bndes_social7

download bndes_social7

of 240

Transcript of bndes_social7

  • Azeredo, Beatriz; Duncan, Pedro Gomes (orgs.)

    A experincia da rea de desenvolvimento social no perodo

    1996-2002 / organizadores: Beatriz Azeredo, Pedro Gomes Duncan. -

    Rio de Janeiro: BNDES, 2002.

    244 p.; il. 21 cm - (BNDES Social; n. 7)

    1. Desenvolvimento social. 2. Polticas pblicas. 3. Autogesto. 4.

    Microfinanas. 5. Sade. 6. Educao. 7. Arte e Educao. 8. Respon-

    sabilidade social. 9. Desenvolvimento local. I. Azeredo, Beatriz. II.

    Duncan, Pedro Gomes. III. Banco Nacional de Desenvolvimento

    Econmico e Social (Brasil).

    Os artigos assinados so de exclusiva responsabilidade dos

    autores, no refletindo, necessariamente, a opinio do BNDES.

    permitida a reproduo parcial ou total dos artigos desta publicao,

    desde que citada a fonte.

    DISTRIBUIO:

    BNDES Av. Repblica do Chile, 100 19 andar

    Rio de Janeiro CEP 20031-917

    Tel.: (21) 2277-7052 Fax: (21) 2240-3749

    e-mail: [email protected]

    Equipe tcnica da rea de Desenvolvimento Social responsvel pela publicao:

    Ana Christina Moreno Maia Barbosa

    Ana Cristina Costa

    Ana Lucia de Avellar

    Antnio Srgio Barretto

    Claudia Soares Costa

    Helosa Alves Rossi

    Isis Jurema da Silva Pagy

    Jos Carlos Ribeiro Castello Branco

    Lucimar Guarnieri

    Luiz Fernando Barreto

    Marcio Cameron

    Maria Angela Nogueira

    Marta Prochnik

    Nelson Duplat

    Sonia Lebre Caf

    Teresa Cristina Cosentino

  • Apresentao Beatriz AzeredoDiretora

    O BNDES tem sido, desde a sua fundao, a principal agncia de fomento ao desenvolvimentoeconmico do pas. Cumprindo essa misso, inscreveu seu nome, de forma definitiva, na histria doBrasil. E, cumprindo-a, vem dando, ao longo dos seus 50 anos de vida, inestimvel contribuio aodesenvolvimento social, financiando, na poca urea da industrializao, a construo de infra-estruturase a implantao de setores bsicos e de novas empresas, gerando emprego, renda e riqueza. No camposocial, especificamente, o Banco, nos anos 80, acumulou rica experincia na gesto de recursos doFinsocial. Tendo o pas alcanado um patamar de desenvolvimento mais elevado, e em meio a umcomplexo quadro de mudanas dos padres tecnolgicos e de insero internacional da economiabrasileira, contribuir para o equacionamento dos problemas sociais exige um esforo redobrado.

    Por isso, foi recriada, em fevereiro de 1996, a rea de Desenvolvimento Social. Desde ento,colocou-se como desafio a elaborao de uma agenda capaz de compatibilizar aes voltadas parao enfrentamento das imensas questes sociais com as caractersticas tpicas da ao do Banco, ouseja, a oferta de recursos financeiros de longo prazo, reembolsveis. Isso se traduziu em umadiretriz bsica destinada a promover a articulao e a integrao entre o Estado brasileiro, ainiciativa privada e a sociedade organizada, visando implementao de polticas pblicasadequadas nova etapa de desenvolvimento pela qual passa o pas.

    Colocado o desafio e definida a diretriz, o BNDES logo se deu conta de que sua prpria formade atuao deveria adaptar-se a novos setores, como sade e educao, e a novas reas deatividades, como microfinanas e desenvolvimento local. E, principalmente, aprendeu arelacionar-se com novos clientes em potencial o prprio setor pblico, em primeiro lugar, e,dentro dele, as prefeituras, alm das instituies sem fins lucrativos do terceiro setor ,apresentando novos produtos e novos procedimentos operacionais. A agenda de trabalho dadecorrente vem incluindo a promoo permanente de estudos, visando sistematizar e disseminarnovas metodologias, avaliar resultados e estabelecer contnua interlocuo com os principais atoressociais, tanto na rea governamental, como na rea no-governamental.

    A publicao BNDES Social, agora em seu stimo nmero, um dos instrumentos com que oBanco vem contando para divulgar no s esses conhecimentos adquiridos, bem como osresultados alcanados por seus programas e projetos. Nada mais natural, portanto, que seja atravsdela que se apresente, nesta edio, o balano de sua experincia, ao longo de quase sete anos deexistncia, mostrando, para cada uma das linhas de trabalho, os principais conceitos, as estratgias,as contribuies, os desafios que permanecem e as perspectivas que integram a agenda futura.

  • Sumrio

    PA RT E 1 : INTRODUO 7

    PA RT E 2 : MODERNIZAO DO SETOR PBLICO 23

    1. Programa de Modernizao da Administrao Tributria e daGesto dos Setores Sociais Bsicos (PMAT) 25

    2. Projetos Multissetoriais Integrados (PMI) 43

    PA RT E 3 : SETORES SOCIAIS BSICOS 55

    3. Sade 57

    4. Educao 81

    5. Arte e Cultura 99

    6. Polticas de Ateno IntegralRedes Locais de Ateno Criana e ao Adolescente 107

    Redes Ampliadas 117

    PA RT E 4 : TRABALHO E RENDA 125

    7. Microfinanas 127

    8. Gesto por Trabalhadores 149

    9. Desenvolvimento Local 163

    PA RT E 5 : RESPONSABILIDADE SOCIALCORPORATIVA 179

    10. Responsabilidade Social Corporativa 181

    R E F E R N C I A S B I B L I O G R F I C A S 193

    A N E X O 1 : PUBLICAES E REGISTROS EM VDEOS 199

    A N E X O 2 : SEMINRIOS, WORKSHOPS , CURSOS EVISITAS TCNICAS 207

    A N E X O 3 : ORGANOGRAMA DA REA DEDESENVOLVIMENTO SOCIAL 233

  • Lista deTabelas,

    Grficos eQuadros

    Grfico 1. rea de Desenvolvimento Social Carteira total 11Grfico 2. Desembolsos da rea Social do BNDES e do BNDES

    Automtico 1999-2002 11Grfico 3. PMAT Carteira total Distribuio do nmero de municpios

    por populao 30Grfico 4. PMAT Carteira total Distribuio por regio 30Grfico 5. PMAT Carteira total Distribuio por partido poltico 31Grfico 6. PMAT Crescimento das receitas tributrias prprias em municpios

    selecionados 33Grfico 7. PMI Problemtica social 45Grfico 8. PMI Resultados 45Grfico 9. PMI DistrIbuio regional da carteira total 51Grfico 10. Instituies de ensino superior Carteira total por regio 85Grfico 11. PCPP Evoluo da carteira 139Grfico 12. Programa de Desenvolvimento Local Polticas pblicas de suporte 165Grfico 13. Programa de Desenvolvimento Local Resumo da concepo de

    desenvolvimento local 166Quadro 1. PMAT Carteira total 29Quadro 2. Impactos da modernizao da gesto municipal 32Quadro 3. PMI Carteira total 51Quadro 4. Programa de Redes Locais de Ateno Criana e ao

    Adolescente Projetos em anlise e em fomento 114Quadro 5. Microfinanas 129Quadro 6. PCPP Principais resultados 140Quadro 7. PCPP Perfil da carteira 140Quadro 8. Programa de Desenvolvimento Local 170Quadro 9. Conceito de responsabilidade social corporativa 181Quadro 10. Diferentes nveis de gesto de variveis sociais e

    responsabilidade social coporporativa 187Quadro 11. Investimentos sociais de empresas 190Tabela 1. rea de Desenvolvimento Social Carteira total por nvel

    oramentrio 10Tabela 2. PMAT Lista dos municpios por regio com operaes

    aprovadas e contratadas 34Tabela 3. Programa de filantrpicas Carteira total 63Tabela 4. Instituies privadas Carteira total 63Tabela 5. Programa de Ensino Superior Universidades privadas

    Carteira total 85Tabela 6. Programa de Ensino Superior Universidades pblicas

    Carteira total 86Tabela 7. Instituies de ensino superior com operaes contratadas

    ou aprovadas 96Tabela 8. Redes Locais de Ateno Criana e ao Adolescente

    Projetos contratados 111Tabela 9. Programa de Desenvolvimento Institucional (PDI) Carteira total 146Tabela 10. Gesto por trabalhadores Carteira total 158

  • PA RT E 1 I N T R O D U O

  • O BNDES est comprometido com as

    mudanas que precisam ser promovidas no

    pas, tendo em vista a necessidade de

    construo de um processo de

    desenvolvimento sustentvel em termos

    econmicos, ambientais e sociais. Dito de

    outra forma, e diante do cenrio de

    desigualdades sociais e regionais que ainda

    marcam o pas, a agenda de

    desenvolvimento deve incluir,

    necessariamente, a premissa de promover

    constantemente a modernizao e a

    transformao produtivas com eqidade

    social.

    No por outra razo que o Plano

    Estratgico do BNDES para o perodo

    2000-2005, alm de reafirmar o

    compromisso com a modernizao e a

    elevao da competitividade da economia

    brasileira, anuncia em sua misso pela

    primeira vez, de forma explcita a

    prioridade para a reduo das desigualdades

    regionais e sociais do pas e para a

    manuteno e gerao de empregos. Alm

    disso, o desenvolvimento social e urbano

    uma das sete dimenses que organizam a

    agenda de prioridades do Banco, para a qual

    se projetou o maior crescimento de

    desembolsos, de cerca de 38% no perodo,

    propondo-se atingir R$ 5 bilhes em 2005, o

    que representar 16,7% dos desembolsos do

    Banco.

    nesse contexto que a rea de

    Desenvolvimento Social (AS), criada em

    fevereiro de 1996, vem trabalhando, tendo

    como desafio a construo de uma agenda

    que compatibilize a definio de aes que

    impactem as questes sociais no pas, com a

    oferta de recursos financeiros reembolsveis

    de longo prazo, caracterstica maior do

    BNDES.

    Isso significou preparar o Banco para

    trabalhar em setores para os quais seu grau

    de conhecimento era ainda muito reduzido,

    como sade e educao, e em novas reas de

    conhecimento, como microfinanas e

    desenvolvimento local. Alm disso, dadas as

    caractersticas da rea social, significou

    tambm se envolver com potenciais novos

    clientes, para os quais se discutiram novos

    produtos e procedimentos operacionais,

    como o prprio setor pblico

    9

    A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2

  • fundamentalmente, no nvel municipal, e as

    instituies sem fins lucrativos do terceiro

    setor.

    Cabe destacar as oportunidades que se

    apresentaram com a criao do Fundo Social

    em 1997, integrado por parcela do lucro do

    BNDES, permitindo apoio financeiro

    no-reembolsvel a projetos de cunho social

    voltados para a populao de baixa renda.

    Com isso, foi possvel complementar a ao

    tradicional do Banco de financiador de

    longo prazo nas reas relacionadas ao

    desenvolvimento social.

    As principais linhas de atuao da rea

    de Desenvolvimento Social correspondem,

    hoje, a projetos de investimento em

    setores sociais bsicos, como sade e

    educao, na modernizao do setor

    pblico, envolvendo a gesto municipal e

    investimentos multissetoriais em regies

    urbanas degradadas, e em programas de

    gerao de trabalho e renda, incluindo,

    principalmente, microcrdito, empresas

    autogestionrias e aes de

    desenvolvimento local.

    A carteira de investimentos da rea de

    Desenvolvimento Social, em outubro de

    2002, conforme apresentado a seguir,

    somava R$ 2,8 bilhes, dos quais 82%

    representam financiamentos j contratados e

    em desembolso ou j aprovados pela

    Diretoria e em fase de contratao. Os

    principais nmeros dessa carteira podem ser

    visualizados na Tabela 1. Cabe destacar que,

    devido natureza dos projetos sociais, a

    rea de Desenvolvimento Social tem

    trabalhado diretamente com um grande

    nmero de projetos de valor mdio reduzido,

    se comparado aos projetos tradicionais do

    Banco.

    TABELA 1REA DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL

    CARTEIRA TOTAL POR NVELORAMENTRIO

    (R$ Milhes)

    Nmero de

    operaes

    Investimento

    totalFinanciamento

    479 contratadas eaprovadas

    3.353 2.109

    137 em anlise eenquadradas

    1.223 739

    616 operaes 4.576 2.848*

    (*) 3% equivalem ao Fundo Social.

    Os Grficos 1 e 2 mostram a composio

    da carteira segundo as principais reas de

    atuao, por valor dos financiamentos e por

    nmero de operaes.

    A evoluo dos desembolsos da rea de

    Desenvolvimento Social e tambm dos

    financiamentos realizados atravs da rede de

    agentes financeiros do BNDES no perodo

    1996-2001 e a previso de 2002 so

    apresentados no Grfico 2, demonstrando o

    1 0

    A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2

  • crescimento dos investimentos nessas reas

    nos ltimos anos.

    Os financiamentos a projetos dos setores

    sociais bsicos como sade e educao

    tm por objetivo, em primeiro lugar,

    contribuir para a universalizao do acesso

    a esses servios. Os indicadores referentes

    sade apontam a necessidade de

    investimentos que cumpram com esse

    objetivo. Em termos de oferta de servios

    hospitalares, observa-se que o pas dispe

    de 2,9 leitos/1.000 habitantes,1 considerado

    razovel diante dos indicadores

    internacionais. Esses leitos, no entanto,

    encontram-se fortemente concentrados nas

    Regies Sul e Sudeste, indicando uma

    enorme carncia nas demais regies. E,

    mesmo nessas reas com maior nmero de

    hospitais, registra-se a necessidade de

    ordenao e racionalizao da rede

    hospitalar e de investimentos em

    modernizao de gesto. Observa-se ainda

    uma demanda permanente por recursos para

    atualizao tecnolgica.

    11

    A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2

    GRFICO 2DESEMBOLSOS DA REA SOCIAL DOBNDES E DO BNDES AUTOMTICO

    1999-2002

    GRFICO 1REA DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL

    CARTEIRA TOTAL

    1 Fonte: Ministrio da Sade. Dados referentes a 1999.

  • Alm dos financiamentos para a

    expanso e modernizao da rede hospitalar,

    o Banco tem atuado, atravs do Fundo

    Social, na questo da ateno bsica sade.

    Em parceria com o Ministrio da Sade,

    universidades pblicas e prefeituras, o

    BNDES iniciou em 2002 o apoio a projetos

    de capacitao e formao de profissionais

    do Programa de Sade da Famlia. Esse

    programa representa uma mudana

    importante na estratgia de prestao de

    servios populao, que passa a privilegiar

    a ateno bsica e a promoo da sade, por

    meio de equipes formadas por mdicos,

    enfermeiros, odontologistas e agentes de

    sade. Sua implementao vem sendo feita

    de forma acelerada e, certamente, um dos

    principais desafios a preparao de

    profissionais aptos a trabalhar dentro dessa

    nova perspectiva.

    O aumento da cobertura dos servios

    sociais demanda ainda a oferta de linhas de

    financiamento que permitam a modernizao

    desses setores e a melhoria da qualidade dos

    servios, com a conseqente elevao das

    condies de vida da populao.

    Na rea de educao, por exemplo,

    identificou-se como espao de atuao do

    BNDES o apoio expanso e modernizao

    do ensino superior. Enquanto os

    financiamentos s instituies privadas so

    concedidos nos moldes tradicionais do

    Banco, para as universidades pblicas

    desenvolveu-se um mecanismo especial,

    dadas as caractersticas desse segmento.

    Isso tem significado, na prtica, apoiar

    programas de alienao de ativos

    no-operacionais, desde que suas receitas

    estejam vinculadas a planos de

    investimentos. Os financiamentos

    concedidos Universidade Federal de Minas

    Gerais (UFMG) so o principal exemplo

    dessa modalidade financeira.

    Com relao ao ensino fundamental,

    vislumbrou-se uma oportunidade de, a partir

    do Fundo Social, apoiar a introduo de

    novas tecnologias de ensino interativo nas

    escolas pblicas, com a utilizao da

    informtica, a exemplo da

    interconectividade. Os financiamentos tm

    sido concedidos a prefeituras que vm

    desenvolvendo seus projetos em parceria

    com universidades pblicas.

    importante ressaltar que os

    investimentos nos setores sociais bsicos,

    alm dos inequvocos impactos sociais,

    produzem efeitos positivos importantes no

    mercado de trabalho. As atividades de sade

    e educao, por exemplo, so, por definio,

    intensivas em mo-de-obra e tm elevado

    potencial de gerao de postos de trabalho

    de qualidade. Em sade, vale lembrar que a

    inovao tecnolgica e a modernizao no

    implicam, como no caso de alguns

    investimentos na indstria, demisso, mas,

    ao contrrio, a incorporao de novos

    1 2

    A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2

  • trabalhadores com qualificao. Esse setor

    representa um importante segmento

    produtivo, com cerca de 7 mil unidades

    hospitalares, sendo um tero instituies

    pblicas, um tero filantrpicas e um tero

    privadas, empregando cerca de 1,5 milho

    de pessoas, das quais aproximadamente 600

    mil tm nvel superior.2

    O potencial de gerao de empregos dos

    investimentos em sade e educao pode ser

    avaliado a partir de um modelo desenvolvido

    no BNDES que utiliza a Matriz

    Insumo-Produto, elaborada pelo IBGE para

    calcular o nmero total de empregos diretos,

    indiretos e devidos ao efeito-renda gerado

    por investimentos nos diversos setores da

    economia brasileira. Sade e educao,

    segundo a classificao do IBGE, esto

    includas em servios prestados s

    famlias, ocupando o terceiro lugar, em um

    total de 42 setores, na gerao total de

    empregos (diretos, indiretos e derivados do

    efeito-renda), ficando atrs apenas da

    agricultura e de artigos de vesturio,

    claramente intensivos em mo-de-obra.3

    Alm dos projetos especficos de sade e

    educao, o BNDES financia os Projetos

    Multissetoriais Integrados (PMI),

    implementados por prefeituras e voltados

    para bairros extremamente pobres em reas

    degradadas. Trata-se de um modelo inovador

    de investimento pblico em que, por meio de

    uma abordagem multidisciplinar, procura-se

    transformar suas condies de vida. Esses

    projetos envolvem amplo diagnstico da

    situao, planejamento e investimentos em

    infra-estrutura urbana, na regularizao

    fundiria, em servios sociais bsicos, na

    promoo de cidadania e em programas de

    gerao de ocupao e renda. O carter

    inovador desses projetos reside no apenas

    na abordagem multidisciplinar no

    enfrentamento das condies de pobreza,

    mas tambm no fato de exigir a articulao

    de diversas instncias da administrao

    pblica e enfatizar a mobilizao da

    comunidade, desde a formulao at a

    manuteno dos investimentos realizados.

    O crescente interesse por projetos dessa

    natureza que tm, inclusive, contado com

    recursos do Oramento Geral da Unio, de

    outras instituies financeiras, como a Caixa

    Econmica Federal, e de organismos

    multilaterais, como o Banco Interamericano

    de Desenvolvimento (BID) indica a sua

    importncia em termos dos resultados na

    1 3

    A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2

    2 O mercado de sade privada no pas, por sua vez, o segundo maior do mundo, com um faturamento de cerca de R$ 20 bilhes e

    38 milhes de pessoas de diversas faixas de renda sendo atendidas por 2.083 provedores de sade privada.

    3 Najberg (1998). O modelo leva em conta os empregos gerados, durante os investimentos, na construo civil, no setor de bens de

    capital e em suas cadeias produtivas; a abertura de novos postos de trabalho aps a concluso dos investimentos; e, ainda, a

    criao de emprego devido ao efeito multiplicador da renda.

  • integrao e recuperao de reas urbanas

    degradadas, podendo contribuir

    significativamente para o enfrentamento da

    atual crise urbana nas grandes cidades

    brasileiras.

    O financiamento a investimentos em

    setores sociais bsicos concedido tanto ao

    setor pblico, quanto ao setor privado, tendo

    sempre por objetivo fortalecer as polticas

    pblicas nessas reas e tambm o papel do

    poder pblico nas tarefas de coordenao,

    articulao e regulao desses servios. A

    modernizao dos hospitais filantrpicos,

    por exemplo, que objeto de um programa

    especial no BNDES, tem uma importncia

    estratgica na melhoria das condies de

    oferta dos servios hospitalares, na medida

    em que representam um tero da oferta de

    leitos do Sistema nico de Sade (SUS).

    O fortalecimento do setor pblico, em

    termos da sua capacidade de prestao de

    servios, promoo de investimentos e

    regulao, outro objetivo que integra a

    agenda de desenvolvimento social do

    BNDES. Nesse contexto, destaca-se o

    Programa de Modernizao da

    Administrao Tributria e da Gesto dos

    Setores Sociais Bsicos (PMAT), voltado

    para o ente da Federao que o principal

    responsvel pela prestao de servios

    sociais bsicos e pela organizao das

    polticas pblicas em nvel local. O objetivo

    principal o de contribuir para o

    fortalecimento financeiro dos municpios, a

    partir do aproveitamento do potencial de

    arrecadao tributria prpria, e para a

    modernizao da gesto municipal,

    buscando tambm a racionalizao e a

    melhoria da qualidade de seus gastos.

    As receitas prprias municipais

    correspondem a 5,2% da arrecadao total

    do pas, que apresentou uma carga tributria

    global em 2000 da ordem de 33,4% do PIB.

    E, apesar da heterogeneidade desse conjunto

    de municpios, em termos de porte e

    potencial de arrecadao, estima-se que a

    grande maioria cerca de 83% arrecada

    todos os tipos de tributo de sua competncia.

    A enorme disperso entre as cargas

    tributrias municipais, mesmo entre

    municpios de mesmo porte, no entanto,

    evidencia um grande espao para o aumento

    da carga tributria. As estimativas

    disponveis apontam um potencial de

    expanso das receitas prprias municipais da

    ordem de 20,8%.4 Vale lembrar que o Brasil

    possui 5.507 municpios, sendo que 81%

    com populao de at 20 mil habitantes.

    Apenas 66 municpios, que representam

    1,2% do total, apresentam populao acima

    de 300 mil habitantes. So cidades de grande

    e mdio portes, incluindo a quase totalidade

    1 4

    A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2

    4 Todos os dados foram fornecidos pela Secretaria de Assuntos Fiscais do BNDES.

  • das capitais, que abrigam 60 milhes de

    habitantes, o correspondente a 35% da

    populao do pas.

    A grande aceitao desse programa vem

    demonstrando o compromisso dos governos

    municipais com a modernizao da gesto

    nas reas tributria, financeira,

    administrativa e nos setores sociais bsicos.

    As prefeituras esto buscando explorar seu

    potencial de gerao de receitas prprias,

    atravs da ampliao e atualizao de sua

    base tributria, da melhoria dos lanamentos

    dos tributos e da ao fiscalizadora, da

    cobrana mais eficiente de dbitos em

    atraso, da modernizao da legislao,

    rotinas e processos, entre inmeras aes

    que tm como foco a melhoria da qualidade

    de atendimento ao contribuinte.

    Inicialmente, a atuao do Banco

    concentrou-se nos municpios de grande e

    mdio portes e nas capitais. Num segundo

    momento, visando a uma capilaridade maior

    para o programa, o Banco tem buscado a

    participao de seus agentes financeiros,

    destacando-se a parceria com o Banco do

    Brasil. As estimativas apresentadas pelos

    diversos programas de modernizao

    municipal apontam um potencial de

    crescimento da arrecadao, em mdia, de

    50%, sendo que em alguns municpios esse

    aumento supera a marca dos 100%.

    Nas questes especficas sobre trabalho e

    renda, o BNDES, em face das profundas

    transformaes no mercado de trabalho,

    traou linhas de atuao voltadas para o

    apoio a novas formas de organizao da

    produo e aos empreendedores de micro e

    pequeno portes, inclusive os do setor

    informal, sem acesso aos mecanismos

    tradicionais de crdito.

    Antes, porm, de apresentar esses

    programas, vale observar que a questo do

    emprego, ou de sua contraface, o

    desemprego, tem marcado e desafiado toda a

    discusso e constituio das polticas

    pblicas em geral no Brasil, particularmente

    a partir da dcada de 90. As elevadas taxas

    de desemprego, o tamanho do mercado de

    trabalho informal, os indicadores sociais e

    de renda e as desigualdades regionais e

    intra-regionais tm mostrado as limitaes

    das diversas polticas sociais, desde o

    sistema previdencirio, passando por sade,

    educao e assistncia social, at os

    programas relativos infra-estrutura urbana.

    De fato, de que maneira expandir a

    cobertura do sistema de proteo social,

    como a previdncia social e o

    seguro-desemprego, se cerca de 8,4 milhes

    (ou 60%) de trabalhadores encontram-se no

    mercado informal de trabalho? Ou como

    lidar com as polticas setoriais, em face do

    baixo nvel salarial da grande maioria dos

    trabalhadores e, principalmente, da

    precariedade do mercado de trabalho no

    s o informal, mas tambm parcela

    1 5

    A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2

  • importante do mercado formal , que impe

    freqentes redues ou mesmo perda de

    rendimentos para um grande nmero de

    trabalhadores?

    Essa questo do emprego impulsionou no

    Brasil a constituio tardia, se comparada

    com a experincia dos pases desenvolvidos

    das polticas pblicas de emprego. De fato,

    apenas em 1990 que se pode falar da

    implantao de um amplo programa de

    seguro-desemprego, a partir da instituio de

    um fundo especfico alimentado com uma

    contribuio social o Fundo de Amparo ao

    Trabalhador (FAT). E somente em meados

    da dcada que assistimos implementao

    das chamadas polticas ativas voltadas para o

    mercado de trabalho, atravs dos servios de

    intermediao da mo-de-obra, de formao

    profissional e da oferta de crdito para os

    pequenos empreendedores.5

    nesse contexto que o BNDES, em

    1996, em sintonia com o Conselho da

    Comunidade Solidria,6 desenhou uma

    estratgia de atuao relativa ao

    desenvolvimento institucional das

    microfinanas no Brasil. O objetivo central

    foi o de promover a estruturao de um novo

    canal de distribuio, a partir de instituies

    especializadas voltadas para a concesso de

    crdito aos empreendedores formais e,

    especialmente, aos informais.

    Para se ter uma idia da importncia e do

    perfil dos empreendedores informais, cabe

    mencionar que, segundo o IBGE, havia em

    1997 cerca de 9,5 milhes de empresas

    informais, ocupando 12,8 milhes de

    pessoas nas seguintes atividades: servios

    (46%), comrcio (26%), construo (15%) e

    indstria (12%). A grande maioria dessas

    empresas (92%) tinha at duas pessoas

    ocupadas, sendo que 80% delas tinham

    apenas uma pessoa ocupada. Esses

    empreendedores, homens (64%) e mulheres

    (36%), no tinham sequer o 1 grau

    completo, com os homens auferindo uma

    renda mdia7 de R$ 253 e as mulheres

    recebendo R$ 218.8

    Vale registrar, tambm, o relativo atraso

    do Brasil no terreno das microfinanas, se

    comparado experincia internacional, em

    particular de alguns pases da Amrica

    Latina. Em 1996, por exemplo, o segmento

    microfinanceiro no Brasil no alcanava a

    marca de R$ 8 milhes, movimentados por

    um conjunto restrito de organizaes

    no-governamentais. Registre-se ainda um

    1 6

    A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2

    5 Ver, a esse respeito, Azeredo (1998).

    6 O Conselho da Comunidade Solidria foi criado no incio da administrao Fernando Henrique Cardoso, em 1995, como um

    instrumento para a promoo da participao da sociedade civil e de novas formas de parceria entre o Estado e a sociedade civil.

    composto por 21 lderes da sociedade civil e quatro ministros (Sade, Educao, Trabalho e o chefe de gabinete da Presidncia).

    7 O salrio mnimo nesse perodo era de R$ 120 (US$ 111,35).

    8 Pesquisa sobre a economia informal urbana, realizada pelo IBGE.

  • cenrio caracterizado por um sistema

    financeiro muito desenvolvido, mas com

    pouco interesse no assunto, e marcado por

    uma atuao muito forte do Banco Central

    em termos de superviso e regulamentao.

    Diante desse contexto, havia, portanto,

    uma clara percepo de que a questo

    fundamental do microcrdito, e das

    microfinanas em geral, antes mesmo da

    disponibilidade de recursos financeiros, a

    construo de sua institucionalidade, de

    forma a viabilizar a utilizao adequada e

    sistemtica dos recursos colocados

    disposio desse segmento. Em outras

    palavras, tratava-se de promover a criao

    de instituies com profissionais

    especializados e padres gerenciais e

    organizacionais que pudessem garantir o seu

    crescimento e sua auto-sustentabilidade e a

    progressiva insero no sistema financeiro

    nacional.

    A constatao da fragilidade institucional

    desse segmento, em meados da dcada de

    90, e a ausncia de ferramentas operacionais

    e metodologias adequadas levaram o

    BNDES a desempenhar um papel muito

    mais amplo do que o de provedor de

    funding. A sistematizao de uma

    metodologia para a formao de agentes de

    crdito foi o primeiro passo nesse sentido e

    permitiu, desde 1997, a criao de novas

    instituies. Alm disso, em parceria com o

    BID, est sendo produzido um conjunto de

    estudos e manuais envolvendo desde a

    avaliao do mercado de microfinanas at

    as modelagens de auditoria, os sistemas de

    informaes gerenciais, novos produtos, um

    guia para gestores de instituies

    microfinanceiras, entre outros.9

    Nossa viso de futuro um mercado em

    que microempreendedores e clientes de

    baixa renda tenham acesso aos servios

    financeiros de que precisam, ofertados por

    instituies integradas ao sistema financeiro

    nacional. Mais do que isso, essas instituies

    devero ser altamente profissionalizadas e

    capazes de atrair novos recursos e

    investidores para esse setor, podendo,

    inclusive, prescindir do financiamento direto

    do BNDES.

    Em outra linha de atuao, o Banco vem

    apoiando o modelo empresarial

    denominado autogesto, em que o controle

    e a gesto so exercidos pelos

    trabalhadores. Pode-se dizer que o

    modelo resultante da tentativa de os

    trabalhadores garantirem, pela ajuda mtua,

    a manuteno de seus empregos e rendas ou

    mesmo que um instrumento de

    preservao do padro de vida da classe

    trabalhadora.

    Com esses objetivos, grupos de

    trabalhadores tm-se organizado em

    1 7

    A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2

    9 Os manuais e estudos realizados at o momento encontram-se listados no Anexo 1.

  • empresas autogestionrias, passando a viver

    o desafio de driblar a falta de experincia

    gerencial e de encontrar solues para

    desenvolver o empreendimento por meio de

    procedimentos adequados sua forma de

    organizao.

    A rea Social vem, desde 1996,

    conhecendo as diversas experincias no pas

    e identificando suas potencialidades e,

    principalmente, suas vulnerabilidades.

    Assim, visando estimular o surgimento e a

    consolidao dessas empresas, o BNDES

    dispe-se a examinar diretamente operaes

    com valores superiores a R$ 150 mil e a

    apoiar, quando necessrio, o aprimoramento

    tcnico e gerencial dessas organizaes,

    buscando seu desenvolvimento institucional

    e organizacional. Alm disso, possibilita a

    aquisio de mquinas e equipamentos

    usados e a obteno de crditos para capital

    de giro.

    O BNDES criou, mais recentemente, o

    Programa de Desenvolvimento Local, que

    tem por objetivo contribuir para a promoo

    do desenvolvimento em determinadas

    microrregies caracterizadas por elevado

    nmero de populaes de baixa renda e

    pouco dinamismo econmico.

    A idia central desse programa, que se

    utiliza de recursos do Fundo Social, a de

    viabilizar a implementao de metodologias

    inovadoras que atravs da mobilizao e

    capacitao da comunidade, do

    fortalecimento institucional e da promoo

    de novas iniciativas produtivas e de maior

    produtividade s iniciativas existentes

    permitam a construo de uma agenda

    renovada de desenvolvimento dessas

    regies. O BNDES tem procurado

    estabelecer parcerias que possibilitem a

    implementao de diferentes metodologias e

    abordagens de desenvolvimento do

    territrio.

    Nesses processos, fundamental a

    mobilizao e a organizao da populao

    na construo dessa agenda de

    desenvolvimento, levando em conta as

    vocaes e potencialidades locais e cujos

    resultados beneficiem a maioria da

    populao. Alm disso, busca-se superar o

    foco estritamente municipal, a partir do

    trabalho em reas geoeconmicas e seus

    sistemas produtivos. Os governos

    municipais ganham um novo papel, para

    alm de suas funes tradicionais de

    provedor de servios sociais bsicos, que o

    de promotor e articulador do

    desenvolvimento num contexto regional.

    A agenda de trabalho nessas regies

    inclui, aps amplo levantamento do perfil

    socioeconmico, problemas e

    potencialidades de cada municpio, a

    implementao de intenso processo de

    capacitao, a mobilizao, a articulao e

    o fortalecimento das organizaes

    comunitrias, das instituies pblicas e

    1 8

    A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2

  • dos produtores, tendo em vista a

    elaborao e a implementao de um

    plano estratgico e participativo de

    desenvolvimento.

    O papel do BNDES nessa agenda tanto

    o de financiador como o de articulador das

    atividades prprias a esse processo. Trata-se

    de disponibilizar recursos no-reembolsveis

    para a etapa inicial de mobilizao e

    capacitao, visando ao fortalecimento do

    capital social e institucional que impulsione

    o potencial produtivo existente nas

    diferentes regies do pas, alm da prpria

    adequao de suas linhas de financiamento,

    ou mesmo a criao de novos produtos, a

    fim de incentivar o capital produtivo dessas

    regies.

    Os diversos programas elaborados para

    orientar as aplicaes do Fundo Social tm

    como objetivo comum apoiar investimentos

    de projetos inovadores que tenham

    potencial de exemplaridade e cujas

    metodologias possam ser sistematizadas e

    disseminadas, podendo, inclusive,

    contribuir para o aperfeioamento das

    polticas pblicas.

    O Programa de Fomento e Divulgao de

    Projetos Sociais tem sido um instrumento

    importante de identificao dessas

    experincias. O Prmio Gesto Pblica e

    Cidadania, organizado pela Fundao

    Getulio Vargas, conta com recursos do

    Fundo Social desde 1998 e, anualmente,

    seleciona 20 projetos inovadores,

    desenvolvidos pelos governos municipais

    em parceria com a sociedade civil. O Banco

    apia, tambm, o Prmio Scio-Educando,

    que seleciona experincias de medidas

    socioeducativas para adolescentes em

    conflito com a lei, neste ano em sua terceira

    edio. Alm desses, apoiou a premiao

    McKinsey & Company e Ashoka

    Empreendedores Sociais, voltada para a

    elaborao de planos de negcios para

    organizaes sociais.10

    O Projeto Me-Canguru de Assistncia

    ao Beb Prematuro, desenvolvido pelo

    Instituto Materno-Infantil de Pernambuco

    (Imip) e contemplado em 1998 no mbito

    desse prmio, um exemplo de boa prtica

    que se tornou poltica pblica, a partir do

    envolvimento do BNDES. Os recursos do

    Fundo Social possibilitaram inicialmente

    investimentos nesse hospital e em outras

    instituies e, posteriormente, permitiram a

    estruturao de amplo programa de

    disseminao, em parceria com o

    Ministrio da Sade e a Fundao Orsa.

    Hoje, mais de 200 hospitais pblicos j

    utilizam o mtodo, reconhecido como

    1 9

    A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2

    10 Empreendimentos sociais sustentveis: como elaborar planos de negcio para organizaes sociais, McKinsey & Company e

    Ashoka Empreendedores Sociais, So Paulo, 2001; Scio-educao no Brasil: adolescentes em conflito com a lei: experincias

    de medidas scio-educativas, Prmio Scio-Educando, So Paulo, 2001.

  • procedimento remunervel pelo Sistema

    nico de Sade.

    Os recursos do Fundo Social tm sido

    aplicados principalmente por meio do

    Programa de Apoio a Crianas e Jovens em

    Situao de Risco Social.11 At o momento,

    j foram apoiados 102 projetos nas reas de

    sade, educao e ateno integral,

    totalizando R$ 133 milhes e atingindo uma

    populao de 2,7 milhes de crianas e

    jovens. Isso tem permitido ao Banco

    aproximar-se da realidade do terceiro setor

    no Brasil cliente no-tradicional do

    BNDES e o apoio ao seu fortalecimento e

    articulao com as aes de cunho

    governamental. Ao mesmo tempo, os

    financiamentos ao poder pblico municipal

    tm buscado estimular aes estruturantes de

    polticas pblicas que envolvam

    crescentemente os diversos atores da

    sociedade civil.

    O BNDES, como principal agncia de

    fomento e financiamento de longo prazo no

    Brasil e interlocutor privilegiado das

    empresas na discusso de seus projetos de

    modernizao e expanso, vem exercendo,

    historicamente, um importante papel na

    difuso de procedimentos ticos e

    socialmente responsveis no meio

    econmico. A anlise de impacto ambiental

    dos investimentos, por exemplo, prtica j

    consolidada no Banco e resulta de um

    processo pioneiro iniciado na dcada de 70 e

    que tem servido de referncia para todo o

    sistema financeiro nacional.

    Mais recentemente, essa interlocuo

    com a iniciativa privada vem sendo

    mobilizada, tambm, para fomentar a

    agregao da varivel social pelo setor

    produtivo, incluindo-a na composio e

    avaliao dos seus empreendimentos.

    Desde 1999, a informao sobre a gesto

    das empresas, no que se refere

    responsabilidade social corporativa, constitui

    item obrigatrio dos relatrios de anlises

    dos financiamentos concedidos pelo Banco.

    Dessa forma, alm de exigir o cumprimento

    de obrigaes legais e compulsrias

    fiscais, trabalhistas e ambientais para a

    concesso de crditos, o Banco procura

    estimular o contnuo aperfeioamento

    empresarial no s na conduo de seus

    empreendimentos e respectivos impactos

    sobre o ambiente externo de influncia,

    como tambm no relacionamento com seus

    principais pblicos, com que interage. Para

    isso, est desenvolvendo novos

    instrumentais de anlise, como o Guia de

    Abordagem de Aspectos Sociais (GAS), que

    visa orientar os tcnicos da instituio em

    2 0

    A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2

    11 Os resultados da primeira etapa desse programa esto consolidados no livro Programa de apoio a crianas e jovens em situao

    de risco social, Rio de Janeiro, 2000.

  • suas anlises, reunindo itens que costumam

    ser atribudos ao exerccio da

    responsabilidade corporativa.

    O Banco j conta, em sua carteira, com

    emprstimos voltados para a realizao de

    investimentos visando ao desenvolvimento

    social e associados aos financiamentos para

    a expanso e modernizao produtiva. Essa

    carteira bastante representativa, menos

    pelos valores envolvidos R$ 60 milhes

    e mais pela sua qualidade, por abranger as

    mais significativas empresas atuantes no

    pas em diversos setores e pelo

    desenvolvimento de projetos inovadores.

    O papel exercido pelo BNDES na

    identificao e no fomento realizao de

    investimentos sociais, sem fins lucrativos e

    em benefcio pblico, por parte das

    empresas insere-se em sua estratgia de

    promover a articulao e a integrao entre

    iniciativa privada, poder pblico e sociedade

    organizada na implementao de modernas

    polticas pblicas.

    Por fim, importante ressaltar que, tendo

    como pressuposto aes estruturantes

    relativas ao desenvolvimento social e

    necessidade de criao de mecanismos

    adequados de financiamento de longo prazo

    a setores no-tradicionais para o BNDES,

    faz-se necessrio um esforo permanente de

    conhecimento setorial. Isso se traduz em

    uma agenda de trabalho que incorpora

    estudos, sistematizao e disseminao de

    novas metodologias, avaliao de resultados

    e a contnua interlocuo com os principais

    atores governamentais e

    no-governamentais.

    O estudo do segmento filantrpico-

    hospitalar no Brasil, promovido pelo

    BNDES em parceria com a Escola Nacional

    de Sade Pblica (ENSP), da Fiocruz, um

    exemplo tpico de amplo diagnstico do

    setor indito at ento no pas que

    oferecer parmetros fundamentais para a

    atuao do Banco. Esse estudo compreendeu

    um censo de 1.860 entidades de um universo

    que, a princpio, apresentava cerca de 2.100

    unidades. O referido estudo tambm fez uma

    pesquisa de campo com uma amostra de 66

    hospitais com menos de 600 leitos, 26

    hospitais com mais de 600 leitos e 10

    hospitais filantrpicos no-prestadores de

    servios ao SUS e de alta complexidade e

    referncia no setor hospitalar.

    No caso de sistematizao de

    metodologias, os manuais para instituies

    microfinanceiras mencionadas anteriormente

    so fundamentais para o fortalecimento

    dessa indstria no Brasil.

    O carter inovador da maioria dos

    programas que vm sendo implementados

    demanda um processo de avaliao de seus

    resultados no apenas para o seu

    aperfeioamento, como tambm para a

    divulgao das experincias em curso. Para

    isso, decidiu-se pela organizao de uma

    2 1

    A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2

  • srie de publicaes, denominadas BNDES

    Social,12 que tm por objetivo compartilhar

    as reflexes e disponibilizar os

    conhecimentos gerados nesse processo

    relacionado agenda de trabalho na

    dimenso do desenvolvimento social e

    urbano.

    Os resultados aqui apresentados refletem

    a construo de uma agenda bastante

    diversificada, em face da complexidade da

    questo do desenvolvimento social. De fato,

    essa agenda incorpora desde os setores

    sociais bsicos, passando pela modernizao

    da gesto municipal e dos investimentos

    pblicos, at projetos voltados para a

    insero produtiva da populao de baixa

    renda.

    Apesar dessa diversidade, alguns traos

    comuns sobressaem. O primeiro deles o

    estmulo permanente modernizao

    institucional, desde a gesto at a melhoria

    da qualidade dos servios prestados, seja de

    projetos do setor pblico, seja de projetos do

    setor privado, lucrativos ou no-lucrativos.

    Outra caracterstica relevante tem sido o

    investimento no desenvolvimento, na

    implementao e na disseminao de novos

    processos de trabalho e metodologias que

    contribuem decisivamente para aperfeioar

    as polticas pblicas nas quais interagem

    atores governamentais, da sociedade civil e

    do setor privado.

    Cabe tambm ressaltar que o

    envolvimento do Banco com os setores

    sociais reforou e, mesmo em alguns

    segmentos, introduziu a prtica de

    diagnsticos, planejamento e elaborao de

    projetos de investimento com viso de

    sustentabilidade no longo prazo.

    Tudo isso exigiu, como j mencionado,

    um envolvimento do Banco no

    conhecimento desses novos setores, na

    interao com clientes no-tradicionais, na

    adequao e flexibilizao das polticas

    operacionais e, ainda, no desenvolvimento

    de novos produtos.

    O principal desafio at ento enfrentado

    permanece, qual seja, o de definio do

    papel do BNDES, enquanto principal

    provedor de recursos de longo prazo para

    investimento, no aperfeioamento das

    polticas pblicas voltadas para o

    enfrentamento das questes sociais no

    Brasil.

    2 2

    A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2

    12 A lista das publicaes encontra-se no Anexo 1.

  • PA RT E 2 M O D E R N I Z A O D O S E T O R P B L I C O

  • 1. Programa de Modernizao daAdministrao Tributria e da Gestodos Setores Sociais Bsicos (PMAT)*

    O Programa de Modernizao da

    Administrao Tributria e da Gesto dos

    Setores Sociais Bsicos (PMAT) uma

    iniciativa pioneira do governo federal

    iniciada pelo BNDES em 1997. Ele vem

    priorizando o fortalecimento da gesto

    pblica, de modo a possibilitar s prefeituras

    a ampliao das receitas prprias, o controle

    dos gastos e a racionalizao do uso dos

    recursos pblicos, alm de obter uma

    melhoria da qualidade de atendimento ao

    cidado e proporcionar maior transparncia

    na ao governamental.

    Um marco importante da histria do

    PMAT foi a edio da Lei Complementar

    101/2000. Alm de seus preceitos de

    transparncia e responsabilidade fiscal, que

    traduzem um novo padro de conduta do

    administrador pblico, pautado pelo respeito

    ao contribuinte, a Lei de Responsabilidade

    Fiscal (LRF) estabelece, em seu artigo 64,

    que a Unio prestar assistncia tcnica e

    financeira aos municpios para que eles

    possam se adequar aos requisitos

    estabelecidos por ela.

    Com o objetivo de contribuir para esse

    processo, o BNDES passou a trabalhar, em

    apoio ao Ministrio do Planejamento, na

    implementao da LRF, produzindo livros e

    outros materiais de divulgao sobre a

    matria. O Banco Federativo, stio

    especializado em finanas pblicas, foi o

    principal canal criado para esse fim.13

    Nessa perspectiva, o BNDES, em seu

    recente processo de planejamento

    estratgico, priorizou o apoio

    modernizao das prefeituras brasileiras,

    tendo sido estipulada a meta de aprovao

    de 1.500 operaes at o ano de 2005.

    O PMAT hoje considerado como a porta

    de entrada do municpio para as linhas de

    financiamento do BNDES, uma vez que

    contribui com resultados positivos na

    ampliao da capacidade de pagamento,

    2 5

    A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2

    13 Esse trabalho vem sendo conduzido pela rea de Assuntos Fiscais e do Emprego do BNDES. As publicaes que foram

    produzidas no mbito dessa agenda esto listadas no Anexo 1.

    * Texto elaborado por Lucimar da Silva Guarneri, Gerente de Conta da Gerncia Executiva de Administrao Pblica, com a

    colaborao de Raquel de Almeida Pedro, estagiria dessa gerncia.

  • habilitando o governo local a captar recursos

    novos para projetos sociais e de

    infra-estrutura urbana.

    Com a estratgia de universalizar o

    acesso ao programa dos pequenos e mdios

    municpios, certamente aqueles que tm as

    maiores dificuldades e que mais necessitam

    adotar modernas tcnicas e instrumentos de

    gesto administrativa e fiscal, o BNDES

    assinou, em dezembro de 2000, um convnio

    com o Banco do Brasil. Atravs desse

    contrato, essa instituio passou a ser

    mandatria do BNDES para as operaes do

    PMAT abaixo de R$ 2 milhes,

    possibilitando assim que o programa

    alcance, atravs de sua ampla rede de

    agncias bancrias, os pequenos municpios

    brasileiros. Essa parceria j est produzindo

    resultados bastante significativos, conforme

    ser visto adiante.

    O PMAT foi criado com a premissa

    bsica de facilitar o processo de

    modernizao gerencial e a eficincia

    fiscal dos municpios, aproveitar o

    potencial de arrecadao e contribuir para

    a reduo da dependncia dos municpios

    em relao s transferncias federais e

    estaduais. Primordialmente, o objetivo era

    aumentar as receitas prprias e cooperar

    para a gerao de um fluxo adicional e

    permanente de recursos prprios, a fim de

    suportar o nvel de despesas e os

    investimentos locais.

    Trata-se da implementao de diversas

    aes que, no conjunto, viabilizem o

    aumento da receita prpria, atravs da

    ampliao e atualizao de sua base

    tributria; a melhoria dos lanamentos dos

    tributos e da ao fiscalizadora; a cobrana

    mais eficiente de dbitos em atraso; a

    modernizao da legislao, rotinas e

    processos; e inmeras aes voltadas ao

    acompanhamento regular do cumprimento

    das obrigaes tributrias. Tudo isso dentro

    de uma ambincia que tem como foco a

    melhoria da qualidade de atendimento ao

    contribuinte.

    Nessa fase inicial, o programa voltou-se

    exclusivamente para a modernizao da

    administrao tributria, financeira e

    patrimonial, sendo os seus principais focos

    de ao: o cadastro fiscal, a arrecadao, a

    cobrana administrativa e judicial, a

    fiscalizao, os estudos

    econmico-tributrios, a execuo

    financeira, a contabilidade e a dvida

    pblica, a auditoria e o controle interno, o

    patrimnio e o atendimento ao contribuinte.

    Em maio de 1999, a partir da compreenso

    de que em outras reas administrativas da

    prefeitura tambm havia desafios a transpor,

    vislumbraram-se a melhoria da gesto e o ganho

    de eficincia nos processos nos setores sociais

    bsicos. Houve uma alterao do programa, que

    passou ento a contempl-los. No entanto,

    permanece o enfoque de que haja uma

    2 6

    A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2

  • prioridade para as implementaes que visem

    modernizao da administrao tributria.

    Assim, as novas reas abordadas so:

    administrao geral: gesto de recursos

    humanos, folha de pagamento, gesto de

    contratos, licitaes e compras, controle

    de processos administrativos em geral e

    eficincia energtica;

    administrao da sade: atendimento ao

    cidado, gesto das unidades de sade e

    dos programas de sade, vigilncia

    sanitria e Conselho Municipal da Sade;

    administrao da educao: gesto das

    unidades escolares e dos programas de

    educao, conselhos escolares e Conselho

    do Fundo de Manuteno e de

    Desenvolvimento do Ensino Fundamental

    e de Valorizao do Magistrio (Fundef); e

    assistncia a crianas e jovens: gesto das

    unidades e redes de atendimento, dos

    programas de assistncia e Conselho

    Municipal dos Direitos da Criana e do

    Adolescente.

    PRINCIPAIS DESAFIOS E CONTRIBUIO

    DO BNDES

    A implantao de um programa como o

    PMAT constitui um conjunto de desafios de

    diversas naturezas, em todas as fases do

    processo, tanto para o BNDES como para as

    prefeituras.

    Isso se deve, em geral, ao estgio no qual se

    encontra grande parte das administraes

    pblicas municipais, que apresentam, entre

    outros aspectos, defasagem na sistemtica dos

    processos; cadastros no-atualizados, gerando

    perda na arrecadao; ineficincia no processo

    de tomada de decises, em funo de

    dificuldades na obteno e na baixa

    confiabilidade das informaes; recursos

    tecnolgicos no-compatveis com as

    modernas ferramentas existentes no mercado;

    custo de manuteno muito elevado, devido a

    sistemas desenvolvidos com tecnologias

    defasadas; instalaes fsicas inadequadas para

    o servidor e para o atendimento ao cidado;

    legislaes desatualizadas; instrumentos

    normativos ausentes ou desatualizados; baixa

    qualificao e desmotivao dos recursos

    humanos; e burocratizao e lentido dos

    processos internos.

    Outro fator de significativa importncia

    quando se inicia um processo de

    modernizao que requer tanto

    transformaes tecnolgicas quanto,

    principalmente, culturais refere-se s

    resistncias mudana. Essas resistncias

    advm dos contribuintes, que reagem aos

    aumentos da carga tributria e das novas

    formas de fiscalizao, de fornecedores de

    materiais e servios, que se deparam com

    um novo ambiente institucional em suas

    prticas e relaes, bem como dos prprios

    servidores municipais, que so estimulados a

    adotar uma conduta mais profissional e de

    qualidade.

    2 7

    A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2

  • Frente a isso, cumpre ao BNDES o papel

    de induzir a alterao das prticas de gesto

    pblica no nvel local, atravs de um

    permanente dilogo com as prefeituras.

    Os objetivos so os de introduzir novos

    componentes na discusso, auxiliar na

    formulao conceitual da gesto pblica e

    contribuir para a disseminao desse

    conhecimento a todos os atores sociais

    mobilizados com a questo da

    responsabilidade fiscal, da cidadania e do

    desenvolvimento sustentvel dos municpios

    brasileiros.

    Cabe ao Banco contribuir para o

    fortalecimento dos governos municipais,

    associando a responsabilidade fiscal

    responsabilidade social, essencialmente no que

    tange valorizao do contribuinte-cidado e

    melhoria de seu atendimento, transparncia

    da aplicao dos recursos municipais, s

    reformas institucionais dos processos e das

    relaes, qualificao do servidor municipal

    e ao acesso s tecnologias de informao e

    comunicao.

    A equipe tcnica do BNDES tem

    assumido a misso de interagir com as

    prefeituras em todas as fases do projeto,

    desde a formulao at o encerramento, de

    forma a contribuir para que ele seja

    bem-sucedido e alcance a melhor relao

    custo-benefcio.

    Na fase de implementao, so realizadas

    visitas tcnicas de acompanhamento e

    avaliao dos projetos, com vistas ao

    atingimento dos objetivos do projeto ou

    correes de rotas, quando necessrio, bem

    como para identificar experincias exitosas e

    prticas de sucesso.

    Por fim, para a contratao de uma

    operao, registra-se a existncia de um

    arcabouo regularizador complexo, em

    relao ao controle do endividamento do

    setor pblico, que dificulta, e por vezes

    impede, a concesso do crdito s

    prefeituras. Cabe ressaltar, no entanto, que o

    PMAT foi beneficiado, no final de 2001,

    com a flexibilizao das regras de

    contingenciamento do crdito ao setor

    pblico, tanto no Senado, quanto no

    Conselho Monetrio Nacional.

    Isso porque o PMAT, alm de ser um

    programa que contribui decisivamente para

    o ajuste fiscal dos municpios, um dos

    instrumentos atravs do qual o governo

    federal cumpre o artigo 64 da Lei de

    Responsabilidade Fiscal, que estabelece que

    cabe Unio prestar assistncia tcnica e

    financeira aos municpios, visando

    adequ-los aos requisitos da referida lei.

    Nesse sentido, as operaes do PMAT

    foram excludas do limite geral das

    operaes de crdito do setor pblico,

    estabelecido pelo Conselho Monetrio

    Nacional, ficando tambm os municpios

    desobrigados de observar os limites de

    endividamento em relao receita anual e

    2 8

    A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2

  • de comprometimento da receita com o

    servio da dvida. Como conseqncia, a

    documentao exigida para a autorizao

    das operaes ficou significativamente

    reduzida.

    RESULTADOS

    A atual carteira do PMAT d conta do

    grau de adeso do programa, que j atinge

    cerca de 10% dos municpios brasileiros

    (Quadro 1).

    No que se refere ao objetivo de garantir a

    universalidade de acesso ao programa a

    municpios de qualquer porte ou regio,

    pode-se, como resultado, verificar a ampla

    diversidade desses critrios na carteira atual

    (Grficos 3 e 4).

    O Grfico 5 apresenta a distribuio da

    carteira do PMAT por partido poltico,

    demonstrando o compromisso generalizado

    de avanar no sentido da responsabilidade

    fiscal.

    A primeira etapa do processo de avaliao

    O BNDES vem realizando um esforo de

    avaliao de sua carteira de projetos,

    permitindo uma reflexo crtica que estimule

    a aprendizagem contnua. Nesse aspecto, age

    como facilitador da interao dos Executivos

    locais, com a abertura para o intercmbio de

    idias e prticas de gesto, oportunidades de

    debate e difuso dessas experincias, que

    servem de orientao para outras prefeituras

    no momento da concepo e implementao

    de seus projetos.

    2 9

    A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2

    QUADRO 1PMAT CARTEIRA TOTAL

  • 3 0

    A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2

    GRFICO 3PMAT CARTEIRA TOTAL

    DISTRIBUIO DO NMERO DE MUNICPIOS POR POPULAO*

    * Operaes contratadas e aprovadas at outubro de 2002.

    GRFICO 4PMAT CARTEIRA TOTAL

    DISTRIBUIO POR REGIO*

    * Operaes contratadas e aprovadas at outubro de 2002.

  • No processo de avaliao do programa,

    ganhou destaque os desafios de mensurar os

    resultados e impactos obtidos com a

    implementao dos projetos. Nesse

    particular, verifica-se a ausncia das prticas

    de avaliao na gesto pblica municipal e a

    inexistncia de indicadores de eficincia

    para melhor estimativa dos resultados

    obtidos.

    Aps cinco anos da implementao do

    PMAT, em 2001 teve incio a primeira etapa

    de um processo de avaliao que se constitui

    em importante fase do ciclo dinmico de

    planejamento, estratgia, implementao,

    avaliao e novo planejamento. Essa

    avaliao objetiva confrontar os resultados

    obtidos vis--vis as metas estabelecidas para

    o programa, observar a conduo e a

    eficincia dos resultados obtidos, bem como

    identificar espaos para o aprimoramento da

    ao governamental.

    Em se tratando do PMAT, esse esforo de

    avaliao permite a observao de dois

    atores de diferentes esferas do cenrio

    pblico. De um lado, o BNDES, como

    agente de desenvolvimento e que atua

    atravs da oferta do crdito. E, de outro, a

    prefeitura, como a promotora das aes de

    modernizao no nvel municipal.

    Essa primeira etapa da avaliao buscou

    identificar os principais elementos, as

    prticas de bom xito e as experincias

    inovadoras observadas nas aes

    implantadas em um conjunto de municpios

    em estgio mais avanado na implementao

    das aes do projeto.

    Uma nota metodolgica com relao

    amostra objeto da investigao definiu que

    3 1

    A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2

    GRFICO 5PMAT CARTEIRA TOTAL

    DISTRIBUIO POR PARTIDO POLTICO*

    * Operaes contratadas e aprovadas at outubro de 2002.

  • estariam em estgio mais avanado na

    implementao aqueles municpios para os

    quais o BNDES havia liberado 75% ou mais

    do valor financiado. Com essa abordagem,

    foi feito um corte na carteira em maro de

    2001, tendo sido identificadas oito

    prefeituras nessa condio: Belm, Belo

    Horizonte, Curitiba, Ipatinga, Manaus, Rio

    de Janeiro, So Lus e Vitria.

    Cabe ressaltar que esse critrio alcanou

    os projetos pioneiros e gerou uma amostra

    pouco representativa da carteira total do

    programa, pois contempla exclusivamente os

    investimentos na modernizao da

    administrao tributria, e que se compe de

    municpios de maior porte, dos quais sete

    so capitais. Assim, nessa avaliao ainda

    no se dispe de dados e elementos que

    evidenciem o impacto das aes no campo

    da modernizao da gesto dos setores

    sociais bsicos, tampouco desses resultados

    em municpios de pequeno porte.

    Para desenvolver esse processo,

    considerando a extenso, a complexidade e o

    amplo espectro de aes que compreendem

    um programa de modernizao, uma outra

    nota metodolgica apontou a necessidade de

    definir um conjunto de dimenses

    consideradas chaves para se obter a melhoria

    da administrao tributria. Foram

    encontradas 12 dimenses, cuja maioria visa

    obteno de resultados que tenham um

    efeito mensurvel ou produto final. O

    Quadro 2 demonstra os principais impactos

    identificados nessa pesquisa e d conta da

    multiplicidade dessas aes, que, em ltima

    3 2

    A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2

    QUADRO 2IMPACTOS DA MODERNIZAO DA GESTO MUNICIPAL

  • anlise, revertem a favor do aumento da

    arrecadao

    Como resultado da primeira etapa de

    avaliao do PMAT, houve a realizao do

    seminrio Modernizao da Gesto Pblica:

    Enfrentando Desafios e Construindo a

    Cidadania, realizado em dezembro de 2001 e

    que derivou na publicao BNDES Social

    n 4, em 2002, com o mesmo ttulo.

    Das prticas de sucesso encontradas nos

    oito municpios avaliados, pode-se citar, a

    ttulo de ilustrao, algumas medidas que

    foram adotadas: a otimizao da cobrana da

    dvida ativa no Rio de Janeiro, que gerou

    aumentos de 117% na recuperao anual

    entre os anos de 1996 e 2001; a implantao

    do cadastro multifinalitrio de Belm, que

    integrou as bases cadastrais do municpio e

    tornou-se mais uma ferramenta de promoo

    da justia fiscal; e a descentralizao do

    atendimento em Curitiba, que aumentou o

    campo de ao da prefeitura e deu maior

    comodidade ao cidado. Vale ressaltar que

    as outras experincia inovadoras encontradas

    nos demais municpios analisados esto em

    destaque, detalhadas e quantificadas na

    referida publicao.

    E, finalmente, a face mais visvel dos

    resultados pode ser conferida pelo aumento

    da arrecadao dos municpios que fizeram

    parte da amostra da avaliao (Grfico 6).

    AGENDA

    H um esforo concentrado para o

    atingimento de metas estratgicas, como o

    aumento do nmero de contrataes das

    operaes j aprovadas e o impulso na

    anlise de novas operaes, de forma a

    viabilizar o universo de 1.500 operaes

    aprovadas at 2005.

    3 3

    A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2

    GRFICO 6PMAT CRESCIMENTO DAS RECEITAS TRIBUTRIAS PRPRIAS

    EM MUNICPIOS SELECIONADOS

  • Com o intuito de adequar nossos

    instrumentos realidade observada nesse

    processo de avaliao, faz-se necessrio

    desenvolver estudos de reviso das normas

    operacionais do programa, incluindo a

    adaptao dos limites estabelecidos por

    operao e por categoria de investimento.

    No prosseguimento da avaliao, consta

    da agenda desenvolver uma metodologia que

    possa explicitar o alcance do programa na

    esfera da gesto dos setores sociais, bem

    como iniciar a avaliao das operaes que

    tm o Banco do Brasil como mandatrio, por

    apresentarem um quadro de realidades

    diferenciado das operaes diretas na

    carteira do BNDES, j que so

    prioritariamente oriundas de municpios de

    pequeno porte.

    Outros pontos de ateno dizem respeito

    ao aprimoramento dos questionrios

    enviados s prefeituras para a avaliao do

    programa e busca contnua de novas

    experincias e prticas de xito. De forma

    paralela, estar tendo continuidade a

    construo de uma cesta de indicadores de

    eficincia e de impactos.

    Constam da agenda de trabalho para o

    prximo ano a continuidade da divulgao

    do programa, dos resultados alcanados,

    bem como do quarto nmero da publicao

    BNDES Social, e a promoo do

    intercmbio de experincias entre as

    prefeituras, para que busquem a

    implantao de seus projetos de

    modernizao da melhor forma possvel.

    Finalmente, tambm est previsto para

    2003 o desenvolvimento de mecanismos de

    interao das aes do PMAT com as de

    desenvolvimento local (DL), de modo a

    propiciar uma complementaridade dessas

    duas reas de atuao prioritrias da rea de

    Desenvolvimento Social.

    3 4

    A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2

    TABELA 2PMAT LISTA DOS MUNICPIOS POR REGIO COM OPERAES

    APROVADAS E CONTRATADAS

    UF Sigla da operao Investimento Financiamento Nvel

    Centro-Oeste

    GO Aparecida Goinia 2.940.460 2.646.410 2. Aprovada

    Bom Jesus de Gois 140.000 140.000 2. Aprovada

    MS Campo Grande 1.409.960 1.300.000 1. Contratada

    MT Nossa Senhora do Livramento 215.718 215.718 2. Aprovada

    Rondonpolis 3.096.521 2.770.974 2. Aprovada

    7.802.659 7.073.102

  • 3 5

    A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2

    TABELA 2 (CONTINUAO)PMAT LISTA DOS MUNICPIOS POR REGIO COM OPERAES

    APROVADAS E CONTRATADAS

    UF Sigla da operao Investimento Financiamento Nvel

    Nordeste

    BA Vitria da Conquista 2.271.600 1.603.700 1. Contratada

    Cairu 272.545 272.545 2. Aprovada

    Camamu 548.243 548.243 2. Aprovada

    Igrapina 237.609 237.609 2. Aprovada

    Itap 198.000 198.000 2. Aprovada

    Ituber 372.991 372.991 2. Aprovada

    Nilo Peanha 326.675 326.675 2. Aprovada

    Salvador 14.118.980 12.576.880 2. Aprovada

    So Sebastio Pass 518.000 498.400 2. Aprovada

    Tancredo Neves 321.931 321.931 2. Aprovada

    Tapero 341.099 341.099 2. Aprovada

    CE Fortaleza 7.961.500 5.380.400 1. Contratada

    Aratuba 249.760 222.426 2. Aprovada

    Aurora 457.956 457.956 2. Aprovada

    Camocim 1.102.400 992.160 2. Aprovada

    Caridade 296.310 280.710 2. Aprovada

    Horizonte 608.220 608.220 2. Aprovada

    Ic 665.912 599.321 2. Aprovada

    MA So Lus 7.696.744 6.157.395 1. Contratada

    PB Campina Grande 2.237.400 1.789.900 2. Aprovada

    Joo Pessoa 10.158.750 9.142.875 2. Aprovada

    PE Paulista 2.192.400 1.973.160 1. Contratada

    Petrolina 2.765.000 2.488.500 1. Contratada

    Recife 7.654.500 6.123.600 1. Contratada

    Olinda 1.616.000 1.454.400 2. Aprovada

  • 3 6

    A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2

    TABELA 2 (CONTINUAO)PMAT LISTA DOS MUNICPIOS POR REGIO COM OPERAES

    APROVADAS E CONTRATADAS

    UF Sigla da operao Investimento Financiamento Nvel

    PI Teresina 4.271.000 3.417.000 1. Contratada

    Buriti dos Lopes 257.403 257.403 2. Aprovada

    Lus Correia 422.004 421.962 2. Aprovada

    Monsenhor Gil 167.809 167.809 2. Aprovada

    Parnaba 2.449.828 2.204.550 2. Aprovada

    RN Natal 8.314.000 4.653.800 2. Aprovada

    81.072.569 66.091.620

    Norte

    AM Manaus 8.754.710 6.435.790 1. Contratada

    Coari 1.340.000 1.206.000 2. Aprovada

    PA Belm 8.513.000 5.299.070 1. Contratada

    Belm II 2.350.770 1.696.850 1. Contratada

    RO Ariquemes 1.330.000 1.197.000 2. Aprovada

    Presidente Mdici 361.180 361.180 2. Aprovada

    22.649.660 16.195.890

    Sudeste

    ES Cachoeiro do Itapemirim 3.684.952 3.132.100 1. Contratada

    Serra 4.788.500 4.309.650 1. Contratada

    Vitria 3.332.000 2.426.000 1. Contratada

    Vitria II 2.734.687 2.360.000 1. Contratada

    Castelo 992.720 589.554 2. Aprovada

    Vila Velha 7.527.600 6.128.000 2. Aprovada

    MG Belo Horizonte 6.665.000 4.489.000 1. Contratada

    Governador Valadares 4.969.013 4.421.756 1. Contratada

    Ipatinga 1.735.000 1.060.000 1. Contratada

  • 3 7

    A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2

    TABELA 2 (CONTINUAO)PMAT LISTA DOS MUNICPIOS POR REGIO COM OPERAES

    APROVADAS E CONTRATADAS

    UF Sigla da operao Investimento Financiamento Nvel

    Juiz de Fora 2.328.854 2.095.968 1. Contratada

    Tupaciguara 414.000 414.000 1. Contratada

    Bom Despacho 395.000 395.000 2. Aprovada

    Contagem 4.835.200 3.868.200 2. Aprovada

    Paracatu 1.500.000 1.350.000 2. Aprovada

    So Gonalo do Par 117.029 117.029 2. Aprovada

    So Pedro do Suau 103.500 103.500 2. Aprovada

    Trs Pontas 507.382 456.644 2. Aprovada

    Virginpolis 121.425 121.425 2. Aprovada

    RJ Niteri 6.250.000 4.274.000 1. Contratada

    Petrpolis 4.398.588 3.500.000 1. Contratada

    Rio de Janeiro 23.441.800 15.000.600 1. Contratada

    Nilpolis 2.975.074 2.677.567 2. Aprovada

    Nova Friburgo 2.540.000 2.286.000 2. Aprovada

    Nova Iguau 10.575.000 7.168.409 2. Aprovada

    Pira 875.003 408.600 2. Aprovada

    Rio de Janeiro II 11.578.000 10.420.000 2. Aprovada

    Santo Antnio de Pdua 648.124 648.124 2. Aprovada

    So Gonalo 2.537.000 1.943.000 2. Aprovada

    Volta Redonda 2.651.100 1.557.640 2. Aprovada

    SP Araatuba 3.568.134 2.930.072 1. Contratada

    Araras 2.043.000 1.800.000 1. Contratada

    Bragana Paulista 2.000.000 1.800.000 1. Contratada

    Conchal 300.000 300.000 1. Contratada

    Indaiatuba 2.743.079 2.468.700 1. Contratada

    Itapira 1.145.900 1.031.300 1. Contratada

    Itatiba 1.400.000 1.260.000 1. Contratada

  • 3 8

    A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2

    TABELA 2 (CONTINUAO)PMAT LISTA DOS MUNICPIOS POR REGIO COM OPERAES

    APROVADAS E CONTRATADAS

    UF Sigla da operao Investimento Financiamento Nvel

    SP Jacare 3.010.000 2.000.000 1. Contratada

    Jarinu 318.000 318.000 1. Contratada

    Jundia 5.500.000 4.950.000 1. Contratada

    Louveira 430.000 430.000 1. Contratada

    Marlia 1.892.000 1.702.800 1. Contratada

    Mogi das Cruzes 6.527.660 5.800.000 1. Contratada

    Nova Odessa 850.000 765.000 1. Contratada

    Perube 1.010.980 909.882 1. Contratada

    Pindamonhangaba 2.424.000 2.181.600 1. Contratada

    Pirapozinho 438.456 397.816 1. Contratada

    Potirendaba 200.000 200.000 1. Contratada

    Ribeiro Corrente 69.500 69.500 1. Contratada

    Ribeiro Preto 10.100.000 9.090.000 1. Contratada

    Santana de Parnaba 2.322.800 1.143.000 1. Contratada

    Santo Andr 9.736.000 8.547.400 1. Contratada

    So Paulo 116.615.756 104.954.180 1. Contratada

    So Bernardo do Campo 8.800.000 7.920.000 1. Contratada

    So Jos do Rio Preto 7.942.600 5.780.000 1. Contratada

    Sorocaba 8.492.825 7.643.543 1. Contratada

    Santa Brbara do Oeste 2.716.645 2.444.981 1. Contratada

    Tamba 800.000 400.000 1. Contratada

    Vinhedo 1.160.000 1.000.000 1. Contratada

    Andradina 1.035.413 931.800 2. Aprovada

    Avar 1.375.200 1.237.680 2. Aprovada

    Birigui 1.886.000 1.697.400 2. Aprovada

    Bom Jesus dos Perdes 202.200 202.200 2. Aprovada

    Cachoeira Paulista 885.779 797.202 2. Aprovada

  • 3 9

    A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2

    TABELA 2 (CONTINUAO)PMAT LISTA DOS MUNICPIOS POR REGIO COM OPERAES

    APROVADAS E CONTRATADAS

    UF Sigla da operao Investimento Financiamento Nvel

    SP Campo Lindo Paulista 1.483.654 1.146.726 2. Aprovada

    Capivari 745.000 745.000 2. Aprovada

    Catanduva 2.115.420 1.903.878 2. Aprovada

    Embu-Guau 1.264.680 994.392 2. Aprovada

    Engenheiro Coelho 164.000 164.000 2. Aprovada

    Esprito Santo do Pinhal 726.000 726.000 2. Aprovada

    Franca 5.173.000 4.655.700 2. Aprovada

    Gara 776.900 776.900 2. Aprovada

    Hortolndia 2.317.500 2.070.000 2. Aprovada

    Jaguarina 457.000 457.000 2. Aprovada

    Joanpolis 186.000 186.000 2. Aprovada

    Paulnia 1.099.900 800.000 2. Aprovada

    Pedreira 633.900 633.900 2. Aprovada

    Penpolis 849.040 764.136 2. Aprovada

    Presidente Bernardes 85.000 85.000 2. Aprovada

    Salto 1.603.062 1.441.625 2. Aprovada

    Santa F do Sul 473.956 473.956 2. Aprovada

    Santos 8.321.195 7.489.076 2. Aprovada

    So Joo da Boa Vista 1.450.000 1.305.000 2. Aprovada

    So Roque 1.279.806 1.120.846 2. Aprovada

    Sumar 3.366.315 3.029.684 2. Aprovada

    Tremembe 626.524 599.628 2. Aprovada

    Valinhos 1.783.050 1.489.500 2. Aprovada

    Vrzea Paulista 1.669.405 1.500.000 2. Aprovada

    Votorantim 1.700.000 1.530.000 2. Aprovada

    365.513.785 308.913.769

  • 4 0

    A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2

    TABELA 2 (CONTINUAO)PMAT LISTA DOS MUNICPIOS POR REGIO COM OPERAES

    APROVADAS E CONTRATADAS

    UF Sigla da operao Investimento Financiamento Nvel

    Sul

    PR Curitiba 18.324.000 11.034.000 1. Contratada

    Ibipor 446.300 356.300 1. Contratada

    Irati 667.000 667.000 1. Contratada

    Londrina 8.929.346 8.036.410 1. Contratada

    Palotina 256.047 232.000 1. Contratada

    Pato Branco 808.069 687.134 1. Contratada

    Apucarana 2.305.358 1.980.000 2. Aprovada

    Arapongas 1.889.460 1.500.000 2. Aprovada

    Araucria 2.122.000 1.653.000 2. Aprovada

    Centenrio do Sul 88.510 88.510 2. Aprovada

    Clevelndia 112.136 108.586 2. Aprovada

    Foz do Iguau 3.229.700 1.500.000 2. Aprovada

    Guarapuava 2.789.536 2.510.580 2. Aprovada

    Ponta Grossa 4.912.425 4.331.182 2. Aprovada

    Porecatu 144.000 144.000 2. Aprovada

    Tapejara 240.000 235.656 2. Aprovada

    Umuarama 764.039 687.635 2. Aprovada

    RS Caxias do Sul 2.940.000 2.640.000 1. Contratada

    Pelotas 6.355.000 5.719.500 1. Contratada

    Sobradinho 180.000 180.000 1. Contratada

    Bossoroca 139.600 139.600 2. Aprovada

    Cruz Alta 1.207.375 1.086.637 2. Aprovada

    Gramado 800.000 800.000 2. Aprovada

    Lagoa Bonita do Sul 48.000 44.532 2. Aprovada

    Tapes 200.000 200.000 2. Aprovada

    Taquara 950.000 855.000 2. Aprovada

  • 4 1

    A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2

    TABELA 2 (CONTINUAO)PMAT LISTA DOS MUNICPIOS POR REGIO COM OPERAES

    APROVADAS E CONTRATADAS

    UF Sigla da operao Investimento Financiamento Nvel

    SC Balnerio de Cambori 1.729.000 1.729.000 1. Contratada

    Cricima 3.253.780 2.928.000 1. Contratada

    Florianpolis 10.816.900 7.600.800 1. Contratada

    Gaspar 769.489 769.489 1. Contratada

    Imbuia 87.613 87.613 1. Contratada

    Lages 2.710.000 2.545.164 1. Contratada

    Pouso Redondo 94.377 94.377 1. Contratada

    Rio do Sul 910.439 821.868 1. Contratada

    Salete 114.615 114.615 1. Contratada

    So Cristvo do Sul 80.000 80.000 1. Contratada

    Tai 169.000 106.000 1. Contratada

    Timb 511.550 506.543 1. Contratada

    Araquari 420.000 420.000 2. Aprovada

    Blumenau 4.642.300 4.178.070 2. Aprovada

    Dionsio Cerqueira 45.000 40.000 2. Aprovada

    Dona Emma 59.500 59.500 2. Aprovada

    Guabiruba 230.000 230.000 2. Aprovada

    Otaclio Costa 232.256 200.000 2. Aprovada

    So Francisco do Sul 700.000 700.000 2. Aprovada

    Viamo 1.959.670 1.763.703 2. Aprovada

    Videira 747.700 747.700 2. Aprovada

    91.131.090 73.139.704

  • 2. Projetos Multissetoriais Integrados (PMI)*

    A existncia de bolses de pobreza e

    misria urbana nas grandes cidades, e em

    especial nas regies metropolitanas, vem

    cristalizando formas de apartheid social das

    quais geralmente o Estado encontra-se

    ausente. A reaproximao de grande parte da

    populao brasileira com o Estado passa

    necessariamente pela promoo, no espao

    em que ela vive, das condies mnimas de

    habitabilidade e de acesso aos servios

    sociais bsicos, pela regularizao fundiria

    e tambm pela ampliao das oportunidades

    de gerao de trabalho e renda.

    Para enfrentar esse quadro, torna-se cada

    vez mais clara a necessidade de formatao

    de um tipo de ao coordenada e sistemtica

    que invista no desenvolvimento de novas

    metodologias e instrumentos de atuao

    pblica que levem solues estruturais para

    essas situaes-problema.

    O BNDES, como uma das principais

    instituies federais de promoo do

    desenvolvimento econmico e social, tem

    papel importante na criao de alternativas de

    investimento para o resgate da cidadania, para

    a melhoria das condies de infra-estrutura

    bsica e social, para a dinamizao

    econmica e a para gerao de ocupao e

    renda, estimulando e financiando projetos que

    visem oferecer oportunidades s populaes

    que vivem em reas de baixa renda.

    A partir de 1997, foi desenvolvida uma

    linha de atuao que financia principalmente

    as administraes municipais, denominada

    Projetos Multissetoriais Integrados (PMI). O

    objetivo apoiar projetos em reas de baixa

    renda, definidas territorialmente, a partir de

    investimentos integrados em urbanizao,

    meio ambiente, saneamento, melhorias

    habitacionais, transporte, sade, educao,

    esporte e lazer, gerao de ocupao e renda,

    planejamento, entre outros. O enfoque dos

    Projetos Multissetorias Integrados

    coordenar aes considerando a pluraridade

    dos investimentos, que devem ser articulados

    para tratar das questes sociais e possibilitar a

    construo de solues apropriadas

    realidade de cada rea, com base na anlise

    4 3

    A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2

    * Texto elaborado por Ana Christina Moreno Maia Barbosa, Gerente de Conta da Gerncia Executiva de Sade do BNDES.

  • dos problemas e potencialidades identificados

    em cada situao.

    Tal proposta no contempla solues

    padronizadas elaboradas de cima para baixo.

    Ao contrrio, parte da percepo de que as

    reas onde se concentram as populaes

    marginalizadas so bastante diferentes entre

    si, desde os aspectos fsicos e ambientais at

    os relativos sua histria e formao

    socioeconmica. Pressupe a coordenao

    de diversas instncias e segmentos da

    administrao pblica, mas enfatiza,

    principalmente, a mobilizao das energias

    comunitrias da discusso e formulao

    das solues utilizao efetiva dos

    investimentos realizados.

    O PMI necessita de transposio de

    tcnicas modernas de planejamento,

    usualmente empregadas na esfera

    econmica, para o campo social, sobretudo

    no mbito local. Isso representa um enorme

    desafio para gestes municipais,

    tradicionalmente organizadas em secretarias

    setoriais, que atuam isoladamente.

    Essa linha pressupe ainda a articulao

    das diversas fontes de recursos disponveis

    financiamentos da Caixa Econmica

    Federal, Banco Interamericano de

    Desenvolvimento (BID), Banco Mundial

    (Bird), recursos oramentrios etc. para a

    realizao dos investimentos necessrios,

    considerando a natureza diversificada das

    aes e o porte financeiro dos projetos.

    Geralmente, as situaes de deficincia

    ou degradao das condies bsicas de

    infra-estrutura social e de realizao da

    cidadania so caracterizadas por uma srie

    de problemas que se somam, configurando

    quadros de interdependncia viciosa.

    Nas reas de baixa renda, encontram-se

    reunidas praticamente todas as modalidades

    de problemas de natureza social. Na

    precariedade desse ambiente, a mortalidade

    infantil elevada, os ndices de

    analfabetismo so altos, o desemprego e o

    subemprego esto presentes, a falta de

    acesso educao e sade realimentam a

    pobreza. Enfim, criam um crculo vicioso

    que reproduz a excluso econmica e social,

    conforme ilustrado no Grfico 7.

    A diferenciao de situaes confere a

    essas reas caractersticas singulares, no

    possibilitando um tratamento homogneo.

    Ou seja, cada situao especfica demanda

    um conjunto de solues apropriadas, sob

    medida. E fundamentado em um

    conhecimento detalhado de cada rea, com o

    diagnstico preciso de seus problemas

    socioambientais e o levantamento das

    expectativas de sua populao, que se torna

    possvel estabelecer o conjunto de medidas

    mais adequado transformao das

    circunstncias degradadoras, que confinam

    as comunidades dessas reas subcidadania.

    Assim, o que for prioritrio para uma

    situao pode no ser prioritrio para outra.

    4 4

    A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2

  • A percepo integrada do fenmeno

    demanda uma pluralidade de conhecimentos

    especficos para tratar, da forma mais

    abrangente possvel, uma questo que inclui

    vrios aspectos. Pode-se citar um exemplo

    simples: para se promover a sade, no basta

    construir um posto de atendimento, deve-se

    tambm tratar da gua, do esgoto, do lixo, da

    alimentao, do meio ambiente, da moradia e

    da educao. Os amplos resultados esperados,

    a partir dos investimentos multissetoriais,

    podem ser visualizados no Grfico 8.

    4 5

    A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2

    GRFICO 7PROJETO MULTISSETORIAL INTEGRADO

    PROBLEMTICA SOCIAL

    GRFICO 8PROJETO MULTISSETORIAL INTEGRADO

    RESULTADOS

  • Projetos dessa natureza demandam uma

    interlocuo entre as diversas reas para o

    planejamento e implementao de aes

    coordenadas, de modo a garantir o

    enfrentamento simultneo de todas as

    diversas causas que originam o problema e

    comprometem solues isoladas, mesmo

    quando engenhosas e de baixo custo. A ao

    coordenada visa proporcionar resultados

    sinrgicos e transformadores, promovendo

    as capacidades de desenvolvimento

    econmico e social das comunidades

    envolvidas.

    A obteno dessa nova forma de

    conhecimento do problema no pode

    prescindir da participao de profissionais

    que atuam em diversos setores e rgos da

    administrao pblica. Aes de natureza

    diversa devem ser desenvolvidas

    coordenadamente, tais como:

    jurdico-legais, que abordam os

    condicionantes da relao

    sociedade-espao urbano parcelamento,

    legalizao e posse de lotes e a definio

    do uso e ocupao do solo;

    urbanstico-ambientais, que abordam o

    fato fsico-espacial drenagem, gua,

    esgoto e coleta de lixo, arruamento,

    acesso, equipamentos urbanos e sociais; e

    scio-econmico-organizativas, que

    abordam os processos e servios sociais

    no mbito fsico e cultural servios de

    sade, educao sanitria, acesso

    instruo e profissionalizao, gerao de

    ocupao e renda, organizao

    comunitria, segurana e lazer.

    Tais aes exigem providncias que

    competem a diversos rgos e somente pela

    sua articulao eficaz se tornaro

    compatveis e integradas s polticas

    setoriais, conferindo eficincia e

    sustentabilidade s intervenes nas reas

    com populao de baixa renda.

    Alm do mais, pela sua complexidade,

    extenso do fenmeno e grau de

    interdependncia das variveis, a soluo

    desse tipo de problema exige compromisso e

    integrao em todos os nveis: no mbito das

    polticas (urbanas, ambientais, habitacionais,

    de sade, educao etc.), dos agentes

    envolvidos (poder pblico, agentes

    financiadores, assessorias, comunidades) e

    das equipes de trabalho. A coordenao das

    atividades permite maior eficincia e custos

    mais baixos, mediante a sinergia entre as

    aes e a reduo de desperdcios.

    A estratgia de mudana de um ambiente

    degradado ou marginalizado para a sua

    incorporao na sociedade formal deve

    considerar tambm a dimenso poltica das

    foras dinmicas e contraditrias no espao

    ou situao considerados. preciso que, no

    planejamento da mudana, os diversos

    setores interessados participem das decises.

    Essa postura fundamental para a

    democratizao e garantia de

    4 6

    A E X P E R I N C I A D A R E A D E D E S E N V O L V I M E N T O S O C I A L N O P E R O D O 1 9 9 6 - 2 0 0 2

  • sustentabilidade do processo e qualidade das

    solues. preciso que os interesses

    antagnicos sejam ouvidos e que haja

    consultas formais e informais ao conjunto

    dos interessados, negociando os pactos

    necessrios, de forma a assegurar

    racionalidade na concepo das solues e

    eqidade na repartio dos resultados.

    No vrtice do processo est o estmulo

    participao comunitria, entendida como

    mecanismo de promoo individual e

    social, que eleva o nvel de conhecimento e

    conscincia dos problemas, forma uma

    postura crtica e um maior nvel de

    exigncia quanto participao e

    qualidade de vida, alm de ampliar o

    processo educativo para desenvolver

    atividades operativas e atitudes para o

    trabalho coletivo. Dessa maneira,

    conquista-se uma melhoria na qualidade

    das reivindicaes e das demandas sociais.

    O conceito de democratizao de

    oportunidades est presente na promoo do

    acesso habilitao para o trabalho, ao

    desenvolvimento de opes de ocupao e

    renda, infra-estrutura e aos servios

    bsicos e sociais. Procura-se, mediante as

    modificaes das condies em que vivem

    os habitantes da pobreza, criar um ambiente

    propcio promoo do ser humano e,

    assim, construir condies apropriadas ao

    resgate da cidadania e restaurao do papel

    do Estado junto a essas comunidades.

    Essa abordagem insere-se no contexto

    de uma nova forma de atuao do Estado.

    atravs da participao comunitria e da

    atuao descentralizada em mbito

    governamental, priorizando o papel e o

    envolvimento das administraes municipais

    no atendimento e encaminhamento das

    questes sociais, que um Estado renovado e

    mais eficiente chega comunidade.

    Um Projeto Multissetorial Integrado deve

    incorporar o conceito de melhorias

    progressivas e sua concepo e execuo

    devem compreender as seguintes etapas e

    aspectos bsicos:

    a definio clara da situao-problema e

    sua delimitao no espao fsico;

    o desenvolvimento de processos

    participativos da comunidade;

    o diagnstico multidisciplinar integrado;

    a formulao do projeto, articulando

    diversas solues complementares;

    o gerenciamento matricial e coordenado;

    o acompanhamento e