Aula 22 financiamento e vulnerabilidade externa da economia brasileira (economia brasileira)

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1ª Edição | 2010 | O Brasil sob a Nova Ordem A economia brasileira contemporânea Uma análise dos governos Collor a Lula Rosa Maria Marques e Mariana Ribeiro Jansen Ferreira Organizadoras

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1ª Edição | 2010 |

O Brasil sob a Nova Ordem

A economia brasileira contemporânea – Uma análise dos governos Collor a Lula

Rosa Maria Marques e Mariana Ribeiro Jansen Ferreira

Organizadoras

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Capítulo 5 Financiamento e Vulnerabilidade

Externa da Economia Brasileira

Antonio Corrêa de Lacerda

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Capítulo 5

Financiamento e Vulnerabilidade Externa da Economia Brasileira

Introdução Este capítulo analisa a questão do financiamento e da vulnerabilidade externa da economia brasileira, especialmente no período de 1997-2007. 1. Da Financeirização à Globalização Produtiva A financeirização das economias capitalistas extrapolou as fronteiras geográficas dos países, configurando um fenômeno internacional, o qual foi ampliado pela liberalização dos mercados cambiais e pela desregulamentação dos fluxos de capitais.

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Capítulo 5

Financiamento e Vulnerabilidade Externa da Economia Brasileira

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Capítulo 5

Financiamento e Vulnerabilidade Externa da Economia Brasileira

A corrente de comércio internacional, dada pela somatória das importações e exportações globais, cresceu em média 8% reais do período 1997-2007, o equivalente a quase o dobro do crescimento médio do PIB mundial. Houve uma profunda alteração na estrutura do comércio internacional, com a substituição das exportações de produtos acabados pelo aumento das transações de componentes, que passaram a ser fabricados em vários países. As empresas transnacionais são responsáveis por um estoque mundial de IED que atingiu US$ 15 trilhões, sendo que o faturamento de empresas transnacionais foi de US$ 31 trilhões, com um crescimento de 23% em relação a 2006.

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Capítulo 5

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As empresas multinacionais concentraram em 172 megaoperações, totais estimados superiores a US$ 1 trilhão, e representam dois terços do total destinado às fusões e aquisições. A crise financeira global, originada nos mercados de crédito subprime norte-americano, e a desaceleração econômica mundial devem ter impacto nos fluxos de IED. Os novos padrões de estruturas produtivo-organizacionais redefiniram a noção de competitividade internacional, com ênfase na capacidade industrial de inovar e aperfeiçoar.

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Capítulo 5

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2. Brasil: a evolução do balanço de pagamentos no período 1997-2007 No período 1997-2007, o balanço de pagamentos brasileiro apresentou um quadro de transformação. Por um lado, ocorreu uma reversão substancial do desempenho do saldo da balança comercial. De um déficit de quase US$ 7 bilhões registrado nos anos de 1997 e 1998, o saldo evoluiu consistentemente para um expressivo superávit de US$ 40 bilhões em 2007.

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O impacto das exportações sobre o resultado de transações correntes e o superávit nas contas de capital e financeira são importantes para explicar a reversão do resultado global do balanço de pagamentos.

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A queda da participação relativa do setor de serviços no fluxo total ingressante pode ser explicada pela diminuição do ritmo de operações de fusões e aquisições no mercado financeiro e bancário em 2007, em comparação com o período 1994-2002.

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Capítulo 5

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Também é importante contrabalançar o ingresso de capitais externos com políticas de internacionalização das empresas locais. A maior internacionalização da economia brasileira da última década implicou uma maior vulnerabilidade externa (LACERDA, 2006, p.21). Houve uma mudança qualitativa do passivo externo brasileiro, que demanda um custo de financiamento, basicamente de remessas de juros e lucros, refletido no déficit do balanço de serviços e rendas, do balanço de pagamentos.

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As reservas internacionais são importantes para enfrentar situações de agravamento de crises nos mercados. O governo brasileiro tem implementado políticas para melhorar a relação reservas (conceito de liquidez)/dívida total. Entre 2000-2007, houve uma importante melhora da relação reservas internacionais/dívida total – esse indicador melhorou 25% (média anual). O resultado é expressivo, e decorre do aumento da acumulação de reservas pelo Banco Central, já que cresceram 24% no mesmo período.

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Capítulo 5

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O cenário externo com abundância de capitais proporcionou níveis de IED elevados em 2000-2007. Além disso, de 2000 a 2005, houve uma trajetória de reversão de déficit em transações correntes para superávit registrado em 2005. Entretanto, a partir de 2005, há um movimento de declínio dos resultados de transações correntes. Além do crescimento maior das quantidades importadas em relação às exportadas, o saldo da balança comercial se beneficia cada vez menos dos termos de troca, ou seja, a relação entre preços de importações e exportações.

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Capítulo 5

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Tendo em conta os resultados dos investimentos diretos e de transações correntes, a demanda de financiamento externo no período 2002-2007 demonstrou situação confortável do ponto de vista da gestão das contas externas. Houve abundância de fluxos de IED em razão das estratégias transnacionais de procurar países emergentes de grande potencial, situação na qual o Brasil se enquadra. Além disso, o resultado comercial contribuiu para a necessidade de financiamento negativa no período. No entanto, com o agravamento da crise financeira internacional, já se percebem sinais sobre a necessidade de financiamento externo.

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Capítulo 5

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Considerações Finais No que diz respeito à questão da vulnerabilidade, o quadro das contas externas ainda é relativamente instável para a economia brasileira, em especial diante dos efeitos da crise global. A ainda expressiva dependência do comportamento do preço e da demanda internacional das commodities torna a economia brasileira excessivamente dependente do cenário mundial.

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Capítulo 5

Financiamento e Vulnerabilidade Externa da Economia Brasileira

A recessão nos países da tríade EUA, Europa e Japão tem feito com que a economia mundial apresente um cenário próximo da estagnação, uma vez que o desempenho dos países em desenvolvimento não será suficiente para compensar a queda da demanda observada nos países desenvolvidos. Além disso, as restrições do mercado de crédito e financiamento, que se tornou mais caro e escasso como efeito da crise de confiança no mercado financeiro internacional, têm significado uma importante limitação ao crescimento dos países periféricos.