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    Documento da CNBB - 92

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    Coleo Documentos da CNBB

    2- Sou Catlico: Vivo a minha F

    3 - Evangelizao da Juventude

    84 - Diretrio Nacional de Catequese87 - Diretrizes Gerais da Ao Evangelizadora da Igreja no Brasil

    88- Projeto Nacional de Evangelizao:

    O Brasil na Misso Continental

    89- 20 Plano Pastoral do Secretariado Geral 2009 - 2011

    90- Legislao Complementar ao Cdigo de Direito Cannico para

    o Brasil sobre a Absolvio Geral (aplicao do cn. 961)91- Por uma Reforma do Estado com Participao Democrtica

    92 - Mensagem ao Povo de Deus sobre as Comunidades Eclesiais

    de Base

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    MENSAGEM AO

    POVO DE DEUS

    SOBRE AS

    COMUNIDADES

    ECLESIAIS DE BASE

    CONFERNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL

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    1 Edio - 2010

    COORDENAO: Secretrio Geral da CNBBCOORDENAOEDITORIAL: Pe. Valdeir dos Santos GoulartPROJETOGRFICO, CAPAEDIAGRAMAO: Fbio Ney Koch dos Santos

    C748m Conferncia Nacional dos Bispos do Brasil / Mensagem do Povo de Deus sobre as

    Comunidades Elesiais de Base. Braslia,Edies CNBB. 2010. 24 p. : 14 x 21 cm ISBN: 978-85-7972-036-9

    1. Igreja / Comunidade 2. Misso 3. Formao 4. Espiritualidade.

    CDU - 250

    Nenhuma parte desta obra poder ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/

    ou quaisquer meios (eletrnico ou mecnico, incluindo fotocpia e gravao) ou arqui-

    vada em qualquer sistema ou banco de dados sem permisso escrita do autor - CNBB.

    Edies CNBB

    www.edicoescnbb.com.brE-mail: [email protected]

    Fone: (61) 2103-8383 - Fax: (61) 3322-3130SE/Sul Quadra 801 - Cj. B - CEP 70200-014

    Braslia - DF

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    S UMR IO

    SIGLAS .................................................................................................. 7

    APRESENTAO ............................................................................. 9

    INTRODUO ................................................................................... 19

    OS DES AFIO S POST OS S CEB s HOJE : ASOCIABILIDA DE BSICA NO CLIMA CULTURAL

    CONTEMPORNEO ......................................................... 12O PERCUR SO HISTRICO DAS CEBs NO BRASI L . 13

    A EX PE RI NC IA DO S IN TE RE CL ES IAI S ..................... 14

    ESPI RIT UALI DADE E VI VNCIA EUCA RSTI CA ... 15

    VIVNCIA E ANNCIO DA P ALAVRA DE DE US E OTESTEMUNHO DE F ........................................................... 17

    SOLIDARIEDADE E SERVIO .......................................... 17

    A F ORM AO D OS DIS CPULO S M ISS ION RIO S . 18

    A PARTI CIPAO NOS MO VIMENTO S SOCI AIS, DECIDADAN IA, DE DEFESA DO MEIO AMBIE NTE EMVI STA DA C ON STR UO DO REINO D E DE US ...... 19

    ESPRITO DE ABERT URA ECUM NICA E DILOGO

    INTER-RELIGIOSO ................................................................. 20

    FOR MA O DE RE DE D E CO MU NI DA DE S ............... 21

    CONCLUSO ............................................................................ 21

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    S I G L A S

    DAp Documento de Aparecida

    DMd Documento de Medelln

    RM Redemptoris Missio

    LG Lumen Gentium

    DPb Documento de Puebla

    EN Evangelii Nuntiandi

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    A P RE S ENTAO

    A sociedade contempornea, cada vez mais globa-lizada, tornou-se ambiente propcio ao anonimato daspessoas, perdidas dentro dos mecanismos das macro-organizaes, das burocracias e da conseqente unifor-mizao de comportamentos. O processo de globalizaoaproximou os povos, mas criou tambm grande padro-nizao nos modos de ser, pondo em risco as diferenas

    culturais.

    Apesar dessa forte tendncia homogeneidade cul-tural, articula-se, lenta e intensamente, uma reao, nosentido de criar comunidades nas quais as pessoas se co-nheam e sejam reconhecidas, podendo ser elas mesmasem suas biografias, dizer sua palavra, ser acolhidas e aco-

    lher, atendendo pelo nome prprio. Assim, vo surgindogrupos e pequenas comunidades por toda parte.

    Nas Cartas Paulinas, aparecem diversas referncias igreja que se rene nas casas (cf. 1Cor 16,19; Rm 16,5;Fl 2; Cl 4,15). Para esses primeiros cristos, o lar com seuambiente familiar era a igreja. A partir daqueles lares,

    surgiram ministrios e estruturas que moldariam a Igreja,atravs dos sculos.

    As Comunidades Eclesiais de Base(CEBs)represen-tam, hoje, a continuidade deste mesmo fenmeno, no seioda Igreja. Elas representam uma maneira de ser Igreja, deser comunidade, de fraternidade, inspirada na mais leg-

    tima e antiga tradio eclesial. Teologicamente so, hoje,uma experincia eclesial amadurecida, uma ao do Esp-rito no horizonte das urgncias de nosso tempo.

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    Nesta perspectiva, a 48 Assemblia Geral da CNBBquis contemplar as CEBs, acolhendo-as e acompanhando-as como quem procura discernir, no hoje da histria, o que

    o Esprito diz Igreja. Certamente, isso no nos dispensa,enquanto pastores, da diligncia necessria para a buscade lucidez e de melhores caminhos, com todo o esforode compreenso que deve instaurar-se no interior dessacontemplao teolgica sobre o valor eclesial das CEBs.

    Que Maria, me de Deus e da Igreja, abenoe todas

    as CEBs de nosso Brasil, para que elas floresam aindamais, em nossas parquias e Igrejas Particulares, comsua riqueza carismtica, educadora e evangelizadora (cf.DAp, n. 99e, 178).

    Braslia, 30 de maio de 2010.

    Solenidade da Santssima Trindade

    DomDimasLaraBarbosa

    BispoAuxiliardoRiodeJaneiro

    SecretrioGeraldaCNBB

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    Introduo

    As Comunidades Eclesiais de Base, dizamosem 1982, constituem em nosso pas, uma realidadeque expressa um dos traos mais dinmicos da vida daIgreja (...) (Comunidades Eclesiais de Base na Igreja do

    Brasil, CNBB, doc. 25, n. 1). Aps a Conferncia de Apa-recida (2007) e o 12 Intereclesial (Porto Velho-2009),queremos oferecer a todos os nossos irmos e irmsuma mensagem de animao, embora breve, para a ca-minhada de nossas CEBs.

    Queremos reafirmar que elas continuam sendo um

    sinal da vitalidade da Igreja (RM, n. 51). Os discpulose as discpulas de Cristo nelas se renem para uma aten-ta escuta da Palavra de Deus, para a busca de relaesmais fraternas, para celebrar os mistrios cristos em suavida e para assumir o compromisso de transformao dasociedade. Alm disso, como afirma Medelln, as comu-

    nidades de base so o primeiro e fundamental ncleoeclesial (...), clula inicial da estrutura eclesial e foco deevangelizao e, atualmente, fator primordial da promo-o humana (...) (DMd, n. 15).

    Por isso, Como pastores, atentos vida da Igrejaem nossa sociedade, queremos olh-las com carinho, es-

    tar sua escuta e tentar descobrir atravs de sua vida,to intimamente ligada histria do povo no qual elasesto inseridas, o caminho que se abre diante delas parao futuro. (CNBB, doc. 25, n. 5)

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    Os desafios postos s CEBs hoje: asociabilidade bsica no clima culturalcontemporneo

    Com as grandes mudanas que esto acontecendono mundo inteiro e em nosso pas, as CEBs enfrentam hojenovos desafios: numa sociedade globalizada e urbaniza-da, como viver em comunidade? Nascidas num contextoainda em grande parte rural, sero capazes de se adaptaraos centros urbanos, que tm um ritmo de vida diferen-

    te e so caracterizados por uma realidade plural? Dentrodesse contexto, h outro desafio: como transmitir s novasgeraes as experincias e valores das geraes anteriores,inclusive a f e o modo de viv-la? S uma Igreja com di-ferentes jeitos de viver a mesma F ser capaz de dialogarrelevantemente com a sociedade contempornea.

    O sculo XX foi, sem dvida, o sculo daglobalizao.Suas consequncias para a vida cotidiana so tantas quehoje se fala que o mundo vive no mais uma poca demudanas, mas uma mudana de poca, cujo nvel maisprofundo o cultural (DAp, n. 44). De fato, a cincia ea tcnica quando colocadas exclusivamente a servio do

    mercado (...) criam uma nova viso da realidade (DAp,n. 45), mas isso no significa um passo em direo ao de-senvolvimento integral proposto pela encclica Populorumprogressio e reafirmado pelo Papa Bento XVI em Caritasin Veritate, porque a lgica do mercado corri a estruturade sociabilidade bsica que se expressa nas relaes de

    tipo comunitrio. medida que ele avana, expulsa asrelaes de cooperao e solidariedade e introduz rela-es de competio nas quais o mais forte quem levavantagem.

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    Desta forma, preciso valorizar as experincias desociabilidade bsica: as relaes fundadas na gratuidadeque se expressa na dinmica de oferecer-receber-retribuir.

    O cultivo da reciprocidade tem como espao primeiroaquele onde a vizinhana territorial importante para avida cotidiana, como em reas rurais, bairros de periferiae favelas. a solidariedade entre vizinhos melhor dizen-do, entre vizinhas que assegura o cuidado com crianas,idosos e doentes, por exemplo. No por acaso, esses es-

    paos perifricos favorecem o desenvolvimento de asso-ciaes de vizinhana e movimentos que reivindicam me-lhorias de equipamento urbano, bem como das prpriasComunidades Eclesiais de Base (CEBs). So as relaesde reciprocidade que, promovendo a solidariedade que a fora dos pobres e pequenos, permite que se diga que

    gente simples, fazendo coisas pequenas, em lugares pou-co importantes, consegue mudanas extraordinrias.

    O percurso histrico das CEBs no Brasil

    A experincia das CEBs no surgiu de um planeja-mento prvio, mas de um impulso renovador, como umsopro do Esprito, j presente na Igreja no Brasil. Esse im-pulso renovador se manifesta de forma crescente nos anos50 e 60 do sculo 20. Na verdade, os tempos se tornarammaduros para uma nova conscincia histrica e eclesial:primeiro, pela emergncia de um novo sujeito social nasociedade brasileira, o sujeito popular, que ansiava par-ticipao; segundo, pela emergncia de um novo sujeito

    eclesial, portador de uma nova conscincia na Igreja. Eleansiava participar ativa e corresponsavelmente da vida eda misso da Igreja. Esse sujeito provoca novas descober-tas e converses pastorais (CNBB, doc. 25, n. 7).

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    Nelas se revigoravam ou restauravam as relaes dereciprocidade, de modo a favorecer a reconstruo dasestruturas da vida cotidiana, do mundo da vida, em um

    contexto social adverso. A interao entre a CEB enquan-to organismo eclesial e a comunidade local de vizinhos uma das grandes contribuies da Igreja conquista dosdireitos de cidadania em nosso Pas. Ao acolher pastoral-mente a populao rural ou migrante em capelas e salesimprovisados nos quais elas se sentissem em casa, a

    Igreja lhes ofereceu uma possibilidade de organizar-seautonomamente, quando as empresas e os poderes pbli-cos s viam nela o potencial de mo-de-obra a ser empre-gada no processo de industrializao.

    A experincia dos Intereclesiais

    Os Encontros Intereclesiais das CEBs so patrimnioteolgico e pastoral da Igreja no Brasil. Desde a realiza-o do primeiro, em 1975 (Vitria ES), renem diversasdioceses para troca de experincia e reflexo teolgica epastoral acerca da caminhada das CEBs. Foram doze en-contros nacionais, diversos encontros de preparao em

    vrias instncias (parquias, dioceses, regionais) e, desdea realizao do 8 Intereclesial ocorrido em Santa Maria RS (1992), so realizados seminrios de preparao eaprofundamento dos temas ligados ao encontro.

    Manifestao visvel da eclesialidade das CEBs, osEncontros Intereclesiais congregam bispos, religiosos e

    religiosas, presbteros, assessores e assessoras, animado-res e animadoras de comunidades, bem como convidadosde outras igrejas crists e tradies religiosas. Neles se ex-pressa a comunho entre os fiis e seus pastores.

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    Espiritualidade e vivncia eucarstica

    O Conclio Vaticano II, eminentemente pastoral,

    provocou um grande impacto na Igreja. Suas grandesideias-chaves trouxeram a fundamentao teolgica paraa intuio, j sentida na prtica, de que a renovao pasto-ral deve se fazer a partir da renovao da vida comunit-ria e de que a comunidade deve se tornar instrumento deevangelizao. (CNBB, doc. 25, n. 11)

    A exigncia do Vaticano II de razo estritamenteteolgica, de ordem trinitria. A essncia ntima de Deusno a solido, mas a comunho de trs divinas Pessoas.A comunho koinonia,communio constitui a realidadee a categoria fundamental que permeia todos os seres eque melhor traduz a presena do Deus-Trindade no mun-do. a comunho que faz a Igreja ser comunidade defiis. Por isso, o Vaticano II faz derivar a unio do Povode Deus da unidade que vigora entre as trs divinas Pes-soas (LG, n. 4).

    A Trindade nos coloca, desde o incio, no corao domistrio de comunho. O Papa Joo Paulo II, falando aosbispos em Puebla, em 28 de janeiro de 1979, proclamou:Nosso Deus em seu mistrio mais ntimo no uma soli-do, mas uma famlia... e a essncia da famlia o amor.A comunho e a comunidade devem estar presentes emtodas as manifestaes humanas e em todas as concreti-zaes eclesiais.

    Por isso mesmo, a Eucaristia est no centro da vidade nossas comunidades de base. o sacramento queexpressa comunho e participao de todos e todas,como numa grande famlia, ao redor da Mesa do Pai.

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    H comunidades que recebem a comunho eucarsticagraas a presena do Santssimo no local ou pelo ser-vio de um ministro extraordinrio da sagrada comu-

    nho. Como nossas CEBs, em sua maioria, no tmoportunidade de participar da Eucaristia dominical,por falta de ministros ordenados, elas podem alimen-tar seu j admirvel esprito missionrio participandoda celebrao dominical da Palavra, que faz presenteo mistrio pascal no amor que congrega (cf. 1 Jo 3,14),

    na Palavra acolhida (cf. Jo 5,24-25) e na orao comuni-tria (cf. Mt 18,20) (DAp, n. 253).

    A realidade das CEBs se expressa na liturgia e tam-bm na diaconia e na profecia. A diaconia educa, cura asferidas, multiplica e distribui o po e chama para a soli-dariedade e a comunho. A profecia anuncia o desgnio

    de Deus e denuncia os abusos, a mentira, a injustia, a ex-plorao e exige a converso. Por isso, sofre perseguio,difamao, morte.

    Temos duas testemunhas recentes desse duplo mi-nistrio dos discpulos e discpulas de Jesus Cristo: Dra.

    Zilda Arns e Irm Dorothy Stang. H muito conhecidaspor nossas comunidades pobres pelo Brasil afora, elasinspiraram a ao das CEBs. Elas entregaram a vida e nosdeixaram seu testemunho de f e amor aos pobres, fracos,desamparados e discriminados.

    Esta espiritualidade tambm possibilitou a produ-

    o de uma rica manifestao artstica em nossas comuni-dades msicas, poesias, pinturas, smbolos tpicos daprtica religiosa e cultural de nosso povo, e que tambmso instrumentos de evangelizao e de misso.

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    Vivncia e Anncio da Palavra de Deus e oTestemunho de f

    A Palavra se fez carne e habitou entre ns (Jo 1,14).A acolhida da Palavra de Deus e a vivncia comunitriada f so indissociveis nas CEBs. A Bblia faz parte dodia-a-dia da comunidade, estando presente nos grupos epastorais, nas liturgias e na formao, na reza e nas aesque visam superar as desigualdades e injustias da socie-dade brasileira.

    So espaos privilegiados de leitura bblica nas CEBsos crculos bblicos e grupos de reflexo. Neles o povo secoloca como sujeito eclesial, assume seu lugar na comuni-dade e na sociedade. O protagonismo dos leigos nas CEBs expresso viva de uma Igreja que se renova animadapelo Esprito Santo, tambm um sinal de que no disci-

    pulado esto surgindo novos ministrios e servios.

    O ministrio da Palavra exige o ministrio da ca-tequese a todos porque fortalece a converso inicial epermite que os discpulos missionrios possam perseve-rar na vida crist e na misso em meio ao mundo que osdesafia (CNBB, DGAE, n. 64; DAp, n. 278c). A vida em

    comunidade j uma forma de catequese. Ela predispepara o aprofundamento da f e da vida crist por meio doministrio da catequese e tambm pelo testemunho fra-terno de seus membros.

    Solidariedade e servio

    Alimentadas pela Palavra de Deus e pela vivncia decomunho, as CEBs promovem solidariedade e servio.Reunindo pessoas humildes, as CEBs ajudam a Igreja a

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    estar mais comprometida com a vida e o sofrimento dospobres, como fez Jesus. Elas manifestam, mais claramente,que o servio dos pobres medida privilegiada, embora

    no exclusiva, do seguimento de Cristo (DPb, n. 1145).

    Mais ainda, o surgimento das CEBs, junto com ocompromisso com os mais necessitados, ajudou a Igreja adescobrir o potencial evangelizador dos pobres, primei-ro, porque interpelam a Igreja, chamando-a converso;segundo, porque realizam em sua vida os valores evan-glicos da solidariedade, servio, simplicidade e disponi-bilidade para acolher o dom de Deus (DPb, n. 1147). Asvocaes religiosas e sacerdotais despertadas pelas CEBssinalizam vitalidade espiritual, comunho eclesial e umnovo estmulo de consagrao a Deus.

    A formao dos discpulos missionrios

    Na sua experincia j amadurecida, as CEBs que-rem ser Igreja como o Conclio Vaticano II desejou: umaIgreja toda ministerial a servio do Reino de Deus. A for-mao do discpulo missionrio comea dentro delas pela

    experincia de um encontro feliz e alegre com a pessoade Jesus, sua vida e seu destino. Como Jesus convocoudiscpulos e discpulas para estarem com ele, do mesmomodo, ele convoca tambm hoje discpulos e discpulaspara estarem com ele e dele aprenderem o amor ao Pai,a fidelidade ao Esprito e o compromisso para a transfor-mao do mundo em mundo de irmos e irms.

    Por sua capacidade de cuidar da formao da pr-pria comunidade e de olhar, com compaixo, a realidade,as CEBs podem e devem ser cada vez mais escolas que

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    ajudam a formar cristos comprometidos com sua f;discpulos e missionrios do Senhor, como o testemunhaa entrega generosa, at derramar o sangue, de muitos de

    seus membros (DAp, n. 178).

    A participao nos movimentos sociais, decidadania, de defesa do meio ambiente emvista da construo do Reino de Deus

    No que diz respeito relao das CEBs com a di-

    menso sociopoltica da evangelizao, o Snodo sobre A

    Justia no Mundo, de 1971, j tinha afirmado que a ao

    pela justia e a participao na transformao do mundo

    nos aparecem claramente como uma dimenso constituti-

    va da pregao do Evangelho, isto , da misso da Igreja

    pela redeno do gnero humano e a libertao de toda

    situao de opresso (introd.). Em vista disso, a Igreja noBrasil exorta as CEBs e demais comunidades eclesiais a se

    manterem fiis prpria f, no contedo e nos mtodos,

    na busca da libertao plena, superando a tentao de

    reduzir a misso da Igreja s dimenses de um projeto pu-

    ramente temporal (CNBB, doc. 25, n. 64ss; Cf. EN, n. 32).

    Em relao aproximao das CEBs com os movi-mentos populares na luta pela justia, o documento 25da CNBB afirmava que elas no podem arrogar-se omonoplio do Reino de Deus. Na verdade, a CEB devetomar conscincia de que, como Igreja, sinal e instru-mento do Reino, aquela pequena poro do povo de

    Deus onde a Palavra de Deus acolhida e celebrada nossacramentos ... sobretudo na Eucaristia (n. 70ss). AsCEBs buscam, sim, a colaborao fraterna com pesso-as e grupos que lutam pelos mesmos valores (n. 73).

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    As CEBs tm despertado em muitos dos seusmembros a espiritualidade do cuidado para com a vidados seres humanos, de todas as formas de vida e a vida

    do Planeta Terra. A espiritualidade do cuidado temmotivado o surgimento de gestos e atitudes ticas derespeito, de venerao, de ternura, de cooperao soli-dria, de parceria, que promovam a incluso de todos ede tudo no mistrio da vida.

    As CEBs promovem a participao ativa de seusmembros nos grupos de economia popular solidria,resgatando o sentido originrio da economia como aatividade destinada a garantir a base material da vidapessoal, familiar, social e espiritual. Contribui assimpara que o trabalho humano, alm de ser o lugar deedificao da dignidade humana e promoo da justiasocial, seja tambm responsvel pela promoo do de-senvolvimento sustentvel.

    Esprito de abertura ecumnica e dilogointer-religioso

    Uma das dimenses da espiritualidade cultivadaspelas CEBs a do dilogo ecumnico e interreligioso, quese d pela abertura ao mundo do outro, promovendo aunidade na diversidade e buscando as semelhanas nadiferena. Esta espiritualidade dialogal tem sido assumi-da pelas CEBs como uma misso de fraternidade crist,

    numa atitude de profundo respeito s demais manifes-taes religiosas, em busca da comunho universal. Essaespiritualidade nasce do desejo expresso por Jesus: Quetodos sejam um! (Jo 17,21)

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    Formao de rede de comunidades

    Os membros das CEBs so discpulos de Cristo e

    ajudam a formar outras comunidades. Em meio a gran-des extenses geogrficas e populacionais, a comunidadeeclesial de base requer que as relaes sejam de fraterni-dade, partilha de vida, de bens e da prpria experinciade f. Ela deve provocar um encontro permanente coma Palavra de Deus e celebrar na liturgia, na alegria e nafesta, a salvao que Jesus Cristo nos trouxe.

    A experincia da f e da participao faz amadurecera comunidade eclesial de base, e lhe confere caractersticasprprias de modo a lev-la a um relacionamento fraternode igualdade com as demais comunidades pertencentes mesma parquia. Com isso, a matriz-paroquial ganhamaior relevncia pastoral na medida em que passa a exer-

    cer a funo de articuladora das comunidades.Exortamos que a parquia procure se transformar

    em rede de comunidades e grupos, capazes de se articu-lar conseguindo que seus membros se sintam realmentediscpulos missionrios de Jesus Cristo em comunho(DAp, n. 172), tendo por modelo as primeiras comunida-

    des crists retratadas nos Atos dos Apstolos (At 2 e 4).Assim, a parquia ser mais viva, junto com suas comu-nidades, coordenadas por leigos ou leigas, por diconospermanentes, animadas por religiosos e religiosas, e quetenham no Conselho Pastoral Paroquial, presidido peloproco, seu principal articulador pastoral.

    Concluso

    Em comunho com outras clulas vivas da Igreja,comunidades de discpulos e discpulas geradas pelo

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    encontro com Jesus Cristo, Palavra feito carne (cf. Jo 1,14),como so os movimentos, as novas comunidades, aspequenas comunidades, que integram a rede de comu-

    nidades que a parquia chamada a ser, reafirmamosaqui o que est escrito no Documento 25 da CNBB: Aoconcluir estas reflexes, desejamos agradecer a Deus pelodom que as CEBs so para a vida da Igreja no Brasil, pelaunio existente entre os nossos irmos e seus pastores, epela esperana de que este novo modo de ser Igreja v se

    tornando sempre mais fermento de renovao em nossasociedade. (n. 94)

    Braslia-DF, 12 de maio de 2010

    Dom Geraldo Lyrio RochaArcebispo de MarianaPresidente da CNBB

    Dom Luiz Soares VieiraArcebispo de ManausVice-Presidente da CNBB

    Dom Dimas Lara BarbosaBispo Auxiliar do Rio de Janeiro

    Secretrio-Geral da CNBB

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