Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial,...

74
Portugal global 81 | novembro 2015 www.portugalglobal.pt Joalharia e ourivesaria Um novo paradigma ENTREVISTA // ENRIQUE SANTOS MERCADOS // PORTUGAL-ESPANHA REGIÕES TRANSFRONTEIRIÇAS EMPRESAS // BERD E IMPERIAL

Transcript of Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial,...

Page 1: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

PortugalglobalNº81 | novembro 2015www.portugalglobal.pt

Joalharia e ourivesariaUm novo paradigma

ENTREVISTA // ENRIQUE SANTOS

MERCADOS // PORTUGAL-ESPANHA REGIÕES TRANSFRONTEIRIÇAS

EMPRESAS // BERD E IMPERIAL

Page 3: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

sumário

Destaque [6]Setor da ourivesaria e joalharia portuguesa.

Entrevista [24]Enrique Santos, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso Espanhola.

Mercado [32]Portugal – Espanha: regiões transfronteiriças.

Empresas [56]Imperial e BERD.

Opinião [62]“Internacionalizar para crescer” por José Cardoso de Matos, ‘partner’ da B’TEN.

Análise de risco por país – COSEC [64]Veja também a tabela classificativa de países.

Estatísticas [67]Investimento e comércio externo.

AICEP Rede Externa [70]

Bookmarks [72]

Portugalglobal nº81Novembro 2015

6

24

32

56

Page 4: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

EDITORIAL Portugalglobal nº814

Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica e social, sublinha-se a importância da coesão ter-ritorial, que se encontra definida em seis priorida-des, das quais se destaca a integração territorial das regiões funcionais transfronteiriças e transnacionais, com uma ênfase especial nas iniciativas transfron-teiriças que visem proteger o ambiente, promover o turismo e o crescimento económico, e articular a investigação e o desenvolvimento.

Assim, dada a importância do desenvolvimento regio-nal no âmbito das relações fronteiriças entre Portugal e Espanha, quis a nossa revista colocar em foco nesta edição, de forma consistente e útil para as empre-sas, as políticas de desenvolvimento transfronteiriço, dando a voz a alguns dos seus atores e realçando o potencial da cooperação ibérica neste âmbito.

Não só a Espanha é o principal parceiro económico de Portugal, como no contexto geográfico da Pe-nínsula assumem particular importância as regiões fronteiriças de Andaluzia, Castela e Leão, Galiza e Extremadura, parceiras naturais, históricas e econó-micas de Portugal, sendo cada vez mais relevantes as suas crescentes relações bilaterais em matéria de cooperação, comércio e investimento, o que se tra-duz por um número cada vez maior de empresas nos dois lados da fronteira. Esta evolução das relações transfronteiriças repre-senta não só uma oportunidade para a internacio-nalização das empresas portuguesas, como também oportunidades de negócio para as empresas do país vizinho. De referir que, em 2014, as compras a Por-

tugal destas quatro Comunidades espanholas trans-fronteiriças atingiram 3.742 milhões de euros.

Acentuando as excelentes relações de vizinhança de Portugal e Espanha, a entrevista de Enrique Santos, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso Espanhola (CCILE), sublinha que as relações entre os dois países não só fazem parte incontornável da agenda económica e governativa dos dois países, como constituem uma prioridade em matéria de cooperação entre empresas portuguesas e espanho-las para, assim, melhor se poderem posicionar nos mercados dos PALOP e da América Latina, os quais representam um imenso potencial enquanto área geográfica, crescimento demográfico e dimensão e evolução dos seus mercados internos.

O Destaque desta edição constitui um breve panora-ma da ourivesaria e da joalharia portuguesas, tanto de expressão tradicional como contemporânea – um setor que vale mais de mil milhões de euros em Por-tugal – numa ótica não só de negócio e inovação mas sobretudo de relação criativa entre ambas, pro-cesso em que se destaca a recriação do património tradicional, bem como a originalidade do design e estética dos novos criadores, o que tem contribuí-do não apenas para promover as novas tendências como está a potenciar sinergias com outros setores, como sejam a moda e a decoração, assim como o seu reconhecimento internacional.

MIGUEL FRASQUILHOPresidente do Conselho de Administração da AICEP

Casos de sucesso e empreendedorismo responsável

As opiniões expressas nos artigos publicados são da responsabilidade dos seus autores e não necessariamente da revista Portugalglobal ou da aicep Portugal Global.

A aceitação de publicidade pela revista Portugalglobal não implica qualquer compromisso por parte desta com os produtos/serviços visados.

Conselho de AdministraçãoMiguel Frasquilho (presidente),

Helena Malcata, José Vital Morgado, Luís Castro Henriques, Pedro Ortigão Correia (vogais).

DiretoraAna de Carvalho

[email protected]

RedaçãoCristina Cardoso

[email protected]

Vitor Quelhas

[email protected]

Rafaela Pedroso

[email protected]

Fotografia e ilustração Liliana Alves “Metamorfose” (fotografia capa), ©Fotolia, Rodrigo Marques

Paginação e programaçãoRodrigo Marques

[email protected]

Projeto gráficoaicep Portugal Global

Publicidade Cristina Valente Almeida

[email protected]

SecretariadoCristina Santos

[email protected]

Colaboram neste número

Ana Abrunhosa, Ana Albuquerque, Ana Campos, Cristina Filipe, David Santos, Direção de Corporate e Investimento da AICEP,

Direção de Informação da AICEP, Direção Internacional da COSEC, Direção PME da AICEP, Eduardo Henriques, Enrique Santos, Fátima Santos, Francisco Ribeiro de Menezes, Javier Aguilera Navarro, Jorge Monteiro, José María Ribot Gracía, José Cardoso de Matos, Liliana Guerreiro, Luís Antunes, Manuel Alcino, Manuel Rodrigues de Freitas, Maria Geraldes, Roberto Pereira Grilo.

Revista PortugalglobalAv. 5 de Outubro, 1011050-051 LisboaTel.: +351 217 909 500Fax: +351 217 909 578

Propriedadeaicep Portugal Global

Rua Júlio Dinis, 748, 9º Dto4050-012 PortoTel.: +351 226 055 300Fax: +351 226 055 399NIFiscal 506 320 120

ERC: Registo nº 125362

Page 6: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

DESTAQUE Portugalglobal nº816

CRIAÇÃO, INOVAÇÃO, NEGÓCIO E MERCADO

JOALHARIA E OURIVESARIA PORTUGUESAS

Page 7: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

DESTAQUEnovembro 2015 7

Entre 2012 e 2014 o valor do merca-do português de joalharia, ourivesaria e relojoaria (os produtos de joalharia, ourivesaria e de relojoaria estão histori-camente associados ao culto da moda, da beleza e da aparência) manteve-se, segundo o INE, em torno dos 1.000 milhões de euros, um valor que tende a aumentar em 2015 e nos anos se-guintes, com a retoma da economia e do consumo na Europa e em Portugal. Mas também em função da inovação tecnológica e da criatividade crescente, da presença em feiras nacionais e inter-nacionais, e ainda com a emergência de novos mercados de destino, além do europeu, nomeadamente na Ásia e no Médio Oriente, geografias cujos consumidores têm vindo a despertar para a qualidade do fabrico português.

Neste sentido, segundo o estudo seto-rial encomendado à consultora Sigma, a Itália, França, Espanha, EUA, Suíça e Angola são os nossos melhores mer-cados, respondendo, no conjunto, por metade das exportações geradas pelo setor português de joalharia, ourivesa-ria e relojoaria.

Refira-se que o comércio de retalho especializado na ourivesaria e joalharia cresceu a partir de 2008 a uma média anual de 18,9 por cento (com destaque para a região Norte, Alentejo e Lisboa), em claro contraciclo com a generalida-de da economia nacional, tendência que se explica também pelo comércio

de joias e reflete, em tempo de crise, a subida do preço do ouro, bem como de outros metais preciosos. Em 2013, os artefactos de joalharia e as suas par-tes, nomeadamente de metais precio-sos ou de metais folheados ou chape-ados de metais preciosos, constituíram o motor das exportações produtivas na ourivesaria, que atualmente evidencia uma enorme variedade da oferta e as capacidades de um setor que nos últi-mos anos se reorientou para a exporta-ção, estando hoje menos dependente do mercado interno.

O fabrico de joalharia e ourivesaria, no entanto, e apesar de uma progressiva mudança de paradigma, registou uma contração entre 2004 e 2012, atual-mente em recuperação, ao contrário do fabrico de relojoaria e componen-tes, que revelou um crescimento muito acentuado no mesmo período, devido em grande medida ao IDE por parte de multinacionais de origem suíça, fran-cesa e alemã, bem como ao peso das grandes marcas internacionais, à sub-contratação e ao impulso do empreen-dedorismo de origem nacional.

A região Norte agrega atualmente mais de 44 por cento do total das empresas da cadeia de valor – cerca de 5.000, maioritariamente PME – sendo que nas atividades industriais, sobretudo na fabricação de joalharia e ourivesaria, a preponderância do Norte destaca-se ainda mais, já que

Tudo está a mudar na ourivesaria e na joalharia portuguesas, que estão a fazer uma forte aposta no melhor da tradição, na criação, na inovação e no design.

cerca de 80 por cento das empresas existentes no país estão ali localiza-das, garantindo a fileira no seu con-junto, o que inclui a relojoaria, mais de 12.500 empregos.

Não obstante a elevada orientação ex-portadora atual do setor, em termos absolutos o valor das exportações portuguesas de produtos de joalharia, ourivesaria e relojoaria ainda é relati-vamente reduzido, não tendo ultra-passado, em 2013, os 150 milhões de euros. Mas confiante na dinamiza-ção do setor, a AORP - Associação de Ourivesaria e Relojoaria de Portugal, assim como outros parceiros institu-cionais, associativos e empresariais, já se encontram a trabalhar no sentido de desenvolver, numa ótica estratégi-ca, uma nova proposta de valor, que se traduza num novo e bem-sucedido reposicionamento do setor, que vá ao encontro das expectativas da procura e do crescimento sustentado nos mer-cados interno e externo.

Neste sentido, este destaque tem como objetivo fornecer um retrato breve, mas atualizado, das novas tendências do sector, nomeadamente no universo da Moda, que complementa e amplifi-ca, dois anos depois, a radiografia que fizemos deste mesmo setor, em setem-bro de 2013, na “Portugalglobal”.

formato iPaper

formato PDF

RADIOGRAFIA DO NOVO PARADIGMA EMERGENTE

Page 8: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

DESTAQUE Portugalglobal nº818

AORPDAS NOVAS TENDÊNCIAS AOS NEGÓCIOS GLOBAIS

A Associação de Ourivesaria e Relojoaria de Portugal - AORP é uma entidade privada de carácter associativo que representa

atualmente cerca de 75 por cento dos industriais de ourivesaria de Portugal, contando com cerca de 400 empresas associadas.

dades relacionadas, que se estendem das pe-dras preciosas, estojoaria e maquinaria à arte dos designers e das atividades de formação, entre outras.

Tem como objetivo principal a defesa dos legí-timos direitos e interesses dos seus associados relacionados com o setor da ourivesaria, nor-teando a sua intervenção pelo acompanha-mento da evolução da fileira, estimulando o seu desenvolvimento organizacional, produti-vo e tecnológico.

É a maior associação setorial a nível nacional e centra a sua estratégia de atuação, tanto in-terna como externa, na envolvente económi-ca, cultural e territorial, assumindo um papel

> POR FÁTIMA SANTOS, SECRETÁRIA GERAL DA AORP

A AORP congrega no seu seio ourives e fa-

bricantes de relojoaria, com atividades de fa-

brico, montagem e reparação, mas também

de retalho, comércio grossista e outras ativi-

Page 9: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

DESTAQUEnovembro 2015 9

pró-ativo. Assim, a associação ocupa, cada vez mais, um lugar central nas decisões que afe-tam as suas empresas e a conjuntura setorial, operacionalizando variadas iniciativas de apoio à competitividade setorial, ao crescimento sus-tentado, estabelecimento de parcerias e proto-colos de cooperação.

Neste sentido, assume-se como o motor de uma estratégia de intervenção capaz de mo-tivar novas atitudes e comportamentos empre-sariais mais valorizadores do conhecimento e da inovação, mas também da tradição.

Com esta finalidade, atualmente a associação operacionaliza três grandes eixos de interven-ção considerados como indispensáveis para suscitar a introdução de inovação e da compe-titividade no sector:• Inovação.• Especialização e competitividade da qualifi-

cação.• Internacionalização.

Consciente do seu elevado potencial, a joalha-ria portuguesa renova a sua aposta no saber fazer e na criatividade que a distinguem, para se adaptar às novas necessidades e gerações de consumo.

No âmbito das suas atribuições, a AORP orga-niza anualmente, nos últimos cinco anos, as Jornadas de Ourivesaria, o principal evento de apresentação de temas sobre os desafios e a atualidade do setor de ourivesaria.

Na sua última edição, intitulada “Jewellery Overseas – Navigating the Global Market”, o foco foi colocado nas tendências mais relevan-tes na configuração global do mercado e dos negócios na ourivesaria. E, também, sobre as expectativas crescentes a respeito do cresci-mento e da compatibilidade com os negócios da Moda. Debateram-se as mudanças do mer-cado e a forma como as marcas e a indústria fazem negócios, identificando as principais tendências, adaptando as melhores práticas e reconhecendo os erros a evitar. Em suma, a sua finalidade é identificar o que podem fazer hoje as empresas para estarem entre as ven-cedoras de amanhã.

[email protected]

www.aorp.pt

1

2

3 1. MARCO SOUSA SANTOS

2. “METAMORFOSE” LILIANA ALVES

3. “LOUISE RING” MARIA ANITA

Page 10: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

DESTAQUE Portugalglobal nº8110

Patrícia Domingues e Typhane Le Monnier iniciaram os seus estudos em joalharia em Portugal, na António Arroio e no Ar.Co, respectivamente, e seguidamente decidiram fazer o Mestrado em Belas Artes, Gemologia e Joalharia na Hoschschule

JOALHARIA HOJE

Patrícia Correia Domingues, portuguesa, e Typhaine Le Monnier, francesa, acabam de receber o European Prize for Applied Arts – entre 78 artistas de 18 países –, um dos mais prestigiados prémios internacionais promovido pelo World Crafts Council,

em Mons, na Bélgica.

> POR CRISTINA FILIPE*, PRESIDENTE DA DIRECÇÃO DA PIN – ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE JOALHARIA CONTEMPORÂNEA

Trie, na Alemanha. Ambas são membros da PIN e são dois dos melhores exemplos do que se faz em joalharia contemporânea na actualidade. O seu trabalho é empenhado e rigoroso, e assenta, por um lado, numa tradição histórica e, por outro, numa componente de investigação material e formal inovadora e ambiciosa.

Importa salientar o facto que nenhuma recorre a metais preciosos no seu trabalho recentemente premiado. Typhaine usa mármore e elástico comum e Patrícia materiais sintéticos e naturais reconstruídos. Contudo, estranhamente, por se tratar de joias contemporâneas, este tipo de artefactos corre o risco de ser designado pela RJOC (Regime Jurídico da Ourivesaria e das Contrastarias) de bijuteria, por não incluir metais preciosos.

Na última reunião da CTO (Conselho Técnico de Ourivesaria), em que a PIN esteve presente

1 ©Foto: S. Morawetz

Page 11: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

DESTAQUEnovembro 2015 11

para esclarecimento sobre o Novo Regime Jurídico da Ourivesaria e das Contrastarias, constatámos que a joalharia contemporânea, na nova legislação, muito embora apareça indicada como sendo realizada por um artista joalheiro, continua a ser objecto de uma série de normas desadequadas e muitas vezes inviáveis caso integre materiais preciosos.

É por isso lamentável que, mesmo com mem-bros da PIN reconhecidos internacionalmente e das profundas transformações que se têm dado no campo das artes, não se tenha ain-da conseguido clarificar que uma joia não tem que ser de ouro e/ou de prata e que o termo joalharia sofreu uma ruptura etimológica e que não deve nem pode abranger apenas artefac-tos em metais preciosos.

Importa ainda referir que os artistas contem-porâneos, quando usam ouro e prata nas suas

obras, não procuram potenciar o seu valor ma-terial, mas sim o seu sentido plástico e simbóli-co, pelo que não deveriam estar sujeitos a uma catalogação análoga a uma marca ou casa de joalharia, seja ela mais tradicional ou industrial.

A PIN, que já conta com uma década de traba-lho, tem procurado criar uma consciência critica que ajude a integrar a joalharia contemporânea no contexto das artes. Neste sentido, foram muitas as exposições, os encontros, os simpó-sios, os cursos, os workshops e os intercâmbios que tem promovido, esperando assim prosse-guir com os seus objectivos, com o apoio dos seus membros e dos organismos institucionais, pois muito ainda está por fazer.

* A autora escreve de acordo com a antiga ortografia.

[email protected]

www.pin.pt

2 3

1. COLAR “ESTUDOS PARA VÉNUS” (MÁRMORE ESCULPIDO E CORTADO A ÁGUA, ELÁSTICO) - 2015, TYPHAINE LE MONNIER

2. ALFINETE “SET FREE & MATTER” (NECURON, AÇO) - 2014, PATRÍCIA CORREIA DOMIGUES

3. ALFINETE “MANY & DELIBERATED” (NECURON, AÇO) - 2015, PATRÍCIA CORREIA DOMIGUES

©Foto: Manuel Ocaña©Foto: Manuel Ocaña

Page 12: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

DESTAQUE Portugalglobal nº8112

A palavra filigrana significa grânulos dispostos em fio ou fila. Para se conseguir esse efeito, colocam-se dois fios de ouro ou prata da es-pessura dum cabelo juntos, e com a ajuda de duas tábuas, num movimento de “vai vem”, se enrolam um no outro dando a ilusão de grânu-los sequenciais.

É bem possível que as principais técnicas de fabrico de ourivesaria, (repuxo, soldadura, granulação e filigranação) tenham nascido na antiga Mesopotâmia, hoje território do sul do Iraque, e tenha irradiado para todos os povos. Para o mediterrâneo e ocidente, com os fení-cios, para oriente por mercadores e posterior-mente para a costa oriental de África por ára-bes e indianos.

Os etruscos (povo que antecedeu os romanos) desenvolveram a granulação à máxima perfei-ção, que consistia em soldar milhares de micros-cópicos grânulos em pequenas joias, formando figuras geométricas, isomórficas ou florais, ten-

Filigrana portuguesa UMA ARTE MILENAR

A filigrana é a arte de trabalhar o ouro e a prata através de delicados fios destes materiais, finamente entrelaçados e em pequeninas bolas de metal, soldadas de forma a compor um

desenho, que acabam por formar peças elaboradas e variados modelos com uma estética única. Foi utilizada na joalharia desde

a Antiguidade greco-romana.

do esta técnica desaparecido. Posteriormente apareceram imitações de qualidade muito infe-rior, apesar de tudo também muito bonitas. A filigrana dá o mesmo aspeto estético da granu-lação, mas com muitíssimo menos trabalho.

Se os etruscos foram o expoente máximo na granulação, os portugueses são atualmente os que fabricam a mais fina e bela filigrana de todo o mundo e de todas as culturas.

Nas oficinas fabricam os esqueletos (contornos exteriores) das peças que entregam a senhoras, juntamente com o fio torcido (filigrana), as quais, com uma enorme habilidade manual, entalam com a ajuda duma pinça, aquele fio dentro dos referidos esqueletos. Depois de preenchidos os espaços com a filigrana formando belíssimas fi-guras, a peça volta à oficina onde é acabada.

O maior segredo, consiste em soldar todos os finíssimos fios uns nos outros, sem os adulte-rar, fabricando uma peça compacta.

De realçar que apesar do delicado e minucioso trabalho da filigrana, estas joias aparecem nas montras das ourivesarias a preço inferior à maio-ria das importadas, geralmente feitas em série.

Sobre o autorManuel Freitas é um dos ourives mais conheci-dos do país. Formado em Economia pela Facul-dade do Porto, assumiu em 1969 o negócio do tio, homem abastado que em 1920 fundou em Viana do Castelo a Ourivesaria Freitas. O então inspetor bancário passou a gerir a empresa, ao

> POR MANUEL RODRIGUES DE FREITAS, OURIVES

1. CORAÇÃO EM FILIGRANA

1

Page 13: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

DESTAQUEnovembro 2015 13

> POR ANA ALBUQUERQUE, ESCULTORA E JOALHEIRA*

mesmo tempo que lecionava Economia e Con-tabilidade na antiga Escola Comercial de Viana do Castelo. Em 2011 doou ao município de Viana do Castelo toda a sua coleção: cerca de 650 peças de ouro popular e tradicional (www.museudaourivesaria.com). De entre a cole-ção, contam-se sobretudo dezenas de peças em ouro popular, mas também outras mais traba-lhadas, de entre as quais um pesado colar de gramalheira e custódia. Manuel Rodrigues de Freitas é coautor de duas obras fundamentais: “Ouro Popular Português” (Lello Editores, 2008) e “Ourar e Trajar” (Uniarte Gráfica, 2011).

A JOALHARIA COMO FORMA DE COMUNICAÇÃO

Ana Albuquerque é escultora de formação mas o seu

percurso assenta na joalharia, numa ótica multidisciplinar.

Dedica a sua pesquisa a objetos de pequena escala, tendo particular interesse por palavras como subtil,

particular, delicado, e se se tratasse de sons, estes estariam

mais perto do sussurrar, da brisa ou até do silêncio.

O nosso corpo, o modo como o percepciona-mos e como com ele nos relacionamos, des-de os delicados alimentos que saboreamos ao tocar das coisas e pessoas, à própria ima-terialidade, são descobertas de conhecimen-to e experiência, que embora a nossa razão desconheça de imediato, abrem no entanto o caminho para formas subtis de criação. Neste percurso de saber, a joia adquire o seu mais elevado estatuto. E neste processo va-lorizo, essencialmente, a aprendizagem e a descoberta ao longo do processo criativo e da sua realização.

Page 14: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

DESTAQUE Portugalglobal nº8114

Gosto de fixar as formas num material simbólico, antigo, eterno e poderoso. Talvez como contra-ponto a uma fragilidade que vou encontrando no tempo. Ser mulher interessa-me, não saberia ser homem. Creio que esta perceção de género foi acontecendo naturalmente, e a parceria com a Valentina Garcia, na criação da MEET, empre-sa e marca de joalharia contemporânea, tornou possível acreditarmos que este projecto poderia ajudar a exponenciar algumas ideias que temos sobre a forma como as mulheres são vistas e como se movem, hoje, na sociedade.

A linguagem da joalharia adequa-se a este tópico de um modo muito próprio, proporcio-nando-lhe uma particular compreensão de inti-midade, no momento da aquisição, do uso, na escala e na relação com o corpo. Como qual-quer objecto estético, pode ter várias camadas de leituras, talvez por isso seja melhor exempli-ficar com dois projectos, que podem contribuir para ajudar revelar e clarificar estas afirmações.

“Decotes” foi um projecto expositivo realiza-do para o Museu Nacional do Traje, de Lisboa, em 2008. Tem como referência a linha subtil do decote que separa o público e o privado e o modo como estes reflectem a liberdade e a afirmação da mulher na sociedade, que nem

sempre as respeitam. Estes desenhos de de-cotes, que passaram a colares, foram tirados directamente de uma t-shirt, de um vestido do início dos anos 70 (da colecção do Museu Nacional do Traje de Lisboa) e de uma cami-sola de malha.

A capacidade que as joias têm de sintetizar saber passa ao longo de gerações, transporta-nos da materialidade para a imaterialidade, do particular para o universal. Encontra-se de um modo explícito, e talvez mais fácil de compre-ender, no projecto realizado para o Santuário de Fátima o “Terço Azinheira” em 2013. Os objectos que participam no culto têm em si formas e saberes que participam do misterioso, e da espiritualidade que lhes é inerente, aju-dando a marcar o que intuímos.

Nesta medida, considero o trabalho em joalha-ria como resultado de processos de investiga-ção, maturação e produção, bastante lentos, é certo, mas amadurecidos no saber, o que é muito estimulante.

* A autora escreve de acordo com a antiga ortografia.

[email protected]

www.meetjewelry.com

1. “DECOTE #2” (OURO 800 E LINHA), ANA ALBUQUERQUE

2. “DECOTE #1” (OURO 800 E LINHA), ANA ALBUQUERQUE

1 2

Page 15: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

DESTAQUEnovembro 2015 15

JOALHARIA CONTEMPORÂNEACASOS PORTUGUESES

DE SUCESSO

Joalharia é uma palavra polissémica, isto é, reúne em si vários sentidos e significados, que vão do mais tradicional ao mais atual. Joalharia inclui as grandes marcas, a joalharia casual ou mesmo a bijutaria, tipos vários de design e a designada

joalharia contemporânea. O marketing e a evolução de mercados segmentados, geram todos os dias novos atrativos e nichos

dirigidos a diferentes tipos de procuras.

tradições, seja por adopção de novos proces-sos projectuais e tecnológicos. Por outro lado, novas formas de arte, e a própria joalharia contemporâneas, surgem a partir do momen-to em que se dão transfigurações significativas na arte. E estas, em grande medida, definem o que é arte: uma contínua ruptura de tradições artísticas, como dizia Walter Benjamin.

A joalharia contemporânea é por natureza ar-tística e encerra novos sentidos criativos, como sejam símbolos criados e nela incorporados. Transfigura meios e materiais em conteúdos que comunicam connosco de modos inespe-rados. Não é fácil compreendê-la sem ter em conta as identificações e as intenções de cada joalheiro. E embora o design cada dia mais se entrelace com a arte, não aposta em criar sen-

> POR ANA CAMPOS*, INVESTIGADORA EM JOALHARIA CONTEMPORÂNEA

COLAR “BODILY NATURE”, CARLA CASTIAJO

Assim vemos que a palavra contemporâneo/a

tem dois sentidos. De um lado, indica algo ou

alguém que vive em simultâneo connosco, de

modo dinâmico e, neste sentido, podemos re-

ferir a inovação em design, seja por desafio a

Page 16: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

DESTAQUE Portugalglobal nº8116

tidos de difícil leitura, pois esses sentidos serão atribuídos pelos receptores a partir de memó-rias ou de dádivas. Este é, aliás, um modo de distinguir arte e design em joalharia.

As novas formações, sobretudo as do ensino superior até ao MFA – Master of Fine Arts – com disciplinas teóricas, projectuais e tecnoló-gicas, abrem novos caminhos: incrementam a maturação reflexiva do futuro autor e poten-ciam a progressão e dispersão da joalharia por-tuguesa pelo mundo, nomeadamente por via de estratégias de marketing.

Os três casos (entre tantos outros) que apre-sento evidenciam a necessidade de formações avançadas, como também de estágios e de empenho inventivo a vários níveis entrelaça-dos. Salientam escolhas de caminhos pessoais. Dirigem-se a diferentes públicos e mercados.

Liliana Guerreiro e Áurea Praga situam-se em diferentes campos do design. A primeira, vai te-cendo morfologias em filigrana, uma técnica an-cestral e manual. Dá ampla resposta a mercados internacionais em colaboração com os irmãos Rodrigues da Silva, dois ourives de Travassos, Pó-voa de Lanhoso. Aposta num design social.

Já Áurea Praga apostou em projectos digitais. Contou com uma parceria entre a ESAD de Matosinhos e o Projecto Gradouro, Universi-dade do Minho. Recorreu a um gradiente de cor em ligas de ouro, bem como a um trata-mento superficial colorido. Utilizando meios digitais, consegue formas e conjugações que dificilmente seriam executadas manualmente. Há uma aposta no projecto que reduz meios tecnológicos e económicos.

Carla Castiajo aposta no campo de arte. Tem, igualmente, implantação internacio-nal, neste caso em galerias de joalharia. Há muito que trabalha com cabelo, uma maté-ria resistente ao tempo, já usada sobretudo na fase Vitoriana. Sabe que o cabelo é uma matéria cultural simbólica. Remete-nos para pudor, limpeza, repugnância, afecto, erotis-mo e tantas outras normas. Transfigura es-ses símbolos culturais em símbolos poiético-artísticos (sob a forma de objecto de arte), desafiando-nos a ingressar em experiências estéticas em que interpretaremos complexas e inesperadas conexões de sentidos.

* A autora escreve de acordo com a antiga ortografia.

1. ANEL “TOPOGRAPHY OF A WOMAN”, AUREA PRAGA

2. PENDENTE, LILIANA GUERREIRO

1

2

Page 17: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

DESTAQUEnovembro 2015 17

1. MANUFATURA DE PEÇAS NA ELEUTERIO

Esta herança foi defendida pelas gerações se-guintes, que hoje se encontram à frente da empresa e que dão continuidade não só ao projeto empresarial do seu fundador, como também às grandes tradições da joalharia portuguesa.

ELEUTERIOUMA HISTÓRIA DE SUCESSO

NA JOALHARIA

A Eleuterio foi fundada em 1925, na Póvoa do Lanhoso, no distrito de Braga, por Eleuterio Antunes, que ali criou a sua

própria oficina numa região conhecida pelas suas tradições de joalharia artesanal e como berço da filigrana, a arte ancestral de

trabalhar fios de ouro. Hoje, a Eleuterio, é uma empresa moderna e inovadora, voltada para os mercados.

> POR LUÍS ANTUNES, CEO DA ELEUTERIO

A chegada de novas tecnologias para trabalhar o ouro, que já não requerem o trabalho do ar-tesão de filigrana, levou a empresa a focar-se em soluções que pudessem preservar esta arte manual milenar, a qual assegura a produção de peças únicas, porque feitas à mão.

Foram criados novos modelos, diferentes dos desenhos tradicionais, apostou-se em filigrana com outras cores de ouro, acrescentaram-se diamantes às peças. Esta inovação no design, tendo por base a tradição da filigrana, foi bem acolhida e permitiu uma abordagem mais di-nâmica do mercado interno, que se encontrava circunscrito aos mesmos temas de sempre.

Desenvolvemos um conceito de marca à vol-ta da arte da filigrana e manteve-se o nome

1

Page 18: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

DESTAQUE Portugalglobal nº8118

da empresa em homenagem ao seu fundador, pelo prestígio e excelência que a ele estavam associados. Definiu-se uma estratégia de inter-nacionalização e abriram-se as portas dos mer-cados internacionais.

Neste sentido, a marca esteve presente em vá-rias feiras Internacionais e conseguiu estabelecer negócios com ourivesarias em novos mercados, o que mostrou a necessidade de neles criar liga-ções fortes através de contratos com agentes/distribuidores locais, que possam acompanhar de perto os retalhistas. Foi assim que integra-mos na nossa estratégia a opinião e a experiên-cia dos nossos parceiros internacionais.

Contudo, neste processo de abordagem aos novos mercados, tornou-se para nós eviden-te o quanto é fundamental não descurar o mercado interno, porque é nele que se pode alicerçar uma dinâmica sustentada de sucesso e crescimento, que por sua vez será replicada nos mercados externos, potenciando assim um

aumento significativo das vendas e a consoli-dação de uma marca de cariz internacional.

No mercado nacional desenvolvemos uma rede de clientes nas melhores ourivesarias que trabalham marca topo de gama internacionais e em relação ao mercado internacional esta-belecemos acordos de distribuição com agen-tes em vários mercados: EUA, Canadá, França, Bélgica, Luxemburgo, Áustria, Alemanha, Suí-ça, Polónia, Reino Unido, Israel e Rússia.

Por outro lado, em termos de marketing, a atu-al estratégia de internacionalização da empresa assenta, cada vez mais, na necessidade de criar histórias de sucesso no mercado interno, pois a internacionalização da nossa marca e produtos passa necessariamente pela internacionalização da história de sucesso da marca Eleuterio.

[email protected]

www.eleuteriojewels.com

1. BRINCOS COUTURE, ELEUTERIO

2. MANUFATURA DE PEÇAS NA ELEUTERIO

1 2

Page 19: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

DESTAQUEnovembro 2015 19

1. COLAR MINI BOCAIS, LILIANA GUERREIRO

2. ANEL HERBÁRIO, LILIANA GUERREIRO

O meu percurso profissional teve início logo após a conclusão do curso de Design de Joias pela ESAD – Escola Superior de Artes e Design de Matosinhos, fazendo parte da primeira tur-ma de licenciados na área em Portugal.

Pouco mais de uma década depois, tenho or-gulho em destacar alguns prémios e reconheci-mentos ao meu trabalho. A primeira distinção que recebi aconteceu em 2007, altura em que conquistei o 1º Prémio no I Concurso Interna-cional da Filigrana, um desafio que teve lugar em Póvoa do Lanhoso. Este é também o berço das minhas criações, onde mantenho uma par-ceria com uma oficina de artesãos que traba-lham com perícia a arte da filigrana.

O trabalho de reinterpretação da filigrana tem despertado também a curiosidade internacio-nal. O caminho além-fronteiras da marca co-meçou a ser percorrido de forma natural e gra-dual, tendo sido iniciado com a participação na Exposição Mundial de Saragoça, em 2008. Dois anos depois, fui convidada a colaborar num vídeo promocional de Portugal para a Ex-posição Mundial de Xangai.

Foi também em 2010 que parti à conquista do mercado dos EUA, com a participação na expo-sição “Destination Portugal” no museu MoMa,

REINVENÇÃO DA FILIGRANA

Liliana Guerreiro criou a sua marca de joalharia contemporânea há 13 anos, inspirada na tradição ancestral da filigrana.

> POR LILIANA GUERREIRO, ‘DESIGNER’ DE JOIAS / MARCA LILIANA GUERREIRO

em Nova Iorque. A ótima aceitação das joias inspiradas na filigrana portuguesa num dos mercados mais competitivos no mundo na área da joalharia teve um importante retorno para a marca Liliana Guerreiro neste mercado. Esta ex-periência motivou-me depois a submeter uma candidatura ao QREN, aprovada em 2013, que me permitiu traçar uma estratégia de interna-cionalização mais consolidada.

Em 2014 tive oportunidade de participar no evento LOOT – MAD About Jewelry, a maior montra internacional de joalharia contempo-rânea. Apenas 50 designers são convidados a expor o seu trabalho neste evento e eu fui a pri-meira portuguesa a participar. No final do even-to recebi a notícia que as minhas joias tinham sido selecionadas para ficarem à venda em per-manência na loja oficial do museu. Um passo gigante acompanhado pelo convite do Museu de Chicago, atualmente também um ponto de venda neste mercado. Além dos mercados asi-ático e dos EUA, a minha marca está presente em Portugal, Espanha, Itália, Bélgica, Dinamar-ca, Alemanha, Hungria, Áustria e Coreia do Sul.

Tenho sentido um enorme respeito pela in-dústria da joalharia portuguesa lá fora. É-nos reconhecido o talento mas também a nobre-za da matéria-prima que usamos e as técnicas artesanais com que os trabalhamos. Isso faz a diferença para o consumidor que quer parti-lhar connosco a riqueza cultural de Portugal.

Tenho dedicado toda a minha carreira ao es-tudo da arte da filigrana e à sua reinterpreta-ção, com o objetivo de criar peças adaptadas à sociedade contemporânea, eternizando-as. Recentemente apresentei novidades na minha coleção, com peças pautadas pelas linhas mi-nimais, que apostam na força dos detalhes. Peças pensadas para o quotidiano, descompli-cadas, versáteis e intemporais.

www.lilianaguerreiro.com

1

2

Page 20: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

DESTAQUE Portugalglobal nº8120

MANUEL ALCINO & FILHOSOURIVESARIA COM TRADIÇÃO

E MODERNIDADE

Manuel Alcino Sousa e Silva fundou, em 1902, a sua

oficina de ourives na Rua Barão de S. Cosme, no Porto. Foi o início de uma empresa

familiar com uma história com mais de cem anos e com grande tradição em

matéria de arte e qualidade, que elegeu a prata como a sua matéria-prima, a qual ganha forma e beleza em

peças decorativas e de mesa, na arte sacra e nas peças de

autor, bem como no restauro.

Trabalhamos a prata há um século, crian-do peças de arte com histórias para contar, imaginários que preenchem e dão encanta-

> POR MANUEL ALCINO, PRESIDENTE EXECUTIVO DA MANUEL ALCINO & FILHOS

Page 21: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

DESTAQUEnovembro 2015 21

mento à vida de todos os dias. O segredo está nas mãos que, com firmeza e suavidade, seduzem a prata e lhe atribuem uma forma e uma alma. A prata, segundo os antigos, tem uma relação direta com a lua, onde vai buscar a sua essência feminina. Para quem a trabalha, são gestos que se repetem e se in-teriorizam, num aperfeiçoamento constante e sempre inovador.

Temos uma filosofia para os objetos que pro-duzimos – “Se há coisas úteis que não são be-las e muitas coisas belas que não são úteis, há também coisas que são belas e úteis ao mesmo tempo…” (Ribeiro e Silva, 1980) – e somos de-safiados todos os dias com projetos próprios ou de artistas, cabendo-nos a nós captar a es-sência de cada projeto e apresentar soluções para a sua melhor concretização.

A Manuel Alcino & Filhos desde sempre convi-veu com criadores, escultores, pintores e arqui-tetos de renome, e por isso possui no seu por-tefólio diversos objetos exclusivos, que muito nos honram.

Além de produzir peças próprias e de autor, a nossa empresa especializou-se, desde a dé-cada de 60, na realização de objetos sacros de grande significado artístico, bem como na arte do restauro, que devolve às peças as suas qualidades estéticas originais através da aplicação de técnicas an-cestrais executadas por experientes artífices, os quais respeitam por inteiro a história e a iden-tidade do objeto.

Procuramos adaptar-nos sempre às necessida-des do mercado e criar peças que aliem a tra-dição à modernidade, e que satisfaçam o gos-to dos clientes, como no segmento dos bens de luxo, em que a relação tempo-qualidade é cada vez mais importante, com uma execução rápida e um produto final de excelência, que superem as expectativas.

Temos trabalhado ao longo dos anos com gros-sistas e armazenistas, para o retalho, e marca-mos presença nas feiras nacionais e internacio-nais, mas a abertura da nossa primeira loja em 2011 – a ALCINO – na Praça da Liberdade, no Porto, foi fundamental para a aproximação ao cliente final, tanto no mercado interno como externo. Assim, queremos continuar a desen-volver peças e projetos, que não só surpreen-dam como nos tornem uma referência de qua-lidade e excelência no âmbito da ourivesaria.

www.alcino.com

Page 22: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

DESTAQUE Portugalglobal nº8122

APIO Associação Portuguesa da Indústria de Ourivesaria

A APIO tem uma história que remon-ta a 1941. Em anos recentes a APIO remodelou o seu espaço formativo, criou as necessárias infraestruturas, equipou-se, e dispõe de uma equipa de formadores certificados pelo IEFP. Nesta medida, pretende-se que os for-mandos sejam capazes de criar peças e utilizar materiais e ferramentas na execução de joias.É dado especial enfase às técnicas da ourivesaria tradicional portuguesa, uma vez que a qualidade dos ouri-ves e dos joalheiros portugueses é reconhecida internacionalmente, não se devendo perder, tanto mais que é uma importante aliada da joalharia contemporânea.

Tel.: +351 213 469 820 +351 213 243 180

[email protected]

AR.CO Centro de Arte e Comunicação Visual

O Ar.Co nasceu em 1973 como escola de arte independente. A natureza alter-nativa do projeto pedagógico centra-se

ESCOLAS DE JOALHARIA

A indústria portuguesa de ourivesaria e joalharia começa a investir na modernização e desenvolvimento da sua estrutura empresarial, um esforço de que faz parte incontornável não só o aumento de mão-de-obra especializada, capaz de acelerar de forma consistente o desenvolvimento tecnológico e a inovação, como também a criatividade e o ‘design’ que permitem um encontro fecundo entre a

tradição e a contemporaneidade. Nesta medida, a oferta em matéria de Formação, a todos os níveis da atividade,

é estratégica e fundamental para que o setor possa afirmar-se, respondendo internamente ao desafio da concorrência internacional e competindo com sucesso

no mercado global.

numa forte ênfase conferida à experi-mentação prática e numa conceção do ensino artístico. Além do ensino de outras disciplinas no domínio das artes e da comunicação visual, tem um curso regular de três anos no qual os alunos adquirem progressivamente, por via do treino prático, um conhecimento téc-nico da joalharia na sua diversidade de expressões, tradicionais e contemporâ-neas, na ótica do desenvolvimento de uma linguagem autoral e de uma refle-xão sobre a joalharia, as suas teias sim-bólicas e sobre o valor atribuído à joia no panorama da arte contemporânea.

Tel.: +351 218 801 010

[email protected]

Centro de Joalharia de LisboaO objetivo da formação, que vai da joa-lharia de autor à de técnico e criativo de alta joalharia, é a aquisição de compe-tências artísticas e técnicas na criação e execução de joias, com recurso a técni-cas utilizadas em alta joalharia, seja com recurso a metais nobres ou materiais alternativos. Os cursos assentam nos conceitos da joalharia com autoria pró-pria e no desenvolvimento de design, meios técnicos e materiais tradicionais, contemporâneos e alternativos. A for-mação artístico-profissional está direcio-

nada para a alta joalharia, com vários ní-veis de formação, nomeadamente com saída profissional de Técnico e Criativo de Alta Joalharia, enquadrando-se o curso no Regulamento das Contrasta-rias, para obtenção de punção e exercí-cio de direção técnica em oficina, como “Industrial de Ourivesaria”.

Tel.: +351 916 229 417 +351 213 929 673

[email protected]

CINDOR Centro de Formação Profissional da Indústria de Ourivesaria e Relojoaria

O Cindor nasceu em 1984 através de uma parceria do Instituto de Emprego e Formação Profissional e da Asso-ciação da Ourivesaria e Relojoaria de Portugal, com o intuito de formar pro-fissionalmente jovens para a área da ourivesaria e relojoaria. É reconhecido pelo seu auxílio na formação de pro-fissionais e por promover as qualifica-ções dos mesmos, aumentando assim os recursos humanos na área. É o úni-co centro de formação profissional es-pecificamente instituído para o setor da ourivesaria, joalharia e relojoaria.

Page 23: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

DESTAQUEnovembro 2015 23

Aliando tradição e inovação, forma recursos humanos especializados, pro-movendo cursos de formação de ele-vada qualidade para jovens e adultos, bem como para empresas.

Tel.: +351 224 662 730

[email protected]

www.cindor.net

Contacto de Autor Escola e Galeria de Joalharia

Cria e desenvolve projetos de forma-ção baseados em técnicas tradicionais e inovadoras, com o uso de materiais preciosos e alternativos, aplicados aos conceitos de Joalharia Contemporâ-nea de Autor. O método de formação da Contacto de Autor baseia-se na execução de exercícios técnico-práti-cos complementados com disciplinas teóricas e workshops de iniciação à joalharia, modelação 3D (blender), acrílicos, silicone e resinas, cravação, anodização de metais, filigrana, cro-ché em metal e esmaltes. O acompa-nhamento é individualizado, pelo que é possível fazer a inscrição em qual-quer altura do ano letivo.

Tel.: +351 933 404 899

[email protected]

Engenho & Arte Escola de Joalharia Contemporânea

A Engenho & Arte é uma instituição privada que nasce do sonho de im-pulsionar a joalharia contemporânea através do seu ensino, preservando as ancestrais técnicas portuguesas ainda em uso, mas em vias de desaparece-rem por manifesta falta de seguidores. Nesta oficina-escola, o aluno tem ao

seu dispor todas as máquinas e ferra-mentas necessárias para aprender a executar tanto as técnicas mais anti-gas de joalharia como as mais recen-tes. Com a duração mínima de 2 anos, o seu Curso Profissional de Joalharia vai da Iniciação Técnica à Joalharia, passando pelas técnicas de joalharia e finalmente pela qualificação técnica.

Tel.: +351 225 090 577

[email protected]

www.engenhoearte.com

ESADEscola Superior de Artes e Design de Matosinhos

Desde a sua fundação, em 1989, a ESAD é uma referência no campo do design e das artes, em Portugal e não só. O reconhecimento internacional da sua formação confirma-se pelo sucesso dos seus ex-alunos, associados a em-presas e marcas de referência. Por ou-tro lado, todos os anos, a ESAD parti-cipa em concursos nacionais e interna-cionais, seja na área da joalharia, seja do design de comunicação, interiores, moda, artes digitais e multimédia. A ESAD vem estabelecendo cada vez mais parcerias com entidades públicas e privadas, na consciência do papel da escola como interface entre a socieda-de civil, a indústria e o mercado.

Tel.: +351 229 578 750 |

[email protected]

Escola Artística António Arroio A Escola Secundária Artística António Arroio é uma escola do ensino secun-dário artístico especializado. Afirman-do-se como espaço aberto à criativi-

dade e inovação, continua a revelar-se como espaço de aprendizagem onde os alunos desenvolvem livremente a imaginação e a capacidade criativa, e alcançam competências que os tor-nam capazes para prosseguir estudos no ensino superior e para o exercício de atividades no campo artístico. A disciplina de Projeto e Tecnologias, no programa da especialização em Ouri-vesaria, integra o núcleo fundamental da componente de formação técnico-artística do plano de estudos do Cur-so de Produção Artística. A formação desenvolve-se em torno de três con-ceitos estruturantes: o património, a tradição e contemporaneidade.

Tel.: +351 218 160 330

Escola Artística de Soares dos ReisA atual Escola Secundária Artística de Soares dos Reis foi criada oficialmente em Janeiro de 1884. Atualmente, como Escola Especializada de Ensino Artístico, a Soares dos Reis está vocacionada para o ensino e a prática das artes visuais e oferece atualmente quatro cursos artís-ticos especializados: Curso de Comu-nicação Audiovisual, Curso de Design de Comunicação, Curso de Design de Produto e Curso de Produção Artística. Entre os cursos profissionais, o técnico de joalharia/cravador é o profissional que, respeitando as normas do ambien-te e de segurança, higiene e saúde no trabalho, está apto a executar, reparar e decorar peças ou componentes de peça de joalharia em metal precioso, inéditos ou de reprodução, únicos ou múltiplos, e com ou sem mecanismos de suporte.

Tel.: +351 225 371 010

[email protected]

www.essr.net

Page 24: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

PUBLICIDADE Portugalglobal nº8124

A globalização tornou crítica a ne-cessidade de as empresas, indepen-dentemente da sua dimensão, se posicionarem e operarem à escala in-ternacional. Daqui resultam processos de internacionalização normalmente muito exigentes em recursos huma-nos e financeiros, pelo que devem ser especialmente bem preparados.

Em primeiro lugar, há que conhecer o mercado. Mesmo que exista experi-ência com parceiros locais, é essencial ter a certeza de que existe uma base de conhecimento suficiente sobre a organização do mercado, a estrutura dos concorrentes, os gostos dos con-sumidores, as práticas de negócio e o enquadramento regulamentar, adua-neiro e fiscal da atividade.

As empresas com experiência em pro-cessos de internacionalização sabem, por vezes com base em prejuízos pas-sados, que as fontes de informação li-vremente disponíveis são normalmen-te genéricas, pouco aprofundadas e, acima de tudo, não foram preparadas especificamente para o seu projeto. É por isso que muitas empresas recor-rem a especialistas em “market dilli-gence” ou “market entry strategy”. Neste tipo de trabalhos, os nossos clientes pedem-nos informação tão detalhada como: quotas de mercado,

evolução de preços, evolução de es-trutura competitiva (M&A), impacto da situação económica no setor/ne-gócio, impacto das políticas públicas no mercado. Estes estudos envolvem também entrevistas com players locais ou com potenciais clientes, conse-guindo dessa forma informação pre-cisa sobre as matérias que realmente poderão contribuir para avaliar o po-tencial de sucesso do seu negócio.

Em muitas situações, a estratégia de en-trada no mercado passa pela aquisição de uma empresa local. Neste cenário, e mesmo quando já existiam relações comerciais anteriores, os riscos normal-mente associados a uma operação de aquisição são potenciados pelo facto de esta ter lugar num mercado externo, em que a envolvente financeira, fiscal e de compliance muitas vezes têm ver-tentes completamente novas face à ex-periência de negócio de quem compra. A abordagem à operação de aquisição deve ser sempre precedida pelas clássi-cas análises de due diligence financeira e fiscal, devendo estas ser complemen-tadas pelas seguintes avaliações:

Due diligence comercial – análi-se de fatores comerciais externos que poderão ter impacto na tran-sação, a nível da indústria, produ-to, consumidor, mercado e con-

INTERNACIONALIZAR COM SUCESSO: CONHECER MERCADOS, PREVENIR RISCOS

correntes. Análise às projeções da gestão e à viabilidade do plano de negócios. Identificação de riscos e oportunidades associados ao in-vestimento.

Due diligence de capital humano – consiste na identificação e quantifi-cação de questões relacionadas com recursos humanos com impacto no preço, incluindo custos implícitos, bem como a análise e avaliação de perfis e competências da estrutura a ser adquirida. Inclui também apoio na definição do plano de integração e na otimização dos custos salariais do novo negócio, pós-transação.

Due diligence dos sistemas de in-formação – avaliação da função de IT, nível de competências e dimen-sionamento da estrutura existente face à operação atual e futura, e sua implicação nas necessidades de CAPEX reportadas

Due diligence ambiental – identifica-ção de riscos ambientais associados com a operação da empresa, avaliar conformidade legal e eventuais con-tingências, identificar medidas corre-tivas e eventual custo associado

Assim como os ganhos potenciais de um processo de internacionalização bem conduzido podem ser determi-nantes para o sucesso futuro da em-presa, as perdas associadas a projetos sem preparação prévia já foram em várias ocasiões determinantes no insu-cesso de empresas com negócios está-veis no mercado interno. É preferível que o custo dessa preparação seja apenas uma rubrica adicional num plano de investimento bem sucedido e não um prejuízo irrecuperável num projeto que fracassou por falta de in-formação detalhada, independente e preparada por especialistas.

> POR MIGUEL FARINHA, PARTNER, TRANSACTION ADVISORY SERVICES

> POR FLORBELA LIMA, PARTNER, TRANSACTION ADVISORY SERVICES

Page 26: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

ENTREVISTA Portugalglobal nº8126 MERCADOS Portugalglobal 8026

ENRIQUE SANTOS

Presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso Espanhola

“Relações Portugal-Espanha são uma prioridade na agenda

dos dois governos”

Page 27: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

ENTREVISTAnovembro 2015 27

Como caracteriza as atuais relações econó-micas entre Portugal e Espanha e de que forma podem ser potenciadas?

Apesar das enormes dificuldades que nos últi-mos anos atravessámos, espanhóis e portugue-ses, a realidade é que as relações económicas e comerciais entre ambos os países continuam muito ativas e com uma clara tendência para crescerem, como comprovam os dados oficiais espanhóis relativos ao comércio bilateral. Nos sete primeiros meses deste ano o comércio bilateral situou-se nos 16.831,1 milhões de euros, dos quais 10.502,2 milhões de euros correspondem às vendas espanholas e 6.328,8 milhões de euros às vendas portuguesas. E não só assistimos ao valor mais alto de sempre do comércio entre os dois países, como também se constata um maior equilíbrio na balança comercial que tradicionalmente sempre foi fa-vorável a Espanha (atualmente a taxa de cober-tura situa-se nos 165,9 por cento quando, por exemplo, em 2008 rondava os 180 por cento). As vendas portuguesas para Espanha nos sete primeiros meses do ano cresceram 8,8 por cen-to, enquanto as vendas espanholas apenas au-mentaram 2,3 por cento. É bem provável que este ano consigamos superar os 29.000 mi-lhões de euros de transações comerciais tendo como base a evolução destes primeiros meses.

Também o investimento dá sinais de algum di-namismo. Em 2014, o investimento bruto es-panhol em Portugal terá superado os 732 mi-

lhões de euros, bem superior aos 339 milhões registados em 2013. No primeiro semestre des-te ano os investimentos brutos espanhóis em Portugal já superam os 212 milhões de euros e dirigiram-se principalmente para os setores da construção, serviços financeiros e petroquími-

“Não só assistimos ao valor mais alto de sempre do comércio entre os dois países, como também se

constata um maior equilíbrio na balança comercial que tradicionalmente sempre foi favorável a Espanha (atualmente a taxa de

cobertura situa-se nos 165,9 por cento quando, por

exemplo, em 2008 rondava os 180 por cento).”

co, etc. Por sua vez, o investimento português em Espanha, em 2014, terá superado os 133 milhões de euros, destinados principalmente aos setores da madeira, comércio retalhista e atividades agrícolas.

Apesar desta evolução positiva das relações bilaterais, existe, naturalmente, muito es-

Em Portugal há cerca de 30 anos, Enrique Santos é presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso Espanhola (CCILE) desde

1998, promovendo o incremento das relações económicas entre os dois países e apoiando cerca de mil empresas associadas.

Enrique Santos afirma que as relações entre Portugal e Espanha serão sempre uma prioridade para os executivos de ambos os países e defende a cooperação entre empresas portuguesas e

espanholas para melhor se posicionarem nos mercados dos PALOP e ibero-americanos.

Page 28: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

ENTREVISTA Portugalglobal nº8128

paço para crescer nos mais diversos domínios e penso, no caso das empresas portuguesas, que o mercado espanhol continua a ser uma oportunidade, designadamente se existirem condições que tornem as empresas mais com-petitivas de forma a enfrentarem o mercado espanhol (apoio financeiro, políticas de incen-tivo e apoio à internacionalização, etc.), que dá sinais de franco crescimento (o FMI mantém as previsões de crescimento do PIB em Espanha de 3,1 por cento para este ano e de 2,5 para 2016). Os empresários portugueses devem aproveitar esta descolagem da economia espa-nhola, que desde 2007 não conseguia taxas de crescimento tão altas. Por exemplo, o sector da construção tem crescido ultimamente 5,8 por cento e o próprio consumo tem aumentado significativamente. Portanto, considero que o mercado espanhol é um terreno fértil para o crescimento de muitas empresas portuguesas.

Permita-me, neste contexto da potencialização das relações económicas entre Portugal e Es-panha, destacar um tema recorrente que me é caro e que se prende com a cooperação en-tre empresas dos dois países. Esta cooperação pode ter os mais diversos formatos desde um simples contrato à formação de joint-ventures, empresas mistas, complementaridade indus-trial, etc. Um dos bons exemplos das vanta-gens desta cooperação encontra-se na facilida-de de acesso aos mercados de terceiros países, no caso de Portugal nos mercados dos PALOP e, no caso de Espanha, no acesso das empresas portuguesas aos mercados ibero-americanos.

Qual o papel da CCILE no apoio e na apro-ximação de empresas dos dois países? Qual o universo de empresas que a Câmara acompanha?

O papel da Câmara é aquele que se espera de uma Câmara de Comércio bilateral. No nosso caso, esse papel está bem definido nos estatu-tos que dizem “a Câmara intensificará o inte-resse mútuo, as relações comerciais, industriais e financeiras, técnicas e tecnológicas, culturais, científicas, turísticas, formação profissional e outras atividades que possam dar um contribu-to ao intercâmbio económico e estreitamento, em todos os campos, dos laços de amizade, entendimento recíproco e solidariedade que tradicionalmente sempre existiram entre os dois países, de acordo com as suas leis, normas e

costumes internacionais”. Com este objetivo te-mos desenvolvido, ao longo destes 45 anos de existência, todo o tipo de ações de apoio às em-presas e temos mantido relações privilegiadas com todas as entidades públicas e privadas de âmbito económico dos dois países, e aqui desta-caria o relacionamento com a AICEP com a qual temos desenvolvido diversas iniciativas de pro-moção das empresas portuguesas em Espanha e de quem temos recebido o apoio necessário em áreas como a informação, formação, etc.

Atualmente, a Câmara de Comércio e Indústria Luso Espanhola tem a sua sede social em Lis-boa, é uma das 38 Câmaras oficiais espanho-las espalhadas pelo mundo e está reconhecida pelo governo português como Entidade de Utilidade Pública. Integram, neste momento, a Câmara cerca de mil empresas associadas, mas mantemos contacto permanente com as empresas exportadoras e importadores e inves-tidores portugueses e espanhóis que atuam no espaço ibérico.

Quais os setores com maior potencial para o incremento deste relacionamento?

Sempre que me colocam esta pergunta tenho muita dificuldade em responder, pois a experiên-cia tem-me demonstrado que as oportunidades poderão surgir em qualquer setor e em qualquer ponto da geografia portuguesa e espanhola.

“Em determinados produtos e serviços é importante

que as marcas portuguesas se ‘espanholizem’ ou se internacionalizem ao

máximo e naturalmente que os produtos e serviços

oferecidos ao mercado espanhol representem um

valor acrescentado claramente percetível em Espanha.”

Veja-se o caso de muitos projetos empresariais de êxito, tanto em Portugal como em Espanha, que surgiram em contextos totalmente adversos. Não tenho dúvidas de que existem oportunida-des para as empresas portuguesas em Espanha e vice-versa, principalmente para as PME que

Page 29: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

ENTREVISTAnovembro 2015 29

encontram no espaço ibérico condições ótimas para se expandirem. Definir os setores é uma ta-refa difícil e nem sempre assertiva. Existem mui-tos fatores exógenos, endógenos, conjunturais, etc. que influenciam positiva ou negativamente o crescimento das empresas, mas arriscaria a in-dicar aqueles que nos últimos anos têm tido um crescimento significativo em Espanha: o turismo, a formação, a saúde, os serviços ligados à tercei-ra idade, equipamentos médicos, equipamentos e comércio eletrónicos, alimentação, setores de alta e média tecnologia, entre outros.

Que ações promocionais vai/poderá a CCILE desenvolver visando o incremento desse re-lacionamento?

Continuaremos a apoiar, como o temos feito até aqui, as empresas portuguesas e espanho-las promovendo todo o género de ações que fortaleçam estes laços e promovam os negó-cios no âmbito das competências das Câmaras de Comércio bilaterais, como sejam as ações de promoção (apoio à participação em feiras, encontros empresariais, missões comerciais, etc.), as ações de formação e de informação (bases de dados, diretórios de empresas, estu-dos setoriais, publicações, etc.) e continuar a promover atividades de caráter mais social (tor-neios de golfe e padel, receções, etc.) às quais os empresários aderem com muito entusiasmo e que são muito úteis para o networking.

Gostaria igualmente de fazer referência ao pa-pel da Câmara de Comércio espanhola em Por-tugal e a sua vinculação à estrutura das Câma-ras de Comércio espanholas que representam o acesso a uma rede de contactos muito vasta que pomos à disposição das empresas. Só em Espanha, a Rede de Câmaras representa 330 pontos de contacto; 96 sedes de Câmaras, 79 Delegações, 57 antenas de Câmaras, 32 centros de formação, 30 outros centros e 38 Câmaras de Comércio oficiais espanholas no mundo. Dispomos de uma plataforma eletrónica “Zona Cámaras” que facilita o contacto nesta extensa rede de Câmaras. Há que ter em conta fora do âmbito das Câmaras espanholas, a rede inter-nacional de Câmaras de Comércio “Eurocham-bres” que tem uma cobertura em 45 países e representa 2.000 Câmaras de Comércio locais e regionais, 20 milhões de empresas e 105.000 empregados. Enfim, uma enorme teia de con-tactos ao serviço das empresas.

Que conselhos pode a CCILE dar aos empre-sários portugueses que pretendam inter-nacionalizar o seu negócio para Espanha? Que condições devem observar? E de que forma poderão contornar o protecionismo que existe em alguns setores em Espanha em relação aos produtos portugueses?

Relativamente à primeira parte da sua per-gunta seria muito presunçoso da minha parte dar conselhos aos empresários portugueses que diariamente, e com grande esforço, estão no terreno e conhecem melhor do que nin-guém as dificuldades da internacionalização. Em termos teóricos, diria aos empresários portugueses que iniciam os seus negócios em Espanha que definam uma estratégia clara para o mercado espanhol e aconselho-os até a recorrerem a consultores especializados e à nossa Câmara, que pode apoiá-los. Devem conhecer e estudar a fundo as caracterís-

Page 30: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

ENTREVISTA Portugalglobal nº8130

ticas do mercado (legislação, incentivos, etc.), a idiossincrasia e os hábitos e atitudes do mercado de consumo. Os empresários portu-gueses têm que ter em conta que, apesar das semelhanças, o mercado espanhol é diferente nalguns aspetos. O mercado espanhol é mais diversificado e, pela sua dimensão geográfica e demográfica e até nível de desenvolvimento, deverá ter uma abordagem mais cuidada. Tem também um alto grau de descentralização po-lítica e económica e tudo isto são fatores que devem ser tidos em conta. Creio, por outro lado, que em determinados produtos e servi-ços é importante que as marcas portuguesas se “espanholizem” ou se internacionalizem ao máximo e naturalmente que os produtos e serviços oferecidos ao mercado espanhol re-presentem um valor acrescentado claramente

Gostaria também de recordar aos empresários portugueses que iniciam a sua entrada em Es-panha que tenham em conta o mercado de toda a faixa fronteiriça que compreende as províncias limítrofes de Pontevedra, Ourense, Zamora, Salamanca, Cáceres, Badajoz, Huelva e Sevilha e que, no seu conjunto, representam um mercado de consumo superior a 5,3 mi-lhões de consumidores e um PIB aproximado que ultrapassa os 100.000 milhões de euros.

Relativamente à segunda questão que coloca, a Câmara desconhece qualquer tipo de prote-cionismo de carácter administrativo ou outro por parte de alguns setores em Espanha, até porque seria ilegal e desde já pedimos às em-presas portuguesas que, no hipotético caso de tal acontecer, se dirijam a nós ou às autorida-des denunciado a situação. Insisto que do co-nhecimento que temos destes processos, des-conhecemos casos de empresas portuguesas que decidiram abandonar o mercado espanhol por qualquer tipo de entrave de tipo adminis-trativo ou protecionismo.

Portanto, considera que as Regiões Trans-fronteiriças (em foco nesta edição da revis-ta Portugalglobal) são importantes para o desenvolvimento das relações empresariais entre as Comunidades Autónomas espa-nholas e as regiões portuguesas envolvidas.

Na linha da minha anterior resposta, é eviden-te que não são nada desprezíveis estas regiões como mercados de consumo e apresentam enormes vantagens para empresas portugue-

“Sinto que existe uma forte sintonia entre os atuais

governos e aqueles que a curto prazo poderão vir a governar os dois países, e

estou seguro que as relações luso espanholas continuarão

a ser um dossier prioritário na agenda dos dois governos.”

percetível em Espanha. Existem diversos casos de marcas portuguesas que têm uma enorme aceitação em Espanha.

Page 31: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

ENTREVISTAnovembro 2015 31

sas que queiram entrar em Espanha contando, por um lado, com vantagens competitivas em relação a outras regiões da geografia espa-nhola (proximidade geográfica, cultural, co-nhecimento da realidade local, contactos, etc.) e, por outro, tratando-se de regiões com um menor grau de desenvolvimento têm conta-do com programas transfronteiriços definidos pela Política Regional da Comissão Europeia aos quais estão destinados fundos que permi-tirão nos próximos anos desenvolver todas es-tas regiões. Aliás, estes fundos têm permitido a modernização das infraestruturas de trans-portes e comunicações em todas estas regiões.

Como avalia os projetos de cooperação transfronteiriços em curso? Quais os que destacaria?

Sobre o Programa Interreg V-A Espanha-Portugal, que eu tenha conhecimento, ainda não foram aprovados novos projetos no Programa 2014-2020. Relativamente aos projetos do POCTEP 2007-2013, destacaria o Laboratório Ibérico In-ternacional de Nanotecnologia na região Galiza - Norte de Portugal que é, sem dúvida, um projeto com grande impacto no desenvolvimento cien-tífico. Destacaria, igualmente, o projeto do Tejo Internacional na região Centro de Portugal/Extre-madura/Alentejo, ou o projeto do Lago do Alque-va na região Extremadura/Alentejo/Centro, etc. Existem centenas de outros projetos aprovados e alguns estruturantes que estão a ter um impacto muito positivo no desenvolvimento daquelas re-giões fronteiriças e são elas próprias geradoras de excelentes oportunidades de negócios.

Como antevê o relacionamento económico de Portugal e Espanha num futuro próxi-mo, nomeadamente no que à cooperação diz respeito?

Antevejo com muito otimismo e entusiasmo, apesar das dificuldades e mudanças que se avizi-nham, tanto no campo económico como no po-lítico. Sinto que existe uma forte sintonia entre os atuais governos e aqueles que a curto prazo po-derão vir a governar os dois países, e estou segu-ro que as relações luso espanholas continuarão a ser um dossier prioritário na agenda dos dois go-vernos. São muitos os laços que ligam Portugal a Espanha (culturais, geográficos, sociológicos, históricos, económicos, políticos), além de que os interesses comuns são cada vez maiores num mundo cada vez mais globalizado.

Presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Espanhola desde 1998, Enrique Santos, de nacionalidade espanhola, é formado em Gestão Empresarial e diplomado em Marketing e Relações Públicas. A sua carreira profissional esteve ligada, durante dez anos, à Administra-ção espanhola, tendo ocupado diversos postos no estrangeiro na África do Sul, concretamen-te no Consulado Geral de Espanha na Cidade do Cabo e na Oficina Comercial da Embaixada de Espanha em Joanesburgo.

Foi presidente de várias empresas do Gru-po Totta/Banesto e diretor no Barclays Bank South Africa, no Banesto e no Banco Santan-der. Atualmente é consultor de investimen-tos financeiros e administrador de empresas.

Foi, igualmente, presidente de várias associa-ções empresariais, entre elas a FEDECOM - Fe-deração de Câmaras de Comércio Espanholas na Europa e a FEDSACCA- Federation of S. African Chambers of Commerce Abroad.

Entre outras distinções, foi condecorado pelo rei de Espanha Juan Carlos I com a Cruz de Caballero de la Orden de Mérito Civil em 1981, com a Encomienda de la Orden de Isa-bel La Católica em 1999, com a Encomienda de Número de la Orden del Mérito Civil em 2010, e ainda com a Cruz de Oro del Agrupa-miento Español de Fomento Europeo e Hidal-ga Cortesía Española.

Enrique Santos

Breve biografia

Page 32: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

MERCADOS Portugalglobal nº8132

PORTUGAL E ESPANHA

NEGÓCIOSE COOPERAÇÃO

TRANSFRONTEIRIÇOSEspanha é o principal parceiro económico de Portugal, num relacionamento cuja evolução positiva tem sido mais vincada no último quarto de século, mas que está

longe de ver esgotado o seu potencial.

Neste contexto, assumem particular importância as regiões fronteiriças de Portugal e Espanha, com as relações bilaterais de cooperação, comércio e investimento a registarem crescimentos assinaláveis, envolvendo um número cada vez maior de

empresas dos dois lados da fronteira.

As Comunidades de Andaluzia, Castela e Leão, Extremadura e Galiza são parceiros naturais de Portugal e representam uma oportunidade para a internacionalização

das empresas portuguesas.

GALIZA

EXTREMADURA

ANDALUZIA

PORTUGAL

CASTELA E LEÃO

Page 33: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

MERCADOSnovembro 2015 33

A Convenção de Valência, assinada em 2002 por Portugal e Espanha, estabe-leceu o quadro geral da cooperação transfronteiriça entre instâncias e en-tidades territoriais de fronteira. Tive o privilégio de integrar então a equipa ne-gocial portuguesa, como diplomata na Embaixada em Madrid. Pelo nosso lado, envolve essencialmente as Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional com fronteira terrestre, as as-sociações de municípios e os municípios fronteiriços. Em Espanha, diz essencial-mente respeito às quatro Comunidades Autónomas de fronteira (Galiza, Castela

> POR FRANCISCO RIBEIRO DE MENEZES, EMBAIXADOR DE PORTUGAL EM MADRID

Cooperação transfronteiriça entre Portugal e Espanha

O POTENCIAL DE UMA HISTÓRIA DE SUCESSO

A cooperação transfronteiriça encontra-se, na sua génese, intimamente ligada à promoção do desenvolvimento regional integrado na União Europeia, dando

respostas aos desafios enfrentadas pelas zonas de fronteira e explorando o vasto potencial de crescimento dessas regiões. Desde cedo, ainda antes da adesão às Comunidades Europeias, Portugal e Espanha procuraram assumir uma posição

de destaque neste âmbito, indo ao encontro das especificidades de espaços mais afastados do centro dos dois Estados mas que, pela sua geografia, constituem a

linha da frente do relacionamento bilateral.

e Leão, Extremadura e Andaluzia), das Províncias fronteiriças e dos respetivos Municípios. Em concreto, institucionali-zámos através de protocolos próprios as distintas modalidades de cooperação, com finalidades que vão da simples concertação de iniciativas e decisões à promoção de projetos de gestão con-junta de infraestruturas ou de prestação de serviços públicos.

Em paralelo, criámos a instância res-ponsável pela supervisão e avaliação da aplicação da Convenção (a Comis-são Luso-Espanhola para a Coopera-ção Transfronteiriça) que, funcionan-do como instrumento de concertação, tem desempenhado um papel ativo na preparação das Cimeiras Luso-Es-panholas – momentos determinantes do diálogo entre os dois Estados.

A nível europeu, a cooperação trans-fronteiriça passa fundamentalmente pelos Agrupamentos Europeus de Co-operação Territorial, criados em 2006. São entidades públicas, dotadas de personalidade jurídica, que visam fa-cilitar e promover a cooperação terri-torial, transfronteiriça, transnacional e

inter-regional, assim melhorando a co-esão económica e social. Com estrutu-ras ágeis, estas instituições podem ser incumbidas da execução de programas cofinanciados pela União Europeia ou outros projetos de cooperação, em do-mínios tão abrangentes como a admi-nistração de infraestruturas transfron-teiriças (por exemplo, um hospital) e a gestão de projetos de desenvolvimento ou de financiamento conjuntos.

Sou agora testemunha, nas minhas atuais funções, do dinamismo da cooperação transfronteiriça e do em-penho dos seus protagonistas em valorizar as regiões que representam. Creio que a principal característica da cooperação transfronteiriça, que até hoje produziu tantos resultados palpáveis, reside na sua adaptabilida-de às distintas situações, encurtando distâncias, aproximando populações e aumentando os seus níveis de bem-estar. Este é, sem dúvida, o caminho que devemos continuar a trilhar.

[email protected]

www.embajadaportugal-madrid.org

Page 34: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

MERCADOS Portugalglobal nº8134

Estamos perante um mercado que vem registando um grau de importância cres-cente para o nosso tecido empresarial, sendo que mais de 7.000 empresas por-tuguesas exportam hoje para Espanha. De facto, o mercado espanhol tem pas-sado a constituir um prolongamento do mercado interno, um mercado natural, e as regiões transfronteiriças são fre-quentemente a porta de entrada para a internacionalização das nossas PME, num favorável contexto marcado pela proximidade e pela cooperação.

É nesta dinâmica que a Galiza, a Anda-luzia, Castela e Leão e a Extremadura as-sumem particular relevo como parceiros naturais e uma oportunidade para a in-ternacionalização das nossas empresas.

> POR EDUARDO HENRIQUES, DELEGADO DA AICEP EM ESPANHA

Espanha é, sem dúvida, o principal parceiro económico de Portugal, primeiro cliente e fornecedor, fenómeno que a crise dos últimos anos consolidou de uma

forma assinalável. Nos primeiros oito meses de 2015, o mercado espanhol, com um aumento de mais de 870 milhões de euros (mais 11,7 por cento face ao período

homólogo do ano anterior), apresentou o maior contributo positivo para o crescimento global das exportações. Este mercado foi, assim, o principal destino das nossas exportações de bens, representando 25 por cento do total, quota que está a aumentar em relação a 2014, inclusivamente superando a soma dos dois

países que se seguem (França e Alemanha).

As regiões transfronteiriças espanholas e Portugal

UM MOVIMENTO IMPARÁVEL

taram mais de 35 por cento do total das compras de Espanha a Portugal e as vendas ao nosso país significaram cerca de um terço do total.

Neste conjunto destaca-se de modo especial a Comunidade da Galiza, pois Portugal vende mais para o mercado galego do que para a Itália ou a Bélgica. Considerada isoladamente, esta região seria o nosso 8º cliente a nível mundial.

Numa outra dimensão não menos re-levante, o nosso país ocupa uma po-sição destacada como fornecedor das comunidades espanholas transfrontei-riças, sendo o 1º cliente (e fornecedor) da Extremadura, 2º fornecedor da Ga-liza, 4º de Castela e Leão e o 7º no caso da Andaluzia.

Na vertente comercial, de acordo com

dados do Ministério espanhol de Eco-

nomia e Competitividade, as compras

das regiões transfronteiriças represen-

Page 35: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

MERCADOSnovembro 2015 35

Na vertente do investimento, cerca de um terço das empresas portugue-sas que estão instaladas em Espanha optam pelas regiões transfronteiriças, com especial destaque para a Galiza onde, segundo os nossos registos, es-tão presentes cerca de 40 empresas com capital português. Neste âmbito é importante destacar investimentos relevantes de empresas portugue-sas localizadas nas Comunidades transfronteiriças como são os casos da Lactogal e a Tafibra na Galiza, a Barbosa e Almeida na Extremadura e em Castela e Leão, ou a Sovena e a Sugalidal na Andaluzia.

Estes dados são a prova clara da ro-bustez da relação entre as nossas eco-nomias e do seu grau de integração.

A retoma da economia espanhola pode ainda criar novas oportunidades para as nossas empresas. Os recentes dados económicos confirmam uma evidente recuperação da atividade económica e as previsões apontam para um cresci-mento do PIB de 3,3 por cento em 2015 e de 3 por cento em 2016.

De acordo com um estudo publi-cado recentemente pela FUNCAS - Fundação das Cajas de Ahorro de Espanha, a região da Galiza deverá registar um crescimento ainda supe-rior nos próximos dois anos (3,5 por

cento em 2015 e 3,8 por cento em 2016), estimando-se para as regiões de Castela e Leão e da Extremadura desempenhos similares à média na-cional; enquanto o PIB da Andaluzia deverá incrementar-se 2,8 por cento no próximo ano.

Portanto, as regiões transfronteiriças apresentam, pela sua proximidade e pelo previsto desenvolvimento eco-nómico, um elevado potencial de crescimento, o que vem reforçar a im-portância do mercado espanhol como destino prioritário para a internacio-nalização das nossas empresas.

Não temos dúvidas de que as relações entre Portugal e Espanha têm espaço para se desenvolverem e possibilidades ainda por explorar, pelo que estamos comprometidos com estes objetivos ao prosseguir uma estratégia consequen-te. É neste contexto que, nos últimos três anos, temos vindo a desenvolver uma profícua colaboração com as en-tidades regionais de desenvolvimento regional, associações empresariais, câ-maras de comércio e entidades locais para a organização de eventos empre-sariais (seminários, workshops, reuni-ões de trabalho, etc.). Desde meados de 2012, realizámos 23 eventos em 13 cidades de 12 comunidades autó-nomas que mobilizaram mais de 1.300 empresas espanholas.

Trocas comerciais Comunidades transfronteiriças - Portugal Em 2014, ao nível das Comunida-des transfronteiriças, os principais clientes de Portugal foram a Gali-za (1.870 milhões de euros, 18,7 por cento do total das compras de Espanha a Portugal), seguida da Andaluzia (9,1 por cento, no valor de 911 milhões de euros), Castela e Leão (5,7 por cento, 571 milhões de euros) e Extremadura (3,9 por cento, 390 milhões de euros).

Em conjunto, as compras a Por-tugal destas quatro Comunida-des espanholas transfronteiriças atingiram 3.742 milhões de euros (37,4 por cento do total em 2014) e as vendas 5.959 milhões de eu-ros (33,1 por cento), havendo as-sim um saldo negativo na ordem dos 2.200 milhões de euros.

No período de janeiro a agosto de 2015 as compras das Comuni-dades Transfronteiriças atingiram 2.565 milhões de euros, o que representa um crescimento de 4,2 por cento face ao período homó-logo do ano anterior.

Continuaremos a trabalhar nesta linha de ação, nomeadamente no sentido de estimular a nossa atuação com iniciativas que tenham como objetivo o aprofundamento da coo-peração empresarial transfronteiriça, o apoio à formação de alianças e parceiras e a divulgação de oportu-nidades de investimento entre em-presas ibéricas nos dois países ou em países terceiros.

[email protected]

www.portugalglobal.pt

COOPERAÇÃO TRANSFRONTEIRIÇAFUNDOS DA UE ATINGEM 290 MILHÕES DE EUROS ATÉ 2019

A cooperação transfronteiriça entre Portugal e Espanha vai receber 290 mi-lhões de euros em fundos europeus até 2019. Os fundos disponibilizados pela União Europeia no âmbito do programa quadro 2020 aumentam face aos 267 milhões de euros atribuídos no período de 2007 a 2013. Desde 1994, já foram investidos na cooperação transfronteiriça entre Portugal e Espanha cerca de 1.700 milhões de euros.No novo quadro, as áreas prioritárias até 2020 são as que se prendem com a inovação, investigação, desenvolvimento económico, ambiente, coesão terri-torial e eficiência de recursos, entre outras, segundo anunciou Verónica Ga-ffey, representante da comissária de Política Regional da União Europeia, em recente visita a Portugal para avaliar o impacto de 25 anos de implementação do programa de cooperação territorial Interreg.

Page 36: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

MERCADOS Portugalglobal nº8136

RELAÇÕES ECONÓMICAS COM PORTUGAL

ANDALUZIAA Comunidade Autónoma da Andaluzia é uma das quatro autonomias de Espanha que fazem fronteira com Portugal. A estrutura económica da Andaluzia caracteriza-se pelo grande peso do seu setor terciário, mas o se-tor da agroindústria alimentar é também muito relevante para esta Comunidade, com desta-que para o azeite, as frutas e os legumes, que representam grande parte das vendas andalu-zas ao exterior. Exemplo de algumas das im-portantes empresas deste setor são o grupo Deoleo, o grupo Puleva, a Heineken (Marca CruzCampo) e a Sovena.

Por seu lado, a zona de Algeciras (Cádis) aco-lhe numerosas indústrias dos setores petroquí-

mico e energético e a zona de Huelva é um relevante núcleo industrial de química de base. É de referir ainda que a Andaluzia é a segunda região em Espanha no que se refere à indústria aeronáutica, destacando-se o grupo Airbus e o cluster aeronáutico existente em Sevilha.

A Andaluzia conta ainda com 11 parques tec-nológicos, dos quais se destacam o Parque Científico Tecnológico de Cartuja/Sevilha e o Parque Tecnológico de Andalucía, em Málaga.

Globalmente, salientam-se seis setores estraté-gicos nesta região: aeronáutica, agroindústria, biotecnologia, energias renováveis, metalome-cânica e TIC.

A Andaluzia é a 5ª Comunidade Autónoma espanhola cliente de Portugal (9,1 por cento do total das compras de Espanha a Portugal) e a 4ª comunidade fornecedora (11,5 por cento do total das vendas). Portugal é o 4º

ANDALUZIA

Área: 87.597 km2

População: 8,4 milhões, 18% total (2014)

Distribuição do PIB: 13,4% do PIB espanhol (2014)

PIB per capita: 16.884 euros, 74% da média espanhola, ocupando a penúltima posição do ranking (2014)

Comércio Externo (2014)

Exportação para Portugal 2.064 milhões de euros

Importação de Portugal 911 milhões de euros

Taxa de Cobertura 227%

Investimento (2014)

IDPE Investimento português bruto:

cerca de 15 milhões euros, 2,5% do total.

IDE Investimento direto bruto:

210 mil euros, valor inferior a 0,1% do total.

cliente da Andaluzia (quota de 7,8 por cen-to) e o 7º fornecedor (quota de 3 por cento). Os dados são do Ministerio de Economia y Competitividad espanhol e do ICEX Exporta-ción e Inversiones de Espanha.

Page 37: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

MERCADOSnovembro 2015 37

COMÉRCIO DE BENS ANDALUZIA-PORTUGAL

2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2014 Agosto

2015 Agosto

Exportações 1,487 1,411 1,818 1,853 1,767 1,977 2,064 1,361 1,235

Importações 903 624 700 798 831 869 911 587 671

Saldo 584 787 1,118 1,055 935 1,108 1,154 774 565

Coef. Cob. 164.7% 226.1% 259.7% 232.2% 212.5% 227.5% 226.7% 231.9% 184.2%

Fonte: ICEX España Exportación e Inversiones; Unidade: Milhões de euros;

Junta de Andalucia www.juntadeandalucia.es

IDEA – Agencia de Innovación y Desarrollo de Andalucía www.agenciaidea.es

A Agencia de Innovación y Desarrollo de Andalucía - IDEA, agência de desenvolvimento regional, é também um instrumento especializado na promoção da inovação na sociedade andaluza. A missão desta entidade é contribuir para o desenvolvimento económico e social da Comunidade e, para isso, conta com diversos sistemas de apoio ao empresário andaluz: desde a gestão e concessão de incentivos às empresas e ao investimento, à

gestão de projetos e programas da Consejería

de Economía, Innovación, Ciencia y Empleo,

assim como a construção de infraestruturas

industriais e tecnológicas.

Extenda - Agencia Andaluza de Promoción Exterior www.extenda.es

A Extenda - Agencia Andaluza de Promoción

Exterior é uma empresa pública, dependente

da Junta da Andaluzia, cuja missão é apoiar

a internacionalização da economia andaluza.

A Extenda conta com cerca de 15 escritórios,

incluindo Portugal. “Invest in Andalucía”,

www.investinandalucia.es, é uma iniciativa

promovida pelo governo regional para a

captação de investimento estrangeiro.

Entidades vocacionadas para o desenvolvimento económico na Andaluzia

Page 38: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

MERCADOS Portugalglobal nº8138

Relacionamento Portugal-AndaluziaAS VANTAGENS DA PROXIMIDADE

Na caracterização das relações entre Portugal e Espanha, o recurso à expressão “o vizinho praticamente desconhecido aqui ao lado” tem vindo a perder grande

parte da sua pertinência e alcance tanto quando nos referimos ao seu todo, como quando nos referimos ao nosso relacionamento com cada uma das comunidades

autónomas espanholas. É esse o caso da Andaluzia.

Ainda que sempre tenha existido uma

estreita cooperação entre Portugal e a

Andaluzia, foi sobretudo nas regiões

transfronteiriças que historicamente

esta assumiu um especial dinamismo,

em particular ao longo do espaço ge-

ográfico que hoje integra a Eurorre-

gião Alentejo, Algarve e Andaluzia.

O salto qualitativo é, contudo, relati-

vamente recentemente. Uma conse-

quência direta desse novo contexto,

> POR JORGE MONTEIRO, CÔNSUL-GERAL DE PORTUGAL EM SEVILHA

no caso da Andaluzia, foi o alarga-

mento e aprofundamento das rela-

ções de cooperação muito para além

do tradicional espaço transfronteiriço.

Os progressos realizados na aproxima-

ção entre Portugal e aquela que é a

maior comunidade autónoma espa-

nhola em termos de população – com

8,5 milhões de habitantes – são, des-

de logo, visíveis no impressionante

fortalecimento da cooperação eco-

Page 39: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

MERCADOSnovembro 2015 39

nómica bilateral, que praticamente duplicou na última década.

O caso do Alqueva tem sido um caso paradigmático neste contexto. Segundo a EDIA, empresa gestora do Alqueva, es-tão presentes no Alqueva 93 grupos es-panhóis, que exploram cerca de 30.000 hectares da área agrícola disponível.

Muitas outras empresas de ADN an-daluz têm vindo a reforçar a sua pre-senta no mercado português, como acontece nos seguintes casos: grupo Konecta, líder em serviços de out-sourcing e contact center em Espa-nha; grupo Herogra, líder no setor dos fertilizantes; grupo Coviran, um dos maiores operadores do setor da dis-tribuição espanhol com mais de 300 supermercados abertos em Portugal nos últimos três anos; grupo Bogarias, empresa com importantes participa-

Mas tem-se também verificado um mo-vimento de sentido inverso, com um número cada vez maior de empresas portuguesas a fixar-se na Andaluzia. É o caso da Sovena, que há pouco mais de 10 anos decidiu instalar-se no cora-ção da maior região produtora de azei-tes do mundo e que de então para cá se tornou no segundo maior grupo do setor do azeite a nível mundial, lideran-do igualmente o mercado conjunto de óleos alimentares e azeites em Espanha.

Muitos outros exemplos de investi-mentos portugueses na Andaluzia po-deriam ser apontados. Destacamos a Delta Cafés, a Acquajet, a Luis Simões ou o grupo Sugal.

No capítulo das exportações os dados são também muito alentadores. Se tomamos a evolução verificada nos cinco últimos anos, verificamos que as exportações portuguesas com destino

(CEAP), que visa contribuir para a cres-cente aproximação e colaboração en-tre as classes empresariais de ambos os países, assim como para a divulgação das oportunidades de negócio e de investimento existentes em ambos os mercados. O CEAP é constituído por empresas líderes nos respetivos ramos de atividade, como a Sovena, Coviran, Delta, grupo Luis Simões, Fundação Sevilhana Endesa, grupo Herogra, Ban-co Caixa Geral, Acquajet, Novo Banco e Garrigues. Conta ainda entre o seu conselho consultivo com a AICEP, a Fundação Luso-espanhola, o Instituto San Telmo, a Confederação Andaluza de Câmaras de Comércio, a Extenda e a Câmara de Comércio de Sevilha.

Num mundo crescentemente mais globalizado e competitivo, a proxi-midade geográfica, cultural e afetiva entre Portugal e a Andaluzia, assim como as redes de contactos privile-

ções em projetos agrícolas e na gestão

de espaços comerciais em Portugal;

grupo Persán, líder no setor espanhol

dos detergentes; grupo Mayoral, com

presença na área da moda infantil; ou

a empresa de calçados Marypaz. São

também já cerca de 1.360 as empre-

sas andaluzas que exportam para Por-

tugal, 700 das quais de forma regular.

à Andaluzia cresceram cerca de 30 por

cento, totalizando 911 milhões de eu-

ros só em 2014.

Outro indicador do dinamismo do rela-

cionamento luso-andaluz foi a criação,

em 2013, com o apoio do Consulado

Geral de Portugal em Sevilha, do Con-

selho Empresarial Andaluzia Portugal

giados que mantemos com espaços geopolíticos e económicos crescente-mente mais influentes, em África, na Ásia ou na América Latina, reforçam não apenas a convergência dos nos-sos interesses, como também as com-plementaridades e a interdependência das nossas economias.

[email protected]

Page 40: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

MERCADOS Portugalglobal nº8140

Esta localização abre portas aos negócios e às trocas comerciais, apresentando excelentes van-tagens não só pelo amplo mercado andaluz, mas também pelo acesso ao mercado espanhol e aos países da UE graças às boas ligações existentes.

A excelente rede de infraestruturas, o capital hu-mano e, sem dúvida, a excelente qualidade de vida, são os aspetos mais apreciados pelos investidores estrangei-ros na nossa região.

A Andaluzia tem uma economia diversifi-cada, com uma im-portante variedade de setores industriais consolidados e emer-gentes. São de des-tacar como setores prioritários o aero-náutico, biotecnologia, TIC, agroalimentar, in-dústria mineira e química, assim como a logística e os transportes.

Com o intuito de oferecer um serviço específico às empresas estrangeiras, a Andaluzia conta com o INVEST IN ANDALUCIA, uma iniciativa promo-vida pelo governo andaluz para atrair investi-mento estrangeiro e atender às necessidades dos investidores já instalados na comunidade.

O INVEST IN ANDALUCIA dispõe de uma série de serviços personalizados ao longo da vida do projeto: desde a fase de planificação, durante a implementação e também no possível desen-volvimento ou expansão da empresa na região. Assim, o INVEST IN ANDALUCIA oferece às em-presas informação rigorosa, objetiva e personali-zada de acordo com as necessidades do projeto:

A Andaluzia tem uma situação geoestratégica privilegiada, sendo porta de comunicação entre o Atlântico e o Mediterrâneo, oferecendo igualmente grandes oportunidades como fronteira

entre a Europa e África.

IDEA Agência de Inovação

e Desenvolvimento da Andaluzia

regulamentação setorial, situação da indústria e do mercado, oportunidades de negócio, mão de obra disponível, custos laborais e operativos, propriedade intelectual, fiscalidade ou autoriza-ções de trabalho e residência. Em simultâneo, pode informar sobre ajudas e fontes de financia-mento aplicáveis aos projetos. Tudo sem qual-quer custo para as empresas interessadas.

Adicionalmente, e com o objetivo de fa-cilitar o conhecimento das oportunidades que a Andaluzia ofe-rece, a partir do IN-VEST IN ANDALUCIA poderão ser organi-zadas e coordenadas reuniões e visitas do investidor a institui-ções, empresas, uni-versidades e poten-

ciais sócios (financeiros e tecnológicos), posicio-nando-se assim como interlocutor único para as empresas interessadas em investir na região.

Por último, é de realçar o serviço aftercare, um serviço personalizado destinados às empresas já estabelecidas na comunidade que assegura um acompanhamento do projeto, apresentando ofer-tas concretas à empresa matriz e dando assessoria sobre potenciais planos de expansão na região.

A Andaluzia apresenta muitas vantagens para investir e crescer e tem um clima de negócios muito favorável que facilita a atração de inves-timento estrangeiro e a instalação dos investi-dores na região.

www.agenciaidea.es

Page 41: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

MERCADOSnovembro 2015 41

A Cooperação Transfronteiriça entre o Algarve e a Andaluzia iniciou-se nos finais dos anos 80, com a realização de alguns trabalhos conjuntos na área ambiental. Contudo, foi no início dos anos 90 que adquiriu maior expressão. Impulsionada pelos Programas de Co-operação Transfronteiriça INTERREG e POCTEP, a cooperação entre as duas regiões institucionalizou-se progres-sivamente e foi marcada por etapas determinantes: a criação da Comuni-dade de Trabalho Algarve-Andaluzia, em 1995, mediante a assinatura do

CCDR AlgarveCOOPERAÇÃO COM ANDALUZIA

A integração de Portugal e de Espanha no espaço político e económico europeu foi um passo decisivo para a permeabilidade da fronteira, abrindo um leque variado

de relacionamentos e oportunidades entre os territórios transfronteiriços.

primeiro Protocolo de Cooperação Transfronteiriça, a entrada em funcio-namento do Gabinete de Iniciativas Transfronteiriças, em 2004, que pro-moveu a realização de diversos semi-nários, exposições, estudos, cursos de língua castelhana e uma página web e a constituição da EURORREGIÃO Alentejo-Algarve-Andaluzia (EURO-AAA), em 2010, que veio coroar todo o trabalho até aqui desenvolvido e es-tabelecer um conjunto de iniciativas de carácter integrador através de uma estratégia de cooperação multissec-

> POR DAVID SANTOS*, PRESIDENTE DA COMISSÃO DE COORDENAÇÃO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL DO ALGARVE

Page 42: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

MERCADOS Portugalglobal nº8142

torial e coerente com o novo quadro de intervenção política da União Euro-peia para o período 14-20.

A cooperação transfronteiriça entre as regiões do sul da Península em mui-to beneficiaria ainda de outros facto-res e intervenções no território, que permeabilizariam decisivamente a fronteira e aproximariam as popula-ções: a construção da ponte sobre o Rio Guadiana (inaugurada em 1991), a realização da Expo 92 em Sevilha, a entrada em vigor do acordo de Schen-gen em 1995, eliminando a fronteira física aduaneira, a construção da Via do Infante (A22) e da autovia Aiamon-te-Huelva e a Expo 98 de Lisboa.

Ao longo destes 25 anos de coopera-ção transfronteiriça, no decurso dos quais o Alentejo se juntaria no ano 2000, foi desenvolvido um trabalho de grande utilidade pública, parti-cularmente nos concelhos junto do Guadiana, e que abrangeu vários do-mínios de actuação: acessibilidades (IC27, estradas municipais, caminhos rurais, ciclovia), abastecimento de água e saneamento básico (remode-

lação da rede de distribuição de água e drenagem e tratamento de esgotos de Vila Real de Santo António, Castro Marim e Alcoutim), renovação urba-na (Marginal de Vila Real de Santo António, reabilitação das aldeias ri-beirinhas), recuperação do patrimó-nio histórico (intervenção nos caste-los e muralhas de Alcoutim e Castro Marim), investigação (na área das pescas, citrinos, qualidade da água), saúde (construção da Unidade de Ra-dioterapia do Algarve, Telemedicina, intervenção nos Centros de Saúde, criação de um site – JANELA ABERTA – que presta apoio e esclarecimento aos pais), cultura (rotas, intercâm-bios musicais), ambiente (educação ambiental, garantir as condições de habitat e reprodução do Lince Ibéri-co) e apoio social e empresarial (cons-trução do Centro de Cooperação Em-presarial, seminários).

Ainda neste contexto importa destacar o projecto GUADIANA, que permitiu a navegabilidade do rio Guadiana em segurança (desassoreamento da foz e sinalética ao longo do rio). O projecto TRADE, que uniu o Algarve e a Anda-

luzia em torno da segurança marítima, munindo a zona costeira entre Sagres e Cádis de antenas com tecnologia radar de alta-frequência (HF) para observação e medição das correntes costeiras e agi-tação marítima, em tempo real. O pro-jecto ANDALBAGUA, que se dedicou à elaboração da Estratégia Transfron-teiriça de Desenvolvimento Territorial do Baixo Guadiana, também merece referência. Não menos importante foi a criação da EUROCIDADE do Guadia-na, em 2013, entre os municípios de Aiamonte, Castro Marim e Vila Real de Santo António, com uma filosofia de partilha e ajuda mútua, tendo por base a utilização conjunta de equipamentos de ambos os lados da fronteira.

Por fim, uma breve referência ao novo programa de Cooperação Transfron-

“Ao longo destes 25 anos de cooperação transfronteiriça, no decurso dos quais o Alentejo se juntaria

no ano 2000, foi desenvolvido um

trabalho de grande utilidade pública,

particularmente nos concelhos junto do Guadiana.”

teiriça INTERREG V-A Espanha-Portu-gal 2014-2020, inovador na sua con-cepção e que reforça a cooperação nas áreas da investigação e inovação e sua aplicabilidade no tecido empre-sarial, contribuindo para a concreti-zação da Estratégia 2020 da União Europeia.

* O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.

[email protected]

www.ccdr-alg.pt

Page 43: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

MERCADOSnovembro 2015 43

CASTELA E LEÃORegião transfronteiriça de enorme potencial, Castela e Leão tem já um peso significativo no re-lacionamento económico com Portugal. A parti-cipação do setor industrial na estrutura produtiva regional de Castela e Leão tem sido tradicional-mente superior à média espanhola, destacando-se os setores automóvel e agroindustrial.

A Comunidade conta com quatro fábricas no setor automóvel – Renault (Valladolid e Palencia), Grupo Fiat Iveco (Valladolid) e Nis-san (Ávila) – além de cerca de 150 empresas a montante ou a jusante destas, espanholas e também multinacionais.

No que se refere ao setor agroalimentar, são relevantes as indústrias das carnes, dos vinhos,

dos produtos de panificação e pastelaria, as-

sim como dos lacticínios. Quanto às principais

empresas, destacam-se a Campofrío, o grupo

Hélios, a Mondelez, a Nestlé e a Pascual.

De referir ainda o setor químico-farmacêutico,

que conta com a presença de empresas como

a GSK (Glaxo Smithkline) e a Nutreco (Nanta).

É também relevante a atividade económica no

âmbito da energia, nomeadamente na energia

eólica, hidráulica e solar.

Ao nível de captação de investimento, o go-

verno regional considera também prioritários

os setores da aeronáutica, biotecnologia, TIC,

logística e segurança.

CASTELA E LEÃO

Área: 94.225 km2

População: 2,5 milhões, 5,3% total (2014)

Distribuição do PIB: 5,1% do PIB espanhol (2014)

PIB per capita: 21.727 euros, 95% da média espanhola, ocupando a 8ª posição do ranking (2014)

Page 44: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

MERCADOS Portugalglobal nº8144

Castela e Leão é a 6ª Comunidade Autónoma espanhola cliente de Portugal (5,7 por cento do total das compras de Espanha a Portugal) e a 7ª comunidade fornecedora (5,2 por cento do total das vendas). Portugal é o 4º cliente de

RELAÇÕES ECONÓMICAS COM PORTUGAL

Castela e Leão (quota de 7,3 por cento) e o 4º fornecedor (quota de 4,7 por cento).Os dados são do Ministerio de Economia y Competitividad espanhol e do ICEX Exportación e Inversiones de Espanha.

COMÉRCIO DE BENS CASTELA E LEÃO-PORTUGAL

2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2014 Agosto

2015 Agosto

Exportações 984 940 1,032 1,009 885 1,004 930 615 596

Importações 659 546 586 650 565 538 571 369 411

Saldo 325 394 446 359 321 465 359 246 185

Coef. Cob. 149.3% 172.3% 176.1% 155.2% 156.8% 186.4% 162.9% 166.7% 145.1%

Fonte: ICEX España Exportación e Inversiones; Unidade: Milhões de euros;

Comércio Externo (2014)

Exportação para Portugal 930 milhões de euros

Importação de Portugal 571 milhões de euros

Taxa de Cobertura 163%

Investimento (2014)

IDPE Investimento português bruto:

290 mil euros, inferior a 0,1% do total.

IDE Investimento direto bruto: (não consta).

Junta de Castilla y León www.jcyl.es

Entidades vocacionadas para o desenvolvimento económico em Castela e Leão

A Agência de Inovação, Financiamento e Interna-cionalização Empresarial de Castela e Leão é o or-ganismo público que tem a função de promover a produtividade e competitividade das empresas, assim como dar apoio financeiro à inovação. Dis-põe de uma rede para a inovação aberta a par-ticipação e cooperação de todos os agentes do sistema: PME, cientistas, Centros Tecnológicos, Universidades e Administrações Públicas.

www.redinnocyl.es

A Junta de Castela e Leão apoia também a in-ternacionalização das empresas locais e a cap-tação de investimento

www.invertirencastillayleon.com

[email protected]

Agencia de Innovación, Financiación y Internacionalización Empresarial www.empresas.jcyl.es

Page 45: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

MERCADOSnovembro 2015 45

Castela e LeãoUMA REGIÃO ABERTA E CHEIA

DE OPORTUNIDADES

Em 2010, foi constituída a Macrorregião do Sudoeste Europeu “RESOE” – integrada pelas regiões Norte e Centro de Portugal, e as regiões da Galiza, Astúrias e Castela e Leão, de Espanha –, no âmbito da cooperação e colaboração transfronteiriça e inter-regional, estabelecendo as bases para delimitar atuações conjuntas em três grandes

áreas de atividade de elevado valor acrescentado para as regiões integrantes: transportes e logística; competitividade industrial e investigação e excelência no

ensino superior. Esta coerência territorial e geográfica permite um aproveitamento eficaz dos instrumentos financeiros e económicos comunitários, assim como dos

fundos destinados ao financiamento da política de coesão.

A este título, durante o atual qua-dro de programação que vigora até 2020, Castela e Leão vai receber 1.011 milhões de euros dos Fundos Estruturais, dos quais o governo re-gional irá gerir 413,1 milhões, atra-vés dos Programas Operativos regio-nais, sendo um dos programas cofi-nanciado pelo Fundo Social Europeu (FSE) e outro pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), com uma dotação financeira de 98,7 e 314,4 milhões de euros, respetiva-mente. Para poder receber o apoio dos fundos FEDER os projetos devem

enquadrar-se num dos cinco obje-tivos temáticos ou eixos prioritários de atuação estabelecidos para esta iniciativa. O primeiro centra-se no es-tímulo à investigação, ao desenvolvi-mento tecnológico e à inovação, com um peso financeiro de cerca 30 por cento do total dos fundos. Outro dos grandes eixos, que representa cerca de outro terço do montante global, procura melhorar a competitividade das PME. O terceiro eixo, com mais de 24 por cento dos recursos, visa proteger o ambiente e promover a eficiência. Os dois eixos restantes

> POR JOSÉ MARÍA RIBOT GARCÍA, DIRETOR-GERAL DA AGÊNCIA DE INOVAÇÃO, FINANCIAMENTO E INTERNACIONALIZAÇÃO EMPRESARIAL

Page 46: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

MERCADOS Portugalglobal nº8146

visam favorecer a utilização, acesso

e a qualidade das tecnologias da in-

formação e da comunicação (TIC) e

promover a transição para uma eco-

nomia com baixa emissão de carbono

em todos os setores.

No âmbito da Estratégia de Investi-

gação e Inovação para uma Especia-

lização Inteligente (RIS3) de Castela e

Leão 2014-2020 foram identificados

seis setores regionais de oportuni-

dade: (1) Automóvel, componentes

e equipamentos (2) Agroalimentar;

(3) Saúde e qualidade de vida; (4)

Turismo, património natural e cultu-

ral, e língua espanhola; (5) Energia

e ambiente industrial; e (6) Habitat.

Os dois primeiros setores são os mais

relevantes, com massa crítica sufi-

ciente para ser objeto de aplicação

das tecnologias próprias da Indústria

4.0, chave para aproveitar as suas

capacidades como motor de riqueza e de emprego. Merecem uma men-ção especial as TIC, setor essencial pelo seu caráter transversal a qual-quer atividade económica, que conta

da ciber-segurança e das tecnologias e aplicações para a mobilidade.

Finalmente, a região dispõe de infra-estruturas especializadas na transfe-rência de conhecimento e tecnologia para colocar no mercado produtos e serviços, como são as universidades e os centros tecnológicos, contando ainda com diversos clusters agrupados em torno dos eixos setoriais da estra-tégia RIS3, que possibilitam um im-portante apoio ao tecido económico, impulsionando a inovação de empre-sas e empreendedores. Castela e Leão conta com 365 espaços empresariais e três parques tecnológicos e oferece ao mercado terrenos competitivos, como instrumentos geradores de atividade em variadas localizações, ao melhor preço e com bom financiamento.

www.ade.jcyl.es

“Castela e Leão possui relevantes competências

em áreas muito específicas das TIC,

como são os casos da ciber-segurança e das

tecnologias e aplicações para a mobilidade.”

com destacadas empresas regionais.

Neste terreno, Castela e Leão possui

relevantes competências em áreas

muito específicas, como são os casos

Page 47: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

MERCADOSnovembro 2015 47

CCDR CENTROCOOPERAÇÃO COM

CASTELA E LEÃO

A Região Centro de Portugal tem já um longo percurso de aproximação e colaboração com as suas regiões vizinhas de Castela e Leão e Extremadura no

contexto das Comunidades de Trabalho Região Centro – Castilla y León (CT CENCYL) e Alentejo – Centro –

Extremadura (EUROACE).

Distintas realidades históricas, econó-micas, sociais, culturais e territoriais, geraram dinâmicas de cooperação di-ferenciadas, mas o aprofundamento da dimensão económica da cooperação, numa ótica de reforço mútuo da com-petitividade regional e em particular dos territórios mais próximos da fronteira, é uma aposta estratégica comum a estes dois espaços de cooperação.

No caso da Comunidade de Trabalho Região Centro – Castilla y León (CT CENCYL), o processo de cooperação tem assentado na valorização do cor-redor de transportes internacional que atravessa as duas regiões, ligando Portu-gal e a fachada atlântica a Espanha e à Europa, através do projeto MIT - Mobili-dade, Inovação e Território, promovendo uma dinâmica de articulação e coorde-nação de intervenções em áreas como a logística e a integração de modos de transporte (marítimo, rodo e ferroviário), o empreendedorismo de base tecnológi-ca e a transferência de tecnologia entre as universidades e as empresas das duas regiões, o turismo cultural associado ao valioso património histórico comum, a prevenção de riscos naturais e tecnoló-gicos (no transporte de mercadorias pe-rigosas), as parcerias na área da cultura (itinerância transfronteiriça e produção cultural conjunta) e a consolidação de uma rede de cidades, enquanto âncora de um corredor de desenvolvimento e de progresso entre as duas regiões.

No caso da Comunidade de Traba-lho Alentejo – Centro – Extremadura (EUROACE), a estratégia de cooperação tem como ponto de partida a visão que as entidades fundadoras têm para a Eu-rorregião: uma economia dinâmica, um território harmonioso, cidadãos de ple-no direito. E assenta em quatro pilares fundamentais: o território, a competiti-vidade, a cidadania e a cooperação.

O território, enquanto principal recurso da EUROACE, tem no Tejo Internacio-nal um dos seus ativos incontornáveis. Na economia a aposta é nos setores em que a EUROACE pode fazer a diferença (agroalimentar, energias renováveis e tu-rismo). E, por último mas não menos im-portante, num território de muito baixa densidade, os cidadãos enquanto desti-natários e agentes do desenvolvimento são uma prioridade para a Comunidade de Trabalho que assegura uma rede ins-titucional permanente de cooperação.

Num momento em que se dá início a um novo ciclo de apoios à cooperação transfronteiriça, com o Programa IN-TERREG V-A Espanha – Portugal 2014-2020, a aposta da Região na coopera-ção com as regiões de Castela e Leão e Extremadura centra-se no reforço das redes e das colaborações entre os respetivos sistemas científicos e tecno-lógicos, com vista a melhorar a partici-pação das empresas nos processos de inovação, potenciando as atividades de I&D&I mais próximas do mercado, reduzir os custos de contexto para as empresas funcionarem num mercado alargado, promovendo a competitivi-dade dos setores em que estas regiões apresentam potencial e têm a ganhar em trabalhar em conjunto, e reforçar as cadeias de valor associadas à explo-ração económica do principal ativo co-mum: o património natural e cultural, de que se destacam as cidades Patri-mónio da Humanidade (como Coim-bra, Salamanca, Cáceres ou Mérida) e os espaços naturais protegidos.

[email protected]

www.ccdrc.pt

> POR ANA ABRUNHOSA, PRESIDENTE DA COMISSÃO DE COORDENAÇÃO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL DO CENTRO

Page 48: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

MERCADOS Portugalglobal nº8148

EXTREMADURAA Comunidade Autónoma da Extremadura as-sume relevo no quadro das regiões transfron-teiriças espanholas. Na estrutura económica da Extremadura sobressai a grande importância do setor dos serviços, que substituiu nas últi-mas décadas o peso que o setor primário tinha nesta região.

O tecido empresarial desta Comunidade Autó-noma caracteriza-se pelo facto de 65 por cento das empresas existentes ter apenas um ou dois trabalhadores e mais de 20 por cento contar com

menos de cinco trabalhadores, existindo cerca de 10 empresas com mais de 500 trabalhadores. Os principais subsetores industriais são o agroindus-trial, o energético, a cortiça e o têxtil.

Relativamente ao mercado externo, o setor ali-mentar representa cerca de metade do total das exportações da região. No geral, são os produtos siderúrgicos, as conservas de verduras e hortali-ças, os produtos hortofrutícolas frescos e conge-lados, o vinho, o tabaco, a cortiça e o azeite que constituem o grosso das exportações.

RELAÇÕES ECONÓMICAS COM PORTUGAL

A Extremadura é a 7ª Comunidade Autóno-ma espanhola cliente de Portugal (3,9 por cento do total das compras de Espanha a Portugal) e a 10ª comunidade fornecedora (2,8 por cento do total das vendas).

ANDALUZIA

Área: 41.634 km2

População: 1,1 milhões, 2,4% total (2014)

Distribuição do PIB: 1,6% do PIB espanhol (2014)

PIB per capita: 15.752 euros, 69% da média espanhola, última posição do ranking (2014)

Comércio Externo (2014)

Exportação para Portugal 510 milhões de euros

Importação de Portugal 390 milhões de euros

Taxa de Cobertura 131%

Investimento (2014)

IDPE Investimento português bruto:

cerca de 4 milhões de euros, 0,7% do total.

IDE Investimento direto bruto: (não consta)

Portugal é o 1º cliente da Extremadura (quota de 30,9 por cento) e o 1º fornecedor (quota de 40,3 por cento). Os dados são do Ministerio de Economia y Competitividad espanhol e do ICEX Exportación e Inversiones de Espanha.

COMÉRCIO DE BENS EXTREMADURA-PORTUGAL

2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2014 Agosto

2015 Agosto

Exportações 439 355 375 411 456 503 510 347 345

Importações 452 293 307 356 320 456 390 277 230

Saldo -13 62 68 55 136 48 120 70 116

Coef. Cob. 97.1% 121.3% 122.1% 115.4% 142.5% 110.5% 130.8% 125.2% 150.3%

Fonte: ICEX España Exportación e Inversiones; Unidade: Milhões de euros;

Page 49: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

MERCADOSnovembro 2015 49

Entidades vocacionadas para o desenvolvimento económico na Extremadura

a Sociedade de Fomento Industrial de Extre-

madura (SOFIEX) e Fomento de Mercados de

Extremadura. Este organismo visa incremen-

tar a competitividade e potenciar a interna-

cionalização das empresas da Comunidade,

promover a imagem da Extremadura em ou-

tros mercados, assim como apoiar projetos

empresariais estratégicos para o desenvolvi-

mento da Extremadura.

Junta de Extremadura www.gobex.es

Extremadura Avantewww.extremaduraavante.es

A sociedade pública Extremadura Avante concentra, desde 2011, a atividade desen-volvida anteriormente por entidades como

Page 50: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

MERCADOS Portugalglobal nº8150

EXTREMADURA AVANTE INSTRUMENTOS FINANCEIROS

A Extremadura Avante, grupo público da Junta da Extremadura, tem como principal objetivo contribuir para o desenvolvimento económico e social da região.

Este organismo pode apoiar financeiramente projetos empresariais em todos os setores de atividade – com exceção dos setores imobiliário e financeiro – através de participações no capital ou empréstimos, atuando também como ponto de

intermediação entre outros agentes financiadores, tanto públicos como privados.

A Extremadura Avante põe à disposi-ção dos empresários diversas linhas de financiamento, nomeadamente:

• Linha E2i: dirigida a projetos de marcado carácter inovador, fundos provenientes do programa Estraté-gia Nacional de Inovação (E2I).

• Linha Avante Direto: dirigida a qualquer tipo de projeto.

• Capital de Risco: o grupo gere o Fundo Extremadura Avante I FCR, regulado pela Comissão Nacional do Mercado de Valores (CNMV) espanhola, que tem como fina-lidade impulsionar o crescimento e a internacionalização das em-presas da região.

Os principais instrumentos finan-ceiros colocados à disposição dos empresários são:

• Capital: participação tempo-rária, direta e minoritária no capital social da empresa, refor-çando fundos próprios e o pa-trimónio líquido das empresas participadas.

• Empréstimos: destinados a pro-mover operações financeiras a longo prazo, no âmbito de proje-tos de início ou melhoria das ati-vidades empresariais, assim como na consolidação de empresas em crescimento.

Existem diversas modalidades de fi-nanciamento:

A) Microcréditos: orientados a proje-tos de dimensão muito reduzida com manifesta dificuldade de aces-so a fontes de financiamento

B) Linha de financiamento a em-preendedores, vocacionada para financiar ativos fixos e capital cir-culante, sempre que as empresas ou os empresários tenham inicia-do a atividade nos dois anos an-

Empréstimos participativos: pre-tendem consolidar a estrutura finan-ceira das empresas, estabelecendo-se parte da rentabilidade em função da evolução da empresa. A nível conta-bilístico são considerados património para efeitos de redução de capital e liquidação de sociedades previstas na legislação mercantil espanhola.

Avais: conforme procedimento ha-bitual, os avais são realizados através da Sociedade de Garantia Recíproca Extremeña de Avales (Extraval).

Não obstante, foi estabelecido um enquadramento específico de colaboração entre as entidades fi-nanceiras e o grupo Extremadura Avante com o propósito de poder partilhar os riscos na concessão de avais, provisórios ou definiti-vos, no âmbito de concursos in-ternacionais.

Adicionalmente, a Extremadu-ra conta com diversas linhas de incentivos ao investimento e à criação de emprego (incentivos

a fundo perdido), linhas de emprés-timos e avales públicos, geridos de forma direta ou indireta pela Comu-nidade Autónoma.

www.extremaduraavante.es

teriores à data de solicitação do empréstimo.

C) Linha de Financiamento ao inves-timento: destinada a financiar ati-vos fixos e circulante associados a projetos em fase de expansão o consolidação.

Page 51: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

MERCADOSnovembro 2015 51

As relações de cooperação transfron-teiriça, desde sempre existentes entre o Alentejo e as suas vizinhas de Espa-nha, foram institucionalizadas através de Protocolos com a Extremadura, em 1992 – lançando as bases para a criação do Gabinete de Iniciativas Transfrontei-riças (GIT) –, e, em 2001, com a Anda-luzia. Rapidamente, porém, protocolos semelhantes celebrados entre a Região Centro e a Extremadura, ou entre o Al-garve e a Andaluzia, criariam condições favoráveis a um trabalho mais produtivo em estruturas tripartidas que, em 2009 e em 2010 dariam origem à formação de duas Comunidades de Trabalho, de-signadas por Eurorregiões: a EUROACE (Alentejo, Centro, Extremadura) e a EU-ROAAA (Alentejo, Algarve, Andaluzia), ambas tendo por objetivos similares in-centivar e coordenar a participação das administrações e dos cidadãos nas ini-ciativas de cooperação transfronteiriça e promover a construção de um espaço europeu mais coeso, interativo e econo-micamente desenvolvido.

Coincidindo com as áreas territoriais definidas pelos Programas Europeus de Cooperação Transfronteiriça (INTER-REG/POCTEP), os espaços abrangidos pelas duas Eurorregiões têm sido ob-jeto de apreciáveis investimentos, co-financiados pelos fundos estruturais e desenvolvidos por inúmeras entidades regionais e locais que têm sabido ven-cer obstáculos e pôr em prática proje-tos de cooperação transfronteiriça nos mais diferentes setores, com especial relevo na preservação e sustentabili-dade do território, dando-se particular ênfase às zonas envolventes ao Tejo e

CCDR AlentejoCOOPERAÇÃO TRANSFRONTEIRIÇA

COM ESPANHA

> POR ROBERTO PEREIRA GRILO, PRESIDENTE DA COMISSÃO DE COORDENAÇÃO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL DO ALENTEJO

ao Alqueva, nomeadamente através dos projetos Tejo Internacional I e II que visaram a proteção e estruturação dos parques naturais do Tejo, afirmando toda a área como um destino turístico sustentável. O PEGLA e o ADLA, proje-tos cujo principal objetivo foi fomentar o desenvolvimento turístico e promover o aproveitamento dos recursos naturais e socioeconómicos da zona envolvente ao grande Lago Alqueva.

As energias renováveis marcaram uma aposta de grande potencial, materiali-zada em projetos como o ALTERCEXA, que visou essencialmente a promoção de soluções inovadoras para edifícios ecológicos. Orientado para a moderni-zação e inovação tecnológica com base nas TIC, sobressai o projeto RITECA, cuja finalidade foi criar um marco de colabo-ração entre instituições portuguesas e da Extremadura, nos âmbitos da inves-tigação, desenvolvimento tecnológico e inovação com vista à formação de redes e circulação de informação.

Já no domínio da EUROAAA sobres-saem projetos como o GUADITER, visando a criação e difusão de uma estratégia turística conjunta e uma oferta estruturada em termos de pa-trimónio, cultura e meio ambiente no Baixo Guadiana. A proteção do ambiente e da natureza foi pontuada pelos projetos IIBERLINX I e II, cen-trado na preservação e melhoria do habitat potencial para o lince ibérico.

Importantes relações territoriais de fronteira, animadas por entidades que de há muito fazem da coopera-ção um modo de entendimento mú-tuo e proveitoso para as suas regiões e espaços locais têm sido instituídas, destacando-se em cada um dos espa-ços de cooperação a Eurocidade El-vas-Badajoz ou a Eurocidade do Gua-diana: Aiamonte, Castro Marim e Vila Real de Santo António, atestando da vitalidade do futuro da cooperação transfronteiriça.

Novas oportunidades se abrem ac-tualmente com o lançamento de um novo período de Programa-ção (INTERREG V-A 2014-2020, POCTEP) que, alinhado com a Es-tratégia Europa 2020, visa um mais eficaz crescimento social e económi-co, alargando para entidades empre-sariais a possibilidade de usufruírem de apoios financeiros em contexto transfronteiriço, diversificando e re-forçando, com os seus próprios me-canismos e visões, uma mais ampla e eficiente cooperação.

http://webb.ccdr-a.gov.pt

Page 52: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

MERCADOS Portugalglobal nº8152

De todas as regiões transfronteiriças, a Galiza é a que tem o maior peso no relacionamento econó-mico de Portugal com Espanha. A proximidade ao Norte e o desenvolvimento de projetos de coo-peração bilateral têm reforçado o posicionamen-to desta Comunidade espanhola no quadro do comércio externo português e do investimento.

Atualmente, os setores mais importantes desta Comunidade incluem, por um lado, os já en-raizados na economia galega e que receberam grande parte dos investimentos da região; e, por outro lado, os que têm tido uma rápida evolução e apresentam rácios positivos de cres-cimento como a pesca e produtos do mar, as indústrias naval, têxtil e da madeira, o setor automóvel, o setor da energia, a logística, as tecnologias de informação e a biotecnologia.

Os polos económicos da Galiza são as provín-cias da Corunha e de Vigo, a primeira com maior dinamismo do que a segunda, seguin-do-se Santiago de Compostela.

GALIZANos setores acima referidos sobressaem algu-mas multinacionais galegas que conseguiram posicionar-se internacionalmente (Inditex, Calvo, Adolfo Domínguez, Rodman Polyships na cons-trução naval, etc.). Podem encontrar-se também algumas empresas estrangeiras que elegeram a Galiza como localização dos seus investimentos (PSA-Citroën, Alcoa Inespal, Bosch, etc.).

A Galiza ocupa uma posição marítima relevan-te, contando com mais de 120 portos, sendo os mais importantes os de Ferrol, da Corunha e de Vigo, situados nas principais rotas de trans-porte marítimo internacional. Devemos desta-car também a Zona Franca de Vigo, a única no noroeste da península.

Esta Comunidade conta com mais de 100 par-ques industriais, comerciais e de serviços dis-tribuídos pelas quatro províncias galegas, com uma superfície que supera os 47 milhões de metros quadrados.

Page 53: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

MERCADOSnovembro 2015 53

CASTELA E LEÃO

Área: 29.574 km2

População: 2,7 milhões, 5,9% total (2014)

Distribuição do PIB: 5,2% do PIB espanhol (2014)

PIB per capita: 19.954 euros, 88% da média espanhola, ocupando a 12ª posição do ranking (2014)

A nível de todas Comunidades Autónomas, a Galiza é o primeiro cliente de Portugal (18,7 por cento do total das compras de Espanha a Portugal) e a 3ª comunidade fornecedora (13,6 por cento do total das vendas). Por outro lado,

Portugal é o 2º cliente da Galiza (quota de 13,8 por cento) e o 2º fornecedor (quota de 12,9 por cento). Os dados são do Ministerio de Eco-nomia y Competitividad espanhol e do ICEX Exportación e Inversiones de Espanha.

Comércio Externo (2014)

Exportação para Portugal 2.455 milhões de euros

Importação de Portugal 1.870 milhões de euros

Taxa de Cobertura 131%

Investimento (2014)

IDPE Investimento português bruto:

2,3 milhões de euros, 0,4% do total.

IDE Investimento direto bruto:

4,6 milhões de euros, 0,9% do total.

RELAÇÕES ECONÓMICAS COM PORTUGAL

COMÉRCIO DE BENS GALIZA-PORTUGAL

2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2014 Agosto

2015 Agosto

Exportações 2,439 2,039 2,496 2,984 2,161 2,395 2,455 1,608 1,538

Importações 2,107 1,511 1,715 1,778 1,667 1,759 1,870 1,228 1,254

Saldo 332 528 781 1,206 494 636 585 380 284

Coef. Cob. 115.8% 134.9% 145.6% 167.8% 129.7% 136.2% 131.3% 130.9% 122.7%

Fonte: ICEX España Exportación e Inversiones; Unidade: Milhões de euros;

Entidades vocacionadas para o desenvolvimento económico na Galiza

dade e competitividade, captar investimento internacional e apoiar a internacionalização das empresas galegas.

Consórcio de Zona Franca de Vigo www.zonafrancavigo.com

Instituição pública criada para a exploração e administração da Zona Franca de Vigo, in-cluindo atividades socioeconómicas com o in-tuito de promover o desenvolvimento da sua área de influência.

Xunta de Galicia www.xunta.es

IGAPE – Instituto Gallego de Promoción Económica www.igape.es

O IGAPE – Instituto Galego de Promoción Económica, agência de desenvolvimento regional dependente da Conselleria de Eco-nomia e Industria, é a entidade pública que tem a função de fomentar a criação de novas empresas, promover a melhoria da produtivi-

Page 54: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

MERCADOS Portugalglobal nº8154

GALIZA ABRE AS PORTAS AO INVESTIMENTO ESTRANGEIRO

Atualmente, a internacionalização empresarial é um desafio, mas também uma realidade e uma oportunidade. Na Xunta de Galicia estamos convencidos de que

fomentando a internacionalização estamos a promover a competitividade do nosso tecido empresarial, porque são apenas as empresas competitivas aquelas que podem

consolidar a sua internacionalização e também criar ou consolidar emprego. Neste caminho, a Galiza precisa e quer avançar numa dupla direção. Por um lado, dispomos de ajudas e serviços destinados a apoiar as empresas nas suas iniciativas de exportação ou implantação no exterior e, por outro lado, também procuramos

avançar na captação de investimento estrangeiro. Queremos atrair empresas e investimento para a Galiza, completar cadeias de valor em setores estratégicos e

apostar em novas oportunidades.

> POR JAVIER AGUILERA NAVARRO, DIRETOR-GERAL DO IGAPE

Para isso, através de concurso públi-co, foram selecionadas três empresas consultoras de dimensão internacional – KPMG, MOA e Pricewaterhouse Coo-pers – com a missão de localizar e atrair para a Galiza projetos de investimento em áreas como a indústria transforma-dora, o setor primário ou o setor de serviços. As empresas e os investidores portugueses, como é natural pelos la-ços de amizade e boa vizinhança exis-tentes, têm as portas abertas.

Visando facilitar os processos de im-

plantação industrial na Galiza, a Xunta

coloca à disposição dos investidores um

conjunto de serviços e ajudas, que in-

cluem informação e acompanhamen-

to personalizado com o objetivo de

encontrar a localização e os parceiros

idóneos para cada projeto. Os apoios

disponíveis compreendem participa-

ções no capital, empréstimos – parti-

cipativos ou diretos – a custos muito

competitivos ou subvenções diretas.

Adicionalmente, procuramos dina-mizar e melhorar o nosso tecido em-presarial, sendo um dos instrumentos fundamentais para este trabalho a colaboração em projetos transfrontei-

riços. Neste âmbito, foi impulsionada a cooperação em matérias como a efi-ciência energética, através do projeto ENTIC, em colaboração com a Agên-cia de Energia do AVE, o Instituto de Engenharia Mecânica e Gestão Indus-trial, a União das Associações Empre-sariais da Região Norte e a Associação Empresarial de Viana do Castelo; foi criado um diretório de empresas de serviços TIC no Norte de Portugal e na Galiza que está à disposição das

empresas que procuram melhorar a sua competitividade e também foram ativados serviços de autodiagnóstico energético online.

Também colaboramos com o Norte de Portugal através do projeto eu-ropeu ACEINT. Neste caso o nosso parceiro português é a agência de desenvolvimento BIC Minho, sendo o objetivo do projeto localizar opor-tunidades de negócio e potenciais alianças no âmbito das tecnologias da informação e das comunicações.

Em paralelo, como coordenadores da política regional de clusters, promove-mos a colaboração dos clusters galegos através do projeto ATClusters, com a ADRAVE, o cluster TIC de Portugal (TICE.PT) e com a associação Portugal Foods.

Estes são somente três exemplos, mas a colaboração teve outros no-mes no passado e no futuro terá estes e ainda outros nomes, porque estamos convencidos de que o tra-balho em comum vai fazer-nos a to-dos mais fortes.

[email protected]

www.igape.es

Page 55: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

MERCADOSnovembro 2015 55

GNP-AECTCOOPERAÇÃO GALIZA – NORTE

DE PORTUGAL

A Eurorregião Galiza - Norte de Portugal tem uma longa trajetória de cooperação fomentada principalmente pelas duas administrações públicas

regionais, a Xunta de Galicia e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte de Portugal (CCDR Norte). As duas instituições mantêm

estreitas relações de cooperação, facilitadas pela proximidade geográfica e pelas afinidades entre as duas regiões.

Baseiam-se em aspetos históricos e culturais e nas potencialidades que re-sultam de considerar um espaço eco-nómico conjunto Galiza - Norte de Por-tugal, particularmente, em termos de mercado e nas vantagens que podem resultar da estruturação do Noroeste Peninsular. No ano de 1991 foi cons-tituída a Comunidade de Trabalho (CT) Galiza - Norte de Portugal, com o apoio das Administrações da União Europeia, espanhola e portuguesa, mantendo-se ativa e sem interrupções.

Criado pela CT Galiza - Norte de Portu-gal, sob o Regulamento Comunitário Nº 1082/2006, o Agrupamento Euro-peu de Cooperação Territorial Galiza - Norte de Portugal (GNP, AECT) iniciou a sua atividade em fevereiro de 2010 com a tomada de posse dos seus ór-gãos diretivos, convertendo-se na ter-ceira AECT mais antiga da Europa e a primeira da Península Ibérica.

O GNP-AECT trabalha com base na cooperação entre parceiros públicos e privados da Eurorregião para con-seguir maximizar os recursos, obter economias de escala, aumentar siner-gias e aproveitar as compatibilidades entre as duas regiões, melhorando

a qualidade de vida dos seus habi-

tantes, em diversos setores, como a

economia, educação, emprego, meio

ambiente, cultura, turismo, saúde, a

cooperação a nível local, etc.

No domínio da cooperação, são de des-

tacar na área económica e mercado de

trabalho as iniciativas público-privadas

coordenadas pelo GNP-AECT, como os

“Job Days” e o apoio aos clusters em-

presariais conjuntos (metal, turismo,

agroalimentar, têxtil), do que se bene-

ficiaram as PME portuguesas e gale-

gas interessadas numa nova cultura de

cooperação empresarial. Também se destaca o trabalho desenvolvido pelo GNP-AECT para se obter a Homologa-ção dos Títulos de Formação Profissional (FP) nesta Eurorregião, dinamizando as-sim o mercado laboral transfronteiriço (Prémio anual 2012 da Associação de Regiões Fronteiriças da Europa).

No âmbito educativo, o GNP-AECT criou o Programa “IACOBUS”, uma ini-ciativa que favorece a cooperação cultu-ral, científica e pedagógica, configuran-do um autêntico espaço de integração inter-regional entre as Universidades e Centros de Ensino Superior da Eurorre-gião. O IACOBUS facilita o intercâmbio de recursos humanos visando o desen-volvimento conjunto de atividades for-mativas, de investigação e de promo-ção. Deste Programa foram realizadas três edições durante 2014-2015, com um total de mais de 400 intercâmbios aprovados, para intercâmbios eurorre-gionais entre docentes, investigadores e pessoal de administração. O orçamento do GNP-AECT para o IACOBUS foi de 400.000 euros aproximadamente, con-tando com cofinanciamento europeu através do POCTEP.

www.gnpaect.eu

> POR MARIA GERALDES, DIRETORA DO AGRUPAMENTO EUROPEU DE COOPERAÇÃO TERRITORIAL GALIZA - NORTE DE PORTUGAL

Page 56: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

EMPRESAS Portugalglobal nº8156

Regina, Jubileu, Pintarolas, Allegro e Pantagruel são algumas das marcas de referência da Imperial e fazem parte do imaginário de várias gerações de consu-midores. Fundada em 1932 – e integra-da no grupo RAR entre 1973 e 2015, sendo hoje um ativo do Fundo Vallis Sustainable Investiments I –, a empresa soube evoluir ao longo dos anos, de-tendo posições de destaque a nível na-cional e uma presença significativa em diferentes geografias. Atualmente em-

IMPERIALCHOCOLATE PORTUGUÊS CHEGA MAIS LONGE

Fundada há mais de 80 anos, a Imperial é o maior fabricante nacional de chocolate, detendo mais de 400 referências ativas e exportando para mercados diversos em

África, Leste europeu, continente americano e asiático. Inovação e qualidade são os fatores-chave do sucesso da marca, quer no mercado nacional quer no internacional. A empresa, que em 2000 comprou a também portuguesa Regina, tem registado um

crescimento sustentado e em contraciclo com a conjuntura.

prega 175 colaboradores, um número que em períodos de pico de produção ultrapassa os 190 trabalhadores.

Nos últimos anos, a Imperial investiu 12 milhões de euros na modernização do seu parque tecnológico, que in-cluiu uma nova unidade de fabrico de tabletes e barras de chocolate. Este in-vestimento dotou a empresa de meios tecnológicos de última geração que lhe permitiu o desenvolvimento de

produtos diferenciadores, além de ter gerado capacidade de produção para responder ao seu plano de crescimen-to. A aquisição da Regina em 2000 e o seu relançamento na Páscoa de 2002, com o sucesso hoje bem patente na posição de liderança que a marca de-tém no mercado, constitui também um dos marcos históricos da empresa.

Desde 2001, data em que Manuela Tavares de Sousa foi nomeada CEO da

Page 57: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

EMPRESASnovembro 2015 57

Imperial, a empresa de Vila do Conde registou um crescimento expressivo, apostando continuamente no lança-mento de produtos diferenciadores, conquistando posições de liderança em vários segmentos e diversificando os mercados geográficos. Nos últimos anos, segundo Manuela Tavares de Sou-sa, CEO da Imperial, foram criadas “de-zenas de novas referências de produtos para outros tantos segmentos, o que demonstra bem o esforço de inovação, de criação de novas texturas e sabores”.

Em 2014, a Imperial manteve o ritmo de crescimento evidenciado ao longo dos últimos anos, registando um cres-cimento de 6 por cento face ao perío-do homólogo, resultado que, de acor-do com a responsável, reflete uma evolução cerca de três vezes superior à registada pelo mercado nacional de chocolate, cujo ritmo de crescimento atingiu os 2 por cento. O bom de-sempenho das marcas que a Imperial detém, a elevada visibilidade de que essas insígnias gozam e a ligação forte e familiar que mantêm com o consu-midor explicam este resultado muito positivo, defende Manuela Tavares de Sousa, acrescentando que as perspe-tivas para 2015 são promissoras aten-dendo a que as vendas líquidas no pri-meiro semestre deste ano continuam a crescer a um ritmo similar, face à primeira metade de 2014.

Consolidar no mercado externoFace à conjuntura recessiva que o país viveu nos últimos anos, as exporta-ções assumiram uma preponderância determinante no quotidiano de qual-quer empresa nacional e, nesse con-texto, a Imperial não é uma exceção. A Imperial exporta produtos para mais de 45 países, desde a Europa e África até aos continentes asiático e ameri-cano, sob diferentes marcas e forma-tos. A comercialização dos produtos da Imperial além-fronteiras representa mais de 20 por cento do volume de negócios da empresa.

Uma aposta no revivalismoOs produtos clássicos, em particular o segmento vintage, conquistam cada vez mais adeptos. A Imperial apos-tou, por isso, no relançamento da Caixa de Furos da Regina, no Natal de 2013, cujo sucesso é medido pe-los mais de três milhões de furos fei-tos até à data, número que superou largamente as expectativas geradas aquando do seu lançamento. A cria-ção de uma Caixa de Furos doméstica constitui outros dos grandes marcos neste âmbito, uma vez que veio per-mitir às gerações mais novas – nome-adamente jovens adultos com menos de 25 anos, adolescentes e crianças – contactar com um dos produtos nacionais mais emblemáticos.

Além deste, a empresa apostou também nos clássicos como as sombrinhas de chocolate, a bar-ra com embalagem vermelhinha, as tabletes de aromas ou mesmo o Floc Choc. Ainda no primeiro trimestre de 2015, foi relançada – em parceria com a loja “A Vida Portuguesa” – a primeira tablete de chocolate Regina, um chocola-te com aroma a baunilha extrafino que chegou pela primeira vez ao mercado no início dos anos 30 do século passado.A aposta no retromarketing e no vintage está presente também na edição especial dos “Costa do Sol”, conhecidos como Chocolate Con-fortável para Turistas, dado o Esto-ril ser nessa época um dos destinos mais cosmopolitas da Europa.

Em matéria de internacionalização, o objetivo principal é o de consolidar vendas nos países onde a Imperial já marca presença com uma diversificada gama de produtos. O grande impulso operado na Imperial a este nível ocor-reu quando a empresa passou a enca-rar a internacionalização como uma opção estratégica de crescimento.

“Nos mercados externos, a estraté-gia da Imperial está focada na nossa marca ‘premium’ Jubileu, de forma

a responder melhor a uma procura que valoriza produtos europeus de elevada qualidade e conseguir im-por-se nestes mercados pela diferen-ciação, já que taxas alfandegárias e impostos diversos fazem com que o nosso produto apresente um preço de venda ao público que chega a ser três vezes superior ao da produção local. O objetivo é competir no mes-mo patamar das marcas internacio-nais de maior renome”, revela Ma-nuela Tavares de Sousa.

Page 58: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

EMPRESAS Portugalglobal nº8158

Angola, África do Sul, Moçambique, Espanha, Itália, Polónia, Brasil e ou-tros países da América Latina e do Leste Europeu são os mercados para onde, atualmente, a Imperial mais exporta. Depois da África Austral, América Latina e Europa, a aposta da Imperial em matéria de internaciona-lização direciona-se agora para o Ex-tremo Oriente. A Indonésia é um dos objetivos prioritários a curto prazo. A entrada neste mercado com mais de 250 milhões de habitantes deverá ser realizada através do Carrefour Indo-nésia, que está presente em todo o país com uma rede de 85 lojas. A atu-ação neste mercado centrar-se-á na aposta numa gama selecionada (prin-

cipalmente através da marca Jubileu), com o intuito de chegar a um seg-mento alto, sendo que o objetivo é o de ser comercializada e concorrer no mesmo patamar que as marcas inter-nacionais de maior notoriedade que já estão presentes neste mercado.

Até ao final de 2016, adianta a em-presa, está prevista a entrada na Arábia Saudita, em parceria com um player local detentor de uma rede de 160 lojas e, à semelhança da Indoné-sia, com um posicionamento superior, através da aposta na marca Jubileu. Emirados Árabes Unidos, Cazaquis-tão, Turquemenistão e Azerbaijão são outros alvos que a Imperial tem em mira para expandir, a curto prazo, a sua atividade para outras geografias.

“Queremos consolidar a nossa posi-ção e continuar a ganhar dimensão, seguindo a nossa trajetória de cres-cimento. Acreditamos que as nossas marcas continuarão a cativar os con-sumidores, reforçando as posições de destaque que hoje detêm”, reforça a CEO da Imperial.

No mercado nacional, que tem sido um dos principais impulsionadores do crescimento global da empresa, a Im-perial pretende consolidar a sua posi-ção e manter o crescimento que vem registando ano após ano. A Imperial detém as principais marcas portugue-sas do setor, como é o caso da Jubileu,

Regina, Pintarolas, Pantagruel, Allegro

e Canderel. O portefólio de produ-

tos é muito diversificado, integrando

bombons, tabletes, tabletes de culiná-

ria, drageias de chocolate, frutos se-

cos cobertos com chocolate, fantasias

ou toffees, que se dirigem e adaptam

aos diferentes públicos-alvo.

A marca Regina – líder do segmento

dos frutos secos cobertos com choco-

late – representa cerca de 40 por cen-

to do total das vendas da empresa em

Portugal, tendo um elevado potencial

de crescimento pela aposta constan-

te na diversidade e no lançamento de

novidades. Refira-se que a Jubileu, MANUELA TAVARES DE SOUSA, CEO DA IMPERIAL

“A Imperial exporta produtos para mais

de 45 países, desde a Europa e África até aos

continentes asiático e americano, sob

diferentes marcas e formatos.”

uma das insígnias com maior notorie-dade e que se caracteriza pelo posi-cionamento premium, é a marca mais expressiva nos mercados externos, com boa aceitação dos consumidores internacionais que valorizam produtos europeus de qualidade.

Page 59: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

EMPRESASnovembro 2015 59

Novidades natalícias A Imperial aproveita habitualmen-te a época natalícia para o lança-mento de novidades. Este ano, a empresa aposta na criação de uma edição especial de sombri-nhas de 35 gramas e a apresenta-ção de novos sabores no segmen-to de chocolate negro, como é o caso dos bombons negros com pepitas de caramelo e flor de sal. Será ainda alargado o segmento de bombons para uma proposta mais sofisticada e premium e de vertente gift, onde será incluída a novidade de um sortido Jubileu Star. Será igualmente realizada a extensão da gama D’Or, nomea-damente, com a disponibilização de uma lata gift e de novos sabo-res diferenciadores. O Natal cor-responde a um forte pico de con-sumo de chocolate, representan-do, em média, mais de um terço da faturação anual da empresa. A expectativa da Imperial é superar o volume de vendas registado no mesmo período do ano passado.

No segmento de culinária, a marca Pantagruel lidera com uma quota de mercado de 33 por cento do choco-late de culinária português e alcan-çando posições de topo em diversos países lusófonos. As Pintarolas, mar-ca dirigida sobretudo a um target infantil, têm registado um cresci-mento assinalável: contabilizam um consumo de três milhões de tubos em Portugal, estando em mais de 10 mil pontos de venda, números que ajudam a explicar o facto de ocupar a posição líder a nível nacional na categoria de drageias de chocolate, no formato de tubo.

A Canderel é uma marca que respon-de às necessidades dos consumidores que, cada vez mais, procuram produ-tos que se enquadrem no conceito de saúde e bem-estar e que têm benefí-cios funcionais, estando hoje em dia presentes num universo de cerca de 500 farmácias portuguesas, para além das grandes superfícies.

Inovação e qualidade sustentam crescimentoA inovação e a qualidade são os grandes pilares do crescimento da Imperial, suportando o bom desem-penho das marcas quer no pano-rama nacional quer internacional. Nos últimos anos, a Imperial tem realizado um forte investimento em I&D&I, sendo o mais emblemático as novas instalações fabris na unidade de Vila do Conde que permitiram o desenvolvimento e fabrico de pro-dutos diferenciadores. A procura de novas soluções tecnológicas é pre-cisamente uma das estratégias de inovação da Imperial. Neste âmbito, importa destacar que a empresa tem implementado o Sistema de Gestão de Investigação, Desenvolvimento e Inovação (SGIDI) – projeto pioneiro da COTEC que faz da Imperial a pri-meira empresa do ramo alimentar a implementar e a obter esta certifica-ção. A adoção deste sistema condu-ziu a empresa a uma maior disciplina

e sistematização de metodologias, permitindo, a par de uma postura criativa, conquistar e manter o posi-cionamento diferenciador que a Im-perial possui no mercado. O contínuo lançamento de novas referências – que neste momento ascendem a mais de 400 referên-cias ativas – que abrangem todas as marcas da empresa, comprovam a capacidade inovadora da empresa. O Prémio PME Inovação COTEC – distinção que veio reconhecer o tra-balho contínuo que a Imperial vem desenvolvendo, nomeadamente no campo da inovação – surgiu preci-samente no ano em que a Imperial apostou no lançamento de 30 novos produtos. Consciente de que uma empresa inovadora é uma empresa mais competitiva, a Imperial aposta num processo de inovação que não passa só pela criação de novos sa-bores e formatos, mas também pela aposta na recuperação de produtos lançados ao longo dos anos e que estão emocionalmente ligados à his-tória de vida dos consumidores.

“Antecipar tendências de consumo, saber interpretá-las bem e traduzi-las em produtos que consigam cativar o consumidor é uma das grandes van-tagens competitivas da Imperial. Para o sucesso da nossa capacidade de inovar e lançar produtos que agre-guem valor acrescentado muito tem contribuído a aposta da Imperial em investimento em meios tecnológicos de última geração que suportam estes desenvolvimentos”, salienta Manuela Tavares de Sousa.

Ainda de referir que a Imperial in-tegra a Rede PME Inovação COTEC desde 2010. Recentemente, a CO-TEC convidou a CEO da empresa, Manuela Tavares de Sousa, a integrar a Direção da Associação.

[email protected]

www.imperial.pt

Page 60: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

EMPRESAS Portugalglobal nº8160

Fundada em 2006, fruto do espírito empreendedor do seu atual presiden-te, Pedro Pacheco, a BERD nasceu com o objetivo de explorar comercialmente as vantagens do Sistema de Pré-esforço Orgânico (OPS), desenvolvido pelo gru-po OPS da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. A empresa de Matosinhos dedica-se, desde então, à

BERDEngenharia de pontes com sucesso

no mercado internacional

A BERD investiga, desenvolve e aplica soluções inovadoras em métodos construtivos para a construção de pontes e viadutos. A tecnologia da empresa de Matosinhos é exportada a 100 por cento e tem sido utilizada em inúmeros

mercados da Europa, Ásia e América Latina.

investigação, desenvolvimento e apli-cação de soluções de vanguarda em métodos construtivos para a constru-ção de pontes e viadutos.

De acordo com fonte da empresa, o OPS permite construir pontes com maior rapidez, menor consumo de aço e energia, redução das emissões

de dióxido de carbono e menor ne-cessidade de recondicionamento. Ou seja, o sistema promove a construção de pontes com maior qualidade, sig-nificante economia de custos e ciclos de construção mais rápidos. De referir que os Cimbres Autolançáveis Mó-veis (betonagem in situ) e Lançadeiras (aduelas pré-moldadas) com OPS da

Page 61: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

EMPRESASnovembro 2015 61

BERD são usados para construção de pontes em betão com vãos que va-riam entre os 20 e os 120 metros.

Além disso, com esta tecnologia foram abertas novas possibilidades na cons-trução de pontes, sendo que a equipa da BERD desenvolve permanentemen-te muitas outras aplicações a este sis-tema. Sublinhe-se que a tecnologia do sistema OPS está internacionalmente patenteada e registada em cerca de 70 países e a sua submissão foi publi-cada na OMPI (Organização Mundial da Propriedade Intelectual).

“O desemprenho das soluções que a BERD propõe é muito elevado, o que se traduz numa empresa portuguesa que tem 100 por cento de exportação nos últimos quatro anos e que está no ‘top 3’ mundial de soluções de enge-nharia de pontes”, afirma Pedro Pa-checo, CEO da empresa.

Atualmente com cerca de 40 colabo-radores, a BERD iniciou o seu processo de internacionalização em 2007 e está presente em vários países da Europa Ocidental e na Polónia, Roménia, Rús-sia, Turquia, República Checa, Eslová-quia, Índia, Coreia, Japão, Indonésia, Estados Unidos, Canadá, Brasil, Co-lômbia, Peru, Venezuela, México, en-tre outros. Os seus principais clientes são a Eurovia (Eslováquia/República

Checa), o Consórcio Ponte de Laguna (Camargo Corrêa, Construbase e Gru-po Aterpa, Brasil), a Contern (Brasil), a Pavasal (Espanha), o CAET (Soares da Costa/ FCC/ Ramalho Rosa Cobetar,

num projeto na Turquia, o M1, um equipamento único no mundo que será o maior cimbre autolançável da atualidade, reforça a mesma fonte, explicando que a utilização do M1 é particularmente indicada para a cons-trução de pontes com grandes vãos (acima dos 90 metros).

“Entre os segredos para o sucesso da BERD destacamos a estratégia de excelência em todas as áreas, como qualidade elevada no fornecimento, nos produtos, na gestão, no apoio técnico e na qualidade de engenha-ria”, defende o gestor, acrescentando que “o ponto forte mais importante é a equipa da BERD. É uma equipa jovem, ambiciosa, responsável, deter-minada e com uma vontade incansá-vel de fazer bem”.

Ainda de referir que, centrada na pro-moção da inovação nesta área tecno-lógica, a BERD estabeleceu uma par-ceria com a FEUP para o lançamento do Prémio Mundial de Inovação em Engenharia de Pontes “BERD-FEUP WIBE 2017” (www.fe.up.pt/wibe).

A BERD prevê obter este ano um rev-enue de 8,6 milhões de euros.

[email protected]

www.berd.eu

“O OPS permite construir pontes com maior rapidez, menor

consumo de aço e energia, redução das emissões de dióxido de carbono e menor

necessidade de recondicionamento. Ou seja, o sistema

promove a construção de pontes com maior

qualidade, significante economia de custos e ciclos de construção

mais rápidos.”

Portugal), a Mota-Engil (Portugal), a Jan-de-Nul (Bélgica) e a Yuksel – KA-PPA (Turquia).

A BERD encontra-se presentemen-te a fabricar, para futura operação

Page 62: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

OPINIÃO Portugalglobal nº8162

Embora não seja uma novidade, uma vez que

constitui um fenómeno de há longa data, e bas-

ta pensar no papel que tiveram as Companhias

das Índias no desenvolvimento do comércio In-

ternacional, qual a razão subjacente ao recen-

INTERNACIONALIZAR PARA CRESCER

O tema da internacionalização tem ganho uma crescente visibilidade, tanto no discurso político como no discurso

económico.

te destaque que tem tido em Portugal? Esta prende-se com a sua crescente importância no panorama macroeconómico do país. O equilí-brio das contas externas que temos vindo a re-gistar tem sido em grande parte consequência do sucesso de processos de internacionalização, seja através do aumento significativo das expor-tações seja através do não menos significativo aumento das receitas do turismo. Estes dois fe-nómenos são bem a expressão da importância da internacionalização dos agentes económicos para a economia portuguesa.

A aposta na internacionalização via exportações tem uma origem evidente, que é a dimensão do mercado interno, limitado e em fase de estag-nação, o que conduz a que um número crescen-te de empresas encarem a internacionalização como uma via para potenciar a sua estratégia

> POR JOSÉ CARDOSO DE MATOS, ‘PARTNER’ DA B’TEN

Page 63: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

OPINIÃOnovembro 2015 63

“A aposta na internacionalização via

exportações tem origem na dimensão do mercado

interno, limitado e em fase de estagnação, o que conduz a que um número crescente

de empresas encarem a internacionalização como

uma via para potenciar a sua expansão e assegurar a sua

sustentabilidade.”

de expansão e para assegurar a sua sustenta-bilidade. Será também relevante, neste âmbito, conhecer e perceber o porquê dos casos de in-sucesso, sob pena de os erros se repetirem em prejuízo de outras tantas empresas.

Por isso importa lembrar que a internaciona-lização não é processo fácil, mas antes deve ser encarado como um projeto estratégico que implica empenho da gestão e da estrutura, capacidade financeira, adaptabilidade a novas culturas, hábitos e formas de fazer negócios e, finalmente, perceber que é um projeto de médio ou longo prazo, que implica resiliência e flexibilidade para encontrar o caminho certo.

Para que um projeto de internacionalização te-nha sucesso, como em qualquer outro caso, este deve resultar num alinhamento entre os produ-tos e serviços da empresa e as necessidades dos consumidores, com uma diferença substantiva. É que os consumidores a satisfazer são diferentes, estão em mercados igualmente diferentes, com necessidades e hábitos de consumo diferentes, com estruturas de distribuição e de financiamen-to também diferentes e com leis, regulamentos e impostos não menos diferentes.

Em resumo, para muitas empresas a interna-cionalização implica entrar num mundo di-ferente, totalmente desconhecido. Mas esse facto não deve desencorajar quem ainda não se aventurou por “mares nunca dantes nave-gados”, pois há metodologias e práticas que

os podem ajudar a encarar esse desafio com convicção, mitigando o risco e aumentando as suas probabilidades de sucesso.

Para ter sucesso, tal como em outras dimensões da atividade empresarial, as empresas devem op-tar por uma estratégia informada e profissional, identificando os recursos internos a desenvolver

e/ou parceiros que lhes permitam estruturar uma estratégia de internacionalização e definir a me-lhor forma de a implementar em cada mercado.

Saber o que queremos e como lá chegar é es-sencial para garantir o sucesso.

www.bten.pt

Page 64: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

ANÁLISE DE RISCO -PAÍS Portugalglobal nº8164

COSECNo âmbito de apólices individuais

Políticas de cobertura para mercados de destino das exportações portuguesas

África do Sul* C Aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária (decisão casuística).

AngolaC Caso a caso.

M/L Garantia soberana. Limite total de responsabilidades.

Arábia Saudita C Carta de crédito irrevogável

(decisão casuística).

M/L Caso a caso.

ArgéliaC Sector público: aberta sem res-

trições. Sector privado: eventual exigência de carta de crédito irrevogável.

M/L Em princípio. exigência de garan-tia bancária ou garantia soberana.

Argentina T Caso a caso.

BareinC Aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária.

BenimC Caso a caso, numa base muito

restritiva.

M/L Caso a caso, numa base muito restritiva, e com exigência de garantia soberana ou bancária.

Brasil* C Aberta sem condições restritivas.

M/L Clientes soberanos: Aberta sem condições restritivas. Outros Clien-tes públicos e privados: Aberta, caso a caso, com eventual exigência de garantia soberana ou bancária.

Cabo Verde C Aberta sem condições restritivas.

M/L Eventual exigência de garantia bancária ou de garantia soberana (decisão casuística).

Camarões T Caso a caso, numa base muito

restritiva.

Cazaquistão Temporariamente fora de cobertura.

Chile C Aberta sem condições restritivas.

M/L Clientes públicos: Aberta sem condições restritivas. Clientes privados: Em princípio, aberta sem condições restritivas. Eventual exigência de garantia bancária numa base casuística.

China* C Aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária.

Colômbia C Carta de crédito irrevogável.

M/L Caso a caso, numa base restritiva.

Costa do Marfim C Caso a caso, com eventual

exigência de garantia bancária ou garantia soberana. Extensão do prazo constitutivo de sinistro para 12 meses.

M/L Exigência de garantia bancária ou garantia soberana. Extensão do prazo constitutivo de sinistro de 3 para 12 meses.

Costa Rica C Aberta sem condições restritivas.

M/L Não definida.

Cuba T Fora de cobertura.

Egipto C Carta de crédito irrevogável.

M/L Caso a caso.

Emirados Árabes Unidos C Aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária (decisão casuística).

EtiópiaC Carta de crédito irrevogável.

M/L Caso a caso numa base muito restritiva.

Filipinas C Aberta sem condições restritivas.

M/L Não definida.

GanaC Caso a caso numa base muito

restritiva.

M/L Fora de cobertura.

GeórgiaC Caso a caso numa base restritiva,

privilegiando-se operações de pequeno montante.

M/L Caso a caso, numa base muito restritiva e com a exigência de contra garantias.

Guiné-Bissau T Fora de cobertura.

Guiné Equatorial C Caso a caso, numa base restritiva.

M/L Clientes públicos e soberanos: caso a caso, mediante análise das garantias oferecidas, desig-nadamente contrapartidas do petróleo. Clientes privados: caso a caso, numa base muito restri-tiva, condicionada a eventuais contrapartidas (garantia de banco comercial aceite pela COSEC ou contrapartidas do petróleo).

Hong-Kong C Aberta sem condições restritivas.

M/L Não definida.

Iémen C Caso a caso, numa base restritiva.

M/L Caso a caso, numa base muito restritiva.

Índia C Aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária.

Indonésia C Caso a caso, com eventual

exigência de carta de crédito irre-vogável ou garantia bancária.

M/L Caso a caso, com eventual exi-gência de garantia bancária ou garantia soberana.

Irão Sanções em vigor. Para mais informações, contactar a COSEC.

Iraque T Fora de cobertura.

Jordânia C Caso a caso.

M/L Caso a caso, numa base restritiva.

Koweit C Aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária (decisão casuística).

Líbano C Clientes públicos: caso a caso

numa base muito restritiva. Clientes privados: carta de crédito irrevogável ou garantia bancária.

M/L Clientes públicos: fora de cober-tura. Clientes privados: caso a caso numa base muito restritiva.

Líbia T Fora de cobertura.

Lituânia C Carta de crédito irrevogável.

M/L Garantia bancária.

Macau C Aberta sem condições restritivas.

M/L Não definida.

Malásia C Aberta sem condições restritivas.

M/L Não definida.

Malawi C Caso a caso, numa base restritiva.

M/L Clientes públicos: fora de co-bertura, excepto para operações de interesse nacional. Clientes privados: análise casuística, numa base muito restritiva.

Marrocos* C Aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária ou garantia soberana.

Martinica C Aberta sem condições restritivas.

M/L Não definida.

México* C Aberta sem restrições.

M/L Em princípio aberta sem restrições. A eventual exigência de garantia bancária, para clientes privados, será decidida casuisticamente.

Moçambique C Caso a caso, numa base restritiva

(eventualmente com a exigência de carta de crédito irrevogável, garan-tia bancária emitida por um banco aceite pela COSEC e aumento do prazo constitutivo de sinistro).

M/L Aumento do prazo constitutivo de sinistro. Sector privado: caso a caso numa base muito restritiva. Operações relativas a projectos geradores de divisas e/ou que admitam a afectação prioritária de receitas ao pagamento dos créditos garantidos, terão uma ponderação positiva na análise do risco; sector público: caso a caso numa base muito restritiva.

Montenegro C Caso a caso, numa base restritiva.

privilegiando-se operações de pequeno montante.

M/L Caso a caso, com exigência de ga-rantia soberana ou bancária, para operações de pequeno montante.

Nigéria C Caso a caso, numa base restritiva

(designadamente em termos de alargamento do prazo consti-tutivo de sinistro e exigência de garantia bancária).

Page 65: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

ANÁLISE DE RISCO - PAÍSnovembro 2015 65

Políticas de cobertura para mercados de destino das exportações portuguesas

No âmbito de apólices globais

Na apólice individual está em causa a cobertura de uma única transação para um determinado mercado, enquanto a apólice global cobre todas as transações em todos os países para onde o empresário exporta os seus produtos ou serviços.

As apólices globais são aplicáveis às empresas que vendem bens de consumo e intermédio, cujas transações envolvem créditos de curto prazo (média 60-90 dias), não excedendo um ano, e que se repetem com alguma frequência.

Tendo em conta a dispersão do risco neste tipo de apólices. a política de cobertura é casuística e, em geral, mais flexível do que a indicada para as transações no âmbito das apólices individuais. Encontram-se também fora de cobertura Cuba, Guiné-Bissau, Iraque e S. Tomé e Príncipe.

COSEC Companhia de Seguro de Créditos. S. A.Direcção Internacional

Avenida da República. 581069-057 LisboaTel.: +351 217 913 832 Fax: +351 217 913 [email protected] www.cosec.pt

M/L Caso a caso, numa base muito restritiva, condicionado a eventuais garantias (bancárias ou contraparti-das do petróleo) e ao alargamento do prazo contitutivo de sinistro.

Oman C Aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária (decisão ca-suística).

Panamá C Aberta sem condições restritivas.

M/L Não definida.

Paquistão Temporariamente fora de cobertura.

Paraguai C Carta de crédito irrevogável.

M/L Caso a caso, numa base restritiva.

Peru C Aberta sem condições restritivas.

M/L Clientes soberanos: aberta sem condições restritivas. Clientes públicos e privados: aberta, caso a caso, com eventual exigência de garantia soberana ou bancária.

Qatar C Aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária (decisão casuística).

Quénia C Carta de crédito irrevogável.

M/L Caso a caso, numa base restritiva.

República Dominicana C Aberta caso a caso, com eventual

exigência de carta de crédito irrevo-gável ou garantia bancária emitida por um banco aceite pela COSEC.

M/L Aberta caso a caso com exigência de garantia soberana (emitida pela Secretaria de Finanzas ou pelo Ban-co Central) ou garantia bancária.

Rússia Sanções em vigor. Para mais informações, contactar a COSEC.

S. Tomé e Príncipe C Análise caso a caso, numa base

muito restritiva.

Senegal C Em princípio. exigência de

garantia bancária emitida por um banco aceite pela COSEC e eventual alargamento do prazo constitutivo de sinistro.

M/L Eventual alargamento do prazo constitutivo de sinistro. Setor público: caso a caso, com exigên-cia de garantia de pagamento e transferência emitida pela Auto-ridade Monetária (BCEAO); setor privado: exigência de garantia bancária ou garantia emitida pela Autoridade Monetária (preferência a projetos que permitam a aloca-ção prioritária dos cash-flows ao reembolso do crédito).

Singapura C Aberta sem condições restritivas.

M/L Não definida.

Suazilândia C Carta de crédito irrevogável.

M/L Garantia bancária ou garantia soberana.

Tailândia C Carta de crédito irrevogável

(decisão casuística).

M/L Não definida.

Taiwan C Aberta sem condições restritivas.

M/L Não definida.

Tanzânia T Caso a caso, numa base muito

restritiva.

Tunísia* C Aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária.

Turquia C Carta de crédito irrevogável.

M/L Garantia bancária ou garantia soberana.

Ucrânia C Clientes públicos: eventual

exigência de garantia soberana. Clientes privados: eventual exigência de carta de crédito irrevogável.

M/L Clientes públicos: eventual exigência de garantia soberana. Clientes privados: eventual exigência de garantia bancária.Para todas as operações, o prazo constitutivo de sinistro é definido caso a caso.

Uganda C Caso a caso, numa base muito

restritiva.

M/L Fora de cobertura.

Uruguai C Carta de crédito irrevogável

(decisão casuística).

M/L Não definida.

Venezuela C Clientes públicos: aberta caso

a caso com eventual exigência de garantia de transferência ou soberana. Clientes privados: aberta caso a caso com eventual exigência de carta de crédito irrevogável e/ou garantia de transferência.

M/L Aberta caso a caso com exigência de garantia soberana.

Zâmbia C Caso a caso, numa base muito

restritiva.

M/L Fora de cobertura.

ZimbabweC Caso a caso, numa base muito

restritiva.

M/L Fora de cobertura.

Advertência:

A lista e as políticas de cobertura são indicativas e podem ser alteradas sempre que se justifique. Os países que constam da lista são os mais representativos em termos de consultas e responsabilidades assumidas. Todas as operações são objeto de análise e decisão específicas.

Legenda:

C Curto Prazo

M/L Médio / Longo Prazo

T Todos os Prazos

* Mercado prioritário.

Page 66: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

TABELA CLASSIFICATIVA DE PAÍSES Portugalglobal nº8166

A Portugalglobal e a COSEC apresentam-lhe uma Tabela Clas-sificativa de Países com a graduação dos mercados em função do seu risco de crédito, ou seja, consoante a probabilidade de cumprimento das suas obrigações externas, a curto, a médio e a longo prazos. Existem sete grupos de risco (de 1 a 7), corres-

pondendo o grupo 1 à menor probabilidade de incumprimento e o grupo 7 à maior.As categorias de risco assim definidas são a base da avaliação do risco país, da definição das condições de cobertura e das taxas de prémio aplicáveis.

Tabela classificativa de paísesPara efeitos de Seguro de Crédito à exportação

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 5 Grupo 6 Grupo 7

Hong-KongSingapura *Taiwan

Arábia SauditaBotswanaBruneiChina •EAUa

GibraltarKoweitLituâniaMacauMalásiaOmanTrind. e Tobago

ArgéliaBahamasBarbadosBrasil •Costa RicaDep/ter Austr.b

Dep/ter Din.c

Dep/ter Esp.d

Dep/ter EUAe

Dep/ter Fra.f

Dep/ter N. Z.g

Dep/ter RUh

FilipinasIlhas MarshallÍndiaIndonésiaMarrocos •MauríciasMéxico •MicronésiaNamíbiaPalauPanamáPeruQatarRoméniaTailândiaUruguai

África do Sul •ArubaBareinBulgáriaColômbia El SalvadorGuatemalaHungriaRússiaTunísia •Turquia

AngolaAzerbeijãoBangladeshBolíviaCazaquistão •CroáciaCuraçauDominicana. Rep.GabãoGanaJordâniaLesotoMacedóniaNigériaPapua–Nova GuinéParaguaiS. Vic. e Gren.Santa LúciaVietnameZâmbia

AlbâniaArméniaBelizeButãoCabo VerdeCamarõesCambojaComores CongoDominicaEgiptoEquadorFidjiGeórgiaHondurasKiribatiMaldivasMongóliaNauruNepal QuéniaRuandaSamoa Oc.SenegalSérvia Sri LankaSuazilândiaSuriname TanzâniaTimor-LesteTurquemenistãoTuvaluUgandaUzbequistãoVanuatu

AfeganistãoAnt. e BarbudaArgentinaBielorussiaBenimBósnia e Herze-govinaBurkina FasoBurundiCent. Af. Rep.ChadeCisjordânia / GazaCongo. Rep. Dem.Coreia do NorteC. do MarfimCuba • DjibutiEritreiaEtiópiaGâmbiaGrenadaGuianaGuiné EquatorialGuiné. Rep. daGuiné-Bissau • HaitiIemenIrãoIraque •JamaicaKosovoLaosLíbano

LibériaLíbiaMadagáscarMalawiMali MauritâniaMoçambiqueMoldáviaMontenegro Myanmar Nicarágua Níger Paquistão •QuirguistãoS. Crist. e NevisS. Tomé e PríncipeSalomão Seicheles Serra LeoaSíria Somália SudãoSudão do Sul TadzequistãoTogo Tonga UcrâniaVenezuelaZimbabué

Fonte: COSEC - Companhia de Seguro de Créditos. S.A.* País pertencente ao grupo 0 da classificação risco-país da OCDE. Não é aplicável o sistema de prémios mínimos.

• Mercado de diversificação de oportunidades • Fora de cobertura

a) Abu Dhabi, Dubai, Fujairah, Ras Al Khaimah, Sharjah, Um Al Quaiwain e Ajma b) Ilhas Norfolk c) Ilhas Faroe e Gronelândiad) Ceuta e Melilha e) Samoa, Guam, Marianas, Ilhas Virgens e Porto Rico

f) Guiana Francesa, Guadalupe, Martinica, Reunião, S. Pedro e Miquelon, Polinésia Francesa, Mayotte, Nova Caledónia, Wallis e Futuna

g) Ilhas Cook e Tokelau, Ilhas Niveh) Anguilla, Bermudas, Ilhas Virgens, Cayman, Falkland, Pitcairn, Monserrat, Sta. Hel-

ena, Ascensão, Tristão da Cunha, Turks e Caicos

NOTAS

COSEC

Page 67: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

ESTATÍSTICASnovembro 2015 67

Ativo 6.827 1.055 3.905 -414 -4.319 692 -89

Passivo 9.272 1.183 7.261 116 -7.144 -453 -200

Saldo -2.444 -128 -3.355 -530 2.826 1.145 111

ID de Portugal no Exterior (IDPE) 2.143 3.007 1.964 6.540 4.575 1.972 692

ID do Exterior em Portugal (IDE) 4.587 3.135 5.320 7.070 1.750 827 581

Saldo -2.444 -128 -3.355 -530 2.826 1.145 111

Unidade: Variações líquidas em Milhões de Euros

Stock Ativo 67.927 71.602 73.125 71.702 72.419 1,0%

Stock Passivo 112.827 118.982 120.231 120.832 122.605 1,5%

Stock IDPE 42.931 42.681 41.417 42.703 47.629 11,5%

Stock IDE 87.830 90.061 88.523 91.834 97.815 6,5%

Unidade: Posição em fim de período em Milhões de Euros Fonte: Banco de Portugal

Títulos de participação no capital 2.855 828 -2.028

De investidores diretos em empresas de investimento direto 2.860 785 -2.076

De empresas de investimento directo em investidores diretos -3 43 45

Entre empresas irmãs -2 1 3

Instrumentos de dívida 1.050 -1.241 -2.291

De investidores diretos em empresas de investimento direto 849 -2.265 -3.114

De empresas de investimento direto em investidores diretos 28 232 204

Entre empresas irmãs 172 791 619

Títulos de participação no capital 3.668 2.737 -930

De investidores diretos em empresas de investimento direto 3.613 2.731 -882

De empresas de investimento direto em investidores diretos 2 5 3

Entre empresas irmãs 53 2 -51

Instrumentos de dívida 3.593 -2.621 -6.214

De investidores diretos em empresas de investimento direto 1.954 5.186 3.233

De empresas de investimento direto em investidores diretos -1.079 157 1.235

Entre empresas irmãs 2.718 -7.964 -10.682

Espanha 1.079 546

Alemanha 571 -527

Irlanda 210 18

França 177 74

Brasil 116 -1.980

União Europeia 28 -433 -3.504

Extra UE28 20 -815

Luxemburgo 6.562 5.422

Espanha 699 -38

França 337 128

Bélgica 280 282

Alemanha 182 56

União Europeia 28 577 -2.993

Extra UE28 -460 -4.151

INVESTIMENTO DIRETO COM O EXTERIOR

>PRINCIPAIS DADOS DE INVESTIMENTO (IDE E IDPE). EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES.

INVESTIMENTO e COMÉRCIO EXTERNO

POR PRINCÍPIO ATIVO / PASSIVO 2014 vh meur 2014/13 2014 jan/set 2015

jan/setvh meur

15/14 jan/setvh meur

15/14 set/setvc meur 15/15

set/ago

POR PRINCÍPIO DIRECIONAL 2014 vh meur 2014/13

2014 jan/set

2015 jan/set

vh meur 15/14 jan/set

vh meur 15/14 set/set

vc meur 15/15 set/ago

POR PRINCÍPIO ATIVO / PASSIVO 2012 dez 2013 dez 2014 dez 2014 set 2015 set tvh 15/14 set/set

ATIVO POR INSTRUMENTO FINANCEIRO E TIPO DE RELAÇÃO ENTRE EMPRESAS 2014 jan/set 2015 jan/set vh meur 15/14

PASSIVO POR INSTRUMENTO FINANCEIRO E TIPO DE RELAÇÃO ENTRE EMPRESAS 2014 jan/set 2015 jan/set vh meur 15/14

PASSIVO 2015 jan/set vh meur 15/14 jan/setATIVO 2015 jan/set vh meur 15/14

jan/set

Page 68: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

ESTATÍSTICAS Portugalglobal nº8168

COMÉRCIO INTERNACIONAL

Exportações bens 48.105 1,7% 35.657 37.402 4,9% 1,9% 24,9%

Exportações bens UE 34.099 2,5% 25.484 27.185 6,7% 8,0% 37,6%

Exportações bens Extra UE 14.006 -0,2% 10.174 10.217 0,4% -13,1% -2,5%

Unidade: Milhões de euros

Exportações totais de serviços 23.623 7,5% 17.913 18.628 4,0% 1,9% -10,0%

Exportações serviços UE 15.934 7,9% 12.139 12.950 6,7% 7,6% -15,2%

Exportações serviços extra UE 7.690 6,5% 5.774 5.678 -1,7% -10,4% 6,9%

Unidade: Milhões de euros

Exportações bens UE 70,9% -- 71,5% 72,7% -- -- --

Exportações bens Extra UE 29,1% -- 28,5% 27,3% -- -- --

Unidade: Milhões de euros

Exportações serviços UE 67,4% -- 67,8% 69,5% -- -- --

Exportações serviços extra UE 32,6% -- 32,2% 30,5% -- -- --

Unidade: % do total

POR PRINCÍPIO ATIVO / PASSIVO 2014 tvh 2014/13 2014 jan/set

2015 jan/set

tvh 15/14 jan/set

tvh 15/14 set/set

tvc 15/15 set/ago

SERVIÇOS (Exportação) 2014 tvh 2014/13 2014 jan/set

2015 jan/set

tvh 15/14 jan/set

tvh 15/14 set/set

tvc 15/15 set/ago

Espanha 25,0% 11,0%

Alemanha 12,0% 4,7%

França 12,0% 5,3%

Reino Unido 6,6% 14,3%

EUA 5,3% 28,6%

Angola 4,3% -28,7%

Países Baixos 4,0% 4,3%

Máquinas, Aparelhos 14,4% 4,2%

Veículos e Outro Material de Transporte 11,6% 10,1%

Combustíveis Minerais 8,0% 1,9%

Metais Comuns 7,7% 2,0%

Plásticos, Borracha 7,4% 5,6%

Espanha 926 11,0

EUA 437 28,6

Reino Unido 309 14,3

França 224 5,3

Alemanha 202 4,7

Canadá 87 44,4

Angola -641 -28,7

Veículos, Out. Mat. Transp. 401 1,1

Máquinas, Aparelhos 220 0,6

Agrícolas 213 0,6

Plásticos, Borracha 147 0,4

Pastas Celulósicas, Papel 132 0,4

Exp. Bens - Clientes 2015 (jan/set) % Total tvh 15/14

Export. Bens - Produtos 2015 (jan/set) % Total tvh 15/14

Exp. Bens - Var. Valor (15/14) Meur Cont. p. p.

Exp. Bens - Var. Valor (15/14) Meur Cont. p. p.

Page 69: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

ESTATÍSTICASnovembro 2015 69

Importações bens 58.976 3,4% 43.780 45.021 2,8% -1,0% 22,9%

Importações bens UE 44.102 7,4% 32.527 34.240 5,3% -0,1% 27,5%

Importações bens Extra UE 14.874 -6,7% 11.253 10.781 -4,2% -3,9% 10,0%

Unidade: Milhões de euros

Importações totais de serviços 12.146 11,3% 8.957 9.391 4,8% 2,7% 3,7%

Importações serviços UE 7.907 15,1% 5.828 6.223 6,8% 8,4% 5,2%

Importações serviços extra UE 4.239 4,9% 3.129 3.168 1,2% -7,6% 0,7%

Unidade: Milhões de euros

INE INE agosto 15 novembro 15 novembro 15 junho 15 abril 15

PIB 0,9 1,5 1,6 : 1,5 1,7 : 1,7 1,7 : 1,6 1,7 : 1,9 1,6 : 2,0

Exportações Bens e Serviços 3,3 7,2 5,5 : 4,8 5,3 : 4,8 6,8 : 5,9 4,8 : 6,0 4,8 : 5,5

Unidade: Milhões de euros

Importações bens UE 74,8% -- 74,3% 76,1% -- -- --

Importações bens Extra UE 25,2% -- 25,7% 23,9% -- -- --

Unidade: % do total

Importações bens UE 65,1% -- 65,1% 66,3% -- -- --

Importações bens Extra UE 34,9% -- 34,9% 33,7% -- -- --

Unidade: % do total

BENS (Importação) 2014 tvh 2014/13 2014 jan/set

2015 jan/set

tvh 15/14 jan/set

tvh 15/14 set/set

tvc 15/15 set/ago

SERVIÇOS 2014 tvh 2014/13 2014 jan/set

2015 jan/set

tvh 15/14 jan/set

tvh 15/14 set/set

tvc 15/15 set/ago

PREVISÕES 2015 : 2016 (tvh real %) 2014 2015 1º sem. FMI CE OCDE BdP Min. Finanças

Espanha 32,4% 3,3%

Alemanha 12,8% 7,0%

França 7,4% 7,4%

Itália 5,3% 6,5%

Países Baixos 5,1% -0,1%

Reino Unido 3,2% 7,5%

Bélgica 3,0% 10,3%

Máquinas, Aparelhos 15,2% 4,6%

Combustíveis Minerais 13,8% -20,5%

Veículos e Outro Material de Transporte 12,1% 18,7%

Químicos 11,1% 10,4%

Agrícolas 10,7% 5,6%

Espanha 473 1,1

Alemanha 380 0,9

França 230 0,5

Itália 145 0,3

Argélia -128 -0,3

Angola -254 -0,6

Nigéria -450 -1,0

Veículos, Out. Mat. Transp. 858 2,0

Químicos 468 1,1

Agrícolas 302 0,7

Máquinas, Aparelhos 262 0,6

Combustíveis Minerais -1.598 -3,7

Import. Bens - Fornecedores 2015 (jan/set) % Total tvh 15/14

Import. Bens - Produtos 2015 (jan/set) % Total tvh 15/14

Imp. Bens - Var. Valor (15/14) Meur Cont. p. p.

Imp. Bens - Var. Valor (15/14) Meur Cont. p. p.

Fontes: INE/Banco de Portugal Notas e siglas: Meur - Milhões de euros Cont. - Contributo para o crescimento das exportações p.p. - Pontos percentuais tvh - Taxa de variação homóloga tvc - Taxa de variação em cadeia n.d. - Não disponível

Page 70: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

S. Francisco

Toronto

Cidade do México

Bogotá

Nova Iorque

Haia

BruxelasDublin

Londres

Paris

Milão

Barcelona

Praia

Rabat

São Paulo

Lima

Rio de Janeiro

Santiago do ChileBuenos Aires

São Tomé

Bissau

Argel

Zurique

Oslo

Madrid

Caracas

Panamá

Carlos [email protected]

Jorge [email protected]

Luís [email protected]

ÁFRICA DO [email protected]

Raul TravadoCANADÁ[email protected]

Miguel Porfí[email protected]

Rui Boavista [email protected]

Filipe [email protected]

REDE EXTERNA

Carlos [email protected]

Álvaro CunhaMÉ[email protected]

Eduardo [email protected]

Manuel [email protected]

[email protected]

Miguel FontouraREINO [email protected]

Armindo RiosCABO [email protected]

Rui [email protected]

António ArosoSÃO TOMÉ E PRÍ[email protected]

Tiago BastosGUINÉ [email protected]

Maria Manuel BrancoBÉ[email protected]

António SilvaFRANÇ[email protected]

João Falardo ARGÉ[email protected]

Paulo BorgesCOLÔ[email protected]

Fernando CarvalhoMOÇ[email protected]

Page 71: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

Copenhaga

Berlim

Haia

Bruxelas

Luanda

Maputo

PretóriaGaborone

Windhoek

Tunes

Abu Dhabi

Estocolmo

Zurique

Moscovo

VarsóviaPraga

BudapesteViena

Bratislava

Liubliana Bucareste

BakuPequim

Nova Deli

Xangai

Tóquio

Macau Hong Kong

Guangzhou

Jacarta

Dili

Atenas

Tripoli

RiadeDoha

Ancara

Kuala Lumpur

Singapura

Eduardo Souto MouraSUÉ[email protected]

Miguel CrespoSUIÇ[email protected]

Nuno Lima LeitePOLÓ[email protected]

Maria José RézioRÚ[email protected]

Joaquim Pimpã[email protected]

Ana Isabel DouglasÁ[email protected]

João Guerra [email protected]

Pedro Macedo Leã[email protected]

AO SERVIÇO DAS EMPRESAS

Celeste [email protected]

Laurent ArmaosGRÉ[email protected]

Afonso DuarteARÁBIA [email protected]

Manuel Couto [email protected]

Nuno Vá[email protected]

Maria João LiewMALÁ[email protected]

Maria João Bonifá[email protected]

INDONÉ[email protected]

Isabel Maia e [email protected]

Pedro Aires de [email protected]

José Joaquim FernandesJAPÃ[email protected]

Joana NevesCOREIA DO [email protected]

Alexandra Ferreira [email protected]

João RodriguesÍ[email protected]

Pier Franco SchiavoneITÁ[email protected]

Page 72: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

BOOKMARKS Portugalglobal nº8172

“A Arte de Gerir Pessoas” é um guia que disponibiliza aos seus leitores diversas técnicas e com-petências essenciais de recursos humanos, permitindo que adqui-ram ensinamentos de liderança e gestão de pessoas. Segundo o autor, gerir pessoas é uma arte e este livro irá permitir que os leitores a dominem. Num registo direto e de caráter práti-co, são definidas as variáveis que determinam o comportamento, a relação do gestor consigo pró-prio, com o seu trabalho e com a motivação, debruçando-se so-bre a gestão dos sentimentos e a adaptação à mudança. Um gestor tem, acima de tudo, que saber gerir pessoas enquanto potenciadoras de riqueza e de-

senvolvimento. Este livro incentiva os leitores a conhecerem melhor aqueles que trabalham consigo, uma vez que esse é um pormenor fundamental para alcançar suces-so a nível profissional. Fernando Neves de Almeida é pre-sidente não executivo da Neves de Almeida Consultores e presidente, em Portugal, da mais antiga em-presa do mundo de recrutamento de quadro dirigentes por pesquisa direta, a Boyden – Blobal Executive Search. É ainda sócio internacional desta organização. Além disso, é autor dos livros “Psicologia para Gestores”, “Ava-liação de Desempenho para Ges-tores”, “O Gestor – A Arte de Li-derar” e coautor do livro “A sorte dá muito trabalho”.

A nova obra dos autores do bestseller “Criar Modelos de Ne-gócios”, traduzido em mais de 30 línguas, ensina os empresários a criarem produtos e serviços que os clientes querem e precisam. Ensina ainda como não estoirar dinheiro, comunicar mal ou pas-sar a vida a conceber coisas que ninguém pede ou precisa.“Criar Propostas de Valor” é um livro que ajuda os leitores a domi-nar os conceitos mais importantes do mundo dos negócios, permi-tindo-lhes criar produtos e servi-ços apetecíveis para os clientes.Além disso, com este livro irá com-preender os padrões de criação de valor, aproveitar a experiência e a capacidade da sua equipa, não desperdiçar tempo com ideias que

não funcionam e também criar, testar e fornecer apenas o que os clientes querem e precisam. Esta obra é ideal para aqueles que estiverem assoberbados na tentativa de verdadeiramente criar valor, frustrados com reuni-ões improdutivas e equipas não-alinhadas, envolvidos em projetos audazes e brilhantes que estoira-ram e desiludidos com o fracasso de uma boa ideia.Alex Osterwalder, empresário en-tusiasta e conferencista empe-nhado, é o autor principal desta obra. Cofundador da companhia de software Strategyzer, inventou o “Bussiness Model Canvas”, a ferramenta de trabalho de gestão que é usada em empresas como a Coca-Cola, GE, Ericsson e Lego.

Autor: Fernando Neves de AlmeidaEditora: Actual EditoraAno: 2015Nº de páginas: 184Preço: 15,00€

Autor: Alex Osterwalder, Yves Pigneur, Greg Bernarda e Alan Smith

Editora: Dom QuixoteAno: 2015Nº de páginas: 320Preço: 24,90€

A Arte de Gerir Pessoas – Guia Completo de Técnicas e Competências Essenciais

Criar Propostas de Valor

Page 73: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

PortugalnewsPromova a sua empresa junto de 20 mil destinatários em Portugal e nos mercados externos.

NewsRoomPara uma divulgação em mercados internacionais, conta com a newsletter semanal em língua inglesa e/ou francesa.

Fique a par da actividade da Agência no país e no exterior, conheça os casos de sucesso de empresas portuguesas e os artigos de especialidade económica.

Esteja sempre informado com o clipping diário da imprensa nacional e estrangeira.

Subscreva as nossas newsletters.

Registe-se!

AICEPINFORMAÇÃO ESPECIALIZADA ONLINE

Page 74: Nº81 novembro Portugalglobal · 4. EDITORIAL. Portugalglobal nº81. Na Nova Agenda Territorial, adotada a partir da Es-tratégia Europa 2020, a par da coesão económica . e social,

PERTO DE SI PARA O LEVAR MAIS LONGE

Sabemos como é importante acompanhar cada passo do crescimento da sua empresa nos Mercados Externos.

Por isso, estamos próximos de si através duma equipa de Gestores de Cliente em Portugal e uma Rede Externa em 65 mercados.

Cada vez que a sua empresa vai mais longe Portugal fica mais global.

[email protected]