das células T recrutam, activam e

regulam células efectoras especializadas, como fagócitos mononucleados, neutrófilos e

eosinófilos, para que estes eliminem antigénios na fase efectora das respostas imunes

adaptativas;

3.  Estimuladoras da hematopoiese  –  produzidas pelas células do estroma da medula óssea,

leucócitos e outras células e estimulam o crescimento e diferenciação de leucócitos imaturos.

Caracteristicas Imunidade inata Imunidade adaptativa

Exemplos TNF, IL-1, IL-12, IFN-γ* IL-2, IL-4, IL-5, IFN-γ 

Principal fonte celular Macrófagos, células NK Linfócitos T

Prinicpais funções

 fisiológicas

Mediadores da inflamação (local e

sistémica)

Regulação do crescimento e

diferenciação dos linfócitos; activação

de células efectoras (macrófagos,

eosinófilos, mastócitos)

Estimulo

LPS (endotoxina), peptidoglicanos

bacterianos, RNA viral, citocinas

derivadas das células T (IFN-γ)

Proteinas antigénicas

Quantidade produzida Pode ser elevada; detectavel no soroGeralmente baixa; not«rmalmente não

detectavel no soro

Efeitos locais ou

sistémicosAmbos Normalmente apenas local

Papel em doençaDoenças sistémicas (e.g., choque

séptico)

Dano tecidular local (e.g, inflamação

granulomatosa)

Inibidores Corticosteróides Ciclosporina, FK-506

*O IFN-γ tem papeis importantes na imunidade inata e adaptativa.

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Joana Maria Soares Pereira 202

Em geral, as citocinas da imunidade inata e adaptativa são produzidas por diferentes populações de

células e actuam em diferentes células alvo. Contudo, estas distinções não são absolutas porque a

mesma citocina pode ser produzida durante reacções da imunes inatas e adaptativas, e diferentes

citocinas produzidas durante tais reacções podem ter acções sobrepostas.

Receptores das Citocinas e Sinalização

Todos os receptores de citocinas consistem numa ou mais

proteinas transmembranares cujas porções extracelulares

são responsáveis pela ligação às citocinas e cujas porções

citoplasmáticas são responsáveis pela iniciação das vias de

sinalização intracelulares:

  Estas vias de sinalização são tipicamente activadas

pelo agrupamento do receptor induzido pelo ligando,

aproximando as porções citoplasmáticas de duas ou

mais moléculas de receptor num processo análogoao da sinalização dos receptores de antigénios das

células B e T.

Existem vários critérios pelos quais os receptores de

citocinas são classificados. A classificação mais usada é feita

com base nas homologias estruturais dos dominios

extracelulares de ligação às citocinas e mecanismos de

sinalização intracelulares partilhados.

Assim, de acordo com esta classificação, os receptores de citocinas podem ser divididos em várias

familias:

1. 

Receptores de citocinas do tipo I – também designados receptores hemopoietina, contêm uma

ou mais cópias de um dominio com dois pares de residuos de cisteina conservados e uma

sequência próxima da membrana de triptofano-serina-X-triptofano-serina (WSXWS), onde X

pode ser qualquer aminoácido:

 

Ligam tipicamente citocinas que têm uma estrutura secundária de quatro α-hélices,

designadas citocinas do tipo I. As caracteristicas conservadas dos receptores formam

estruturas que ligam citocinas com estrutura secundária em quatro α-hélices, mas a

especificidade para citocinas individuais é determinada por residuos de aminoácidos que

variam entre receptores;

  Consistem em cadeias unicas de ligação ao ligando e uma ou mais cadeias de transdução

do sinal, que são normalmente partilhadas por receptores para diferentes citocinas.

Todos os receptores de citocinas do tipo I usam vias de sinalização Jak-STAT que

induzem a transcrição de novos genes;

2.  Receptores de citocinas do tipo II  – são semelhantes aos receptores do tipo I em virtude dos

dois dominios extracelulares como cisteinas conservadas, mas não contêm o motivo WSXWS.

Estes receptores consistem numa cadeia polipeptidica de ligação ao ligando e uma cadeia de

transdução do sinal. Todos os receptores de citocinas do tipo II usam vias de sinalização Jak-STAT;

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3. 

Receptores da familia IL-1 – partilham sequências citosólicas conservadas, designadas dominios

Toll-like/IL-1 receptor (TIR) e usam vias de transdução do sinal semelhantes e que induzem a

transcrição de novos genes;

4. 

Receptores de TNF – são parte de uma grande familia de proteinas (algumas não são receptores

de citocinas) com dominios extracelulares triméricos conservados ricos em cisteinas, emecanismos de sinalização intracelulares partilhados que induzem a apoptose ou estimulam a

expressão de genes;

5. 

Receptores α-helicais com sete dominios membranares  – são também designados receptores

serpentina, porque os seus dominios transmembranares atravessam para trás e para a frente a

membrana, e receptores acoplados a proteinas G, porque as suas vias de sinalização enfovem

proteinas de ligação ao GTP (proteinas G). O genoma dos mamiferos codifica muitos destes

receptores envolvidos em vários tipos de respostas ceulares. No sistema imune, membros desta

classe de receptores medeiam respostas rápidas e transientes a quimiocinas e vários

mediadores inflamatórios diferentes.

Os membros de uma familia definida pelos dominios extracelulares normalmente usam vias de

sinalização semelhantes, mas podem existir excepções. No entanto, os principais mecanismos de

transdução do sinal usados pelos receptores de citocinas podem ser resumidos na seguinte tabela:

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Joana Maria Soares Pereira 204

Via de transdução do sinal Receptores de citocinas Mecanismo de sinalização

Via Jak-STAT Receptores de citocinas tipo I e tipo IIFosforilação e activação dos factores de

transcrição STAT mediadas por Jak

Sinalização do receptor de

TNF por TRAFs

Familia de receptores de TNF: TNR-

RII, CD40

Ligação das proteinas adaptadoras da

familia TRAF, activação de factores de

transcrição

Sinalização do receptor de

TNF por dominios de morte

Familia de receptores de TNF: TNF-

RI, Fas

Ligação de proteinas adaptadoras dafamilia de dominios de morte, activação

das caspases

Via dominio TIR/IRAK Receptores de IL-1 e IL-18

Ligação de cinases da familia IRAK a

dominios TIR, activação de factores de

transcrição

Receptores associados a

cinases

Receptor de TGF-β, receptor de M-

CSF, receptor de factor stem cell

Actividade cinase intrinseca no receptor,

activação de factores de transcrição

Sinalização de proteinas G Receptores de quimiocinas

Torca de GTP e dissoação de Gα-GTP de

Gβγ, Gα-GTP activa várias enzimas

celulares

 Antagonistas de Citocinas

Já foi reportado um numero de proteinas que inibem a actividade biológica das citocinas . Estas

proteinas actuam por um de dois modos:

1. 

Ligam directamente ao um receptor de citocinas mas não activam a célula;

2.  Ligam directamente a citocina, inibindo a sua actividade.

O inibidor mais bem caracterizado é o antagonista do

receptor de L1  (IL-1Ra), que se liga ao receptor de IL-1mas não apresenta actividade:

 

A ligação de IL-1Ra ao receptor de IL-1 bloqueia a

ligação de IL-1α e IL-1β;

  Julga-se que a produção de IL-1Ra tem papel da

regulação da intensidade da resposta inflamatória;

  Foi clonado e está a ser investigado como um

potencial tratamento de doenças inflamatórias

crónicas.

Outros inibidores das citocinas são encontrados na corrente sanguinea e no fluido extracelular. Estes

antagonistas soluveis  têm origem na clivagem enzimática do dominio extracelular de receptores de

citocinas. Entre os receptores de citocinas soluveis que foram detectados encontram-se aqueles para:

  IL-2;

 

IL-4;

  IL-6;

  IL-7;

  IFN-α e –γ; 

 

TNF-β;

  LIF.

Destes, o receptor soluvel para IL-2 (sIL-2R), que é libertado na activação crónica de células T, é o

melhor caracterizado. Um segmento que contem os 192 aminoácidos N-terminal da subunidade α  élibertado por clivagem proteolitica, formando um receptor de IL-2 soluvel de 45 kDa. Este receptor é

capaz de ligar IL-2 e prevenir a sua interacção com o receptor membranar de IL-2. A presença de sIL-2R

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Joana Maria Soares Pereira 205

é usado como marcador da activação crónica de células T e é observada num numero de doenças,

incluindo autoimunidade, rejeição de transplantes ou SIDA.

Alguns virus também produzem proteinas de ligação a citocinas ou mimicos de citocinas. A evolução de

tais estratégias anti-citocinas por patogénios microbianos  é uma boa evidência biológica da

importância das citocinas na organização e promoção de respostas imune anti-microbianas eficientes:

  Os  poxvirus codificam uma proteina soluvel que liga TNF e uma proteina soluvel que liga IL-1.

Como tanto o TNF como a IL-1 exibem um largo espectro de actividade na resposta inflamatória,

estas proteinas soluveis que ligam citocinas podem proibir ou diminuir os efeitos inflamatórios

das citocinas, conferindo assim ao virus uma vantagem selectiva;

  O virus Epstein-Barr  produz uma molécula semelhante a IL-10 (IL-10 viral ou vIL-10) que se liga

ao receptor de IL-10 e, como a IL-10 celular, suprime respostas mediadas por células TH1, que

são efectivas contra muitos parasitas intracelulares como os virus.

Moléculas produzidas por virus que mimetizam as citocinas permitem que o virus manipule a resposta

imune de modos que ajudam a sobrevivência do patogénio. Esta é uma modificação interessante epoderosa que alguns virus sofreram na sua luta continua para ultrapassar a barreira formidável da

imunidade do hospedeiro.

A seguinte tabela lista um numero de produtos virais que mimetizam citocinas ou os seus receptores:

Virus Produto

Leporipoxvirus Receptor soluvel de IFN-γ 

Vários poxvirus Receptor soluvel de IFN-γ 

Vaccinia, virus da varíola Receptor soluvel de IL-10β 

Epstein-Barr Homólogo de IL-10

Herpesvirus-8 humano Homólogo de IL-6, homólogos das quimiocinas MIP-I e MIP-II

CitomegalovirusTrês homólogos de receptores de quimiocinas diferentes, um dos quais liga três

quimiocinas soluveis diferentes (RANTES, MCP-1 e MIP-1α)

Para além destes antagonistas, é claro agora também que as células evoluiram mecanismos sofisticados

para prevenir a respostas às citocinas. Como exemplo, existe a familia de proteinas supressoras da

sinalização das citocinas (proteinas SOCS) que completam um loop de feedback negativo para atenuara

transdução de sinal de citocinas que actuam através da via Jak/STAT:

  As proteinas SOCS inibem componentes da cascata de sinalização das citocinas via ligação

directa ou prevenindo o acesso ao complexo de sinalização, actuando principalmente sobre avias dos TLRs e do receptor da IL-1;

  As proteinas SOCS também parecem marcar transdutores de sinal para destruição

proteossomal;

  Análises de ratinhos geneticamente modificados nos quais as proteinas SOCS são sobre-

espressas ou eliminadas estableceram que esta familia de reguladores negativos apresenta

papeis indispensáveis na regulação das respostas das citocinas em células do sistema imune e

noutros tecidos;

  Outras evidências sugerem também que a ruptura da expressão ou actividade das SOCS está

associada com várias doenças imunes e inflamatória, o que faz crer que a manipulação daactividade das SOCS pode fornecer uma futura estratégia terapeutica na gestão de desordens

imunológicas.

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Joana Maria Soares Pereira 206

Citocinas que Medeiam e Regulam a Imunidade Inata

Um importante componente da resposta imune inata inicial a virus e bactérias é a secreção de citocinas,

que medeiam muitas das funções efectoras da imunidade inata. As principais citocinas da imunidade

inata são:

  Tumor necrosis factor (TNF);

 

Interleucina-1 (IL-1);  Quimiocinas;

  Interleucina-12 (IL-12;

 

Interferões tipo I (IFN-α e IFN-β);

 

Interleucina-10 (IL-10);

 

Interleucina-6 (IL-6);

  Interleucina-15 (IL-15);

  Interleucina-18 (IL-18);

  Interleucina-23 (IL-23);

 

Interleucina-27 (IL-27).

No entanto, uma citocina, o IFN-γ, tem papeis importantes na imunidade inata e na adaptativa.

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Joana Maria Soares Pereira 207

Resumidamente, as caracteristicas destas citocinas são:

Citocina Tamanho (kD)Principais fontes

celulares

Principais alvos celulares e efeitos

biológicos

Tumor necrosis

 factor (TNF)

17 kD, 51 kD

homotrimeroMacrófagos, células T

Células endoteliais: activação (inflamação,

coagulação)

Neutrófilos: activaçãoHipotálamo: febre

Figado: sintese de proteinas de fase aguda

Musuclo, tecido adiposo: catabolismo

Vários tipos celulares: apoptose

Interleucina-1

(IL-1)

17 kD forma madura; 33

kD precursores

Mcrófagos, células

endoteliais, algumas

células epiteliais

Células endoteliais: activação (inflamação,

coagulação)

Hipotálamo: febre

Figado: sintese de proteinas de fase aguda

Quimiocinas 8-12 kD

Macrófagos, células

endoteliais, células T,

fibroblastos, plaquetas

Leucócitos: quimotaxia, activação, migração

para tecidos

Interleucina-12

(IL-12)

Heterodimero de 35 kD

+ subunidades 40 kD

Macrófagos, células

dendriticas

Células T: diferenciação TH1

Células NK e células T: sintese de IFN-γ,

actividade citotóxica aumentada

IFNs tipo I (IFN-α ,

IFN-β )

IFN-α: 15-21 kD

IFN-β: 2-25 kD

IFN-α: macrófagos

IFN-β: fibroblastos

Todas as células: estado antiviral, expressão

aumentada de MHC classe I

Células NK: activação

Interleucina-10

(IL-10) 

Homodimero de 34-40

kD; subunidades 18 kD

Macrófagos, células T

(principalmente células T

reguladoras)

Macrofagos, células dendriticas: inibição da

produção de IL-12 e expressão de co-

estimuladores e moléculas MHC classe II

Interleucina-6

(IL-6) 19-26 kDMacrófagos, células

endoteliais, células T

Figado: sintese de proteinas de fase aguda

Células B: proliferação de célulasprodutoras de antigénios

Interleucina-15

(IL-15)13 kD Macrófagos, outras

Células NK: proliferação

Células T: proliferação (células CD8+ de

memória)

Interleucina-18

(IL-18)17 kD Macrófagos Células NK e células T: sintese de IFN-γ 

Interleucina-23

(IL-23)

Heterodimero de

subunidades unicas de

19 kD e 40 kD de IL-12

Macrófagos e células

dendriticas

Células T: manutenção das células T

produtoras de IL-17

Interleucina-27

(IL-27)

Heterodimero de

subunidades de 28 kD e13 kD

Macrófagos e células

dendriticas

Células T: inibição das células TH1; possivel

papel na diferenciação de TH1Células NK: sintese de IFN-γ 

Tumor Necrosis Factor (TNF)

O TNF  é o principal mediador das respostas inflamatórias agudas contra bactérias gram-negativas e

outros micróbios infecciosos e é responsável por muitas das complicações sistémicas das infecções

sistémicas:

 

O nome desta citocina deriva da sua identificação original como um factor sérico que causa

necrose de tumores;

  O TNF é também designado TNF-α  para distingui-lo do TNF-βaltamente relacionado, também

designado linfotoxina (LT).

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Joana Maria Soares Pereira 208

Produção, Estrutura e Receptores

Esta citocina pode ter várias fontes celulares, mas uma é principal entre todas:

  Fagócitos mononucleares activados – principal fonte de TNF;

  Células T estimuladas por antigénios;

 

Células naturalmente assassinas;  Mastócitos.

O estimulo mais potente que elicita a produção de TNF pelos macrófagos é a ligação de TLRs como LPS

e outros produtos microbianos, e grandes quantidades desta citocina serão produzidas durante

infecções por bactérias gram-negativas, que libertam LPS. No entanto, o IFN-γ, produzido por células T e

células naturalmente assassinas, aumenta a sintese de TNF por macrófagos estimulados por LPS.

Em fagócitos mononucleares, a sintese de TNF ocorre em vários passos e podemos ter dois tipos de TNF 

durante o processo:

 

TNF membranar  – o TNF é inicialmente sintetizado como uma proteina membranar do tipo II

não-glicosilada com uma região N-terminal intracelular e uma grande região C-terminal

extracelular. É expressa como um homodimero e é capaz de se ligar a receptores de TNF do tipo

II (TNF-RII); 

 

TNF secretada – a forma membranar do TNF é clivada

por uma metaloproteinase associada à membrana

libertando um polipéptido de 17 kD. Três destas cadeia

polipéptidicas polimerizam para formar uma proteina

de TNF circular com 51 kD. Esta TNF secretada assumeuma forma de pirâmide triangular, sendo cada lado

formado por uma subunidade. Os locais de ligação do

receptor localizam-se na base da pirâmide, permitindo

ligações simultâneas da citocina a três moléculas de

receptor. 

Existem dois receptores de TNF distintos, que apresentam ambos uma afinidade baixa não usual para

receptores de citocinas:

1. 

Receptor de TNF do tipo I (TNF-RI)  –  tem tamanho molecular de 55 kD e uma constante de

afinidade de 1x10-9 M;

2.  Receptor de TNF do tipo II (TNF-RII)  –  tem tamanho molecular de 75 kD e uma constante de

afinidade de 5x10-10 M.

Ambos os receptores de TNF estão presentes na maior parte dos tipos de células. Os receptores de TNF

são membros de uma familia de proteinas maior, muitas das quais estão envolvidas nas respostas

imune e inflamatórias. Estes receptores existem como um trimero na membrana plasmática mesmo

antes da ligação do TNF mas a transdução do sinal difere entre receptores:

  A ligação de citocinas a alguns membros da familia de receptores de TNF, como TNF-RI, TNF-RII

e CD40 leva ao recrutamento de proteinas, designadas factores associados ao receptor de TNF(TRAFs) para os dominios citoplasmáticos dos receptores. Os TRAFs activam factores de

transcrição, principalmente o factor nuclear κB (NF-κB) e a proteina activadora-1 (AP-1);

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Joana Maria Soares Pereira 209

  A ligação de citocinas a outros membros da familia, como TNF-RI, leva ao recrutamento de uma

proteina adaptadora que activa caspases e provoca apoptose.

Assim, diferentes membros da familia de receptore de TNF são capazes de induzir a expressão de gene a

a morte celular, e alguns são capazes de fazer ambos. No entanto, ratinhos KO para TNF-RI mostram

defesas do hospedeiro mais fracas, sugerindo que o TNF-RI é mais importante para a função da citocina.

Acções Biológicas

A principal função fisiológica do TNF é estimular o recrutamento de neutrófilos e monócitos para os

locais de infecção e activar essas células a erradicar micróbios. O TNF medeia estes efeitos por várias

acções nas células endoteliais vasculares e nos leucócitos:

  O TNF induz as células endoteliais vasculares a expressar moléculas de adesão que torna a

superficie endotelial adesiva para os leucócitos, inicialmente para os neutrófilos e

subsequentemente para os monócitos e linfócitos. As moléculas de adesão mais importantes

são as selectinas e ligandos para as integrinas dos leucócitos;

 

O TNF estimula as células endoteliais e os macrófagos a secretar quimiocinas que aumentam a

afinidade das integrinas dos leucócitos para os seus ligandos e induzem a quimotaxia e

recrutamento de leucócitos. O TNF também actua em fagócitos mononucleares para estimular a

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Joana Maria Soares Pereira 210

secreção de IL-1, que funciona de modo semelhante ao TNF. Este é um exemplo de cascata de

citocinas que apresentam actividade biológicas semelhantes ou complementares;

  O TNF estimula as actividades microbicidas dos neutrófilos e macrofagos.

As acções do TNF nas células endoteliais e nos leucócitos são criticas para as respostas inflamatórias

locais contra os micróbios. Se quantidades inadequadas de TNF estão presentes (e.g., em animais

tratados com anticorpos neutralizantes anti-TNF ou ratinhos KO para o gene TNF), uma consequência

será a fallha na contenção de infecções. O TNF também contribui para as reacções inflamatórias locais

que são nocivas para o hospedeiro (e.g., nas doenças autoimunes) e anticorpos neutralizantes para o

TNF e receptores soluveis de TNF podem reduzir a inflamação em pacientes com artrite reumatóide e

doença inflamatória intestinal.

Em infecções severas, o TNF é produzido em grandes quantidades e causa anormalidades patológicas e

danos sistémicos. Se o estimulo para a produção de TNF for suficientemente forte, a quantidade de

citocina produzida é tão grande que ela entra na corrente sanguinea e actua em locais distantes como

uma hormona endocrina. As principais acções sistémicas do TNF são as seguintes:

  O TNF actua no hipotálamo para induzir febre e é, assim, designado como um pirogénio

engógeno (para destingui-lo do LPS, que funciona como um pirogénio exógeno, derivado de

micróbios). A produção de febre em resposta ao TNF (e IL-1) é mediada pela sintese aumentada

de prostaglandinas pelas células hipotalámicas estimuladas pelas citocinas. Os inibidores da

sintese de prostaglandias, como a aspirina, reduzem a febre bloquenado esta acção do TNF e da

IL-1;

  O TNF actua nos hepatócitos para aumentar a sintese de certas proteinas séricas, como a

proteina sérica amilóide A e fibrinogénio. O aumento de proteinas plasmáticas derivadas dos

hepatócitos induzida pelo TNF e pela IL-1 e IL-6, duas outras citocinas da imunidade inata,

constitui a resposta de fase aguda do estimulo inflamatório;

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Joana Maria Soares Pereira 211

  A produção prolongada de TNF causa a pera de células musculares e de adipócitos. Esta perda

resulta da supressão do apetite induzida pelo TNF e da sintese reduzida de lipoproteina lipase,

uma enzima necessária para a libertação de ácidos gordos da lipoproteina circulantes de modo

que estes não podem ser usados pelos tecidos;

  Quando grandes quantidades de TNF são produzidas, com concentrações séricas de cerca 10-7 M

ou mais, a contractilidade do miocardio e o tonus do musculo liso vascular são inibidos,resultando uma queda marcada da pressão arterial, ou choque;

  O TNF causa trombose intravascular, principalmente como um resultado da perda das

propriedade anticoagulantes normais do endotélio. O TNF estimula a expressão de factor

tecidular pelas células endoteliais, um potentes activador da coagulação, e inibe a expressão de

trombomodulina, um inibidor da coagulação. As alterações endoteliais são exacerbadas pelas

actiação de neutrófilos, levando à tamponação por essas células. A habilidade desta citocina

causar a necrose de tumores é um resultado da trambose dos vassos sanguineos tumorais;

  Elevados niveis circulantes de TNF causam disturbios metabólicos severos, como uma queda das

concentrações de açúcar no sangue a niveis incompativeis com a vida. Isto deve-se ao uso

elevado da glucose pelo musculo e à impossibilidade do figado repor a glucose.

Uma complicação da sepse bacteriana gram-negativa pode levar a um sindrome designado choque

séptico  (ou choque endotoxina), que é caracterizado por colapso vascular, coagulação intravascular

disseminada e disturbios metabólicos:

  Deve-se à produção exacerbada de TNF e outras citocinas, incluindo IL-12, IFN-γ e IL-1, induzidas

pelo LPS. Assim, a concentração de TNF sérica pode dar informação sobre infecções graves por

bactérias gram-negativas;

  O choque séptico pode ser reproduzido em animais experimentais pela administração de LPS ou

TNF; 

Antagonistas do TNF podem prevenir a mortalidade em modelos experimentais mas ensaios

clinicos como anticorpos anti-TNF ou com receptores soluveis para o TNF não mostraram

beneficios para os pacientes com sepse, talvez porque outras citocinas podem elicitar as

mesmas respostas do TNF.

Existem várias citocinas e proteinas membranares pertencentes à familia de TNF e receptores de TNF,

e todos têm funções importantes nas respostas imunes inata e adaptativa:

  Ligando CD40 e ligando Fas  – ambos expressos em linfócitos T activados. O primeiro medeia a

activação de macrófagos e células B e o segundo está envolvido na eliminação de alguns tiposde células;

  BAFF e APRIL  – desempenham papeis importantes na sobrevivência e diferenciação de células

B;

  Ligando relacionado com o TNF induzido por glucocorticoides (GITR) e ligando OX40  –  são

moléculas da familia TNF que podem estar envolvidas na regulação da resposta das células T;

  Receptor activador de NF-κB  –  expresso em osteoclastos e alguns macrófagos e células

dendriticas. A citocinas que é o ligando deste receptor, designada ligando RANK, é produzida

por células T activadas. A produção desta citocina activa os osteoclastos e, assim, tem um papel

importante na reabsorção de osso em muitos estados de doença, notavelmente a artrite

reumatóide.

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Joana Maria Soares Pereira 212

Interlucina-1 (IL-1)

A principal função da IL-1, semelhante à do TNF, é funcionar como um mediador da resposta

inflamatória do hospedeiro a infecções e outros estimulos. Esta citocina trabalha em conjunto com o

TNF na imunidade inata e na inflamação.

Produção, Estrutura e Receptores

Esta citocina pode ter várias fontes celulares, mas uma é principal entre todas:

  Fagócitos mononucleares activados  –  principal fonte de IL-1. Sintese induzida por produtos

microbianos, como LPS, e por outras citocinas, como TNF;

  Neutrófilos;

  Células epiteliais (e.g., queratinócitos);

 

Células endoteliais.

Existem duas formas de IL-1, IL-1α e IL-1β, que são menos de 30% homólogas uma da outra mas ligam

ao mesmo receptor de superficie e aprsentam as mesmas actividades biológicas. Ambos os

polipeptideos IL-1 são sintetizados como precursores de 33 kD e são secretados como proteinas

maduras de 17 kD:

  A forma activa da IL-1β é a forma clivada, mas a IL-1α é activa tanto como precursor de 33 kD ou

como produto clivado menor;

  A IL-1β é clivada pela cisteina protease caspase-1 (também designada enzima conversora de IL-

1β), que foi o primeiro membro da familia de caspases, muitas das quais envolvidas na morte

apoptótica, a ser identificado;

 

A IL-1 é secretada por uma via não-clássica visto que, ao contrário da maior parte das proteinassecretadas, nem a IL-1α  nem a IL-1β  apresentam sequências sinais hidrofóbicas que

encaminham o polipeptideo nascente para o reticulo endoplasmático.

A IL-1 medeia os seus efeitos biológicos através de um receptor membranar designado receptor IL-1 do

tipo I, que usa vias de transdução do sinal qua activam os factores de transcrição NF- κB e AP-1. Este

receptor é um membro de uma familia de proteinas membranares integrais que contêm um dominio

extracelular de ligação ao ligando do tipo imunoglobulina e um dominio de sinalização TIR na regiãocitoplasmática.

IL-1β IL-1α 

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Joana Maria Soares Pereira 213

Os eventos de sinalização que ocorrem quando a IL-1

se liga ao receptor de IL-1 do tipo I são semelhantes

aqueles associados com os TLRs, já que o dominio TIR

também se encontra nos TLRs:

 

Após a ligação de IL-1, a proteina adaptadoraMyD88 é recrutada para o dominio TIR,

seguida por duas proteina cinases, a cinase-4

associada com o receptor de IL-1 (IRAK4) e

IRAK, e outra proteina adaptadora, TRAF-6;

  A sinalização a jusante envolve vários eventos

de fosforilação e formação de novos

complexos com outras cinases e proteinas

adaptadoras, eventualmente levando à

activação de NF-κB.

Acções Biológicas

Os efeitos biológicos da IL-1 são semelhantes aos do TNF e dependenm da quantidade de citocinas

produzidas:

 

Quando secretada a baixas concentrações, a IL-1 funciona como mediador da inflamação local.

Actua nas células endoteliais para aumentar a expressão de moléculas de superficie que

medeiam a adesão de leucócitos, como ligandos para as integrinas;

 

Quando secretada em grandes quantidades, a IL-1 entra na corrente sanguinea e exerce efeitosendócrinos. A IL-1 sistémica induz febre, sintese de proteinas plasmáticas de fase aguda pelo

figado, directamente e indirectamente através da estimulação da produção de IL-6, e produção

de neutrófilos e plaquetas na medula óssea.

As semelhanças entre as acções da IL-1 e as do TNF parecem supreendentes porque as citocinas e os

seus receptores são estruturalmente diferentes. A explicação provável para os efeitos biológicos

semelhantes é que ambos os receptores de citocinas sinalizam através de proteinas homólogas e

activam os mesmos factores de transcrição. Contudo, existem várias diferenças entre a IL-1 e o TNF. Por

exemplo, a IL-1 não induz a morte apoptótica das células e, mesmo a altas concentrações sistémicas,

não causa alterações patofisiológicas de choque séptico por si só.

Os fagócitos mononucleares produzem um antagonista natural da IL-1 (IL-1Ra) que é estruturalmente

homólogo da citocinas e liga aos mesmos receptores mas não é biologicamente activo, sendo assim um

inibidor competitivo da IL-1:

 

Pode ser um regulador endógeno da acção de IL-1;

  É usado para para tratar artrite reumatóide sistémica juvenil.

No entanto, a regulação da inflamação mediada pela IL-1 pode também ocorrer por expressão de

receptores do tipo II, que liga IL-1 mas não traduz sinal. A principal função deste receptor será actuar

como uma armadilha que inibe competitivamente a ligação de IL-1 ao receptor de sinalização do tipo I.

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Joana Maria Soares Pereira 214

Quimiocinas

As quimiocinas são uma grande familia de citocinas estruturalmente homólogas que estimulam o

movimento de leucócitos e regulam a migração de leucócitos do sangue para os tecidos. Assim, o nome

quimiocinas é uma contracção de “citocinas quimotácticas”: 

 

Algumas quimiocinas são produzidas por várias células em resposta a estimulos inflamatórios e

recrutam leucócitos para os locais de infecção;

 

Outras quimiocinas são produzidas constitutivamente em vários tecidos e recrutam leucócitos

(principalmente linfócitos) para esses tecidos na ausência de inflamação.

Produção, Estrutura e Receptores

Existem cerca de 50 quimiocinas humanas, todas delas sendo polipeptideos de 8-12 kD que contêm dois

loops internos dissulfito. As quimiocinas são classificadas em quatro familias com base no numero e

localização dos seus residuos de cisteina N-terminal:

 

Familia CC - é uma das duas principais familias de quimiocinas, e os dois residuos de cisteina

estão adjacentes;

 

Familia CXC – é uma das duas principais familias de quimiocinas, e os dois residuos de cisteina

encontram-se separados por um outro aminoácido;

 

Familia C – apenas apresenta uma cisteina;

  Familia CX3C – as duas cisteinas encontram-se separadas por três aminoácidos.

Estas diferenças correlacionam-se com a organização das subfamilias em grupos de genes diferentes. As

quimiocinas eram originalmente denominadas com base no modo como eram identificada e que

respostas provocavam. Mais recentemete, uma nomenclatura standard é usada em parte com base nos

receptores a que ligam.

As quimiocinas das subfamilias CC e CXC  são produzidas por leucócitos e por vários tipos de célulastecidulares, como células endoteliais, epiteliais e fibroblastos:

  Em muitas destas células, a secreção de quimiocinas é induzida por micróbios, via sinalização do

TLR, e por citocinas inflamatória, principalmente TNF e IL-1;

  Várias quimiocinas CC são também produzidas por células T estimuladas por antigénios,

fornecendo uma ligação entre a imunidade adaptativa e o recrutamento de leucócitos

inflamatórios.

As quimiocinas que são produzidas constitutivamente (i.e., sem qualquer estimulo inflamatório) nos

órgãos linfóides estão envolvidas no trafego fisiológico de linfócitos através dos órgãos:

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Joana Maria Soares Pereira 215

  As quimiocinas ligam-se a proteoglicanos nas células endoteliais e são apresentadas deste modo

a leucócitos circulantes que se ligaram às superficies endoteliais via interacções dependnetes de

selectinas;

  A apresentação endotelial fornece uma alta concentração local de quimiocinas, que causa a

activação de integrinas dos leucócitos, fortalecendo a adesão, e a estimulação da mobilidade

dos leucócitos e trans-migração através da parede do vaso sanguineo.

Os receptores das quimiocinas são receptores acoplados a proteinas G como sete dominios trans-

membranares α-helicais:

 

Quando ocupados pelo ligando, estes receptores actuam como proteinas de troca de GTP,

catalizando substituição de GDP por GTP;

  A forma associada ao GTP destas proteinas é capaz de activar uma variedade de enzimas

celulares que modulam a configuração proteica do citosqueleto e a afinidade das integrinas;

  Os receptores de quimiocinas podem ser rapidamente inibidos, e este é um mecanismo

provável para terminar as respostas.

Pelo menos 10 receptores distintos para quimiocinas CC (designados CCR1-CCR10) e seis para

quimiocinas CXC (designados CXCR1-CXCR6 foram já identificads, e esta lista deve estar incompleta. Os

receptores de quimiocinas são expressos em leucócitos, com os maiores numeros e diversidade

observados nas células T. Os receptores exibem especificidade sobrepostas para quimiocinas entre

cada familia, e os padrões de expressão celular dos receptores determina quais os tipos de células que

respondem a qual quimiocina:

  Certos receptores de quimiocinas, principalmente CCR5 e CXCR4, actuam como co-receptores

para o virus da imunodeficiência humana (HIV);

  Alguns linfócitos T activados secretam quimiocinas que ligam ao CCR5 e bloqueiam a infecção

com HIV competindo com o virus.

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Joana Maria Soares Pereira 216

As quimiocinas e receptores conhecidas e as suas principais funções são as seguintes:

Quimiocina Nome original Receptor da quimiocina Principal função

Quimiocinas CC

CCL1 I-309 CCR8 Recrutamento de monócitos e migração de células endoteliais

CCL2 MCP-1 CCR2 Recrutamento de leucócitos

CCL3 MIP-1α  CCR1, CCR5 Recrutamento de leucócitos

CCL4 MIP-1β  CCR5Recrutamento de células T, células dendriticas, monócitos e

células NK, co-receptor do HIV

CCL5 RANTES CCR1, CCR3, CCR5 Recrutamento de leucócitos

CCL7 MCP-3 CCR1, CCR2, CCR3 Recrutamento de leucócitos

CCL8 MCP-2 CCR3, CCR5 Recrutamento de leucócitosCCL9/CCL10 CCR1 ?

CCL11 Eotaxina CCR3 Recrutamento de eosinófilos, basófilos e TH2

CCL12 Desconhecido CCR2 Recrutamento de leucócitos

CCL13 MCP-4 CCR2, CCR3 Recrutamento de leucócitos

CCL14 HHC-1 CCR1, CCR5 ?

CCL15 MIP-1δ  CCR1, CCR3 Recrutamento de leucócitos

CCL16 HHC-4 CCR1, CCR2 ?

CCL17 TARC CCR4 Recrutamento de células T e basófilos

CCL18 DC-CK1 ? Alojamento de linfócitos e células dendriticas

CCL19 MIP-3β/ELC CCR7Migração das células T e das células dendriticas para zonas

parafoliculares dos nodos linfáticosCCL20 MIP-3α  CCR6 ?

CCL21 SLC CCR7Migração das células T e das células dendriticas para zonas

parafoliculares dos nodos linfáticos

CCL22 MDC CCR4 Recrutamento de células T e basófilos

CCL23 MPIF-1 CCR1 ?

CCL24 Eotaxina-2 CCR3 Recrutamento de eosinófilos, basófilos e TH2

CCL25 TECK CCR9 Migração dos astrócitos

CCL26 Eatoxina-3 CCR3 Recrutamento de eosinófilos, basófilos e TH2

CCL27 CTACK CCR10 Migração de células da derme

CCL28 MEC CCR10 Migração de células da derme

(Cont.)

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Joana Maria Soares Pereira 217

Quimiocina Nome original Receptor da quimiocina Principal função

Quimiocinas CXC

CXCL1 GROα  CXCR2 Recrutamento de neutrófilos

CXCL2 GROβ  CXCR2 Recrutamento de neutrófilos

CXCL3 GROγ  CXCR2 Recrutamento de neutrófilos

CXCL4 PF4 CXCR3B Agregação de plaquetas

CXCL5 ENA-78 CXCR2 Recrutamento de neutrófilos

CXCL6 GCP-2 CXCR1, CXCR2 Recrutamento de neutrófilos

CXCL7 NAP-2 CXCR2 Recrutamento de neutrófilos

CXCL8 IL-8 CXCR1, CXCR2 Recrutamento de neutrófilos

CXCL9 Mig CXCR3 Recrutamento de células T efectoras

CXCL10 IP-10 CXCR3, CXCR3B Recrutamento de células T efectoras

CXCL11 I-TAC CXCR3 Recrutamento de células T efectoras

CXCL12 SDF-1α/β  CXCR4 Recrutamento de leucócitos, co-recepotr do HIV

CXCL13 BCA-1 CXCR5 Migração das células B para os foliculos

CXCL14 BRAK ?

CXCL16 - CXCR6 ?

Quimiocinas C

XCL1 Linfotactina XCR1 Recrutamento de células T e células NK

XCL2 SCM-1β  XCL1 ?

Quimiocinas CX 3C

CX3CL1 Fractaquina CX3CR1Recrutamento de células T, células NK e macrófagos; activação

de células T citotóxicas e de células NK

Acções Biológicas

As quimiocinas envolvidas nas reacções inflamatórias são produzidas por leucócitos em resposta aestimulos externos, e as quimiocinas que regulam o trafego celular através dos tecidos são produzidas

constitutivamente por várias células nesses tecidos. As quimiocinas foram discobertas com base na suas

actividades quimio-atractoras, mas sabe-se já que elas têm várias funções importantes no sistema

imune e noutros sistemas:

  As quimiocinas recrutam as células da defesa do hospedeiro para locais de infecção. O

recrutamento de leucócitos é regulado por várias acções sequenciais das quimiocinas nestas

células. As quimiocinas ligadas a proteoglicanos nas células endoteliais actuam em leucócitos

que rolam sobre a superfice endotelial e aumentam a afinidade das integrinas dos leucócitos

para os seus ligandos, o que permite que o TNF, a IL-1 e as quimiocinas funcionemcooperativamente. As quimiocinas induzem o movimento dos leuc+ocitos e a sua migração

através de um gradiente quimico de citocinas estimulando a polimerização e despolimerização

alternadas dos filamentos de actina. Diferentes quimiocinas actuam em diferentes células e, em

coordenação com o tipo de molécula de adesão expressa, controlam assim a natureza do

infiltrado inflamatório;

  As quimiocinas regulam o trafego de linfócitos e outros leucócitos através dos tecidos

linfóides periféricos. Diferentes quimiocinas promovem a migração de células T, células B e

células dendriticas para órgãos linfóides periféricos. Várias quimiocinas também promovem amigração de células T efectoras e de memória previamente activadas para tecidos não linfóides,

incluindo orgãos mucosos e a pele. Estas selectividade dos diferentes tipos de células para

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diferentes locais anatómicos depende a uma grande extensão do local onde as quimiocinas são

produzidas e dos receptores de quimiocinas que são expressos nessas células;

  As quimiocinas promovem a angiogénese e a cura de feridas. Estas actividades estão

associadas principalmente com a familia de quimiocinas CXC, e envolve tanto quimiocinas pró-

angiogénicas, expressas logo após o dano do tecido, e quimiocinas anti-angiogénicas, expressasno final do processo de cura. Os efeitos angiogénicos podem ser uma combinação da produção

de factores inflamatórios pelas células inflamatórias e pelos fibroblastos sob indução das

quimiocinas e de efeitos directos das quimiocinas nas células vasculares, como células

endoteliais, que expressam o receptor CXCR2;

 

As quimiocinas estão envolvidas no desenvolvimento de diversos orgãos não linfóides.

Ratinhos KO para o receptor CXCR4 apresentam defeitos fatais no desenvolvimento do coração

e do cerebelo. Estes papeis das quimiocinas aumetam a possibilidade de muitas outras funções,

ainda não descobertas, de envolvimento na morfogénese.

Interleucina-12 (IL-12)

A IL-12 é um mediador principal da resposta imune inata inicial contra micróbios intracelulares e é um

indutor chave da imunidade mediada por células, a resposta imune adaptativa contra esses micróbios:

  Esta citocina foi originalmente identificada como um activador da função citotóxica das células

naturalmente assassinas;

  As suas acções mais importantes são estimular a produção de IFN-γ pelas células T e células NK

e suportar a diferenciação de células TH CD4+ naive em células produtoras de IFN-γ (T

H1).

Produção, Estrutura e Receptores

A IL-12 existe como um heterodimero ligado por pontes

dissulfureto de subunidade de 35 kD (p35) e 40 kD (p40):

  Subunidade p35  –  tem uma estrutura globular

constituida por quatro hélices α, que é partilhada por

várias citocinas diferentes do tipo I ou da familia de

citocinas hematopoiéticas;

 

Subuinidade p40 – é homóloga à porção extracelular dacadeia α do receptor de IL-6.

A IL-12 pertence a uma familia de pelo menos cinco citocinas heterodiméricas cujas subunidades são

homólogas a uma ou a ambas as cadeias p35 e p40 da IL-12. Dois membros desta familia, IL-23 e IL-27,

têm papeis importantes, em conjunto com a IL-12, nas respostas imune protectoras e patológicas

mediadas por células T.

A síntese de IL-12 é feita pelas células dendriticas activadas e os macrófagos activados:

 

Muitas células parecem sintetizar a subunidade p35, mas apenas os fagócitos e as célulasdendriticas produzem o componente p40 e, assim, a citocina biologicamente activa;

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  Durante as reacções imunes inatas a micróbios, a IL-12 é produzida em resposta à sinalização do

TLR induzida por vários estimulos microbianos, incluindo LPS, infecção por bactérias

intracelulares e infecções por virus;

  Em adição, as células TH  estimulados por antigénios induzem a produção de IL-12 por

macrófagos e células dendriticas, principalmente pela ligação do ligando CD40 das células T ao

CD40 das células dendriticas e dos macrófagos;  O IFN-γ produzido por células NK ou células T também estimula a produção de IL-12.

Assim, a IL-12 é produzida pelas APCs quando elas:

  Apresentam antigénios a células T;

  Durante as fases de indução e efectora das respostas imunes mediadas por células.

O receptor da IL-12 (IL-12R)  é um mebro da familia de receptores de citocinas do tipo I. É um

heterodimero composto por subuinidades β1 e β2, sendo ambas homólogas a uma subunidade do

receptor de IL-6. A p40 da IL-12 liga-se à subunidade β1  do receptor da IL-12 e a p35 liga-se àsubunidade β2, sendo ambas as cadeias necessárias para uma ligação com alta afinidade à citocina e

para a sinalização.

A via de sinalização usada pelo receptor da IL-12 é a via Jak-

STAT , na qual:

 

A ligação da citocina ao receptor activa as proteinas

tirosina cinases associadas ao receptor designadas

 Janus cinases (Jak);

 

No fim leva à activação de factores de trascriçãodesignados transdutores do sinal e activadores da

transcrição (STATs). 

Muitas citocinas usam esta via para induzir respostas em

células alvo, e diferentes citocinas activam diferentes

combinações de Jaks e STATs. No caso do receptor da IL-12:

 

A Jak Tyk2 associa-se com a subunidade β1 do

receptor e a Jak2 associa-se com a subunide β2;

 

A proteina STAT principalmente envolvida, que énecessária para a maior parte dos efeitos biológicos

da IL-12, é a STAT4.

A expressão da cadeia β2 do receptor da IL-12 é aumentada por citocinas, principalmente pelo IFN-γ 

(cuja produção é estimulada pela IL-12), e isto é um exemplo de uma loop positivo de amplificação nas

respostas imunes.

Acções Biológicas

A IL-12 é crucial para a iniciação da sequência de respostas que envolvem os macrófagos, as células NKe os linfócitos T que resulta na eliminação total dos micróbios intracelulares:

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Joana Maria Soares Pereira 220

  A IL-12 estimula a produção de IFN-γ pelas células NK e pelos linfócitos T. Os macrófagos e as

células dendriticas produzem IL-12 em resposta a muitos micróbios. A IL-12 secretada estimula

as células NK e as células T a produzir IFN-γ, que depois activa os macrófagos a matarem os

micróbios fagocitados. Assim, a imunidade inata contra muitos micróbios é mediada por

citocinas que actuam na seguinte sequência:

Micróbios → macrófagos e células dendriticas → IL-12 → IFN-γ → activação dos macrófagos → 

morte dos micróbios

Grandes quantidades de IL-12 são produzidas em sepse severa por gram-negativas, resultando

na produção de IFN-γ, que actua em sinergia com o LPS bacteriano estimulando a produção de

TNF pelos macrófagos, o principal mediador do choque séptico. Antagonistas da IL-12 previnem

a letalidade em alguns modelos experimentais de choque séptico induzido por LPS;

  A IL12, em conjunto com o IFN-γ, promove a diferenciação de linfócitos TH CD4+ em células TH1

produtoras de IFN-γ. O subgrupo TH1 das células TH activa fagócitos na imunidade mediada por

células;

 

A IL-12 aumenta as funções citotóxicas de células NK e células T CD8 +, ambas activadas. Esta

função é também importante na imunidade mediada por células.

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Joana Maria Soares Pereira 221

Estudos com ratinhos KO e o fenótipo raro de pacientes com mutações no receptor de IL-12 suportam a

conclusão de que a IL-12 é importante para a produção de IFN-γ, diferenciação de células TH1 e para a

resistência do hospedeiro a micróbios intracelulares. No entanto, a interpretação destes defeitos

genéticos é complicada devido ao facto dos genes mutados estarem também envolvidos na função da

IL-23, porque esta contem a mesma cadeia p40 e porqeu o seu receptor apresenta IL-12R β1. E ainda, a

sisntese de IFN-γ  não é completamente eliminada em ratinhos deficientes em IL-12 provavelmentedevido à acção de citocinas compensatórias.

A IL-12 é uma ponte importante entre a imunidade inata e adaptativa pois:

 

É produzida durante as reacções imunes inatas inicias contra micróbios intracelulares;

  Promoven as respostas imunes adaptativas que protegem o hospedeiro contra esses micróbios.

Interferões do Tipo I (IFNs)

Os interferões do tipo I (IFNs) são uma grande familia de citocinas estruturalmente relacionadas que

medeiam a resposta imune inata inicial contra infecções virais. O termo interferão deriva da habilidade

destas citocinas interferirem com a infecção viral.

Existem muitos IFNs do tipo I, todos eles com uma homologia estrutural considerável e codificados por

genes num único cluster no cromossoma 9. Em humanos, os IFNs do tipo I incluem:

 

IFN-α (que pode depois ser sub-dividido em 13 subtipos diferentes);

  IFN-β;

  IFN-ε;

 

IFN-κ;

  IFN-ω.

Produção, Estrutura e Receptores

As células dendriticas plasmocitoides e os fagócitos mononucleares são as principais fintes de IFN-α. Por

outro lado, o IFN-β  é uma unica proteina produzida por várias célula, como os fibroblastos, e é por

vezes designada IFN dos fibroblastos.

As células dendriticas plasmocitoides, que circulam no sangue humano e estão presentes em vários

tecidos, são uma fonte particular de IFNs do tipo I na resposta inata inicial contra muitos virus e os

principais estimulos para a sintese de IFNs do tipo I são:

  O estimulo mais potente são os ácidos nucleico virais, que se ligam a vários receptores

intracelulares ou sensores qye estão ligados à via de sinalização que activa a familia de factores

de transcrição factor regulador do interferão (IRF);

  TLR3, TLR7 e TLR9, todos nas membranas endossomais, reconhecem dsRNA, DNA de cadeia

simples e DNA CpG não-metilado, respectivamente, levando a activação do IRF e à expressão de

genes;

 

Os sensores citoplasmáticos RIG-I e MDA-5 reconhecem RNA viral  e também induzem a

expressão de IFN do tipo via activação de RIF;  Células T activadas por antigénios estimulam os fagócitos monucleares a produzirs IFNs do tipo

através da via CD40-CD40L.

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Joana Maria Soares Pereira 222

Todos os IFNs do tipo I ligam o mesmo receptor de superficie e induzem respostas biológicas

semelhantes. O receptor de IFN do tipo I é um membro da familia de receptores de citocinas do tipo II

composto por um heterodimero de dois polipeptideos estruturalmente relacionados, IFNAR1 e IFNAR2,

que estão associados com as tirosinas cinases da familia Janus Tyk2 e Jak1, respectivamente.

Após ligação ligação dos IFN do tipo I ao receptor, via clássica de sinalização que transduz o sinal dosIFNs do tipo I é:

  As cinases ficam activas e levam à fosforilação de STAT1 e STAT2, formação de um heterodimero

e recrutamento de IRF9;

  O complexo STAT-1/2:IRF9 resultante transloca-se para o núcleo e liga-se a sequências de ácidos

nucleicos designadas elementos de resposta estimulados por IFN (ISREs) que estão presentes

em vários genes diferentes, induzindo a sua transcrição.

Em adição a esta via clássica de sinalização pelo receptor de IFN do tipo I, várias outras vias desinalização  iniciadas pelo receptor de IFNs do tipo I também contribuem para as respostas biológicas

das células a IFNs do tipo I:

  A fosforilação de STAT1 leva à formação de homodimeros de STAT1 que ligam a diferentes

sequências de ácidos nucleicos, designadas IFN-γ-activated sites (GAS), que estão presentes em

alguns dos genes que contêm ISREs e noutros genes;

  O receptor de IFNs do tipo I também activa vias dependentes de MAP cinases e vias de PI-3

cinase, ambas contribuindo para as respostas biológicas das células a IFNs do tipo I.

É importante salientar que a regulação pelos IFNs do tipo I da transcrição de genes é regulada pordiferentes proteinas co-activadoras, que formam complexos com dimeros STAT ligados a sequências

ISRE e GAS.

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Joana Maria Soares Pereira 223

Acções Biológicas

As acções dos IFNs do tipo I protegem contra infecções virais e promovem a imunidade mediada por

células contra micróbios intracelulares:

  Os interferões do tipo I inibem a replicação viral. O IFN leva a que as células sintetizem um

numero de enzimas que interferem com a transcrição de RNA ou DNA viral e com a replicação

viral. A acção antiviral dos IFNs do tipo I é principalmente uma acção parácrina, pelo que uma

célula infectada por um virus secreta IFN para proteger células vizinhas que não estão

infectadas. Uma célula que respondeu ao IFN e é resistente a infecções virais encontra-se em

estado antiviral . O IFN secretado por uma célula infectada pode também actuar de um modo

autocrino para inibir a replicação viral nessa célula;

 

Os IFNs do tipo I aumentam a expressão de moléculas MHC classe I. Como as CTLs CD8+ 

reconhecem antigénios estranhos ligados a moléculas MHC classe I, o IFN do tipo I aumenta o

reconhecimento de antigénios virais associados a classe I em células infectadas e, assim, aeficiência da morte dessas células mediada por CTLs. O IFN tipo I também aumenta a actividade

citotóxica de células NK;

 

Os interferões do tipo I estimulam o

desenvolvimento de células TH1 em

humanos. Este efeito deve-se

principalmente à habilidade dos IFNs do tipo

I promoverem nas células T a expressão de

receptores funcionais para a principalcitocina indutora de TH1, IL-12;

  Os IFNs do tipo I promovem o sequestro de

linfócitos nos nódulos linfáticos,

aumentando assim a activação dos linfócitos

por antigénios concentrados no nódulos,

especialmente nas infecções virais;

 

Os interferões do tipo I inibem aproliferação de vários tipos de células,

incluindo linfócitos, in vitro.  Isto deve-se à

indução das mesmas enzimas que bloqueiam

a replicação viral, mas isto também envolve

outras enzimas que alteram o metabolismo

de aminoácidos como triptofano.

Assim, as principais actividades dos IFNs do tipo I funcionam em conjunto para eliminar as infecções

virais:

  Ratinhos KO pra o receptor de IFNs do tipo I são susceptiveis a infecções virais;

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Joana Maria Soares Pereira 224

  IFN-α  está em uso clinico como um agente anti-viral para alguns problemas hematológicos

malignos;

 

IFN-β é usado como uma terapia para a esclerose multipla, mas os mecanismos do seu efeito

benáfico nesta doença ainda são desconhecidos.

Interleucina-10 (IL-10)

A IL-10 é um inibidor dos macrófagos e células dendriticas activadas e, assim, está envolvida no controlo

das reacções imunes inatas e da imunidade mediada por células.

Produção, Estrutura e Receptores

A IL-10 é um membro de uma familia de citocinas diméricas não-

covalentemente ligadas, sendo que cada cadeia contem um dominio

de seis α-hélices que intercalam com a outra cadeia. A esta familia

também pertencem IL-19, IL-20, IL-22, IL-24 e IL-26:

 

O receptor de IL-10  pertence à familia de receptores de

citocinas do tipo II e consiste em duas cadeias, que se

associam com as cinases da familia Janus Jak1 e Tyk2, sendo a

STAT3 a principal molécula a jusante na sinalização a ser

induzida pela IL-10;

  A IL-10 é produzida principalmente por macrófagos e células T reguladoras, ambas activadas;

  Como é tanto produzida por e inibe as funções dos macrófagos, esta citocina é um exemplo de

um regulador de feedback negativo.

Não é claro quais os diferentes estimulos que poderão actuar nos macrófagos para induzir a produção

de uma citocina regulatória como a IL-10 ou citocinas efectoras como TNF e IL-12, ou quais os estimulos

que elicitam a produção de todas estas citocinas mas com diferentes cinéticas. No entanto, a IL-10 é

também produzida por alguns tipos de células não-linfóides (e.g., queratinócitos).

Acções Biológicas

Os efeitos biológicos da IL-10 resultam da sua habilidade para inibir muitas das funções dos macrófagos

activados. Os macrófagos respondem aos mic´robios secretando citocinas e expressando co-

estimuladores que aumenta a activação de células T e a imunidade mediada por células. A IL-10 actua

nos macrófagos activados para terminar essas respostas e levar o sistema ao seu estado de repouso

quando a infecção é eliminada:

  A IL-10 inibe a produção de IL-12 por macrófagos activados e pelas células dendriticas. Como a

IL-12 é um estimulo critico para a secreção de IFN-γ e é um indutor das reacções imunes inatas e

mediadas por células contra micróbios intracelulares. De facto, a IL-10 foi dscoberta como um

inibidor da produção de IFN-γ;

 

A IL-10 inibe a expressão de co-estimuladores e de moléculas MHC classe II em macrófagos e

células dendriticas. Devido a estas acções, a IL-10 serve para inibir a activação das células T eterminar as reacções imunes mediadas por células.

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Joana Maria Soares Pereira 225

O virus Epstein-Barr contem um gene homólogo à IL-10 humana, e a IL-10 viral tem as mesma

actividade da citocina natural. Isto levanta a possibilidade interessante de que a aquisição do gene IL-10

durante a evolução do virus deu-lhe a habilidade de inibir a imunidade do hospedeiro e, assim, uma

vantagem de sobrevivência no hospedeiro afectado.

Outras Citocinas da Imunidade Inata

A interleucina-6 (IL-6) é uma citocina que funciona tanto na imunidade inata como na adaptativa:

 

É sintetizada pelos fagócitos mononucleares, células endoteliais vasculares, fibroblastos e outras

células em resposta a micróbios e outras citocinas, principlamente IL-1 e TNF. É também

produzida por algumas células T activadas;

  A forma funcional da IL-6 é um homodimero, com cada subunidade a formar um dominio

globular de quatro α-hélices;

  O receptor de IL-6 consiste numa proteina de ligação à citocina e numa subunidade de

transdução do sinal, ambas pertencendo à familia de receptores de citocinas do tipo I;

  A principal via de sinalização induzida pela IL-6 envolve a activação de Jak1 e STAT3, e leva à

transcrição de diferentes genes.

A IL-6 tem diversas acções, entre elas:

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Joana Maria Soares Pereira 226

  Na imunidade inata, estimula a sintese de proteinas de fase aguda pelas hepatócitos e, assim,

contribui para a resposta de fase aguda;

 

Estimula a produção de neutrófilos, normalmente actuando em conjunto com factores

estimuladores de colónias;

  Na imunidade adaptativa, a IL-6 estimula o crescimento de linfócitos B que se diferenciaram em

produtores de anticorpos;  Actua de modo semelhante como factor de crescimento para plasmócitos neoplásticos

(mielomas), e muitas células de mieloma que crescem autonomamente secretam IL-6 como

factor de crescimento autocrino;

 

É capaz de promover o crescimento de hibridomas produtores de anticorpos monoclonais, que

são derivados dos mielomas;

 

Promove as reacções imunes mediadas por células estimulando a produção de algumas

citocinas pró-inflamatórias (principalmente IL-17) e inibindo a geração e as acções das células T

reguladoras.

A interleucina-15 (IL-15) é uma citocina que serve funções importantes de estimulação do crescimento

e de sobrevivência para as célula T e NK:

  É um membro da familia de citocinas do tipo I e é produzida por fagócitos mononucleares e,

provavelmente, por outors tipos de células em resposta à infecção viral, ao LPS e a outros sinais

que desencadeiam a imunidade inata;

  É estruturalmente homóloga à IL-2;

  O receptor para a IL-15 apresenta uma cadeia de ligação a citocinas que é homóloga mas

distinta da cadeias α  do receptor de IL-2, e as mesmas cadeias de transdução do sinal do

receptor de IL-2. A cadeia α liga a IL-15 com alta afinidade;

  A ligação de IL-15 ao seu receptor activa vias dependentes de Jak3, STAT5 e Akt que promovem

a sobrevivência da célula e levam à proliferação;

  As funções da IL-15 incluem a sobrevivência de células T CD8+, células NK e células T NK;

 

A IL-15 parece ser necessária para a diferenciação e activação de células NK.

A interleucina-18 (IL-18) é uma citocina estruturalmente relacionada com a IL-1:

 

Ao contrário da IL-1, as suas principais funções biológicas são aumentar a produção de IFN-γ 

pelas células T e promover a diferenciação de células T CD4+  TH1 produtoras de IFN-γ. Estes

efeitos da IL-18 são sinérgicos com os da IL-12;

  As principais fontes de IL-18 são os macrófagos e as células dendriticas, e a produção é

dependente de caspase-1, tal como na IL-1;

 

O receptor de IL-18 é da familia IL-1/TLR e sinaliza através de um dominio TIR que recruta

proteinas IRAK e TRAF, levando à activação dos factores de transcrição NF-κB e AP-1.

As interleucinas-23 e -27 são membros de uma familia de citocinas estruturalmente relacionadas com a

IL-6 e com a IL-12, e os seus receptores são estruturalmente relacionados com os receptores de IL-6 e

IL-12. Como a IL-12, as suas funções ligam a imunidade inata e a imunidade adaptativa:

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Joana Maria Soares Pereira 227

IL-23 IL-27

  Citocina heterodimérica composta por uma única

cadeia de 19 kD (p19) emparelhada com a cadeia

p40 de IL-12;

  Heterodimero composto por uma subunidade α-

helical (IL-17 p28), ligada a uma subunidade

homóloga ao dominio estracelular do receptor de

IL-6;

  Produzida por macrófagos e células dendriticas em

resposta à infecção microbiana;

  Produzida por macrófagos e células dendriticas em

resposta a patogénios; 

O receptor de IL-23 é expresso em células T e

células NK, e consiste num heterodimero de uma

unica cadeia IL-23R e a cadeia IL-12Rβ1;

 

Liga-se a um receptor de alta afinidade

heterodimerico, IL-27R, composto pela cadeia

gp130 IL-6 e por uma segunda cadeia homóloga

que é mais expresso em células NK e NK-T em

repouso, células T de memória e efectoras e células

T reguladoras;

  Contribui para a patologia inflamatória de doenças

autoimunes como encefalomielite alérgica

experimental;

  A sua influência nas respostas imunes é complexa e

inclui tanto funções pró-inflamatórias e

reguladoras;

  Parece ser importante para a resistência a algumas

bactérias, incluindo o organismo gram-negativoKlebsiella pneumoniae;

  Como a IL-12, promove a diferenciação TH1 e a

produção de IFN-γ pelas células T;

 

Um modo pelo qual influencia as respostas auto-

imunes e protectoras é através da promoção da

diferenciação ou manutenção das célula T que

produzem IL-17, uma citocina pró-inflamatória.

 

Ratinhos KO para IL-27R desenvolvem respostas

inflamatórias mediadas por células T contra certos

patogénios infecciosos, o que indica um papel da

IL-27 no controlo das respostas das células T.

Várias citocinas foram identificadas por homologia de sequências como pertencentes à   familia de

citocinas relacionadas com IL-10:

  Incluem IL-19, IL-20, IL-22, IL-24 e IL-26;

  Todas ligam receptores de citocinas do tipo II que partilham várias subunidades;

  Parecem regular reacções inflamat´roias em tecidos, mas as suas funções fisiológicas ainda não

são conhecidas.

Papeis das Citocinas na Imunidade Inata e na Inflamação

Diferentes citocinas têm papeis chave na imunidade inata contra diferentes classes de micróbios.

Em infecções por bactéria extracelulares piogénicas (pus-forming), os macrófagos respondem às

endotoxinas bacterianas e, talvez, contra outros produtos microbianos produzindo TNF, IL-1 e

quimiocinas:

  TNF e IL-1 actuam no endotélio vascular no local de infecção para induzir a expressão de

moléculas de adesão que promovem a ligação estável dos neutrófilos e monócitos sanguineos

ao endotélio neste local;

  Quimiocinas produzidas por macrófagos e células endoteliais estimulam a extravasão do

leucócitos para a infecção, onde a reacção da imunidade inata é montada para eliminar os

micróbios infecciosos.

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Joana Maria Soares Pereira 229

A produção de citocinas é uma das principais respostas dos linfócitos T ao reconhecimento de

antigénios, podendo as  principais citocinas da imunidade adaptativas  ser resumidas na sequinte

tabela:

Citocina Tamanho (kD)Principais fontes

celularesPrincipais alvos celulares e efeitos biológicos

Interleucina-2

(IL-2)14-17 kD Células T

Células T: proliferação, sintese aumentada de

citocinas, potencia a apoptose mediada por

FAS, promove o desenvolvimento de células T

reguladoras, sobrevivência

Células NK: proliferação, diferenciação

Células B: proliferação, sintese de anticorpos

(in vitro)

Interleucina-4

(IL-4)18 kD

Células T CD4+ (TH2),

mastócitos

Células B: switch de isotipo para IgE

Células T: diferenciação de TH2, proliferação

Macrófagos: inibição da activação mediada

por IFN-γ 

Mastócitos: proliferação (in vitro)

Interleucina-5

(IL-5)

45-50 kD; homodimero de

subunidades de 20 kDCélulas T CD4+ (TH2)

Eosinófilos: activação, produção aumentada

Células B: proliferação, produção de IgA

Interferão-γ  

(IFN-γ  )

50 kD (glicosilada);

homodimero de

subunidades de 21 a 24 kD

Células T (TH1, CD8+),

células NK

Macrófagos: activação (funções microbicidas

aumentadas)

Células B: switch de isotipo para subclasses de

IgG opsonizantes e fixadoras do complemento

Células T: diferenciação TH1

Várias células: expressão aumentada de MHC

classe I e II, processamento e apresentação de

antigénios a células T aumentada

Transforming

growth factor-

β (TGF-β )

25 kD; homodimero de

subunidades de 12,5 kD

Células T,

macrófagos, outros

tipos de células

Células T: inibição da proliferação e das

funções efectoras

Células B: inibição da proliferação, produção

de IgA

Macrófagos: inibição da activação,

estimulação dos factores angiogénicos

Fibroblastos: sintese de colagénio aumentada

Linfotoxina (LT)

21-24 kD, secretada como

um homotrimero ou

associado com LTβ2 na

membrana celular

Células TRecrutamento e activação de meutrófilos

Organogénese linfóide

Interleucina-13

(IL-13)15 kD

Células T CD4+ (TH2),

células NKT,

mastócitos

Células B: switch de isotipos para IgE

Células epiteliais: produção de muco

aumentada

Fibroblastos: sintese de colagénio aumentada;

Macrófagos: sintese de colagénio aumentada

Interleucina-17

(IL-17)20-30 kD Células T

Células epiteliais: produção de quimiocinas

aumentada

Macrófagos: produção de quimiocinas e

citocinas aumentada

Células epiteliais: produção de GM-CSF e G-

CSF

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Joana Maria Soares Pereira 230

Interleucina-2 (IL-2)

A IL-2 é um factor de crescimento, sobrevivência e diferenciação para os linfócitos T, e desempenha um

papel principal na regulação das respostas das células T através da sua acção nas células T reguladoras:

  Devido à sua habilidade para suportar a proliferação de células T estimuladas por antigénios, a

IL-2 foi inicialmente designada factor de crescimento de células T;

  Acuta nas mesmas células que a produzem ou em células adjacentes, actuando, assim, como um

factor de crescimento e sobrevivência autócrino ou parácrino.

Produção, Estrutura e Receptores

A produção e secreção de IL-2 é feita principalmente pelos linfócitos T

CD4+:

  A activação de células T por antigénios e co-estimuladores

estimula a transcrição do gene IL-2 e a sintese e secreção daproteina;

  A produção de IL-2 é transiente, com um pico de secreção a

ocorrer 8 a 12 após a activação;

  As células T CD4+ secretam IL-2 na sinapse imunológica formada

entre a células T e a APC;

  Receptores de IL-2 nas células T também tendem a localizar-se

na sinapse, de modo que a citocina e os seus receptores

atingem concentrações locais suficientemente altas para iniciar

respostas celulares.

A IL-2 secretada é uma glicoproteina de 14-17 kD que apresenta uma

estrutura globular com quatro α-hélices, o que coressponde a um

fenótipo de citocinas que interagem com receptores de citocinas do

tipo I.

A expressão de receptores de IL-2 funcionais é induzida após a

activação de células T naive e efectoras. No entanto, as células T

reguladoras, que têm de estar num estado activado constante por

antigénios próprios, apenas expressa receptores de IL-2.

O receptor de IL-2 (IL-2R)  consiste em três proteinas não-

covalentemente associadas incluindo IL-2Rα  (CD25), IL-2R/15Rβ  e γc.

Das três cadeias, apenas IL-2Rα é unica do IL-2R:

  A IL-2 liga-se à cadeia α  com baixa afinidade, e não leva a

qualquer resposta sinalizadora citoplasmática detectável;

  IL-2R/15Rβ, que também faz parte do receptor de IL-15,

contribui para a ligação de IL-2 e entra na via de sinalização

dependente de Jak3-STAT5;  A cadeia γ é partilhada com receptores de IL-4, IL-7 e IL-15, e é

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Joana Maria Soares Pereira 231

assim designada de cadeia γ comum (γc). Apesar desta cadeia não estar directamente envolvida

na ligação de IL-2, a sua associação com o complexo receptor é também necessa´ria para a

entrada nas vias de transdução do sinal de MAP cinases e PI-3 cinase.

A regulação da expressão de receptores de IL-2 é feita do seguinte modo:

 

Os complexos IL-2Rβγc são expressos a baixos niveis em células T em descanso (e em células NK)

e ligam com uma afinidade de aproximadamente 10-9 M;

 

A expressão de IL-2Rα  é induzida de novo  e a expressão de IL-2Rβ  é sobre-regulada com a

activação de células T CD4+, CD8+  e de memória. Assim, esta subunidade é essencial para a

activação das células T;

  As células que expressam IL-2Rα e formam complexos IL-2Rαβγ são capazes de ligar IL-2 mais

fortemente, com uma afinidade de 10-11  M, e a estimulação do crescimento de tais células

ocorre a concentrações de IL-2 similarmente baixas.

Estudos in vitro indicam que a IL-2, produzida em resposta à estimulação pelo antigénio, é necessária

para a indução de IL-2Rα e IL-2Rβγ e, assim, as células T que produzem IL-2 ou células próximas das

células produtoras de IL-2 são mais prováveis de responder à citocina. No entanto, as células T CD4 + 

reguladoras, que têm um papel essencial na manutenção da tolerância a auto-antigénios, expressam IL-

2Rα e IL-2Rβ mesmo sem activação por antigénios ou IL-2.

Acções Biológicas

a IL-2 foi originalmente descrita como um factor de crescimento das células T com base em estudos in

vitro, mas mais recentemente outros estudos indicam outros papeis da IL-2 que deverão predominar in

vivo:

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Joana Maria Soares Pereira 232

  A IL-2 é requerida para a sobrevivência e, talvez, para a função das células T reguladoras, que

suprimem respostas imunes contra antigénios próprios e outros. A expressão constitutiva de

receptores de IL-2 nas células T reguladoras é consistente com a sua necessidade de IL-2 para a

sobrevivência. Estudos em ratinhos KO forneceram evidências de que a função primária, não

redundante, da IL-2 in vivo é a supressão de respostas I. Ratinhos que não apresentam IL-2, IL-

2Rα  ou IL-2Rβ  desenvolvem linfadenopatia e autoimunidade mediada por células T, e nãoapresentam células T reguladoras. Estas descobertas em ratinho indicam que outras citocinas

pordem partilhar com a IL-2 o papel de factor de crescimento para células T mas as funções

reguladoras da IL-2 não podem ser substituidas por outras citocinas;

  A IL-2 estimula a sobrevivência, proliferação e diferenciação de células T activadas por

antigénios. A IL-2 também promove a sobrevivência de células induzindo a proteina anti-

apoptótica Bcl-2. A IL-2 promove a progressão do ciclo celular através da sintese de ciclinas e da

degradação de um bloqueador do ciclo celular, o p27. A IL-2 aumenta também a produção de

outras citocinas efectoras, como IFN-γ e IL-4, pelas células T;

 

A IL-2 promove a proliferação e diferenciação de células naturalmente assassinas. Esta citocina

estimula o crescimento de células NK e aumenta as suas funções citotóxicas, produzindo células

designadas “lymphokine-activated killer cells”. Como as células NK, em semelhança com as

células T em descanso, expressam IL-Rβγc (mas não IL-2Rα), podem ser estimuladas apenas por

altos niveis de IL-2. Nas células NK, o complexo βγc está associado com a cadeia α do receptor de

IL-15, e a IL-15 funciona como um factor de crescimento para estas células;

 

A IL-2 actua nas células B tanto como factor de crescimento mas também como um estimulopara a sintese de anticorpos, uma função demonstrada in vitro.

Interleucina-4 (IL-4)

A IL-4 é o principal estimulo para a produção de anticorpos IgE e para o desenvolvimento de células TH2

apartir de células TH CD4+ naive:

 

A IL-4 é a citocina que marca o subgrupo TH2 e funciona tanto como uma citocina indutora eefectora destas células.

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Joana Maria Soares Pereira 233

Produção, Estrutura e Receptores

A IL-4 é um membro da familia de citocinas com uma estrutura de quatro

α-hélices e as suas principais fontes celulares são:

  Linfócitos T CD4+ do subgrupo TH2;

 

Mastócitos activados.

O receptor de IL-4  das células linfóides consiste numa cadeia α, que é

membro da familia de receptores de citocinas do tipo I, associada com a

cadeia γc partilhada por outros receptores de citocinas:

  Este receptor IL-4Rαγc sinaliza através da via Jak-STAT (Jak3- ou 4-

STAT6) e por uma via que envolve um substrato de resposta à

insulina (IRS), designado IRS-2.

A IL-4 é a unica citocina que a activa a proteina STAT6, que induz a transcrição de genes que são

responsáveis por muitas das acções da IL-4, como a diferenciação de TH2 e o switch pra IgE das célulasB.

Acções Biológicas

As acções biológicas da IL-4 incluem a estimulação de IgE e as reacções mediadas pro

mastócitos/eosinófilos:

  A IL-4 é a principal citocina que estimula o switch de cadeias pesadas de Ig nas células B para o

isotipo IgE. Ratinhos KO para IL-4 têm menos de 10% dos niveis normais de IgE. Os anticorpos

IgE têm papeis importantes nas defesas mediadas por eosinófilos contra infecções helminticas

ou artrópodes, sendo esta a principal função das células TH2 na defesa do hospedeiro. A IgE é

também o principal mediador das reacções de hipersensibilidade imediatas (alergias) e a

produção de IL-4 é importante para o desenvolvimento de alergias.a IL-4 também aumenta o

switch para IgG4 e inibe o switch para IgG2 e IgG3, ambos estimulados por IFN-γ. Esta é uma das

várias acções antagonistas reciprocas da IL-4 e do IFN-γ;

  A IL-4 estimula o desenvolvimento de células TH2 a partir de células T CD4+ e funciona como

um factor de crescimento autócrino para células TH2 diferenciadas. Assim, a IL-4 é responsável

pela indução e expansão desta subgrupo. Ratinhos KO para IL-4 ou STAT6 mostram uma

deficiência no desenvolvimento e na manutenção de células TH2, mesmo após os estimulos quesão normalmente indutores potentes desta subgrupo. A IL-4 inibe também o desenvolvimento

de células TH1 e TH17;

  Em conjunto com a IL-13, contribui para a activação de uma forma alternativa de macrófagos

que é distinta da resposta dos macrófagos ao IFN-γ. Os efeitos a IL-4 nos macrófagos incluem a

indução da arginase levando à produção de colagénio, e a uma expressão aumentada de

receptores de manose, que promve a fagocitose de micróbios.

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Interleucina-5 (IL-5)

A IL-5  é um activador de eosinófilo e serve como uma ponte entre a activação de células T e a

inflamação eosinofilica.

Produção, Estrutura e Receptores 

A IL-5 é um membro da familia de citocinas tipo I composta por um homodimero de um polipeptideo

que contem um dominio de quatro α-hélices e as suas principais fontes celulares são:

  Células T CD4+ do subgrupo TH2;

  Mastócitos activados.

O receptor de IL-5 é um heterodimero composto por uma unica cadeia α e uma cadeia β comum (βc),

que també faz parte dos receptores de IL-3 e de factor estimulante d colónias de granulócitos-macrofagos (GM-CSF):

  A cadeia IL-5Rα é capaz de ligar IL-5 com baixa afinidade, mas não sinaliza;

  A cadeia βc  não liga IL-5 por si só mas é necessária para uma ligação de alta afinidade pela

cadeia α e para a entrada nas vias de transdução do sinal;

  A principal via de sinalização induzida pela IL-5 envolve Jak2 e STAB.

Acções Biológicas

As principais acções da IL-5 são:

  Activar eosinófilos maduros;

  Estimular o crescimento e a diferenciação de eosinófilos;

 

Estimular a proliferação de células B e a produção de anticorpos IgA.

Os eosinófilos antivados são capazes de matar helmintos. Os eosinófilos expressam receptores Fc

especificos para antocpros IgG e IgA e são, assim, capazes de ligar micróbios opsonizados por IgG e IgA,

como helmintos. Ratinhos KO para IL-5 são deficientes em respostas dos eosinófilos e são susceptiveis a

infecções por helmintos.

Interleucina-13 (IL-13)

A IL-13 é estrutural e funcionalmente semelhante à IL-4 e desenpenha papeis chave na defesa contra

helmintos e nas doenças alérgicas.

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Produção, Estrutura e Receptores 

A IL-13 é um membro da familia de citocinas com uma estrututa com quatro α-hélices, com homologia

de sequência limitada mas com homologia estrutural para com a IL-4 significativa sendo as suas

principais fontes celulares:

 

Principalmente células T CD4+ do subgrupo TH2;  Células T CD8+;

  Células NK-T;

 

Basófilos;

  Eosinófilos.

Esta citocina é codificada por um gene numa região do cromossoma 5 humano que inclui vários genes

de citocinas importantes nas doenças alérgicas, incluindo IL-4, IL-5 e IL-9.

O receptor funcional de IL-13 é um heterodimero da cadeia IL-4Rα e da cadeia IL-13Rα1:

 

Este complexo é capaz de ligar tanto IL-4 como IL-13 com alta afinidade, e é responsável pelo

facto da maior parte dos efeitos da IL-13 serem partilhados com a IL-4;

  O receptor IL-4R/IL-13Rα1 é expresso numa grande variedade de célulasm incluindo células B,

fagócitos mononucleares, células dendriticas, eosinófilos, basófilos, fibriblastos, células

endoteliais e células epiteliais bronquiais. As células T não expressam receptor de IL-13.

A sinalização do IL-13R é semelhante à sinalização do IL-4R, envolvendo a fosforilação mediada por Jak1

e Tyk2 da STAT6 tal como IRS2. Como o receptor de IL-13 não inclui a cadeia γc, alguns dos eventos de

sinalização a jusante induzidos pela ligação de IL-4 ao receptor de IL-4 não são induzidos nem pela

ligação de IL-4 nem de IL-13 ao IL-13R.

Um segundo receptor de alta afinidade para IL-13, designado IL-3Rα2, não parece apresentam

quaisquer funções sinalizadoras, e deverá actuar como um inibidor negativo dominante e/ou como um

receptor armadilha que bloqueia os efeitos da IL-13 em certos tipos de células, incluindo células

epiteliais bronquiais.

Acções Biológicas

A IL-13 actua em conjunto com a IL-4 na produção dos efeitos associados com a inflamação alérgica e na

defesa contra parasitas. Os padrões de distribuição distinctos dos receptores de IL-4 e IL-13, a diferençana sinalização por estes receptores e diferenças na indução e estabilidade de IL-4 e IL-13 provavelmente

contribuem para o facto da IL-13 apresentar efeitos biológicos que são distinctos dos da IL-4:

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  A IL-13 promove a fibrose como parte da fase de reparação de tecidos dos estados

inflamatórios crónicos. A função fibrogénica da IL-13, que não é partilhada com a IL-4, deve-se à

estimulação de fibroblastos e macrófagos para que estes sintetizem colagénio, em parte

induzindo a expressão da enzima arginase-I, e à estimulação do macrófagos para que estes

produzam TGF-β, que por si só promove a fibrose. A fibrose induzida por IL-13 contribui

significativamente para a patologia da asma crónica, das doenças intersticiais do pulmão e dasinfecções parasiticas;

  A IL-13 estimula a produção de muco pelas células epiteliais do pulmão. Esta propriedade

também não é partilhada com a IL-4 e também contribui para a patogénese da asma. A secreção

de muco mediada pela IL-13 deve-se aos efeitos da citocina na proliferação, diferenciação e

função secretória das células epiteliais caliciformes bronqueiais;

 

A IL-13 induz o switch de classe para IgE das células B. Esta propriedade é partilhada com a IL-4.

Ratinhos KO para IL-13 têm niveis de IgE reduzidos, mas produzem IL-4;

  A IL-13 promove a inflamação induzindo a expressão de moléculas de adesão epiteliais (e.g.,

VCAM-1) e quimocinas, que medeiam o recrutamento de granulócitos e monócitos para os

tecidos. Os efeitos pró-inflamatórios da IL-13 podem ser protectores contra infecções

parasiticas e prejudiciais no caso de doença asmática e outras doenças dos pulmões.

Interferão-γ (IFN -γ)  

O IFN-γ é a principal citocina activadora de macrófagos e serve funções criticas na imunidade inata e na

imunidade adaptativa mediada por células contra micróbios intra-celulares:

  É também designado IFN imune ou do tipo II;

 

Apesar de apresentar alguma actividade anti-viral, não é uma citocina anti-viral potente, efunciona principalmente como um activador das células efectoras do sistema imune.

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Produção, Estrutura e Receptores 

O IFN-γ é uma proteina homodimérica e as suas principais fontes celulares são:

  Células naturalmente assassinas;

  Células CD4+ TH1, sendo caracteristica destes grupo de células;

 

Células T CD8+.

As células NK secretam IFN-γ em resposta a ligandos activadores na superficie de células do hospedeiro

infectadas ou em stress ou em resposta à IL-12, actuando como mediador da imunidade inata. No

entanto, na imunidade adaptativa, as células T produzem IFN-γ  em resposta ao reconhecimento de

antigénios e a produção é aumentada pelas IL-12 e IL-18. Assim, a sequência de reacções que envolvem

IL-12 e IFN-γ é central para a imunidade mediada por células contra micróbios intracelulares.

O receptor de IFN-γ  é composto por dois polipeptidos estruturalmente homólogs que pertencem à

familia de receptores do tipo II, designadas IFN-γR1 e IFN-γR2:

 

A IFN-γ  liga-se e induz a heterodimerização de IFN-

γR1 e IFN-γR2, que se associam, respectivamente,

com as cinases Jak1 e Jak2;

  A activação destas enzimas leva à fosforilação de

STAT1 e à dimerização, à ligação de dimeros STAT1 a

sequências GAS em regiões reguladoras de vários

genes e transcrição desses genes, como no casos dos

IFNs do tipo I;

  Os genes induzidos pelo IFN-γ  codificam diferentes

moléculas envolvidas no aumento das respostasimunes adaptativas e nas funções efectoras dos

macrófagos.

Diferentes genes que resposndem ao IFN-γ  são activados

tanto pela STAT1 sozinha como por esta em conjunto com

outros factores de transcrição, incluindo factor-1 de

resposta ao IFN (IRF-1) e transactivador classe II, que são

induzidos pela STAT1. Ratinhos KO para STAT1 são

completamente insensiveis às acções do IFN-γ.

Acções Biológicas

As funções do IFN-γ são importantes na imunidade mediada por células contra micróbios intracelulares:

  O IFN-γ activa os macrófagos para que estes matem micróbios fagocitados. Em conjunto com o

CD40L, o IFN-γ é o meio pelo qual as células TH1 aumentam a função dos macrófagos, e o IFN-γ é

a unica via pela qual as células NK activam os macrófagos na imunidade inata. O IFN- γ aumenta

a função microbicida dos macrófagos estimulando a sintese de espécies reactivas de oxigénio e

óxido nitrico. O IFN-γ medeia estes efeitos principalmente activando a transcrição de genes que

codificam as enzimas necessárias para a produção de espécies reactivas de oxigénio e

intermediários reactivos de azoto. As moléculas reactivas são produzidas nos lisossomas e

destroem micróbios que estão contidos nos fagolisossomas;

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Joana Maria Soares Pereira 238

  O IFN-γ promove a diferenciação de células T CD4+ naive em células TH1 e inibe a diferenciação

em células TH2. O IFN-γ estimula a produção de um factor de transcrição chamado T-bet   que

promove directamente a diferenciação em TH1. O efeito indutor de TH1 do IFN-γ  é também

parcialmente mediado indirectamente activando fagócitos mononucleares a produzirem IL-12,

que é a principal citocina indutora de TH1. Em ratinho, o IFN-γ aumenta a expressão da cadeia

sinalizadora do receptor de IL-12. A inibição da diferenciação em TH2 pelo IFN-γ  envolve asupressão mediada pelo T-bet do GATA-3, um factor de transcrição que é necessário para a

entrada das células T naive na linhagem TH2;

  O IFN-γ  actua nas células B para promover o switch para certas subclasses de IgG,

principalmente IgG2 em ratinho, e para inibir o switch para isotipos dependentes de IL-4,

como IgE e IgG1.  As subclasses IgG induzidas pelo IFN-γ  ligam receptores Fcγ  em fagócitos e

activam o complemento, e ambos estes mecanismos promovem a fagocitose de micróbios

opsonizados. Assim, o IFN-γ  induz as respostas de anticorpos que também participam na

eliminação de micróbios mediada por fagócitos, em concerto com os efeitos directos

activadores de macrófagos desta citocina;

  O IFN-γ estimula a expressão de moléculas MHC classe I e classe II e de co-estimuladores nas

APCs. O IFN-γ também estimula a produção de muitas proteinas envolvidas nao processamento

de antigénios, incluindo TAP, os compnentes LMP-2 e LMP-7 do proteossoma, e HLA-DM. Assim

o IFN-γ  aumenta a apresentação de antigénios associada a MHC e amplifica a fase de

reconhecimento das respostas imunes aumentando a expressão de ligandos que as células T

reconhecem. O IFN-γ  é também um activador das células endoteliais vasculares e potencia

muitas das acções do TNF nas células endoteliais, promovendo a adesão e a extravasão dos

linfócitos T para os locais de infecção.

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Joana Maria Soares Pereira 239

O efeito final destas actividade do IFN-γ  é promover as reacções inflamatórias ricas em macrófagos

enquanto inibe as reacções ricas em eosinófilos dependentes de IgE. Ratinhos KO para IFN-γ  ou

receptor de IFN-γ são suceptiveis a infecções com micróbios intracelulares, como micobactérias, devido

à activação deficiente dos macrófagos.

Transforming Growth Factor β (TGF-β )

A principal acção do TGF-β no sistema imunitário é inibir a proliferação e a activação dos linfócitos e

outros leucócitos. No entanto, o TGF-β é capaz de exercer tanto efeitos anti-inflamatórios como pró-

inflamat´roios dependendo do momento da sua aparência, a quantidade produzida e a da razão de

expressão sistémica/local:

  O TGF-β foi descoberto como um produto de tumores que promovia a sobrevivência de células

em meios de cultura semi-sólidos;

  É actualmente uma familia de moléculas fortemente relacionadas codificadas por genes

distintos, comummente designados TDF-β1, TGF-β2 e TGF-β3;

 

As células do sistema imune sintetizam principalmente TGF-β1.

Produção, Estrutura e Receptores 

O TGF-β1 é uma proteina homodimérica que tem como principais fontes celulares:

  Células T estimuladas por antigénios;

  Fagócitos monucleares activados pelo LPS;

  Muitos outros tipos de células.

Algumas células T reguladoras produzem TGF-β e as mesmas c+elulas podem também produzir IL-10,

que, como a TGF-β1 tem actividade imunossupressivas.

A TGF-β1 é sintetizada como um precursor inactivo que é proteoliticamente clivado no complexo de

Golgi e forma um homodimero. Este homodimero de TGF-β1 é secretado numa forma latente em

associação com outros polipeptideos, que devem ser removidos extracelularmente por digestão

enzimática antes da citocina se ligar aos receptores e exercer os seus efeitos biológicos.

O receptor do TGF-β1 consiste em duas proteinas diferentes, activin receptor-like kinase5 (ALK5) e TGF-

βRII, que sinaliza através de um dominio serina/treonina cinase que fosforila factores de transcrição

designados Smads:

 

Aquando da ligação do TGF-β1, a ALK5 fosforila Smad2 e Smad3, que em complexo com Smad4,se translocam para o núcleo, se ligam a promotres de genes alvo e regulam a sua transcrição.

Acções Biológicas

O TGF-β tem várias acções biológicas, entre elas:

  O TGF-β inibe a proliferação e as funções efectoras das células T e a activação dos macrófagos. 

O TGF-β  também actua em outras células, como neutrófilos e células endoteliais,

maioritariamente contra-atacando os efeitos das citocinas pró-inflamat´roias, por estas acções,

o TGF-β actua para inibir as respostas imunes e inflamatórias. Ratinhos nos quais o gene TGF- β1

foi eliminado, ou nos quais o receptor de TGF-β  foi selectivamente bloqueado em células T,desenvolvem lesões inflamatórias descontroladas e linfoproliferação;

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Joana Maria Soares Pereira 240

  O TGF-β  regula a diferenciação de subgrupos de células T funcionalmente distinctos. Alguns

estudos em ratinhos indicam que a sobrevivência ou diferenciação das células T reguladoras

depende em parte do TGF-β. Em adição, o TGF-β  produzido pelas células T reguladoras, ou

talvez pelas células dendriticas, é capaz de bloquear o desenvolvimento de subgrupos de células

T CD4+ TH1 e TH2 efectoras. Para além disso, o TGF-β em combinação com citocinas elicitadas

durante as respostas imunes inatas, como a IL-5, pode promover a diferenciação do subgrupode células T CD4+ que secreta IL-17. Assim, o TGF-β tem efeitos complexos nas respostas imunes

mediadas por células T efectoras;

  O TGF-β  extimula a produção de anticorpos IgA induzindo o switch das células B para este

isotipo. A IgA é o isotipo de anticorpo necessário para a imunidade das mucosas;

  O TGF-β regula a reparação dos tecidos após as reacções imunes e inflamatórias locais. Esta

função é mediada por acções especificas do TGF-β na sintese de colagénio e na produção de

enzimas modificadoras da matriz pelos macrófagos e pelos fibriblastos, e contribuindo para a

angiogénese.

Outras Citocinas da Imunidade Adaptativa

A interleucina-17 (IL-17) inclui uma familia de seis citocinas estruturalmente relacionadas, algumas das

quais promovem o dano tecidular em doenças de hipersensibilidades e outras são importantes para a

defesa contra infecções bacterianas:

  As estruturas das citocinas IL-17 e dos seus receptores não são partilhadas por outras citocinas e

as vias de transdução do sinal que os receptores usam ainda não estão completamente

caracterizadas;

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Joana Maria Soares Pereira 241

  A IL-17A e a F, que são os membros mais bem caracterizados da familia, são produzidas por

vários tipos de células, incluindo um subgrupo de células T CD4+ efectoras diferentes das TH1 e

TH2;

  A diferenciação e a manutenção destas células produtoras de IL-17 é dependente do TGF-β, da

IL-23 e de citocinas produzidas durante as reacções imunes inatas, como a IL-6.

As principais funções da IL-17 são:

  As IL-17A e F estimulam as células endoteliais e os macrófagos a produzir IL-1, TNF e várias

quimocinas, que promovem o recrutamento de neutrófilos;

  A IL-17 também induz as células a produzirem citocinas hematopoiéticas que estimulam a

produção de neutrófilos pela medula óssea.

A IL-17 produzida pelas células T é responsável pela inflamação destrutiva caracteristica de vários

modelos de doenças autoimunes.

A interleucina-32 (IL-32), previamente designada natural killer cell transcript 4, é uma citocina pró-inflamatória:

  É principalmente expressa em células naturalmente assassinas, células T, células epiteliais e

manócitos;

  É capaz de induzir as citocinas pró-inflamatórias TNF-α e IL-1β em macrófagos;

  Desempenha um papel importante nas respostas imunes inata e adaptativa, apresentando

sinergia com outros membros da imunidade inata;

  É estimulada pela Mycobacterium tuberculosis  e actua de modo sinergético com os ligandos

NOD1 e NOD2 para estimular a libertação de IL-1β e IL-6 de um modo dependente de caspase-1;

 

A proteinase 3 é uma proteina de ligação a IL-32α especifica que cliva a citocina para aumentara sua actividade.

Papel das Cirocinas das Células T nas Respostas Imunes Adaptativas Especializadas

As citocinas da imunidade adaptativa são criticas para o desenvolvimento das respostas imunes e para a

activação de células efectoras que servem para eliminar micróbios e outros antigénios.

Uma caracteristica chave da imunidade adaptativa é o facto das respostas serem especializadas para

eliminar diferentes tipos de micróbios. Muita desta especialização deve-se às acções de citocinas, que

deverão ser produzidas por subpopulações de células TH:

  Diferentes tipos de micróbios estimulam células T CD4+  naive a diferenciarem-se em células

efectoras que produzem grupos de citocinas distintos e desempenham funções ditintas, sendo

os subgrupos melhor definidos as células TH1 e TH2;

 

Muitos micróbios intracelulares (bactérias e virus) induzem o desenvolvimento de células T H1,

que produzem IFN-γ, a citocina que activa e estimula a produção de anticorpos opsonizantes

que promovem a fagocitose;

  Parasitas helminticos estimulam o desenvolvimento de células TH2, que produzem IL-4 e IL-5. A

IL-4 aumenta a produção de anticorpos IgE especificos e a IL-5 activa eosinófilos, sendo que

ambos contribuem para a destruição de parasitas.

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Joana Maria Soares Pereira 242

Citocinas que Estimulam a Hematopoiese

As citocinas são necessárias para a hematopoiese normal  na medula óssea e fornecem um meio

refinamento da função da medula óssea em resposta à necessidade de leucócitos:

  Várias das citocinas geradas durante as respostas imunes inata e adaptativa estimulam o

crescimento e a diferenciação de células progenitoras na medula óssea;  Assim, as reacções imunes e inflamatórias, que consumem leucócitos, também elicitam a

produção de novos leucócitos.

Os leucócitos maduros surgem a partir de células estaminais pluripotentes pela entrada numa linhagem

particular (diferenciação) e expansão progressiva da progenia. A diferenciação e expanção das célulasprogenitoras na medula óssea são estimuladas por citocinas, que são designadas factores estimulantes

de colónias (CSFs) porque apresentam a habilidade de estimular a formação de colónias de células em

culturas de medula óssea. Sob a influência de diferentes CSFs, estas colónias adquirem caracteristicas

de linhagens celulares especificas (e.g., granulócitos, fagócitos mononucleares ou linfócitos).

Os nomes das CSFs refletem os tipos de colónias que surgem de ensaios com estas citocinas, sendo as

mais importantes as seguintes:

  Stem cell factor (c-Kit ligand);

  Interleucina-7 (IL-7);

  Interleucina-3 (IL-3);

  Granulocyte-monocyte CSF (GM-CSF);

  Monocyte CSF (M-CSF);

  Granulocyte CSF (G-CSF).

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Joana Maria Soares Pereira 243

CitocinaTamanho

(kD)Principais fontes celulares

Principais alvos

celulares

Principais populações de

células induzidas

Stem cell factor

(c-Kit ligand)24 kD

Células do estroma da

medula óssea

Células estaminais

pluripotentesTodas

Interleucina-7

(IL-7)25 kD

Fibroblastos, células do

estroma da medula óssea

Progenitores linfóides

imaturosLinfócitos B e T

Interleucina-3(IL-3)

20-26 kD Células T Progenitores imaturos Todas

Granulocyte-

monocyte CSF

(GM-CSF)

18-22 kD

Células T, macrófagos,

células endoteliais,

fibroblastos

Progenitores imaturos

e diferenciados,

macrófagos maduros

Granulócitos e

monócitos, actividade

dos macrófagos

Monocyte CSF

(M-CSF)

Dimero de

70-90 kD,

subuinidades

40 kD

Macrófagos, células

endoteliais, células da

medula óssea, fibroblastos

Progenitores

diferenciadosMonócitos

Granulocyte

CSF (G-CSF)19 kD

Macrófagos, fibriblastos,

células endoteliais

Progenitores

diferenciadosGranulócitos

Stem Cell Factor (c-Kit Ligand)

As células estaminas pluripotentes expressam um receptor membranar tirosina cinase que é o produto

proteico do proto-oncogene celular c-Kit . A citocina que interage com este receptor é designada c-Kit

ligand, ou stem cell factor, porque actua nas células estaminais imaturas:

  Esta citocina é sintetizada por células do estroma da medula óssea como uma proteina

transmembranar ou secretada, ambas produzidas a partir do mesmo gene por splicing

alternativo de RNA;

 

Esta citocina é necessária para tornar as células do estroma da medula óssea responsivas a

outras CSFs mas não provoca a formação de colónias por si só;

 

Tem também um papel na sustentação da viabilidade e da capacidade proliferativa das células T

imaturas no timo e dos mastócitos nos tecidos mucosos.

A forma soluvel da citocina está ausente em estirpes de ratinhos mutantes designados steel . Este

ratinhos têm defeitos na produção de mastócitos mas não na maior parte das outras linhagens,

sugerindo que a forma membranar é mais importante que a forma soluvel na estimulação das células T

a maturarem nas várias linhagens hematopoiéticas. A eliminação de ambas as formas da citocina por KO

de genes é letal.

Interleucina-7 (IL-7)

A IL-7 é um tipo de citocina da familia de citocinas de quatro α-hélices do tipo I secretada pelas células

do estroma em muitos tecidos que estimula a sobrevivência e expansão de precursore imaturos nas

lihagens de células T e B:

  O receptor de IL-7 consiste numa unica cadeia α de ligação a IL-7 associada com uma cadeia γc,

pertencendo esta ultima também aos receptores de IL-2, IL-4 e IL-15;

 

É essencial para a sobrevivência de células T naive, maduras e células de memócria,

especialmente células de memória CD4

+

, ambas expressando grandes niveis de receptores deIL-7.

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Joana Maria Soares Pereira 244

Ratinhos KO para IL-7 ou para a cadeia α  do receptor de IL-7 são linfopénicos, com um numero

diminuido de células T e B. Por outro lado, ratinhos que não apresentam γc e humanos com mutações

em γc  mostram defeitos na maturação de linfócitos, uma doença conhecida nos humanos como

imunodeficiência combinada severa X-linked. 

Interleucina-3 (IL-3)

A IL-3 é um produto das células T CD4+ que actua nos progenitores da medula imaturos e promove a

expansão de células que se diferenciam em todos os tipos de células hematopoiéticas conhecidos:

  É um membro da familia de citocinas constituidas por quatro α-hélices;

 

Em humanos, o seu receptor consiste num componente de ligação a citocinas que é um

membro da familia de receptores do tipo I e uma subunidade tradutora do sinal que é

partilhada pelos receptores de IL-5 e GM-CSF. No entanto, em ratinho a subuinida tradutora do

sinal do receptor de IL-3 é unica;

 

A transdução do sinal em ambas as espécies envolve a via Jak-STAT.As principais funções da IL-3 são as seguintes:

  Actua nos progenitores da medula imaturos e promove a expansão de células que se

diferenciam em todos os tipos de células hematopoiéticas conhecidos; 

  Promove o crescimento e desenvolvimento de mastócitos a partir de progenitores derivados da

medula óssea, uma acção melhorada pela IL-4. 

Contudo, ratinhos KO para o receptor de IL-3 não apresentam desrregulações notáveis na

hematopoiese. A IL-3 humana foi identificada por clonagem de cDNA de uma molécula homóloga de

ratinho mas tem sido dificil estabelecer um papel desta citocina na hematopoiese. De facto, muitas dasacções da IL-3 de ratinho parecem ser realizadas pela GM-CSF humana.

Outras Citocinas Hematopoiéticas

As GM-CSF, M-CSF e G-CSF  são citocinas produzidas por células T activadas, macrófagos, células

endoteliais e células do estroma da medula óssea que actuam em progenitores da medula óssea para

aumentar a produção de vários leucócitos:

 

A GM-CSF  promove a maturação de células da medula óssea em células dendriticas e

monócitos;

 

A G-CSF é gerada nos locais de infecção e actua como uma hormona endócrina para mobilizarneutrófilos a partir da medula óssea para repor aqueles consumidos das reacções inflamatórias.

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GM-CSF e G-CSF recombinantes são usadas para estimular a recuperação da medula óssea após a

quimioterapia do cancro e transplante de medula óssea. Estas são algumas das aplicação das citocinas

com maior sucesso.

No entanto, existem outras terapias clinicas baseadas em citocinas, sendo entre elas as mais

importantes:

Agente Natureza do agente Aplicação clinica

EnbrelReceptor de TNF quimérico/região

constante da IgGArtrite reumatóide

Remicade ou

Humira

Anticorpo monoclonal contra o receptor de

TNF-α 

Artrite reumatóide

Doença de Crohn

Roferon Interferão-α-2a

Hepatite B

Leucemia Hairy-cell

Sarcoma de Kaposi

Leucemia felina

Intron A Interferão-α-2a

Hepatite C

melanomaBetaseron Interferão-β-1b Esclerose multipla

 Avonex Interferão-β-1a Esclerose multipla

 Actimmune Interferão-γ-1β Doença granulomatosa crónica

Osteoporose

Neupogen G-CSF

Estimula a produção de neutrófilos

Redução da infecção em doentes de cancro

tratados por quimioterapia e em pacientes

com SIDA

Leukine GM-CSFEstimula a produção de células mielóides

após transplantes de medula óssea

Neumega ou

NeulastaInterleucina-11 Estimula a produção de plaquetas

Epogen Eritropoietina Estimula a produção de eritrócitos

R E S P O S T A S E F E C T O R A S M E D I A D A S P O R C É L U L A S

Imunidade Humoral e Mediada por Células

Os ramos mediados por células e humoral do sistema imune assumem diferentes papeis na protecçãodo hospedeiro:

  Imunidade humoral   –  os efectores da imunidade humoral são os anticorpos especificos,

moléculas altamente especificas que são capazes de ligar e neutralizar antigénios na superficie

das células e nos espaços extracelulares pois o dominio principal da protecção por anticorpos

encontra-se fora da célula. No entanto, se os anticorpos fossem os unicos agentes da

imunidade, os patogénios que conseguiam escapar a estas moléculas e os que colonizam o

ambiente intracelular iriam escapar ao sistema imune, o que não ocorre;

  Imunidade mediada por células  –  o seu principal papel é detectar e eliminar células que

abrigam petogénios intracelulares. A imunidade mediada por células é também capaz dereconhecer e eliminar células, como células tumorais, que sofreram modificações genéticas de

modo a expressarem antigénios atipicos das células normais.

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Joana Maria Soares Pereira 246

Tanto células especificas para antigénios como não-especificas para atigénios podem contribuir para a

resposta imune mediada por células:

  Células especificas  –  incluem os linfócitos T CD8+  citotóxicos (CTLs) e as células TH  CD4+ 

secretoras de citocinas que mediam as hipersensibilidades;

 

Células não-especificas  – incluem células naturalmente assassinas (NK) e células não-linfóides,

como macrófagos, neutrófilos e eosinófilos.

A actividade destes componentes especificos e não-especificos depende normalmente de

concentrações locais efectivas de várias citocinas. De facto, as células T, as células NK e os macrófagos

são as fontes mais importantes das citocinas que organizam e suportam a imunidade mediada por

células.

Assim, apesar da imunidade humoral e da mediada por células apresentarem muitas caracteristicas

distintas, elas não são completamente independentes. Células como macrófagos, células NK, neutrófilos

e eosinófilos são capazes de usar anticorpos como receptores para reconhecer e marcar células para

destruição. Para além disso, péptidos quimotacticos gerados pela activação do complemento são

capazes de contribuir para o agrupamento dos tipos de células necessários para a resposta mediada porcélulas.

Tipos de Reacções Mediadas por Células

A importância da imunidade mediada por células torna-se evidente quando o sistema se encontra

deficiente. Crianças com sindrome de DiGeorge, que nascem sem timo e, assim, não apresentam células

T para a imunidade mediada por células, geralmente são capazes de lidar com infecções por bactérias

extracelulares, mas não são conseguem eliminar efectivamente patogénios intracelulares. A sua falta de

imunidade mediada por células funcional resulta em infecções repetidas por virus, bactérias

intracelulares e fungos. A severidade da imunodeficiência mediada por células nestas crianças é tal quemesmo virus atenuados presentes numa vacina são capazes de produzir infecções que colocam a sua

vida em risco.

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Sabe-se que diferentes tipos de micróbios provocam respostas protectoras por células T distinctas:

1.  A resposta imune adaptativa contra micróbios residentes dos fagossomas de fagócitos é

mediada por linfócitos T CD4+  efectores, designadas células TH, que reconhecem antigénios

microbianos e activam os fagócitos a destruir micróbios ingeridos - os fagócitos são as

principais células da defesa do hospedeiro logo após a infecção. A função dos fagócitos é ingerir

e matar micróbios mas muitos micróbios desenvolveram mecanismos que permitem que estes

sobrevivam e mesmo repliquem dentro dos fagócitos, de modo que a imunidade inata é incapaz

de erradicar infecções por tais micróbios. Nestas situações, a imunidade mediada por células

aumenta as acções microbicidas dos fagócitos e, assim, a eliminação de micróbios. Na

imunidade mediada por células contra micróbios fagocitados, a especificidade da resposta é

devida às células T, mas a função efectora actual, isto é, a morte dos micróbios, é mediada

pelos fagócitos. Esta cooperação dos linfócitos T com os macrófagos ilustra uma ligação

importantes entre a imunidade adaptativa e a inata pois, por meios de secreção de citocinas, as

células T estimulam a função e focam a ctividade de células efectoras não-especificas da

imunidade inata, convertendo assim estas células em agentes da imunidade adaptativa;

2.  A resposta imune adaptativa contra micróbios que infectam e replicam no citoplasma de vário

tipos de células, incluindo células não-fagociticas, é mediada por células T CD8+  citocóxicas

(CTLs), que matam células infectadas e eliminam reservatórios de infecção  –  as CTLs são o

principal mecanismo de defsa contra micróbios que infectam vários tipos de células e replicam

intracelularmente. Se as células infectadas não apresentarem a capacidade de matar micróbios,

a infecção pode ser eliminada apenas destruindo essas células. A morte mediada por CTLs é

também um mecanismo para a eliminação de micróbios que são recolhidos por fagócitos mas

que escapam do fagossoma para o citoso, onde não são suceptiveis às actividade microbicidas

dos fagócitos;

3. 

A activação de macrófagos e a inflamação dependentes de células T pode danificar tecidos

normais  –  esta reacção é designada delayed-type hypersensitivity (DTH) e p termo

hipersensibilidade refere-se ao dano tecidular causado por uma resposta imune. A DTH é um

acompanhamento frequente da imunidade mediada por células protectora contra micróbios e a

causa de muita da patologia associada com certos tipos de infecção. Este é também um

mecanismo de dano tecidular en várias doenças autoimunes;

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4. 

A resposta imune adaptativa contra parasitas helminticos é mediada por células TH2  – estas

células estimulam a produção de anticorpos IgE e activam eosinófilos e mastócitos a destruirem

helmintos. As reacções imunes mediadas por TH2 são caracterizadas por inflamação rica em

eosinófilos;

5. 

O sistema imune inata também apresenta um braço celular mediado por células naturalmenteassassinas (NK)  – estas célula protegem contra células infectadas por virus e outros micróbios

intracelulares, matando células infectadas no inicio da infecção.

As respostas imunes mediadas por células consistem em:

 

Desenvolvimento de células T efectoras a partir de células naive nos órgãos linfóides periféricos;

  Migração destas células T efectoras e de outros leucócitos para os locais de infecção;

  Activação de leucócitos mediada por citocinas para que estes destruam micróbios ou matem

directamente células infectadas.

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Células T CD4 + Efectoras

Uma das desobertas mais excitante na imunologia foi a identificação de subgrupos de células T CD4+ 

que diferem nas citocinas que produzem e nas suas funções efectoras:

As células T CD4+  podem diferenciar-se em subgrupos de células efectoras que produzem guposdistinctos de citocinas e, assim, desempenham funções efectoras distinctas. Um dos melhores exemplos

da especialização da imunidade adaptativa é a habilidade dos linfócitos T CD4+  activarem diversos

mecanismos efectores em resposta a diferentes tipos de micróbios. A base desta especialização está na

heterogeneicidade de células T CD4+, ilustrada pela existência de subgrupos que diferem no modo como

são induzidos, que citocinas produzem e quais os mecanismos efectores que activam.

Células T H 1 e T H 2

Os subgrupos de células T efectoras mais bem definidos da linhagem CD4 +  são as células TH1 e TH2,

sendo o IFN-γ  a citocina caracteristica das células TH1 e as IL-4 e IL-5 as citocinas caracteristicas dascélulas TH2:

  Foram as primeiras populações de células T helper distinguidas em 1980 com base nas suas

citocinas secretadas, estudando grandes paineis de linhas celulares clonadas derivadas de

células T CD4+  de ratinho estimuladas por antigénios, estudo feito por Mosmann e Coffman

(Mosmann et al. 1986).

É agora claro que células T individuais expressam várias misturas de citocinas e que existem muitas

subpopulações com padrões heterogénios de produção de citocinas, especialmente em humanos.

Contudo, reacções imunes crónicas são normalmente relacionadas com populações TH1 e TH2, sendo as

proporções relativas destes subgrupos induzidas durante uma resposta imune os principai

determinantes das funções portectoras e consequência patológicas da resposta.

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Joana Maria Soares Pereira 250

As populações TH1 e TH2 são distinguidas principalmente

pelas citocinas que produzem. As citocinas produzidas por

estes subgrupos de células T não apenas determinam as

suas funções efectoras como também participam no

desenvolvimento de expansão dos respectivos subgrupos:

 

O IFN-γ  secretado pelas células TH1 promove a

diferenciação de células TH1 e inibe a proliferação

de células TH2;

 

A IL-4 produzida pelas células TH2 promove a

diferenciação de TH2 e a IL-10, também produzida

pelas células TH2 (mas também em menor

extensão pelas TH1), inibe o desenvolvimento de

células TH1.

Assim, cada subgrupo amplifica-se a si próprio e regula o subgrupo reciproco. Por esta razão, assim que

uma resposta imune se desenvolve ao longo de uma via ela torna-se altamente polarizada nessa

direcção, e a polarização mais extrema é observada em infecções crónicas ou na exposição crónica a

antigénios ambientais, onde a estimulação imune é persistente.

Para além disso, as células T TH1 e TH2 podem também ser distinguidas pela expressão diferencial de

moléculas de adesão e receptores para quimocinas e outras citocinas.

Assim, resumidamente, as propriedades dos subgrupos TH1 e TH2 são:

Propriedade Subgrupo TH1 Subgrupo TH2

Citocinas produzidas

IFN-γ  +++ -

IL-4, IL-5, IL-13 - +++

IL-10 +/- ++

IL-3, GM-CSF ++ ++

Receptor de citocinas expresso

Cadeia β IL-12R ++ -

IL-18R ++ -

Receptor de quimocinas expresso

CCR4, CCR8, CXCR4 +/- ++

CXCR3, CCR5 ++ +/-

Ligandos para E- e P-selectina ++ +/-Isotipos de anticorpos estimulados IgG2a (ratinho) IgE, IgG1 (ratinho) / IgG4 (humano)

 Activação de macrófagos Clássica Alternativa

Desenvolvimento dos Subgrupos TH1 e TH2

Os subgrupos TH1 e TH2 desenvolvem-se a partir dos mesmos precursores, que são os linfócitos T CD4 + 

naive, e o padrão de diferenciação é determinado por estimulos presentes desde inicio durante as

respostas imunes:

  Os estimulos indutores da diferenciação mais imporantes são as citocinas, com IFN-γ e IL-12 a

serem os principais indutores das células TH1 e IL-4 das células TH2.

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Joana Maria Soares Pereira 251

A diferenciação de TH1 ocorre em resposta a micróbios que infectam ou activam macrófagos e aqueles

que activam células naturalmente assassinas:

  A diferenciação de células T CD4+ activadas por antigénios a células TH1 efectoras é estimulada

por várias bactérias intracelulares, como Listeria e mycobacteria, e por alguns parasitas, como

Leishmania, todos infectando macrófagos;

  Também pode ser estimulada por virus e por proteinas antigénicas administradas com fortes

adjuvantes.

Uma caracteristica comum a todas estas condições de infecção e imunização é que estas elicitam

reacções imunes inatas que se associam com a produção de certas citocinas, incluindo IL-12, IL-18 e

interferões do tipo I. Alguns micróbios ligam-se a TLRs em macrófagos e células dendriticas e activam

directamente estas células a secretar estas citocinas. Por outro lado, outros micróbios podem

desencadear a secreção destas citocinas indirectamente, por exemplo, estimulando células NK a

produzir IFN-γ, que por sua vez actua em macrófagos para induzir a secreção de IL-12:

 

O IFN-γ produzido pelas células NK, tal como pelas células T que respondem e, talvez, também

por alguns macrófagos e células dendriticas, é por si só uma citocina indutora das TH1;

 

As células T podem também aumentar a produção de citocinas pelos macrófagos, em virtude daligação de CD40L na células T ao CD40 nas APCs e estimulando a transcrição de genes de

citocinas;

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Joana Maria Soares Pereira 252

  A interleucina-12 (IL-12) é a principal citocina responsável pela diferenciação das células T H1 e

pela indução da resposta imune mediada por células. Ratinhos KO para IL-12 são extremamente

susceptiveis a infecções por micróbios intracelulares;

  A interleucina-18 (IL-18) actua de modo sinérgico com a IL-12.

A base molecular da diferenciação das TH1 envolve um jogo de sinais a partir do receptor da célula T, as

citocinas IFN-γ e IL-12 e os factores de transcripção T-bet, STAT1 e STAT4. O  factor de transcrição T-bet ,

um membro da familia de factores de transcrição T-box, é considerado o regulador mestre da

diferenciação TH1:

 

A expressão de T-bet é induzida nas células T CD4

+

 naive quando estas reconhecem antigénios esão expostas a IFN-γ;

  O IFN-γ activa o factor de transcrição STAT1, que por sua vez estimula a expressão de T-bet;

  O T-bet promove depois a produção de IFN-γ através de uma combinação da activação directa

da transcrição do gene IFN-γ e induzindo a remodelação da cromatina do locus IFN-γ.

A habilidade do IFN-γ estimular a expressão de T-bet e a habilidade do T-bet aumentar a transcripção de

IFN-γ  monta um loop de amplificação positiva que dirige a diferenciação de células T através do

fenótipo TH1.

A interleucina-12 (IL-12)  contribui para a linhagem TH1 ligando-se a receptores em células T CD4+ 

estimuladas por antigénios e activando o factor de transcrição STAT4, que aumenta ainda mais a

produção de IFN-γ. Ratinhos deficientes em IL-12, IL-12R ou STAT4 não são capazes de montar respostas

TH1 efectivas contra as infecções, e humanos com deficiências genéticas na via de sinalização do IL-12R

apresentam respostas enfraquecidas contra infecções por vários tipos de bactérias intracelulares.

A diferenciação TH2 ocorre em resposta a helmintos e alergénios e envolve um jogo de sinais apartir do

receptor da célula Tm a citocina IL-4 e os factores de transcrição GATA-3 e STAT6:

  Helmintos e alergénios causam estimulação das células T crónica, normalmente sem respostas

imunes inatas fortes que são necessárias para a diferenciação TH1;

 

Assim, as células TH1 podem desenvolver-se em resposta a micróbios e antigénios que causamestimulação das células T repetida ou persistente com baixa inflamação ou activação dos

macrófagos.

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Joana Maria Soares Pereira 253

A diferenciação de células T estimuladas por antigénios no subgrupo TH2 é dependente de IL-4, que

funciona activando o factor de transcrição STAT6, e o STAT6, em conjunto com os sinais TCR, induz a

expressão de GATA-3:

 

O GATA-3 é um factor de transcrição que actua como um regulador mestre da diferenciação das

células TH2, aumentanto a expressão de genes das citocinas IL-4, IL-5 e IL-13, que estão

localizadas no mesmo locus genético;

  O GATA-3 funciona interagindo directamente com os promotres destes genes e também

causando a remodelação da cromatina, que abre o locus para aumentar a acessibilidade a

outros factores de transcrição;

  O GATA-3 dirige células em diferenciação para o fenótipo TH2 aumentanto a sua própria

expressão via feedback positivo;

 

O GATA-3 bloqueia a diferenciação das TH1 inibindo a expressão da cadeia de sinalização do IL-

12R.

O papel obrigatório da IL-4 na diferenciação das TH2 levanta uma questão interessante:

Como as células T H2 diferenciadas são a principal fonte de IL-4 durante as respostas imunes contra

 proteinas antigénicas, de onde surge a IL-4 antes do desenvolvimento de células T H2?

Uma explicação provável  é que as células T CD4+  estimuladas por antigénios secretam pequenas

quantidades de IL-4 a partir da sua activação inicial. Se o antigénio for persistente e estiver presente em

altas concentrações, a concentração local de IL-4 aumenta gradualmente. Se o antigénio também não

elicitar a inflamação com produção de IL-12, o resultado é o aumento da diferenciação de células T em

células TH2. Para além disso, em algumas situações, a IL-4 produzida por mastócitos e, possivelmente,

outras populações de células pode contribuir para o desenvolvimento de TH2.

Como podemos constatar, existe uma retroacção negativa que impede que um subgrupo celular se

desenvolva quando outro já se está a desenvolver, por acção antagonista de citocinas secretadas e

factores de transcrição expressos.

 

T-bet inibe a expressão de GATA-3, e vice-versa;

 

Na presença de IFN-γ  há expressão de T-bet e

inibição da expressão de GATA-3;

 

Na presença de IL-4 há expressão de GATA-3 e

inibição de T-bet;

 

Na presença de IL-5 há expressão de GATA-3 einibição de T-Bet.

Assim, estes estimulos influenciam o padrão de

diferenciação de células T. No entanto, outros estimulos

para alem das citocinas  podem também influenciar o

padrão de diferenciação de células T:

 

Em geral, altas doses de antigénio sem adjuvantes

favorecem a diferenciação TH2;

  Alguns estudos indicam que existem diferentes

subgrupos de células dendriticas, que promovem

selectivamente a diferenciação TH1 ou TH2;

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Joana Maria Soares Pereira 255

A activação  consiste, assim, na expressão aumentada de várias proteinas que dotam os macrófagos

activados com a capacidade de desempenhar funções especializadas, como matar micróbios. Este

processo ocorre por sinais mediados por contacto fornecidos por interacções CD40L-CD40 e pela

citocina IFN-γ, tal como na estimulação dos linfócitos B, e ocorre do seguinte modo:

1.  Quando células efectoras TH1 são estimuladas por antigénios, as células secretam citocinas,

principalmente IFN-γ, e expressam CD40L;

2. 

O IFN-γ   é a principal citocina activadora de macrófagos. Ela activa algumas respostas de

macrófagos por si só e actua em conjunto com os ligandos TLR, como o LPS, ou com sinais CD40

para elicitar outras respostas;

3. 

O CD40L liga-se ao CD40 nos macrófagos que estão a apresentar antigénios às células T e activa

uma via de transdução de sinal intracelular que é semelhante à via activada pelos receptores de

TNF;

4. 

A necessidade da interacção CD40L-CD40 na activação dos macrófagos assegura que os

macrófagos que estão a apresentar antigénios às células T são também os macrófagos que são

mais eficientemente activados pelas células T.

Em resposta aos sinais CD40 e IFN-γ, a produção de várias proteinas nos macrófagos é aumentada. A

ligação ao CD40 activa os factores de transcrição NF-κB e AP-1 e o IFN-γ activa os factores de transcrição

STAT-1 e factor-I de resposta do interferão (IRF-I). Como um resultado destes sinais, macrófagos

activados produzem quantidades aumentadas de proteinas que são responsáveis pelas funções

efectoras das células na imunidade mediada por células:

Resposta dos macrófagos Papel na imunidade mediada por células

Produção de espécies reactivas de oxigénio, óxido

nitrico e enzimas lisossomais

Morte de micróbios nos fagolisossomas (função efectora

dos macrófagos)

Secreção de citocinas

(TNF, IL-1, IL-12)

TNF, IL-1: recrutamento de leucócitos (inflamação)

IL-12: diferenciação TH1, produção de IFN-γ 

Expressão aumentada de co-estimuladores B7,

moléculas MHCActivação de células T aumentada (amplificação)

As funções efectoras dos macrófagos activados são as seguintes:

1. 

Macrófagos activados matam micróbios fagocitados, principalmente produzindo espéciesreactivas de oxigénio microbicidas, óxido nitrico e enzimas lisossomais  –  a activação do

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macrófagos leva a uma sintese aumentada de espécies reactivas de oxigénio e óxido nitrico, tal

como de enzimas lisossomais, todos sendo agente microbicidas potentes que são produzidos

nos lisossomas dos macrófagos e matam micróbios ingeridos após os fagossomas fundirem

como lisossomas. Estas substâncias tóxicas podem também ser libertadas os tecidos adjacentes,

onde matam micróbios extracelulares e podem causar danos nos tecidos normais;

2. 

Macrófagos activados estimulam a inflamação aguda através da secreção de citocinas,

principalmente, TNF, IL-1 e quimocinas, e mediadores lipidicos de curta vida, como factor

activante das plaquetas, prostaglandinas e leucotrienos  – a acção colectiva destas citocinas e

destes mediadores lipidicos derivados dos macrófagos é produzir uma inflamação local que é

rica em neutrófilos e recrutar mais monócitos, que se tornam macrófagos e fagocitam e

destroem organismos infeccciosos;

3. 

Macrófagos activados removem tecidos mortos e facilitam a reparação depois da infecção

estar controlada  –  macrófagos activados induzem a formação de tecido reparado secretando

factores de crescimento que estimulam a proliferação de fibriblastos (factor de crescimentoderivado de plaquetas), a sintese de colagénio (TGF-β) e a angiogénese (factor de crescimento

de fibroblastos). Assim, os macrófagos activados actuam como um cirurgião endógeno que

cauterizam a ferida e resolvem a reacção inflamatória.

Apesar do macrófagos serem capazes de responder directamente aos micróbios nas reacções imunes

inatas, a habilidade dos macrófagos matarem micoorganismos ingeridos é altamente melhorada pelas

células T. É por isto que a imunidade mediada por células é capaz de eliminar micróbios que evoluiram

de modo a sobreviver nos macrófagos na ausência de imunidade adaptativa.

Em adição a estas funções efectoras, os macrófagos activados tornam-se APCs mais eficientes devido a:

 

Niveis aumentados de moléculas envolvidas no processamento de antigénios (como

componentes do proteossoma e catepsinas);

  Expressão aumentada de moléculas MHC classe II e de co-estimuladores;

 

Produção de citocinas (como IL-12) que estimulam a proliferação e diferenciação de células T.

Estas respostas dos macrófagos funcionam para aumentar a activação das células T, servindo como

mecanismos de amplificação da imunidade mediada por células.

Alguns danos tecidulares podem normalmente acompanhar as reacções imunes mediadas por células

TH1 contra micróbios pois os produtos microbicidas libertados pelos macrófagos e enutrófilos activados

são capazes de danificar tecidos normais e não discriminam entre micróbios e tecidos do hospedeiro.

Contudo, este dano tecidular é normalmente limitado em extensão e duração, e resolve-se enquanto a

infecção é eliminada. no entanto, em alguns casos, as respostas TH1 cuasam dano tecidular significante.

Respostas Imunes Mediadas por T H 2

A principal função efectora das células TH2  é promover as reacções imunes mediadas por IgE e

eosinófilos/mastócitos, que protegem contra infecções helminticas secretando IL-4, IL-5 e IL-3, o que

ocorre do seguinte modo:

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1. 

Os helmintos são demasiado grandes para ser fagocitados e podem ser mais resistentes às

actividade microbicidas dos macrófagos que a maior parte das bactérias e virus;

2. 

A IL-4 e a IL-13 estimulam a produção de anticorpos IgE especificos para helmintos, que os

opsonizam. Acredita-se que os eosinófilos ligam helmintos opsonizados com IgE e que são

activados de modo a destrui-los. No entanto, parece que o receptor Fc ε  dos eosinófilos

humanos não apresenta as cadeis sinalizadoras necessárias e, assim, estas células não podemser activadas pela IgE;

3. 

A IL-5 pode activar directamente os eosinófilos na vizinhança dos helmintos;

4.  Os eosinófilos activados libertam o conteudo dos seus granulos, incluindo proteinas básicas

principais e proteinas catiónicas, que são capazes de destruir os resistentes integumentos dos

helmintos.

No entanto, os mastócitos expressam receptores Fcε funcionais e podem ser activados pelos helmintos

revestidos por IgE, resultando na desgranulação por IgE, resultando em desgranulação. O conteudo dos

grânulos dos mastócitos incluem aminas vasoactivas, citocinas como TNF e mediadores lipidicos, todos

induzindo inflamação local que também funciona para destruir parasitas. Assim:

 

Os anticorpos estimulados pelas citocinas TH2 não promovem a fagocitose ou activam o

complemento eficientemente mas são capazes de neutralizar micróbios e toxinas.

As IL-4 e IL-13 são também capazes de activar macrófagos a expressar receptores de manose e a

expressar enzimas que promovem o sintese de colagénio e a fibrose. Este processo é designado

“activação alternativa de macrófagos”, para distingui-lo da activação induzida pelo IFN-γ, que resulta e,

funções microbicidas potentes. Os macrófagos que são activados por citocinas T H2 contribuem para a

formação de granulomas e remodelação de tecidos nos locais de infecções parasiticas crónicas ou

doença alérgica, respectivamente.

As citocinas produzidas pelas células TH2 estão também envolvidas na blocagem da entrada e na

promoção da expulsão de micróbios nos tecidos mucosos, pois a IL-3 estimula a produção de muco e IL-4 estimula o peristaltismo no sistema gastrointestinal. Assim:

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  As células TH2 desempenham um papel importante na barreira imunitária, isto é, na defesa do

hospedeiro nas barreiras com o ambiente externo.

Para além disto, o alojamento selectivo de células TH2 em certos locais inflamatórios é dependente de

quimocinas particulares. As células TH2 expressam receptores de quimocinas (i.e., CCR3, CCR4 e CCR8)

que ligam a quimocinas (i.e., CCL11, CCL24, CCL26, CCL7, CCL13 e CCL22) que são altamente expressas

em locais de infecção por helmintos ou de reacções alérgicas, particularmente nos tecidos mucosos.

Assim, as respostas imunes mediadas por células TH2 são a causa das reacções alérgicas, e podem

interferir com as respostas imunes protectoras mediadas por TH1 contra infecções intracelulares.

Células T H 1 e T H 2 na Doença

Um dos modelos de dano tecidular mediado por células mais usado é o modelo animal exprimental da

encefalomielite alérgica (EAE), que constitui um modelo experimental para doenças desmielizantes do

sistema nervoso. Como esta doença constitui um tipo de doença autoimune, que normalmente são

atribuidas a acções das células TH1, será de esperar que:

  A administração de IFN-γ  deverá piorar os casos de EAE e anticorpos contra IFN-γ  deverão

melhorar os casos de EAE;

  A EAE deverá ser atenuada ou estar ausente em ratinhos deficientes em IFN-γ.

No entanto, estas hipóteses foram todas negadas e os resultados de tais testes foram os opostos:

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Joana Maria Soares Pereira 259

Previsão Resultado

Administração de IFN-γ piora a EAE

Ratinhos KO para IFN-γ serão resistentes a EAE

Anticorpos para IFN-γ protegem em EAE

Ratinhos KO para TNF serão resistentes a EAE

Administração de TNF piora a EAE

Administração de IFN-γ protege da EAE

A EAE piora em ratinhos KO para IFN-γ 

Anticorpos para IFN-γ pioram a EAE

A EAE piora em ratinhos KO para TNF

Administração de TNF protege da EAE

Enquanto os imunologistas se tornaram eficientes na clonagem de células T que causavam doenças

autoimunes como EAE e artrite, estudos da patogenicidade de clones de células T que podem induzir

EAE com paralisia mostraram a produção de citocinas TH1. Contudo, o grau de patgenicidade destes

clones não se co-relacionavam com as quantidade de IFN-γ que tais clones produziam. Assim, existiam

relações inversas entre os niveis de citocinas TH1 e destruição autoimune de tecidos em EAE.

Por outro lado, estudando o papel da citocina IL-23 na EAE finalmente conseguiu responder a esta

contrariedade, levando à descoberta de uma nova classe de células TH efectoras, as células TH17.

Células T H 17Sabe-se agora que, após estimulação antigénica, as células T CD4+  naive activas, expandem-se e

diferenciam-se em diferentes subgrupos efectores designados TH1, TH2 e TH17 e caracterizados pela

produção de citocinas distintas e pelas suas funções efectoras:

  As células TH1 produzem IFN-γ e são capazes de mobilizar o braço celular do sistema imune para

combater ptogénios intracelulares;

  As células TH2 secretam IL-4, IL-13 e IL-5, que são essenciais para a geração da classe apropriada

de anticorpos e para a eliminação de patogénios extracelulares;

 

A identificação da familia de citocinas IL-17 tal como da expansão de células T produtoras de IL-17 mediada por IL-23 levou à descoberta de um novo subgrupo de células T designadas células

TH17.

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Joana Maria Soares Pereira 260

De modo semelhante às células TH1 e TH2, as células TH17 requerem citocinas e factores de transcrição

especificos para a sua diferenciação e vários dados sugerem que estas células têm papel importante na

defesa do hospedeiro contra patogénios extracelulares, que não são eficientemente eliminados pela

imunidade tipo TH1 e TH2.

Como estes subgrupos apresentam funções efectoras especificas na eliminação das infecções, a

expansão desregulada das células TH CD4+ efectoras causa imunopatologia:

  Excessiva resposta TH1 está associada como várias doenças autoimunes e inflamatórias;

 

Produção de citocinas por TH2 aumentada está envolvida em doenças como alergia e asma;

  Vários dados sugerem que as TH17 são altamente pro-inflamatórias e que as células TH17 com

especificidade para antigénios do próprio levam a autoimunidade severa em vários modelos

animais.

A familia de citocinas IL-17  é um grupo de citocinas recentemente descoberto, que inclui vários

membros que são produzidos por diferentes células e que apresentam diferentes funções, que são

designados como IL-17 associados a uma letra de A a F:

MembroOutros nomes

comunsReceptores Principais funções Expressão

IL-17A  IL-17 e CTLA8IL-17RA e

IL-17RC

Patologia autoimune,

recrutamento de neutrófilos e

imunidade contra patogénios

extracelulares

Células TH17, células T CD8+,

células T γδ, células NK, células

NKT e células LTi

IL-17B  NA IL-17RB Actividades pro-inflamatórias?Células do tracto gastrointestinal,

pancreas e neurónios

IL-17C   NA IL-17RE Actividades pro-inflamatórias? Células da prostata e do rim fetal

IL-17D  NA Desconhecido Actividades pro-inflamatórias?Células do musculo, cérebro,coração, pulmão, pancreas e

tecido adiposo

IL-17E   IL-25IL-17RA e

IL-17RB

Induz respostas TH2 e suprime

respostas TH17

Linfócitos intraepiteliais, células

epiteliais do pulmão, macrófagos

alveolares, eosinófilos, basófilos,

células NKT, células TH2,

mastócitos e células do tracto

gastrointestinal e do útero

IL-17F   NAIL-17RA e

IL-17RC

Recrutamento de neutrófilos e

imunidade contra patogénios

extracelulares

Células TH17, células T CD8+,

células T γδ, células NK, células

NKT e células LTi

Heterodimero 

IL-17A-IL-17F  NA

IL-17RA e

IL-17RC

Patologia autoimune,

recrutamento de neutrófilos e

imunidade contra patogénios

extracelulares

Células TH17, células T CD8+,

células T γδ, células NK, células

NKT e células LTi

vIL-17   ORF13IL-17RA (e

IL-17RC)Desconhecido Herpesvirus saimiri  

  Enquanto IL-17E (IL-25) é principalmente produzida por células TH2, diferentes tipos de células

incluindo células T, células T γδ, células NK e neutrófilos produzem IL-17A e IL-17F;

 

Em células T CD4+, a expressão de IL-17A ocorre especificamente em células TH17 para as quais

ficou como citocina caracteristica;

 

Contudo, começa a ser claro agora que as células TH17 também produzem IL-17F, IL-21 e IL-22.

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Joana Maria Soares Pereira 261

Nas células TH17, tal como noutras células, a IL-17F é co-espressa com IL-17A sugerindo que estas duas

citocinas podem mediar coordenadamente as suas funções efectoras. Isto é reforçado pelo facto das IL-

17A e IL-17F são também capazes de formar heterodimeros e, assim, deverão trabalhar em conjunto

para induzir respostas imunes efectoras. No entanto, a IL-17A e a IL-17F podem também actuar

independentemente.

Diferenciação das Células TH17 em Ratinho

A IL-23 foi inicialmente demonstrada na indução da produção de IL-17 em células T activadas e, como

IL-23R não é expressa em células T naive, não é supreendente que tenha sido dificil demonstrar a

indução directa das células TH17 pela IL-23. Contudo vários estudos sugeriram que:

  Isto é possivel se IL-4 e IFN-γ  forem

bloqueados;

  O TGF-β  em acção na presença de citocinas

pró-inflamatórias, principalmente IL-6, é

suficiente para induzir a diferenciação decélulas T naive em células TH17.

É também importante ter em conta que, a

estimulação de células T naive como TGF-β  e IL-6

também aumenta a expressão de mRNA RORγt, que

é o factor de transcrição caracteritico das células

TH17.

A fonte in vivo de TGF-β durante a diferenciação de células TH17 ainda é desconhecida, mas:

 

Várias linhas de evidência sugerem que células T reguladoras Foxp3+ podem estar envolvidas nadiferenciação de células TH17 através do fornecimento de TGF-β;

 

In vitro, células densdriticas estimuladas com certos componentes microbianos, como LPS, são

capazes de induzir células TH17, mas requerem uma fonte endógena de TGF-β, que pode ser

fornecida na presença de células T reguladoras na cultura.

Em contraste com IL-6, a IL-2 não é necessária para a diferenciação das células TH17, de facto, inibe-a,

mas é requerida na geração e sobrevivência de células T reguladoras. Assim, ratinhos deficientes em IL-

2 apresentam grande numero de células TH17 mas são deficientes em células T reguladoras periféricas,

e sofrem imunopatologia linfoproliferativa severa.

Isto é supreendente, dada a dependência de IL-2 de outros subgrupos de células T, e sugere que

 factores adicionais substitutos de IL-2 podem surgir surante o desenvolvimento das células TH17. Um

candidato é a IL-21, outro membro da familia de citocinas de cadeia γ como a IL-2:

  A IL-21 é produzida pelas células TH17 após a estimulação por IL-6 e pela IL-21, apesar de outros

subgrupos de células T poderem também produzir IL-21;

  A IL-21 actua de um modo autocrino para promover a diferenciação de células T H17 em

conjunto com o TGF-β, e pode ainda compensar a ausência de IL-6 para a indução de ROR γδ e a

diferenciação de células TH17;

 

Apesar de ainda não ser claro que a IL-21 aumenta a taxa de conversão de células T H17, estacitocina pode não ser essencial para a entrada na linhagem das células T H17 ou para as suas

funções patogénicas.

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Joana Maria Soares Pereira 262

Ao contrário da IL-21, a IL-23 não é um factor de diferenciação das células TH17. Contudo, esta citocina

estabiliza as células TH17 em diferenciação e leva a uma maturação destas células, por exemplo

induzindo IL-22 nas células TH17, daí a identificação desta citocina como importante na linhagem de

células TH17.

Assim, usando todos estes dados, as principais citocinas e o seu papel na diferenciação das células T H17

em ratinho são as seguintes:

  TGF-β, IL-6 e IL-21 são importantes na diferenciação das células T CD4+ naive em células TH17;

 

A IL-23, fornecida por outra fonte celular, é importante na manutenção e maturação das células

TH17 efectoras.

Diferenciação das Células TH17 em Humano

Apesar de existir acordo nos factores necessários para a geração das células T H17 em ratinho, as

citocinas cruciais iniciadoras do desenvolvimento das células TH17 em humano ainda não são claras:

 

A IL-23 é capaz de dirigir a diferenciação de células T H17 e culturas com IL-23 ou IL-1 estimulamo fenótipo TH17, com baixa ou nenhuma sinergia quando ambas as citocinas estão presentes;

 

No entanto, outro estudo, identificou a IL-1 como uma citocina que dirige as células TH17 em

humanos, com IL-23 e IL-6 como potenciadores dos efeitos da IL-1.

No entanto, a descrição da IL-21 como um factor de crescimento autocrino e o seu potencial de

acoplamente com o TGF-β na geração de células TH17 de ratinho levanta a noção que estas citocinas

podem também estar presentes na diferenciação de células TH17 humanas.

Assim, usando todos estes dados, as principais citocinas e o seu papel na diferenciação das células T H17

em humano são as seguintes:

  TGF-β, IL-6, IL-21, IL-23 e IL-1 são importantes na diferenciação das células T CD4 +  naive em

células TH17;

  A IL-23, IL-6 e IL-1 são importantes na manutenção e maturação das células TH17 efectoras.

Apesar da sua diferenciação não ser idêntica, o fenótipo das células T H17 humanas apresentamsemelhanças com as células TH17 de ratinho:

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Joana Maria Soares Pereira 263

  Ambos os subgrupos porduzem IL-17, IL-17F e IL-22 como citocinas caracteristicas;

  A expressão de IL-23R e do receptor de quimocinas CCR6 definem adicionalmente este

subgrupo;

 

Parece que a produção de IFN-γ  pelas células TH17 pode ocorrer em humanos com base na

expressão de receptores de quimocinas: células CCR6+CCR4+  produzem IL-17 exclusivamente,

enquanto CCR6+

CXCR3+

 produzem IL-17 e IFN-γ;  As células TH17 podem também produzir IL-26 enquanto células TH17 de ratinho patogénicas

produzem TNFα e IL-6.

Regulação da Diferenciação das Células TH17 pelas Células TH1 e TH2

Visto que os subgrupos de células TH1 e TH2 regulam a diferenciação de ambas, estas também paprecem

regular negativamente a diferenciação das células TH17:

 

A adição de IL-12, IFN-γ ou IL-4 a culturas inibe a diferenciação estimulada por IL-23 ou TGF-β 

mais IL-6 de células TH17 de ratinho e humanas.

No entanto, ainda não é claro por quanto tempo as células TH17 são susceptiveis a esta regulação. Um

paradoxo nestes mecanismos é a observação de que um subgrupo de células TH17 podem co-produzir

IFN-γ. Isto é particularmente aparente quando olhamos para células T de locais de inflamação, por

exemplo, o cérebro de ratinhos após inducção de EAE ou o intestino de pacientes com doença de Crohn

activa. Isto sugere, que o IFN-γ não consegue sempre desregular a produção de IL-17 e pode, de facto,

contribuir para a função patogénica das células TH17.

Para além disso, é interessante reparar que ratinhos que não apresentam o factor de transcrição T-bet

das células TH1 produzem grandes numeros de células IL-17+, presumivelmente devido ao numero

reduzido da produção de IFN-γ, sendo estes ratinhos extremamente susceptiveis à EAE e outros

modelos de inflamação mediada pelas células TH17.

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Joana Maria Soares Pereira 264

Respostas Imunes Mediadas por T H 17

Até à data, as principais citocinas da familia IL-17 estudadas são a IL-17A, a IL-17E e a IL-17F  e a

principal função destas três citocinas é atrair quimicamente diferentes tipos de células através da

indução de outras citocinas e quimiocinas:

 

A IL-25 (IL-17E) induz a expressão de citocinas equimiocinas do tipo TH2 e apresenta um papel

nas respostas alérgicas do tipo TH2;

 

Ambas IL-17A e IL-17F apresentam propriedades

pro-inflamatórias e actuam numa larga gama de

tipos celulares para induzir a expressão de

citocinas (IL-6, IL-8, GM.CSF, G-CSF), quimiocinas

(CXCL1, CXCL10) e metaloproteinases. Para além

disso, estas citocinas são citocinas chave para o

recrutamento, activação e migração de

neutrófilos.

A análise funcional da IL-17 sugeriu um papel

importante e unico para esta citocina na defesa do

hospedeiro contra patogénios especificos pois a

produção de IL-17 e o recrutamento de neutrófilos

parecem ser importantes na defesa do hospedeiro

contra infecções por bactérias gram-negativo e fungos.

Em adição aos neutrófilos, a IL-17 parece também dictar a migração de outros tipos de células efectoras

durante a infecção. Em suporte a esta hipótese, células TH17 especificas geradas durante a infecçãomicobacteriana induzem a expressão de CXCL9, CXCL10 e CXCL11, que atraem as células TH1 CD4+ para

o pulmão de modo a controlar a infecção.

Papel das Células T H 17 na Autoimunidade

Em adição às infecções, as células TH1 desempenham um papel muito importante na indução e

propagação de doenças autoimunes em modelos animais e, potencialmente, em doenças autoimunes

em humanas:

  A espressão de IL-17 foi detectada em tecidos alvo durante a progressão de várias doenças

autoimunes humanas como esclerose multiplas, artrite reumatóide e psoriase;  Ratinhos deficientes em IL-17 ou ratinhos tratados com antagonista de IL-17R são resistentes ao

desenvolvimento de artrite induzida por adjuvantes;

  Animais deficientes em IL-17 desenvolvem EAE com severidade reduzida;

  A administração de um anticorpo neutralizante de IL-17 em ratinhos imunizados com mielina

antigénica previne a expressão de quimiocinas no cérebro e o desenvolvimento subsequente de

EAE.

A IL-17 está envolvida na patogénese de várias doenças autoimunes em ratinho e possivelmente em

humanos.

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Joana Maria Soares Pereira 265

A importância do subgrupo TH17 nas doenças autoimunes foi demosntarada em ratinhos deficientes em

IL-23. Estes ratinhos apresentavam numeros semelhantes de células T produtoras de IFN-γ aos dos

wildtype mas uma diminuição acentuada das células T produtoras de IL.17 e eram resistente ao

desenvolvimento de EAE e artrite unduzida pelo colagénio. Enquanto muitos modelos animais de

doenças autoimunes eram anteriormente pensados como mediados exclusivamente por células do tipo

TH1, estas expriências demonstraram a importância do eixo IL-23/TH17 na patogenicidade destasdoenças. No entanto, as células TH1 dos ratinhos deficientes não eram tão encefalitogénicas como as

dos animais wildtype, sendo este resultado consistente com o papel do IL-23 na manutenção das células

TH17 mas sugerindo também que a liminação da resposta TH17 pode alterar a função ou migração de

células TH1 especificas.

Células T Reguladoras

A tolerância ao “próprio” é um mecanismo regulatório imune importante que protege os tecidos do

próprio de danos mediados pelo sistema imunitário e restringe as respostas imunes activas apenas

contra os invasores microbianos. Assim existe define-se:

 

Tolerância central  –  mecanismo pelo qual clones de linfócitos que reconhecem antigénios do

próprio são eliminados no timo durante o desenvolvimento normal dos linfócitos.

Contudo, alguns clones de linfócitos com especificidade para antigénios do próprio são encontrados em

animais e humanos sem autoimunidade. Para além disso, a autoimunidade é capaz de se desenvolver

na ausência de defeitos na tolerância central, definindo-se:

  Tolerância periférica – inicialmente pensava-se que previnia a auto-agressão por células T auto-

reactivas que escapam da delecção timica mas trabalhos mais profundos levaram à

caracterização de células T supressoras especificas, os reguladores das respostas imunes naperiferia.

Existem vários tipos de células T reguladoras, incluindo:

  TCRαβ+CD4+;

  TCRαβ+CD8+;

  TCRαβ+CD4-CD8-;

  TCRγδ+

No entanto, a maior parte da investigação tem-se focado nas células T reguladoras TCRαβ+CD4+, as

quais se podem ainda dividir em vários subgrupos com fenótipos distinctos, perfis de citocinassecretadas e mecanismos de supressão diferentes. Entre estes subgrupos:

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Joana Maria Soares Pereira 266

  Células T CD4+ produzidas no timo e entregues na periferia como uma linhagem de linfócitos de

longa vida especificos para antigénio próprios são designadas células T reguladoreas naturais

CD4+CD25+ (nTreg) ; 

  Células T CD4+  recrutadas de linfócitos circulantes e que adquirem propriedade reguladoras

sobre condições particulares de estimulação dão designadas células T reguladoras induzidas

(iTreg);   Existem dois tipos de células T CD4+ reguladoras induzidas, as células T reguladoras 1 (TR1) e as

células T helper 3 reguladoras (TH3).

As células T reguladoras estão envolvidas na regulação da resposta imune, manutenção da tolerância e

homeostasia imunológica e controlo da autoimunidade e sobrevivência do cancro. Assim, as Tregs

desempenham um papel importante na autoimunidade, alergia, cancro, doença infecciosa e indução de

tolerância à transplantação. Como consequência, anormalidade no numero e funções das células T regs

foram implicadas na patogénese destas condições clinicas.

As Tregs são caracterizadas pelas expressão de Foxp3, um factor de repressão transcripcional que está

fisicamente associado com a familia Rel de factores de transcrição, NFATs e NF-κB, e bloqueia a sua

habilidade de induzir a expressão endógena dos seus genes alvo, incluindo genes de citocinas chave eserve como marcador de subgrupos de células T reguladoras:

  Células nTreg  – CD4+CD25+Foxp3+;

  Células TR1 – CD4+CD25-Foxp3+;

  Células TH3 – CD4+CD25-Foxp3- 

Mecanismos de Acção das Células T Reguladoras

Diferentes subgrupos de células T reguladoras apresentam diferentes efeitos supressores, e estes são

também mediados de maneiras diferentes:

  As células TR1 e TH3  dependem da produção de citocinas inibitórias, IL-10 e TGF-β,

respectivamente, que inibirão a proliferação e aprodução de citocinas por células T efectoras,

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incluindo as células TH1, as células TH2 e as células T CD8+ citotóxicas, tanto directamente como

através da influância inibitória da maturação e activação de células dendriticas ou APCs;

  As células nTreg  (CD4+CD25+) inibem a proliferação de células T CD25-. Os mecanismos de

supressão parece ser multifactorial e inclui contacto célula-célula. Estas células também

expressam antigénio 4 citotóxico dos linfócitos T (CTLA4) que interage com CD80 e/ou CD86 nasuperficie das APCS e esta interacção fornece um sinal negativo para a activação das células T.

Existe também alguma evidência que TGF-β secretado ou IL-10 secretada podem apresentar

também um papel nestas células T reguladoras.

As células T reguladoras foram inicialmente descritas como células não especificas para antigénios que

actuam através de um mecanismo dependente de APCs. As células T reguladoras requerem a activação

via o seu TCR para se tornarem supressoras, mas quando activadas as suas funções efectoras são

completamente não especificas. No entanto, foi observado que podem existir populações de células Treguladoras que são especificas para antigénios.

Parece que as populações de células T reguladoras reconhecem antigénios próprios e estas células, tal

como as células T convencionais, apresentam um reportório TCR policlonal e são seleccionadas por

péptidos próprios. No entanto, péptidos próprios dirigem a selecção de timócitos CD4+CD25+

reguladores por um processo que é distinto da selecção negativa e positiva.

O numero crescente de mecanismos inibitórios descritos para as células T reguladoras sugere que astas

células tomam uma abordagem multipla na regulação imune. É provável que a importância relativa de

cada mecanismo inibitório é dependente do contexto e modulada pelo meio inflamatório e pelamagnitude da resposta imune. Em conjunto, estes mecanismos fornecem um potente arsenal com o

qual as células T reguladoras podem actuar.

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Indução de Células T Reguladoras na Periferia e Manutenção

As células T CD4+CD25- naive podem ser induzidas a se tornarem reguladoras na periferia por uma série

de sinais:

  Exposição a antigénio na presença de citocinas imuno-supressoras como IL-10 e TGF-β e/ou

ácido retinóico;  Activação por células dendriticas imaturas;

  Activação no contexto de células T reguladoras naturais.

Muitos destes subgrupos de células T reguladoras actua secretando citocinas imunossupressoras IL-10

e/ou TGF-β, que aumentam a diferenciação em células T reguladoras e inibem a diferenciação de outros

subgrupos de células T, o que diminui a resposta imune.

A manutenção das células T reguladoras na periferia é ajudada por sinais via IL-2, CD28 e TGF-β.

Adicionalmente, as células requerem interacções com os seus ligandos na periferia para maturação

e/ou sobrevivência seguinte. Assim que se encontram na periferia, as células T reguladoras são capazes

de se expandir vigorosamente em resposta a sinais antigénicos e proliferativos.

 Acção das Células T Reguladoras na Diferenciação de Diferentes Subgrupos de Células T CD4 + 

Como sabemos, após a activação, uma células T CD4+  pode diferenciar-se em quatro subgrupos

diferentes dependendo das citocinas presentes no meio e as citocinas secretadas por cada um destes

subgrupos irá influenciar a diferenciação nos outros grupos. Será, assim, um balanço destas subgrupos

que irá dictar a resposta observada na infecção:

 

Na presença de IL-12 e interferões do tipo I e tipo II, produzidos na presença de patogéniosintracelulares, as células T naive diferenciam-se em células TH1, que produzem IFN-γ, IL-12 e

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TNF-α. Estas citocinas vão induzir a aliminação destas parasitas e o IFN-γ inibe a diferenciação

das células TH2 e TH17;

  Na presença de IL-4, produzida na presença de patogénios extracelulares como helmitos, as

células T naive diferenciam-se em células TH2, que produzem IL-4, IL-5, IL-6, IL-10 e IL-13. A IL-4,

a principal citocina secretada pelas células TH2, inibe a diferenciação de células TH1 e TH17;

 

Elevados niveis de TGF-β e IL-6 promovem a diferenciação de células TH17, bastante envolvidasna defesa contra bactérias extracelulares, que não são eficientemente eliminadas pelas células

TH1 e TH2;

  Quando os niveis de TGF-β e IL-10 são bastante elevados, o que normalmente ocorre quando

uma reacção imune já ocorre há algum tempo, as células T naive na periferia são estimuladas a

diferenciar-se em células T reguladoras, que produzirão TGF-β e IL-10 que inibirão a

diferenciação dos outros subgrupos de células T. Isto permite que a infecção termine e previne

o desenvolvimento de autoimunidade.

Células T CD8 + Citotóxicas

Os linfócitos T citotóxicos (CTLs) são gerados pela activação de células T citocóxicas (TC):

 

Apresentam capacidade litica e são criticos no reconhecimento e na eliminação de células

próprias alteradas (e.g., células infectadas com virus e células tumorais) e nas reacções derejeição de enxertos;

  Geralmente são CD8+  e, assim, são retsritas a MHC classe I, apesar de em casos raros se ter

mostrado que células T CD4+ restritas a MHC classe II podem funcionar como citotóxicas;

  Como virtualmente todas as células nucleadas expressam moléculas MHC classe I, as CTLs são

capazes de reconhecer e eliminar quase qualquer célula alterada.

A respostas imune mediada por CTLs pode ser dividida em duas fases, reflectindo diferentes aspectos

da respostas:

1. 

A primeira fase activa e diferencia células TC naive em CTLs efectoras funcionais;

2. 

Na segunda fase, as CTLs efectoras reconhecem complexos antigénio-MHC classe I em células

alvo especificas, que leva a que destruam as células alvo.

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 Activação e Diferenciação em CTLs Efectoras

As células TC naive são incapazes de matar células alvo e são, assim, referidas como precursores CTL

(CTL-Ps) para denotar o seu estado funcional imaturo. Apenas após uma CTL-P ser activada é que esta

célula se diferenciará numa CTL funcional com actividade citotóxica.

A geração de CTLs a partir de CTL-Ps parece requerer pelo menos três sinais sequênciais:

1. 

Um sinal 1 especifico do antigénio transmitido pelo complexo TCR após reconhecimento de um

complexo péptido-MHC classe I;

2. 

Um sinal co-estimulador  transmitido pela interacção CD28-B7 da CLP e da célula apresentadora

do antigénio;

3.  Um sinal induzido pela interacção de IL-2 com o receptor de IL-2 de alta afinidade, resultando na

proliferação e diferenciação de CTL-P activadas pelo antigénio em CTLs efectoras.

Células CTL-Ps inactivas não expressam IL-2 ou receptores IL-2, não proliferam e não apresentam

actividade antigénica. A activação antigénica induz uma CTL-P a começar a expressar receptor IL-2 e, a

uma menor extensão, IL-2, a principal citocina necessária para a proliferação e diferenciação de CTL-Ps

activadas em CTLs efectoras. Em alguns casos, a quantidade de IL-2 secretada pela CTL-P activada pelo

antige´nio pode ser suficiente para induzir a sua própria proliferação e diferenciação, o que é

particularmente verdadeiro para CTL-Ps de memória, que apresentam requerimentos de activação maisbaixos que as células naive.

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No entanto, no geral, a maior parte das CTL-Ps activadas requerem IL-2 adicional produzida por células

TH1 em proliferação para proliferar e diferenciar em CTLs efectoras. O facto do receptor de IL-2 não ser

expresso até a CTL-P ser activada pelo antigénio mais a moléculas MHC classe I favorece a expansão

clonal e aquisição de citotoxicidade apenas pelas CTL-Ps especificas para o antigénio.

A dependência de IL-2 para a proliferação e diferenciação é facilmente demonstrada:

 

Em ratinhos KO para IL-2, a ausência de IL-2 abortou a citotoxicidade mediada por CTLs;

  Após a eliminação do antigénio, os niveis de IL-2 caem, o que induz as células T H1 e as CTLs a

sofrer morte celular programada or apoptose;

 

Deste modo, a resposta imune é rapidamente terminada, diminuindo a probabilidade de dano

tecidular não especifico a partir da resposta inflamatória.

O papel das células TH1  na geração de CTLs apartir de CTL-Ps ainda não é completamente

compreendido e é improvável que as células TH1 e as CTL-Ps interajam directamente. No entanto, a IL-2

e a co-estimulação são importantes na transformação de CTL-Ps naive em células efectoras e as célulasTH1 podem ser mediadores no fornecimento destes requerimentos essenciais:

1. 

A interacção de células TH com células apresentadoras de antigénio pode resultar na produção

de IL-2 pelas células TH1;

2.  A acção parácrina desta citocina em CTL-Ps naive vizinhas cujos TCRs estão ligados pode levar à

diferenciação e proliferação destas células em CTLs activas;

3. 

As TH1 podem induzir a sobre-regulação de moléculas co-estimuladoras na superficie de células

apresentadoras de antigénios, ajudando as CTL-P a dividirem-se e a diferenciarem-se pela

geração de niveis de co-estimulação adequados.

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As CTLs apresentam no seu citoplasma grânulos de armazenamente intracelulares  bastante densos.

Estes grânulos foram isolados por fraccionamento e medeia o dano da célula alvo por si só. São

constituidos por:

 

Perforina  –  monómero de proteinas de 65 kDa formadoras de poros e homólogas ao

componente C9 terminal do sistema complemento;

  Granzimas – várias serina proteases.

As CTL-Ps não apresentam grânulos citoplasmáticos e perforinas e parece que, após a activação, estes

grânulos citoplasmáticos surgem carregando monómeros de perforina recentemente expressos.

Imediatamente após a formação do conjugado CTL-célula alvo, o aparelho de Golgi e os grânulos re-

orientam-se no citpolasma  das CTLs  para se concentrarem junto da junção com a célula alvo.

Evidências sugerem que monómeros de proforina e proteases granzima são depois libertados por

exocitose no espaço juncional entre as duas células.

Quando os monómeros de perforina contactam coma membrana da célula alvo, sofrem uma aletração

conformacional, expondo um dominio anfipático que se insere na membrana da célula alvo. Os

monómero polimerizam (na presença de Ca2+) para formar poros cilindricos com um diâmetro interno

de 5-20 nm. Assim, um grande número de poros perforina são visiveis na membrana das células alvo na

região da formação do conjugado. Resumidamente, este processo ocorre do seguinte modo:

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1. 

A interacção da CTL com a célula alvo provoca um aumento dos niveis de Ca2+ intracelulares;

2. 

Estes niveis de Ca

2+

  elevados induzem a exocitose, na qual os grânulos se fundem com amembrana celular da CTL;

3. 

A perforina monomérica é libertada no pequeno espaço entre as duas células;

4. 

Os monómeros de perforina libertados sofrem uma alteração conformacional induzida pelo Ca2+ 

que permite que estes se insiram na membrana da célula alvo;

5. 

Na presença de Ca2+, os monómeros polimerizam na membrana;

6. 

A polimerização leva à formação de poros cilindricos.

Devido a esta função, a perforina pode ajudar na entrada de granzima na célula alvo de dois modos:

  A formação do poro na membrana celular da célula alvo permite a entrada directa da granzima

libertada no espaço entre as duas células na célula alvo;

 

A perforina assiste a entrada através de uma via que envolve um receptor designado receptor de

manose-6-fosfato. Muitas células alvo apresentam este receptor na sua superficie e este liga

gramzima B. Os complexos granzima B/receptor manose-6-fosfato são internalizados e surgem

dentro de vesiculas. Neste caso, a perforina é necessa´ria para a libertação da granzima B das

vesiculas no citoplasma da célula alvo.

Assim que entra no citoplasma da células alvo, a granzima B inicia uma cascata de reacções que resulta

na freagmentação do DNA da célula alvo em oligomeros de 200 bp, tipos de fragmentos de DNA tipicos

da apoptose:

  Como as granzimas são proteases, não capazes de mediar directamente a fragmentação de

DNA, activando por outro lado uma via apoptotica na célula alvo;

  Este processo apoptótico não requer sintese de mRNA nem proteico tanto na CTL como na

célula alvo;

 

Este processo também é capaz de fragmentar DNA viral, destruindo células infectadas por virus

e o DNA viral destas células. Esta fragmentação de DNA viral previne a replicação viral

continuada e montagem no periodo antes da célula alvo ser destruida.

Por outro lado, algumas linhas de CTLs potentes não apresentam porforinas nem granzimas. Nestes

casos, a citotoxicidade é mediada pela via de sinalização Fas/FasL:

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  A proteina transmembranar Fas, que é um mebro da familia de receptores TNF, é capaz de

fornecer sinais de morte quando faz ligação cruzada com o seu ligando natural, um membro da

famila tumor necrosis designado Fas ligando (FasL);

  O FasL é encontrado na membrana de CTLs e sua interacção com o Fas nas células alvo

desencadeia a apoptose.

Assim, as CTLs de ratinhos são capazes de matar células alvo por mecanismos mediados por perforinas,

por um mecanismo que envolve a ligação de Fas na célula alvo com FasL apresentado na membrana da

CTL, ou, em alguns casos, por uma combinação dos dois mecanismos.

Assim, existem dois mecanismos responsáveis pela iniciação a morte apoptótica   da célula alvo

mediada pelas CTLs:

1. 

Fornecimento direccional de proteinas citotóxicas  (perforina e granzimas) que são libertadas

das CTLs e entram nas células alvo;

2.  Interacções de FasL membranar da CTLs com o receptor Fas na superficie da célula alvo, o que

se designada de via FasL-Fas.

Cada um destes eventos de iniciação resultam na activação de uma via de sinalização que culmina na

morte da célula alvo por apoptose. Uma caracteristica da morte celular por apoptose é o envolvimento

da familia caspase de serina protease, que clivam após um residuo de aspartato:

 

Normalmente, as caspases estão presentes na célula como proenzimas inactivas – procaspases – 

que requerem clivagem proteolitica para conversão às formas activas;

 

A clivagem de uma procaspase produz um iniciador caspase activo, que cliva outra procaspase,

activando assim a sua actividade proteolitica;

  O resultado final é a desmontagem sistemática e ordenada da célula que marca a apoptose.

Assim, esquematicamente, o mecanismo pelo qual estas duas vias entram na via apoptótica das

caspases é o segunite:

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As CTLs usam granzimas e FasL para iniciar cascatas de caspases nos seus alvos. As granzimas

introduzidas na célula alvo a partir da CTL mediam os eventos proteoliticos que activam um iniciador

caspase. De modo semelhante, a ligação do Fas numa célula alvo pelo FasL na CTL causa a activação de

um iniciador caspase na célula alvo. O resultado final das vias mediadas por perforina/granzima e Fas éa activação de vias de morte dormentes que estão presentes na célula alvo. Assim, a CTL não só mata a

célula alvo como a induz a cometer suicidio.

Células Naturalmente Assassinas

As células naturalmente assassinas  foram descobertas por acidente quando imunologistas mediam a

actividade in vitro de células especificas de tumores recolhidas de ratinhos com tumores como células

com actividade citotóxica não especifica e que actuavam de igaul modo em ratinhos com tumor e sem

tumor:

 

Estas células constituem cerca de 5%-10% da população de linfócitos recirculantes e apresentamuma morfologis de linfócitos grandes granulares;

  Estão envolvidas nas defesas imunes contra virús e tumores.

Como as células naturalmente assassinas produzem um numero de citocinas imunologicamente

importantes, estas células desempenham papeis importantes na regulação imune e influenciam tanto a

imunidade adaptativa como a inata. Por exemplo:

 

A produção de IFN-γ  pelas células naturalmente assassinas pode afectar a participação de

macrófagos na imunidade inata pela activação de actividade fagociticas e microbicidas;

  O IFN-γ  derivado de células naturalmente assassinas pode influenciar a diferenciação de

populações de células TH  em TH1 vs. TH2 pelos seus efeitos inibitórios na expansão de TH2 e

estimulação do desenvolvimento TH1 via indução de IL-12 por macrófagos e células dendriticas.

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As células naturalmente assassinas estão envolvidas na resposta inicial contra as infecções por certos

virus e bactérias intracelulares:

  A actividade das células naturalmente assassinas é

estimuladas por interferões do tipo I, pela IL-12 e

pelas IL-15. E, no curso de uma infecção viral, o nivel

destas citocinas aumenta rapidamente, seguido por

uma onda de células naturalmente assassinas que

atinge um máximo em 3 dias;

 

As células naturalmente assassinas são a primeira

linha de defesa contra infecções viricas, controlando a

replicação viral durante o tempo necessário para a

activação, proliferação e diferenciação de células CTL-

P em CTLs funcionais no dia 7.

Desenvolvimento e Caracteristicas das Células Naturalmente Assassinas

As células naturalmente assassinas derivam do figado fetal e da medula óssea após o nascimento e são

células linfóides que partilham um progenitor comum com as células T, mas a sua linhagem detalhada 

ainda continua desconhecida:

 

No embrião, as células estaminais hematopoiéticas (HSCs) são geradas num região que dá

origem a todas as linhagens de células do sangue. Apesar dos passos intermediários entre as

HSCs e as células naturalmente assassinas ainda não serem conhecidos, já foram identificados

precursores que são capazes de gerar células naturalmente assassinas no figado, timo, sangue e

baço fetal, como progenitores T-NK bipotentes;

 

No nascimento, o local da hematopoiese muda do figado fetal para a medula óssea. Aqui, ospercursores de células NK (NKPs), mas não progenitores T-NK bipotentes, foram identificados.

As células naturalmente assassinas encontradas no figado e timo adultos devem ser derivados

da medula óssea, mas também podem ser restos da vida fetal.

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Joana Maria Soares Pereira 278

As células naturalmente assassinas expressam alguns marcadores membranares que são encontrados

em monócitos e granulócitos, tal como alguns que são tipicos das células T. No entanto, diferentes

células naturalmente assassinas expressam diferentes grupos de moléculas membranares e não se sabe

se estas heterogenicidade reflecte subpopulações de células naturalmente assassinas ou diferentes

estágios na sua activação ou maturação. As principais moléculas membranares expressas em células

naturalmente assassinas são:

 

CD3-;

  CD56+;

  CD2+ - subunidade β do receptor de IL-2;

  CD16+  - receptor para o fragmento Fc da

IgG;

 

CD95L - FasL

  Ly49+ (em ratinho);

  CD8+ - apenas observado em algumas.

A diferenciação das células naturalmente assassinas ocorre enquanto os percursores interagem com

citocinas e com células do estroma na medula óssea. Moléculas de superficie são sequencialmente

expressas por células naturalmente assassinas em maturação e podem ser usadas como marcadores deintermediários do desenvolvimento em ratinhos e humanos. Apesar de alguns marcadores diferirem

entre as duas espécies, muitas são partilhadas e podem ser usada para deliniar estágios comuns da

diferenciação das células naturalmente assassinas:

1.  A etapa 1 (commitment) é marcada pela aquisição da expressão de receptor-β da IL-2 (IL-2Rβ);

2. 

A etapa 2 (maturação) pode ainda ser dividida em vários passos. A aquisição da expressão de

moléculas de proteina 1 receptor das células NK (NKR-P1), como NK1.1 em ratinhos e CD161 em

humanos) e CD2 identifica as células NK imaturas que não são liticas. DX5 em ratinho e CD56 em

humanos são subsequentemente adquiridas em conjunto com o potencial citolitico. A expressão

do complexo CD94-NKG2 é adquirida mais tarde, mas antes da maturação final, que resulta naexpressão de receptores de MHC especificos (Ly49 em ratinhos e KIRs em humanos).

Os precursores de células naturalmente assassinas requerem citocinas como interleucina-15 (IL-15) 

para a maturação e sobrevivência, mas outras moléculas soluveis e não soluveis podem participar nodesenvolvimento e maturação destas células.

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Joana Maria Soares Pereira 279

As células naturalmente assassinas são exportadas para a periferia, formando uma pool periférica que é

encontrada no sangue, em todos os órgãos linfóides e alguns tecidos parenquimais (pulmões e figado).

As células naturalmente assassinas periféricas devem recircular entre os diferentes órgãos e tecidos. Em

humanos, foram já descritos dois subgrupos de células naturalmente assassinas que são especializadas

na produção de citocinas ou morte, no entanto, esta divisão não foi claramente mostrada em ratinho.

Apesar de existirem algumas semelhanças entre as células naturalmente assassinas e os linfócitos T,

existem diferenças entre as células NK e os linfócitos: 

  As células naturalmente assassinas não se desenvolvem exclusivamente no timo, o que é

demonstrado por ratinhos que não apresentam timo, apresentando poucas ou nenhumas

células T mas apresentam populações funcionais de células NK;

  Ao contrário das células T e B, as células naturalmente assassinas não sofrem rearranjo de genes

de receptores, o que é demonstrado pela observação de que células naturalmente assassinas se

desenvolvem em ratinhos KO para RAG-1 e RAG-2, que não desenvolvem nem células T nem B.

O poder das células naturalmente assassinas e de outras vias protectoras da imunidade inata é

claramente demonstrado pela sobrevivência de ratinhos KO para genes RAG, que não apresentam

células T nem células B.

Funções Citotóxicas das Células Naturalmente Assassinas

As células naturalmente assassinas matam células tumorais e células infectadas por virús  por

processos semelhantes aos empregues pelas CTLs:

1. 

As células naturalmente assassinas carregam FasL na sua superficie e induzem a morte em

células alvo que apresentam Fas;

2. 

O citoplasma das células naturalmente assassinas contem numerosos granulos que contêm

perforina e granzimas. No entanto, ao contrário das CTLs, que necessitam de ser activadas antesdos granulos surgirem, as células naturalmente assassinas são constitutivamente citotóxicas,

apresentando grandes granulos no seu citoplasma. Após uma célula naturalmente assassina

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aderir a uma célula alvo, ocorre desgranulação com a libertação de perforina e granzimas na

 junção das duas células, sendo os papeis destes dois tipos de proteinas citotóxicas os mesmos

nas CTLs.

Apesar destas semelhanças, as células naturalmente assassinas diferem das CTLs  de vários modossignificantes:

1. 

As células naturalmente assassinas não expressam receptores de células T especificos para

antigénios nem CD3;

2. 

O reconhecimento de células alvo pelas células naturalmente assassinas não é restrito a MHC;

3. 

A presença de moléculas MHC classe I inibe a sua actividade citotóxica;

4.  A actividade das células naturalmente assassinas não aumenta após uma segunda imunização,

ou seja, a resposta das células naturalmente assassinas não gera memória imunológica.

Devido ao facto das células naturalmente assassinas verem a sua actividade citotóxica inibida pelapresença de moléculas MHC classe I deve-se ao facto da actividade citotóxica contra estas células ser

feita pelas CTLs e as NK são importantes na defesa contra virus que se alojam em qualquer célula e têm

como principal acção viral a diminuição da expressão de moléculas MHC para que estas não sejam

eliminadas. Assim, as células naturalmente assassinas actuam em conjunto com as CTLs fazendo

primeiro a eliminação de células com expressão reduzida de moléculas MHC, eliminando

indiscriminadamente células com uma expressão de MHC inferior à normal, e deixando as células com

niveis superiores ou normais de moléculas MHC para as células T.

No entanto, isto levanta a questão intrigante de como é que estas células não atacam eritrócitos, que

são células não nucleadas, não expressando moléculas MHC classe I. Seria de esperar que estas célulasfossem eliminadas pelas células naturalmente assassinas mas, ao que parece, estas células têm outros

receptores membranares que impedem a actividade citotóxica das células naturalmente assassinas.

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Joana Maria Soares Pereira 281

Receptores de Activação e de Inibição

Dado que as células naturalmente assassinas não expressam receptores especificos para antigénios, os

mecanismos pelos quais as células naturalmente assassinas reconhecem células próprias alteradas e

destinguem estas das células normais têm sido alvo de investigação. Existem dois modelos  para

explicar:

1. 

Two-receptor model  –  postula que as células naturalmente assassinas empregam duas

categorias diferentes de receptores, um que fornece sinais inibitórios à células naturalmente

assassina e outro que fornece sinais activadores;

2. 

Opposing-signals model  – tem como base a ideia do modelo anterior mas tem em conta que

existem vários receptores diferentes na membrana celular para sinais activadores e um numero

de tipos diferentes de receptores inibitórios, sendo o mais correcto.

É o balanço entre sinais activadores e inibitórios que permite que as células naturalmente assassinas

destingam as células saudáveis das células infectadas ou canceroas. É importante ter em conta que

sinais activadores das células naturalmente assassinas adicionais podem ser fornecidos por factoressoluveis, incluindo citocinas como interferões tipo I, TNF-α, IL-12 e IL-15.

A natureza exacta dos receptores  membranares nas células naturalmente assassinas tem sido

estudada:

1.  Receptores activadores – a ligação cruzada por anticorpos de muitas moléculas encontradas na

superficie das células naturalmente assassinas podem activar estas células artificialmente, mas

os ligandos naturais de muitos destes receptores de activação não são conhecidos. Alguns

candidatos de receptores de activação são:

  Membros das proteinas de ligação a carboidratos conhecidos com lectinas tipo-C , assim

designados porque apresentam dominios de reconhecimento de carboidratos

dependentes de cálcio (Ex: NKR-P1);

 

CD2, receptor da molécula de adesão LFA-3;

  CD16, receptor FcγIII e que, apesar de ser responsável pelo reconhecimento mediado por

anticorpos e morte de células alvo pelas células naturalmente assassinas, não está

provavelmente envolvido na morte não dependente de anticorpos;

  NKp30, NKp44 e NKp46.

2.  Receptores inibitórios  – dois grupos principais de receptores inibitórios foram já encontrados

em células naturalmente assassinas, a familis de receptores inibitórios C-lectina (CLIR)  e umgrupo de receptores inibitórios da superfamilia Ig (ISIR) conhecido como receptores inibitórios

killercell (KIR). Apesar destes grupos serem quimicamente diferentes, em conjunto são referidos

como a superfamilia de receptores inibitórios (IRS). Os mais importantes são:

  Em humanos, o receptor inibitório C-lectina CD94/NKG2, um heterodimero composto

por duas glicoproteinas, reconhece HLA-E em potenciais células alvo. Como as moléculas

de HLA-E pertencem ao MHC classe I, são bons indicadores dos seus niveis. Estes

receptores não são especificos para um alelo particular de HLA e enviam siniais

inibitórios às células naturalmente assassinas com o resultado final de inibição da morte

da potencial célula alvo quando os niveis de MHC classe I são normais;

  Em ratinho, o receptor LY49 é o homólogo do CD94/NKG2;

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Joana Maria Soares Pereira 282

  Em contraste, os receptores KIR  são especificos para um ou um numero limitado de

produtos polimórficos de um loci HLA particular. No entanto, em contraste com as

células B e T, as células NK não são limitadas na expressão de receptores KIR.

Como os sinais de receptores inibitórios apresentam poder dominate sobre os sinais de receptores

activadores, um sinal negativo de qualquer receptor inibitório, tanto CD94/NKG2 ou KIR, é capaz de

bloquear a lise de células alvo por células naturalmente assassinas. Assim, as células que expressam

niveis normais de moléculas MHC classe I inalterados tendem a escpara de todas as formas de morte

mediada por células naturalmente assassinas.

Assim, no opposing-signals model da regulação de células naturalmente assassinas  podemos ter dois

casos:

1. 

Os receptores de activação ligam-se a ligandos na célula alvo, e estes ligandos podem ser

padrões anormais de glicolisação da superficie de células tumorais ou células infectadas por

virus. O reconhecimento destes determinantes pelos receptores de activação das células

naturalmente assassinas sinaliza a estas células a morte da célula alvo;

2. 

Estes sinais podem ser sobrepostos por um sinal de receptores inibitórios. Isto previne a morte

da célula alvo e a proliferação das células naturalmente assassinas e a indução da secreção de

citocinas como IFN-γ e TNF-α.

A consequência geral deste modelo é a poupança de células que expressam indicadores criticos de

normalidade, moléculas MHC classe I, e matar células que não apresentam este indicador.

Citotoxicidade Mediada por Células Dependente de Anticorpos

Um numero de células que apresentam potencial citotóxico expressam receptores membranares para a

região Fc da molécula de anticorpo, sendo o tipo de citotoxicidade desempenhado por estas células

designado citotoxicidade mediada por células dependente de anticorpos (ADCC): 

  Quando o anticorpo está especificamente ligado a uma célula alvo, estas células carregadoras

de receptores conseguem ligar à região Fc do anticorpo, e assim à célula alvo, e causam

subsequentemente a lise da célula alvo;

 

Apesar destas células citotóxicas não serem especificas para o antigénio, a especificidade do

anticorpo dirige-as para as células alvo especificas.

Entreas as células que medeiam a ADCC encontram-se:

  Células naturalmente assassinas;

 

Macrófagos;

  Neutrófilos;

 

Eosinófilos.

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Joana Maria Soares Pereira 283

A morte de  células alvo pela ADCC  parece

envolver um numero de mecanismos citotoxicos

diferentes mas não a lise mediada pelo

complemento:

  Quando macrófagos, neutrófilos ou

eosinófilos  ligam uma célula alvo pelo

receptor Fc, elas tornam-se mais

metabolicamente activas e, como

resultado, o nivel de enzimas liticas nos

seus granulos ou lisossomas aumenta;

  A libertação de enzimas liticas no local de

contacto resultará no dano da célula alvo;

  Monócios, macrófagos e células NK

activadas secretam TNF que tem efeito

citotóxico na célula alvo;  Como células naturalmente assassinas e eosinófilos  contêm perforina em granulos

citoplasmáticos, a morte da célula alvo também podem envolver o dano membranar mediado

por perforinas de modo semelhante ao descrito para as CTLs.

Não são todos os isotipos de anticorpos que têm este papel, como sabemos, sendo de esperar que os

mais envolvidos neste processo sejam as moléculas de IgG.

Actividade funcional IgM IgD IgG1 IgG2 IgG3 IgG4 IgA IgE

Neutralização + - ++ ++ ++ ++ ++ -

Opsonização + - +++ * ++ + + -

Sensibilização para morte porcélulas NK

- - ++ - ++ - - -

Sensibilização de mastócitos - - + - + - - +++

 Activação do complemento +++ - ++ + +++ - + -

Distribuição IgM IgD IgG1 IgG2 IgG3 IgG4 IgA IgE

Transporte através do epitélio + - - - - - +++ -

Transporte através da placenta - - +++ + ++ +/- - -

Difusão para locais

extravasculares+/- - +++ +++ +++ +++ ++ +

Nivel sérico médio (mg/mL) 1,5 0,04 9 3 1 0,5 1,2 3x10-5

Células Dendriticas

As células da familia dendritica encontram-se na maior parte dos órgãos e actuam principalmente

como sentinelas, capazes de detectar “sinais de perigo”: 

 

Encontram-se no coração, no figado, no rim, etc., tal como nas superficies mucosas como os

pulmões e o intestino;

 

Nestes tecidos, encontram-se num estado imaturo e têm a capacidade de reconhecer e capturar

antigénios microbianos através de receptores especificos.

Como as células T e B se encontram principalmente nos órgãos linfóides, levanta-se a questão de como

é que estas células podem ser activadas por patogénios que invadem tecidos periféricos. Várias

experiências mostraram que a imunidade das células T é induzida quando os antigénios alcançam

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tecidos linfóides organizados e efatizam que as células apresentadoras de antigénios funcionam de

modo critico como moventadores de antigénios da periferia para tecidos linfóides organizados.

As células dendriticas apresentam propriedades unicas que permitem que elas formem uma ligação

entre a periferia e órgãos linfóides, onde as respostas imunes são geramente iniciadas.

As caracteristicas das células dendriticas que as tornam células apresentadoras de antigénios por

excelência são:

  Localizam-se nos locais de entrada de microorganismos (epitélio) e nos tecidos;

  Apresentam receptores para capturar e responder aos microorganismos, como TLRs e

receptores de manose;

  Migram para zonas de células T dos órgãos linfóides, tendo o CCR7 (receptor das citocinas CCL19

e CCL21) uma importância elevada e permitindo que estas se localizam com as células T naive;

 

As células dendriticas maturas expressam elevados niveis de moléculas co-estimulatóriasnecessárias à activação dos linfócitos naive.

Uma das marcas das células dendriticas é a sua capacidade de migrar. As células dendriticas,

normalmente, apresentam como localização as áreas de entrada de antigénios, como a derme, os

epitélios, as zonas marginais do baço, e, assim, são uma das primeiras linhas de defesa contra os

antigénios. Quando reconhecem um antigénio, estas células são capazes de o internalizar, por

fagocitose ou endocitose mediada por receptores, e migram para os nódulos linfáticos, principalmente

para as zonas ricas em células T, e apresentam-nos via MHC classe II às células T. Isto permite a

activação das células T e provoca a sua diferenciação.

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Joana Maria Soares Pereira 285

No entanto, é necessário ter am conta que, para que efectuem a sua função de apresentação de

antigénios, as células dendriticas necessitam de ser activadas:

  Se as células dendriticas não forem activadas, não conseguem exercer função apresentadora

pois não expressam moléculas co-estimulatórias na sua superficie, promovendo um estado de

anergia nas células T;

  A activação é feita pelos micróbios antigénicos e leva ao aumento da expressão de moléculas

co-estimulatórias (B7 – expressão aumentada pelo reconhecimento de PAMPs pelos TLRs), que

promovem a activação das células T quando a célula dendritica apresenta péptidos antigénicos;

  A função apresentadora das células dendriticas pode ser melhorada pelas células T activadas por

ligação do CD40L das células T ao CD40 das células dendriticas. Células T activadas apresentam

expressão de CD40L e esta ligação aumenta a activação das células dendriticas, melhorando a

sua actividade.

Origem e Desenvolvimento das Células Dendriticas

As células dendriticas têm origem nas células estaminais hematopoiéticas na medula óssea e o seu

desenvolvimento é caracterizado por:

1. 

Progenitores das células dendriticas na medula óssea migram via corrente sanguinea e alojam-

se em tecidos periféricos onde encontram vários factores de crescimento essenciais como GM-

CSF, IL-4, IL-15, TNF-α, TGF-β  e IL-3 secretados por vários tipos de células incluindo células

endoteliais, mastócitos, queratinócitos e fibroblastos no microambiente;

2.  Tais factores de crescimento determinam o destino dos progenitores que se diferenciam em

células dendriticas de Langerhans imaturas, células dendriticas intersticiais ou células

dendriticas plasmacitoides.

As células dendritica seguem a linhagem das células mielóides, mas podem também seguir a linhagemdas células linfóides, e, portanto, progenitores nestas linhagens dão origem a vários tipos de células

dendriticas dependendo do tecido onde se alojam.

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Joana Maria Soares Pereira 286

Assim, existem diferentes subpopulações de células dendriticas, e estas diferem na localização, fenótipo

e actividade biológica, factores estes que são usados na classificação de diferentes células dendriticas:

Principais subgrupos

de células dendriticas

em ratinho

CD8α+

CD11b-

 

CD8α-

CD11b+

 

Plasmocitóides Langerhans DermaisCD8α

-

CD11b-

 

Derivadas de

monócitos

Fenótipo

CD11chigh

CD8α+

CD11b- 

DEC205+ 

CD4- 

CD11chigh

CD8α-

CD11b+ 

DEC205- 

CD4+ 

CD11clow

 

CD8α+/- 

CD11b- 

B220+ 

GR-1+ 

CD11chigh

CD8αdull

DEC205high

 

Langerin+ 

CD11chigh

CD8α-

CD11b+ 

DEC205+ 

CD11chigh

CD8α-

CD11b- 

DEC205+ 

CD4- 

CD11clow

 

CD8α-

CD11b+ 

DEC205+ 

CD4- 

ÓrgãoBaço e

outros

Baço e

outrosBaço e outros

Epitélio da

pele, outros

Derme da

pele,

outros

Placas de

Peyer

Baço

inflamado

MicroambienteÁreas ricas

em células

T

Zonas

marginais

(baço),

sinus

subcapsular,

dome

subepitelial

Zonas marginais,áreas ricas em

células T (nodulo

linfático)

Epitélio da

pele, áreasricas em

células T dos

nódulos

linfáticos

Derme da

pele, áreas

ricas em

células T

dos

nódulos

linfáticos

Áreas ricas

em células

T do dome

subepitelial,

foliculos

associados

ao epitélio,

foliculos de

células B

?

No baço do ratinho, as subpopulações de células dendriticas mais importantes são:

  Células dendriticas convencionais (cDC)  –  normalmente referidas como células dendriticas

linfóides e podem ser CD8α- ou CD8α

+, expressando altos niveis de MHC classe II e CD11c. Ou

seja, podem ser CD11c-

CD8α+

DEC205+

 ou CD11c+

CD8α-

DEC205-

;  Células dendriticas plasmocitóides (pDC)  –  apresentam baixos niveis de MHC classe II e de

CD11c, apresentando o fenótipo CD8α+/− CD11b−B220+ Gr-1+. 

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Células Dendriticas Convencionais

Como já sabemos, existem duas subpopulações de células dendriticas convencionais:

  CD8α+ CD11c- DEC205+;

  CD8α- CD11c+ DEC205-.

Ambas as populações têm a capacidade de captar antigénio externos, processar e apresentar moléculas

MHC classe II, mas estas duas subpopulações diferem nos seus marcadores membranares, diferindo

assim também nas suas capacidade efectoras:

Molécula CD8α+  CD8α

TLR3 + -

TLR7 - +

TLR11 + -

CD36 + -

Clec9A (DNGR I) + -

  Como CD36 e Clec9A são receptores envolvido na fagocitose de células mortes, as células CD8α+ 

são mais eficientes na fagocitose destas células;

  Extressam TLRs endossómicos e membranares mas, devido à presença de TLRs intracelulares,

ambas são capazes de reconhecer e apresentar antigénios intracelulares, como DNA viral, e

serem activados por estes. Neste caso, os antigénios intracelulares são encaminhados para o

interior de endossomas e são ai reconhecidos. Se isso não ocorrer, existem outros receptores

citosólico que têm o mesmo efeito.

No entanto, as células CD8α+  são mais eficientes na apresentação cruzada de antigénios  ligados a

células ou soluveis. Isto é, são mais eficientes a apresentar péptidos externos por via MHC classe I, oque é importante para iniciar respostas contra tumores, antigénios virais e desenvolver tolerância a

antigénios próprios. Assim, este processo é critico para a indução de respostas imunes adaptativas

contra antigénios virais e outros antigénios que não são sintetizados pelas APCs profissionais que

podem activar os linfócitos T CD8+.

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A proliferação das CTLs  após estas via de apresentação cruzada de antigénio pode ocorrer de três

modos:

  As células T CD8+ reconhecem antigénio e co-estimuladores na membrana da célula dendritica,

proliferando na ausência de células TH;

  As células TH CD4+ produzem citocinas que estimulam a diferenciação das CTLs;

  As células TH CD4+ aumentam a habilidade das células dendriticas estimularem a diferenciação

das CTLs, pela ligação CD40-CD40L.

Para além desta diferente capacidade, as subpopulações de células dendriticas convencionais também

diferem no papel na indução de respostas imunes contra patogénios, devido ao facto de produzirem

diferentes citocinas:

 

Células dendriticas CD8α+ - são especializadas na indução de respostas T CD8+ anti-virais devido

à capacidade de fazerem apresentação cruzada. Como produzem altos niveis IL-12p70 e TGF-β,

têm papel fundamental na indução de respostas TH1 e da indução de células T reguladoras,

respectivamente;

  Células dendriticas CD8α- - estão principalmente envolvidas na imunidade mediada por células

T CD4+, particularmente durante infecções bacterianas, e são importantes na indução de

respostas TH2.

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Joana Maria Soares Pereira 290

Estas células secretam grandes quantidade de IFN tipo I, que induz um forte estado anti-viral, e

secretam também IL-12, IL6, TNF-α e quimiocinas inflamatórias. Os interferões do tipo I secretados por

estas células conferem-lhes as suas funções e caracterizam-se por:

 

Diminuem a replicação viral, inibindo-a através da indução de enzimas que bloqueiam a

replicação viral;

  Aumentam a expressão de MHC classe I e a actividade das células naturalmente assassinas;

 

Promovem a sobrevivência das células T activadas e a formação de células de memória;

  Promovem a actividade T CD8+ citolitica, e a produção de IFN-γ por células T CD8+;

  Promovem a polarização das células T CD4+ para TH1 em humanos;

  Promovem a diferenciação e maturação das células dendriticas permitindo que estas

apresentem e façam apresentação cruzada de antigénio a células T naive.

Para além disso, ao produzirem IL-6 e IFNs do tipo 1, as células dendriticas plasmacitóides podem

induzir a diferenciação de células B em plasmócitos produtores de imunoglobulinas e, ao produzirem

quimiocinas, podem atrair células T CD4+ e CD8+ activadas para os sitios de infecção.

Tal como as células dendriticas convencionais CD8

+

, as células dendriticas plasmacitoides expressammoléculas MHC classe II e moléculas co-estimulatórias CD80 e CD86, apresentando antigénios a células

T CD4+, e também são capazes de fazer apresentação cruzada de antigénios a células T CD8 +. No

entanto, a expressão de MHC por estas células é menor, sendo esta função efectuada com menor

eficiência.

Quando activadas, estas células dendriticas são capazes de produzir interleucina-12. Assim, para além

da função de activação das células T, estas células apresentam também as funções da IL-12:

  Estimula a produção de IFN-γ pelas células NK e pelos linfócitos T;

 

Em conjunto com o IFN-γ, promove a diferenciação de linfócitos TH CD4+;

 

Aumenta as funções citotóxicas de células NK e T CD8+ activadas.

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As células dendriticas plasmacitoides apresentam TLRs endossomais (TLR7 e TLR9) mas, ao contrário

das convencionais, não expressam TLR2, TLR4, TLR5 ou TLR3. Assim, não são activadas por antigénios

extracelulares (função dos TLR2, TLR4 e TLR5) nem dsRNA viral intracelular (função do TLR3) por esta

via. Deste modo, são activadas apenas por antigénios especificos, que são os ligandos dos TLRs que

expressam:

 

TLR9  –  reconhece genomas virais de DNA de cadeia dupla ricos em sequencias CpG não-

metiladas;

  TLR7 – reconhecem RNA viral de cadeia simples.

No entanto, expressam também outros dois receptores de padrões citosólicos que não pertencem à

familia dos toll-like receptors e que reconhecem RNA viral:

  RIG-I – reconhecem preferencialmente ssRNA e dsRNA curtos;

  MDA5 – reconhece dsRNAs longos.

Assim, a activação e maturação das células dendriticas plasmacitoides  é feita por antigéniosintracelulares que se ligam a estes receptores, havendo um aumento da secreção das citocinas

mencionadas e a um aumento da expressão de moléculas MHC classe II e moléculas co-estimuladoras

(CD80, CD86 e CD40), ficando estas células aptas para a activação das células T.

Outras Populações de Células Dendriticas nos Nódulos Linfáticos

No nódulo linfático podemos também encontrar células dendritica provenientes da pele, sendo as mais

importantes:

 

Células de Langerhans   –  apresentam fenótipo CD11chighCD8αdullDC205highLangerin(CD207)+.

Estão presentas no epitélio da pele constituindo, em espaço ocupado, grande parte do epitélio.

Derivam dos monócitos presentes no sangue, que na pele se diferenciam em células deLangerhans. Após activação entram no sistema linfático e migram para os nódulos linfáticos,

onde activam células T;

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  Células dendriticas da derme  –  apresentam o fenótipo CD11chighCD8α-CD11b+DEC205+. Estão

presentes na derme, ou seja, na camada da pele inferior à localização das células de Langerhans,e quando activadas também viajam para os nódulos linfáticos.

Superantigénios

Os superantigénios são proteinas virais ou bacterianas que ligam simultaneamente o dominio Vβ do TCR

e a cadeia α  de uma moléculas MHC classe II. Foram já identificados superantigénios endógenos

exógenos e o cross-link de uma TCR e uma moléculas MHC classe II por qualquer um dos tipos de

antigénios desencadeia um sinal activador que induz a activação e proliferação de células T:

 

Superantigénios endógenos  –  são proteinas membranares codificadas por certos virus que

infectam células de mamiferos. Um grupo, codificado pelo viru do tumor mamário de ratinhos

(MTV), é capaz de integrar o DNA de certas estirpes de ratinhos e, após a integração, proteinas

retrovirais são expressas na membrana de células infectadas. Estas proteinas virais, designadas

determinates minor lymphocyte stimulating (MIs), ligam sequências Vβ particulares nos TCRs e

liga de modo cruzado o TCR a uma moléculas MCH classe II. Foram já identificadas quatro MIs,

originárias de diferentes estirpes de MTV;

  Superantigénios exógenos – são proteinas soluveis secretadas por bactérias. Entre elas existem

uma variedade de exotoxinas secretadas por bactérias gram-positivas, como staphylococca

enterotoxins, toxic-shock-syndrome toxin e exfoliative-dermatitis toxin. Cada um destes

superantigénios exógenos liga sequências Vβ  particulares nos TCRs e faz liga o TCR a umamolécula de MHC classe II.

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Joana Maria Soares Pereira 293

Os principais superantigénios exógenos podem ser resumidos na seguinte tabela:

Superantigénio DoençaEspecificidade Vβ 

Ratinho Humano

Staphylococcal enterotoxins

SEA

SEBSEC1

SEC2

SEC3

SED

SEE

Intoxicação alimentar

Intoxicação alimentarIntoxicação alimentar

Intoxicação alimentar

Intoxicação alimentar

Intoxicação alimentar

Intoxicação alimentar

1, 3, 10, 11, 12, 17

3, 8.1, 8.2, 8.37, 8.2, 8.3, 11

8.2, 10

7, 8.2

3, 7, 8.3, 11, 17

11, 15, 17

nd

3, 12, 14, 15, 17, 2012

12, 13, 14, 15, 17, 20

5, 12

5, 12

5.1, 6.1-6.3, 8, 18

Toxic-shock-syndrome toxin (TSST1 Sindrome do choque tóxico 15, 16 2

Exfoliative-dermatitis toxin (ExFT) Sindrome de pele escaldada 10, 11, 15 2

Mycoplasma-arthritis supernatant

(MAS)Artrite, choque 6, 8.1-8.3 nd

Streptococcal pyrogenic exotoxins

(SPE-A, B, C, D)Febre reumática, choque nd nd

Como os superantigénios ligam fora da fenda de ligação ao antigénio do TCR, qualquer células T que

expresse uma sequência Vβ particular pode ser activada pelo superantigénio correspondente, sem ter

em conta a especificidade antigénica do TCR. Deste modo, os superantigénios terão vários efeitos

sobre as células T:

  A activação é policlonal e á capaz de afectar uma

percentagem significante da população TH  total e as

activações massivas que seguem o cross-link por uma

superantigénio resulta numa produção exacerbada decitocinas das células TH, levando a uma citotoxicidade

sistémica. A intoxicação alimentar induzida por

staphylococcal enterotoxins e o choque tóxico

induzido por toxic-shock-syndrome toxin são dois

exemplos de consequências provocadas pela

produção elevada de citocinas induzida pelos

superantigénios;

  Os superantigénios influenciam a maturação de

células T no timo pois induzirão selecção negativa detodos os timócitos que apresentam o dominio Vβ do

TCR  correspondente à especificdade do

superantigénio. Tal delecção massiva pode ser

causada por superantigénios endógenos ou exógenos

e é caracterizada pela ausência de todas as células T

cujos receptores possuem dominios Vβ  alvo do

superantigénio.

A produção de superantigénios  corrompe eficientemente a resposta imunitária, premitindo que o

microorganismo a que este pertence se atravesse o sistema imunitário sem ser eliminado. Ummecanismos pelo qual isto é feito é através da indução de anergia nas células T contra os antigénios e

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Joana Maria Soares Pereira 294

os superantigénios. Assim, a produção de superantigénios evoluiu principalmente como um mecanismo

de invasão do sistema imune.

M I G R A Ç Ã O L E U C O C I T Á R I A E I N F L A M A Ç Ã O

Migração Leucocitária e Inflamação

Muitos tipos de leucócitos movem-se de uma parte do corpo para outro. Isto é especialmente

verdadeiro para os linfócitos, que circulam continuamente no sangue e na linfa e, em comum com

outros tipos de leucócitos, migram para os tecidos dos locais de infecção ou tecidos danificados.

Esta recirculação não aumenta apenas a hipotese de linfócitos especificos para um antigénio particular

encontrar esse antigénio como também é critica para o desenvolvimento da resposta inflamatória: 

 

A inflamação é uma resposta complexa ao dano local ou outros danos e é caracterizada por

rubor, calor, inchaço e dor;

  A inflamação envolve várias células do sistema imune e numerosos mediadores.

A montagem e a regulação das respostas inflamatórias seriam impossiveis sem a migração controlada

de populações de leucócitos.

Recirculação de Linfócitos

Os linfócitos são capazes de um nivel extraordinário de recirculação, movendo-se continuadamente

através do sangue e da linfa para vários órgãos linfóides:

  Após uma viagem de cérca de 30 min na corrente sanguinea, cerca de 45% dos linfócitos são

carregados do sangue directamente para o baço, onde residem durante cerca de 5h;

  Numeros semelhantes de linfócitos (42%) saem

do sangue para vários nodulos linfaticos

periféricos, onde residem durante cerca de 12h;

 

Um numero pequeno de linfócitos (10%) migram

para tecidos extra-linfóides tericários

atravessando as células endoteliais dos capilares.

Os tecidos extra-linfóides terciários  apresentamnormalmente poucas células linfóides, se algumas, mas

são capazes de as importar durante uma resposta

inflamatória. O tecidos terciários mais imunologicamente

activos são aqueles que fazem uma interface com o

ambiente externo, como:

  Pele;

  Epitélio mucoso do tracto gastrointestinal;

  Epitélio mucoso do tracto pulmonar;

 

Epitélio mucoso do tracto genito-urinário.

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Joana Maria Soares Pereira 295

O processo de recirculatção de linfócitos continuada aumenta a probabilidade de linfócitos especificos

para determinados antigénios encontrar esse antigénio. Um linfócitos individual pode fazer um circuito

completo do sangue para os tecidos e linfa e voltar a fazer o mesmo uma ou duas vezes por dia. Como

apenas cerca de um em 105 linfócitos reconhece um antigénio particular, um grande numero de células

T ou B faz contacto com células apresentadoras de antigenios num curto espaço de tempo para que seja

gerada uma resposta imune especifica. Deste modo, a probabilidade de uma pequena percentagem delinfocitos especificos fazer contacto com o antigénio correspondente é elevada pela elevada

recirculação. Para além disso, isto pode também ser melhorado por factore que regulam, organizam e

direccionam a circulação de linfócitos e células apresentadoras de antigénios.

Moléculas de Adesão Celular

O endotélio vascular serve como “porteiro” regulando o movimento de moléculas e leucócitos

sanguineos. Para que os leucócitos circulantes entrem nos tecidos inflamados ou nos tecidos linfóides

perif+ericos, as células devem aderir e passar entre as células endoteliais que revestem os vasos

sanguineos, um processo de signados de extravasão:

As células endoteliais expressam moléculas de adesão celular (CAMs) especificas para leucócitos:

  Algumas destas proteinas membranres são expressas constitutivamente, e outras são expressas

apenas em resposta a concentrações locais de citocinas produzidas durante uma resposta

inflamatória;  Os linfócitos recirculantes, os monócitos e os granulócitos apresentam receptores que ligam as

CAMs no endotélio vascular, permitindo que estas células extravasem para os tecidos;

  Em adição ao seu papel na adesão de leucócitos às células endoteliais, as CAMs nos leucócitos

também servem para aumentar a força das interacções funcionais entre células no sistema

imune;

  Várias moléculas de adesão contribuem para as interacções entre células TH e APCs, TH e células

B e CTLs e células alvo.

A maior parte das CAMs pertencem a quatro familias de proteinas:

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1. 

Selectinas  –  a familia selectina de glicoproteinas membranares apresenta um dominio distal

lectin-like que permite que estas moléculas se ligue a grupos carboidratos especificos. As

selectinas interagem principalmente com unidade de carboidratos “sialylated”, que se

encontram ligadas muitas vezes a moléculas mucin-like. A familia de selectinas inclui três

moléculas, designadas L, E e P. A maior parte dos leucócitos circulantes expressam L-selectina,

enquanto as E-selectina e P-selectina são expressadas nas células vasculares endoteliais. Estas

moléculas são responsáveis pela adesão inicial dos leucócitos ao endotélio vascular;

2. 

Mucinas – são um grupo de proteinas ricas em serina e treonina que são altamente glicosiladas.

A sua estrutura extendida permite que estas apresentem ligandos carboidratos “sialylated” às

selectinas. Por exemplo, as L-selectinas nos leucócitos reconhecem carboidratos em duas

moléculas mucin-like (CD34 e GlyCAM-1) expressas em certas células endoteliais dos nódulos

linfáticos. Outra molécula mucin-like (PSGL-1) encontrada em neutrófilos interage com E- e P-

selectinas expressas no endotélio inflamado;

3. 

Integrinas  –  são proteinas heterodiméricas (constituidas por uma cadeia α  e uma β) que são

expressas por leucócitos e facilitam a adesão do endotélio vascular e outras intercações célula-

célula. As integrinas são agrupadas em categorias de acordo com o tipo de cadeia β que contêm.

Diferentes integrinas são expressas por diferentes populações de leucócitos, permitindo que

estas células se liguem a diferentes CAMs que pertencem à superfamilia de imunoglobulinas

expressas ao longo do endotélio vascular. Algumas integrinas devem ser activadas antes de

serem capazes de ligar com alta afinidade aos seus ligandos;

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4. 

ICAMS – várias moléculas de adesão contêm um numero variável de dominios immunoglobulin-

like e, assim, são classificadas na superfamilia de imunoglobulinas. Incluidas neste grupo estão

ICAM-1, ICAM-2, ICAM-3 e VCAM, que são expressas nas células endoteliais vasculares e ligam a

várias moléculas de integrinas. Uma importante molécula de adesão designada MAdCAM-1

apresenta tanto dominios Ig-like como mucin-like. Esta molécula é expressa no endotélio

mucoso e dirige a entrada de linfócitos para as mucosas. Ela liga-se a integrinas pelos seusdominios Ig-like e a selectinas pelos seus dominios mucin-like.

Integrinas

As integrinas, como já mencionado, são moléculas heterodiméricas com uma subunidade α  e uma

subunidade β. Foram já identificados 18 tipos de subunidades α  e 8 subunidades β, e foram já

identificados 24 tipos de integrinas diferentes, sendo as mais importantes:

Estas molécula ligam os seus ligandos com alta afinidade, no entanto, para o fazerem necessitam de ser

activadas. A activação das integrinas é feita do seguinte modo:

1. 

Diferentes conformações das integrinas estão associadas cim distintas afinidades;

2.  Sinais de activação intracelulares induzem a transição entre estes estados de afinidade, o que

aumenta a ligação do ligando. Este processo é conhecido regulação da avidez das integrinas;

3. 

Quando activadas, as integrinas podem agrupar-se, de modo a mediar interacções multivalentescom os ligandos.

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Extravasão de Neutrófilos

Enquanto uma resposta inflamatória se densenvolve, várias citocinas e outros mediadores

inflamat´roios actuam nos vasos sanguineos locais, induzindo a expressão aumentanda de CAMs

endoteliais. Assim, diz-se que o endotélio está activado ou inflamado.

Os neutrófilos são geralmente o primeiro tipo de células que se ligam ao endotélio inflamado e

extravasam para os tecidos. Para alcançar isto, os neutrófilos devem reconhecer o endotélio infalamdo

e aderir fortemente o suficiente para que saiam do sangue. Os neutrófilos ligados devem depoir

penetrar na camada endotelial e migrar para os tecidos vizinhos. Os monócitos e os eosinófilos

extravasão por um processo semelhante, mas os passos estão melhor establecidos para os neutrófilos.

O processo de extravasão dos neutrófilos pode ser dividido em quatro passos sequenciais:

1. 

Rolagem - os neutrófilos ligam-se fracamente ao endotélio por interacção de baixa afinidade de

selectinas. Durante uma resposta inflamatória, citocinas e outros mediadores actuam no

endotélio local, induzindo a expressão de moléculas de adesão da familia de selectinas. Estas E-

e P-selectinas ligam-se a moléculas de adesão mucin-like na membrana dos neutrófilos. Estainteracção prende o neutrófilo brevemente mas a força da circulação sanguinea desprene do

neutrófilo. As molécula de selectinas noutras células endoteliais prendem de novo o neutrófilo e

este processo repetido faz com que o neutrófilo se movimento ligeiramente pelo endotélio;

2.  Activação por estimulos quimio-atractores  –  enquanto o neutrófilo rola, ele é activado por

várias moléculo quimio-atractoras. Estas são caracteristicas permanentes da superficie

endotelial ou secretadas localmente por células envolvidas na resposta inflamatória. Entre os

quimio-atractores estão membros das quimiocinas, sendo que a IL-8 e a MIP-1β  são duas

quimiocinas envolvidas no processo. No entanto, nem todos os quimio-atractores pertencem à

familia das quimiocinas;

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3. 

Adesão  – a ligação destes quimio-atractores na membrana dos neutrófilos desencadeia um sinal

activador mediado por proteinas G associadas com o receptor. Este sinal induz uma alteração

conformacional nas moléculas de intgrina nos neutrófilos, aumentando a sua afinidade para as

ICAMs no endotélio. Subsequentemente, as interacções entre as integrinas e os ICAMs estabiliza

a adesão do neutrófilo às células endoteliais, permitindo que a célula adira firmemente à célula

endotelial;

4. 

Migração trans-endotelial  – subsequentemente, o neutrófilo migra atarvés da parede do vaso

para os tecido. Os passos na migração trans-endotelial e como é que é dirigida ainda são

desconhecidos. No entanto, será mediada por quimio-atractores e interacções integrina-ITAMs

ou por um estimulo de migração separado.

Extravasão de Linfócitos

Vérios subgrupos de linfócitos exibem extravasão directa em locais inflamatórios e órgãos linfóides

sencundários. Assim, a recirculação de linfócitos é cuidadosamente controlada para assegurar que as

populações de células T e B adequadas são recrutadas para tecidos diferentes.

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Tal como com os neutrófilos, a extravasão de linfócitos envolve interacções entre um numero de

moléculas de adesão celular:

Receptor nas

célulasExpressão

Ligandos no

endotélio

Passos envolvidos

na interacção

Principais funções

CLA ou ESL-1 Células T efectoras E-selectina RolagemAlojamento na pele e migração

para tecidos inflamados

L-selectina Todos os leucócitos

GlyCAM-1,

CD34,

MAdCAM-1

Rolagem

Recirculação de linfócitos via

HEVs para nódulos linfáticos

periféricos e migração para

locais terciários inflamados

LFA-1Subgrupos de

leucócitosICAM-1, 2, 3 Adesão

Papel geral na extravasão de

linfócitos via HEVs e migração

de leucócitos para tecidos

inflamados

LPAM-1 Células T efectorasMAdCAM-1,

VCAM-1Rolagem/adesão

Alojamento de células T ao

intestino via HEV mucoso,

migração para tevidosimflamados

Mac-1 Monócitos VCAM-1 --Migração de monócitos para

tecidos inflamados

PSGL-1 Neutrófilos E- e P-selectinas RolagemMigração de neutrófilos para

tecidos inflamados

VLA-4Neutrófilos, células

T, monócitos

VCAM-1,

MAdCAM-1,

fibronectina

Rolagem

Papel geral na migração de

leucócitos para tecidos

inflamados

VLA-6 Células T Laminina --

Alojamento de células T

progenitoras no timo, possivel

papel no alojamento de célulasT em tecidos não mucosos

O processo geral é semelhante ao que se passa durante a extravasão de neutrófilos e compreende as

mesmas quatro etapas de contacto e rolagem, activação, adesão e, finalmente, migração trans-

endotelial.

Vénulas de Endotélio Alto

Algumas regiões do endotélio vascular nas vénulas pós-capilares de vários órgãos linfóides são

compostas por células especializadas com uma forma cuboide e são designadas vénulas de endotélio

alto (HEVs):

  As suas células contrastam em aparência com as células endoteliais achatadas que revestem o

resto dos capilares;

  Cada um dos órgãos linfóides secundários, com a excepção do baço, contêm HEVs;

  Estima-se que cerca de 1,4x104  linfócitos extravasam a cada segundo através das HEVs num

único nódulo linfático.

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O desenvolvimento e a manutenção das vénulas de endotélio alto nos órgãos linfóides são

influenciados por citocinas produzidas em resposta à captura de antigénios. Por exemplo, estas vénulas

não se desenvolve em animais criados num ambiente livre de germes. O papela da activação antigénica

dos linfócitos na manutençãos das HEVs é demonstrado pelo bloqueio cirurgico da vasculatura linfática

aferente de um nódulo, de modo que a entrada de antigénios é bloqueada. Num curto periodo de

tempo, as HEVs mostram uma função inibida e, eventualmente, revertem para uma morfologia mais

achatada.

As vénulas de endotélio alto expressam uma variedade de moléculas de adesão celular e, como outrascélulas endoteliais vasculares, expressam CAMs das familias das:

  Selectinas (E- e P-selectinas);

  Mucinas (GlyCAM-1 e CD34);

  ICAM (ICAM-1, ICAM-2, ICAM-3, VCAM-1 e MAdCAM-1).

Algumas destas moléculas de adesão estão distribuidas de um modo especifico dos tecidos. Estas

moléculas de adesão tecido-especificas são designadas adressinas vasculares (Vas) porque servem para

dirigir a extravasão de diferentes populações de linfócitos recirculantes para órgãos linfóides

particulares.

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 Alojamento de Linfócitos

O processo geral de extravasão de linfócitos é semelhante à extravasão de neutrófilos. No entanto, uma

caracteristica importante que destingue os dois processos é que diferentes subgrupos de linfócitos

migram diferencialmente entre tecidos diferentes, um pocesso designado trâfego ou alojamento:

 

Os diferentes padrões de trâfego de subgrupos de linfócitos são mediados por combinaçõesunicas de moléculas de adesão e quimiocinas;

  Os receptores que dirigem a circulação de várias populações de linfócitos para tecidos linfóides

e inflamatórios particulares são designados receptores de alojamento.

Foram já identificados um numero de moléculas de adesão celular de linfócitos e células endoteliais que

participam na interacção de linfócitos com HEVs e com o endotélio de locais terciários ou locais de

infecção. Para além disso, as quimiocinas apresentam um papel principal na determinação da

heterogenicidade dos padrões de circulação de linfócitos.

Recirculação de Linfócitos NaiveUm linfócito naive não é capaz de montar uma resposta imune até que seja activada para se tornar

uma células efectora:

  A activação de uma célula naive ocorre em microambientes especializados nos tecidos linfóides

secundários (e.g., nódulos linfáticos periféricos, placas de Peyer, amigdalas e baço). Nestes

microambientes, as células dendriticas capturam antigénios e apresentam-nos a linfócitos naive

resultando na sua activação;

  As células naive não exibem preferência para um tipo particular de tecido linfóide secundário e,

por outro lado, circulam indiscriminadamente para tecidos linfóides secundários por todo o

corpo reconhecendo moléculas de adesão em HEVs.

A ligação inicial de linfócitos naive a HEVs  é geralmente mediada pela ligação do receptor de

alojamento L-selectina a moléculas de adesão com GlyCAM-1 e CD34 nas HEVs. O padrão de trâfego das

células de naive é desenhado para manter estas células constantemente em recirculação através do

tecido linfóide secundário, cuja função primária é aprisionar antigénios sanguineos ou tecidulares.

Assim que linfócitos naive encontram antigénios num tecido linfóide secundário, eles ficam activados e

aumentam para linfoblastos. A activação dura cerca de 48h e, durante esta fase, as células são retidas

na região paracortical do tecido linfóide secundário. Durante esta fase, designada fase shut-down,

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linfócitos especificos para antigénios não são detectados na circulação e ocorre proliferação e

diferenciação rápida de células naive. As células efectoras e de memória que são geradas por esta

processo deixam depois o tecido linfóide e começam a recircular.

Recirculação de Linfócitos Efectores e de Memória

Os padrões de trâfego dos linfócitos de memória e efectores defirem dos dos linfócitos naive:

 

As células efectoras  tendem a alojar-se em regiões de infecção reconhecendo o endotélio

vascular inflamado e moléculas quimio-atractoras que são geradas durante a resposta

inflamatória;

  As células de memória  alojam-se selectivamente no tipo de tecido onde inicialmente

encontraram antigénio. Isto assegura, provavelmente, que uma célula de memória particular

regresse ao tecido onde é mais provável re-encontrar o antigénio que reconhece.

As células efectoras e de memória expressam niveis aumentados de certas moléculas de adesão

celular, como LFA-1, que interagem com ligandos presentes em tecidos extra-linfóides terciários (comoa pele e a mucosa epitelial) e em locais de inflamação, permitindo que as células efectoras e de

memória entrem nesses locais. Como as células naive não apresentam as moléculas de adesão celular

correspondentes, não se alojam nestes locais. O endotélio inflamado expressa um numero de moléculas

de adesão, incluindo E- e P-selectinas e VCAM-1 e ICAM-1, que ligam a receptores expressos em altos

niveis em células de memória e efectoras.

Ao contrário dos linfócitos naive, subgrupos de populações de células de memória e efectoras exibem

comportamento tecido-selectivo. Tal especificidade tecidular é devido não a um unico receptor de

adesão mas sim a diferentes combinações de moléculas de adesão:

 

Subgrupo de alojamento nas mucosas  –  as células efectoras/de memória deste subgrupoexpressam altos niveis de integrinas LPAM-1 (βα4β7) e LFA-1 (αLb2), que ligam MAdCAM e

vários ICAMs nas vénulas da lamina própria intestinal. No entanto, estas células evitam a

direcção para tecidos linfóides secundários porque apresentam baixos niveis de L-selectina que

facilitaria a sua entrada nos tecidos linfóides secundários;

  Subgrupo de alojamento na pele – este subgrupo também expressa baixos niveis de L-selectina

mas apresenta altos niveis de antigénio linfocitário cutâneo (CLA) e LFA-1, que ligam E-selectinas

e ICAMs nas vénulas dermais da pele.

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Joana Maria Soares Pereira 304

No entanto, apesar das células efectoras e de memória que expressam niveis reduzidos de L-selectinas

não tenderem a alojar-se através das HEVs nos nódulos linfáticos periféricos, elas são capazes de entrar

nos nódulos linfáticos através dos vasos linfáticos aferentes.

Interacções entre Moléculas de Adesão

A extravasão de linfócitos para tecidos linfóides secundários ou regiões de inflamação é um processocom multiplos passos envolvendo uma cascata de interacções entre moléculas de adesão semelhante à

envolvida na emigração de neutrófilos da corrente sanguinea:

1. 

O primeiro passo é normalmente uma interacção selectina-carboidrato  semelhante àobservada na adesão de neutrófilos. Linfócitos naive inicialmente ligam-se a HEVs pela L-

selectina, que serve como um receptor de alojamento que dirige os linfócitos para um tecido

particular expressando a adesina mucin-like correspondente, como CD34 ou GlyCAM-1. A

rolagem ds linfócitos é menos pronuncida que a dos neutrófilos. Apesar das interacções iniciais

selectina-carboidrato ser relativamente fraca, a velocidade baixa da corrente sanguinea nas

vénulas pós-capilares , particularmente nas regiões das HEVs, reduz a probabilidade da força da

corrente desprenda o linfócito;

2. 

No segundo passo, um estimulo activador das integrinas é mediado por quimiocinas que estão

tanto localizadas na superficie endotelial como são secretadas localmente. O espesso glicocálice

que reveste as HEVs funcionará para reter estes factores quimio-atractores soluveis nas HEVs. A

possivel secreção nas HEVs de quimio-atarctores especificos dos linfócitos explicará porque é os

neutrófilos não extravasam para os nódulos linfáticos nas HEVs apesar de expressarem L-

selectinas. A ligação das quimiocinas aos receptores acoplados a proteinas G nos linfócitos leva

à activação de moléculas de integrina na membrana;

3. 

Quando activadas, as moléculas de integrinas interagem com ICAMs, de modo que os linfócitos

aderem firmemente ao endotélio;

4. 

No entanto, os mecanismos moleculares envolvidos no passo final, a migração trans-endotelial,

são pouco conhecidos.

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Joana Maria Soares Pereira 305

O Processo Inflamatório

A inflamação é uma resposta fisiológica a uma variedade de estimulos como infecções e dano tecidular:

  Em geral, uma resposta inflamatória aguda tem um inicio rápido e dura pouco tempo;

 

A inflamação aguda é geralmente acompanhada por uma reacção sistémica conhecida como

resposta de fase aguda, que é caracterizada por uma rápida alteração dos niveis de váriasproteinas plasmáticas;

  Em algumas doenças, a activação imune persistente pode resultar na inflamação crónica, que

normalmente leva a consequências patológicas.

Papel dos Neutrófilos

Nas primeiras etapas da resposta inflamatória, o tipo celular predominante que se infiltra para os

tecidos são os neutrófilos. A infiltração de neutrófilos para os tecidos alcança um pico nas primeiras 6h

após a inflamação, com a produção de neutrófilos na medula óssea a aumentar para alcançar esta

necessidade:

  Os neutrófilos deixam a medula óssea a circulam no sangue;

 

Em resposta a mediadores da inflamação aguda, as células endoteliais vasculares aumentam a

sua expressão de E- e P-selectinas, com a trombina e a histamina a induzirem a expressão de P-

selectinas e citocinas como IL-1 e TNF-α a induzirem a expressão de E-selectinas;

  Os neutrófilos circulantes expressam mucinas como PSGL-1 ou tetrassacarideos “sialylated”, que

ligam as E- e P-selectinas;

 

Esta ligação medeia a ligação de neutrófilos ao endotélio vascular, permitindo que as células

rolem na direcção da corrent sanguinea;

 

Durante este tempo, quimiocinas como IL-8 ou outras moléculas quimioatractoras actuam nosneutrófilos, desencadeando sinais activadores que levam à aletração conformacional das

integrinas, resultando na adesão e subsequente migração trans-endotelial dos neutrófilos.

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Joana Maria Soares Pereira 306

Quando nos tecidos, os neutrófilos activados também expressam niveis aumentadps de recepores de

quimio-atractores e, consequentemente, exibem quimiotaxia, migrando a favor de um gradiente de

moléculas quimioatractoras:

 

Quimiocinas, produtos da quebra do complemento (C3am C5a e C5b67), fibrinopéptidos,

prostaglandinas e leucotrienos são mediadores inflamatórios envolvidos na inflamação que são

quimiotácticos;

  Moléculas libertadas por microorganismos, como péptidos formil metionil, são também

quimiotácticos para os neutrófilos.

Para além disso, os neutrófilos activados expressam niveis aumentados de recepores Fc para anticorpos

e receptores do complemento, permitindo que estas células ligem mais eficientemente a patogénios

revestidos por anticorpos ou pelo complemento, aumentando assim a fagocitose.

Os sinais activadores também estimulam vias metabólicas para uma explosão respiratória, o que produz

intermediários reactivos de oxigénio e intermediários reactivos de azoto:

 

A libertação de alguns destes intermediários reactivos e a libertação de mediadores dos

grânulos primários e secundários dos neutrófilos (proteases, fosfolipases, elastases e

colagenases) desempenha um papel importantes na morte de vários patogénios;

  Estas substâncias também contribuem para o dano tecidular que pode resultar de uma resposta

inflamatória.

A acumulação de células mortas e microorganismos, em conjunto com fluidos acumulados e várias

proteinas, forma o que é conhecido com pus.

Respostas Inflamatórias Locais e Sistémicas

A infecção ou o dano tecidular induzem uma cascata complexa de eventos não-especificos, conhecidos

como resposta inflamatória, que fornece uma protecção inicial restringindo o dano tecidulars ao local

de infecção ou dano tecidular. A resposta inflamatória aguda envolve:

  Respostas localizadas;

 

Respostas sistémicas.

As marcas da resposta inflamatória localizada aguda são:

  Inchaço (tumor );

 

Vermelhidão (rubor );  Dor (dolor );

 

Calor (calor );

  Perda de função.

Poucos minutos após o dano tecidular, existe um aumento no diâmetro vascular (vasodilatação),

resultando num aumento do volume de sangue na área e uma redução do fluxo sanguineo. O aumento

do volume de sangue aquece o tecido e faz com que este fique vermelho. A permiamilidade vascular

também aumenta, levando à perda de fluido dos vasos sanguineos, particularmente nas vénulas pós-

capilares. Isto resulta na acumulação de fluido (edema) nos tecidos e, em alguns casos, a extravasão de

leucócitos, contribuindo para o inchaço e para a vermelhidão da área.

Muitas das alterações vasculares que ocorrem inicialmente numa resposta local são devidas a :

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  Efeitos directos de mediadores enzimáticos plasmáticos, como bradiquinina e fibrinopéptidos,

que induzem a vasodilatação e a permiabilidade vascular aumentada;

 

Efeitos indirectos das anafilotoxinas do complemento (C3a, C4a e C5a), que induzem a

desgranulação local dos mastócios com libertação de histamina. A histamina é um potente

meidador da inflamação, causando vasodilatação e contracção do musculo liso;

 

As prostaglandinas são também capazes de contrinuir para a vasodilatação e permiabiliadevascular aumentada associada com a resposta inflamatória aguda.

Algumas horas após estas alterações vasculares, os neutrófilos aderem às células endoteliais e migram

do sangue para os espaços tecidulares. Estes neutrófilos fagocitam patogénios invasores e libertam

mediadores que contribuem para a resposta inflamatória, sendo os mais importantes as proteinas

inflamatórias dos macrofagos (MIP-1α  e MIP-β), quimiocinas que atraem macrófagos para o local de

inflamação. Os macrófagos chegam 5-6h após o inicio da resposta inflamatória. Estes macrófagos são

células activadas que ixibem fagocitose aumentada e libertação aumentada de mediadores e citocinas

que contribuem para a resposta inflamatória.

Os macrófagos activados nos tecidos secretam três citocinas que induzem muita da resposta

localizada:

  IL-1, IL-6 e TNF-α actuam localmente, induzindo a coagulação e um aumento da permeabilidade

vascular;

  TNF-α e IL-1 induzem a expressão aumentada de moléculas de adesão nas células endoteliais

vasculares, pois o TNF-α estimula a expressaõ de E-selectinas e a IL-1 induz o aumento da

expressão de ICAM-1 e VCAM-1, estas duas ultimas ligando-se a integrinas em linfócitos e

monócitos, pemitindo a extravasão de neutrófilos, monócitos e linfócitos;

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  TNF-α e IL-1 também actuam nos macrófagos e nas células endoteliais para induzir a produção

de quimiocinas que contribuem para o influxo de neutrófilos aumentandp a sua adesão às

céulas endoteliais vasculares e funcionando como fortes moléculas quimio-atractoras;

  TNF-α e IL-1 activam macrófagos e neutrófilos, promovendo a actividade fagocitica aumentada

e o aumento da libertação de enzimas liticas nos espaços intersticiais.

A resposta inflamatória local aguda pode ocorrer sem o envolvimento ostetantivo do sistema imune.

Contudo, muitas vezes as citocinas libertadas nos locais de infecção facilitam tanto a aderência de

células do sistema imune a células endoteliais vasculares tal como a sua migração atarvés da parede dos

vasos para os tecidos. O resultado é um influxo de linfócitos, neutrófilos, monócitos, eosinófilos,

basófilos e mastócitos para o local de dano tecidular, onde estas células participam na eliminação do

antigénio e na cicatrização do tecido.

A duração e intensidade da resposta inflamatória local aguda deve ser cuidadosamente regulada para

controlar o dano tecidular e facilitar os mecanismos de reparação tecidular que são necessários para a

cicatrização. O TGF-β parece ter um papel importante na limitação da resposta inflamatória, e promove

a acumulação e proliferação de fibroblastos e a deposição de uma matriz extracelular que é necessária

para a reparação tecidular adequeada.

A resposta inflamatória local é acompanhada por uma resposta sistémica conhecida como resposta de

fase aguda, marcada por:

  Indução de febre, pois o aumento de temperatura corporal inibe o crescimento de um numero

de patogénios e parece aumentar a resposta imune contra o patogénio;

  Sintese aumentada de hormonas como ACTH e hidrocortisona;

  Produção aumentada de leucócitos:

 

Produção de um grande numero de proteinas de fase aguda no figado.

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Muitos efeitos sistémicos de fase aguda devem-se a acções combinadas de IL-1, TNF-α e IL-6:

  Cada uma destas citocinas actua no hipotálamo para induzir febre;

  12 a 24h após o inicio de uma resposta inflamatória de fase aguda, niveis aumentados de IL-1,

TNF-α e IL-6 (tal como de factor inibitório de leucemai (LIF) e oncostatina M (OSM)) induzem a

produção de proteinas por hepatócitos;

  O TNF-α  também actua nas células endoteliais vasculares e nos macrófagos para induzir a

secreção de factores estimulantes de colónias (M-CSF, G-CSF e GM-CSF), que estimulam a

hematopoiese resultando num aumento transiente do numero de leucócitos necessários para

desencadear a infecção.

S I S T E M A D O C O M P L E M E N T O

O Sistema do Complemento

O sistema do complemento é o principal efector do ramo humoral do sistema imune.

A investigação do complemento começou nos anos 1890s quando Jules Bordet no Instituto Pasteur em

Paris mostrou que antisoro de ovelha para a bactéria Vibrio cholerae causava lise das bactéria e que o

aquecimento do antisoro destruia a actividade bacteriolitica. Supreendentemente, a habilidade de lisar

as bactérias foi restaurada neste soro aquecido adicionando soro fresco que não continha anticorpos

dirigidos contra a bactéria e não era capaz de matar a bactéria por si só.

Border correctamente colocou a hipótese da actividade bacteriolitica requerer duas substâncias

diferentes:

1.  Os anticorpos antibacterianos especificos, que sobrevivem ao processo de aquecimento;

2. 

Um componente sensivel ao calor responsável pela actividade litica.

Paul Ehrlich em Berlim desenvolveu um trabalho semelhante independente e atribui o termo

complemento, definido-o como “a actividade do soro sanguineo completar a acção dos anticorpos”. Em

anos seguintes, os investigadores descobriram que a acção do complemento era resultado de

interacções de um grande e complexo grupo de proteinas.

Funções do ComplementoO complemento inclui mais de 30 moléculas soluveis e proteinas ligadas a células. As actividades

biológicas  deste sistema afectam tanto a imunidade inata com a adquirida e vão mais além das

observações originais de lise bacteriana mediada por anticorpos.

Comparações estruturais das proteinas envolvidas nas vias do complemento colocam a origem deste

sistema em organismos primitivos que possuiam sistemas imunes inatos rudimentares. Por contraste, o

facto de interacções de receptores celular com proteinas do complemento controlarem as actividades

das células B atribui a este sistema um papel no sistema imune adquirido altamente desenvolvido.

Assim, temos um sistema que atravessa a imunidade inata e a imunidade adquirida, contribuindo para

cada uma numa variedade de modos.

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Após a activação inicial, os vários componentes do complemento interagem, numa cascata altamente

regulada, para desempenharem um numero de funções básicas, incluindo:

  Lise de células, bactérias e virus;

  Opsonização, que promove a fagocitose de antigénios particulares;

  Ligação a receptores de complemento especificos em células do sistema imune, desencadeando

funções celulares especificas, inflamação e secreção de moléculas imunorreguladoras, como os

linfócitos B, pois estes apresentam um receptor de complemento no seu complexo BCR;

  Clearance imune, que remove complexos imunes da circulação e os deposita no baço e no

figado, sendo esta a função mais importante do sistema do complemento, devido ao facto de

impedir a acumulação de complexos imunes.

Componentes do Complemento

As proteinas e glicoproteinas  que compoem o sistema do complemento são sintetizadas

principalmente pelos hepatócitos, apesar de quantidades significantes serem também produzidas por

monócitos no sangue, macrófagos e células epiteliais dos tractos gastrointestinal e genito-urinário:

  Estes componentes constituem 5% (em peso) da fracção globulina do soro;

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  A maior parte circula no soro em formas funcionalmente inactivas como pro-enzimas, ou

zimogénios, que se encontram inactivos até clivagem proteolitica, que remove um fragmento

inibitório e expoem o local activo;

  A sequência de reacções do complemento começa com uma cascata de enzimas.

A designação dos componentes do complemento é feita por numeros (C1-C9), por letras (e.g, factor D)

ou pro nomes triviais (e.g, factor de restrição homóloga):

  Fragmentos peptidicos formados pela activação de um componente são denotados por

pequenas letras. Na maior parte dos casos, o fragmento mais pequeno resultante da clivagem é

designado “a” e o maior é designado “b” (e.g, C3a, C3b). no entanto, podem haver excepções;

  Os fragmentos do complemento interagem com um outro para formar complexos funcionais.

Estes complexos que apresentam actividade enzimática são designados por uma barra por cima

do numero ou simbolo (e.g., C̅ , C̅ ).

Activação do Complemento

A activação do complemento é um processo complexo e os primeiros passo, que culminam na

formação de C5b, podem ocorrer por três vias diferentes:

  Via clássica;

 

Via alternativa;

 

Via da lectina.

No entanto, os passos finais que levam ao ataque membranar são os membros em todas as vias.

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Apesar do nome o indicar parcialmente, a via clássica não é a filogeneticamente mais antiga mas sim a

primeira identificada. A via alternativa e a via da lectina foram posteriormente identificadas mas são

aquelas filogeneticamente mais antiga, pois a sua activação é feita por sistemas mais simples e da

imunidade inata.

Via Clássica

A via clássica é iniciada pela ligação da proteina C1 do complemento aos dominios CH2 das IgG ou aos

dominios CH3 das moléculas de IgM que se encontram ligadas a antigénios:

  A C1  é um complexo multimérico grande composto

por subunidades C1q, C1r e C1s;

  A subunidade C1q é feita de uma matriz radial

semelhante a um guarda-chuva de seis subunidades

ligadas por um braço colagénio-like a uma haste

central;

 

Este haxemero desenpenha a função dereconhecimento da molécula e liga-se especificamente

a regiões Fc de algumas cadeias pesadas μ e γ;

  Cada região Ig Fc apresenta um unico local de ligação

ao C1q e cada moléculas C1q deve ligar pelo menos

duas cadeias pesadas Ig para ser activada.

O ultimo ponto explica porque é que os anticorpos ligados a antigénio, e não os anticorpos que circulam

livremente, são capazes de iniciar a activação da via clássica:

 

Como cada molécula IgG apresenta apenas uma região Fc, multiplas moléculas de IgG devemestar próximas antes do C1q se poder ligar, e multiplos anticorpos IgG são aproximados apenas

quando ligam um antigénio multivalente;

  Apesar da IgM circulante ser pentamérica, ela não é capaz de se ligar a C1q porque as regiões Fc

da IgM pentamérica livre estão na forma planar que é inacessivel ao C1q. A ligação da IgM a um

antigénio induz uma alteração conformacional que expoem os locais de ligação ao C1q nas

regiões Fc e permite a ligação do C1q.

Assim, devido à sua estrutura pentamérica, uma unica molécula de IgM é capaz de ligar duas moléculas

C1q e esta é uma das razões pelas quais a IgM é uma molécula de activação do complemento mais

eficiente que os anticorpos IgG.

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C1r e C1s são serinas proteases que formam um tetramero contendo duas moléculas de cada proteina.

A ligação de duas ou mais cabeças globulares de C1q às regiões Fc de IgG ou IgM leva à activação

enzimática da C1r associada, que cliva e activa a C1s, desencadeando uma cascata de reacções:

1. 

A C1s activada cliva a próxima proteina na cascata,

C4, para gerar C4b, sendo o fragmento mais

pequeno, C4a, libertado;

2. 

A C4 é homóloga da C3 e o C4b contem uma ligação

tioester interna que forma ligações covalentes

amida ou ester com o complexo antigénio

anticorpo ou com a superficie adjacente da célula à

qual o antigénio está ligado. Esta ligação da C4b

assegura que a activação da via clássica ocorre

numa superficie celular ou num complexo imune;

3. 

A próxima proteina do complemento, C2, complexa

com o C4b e é clivada por uma molécula C1s vizinhapara gerar um fragmento C2a soluvel de

importância desconhecida e um frgamento C2b

maior que fica fisicamente associado com o C4b na

superficie celular;

4. 

O complexo C4b2b resultante é a convertase C3 da

via clássica  pois apresenta a habilidade de ligar e

clivar proteoliticamente C3, sendo que a ligação ao

C3 é mediada pelo componente C4b e a proteolise

catalizada pelo C2b;

5. 

A clivagem da C3 resulta na remoção do fragmentoC3a pequeno e o C3b é capaz de formal ligações

covalentes com as superficies celulares ou com o

anticorpo onde a activação do complemento foi

iniciada;

6.  Assim que o C3b é depositado, ele é capaz de ligar

factor B e gerar mais C3 convertase pela via

alternativa;

7.  Algumas moléculas de C3b geradas pela C3

convertase da via clássica ligam a convertase e

fomam um complexo C4b2b3b. Este complexo

funciona como convertase C5 da via clássica 

clivando C5 e iniciando os passos finais da activação

do complemento.

O efeito final dos multiplos passos enzimáticos e de amplificação é que um unica molécula de C3

convertase é capaz de levar à deposição de centenas ou milhares de moléculas de C3b na superficie

celular onde o complemento é activado.

Assim, resumidamente, as moléculas da via clássica de activação do complemento são:

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Joana Maria Soares Pereira 314

Proteina EstruturaConcentração

sérica (μg/mL) Função

C1 (C1qr 2s2 ) 750 kD Inicia a via clássica

C1q

460 kD; hexamero de três

pares de cadeias (22, 23,

24 kD)

75-150

Liga a porção Fc do anticorpo que ligou

antigénio, a células apoptóticas e a

superficies catiónicas

C1r 85 kD dimero 50 Serina protease, cliva C1s para a activarC1s 85 kD dimero 50 Serina protase, cliva C4 e C2

C4210 kD, trimero de cadeias

de 97, 75 e 33 kD300-600

C4b liga covalentemente à superficie da

célula do micróbio, onde o anticorpo está

ligado e o complemento foi activado

C4b liga C2 para clivagem por C1s

C4a estimula a inflamação (anafilotoxina)

C2 102 kD monómero 20

C2a é uma serina protease q funciona como

enzima activa das C3 e C5 convertases para

clivar C3 e C5

C3185 kD (subunidade α 110

kD; subunidade β 75 kD) 1000-2000

C3b liga à superficie do micróbio, onde

funciona como opsonina e como umcomponente das C3 e C5 convertases

C3a estimula a inflamação (anafilotoxina)

Uma variante não usual independente de anticorpos  da via clássica foi descrita no contexto de

infecções pneumococais:

  Macrófagos das zonas marginais do baço expressam um lectina de tipo-C na superficie celular

designada SIGN-R1 que é capaz de reconhecer os polissacarideos pneumococais e ligar também

C1q;

 

A ligação multivalente de toda a bactéria ou polissacarideo ao SIGN-R1 activa via clássica epermite o eventual revestimento, de um modo dependentes de C4, do polissacarideo

pneumococal com C3b.

Via Alternativa

A via alternativa de activação do complemento resulta na proteolise de C3 e a ligação estável do seu

produto de quebra C3b a superficies microbianas, sem a presença de anticorpos:

  A  proteina C3  contem uma ligação tioéster reactiva que está enterrada num dominio

relativamente grande conhecido como dominio tioéster;

 

Quando a C3 é clivada, a proteina C3b sofre uma alteração conformacional importante e odominio tioéster expoem a ligação tioéster alteriormente escondida;

 

Normalmente, no plasma a C3 é continuadamente clivada a baixas taxas para gerar C3b por um

processo de C3 tickover;

  Uma pequena quantidade de C3b fica covalentemente ligada à superficie de células, incluindo

micróbios, via a ligação tioéster que reage com grupos amino ou hidroxilo de proteinas

membranares ou polissacarideos para formar ligações amida ou éster;

  Se estas ligações não forem formadas, a C3b fica na fase fluida e a ligação tioéster reactiva e

exposta é rapidamente hidrolizada, inactivando a proteina. Como resultado, a activação do

complemento não pode seguir.

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Quando a C3b sofre a sua alteração conformacional pós-clivagem expondo o dominio tioéster, um local

de ligação para uma proteina plasmática designada factor B é também exposto na proteina C3b que

está agora covalentemente ligada à superficie de uma células microbiana ou do hospedeiro. Apartirdaqui, a cascata de reacções segue do seguinte modo:

1.  O factor B agora ligado é por sua vez clivado por uma serina protease plasmática designada

factor D, libertando um pequeno fragmento designado Ba e gerando um fragmento maior

designado Bb que fica ligado ao C3b;

2. 

O complexo C3Bb é a C3 convertase da via alternativa e cliva mais moléculas C3, amplificando a

sequência. No entanto, mesmo que C3b é gerado pela via clássica, esta é capaz de formar um

complexo com Bb e este complexo é capaz de clivar mais C3;

3. 

Quando C3 é clivado e o C3b fica ligado às células, C3a é libertado e apresenta várias actividades

biológicas;4.

 

Algumas das moléculas de C3b geradas pela C3 convertase da via alternativa ligam à convertase

e isto resulta na formação de um complexo que contem uma unidade Bb e duas moléculas C3b,

que consiste na C5 convertase da via alternativa  que clivará C5 e inicia os passos finais da

activação do complemento.

A activação estável da via alternativa ocorre na superficie das células microbianas e não nas células dos

mamífero. Se um complexo C3bBb é formado numa célula mamifera, ele é rapidamente degradado e a

reacção é terminada pela acção de várias proteinas regulatórias presentes nestas células. A ausência de

proteinas regulatória nas células microbianas permite a ligação e a activação da C3 convertase da via

alternativa. Para além disso, outra proteina da via alternativa, designada properdina, é capaz de ligar eestabilizar o complexo C3bBb e a ligação da properdina á favorecida nos micróbios em oposição às

células do hospedeiro.

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Joana Maria Soares Pereira 316

Assim, resumidamente, as moléculas da via alternativa de activação do complemento são:

Proteina EstruturaConcentração

sérica (μg/mL) Função

C3185 kD (subunidade α 110

kD; subunidade β 75 kD) 

1000-2000

C3b liga à superficie do micróbio, onde

funciona como opsonina e como um

componente das C3 e C5 convertasesC3a estimula a inflamação (anafilotoxina)

Factor B 93 kD monómero 200Bb é uma serina protease e a enzima activa

das C3 e C5 convertases

Factor D 25 kD monómero 1-2Serina protease plasmática, cliva o factor B

quando este está ligadp a C3b

ProperdinaComposta por quatro

subunidades de 56 kD25

Estabiliza a C3 convertase (C3bBb) nas

superficies microbianas

Para além disso, os principais iniciadores da via alternativa da activação do complemento são:

Patogénios e particulas de origem microbiana Não patogéniosVárias estirpes de bactérias gram-negativo

LPS de bactérias gram-negativo

Várias estirpes de bactérias gram-positivo

Ácido teicóico de paredes celulares gram-positivo

Paredes celulares de fungos e leveduras (zymosan)

Alguns virus e células infectadas por virus

Células tumorais (Raji)

Parasitas (tripanossomas)

Complexos IgG, IgA e IgE humanos

Complexos IgG de coelho

Factor venom cobra

Eritrócitos heterólogos (coelho, ratinho, galinha)

Polimeros aniónicos

Carboidratos puros (agarose, inulina)

Via da Lectina

A via da lectina da activação do complemento é desencadeada na ausência de anticorpos pela ligação

de polissacarideos microbianos a lectinas circulantes, como:

  Lectina de ligação a manose plasmática (MBL);

 

Lectinas de reconhecimento de N-acetilglucosaminas conhecidas como ficolinas.

Estas lectinas soluveis são membros da familia das colectinas e semelhantes estruturalmente à C1q. A

MBL liga-se a residuos de manose em polissacarideos e liga também serinas proteases associadas a MBL

(MASPs) como MASP-1, MASP-2 e MASP-3:

 

Oligomeros de MBL associam-se tipicamente com MASP-2 e MASP-3; 

Estas duas proteases formam um complexo tetramérico semelhante ao formado pelas C1r e C1s

e a MASP-2 cliva C4 e C2.

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Joana Maria Soares Pereira 317

Apartir da clivagem de C4 e C2, os eventos subsequentes nesta via são idênticos aos que ocorrem na via

clássica.

A MBL é uma proteina de fase aguda produzida na resposta inflamatória. A sua função na activação do

complemento é semelhante à C1q. Este meio de activação dos componentes C2-C4 para formar C5

convertase sem a necessidade de anticorpos especificos representa um mecanismo de defesa inata

importante comparada com a via alternativa, mas utilizando elementos da via clássica excepto

proteinas C1.

Formação do Complexo de Ataque à Membrana

A sequência terminal da activação do complemento envolve

C5b, C6, C7, C8 e C9, que interagem sequencialmente para

formar uma estrutura macromolecular designada complexo

de ataque à membrana (MAC):

  Este complexo forma um grande canal através da

membrana da célula alvo, permitindo a difusão livre

de iões e pequenas moléculas através da

membrana.

O resultado final das vias clássica, alternativa ou da lectina é

a produção de uma C5 convertase activa:

  Esta enzima cliva C5, que contem duas cadeias

cadeias proteicas, α e β;

  Após ligação do C5 ao componente C3b não

enzimático da convertase, a região N-terminal dacadeia α é clivada;

 

Isto gera o fragmento C5a pequeno, que difunde, e

o fragmento maior C5b, que liga à superficie da

célula alvo e fornece um local de ligação para os

componentes subsequentes do complexo de ataque

à membrana;

 

O componente C5b é extremamente lábil e fica

inactico em 2 minutos a não ser que C6 se ligue a

ele e o estabilize.Neste ponto, todas as reacções do complemento ocorrem

na superficie hidrofóbica da membrana ou em complexos

imunes em fase fluida:

 

Quando C5b6 se liga a C7, o complexo resultante sofre uma transição estrutural hidrofilica-

anfifilica que expoem regiões hidrofóbicas, que servem como locais de ligação a fosfolipidos

membranares;

  Se a reacção ocorrer na membrana de uma célula alvo, os locais de ligação hidrofóbicos

permitem que o complexo C5b67 se insira na bicamada fosfolipidica;

 

Se a reacção ocorrer num complexo imune ou noutra superficie não celular, os locais de ligação

hidrofóbicos não são capazes de ancorar no complexo e este é libertado;

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  A ligação de C8 e C5b67 membranares induz um alteração conformacional em C8 de modo que

esta proteina também sofre transição conformacional hidrofilica-anfifilica, expondo uma região

hidrofóbica, que interage com a membrana plasmática;

  O complexo C5b678 cria um pequeno poro de 10 angstroms em diâmetro sendo que a formação

deste poro é capaz de levar à lise de eritrócitos mas não de células nucleadas;

 

A ligação e polimerização de C9 ao complexo C5b678 é o ultimo passo. Esta é uma moléculaporforin-like. Cerca de 10-17 moléculas de C9 são capazes de ligar e polimerizar num unico

complexo C5b678. Durante a polimerização, as moléculas C9 sofrem uma transição hidrofilica-

anfifilica de modo que conseguem ser inseridas na membrana.

O MAC completo  apresenta uma forma tubular, um diâmetro de 70-100 angstroms e consiste num

complexo de C5b678 rodeado por um complexo poli-C9. Como iões e pequenas moléculas são capazes

de difundir livremente através do canal central do MAC, a célula não é cpaz de manter a sua

estabilidade osmótica e é morta por um influxo de água e perda de electrólitos.

Os complexos C5b67 libertados de complexos imunes são capazes de se inserir na membrana de células

vizinhas e mediar a lise de “células inocentes”. Normalmente, proteinas regulatórias previnem esteacontecimento mas, em algumas doenças, danos tecidulares podem ocorrer por este meio.

Regulação do Sistema do Complemento

A activação da cascata do complemento e a estabilidade das proteinas do complemento activas são

altamente reguladas para prevenir a activação do complemento em células do hospedeiro normais e

para limitar a duração da activação do complemento mesmo em complexos de células microbianas e

antigénio-anticorpo. Os principais mecanismos regulatórios que restringem a actividade do

complemento podem ser:

 

Um mecanismo geral de regulação de todas as vias é a inclusão de componentes altamentelábeis que sofrem inactivação espontânea se não forem estabilizados por reacção com outros

componentes;

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Joana Maria Soares Pereira 319

  Uma série de  proteinas regulatórias  são capazes de inactivar vários componentes do

complemento.

A regulação do complemento é mediada prinicpalmente por várias proteinas regulatórias, que podem

ser circulantes ou membranares. Muitas destas proteinas, tal como várias proteinas das vias clássica e

alternativa, pertencem a uma familia designada reguladores da actividade do complemento (RCA) e são

codificadas por genes homólogos que estão localizados adjecente uns aos outros no genoma:

Proteina Tipo de proteina Via afectada Função

Inibidor de C1 (C1Inh) Solúvel ClássicaInibidor de serina proteases: leva à

dissociação de C1r2s2 de C1q

C4b-binding protein (C4bBP) SolúvelClássica e da

lectina

Bloqueia a formação de C3 convertase pela

ligação a C4b; cofactor para a clivagem do

C4b pelo factor I

Factor H Solúvel Alternativa

Bloqueia a formação de C3 convertase pela

ligação a C3b; cofactor para a clivagem do

C3b pelo factor I

Receptor do complemento

tipo-1 (CR1)

Proteina co-factora da

membrana (MCP)

Membranar

Clássica,

alternativa e

da lectina

Bloqueia a formação de C3 convertase pela

ligação a C4b ou C3b; cofactor para a

clivagem do C3b C3bBb ou C4b pelo factor I

Decay-accelerating factor

(DAF ou CD55)Membranar

Clássica,

alternativa e

da lectina

Acelera a dissociação de C4b2a e C3bBb (C3

convertases da via clássica e da via

alternativa

Factor I Solúvel

Clássica,

alternativa e

da lectina

Serina protease: cliva C4b ou C3b usando

C4bBP, CR1, factor H, DAE ou MCP como

cofactor

Factor de restrição homóloga

(HRF)

Inibidor membranar de lise

reactiva (MIRL ou CD59)

Membranar TerminalLiga C5b678 nas células autologas

bloqueando a ligação de C9

Proteina S Solúvel TerminalLiga C5b67 soluvel e previne a sua inserção

na membrana celular

Inactivador da anafilotoxina Solúvel Efectora

Inactiva a actividade anafilotoxina da C3a,

C4a e C5a pela remoção de Arg C-terminal

por N carboxipeptidase

A activação do complemento tem de ser regulada por duas razões:

1. 

Normalmente, ocorre activação do complemento a baixos niveis espontâneamente e, se tal

activação for capaz de prosseguir, o resultado por ser o dano de células e tecidos normais;

2.  Mesmo quando o complemento está activado onde necessário, como nas células microbianas

ou em complexos antigénio-anticorpo, ele precisa de ser controlado porque produtos de

degradação das proteinas do complemento são capazes de difundir para células adjacentes e

danifica-las.

A actividade proteolitica das C1r e C1s é inibida por uma proteina plasmática designada inibidor de C1

(C1Inh) que é um inibidor de serina proteases que mimetiza os substratos normais de C1r e C1s:

 

Se C1q se liga a um anticorpo e começa o processo de activação do complemento, a C1Inhtorna-se um alvo da actividade enzimática do C1r2C1s2 ligados;

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  C1Inh é clivado e liga-se covalentemento a estas proteinas e, como resultado, o tetramero

C1r2C1s2 dissocia-se de C1q, parando a activação da via clássica;

 

Deste modo, a C1Inh previne a acumulação de C1r2C1s2 enzimaticamente activas no plasma e

limita o tempo pelo qual C1r2C1s2 activo está disponivel para activação subsequente dos passos

seguintes do complemento.

A seguir a este passos, a montagem dos componentes das C3 e C5 convertases pode ser inibida pela

ligação de proteinas reguladoras a C3b e C4b depositidas nas superficies celulares:

  Se C3b está depositado na superficie de células normais do hospediro, ele pode ser ligado a

várias proteinas membranares, incluindo MCP, CR1 e DAF e à proteina plasmática factor H;

 

O C4b depositado nas superficies ceulares é também ligado de modo semelhante a DAF, CR1 e a

outra poteina plasmática designada C4bBP;

  Por ligarem a C3b ou C4b, estas proteinas inibem competitivamente a ligação de outros

componentes da C3 conevertase, como Bb da via alternativa e C2b da via clássica, bloqueando a

progressão da cascata do complemento.

MCP, CR1 e DAF são produzidas por células mamiferas mas não pelos micróbios. Assim, estes

reguladores inibem selectivamente a activação do complemento nas células do hospedeiro e permitem

que a activação prossiga nos micróbios. Para além disso, superficies celulares ricas em ácido siálico

favorecem a ligação da proteina reguladora factor H relativamente à proteina factor B da via

alternativa. As células dos mamiferos expressam altos niveis de ácido siálico relativamente aos

micróbios, o que previne a activação do complemento nas células do hospedeiro mas permite nos

micróbios.

A reacção catalizada pelas enzimas C3 convertase das vias clássica, da lectina e alternativa é o principal

passo de amplificação na activação do complemento, gerando centenas de moléculas de C3b. o C3b

gerado por estas enzimas apresenta o potencial de se ligar a células vizinhas, mediando o dano de

células saudáveis causando a opsonização por células fagociticas com receptores para C3b ou induzindo

o complexo de ataque membranar. O dano de células do hospedeiro normal é prevendio porque C3b

sofre hidrólise espontânea antes de ser capaz de se difundir, não se podendo ligar a células alvo.

No entanto, a C3b associada a células é proteoliticamente degradada por uma serina protease

designada factor I, que é activa apenas na presença de proteinas regulatórias:

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  MCP, factor H, C4bBP e CR1 funcionam todos como co-factores para a clivagem de C3b mediada

pelo factor I, sendo que estas proteinas reguladoras nas células do hospedeiro promovem a

degradação proteolitica de proteinas do complemento;

  A clivagem de C3b mediada por factor I gera fragmento designados iC3b, C3d e C3dg, que não

participam na activação do complemento mas são reconhecidos por receptores nos fagócitos e

nos linfócitos B.

Por ultimo, existe também regulação na via terminal da activação do complemento, isto é, existetambém regulação da formação do complexo de ataque membranar, o que pode ocorrer de dois

modos:

1. 

A formação de MAC é inibida por uma proteina membranar designada CD59, que é uma

proteina ligada a glicofosfatidilinositol expressa em muitos tipos de células. Esta proteina

incorpora-se nos MACs em montagem antes da inserção membranar de C5b678, inibindo a

adição subsequente de moléculas C9. A CD59 está presente em células normais do hospedeiro,

onde limita a formação do MAC, mas não está presente nos micróbios;

2. 

A formação de MAC é também inibida pos proteinas plasmáticas como proteina S que se liga a

complexos C5b67 soluveis e previne, assim, a sua inserção em membranas celulares próximasdo local onde a cascata do complemento foi iniciada.

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MACs em crescimento são capazes de se inserir em qualquer membrana celular vizinha para além das

membrana onde foram gerados. Assim, os inibidores de MACs no plasma e nas membranas das células

do hospedeiro asseguram que a lise de células inocentes não ocorrerá próximo do local de activação do

complemento.

Assim, resumidamente, os principais mecanismos de regulação da activação do sistema do

complemento são:

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No entanto, a fagocitose e o dano de células normais mediados pelo complemento são mecanismos

patogénicos importantes em várias doenças imunológicas. Nestas doenças, grandes quantidade de

anticorpos podem ser depositados nas células do hospedeiro, gerando tantas proteinas do

complemento activas que as moléculas reguladoras são incapazes de controlar a activação do

complemento.

Consequências Biológicas da Activação do Complemento

O complemento serve como um importante mediador da resposta humoral amplificando a resposta e

convertendo-a num eficiente mecanismo de defesa para a destruição de microorganismos:

  O MAC medeia a lise celular;

  Outros componentes ou produtos participam na resposta inflamatória;

  Outros componentes ou produtos participam na opsonização de antigénios;

  Outros componentes ou produtos participam na neutralização viral;

  Outros componentes ou produtos participam na clearance de complexos imunes

Para além disso, produtos de degradação do complemento são capazes de activar linfócitos B pois o

complexo receptor destas células apresenta um co-receptor que reconhece C3d.

Efeito Produto do complemento mediador

Lise celular C5b6789, MAC

Resposta inflamatória 

Desgranulação de mastócitos e basófilos C3a, C4a e C5a (anafilotoxinas)

Desgranulação de eosinófilos C3a, C5a

Extravasão e quimiotaxia de leucócitos nos locais de

inflamaçãoC3a, C5a, C5b67

Agregação de plaquetas C3a, C5aInibição da migração de monócitos/macrófagos e

indução do seu espalhamentoBb

Libertação de neutrófilos da medula óssea C3c

Libertação de enzimas hidroliticas pelos neutrófilos C5a

Expressão aumentada de receptores do complemento do

tipo 1 e 3 (CR1 e CR3) em neutrófilosC5a

Opsonização de antigénios particulares, aumentanto a

sua fagocitoseC3b, C4b, iC3b

Neutralização viral C3b, C5b6789 (MAC)

Solubilizadão e clearande de complexos imunes C3b

 Activação de linfócitos B C3d

Muitas das actividade biológicas do sistema do complemento dependem da ligação de fragmentos do

complemento a receptores do complemento, que são expressos por várias células:

  Alguns receptores do complemento têm papel importante na regulação da actividade do

complemento ligando componentes do complemento biologicamente activos e degradando-os

em produtos inactivos.

Existem vários receptores do complemento sendo que cada um apresenta um ligando principal. Estes

ligandos incluem vários componentes do complemento e produtos da sua quebra proteolitica:

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Receptor Principais ligandos Actividade Distribuição celular

CR1 (CD35) C3b, C4b

Bloqueia a formação de C3

convertase; liga complexos imunes

a células

Eritrócitos, neutrófilos, monócitos,

macrófagos, eosinófilos, células

dendriticas foliculares, células B,

algumas células T

CR2 (CD21) C3d, C3dg, iC3b

Parte do co-receptor das células B;

liga complexos imunes a células

Células B, células dendriticas

foliculares, algumas células T

CR3 (CD11b/18)

CR4 (CD11c/18)iC3b

Liga moléculas de adesão celular

nos neutrófilos, facilitando a sua

extravasão; liga complexos imunes,

aumentanto a sua fagocitose

Monócitos, macrófagos,

neutrófilos, células NK, algumas

células T

Receptor de

C3a/C4aC3a, C4a

Induz a desgranulação dos

monócitos e basófilosMastócitos, basófilos, granulócitos

Receptor de C5a C5aInduz a desgranulação dos

monócitos e basófilos

Mastócitos, basófilos,

granulócitos, monócitos,

macrófagós, células endoteliais

Lise Celular

Os complexos de ataque à membrana formados pela activação do complemento são capazes de lisar

bactérias gram-negativo, parasitas, virus, eritrócitos e células nucleadas:

  Como as vias alternativa e da lectina geralmente ocorrem sem uma interacção inicial antigénio-

anticorpo, estas vias servem como importantes defesas da imunidade inata contra

microorganismos infecciosos;

  A necessidade de uma reacção inicial antigénio-anticorpo na via clássica suplementa as defesas

não-especificas com um mecanismo de defesa mais especifico. Em alguns casos, a necessidade

de anticorpos no evento de activação pode ser fornecida por anticopros naturais, que sãoproduzidos contra componentes comuns de micróbios.

A lise de vários patogénios mediada pelos complexos de ataque à membrana é feita de vários modosdependendo do patogénio e pode ser impedida por estes de vários modos também:

1. 

Virus  – anticorpos e complemento têm um papel importante na defesa do hospedeiro contra

virus e são muitas vezes cruciais na contenção da infecção viral durante a infecção aguda e na

protecção de re-infecções. A maior parte dos virus com invólucro são susceptiveis a lise mediada

pelo complemento. O invólucro viral é derivado da membrana plasmática de células infectadas

e, assim, é susceptivel à formação de poros pelos MACs. Ex: herpesvirus, orthomyxovirus,

paramyxovirus e retrovirus;

2. 

Bactérias gram-negativo  –  são geralmente lisadas eficientemente pelo sistema docomplemento. Contudo, algumas bactérias gram-negativo e a maior parte das gram-positivo

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apresentam mecanismos de escape ao dano mediado pelo complemento. Algumas bactérias

gram-negativo são capazes de desenvolver resistência à lise mediada pelo complemento o que

se correlaciona com a sua virulência, mas a maior parte das bactérias gram-negativo são

susceptiveis à lise mediada pelo complemento;

3. 

Bactérias gram-positivo  –  estas bactérias são normalmente resistentes à lise mediada pelocomplemento, porque a espessa camada de peptidoglicano na sua membrana previne a

inserção de MAC na membrana interna;

4. 

Células nucleadas - sua lise requer a formaçãp de multiplos MACs, enquanto um unico MAC é

capaz de lisar eritrócitos. Muitas células nucleadas, incluindo a maior parte das células

cancerigenas, são capazes de endocitar MACs. Se o complexo for removido cedo, a célula é

capaz de repara qualquer dano membranar e restaurar a sua estabilidade osmótica. Um

probelma deste facto é a dificuldade de destruição de células cancerigenas por este meio.

Assim, os principais mecanismos de escape à lise mediada pelo complemento   de muitos tipos decélulas e patogénios são so seguintes:

Componente microbiano Mecanismo de escape Exemplos

Bactérias gram-negativo

Longas cadeias de

polissacarideos no LPS das

paredes celulares

As cadeias laterais previnem a inserção de

MACs na membrana bacteriana

Estirpes resistentes de E. coli  e

Salmonella

Proteinas da membrana

externa

MAC interage com proteinas membranares e

não é capaz de se inserir na membrana

bacteriana

Estirpes resistentes de Neisseria

gonorrhoeae

Elastase Anafilotoxinas C3a e C5a são inactivadas pelaelastase microbiana

Pseudomonas aeruginosa

Bactérias gram-positivo

Camada de peptidoglicano na

perede celular

Inserção de MAC na membrana bacteriana é

prevenida pela espessa camada de

peptidoglicano

Streptococcus

Cápsula bacteriana

A cápsula fornece uma barreira fisica entre o

C3b depositado na membrana bacteriana e o

CR1 nas células fagociticas

Streptococcus pneumoniae

Outros micróbios

Proteinas que mimetizam as

proteinas reguladoras docomplemento

Proteinas presentes em várias bactérias,

virus, fungos e protozoários inibem a cascatado complemento

Vaccinia virus, herpes simplex,

Epstein-Barr virus, Trypanosomacruzi , Candida albicans

Indução de Respostas Inflamatórias

A cascata do complemento é muitas vezes vista como importante na lise celular, mas vários péptidos

gerados durante a formação de MACs desempenham um papel decisivo no desenvolvimento de uma

resposta inflamatória efectiva.

Os fragmentos mais pequenos resultantes da clivagem do complemento, C3a, C4a e C5a, designados

anafilotoxinas, são importantes neste processo:

  Ligam a receptores nos mastócitos e basófilos e induzem a desgranulação, que liberta histamina

e outros mediadores farmacologicamente activos;

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Joana Maria Soares Pereira 326

  Induzem contracções no musculo liso e aumenta a permeabilidade vascular.

A activação do sistema do complemento resulta no influxo de fluidos que carregam anticorpos e células

fagociticas para o local de entrada do antigénio.

As actividades destas anafilotoxinas altamente reactivas são reguladas por uma protease sérica

designadas carboxipeptidase N, que cliva um residuo de Arg do C-terminal das moléculas. As moléculas

formadas no fim da proteólise de C3a e C4a estão completamente inactivas mas o produto de C5aretem cerca de 10% da sua actividade quimiotáctica e 1% da sua habilidade de provocar contracções do

musculo liso.

Para além disso, C3a, C5a e C5b67 são capazes de induzir monócitos e neutrófilos a aderirem a células

endoteliais vasculares, extravasarem através do capilar e migrar para o local de activação do

complemento nos tecidos. O C5a é mais potente neste processo, sendo necessário a qunatidades da

ordem dos picomolares.

Opsonização e Fagocitose

O C3b é a principal opsonina do sistema do complemento, apser de C4b e iC3b apresentarem actividadeopsonizante:

  A amplificação que ocorre com a activação de C3 resulta num revestimento por C3b de

complexos imunes e particulas antigénicas;

  Células fagociticas, tal como outras célulasm expressam receptores do complemento (CR1, CR3

e CR4) que ligam C3b, C4b ou iC3b;

 

Antigénios revestidos por C3b ligam-se a células com CR1 e se a célula for um fagócito (e.g., um

neutrófilo, monócito ou macrófago) a fagocitose é aumentada.

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Joana Maria Soares Pereira 327

A activação de células fagociticas por vários agentes, incluindo a anafilotoxina C5a, aumenta o numero

de CR1s de 5000 em fagócitos não activados para 50.000 em células activadas, facilitando altamente a

fagocitose de antigénios revestidos por C3b. Para além disso, o fragmento C3b á capaz de actuar como

adjuvante quando acoplado com proteinas antigénicas pois marca os antigénios directamente para a

fagocitose, aumentando a inicianção do processamento de antigénios e acelerando a produção de

anticorpos especificos.

Eliminação de Complexos Imunes

A importância do sistema do complemento na eliminação de complexos imunes  é observada em

pacientes com a doença autoimune lupus eritromatosa sistémica (SLE):

  Estes individuos produzem grandes quantidades de

complexos imunes e sofrem dano tecidular como

resultado da lise mediada pelo complemento e

indução de hipersensibilidades do tipo II e III;

 

De facto, deficiências em C1, C2, C4 e CR1 predispoemum individuo a SLE, pois deficiências no complemento

intereferem com a eficiência da solubilização e

eliminação de complexos imunes, sendo que estes

complexos permanecem e provocam danos nos

tecidos.

O processo de eliminação de complexos imunes é assim de

elevada importância e ocorre do seguinte modo:

 

O revestimento de complexos imunes com C3b facilitaa sua ligação a CR1 em eritrócitos. Apesar dos

eritrócitos expressarem niveis de CR1 mais baixos que

os granulócitos, existem cerca de 103 eritrócitos para

cada leucócito, fazendo com que os eritrócitos

constituam cerca de 90% do CR1 no sangue;

  Assim, os eritrócitos desempenham um papel

importante na ligação de complexos imunes

revestidos por C3b e carregam-nos para o figado e

para o baço;

  Nestes órgãos, os complexos imunes são desligados

dos eritrócitos e são fagocitados, prevenindo a sua

deposição nos tecidos.

Em pacientes com SLE, deficiências em C1, C2 e C4

contribuem para niveis reduzidos de C3b em complexos

imunes e, assim, inibem a sua eliminação. Os baixos niveis de

CR1 expressos nos eritrócitos dos pacientes com SLE também

intereferem com a ligação adequada de eliminação decomplexos imunes.

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Joana Maria Soares Pereira 328

Neutralização da Infectividade Viral

Para a maior parte dos virus, a ligação de anticorpos séricos às subunidades repetidas das proteinas

estrutirais viricas cria complexos imunes particulares ideais para a activação da via clássica do

complemento. No entanto, alguns virus (e.g., retrovirus, Epstein-Barr virus, Newcastle disease virus e

rubella virus) são capazes de activar a via alternativa, da lectina e até a clássica na ausência de

anticorpos.

O sistema do complemento medeia a neutralização viral por um numero de mecanismos:

  Algum grau de neutralização é alcançado através da formação de agregados virais maiores,

simplesmente porque estes agregados reduzem o numero de particulas virais infecciosas;

  A ligação de anticorpos e/ou complemento à superficie de particulas virais bloqueia a ligação

dos virus a células do hospedeiro susceptiveis;

  Depositos de anticorpos e complemento em particulas virais facilita a ligação da particula viral a

células que possuem receptores Fc ou tipo-1 do complemento. No caso das células fagociticas,

tal ligação pode ser seguida de fagocitose e destruição intracelular da particula ingerida;  O complemento é efeciente na lise da maior parte dos virus com envólucro, resultando na

fragmentação do envólucro e desintegração do nucleocápside.

 Activação de Linfócitos B

A proteina C3d gerada a partir de C3 liga-se ao receptor CR2 nas células B e facilita a activação de

células B e a iniciação das respostas imunes humorais:

 

C3d é gerado quando o complemento é activado por um

antigénio, tanto directamente (e.g., quando o antigénio é

um polissacarideo microbiano) ou após ligação a um

anticorpo;

 

A activação do complemento resulta na ligação covalente

do C3b e do seu produto de clivagem C3d ao antigénio;

  Os linfócitos B são capazes de ligar o antigénio atarvés

dos seus receptores Ig e ligam simultaneamente o C3d

ligado através de CR2, o co-receptor do receptor de

antigénios da célula B, aumentando assim a sinalização

induzida pelo antigénio nas células B.

Para além disso, antigénios opsonizados encontram-se também

ligados a células dendriticas foliculares nos centros germinativos.

As células dendriticas foliculares apresentam antigénios a células

B nos centros germinativos e, assim, este processo é importante

para a selecção de células B de alta afinidade.

A importância do complemento nas respostas imunes humorais

é ilustrada pela deficiência acentuada na produção de anticorpos

e na formação de centros germinativos em ratinhos KO para C3,

C4 ou CR2.

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO AO SISTEMA IMUNITÁRIO ......................................................... 1Visão Geral da Resposta Imune ...................................................................................................... 1

Imunidade ............................................................................................................................................. 1

Perspectiva Histórica ............................................................................................................................ 1

Imunidade Inata e Adaptativa .............................................................................................................. 3

Imunidade Inata ............................................................................................................................... 4

Imunidade  Adaptativa ..................................................................................................................... 5

Tipos de Respostas Imunitárias Adaptativas ........................................................................................ 5

Principais Caracteristicas da Resposta Imunitária Adaptativa ............................................................. 7

Componentes Celulares do Sistema Imunitário Adaptativo ................................................................ 8

Disfunção Imunitária e suas Consequências ...................................................................................... 10

 Alergia e Asma ............................................................................................................................... 11

Resposta a Transplantes ................................................................................................................ 11

Doença Auto-imune ....................................................................................................................... 12

Imunodeficiência ............................................................................................................................ 12

Imunidade Inata ........................................................................................................................... 13

Imunidade Inata ................................................................................................................................. 13Caracteristicas do Reconhecimento Imune Inato .............................................................................. 13

Receptores de Reconhecimento de Padrões .................................................................................. 16

Componentes do Sistema Imune Inato .............................................................................................. 18

Barreiras Epiteliais ......................................................................................................................... 19

Fagócitos e Resposta Inflamatória................................................................................................. 20

Células Naturalmente Assassinas (NK cells) .................................................................................. 34

Papel da Imunidade Inata na Estimulação da Resposta Imune Adaptativa ....................................... 37

RECONHECIMENTO DE ANTIGÉNIOS .............................................................. 39

O Complexo Principal de Histocompatibilidade ............................................................................. 39

O Complexo Principal de Histocompatibilidade ................................................................................. 39

Descoberta do MHC ........................................................................................................................... 40

Organização Geral e Herança do MHC ............................................................................................... 41

Formas Alélicas do MHC  ................................................................................................................ 43

Moléculas MHC .................................................................................................................................. 45

Estrutura das Moléculas MHC Classe I ........................................................................................... 46

Estrutura das Moléculas MHC Classe II .......................................................................................... 48

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Joana Maria Soares Pereira 332

Relação Exão/Estrutura dos Genes e Proteinas MHC  .................................................................... 49

Ligação de Péptidos a Moléculas MHC ............................................................................................... 50

Base Estrutural da Ligação de Péptidos a Moléculas MHC  ............................................................ 52

Diversiade de Moléculas MHC entre Animais .................................................................................... 54

Desiquilibrio de Ligação ................................................................................................................. 55

Relevância Funcional do Polimorfismo .......................................................................................... 55

Organização Genómica do MHC ......................................................................................................... 56

Expressão de Moléculas MHC ............................................................................................................ 58

Processamento de Antigénios e sua Apresentação aos Linfócitos T ............................................... 60

Reconhecimento de Antigénios pelos Linfócitos T............................................................................. 60

Células Apresentadoras de Antigénios ............................................................................................... 63

Papel das Células Dendriticas na Iniciação das Respostas das Células T  ....................................... 66

 Apresentação de Antigénios a Linfócitos T Efectores Diferenciados ............................................. 69

Processamento de Antigénios ............................................................................................................ 70

Via MHC Classe II ........................................................................................................................... 72

Via MHC Classe I ............................................................................................................................ 78

Significado Fisiológico da Apresentação de Antigénios via MHC ....................................................... 82

Apresentação de Lipidos Antigénicos por Moléculas CD1 ................................................................. 84

MHC e Susceptibilidade a Doença ...................................................................................................... 85

Receptores de Antigénios e Moléculas Acessórias nas Células T .................................................... 87

Recepção de Antigénios pelas Células T ............................................................................................. 87

TCR αβ para Péptidos Antigénicos Associados a MHC ....................................................................... 88

Papel do TCR αβ no Reconhecimento de Péptidos Antigénicos Associados a MHC  ...................... 90

Proteinas CD3 e ξ dos Complexos TCR ............................................................................................... 91

Funções das Proteinas CD3 e ξ  ....................................................................................................... 93

Co-receptores e Receptores de Co-estimuladores nas Células T ....................................................... 94

CD4 e CD8: Co-receptores Envolvidos na Activação das Células T Restritas a MHC  ...................... 94

Anticorpos e Antigénios ............................................................................................................... 96

Os Anticorpos ..................................................................................................................................... 96

Estrutura Básica dos Anticorpos ......................................................................................................... 97Estrutura Aprofundada das Imunoglobulinas .................................................................................... 99

Enrolamento Imunoglobulina ...................................................................................................... 100

Dominios da Região Variável e Ligação ao Antigénio ................................................................. 102

Dominios da Região Constante .................................................................................................... 104

Funções Efectoras Mediadas por Anticorpos ................................................................................... 107

Classes e Actividades Biológicas dos Anticorpos .............................................................................. 108

Imunoglobulina G (IgG) ................................................................................................................ 109

Imunoglobulina M (IgM) .............................................................................................................. 109Imunoglobulina A (IgA) ................................................................................................................ 110

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ImunoglobulinaE (IgE) .................................................................................................................. 112

Imunoglobulina D (IgD) ................................................................................................................ 113

Determinantes Antigénicos nas Imunoglobulinas ............................................................................ 113

Receptor da Célula B (BCR) ............................................................................................................... 114

A Superfamilia Imunoglobulina ........................................................................................................ 115

MATURAÇÃO, ACTIVAÇÃO E REGULAÇÃO DOS LINFÓCITOS ........................ 117

Organização e Expressão de Genes Imunoglobulinas ................................................................... 117

Diversidade de Imunoglobulinas ...................................................................................................... 117

Modelo Genético Compativel com a Estrutura das Imunoglobulinas ............................................. 118

Organização dos Genes das Imunoglobulinas .................................................................................. 119

Familia de Multigenes das Cadeias  λ ........................................................................................... 119

Familia de Multigenes das Cadeias κ  ........................................................................................... 120Familia de Multigenes das Cadeias Pesadas................................................................................ 120

Rearranjos dos Genes das Regiões Variáveis ................................................................................... 121

Rearranjos V-J das Cadeias Leves ................................................................................................ 121

Rearranjos V-D-J das Cadeias Pesadas ........................................................................................ 122

Mecanismos de Rearranjos de DNA das Regiões Variáveis ............................................................. 123

 Junção Flexivel dos Segmentos .................................................................................................... 126

Exclusão Alélica ............................................................................................................................ 127

Produção da Diversidade de Anticorpos .......................................................................................... 128Segmentos de Multiplos Genes da Linha Germinativa ................................................................ 128

 Junção Combinatória V-(D)-J ........................................................................................................ 128

Flexibilidade Juncional  ................................................................................................................. 129

 Adição P ....................................................................................................................................... 130

 Adição N ....................................................................................................................................... 130

Hipermutação Somática .............................................................................................................. 130

 Associação Combinatória de Cadeias Leves e Pesadas ................................................................ 132

Class Switching entre Genes da Região Constante .......................................................................... 132Expressão de Genes Ig ...................................................................................................................... 133

Expressão de Imunoglobulinas Secretadas e Membranares ....................................................... 134

Expressão Simultânea de IgM e IgG ............................................................................................. 135

Organização e Rearranjo dos Genes TCR ......................................................................................... 136

Mecanismo de Rearranjo do DNA do TCR .................................................................................... 138

Exclusão Alélica dos Genes TCR ................................................................................................... 139

Estrutura Geral dos Genes TCR Rearranjados .............................................................................. 139

Diversidade de TCRs ..................................................................................................................... 140

Visão Geral do Desenvolvimento dos Linfócitos .......................................................................... 142

Visão Geral do Desenvolvimento dos Linfócitos .............................................................................. 142

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Entrada das Células Progenitoras na Linhagem das Células B e T ................................................... 143

Rearranjo e Expressão de Genes de Receptores de Antigénios ....................................................... 144

Eventos de Selecção ......................................................................................................................... 144

Geração de Subgrupos de Linfócitos ................................................................................................ 146

Maturação, Diferenciação e Activação das Células B ................................................................... 147

Maturação dos Linfócitos B .............................................................................................................. 147

Células Progenitoras na Medula Óssea ....................................................................................... 147

Rearranjo de Genes Ig .................................................................................................................. 148

Receptor da Célula pré-B .............................................................................................................. 149

Factores de Transcrição e Defeitos no Desenvolvimento das Células B ...................................... 150

Marcadores de Superficie ............................................................................................................ 152

Subgrupos de Células B ................................................................................................................ 152

Selecção do Reportório de Células B Maduras ............................................................................. 155

Activação e Proliferação das Células B ............................................................................................. 157

Tradução de SInais de Activação.................................................................................................. 158

Complexo Co-receptor da Célula B ............................................................................................... 160

Papel das Células T H ..................................................................................................................... 161

Resposta Humoral ............................................................................................................................ 162

Papel das Células T H na Resposta Humoral a Haptenos .............................................................. 164

Locais in vivo para a Indução da Resposta Humoral ........................................................................ 165

Centros Germinativos e Diferenciação de Células B Induzida por Antigénio .................................. 166

Maturação da Afinidade .............................................................................................................. 167

Células de Memória e Plasmócitos .............................................................................................. 170

Maturação, Diferenciação e Activação das Células T ................................................................... 171

Maturação dos Linfócitos T .............................................................................................................. 171

Papel do Timo na Maturação das Células T  ................................................................................. 171

Inicio da Maturação das Células T no Timo ................................................................................. 173

Receptor da Célula pré-T  .............................................................................................................. 174

Produção de Timócitos Efectores e Expressão do TCR ................................................................. 175

Marcadores de Superficie ............................................................................................................ 177Processos de Selecção Durante a Maturação das Célula T αβ ......................................................... 178

Selecção Positiva de Timócitos: Desenvolvimento da Restrição MHC  ......................................... 179

Selecção Negativa de Timócitos: Tolerância Central  ................................................................... 182

Linfócitos T γδ ................................................................................................................................... 183

Linfócitos T Naturalmente Assassinos (NK-T Cells) .......................................................................... 184

Activação dos Linfócitos T ................................................................................................................ 185

Activação dos Linfócitos T CD4+ ....................................................................................................... 187

Activação dos Linfócitos T CD8+

 ....................................................................................................... 188Papel dos Co-estimuladores na Activação das Células T .................................................................. 190

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Tradução do Sinal pelo Complexo TCR ............................................................................................. 193

Formação da Sinapse Imunológica .............................................................................................. 194

MECANISMOS EFECTORES DAS RESPOSTAS IMUNES ................................... 197

As Citocinas ............................................................................................................................... 197

As Citocinas ....................................................................................................................................... 197

Propriedades Gerais das Citocinas ................................................................................................... 197

Categorias Funcionais das Citocinas ............................................................................................ 201

Receptores das Citocinas e Sinalização ........................................................................................ 202

 Antagonistas de Citocinas ............................................................................................................ 204

Citocinas que Medeiam e Regulam a Imunidade Inata .................................................................... 206

Tumor Necrosis Factor (TNF)........................................................................................................ 207

Interleucina-1 (IL-1) ...................................................................................................................... 212Quimiocinas ................................................................................................................................. 214

Interleucina-12 (IL-12) .................................................................................................................. 218

Interferões do Tipo I (IFNs) ........................................................................................................... 221

Interleucina-10 (IL-10) .................................................................................................................. 224

Outras Citocinas da Imunidade Inata .......................................................................................... 225

Papeis das Citocinas na Imunidade Inata e na Inflamação ......................................................... 227

Citocinas que Medeiam e Regulam a Imunidade Adaptativa .......................................................... 228

Interleucina-2 (IL-2) ...................................................................................................................... 230Interleucina-4 (IL-4) ...................................................................................................................... 232

Interleucina-5 (IL-5) ...................................................................................................................... 234

Interleucina-13 (IL-13) .................................................................................................................. 234

Interferão-γ  (IFN-γ  ) ...................................................................................................................... 236

Transforming Growth Factor β (TGF-β ) ....................................................................................... 239

Outras Citocinas da Imunidade Adaptativa ................................................................................. 240

Papel das Citocinas nas Respostas Imunes Adaptativas Especializadas...................................... 241

Citocinas que Estimulam a Hematopoiese ....................................................................................... 242Stem Cell Factor (c-Kit Ligand) ..................................................................................................... 243

Interleucina-7 (IL-7) ...................................................................................................................... 243

Interleucina-3 (IL-3) ...................................................................................................................... 244

Outras Citocinas Hematopoiéticas ............................................................................................... 244

Respostas Efectoras Mediadas por Células .................................................................................. 245

Imunidade Humoral e Mediada por Células..................................................................................... 245

Tipos de Reacções Mediadas por Células ......................................................................................... 246

Células T CD4+ Efectoras ................................................................................................................... 249

Células T H1 e T H2 .......................................................................................................................... 249

Respostas Imunes Mediadas por T H1 ........................................................................................... 254

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Respostas Imunes Mediadas por T H2 ........................................................................................... 256

Células T H1 e T H2 na Doença ........................................................................................................ 258

Células T H17  ................................................................................................................................. 259

Respostas Imunes Mediadas por T H17  ......................................................................................... 264

Papel das T H17 na Autoimunidade ............................................................................................... 264

Células T Reguladoras ....................................................................................................................... 265

Mecanismos de Acção das Células T Reguladoras ....................................................................... 266

Indução de Células T Reguladoras na Periferia e Manutenção ................................................... 268

 Acção das Células T Reguladoras na Diferenciação de Diferentes Subgrupos de Células T CD4+ 268

Células T CD8+ Citotóxicas ................................................................................................................ 269

 Activação e Diferenciação em CTLs Efectoras .............................................................................. 270

Fase Efectora da Imunidade Mediada por CTLs ........................................................................... 272

Células Naturalmente Assassinas ..................................................................................................... 276

Desenvolvimento e Caracteristicas das Células Naturalmente Assassinas.................................. 277

Funções Citotóxicas das Células Naturalmente Assassinas ......................................................... 279

Receptores de Activação e de Inibição ......................................................................................... 281

Citotoxicidade Mediada por Células Dependente de Anticorpor .................................................... 282

Células Dendriticas ........................................................................................................................... 283

Origem e Desenvolvimento das Células Dendriticas .................................................................... 285

Células Dendriticas Convecionais ................................................................................................. 287

Células Dendriticas Plasmacitoides .............................................................................................. 289

Outras Populações de Células Dendriticas nos Nódulos Linfáticos .............................................. 291

Superantigénios ................................................................................................................................ 292

Migração Leucocitária e Inflamação............................................................................................ 294

Migração Leucocitária e Inflamação................................................................................................. 294

Recirculação de Linfócitos ................................................................................................................ 294

Moléculas de Adesão Celular ........................................................................................................... 295

Integrinas ..................................................................................................................................... 297

Extravasão de Neutrófilos ................................................................................................................ 298

Extravasão de Linfócitos ................................................................................................................... 299Vénulas de Endotélio Alto ............................................................................................................ 300

 Alojamento de Linfócitos ............................................................................................................. 302

Recirculação de Linfócitos Naive .................................................................................................. 302

Recirculação de Linfócitos Efectores e de Memória .................................................................... 303

Interacções entre Moléculas de Adesão ...................................................................................... 304

O Processo Inflamatório ................................................................................................................... 305

Papel dos Neutrófilos ................................................................................................................... 305

Respostas Inflamatórias Locais e Sistémicas ............................................................................... 306Sistema do Complemento .......................................................................................................... 309