Estudo Sobre ESTAMIRA Finalizado
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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL – UNICSUL
MARIA LUZ GARCIA LÓPEZ NEIRA
RELATÓRIO
São Paulo
2014
1
MARIA LUZ GARCIA LÓPEZ NEIRA
RELATÓRIO
Relatório elaborado a partir do estudo social da Sra. ESTAMIRA relacionado com os textos estudados e debatidos na disciplina PROCESSO DE TRABALHO PROFISSIONAL III do 5º. Sem. do curso SERVIÇO SOCIAL.
Orientadora Proa Da DALVA A. DE GOIS
São Paulo
2014
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Sumário
Destinatário, Objetivo, Descrição e Procd. Metod...............................................4
Estudo Social.......................................................................................................5
Conclusão deste trabalho ………..................................................................….10
Ficha técnica do filme…................................................................................….12
Resumo do filme…………..................................................................................13
Histórico sobre o produtor do documentário......................................................15
Necrológio.................................................................................................……..16
Referências…....................................................................................................17
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Destinatário
De: MARIA LUZ GARCIA LÓPEZ NEIRA
Para: Prfa Dra. DALVA AZEVEDO DE GOIS
Estudo social sobre a Sra. ESTAMIRA GOMES DE SOUZA
Conforme solicitado, realizei estudo social sobre a Sra. ESTAMIRA GOMES
DE SOUZA, e apresento o resultado na forma do presente relatório. .
Objetivo
O presente estudo tem como objetivo, conhecer a realidade social e o grau
de vulnerabilidade da Sra. ESTAMIRA, quais são as condições de moradia,
como vive, qual o trabalho que realiza para obter a renda de subsistência,
quais são as relações familiares e de amizade e qual é a rede estatal com
que conta para cuidar de sua saúde e bem estar.
Descrição
A Sra. ESTAMIRA, encontra-se no Aterro Sanitário do Jardim Gramaxo
(R.J), em situação vulnerável, devido ao seu estado de saúde e à condição
territorial em que vive e, não querendo ir morar com nenhum dos filhos, faço
este estudo social para que, verificadas as condições de saúde e moradia,
possa ser encaminhada à Rede de Proteção Social especializada .
Procedimentos metodológicos
Este estudo foi elaborado com fundamentos nos textos estudados e debatidos
em sala de aula, no documentário, análise documental e pesquisa em sites.
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ESTUDO SOCIAL
Identificação:
Nome: ESTAMIRA GOMES DE SOUZA
Idade: 62 anos
Naturalidade: Brasileira
Escolaridade: alfabetizada
Endereço completo: Aterro Sanitário do Jardim Gramaxo – Bairro Duque de
Caxias, Rio de Janeiro.
Situação familiar
A Sra. ESTAMIRA, de 62 anos de idade, mora sozinha no Aterro Sanitário do
Jardim Gramaxo (RJ), há 20 anos. A família da Sra. ESTAMIRA é composta do
filho Hernani de seu primeiro relacionamento, a filha Carolina de um segundo
companheiro e mais uma filha chamada Maria Rita. Os irmãos Hernani e
Carolina por sua vez são casados e tem a sua própria família composta de
cônjuge e filhos, e nenhum deles mora com a genitora. Maria Rita, foi
encaminhada pelo irmão Hernani, para ser criada em adoção aberta por uma
família conhecida, com 7 anos de idade. Na entrevista, a Sra. ESTAMIRA não
comenta o caso, por isso não temos elementos suficientes para saber se foi
escutada na momento dessa adoção aberta ou não. Depois de alguns anos,
Rita foi visitar a mãe e desde aquele momento freqüenta a casa com certa
assiduidade e gosta muito dela. A família de adoção não queria que ela a
fosse visitar a mãe por temor que não retornasse, porem isso não aconteceu.
A Sra. ESTAMIRA conta que, o avó dela, pai de sua genitora, estuprou a sua
mãe e a ela também. Quando tinha 9 anos pediu a ele uma sandália e ele
respondeu que só se deitasse com ele. Com 11 anos a levou para um bordel e
lá a deixou. Com 17 anos conheceu o pai do Hernani que a tirou daquele lugar
e a levou para morar com ele.. Mas, diz ela que: como era muito mulherengo,
um dia pegou o filho , saiu de casa e o abandonou. Conheceu um italiano,
com quem morou durante 12 anos e desse relacionamento nasceu Carolina.
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Esse companheiro proporcionava a ela e às crianças uma vida confortável,
com casa própria e carro, porém ela também o largou por maus tratos e
“gostar muito de mulher”.Teve depois Maria Rita mas, na entrevista a Sra.
ESTAMIRA não esclarece quem é o pai.
Os laços familiares estão fortalecidos. Todos os filhos e netos a visitam com
freqüência e se preocupam com ela. Carolina acha que a mãe adquiriu uma
depressão muito forte quando sofreu os abusos sexuais, porém Hernani, que é
pastor de Igreja Evangélica, pensa que ela está “mal” com Deus, amaldiçoa e
blasfema muito, por isso está doente. A filha Rita, se emociona ao lembrar o
dia que visitou a mãe por primeira vez depois de ser adotada. Pondera de
como teria sido a vida dela se não fosse separada da mãe e que, apesar da
pobreza presente há acolhimento e afeto naquela família Às vezes pensa que
gostaria morar com ela, mais lhe é difícil afastar-se dos pais e irmãos de
adoção e da vida confortável que tem.
No inicio quando passou a freqüentar o lixão, a Sra. ESTAMIRA, ficava a
semana no aterro dormindo ao relento e finais de semana ia para a casa da
filha. Nessas idas e vindas foi estuprada duas vezes, e ficou marcada
psicologicamente, de maneira muito violenta. Resolveu construir um barraco e
nunca mais quis sair
A Sra. ESTAMIRA está completamente afastada da religião. Há muito não quer
saber de qualquer entidade e fala de um Deus injusto, cruel. Briga e discute
com todo aquele que se atreve a falar de Deus na sua frente, usando palavras
de baixo calão. Possui uma filosofia própria a esse respeito e não admite
discussão.
Mantém laços de amizade com os vizinhos e colegas, catadores como ela do
aterro, e chega até a cantarolar a canção, “As curvas da estrada de Santos”
de Roberto Carlos em companhia deles.
Sofre muito com a lembrança da genitora, que o seu companheiro a obrigou a
internar numa casa de saúde de doentes mentais. Tem medo de acabar louca,
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mas os filhos têm muito presente esse seu temor e por nada deste mundo
fariam o mesmo (sic).
Situação Socioeconômica
A Sra. ESTAMIRA, tem como única fonte de renda os plásticos, latas e
papelões que junta e revende numa cooperativa de reciclagem. Não recebe
nenhum benefício ou qualquer outro rendimento.
Vive muito modestamente no próprio Aterro, num barraco com chão de barro
batido, feito de restos de madeira que aos poucos construiu. Os móveis e
utensílios que possui também são restos que encontra no aterro. Às vezes
utiliza mantimentos, principalmente lataria e frascos, que por estarem com o
prazo de validade vencidos foram jogados fora, o que significa um grande risco
para a sua saúde . A casa possui dois cômodos e o aspecto é limpo e
organizado.
O local onde a Sra. ESTAMIRA construiu o barraco, é uma área municipal que
recebe os detritos recolhidos no bairro Duque de Caxias da Cidade do Rio de
Janeiro. O lugar é insalubre, com muitos insetos (mosquitos, moscas,
muriçocas,) aves enormes (urubus) e cães doentes e abandonados. O
chorume que escorre no lixão é altamente tóxico e a emanação de gases é um
perigo constante com risco de explosões e incêndios. A Prefeitura está
tentando desativá-lo por considerá-lo uma área de risco ambiental e porque já
apareceram várias rachaduras no terreno.
O bairro Jardim Gramaxo possui 20.000 habitantes e bolsões de miséria.
Cinquenta por cento da população sobrevive de reciclagem. Sem saneamento
básico, as pessoas moram em barracos de madeira e papelão e em palafitas.
Situação de saúde
A Sra. ESTAMIRA fuma, por este motivo tem problemas respiratórios, para os
quais toma remédio, porém não tem dependência química. O aspecto físico é
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de uma mulher de mais idade, por estar o dia todo exposta ao sol, e sujeita a
todo tipo de picada de insetos como relatado acima. É difícil dizer se sofre de
alguma doença crônica, uma vez que na entrevista não deixa transparecer.
mas aparentemente tem uma saúde física razoável.
Os problemas psíquicos da Sra. ESTAMIRA é que são muito graves. Sofre de
distúrbios psicquico-mentais e faz acompanhamento no Centro Municipal de
Assistência Psicológica JOSÉ MILLER (RJ).
Conta ela que a doutora lhe perguntou se ainda ouvia vozes, “eu escuto os
astros, as coisa e os pressentimentos das coisas e tenho para mim que sou
lúcida”, “Falei para a Dra. Alice que a minha cabeça dá agonia, dá choque,
parece que está cheia de sonrisal, ferve”. “A Dra. Passou remédio para asma,
fiquei muito decepcionada, muito triste”.
Rede de proteção social:
A Sra. ESTAMIRA freqüenta o Centro Municipal de Assistência Psicológica
como único equipamento de saúde ou serviço público e, ao qual vai sempre
acompanhada da filha (na entrevista não faz referência a nenhum outra
Unidade de Saúde).
Análise social
A Sra. ESTAMIRA apresenta comportamentos-problema que são tidos como
sintomas de esquizofrenia.
Quadro de sintomas
Delírios de perseguição (acha que está sendo espionada por agências
do FBI).
Confusão entre eventos privados e da natureza (acha que se chove com
trovoadas, é porque estava com raiva).
Alucinações (vê e ouve coisas que não estão lá.
Discurso desconexo (por vezes, começa a falar em um idioma próprio,
principalmente quando finge falar ao telefone).
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Apesar desses sintomas, a Sra. ESTAMIRA tem uma inteligência formidável,
que se faz expressar em um discurso erudito/filosófico. Ela consegue discernir
entre momentos de lucidez e de loucura: “Eu sei que sou perturbada, mas ao
menos eu sei disso. E vocês?”.
Com um histórico de vários estupros a partir dos 9 anos de idade, é difícil dizer
qual a causa principal de seu desequilíbrio, uma vez que, seus delírios
persecutórios envolvem sempre pessoas falsas e mentirosas que a
perseguem,”Deus-estuprador”, “Pai Astral”. Ela está sempre com raiva, lutando
contra figuras masculinas mentirosas, enganadoras e que abusaram dela.
Ela gosta de morar no aterro, apesar do alto grau de vulnerabilidade, pois foi lá
que obteve diversos reforçadores dos quais sempre foi privada: identidade
profissional, auto-estima, solidariedade e oportunidade de ajudar os outros,
uma vez que sempre repete “O que eu gosto mais, é de ajudar as pessoas”.
Parecer
Recomendo encaminhamento URGENTE para uma Unidade Básica de Saúde,
onde deverá ser feita avaliação completa por parte dos profissionais das
áreas clinica e psiquiátrica, e logo após, encaminhada para receber
medicação e tratamento adequados,..
Deve ser orientada a ir ao CRAS onde, deve solicitar todos os direitos
socioassistencias que lhe correspondam, pois é indispensável que seja
inscrita no programa BPC para completar a sua renda e não sofrer mais com
grandes dificuldades econômicas. Ao CREAS para que, nesse espaço de
escuta especializada, receba o acolhimento e seja encaminhada ao CAPS
(Centro de Atenção Psicosocial) para receber atendimento psiquiátrico e, se
ela assim o desejar, seja conduzida a um abrigo.
Incluo cópia deste relatório à UBS mais próxima do seu lugar de moradia no
bairro Duque de Caxias, para posterior encaminhamento ao CRAS e ao
CREAS
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Conclusão
Este trabalho foi realizado após termos assistido o documentário ESTAMIRA
em sala de aula, a pedido da Docente Dra. DALVA A. de GOIS, na disciplina
Processo de Trabalho Profissional III do 5º sem. do Serviço Social, fazendo
relação com os textos estudados e debatidos, e com o aprendizado recebido
no estágio, realizado na Vara da Infância e Juventude.
O documentário ESTAMIRA é uma lição para todo ser social, onde mostra
como o capital, só compra dos indivíduos, enquanto possibilitados, sua força
de trabalho, e depois os descarta como um objeto insignificante. A loucura e
miséria em que vive a Sra .ESTAMIRA, é fruto de questão social, e das
desigualdades sociais.
Mostra ainda a precariedade dos postos de saúde, o fato dela sofrer distúrbios
mentais e ser medicada com o intuito de sedar, acalmar e controlar, ficando
uma enorme lacuna ao invés de compreendê-la, e prestar assistência familiar
que é o mais essencial, pois mora sem condições básicas para sua
sobrevivência..
A falha no tratamento da saúde mental da Sra. ESTAMIRA não assegurou as
condições familiares necessárias para manter junto a ela sua filha Rita Sendo
encaminhada a outra família, nos mostra a precariedade de estratégias de
intervenção em família; Devemos repensar as estratégias de intervenção
familiar em contextos que não condizem com o modelo “estrutural” ideal de
família e desconstruir esse modelo para pensar em família enquanto núcleo de
vínculos, e se esta precisa de intervenção, que seja não pelo desmembramento
e separação, mas dando condições para que esses vínculos sejam
reestruturados.
As políticas públicas implementadas pelo Estado apenas amenizam as
questões sociais mas, é uma ação conservadora, pois não resolvem os
problemas sociais e nem todos tem acesso a esses benefícios.
10
Não havendo mais nada a acrescentar, encerro o presente relatório , assinado
e datado.
São Paulo, 21 de maio de 2014
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Maria Luz Garcia Lòpez Neira
Aluna do 5º. Sem. de Serviço Social
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ANEXOS
Ficha técnica do filme
Título original: Estamira
Gênero: Documentário
Duração: 121 min.
Lançamento (Brasil): 2004
Direção: Marcos Prado Roteiro: Marcos Prado
Produção: Marcos Prado e José Padilha
Música: Décio Rocha
Fotografia: Marcos Prado
Edição: Tuco
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Resumo do filme ESTAMIRA
Este documentário mostra como nossa sociedade é perversa a ponto de excluir
indivíduos, classificando-os como grupos minoritários desta sociedade, vetando
sua participação como ser social que têm direitos e deveres, e tem como idéia
central a loucura e miséria. Os indivíduos que não tem a oportunidade de
mostrar seus talentos, ou melhor, de vender a sua força de trabalho são
excluídos dessa sociedade, e o documentário de Estamira mostra muito bem
este processo. Ela é tida como louca, mas conhece a realidade perfeitamente.
E viver essas mazelas que esse sistema capitalista traz é viver uma construção
social de desumanidades feita pelo próprio homem. O documentário Estamira
partiu de uma curiosidade de Marcos Prado em saber o destino do lixo
produzido em sua casa, que era enviado para um aterro sanitário que se
chama: o lixão do jardim Gramaxo. E o chocante para ele além do mar de lixo e
seu cheiro fétido era ver crianças, homens e mulheres que ali se encontravam,
sem nenhuma assistência, misturados ao caos daquele cenário de abandono e
tristeza. O documentário conta uma história de uma senhora de 62 anos, que
sofre de distúrbios mentais, que mora e trabalha há mais de 20 anos no aterro
sanitário de Jardim Gramaxo, uma local de abandono por parte da sociedade,
que recebe muitas toneladas de lixo produzido pelo estado de Rio de Janeiro.
E é dos restos que muitas pessoas conseguem encontrar vida e alimento para
sua sobrevivência. Estamira é uma pessoa questionadora e renega Deus por
diversas razões, mal sabe ler e escrever, mas tem uma capacidade
impressionante de explicar todos os fenômenos naturais e humanos, de
maneira completamente lúcida. Aos poucos Marcos Prado mostra que na
infância de Estamira sofreu maus tratos, momentos antigos que refletem em
seu cotidiano vigente que, ao decorrer do documentário, explica o seu estado
emocional. Sua avó a levou para um prostíbulo, aos 12 anos. Saiu de lá aos 17
anos para casar-se, e o marido passou a traí-la, e ela o deixou. Com um novo
casamento, foi morar no Rio de Janeiro O novo marido, com quem teve seu
segundo filho, passou a traí-la também e achando pouco o que fazia com
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Estamira a fez internar sua própria mãe em um hospício, também doente
mental. O casamento desandou e Estamira saiu de casa abandonando o
marido, e a primeira coisa que fez ao separar-se foi tirar sua mãe do Hospital
Pedro I, chamado sanatório psiquiátrico, muito conhecido pelos maus tratos
aos seus pacientes internos. E após todos esses transtornos em sua vida
Estamira passou a ter delírios, e é através de suas alucinações que encontra
formas de se vingar ao que passou e escapar do seu passado vivenciado. Ela
é contra a alienação do homem, critica uma suposta sociedade de controle que
tem uma estrutura para calar as vozes dos rebeldes que pede atenção à esfera
política que é o estado, que se diz fazer o bem comum. Tem três filhos, uma foi
criada por outra família permanecendo dois com ela, que demonstra a tristeza
de ver a mãe nessa situação. Sua casa é humilde e lá guarda e aproveita
muitas coisas encontradas no lixão de Gramaxo, até mesmo comida vencida
como demonstra no documentário. Apesar de sua vida ser difícil e ter que
encarar essa realidade com muitos problemas, Estamira é forte e guerreira tem
seu distúrbio mental, mas relata e filosófica brilhantemente com total lucidez e
diz ter como missão revelar a verdade ao mundo. E é ao revelar a verdade que
Estamira entra em conflito com os filhos, e se falar de Deus a coisa complica é
comprar briga, e a religião para ela não importa, mas seu filho acha que ela
esta possuída pelo demônio e deve ser internada, mas sua filha é contra para
não se repetir a angustia que a mãe teve ao internar sua avó no hospício.
Estamira busca revelar a verdade, rejeita a prescrição médica para ela não
passa de uma simples copia dos médicos copiadores. Mas apesar de tudo
Estamira se realiza ao indagar a sociedade em que vive, mostrando a
verdadeira sociedade em que mora totalmente desumana.
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Histórico do produtor do documentário
Marcos Prado, brasileiro, 44 anos, é fotógrafo, poeta, músico, ator, jornalista,
produtor e diretor de documentários. No segundo semestre de 2004, finalizou
seu primeiro filme individual: ESTAMIRA, vencedor do prêmio de Melhor
Documentário segundo o júri oficial nos Festivais Internacionais do Rio de
Janeiro, São Paulo, Goiânia, Belém (no qual conquistou também o prêmio de
Melhor Fotografia). O filme ESTAMIRA tem participado de diversos festivais no
mundo todo e já recebeu, até maio de 2006, 23 prêmios nacionais e
internacionais.
Marcos Prado, diretor do documentário, falou sobre o convívio com a catadora
de lixo, que também era diabética, e que há mais de 20 anos trabalhava no
aterro sanitário em Gramaxo, localizado no município de Duque de Caxias, na
Baixada Fluminense.
"Foi fascinante. Ela era quase que uma profetisa dos dias atuais, uma pessoa
muito legítima. Jamais montamos suas frases na edição. Todos os discursos
incluídos no filme são contínuos. Ela acreditava ter a missão de trazer os
princípios éticos básicos para as pessoas que viviam fora do lixo onde ela viveu
por 22 anos. Para ela, o verdadeiro lixo são os valores falidos em que vive a
sociedade", comentou Prado.
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Necrológio
ESTAMIRA GOMES DE SOUZA faleceu na Cidade do Rio de Janeiro em
28/07/2011
Estamira Gomes de Sousa, personagem-título do premiado documentário
brasileiro "Estamira", morreu no início da noite desta quinta-feira (28), no Rio.
Segundo a Secretaria municipal de Saúde, Estamira, de 70 anos, estava
internada no Hospital Miguel Couto, na Gávea, Zona Sul da cidade, desde a
última terça-feira (26) e morreu com consequência de uma septicemia (infecção
generalizada).
Ernani, um dos três filhos deixados por Estamira, ainda não sabe exatamente
qual será o destino do corpo da mãe. "Estamos querendo fazer o sepultamento
no Cemitério do Caju, onde minha avó foi enterrada, mas ainda não tive muito
tempo para resolver essas coisas. Por isso, não sei quando será o enterro".
Negligência
Tanto Ernani quanto o diretor Marco Prado, que ajudou na internação da
catadora, acusam o hospital de negligência. "Ela foi inadequadamente
atendida. Ficou literalmente abandonada nos corredores do hospital sem
nenhum tipo de atendimento, só com o filho como testemunha. E isso quando
já existia o diagnóstico de infecção generalizada. A indignação é grande. E é
triste saber que outras Estamiras vão morrer pelo mesmo descaso", destacou
o cineasta.
Procurada pela reportagem, a Secretaria Municipal de Saúde negou as
acusações e afirmou que em momento algum a paciente foi acomodada em um
dos corredores do hospital, onde, segundo a administração da unidade, é
proibido internar pacientes
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Referências
Filme ESTAMIRA
www.adorocinema.com.br acessado no dia 20/05/2014
www.globo.com, acessado dia 20/05/2014
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