Conceito de Literatura Brasileira, De Afranio Coutinho

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AfrânioCoutinho

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Formaçâo da Literatura BrasileiraA idéia cenÍal quenofteia o pensamento ontemporâneo o BmsiÌ,

* e idênticofeÍômeno se obsgrvanos demaispaísesdo continente, é

0 da consciênciade nossa"americanidade",em conseqüência a qual

procrüamos alorizar a nossaem detnmenmdos aços de dependênciaEumpa,revendo nclusivepontosde vista anterioresà luz dessanoçãoDesdeo iÌício, aìiás, a "Idéia de Amédca" consisúunessaconquistadeum local onde seriaconstruÍdaumavida rnelhorpaú o homemquea ela

viesseapoÍar. Esseo grandemito motor dosdescobnmentos primeiras

lnstalações o Norte ao Sul do conlinentenovo. Levaúos sécülosutanalopor lìbcrtar-oosdo jugo moml, ìntelectual,político das metúpoles colo-nizadoras.Hoje o sentimentode rÌossaautonomiaé patente:procummospensarpor nós mesmoso paÍs queé nosso,no continentecujos prcble-

massó nós sentimose cuja civitização só nós podemosconstruir. Um

sentimentode maioúdadenos doÌnina.Nosso espírito anadurece, oma-mosconsciênciadenós mesmos, elìsâmos or contapúpÌia, sema süb-seÍvielcia a padrões,nomas, inteÍesses uÍopeus, omoera Mbito até ocoúeço do sécúo, quandooshomensmciocinavíunem termoseuÍopeusc sonhavam m "retornai' à Europa.

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Essa fase de autonomiâe maioÍidadementais quc aringimosestábem caractedzadam ossa iteratuÉatual.Todaela é o pÍodutod€ssamudançaope.adaem nossa onsciência. ánãovive a iteÍatuÍa brasileirainspìradaa mi.agem uropéia, asé no Bmsil queela busca s motivosde emÌquecimeÍrto a imaginaçãocriadora,que poÍ sua vez pÍocuraex-

pnúiÌ-se pelo veículo de uma linguagemadequada sensibilidadena-cional, difcrenciadadospadrões e utrtclassicisrnousiÌanizarÍe.Mâs é todo o espftitobrasileiroquercflete ess€graude amadurcci-

mento.E é a elequesedeveo dcsejo e afiÍmação, ueé gcral,de afir-maçãocoúo lrovo e comocivilização,ntegÌando-nosa comunidadeuniversal.Deixamos e ser umagrande rovÍncia, a€ s€r uma nação.Uúa naçãociosade seu valor, de sua| Íealizações,de seupapel futuÌo,clo dcsenvolvimento e seus ccursosmatedaise da mensagem spiritualque tem a oferccer ao mundo. LibeÍtamo-nosdos complexoscoloniaisque nos assobcrbavÍrm mcnte.Podemos ensare viveÍ poí conta

pópriâ, rirandodo passadoe do cstrangeiroas lìçõesque nos convêm,mirs sem a mística passadista u a sutìservi€nciaao que vem de fom.Quercmosser nós mesmose rcsolverpoÍ nósos nossosproblemas,con-soíìÍrtenossos nteressese o ensin:ìmentoe a experiênciaacumuladospelonossopâssado.

Esseo conteúdode nossonacionalismo.Um nacionalismo u€ não é"contsa",mas a favoi', um nacionalismouenosaÍirma omopovo.

A consciônciaessa msilidade u americanidade, pois,o cÍirériomais ofiedo atualpensamentorasileiÍo. é à uz desse rjtérioquesealìgura rÍônea posição e AnlónioCândido m ser i\ro Fomtaçào aUtelatura Brasileira (SãoPaulo,Livraria Manins, 1959).Com ser umúabalho meecedor do maioÍ respeito,pela seriedade om que pÍocuraencarar tema,e pelos ccuÍsos e nleligência culturaquemobilizapaÌa desincumbìr-se a tarefa, oferece,por outro lado, ensejopara umnovo debate m tomo de pontosesscnciaisa nossahistoriogÌafiai-terária danossaeodada histórìaiterária.Osprcblemas a omâçãoeautonomiaa iteratum rasícira, mais, dapúpÌia conceittação9 i-teratum msileim, ãode tal relevância uemeÌecem uese hcs dê amáximaâtcnção, proÉsito do livro do crítico,sem dúvidauma dasmaisÉspeìtávejsÌgÌras ntelectuaìsa suâgeração. outrema anáüse

Conceitode LiteratuÌa Brasileira

dcdifeÍentesaspectos o i$poÍantc livao. Aqui, somente le seráobjeio

decomentários.É evidentequeo conceitode iteratuÍaqueesposaÀntônio cândido

nãoé estéticomas histórico-sociológico;paú ele, literatura é fenômerÌo

dc civilização, é "um sistema de obÍas ligâdas por denominadores

comuns", que são, "atém das caracÌedsticâsntemas 0Írgua, temas,lmagens), eÍos elementos e natürezasocÌal e psíquica,emboÍaütera-

dsmenteorganizados, uesemanifestâm islodcamente fazemda itera-

türaaspectoorgânicodacivilização" Esseselementos enaturezasocial

llo osprodutositeráÍios (autores),os rcceptorcs púbüco),o tmnsmissor(língua),e do conjunto dos tÍês elementossurge"um trpo de comuni-

c8çãonter-humana,a literâtura,qu€apaÌece, obesseângrdo,como sis-

tcmasimbólico, por meio do quâl as veteidadesmais profundasdo in-

dlvíduo sc EaJÌsformamrn elementosde contatoenre os homense dc

InteÍprctaçãodas difeÍentesesfeÍas da Ìealidade". PoÍanto' litemütm

0omo oÍma de coúecimenÌo, como nslrumenlode comunicação, omotlstemasociaÌ,como"inürição social",parausaÌ a fóÍmlúa de tIarry I-e_vln. O seupapelcomoSozoeslético,comodiveÌ[meffo espiÍitual' como

tn€, não estáexplícilonessa onceioação.Mâs, assim entêndida,a litcrâhrra ú deve ser considemdaquando

íoÍma um "sislema de obms igadaspol detominadôrcscomÌtns",com

continuidade,tradição, atividade de escritores integÌada Iro sistema.

Quândo eprocessa ssaâglutinação quese dá a"formação" de rma i-lêmturâ.A es, o queexiste sãomeras manifestaçõeí'ütedrias, jamais

una liiemÌura propriamentedita, pois esta é um "fenômeno de civili-

ztção",só existindo ualdohá condiçõese civilização aü a suacol_porificação.Em fascsniciais, freqüenteãoencontrannossta rgam-zação adaa matuÍidâde omeio,quediflcultaa fomaçãodosgrupos,

claboraçãoe uma inguagem rópriae o intercsseelasobras".PodemguÍgirobüs de valor, mas elasnão são epresentaÍvaseum sistema,Nignificândouandomuitoo scuesboço".

ParaAntônioCândidofotmaÇão" â itelatura rasileiüsó ocorreuDor oltade 1?50, omasAcademiasosSeletos dosRenascidos ospÍimeiros tÌabalhosde ClláudÌoManuel da Costa.Antes, foram apenas

"manifestaçõesiterfuias", ão iteÍatura rasileila.Emboü, no mesmo

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Afrânio CoutiDìo

ponto, cíira-se ele a "pc.íodo formativo nicial quevai dasorigensno sé-culo XVI com os âutose cantosde Anchieta, às Academiasdo séculoXVIII" (p. 18),o queé uma cortüdição em Ìelaçãoao todo doutÍináÍioexposljonessae naspáginaspróximas:Em suma, iteratuÍa brasileiÍa sóexiste com osárcadesmineircs,asúltimas academias ceÌtos ntelecfuaisiÌustrados, quando "surgem homens de letras fomando conjunlosorgânìcos,marÌifesta[doem gÌausvaÌiáveisa vorlÍúe de Íazet iteratwabüsileiÍa". Passemos or alto sobrcessaa-fiImativade que essesescri-toÌes "quisessem" azer lteratum bmsileiü ao conrário dos anteriores,quc,nãotendo vontadedeliberadade "fâzer" liteaatuÌ'a rasileira,pÍodu-ziramapenas mâJrifesÍações"iterárias,uízo quedificilmente se ajustaàobrade CÍ€góÍÌo ou Vieira.

Por conseguinte,ìteÍatura bÍasileiü só existe,paraele, quandoseconsütuiu o sistemagÌupal, critério de cítica sociológicaaplicado aofenôrnenoite.áÌio. Não desdeDhando,oÍém,o cÍitéÍio, a suâ aplicaçãoéquevai úvalidaÍ a tesec€ntral,o pÍincÍpio de ordemda conc€i$agãohis-toÌiogúfica deAntônio CâÍdido.

Em pÍimeiÌo lugar, esseprincípio é o me,súoque vêm aplicandoàinterpEtaçãôda iteratuÌabrasileirae suaoÍigem,os histoíiadorespoÍtu-guesês, esdeGaÌrett, o queé compreensível'ois encammo temada suaperspectiva eÍrovocdodzádor. O quenão se admiteé quecrnrinuemosa repetiressadefiniçãodo problema nteiÍamente ontÌlhia aospontosdevista bmsileilos. A litemtura bmsileim não começou no momentoarcádico-romântico. em de antes,paniu do instanteem queo pÍimeirohomemeuropeuaquipôso pé,aqú se nstalou, niciandouma nova reali-dadehistórica,criândo novilsvivências,quetÌaduziuem cantose conlospopúares, geÍminandouma nova litgraìtum.Naqucle instante,criou-seum homemnovo, 'bbnubilando", comoqueriâAÌaripe Júnior, o homemantigo,o europeu.Foi o homembEsiÌeiro.

E com ele se "formou" a litefttura blasileim, tendobastadoDarassoqueum homem ovo senÍisseonladc e exprimiros seus entjmentosemoções iante da rcalidâdenova.O público em escasso,masexistia, doconformidade om ascondições ociaisdaépoca.Era difeÍenteapenas oque se nstauroucom as academias,mas não sepodedizerquenão hou-vessepúblico paraos epigramas e Gregório

de Matos epÍra

os seÍmões

Conceito de LitemtuÍa BrasileiÍa-+""". --. **. "*. . *

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deVieiÍa. Era um público de acordocom a olganização ocial elemeotar! a socieade arcfeita da colônia, mas era üm organismocoletivo que

rcÊpondia e maÍIeirâadequadâ intençãodos dois autoÍes Como,pois,

falar-seem auséncia ePúblico?FormÂção a iteÍatura brasileiraocoÍe desdeo iÌúcio da civilização.

Considerâr literaturada épocacolonial "um aspectoda iteÍatuÍa portu-iuesa, da qual não pode seÍ destacada";consideÍá-la a litemtrua co-

muú" , ou "litetatum luso-brasiteira",pareceumaposiçãoabsolutamefiebÃustentável o atual estádiode evoluçãodo pensaÍÌentocrítico blasilei-

t!. ConsiderálapoÍtuguesa ópoÍqueo BÌasil era colôÍIia dePofigal é

UmcÍitéÌio político aplicadoà definiçãodessa mduçãoüaerária'á nitida-

lrente brasileira,alémdisso abrindomão deüm patrimônio por todosos

úíúos apreciável inclusive esteticamente m que peseÌÌlas tradicionaistÈstÍições iteratutaboje chamada arÍocado pedodo.Restrições erda-

dasdos pÌeconceitose reoÍias cíticas neoclássicas rcmâ icas, feliz_

mefie superados,mss que aida Íepo aú aqüi e ali naspáginasdessaobr&

Seo Brasìl era uma colônia poÍtica e mesmoculturSl,não se deve

lSquecerqueo espírilobrasileko,a brasilidade'á se vinha consúuúndo'

consolidandoe libeÍando havia úuito, antesda fase de 1750 a lE3ó'

Doúada por Antônio Cândidocomo sendo aquelaem que "surgem as

btsesde umâ literaturabÍâsilei8 orgâoica,comosistemacoeÍentee não

nanifestaçõessoladas" p. 64). O própdonativismopoutico á semani-

tcstam,e úo se compreenderiaueo espíritonativista á existisse'como

$sinala Antônio Cândido,em 1759, se não viessefeÍmentandohavia

ttruito, e nas Academiaso própÌio seffido de "esquecidos"(1724) eíbrasílicos"é nitidarnente atlista.

O mais mponaJÌte, ontudo,é a incompreensão o papelda iteratu_

Ìg baroca, ou antes,do espíritobarÍocono Brasil' fcnômenoque vem

rcndoposioemrelevo útimâmeote.A visualizaçãodo baÌrocobrasileiDpõ9por t4na de todo a tesede Antônio Cândidodequea iteratum brasi-icira teve a sua "formação" com o petíodo arcádico-neoclássico'mmântico.Poisessa fomação" sedeu com o baÍoco, coma mão barÍo_gadosesuítase sobo influxo espaÍúol.

É curiosoo fato dequeemPoÍugal ÍIão encontrouo baroco um cli_

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Aftânio CoutiDlo conceito de LiterutuÍa BÌasileira

ma favoaávele não se Íaduziu em exprcssões e alto valoÍ liter&io. Opesodo quinhentismoe o prêstÍgiodo Renâscimenfoá nãoderamazo àexpansãoda mentalidâdebarÍoca.Mas M oütro motivo, estepolítico esocìal. O barroco foi um fenômenoespanholque os portugleses nãoviaÌn com bons olhosporque mpoÍação cultulal quese somâvaà domi,

naçãopo1ítica,udo contra o queÍeagiu a consciênci âcionâlpoÍugue-sa. DaÍ toda aquela erÍninologia pcjomtiva aplicada à aÍte baÍrocagongorismo, ulísmo, e mais a coÍrdcnaçãoo bauroco omo arte do exa-geroverbal e da obscuridade rccurâda-E daí &nbéma condenação es-sa arte e a reaçãocontm ela empreendida elo aÍcadismoem nome dasimplicidade cussica. O aÌcadismo,diz muito bem Antônio Cândido,éüm neoquinhentismo.Graçasa ele seexpandiram sportugüesesonÍa obarmco, mportaçãoespânhola.O repúdioao espanhol ominadorenvol-vìa a repúsa ao barÍoco,expressão e arte espanhola. issose oma evi-dente ganhampúso após1640, umândo aü o aÌcadismoeoclássìco.

Poisbem, no Brasil o processooi divemo.EnquanfopamPortugalalibertaçãodo ugo estrângeiro e deviafazer no sentidodo Renascimentoquinhentista,a época de glórias da mcionalìdade,no BÉsil, onde nãohouve Renascimento, ideal nacional, o naiivismo, a onda de libeaaçãodo ugo português, enlimentos ueborbulharaÌn â alma brâsíeim desdeosprimeiÍos tempos,para er um sentidoânÍponug!ês, teriam atalmentequebuscar modelos ora de Portugal.Antônio Cândidoafirma que issofoi feito pela primeiravez no períodoaÍcádico,aomudar-sea vistapaÌaaFrança e à lúlia. Não. Isso foi feito primeiraÌnentena ópocabamca,deixando-seo espírito bnsileúo encharcar-se e influência espanhola,

aÍavés da afie barroca. E as duas maiorgs expÍessões ÌteráÌias dacolônia, Vieira e Grcgório, são tambémas duas maiorgsexpressões obaüoquismo brasileiro,quedominoupor completo a literâtura da épocacoloíiâl, penetrandoncÌusiveaté o períodoneoclássico, té às vésperasdo Romantismo.E o pópdo JoãoLúcio de Azevedoquemassinala es-panholismo de Vieira, formado á em pÌeno clima filipino. Quamo aGregórìo,não seráprecisoacenBarsuadívida notódx aosgrandes aro-cos espanhóis. dispensável rclerênciaàs outras igurasmenores,odasdo mesmo eor. Assim, o barroco, lo Bmsil, tem um câráteressencial,mcnte nativìsta de reaçãoao poÌtuguês,do mesmo modo que a reação

Slcádica o barÌoco,em PoÍtugal, eve um curho nitidamentepolítico an-llesparhol.

Douüo modo, não se comprcendeda oda a art9 colonial brasileirutlo-liteúria, associação o espídto bamco às mÂis ousadasaflrmaçõesrrbrasileiras",como é o casoextraordináriodo Aleijadinho. lsso é b.asi-

l0lÍo ou não é?E seó, como ninguémpoderianegat como conciüar-setü asseftiva om a da ausência ebrasilidadena mentalidade o homemblâsileiro da épooa colonial? E como aceitar a tese da "formação" dal[€mtula hasileira depois de 1750,quandoo espírito büsileiro já davalds mostras de údividualidade? E quando,mesmo na literâtum, umoEgório de Matos á fala a mesma inguagemdo Aleijadinho, a lingua-

lÊm da civilização crioulâ,mestiça,queaqui seplasmavâ?Tirdo ssoá eraBrasìl,á aÍavésdessasxpressõesespiito brasi-

hlrc falava, e, pois, á estava foÍmado" ou se formando,o que exclui aItléia e sua ormação penas cpois e 1750.Nesse eíodo o queoco!-

tlu foi o processo e âutonomia, ão de formação.ParecequeaÍ resideolquívoco:na falta de distjnçãoentre "formação" e "autonomiâ". Când1do

Donsauesóhá iterarurauândo suaprodução deliberâda.mpeúa-Êl (conceito ocial./. ubeslimandoproduçdo nterior 1750poÍ essalltto, isto é,porque, seuver,nãoeracmpeÍhadap. 19).O defeiro elu&visão cítica dessaiteratuú estáemqueele transferecdtérios atuaisI Na compreensão,omo se a vida Ìiterárìa na colônia fossecomo hoje(lllás úo era assimnem mesmonos mvoseuropeus).Poroutro ado, eleËpete e plolonga o cÍitório cdtico dos românücos que locÂlizammnaÍlic arcádìca iúcio da ÍLossa'retladeìrc iterutara" (p. l9), "qeídadel-

!l[ grifada por e1e, omo se a queseprcduziu antesnão tivessesido ver-Ëldeira.

A consciôncia lasileira é o rcsultadoda estrâlificâçãode conscìen-

dls - a coÀsciôncia ativista (daépocacolonial), a coirsciência evolu-$onária(naépocada ndependência), consciênciaegional,a conscicn-dl nacionâl,dentro dasquaisvárias subconsciênciase desenvolvenmeloncorreramparao todo, como a consciência andeimÌlte,a consciênciado humanismoúcial, etc. Na produçãodessaargamassa tuatamdiver-lot fatores rcligiosos, olíticos, ticos, ullurals, conômicos,squais

lÌltgirame opeíaraÌndesdeosprimeircsrempos,no sentidode coÍlstituiÍ

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Conceilode Literatura BÌasileiÌaAfÌânio Coutirìho

aÌgonovo,diferentedo paúâo eumpeupâÍâaqui tràisplantâdo.Não foipoÍanto, somentena fase arcádico-rcmânúca ue se prcduzìu a "for-mação" cssa onsciênciâ,conseqüentemente,essaitemtuÍa.Aí ocoÍ.reu apenasa autonomiadessamenÍalidadenova que sevinha ',íorman,do". E emboraa litelaturânão"vivesse" omo sistema oletivo,ela í

"eústa" antesdisso,úruação,aliás,queaindapeÍsista até bempouco,oque evou T.istãode AtâÍde àquela ómuÌa famosae ustadeque ,alitera.turabrasileira xìste,mas ãovive".

Mas naqueÌa asecolonial foi que,com a ajudada estóticabanoca, nconscìênciarasileiÌaomouposse a torm,pdmeiramenteelo.,seÍni-

mento da lerra" e depois pela "consciênciada teía", e por fun peÌâ'tonsciência da nacionaiidâde",confoÍme a perfeita discriminação dcGuilhermede Almeida na tese Do Se\timento Nacionalista ba Poesít)Brasileira, de 1926,asÍ\do dosmaispenetrântesobrea evoluçãode nos-sapoesia.

Tem razãoAntônio Cândido,poÍanto, eú afiImar quenãoé uma j-temtuú orgânica uncionandocomo sisúema oeÍeDtep. 64) a quc exis,tu antesaloarcadismo.Mas não sepodenegaÌ que á é uma ìitemtuÍa,que á se íormara", uenAo vivia", masá "existia".Assimo seu ivrodeverìa dcnomiÍrar-se âutonomiâ da liteÍatura brasileirà", e não '.for-mação".Formação eu-se aépoca anocae os padrões arÌocos ntãovigentes,e quedemm os fundamentos nossaconsciencia, oüm tão im-portanlesna época a pontode plasmá-la,qÌreainda hoje rcperculememnossa l,nae emnossa idademancira rofunda. onstitueÍn ìlitomaisvìvências m nósdo queos ârcádicosoeoclássicos.

A liteíaNrabmsíeira fomou-se"como baüoco.Como arcadismoK,mantismo,omou-se utônomâ. om o modemisrno tinsiua maiori,dade.

Aindâa prolósiroda rcsede Attônio Cândido equeâ liteÍanm noBrasilse "formou" no perÍodoarcídico-rcmântico,ntíe Ì?50 e 1836,seú nteressanÉomparaÌ siluação &sileira oma dasdemâisiteraturas alo mntinente iìÌnedcano,e verificar a soluçãohistoriográÍicaprc-posta elosntéÍpretesiterários, á vigente, cerca esituação imilar.

O Ípsultadoa que sechegada obseÍâção é que o Brasil é o único

p!ísamericaÌro Ìreabremão de todo um patrimôÍriocútural ou lÌterário,|tltr€gaÍl(lo-oaospoÍuguesessob a alegação e quea produção ìteúriadaépocacolonial é uma simplcs dependência a litemturapoftugìesae,Ítona o, dcve ser arolâda sob a etiquetader'lìteratumcomum"(AntônioCândido)ou "literatum luso-brasileim" (Ronaldde Carvaìho),ou qual-quer

ouüa fórmula, inclusivea famosae absurdade"Ìiteraturacolonial",(onÌanto ue fiqueexpresso carárcr e depend€ncia.s historiactorespÌtuguesesvão ao extÌemo de abÍir nas suashistóriase antologial de i-FÍaturaportuguesa, apítutospara nctusãodessaproduçãopor elescon-

derada, acificamente, ropdedade acional.Foram,aliás, Ganet e Fer-dlnand Denis, quem iniciou essa mdição, Íepetida pelos brasileiros,0omoSoteÍo dosReis, autoresde velhos manuaishoje cediços,mas ànrstados quais se ditundiu essaconcepção,aiÍda repetidamuito maislüde, poa nércia ou falta de coragemde Íomper com as idéias feitas.lobÍetudopor um falso senúmentalismo m ÍelaçãoaPoÍtugaÌ,quesacÍi-

llcaos nossos nteressesÌelo Ì€ceiodemagoarsuscetibilidadesundadasün equívocoshistóricos.Queofensa odehaveÍaPortugal om eagira esse incípio supera-

doe en6neode quea litemtuÍa pÍoduzidana fase colonial nãofoi brasi-bìra,maspomrguesa,uandoudo ndica, esde análiseemáticâealeo-lógica,desdea movimentação Íinalidade,desdea írÌguaatéo sentimen-10,que tudo se difercnciavadesdeo início e câminhâvapara uma ex-Ífessão iteúria rcva, expÌessãodo homemnovo que aqui seplasmaval0goquese niciarâúa conquista a colonização?esmoqDandoigo-nva o estatuto políticô) colonial, á os "brasileiÍos"Íeagiamconlü ele e,

lobretudo,á o espírito brasileirofÌutificava nasaÍes, nas etras,na fala,ür produtosnitìdaÌnente runsfoÍmados, m formasquesãonovidades e|| encararmos,ãoclapenpecúva onugüesa, asdo ângllo brasileiro.I hora, onanto, e reagirmosontmsemelhanleolocação o problema.l renospriva de áÌeamui significativa do patdmôniocdtural brasileirc,üáxime pelo fato mesmode ser a paÌÍe inicial, aquelaem queo espÍriÍo&Íminava t€ndo contra si todosos fatoresmais adve$os. Por isso mes-moé que merecea nossamaior admiraçeoe graúdão,e nâo o repúdio,tômofomosacostumados tratá-la,pelos portugueses seusseguidores,rcb o pÍessuposto e quesão subprodutos nísücos,aÍte degeneradae-

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Afrânio Coulinho Conceito de LiteÍatura Brasileira

sultantedo cultivo do exagero eÍbal,o quea cítica maìs ecente em Ìc_batidoe revisto, à lüz do conceitode barroco iteÍáÍio.

Fomos educadossecularmcnte uma subseryiencìâ o pensamentolÌrso, de todo em lodo indigna de um povo cul ralmenteautônomo.E 0velho complexocolonialquenospõenessaatitüdehumíde, quenos eviì

a renunciar a umaparie

denossa

cultum,e, o queé pior, semqualqueÍ

razãocientificamenÌe álida de teoriahisroÍiográfica.Se compaÉrmoscom o que fazem os histoÍiadoresdas outms itera'

Ìums lmãs do condnente cremosquãodiferenteé o critério. E geral,en_Ìre eles, a idéia de considcraÍ itemtura ameÍicaÍÌa sejaqual for o pÂís- tudo o quefor pmduzidocomoaÍte iterária Íraépocacolonial, é claÍoqÌrc ratandocomo temtura, de confomidade çomo conceito ato de gô'nero entãopredomìnante,odas as pmduçõesdo espírìlo. De qualqueÍmodo, crntudo, já é litsrarurapópÍia do pals.Tome-se,por exemplo,nmais modemabistóíia liteúria dos EstadosUnidos, a de Spiuer,Thoíp.canby, Johnson,e lá se veÍá a paíe colonial como início da liteíatÌÌranorte-auncÍiciìrn, issonumasituaçãopolíticasem a mesmaunidadequcofeÍccia a colônia brasileim,

vejam-s€ ashisóÍias liteúrias dospovoshispano-uneÍicanos, é iìmesmacolocaçãodo assunto.TorÍes Riosecoestudaos séculoscoloniaiscomo o Immeirc passoda iteíaturahispâno-ameÍicana,ondoem íelevoaquelaprcduçãodeÁde séculoXVI, que eve caücteísticas aparcntada\com as da nossa,parâ penetúr no século barroco,no qual a situaçãoidêntica à bÍasileira.O mesmo az Luís Albeno Sanchez,qu€ enlÊ emmaioÍesdetalhes,analisando, lém da üteÍatumaboígine, a liteíatuÍa doscronisras,viajantes,épicos e catcquistas,udo muilo semglhante o quc

sepassou o BÍasil, nclusive om a máqualidadcsútica,emgeral, es_saprodução,masnempor ssomenos ignade alenção u alevencloeldesprezada.té um fmncês, ubrum, umpequeno anualColin,segucnesse ontoaspegadasoshistoriadoÍesocais.

Esses s quetratamda Ìiteratura ispano-americanam conjunto.Mas o mesmo corre om oshistoriadoresasdiveNas teraturasacio_nais.Veja-se, or excmplo, esplêndidonsaio e Femando Ìegria, ,,PoesíaChilena Ongines Desarollodel sigloXVI a XIX), de 1954,lá estãoos escrirorcs oloniais, em que, odavia,a sua mportânciaequivalhaà dos nossos m volume e qualidade.

DiÌ-se-iaqueassim azemos historiadoresocais,no inteÉsse ospóprios países.Esseargumento, ueviria, aÌiás,a favol dâ teseaqui ex-Dcndida, aipor tena, Íro entaÌÌlo,seexaminarmos mélodoquenoneia osmodemos istoÍiadoresdasmehópolesem Elaçãoàs iteÉtums coloniaisDcstarte,os inglesesnão nclueÌn a litemtura americana a liieratura in_

glcsa,a nãoserquandose ratade hìstóriaiterária do "Engüsh-speaking

Pcople",o queé diferente.Mas nâ literafura nglesânãoentraaproaluçãoooloíial amedcana omo iteÍatura nglesa.E, ao conuário,osqueesffe-rcm â histó.ia literáÍia americana, omo Ma.cus CunÍìffe, em oovo e ex-Cclcntemanual, incluem a litêmtura da fase côlonial como Ìitelatumlmericana.

Assimo fazem os esparúóisquaÌÌloà literaturada AméÍica esparúo-lt. O púpÍio MenendczPelayo,no pÌogrÀnade itemÌurÀespânhola, ãohclui neÌa a pÍoduçãoameÌicana.Tâmpoucovalbuem Pml na sua ad_mirávele talvezmelhorhisóÍiâ literáíia aindaescrita.E úo notávcl ivm

dcCeorgeBrenan,um dos maioÌeshis?aÍìistas a InglaterÍa,o cÍitéÍio éo mesÍno TheLiterature oÍ the SpanbhPeople, 1951), sto é, ütcraturaOspaúolaé a quesepÍoduzem Espanha não na AlEéÍica, a despeilodoC8Ìatuto olílico eúslentêentre a Metópole e as colôniasda AméÍica.Eque,exatiunente omono câsobrasilciro, s€m embargodos aços de de-

lendênciapolíticâ, o espÍÌiÍo de autonomiaá se fazia sentìr e se desen-volvia largamênte,em detriÍento da mentalidadedo povo colonizadoÌ,vatedizêr, emfavor da formaçãodifcrenciadade umanova dmlogia na-clonal,quese râduziaatravés a arte,da iteraturn,da fala, dos costìimesGsentimerìtosovos.

A conclusãoa quese chcgaé queé a pópda teoria histoÍiográficaqueesÍá enadanessapostulaçãodo pÍoblema coloniâl de nossa civili-mção,quecomeçou om a aÍe e a liieratum anocas,ormando ssimDbstÍato dc nossacullum. Não foi o peÍíodo arcádico_rcmântico,on-íoÍme a opinião de Antônio Cândido,em seguidaa outros Ìistoriadoresdgsdeo ÍomaÍismo, que constitìriu a "formação" de nossa itemturâ.Essaé umatese rcacionária,poÍu8ìresa,só explicáveÌpelo marasmodatloÍia hisioriogúficâ lusa,quearlda rcpeteos esquemas fóÍmulashojeInieirameDtcnaceitrveis.Felizmente,poÍém, mesmoem PoÍfugaÌ, a re-vlsãogonçgitualnesse errerìoá sefaz sentir em ientativasde modemi-

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AfÍânio Coutinho Conc€ito de LüeratuÌa Brasilcira

zâçãoe atualização a historiogúfia iterária,como o livro de OscarLopes,quenão eln apÍelensão e açambarcarbrasquenãosãoportugue-sâs, oÍquesãobrasileims. om exceção e Vieim, queos potÍDguesesâjnda evaÌãoúuito ÍeÍn[n paracederà evidôncia e que é bÍasiÌeiÍDnão ponug!ês.

A autonomiada iteraturanas AÌnéricasé problemaquese âpresenta,coúo seviu acimâ, e gualmodonospaíses ecdtum usa, nglesa es-panhola.Por isso, nessese nouüos casos semelhanies, eve imDorlaÍrnuiloa nós a experiênciaosou!.ospovosnoÍe e sul-âmericâroì. o"SupÌemenlo iteráÌio"do limer de lrndÍÊs (6-XI-1959), edicado"TheAmerican magination", á um e$aio sobre "Íeconhecimentoaliteratura mericana a IngÌaterÍa", uesifuao problema m leÍmosdeabsolutaadequação o casobrasileirc no que respeitaàsrelaçõescom aliteütura portuguesa.Por isso metecemas consideraçõesão pertinentesseÌ esumidasara onfiÍmar s eses quiexpendidas.

Assinala anônimo nsaísta geÉl relutânciaos ngleses admilirquea üte&luraameícanâ ossui uas rópriasÌadições seus rópriostraços istintos, quesua endéncia atural ra,atébempouco empo,considerá-laaÍe da ileraturangesa,porque scrita o úesmo dioma.Contudo,a intensidadoda experiênciaaÌnericana a alta seÍiedadedosgraÌdesescritrores medcanos fato quenãomaispodemnegar.

No qÌre onceme quanddâde,ãosepodgesconderpeso a itera-tum americana.Mas os inglesesachamqueos americanosêm uma ten-dência umaaceitaçãocútica e seus scriloÍes.emembargo, oponlode vistadaqualidade,

epois eexa$inadâ contribuiçãomericana,ãohá dúvidaquesejustificaplcnamente,omomostra aÍigo, a existênciade uma iteraturandependente.sse econhecimenioãoquerdizerquea litemruraamericanae renhadesenvolvidonteiramenLà.or si, imrelaçãocom a inglesâ.Ao contÍáfo, atéo séculoXIX é óbvio e natumìadependénciâ a literaturaamericanaem Íelaçãoà inglesa,e uma lertilização ruzada indapeÍsisle.Masessa ependênciaãoesconde falodê quea literaturâ mericanaesenvolveuospoumssuasprópÍiasra,diçaes características.

E isso aconteceu orqueos americânos aosão ngleses, ivem num

unbientg diferente,com urn passadodiverso. E a litemtum americanatxiste porqueos amefca[os a escpvem.

A IngÌâtena oi uma semenEira e difercnles pos,e quarÌdo uasÍoudas c ransplantarâmarâoutras egiões, elválicas de clima diver-!0, seriadifícil espeÍaÌ ueas lores ivessem mesma uaüdade.ssim,

oqueseganhaao coÍrsìdeEra Ììteratümamericâna êparadamente uma

compÍeeÍÌsãoa mesma, a nãoserquea consideÍemosm termosdebeupróprio desenvolvimetuo pois esse deseovolvimentopúpÍio sedeua despeilo a nfluência os jvÌos ngleses cla nãopodesordevi-daÍìente studada.

Os coloni&dores inSlesesquc oran pa a Améríca naturalmentenãopensaramqueestal)arn scrcveidoalSochamado " iteratura aÌneri-ídn4" do mcsmomo.lo que os anglo-sa.xões ão ulgarum Beowulf oaTheSeafarcÍcomoneterial paru o capítulo dc abertura da literatura in-Blesd.Não obstante,assim como sepodz ver Ms escribs dos aüglo-

taÍôes o mai! remoto nício da ltngua e do espíritoqueírian con"stituÌrtlória da lnglüeta nos séculosXVI e WII, os escrítos dos colotrosuncrícanos podem ser consìdercdoscomo o ìnício do ltnguo e doaspírííoque Iorcsceriam ha Amé ca durante o século X[X. Não é so-ìnznteuma questõodê díerença consciente embora sso, tambéh, sehajadesenrolvido se ornado mproblema msi mermo.E antesumaquestõo e um cetto típo dc ínglêsvivendonwna terro estranhde nãoso-nentedcsenvolvendo, travésde umperíodade tempo,diÏerentesêní^sesia língua e nos assuntos ueetum ìdênticosaosda Ingloterru, mastam-bémciando um now idiona e selecíondndo iÍerentesassuntos.

Que inÍÌuência tedamfeito Hawthome e Melville tão diferentesdeDckens e Thakeray? Primeiro, podemosexaminar a lìteÍatura aÌneri-Cana csdc o séculoXVII ao século XX e aÍrotâro q\re os escritoresünericanos ôm em comum.Ëm segundougar,podcmoscompararas i-lomturasnglesae americana.Destamaneira,é possível dentificar as ca-Ìacteísticâs istintas a iteÍâtuÍa mericarìâtÊçaÌo rnapa o seucres-gimento desenvolvimenrctlâvés emaisde rezenlosnos".

"Desde emo ìÌÍcio, a üteratìlra medcanaxibiucaracteíslicasueI maÍcar:un,eve, oÍémclaramenle,iveNa a nglesa".

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AfÍânio Coutinho Conceitode LiÍemÍura Brasiìeira

Há traçoscomunsaosamericanos as magens, os assuntos, mcerta natunlidade e sinceridade e maneirae tom, certa oÍtaleza de atitudcespiÍituale certoapcgoà terra, ao ado,é claro, da nfedorÌdadee Ìudczatécnica.Issoo quedálugaràs uasinhas asetmsameÍicanâs,simbo-listae a Ìealista, sduas Ìadições ásicas,ueseencontúmem odosos

escritorcs,Ía soladas,É fundidâs, radiçãogenteel" a vemácula,"paleface" a"redskin".

Ler o li&ralura anericana do começoao rtm, em íe tos de seupróprio desenvolvimento, comprcênder ueas sutíspressões uea,uamem todos os escritoresem todosos lugarcs têmsído heÍú maisdrferentesna Amé ko do quena nglateïa, e conhece,por um exatne al prol)alsoqueÉm sido essas ressões atticulaks é compreend.ersobtas anerìcanas ielhor do queseas colocarmosòforya dêntro de uÌn contëtto in-glês.O americata conhece ssat coisaspor umprocessod4 osmose spì-ritual; ele sabepelo sa gue que úve num clima cultural diferente,e o

únicomeioporuum estrangeiroepenetrar esse lítluté mergulhar sìmesnlo nas corfentes da llteratufa aneficaní, (,..) um escitof nõonosce no vócuo,nem1)ive ele. (.-.) O esudo do litelaturu americonadêw serfeito por ela mesma,e sópor ela.

Como se vê, a definição o problema a iteratumamedcanâ eloensaÍsta nglês é de todo idêntica à que foi defendidanestaspáginasquaÌìtoà origem e diferenciação âbrasileiraemrelaçãoàpomrguesa.

Umanovasituaçãoistórica eu ugara um novohomem o brasi-leiro- dcsde início da colonização, este riou umanova itcraturâ.

Escassa, pdncípio,esteticamentonfcrior,mas ipicamente rasileira,nosassuntos,inguagem,magens, moções ideais eicúados. litera-turâbrasileiÍa omeçou,ortanÍo, o século VI parao XVII, e Íoi a aÍebarÍoca o vcículo ideal paraesscsprimeircsvagidos de umâ nova aÌmapopulare nacional. oi o estiloque eve adcquaçãoom aqueÌes enii-mentos aalmabrasileira m sua úáncia.E nãoo estiÌo cnâscentistaseuscflexos.

Em conclusão, s denominaçõesera luso-brasi1eim",fâse coÌo'niaì", "literâtum comum","literatura luso-brasileira",parâdefÌniÍ a pro'

dução iterária do Brasil no peíodo anterior à ildependônciapolítica, e"cranacional", literatuü nacional", era autonômica",aü desigúaÌpÍodução poslerior à indcpendência,não mcrcccm continuar fazcndopÂrte o vocabuláriocrÍtico I histoÍiográficobrasìlciro.

A disdnção oloniaÌ-nacional,omo divisãopeÍiodológica aü a

cvoluçãoileráriâbÍasileiü,nãopossui aìidade ríljca.E uma órmuladc meÍo conleúdo olíticoaplicada liteÍatum, os modemoseodza,doÍese estudiosos iterários mais óalizados procummesÍabelecer mâconceituaçãoueÌibene a historiograÍiac cítica do vocabuláriopolÍtico,cstabeleceÍdo estudocúico da iteratum com terminologiapúpria, es-p€cífica.

ChaÍnarde colonial e nacional uma iteraturanão é defini{a, é ape-nasdizerqueela se produziuÌuÍnacolôniaou numanação.Que valordefinitório,do ponrc de vista crítico-liteúrio, 6m essesermos?PorouÍas paÌavras, ueé iteruturacolonial ou itemtuÍanacional?

Esses ermos íoram introduzidos no vocabuÌáriohistórico,literáriopoÍ historiadoÍesque não dispunham,no tempoem que o fizeram, deuma ilosolÌâesÉtica ahistória iteúria.Estavam mplena asedas en-tafvas,nospÍimórdios ahistoriogaÍia iterária, mquccstacra subor-dinada historiografiaolítica.Quenosdizquedcvamos, inda ojê,se-8ui-los, bedeceros eus Íitérios conceitos,uâÍdodcsde ntão queI çiôncia historiográfica e vem desenvolvcndo adquirindoseusPúprios rccuÌsose vocabúário?

Por ou&o ado, chamaÍ de luso-brasileiü â litemtura produzidanosEéculosmqueo BÍasileÍacolônia ePortugal u heera igadopolitica-

mmte, tampoucoé deÍìnir coisa alguma.E üma simplesdesignaçãogenúica, emqualquer onteúdoiterário.Demais isso, falsa, orqueliteratura ueelâ visaa designar ão é luso-brâsileim, nãoserporqueBÍasile PonugaÌ onstituíammaunidade olítica.O queelaé, na eâli-dade, brasileira, eia emática, ela íngla e estilo,pelasaspiraçõesemoçõesmduzidas. e modoquenada uslifica Ìeimamosem usí-laContinuandovezodosantigos isúoriadorcsiÌeráriosusose brasileiros.

A crílica iteráÌiade cuúo estóticoá possui ojeum termopamde,6ignar prcduçãotcÍária daquele eíodo nicial,É o termobaríoco.AliteraturabÍasileiràda épocaé uma iteratum banoca- poesìae prosa.

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A-ftânio Coritinho

Pat'ao peíodo s€guinteadatingiÍ o Romantismo,o quetemosé o arca.alismoe o neoclassicismo.Poftanto,o peíodo que preÌendeser coberÍo

pelâdenominação e "eü luso-bmsileira",denominaçãonfeüz por todosos útulos além de vazia de sentido iterário, clmpÌeendeo barroco,o ar-cadismo, o neoclâssicismo.esignaçõesstas ueconespondem reâlidade iteráÍia

e estética, os estilosestético-liteÍáÍioso período.EqÌrandoas enunciamos abem odos, mediatamente, quesignificam dopootodevista iteúrio, diveÌsamenteasdesignaçõese uso-bÍasileiracoÌoniaìou nacional-Poisbüsileira é aantoa literatuÍado peíodo bano-co ou arcádico, uanto do simboÌismo upâmasiadsmo.

Assim,portodosesesmotivosé retardaúria posição osqueaindausam aisconccitos ediços,omoé o casodo üvm de AniônioCândido.E uÍìa obraquc surgiuâtrasada. everia cr sidopublicada m 1945,quaÌÌdoclaborada.Entãoficâria com o significadode obra de transiçÍoentÌea concepçãoítico-hisúoriográIicaeSflvioRomero, quesc iga

pelasuaconceituaçãoociológica, as novasaspiraçõeso estabelcci-mentode critéÍiosestéticosarao estudo o fenômenoiterário,queolivro namora,emboü tentando epeliÌ,e queconstituemasprcocupaçõcsatrÌaisda nova cíiica bEsileira no que tange ao e$udo da litcratuÍa dopâssado do pÍesente.