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Carlos Martins Nabeto

AINFALIBILIDADE PAPAL  

REFUTAÇÃO AO PSEUDO-STROSSMAYER

1ª ed i ção  2 0 0 8   

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Direitos Autorais do AutorNABETO, Carlos Martins. 1969-Infalibilidade Papal: Refutação ao Pseudo-Strossmayer.São Vicente: 2008

(1ª edição, 80 páginas)

Bibliografia.

1. Catolicismo; 2. Crença e dúvida; 3. Vida cristã; I. Nabeto,Carlos Martins; II. Título

CDD – 248.4248.482

Índices para Catálogo Sistemático:1. Fé : Perguntas e dúvidas : Vida cristã – 248.4

2. Católicos : Vida cristã : Prática religiosa – 248.482 

Capa: Sílvio L. Medeiros – [email protected]

+NIHI L OBSTATpe. Caetano Rizzi – Vigário JudicialSantos-SP, 30/01/2007.

+IMPRIMATUR

Conforme o cânon 827, §3, do Código de DireitoCanônico, autorizo a publicação desta obra.

+d. Jacyr F. BraidoBispo Diocesano de Santos25 de Setembro de 2008.

Copy r igh t © 2007 . Todos os d i re i tos reservados .Livre cópia e difusão via Internet, em forma EXCLUSIVA de e-book, desde que

reproduza o texto integral, sem quaisquer alterações, acréscimos, omissões ouinterpretações não autorizados, preservando-se sempre os direitos do Autor.Cópia do e-book original pode ser encontrada em http://www.veritatis.com.br.Proibida a reprodução e distribuição total ou parcial por material impresso esistemas gráficos, microfilmáticos, fotográficos, reprográficos, fonográficos evideográficos ou quaisquer outros sem a prévia autorização do Autor. Estasproibições aplicam-se, inclusive, às características gráficas da obra e à suaeditoração. A violação dos direitos autorais é punível como crime (art. 184 eparágrafos, do Código Penal, cf. Lei nº 6.895, de 17.12.1980), com pena deprisão e multa, conjuntamente com busca e apreensão e indenizações diversas(artigos 102, 103 parágrafo único, 104, 105, 106 e 107 itens 1, 2 e 3, da Leinº 9.610, de 19.06.1998 [Lei dos Direitos Autorais]). 

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 “Por que não entendeis a minha linguagem? Por nãopoderdes ouvir a minha palavra.Vós tendes por pai ao

diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai.Ele foihomicida desde o princípio, e não se firmou na verdade,porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira,

fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai damentira. Mas, porque vos digo a verdade, não me credes”  

(João 8,43-45) 

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Dedicatória

À Deus,à minha Família,aos irmãos de Apostolado

e a todos os meus leitores em geral. 

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ÍNDICE

PREFÁCIO...................................................................... 8 

INTRODUÇÃO................................................................. 10  CONVENÇÕES.................................................................12  TEXTO ORIGINAL / REFUTAÇÃO........................................ 14  CONCLUSÃO...................................................................73  PARA SE APROFUNDAR NO TEMA...................................... 75  

SOBRE O AUTOR

Carlos Martins Nabeto, casado e pai de dois filhos, nasceu em São

Vicente-SP, vindo de uma família de classe média: o pai comerciante ea mãe dona de casa.

Formado e pós-graduado em Ciência da Computação pela UniversidadeSanta Cecília dos Bandeirantes de Santos (Uniceb); formado em Direitopela Universidade Católica de Santos (UniSantos) e pós-graduado emDireito Processual Matrimonial Canônico pela Pontifícia UniversidadeCatólica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Trabalha como Analista deSistemas, Professor Universitário e Advogado.

Desde 1988 dedica-se ao estudo da Fé Cristã, tendo retornandoconscientemente ao seio da Igreja Católica em 1991. Fundador, em1997, do premiado site Agnus Dei, pioneiro na defesa da fé católica naInternet. Em 2002, juntamente com Alessandro Ricardo Lima, fundou oapostolado católico Veritatis Splendor (http://www.veritatis.com.br) -considerado hoje um dos maiores sites católicos em língua portuguesa- onde desde então, além das suas atribuições familiares e seculares,dedica-se à publicação e tradução de artigos referentes ao Cristianismoprimitivo e à defesa da Fé Católica nas questões mais difíceis. 

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PREFÁCIO

Como disse Karl Keating:

"Pegue um argumento anticatólico. Depois, procure o mesmo

tema em 'Catolicismo Romano'. Muito provavelmente aspalavras serão iguais, como que um simples plágio. No mundodo fanatismo religioso, parece que todos os caminhos levamao livro 'Catolicismo Romano'" (Karl Keating, "Catholicism andFundamentalism", pág. 29).

E Winston Churchill disse:

 “Uma mentira consegue estar já do outro lado do mundo antes

da verdade ter uma chance de colocar suas calças” .  “Catolicismo Romano” é um livro anti-catolicismo do escritorfundamentalista Loraine Boettner. Assim como consta neste livro,há muitas outras fontes protestantes mal-informadas que espalhamesta falsa informação. Infelizmente, o protestantismo, mormente obrasileiro, ainda continua propalando falsas informações e fraudescomo se fossem verdadeiras. Quem não se lembra daqueledocumento forjado pelos protestantes de três bispos católicosproibindo a leitura da Bíblia, onde certo site fundamentalista afirmaque este mesmo texto   “está em pelo menos 22 sites da web emportuguês” ? Quem não se lembra da “Doação de Constantino”? Das  “falsas decretais”? De “Alberto Rivera” e das mentiras escabrosasde seu mentor Jack Chick? De Maria Monk? De Charles Chiniquy?Das inomináveis mentiras inventadas por Alexander Hislop em seulivro  “As Duas Babilônias”? A lista pode ser maior, mas vou pararpor aqui.

Aí chegamos ao alegado “discurso do bispo Strossmayer”. Numbrilhante trabalho de refutação, o escritor Carlos Nabeto, doApostolado Veritatis Splendor - do qual tenho a honra de fazerparte - desmonta parte por parte o mau uso que o anticatolicismofaz deste discurso.

Freqüentemente, é dito nos círculos anti-católicos que o BispoStrossmayer fez um discurso no Primeiro Concílio Ecumênico doVaticano, no qual ele não só atacou a Infalibilidade Papal como atémesmo a primazia do Papa. Este discurso foi tido por muito tempo

como fraude, porém a prova para a natureza forjada destedocumento até agora só esteve disponível nas histórias do Primeiro

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Concílio do Vaticano, muitas das quais estão esgotadas ou nãotraduzidas em português. O autor, Carlos Nabeto, não só evidenciaa fraude citada, mas também faz um excelente trabalho emdefender a primazia do Papa, da Sucessão Apostólica e da cátedra

de Pedro.As fraudes anticatólicas são muitas, como citamos, e é nossotrabalho, como apologistas, demonstrarmos a evidência da falta debase destes engodos feitos para enganar os incautos. E Nabetoapresenta uma vigorosa e irresistível defesa apologética da fé cristãcontra os divulgadores desta mentira. Seu trabalho se junta ànobre lista de bons livros apologéticos católicos que vem em defesada Igreja contra seus detratores. Em vez de usarem seu tempo

para dialogarem com a Igreja ou ver se seus argumentos resistemao escrutínio, muitos protestantes acham mais cômodo usarem desubterfúgio de táticas desse tipo para deturparem a imagem daIgreja.

Jesus mesmo foi muito caluniado pelos fariseus, que inventavammentiras sobre Ele (Lucas 23,2.5) e seria natural que Sua Igreja,que é o Seu Corpo místico, também fosse. A Igreja, a doutrina, nãofalha, é infalível. Homens podem falhar, mas não a doutrina, que é

Cristo.Assim, espero que os protestantes bem intencionados, que não serendam à tentação de difamar a Igreja com mentiras, leiam este e-book e o divulguem. Com certeza, se ganha bem mais com averdade.

Marília-SP, 03 de novembro de 2008.

Emerson H. Oliveira

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 “Na Igreja, não poderíamos pensar em saltar, por assimdizer, por cima dos séculos e ligar-nos imediatamente

com a Bíblia. (...) É isto o que fez o Biblicismo, rejeitando

clamorosamente o Símbolo de Nicéia, a Escolástica, osPadres da Igreja, as Confissões de Fé, para ater-se ‘unicamente à Bíblia’... Ora, coisa estranha: este

procedimento tem levado SEMPRE a uma teologia muito ‘moderna’. Estes biblicistas decididos partilhavam da

filosofia de seu tempo; encontraram na Bíblia suaspróprias idéias; libertaram-se dos dogmas da Igreja, mas

não de seus dogmas e de suas concepções próprias” 

(Henri de Lubac).

INTRODUÇÃO

Está novamente circulando na Internet o texto de um velhodiscurso falsamente atribuído ao bispo católico Josip JurajStrossmayer (1815-1905) que durante o Concílio Vaticano I (1870)se opôs à conveniência da definição do dogma da infalibilidadepapal.

O texto transmitido pela Internet, porém, quer contestar nãoapenas a infalibilidade do Papa como a própria validade do papado.

Recentemente, nosso Apostolado publicou a refutação histórica dofato em si (http://www.veritatis.com.br/article/3133), demons-trando que tal discurso contra o papado, com tão duros ataques erepreensões, nunca foi em momento algum proferido porStrossmayer; conclui-se daí sua autoria espúria1.

Com efeito, o falsário modificou o discurso de Strossmayerproferido aos 02.06.1870 e o transformou em um infeliz panfletocontra o Papa. Tal obra causou surpresa e celeuma na época, masteve fim definitivo quando o verdadeiro autor confessou o seulamentável ato2.

1 Para ser mais exato, o texto do “discurso” é oriundo da mão de José Agustín de Escudero,ex-monge agostiniano que apostatou da fé católica para unir-se posteriormente a

protestantes, maçons e carbonários. 2 A carta que revela a origem deste discurso apócrifo encontra-se até hoje conservada nosarquivos da Diocese de Djakovo, na Croácia. 

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Cabe observar que os discursos de Strossmayer proferidos noVaticano I encontram-se apenas em latim e croata, de maneira quea figura deste bispo passou descaracterizada à posterioridade pelamaliciosa divulgação do falso “discurso” a ele atribuído, que pouco

depois de 1871 foi traduzido para diversas outras línguas.Tendo agora nosso Apostolado recebido a noticia de que ainda épossível encontrar na Internet sites que veiculam o texto integraldo falso discurso, chegou a hora de apreciá-lo e refutá-lo porinteiro, parágrafo por parágrafo...

Com isto, não apenas voltamos a chamar à atenção para o fato deque o referido discurso não passa de uma FRAUDE (isto é, nunca foipronunciado por qualquer bispo católico que seja, inclusiveStrossmayer), como também queremos prestar um serviço àVerdade, uma vez que o CONTEÚDO do texto tem nítida inspiraçãoprotestante3, podendo enganar os leitores mais incautos.

O Autor

OBSERVAÇÃO

O Autor disponibiliza a presente obra GRATUITAMENTE na Internet,favorecendo a difusão da verdade e o fomento da literatura apologética

católica.

Por esse motivo, se este e-book foi de alguma forma útil para você,considere contribuir com QUALQUER VALOR que o seu coração ordenar,efetivando depósito bancário em favor do Autor na seguinte conta-corrente:

BANCO 033 – Santander/BanespaAgência 0123 – Conta nº 01.029678-5

Sua doação favorecerá novas pesquisas para a abordagem de outrostemas polêmicos e/ou de interesse do todo povo cristão. 

3 De fato, Escudero chegou a aderir ao protestantismo.

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CONVENÇÕES

Por se tratar de um artigo apologético, adotaremos aqui algumasconvenções.

Conforme nos foi comunicado, o texto do falso discurso pode serencontrado na Internet sob duas distribuições, ambas sobpatrocínio protestante:

1. Na forma de arquivo “.html”, como página de um site pertencente a certa denominação presbiteriana (tradiçãocalvinista);

2. Na forma de e-book “.pdf”, como arquivo para download em

um site que, pelo teor de outros e-books ali existentes,pertence a uma editora que se inspira nas “doutrinas” dodenominado “Evangelho Quadrangular” (tradição neo-pentescostal).

Embora se trate do mesmíssimo discurso (com uma ou outradiferença de pontuação, quebra dos parágrafos, correções eomissões), convém observar que as duas distribuições acrescentamalguns poucos comentários e (des)informações. Em razão disso,

aproveitaremos a oportunidade para refutá-las também, emconjunto com o pseudo-discurso, sempre que houver algum desvioem relação à verdade.

Para facilitar a nossa tarefa, mesclaremos as duas distribuições emum só texto corrido, deixando os comentários e as “informações” dos autores protestantes nos mesmíssimos lugares em que seencontram ao longo do discurso transmitido.

Como é de nosso costume, apresentaremos os textos originais

(discurso, comentários e “informações”) em AZUL. Nossa refutaçãoseguirá sempre em PRETO, com pequeno aumento de recuo.

Tendo em vista a mesclagem dos textos a que nos referimos acima,mas visando deixar bem claro de onde provém cada texto refutado,faz-se ainda necessário adotar o seguinte padrão:

•  “Texto em itálico” - trata-se do texto do discurso falsamenteatribuído a Strossmayer;

• [Distro-1] – corresponde ao comentário/”informação”/

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variante fornecido pelo autor da distribuição nº 1 (texto em “.html”);

• [Distro-2] - corresponde ao comentário/”informação”/

variante fornecido pelo autor da distribuição nº 2 (e-bookem “.pdf”).

Também para facilitar a remissão a outros pontos de nossarefutação, resolvemos numerar cada um dos parágrafos e grifar nodiscurso os pontos polêmicos ou contraditórios, que jamais seriampronunciados por um legítimo bispo católico.

Para as citações bíblicas, usaremos a Bíblia versão de Almeida,Corrigida e Fiel (ACF) - não porque a consideremos melhor que as

edições católicas4, mas simplesmente porque seu texto detémautoridade literal para os protestantes mais fundamentalistas,mesmo quando sua tradução deixar a desejar.

Em adição, não “perderemos tempo” para averiguar se todos osinúmeros prelados citados ao longo do discurso existiram de fato ounão, já que isto não influencia no teor das nossas refutações. Maspodemos dizer que os principais bispos que apoiavam a definiçãodesse dogma eram: Manning de Westminster, Dechamps de

Malines, Senestrey de Ratisbona e Pie de Poitiers; de outro lado,contrários à definição, citamos: Rauscher de Viena, Schwarzenbergde Praga, Simor da Hungria, Dupanloup de Orleans, Ketteler daMogúncia, Strossmayer de Kajovo e os historiadores Hefele deRottenburg e Döllinger de Munique. Destes, estranhamente, sóManning e Dupanloup são expressamente citados durante o “discurso”...

Isto posto, passemos à crítica do suposto “discurso”...

4 Cremos que, atualmente, a melhor tradução das Sagradas Escrituras é a “Bíblia deJerusalém” [ed. Paulus]. 

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TEXTO ORIGINAL / REFUTAÇÃO

§1

§2§3

§4

[Distro-1/Distro-2] Infalibilidade Papal• O título de ambas as distribuições é

exatamente o mesmo: “Infalibilidade Papal”,diferenciando-se assim do título original5 queseria “Papa e Vangelo, da um vescovo delconcilio vaticano” (=“Papa e Evangelho, porum bispo do Concílio Vaticano”). O autor dodiscurso e os comentaristas das distribuiçõesprotestantes pretendem negar o papado eapresentar os erros pessoais cometidos pelospapas no decorrer dos séculos. Contudo, como

se verá, o autor do panfleto e os comentaristasde cada distribuição não conhecem exatamentea matéria de que tratam... 

[Distro-1] por Bispo Strossmayer[Distro-2] Discurso de um bispo Apostólico

• A Distribuição nº 1 cita tão somente o nome dobispo a quem o discurso é falsamenteatribuído. Vale recordar que a autoria do

discurso – que NUNCA foi pronunciado por umbispo católico sequer – cabe ao apóstata JoséAgustín de Escudero (ver Nota 1). ADistribuição nº 2, considerando o fato de sepropagar por e-book, tenta ser um pouco maisexplícita, atribuindo o (falso) discurso a um  “bispo Apostólico”; porém, comete aqui umaimprecisão, pois o certo seria dizer “bispocatólico”. 

[Distro-2] “Maldito o homem que confia no homem, efaz da carne o seu braço, e aparta o seu coração doSenhor” (Jeremias 17:5).

• Texto bíblico claramente citado em tomanticatólico, visando ligar o título da “obra” com o conteúdo do discurso. Soa como algo dotipo: “Como é possível confiar no Papa se ele

também é humano? Até mesmo um bispo5 Ver nota 1. 

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§5

católico chamou a atenção para isso!”.Considerando, porém, que o discurso énotoriamente FALSO, este versículo deJeremias curiosamente acaba se voltando

  justamente contra aqueles que divulgam talmentira. Como confiar nas pessoas quepropagam como verdadeiro um discursoHISTORICAMENTE falso? E sabendo que suasigrejas – ao contrário da Igreja Católica –foram HISTORICAMENTE fundadas porhomens, seria possível confiar nelas e em suasdoutrinas claramente humanas e curiosamenteanticatólicas? Por isso podemos ainda

acrescentar contra estes o seguinte versículobíblico, oriundo do 1º Papa, São Pedro:  “Entrevós haverá também falsos doutores, queintroduzirão encobertamente heresias deperdição” (2Pedro 2,1). 

[Distro-2] Em 1870, no Concílio Vaticano I, foiaprovada a infalibilidade papal, por 533 dos 535presentes (cerca de 100 bispos e prelados com direitoa voto não compareceram.

• A expressão “não compareceram” induz o leitora pensar que esses bispos e prelados faltaram  jocosa e deliberadamente à Assembléia. Naverdade, todos eles pediram autorização aoPapa para deixarem Roma, sob a alegação deque se sentiam ameaçados pela proximidadeda guerra franco-prussiana. A autorização foi

concedida por Pio IX, que não quis obrigarninguém a permanecer fora de suasrespectivas dioceses diante de tais ameaças(atitude pastoral). De fato, a guerra foideflagrada em 19.07.1870 – 1 (um) dia após aaprovação solene do dogma – acarretandoinúmeras dificuldades para os prelados quetinham resolvido permanecer em Roma e

6 Ao contrário do que atribuía a Santa Igreja: esta infalibilidade é relativa à fé e moral einerente ao cargo do Romano Pontífice, quando se pronuncia ex cathedra. 

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§6

§7

inviabilizando o prosseguimento normal doConcílio. Seja como for, a atitude desses bisposque deixaram Roma antes da votação éentendida como um sinal de prévia deferência

à decisão que seria tomada no Concílio. 

[Distro-2] Um dos que votaram contra foi Josip JuraiStrossmayer (1815-1905), prelado croata e bispo deDjacovo (1849), um dos grandes estimuladores domovimento iugoslavo, fundador em 1874 daUniversidade de Zagreb.

• Isto não corresponde à realidade histórica, poisStrossmayer, ante as ameaças de guerra, se

retirou de Roma, com autorização do Papa PioIX, em 13.07.1870. A definição do dogma,porém, ocorreu cinco dias depois, isto é, em18.07.1870. Logo, Strossmayer não seria umdos dois votos contrários que foram apuradoscontra a definição da infalibilidade pontifícia.Vale recordar, outrossim, que a infalibilidadedo Papa não é pessoal nem absoluta. Comrelação aos dois votos contrários apurados,esclarece o estudioso do Concílio Vaticano I,Giuseppe Alberigo, que talvez tenham sidofruto de algum mal-entendido. 

[Distro-2] Neste concílio ele pronunciou o seguintediscurso, opondo-se corajosamente à infalibilidadepapal:

• Durante o Concílio Vaticano I, Strossmayer

pronunciou cinco discursos, discorrendo sobreos temas propostos às deliberações comuns.Apenas o último discurso, de 02.06.1870,versou sobre a infalibilidade do RomanoPontífice encarada de maneira absoluta epessoal6. Foi o mais longo de todos, durandocerca de duas horas; mesmo assim, foi ouvidoserenamente pela assembléia. Em seudiscurso, Strossmayer acentuou as dificuldades

que a definição desse dogma acarretaria para oretorno dos cristãos separados de Roma. Nada,

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§8

§9

pois, tem a ver com o discurso reproduzido aseguir, que lhe é falsamente atribuído, além depoder ser lido em tempo bem inferior a duashoras...

 “Veneráveis padres e irmãos:Não sem temor, porém com uma consciência livre etranqüila, ante Deus que nos julga, tomo a palavranesta augusta assembléia. Prestei toda a minhaatenção aos discursos que se pronunciaram nestasala, e anse io po r um ra io de luz que , descendo  d e c ima , i l u m in e a m in h a i n t e l i g ê n c ia   e mepermita votar os cânones deste Concílio Ecumênico,

com perfeito conhecimento de causa.• Este primeiro parágrafo já depõe contra a

autenticidade de todo o discurso porque põe noslábios de Strossmayer a heresia protestante deque todo fiel pode ser diretamente guiado porDeus nas coisas da fé; ocorre que tão somente aIgreja, Mãe e Mestra, é a coluna e fundamentoda Verdade (cf. 1Timóteo 3,15). Mas ainda quetivesse pronunciado tais palavras, não teria oque temer, pois como católico que era, sabiamuito bem que as definições dogmáticas daqueleConcílio Ecumênico legitimamente reunido,depois de aprovadas pelo Papa, tambémgozariam de infalibilidade; com efeito, se oConcílio definisse – como de fato definiu – que oPapa era infalível nas questões de fé e moral,teria a certeza de que realmente o era.

Compenetrado da minha responsabilidade, pela qualDeus me pedirá contas, e s tu d e i c o m a ma i s  esc rupu losa a tenção os esc r i t os do An t igo e do  Novo Tes tamen to , e i n te r rogue i esses  v e n e rá v e i s mo n u me n to s d a V e rd a d e  : se opontífice que preside aqui é verdadeiramente osucessor de São Pedro, vigário do Cristo e infalíveldoutor da Igreja.

• Outra clara demonstração da inautenticidade dodiscurso: o orador apela tacitamente para a

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  heresia protestante da   “Sola Scriptura”  (=”apenas a Bíblia”), esquecendo-se que aPalavra de Deus tem origem em duas fontes: apalavra oral (“Sagrada Tradição”) e a palavra

escrita (“Sagrada Escritura”). Ora, a própriaBíblia descarta a Sola Scriptura, pois emnenhuma parte afirma que só ela, e apenas ela,é a única regra de fé para o cristão. Ora, asucessão apostólica é logicamente depreendidada própria Bíblia: Jesus ordenou aos Doze quepregassem o Seu Evangelho a toda terra (cf.Marcos 16,15; Atos 1,8) e prometeu que estariacom eles até o fim do mundo (cf. Mateus 28,20).

É evidente que os Apóstolos sabiam que eramapenas doze e que logo iriam morrer (cf. João21,19) e, em razão disso, constituíram bispos epresbíteros para suceder-lhes (cf. Atos 20,28;1Timóteo 1,3; Tito 1,5-9), mediante a imposiçãodas mãos (=sacramento da ordem), cf. 1Timóteo4,14; 5,22; 2Timóteo 1,6 e Tito 1,5. Os Papassão sucessores de São Pedro, como demonstraSanto Ireneu de Lião (+202) que, logo no finaldo século II, se encarregou de nos fornecer, emsua obra “Contra as Heresias” (livro 3, capítulo3), uma relação nominal de todos os sucessoresde Pedro na cátedra de Roma (=Papas) até o seutempo. Tal lista vem sendo atualizada até hoje,de forma que é impossível negar a sucessãoapostólica como um fato histórico (até mesmo osprotestantes anglicanos reconhecem isto).

Também corretamente dizemos que o Papa é “ovigário de Cristo” na terra porque: [1] EmboraCristo seja “o Supremo Pastor” no céu (cf.1Pedro, 5,4; ver tb. João 10,11; Hebreus 13,20),na terra o Seu Único Rebanho foi confiado aPedro (cf. João 21,15); [2] Embora Cristodetenha no céu a “Chave de Davi”, que abre eninguém pode fechar e que fecha e ninguémpode abrir (cf. Apocalipse 3,7), na terra Pedro

recebeu a suprema “autoridade das chaves” (cf.Mateus 16,19); e [3] Embora Cristo seja a

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§10

§11

 “pedra angular” no céu (cf. 1Pedro 2,4-8; ver tb.Mateus 21,42-44; Atos 4,11; 1Coríntios 3,11;Efésios 2,20-22), na terra Pedro foi constituídocomo “pedra” visível para a edificação da Igreja

cristã. 

Transportei-me aos tempos em que ainda nãoexistiam o ultramontanismo[1] nem o galicanismo[2],em que a Igreja tinha por doutores: São Paulo, SãoPedro, São Tiago e São João, aos quais não se podenegar a autoridade divina, sem pôr em dúvida o que asan ta B íb l ia que o Conc í l io de Tren to p roc lamou com o a reg r a da Fé e da Mora l  .

•   “...proclamou como A regra da Fé e da Moral” (grifo nosso): repare-se na expressão o empregodo artigo definido feminino. Novamente, o autordo discurso apela para a Sola Scriptura, omitindopropositalmente o fato de que o Concílio deTrento professou a antiqüíssima doutrina dadupla fonte da Palavra de Deus: Bíblia eTradição. O desfilar de idéias protestantes aolongo do discurso explica bem não só a suaverdadeira origem como também o fato de serespecialmente propagado por livros e sitesprotestantes... Ver Introdução e §84. 

Abr i essas sagradas pág inas e sou obr igado a  d i ze r -vos : nada encon t re i   que sancione, próximaou remotamente, a opinião dos ultramontanos! E ma io r é a m inha su rp resa quando , naque les  

tempos apos tó l i cos , nada há que fa le de papa  para sucessor de S . Pedro e v igár io de Jesus  Cr is to  !

• Nova referência à Sola Scriptura. Aqui se fazuma breve referência a outra calúnia muitodifundida nos meios protestantes: a de que oscatólicos eram proibidos de ler a Bíblia. Comefeito, o verdadeiro autor deste discurso apócrifoque, continuamente apela para a Sola Scriptura 

(§§ 9 e 10), agora quer criar um Strossmayer  “maravilhado” pelas “descobertas” de suas

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§12

§13

leituras particulares da Bíblia (=heresia do livreexame)... Observe-se, ainda, que o foco daacusação também se move da “infalibilidadepapal” para a própria “instituição do papado”.

Ver §12. 

Vós, Monsenho r Mann ing  , direis que blasfemo; vósMonsenhor Pio, direis que estou demente! Não,Monsenhores; não blasfemo nem perdi o juízo! Tendo l i d o t o d o o N o v o T es ta m e n to  , declaro, ante Deus ecom a mão sobre o crucifixo, que n e n h u m v e s t í g i o  encon t r e i do papado  .

• O autor continua a atacar o papado mediante a

Sola Scriptura, se afastando do tema central, ouseja, a infalibilidade pontifícia. Tal tática,conhecida como “metralhadora giratória” semprefoi e continua sendo usada no mundo protestantepara confundir os católicos menos instruídos nafé. Manning, arcebispo de Westminster, foi umdos maiores defensores da definição dainfalibilidade papal, chegando a expedir umacarta pastoral a esse respeito. Ver §52. 

Não me recuseis a vossa atenção, meus veneráveisirmãos! Com os vossos sussur ros e in te r rupções    justificais os que dizem, como o padre Jacinto, queeste Concílio não é livre; se assim for, tende em vistaque esta augusta assembléia, que prende a atençãode todo o mundo, cairá no mais terrível descrédito.Agradeço a Sua Exce lênc ia , o Monsenhor  

Dupan loup  , o sinal de aprovação que me faz com acabeça; isso me alenta e anima prosseguir. Lendo,po is os san tos l i v r os , não encon t r e i ne les um só  cap í tu lo , um só vers ícu lo que dê a São Pedro a  che f ia sobre os Após to los  .

• Note-se que, contrariamente ao que está escritoaqui, a primeira interrupção identificada nodiscurso só aparece no §21. Constata-se, assim,que as constantes interrupções apontadas no

decorrer do discurso (§§ 21, 23, 28, 50, 63, 70,72 e 73) só foram imaginadas e inseridas pelo

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§14

verdadeiro autor do “discurso” em algummomento posterior a este parágrafo. Quanto àchefia dos Apóstolos, a Bíblia é clara em apontarque foi confiada a Pedro:  “E, chegando Jesus às

partes de Cesaréia de Filipe, interrogou os seusdiscípulos, dizendo: ‘Quem dizem os homens sero Filho do homem?’ (...) E Simão Pedro,respondendo, disse: ‘Tu és o Cristo, o Filho doDeus vivo’ E Jesus, respondendo, disse-LHE:  ‘Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porqueto não revelou a carne e o sangue, mas MEU PAI,que está no céu. Pois também eu te digo que TUÉS PEDRO, e sobre ESTA PEDRA edificarei a

minha igreja, e as portas do inferno nãoprevalecerão contra ela; e eu te darei as CHAVESdo reino dos céus; e tudo o que ligares na terraserá ligado nos céus, e tudo o que desligares naterra será desligado nos céus’”  (Mateus16,13.16-19); ver tb. §14. O autor do discurso,porém, tentará refutar – sem sucesso - algunsdesses versículos, inclusive a célebre passagemde Mateus 16,16-18 (§38). Apreciaremos suasrefutações em seus devidos momentos nodecorrer deste pseudo-discurso. No que concernea Dupanloup, bispo de Orleans, na França, era detendência Galicana; por isso, pelo menos emtese, apoiaria a atitude anti-infalibilista deStrossmayer, mas não nos termos declarados nopresente “discurso”. Ver §§ 52 e 81. 

Não só o Cristo nada disse sobre esse ponto, como, aocontrário, prometeu tronos a todos os Apóstolos(Mateus, cap. 19, v. 28), sem d izer q ue o de Ped ro  se r ia o ma is e levado que os dos ou t ros ! Que  d i remos do seu s i l ênc io?   A lógica nos ensina aconcluir que o Cristo nunca pensou em elevar Pedro àchefia do Colégio Apostólico.

• Interessante como o autor do falso discursoesquece-se de citar três atos importantes de

Cristo, que contradizem frontalmente a suaafirmação: (1) Mateus 16,16-19 - Jesus QUIS

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§15

entregar a Pedro, e SOMENTE a ele, as CHAVESdo Reino (é importante apontar que nenhumoutro Apóstolo recebeu tais chaves; segundo aBíblia, as chaves simbolizam a autoridade [cf.

Isaías 22,22; Apocalipse 1,18; 3,7]); (2) Lucas22,31-32 – Cristo confiou a Pedro, e SOMENTE aele, a missão de CONFIRMAR NA FÉ os seusirmãos (o dom da reta fé é , pois, entregue aPedro); (3) João 21,15-17 – Cristo constituiuPedro, e SOMENTE PEDRO, Pastor de seu ÚNICOrebanho, cf. João 10,16 (note-se que Jesus nãolegou uma parte do rebanho a Pedro, deixandooutros quinhões para os demais onze Apóstolos;

ao contrário, correspondeu a Pedro TODO OREBANHO, de forma indivisível e originária).Embora Pedro seja da MESMA ORDEM dosdemais Apóstolos (=o Papa é bispo assim comoos demais), possui uma JURISDIÇÃO SUPERIOR(=apascenta TODO o rebanho cristão). 

Quando Cristo enviou os seus discípulos a conquistaro mundo, a todos — igualmente — fez a promessa doEspírito Santo. Dizem as Sant as Escr i t u r as que a té  p ro ib iu a Ped ro e a seus co legas de re ina rem ou  e x e rce re m s en h o r i o  (Lucas 22,25-26).

• Leiamos atentamente o que diz a Bíblia:  “Ehouve também entre eles (=os Apóstolos)contenda, sobre qual deles PARECIA ser o maior.E Ele (=Jesus) lhes disse: ‘Os reis dos gentiosdominam sobre eles, e os que têm autoridade

sobre eles são chamados benfeitores. Mas nãosereis vós assim; antes O MAIOR ENTRE VÓSseja como o menor; e quem GOVERNA comoquem serve. Pois qual é maior: quem está àmesa ou quem serve? Porventura não é quemestá à mesa? Eu, porém, entre vós sou comoaquele que serve. E vós sois os que tendespermanecido comigo nas minhas tentações’. (...)Disse também o Senhor [a Pedro]: ‘Simão,

Simão, eis que Satanás vos pediu para voscirandar como trigo. Mas EU ROGUEI POR TI,

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§16

PARA QUE A TUA FÉ NÃO DESFALEÇA. E tu,quando te converteres, CONFIRMA TEUSIRMÃOS” (Lucas 22,24-28.31-32; grifos nossos).Repare-se que Jesus não proíbe nem exclui o

exercício da autoridade dentro da Sua Igreja (vertb. Mateus 10,40; Lucas 10,16). Na verdade,Cristo oferece aqui uma bela lição de humildadeaos Doze: os ministros da Igreja têm a função deservir ao Povo e o exercício da autoridade dentroda Igreja não pode se confundir com um poderarbitrário. E Jesus completa a lição dando aPedro a missão de CONFIRMAR os seus irmãosde fé; como já adiantara Mateus (16,19), Pedro

– e mais ninguém - receberia do Senhor aschaves do Reino. Resta agora claro que o “poderdas chaves” estará sempre a serviço de Deus,podendo o Papa ser naturalmente chamado  “servo dos servos de Deus”. Em complemento,podemos afirmar que o exercício da autoridadedentro da Igreja é reconhecida pelo próprioCristo, como lemos em Mateus 18,17-18.

Se Pedro fosse eleito papa Jesus não diria isso,porque, segundo a nossa tradição, o papado tem uma espada em cada mão , s imbo l i zando os  pode res esp i r i t ua l e tem pora l  .

• Alusão à teoria jurídica dos “dois poderes”. Asrelações entre Igreja e Estado sempre foramprecárias. São inumeráveis as perseguiçõessofridas pelo povo cristão registradas desde a

fundação da Igreja; não poucos foram osmártires (inclusive em nossos dias), vítimas dedesumanas perseguições em muitos reinos epaíses. Mesmos nos países que “parecem” dealgum modo favorecer a Igreja, não raro osgovernantes querem se envolver em assuntos dealçada religiosa, nomeando bispos, favorecendohereges, exigindo submissão da Igreja ao regimepolítico, obrigando os cidadãos a observarem

certa doutrina religiosa etc. Ora, da mesmaforma como antes de Constantino os cristãos e a

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  hierarquia da Igreja resistiram legitimamente aopoder imperial perseguidor (cf. Mateus 14,6-12;22,21; Marcos 6,18; Lucas, 13,31-32; Atos 4,19;5,29), sob Constantino e após ele, a resistência

continuou sempre que os líderes políticos seenvolveram ilegitimamente nos assuntosespirituais. Assim, escreveu o Papa São Gelásio I(492-496):   “Porquanto Cristo, conhecendo afraqueza humana, numa disposição grandiosa,em vista da salvação dos seus, separou asesferas de competência de ambos os poderes emcampos de atividade AUTÔNOMOS e dignidadeBEM DISTINTA, devem os imperadores

CRISTÃOS subordinar-se aos bispos EMASSUNTOS DA PRÓPRIA SALVAÇÃO ETERNA,devendo os bispos, por sua vez, CONFORMAR-SECOM AS DETERMINAÇÕES IMPERIAIS NOÂMBITO DO DOMÍNIO TERRENO. O múnusespiritual deverá manter distância de todas ascoisas mundanas e, em contrapartida, aqueleque se ocupa das coisas temporais deveráabster-se da pretensão de querer dispor sobre asdivinas. Com isso, fica resguardada aAUTODETERMINAÇÃO DAS DUAS ORDENS DEPODER. Nem uma nem outra haverá de afirmarcom orgulho ser dona de ambas ascompetências; e ambas se conformarão com aesfera de ação que lhes é própria”  (Carta aoImperador Anastácio). Tais palavras em nadaofendem a doutrina cristã, eis que razoáveis e

equilibradas. Assim, em um regime político deCRISTANDADE – que vigorou na Europa durantetoda a Idade Média -, não seria mesmo de seestranhar que foi reconhecido ao Papa o poderde depor imperadores e julgar o poder secular, jáque o poder espiritual, embora de outracompetência, é dignamente superior por sereportar diretamente a Deus (a salvação dasalmas é sempre prioritária, cf. Mateus 10,28).

Ver tb. a citação de São Cirilo (+444) no §38.São Pedro, evidentemente, não pôde escrever

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§17

isso porque, vivendo em tempo e circunstânciasbem delimitados, enquanto vivo nutria aesperança de que as perseguições imperiais logocessassem (mesmo assim, prudentemente, para

despistar as autoridades romanas perseguidoras,escreveu sua 1ª Epístola usando o codinome  “Babilônia” para indicar Roma (cf. 1Pedro 5,13;ver tb. Apocalipse 17,5; 18,2-3); porém, comoJesus (cf. João 19,10-11), acabou por sofrer omartírio sob Nero, no ano 64. 

Ainda mais: se Pedro fosse papa ou che fe dos  Após to los , pe rm i t i r i a que esses seus  

subord inados o env iassem , com João, à Samaria,para anunciar o Evangelho do Filho de Deus? (Atos, c.VIII, v. 14). [Distro-2: Atos 13:14]. Que direis vós,veneráveis irmãos, se nos permitíssemos, agoramesmo, mandar Sua Santidade Pio IX, que aquipreside, e Sua Eminência, Monsenhor Plantier, aoPatriarca de Constantinopla, para convencê-lo de quedeve acabar com o cisma do oriente? O símile éperfeito, haveis de concordar.

• Primeiro, convém observar que a indicação deAtos 13,14 pela Distribuição nº 2 NÃOcorresponde ao episódio apontado (Pedro e Joãoem Samaria), mas à pregação de Paulo emAntioquia da Pisídia. A Distribuição nº 1, corrigeo texto mais antigo (ver §77) e aponta,corretamente, Atos 8,14. No entanto, o episódionão macula a liderança de Pedro na Igreja

primitiva, vez que sua primazia é claramenteatestada pela Bíblia em outras passagens quenão podem ser desprezadas: fato raro na Bíblia,teve seu nome alterado pelo próprio Senhor, de “Simão” para “Pedro” (Marcos 3,16); foi o únicoApóstolo a receber as chaves do reino dos céus(Mateus 16,16-19); foi o único que recebeu amissão de confirmar os demais irmãos na fé(Lucas 22,31-32); foi o único a ocupar SEMPRE a

liderança nos primeiros tempos da Igreja (naeleição de Matias para ocupar o lugar de Judas

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§18

Iscariotes, cf. Atos 1,15-26; ao proferir aprimeira pregação ao povo no dia dePentecostes, cf. Atos 2,14-40; no pórtico deSalomão, cf. Atos 3,12-26; diante do tribunal

  judaico, cf. Atos 4,8-12; no julgamento deAnanias e Safira, cf. Atos 5,1-11; ao pregar naSamaria, cf. 9,32-43; ao receber o primeiropagão na Igreja, cf. Atos 10, 1-48).Considerando essa visão de conjunto, pode-seafirmar que se Pedro foi “enviado” à Antioquia,foi não por obrigação, mas por vontade livre;atendeu, assim, a PEDIDOS e entendeuconveniente às necessidades da Igreja. Agiu,

portanto, como “servo dos servos de Deus” (cf.Lucas 22,24-28). 

Mas temos coisa ainda melhor: Reun iu -se em Je rusa lém um conc í l i o ecumên ico pa ra dec id i r  ques tões que d i v id iam os f i é i s . Quem dev ia  convocá- lo? Sem dúv ida , Pedro , se fosse papa .Quem dev ia p res id i r a e le? Por ce r to , Pedro .Q u e m d e v ia f o rmu la r e p ro mu lg a r o s c â n o n e s ?  A inda Pedro , não é verdade? Po is bem: nada  d isso sucedeu! Pedro ass ist iu ao conc í l io com os  demais Após to los , sob a d i reção de São T iago !   (Atos, cap. 15). Assim, parece-me que o filho deJonas não era o primeiro, como sustentais.

• O que encontramos na Bíblia (Atos 15) quandoela retrata o Concílio de Jerusalém (primeiríssimoConcílio da Igreja)? Vemos PEDRO, mais uma

vez, tomando a LIDERANÇA, para recordar aospresentes que o próprio Deus o haviaencarregado de batizar o centurião Cornélio semlhe impor a circuncisão. E então DEFINE odogma:   “Cremos que seremos (=os judeus)salvos pela graça do Senhor Jesus Cristo [e nãopela circuncisão], como eles (=os gentios)também”  (Atos 15,11). E o versículo 12 apontacategoricamente:   “Então TODA A MULTIDÃO SE

CALOU”  (grifos nossos). Portanto, Pedro NÃOASSISTIU ao Concílio simplesmente; Pedro

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§20

cristãos “são como que pedras vivas” ; logo, nãoseria de se estranhar que também Cristoapontasse alguém como “pedra”, para a direçãotemporal da Igreja... Ora, Pedro é o Vigário de

Cristo sobre a terra, ou seja, aquele quelegitimamente age como Seu substituto nogoverno da Igreja. Como bem ilustrou CarlosRamalhete,   “no Êxodo [13,21] vimos umaMANIFESTAÇÃO DE DEUS (que não é Deus), emforma de coluna de fogo e fumaça a guiar Israelpelo deserto. No Novo Testamento temos comoguia visível alguém que age vicarialmente comoCristo, sem ser o próprio Cristo, e este alguém é

o Papa” (grifo nosso). Um outro exemplo retiradodo Antigo Testamento pode ser visto em2Samuel 8,15-18; 20,23-26; Isaías 22,20-22;36,1-22. Logo, no tocante ao clássico texto deMateus 16-16-19, não resta a mínima dúvida deque a pedra a que Jesus se refere é Pedro e istode maneira nenhuma contradiz o que escreveuSão Paulo em Efésios 2,20. Cabe ainda umaoutra observação que reforça ainda mais aposição católica... Em João 1,42 lemos:  “E,olhando Jesus para ele, disse: ‘Tu és Simão, filhode Jonas; tu serás chamado Cefas (que querdizer Pedra)” . Pois bem. Se Jesus não tivesseconstituído Pedro como pedra de edificação daSua Igreja, soaria então ilógico ter Jesus alteradoo nome de Simão para “Pedro” em duas línguasdiferentes (em aramaico [cf. João 1,42] e em

grego [cf. Mateus 16,16 e paralelos]); talvez sejapor isso que até mesmo a Bíblia protestantedenominada “The Living Bible” (=”A Bíblia Viva”)traduziu a passagem de João 1,42 explicitamentecomo “...but you shall be called Peter, the rock” ,ou seja, “...mas serás chamado Pedro, a PEDRA” (grifo nosso). 

Esse mesmo Pau lo , ao enumerar os o f íc ios da  

Ig re ja , menc iona após to los , p ro fe tas ,evange l is tas e pas to res ; e se rá c r íve l que o  

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§21

§22

grande Após to lo dos gen t ios se esquecesse do  papado  , se o papado existisse? Esse olvido meparece tão impossível como um historiador desteConcílio que não fizesse menção de Sua Santidade Pio

IX.• Pura dialética que traz embutido um grande e

imperdoável sofisma, facilmente refutável...Quem são os bispos (=episkopos)? São ossucessores dos Apóstolos, homens ordenados porestes com o objetivo de sucedê-los na Igrejapara que esta possa permanecer ativa no mundoaté que sobrevenha o fim dos tempos (cf. Mateus28,20). E quem é o Papa? Ora, o Papa é o BISPO

DE ROMA, sucessor direto do Apóstolo SãoPedro, como já observava Santo Ireneu (Contraas Heresias 3,3) em pleno século II. Portanto,constata-se que Paulo não se esqueceu (etambém não excluiu, nem errou) ao deixar deincluir aqui o instituto do papado; é que isto nãoera absolutamente necessário. Ver §§ 14, 22 e48. 

(Apar tes  : Silêncio, herege! Silêncio!)·...• Primeira interrupção explícita que surge no

discurso, não obstante isto contradizer, em suaaparência exterior, aquilo que é registrado no§13. A forma explícita que doravante o autorassume para as interrupções objetiva criar umclima de interação fictícia para o “discurso”, demodo a ecoar na mente dos leitores católicos

todo um ambiente grandioso fornecido por umConcílio Ecumênico da Igreja: um bispo(Strossmayer), do alto de sua cadeira (§28)discursando para uma assembléia mitrada demais de 600 bispos (§5) totalmente transtornadacom suas “duras palavras”... 

Calmai-vos, veneráveis irmãos, porque ainda nãoconcluí, impedindo-me de prosseguir, provareis ao

mundo que sabeis ser injustos, t apando a boca do  m a i s p e q u e n o m e m b ro d e s ta a ss em b lé ia  .

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• O verdadeiro autor do pseudo-discurso põe naboca de Strossmayer palavras que o colocam naposição de vítima, conforme imagem idealizadano parágrafo anterior (§21). É, assim, o único

bispo certo, modelo a ser seguido pelos demaisna luta contra o “poderio” papal. Na verdade,todos os bispos são iguais em dignidade, demodo que não existe membro “mais pequeno”;por isso, este parágrafo acaba contradizendo o§26, 1ª parte. 

§23

§24

Continuarei: O Apóstolo Pau lo não faz menção, em nenhuma das suas Ep is to las , às d i fe ren tes  

Ig re jas , da p r imaz ia de Ped ro  ; se essa existisse ese ele fosse infalível como quereis, poderia Paulodeixar de mencioná-la, em longa Epístola sobre tãoimportante ponto? Concordai comigo. A Igreja nuncafoi mais bela, mais pura e mais santa que naquelestempos em que não tinha papa.(Apartes: Não é exato; não é exato!).

• Fugindo novamente ao tema central, o oradorvolta a atacar a instituição do papado. Porém,Paulo tinha plena consciência de que a condiçãode apostolicidade era representada por Pedro,tanto é que após o seu retiro na Arábia, dirigiu-se a Jerusalém a fim de encontrar-se com Pedro,com quem ficou 15 dias (cf. Gálatas 1,18). SePaulo não reconhecesse a autoridade de Pedro,então por que teria “perdido” 15 longos dias deseu tempo missionário junto a Pedro? E voltou a

se encontrar com Pedro e outros notáveis 14anos depois para expor, de forma reservada, oEvangelho que ele pregava entre os gentios,para estar certo de que não estava “correndo emvão” (cf. Gálatas 2,2). Diante de atitudes tãoclaras como estas, precisaria ainda Pauloescrever sobre a primazia e a autoridade dePedro sobre a Igreja? 

Porque negais, Monsenhor de Laval? Se algum de vósoutros, meus veneráveis irmãos, se at rev e a pensar  

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§25

q u e a I g r e j a , q u e h o j e t e m u m p a p a ( q u e v a i  f i ca r i n fa l íve l ) , é m a is f i rm e na fé e m a is pu r a na  mo ra l i d a d e q u e a I g re j a A p o s tó l i c a  , diga-oabertamente ante o Universo, visto como este recinto

é um centro do qual as nossas palavras voam de póloa pólo!• O autor do “discurso” quer inculcar na mente dos

leitores que o Papa pretende “obter” o poderdivino da infalibilidade, ou seja, absoluto epessoal. Contudo, nada vem a ser mais distantedo que isso. Ora, nem tudo o que o Papa propõeé proposto como dogma de fé e moral; muitasvezes quer apenas orientar ou abrir caminhos em

busca de soluções, especialmente hoje quevivemos em um mundo extremamentecomplexo. Com efeito, nestes casos, os cristãosNÃO ESTÃO OBRIGADOS a seguir a orientaçãopontifícia desde que possuam razões sérias ebem-fundamentadas para isso. 

Calai-vos? Então continuarei: Também nos esc r i t os  de S. Paulo, de S. João, ou de S. T iago, não descub ro t raço a lgum do pode r papa l ! S . Lucas ,o h i s to r iado r dos t raba lhos Apos tó l i cos , gua rda  s i l ênc io sob re t a l assun t o  ! Isso deve preocupar-vosmuito.

• Estrategicamente, o pseudo-Strossmayer nãocita São Mateus (16,16-19), em que Jesusconfere a Pedro as CHAVES do reino de Deus etambém o poder de ligar e desligar (este poder é

posteriormente estendido aos demais Apóstolos– cf. Mateus 18,18 - mas de maneira um poucomais restrita: Pedro, eterno detentor das chaves,poderá sempre rever as posições de seus pares(cf. Lucas 22,31)). No tocante aos demaisApóstolos, podemos deduzir a importância dePedro para eles e, daí, chegarmos à conclusãoque Pedro possuía um poder todo especial dentroda Igreja, cf. Gálatas 1,8 (Paulo), João 21,15-17

(João), Atos 15 (Tiago e Concílio Apostólico) etc.Continuamos, portanto, serenos e sem quaisquer

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§26

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preocupações, sustentados até agora pelaBíblia... 

Não me julgueis um cismático! En t re i pe la mesma 

p o r t a q u e v ó s o u t r o s ; o m e u t í t u l o d e B is p o d eu -  me d i r e i t o a c o mp a re c e r a q u i  , e a minhaconsciência, i n sp i rada no ve rd ade i ro Cr i s t i an i sm o  ,me obriga a dizer-vos o que julga ser verdade.

• Parágrafo que colide diretamente com o §22.Pela análise interna do discurso (emprego daSola Scriptura, negação do papado e dainfalibilidade pontifícia, crença em serdiretamente guiado pelo Espírito Santo, ataques

contra a Tradição e Maria Santíssima etc.), o “verdadeiro Cristianismo” que o autor quer fazercrer aqui é, evidentemente, o Protestantismo. 

Pense i que , se Pedro fosse v igár io de Jesus  Cr is t o , e le não o sab ia , po is que n un ca p rocedeu c o mo p a p a  : nem no dia de Pentecostes, quandopregou o seu primeiro sermão, nem no Concílio deJerusalém, presidido por S. Tiago, nem na Antioquia,e nem nas Epístolas que dirigia às Igrejas. Será poss íve l qu e e le fosse papa sem o saber?   

• Pedro, tendo recebido pessoalmente de Jesus asCHAVES do reino dos céus (Mateus 16,19),sendo assim constituído FUNDAMENTO VISÍVELda Igreja, tinha plena consciência de sua posiçãoímpar, bem como de suas responsabilidades paracom seus pares (os Apóstolos) e seu rebanho

(=os fiéis do mundo todo). Ver tb. §47. Quantoao Concílio de Jerusalém, ver §18. 

Parece-me escutar de todos os lados: Pois S. Pedro não es teve em Roma? Não fo i c ruc i f i cado de  cabeça pa ra b a ixo? Não ex is tem os luga res onde  ens inou e os a l ta res onde d isse missa nessa  c idade? E eu respondere i : Só a t rad ição ,veneráve is i rmãos , é que nos d iz te r S . Pedro  

e sta d o e m Ro m a  ; e como a tradição é tão somentea tradição da sua estada em Roma, é com ela que me

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  provareis o seu episcopado e a sua supremacia?Scalígero, um dos mais eruditos historiadores, nãovacila em dizer que o ep iscopado de S. Pedro e a  sua res idênc ia em Roma se devem c lass i f i ca r no  

núm ero das lendas ma is r i d í cu las !   (Repetidos gritos e apartes: Tapai-lhe a boca, fazei-odescer desta cadeira!).

• Não é novidade nenhuma que a esmagadoramaioria dos exegetas, católicos e protestantes,atestam que São Pedro esteve em Roma, comodá a entender 1Pedro 5,13: “Babilônia” era tãosomente um codinome comum (como confirmaApocalipse 17,5; 18,2-3) para indicar Roma

durante os períodos de perseguição imperial.Que Pedro esteve em Roma e que aí morreucrucificado de cabeça para baixo é FATOamplamente aceito e reportado desde osprimeiros séculos, por cristãos de renome:Clemente I de Roma (+101), Inácio de Antioquia(+107), Dionísio de Corinto (+166), Ireneu deLião (+202), Caio de Roma (+217), Orígenes deAlexandria (+253), Pedro de Alexandria (+311),Lactâncio (+317), Eusébio de Cesaréia (+340),Gregório de Nissa (+394), Ambrósio de Milão(+397), Cirilo de Alexandria (+444) e Leão I deRoma (+461), além de inúmeros grafitosdatados dos séculos II e III – entre eles, ofamoso “Petros eni” (=”Pedro está aqui”) -encontrados durante as escavaçõesarqueológicas promovidas sob a Basílica do

Vaticano, nas décadas de 1950 e 1960. Comrelação a estas escavações arqueológicas, foramencontrados os ossos de um indivíduo, homemde cerca de 60-70 anos que a arqueólogaMargherita Guarducci identificou comopertencentes a São Pedro. É a ciênciaconfirmando a antiqüíssima Tradição da Igreja. Oreconhecidíssimo historiador Jerônimo Carcopino,sob outro ponto de vista, relata a questão nestes

termos: “É CLARO que a basílica constantiniana(=Vaticana), tal como as escavações a

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§29

revelaram, SUPÕE A EXISTÊNCIA do túmulo doApóstolo [Pedro]. As escavações evidenciaramAS CONDIÇÕES ANORMAIS, IRRACIONAIS,EXTRAVAGANTES, NAS QUAIS O EDIFÍCIO FOI

CONSTRUÍDO: fora dos muros de Aureliano, istoé, à mercê das invasões dos bárbaros; sobreargila, onde a erosão era tão intensa que foinecessário o dispositivo de um reforço protetorao pé das paredes setentrionais. O terreno corriaem declínio de 11 metros de altura de norte asul; tal declínio exigiu a colocação de uma lajesustentada por pilastras de 5 metros, 7 metros e9 metros de altura, a fim de se estabelecerem

sobre tal laje os fundamentos do edifício. Maisainda, o que chega a ser odioso: a basílica foierguida por cima de um cemitério, de modo queo arquiteto teve que violar túmulos e a paz dosmortos, cometendo profanações quehorrorizavam os romanos e que as leis de Romaproibiam sob severas sanções, a menos que oImperador assumisse pessoalmente aresponsabilidade de tais profanações.” (RevistaL’Ami du Clergé, “Saint Pierre inhumé auVatican”, 07.06.1956, p. 369. Por ora, bastamestas reflexões da Tradição, da História e daArqueologia para se concluir que a estadia emorte de Pedro em Roma foram fatos históricos,empurrando naturalmente para o campo dasgrandes “lendas urbanas” as infundadasafirmações de Scalígero e do pseudo-

Strossmayer.

Meus veneráveis irmãos, não faço questão de calar-me como quereis, mas não será melhor examinartodas as coisas como manda o Apóstolo, e crer só noque for bom? Lembrai-vos de que temos um ditadorante o qual todos nós, mesmo Sua Santidade Pio IX,devemos curvar a cabeça: Esse ditador, vós bem osabeis, é a História! Permiti que repita: Fo lheand o os  

sag rados esc r i t os não encon t re i o ma is l eve  ves t íg io do papado n os tem pos apostó l i cos  !

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• Ver §§ 11 e 12, supra. Cabe aqui ressaltar que ocatólico sabe que a Bíblia deve ser lida eentendida no contexto da Tradição oral, que lheé anterior e a acompanha sempre. 

§30

§31

E percorrendo os anais da Igreja, nos quatroprimeiros séculos, o mesmo me sucedeu! Confessar-vos-ei que o que encontrei foi o seguinte: Que o g rand e San t o Agos t inho , b i spo de H ipona , hon r a  e g ló r ia do Cr is t ian ismo e secre tá r io no Conc í l io  de Me l ive , nega a supr em ac ia ao b ispo de Rom a .

• Pois então deixemos que o próprio SantoAgostinho se defenda dessa (também falsa)

acusação:   “Agora que vieram disposições da SéApostólica (=Roma), o litígio ESTÁ ENCERRADO.Oxalá SEJA ELIMINADO DEFINITIVAMENTE OERRO”  (Sermão 130,107). É o que globalmentese conhece como “Roma falou, causa encerrada” (=  “Roma locuta, causa finita” ). As palavrasacima se referiam à condenação do heregePelágio por Inocêncio I, não obstante o fato de omesmo já ter sido ANTERIORMENTE condenadopor dois Concílios regionais. Não há, pois, comodizer que Santo Agostinho negava a supremaciado bispo de Roma! 

Que os b ispos da Á f r ica , no sex to Conc í l io de  Car tago , sob a p res idênc ia de Auré l io , b ispo  dessa c idade , admoes tavam Ce les t ino , b ispo de  Rom a, po r supo r - se supe r io r aos dem a is b i spos  ,

enviando-lhes comissionados e introduzindo o orgulhona Igreja.• Não se tratava aqui, de problema doutrinário

mas de DIREITO. Para entendermos o caso,precisaremos retornar ao tempo do Papa Zózimo(417-418): certo padre africano, demitido porseu bispo, apelou para o Papa; este, por sua vez,exigiu que o bispo reintegrasse o sacerdote,garantindo assim a melhor apuração dos fatos. O

bispo OBEDECEU à ordem do Papa mas,posteriormente, o IV Concílio Regional de

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§39 S. O legár io , b ispo de Po i t ie rs , em seu segundo l i v ro sob re a Tr in dade , repe te : Que aque la ped ra  é a r ocha da f é con fessada da boca de S . Pedro  .E no seu sexto livro, mais luz nos fornece, dizendo: Ésobre esta rocha da confissão da fé que a Igreja está

edificada.• A História não conhece nenhum Santo Olegário,

inclusive em Poitiers. Inexistindo a pessoa,desaparecem, conseqüentemente, as palavras aela atribuídas... Strossmayer, erudito bispocatólico, não cometeria erro tão grosseiro; porisso, é possível que o autor deste falso discursotenha se confundido com Santo HILÁRIO dePoitiers (+367). Neste caso, vejamos o que

ensina este grande santo sobre a “pedra”: “NesteNOVO HOMEM (=Pedro) SE ENCONTRA UM

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§40

§41

FUNDAMENTO ADMIRÁVEL DA SOLIDEZ DAIGREJA, DIGNA DE SER EDIFICADA SOBRE ESTAPEDRA, que fará desaparecer as leis do inferno,as portas do tártaro e todas as cadeias da morte.

Por isso [Cristo] acrescenta para manifestar asolidez da Igreja fundada sobre esta pedra(=Pedro): ‘ E as portas do inferno nãoprevalecerão contra ela’”  (Comentário a Mateus16). 

S. Jerôn im o, no sex t o l i v r o sobr e S. Mateus , é de  o p in i ã o q u e D e u s f u n d o u s u a I g re j a s o b re a  rocha ou ped r a que deu o seu nom e a Ped ro  .

• Que o grande biblista São Jerônimo venha e falepor si mesmo: “A nenhum outro quero SEGUIR eESTAR EM COMUNHÃO, senão COM CRISTO ECOM VOSSA BEATITUDE (=Papa Dâmaso), istoé, com a CÁTEDRA DE PEDRO. Eu sei que sobreesta pedra (=Pedro) a Igreja foi construída equem come o Cordeiro FORA DESTA CASA éprofano. Quem não estiver na Arca de Noé, istoé, EM COMUNHÃO COM ESTA CÁTEDRA, pereceráquando a inundação prevalecer” (Epístola 15,2).É necessário algo mais claro do que isto? 

Nas mesmas águas navega São Cr isós tomo quand o , em sua hom i l i a 56 a respe i to de Ma teus ,esc reve : “Sob re es ta rocha ed i f i ca re i a m inha  I g re j a : e est a rocha é a con f i ssão de Ped ro ”  .

• Nova imprecisão injustificável: o orador parece

desconhecer e por isso omite o clássico prenomede São JOÃO Crisóstomo; além disso, ainda erraa fonte: não se trata da Homilia 56, mas da 54.Vejamos, porém, o que esse grande Padre daIgreja REALMENTE diz acerca de Pedro:  “Pedro,conforme a voz unânime de seus companheiros,de todos os Apóstolos, CABEÇA de sua família,PREFEITO do orbe, FUNDAMENTO da Igreja (...)o que disse então a BOCA dos Apóstolos, Pedro,

o SEMPRE ZELOSO, o LÍDER do coro apostólico?(...) [Respondeu Jesus:] ‘E eu te digo que tu és

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§43

 justamente por isso, Pedro foi o ÚNICO a receberas chaves do Reino (Mateus 16,19), obtendo aprimazia sobre toda a Igreja. Ressalte-se, ainda,que a confissão de Pedro foi a PRIMEIRA

definição dogmática infalivelmente definida (cf.versículo 17). O DOGMA DE FÉ foi revelado peloPai e solenemente declarado por aquele que viriaa ser, após a solene fundação da Igreja (ver Atos2), o nosso 1º Papa. Ver §41. 

Entre os doutores da antiguidade cristã, Santo  Agos t inho ocupa um dos p r ime i ros luga res , pe la  sua sabedor ia e pe la sua san t idade . Escu ta i  

como e le se exp ressa sob re a p r ime i ra Ep is to la  de S . João : Ed i f i ca re i a m inha Ig re ja sob re es ta  rocha , s ign i f i ca c la ramen te que é sob re a fé de  Pedro  . No seu tratado 124, sobre o mesmo S. João,encontra-se esta significativa frase: Sobre esta rocha,que acabais de confessar, edificarei a minha Igreja; e a rocha e ra o p róp r io Cr i s to , f i l ho de Deus  . Tantoesse grande e santo bispo não acreditava que a Igrejafosse edificada sobre Pedro, que disse em seu sermãonº 13: — Tu és Pedro, e sobre essa pedra ou rochaque me confessaste, que reconheceste, dizendo: Tués o Cristo, o filho de Deus vivo; ed i f i ca re i a m inha  I g re j a , s o b re m im me s mo ; p o i s s o u o f i l h o d o  Deus v i vo . Ed i f i ca re i sob re m im mesmo e não  s ob re t i  . Haverá coisa mais clara e positiva?

• Novamente Santo Agostinho volta à baila (já foracitado no §30), desta vez negando a PRIMAZIA

DO PAPA. O que há de verdade nesta história? Opensamento final de Santo Agostinho acercadisto pode ser encontrado na sua obra  “Retratações”, em que esclarece algumas desuas posições. Escreve o Doutor de Hipona: “Emcerto passo, disse eu, do apóstolo São Pedro,que a Igreja fora fundada sobre ele, como sobreuma pedra, sentido esse que celebra o muiespalhado Hino do bem-aventurado Ambrósio,

nestes versos do ‘Canto do Galo’: ‘Hoc ipsa petraecclesiae canente culpam diluet...’ Mas lembro-

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§50

Apóstolos (=Pedro) (...) o Senhor o aceitou e oconstituiu como fundamento, CHAMANDO-O ‘PEDRA’ e ‘estrutura da Igreja’” (Afrate da Pérsia,+375, Homilia da Penitência 7,15); (4) “Pedro é

aquela PEDRA sobre a qual o Senhor prometeuedificar a sua Igreja” (Basílio de Cesaréia, +379,Comentário sobre Isaías 2,66); (5) “’Tu és Pedroe sobre ESTA PEDRA edificarei a minha Igreja’.Com efeito, ONDE ESTIVER PEDRO, AÍ ESTARÁ AIGREJA”  (Ambrósio de Milão, +397, Comentárioao Salmo 40,30); (6) “Na cidade de ROMA, quempor primeiro se sentou na cátedra episcopal foi oApóstolo PEDRO, ele que era a CABEÇA DE TODA

A IGREJA, denominado CEFAS (=PEDRA) deTODOS os Apóstolos, cátedra que mantém aunidade de todos. Os Apóstolos NADA DECIDIAMsem estar em comunhão com esta ÚNICACÁTEDRA (...) Recorde a origem desta cátedratodos os que reivindicam o nome da Santa IgrejaCatólica”  (Optato de Milevi, +400, Do CismaDonatista)... As citações poderiam se multiplicaraqui. Como se vê, a mesma heresia protestantedo livre-exame que o autor usa paraautointerpretar a Bíblia, quer também usar naPatrística – e ainda com menos respeito ao leitor!

Conc luo , p o is , com a H is tó r ia , a razão , a lóg ica , o  bom senso e a consciênc ia do v e rdade i ro c r i s tão  ,que Jesus não deu supremacia alguma a Pedro, e queos b i spos de Rom a só se cons t i t u í ram soberanos  

d a I g re j a , c o n f i s c a n d o , u m p o r u m , t o d o s o s  d i r e i to s de ep iscopado !(Vozes de todos os lados: Silêncio, insolente, silêncio,silêncio!).

• Muito pelo contrário:   “a Historia, a razão, alógica, o bom senso e a consciência doverdadeiro cristão”  indicam bem o inverso.Poderíamos citar, ainda, os testemunhos do IVConcílio de Constantinopla (869-870), II de Lião

(1274) e o de Florença (1431-1441), bem comoa práxis dos bispos em todo o mundo dirigir-se a

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§53

§54

13 e 81. 

O papa Marcelino e n t ro u n o t e mp lo d e V e s ta e  o fe receu incenso à deusa do pagan ismo. Fo i ,

p o r t a n to , i d ó l at r a ; o u p i o r a i n d a: f o i a p ó sta ta  !• Marcelino governou a Igreja no período de 296 a

304, época em que a Igreja era perseguida peloimpério romano. A acusação acima foigratuitamente levantada pelo bispo donatistaPetiliano, de forma que Santo Agostinho - omesmo a quem o pseudo-Strossmayer reputagrande autoridade nos §§ 30, 43 e 44 -,contemporâneo desse herege, escreveu: “Por

que me darei ao trabalho de provar a minhanegação se ele (=Petiliano) nem de leve tentouprovar sua acusação?” (De unico baptismate 27).Os críticos modernos não hesitam em negar aautenticidade da narrativa, já que esta não seencontra devidamente fundamentada nosdocumentos antigos e também pelo fato de tersido forjada pelos Donatistas visando dar créditoà sua tese de que a Igreja é constituída apenaspor santos, independentemente da hierarquiasacerdotal (assim, convinha-lhes apresentar ossacerdotes e bispos como pecadores!). Marcelinotambém não pode ser tido por apóstata porquesabemos que, ao final de seu pontificado, foimartirizado, ou seja, sofreu a morte em razão deprofessar a fé cristã. 

L ibó r io consen t iu na condenação de A tanás io ;  depo is passou pa ra o A r ian ism o  [3].• A história não identifica nenhum Papa de nome

  “Libório” (o erudito Strossmayer cometeriatamanha gafe?), mas sim “Libério”. Este, em355, opôs-se à condenação de Santo Atanásio,que lutava contra a heresia Ariana (ver §37). Emrazão disso, foi exilado na Trácia por ordem doimperador Constâncio, que favorecia o

Arianismo. Após muito sofrimento, Libérioconsentiu na condenação de Atanásio (isto,

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§55

porém, não deve ser reconhecido como errodogmático – área em que o Papa não pode errar– mas sim como ato de fraqueza pessoal).Juridicamente falando, tal ato foi nulo por vício

de consentimento (houve coação irresistível).Ademais, a infalibilidade pontifícia não abrangeos atos pessoais (cf. Mateus 26,69-75; Marcos14,67-72; Lucas 22,54-62; João 18,15-18.25-27; Gálatas 2,11-13), mas só as definiçõesdogmáticas ex cathedra. O Papa também nãoaderiu ao Arianismo ao assinar, em 358, oSímbolo de Sírmio, que excluía o termo  “consubstancial”; isto porque o termo, embora

famoso, não era o único necessário para seexpressar a fé na Santíssima Trindade; ademais,todo o teor da profissão de fé por ele assinadatinha cunho anti-ariano.

[Distro-1] Honór io ade r iu ao Mono t e l i sm o  [4][Distro-2] Honór io ade r iu ao Mono te ísm o  ).

• As distribuições discordam entre si sobre queespécie de “heresia” Honório teria aderido (naverdade, parece que a Distribuição nº 1 corrigeantiga gafe já refutada por Dom EstevãoBettencourt em 1958, mas que ainda se encontratestemunhada na Distribuição nº 2!). Assim, aafirmação da Distribuição nº 2 carece totalmentede sentido... O Monoteísmo é a doutrina religiosaque professa a existência de um único Deus.Logo, não haveria aí qualquer heresia, a não ser

que o autor do “discurso” professassepublicamente o Politeísmo (=existência demuitos deuses), tal como os antigos pagãos (oque também não seria de se estranhar, pois épraticamente impossível encontrar doisprotestantes que acreditem exatamente nasmesmas coisas). A afirmação da Distribuição nº1, por outro lado, também falta com a verdade,pois o Papa Honório não aderiu ao Monotelismo

(ou Monotelitismo), doutrina esta que atestavaque em Cristo existia uma só vontade, ou seja, a

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§56

divina. Na realidade, o que ocorreu foi oseguinte: certos hereges do séc. VII, querendonegar a existência de duas naturezas em Cristo,apelaram para um recurso de dialética

extremamente sutil: passaram a ensinar que emCristo havia um só modo de agir: o divino(Monoenergismo). Desmascarados por diversosteólogos, o heresiarca Sérgio escreveu uma cartapessoal ao Papa Honório I, propondo para quenão mas se falasse em um ou dois modos de agirem Cristo, mas para que se afirmasse que emJesus havia uma só vontade: a divina. Honórioaprovou a tese entendida no seu sentido moral

(e não no material, como desejava Sérgio), demodo que a vontade humana de Jesus estavasempre em conformidade com a sua vontadedivina (cf. Marcos 14,36 e João. 6,38). Ora, talunião moral pertence ao depósito da fé daIgreja; logo, Honório não cometeu heresia(=negação pertinaz, após a recepção doBatismo, de qualquer verdade que se deva crercom fé divina e católica). Acrescente-se aindaque as cartas de Honório a Sérgio (duas no total)são documentos pessoais que não se equiparama uma definição dogmática. 

Gregó r io I chamava An t i -C r i s to ao que se  impunha como B ispo Un ive rsa l  ; — e, entretantoB o n i f á c i o I I I c o n s e g u iu d o p a r r i c i d a Imp e ra d o r  Focas ob t e r esse t i t u lo  em 607.

Mais um ataque direto à primazia do Papa.Gregório I governou a Igreja entre os anos 590 e604; antes disso, foi legado do Papa Pelágio II(579-590) em Constantinopla, tornando-se,depois, conselheiro papal nas questõesreferentes à Igreja oriental. Com efeito, conheciamuito bem o seu cargo e as suasresponsabilidades como Pontífice. Pois bem. Asprincipais preocupações do seu pontificado

foram: o bem-estar dos pobres, a melhoria dasrelações com os cristãos orientais e o

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§59

§60

administrado na Igreja. 

Xis to V pub l icou uma ed ição da B íb l ia e , com uma bu la , recomendou a sua le i tu ra ; e aque le  

Pio VI I e x co m u n g o u a e d i çã o  .• Sisto V (1585-1590), tendo em vista a

determinação do Concílio de Trento (1545-1563),quis logo publicar uma versão revisada daVulgata. Em razão da pressa, achavam-seinúmeras falhas em seu texto, o que ensejou oposterior RECOLHIMENTO da edição (mas háquem afirme que a Vulgata de Sisto V nãochegou nem a ser publicada). Seja como for, o

conteúdo da Bíblia, porém, não é oriundo doPapa, mas de Deus... Ora, o Papa não goza deinfalibilidade como tradutor ou revisor de textos(da mesma forma como a Bíblia não contémapenas doutrinas, mas também e especialmenterelatos, histórias, poesias etc.); por isso, não hácomo se envolver aqui o dogma da infalibilidadepapal. Não há notícias de que o Papa Pio VII(1800-1823), dois séculos depois, tenhaexcomungado a Vulgata de Sisto V (sabe-se,porém, que excomungou Napoleão Bonaparte eque este ironicamente declarou que a suaexcomunhão não faria cair as armas das mãos deseus soldados; pouco depois, Napoleão e seupoderoso exército sucumbiu sob o rigorosíssimoinverno russo!). 

Clemente X IV abo l iu a Companh ia de Jesus  ,permitida por Paulo III; e o mesmo Pio VII arestabeleceu.

• A abolição da Companhia de Jesus, fundada porSanto Inácio de Loyola, foi uma decisão políticatemporária e não uma definição dogmática.Ocorre que as potências européias fizerampressão sobre o Papa para que extinguisse aCompanhia, uma vez que os jesuítas exerciam

grande influência na vida pública. Contudo, aCompanhia subsistiu na Prússia e na Rússia,

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§61

§62

nações estas não afetadas pela onda anti-jesuíta.Passada a onda, natural que tenha sidorestabelecida por Pio VII. A acusação é, portanto,inconsistente. 

Porém, para que mais provas? Pois o nosso SantoPadre Pio IX não acaba de fazer a mesma coisaquando, na sua bula para os trabalhos deste Concílio,d á co m o re v o g a d o t u d o q u a n t o s e t e n h a f e i t o e m  c o n t rá r i o a o q u e a q u i f o r d e te rm in a d o  , aindamesmo tratando-se de decisões dos seusantecessores? Até isso negareis?

• Evidentemente, a revogação só surte efeito

sobre questões de ordem disciplinar ouconsuetudinária, que nada tem a ver com artigosde Fé Cristã (=doutrina). A doutrina da Igreja éirrevogável e irreformável, pois que de DireitoDivino ou Natural. Por outro lado, os costumes ea disciplina da Igreja podem ser revogadas oureformadas conforme as circunstâncias do tempoe do espaço o exigirem; isto porque são deDireito Eclesiástico ou, até mesmo, Humano.Assim, percebe-se que o autor está falandobesteira... E quanta!! 

Nunca eu acabaria, meus veneráveis irmãos, s e me  p ropusesse a ap resen ta r -vos todas as  con t r ad ições dos papas , em seus ens inam en tos  .Como então poderá dar-lhes a infalibilidade? Nãosabeis que, fazendo infalível Sua Santidade, que

presente se acha e me ouve, tereis que negar a suafalibilidade e a de seus antecessores? E vos atrevereisa sustentar que o Espírito Santo vos revelou que ainfalibilidade dos papas data apenas deste ano de1870?

• Note-se como o pseudo-orador errônea oufalsamente atribui uma infalibilidade absoluta epessoal ao Papa, contrariamente ao quehistoricamente se definiu. Historicamente

também não se registram ensinamentosdoutrinários contraditórios oriundos das

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§63

§64

definições papais ex cathedra. Ver §78. 

Não vos enganeis a vós mesmos: Se decretardes odogma da infalibilidade papal, vereis os protestantes,

nossos ranco rosos adve rsá r ios , pene t ra rem po r  l a rga b recha com a b ravu ra que lhes dá a  H is tó r ia  . E que tereis vós a opor-lhes? O silêncio, senão quiserdes desmoralizar-vos.(Gritos: É demais; basta, basta!).

• Texto contraditório, pois inicialmente classifica osprotestantes como “rancorosos” (explicitamente)e, logo a seguir, como “bravos” (implicitamente).Tal deslize auxilia na identificação da origem do

  “discurso”: um autor, no mínimo, simpatizantedo PROTESTANTISMO. É interessante citar queStrossmayer tinha, sim, uma preocupaçãoecumênica e, por isso, via com reservas –naquela oportunidade – a definição do dogma dainfalibilidade pontifícia, a qual poderiarepresentar mais um obstáculo para o retornodos cristãos ORTODOXOS ao seio da Igreja (masnão, absolutamente, porque negasse a particularassistência do Espírito Santo ao Papa em matériade fé e moral). Ver §7. 

Não griteis, Monsenhores! Temer a H is tó r ia , é  con fessa r -vos de r ro tados !   Ainda que pudésseisfazer rolar toda a água do Tibre sobre ela, nãoborraríeis nem uma só das suas páginas! Deixai-mefalar e serei breve. Vergílio comprou o papado de

Belisário, tenente do Imperador Justiniano. Por isso,fo i condenado no segundo Conc í l io de  Calcedônia , que estabe leceu este cânone: — O b ispo que se eleve po r d in he i ro se rá deg radado  .Sem respeito àquele cânone, Eugênio III, seis séculosdepois, fez o mesmo que Vergílio, e foi repreendidopor São Bernardo, que era a estrela brilhante do seutempo.

• É impossível alguém ter sido condenado pelo II

Concílio de Calcedônia pelo simples fato de talconcílio jamais ter sido realizado! Calcedônia só

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§66

a Estevão VI, isto porque, quando vivo, Formosotinha nomeado Estevão bispo de Anagni; ora, seos atos papais e ordenações de Formoso fossemdeclarados nulos – como concluiu o “Sínodo do

Cadáver” – então a nomeação e a ordenação deEstevão para bispo de Anagni também seriamnulas; neste caso, sua eleição para bispo deRoma não seria contestada canonicamente, sob opretexto de que já era bispo de outra diocese,como prescrevia a legislação canônica de então,estabelecida pelo I Concílio de Nicéia (325). Ofamigerado “Sínodo do Cadáver”, entretanto,provocou profundo horror no povo, o qual se

levantou contra Estevão, o depôs e o encarcerou.Finalmente, foi ESTRANGULADO (e nãoenvenenado) por civis em agosto de 897.Estevão VI, assim como Formoso, não fezqualquer pronunciamento ex cathedra(=infalível). As decisões do “Sínodo do Cadáver” foram anuladas por outros três sínodos, umconvocado por Teodoro II (897) e outros dois porJoão IX (898-900). Desta forma, Formoso foicorretamente reabilitado e suas decisõesadministrativas confirmadas. Quanto a Romano(896-897), sucessor imediato de Estevão VI,praticamente nada se sabe a seu respeito, eisque pontificou por apenas quatro meses; épossível que tenha sido irmão do Papa Marino I(882-884) e que era favorável a Formoso. Comose vê, o discurso do orador é impróprio e de má-

fé, pois quer que o leitor acredite que asdecisões políticas e administrativas do Papa sãotambém infalíveis, o que não corresponde àverdadeira fé católica. Ver §78. 

Lede Plotino, lede Barônio, o Cardeal! É dele que mesirvo. Barônio chega a dizer que as poderosas  co r tesãs vend iam, t rocavam e a té mesmo se  apode ravam dos b i spados ; e , ho r r í ve l é d i zê - lo ,

faz iam papas os seus am an t es  !• Isto também não se relaciona com os restritos

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§67

§68

campos e circunstâncias em que se opera ainfalibilidade papal. Deve-se observar queTODOS OS DESVIOS desses Pontífices – eleitossem qualquer vocação sacerdotal – ocorreram no

campo MORAL (e qualquer católico sabe que aIgreja JAMAIS ensinou que o Papa é impecável;ao contrário, sabemos que prestarão contaspessoais a Deus, cf. Mateus 18,7; Lucas 17,1 –ainda assim, a caridade cristã não permite quedesprezemos os pecadores, cf. Mateus 9,12-13;Lucas 15,11-32; 22,3; João 13,11; 1Coríntios5,1-2; 11,18-22; 1Timóteo 1,20; 5,19; 2Timóteo4,10 etc.). Contudo, NENHUM desses Pontífices

deturpou qualquer das verdades da fé doCristianismo... Isto, por outro lado, acabaservindo como um fiel testemunho de que opróprio Senhor governa a Igreja Católica, pois seesta se apoiasse apenas na santidade ou nacapacidade dos homens, já teria perecido hámuito tempo. 

Genebrado sustenta que, d u ra n te 1 5 0 a n o s , o s  papas, em vez de apóst o los, fo ram apóst a tas  .

• Apostasia significa propriamente   “o repúdioTOTAL da FÉ CRISTÔ  (Código de DireitoCanônico, cânon 750). Portanto, a História nãotem registrado nenhum “Papa apóstata”. Aafirmação que o orador atribui a Genebrado étotalmente genérica e destituída de valorcientífico pois, além de não citar precisamente a

fonte e o contexto da acusação, também nãodiscrimina a que período da História esses “150anos” precisamente corresponderiam. Dessaforma, temos aqui, mais uma vez, uma acusaçãogratuita que apenas eleva um espantalho àcategoria de Igreja Católica para atirar-lhepedras...

Deveis saber que o p a p a Jo ã o XI I f o i e le i t o co m a  

idade de dezo i to anos t ão som en te ; e que o seu  an tecessor e ra f i lho do Papa Sérg io com 

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§69

Marózz ia  .• João XII (955-964) foi um péssimo Papa e uma

péssima pessoa. Porém, foi CONDENADO eDEPOSTO por seus inúmeros crimes MUNDANOS:

assassinato, simonia, perjúrio e devassidão; masNÃO por heresia... No tocante ao fraco João XI(931-935), antecessor de João XII e filho dainfluente senadora romana Marozia, não épossível afirmar com PLENA certeza que eratambém filho ilegítimo do Papa Sérgio III (904-911); se isso for verdade, será o ÚNICO CASO naHistória em que o filho ilegítimo de um Papaanterior acaba por se tornar Papa também. Mas

seja como for, este também não pronunciouqualquer definição dogmática, de modo que aacusação do pseudo-orador não produz qualquerarranhão no dogma da infalibilidade pontifícia. 

Que Alexandre VI [Distro-2: Alexandre XI] era, nemme atrevo a dizer o que ele era de Lucrécia; e queJo ã o XX I I n e g o u a im o r t a l id a d e d a alm a , s en d o  depos t o p e lo Conc í l io de Cons t ança  .

• A Distribuição nº 2, traz erroneamente o nomede Alexandre XI, o que seria impossível, vistoque o último Papa a usar este nome, até opresente momento (janeiro/2007) foi AlexandreVIII, que pontificou entre 1689 e 1691. Tal errodeve provir do livro do protestante PaulPeterson, usado pelo autor desta distribuição(ver §77). Esta gafe também já tinha sido

refutada por dom Estevão Bettencourt em 1958.A Distribuição nº 1, por seu turno “corrige” paraAlexandre VI, homem fraco, sem dúvida, masque nenhum empecilho traz para a autoridade dopapado, nem para a infalibilidade papal, vistoque seus envolvimentos amorosos nada têm aver com definições dogmáticas. Ver casosemelhante de dissonância de dados do discursono §55. No tocante a João XXII, jamais este

negou a imortalidade da alma; pelo contrário,disse durante o sermão da Festa de Todos os

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§70

Santos de 1331 que as almas dos justos sógozarão da visão beatífica após o juízo universal;embora equivocado, seu sermão tem valor demera pregação particular e não de definição

dogmática (daí se entende que tenha seretratado em 1334). Quanto ao Concílio deConstança (1414-1418), este depôs o antipapaJoão XXIII, sediado em Pisa, por ser usurpadordo poder pontifício. Verifica-se, disto tudo, quãolonge vai a má-fé do autor original destas falsasdenúncias (e a daquelas pessoas que aspropagam na mídia de forma consciente)... 

Já nem falo dos cismas que tanto têm desonrado aIgreja. Vo l to po r ém , a d i ze r -vos qu e , se decre t a i s  a i n fa l i b i l i dade do a tu a l b i spo de Rom a, deve re is  d e c re ta r t a mb é m a d e t o d o s o s s e u s  an tecessores  ; mas, atrever-vos-eis a tanto? [Distro-2 acrescenta: Sere is capazes de igua la r a Deus   todos os incestuosos, avaros, homicidas e simoníacosbispos de Roma?](Gritos: Descei da cadeira, descei já; tapemos a bocadesse herege).

• De fato, TODOS os papas, legitimamente eleitos,gozaram, gozam e gozarão do dom dainfalibilidade, nas questões de fé e moral,quando se pronunciaram, pronunciam oupronunciarão ex cathedra. Trata-se de um domconcedido gratuitamente por Deus para o bem desua Santa e Única Igreja, tendo em vista sua

promessa em Mateus 28,20: “E eis que Eu estouconvosco TODOS OS DIAS ATÉ A CONSUMAÇÃODOS SÉCULOS”  (grifos nossos). A declaraçãosolene (ex cathedra) impede a atribuição deinfalibilidade indiscriminadamente a todopronunciamento papal. Gozando desse carisma,os papas não se equiparam nem se igualam aDeus, evidentemente; ver §75. Quanto aoscismas, que “tanto desonram a Igreja”, é

importante notar que, mesmo sendooportunamente contrário à definição do dogma

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da infalibilidade papal, o Strossmayer históricoprontamente aderiu a ele, de modo que tambémpublicou o documento conciliar em sua diocese. 

Não griteis, meus veneráveis irmãos, com gritosnunca me convencereis. A H is tó r ia p ro tes ta rá  e t e r n a m e n t e   sobre o monstruoso dogma dainfalibilidade papal; e quando mesmo todos vós oaproveis, f a l t a rá u m v o to , e e ss e v o to é o m e u  !

• Como a História tem demonstrado até o presentedia (e assim o será até o fim do mundo),NENHUM Papa jamais caiu em erro doutrinário. ASé de Pedro sempre se constituiu como lugar de

onde jamais poderia provir o erro; (ver a citaçãode Santo Ireneu no §50). A fé de Pedro é a fé daIgreja! Quanto ao voto faltante, recorde-se queStrossmayer não chegou a emitir o seu voto poisobteve autorização do Papa para retornar à suadiocese ante a eminência de guerra; com estaatitude, deferiu tacitamente à decisão tomadapelo Concílio. Ver tb. §5. 

Mas, vo l temos à dou t r i na dos Após to los : Fo ra  de la só há e r ros , t revas e fa lsas t rad ições .Tomemos a e les e aos Pro fe tas pe los nossos  ún icos mes t res , sob a che f ia de Jesus . F i rmes e  imóve is como a rocha , cons tan tes e  i nco r ru p t íve i s nas insp i radas Escr i t u r as  , digamosao mundo: Assim como os sábios da Grécia foramvencidos por Paulo, a s s im a I g re j a R o ma n a s e rá  

t a m b é m v e n cid a p e lo s eu 9 8  !(Gritos clamorosos: Abaixo o protestante! Abaixo ocalvinista! Abaixo o calvinista! Abaixo o traidor daIgreja!).

• Novamente o autor adota aqui a heresiaprotestante da Sola Scriptura. Ver §§ 9, 10, 29 e76. “Assim a Igreja Romana será tambémvencida pelo seu 98”: expressão sem sentido,talvez fruto de má-tradução ou truncagem. 

Os vossos gritos, Monsenhores, não me atemorizam,

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§74

e só vos comprometem. As minhas palavras têmcalor, mas a minha cabeça está serena. Não sou de  Lu te ro , nem de Ca lv ino , nem de Pau lo , e s im , e  t ão som en t e do Cr i s to  .

(Novos gritos: Anátema! Anátema! Anátema voslançamos!).• Alusão a 1Coríntios 1,12; o autor parodia

ironicamente a citação bíblica, em uma falsademonstração de humildade, pois durante TODOo “discurso” faz uso de artimanhas que tem porúnica finalidade afastar o fiel católico daverdadeira fé. 

Anátema! Anátema! Para os que contrariam adoutrina de Jesus! Ficai certos de que os Apóstolos, seaqui comparecessem, vos diriam a mesma coisa queacabo de declarar-vos. Que lhes diríeis vós, se eles,que predicaram e confirmaram com seu sangue,l embrando -vos o que esc reve ram , vosmostrassem o quanto tendes deturpado o Evangelhodo amado Filho de Deus? Acaso lhes diríeis:Pre fe r imos a dou t r i na dos Lo ió las   à do DivinoMestre? Não! Mil vezes não! A não ser que tenhaistapado os ouvidos, fechado os olhos e embotado avossa inteligência, o que não creio.

• Adotando de novo a Sola Scriptura, o peudo-orador só se interessa pelo   “o que escreveram”  os Apóstolos, esquecendo-se aqui, porém, quetodos eles receberam de Jesus a ordem dePREGAR a Boa Nova a toda criatura (cf. Marcos

16,15) – o que, certamente, cumpriram; porconseqüência, nem todos consignaram porescrito a sua pregação (=Tradição oral). O autordemonstra também ser adversário da Companhiade Jesus, ao empregar o termo “loiólas”, comoclara referência ao fundador dos jesuítas, Ináciode Loyola, e seus discípulos. Isto vem ademonstrar, mais uma vez, que o “discurso” provém de mão protestante (ou de algum

simpatizante), já que uma das finalidades daCompanhia de Jesus era justamente combater o

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§75

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Protestantismo e proteger o Papa, maldosa eduramente atacado pelos seguidores da “Reforma”. 

Oh! Se Deus quer castigar-nos, fazendo cairpesadamente a sua mão sobre nós, como fez aoFaraó, não precisa permitir que os soldados deGaribaldi nos expulsem daqui; bas ta de ixa r que  faça is de P io IX um Deus , como já f i zes tes uma  deusa da V i rgem Mar ia  .

• Duas acusações extremamente levianas advêmao final do falso-discurso: (1) “o Papa quer serelevado à categoria de deus”; (2) “a Virgem

Maria já foi elevada pelos católicos à categoria dedeusa”. Somente a má-fé explicaria tamanhasacusações, vez que nenhum cristão pode elevarquem quer que seja à categoria própria daDivindade (sob pena de aderir à heresiacompletamente irracional do politeísmo). Comefeito, a infalibilidade pontifícia não faz do Papaum deus, pois que esta é um dom de Deusconcedido de maneira relativa e em decorrênciado cargo que ele ocupa na Igreja (ver §7). Notocante à divindade de Maria, a Igreja sempre anegou, de forma que nunca lhe rendeu culto deadoração (latria) – cabível unicamente a Deus –mas só de veneração (dulia) – cabível às coisassantas de Deus, em sinal de respeito.Desnecessário dizer, portanto, que nenhumadefinição oriunda da Bíblia, da Tradição ou do

Magistério eclesiástico comete tamanhabarbaridade. Tais acusações soam ABSURDAS e,caso nenhum outro parágrafo merecesse emendaou refutação, só este já denunciaria a origemFRAUDULENTA do discurso. 

Evitai, sim, evitai, meus veneráveis irmãos, o terrívelprecipício a cuja borda estais colocados. Salvai aIgreja do naufrágio que a ameaça, e b u s q u e mo s  

t odos , nas Sagr adas Escr i t u r as , a regr a da fé qu e  devemos c re r e p ro fessa r  . Digne-se Deus assistir-

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§77

me. Tenho concluído!” • Novamente a alusão à heresia protestante da

Sola Scriptura. Ver §§ 9, 10, 29 e 74.Considerando que o nosso Deus, que não é o

 “Pai da Mentira” (cf. João 8,44), não assistiu aopobre orador em parágrafo algum, visto quecomete tantos erros injustificáveis eirreconciliáveis com a boa-fé, podemosfacilmente concluir que NINGUÉM - senão o Papae, mesmo assim, apenas de forma relativa - tema garantia de ser diretamente assistido peloEspírito Santo, de modo que pode estar certoque, ao contrário, estará sempre sujeito ao erro,

à ignorância, à soberba, à vaidade, ao orgulho ea outras desprezíveis paixões mundanas. Aliás, éo que costumeiramente ocorre entre osprotestantes que aderem à heresia do “livreexame”: cada um interpreta a Bíblia a seu modoe, assim, cada um se auto-eleva à categoria de  “Papa de si mesmo”, revogando as inspiradaspalavras de São Pedro, 1º Papa, encontradas em2Pedro 1,20;3,15-17. 

[Distro-2]  O texto a seguir foi citado por F. PaulPeterson, em ‘Elevação e Queda da Igreja CatólicaRomana’, São Paulo: “Todos os padres se levantaram,muitos saíram da sala; porém alguns preladositalianos, americanos, alemães, franceses e inglesesr o d e a ra m o i n s p i r a d o o ra d o r e , c o m f r a te rn a i s  a p er t o s d e m ã o , d e m o n s t ra ra m c on c o rd a r co m o  

seu m odo de pensa r  ”.• Puro delírio do autor original ou do comentarista

protestante (já que o “complemento” é omitidona Distribuição nº 1, não é possível apurar a sualegítima origem). Se outros prelados de fatoconcordassem com o “modo de pensar” de nossoStrossmayer-fictício, por que não teriampronunciado outros discursos “inspirados” comoesse? E por que não permaneceram em Roma

para votar contrariamente à definição, não setornando “cúmplices” ou “radicalmente

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§78

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submissos”? Ou será que, sendo todos bisposcatólicos, desconheciam a doutrina do “pecadopor omissão”? 

[Distro-2] A história nos diz que, apesar de tudo, foiaprovada a Infalibilidade Papal neste Concílio doVaticano de 1870. Esta infalibilidade tornavadesnecessário os futuros concílios da Igreja,porque o papa era agora a autoridade final emquestões de fé e moral.

• Escancarada má-fé do comentarista!!!!! Repare-se como o comentarista SABE perfeitamente quea infalibilidade pontifícia se resume a questões

de fé e moral, definidos ex cathedra pelo Papa, eMESMO ASSIM se atreve a reproduzir na íntegrao falso discurso, que tenta inculcar que o Papaanseia obter uma infalibilidade absoluta epessoal!!! Queira Deus que possa se arrependerde tamanha malícia, retratando-se enquanto hátempo! Observe-se, por fim, que a própriaHistória desmente a incompetente afirmação docomentarista, tendo-se em vista a celebração doConcílio Ecumênico Vaticano II, a partir de 1965(quase cem anos DEPOIS da realização doConcílio Vaticano I).

[Distro-1] Coisa singular; desde a tal infalibilidade dospapas, vê-se a Igreja como que atirar-se em umdespenhadeiro, de cabeça para baixo! Quãoinspirado estava esse bispo Strossmayer!

A disciplina ecumênica (e não doutrina)implantada pelo Concílio Vaticano II (1965-1968)tem, sem sombra de dúvidas, contribuído para aexpansão protestante já que o “ecumenismo demão-única” (=diálogo que mais parece ummonólogo) que se tem visto por aí faz com quecatólicos mal-instruídos e de boa-fé sejamenganados por fraudes e mentiras levantadasardilosamente contra a Igreja Católica (a

propósito, o presente “discurso”, falsamenteatribuído ao bispo católico Josip Juraj

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Strossmayer, constitui um entre tantos exemplosque poderíamos citar). Ainda assim, conformedados estatísticos levantados por instituiçõescivis, o número de católicos no mundo também

tem aumentado ano após ano, de modo que adefinição do dogma da infalibilidade papal peloConcílio Vaticano I (1870) jamais constituiu umentrave para o crescimento da Igreja. Logo,soam também FALSAS as palavras docomentarista de que “vê-se a Igreja [católica]como que atirar-se em um despenhadeiro, decabeça para baixo” (cite-se, p.ex., os EstadosUnidos, país tradicionalmente protestante... Qual

a MAIOR IGREJA CRISTÃ ali presente naatualidade (janeiro/2007)? Resposta: a IgrejaCatólica Apostólica Romana!).

[Distro-1] Notas:1. [ULTRAMONTANISMO] Doutrina e política doscatólicos sobretudo franceses que se apoiavam naCúria Romana (além dos montes), opondo-se aosGalicanos no séc. XVII. O termo passou a significar osistema e a tendência dos que sustentam a autoridadeabsoluta do papa em matéria de fé e disciplina comopoder centralizado e único.

• Não foi doutrina, nem política, mas ummovimento surgido no século XIX em paísestransalpinos (daí o nome “ultramontanismo”, istoé, “além das montanhas” [dos Alpes]) – França,Alemanha, Espanha e Inglaterra – que exaltou o

papado como o grande baluarte contra oliberalismo político e o relativismo filosófico,guardião da independência da Igreja contraregimes políticos hostis. 

2. [GALICANISMO] Doutrina surgida em doismomentos históricos: no séc. XIV, defendendo aingerência dos reis franceses em negócioseclesiásticos; e no séc. XVII, preconizando a

autonomia dos bispos franceses em relação aautoridade pontifícia.

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  • Não se trata de doutrina, mas de políticatemporal na relação entre Igreja e Estado.Expliquemos: ainda que a teoria do Conciliarismotenha sido condenada em 1460 por Pio II (1458-

1464), persistiu com alguma força na França.Então, com o advento do regime estatalAbsolutista no século XVII, novas imposições doReino foram feitas à Igreja, gerando o chamado  “conflito das regalias”: os reis francesesatribuíram a si mesmos o direito de recolher, embenefício próprio, as rendas advindas de certasdioceses em vacância de sede, bem como proveros respectivos cargos vagos. Luís XIV (1643-

1715) estendeu essas medidas inclusive aosdemais territórios pertencentes à Coroa.Recebendo interpelação de dois bispos franceses,Inocêncio XI (1676-1689) advertiu o reimediante dois breves, em 1678 e 1679, para quedesistisse de tal pretensão. Mas o clero francêscolocou-se ao lado do rei e este, em 1681,convocou uma assembléia que estendia a regaliapara todas as dioceses e instituíram-se asdenominadas “Liberdades Galicanas”, formuladaspelo bispo Bossuet, que declara o seguinte: (1)Os papas receberam de Deus apenas o poderespiritual, não tendo o direito de depor os reis;(2) os Concílios Ecumênicos gozam desupremacia sobre o Papa (=teoria conciliarista);(3) a Igreja galicana goza de direitos especiaisque devem ser conservados; (4) as decisões do

Papa em questões de fé somente têm valor seaprovadas pela Igreja como um todo. Taisartigos foram aceitos em 1682 pela maioria dosbispos franceses e professores de direitocanônico e teologia foram obrigados pelo rei arespeitá-los. As resoluções foram, porém,condenadas pelo Papa em 11.04.1682 e acatadaspor Luís XIV, que tinha interesse em prosseguirnas negociações com Roma. Alguns bispos

aderentes às “Liberdades Galicanas” nãoobtiveram do Papa a confirmação de suas

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§82

funções. Foi, então, firmado um acordo: osparticipantes da assembléia de 1682 esignatários das “Liberdades” se submeteriam aoPapa e a observância dos artigos seria revogada

pelo rei; em contrapartida, o direito das regaliaspersistiria por mais algum tempo.

3. [ARIANISMO] Doutrina professada por Ário, padrealexandrino do séc. IV, que subordinava o Logos aoPai, o único eterno e verdadeiro Deus. Foi condenadapelo Concílio de Nicéia (325). O arianismo expandiu-se durante todo o século chegando a formar radicaiscomo a dos anomeus. Foi definitivamente eliminado

do Império, após numerosas flutuações e tomadas deposição contraditórias.

• Aprofundemos um pouco mais para melhorcompreendermos: trata-se da doutrinapropagada pelo presbítero Ario (+336) quedeclara que o Filho de Deus (=Logos) não emanado Pai desde a eternidade; haveria um tempo emque Ele não existia. Tendo sido tirado do nadapelo Pai, antes da criação do mundo, por um atode vontade divina, somente a partir de entãopode-se chamar Deus de Pai. No entanto, o Painão colocou seu Filho acima de todas ascriaturas. Por Ele, como que servindo-se de uminstrumento, o Pai tudo criou. Tendo, por opçãolivre, se colocado ao lado do Pai, foi exaltado ahonras divinas e, por causa disso, pode tambémser chamado Deus. Alexandre e Atanásio de

Alexandria foram seus maiores adversários,defendendo a verdadeira divindade de Cristo. Adiscussão logo se estendeu a toda a Igreja ereuniu-se, em 325, o I Concílio Ecumênico deNicéia, que condenou o Arianismo e em seuSímbolo de Fé excluía toda subordinação do Filhoao Pai: Jesus é   “Deus de Deus, Luz de Luz,verdadeiro Deus de verdadeiro Deus, gerado enão-criado, consubstancial ao Pai” . Ário foi

excomungado e a heresia sofreu novacondenação no I Concílio Ecumênico de

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Constantinopla, em 381, mas nem por isso acontrovérsia encontrou um fim, graças aosimperadores romanos e alguns povos bárbarosque favoreciam a propagação da heresia. No

entanto, os arianos se dividiram de modo aacarretar, com o passar do tempo, a extinção daheresia. Como bem recorda o estudioso Rudolf Fisher-Wollper:   “O Arianismo trouxe muitodesassossego e insegurança para a Igrejadaquela época. De outra parte, contudo, tambémcontribuiu para o fortalecimento da Igreja:ansiava-se por uma instância provida de poderpara uma decisão final e última em questões

dessa ordem. Descobriu-se no papado talcompetência decisória” (p.187). 

4. [MONOTELISMO] Doutrina Teológica defendida noséc. VII por Sérgio, patriarca de Constantinopla, comodesdobramento do monofisismo. Sustentava queCristo possuía uma única vontade ou energia porcausa da unidade de pessoa e de natureza. Foireprovada pelo 3º Concílio de Constantinopla em 680- 681.

• Vamos também nos aprofundar um pouco maisaqui. Tendo o I Concílio de Nicéia condenado oArianismo em 325 e o Concílio de Calcedôniacondenado o Monofisismo (=doutrina que afirmaque em Cristo há uma só natureza: a divina) em451, tentou o patriarca Sérgio de Constantinoplareconciliar os monofisistas com a Igreja,

passando a ensinar que em Cristo existia umaunidade de vontade, de forma que se poderiaafirmar que n’Ele havia uma única energiadivino-humana (=monoenergismo); Sofrônio,patriarca de Jerusalém, entretanto, ponderouque tal doutrina promovia o monofisismo. Sérgio,então, recorreu ao Papa Honório I (625-638).Quanto ao resto, leia-se o §55.

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§84 Bibliografia[Distro-1] Texto extraído do livro: Roma e oEvangelho – resumidos e publicados por D. JoséAmigó Y Pellicer.

[Distro-2] Almeida, Abraão. Babilônia, Ontem e Hoje,editora CPAD [Casa Publicadora das Assembléias deDeus]. São Paulo. 4ª edição, 1984, pgs 116 a 130.

• Nossa bibliografia:AA.VV. “Os Pontífices”. São Paulo: Loyola, 1ª ed.,2001.ALBERIGO, Giuseppe (org.). “História dos ConcíliosEcumênicos”. São Paulo: Paulus, 1ª ed., 1995.BALBACH, Alfons. “Conhecereis a Verdade”.

Itaquaquecetuba: Verdade Presente, 3ª ed., s/d.BETTENCOURT, Estêvão Tavares. “Curso deEclesiologia por Correspondência”, Rio de Janeiro:Mater Ecclesiae, 2003. __________. “Revista Pergunte e Responderemos”.Rio de Janeiro: Lumen Christi, nºs 07 (1958), 222(1978), 477 (2002).CORRÊA, Iran. “Biografia dos Papas”. São Paulo:Américas, 1ª ed., 1952.FISHER-WOLLPERT, Rudolf. “Léxico dos Papas”.Petrópolis: Vozes, 1ª ed., 1991.FRANZEN, Edson de Almeida. “Infalibilidade Papal:discurso de um bispo apostólico”. Curitiba: Herr, 1ªed.digital, 2003.MCBRIEN, Richard P.. “Os Papas”. São Paulo:Loyola, 1ª ed., 2000.RAMALHETE, Carlos. “Primado de Pedro”.

Petrópolis: Hora de São Jerônimo, 1999.SIMÕES, Adelino F.. “Os Cristãos Perguntam”.Campinas: Raboni, 1ª ed., 1996.

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CONCLUSÃO

Como pudemos ver, todo o discurso acima – de ponta a ponta – éfalso, de forte inspiração protestante. Jamais poderá ser atribuído a

um bispo da envergadura de Strossmayer.Ademais, ao dogma da infalibilidade pontifícia Strossmayer sesubmeteu com lealdade, de forma que chegou a publicar em suadiocese (Djakovo) os documentos e decisões do Concílio econtinuou a colaborar assiduamente com a Santa Sé até o fim desua vida (p. ex.: ajudou a preparar as concordatas firmadas entreRoma e Rússia em 1882 e 1905; interferiu junto ao governoBismark para pôr termo ao “kulturkampf ” [=secularização dos bens

eclesiásticos] na Alemanha; etc.). Em 1881, inclusive, Strossmayerchefiou uma delegação das nações eslavas que foi a Romaagradecer ao Papa Leão XIII (1878-1903) a publicação da encíclica “Grande Munus”, referente aos santos Cirilo e Metódio, apóstolosdos povos eslavos.

Morreu, pois, em plena comunhão com a Igreja e com o Sumo-Pontífice, ainda que, durante a realização do Concílio, não tivessecompreendido exatamente a razão de ser da definição do dogma

da infalibilidade papal.O mesmo ocorreu em outras partes do mundo, pois até mesmooutros expoentes da tese anti-infalibilista manifestaram semdemora a própria adesão à definição conciliar. Só na Alemanha,mais precisamente em Munique, manteve-se viva uma resistência,em torno do historiador Döllinger, que evoluiu para cisma formaldando origem aos “velhos-católicos”; tal grupo, porém, semprecareceu de força expansiva e nunca constituiu um pólo alternativoà Igreja Católica romana. É de se notar, inclusive, que nem opróprio Döllinger aderiu à ele...

Em suma: o discurso supra analisado é COMPLETAMENTE falso,não somente porque jamais foi proferido por Strossmayer, mastambém por forjar grossas mentiras no que se refere à História. Talataque ao Corpo de Cristo, que é a Igreja (cf. Colossenses 1,26) sópoderia mesmo reverter em detrimento dos atacantes e da causaque os inspira!

Quanta confusão não se faz para pegar os eventuais leitoresdesprevenidos e afasta-los da fé católica! Tão patente é a má-fé do

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autor do discurso que um estudioso sincero está dispensado de ocomentar ulteriormente. O Evangelho de Cristo não é pregado pelapolêmica cega e preconceituosa... A Bíblia – que nossos acusadoresafirmam com tanto alarde ser a única regra de fé a ser seguida –

ensina justamente outro procedimento...Após refutarmos todo o discurso, usando a Bíblia, a Tradição, oMagistério e a História, finalizamos com as mesmas palavras deencerramento do falso-discurso de Strossmayer (§76) – únicaparte que realmente se aproveita – em conjunto com as palavrasde conclusão de um outro discurso, este sim Verdadeiro (Mateus11,15):

 “Tenho concluído! – Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!”.

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PARA SE APROFUNDAR NO TEMA

Infalibilidade Papal

• Constituição Dogmática “Pastor Aeternus” 

(http://www.dicionariodafe.com.br/documentos/pastor_aeternus.htm)

• A doutrina da infalibilidade do Sumo Pontífice

(http://www.veritatis.com.br/article/682)

• O primado petrino e a infalibilidade

(http://www.veritatis.com.br/article/1136)

• Resposta a ataque ao dogma da infalibilidade

(http://www.veritatis.com.br/article/2558)

• O discurso anti-infalibilidade do Papa, do bispo Strossmayer

(http://www.veritatis.com.br/article/3133)

• A infalibidade do Sagrado Magistério

(http://www.veritatis.com.br/article/3864)

• Reflexões acerca do primado do Papa e de sua infalibilidade

(http://www.veritatis.com.br/article/3923)

Primazia do Papa

• O primado de Pedro e a epístola aos Gálatas

(http://www.veritatis.com.br/article/6)

• A promessa do primado

(http://www.veritatis.com.br/article/45)

• Pedro, a rocha

(http://www.veritatis.com.br/article/677)

• Sobre o primado da Igreja romana

(http://www.veritatis.com.br/article/1216)

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http://slidepdf.com/reader/full/infpap 77/80

• A cruz invertida usada pelo Papa é símbolo do anticristo?

(http://www.veritatis.com.br/article/710)

• Pregação, episcopado e martírio de São Pedro em Roma

(http://www.veritatis.com.br/article/816)

• Permanência e morte de São Pedro em Roma

(http://www.veritatis.com.br/article/1215)

• São Pedro esteve em Roma

(http://www.veritatis.com.br/article/3542)

• A cruz invertida [texto em espanhol] 

(http://www.apologetica.org/cruz-invertida.htm) 

Maria Santíssima e o Paganismo

• Os reformadores protestantes e Maria

(http://www.veritatis.com.br/article/54)

• Imagens católicas ou ídolos pagãos?

(http://www.veritatis.com.br/article/675)

• Uma defesa bíblica de Maria

(http://www.veritatis.com.br/article/813)

• Protestante grita o seu ódio a Maria Santíssima

(http://www.veritatis.com.br/article/2074)

• Mais uma carta cheia de ódio a Maria

(http://www.veritatis.com.br/article/2675)• Apologia à veneração dos santos no Cristianismo primitivo

(http://www.veritatis.com.br/article/3937)

• A Igreja e o paganismo

(http://www.veritatis.com.br/article/3958)

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Pouco após o encerramento do

Concílio Vaticano I (1870), começou a

c irc ular na Europa - e, pouco depois, em

todo o planeta - um discursomaliciosamente atribuído a Josip Juraj

Strossmayer (+1905), no qual este

respeitado bispo católico da Croácia

atacava ferozmente a definição do

dogma da Infalibilidade Pontifícia, bem

como a instituição do Papado e aprimazia do Papa.

Embora a História saiba hoje o nom e

verdadeiro do falsário, os dados e

argumentos empregados no pseudo-

discurso ainda não tinham recebido a

devida atenção dos estudiosos c atólic os,

de modo que continuavam a ser

integralmente propagados por livros e

sites anticatólicos.

Nesta obra, o Autor finalmente

desenvolve, com notável saber, a

refutação integral, parágrafo por

parágrafo de uma das maiores “lendas