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Portugal global Pense global pense Portugal Setembro 2010 // www.portugalglobal.pt Bernardo Trindade Secretário de Estado do Turismo Os novos desafios do Turismo português 18 Turismo Global Novo paradigma para o séc. XXI 6 Mercado À redescoberta de Moçambique 32 Empresas CGC Genetics, Grupo Lismolde e Micronorma 26

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Secretário de Estado do Turismo Os novos desafios do Turismo português 18 Mercado Empresas À redescoberta de Moçambique 32 Turismo Global Novo paradigma para o séc. XXI 6 Pense global pense Portugal Setembro 2010 // www.portugalglobal.pt

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Bernardo TrindadeSecretário de Estado do TurismoOs novos desafios do Turismo português 18 Turismo GlobalNovo paradigma para o séc. XXI 6

MercadoÀ redescoberta de Moçambique 32

EmpresasCGC Genetics, Grupo Lismolde e Micronorma 26

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sumárioSetembro 2010 // www.portugalglobal.pt

Destaque // 6O turismo, pela sua transversalidade, desempenha um papel charneira na economia portuguesa e na da própria União Europeia, bem como na economia global. É uma actividade multidisciplinar, com uma multiplicidade de actores e com uma dimensão de actividade económica global que, no actual contexto, deve assumir o papel impulsionador, catalizador e organizador do processo de transformação e desenvolvimento de Portugal.

Opinião // 16Um artigo de José Carlos Pinto Coelho, presidente da Confederação do Turismo Português, sobre os desafios que o sector actualmente enfrenta.

Entrevista // 18Bernardo Trindade, Secretário de Estado do Turismo desde 2005, afirma, em entrevista, que o turismo português precisa de uma cultura de serviço e de empresas fortes e empreendedoras, capazes de inovar e de adequar a oferta à procura, para manter ascendente a curva do crescimento. Traça ainda as estratégias e os desafios que se colocam a um sector que representa 11 por cento do PIB nacional.

Notícias // 25

Empresas // 26CGC Genetics prestigia ciência portuguesa.Grupo Lismolde aposta na diversificação. Micronorma contribui para tecnologia emergente.

Mercado // 32Moçambique tem registado um crescimento económico assinalável nos últimos anos, sendo por isso citado como exemplo por instituições internacionais. É um mercado com boas oportunidades de negócio para as empresas portuguesas, já presentes neste país em variados sectores de actividade.

Análise de risco por país – COSEC // 42

Estatísticas // 46Investimento directo e exportações.

Feiras e eventos// 48

AICEP Rede Externa // 50

Bookmarks // 52

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São dois os temas fortes que a revista Portugalglobal propõe aos seus leito-res, numa perspectiva de antecipação, centrada na evolução do investimen-to, nas novas oportunidades e novos desenhos de negócio. Estamos a falar do novo turismo – concebido numa óptica global –, e do potencial das relações bilaterais com Moçambique, que decorrem num quadro de estabi-lidade e crescimento, favorável às ex-portações portuguesas e ao aumento constante do nosso investimento nes-te país africano, que mais do que qua-druplicou entre 2005 e 2009.

Em matéria de turismo, que vale cerca de 11 por cento do PIB e do emprego nacionais, sublinhamos a importância da entrevista a Bernardo Trindade, Secretário de Estado do Turismo, que revela os principais desafios e estraté-gias que se colocam ao sector, bem como o alcance, na óptica da mu-dança de paradigma, do estudo A Constelação do Turismo na Economia Portuguesa, elaborado pela SAER, um documento que tem por base a actual realidade portuguesa.

De forma coincidente, as duas abor-dagens são unânimes: os tempos mudaram e a crise global perfila-se como um desafio de redefinição es-tratégica e crescimento, tanto na frente interna como externa. E é nes-ta perspectiva que focam a impor-tância do turismo para a economia nacional, como um dos motores do desenvolvimento económico, social e ambiental, tanto a nível regional como nacional, que exige, dos acto-res públicos e privados, estratégias de especialização, bem como de con-

EDITORIAL

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As opiniões expressas nos artigos publicados são da res-

ponsabilidade dos seus autores e não necessariamente

da revista Portugalglobal ou da aicep Portugal Global.

A aceitação de publicidade pela revista Portugalglobal

não implica qualquer compromisso por parte desta

com os produtos/serviços visados.

Novos desafiosNovas oportunidades

solidação – fusões e aquisições, co-operação e parcerias estratégicas –, portanto mais competência, solidez, continuidade e mudança adaptativa.Ambas enfatizam a necessidade de maximização de novas metas de fluxos e receitas, mas num quadro de reforço de uma estratégia pró-activa de ade-quação da oferta às preferências dos consumidores, tanto a nível infraestru-tural como do serviço prestado, que devem primar pela oferta diversificada e pela prestação diferenciada numa óptica de proximidade do cliente.

A melhoria contínua das acessibilida-des (com ênfase nas ligações aéreas) e do produto (qualidade e novos mode-los de negócio), a visibilidade dos nos-sos destinos (comunicação e marketing do país), o reforço das verbas afectas à promoção e aos incentivos, estímulo à competitividade das empresas (solidez financeira, inovação, criatividade), a melhoria do nível da formação (qua-lificação profissional da base ao topo e cultura do empreendedorismo), e o reforço estrutural do sector (afirmação de uma identidade própria, com a mar-ca da modernidade e da sofisticação, num quadro de desenvolvimento sus-tentável), são actualmente objecto de forte aposta por parte do Governo, e dos privados do turismo nacional, em tempos de mudança. Nesta medida, sublinha o estudo da SAER, o nosso mercado interno deixou de ter a ex-tensão do Minho ao Algarve, para ter agora a dimensão de um mercado ibé-rico alargado, o que por si só exigiria a urgente reinvenção e transformação do turismo em Portugal.

BASÍLIO HORTAPresidente da Comissão Executiva da AICEP

Revista PortugalglobalAv. 5 de Outubro, 101

1050-051 LisboaTel.: +351 217 909 500Fax: +351 217 909 578

Propriedadeaicep Portugal Global

O’Porto Bessa Leite Complex

R. António Bessa Leite, 1430 – 2º

4150-074 Porto

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NIFiscal 506 320 120

Comissão ExecutivaBasílio Horta (Presidente), Eurico Dias,

José Vital Morgado, Luis Florindo,

Teresa Ribeiro

DirectoraAna de Carvalho

[email protected]

RedacçãoCristina Cardoso

[email protected]

José Escobar

[email protected]

Vitor Quelhas

[email protected]

Colaboram neste númeroBernardo Trindade, Direcção de Informação

da AICEP, Direcção Internacional da COSEC,

Fernando Carvalho, José Carlos Pinto Coelho,

Mário Godinho de Matos.

Fotografia e ilustração ©Fotolia, Messe Frankfurt Exhibition GmbH (Pietro

Sutera / Petra Welzel), Rodrigo Marques,

©www.imagesofportugal.com (Turismo de Portugal).

Publicidade [email protected]

SecretariadoHelena Sampaio

[email protected]

AssinaturasREGISTE-SE AQUI

Projecto gráficoaicep Portugal Global

Paginação e programaçãoRodrigo Marques

[email protected]

ERC: Registo nº 125362

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Portugal é um país vocacionado para o turismo, contribuindo para isso a sua geografia, clima, história, património, cultura, e actualmente os seus modernos equipamentos, transportes e infra-estruturas, bem como a capacidade de bem acolher dos portugueses. O turismo é actualmente a maior área de negócio em termos planetares, representando 10 por cento do PIB mundial, e por isso tem particular importância estratégica pela sua capacidade de gerar riqueza e emprego, o que é fundamental para as economias portuguesa e europeia. E num clima global de mudanças rápidas, é cada vez mais incontornável a necessidade de reinventar e transformar o turismo em Portugal, mudança que envolve um elevado e diversificado número de actores, do sector público ao privado, a nível nacional e internacional.

TURISMO NO SÉCULO XXIMOTOR DA ECONOMIA PORTUGUESA

A importância do turismo para a econo-mia portuguesa, que representa actual-mente cerca de 11 por cento do PIB e do emprego em Portugal, e uma entrada média de 34 a 35 mil turistas/dia, é pe-riodicamente realçada como poderoso motor de recuperação económica no actual contexto de pós-crise que ainda afecta a nossa economia. Ora é preci-samente neste contexto que o estudo “A Constelação do Turismo na Econo-mia Portuguesa”, elaborado pela SAER, sob a coordenação de Ernâni Lopes, ex-ministro das Finanças e que apresentou o referido documento tendo por base a

realidade portuguesa, destaca os novos desafios que se colocam ao sector, sin-tetizados numa única frase: os investi-mentos e os novos produtos só fazem sentido num contexto de turismo global.

O turismo foi o grande factor de trans-formação da última década em Por-tugal e as 95 propostas que o actual estudo apresenta para melhorar a per-formance turística do país, implemen-tado políticas e medidas de incentivo à mudança, têm como base outro estudo – Reinventado o Turismo em Portugal – apresentado em 2005 pela Confede-©

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ração do Turismo Português, também com a orientação da SAER.

O actual estudo, apresentado no início de 2010, sublinha que após a crise eco-nómica actual, o turismo será um dos motores do desenvolvimento – talvez mesmo o principal – sendo esta uma ideia-chave a reter em termos de políti-cas do turismo, tanto mais que por ser uma actividade global esta contribui para a globalização da economia portuguesa, sendo factor de captação de investimen-to, formação especializada, atracção de capitais e criação de emprego.

Dado o know-how do sector do turismo em Portugal, bastará implementar, de for-ma consequente, não apenas uma estra-tégia de cinco a dez anos – um upgrading que no entanto se pode estender pelo primeiro quartel do séc. XXI – bem como segmentos da actividade que correspon-dam às necessidades dos consumidores actuais, isto é, um turismo centrado no cliente e no que ele pretende quando fala em optar por um destino turístico. Estão neste caso novos públicos-alvo como os jovens, os casais sem filhos ou os seniores.

É nesta medida que a estrutura da acti-vidade e da oferta nacionais deverão ser ajustadas e reequacionadas face à con-corrência e aos novos destinos e merca-dos, cujos factores de competitividade se mostram claramente superiores se consi-deradas as diferentes áreas de activida-de. Assim, um papel mais relevante para

o turismo português depende não ape-nas do Estado e dos agentes públicos, mas sobretudo da força e da capacida-de de actuação privada, dos operadores do sector, que demonstrem capacidade para implementar uma segmentação e organização adequada da oferta, um maior conhecimento e dinamização da procura, uma gestão mais empenhada das marcas e da promoção.

– partilhada – pelos sectores público e privado, para se conseguir uma afirma-ção bem sucedida do turismo português; a segunda, pela constituição de bases e pelo compromisso sobre os objectivos e os planos estratégicos (master plans) que permitam o incremento dos diversos programas operacionais a desenvolver; a terceira, a elaboração e concretização dos planos e programas operacionais para a transformação do turismo ou pro-jectos concretos de mudança.

Há que ser inventivo na oferta turísticaO trabalho da reinvenção do turismo em Portugal está na ordem do dia. Para os analistas da SAER, de novo, em relação ao estudo anterior feito há quatro anos, e que foram particularmente difíceis para a economia portuguesa, cujas difi-culdades a crise global agravou, é que a “crise” pode afinal ser uma boa oportu-nidade para reflectir, repensar e concre-tizar passos adicionais e estruturantes na área do turismo, para o que é necessário dar uma resposta estratégica, sustenta-da e de longo prazo aos desafios actuais.

A primeira realidade é que actualmente o turismo é uma actividade multidiscipli-nar, com uma multiplicidade de actores e com uma dimensão de actividade eco-nómica global, quase tão global como a indústria automóvel, enfatiza o respon-sável pelo estudo. Por outro lado, cabe ao turismo, no actual contexto, o papel de impulsionador, catalizador e orga-nizador do processo de transformação

“O turismo, que possui uma multiplicidade de actores institucionais e privados, e que revela um potencial relevante em termos de futuro, tem relações com outros domínios que fazem parte da sua constelação e do seu potencial estratégico de crescimento, como sejam o próprio turismo, ambiente, cidades e desenvolvimento, serviços de valor acrescentado, economia do mar.”

Segundo o estudo, este processo de mu-dança e de transformação estratégicas assenta em três fases fundamentais: a primeira passa pelo desenvolvimento de um conjunto de programas e actividades de comunicação e gestão da mudança que garanta uma visão única, integrada

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e desenvolvimento de Portugal, sendo este o elemento adicional de compreen-são, quando se analisam os últimos dez anos da actividade turística nacional.

É ainda necessário ultrapassar a ideia re-dutora, presente em muitos operadores, de que o turismo se resume basicamente ao hotel, à infra-estrutura hoteleira. Para ultrapassar esta barreira convencional, é importante que os cidadãos e os actores deste processo interiorizem a importân-cia do conceito de “constelação do tu-rismo”, que revela um universo bastante mais rico e complexo desta actividade económica na actualidade, a qual vale aproximadamente 11 por cento do PIB e do emprego nacionais, uma barreira que, segundo o estudo, pode e deve ser ultrapassada. Nesta medida, a importân-cia do turismo em Portugal face à situ-ação actual tem uma relevância estra-tégica acrescida, tanto mais que a crise não está superada e provavelmente irá arrastar-se do ponto de vista económico, o que exige novas respostas por parte da actividade económica em geral e em particular da actividade turística. Para al-gumas economias, e Portugal é uma de-las, sublinha o estudo, o turismo pode e deve ser um dos meios de geração de ri-queza, contribuindo decisivamente para essa necessidade de resposta global.

O turismo, que possui uma multiplici-dade de actores institucionais e priva-dos, e que revela um potencial relevan-te em termos de futuro, tem relações com outros domínios que fazem parte da sua constelação e do seu potencial estratégico de crescimento, como se-jam o próprio turismo, ambiente, cida-des e desenvolvimento, serviços de va-lor acrescentado, economia do mar. O turismo, pela sua transversalidade, de-sempenha um papel charneira na eco-nomia portuguesa e da própria União Europeia, bem como na economia glo-bal. Além do mais, todos estes cinco domínios de potencial estratégico, ca-racterizados no estudo, encontram-se intimamente interrelacionados e cada um deles está fortemente ligado à eco-nomia portuguesa no seu conjunto.

A conclusão é uma só: se for descurada esta relação orgânica entre domínios, no âmbito do negócio do turismo, este está condenado a um futuro frágil:

isto é, empobrece economicamente e os seus activos serão adquiridos por outros, o que defrauda, em termos na-cionais, as gerações futuras. Por isso, o estudo A Constelação do Turismo na Economia Portuguesa preocupa-se em olhar para o turismo não de forma sim-plista e tradicional, mas na sua com-plexidade, descodificando a respectiva cadeia de valor, que tem que ser cuida-dosamente trabalhada e valorizada por todos os actores, e por todas as organi-zações empresariais e mesmo sindicais.

Aspectos fundamentais do negócio O estudo chama igualmente a aten-ção para alguns aspectos fundamen-tais do negócio do turismo, o primeiro e o mais importante dos quais é que tudo o que se faz no turismo só tem um objectivo: a satisfação do cliente final, que “puxa” toda a cadeia, per-mitindo a obtenção do maior valor para todas as partes envolvidas. Tudo o mais, a montante deste objectivo, tem carácter preparatório, convergindo para esse objectivo. Nesta perspectiva, cada elo desta cadeia, específica do tu-rismo, tem que acrescentar valor, numa articulação em que cada componente beneficia necessariamente da boa con-dução dos restantes, o que exige do empresário e do gestor o estarem aten-tos ao modo como actuam.

Há um segundo aspecto a considerar: a qualificação dos actores, pois a competi-tividade dos mercados globais exige es-pecialização, consolidação e massa críti-

ca. Isso impõe aos actores, que são antes de mais os empresários e as empresas, estratégias de focalização na especiali-zação e consolidação através de fusões ou aquisições, e também consolidação por cooperação e parcerias estratégicas. Se não tiver dimensão, a constelação do turismo português pode ver-se reduzida progressivamente ao papel de fornecedo-ra de serviços subsidiários, no qual não há poder de decisão, o que produz sequelas no tecido económico: não há apropriação da mais-valia, não há produção de lucros, não está garantido o reinvestimento, há perda na participação do capital. A co-operação e as parcerias estratégicas são por isso fundamentais para as empresas portuguesas, não apenas porque lhes conferem sustentabilidade, solidez e um futuro relevante, o qual dependerá me-nos do Estado e dos agentes públicos e muito mais da força dos actores privados.

A qualificação dos recursos humanos é incontornável, pois formação significa competências, consistência, continui-dade e mudança adaptativa, e mais atenção às necessidades do consumi-dor. Neste sentido, impõe-se não só a formação de gestores e empresários mas também de quadros das adminis-trações centrais, regionais e locais. Para enfrentar os desafios do turismo glo-bal, não basta a formação de quadros médios e baixos: é necessária a forma-ção de quadros intermédios e de topo.

Finalmente: turismo na economia global, no contexto de um mundo novo, com novos desafios. Os anos de 2007 e 2008 representam uma ruptura na economia

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2010 EM NÚMEROSO turismo português poderá crescer, em 2010, três por cento relativamente a 2009, ano negativo para o sector, mas não conseguirá recuperar as receitas alcançadas antes da crise económica. Segundo os Resultados do Turismo, um documento de divulgação do Turismo de Portugal (trimestral), a análise conjuntural, ainda em ano de crise, sobre o turismo em Portugal no 1º trimestre deste ano é a seguinte:

mundial. A boa notícia é que os portu-gueses e a economia entraram na era da economia mundial pós-globalização, so-bre a qual pouco se sabe. Isto quer dizer que está tudo em aberto e que tudo o que fazemos, tudo o que concebemos – investimento, novos produtos, deci-sões –, só fazem sentido num turismo de competição global. A transformação profunda a que assistimos, tem que ver agora com o perfil do novo turista, que agora passa cada vez mais, insiste o es-tudo, pelos jovens dependentes ou com rendimentos próprios, casais com ou sem filhos ou pelos novos seniores.

Neste contexto de mudança, quais são os segmentos estratégicos? Com que grau de atractividade se posicionam os vários segmentos do turismo em Por-tugal? Sol e praia representam cinco décadas de turismo, de investimento e lucros, tendo tido aqui o Algarve um pa-pel decisivo. Contudo, perfilam-se como segmentos em crescimento, o turismo residencial, desportivo, de negócios, urbano, cultural, rural, eco-turismo, aventura, saúde, religioso, temático e cruzeiros, entre outros. Outro pilar de sustentação em matéria de novos seg-mentos: o mercado ibérico alargado, que é agora o nosso mercado interno. Esta é a nova realidade, pois o mercado interno, que deixou de ter a extensão do Minho ao Algarve, é agora peninsular.

Daí a insistência do estudo sobre os no-vos segmentos, realçando, por um lado, o papel incontornável da excelência no turismo português (cujo percurso passa pela segmentação e opções estratégi-cas da oferta e respectiva diferenciação e qualificação, qualificação do país e dos seus activos estratégicos, adequada gestão das marcas e da promoção, opti-mização dos canais de distribuição e co-nhecimento e dinamização da procura) e, por outro, a importância das platafor-mas estratégicas (modelo de desenvolvi-mento e política de turismo, mercados e produtos turísticos, desenvolvimento e qualificação dos actores e activos es-tratégicos, recursos humanos e conheci-mento, cadeia de valor e canais de co-mercialização, inovação e monitorização para o desenvolvimento), que devem ser identificadas para que seja reforçada uma prática coerente de excelência e de satisfação do cliente final.

• Estabelecimentos hoteleiros receberam 2,4 milhões de hóspedes que originaram 6 milhões de dormidas (mais 1 por cento).

• Proveitos totais atingiram 284 milhões de euros no país, reflectindo contudo uma quebra de 2 por cento (menos 5 milhões de euros).

• Proveitos de aposento (65 por cento do total de proveitos) atingiram 184 milhões de euros, mas com um decréscimo de 1 por cento face a 2009. Esta evolução reflectiu-se na quebra de 0,8 euros no rácio do RevPar que registou o valor de 20,6 euros.

• Taxas médias de ocupação cama (27,6 por cento) e quarto (37,0 por cento) com diminuições homólogas de 1,6 e 2,9 p.p., ou seja, mais 67 mil dormidas este ano.

• Reino Unido liderou o ranking dos principais mercados estrangeiros emissores de dormidas com 941 mil, mas com menos 59 mil do que em 2009 (menos 6 por cento).

• Algarve registou o maior número de dormidas de estrangeiros

(1,4 milhões) e um aumento homólogo de 59 mil dormidas (mais 4 por cento).

• Região de Lisboa foi, para o mercado interno, a que se posicionou em 1º lugar com 545 mil dormidas (mais 10 mil dormidas que em 2009, ou seja, mais 2 por cento).

• Aeroportos nacionais com 2 milhões de passageiros desembarcados de voos internacionais (mais 154 mil passageiros que em 2009, ou seja, mais 8 por cento).

• Reino Unido liderou o ranking dos principais mercados estrangeiros desembarcados com 355 mil passageiros (menos 0,2 por cento face a 2009).

• Receitas do turismo atingiram 1.212 milhões de euros (mais 72 milhões de euros que em 2009, ou seja, mais 6 por cento). Março com 471 milhões de euros (mais 12 por cento, ou seja, mais 50 milhões de euros que em 2009) foi decisivo para essa evolução.

Fonte: INE/Turismo de Portugal

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O crescimento exponencial do turis-mo nos últimos 50 anos constitui um fenómeno à escala global, potenciado depois da II Guerra Mundial pelo de-senvolvimento dos transportes e pelo aumento do poder de compra. Esta omnipresença da actividade turística, frequentemente intensiva e predatória, tornou necessária a reflexão em torno dos seus impactos sociais e ambientais negativos, tendo os governos, institui-ções e cidadãos começado a colocar a prática do desenvolvimento sustentável nas suas agendas, como uma priorida-

TURISMO SUSTENTÁVEL

No início do séc. XXI, a totalidade das regiões e das populações mundiais está exposta ao fenómeno turístico, constituindo este a maior actividade mundial de serviços, aproximando-se rapidamente da indústria petrolífera e mesmo automóvel. Nos começos da década de 90, o número de turistas rondava os 500 milhões, mas em 2007 atingia já os 903 milhões. A Organização Mundial de Turismo (OMT) calcula que em 2010 o número de turistas, só na Europa – região líder do turismo mundial –, ande em torno dos 500 milhões.

de crescente, porque protectora do próprio turismo.

Esta nova visão da actividade turística atende, simultaneamente, às necessi-dades dos turistas e das regiões recep-toras, ao mesmo tempo que protege e investe nos seus recursos e potencia-lidades, garantindo que a actividade turística possa ser transmitida às ge-rações futuras, na lógica de uma res-ponsabilidade e solidariedade interge-racionais. Nesta medida, faz a gestão dos recursos de forma a salvaguardar

as necessidades económicas, sociais, culturais e ambientais dos países e re-giões em que se desenvolve, velando pela sua integridade, bem como pela qualidade de vida e biodiversidade. Hoje sabe-se que o turismo, quando se desenvolve de forma não planeada, pode ter – e tem frequentemente – um impacto fortemente negativo sobre os territórios e respectivas populações.

A sustentabilidade começa a adquirir credibilidade principalmente a partir da segunda metade do século XX, período

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que coincide com o acentuado cresci-mento da actividade turística. Mas foi em 1999, que a Organização Mundial do Turismo se mostrou preocupada com a sustentabilidade, expressando a vontade em promover uma nova or-dem turística, equitativa, responsável e sustentável, um benefício partilhado por todos os sectores da sociedade, no contexto de uma economia internacio-nal aberta e liberalizada. Nesta medida, a sustentabilidade tem-se tornado um requisito fundamental para a promo-ção de novos produtos turísticos com capacidade competitiva, principalmen-te no mercado internacional.

A própria Comissão das Comunidades Europeias já emitiu um alerta quanto ao desenvolvimento desregulado do turismo, que põe em risco ecossiste-mas, recursos naturais, populações e património cultural, e mesmo zonas ur-banas. Nesta medida, o turismo pode tornar-se vítima do seu próprio êxito se não se desenvolver de uma forma sustentável, arriscando-se a matar a galinha dos ovos de ouro. Neste qua-dro de acautelamento da integração das várias vertentes do território, é re-conhecido que a sustentabilidade eco-nómica, social e ambiental constitui um

dos destinos turísticos de qualidade: uma protecção e conservação eficazes do ambiente e dos seus recursos, que são uma das características do turismo de excelência.

Por outro lado, a própria procura turística está a mudar, tendo já as Nações Unidas destacado algumas das tendências mais marcantes que obrigam a repensar des-de já a actividade turística em termos de futuro, isto é, na óptica do turismo sustentável, o que implica uma maior segmentação do mercado e novos pro-dutos turísticos (que correspondam às novas expectativas dos mercados, cada vez mais sensíveis aos valores ambientais e à preservação das culturas e tradições e da qualidade de vida das populações locais), nomeadamente os produtos que estão relacionados com a natureza, com a vida selvagem, com os espaços rurais.

O apelo comercial de produtos de massa, como o sol, o mar e a praia, já não é sufi-ciente para garantir o sucesso, pois cada vez mais a população urbana, em cres-cimento acelerado, procura o campo, a natureza e os grandes espaços naturais preservados como produtos turísticos, em que a perenidade do património na-tural, construído e cultural se encontre salvaguardado. Segundo dados do INE,

“A aplicabilidade e compreensão do conceito e prática do turismo sustentável exige no entanto um entendimento global entre os diversos actores (...) de modo a que a sustentabilidade implique compromisso, partilha de protagonismo e responsabilidade, e seja sempre integrada quando se trata de ambiente, economia e sociedade.”

factor-chave para a competitividade dos destinos turísticos e para o bem-estar das suas populações (presentes e futuras), as quais exigem cada vez mais a integridade do seu território ou a rá-pida recuperação dos danos causados. A valorização da questão ambiental, como foco de toda a actividade turís-tica, mostra-se cada vez mais decisiva e vem ao encontro do que se espera

em Portugal é o turismo do interior, que se mostra mais compatível com os prin-cípios da sustentabilidade, que merece a preferência crescente do turismo interno.

Não é por acaso que este ano, ainda sob o impulso da campanha “Descubra um Portugal Maior”, promovida pelo Turismo de Portugal, os números dispo-

níveis para 2010 indicam que o núme-ro de turistas, dormidas e receitas vol-tou a subir no primeiro semestre deste ano no Alentejo, batendo os valores de

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BREVE HISTÓRIA DO TURISMOO turismo é um fenómeno cultural bas-tante antigo. Desde o tempo dos Roma-nos, que criaram a maior rede de estradas conhecida e desenvolveram estalagens (para quem viajava para as termas, ou por razões comerciais, políticas ou de es-tudo), até à época dos Descobrimentos, pioneira da globalização, que suscitou o interesse pela viagem longínqua por mar e terra, passando pela Idade Média, que viu renascer o culto dos lugares sagrados e as peregrinações (no séc. XIV já exis-tiam guias de viagem que forneciam aos peregrinos informações detalhadas so-bre percursos), que o desejo de evasão e conhecimento, bem como as demandas da fé, motivaram deslocações de pesso-as com o propósito de visitarem lugares diferentes e distantes.

Porém, o gosto pela viagem em si e pela exploração cultural e curiosa do

mundo surge no séc. XVIII, com as via-gens de recreio e estudo. Em Portugal criam-se as primeiras estruturas poten-ciadoras de turismo: constroem-se o passeio público de Lisboa, os teatros líricos de São Carlos e o de São João, no Porto. No séc. XIX, no contexto da Revolução Industrial, com maior produ-ção de riqueza e mais vias de comuni-cação, as viagens ganham um novo im-pulso, interessando-se as pessoas pela vida, história, costumes e tradições de outros povos. É construído, em Lisboa, em 1846, o Teatro Nacional de D. Ma-ria II. Em 1887, chega o caminho-de-ferro e, internamente, surgem impor-tantes centros regionais de veraneio, como Espinho e Póvoa de Varzim.

Em Portugal, a actividade turística é um fenómeno relativamente recente enquanto actividade organizada e em-

2009, o melhor ano de sempre, e que a região norte se posicione como um destino cada vez mais procurado este ano. A natureza preservada em todas as suas expressões, a gastronomia tra-dicional, a ruralidade, os roteiros histó-ricos, as festas e romarias e os espaços abertos são alguns dos factores de mo-tivação do turismo interno e de uma crescente procura por parte dos novos adeptos do turismo sustentável.

A aplicabilidade e compreensão do con-ceito e prática do turismo sustentável exige no entanto um entendimento glo-bal entre os diversos actores – popula-ções, agentes privados, organizações e governos – de modo a que a sustenta-bilidade implique compromisso, partilha de protagonismo e responsabilidade, e seja sempre integrada quando se trata de ambiente, economia e sociedade. Para chegar à sustentabilidade econó-mica e ambiental, a indústria turística necessita de uma abordagem diferente em matéria de planeamento e desenvol-vimento, no sentido de acautelar os re-cursos das gerações presentes e sobre-tudo futuras. É, pois, necessário definir novas linhas de desenvolvimento para o negócio do turismo, de modo a que os seus recursos não corram o risco de se-rem dilapidados até à ruptura.

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presarial. Em 1840 é criada a primeira empresa de viagens: a Agência Abreu e é inaugurado o primeiro grande hotel em Lisboa, o Bragança. A primeira dé-cada do séc. XX traz consigo inovações que alteram profundamente o mundo de então aproximando as pessoas e facilitando os contactos tanto internos como externos: o telégrafo, o telefone, crescimento da rede ferroviária e de es-tradas, bem como das carreiras maríti-mas. O desenvolvimento industrial e as novas condições de trabalho acarretam progressivamente uma maior democra-tização pela apetência por viagens e pelo lazer, transformando-se o turismo num fenómeno social e a ganhar uma dimensão económica sem precedentes. Em 1921, é aberta em Paris a primeira representação do turismo nacional no estrangeiro, gerido pelo Estado portu-guês e pela Companhia Portuguesa dos Caminhos-de-ferro.

Na Europa criam-se as primeiras insti-tuições governamentais com o fim de promover e organizar a actividade tu-rística e no país é criada, em 1911, a Repartição de Turismo de Portugal. Na sequência da I Guerra Mundial surgem as primeiras companhias aéreas comer-ciais. O turismo inicia a sua expansão mundial. O desenvolvimento dos trans-portes, o direito às férias pagas (estabe-lecido pela Organização Internacional de Trabalho) e a actividade das novas organizações nacionais e internacionais de promoção do turismo, tornaram o turismo uma actividade económica cada vez mais relevante.

Na década de 30, é criada a Zona de Turismo do Estoril (em que se inaugu-ra no país a primeira linha electrifica-da de caminho-de-ferro) e inaugura-se

Nos anos seguintes inicia-se a recupe-ração e arranca, em 1983, o Plano Na-cional de Turismo que reforça a impor-tância do turismo local. O crescimento acentua-se com a entrada de Portugal para a CEE em 1986, o que traz a livre circulação de pessoas e mercadorias. O turismo interno diversifica-se.

Na década de 90, o fenómeno turísti-co acentua-se, mas de forma oscilante, dada a crise económica mundial que afecta os países emissores, mas é par-ticularmente significativa a entrada de turistas estrangeiros entre 1984 e 1999. O avião é o principal meio de transporte dos turistas que vistam o país. Em 1992, devido ao crescente envolvimento do antigo ICEP nas várias frentes relaciona-das com a promoção de Portugal no ex-terior, juntou-se o turismo às suas com-petências, optando-se pelo aumento da sua área de actuação.

Nesta década tudo começa a mudar, com a alteração da rede viária (construção das novas auto-estradas que potenciam o investimento turístico) e a redução dos custos do transporte aéreo, mas também com o aparecimento de uma nova gera-ção de empresários. A crise global actual abrandou o ritmo do turismo português, verificando-se um forte investimento pú-blico e privado na recuperação.

Actualmente o Turismo de Portugal – resultante de uma fusão de várias enti-dades do turismo na última década – é responsável pela estratégia de promo-ção externa do sector em articulação com os agentes económicos locais e em íntima ligação com os Centros de Negócios e Escritórios da Rede Externa da AICEP.

o Casino em 1931. Inaugura-se, em 1934 a Companhia Aero-Portuguesa e iniciam-se os voos transatlânticos dos clippers para Lisboa. O I Congresso Na-cional de Turismo, em 1936, em Lisboa, tem grande afluência.

A II Guerra Mundial traria estagnação ao sector e só a partir da década de 50 é que o turismo se desenvolveu e con-solidou nas décadas seguintes, sendo ainda no entanto o turismo interno um subproduto do turismo internacional, embora adquirindo cada vez maior im-portância. É também nos anos 50 que se verifica a generalização da aviação comercial, do veículo automóvel e a modernização do caminho-de-ferro. É construído o Aeroporto de Lisboa e criada a TAP (Transportes Aéreos Portu-gueses). É criado o Fundo de Turismo.

O turismo de massas, que assumiu a dimensão de uma grande indústria no decorrer do século XX, democratizou a viagem por meio aéreo, terrestres e marítimo, acrescentando-lhe moder-nos equipamentos de alojamento e no-vos espaços de cultura, fruição e lazer.

O Sul da Europa converte-se no es-paço de lazer dos turistas oriundos dos países industrializados do Norte, tornando-se Portugal um país recep-tor a partir dos anos 60, dada a sua excelente oferta sol/praia, com um significativo aumento das entradas de turistas e da capacidade hoteleira, ca-pacidade que triplicará até aos finais da década. Multiplicam-se os inves-timentos sobretudo no Algarve e na Madeira. Este fluxo de turistas estran-geiros vai aumentando nos anos 70, embora com quebra em 1975.

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OPINIÃO

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Dar resposta a uma procura cada vez mais exigente é um dos maiores desa-fios que o Turismo enfrenta actualmen-te. A chave do futuro passa por dar mais valor ao turista, guiado cada vez mais pela motivação de procurar expe-riências novas e únicas, com a Internet e as redes sociais a ganharem expres-são na hora de viajar.

A Internet tornou-se uma ferramenta que já ninguém dispensa. As redes so-ciais tornaram-se numa excelente fonte de informação para os consumidores, mas também numa oportunidade ou ameaça para os operadores turísticos. Uma opinião desfavorável hoje via-ja pelo mundo inteiro em segundos e pode ditar o sucesso ou insucesso de um destino, de um alojamento, de um produto, etc., com danos muitas vezes irreparáveis na imagem.

O turista procura ainda e cada vez mais uma boa relação qualidade/preço e o nível de exigência tem vindo a aumen-tar. Entender melhor os novos produtos turísticos e os segmentos de mercado é uma forma de compreender as mo-tivações que levam os turistas a viajar, independentemente do alojamento e do transporte.

Os produtos de âmbito cultural, des-portivo, natural, gastronómico e de negócios exigem múltiplos recursos, propostas de valor e gestão inovadoras para enfrentar os desafios que a activi-dade coloca, sobretudo num contexto de grandes incertezas como o que se vive hoje, com o mercado em evolução

CRISE E REDES SOCIAIS MUDAM PERFIL DO TURISTA>POR JOSÉ CARLOS PINTO COELHO, PRESIDENTE DA CONFEDERAÇÃO DO TURISMO PORTUGUÊS (CTP)

O perfil do turista está a mudar e a Internet tornou-se numa ferramenta poderosa na hora de viajar. Saber acompanhar as mudanças e responder aos apelos dos consumidores, cada vez mais exigentes, são os maiores desafios que o Turismo enfrenta actualmente.

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OPINIÃO

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“Portugal ao encontrar-se entre um dos destinos mais procurados do Velho Continente enfrenta uma concorrência feroz, mas será determinante que, tirando proveito dos recursos naturais e dos recursos humanos, o sector mostre capacidade de representar a diferença.”

e que inevitavelmente exigirá mudan-ças nos modelos de negócios da indús-tria e da oferta turística.

O actual contexto económico intro-duziu a nível nacional e internacional graus de incerteza e complexidade adi-cionais, que têm vindo a criar dificul-dades ao sector, que enfrenta tempos difíceis, com a concorrência de novos destinos a pressionar os preços, e cuja consequência mais imediata é a quebra nos mercados tradicionalmente emis-sores para Portugal, como o Reino Uni-do e a Alemanha.

Embora a evolução do turismo nos últimos anos tenha sido marcada por alguma irregularidade, a Organização Mundial de Turismo (OMT) mantém a sua previsão de longo prazo e que a actual desaceleração será compensa-da a médio e longo prazo. Em 2020 a Europa irá manter-se como a principal região receptora de turistas, seguida da Ásia e do continente americano. Con-tudo, os principais destinos do mundo em termos turísticos estão a mudar. A França é actualmente o país de eleição em termos de procura, mas corre o ris-co de ser ultrapassada dentro de apro-ximadamente uma década pela China, que ocupa hoje a terceira posição em termos de visitantes – 55,5 milhões de turistas este ano, número que em 2020 deverá situar-se em 81,1 milhões.

capacidade de representar a diferença. Através de uma promoção articulada de diversos factores-chave de atracção – como o clima ameno, a beleza da sua costa marítima, a paisagem do interior, a cultura e os monumentos históricos, as infra-estruturas para a prática de desportos e para a realização de gran-des eventos – é urgente desenvolver uma política de marketing especifica-mente voltada para a valorização da cultura nacional. É preciso não ignorar que – hoje e, tendencialmente, ainda mais no futuro – muitos turistas (em particular, os asiáticos e os americanos) procuram destinos em função da oferta cultural específica: património histórico e museológico, espectáculos e música, dança e gastronomia.

O sector enfrenta muitos desafios e a listagem sofre constantes alterações. Senão vejamos: para 2010, a Deloitte tinha previsto que os factores para o

sucesso e diferenciação do sector do turismo mundial assentavam no cres-cente valor da marca junto do consu-midor, no crescimento dos mercados emergentes, importância dos consu-midores orientados pela tecnologia e a aposta na formação e retenção do capital humano. No último relatório intitulado Hospitality 2015, a Deloitte considerou que os principais moto-res do sucesso para o sector passarão principalmente pela sustentabilidade e capacidade de fazer face a uma nova ordem mundial, imposta pelo impacto da incerteza económica no consumo e, consequentemente, no consumidor.

O turismo português não pode estar de costas voltadas para o que se passa no sector a nível mundial, tem é de saber tirar partido das suas especificidades, apostar na diversificação dos produtos e transmitir uma imagem de moderni-dade do país e da actividade.

Portugal ao encontrar-se entre um dos destinos mais procurados do Velho Continente enfrenta uma concorrência feroz, mas será determinante que, ti-rando proveito dos recursos naturais e dos recursos humanos, o sector mostre

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ENTREVISTA

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O turismo português precisa de uma cultura de serviço e de empresas fortes e empreendedoras, capazes de inovar e de adequar a oferta à procura, para manter ascendente a curva do crescimento. Depois de um ano de quebras, quer nos fluxos turísticos quer nas receitas, devido à crise económica mundial, as perspectivas para o ano turístico de 2010 são positivas, sendo confirmadas pelos dados já conhecidos. Bernardo Trindade, Secretário de Estado do Turismo desde 2005, revela, em entrevista, as principais estratégias e os desafios que se colocam a um sector que representa cerca de 11 por cento do PIB nacional e abrange 500 mil postos de trabalho.

Bernardo Trindade - Secretário de Estado do Turismo

TURISMO PRECISA DE INOVAR PARA CRESCER

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ENTREVISTA

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“Fruto da sua capacidade geradora de riqueza e emprego, o turismo é uma actividade essencial para fixar populações e combater assimetrias regionais, contribuindo decisivamente para o desenvolvimento sustentável, para o equilíbrio territorial, para a qualificação do espaço público e para a oferta cultural, beneficiando directamente as populações locais.”

Que balanço pode fazer, neste momento, do ano turís-tico em curso e quais as perspectivas a médio prazo?Depois das dificuldades sentidas em 2009, motivadas pela crise internacional, e com reflexos significativos na área do turismo, é possível afirmar, sem optimismos exagerados, que iniciámos uma trajectória de recuperação, com especial significado nos meses de Verão.

Os dados que recolhemos até à data, quer nos nossos desti-nos turísticos, quer nos pontos de origem de fluxos, deixam-nos bastantes satisfeitos. A nível regional, assistimos a um desempenho muito positivo por parte do Algarve, Lisboa e Norte, durante este mês de Agosto, mas temos a Madeira a exigir uma atenção redobrada, por não ter conseguido inverter a tendência de perda.

Sinal igualmente importante é o que obtivemos do sector da aviação no mês de Agosto: todos os aeroportos portu-gueses (incluindo a Madeira) estão a crescer em termos de movimento de passageiros relativamente a Agosto de 2009, destacando-se o Norte e o Algarve com crescimentos supe-riores a 10 por cento.

Dados recentes do Banco de Portugal referem um aumento das receitas com o turismo nos primeiros meses deste ano face a período idêntico de 2009. Pode-se esperar que 2010 seja um bom ano turístico para Portugal apesar da conjuntura económica desfavorável?O ano de 2010 será seguramente um ano melhor que 2009, aliás, os números têm-no demonstrado. Os dados do Ban-co de Portugal relativos às receitas do 1º semestre indicam um crescimento de 7,4 por cento, comparativamente com o mesmo período do ano anterior. Também os dados do INE do mês de Julho revelam uma subida de todos os indicadores (dormidas, hóspedes e proveitos) em termos de acumulado.

Estes resultados reflectem uma clara recuperação face à performance registada em 2009. Estamos a crescer con-secutivamente desde há 8 meses, pelo que importa ago-ra centrar todos os nossos esforços na consolidação desse crescimento, continuando o trabalho que até aqui temos desenvolvido nas diversas áreas cruciais para o sector.

De que forma e em que principais segmentos e produtos turísticos a crise económica teve maior impacto? A crise trouxe dificuldades mas também oportunidades, no-meadamente a oportunidade das empresas racionalizarem a sua estrutura de custos, preparando-se para o futuro de uma forma mais adequada ao exercício da sua actividade num mercado aberto, global e competitivo.

Claro está que a intensidade da crise foi sentida proporcional-mente ao estado de desenvolvimento de cada projecto. Os projectos em início de exploração, fortemente bancarizados, sentiram algumas dificuldades, tendo-se justificado a inter-venção do Estado na facilitação do acesso ao crédito. Neste aspecto, é impressionante verificar o número de operações já apoiadas ao abrigo das Linhas PME Investe: 4.880 operações com 547 milhões de euros de financiamento associados.

Quais as principais medidas tomadas – pelo Governo e entidades públicas e pelo sector privado – para atenuar os efeitos da crise económica no turismo? Como está a correr o PIT – Programa de Intervenção do Turismo?Em finais de 2008, logo que detectados os primeiros sinais da crise, centrámos a nossa actuação na disponibilização de instrumentos que permitissem atenuar os impactos da crise na função financeira das empresas, quer através das Li-nhas PME Investe (proporcionando mais prazo, bonificação de juro e cobertura de risco), quer através do reforço dos nossos fundos de capital de risco e imobiliário, estas actual-mente com participações de mais de 170 milhões de euros.

Ao nível da procura reforçámos as verbas afectas à pro-moção em 30 milhões de euros (face aos 50 milhões de euros inicialmente orçamentados), estabelecendo parcerias

com operadores turísticos e companhias aéreas que pos-sibilitaram o co-financiamento de campanhas publicitárias de hard-selling, de modo a motivar os turistas a optarem por Portugal. Não podemos esquecer que a aposta clara do Governo no reforço das acessibilidades aéreas para Portu-gal se revelou determinante para suster a quebra de fluxos turísticos, verificada em 2009.

Num ano de grave crise económica internacional, como o caso de 2009, com a actuação que dinamizámos tanto a ní-vel interno como externo, conseguimos minimizar as perdas em termos de fluxos gerados, que seriam seguramente mais avultadas se não tivéssemos encetado o plano extraordiná-rio de promoção que referi.

Quanto ao Programa de Intervenção para o Turismo, ao abri-go das duas linhas (infra-estruturas e eventos) foram até à data atribuídos incentivos que ultrapassam os 40 milhões de euros, tendo o programa sido recentemente prolongado até final de 2012, apresentando como novidade a criação de uma terceira linha dotada com 10 milhões de euros e vocacionada para atingir objectivos prioritários especificamente definidos no PENT para o produto turístico Turismo de Negócios.

Quando foi lançado em 2007, o PENT (Plano Estratégico Nacional do Turismo) definiu objectivos ambiciosos para o sector: aumentar anualmente o número de turistas em 5 por cento e as receitas em 9 por cento. A crise económica mundial terá

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comprometido esses objectivos. Qual tem sido o desempenho do turismo português nos últimos 3 anos, quer em termos de crescimento de turistas e de receitas, quer no que respeita à criação de emprego e ao contributo do sector para o PIB nacional?O desempenho do turismo português nos últimos 3 anos tem sido globalmente positivo – importa relembrar que 2008 foi o melhor ano turístico de sempre, com mais 380 milhões de euros de proveitos na hotelaria, mais 5 milhões de dormidas e mais 1,2 mil milhões de euros de receitas turísticas de não residentes.

O ano de 2009 acaba por ser um ano atípico que inter-rompe uma linha ascendente, fruto da crise económica e financeira internacional, mas com resultados em Portugal acima da média da UE. Importa retomar o ritmo de cresci-mento, sabendo no entanto que as premissas subjacentes à dinâmica da procura estão alteradas.

Nesse sentido, e conduzindo o actual trabalho de revisão do PENT, teremos em consideração todas as premissas sub-jacentes a esta nova realidade, para efeitos de ajustamento, se necessário, das metas definidas tanto em termos de flu-xos como de receitas.

A aposta do Governo para o sector foi no sentido da diversificação da oferta nacional e dos mercados emissores de turistas. O que foi feito nesse sentido? Com a clara consciência dos riscos inerentes a uma excessi-va dependência dos nossos principais mercados emissores, como é o caso do Reino Unido ou da Alemanha, iniciámos em 2007 uma estratégia de diversificação de mercados, com o objectivo de captar fluxos turísticos junto de paí-ses com elevado potencial de outbound. Esta estratégia, que passou pela aposta nos países nórdicos, no Brasil, nos Estados Unidos, na Rússia e na China, não só através do investimento na facilitação do transporte aéreo, como na realização de acções tácticas de promoção do destino, tem-se revelado profundamente eficaz.

Os resultados estão à vista. As receitas turísticas provenien-tes de mercados como o Brasil ou os EUA apresentaram em Junho de 2010 um crescimento acumulado de 67 por cento e 32 por cento, respectivamente, relativamente a igual perí-odo do ano anterior. O objectivo é claramente o de intensi-ficar esta estratégia de diversificação.

“O aumento da competitividade internacional do turismo português passa certamente pela aposta na diferenciação e na qualificação dos recursos humanos.”

No quadro da oferta turística, é inegável que o sector do turis-mo vive hoje uma realidade totalmente diferente, não só mais diversificada, mas igualmente mais qualificada, e com maior grau de homogeneidade em termos de presença geográfica.

Nesta alteração de paradigma foram essenciais as medidas adoptadas na passada legislatura, que visaram, justamente, dotar o sector dos instrumentos adequados a facilitar o in-vestimento por parte das empresas, num quadro de qualifi-cação e inovação. Destacaria a profunda reforma legislativa efectuada nos procedimentos de licenciamento das activi-dades turísticas (empreendimentos, restauração e bebidas e animação turística), que possibilitou a realização de investi-mentos pelos empresários num cenário de maior transparên-cia, clareza e celeridade, bem como os incentivos financeiros disponibilizados, quer nacionais, quer comunitários.

No âmbito dos apoios comunitários, a criação do Pólo de Com-petitividade e Tecnologia - Turismo 2015 foi essencial na dispo-nibilização de condições para estimular a competitividade das empresas do sector; efectuar um desenvolvimento selectivo da oferta turística; e reforçar a atractividade do destino Portugal. O Pólo Turismo 2015 permitiu, nomeadamente, a disponibiliza-

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ção nos concursos do QREN de uma dotação específica para as empresas do Turismo, sem que as mesmas tenham necessidade de concorrer com empresas de outros ramos de actividade. Só nos dois últimos concursos do SI Inovação foram apoiadas ao abrigo do Pólo 35 projectos de empresas do turismo, com um incentivo global associado de 70 milhões de euros.

Como define a importância do turismo para o desenvolvimento da economia portuguesa?Quando nos confrontamos com o peso do turismo no valor das nossas exportações – mais de 14 por cento – entende-mos com mais clareza a importância do sector no desenvol-vimento da economia portuguesa.

Fruto da sua capacidade geradora de riqueza e emprego, o turismo é uma actividade essencial para fixar populações e combater assimetrias regionais, contribuindo decisivamente para o desenvolvimento sustentável, para o equilíbrio terri-torial, para a qualificação do espaço público e para a oferta cultural, beneficiando directamente as populações locais.

A importância e transversalidade do sector do turismo foi de-finitivamente consagrada quando da promulgação da Lei de Bases do Turismo, na anterior legislatura, um diploma que re-flecte o reconhecimento do valor estratégico desta actividade para a economia nacional, visando a estabilização, sistema-tização e consolidação de princípios e directrizes transversais que devem subjazer às políticas públicas na área do turismo, com a definição de objectivos claros para esta actividade.

Como aumentar a competitividade internacional do turismo português? Quais a estratégia e as metas definidas para o médio e longo prazos?O aumento da competitividade internacional do turismo português passa certamente pela aposta na diferenciação e na qualificação dos recursos humanos. Ao Estado cabe

apoiar a criação de empresas fortes e financeiramente sóli-das, mas que consigam simultaneamente responder ao per-manente desafio da inovação e da criatividade, construindo uma oferta qualificada, diferenciadora e diversificada, adap-tada, em cada momento, às exigências dos consumidores.

Na construção dessa oferta é fundamental investir na for-mação dos recursos humanos, consolidando o seu nível de empreendedorismo, incentivando os formandos a ter livre iniciativa e a agir com criatividade, liderança e visão de futu-ro, para inovar e ocupar o seu espaço no mercado.

É preciso apostar numa cultura de serviço e pensar Portugal como um país de turismo não apenas pelas praias e pai-sagens bonitas, que também existem noutros países, mas como um destino com uma oferta qualificada e diversifica-da e com um serviço diferenciado, porque é isso que nos pode tornar mais competitivos.

Na área da promoção – internacional e para o mercado interno – quais os aspectos que destacaria como sendo os mais relevantes e que feed-back recebe das várias campanhas e outras acções promovidas pelo Turismo de Portugal?O lançamento das campanhas de comunicação, quer a nível interno, quer nos mercados externos, assume-se como um veículo determinante na afirmação da imagem de Portugal enquanto destino turístico, fazendo a ligação entre a nossa

“A crise trouxe dificuldades mas também oportunidades, nomeadamente a oportunidade das empresas racionalizarem a sua estrutura de custos, preparando-se para o futuro de uma forma mais adequada ao exercício da sua actividade num mercado aberto, global e competitivo.”

oferta turística e o universo de potenciais turistas que anali-sam Portugal como opção para a realização das suas férias.

Nos últimos cinco anos, o Governo de que faço parte, e por-que ambicionámos um novo paradigma para o Portugal tu-rístico, actuou nas três vertentes que identifiquei há pouco: criação de produto; comunicação e branding do país; e orien-tação para o mercado e aproximação ao cliente. Na comuni-cação do país e dos valores da marca, estruturámos um novo posicionamento de Portugal, com o tema umbrella “Europe’s West Coast”, o qual ao retirar o país do sul da Europa, dá-lhe modernidade e sofisticação, enquanto o aproxima do Atlân-tico, explorando a ligação ao mar, à aventura, à descoberta.

Trata-se de comunicar uma proposta de valor diferenciada, enfocada nos produtos estratégicos do país, assente em elementos diferenciadores como Clima e Luz, História Cul-tura e Tradição, Hospitalidade, Diversidade Concentrada e

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em elementos qualificadores como Autenticidade Moder-na, Segurança e Qualidade Competitiva.

Adequámos a comunicação a mercados e segmentos, onde escolhemos os melhores meios e canais de comunicação. Considero que o valor da marca deverá possuir estabilidade, mas não as abordagens, mensagens e formas de comuni-cação que exigem adaptações constantes, lendo e acompa-nhando o mercado.

Em tempos de crise económica, qual o contributo que o sector espera ter do mercado interno, nomeadamente nos destinos turísticos mais procurados como, por exemplo, o Algarve?O contributo do mercado interno foi determinante para ate-nuar os efeitos da crise em 2009, compensando a quebra de fluxos turísticos provenientes dos nossos principais mercados emissores. Assistimos entre 2008 e 2009 a um crescimento do peso do mercado interno no turismo nacional de 33 para 36 por cento. Penso que 2010 não será excepção. Os indicadores deste primeiro semestre são positivos, quer em número de hós-pedes, quer em número de dormidas de residentes e os meses de Verão reforçarão, certamente, esta tendência de crescimen-to, nomeadamente no Algarve, que durante os meses de Julho e Agosto é o destino privilegiado pelos turistas nacionais.

O reforço dos meios de promoção através da campanha “Descubra um Portugal Maior “, lançada em 2008, agora refrescada com o mote “Descubra Portugal – um país que vale por mil” foram essenciais nesta evolução, permitindo a divulgação junto dos residentes do potencial turístico de cada destino regional, em termos de qualidade e varieda-de da oferta, e apresentando-lhes propostas de consumo apelativas, de modo a cativar os portugueses na opção de fazerem cada vez mais férias no seu país.

A liberalização dos voos para a Madeira, que permitiu a entrada da easyJet no mercado, contribuiu para o crescimento do turismo no arquipélago, nomeadamente do turismo interno? De que forma?A revitalização do tráfego aéreo na Região Autónoma da Ma-deira, operada pela entrada das companhias low-cost, teve re-flexos imediatos no desempenho turístico global dessa região.

Após um ano de operação desde a sua entrada na Madeira, a easyJet já tinha desembarcado, em 2008, mais de 80.000 passageiros nas suas três rotas com origem no Reino Unido (Stansted, Gatwick e Bristol), com consequente crescimento, nesse ano, dos fluxos originários desse mercado de mais 21,7 por cento de dormidas e mais 25,5 por cento de hóspedes.

Com a crise económica internacional, e sendo o Reino Uni-do um dos principais países afectados, a Madeira ressentiu-se, obviamente, em termos turísticos, onde a preponderân-cia daquele mercado é significativa. Contudo, a presença das companhias low-cost no aeroporto da região (represen-tando já uma quota de cerca de 15 por cento do total de passageiros desembarcados) é essencial para a recuperação.

Com a liberalização do transporte aéreo entre o continente e a Região Autónoma da Madeira, materializada através do voo da easyJet entre Lisboa e o Funchal, o Governo da República conseguiu disponibilizar esta ligação a todos os portugueses a custos muito reduzidos, passando o custo de uma viagem de Lisboa para o Funchal a ser tão competitivo como uma viagem de Lisboa para o Porto ou para Faro, de carro. Esta iniciativa permitiu um novo e determinante fulgor no tráfego doméstico e na dinamização do turismo interno para a Madeira: em 2009 assistimos a um crescimento superior a 16 por cento do núme-ro de hóspedes e de dormidas de portugueses neste destino.

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ENTREVISTA

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Como está a correr o ano turístico na Madeira depois da catástrofe sofrida no Inverno?Tal como referi, a Madeira é neste momento a única região que regista ainda dificuldades em inverter os resultados negativos

das, e de qualidade, capazes de surpreender mesmos os turistas mais informados e experientes.

No caso das acessibilidades, mais do que abordar a ques-tão da liberalização do espaço aéreo importa sublinhar a iniciativa tomada recentemente pelo governo regional dos Açores, no sentido de facilitar o acesso daquele território ao continente e vice-versa, no quadro de uma estratégia de apoio à mobilidade dos cidadãos.

Quais as principais linhas estratégicas para o desenvolvimento do turismo sustentável em Portugal e que projectos destacaria neste domínio?O turismo em Portugal deve apostar na sustentabilidade como forma de enriquecimento da oferta, e de contribuir para o desenvolvimento quer regional quer do sector numa perspectiva de longo prazo.

Como principais eixos de intervenção, destacaria a preser-vação do património histórico-cultural, através da utilização de elementos da cultura local a diversos níveis (arquitectura, gastronomia, etc.), incentivando a recuperação desse patri-mónio, e incorporando a História e cultura local nos roteiros de visitação; bem como a maximização dos benefícios para o ambiente e a redução dos impactos negativos resultantes da intervenção, quer seja através de uma gestão mais efici-ência dos recursos disponíveis, quer através da conservação da biodiversidade, ecossistemas e paisagens, procurando que a gestão das empresas esteja devidamente capacitada para tomar as melhores decisões em matéria de práticas de gestão ambientalmente responsáveis.

“O ano de 2010 será seguramente um ano melhor que 2009, aliás, os números têm-no demonstrado.”

com que está a ser confrontada. A catástrofe de 20 de Feve-reiro deste ano, associada à retracção da procura com especial destaque com origem no mercado britânico, não têm ajudado neste capítulo, sendo fundamental, por um lado, dar sinais po-sitivos ao mercado de que a cidade do Funchal está totalmente reabilitada, e, por outro, encontrar soluções alternativas en-quanto o mercado britânico não recupera o seu nível de fluxos.

Nos dados mais recentes do Aeroporto da Madeira, regista-mos que neste mês de Agosto o movimento de passageiros cresceu, seguindo a tendência dos restantes aeroportos na-cionais. Penso que com o empenho de todos, entidades pú-blicas e privadas, centrais e regionais, a Madeira terá todas as condições para retomar o fulgor da actividade turística vivida noutros tempos.

Considerado um dos destinos de elevado potencial turístico, o arquipélago dos Açores continua aquém das suas potencialidades no que diz respeito ao número de turistas, devido designadamente ao custo (elevado) das acessibilidades. Para quando a liberalização da linha aérea para o arquipélago?Os Açores têm um indiscutível potencial de desenvolvimen-to turístico, ainda em fase emergente, que deve ser tratado com alguma cautela e sempre no respeito pelo equilíbrio entre os recursos naturais existentes e as necessidades de crescimento do destino.

“No quadro da oferta turística, é inegável que o sector do turismo vive hoje uma realidade totalmente diferente, não só mais diversificada, mas igualmente mais qualificada, e com maior grau de homogeneidade em termos de presença geográfica.”

A dinamização turística da Região, nesta fase, deve ser efectuada em estreita parceria com Operadores Turísticos especializados, sem grandes pressões ao nível do volume de fluxos a gerar, até porque o destino não o comporta. Maior importância assume a preocupação em posicionar o destino Açores, através de uma adequada estratégia de promoção, não como um destino de massas, mas como um destino que proporciona experiências turísticas únicas, diversifica-

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NOTÍCIAS

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PORTUGAL TECNOLÓGICO NA FIL

Pavilhão de Portugal premiado na FACIM 2010

O Pavilhão de Portugal na FACIM 2010 (Moçambique) foi galardoado com o Prémio do Melhor Pavilhão Estrangeiro. Na Feira Internacional de Maputo par-ticiparam 14 países, designadamente a Itália, o Brasil, a África do Sul, a Espa-nha e a Indonésia.No Pavilhão de Portugal, organizado pela AICEP, estiveram presentes 40 empresas, ascendendo a mais de nove dezenas de empresas a presença nacio-nal neste certame multi-sectorial que anualmente se realiza em Maputo.O balanço da presença portuguesa foi po-sitivo apesar da instabilidade vivida na capital moçambicana durante os dias do certame. Segundo Fernando Carva-lho, director do Escritório da AICEP em Moçambique, realizaram-se contactos importantes e abriram-se oportunida-des para a realização de parcerias e ne-gócios com as empresas locais.Em 2009 as exportações portuguesas para Moçambique cifraram-se em 121 milhões de euros, o que traduz um crescimento de 31 por cento face ao ano anterior.

EXPO Xangai 2010: Portugal espera receber 4 milhões de visitantes

O Pavilhão de Portugal na EXPO Xangai 2010 deverá ser visitado por 4 milhões de pessoas até ao encerramento desta exposição universal, no final de Outubro, de acordo com as previsões de Rolando Borges Martins. A confirmarem-se as expectativas do Comissário-geral de Por-tugal na EXPO Xangai, este será um nú-mero recorde na história da participação portuguesa em exposições universais. O pavilhão português – um edifício de 2.000 metros quadrados, todo revesti-do de cortiça – evidencia os 500 anos de contactos entre Portugal e China e a actual aposta portuguesa nas ener-gias renováveis.

No âmbito da visita oficial do Grão-Du-que do Luxemburgo a Portugal, a Câ-mara de Comércio Luso-Belga-Luxem-burguesa, juntamente com as Agências Luxembourg for Business e Luxembourg for Finance, promoveu um seminário económico sobre o tema “Descubra o Luxemburgo”, no dia 8 de Setembro.Basílio Horta, presidente da AICEP, foi um dos oradores neste encontro em-presarial, tendo, na ocasião, destacado que o relacionamento económico entre Portugal e o Luxemburgo está aquém das suas potencialidades e salientado os sectores que, através da cooperação empresarial, poderão contribuir para alterar o actual panorama. Entre estes

contam-se as tecnologias de informa-ção e comunicação, as energias reno-váveis, o sector da aeronáutica, a bio-tecnologia e a indústria farmacêutica. O presidente da Agência referiu-se à diversificação dos mercados de destino das exportações portuguesas, frisando que, em relação ao Luxemburgo, Por-tugal poderá ser uma plataforma para projectos comuns em países como An-gola e Brasil. Segundo Basílio Horta, as exportações portuguesas para o Lu-xemburgo rondaram os 50 milhões de euros em 2009, enquanto as importa-ções deste país atingiram perto de 100 milhões de euros.

Tecnologia, Inovação, Demonstração e Internacionalização são as palavras-chave que caracterizam o Portugal Tecnológico 2010, evento nacional de-dicado às tecnologias e à inovação que decorre na FIL – Parque das Nações, em Lisboa, de 22 a 26 de Setembro.A edição de 2010, sob o tema “Por-tugal Tecnológico, a liderar o futuro”, será a maior de sempre, contando com mais de 200 empresas num espaço de 40 mil metros quadrados. O Portugal Tecnológico 2010 apresentará as me-lhores soluções em áreas tão distintas como a Mobilidade Eléctrica, Energias Renováveis, a Educação, a Saúde, as Comunicações, os Transportes e a Se-gurança entre outras. O principal objectivo do evento (www.portugaltecnologico.fil.pt) é demons-trar como as empresas de diversas áreas de actividade, nos serviços públicos e

empresariais, aplicam as mais recentes inovações tecnológicas na sua actividade diária e exemplificar como as redes de co-nhecimento e as regiões inovadoras con-tribuem para o desenvolvimento do país e para a qualidade de vida dos cidadãos. À semelhança das edições anteriores, estarão presentes os grandes interve-nientes neste mercado, desde start-ups até empresas consolidadas, bem como a Administração Pública, um dos gran-des consumidores de tecnologia no nosso mercado. Será também realizado um conjunto de conferências que contarão com a presença de reputados oradores nacio-nais e internacionais nas temáticas do eGovernment, Energia e Mobilidade, Competitividade, Indústrias Criativas, Economia Digital, Educação e Saúde. Em 2009, o Portugal Tecnológico rece-beu 23 mil visitantes.

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EMPRESAS

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CGC GENETICS PRESTIGIA CIÊNCIA PORTUGUESAO CGC Genetics é o maior prestador nacional de diagnóstico pré-natal e rastreio pré-natal, o primeiro a ser reconhecido internacionalmente com licenças e certificações de qualidade, e também o primeiro, na área da genética médica, a receber o prémio “Emerging Entrepreneur”, o reconhecimento de um bom exemplo de empreendedorismo português.

A convicção de que seria possível en-curtar os prazos de resposta para o diagnóstico pré-natal, então praticados pelos laboratórios públicos, levou à ex-pansão laboratorial do CGC Genetics, como complemento da consulta de ge-nética médica que já praticava. Estava-se em 1992 e com a criação da área de citogenética – a primeira a ser de-senvolvida – estava fundado o primeiro laboratório privado de genética médica no nosso país.

Logo nessa altura, o CGC foi também o primeiro laboratório português a desenvolver um programa de rastreio pré-natal sendo, na actualidade, o

maior prestador nacional em ambas as áreas com números reveladores e que chegam, anualmente, aos 6.000 diag-nósticos pré-natais e cerca de 18.000 rastreios pré-natais.

Agora, depois de ao longo dos anos ter procurado sempre uma filosofia de complementaridade das diferen-tes áreas da genética médica, o CGC conta com um departamento clínico e cinco áreas laboratoriais: genómica clínica, citogenética, diagnóstico mo-lecular, rastreio pré-natal e anatomia patológica. Conta também com uma enorme disponibilidade e capacidade científica para realizar 1.500 testes di-

ferentes nas áreas de diagnóstico pré-natal, gastrenterologia, cancro, diag-nóstico de doenças raras, diagnóstico de doenças comuns do adulto e pedia-tria, incluindo painéis de diagnóstico exclusivos, Arrays CGC (com patente submetida).

Foi no desenvolvimento deste projecto exemplar na investigação e na inova-ção que o CGC Genetics se tornou um dos centros de referência tanto a nível nacional como internacional. Recen-temente, desenvolveu novas aborda-gens em várias áreas médicas, como o cancro e o risco de tromboembolismo, além de painéis de diagnóstico que

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EMPRESAS

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permitem, de uma só vez, identificar as alterações mais frequentes para um determinado quadro clínico. Uma das suas novas abordagens em diagnóstico pré-natal – o DPN plus – que permite obter informação sobre as patologias mais prováveis a seguir à Síndrome de Down e alargar a capacidade de res-posta, passou a garantir mais informa-ções sobre o feto e permite uma gestão atempada das opções de diagnóstico. A grande vantagem desta inovação é o melhor aproveitamento que poderá ser feito do líquido amniótico – atra-vés do qual se detecta a síndrome de Down – para estudar outras doenças cujas frequências somadas têm uma incidência semelhante ou superior à da Síndrome de Down. Explica uma fonte do CGC que “esta nova abordagem baseia-se no pressuposto que dois a três por cento dos recém-nascidos são portadores de uma anomalia congéni-ta maior e mais de 50 por cento estão

A aposta de investimento na internacio-

nalização do CGC Genetics, motivada

pelo know-how adquirido e pela capa-

cidade tecnológica instalada, é outra

das vertentes fundamentais na vida do

CGC GeneticsRua Sá da Bandeira, 706 – 1º4000-432 PortoTel.: +351 223 388 900

[email protected]

www.cgcgenetics.com

associados a factores genéticos; com este processo, temos uma lista de do-enças em que o diagnóstico é possível, com resultados em tempo útil. De uma maneira geral, podemos dizer que

cada área médica que desenvolvemos tem tido um desenvolvimento de tes-tes correspondente, de que são exem-plos, o diagnóstico etiológio do atraso mental e os testes do cancro”.

laboratório e que representa já cerca de 20 por cento do volume total de negó-cios do CGC. Segundo a mesma fon-te, “embora continuemos focados em manter e aumentar o emprego em Por-tugal e para portugueses e privilegiemos sempre os laboratórios portugueses, na medida em que podemos competir com os maiores laboratórios internacionais e receber amostras de doentes de hospi-tais fora do nosso território e porque a nossa capacidade instalada permite-nos responder às necessidades de uma po-pulação maior do que a portuguesa, apesar da internacionalização da nossa actividade representar um acréscimo de esforço – é necessário ter relatórios em três ou mais idiomas, bem como material e apoio correspondentes – a aquisição de empresas em Espanha e a abertura do GCG nos EUA surgiram na-turalmente e permitiram-nos a entrada directa nos dois mercados”.

Outro dos aspectos marcantes na vida do laboratório e com reflexo positivo na missão de desenvolver ferramentas de diagnóstico genético de forma rá-pida, precisa e com boa relação preço/qualidade, é o conjunto de licenças e certificações de qualidade conseguido depois do CGC se sujeitar a um sem número de avaliações internacionais de qualidade: ISO (desde 2004), licença CLIA (desde 2007), licença de laborató-rio clínico para o Estado da Califórnia, Certificação de Gestão da Investigação, Desenvolvimento e Inovação (NP 4457), entre outros. O CGC é, aliás, o primeiro laboratório português com estas licen-ças e certificações de qualidade.

No futuro, o CGC vai continuar a apos-tar na inovação e no desenvolvimen-to de novos testes facilitadores de um diagnóstico rápido, que constituem uma vantagem competitiva internacional.

Além de uma referência internacional no diagnóstico de doenças raras, o CGC tem vindo a desenvolver novos testes para doenças comuns, do adulto e da criança, mudando o foco do trata-mento para a prevenção.

“Foi no desenvolvimento deste projecto exemplar na investigação e na inovação que o CGC Genetics se tornou um dos centros de referência tanto a nível nacional como internacional.”

Prof. Purificação Tavares, CEO

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EMPRESAS

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A proeza da Lismolde foi transformar uma pequena oficina num grupo reco-nhecido e com uma posição consolidada nos negócios internacionais. Estamos a falar do sector de moldes – um grande fornecedor destas histórias de sucesso – e de cinco empresas que dão cartas na en-genharia de moldes. Mais concretamen-te: em peças maquinadas de precisão.

Por isso, o grupo exporta para muitos países da Europa (Alemanha, França, Inglaterra, Bélgica, Suíça) mas também para o Japão, Argentina e EUA. Ven-de nestes mercados para os sectores

GRUPO LISMOLDE APOSTA NA DIVERSIFICAÇÃO

Rejeitar a dependência de clientes ou mercados específicos e apostar forte na diversificação de uns e outros é a estratégia de mercado do grupo Lismolde. Um grande especialista português em engenharia de moldes.

automóvel, eléctrico e dos electrodo-mésticos, procurando, neste momento, vender para o sector da aeronáutica, medicina, energia e ambiente entre outros. Facturou, em 2009, quase seis milhões de euros.

Não há segredos escondidos, nem fór-mulas secretas forjadas para lá das pa-redes das empresas do grupo, mas há estratégia de grupo, concertada entre as cinco empresas: a Lismolde, que produz moldes para injecção de plásticos até 12 toneladas; a Lismolde 2, que produz mol-des para injecção de plástico até 15 tone-

ladas, bem como peças maquinadas de alta precisão, direccionadas para merca-dos mais inovadores e exigentes; a Mol-fatec, que se especializou na fabricação de estruturas; a Temoimplás, em testes; e a Unitecmol, em moldes de injecção só de pequena dimensão. Há também investimento criterioso em equipamento e tecnologia de que são exemplo os sete milhões e meio de euros gastos nos últi-mos quatro anos, 27 por cento dos quais empregues na construção da Lismolde 2, a última empresa a integrar o grupo em 2004, e que contribuíram, decisivamente, para o aumento de 79 por cento na car-teira de clientes de então para cá.

Nos mercados e no relacionamento com os clientes a palavra-chave é diver-sificar. O grande objectivo, no curto e no médio prazo, é diminuir a depen-dência face a qualquer cliente ou mer-cado específico. Cátia Ruivo, directora comercial, aponta a importância desta estratégia que passa também, segun-do afirma, “por apostar em mercados pouco explorados, como a medicina ou a indústria aeronáutica e aeroespacial, para consolidarmos a nossa posição no espaço europeu um pouco por todo o

lado, com múltiplos clientes e em no-vas indústrias”.

Decisiva também para a performance do grupo, é a atenção que é dada à qualida-de. Logo à entrada das fábricas, no con-trolo das matérias-primas. Segundo Cátia Ruivo, “são compradas apenas a forne-

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EMPRESAS

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MICRONORMA CONTRIBUI PARA TECNOLOGIA EMERGENTE

Forte investimento em I&D, aposta em colaboradores altamente motivados e observância das normas de qualidade ISO 9001 e de IDI NP 4457, são as directrizes da Micronorma para alcançar o seu objectivo de desenvolvimento de equipamentos inovadores, novos produtos e tecnologias.

Grupo LismoldeZona Industrial “A Amarela”2480-051 Porto de MósTel.: +351 244 499 190

[email protected]

www.lismolde.pt

cedores que nos garantem qualidade e com os respectivos certificados; depois, no laboratório de metrologia, são execu-tadas operações de controlo dimensional às peças produzidas, tanto internamente como fora das nossas instalações, ha-vendo um grande rigor na qualidade em todo o processo produtivo”.

No competitivo mercado dos moldes, junto dos clientes actuais e dos poten-ciais, o grupo aposta no binómio expe-riência/know-how, adquirido ao longo dos anos, juntando-lhe novos recursos tecnológicos e humanos que possibili-tam o acompanhamento de todos os projectos em todas as fases. Um exem-plo: na fase de concepção, os moldes são projectados com base em sistemas 3D – CAE/CAD/CAM –, o que permite a optimização do processo produtivo. Outro exemplo: na última fase todos os moldes são testados sob condições es-pecíficas de produção, para assegurar o seu perfeito funcionamento.

Todos os produtos Lismolde cumprem a norma de referência ISO 9001. O grupo está também a implementar a EN 9100 para a indústria aeronáutica.

com uma forte aposta nos projectos de I&D e também na diversificação da ti-pologia de clientes, tanto na indústria automóvel como em diversos sectores da energia.

Trocando por miúdos: desde aí a em-presa iniciou a participação no “IMPALA – Intelligent Manufacture from Powder Laser Assimilation”, um consórcio euro-peu que conta com 17 entidades parti-cipantes de oito nacionalidades distintas e que junta institutos académicos de renome, associações de carácter tecno-lógico e empresas do sector. Este pro-jecto é financiado pela CE, através do 7º Programa Quadro, tem a duração de quatro anos e um orçamento global de 6,5 milhões de euros.

Visa o desenvolvimento de equipamen-tos, técnicas e processos de fabrico por tecnologia laser, para produzir desde

“Análise de esforços mecânicos (tensão-extensão) num órgão de máquina, através da utilização do método numérico de simulação por elementos finitos (FEM/FEA)”

O ano de 2008, que marca o início da crise na indústria em geral e em parti-cular na indústria automóvel, represen-ta uma viragem na vida da Micronorma

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EMPRESAS

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O volume de negócios anual da Micro-norma variou, nos últimos cinco anos, entre 700.000 e um milhão de euros. A oscilação de valores está intrinseca-

vertentes: tentativa constante de de-senvolver processos inovadores através de muito investimento em I&D e cria-ção de fortes relações comerciais com empresas multinacionais, que justifi-quem o investimento numa estrutura permanente num mercado estrangeiro, para assistência de um ou mais clien-tes locais passo muito importante e um dos grandes objectivos da Micronorma.

Tudo em conjugação, pretende a Mi-cronorma colocar a ênfase na criação de produtos com mais-valia para ex-portação e respectivas homologações, em alguns clientes multinacionais cha-ve, diluindo o custo do desenvolvimen-to dos equipamentos. Proporcionando simultaneamente soluções integradas para as necessidades específicas dos clientes, compreendendo desenvolvi-mento, fabricação, instalação e assis-tência pós-venda, e aplicando a experi-ência adquirida nos 20 anos de existên-cia da empresa.

Complementarmente a empresa man-tém uma estrutura produtiva completa em sistema JIT no mercado da subcon-tratação. Atendendo a que o custo da mão-de-obra em Portugal já não é uma vantagem competitiva, diz Pedro Faria, administrador, “apostamos na produ-ção de produtos mais complexos e com maior valor acrescentado para o com-prador. Esse é o nosso caminho”.

Nos equipamentos, na subcontratação, na indústria automóvel e na energia, os grandes clientes da Micronorma são, entre outros, a Delphi, a Yazaki Syste-ms, a Leoni Systems, a Stocko Contact, a Delphi Powertrain, a Siemens Trans-mission, a Benteler Automotive, a Con-tinental-Teves ou a Legrand Eléctrica.

componentes de escala standard até miniaturizações, que podem ser apli-cadas em áreas tão distintas como a medicina (por ex.: através de implan-tes auditivos ou recuperações de den-tições), ou a área aeronáutica para a recuperação de turbinas de motores. Daqui pode estar a nascer uma tecno-logia emergente, muito flexível, adap-tável a várias áreas, com vantagens ao nível dos tempos de resposta ao cliente e com muita qualidade no produto fi-nal. Na opinião dos promotores e dos participantes, pode gerar um nicho de mercado de alto valor acrescentado.

Em 2009, a Micronorma reforçou a vontade de introduzir no mercado na-cional novos produtos e tecnologias e candidatou-se ao projecto MTJ (Mag-netic Tube Joint), no âmbito do QREN. Teve início em Fevereiro de 2010, cus-ta cerca de 650.000 euros e é prota-gonizado por um consórcio que inte-gra também a Tecnisata e o Instituto Superior Técnico, sendo liderado pela Micronorma. Em termos gerais, o pro-jecto pretende desenvolver um equipa-mento electromagnético flexível para a união de componentes tubulares por deformação plástica electromagnéti-ca com vantagens muito significativas dos pontos de vista estético, mecânico e ambiental, sobre as estratégias tradi-cionais soldadura e cravação.

MicronormaComércio e Indústria de Ferramentas, SA

Estrada de Albarraque– Centro Empresarial Sintra Estoril VI – Armazém A2710-297 SintraTel.: +351 219 249 400

[email protected]

www.micronorma.pt

mente ligada à crise no mercado da in-dústria automóvel, nomeadamente ao congelamento de novos projectos em 2009, e à deslocalização das multina-cionais para fora do território nacional.

Na carteira de clientes internacionais, alguns mercados, como Marrocos ou a Roménia, ocuparam no passado re-cente um lugar de relevo. No entanto, nos últimos dez anos, a Micronorma exportou continuamente para cerca de 20 países. No plano internacional a es-tratégia da empresa assenta em duas

“No plano internacional a estratégia da empresa assenta em duas vertentes: tentativa constante de desenvolver processos inovadores através de muito investimento em I&D e criação de fortes relações comerciais com empresas multinacionais (...).”

“Célula de fabrico automatizada em fase de montagem”

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São transversais a todos os sectores económicos as oportunidades para as empresas portuguesas no mercado moçambicano, como são também naturais os constrangimentos, próprios de uma economia em crescimento. Neste momento, uma gestão macroeconómica eficaz, reconhecida pelas instituições financeiras internacionais, e um conjunto de linhas de crédito concedido pelo Governo português está a reanimar o já tradicional interesse dos nossos empresários num mercado onde estar presente e “dar a cara” fazem parte do roteiro para os negócios bem sucedidos. Um texto de Fernando Carvalho, responsável pelo Escritório da AICEP em Maputo.

MOÇAMBIQUE CRESCIMENTO ATRAI EMPRESAS PORTUGUESAS

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MERCADOS

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“As empresas portuguesas têm já uma longa tradição de permanência neste mercado em diversos sectores de actividade económica, tendo-se vindo a assistir, nos últimos tempos, a um crescente interesse...”

Moçambique obteve nos últimos 10 anos um dos melhores resultados em África em termos de crescimento econó-mico, com uma média anual superior a 8 por cento, sendo por isso citado como exemplo por instituições internacionais.

O PIB cresceu 6,6 por cento em termos reais em 2009, acima do que estava previsto, em resultado, principalmen-te, do forte desempenho dos sectores da construção, da energia e do sector financeiro que conseguiram contrariar os efeitos das quedas acentuadas das receitas das exportações e da entrada de capitais privados.

As perspectivas para 2010 mantêm esta tendência de crescimento em torno dos 6,5 por cento, alimentado em grande medida pelos megaprojectos no sector de recursos naturais e pelo aumento do investimento público. A inflação deve-rá manter-se abaixo dos 10 por cento, apesar da alta temporária, em razão da retirada gradual dos subsídios aos combustíveis criados em Março 2010. Apesar da previsão de alta considerável das importações relacionadas com o in-vestimento, a recuperação dos preços das exportações dos principais produ-tos base de Moçambique deverá con-ter o défice de conta corrente externa e manter as reservas internacionais em níveis confortáveis.

No meio deste cenário de alguma in-certeza, o governo de Moçambique continua a procurar manter a gestão macroeconómica prudente que tem sido reconhecida pelas instituições fi-nanceiras internacionais e, em parale-lo, as autoridades têm vindo a lançar medidas com vista à melhoria do am-biente de negócios, reformando e mo-dernizando a Administração Pública e simplificando processos. Os resultados alcançados nesta matéria permitiram, nomeadamente, reduzir o tempo de criação de uma empresa para 26 dias. Por outro lado, tem-se vindo a assistir a um progressivo fortalecimento das estruturas associativas empresariais, onde pontua a CTA – Confederação das Associações Económicas de Mo-çambique, a qual estabeleceu com o governo mecanismos de consulta

e de diálogo, regulares e periódicos, com vista a discutir e propor medidas favoráveis ao desenvolvimento eco-nómico, à facilitação do ambiente de negócios e à actuação das empresas no mercado moçambicano.

As empresas portuguesas têm já uma longa tradição de permanência neste mercado em diversos sectores de ac-tividade económica, tendo-se vindo a assistir, nos últimos tempos, a um crescente interesse tanto em termos de estabelecimento de relações co-merciais como de procura de oportu-nidades de investimento.

EFACEC, Mota Engil, Teixeira Duarte, Soares da Costa, Ascendi, Bial, Labora-tórios Azevedos, Porto Editora, Grupo Leya, Grupo Portucel Soporcel, Prio, Grupo Lena, Critical Software, Micro-fil, Cabelte, Heliflex, Selfenergy, para já não falar na banca onde dois dos três principais bancos moçambicanos têm capitais portugueses – Millennium bim (grupo BCP) e BCI (grupo CGD e BPI) – e onde estão a entrar o BES (com a recente aquisição de capital no Moza Banco) e grupo Amorim com a criação de um novo banco. Nesta área refira-se ainda a recente criação de um banco de investimento – o BNI, Banco Nacional de Investimentos – com par-ticipação no capital de 500 milhões de dólares, em partes iguais, pela CGD e pelo Tesouro moçambicano.

Oportunidades para as empresas portuguesasA concessão a Moçambique nos dois últimos anos, por parte do Governo português, de um conjunto de linhas de crédito que ascendem a 700 mi-lhões de euros, para investimento em projectos de infra-estruturas das autori-dades moçambicanas, particularmente infra-estruturas rodoviárias, de energia e de águas e saneamento, e que sejam

Das principais empresas portuguesas a operar no mercado destacam-se nomes como Galp, Visabeira, Cimpor, Grupo Entreposto, Grupo Ferpinta,

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MERCADOS

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executadas por empresas portuguesas, tem reanimado o interesse das nossas empresas por este mercado, não só das que foram (ou poderão vir a ser) esco-lhidas para a execução daqueles pro-jectos, como também de muitas outras pequenas e médias empresas que po-derão vir a ser envolvidas indirectamen-te, através da prestação de serviços ou de subcontratação.

Apesar da presença de empresas portu-guesas se fazer sentir em quase todos os sectores da economia moçambica-na (excepção feita ao sector mineiro), arriscamos dizer que os sectores com maiores potencialidades e oportunida-des para as empresas portuguesas são a agricultura, a silvicultura, a pecuária e indústrias associadas porque Moçam-bique dispõe de 36 milhões de hec-tares de terra arável e apenas 10 por cento estão cultivados e menos de um por cento dos 3,3 milhões de hectares de terras irrigáveis estão utilizados. A energia, nomeadamente as energias renováveis, conhecida a carência de energia disponível em Moçambique, que pode vir a ser um grande produ-tor dadas as potencialidades hídricas, solares e eólicas, havendo muitas opor-tunidades para as nossas empresas de-vido ao alargamento da rede. A saúde, que está crescer, com a construção e a renovação de hospitais e centros de saúde e a abertura de clínicas privadas. Ou a biotecnologia na área do investi-mento. A construção e obras públicas, onde a boa reputação das empresas portuguesas no mercado pode ser mui-to importante devido à necessidade de construção de edifícios, estradas, sa-neamento, portos, caminhos de ferro, etc., o que pode representar um acrés-cimo substancial na carteira de obras públicas. A formação profissional e a educação, dadas as prementes neces-sidades de Moçambique para o seu de-senvolvimento económico e social de recursos humanos qualificados em áre-as técnico-profissionais, e a expansão do ensino superior para as várias pro-víncias, tornará este sector uma área potencial de atracção para as institui-ções e empresas de ensino de Portugal. A consultoria, dado o elevado número

de projectos de desenvolvimento nas mais variadas áreas requerer uma série de estudos prévios e de execução.

Para a área das tecnologias de infor-mação e comunicação (TIC) o governo de Moçambique aprovou uma “políti-

identificação pessoal, registos de ter-ras e empresas e registos para efeitos eleitorais. Todos estes projectos são de grande importância para proporcionar uma boa governação, factor prioritário estabelecido no Programa do governo moçambicano. O turismo é outro sec-tor de aposta, porque Moçambique é um país com extraordinárias potencia-lidades turísticas ainda pouco explora-das (uma enorme faixa costeira, praias de elevada beleza e pouco frequenta-das, um grande número de áreas de reserva natural e protecção de fauna bravia, povo simpático e acolhedor são alguns dos recursos cujo aproveitamen-to e rentabilização carecem de investi-mentos em termos de alojamento e restauração). A distribuição e a logísti-ca, sendo as redes de distribuição mui-to incipientes e uma parte significativa do desenvolvimento do sector agrícola estar condicionado por este facto. A melhoria da rede rodoviária que tem vindo a ser promovida pelos investi-

“A concessão a Moçambique nos dois últimos anos, por parte do Governo português, de um conjunto de linhas de crédito que ascendem a 700 milhões de euros (...) tem reanimado o interesse das nossas empresas por este mercado.”

ca de informatização”. Este programa,

que se pretende ser integrado para o

Estado moçambicano, inclui inúmeras

vertentes, nomeadamente registos de

Visita do Presidente de Moçambique, Armando Guebuza, ao Pavilhão de Portugal na FACIM

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MERCADOS

Portugalglobal // Setembro 10 // 35

mentos recentes permite abrir portas ao desenvolvimento deste sector es-sencial ao crescimento da economia.

de dificuldades, inerentes, grande par-te delas, ao facto de se tratar de um mercado em desenvolvimento. Alguns dos principais constrangimentos que têm sido assinalados pelos empresários prendem-se com os limites à contrata-ção de mão-de-obra estrangeira; a lei laboral impõe quotas para a contrata-ção de trabalhadores não moçambica-nos de 10 por cento nas empresas até 10 trabalhadores; 8 por cento até 100 trabalhadores e 5 por cento acima de 100 trabalhadores e, nestas quotas, são incluídos os gestores e administra-dores. Por outro lado, a percentagem de mão-de-obra qualificada é muito baixa e a oferta de formação escassa, o acesso à terra é complicado e buro-crático e atinge projectos agrícolas e turísticos que precisam de largas parce-las de terra e os atrasos nos pagamen-tos, por parte do Estado, relativamente a empreitadas e aquisições de bens e serviços, um problema que é, neste momento, objecto de diálogo entre a

confederação patronal moçambicana (CTA) e o governo.

No entanto, as autoridades estão cons-cientes destes constrangimentos e têm trabalhado no sentido de ajudar as em-presas e os investidores a ultrapassá-los. É importante que os empresários e investi-dores portugueses que querem entrar no mercado contactem e apresentem os seus projectos às instituições de promoção e de apoio ao investimento estrangeiro. A experiência que recolhemos junto dos empresários que aqui estão diz-nos que fazer as coisas “by the book” compensa. E é por isso que aconselhamos a contac-tar o CPI, Centro de Promoção de Investi-mentos, e os organismos dos Ministérios da Indústria e Comércio, do Turismo, da Agricultura e do Trabalho para recolher as orientações e os conselhos que poderão ajudar a evitar muitos dos obstáculos.

Uma boa porta de entrada para um grande número de empresas tem sido a FACIM, a principal montra comercial do país. Este ano estiveram presentes no certame 40 empresas e 3 associações no espaço do pavilhão nacional organizado pela AICEP, para além de mais 12 em-presas portuguesas que não tendo es-paço no pavilhão de Portugal estiveram presentes em outros stands e, ainda, de cerca de 40 empresas moçambicanas de capital português que expuseram na fei-ra. Os resultados foram, na opinião das empresas participantes, claramente po-sitivos e muitas delas têm já planos de retorno ainda durante este ano para dar continuidade aos contactos e concluir acordos de negócio agora iniciados.

Mas acima de tudo há que estar pre-sente no mercado, dar a cara e res-ponder em tempo e com qualidade para se poder conquistar a confiança dos moçambicanos.

“É importante que os empresários e investidores portugueses que querem entrar no mercado contactem e apresentem os seus projectos às instituições de promoção e de apoio ao investimento estrangeiro.”

Não faltam, pois, oportunidades para as empresas portuguesas. Há, no en-tanto, que lembrar que mais impor-tante que vender para Moçambique é vender em Moçambique.

O mercado moçambicano, apesar de todos os aspectos positivos que atrás fomos enunciando, não está isento

aicep Portugal GlobalEscritório em Moçambique

Av. Julius Nyerere, 720 - 12ºMaputo – MoçambiqueTel.: +258 21 490 523/402Fax: +258 21 490 203

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MERCADOS

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HISTÓRIA E LÍNGUA COMUNS CIMENTAM RELAÇÕES>POR MÁRIO GODINHO DE MATOS, EMBAIXADOR DE PORTUGAL EM MOÇAMBIQUE

Moçambique é dotado de um gran-de potencial de desenvolvimento: abundantes cursos de água, reservas minerais importantes, abundância de capacidade energética, ricas jazidas de carvão como o mega projecto de Mo-atize (estimado em mil milhões de eu-ros), apreciáveis reservas de gás natural nas províncias de Inhambane e Sofala, bem como uma extensa orla marítima com recursos consideráveis de pesca e bons portos.

No entanto, não obstante os progres-sos realizados desde o fim da guerra civil, a população moçambicana, esti-mada em 20 milhões, enfrenta ainda sérios problemas de desenvolvimento.

No plano bilateral, o estabelecimento de Cimeiras anuais, decidido por ocasião da visita do Primeiro-ministro português a Maputo, em Março passado, virá dar o necessário enquadramento a uma re-lação intensa e diversificada que, para além da cooperação politica, abrange as áreas da cooperação técnico-militar e da cooperação policial e incide também nos sectores estratégicos da educação e da governação, para além do uni-verso das empresas com interesses em Moçambique. Por outro lado, permitir-nos-á proceder a uma troca regular de informações de carácter regional quer a nível da SADC quer da União Europeia.

Paralelamente ao excelente relaciona-mento político, a nossa cooperação alarga-se a amplos sectores da socie-dade moçambicana e a implantação das nossas empresas cresce quer a ní-vel do comércio quer do investimento, ao mesmo tempo que a divulgação da língua portuguesa atinge agora níveis nunca antes alcançados.

A relação entre os dois países saiu al-tamente reforçada com o conjunto de acordos, essencialmente de índole eco-nómica, científica e cultural, assinados no decurso da referida visita do Primei-ro-ministro a Maputo, e da deslocação a Portugal do Presidente Guebuza, em Abril passado.

positivos favoráveis a Por-tugal. No que respeita ao investimento, Portugal foi o maior investidor estrangeiro durante o primeiro semestre de 2010. A importância da presença portuguesa pode ainda ser avaliada pelo fac-to de 28 das 100 maiores empresas moçambicanas terem capital português.

Na área da Cooperação, Moçambique é o terceiro principal país beneficiá-rio da Ajuda Pública (APD bilateral) portuguesa. A educação e a formação profissional, bem como a capacitação institucional de

sectores-chave da área da governação, continuam a absorver a maior parte da ajuda portuguesa ao desenvolvimento concedida a Moçambique, rentabili-zando assim as mais-valias representa-das pela língua e pela matriz jurídica e institucional comuns.

Num país tão vasto e tão diverso, do ponto de vista linguístico, como Mo-çambique, geograficamente rodeado de vizinhos anglo-saxónicos, a língua portuguesa constitui o cimento da uni-dade nacional moçambicana e o seu ensino é considerado como uma priori-dade no relacionamento com Portugal.

A boa imagem de que dispomos em Moçambique, para a qual muito têm também contribuído as nossas empre-sas, e as incontornáveis raízes históri-cas e linguísticas comuns constituirão, estou seguro, o complemento indis-pensável para uma cada vez maior afir-mação dos interesses portugueses em Moçambique.

“O volume de trocas comerciais tem vindo a aumentar nos últimos anos de forma regular e a balança comercial bilateral tem registado sistemáticos saldos positivos favoráveis a Portugal.“

O volume de trocas comerciais tem vin-

do a aumentar nos últimos anos de for-

ma regular e a balança comercial bila-

teral tem registado sistemáticos saldos

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MERCADOS

Portugalglobal // Setembro 10 // 37

Em 2009, Moçambique viu a sua posição reforçada enquanto parceiro comercial de Portugal, sendo agora o nosso 27º cliente – foi 35º em 2008 – representan-do assim 0,39 por cento das saídas glo-bais de mercadorias, e é o 59º fornece-dor – 63º em 2008 – o que corresponde a 0,09 por cento das importações totais.

A quota de mercado de Portugal no contexto das importações moçambica-nas fixou-se em 3,8 por cento em 2009 (2,9 por cento em 2008), posicionan-do-se no 5º lugar enquanto fornece-dor. Por outro lado, Portugal represen-tou apenas 1,5 por cento no total das exportações moçambicanas, ocupando a 9ª posição no ranking de clientes.

RELACIONAMENTO ECONÓMICO PORTUGAL - MOÇAMBIQUEVender a Moçambique média e alta tecnologia e comprar-lhe produtos agrícolas e alimentares, num quadro de aumento constante das exportações portuguesas, é a realidade das relações entre as duas economias e que se prevê se mantenha nos próximos anos.

Um dado salta à vista: as transacções co-merciais entre os dois países têm vindo a crescer ao longo dos anos mais recentes, tendo sido o bom desempenho das ex-portações portuguesas o grande respon-sável. As nossas exportações cresceram a uma taxa média anual de 17,4 por cen-to, entre 2005 e 2009, enquanto as im-portações portuguesas de Moçambique cresceram a uma média anual de 9,6 por cento no mesmo período.

Deste modo, a balança comercial bila-teral tem apresentado, de forma cres-cente, saldos positivos favoráveis a Por-tugal à excepção de 2008, ano em que se verificou uma ligeira redução relati-vamente ao valor registado em 2007.

De facto, em 2008, as exportações por-tuguesas para Moçambique registaram um aumento de 3,3 por cento face a 2007, enquanto as importações sofre-ram um aumento de 31,4 por cento.

Em 2009 continuou a registar-se uma tendência de crescimento das expor-tações portuguesas para o mercado moçambicano, tendo atingido cerca de 121 milhões de euros (mais 31 por cen-to face a 2008), verificando-se igual-mente um aumento das importações de cerca de 27 por cento.

De Janeiro a Maio de 2010, o montante das exportações portuguesas para Mo-çambique teve um aumento de 20,8

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MERCADOS

// Setembro 10 // Portugalglobal38

por cento face ao período homólogo do ano anterior e as importações regista-ram um decréscimo de 38,7 por cento.

As nossas exportações assentam, ba-sicamente, nos produtos industriais transformados (cerca de 98 por cen-to) e, entre eles, o destaque vai para o grupo das máquinas e aparelhos com 29 por cento do total das nossas ex-portações em 2009, o que significou um aumento de 43 por cento em rela-ção a 2008. O grupo dos produtos ali-mentares ocupa a segunda posição no ranking das exportações (11 por cen-to do total em 2009), seguindo-se as pastas celulósicas e papel, os veículos e outro material de transporte, os metais comuns e os produtos químicos.

Dados relativos a 2009, indicam que 37,2 por cento das exportações para Moçambique de produtos industriais transformados incidiram em produ-tos classificados como de média-alta tecnologia. Seguem-se os produtos de baixa intensidade tecnológica, de média-baixa tecnologia e de alta inten-sidade tecnológica.

De acordo com dados fornecidos pelo INE, o número de empresas portu-guesas que exportaram produtos para Moçambique aumentou de 1.082, em 2003, para 1.317, em 2008. Pelo con-trário, diminuiu o número de empresas portuguesas que compraram em Mo-çambique, em igual período: de 137 para apenas 98.

As importações originárias de Moçam-bique são claramente mais concentra-das do que as exportações portuguesas para o mercado, com os grupos dos produtos alimentares e agrícolas a re-presentarem, em conjunto, cerca de 97 por cento do total importado em

2009. Para além destes, as matérias têxteis também merecem uma referên-cia especial, já que tendo constituído a principal importação em 2004, ape-nas representaram dois por cento do total em 2009. Os principais produtos importados, em 2009, foram os se-guintes: açúcar (72 por cento), peixes e crustáceos (24,4 por cento) e algodão (1,8 por cento).

Investimento e turismoO investimento português em Moçam-bique é muito superior ao investimen-to daquele país em Portugal, que tem uma expressão reduzidíssima no total do investimento estrangeiro no nosso país. Em 2009, Moçambique situou-se no 8º lugar da tabela dos destinos do investimento português no exterior (a melhor posição dos últimos anos), com uma quota de 1,8 por cento do total, enquanto na qualidade de emissor de investimento para o nosso país a sua posição tem sido muito menos relevan-te (34ª em 2009).

A tendência é clara: aumento cons-tante do investimento português em

Moçambique, que passou de 33,1 para 143,4 milhões de euros entre 2005 e 2009, ou seja, mais do que quadrupli-cou nesse período. As grandes aplica-ções de capital português registam-se nas actividades imobiliárias, alugueres e serviços às empresas, actividades fi-nanceiras e construção.

Por sua vez, o investimento moçambi-cano em Portugal é muito irregular en-tre 2005 e 2009, tendo registado um valor médio anual da ordem dos 735,2 mil euros.

Quanto ao turismo, refere o INE e se-gundo o único indicador disponível – receitas geradas na hotelaria por tu-ristas moçambicanos – verificou-se um crescimento médio anual de 4,5 por cento entre 2005 e 2009. Com estes dados, Moçambique ocupou em 2009, a 30ª posição no ranking das recei-tas provenientes dos países emissores de turistas para Portugal. A região de Lisboa foi o destino preferido dos visi-tantes moçambicanos com cerca de 70

por cento do total de dormidas.

EVOLUÇÃO DA BALANÇA COMERCIAL BILATERAL

2005 2006 2007 2008 2009 Var.a 2009Jan/Mai

2010 Jan/Mai

Var.b

09/10

Exportações 64.685 73.720 89.408 92.358 121.031 17,4% 44.240 53.426 20,8

Importações 31.657 28.685 25.641 33.687 42.800 9,6% 4.358 2.670 -38,7

Saldo 33.027 45.035 63.767 58.671 78.231 -- 39.883 50.755 --

Coef. Cobertura (%) 204,3% 257,0% 348,7% 274,2% 282,8 -- 1015,2% 2000,8% --

Fonte: INE - Instituto Nacional de Estatística Unidade: Milhares de EurosNota: (a) Média aritmética das taxas de crescimento anuais no período 2005-2009 (b) Taxa de variação homóloga

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MERCADOS

Portugalglobal // Setembro 10 // 39

Na actualidade, uma das grandes apos-tas do Grupo nos mercados externos passa por Moçambique e incide sobre as três áreas estratégicas: a plantação florestal, a produção de pasta para pa-pel e a produção de energia. O governo daquele país já disponibilizou 173.000 hectares de terreno na Zambézia, bem como uma área adicional de 220.000 hectares na província de Manica, estan-do também a ser iniciados os indispen-sáveis ensaios florestais que precedem o início da plantação nas áreas conces-sionadas, de modo a avaliar a viabilida-de das plantações de eucalipto.

Com um volume anual de negócios superior a 1.100 milhões de euros, o Grupo encontra-se actualmente entre as três maiores empresas exportado-ras portuguesas e efectua vendas para

PORTUCEL SOPORCEL CRIA RIQUEZA EM MOÇAMBIQUEO Grupo Portucel Soporcel é uma das mais fortes presenças de Portugal no mundo e em Moçambique planeia desenvolver um projecto integrado que terá um forte impacto na economia daquele país.

cerca de 100 países, espalhados um pouco por todo o mundo. Esta capaci-dade exportadora foi ainda reforçada a partir de Novembro de 2009 com a en-trada em funcionamento de uma nova fábrica de papel.

Neste momento, quando falamos da Portucel Soporcel, estamos a falar do lí-der europeu na produção de papéis de impressão e escrita não revestidos, e de um dos maiores a nível mundial no que diz respeito a pasta branqueada de euca-lipto. Detém também a marca portugue-sa com maior expressão internacional, o papel Navigator, líder mundial no seg-mento Premium de papéis de escritório.

O projecto em Moçambique permitirá ge-rar riqueza e emprego para o país a partir da utilização de recursos naturais renová-

veis numa lógica de preservação ambien-tal e responsabilidade social. Os números são elucidativos: prevê-se a geração de um valor de exportações na ordem dos 800 milhões de dólares/ano e a criação de cerca de 7.500 postos de trabalho.

Para além das plantações florestais, o projecto Portucel Moçambique inclui uma componente industrial para pro-dução de pasta para papel e produção de energia.

Grupo Portucel SoporcelComplexo Industrial da Figueira da FozLavos – Apartado 53081-851 Figueira da FozTel.: +351 233 900 100

www.portucelsoporcel.com

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MERCADOS

// Setembro 10 // Portugalglobal40

Área: 799.380 km2

População: 23,4 milhões de habitantes (estimativa EIU – 2010)

Densidade populacional: 29 hab./km2 (estimativa EIU – 2010)

Designação oficial: República de Moçambique

Chefe do Estado e do Governo: Armando Guebuza (reeleito em Outubro de 2009)

Primeiro-ministro: Aires Bonifácio Aly

Data da actual Constituição: 30 de No-vembro de 1990; foi alterada em 1996 e 2004

Principais partidos políticos: Frente deLibertação de Moçambique (Frelimo), no governo, e Resistência Nacional de Moçam-bique (Renamo), principal partido da opo-sição. As últimas eleições legislativas e pre-sidenciais realizaram-se em 28 de Outubro de 2009; as próximas eleições deverão ter lugar, em simultâneo, no final de 2014.

Capital: Maputo (1.888 mil habitantes).

Outras cidades importantes: Nampula, Beira, Nacala, Quelimane e Tete.

Religião: Cerca de 50 por cento da po-pulação professa religiões tradicionais. As

MOÇAMBIQUE EM FICHA

CONTACTOS ÚTEIS

outras religiões representadas são princi-palmente a cristã, com cerca de cinco mi-lhões de aderentes, e a muçulmana, com quatro milhões.

Língua: A língua oficial é o português, mas são falados diversos dialectos africanos.

Unidade monetária: Metical (MZN); Um euro=45,66 MZN (Banco de Portugal – final de Julho de 2010).

Risco país: Risco geral – BB (AAA = risco menor; D = risco maior); Risco Político – BB (EIU – Julho 2010)

Risco de crédito: 6 (1 = risco menor; 7 = risco maior) (COSEC – Julho 2010)

Grau da abertura e dimensão relativa do mercado (2008): Exp. + Imp./PIB = 62,3 por cento; Imp./PIB = 35,3 por cento; Imp./Imp. Mundial = 0,02 por cento.

Fontes: The Economist Intelligence Unit (EIU) – Country Report July 2010; Organização Mundial de Comércio (OMC); Companhia de Seguros de Crédito (COSEC); Banco de Portugal (BdP).

AICEP PORTUGAL GLOBALPortoSede: O’ Porto Bessa Leite ComplexRua António Bessa Leite, 1430 – 2º andar4150-074 PortoTel.: +351 226 055 300Fax: +351 226 055 [email protected]

Lisboa Av. 5 de Outubro, 1011050-051 LisboaTel.: +351 217 909 500Fax: +351 217 909 [email protected]

CÂMARA DE COMÉRCIO PORTUGAL - MOÇAMBIQUERua da Trindade, 5 – 1º Esq.1200-467 Lisboa – PortugalTel.: +351 213 465 392Fax: +351 213 479 [email protected]

COSEC - COMPANHIA DE SEGURO DE CRÉDITOS, SADirecção InternacionalAv. da República, n.º 581069-057 LisboaTel.: +351 217 913 821Fax: +351 217 913 [email protected]

EMBAIXADA DE PORTUGAL EM MAPUTOAv. Julius Nyerere, 720C.P. 4696 – Maputo – MoçambiqueTel.: +258 21 490 316Fax: +258 21 491 [email protected]

CÂMARA DE COMÉRCIO DE MOÇAMBIQUEAv. Mateus Sansão Muthemba, 452Maputo – MoçambiqueTel.: +258 21 491 970Fax: +258 21 490 [email protected]

CÂMARA DE COMÉRCIO PORTUGAL – MOÇAMBIQUECentro de Escritórios do Hotel RovumaRua da Sé, nº114 3º – Sala 6 Maputo – MoçambiqueTel.: +258 21 300 229Fax: +258 21 300 [email protected]

Maputo

Moçambique

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// Setembro 10 // Portugalglobal42

COSECNo âmbito de apólices individuais

Políticas de cobertura para mercados de destino das exportações portuguesas

ANÁLISE DE RISCO - PAÍS

África do Sul* C Aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária (decisão casuística).

AngolaC Caso a caso numa base restritiva.

M/L Garantia soberana. Limite total de responsabilidades.

Antilhas Holandesas C Aberta sem condições restritivas.

M/L Não definida.

Arábia Saudita C Carta de crédito irrevogável

(decisão casuística).M/L Caso a caso.

ArgéliaC Sector público: aberta sem res-

trições. Sector privado: eventual exigência de carta de crédito irrevogável.

M/L Em princípio, exigência de garan-tia bancária ou garantia soberana.

Argentina T Caso a caso.

BareinC Aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária.

BenimC Caso a caso, numa base muito

restritiva.M/L Caso a caso, numa base muito

restritiva, e com exigência de garantia soberana ou bancária.

Brasil* C Aberta sem condições restritivas.

M/L Clientes soberanos: Aberta sem condições restritivas. Outros Clien-tes públicos e privados: Aberta, caso a caso, com eventual exigência de garantia soberana ou bancária.

Bulgária C Carta de crédito irrevogável.

M/L Garantia bancária ou garantia soberana.

Cabo Verde C Aberta sem condições restritivas.

M/L Eventual exigência de garantia bancária ou de garantia soberana (decisão casuística).

Camarões T Caso a caso, numa base muito

restritiva.

Cazaquistão Temporariamente fora de cobertura.

Chile C Aberta sem restrições.

M/L Clientes públicos: aberta sem condições restritivas. Clientes pri-vados: em princípio, aberta sem condições restritivas. Eventual exigência de garantia bancária numa base casuística.

China* C Aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária.

Chipre C Aberta sem condições restritivas.

M/L Não definida.

Colômbia C Carta de crédito irrevogável.

M/L Caso a caso, numa base restritiva.

Coreia do Sul C Aberta sem condições restritivas.

M/L Não definida.

Costa do Marfim C Caso a caso, com eventual

exigência de garantia bancária ou de garantia soberana. Extensão de prazo constitutivo de sinistro para 12 meses.

M/L Exigência de garantia bancária ou de garantia soberana. Extensão do prazo constitutivo de sinistro de 3 para 12 meses.

Costa Rica C Aberta sem condições restritivas.

M/L Não definida.

CroáciaC Carta de crédito irrevogável ou

garantia bancária. Extensão do prazo constitutivo de sinistro para 12 meses. Redução da percen-tagem de cobertura para 90 por cento. Limite por operação.

M/L Garantia bancária ou garantia soberana. Extensão do prazo constitutivo de sinistro para 12 meses. Redução da percentagem de cobertura para 90 por cento. Limite por operação.

Cuba T Fora de cobertura.

Egipto C Carta de crédito irrevogável

M/L Caso a caso.

Emirados Árabes Unidos C Aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária (decisão casuística).

EslováquiaC Carta de crédito irrevogável

(decisão casuística).M/L Não definida.

Eslovénia C Aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária (decisão casuística).

Estónia C Aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária.

EtiópiaC Carta de crédito irrevogável.

M/L Caso a caso numa base muito restritiva.

Filipinas C Aberta sem condições restritivas.

M/L Não definida.

GanaC Caso a caso numa base muito

restritiva.

M/L Fora de cobertura.

GeórgiaC Caso a caso numa base restritiva,

privilegiando-se operações de pequeno montante.

M/L Caso a caso, numa base muito restritiva e com a exigência de contra garantias.

Guiné-Bissau T Fora de cobertura.

Guiné Equatorial C Caso a caso, numa base restritiva.

M/L Clientes públicos e soberanos: caso a caso, mediante análise das garantias oferecidas, desig-nadamente contrapartidas do petróleo. Clientes privados: caso a caso, numa base muito restri-tiva, condicionada a eventuais contrapartidas (garantia de banco comercial aceite pela COSEC ou contrapartidas do petróleo).

Hong-Kong C Aberta sem condições restritivas.

M/L Não definida.

Hungria C Aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária (decisão casuística).

Iémen C Caso a caso, numa base restritiva.

M/L Caso a caso, numa base muito restritiva.

Índia C Aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária.

Indonésia C Caso a caso, com eventual

exigência de carta de crédito irre-vogável ou garantia bancária.

M/L Caso a caso, com eventual exi-gência de garantia bancária ou garantia soberana.

Irão C Carta de crédito irrevogável ou

garantia bancária.

M/L Garantia soberana.

Iraque T Fora de cobertura.

Israel C Carta de crédito irrevogável

(decisão casuística).

M/L Caso a caso, numa base restritiva.

Jordânia C Caso a caso.

M/L Caso a caso, numa base restritiva.

Koweit C Aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária (decisão casuística).

Letónia C Carta de crédito irrevogável.

M/L Garantia bancária.

Líbano C Clientes públicos: caso a caso

numa base muito restritiva. Clientes privados: carta de crédito irrevogável ou garantia bancária.

M/L Clientes públicos: fora de cober-tura. Clientes privados: caso a caso numa base muito restritiva.

Líbia C Aberta, com eventual exigência

de carta de crédito irrevogável.M/L Aberta, com garantia bancária,

soberana ou outra considerada adequada.

Lituânia C Carta de crédito irrevogável.

M/L Garantia bancária.

Macau C Aberta sem condições restritivas.

M/L Não definida.

Malásia C Aberta sem condições restritivas.

M/L Não definida.

Malawi C Caso a caso, numa base restritiva.

M/L Clientes públicos: fora de co-bertura, excepto para operações de interesse nacional. Clientes privados: análise casuística, numa base muito restritiva.

Malta C Aberta sem condições restritivas.

M/L Não definida.

Marrocos* C Aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária ou garantia soberana.

Martinica C Aberta sem condições restritivas.

M/L Não definida.

México* C Aberta sem restrições.

M/L Em princípio aberta sem restrições. A eventual exigência de garantia bancária, para clientes privados, será decidida casuisticamente.

Moçambique C Caso a caso, numa base restritiva

(eventualmente com a exigência de carta de crédito irrevogável, garan-tia bancária emitida por um banco aceite pela COSEC e aumento do prazo constitutivo de sinistro).

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Portugalglobal // Setembro 10 // 43

Políticas de cobertura para mercados de destino das exportações portuguesas

No âmbito de apólices globaisNa apólice individual está em causa a cobertura de uma única transação para um determinado mercado, enquanto a apólice global cobre todas as transações em todos os países para onde o empresário exporta os seus produtos ou serviços.

As apólices globais são aplicáveis às empresas que vendem bens de consumo e intermédio, cujas transações envolvem créditos de curto prazo (média 60-90 dias), não excedendo um ano, e que se repetem com alguma frequência.

Tendo em conta a dispersão do risco neste tipo de apólices, a política de cobertura é casuística e, em geral, mais flexível do que a indicada para as transações no âmbito das apólices individuais. Encontram-se também fora de cobertura Cuba, Guiné-Bissau, Iraque e S. Tomé e Príncipe.

COSEC Companhia de Seguro de Créditos, S. A.Direcção Internacional

Avenida da República, 581069-057 LisboaTel.: +351 217 913 832 Fax: +351 217 913 839

ANÁLISE DE RISCO - PAÍS

[email protected] www.cosec.pt

M/L Aumento do prazo constitutivo de sinistro. Sector privado: caso a caso numa base muito restritiva. Operações relativas a projectos geradores de divisas e/ou que admitam a afectação prioritária de receitas ao pagamento dos créditos garantidos, terão uma ponderação positiva na análise do risco; sector público: caso a caso numa base muito restritiva.

Montenegro C Caso a caso, numa base restritiva,

privilegiando-se operações de pequeno montante.

M/L Caso a caso, com exigência de ga-rantia soberana ou bancária, para operações de pequeno montante.

Nigéria C Caso a caso, numa base restritiva

(designadamente em termos de alargamento do prazo consti-tutivo de sinistro e exigência de garantia bancária).

M/L Caso a caso, numa base muito restritiva, condicionado a eventuais garantias (bancárias ou contraparti-das do petróleo) e ao alargamento do prazo contitutivo de sinistro.

Oman C Aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária (decisão ca-suística).

Panamá C Aberta sem condições restritivas.

M/L Não definida.

Paquistão Temporariamente fora de cobertura.

Paraguai C Carta de crédito irrevogável.

M/L Caso a caso, numa base restritiva.

Peru C Aberta sem condições restritivas.

M/L Clientes soberanos: aberta sem condições restritivas. Clientes públicos e privados: aberta, caso a caso, com eventual exigência de garantia soberana ou bancária.

Polónia* C Aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária (decisão casuística).

Qatar C Aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária (decisão casuística).

Quénia C Carta de crédito irrevogável.

M/L Caso a caso, numa base restritiva.

República Checa C Aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária (decisão ca-suística).

República Dominicana C Aberta caso a caso, com eventual

exigência de carta de crédito irrevo-gável ou garantia bancária emitida por um banco aceite pela COSEC.

M/L Aberta caso a caso com exigência de garantia soberana (emitida pela Secretaria de Finanzas ou pelo Ban-co Central) ou garantia bancária.

Roménia C Exigência de carta de crédito

irrevogável (decisão casuística).M/L Exigência de garantia bancária

ou garantia soberana (decisão casuística).

Rússia C Sector público: aberta sem restri-

ções. Sector privado: caso a caso.M/L Sector público: aberta sem restri-

ções, com eventual exigência de garantia bancária ou garantia sobe-rana. Sector privado: caso a caso.

S. Tomé e Príncipe T Fora de cobertura.

Senegal C Em princípio, exigência de

garantia bancária emitida por um banco aceite pela COSEC e eventual alargamento do prazo constitutivo de sinistro.

M/L Eventual alargamento do prazo constitutivo de sinistro. Sector público: caso a caso, com exigên-cia de garantia de pagamento e transferência emitida pela Autori-dade Monetária (BCEAO); sector privado: exigência de garantia bancária ou garantia emitida pela Autoridade Monetária (preferência a projectos que permitam a alocação prioritária dos cash-flows ao reembolso do crédito).

Sérvia C Caso a caso, numa base restritiva,

privilegiando-se operações de pequeno montante.

M/L Caso a caso, com exigência de garantia soberana ou bancária, para operações de pequeno montante.

Singapura C Aberta sem condições restritivas.

M/L Não definida.

Síria T Caso a caso, numa base muito

restritiva.

Suazilândia C Carta de crédito irrevogável.

M/L Garantia bancária ou garantia soberana.

Tailândia C Carta de crédito irrevogável

(decisão casuística).M/L Não definida.

Taiwan C Aberta sem condições restritivas.

M/L Não definida.

Tanzânia T Caso a caso, numa base muito

restritiva.

Tunísia* C Aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária.

Turquia C Carta de crédito irrevogável.

M/L Garantia bancária ou garantia soberana.

Ucrânia C Clientes públicos: eventual

exigência de garantia soberana. Clientes privados: eventual exigência de carta de crédito irrevogável.

M/L Clientes públicos: eventual exigência de garantia soberana. Clientes privados: eventual exi-gência de garantia bancária.

Para todas as operações, o prazo constitutivo de sinistro é definido caso a caso.

Uganda C Caso a caso, numa base muito

restritiva.M/L Fora de cobertura.

Uruguai C Carta de crédito irrevogável

(decisão casuística).M/L Não definida.

Venezuela C Clientes públicos: aberta caso

a caso com eventual exigência de garantia de transferência ou soberana. Clientes privados: aberta caso a caso com eventual exigência de carta de crédito irrevogável e/ou garantia de transferência.

M/L Aberta caso a caso com exigência de garantia soberana.

Zâmbia C Caso a caso, numa base muito

restritiva.M/L Fora de cobertura.

ZimbabweC Caso a caso, numa base muito

restritiva.M/L Fora de cobertura.

Advertência:

A lista e as políticas de cobertura são indicativas e podem ser alteradas sempre que se justifique. Os países que constam da lista são os mais representativos em termos de consultas e responsabilidades assumidas. Todas as operações são objecto de análise e decisão específicas.

Legenda:

C Curto Prazo

M/L Médio / Longo Prazo

T Todos os Prazos

* Mercado prioritário.

Page 44: 2010.09 Portugalglobal 26

// Setembro 10 // Portugalglobal44

A Portugalglobal e a COSEC apresentam-lhe uma Tabela Clas-sificativa de Países com a graduação dos mercados em função do seu risco de crédito, ou seja, consoante a probabilidade de cumprimento das suas obrigações externas, a curto, a médio e a longo prazos. Existem sete grupos de risco (de 1 a 7), corres-

pondendo o grupo 1 à menor probabilidade de incumprimento e o grupo 7 à maior.As categorias de risco assim definidas são a base da avaliação do risco país, da definição das condições de cobertura e das taxas de prémio aplicáveis.

Tabela classificativa de paísesPara efeitos de Seguro de Crédito à exportação

Grupo 1* Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 5 Grupo 6 Grupo 7

AlemanhaAndorraAustráliaÁustriaBélgicaCanadáCheca, Rep.ChipreCoreia do SulDinamarcaEslováquiaEslovéniaEspanhaEUAFinlândiaFrançaGréciaHolandaHong-KongHungriaIrlandaIslândiaItáliaJapãoLiechtensteinLuxemburgoMaltaMónacoNoruegaNova ZelândiaPortugalReino UnidoSão MarinoSingapuraSuéciaSuiçaTaiwanVaticano

Arábia SauditaBruneiChileChina •GibraltarKoweitMacauMalásiaOmanPolónia •QatarTrind. e Tobago

África do Sul •ArgéliaBahamasBarbadosBareinBotswanaBrasil •Costa RicaDep/ter Austr.b

Dep/ter Din.c

Dep/ter Esp.d

Dep/ter EUAe

Dep/ter Fra.f

Dep/ter N. Z.g

Dep/ter RUh

EAUa

Ilhas MarshallÍndiaIsraelMarrocos •MauríciasMéxico •MicronésiaNamíbiaPalauPanamáPeruTailândiaTunísia •

ArubaBulgáriaColômbia Egipto El SalvadorEstónia FidjiFilipinasIndonésiaLituâniaRoméniaRússia TurquiaUruguai

Antilhas Holand.AzerbeijãoCabo VerdeCazaquistãoCroáciaDominicana, Rep.GuatemalaJordâniaLesotoLetóniaMacedóniaPapua–Nova GuinéParaguaiS. Vic. e Gren.Santa LúciaVietname

AlbâniaAngolaAnt. e BarbudaArméniaBangladeshBelizeBeninBolíviaButãoCamarõesCambojaComores DjiboutiDominicaGabãoGanaGeórgiaHondurasIrãoJamaicaKiribatiLíbiaMadagáscarMaliMoçambiqueMongóliaMontenegroNauruNigériaQuéniaSamoa Oc.SenegalSérvia SíriaSri LankaSuazilândiaTanzâniaTurquemenistãoTuvaluUgandaUzbequistãoVanuatuZâmbia

AfeganistãoArgentinaBielorussiaBósnia e HerzegovinaBurkina FasoBurundiCampucheaCent. Af, Rep.ChadeCongoCongo, Rep. Dem.Coreia do NorteC. do MarfimCuba • EquadorEritreiaEtiópiaGâmbiaGrenadaGuianaGuiné EquatorialGuiné, Rep. daGuiné-Bissau • HaitiIemenIraque •LaosLíbanoLibériaMalawiMaldivasMauritâniaMoldávia MyanmarNepal NicaráguaNíger Paquistão

QuirguistãoRuandaS. Crist. e NevisS. Tomé e Príncipe •Salomão Seicheles Serra Leoa Somália Sudão Suriname TadzequistãoTogo Tonga UcrâniaVenezuelaZimbabué

Fonte: COSEC - Companhia de Seguro de Créditos, S.A.* País pertencente ao grupo 0 da classificação risco-país da OCDE. Não é aplicável o sistema de prémios mínimos, à excepção do Chipre, Hong-Kong e Taiwan.

• Mercado de diversificação de oportunidades • Fora de cobertura • Fora de cobertura, excepto operações de relevante interesse nacional

a) Abu Dhabi, Dubai, Fujairah, Ras Al Khaimah, Sharjah, Um Al Quaiwain e Ajma b) Ilhas Norfolk c) Ilhas Faroe e Gronelândiad) Ceuta e Melilha e) Samoa, Guam, Marianas, Ilhas Virgens e Porto Rico

f) Guiana Francesa, Guadalupe, Martinica, Reunião, S. Pedro e Miquelon, Polinésia Francesa, Mayotte, Nova Caledónia, Wallis e Futuna

g) Ilhas Cook e Tokelau, Ilhas Niveh) Anguilla, Bermudas, Ilhas Virgens, Cayman, Falkland, Pitcairn, Monserrat, Sta.

Helena, Ascensão, Tristão da Cunha, Turks e Caicos

NOTAS

COSECTABELA CLASSIFICATIVA DE PAÍSES

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ESTATÍSTICAS

// Setembro 10 // Portugalglobal46

INVESTIMENTO DIRECTO DO EXTERIOR EM PORTUGAL 2007 2008 2009 Var.

09/082009

Jan./Jun.2010

Jan./Jun.Var. 10/09Jan./Jun.

IDE bruto 32.634 35.287 31.843 -9,8% 15.616 17.811 14,1%

IDE desinvestimento 30.396 32.103 29.776 -7,2% 14.056 16.159 15,0%

IDE líquido 2.238 3.185 2.067 -35,1% 1.560 1.652 5,9%

IDE Intra UE 29.672 31.690 28.250 -10,9% 13.604 15.063 10,7%

IDE Extra UE 2.961 3.597 3.593 -0,1% 2.012 2.747 36,6%

Unidade: Milhões de euros

IDE Intra UE 90,9% 89,8% 88,7% – 87,1% 84,6% –

IDE Extra UE 9,1% 10,2% 11,3% – 12,9% 15,4% –

% Total IDE bruto

INVESTIMENTO DIRECTO COM O EXTERIOR

IDPE bruto - Destinos 2010 Jan./Jun. % Total Var. 10/09 IDPE bruto - Sector 2010 Jan./Jun. % Total Var. 10/09

Holanda 21,1% -33,7% Activ. Imobiliárias; Out. Serviços 58,6% -37,9%

Espanha 17,4% -54,2% Activ. Financeiras 16,5% 26,1%

Brasil 12,9% 67,1% Comércio 11,7% 82,7%

Polónia 7,7% n.d. Ind. Transformadora 5,7% -38,7%

Angola 5,0% n.d. Construção 4,0% -68,7%

>PRINCIPAIS DADOS DE INVESTIMENTO (IDE E IDPE) E EXPORTAÇÕES.

INVESTIMENTO e EXPORTAÇÕES

IDE bruto - Origens 2010 Jan. / Jun. % Total Var. 10/09 IDE bruto - Sector 2010 Jan. / Jun. % Total Var. 10/09

Alemanha 17,2% 50,9% Comércio 36,6% 14,8%

França 16,4% 0,3% Activ. Imobiliárias; Out. Serviços 31,4% 47,8%

Reino Unido 14,0% -0,3% Ind. Transformadora 20,8% 9,7%

Espanha 12,5% -3,1% Actividades Financeiras 6,8% 2,4%

Brasil 10,2% 987,0% Transportes; Comunicações 2,1% -27,8%

2005 2006 2007 2008 2009 2010 Mar. Var. 10/09

Stock IDE 53.691 67.169 78.333 71.833 77.240 78.574 1,7%

Stock IDPE 35.573 40.990 45.944 45.273 46.679 47.990 2,8%

Unidade: Milhões de euros Fonte: Banco de Portugal

INVESTIMENTO DIRECTO DE PORTUGAL NO EXTERIOR 2007 2008 2009 Var.

09/082009

Jan./Jun.2010

Jan./Jun.Var. 10/09Jan./Jun.

IDPE bruto 14.835 11.376 7.961 -30,0% 3.369 2.442 -27,5%

IDPE desinvestimento 10.822 9.505 7.030 -26,0% 2.626 1.848 -29,6%

IDPE líquido 4.013 1.872 931 -50,2% 743 594 -20,0%

IDPE Intra UE 10.203 8.380 4.995 -40,4% 2.313 1.529 -33,9%

IDPE Extra UE 4.632 2.996 2.966 -1,0% 1.056 914 -13,4%

Unidade: Milhões de euros

IDPE Intra UE 68,8% 73,7% 62,7% – 68,7% 62,6% –

IDPE Extra UE 31,2% 26,3% 37,3% – 31,3% 37,4% –

% Total IDPE bruto

n.d. – não disponível

Page 47: 2010.09 Portugalglobal 26

ESTATÍSTICAS

Portugalglobal // Setembro 10 // 47

EXPORTAÇÕES DE BENS E SERVIÇOS

COMÉRCIO INTERNACIONAL - BENS 2007 2008 2009Var.

09/082009

Jan. / Jul.2010

Jan. / Jul.Var. 10/09Jan. / Jul.

Exportações bens 38.309 38.950 31.648 -18,7% 18.447 21.166 14,7%

Exportações bens UE27 29.541 29.007 23.874 -17,8% 13.988 15.934 13,9%

Exportações bens Extra UE27 8.769 9.943 7.814 -21,4% 4.459 5.232 17,3%

Unidade: Milhões de euros

Exportações bens UE27 77,1% 74,5% 75,3% – 75,8% 75,3% –

Exportações bens Extra UE27 22,9% 25,5% 24,7% – 24,2% 24,7% –

Unidade: % do total

Exp. Bens - Clientes 2010 Jan. / Jul. % Total Var. 10/09 Exp. Bens - Var. Valor (10/09) Meur Cont. p. p.

Espanha 26,9% 15,9% Espanha 778 4,2

Alemanha 12,6% 7,0% EUA 232 1,3

França 12,1% 7,7% França 183 1,0

Reino Unido 5,5% 14,7% Alemanha 175 1,0

Angola 4,8% -22,3% Bélgica 172 0,9

Holanda 3,8% 20,9% Reino Unido 150 0,8

EUA 3,7% 42,9% Angola -294 -1,6

Exp. Bens - Produtos 2010 Jan. / Jul. % Total Var. 10/09 Exp. Bens - Var. Valor (10/09) Meur Cont. p. p.

Máquinas; Aparelhos 14,9% 5,0% Combustíveis Minerais 744 4,0

Veículos, Out. Mat. Transporte 12,1% 15,8% Plásticos, Borracha 373 2,0

Metais Comuns 8,1% 17,8% Veículos, Out. Mat. Transporte 350 1,9

Combustíveis Minerais 7,2% 95,1% Calçado -13 -0,1

Plásticos, Borracha 7,0% 33,5% Vestuário -30 -0,2

COMÉRCIO INTERNACIONAL - SERVIÇOS 2007 2008 2009 Var. 09/08

2009 Jan./Jun.

2010 Jan./Jun.

Var. 10/09Jan./Jun.

Exportações totais de serviços 16.961 17.865 16.294 -8,8% 7.423 7.774 4,7%

Exportações serviços UE27 12.939 13.324 11.995 -10,0% 5.395 5.497 1,9%

Exportações serviços extra UE27 4.022 4.541 4.299 -5,3% 2.028 2.276 12,2%

Unidade: Milhões de euros

Exportações serviços UE27 76,3% 74,6% 73.6% – 72,7% 70,7% –

Exportações serviços extra UE27 23,7% 25,4% 26,4% – 27,3% 29,3% –

Unidade: % do totalFonte: Banco de Portugal

PREVISÕES 2010 : 2011 (tvh real %) 2009 2010Jan./Jun. FMI CE OCDE MFAP BdP

INE INE Abr. 10 Mai. 10 Mai. 10 Jul. 10 Jul. 10

PIB -2,6 1,6 0,3 : 0,7 0,5 : 0,7 1,0 : 0,8 0,7 : 0,5 0,9 : 0,2

Exportações Bens e Serviços -11,8 9,4 1,3 : 3,2 3,8 : 4,4 5,3 : 5,3 4,3 : 5,4 5,2 : 3,7

Exp. Bens- Extra UE 10 (Jan./Jul.) % Total Var. 10/09 Exp. Bens - Var. Valor (10/09) Meur Cont. p. p.

Angola 19,6% -22,3% EUA 232 5,2

EUA 14,8% 42,9% México 118 2,6

Brasil 4,5% 100,0% Gibraltar 112 2,5

México 4,4% 80,8% Brasil 103 2,3

Suiça 3,8% 16,8% Angola -294 -6,6

Meur - Milhões de euros Cont. - Contributo para o crescimento das exportações p.p. - Pontos percentuaisFonte: INE

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// Julho 10 // Portugalglobal48

FEIRAS e EVENTOS

PAVILHÃO EUROPEU ORGANIZADO PELA MESSE FRANKFURT

A Messe Frankfurt organiza feiras profissionais em mais de 20 países em todo o mundo. Com o intuito de facilitar a participação em feiras fora da Europa, a Messe Frankfurt elaborou um pacote especial para empresas que queiram integrar o Pavilhão Europeu nas seguintes feiras.

LIGHT MIDDLE EAST 201031 DE OUTUBRO A 2 DE NOVEMBROA Light Middle East, Feira Internacional de Iluminação, decorrerá no Dubai e, além de ser um certame de iluminação e arquitectura, é o único do género naquela região. É dirigida a arquitec-tos, profissionais de desenvolvimento de produto, designers de iluminação e entidades oficiais que procuram novos produtos e artigos inovadores de fabri-cantes de iluminação, distribuidores e empresas de design. Para este evento a Messe Frankfurt organiza um pavilhão europeu, oferecendo um pacote que in-clui todos os serviços necessários à parti-cipação das empresas, como reserva de espaço em posição de destaque, ilumi-nação, electricidade e algum mobiliário.

www.lightme.net

www.messefrankfurt.com

WATER EXPO CHINA 201017 A 19 DE NOVEMBROA Water Expo China, feira internacional dedicada à purificação da água, trata-mento de águas residuais, equipamen-to e tecnologia para reciclagem e reu-tilização de água e equipamento para água potável vai decorrer em Pequim. A feira pretende apresentar soluções para os problemas da água na China, dado que o seu consumo tem vindo a aumentar e as reservas não chegam para as necessidades domésticas e da agricultura. O certame vai atrair pro-fissionais e especialistas da indústria, fornecedores de equipamentos, enge-nheiros, projectistas e representantes da construção civil.

No ano passado, a Water China contou com 252 empresas participantes vindas de 18 países e regiões e foi visitada por mais de 10.000 profissionais do sector. Este certame é a única plataforma liga-da directamente às políticas do governo. Sendo o evento apoiado pelo Ministério Chinês do Recursos Hídricos, expositores e visitantes têm aqui uma boa oportuni-dade para encontrar entidades oficiais e perceber quais são as mais recentes polí-ticas para o sector da água.

www.messefrankfurt.com.hk

Page 49: 2010.09 Portugalglobal 26

FEIRAS e EVENTOS

Portugalglobal // Setembro 10 // 49

FEIRAS EM PORTUGAL

FRANCHISE SHOW 2010Este é o ponto de encontro privilegiado entre franchisadores e potenciais em-preendedores na região norte e centro do país. É igualmente o local escolhido para muitas marcas portuguesas inau-gurarem e apresentarem ao mercado um novo conceito e é, muitas vezes, cenário de um primeiro contacto com o mercado português. Além deste cer-tame proporcionar aos eventuais inves-tidores do norte e centro do país uma montra de oportunidades pertencentes aos mais diversos sectores de actividade e com diferentes níveis de investimen-to, para concretizarem o seu sonho de criar um negócio, a feira irá também proporcionar a orientação nesse sen-tido. A presença neste certame pode proporcionar ainda o contacto directo com os responsáveis máximos de um leque diversificado de oportunidades de negócio, participar em conferências, debates, partilhar experiências e escla-recer dúvidas sobre como abrir um ne-gócio em franchising.

Local: Exponor (Porto)Data: 9 e 10 de Outubro de 2010Organização: Exponor

www.franchiseshow.pt

ECO EXPO CHINA 20103 A 6 DE NOVEMBROA Eco Expo Asia, feira internacional de protecção ambiental, decorre em Hong Kong de 3 a 6 de Novembro. O certame internacional volta a apresentar vários grupos de produtos ligados à preserva-ção do ambiente como artigos amigos do ambiente, tratamento de lixo e re-ciclagem, eficiência energética e ener-gias, assim como qualidade do ar.

www.ecoexpoasia.com

ISH CHINA 20111 A 3 DE MARÇOA ISH China, feira internacional de louças sanitárias, serviços, energia, tec-nologia de ar condicionado e energias renováveis, decorre de 1 a 3 de Março de 2011, em Pequim. Este certame é um dos maiores e mais reconheci-dos do sector e em 2010 contou com 332 expositores de 19 países e mais de 14.800 visitantes profissionais. A ISH China apresenta empresas nos se-guintes grupos de produto: instalações e equipamento de aquecimento, ar condicionado e produtos de ventila-ção, energias renováveis, engenharia de energia solar e utilização de aque-cimento solar, artigos e equipamentos sanitários e equipamento para canali-zação e tratamento de água.

www.ish.messefrankfurt.com

PAPERWORLD CHINA 201115 A 17 DE SETEMBROA Paperworld China vai realizar-se, des-ta vez, dois meses mais cedo, de 15 a 17 de Setembro, no Centro de Expo-sições Internacional de Xangai. É uma feira dedicada a artigos de papelaria, de escritório, escolares, artigos para oferta e instrumentos para escrita e de-senho e continua a ser uma plataforma exclusiva para o sector na região asiá-tica. Com mais de 30.000 metros qua-drados de espaço de exposição ocupa-dos, o evento do ano passado contou com 516 expositores e mais de 18.000 visitantes. Até ao momento já estão confirmadas empresas de 15 países e regiões incluindo a China, o Egipto, a França, Hong Kong, a Indonésia, a Ín-dia, o Japão, a Coreia, a Suíça, Taiwan, Reino Unido e EUA.

www.paperworldchina

Page 50: 2010.09 Portugalglobal 26

// Setembro 10 // Portugalglobal50

REDE EXTERNA DA AICEP

Centro de Negócios

Escritórios

Representações

ÁFRICA DO SUL / Joanesburgo

CHINA, REPÚBLICA POPULAR DA / Pequim

COREIA DO SUL / Seul

DINAMARCA / Copenhaga

EMIRADOS ÁRABES UNIDOS / Dubai

S. Francisco

Toronto

Cidade do México

Nova Iorque

Copenhaga

Berlim

Haia

Bruxelas

Dublin

Londres

Paris

Milão

Vigo

Barcelona

Praia

Rabat

São Paulo

Santiago do ChileBuenos Aires

Argel

50

Madrid

Mérida

BRASIL / São Paulo

BÉLGICA / Bruxelas

ÁUSTRIA / Viena

ARGENTINA / Buenos Aires

ARGÉLIA / Argel

ANGOLA / Luanda

ALEMANHA / Berlim

CABO VERDE / Praia

CANADÁ / Toronto

CHILE / Santiago do Chile

CHINA, REPÚBLICA POPULAR DA / Xangai

Caracas

Page 51: 2010.09 Portugalglobal 26

Portugalglobal // Setembro 10 // 51

ESPANHA / Madrid

ESPANHA / Barcelona

ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA

/ Nova Iorque

ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA

/ S. Francisco

FINLÂNDIA / Helsínquia

FRANÇA / Paris

HOLANDA / Haia

HUNGRIA / Budapeste

ÍNDIA, REPÚBLICA DA / Nova Deli

IRLANDA / Dublin

ITÁLIA / Milão

JAPÃO / Tóquio

MACAU / Macau

MARROCOS / Rabat

MÉXICO / Cidade do México

MOÇAMBIQUE / Maputo

NORUEGA / Oslo

POLÓNIA / Varsóvia

REINO UNIDO / Londres

REPÚBLICA CHECA / Praga

ROMÉNIA / Bucareste

RÚSSIA / Moscovo

SINGAPURA / Singapura

SUÉCIA / Estocolmo

SUÍÇA / Zurique

TUNÍSIA / Tunes

TURQUIA / Ancara

Luanda

Maputo

Joanesburgo

Tunes

Oslo Helsínquia

Estocolmo

Zurique Moscovo

Varsóvia

Praga

Budapeste

Viena

Bucareste

Ancara

Dubai

Pequim

Nova DeliXangai

SeulTóquio

Macau

Singapura

51

ESPANHA / Mérida

ESPANHA / Vigo

Atenas

GRÉCIA/ Atenas

VENEZUELA / Caracas

Tripoli

LÍBIA / Tripoli

Istambul

TURQUIA / Istambul

Kuala Lumpur

MALÁSIA/ Kuala Lumpur

Page 52: 2010.09 Portugalglobal 26

Denominado pelo próprio autor como um ensaio mashup, este livro faz uma abordagem inovadora e única sobre as tendências para os próximos anos. Para o conteúdo contribuíram mais de 700 pessoas em todo o mundo, “des-de ‘skaters’ de Chicago e ‘trendsetters’ de Barcelona a vendedores de rua de Xangai”. A obra, destinada aos intelec-tualmente curiosos e forward thinkers, é aguardada com expectativa pelos aceleradores da mudança.Na primeira parte do livro, o autor compõe um conjunto de tendências para o período de 2010 a 2012, abar-cando áreas como o consumo, a tecno-logia, a saúde ou a sustentabilidade. A segunda, Harvard Trends, é composta por artigos sobre assuntos discutidos nos meios académicos das melhores

Autores: Pedro Barbosa

Editor: Vida Económica

Ano: 2010

BOOKMARKS

Neste livro, aplicam-se instrumentos de gestão para estruturar uma gestão estratégica para o crescimento eco-nómico de um país. O conhecimento recolhido das teorias e dos modelos de crescimento económico permitem estruturar o pensamento relativo à actuação dos agentes económicos de uma forma articulada, coerente e in-tegrada. Utilizando os conceitos de gestão estratégica, de gestão de de-sempenho e do Balanced Scorecard, elabora-se um mapa estratégico para o crescimento económico.A obra sistematiza e integra aspectos como a criação de valor, a formação de capital humano, o investimento, a inovação, a competitividade externa, a concorrência, a criação de empresas, a gestão macroeconómica, entre outros aspectos relevantes para a gestão de um sustentado crescimento econó-mico. Para cada uma daquelas áreas propõem-se indicadores estatísticos adequados. Para tal, procedeu-se a

SPECULATIONS & TRENDS

uma análise sectorial obtendo informa-

ção para os níveis de produtividade de

54 sectores de actividade da economia

portuguesa, onde foi possível identi-

ficar os níveis de produtividade exis-

tentes, as dinâmicas de crescimento e

algumas comparações internacionais.

Nuno de Souza e Silva é licenciado em

Engenharia Electrotécnica pelo Institu-

to Superior Técnico, Mestre (MSc.) pela

mesma instituição, MBA e Mestre em

Gestão de Empresas (MSc.) pela Uni-

versidade Nova de Lisboa. Foi Director-

Geral adjunto do Gabinete de Estraté-

gia e Estudos do Ministério da Econo-

mia e da Inovação, entre 2003 e 2006,

e membro do Conselho Económico e

Social, entre 2004 e 2006.

Autor: Nuno de Souza e Silva

Editor: Vida Económica

Ano: 2010

GESTÃO ESTRATÉGICA DO CRESCIMENTO ECONÓMICO EM PORTUGALBALANCED SCORECARD E ENFOQUE NA PRODUTIVIDADE

universidades do Mundo, com desta-que para Harvard.Pedro Barbosa é simultaneamente ges-tor, cronista e professor. Natural do Porto e com 37 anos, o autor licenciou-se em Engenharia Industrial na Universidade do Minho, e tem estudos e graduações posteriores em Inovação (UM), Gestão de Centros Comerciais (UCP), Neurociências (MIT OCW) e MBA (EGP-UPBS). Actual-mente integra os quadros do grupo El Corte Inglés, é docente do IPAM e cro-nista regular de edições como a Vida Eco-nómica, o Metro e o Jornal de Negócios.

// Setembro 10 // Portugalglobal52