Manual de Equitacao Parte1

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MINISTÉRIO DO EXÉRCITO _____________ DIREÇÃO DA ARMA DE CAVALARIA MANUAL DE EQUITAÇÃO I PARTE

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MINISTÉRIO DO EXÉRCITO_____________

DIREÇÃO DA ARMA DE CAVALARIA

MANUAL

DE

EQUITAÇÃO

I PARTE

Equitação Elementar

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Índice

Fim e Divisão.....................................................................................................3

CAPÍTULO I

COLOCAÇÃO EM SELAO Instrutor.........................................................................................................3Aparelhar...........................................................................................................4Embridar e enfrear ...........................................................................................4Cavalo a mão ...................................................................................................4Montar e apear..................................................................................................5Princípios orientadores da colocação em sela..................................................6Posição normal..................................................................................................6Observações sobre a posição...........................................................................8Reflexos do cavaleiro principiante.....................................................................8Maneira de pegar nas rédeas...........................................................................9Colocação em confiança...................................................................................9Volteio parado...................................................................................................10Exercícios de flexibilidade.................................................................................11Volteio a galope.................................................................................................15Posição à frente................................................................................................16Exercícios de flexibilidade.................................................................................16

CAPÍTULO II

ESTUDO PRELIMINAR DAS AJUDASAs mãos............................................................................................................18As pernas..........................................................................................................19Peso do corpo...................................................................................................20Acordo das ajudas.............................................................................................20

CAPÍTULO III

CONDUÇÃOExercícios de condução no picadeiro................................................................20Exercícios de condução no exterior..................................................................23Trabalho em terreno variado – Marchas...........................................................24Passagem e salto de pequenos obstáculos......................................................25Percursos simples de obstáculos......................................................................25

CAPÍTULO IV

ENSINO DO CAVALO – DESBASTEDivisão e considerações gerais.........................................................................26Passeios à mão.................................................................................................27Trabalho à guia.................................................................................................27Lições de aparelhar e montar............................................................................29Trabalho montado – No picadeiro e no exterior................................................29

ANEXOArreio militar e arreios desportivos....................................................................33

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FIM E DIVISÃO

O fim da equitação militar é formar cavaleiros capazes de manejar os seus cavalos em todas as circunstâncias e condições e dar aos quadros do Exército, em especial da Cavalaria, o desembaraço físico e moral que o cavalo cria, mantém e desenvolve.

Encarda no seu aspecto educativo, como elemento de formação moral, a equitação desenvolve o espírito de decisão e iniciativa, a confiança em si próprio e o hábito de dirigir, modelando a personalidade do indivíduo sob a influência moral destas altas qualidades. O ensino do cavalo desenvolve a tenacidade, a perseverança e a calma, desperta a observação e o desejo de aprender.

Como meio capaz de assegurar aos quadros do Exército a atividade desportiva necessária à sua vitalidade, a equitação é o desporto mais indicado para uma instituição que, como militar, possui características próprias e especiais.

O cavalo, pela sua nobreza, não só contribui para o prestígio pessoal do Chefe, como permite uma atividade desportiva de harmonia com a idade e o grau hierárquico de cada um, desde a corrida de obstáculos ao passeio a passo pela manhã, de hábitos saudáveis e normas exemplares.

Divide-se, em conformidade com as exigências da instrução eqüestre nos seus diferentes graus, em:

Equitação elementar, Complementar e SuperiorA equitação elementar destina-se especialmente aos recrutas e alunos principiantes.No entanto, como é na equitação elementar que se define uma escola e se unifica a

instrução eqüestre, os instrutores devem ter dos seus preceitos um conhecimento completo, par que a unificação da instrução se obtenha de acordo com o que se encontra expresso neste manual.

A equitação complementar é reservada aos quadros e, em especial, aos instrutores, para que possam com maior apropósito e com mais facilidade desempenhar as suas funções e promover a preparação dos futuros quadros.

A equitação superior destina-se ao aperfeiçoamento daqueles que possuem uma aptidão equestre especial, por forma e poderem contribuir, com seu exemplo e conhecimentos, para o progresso e desenvolvimento da equitação.

CAPÍTULO I

COLOCAÇÃO EM SELA

O instrutor

Do instrutor depende o êxito eqüestre, Por isso, além das qualidades inerentes ao cavaleiro completo, tem de possuir em alto grau de resistência física, o sentimento da pontualidade, a firmeza de caráter e o aprumo moral e físico que o imponham permanentemente aos seus instruendos.

Deve estar seguro daquilo que pretende ensinar e obter, ser perseverante, seguir uma progressão lógica no ensino, em conformidade com o espírito de regulamento, repetindo os seus ensinamentos tantas vezes quantas as necessárias até ter certeza de ser bem compreendido.

Não deixar passar defeitos individuais respeitantes à posição ou à condução, pois não é senão por uma crítica incessante dos mesmos erros que eles conseguem corrigir, conquanto deva ter o cuidado em não mostrar, por palavras ou atitudes, impaciência ou irritação.

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As explicações reduzi-las ao estritamente necessário, formulá-las com precisão e clareza e pronunciá-las de forma e em lugar que todos os cavaleiros as entendam. Nos andamentos vivos, bani-las ou reduzi-las ao indispensável.

Quando seja obrigado a entregar os seus instruendos a instrutores auxiliares, exigir destes o máximo rigor no cumprimento das lições, evitando pressas, como é tendência natural.

O instrutor deve, na fertilidade do seu espírito e no amor da sua profissão ,encontrar idéias e palavras que despertem interesse nos instruendos, atraindo-os e persuadindo-os, comunicando-lhes o seu zelo, abnegação e fé.

Aparelhar

Em primeiro lugar, o cavaleiro passa a mão sobre o dorso para verificar se existe algum ferimento ou corpo estranho. Em seguida, depois de ter levantado a cilha e feito subir os estribos pelos loros, coloca o selim sobre o garrote e fá-lo deslizar até ao seu lugar, sustentando-o pelo cepinho com a mão esquerda e pela arcada detrás com a mão direita. Quando se utilizar manta ou xairel, ter o cuidado de levantar à frente para deixar o garrote livre, e se a manta estiver solta não esquecer em fazer escorregar da frente para trás para que o pelo fique bem liso.

Depois, tendo verificado que as abas e as falsas abas estão bem assentes sobre o dorso, ajusta a cilha de maneira que esta passe a cerca de uma mão travessa dos colhidos.

Não convém ajustar a cilha na cavalariça. É conveniente faze-lo montado ou depois de sair da cavalariça. (Fig. 1).

Nota – Individualmente, mão estando em instrução militar, pode ser conveniente enfear ou embridar antes de selar, como sucede com os cavalos que se enervam ao sentir o selim o dorso.

Embridar e enfrear

O cavaleiro coloca-se do lado esquerdo, segura a cabeçada com a mão esquerda e passa as rédeas por cima do pescoço, desapertando em seguida a cabeçada de prisão que coloca igualmente em volta do pescoço.

Depois, segurando a cabeçada com a mão direita, pela cachaceira, e os ferros com a mão esquerda, coloca estes na boca do cavalo, metendo o dedo indicador entre as barra, e passa a cachaceira sobre a uca, livrando as orelhas e o topete ao colocar a testeira. Termina por ajustar a sisgola sem a serrar.

O freio e bridão devem ser colocados na boca do cavalo por forma a que o bridão encoste à comissura dos lábios e o freio assente o bocado

sobre as barras, a dois dedos dos dentes cantos para as éguas e a um dedo dos colmilhos para os cavalos. A barbela deve ser ajustada por forma a que as caimbas do freio façam um ângulo de 45º com a linha da boca do cavalo, estando as rédeas tensas (Fig 2).

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Cavalo à mão

O cavaleiro apeado, com o cavalo à mão, estando parado, segura-o normalmente com as rédeas para cima e excepcionalmente com as rédeas para baixo. Estando em marcha, segura-o sempre com as rédeas para baixo, de modo que a extremidade das rédeas de bridão fique segura pelo polegar da mão esquerda, formando gancho, e o corpo das rédeas pela mão direita, de unhas para baixo.

Na posição de sentido, com as rédeas para cima, coloca-se à altura da ganacha do cavalo, ligeiramente afastado, com a mão direita à altura do ombro, segurando as rédeas de bridão a uma mão travessa da barbada, com o indicador entre elas e as unhas para baixo, mantendo alta a cabeça do cavalo. Na posição de descansar, enfia previamente o braço de cima para baixo na rédea de bridão (esquerda).

Para por as rédeas para baixo, o cavaleiro volta-se para a face esquerda do cavalo, segura com a mão esquerda a faceira esquerda da cabeçada, junto a focinheira, e com a mão direita vai passar as rédeas do freio por cima e para diante das do bridão, que estão sobre o pescoço do cavalo, segurando depois as do bridão junto ao cosido para as passar por cima da cabeça do cavalo e colocar sobre o antebraço esquerdo. Em seguida, vai segurar, com a mão direita, as rédeas do bridão, a uma mão travessa da barbada, o indicador entre elas e as unhas para baixo, enquanto a mão esquerda passa o excedente para fora, para esquerda e por cima das rédeas do freio, indo apoiar-se no quadril esquerdo, com o polegar para a retaguarda e os outros dedos para a frente, formando forquilha.

Em marcha, o cavalo à mão é normalmente conduzido com as rédeas para baixo (Fig. 3).

Montar e apear

Os movimentos de montar e apear podem ser precedidos das vozes de preparar para montar e preparar para apear, como meio de instrução e correção. Normalmente, estes movimentos são executados à vontade.

Antes de montar, o cavaleiro deve ter os seguintes cuidados:

- verificar se os ferros estão em boa altura na boca do cavalo e a barbela bem regulada;- verificar se as rédeas não estão torcidas nem metidas uma na outra;- verificar se a cisgola e o peitoral não estão demasiadamente apertados;- colocar a manta bem acima, para dentro da arcada da frente e da arcada detrás;- ajustar a cilha ou as cilhas;- ajustar os estribos, comparando o seu cumprimento ao cumprimento do braço direito, e

colocando-se depois à frente do cavalo para ver se estão bem iguais.

Para montar, o cavaleiro volta-se para o cavalo, segura as rédeas na mão esquerda, sobre a crineira, depois de as ajustar em volta do pescoço com o auxílio da mão direita, e em seguida de costas pára a cabeça do cavalo, introduz o pé esquerdo no estribo, bem a fundo, auxiliando-se co mão direita aproximando-se do cavalo de modo a apoiar o joelho contra o selim. Depois, agarrando a arcada detrás do selim com a mão direita (Fig.

4) e aproveitando o impulso dado pela perna direita, Eleva-se sobre o estribo de forma a ficar com os pés unidos, as pontas afastadas da barriga do cavalo, os braços estendidos e o corpo direito, ligeiramente inclinado para frente para impedir que o selim se desloque.

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Seguidamente, a mão direita, deixando a arcada detrás, vai colocar-se sobre o lado direito do cepinho, enquanto a perna direita, flectida, passa sobre a garupa sem a tocar e o cavaleiro entra suavemente no selim, calçando o estribo direito de fora para dentro.

Para apear, os movimentos fazem-se em ordem inversa.Para montar sem estribos, o

cavaleiro coloca-se na linha das espáduas voltado para o cavalo, a mão esquerda na crineira segurando as rédeas e a mão direita no cepinho ( Fig. 5). Salta de maneira a aproveitar o melhor possível o impulso das pernas, sem deslocar as mãos, montando suavemente depois de ficar com os pés juntos e o corpo bem direito durante uns movimentos ( Fig. 6 ).

Para apear sem estribos, passando a perna sobre a garupa ou por cima do pescoço, deve sempre acabar por escorregar devagar ao longo do arreio, com as pernas unidas e o corpo voltado para a cabeça do cavalo.

Princípios orientadores da colocação em sela

A colocação em sela é a base da educação do cavaleiro e a característica fundamental de uma escola.

Os princípios que orientam tem por base:- Flexibilidade – Elasticidade dos músculos e mobilidade das articulações;- Equilíbrio – Ligação com os movimentos do cavalo;- Solidez – Aderência das superfícies em contato.O princípio fundamental consiste no desenvolvimento da flexibilidade dos músculos

e articulações, de onde nasce o equilíbrio e deste a solidez.Na realidade, a solidez é impossível sem equilíbrio e o equilíbrio só pode se

manifestar-se por uma adaptação elástica que exige a descontração dos músculos e jogo fácil das articulações – flexibilidade.

Estes princípios aplicam-se à posição normal e a posição à frente ou desportiva que é somente uma adaptação da posição tipo à velocidade e ao obstáculo.

Flexibilidade – Desenvolve-se por meio de exercícios apropriados. Por que é mais fácil adquiri-la na posição normal, se estabelece como regra depois de adquirida a flexibilidade indispensável na posição normal.

Equilíbrio – Resultante da flexibilidade e da adaptação do cavaleiro às reações naturais do cavalo, aperfeiçoa-se à medida que se desenvolve a flexibilidade e se adquire o hábito de montar.

Solidez – Obtém pelas superfícies em contato, essencialmente constituídas pela parte plana da coxa até ao joelho e pela face interna da barriga da perna, sendo tanto maior quanto mais à frente estiver o assento.

Posição normal (Fig. 7)

A palavra posição não esta ligada, neste caso, a qualquer conceito estático. Deve ser interpretada antes como uma atitude que permite ao cavaleiro uma adaptação fácil às reações do cavalo e um equilíbrio perfeito, isto é, uma ligação permanente com os movimentos do cavalo.

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È conveniente definir a posição a partir do pé e do comprimento do estribo, porque a atitude do corpo depende diretamente da posição do pé e da perna.

Estribo – Como regra, quando o estribo não está calçado, a soleira deve aflorar o tornozelo (Fig. 8), estando o cavaleiro de coxas bem descidas e pernas caídas naturalmente.

Pé – O apoio sobre o estribo faz-se pelo terço anterior e interior do pé, junto ao aro do lado de dentro, para que o tornozelo conserve toda a sua flexibilidade e a perna fique mais próxima do cavalo. Por este fato, a soleira do estribo e a sola da bota apresentam-se ligeiramente voltadas para o exterior (Fig. 9).

O calcanhar deve ficar mais baixo do que a ponta do pé e esta ligeiramente voltada para fora ( Fig. 10), para que o apoio seja elástico e a face interna da barriga da perna fique naturalmente em contato com o ventre do cavalo. No entanto, apara que o joelho se não afaste do selim, nunca o ângulo formado pelo pé e pelo eixo do cavalo deve ir

além de 45º.Perna – A posição da perna depende essencialmente da forma como o pé se apoia

no estribo.Estando o loro vertical e o estribo corretamente calçado, a perna ficará um pouco

inclinada para trás (Fig. 9), aderindo ao ventre do cavalo pela face interna da barriga da perna (Fig. 10).

Esta aderência é proveniente do abaixamento do calcanhar, da ligeira abertura do bico do pé e do apoio do artelho sobre a parte interna do estribo.

Joelho – O joelho deve estar suficientemente livre para desempenhar o seu papel de ângulo amortecedor no desenvolvimento da flexibilidade e manter-se unido ao selim por forma a contribuir para maior aderência do cavaleiro. Sempre que houver necessidade de libertar a perna do joelho para baixo, como sucede ao empregar-se a ação impulsiva das pernas, a solidez mantém-se pelo prolongamento até ao joelho da aderência da parte plana da coxa.

O jogo de joelho , como ângulo amortecedor, depende da flexão perna-coxa e da aderência da barriga da perna, tanto mais fácil quanto mais fechado estiver o ângulo em causa e mais vertical a coxa, dentro das limitações impostas pelo comprimento do estribo e a articulação do tornozelo, a qual, pela descida do calcanhar, evita qualquer possível desequilíbrio para diante.

Coxa – A coxa, tão descida quanto possível, assenta no arreio pela sua parte plana, contribuindo assim para a solidez do cavaleiro.

Assento – O cavaleiro deve enforquilhar-se sobre a parte descendente do cepinho de forma a sobrar uma mão travessa de selim na parte detrás.

O assento deve estar sempre o mais adiante possível visto ser na região do garrote que se encontra o centro de gravidade do cavalo. Por este fato, os loros devem seguir a vertical que passa por esse centro de gravidade.

Tronco – Na posição normal, o tronco deve estar direito e descontraído, a cintura avançada, o peito naturalmente saliente e os ombros afastados e descidos.

Cabeça – A direção do olhar tem uma importância capital. Olhar para o chão faz baixar a cabeça, coloca o rim para fora e leva o cavaleiro e sentar-se atrás. Por isso a cabeça deve estar levantada, sem esforço, olhando em frente.

Braço, antebraço e mãos – Os braços, com os cotovelos juntos ao corpo, devem estar ligeiramente adiante da vertical; os antebraços, sensivelmente horizontais; as mãos, no prolongamento dos antebraços, afastados de 0,10, a cerca de uma mão travessa acima do garrote, com as unhas face a face, polegares para cima ( Fig. 7).

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Figura 11

Figura 12

Os cotovelos juntos ao corpo tem a vantagem de evitar que as ações de mão se exerçam de diante para trás, como é tendência geral do cavaleiro principiante.

Observações sobre a posição

A posição normal descrita é a posição do cavaleiro a cavalo, parado, a passo, a trote curto sentado, a galope curto e normal.

Nos andamentos vivos no salto há que atender ao aumento das reações, força da inércia e até a própria resistência do ar, de forma que , para neutralizar estas ações e libertar o rim de um trabalho violento, tem o corpo de tomar uma posição que sejam resultante das forças que sobre eles atuam ou possam vir inesperadamente a atuar. Esta posição cujas as características essenciais são a inclinação do tronco para diante e o afastamento do assento do selim, toma a designação de posição à frente ou desportiva.

No trote levantado não se deve rodar sobre o apoio dos joelhos, que origina a colocação do assento atrás, mas sim elevar-se e voltar ao selim naturalmente, comportando-se como uma agulha de uma máquina de coser.

Sem estribos, a barriga da perna não se cinge ao cavalo da mesma forma, continua a manter o contato por flexão (Fig. 11), ficando a ponta do pé caída naturalmente.

A posição dos braços e das mãos é independente da posição do resto do corpo , por forma a poderem acompanhar, em qualquer circunstância, os movimentos basculantes do cavalo e executar com oportunidade uma ação ou cedência de mão.

Reflexos do cavaleiro principiante

O cavaleiro principiante tem tendência (Fig. 12):- a sentar-se no selim demasiadamente atrás, quando deve

ser o mais adiante possível, com a cintura avançada;- a inclinar o corpo para a frente, quando deve estar

vertical, o peito naturalmente saliente, os ombros afastados e descidos;

- a colocar as pernas adiante, apoiadas sobre os estribos, quando as pernas devem estar fletidas pelo joelho e os calcanhares sob a linha do assento;

- a baixar a cabeça, o que traz como conseqüência uma posição de rim para fora, quando a cabeça deve estar alta, sem esforço, olhando em frente;

- a desunir o joelho do selim, ao tomar contato com o ventre do cavalo por intermédio da face interna da barriga da perna, quando a combinação racional da inclinação da perna e da articulação do tornozelo ( sola da bota para fora, abertura limitada do bico do pé e calcanhar para baixo ) permite manter sem qualquer dificuldade a união do joelho ao selim;

- a uma posição contraída, quando é necessário movimentar-se discretamente acompanhando os movimentos do cavalo;em se agarrar às rédeas, quando o que interessa é o equilíbrio do busto sem o auxílio das mãos.

Estas tendências combatem-se por meio de exercícios de flexibilidade e corretivos.No entanto, uma vez instruído, a vontade do cavaleiro desempenha o papel

predominante na correção da posição.

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Maneira de pegar nas rédeas

Quando se utiliza o bridão isolado a condução é sempre feita com as rédeas separadas, entrando cada uma delas na mão por baixo do dedo mínimo e saindo entre os dois dedos indicadores e polegar (Fig. 13). Presas entre estes dois dedos, são outros que dão a ação da rédea a intensidade requerida (Fig. 14).

A extremidade das rédeas deve cair sobre o lado direito, de preferência entre o pescoço e a rédea direita.

Os polegares ficam voltados para cima e os restantes dedos voltados uns para os outros, posição que ajuda os cotovelos a manterem-se no seu lugar.

Quando a embocadura é o freio e bridão, as rédeas podem ser usadas separadas ou juntas em qualquer das mãos.

Quando separadas, distribuem-se da seguinte forma:Na mão esquerda (Fig. 15): as rédeas do bridão por fora e rédea do freio por dentro,

separadas pelo mínimo.Na mão direita: a mesma ordem mas as rédeas separadas pelo

anelar.Utiliza-se o dedo anelar na mão direita porque separando as

rédeas por esta forma torna-se mais fácil a junção das rédeas em qualquer das mãos e a sua passagem de uma para outra mão, o eu é muito útil em alguns trabalhos no ensino do cavalo.

Quando todas as rédeas se seguram na mão esquerda, a ordem é a seguinte (Fig. 16): rédea esquerda do bridão e rédea esquerda do freio separadas pelo dedo mínimo; rédea direita do freio e rédea direita do bridão separadas pelo dedo médio.

Quando na mão direita: rédea direita do bridão e rédea direita do freio separadas pelo anelar e rédea esquerda do freio e rédea esquerda do bridão separadas pelo indicador.

Neste caso as rédeas saem juntas por baixo da mão.Também há outra maneira de conduzir com as 4 rédeas na mão esquerda ,

colocando a mão direita à frente, sobre as rédeas do lado direito, separadas pelo anelar.

Colocação em confiança

A necessidade de considerar a colocação em confiança como um aspecto importante da colocação em sela, baseia-se no receio instintivo que o cavalo muitas vezes desperta a quem não conhece a sua natural docilidade.

A colocação em confiança depende essencialmente da forma como a instrução é organizada. A escolha de cavalos velhos e sossegados nas primeiras lições de picadeiro, de aparelhar e desaparelhar, enfrear e desenfrear, montar e apear, maneira de pegar as rédeas, etc.., tem importância fundamental nesta fase preliminar da colocação da sela. Por isso, o instrutor deve conheces bem os cavalos de que dispõe e aproveita-los com esse fim o melhor possível.

Como exemplo das primeiras lições a ministrar aos recrutas, pode o instrutor constituir quatro escolas. A primeira destinada a ensinar a aparelhar, a enfrear, e a montar e apear; e em seguida, a conduzir o cavalo a mão; a terceira, a ensinar a posição do cavaleiro a cavalo e a maneira de pegar nas rédeas; a quarta a fazer volteio parado.

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Dias depois, mantendo as mesmas escolas, reunirá uma os objetivos da primeira e segunda e criará uma outra destinada às primeiras lições de picadeiro. Nesta, procurará que o recruta se adapte ao movimento do passo do cavalo, iniciá-lo-á no trote levantando, mais fácil do que o trote sentado, e promoverá os primeiros passeios a passo no exterior.

Para iniciar os recrutas no trote levantando, o instrutor manda fazer, o passo, o exercício de elevação sobre estribos, adiante indicado, procurando que o levantar e sentar sejam na cadência do trote.

Quando conseguir, manda o fila guia trotar levantando, promovendo que todos os outros cavaleiros façam o mesmo por imitação.

È vantajoso, de começo. Ligar os estribos à cilha, por meio de francaletes (Fig. 17), dando-lhes uma folga de cerca de 0,10. O lugar imposto a pé pelo estribo determina a posição da perna e da coxa e arrasta a da bacia e espáduas, isto é, a linha de equilíbrio do cavaleiro, obrigando-o a dobrar a perna, o que reduz a tendência para fixar o joelho e espetar a perna para diante.

Os passeios o exterior são de grande utilidade. Tiram os instruendos do ambiente do picadeiro, mais propício à tensão do sistema nervoso, e contribuem para lhes dar aquela liberdade de atitude e de espírito que cria a vontade necessário a correção da posição.

Com o decorrer da instrução o volteio parado será substituído pelo volteio a galope e no picadeiro iniciar-se-ão com o trote sem estribos os primeiros exercícios de flexibilidade.

Volteio parado

O volteio parado pode ser feito com corrida e sem corrida e em cavalo de pau ou cavalo vivo.

1) – Sem corrida

Montar pela esquerda

O instrutor aproxima-se do cavalo, coloca a mão esquerda em forquilha sobre o pescoço e a mão direita sobre o garrote, da mesma maneira, separadas de uma distância igual à largura dos ombros, com o corpo bem voltado para o cavalo, as pernas estendidas e os calcanhares unidos. Fletindo as pernas e distendendo-as em seguida com toda a energia, eleva o corpo e fica apoiado sobre as mãos com os braços estendidos, o ventre sobre o lado esquerdo do cavalo, as pernas pendentes e bem unidas, o peito saliente e a cabeça levantada. Uma vez nesta posição, passa a perna direita por cima do dorso sem lhe tocar, até a encostar ao flanco direito, ao mesmo tempo que a mão esquerda vem junto a da direita, para evitar uma queda brusca do corpo sobre o dorso do animal.

Apear para a esquerda (direita) passando a perna pela garupa

O corpo inclina-se para frente com a decisão, firmando as mãos em forquilha sobre o garrote, ao mesmo tempo que as pernas são atiradas para trás e para cima com energia, passando a direita (esquerda) por cima da garupa, sem lhe tocar, para se unir à esquerda (direita) no momento em que o corpo se destaca do cavalo pelo impulso dado pelos braços.

A queda deve fazer-se sobre os bicos dos pés, fletindo as pernas com os calcanhares unidos, prescrição geral para todos os exercícios.

Apear passando a perna pelo pescoço

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Mantendo os braços naturalmente caídos, o instruendo atira energicamente para cima e para diante e perna direita (esquerda) completamente estendida, como que para dar um pontapé no ar, passa-a sobre o pescoço do cavalo e faz a queda no chão voltado para a frente com a mão direita ( esquerda) apoiada no garrote. É conveniente aconselhar os instruendos a atirar rapidamente a cabeça para trás no momento em que dão o pontapé ( Fig. 18).

De princípio para facilitar a elevação da perna, deve permitir-se aos instruendos inclinar o corpo um pouco para trás, sem exageros, para que não origem quedas graves quando o exercício for feito com o cavalo em andamento.

Montar ficando voltado para a garupa e apear pela garupa

O instruendo monta pela esquerda ou pela direita e passa depois uma das duas pernas sobre o pescoço , ficando sentado, para em seguida passar sobre a outra sobre a garupa e ficar montado para a retaguarda.

Para apear, apoia as duas mãos na garupa, inclina o corpo para a frente, afrouxa as pernas, e por uma distensão de braços transpõe a garupa, ficando com as costas voltadas para o cavalo.

1) – Com corrida

Montar pela esquerda

Idêntico ao primeiro exercício de volteio parado, fazendo os movimentos seguidos e aproveitando a impulsão dada pela corrida.

Salto de barreira pela esquerda (direita)

O instruendo corre para o cavalo, bate com os pés no chão, apoia as mãos no garrote, passa as duas pernas juntas e estendidas sobre a garupa e fica voltado para a frente do cavalo, tendo cuidado de mudar a mão direita ( esquerda ) para apoiar na espádua na fase descendente do salto.

Montar pela garupa

O instruendo, vindo a correr, bate com os pés no chão, apoia as mãos no alto da garupa (Fig. 19), eleva o corpo até ficar montado Bem à frente, Ajustando as pernas para amortecer os choques sobre o dorso.

Outros exercícios como o de ficar em pé sobre a garupa e o de saltar pela garupa passando a perna e caindo ao lado, podem considerar-se como fazendo parte do volteio especializado.

Exercícios de flexibilidade

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De uma maneira geral, todos os exercícios que visem a flexibilidade são de aconselhar, podendo ser considerados como exemplo aqueles que indicam.

O galope e o trote sem estribos, acompanhados ou não de outros exercícios, continuam a ser, entre todos, os mais completos, mas precisam de ser devidamente doseados e prescritos na devida altura para não darem resultado contra producente.

O galope sem estribos contribui especialmente para forquilhar o cavaleiro no selim (descida das coxas), devendo ser empregado logo que os instruendos estejam regularmente a cavalo.

O trote sem estribos , embora constituindo o melhor exercício de flexibilidade do rim , deve ser graduado de forma a evitar ferimentos e contrações da parte do cavaleiro, pelo que convém começar por pequenos períodos de trote curto suficientemente espaçados.

No trote sentado, com ou sem estribos, exigir com freqüência a inclinação do tronco para a retaguarda, que deverá ser diretamente proporcional à velocidade do trote, para que o instruendo adquira flexibilidade necessária para trotar sem levantar o assento do arreio, bem assim, a posição correta do tronco, a qual nunca deve passar para diante da vertical.

No trote sem estribos convém, de começo, mandar descalçar os estribos depois dos instruendos estarem a trote.

Os exercícios de flexibilidade adiante indicados, devem ser conjugados, no princípio, com trabalho de volteio a galope, mais tarde, passando ou saltando cavaletes colocados a boas e mas distancias.

Quando se não disponha de cavalos de volteio em número suficiente, essa falta poderá ser atenuada pelo trabalho à guia com arreio.

O volteio parado destina-se especialmente a obter a colocação em confiança; o volteio a galope, o hábito do galope.

O trabalho em manta e cilha, pelas contrações e ferimentos que origina no cavaleiro, não deve ser encarado como meio de instrução, mas apenas como preparação para uma utilização acidental.

Para se obter um bom rendimento na instrução e facilitar ao instrutor a aplicação dos exercícios de flexibilidade, é conveniente dividi-los da seguinte forma:

- Exercícios visando especialmente a posição;- Exercícios corretivos (individuais);- Exercícios destinados a obter a independência das ajudas.

1) Exercícios visando especialmente a posição

O mais importante é o exercício de elevação sobre os estribos ( Fig. 20 ).

Consiste em colocar o cavaleiro de pé sobre os estribos, com o calcanhar bem descido e a cintura bem avançada e, em seguida, procurar que ele entre no selim sobre a parte inclinada do cepinho, na direção da vertical do loro, avançando e descendo o joelho.

Para evitar que o cavaleiro se sente na parte detrás do selim, não deixar que ele espete as pernas para diante, o que põe o rim para fora.

Este exercício inicia-se parado e a passo e, mais tarde, a trote e a galope.

Dentro deste grupo, indicam-se ainda os seguintes exercícios a executar sem estribos:

- Puxar o assento à frente, com uma ou ambas as mãos, depois de elevar as coxas;- Rodar as coxas de fora para dentro, encostando-as ao selim pela sua face plana,

de trás para diante;- Colocar as mãos debaixo do assento.

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2) Exercícios das articulações

a) Cabeça- Rotação;- Flexão.

b) Ombros, braços e mãos- Elevação e abaixamento dos ombros, a trote, com os braços cruzados, em

cadência com o andamento;- Rotação dos braços, isoladamente, a trote, em cadência com andamento, olhando

a mão;- Colocação das mãos nas costas e na nuca;- Acompanhar com as mãos o movimento do

pescoço do cavalo;- Mudar as rédeas de mão.

c) Região lombar- Extensão e flexão do tronco acompanhando

a extensão com a elevação dos braços e a flexão com o abaixamento (rim para fora) (Fig. 21);

- Flexão do tronco à retaguarda, deixando cair os braços ou agarrando com ambas as mãos a arcada detrás, até tocar com a cabeça na garupa do cavalo;

- Rotação do busto com os braços horizontais;- Rotação do busto tocando com as mãos

alternadamente na anca do lado contrário;- Soco no ar

para a retaguarda (Fig. 22).

d) Ângulo coxo-femural- Flexão do busto à frente tocando com a mão na

espádua, o mais baixo possível;- Elevações alternadas das coxas, movendo-as

como estando a andar de bicicleta;- Elevação simultânea das coxas, com o corpo

inclinado para trás;- Elevação das coxas com estas juntas ao selim e as

pernas encostadas às espáduas do cavalo, mantendo o corpo direito descontraído. Acompanhar o exercício com a oscilação anteroposterior dos braços (Fig. 23).

e) Joelho

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- Flexão alternada ou simultânea das pernas procurando segurar a canela com a mão correspondente ou oposta (Fig. 24)

f) Tornozelo

- Rotação e flexão dos pés.

3) Exercícios corretivos (individuais)

Estes exercícios destinam-se a corrigir defeitos de conformação ou maus hábitos adquiridos, competindo ao instrutor escolher aqueles, dentre os conhecidos, que sejam mais indicados para o caso particular de cada um. Normalmente, os defeitos corrigem-se duma forma indireta, chamando a atenção do instruendo para uma região que à primeira vista parece não ter relação com defeito em causa.

Assim, por exemplo, não dá resultado, duma maneira geral, mandar endireitar um cavaleiro amarrecado, mas pode dar resultado mandar-lhe por o peito para fora ou olhar para a frente, ou ainda insistir no exercício de flexão à retaguarda.

Dentro do mesmo princípio, um cavaleiro que mete o peito para dentro poder corrigido obrigando-o a ter os cotovelos unidos ao corpo e as mãos afastadas, com os polegares para cima, ou a fazer com freqüência flexões da cabeça à retaguarda.

4) Exercícios destinados a obter a independência das ajudas

Quando se deseje obter a independência das mãos em relação aos movimentos do corpo e das pernas, o instrutor deve atender a que a mão ou mãos que seguram as rédeas se mantenham no seu lugar, em contato com a boca do cavalo, sem produzirem sacões. Quando se pretende a independência das mãos e das pernas, umas em relação às outras, não deixar que o deslocamento duma arraste a outra no seu movimento.

Exemplos:

- Afagar o cavalo com uma mão e segurar as rédeas com a outra;- Rotação de um braço mantendo o outro na sua posição normal;- Passar as rédeas duma mão para outra;- Fazer os movimentos assimétricos. Enquanto um braço faz um dado movimento o

outro faz um movimento diferente.

Voltei a galope

Os cavalos destinados a esta instrução começam por trabalhar de cilhão de volteio, cabeção e guia, com ou sem rédeas ligadas ao cilhão, tendo sempre em vista o seu

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emprego em liberdade, com rédeas, descrevendo círculos segundo os quais dispõem os instruendos.

O volteio é feito sem força, aproveitando e explorando a agilidade do cavaleiro e o movimento do cavalo.

O mais importante para o bom seguimento da instrução e que exige do instrutor uma atenção especial, consiste em ensinar os instruendos a acompanhar o cavalo a galope, tanto para a mão direita como para a mão esquerda.

Acompanhar o cavalo a galope para a mão esquerda

Estando o cavalo a galopar e o instruendo atrás do instrutor, aquele desliza ao longo da guia, sem lhe tocar, até se aproximar do cavalo. Chegado junto dele, lança primeiro a mão esquerda à argola de dentro do cilhão e, seguidamente, a outra à argola de fora, pegando ambas com as costas da mão para cima. Chega-se à frente o mais possível, procurando que o cilhão lhe fique debaixo do braço de fora e, bem voltado para frente, procura fazer com o cavalo um todo único, acompanhando o andamento com o pé esquerdo à frente, sem que o direito o ultrapasse, como que simulando com os dois pés o galope do cavalo (Fig. 25). O instruendo fica pronto a montar.

Montar

Acompanhando o galope conforme se indicou, o instruendo bate com os dois pés juntos no chão, o mais à frente possível, e monta ajudado pelos braços e pelo movimento tendo o cuidado de estender bem as pernas ao atingirem o alto da garupa. Escorrega depois detrás para diante sobre o dorso do animal, com suavidade, terminando por endireitar o corpo e deixar cair as pernas naturalmente.

Apear passando a perna pela garupa

O instruendo inclina-se para diante, apóia-se nas argolas, atira as pernas para trás, bem estendidas, juntando-as sobre a garupa, e deixa-se escorregar devagar junto ao cilhão, por forma a pôr os pés no chão o mais adiante possível e ficar em condições de acompanhar o cavalo a galope ou de montar novamente.

Apear passando a perna pelo pescoço

O instruendo tira a mão direita da argola, passa a perna direita sobre o pescoço, como que para dar um pontapé para cima, e coloca novamente a mão direita na argola; em seguida, tira a mão esquerda para deixar passar a perna, repondo-a no seu lugar. Finalmente, deixa-se escorregar junto à espádua esquerda até ao chão, procedendo como no exercício anterior.

Salto de barreira

Estando a galopar ao lado do cavalo, o instruendo passa as duas pernas estendidas e juntas por cima da garupa, depois de um batimento enérgico feito o mais adiante possível, procurando cair junto à espádua do lado oposto.

Outros exercícios como o salto de garupa, a tesoura, etc., constituem volteio especializado.

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Posição “à frente” (Fig. 26)

Como se disse, a posição “à frente” é uma adaptação da posição normal à velocidade e ao obstáculo, pelo que os princípios sobre os quais se baseia são os já indicados para a posição normal.

A flexibilidade completa-se e aperfeiçoa-se por meio de exercícios apropriados executados na posição “à frente”.

As características essenciais da posição “à frente” são a inclinação do corpo para diante e a elevação e afastamento do “assento” do selim, conseqüência do encurtamento dos estribos, que pode ir de três a cinco furos em relação ao comprimento

de estribo normal. Esta posição liberta o rim das reações violentas originadas pelos andamentos vivos e pelo salto.

Exercícios de flexibilidade

Para mais fácil execução, estes exercícios podem classificar-se da seguinte forma:

- Exercícios visando especialmente a posição;- Exercícios das articulações; - Exercícios de ligação ao movimento;- Exercícios corretivos (individuais);- Exercícios destinados a obter a

independência das ajudas.

Os exercícios visando essencialmente à posição devem ser também executados sem estribos, numa fase mais adiantada do ensino do cavaleiro, com o fim de aumentas a aderência da perna e dar à posição maior estabilidade.

Podem grupar-se da seguinte forma:

- Com estribos (estribos curtos) – Exercícios de elevação sobre os estribos em todos os andamentos (Fig. 27);

- Sem estribos (perna na posição de estribos curtos) – Exercícios de trote levantado e

galope “à frente” (Fig. 28).

Os exercícios das articulações podem grupar-se da seguinte forma:

- Flexões e rotações da cabeça;- Flexões do tronco (abrir e fechar o ângulo

coxo-femural);- Flexões e extensões das pernas (jogo do

joelho);

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- Flexões e extensões do pé (jogo do tornozelo);- Flexões e extensões dos braços;- Rotações dos braços;- Jogo das mãos no sentido do movimento basculante do cavalo.

Os exercícios de ligação ao movimento têm como fim obter na posição “à frente” a ligação do cavaleiro, em equilíbrio, com o movimento do cavalo, por conseqüência a coordenação do jogo das articulações essenciais à elasticidade desta posição com a velocidade e a reação originada pelo salto, fechando mais os ângulos quando a velocidade aumenta e o salto é mais enérgico ou de maiores dimensões (Figs. 29 e 30), mantendo uma posição de ângulos mais abertos quando o galope é normal ou o salto mais suave (Figs. 31 e 32).

Assim, os exercícios a aplicar podem ser os seguintes:- Alargar o galope e fechar os ângulos:- Encurtar o galope e abrir os ângulos;- Saltar cavaletes fechando mais ou menos os ângulos consoante a reação do salto,

o que o instrutor verificará. Pode escolher-se, para melhor objetivar o exercício, os saltos largos para uma posição mais fechada e os saltos verticais pequenos para uma posição mais aberta, como regra.

As considerações anteriormente feitas sobre exercícios corretivos e exercícios destinados a obter a independência das ajudas tem a mesma aplicação na posição “à frente”.

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CAPÍTULO II

ESTUDO PRELIMINAR DAS AJUDAS

Para fazer executar a um cavalo um dado movimento é necessário, por um lado, dar-lhe a posição que permita ou facilite o movimento que se quer obter; por outro lado, é preciso produzir, manter, aumentar ou moderar a ação impulsiva que determina esse movimento.

É por meio das ajudas que se dá ao cavalo posição e ação.As ajudas naturais são as mãos, as pernas e o peso do corpo.

As mãos

As mãos atuam, resistem ou cedem sobre a boca do cavalo por intermédio das rédeas e dos ferros.

Para que os seus efeitos sejam nítidos é necessário que as mãos mantenham com a boca do cavalo um contato suave e elástico. Se as rédeas estiverem flutuantes, as indicações da mão podem tornar-se confusas ou irregulares; se estiverem demasiado tensas, podem originar, da parte do cavalo, resistências ou má vontade.

As mãos atuam quando aumentam a tensão das rédeas por um cerrar de dedos executado de baixo para cima.

As rédeas são mantidas no comprimento desejado pelo polegar indicador. São os outros dedos que ao cerrarem-se sobre as rédeas determinam a ação da mão.

A ação das duas mãos regula o andamento, a velocidade, a ação impulsiva e o equilíbrio, neste caso, por uma meia paragem.

As mãos resistem quando se fixam, com os cotovelos unidos ao corpo, em seguida a uma ação de mão.

Atuando isoladamente, para mudar de direção, a mão determina a posição dentro da qual a rédea produz o efeito requerido, direto ou contrário, conforme a direção em que atua.

O efeito é direto quando se manifesta do lada da rédea (rédea direta). Contrário quando se manifesta do lado oposto (rédea contrária).

Quando estas rédeas não atuam sobre a garupa, chamam-se rédeas simples; quando atuam sobre a garupa, por oposição das espáduas à garupa só é possível por reação à impulsão.

As rédeas simples fazem parte da equitação elementar. São a rédea de abertura e a rédea contrária.

Para mudar de direção por meio da rédea de abertura, o cavaleiro atua deslocando a mão para diante e para o lado, cerrando os dedos unhas acima e mantendo o movimento para diante por meio da ação das pernas (Fig. 33)

Para evitar que o cotovelo se afaste do corpo e o cavaleiro exerça uma ação de tração de diante para trás, é conveniente acentuar a posição da mão com as unhas acima, durante as ações da rédea de abertura. As ações devem ser descontínuas para que se não manifestem resistências da parte do cavalo.

Se à indicação da rédea de abertura o cavalo não volta, não é aumentando a ação da mão que o cavalo irá obedecer; há que aumentar a ação das pernas.

Se o cavalo encurva demasiado o pescoço sem deslocar o ante-mão, a rédea oposta – reguladora – resiste para impedir o excesso de encurvação, se bem que de início

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ceda o suficiente para que a ação da mão determine a posição que há e originar a mudança de direção.

A mudança de direção por meio da rédea contrária é de emprego corrente na equitação militar, dada a necessidade de manter livre uma das mãos.

Se a mudança de direção por meio da rédea contrária é para direita, o cavaleiro desloca a mão esquerda para a direita, de trás para diante, por ações descontínuas, depois de ter colocado o bico do cavalo na esquerda, atuando com as pernas para manter o movimento para diante (Fig. 34).

Sendo o seu emprego mais difícil do que o da rédea de abertura é conveniente, de começo, aproveitar os cantos do picadeiro para melhor aprender a maneira de a aplicar.

Isoladamente, a mão resiste, como se disse, se há necessidade de limitar a encurvação imposta pela rédea que atua (determinante). É o papel da rédea reguladora quando o cavalo tende a exceder a encurvação pedida pela rédea determinante.

Finalmente a mão cede quando acompanha o movimento do pescoço.De maneira como a mão atua, resiste e cede, assim um cavaleiro é considerado de

mão dura ou de boa mão. Um cavaleiro de boa mão monta sem dificuldades os cavalos mais excitáveis.

O instrutor deve inculcar nos instruendos o respeito pela boca do cavalo, fazendo-lhe compreender que as mãos são destinadas a orientar ou conter a força impulsiva do cavalo, mas nunca a extingui-la.

Como o cavalo se serve do pescoço como balanceiro, é necessário dar-lhe liberdade suficiente para ele o poder utilizar, acompanhando com as mãos os movimentos basculantes do cavalo.

Em passeio, é conveniente conduzir com rédeas compridas. O cavalo ganha confiança, não força a mão e acalma, se excitável.

As pernas

As pernas atuam, resistem e cedem.Atuam por batimento e por pressão.A ação simultânea das duas pernas por batimentos das barrigas das pernas ou dos

calcanhares, estes com ou sem esporas, conforme o temperamento e grau de ensino do cavalo, promovem ou mantêm o movimento para diante; por pressão, canalizam melhor a ação impulsiva do cavalo no sentido desejado.

Os sentimentos das barrigas das pernas constituem a ação normal das pernas, quando destinadas a obter o movimento para diante.

Resistem, separadamente, por pressão, opondo-se ao deslocamento da garupa.Cedem, quando se manifestam o movimento para diante. Empregada isoladamente, a ação das pernas pode ser impulsiva, de posição e de encurvação.A ação impulsiva duma das pernas promove ou mantém o movimento para diante. A ação de posição, obtida por pressão no sentido da anca oposta, desloca a garupa para o lado contrário.A perna resiste, por pressão, para evitar o deslocamento da garupa. Cede quando cessa esse deslocamento.

Peso do corpo

A repartição da massa do cavalo sobre os quatros membros, tem só por si influência importante sobre o sentido do movimento que lhe é impresso, não sendo por

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isso de admirar que peso do corpo do cavaleiro contribua para favorecer ou prejudicar um dado movimento ou posição.

Tendo que juntar ao peso da sua massa o peso do cavaleiro, o cavalo tem tendência a deslocar-se para o lado para onde o cavaleiro se desloca, para poder manter ou recuperar mais facilmente o seu equilíbrio.

Assim, o cavaleiro não deve dificultar os movimentos do cavalo por defeituosa repartição do seu peso, antes deve favorecê-los atuando sempre no sentido da direção desejada (Fig. 35).

Acordo das ajudas

O acordo das ajudas consiste no concurso que deve sempre existir entre as suas ações para que os efeitos não se contrariem. Deve haver, portanto acordo entre as mãos, entre as pernas e entre as mãos e as pernas.

De fato, atuando as pernas sobre o post-mãos, fonte da ação impulsiva, e as mãos sobre o antemão, que domina a posição do cavalo, o acordo ente as mãos e as pernas é da própria essência da equitação.

Em equitação elementar, “mãos sem pernas, pernas sem mãos”, interpretado à letra, constitui o princípio fundamental que rege o acordo entre as mãos e as pernas.

Assim, quando as pernas atuam as mãos cedem; quando as mãos atuam as pernas cedem. Ação das mãos, cedência das pernas; ação das pernas, cedência das mãos.

CAPÍTULO III

CONDUÇÃO

A condução consiste em mudanças de andamento, velocidade e direção; as pernas determinam o movimento e as mãos a direção.

O trabalho de condução começa por fazer-se em bridão; em freio e bridão, quando os instruendos tiverem adquirido a flexibilidade suficiente para as reações do cavalo não interferirem com a mão.

Os exercícios de condução executam-se no picadeiro e no exterior.

Exercícios de condução no picadeiro

No picadeiro estes exercícios executam-se a distâncias indeterminadas, em escola e a vontade.

À distância indeterminadas, os cavaleiros dispõem-se uns atrás dos outros à distâncias variáveis (1 a 5 metros); em escola, rigorosamente à distância de 1 metro e a intervalos de om,50, alinhados e cobertos pela frente; à vontade, somente com a obrigação de trabalharem para a mesma mão e manterem o mesmo andamento.

Os exercícios feitos a distâncias indeterminadas têm como vantagem a independência dada aos instruendos, uns em relação aos outros.

Os instruendos escolhem o terreno de maneira a não prejudicar o seu camarada, o que lhes desenvolve a iniciativa. Quando um instruendo se encontra muito próximo do cavaleiro que o precede, procura um lugar mais conveniente fazendo direita (esquerda) voltar ou circulando.

Os exercícios em escola não são tão importantes como os anteriores, sob alguns dos aspectos da condução, contudo preparam o trabalho de fileira e são exercícios de ordem e disciplinas.

Os exercícios à vontade são preparatórios do trabalho isolado no exterior. Praticam-se no picadeiro ou recinto vedado com um número de instruendos que se vai progressivamente aumentando à medida que progride o à vontade na condução.

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Os exercícios de condução e respectivamente vozes destinados a romper a marcha, a passar a um andamento superior ou a aumentar a velocidade são os seguintes:

- Ao passo, marche;- Alargar o passo;- Ao trote;- Alargar o trote;- Ao galope (partindo do trote);- Alargar o galope.

A voz de execução é precedida da voz de advertência que pode ser “Atenção”, “Escola” ou “Fila-guia”.

Quando se emprega o sinal “Escola a voz de execução dirigi-se a todos os componentes da escola; “fila-guia” refere-se ao cavaleiro testa da escola.

A voz de advertência evita o efeito de surpresa que necessariamente iria prejudicar o movimento pedido. Como o movimento é provocado pelas pernas e a direção indicada pela mão, quando o movimento se desenha a mão deve estar em contato com a boca do cavalo para poder indicar a direção.

Se o contato não existisse quando o cavalo fosse posto em movimento, poderia resultar um deslocamento incerto ou um deslocamento demasiado rápido que exigisse uma ação brusca de mão, o que tornaria o movimento desordenado.

Para o cavalo poder andar francamente para diante é necessário que ao deslocar-se não encontre resistência na mão do cavaleiro; entre contato e resistência a diferença é grande. O contato ajuda-o, guia-o, oferece-lhe o ligeiro apoio que ele próprio procura quando se lança para diante; a resistência é a oposição da mão ao movimento.

Assim, à voz de “Escola”, os instruendos procuram o contanto com a boca do cavalo para o dispor a executar com mais precisão o movimento que lhe vai ser pedido e asseguram para o mesmo fim, com as pernas, um maior contato com o ventre do cavalo.

A voz de “ao passo, marche”, as barrigas das pernas atuam por um ou mais batimentos, indo até aos batimentos dos calcanhares, enquanto as mãos dando às duas rédeas um contato elástico igual, asseguram a marcha direta.

Quando se quiser aumentar a velocidade dum andamento ou passar a um andamento superior, a voz de advertência servirá igualmente para o cavaleiro prevenir o cavalo que se vai operar uma modificação e contribuirá também para a regularização do novo movimento.

Para passar do passo ao trote, a ação das pernas deve aumentar até que o movimento do trote esteja bem definido; as mãos, em contato elástico, sentirão esse contato aumentar à medida que o trote se desenvolve.

Como a franqueza e a velocidade do movimento dependem diretamente dum contato cada vez mais forte, no caso do cavalo forçar a mão é necessário atuar de mão e fazer seguir essa ação de mão por uma perda momentânea de contato, recusando-lhe assim o apoio que o cavalo procura.

Para passar do trote ao galope, o instrutor manda a escola circular em cada um dos dois extremos do picadeiro e atuar com as pernas até que o cavalo tome o andamento do galope.

Os exercícios para diminuir a velocidade, passar ao andamento inferior ou parar são:

- Encurtar o galope;- Passar do galope ao trote (ao trote);- Trote curto;- Passar do trote ao passo (ao passo);- Alto.

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À voz de execução para qualquer diminuição de velocidade ou passagem a um andamento inferior, o cavaleiro inclina o alto do corpo para trás, o que o faz pesar sobre o assento e aumentar a base de sustentação, ao mesmo tempo que diminui a pressão das pernas e executa uma ou mais ações de mão, estas facilitadas pela posição tomada.

O efeito da mão deve prevalecer sobre o das pernas. No entanto, estas devem impedir que a garupa se desloque à esquerda ou à direita ou que o cavalo recue quando a ação for para parar.

Os exercícios que implicam mudanças de andamento, velocidade e direção (condução) ajudam a ligar o cavaleiro ao cavalo e dão-lhe as primeiras noções do acordo das ajudas.

As mudanças de direção em equitação elementar são feitas, como se dissesse, por meio da rédea de abertura ou da rédea contrária.

Os exercícios destinados a mudar de direção são os seguintes:

Passar de mão

O cavaleiro, depois de ter feito o canto do picadeiro e andado cerca de seis metros sobre o lado maior, dirige-se diagonalmente para o outro lado, a cerca de seis metros do canto oposto.

Zig-zague

O zig-zague compõe-se de oblíquos sucessivos sobre um dos lados maiores do picadeiro, fazendo-se duas ou mais mudanças de direção conforme o estado de adiantamento dos instruendos.

Obtém-se por rédea de abertura, rédea contrária, ou ainda por uma e outra, devendo neste caso indicar-se a rédea sobre a qual se pretende fazer o exercício, direita ou esquerda.

Direita (esquerda) voltar

A esta voz o cavaleiro volta o seu cavalo para a direita (esquerda) ficando perpendicular à direção em que seguia a ao aproximar-se da parede oposta volta para o mesmo lado

Se no decorrer deste exercício se mandar passar de mão, o cavaleiro ao aproximar-se da parede oposta volta para o lado contrário.

Meia volta

A meia volta natural compõe-se dum semicírculo seguido dum oblíquo e a meia volta invertida dum oblíquo seguido de um semicírculo.

A meia volta é natural quando à voz de direita (esquerda) meia volta a escola está a trabalhar para a mão direita (esquerda). Invertida, quando a voz é dada para o lado contrário à mão para onde a escola está a trabalhar.

De começo é vantajoso que o diâmetro do semicírculo seja levado até à linha do meio do picadeiro; no fim da instrução deve procurar-se que não vá além da linha do quarto.

Por filas, circular

Cada cavaleiro, no ponto onde se encontra, inicia e executa sem ultrapassar a linha do meio ou do quarto, conforme for indicado, uma volta completa, devendo no final encontrar-se no mesmo lugar onde iniciou o movimento.

Circular

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O cavaleiro, no ponto onde se encontra, inicia e executa sem ultrapassar a linha do meio ou quarto, conforme for indicado, uma volta completa, devendo no final encontrar-se no mesmo lugar onde iniciou o movimento.

Circular

O cavaleiro fila-guia, seguido de todos os outros cavaleiros, sai da parede maior descrevendo um círculo adaptado ao extremo do picadeiro, continuando a circular até à voz de “ao largo”.

Passar da frente para a retaguarda

a) Mantendo o mesmo andamento

O cavaleiro fila-guia faz meia volta larga, conservando o andamento, e marcha ao longo da escola, em sentido inverso, para ir formar no fim por meio de outra meia volta. Logo que o fila-guia tenha terminado o exercício é limitado pelo cavaleiro número dois e assim sucessivamente até o final.

b) Aumentando ou tomando o andamento superior

O cavaleiro número um aumenta ou toma o andamento superior e segue a pista no mesmo sentido até ir formar na retaguarda; os outros cavaleiros, conservando o mesmo andamento, aguardam que o cavaleiro anterior ocupe o seu novo lugar e procedem da mesma forma.

Exercícios de condução no exterior

Estes exercícios preparam os instruendos para o trabalho através de todo o terreno, na fileira e isoladamente. Indicam-se os seguintes:

Trabalho em xadrez

Os cavaleiros são dispostos em várias fileiras, a alguns metros de distância e intervalo, em formação em xadrez, executando as mudanças de andamento e de direção ao sinal do instrutor. Obrigados a manter o alinhamento e a marchar sobre uma determinada direção com uma certa liberdade de ação, os instruendos são obrigados a conduzir os seus cavalos guardando esse alinhamento e direção, pelos seus próprios meios.

Exercícios destinados a regular os andamentos

Estes exercícios executam-se num retângulo de grandes dimensões cujos vértices são marcados com bandeirolas bem visíveis. A fim de permitir ao instrutor controlar os andamentos, as dimensões do retângulo são geralmente fixadas em 200 metros para os lados maiores e 100 metros para os lados menores, por estas dimensões representarem as distâncias que um cavalo nacional percorre num minuto, respectivamente, a trote e a passo.

Para o galope, bastará fixar uma outra bandeirola no meio dum dos lados menores e iniciar a contagem pelo outro lado menor (100+200+50).

Os instruendos são dispostos distanciadamente sobre todo os percurso do retângulo, sendo os movimentos limitados aos alargamentos e encurtamentos, direita ou esquerda voltar e mudanças de mão.

O instrutor verifica se os cavaleiros marcham a direito e se conservam um andamento regular, condição essencial para se habituarem à velocidade do andamento.

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Exercícios para sair da fileira e marchar direito sobre pontos de direção afastados

Estes exercícios iniciam-se da formação em xadrez. O instrutor designa um cavaleiro, indica-lhe o ponto a atingir e fixa-lhe o andamento.

Pretende-se que o cavaleiro marche direito sobre esse ponto.Pode fazer-se em todos os andamentos mas o cavaleiro deve partir a passo e só

tomar o andamento ordenado quando estiver destacado da fileira.Estes exercícios desenvolvem a docilidade natural do cavalo e a iniciativa do

cavaleiro, dando-lhe a noção de direção e mostrando-lhe que é necessário uma atenção permanente para a manter.

Trabalho em terreno variado

O trabalho em terreno variado constitui a aplicação prática dos exercícios descritos.É durante este trabalho e a medida que se vão apresentando casos concretos que

se procurará incutir nos instruendos regras que convém observar, das quais se apresentam as seguintes:

Para subir uma rampa forte, inclinar o busto para diante e deixar o cavalo estender o pescoço completamente.

Para descer uma rampa da mesma natureza, entrar com cuidado, vagarosamente, manter o cavalo bem enquadrado e inclinar ligeiramente o busto à frente.

Tanto a subir como a descer, evitar que o cavalo entre na rampa obliquamente, especialmente se o terreno for escorregadio.

Nas marchas, escolher os terrenos planos para os andamentos vivos. Se o terreno for muito ondulado e o percurso longo, não trotar nas subidas nem galopar nas descidas.

Nunca sair da velocidade regulamentar dentro de cada andamento e seguir uma progressão crescente na extensão dos tempos de trote e galope.

Subordinar a duração dos tempos de passo intermediários à velocidade da marcha a que o cavaleiro deve efetuar o percurso.

Procurar, em todas as circunstâncias, os terrenos elásticos, que poupam os membros dos cavalos. Não sendo possível, preferir um terreno duro, plano e unido, a um terreno macio, pesado ou irregular.

Nos terrenos pantanosos, marchar com a máxima cautela.Durante as marchas longas, apear com freqüência, marchando ao lado do cavalo.Ter também em atenção que o trote levantado sobrecarrega desigualmente os

diagonais do cavalo, pelo que se torna necessário, especialmente em marchas longas, trotar alternadamente com as duas diagonais. Para mudar de diagonal, basta bater duas vezes seguidas com o assento no arreio, dando um tempo de trote sentado.

Em terreno acidentado não convém sair do passo. Procurar dar ao cavalo toda a iniciativa possível, confiando no seu instinto. Conduzir o cavalo com rédeas compridas, não prejudicando os movimentos naturais do pescoço.

É no trabalho exterior, especialmente em terreno acidentado, que o instruendo aprende a confiar no instinto do cavalo, dando-lhe a liberdade de pescoço que lhe é indispensável para manter o equilíbrio.

Passagem e salto de pequenos obstáculos

O salto consolida a colocação em sela, dá ao instruendo oportunidade de utilizar as ajudas num sentido desportivo e desenvolve-lhe o espírito cavaleiro.

Normalmente, no trabalho em terreno variado, não há necessidade de transpor obstáculos da mesma natureza e volume do que se encontram nos concursos hípicos, mas sim (e isso com freqüência) obstáculos variados de pequenas dimensões. Por este motivo,

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um obstáculo deste gênero deve ser considerado como se fosse um simples cavalete destinados a exercícios de flexibilidade que se passa mantendo a posição normal.

O que é indispensável é que o cavaleiro se ligue ao movimento do cavalo, não o prejudicando pelo emprego intempestivo da mão, antes deixano-o servir-se completamente do pescosço.

Se os obstáculos exigirem que o cavalo salte, no sentido próprio da palavra, o cavaleiro encurta de início os estribos e toma a posição a frente.

Percurso simples de obstáculos

Executados os exercícios de flexebilidade apropriados à posição “a frente” e confirmados dentre estes os que são classificados como exercícios de ligação ao movimento, os instrumentos estão em condições de começarem a executar os primeiros percursos de obstáculos.

Começar-se-á por fazer pistas completas, grupos de pistas e, por fim, percurso simples.

A condução do cavalo de obstáculos dentro do grau elementar, tanto para o cavaleiro como para o cavaleiro como para o cavalo, caractariza-se pela iniciativa dada ao cavalo ao abordar o salto. O cavaleiro limita-se dirigi-lo e a lançá-lo para o obstáculo a saltar, com a preocupação de graduar a velocidade e ligar-se o mais possível ao movimento.

Embora a condução dentro deste grau se aplique tanto ao cavaleiro principiante como ao cavalo novo, não é aconselhável se foram ambos principiantes.

Um cavaleiro principiante deve montar um cavalo confirmado, de preferência dotado de intuição para o obstáculo.

O cavalo confirmado dará ao cavaleiro principiante a confiança que lhe é necessária para criar bons hábitos e bons reflexos, em vez de contração, apreensão e perda de entusiasmo. Educa-lo-á a respeitar a boca, a acompanhar o movimento de extensão do pescoço, a desenvolver o gosto do salto correto, de bom estilo, e a aperfeiçoar o se o próprio estilo.

Nos percursos simples, os obstáculos devem ser alternadamente largos e verticais, dentro dos limites da simplicidade, para obrigar o cavaleiro a dominar a velocidade do cavalo, normalmente mais ativa para os obstáculos largos e ligeiramente mais reduzida para os saltos verticais, como também para adaptar a sua posição, mais fechada ou mais aberta, a velocidade e á reação originada pelo salto, característica fundamental da posição “à frente”.

No entanto, um cavaleiro principiante, finda a sua aprendizagem elementar, pode desbastar um poldro, quando devidamente orientado.

CAPITULO IV

ENSINO DO CAVALO – DESTABASTES

Divisão e considerações gerais

O ensino do cavalo compreende essencialmente dois períodos:Desbastes e ensino propriamente dito.O desbaste, que compreende um ano de traba

lho (4 e 5 anos) tem por fim o desenvolvimento físico do poldro e a preparação da sua disciplina e a preparação da sua disciplina.

O ensino propriamente dito tem por fim a submissão completa às ajudas e o aperfeiçoamento das andamentos naturais do cavalo.

Os dois períodos desbastes e ensino, não são nitidamente separados. Eles encerram no entanto princípios que lembram constantemente ao instrutor a diferença profunda que existe entre o trabalho que pode suportar um poldro ainda não completamente

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desenvolvido e as exigências que se pode ter no ensino com um cavalo de anos. A saúde, a raça, a alimentação, o caráter e o equilíbrio natural do cavalo podem, quando os poldros são trabalhados individualmente, acelerar ou demorar o rítmo do trabalho.

Só se deve submeter o poldro à ginástica violenta do ensino quando o seu moral e desenvolvimento físico lhe permitem aceitá-la sem fadiga.

O desenvolvimento físico e moral do poldro obtém-se com a higiene, alimentação e trabalho ginástico simples, executado no picadeiro e no exterior, primeiramente à mão e à guia e, depois, montado.

Todo este trabalho, submetendo a vontado do poldro à vontado do cavaleiro à medida que se vai familiarizando com os diferentes exercícios, desenvolve-lhe os músculos, os órgãos respiratórios e o jogo das articulações.

A higiene, alimentação e trabalho dos poldros devem merecer atenção especial durante o desbaste.

A limpeza (cascos incluídos) desempenha papel importante na saúde, devendo por isso estimular-se emulação dos tratadores e cavaleiros que têm o tratamento a seu cargo.

As horas da distribuição da ração, sua composição e quantidade, limpeza das mangedouras e pavimento, camas e volume de palha que lhes é destinada, contribuem para o desenvolvimento harmônico do poldro.

É indispensável examinar fora da cavalariça os cavalos sem arreio, para melhor se julgar do seu estado e examinar cuidadosamente o dorso, membros, cascos e ferração.

O regime de verde é muito útil a todos os cavalos, duma maneira geral, mas deve ser acompanhado duma diminuição de trabalho que compense a depressão física que este regime lhes ocasiona.

Aos poldros que chegam da pastagem é conveniente dar-lhes feno em substituição parcial da ração, para que o animal não se ressinta com a transição do regime alimentar e a reação normal de grão seja atingida progressivamente.

Os primeiros cuidados a ter com os poldros que acabam de chegar das coudelarias ou das pastagens são muito importantes para a sua completa domesticação e formação do seu caráter.

O cavalo é pouco inteligente mas a sua memória é incontestável.

Quando não compreende o que se lhe exige perde por completo a atenção, mas aquilo que lhe foi bem ensinado executa com o desejo de agradar.

Mesmo sendo manso é susceptível de dar coices ou pernadas, por medo, reflexo de defesa ou enervamento (fig. 36), pelo que nos é útil, para avaliarmos do seu estado de espírito, olharmos para as orelhas. Quando as põe para trás, normalmente está desconfiado (Fig 37).

O dever principal do tratador consiste em ganhar a confiança do podro, lidando com ele com franqueza, paciência e doçura. Logo que o cavalo obedece a uma solicitação do tratador, este deve imediatamente afagá-lo e manifestar-lhe o seu agrado por uma entoação de voz apropriada.

O emprego da voz nas primeiras fases do ensino é de grande utilidade.O trabalho do poldro é o fator mais importante do desenvolvimento do desbaste.

Além do papel que desempenha no desenvolvimento dos seus órgãos, é o regulador destinado a manter em equilíbrio a saúde e o caráter.

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Se o poldro não trabalho o suficiente, torna-se muito gordo e ao mesmo tempo brincalhão, tarando os membros e lutando com a mão que procura contê-lo. Se trabalha demasiado, perde a alegria, é dominado peã fadiga e não se desenvolve suficientemente.

O trabalho no picadeiro deve ser curto (1/2 h.) e o trabalho no exterior longo e lento (1 1/2 h.).

Quando se desbastam muitos poldros ao mesmo tempo, há que atender a escolha dos cavaleiros. Ter em linha de conta o tamanho, a conformação e o tempero dos poldros, e o peso, a altura, o temperamento e a aptidão dos cavaleiros.

Assim, a um cavalo dar-se-á um cavaleiro leve; a um cavalo excitável e caprichoso, um cavaleiro hábil e calmo; a um cavalo difícil, que não se submete, um cavalo enérgico, hábil e persistente; a um cavalo preguiçoso, um cavaleiro enérgico, embora menos hábil; a um cavalo mal conformado, de pescoço mal inserido, um cavaleiro de boa mão.

O instrutor que dirige os desbaste dos poldros e o cavaleiro que o faz individualmente, deve ter sempre presente:

- nunca começar um trabalho sem estar seguro do quer fazer;- empregar exatamente os mesmos meios e indicações para obter efeitos e

resultados;- os meios empregados só podem ser bem compreendidos quando repetidos;- na execução de qualquer movimento, a posição deve sempre preceder a ação;- não fazer novas exigências a um cavalo que vibra ainda debaixo da impressão da

exigência anterior;- nunca combater suas resistências ao mesmo tempo;- não confundir falta de habilidade do cavaleiro com ignorância ou má vontade do

cavalo;- pedir o que é novo no fim do trabalho; afagar e apear.

Passeios à mão

Durante os primeiros dias, o passeio a mão com cavalos velhos montados é um excelente exercício que permite ao cavalo distender-se sem perigo para os membros, de se habituar aos objetos exterior e de encontrar a calma indispensável ao trabalho útil.

É conveniente conduzir o poldro tanto à mão direita como a mão esquerda, a fim de evitar encurvá-lo para o mesmo lado.

Trabalho à guia

O trabalho à guia é muito útil no ensino. Familiariza o mesmo cavalo com o homem, revelando-lhe a sua força e conduzindo-o à obediência.

É por meio deste trabalho que normalmente se habitua o cavalo a suportar o arreio e se lhe ensina a deixar montar e mapear.

A guia permite ainda fazer trabalhar o cavalo em andamento vivos sem o peso do cavaleiro e mantê-lo em trabalho quando o cavaleiro não pode montar. É também essencial no trabalho de obstáculos.

O cabeção que se utiliza com a guia deverá ser colocado suficientemente alto para não dificultar a respiração, sendo ajustado de maneira a evitar oscilações violentas sobre o chanfro bem como deslocações das faceiras sobre os olhos (Fig. 38).

As primeiras lições à guia são muito importantes. Devem ser dadas a cada cavalo pelo próprio instrutor ou, pelo menos, por um monitor que já tenha dado boas provas.

O instrutor toma a guia na mão direita, a cerca de 0m , 50 da cabeça do cavalo, ficando a outra extremidade enrolada na mão esquerda.

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Depois de conquistada a confiança do cavalo por meio de afagos e da voz, o instrutor provoca o movimento para diante dando uma ligeira tensão à guia e incitando-o por uma chamada de língua, ao mesmo tempo que procura colocar-se à altura das espáduas e seguir uma linha irregular para obrigar o cavalo a criar o hábito de acompanhar.

Logo que o cavalo o segue com facilidade, deve parar com conseqüência e passar para o outro lado, mudando a guia de mão.

Depois, deve experimentar, de vez em quando, deixar escorregar a guia e fazer frente a garupa, ao mesmo tempo que procura manter o cavalo no movimento para diante por chamadas de língua ou mostrando o chicote, se necessário, o qual deve estar na mão segura a guia, com o cabo para o lado do polegar.

Se o cavalo continua a andar francamente para diante, cede a guia e deixa-o rodar a vontade, a não ser que ele force para fugir a sua ação. Neste caso, há que resistir e ceder, sucessivamente, aplicando a guia o mesmo princípio de descontinuidade que rege as ações de mão.

Se o cavalo se aproxima, basta oscilar om a guia por forma a que ela ondule verticalmente e vá bater na faceira (Fig. 39), o que o obriga a afastar-se. Em pouco tempo, o cavalo habitua-se a trabalhar com a guia tensa, procurando o contato com a mão.

Vibrando a guia rapidamente, o cavalo diminui o andamento. Deve chamar-se o animal ao centro, com freqüência, por meio da voz e ligeiros

toques na guia, não só para fazer o passar de mão como também para melhor lhe conquistar a confiança.

Com alguns cavalos é necessário o auxílio de um ajudante. Este caminhará na retaguarda do instrutor, à altura da garupa ou um pouco mais atrás, com uma chibata ou chicote, para reforçar o movimento para diante.

Logo que o cavalo anda convenientemente a passo para as duas mãos, num círculo pequeno, o instrutor pode passar a trabalhar a trote e, depois, a galope, utilizando a voz e o chicote. O círculo concêntrico que o instrutor descreve, de começo, à altura da garupa, para melhor manter o movimento para diante, acaba por ser desnecessário à medida que os progressos se vão acentuando.

O comprimento da guia varia com os andamentos. Utiliza-se p trote curto, cadenciado, em círculos pequenos, o que constitui uma ginástica excelente, e o trote largo e galope em círculos de grade raio. As articulações dos poldros são demasiado rágeis para suportarem andamentos viços em círculos pequenos.

Quando um cavalo força demasiado a guia a trote em a galope, há que recomeçar com as lições a passo.

Quando um cavalo já conhece o trabalho à guia, o cabeção pode ser substituído, muitas vezes com vantagem, pela ligação da guia as argolas do bridão, seja diretamente por meio duma ponta dupla na guia, seja por meio dum francalete ligado previamente às dus argolas do bridão.

Lições de aparelhar e montar

A primeira lição de aparelhar deve ser dada no picadeiro, logo que o poldro se mostra calmo e obediente no trabalho à guia.

O instrutor segura a guia a um metro da cabeça do cavalo, falando-lhe e mostrando-lhe que o pode dominar com o cabeção se ele não se mostrar pouco obediente, enquanto o

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ajudante, com o selim sem loros, se aproxima do cavalo com cuidado, para não o assustar. Colocado o selim sobre o cavalo, depois de afagos e ligeiras palmadas no dorso, o ajudante ajusta a cilha somente o preciso para o selim se não voltar, fazendo-se o ajustamento completo no decorrer do trabalho.

No mesmo dia ou no dia seguinte, conforme o temperamento do poldro, colocam-se os loros e os estribos e trabalha-se a trote, ficando o poldro em condições de ser montado na lição seguinte.

A lição de montar é dada no fim do trabalho, quando o poldro está mais calmo.Nesta lição, como na de aparelhar, os castigos devem ser banidos por completo.

Pelo contrário, a voz e os afagos são a melhor garantia para um trabalho sem dificuldades.Para montar, o instrutor segura na guia a um metro da cabeça do cavalo, colocado

no meio do picadeiro, precedendo o ajudante da seguinte forma:Afaga o cavalo na cabeça, pescoço e garupa; dá algumas pancadas com a mão

direita no selim; afasta e aproxima o estribo da barriga do animal; puxa pelo loro e faz força com a mão sobre o estribo; coloca o pé no estribo; retira-o; torna a colocá-lo; pesa sobre ele ajudando com o impulso dado pela outra perna; ajusta as rédeas; insiste em todos estes pontos, e na altura devida, quando o cavalo está sossegado, monta suavemente, tendo o cuidado de encostar o joelho ao selim e não tocar com o pé na garupa do cavalo, ao passar a perna.

Se o poldro manifesta qualquer desconfiança, o ajudante cessa com suas insistências e o instrutor vibra levemente a guia, falando ao cavalo até que ele se tranqüilize.

Depois do ajudante ter montado e apeado algumas vezes, o instrutor, com o ajudante montado, dá alguns passos com o cavalo a mão, parando com freqüência e falando ao cavalo, para em seguida passar ao trabalho à guia, a passo, em círculos pequenos, e depois a trote, em círculos de maior raio.

Quando o cavalo estiver calmo e confiante, o instrutor tira-lhe a guia e coloca-o atrás de uma cavalo velho.

Os cavalos velhos e mansos são indispensáveis. Os poldros começam a mudar de andamento e de direção por imitação, o que facilita o emprego das ajudas.

As primeiras lições habituam o poldro a suportar o pego do cavaleiro.Os cavalos mais enérgicos e desconfiados devem ser trabalhados a guia durante um

maior número de dias e durante mais tempo antes de serem montados.Nunca se deve montar com esporas sem o cavalo conhecer o efeito impulsivo das

pernas. A chibata de acompanhar ou preceder os batimentos das pernas.

Trabalho montado no picadeiro e no exterior

O trabalho montando no picadeiro faz parte, pelos diferentes exercícios a que o poldro é submetido, da ginástica elementar do cavalo.

O trabalho lento de exterior permitindo o emprego dos andamentos segundo a natureza do terreno, o aperfeiçoamento da atitude e do equilíbrio pela utilização dos declives e um contato mais natural entre o cavalo e o cavaleiro, aperfeiçoa e completa ginástica elementar.

Esta ginástica, baseada na flexibilidade dos músculos e mobilidade das articulações, conduz ao aperfeiçoamento dos andamentos naturais do cavalo, finalidade do ensino, e está condicionada, na sua progressão, a um certo número de princípios que nos orientam sobre os sucessivos objetivos a atingir.

O primeiro objetivo consiste em “pôr o cavalo sobre a mão”.O cavalo sobre a mão é o cavalo que no seu movimento para diante procura o

contato com a mão do cavaleiro.Sendo a franqueza no movimento pra diante a mais importante manifestação da

ação das pernas, a primeira lição do trabalho montado terá com fim de ensinar o cavalo a responder a ação impulsiva da pernas.

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Os batimentos das barrigas das pernas e dos calcanhares, constituem, como se sabe, a forma características da ação impulsiva, embora as vibrações das barrigas das pernas e breves apoios do pé sobre o estribo possam bastar, num grau adiantado do ensino, para atingir o mesmo fim.

Em qualquer dos caso, o que interessa é que os batimentos ou vibrações sejam executados elasticamente, sem prolongar o apoio, o que é desfavorável à produção ou aumento da impulsão.

Sobre a maneira de dar ao poldro a lição do movimento para diante, indica-se as seguintes formas:

- empregar cavalos mansos e velhos à frente do poldros;

- atuar com as pernas junto as cilhas, por batimentos das barrigas das pernas ou dos calcanhares, preparando e auxiliando esta ação com a voz e ligeiros toques de chibata na espádua;

- ceder franca e elasticamente a mão no momento em que as pernas atuam, para que o poldro possa estender o pescoço e cabeça e entrar com franqueza no movimento para diante;

- começar por passar do passo ao trote, em seguida alargar o trote e por fim passar diretamente da paragem ao trote.

Para parar ou passar a um andamento inferior, o cavalo inclina o busto para trás, ao mesmo tempo que executa uma ou mais ações de mão acompanhadas da entoação de voz apropriada. Terá o cuidado de procurar que as ações de mão se harmonizem com a paragem ou diminuição do cavalo da frente, para melhor aceitação e compreensão por parte do poldro.

As pernas, em contato com o cavalo, devem manter-se passivas.

Adquirida uma apreciável franqueza no movimento para diante, começa-se com o trabalho de zig-zag, com rédeas de abertura, que contribui para levar ao cavalo a procura o contato com a mão.

A rédea de abertura não contraria a ação impulsiva do cavalo, o que é importante nesta fase de ensino em que se pretende desenvolver a franqueza no movimento para diante; pelo contrario, a maneira como deve ser aplicada – para o lado e para diante – obriga o cavalo a seguir a rédea.

Assim, a marcha em zig-zag, executada a trote por ser mais fácil neste andamento manter a impulsão leva o cavalo, ao seguir uma outra rédea, a procura do contato com mão, objetivo primordial nesta fase do ensino (Fig 40).

À medida que este trabalho se vai aperfeiçoando, convém ir cerrando o zig-zag tendo em atenção que a cadência do andamento se não altere.

O trabalho lento de exterior, iniciado a passo no final das primeiras lições pode ser mantido durante muito tempo sem fadiga. Logo que atinge a sua máxima extensão, flexibiliza as articulações, fortifica os tendões e desenvolve a calma e a força.

Acompanhado elasticamente com as mãos o movimento do pescoço, muito pronunciado no passo largo e promovendo o desenvolvimento desse basculante pela ação das pernas, o cavaleiro põe o cavalo no hábito de manter o contato com a mão, contribuindo para o aumento de amplitude do andamento.

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Mais tarde, o trabalho a passo deve fazer-se em terreno variado. As subidas obrigam o cavalo a estender o pescoço e a procurar o contato com a mão; as descidas dão-lhe confiança nas suas possibilidades. Umas e outras contribuem grandemente para o desenvolvimento muscular do cavalo e melhoram o seu equilíbrio.

No trabalho a trote, convém aproveitar as subidas que não sejam muito ásperas para o desenvolvimento das forças impulsivas do cavalo. A distensão dos posteriores é feita num plano mais baixo do que o ante-mão, obrigando o cavalo ao máximo de distensão; por outro lado, como o cavalo é levado instintivamente a colocar à frente o peso da sua massa, para aliviar o post-mão, o pescoço tende a alongar-se e a baixar, a coluna vertebral a adquirir a tensão necessária a uma melhor transmissão da impulsão e a região renal a muscular-se (Fig 41).

Assim, não se desenvolve a impulsão, visto que a impulsão deriva do poder de distensão dos membros posteriores, como também se leva o cavalo a procurar o contato com a mão, pela atitude que é obrigado a tornar nas subidas, contribuindo-se, duplamente, para “pôr o cavalo sobre a mão”.

Os alargamentos de trote nas subidas completarão este trabalhoO trote, por não ser um andamento basculante, tem também a vantagem de fixar o

pescoço e a cabeça, o que facilita a seqüência do ensino.Os tempos de trote são, de começo, freqüentes e curtos. Aumenta-se a sua duração

quando o cavalo está em condição.Quando a condução está adiantada, começa-se a utilizar o galope como ginástica,

que tem a vantagem, além de lhe desenvolver os órgão respiratórios, de o confirmar na atitude elementar do cavalo sobre a mão, pela velocidade do próprio andamento e pelo fato do galope ser um andamento basculante que contribui, desde que o cavaleiro acompanhe o movimento de pescoço, para o cavalo tomar uma maior confiança com a mão.

Contudo, o galope só será empregado no exterior em terrenos de bom piso ou em pistas preparadas para esse fim. À falta de bons terrenos é preferível galopar os poldros no picadeiro.

Os tempos de galope, no princípio muito curtos (40 a 500 metros) são progressivamente aumentados de maneira a atingir 1.00 e 1.800 metros em fim de período e 2.500 metros no fim do desbaste.

O desbaste é normalmente dividido em cinco períodos:O primeiro é destinado á domesticação e ás lições de aparelhar e montar;O segundo, à ginástica do trabalho em zig-zag e á colocação em condição sumária;O terceiro, aos exercícios da ginástica elementar do desbaste e á colocação em

condição (trabalho lento em terreno variado e galope);O quarto ao regime de verde;O quinto a repor os poldros em condição;O segundo período de desbaste constitui o trabalho básico destinado a “pôr o cavalo

sobre a mão”. O terceiro, completa esse trabalho e confirma-o no seu objetivo por meio duma ginástica mais desenvolvida e novos meios de domínio.

O mais importante meio de domínio no desbaste é o trabalho de sujeição à ação da perna isolada, não só pelos resultados que se obtém diretamente com este trabalho como também pelo papel que desempenha no ensino da rédea contrária, predispondo o cavalo a ceder à ação desta rédea por uma ação de posição de perna do lado oposto.

Este trabalho divide-se em cinco séries.A primeira séria compreende: paragem, meia rotação em dois tempos; paragem;

passo;

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A segunda: paragem; meia rotação; paragem; passo;A terceira: paragem; meia rotação; passo;A quarta: passo; meia rotação; paragem; passo;A quinta: passo; meia rotação; passo;Nas meias rotações da primeira série a ação das pernas cessa temporariamente

depois do cavalo ter percorrido um quarto ou mesmo um oitavo de rotação; na segunda série; a meia rotação executa-se seguidamente.

Nas primeiras lições aconselha-se:- atuar com a chibata atrás da bota, sobre o flanco do cavalo, por toque repetidos;- servir-se dum ajudante hábil, se necessário para tomar a rédea do lado da perna e

aplicar no flanco do cavalo duas a três chibatadas secas e enérgicas.

Sendo a finalidade deste trabalho submeter o cavalo á ação da perna isolada, o cavaleiro deve ter a preocupação de manter o pescoço e cabeça do cavalo bem enquadrados, evitando da parte deles qualquer torsão ou encurvação.

Durante a execução das meias rotações, é necessário impedir que os cavalos recuem, atuando neste caso com a perna do lado contrário, por batimentos, durante a rotação, e com ambas as pernas no fim do exercício. Por este fato é conveniente distanciar os cavalos cerca de 5 metros quando o desbaste for feito em escola.

Duma maneira geral, o trabalho de sujeição à ação da perna isolada torna os cavalos frios à ação impulsiva das pernas, sendo conveniente intermeá-lo constantemente com o trabalho a passo e trote sobre a linha direita.

A terceira série, tem por fim ensinar o cavalo a bem compreender a ação impulsiva da perna do lado contrário visto que, ao terminar a rotação, pretende-se que o cavalo marche francamente a passo. Combina-se assim a ação da perna, preparando o cavalo para os trabalhos ulteirores de duas pistas.

Escusado será dizer que esta série é a mais indicada para os cavalos com tendência a recuar durante e no fim do exercício.

A quarta série apresenta como característica dominante a combinação duma resistência de mão com uma ação das pernas.

Com efeito, ao executar esta série que, como vimos, se inicia partindo diretamente do passo, o cavaleiro resiste com a mão e atua simultaneamente, por pressão, com a perna de posição.

Mais do que em qualquer outra ocasião, o cavaleiro deve ter o cuidado de manter o pescoço na direção da coluna vertebral, tão direito quanto possível.

A quinta série é a reunião das duas anteriores e representa, quando bem executada, a sujeição completa do cavalo à ação bem executada, a sujeição completa do cavalo à ação da perna isolada. “A meia rotação é bem executada quando o cavalo, esperando calmamente a pressão da perna, não desloca a garupa se não quando ela se faz realmente sentir e quando o cavaleiro, uma vez iniciado o movimento, pode parar o cavalo, com a pressão de perna oposta, na altura que desejar”.

Este trabalho contribui para que o cavaleiro exerça logo de começo um domínio apreciável sobre o cavalo, visto que é a garupa que comanda todos os seus movimentos.

Acresce que enquanto o cavalo não estiver igualmente sujeito a ação isolada duma e outra perna, é difícil conseguir que ele se mantenha bem direito na marcha para diante. Resistirá sempre àquela a que menos tiver sujeito, originando uma marcha mais ou menos atravessada.

Como princípio, o cavalo endireita-se pela frente, colocando as espáduas á frente da garupa por meio da rédea contrária, mas é preciso, em primeiro lugar, que ele a conheça e aceite.

É por esta razão que o trabalho de sujeição á ação da perna isolada deve preceder o trabalho de sujeição á ação de rédea contrária.

Obtidos os meios de domínio indispensáveis à execução dos diferentes exercícios que constituem a ginástica elementar do poldro, o cavaleiro está em condições de iniciar os

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exercícios de condução no picadeiro e no exterior indicados no Capítulo III, executando-os seja com a rédea de abertura, seja com a rédea contrária. O zig-zag, feito de começo com rédeas de abertura, poderá depois ser executado com a mesma rédea, atuando alternadamente como a rédea de abertura contrária; no fim do desbastes, somente com as rédeas contrárias.

Quando em escola, o instrutor dará a voz:Com a rédea direita (esquerda) – zig-zag;Com a rédea contrária – zig-zag.Em conclusão:O desenvolvimento da franqueza no movimento para diante obtido pela ação

impulsiva das pernas, o trabalho em zig-zag com rédeas de abertura, o trabalho lento de exterior e, particularmente, o aproveitamento das subidas, constituem o trabalho elementar fundamental para “pôr o cavalo sobre a mão”.

Os trabalhos de sujeição a ação da perna isolada e da rédea contrária, completam-no e fornecem-nos os meios necessários para entrarmos no ensino propriamente dito e atingirmos o seu objetivo – o cavalo na mão em equilíbrio horizontal.

Arreio Militar e Arreios Desportivos

1) – O arreio militar é constituído pelo arreio de cabeça e pelo arreio de montada.O selim do arreio de montada

caractariza-se essencialmente pela sua rusticidade, pela possibilidade de transportar a maior parte do equipamento do cavaleiro e por permitir com aceitável conforto a posição normal e a posição “à frente”.

O selim atual é de fácil conservação por ser composto de peças não solidárias que pedem ser rapidamente substituídas.

O arreio de cabeça tem como principal característica o freio-bridão de bocado articulado.2) – Os selins desportivos devem essencialmente obedecer ao princípio de que são o elo

mais importante que se liga o cavaleiro ao cavalo. Assim, embora orientados no sentido de especialidade a que se destinam – ensino, obstáculos, “steeple”, etc. – devem ser

rigorozamente construídos dentro das regras que condicionam a colocação em sela.

O problema da sua construção consiste em determinar onde devem ser colocadas as molas de suspensão dos loros e onde deve ficar situado o fundo do selim.

Em relação ao cavalo, as molas de suspensão devem ficar sobre a vertical do centro de gravidade do cavalo, praticamente acima da ponta mais avançada da cilha; em relação ao cavaleiro, a vertical do loro deve passar pelo estribo, meio da perna, meio da coxa e busto (Fig. 43).

Daqui se conclui que o selim que convém ao cavaleiro de coxa curta não convém necessariamente ao cavaleiro de coxa comprida.

FALTA PÁGINA 83 E 84

O fundo sela é conseqüência da posição indicada pelo assento, partindo do princípio que o loro passa pelas regiões indicadas.

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3) – Quanto a embocaduras, a mais simples é o bridão e a clássica o freio e bridão.O bridão atua sobre a comissura dos lábios (Fig. 44). Compreende um bocado

articulado e anéis em cada uma das suas extremidades. Para evitar que no bridão os anéis possam magoar a boca do cavalo, ao girar nos orifícios do bocado, utiliza-se muitas vezes o bridão Chantilly, Verdun ou o de travincas (Figs. 45, 46 e 47).

Pela sua suavidade, é hábito dizer-se que o bridão é a primeira e a última de todas as embocaduras. A primeira por ser a mais indicada para o poldro, ainda com pouca confiança na mão. A última por ser para o cavalo bem ensinado aquela que menos o incomoda.

Como variantes do bridão, encontra-se o bridão duplo, aconselhado na primeira fase do ensino para os cavalos de boca muito contraída, e o bridão elevador (Fig 48), simultaneamente doce e poderoso. No

entanto, é uma embocadura para ser utilizada só a conselho do instrutor.

O freio e bridão são utilizados simultaneamente no ensino em virtude da sua interpendente ação compensadora (Fig 49). O freio é essencialmente um abaixador, devendo por isso ser utilizado no sentido do eixo do cavalo. O bridão deve ser empregado nos deslocamentos laterais e em todo o trabalho que implique encurvações do pescoço e da coluna vertebral.

O freio compreende um bocado com ou sem montada e um ramo de cada lado (caimbas) solidárias ao bocado, devendo ser usado com barbela. Só com barbela as caimbas atuam como alavancas.

Há múltiplas variedades de freios. Quanto maiores forem as caimbas, mas delgado o bocado e mais acentuada a montada (Fig 50), mais violento é o freio. O freio mais doce é o Lhotte, sem montada e de caimbas curtas (Fig 51).

No freio-polo, as caimbas não são solidárias ao bocado. Ganha em doçura o que perde em precisão. No entanto, quando bem equilibrado tem uma ação de demostração muito útil para os cavalos que se apresentam com a maxila muito rígida (Fig 52).

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O freio Pelham (Fig 53) condensa num só ferro o bridão e o freio, à semelhança da nossa embocadura militar (Fig 54). É um bridão com caimbas e barbelas.

É uma embocadura doce, embora sem precisão, predispondo a uma colocação baixa e própria para uma equitação simples.

A focinheira faz parte da cabeçada e é destinada a impedir que o cavalo abra a boca para se subtrair ao efeito dos ferros (Figs 44 e 49).

A focinheira italiana, empregada nos

cavalos com esse hábito muito acentuado, atua abaixo do bridão, sem contudo dever prejudicar a sua respiração (Fig 55).

4) – Como complemento das embocaduras, indicam-se como as mais importantes violentamente constitui uma forma prática de os utilizar.

A gamarra fixa não obriga o cavalo a baixar a cabeça mas impede-o de a levantar (Fig 56), o que para os cavalos que invertem violentamente constitui uma forma prática de os utilizar.

Para evitar perda de movimentos ao pescoço, muitas vezes necessários em situações críticas como também para dificultar a báscula durante o salto, a gamarra fixa deve ser regulada de maneira a impedir unicamente que o cavalo quebre na sua inversão, atingindo a cara do cavaleiro.

A gamarra de argolas (Fig 57) amortece as ações de mão, corrigindo as que são feitas com a mão muito alta, siado a cabeça. No entanto, é de considerar que nem todos a aceitam da mesma maneira.

Deve ser regulada por forma a dar às rédeas a sua direção normal, nunca mais baixa do que a linha que liga a boca do cavalo à base do pescoço, com o cavalo à-vontade.

5) – Como acessórios importantes à utilização desportiva dos cavalos, indicam-se as caneleiras, protetores do boleto, ligaduras e cloches.

As caneleiras (Fig 58) protegem os membros das pancadas nos obstáculos e, especialmente, dos toques ocasionados pelas ferraduras dos outros pés, durante o ensino, o mesmo sucedendo com os protetores dos boletos (Fig 59) dos toques dados nesta região; as cloches protegem os talões anteriores das alcançadelas provocadas pelos posteriores na recepção do salto (Fig 60).

As ligaduras são também protetoras dos membros, especialmente das ações anteriores, excepção feitas às ligaduras de repouso (Fig 59)

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destinadas a ativar a circulação. Uma ligadura, qualquer que seja, deve começar por ser posta pela parte anterior e superior do membro, descer até abaixo e subir novamente até o ponto de partida, terminando na parte exterior por um atilho ou alfinete (Fig 61).

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