bndes_social7
-
Upload
ricardo-ferreira-rocha-alves -
Category
Documents
-
view
27 -
download
0
Transcript of bndes_social7
-
Azeredo, Beatriz; Duncan, Pedro Gomes (orgs.)
A experincia da rea de desenvolvimento social no perodo
1996-2002 / organizadores: Beatriz Azeredo, Pedro Gomes Duncan. -
Rio de Janeiro: BNDES, 2002.
244 p.; il. 21 cm - (BNDES Social; n. 7)
1. Desenvolvimento social. 2. Polticas pblicas. 3. Autogesto. 4.
Microfinanas. 5. Sade. 6. Educao. 7. Arte e Educao. 8. Respon-
sabilidade social. 9. Desenvolvimento local. I. Azeredo, Beatriz. II.
Duncan, Pedro Gomes. III. Banco Nacional de Desenvolvimento
Econmico e Social (Brasil).
Os artigos assinados so de exclusiva responsabilidade dos
autores, no refletindo, necessariamente, a opinio do BNDES.
permitida a reproduo parcial ou total dos artigos desta publicao,
desde que citada a fonte.
DISTRIBUIO:
BNDES Av. Repblica do Chile, 100 19 andar
Rio de Janeiro CEP 20031-917
Tel.: (21) 2277-7052 Fax: (21) 2240-3749
e-mail: [email protected]
Equipe tcnica da rea de Desenvolvimento Social responsvel pela publicao:
Ana Christina Moreno Maia Barbosa
Ana Cristina Costa
Ana Lucia de Avellar
Antnio Srgio Barretto
Claudia Soares Costa
Helosa Alves Rossi
Isis Jurema da Silva Pagy
Jos Carlos Ribeiro Castello Branco
Lucimar Guarnieri
Luiz Fernando Barreto
Marcio Cameron
Maria Angela Nogueira
Marta Prochnik
Nelson Duplat
Sonia Lebre Caf
Teresa Cristina Cosentino
-
Apresentao Beatriz AzeredoDiretora
O BNDES tem sido, desde a sua fundao, a principal agncia de fomento ao desenvolvimentoeconmico do pas. Cumprindo essa misso, inscreveu seu nome, de forma definitiva, na histria doBrasil. E, cumprindo-a, vem dando, ao longo dos seus 50 anos de vida, inestimvel contribuio aodesenvolvimento social, financiando, na poca urea da industrializao, a construo de infra-estruturase a implantao de setores bsicos e de novas empresas, gerando emprego, renda e riqueza. No camposocial, especificamente, o Banco, nos anos 80, acumulou rica experincia na gesto de recursos doFinsocial. Tendo o pas alcanado um patamar de desenvolvimento mais elevado, e em meio a umcomplexo quadro de mudanas dos padres tecnolgicos e de insero internacional da economiabrasileira, contribuir para o equacionamento dos problemas sociais exige um esforo redobrado.
Por isso, foi recriada, em fevereiro de 1996, a rea de Desenvolvimento Social. Desde ento,colocou-se como desafio a elaborao de uma agenda capaz de compatibilizar aes voltadas parao enfrentamento das imensas questes sociais com as caractersticas tpicas da ao do Banco, ouseja, a oferta de recursos financeiros de longo prazo, reembolsveis. Isso se traduziu em umadiretriz bsica destinada a promover a articulao e a integrao entre o Estado brasileiro, ainiciativa privada e a sociedade organizada, visando implementao de polticas pblicasadequadas nova etapa de desenvolvimento pela qual passa o pas.
Colocado o desafio e definida a diretriz, o BNDES logo se deu conta de que sua prpria formade atuao deveria adaptar-se a novos setores, como sade e educao, e a novas reas deatividades, como microfinanas e desenvolvimento local. E, principalmente, aprendeu arelacionar-se com novos clientes em potencial o prprio setor pblico, em primeiro lugar, e,dentro dele, as prefeituras, alm das instituies sem fins lucrativos do terceiro setor ,apresentando novos produtos e novos procedimentos operacionais. A agenda de trabalho dadecorrente vem incluindo a promoo permanente de estudos, visando sistematizar e disseminarnovas metodologias, avaliar resultados e estabelecer contnua interlocuo com os principais atoressociais, tanto na rea governamental, como na rea no-governamental.
A publicao BNDES Social, agora em seu stimo nmero, um dos instrumentos com que oBanco vem contando para divulgar no s esses conhecimentos adquiridos, bem como osresultados alcanados por seus programas e projetos. Nada mais natural, portanto, que seja atravsdela que se apresente, nesta edio, o balano de sua experincia, ao longo de quase sete anos deexistncia, mostrando, para cada uma das linhas de trabalho, os principais conceitos, as estratgias,as contribuies, os desafios que permanecem e as perspectivas que integram a agenda futura.
-
Sumrio
PA RT E 1 : INTRODUO 7
PA RT E 2 : MODERNIZAO DO SETOR PBLICO 23
1. Programa de Modernizao da Administrao Tributria e daGesto dos Setores Sociais Bsicos (PMAT) 25
2. Projetos Multissetoriais Integrados (PMI) 43
PA RT E 3 : SETORES SOCIAIS BSICOS 55
3. Sade 57
4. Educao 81
5. Arte e Cultura 99
6. Polticas de Ateno IntegralRedes Locais de Ateno Criana e ao Adolescente 107
Redes Ampliadas 117
PA RT E 4 : TRABALHO E RENDA 125
7. Microfinanas 127
8. Gesto por Trabalhadores 149
9. Desenvolvimento Local 163
PA RT E 5 : RESPONSABILIDADE SOCIALCORPORATIVA 179
10. Responsabilidade Social Corporativa 181
R E F E R N C I A S B I B L I O G R F I C A S 193
A N E X O 1 : PUBLICAES E REGISTROS EM VDEOS 199
A N E X O 2 : SEMINRIOS, WORKSHOPS , CURSOS EVISITAS TCNICAS 207
A N E X O 3 : ORGANOGRAMA DA REA DEDESENVOLVIMENTO SOCIAL 233
-
Lista deTabelas,
Grficos eQuadros
Grfico 1. rea de Desenvolvimento Social Carteira total 11Grfico 2. Desembolsos da rea Social do BNDES e do BNDES
Automtico 1999-2002 11Grfico 3. PMAT Carteira total Distribuio do nmero de municpios
por populao 30Grfico 4. PMAT Carteira total Distribuio por regio 30Grfico 5. PMAT Carteira total Distribuio por partido poltico 31Grfico 6. PMAT Crescimento das receitas tributrias prprias em municpios
selecionados 33Grfico 7. PMI Problemtica social 45Grfico 8. PMI Resultados 45Grfico 9. PMI DistrIbuio regional da carteira total 51Grfico 10. Instituies de ensino superior Carteira total por regio 85Grfico 11. PCPP Evoluo da carteira 139Grfico 12. Programa de Desenvolvimento Local Polticas pblicas de suporte 165Grfico 13. Programa de Desenvolvimento Local Resumo da concepo de
desenvolvimento local 166Quadro 1. PMAT Carteira total 29Quadro 2. Impactos da modernizao da gesto municipal 32Quadro 3. PMI Carteira total 51Quadro 4. Programa de Redes Locais de Ateno Criana e ao
Adolescente Projetos em anlise e em fomento 114Quadro 5. Microfinanas 129Quadro 6. PCPP Principais resultados 140Quadro 7. PCPP Perfil da carteira 140Quadro 8. Programa de Desenvolvimento Local 170Quadro 9. Conceito de responsabilidade social corporativa 181Quadro 10. Diferentes nveis de gesto de variveis sociais e
responsabilidade social coporporativa 187Quadro 11. Investimentos sociais de empresas 190Tabela 1. rea de Desenvolvimento Social Carteira total por nvel
oramentrio 10Tabela 2. PMAT Lista dos municpios por regio com operaes
aprovadas e contratadas 34Tabela 3. Programa de filantrpicas Carteira total 63Tabela 4. Instituies privadas Carteira total 63Tabela 5. Programa de Ensino Superior Universidades privadas
Carteira total 85Tabela 6. Programa de Ensino Superior Universidades pblicas
Carteira total 86Tabela 7. Instituies de ensino superior com operaes contratadas
ou aprovadas 96Tabela 8. Redes Locais de Ateno Criana e ao Adolescente
Projetos contratados 111Tabela 9. Programa de Desenvolvimento Institucional (PDI) Carteira total 146Tabela 10. Gesto por trabalhadores Carteira total 158
-
PA RT E 1 I N T R O D U O
-
O BNDES est comprometido com as
mudanas que precisam ser promovidas no
pas, tendo em vista a necessidade de
construo de um processo de
desenvolvimento sustentvel em termos
econmicos, ambientais e sociais. Dito de
outra forma, e diante do cenrio de
desigualdades sociais e regionais que ainda
marcam o pas, a agenda de
desenvolvimento deve incluir,
necessariamente, a premissa de promover
constantemente a modernizao e a
transformao produtivas com eqidade
social.
No por outra razo que o Plano
Estratgico do BNDES para o perodo
2000-2005, alm de reafirmar o
compromisso com a modernizao e a
elevao da competitividade da economia
brasileira, anuncia em sua misso pela
primeira vez, de forma explcita a
prioridade para a reduo das desigualdades
regionais e sociais do pas e para a
manuteno e gerao de empregos. Alm
disso, o desenvolvimento social e urbano
uma das sete dimenses que organizam a
agenda de prioridades do Banco, para a qual
se projetou o maior crescimento de
desembolsos, de cerca de 38% no perodo,
propondo-se atingir R$ 5 bilhes em 2005, o
que representar 16,7% dos desembolsos do
Banco.
nesse contexto que a rea de
Desenvolvimento Social (AS), criada em
fevereiro de 1996, vem trabalhando, tendo
como desafio a construo de uma agenda
que compatibilize a definio de aes que
impactem as questes sociais no pas, com a
oferta de recursos financeiros reembolsveis
de longo prazo, caracterstica maior do
BNDES.
Isso significou preparar o Banco para
trabalhar em setores para os quais seu grau
de conhecimento era ainda muito reduzido,
como sade e educao, e em novas reas de
conhecimento, como microfinanas e
desenvolvimento local. Alm disso, dadas as
caractersticas da rea social, significou
tambm se envolver com potenciais novos
clientes, para os quais se discutiram novos
produtos e procedimentos operacionais,
como o prprio setor pblico
9
A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2
-
fundamentalmente, no nvel municipal, e as
instituies sem fins lucrativos do terceiro
setor.
Cabe destacar as oportunidades que se
apresentaram com a criao do Fundo Social
em 1997, integrado por parcela do lucro do
BNDES, permitindo apoio financeiro
no-reembolsvel a projetos de cunho social
voltados para a populao de baixa renda.
Com isso, foi possvel complementar a ao
tradicional do Banco de financiador de
longo prazo nas reas relacionadas ao
desenvolvimento social.
As principais linhas de atuao da rea
de Desenvolvimento Social correspondem,
hoje, a projetos de investimento em
setores sociais bsicos, como sade e
educao, na modernizao do setor
pblico, envolvendo a gesto municipal e
investimentos multissetoriais em regies
urbanas degradadas, e em programas de
gerao de trabalho e renda, incluindo,
principalmente, microcrdito, empresas
autogestionrias e aes de
desenvolvimento local.
A carteira de investimentos da rea de
Desenvolvimento Social, em outubro de
2002, conforme apresentado a seguir,
somava R$ 2,8 bilhes, dos quais 82%
representam financiamentos j contratados e
em desembolso ou j aprovados pela
Diretoria e em fase de contratao. Os
principais nmeros dessa carteira podem ser
visualizados na Tabela 1. Cabe destacar que,
devido natureza dos projetos sociais, a
rea de Desenvolvimento Social tem
trabalhado diretamente com um grande
nmero de projetos de valor mdio reduzido,
se comparado aos projetos tradicionais do
Banco.
TABELA 1REA DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL
CARTEIRA TOTAL POR NVELORAMENTRIO
(R$ Milhes)
Nmero de
operaes
Investimento
totalFinanciamento
479 contratadas eaprovadas
3.353 2.109
137 em anlise eenquadradas
1.223 739
616 operaes 4.576 2.848*
(*) 3% equivalem ao Fundo Social.
Os Grficos 1 e 2 mostram a composio
da carteira segundo as principais reas de
atuao, por valor dos financiamentos e por
nmero de operaes.
A evoluo dos desembolsos da rea de
Desenvolvimento Social e tambm dos
financiamentos realizados atravs da rede de
agentes financeiros do BNDES no perodo
1996-2001 e a previso de 2002 so
apresentados no Grfico 2, demonstrando o
1 0
A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2
-
crescimento dos investimentos nessas reas
nos ltimos anos.
Os financiamentos a projetos dos setores
sociais bsicos como sade e educao
tm por objetivo, em primeiro lugar,
contribuir para a universalizao do acesso
a esses servios. Os indicadores referentes
sade apontam a necessidade de
investimentos que cumpram com esse
objetivo. Em termos de oferta de servios
hospitalares, observa-se que o pas dispe
de 2,9 leitos/1.000 habitantes,1 considerado
razovel diante dos indicadores
internacionais. Esses leitos, no entanto,
encontram-se fortemente concentrados nas
Regies Sul e Sudeste, indicando uma
enorme carncia nas demais regies. E,
mesmo nessas reas com maior nmero de
hospitais, registra-se a necessidade de
ordenao e racionalizao da rede
hospitalar e de investimentos em
modernizao de gesto. Observa-se ainda
uma demanda permanente por recursos para
atualizao tecnolgica.
11
A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2
GRFICO 2DESEMBOLSOS DA REA SOCIAL DOBNDES E DO BNDES AUTOMTICO
1999-2002
GRFICO 1REA DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL
CARTEIRA TOTAL
1 Fonte: Ministrio da Sade. Dados referentes a 1999.
-
Alm dos financiamentos para a
expanso e modernizao da rede hospitalar,
o Banco tem atuado, atravs do Fundo
Social, na questo da ateno bsica sade.
Em parceria com o Ministrio da Sade,
universidades pblicas e prefeituras, o
BNDES iniciou em 2002 o apoio a projetos
de capacitao e formao de profissionais
do Programa de Sade da Famlia. Esse
programa representa uma mudana
importante na estratgia de prestao de
servios populao, que passa a privilegiar
a ateno bsica e a promoo da sade, por
meio de equipes formadas por mdicos,
enfermeiros, odontologistas e agentes de
sade. Sua implementao vem sendo feita
de forma acelerada e, certamente, um dos
principais desafios a preparao de
profissionais aptos a trabalhar dentro dessa
nova perspectiva.
O aumento da cobertura dos servios
sociais demanda ainda a oferta de linhas de
financiamento que permitam a modernizao
desses setores e a melhoria da qualidade dos
servios, com a conseqente elevao das
condies de vida da populao.
Na rea de educao, por exemplo,
identificou-se como espao de atuao do
BNDES o apoio expanso e modernizao
do ensino superior. Enquanto os
financiamentos s instituies privadas so
concedidos nos moldes tradicionais do
Banco, para as universidades pblicas
desenvolveu-se um mecanismo especial,
dadas as caractersticas desse segmento.
Isso tem significado, na prtica, apoiar
programas de alienao de ativos
no-operacionais, desde que suas receitas
estejam vinculadas a planos de
investimentos. Os financiamentos
concedidos Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG) so o principal exemplo
dessa modalidade financeira.
Com relao ao ensino fundamental,
vislumbrou-se uma oportunidade de, a partir
do Fundo Social, apoiar a introduo de
novas tecnologias de ensino interativo nas
escolas pblicas, com a utilizao da
informtica, a exemplo da
interconectividade. Os financiamentos tm
sido concedidos a prefeituras que vm
desenvolvendo seus projetos em parceria
com universidades pblicas.
importante ressaltar que os
investimentos nos setores sociais bsicos,
alm dos inequvocos impactos sociais,
produzem efeitos positivos importantes no
mercado de trabalho. As atividades de sade
e educao, por exemplo, so, por definio,
intensivas em mo-de-obra e tm elevado
potencial de gerao de postos de trabalho
de qualidade. Em sade, vale lembrar que a
inovao tecnolgica e a modernizao no
implicam, como no caso de alguns
investimentos na indstria, demisso, mas,
ao contrrio, a incorporao de novos
1 2
A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2
-
trabalhadores com qualificao. Esse setor
representa um importante segmento
produtivo, com cerca de 7 mil unidades
hospitalares, sendo um tero instituies
pblicas, um tero filantrpicas e um tero
privadas, empregando cerca de 1,5 milho
de pessoas, das quais aproximadamente 600
mil tm nvel superior.2
O potencial de gerao de empregos dos
investimentos em sade e educao pode ser
avaliado a partir de um modelo desenvolvido
no BNDES que utiliza a Matriz
Insumo-Produto, elaborada pelo IBGE para
calcular o nmero total de empregos diretos,
indiretos e devidos ao efeito-renda gerado
por investimentos nos diversos setores da
economia brasileira. Sade e educao,
segundo a classificao do IBGE, esto
includas em servios prestados s
famlias, ocupando o terceiro lugar, em um
total de 42 setores, na gerao total de
empregos (diretos, indiretos e derivados do
efeito-renda), ficando atrs apenas da
agricultura e de artigos de vesturio,
claramente intensivos em mo-de-obra.3
Alm dos projetos especficos de sade e
educao, o BNDES financia os Projetos
Multissetoriais Integrados (PMI),
implementados por prefeituras e voltados
para bairros extremamente pobres em reas
degradadas. Trata-se de um modelo inovador
de investimento pblico em que, por meio de
uma abordagem multidisciplinar, procura-se
transformar suas condies de vida. Esses
projetos envolvem amplo diagnstico da
situao, planejamento e investimentos em
infra-estrutura urbana, na regularizao
fundiria, em servios sociais bsicos, na
promoo de cidadania e em programas de
gerao de ocupao e renda. O carter
inovador desses projetos reside no apenas
na abordagem multidisciplinar no
enfrentamento das condies de pobreza,
mas tambm no fato de exigir a articulao
de diversas instncias da administrao
pblica e enfatizar a mobilizao da
comunidade, desde a formulao at a
manuteno dos investimentos realizados.
O crescente interesse por projetos dessa
natureza que tm, inclusive, contado com
recursos do Oramento Geral da Unio, de
outras instituies financeiras, como a Caixa
Econmica Federal, e de organismos
multilaterais, como o Banco Interamericano
de Desenvolvimento (BID) indica a sua
importncia em termos dos resultados na
1 3
A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2
2 O mercado de sade privada no pas, por sua vez, o segundo maior do mundo, com um faturamento de cerca de R$ 20 bilhes e
38 milhes de pessoas de diversas faixas de renda sendo atendidas por 2.083 provedores de sade privada.
3 Najberg (1998). O modelo leva em conta os empregos gerados, durante os investimentos, na construo civil, no setor de bens de
capital e em suas cadeias produtivas; a abertura de novos postos de trabalho aps a concluso dos investimentos; e, ainda, a
criao de emprego devido ao efeito multiplicador da renda.
-
integrao e recuperao de reas urbanas
degradadas, podendo contribuir
significativamente para o enfrentamento da
atual crise urbana nas grandes cidades
brasileiras.
O financiamento a investimentos em
setores sociais bsicos concedido tanto ao
setor pblico, quanto ao setor privado, tendo
sempre por objetivo fortalecer as polticas
pblicas nessas reas e tambm o papel do
poder pblico nas tarefas de coordenao,
articulao e regulao desses servios. A
modernizao dos hospitais filantrpicos,
por exemplo, que objeto de um programa
especial no BNDES, tem uma importncia
estratgica na melhoria das condies de
oferta dos servios hospitalares, na medida
em que representam um tero da oferta de
leitos do Sistema nico de Sade (SUS).
O fortalecimento do setor pblico, em
termos da sua capacidade de prestao de
servios, promoo de investimentos e
regulao, outro objetivo que integra a
agenda de desenvolvimento social do
BNDES. Nesse contexto, destaca-se o
Programa de Modernizao da
Administrao Tributria e da Gesto dos
Setores Sociais Bsicos (PMAT), voltado
para o ente da Federao que o principal
responsvel pela prestao de servios
sociais bsicos e pela organizao das
polticas pblicas em nvel local. O objetivo
principal o de contribuir para o
fortalecimento financeiro dos municpios, a
partir do aproveitamento do potencial de
arrecadao tributria prpria, e para a
modernizao da gesto municipal,
buscando tambm a racionalizao e a
melhoria da qualidade de seus gastos.
As receitas prprias municipais
correspondem a 5,2% da arrecadao total
do pas, que apresentou uma carga tributria
global em 2000 da ordem de 33,4% do PIB.
E, apesar da heterogeneidade desse conjunto
de municpios, em termos de porte e
potencial de arrecadao, estima-se que a
grande maioria cerca de 83% arrecada
todos os tipos de tributo de sua competncia.
A enorme disperso entre as cargas
tributrias municipais, mesmo entre
municpios de mesmo porte, no entanto,
evidencia um grande espao para o aumento
da carga tributria. As estimativas
disponveis apontam um potencial de
expanso das receitas prprias municipais da
ordem de 20,8%.4 Vale lembrar que o Brasil
possui 5.507 municpios, sendo que 81%
com populao de at 20 mil habitantes.
Apenas 66 municpios, que representam
1,2% do total, apresentam populao acima
de 300 mil habitantes. So cidades de grande
e mdio portes, incluindo a quase totalidade
1 4
A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2
4 Todos os dados foram fornecidos pela Secretaria de Assuntos Fiscais do BNDES.
-
das capitais, que abrigam 60 milhes de
habitantes, o correspondente a 35% da
populao do pas.
A grande aceitao desse programa vem
demonstrando o compromisso dos governos
municipais com a modernizao da gesto
nas reas tributria, financeira,
administrativa e nos setores sociais bsicos.
As prefeituras esto buscando explorar seu
potencial de gerao de receitas prprias,
atravs da ampliao e atualizao de sua
base tributria, da melhoria dos lanamentos
dos tributos e da ao fiscalizadora, da
cobrana mais eficiente de dbitos em
atraso, da modernizao da legislao,
rotinas e processos, entre inmeras aes
que tm como foco a melhoria da qualidade
de atendimento ao contribuinte.
Inicialmente, a atuao do Banco
concentrou-se nos municpios de grande e
mdio portes e nas capitais. Num segundo
momento, visando a uma capilaridade maior
para o programa, o Banco tem buscado a
participao de seus agentes financeiros,
destacando-se a parceria com o Banco do
Brasil. As estimativas apresentadas pelos
diversos programas de modernizao
municipal apontam um potencial de
crescimento da arrecadao, em mdia, de
50%, sendo que em alguns municpios esse
aumento supera a marca dos 100%.
Nas questes especficas sobre trabalho e
renda, o BNDES, em face das profundas
transformaes no mercado de trabalho,
traou linhas de atuao voltadas para o
apoio a novas formas de organizao da
produo e aos empreendedores de micro e
pequeno portes, inclusive os do setor
informal, sem acesso aos mecanismos
tradicionais de crdito.
Antes, porm, de apresentar esses
programas, vale observar que a questo do
emprego, ou de sua contraface, o
desemprego, tem marcado e desafiado toda a
discusso e constituio das polticas
pblicas em geral no Brasil, particularmente
a partir da dcada de 90. As elevadas taxas
de desemprego, o tamanho do mercado de
trabalho informal, os indicadores sociais e
de renda e as desigualdades regionais e
intra-regionais tm mostrado as limitaes
das diversas polticas sociais, desde o
sistema previdencirio, passando por sade,
educao e assistncia social, at os
programas relativos infra-estrutura urbana.
De fato, de que maneira expandir a
cobertura do sistema de proteo social,
como a previdncia social e o
seguro-desemprego, se cerca de 8,4 milhes
(ou 60%) de trabalhadores encontram-se no
mercado informal de trabalho? Ou como
lidar com as polticas setoriais, em face do
baixo nvel salarial da grande maioria dos
trabalhadores e, principalmente, da
precariedade do mercado de trabalho no
s o informal, mas tambm parcela
1 5
A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2
-
importante do mercado formal , que impe
freqentes redues ou mesmo perda de
rendimentos para um grande nmero de
trabalhadores?
Essa questo do emprego impulsionou no
Brasil a constituio tardia, se comparada
com a experincia dos pases desenvolvidos
das polticas pblicas de emprego. De fato,
apenas em 1990 que se pode falar da
implantao de um amplo programa de
seguro-desemprego, a partir da instituio de
um fundo especfico alimentado com uma
contribuio social o Fundo de Amparo ao
Trabalhador (FAT). E somente em meados
da dcada que assistimos implementao
das chamadas polticas ativas voltadas para o
mercado de trabalho, atravs dos servios de
intermediao da mo-de-obra, de formao
profissional e da oferta de crdito para os
pequenos empreendedores.5
nesse contexto que o BNDES, em
1996, em sintonia com o Conselho da
Comunidade Solidria,6 desenhou uma
estratgia de atuao relativa ao
desenvolvimento institucional das
microfinanas no Brasil. O objetivo central
foi o de promover a estruturao de um novo
canal de distribuio, a partir de instituies
especializadas voltadas para a concesso de
crdito aos empreendedores formais e,
especialmente, aos informais.
Para se ter uma idia da importncia e do
perfil dos empreendedores informais, cabe
mencionar que, segundo o IBGE, havia em
1997 cerca de 9,5 milhes de empresas
informais, ocupando 12,8 milhes de
pessoas nas seguintes atividades: servios
(46%), comrcio (26%), construo (15%) e
indstria (12%). A grande maioria dessas
empresas (92%) tinha at duas pessoas
ocupadas, sendo que 80% delas tinham
apenas uma pessoa ocupada. Esses
empreendedores, homens (64%) e mulheres
(36%), no tinham sequer o 1 grau
completo, com os homens auferindo uma
renda mdia7 de R$ 253 e as mulheres
recebendo R$ 218.8
Vale registrar, tambm, o relativo atraso
do Brasil no terreno das microfinanas, se
comparado experincia internacional, em
particular de alguns pases da Amrica
Latina. Em 1996, por exemplo, o segmento
microfinanceiro no Brasil no alcanava a
marca de R$ 8 milhes, movimentados por
um conjunto restrito de organizaes
no-governamentais. Registre-se ainda um
1 6
A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2
5 Ver, a esse respeito, Azeredo (1998).
6 O Conselho da Comunidade Solidria foi criado no incio da administrao Fernando Henrique Cardoso, em 1995, como um
instrumento para a promoo da participao da sociedade civil e de novas formas de parceria entre o Estado e a sociedade civil.
composto por 21 lderes da sociedade civil e quatro ministros (Sade, Educao, Trabalho e o chefe de gabinete da Presidncia).
7 O salrio mnimo nesse perodo era de R$ 120 (US$ 111,35).
8 Pesquisa sobre a economia informal urbana, realizada pelo IBGE.
-
cenrio caracterizado por um sistema
financeiro muito desenvolvido, mas com
pouco interesse no assunto, e marcado por
uma atuao muito forte do Banco Central
em termos de superviso e regulamentao.
Diante desse contexto, havia, portanto,
uma clara percepo de que a questo
fundamental do microcrdito, e das
microfinanas em geral, antes mesmo da
disponibilidade de recursos financeiros, a
construo de sua institucionalidade, de
forma a viabilizar a utilizao adequada e
sistemtica dos recursos colocados
disposio desse segmento. Em outras
palavras, tratava-se de promover a criao
de instituies com profissionais
especializados e padres gerenciais e
organizacionais que pudessem garantir o seu
crescimento e sua auto-sustentabilidade e a
progressiva insero no sistema financeiro
nacional.
A constatao da fragilidade institucional
desse segmento, em meados da dcada de
90, e a ausncia de ferramentas operacionais
e metodologias adequadas levaram o
BNDES a desempenhar um papel muito
mais amplo do que o de provedor de
funding. A sistematizao de uma
metodologia para a formao de agentes de
crdito foi o primeiro passo nesse sentido e
permitiu, desde 1997, a criao de novas
instituies. Alm disso, em parceria com o
BID, est sendo produzido um conjunto de
estudos e manuais envolvendo desde a
avaliao do mercado de microfinanas at
as modelagens de auditoria, os sistemas de
informaes gerenciais, novos produtos, um
guia para gestores de instituies
microfinanceiras, entre outros.9
Nossa viso de futuro um mercado em
que microempreendedores e clientes de
baixa renda tenham acesso aos servios
financeiros de que precisam, ofertados por
instituies integradas ao sistema financeiro
nacional. Mais do que isso, essas instituies
devero ser altamente profissionalizadas e
capazes de atrair novos recursos e
investidores para esse setor, podendo,
inclusive, prescindir do financiamento direto
do BNDES.
Em outra linha de atuao, o Banco vem
apoiando o modelo empresarial
denominado autogesto, em que o controle
e a gesto so exercidos pelos
trabalhadores. Pode-se dizer que o
modelo resultante da tentativa de os
trabalhadores garantirem, pela ajuda mtua,
a manuteno de seus empregos e rendas ou
mesmo que um instrumento de
preservao do padro de vida da classe
trabalhadora.
Com esses objetivos, grupos de
trabalhadores tm-se organizado em
1 7
A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2
9 Os manuais e estudos realizados at o momento encontram-se listados no Anexo 1.
-
empresas autogestionrias, passando a viver
o desafio de driblar a falta de experincia
gerencial e de encontrar solues para
desenvolver o empreendimento por meio de
procedimentos adequados sua forma de
organizao.
A rea Social vem, desde 1996,
conhecendo as diversas experincias no pas
e identificando suas potencialidades e,
principalmente, suas vulnerabilidades.
Assim, visando estimular o surgimento e a
consolidao dessas empresas, o BNDES
dispe-se a examinar diretamente operaes
com valores superiores a R$ 150 mil e a
apoiar, quando necessrio, o aprimoramento
tcnico e gerencial dessas organizaes,
buscando seu desenvolvimento institucional
e organizacional. Alm disso, possibilita a
aquisio de mquinas e equipamentos
usados e a obteno de crditos para capital
de giro.
O BNDES criou, mais recentemente, o
Programa de Desenvolvimento Local, que
tem por objetivo contribuir para a promoo
do desenvolvimento em determinadas
microrregies caracterizadas por elevado
nmero de populaes de baixa renda e
pouco dinamismo econmico.
A idia central desse programa, que se
utiliza de recursos do Fundo Social, a de
viabilizar a implementao de metodologias
inovadoras que atravs da mobilizao e
capacitao da comunidade, do
fortalecimento institucional e da promoo
de novas iniciativas produtivas e de maior
produtividade s iniciativas existentes
permitam a construo de uma agenda
renovada de desenvolvimento dessas
regies. O BNDES tem procurado
estabelecer parcerias que possibilitem a
implementao de diferentes metodologias e
abordagens de desenvolvimento do
territrio.
Nesses processos, fundamental a
mobilizao e a organizao da populao
na construo dessa agenda de
desenvolvimento, levando em conta as
vocaes e potencialidades locais e cujos
resultados beneficiem a maioria da
populao. Alm disso, busca-se superar o
foco estritamente municipal, a partir do
trabalho em reas geoeconmicas e seus
sistemas produtivos. Os governos
municipais ganham um novo papel, para
alm de suas funes tradicionais de
provedor de servios sociais bsicos, que o
de promotor e articulador do
desenvolvimento num contexto regional.
A agenda de trabalho nessas regies
inclui, aps amplo levantamento do perfil
socioeconmico, problemas e
potencialidades de cada municpio, a
implementao de intenso processo de
capacitao, a mobilizao, a articulao e
o fortalecimento das organizaes
comunitrias, das instituies pblicas e
1 8
A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2
-
dos produtores, tendo em vista a
elaborao e a implementao de um
plano estratgico e participativo de
desenvolvimento.
O papel do BNDES nessa agenda tanto
o de financiador como o de articulador das
atividades prprias a esse processo. Trata-se
de disponibilizar recursos no-reembolsveis
para a etapa inicial de mobilizao e
capacitao, visando ao fortalecimento do
capital social e institucional que impulsione
o potencial produtivo existente nas
diferentes regies do pas, alm da prpria
adequao de suas linhas de financiamento,
ou mesmo a criao de novos produtos, a
fim de incentivar o capital produtivo dessas
regies.
Os diversos programas elaborados para
orientar as aplicaes do Fundo Social tm
como objetivo comum apoiar investimentos
de projetos inovadores que tenham
potencial de exemplaridade e cujas
metodologias possam ser sistematizadas e
disseminadas, podendo, inclusive,
contribuir para o aperfeioamento das
polticas pblicas.
O Programa de Fomento e Divulgao de
Projetos Sociais tem sido um instrumento
importante de identificao dessas
experincias. O Prmio Gesto Pblica e
Cidadania, organizado pela Fundao
Getulio Vargas, conta com recursos do
Fundo Social desde 1998 e, anualmente,
seleciona 20 projetos inovadores,
desenvolvidos pelos governos municipais
em parceria com a sociedade civil. O Banco
apia, tambm, o Prmio Scio-Educando,
que seleciona experincias de medidas
socioeducativas para adolescentes em
conflito com a lei, neste ano em sua terceira
edio. Alm desses, apoiou a premiao
McKinsey & Company e Ashoka
Empreendedores Sociais, voltada para a
elaborao de planos de negcios para
organizaes sociais.10
O Projeto Me-Canguru de Assistncia
ao Beb Prematuro, desenvolvido pelo
Instituto Materno-Infantil de Pernambuco
(Imip) e contemplado em 1998 no mbito
desse prmio, um exemplo de boa prtica
que se tornou poltica pblica, a partir do
envolvimento do BNDES. Os recursos do
Fundo Social possibilitaram inicialmente
investimentos nesse hospital e em outras
instituies e, posteriormente, permitiram a
estruturao de amplo programa de
disseminao, em parceria com o
Ministrio da Sade e a Fundao Orsa.
Hoje, mais de 200 hospitais pblicos j
utilizam o mtodo, reconhecido como
1 9
A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2
10 Empreendimentos sociais sustentveis: como elaborar planos de negcio para organizaes sociais, McKinsey & Company e
Ashoka Empreendedores Sociais, So Paulo, 2001; Scio-educao no Brasil: adolescentes em conflito com a lei: experincias
de medidas scio-educativas, Prmio Scio-Educando, So Paulo, 2001.
-
procedimento remunervel pelo Sistema
nico de Sade.
Os recursos do Fundo Social tm sido
aplicados principalmente por meio do
Programa de Apoio a Crianas e Jovens em
Situao de Risco Social.11 At o momento,
j foram apoiados 102 projetos nas reas de
sade, educao e ateno integral,
totalizando R$ 133 milhes e atingindo uma
populao de 2,7 milhes de crianas e
jovens. Isso tem permitido ao Banco
aproximar-se da realidade do terceiro setor
no Brasil cliente no-tradicional do
BNDES e o apoio ao seu fortalecimento e
articulao com as aes de cunho
governamental. Ao mesmo tempo, os
financiamentos ao poder pblico municipal
tm buscado estimular aes estruturantes de
polticas pblicas que envolvam
crescentemente os diversos atores da
sociedade civil.
O BNDES, como principal agncia de
fomento e financiamento de longo prazo no
Brasil e interlocutor privilegiado das
empresas na discusso de seus projetos de
modernizao e expanso, vem exercendo,
historicamente, um importante papel na
difuso de procedimentos ticos e
socialmente responsveis no meio
econmico. A anlise de impacto ambiental
dos investimentos, por exemplo, prtica j
consolidada no Banco e resulta de um
processo pioneiro iniciado na dcada de 70 e
que tem servido de referncia para todo o
sistema financeiro nacional.
Mais recentemente, essa interlocuo
com a iniciativa privada vem sendo
mobilizada, tambm, para fomentar a
agregao da varivel social pelo setor
produtivo, incluindo-a na composio e
avaliao dos seus empreendimentos.
Desde 1999, a informao sobre a gesto
das empresas, no que se refere
responsabilidade social corporativa, constitui
item obrigatrio dos relatrios de anlises
dos financiamentos concedidos pelo Banco.
Dessa forma, alm de exigir o cumprimento
de obrigaes legais e compulsrias
fiscais, trabalhistas e ambientais para a
concesso de crditos, o Banco procura
estimular o contnuo aperfeioamento
empresarial no s na conduo de seus
empreendimentos e respectivos impactos
sobre o ambiente externo de influncia,
como tambm no relacionamento com seus
principais pblicos, com que interage. Para
isso, est desenvolvendo novos
instrumentais de anlise, como o Guia de
Abordagem de Aspectos Sociais (GAS), que
visa orientar os tcnicos da instituio em
2 0
A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2
11 Os resultados da primeira etapa desse programa esto consolidados no livro Programa de apoio a crianas e jovens em situao
de risco social, Rio de Janeiro, 2000.
-
suas anlises, reunindo itens que costumam
ser atribudos ao exerccio da
responsabilidade corporativa.
O Banco j conta, em sua carteira, com
emprstimos voltados para a realizao de
investimentos visando ao desenvolvimento
social e associados aos financiamentos para
a expanso e modernizao produtiva. Essa
carteira bastante representativa, menos
pelos valores envolvidos R$ 60 milhes
e mais pela sua qualidade, por abranger as
mais significativas empresas atuantes no
pas em diversos setores e pelo
desenvolvimento de projetos inovadores.
O papel exercido pelo BNDES na
identificao e no fomento realizao de
investimentos sociais, sem fins lucrativos e
em benefcio pblico, por parte das
empresas insere-se em sua estratgia de
promover a articulao e a integrao entre
iniciativa privada, poder pblico e sociedade
organizada na implementao de modernas
polticas pblicas.
Por fim, importante ressaltar que, tendo
como pressuposto aes estruturantes
relativas ao desenvolvimento social e
necessidade de criao de mecanismos
adequados de financiamento de longo prazo
a setores no-tradicionais para o BNDES,
faz-se necessrio um esforo permanente de
conhecimento setorial. Isso se traduz em
uma agenda de trabalho que incorpora
estudos, sistematizao e disseminao de
novas metodologias, avaliao de resultados
e a contnua interlocuo com os principais
atores governamentais e
no-governamentais.
O estudo do segmento filantrpico-
hospitalar no Brasil, promovido pelo
BNDES em parceria com a Escola Nacional
de Sade Pblica (ENSP), da Fiocruz, um
exemplo tpico de amplo diagnstico do
setor indito at ento no pas que
oferecer parmetros fundamentais para a
atuao do Banco. Esse estudo compreendeu
um censo de 1.860 entidades de um universo
que, a princpio, apresentava cerca de 2.100
unidades. O referido estudo tambm fez uma
pesquisa de campo com uma amostra de 66
hospitais com menos de 600 leitos, 26
hospitais com mais de 600 leitos e 10
hospitais filantrpicos no-prestadores de
servios ao SUS e de alta complexidade e
referncia no setor hospitalar.
No caso de sistematizao de
metodologias, os manuais para instituies
microfinanceiras mencionadas anteriormente
so fundamentais para o fortalecimento
dessa indstria no Brasil.
O carter inovador da maioria dos
programas que vm sendo implementados
demanda um processo de avaliao de seus
resultados no apenas para o seu
aperfeioamento, como tambm para a
divulgao das experincias em curso. Para
isso, decidiu-se pela organizao de uma
2 1
A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2
-
srie de publicaes, denominadas BNDES
Social,12 que tm por objetivo compartilhar
as reflexes e disponibilizar os
conhecimentos gerados nesse processo
relacionado agenda de trabalho na
dimenso do desenvolvimento social e
urbano.
Os resultados aqui apresentados refletem
a construo de uma agenda bastante
diversificada, em face da complexidade da
questo do desenvolvimento social. De fato,
essa agenda incorpora desde os setores
sociais bsicos, passando pela modernizao
da gesto municipal e dos investimentos
pblicos, at projetos voltados para a
insero produtiva da populao de baixa
renda.
Apesar dessa diversidade, alguns traos
comuns sobressaem. O primeiro deles o
estmulo permanente modernizao
institucional, desde a gesto at a melhoria
da qualidade dos servios prestados, seja de
projetos do setor pblico, seja de projetos do
setor privado, lucrativos ou no-lucrativos.
Outra caracterstica relevante tem sido o
investimento no desenvolvimento, na
implementao e na disseminao de novos
processos de trabalho e metodologias que
contribuem decisivamente para aperfeioar
as polticas pblicas nas quais interagem
atores governamentais, da sociedade civil e
do setor privado.
Cabe tambm ressaltar que o
envolvimento do Banco com os setores
sociais reforou e, mesmo em alguns
segmentos, introduziu a prtica de
diagnsticos, planejamento e elaborao de
projetos de investimento com viso de
sustentabilidade no longo prazo.
Tudo isso exigiu, como j mencionado,
um envolvimento do Banco no
conhecimento desses novos setores, na
interao com clientes no-tradicionais, na
adequao e flexibilizao das polticas
operacionais e, ainda, no desenvolvimento
de novos produtos.
O principal desafio at ento enfrentado
permanece, qual seja, o de definio do
papel do BNDES, enquanto principal
provedor de recursos de longo prazo para
investimento, no aperfeioamento das
polticas pblicas voltadas para o
enfrentamento das questes sociais no
Brasil.
2 2
A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2
12 A lista das publicaes encontra-se no Anexo 1.
-
PA RT E 2 M O D E R N I Z A O D O S E T O R P B L I C O
-
1. Programa de Modernizao daAdministrao Tributria e da Gestodos Setores Sociais Bsicos (PMAT)*
O Programa de Modernizao da
Administrao Tributria e da Gesto dos
Setores Sociais Bsicos (PMAT) uma
iniciativa pioneira do governo federal
iniciada pelo BNDES em 1997. Ele vem
priorizando o fortalecimento da gesto
pblica, de modo a possibilitar s prefeituras
a ampliao das receitas prprias, o controle
dos gastos e a racionalizao do uso dos
recursos pblicos, alm de obter uma
melhoria da qualidade de atendimento ao
cidado e proporcionar maior transparncia
na ao governamental.
Um marco importante da histria do
PMAT foi a edio da Lei Complementar
101/2000. Alm de seus preceitos de
transparncia e responsabilidade fiscal, que
traduzem um novo padro de conduta do
administrador pblico, pautado pelo respeito
ao contribuinte, a Lei de Responsabilidade
Fiscal (LRF) estabelece, em seu artigo 64,
que a Unio prestar assistncia tcnica e
financeira aos municpios para que eles
possam se adequar aos requisitos
estabelecidos por ela.
Com o objetivo de contribuir para esse
processo, o BNDES passou a trabalhar, em
apoio ao Ministrio do Planejamento, na
implementao da LRF, produzindo livros e
outros materiais de divulgao sobre a
matria. O Banco Federativo, stio
especializado em finanas pblicas, foi o
principal canal criado para esse fim.13
Nessa perspectiva, o BNDES, em seu
recente processo de planejamento
estratgico, priorizou o apoio
modernizao das prefeituras brasileiras,
tendo sido estipulada a meta de aprovao
de 1.500 operaes at o ano de 2005.
O PMAT hoje considerado como a porta
de entrada do municpio para as linhas de
financiamento do BNDES, uma vez que
contribui com resultados positivos na
ampliao da capacidade de pagamento,
2 5
A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2
13 Esse trabalho vem sendo conduzido pela rea de Assuntos Fiscais e do Emprego do BNDES. As publicaes que foram
produzidas no mbito dessa agenda esto listadas no Anexo 1.
* Texto elaborado por Lucimar da Silva Guarneri, Gerente de Conta da Gerncia Executiva de Administrao Pblica, com a
colaborao de Raquel de Almeida Pedro, estagiria dessa gerncia.
-
habilitando o governo local a captar recursos
novos para projetos sociais e de
infra-estrutura urbana.
Com a estratgia de universalizar o
acesso ao programa dos pequenos e mdios
municpios, certamente aqueles que tm as
maiores dificuldades e que mais necessitam
adotar modernas tcnicas e instrumentos de
gesto administrativa e fiscal, o BNDES
assinou, em dezembro de 2000, um convnio
com o Banco do Brasil. Atravs desse
contrato, essa instituio passou a ser
mandatria do BNDES para as operaes do
PMAT abaixo de R$ 2 milhes,
possibilitando assim que o programa
alcance, atravs de sua ampla rede de
agncias bancrias, os pequenos municpios
brasileiros. Essa parceria j est produzindo
resultados bastante significativos, conforme
ser visto adiante.
O PMAT foi criado com a premissa
bsica de facilitar o processo de
modernizao gerencial e a eficincia
fiscal dos municpios, aproveitar o
potencial de arrecadao e contribuir para
a reduo da dependncia dos municpios
em relao s transferncias federais e
estaduais. Primordialmente, o objetivo era
aumentar as receitas prprias e cooperar
para a gerao de um fluxo adicional e
permanente de recursos prprios, a fim de
suportar o nvel de despesas e os
investimentos locais.
Trata-se da implementao de diversas
aes que, no conjunto, viabilizem o
aumento da receita prpria, atravs da
ampliao e atualizao de sua base
tributria; a melhoria dos lanamentos dos
tributos e da ao fiscalizadora; a cobrana
mais eficiente de dbitos em atraso; a
modernizao da legislao, rotinas e
processos; e inmeras aes voltadas ao
acompanhamento regular do cumprimento
das obrigaes tributrias. Tudo isso dentro
de uma ambincia que tem como foco a
melhoria da qualidade de atendimento ao
contribuinte.
Nessa fase inicial, o programa voltou-se
exclusivamente para a modernizao da
administrao tributria, financeira e
patrimonial, sendo os seus principais focos
de ao: o cadastro fiscal, a arrecadao, a
cobrana administrativa e judicial, a
fiscalizao, os estudos
econmico-tributrios, a execuo
financeira, a contabilidade e a dvida
pblica, a auditoria e o controle interno, o
patrimnio e o atendimento ao contribuinte.
Em maio de 1999, a partir da compreenso
de que em outras reas administrativas da
prefeitura tambm havia desafios a transpor,
vislumbraram-se a melhoria da gesto e o ganho
de eficincia nos processos nos setores sociais
bsicos. Houve uma alterao do programa, que
passou ento a contempl-los. No entanto,
permanece o enfoque de que haja uma
2 6
A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2
-
prioridade para as implementaes que visem
modernizao da administrao tributria.
Assim, as novas reas abordadas so:
administrao geral: gesto de recursos
humanos, folha de pagamento, gesto de
contratos, licitaes e compras, controle
de processos administrativos em geral e
eficincia energtica;
administrao da sade: atendimento ao
cidado, gesto das unidades de sade e
dos programas de sade, vigilncia
sanitria e Conselho Municipal da Sade;
administrao da educao: gesto das
unidades escolares e dos programas de
educao, conselhos escolares e Conselho
do Fundo de Manuteno e de
Desenvolvimento do Ensino Fundamental
e de Valorizao do Magistrio (Fundef); e
assistncia a crianas e jovens: gesto das
unidades e redes de atendimento, dos
programas de assistncia e Conselho
Municipal dos Direitos da Criana e do
Adolescente.
PRINCIPAIS DESAFIOS E CONTRIBUIO
DO BNDES
A implantao de um programa como o
PMAT constitui um conjunto de desafios de
diversas naturezas, em todas as fases do
processo, tanto para o BNDES como para as
prefeituras.
Isso se deve, em geral, ao estgio no qual se
encontra grande parte das administraes
pblicas municipais, que apresentam, entre
outros aspectos, defasagem na sistemtica dos
processos; cadastros no-atualizados, gerando
perda na arrecadao; ineficincia no processo
de tomada de decises, em funo de
dificuldades na obteno e na baixa
confiabilidade das informaes; recursos
tecnolgicos no-compatveis com as
modernas ferramentas existentes no mercado;
custo de manuteno muito elevado, devido a
sistemas desenvolvidos com tecnologias
defasadas; instalaes fsicas inadequadas para
o servidor e para o atendimento ao cidado;
legislaes desatualizadas; instrumentos
normativos ausentes ou desatualizados; baixa
qualificao e desmotivao dos recursos
humanos; e burocratizao e lentido dos
processos internos.
Outro fator de significativa importncia
quando se inicia um processo de
modernizao que requer tanto
transformaes tecnolgicas quanto,
principalmente, culturais refere-se s
resistncias mudana. Essas resistncias
advm dos contribuintes, que reagem aos
aumentos da carga tributria e das novas
formas de fiscalizao, de fornecedores de
materiais e servios, que se deparam com
um novo ambiente institucional em suas
prticas e relaes, bem como dos prprios
servidores municipais, que so estimulados a
adotar uma conduta mais profissional e de
qualidade.
2 7
A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2
-
Frente a isso, cumpre ao BNDES o papel
de induzir a alterao das prticas de gesto
pblica no nvel local, atravs de um
permanente dilogo com as prefeituras.
Os objetivos so os de introduzir novos
componentes na discusso, auxiliar na
formulao conceitual da gesto pblica e
contribuir para a disseminao desse
conhecimento a todos os atores sociais
mobilizados com a questo da
responsabilidade fiscal, da cidadania e do
desenvolvimento sustentvel dos municpios
brasileiros.
Cabe ao Banco contribuir para o
fortalecimento dos governos municipais,
associando a responsabilidade fiscal
responsabilidade social, essencialmente no que
tange valorizao do contribuinte-cidado e
melhoria de seu atendimento, transparncia
da aplicao dos recursos municipais, s
reformas institucionais dos processos e das
relaes, qualificao do servidor municipal
e ao acesso s tecnologias de informao e
comunicao.
A equipe tcnica do BNDES tem
assumido a misso de interagir com as
prefeituras em todas as fases do projeto,
desde a formulao at o encerramento, de
forma a contribuir para que ele seja
bem-sucedido e alcance a melhor relao
custo-benefcio.
Na fase de implementao, so realizadas
visitas tcnicas de acompanhamento e
avaliao dos projetos, com vistas ao
atingimento dos objetivos do projeto ou
correes de rotas, quando necessrio, bem
como para identificar experincias exitosas e
prticas de sucesso.
Por fim, para a contratao de uma
operao, registra-se a existncia de um
arcabouo regularizador complexo, em
relao ao controle do endividamento do
setor pblico, que dificulta, e por vezes
impede, a concesso do crdito s
prefeituras. Cabe ressaltar, no entanto, que o
PMAT foi beneficiado, no final de 2001,
com a flexibilizao das regras de
contingenciamento do crdito ao setor
pblico, tanto no Senado, quanto no
Conselho Monetrio Nacional.
Isso porque o PMAT, alm de ser um
programa que contribui decisivamente para
o ajuste fiscal dos municpios, um dos
instrumentos atravs do qual o governo
federal cumpre o artigo 64 da Lei de
Responsabilidade Fiscal, que estabelece que
cabe Unio prestar assistncia tcnica e
financeira aos municpios, visando
adequ-los aos requisitos da referida lei.
Nesse sentido, as operaes do PMAT
foram excludas do limite geral das
operaes de crdito do setor pblico,
estabelecido pelo Conselho Monetrio
Nacional, ficando tambm os municpios
desobrigados de observar os limites de
endividamento em relao receita anual e
2 8
A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2
-
de comprometimento da receita com o
servio da dvida. Como conseqncia, a
documentao exigida para a autorizao
das operaes ficou significativamente
reduzida.
RESULTADOS
A atual carteira do PMAT d conta do
grau de adeso do programa, que j atinge
cerca de 10% dos municpios brasileiros
(Quadro 1).
No que se refere ao objetivo de garantir a
universalidade de acesso ao programa a
municpios de qualquer porte ou regio,
pode-se, como resultado, verificar a ampla
diversidade desses critrios na carteira atual
(Grficos 3 e 4).
O Grfico 5 apresenta a distribuio da
carteira do PMAT por partido poltico,
demonstrando o compromisso generalizado
de avanar no sentido da responsabilidade
fiscal.
A primeira etapa do processo de avaliao
O BNDES vem realizando um esforo de
avaliao de sua carteira de projetos,
permitindo uma reflexo crtica que estimule
a aprendizagem contnua. Nesse aspecto, age
como facilitador da interao dos Executivos
locais, com a abertura para o intercmbio de
idias e prticas de gesto, oportunidades de
debate e difuso dessas experincias, que
servem de orientao para outras prefeituras
no momento da concepo e implementao
de seus projetos.
2 9
A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2
QUADRO 1PMAT CARTEIRA TOTAL
-
3 0
A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2
GRFICO 3PMAT CARTEIRA TOTAL
DISTRIBUIO DO NMERO DE MUNICPIOS POR POPULAO*
* Operaes contratadas e aprovadas at outubro de 2002.
GRFICO 4PMAT CARTEIRA TOTAL
DISTRIBUIO POR REGIO*
* Operaes contratadas e aprovadas at outubro de 2002.
-
No processo de avaliao do programa,
ganhou destaque os desafios de mensurar os
resultados e impactos obtidos com a
implementao dos projetos. Nesse
particular, verifica-se a ausncia das prticas
de avaliao na gesto pblica municipal e a
inexistncia de indicadores de eficincia
para melhor estimativa dos resultados
obtidos.
Aps cinco anos da implementao do
PMAT, em 2001 teve incio a primeira etapa
de um processo de avaliao que se constitui
em importante fase do ciclo dinmico de
planejamento, estratgia, implementao,
avaliao e novo planejamento. Essa
avaliao objetiva confrontar os resultados
obtidos vis--vis as metas estabelecidas para
o programa, observar a conduo e a
eficincia dos resultados obtidos, bem como
identificar espaos para o aprimoramento da
ao governamental.
Em se tratando do PMAT, esse esforo de
avaliao permite a observao de dois
atores de diferentes esferas do cenrio
pblico. De um lado, o BNDES, como
agente de desenvolvimento e que atua
atravs da oferta do crdito. E, de outro, a
prefeitura, como a promotora das aes de
modernizao no nvel municipal.
Essa primeira etapa da avaliao buscou
identificar os principais elementos, as
prticas de bom xito e as experincias
inovadoras observadas nas aes
implantadas em um conjunto de municpios
em estgio mais avanado na implementao
das aes do projeto.
Uma nota metodolgica com relao
amostra objeto da investigao definiu que
3 1
A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2
GRFICO 5PMAT CARTEIRA TOTAL
DISTRIBUIO POR PARTIDO POLTICO*
* Operaes contratadas e aprovadas at outubro de 2002.
-
estariam em estgio mais avanado na
implementao aqueles municpios para os
quais o BNDES havia liberado 75% ou mais
do valor financiado. Com essa abordagem,
foi feito um corte na carteira em maro de
2001, tendo sido identificadas oito
prefeituras nessa condio: Belm, Belo
Horizonte, Curitiba, Ipatinga, Manaus, Rio
de Janeiro, So Lus e Vitria.
Cabe ressaltar que esse critrio alcanou
os projetos pioneiros e gerou uma amostra
pouco representativa da carteira total do
programa, pois contempla exclusivamente os
investimentos na modernizao da
administrao tributria, e que se compe de
municpios de maior porte, dos quais sete
so capitais. Assim, nessa avaliao ainda
no se dispe de dados e elementos que
evidenciem o impacto das aes no campo
da modernizao da gesto dos setores
sociais bsicos, tampouco desses resultados
em municpios de pequeno porte.
Para desenvolver esse processo,
considerando a extenso, a complexidade e o
amplo espectro de aes que compreendem
um programa de modernizao, uma outra
nota metodolgica apontou a necessidade de
definir um conjunto de dimenses
consideradas chaves para se obter a melhoria
da administrao tributria. Foram
encontradas 12 dimenses, cuja maioria visa
obteno de resultados que tenham um
efeito mensurvel ou produto final. O
Quadro 2 demonstra os principais impactos
identificados nessa pesquisa e d conta da
multiplicidade dessas aes, que, em ltima
3 2
A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2
QUADRO 2IMPACTOS DA MODERNIZAO DA GESTO MUNICIPAL
-
anlise, revertem a favor do aumento da
arrecadao
Como resultado da primeira etapa de
avaliao do PMAT, houve a realizao do
seminrio Modernizao da Gesto Pblica:
Enfrentando Desafios e Construindo a
Cidadania, realizado em dezembro de 2001 e
que derivou na publicao BNDES Social
n 4, em 2002, com o mesmo ttulo.
Das prticas de sucesso encontradas nos
oito municpios avaliados, pode-se citar, a
ttulo de ilustrao, algumas medidas que
foram adotadas: a otimizao da cobrana da
dvida ativa no Rio de Janeiro, que gerou
aumentos de 117% na recuperao anual
entre os anos de 1996 e 2001; a implantao
do cadastro multifinalitrio de Belm, que
integrou as bases cadastrais do municpio e
tornou-se mais uma ferramenta de promoo
da justia fiscal; e a descentralizao do
atendimento em Curitiba, que aumentou o
campo de ao da prefeitura e deu maior
comodidade ao cidado. Vale ressaltar que
as outras experincia inovadoras encontradas
nos demais municpios analisados esto em
destaque, detalhadas e quantificadas na
referida publicao.
E, finalmente, a face mais visvel dos
resultados pode ser conferida pelo aumento
da arrecadao dos municpios que fizeram
parte da amostra da avaliao (Grfico 6).
AGENDA
H um esforo concentrado para o
atingimento de metas estratgicas, como o
aumento do nmero de contrataes das
operaes j aprovadas e o impulso na
anlise de novas operaes, de forma a
viabilizar o universo de 1.500 operaes
aprovadas at 2005.
3 3
A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2
GRFICO 6PMAT CRESCIMENTO DAS RECEITAS TRIBUTRIAS PRPRIAS
EM MUNICPIOS SELECIONADOS
-
Com o intuito de adequar nossos
instrumentos realidade observada nesse
processo de avaliao, faz-se necessrio
desenvolver estudos de reviso das normas
operacionais do programa, incluindo a
adaptao dos limites estabelecidos por
operao e por categoria de investimento.
No prosseguimento da avaliao, consta
da agenda desenvolver uma metodologia que
possa explicitar o alcance do programa na
esfera da gesto dos setores sociais, bem
como iniciar a avaliao das operaes que
tm o Banco do Brasil como mandatrio, por
apresentarem um quadro de realidades
diferenciado das operaes diretas na
carteira do BNDES, j que so
prioritariamente oriundas de municpios de
pequeno porte.
Outros pontos de ateno dizem respeito
ao aprimoramento dos questionrios
enviados s prefeituras para a avaliao do
programa e busca contnua de novas
experincias e prticas de xito. De forma
paralela, estar tendo continuidade a
construo de uma cesta de indicadores de
eficincia e de impactos.
Constam da agenda de trabalho para o
prximo ano a continuidade da divulgao
do programa, dos resultados alcanados,
bem como do quarto nmero da publicao
BNDES Social, e a promoo do
intercmbio de experincias entre as
prefeituras, para que busquem a
implantao de seus projetos de
modernizao da melhor forma possvel.
Finalmente, tambm est previsto para
2003 o desenvolvimento de mecanismos de
interao das aes do PMAT com as de
desenvolvimento local (DL), de modo a
propiciar uma complementaridade dessas
duas reas de atuao prioritrias da rea de
Desenvolvimento Social.
3 4
A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2
TABELA 2PMAT LISTA DOS MUNICPIOS POR REGIO COM OPERAES
APROVADAS E CONTRATADAS
UF Sigla da operao Investimento Financiamento Nvel
Centro-Oeste
GO Aparecida Goinia 2.940.460 2.646.410 2. Aprovada
Bom Jesus de Gois 140.000 140.000 2. Aprovada
MS Campo Grande 1.409.960 1.300.000 1. Contratada
MT Nossa Senhora do Livramento 215.718 215.718 2. Aprovada
Rondonpolis 3.096.521 2.770.974 2. Aprovada
7.802.659 7.073.102
-
3 5
A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2
TABELA 2 (CONTINUAO)PMAT LISTA DOS MUNICPIOS POR REGIO COM OPERAES
APROVADAS E CONTRATADAS
UF Sigla da operao Investimento Financiamento Nvel
Nordeste
BA Vitria da Conquista 2.271.600 1.603.700 1. Contratada
Cairu 272.545 272.545 2. Aprovada
Camamu 548.243 548.243 2. Aprovada
Igrapina 237.609 237.609 2. Aprovada
Itap 198.000 198.000 2. Aprovada
Ituber 372.991 372.991 2. Aprovada
Nilo Peanha 326.675 326.675 2. Aprovada
Salvador 14.118.980 12.576.880 2. Aprovada
So Sebastio Pass 518.000 498.400 2. Aprovada
Tancredo Neves 321.931 321.931 2. Aprovada
Tapero 341.099 341.099 2. Aprovada
CE Fortaleza 7.961.500 5.380.400 1. Contratada
Aratuba 249.760 222.426 2. Aprovada
Aurora 457.956 457.956 2. Aprovada
Camocim 1.102.400 992.160 2. Aprovada
Caridade 296.310 280.710 2. Aprovada
Horizonte 608.220 608.220 2. Aprovada
Ic 665.912 599.321 2. Aprovada
MA So Lus 7.696.744 6.157.395 1. Contratada
PB Campina Grande 2.237.400 1.789.900 2. Aprovada
Joo Pessoa 10.158.750 9.142.875 2. Aprovada
PE Paulista 2.192.400 1.973.160 1. Contratada
Petrolina 2.765.000 2.488.500 1. Contratada
Recife 7.654.500 6.123.600 1. Contratada
Olinda 1.616.000 1.454.400 2. Aprovada
-
3 6
A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2
TABELA 2 (CONTINUAO)PMAT LISTA DOS MUNICPIOS POR REGIO COM OPERAES
APROVADAS E CONTRATADAS
UF Sigla da operao Investimento Financiamento Nvel
PI Teresina 4.271.000 3.417.000 1. Contratada
Buriti dos Lopes 257.403 257.403 2. Aprovada
Lus Correia 422.004 421.962 2. Aprovada
Monsenhor Gil 167.809 167.809 2. Aprovada
Parnaba 2.449.828 2.204.550 2. Aprovada
RN Natal 8.314.000 4.653.800 2. Aprovada
81.072.569 66.091.620
Norte
AM Manaus 8.754.710 6.435.790 1. Contratada
Coari 1.340.000 1.206.000 2. Aprovada
PA Belm 8.513.000 5.299.070 1. Contratada
Belm II 2.350.770 1.696.850 1. Contratada
RO Ariquemes 1.330.000 1.197.000 2. Aprovada
Presidente Mdici 361.180 361.180 2. Aprovada
22.649.660 16.195.890
Sudeste
ES Cachoeiro do Itapemirim 3.684.952 3.132.100 1. Contratada
Serra 4.788.500 4.309.650 1. Contratada
Vitria 3.332.000 2.426.000 1. Contratada
Vitria II 2.734.687 2.360.000 1. Contratada
Castelo 992.720 589.554 2. Aprovada
Vila Velha 7.527.600 6.128.000 2. Aprovada
MG Belo Horizonte 6.665.000 4.489.000 1. Contratada
Governador Valadares 4.969.013 4.421.756 1. Contratada
Ipatinga 1.735.000 1.060.000 1. Contratada
-
3 7
A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2
TABELA 2 (CONTINUAO)PMAT LISTA DOS MUNICPIOS POR REGIO COM OPERAES
APROVADAS E CONTRATADAS
UF Sigla da operao Investimento Financiamento Nvel
Juiz de Fora 2.328.854 2.095.968 1. Contratada
Tupaciguara 414.000 414.000 1. Contratada
Bom Despacho 395.000 395.000 2. Aprovada
Contagem 4.835.200 3.868.200 2. Aprovada
Paracatu 1.500.000 1.350.000 2. Aprovada
So Gonalo do Par 117.029 117.029 2. Aprovada
So Pedro do Suau 103.500 103.500 2. Aprovada
Trs Pontas 507.382 456.644 2. Aprovada
Virginpolis 121.425 121.425 2. Aprovada
RJ Niteri 6.250.000 4.274.000 1. Contratada
Petrpolis 4.398.588 3.500.000 1. Contratada
Rio de Janeiro 23.441.800 15.000.600 1. Contratada
Nilpolis 2.975.074 2.677.567 2. Aprovada
Nova Friburgo 2.540.000 2.286.000 2. Aprovada
Nova Iguau 10.575.000 7.168.409 2. Aprovada
Pira 875.003 408.600 2. Aprovada
Rio de Janeiro II 11.578.000 10.420.000 2. Aprovada
Santo Antnio de Pdua 648.124 648.124 2. Aprovada
So Gonalo 2.537.000 1.943.000 2. Aprovada
Volta Redonda 2.651.100 1.557.640 2. Aprovada
SP Araatuba 3.568.134 2.930.072 1. Contratada
Araras 2.043.000 1.800.000 1. Contratada
Bragana Paulista 2.000.000 1.800.000 1. Contratada
Conchal 300.000 300.000 1. Contratada
Indaiatuba 2.743.079 2.468.700 1. Contratada
Itapira 1.145.900 1.031.300 1. Contratada
Itatiba 1.400.000 1.260.000 1. Contratada
-
3 8
A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2
TABELA 2 (CONTINUAO)PMAT LISTA DOS MUNICPIOS POR REGIO COM OPERAES
APROVADAS E CONTRATADAS
UF Sigla da operao Investimento Financiamento Nvel
SP Jacare 3.010.000 2.000.000 1. Contratada
Jarinu 318.000 318.000 1. Contratada
Jundia 5.500.000 4.950.000 1. Contratada
Louveira 430.000 430.000 1. Contratada
Marlia 1.892.000 1.702.800 1. Contratada
Mogi das Cruzes 6.527.660 5.800.000 1. Contratada
Nova Odessa 850.000 765.000 1. Contratada
Perube 1.010.980 909.882 1. Contratada
Pindamonhangaba 2.424.000 2.181.600 1. Contratada
Pirapozinho 438.456 397.816 1. Contratada
Potirendaba 200.000 200.000 1. Contratada
Ribeiro Corrente 69.500 69.500 1. Contratada
Ribeiro Preto 10.100.000 9.090.000 1. Contratada
Santana de Parnaba 2.322.800 1.143.000 1. Contratada
Santo Andr 9.736.000 8.547.400 1. Contratada
So Paulo 116.615.756 104.954.180 1. Contratada
So Bernardo do Campo 8.800.000 7.920.000 1. Contratada
So Jos do Rio Preto 7.942.600 5.780.000 1. Contratada
Sorocaba 8.492.825 7.643.543 1. Contratada
Santa Brbara do Oeste 2.716.645 2.444.981 1. Contratada
Tamba 800.000 400.000 1. Contratada
Vinhedo 1.160.000 1.000.000 1. Contratada
Andradina 1.035.413 931.800 2. Aprovada
Avar 1.375.200 1.237.680 2. Aprovada
Birigui 1.886.000 1.697.400 2. Aprovada
Bom Jesus dos Perdes 202.200 202.200 2. Aprovada
Cachoeira Paulista 885.779 797.202 2. Aprovada
-
3 9
A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2
TABELA 2 (CONTINUAO)PMAT LISTA DOS MUNICPIOS POR REGIO COM OPERAES
APROVADAS E CONTRATADAS
UF Sigla da operao Investimento Financiamento Nvel
SP Campo Lindo Paulista 1.483.654 1.146.726 2. Aprovada
Capivari 745.000 745.000 2. Aprovada
Catanduva 2.115.420 1.903.878 2. Aprovada
Embu-Guau 1.264.680 994.392 2. Aprovada
Engenheiro Coelho 164.000 164.000 2. Aprovada
Esprito Santo do Pinhal 726.000 726.000 2. Aprovada
Franca 5.173.000 4.655.700 2. Aprovada
Gara 776.900 776.900 2. Aprovada
Hortolndia 2.317.500 2.070.000 2. Aprovada
Jaguarina 457.000 457.000 2. Aprovada
Joanpolis 186.000 186.000 2. Aprovada
Paulnia 1.099.900 800.000 2. Aprovada
Pedreira 633.900 633.900 2. Aprovada
Penpolis 849.040 764.136 2. Aprovada
Presidente Bernardes 85.000 85.000 2. Aprovada
Salto 1.603.062 1.441.625 2. Aprovada
Santa F do Sul 473.956 473.956 2. Aprovada
Santos 8.321.195 7.489.076 2. Aprovada
So Joo da Boa Vista 1.450.000 1.305.000 2. Aprovada
So Roque 1.279.806 1.120.846 2. Aprovada
Sumar 3.366.315 3.029.684 2. Aprovada
Tremembe 626.524 599.628 2. Aprovada
Valinhos 1.783.050 1.489.500 2. Aprovada
Vrzea Paulista 1.669.405 1.500.000 2. Aprovada
Votorantim 1.700.000 1.530.000 2. Aprovada
365.513.785 308.913.769
-
4 0
A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2
TABELA 2 (CONTINUAO)PMAT LISTA DOS MUNICPIOS POR REGIO COM OPERAES
APROVADAS E CONTRATADAS
UF Sigla da operao Investimento Financiamento Nvel
Sul
PR Curitiba 18.324.000 11.034.000 1. Contratada
Ibipor 446.300 356.300 1. Contratada
Irati 667.000 667.000 1. Contratada
Londrina 8.929.346 8.036.410 1. Contratada
Palotina 256.047 232.000 1. Contratada
Pato Branco 808.069 687.134 1. Contratada
Apucarana 2.305.358 1.980.000 2. Aprovada
Arapongas 1.889.460 1.500.000 2. Aprovada
Araucria 2.122.000 1.653.000 2. Aprovada
Centenrio do Sul 88.510 88.510 2. Aprovada
Clevelndia 112.136 108.586 2. Aprovada
Foz do Iguau 3.229.700 1.500.000 2. Aprovada
Guarapuava 2.789.536 2.510.580 2. Aprovada
Ponta Grossa 4.912.425 4.331.182 2. Aprovada
Porecatu 144.000 144.000 2. Aprovada
Tapejara 240.000 235.656 2. Aprovada
Umuarama 764.039 687.635 2. Aprovada
RS Caxias do Sul 2.940.000 2.640.000 1. Contratada
Pelotas 6.355.000 5.719.500 1. Contratada
Sobradinho 180.000 180.000 1. Contratada
Bossoroca 139.600 139.600 2. Aprovada
Cruz Alta 1.207.375 1.086.637 2. Aprovada
Gramado 800.000 800.000 2. Aprovada
Lagoa Bonita do Sul 48.000 44.532 2. Aprovada
Tapes 200.000 200.000 2. Aprovada
Taquara 950.000 855.000 2. Aprovada
-
4 1
A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2
TABELA 2 (CONTINUAO)PMAT LISTA DOS MUNICPIOS POR REGIO COM OPERAES
APROVADAS E CONTRATADAS
UF Sigla da operao Investimento Financiamento Nvel
SC Balnerio de Cambori 1.729.000 1.729.000 1. Contratada
Cricima 3.253.780 2.928.000 1. Contratada
Florianpolis 10.816.900 7.600.800 1. Contratada
Gaspar 769.489 769.489 1. Contratada
Imbuia 87.613 87.613 1. Contratada
Lages 2.710.000 2.545.164 1. Contratada
Pouso Redondo 94.377 94.377 1. Contratada
Rio do Sul 910.439 821.868 1. Contratada
Salete 114.615 114.615 1. Contratada
So Cristvo do Sul 80.000 80.000 1. Contratada
Tai 169.000 106.000 1. Contratada
Timb 511.550 506.543 1. Contratada
Araquari 420.000 420.000 2. Aprovada
Blumenau 4.642.300 4.178.070 2. Aprovada
Dionsio Cerqueira 45.000 40.000 2. Aprovada
Dona Emma 59.500 59.500 2. Aprovada
Guabiruba 230.000 230.000 2. Aprovada
Otaclio Costa 232.256 200.000 2. Aprovada
So Francisco do Sul 700.000 700.000 2. Aprovada
Viamo 1.959.670 1.763.703 2. Aprovada
Videira 747.700 747.700 2. Aprovada
91.131.090 73.139.704
-
2. Projetos Multissetoriais Integrados (PMI)*
A existncia de bolses de pobreza e
misria urbana nas grandes cidades, e em
especial nas regies metropolitanas, vem
cristalizando formas de apartheid social das
quais geralmente o Estado encontra-se
ausente. A reaproximao de grande parte da
populao brasileira com o Estado passa
necessariamente pela promoo, no espao
em que ela vive, das condies mnimas de
habitabilidade e de acesso aos servios
sociais bsicos, pela regularizao fundiria
e tambm pela ampliao das oportunidades
de gerao de trabalho e renda.
Para enfrentar esse quadro, torna-se cada
vez mais clara a necessidade de formatao
de um tipo de ao coordenada e sistemtica
que invista no desenvolvimento de novas
metodologias e instrumentos de atuao
pblica que levem solues estruturais para
essas situaes-problema.
O BNDES, como uma das principais
instituies federais de promoo do
desenvolvimento econmico e social, tem
papel importante na criao de alternativas de
investimento para o resgate da cidadania, para
a melhoria das condies de infra-estrutura
bsica e social, para a dinamizao
econmica e a para gerao de ocupao e
renda, estimulando e financiando projetos que
visem oferecer oportunidades s populaes
que vivem em reas de baixa renda.
A partir de 1997, foi desenvolvida uma
linha de atuao que financia principalmente
as administraes municipais, denominada
Projetos Multissetoriais Integrados (PMI). O
objetivo apoiar projetos em reas de baixa
renda, definidas territorialmente, a partir de
investimentos integrados em urbanizao,
meio ambiente, saneamento, melhorias
habitacionais, transporte, sade, educao,
esporte e lazer, gerao de ocupao e renda,
planejamento, entre outros. O enfoque dos
Projetos Multissetorias Integrados
coordenar aes considerando a pluraridade
dos investimentos, que devem ser articulados
para tratar das questes sociais e possibilitar a
construo de solues apropriadas
realidade de cada rea, com base na anlise
4 3
A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2
* Texto elaborado por Ana Christina Moreno Maia Barbosa, Gerente de Conta da Gerncia Executiva de Sade do BNDES.
-
dos problemas e potencialidades identificados
em cada situao.
Tal proposta no contempla solues
padronizadas elaboradas de cima para baixo.
Ao contrrio, parte da percepo de que as
reas onde se concentram as populaes
marginalizadas so bastante diferentes entre
si, desde os aspectos fsicos e ambientais at
os relativos sua histria e formao
socioeconmica. Pressupe a coordenao
de diversas instncias e segmentos da
administrao pblica, mas enfatiza,
principalmente, a mobilizao das energias
comunitrias da discusso e formulao
das solues utilizao efetiva dos
investimentos realizados.
O PMI necessita de transposio de
tcnicas modernas de planejamento,
usualmente empregadas na esfera
econmica, para o campo social, sobretudo
no mbito local. Isso representa um enorme
desafio para gestes municipais,
tradicionalmente organizadas em secretarias
setoriais, que atuam isoladamente.
Essa linha pressupe ainda a articulao
das diversas fontes de recursos disponveis
financiamentos da Caixa Econmica
Federal, Banco Interamericano de
Desenvolvimento (BID), Banco Mundial
(Bird), recursos oramentrios etc. para a
realizao dos investimentos necessrios,
considerando a natureza diversificada das
aes e o porte financeiro dos projetos.
Geralmente, as situaes de deficincia
ou degradao das condies bsicas de
infra-estrutura social e de realizao da
cidadania so caracterizadas por uma srie
de problemas que se somam, configurando
quadros de interdependncia viciosa.
Nas reas de baixa renda, encontram-se
reunidas praticamente todas as modalidades
de problemas de natureza social. Na
precariedade desse ambiente, a mortalidade
infantil elevada, os ndices de
analfabetismo so altos, o desemprego e o
subemprego esto presentes, a falta de
acesso educao e sade realimentam a
pobreza. Enfim, criam um crculo vicioso
que reproduz a excluso econmica e social,
conforme ilustrado no Grfico 7.
A diferenciao de situaes confere a
essas reas caractersticas singulares, no
possibilitando um tratamento homogneo.
Ou seja, cada situao especfica demanda
um conjunto de solues apropriadas, sob
medida. E fundamentado em um
conhecimento detalhado de cada rea, com o
diagnstico preciso de seus problemas
socioambientais e o levantamento das
expectativas de sua populao, que se torna
possvel estabelecer o conjunto de medidas
mais adequado transformao das
circunstncias degradadoras, que confinam
as comunidades dessas reas subcidadania.
Assim, o que for prioritrio para uma
situao pode no ser prioritrio para outra.
4 4
A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2
-
A percepo integrada do fenmeno
demanda uma pluralidade de conhecimentos
especficos para tratar, da forma mais
abrangente possvel, uma questo que inclui
vrios aspectos. Pode-se citar um exemplo
simples: para se promover a sade, no basta
construir um posto de atendimento, deve-se
tambm tratar da gua, do esgoto, do lixo, da
alimentao, do meio ambiente, da moradia e
da educao. Os amplos resultados esperados,
a partir dos investimentos multissetoriais,
podem ser visualizados no Grfico 8.
4 5
A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2
GRFICO 7PROJETO MULTISSETORIAL INTEGRADO
PROBLEMTICA SOCIAL
GRFICO 8PROJETO MULTISSETORIAL INTEGRADO
RESULTADOS
-
Projetos dessa natureza demandam uma
interlocuo entre as diversas reas para o
planejamento e implementao de aes
coordenadas, de modo a garantir o
enfrentamento simultneo de todas as
diversas causas que originam o problema e
comprometem solues isoladas, mesmo
quando engenhosas e de baixo custo. A ao
coordenada visa proporcionar resultados
sinrgicos e transformadores, promovendo
as capacidades de desenvolvimento
econmico e social das comunidades
envolvidas.
A obteno dessa nova forma de
conhecimento do problema no pode
prescindir da participao de profissionais
que atuam em diversos setores e rgos da
administrao pblica. Aes de natureza
diversa devem ser desenvolvidas
coordenadamente, tais como:
jurdico-legais, que abordam os
condicionantes da relao
sociedade-espao urbano parcelamento,
legalizao e posse de lotes e a definio
do uso e ocupao do solo;
urbanstico-ambientais, que abordam o
fato fsico-espacial drenagem, gua,
esgoto e coleta de lixo, arruamento,
acesso, equipamentos urbanos e sociais; e
scio-econmico-organizativas, que
abordam os processos e servios sociais
no mbito fsico e cultural servios de
sade, educao sanitria, acesso
instruo e profissionalizao, gerao de
ocupao e renda, organizao
comunitria, segurana e lazer.
Tais aes exigem providncias que
competem a diversos rgos e somente pela
sua articulao eficaz se tornaro
compatveis e integradas s polticas
setoriais, conferindo eficincia e
sustentabilidade s intervenes nas reas
com populao de baixa renda.
Alm do mais, pela sua complexidade,
extenso do fenmeno e grau de
interdependncia das variveis, a soluo
desse tipo de problema exige compromisso e
integrao em todos os nveis: no mbito das
polticas (urbanas, ambientais, habitacionais,
de sade, educao etc.), dos agentes
envolvidos (poder pblico, agentes
financiadores, assessorias, comunidades) e
das equipes de trabalho. A coordenao das
atividades permite maior eficincia e custos
mais baixos, mediante a sinergia entre as
aes e a reduo de desperdcios.
A estratgia de mudana de um ambiente
degradado ou marginalizado para a sua
incorporao na sociedade formal deve
considerar tambm a dimenso poltica das
foras dinmicas e contraditrias no espao
ou situao considerados. preciso que, no
planejamento da mudana, os diversos
setores interessados participem das decises.
Essa postura fundamental para a
democratizao e garantia de
4 6
A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2
-
sustentabilidade do processo e qualidade das
solues. preciso que os interesses
antagnicos sejam ouvidos e que haja
consultas formais e informais ao conjunto
dos interessados, negociando os pactos
necessrios, de forma a assegurar
racionalidade na concepo das solues e
eqidade na repartio dos resultados.
No vrtice do processo est o estmulo
participao comunitria, entendida como
mecanismo de promoo individual e
social, que eleva o nvel de conhecimento e
conscincia dos problemas, forma uma
postura crtica e um maior nvel de
exigncia quanto participao e
qualidade de vida, alm de ampliar o
processo educativo para desenvolver
atividades operativas e atitudes para o
trabalho coletivo. Dessa maneira,
conquista-se uma melhoria na qualidade
das reivindicaes e das demandas sociais.
O conceito de democratizao de
oportunidades est presente na promoo do
acesso habilitao para o trabalho, ao
desenvolvimento de opes de ocupao e
renda, infra-estrutura e aos servios
bsicos e sociais. Procura-se, mediante as
modificaes das condies em que vivem
os habitantes da pobreza, criar um ambiente
propcio promoo do ser humano e,
assim, construir condies apropriadas ao
resgate da cidadania e restaurao do papel
do Estado junto a essas comunidades.
Essa abordagem insere-se no contexto
de uma nova forma de atuao do Estado.
atravs da participao comunitria e da
atuao descentralizada em mbito
governamental, priorizando o papel e o
envolvimento das administraes municipais
no atendimento e encaminhamento das
questes sociais, que um Estado renovado e
mais eficiente chega comunidade.
Um Projeto Multissetorial Integrado deve
incorporar o conceito de melhorias
progressivas e sua concepo e execuo
devem compreender as seguintes etapas e
aspectos bsicos:
a definio clara da situao-problema e
sua delimitao no espao fsico;
o desenvolvimento de processos
participativos da comunidade;
o diagnstico multidisciplinar integrado;
a formulao do projeto, articulando
diversas solues complementares;
o gerenciamento matricial e coordenado;
o acompanhamento e