Tecnico Transações Imobiliarias - InEDI

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INEDI – Cursos Profissionalizantes BRASÍLIA – 2005 Técnico em Transações Imobiliárias Noções de Língua Portuguesa MÓDULO 01

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  • INEDI Cursos Profissionalizantes

    BRASLIA 2005

    Tcnico em Transaes Imobilirias

    Noes de

    Lngua PortuguesaMDULO 01

  • Os textos do presente Mdulo no podem ser reproduzidos sem autorizao doINEDI Instituto Nacional de Ensino a DistnciaINEDI Instituto Nacional de Ensino a DistnciaINEDI Instituto Nacional de Ensino a DistnciaINEDI Instituto Nacional de Ensino a DistnciaINEDI Instituto Nacional de Ensino a Distncia

    SDS Ed. Boulevard CenterSDS Ed. Boulevard CenterSDS Ed. Boulevard CenterSDS Ed. Boulevard CenterSDS Ed. Boulevard Center, Salas 405/410 Braslia - DF, Salas 405/410 Braslia - DF, Salas 405/410 Braslia - DF, Salas 405/410 Braslia - DF, Salas 405/410 Braslia - DFTTTTTelefax: (0XX61) 3321-6614elefax: (0XX61) 3321-6614elefax: (0XX61) 3321-6614elefax: (0XX61) 3321-6614elefax: (0XX61) 3321-6614

    CURSO DE FORMAO DE TCNICOS EM TRANSAES IMOBILIRIAS TTI

    COORDENAO NACIONALAndr Luiz Bravim Diretor Administrativo

    Antnio Armando Cavalcante Soares Diretor Secretrio

    COORDENAO PEDAGGICAMaria Alzira Dallla Bernardina Corassa Pedagoga

    COORDENAO DIDTICA COM ADAPTAO PARA EADNeuma Melo da Cruz Santos Bacharel em Cincias da Educao

    COORDENAO DE CONTEDOJos de Oliveira Rodrigues Extenso em Didtica

    Joslio Lopes da Silva Bacharel em Letras

    EQUIPE DE APOIO TCNICO: INEDI/DFAndr Luiz Bravim

    Rogrio Ferreira ColhoRobson dos Santos Souza

    Francisco de Assis de Souza Martins

    PRODUO EDITORIALLuiz Ges

    EDITORAO ELETRNICA E CAPAVicente Jnior

    IMPRESSO GRFICAGrfica e Editora Equipe Ltda

    ________________, Lngua Portuguesa, mdulo I, INEDI, Curso deFormao de Tcnicos em Transaes Imobilirias, 3 Unidades. Braslia.Disponvel em: www.inedidf.com.br. 2005.

    Contedo: Unidade I: Funes da linguagem; leitura e produo detextos Unidade II: Textos tcnicos Unidade III: Reviso gramatical Exerccios.

    347.46:145C560m

  • Caro Aluno

    O incio de qualquer curso uma oportunidade repleta de expectativas. Mas umcurso a distncia, alm disso, impe ao aluno um comoprtamento diferente, ensejandomudanas no seu hbito de estudo e na sua rotina diria, porque estar envolvido comuma metodologia de ensino moderna e diferenciada, proporcionando absoro deconhecimentos e preparao para um mercado de trabalho competitivo e dinmico

    O curso Tcnico em Transaes Imobilirias ora iniciado est dividido em novemdulos. Este mdulo 01 traz para voc a bsica disciplina Lngua Portuguesa que, divididaem trs grandes unidades de estudo, apresenta, dentre outros itens essenciais, um amploestudo da linguagem, noes de textos tcnicos, e uma completa reviso gramatical, almde exerccio de fixao, testes para avaliar seus aprendizado e lista de vocabulrio tcnicoque, com certeza, ser indispensvel no seu desempenho profissional.Trata-se, como vocpode perceber, de uma completa, embora sinttica, habilitao no mbito desseconhecimento to decisivo para o futuro profissional do mercado imobilirio.

    Se o ensino a distncia garante maior flexibilidade na rotina de estudos tambm verdade que exige do aluno mais responsabilidade. Ns, do INEDI, proporcionamos ascondies didticas necessrias para que voc obtenha xito em seus estudos, mas o sucessocompleto e definitivo depende do seu esforo pessoal. Colocamos sua disposio, almdos mdulos impressos, um completo site (www.inedidf.com.br) com salas de aula virtuais,frum com alunos, tutores e professores, biblioteca virtual e salas para debates especficose orientao de estudos.

    Em sntese, caro aluno, o estudo dedicado do contedo deste mdulo lhe permitirno s o domnio dos conceitos mais elementares da Lngua Portuguesa, alm doconhecimento dos instrumentos bsicos para que o futuro profissional possa atingir osseus objetivos no mercado de imveis. Alm desse mdulo, leia outros textos com maiorateno. Voc vai gostar e aprender muito.

    Boa sorte!

  • SUMRIOSUMRIOSUMRIOSUMRIOSUMRIO

    INTRODUO....... ................................................................................................................... 07

    UNIDADE I1. COMUNICAO.................................................................................................................. 11

    1.1 O processo de comunicao e as variantes lingsticas ......................................... 111.2 Funes da linguagem .............................................................................................. 131.3 Problemas de comunicao na empresa................................................................. 14

    1.3.1. Algumas expresses a evitar ........................................................................... 18

    2. TEXTOS: LEITURA E PRODUO................................................................................ 202.1 Noo de texto .......................................................................................................... 202.2 As vrias possibilidades de leitura de um texto ..................................................... 212.3 Adequao vocabular ............................................................................................... 24

    2.3.1. Dvidas quanto ao significado do vocbulo ................................................ 242.3.2. Outras recomendaes na escolha dos vocbulos ....................................... 28

    2.4 Os textos e sua tipologia .......................................................................................... 302.5 Textos publicitrios................................................................................................... 33

    UNIDADE II3. TEXTO TCNICO ................................................................................................................ 39

    3.1 A organizao do texto tcnico............................................................................... 393.2 A unidade do pargrafo ........................................................................................... 423.3 A produo do texto tcnico .................................................................................. 44

    3.3.1. O texto da carta empresarial .......................................................................... 473.3.1. O planejamento do texto da carta ................................................................. 47

    4. ASPECTOS DO TEXTO TCNICO ................................................................................. 504.1 Ofcio ......................................................................................................................... 504.2 Requerimento ............................................................................................................ 51

    4.2.1. Modelos de requerimento ............................................................................... 534.3 Circular....................................................................................................................... 544.4 Relatrio .................................................................................................................... 55

    4.4.1. Elementos do relatrio ................................................................................... 564.4.2. Tcnicas para a elaborao de relatrios....................................................... 574.4.3. Relatrio administrativo ................................................................................. 584.4.4. Apresentao de soluo de problemas ........................................................ 594.4.5. Enumerao dos fatos ..................................................................................... 594.4.6. Exposio temporial: cronologia dos fatos .................................................. 60

    4.5 Carta.... ....................................................................................................................... 614.5.1. Introdues comuns na correspondncia ..................................................... 624.5.2. Fechos de cortesia ............................................................................................ 624.5.3. A elaborao do texto..................................................................................... 62

  • 4.5.4. Simplificando o texto ...................................................................................... 634.5.5. Esttica das cartas comerciais ........................................................................ 63

    UNIDADE III5. REVISO GRAMATICAL................................................................................................... 67

    5.1 Ortografia .................................................................................................................. 675.1.1. Fonemas e letras ............................................................................................... 67

    5.2 Acentuao ................................................................................................................ 705.2.1. Emprego do Hfen .......................................................................................... 705.2.2. Uso da vrgula .................................................................................................. 715.2.3. Uso da crase ..................................................................................................... 73

    5.3 Plural das palavras compostas ................................................................................. 745.4 Flexo dos adjetivos compostos ............................................................................. 745.5 Concordncia verbal e nominal ............................................................................... 755.6 Frase orao perodo......................................................................................... 77

    5.6.1. Termos essenciais da orao........................................................................... 785.6.2. Tipos de sujeito ................................................................................................ 785.6.3. Orao sem sujeito .......................................................................................... 795.6.2. Tipos de predicado.......................................................................................... 79

    5.7 Correlaes frasais .................................................................................................... 80

    TESTE SEU CONHECIMENTO ........................................................................................... 83BIBLIOGRAFIA......................................................................................................................... 89GABARITO........... ..................................................................................................................... 90

  • INTRODUOINTRODUOINTRODUOINTRODUOINTRODUO

    A lngua portuguesa uma preocupao de vrios setores empresari-ais, que desejam ter em sua equipe profissionais experientes e comunicativos.

    O contedo desta apostila coletado de vrios tpicos presentes noensino mdio e que fazem parte tambm de outros cursos, como base de umaperfeioamento no estudo da matria.

    Seria uma meta inalcanvel pretender abarcar as mincias de nossalngua, mas procuramos esclarecer as dvidas mais freqentes e colocar ospontos que consideramos sempre presentes no dia-a-dia do profissional domercado imobilirio.

    Comeamos por pontuar sobre noes de texto e as vrias formasde entend-los por achar que saber ler o primeiro passo para umacomunicao eficiente e livre de equvocos. Assim, esperamos que essaprimeira leitura sirva de incentivo para futuras leituras e conseqentesucesso profissional.

    Parafraseando Paulo Freire: A leitura de mundo precede semprea leitura da palavra e a leitura desta implica a continuidade da leituradaquele.

    Sucesso!

  • TCNICO EM TRANSAES IMOBILIRIAS

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  • LNGUA PORTUGUESA

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    Unidade

    I

    Conceituar Emissor, Receptor, Texto; Reconhecer as funes da linguagem;

    Reconhecer os requisitos de uma comunicao adequada; Identificar os vrios tipos de texto; Reconhecer as caractersticas de um texto bem elaborado; Selecionar vocabulrio adequado ao desempenho da profisso deCorretor, identificando expresses a evitar e expresses de uso reco-mendvel; Refletir sobre a importncia de uma comunicao clara e correta,em todas as reas do relacionamento humano.

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  • LNGUA PORTUGUESA Unidade I

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    1. COMUNICAO

    1.1 O PROCESSO DECOMUNICAO E AS VARIANTESLINGSTICAS

    Para entender o processo de comunica-o, preciso entender, primeiramente, que aorigem de toda a atividade comunicativa doser humano est na linguagem, ou seja, a ca-pacidade humana de se comunicar por meiode uma lngua, que representa um sistema designos convencionais usados pelos membrosde uma mesma comunidade. Ao utilizar os sig-nos que formam a nossa lngua, obedecemos acertas regras de organizao fornecidas pelaprpria lngua. Exemplificando: perfeita-mente possvel antepor ao signo casa o signouma, formando a seqncia uma casa; se an-tes do signo casa colocarmos o signo um, noestaremos obedecendo s regras de organiza-o da lngua portuguesa.

    A linguagem um processo de comu-nicao de uma mensagem entre dois falantespelo menos: O destinador ou emissor, queemite a mensagem, e aquele a quem a mensa-gem destinada, ou seja, o receptor ou desti-natrio.

    A lngua falada e a lngua escrita sodois meios de comunicao diferentes; a pri-meira mais espontnea; a segunda obedece aum sistema mais disciplinado e rgido, uma vezque no conta com a significao paralela dammica e da dico, presentes na lngua falada.

    Variantes lingsticas so as variaesque ocorrem na lngua, motivadas por vriosfatores:

    a) grficos do origem ao regionalis-mo, que so expresses ou construestpicas de algumas regies do pas;quando essas construes ou expres-ses so muito marcantes, deixa-se defalar em regionalismo e fala-se em di-aletos. Ex: O guia turstico do RioGrande do Sul um baita guia, tch;

    b) sociais o portugus das pessoas es-colarizadas difere daquele empregadopelas pessoas que no tm acesso es-cola; assim, algumas classes sociais do-minam uma modalidade da lngua alngua culta que goza de prestgio erepresenta uma forma de ascenso pro-fissional e social; j o portugus utiliza-do diariamente pelo povo, sem qual-quer preocupao gramatical deno-minado lngua popular, e objetiva so-mente comunicar informaes e expri-mir informaes de forma eficaz. Ele falado principalmente por pessoas debaixa escolaridade, ou mesmo analfa-beto. Trocas como probrema, galfo,malmita , e expresses como pranis fazer, ele chamou eu soocorrncias freqentes neste tipo de lin-guagem. Ainda socialmente condicio-nadas, existem certas formas de lnguadesenvolvidas por alguns grupos, su-jeitas a transformaes contnuas, ecompreendidas facilmente por integran-tes de uma comunidade restrita: as g-rias. Ex: Hoje paguei o maior mico,mico significando vexame, vergo-nha, constrangimento;

    c) profissionais o exerccio de algumasatividades requer o domnio das cha-madas lnguas tcnicas, abundantes emtermos especficos, e restrito ao inter-cmbio de certas categorias profissio-nais, como cientistas, economistas, m-dicos etc. Entre os economistas, porexemplo, usam-se as expresses vis debaixa ou vis de alta, para a alta ou aqueda dos juros no mercado;

    d) situacionais um mesmo indivduoemprega diferentes formas da lngua emdiferentes situaes comunicativas. Seestivermos numa situao de intimida-de (por exemplo, uma conversa comamigos ou parentes), usamos uma lin-

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    guagem mais informal, sem grandespreocupaes com a correo grama-tical; esse tipo de linguagem chama-do de linguagem coloquial ou fami-liar. Em situaes mais formais (porexemplo, o discurso numa solenidadede formatura ou em uma missa de sti-mo dia) usamos uma linguagem maiscuidada, procurando obedecer as nor-mas gramaticais; esse tipo de linguagem chamada lngua culta ou norma pa-dro, e utilizado nos livros didticos,no ensino escolar, nos manuais etc.

    Quando o uso da lngua no se restringes necessidades prticas do cotidiano comuni-cativo, incorporando preocupaes estticassurge a lngua literria, que procura produzirum sentimento esttico no leitor, submetendoa escolha e a combinao dos elementos lin-gsticos a atividades criadoras e imaginativas.

    Exemplo:

    E a cidade morre. Daqui por diante apenasum bonde, um txi ou uma conversa de noct-vagos sacudir por instantes o ar de morte quebaixou sobre a cidade

    Fernando Sabino, O homem nu, 8 ed.Rio de Janeiro: Sabi, 1969, p.13

    a) Volte ao texto e transcreva a melhor defini-o de linguagem.__________________________________________________________________________

    b) Pesquise e relacione quais os fatores que in-fluem na variao lingstica.__________________________________________________________________________

    c) Faa um resumo do que vem a ser lingua-gem literria.__________________________________________________________________________

    d) Com suas prprias palavras defina o que vema ser linguagem culta.__________________________________________________________________________

    e) Faa um resumo do voc que entende porlinguagem familiar.__________________________________________________________________________

  • LNGUA PORTUGUESA Unidade I

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    1.2 FUNES DA LINGUAGEM

    Quando nos comunicamos, essa aoenvolve seis elementos: emissor ou reme-tente; a mensagem; o cdigo utilizado; ocanal (meio utilizado para veicular a mensa-gem), o referente (objeto ou situao de quea mensagem trata); e, por fim; o receptorou destinatrio.

    Cada um desses elementos est estreita-mente ligado s seis funes desempenhadaspela linguagem. As seis funes so:

    A - FUNO REFERENCIAL - Estafuno privilegia justamente o objeto ou si-tuao de que a mensagem trata, ou seja, oreferente, busca transmitir informaesobjetivas sobre ele, abstm-se de manifesta-es pessoais ou persuasivas. uma funopredominante nos textos de carter cientfi-co, nos manuais de instruo e nas notciasveiculadas pelos jornais (textos jornalsticos),nos mapas, enfim, em textos que se propeminformar o leitor, transmitindo-lhe dados econhecimentos precisos. Ex: O batiscafo composto de duas partes principais: um flu-tuador, que geralmente tem a forma de cas-co de navio, cheio de gasolina distribuda emvrios compartimentos, e uma cabina esfri-ca de ao.

    B - FUNO EXPRESSIVA OU EMO-TIVA Esta funo centraliza-se no emis-sor, que imprime no texto as marcas de suaatitude pessoal: emoes, opinies, anlises,avaliaes. visvel, no texto, a presena (cla-ra ou sutil) do emissor, mesmo em textosaparentemente impessoais, como relatrios,textos de imprensa, ou artigos crticos. Ob-serve-se que os textos que utilizam a funoexpressiva obedecem a um projeto, no qualo emissor expe suas opinies, fornece ar-gumentos para sustent-las, procurando per-suadir o receptor da mensagem; as manifes-taes expressivas terminam por tocar asmanifestaes conativas (que veremos adi-

    ante), mas tm cunho marcadamente pesso-al. Essa funo predominante nas cartaspessoais, nos dirios, nas canes sentimen-tais, na poesia confessional, nas resenhas cr-ticas. Ex: Quando sinto o perfume de la-vanda, imediatamente me lembro da minhainfncia, dos lenis limpos, da sensao deconforto e proteo que eu tinha ao lado demeus irmos.

    C - FUNO CONATIVA Esta funoprivilegia o receptor, utilizando elementosconsistentes para persuadi-lo, seduzi-lo, con-venc-lo, envolvendo o receptor com os con-tedos transmitidos, tornando-se evidenteem textos marcados por pronomes de tra-tamento ou da segunda pessoa (voc, vocs,Vossa Senhoria; tu, vs), ou pelo uso de cer-tas formas gramaticais, como o imperativoe o vocativo. Essa persuaso pode ser cons-truda de forma sutil ou agressiva. a fun-o utilizada nos textos publicitrios, nosdiscursos polticos, nos sermes religiososetc. Ex: Faa um 21, Revista. Todo mun-do l at durante o expediente. Quem podecomprar revista, pode comprar seu produ-to, Seja m. Se voc no se contenta comos 5 minutos (se tanto!) regulamentares queele dedica de ateno s mulheres em geral,faa o que elas no fazem. (Nova, ago. 1996)

    D - FUNO FTICA - A funo fticase orienta sobre o canal de comunicao oucontato, buscando verificar e fortalecer a efi-cincia da comunicao, garantindo que ocontato foi estabelecido; inicialmente ela foiutilizada para chamar a ateno por meio derudos (como psiu, ahn, ei). No caso dostextos escritos, o canal (suporte fsico atra-vs do qual a mensagem enviada pelo emis-sor chega ao destinatrio) a prpria pgi-na, com os sinais grficos dispostos sobreela; assim, a funo ftica, para fortalecer suaeficincia, utiliza, nos textos escritos, desdea seleo vocabular, at a disposio grficadas letras, o tamanho e as cores das mesmas,

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    a repetio sem exageros de certas palavrase expresses, e outros recursos sutis. Ex:MITO A mulher no pode ficar grvi-da enquanto estiver amamentando. VER-DADE Quando a mulher est amamentandotem a fertilidade diminuda. Mas isso varia muitode pessoa para pessoa. Sem anticoncepcional podeser p-pum. A mulher que amamenta devese prevenir com camisinha ou miniplu-las.

    E - FUNO METALINGSTICA A funo metalingstica se volta para os ele-mentos do cdigo, explicando-os, analisan-do-os, definindo-os. Verificamos o uso des-ta funo nos dicionrios, nos poemas quefalam da prpria poesia, nas canes que fa-lam de outras canes, nos textos didticos,nas anlises literrias, e at mesmo em nu-merosas situaes cotidianas. Ex: O quevoc quer dizer com isso?, Aspirar tam-bm significa desejar, Lngua um siste-ma de signos convencionais usados pelosmembros de uma mesma comunidade.

    F - FUNO POTICA A funo po-tica est voltada para a mensagem, utilizan-do recursos de forma e contedo que cha-mam a ateno para a prpria mensagem,causando, nos leitores, surpresa, estranha-mento e prazer esttico, num arranjo origi-nal de formas e significado. O texto possuiritmo e sonoridade, desenvolvendo o senti-do figurado das palavras (sentido conotati-vo), passvel de diversas interpretaes. Nasmensagens poticas, a organizao do cdi-go coloca as palavras em primeiro lugar,tornando-as quase um fim em si mesmas, eno um meio de significar outras coisas. Aspalavras valem pelo que elas so, e no peloque elas representam (significam). Os luga-res privilegiados desta funo so os textosliterrios, mas podemos encontr-la tambmem slogans publicitrios, canes populares,textos de propaganda, provrbios e outrasprodues verbais.

    Ex:

    Meses e meses recolhida e murcha,Sai de casa, liberta-se da estufa,a flor guardada (o guarda-chuva). Agora,cresce na mo pluvial, cresce. Na rua,sustento o caule de uma grande rosanegra, que se abre sobre mim na chuva.

    MOTA, Mauro, Itinerrio, 2 ed.Rio de Janeiro: Jos Olympio, 1983, p. 24.

    Considerando as funes discriminadas,at ento, importante procurar, nos textos, afuno predominante, j que os enunciadosapresentam vrias funes ao mesmo tempo,inexistindo a exclusividade, ou seja, no en-contramos um texto que apresenta somenteuma funo.

    1.3 PROBLEMAS DE COMUNICAONA EMPRESA

    Pelo estudo das variantes lingsticas edas funes da linguagem, voc j pde obser-var que existem vrias formas de linguagemempregadas no ato comunicativo. Na comuni-cao empresarial escrita, deve prevalecer ouso da norma culta, a objetividade, a clareza ea conciso, numa preocupao primordial coma eficcia e a exatido da comunicao. O tipode redao que passaremos a tratar no se pau-ta pelas normas do estilo literrio e da expres-sividade artstica, mas pelos indicadores da boaredao administrativa, institucional, jornals-tica ou didtica, de carter prtico e utilitrio,tendo como nico objetivo produzir uma co-municao eficaz.

    Na produo de uma comunicao efi-caz fundamental a simplicidade dos textoscomunicativos, tornando a linguagem menoscomplexa e mais direta. Na esfera empresari-al, ponto pacfico que as comunicaes ina-dequadas, pretensiosas e prolixas trabalhamcontra o conceito de organizao e contra afinalidade ltima de suas atividades, seja a deprestar servios, oferecer produtos, seja a de

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    disciplinar procedimento ou assegurar direitose instruir pessoas.

    A redao empresarial eficaz obedece aosseguintes requisitos:

    clareza conciso correo preciso coerncia concatenao consistncia propriedade no uso das palavras

    Alm dos requisitos mencionados acima,objetividade, naturalidade, adequao ao leitor e infor-malidade so pilares da redao eficaz.

    Clareza Consiste na expresso lmpi-da do pensamento, tornando o texto intelig-vel. Como a clareza requisito bsico de todotexto tcnico, deve-se evitar a ambigidade, ouseja, construes que possam gerar equvocosde compreenso.

    A ambigidade decorre geralmente dadificuldade em identificar a que palavra se re-fere um pronome que possui mais de um ante-cedente na terceira pessoa.

    Ambguo Consiste na expresso quetem (ou pode ter) diferentes sentidos; que des-perta dvida. O desembargador comunicoua seu assessor que ele seria exonerado.

    Claro O desembargador comunicoua seu assessor a exonerao deste.

    H, ainda, outro tipo de ambigidade,decorrente da dvida sobre a que se est sereferindo a orao reduzida.

    Ambguo Sendo indisciplinado, o che-fe da seo repreendeu o funcionrio.

    Claro O chefe da seo repreendeu ofuncionrio por ser este indisciplinado.

    Outro exemplo de duplicidade de senti-do:

    Ambguo Atriburam mrito superiorao nosso trabalho.

    Claro Atriburam ao nosso trabalhomrito superior.

    Nesta orao, a ambigidade decorre doentendimento de que o mrito atribudo foisuperior ao trabalho executado (1 caso).

    Conciso O redator conciso mostrasobriedade na linguagem, obtendo o mximoefeito comunicativo, com um mnimo de pala-vras, dispensando o suprfluo, as redundnci-as, as repeties desnecessrias, as frases lon-gas, as adjetivaes inteis. Clareza e concisodevem estar juntas, concorrendo, prioritaria-mente, para a eficincia na redao, reservan-do-se primeiro lugar clareza. Por outro lado,no convm, certamente, exagerarmos na con-ciso, sob pena de prejudicar a clareza, a inteli-gibilidade da construo.

    Prolixo o tipo de construo que usapalavras em demasia ao falar ou escrever; queno sabe sintetizar o pensamento.

    Cadastros que estejam voltados para oaperfeioamento da tcnica de registros sotudo que precisamos.

    Conciso Precisamos de cadastros vol-tados para o aperfeioamento da tcnica deregistros.

    Redundante o tipo de construoque insiste nas mesmas idias, que tem excessode palavras, de expresses.

    Para evitar que o episdio se repita, adiretoria baixou medidas que punem a reinci-dncia do fato, no permitindo que o mesmoocorra de novo.

    Conciso A diretoria baixou medidaspunitivas para evitar a reincidncia do fato.

    Correo As incorrees na linguagemcomprometem o redator e, de conseqncia, aempresa ou instituio que o emprega, denunci-ando a falta de conhecimento gramatical e des-respeito aos padres da lngua culta. A correo,somada clareza e conciso resulta numa reda-o satisfatria, talvez impecvel. A desobedi-ncia aos preceitos gramaticais est contida emdois grupos: erros de sintaxe e erros nas palavras.

    Erro de sintaxe (erros na estrutura da frase solecismo).

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    Ex: Fizemos tudo por si na reunio; conta-mos consigo hoje, na conveno.

    Correto: Fizemos tudo por ti na reunio;contamos contigo hoje, na conveno.

    Erro nas palavras (erro na estrutura ou no em-prego da palavra).

    Ex: Ele aspira um cargo de chefia.

    Correto: Ele aspira a um cargo de chefia.Preciso Para um texto ser preciso, ele

    precisa conter todos os elementos necessrios comunicao, respondendo s indagaes einteresses eventuais.

    Ex: Convido Vossa Senhoria a participarda abertura do Primeiro Seminrio Regio-nal sobre o uso eficiente de energia no SetorPblico, a ser realizado em 5 de junho pr-ximo, s 9 horas, no auditrio da Escola Na-cional de Administrao Pblica, localizadano Setor de reas Isoladas, nesta capital.

    Coerncia A coerncia deve ser en-tendida como unidade do texto. Num textocoerente todas as partes se encaixam de ma-neira complementar, de modo que no hajanada destoante, nada ilgico, nada contradit-rio. Existe uma solidariedade entre as partesdo texto, possibilitando um bom entendimen-to do mesmo.

    Texto incoerente: Embora seu livro sejafundamental para nossos alunos, vamos ado-t-lo imediatamente em nossa escola.

    Texto coerente: Considerando que seulivro fundamental para nossos alunos, vamosadot-lo imediatamente em nossa escola.

    Concatenao A concatenao deidias est inserida em um elemento textualchamado coeso. A concatenao a conexoque deve existir entre os enunciados de um tex-to, quando organicamente articulados entre si.As relaes de sentido de um texto so mani-festadas por uma categoria de palavras deno-minadas conectivos ou elementos de coeso. Dentre

    esses elementos de coeso podemos citar as pre-posies (a, de, para, com, por, etc.), as con-junes (que, para que, quando, embora, mas,e, ou, etc.), os pronomes (ele, ela, seu, sua, este,esta, esse, essa, aquele, o qual, que, etc.), osadvrbios (aqui, a, l, assim, etc.).

    Ex: sabido que a violncia nas escolascresce assustadoramente. sabido, ainda,que no se achou ainda uma soluo parao problema. Em vista disso, a sociedadeest se unindo para tentar modificar essequadro. Para tanto, convoca uma reuniocom todos os diretores de escolas da redemunicipal.

    Como voc viu, no exemplo acima, ossegmentos do texto esto ligados entre si, pormeio de palavras que servem para dar conti-nuidade ao que foi dito anteriormente e acres-centar novos dados.

    Consistncia Um texto consisten-te quando d informaes confiveis e cor-retas, demonstrando conhecimento do as-sunto e tratando apenas do que significati-vo para quem o l.

    Ex: Comunicamos que, a 7 do corrente, foiinstalado o Instituto de Ciberntica Jurdica,rgo integrante desta Instituio. So obje-tivos do novo Instituto estudar as implica-es sociais da ciberntica no campo do Di-reito e divulgar conhecimentos sobre os sis-temas utilizveis no setor jurdico. Para isso,o novo rgo entrar em contato com oPoder Pblico, a Universidade, a indstriaespecializada e promover cursos, confern-cias e seminrios.

    Propriedade no uso da palavra Essapropriedade se refere ao uso apropriado dalinguagem, o cuidado no emprego das pala-vras, evitando cacoetes lingsticos e termossurrados. Na escolha das palavras, devemospreferir a que traduz, com mais preciso, o quequeremos dizer.

  • LNGUA PORTUGUESA Unidade I

    INEDI - Cursos Profissionalizantes 17

    Ex: Seu depoimento tem relao com o nos-so parecer.

    Seria mais apropriado dizer:Seu depoimento confirma nosso parecer.

    Ex: Os maiores de sessenta anos esto infen-sos do pagamento daquele imposto.

    A construo correta :Os maiores de sessenta anos esto isentos

    do pagamento daquele imposto.

    a) Pesquise e relacione quais os seis elementosenvolvidos na comunicao.________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

    b) Existem seis funes da linguagem. Quaisso elas?____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

    c) Se existem seis funes da linguagem, pes-quise e informe qual delas deve prevalecer nacomunicao empresarial.____________________________________________________________________________________

    d) Voc usar muito a redao empresarial.Para que ela seja eficaz dever obedecer a quaisprincpios?______________________________________________________________________________________________________________________________

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    1.3.1. Algumas expresses a evitar e ex-presses de uso recomendvel

    O sentido das palavras liga-se intimamen-te tradio e ao contexto de seu uso. Assim,alguns vocbulos e expresses (locues), porseu emprego continuado com determinadosentido, passam a ser usadas sempre em talcontexto e com tal forma, que se tornam ex-presses de uso consagrado. No obstante, alinguagem dos textos tcnicos deve pautar-se,sempre, pelo padro culto formal da lngua,no devendo constar desses textos coloquia-lismos ou expresses de uso restrito a deter-minados grupos, o que acabaria por compro-meter a compreenso por parte dos leitores.

    A seguir, apresentamos uma pequena lis-ta de expresses cujo uso ou repetio deveser evitado, indicando com que sentido devemser empregadas, e sugerindo alternativas parapalavras que so costumeiramente usadas emexcesso:

    A partir de/ na medida em que medida que (locuo proporcional) pro-poro que, ao passo que, conforme: Ospreos deveriam diminuir medida que di-minui a procura. Na medida em que (locuocausal) uma vez que, pelo fato de que: Namedida em que se esgotaram todas as possi-bilidades de acordo, o processo foi litigio-so. Evite: medida que/na medida que...

    Ambos/ todos os doisAmbos significa os dois ou um e outro.Evite as expresses pleonsticas como am-bos dois, ambos os dois, ambos a dois. Quandoquiser enfatizar a dualidade, empregue to-dos os dois: Todos os dois assessores entregaram osrelatrios exigidos.

    Anexo/ em anexoO adjetivo anexo concorda em gnero e n-mero com o substantivo a que se refere:Encaminho as atas anexas./Dirigimos os ane-xos projetos ao diretor de arte. A locuo

    adverbial em anexo invarivel: Encaminhoas minutas em anexo. Empregue tambm con-juntamente, juntamente com.

    AssimUse aps a apresentao de uma propostaou situao, fazendo uma ligao com a idiaseguinte. Use os substitutos: dessa forma, dessemodo, ante o exposto, diante disso, conseqentemen-te, por conseguinte, assim sendo, em face disso, faceao exposto, em vista disso.

    Bem comoEvite a repetio, alternando com e, como (tam-bm), igualmente, da mesma forma.

    Ao nvel de/em nvel deA locuo ao nvel significa a mesma alturade: Fortaleza localiza-se ao nvel do mar. Eviteseu uso com o sentido de em nvel, com re-lao a, no que se refere a. Em nvel significanessa instncia: Em nvel poltico, ser difcilchegar-se a um acordo entre os parlamentares.A nvel de constitui modismo, devendoser evitado.

    Devido aEvite a repetio; pode ser substitudo porem virtude de, graas a, por causa de, em razo de,provocado por.

    Desse ponto de vistaEvite repetir, e empregue tambm sob estengulo, sob este aspecto/ por este prisma, desse modo,destarte, assim.

    DirigirQuando empregado com o sentido de enca-minhar, alterne com transmitir, enderear, man-dar, encaminhar, remeter, enviar.

    No sentido deUtilize tambm com vistas a, a fim de, com ofito (finalidade, objetivo, intuito, fim) de, com afinalidade de, tendo em vista ou tendo em mira,tendo por fim.

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    InformarUse as variaes comunicar, avisar, noticiar, par-ticipar, levar ao conhecimento, dar conhecimento,instruir.

    Em face deSempre que a expresso em face de equivalera diante de prefervel a regncia com a pre-posio de; evite, assim, face a, frente a.

    Relativo aEmpregue tambm referente a, concernente a,tocante a, atinente a, pertencente a, que diz respeitoa, que trata de, que respeita.

    OndeComo pronome relativo significa emque (lugar): A cidade onde nasceu./ Opas onde viveu. Evite, ento, constru-es como a lei onde fixada a penali-dade ou a reunio onde o assunto foidiscutido. Nesses casos, faa a substi-tuio, empregando em que, na qual, noqual, nas quais, nos quais. O correto : Areunio na qual o assunto foi discutido./A lei na qual fixada a penalidade.

    RessaltarVarie com destacar, sublinhar, frisar, salientar,relevar, distinguir, sobressair.

    NemConjuno aditiva que significa e no etampouco , dispensando, portanto, aconjuno e: No foram feitos reparos proposta de comercializao da soja,nem nova proposta de pagamento.Evite, ainda, a dupla negao no nem,nem tampouco. Ex: No pde encaminharos relatrios no prazo, nem no tevetempo para revis-los.

    EnquantoConjuno proporcional equivalente a aopasso que, medida que. Evite empregar a cons-truo enquanto que, usada coloquialmente.

    a) Caro aluno. A pesquisa enriquece o seu vo-cabulrio. Procure no dicionrio a diferenasentre as expresses a par de a ao par de________________________________________________________________________

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    2. TEXTOS: LEITURA EPRODUO

    2.1 NOO DE TEXTO

    Sem nenhuma dvida, a palavra texto fa-miliar a qualquer estudante de primeiro e segun-do graus, aparecendo freqentemente no lingua-jar cotidiano, tanto dentro da escola quanto foradela. Embora escutemos com freqncia as ex-presses texto bem elaborado, o texto da-quela pea ruim, o texto no est suficiente-mente claro, necessrio que se faam duas con-sideraes fundamentais sobre a natureza do texto,partindo da questo: o que um texto, afinal?

    A primeira considerao feita a de queum texto no se resume a amontoado de fra-ses, mas a um bloco significativo, constitudopor vrias unidades lingsticas menores ques so entendidas dentro do contexto no qualesto inseridas. O termo contexto se refere auma unidade lingstica maior onde se encaixauma unidade lingstica menor.

    Ex: A nossa cozinheira est sem paladar.Para entender o sentido exato deste tex-

    to minsculo, preciso considerar o contexto,ou situao concreta, em que ele foi produzi-do. Dito durante o jantar, aps experimentarum bife, esse texto pode significar que o bifeest sem sal; dito em um consultrio mdicopode significar que a empregada est acometi-da de alguma doena. Se eu digo ou escrevo aseguinte frase: A esttua que desabou ao vivo,ela ser incompreensvel, desprovida de senti-do. Considere, agora o seguinte pargrafo:

    Smbolo da queda de Sadam Husseinna manh do dia 9 de maro, a esttua que desa-bou ao vivo, via satlite, de Bagd para o mundo,pode ser de um ssia do ditador. Inserida nopargrafo, a frase adquire sentido, por estardentro de um contexto.

    Como peas de um quebra-cabea, cons-tatamos que a frase encaixa-se no contexto dopargrafo, o pargrafo encaixa-se no contextodo captulo, o captulo encaixa-se no contextoda obra toda.

    A segunda considerao a de que todotexto contm um pronunciamento dentro deum debate de escala mais ampla. Assim, aoconstruir um texto, o autor quer, atravs dele,marcar uma posio ou participar de um de-bate de escala mais ampla, mesmo que aparen-te total neutralidade.

    ...um jovem de 25 anos chamado John Hin-ckley Jr. entrou numa loja de armas de Dallas,no Texas, preencheu um formulrio do gover-no com endereo falso e, poucos minutos depois,saiu com um Saturday Nigth Special nomecriado na dcada de sessenta para designar umrevlver pequeno, barato e de baixa qualida-de. Foi com essa arma que Hinckley, no dia30 de maro de 1981, acertou uma bala nopulmo do presidente Ronald Reagan e outrana cabea de seu porta-voz, James Brady. Re-agan recuperou-se totalmente, mas Brady des-de ento est preso a uma cadeira de rodas...

    Embora o autor de um texto jornalsti-co se preocupe apenas em transmitir os fatosde maneira neutra, impessoal (lembra-se dafuno referencial?), existe, seguramente, portrs do exemplo escolhido, um pronunciamen-to contra o risco da venda indiscriminada dearmas. Qualquer texto, por mais neutro queparea, manifesta sempre um posicionamentofrente a uma questo qualquer posta em deba-te (no caso em questo, a venda indiscrimina-da de armas).

    a) Volte ao texto e relacione quais as duas prin-cipais observaes que se pode fazer a respei-to de um texto.________________________________________________________________________________________________________________________________________

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    b) Qual o significado da palavra ssia? Dsinnimos.____________________________________________________________________

    2.2 AS VRIAS POSSIBILIDADES DELEITURA DE UM TEXTO

    Um texto, quando lido de maneira frag-mentria, pode parecer um aglomerado denoes desconexas, ao qual o leitor pode atri-buir o sentido que quiser. As interpretaesde textos, entretanto, so limitadas pela co-nexo, pela coerncia entre seus vrios ele-mentos. A coerncia garantida, sobretudopela reiterao, a repetio ao longo do dis-curso.

    Para perceber a reiterao (repetio,renovao), devemos percorrer os textos in-teiros, tentando localizar todas as recorrnci-as, ou seja, todas as figuras e temas (assuntos)que conduzem a um mesmo significado.

    Alguns textos permitem mais de uma lei-tura, e as mesmas figuras podem ser interpre-tadas segundo mais de um plano de leitura.

    Para exemplificar, analisaremos o seguin-te poema:

    Retrato1 Eu no tinha este rosto de hoje,

    assim calmo, assim triste, assim magro,nem estes olhos to vazios,nem o lbio amargo.

    5 Eu no tinha estas mos sem fora,to paradas e frias e mortas;eu no tinha este coraoque nem se mostra.Eu no dei por esta mudana,

    10 to simples, to certa, to fcil:Em que espelho ficou perdidaminha face?

    Ceclia Meireles: poesia. Por Darcy Damasceno,Rio de Janeiro, Agir, 1974., p. 19 20

    O autor, nos versos 1 e 9, ao dizer queno tinha este rosto e estas mos com as carac-tersticas do momento presente, faz pressuporque ele os tinha com caractersticas opostas, nopassado.

    No verso 9, quando ele diz: Eu no deipor esta mudana, define dois planos distin-

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    tos: um do passado, outro, do presente, am-bos com caractersticas opostas entre si.

    Significados que remetem passadoao presente (explicitamente)Eu no tinha este rosto de hojeassim calmo, assim tristeassim magronem estes olhos to vaziosnem o lbio amargo

    Eu no tinha estas mos sem fora,to paradas, e frias, e mortaseu no tinha este coraoque nem se mostra

    Significados que remetem presenteao passado (implicitamente)Eu tinha aquele rosto de outrorato irrequieto, to alegreto cheioe olhos to expressivose o lbio doce

    eu tinha aquelas mos enrgicasvivas, e clidas, e dinmicas,eu tinha outro coraoque se manifestava

    As figuras do eixo 1 agrupam-se em fun-o do significado das coisas estticas, enquantoque as figuras do eixo 2, em contraponto, expres-sam dinamismo e posse da vitalidade plena.

    Ao dizer Eu no dei por esta mudan-a, o poeta expressa sua perplexidade diantedela, diante do contraste entre o que ele era eno que se tornou.

    Agrupando as figuras a partir de um ele-mento significativo, estamos perto de depreen-der o tema do texto. No poema em questo, po-demos dizer que o tema (o assunto do poema) a decepo da conscincia sbita e inevitvel dapassagem do tempo, do envelhecimento.

    Paralelamente aos indicadores do enve-lhecimento fsico, indicado por palavras comomagro, frias, mortas, outras figuras como triste,

    amargo, que nem se mostra, nos levam a entenderque o envelhecimento fsico foi acompanhadopela perda da energia, do entusiasmo, da ale-gria de viver.

    O poema permite, ento, duas leituras:o desgaste material das coisas com o passardos anos, e o desgaste psquico, a perda de ilu-ses do ser humano com o passar do tempo.

    No podemos, entretanto, dizer que umtexto, ao implicar vrias leituras, possa admitirque qualquer interpretao seja correta nem queo leitor possa dar ao texto o sentido que lheaprouver.

    Para impedir que a interpretao sejapura inveno do leitor, contamos com os in-dicadores das vrias possibilidades de leituraque o texto admite; podemos observar, ento,que no interior do texto aparecem figuras outemas que tm mais de um significado, e queapontam para mais de um plano de leitura,como no caso do poema examinado, em queos estados da alma (triste, amargo) possibilita-ram concluir que o tema poderia ser tambmo envelhecimento psquico (a desiluso, a amar-gura) do autor. Esses temas e figuras que apon-tam para mais de uma possibilidade de leituraso chamados relacionadores.

    Quando existem, no texto, outros termosque no direcionam para um certo plano deleitura h o que chamamos de desencadeadores deoutro plano de leitura, como se comprova pelaleitura desta fbula:

    O til e o belo

    Parou um veado beira do rio, mirando-seno espelho das guas. E refletiu:

    Bem malfeito de corpo que sou! A cabea linda, como estes formosos chifres que todos osanimais invejam. Mas as pernas... Muito fi-nas, muito compridas. A natureza foi injustacomigo. Antes me desse menos pernas e maisgalharada na cabea. Que lindo diadema se-ria. Com que orgulho eu passearia pelos bos-ques ostentando um enfeite nico em toda ani-malidade!...

    EIX

    O 1

    EIX

    O 2

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    Neste ponto interrompe-se o latido dos vea-deiros, valentes ces de caa que lhe vinham napista, como relmpagos.

    O veado dispara, foge a toda e embrenha-sena floresta. E enquanto corria pde verificarquo sbia fora a natureza, dando-lhe maispernas do que chifres, porque estes, com toda asua formosura, s serviam para enroscar-se noscips e atrapalhar-lhe a fuga; e aquelas, ape-sar de toda feira, constituam a sua nica se-gurana. E mudou de idia, convencido de queantes mil pernas finas, mas velocssimas, doque formosa, mas intil galhaa.

    Com a leitura desta fbula, o leitor res-ponderia sem hesitar que se trata de uma his-tria de homens, e no de animais. Como oleitor chegou a essa concluso? Pelos elemen-tos desencadeadores dessa possibilidade de leitu-ra. E quais so esses elementos desencadeado-res? Ora, so os sentimentos, prprios do serhumano, que aparecem no texto, como a insa-tisfao e a vaidade. A reiterao do trao se-mntico (de significado) humano nos obriga aler a fbula como uma histria de gente. Noplano humano, o veado no o veado, massim, homem insatisfeito, para quem a gramado vizinho sempre mais verde, e que, sem-pre desejando o que no tem, quer possuir algoque o diferencie dos demais, como o diademade galhos. No incio da leitura, o termo veadoprope a leitura do texto como uma histriade bichos. medida que vamos lendo o texto,identificamos elementos que contm traoshumanos, que no permitem que se leia o tex-to como uma histria de animais, pois desenca-deiam um novo plano de leitura, passando afbula a ser lida como uma histria de homens.

    Os textos publicitrios tambm podemusar elementos desencadeadores de outro planode leitura, como neste anncio:

    OS TUBARES DO ORAMENTO,OS ELEFANTES DAS ESTATAIS,AS COBRAS DA INFORMTICA,AS ZEBRAS DO FUTEBOL,

    AS GATAS DA MODAE OS DINOSSAUROS DO ROCK.PARA LIDAR COM TODOS ESTESBICHOS,S COMEANDO COMO FOCA.

    Ao fazer uma homenagem aos jornalis-tas, que muitas vezes iniciam suas carreirascomo focas (jornalista novato) o Grupo Pode Acar utilizou categorias profissionais paradesencadear o plano de leitura como um textoque fala de seres humanos.

    Conquanto tenhamos usado textos liter-rios e publicitrios para ilustrar este tpico, importante salientar que um mesmo texto podeser lido de vrias formas, por vrias leituras, poiso significado que cada um atribui quilo que ldepende de um conhecimento prvio que o lei-tor tenha sobre aquele assunto. O conhecimen-to prvio do leitor sobre o assunto far comque ele estabelea uma relao com outros tex-tos, perceba outros significados ocultos nas en-trelinhas. Por exemplo, se eu leio um texto deum autor que j conheo, isso me permite esta-belecer uma relao entre aquele texto e outrosj lidos, o que me permitir uma compreensoplena do texto. Se eu leio um texto sobre qumi-ca e no tenho nenhum conhecimento prviosobre aquele assunto, minha leitura do texto noser idntica a de um professor de qumica, quepossui um vasto conhecimento anterior sobreo assunto. Mesmo um simples classificado dejornal pode ser lido de diferentes maneiras, con-forme o leitor que o l, pois os desejos, inten-es, possibilidades de cada um, influem na for-ma como ele far a leitura do texto.

    a) Depois de estudar estes itens, escreva resu-midamente a forma como voc l um texto,normalmente.___________________________________

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    b) Vamos outra vez ao dicionrio para saber-mos a definio de retrica.______________________________________________________________________

    c) Pense um pouco e registre porque Jesus fala-va por parbolas, sem usar o significado di-reto das palavras?______________________________________________________________________

    2.3 ADEQUAO VOCABULAR

    Na comunicao cotidiana, quando em-pregamos os vocbulos que constituem o nos-so repertrio, estamos refletindo nossa visode mundo, nossas experincias diversas. O do-mnio do vocabulrio varia de pessoa para pes-soa, e atravs dessa troca que adquirimos no-vas experincias e novos vocbulos, redefinin-do nosso vocabulrio.

    Quando contamos com um vocabulriovasto, compreendemos melhor o que se passaa nossa volta, melhorando nosso desempenhoe adequao no processo comunicativo.

    O conhecimento do significado dos voc-bulos garante uma parte essencial do entendimentoentre as pessoas. No entanto, para haver comuni-cao, necessrio que o repertrio vocabular sejacomum entre os falantes. As dificuldades no pro-cesso comunicativo acontecem devido ao fato deque o sentido dos vocbulos est relacionado ainmeros fatores sociais, profissionais, de regio,de escolaridade, de idade culturais, enfim. Des-se modo, cada grupo de pessoas apresenta umvocabulrio prprio, que pode coincidir, ou no,com o de outro grupo. O vocabulrio usado nombito profissional, nos grupos desportivos, re-ligiosos e polticos permite uma especificidademuitas vezes desejada ou necessria. Esse voca-bulrio entendido por vezes somente por aque-les que fazem parte do grupo (lembra-se das ln-guas tcnicas?). Mas, medida que vamos apren-dendo o que esses termos especficos significam,eles passam a fazer parte do nosso vocabulrio,incorporando-se ao nosso cotidiano.

    Neste tpico, procuraremos demonstrarque a adequao vocabular de grande impor-tncia para a compreenso de qualquer texto,caracterizando o vocabulrio de uso genricoe de uso especfico.

    2.3.1. Dvidas quanto ao significado dovocbulo

    Muitas vezes temos dvidas ao nos de-pararmos com vocbulos distintos, mas com

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    grafia e pronncia semelhantes ou iguais. casodos fenmenos denominados honomnia ouparonmia.

    A honomnia a designao geral paraos casos em que palavras de sentidos diferen-tes tm a mesma grafia. Manga, por exemplo.A paromnia designa o fenmeno que ocorrecom palavras semelhantes (no idnticas) quan-to grafia ou pronncia. fonte de muitas,como entre descrio (ato de descrever) e discri-o (qualidade do que discreto), ratificar (con-firmar) e retificar (corrigir).

    Como o nosso objetivo trabalhar prin-cipalmente com a redao tcnica, a lista abai-xo vai ajud-lo a esclarecer suas dvidas quan-to grafia e ao sentido das palavras, para quevoc passe a us-las com propriedade.

    Absolver - relevar da culpa imputada, inocen-tar: O ru foi absolvido.Absorver - esgotar, embeber em si: A gua dachuva foi absorvida pelo solo.

    Ascender - elevar-se, subir: Aquele homem as-cendeu socialmente.Acender - atear (fogo), inflamar.

    Acento - sinal grfico; inflexo vocal: Esta pa-lavra no tem acento.Assento - banco, lugar: Ele tomou assento aomeu lado.

    Acerca de - sobre, a respeito de: No discurso, odeputado falou acerca de seu projeto habitacional.A cerca de - a uma distncia aproximada de: Acreche fica a cerca de vinte metros do prdio principal.H cerca de - faz aproximadamente (tantotempo): H cerca de dois anos, nos deparamos comum caso semelhante; existem aproximadamente:H cerca de mil ttulos na biblioteca do colgio.

    Acidente - acontecimento casual, desastre: Ademisso foi um acidente na sua vida profissional. Atempestade provocou vrios acidentes.Incidente - episdio; que incide, que ocorre:O incidente da demisso j foi superado.

    Adotar - escolher, preferir; assumir; pr emprtica.Dotar - dar em doao, beneficiar: Ele o dotoucom aplicaes em ttulos do governo.

    Afim - que apresenta afinidade, semelhana,relao (de parentesco): Se o assunto era afim, porque no foi colocado no mesmo captulo?A fim de - para, com a finalidade de: O projetofoi encaminhado com muita antecedncia a fim de per-mitir um exame minucioso.

    Aleatrio - casual, fortuito, acidental.Alheatrio - alienante, que desvia ou perturba.

    Ante - (preposio): diante de, perante: Antetal fato, devemos repensar nossa metodologia de ensi-no.Ante - (prefixo): expressa anterioridade: ante-por, antever, anteprojeto, antediluviano.Anti - (prefixo): expressa contrariedade, opo-sio: Aquele rapaz anticomunista.

    Ao encontro de - para junto de; favorvel a :Ele foi ao encontro de seus amigos./ O plano de car-reira foi ao encontro das necessidades dos funcionrios.De encontro a - contra; em prejuzo de: O vecu-lo foi de encontro ao muro./ O governo no apoiou a me-dida, pois vinha de encontro aos interesses dos partidos.

    Ao invs de - ao contrrio de: Ao invs de demi-tir dez funcionrios, a empresa contratou mais trinta.( inaceitvel o cruzamento ao invs de)Em vez de - em lugar de: Em vez de demitir dezfuncionrios, a empresa demitiu quarenta.

    Evocar - lembrar, invocar: Evocou na palestra oincio de sua carreira.Invocar - pedir (a ajuda de); chamar, proferir:Para alcanar seus objetivos, ele invocou a ajuda de Deus.

    Cassar - tornar nulo ou sem efeito, suspender,invalidar: O mandato do deputado foi cassado.Caar - procurar, perseguir, procurar, apa-nhar (geralmente animais): Ele participou da caa raposa.

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    Casual - aleatrio, fortuito, ocasional: O encon-tro dos dois foi casual.Causal - relativo causa, causativo.

    Cavaleiro - que anda a cavalo.Cavalheiro - indivduo distinto, gentil,nobre.

    Censo - alistamento, recenseamento,contagem.Senso - entendimento, juzo, tino: Ele possui bomsenso para solucionar os problemas que surgem.

    Cerrar - fechar, encerrar, unir, juntar: Asjanelas estavam cerradas.Serrar - cortar com a serra, separar, dividir.

    Cesso - ato de ceder: A documento de cesso deterras foi lavrado em cartrioSeo - subdiviso de um todo, setor, re-partio, diviso: Em qual seo do tribunal eletrabalha?Sesso - espao de tempo que dura uma reu-nio, um congresso, reunio, espao de tempodurante o qual se realiza uma tarefa: A prximasesso de cinema ser s 14 horas.

    Ch - infuso.X - antigo soberano persa.

    Comprimento - medida, tamanho, extenso.Cumprimento - saudao.

    Concerto - acerto, composio, harmo-nizao: O concerto de Guarnieri foi muitoaplaudido.Conserto - reparo, remendo, restaurao: Al-guns defeitos fsicos no tm conserto.

    Cozer - cozinhar, preparar.Coser - costurar, ligar, unir.

    Descrio - ato de descrever, representao,definio.Discrio - discernimento, reserva, prudn-cia, recato.

    Despensa - local em que guardam mantimen-tos, depsito de provises.Dispensa - licena ou permisso para deixar defazer algo a que se estava obrigado; demisso.

    Despercebido - que no foi notado, para oque no se atentou: Apesar de sua importncia, afala do ministro passou despercebida.Desapercebido - desprevenido, desacautela-do: Ele embarcou totalmente desapercebido dos desa-fios que lhe aguardavam.

    Emergir - vir tona, manifestar-se.Imergir - mergulhar, entrar, afundar (submergir)

    Emigrar - deixar o pas para residir em outro.Imigrar - entrar em um pas estrangeiro paranele viver.

    Eminente (eminncia) - alto, elevado, sublime.Iminente (iminncia) - que est prestes aacontecer, pendente, prximo.

    Emitir (emisso) - produzir, expedir, publicar.Imitir (imisso) - fazer entrar, introduzir,investir.

    Empoar - reter em poo ou poa, formar poa.Empossar - dar posse , tomar posse, apode-rar-se: O ministro ser empossado no cargo, na pr-xima segunda-feira.

    Espiar - espreitar, observar secretamente,olhar.Expiar - cumprir pena, pagar, purgar.

    Flagrante - diz-se do ato que a pessoa sur-preendida a praticar: O bandido foi preso em fla-grante quando furtava.Fragrante - que tem fragrncia ou perfume;cheiroso.

    Induzir - causar, sugerir, aconselhar, levar a: Oru declarou que havia sido induzido a praticar o crime.Aduzir - expor, apresentar: A defesa, ento, adu-ziu novas provas em contrrio.

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    Inflao - ato ou efeito de inflar, emisso exage-rada de moeda, aumento persistente de preos.Infrao - ato ou efeito de infringir ou violaruma norma.

    Infligir - cominar, aplicar (pena, repreenso,castigo): O juiz infligiu uma pena leve ao ru, queera primrio.Infringir - transgredir, violar, desrespeitar (lei,regulamento etc.): O motorista infringiu as leis detrnsito.

    Mandado - ato de mandar, ordem escrita ex-pedida por autoridade judicial ou administra-tiva: mandado de segurana, mandado de priso etc.Mandato - autorizao que algum confere aoutrem para praticar atos em seu nome; dele-gao, procurao: A durao do mandato do de-putado de dois anos.

    Ps (prefixo) - posterior a, que sucede, aps:ps-moderno, ps-operatrio.Pr (prefixo) - anterior a, que precede, fren-te de, antes de: pr-primrio, pr-modernista.Pr (advrbio) - em favor de, em defesa de:Meu parecer foi pr-eleies diretas.

    Recrear - proporcionar recreio, divertir, alegrar,Recriar - criar de novo.

    Represso - ato de reprimir, conteno,proibio.Repreenso - ato de repreender, admoesta-o enrgica, advertncia: O aluno foi repreendidopelo professor.

    Subentender - perceber o que no estava ex-posto claramente.Subtender - estender por baixo.

    Sustar - parar, interromper, suspender: O che-que foi sustado.Suster - sustentar, manter; fazer parar, deter.

    Taxa - imposto, multa, tributo.Tacha - prego pequeno; mancha; defeito.

    Tachar - censurar, qualificar: O rapaz foi tacha-do de subversivo.Taxar - fixar a taxa de, regular, regrar: O im-posto sobre mercadorias foi taxado em 2%.

    Trfego - trnsito de veculos, percurso,transporte.Trfico - negcio i l c i to, comrcio,negociao.

    Trs - atrs, detrs, em seguida, aps (cf. emlocues: detrs, por trs)Traz - 3 pessoa do singular do presente doindicativo do verbo trazer.

    Vestirio - guarda-roupa; local em que se tro-cam roupas.Vesturio - as roupas que se vestem; traje.

    Vultoso - de grande vulto, volumoso: Ele pe-diu uma quantia vultosa para fazer a percia tcnica.Vultuoso - atacado de vultuosidade (conges-to da face)

    a) Veja quantas palavras parecem ter o mesmosignificado. Para ficar gravado na memria,pesquise e escreva abaixo o que significa ho-nomnia.________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

    b) Repita o trabalho para gravar o que pa-romnia.________________________________________________________________________

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    2.3.2. Outras recomendaes na escolha dosvocbulos

    Na elaborao de um texto tcnico, pre-valecem alguns cuidados no uso dos vocbu-los. No se devem utilizar palavras de difcilcompreenso, mas tambm no se pode per-mitir que a lngua falada interfira na lngua escrita,que so dois meios de comunicao diferen-tes. A lngua falada mais solta, acompanhadade mmica e de entonao, elementos que, na-turalmente, no aparecem na lngua escrita. Jus-tamente por isso devemos utilizar termos cla-ros, evitando cacoetes de linguagem, chavese cacfatos, sob pena de empobrecer a reda-o. O uso da lngua culta obrigatrio nostextos de que tratamos. Alm desses cuidados,devemos atentar, tambm, para o significadocorreto dos vocbulos, de modo a no ocor-rer em deturpao de sentido do que quere-mos dizer.

    A seguir, apresentamos alguns vocbu-los que podem ser utilizados livremente, e ou-tros, cujo uso convm ser evitado em algumassituaes:

    Admitir - no utilize como sinnimo de di-zer, declarar ou afirmar. Admitir significa acei-tar ou reconhecer fato em geral negativo: Oministro admitiu que a inflao pode voltar.

    Advrbio - evite comear perodos comadvrbios formados com o sufixo mente: Cu-riosamente, o PT venceu as eleies. melhor es-crever: Ao contrrio do que previam as pesquisas,o PT venceu as eleies.

    Alegar - Significa aceitar como prova, explicar edesculpar-se. O aluno alegou que no fez a tarefaporque estava doente.

    Alm disso, alm do que - melhor evitar.Geralmente pode ser substitudo por e oupor um ponto. O artista fez exigncias descabi-das, pedindo diariamente dois litros de usque im-portado. Alm disso, exigiu que todas as toalhas

    fossem de linho egpcio. melhor escrever: Oartista fez exigncias descabidas, pedindo diariamen-te dois litros de usque importado e toalhas de linhoegpcio.

    Ambiente/meio ambiente - Prefira ambi-ente ao pleonasmo meio-ambiente.

    Ano - sempre escreva sem ponto de milhar.Ex: 1998

    Bimensal - para qualificar algo que aconte-ce duas vezes por ms, empregue quinzenal.No confunda com bimestral, que significauma vez a cada dois meses.

    Cacfato - Mesmo que os textos no sejamlidos em voz alta, evite a ocorrncia de sonsdesagradveis formados pela unio das sla-bas finais de uma palavra com as iniciais deoutra. Ex: conforme j, marca gol, confisca gado,uma herdeira etc.

    Cacoete de linguagem - Evite expressespobres, repetidas exausto, perfeitamentedispensveis em textos tcnicos. Ex: via deregra, at porque, sal da terra, rota de coliso, trocarfigurinhas, a toque de caixa, visivelmente emociona-do, bater de frente com, causar espcie, elevada esti-ma e distinta considerao, avanada tecnologia,carreira meterica, longo e tenebroso inverno, a nvelde, aparar arestas, em nvel de, luz no fim do tnel,erro gritante, conseqncias imprevisveis, duras cr-ticas, quebrar o protocolo, pergunta que no quercalar, inflao galopante, lanar farpas, ataque ful-minante etc.

    Cargo - escreva sempre com minscula. Ex:presidente, secretrio, papa, deputado, desembarga-dor, juiz, promotor etc.

    Clera - quando significa raiva palavra fe-minina: Ela chegou ao limite da clera. Quandodesigna a doena, pode ser masculino ou fe-minino. Ex: O amor nos tempos do clera (livro deGabriel Garca Marques).

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    Chefe da nao - use apenas quando se re-ferir s sociedades tribais. Quando se tratade sociedades no tribais, como a nossa,emprega-se chefe de Estado ou chefe de governo.

    Culminar - evite essa expresso como sin-nimo de terminar. Use-a apenas no sentido li-teral, de chegar ao ponto mais alto: A parti-cipao do Brasil nas Olimpadas culminou na con-quista de um ttulo importante para a natao.

    Disciplina - escreva sempre com minscu-la: direito, cincias sociais, geografia, filosofia, por-tugus, matemtica.

    E - evite comear frase com essa conjuno.Ex: O ministro da economia anunciou o aumentoda contribuio do INSS. E, alm disso, informouque a idade requerida para aposentadoria tambmser modificada.

    Estado/estado - Utilize maiscula para de-signar conceito poltico ou unidade da Fe-derao: o Estado de Gois, golpe de Estado.Quando significar situao ou disposio,empregue minscula: O meu estado de espritoest pssimo.

    Falecer - Falecer um eufemismo que signifi-ca haver falta ou carncia. Use a palavra morrer.

    Garantir - No utilize como sinnimo dedizer; garantir significa asseverar, responsabilizar-se, afianar.

    Lembrar - No deve ser utilizado como si-nnimo de dizer.

    Linguagem coloquial - Utilize uma lin-guagem prxima da coloquial, respeitan-do a norma culta, escolhendo a expressomais clara possvel. O encarregado do almo-xarifado no sabe quanto gastou na compra melhor que O encarregado do almoxarifadono sabe precisar com exatido o montante gastona transao comercial.

    Meia-noite - Significa o horrio que marcao fim de um dia, no o comeo de outrodia. O correto escrever/dizer: A manifesta-o comea meia-noite de hoje.

    Norte/Sul - Use maiscula somente quan-do se referir aos hemisfrios, ou s regiesNorte e Sul do Brasil. Ex: As chuvas tm casti-gado a regio Sul do pas.

    ONG - Sigla de organizao no-governa-mental. Deve ser grafada em caixa alta(maisculas).

    Pas - deve ser escrito com minscula, mes-mo quando se referir ao Brasil.

    Ph.D - Abreviatura da expresso philosophi-ae doctor (doutor em filosofia). Com o uso ge-neralizado para outras reas, traduz-se pordoutor.

    Que - Evite em excesso, para tornar o textomais elegante e conciso.

    Ressaltar - significa destacar, tornar sali-ente. No empregue como sinnimo dedizer.

    Revelar - no utilize como sinnimo de di-zer. Significa tirar o vu, desvelar.

    Salientar - no use como sinnimo de di-zer. Significa ressaltar, tornar saliente, distintoou visvel.

    Vlido - S use no sentido restrito de ter va-lidade, vigncia: Essa promoo vlida somenteat sexta-feira.

    Viatura - o termo um jargo policial; subs-titua por carro de polcia.

    Essas consideraes a respeito da ade-quao vocabular sero complementadas sobo ttulo Produo do texto tcnico.

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    2.4 OS TEXTOS E SUA TIPOLOGIA

    Voc, como leitor, j deve ter tomadocontato com diversos tipos de textos, e suasclassificaes. Temos textos poticos e textoscientficos, textos em verso e textos em prosa,textos religiosos e textos polticos, textos ver-bais e textos no-verbais, textos publicitrios,e muitas outras formas de classificao.

    Na tradio escolar j se implantou umaclassificao bastante til para a leitura e a pro-duo de textos. Trata-se da classificao dostextos em narrativos, dissertativos e descritivos.

    Ainda que, na maioria das vezes, no en-contremos um texto puro, pois podemos encon-trar num nico texto elementos da narrativa, dadissertao e da descrio, passaremos a estud-los, separadamente, de acordo com suas caracte-rsticas, ocupando-nos inicialmente da narrao.

    TEXTO NARRATIVO

    O texto narrativo relata as mudanasprogressivas de estado que ocorrem com aspessoas e coisas atravs do tempo, existindosempre uma relao de anterioridade e poste-rioridade. Na narrao sempre se relata umfato, um acontecimento, do qual participampersonagens. Aquele que conta, que narra oacontecido denominado narrador. Percebe-seo predomnio das frases verbais, indicadorasde um processo ou ao.

    Alm da presena do narrador, do fatorelatado e dos personagens, a narrao podeapresentar outros elementos, como:

    Enredo: o enredo a estrutura da nar-rativa, o desenrolar dos acontecimentos, a tes-situra dos fatos. Observe que o enredo se faznormalmente de incidentes, de intriga, ou seja,todo enredo est centrado em um conflito.

    Narrador: quem narra os acontecimen-tos. Quando ele participa das aes como per-sonagem, a narrativa na primeira pessoa (eu);nesse caso, tudo o que ficamos sabendo passapelo olhar e interpretao do personagem-narrador.Caso o narrador no participe dos

    acontecimentos como personagem, temos umanarrativa em terceira pessoa, na qual o narra-dor onisciente (aquele que tem cincia de tudo),l os pensamentos e sentimentos do perso-nagem, expressando seu ponto de vista a res-peito dos personagens e dos fatos relatados.

    Personagens: So os seres que vivem osacontecimentos, participando ativamente de-les. O personagem principal chamado pro-tagonista (voc pode observar isso nas nove-las, em que sempre h um personagem princi-pal, o protagonista); aquele que se ope aoprotagonista o antagonista (popularmentedenominado vilo).

    Ambiente: o espao, os cenrios ondetransitam os personagens e onde os aconteci-mentos se desenrolam.

    Tempo: a poca, o momento em quese passam os acontecimentos.

    Para que fique mais clara a definio dotexto narrativo, exemplificaremos com estepequeno texto:

    Era uma vez dois irmos. Um era otimis-ta, o outro, pessimista. Certa vez, no Natal,ao abrirem seus presentes, os meninos encon-traram o seguinte: o pessimista tinha ganhadouma bicicleta linda, de dez marchas, modernae sofisticada. O otimista, ao abrir a linda cai-xa que recebera, deparou-se com um monte defezes de cavalo.

    Disse ento o pessimista:Viu? Ningum gosta de mim. Agora, com

    certeza, mais cedo ou mais tarde, eu vou cair equebrar a cabea com essa bicicleta que corretanto...

    Enquanto isso, o otimista j sara correndopara a rua, disparado, gritando:

    Cad meu cavalinho? Cad meu cavalinhoque ganhei no Natal?

    Tnia Zagury, O adolescente por ele mesmo.5 ed. Rio de Janeiro: Record, 1996, p. 93.

    importante que voc perceba que comum encontrarmos, no corpo da narrativa,passagens descritivas, como ocorre no texto

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    acima, no qual o narrador descreve (mesmoque de forma sucinta) a personalidade dos per-sonagens (os meninos).

    TEXTO DESCRITIVO

    A descrio o que chamamos de retra-to verbal de objetos, pessoas, cenas ou ambi-entes. Ela trabalha com imagens, permitindoque o leitor visualize o que est sendo descri-to. No entanto, a descrio no se resume auma simples enumerao de detalhes. es-sencial que o autor, ao fazer uma descrio,saiba captar o trao particular que diferencieo objeto ou ser descrito de todos os demaisobjetos ou seres semelhantes. No caso de pes-soas, fundamental um retrato que valorizeno somente a descrio fsica, mas tambma descrio psicolgica.

    A descrio possui, muitas vezes, um ca-rter subjetivo, pois ao fazer o retrato do perso-nagem, ele insere a sua viso pessoal, o queno deve ser considerado um defeito, j quesem essa subjetividade a descrio seria ape-nas um retrato frio e sem vida, uma fotografia.Assim, em maior ou menor grau, o autor reve-la a impresso que ele tem daquilo que descre-ve, exceto nas chamadas descries tcnicas oucientficas.

    Quando o autor, ao descrever, procuramostrar uma imagem bastante prxima da re-alidade, ele faz uma descrio objetiva. Mas,como j mencionamos anteriormente, excetu-ando as descries tcnicas ou cientficas, difi-cilmente voc encontrar uma descrio em quea subjetividade esteja ausente. O que distingueuma descrio objetiva de uma descrio sub-jetiva o grau de interferncia do sujeito (au-tor) na descrio.

    Voc deve observar, ainda, que o textodescritivo relata as caractersticas de um obje-to ou de uma situao qualquer num certomomento esttico do tempo, no existindo,obviamente, a anterioridade e posterioridade pre-sentes no texto narrativo, ou seja, no existenada que indique progresso de um estado an-

    terior para outro posterior. Se por acaso ocor-rer essa progresso, o texto passa a ser um tex-to narrativo. Veja um exemplo de texto des-critivo:

    Eis Braslia s seis da tarde. O trnsito fluilentamente. As lojas comerciais baixam suasportas. Pessoas lotam os pontos de nibus. Osbares colocam suas mesas nas caladas, espe-rando os fregueses habituais. Pedestres atraves-sam as ruas, apressados. Luzes plidas inci-dem sobre os prdios e casas. Anoitece.

    Encontramos no texto caractersticas deum texto descritivo, pois:

    So relatados vrios aspectos de um lu-gar (Braslia), num determinado tempo, que esttico (seis da tarde);

    Tudo simultneo, no existindo pro-gresso temporal entre os enunciados.

    Uma observao final e importante ade que dificilmente voc encontrar um textoque seja exclusivamente descritivo. freqenteencontrarmos trechos descritivos inseridosnuma narrao ou numa dissertao. Num ro-mance, por exemplo, que essencialmente umtexto narrativo, voc perceber vrias passa-gens descritivas, de pessoas, objetos, persona-gens ou ambientes.

    TEXTO DISSERTATIVO

    O texto dissertativo se caracteriza peladefesa de um ponto de vista, de uma idia, oupelo questionamento acerca de um assuntodeterminado. Na dissertao, o autor traba-lha com argumentos (o texto dissertativo um texto argumentativo), com dados, comfatos, utilizando-os para justificar seu pontode vista.

    A dissertao organizada em trs par-tes distintas. So elas:

    Introduo - Na introduo voc vaiexplicar o assunto a ser discutido, apresentan-do uma idia, de um ponto de vista que vocir defender com argumentos.

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    Desenvolvimento ou argumentao -Nessa parte, voc desenvolver seu raciocnio ini-cial, defendendo seu ponto de vista com argu-mentos pertinentes, fornecendo dados, citan-do exemplos, fazendo referncias a pontos devista semelhantes etc.

    Concluso - Voc dar um fecho quecomprove a idia inicial e que seja coerente comos argumentos apresentados, retomando aidia inicial.

    A dissertao, tal como a descrio, podeser objetiva ou subjetiva. Nas dissertaes objeti-vas, os argumentos so expostos de formaobjetiva e impessoal, com o texto escrito na ter-ceira pessoa, e o autor no se inclui na explana-o (desenvolvimento), facilitando, por partedo leitor, a aceitao das idias expostas. oque acontece, por exemplo, nos textos de ca-rter cientfico, que requerem objetividade. Jnas dissertaes de carter subjetivo, o autorse inclui na explanao, colocando seu pontode vista e usando verbos na primeira pessoa,conferindo um cunho pessoal ao texto.

    Voc j deve ter tido oportunidade deconstatar que a maioria dos concursos, inclusi-ve o vestibular, prope a produo de textosdissertativos. Assim, voc dever produzir,preferencialmente, uma redao objetiva, im-parcial, escrita em terceira pessoa.

    importante considerar que, na disser-tao, predominam os conceitos abstratos, ouseja, as referncias ao mundo real se do porconceitos amplos, de modelos genricos. Nosdiscursos dissertativos da filosofia ou da cin-cia, por exemplo, as referncias ao mundo con-creto ocorrem somente como recursos de ar-gumentao, para ilustrar teorias gerais ou leis.

    O texto dissertativo basicamente cons-titudo de enunciados de carter abstrato que,de maneira ampla e genrica, buscam organi-zar vrios fatos singulares e concretos.

    Na dissertao no existe, em princpio,uma progresso temporal entre os enunciados(como ocorre na narrao). No entanto, existe en-tre os enunciados relao de natureza lgica,ou seja, relaes de implicao (o fato e sua

    condio, causa e efeito, uma premissa e umaconcluso etc.).

    Para um melhor entendimento, observeos exemplos abaixo, de dissertao objetiva edissertao subjetiva.

    a) Em poucas palavras descreva o que umtexto narrativo.__________________________________________________________________________

    b) Repita a operao e registre o que um tex-to dissertativo.__________________________________________________________________________

    c) Voc ir necessitar deste conhecimento du-rante toda sua vida. Portanto, defina abaixo oque vem a ser um texto descritivo.__________________________________________________________________________

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    DISSERTAO SUBJETIVA

    Ns, brasileiros, nos encontramos cada vez maisdescrentes com as instituies polticas do Bra-sil. A cada ano que passa os problemas se avo-lumam. Dentre os fatores que contribuem paraesse sentimento de desesperana, est o descasodo governo com a educao, os baixos salriospagos aos professores, a incapacidade do governoem brecar o processo inflacionrio, a impunida-de dos corruptos que tm saqueado os cofres p-blicos, e o descaso com a sade pblica.Apesar de tudo, continuo defendendo a idia deque o Brasil um pas que pode dar certo. Paraisso, fundamental a participao da sociedade.

    Preste ateno no carter subjetivo, pessoaldo texto, sobretudo no segundo pargrafo, quan-do o autor manifesta de forma inconteste o seuponto de vista introduzido pela passagem continuodefendendo... No entanto, mesmo quando a disserta-o subjetiva, melhor evitar construes do tipo:Eu acho que, na minha opinio, no meu pon-to de vista, evitando redundncias. Quem estiverescrevendo o texto (lgico!), no precisa marc-loo tempo todo com pronomes de primeira pessoa.

    DISSERTAO OBJETIVA

    Mais do que diverso, os desenhos anima-dos podem ser um eficiente instrumento peda-ggico para transmitir valores ticos, morais emodelos de comportamento para as crianas.Por isso, eles deveriam ser incorporados porprofessores dinmica da sala de aula, de modoa suscitar discusses e estimular reflexes.

    o que defende um grupo de 12 pesquisa-dores do Lapic (Laboratrio de Pesquisa so-bre a Infncia, Imaginrio e Comunicao),um grupo multidisciplinar ligado Escola deComunicao e Artes da USP, coordenado pelaprofessora Elza Dias Pacheco, e que acaba deconcluir a pesquisa Desenho Animado naTV: Mitos, Smbolos e Metforas.

    Desenhos podem ajudar a aprender,por Marta Avancini

    Neste texto dissertativo, o autor no apa-rece para o leitor como uma pessoa definida,embora seja visvel que ele esteja nos transmi-tindo sua viso pessoal sobre o assunto (lem-bra-se da funo expressiva?); ele simplesmen-te expe o fato de forma objetiva e impessoal,conferindo ao texto um carter imparcial, coma utilizao de verbos na terceira pessoa.

    2.5 TEXTOS PUBLICITRIOS

    necessrio estudar em separado o tex-to publicitrio, pela especificidade de sua re-dao, criatividade e originalidade. Nas funesda linguagem, voc viu que a funo conativa(aquela que procura seduzir, convencer, envol-ver) bastante utilizada nos textos publicitri-os. No entanto, o texto publicitrio no utilizasomente essa funo, mas tambm a funoftica, a funo potica e a funo expressiva,jogando com as emoes, anseios, necessida-des, preconceitos e todo tipo de sentimentosdo receptor de suas mensagens.

    Com o passar dos anos, a propagandatornou-se um meio poderoso de difuso doshbitos de consumo, no s de produtos, comotambm de conceitos e idias.

    A redao publicitria diferente dasoutras, pois o redator vai utilizar a linguagem(e tambm a imagem) de forma criativa, comos vrios nveis de linguagem para atingir umdeterminado pblico, obedecendo basica-mente quatro regras: ateno, informao,desejo e apelo.

    O texto procura chamar ateno, fazer-se notar (bvio!), mas tambm informa o lei-tor/espectador/ouvinte sobre as qualidadesdo produto anunciado, despertando a motiva-o/desejo para a compra do produto anun-ciado e, finalmente, faz um apelo para que ocomprador em potencial adquira aquele pro-duto. Ex: Se fosse seu carro, voc j teriatrocado (texto publicitrio de uma campa-nha da Brastemp, na qual aparece uma antiq-ssima mquina de lavar roupas, um texto rela-tando as vantagens da nova Brastemp e ainda

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    um bilhete sobre esse texto: Brastemp Mon-dial, vai dizer que voc ainda no tem?).

    A publicidade ainda explora o uso deexpresses da lngua falada, objetivando criaruma atmosfera de intimidade com o leitor. Emum anncio da Kibon, aparece o seguinte tex-to: Vai morango a, freguesa?. Em outro,o anncio utiliza dois termos caractersticos daimpreciso do cdigo oral (treco e coiso) paravalorizar o produto anunciado: Esse trecoserve pra voc nunca mais esquecer o nomedaquele coiso. (o produto anunciado era umdicionrio visual).

    Outra caracterstica facilmente compro-vada nos anncios publicitrios o uso de fra-ses curtas, de adjetivos, o uso do verbo no im-perativo, o uso da segunda pessoa, advrbios.

    Exemplos:Se algum bater em voc, chame a

    gente (campanha do Bamerindus Seguros, re-ferindo-se batida de carros)

    No faa lipo. Faa aspirao (cam-panha de Diet Shake, decompondo a palavralipoaspirao, para incentivar o consumo doproduto)

    Uma programao para quem ta-rado por futebol Se voc do tipo que ficatodo assanhado quando o assunto fute-bol, ento no pode perder a programaoda TVA (anncio de emissora de TV, mos-trando a foto de duas bolas de futebol dentrode um suti de renda).

    Veja. Sinta. Tenha. Uma pele perfeita.LisaRenovadaUniformeEquilibradaSuave (anncio do creme Idealist, de

    Este Lauder)

    Nos textos publicitrios comum o usoda ambigidade, da dubiedade de sentido nasfrases, que na publicidade passa a ser uma qua-lidade, o que no ocorreria, naturalmente, numtexto tcnico. Quando utiliza palavras que ofe-recem dupla possibilidade de leitura, a publi-

    cidade procura chamar a ateno pelo ladohumorstico da situao.

    Exemplos:

    A gente nem tem roupa para receber oprmio (mensagem da revista Playboy, co-nhecida, sobretudo pelas fotos de mulheresnuas)

    Foi bombom para voc tambm? (ann-cio do bombom Sonho de Valsa, da Lacta)

    Tem coisa melhor que ficar falada nobairro? (anncio do jeans Di Paolucci, mos-trando os corpos de duas jovens vestidascom o jeans da marca)

    Todas as caractersticas do texto publi-citrio obedecem a uma lgica pr-determina-da: o uso de adjetivos e advrbios procura cri-ar uma caracterizao exagerada do produtoanunciado; a funo apelativa (mais usada) sedestina a convencer o receptor; e, finalmenteutiliza frases curtas, pois geralmente a mensa-gem apresentada num espao pequeno (p-gina de revista ou jornal), ou em um tempocurto (intervalos comerciais de rdio e TV).

    Quando se trata de um texto radiofni-co, as repeties, principalmente do nome doanunciante, so propositais. Quem elabora oanncio radiofnico sabe que os ouvintes es-to sempre trocando de estao, ento a repe-tio permite que a mensagem sempre seja cap-tada, mesmo que pela metade.

    Segundo o pesquisador Jsus Martn Ri-beiro, nossa sociedade constri dia-a-dia a ima-gem que cada um tem de si. Para ele, a publici-dade um espelho, apesar de bem deformado,pois a imagem do lado de l muito mais belaque a imagem do lado real.

    O poder da publicidade, atualmente, nose restringe a convencer o consumidor a ad-quirir determinado produto, mas tambm aidealizar modelos estticos, sexuais e compor-tamentais. O receptor da mensagem quer ter a

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    beleza, a ousadia, a sensualidade dos modelosque v nas telas ou nos outdoors.

    a) Pense, pesquise e escreva abaixo quais as prin-cipais caractersticas de um texto publicitrio.__________________________________________________________________________________________________________________

    b) Continue o estudo e diga qual a lgica pr-determinada dos textos publicitrios.__________________________________________________________________________________________________________________

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    Unidade

    II

    Identificar os tipos de texto tcnico; Reconhecer as caractersticas bsicas de um texto tcnico;

    Produzir textos Tcnicos comuns na rea de transao imobiliria carta comercial, ofcio, requerimento, relatrio.

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    3. TEXTO TCNICO

    3.1 A ORGANIZAO DO TEXTOTCNICO

    Entende-se como redao tcnica textosque se destinam a informaes sobre o uso dealguma norma ou instruo. A redao tcnicase divide em oficial, comercial e cientfica. A re-dao oficial se refere s comunicaes oficiaisemanadas do Poder Pblico (ofcio, exposiode motivos, o aviso, o memorando oficial etc.); aredao comercial a utilizada no comrcio e naindstria (cartas comerciais, memorandos, circu-lares); e, na redao cientfica, se incluem as dis-sertaes, os ensaios, as monografias, relatrios,manuais de instruo, descries e narraes tc-nicas propriamente ditas, as teses etc.

    J o termo redao empresarial utilizadopara designar a reunio de duas reas, comer-cial e bancria.

    No que se refere linguagem, os docu-mentos tcnicos apresentam caractersticasbsicas: ela dever ser clara, harmnica e obje-tiva, procurando oferecer comodidade ao des-tinatrio, elemento fundamental da comunica-o tcnica. Essa modalidade de redao devepossuir o que chamamos qualidade de estilo, cons-titudo pelos seguintes elementos.

    Harmonia - A harmonia responsvelpela sonoridade do texto; ele deve ser organi-zado de modo a no ferir os ouvidos do leitor.Para isso, necessrio que se evitem elementosque, embora sejam consideradas qualidades nalinguagem literria, prejudicam a linguagemtcnica. Dentre esses elementos nocivos lin-guagem tcnica, podemos citar:

    A repetio - que apresenta um todogradativo, iniciando-se pela gradao, seguidadas rimas, de cognatismo e de pleonasmos.

    A rima a repetio da slaba no interi-or ou final de vocbulos, sendo mais comum arima na slaba final.

    Ex: O diretor chamou, com horror, o coordenador eo professor que me falaram ontem sobre o amor.

    Cognatismo a repetio da raiz, enfei-xando palavras da mesma famlia.

    Ex: Infelizmente, o rapaz se aborreceu com a felici-dade dos irmos, que foram felicitados pelos felizesamigos.

    Pleonasmo a repetio de idias quetornam a frase redundante.

    Ex: Ns vamos voltar para trs. /Vi com estes olhosque a terra h de comer./ Existe um elo de ligaoentre eles./ Ela teve uma hemorragia de sangue.

    Repetio de palavras: muito comum oexcesso do que, do se e dos pronomes pessoaisno interior do discurso. Para corrigir essa fa-lha, devem-se reorganizar os perodos ou subs-tituir as palavras.

    Ex: Solicito que me remeta o relatrio de produo,que so necessrios para que eu possa estabelecer asnovas metas que me foram propostas.

    Simplificando: Solicito a remessa dos rela-trios de produo, necessrios para o estabelecimentodas novas metas que me foram propostas.

    Ex: Eu necessito de uma resposta urgente, para queeu possa implantar novas medidas de segurana,que eu acho imprescindveis.Ex: Necessito de uma resposta urgente, para im-plantar as novas medidas de segurana, que so im-prescindveis.

    Cacofonia a juno de palavras, pro-duzindo um som desagradvel.

    Ex: Mande-me j a encomenda. Nunca ganheitantos presentes.

    Eco Consiste na repetio de um somnuma seqncia de palavras.

    Ex: O resultado da votao no causou comoona populao.

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    Para facilitar a compreenso da organi-zao de um texto tcnico, colocaremos, aqui,algumas normas da ABNT para elaborao dedocumentos tcnicos.

    TIMBRE Quanto aos ofcios, deverconstar sempre na parte superior dos docu-mentos de comunicao, visando a identifica-o do rgo emissor, Dever estar em posi-o horizontal, no meio da folha, a 1,5 cm daborda e, existindo braso ou logotipo, estepoder ficar em posio vertical rente mar-gem direita ou esquerda. Na elaborao decarta, considera-se o mesmo princpio e deve-r ter as mesmas caractersticas do ofcio. Nosmemorandos no h necessidade, em funode ser um documento interno no qual todosque o emitem ou recebem esto inseridos nomesmo contexto de trabalho ou rgo.

    NDICE E NMERO No ofcio socolocados a 2,5 cm da margem esquerda; normal que se separe o ndice do nmero porum trao diagonal (/), sendo que o nmero eo ano so separados por um hfen (-).Ex: Of-cio n ABNT/408-01, isto , ofcio nmero408 do ano de 2001, expedido pela ABNT.Quanto ao ndice e nmero de uma carta, deve-se colocar as iniciais do rgo ou setor a elevinculado da mesma forma que no ofcio, tam-bm do lado esquerdo alinhado data. Algunspreferem que estes dados se posicionem nolado superior direito, visando facilitar a pro-cura da mesma quando arquivada.

    LOCAL E DATA Tanto no ofcio,quanto na carta, deve estar alinhado ao ndicee nmero, do lado direito, devendo conter lo-cal, dia, ms e ano da sua expedio. impor-tante que se escreva por extenso o nome doms; e, quanto ao ano, no conveniente quese separe por ponto o milhar da centena nemabrevi-lo.

    REFERNCIA OU EMENTA Noofcio deve ser alinhado a 2,5 cm da margem

    esquerda e dois espaos abaixo do ndice enmero, ou localizar-se do lado direito abaixoda data, desde que no ultrapassem a metadeda folha. Na carta sua utilizao segue os mes-mos critrios do ofcio. Lembrando que o tex-to dever ser breve e objetivo, fazendo comque o destinatrio identifique logo o assunto aser tratado.

    VOCATIVO No ofcio dever locali-zar-se a 5 cm da margem esquerda e a trs espa-os duplos d