Investigar a relação de crianças e adolescentes com a ... · ESPM – Escola Superior de...
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Investigar a relação de crianças e adolescentes com a internet
numa perspetiva comparada
II Congresso Internacional Comunicação e Consumo ESPM – Escola Superior de Propaganda e Marketing
São Paulo, Brasil 15 de Outubro de 2012
Cristina Ponte - CIMJ/FCSH, Universidade Nova de Lisboa
Estrutura
Pensar o conceito de “nativo digital” à luz da divisão digital
A pesquisa sobre crianças e internet na Europa e no Brasil –
orientação
O país como unidade de análise – traços do contexto português
Confrontação de resultados do TIC Kids Online Brasil com resultados
portugueses e média europeia
- Acesso, recursos, frequência, atividades, habilidades, redes
Implicações para políticas de inclusão e de participação
Cristina Ponte, ESPM, 2012
“Nativos digitais”?
Cristina Ponte, ESPM, 2012
Dimensões
que fazem diferença digital
Meios técnicos (como se acede)
Autonomia do uso – privacidade (onde se acede)
Frequência do acesso, quantidade do uso
Usos e atividades – amplitude do leque; “escada de
oportunidades” (de usos básicos a usos criativos, participativos)
Redes sociais de apoio (família, professores, amigos…)
Habilidades, competências (saber fazer; reconhecer o que se sabe
e o que não se sabe)
DiMaggio, Hargittai e outros, 2001; Livingstone e Helsper, 2007; Hobbs, 2010
Cristina Ponte, ESPM, 2012
Pesquisando usos e riscos online
na Europa e no mundo 25 países europeus + Rússia, Austrália,
Brasil
Amostra aleatória estratificada
Europa: 1000 crianças 9-16, por país,
Brasil: 1580
Entrevistas face a face, em casa
Módulo de auto-preenchimento para
‘questões sensíveis’
Dados dos pais ‘emparelhados’ com os
das crianças
Comparação directa entre países
Validação através de pré-teste e teste
cognitivo
Trabalho de terreno: 2010; 2012 no
Brasil
Rússia
Austrália Brasil Cristina, 2012
Uso Actividades
Factores
de
risco
Dano
ou
lidar
UTILIZADOR INDIVIDUAL
MEDIAÇÃO SOCIAL
CONTEXTO NACIONAL
Pais Escola Pares
Criança como unidade de análise
País como unidade de análise
Demográfico
Psicológico
Valores
Culturais
Estratificação
sócio-económica
Moldura de
regulação
Sistema
de
educação
Infra-estrutura
tecnológica
Cristina Ponte, ESPM, 2012
Portugal:
O país como unidade de análise
• Tardia chegada a consumo ligados ao lazer, nos anos 1990.
• Televisão lidera para finalidades informacionais, de entretenimento e de companhia.
• Tecnologias digitais orientadas para o lazer, a comunicação e a informação a la carte marcam crianças e jovens adultos;
• Baixo acesso e uso destes meios nas gerações mais velhas
Em 2009: Usa internet : 39%; Não usa: 61% -“falta de interesse ou não sentir necessidade ” (40%) - “Não saber como a usar” (26%) Em 2012 Usa internet: 49%; Não usa: 47%; Deixou de usar – 4% Cardoso e Espanha, OBERCOM, 2009 e 2012 Cristina Ponte, ESPM, 2012
Programa Ligar Portugal, 2005-2009
• Programa Tecnológico para a
Educação
• “Colocar Portugal entre os
cinco países europeus mais
avançados em matéria de
modernização tecnológica das
escolas até 2010”
• e-Escolas, e-Professor, e-
Oportunidades e e-Escolinha
• Grande adesão, sobretudo
entre famílias com menos
recursos – 1.6 milhões de
portáteis (400 mil Magalhães)
distribuídos até fins de 2010
• Rede de Espaços Internet
• “Acesso público gratuito em
banda larga, com
acompanhamento por
monitores especializados”
Cristina Ponte, ESPM, 2012
Indicador Valor de
Portugal
Valor líder e país Posição
Networked Readiness Index 0,44 0,55 (Dinamarca) 14º
Digital Opportunity Index 0,61 0,76 (Dinamarca) 15º
ICT Development Index 0,54 0,75 (Suécia) 16º
Computer Skills Index 0,36 0,64 (Dinamarca e
Irlanda)
17º
Internet Skills Index 0,26 0,62 (Dinamarca) 18º
Uso da internet pelo menos uma
vez por semana (população geral)
42% 88% (Holanda) 20º
Penetração da banda larga nos lares 46% 78% (Noruega) 20º
Lares com computador 59% 92% (Holanda) 20º
Fonte: Projecto EU Kids Online, 2010
Portugal nos indicadores sobre acesso
e uso digital em 25 países europeus
Cristina Ponte, ESPM, 2012
Espaços digitais ligados a bibliotecas e a centros juvenis podem
constituir “arenas importantes para um uso não-restritivo ou menos
restritivo do que o da escola e mesmo de alguns lares” (Wold, 2010)
-“Na escola só deixam pesquisar”.
- “Na minha escola não me deixam utilizar computadores”.
“Em minha casa ninguém usa Internet, nem mesmo eu,
porque os meus pais não querem, dizem que é perigosa
mas eu acho que não. Tem que se ter cuidado mas eu sei usar.
Não se fala com ninguém a não ser com os amigos da escola
e só se adicionam pessoas que se conhecem.
Não tenho morada nem escola no meu Facebook,
mas os meus pais não gostam da Internet na mesma.
Só uso na escola e nas bibliotecas”. (11 anos)
Acessos em espaços fora de casa
Cristina Ponte, ESPM, 2012
TIC Kids Online Brasil
Primeiras leituras comparadas
Brasil, Portugal e média europeia
Acesso, recursos e frequência do consumo
Cristina Ponte, ESPM, 2012
Contextos sociais e uso da internet
Europa, 2010:
- Mais de 50% da população
usava a internet em 19 dos 25
países
- Crianças e adolescentes: 4 países
abaixo de 70%, 14 países acima de
90% (países do norte e do leste)
- Portugal: 78% (Fonte: Eurostat)
Estatuto socioeconómico revelado
no inquérito EU Kids Online
Brasil, 2011:
Cerca de 45% da população usa
internet.
- Cerca de dois em três
adolescentes e 52% das crianças
de 10 anos acedem à internet.
- Entre os 5 e os 9 anos, 24%
acede à internet
- Internet nos lares por classe
social:
A – 96% B – 76%
C – 35% DE – 5%
Fonte: Cetic.br
Estatuto Europa %
Portugal %
ESE alto 34 15
ESE médio 42 32
ESE baixo 19 53 Cristina Ponte, ESPM, 2012
TIC Kids Online Brasil
Comparando locais de acesso
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Na escola
Em casa, num espaço comum
Em casa de familiares
Num cibercafé/lanhouse
Em casa de amigos
Em casa, no quarto
Na rua, pelo celular/em movimento
Numa biblioteca pública ou noutro local público
Europa
Portugal
Brasil
2010 e 2012
Cristina Ponte, ESPM, 2012
TIC Kids Online Brasil
Locais de acesso por classe social
0
10
20
30
40
50
60
70
AB C DE Cristina Ponte, ESPM, 2012
TIC Kids Online Brasil
Comparando recursos para aceder
2010 e 2012 Cristina Ponte, ESPM, 2012
TIC Kids Online Brasil
Recursos por classe social
Cristina Ponte, ESPM, 2012
TIC Kids Online Brasil
Idade do 1º acesso; frequência
Média de idade do primeiro
acesso em 2010:
– Grécia: 11 anos
– Portugal: 10 anos
– Suécia, 7 anos;
Brasil, 2012: Primeiro acesso
abaixo dos 10 anos: 44%
Acima dos 11 anos: 31%
Uso frequente – 47%
AB – 66% (pais: 59%)
C – 45% (pais: 35%)
DE – 17% (pais: 8%)
BR BR
Cristina Ponte, ESPM, 2012
Síntese Parte 1
Quem acede e em que condições
Apesar do veloz crescimento na penetração da rede
na sociedade brasileira e da posição de liderança
de crianças e adolescentes,
registam-se acentuadas diferenças:
- um elevado número continua ainda digitalmente excluído;
- entre os que acedem à internet há uma diferença social
acentuada nas condições de acesso, nos recursos
e na intensidade da frequência.
Como é que estas diferenças influenciam os usos,
as atividades, as habilidades, as práticas de consumo?
Que estratégias de inclusão digital promover?
Cristina Ponte, ESPM, 2012
TIC Kids Online Brasil
Segundas leituras comparadas
Atividades, competências, redes sociais de apoio
Cristina Ponte, ESPM, 2012
Noviços (28,5%): uso pouco frequente e pouco diversificado, internet para procura de conteúdos.
Jovens networkers (12,1%): mais meninas, maior uso das redes sociais; internet para interação
Utilizadores moderados (23,5%): diversidade de atividades Exploradores de riscos (10,9%): mais meninos; maior exposição a situações de risco, procura de sensações fortes.
Jogadores intensivos (10,9%): mais meninos; mais tempo a jogar e a ver vídeos, baixo interesse por atividades escolares, notícias ou usos criativos.
Utilizadores experientes (14,2%): mais meninas, leque diversificado de atividades mas com desinteresse pelos jogos.
Perfis de utilizadores europeus
e consumos na rede
Cristina Ponte, ESPM, 2012
TIC Kids Online Brasil
Leque de atividades referidas
2010
e 2012
Cristina Ponte, ESPM, 2012
TIC Kids Online Brasil
Relação entre atividades e frequência
Cristina Ponte, ESPM, 2012
TIC Kids Online Brasil Competências declaradas
0 10 20 30 40 50 60 70
Comparar websites
Mudar preferências
Marcar nos Favoritos
Bloquear spam
Apagar registos
Mudar definições de privacidade
Encontrar informação sobre como usar a internet de forma segura
Europa
Brasil
2010
e 2012 Cristina Ponte, ESPM, 2012
TIC Kids Online Brasil
Ideias sobre competências e risco
Efeito 3ª pessoa
“É verdade que eu sei mais da internet do que os meus pais”
Pais brasileiros
72% considera que há coisas que podem incomodar os filhos
68% considera pouco ou nada provável que isso aconteça ao seu filho
nos próximos seis meses
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Brasil Portugal Europa
ESE elevado/AB
ESE médio/C
ESE baixo/DE
Cristina Ponte, ESPM, 2012
TIC Kids Online Brasil
Fontes de informação e aconselhamento
Fontes que usa Brasil - % Portugal - %
Televisão, rádio, jornais 52 32
Familiares e amigos 37 39
Escola do filho 28 28
Fabricantes e retalhistas 9 5
Sites com informação 8 12
Governo e autoridades locais 7 3
Não encontro informação 18 27
Fontes que gostaria de usar Brasil - % Portugal - %
Escola do filho 61 65
Televisão, rádio, jornais 57 49
Governo 30 26
Familiares e amigos 29 28 Cristina Ponte, ESPM, 2012
TIC Kids Online Brasil
Riscos online
Europa: Incidência reduzida da maior
parte dos riscos inquiridos
Em Portugal, apenas 7% das crianças e
jovens declarou ter ficado incomodado
por um ou mais riscos abordados,
para uma média europeia de 12%.
Brasil:
Proporção de crianças e
adolescentes que passou
por alguma situação
ofensiva ou que o chateou
nos últimos 12 meses
9- 10 anos: 14%
11-16 anos: 22%
Valores idênticos a Portugal
Vírus – 26%
Uso de senha pessoal por outro: 7%
Uso de informações pessoais – 4%
Perder dinheiro/ser enganado – 2%
Cristina Ponte, ESPM, 2012
Síntese:
práticas, habilidades, redes
- Aproximação em padrões das atividades mais e menos populares,
Ter em conta hiato temporal de dois anos (redes)
- Cultura transnacional, que diferenças
- Usos criativos e participativos
Destaca-se no Brasil a dissonância geracional,
crianças e adolescentes de diversas posições sociais não reconhecem
competências suficientes aos seus pais.
Pais brasileiros e portugueses – um comum efeito “3ª pessoa”,
denegação das práticas negativas de consumo da rede
Escola e mass media entre as principais fontes de informação
Que relação entre condições de acesso e práticas de consumo digital?
Cristina Ponte, ESPM, 2012
Implicações para políticas
de inclusão e participação digital
Atenção a:
-Ambiente social
-Ambiente tecnológico
- Práticas de infância
-Regimes de regulação
Algumas notas a partir destes resultados preliminares
no Brasil e da sua leitura comparada
Cristina Ponte, ESPM, 2012
Proteção, provisão, capacitação
Programa europeu Safer Internet - dos riscos relacionados com
conteúdos aos riscos relacionados com contatos e condutas.
Diversidade de respostas nacionais
Comparação internacional –
Fosso geracional – filhos que usam mais do que os pais, que entram
na rede cada vez mais cedo, em casa e por meios móveis
Fontes de informação e aconselhamento – evitar o alarme,
consciencializar - importância da mídia e do sistema educativo
Incentivo à produção de conteúdos de qualidade
Distinção entre risco e dano - proteger e capacitar para lidar com o
risco – literacia digital e informacional
Cristina Ponte, ESPM, 2012
Articulação entre intervenientes
Governos
Redes de consciencialização
Indústrias
Professores e educadores
Pais
Crianças e adolescentes
Cristina Ponte, ESPM, 2012
Obrigada!
Mais informação em:
www.eukidsonline.net
www.fcsh.unl.pt/eukidsonline
Cristina Ponte, ESPM, 2012