Ano 3 | edição 143

RIO DE JANEIRO 14 a 16 de dezembro de 2015 distribuição gratuita

Facebook

Esportes | pág. 15

Em entrevista ao Brasil de Fato, o professor de Direito Constitucional da PUC, Pedro Estevam Serrano, alerta para o perigo do país entrar na era do “vale-tudo” na política. Entrevista | págs. 8 e 9

Impeachment contra Dilma é fraude, diz jurista

Participe de ato de rua na Cinelândia na próxima

quarta-feira (16/12), às 16h

Marta ultrapassa

rei do futebolA jogadora de futebol

Marta alcançou a marca histórica de 98 gols com a camisa do Brasil e supera Pelé

TRANSPORTE Secretário estadual de Transporte do Rio de Janeiro, Carlos Osório fala sobre os problemas de sistema público de metrô, trem, ônibus e barca. Entrevista | pág. 5

Stefano Figalo / Brasil de FatoDivulgação

Movimentos, sindicatos e partidos pedem a saída de Eduardo Cunha, criticam o golpe do impeachment e reivindicam

mudança da política econômica do governo.

EDITORIAL

Segunda-feira, 14 de dezembro, Rio de Janeiro, Brasil

º C | F31Tempestades com

raios isoladas

PREVISÃO DO TEMPO

EXPEDIENTE

Desde 1º de maio de 2013

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora com edições regionais em Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco. O Brasil de Fato RJ circula todas as segundas e quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.

CONSELHO EDITORIAL:Alexania Rossato,Antonio Neiva (in memoriam), Joaquín Piñero, Kleybson Andra-de, Mario Augusto Jakobskind, Nicolle Berti, Rodrigo Marcelino, Vito Giannotti (in memoriam)

EDIÇÃO:Vivian Virissimo (MTb 13.344)

SUB-EDIÇÃO:André Vieira e Fania Rodrigues

REPORTAGEM:Bruno Porpetta e Pedro Rafael Vilela

REVISÃO: Sheila Jacob

COLUNA SINDICAL: Claudia Santiago

FOTÓGRAFO: Stefano Figalo

ESTAGIÁRIO: Victor Ohana

ADMINISTRAÇÃO: Carla Guindani

DISTRIBUIÇÃO: Kleybson Andrade

DIAGRAMAÇÃO: Juliana Braga Leonardo Daher

TIRAGEM MENSAL: 200 mil exemplares

(21) 4062 7105redacaorj@brasildefato.com.br

Essa cartada de Cunha pode ser, assim, um explosivo sinal de alerta. Não se concilia com inimigos do povo

A lógica de conciliação de classes e projetos levada a ca-bo pela cúpula do PT – em es-pecial nos últimos meses – de-monstra agora sua completa falência. Ao tentar atender aos caprichos da direita e ceder em quase todas as esferas, o governo apostou suas fichas em uma tática que lhe custou a credibilidade.

Fica claro que tantas conces-sões – ajuste fiscal, corte em programas sociais, privatiza-ção e recuo no terreno dos di-reitos humanos, entre várias outras – não foram apenas re-sultado da chantagem. Sinali-zam a crise profunda de hori-zonte estratégico do PT.

Eleita para desencadear mu-danças progressistas, Dilma não vem cumprindo seu pa-pel. Pior: seu governo vem se transformando apenas num balcão de negócios, em que o mais forte e o que grita mais acaba sempre vencendo.

SINAL DE ALERTAEssa cartada de Cunha pode ser, assim, um explosivo sinal de alerta. Não se concilia com inimi-gos do povo. Eles não têm limites em defender seus interesses.

Tão logo Eduardo Cunha (PMDB) colocou em marcha o golpe do impeachment, as for-ças antinacionais e antipopu-lares comemoraram o pedido.

Aécio Neves (PSDB), o se-nador que até hoje parece que

um golpe como este, não há dúvida: é preciso defender a democracia e denunciar os ve-lhos senhores do poder, que tentam se apropriar da vida e do patrimônio público.

VOLTAR ÀS RUASVolta às ruas também a luta por uma verdadeira reforma políti-ca. Esse mau exemplo de Edu-ardo Cunha escancara a po-dridão do sistema político bra-sileiro. Financiado por empre-

Defender a democracia e mudar o sistema político

sempre mais privilégios e me-nos direitos.

Os movimentos populares, partidos de esquerda e as for-ças progressistas seguem em sua justa luta, reivindicando mais direitos, menos cortes, soberania e transformações. Todavia, sabem que, frente a

não entendeu que perdeu, che-gou a torcer por um calendário eleitoral antecipado. Esses gru-pos, que andavam desgasta-dos de tantas bravatas e pou-cos projetos, simbolizam o que a elite tem de pior: não acei-tam as regras da nossa nascen-te e frágil democracia e querem

sas, o deputado é fiel defensor de seus interesses, do alto de sua tribuna. Acusado com far-tas provas de corrupção, é pro-tegido por seus pares, sem que o povo possa se manifestar so-bre os rumos de seu mandato.

É hora de defender a demo-cracia. Muito além da garantia do mandato da presidenta, is-to inclui a participação e sobe-rania popular na definição dos rumos que o Brasil precisa se-guir. O povo tem um projeto e pode colocá-lo em marcha.

2 | Opinião Rio de Janeiro, 14 a 16 de dezembro de 2015

Div

ulga

ção

Divulgação

Octacílio Barbosa

Contra a privatização

Nessa segunda-feira (14), os bancários organizam pro-testo em todo o país contra o projeto de privatização da Caixa Econômica Federal. A lei PLS 555/15, de autoria do presidente do Senado, Renan Calheiros, e do pre-sidente da Câmara dos De-putados, Eduardo Cunha (ambos do PMDB), prevê a mudança de seu estatu-to. A intenção é transformá--la em sociedade anônima, autorizando a venda de su-as ações em bolsa.

SINDICALpor Claudia Santiago

Divulgação

Divulgação

Transexual recebe medalha Tiradentes da Alerj

A ativista transexual Gilma-ra Cunha recebeu a medalha Tiradentes pelo seu trabalho no grupo Conexão G em uma cerimônia na Assembleia Le-gislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), na quarta-fei-ra passada (9).

Gilmara é a primeira tran-sexual a receber a honraria, a mais importante condecora-ção cedida pelo Poder Legisla-tivo fluminense. Emocionada, ela afirmou estar lisonjeada por

Camila Pitanga em-barcou em uma campa-nha de combate à violên-cia contra a mulher. A atriz está usando suas redes so-ciais para divulgar dados e informações sobre o tema.

A Supervia mandou mal por não adequar as es-tações de trem às necessida-des de cadeirantes, portado-res de deficiência física.

mandoumal

mandoubem

AMBIENTE A cantora Katy Perry, embaixadora da boa vontade do UNICEF, participa de vídeo da ONU que mostra os impactos ambientais sofridos pelas crianças em várias partes do mundo.

FRASE DA SEMANA

disse o ator Wagner Moura em uma entrevista à revista Fórum.

“A PM é treinada para proteger o Estado, não o cidadão”,

Div

ulga

ção

Multas do BRT

O sindicato dos trabalha-dores rodoviários (Sintratur-b-Rio) conseguiu a suspen-são de todas as multas emi-tidas aos motoristas do BRT, geradas por falha no siste-ma. As multas foram aplica-das indevidamente nos meses de outubro e novem-bro. A decisão da prefeitura do Rio foi anunciada depois que os motoristas ameaça-ram entrar em greve.

representar essa parcela da po-pulação invisibilizada. “Acre-dito que esse é só um passo na construção de novas po-líticas públicas”, discursou.

O seu trabalho no Conexão G tem foco nos grupos LGBT do Complexo da Maré. O objetivo é o comba-te à violência contra lésbicas, gays, bis-sexuais, traves-tis, transexuais e transgêneros.

Geral | 3Rio de Janeiro, 14 a 16 de dezembro de 2015

Líder da Coreia do Norte diz que tem bomba atômica

Kim Jong-un, líder da Coreia do Norte, afirmou, pela primeira vez, que o pa-ís tem a bomba de hidro-gênio, como informou a agência oficial KCNA na se-mana passada.

Kim Jong-un disse que a Coreia do Norte “se trans-formou num poderoso Es-tado que tem armas nucle-ares, capaz de fazer detonar uma bomba atômica e tam-bém uma bomba H (de hi-drogênio) para defender efi-cazmente a soberania e a dignidade da nação”, acres-centou a KCNA.

Ele fez a afirmação duran-te visita à região de Phyon-gchon, na capital norte-co-reana, onde foi construída a primeira fábrica de muni-ções do país há seis déca-das. (Agência Lusa)

EM FOCO

KCNA

Divulgação

Fernando Frazão/Agência Brasil

BUSCA A polícia suíça anunciou que está à procura, em Genebra, de suspeitos de ligação com os ataques terroristas de 13 de novembro em Paris, ao mesmo tempo em que subiu o nível de alerta na cidade.

Já se passaram 14 meses do desaparecimento dos 43 estu-dantes da Escola Normal Rural Isidro Burgos, em Ayotzinapa, Estado de Guerrero, no México. Depois de muita pressão nacio-nal e internacional, a Procura-doria Geral da República (PGR), juntamente com autorida-des federais e familiares dos es-tudantes, acordaram trabalhar de maneira próxima na segun-da fase de investigação do caso.

A titular do Ministério Pú-blico da Federação, Arely Gó-mez González, reiterou que a investigação do caso, ocorrido

43 estudantes mexicanos continuam desaparecidos

na cidade de Iguala, continua aberta e se desenvolve com o apoio técnico do Grupo Inter-disciplinar de Especialistas Independentes (Giei).

Em entrevista à Adital, Jesús Mendoza Zaragoza, sacerdote da Arquidiocese de Acapulco, afirma que a “verdade histó-rica”, propagada pelo governo federal, caiu sob o próprio pe-so. “É necessário levar em con-ta que, no país, há mais de 26 mil desaparecidos nos últimos 10 anos, e os familiares de mui-tos deles encontram-se com as mesmas dificuldades”. (Adital)

Eduardo Santillán/Presidência da República

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou na semana passada que iniciará um processo de reestrutura-ção “em todas as áreas do go-verno”, sobretudo no gabinete de ministros, após vitória da oposição nas eleições legisla-tivas do país.

“Peço o apoio de todo o pa-ís, quero continuar com as mis-sões, as grandes missões, mas

há uma dúvida: será possível com a Assembleia Nacional nas mãos da direita? Deixo essa dúvida no meio do debate. Po-deremos continuar com o mo-delo de inclusão social, de jus-tiça, de felicidade e de socialis-mo?”, questionou Maduro.

Pela primeira vez em 15 anos, a aliança opositora conserva-dora terá a maioria qualificada no Parlamento. (Opera Mundi)

Maduro anuncia reestruturação de governo

Familiares garantiram participação na segunda fase das investigações

Presidente anuncia mudanças no governo, depois de eleições

4 | Mundo Rio de Janeiro, 14 a 16 de dezembro de 2015

André Vieirado Rio de Janeiro (RJ)

O governo reconhece com absoluta franqueza e transparência que temos problemas e grandes desafios na área de transporte

É comum encontrar um pas-sageiro que reclame do sistema de transporte no Rio de Janeiro. Para aqueles que utilizam trem, barca, metrô e ônibus para se locomover, a qualidade dos serviços é bastante questioná-vel. O Brasil de Fato entrevis-tou o secretário de transportes do estado, Carlos Osório, para saber a opinião do estado sobre a prestação do serviço.

Em nossas matérias, os leito-res do Brasil de Fato sempre reclamam da péssima quali-dade do transporte. O que o senhor fala para eles? O governo do estado reconhe-ce com absoluta franqueza e transparência que temos pro-blemas e grandes desafios na área de transporte público na região metropolitana. Infeliz-mente os sistemas ferroviário e aquaviário foram criminosa-mente sucateados durante 30, 40 anos. Estamos fazendo hoje um trabalho de recuperação. O passageiro ainda não tem a qualidade que merece, porém todos reconhecem, e eu ando muito de transporte ferroviá-rio, que houve um avanço.

O que está sendo feito no sis-tema de trem? Esses avanços estão nos nú-meros. Saímos de cento e pou-cos mil passageiros por dia, batemos o recorde em 2015 e estamos transportando 730 mil passageiros por dia. Recu-peramos a frota, aumentamos o número de estações e redu-zimos os números de inciden-

“Reconhecemos que o sistema não está no padrão de qualidade”, diz secretário de transportesCarlos Osório assumiu problemas no sistema e falou dos avanços no setor

te e acidente. Não que o siste-ma esteja bom. Nós somos os primeiros a reconhecer que o sistema não está no padrão de qualidade que o nosso passa-geiro merece e que são neces-sários investimentos por parte do estado e por parte da con-cessionária, para atingir essa qualidade de serviços.

A Fetranspor e a Riocard fo-ram denunciadas por embol-sar pelo menos R$ 90 milhões indevidos do saldo expirado do Bilhete Único. Qual a posi-ção do governo?Nós achamos que é indevi-do a retenção desses valores da forma como foi feito, lem-brando que tem amparo le-gal para o que a Riocard fez. A Lei Estadual do Bilhete Único diz que, após um ano, crédi-tos não usados são expirados. A posição do estado é avaliar a questão jurídica desta destina-ção e a solução é o governo do estado enviar uma mensagem à Alerj para modificar essa lei.

No caso do metrô, o bilhete unitário após o curto prazo de validade passa a valer R$ 1, fazendo com que o usuá-rio perca R$ 2,70. O senhor

concorda com isso? Eu tenho uma avaliação crí-tica em relação a essa posi-ção do metrô, mas nós enten-demos que isso é um tema

que tem que ser apreciado na agência reguladora e nos ór-gãos de defesa do consumi-dor. Isso é uma política de bi-lhetagem da concessionária.

Divulgação /Secretaria de Transportes

Carlos Osório, secretário

estadual de transportes

A CCR Barcas buscou o esta-do para quebrar o contrato. Como está essa situação?Eles têm um contrato de con-cessão assinado até 2023 e ele não permite o rompimento unilateral por nenhuma das duas partes. A CCR solicitou ao governo a abertura de resci-são consensual e pediu que o estado pagasse para a empre-sa R$ 500 milhões em indeni-zação, o que foi prontamente negada pelo governo. O esta-do montou uma comissão que está analisando em que condi-ções aceitaria fazer essa resci-são, mas não existe nenhuma decisão tomada. Em paralelo, está se organizando para uma eventual necessidade de fazer a licitação do sistema.

Cidades | 5Rio de Janeiro, 14 a 16 de dezembro de 2015

6 | Cidades

Presidente da empresa que administrava hospitais foi preso pela Polícia Civil

Verdade sobre a ditadura militar

O relatório final da Co-missão Estadual da Verda-de do Rio de Janeiro (CEV--Rio) foi entregue na quin-ta-feira (10) ao governo do estado, em cerimônia no Palácio Guanabara.

O documento de 456 pá-ginas identifica 183 agen-tes da ditadura responsá-veis por violações dos di-reitos humanos no estado do Rio, incluindo presiden-tes da República.

O documento faz 40 re-comendações ao governo, elaboradas com a partici-pação de movimentos po-pulares, ex-presos e perse-guidos políticos, famílias e acadêmicos.

O texto mostra que o gol-pe de 1964 foi uma ação das elites contra os projetos de reformas populares do go-verno João Goulart. (Abr)

Máfia rouba hospitais no Rio

Reforma agrária pode ganhar reforço

As fazendas dos maiores devedores da União pode-rão ser destinadas à reforma agrária. O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), a Procurado-ria da Fazenda e a Procura-doria Federal assinaram um acordo para que as proprie-

dades rurais desses devedo-res sejam periciadas e cedi-das ao governo federal.

O cruzamento de dados identificou 700 contribuin-tes que devem mais de R$ 50 milhões. Juntos são donos de 4 mil fazendas e um total de 6 milhões hectares. (ABr)

A Justiça mandou pren-der nove pessoas, na semana passada, acusadas de frau-dar o sistema de saúde pú-blica e roubar mais de R$ 48 milhões dos hospitais muni-cipais do Rio.

Durante a operação da De-legacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e de Inquéritos Especiais (Draco/IE) foram apreendidos joias, documentos, carro de luxo, in-clusive dois Ferraris, e cerca de R$ 500 mil em espécie na casa de dois dos detidos.

Os objetos pertenciam a Wal-ter Pelegrine Junior, presidente da Organização Social de Saú-de Biotech. Essa instituição re-cebeu pelo menos R$ 564 mi-lhões em contratos com a pre-feitura para administrar os hos-pitais municipais Pedro II e Ro-naldo Gazzolla, a partir de 2012.

Desde 2013, o Ministério Pú-blico do Rio de Janeiro está in-vestigando 12 Organizações Sociais (OSs) no Rio. As OSs são empresas contratadas para ad-ministrar hospitais e outras unidades de saúde pública do município do Rio.

Desde 2013, o Ministério Público do Rio de Janeiro está investigando 12 Organizações Sociais (OSs)

Em junho desse ano, uma investigação do Tribunal de Contas do município indicou que o Instituto SAS (Sistema de Assistência Social e Saú-de), a organização social que assumiu a gestão da Materni-dade Municipal Maria Amé-lia Buarque, no Centro, lesou os cofres da prefeitura em pe-lo menos R$ 1,1 milhão num período de um ano. Uma au-ditoria apontou que houve sobrepreço e serviços super-

faturados, e entre março de 2012 e o mesmo mês de 2013.

E não é de hoje que a popu-lação vem denunciando irre-gularidades no sistema de saú-

de pública no Rio. Na primeira semana de dezembro, dezenas de estudantes da área da saúde foram para frente do Hospital Universitário Clementino Fra-ga Filho protestar. A unidade suspendeu cirurgias e interna-ções eletivas devido ao atraso de repasses de verba pública.

No caso da Organização Social Biotech a investigação descobriu que os donos gastavam a verba de materiais e serviço dos hospi-tais em joias e carros de luxo.

População já havia denunciado irregularidades na administração de hospitais públicos do Rio

PROTESTO A organização Rio da Paz faz ato público em memória dos policiais militares mortos em 2015. Fotos de todos os policiais, vítimas de morte violenta, foram espalhadas pela areia de Copacabana, na semana passada.

Tânia Rêgo/Agência Brasil

Tânia Rêgo/Agência Brasil

Evan

dro

Teix

eira

Rio de Janeiro, 14 a 16 de dezembro de 2015

Deu no New York Times. O bar do David, no Chapéu Manguei-ra, no Leme, está na boca do po-vo. E dizem por aí que a fama de seus petiscos já rodou o mundo. O bar já foi tema de matéria em alguns principais jornais inter-nacionais. “Tenho muito orgu-lho do meu bar porque tem le-vado o nome do Chapéu Man-gueira para vários lugares do mundo”, afirma David Bispo.

A mistura do popular com o gourmet deu certo. Os croque-tes de pescados, a feijoada de frutos do mar e as costelinhas de porco ao molho de geleia de abacaxi são algumas delícias desse lugar. Além disso, as me-sas ao ar livre e sobre as ruas de paralelepípedos dão um ar pi-toresco e todo especial ao bar.

O local surgiu em 2010 e foi o primeiro bar em uma fave-la carioca a participar do con-curso “Comida di Buteco”. De-pois disso a vida humilde do pescador David Bispo come-çou a mudar de rumo. Simpá-tico e afetuoso com os clientes, dificilmente alguém passa pelo bar sem saber quem é o dono. Ele está sempre por ali, atento. Cumprimenta as pessoas, tira foto com quem pede, conversa com todos. “As pessoas que fre-quentam o bar me conhecem, me chamam pelo nome. Mui-tas delas inclusive conhecem minha história e do meu pai”.

TAL PAI TAL FILHODavid é filho de Lúcio de Pau-la Bispo, um dirigente comu-nitário que ajudou a construir a associação de moradores do Chapéu Mangueira, nos anos 50, e dirigiu a resistência polí-tica na comunidade durante a

Fania Rodriguesdo Rio de Janeiro (RJ)

do são parentes. “Minha famí-lia trabalha comigo, esposa, pri-mos, sobrinho. Ver minha assi-natura na carteira de trabalho de primos e gente que cresceu co-migo dá muito orgulho, mas sei também que requer muita res-ponsabilidade”, destaca David.

Mais do que um empreende-dor que deu certo, o empresário sabe que ele é fonte de inspira-

ção de muitos jovens da comu-nidade. Jovens que veem em David um exemplo de pessoa bem-sucedida, mas também de boa conduta e exemplo a ser se-guido. Que venceu sem sair do lugar onde nasceu e cresceu.

PAZ NA FAVELAA máxima de que paz não é apenas a ausência da guer-ra, mas também a presença da justiça social, traduz a realida-

Stefano Figalo/Brasil de Fato

Bar David é a joia do Chapéu MangueiraLocal ganha fama e se torna referência em comida de boteco no Rio

ditadura militar. Foi persegui-do e preso várias vezes durante o regime. “Meu pai era do Par-tido Comunista, mas era per-seguido mais pela sua luta na comunidade. Ajudava as pes-soas a construírem suas casas na favela, o que era proibido naquela época”, conta David, orgulhoso da luta do pai.

A tradição de lutador passou

de pai para o filho. Hoje, David mantém a resistência contra a pobreza e o subdesenvolvimen-to da favela. E um dos objetivos de quando criou o bar era e con-tinua sendo o de gerar emprego e renda. “Sempre dou priorida-de para os moradores da favela”, afirma. Todos os funcionários têm carteira assinada e direitos reconhecidos, inclusive quan-

de do Chapéu Mangueira. Ele garante que a vida mudou para melhor depois da instalação da UPP, mas que o projeto de pa-cificação chegou ao seu limite.

“No primeiro momento foi bom, mas agora está cla-ro que esse é projeto falido. O que nós precisamos aqui é de emprego, preparação para o mercado do trabalho. Se os jo-vens tivessem opções eles não se deixariam seduzir pelo trá-fico”, garante David.

Conhecido e bem sucedi-do, David nem pensa em sair do Chapéu Mangueira. “Aqui é meu lugar e é aqui que que-ro continuar vivendo”, diz ele.

A mistura do popular com o gourmet deu certo. O Bar do David foi o primeiro em uma favela carioca a participar do concurso Comida di Buteco

David exibe o prêmio que seu bar ganhou em 2010. Local se tornou internacionalmente conhecido

Cidades | 7Rio de Janeiro, 14 a 16 de dezembro de 2015

Pedro Rafael Vilelade Brasília (DF)

8 | Entrevista

O processo de impeach-ment da presidenta Dilma Rousseff ainda tem um des-fecho imprevisível, mas juris-tas já calculam enormes pre-juízos à democracia brasileira em caso de ruptura institucio-nal. No mais recente capítulo dessa batalha, o ministro Luiz Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), sus-pendeu na noite da última ter-ça-feira (8) a instalação da co-missão especial formada na Câmara dos Deputados que analisará o processo de afas-tamento da presidenta. A li-minar foi concedida em ação proposta pelo PCdoB.

Numa das disputas mais fer-renhas até agora, dissidentes da base aliada e partidos de oposi-ção manobraram, com apoio do presidente da Câmara, Edu-ardo Cunha (PMDB-RJ), pa-ra eleger uma chapa de 39 in-tegrantes, todos favoráveis ao impeachment, em uma vota-ção secreta e tumultuada. Pelo menos um terço desses nomes responde a processos e inquéritos na Justiça por di-versos crimes, como corrup-ção e desvio de verba pública. No total, a comissão especial terá 65 integrantes e pode-rá aprovar relatório recomen-dando ao plenário da Câmara a abertura de impeachment.

O processo segue paralisa-do até que o STF julgue a ação, que vai definir o rito constitu-cional para a tramitação do im-peachment. Enquanto isso, um grupo de renomados juristas lançou um manifesto conde-nando o pedido de afastamen-to da presidente. Em entrevista ao Brasil de Fato, o professor

Se o impeachment prosperar, política brasileira vai entrar na era do “vale-tudo”, afirma juristaPara o professor de Direito Constitucional Pedro Estevam Serrano, os fundamentos do atual pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff podem resultar em uma “fraude” constitucional

de Direito Constitucional da PUC/SP, Pedro Estevam Serra-no, que assina o manifesto, ex-plica que os fundamentos para o impeachment podem resul-tar em uma “fraude” cons-titucional. “Querem reali-zar o impeachment da presi-

dente Dilma a qualquer cus-to, sem observar a Constitui-ção”. Ele alerta para o risco de o Brasil entrar numa espiral grave de instabilidade insti-tucional, em que qualquer go-verno poderá ser questionado e até deposto pelo Congresso Nacional por razões absoluta-mente “frágeis”. Confira:

Brasil de Fato - O pedido de impeachment da presiden-ta Dilma Rousseff se baseia em acusações de que ela teria editado decretos suplemen-tares do orçamento para pa-gar programas sociais. Isso é motivo para impeachment?Pedro Estevam Serrano -Não é motivo! Por duas razões, pelo menos. Primeiro, se houvesse ilegalidade, seria o fato de não ter havido excesso de arreca-dação, que é o fundamento pa-ra a edição desses decretos. E não é função institucional da Presidência verificar excessos de arrecadação. Quem faz isso é toda uma estrutura pública na Receita Federal. Além disso, a Constituição diz que o presi-dente responde por atos e con-dutas dele, e não pelas condu-tas de outros agentes públicos. Em segundo lugar, uma outra questão importante é que tem que haver gravidade na condu-ta para poder cassar o manda-to da presidente da República. Nesse caso, não houve dano ao tesouro, não houve desvio de dinheiro público, não há por-

que se falar em ilegalidade. Foi, no máximo, uma mera irregu-laridade formal.

Brasil de Fato - O governo tem classificado esse movimen-to de “golpe”. Já a oposição e setores sociais que defendem o afastamento da presidenta dizem que impeachment es-tá previsto na Constituição e não é golpe. Como o sr. ana-lisa essa questão?A aceitação de um pedido de impeachment não é um golpe em si. Porém, se no final a presidenta for impedida por esse tipo de fundamento que está colocado, aí sim haverá um golpe de estado funcional. Não

Quando se realiza um impeachment como esse, contra a Constituição, cria-se uma ferida difícil de curar

Ela é acusada de irregulari-dade contábil. Qualquer em-presário pe-queno sabe que irregularidade contábil todo mundo comete e, convenha-mos, nem isso de fato ocorreu

Divulgação

Pedro Estevam Serrano é professor da PUC/SP

Em caso de ruptura institucional, jurista prevê enormes prejuízos à democracia

Rio de Janeiro, 14 a 16 de dezembro de 2015

Se o impeachment prosperar, política brasileira vai entrar na era do “vale-tudo”, afirma juristaPara o professor de Direito Constitucional Pedro Estevam Serrano, os fundamentos do atual pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff podem resultar em uma “fraude” constitucional

nal, vai ser o vale-tudo da políti-ca brasileira. Tudo vai ser admi-tido no jogo político. O pessoal que agora poderá ficar na opo-sição, que é mais à esquerda, vai poder pedir impeachment mais adiante, ir para cima, quer di-zer, acaba com a regra do jogo. Vai ser muito ruim para o de-senvolvimento institucional do país e da nossa democracia. 

Brasil de Fato - O STF está sendo provocado, por meio de ações judiciais, para in-tervir, de algum forma, no andamento desse processo de impeachment. Qual de-ve ser o papel do Supremo nessa história?Tem que garantir a Constitui-ção. Acho que o Supremo não poderia deixar tramitar um pedido de impeachment com esse conteúdo. Os ministros precisam dizer que as condu-tas imputadas [à presidente Dilma] não têm validade sufi-ciente para sustentar um pro-cesso de impeachment. Creio que o tribunal, por circuns-tâncias políticas, talvez não enfrente esse debate, mas é importante deixar claro que a função do STF nessas horas é contra-majoritária, que é ga-rantir a Constituição mesmo que em prejuízo de uma opi-nião pública diferente.

Não é um golpe de estado clássico porque não é feito por militares, mas há uma forma de fraudar a Consti-tuição nesse caso

é um golpe de estado clássico porque não é feito por militares, mas há uma forma de fraudar a Constituição nesse caso. Por que eu digo fraudar? Porque fraudar é você desobedecer a Constituição, dando aparên-cia de que está obedecendo. Se utilizam das instituições demo-cráticas para subverter a demo-cracia. É o que estão querendo fazer nesse caso, apresentando razões muito frágeis para cas-sar o mandato da presidente. Ela não é acusada de corrup-ção, não é acusada de ter des-viado em favor dela nem de ninguém. Ela é acusada de irre-gularidade contábil. Qualquer empresário pequeno sabe que

irregularidade contábil todo mundo comete e, convenha-mos, nem isso de fato ocorreu. Estão forçando a barra, foram buscar um motivo para enqua-drá-la em uma norma só pa-ra cassar o mandato dela. Que-

rem realizar o impeachment da presidente Dilma a qualquer custo sem observar a Constitui-ção. Eu não posso querer pren-der alguém, por exemplo, e fi-car buscando motivo pra justi-ficar a prisão dessa pessoa. Is-so não é investigação, é devas-sa, que não é permitida no es-tado democrático de direito.

Brasil de Fato - Diante des-se cenário, quais seriam as consequências de impeach-ment para o futuro do país?Quando se realiza um impe-achment como esse, contra a Constituição, cria-se uma feri-da difícil de curar. Na prática, a partir daí, no plano institucio-

Lula Marques

Lucio Bernardo Junior/ Câmara dos Deputados

Wilson Dias /Agência Brasil

Nelson Jr./STF

STF definirá rito da tramitação do impeachment

Jurista esclarece que Dilma é acusada de irregularidade contábil, não de corrupção

Manobras de Cunha foram questionadas no STF

Entrevista | 9Rio de Janeiro, 14 a 16 de dezembro de 2015

SEMPRE VI NOVELA | Lara FerreiraAGENDA DA SEMANA

O quê: Mostra de Fernando Lindote reúne 180 desenhos que distorcem formas e cores de personagens latino-americanos.Onde: Museu de Arte do Rio (MAR) – Praça Mauá, 5, Centro. Quando: De terça a domingo, de 10 às 17h. Até 24/04.Quanto: 0800

O quê: Espetáculo conta histórias alucinantes como a da ilha de queijo e a do jacaré que engole um leão.Onde: Centro Cultural Correios - Rua Visconde de Itaboraí, 20, Centro.Quando: De sexta a domingo, às 18h. Até 10 de janeiro.Quanto: R$ 20 (R$ 10 meia).

O quê: Exposição fotográfica busca trazer momentos e vivências do samba urbano, do samba de raiz e do samba tradicional.Onde: Sesc Nova Iguaçu – Rua Dom Adriano Hipólito, 10, Moquetá. Quando: Segunda a sábado, de 9h às 20h. Domingos, de 9h às 18h.Quanto: 0800

O quê: Exposição apresenta uma viagem cronológica do Charme por meio de fotografias, vídeos e relatos de quem fez história no movimento.Onde: Sesc Madureira – Rua Ewbanck da Câmara, 90, Madureira.Quando: Todos os dias, de 9h às 21h. Até 31/12.Quanto: 0800

Charme de todos os tempos

Cotidiano Radical

O Samba é meu Dom

Trair Macunaíma e avacalhar o papagaio

Feira de Maravilhas do Fantástico Barão de Münchausen

Div

ulga

ção

Div

ulga

ção

Div

ulga

ção

Div

ulga

ção

Div

ulga

ção

Div

ulga

ção

SUGESTÕES:agendarj@brasildefato.com.br

Música no Museu

O quê: Com o objetivo de estimular a música de concerto, o projeto realiza toda quarta-feira apresentações inéditas. Nesta edição, o tema é Natal.Onde: Centro Cultural Banco do Brasil – Rua Primeiro de Março, 66, Centro.Quando: Quarta (16), 12h30.Quanto: 0800

O quê: Exposição reúne múltiplas linguagens artísticas, que buscam radicalizar a percepção do público sobre a relação com objetos e rotinas.Onde: Caixa Cultural – Av. Almirante Barroso, 25, Centro.Quando: Terça a domingo, 10h às 21h. Até 20/12.Quanto: 0800

10 | Cultura

Na maioria dos filmes, sejam hollywoodianos ou do cinema alternativo, os protagonistas são homens

Divulgação

Aproveitando as tão de-sejadas férias do meu ami-go Quim, resolvi escrever aqui na coluna algumas coi-sas que andei pensando so-bre o filme, que ainda está em cartaz, “Jogos Vorazes: A Esperança – O Final”, últi-ma produção da franquia. Já peço desculpas de antemão por não falar de novela. Re-solvi falar de filme, porque, pra mim, são muito pare-cidos com as novelas. Am-bos conseguem mexer mui-to com o nosso imaginário.

E foi isso que aconteceu quando, na semana passa-da, fui ver “Jogos Vorazes” no cinema. Fiquei pensan-do dias nesse filme. Para quem ainda não assistiu, a história é a seguinte: o mun-do se chama Panem. Lá, há 75 anos, seus 13 distritos se revoltaram contra a Capital. O motivo é simples. Na Ca-pital, poucos poderosos os-tentam luxo e riqueza, en-quanto para a maioria da população sobram dificul-dades e pobreza. Isso lem-bra alguma coisa, não?

Acontece que uma ten-tativa de revolução foi mas-sacrada pela Capital. Como punição, os poderosos pas-saram a convocar todos os

O conto de fadas chegou até nos “Jogos Vorazes”

sei se já repararam nisso, mas na maioria dos filmes, sejam hollywoodianos ou do cinema alternativo, são homens. Apenas em 15% dos filmes fabricados nos Es-tados Unidos as mulheres assumem papéis principais. Além dos papéis secundá-rios, na maioria das cenas em que há mulheres conver-sando, o assunto é: homens. Acho isso muito estranho. Por que criar essa ideia de que nós, mulheres, só con-versamos sobre homens?

anos os “jogos vorazes”. Por sorteio, um casal é “ofereci-do” para lutar na arena. O úl-timo a sobreviver é conside-rado o vencedor. E é aí que aparece Katniss, nossa que-rida protagonista. Uma mu-lher jovem, forte e ousada.

Achei sucesso a protago-nista ser uma mulher. Não

Jogos Vorazes é protagonizado pela heroína Katniss

Rio de Janeiro, 14 a 16 de dezembro de 2015

Divulgação

Tânia Rego/Agência Brasil

Até o dia 20 de dezembro, os cariocas podem conferir peças com precinhos camaradas. No período acontece a edição 2015 da campanha “Teatro Para To-dos”. São 65 mil ingressos com preços populares, que variam de R$5 a R$45.

Esse é o 13° ano consecu-tivo da campanha que con-ta, esse ano, com a participa-ção de todos os espetáculos em cartaz na cidade do Rio de Janeiro, ou seja, 54 peças. Os ingressos podem ser ad-

dores, ativistas, artistas, pro-dutores culturais, gestores e agentes políticos de todo o mundo, no Rio de Janeiro.

“Temos que quebrar regras com a internet. Temos que decidir o que queremos fazer e o que queremos nos tornar. Precisamos ser desobedien-tes”, disse ele, referindo-se à necessidade de democra-tizar conteúdos e encontrar outras formas de comparti-lhar informações.

Sobre a acessibilidade, ele defendeu que as pessoas e pa-íses não podem esperar que as empresas se interessem pe-

la universalização do acesso. “Precisamos ter iniciativas lo-cais”, disse ele, que afirmou considerar “perigosa” a con-centração dos serviços de in-ternet em grandes empresas transnacionais.

Ao tratar do próprio caso do Pirate Bay, ele afirmou que o site partiu de um desejo dos fundadores de beneficiar as pessoas. “Fizemos por uma razão maior. Não estávamos interessados em fazer as em-presas se beneficiarem com o consumo. Queríamos ajudar as pessoas a compartilharem as informações e a se unirem”.

“Precisamos ser desobedientes”, defende fundador do site Pirate Bay

Vinícius Lisboada Agência Brasil

Fundador do Pirate Bay, um dos mais famosos sites acusados de infringir direitos autorais com downloads gra-tuitos, Peter Sunde defendeu que o acesso à informação e à própria internet depen-de de organização local e da desobediência por parte dos internautas. O sueco partici-pou de uma mesa do encon-tro global Emergências, que discutiu a internet como es-paço público na semana pas-sada. O evento reuniu pensa-

Peter Sunde, do Pirate

Bay, debateu ativismo, mídia e

cultura no Rio

‘Teatro Para Todos’ vai até o fim de dezembroTodos os espetáculos em cartaz na cidade do Rio fazem parte da campanha

quiridos através da internet (Ingresso Rápido) e pontos de venda no Metrô (estações Ca-rioca e Cantagalo).

Neste ano, a Campanha ofe-rece uma novidade para os usuários: a venda do ingresso realizada através do celular, sem impressão, apresentando na bilheteria apenas o código no telefone móvel. As compras através dos canais do Ingresso Rápido estarão sujeitas à taxa de conveniência de 15%. Para compra nos pontos de venda no Metrô, não há cobrança de nenhum tipo de taxa.

no Metrô são: de segunda a sexta de 08h às 20h (Estações Carioca e Cantagalo). A fim de evitar a ação de cambistas, a Campanha limita a venda de quatro ingressos por pessoa e por peça. Outras informações: teatroparatodos.com.br.

A edição de 2015 conta com a participação de espetáculos adultos e infantis, tais como: “Ou Tudo ou Nada”, “Estúpido Cupido”, “Gonzagão – A Len-da”, “Sambra”, “Nordestinos”, “Como Eliminar Seu Chefe”, “Electra”, “Ideia Fixa”, “O Im-

pecável”, “Inútil a Chuva”, “As Aventuras do Menino Iogue”, “Quero ser Ziraldo”, entre ou-tros, que disponibilizarão in-gressos com valores inferiores aos da meia-entrada.

Os horários de funciona-mento dos pontos de venda

“Gonzagão – A Lenda” é uma das peças com preços promocionais

do Rio de Janeiro (RJ)

Cultura | 11Rio de Janeiro, 14 a 16 de dezembro de 2015

12 | Entrevista

“Trabalhadores se entregam de corpo e alma pela melhoria da Petrobrás”

Qual o balanço que você faz do movimento grevista de 2015?Nos ofereceram 5,73% de rea-juste salarial, o que correspon-dia a 60% do IPCA. A partir dis-so brigamos e voltamos para uma mesa única de negocia-ção com todas as empresas do sistema Petrobrás. Nessa reto-mada conseguimos resgatar o nosso acordo e repor a infla-ção do período através do IPCA integral (9,53%). Esse pode ser considerado o principal ponto conquistado: a reposição inte-gral do índice de inflação.

Como ficou a questão dos des-contos pelos dias parados?Pelo acordo, a definição ficou para janeiro. A proposta da Petrobrás é de descontar 50% dos dias parados. É por isso que, em nossas assembleias, propomos a continuidade do estado de greve, pois se de fa-to algum companheiro for pu-nido podemos voltar a realizar uma nova paralisação.

O que mudou no compor-tamento da Petrobrás nessa negociação, em relação aos anos anteriores?Com essa nova direção, e a presença de Aldemir Bendi-ne, um banqueiro, a situação ficou bem mais complica-da. Ele orientou todos os ge-rentes da Petrobrás a conven-cerem a categoria que existe uma crise, e que os trabalha-dores devem arcar com ela. Não podemos pagar sozinhos pelo que está acontecendo.

Como os trabalhadores da Pe-trobrás encaram essa crise?

Atualmente a Petrobrás tem renovada em 60% a sua força de trabalho, isso quer dizer que tem muita gente nova na empresa

A Petrobrás passou a ser a primeira empresa de capital aberto no ranking de produção de óleo, ultrapassando a Exxon-Mobil

Confira entrevista com Emanuel Cancella, secretário-geral do SINDIPETRO-RJ e Diretor da Federação Nacional dos Petroleiros – FNP. Ele faz um balanço do movimento considerado o maior desde a grande paralisação de 1995

André Lobãodo Rio de Janeiro (RJ)

Há muito tempo estamos mos-trando para a sociedade que os trabalhadores se entregam de corpo e alma pela melho-

Podemos dizer que esse mo-vimento mostrou uma reno-vação no perfil da categoria?Atualmente a Petrobrás tem renovada em 60% a sua for-ça de trabalho, isso quer dizer que tem muita gente nova na empresa. Mas essa garotada foi à luta e mostrou que está aí também junto com os vete-ranos para defender à Petro-brás e os seus direitos. Isso é muito legal, pois dá um novo protagonismo para a catego-ria nesse atual momento do movimento sindical brasilei-ro. Isso mostra que estamos aí com o gás renovado e va-mos continuar na luta.

Stefano Figalo / Brasil de Fato

ria da Petrobrás. Eu cito, entre outras coisas, a melhoria da capacidade de refino. A Pe-trobrás passou a ser a primei-ra empresa de capital aber-to no ranking de produção de óleo, ultrapassando a Exxon-Mobil. Conquistamos pela terceira vez o OTC, o prêmio mais importante da indústria de gás do mundo. Também atingimos a marca de um mi-lhão de barris diários na pro-dução do petróleo extraído do pré-sal, sem contar que as reservas da empresa somam mais de 100 bilhões de bar-ris de petróleo. Então, isso tu-do demonstra que a força da

empresa e de seus trabalha-dores é maior do que esse monstro que pintam por aí.

Cancella: “Trabalhadores da Petrobrás não podem arcar sozinhos pela crise”

Rio de Janeiro, 14 a 16 de dezembro de 2015

Mousse de limãoBOA E BARATA

Div

ulga

ção

Ingredientes• 1 lata de leite condensado

• 1 lata de creme de leite

• 1/2 copo (americano) de suco puro de limão

• Bis de limão

Modo de preparo No liquidificador, bata o lei-

te condensado e o creme de lei-te por 3 minutos. Acrescente aos poucos o suco de limão e conti-nue batendo. Despeje o mousse em um refratário e leve à gela-deira. Na hora de servir, triture o bis e coloque por cima do mous-se para decorar.

Tempo de preparo10 minutos

Rendimento8 porções

Bom dia amiga, ouvi dizer que a batata doce está na moda nas academias. O que ela tem de especial?

Irlane Silva, 37 anos, representante comercial.

Dúvidas sobre saúde? Encaminhe e-mail para redacaorj@brasildefato.com.br / amigadasaude@brasildefato.com.br

AMIGA DA SAÚDE

Cara Irlane, a batata doce é um carboidrato comple-xo com baixo índice glicê-mico. Apesar de ser uma “massa”, ela se comporta de forma diferente no orga-nismo. Fornece energia de forma gradativa sem au-mentar muito a glicose do sangue e, por ser rica em fibras, garante a saciedade por mais tempo. Com is-so, ela auxilia nas ativida-des físicas, possibilitando ganho de massa muscu-lar sem acúmulo de gordu-ras e ainda favorece o ema-

grecimento. E mais, a bata-ta doce é fonte de ferro, vi-tamina C e potássio. Tam-bém apresenta vitaminas A e C e alto teor de vitamina E. Dessa forma, contribui com o fortalecimento do sistema de defesa do corpo, auxilia no controle do diabetes e colesterol, previne anemia e câimbras. O ideal é prepa-rá-la com casca e evitar fri-tar, devido ao prejuízo pro-vocado pelas gorduras.

Sofia Barbosa Coren MG 159621-Enf

Variedades | 13Rio de Janeiro, 14 a 16 de dezembro de 2015

14 | Variedades

Contenha a sua cólera, um simples raio dela poderá destruir longas e pacientes sementes de amor.

Se souber aquilo que realmente quer, irá ultrapassar os obstáculos que estão se colocando contra você.

Uma mudança de planos pode afetar a sua relação. Deixe que a juventude do seu espírito irradie.

Prepare um passeio especial para a sua cara-metade. O estresse e o excesso de trabalho poderão trazer problemas.

Não seja envergonhado e mostre os seus sentimentos. Não dê importância à idade física, seja jovem e alegre.

Pronuncie boas palavras, elas são a manifestação dos pensamentos. Assim podemos criar um mundo melhor.

Tenha pensamentos positivos, pois nem tudo na vida pode ser o melhor. Tente não andar tenso.

Evite problemas e discussões. Ao contrário do que pensa, não é a melhor forma de resolver questões.

Lute sempre pela sua felicidade, não se deixe vencer pelos obstáculos. Procure fazer algum esporte.

Assim como o Universo é criado pela palavra de Deus, o seu pequeno mundo é criado pela sua palavra.

Esteja atento a tudo o que o rodeia. Fale apenas a respeito de coisas boa, comente o bem e as ações nobres.

Permita uma relação mais liberal. Não é prendendo a outra pessoa que conseguimos que ela nos ame.

FASES DA LUA

Cheia 25/12

Minguante 2/1

Nova 9/1

Crescente Até 18/12

Rio de Janeiro, 14 a 16 de dezembro de 2015

Os resultados conquistados pela seleção bra-sileira são fruto da abnegação das garotas e, principalmente, da genialidade de Marta

TOQUES CURTOS | Bruno Porpetta

Marta supera Pelé

Divulgação

Fern

ando

Fra

zão/

Agên

cia

Bras

il

O Comitê Olímpico In-ternacional (COI) está mon-tando uma equipe respon-sável por reduzir o orça-mento dos Jogos Olímpicos do Rio 2016. A equipe se-rá composta por membros do próprio COI e do Comitê Organizador dos Jogos.

A tarefa da equipe é cor-tar custos, revendo inclusi-ve contratos vigentes, e os nomes que farão parte dela ainda não estão definidos. Devem ser incluídos tam-bém outros especialistas que contribuam nos cor-tes. Não há uma meta de quanto será economizado, mas a ordem é cortar cus-tos onde for possível.

BINÓCULO

A maior craque de bola da história do futebol feminino brasileiro, uma das maiores do mundo, ultrapassou Pelé em número de gols pela sele-ção brasileira.

E isso não é pouca coisa. Por marcar tantas vezes com a camisa da seleção, ser eleita cinco vezes a melhor jogado-ra do mundo e ser reconhe-cida em todo canto do plane-ta por sua genialidade com a bola. Mas, fundamental-mente, por não ser homem.

Não há dúvida de que, diante deste último elemen-to, alguns deverão relativizar o feito de Marta. Só que, se compararmos, Pelé fez seus gols pela seleção acompa-nhado de uma constelação de craques a seu lado.

Marta é o exército de uma mulher só.

A CBF (sempre ela) despre-za o futebol feminino. Não é capaz sequer de organizar um campeonato decente, que resulte em uma seleção também decente.

Os resultados conquista-dos pela seleção brasileira são fruto da abnegação das garotas e, principalmente, da genialidade de Marta.

Se não houver uma prepa-ração das categorias de base para que formem jogado-ras aos borbotões, um cam-peonato razoável que as co-loque em atividade perma-

nente, não teremos uma seleção capaz de enfrentar as melhores do mundo de igual para igual.

E quando se diz de igual para igual, não quer dizer que o Brasil nunca tenha vencido estas seleções. Mas as vitórias brasileiras, geral-mente, se dão diante destas seleções cheias de desfal-ques, ou são zebras mesmo.

Os resultados já alcança-dos pela seleção deixam cla-ro que é preciso investir mais

A justiça da África do Sul acei-tou a solicitação do ex-atleta para-límpico sul-afri-cano Oscar Pis-torius. Ele paga-rá uma fiança e aguardará, em li-berdade, a sen-tença do proces-so em que é jul-gado por homi-cídio doloso (em que há intenção de matar).

A justiça havia aceitado o recur-so da Promoto-ria, que acusava o ex-atleta de ho-micídio doloso ao invés de cul-poso (sem intenção de matar), como ele havia sido condena-do. Pistorius responde processo por disparar quatro tiros contra Reeva Steenkamp através da porta do banheiro. Ele ale-ga ter confundido Reeva com um ladrão.

Pistorius aguardará sentença em prisão domiciliarEx-atleta paralímpico será julgado por homicídio doloso contra sua namorada

A escolha da cidade de Eu-gene, nos EUA, para sediar o Mundial de Atletismo em 2021 está sob investigação da justiça francesa. A cidade,

Franceses questionam sede do Mundial de Atletismo em 2021A justiça francesa está investigando a escolha dos EUA para sediar o evento

que havia sido derrotada pe-lo Catar para 2019, teria sido “compensada” com a sede do Mundial seguinte.

O procedimento de escolha das cidades-sede dos Mundiais pressupõe a análise de todas as cidades candidatas e esta fase teria sido suprimida pela Fede-ração Internacional de Atletis-mo (IAAF, sigla em inglês). A ci-

Pistorius será julgado por homicídio doloso

JP Engelbrecht/ PMERJ

dade de Gotemburgo, na Sué-cia, sequer foi avaliada.

Este é o primeiro escândalo envolvendo o atual presiden-te da IAAF, o inglês Sebastian Coe. A entidade vem sofrendo com escândalos desde a ges-tão anterior, de Lamine Diack, acusado de receber propina para encobrir casos de doping em várias competições. (BP)

COI quer cortar gastos

para melhorarem. Já temos o material bruto que preci-sa ser lapidado. Ou seja, te-mos mulheres dispostas a jo-gar futebol em um país super machista como o nosso.

Se dirigentes de futebol fossem mulheres, a preocu-pação com o futebol femi-nino seria muito maior. E talvez tivesse menos gente presa ou indiciada.

Marta foi cinco vezes melhor do mundo, sem um time ao seu lado

A corte de Pretória fixou a fiança em 10 mil randes (cerca de 2,5 mil reais), estabelecen-do prisão domiciliar. Ele só po-de sair de casa em um raio de 20km, das 7h ao meio-dia. Seu julgamento está marcado para 18 de abril do ano que vem. (BP)

Esportes | 15Rio de Janeiro, 14 a 16 de dezembro de 2015

16 | Esportes

Após Cruzeiro, Fla e Flu podem deixar a Sul-Minas-Rio

TJ-SP ordena segredo de justiça em caso Neymar O Tribunal de Justiça de

São Paulo publicou, na úl-tima quinta-feira (10), uma determinação para que o processo movido pelo fun-do de investimento Teisa contra Neymar da Silva San-tos, pai do craque Neymar,

Após o anúncio do presiden-te do Cruzeiro, Gilvan de Pinho Tavares, de que o clube não dis-putaria mais a primeira Liga Sul-Minas-Rio, ficaram expos-tas divergências na cúpula dos clubes que estão se organizan-do para criar um calendário al-ternativo aos estaduais.

Apesar de alguns dirigentes se declararem surpresos com a decisão do Cruzeiro, o CEO da Liga, Alexandre Kalil, revelou que já esperava algum posi-cionamento neste sentido do clube mineiro, já que Gilvan teria saído bastante descon-

Presidente Peter Siemsen desmente, mas cotas de TV ainda são entrave

Bruno Porpettado Rio de Janeiro (RJ)

Vitor Silva

Nelson Peres/Fluminense

Rafael Ribeiro/CBF

Peter Siemsen durante uma reunião da Liga, com Gilvan (centro) e Kalil (esquerda)

corra em segredo de justiça.A decisão acontece após a

juntada de documentos refe-rentes à transferência do cra-que do Santos para o Barcelo-na, a pedido do grupo Teisa pa-ra que este tivesse acesso a in-formações sobre a transação.

tente da última reunião.A razão para o descontenta-

mento de Gilvan, que presidia a Liga, teria sido o comparti-lhamento da função com Má-rio Celso Petraglia, do Atléti-co-PR. Ele teria sido escolhido para dividir a presidência com Gilvan sem que este tivesse co-nhecimento prévio.

Ao anunciar sua decisão, Gilvan citou a possibilidade de Flamengo e Fluminense tam-bém deixarem a competição. Para o rubro-negro, a forma como foi conduzida a escolha de Petraglia teria sido desleal com Gilvan, em quem os clu-bes pareciam ter “combinado” a votação antes do encontro.

O Fluminense ainda ques-tiona a divisão das cotas de TV. Alexandre Kalil garantiu ao Flamengo uma cota superior aos demais, com o que o pre-sidente do Flu, Peter Siemsen, ainda demonstra discordância.

A jornalistas, o presidente do Atlético-MG, Daniel Nepomu-ceno, garantiu que o Flamen-go receberá uma cota maior, mudando apenas a proporção com relação ao Campeonato Brasileiro, onde o rubro-negro chega a receber o dobro de ou-tros clubes grandes.

Apesar das divergências, os times garantem a realização do torneio já em 2016. Não se sabe com quem.

O Teisa alega em sua ação que se viu prejudicado pela mani-pulação de valores envolvidos na transferência, visto que rece-beu R$ 2,8 milhões. A quantia é menor que os R$ 3,5 milhões pagos pelo grupo pelos direitos econômicos do jogador. (BP)

A partir de 2016, passa a valer uma outra etapa do acordo firmado entre a Rede Globo e os clubes que com-punham o Clube dos 13 so-bre as cotas de TV e outras mídias. Os valores de direitos de transmissão serão reajus-tados, causando divergên-cias entre os clubes.

Segundo o acordo, Fla-mengo e Corinthians pas-sarão a receber da Globo o valor de R$ 170 milhões pa-ra cada um. Este valor é o mesmo acordado em no-vembro deste ano para ser dividido por todos os 20 clubes da Série B.

Clubes tradicionais e de

grande torcida como o Bo-tafogo, por exemplo, rece-berão menos que a meta-de do valor que cabe a ru-bro-negros cariocas e alvi-negros paulistanos.

Outra questão, ainda sem acordo, é a cota paga a clubes egressos da Série B e que não faziam parte do Clube dos 13. O Santa Cruz está dispos-to a negociar sozinho, porém Vitória e América-MG ava-liam ser melhor tratar dessa questão em bloco.

Em 2012, os clubes nego-ciaram suas cotas individu-almente, esvaziando o Clube dos 13 e aumentando o abis-mo entre os valores. (BP)

Fla e Timão põem uma Série B inteira no bolso

Botafogo volta à primeira divisão ganhando bem menos que o Fla

Transferência de Neymar rende processos no Brasil

e na Espanha

Rio de Janeiro, 14 a 16 de dezembro de 2015