estagioeducacao.pdf

11

Click here to load reader

Transcript of estagioeducacao.pdf

Page 1: estagioeducacao.pdf

Universidade Estadual de Campinas

Professor Adilson

EL774L - Estágio Supervisionado I

Gabriela Aguillar Leite

RA: 093781

Relatório Aulas – Escola Estadual Francisco Alvares

Aulas de Filosofia

Na escola, a organização dos espaços e tempos, os discursos verbais e não-

verbais, a arquitetura – com suas cores e mobiliários, a relação estabelecida com a

natureza e com a comunidade próxima – são elementos que co(n)formam

cotidianamente tipos de visão de mundo, apresentadas e vividas por estudantes e

educadores dentro do ambiente escolar. Edileuza Fernandes da Silva (2008) argumenta

como as salas de aula são espaços concebidos para o aprender/ensinar, mas que

transcendem seu aspecto físico. Isso porque, Edileuza aponta como essas salas

“espaços/tempos privilegiados de formação humana que, ao serem ressignificados

cotidianamente assumem a condição e possibilidade de construção de uma nova

realidade”. (idem:2)

As primeiras manifestações de educação “formal” no Brasil foram iniciadas por

jesuítas. Tratava-se de utilizar um método “aculturador”, em que práticas, conceitos,

técnicas e valores cristãos eram ensinados durante às catequeses, com o objetivo de que

os valores antigos dos colonizados fossem deixados para trás em nome desses novos

que aprendiam com os jesuítas. Os métodos pedagógicos utilizados enfatizavam a

leitura, escrita e cálculo como produtores do conhecimento (DA SILVA:2008).

Durante muito tempo este permaneceu sendo o modelo escolar brasileiro. Apesar

das reformas e transformações desde então, somos herdeiros desse modelo educacional

cristão, em que, mesmo apesar da “laicidade da educação” ainda vemos presente

imagens religiosas dentro das salas de aula.

Atualmente, segundo Edileuza, “Estamos vivendo momentos de exacerbação

do indivíduo e da sociedade globalizada, novas demandas têm sido impostas à

Page 2: estagioeducacao.pdf

escola e ao professor, suscitando dúvidas e inquietações sobre como

desenvolver o ensino e possibilitar a aprendizagem num universo tecnológico .

Tem sido requerido do professor articular o trabalho escolar com as

tecnologias da informática, do cinema e da televisão, sob o argumento de que

as formas de ensinar hoje já não se justificam, estão obsoletas”(DA SILVA,

2008:34)

Assim, tendo em vista que, hoje em dia, os recursos audiovisuais fazem-se cada

vez mais presentes dentro deste espaço e no cotidiano dos jovens - constituindo e sendo

apropriado numa corporalidade escolar - busquei, junto com mais três colegas que

realizaram junto a mim o Estágio na licenciatura das ciências sociais, privilegiar a

linguagem audiovisual como reflexão e prática dentro da escola. Nossa ideia foi

principalmente expandir possibilidades de viver e criar esses mundos dentro do espaço

institucionalizado da escola, utilizando o vídeo como chave importante para essa

expansão; um meio educacional que pode contribuir tanto para a apresentação e

abordagem de novos elementos da cultura, como para a produção de conhecimento.

Trabalhamos junto com o professor de Filosofia da Escola Estadual Francisco

Alvares com jovens do ensino médio (1ºB e 2ºA), nos valendo de exibições de filmes e

curtas-metragens. Durante as aulas, apresentamos a história e evolução da técnica

cinematográfica e suas narrativas conjuntamente com aulas expositivas do professor que

investigava junto com os alunos a produção da imagem dentro dos debates da filosofia.

Levantamos também discussões acerca do conteúdo dos vídeos, inserindo os temas que

apareciam por interesse dos alunos.

A ideia de realizar o estágio dessa maneira veio de uma iniciativa do próprio

professor de nos integrar completamente à experiência na sala de aula. Durante as

primeiras visitas a escola, na busca por regularizar minha situação de estágio, conversei

primeiramente com a professora de Sociologia da escola para sondar as possibilidades

de acompanhar suas aulas. Porém, um de meus amigos, que me acompanhava na escola

– estudante de filosofia, recebeu uma proposta do professor dessa disciplina na

Francisco, que me pareceu bastante intrigante: sugeriu que meu amigo encontrasse mais

duas ou três pessoas e formasse um grupo de estágio para além de discutir

conjuntamente propostas de metodologia, desafios e soluções para o espaço das aulas,

estivesse interessado em construir esse espaço, atuando nas aulas.

A proposta do professor era desenvolver, em conjunto, uma metodologia

experimental para as duas turmas que acompanhamos e que nosso papel durante as

Page 3: estagioeducacao.pdf

aulas fosse sempre uma intervenção ativa e não somente observadora. Quando nos

reunimos pela primeira vez com o professor, ele nos perguntou sobre nossos interesses.

Acabamos convergindo no gosto pelo cinema, entramos em uma discussão política

sobre o uso do vídeo na sociedade contemporânea e resolvemos inserir este meio como

o espaço de conhecimento nas nossas aulas.

O professor de Filosofia da Escola Estadual Francisco Alvares é formado em

Filosofia pela UNICAMP, com mestrado e doutorado em filosofia também pela

UNICAMP. Professor concursado, trabalha na escola há dois anos. Acompanhei com o

professor a classe do 1ºB e 2ºA do ensino médio durante 1 semestre. As classes eram

formadas por cerca de 30 alunos por turma.

A escola Estadual Francisco Alvares é uma escola pequena localizada na Estrada

da Rhodia, divisa de Barão Geraldo e Paulínia e atende alunos de classe média baixa e

baixa da região. Os alunos com que tive contato durante as aulas mostraram estabelecer

com o professor de filosofia e com a coordenadora pedagógica – de quem fiquei bem

próxima, uma relação de reconhecimento da figura de autoridade, e ao mesmo tempo

uma horizontalidade de tratamento. Isto é, presenciei diversas conversas bastante

pessoais entre alunos-professor-coordenação sobre assuntos que envolviam família,

processos emocionais pessoais e interesses extra-sala de aula, sem que isso significasse

um rompimento com o espaço de construção de conhecimento formal mediado pelo

professor. Isso já desde início me deixou bastante motivada a realizar o estágio nessa

escola.

Por vezes, durante as aulas do professor de filosofia, principalmente durante a

parte expositiva, e mais densa de conteúdo teórico, em que o professor se propunha a

abordar discussões filosóficas sobre a produção da imagem, os alunos se mostravam

bastante desinteressados e desmotivados. Nunca presenciei enfrentamentos ou atitudes

violentas em sala de aula, mas vi por diversos momentos uma incômoda apatia entre os

jovens: alunos dormindo, calados com expressões cansadas e usando o celular

frequentemente.

O professor, em nossas conversas semanais para combinar as nossas

intervenções, sempre nos deixou claro sua postura de – nas palavras dele, “liberdade dos

alunos”. Em seu entendimento, haveria a proposta da aula, que poderia sempre ser

discutida e melhorada junto aos alunos, mas esse ponto era seu limite para que os alunos

se envolvessem na aula. Ou seja, se não houvesse vontade de participar ou realizar as

atividades propostas, o professor dizia para os alunos que apenas não atrapalhassem, e

Page 4: estagioeducacao.pdf

que assim podiam fazer o que quisessem com o espaço das aulas. Também liberou os

alunos do compromisso com a nota, dizendo que aprovaria todos os alunos,

independente dos resultados nas provas.

Como dividíamos o espaço da aula toda sexta-feira com o professor, 25 minutos

ele conduzia uma aula expositiva e 25 minutos desenvolvíamos uma atividade, ficou

nítido as diferenças de ponto de vista sobre a metodologia em sala de aula. Durante

nossas intervenções propúnhamos atividades que eram sempre marcadas pelo tempo e

não abrimos espaço para os alunos que não quisessem fazer nada, mas convidávamos a

pensar em alternativas sobre o que fazer. Se eles não estivessem gostando, sugeríamos

que viessem com novas ideias, ou entre nós discutíamos formas de melhorar. Mas não

abrimos espaço para o uso de celulares – ao invés disso fizemos um dia de gravação

com o celular- ou para não realizar qualquer atividade que não se relacionasse com a

proposta de vídeo e construção da imagem.

As aulas do professor eram apresentadas por meio de imagens e textos expostos

em power point, com uma bastante precária estrutura na sala de aula para o uso de

computador e slides. O professor raramente se valia da lousa para a apresentação de

conteúdos, pois dizia não haver tempo suficiente para passar na lousa e então começar a

aula. Os alunos não respondiam muito bem a apresentação de ppts, apenas interagindo

quando algumas imagens e vídeos eram transmitidos.

Inicialmente houve uma tentativa do professor em pedir leituras prévias de

textos filosóficos para os alunos para que fosse trabalhado em aula. Contudo, o

professor não conseguiu selecionar textos adequados e não conseguiu se organizar nem

mesmo para xerocar antecipadamente os textos que deveriam ser lidos. Por fim desistiu

do uso de leituras prévias e continuou sua metodologia de aulas expositivas, aderindo a

apostila de filosofia fornecida pela escola.. Acredito, pela experiência de um dia em que

alguns alunos conseguiram ler um texto, que a leitura prévia de algo referente ao que

será tratado em aula sem dúvida proporciona uma aula mais interativa, dialogada e

interessante. Neste dia, os poucos alunos que se dedicaram a ler pareciam muito mais

interessados na aula, respondiam as questões colocadas pelo professor e dialogavam

mais com a classe. Em outros momentos em que não houve a leitura poucos alunos

participavam, e aqueles que participavam partiam de argumentos muito senso comum e

por vezes desviando o foco do que realmente se queria tratar.

A metodologia que adotamos para nossa metade da aula foi se transformando ao

longo do semestre por percebermos diversas falhas e problemas com nossa ideia

Page 5: estagioeducacao.pdf

primeira de como queríamos trabalhar. Nos demos conta de que muito do tempo

“perdido” era porque estávamos com dificuldade de chamar a atenção dos alunos para

começar a atividade. Isso foi, de muitas maneiras, contornado pela brilhante ideia do

Hugo – que participa da disciplina de Estagio no IFCH comigo, de trazer instrumentos

musicais e iniciar nossa parte das aulas tocando alguma música. Desta forma, nos foi

poupada muita energia na tentativa de centralizar o processo de troca de conhecimento e

de uma maneira muito genuína e fluida: através da curiosidade dos alunos em escutar o

berimbau, o violão, o mantra que estava sendo cantado e o poder da música de envolver

e sincronizar todos em uma vibração similar. Isso nos ajudou muito na interação com os

jovens, tirando-nos do papel de “chatos que chamam toda hora a “atenção” e nos ajudou

no entrosamento com eles, pois não havia uma identificação tão formal de professor

deles com relação a nós – também o fato de sermos mais jovens contribuiu com essa

questão de uma relação menos vertical.

Disse que a música nos ajudou muito, mas não suficiente para que as aulas não

estivessem todo o tempo necessitando de uma “chamada” de atenção constante dos

alunos, que ficavam muito dispersos. Foi a partir disso que decidimos que iríamos

alterar nossa metodologia de aula e tentar descentralizar um pouco mais as atividades. A

ideia de separar nosso tempo em dois momentos: o conjunto, no qual nos focaríamos na

parte audiovisual e em grupos, através dos eixos temáticos, foi muito interessante para a

dinâmica da aula. Além de resultados práticos mais produtivos, tivemos um grande

alinhamento com nossa proposta ideológica de pensar a escola como um movimento

vivo.

Um sistema vivo é aquele cujas partes estão em fluxo constante em relação a

outras partes, em relação ao todo do qual pertencem, e em relação a outros sistemas

vivos. por muito tempo, as escolas funcionaram como sistemas inanimados, onde existe

pouca evolução de partes relacionadas; as ideias são fixas, os professores as ensinam e

as crianças devem aprendê-las. (Gandini, p. 166)

Em vez de optarmos pela organização linear de trabalho educativo - que é

baseada no sistema de produção fabril - propusemos, a passagem de fábrica a canteiro

de obras. Para isso, foi necessário organizar os espaços e tempos, práticas e atitudes que

possibilitassem o nascimento de ideias, e que estas fossem alimentadas e inseridas em

ciclos.

Dessa forma, nós três, com o aval do professor, propusemos três eixos temáticos

(corpo do mato, resistência e culturas urbanas), em que foram desenvolvidos três

Page 6: estagioeducacao.pdf

universos culturais. A ideia é que os alunos expandissem seu repertório cultural para

que no final pudessem produzir um vídeo de aproximadamente dois minutos com

algumas reflexões trazidas por esses temas e através de toda a discussão fomentada

pelo professor sobre a produção e usos da imagem.

Segue aqui exemplo do planejamento de duas atividades que realizamos junto

aos alunos:

Plano de Aulas

Dia 09 de maio

Primeira parte da atividade dos estagiários

- O quê faremos?

Introdução à escrita de um roteiro. “Se o roteiro conta uma história, que tipo de

história queremos contar?”. O objetivo aqui é expandir as possibilidades de

investigarmos histórias que estão em nós mesmos, mas que muitas vezes são pouco

ouvidas ou expressadas, dando lugar à narrativas que fazem referência a histórias já pré-

concebidas e identidades pré-fixadas. Vamos experimentar! Também abordaremos um

pouco da estrutura de escrita de um roteiro.

- Como faremos?

Começaremos este dia de atividades exibindo o vídeo “Os perigos de uma história

única” que traz essa problematização citada acima sobre as “histórias únicas” e uma

reflexão sobre os caminhos para se contar outras histórias. Depois apresentaremos

alguns conceitos interessantes que auxiliam no desenvolvimento de um roteiro:

premissa, storyline, argumento e os atos do roteiro. Exibiremos um curta (2 minutos no

máximo. A decidir) e pediremos para que os alunos identifiquem esses pontos

conjuntamente. Em seguida, distribuiremos tirinhas de jornal para que possam

identificar esses pontos em grupos e por fim produzir uma tirinha em 3 desenhos em 5

minutos, apontando a premissa, a storyline e o argumento. Também entregaremos um

modelo de roteiro para que eles guardem como material para futuramente escrever seus

próprios roteiros.

Page 7: estagioeducacao.pdf

Plano de Aulas

Dia 16 de maio

Segunda parte da atividade dos estagiários

- O quê faremos?

Eixos temáticos: - Aqui pensamos em desenvolver o trabalho com as histórias da

aula anterior dentro de cada eixo temático.

- Como faremos?

Trazer narrativas, quadrinhos, poemas, desenhos e filmes que contem histórias sobre

os temas escolhidos pelos alunos. A ideia é expandir as referências sobre histórias. Em

pequenos grupos, os alunos devem escolher um dos materiais trazidos pelos bolsistas e

explorá-los.

- Corpo de Mato

Como contamos histórias sem o uso da escrita? Explorar a ideia da história oral,

trazendo novamente os materiais sugeridos na aula anterior e pedindo para que os

alunos contem histórias, através da dança, dramatização ou música. Levaremos vídeos

com algumas histórias sendo contatadas para inspirar os alunos.

- Resistência

Para começar a oficina será passado um exercício referente a cada sub-tema para

cada sub-grupo de modo a retomar ou iniciar o contato dos alunos com essas técnicas

corporais. Técnicas pontuais de capoeira, dança e yoga serão ensinadas a cada grupo.

Em seguida através dos registros de relatos feitos na última aula será feita uma

transcrição relacionando as experiências passadas com a atual. Enquanto alguns colegas

executam os exercícios outros odas fotografam utilizando seus aparelhos celular, o que

é feito de modo rotativo até que todos tenham feito o exercício e também fotografado.

- Culturas Urbanas

A partir dos temas levantados pelos estudantes na aula anterior, realizar um trabalho

de organização dos materiais a seremv utilizados e desenvolvidos. Começar um

processo de organização e sistematização, produzindo painéis e artefatos culturais sobre

Page 8: estagioeducacao.pdf

as culturas urbanas. O foco será a produção de narrativas urbanas. Vide: Capão Pecado,

Ferréz, quadrinhos. (Hugo)

Planejamento das atividades

Page 9: estagioeducacao.pdf

Planejamento das atividades

Em relação à proposta do professor em sala de aula e a apostila de filosofia dos

1ºs e 2ºs anos, tivemos uma descontinuidade também em decorrência a esta proposta de

trabalharmos a questão da imagem de forma aprofundada em sala de aula. Assim, como

disse anteriormente, o professor recorreu a materiais extracurriculares, textos clássicos

de Platão, Aristóteles até mais contemporâneos como Merleau-Ponty. Como a apostila

do 2ºano trabalha com o “Mito da Caverna”, o professor acabou usando esta também –

de maneira adiantada, entre o 1ºano.

O Mito nos conta a história de prisioneiros que vivem acorrentados em uma

caverna desde que nasceram. Eles passam o tempo todo olhando para uma parede no

funda da caverna que recebe iluminação de uma fogueira. O olhar curioso à parede vem

das sombras de estátuas que são projetadas nelas. As estátuas representam animais,

pessoas, objetos e a atividade principal dos prisioneiros é conceder nomes às imagens, e

analisar, interpretar e julgar as situações que são criadas a partir das imagens.

A situação hipotética que o professor pediu o tempo todo para os alunos

imaginarem é que, se de alguma forma, fossemos forçados a sair das correntes e

pudéssemos caminhar para fora da caverna, entraríamos em contato com outra

realidade, percebendo que durante toda a vida todos nós prisioneiros estávamos apenas

analisando imagens projetadas por estátuas e fora da caverna há um mundo em que

Page 10: estagioeducacao.pdf

podemos tocar plantas, animais, pessoas e, assim, descobriríamos outras realidades. Mas

será que se voltássemos para a caverna e contássemos aos nossos colegas prisioneiros o

que vimos eles iriam acreditar nessa outra realidade? Ou eles apenas acreditariam na

realidade produzida por aquelas imagens?

A ideia aqui é propor uma reflexão sobre nossa visão – muitas vezes limitada do

que chamamos realidade. Acreditamos por vezes nas imagens criadas como fontes

únicas e verdadeiras para se conhecer o mundo, e não compreendemos que a própria

produção da imagem é uma produção de uma realidade particular, dotada de um ponto

de vista e de influências culturais, sociais e históricas.

Com isso o professor engajou outras discussões presentes na apostila do 2º ano,

sobre Kant e a filosofia moderna. Argumentando como o bloqueio ao campo da arte

enquanto espaço de cognição foi instaurado pelo pensamento filosófico kantiano. Kant

identifica no uso intelectual da razão, a fonte exclusiva de produção e acesso ao

conhecimento, excluindo a estética. Nossa ideia ao longo do semestre – nós alunos e

professor, foi expandir esse conceito de estética (através do vídeo) para além do formal

ou de “gostos pessoais”, para um verdadeiro espaço de compreensão e empoderamento

no mundo.

Avalio como positiva a participação no estágio, especialmente pela proposta

bastante inovadora de conciliar um projeto prático em vídeo com discussões teóricas

filosóficas sobre a imagem, conhecimento e estética. Conseguimos sair do modelo de

estagiário observador nas aulas para atuar como educadores, experimentando uma

metodologia de aula construída ideologicamente e aplicada na prática dentro do nosso

grupo de estudantes da UNICAMP. Além disso, tivemos um retorno muito positivo dos

alunos que estavam bastante motivados com a ideia de trabalhar com algo prático em

uma aula de filosofia.

Outro ponto bastante marcante para mim durante este percurso no estágio foi a

possibilidade de ao mesmo tempo discutir a docência de maneira mais aprofundada –

através da troca de ideia constante do grupo, das reuniões com os outros integrantes do

projeto, nossos supervisores e nosso coordenador e de ter uma prática tão gratificante

como foi a nossa na escola Francisco Alvares. A Francisco foi muito acolhedora desde o

primeiro contato. Funcionários, professores e principalmente alunos que nos receberam

tão bem e sempre com o coração aberto e um “sim” para as nossas malucas

experimentações.

Page 11: estagioeducacao.pdf

Sinto que em vários momentos, devido a falhas na nossa comunicação e pouca

disponibilidade minha – especialmente (fora o estágio, sou professora de inglês em uma

escola particular em Barão Geraldo) para um projeto de estágio tão ambicioso, o

conteúdo teórico ficou pouco “amarrado” com nossa proposta audiovisual. Por vezes

dividíamos ‘tarefas’ para otimizar nosso pouco e tempo, e algumas lacunas apareciam.

De um modo geral, sinto que a semente que plantamos na escola foi riquíssima.

Sai de lá tão satisfeita com o ponta pé inicial que demos, que dentro das enormes

adversidades que é o trabalho dentro de uma escola estadual com sua pouca verba,

pouca assiduidade dos alunos, e difícil organização, pôde ter uma continuidade e um

bonito desenvolvimento.

Bibliografia

- GANDINI, Lella. O papel do ateliê na educação infantil - a inspiração de

Reggio Emilia. Penso. 2012.

- GREINER, Christine. O corpo - pistas para estudos indisciplinares.

Annablume. 2006.

- DA SILVA, Edileuza Fernander. “A aula no context histórico”. IN: Aula:

Gênese, Dimebnsões, Princípios E Práticas. Iima Passos Alencar Veiga

(organização). Campinas, São Paulo. Papirus, 2008.

- Caderno de Filosofia do 2º ano do Ensino Médio.