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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL INSTITUTO DE BIOCI˚NCIAS COMISSˆO DE GRADUA˙ˆO DO CURSO DE CI˚NCIAS BIOLGICAS PrÆtica de Pesquisa em Educaªo: Trabalho de Conclusªo de Curso O Programa de Bolsas de Iniciaªo DocŒncia (PIBID) e a carreira docente em CiŒncias Biolgicas MICHELE SILVEIRA DA SILVA Porto Alegre, 2012

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL INSTITUTO DE BIOCINCIAS

    COMISSO DE GRADUAO DO CURSO DE CINCIAS BIOLGICAS

    Prtica de Pesquisa em Educao: Trabalho de Concluso de Curso

    O Programa de Bolsas de Iniciao Docncia (PIBID) e a carreira docente

    em Cincias Biolgicas

    MICHELE SILVEIRA DA SILVA

    Porto Alegre, 2012

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  • MICHELE SILVEIRA DA SILVA

    O Programa de Bolsas de Iniciao Docncia (PIBID) e a carreira docente

    em Cincias Biolgicas

    Monografia apresentada Comisso de Gra-duao do curso de Cincias Biolgicas da U-niversidade Federal do Rio Grande do Sul, como requisito parcial para a obteno do grau

    de Licenciado em Cincias Biolgicas

    Orientadora: Prof. Dr Eunice Aita I. Kindel

    Porto Alegre, 2012

  • AGRADECIMENTOS

    Aos meus pais pelo apoio, em toda minha vida, principalmente nos ltimos cinco anos,

    durante a graduao. Aos meus amigos e familiares pelo apoio, fora e compreenso nos momentos de au-

    sncia, principalmente neste ltimo semestre.

    Aos colegas de graduao pelos momentos compartilhados, aprendizagens, amizades que construmos.

    Aos colegas de PIBID pela participao neste trabalho. E pelos momentos de apoio

    durante o perodo de trabalho na bolsa. minha orientadora, Eunice Kindel, pelo apoio e auxlio tanto na construo deste

    trabalho, quanto nos projetos do PIBID. professora Russel por ter me guiado nos primeiros passos no PIBID professora Helosa ter acompanhado meu processo de amadurecimento durante os

    estgios obrigatrios. A turma B de estgio curricular pelos assessoramentos coletivos e sesses de terapia

    em grupo.

  • Cada um tem uma experincia de educao, a

    sua ou a de seus filhos, e sabe, ou acha que

    sabe, alguma coisa. Mas no se pode confundir

    ter uma opinio (dizer o que acreditamos, a par-

    tir de uma experincia pessoal) e produzir um

    saber (um discurso no qual a significao das pa-

    lavras controlada, no qual levamos em conta

    diversas formas de colocar o problema, vrios

    pontos de vista, no qual nos apoiamos em provas

    que podem ser verificadas por qualquer um).

    Quem deseja fazer pesquisa em educao deve

    sair da esfera da opinio e entrar no campo do

    conhecimento.

    (Bernard Charlot)

  • RESUMO

    O Programa Institucional de Bolsas de Iniciao Docncia (PIBID) foi lanado em 2007 com o objetivo de incentivar a procura dos graduandos pela carreira docente, aliado ao incremento da educao bsica. Para isso os alunos da graduao so inseridos nas escolas,

    formando uma dupla-mo de conhecimento entre a academia e o ensino bsico. Com isso, o objetivo deste trabalho descobrir se o PIBID realmente est sendo efetivo em suas ativida-des para os bolsistas, ou seja, se eles continuam na carreira docente. Para tanto foram elabora-das questionrios para entrevistas, que seriam acompanhadas por visitas aos projetos da Uni-

    versidade Federal de Santa Catarina e da Universidade Federal do Paran alm da Universi-dade Federal do Rio Grande do Sul. Por falta de verba financeira as viagens foram canceladas

    e os questionrios, reformulados, respondidos por correio eletrnico. A partir das respostas dos participantes foram criadas sete categorias, compostas por vrias perguntas diferentes: entrada e sada do PIBID, convivncia dos bolsistas com os participantes do PIBID, formas de atuao, influncia do PIBID na carreira docente, aprendizagem extra-acadmica, fatores mo-tivacionais e fatores negativos. Alm disso, foram analisados separadamente estudos de caso

    de alguns bolsistas em especial. A partir das respostas conclumos que o programa est sendo efetivo, mas possui vrias pequenas falhas a serem melhoradas e seu fator motivacional pre-dominante a relao prxima dos bolsistas com os alunos que ele propicia. Alm de influen-ciar a carreira docente do bolsista, o programa tambm proporciona aprendizagens que podem

    ser levadas qualquer rea de atuao profissional e pessoal do participante.

    Palavras-chave: PIBID, formao de professores, Cincias Biolgicas

  • SUMRIO

    INTRODUO.........................................................................................................................6

    METODOLOGIA.....................................................................................................................9

    RESULTADOS........................................................................................................................13

    DISCUSSO............................................................................................................................21

    Entrada e sada do PIBID.............................................................................................21

    Convivncia dos bolsistas com os participantes...........................................................22

    Formas de atuao do PIBID.......................................................................................23

    Influncia do PIBID na careira docente.......................................................................24

    Aprendizagens extra-acadmicas..................................................................................26

    Fatores motivacionais...................................................................................................27

    Fatores negativos..........................................................................................................29

    Estudos de caso.............................................................................................................32

    CONSIDERAES FINAIS.................................................................................................36

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS....................................................... ..........................39

    ANEXOS..................................................................................................................................41

    Anexo 1: questionrio online enviado aos bolsistas.....................................................41

  • INTRODUO

    O Programa de Bolsas de Iniciao Docncia (PIBID) foi criado pelo Ministrio da Educao (MEC), por meio da Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superi-or (CAPES), no ano de 2007, atravs do Edital MEC/CAPES/FNDE 2007 o qual especifica o objetivo principal do programa: incentivar a formao de professores para o ensino bsico. A partir deste edital devem ser norteados os planos e aes dos projetos desenvolvidos, aliando-os com seus objetivos secundrios: (1) valorizar o magistrio, (2) promover a melhoria da qualidade da educao bsica, (3) incentivar a articulao entre as instituies superiores e as de formao bsica, (4) elevar a qualidade da formao de professores, (5) estimular a inte-grao da educao superior com a educao bsica, (6) promover a elevao da qualidade do ensino nas escolas da rede pblica, (7) fomentar metodologias e prticas docentes inovadoras que orientem para a superao de problemas no processo ensino-aprendizagem, (8) valorizar o espao da escola pblica como campo de experincia na formao de professores e (9) propi-ciar ao graduando a participao em aes metodolgicas inovadoras e articuladas com a rea-lidade local da escola (BRASIL, 2007).

    Tendo como base tais objetivos, possvel notar que o PIBID busca aliar respostas de trs necessidades brasileiras: a melhora do aprendizado dos alunos da educao bsica, o a-

    perfeioamento da formao docente e a carncia de profissionais na rede pblica de educa-o. Pois, de acordo com um estudo realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas

    Educacionais Ansio Teixeira (INEP), para atender a demanda no ano de 2003 seriam neces-srios 235 mil professores no ensino mdio e 476 mil nas turmas de 5 a 8 srie, totalizando 711 mil docentes (INEP, 2003). Porm a oferta de graduados em licenciatura nos anos ante-cedentes a 2003 foi de 457 mil (INEP, 2003). Sendo este o dado mais recente, a baixa procura pela profisso preocupante.

    No primeiro edital do PIBID, em 2007, participaram apenas Instituies Federais de

    Ensino Superior (IFES), sendo seus projetos com nfase para as reas exatas (Qumica, Fsica, Cincias Biolgicas e Matemtica) e preferencialmente contemplando o Ensino no nvel M-

    dio. Os editais seguintes abriram possibilidades a novas instituies de Ensino Superior pbli-cas e privadas como forma de aumentar o nmero de participantes, dado o bom desenvolvi-mento de suas aes. Tambm foram ampliadas as reas de atuao, abrangendo e aumentado as bolsas oferecidas nas reas humanas. No ano de 2012 foram oferecidas cerca de 50.000

  • bolsas (incluindo superviso, coordenao e iniciao docncia) nas 195 IES participantes (BRASIL, 2012).

    A parceria entre a escola e a universidade realizada por meio de subprojetos (um pa-ra cada curso de licenciatura participante) nos quais os bolsistas, alunos da graduao, contam com um coordenador, professor da universidade, e um supervisor, professor da rede pblica de ensino, para lhes orientar/ajudar nos projetos a serem realizados. Os projetos so desenvol-vidos das mais diversas formas, conforme as necessidades da escola e a metodologia de traba-lho do professor coordenador, visando sempre cumprir os objetivos do PIBID.

    Dentro da UFRGS o PIBID desenvolve subprojetos desde o edital de 2007, ampliando sua rea de atuao a cada novo edital. Atualmente conta com subprojetos nas reas de Artes

    Visuais, Cincias Biolgicas, Cincias Sociais, Dana, Educao Fsica, Espanhol, Filosofia, Fsica, Francs, Geografia, Histria, Letras, Matemtica, Msica, Pedagogia, Qumica e Tea-

    tro. Sendo desenvolvido em oito escolas de Ensino Mdio e/ou Fundamental, em diversos bairros com diferentes realidades e problemas a serem trabalhados, totalizando 264 bolsas no ano de 2012.

    O subprojeto de Cincias Biolgicas da UFRGS atua desde o primeiro edital, efeti-vando suas aes em de maro 2009. Inicialmente contou com trs professoras coordenado-ras, trabalhando em parceria, em duas escolas diferentes. Uma localizada em zona nobre da cidade, atendendo a muitos alunos oriundos de locais perifricos, onde o PIBID atuava com turmas de Ensino Mdio em Educao de Jovens e Adultos (EJA) e Ensino Mdio e Funda-mental regulares. No final do ano de 2009 o projeto se desvinculou da escola em virtude de desentendimentos com a direo escolar. Em sua substituio entrou no edital de 2011 uma instituio de Ensino Fundamental, situada na zona central da cidade, que atende alunos ori-

    undos de famlias de baixa renda de locais prximos e perifricos. A outra instituio escolar est situada em um bairro mais humilde e perifrico de Porto Alegre, tambm atende apenas ao Ensino Fundamental regular e continua, desde 2009, vinculada aos trabalhos do grupo. Atualmente o subprojeto de Cincias Biolgicas conta com dez bolsistas, divididos nas duas escolas, sob a orientao de uma nica professora da universidade.

    O PIBID possui elementos que o torna uma interessante fonte de pesquisa, tais como a

    relao entre a escola e a universidade, as metodologias inovadoras que desenvolve e sua in-fluencia na escolha profissional dos bolsistas. Desta forma, este programa para mim muito instigante, pois ingressei como bolsista em 2009 e minhas primeiras experincias em sala de aula foram muito positivas, mesmo que precoces no currculo acadmico. Assim, o contato

  • com os alunos, a possibilidade de passar meu conhecimento, adquirir mais saberes a cada aula e a admirao e confiana que os alunos depositavam em mim foram determinantes para que eu deixasse o projeto depois de um ano. J que entraves sucessivos se colocavam em nosso caminho impossibilitando a concluso ou at mesmo a prtica das atividades. Desta forma,

    antes que as frustraes acabassem com as boas impresses de sala de aula, fui experimentar novos caminhos. Por motivos bem parecidos, minha coordenadora e minhas outras colegas

    tambm se retiraram e a escola perdeu o subprojeto de Biologia. Depois de um ano e meio atuando como bolsista de Iniciao Cientfica, voltei Inici-

    ao Docncia. A distncia entre o produzido no laboratrio e a saciedade, a falta de reco-nhecimento imediato e o feedback dos alunos foram decisivos para a volta. Desta vez, com

    menos expectativas, estava mais habilitada a voltar ao ambiente escolar. Passei, ento, a inte-grar o grupo que atendia nova escola, trabalhando com Ensino Fundamental. Onde tambm

    realizei meu estgio supervisionado do curso, tendo como professora titular a supervisora PI-

    BID da escola. A partir de minha experincia no programa e os motivos que me fizeram voltar ao pro-

    jeto, este trabalho busca investigar se o PIBID tambm incentiva aos outros bolsistas a per-manncia na carreira docente. Assim, o objetivo deste descobrir se as aes do PIBID esto sendo efetivas aos bolsistas dos subprojetos de Cincias Biolgicas das trs principais Institu-ies Federais de Ensino Superior (IFES) da regio sul do pas: Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Universidade Federal do Paran (UFPR). O motivo de usar as trs IFES apenas de aumentar o nmero

    amostral e a diversidade de metodologias aplicadas, sem prejuzo da qualidade de ensino. No ano de 2012 a UFSC ofereceu 356 bolsas, enquanto a UFPR 544, juntas as trs universidades totalizaram 1164 bolsas, includo as de iniciao docncia, coordenao e superviso (BRASIL, 2012). A anlise das atividades desenvolvidas pelos bolsistas e sua influncia na carreira dos graduandos o ponto principal deste trabalho de concluso de curso e poder contribuir para as futuras aes do PIBID Cincias biolgicas, bem como melhorar as que j

    esto em andamento.

  • METODOLOGIA

    Este estudo tem aportes da pesquisa qualitativa por meio da qual possvel descrever

    realidades complexas sem a inteno de compar-las, mas buscando aproximaes, eventos semelhantes, problemas recorrentes. Ludke e Andr (1986) apresentam diferentes instrumen-

    tos para coleta de dados quando a nfase da investigao so os aspectos qualitativos: entre-vista, anlise documental, questionrios, entre outros.

    Ainda sobre as caractersticas do tipo de pesquisa que realizamos seguimos o que a-presentado por Duarte (2004, p.214): "O que d carter qualitativo no necessariamente o recurso que se faz uso, mas o referencial terico/metodolgico eleito para a construo do

    objeto de pesquisa e para anlise do material coletado no trabalho de campo".

    Para que fosse possvel investigar os aspectos do PIBID a respeito do incentivo car-reira docente, foi elaborado um questionrio para ser respondido pelos bolsistas. Inicialmente a proposta do trabalho era que os questionrios fossem respondidos em forma de entrevista presencial (Figura 1), por meio de uma visita para o conhecimento das atividades desenvolvi-das nos PIBIDs da UFSC e UFPR. As perguntas foram separadas em quatro blocos. O primei-ro visava questes gerias da entrada e histria no PIBID, buscando saber se haviam aspectos marcantes positivos ou negativos nela. O segundo bloco estava direcionado aos aspectos da realizao pessoal na forma de trabalho. Enquanto o terceiro busca as sensaes do bolsista com as demais pessoas que compe o programa. O ultimo bloco, divido em dois no caso dos

    ex-bolsistas, busca averiguar a influencia das aes desenvolvidas no seguimento da carreira. Durante as entrevistas, as respostas foram intermediadas pela entrevistadora para que o bolsis-

    ta falasse o mximo possvel, onde pudesse refletir e elucidar o melhor possvel os objetivos de cada pergunta.

    Entretanto, questes financeiras impediram a coleta atravs de entrevistas presenci-ais.Mas, at o momento da confirmao do cancelamento das viagens j haviam sido realiza-das quatro entrevistas presenciais com bolsistas da UFRGS, sendo a primeira delas utilizada como piloto para balizar as demais. Como meio de contornar o imprevisto, foi formulado

    um questionrio (Anexo 1) com perguntas de mltipla escolha e descritivas, baseado no apli-cado nas entrevistas. O qual foi encaminhado por e-mail diretamente aos bolsistas e ex-bolsistas do PIBID, atravs dos endereos eletrnicos disponibilizados pelos coordenadores de cada subprojeto. O formulrio constava em um documento online, instalado na plataforma

  • Google Docs, em que as identidades dos participantes no eram reveladas. As respostas eram armazenadas diretamente no e-mail remetente.

    Figura 1: modelo do questionrio presencial aos bolsistas e ex-bolsisas do PIBID.

    Questionrio de entrevista com os Bolsistas participantes

    A ) Bolsistas atuantes 1. H quanto tempo voc bolsista do PIBID? 2. O que te levou a optar pela bolsa PIBID se na Universidade tem vrias outros tipos de bolsas? 3. Conte um pouco de sua histria no PIBID

    4. Como/onde so as atividades que voc desenvolve com o PIBID? 5. Voc atua sozinho ou em conjunto com outros bolsistas? Voc prefere trabalhos em grupo ou in-

    dividuais?

    6. Em quais momentos/atividades o PIBID te motiva a trabalhar na escola? 7. Em que momentos ele te desmotiva? 8. Como sua relao com os alunos da escola? 9. A escola se tornou um ambiente mais ou menos agradvel para voc depois do PIBID? 10. Voc j teve vontade de sair do PIBID e ir para outra bolsa? 11. Se voc pudesse reclamar de algo no PIBID o que seria?

    12. Voc pensa em seguir a carreira docente depois que se formar? Em que nvel (escolas, espaos no escolares, graduao)

    13. O seu trabalho como professor ser parecido com o desenvolvido no PIBID? 14. O PIBID te ajudou e outros aspectos de sua vida, que no s acadmicos e ligados a escola?

    B) Ex-bolsistas 1. Por quanto tempo voc foi bolsista do PIBID? 2. O que te levou a optar pela bolsa PIBID se na Universidade tem vrias outros tipos de bolsas? 3. Conte um pouco de sua histria no PIBID?

    4. Como/onde eram as atividades que voc desenvolveu com o PIBID? 5. Voc atuou sozinho ou em conjunto com outros bolsistas? Voc prefere trabalhos em grupo ou

    individuais? 6. Como era sua relao com os alunos da escola? 7. Em quais momentos/atividades o PIBID te motivou a trabalhar na escola? 8. Em que momentos ele te desmotivou? 9. A escola se tornou um ambiente mais ou menos agradvel para voc depois do PIBID?

    10. Voc acha que o PIBID te ajudou e outros aspectos de sua vida, que no s acadmicos e ligados a escola?

    Se pessoa continua na licenciatura: 1. O PIBID contribuiu para que voc seguisse na carreira docente?

    2. Voc acha que seu trabalho como professor parecido com o desenvolvido no PIBID?

    Se a pessoa no continua na licenciatura: 1. Quando voc viu que no gostaria de seguir a carreira docente? J pensou em voltar?

    2. Algum aspecto do PIBID contribuiu para no seguir a carreira docente?

  • A anlise das respostas foi feita de forma qualitativa, pois segundo Oliveira (1999, a-

    pud DAITX, 2010), facilita descrever a complexidade dos problemas e hipteses, bem como analisar a interao entre variveis, compreender e classificar processos sociais, alm de ofe-

    recer contribuies para mudana, criao ou formao de opinies de determinados grupos e

    interpretao das particularidades do comportamento dos indivduos. Assim, a anlise qualita-

    tiva mostrou-se mais condizente com os objetivos deste trabalho, uma vez que o mesmo bus-cou analisar e compreender aes e problemas do PIBID, indicando alguns possveis aperfei-oamentos.

    Para isso o mecanismo de coleta de dados, a entrevista, se mostra fundamental, assim como descreve Duarte (2004, p.215):

    Entrevistas so fundamentais quando se precisa/deseja mapear prticas, crenas, va-lores e sistemas classificatrios de universos sociais especficos, mais ou menos bem delimitados, em que os conflitos e contradies no estejam claramente explicitados. Nesse caso, se forem bem realizadas, elas permitiro ao pesquisador fazer uma esp-cie de mergulho em profundidade, coletando indcios dos modos como cada um da-queles sujeitos percebe e significa sua realidade e levantando informaes consisten-tes que lhe permitam descrever e compreender a lgica que preside as relaes que se estabelecem no interior daquele grupo, o que, em geral, mais difcil obter com outros instrumentos de coleta de dados.

    Ao todo foram contatados 67 bolsistas e ex-bolsistas, nas trs universidades, dos quais foram obtidas respostas em 25 questionrios, totalizando 29 participantes ao somar as entre-vistas presenciais. Os dados obtidos foram posteriormente compilados em uma tabela organi-

    zada por aspectos analisados em cada pergunta. Assim, uma pergunta poderia conter mais aspectos que a quantidade de respostas das alternativas e duas ou mais questes, que busca-

    vam investigar o mesmo aspecto, poderiam ser agrupadas.

  • RESULTADOS

    Para melhor anlise, os dados foram distribudos em tabelas conforme o aspecto que as

    perguntas procuram investigar. Algumas das perguntas que se sobrepuseram tiveram as anli-

    ses de suas respostas em conjunto, assim os aspetos de interesse de cada uma podem ser dife-rentes das perguntas feitas nas entrevistas ou questionrios. A partir das tabelas foram gerados

    seis grficos para melhor visualizao dos resultados.

    O grfico 1 busca apresentar as principais motivaes de entrada e sada dos bolsistas. As perguntas que compem so: Quando voc entrou no PIBID? (ms e ano), Quanto tempo permaneceu no PIBID?, Quais suas motivaes para ingressar no PIBID?, Como

    foi sua sada do PIBID? e Voc j pensou em sair do PIBID?.

    Grfico 1: entrada e sada dos bolsistas. No eixo das ordenadas o nmero de bolsistas e no eixo das absissas suas respostas. Em azul o tempo de permanencia no PIBID, em vermelho os motivos para entrada, em roxo os motivos de sada (quando diferentes de formatura), em verde respostas de quem pensa em sair, mas no deixou o programa.

    Foi possvel analisar que a grande maioria dos participantes est no programa entre um

    e dois anos. Mostrando permanncia, envolvimento e uma possvel continuidade dos projetos realizados. A entrada motivada em grande parte por um conhecimento prvio da licenciatu-

    ra, mas em grande parte tambm se deve a novas experincias ou interesse no valor mais alto da bolsa. A grande maioria que deixou o programa antes da formatura o fez para buscar novas

  • reas, assim o PIBID tambm pode ser um aspecto positivo no que proporcionou a este aluno que esclarecesse que a licenciatura no ser sua rea de atuao.

    As perguntas que compem o Grfico 2 tm como objetivo investigar a atuao dos alunos no PIBID. Assim foram selecionadas as perguntas: No PIBID voc atua ou atuava:,

    Onde so as atividades que voc desenvolve ou desenvolveu no PIBID? e uma das respos-tas que poderia ser dada a pergunta Quais destas situaes voc j viveu no PIBID referente produo bibliogrfica e participao em congressos ou feiras.

    Grfico 2: Como so as atividades desenvolvidas pelos bolsistas. No eixo das ordenadas o nmero de bolsistas e no eixo das absissas suas respostas. Em azul a forma de atuao e como o bolsista se sente frente a ela, em vermelho os locais de suas atividades e em verde a apresentao de trabalhos cientficos.

    Por meio destas questes, foi possvel identificar que os bolsistas preferem trabalhar

    em grupos ou mesclando algumas atividades individuais e outras coletivas. Nenhum dos sub-projetos trabalha somente com atividades individuais, mesmo que alguns bolsistas tenham dito que prefeririam se fossem assim. Os trabalhos tambm so desenvolvidos diretamente na escola, pois apenas quatro bolsistas no relataram trabalhar na escola e vrios indicaram mais de um local. A grande maioria apresentou algum trabalho em feiras ou congressos ou partici-pou de algum tipo de produo bibliogrfica.

    O Grfico 3 agrupa as perguntas referentes ao convvio dos bolsistas entre si e na es-cola. Buscando revelar se as boas relaes no trabalho so importantes para a permanncia na

  • carreira docente. Para tanto foram escolhidas as perguntas: Quais situaes voc j viveu no PIBID? e Como (ou era) sua relao com os alunos da escola?

    Grfico 3: Relaes dos bolsistas com grupo de trabalho e na escola. No eixo das ordenadas o nmero de bolsistas e no eixo das absissas suas respostas. Em azul as respostas que evidenciam momentos de desentendimento, e vermelho as que marcam momentos positivos com os alunos e em roxo como o bolsista visto pelos alunos da escola.

    Quanto ao convvio com os alunos possvel destacar a boa relao entre eles e os bolsistas. Uma vez que poucos tiveram desentendimentos, nenhuma forma de desrespeito foi relatada, a maioria teve algum momento positivo marcante em suas aes e muitos tambm

    fora das atividades. O que chama a ateno um numero relativamente expressivo de bolsis-tas que respondem no ter muito convvio com os alunos, sendo que vrios destes informaram

    ter ocorrido algum momento marcante entre eles. O Grfico 4 busca esclarecer se um dos mais importantes objetivos do PIBID est sen-

    do cumprido, ou seja, se os participantes pretendem continuar na carreira docente e se o pro-grama foi proveitoso para ele. Deste modo, o compe as perguntas: Aps sua experincia no

    PIBID como voc v a escola?, Voc pensa em seguir a carreira docente depois que se for-

    mar?, Voc continuou na carreira docente depois de formado?, O PIBID te ajudou a compreender melhor as disciplinas da Faculdade de Educao? e Seu trabalho como profes-sor ser/ parecido com o desenvolvido no PIBID?.

  • Grfico 4: influencia do PIBID na carreira docente. No eixo das ordenadas o nmero de bolsistas e no eixo das absissas suas respostas.Em azul se houve mudana na perspectiva do ambinete escolar depois de sua entrada no PIBID, em vermelho se e onde o bolsista pretende lecionar depois de formado, em roxo a contribuio para a compreenso das disciplinas ligadas Faculdade de Educao e em verde a contribuio do PIBID para o plaejamento de suas aulas.

    Destaca-se entre as respostas a melhoria na viso do ambiente escolar pelo bolsista.

    Mesmo que cinco bolsistas tenham dito que pioraram a sua viso de escola, quatro deles di-zem pretender lecionar em lugares diferentes de escolas. A grande maioria dos participantes tambm diz querer continuar na carreira docente, seja em qualquer nvel de educao, e um deles relata querer voltar a lecionar. Outro aspecto positivo que as metodologias, tcnicas e

    trabalhos desenvolvidos no PIBID so relevantes para as carreiras dos bolsistas, que na maio-ria afirmam que seu trabalho como professor ser parecido com o desenvolvido dentro do

    programa. Demonstrando, tambm, o esclarecimento dos bolsistas quanto a necessidade de planejar e adaptar suas idias frente a seus alunos, uma vez que a maioria muda ou mudar as atividades de acordo com a realidade que enfrentar. A grande maioria afirmou que o PIBID ajudou a entender melhor a Faculdade de Educao, cumprindo com outro objetivo do pro-grama, de unir teoria e prtica, melhorando a formao acadmica dos estudantes.

    No grfico 5 esto dispostas as respostas pergunta O PIBID ajudou em outros as-pectos de sua vida que no apenas acadmicos?.

  • Grfico 5: influencia extra-acadmica do PIBID. No eixo das ordenadas o nmero de bolsistas e no eixo das absissas suas respostas.Em laranja os aspectos que o PIBID proporcinou aos alunos em campos no apenas acadmicos.

    A complexidade do programa e das relaes e experincias proporcionadas por ele a-

    gregou aos bolsistas mais que saberes acadmicos ou voltados exclusivamente para o prprio PIBID, uma vez que todos os 29 participantes da pesquisa relataram que o programa os aju-dou em algum aspecto extra-academico. O aprendizado mais relado foi a respeito de escolas e seus problemas, que pode ser compreendido tambm como uma ampliao da viso de mun-do, de ampliao de diferentes realidades sociais. As outras respostas tambm representam aspectos essenciais para a construo de carter e postura profissionais, sendo uma contribui-

    o para qualquer outra rea a ser seguida pelo graduando.

    No grfico 6 esto expostas as motivaes dos bolsistas para permanecer no programa,

    ou seja, seus aspectos positivos. Respondendo pergunta Em quais momentos o PIBID te motiva a trabalhar na escola? o bolsista aponta aquilo que realmente lhe chama a ateno e

    cativa no PIBID, uma vez que era dissertativa e deixava o participante livre para refletir. As respostas foram analisadas e categorizadas conforme o ponto principal da escrita.

  • Grfico 6: motivaes para a permanencia no PIBID. No eixo das ordenadas o nmero de bolsistas e no eixo das absissas suas respostas Em verde os aspectos do programa que motivam os bolsistas a trabalharem nele.

    A principal motivao dos bolsistas, claramente, est associada ao convvio com os a-

    lunos e sua motivao em ir para a aula, em poder mudar um pouco da rotina escolar. Ainda se destacam a vontade de mudar a escola, ajudar a resolver seus problemas, a divulgao dos conhecimentos aprendidos na academia e a gerao de novos conhecimentos com o desenvol-vimento de novas atividades. Para muitos bolsistas o nico fator motivacional foi a motivao

    dos alunos e um dos bolsistas no revelou qualquer aspecto que o motivasse. Alguns relatos quanto motivao tambm foram escritos em outras perguntas, mas esto tambm represen-

    tados no Grfico 6. As perguntas Em que momentos o PIBID te desmotiva a trabalhar na escola? e O

    que voc gostaria de reclamar do PIBID tiveram suas respostas compiladas no Grfico 7, que busca esclarecer possveis falhas no programa.

  • Grfico7: Desmotivaes e reclames dos bolsistas quanto so PIBID. No eixo das ordenadas o nmero de bolsistas e no eixo das absissas suas respostas Em vermelho as respostas mais frequentes s duas perguntas relacionadas a problemas do PIBID.

    Nestas perguntas houve uma grande distribuio de respostas e no uma concentra-o de um ou poucos aspectos, como ocorrido no Grfico 6. Por se tratarem tambm de per-guntas dissertativas estes aspectos so importes, mesmo sendo pontuais, pois talvez estejam presentes em mais de uma situao, com mais de um bolsista, mas que esse no tenha julgado

    to relevante ou no tenha lembrado. Tais respostas podem significar que no h um grande problema no PIBID, mas sim problemas menores e mais pontuais, que facilmente podem ser solucionados ou amenizados. Assim, ainda foram relatadas, por apenas um participante, as seguintes respostas como fonte de desmotivao: abuso de tarefas aos bolsistas pelo supervi-

    sor, no enquadramento das habilidades dos bolsistas nas atividades, poucos nveis escolares atendidos, maior foco na escola do que no bolsista, no consenso com coordenador, falta de

    cobrana do coordenador, dificuldade de entender o programa, valor da bolsa do supervisor muito alto, falta de cooperao PIBID-escola e o programa como um todo.

    Destacaram-se como pontos negativos do programa a burocracia (que muitas vezes impossibilita as atividades), o descaso, falta de participao e iniciativa da escola e de alguns alunos. Algumas outras respostas se destacam no pela repetio, mas pela gravidade que acarreta, como por exemplo a falta de envolvimento dos bolsistas, pouca atuao na escola, falta de embasamento terico, aes muito pontuais e falta de cobrana do coordenador com

    os bolsistas.

  • Os bolsistas tambm foram analisados um a um, de forma a perceber conexes e lgi-cas entre suas respostas. Destas ligaes surgiram estudos de caso a serem analisados separa-damente (bolsistas 07,10,11,24,25 e 28) e um diagnstico de efetividade do PIBID. Este diagnstico foi baseado nas perguntas e respostas obtidas apenas neste trabalho, segundo os

    aspectos levantados e analisados aqui e tem por objetivo apenas ilustrar se o programa est no caminho certo para alcanar seus objetivos. Para tanto, os participantes foram elencados na

    Tabela 1, a qual demonstra que para a maioria dos bolsistas participantes o PIBID contribuiu para o possvel seguimento na carreira docente.

    bolsistas efetivo no efetivo bolsistas efetivo no efetivo 1* x 6+ x 2* x 10+ x 3* x 11+ x 4* x 20+ x 13* x 5# x 14* x 7# x 15* x 8# x 16* x 9# x 17* x 12# x 18* x 19# x 23* x 21# x 26* x 22# x 27* x 24# x 28* x 25# x 29* x - - -

    Tabela 1: efetividade do PIBID na permanncia na carreira docente. Sendo os indivduos com * bolsistas atuais, + ex-bolsistas que saram antes de sua formatura e # ex-bolsistas que saram na ocasio da formatura.

    Para esse resultado foram avaliadas principalmente as respostas s perguntas: Quais suas motivaes para ingressar no PIBID?, Como foi sua sada do PIBID?, Aps sua ex-

    perincia no PIBID como voc v a escola?, Voc j pensou em sair do PIBID?, Voc pensa em seguir a carreira docente depois de formado?, Voc continuou na carreira docente depois de formado? e Seu trabalho como professor /ser parecido com o desenvolvido no PIBID? e a coerncia destas respostas com os objetivos do PIBID. importante salientar que

    atravs destas perguntas no possvel detectar as influencias externas que tambm possam ter influencia na continuidade na carreira docente. Assim como o indicativo de efetividade no significa permanncia na carreira.

  • DISCUSSO

    A partir do agrupamento e anlise das respostas foi possvel traar um perfil dos bol-

    sistas PIBID nas trs Universidades pesquisadas, representando a regio sul do pas.

    Entrada e sada do PIBID

    A grande maioria dos bolsistas est h mais de um ano no PIBID, entraram principal-

    mente pela experincia nova, pelo valor mais elevado da bolsa e por um interesse prvio em

    licenciatura. Tendo em vista que a rea de licenciatura pouco valorizada desde a graduao

    compreensvel que a bolsa seja mais alta que as oferecidas como iniciao cientfica como forma de atrair os graduandos. Uma vez que a profisso est cada vez mais desvalorizada so-cialmente, com baixa remunerao associada carga horria elevada de trabalho, especial-mente nas instituies pblicas (GARCIA E HIGA, 2012) o PIBID precisa trazer benefcios que motivem o aluno a procurar o programa. Assim como Gatti (2010) descreve em seu estu-do, os alunos de licenciatura possuem renda mais baixa que os de outros cursos, o que, acres-cido pela dificuldade de conciliar tempo de estudo e trabalho nas Instituies Federais, contri-bui para a procura por uma bolsa de valor elevado.

    A curiosidade pela rea e pelo PIBID tambm um fator de ingresso no programa,

    pois como se trata de um programa recente e faltam estgios e bolsas que contemplem a rea da educao, isso agua o interesse dos alunos. Que muitas vezes optam pela licenciatura co-mo um seguro desemprego no caso da impossibilidade de exercer outras atividades (GAT-TI, 2010) e podem ser cativados a encarar a docncia como uma opo prazerosa.

    A maioria dos que saram antes de se formar ou que pensam em sair o fizerem para mudar de rea ou na busca de novas experincias. Visto que a graduao um momento para

    que a pessoa possa encontrar sua rea de afinidade para a atuao profissional, o motivo de entrada e de sada pode ser o mesmo: ter novas experincias. Por outro lado os que mudaram

    de rea podem estar motivados pelo momento que a formao docente atravessa, cada vez mais sendo reconhecida como um processo complexo, que envolve a pessoa intelectualmente, socialmente, moralmente, emocionalmente e esteticamente (BEATTIE, 1995 apud CUNHA E KRASILCHIK, 2000).

  • Convivncia dos bolsistas com os participantes do PIBID

    A convivncia dentro do programa se mostrou positiva, uma vez que apenas oito bol-

    sistas relataram ter vivido algum momento de desentendimento com algum participante (dire-o da escola, alunos, colegas ou coordenao). Esse fator pode ser determinante na perma-nncia no programa, uma vez que seis bolsistas que j tiveram desentendimentos deixaram o programa (antes da formatura) e um pensa em sair, justamente por esse motivo. Sobre os de-sentendimentos tambm no h uma discrepncia entre a quantidade de respostas para cada categoria de participante, podendo indicar algum problema pessoal destes bolsistas ou uma

    discordncia to grande deles com o PIBID que torne o ambiente desprazeroso, provocando os conflitos.

    A questo da convivncia nos espaos escolares e seus integrantes ponto crucial do PIBID. Como relatado por Francischett et al (2012),

    a partir da vivncia que o programa possibilita com o cotidiano escolar, com suas dinmicas, seus problemas e, principalmente, com seus sujeitos (o contato denso, in-tenso e prolongado), o medo da desvalorizao profissional vai, aos poucos, sendo substitudo pela construo do compromisso e da responsabilidade docente.

    Assim a convivncia positiva na escola e a aprendizagem em contornar as situaes

    adversas um fator determinante no prosseguimento na carreira. O que tambm confirmado pelos depoimentos que tratam essa questo como motivacional, assim como o bolsista 13

    [...] a oportunidade que ele me proporciona de estar dentro da escola, vivenci-ando de tudo um pouco, no s dentro da sala de aula, mas as relaes com a co-munidade e os tantos conflitos e problemas que apesar de serem problemas me motivam em mudar a realidade escolar de alguma forma.

    Mesmo os bolsistas que relataram ter algum desentendimento tambm relataram ter

    momentos positivos com os alunos e apenas dez bolsistas no relataram ter um momento sig-nificante positivo com os alunos. Metade destes dez tambm disse ter pouco convvio com os alunos, o que diminui a probabilidade de ocorrer esse momento, agravado pelo fato de os alu-nos precisarem de tempo para se aproximarem e construrem relaes afetivas. Tambm fo-ram presentes momentos positivos fora das atividades do PIBID, mostrando a intensa proxi-midade com os alunos pela maioria dos bolsistas.

  • Outro fato que chama a ateno a ausncia de resposta sem respeito pergunta Como voc visto pelos alunos?, mesmo por aqueles que relataram algum desentendimento com os alunos. Segundo Tardelli (2004), o respeito toma seu significado mais amplo quando se realiza pelo respeito mtuo, expresso pelas relaes de cooperao e dilogo. Significado

    esse muito difcil de ser encontrado em vrios casos de relao professor-aluno, mas com o apoio que o PIBID oferece aos bolsistas plenamente possvel encontrar essa relao. Ainda

    segundo a autora

    Para que as regras morais sejam efetivamente legitimadas preciso que haja a pos-sibilidade de vivencia de um sentimento de pertinncia e incluso, de experenciar si-tuaes e que a realizao pessoal seja compartilhada coma realizao de projetos coletivos; que a satisfao individual e a coletiva sejam independentes e mutuamen-te potencializadoras; que o auto-respeito dependa, alm os diversos xitos na reali-zao dos projetos de vida, do respeito dos valores e regras morais. (Tardelii, 2004, p.49)

    Como ser debatido adiante, a relao prxima que o programa possibilita com os alu-

    nos segue a linha defendida pela autora e propicia um ambiente de respeito mtuo. Como o relatado pelo bolsista 15 [...] Outro aspecto a relao que se cria com os estudantes, de proximidade e afeto, e com os professores e funcionrios da escola. Demonstrando que as relaes dentro do programa geram um ambiente favorvel ao aprendizado, tanto dos alunos quanto dos bolsistas.

    Formas de atuao

    Quanto atuao dos bolsistas notrio o trabalho em grupo e na escola, a apresenta-o de trabalhos e produo bibliogrfica tambm bastante presente. Apenas quatro bolsistas no disseram atuar na escola, todos trabalhando na universidade, provavelmente em escrita e

    produo de materiais. Destes, um diz estar a mais de dois anos no PIBID e tambm no apre-sentou trabalhos, mostrando uma provvel falha do programa, pois no cumpre com os obje-

    tivos de aproximar o graduando com a escola e divulgar os trabalhos e metodologias desen-volvidas. Dos outros trs, dois esto a menos de um ano, sendo compreensvel que no te-nham atividades, ainda, na escola.

    Em outro levantamento sobre aes do PIBID, Massena e Siqueira (2012) j ressaltam a importncia do trabalho em grupo e o senso de coletividade para a formao docente. O

  • trabalho em grupo tambm pode ser amenizador da ansiedade que os bolsistas mais novos tenham ao entrar no programa, como diz Francischett (2012) a sensao de medo, vai sendo superada pelo apoio que o futuro licenciando encontra em seus parceiros e professores. Com isso, aos poucos, o medo vai dando lugar ao amadurecimento e a autonomia da formao.

    Atualmente os conhecimentos adquiridos em grupo passam por uma desvalorizao, sendo a prtica de pesquisa mais comum a individual, assim como Francischett et al (2012) relatam:

    Portanto, o carter coletivo do Programa vai na direo contrria das prticas de pesquisa que valorizam a ao individual e o trabalho solitrio do pesquisador, mar-cas definidoras da cincia contempornea. E este, talvez, seja o principal elemento diferenciador quando pensamos o papel da pesquisa na formao e na prtica docen-te. S tem sentido pensar em um professor-pesquisador se nesta concepo estiver presente, a todo o momento, o trabalho coletivo busca formar, pelo menos no discur-so, um sujeito capaz de entender e transformar a si mesmo e o mundo em vive. Da o desafio do dilogo entre os diferentes professores em torno de um projeto comum, que se concretiza na construo coletiva de currculos e prticas pedaggicas.

    A parceria no trabalho tambm analisa por Cunha e Krasilchik (2000) em cursos de formao continuada para professores, onde dizem que a colaborao entre pares permite maior possibilidade de o professor ver nos outros as mesmas dificuldades que ele tem e isso traz efeitos positivos. O apoio fornecido pelo grupo fomenta tanto o desenvolvimento cogniti-

    vo quanto o afetivo. Garcia e Higa (2012) dizem quanto formao de professores que se, por um lado, se ressalta a necessidade de estudos e aperfeioamentos contnuos como elementos

    inerentes profisso, por outro, no se privilegiam espaos para tal na sua carreira profissio-

    nal. Aumentando assim a importncia do PIBID para os professores do ensino bsico, pois no precisam dispor de muito mais tempo extra-classe para participar o programa.

    Influncia do PIBID na carreira docente

    A alta indicao de que os alunos passaram a considerar a escola um ambiente mais

    agradvel, pretendem prosseguir na carreira docente, melhoraram a compreenso das discipli-nas de educao e planejam usar as metodologias desenvolvidas e aplicadas demonstra que o programa incentiva sim a carreira docente. Neste contexto escola se tornou um lugar mais prazeroso para dezesseis bolsistas e apenas para cinco a viso foi piorada. Trs, destes cinco,

    relataram ter algum problema com a dinmica ou metodologia do PIBID, podendo no se en-caixarem nas atividades, o que indica uma falha na orientao do aluno ou do subprojeto. Por

  • outro lado, a maior inteirao pelos bolsistas de problemas que ocorrem nas escolas que antes, como aluno, no percebidas podem ter contribudo para a piora na sua viso do local.

    Vinte e um bolsistas disseram querer continuar na carreira docente em escolas, cum-prindo com o objetivo do programa de formar profissionais para a educao bsica. Apenas cinco no pretendem continuar na carreira (em qualquer nvel escolar), sendo que dois deles tambm tiveram sua viso da realidade escolar piorada, podendo o programa ter desestimula-

    do sua continuidade na carreira. Por outro lado, um bolsista, atualmente em outra rea, relatou ter vontade de voltar a lecionar. Dada a falta de professores que o pas atravessa provavelmen-te sua motivao para ter mudado de rea seja financeira e no a falta de oportunidades. Mas a situao deste bolsista positiva para os interesses deste trabalho, uma vez que mostra que

    suas experincias em sala de aula foram positivas e motivadoras.

    A juno da teoria com a prtica tambm se mostrou muito eficaz, j que 23 dos 29 entrevistados disseram que as disciplinas da faculdade de educao foram facilitadas. A gran-de maioria das disciplinas bsicas da licenciatura so no incio do curso, antes dos estgios obrigatrios, e muitas vezes os graduandos no enxergam aplicabilidade nas suas teorias e, por conseguinte, esquecem a maioria delas. Ao se depararem com o estgio, j no final do curso, sentem falta do embasamento terico e j no conseguem resgatar os conhecimentos trabalhados nas disciplinas. Assim Gatti (2012) defende que a formao de professores para a educao bsica tem que partir de seu campo de prtica e agregar a este os conhecimentos necessrios selecionados como valorosos, em seus fundamentos e com as mediaes didticas necessrias. Neste ponto o PIBID, por suas caractersticas de atuao e pesquisa, contribui

    para o aprendizado dos bolsistas. Como o tratado por Francischett et al (2012) ao ressaltar que quanto mais nos voltamos s questes reais que permeiam o ambiente escolar, mais nossa

    prtica e teoria podem ser melhoradas, qualificando o trabalho feito pelos bolsistas nas esco-las.

    A grande maioria dos bolsistas diz que pretende adotar as metodologias usadas no PI-BID em suas aulas, mesmo os que no pretendem seguir a carreira. Esses provavelmente pen-

    sam em utiliz-las em outras circunstncias de sua vida profissional, que no foram relatadas para este trabalho. De qualquer forma, a maioria mostra satisfao com as atividades desen-

    volvidas e metodologias trabalhadas. Como exemplificado pela fala do bolsista 13 ao relatar uma motivao sua quanto ao PIBID [...] temos liberdade para fazermos atividades diferen-

    ciadas na escola, temos reunies de formao que possibilitam discusses sobre os assuntos

    ligados a educao e a docncia em si. Ainda assim, muitos dizem que se adaptaro a reali-

  • dade, ou as usaro apenas em parte, demonstrando maturidade de saber em quais atividades se encaixa melhor e de planejar e adaptar suas aulas aos seus alunos e as condies fsicas e normativas da escola. Conforme Charlot (2006), no possvel dar receitas, isto , modos de fazer que funcionem de imediato. A prtica sempre contextualizada e cada professor de-

    ver reinventar sua prtica no contexto em que atua.

    Aprendizagens extra-acadmicas

    Alm das contribuies na formao acadmica, o PIBID ainda oferece ao bolsista ou-tros tipos de aprendizados que podem ser levados tanto para sua vida pessoal quanto para a

    atuao em outros campos de trabalho. Isto tambm foi constatado pelo estudo de Massano e Siqueira (2012) os quais apontam que os bolsistas percebem as mudanas ocorridas durante o desenvolvimento do programa, indicando contribuio para a aprendizagem em diversos as-pectos (conceitual, atitudinal e metodolgico).

    A capacidade de dialogar, conviver com opinies diferentes e a desinibio em falar em pblico so fundamentais em qualquer ocasio, melhorando at as relaes pessoais do

    bolsista. A segurana e auto-confiana podem ser sinal do reconhecimento dos alunos, pois ao perceber a simpatia dos alunos e que suas intervenes funcionam o bolsista passa a reconhe-

    cer em si mesmo que capaz de realizar as mais diferentes tarefas, principalmente para aque-

    les que nunca haviam entrado em sala de aula. Outros aspectos que foram bastante indicados pelos participantes foi o aumento da cri-

    ticidade com seus trabalhos e no conhecimento de outras reas. Mostrando a preparao do bolsista para as atividades, que busca os conhecimentos que no possui e crtico com a ati-vidade que faz, que pode ser progressivamente aperfeioada. Tambm possvel que os co-

    nhecimentos das outras reas venham atravs de atividades integradas com outros subproje-tos, o que um ganho muito grande para os alunos e bolsistas, que alm de reforar o trabalho

    em grupo ainda podem interligar os conhecimentos das diferentes reas. Os aprendizados tambm podem vir de seus problemas. Como caso dos repetidos en-

    traves que se interpe no PIBID, tanto na esfera federal quanto dentro do subprojeto e da es-cola, que auxiliaram os bolsistas a aprenderem a lidar melhor com frustraes. Infelizmente

    esse um aprendizado necessrio, principalmente para quem trabalha em escolas ou com pro-

    jetos, pois nem sempre possvel aplicar aquilo que se planeja ou imagina. Seja por proble-mas com os alunos, falta de organizao escolar ou cooperao do grupo e outros empecilhos

  • variados. O que no significa que o trabalho tenha sido completamente em vo e que as ou-tras, futuras, tambm iro fracassar e este aprendizado, quanto mais cedo ocorrer, mais vai contribuir para o no desencantamento com a profisso. Entretanto, melhorar as questes bu-rocrticas associadas ao programa pode ser uma meta mais geral a qual deve ser repensada

    pela agncia financiadora (CAPES).

    Alguns outros aprendizados tambm foram citados pelos bolsistas, ou nas entrevistas

    presenciais ou na opo outros do questionrio. Um dos bolsistas relatou ter ficado mais responsvel, o que j era esperado pelo envolvimento com outras pessoas, que dependem e

    confiam no bolsista (professores, alunos e colegas). Assim como a criticidade, essa aprendi-zagem representa zelo e comprometimento com os alunos e com a escola, fundamentais para a

    profisso. Outro aprendizado citado foi que, em sua vida pessoal, um bolsista passou a ser mais sensvel aos sinais sutis que ele sentia no ambiente. Isso se deve, segundo ele, a ateno

    destinada aos alunos, pois em sala de aula ele precisava estar atento aos sinais para poder i-dentificar o que os alunos queriam, o que poderia acontecer e quais as melhores medidas a serem tomadas em algumas situaes, deixando-o mais sensvel.

    Para outro bolsista lhe proporcionou reconhecer que gostava de licenciatura. Ele disse que antes de entrar no programa se interessava, gostava da rea, mas em suas conversas com amigos e parentes no admitia que gostava, que queria seguir esse caminho como profisso. A

    partir de seu ingresso no programa e do reconhecimento que teve nele, pode, com confiana, afirmar que queria seguir a carreira docente.

    Fatores motivadores

    Analisando o Grfico 6, um dado chama ateno: a principal motivao dos bolsistas o reconhecimento, bom relacionamento e motivao dos alunos com os bolsistas e suas ativi-dades. Alm de ser o mais citado, muitas vezes este foi o nico fator motivacional menciona-

    do, aumentando sua relevncia, pois se torna o nico aspecto relevante para a permanncia no programa. Isto representado pelo bolsista 9 ao escrever que se sente motivado Quando ve-

    mos que os alunos gostam das atividades e valorizam o esforo dos professores que tentam

    fazer uma aula motivadora, com experincias prticas e atividades ldicas que facilitam o

    aprendizado. Indicando no s sua motivao na valorizao dos alunos, mas tambm seu comprometimento com as atividades para que assim possa vir esse reconhecimento.

  • Este tipo de relao criada entre os bolsistas e os alunos fundamental para o aprendi-zado de ambos. A proximidade entre os dois gera uma relao que permite ao aluno se ex-pressar, indagar, despertar interesse. Neste sentido o PIBID rompe com a viso tradicional de ensino, como Dias e Almeida (2011) apontam, os papis tradicionalmente desempenhados pelo professor ensinar, transmitir e dominar e pelo aluno aprender, receber passivamente e obedecer devem ser mudados. S assim a escola poder efetivamente atender a sua mais

    elevada finalidade: permitir o aluno a chegar ao conhecimento. E, no sentido de formao dos PIBIDianos e supervisores, tambm possibilita que estes cheguem ao conhecimento.

    Em menos freqncia surgiram outros aspectos tambm relevantes. Alguns deles po-dem primariamente demonstrar uma viso unilateral de ajuda, onde apenas os bolsistas aju-dam a escola, como mudar os problemas da escola e da comunidade e ajudar a estrutura fsica da escola. Mas ao analisar o contedo das respostas possvel perceber que os bolsis-

    tas aprenderam muito com os integrantes da escola, como exemplificado pelo depoimento do bolsista 24 que diz que os momentos em que se sente motivados so:

    Naqueles em que temos a oportunidade de transformar o que estamos aprendendo na Universidade. Digo, quando podemos mudar o plano de aula para que ele seja mais atrativo, onde podemos ministrar aulas prticas com maior liberdade e tam-bm pelo fato de no sermos professores no PIBID, muitas vezes, essa diferena vis-ta pelos alunos fazia com que eles se aproximassem mais, tivessem menos timidez, por exemplo. E tambm, o fato do desafio. Ser um graduando e entrar numa escola pblica, muitas vezes faz algumas pessoas a desistirem, mas saber aprender com pessoas diferentes foi um trabalho e tanto.

    Esta fala mostra que os bolsistas reconhecem o aprendizado em conviver com diferen-tes pessoas e o quanto isso motivador para sua permanncia no PIBID. Assim como a jun-o da teoria com a prtica, mostrando seu desejo por aplicar os conhecimentos aprendidos na academia. O bolsista 25 tambm elucidou muito bem esse aspecto ao escrever: O PIBID me abriu as portas para conhecer melhor a licenciatura, o ambiente escolar e a dinmica da

    escola. Me motivou a buscar idias de como lidar com as diferenas, as dificuldades de le-

    cionar, como se relaciona com os alunos e colegas de trabalho. Mesmo que houvesse al-

    gum entrave na relao com os outros participantes, a busca por melhorar essa relao um fator motivador dos bolsistas.

    Desta forma, as respostas dos participantes vo ao encontro do analisado por Frabcis-

    chett et al (2012) ao concluir que um dos objetivos do PIBID permitir uma relao mais horizontal entre os diferentes sujeitos participantes deste processo formativo, bem como reco-nhecer a escola pblica como lugar fundamental para tal formao. Estimulando a relao de

  • dupla mo Universidade-Escola, a bolsa ao professor da Educao Bsica indica uma com-preenso de sua ao formativa, pois, ao participar da formao de seus estagirios, torna-se agente do seu prprio aperfeioamento profissional (GARCIA E HIGA, 2012).

    Fatores negativos

    Ao contrario do ltimo tpico, os fatores demonstrados no Grfico 7 so mais numero-sos e nenhum deles se destaca muito dos outros. Mostrando que o programa alvo de vrias

    reclamaes, no muito incmodas aos alunos (na maioria) e que dificilmente afetam todos os bolsistas da mesma maneira, mas nem por isso devem deixar de ser analisados. A falta de

    participao ou colaborao da escola, a desmotivao dos professores e o sistema escolar

    foram os problemas mais citados e tambm os menos especficos, pois alguns outros parece-ram bastante pessoais aos indivduos.

    Com certeza a falta de colaborao dos alunos desmotiva os professores e poderia

    desmotivar os bolsistas, mas os professores e a escola no deveriam desmotivar os bolsistas. Infelizmente muitos bolsistas sofreram descontentamentos ligados queles que deveriam con-

    tribuir para seu processo formativo. Destacando a fala do bolsista 24: Quando no havia organizao. As escolas conveniadas muitas vezes sabiam que teriam bolsistas, mas nada

    faziam, ou seja, o bolsista parecia um estagirio de observao de aula. Ou pior, quando o

    professor irresponsvel delegava todas as funes para o bolsista.... Demonstrando que muitas vezes os participantes no entendiam seus papis no programa, pois a escola, como

    ambiente formador, tem sim a funo de assessorar os trabalhos, recepcionar os bolsistas e criar um ambiente atrativo e acolhedor para ele, motivando-o o prosseguir no trabalho. O bol-

    sista 16 explicita seu descontentamento com o ambiente escolar na fala Ouvir os professores reclamando toda hora, falando mal dos alunos, desmotivando-nos, no o professor ao qual

    somos vinculados, mas os outros... onde evidencia a necessidade do envolvimento de toda a escola e no apenas das reas com bolsistas atuantes.

    Outro fator bastante grave a politicagem na escola mostrando que a educao pas-sa para segundo plano em nome de interesses pessoais e vaidade. Esse aspecto se difere do descaso com os bolsistas, pois muitas vezes os prprios bolsistas (ou a bolsa do PIBID) po-dem ser alvo de intervenes polticas na escola. O que foi muito bem analisado pelo bolsista

    14, ao relatar que se desmotiva Quando vemos que a escola um ambiente muito mais par-tidrio, e que todos acabam envolvidos por motivos maiores que a educao dos alunos. O

  • medo de se contaminar com essa ou outras prticas recorrentes nas escolas pode afastar o bolsista no s do programa, mas tambm da carreira docente, como o relatado pelo bolsista 25 (este bolsista deixou o PIBID para atuar em outra rea):

    Ao mesmo tempo que o PIBID me deu uma oportunidade de conhecer melhor o ambiente escolar, ele me mostrou uma realidade escolar que estava fora do meu al-cance os problemas enfrentados pela prpria escola onde atuei. Neste sentido, vi um desafio um pouco grande de refletir sobre minha atuao no projeto e pensar se continuaria atuando.

    Infelizmente este aspecto complexo demais para ser tratado no programa, pois en-volve interesses maiores que a educao, intrnsecos ao ser humano (como a vaidade) que j esto enraizados nas escolas. preciso bem mais que o tempo da bolsa e de muita persistncia de alguns, motivados e capacitados, professores para mudar essa realidade.

    A burocracia foi um fator de desmotivao/reclamao, tambm bastante citado. Ela se torna necessria para a lisura e prestaes de contas, mas acaba retardando os trabalhos.

    Enquanto que na escola cada dia de atraso de uma atividade ou prolongamento de uma espera por material, significa menos um dia no aprendizado dos alunos e mais um momento de frus-trao para desmotivar os bolsistas. Tambm foi categorizada a impossibilidade de realizar

    algumas atividades, onde foram encaixadas respostas que tanto se deviam a discordncias com a escola, barreiras dos professores, falta de verba, quanto eventos imprevisveis de natu-reza maior. Todos esses tambm contribuem para deixar o programa menos atrativo aos alu-nos, no sentido que prolongam os espaos entre as atividades, aumentam as frustraes e tor-

    nam as atividades muito maantes aos participantes. Alguns bolsistas reclamaram da estrutura e organizao das atividades produzidas

    (tanto pela coordenao quanto pela superviso), que durante as anlises foram categorizadas como atividades improdutivas/sem continuidade, reunies sem necessidade ou pouca atuao na escola. Todas essas trs podem contribuir para a frustrao do bolsista e no so responsabilidades da escola ou dos entraves burocrticos de um programa federal. As ativida-

    des sem continuidade no acrescentam muito ao aprendizado do aluno e no contribuem para a aproximao entre o aluno e bolsista (j dito anteriormente como grande fator motivacio-

    nal). Quando trabalhando com formao continuada de professores Cunha e Krasilchik (2000) destacam que preciso substituir as propostas isoladas, fragmentadas e espordicas por cursos que tenham continuidade e acompanhamento. Sugestes soltas, contedos fragmentados pou-co contribuem para que o professor repense a sua prtica. preciso tempo para acontecerem as mudanas desejadas. Assim, o PIBID, por tambm tratar da formao de futuros e atuais

  • professores, deve ter suas atividades melhor direcionadas, com mais planejamento, em forma de pequenos projetos.

    possvel associar as atividades improdutivas/sem continuidade com a falta de

    embasamento terico (um dos bolsistas citou os dois) uma vez que atividades pontuais e iso-

    ladas no necessitam de muito planejamento prvio e consulta bibliogrfica. Mesmo que o PIBID busque aliar teoria com prtica, a teoria no pode ser deixada de lado. Assim os resul-

    tados das atividades podero ser otimizados, j que sem o devido conhecimento do objetivo que deve ser aplicado na atividade ela pode ser ineficaz naquele momento. A ausncia em eventos tambm contribui para a falta de embasamento terico, pois so nas reunies (feiras, simpsios, mostras) sobre educao que se tem acesso sobre as novidades na rea e sobre as

    idias de outros trabalhos que tambm podem ser adaptados e desenvolvidos pelo subprojeto. Estes momentos tambm proporcionam a melhora na compreenso do programa no momento

    da troca de experincias com outros participantes. Porm a maioria dos bolsistas (dezenove deles) relataram j ter participado de algum encontro cultural, sendo possvel concluir, que a freqncia neste tipo de atividade baixa e deve ser mais incentivada.

    As reunies sem necessidade podem ser uma forma de controle das atividades dos

    bolsistas. Pois com a falta de observao direta das atividades, que ocorrem nas escolas, a coordenao pode ter receio da participao desigual nos trabalhos. Mas preciso dosar o tempo, pois o que gasto em excesso em alguns momentos, pode faltar em outros, mais im-

    portantes. O exagero de encontros sem pautas importantes tambm contribui para aumentar o tempo entre as atividades, a burocracia interna e desgastar o corpo efetivo envolvido.

    A pouca atuao na escola passa a ser uma conseqncia da burocracia, dos impe-dimentos diversos, da descontinuidade (atuando juntas nas atividades) somadas ao tempo gas-to em excesso nas reunies. Restando pouco tempo para as atuaes na escola, j que os bol-sistas dispem apenas de vinte horas para o PIBID e ainda precisam conciliar suas atividades com o calendrio acadmico. Sem a atuao na escola torna-se difcil a convivncia com o aluno e os aprendizados que o programa proporciona, uma vez que sua premissa e insero

    do graduando no universo escolar. Outros fatores pontuais dizem respeito a relao com os colegas e com o coordenador.

    O descaso dos bolsistas ou uma discrepncia entre as atuaes dos bolsistas do subprojeto foi citado por alguns, como exemplo o bolsista 14 que disse se desmotivar Quando somos obrigados a trabalhar com bolsistas que no encaram o PIBID como um compromisso,

    quando os prprios bolsistas no querem voltar escola. Os bolsistas que no querem vol-

  • tar escola devem ter maior assessoria do coordenador, para ou se encaixar nas atividades

    propostas ou deixar o programa. Pois podem prejudicar o desenvolvimento do trabalho dos outros, que sobrecarregados podem migrar para outra rea, enquanto que os menos ocupados continuam, acarretando uma perda futura de pessoal capacitado e motivado para a carreira

    docente. O que pode ser confirmado pelo bolsista 1 que relatou se sentir desmotivado quando no me encaixo nas atividades, revelando um distanciamento com o supervisor e/ou coor-

    denador, pois a sua atuao na escola no lhe est agradando pessoalmente, causando descon-forto que tambm pode ser decisivo na sua permanncia no programa e influenciado o traba-lho de todo o grupo. Esses aspectos esto diretamente ligados aos fatores no consenso com o orientador e falta de cobrana do coordenador. Mesmo que em um grande grupo de tra-

    balho alguns componentes tenham mais responsabilidade e, por caractersticas pessoais, se destaquem quanto ao compromisso responsabilidade da chefia delegar funes e dos bolsis-

    tas, de conversar e tentar chegar a um acordo quanto as atividades. A compreenso do PIBID, por todas as esferas envolvidas nele, ainda um processo

    que est ocorrendo. Devido a sua recente histria e do pouco material publicado a seu respei-to, ainda muito incipiente a concretizao de seu modelo funcional. Desta forma uma das reclamaes de um bolsista foi a dificuldade de entender o prprio programa que pode real-mente causar um desorientao e com isso afastar os bolsistas. Mesmo que isso s tenha sido relatado por um bolsista esta pode ser a causa de vrias reclamaes, uma vez que sem enten-der seu funcionamento muitas pequenas falhas podem ser cometidas pelos seus integrantes como o abuso dos professores supervisores, falta de atuao na escola, atividades improduti-

    vas, maior foco na escola e no no bolsista, falta de cooperao PIBID-escola.

    Estudos de caso

    O bolsista 07 teve claramente problemas com a estruturao do programa ou frustra-

    o com o mesmo, embora no tenha respondido isso nas perguntas relacionadas. No relatou nenhum desentendimento e disse ter sado da bolsa apenas por ter novas experincias no cur-

    rculo, mas as respostas dissertativas mostraram contragosto com a organizao do subprojeto. O bolsista respondeu que ingressou no programa porque j tinha optado pela docncia como carreira profissional e por ser uma tima experincia docente para complementar a carreira e

    os conhecimentos; saiu para atuar em outro programa da licenciatura e para ter outras experi-

  • ncias na educao para complementar a carreira docente. Disse que antes do PIBID j gosta-va de espaos escolares, pretende lecionar no ensino bsico, superior e espaos no escolares, continuou e pretende continuar lecionado. Evidenciando que no desistiu da carreira e nem se desgostou do ambiente escolar ao no marcar qualquer alternativa sobre problemas com o

    grupo de trabalho e motivos de sada por discordncia. Porm, demonstrou insatisfao com algumas situaes, como em algumas atividades improdutivas, Senti-me insignificante nessa

    situao e no pude explorar nenhum proveito e aprendizado. Alm de enumerar outros

    problemas, como a no participao em eventos da universidade e a falta de atividades com Ensino Mdio. Ao final da resposta escreveu Espero que o PIBID biologia leve em conta esses aspectos, usando um tom de indignao com as atividades propostas e apontando uma

    falta de dilogo coordenao-bolsista. Entretanto, ele conclui que o PIBID foi positivo para esse bolsista, pois continuou na carreira docente e provavelmente aprendeu bastante com ele,

    mas teve alguns percalos pelo caminho.

    Enquanto que o bolsista 10 se mostrou completamente desmotivado pelo PIBID. Rela-tou, em 12 meses de trabalho, terem ocorrido desentendimentos na escola e no grupo de traba-lho, no concordava com o trabalho em grupo e que saiu para seguir outra rea e sem preten-

    der voltar a docncia. Disse se motivar apenas em poucos momentos romnticos e escapis-tas e estar desmotivado em todos os outros momentos, alm de criticar duramente a meto-dologia de trabalho usada pelo subprojeto. Por se tratar de respostas to discrepantes e pessi-mistas, fica claro que o problema entre o bolsista e o programa era um caso extremamente pessoal e isolado, e suas respostas foram balizadas para no influenciar negativamente os re-

    sultados. Evidentemente o programa no foi efetivo no cumprimento de seus objetivos para esse bolsista, mas provavelmente tenha sido produtivo no sentido de mostrar a este bolsista

    que a Licenciatura pode no ser sua rea de maior aptido. O bolsista 11 relatou que deixou o programa para atuar em outra rea, porm na mes-

    ma pergunta respondeu que teve desentendimentos com a coordenao, mas continua na li-cenciatura. Tambm disse no pretender continuar a carreira docente, embora tenha passado a

    enxergar a escola como um ambiente mais agradvel e tenha dito que gosta da licenciatura, mas alguns aspectos do PIBID o incomodam. Mesmo no pretendendo continuar na rea rela-

    tou que seu trabalho como professor ser em parte parecido com o desenvolvido no programa. Apesar desta discordncia entre as respostas, ele deixa claro que ocorreram problemas com a coordenao do PIBID, o que possa ter o afastado do programa. Mas no ficou claro se conti-nua ou no na licenciatura, pois em duas perguntas respondeu que no e em um relato ter

  • prosseguido na rea, pretendendo usar parte das experincias vividas no em seus planejamen-tos de aula. Talvez esse bolsista apenas tenha se distanciado momentaneamente da docncia, mas mostra aprovao aos trabalhos desenvolvidos, mesmo com algum desentendimento com a coordenao dos trabalhos.

    Outro estudo individual refere-se ao bolsista 24, que atuou por um ano e deixou o pro-grama justamente por desentendimentos com a coordenao. O bolsista disse que o programa tornou a escola um ambiente menos agradvel, e que pretende continuar apenas lecionando no ensino superior, onde no aplicar as metodologias estudadas. Mas diz estar atuando na car-reira docente e que pretende continuar. Claramente o PIBID no foi efetivo como o esperado para o bolsista, pois no trabalhar no ensino bsico e os trabalhos desenvolvidos no foram

    de seu gosto. Mas ele continua na carreira, mesmo que no por causa de um influencia positi-va do programa em si. Desta forma o PIBID no foi efetivo, mesmo que ele siga na profisso.

    Por outro lado temos o caso do bolsista 25 permaneceu um ano e meio no PIBID, en-trou por ser apenas mais uma experincia acadmica, a escola tornou-se um ambiente mais agradvel para ele, que pretende dar aulas no ensino bsico, mas que deixou o programa para mudar de rea. O bolsista relatou que, frente ao enorme problema que ele teria em seu traba-lho, refletiu sobre sua continuidade no programa, demonstrando uma sensao de impotncia, frustrao que o afastou do programa. Mesmo assim o bolsista mostra certa satisfao com a experincia, pois relata pretender voltar a lecionar no futuro. Mesmo que ele esteja, hoje, no atuando na licenciatura o programa foi efetivo para esse bolsista, uma vez que ele pretende voltar e conseguiu se questionar sobre a atuao de um professor no ensino pblico. Ou seja, ele usou o programa de forma positiva na sua vida, mesmo que no tenha seguido a carreira, este bolsista passou por experincias positivas e encantadoras. Se ele no prosseguiu prova-

    velmente foi por outros aspectos que o questionrio no conseguiu investigar.

    O ultimo estudo particular diz respeito ao bolsista 28. Este bolsista estava, no momen-to que respondeu o questionrio, h 10 meses no PIBID; relatou ter apenas trabalhado na pro-duo de um livro (nenhum momento positivo com os alunos, desentendimento ou apresenta-

    o de trabalhos) e atua predominantemente na faculdade. Consequentemente pouco convive com os alunos/escolares. Mesmo assim, disse que o programa tornou a escola um ambiente

    mais agradvel e que o ajudou na desinibio, aceitar melhor opinies, dialogar, conhecer outras reas, o deixou mais critico, ampliou a viso de escola, e a lidar com suas frustraes.

    Ou seja, em quase um ano ele pouco trabalhou com os alunos, mas teve vrios aprendizados e tambm no pretende sair, pretendendo seguir a carreira. Neste ponto o PIBID cumpre com

  • seus objetivos: o bolsista quer seguir na carreira docente. Mas por quanto tempo ele permane-cer no PIBID sem uma atuao efetiva na escola? Sem a aproximao com os alunos ele pode se desencantar facilmente, e no seu caso a aproximao Universidade-escola, a juno teoria e prtica, no existem e possivelmente a construo de sua personalidade profissional

    ser afetada por essa falta de atuao no ambiente escolar. Uma vez que necessrio que a formao do professor em servio se construa no cotidiano escolar de forma constante e con-

    tnua (CUNHA e KRASILCHIK, 2000).

  • CONSIDERAES FINAIS

    Desde 2009 o PIBID busca reverter alguns problemas encontrados na formao de professores no Brasil. Indicando uma nova viso e valorizao da formao, do trabalho e do desenvolvimento profissional do docente (GARCIA e HIGA, 2012), contribuindo para dimi-nuir o hiato existente entre a Universidade e a Escola, possibilitando uma nova concepo da formao docente, onde o graduando pode aprender dentro do campo profissional (MEI-NERZ, 2013, comunicao pessoal). A aproximao da escola permite tambm que este local

    e o professor da Educao Bsica deixem de ser apenas objetos de pesquisa (MASSANA e SIQUEIRA,2012). Agindo para que diminua o que Cunha e Krasilchik (2000) observaram quanto a separao entre pesquisadores que pensam e propem projetos inovadores e profes-sores, que na condio de consumidores, no so chamados a refletir sistematicamente sobre o ensino.

    Mas a questo principal do trabalho se as aes que o PIBID desenvolve esto con-

    tribuindo para que os bolsistas prossigam na carreira docente. Pois um bolsista pode cumprir com todas as suas obrigaes, fazer seu trabalho muito bem e no seguir na profisso depois

    de formado. A forma com que a pesquisa foi elaborada (com uma bolsista sendo a entrevista-dora) pode ter colaborado para que os entrevistados se sentissem mais livres para expressarem aquilo que realmente pensam sobre o programa. Sem a relao de hierarquia que poderia o-

    correr se o entrevistador fosse um supervisor. Assim, ao ler as respostas, analisar sua coern-cia com as demais, interpretar caso a caso os bolsistas, perceptvel que os graduandos so extremamente reflexivos com suas aes e com o grupo de trabalho. Mostrando preocupao e empenho com os alunos, com a escola e consigo mesmos.

    Desta forma possvel concluir um primeiro ganho para o PIBID: ele faz os partici-

    pantes pensaram. A reflexo sobre a educao, sobre seu papel e no simplesmente a reprodu-

    o da ordem do coordenador um fator positivo para a vida dos bolsistas. Desta reflexo surge a mudana, to essencial para o programa que busca auxiliar em uma reforma educa-cional. Mas uma reforma sem baguna, sem barulho, sem transformar o antigo em lixo, sem causar incmodo aos moradores e, principalmente, sem impactar quando voltamos ao local depois que a reforma termina. A reforma do PIBID lenta, at demais para alguns bolsistas, profunda, envolve muitas pessoas que no podem ser desagradadas, que tem dificuldade em

    mudanas e por isso tem que ser muito bem pensada, planejada.

  • Se os bolsistas continuam na carreira docente? Isto no apenas responsabilidade do PIBID, mas ele contribui para que eles comecem, para que conheam, d a oportunidade para que descubram que podem sim ser professores, podem fazer muito pela educao e que isto no um dom divino ou um martrio, uma profisso e precisa ser aprendida, aperfeioada,

    reinventada. O programa tambm contribui para desmistificar medos, acalmar tenses, trocar conhecimentos, viver experincias, descobrir que no gostam ou no se encaixam em alguma

    atividade (ou na profisso em si), e tambm qual a sua metodologia, suas afinidades. Tudo isso com apoio de profissionais experientes, sem muitas responsabilidades, com chance de errar e acertar. Ento, h um segundo ganho para o PIBID: ele proporciona que os bolsistas conheam novas realidades. A chance de entrar em uma escola antes do final do curso, po-

    dendo realizar trabalhos inovadores, com tempo para planejamento no algo comum nos currculos das licenciaturas, como bem analisado por Gatti (2010). O fato de poder ter uma nova experincia, criar novas atividades, conhecer melhor os componentes das escolas foi amplamente lembrado pelos bolsistas, mesmo que no pretender continuar na carreira.

    O PIBID como poltica educacional de governo vlida? A partir dos resultados apre-sentados possvel concluir que sim, pois a maioria dos bolsistas est satisfeito com o traba-lho, mesmo com as vrias crticas a esse. Tanto como formao continuada de profissionais

    do ensino bsico, como complementao formao dos graduandos, quanto ao incremento do aprendizado dos alunos escolares, o programa trs benefcios a todos. Possibilita que os professores tenham acesso ao que est sendo estudado na academia e que os graduandos pos-sam aliar a teoria que aprendem com a prtica nas escolas. Mostrou, a partir das respostas de

    seus participantes, que a unio universidade-escola est em um caminho adequado e contribui com a qualidade do ensino.

    Ainda esto presentes vrios problemas que precisam ser acertados. Provavelmente muitos iro prosseguir, pois so adversidades esto presentes em qualquer ocasio, principal-

    mente quando se rene um grupo de pessoas muito distintas. Mas o aprendizado de dialogar e conviver se faz presente e esses percalos podem, aos poucos, ficarem menores e mais aceit-

    veis. Porm, se esses problemas aumentarem suas dimenses podero ser fatais ao PIBID, pois todas as caractersticas que o tornem complexo, enfadonho, demorado e trabalhoso (co-mo a burocracia, atividades improdutivas, falta de cooperao dos participantes, politicagem) afastam os seus principais personagens, os bolsistas, que procuram outra rea de atuao.

  • Mas preciso enfatizar, como diz Charlot (2006) que nenhuma reforma poltica, por si s, resolve um problema Educacional. preciso ao das pessoas que fazem parte dessa re-

    forma, nenhuma idia, nenhum mudana se faz sozinha.

  • REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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    BRASIL. Dirio Oficial da Unio. Decreto n. 7.219. Braslia, 2010.

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    TARDELLI, D.D. O respeito em sala de aula. Vozes. 2 Ed.pg 45-65. So Paulo, 2007.

  • ANEXOS

    Anexo1: questionrio online enviado aos bolsistas

    Este questionrio faz parte do Trabalho de Concluso de Curso sob o ttulo "O Programa de Bolsas de Iniciao Docncia (PIBID) e a carreira docente em Cincias Biolgicas". Ele foi

    redigido conforme os preceitos ticos da Universidade Federal do Rio Grande de Sul. Este documento annimo e ser usado exclusivamene para o presente trabalho.

    *Obrigatrio

    Quando voc ingressou no PIBID (ms e ano) *

    (Para bolsistas que j saram do programa) Por quanto tempo permaneceu no PIBID?

    Quais suas motivaes para ingressar no PIBID? (podem ser marcadas mais de uma alternati-va) *

    Por questes financeiras

    Por gostar muito de docncia Por no ter conseguido outras bolsas

    Por ser uma nova experincia acadmica

    Por incentivo de algum professor Por j ter optado pela licenciatura como carreira profissional Outro:

    Quais situaes voc j viveu no PIBID? (podem ser marcadas mais de uma alternativa) *

    Apresentou trabalhos ou participou de feiras, encontros, congressos Mudou de escola onde trabalhava por iniciativa prpria Mudou de escola onde trabalhava por problemas do PIBID com a escola Teve algum desentendimento grave com alunos Teve algum desentendimento grave com professores ou funcionrios da escola Teve algum desentendimento grave com bolsistas ou coordenadores do PIBID Teve algum momento marcante positivamente com os alunos durante as ativida-

    des Teve algum momento marcante positivamente com os alunos alm das atividades

    do PIBID Outro:

  • Como foi sua sada do PIBID? (podem ser marcadas mais de uma alternativa) *

    ainda sou bolsista do programa tive que sair, pois me formei

    passei a atuar em outra rea

    passei a atuar em outro programa da licenciatura desentendimentos com a escola e decidi sair, mas continuo na licenciatura tive desentendimentos com a coordenao do PIBID, mas continuo na licenciatura Outro:

    Como (ou era) sua relao com os alunos na escola? *

    Eles me vem como um amigo

    Eles me vem como um professor Eles me respeitam, mas no me vem como professor, e sim como algum mais

    prximo

    Eles no me respeitam

    Pouco convivo com eles, se convivesse mais seria melhor

    Onde so as atividades que voc desenvolve ou desenvolveu no PIBID? *

    Na escola Em casa

    Na faculdade Outro:

    No PIBID voc atua ou atuava: *

    Individualmente, e prefiro assim Individualmente, mas prefiro em grupo Em grupo, e prefiro assim

    Em grupo, mas prefiro individualmente Algumas atividades em grupo e outras individuais, e gosto dessa distribuio Algumas atividades em grupo e outras individuais, mas no gosto dessa distribui-

    o

    Aps sua experincia no PIBID como voc v a escola? *

  • Um ambiente mais agradvel Um ambiente menos agradvel No fez diferena, pois j gostava de ambientes escolares

    No fez diferena, ainda no gosto de estar em escolas

    Voc j pensou em sair do PIBID ? *

    Nunca pensei Sim, apenas para ter outras experincias no meu currculo Sim, no me encaixei muito na licenciatura Sim, gosto da licenciatura, mas alguns aspectos do PIBID me incomodam sim, j deixei o programa

    Voc pensa em seguir a carreira docente depois que se formar? (podem ser marcadas mais de uma alternativa *

    No

    Sim, no ensino bsico Sim, no ensino superior Sim, em espaos no escolares

    ( Apenas para ex-bolsistas) Voc continuou na carreira docente depois de formado?

    Sim, e pretendo continuar Sim, mas pretendo trocar de rea futuramente No, mas penso em voltar a lecionar

    No, e no penso em voltar futuramente

    Seu trabalho como professor ser/ parecido com o desenvolvido no PIBID? *

    No atuo e nem pretendo atuar como professor

    Sim, ser/ parecido No ser/ parecido

    Em parte, algumas coisas sim, outras aprendi com experincia ou adaptei minha realidade

    O PIBID ajudou em outros aspectos de sua vida que no apenas acadmicos? *

    No

  • Sim, na desenvoltura e desinibio em falar em publico Sim, em conviver aceitar melhor opinies diferentes da minha Sim, em dialogar melhor com pessoas de diferentes histrias de vida Sim, me deixou mais seguro e auto-confiante Sim, melhorou meu conhecimento em outras preas de estudo Sim, ampliou minha viso sobre as escolas e seus problemas Sim, me deixou mais critico com meus trabalhos Sim, me ajudou a lidar com frustraes Outro:

    O PIBID te ajudou a compreender melhor as disciplinas da Faculdade de Educao? *

    Sim No

    J compreendia bem antes, no mudou meu aproveitamento

    Em quais momentos o PIBID te motiva a trabalhar na escola? *

    Em quais momentos o PIBID te desmotiva a trabalhar na escola? *

    O que voc gostaria de reclamar do PIBID? * Quanto aos supervisores da escola, alunos, co-legas e coordenao do PIBID (na biologia e geral)