Desporto&esport - edição 2 2014

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DOPING: LEGALIZAÇÃO? OU PROIBIÇÃO? A NÃO PERDER! REAL MADRID - 4-4-2 2014/2015 Desporto &Esport Revista Digital de Estratégia e Gestão Desportiva OS PRÓS E OS CONTRAS AS DIFERENTES ANÁLISES E PERSPETIVAS A VIDA DE AGASSI A História do ténista que ódiava ténis PEP GUARDIOLA As Táticas de Barcelona a Munich LINGUAGEM CORPORAL TREINO VS TALENTO Desporto Profissionalismo e Lesões No desporto profissional as lesões são cada vez mais frequentes. Nesta edição, mostramos os tratamentos mais recentes na medicina atual. Especial Qual dos 2 é mais importante A Linguagem escondida

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Magazine desportivo de Língua portuguesa, com autores de várias nacionalidades dentro da lusofonia. Debate sério e pormenorizado do desporto em todas as suas vertentes dando maior enfase à gestão, à tática e ao negócio desportivo!

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DOPING: LEGALIZAÇÃO? OU PROIBIÇÃO?

A NÃO PERDER! REAL MADRID - 4-4-2 2014/2015

Desporto&EsportRevista Digital de Estratégia e Gestão Desportiva

OS PRÓS E OS CONTRAS AS DIFERENTES ANÁLISES E PERSPETIVAS

A VIDA DE AGASSI

A História do ténista queódiava ténis

PEP GUARDIOLA

As Táticas de Barcelona aMunich

LINGUAGEM CORPORAL TREINO VS TALENTO

Desporto Profissionalismo e LesõesNo desporto profissional as lesões são cada vez mais frequentes. Nesta edição, mostramos os tratamentos mais recentes na medicina atual. Especial

Qual dos 2 é mais importanteA Linguagem escondida

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O doping, entendível como a utilização de substâncias ilícitas para aumentar

a performance desportiva, existe desde os primórdios do desporto, e tem-no

acompanhado desde sempre. E foi inclusive, mais ou menos assumido, parte

integrante da política desportiva de muitos países, como forma de confronto

com nações rivais, usando o desporto para vitórias “bélicas” e poiticas. Hoje,

isso é cada vez menos uma prática, mas segundo as autoridades competentes,

nunca o uso do doping foi tão alto. Os diversos estudos apontam para valores

acima dos 10% sendo que apenas menos de 1% desses atletas acaba por acu-

sar positivo. Para muitos, estes valores podem surpreender, mas para aqueles

que olham mais de perto o fenómeno desportivo, facilmente afirma que estes

valores, nada mais são que uma consequência natural dos requisitos e do des-

gaste, para além do aumento de lesões graves, que a atividade desportiva de

topo carrega no desporto atual, onde os limites humanos são constantemente

exigidos. Deste modo, temos que nos questionar e trazer para o debate publi-

co um debate serio sobre o doping, e se o uso de substancias deve continuar

a ser totalmente banida do desperto, ou se, por contrário, de devemos adotar

uma abordagem menos fundamentalista e mais permissiva, adotada a cada

modalidade e as suas características.

Mas não só de doping, vive esta segunda edição da Desporto&Esport. Temos

um especial, com um conjunto de artigos, sobre lesões, os novos tratamentos,

totalmente futuristas para os leigos, e o impacto emocional e de psicológico

que provoca nos atletas. Falamos igual, de como, a linguagem corporal e uma

boa analise da mesma, pode ser a diferença entre a vitória ou derrota dentro

de um campo de futebol. Olhamos para o Brasil e o voleibol e das razões que

fazem deste desporto um sucesso em terras de vera cruz. Andre Agassi, um

tenista que odiou o ténis por toda a sua vida, é a figura desportiva desta edição;

um caso paradigmático de onde o sucesso e a felicidade não andam de mãos

dadas.

Por fim, agradecendo a todos os colunistas convidados a sua participação,

congratulamo-nos, por cada vez mais sermos uma revista por toda a comu-

nidade e países de língua portuguesa, com colunistas de diferentes nacionali-

dades e leitores um pouco por todo o mundo.

Diogo Sampaio, Director

EDITORIAL

Director geral e Editor Diogo Sampaio [email protected] ColunistasPedro M. Silva, Vitor E. Santos, Diogo Sampaio, Thiago Y. Jacomelly, Ricardo Reis, Tiago Dinis

Colunistas ConvidadosRodolfo Resende Pires, Alexandre Monteiro, Olívia Santos, Alexandre Cardoso, Ana Matos

[email protected]

Websitewww.desportoeesport.com

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ESPECIAL LESÕES24 O impacto psicologico das lesões28 Holografia: lesões e Basebol 32 Celulas estaminais, lesões e recu-peração fisica34 NFL e o risco de doenças dege-nerativas

FIGURA36 Agassi: O tenista que odiava tenis

MAIS DESPORTO&ESPORT26 Squash29 O respeito dentro do Balneario33 NHL e as imagens POV45 Menos carbiodratos para os maratonistas46 Ciclismo e Tecnologia50 NBA: a origem dos craques51 Sérvia-Albânia: a origem da vio-lencia56 Hidratação no desporto profis-sional58 Triatletas: três erros comuns62 Fotografia do mês68 Filme: Um homem fora de serie70 Livro: o treino da tomada de decisão71 Número do mês72 Software: ZenPlanner73 Aplicativo Web: OneFootball

CAPA: DOPING

06 Doping: Proibição? Legalização?

08 Doping: Definição 09 Razões para o uso do doping

17 Principais metódos e substân-cias dopantes

18 Doping e saúde: o caso da Alemanha oriental

19 Doping: uma questão legal ou ética?

52 Doping: legalização!

53 Doping: Proibição!

65 Doping: conclusões finais

DESPORTO&ESPORT10 Real Madrid: 4-4-2 12 Segredos da Linguagem corporal

15 O segredo do sucesso do voleibol brasileiro de quadra: qual a receita?

20 GPS e arbitragens

23 A importancia da análise de video

30 Videojogos: devem ser consid-erados desporto?

40 Tecnologia MuscleSound

44 Estádios Intelegentes

48 Redes sociais, marcas e desporto

59 Pep Guardiola: as taticas de bar-celona a munich 63 Treino Vs. Talento

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Nos anos 70, muitas atletas femininas engravidavam propositadamente semanas antes

das grandes competições, isto porque nos primeiros meses de gestação as mulheres ficam

mais fortes e aumentam a capacidade aeróbica. Na Grécia antiga, de cordo com os escritos

deixados pelo filósofo Philostratus, os atletas da primeira era olímpica, aproximadamente

776 a.C, consumiam chás compostos por diversas ervas e comiam cogumelos para mel-

horaram as suas marcas. Atualmente, a química e a tecnologia produzem um conjunto de

drogas e fármacos sintéticos que aumentam fortemente as performances do corpo humano

e permite bater recordes totalmente inimagináveis e impossíveis num “corpo limpo”. A

procura de meios, metodologias e substâncias para o aumento de performance desportiva,

como facilmente percebemos, foi uma constante por toda a história humana.

Atualmente a problemática do doping, ou em português propriamente dito – dopagem,

assume contornos ainda mais proeminentes.

DOPING: LEGALIZAÇÃO OU PROIBIÇÃO?

Proibição? Legalização? Como decidir no meio de questões legais, éticas, des-portivas, saúde, entre tantas outras?

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DOPING: LEGALIZAÇÃO OU PROIBIÇÃO?

O canadense e ex-atleta Richard William

Pound, membro do Comitê Olímpico

Internacional (COI) e presidente na

Agência Mundial Antidoping de 1999 a

2007, afirmou, à pouco mais de dois anos,

que os diversos estudos indicam categori-

camente que mais de 10% dos desportistas

de alto rendimento se dopam, mas os

testes e os controlos anti-doping não apan-

ham mais que 1 ou 2%.

A tecnologia e os avanços científicos tam-

bém chegaram ao desporto e ao doping e a

realidade é que não sabemos com exatidão

a sua proporção, nem em que desportos

se desenvolvem em maior número; sim,

porque acreditar que o doping é uma

coisa unicamente do ciclismo é uma total

ingenuidade.

No entanto, o pressuposto deste artigo, e

dos artigos que acompanham o tema do

doping na 2 edição da Desporto&Esport,

debruça-se e leva o debate para um outra

orientação: devemos manter a intransigên-

cia quanto à utilização de substancia que

aumentam o rendimento? Ou, por outro

lado, devemos manter uma noção mais

abrangente sobre o tema, e abrir lenta-

mente o desporto, ou pelo menos algumas

modalidades, a essas mesmas substâncias,

e aceita-las como parte integrante da ativi-

dade desportiva profissional e de topo?

Este tema e este debate torna-se ainda mais

preponderante quando olhamos para o

desporto atual e facilmente entendemos o

nível de esforço requerido, ou o número de

jogos e partidas e o pouco tempo temporal

em que acontecem, ou o número de lesões,

em muitos casos, anormalmente altas

e muito definitivas para muitos atletas.

Muitas substâncias, até agora proibidas,

poderiam em muitos casos minimizar o

desgaste excessivo e prevenir lesões, e tor-

nar o desporto, à falta de melhor palavra,

de novo a índices humanos e possíveis de

ser praticados por humanos, onde alca-

nçar o limite não leva necessariamente à

destruição.

Se a isto somarmos, um conjunto de

metodologias e maquinaria cientifica, nor-

malmente ausente do debate do doping,

mas que criam, mesmo que legalmente,

claras diferenças artificias entre atletas,

beneficiando aqueles que têm um maior

poder financeiro ou que estão inseridos

em clubes ou instituições mais poderosas.

Assim, iniciar um debate serio e claro

sobre o uso do doping no desporto pro-

fissional é mais necessário que nunca,

sem termos como é obvio, a pretensão de

chegar a uma resposta definitiva. Neste

conjunto de artigos, para além de definir-

mos com exatidão o conceito de doping,

iremos apresentar a perspetiva de diversos

autores e da diversa literatura, defendendo

quer o uso do doping, que a sua total

proibição.

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Definir universalmente o significado de doping é uma tarefa difícil e até certo ponto inexequível, dada a falta de consenso, nomeadamente no mundo académico. Ainda assim é possível alcançar alguns acordos e ideias partilhadas pela maior parte dos especialistas. A palavra “doping” é um anglicanismo que terá sur-gido pela primeira vez em 1889 nos Estados Unidos da América em 1889 em contexto bélico, no qual referia: “ mistura de ópio e narcóticos administrada aos cavalos”, que significava “estimulação ilícita para os cavalos durante a corrida”. O termo doping como descrito acima não “nasceu” interligada com o desporto, isso aconteceu apenas, pelo menos a nível internacional, em 1933, e a sua definição passava por “ o uso de determinados fárma-cos para aumentar o rendimento físico”. Apenas duas décadas, em 1949, a definição de dop-ing haveria de sofrer uma ligeira remodelação: “todo o uso de substâncias ou de práticas estimulantes que exageram momentaneamente o rendimento de um individuo”.

Ao longo dos anos, outras pequenas alterações foram feitas, sendo que hoje, a definição usualmente mais aceite e adotada pela convenção europeia contra a

dopagem no desporto e presente na legislação portu-guesa é: Doping ou “Dopagem é o uso de qualquer medicamento ou produto que contenha substâncias indicadas na lista de substâncias proibidas”.

Para os mais curiosos, etimologicamente a palavra doping tem três grandes teorias. A primeira, e seguida por muitos autores anglo-saxónicos, afirmam que a palavra doping advém da língua inglesa “dope”, que significa “ pasta, líquido espesso ou gordo, utilizado como um lubrificante ou óleo alimentar”.Outros contrariam fortemente esta primeira teoria e afirmam que a palavra doping deriva diretamente do dialecto Kafir, que era falado por indígenas do sudeste de África que atribuía à palavra “dop” o significado de: “licor forte, que era bebido como estimulante durante os cultos ou cerimónias religiosas segundo a aprovação de Kafa”.

Recentemente surgiu a ideia de relacionar o termo doping com DOPA (dihidroxifenilalamina), que é um aminoácido monoaminocarboxílico, formado pela oxidação da tiosina em reacção catalizada pela tirosi-nasa.

Doping ou “Dopagem é o uso de qualquer medicamento ou produto que contenha substâncias indicadas na lista de substân-cias proibidas”

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RAZÕES PARA O USO DO DOPING

A teoria de Durkheim refere o uso do doping por parte dos atle-

tas como “um reflexo discrepantes das normas na sociedade”. Do

ponto de vista prático, este autor aponta a sociedade e as subcul-

turas como o principal meio para que o atleta se permita o uso

do doping; um pouco da mesma forma como a cultura potencia

ou reprime o crime. Quanto mais a sociedade for permissiva ao

uso de substâncias ilegais mais fácil será para o atleta dar o passo

decisivo para o uso de dopagem.

A teoria de Merton aponta as razões do uso do doping como o

“resultado de grandes exigências, motivações e recompensas nos

atletas de elite que testariam os limites da performance e isso sug-

eria o uso de meios ilegais”. Este ponto é facilmente identificável

e para isso basta ligarmos as nossas televisões ou ligar os nossos

computadores ou smartphone para entendermos os inúmeros

estímulos que os grandes atletas estão sujeitos: fama, dinheiro ou

reconhecimento mediático, são apenas alguns dos mais notórios.

Os atletas vivem vidas de aparente sonho, para chegar a elas ou

para lá se manter o doping pode ser um mal menor.

objetivo, como é claro para todos, para uso de substâncias ilegais, é aumentar a performance desportiva e alcançar vitórias e

records. Mas, esta é uma das situações em que é necessário olhar mais afundo para a questão, até porque quando olhamos

para alguns dos fármacos utilizados para melhorar artificialmente o desempenho, entendemos os seus malefícios. Por

exemplo o uso de esteroides pode provocar delírios, episódios de paranoia e quebras psicológicas graves, podendo inclusive

afetar o comportamento motor. Pior ainda, o uso prolongado pode originar problemas crônicos como doenças cardíacas,

enfermidades no fígado, disfunções sexuais e uma diminuição acentuada da espectativa de vida e nos casos mais graves a morte. Em alguns

casos deram-se ainda modificações corporais extremas, principalmente em atletas do sexo feminino. Assim é imperativo perceber quais as

razões que levam os atletas a correram tão altos riscos para o aumento artificial. No geral existem duas teorias: Durkheim e Merton.

O

Para além dos motivos já destacadas, existe também a problemática dos efeitos psicológicos nos atletas que se doparam e o muito comum efeito

de dependência que lhes provoca e não lhe permite, mesmo quando o desejam, de deixarem de utilizar substâncias proibidas.

Muitas das substâncias usadas no doping alteram dramaticamente o sistema límbico do cérebro, que controla o comportamento instintivo,

as emoções, e muito importante, a motivação. A maiorias das drogas utilizadas, como referido, alteram significativamente o metabolismo,

nomeadamente neurotransmissores como a adrenalina, noradrenalina, dopamina e serotonina estão envolvidos no controlo de muitos estados

emocionais e mentais, e criando em muitos casos dependência, tanto física como emocional. Aliás, como é sabido, todas as drogas criam,

nem que seja artificialmente, uma dependência, e aumentam a quantidade de dopamina no sistema de recompensa, e a procura de prazer,

euforia e em muitos casos uma sensação falsa de felicidade. Por exemplo, uma das substâncias mais usadas as anfetaminas criam uma elevada

dependência emocional e psicológica.

Assim sendo, é absolutamente termos em mente esta problemática, em casos onde existe a reincidência de atletas no doping, ou por outro lado

o uso continuado de substancia dopantes, assim como as entidades reguladoras, que têm necessariamente de olhar para estes atletas como

seres humanos e sujeitos a todas as fragilidades a isso inerentes, e devem como tal, focar-se primeiro no tratamento e só depois na penalização.

Evitando igualmente, a excessiva exposição mediática dos atletas, que em termos humanos pode ser extremamente contra producente.

Teoria de Durkheim Teoria de Merton

A problemática dos efeitos psicológicos e da dependência

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James Rodríguez, Toni Kroos e Luka Modric (no fundo em imagens, na sequencia apresentada) compõem o novo, e diga-se vibrante, meio-campo merengue, pertencendo quase no exclusivo a estes três homens a titularidade no atual sistema tático (4-4-2) criado por Ancelotti para o Real Madrid versão 2014/2015. Este trio altamente técnico, foi construído tendo por base três números 10, o que é uma total novidade no mundo do futebol, mas que ao contrário de muitas catastrófi-cas previsões tem resultado em pleno, aliando ainda uma beleza estética que esteve ausente da maior equi-pa da capital espanhola desde há vários anos.

O passe passou a ser o lema do Real Madrid desta presente época, em diferentes estilos, combinando a velocidade e a rapidez dos passes longos com períodos de desaceleração e até a própria inércia quebrando o habitual e permanente jogo de contra-ataque dos últi-mos anos. Permitindo, desta forma, que o jogo meren-gue possuía várias mudanças e diferentes abordagens, e possa, como é norma dizer na linguagem futebolista, especular com o jogo e com o que a equipa adversária oferece.

Isco e James, apesar de terem uma maior respon-sabilidade de passes de rutura, apostam igualmente na segurança e na eficiência, no oposto da época anterior onde o passe de rutura e de risco era a norma e o mais procurado. A versatilidade de Kroos é fundamental para a con-sistência da equipa, sendo ele, o principal motor com a sua qualidade de passe, consciência posicional e capa-cidade para aproveitar as oportunidades de remates para golo. Além disso, a sua capacidade para as bolas paradas é crucial para criar desequilíbrios, num futebol atual extremamente fechado. Assim, como a quali-dade de último passe de James na Zona 14 (consulte o nosso Website para saber mais sobre a zona 14 www.desportoeesport.com).Outo ponto crucial, é o povoamento do campo, mais fechado ao cento e com um maior número de jogadores no miolo do terreno, melhorando em grande medida o jogo interior e o passe entre linhas, aproveitando e potenciando ao máximo as superiores qualidades téc-nicas dos jogadores. observando o posicionamento em campo mais frequente dos jogadores do Real Madrid torna-se muito claro e prevalencia para o centro em detrimento das alas.

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O encanto do “novo” Real Madrid passa sobretudo pelo que o meio-campo e o futuro na Liga será o que James, Modric e Kroos forem capazes de fazer. Resta-nos esperar se a qualidade de jogo e de consistência consegue durante toda a época. Com as saídas do onze de Kedira e Xavi Alonso, e as menores capacidades defensivas de Kroos e Modric, não existia outra solução que não mudar e criar uma almofada tática que eliminasse ao máximo a perda de compostura, desorganização ou desequilíbrios. A simplicidade passou a ser o maior imperativo. Simplicidade com eficiência. Tomando como exemplo o jogo do Real contra o Liverpool – 3-0 vitória para a equipa espanhola, Kroos completou 88 dos seus 90 passes, com Modric 89 de 95, apostando num tipo de passe onde a segurança é a base, um pouco à imagem do que o Barcelona tem feito na última meia década.

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SEGREDOS DA LINGUAGEM CORPORAL

o desporto existe uma “lin-

guagem escondida” que

os jogadores, treinadores e

maior parte dos intervenien-

tes no jogo usam, a Linguagem Corporal.

Normalmente durante um jogo, o jogador

não pergunta ou indica as suas intenções

de uma forma verbal “ Posso passar-te a

bola? Desmarca-te! Vou lançar a bola para

a direita! Vou fintar! Vou dar um murro

no lado direito!”, Maior parte da lingua-

gem no desporto faz-se de uma forma

não-verbal.

Os melhores atletas são muito bons a ler

linguagem corporal, são muito intuitivos

a emitir sinais não-verbais e ainda a cap-

tar e entender as pistas não-verbais dos

adversários e treinadores.

Os atletas excelentes dominam esta lin-

guagem e usam-na para dissimular a sua

estratégia (Fintas, dissimular golpes, dis-

simular passes…), ou antecipar a estra-

tégia do adversário (“cortar” a bola ao

adversário, adivinhar o lado de marcação

de uma penalidade, para onde irá ser

atirada a bola, perceber qual o golpe do

adversário, …).

A linguagem corporal é uma linguagem

simples e mais verdadeira que todos nós já

conhecemos e “ falamos”, o meu objetivo é

relembrar os seus significados e criar uma

consciência sobre os sinais, movimentos

e expressões em prol de melhores resul-

tados.

A linguagem corporal influencia o com-

portamento do jogador antes e durante

jogo, se o jogador optar por uma pos-

tura de confiança, peito para fora, ombros

levantados, cabeça levantada, irá elevar os

níveis de testosterona logo melhorar o seu

desempenho e rendimento durante o jogo.

Sabia que a confiança de um Guarda-

redes durante a marcação de uma penali-

dade sobe aumentando a possibilidade de

defesa, se o jogador que marca a penali-

dade exibir uma postura submissa (Cabeça

Baixa, peito encolhido, ombros descaídos).

Dominar a Lingua-gem Corporal significa aumentar rendimento desportivo. Quanto melhor um atleta domi-nar esta linguagem e de uma forma consciente, maior o seu poder de antecipação logo mel-hor o seu rendimento e eficácia.

N

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Elementos da mesma equipa que dão mais toques de incentivo entre eles, demonstram maior união de grupo.

O treinador cobre a cara quando sente frustração ou desagrado pelo que está a acontecer

SEGREDOS DA LINGUAGEM CORPORAL

“Saber ler Linguagem Corporal é como aproximar-se de uma leitura de pensa-mentos dos seus adversários.”

Existem sinais não-verbais muito simples de observar que nos ajudam a Conhecer, Relacionar e Otimizar a forma como inter-agimos com os companheiros de equipa ou adversários, antes e durante um jogo. Quando um jogador levanta as sobrancel-has pelo menos duas vezes em direção a um companheiro/a de equipa é o mesmo que dizer ”Prepara-te!“ e como adversário devemos perceber que alguma coisa vai acontecer e assim antecipar.Quando o adversário levanta o queixo é

sinal de alerta, devemos ter atenção ao local para onde o seu queixo aponta.

O ângulo do tronco ajuda a adivinhar para onde o jogador irá passar ou atirar a bola, antes de passar ou atirar a bola o jogador inclina o tronco para o local onde irá passar ou atirar a bola, tanto que os bons jogadores usam um movimento “truque” para enga-nar o seu adversário, apontando a cara um lado e passam para outro, mas o tronco não engana.

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Alexandre Monteiro. Especialista em comportamento humanowww.pessoab.pt www.segredosdaLinguagemCoporal.blogspot.com

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Ao analisar a fotografia o que podemos perceber?

Poderoso - Braços abertos, Peito para fora, pés afastados, queixo levantado (Cristiano Ronaldo).

Para saber qual o jogador mais “poderoso”, repare no jogador que coloca o peito para fora, o que fizer de forma mais evidente é o que se sente mais poderoso em relação à equipa, Entre dois adversários, o que mais evidenciar o peito para fora, é o favorito à vitória.

Líder “Silencioso”- Queixo levantado, mãos na cintura, peito para fora (Pepe). Peito para fora e, queixo levantado revela confiança. Mãos na cintura encontra-se pronto para o desafio.

Lutador- Punhos Fechados e um pé com avanço (Raúl Meireles). Punhos fechados revela agressividade. Pé avançado, homem de ação.

O treinador ou espectador pode de uma forma simples olhar para um jogo através de uma outra dimensão, verificar e prever onde bola irá estar, quem é o atleta mais poderoso, quem é o líder “Silencioso”, qual o estado de união da equipa e muito mais, para isso basta observar simples sinais da linguagem cor-poral dos jogadores.

A linguagem corporal é tão importante

que é responsável por influenciar o com-portamento do jogador antes e durante jogo, se o jogador optar por uma postura de con-fiança, peito para fora, ombros levantados, cabeça levantada, irá elevar os níveis de tes-tosterona logo melhorar o seu desempenho e rendimento.A leitura da linguagem corporal está acessível a todos, podendo com a prática tornar-se mais natural. Tal como nas artes

marciais não precisa de saber 1000 técnicas para ser bom, basta sim saber 10 técnicas e treiná-las 1000 vezes, também na lingua-gem corporal não precisa de saber ler 1000 gestos, posições e expressões para captar as mensagens mais importantes, aprendendo a ler os simples gestos e posições nas diversas situações do seu dia-a-dia, ganha logo esta vantagem.

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om certeza, muitas pessoas no mundo afora ficam

se perguntando qual a receita de tanto sucesso das

seleções masculina e feminina brasileira de voleibol

e quando isso começou a se tornar realidade? Para

essas e mais perguntas, o artigo a seguir enumera

todo o esforço da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV)

visando os resultados recentes.

Para isso seria interessante entendermos como funciona toda

dinâmica estratégica e também os fatores responsáveis de tal

sucesso. E uma verdade universal que todos os esportes somente

conseguem algum apoio e visibilidade a partir de resultados e

projetos de marketing. A seleção masculina teve seu primeiro prê-

mio importante em 1982 no Campeonato Mundial disputado em

Buenos Aires, onde obteve a segunda colocação levando a medalha

de prata. Em 1984, novamente a seleção masculina consegue outra

medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Los Angeles. Em 1990

a embalada seleção ganha uma medalha de bronze na 1º Liga

Mundial disputada em Osaka, Japão após vencer um jogo contra

a extinta URSS. Porém o ápice do voleibol masculino foi a con-

quista inédita da medalha de ouro em 1992 nos Jogos Olímpicos

de Barcelona. Mediante aos resultados apresentado pela seleção

masculina, o voleibol feminino teve suas conquistas um pouco

mais tarde.

Tudo começou em 1993, quando conseguiu um histórico 4º lugar

no Grand Prix de Voleibol e que em 1994 vinha a ganhar o ouro

em cima da fortíssima seleção de Cuba, que era a atual Campeã

Olímpica. A partir dessa data, a seleção canarinho feminina

firma-se definitivamente no cenário mundial como uma potência

no esporte após conseguir uma medalha de prata no Campeonato

Mundial Feminino de 1994, disputado no Brasil no estádio

Ibirapuera localizado no estado de São Paulo. A partir desses

resultados, a CBV passou a profissionalizar o voleibol, oferecendo

recursos de fontes privadas e públicas para que o esporte pudesse

crescer e se fortalecer como uma potência nacional e internacional.

Todos esses títulos iniciais e os incentivos estabelecidos pelos

inúmeros presidentes que regiram a CBV ao longo desses anos

notaram a necessidade de se criar um centro de treinamento de

excelência, onde pudessem concentrar todos os atletas a fim de

disponibilizar um ambiente propício a prática da modalidade,

objetivando assim sua excelência. Em 25 de agosto de 2003,

a CBV inaugura o Complexo de Treinamento Saquarema na

cidade Saquarema, localizada no estado do Rio de Janeiro. Além

das seleções principais, o complexo tinha como objetivo treinar

atletas de diferentes categorias de base que se colocassem a dis-

posição da seleção mediante as seletivas estaduais estabelecidas

pelas Federações de Voleibol dos 26 estados nacionais e o Distrito

Federal. O complexo possui cerca de 108 mil metros quadrados,

com instalações e equipamentos de ultima geração disponíveis

a comissão técnica e aos atletas para que todo esse sucesso que

vemos hoje pudesse se tornar real. O centro de treinamento levou

a CBV ser reconhecida como a primeira entidade esportiva do

mundo a ganhar um certificação ISO 9001:2000.

A CBV recebe apoio de diferentes setores, seja ele privado ou estat-

al. Tem como seu principal patrocinador o Banco do Brasil, que

financia recursos dirigidos aos principais campeonatos nacionais

C

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Thiago Yavorkes Jacomelly, graduando em Física Médica e apaixonado por voleibol [email protected]

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existentes, sendo mais importante a

Superliga Masculina e Feminina. A com-

petição que outrora era chamada de Liga

Nacional teve seu nome adotado como

Superliga em 1994, mediante a necessi-

dade de popularizar e disseminar a prática

esportiva nos inúmeros clubes espalha-

dos por todo o Brasil. Anos após ano, a

Superliga se fortaleceu tornando um dos

principais torneios esportivos do mundo,

vitrine para formação de jogadores de alto

nível e até intercambio de vários atletas.

Dentre as varias nacionalidades que já

participaram ou participam da Superliga

podemos citar jogadores cubanos, rome-

nos, italianos, sérvios, tchecos, america-

nos, entre outros.

Hoje a Superliga conseguiu superar em

relação de visibilidade e mercado as prin-

cipais ligas do mundo, como a Liga Italiana

que advento da crise que se instalou na

Europa, acabou por exportar seus princi-

pais atletas nacionais e estrangeiros. Além

do Brasil, outras ligas se fortaleceram

como a Liga Turca e a Liga Russa, absor-

vendo atletas e comissão técnica de alto

desempenho no esporte.

A Superliga 2014/2015 está a todo vapor.

A Superliga Masculina conta com a par-

ticipação de 12 times de quatro estados

nacionais sendo: 5 times de São Paulo,

4 times de Minas Gerais, 2 times do Rio

Grande do Sul e 1 time do Paraná. Já a

Superliga Feminina conta com 13 times

de 6 estados nacionais sendo: 7 times de

São Paulo, 2 times de Minas Gerais, 1 time

do Rio de Janeiro, 1 time do Maranhão, 1

time do Distrito Federal e 1 time de Santa

Catarina.

O sistema de disputa desse torneio é longo,

geralmente entre o período das principais

competições internacionais objetivando a

continuidade do trabalho. Tem duração de

aproximadamente 6 meses entre os meses

de Novembro a Abril. E disputada em

quatro fases:

• 1º fase: Na primeira fase todos os

times se enfrentam em turno e returno e

são contabilizados pontos de acordo com o

utilizado no sistema internacional. Vitoria

por 3x0 ou 3x1 o time consegue 3 pontos

e vitória por 3x2 o time consegue 2 pontos

e o adversário leva 1 ponto. Os critérios de

desempate são respectivamente: numero

de vitorias, set average, pontos average,

confronto direto e sorteio.

• 2º fase: Os oito times mais bem

colocados mediante a pontuação conquis-

tada, disputam em um cruzamento sim-

ples de 1ºx8º, 2ºx7º, 3ºx6º e 4ºx5º lugares.

São disputados melhor de 3 jogos playoffs.

• 3º fase: as semifinais são disputa-

das em jogos onde o vencedor do 1ºx8º

pega o vencedor do 4ºx5º e o vencedor do

2ºx7º pega o vencedor do 3ºx6º.

• 4º fase: Final. Disputa em um

único jogo dos vencedores da 3º fase.

Portando, é notório que o suces-

so do voleibol depende de muitos fatores

que foram sendo construídos ao longo

das conquistas tanto do vôlei masculino

como do feminino. E importante frisar

a dedicação e o empenho de cada atleta,

comissão técnica e responsáveis que jun-

tos conseguem um resultado expressivo

reconhecido mundialmente. Então qual é a

receita ? Não existe uma receita, é somente

fruto de muito trabalho e entrega de todos

os apaixonados pelo esporte.

“Anos após ano, a Superliga se fortaleceu tornando um dos principais tor-neios esportivos do mundo, vitrine para formação de jogadores de alto nível e até intercambio de vários atletas. ”

Page 17: Desporto&esport - edição 2 2014

Thiago Yavorkes Jacomelly, graduando em Física Médica e apaixonado por voleibol [email protected]

Doping: Proibição? Legalização?

Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 17

s substâncias proibidas e tidas como dopantes divi-

dem-se me cinco grupos farmacológicos distintos.

Temos num primeiro plano os estimulantes, que tal como é indicado pelo nome, exitam o organ-ismo alterando drasticamente o metabolismo. De

entre os principais estimulantes destacam-se as anfetaminas, a cafeína, a cocaína e seus derivados como o crack, a efedrina, a estriquinina e a terbutalina. Assim, valores superiores a 500 ng/mL de salbutamol na urina, por exemplo, são passivos de punições. Algumas substâncias proibidas são permitidas em tratamentos específicos, como a adrenalina e o imidazol que podem ser usados como anestésicos locais.Temos também os agentes anabolizantes que se dividem em dois subgrupos: os esteroides anabolizantes androgeniza-ntes como a testosterona e seus derivados, a bolasterona, a androstenediona, a noratandrolona, entre outros agentes. Caso o exame evidencie uma relação superior a 6 partes de testosterona para uma de epitestosterona, será considerado positivo. Contudo, um estudo endocrinológico deverá ser realizado para saber se o distúrbio é natural, que ainda que raro, acontece em muitas situações.Os Narcótico-analgésicos são substâncias narcóticas, ou seja, têm como principal objetivo relaxar ou diminuir a dor dos atletas, destacam-se deste grupo de substâncias a morfina, a heroína, a hidrocodona entre outros compostos correlatos.Os Diuréticos como a bumetanida, a espronolactona, a diclof-

enamida e o manitol são igualmente proibidos pelo menos quando injetados diretamente no corpo.Por fim, entre as substâncias temos as Hormonas peptídi-cas e substâncias análogas, das quais se destacam as hor-monas de crescimento (HGH), a gonadotrofina coriônica humana (HCG), unicamente para o sexo masculino, que eleva a produção de esteróides androgênicos, aumentando a produção de hormônios masculinos, resultando, entre outras coisas, no aumento da massa muscular. E a insulina, hormona criada pelo pâncreas, com importante função no metabo-lismo dos açúcares pelo organismo. A sua utilização aumenta a queima dos açúcares o combustível do corpo humano. Com isso, há maior produção energética, resultando em ganhos consideráveis no desempenho.Algumas das metodologias ilegais utilizadas são por exemplo as

transfusões de sangue ou a aplicação de analgésicos locais. Existe

ainda um conjunto de técnicas de despiste de testes de doping,

como manipulação química e farmacológica da urina ou a admin-

istração de transportadores artificiais de oxigénio e substitutos

de plasma. Por fim, existe atualmente um conjunto de máquinas

(físicas) tecnológicas, que não entrando na definição de doping,

podem entrar muito ser tidas como um aumento artificial da

performance, dado que permite treinos com mais intensidade mas

menor esforço e uma melhor recuperação.

PRINCIPAIS MÉTODOS E SUBSTÂNCIAS DOPANTES

A

Page 18: Desporto&esport - edição 2 2014

18 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com

DOPING E SAÚDE O CASO DA ALEMANHA ORIENTAL

s efeitos nefastos para a saúde é sem dúvida um dos principais problemas para os apologistas da liberalização do doping e o exemplo da Alemanha oriental é paradigmático. aniversário dos vinte e

cinco anos da queda do muro de Berlim serviu como um excelente pretexto para a ex-atleta da Alemanha oriental Ines Geipel, de 54 anos, levantar de novo as sequelas na saúde deixadas pelo uso do doping durante quase 45 anos, 1945-1989. Segundo Geipel, apenas no ultimo ano 700 pessoas pro-curaram a ajuda da associação que dirige “Ajuda às Vítimas de Doping” (sigla DOH, em alemão). Uma problemática que novamente segundo Geipel recebe pouco ou nenhum apoio por parte das autoridades. E, este é um problema que afetará incontáveis ex-atletas dado que se estima que entre os anos 60 e 80, cerca de 10 mil atletas tenham participado de um programa sistemático de uso de substâncias proibidas com suporte do governo – Alemanha oriental.Um programa que muitos dos muitos dos ex-atletas envolvidos

não tinham sequer conhecimento da sua participam, dado que

as “vitaminas” que recebiam de seus treinadores na verdade eram

drogas, na maioria esteroide anabólico e testosterona, que deixa

sequelas como problemas de coração, rins, fígado e ginecológicos,

abortos e má formação de fetos e recém-nascidos.

Um dos casos mais famosos é o da lançadora de peso Heidi

Krieger, que também usou doping sistematicamente a partir dos

16 anos. As mudanças em seu corpo foram drásticas e, no fim dos

anos 90, ela decidiu passar por uma cirurgia de mudança de sexo

e alterou seu nome para Andreas.

Durante cerca de vinte anos a Alemanha oriental ostentou um

curriculum invejável de vitórias desportivas que muito bem soube

capitalizar politicamente, mostrando que a problemática do dop-

ing não é exclusivamente da responsabilidade dos atletas mas em

muitos mais casos do que sequer imaginamos, a responsabilidade

recai em organizações fortes, e mesmos em países ou concessões

políticas.

O

O CASO DA LANCE ARMSTRONG

Page 19: Desporto&esport - edição 2 2014

Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 19

DOPING: UMA QUESTÃO LEGAL OU ÉTICA?

badalado caso de doping de Lance Armstrong voltou, de certo modo, a recentrar a questão do doping como essencialmente uma questão moral ao invés do há muito estabelecido como

essencialmente uma problemática legal. Isto é especialmente demonstrativo no caso do ciclista americano dado que o seu julgamento mediático foi acima de tudo moral apesar da generalidade do público facilmente admitir que o doping era uma prática comum no ciclismo aquando das vitórias do americano. Deixando em grande medida as questões legais fora do debate. O caso do ciclista americano é especialmente demonstrativo de como o julgamento popular e inclusive o julgamento das entidades competentes se deu essencialmente a nível ético A sua própria vida pessoal, um símbolo de superação pes-soal, vinda da sua vitória contra a doença do cancro e alguma “fanfarronice” num homem Símbolo um ícone ilustrativo em palestras de auto ajuda promovidas no mundo todo. aumen-tou ainda mais o ruido das suas condenações. Os ataques que Armstrong sofreu foram sobretudo morais e

as suas explicações também o foram: “Na época não me sen-tia errado, e isso é assustador. Não me sentia um batoteiro. É mais assustador ainda. Não era traição, mas sim ter vantagem sobre o adversário. Eu estava a igualar as condições. Falar hoje é fácil. Eu não compreendia a magnitude da adoração das pessoas. O mais importante é que estou a começar a entender. Vejo raiva nas pessoas. E traição. Pessoas que me apoiaram e acreditaram em mim. Vou passar o resto da minha vida a tentar recuperar a confiança e pedindo desculpas a elas”.Talvez o caso do ciclista americano nos faça de facto olhar o problema do doping de onde ele magoa e mais fere os adep-tos, no sentimento e na ideia de adorar uma fralde, e isso torna o doping uma questão essencialmente moral e como consequência ética. A mentira para os adeptos é questão central que está por trás do doping, inclusive superior ao aumento da performance por meios artificiais. O doping e a ética desportiva levar-nos-ia para outro debate que não é de todo a intensão desta edição, como tal, tratare-mos desse ponto, numa outra edição da Desporto&Esport, e genericamente nos artigos que se seguem.

O

O CASO DA LANCE ARMSTRONG

Page 20: Desporto&esport - edição 2 2014

20 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com

Page 21: Desporto&esport - edição 2 2014

Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 21

introdução da tecnolo-

gia de linha de golo no

Mundial de 2014 no Brasil

veio aumentar a perceção

geral que a introdução de mais e novas tec-

nologias na arbitragem no futebol é apenas

uma questão de tempo. Apesar de existir

ainda uma rejeição por parte da FIFA

e da UEFA, que pretendem continuar a

aumentar o “número de olhos” nas equipas

de arbitragens. Mas o movimento pró-tec-

nológico nas arbitragens está vivo, talvez

como nunca, e uma mudança, sente-se,

poderá estar para breve. O debate deverá

então concentrar-se em que tecnologias se

devem escolher e qual o impacto que isso

terá no jogo.

O vídeo-árbitro, genericamente a análise

dos lances do jogo através da repetições

das imagens, tem sido cabeça de cartaz

mas tem contra si inúmeros argumentos.

Desde logo, não ser 100% fiável e depender

da análise e interpretação humana, nome-

adamente de um novo árbitro ou equipa

de arbitragem. Tem ainda a dificuldade de

“mexer” com a dinâmica do jogo, obrig-

ando pelo menos a novas paragens, sendo

o que vulgarmente se apelida de uma

tecnologia intrusiva. Acredito então, que

se deva optar, tal como a tecnologia da

linha de golo, por modelos tecnológicos

que primeiro eliminem a subjetividade

na análise e sejam não intrusivos, ou seja,

não obriguem à criação de novas regras.

E deixar, pelo menos para já, o debate do

vídeo-árbitro para o futuro e encontrar

caminhos que vão de encontro aos dois

axiomas acima.

Uma boa opção aparece pelas mãos da

empresa pela GPSports e pretende utilizar

a tecnologia de GPS (Global Positioning

System) para a lei do fora-de-jogo ou no

Brasil a lei do impedimento. No futebol,

a tecnologia de posição por satélite não é

sequer uma novidade, e há muito que é

utilizada pelos clubes e equipas técnicas

para recolher dados e informações sobre

os seus atletas. Nem é de espantar que

assim seja. A tecnologia GPS mostra-se

uma solução portátil, não invasiva, de

medição continua, de acesso livre e fácil

a satélites e de fácil armazenamento para

posterior análise.

O sistema de fora-de-jogo que a GPSports

esta atualmente a desenvolver funciona

como um sistema de alerta que envia um

sinal sonoro por fone ao ouvido do árbi-

tro que o alerta – um quarto de segundo

depois, quando acontece um passe para

lá das regras dos legais. O espaço de erro

deste sistema é de 1cm, bem acima da

margem de erro humano.

GPS - FUTEBOL E RUGBY

E ARBITRAGEM

A FUTEBOL

RUGBY

NFL

ENTRE OUTROS

No futebol desen-volve-se um sistema que deteta jogadas em fora de jogo/im-pedimento. No Rugby o sistema deteta pass-es para a frente.

Page 22: Desporto&esport - edição 2 2014

22 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com

O porta-voz GPSports Sistema Damien

Hawes afirma: “Eu posso confirmar que

vamos ter um sistema de posicionamento

para o futebol que vai descer a um centí-

metro ade precisão e confiabilidade de

onde a bola se move no campo.”

O Rugby, ao contrário do futebol, tem

uma ligação mais estreita e pacifica com a

tecnologia na arbitragem, e o vídeo-árbitro

faz já parte desta modalidade há vários

anos. E tem sido utilizado para retirar

diversas dúvidas durante o jogo como as

faltas ou o jogo sujo, falhando no entanto,

na observação para os casos onde a bola é

passada para a frente. Para os menos acos-

tumados com esta modalidade, os passes

tem de ser sempre efetuados para trás. Um

sistema semelhante ao fora-de-jogo para

o futebol, desenvolvido igualmente pela

GPSports, esta a ser desenvolvido e pode

entrar no jogo em muito breve tempo.

O sistema funciona de forma muito sim-

ples, um microship e bateria do tamanho

da uma unha do dedo mindinho está

incluído na estratificação das bolas de

Rugby. Os sinais são enviados e tratados

via satélite e computador – vídeo-árbitro,

e quando se dá alguma irregularidade

no passe, um sinal sonoro dispara no

ouvido do árbitro, à semelhança do siste-

ma homónimo no futebol. Hawes rela-

tivamente ao Rugby disse: “Vai dizer (as

equipas de arbitragem) exatamente o que

ângulo em que a bola deixa as mãos de um

jogador dentro de um quarto de segundo”

A tecnologia tem muito a oferecer às

equipas técnicas e à verdade desportiva do

jogo, quer no Rugby, mas principalmente

no futebol, onde a sua implementação está

bem mais atrasada. Escolher corretamente

que tecnologias apostar é fundamental

para que estas novas soluções possam

fazer o seu caminho de forma natural e

que não mexa com as leis do jogo e as suas

dinâmicas.

“A introdução de tecnologia como auxílio das equipas de arbitragens deve pas-sar preferencialmente por soluções com níveis de êxito próximas dos 100% e deve retirar o máximo possível a subjetividade da análise humana. O sistema em desenvolvimento pela GPSports consegue ambas”.

Pedro M. Silva, colunista Desporto&[email protected]

Page 23: Desporto&esport - edição 2 2014

Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 23

análise de vídeo e de des-

empenho, ainda que recen-

tes, ocupam um enorme

espaço dentro dos pro-

cessos de observação e de

preparação de jogos e de treino dentro

das equipas técnicas um pouco por todas

as modalidades desportivas. Tendo no

entanto, ainda uma maior preponderân-

cia nos jogos coletivos, dada a sua maior

dificuldade de análise e na dispersão da

atenção em vários atletas por parte dos

analistas. Neste seguimento, um recente

estudo demostra categoricamente, que a

capacidade do ser humano apenas permite

memorar entre 30-50% dos momentos-

chave de um jogo, deitando “fora” mais de

metade das situações mais importantes,

para além de inúmeros outros pormenores

que tidos como menos cruciais podem

fazer a diferença.

A evolução tecnológica associada à

diminuição de custos na aquisição de hard-

ware e software especializado a que ainda

é necessário somar a crescente necessidade

de tornar as equipas o mais profission-

ais e eliminado tudo o que é redutor,

abriu o caminho para a democratização

da análise por meios digitais e por vídeo.

É de assinalar igualmente o papel decisivo

que as televisões e as transmissões des-

portivas por streaming desempenharam

em todo este processo, nomeadamente, e

como é facilmente entendível, na recolha

e disponibilização de imagens e vídeos.

Juntando-se ainda, a massificação de dis-

positivos de gravação de vídeo, como tab-

lets, smartfhones ou mesmo câmaras de

gravação digital, que facilmente elemina

as lacunas deixadas nos jogos que não são

televisionados.

Todo o equipamento tecnológico ganhou

igualmente uma inclusiva intuitividade,

permitindo que qualquer membro da equi-

pa técnica, com poucos mais que alguns

conhecimentos informáticos na ótica do

utilizador, possa facilmente manobrar e

gerar mais-valias desta referida tecnologia.

Comecemos então por exemplificar os

referidos ganhos na utilização da analise

de vídeo e de performance.

Desde logo, avaliar o desempenho indi-

vidualizado por jogador. Identificar os

pontos fortes e fracos de cada atleta, pre-

parando de seguida treinos e áreas de trab-

alho para potenciar uma evolução positiva.

Gerar conhecimento no atleta através do

visionamento de vídeos com momentos

chaves do jogo ou com boas jogadas para

motivá-los. Produzir vídeos dos adversári-

os diretos, para que o atleta possa estudar

e melhor compreender o meio em que se

vai mover durante o jogo. Identificar os

jogadores certos e os próximos talentos.

Avaliar os erros da própria equipa, iden-

tificando os pontos fracos da dinâmica de

jogo coletiva – sendo que uma atempada

identificação de erros, permite corrigi-los

mais rapidamente. O mesmo conceito é

valido para a equipa adversária. Podendo

a isto somar-se, a identificação de padrões

de jogo, detetar e identificar os jogadores

chaves e a sua dinâmica no conjunto da

equipa. E mapear as zonas de maior uti-

A

IMPORTÂNCIA DA ANÁLISE DE VÍDEO

Pedro M. Silva, colunista Desporto&[email protected]

Page 24: Desporto&esport - edição 2 2014

24 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com

Observar as melhores e mais preparadas

equipas é igualmente de indiscutível uti-

lidade. Identificar novos padrões de jogo

e novas estratégias ou mesmo abordagem

ao jogo é origina nos técnicos mais con-

hecimento e maior capacidade para fazer

evoluir as próprias equipas.

Por fim, a análise de vídeo e de perfor-

mance pode ser igualmente utilizada para

analisar as razões porque um atleta sofre

recorrentemente lesões ou as mesmo tipo

de lesão. Assim, como entender a lingua-

gem corporal e expressões do atleta e em

caso de necessidade intervir com especial-

istas que possam melhorar-lhe a confiança

e a autoestima.

Nas exigências do desporto moderno não

permitem mãos analises subjetivas e assen-

tes no instinto. Analisar dados concretos

e retirar daí informações verdadeiras é

crucial para criar um caminho que leve ao

êxito. A análise de vídeo e de performance

através deste meio, como ficou demostra-

do, assume para si vantagens que tornam a

sua utilização indispensável.

Sair vencedor numa atividade tão com-

petitiva como é o desporto atualmente só

está ao alcance dos que mais trabalham,

dos que executam as tarefas o mais profis-

sionalmente possível e daqueles que usam

todas as ferramentas disponíveis. Quem

não o fizer ficará para trás e perderá o seu

lugar para os mais preparados. No deporto

como em tudo na vida.

O IMPACTO PSICOLÓGICO DAS LESÕES

boa saúde mental dos atletas de alta competição e a

sua importância para o seu rendimento é, erronea-

mente, banalizada pelos adeptos e pelos comentado-

res desportivos, e inclusive e mais grave por muitos

clubes e treinadores. A atual perceção dualista da mente/cérebro

e corpo prejudica fortemente, em muitos casos, uma intervenção

atempada e especializada quando surge nos atletas uma diminu-

ição da sua saúde mental, esperando-se que a força de vontade

destes seja suficiente para ultrapassar todas as dificuldades. A ver-

dade é que não existe diferença entre saúde mental e física e quer

uma quer a outra desempenham um papel chave na performance

desportiva. A debilidade causada, por exemplo por uma depressão,

é tao relevante quanto uma qualquer lesão física e que pode inclu-

sive deixar cicatrizes mais profundas e mais duradouras quando

em comparação. O impacto psicológico que pode advir de uma

lesão e de uma paragem prolongada da competição é igualmente

importante e será este ponto que iremos abordar neste artigo.

Anderson Silva foi um dos muitos atletas que reconheceu ter

recorrido a ajuda psicológica especializada após a sua fratura da

tíbia e fíbula da perna esquerda; uma lesão que o deixou muito

tempo parado e com alguma normal insegurança. As suas pala-

vras são bem demostrativas disso: “ Quando tive a lesão, várias

coisas passaram pela minha cabeça. Primeiro que já estou na fase

“duzenta”. Fiquei apreensivo, achei que não voltaria a lutar mais”.

Os obstáculos mentais após uma lesão de grande gravidade são

não só normais como comum e transversais a atletas de todas as

modalidades. O Dr. Michael Cervais, diretor de High Performance

Psicologia DISC, em entrevista à Bleacher Report, salienta: “

existem muitos tipos variados de respostas a uma lesão. Alguns

atletas enfrentam a lesão de frente com a intenção focada. Outros,

por seu lado, tornam-se completamente sobrecarregados com a

ideia de que todos seus objetivos e sonhos vão escorregar pelas

suas mãos, perdendo progressivamente o ânimo e a esperança”.

De forma, bastante simplificada as consequências psicológicas de

uma lesão de um atleta dividem-se em três respostas: cognitivas,

emocionais e comportamentais.

As consequências cognitivas assumem-se da forma como o

atleta analisa e interpreta a sua situação e a lesão que sofreu, onde

diversos pensamentos passam pela sua mente. Desde, a simples

aceitação ao frequente “o que me está a acontecer?” Obviamente

que a resposta cognitiva vai definir em grande medida como o

atleta vai reagir emocionalmente, que pode até passar por diversas

fases e sentimentos durante o período da recuperação da lesão e

do regresso à competição ativa. Sentimentos de ansiedade, raiva ou

depressão são frequentes, sendo que quanto mais rápido o atleta

assumir uma predisposição positiva de “confronto ativo com a

lesão” mais fácil será a sua recuperação. O comportamento do

atleta definir-se-á consoante a sua resposta aos dois pontos acima

mencionados.

A

Alexandre Cardoso, especialista em [email protected]

Page 25: Desporto&esport - edição 2 2014

Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 25

Depois, existem muitas variáveis que desempenham um papel

fundamental na forma como o atleta irá responder à adversidade

de uma lesão. Afinal, como afirmou Becker, “as mudanças na vida

diária do desportista, após lesão, são drásticas e englobam todos

os aspetos da sua vida: desportivo, físico, psicológico e psicosso-

cial”. Por exemplo, a percentagem com que a auto identificação e a

identidade do atleta estiver relacionada com a atividade desportiva

que desenvolve terá um papel decisivo para a recuperação, seja

ele positivo ou negativo. Neste sentido, o Dr. Gervais salienta:

“quando um atleta se vê unicamente como um atleta, ele tende a ter

mais dificuldade em ultrapassar o período da lesão. Quando uma

pessoa não é mais capaz de fazer o que o define, corre mais rapi-

damente para uma crise, de dimensões imprevisíveis. Se por outro

lado, o atleta se vê como um ser multidimensional, é mais fácil que

ele se mova positivamente pelas várias fases da lesão.

As principais técnicas utilizadas no processo de reabilitação são

a formulação de objetivos, o Auto diálogo ou auto-instruções, o

relaxamento e a visualização mental. A formulação de objetivos é

particularmente útil em todo o processo já que permite ter o atleta

focado e determinado nesses pequenos ganhos diários e distrai-o

de pensamentos negativos. A visualização é igualmente crucial

para criar um impacto positivo no interior do atleta, dando-lhe

a oportunidade de se imaginar recuperado e sem mazelas num

futuro próximo; um sentimento de esperança permanente des-

empenha um papel tão importante como o melhor dos medica-

mentos. Habilitar psicologicamente o atleta para saber lidar com a

dor física para que ele a associe a algo de positivo é também parte

integrante no processo de apoio. A transformação da dor em algo

desagradável para algo que é inclusive desejado como um bem

para a recuperação é um dos pontos mais difíceis de conseguir,

mas também um dos mais importantes. Por fim, deixar apenas

a ideia da necessidade de uma maior sensibilização de todos os

agentes desportivos para a indispensabilidade de uma boa saúde

Anderson Silva assumiu publicamente ter recorrido a ajuda psicológica após a sua grave lesão.

A lesão nas costas em pleno Mundial, há-de ter sido um forte revés num jogador tão novo quanto Neymar. O apoio dos familiares e amigos foi fun-damental

Alexandre Cardoso, especialista em [email protected]

Ricardo Reis, especialista em [email protected]

Page 26: Desporto&esport - edição 2 2014

26 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com

SQUASHConheça esta modalidade que apesar dos muitos “adeptos”, é ainda desconhecida para uma grande maioria dos amantes do desporto.

squash, um desporto originário do seculo xix, é

ainda em grande medida totalmente desconhecido

para a grande maioria do público ou tido muitas

vezes como um desporto de elite ou simplesmente

como um desporto de ginásio ou academia. No entanto, esta é uma

ideia muito errada e desfasada da realidade. Este é um desporto

federado, com regras próprias e com atletas de alto nível que com-

petem em torneios cada vez mais concorridos e televisionados.

Desde 1995, para dar um exemplo do crescimento da importância

deste desporto, que o squash está incluído no programa dos jogos

Pan-Americanos.

Este desporto nasceu em Londres na escola de Harrow e pratica-

se usando uma raquete e uma bola de borracha preta, disputada

por dois ou quatro jogadores, num recinto fechado por quatro

paredes, sendo a parede de trás de vidro resistente ou pelo menos

transparente.

O nome deste desporto deve-se ao facto da bola ser literalmente

esmagada - squashed em linfua inglesa - quando é lançada contra

a parede.

As raquetes são atualmente feitas de grafite e fibra de carbono.

As bolas, de borracha dura, têm 40 milímetros de diâmetro. Deve

usar-se igualmente óculos de proteção, nomeadamente, para segu-

rança dos olhos, evitando o contato dessa zona com a bola de bor-

racha que viaja muitas vezes em grandes velocidades.

O

Page 27: Desporto&esport - edição 2 2014

Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 27

Regras do Squash

Num jogo a dois, os jogadores devem alternar as jogadas ao lançar a bola contra a parede frontal;

A primeira linha do campo, chamada de primeira linha de marcação, corresponde à rede que é usada no ténis e deve estar situada a 48 centí-

metros do chão. Ao acertar com a bola abaixo desta linha significa que o jogador perde um ponto;

A linha de serviço fica a 1,783 metros do chão e também funciona como a rede que está presente no ténis. Neste caso, ao acertar com a bola

abaixo desta linha, o jogador também perde um ponto;

A terceira linha está situada a 4,5 metros do chão e limita a altura máxima da zona de jogo. Ao acertar acima desta linha, é considerada bola

fora;

Depois da bola bater na parede frontal, ela poderá bater nas paredes laterais ou na parede de fundo. No entanto, só poderá bater uma vez no

chão antes de ser rebatida pelo jogador contrário;

Os quadrados que se encontram no fundo do campo delimitam o espaço que deve ser tocado com pelo menos um dos pés quando o jogador

serve a bola;

No serviço, a bola deverá atingir a parede frontal entre a linha do meio e a linha superior e, de seguida, atingir o chão do quadrante onde se

situa o adversário que está autorizado a rebater a bola antes que ela atinja o chão;

O primeiro jogador a servir deverá ser definido por sorteio. Quando o jogador ganha um ponto, os jogadores deverão trocar de lado;

Pontuação no Squash

Tal como acontece no ténis, um jogo de squash é decidido à melhor de 3 ou de 5 jogos, existindo dois sistemas de

pontuação. O primeiro, o sistema standard vai até 9 pontos, o jogador ganha um ponto sempre que ganhar a jogada

em que foi ele a servir. Caso o jogo termine empatado a 8 pontos, o jogador que recebe o serviço poderá escolher

se acaba aos 9 pontos ou se acaba aos 10 pontos. O segundo sistema é o Sistema Pars: que à semelhança do que

acontece no ténis de mesa vai até aos 11 pontos. O jogador ganha um ponto sempre que ganhar uma jogada. Caso

haja empate a 10 pontos, o jogador que abrir uma vantagem de 2 pontos será o vencedor do jogo.

Page 28: Desporto&esport - edição 2 2014

28 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com

Dentro do basebol os joga-

dores que jogam na posição

de pitchers, em português

arremessador, sempre

foram mais suscetíveis a lesões e tal sempre

foi tido como “normal” e um subproduto

do desgaste e das exigências desta posição

no jogo. No entanto, durante apenas o

decorrer desta época da MLB já se regista-

ram 65 lesões unicamente em pitchers, e já

se começa a usar a palavra “catástrofe” para

descrever a situação. Até porque entre os

lesionados estão nomes bem conhecidos

da modalidade como Masahiro Tanaka

(New York Yankee), Matt Harvey (New

York Mets) ou Patrick Corbin (Arizona

Diamondbacks).

Num dos desportos mais seguidos e que

maiores receitas gera, as sistemáticas lesões

dos seus melhores e mais famosos atletas

grita por uma solução para este problema.

E. essa solução parece estar na Tecnologia

holográfica Digital aplicada à medicina.

Se em eventos musicais o holograma não

é uma novidade, na medicina está a dar

os primeiros passos, mas os primeiros

resultados mostram-se bastante promis-

sores, e com implicações relevantes, alguns

usam afirmam mesmo revolucionário, no

tratamento de lesões de atletas de alta

competição.

Simplisticamente, um holograma é uma

réplica de uma imagem em três dimensões

(3D) criada a partir de uma compilação de

laser, iluminação de dados e intensidade

luz. Estas imagens em três dimensões são

extremamente precisas e tem permitido

aos médicos entender as especificidades

das lesões nos pitchers.

O processo desenvolve-se fazendo um

holograma dos membros saudáveis dos

arremessadores, por norma do cotovelo

– a zona mais sensível e mais propensa

a lesões e após ferimento fazer um novo

holograma e depois comparar os dois

hologramas em conjunto.

Deste modo é possível acompanhar na

perfeição o movimento dos ossos, mús-

HOLOGRAFIA LESÕES E BASEBOL

CA medicina desportiva aposta na Holografia para entender e minimizar as lesões tão frequentes dos pitchers.

Page 29: Desporto&esport - edição 2 2014

Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 29

e cartilagens. Oferecendo aos médicos uma maior compreensão

das especificidades destas lesões e do porque da sua alta frequên-

cia.

Por fim, é importante referir que esta nova tecnologia que tem

apresentado resultados bem animadores no basebol, não se esgota

nesta modalidade, e pode como deve ser aproveitada para todo o

desporto.

Modalidade técnicas como o atletismo, ténis ou mesmo o futebol,

que são propensas a pequenas lesões nos músculos e cartilagens

podem ter muito a ganhar com a holografia aplicada à medicina

desportiva.

O RESPEITO DENTRO DO BALNEÁRIO

AUma análise às duras palavras do presidente do Sporting após a derrota com o Vitória de Guimarães a contar para o campeonato.

pós as recentes críticas do presidente Bruno de

Carvalho no facebook à equipa sportinguista depois

da derrota frente à equipa do Vitória de Guimarães

onde acusa a equipa de falta de empenho e até de

dignidade, fica uma inquietante pergunta no ar: qual a importân-

cia do respeito dentro de um balneário de uma equipa profissional?

Gerir relações humanas e criar um ambiente saudável entre os

atletas e dos atletas com todos os diversos agentes que orbitam no

clube, é hoje, num desporto altamente mediatizado, uma das tare-

fas mais difíceis de alcançar. O respeito, como afirma Lee Addison,

é a base para o conseguir.

Focando-se no papel de um treinado, mas que pode ser facilmente

transportado para qualquer agente desportivo, Addison afirma:

“Se um treinador não respeitar os seus jogadores, eles não vão

respeitá-lo, e a relação vai-se tornar simplesmente impraticável.

Isso não significa que o treinado precisa ser o melhor amigo de

seus jogadores desde o início, só deve tratá-los com respeito e, no

mínimo, de uma forma profissional. Desta forma, até mesmo trei-

nadores e jogadores com personalidades muito diferentes podem

estabelecer boas relações”.

Olhando por exemplo para o futebol, é sem esforço visível quanto

a dinâmico jogador vs. Clubes/agentes do clube está a mudar e

quanto as forças de um em relação ao outro estão balanceadas.

Principalmente se focarmos esta análise em Portugal e no Brasil e

nos seus jogadores mais importantes das suas Ligas e por conse-

guinte mais valiosos e quão importante é potenciar as suas perfor-

mances para as janelas de transferências, fulcrais para manter um

bom balanço financeiro nas SADs dos clubes.

Assim, desenvolver e proteger uma boa comunicação é uma peça

fundamental para garantir uma boa dinâmica de funcionamento

individual e de grupo, reforçando o bom ambiente e as possibili-

dades de êxito desportivo.

É dentro deste paradigma que as palavras de Bruno de Carvalho

merecem ser alvo de duras críticas. A utilização de palavras

extremamente duras que podem muito bem ser ofensivas e humil-

hantes para muitos dos jogadores verde e branco quebram um

laço de respeito vital para o bom funcionamento interpessoal. Que

pode muito bem ter influência dentro do campo, e como tal, nos

resultados desportivos.

Terminamos com uma pequena parte do texto de Ricardo Reis na

primeira edição da Desporto&Esport: “Um ponto fundamental, mas que muitas vezes é esquecido pelos clubes, é a neces-sidade das pessoas/atletas se sentirem uteis e uma das formas mais eficazes para as motivar é simplesmente reconhece-las, assim como a sua importância dentro da equipa, e o papel determinante que desempenha para o êxito do projeto. Este ponto deve ser encarado como uma necessidade básica, mal comparando, como a água necessária para o bom funciona-mento do corpo humano. O reconhecimento individual dado a cada atleta não necessita de benefícios tangíveis visíveis (como prémio monetários), ou formalidades; não se trata de um benefício que tenha como objetivo alterar o desempenho do atleta, mas identificar a importância do individuo dentro da organização, o que pode ser verdadeiramente gratificante para este”.

Tiago Dinis, colunista Desporto&[email protected]

Vitor E. Santos, colunista Desporto&[email protected]

Page 30: Desporto&esport - edição 2 2014

30 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com

VIDEOJOGOS DEVEM SER CONSIDERADOS COMO DESPORTO?

O mercado dos videojogos é imenso. A sua popularidade é ainda

maior. Existem adeptos por todo o mundo. Torneios como Major

League Gaming, World Cyber Games ou o Cyberathlete Professional

League fazem as delícias dos fãs e dos jogadores e criam os meios

para o profissionalismo. Mas, poderão ser os jogadores (profission-

ais) de videojogos considerados atletas? De igual modo como um

jogador de futebol, NFL ou ténis? De forma mais clara: podem os

videojogos ser considerado um desporto? Ou não são mais que um

entretenimento que devido à popularidade se tornou uma atividade

rentável para muitos dos seus jogadores?

Simplisticamente, desporto, pelo dicionário de Oxford, é definido

como uma atividade física ou mental sujeita a determinados regula-

mentos e que geralmente visa a competição entre praticantes. Para

ser considerado desporto tem de haver envolvimento de habilidades,

capacidades motoras e competitividade entre opostos; regras instituí-

das por uma organização ou federação regente. Algumas modalidades

desportivas não requerem esforço físico, sendo aí mais importante

a destreza e a concentração do que o exercício físico. Do ponto de

vista apenas da definição os videojogos ajustam-se em algumas das

específicas de uma atividade tida como desporto mas vão em total

desacordo com outros pressupostos. Diversas atividades, que facil-

mente podem ser comparadas com os videojogos, como o xadrez ou

o poker, já se definem e são reconhecidas como um desporto, sendo

no entanto enquadradas no que é usualmente definido como desporto

da mente. Os vídeo jogos devem seguir este mesmo caminho; até

porque não sendo uma atividade fisicamente agressiva ou exigente

necessita de uma treino duro e prolongado para se chegar ao topo. O

multiplayer online possuem inclusive um nível de competitividade

entre os jogadores muito mais democráticos e muito mais intenso

que a maioria dos desportos que passam nas nossas televisões em

que o vencedor é facilmente reconhecível e encontrado tendo por

base o orçamento anual das diferentes equipas. Olhando ainda para os

primórdios do desporto, onde a prática desportiva era uma preparação

para a guerra, também nos videojogos encontramos o lado estratega

das batalhas bélicas.

Do ponto de vista estritamente funcional encontramos igualmente o

lado mais tradicional, como jogadores estrela, patrocínios, campe-

onatos e milhões de seguidores dispostos a acompanhar todas as

competições tanto pela televisão ou por streaming como ao vivo e

dispostos a pagar para o fazer. Existe ainda quem argumente que os

videojogos não são mais que uma evolução dos tempos em que o

digital criou uma nova realidade e fazemos a mesma evolução que

os jogos tradicionais fizeram nos seus primórdios. Por fim, existe

uma clara perceção que independentemente da opinião que se tenha

a força do videojogo e das suas competições são demasiado abran-

gentes

Rodolfo Resende Pires, especialista em [email protected]

Page 31: Desporto&esport - edição 2 2014

Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 31

para que seja unicamente olhado como um simples hobby. E que o seu crescimento é exponencial e rapidam-ente será necessário integra-lo numa prática bem definida e socialmente facilmente reconhecível.

Do lado das vozes contra o video-jogo enquanto desporto está Michael Cohen, um dos mais reputados jor-nalistas e críticos de jogos de com-putador. Segundo as suas palavras: “porque o jogo muda. A mecânica do núcleo do jogo impulsiona as melhorarias, e a mudança acontece…Esses fatores ajudam a manter o jogo fresco, novo e divertido.

Ele exibe possibilidades ilimitadas que superam a dos desportos com uma mecânica e regras básicas e quase inalteráveis.”

Esta é sem dúvida uma das mais importantes diferenças entre o mundo

do desporto e o mundo dos videojo-gos e aquela que colide mais frontal-mente com a definição de desporto. As constantes alterações, inclusive tecnológicas, modificam constante-mente a dinâmica do jogo e as suas regras.

Olhemos por exemplo para o futebol em praticamente 100 anos de história muito pouco se alterou e quando a mudança aconteceu foi apenas pon-tual e pouco significativa. Em um ano, um jogo de computador e toda a tecnologia que o envolve pode sofrer alterações drásticas e a forma como ele é jogado dar uma curva de 180 graus.

A necessidade de regras bem instituí-das é o calcanhar de Aquiles para se assumir desde já o videojogo como um desporto.

Se olhar-mos para o futuro e sou-

bermos entender os sinais talvez ai possamos afirmar que em menos de uma década o videojogo será de facto assumido como um desporto.

Existe um movimento forte a poten-ciar esta alteração e o lobby que os torneios e principalmente as marcas de videojogos é poderoso e dará fru-tos os seus frutos.

Para os milhões de adeptos a mudan-ça de estatuto dos videojogos pouco interessará, para eles, apenas o espe-táculo importa e ele parece apenas melhorar de ano para ano, Assim como a competição que aumenta de interesse e intensidade a cada novo torneio e a cada nova competição.

Rodolfo Resende Pires, especialista em [email protected]

Page 32: Desporto&esport - edição 2 2014

32 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com

élulas estaminais, no brasil células-tronco, são células

que possuem a capacidade de se dividirem dando

origem a células semelhante ou podem igualmente

transformar-se, num processo conhecido como dife-

renciação celular, em outros tecidos do corpo como

ossos, nervos, músculos ou sangue. Esta característica singular tem

feito das células estaminais uma estrela para aplicação terapêutica

e chegou agora ao desporto. Muitos atletas já recorreram a este

método para melhorarem o tempo de recuperação após lesão.

Rafael Nadal é um excelente exemplo. Peyton Manning, Pau Gasol

ou Bartolo são também atletas do mais alto nível que recorrendo

a este tratamento também alcançaram resultados positivos. Di

Maria usou igualmente este tratamento para tentar jogar a final

do campeonato do Mundo de futebol, infelizmente no seu caso, o

tratamento não fez efeito em tempo útil.

Este tratamento tem dois objetivos aliviar a dor e acelerar a regen-

eração da cartilagem. E os resultados têm sido animadores.

“A eficácia da aplicação de células estaminais no tratamento das

contusões desportivas mais comuns, como a lesão no menisco,

tem vindo a ser comprovada com sucesso ao longo dos anos”,

explica Hélder Cruz, diretor da ECBio, empresa que desenvolveu

o método de isolamento de células estaminais do tecido do cordão

umbilical utilizado pela Cytother.

E, é interessante pensar que neste processo os filhos dos atletas

podem desempenhar um papel chave, como explica Hélder Cruz

em comunicado: “Estas células estaminais adultas podem ser

retiradas da medula óssea, do sangue periférico ou da gordura

do próprio paciente mas o processo de colheita é muito invasivo,

doloroso e possui um elevado risco de infeção para o dador. Como

tal, a criopreservação das células estaminais provenientes do tecido

do cordão umbilical dos filhos - um processo completamente não

invasivo, indolor e sem qualquer risco para a mãe e para o recém-

nascido - começa a ser cada vez mais pensado pelos pais, não só

pela prevenção da saúde das suas crianças mas também da família,

uma vez que as células estaminais mesenquimais indiferenciadas

do bebé são 100% compatíveis com familiares diretos”.

As potencialidades destes tratamentos são quase ilimitadas e num

futuro bem próximo serão utilizadas genericamente, inclusive para

a população em geral, e não teremos de ver os nossos atletas prefe-

ridos sacrificados dos grande jogos por causa de lesões “chatas”.

C

Rafael Nadal é um dos desportistas que recorreu ao tratamento de células estaminais para o auxiliar na recuperação física após lesão.

CÉLULAS ESTAMINAIS, LESÕES E RECUPERAÇÃO FÍSICA

Page 33: Desporto&esport - edição 2 2014

Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 33

s televisões e serviços de streaming de desporto em

direto têm insistentemente procurado fornecer ser-

viços adicionais e diferenciativos de modo a reter e a

captar novos utilizadores. As televisões e serviços de

streaming de desporto em direto têm insistentemente procurado

fornecer serviços adicionais e diferenciativos de modo a reter e a

captar novos utilizadores. A cadeia de televisão NBC em parceria

com a GoPro apresenta uma grande novidade para a atual época

da NHL para as campanhas promocionais, imagens POV (Point

of View ou em português Ponto de vista). Brian Jennings, CMO

da NHL, e um entusiasta desta iniciativa afirma: “a tecnologia

desmistifica o nosso jogo e realmente mostra a habilidade que os

nossos jogadores têm”.

A expansão de imagens POV em outras modalidades está em ação

pela própria empresa GoPro, e centra-se no Surf e o NFL. Veremos

até onde poderá chegar esta nova forma de imagem mais realista e

que impacto terá nas transmissões desportivas em direto.

NHL E AS IMAGENS DE VÍDEO POV

A

Page 34: Desporto&esport - edição 2 2014

34 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com

Matt Reeve quarterbacks na NFL

NFL E O RISCO DE DOENÇAS DEGENERATIVAS

ESTUDOS DEMOSNTRAM MAIORES RISCOS NA DOENÇA DE ALZHEIMER E ALS

m estudo, datado de à pouco mais de um ano da

National Institute for Occupational Safety and

Health, descobriu uma estreita ligação entre os

jogadores profissionais de NFL (National Football

League) com doenças degenerativas. De acordo com o estudo

mencionado, os atletas profissionais de futebol americano são

quatro vezes mais propensos a morrer de uma doença cerebral

neuro degenerativas, como a doença de Alzheimer ou ALS -

esclerose lateral amiotrófica. Apontando também uma maior

propensão, cerca de três vezes mais, para a doença de Parkinson.

As conclusões partiram da análise dos atestados de óbito de 3439

ex-jogadores da NFL, que jogaram pelo menos cinco temporadas,

entre 1959 e 1988. Em 2007, cerca de 10%, ou 334 dos partici-

pantes, havia morrido (em uma idade média de 57), e os investiga-

dores olharam para as mortes causadas pela doença de Alzheimer,

Parkinson e ELA. Os resultados são os acima indicados.

Olhando para os números temos que 334 ex-atletas que falecerem

durante o período do estudo, 7 morreram em consequência da

doença de Alzheimer e o mesmo número com doenças de ALS,

taxas significativamente mais altas do que as encontradas na

população em geral. As mortes registadas por Parkinson foram

apenas três, ainda assim, um número elevado. Apesar dos próprios

autores do estudo reconhecerem que o tamanho da amostra era

pequeno, afirmam, no entanto, categoricamente que os jogadores

de NFL correm um maior risco de desenvolver uma doença neuro

degenerativa, assim como desordens neurológicas, como pequenos

problemas de memória, encefalopatia traumática crônica (CTE),

entre outras. É importante reafirmar que o estudo é transversal

a todas as posições, mas demostrou que atletas que atuem como

quarterbacks, running backs, receptores e linebackers são três

vezes mais propensos que as restantes posições, que diga-se, não

U

Rodolfo Resende Pires, especialista em [email protected]

Page 35: Desporto&esport - edição 2 2014

Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 35

Os resultados apresentados são consis-

tentes com outros recentes estudos que

sugerem igualmente um risco aumentado

de doenças neuro-degenerativas entre

jogadores de futebol americanos. E, as con-

clusões deste estudo apontam ainda para

indícios mais preocupantes. Pela voz de

um dos autores, o Dr. Everett J. Lehman, “

embora o nosso estudo analisasse as causas

de morte por doença e ALS de Alzheimer,

como mostrado nas declarações de óbito, a

pesquisa sugere agora que a encefalopatia

traumática crônica (CTE) pode ter sido o

verdadeiro fator primário ou secundário

em algumas dessas mortes. A autópsia ao

cérebro é necessário para diagnosticar com

exatidão a doença CTE e distingui-lo de

Alzheimer ou ALS. Enquanto CTE é um

diagnóstico separado, os sintomas muitas

vezes são semelhantes aos encontrados na

doença de Alzheimer, Parkinson e escle-

rose lateral amiotrófica, e pode ocorrer

como resultado de múltiplas concussões”.

A principal liga de futebol americano

enfrenta atualmente processos de mais de

3400 ex-atletas ou das suas famílias, apon-

tando responsabilidades à NFL e à sua

minimização e deturpação dos riscos que

o desporto que tutela comporta, nome-

adamente os ferimentos e concussões na

cabeça. Muitos desses atletas queixam-se

de depressão, perdas de memória e outros

problemas neurológicos.

A liga rebate essas acusações, e pelo seu o

porta-voz Brian McCarthy, e em comuni-

cado, afiança: “Bem antes deste estudo foi

lançado, a NFL tomou medidas impor-

tantes para enfrentar lesões na cabeça

no futebol, fornecer assistência médica e

financeira aos nossos jogadores aposenta-

dos, e aumentar a conscientização sobre as

formas mais eficazes para prevenir, con-

trolar e tratar contusões”.

Novos estudos são precisos e estão em

marcha. Investigar todos os fatores em

pormenor que possam potenciar doenças

degenerativas dentro da prática do futebol

americano são fundamentais para desen-

volver metodologias que possam diminuir

esses riscos. Steve Marshall, um epide-

miologista da Universidade da Carolina

do Norte, assume ainda uma posição

mais alarmista quando afirma: O jogo

mudou muito desde então (1959 a 1988),

de maneiras que são potencialmente mais

gravosas para a saúde dos jogadores”.

Quanto mais e melhor vamos entendendo

o corpo humano, maior é a obrigação

das entidades organizadoras de prote-

gerem os seus atletas tanto no presente,

como assegurar um envelhecimento digno

daqueles que elevam o seu desporto a

arte. Desportos de contato e potencial-

mente mais duros, como o Boxe, MMA,

Hóquei, entre muitos outros, potenciam

lesões cerebrais e traumáticas com con-

sequências de longo prazo duradouras e

incapacitantes. Idealizar medidas é crucial.

Os atletas profission-ais de futebol ameri-cano são quatro vezes mais propen-sos a morrer de uma doença cerebral neuro degenerativa, como a doença de Alzheimer ou ALS - esclerose lateral ami-otrófica. E três vezes mais da doença de Parkinson.

Rodolfo Resende Pires, especialista em [email protected]

Page 36: Desporto&esport - edição 2 2014

36 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com

Page 37: Desporto&esport - edição 2 2014

Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 37

Em 2009, após publicada a sua autobiogra-

fia - Open, André Agassi ficou na mira da

imprensa e do público depois de ter con-

fessado que havia consumido metanfetam-

ina, que perdeu propositadamente alguns

dos seus jogos e que não gostava de muitos

dos seus rivais contemporâneos como Pete

Sampras ou Michael Chang. E que odiava

ténis. As suas palavras são claras aos

sentimentos que a sua autobiografia lhe

geraram: “Diria que viver este livro - vivê-

lo - foi catártico; lê-lo foi catártico. Mas

escrevê-lo foi algo diferente. Senti como se

estivesse a lutar com minha vida no campo

de certo modo, a tentar atingir uma meta

muito diferente que é comunicar lições de

vida que acredito que poderem verdadei-

ramente impactar milhões de pessoas que

nunca conheci.”

A vida de Agassi é de estremos, sempre

contraditória, em uma das mais amadas

figuras da década de 90, onde o imenso

talento pelo ténis, construído desde cri-

ança pelo seu pai, o levou ao pícaros do

mundo, mas esse mesmo sucesso criou

nele uma imensa tristeza e até depressões.

Agassi é também o mais perfeito exemplo

de até onde a necessidade mediática de

construir heróis, leva os homens comuns,

a percorrer o caminho da vilania.

AGASSI: O TENISTA QUE ODIAVA TÉNIS Doping, amor e ódio na vida de um dos atletas mais amados de sempre

Page 38: Desporto&esport - edição 2 2014

Em cima, a biografia de Agassi: “Open”. Ao lado, Agassi e a mulher,Stefanie Graf. Em baixo, Agassi levantando o seu primeiro titulo,de Grand Slam: wimbledon.

38 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com

Andre Kirk Agassi nasceu em 1970 em Las Vegas nos Estados Unidas

da América e um dos apenas sete tenistas que venceram todos os

quatro Grand Slam conquistados na era moderna, vencendo ainda

uma medalha olímpica, o que o torna em um dos melhores tenistas

de sempre. No seu auge, Agassi elevou a sua popularidade a uma

estrela de Hollywood, algum incomum à altura, o que levou a BBC,

na altura em que este se retirou a apelida-lo: de “talvez a maior estela

mundial da história do desporto”. Mas toda a sua fama, popularidade

e milhões ganhos escondiam o seu lado depressivo e de profundo

odio ao ténis que vinha desde bem novo, quando o pai de Agassi o

abrigava a bater diariamente centenas de bolas em vez de o deixar

brincar com os seus amigos – o seu verdadeiro desejo em criança.

O seu conflito entre o talento que tinha para jogar ténis e o res-

sentimento que tinha por este desporto fora sempre uma constante

em toda a sua vida desportiva. Num dos momentos mais marcantes

contados na sua autobiografia, Agassi conta o pânico que sentia

ainda pequeno quando treinava obsessivamente sobre o olhar atento

do seu pai violento. E a solidão e o medo que sentiu quando foi para

que mais parecia um campo de concentração. A sua infância

difícil teve sem dúvidas um papel fundamental no estilo rebelde

que adotou nos primeiros anos da sua vida adulta, estilo esse, que

levou para dentro dos cortes de ténis, num desporto ainda hoje

conservador, e o transformaram num ícone no final dos anos 80,

início dos anos 90. Cabelo longo e tingido, orelhas furadas e ar de

rock-punk foi durantes largos anos a sua imagem de marca.

O seu natural talento para a modalidade, ainda hoje, é considerado

o melhor jogador de sempre a devolver os serviços dos oponentes

depressa o fizeram subir no ranking, numa das alturas mais com-

petitivas do ténis mundial. Depois de três finas de Grand Slam

perdidas, a sua primeira grande vitória apareceu onde menos se

esperava – Wimbledon (1992), um torneio que o próprio sempre

desprezara por não se sentir capaz de vencer.

Mas, o parente êxito escondia o sofrimento que sentia e que se

tornaria bem visível nos anos seguintes a essa vitória. As drogas

passaram a fazer parte da sua vida. Nem sempre com o intuito de

melhorar o desempenho como; é disso bom exemplo o facto de ter

tomado crystal uma droga que não ajuda a ganhar. Mas também

tomou drogas dopantes como anfetaminas. Chegou inclusive a dar

positivo num controlo anti doping, mas fingiu inocência, disse que

tomou a droga por engano, num refrigerante.

O facto de ter usado substâncias dopantes para melhorar o seu

desempenho é ainda mais estranho que na sua autobiografia, Open

– Aberto em português, tenha admitido perder propositadamente

jogos, nomeadamente a meia-final do Austrália Open.

Agassi também sentia uma enorme animosidade contra os seus

adversários. De Pete Sampras afirma que “é mais robótico que um

papagaio”, a Boris Becker apelida-o de “maldito alemão” e admite

que ficou “com vontade de vomitar” quando o também americano

Michael Chang venceu o torneio de Roland Garros (França), em

1989, e este agradeceu a Deus a vitória. “Ele dava graças à Deus

e atribuía suas vitórias a Deus, e isso irritava-me muito. Por que

Deus se importaria com uma partida de tênis? E, por que ele se

colocaria contra mim e a favor do Chang? Isso é ridículo. Quando

ele venceu Roland Garros em 1989, fiquei com vontade de vomi-

tar. E perguntei-me: por que logo o Chang, entre tantos outros,

logo ele, foi vencer um Grand Slam antes de mim?”.

Apesar de tudo Agassi deixou a sua marca e apesar da contesta-

ção dos seus títulos por muitos ex-tenistas e até tenistas atuais, a

realidade é que o seu palmares é invejável. Em 20 anos conquistou

60 títulos ATP, uma medalha olímpica em 1996 e venceu todos os

4 grandes Grand Slam (Wimbledon, Roland Garros, US Open e

Aberto da Austrália).

“Digo a mim mesmo: Lembra-te disto. Segura-te a isto. Esta é a única per-feição que existe, a perfeição de ajudar os outros. Esta é a única coisa que podemos fazer que tem algum valor ou significado duradouro. É por isso que estamos aqui. Para fazer o outros se sentirem seguros.” Andre Agassi na sua autobiografia sobre a sua autobiografia.

Page 39: Desporto&esport - edição 2 2014

Em cima, a biografia de Agassi: “Open”. Ao lado, Agassi e a mulher,Stefanie Graf. Em baixo, Agassi levantando o seu primeiro titulo,de Grand Slam: wimbledon.

Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 39

Por entre as luzes das vitórias e as depressões que o levaram a sair dos

100 melhores do mundo aos 27 anos, altura que deveria ser o seu auge

desportivo, a vida privada de Agassi não foi menos conturbada. Um

breve relacionamento com Barbra Streisand e um casamento fracas-

sado, e largamente discutido nas revistas cor-de-rosa, com Brooke

Shields, depressões, quebras de confiança e erros irrefletidos puseram-

lhe em muitas situações a carreira desportiva em risco. Mas, como

apenas no desporto acontece, a reviravolta aconteceu e em 1999, Agassi

tornou-se à altura o mais velho tenista a ocupar o lugar número 1 do

ranking.

O equilíbrio surgiu, já nos trinta anos, fruto da sua relação com

Stefanie Graf, a primeira pessoa, segundo o próprio Agassi, com quem

pode ser ele como de facto é, sem mascaras ou mentiras. Esta relação

fortaleceu-o e juntamente com o seu treinador, o seu irmão, de caracter

gentil e sensato, conseguiu ganhar a harmonia para os seus últimos

anos de tenista profissional. Assim como nos anos seguintes, onde a

filantropia passou a ocupar a maioria das horas dos seus dias.

Agassi é o exemplo perfeito de um homem que foi engolido pelos

desejos dos país, que olham para os filhos como extensão das vidas

dos próprios e imputam uma vida e pressões desmedidas e que ultra-

passam em grande medida dos limites da capacidade que uma criança

consegue lidar. Assim como o preço da fama e da influência da comu-

nicação social e do público em geral, e quão devastadora essa pressão

se pode tornar. Relembra-nos que os nossos heróis mediáticos são tão

humanos quanto nós e erram tanto ou mais como o mais simples dos

mortais.

Por fim, deixamos uma das suas mais contundentes frases que facil-

mente muitos de nós se identificarão:” Eu odeio tênis, odei-o com uma

escura e secreta paixão, e ainda assim eu continuo a jogar, porque eu

não tenho escolha. E esse abismo, a contradição entre o que eu faço e

Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&[email protected]

Page 40: Desporto&esport - edição 2 2014

40 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com

TECNOLOGIA MUSCLESOUND

o desporto atual, profis-

sional e de milhões, as

analises empíricas, nome-

adamente ao que diz res-

peito ao treino, estão a tornar-se obsoletas,

e pior que isso, atletas e treinadores que

insistam em desprezar os meios tecnológi-

cos partem em considerável desvantagem

e autoeliminam-se da luta pela vitória.

A necessidade de um treino adequado,

nutrição e definir com exatidão os tempos

de repouso e recuperação levam os atletas,

treinadores e equipas desportivas e procu-

rar métodos tecnológicos avançados que

possam incrementar uma perfeita analise

da performance e do corpo/organismo

dos atletas.

Muitas têm sido as inovações nesta última

década de modo a corresponder às exigên-

cias e demandas das novas necessidades

do treino desportivo, mas tem existo algu-

mas que se destacam, como á o caso

da tecnologia MuscleSound criada pela

SportTechie. Este novo sistema permite

um monitoramento instantâneo dos níveis

de energia e a partir desses dados uma

dieta energética adaptada às necessidades

imediatas e futuras do atleta que potencie

a sua performance.

Um avanço fundamental proporcionado

por esta nova tecnologia é a possibilidade

de analisar os níveis de glicose derivada

dos carboidratos no corpo. A glicose, e o

armazenamento que cada atleta tem no

seu organismo – varia entre as 450 e as 500

gramas, é a principal e mais eficiente fonte

de energia, mas que se esgota com alguma

rapidez em treinos intensos e durante

a competição. Uma análise periódica, e

inclusive durante os treinos e após com-

petição, dos níveis de glicose é crucial para

que os atletas produzam novos planos de

treino e novas dietas energéticas, com o

objetivo de manterem os seus níveis ener-

géticos otimizados.

Ao contrário da perceção generalizada e

menos especializada, muito treino não

equivale necessariamente a melhores

resultados. Este mito, muitas vezes criado

por alguns atletas mas principalmente a

comunicação social, deixa de lado as novas

conclusões cientificas. Sendo uma das

principais, o consumo exagerado de pro-

teínas e aminoácidos para oxidar a glicose,

resultando num decréscimo de glicogénio

no fígado e no músculo, potenciando quer

o desgaste mas pior aumentando o risco

de lesões. O treino excessivo é transver-

salmente comum a todos os atletas mas, e

na medida que os anos avançam, a chave

para muitas lesões musculares cronicas e

até alguns abandonos prematuros de mui-

N

A possibilidade de analisar os niveis de glicose dereivados dos carbiodratos no corpo, energia armazenada, de forma simples e eficaz é preciosos para o treino de qualquer atleta.

Análise científica da performance e capacidades físicas dos atletas

Page 41: Desporto&esport - edição 2 2014

Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 41

do músculo armazenar energia.

A tecnologia MuscleSound permite de

forma não intrusiva, rápida e simples uma

análise eficiente. É preciso destacar que as

outras técnicas para obter a mesma analise

passa por processos altamente intrusivos

como a ressonância magnética ou uma

biópsia muscular; ambos estes processos

exigem que os profissionais médicos e

uma variedade de equipamentos caros,

para além de uma deslocação a um centro

hospital. E, aumentam o risco de infeções

e outras complicações de saúde, dado os

requisitos cirúrgicos e todos os potenciais

problemas que a isso se associam.

A simplicidade e a facilidade são de facto

as grandes mais-valias desta nova tecnolo-

gia em apenas 60 segundos verifica vários

indicadores dos músculos, aprovisionando

no imediato um relatório energético com-

pleto do atleta.

Como afirma o chefe operacional da

SportTechie em entrevista à sporttechie:

“Nós encorajamos a equipe de treino de

a usar o nosso sistema, tanto quanto pos-

sível, mas particularmente no pré-treino

e pós-treino e após competição para aux-

iliar na recuperação e na prevenção de

lesões. MuscleSound fornece dados pré-

desempenho permitindo recomendações

nutricionais e baseados no desempenho

personalizados. O sistema MuscleSound

também identifica os primeiros sinais de

fadiga muscular, lesão muscular e níveis

de eficácia do treino a partir de dados,

permitindo decisões pró-ativas e person-

alizadas para ajudar na recuperação e pre-

venção de lesões a longo prazo”.

Ricardo Reis, colunista Desporto&[email protected]

Page 42: Desporto&esport - edição 2 2014

42 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com

ESTÁDIOS INTELIGENTES: O CONCEITO DE FUTURO QUE JÁ EXISTE NO PRESENTE - AS RAZÕES DA MUDANÇA

conceito de cidade inteli-

gente – smart cities tem

apreciado de uma media-

tização ampliada na última

década de tal forma que hoje só é uma

novidade para os mais distraídos. Apesar

deste conceito agrupar três dimensões,

criatividade/inteligência individual e a

inteligência coletiva, é na terceira dimen-

são, a inteligência artificial, que gera mais

espectativas e que pode de fato fazer avan-

çar esta ideia de futuro mas que já se faz

notar no presente. A tecnologia digital ali-

ada ao espaço físico da cidade em conjunto

com todas as múltiplas infraestruturas de

comunicação tem criado uma forte cade-

ia de informação que permite de forma

rápida e ao segundo arranjar soluções para

problemas de toda uma população, como é

exemplo a gestão do transito, ou soluções

individuais, como apresentar, mesmo sem

pedido, os hotéis mais próximos quando

visitamos uma cidade pela primeira vez e

precisamos de uma cama para dormir. Um

outro conceito, que entronca diretamente

no conceção de smart city – a ideia de

edifícios inteligentes e mais concretamente

de estádios inteligentes.

Imaginarmo-nos dentro do estádio a

assistir a nossa equipa num jogo impor-

tante ou mesmo num clássico, e à distância

de um clique em qualquer dispositivo

móvel disparar no ecrã todas as repetições

dos lances mais importantes e dos golos,

em todos os ângulos e câmaras disponíveis.

Ou algo tão simples como pedir direções

à casa-de-banho/banheiro mais próximo.

Ou ainda, simplesmente não perder pitada

do jogo e encomendar uma sandwich e

um sumo pelo smartphone. Nada disto é

futurismo e já existe em inúmeros estádios

um pouco por todo o mundo e será uma

realidade “corriqueira” a breve trecho em

todos as grandes arenas desportivas.

A implementação de “inteligência artifi-

cial” nos estádios surge da necessidade dos

clubes adaptarem os seus recintos à nova

realidade dos seus adeptos e aquilo que é

o aparecimento de adeptos de uma faixa

demográfica mais nova e mais adaptada

e exigente dos serviços proporcionados

pela tecnologia digital, à necessidade de

competir com os ecrãs de televisão e de

straming e a carência de procura de novas

fontes de rendimento.

Um relatório da Cisco revelou que para u

em cada três estudantes universitários a

internet é tão vital quanto a água, o ar ou

a comida. Nos Estados-Unidos acontece

um fenómeno bem curioso. Nos jogos uni-

versitários os fãs costumavam abandonar

os jogos ao intervalo caso não possam

O

A implementação de “inteligência artificial” nos estádios surge da neces-sidade dos clubes adap-tarem os seus recintos à nova realidade dos seus adeptos e aquilo que é o aparecimento de adeptos de uma faixa demográfica mais nova e mais adapta-da e exigente dos serviços proporcionados pela tec-nologia digital.

Page 43: Desporto&esport - edição 2 2014

Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 43

conectar-se à internet e fazer o upload e

partilhas de ficheiros como fotos e vídeos

relacionados com o evento que estão a

presenciar. Não é então de estranhar que

seja na natural mudança demográfica dos

adeptos que se encontre o principal moti-

vo impulsionador na implementação de

tecnologia digital nos novos estádios e

arenas desportivas.

A qualidade dos pacotes desportivos dis-

poníveis pelos serviços de televisão e cada

vez mais também pelos serviços de stream-

ing é elevadíssima, mais baratos, mais

práticos e mais fácies que ir a um estádio e

comprar um bilhete. Neste sentido, nova-

mente um recente estudo apresentado pela

Cisco mostra que 57% dos adeptos prefere

assistir um jogo em casa.

A conectividade e o digital, e os aplicati-

vos e serviços a ele agregados têm como

objetivo proporcionar uma experiência

vastamente melhorado ao fã dentro do

estádio e trazer as pessoas de para longe

dos seus sofás mesmo para aqueles que

têm excelentes serviços de transmissão de

jogos em direto.

Com recurso aos serviços adicionais dis-

ponibilizados pelo meio WI-FI, o adepto

que se desloca ao estádio pode obter todas

as experiências que obteriam em casa

somando ainda a vivência de ver o seu

atleta preferido ao vivo a fazer a jogada da

sua vida.

Outro grande motivo pelas equipas esta-

rem a apostar tão firmemente em estádios

inteligentes é o aumento de receitas através

da aquisição de serviços adicionais e da

compra de bens como comida ou bebida.

As novas oportunidade de receita são

quase ilimitadas e totalmente inexplora-

das, nomeadamente em Portugal e no

Brasil. Ativar e potenciar serviços nos

estádios através de dispositivos com acesso

à internet é fundamental para gerar mais-

valias para o adepto e inclusive para o mel-

hor compreensão dos gostos e interesses

das pessoas que se dirigem aos estádios

e fazem gosto em apoiar as suas equipas

ao vivo com todos os transtornos que isso

representa.

“A nova geração de fãs, têm de estar conectados com o Twitter ou Facebook ou seu e-mail ou mensagens instantâneas ou o que seja, tudo isso é de vi-tal importância para a sua vida. Faz sentido apoiarmo-nos que o melhor que podemos fazer para que eles não sintam como se estivem num buraco negro de conectividade, onde a internet não existe (quando estão num estádio de-sportivo)” Joe Inzerillo, vice-presidente executivo e CTO da MLBA (Basebol)

Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&[email protected]

Page 44: Desporto&esport - edição 2 2014

44 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com

PUBLIQUE CONOSCO

As páginas das nossas revistas e da nossa plataforma on-line estão abertas para publicação de artigos e matérias por parte dos nossos leitores.

Neste momento aceitamos artigos de opinião, matérias informativas, car-toons, contos literários, Banda desenhada (ficção) e artigos científicos.

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Page 45: Desporto&esport - edição 2 2014

Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 45

MENOS CARBOIDRATOS PARA OS TREINOS DOS MARATONISTAS

s benefícios dos carboidratos, biomoléculas consti-

tuídas principalmente por carbono, hidrogênio e

oxigénio, nos desportos de resistência são bastante

conhecidos. Vários estudos nos últimos 50 anos

sugerem a relevância destas biomoléculas para a performance em

modalidades em que é exigido uma conduta física de longa dura-

ção, como a corrida e mais precisamente a maratona. Os atletas

e treinadores bem conhecedores desta realidade preparam uma

dieta rica em alimentos e suplementos alimentares ricos em car-

boidratos, tanto para as competições quer para os treinos.

No entanto, recentemente vem aparecendo e ganhando força uma

nova abordagem à dieta dos maratonistas durante o treino que os

priva de enjerir carboidratos. Este novo processo parte da ideia,

que ensinando o corpo a exercitar-se sem carboidratos, ganhará

uma maior eficiência nos dias de prova, altura em que o organismo

será “inundado” de dessas biomoléculas. Steve Magness, autor

de A Ciência da duração e docente e treinador na Universidade

de Houston replica: “No treino, parte do que estamos fazemos,

é obrigar o nosso corpo a consumir o combustível até aos níveis

máximos, para ser mais eficiente quando o corpo estiver de facto

cheio de combustível”.

A grande desvantagem e principal dificuldade na implementação

deste método é a extrema exigência mental e física exigida aos

atletas para que resulte em pleno. No entanto, vários treinadores

e especialistas negam essas dificuldades, afirmando simplesmente

que a maratona é uma especialidade desportiva exigente, assim

como o seu treino, e a nova dieta podem facilmente ser inserida

no conjunto de boas praticas dos atletas.

Existem dois métodos de treino baseados nesta nova dieta: double

workouts e fasted workouts. O primeiro método processa-se com

um treino duro pela manhã seguido de um almoço com baixo

teor de carboidratos, e, em seguida, um segundo treino, mais fácil,

algumas horas depois. O primeiro treino esvazia os músculos de

carboidratos para que a segunda sessão obrigue o organismo do

atleta a adaptar-se a funcionar sem essa biomoléculas. O segundo

método passa por longas sessões de treino sem que exista anteri-

ormente sejam consumidos carboidratos, impedindo o acesso fácil

a “combustível” na corrente sanguínea.

Os resultados práticos da mudança já se fazem sentir, apesar de

existir ainda alguma controvérsia no mundo académico e cien-

tifico onde as conclusões ainda não são satisfatórias. Em pouco

tempo, será entendível qual a melhor dieta para os maratonistas

para o treino e qual a melhor abordagem.

O

Ana Matos, especialista em nutriçã[email protected]

Page 46: Desporto&esport - edição 2 2014

1

4

46 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com

Reynolds Black Label Wheels. A empresa

detentora da patente para clinchers de fibra

renovou a linha de rodas para o moun-

tain-bike aprimorando o desempenho e

diminuindo o preço. As rodas Black Label

juntam jantes de montanha já existentes

nas marcas Reynolds com o acostumado preto sobre preto cubos

DT240S para os rodados.

As rodas Black Label já estão disponíveis em quatro modelos: 29

XC (1.440 gramas), 29 TR (1.500 gramas), 27,5 XC (1.435 gramas),

e 27,5 AM (1.530 gramas). A todas as rodas são fornecidos com

adaptadores “end-cap” para a conversão para qualquer formato

de hub.

CICLISMO E TECNOLOGIA

1- R. BLACK LABEL WHEELS

2- SMITH OVERTAKE HELMET

3- MEIAS TECNOLÓGICAS

4- BKOOL CONNECT

As inovações para 2015

1.

23

Page 47: Desporto&esport - edição 2 2014

Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 47

Smith Overtake Helmet. A empresa Smith

sediada em Idaho, Sun Valley, desenvolveu

um novo modelo de capacete para ciclistas

amadores e profissionais, principalmente

para o mountain-bike, que promete uma

maior proteção em comparação com out-

ros modelos do género, graças à utilização de um material des-

ignado de Kroroyd. Este material, absorve mais 30% do impacto

energético do que a espuma EPS, o material utilizado com mais

frequências nos capacetes para ciclistas. Acrescentando ao mesmo

tempo ventilação.

Este modelo de capacete aposta num design apelativo, fornecendo

igualmente um armazenamento estável para os óculos de sul. Com

peso um pouco acima dos 250 gramas já está a ser comercializado

no mercado norte-americano e em breve irá expandir-se a marca

para novas localizações.

Meias tecnológicas. A empresa Shimano

desenvolveu umas meias tecnológicas para

ciclismo que promete melhorar a experi-

encia em cima da bicicleta do ciclista. Feita

de um material rijo, anti-abrasão pata o

dedo grande o pé e do calcanhar, respirável com inúmeras seções

de ventilação, trabalham em conjunto com os sapatos da mesma

marca aumentando ainda a experiencia de conforto.

A meia tecnológica permite igualmente minimizar no topo do pé e

melhorar a experiencia de transpiração do pé, em muito devido, à

ventilação que proporciona – característica que já foi mencionada

acima.

4.Bkool Connect Trainer. Esta nova bicicleta

promete revolucionar o treino indoor. Por

pouco mais de 650 dólares americanos é

possível adquirir esta maquinaria que pos-

sibilita o treino eua experiencia mais real

de ciclismo de estrada sem sair de casa.

Com um sistema de fácil acesso Web e capaz de recolher infor-

mações via Iphone ou GPS, e executando o aplicativo Bkool, que

trabalha com os dados acima referidos, acompanhando o treino,

fazendo inclusive o upload de um vídeo ou de um mapa.

Por os amantes mais acérrimos do ciclismo de estrada, a Bkool está

a incorporar na sua oferta de vídeo cenas de corridas dos eventos

Pro Tour, Esta é uma escolha perfeita para quem adora ciclismo e

estar em cima da bicicleta mas não quer sair do conforto do lar.

3.

2.

Page 48: Desporto&esport - edição 2 2014

48 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com

desporto, para o marketing e publicidade, são para

o seculo xxi o mesmo que o sexo foi para o seculo

xx, e a presença das grandes marcas no digital e nas

redes sociais associadas a grandes atletas e eventos

desportivos não para de crescer. Por exemplo, no facebook 6 em

cada 10 posts das grandes marcas associam-se de alguma forma

ao desporto. Nas outras redes socias os valores não se distanciam

significativamente destes valores.

Estes números apenas podem ser uma surpresa para os mais dis-

traídos. E os motivos são evidentes. Temos, em primeiro lugar, a

generalização e a massificação global do uso da internet e as altas

taxas de envolvimento e compromisso dos utilizadores com o

digital e as redes sociais em particular. Depois, com a chegada da

televisão por cabo e o streaming de vídeo, a atenção das pessoas

dispersou-se, e o desporto foi-se tornando na principal atividade

agregadora e transversal a toda a sociedade. Por fim, temos a

paixão dos fãs pela sua equipa e pelo seu desporto favorito e a

maior propensão destes de comentar, gostar e acima de tudo par-

tilhar posts com os quais se identifica.

Para termos um pouco a ideia dos números envolvidos, olhemos

para o campeonato do Mundo de Futebol no Brasil que se consa-

grou como o evento desportivo mais falado de sempre nas redes

sociais. Apenas na noite da final e apenas no facebook, registaram-

se mais de mais de 280 milhões de interações relacionados com

o jogo por mais 88 milhões de utilizadores desta rede social. No

Twitter, foram mais de 35,6 milhões neste mesmo jogo, E, no jogo

entre Alemanha e Brasil da meia-final chegou-se ao recorde de

tweets por minuto com 618.725.

As grandes empresas e marcas olham com muita atenção para

estes números e associam-se através do patrocínio desportivo para

divulgação e impulsionar as vendas através dessas parcerias e apos-

tam depois nas redes sociais como principal meio de divulgação.

Outra vantagem da aposta nas redes socias pelas marcas, é a

imediata perceção dos resultados das campanhas, entendendo ao

minuto a abrangência e impacto gerado por cada nova publica-

ção. Outra vantagem da aposta nas redes socias pelas marcas, é a

imediata perceção dos resultados das campanhas, entendendo ao

minuto a abrangência e impacto gerado por cada nova publicação.

Assim, como o perfil de utilizador a que as campanhas chegam e

interagem. Neste sentido, as marcas, adquirindo pacotes de serviço

oferecidos pelas redes sociais, podem focar as suas campanhas a

um determinado perfil de público, vulgarmente designado como

nicho, de modo a tirar o maior partido dos recursos investidos.

Por fim, esta tendência das marcam bem na continuada perceção

que os meios mais tradicionais, como publicidade em média tradi-

cionais ou placares outdoors, estão a perder força e a tornarem-se

me nos efetivos, e ao bem mais “estáticos” em comparação com as

redes sociais.

O

NO FACEBOOK 6 EM CADA 10 POSTS DAS GRANDES MARCAS EN-

ENVOLVEM O DESPORTO OU EVENTOS DESPORTIVOS

Olivia Santos, especialista em marketing e redes [email protected]

Page 49: Desporto&esport - edição 2 2014

Marcas de roupa desportiva, com a Nike na foto, são as que mais apostam nas redes sociais. Assim como marcas de cerveja, abaixo. Ou mesmo empresas tecnológicas.

Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 49

Na final da copa do mundo e apenas no face-book, registaram-se mais de mais de 280 milhões de interações relacio-nados com jogo.No Twitter, foram mais de 35,6 mil-hões.

Olivia Santos, especialista em marketing e redes [email protected]

Page 50: Desporto&esport - edição 2 2014

50 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com

NBA: A ORIGEM DOS CRAQUES

MAPA ORIGEM DOS JOGADORES PROFISSIONAIS DE NBA PER CAPITA 1980-2014 FONTE: THATNBALOTTERYPICK.COM

uma análise rápida ao mapa acima, rapidam-

ente identificamos, e sem surpresa, as áreas de

Mississippi, New York City, Los Angeles, Chicago,

Washington e Filadélfia, como aquelas onde se

originam o maior número de atletas na NBA. Seguidas de perto

por Atlanta, Dallas, Houston, Indianapolis, Detroit, New Orleans

e Seattle. A não surpresa destes dados advém destes estados

serem também os maiores centros populacionais do país norte-

americano, e como tal, esperado que ai apareçam mais atletas de

nível profissional.

O basquetebol é sobretudo um desporto urbano e deste modo

não é de estranhar que Washington, capital norte-americano,

tem o maior histórico de “produção” de jogadores da NBA, com

68 atletas atualmente a atuar na NBA nascidos neste estado.

Relembramos que Washington é unicamente urbana. Outro dado

a ser adicionado é o facto dos habitantes de Washington serem

esmagadoramente afrodescendentes, e a NBA é largamente domi-

nada por atletas negros. Neste seguimento, não igualmente de

estranhar que Mississippi apareça no segundo lugar desta lista com

cerca de 50 atletas profissionais. 50% da população desse estado é

de descendência africana.

Outros estados que à partida teriam indícios menos propícios para

o aparecimento de atletas para a NBA como Indiana e Kentucky,

que ocupam lugares cimeiros no mapa acima, sugerem que a cul-

tura local desempenha um papel fundamental para potenciar o

aparecimento de jogadores com qualidade para o profissionalismo.

O facto de alguns estados como Vermont, Ilhas marianas do Norte

ou o Alasca apenas esporadicamente originaram atletas para a

NBA também não é uma surpresa, seja pelos baixos índices popu-

lacionais, pelo clima menos propício a este desporto ou pela falta

de engajamento das populações locais ao basquetebol em prefer-

ência do futebol americano ou do hóquei em gelo.

N

Ricardo Reis, colunista Desporto&[email protected]

Page 51: Desporto&esport - edição 2 2014

Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 51

MAPA ORIGEM DOS JOGADORES PROFISSIONAIS DE NBA PER CAPITA 1980-2014 FONTE: THATNBALOTTERYPICK.COM

momento de pura violência

e agressões entre jogadores

e equipas técnicas no ainda

recente jogo entre Albânia e

a Servia apanhou todos de

surpresa, até porque, aparentemente tudo

se iniciou por um simples drone que trans-

portava uma bandeira albanesa. Mas, isto

apenas pode ter surpreendido os mais dis-

traídos e menos conhecedores da história

europeu e dos seus “conflitos internos”. O

conflito sérvio-albanês, como muitas vezes

é apelidado, é um conflito étnico entre

este dos povos que dura há vários seculos,

mas que teve o seu auge no século xx, com

a primeira guerra balcânica, a segunda

grande guerra e a guerra do Kosovo, tendo

tido no entanto início, no século xix após o

conflito entre a Rússia e a Turquia.

Após a derrota do Imperio Otomano, os

povos cristãos dos Balcãs ganharam mais

território, originando a deslocação de mais

de 80 mil muçulmanos, para a zona que é

hoje conhecida como o Kosovo, agravando

as tensões religiosas e provocando graves

efeitos demográficos.

Este acontecimento é tido visto como o

ponto de partida para o “conflito sérvio-

albanês, desde que foi o primeiro ato de

violência organizado em grande escala

pelo Estado no conflito e pelo menos uma

parte (os sérvios) tinham desenvolvido em

uma nação plenamente funcional e exibida

de uma consciência nacional da Sérvia

(enquanto o nacionalismo albanês ainda

estava em seus estágios infantis)”.

Durante todo o conturbado seculo xx

europeu, principalmente durante a pri-

meira centena de anos, o conflito agravou-

se, com constantes conflitos bélicos, numa

região altamente martirizada com guerras

e invasões militares e constantes novas

definições de fronteiras. O último con-

flito deu-se em 1999 e 2001 ainda que em

menor escala.

Com este historial, não deveria obrigar

as organizações do futebol, neste caso a

UEFA, pensar com mais cuidado a forma

como se dão os sorteios e se não devem

existir restrições prévias? Dado que clara-

mente, ao contrário do que muitas vezes é

propagandeado, o “fair-play” desportivo

não ultrapassa todos os conflitos.

O

Ricardo Reis, colunista Desporto&[email protected]

Vitor E. Santos, colunista Desporto&[email protected]

Page 52: Desporto&esport - edição 2 2014

52 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com

DOPING: LEGALIZAÇÃO!

Uma cultura pró-doping, para muitos, é inevitável no futuro do

desporto. E um futuro que não estará tão longe quanto se julga,

dado que a muito breve trecho estaremos a atingir os limites

de performance do corpo humano. Ora vejamos, mesmo com

todo os novos métodos de treino, de nutrição e equipamentos,

os tempos e os recordes dos nossos melhores atletas acontecem

cada vez mais desfasados no tempo e as melhorias acontecem

progressivamente mais lentamente. Estima-se, por exemplo,

que o limite do tempo para os 100 metros é de 9,48 segundos.

Quando esse tempo for atingido e não existir mais a espectativa

de ser quebrado, continuaram os adeptos do atletismo a seguir

esta modalidade tao afincadamente como o têm feito até agora?

Ultrapassar e melhorar a história é um dos pilares do desporto

moderno, quando isso deixar de ser possível, os fãs estarão dis-

postos a deixar cair este tão fundamental axioma? A resposta,

ainda que futurista e unicamente baseada na historia passada do

desporto, terá que ser um redondo NÂO.

Dentro deste paradigma, temos ainda a questão dos desportos

onde a exigência é superior ao suportado pelo corpo humano, o

ciclismo é paradigmático. O doping faz e sempre fez parte deste

desporto, não vale a pena enganarmo-nos; não é por acaso que

os maiores escândalos de uso de substâncias ilícitas são ciclis-

tas. Este desporto, por muito que doa a muitos, exige demasiado

dos atletas, e diminuindo drasticamente o potencial de perfor-

mance dos seus corpos; a ajuda química vem muitas vezes

permitir unicamente uma melhor recuperação de etapa a etapa.

E, as entidades deste desporto continuam a olhar para o lado,

como se nada fosse, e nada mudam nas regras ou no para-

digma da modalidade para se adaptar à “condição humana” dos

ciclistas. Continua a fazer sentido existir etapas de mais de 200

km em voltas com mais de vinte etapas? Faz sentido passar

por três, quatro e as vezes mais contagens de montanha numa

única etapa? Estar em cima da bicicleta por 5, 6 ou mais horas?

Somando a isso os diminutos tempos de descanso, com as indis-

pensáveis viagens, insuficientes para segundo as estatísticas,

faz a cada duas etapas o esforço físico de uma maratona? A

questão central: é que é essa a vontade dos adeptos. Eles que-

rem ver cinco e seis horas de ciclismo. Ele não querem menos,

querem mais. Superar o passado é a frase e um sinonimo que

sem o qual o desporto profissional não sobrevive.

As razões que podem levar o desporto profissional a adotar politicas mais favoráveis ao doping!

Page 53: Desporto&esport - edição 2 2014

Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 53

Doping: Proibição? Legalização?

Outro ponto fundamental é as lesões.

Nunca como no desporto atual as lesões,

e muitas delas graves, aconteceram com

tanta frequência e tão repetidamente.

Os casos da NBA, discutidos da edição

anterior, ou a dos pitchers no basebol

(nesta edição) são apenas um exemplo.

O mundial de futebol de seleções deste

ano de 2014, onde os melhores joga-

dores chegaram ou esgotados, jogaram

lesionados como Cristiano Ronaldo ou

simplesmente como Ribéry nem sequer

pode ser convocado. E o número altís-

simo de lesões que não deixou nenhuma

das 32 seleções sem pelo menos um dos

seus melhores jogadores. Isto reflete

nada mais que o excesso de competição

dos calendários desportivos da maioria

dos desportos e modalidades, onde o

descanso e o repouso são insuficientes.

E, a competitividade aumenta de ano

para ano, onde equipas e atletas mesmo

de menor gabarito obtém metodologias

de treino semelhantes e como tal o espa-

ço que antes existia entre os melhores e

os menos bons, diminuiu significativa-

mente na última década.

É preciso assumir igualmente que existe

atualmente uma revolução tecnológica e

química e que pode, e para muitos deve,

auxiliar o desporto e os seus atletas.

Simplesmente, assumir que a tecnologia

e a química não existem, não é uma

opção e de uma forma paulatina mas

progressiva, muitas das novas substan-

cias que são artificialmente sintetizadas

e produzidas em laboratórios, logram

a possibilidade de eliminar muitos dos

problemas acima mencionados. E levam

igualmente o desporto para um outro

patamar. Algo que todos os adeptos

desejam.

A própria saúde dos atletas pode em

caso de uma politica mais pró-doping

sair revigorada, dado que os atletas não

necessitariam de recorrer a substâncias

comprovadamente perigosas ou drogas

experimentais com a potencialidade de

escapar a controlos de antidoping, e

poderiam usar substancias não nocivas

que teriam o mesmo efeito.

Um outro ponto que deve ser men-

cionado, é diferenciar as substâncias e

metodologias que têm como principal

intuito auxiliar e diminuir o tempo de

recuperação e aquelas que procuram de

facto criar vantagem competitivas e de

aumento de performance. As primeiras

devem ter uma abordagem mediática e

legal mais positiva.

Por fim, o doping faz parte do desporto

desde os seus primórdios. Convivemos

com eles desde sempre e sempre assim

será. A legalização ou uma maior aber-

tura a medidas pró-doping beneficiará

a todos, principalmente aqueles que se

dopam de forma ilegal, e que podem

desta forma encontrar um caminho mais

limpo e mais saudável.

“A própria saúde dos atletas pode em caso de uma politica mais pró-doping sair revigorada, dado que os atletas não necessitariam de recorrer a substâncias com-provadamente perigosas ou drogas experimentais com a potencialidade de escapar a controlos de antidoping, e poderiam usar substancias não nocivas que teriam o mesmo efeito.”

Page 54: Desporto&esport - edição 2 2014

54 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com

Saúde. Sem dúvida que o bem-estar dos atletas, tanto no pre-

sente como no futuro, é um dos mais fortes entraves à legaliza-

ção do doping ou de uma cultura mais pó-doping no desporto.

Como anteriormente sublinhamos, muitas das substâncias são

altamente danosas para a saúde dos próprios e dos seus futuros

filhos – os casos de má formação de fetos ou de nascença

com deficiência de filhos de ex-atletas que usaram doping são

imensos.

Neste sentido o professor Andy Miah bioeticista da Universidade

do Oeste da Escócia argumenta que é necessario ter um “Pro-

Doping Agency World” para complementar a Agência Mundial

Anti-Doping. “No momento os atletas olham e procuram

substâncias perigosas e com riscos significativos para a saúde,

mas com o quadro de escolham corretas, os atletas podem con-

hecer os riscos envolvidos”. E acrescenta: “Faz sentido para

se certificar de que os atletas sabem o que estão a ingerir, em

oposição ao atual “liberdade”, que pode levar a efeitos colater-

ais terríveis para si. Os esteroides anabólicos, por exemplo, têm

efeitos secundários adversos que variam de acne, infertilidade

e impotência, a hipertensão, a psicose e doenças cardiovascu-

lares. Um órgão regulador que permite que os atletas sabem

o que estão ingerindo iria melhorar a saúde de uma forma

global”. O fair-play é entendido em um plano mais geral como

uma atitude de prática desportiva moralmente boa. E apesar do

termo “fair-play” se ter revelado um campo amplo o suficiente

para interpretações diversas de seu significado. Uma iniciativa

bastante comum é traduzi-lo como ‘jogo limpo ou qualifica-lo

como ‘espírito desportivo’.

DOPING: PROIBIÇÃO!As principais razões que levam a dizer NÂO ao doping

Page 55: Desporto&esport - edição 2 2014

Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 55

Assim o conceito de fair-play obedece a um conjunto de regras

e conceitos e quebra-los é uma violação grave às regras do

jogo e por consequência uma violação das regras e valores

desportivos.

Um outro argumento de natureza ética contra o doping é aquele

que afirma que o processo de desenvolvimento de substâncias

dopantes transforma a competição desportiva em uma verda-

deira competição entre laboratórios de farmacologia, de tal

maneira

deslocando-a do seu lugar natural, as arenas e a capacidade

inata e aprendida dos atletas.

Octávio Tavares, no seu trabalho “doping: argumentos em dis-

cussão”, afirma: “A possibilidade de liberação de uso do doping

é claramente entendida como a possibilidade de utilização de

todo o potencial tecnológico ao alcance dos países ricos sem

as peias de ordem ética e legal, o que tornaria ainda maiores a

diferença nas condições de preparação entre atletas de países

desiguais”.

Outro ponto importante na argumentação é que a liberalização

do doping forcará todos os atletas a recorrer a substâncias

dopantes. Este raciocínio leva-nos a uma posição onde atletas,

mesmo que não desejem recorrer ao doping, serão forçados

ao uso do doping, por coação externa, como treinadores ou

empresas parceiras, ou pela necessidade de níveis de perfor-

mance mais avançadas e pela possibilidade de luta pela vitória.

A realidade é que muitos atletas podem efetivamente sentir-se

tentados ou forçados à transgressão, inclusive baseados em

motivos bastante racionais.

Temos ainda, que alterar as leis do doping, farão neces-

sariamente ondas de choque no passado do desporto, fazendo

existir, um desporto antes do doping e depois do doping. E, a

consciência de que muitas novas marcas apenas serão atingidas

graças a substâncias sintetizadas no laboratório. Como reagirá

o adepto. Iremos ser capazes de olhar para esses futuros atletas

da mesma forma que olhamos para os atletas do presente e do

passado? Ou não serão olhados acima de qualquer coisa como

um resultado de uma laboratório e de experiencias científicas.

E, até que ponto, não diremos simplesmente, este atleta não é

melhor que os outros, simplesmente tem melhores cientistas e

laboratórios a trabalhar para si.

Por fim, ao alterar tão drasticamente as leis do desporto não

corremos um risco serio de alterar o que faz dele o que ele é?

E, esse risco, não pode ser a sua morte?

“Os esteroides anabólicos, por exemplo, têm efeitos secundários adversos que variam de acne, infertilidade e impotência, a hipertensão, a psicose e doenças cardiovascu-lares. Para além disso: a possibilidade de liberação de uso do doping é claramente entendida como a possibilidade de utilização de todo o potencial tecnológico ao alcance dos países ricos sem as peias de ordem ética e legal, o que tornaria ainda maiores a diferença nas condições de preparação entre atletas de países desiguais”.

Page 56: Desporto&esport - edição 2 2014

56 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com

HIDRATAÇÃO NO DESPORTO PROFISSIONAL

A prática de exercício físico, independentemente do desporto e das condições em que a atividade é desen-volvida, leva inevitavelmente uma significativa perda de água e eletrólito (sódio e cloreto) do organismo que terá consequências para o atleta no caso de esses líqui-dos não serem progressivamente repostos.

Atualmente estima-se que 70% da energia gerada durantes os processos fisiológicos recorrentes da atividade física não é convertida em trabalho útil, mas sim convertida em grande medida em calor, que por sua vez leva à transpiração e à perda de líquidos, o que num caso extremo, pode levar à desidratações traumáticas que facilmente criam lesões e efeitos de longo prazo.

Isto é de tal modo verdadeiro, que pequenas perdas de quantidade de água, perdas de água equivalentes a

2% da massa corporal reduzem fortemente a resistên-cia e a performance dos atletas, independentemente do clima e da altitude. Piorando quando o exercício físico se mantem por um período de tempo superior a 90 minutos.

Existem ainda estudos que comprovam que um des-canso de vinte minutos com a reposição de líquidos de pelo menos de 50% são capazes de restaurar significativamente a capacidade física de um atleta, permitindo-lhe retomar a atividade física.

Para além das elevadas perdas de desempenho e de resistência física, a desidratação eleva igualmente os riscos de cefaleias (dores de cabeça), sensação exag-erada de fadiga, náuseas e as já faladas lesões como cãibras.

Page 57: Desporto&esport - edição 2 2014

Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 57

Olhemos alguns dados. Uma redução de

massa corporal por perda de líquidos de

4% tem como consequência imediata uma

perda de forças de pelo menos de 2% a 3%

e perdas de resistência de 10%, somando-

se ainda, as alterações a alguns músculos

específicos onde as perdas são ainda maio-

res. Se a isto ainda adicionarmos temper-

aturas superiores a 30 graus centígrados

as perdas do atleta são severamente supe-

riores.

Hoje existe um consenso alargado entre

os especialistas suportados inclusive pelo

comité olimpo que os níveis de desidrata-

ção dos atletas não devem ultrapassar os

2% da massa corporal, e que esses níveis

devem incluir as taxas de perdas de sódio,

expelidos igualmente pelo suor. As perdas

não devem ser superiores a 3 ou 4 gramas

de sódio sem que a performance e mesmo

a saúde seja prejudicada.

A ligação entre perdas de água e lesões,

a mais frequentes as cãibras muscula-

res, acontecem principalmente de forma

indireta, ou seja, pela perda de sódio e

cloreto através do suor, assim para além

da hidratação e da ingestão de água, os

atletas devem ter em conta a necessidade

de ingerirem outros alimentos ou suple-

mentos que possam repor os seus habituais

níveis de eletrólitos.

O processo de hidratação do atleta deve

ser contínuo, ou pelo menos, ser iniciado

uma semana antes no início da competição

ou de um treino de alta intensidade.

É importante ressalvar que uma hidrata-

ção excessiva é tão prejudicial quanto a

falta de líquidos, provocando nos atletas

uma sensação de enfartamento, e pior,

aumentando as taxas de suor expelidas, o

que provoca maiores perdas de eletrólitos.

Por fim, as áreas geográficas, como a alti-

tude, e o clima, calor ou humidade, devem

ser tidas em contas quando se esboça o

plano de hidratação do atleta.

Perdas de água equivalentes a 2% da massa corporal, no exercício físico perante, reduzem fortemente a resistência e a performance dos atletas, in-dependentemente do clima e da altitude. Piorando quando o exercício físico se mantem por um período de tempo superior a 90 minutos. Perdas de líquidos superiores podem criar uma sensação de fadiga extrema, náuseas, cefaleias e até aumentar seriamente o risco de lesões.

Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&[email protected]

Page 58: Desporto&esport - edição 2 2014

58 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com

TRIATLETAS: TRÊS ERROS COMUNS

o desporto atual altamente competitivo todos os

detalhes no treino fazem a diferença e no triatlo

não é diferente. Existe um conjunto de práticas e

cuidados na preparação para as competições que

não devem ser descuidados quem o faz comete

erros estratégicos graves. Nas próximas linhas iremos identificar

três dos mais frequentes.

Testes periódicos de taxas de suor durante o esforço. Como anali-

sado no artigo acima a “ importância da hidratação no desporto

profissional” basta uma perda de água em 2% da massa corporal

para um abaixamento considerável na performance e capacidade

física do atleta. Assim é fundamental que exames e medições, o

quanto mais precisas melhor, da taxa de perdas de liquido durante

os exercícios para que aquando da competição o atleta saiba com

exatidão a quantidade de líquidos que necessita ingerir e não se fie

apenas na sede que sente.

Apostar numa dieta calórica e energética inadequada ou simples-

mente suspendem a sua dieta, tendo como principal propósito

perder uns quilos, ou o que também acontece diversas vezes por

quebra de resistência mental. Por norma, a dieta dos triatletas é

altamente exigente, com o consumo de carboidratos periódicos ao

longo do dia e obrigando a um constante “auto-supervisionamen-

to” difícil de perpetuar ao longo do tempo. Acontece igualmente

que a dieta calórica indo de encontro às necessidades competitivas

pode ainda assim causar uma sensação de fome ao atleta e este

efetuar novas alimentações desadequadas.

Procurar nos suplementos deficiências ou erros na preparação do

treino, como se esses mesmos suplementos funcionassem como

um atalho que tudo resolve. Um erro monumental. Os suple-

mentos servem acima de tudo para responder e corrigir algumas

deficiências nutricionais como vitaminas ou cálcio, entre muitos

outros.

N

Ana Matos, especialista em nutriçã[email protected]

Page 59: Desporto&esport - edição 2 2014

Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 59

PEP GUARDIOLA: uardiola venceu e vence mais que os outros porque eleva táticamente as suas

equipas a patamares superiores. Neste artigo vamos analisar um pouco mais todos os detalhes tecnicos das duas equipas que treinou ao mais alto nivel – Barcelona e Bayern de Munich. Comecemos, no entanto, por desenhar um breve perfil da sua carreira e da sua filosofia de jogo e das origens desta.Pep Guardiola é um raro exem-

plo de alguém que ousou inovar, modernizando os valores e táti-cas dominantes no futebol e com isso mudou o jogo. Mudou-o vencendo e criando aquela que foi para muitos a melhor equipa de sempre – o Barcelona de 2008 a 2012. As equipas que treinou não só obtiveram sucesso nos respetivos campeonatos nacio-nais como nas provas europeias, como serviram de base para as duas últimas seleções campeãs do mundo. Guardiola, que tem apenas 42 anos e menos de uma

década enquanto treinador, ganhou uma aura mística como possivelmente nunca nenhum outro treinador o conseguiu na história do futebol. Neste senti-do Virendra Karunakar escreve:

“O nome de Guardiola não rep-resenta simplesmente mais um homem; ele tem vindo a rep-resentar uma fé, uma crença, uma filosofia; uma filosofia que alcança o sucesso de forma con-sistente e ao mais alto nível”.

GAS TÁTICAS – DE BARCELONA A MUNIQUE

Ana Matos, especialista em nutriçã[email protected]

Page 60: Desporto&esport - edição 2 2014

60 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com

Guardiola chegou a treinador principal do Barcelona em 2008 e

assumia para si a responsabilidade de reconstruir uma equipa que

apenas dois anos antes tinha ganho tudo o que havia para ganhar

mas que num espaço de um ano parecia que tinha desaprendido

de jogar. A única saída era a revolução. Saíram jogadores. Entre

eles, aquele que era considerado o melhor do mundo na altura –

Ronaldinho Gaúcho. E fez entrar uns tantos novos, a maioria vinda

da formação ou da equipa B. A construção do jogo do “renovado”

Barcelona passou essencialmente por uma filosofia de harmonia,

ritmo de trabalho, alta intensidade todo o jogo, paciência, circula-

ção de bola, jogo zonal, jogo posicional e, finalmente dinamismo.

A filosofia de passe era tão determinante neste novo Barcelona de

Guardiola, que levou a alcunha de Tiki Taka. Esta forma de jogar,

como o próprio Guardiola já o afirmou, foi inspirada no futebol

praticado pela seleção brasileira dos anos 70 e 80 que apesar de

poucos títulos encantaram o mundo. Não joguei no Brasil. “ O que

tentamos fazer foi passarmos a bola o mais rápido possível. É o que

o Brasil fez a sua vida inteira”, afirmou Guardiola em conferência

de imprensa após a vitória do Barcelona sobre o Santos (4-0) na

final do Mundial de Clubes em Yokohama, em 2011.

Depois de quatro anos de muito sucesso Guardiola abandona a

equipa de Barcelona. Passa um ano sabático, e depois aceita o

desafio de se sentar no banco de suplentes do Bayern de Munich,

que havia ganho tudo o que havia para ganhar na época anterior.

Depois de muitas dúvidas sobre o que podia acrescentar aquela

que era já para muitos a melhor equipa do mundo, as primeiras

respostas surgiram logo nos primeiros jogos, e novamente com a

cultura de posse e vários passes na base do jogo. Mas ao contrário

do que acontece com muitas equipas, que circulam a bola à espera

do erro, as equipas de Guardiola, apostam num paradigma dife-

rente: “provocar e soltar a bola”. Com isto o adversário não fica só

à espera, tem que reagir constantemente

No principio havia o 4-3-3 (Barcelona)

Na primeira temporada no Barcelona, Guardiola operou a sua

equipa pronominalmente no 4-3-3, seguro na posse da bole, mov-

endo a bola constantemente do centro para as laterais e vice-versa,

na constante procura do desequilíbrio da equipa adversaria, com

uma rapidez de execução acima da média, com dois ataques no

pico da forma, Thierry Henry e Samuel Eto’o, e o génio de Lionel

Messi a despoletar. Atrás Sergio Busquets, promovido da equipe

B ou Toure, como médios mais defensivos, e no centro do terreno

Andres Iniesta e Xavi, uma dupla que era o motor da equipa.

Com a saída de Eto’o e com a experiencia falhada de Zlatan

Ibrahimovic como homem golo, Messi foi convertido a atacante

centro. Uma decisão acertada já que os números na concretização

de Messi dispararam – 2008-09 foi a última vez que Messi marcou

menos de 49 golos em todas as competições. Este modelo tático

abdicou do que vulgarmente é chamado de número 9 e de uma

referência fixa na grande área, viveu sobretudo da mobilidade e do

entendimento dos três homens da frente.

No ano seguinte, um novo ano de glória para a equipa do

Barcelona, deu-se aquilo que se convencionou-se chamar-se troca

por troca, David Villa ocuparia o papel de Henry fora de largura

à esquerda após a partida do francês e Pedro iria assumir o cargo

de largura direita – sendo que este ultimo ocupava um lugar muito

intermitente no onze titular.

Page 61: Desporto&esport - edição 2 2014

Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 61

Depois apareceu o 4-4-2 que se desdobrava no 4-1-3-2 (Barcelona)

Na última época de Guardiola à frente do Barcelona, apareceu um jogador que haveria de “obrigar” a mudar a conceção

tática da equipa – Cesc Fabregas.

Uma mudança para o 4-4-2 e a introdução do conceito de falso 9 e com a substituição de Pedro por Alexis Sanchez.

Com a mobilidade dos homens da frente o modelo tático muitas vezes alterava-se para um 4-1-3-2 com Messi e Sanchez

na frente. Alves na lateral e Abidal ao centro eram duas peças fundamentais para manter a fluidez de jogo e Busquets

assumia para si um papel chave na manutenção dos equilíbrios.

Do tempo de Guardiola no Barcelona haveria de ficar também a perceção que o jogo ofensivo deve começar nos defesas

e a boa qualidade destes com a bola nos pés é elementar para a equipa. Fica igualmente a qualidade das desmarcações

e do jogo sem bola de todos os jogadores, na constante procura de oferecer linhas de passe. Por fim, salienta-se tam-

bém a qualidade na recuperação de bola onde os jogadores funcionavam como um bloco coeso no desarme do jogador

adversário portador da bola. Abaixo a explicação do tiki taka.

Novo desafio, Novo esquema tático: 4-1-4-1 (Bayern de Munich)

Guardiola apostou numa formação 4-1-4-1. A tática imposta por

Guardiola teve como objetivo explorar a profundidade do Bayern no

meio-campo, especialmente em torno da capacidade de Toni Kroos

para distribuir, circular em todo o meio do campo e igualmente assum-

ir o papel de organizador de jogo. Enquanto no Barça, Guardiola tinha

jogadores de baixa estatura à sua disposição, que eram muito bons na

posse; no Bayern tinha jogadores mais diretas e verticais como Thomas

Müller, Arjen Robben e Franck Ribery o que permitia uma maior vari-

ação de passe curto com passe longo, tornando sempre imprevisível o

que a equipa ia fazer num determinado momento.

Philip Lahm, o melhor lateral-direito do mundo, foi “re-programado”

para jogar como medio defensivo e passou a fazer dupla com Bastian

Schweinsteiger. Esta mudança mostrou-se fundamental para criar o

tipo de jogo que Guardiola tanto gosta e passa pela manutenção da

bola o maior tempo possível e foi igualmente importante para a varia-

ção passes – entre curto e longo – bem como transportar o esférico em

que Lahm é especialista. Rafinha, que ocupou a vaga deixada vaga por

Lahm na direita também se mostrou um enorme trunfo para o ataque

dado que passou a ocupar por diversas vezes os espaços deixados vagos

por Ribery que passou habitar zonas mais centrais no campo.2014-2015: 3-4-3? (Bayern de Munich)

Após a meia-final perdida para o Real-Madrid na época passada, o

Bayer passou a utilizar algumas vezes o modelo 3-4-3, inclusive contra

o Borussia Dortmund na final da DFB (taça da Alemanha). E mesmo

nesta presente época Guardiola tem apostado consistentemente nesta

nova forma de jogar. Ainda é cedo para perceber se esta mudança é

ou não definitiva e em próximos artigos iremos analisar este modelo

tático com mais pormenor.

Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&[email protected]

Page 62: Desporto&esport - edição 2 2014

62 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com

FOTOGRAFIA DO MÊS: MANUEL NEUER O “LIBERO” ALEMÃO!

Page 63: Desporto&esport - edição 2 2014

Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 63

FOTOGRAFIA DO MÊS: MANUEL NEUER O “LIBERO” ALEMÃO!

Page 64: Desporto&esport - edição 2 2014

64 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com

TREINO VS. TALENTOreino e pratica continuada ou a genética e talento

inato: qual dos dois tem mais impacto na formação

dos génios do desporto? Durante anos, esta foi uma

das principais questões do desporto e discutidas

por dirigentes, treinadores e adeptos um pouco por

todo o mundo. E, como a discussão do ovo e da galinha, até agora,

não se havia chegado a nenhum consenso. No entanto, os avanços

tecnológico, principalmente da genética, mas não só, também os

avanços das metodologias de treino e de análise do progresso dos

atletas tem desbravado caminho virgem e chegou a pelo menos a

algumas conclusões. Ainda que complexas e com variadas inter-

pretações.

Logo num primeiro ponto, até agora, e apesar dos inúmeros

esforços dos cientistas, não se encontrou qualquer “gene de des-

empenho”, e como tal, pelo menos para já, é de supor que ele não

existe. Sendo que é ainda suportado por muitos especialistas, que

os “genes do desempenho” são uma realidade, e a única razão para

não os ainda termos descobertos é o facto de eles serem numero-

sos, com pequena influência individual, e demasiado complexo

para os meios tecnológicos atuais.

O treino e o esforço são uma parte fundamental para o êxito do

atleta, assim como centenas de outros pequenos fatores incontro-

láveis, mas existe cada vez mais a perceção, suportada por estudos

validos e aceites pela comunidade científica, que é a genética que

desempenha o papel mais relevante para que o atleta suba ao pata-

mar do profissionalismo e da excelência.

Olhemos por exemplo para os seguintes dados. Num recente

estudo, os resultados apresentados mostram claramente o papel

da genética, demonstrando que apenas apenas 28% da variação no

desempenho poderia ser explicado por 15 anos (as muito faladas

10.000 horas de treino) de tempo de prática.

Em estudos realizados com um considerável conjunto, cerca de

300 a 400 indivíduos (já praticantes de desporto), sujeitos a um

treino intenso durante períodos compreendidos entre os 4 e os 6

meses, concluiu que apenas menos de 5% dos testados apresentou

melhoras significativas e relevantes.

Estes testes foram realizados por diversos países e em diversos

continentes e os resultados não poucas ou nenhumas variações

tiveram com os acima apresentados. Apenas, um estudo similar

realizado pelo Quénia apresentaram ligeiras diferenças, subindo

para 7% o número de atletas que aumentaram significativamente

a sua performance.

Outro mito que a ciência tem vindo a desmentir é as 10.000 horas.

Com origem em 1993 pela Ericsson, estudando a capacidade dos

violinistas, e mostrou que a performance foi determinada pelas

horas acumuladas de treinamento até a idade de 20. Ou seja, o

melhor especialistas havia acumulado o número mágico de 10

mil horas, enquanto que os classificados como apenas “bom” ou

T

Page 65: Desporto&esport - edição 2 2014

Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 65

O ACTN3 resulta da síntese de uma forma truncada e não-funcio-nal de alfa-actinina-3. Os cientis-tas expuseram que os indivíduos com a variante em de cópias do seu gene ACTN3 pode ter uma pré-disposição natural para a resistência (eventos relacionados com cagas de energia aeróbica), tais como corrida de longa dis-tância, natação distância ou esqui. Esses atletas com uma cópia da variante no seu gene ACTN3. Pode ser igualmente adequado para tanto resistência e Sprint / potência desportiva como o fute-bol ou andar de bicicleta. Atletas que não possuem nenhuma cópia da variante na sua ACTN3 gene podem ter uma predisposição natural para a velocidade des-portes ou potência como eventos de futebol, levantamento de peso e de sprint. A presença deste gene nas populações jamaicanas é tido como um dos fatores responsável pela performance dos sprinters deste país. No entanto, este é inclusive um polimorfismo de DNA relativa-mente comum. Esta presente em cerca de 18% a 25% da popula-ção geral, com ligeiras diferenças dependendo da região geográfica. O facto de este gene ser relativa-mente comum, como os dados acima tão bem demostram, saem do foco da pergunta que faz titulo deste artigo, uma vez que se pro-cura fatores que possam fazer a diferença entre indivíduos e não entre população. Poderá obter mais dados deste gene na primeira edição da Desporto&Esport.

A questão do ACTN3:

ou “menos consumado” foram encontrados para ter feito apenas

8.000 ou 5.000 horas de prática, respetivamente. Mas os estudos

mais recentes demostram claramente que para esses “mesmo

bons”, bastam 3.000 horas de trabalho para chegar ao seu índice de

performance mais elevada.

Obviamente que estes dados não eliminam a importância do tre-

ino e dos métodos de treino para potenciarem a performance dos

atletas, mas indicam claramente que a genética e o talento inato são

o fator mais preponderante para o êxito desportivo.

Diogo Sampaio e Vitor [email protected]

Page 66: Desporto&esport - edição 2 2014

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Doping: Proibição? Legalização?

Concorda com a introdução de substâncias e suplementos dopantes no deporto de alto nível?

Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&[email protected]

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DOPING: CONCLUSÕES FINAIS

Resultado do inquérito feito aos leitores da Desporto&Esport feito por quiz na plataforma online em Outubro de 2014

Doping no desporto é uma questão polemica,

fraturante, e ainda, tabu. Apoiar o uso de substân-

cias que artificialmente aumentam a performance

ou diminuam o tempo de repouso são, tanto na

opinião especializada e na opinião pública, fortemente criticadas

e condenadas. Muitas vezes, no entanto, as opiniões emitidas

desconhecem os fatos ou estão desfasadas da realidade e dos avan-

ços tecnológicos e na química que o desporto tende a rejeitar com

veemência.

Acontece que em muito breve trecho seremos obrigados a redefinir

o desporto espetáculo de alto nível e de muitos milhões, e colo-

cando de forma o mais simples possível: optar pela introdução de

substâncias e métodos tidos até agora como dopantes ou iniciar

uma inflexão competitiva. O número de lesões e o desgaste assim

o vão obrigar; já é possível vermos estes sinais. Com estes artigos

e o tema que chamamos para capa desta segunda edição não pre-

tendemos assumir uma posição sobre a legalização ou proibição

do doping. Assumimos unicamente a necessidade e a premência

de iniciar um debate sobre o tema. Um debate sem tabus. Onde

atletas, treinadores, dirigentes e adeptos sejam chamados a opinar

e se criem consensos pelo diálogo ou invés da pré-condenação, o

sistema atual para quem levanta a voz a defender unicamente o

debate.

Julgo que foi conseguido, ainda que genericamente, dar voz aos

principais argumentos, dificuldades e condicionantes do tema que

nos propusemos debater e cabe ao leitor definir a opinião; uma

opinião que teríamos muito gosto que partilha-se connosco, tanto

no contato direto como pela nossa plataforma online.

Por fim, os resultados do nosso QUIZ aos leitores é bem dem-

ostrativo da divisão de opiniões que este tema produz mas que

encaramos como algo extremamente positivo e que levará a um

debate mais rico e aprofundado.

O

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Page 68: Desporto&esport - edição 2 2014

68 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com

UM HOMEM FORA DE SERIE: UM SONHO DE MENINO PARTILHADO POR TODOS OS ADULTOS

FILME

Page 69: Desporto&esport - edição 2 2014

Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 69

uem nunca sonhou em pequeno jogar profissional-

mente o seu desporto preferido? E, quem em adulto,

não fantasia sonhos impossíveis, onde num passe de

mágica, o corpo se move para o centro do terreno,

no mais barulhento dos estádios, a meio de uma

final? Muito poucos. Arrisco-me a dizer quase nenhuns. O sonho e

a fantasia faz parte do ADN do desporto e o grande feitiço é fazer-

nos sonhar com o impossível, com os desejos irrealizáveis e com a

nossa própria transcendência. O filme The Natural, em português

Um homem fora de serie, leva-nos por entre a grande tela branca

dos cinemas, para um mundo, onde o homem adulto conquista

o sonho de menino. O “wonderboy”, Roy Hobbs, é representado

por Robert Redford, um prodígio desde a infância para a prática

do basebol, cria inclusive o seu próprio taco com madeira de uma

árvore atingida por um raio, que devido às circunstâncias da vida

é obrigado a abandonar no final da adolescência o desporto pro-

fissional, depois de ter conseguido uma indicação para jogar pelos

Chicago Cubs. Mas, dezasseis anos depois, em 1939, quando Roy

vive já na segunda metade dos seus trinta anos, aparece uma nova

oportunidade, e ele ingressa no New York Knights, uma equipa da

primeira divisão mas que ganha muito pouco.

Aparecendo como um total desconhecido e numa idade em que a

maioria dos jogadores já pensa na reforma, sentimos ao longo de

toda a primeira metade do filme, todos os entraves à sua presença

e é visível em quase todos uma desconfiança total às suas capacid-

ades. O treinador principal acha-o demasiado velho e está sempre

reticente em dar-lhe uma oportunidade. Os seus companheiros

acham-no uma farsa. A imprensa desportiva têm-no como uma

anedota. E, é neste clima de desconfiança, que o talento de Roy

imerge, e os risos que lhe eram constantemente lançados deram

lugar a expressões de admiração e gaudio, principalmente dos fãs.

Transformando uma equipa que somava derrotas atras de derro-

tas, numa equipa vencedora, capaz de ir à grande final.

Este é também um filme de vilões e de múltiplas tentações, e de

amores antigos – a antiga namorada de Roy, Iris, bem cedo entra

na história, dando uma nova oportunidade a um amor que tinha

sido precocemente abandonado. Roy consegue manter-se sempre

fiel ao desporto que tanto glorifica e torna real o seu maior desejo:

“ser o melhor jogador de sempre”.

Um homem fora de serie é um filme americano de 1984 dirigido

por Barry Levinson, e para além de Robert Redford, conta tam-

bém com Glenn Close, Robert Duvall, kim Basinger ou Wilford

Brimley. Adaptado de um romance com o mesmo nome de

Bernard Malamud, editado pela primeira vez em 1952, este é

um filme bem representado, bem dirigido e com uma fotografia

excecional. Este é um filme feito por quem entende o jogo e ama

o jogo, e olha para o desporto como a possibilidade da conquista

do sublime.

Este não é com certeza um filme para aqueles que procuram no

cinema a total transposição da realidade das nossas vidas. Nem

para os mais cínicos. Este é um dos raros filmes que pede a homens

adultos que sonhem como crianças. Que acreditem no impos-

sível. E desejem o inalcançável. No fundo, pede o mesmo que o

desporto.

Q

Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&[email protected]

Page 70: Desporto&esport - edição 2 2014

70 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com

alvez em nenhum país, como em Portugal, a arbitragem no

futebol ocupe tanto espaço na opinião publicada e televisi-

va. Todos os lances suscetíveis de alguma dúvida são anali-

sados e reanalisados ao pormenor até à exaustão. Quase

nunca o consenso é alcançado. E ainda mais raramente

a arbitragem é debatida nos pontos em que verdadeiramente interessa

e lhe agregue algo de positivo para o futuro. Um dos raros exemplos

contrários é “ O treino da tomada de decisão” de Pedro Henriques e

Duarte Araújo. Ainda que datado de 2012, este livro continua atual e

decisivo para melhor entender os árbitros e as suas tarefas dentro do

campo de jogo.

Transcrevendo parte da sinopse: “Esta investigação estudou o treino da

tomada de decisão do árbitro de futebol. A análise começou pela identifi-

cação e organização sistemática das situações críticas para a intervenção

do árbitro que ocorrem num jogo de futebol, de modo a que os elemen-

tos identificativos referentes a cada situação estivessem discriminados o

mais detalhadamente possível. Esta análise tomou a forma de uma tabela

que foi sujeita a uma validação efetuada por cinco peritos em ciências do

desporto, futebol e arbitragem. Seguidamente procurou-se identificar a

frequência de ocorrência, bem como a importância para o resultado do

jogo, das situações críticas validadas em 30 jogos do campeonato nacio-

nal da 1.ª Liga Portuguesa. Posto isto, passou-se à conceção de exercícios

de treino que pudessem intervir nas situações críticas levantadas, em

concordância com os princípios teóricos que explicam a tomada de

decisão do árbitro. Um dos aspetos metodológicos que caracterizou esta

conceção foi a representatividade dos exercícios, para o comportamento

em jogo. Neste sentido, foi elaborada uma bateria de exercícios para tre-

ino da tomada de decisão no terreno de jogo, de modo a que os árbitros

e árbitros assistentes fossem colocados perante as mesmas condições que

ocorrem no jogo. Os exercícios elaborados foram posteriormente min-

istrados no Centro de Treino de Lisboa da Liga Portuguesa de Futebol

Profissional (LPFP) aos árbitros e árbitros assistentes da 1.ª categoria

nacional, sendo depois submetidos a uma apreciação por parte desses

árbitros através de um questionário.”

LIVRO

O TREINO DA TOMADA DE DECISÃO

T(ARBITRAGEM)

Ricardo Reis, colunista Desporto&[email protected]

Page 71: Desporto&esport - edição 2 2014

Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 71

(ARBITRAGEM)

O NÚMERO DO MÊS: 253

O NÚMERO QUE FAZ DE MESSI O MELHOR MARCADOR DA HISTÓRIA DA LIGA ESPANHOLA

Ricardo Reis, colunista Desporto&[email protected]

Page 72: Desporto&esport - edição 2 2014

72 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com

SOFTWARE

ZENPLANNER: SOFTWARE DE GESTÃO DESPORTIVA PARA COMUNIDADES OU GINÁSIO DE FITNESS E MUSCULAÇÃO

gestão desportiva, como a gestão de uma qualquer

empresa ou organização, não sobrevive sem o apoio

de software especializado. Isto acontece e será cada

vez mais uma realidade muito em graças não só à

“digitalização do Mundo” mas sobretudo à necessidade de rapidez

e eficiência em organizações que estão cada vez mais segmenta-

das e criam exponencialmente informação a cada novo ano. Os

gestores e as áreas de gestão apoiam-se, e bem, no software para

gerir o dia-a-dia das suas empresas e os clubes e organizações

desportivas não são uma exceção. Nesta edição apresentamos o

Zenplanner.

Zenplanner é um pacote de software especialmente pensado

para ginásios ou comunidade ligadas ao fitness e permite gerir

um sem número de áreas de uma forma fácil e intuitiva como

são exemplo: o processamento integrado de pagamento, agenda-

mento, gestão de adesão, e-mail e modelos de site, entre muitos

outros. Possibilitando desta forma uma gestão centralizada num

único pacote de software eliminando a mais que certa confusão e

trabalho de compatibilizar várias aplicações, cada uma com a sua

funcionalidade distinta e os seus requisitos específicos.

Com funcionalidades de faturação e de finanças, é também de

grande ajuda para desenvolver e se manter a par das sessões de

treino dos utilizadores das instalações.

Com ajuda integrada e “instrutores” da aplicação sempre dis-

poníveis, assim como uma comunidade forte e sempre disponível,

esta é uma solução perfeita para quem pretende ter num único

pacote de software todas as funcionalidades básicas para gerir o

seu negócio.

A

Pedro M. Silva colunista Desporto&[email protected]

Page 73: Desporto&esport - edição 2 2014

Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 73

ZENPLANNER: SOFTWARE DE GESTÃO DESPORTIVA PARA COMUNIDADES OU GINÁSIO DE FITNESS E MUSCULAÇÃO

ONEFOOTBALL: RESULTADOS DE FUTEBOL EM DIRETO

APLICATIVO WEB

sta aplicação Web, tal como o nome indica para

amentes do desporto rei, disponibiliza em tempo

real os resultados dos jogos de futebol de todos

os campeonatos mais importantes e decisivos.

Fundamental para se saber um resultado, ver uma tabela clas-

sificativa, verificar o agendamento dos jogos ou procurar dados

estatísticos sobre as equipas em campo, de forma rápida, simples

e intuitiva. Tem ainda um sistema de atualização em runtime que

permite ao utilizador estar atualizado aos resultados dos jogos que

pretende acompanhar. Permite ainda parametrizar os clubes e ligas

preferidas para que o utilizador tenha acesso imediato aos

seus favoritos.

Em comparação com aplicativos similares, é o sistema de relatório

em direto por texto escrito por diversos jornalistas de renome, que

asseguram a veracidade e a coerência dos textos.

Um dos pontos que podem fazer alguns torcer o nariz ou a feli-

cidade de outros é o interface da aplicação que é algo complexo,

apresentando bastantes opções de customização. Por último, a

opção para receber notificações também esta presente nesta apli-

cação.

E

Pedro M. Silva colunista Desporto&[email protected]

Tiago Dinis, colunista Desporto&[email protected]

Page 74: Desporto&esport - edição 2 2014

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