Daniela Reggiani Monteiro BACTERIAS FASTIDIOSAS COMO...
Transcript of Daniela Reggiani Monteiro BACTERIAS FASTIDIOSAS COMO...
Daniela Reggiani Monteiro
BACTERIAS FASTIDIOSAS COMO AGENTES ETIOLOGICOS DEINFECCOES URINARIAS
Monografia apresentada como requisito parcialpara a obtentyao do grau de Especiatista emAnalises CHnlcas e Toxicol6gicas do Curso deP6s-Graduayao em AncIIises Cllnicas eTOxicol6gicas de Universidade Tuiuti do Parana
Orientador Prof Msc Car10s Augusto AlbiniCo-orientadora Prof~ Msc Helena Aguilar PeresHomem de Mello de Souza
Curitiba2005
SUMARIO
LIST A DE TABELAS 5
RESUMO 6
1 INTRODUCAO 7
2 CONSIDERACDES SOBRE MICRORGANISMOS FASTIDIOSOS 9
3 PATOGENESE DAS INFECCDES DO TRATO URINARIO 11
31 SINDROMES CLiNICAS 13
4 A ROTINA DA UROCUL TURA NO LABORAT6RI0 DE ANALISES CLiNICAS 20
41 COLETA E TRANSPORTE DE AMOSTRAS
42 A IMPORTANCIA DA COLORA9AO DE GRAM
24
28
5 BACTERIAS FASTIDIOSAS E INFECCAO DO TRATO URINARIO 31
51 Corynebacterium spp 35
52 Gardnerella vaginalis 38
53 Mycoplasma hominis E Ureaplasma urealyticum
54 Haemophilus spp
39
40
55 Lactobacillusspp 40
56 COCOS GRAMmiddotPOSITIVOS 41
57 BACTERIAS ANAEROBIAS 43
58 OUTRAS BACTERIAS FASTIDIOSAS 43
6 CONCLUSAO UMA REFLExAO 45
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS 47
RESUMO
As jnfec~6es do trato urinario estao entre as mais freqOentes nos seres humanosCondicoes predisponentes nos pacientes podem faverecer a infec980 por bacteriasde metabolismo complexo pouco habituais neste 5[tio anat6mico As metodologiasde cultivo de urina utilizadas em laboratorios clinicos propiciam 0 desenvolvimentodos uropatogenos mais comuns no entante podem falhar quando a bacteriacausadora da infeccao tratar-se de urna especie fastidiosa Considerando talproblema realizou-se urn levantamento bibliografico no intuito de verifiear em quaissituacOes bacterias exigentes devem ser pesquisadas e sugerir procedimentoslaboratoriais para a deteccao de tais especies em amostras de urina 0 diagn6sticolaboratorial adequado melhora 0 progn6stico das infec90es do trato urinario
1 INTRODUltAO
Considerando-se as infec90es humanas as das vias urinarias estao entre as
mais comuns ocupando 0 segundo lugar depois das infec90es respirat6rias
(GOBERNADO et a 2002) Estima-se a ocorrencia de 150 mil hoes de casas anuais
em lodo 0 mundo (TRABULSI ALTERTHUM 2004)
Como resultado da grande frequElncia de infec90es urinarias e da facilidade
de obtenyao de amostras as culturas de urina representam a maior parte do
contingente de exames em laborat6rios de microbialogia cllnica (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
Os metodos diagn6sticos e terapeuticos atuais freqOentemente invasivQs
bem como a sobrevida aumentada da populayao podem favorecer a infeccao por
microrganismos de metabolismo complexo Alem disso indivfduos
imunologicamente comprometidos podem ser suscetiveis a infec90es urinarias por
microrganismos nao usual mente patogenicos Tais microrganismos pod em
apresentar dificuldade de desenvolvimento nos meios de cultura comumente
utilizados em protocol as de cultivo de amostras de urina
As tecnicas rotineiras de coleta e cultivo de urina permitem a desenvolvimento
dos uropatogenos mais comuns Para a pesquisa de microrganismos pouco
habituais e necessaria a realizagao de procedimentos diferenciados como 0
emprego de meios de cultura enriquecidos aumento do tempo de incubayao e
atmosferas especiais
Considerando-se que as metodologias atualmente utilizadas podem nao isolar
as microrganismos exigentes envolvidos em infecyOes do trato urinario a presente
trabalho objetiva atraves de revisao bibliogn3fica verificar na literatura especializada
as situa90es e a frequencia em que e recomendavel a pesquisa de microrganismos
fastidiosos assim como divulgar sua importancia na patog~nese das infeccoes do
trato urinario
2 CONSIDERA90ES SOBRE MICRORGANISMOS FASTIDIOSOS
o termo bacteria fastidiosa tern sido tradicionalmente aplicado a
microrganismos que nao se desenvolvem OUse desenvolvem fracamente em todos
as meios de cultura tradicionais como agar sangue agar chocolate au agar Mac
Conkey requerem atmosfera capnofilica au microaerofilica e incubayao prolongada
As necessidades especiais de crescimento podem tambem dificultar a identific3cao
bioquimica dos isolados (MURRAY 1999)
No contexto das ITU bacterias fastidiosas podem ser definidas como
aquelas que requerem condiyoes de crescimento diferente da tradicional incubayao
aer6bia por 18 a 24 heras em melo de isolamento prima rio Meies de cultura
adicionais au incubarao prolongada em atmosfera contendo CO2 podem ser
necessarios (MASKELL 1989)
Uma das raz6es para se considerar que bacterias fastidiosas podem ter
importancia na patogenese das ITU e a existencia de divers as condi90es cHnicas
caracterizadas par evidencia de doen9a inflamat6ria para as quais nenhum
microrganismo causal e detectado bem como nenhuma outra causa nao infecciosa eencontrada Estas condi90es incluem a cistite intersticial a slndrome uretral aguda e
a prostatite crOnica idiopatica Muitos pacientes apresentam piuria outros
apresentam evidencias cllnicas de inflama9ao alem de sintomas que sao
clinicamente indistinguiveis dos pacientes com pat6genos usuais (MASKELL 1989)
Outro motive para 0 reconhecimento de bacterias fastidiosas como
clinicamente importantes no trato urinario e 0 numero crescente de publica90es
evidenciando 0 isolamento de tais agentes em muitos pacientes Urna vez que tais
bacterias tern sido investigadas e reconhecidas como causa de infecyOes
10
clinicamente significantes do trato urinario torna-se natural 0 direcionamento de
esfor90s para a sua detec9ilo (MASKELL 1989)
Microrganismos fastidiosos pod em em muitos casas apresentar-se como
patogenos secundarios do trato urinario como resultado de selecao apas
tratamentos anti bacteria nos principalmente nos multiplos cursos de antibi6ticos
ut1lizados nas ITU recorrentes (MASKELL 1989)
o presente trabalho tern como objetivo estudar a ocorrencia de bacterias
fastidiosas em ITU Incluem-se aqui bacterias naD usualmente patogemicas neste
sitio anatomica embora conhecidamente patogemicas em Qutros sitios bern como
especies geralmente consideradas como contaminantes em urina e que poderao ter
papel patogenico e ser relevantes em alguns casos que serao discutidos a seguir
II
3 PATOGENESE DAS INFECCOES DO TRATO URINARIO
As infecc6es bacterianas do trato urinario sao na malaria das vezes
adquiridas por via ascendente a partir da uretra podendo atingir a bexiga e 0 trato
urinario superior (ureter pelves renais e rins) A via hematogenica e menos comum
mas pode acontecer a dissemina~ao de bacterias no interior do glomerulo e do
cortex renal em pacientes com septicemia (KONEMAN et al 1997)
As infecroes do trato urinario sao aproximadamente quatorze vezes mais
comuns no sexo feminin~ sendo a colonizar8o da area periuretral e as alterayoes
anat6micas da uretra e regiao circundante durante a relar8o sexual as principals
latores predisponentes (MIMS el a 1995)
As infecroes urinarias em crianras sao mais comuns em meninos nao
circuncidados pela colonizayao da uretra e prepucio com microrganismos fecais
(MIMS et a 1995)
o f1uxo constante de urina e 0 esvaziamento regular da bexiga sao fatores
de prote9ao contra infec90es portanto urn comprometirnento rnecanico au funcional
do flux a urinario e uma condi9ao importante para a instalacao de um pat6geno Os
fatores rnecanicos incluem calculo renal refluxo vesicoureteral obstru9ao do colo da
bexiga estrangulamento da uretra hipertrofia prostatica e cateterismo Entre os
fatores funcionais mais comuns estao a gravidez e as neoplasias pelvicas devido a
pressao externa sabre as ureteres A osmolalidade extrema da urina 0 conteudo
elevado de ureia e 0 baixo pH tambem sao fatores inibit6rios para 0 crescimento de
bacterias as quais podem ser alterados principalmente quando ocorre lesao na
mucosa (KONEMAN et al 1997)
A micro biota das membranas mucosas exerce papel de prote9ao inibindo a
desenvolvimento de pat6genos pela competicao par nutrientes au sitias de ligacao e
12
pela produ9ao de bacteriocin as (KONEMAN et al 1997) Em mulheres em idade
fertil a producao de estr6genos estimula a colonizaryao vaginal com lactobacllos
bacterias usualmente naD patog~nicas que promovem a pH acido inibitorio para a
maiaria das bacterias As mulheres na pos-menopausa ficam suscetiveis a
colonizacIo da area periuretral par uropat6genos devido ao deficit de estrogenia e
conseqOente aumento do pH vaginal (McCUE 1999)
As bacterias gram-negativas possuem como importante fatar de virulencia
estruturas especializadas chamadas fimbrias ou pili e protelnas externas de
membrana que favorecem a adesao as superficies celulares mucosas ou cutaneas
Fatores de adesao tambem sao encontrados em bacterias gram-positivas como as
acidos lipoteicoicos em estreptococos e proteina M em estafilococos (KONEMAN ef
al1997)
Os fatores de virulencia de Escherichia coli e Proteus mirabilis estao bern
estabelecidos e incluem a sintese de aerobactina e enterobactina (proteinas
seqOestradoras de ferro elemento necessario para replica~ao da bacteria) assim
como a expressao da ffmbria e a produ~ao de hemolisina Flmbrias manose-
sensiveis (tipo 1) tern sido encontradas em especies nao patogenicas e fimbrias
manose-resistentes (tipo P) apenas em especies uropatogenicas As ultimas tern
sido associadas a pielonefrite pois tern a capacidade de aderir aos receptores das
celulas uroepiteliais e posteriormente ascender da bexiga para as rins (FRANZ
HORL 1999) A produ~ao de hernolisina esta associ ada a capacidade de causar
lesao renal (MIMS et al 1995)
Antigenos polissacaridicos capsula res acidos (K) estao associ ados ahabilidade de causar pielonefrite e auxiliarn na inibiCao da fagocitose favorecendo a
resistencia de Escherichia coli aos mecanismos de defesa do hospedeiro (MIMS et
13
al 1995) as polissacarfdeos capsulares bloqueiam a opsonizacao da bacteria par
interferirem com a deposi9ao do complemento (TRABULSI ALTERTHUM 2004)
Estafilococos coagulase negativos tern apresentado capacidade de
aderemcia as celulas do epitelio uretral e a protefnas celulares incluindo laminina
fibronectina vitronectina e colageno que podem permitir uma infeqao ascendente e
subseqOente colonizacao da glandula prostatica Ah~m disso produzem substancias
com propriedades antifagociticas antiquimiotaticas e antiproliferativas que afetam as
neutr6filos e linf6citos prejudicando as mecanismos de defesa do hospedeiro
(DOMINGUE HELLSTROM 1998)
A patogemese da prostatite bacteriana nao esta bern definida mas acredita-
se que 0 mecanisme principal seja infecyao uretral ascendente ou refluxo de urina
infectada da bexiga para os ductos prostaticos pela uretra posterior A prostatite
bacteriana pode ocorrer tambem como complicacao apes instrumentayao ou cirurgia
genitourinaria (LIPSKY 2003)
Assim como os microrganismos que possuem propriedades uropatogemicas
infectam 0 trato urinario normal bacterias nao reconhecidamente uropatogeuromicas
podem causar infeccao quando na presenca de anormalidades do trato urinario ou
quando os mecanismos de defesa do hospedeiro estao prejudicados como em
crian9as idosos gravidas diabeticos e imunocomprometidos como os
transplantados renais (FRANZ HORL 1999)
31 SiNDROMES CLiNICAS
o termo infeccao do trato urinario (lTU) inclui uma ampla gama de
s[ndromes clinicas sendo as mais comuns na pratica cHnica a bacteriuria
assintomatica a cistite (incluindo a sind rome uretral aguda) e a pielonefrite
Qualquer uma das sindromes pode ocorrer em urn paciente com anormalidades
14
urol6gicas que predispOem a ITU au dificultam 0 tratamento e nestes cases a
infec~ao e designada complicadaD
bull Sindromes ITU menes comumente
encontradas incluem prostatite abscessos renais e urossepsis (ITU com bacteremia)
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
As infec90es do trato urinario nao complicadas sao comuns e estima-se que
50 das mulheres que possuem 0 trato gemito-urinario normal apresentarao pelo
menes urn episodio de ITU aguda durante a vida As ITU complicadas estao
associadas a anormalidades funcionais au estruturais do trato urinario (bexiga
neurogenica refluxo vesicQureteral rim esponjoso medular nefrocalcinose cistos
renais etc) obstru9aO do trato urinario (hiperplasia benigna da pr6stata urolitiase
tumores estenose da jungao uretero-pelvica) cateterizagao ou instrumentacao
patogenos multirresistentes imunossupressao ou prostatite (HElLBERG 2003)
A diferenciagao entre ITU inferior e superior e importante tendo em vista as
complicagOes do envolvimento renal na infecgao no entanto os procedimentos
diagn6sticos mais acurados sao invasivos e apresentam risco (cateterizagao)
Usualmente a elevagao de parflmetros inflamat6rios como a proteina C reativa
leucocitose e febre indicam ITU superior e rnais recentemente tern sido utilizada
como marcador a excreyao aumentada de N-acetil-beta-glucosaminidase A
resoluyao da bacteriuria ap6s urn dia ou ap6s tratamentos curtos de tnsects dias condiz
com ITU inferior (FRANZ HORL 1999)
Murray (1999) cita como principais bacterias patogeuromicas no trato urinario
Escherichia coli Proteus mirabilis Klebsiella spp Enterobacter spp Pseudomonas
spp Enterococcus spp Staphylococcus saprophyticus Staphylococcus aureus
Ureaplasma spp Mycobacterium tuberculosis e Neisseria gonorrhoeae Sao
encontrados como microrganismos comensais no trato gemito-urinario
15
Corynebacterium spp Lactobacillus spp Staphylococcus spp Streptococcus spp
Neisseria spp nao patogemicas Mycoplasma spp Ureaplasma spp Gardnerella
vaginalis microrganismos entericos Acinetobacter spp Capnocytophaga spp
Enterococcus spp e bacterias anaer6bias
A bacteriuria assintomatica e definida pela presen~a de bacterias em algum
local do trato urinario na ausencia de sintomas Sua significancia clinica e
controversa tendo em vista que certes grupos de pacientes podem sofrer
consequeuromcias graves como por exemplo crian~as com refluxo vesicQureteral nas
quais a infecvao silenciosa pode causar dana renal e tambem gestantes nas quais
a progressao da infecCao pode causar dana ao feto bern como aumentar 0 risco de
pielonetrite na mae (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Cistite e definida como a infec9c3o presumivelmente limitada a bexiga pela
presen9a de sintomas caracteristicos (disuria urgencia OUfrequemcia) e ausencia de
sintomas sugestivos de inflamacZlo em Qutros locais do tratc urinario (CLARRIOGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
A sindrome uretral aguda tambem conhecida por sind rome piuria-disuria au
abacteriuria sintomatica e caracterizada por sintomas de ITU (disuria urgencia e
miccoes freqOentes) acompanhados de leucocituria e cultura de urina negativa au
com baixas contagens de bacterias Atualmente reconhece-se que 0 criteria de
contagem de colonias tradicional utilizado para diferenciar cistite bacteriana de
sindrome uretral aguda e controverso e que muitas mulheres disuricas com baixas
contagens de col6nias necessitam de tratamento para ITU bacteriana aguda
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998 HElLBERG 2003)
A sind rome uretral aguda pode ser causada por bacterias fastidiosas ou nao
usuais como Chlamydia trachomatis Ureaplasma urealylicum Neisseria
16
gonorrhoeae Mycoplasma spp Mycobacterium spp Trichomonas spp au Candida
spp Outras causas incluem abscessos rena is obstrucao ureteral completa e
luberculose renal (HEllBERG 2003)
A inflamacao dos rins e pelves renais (pielonefrite) oeasiona sintomas de
dor ou sensibilidade envolvendo 0 f1anco frequentemente acompanhados par urna
resposta inflamat6ria sistemica incluindo febre calafrios indisposicao dar de
cabera e nauseas as quais naD acorrem em pacientes com cistite Em alguns
pacientes estas manifestaroes sistemicas ocorrem sem sinais au sintomas locais de
envolvimenlo renal condilao denominada de ITU febril (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZlO 1998)
A cistite intersticial e urna inflamacao croniea e freqOentemente severa da
bexiga cuja causa e desconhecida Os sintomas primarios sao freqUelncia urgencia
e dor abdominal ou perineal e as culturas de urina sao raramente positivas Os
pacientes normalmente apresentam pequenas hemorragias (glomerulayoes) ou
ulceras na bexiga ahsectm de diminui9aO da capacidade urinaria e rela90es sexuais
dolorosas Muitos pacientes recebem urn diagn6stico prirnario de sind rome uretral
ale a descoberta do real diagn6slico (OSBORNE 2003)
Muitos pacientes com cistite intersticial tern urna hist6ria de ITU recorrente
Alguns autores teorizarn que a bacteria causa dora pode ser urna especie fastidiosa
ou presente ern pequeno numero e que a sua presen9a pode na~ produzir a cistite
intersticial mas ser responsavel p~r urna resposta inflamat6ria e imunol6gica
(BATRA1999)
A infeC9aO bacteriana da glandula prostatica (prostatite) pode ocorrer como
resultado de infeC9aO uretral ascendente par refluxo de urina infectada para as
ductos prostaticos via uretra posterior ou par via linfogenica ou hernatogenica A
17
prostatite bacteriana aguda promove urn abrupto inrdo de febre e sintomas
genitourinarios e constitucionais enquanto a croniea e urna enfermidade sutl
caracterizada por recidivas lTU recorrente e persistencia da bacteria na secre9ao
prostcitica mesma apas multiplos cursos de antibioticoterapia Urna terceira
sindrome a prostatite croniea idiopatica (inclui-se aqui a prostatite nao bacteriana e
a prostatodlnia) usualmente caracteriza-se par dor perineal persistente e sintomas
urol6gicos podendo ou nao estar associada a urn grande numero de celulas
inflamatorias na secre9ao prostatica e a urna bacteria cultivclvel laboratorialmente
(DOMINGUE HELLSTROM 1998)
A prostatite crOniea em homens com culturas negativas mas com
leucocitose na secrecao prosttltica (mais de 10 leuc6citos por campo em aumento de
1000X) e classificada como prostatite nao bacteriana e a doenca naqueles cujas
culturas sao negativas e que nao apresentam leucocitose na secreCao prostatica e
classificada como prostatodlnia (TANNER et al 1999)
o agente etiol6gico predominante nas prostatites bacterianas agudas e
cronicas e Escherichia coli seguido par especies de Proteus e Providencia e menos
cornu mente Klebsiefla spp Pseudomonas spp Serratia spp e Enterobacter spp
Estudos recentes demons tram que cepas de Escherichia coli causadoras de
prostatite expressam fatores de virulemcia similares as cepas causadoras de
pielonefrite Staphylococcus aureus Staphylococcus saprophyticus e outros
estafilococos coagulase negativos ocasionalmente podem causar prostatite assim
como algumas bacterias fastidiosas como por exemplo corinebacterias Gardnerella
vaginalis e Haemophilus influenza (LIPSKY 2003)
A prostatite cronica idiopatica (nao bacteriana) e uma condicao multi-
sintomatica de causa discutivel Etiologias propostas sao infeccoes par Chlamydia
18
trachomatis Mycoplasma hominis Ureapfasma urealyticum Trichomonas vaginalis
au agentes virais embora muitos estudos naD confirmem lais dados Tecnicas
microbiol6gicas especiais e tecnicas moleculares tern demonstrado em pacientes
com prostatite naD bacteriana colonizaf(80 prostatica com especies bacterianas de
baixa virulencia e tambem bacterias fastidiosas sugerindo etiologia infecciosa
(LIPSKY 2003)
Homens jovens com prostatite aguda podem ter baixas concentracoes de
bacterias na urina as quais nao sao reconhecidas como significantes e
possivelmente naD reportadas au entao podem ser infectados com microrganismos
fastidiosos como Gardnerella vaginais Quando traladas par insuficiente periodo de
tempo ou com um antibiotico inadequado que nao atinge urna concentracao
terapeutica adequada no tecido prostatico tais pacientes podem evoluir para uma
condi9ao de prostatite crOnica (MASKELL 1989)
A ITU e comum apos transplantes renais embora os riscos estejam sendo
diminuidos pelo uso de menores doses de imunossupressores e tambern pelo uso
profilatico de antibioticos Entre os fatores predisponentes pode-se citar infeccao
previa no rim do doador bern como alteracao do uroepitl~lio do receptor causada p~r
cateteres vesica is e stents ureterais Nos primeiros tr~s meses as ITU sao
geralmente assintomaticas e recidivantes ap6s esse perlodo sao menos freqOentes
e ha melhor resposta a antibi6ticos embora sejam comuns as complicacOes
urol6gicas como fistulas e obstrucoes Isquemia do orgao devido a dano arterial
pode promover ITU pela colonizacao bacteriana do tecido lesado usualmente por
bacterias comensais ou fastidiosas A erradicacao das infecc6es pode tomar-se
impossivel ate que 0 rim ou pelos menos 0 segmento prejudicado seja removido
(NABER et ai 2004)
19
Lactobacilos corinebacterias e alguns estreptococos fastidiosos podem ser
patogenos secundarios em ITU originalmente selecionados da microbiata uretral par
tratamento antibi6tico Tal situa~ao pade acorrer em pacientes que tenham recebido
agentes antibacterianos durante long05 periodos au antibioticoterapia aSSDciada a
urn periodo de cateterizayao A falha na deteqao laboratorial destas especies pade
resultar em tratamento antimicrobiano inadequada exacerbando 0 problema OU
ainda levar a investiga90es invasivas desnecessiuias (MASKELL 1989)
20
4 A ROTINA DA UROCULTURA NO LABORATORIO DE ANALISESCLiNICAS
o diagn6stico microbiol6gico de uma infeqao urinaria mesma baseando-se
na determinay80 de microrganismos em urn Hquido biologico normalmente esteril
apresenta dificuldades com relaCao a valoriz8gao dos resultados E sabido que
existem microrganismos naturalmente residentes na uretra regiao genital e perinea
que podem contaminar a urina acidentalmente somando-se a issa a a9ao da
temperatura que estimula a proliferar8o bacteriana Par outro lado as tecnicas de
coleta e cultivo de amastras devem ser direcionadas a pesquisa de microrganismos
pouco habituais as quais podem ser importantes em determinadas situaroes
(GOBERNADO ef al 2002)
A decisao de como uma amostra deve ser cultivada depende do metoda de
coleta e dos sinais e sintornas cllnicos do paciente informa~6es que deveriam ser
transmitidas ao laboratorio pelo medico Entretanto na maioria das vezes 0
laborat6rio recebe informa~6es incompletas ou incorretas que resultam na realiza~ao
de muito ou pouco trabalho com uma determinada amostra (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
A classifica~ao de culturas de urina por tipos permite que 0 manejo das
amostras seja direcionado pela necessidade clinica e que 0 laborat6rio possa
escolher os meios de cultura e a quantidade de inoculo mais apropriada Com base
nos dad os cllnicos do paciente podem-se definir tres tipos de cultura de urina
retina inspeao e invesligaliva (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
As culturas de retina sao apropriadas para pacientes ambulatoriais e com
ITU nao complicadas As culturas de inspe~ao devem ser realizadas em pacientes
geriatricos e individuos que utilizam cateteres vesicais nos quais a caloniza~ao au
infec~ao por multiplos microrganismos e comum Culturas investigativas sao aquelas
21
direcionadas para diagn6sticos especificos microrganismos fastidiosos ou grupos
diferenciados de pacientes Devern ser realizadas nos casas de cultura previa
negativa de falha na terapia antimicrobiana au no case de suspeita de urn
uropat6geno naD usual E tambem apropriada a sua realiza980 quando ha
discrepimcia entre a apresentacao clinica do paciente au a coloracao de Gram e 0
resultado previa da cultura (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Os meios de cultura m~is utilizados para semeadura de urina sao as
seletivQs diferenciais como 0 meio de Teague (agar eosin a azul de metileno) e de
Mac Conkey associados ao agar sangue 0 meio de CLEO (agar cistina lactose
eletr61ito deficiente) e muito utilizado no Brasil e permite 0 crescimento de bacterias
gram-negativas e gram-positivas Tais meios auxiliam na identifica980 presuntiva da
bacteria atraves da colora98o colonial indicando a capacidade de fermenta980 da
lactose (ALBINI 2004)
Segundo Clarridge Johnson e Pezzlo (1998) culturas urinarias de rotina
devem ser realizadas semeando as amostras em agar sangue de carneiro 5 e em
agar Mac Conkey eu um meio seletive similar e incubando as placas por 18 a 24
horas a 35 - 37deg C em ar ambiente Ainda assim e meio de CLEO e preferido nos
laboratories brasileiros pela sua versatilidade Para microrganismos fastidiosos 0
agar chocolate deve ser utilizado em conjunto com agar CNA (Columbia-colistin a-
acido nalidixico) eagar MacConkey devendo-se utilizar a al93 calibrada de 001ml
alem da al9a 0001 ml As placas de CNA e agar chocolate devem ser incubadas em
5 CO2 por 48 horas
Para popula96es especificas com ITU cronicas ou anormalidades
anatomicas pode ser apropriada a cultura visando microrganismos anaerobios au de
cresci menta lento (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
22
Para popula90es nas quais as culturas polimicrobianas sao comuns 0 agar
CNA pade ser utilizado para demonstrar a presenca de enterococos Qutros cocos
gram-positives au leveduras presentes nas culturas mistas 0 agar CNA permite urn
born cresci menta de estreptococos corinebacterias e Gardnerela vaginalis e deve
ser incubado por 48 horas a 35 C (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Amostras obtidas par puncao suprapubica au de pacientes com suspeita de
sindrome uretral aguda devem ser semeadas com al98 calibrada de 001 ml a1em
da ala de 0001 ml em agar sangue (OPLUSTIL et al 2004) Contagens baixas ou
mesma multiplos tipos de microrganismos devem ser valorizados em tais cases
(KONEMAN 1997)
Corynebacterium ureafyticum e Qutras corinebacterias desenvolvem-se bem
em agar sangue de carneiro 5 au agar CNA mas sao mais bern visualizadas ap6s
incubaao de 48 horas (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
As calOnias de Gardnerella vaginalis sao fracamente visiveis em agar
sangue ap6s 24 haras de incuba~ao e recomenda-se a usa de agar CNA au HBT
(agar sangue tween bicamada) e incuba~aa par 48 haras em tensaa de C02
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
as tactabacilos podem ser isolados em meias de isotamento prima rio
utilizadas para urina como a meio de CLEO no entanto devem ser incubadas par 48
horas em atmosfera de CO (MASKELL 1989)
a resultada da cultura deve ser sempre carrelacianada com a leitura do
Gram Caso nao haja crescimento ap6s 18 a 24 horas de incuba~ao e na
microscapia tenha sido observada a presen~a de microrganismas au numero
eleva do de leuc6citas deve-se incubar as ptacas par mais 24 haras (OPLUSTIL et
al2004)
23
A piuMa esteril e urn achado importante que po de refletir usa de
antibioticoterapia outras doencas como neoplasias au calculos urinarios au
infeccoes com microrganismos que naD sao detectados par rnetodos rotineiros de
cultura (MIMS et aI 1995)
o conceito de bacteriuria significativa para 0 diagn6stico das ITU e
tradicionalmente baseado no criteria quantitativa estabelecido par Kass na decada
de 1950 permitindo a distincao entre colonizarao e infecrao A utilidade e a
consistemcia do criteria de contagem de colOnias superior OU igual a 105 par mililitro
tern sido validadas repetidamente par varios pesquisadores demonstrando que tal
criterio nilo pode ser aplicado a todos os pacientes (FRANZ HORL 1999)
A baixa especificidade da cultura quantitativa de jato medio se deve apossivel adilao de bacterias comensais a urina durante a coleta A baixa
sensibilidade dos resultados inferiores a 105 UFCml pode ser devida a excregao
intermitente de bacterias que pode ocorrer em determinados sitlos do trato urinario
bem como ao uso de meios de cultura que nao proporcionam 0 cresci menta de
todas as especies capazes de infectar 0 trato urinario (FAIRLEY BIRCH 1989)
Altas contagens de bacterias aer6bias sao encontradas em amostras de
urina de jato medio quando os microrganismos sao providos de 6timo substrato e de
ten sao de O2 relativamente alta Em algumas sltuagoes como infecgoes cronicas
prostatite infecgao das glandulas parauretrais em mulheres litiase infecciosa e
cicatrizes renais per pielonefrite croniea os mierorganismos podem nao se
multiplicar tao rapidamente e pertanto nao apresentarem contagens tao altas quanta
nas cistites agudas Os sitlos de infecgao abaixe da bexiga nao fornecem as
mesmas condigoes favoraveis de incubagao ahsectgtmdisso a velocidade do fluxo
24
urinario e a freqO~ncia de miccaosao fatores que influem nas contagens bacterianas
(MASKELL 1989)
Torna-se claro que considerar baixas contagens de pat6genos aero bios em
culturas puras como contaminaCao e incorreto e pode levar a erros de diagn6stico
pois infeccoes de grande signific~ncia cHniea pod em nao estar sendo detectadas t
igualmente importante nao considerar automaticamente urna alta contagem de
col6nias como infecy8o sem considerar as condicoes do paciente e da coleta 0 usa
de antibi6ticos em resposta a urna alta contagem bacteriana pode selecionar cepas
resistentes tornando mais dificil 0 tratamento de infecgoes posteriores verdadeiras
(MASKELL 1989)
Alguns procedimentos utilizados para 0 diagnostico das ITU sao
considerados inaceitaveis atualmente e nao devem ser realizados como cultura de
cateter de Foley cultura de urina em meios Hquidos cultura de sedimento urinario
pesquisa de anaer6bios como procedimento de rotina e em urina de jato media au
obtida par cateteriza9ao bem como cultura de urinas que tenham permanecido mais
de duas heras sem refrigeragao au canservagao (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO1998)
41 COLETA E TRANS PORTE DE AMOSTRAS
A coleta e a trans porte inadequado da amostra podem levar a um resultado
de diffcil interpreta9aO Portanto a medida mais importante para realizar uma cultura
de urina e estabelecer rfgidos criterios de coleta e propiciar treinamento constante
para as profissionais envolvidos na realiza9aO da coleta (OPLUSTIL et al 2004)
Koneman et al (1997) recomendam que a paciente receba as instru90es de
coleta impressas ap6s receb~-Ias verbalmente Caso 0 paciente demonstre
inseguran9a au nao compreenda urn profissional treinado deve explicar novamente
25
passo a passo ou se passivel acompanhar pessoalmente a coleta (coleta
supervision ada)
Amostras de urina de jato media sao as amostras mais comumente
submetidas a cultura De preferencia deve ser colhida a primeira urina da manha
podendo ser aceitas urinas com pelo menos 2 heras de reten~ao Ap6s higiene da
regiao genital despreza-se 0 primeiro jato - 0 que auxilia a eliminacao dos
contaminantes da uretra inferior - e colhe-se 0 jato media em fraseD esteril
apropriado desprezando-se 0 final da mic9ilo (OPLUSTIL eJ al 2004) A higiene
genital deve ser realizada com agua e sabao naD anti-septico devendo ser as [abias
vaginais afastados e 0 prepucio retraido antes da miccao (GOBERNADO et 81
2002)
Alguns autores afirmam que mesma quando a coleta e meticutosamente
reatizada com a assist~ncia de um pro fissional treinado a urina apresenta-se
frequentemente contaminada (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Amostras urinarias de criancas obtidas com saco coletor devem ser colhidas
apos higiene da regiao genital e colocacao do saco coletor de forma asseptica
Troca-se 0 coletor a cada 45 minutos ou 1 h~ra repetindo-se a higiene e evitando-se
contaminacao fecal 0 coletor deve chegar fechado ao laborat6rio Tas amostras
freqOentemente sao contaminadas com microrganismos fecais promovendo
resultados falso-positivos portanto 0 maior significado clinico de amostras obtidas
com saco coletor e 0 resultado negativo (OPLUSTIL et a 2004) Culturas positivas
devem ser confirmadas por metodos de cateterizacao direta ou aspiracao
suprapubica (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Em pacientes com sanda vesical permanente pinca-se a canula do coletor
realiza-se desinfeccao da canula com alcool 70 e punciona-se com seringa e
26
agulha estereis colocando-se a amostra em frasee esteri Nunea se deve obter a
amostra do saco coletor de pacientes sand ados porque a multiplica9ao bacteriana
fornecera urn numero muito maior que aquele real mente presente no paciente
(OPLUSTIL et al 2004) Tambem nao se reeomenda deseoneetar 0 eateter do tubo
coletor sob risco de introduyao de microrganismos no sistema Sempre que passivel
tal coleta deve ser realizada ap6s troea do cateter pois urna microbiota que naD
corresponde a do paciente pade residir em cateteres antigos (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
A punyao suprapubica e considerada a metoda padrao auro para coleta de
urina par representar a verdadeira bacteriuria vesical (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998) Calhe-se com seringa e agulha diretamente par pun9ao vesical Tal
procedimento evita problemas de contamina9ao uretral e e recomendado para
crian9as ate dois anos detec9ao de anaer6bios enos casos de repeti9ao de ex ames
com interpretaoes duvidosas (OPLUSTIL et al 2004) Pode tambem estar indieada
para homens de qualquer idade com fimose e em mulheres com bacteriurias de
repeti~o de proeedeneia duvidosa (GOBERNADO et al 2002)
A cateteriza9ao com finalidade unica de obten9ao de amostras somente
deve ser realizada em pacientes nos quais nao seja possivel a elimina9aO
espontanea de urina como doentes neurologicos au com problemas urol6gicos
obstrutivos Caso seja necessaria devern-se utilizar tecnicas rigorosas de assepsia
por causa do alto risco de introdu9ao de rnicrorganismos (KONEMAN et a 1997
GOBERNADO et a 2002)
Para a pesquisa de Mycobacterium tuberculosis tres amostras de urina da
manha devem ser coletadas em dias consecutivos as tecnicas de cultivo para
27
micobacterias naD permitem a cresci menta de outros agentes e portanto a coleta
nac necessita de assepsia rigorosa (MIMS et al 1995)
Caso naD seja passivel a processamento da amostra de urina em ate 2
haras apas a coleta a amostra deve ser refrigerada (2 a 80 C) e processada em ate
24 haras tempo maximo para manuten~ao da contagem bacteriana estavel 0 usc
do preservativo acido b6rico permite que a amostra permane98 a temperatura
ambiente (20 a 25 C) ate 24 horas antes de ser process ada (OPLUSTIL ef aI 2004
CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Sistemas de trans porte usanda acido b6rico podem ser metodos alternativQs
para coletas realizadas em casa au em locais distantes do laborat6ria e mostram-se
tao efetivos quanta a refrigeragao (KONEMAM ef ai 1997)
Oepois de coletada a amostra de urina deve ser encaminhada ao laboratorio
a mais rapido possivel e com todas as informayoes necessarias para degprocessamento Devem ser relatados 0 horario e 0 metodo da coleta 0 tempo de
reteny80 da urina 0 tipo de paciente (por exemplo urologico ou geriatrico) a idade
o sexo se 0 paciente tem recebido quantidades aumentadas de Ifquido
apresentay80 clinica (existencia de sintomas) resultados de urinalise (presen9a de
celulas inflamat6rias) e resultados antecedentes de cultura (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
De maneira ideal as amostras devem ser coletadas antes do inicio da
terapia antimicrobiana Caso 0 paciente ja esteja recebendo ou tenha recebido
antibioticoterapia nas 48 horas antecedentes a realizay80 do exame esta
informay80 deve ser explicitada no formulario de requisiy80 do exame (MIMS et al
1995)
28
Recoletas devem ser solicitadas quando amostras nae refrigeradas forem
recebidas 2 horas ou mais ap6s a coleta au quando nac fcrem comunicados 0
horario e a forma de coleta No entanto nenhuma amostra deve ser desprezada
antes do cantata com 0 medico solicitante po is ela pade em alguns casas ser
insubstituivel (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Menos de 5 das urinas coretadas e transportadas adequadamente
apresentam multiplos microrganismos Exce~6es sao amostras de pacientes com
bexiga neurogemica au usa cranico de cateteres nos quais a bacteriuria
polimicrobiana pade ser detectada em 30 a 80 das culturas freqOentemente sem
infecao (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Segundo Koneman et al (1997) a acuracia do procedimento de coleta de
urina pode ser monitorada pela frequencia de exames com contagens entre 104 a 105
UFCml que nao deve exceder 5 a 10 se os procedimentos forem realizados
apropriadamente
42 A IMPORTANCIA DA COLORAltAo DE GRAM
Durante as ultimas decadas testes rapidos de triagem para bacteriuria foram
desenvolvidos com 0 propos ito de fornecer resultados mais rapid os e de eliminar a
necessidade de cultivar amostras negativas Entretanto sua utilizacao e limitada
principalmente pela incapacidade de detectar baixos niveis de bacteriuria e piuria
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
A coloracao de Gram da urina nao centrifugada e um dos metodos mais
rapidos seguros e baratos para estimar bacteriuria superior a 105 UFCml e
presenca de mais de 8 a 10 leucocitoslJl Homogeneiza-se muito bem a urina
coloca-se uma gota sobre lamina sem espalhar e deixa-se secar ao ar A lamina
deve ser fixada par calor au metanol (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998) A
29
presenca de uma ou mais celulas bacterianas per campo em aumento de 1000
vezes tern sensibilidade de 94 e especificidade de 90 em refletir uma contagem
de colOnias superior a 10 UFCml (KONEMAN ef al 1997)
Embora seja urn metoda barato de triagem a coloraC8o de Gram naD e
utilizada par muitos laborat6rios pelo consumo de tempo e baixa sensibilidade em
contagens inferiores a 105 UFCml Sugere-se a sua utilizacao como teste de triagem
apenas em pacientes com contagens de col6nias provavelmente altas
principalmente as assintomaticos e com suspeita de pielonefrite Alguns autores
relatam melhora da sensibilidade a nlveis acima de 104 UFCml com 0 usa de
citocentrifuga (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
A coloraCao de Gram do sedimento urinario em bora ainda utilizada por
muitos laboratorios e impropria pela baixa reprodutibilidade e dificuldade de
padronizacao e correlacao com os metodos de velocidade de excrecao de leucocitos
au contagem em camara (ALBINI 1994)
As informac6es fornecidas pela cOloracao de Gram sobre a morfologia do
microrganismo e caracteristicas na coloracao sao extremamente importantes para a
selecao inicial da terapia antimicrobiana enquanto se aguarda 0 informe definitivo
do resultado da cultura e do antibiograma (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO
1998)
~ imprescindivel a realizacao da coloracao de Gram para deteccao de
bacterias fastidiosas ou nao usuais Devido a dificuldade de desenvolvimento nos
meios utilizados para a deteccao de enterobacterias em alguns casos somente a
visualizacao microscopica indicarcfi a sua presenca (FRANZ HORL 1999)
A observacao microscopica da urina permite verificar a qualidade da amostra
especialmente em mulheres nas quais a contaminacao vaginal e frequente
30
produzindo resultados falso-positivos A presen~a de muitas celulas epiteliais e de
mais de urn tipo de microrganismo no Gram sugere contamina9aO da amostra em
decorrencia da coleta (OPLUSTIL et ai 2004)
Dutro aspecto importante da coloracao de Gram e a sua utilidade no
monitoramento das culturas podendo-se pelo seu resultado detectar erras tecnicos
e ate mesmo troca de amostras (ALBINI 2004)
31
5 BACTERIAS FASTIDIOSAS E INFECcAO DO TRATO URINARIO
Em 1989 Maskell citou a ocorrencia de bacterias fastidiosas como algumas
especies de estreptococos Gardnerela vaginalis Haemophilus influenzae
Corynebacterium spp e lactobacilos em infecgoes da bexiga e trato urinario superior
isoladas de amostras de urina obtidas par cateteriz8gao aspiragao supra-pubica e
tarn bam de amostras de tecido obtidas per bi6psia vesical Relatou tambem a
preseng8 de tais bacterias na urina de gestantes assintomaticas com mais
freqOencia do que em nao-gestantes e que as gestantes apresentando bacteriuria
posteriormente desenvolviam sintomas com mais freqoencia do que as que nao
apresentavam bacterias na urina
Fairley e Birch (1989) realizaram um importante estudo demonstrando que
pacientes com sintomas de infec~ao do trato urinario apresentando resultados
negativos em culturas de rotina podem abrigar bacterias fastidiosas ou baixas
contagens de uropat6genos convencionais na bexiga Os pacientes incluidos no
estudo foram os que apresentaram resultados inconclusivos em culturas previas de
jato medio como desenvolvimento inferior a 105 UFCml de um pat6geno
convencional ou a desenvolvimento superior a 102 UFCml de uma bacteria
fastidiosa Foram avaiiadas urinas obtidas por aspirayao suprapubica de 1817
mulheres e 300 homens cultivadas para uropat6genos convencionais e bacterias
fastidiosas utilizando in6culo que proporcionou resultados entre 101 e 107 UFCml A
freqOencia de isolamentos esta representada na tabela 1
32
TABELA 1 - FREQUENCIA DE BACTERIURIA EM 2117 PACIENTES(AMOSTRAS OBTIDAS POR PUNCAO SUPRAPUBICA) -1989
Uropat6-Culturas positivas $omente $omente especies genos
(n = 597) uropat6genos fastidiosas conven-convencionais (n = 366) cionais
n = 170 eespeci-
Pacientes Unica Multiplas Unica Multiplas Unica Multiplas esespecie especies especie especies especie especies faslidio-
sasMulheres (n = 1817) 370 191 148 5 222 125 61Homens (n = 300) 36 0 17 0 19 0 0
FONTE The Royal Melbourne Hospital
Vinte e aito especies microbianas foram isoladas no trabalho em questao
sendo Ureaplasma urealylicum Gardnerella vaginalis Escherichia coli Mycoplasma
hominis e Staphylococcus epidermidis as especies mais isoladas Quinhentas e
oitenta e uma (70) das 830 cepas isoladas pertenciam a especies fastidiosas -
Ureaplasma urealyticum Gardnerella vaginalis e Mycoplasma hominis - que nao sao
recuperadas em meies de cultura canvencianais Gardnerella vaginais fai mais
freqUente em mulheres enquanto Ureaplasma urealyticum nao apresentou diferen9a
estatisticamente significativa entre os sexas Treze esptkies fcram isoladas em
apenas uma ou duas ocasioes entre elas Streptococcus equi Streptococcus
equisimifis Streptococcus sanguis Morganella morgan Klebsiella oxytoca
Peptococcus anaerobius Proteus vulgaris Enterobacter aerogenes Salmonella
enteritidis Pseudomonas aeruginosa Haemophilus influenzae Haemophilus
parainfluenzae e Haemophilus parahaemofyticus Anaer6bios estritos foram isolados
de apenas sete dos 597 pacientes (FAIRLEY BIRCH 1989)
Culturas polimicrobianas foram obtidas em urn teno das pacientes do sexo
feminino e nao foram verificadas no sexe masculino A freqOencia de uropat6genos
cenvencienais e fastidiesos encontra-se na tabela 2
33
TABELA 2 - FREQU~NCIA DE UROPATOGENOS CONVENCIONAISE BACTERIAS FASTIDIOSAS EM 191 PACIENTES DO SEXOFEMININO COM BACTERIURIA POLMICROBIANA - 1989
Numero de Somente Samente especies Especiesespecies (numera uropat6genos fastidiosas convencionais e
de pacientes) convencionais fastidiosasOois (153) 9 99 45Tres (34) 0 17 17Quatro (4) 0 1 3
FONTE The Royal Melboume Hospital
Ureaplasmas au Gardnerella vaginalis fcram recuperados em 179 das 191
mulheres com infecgao polimicrobiana estando presentes concomitantemente em
100 das 191 amostras sugerindo urna passivel relacc3osimbi6tica Uropat6genos
convencionais fcram isolados em pouco mais de 33 das mulheres na maiaria dos
casas acompanhados por bacterias fastidiosas indicando que infeccoes
polimicrobianas usualmente envolvem bacterias fastidiosas (FAIRLEY BIRCH
1989)
A contagem de col6nias excedeu 105 UFCml apenas na minoria dos
pacientes portanto a bacteriuria nao seria detectada em muitos individuos caso 0
valor de ponto de corte tradicional tivesse sido utilizado Os resultados tambem
mostraram que baixas contagens bacterianas podem acontecer com qualquer uma
das especies bacterianas isoladas embora tenham sido mais freqoentes para
Ureaplasma urealytieum e Mycoplasma hominis Cento e setenta e quatro (21)
isolados apresentaram contagens inferiores a 103 UFCml sendo 138 (84)
pertencentes a especies fastidiosas (FAIRLEY BIRCH 1989)
Franz e HOrl (1999) citaram a ocorrencia de HaemophiJus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae pneumococos Campyobaeter Legionella
pneumophila Salmonella spp Shigella spp Corynebacterium grupo 02
34
Mycobacterium tuberculosis micobacterias atipicas e fungos como causadores
ocasionais de ITU
Domann et al (2003) realizaram estudo em amostras do trato urinario de
transplantados renais utilizando tecnicas moleculares baseadas em 168 rRNA peR
e cromatografla liquida de alta performance (DHPLC) Foi avaliada a aplicaaD do
metoda em 109 amostras e observou-se 100 de correlacao para amostras cultura-
positivas Para as amostras cultura-negativas a DHPLC permitiu a deteccao de
uropat6genos previa mente conhecidos como Corynebacterium urealyticum e
Gardnerella vaginalis mas tambem agentes nao usuais como AnaerocDCCUs
laclolyticus Bacteroides vufgatus Diaisler invisus Fusobacterium nuceaturn
Lactobacillus iners Leptotrichia amnionii Prevotella buccalis Prevotella ruminicola
Rahnella aquatilis e Streptococcus intermedius detectados como unicos pat6genos
ou como agentes de infecyoes polimicrobianas Uma vez que as ITU sao
freqGentemente associadas com inicio precoce de rejeiyBo cronica em
transplantados renais e conveniente a pesquisa de agentes patogenicos
oportunistas e nao usuais para 0 correto direcionamento do tratamento
antimicrobiano
Quatro casos de ITU com bacteremia por Methylobacterium spp em
pacientes do sexo feminino imunocompetentes foram reportados por Lee Tang e Uu
(2004) Todas as pacientes tiveram hemoculturas positivas para Methylobacterlum
spp e suas culturas de urina foram negativas ou positivas para Escherichia coli com
crescimento concomitante de outro bacHo gram-negativ~ em baixa contagem que foi
ignorado Foram realizados experimentos especiais com os isolados indicando que
de acordo com os procedimentos padrao para culturas de urina com 24 horas de
incubayao a 35degC as colonias de Methylobacterium spp nao sao visualizadas e 0
35
pequeno numero de col6nias observado ap6s incuba~ao adicional de 24 heras a
temperatura ambiente apenas sugere ser a especie urn contaminante
Particularmente quando especies de Methyfobacterium estao presentes
concomitantemente com Escherichia coli ocorre supressao do cresci menta de
Methylobacterium spp tornando impassivel a sua deteccao 0 estudo conclui que a
falta de relatos de casas de ITU por Methylobacterium spp deve-se a impossibilidade
de detec~ao da especie por metodos padrao de cultura de urina au ainda porque a
baixa virulelncia da bacteria pode produzir ITU autolimitadas au talvez muitas vezes
curadas com as antibi6tico5 normalmente utilizados As especies estudadas fcram
variavelmente resistentes as cefalosporinas acido nalidixico nitrofurantoina e
sulfametoxazol-trimetoprim e 100 suscetiveis a ciprofloxacin imipenem e
aminoglicosideos
51 Corynebacterium spp
Corynebaclerium urealylicum pode ser uma importante embora rara causa
de ITU variando a freqOencia de isolamentos significativos de zero a 35 em
popularoes nao selecionadas A bacteriuria por Corynebacterium urealyticum ocorre
em pacientes hospitalizados per longos perledes severamente
imunocomprometidos urologicamente manipulados ou idosos Tal microrganismo
tam bern tern sido associado com pielonefrite e pode desaparecer espontaneamente
da urina mesmo sem antibioticoterapia (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Corynebacterium glucuroneyticum tambem chamado Corynebacterium
seminae tern side iselade de semen e trate g~nite-urinarie masculine e pede causar
prostatite ou uretrite Corynebacterium pseudogenitalium (CDC grupo F1) tambem
tern sido reconhecido como pat6gene do trato urinario (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
36
Foi relatado por Soriano e Ponte (1992) um caso de cistite de incrusta~ao
causado por urn corineforme identificado como CDC grupo F1 0 paciente havia
sofrido ITU previas persistentes causadas por Corynebacterium ureayticum (CDC
grupo 02) A cura bacteriol6gica foi alcan=ada apes urn mes de tratamento com
amoxicilina e acido acetohidroxamico
Meria at al (1998) realizaram levantamento bibliografico entre as anos de
1985 a 1997 sabre casas de cistite e pielite de incrustacao Foi constatado a
aumento progressive no numero de cases especialmente em pacientes
imunodeprimidos e particularmente em transplantados renais Tais inflamacoes
cr6nicas estao associadas com incrustac6es da mucosa causadas por bacterias
produtoras de urease tendo sido as mais freqOentes especies de Corynebacterium
grupo 02 A presenCa de urina alcalina contendo abundantes debris mucopurulentos
calcificados e alta mente sugestiva e pode auxiliar no diagnostico clinico A
demonstracao da bacteria envolvida requer culturas prolongadas em meios de
cultura enriquecidos 0 diagnostico precoce pode evitar falhas de tratamento e uma
possivel rejeicao do orgao transplantado
Em estudo realizado par Riegel et al (1995) corineformes em quantidades
significativas (104a 105 UFCml) foram isolados em amostras de semen uretra urina
e sangue de homens inferteis com diagn6stico de prostatite As analises genomicas
realizadas demonstraram ser as cepas pertencentes a uma mesma especie dentro
do genero Corynebacterium As 12 amostras mostraram padroes bioquimicos
simi lares entre elas born crescimento em agar sangue de carneiro em contraste com
crescimento pobre no mesmo meio suplementado com Tween 80 1 teste de
CAMP positivo fermentacao de glicose sacarose e presenCa de beta-glucuronidase
Tais caracteristicas permitiram a distincao destas cepas dos outros membros do
37
genera e 0 nome proposto foi Corynebacterium seminae Embera organismos
difter6ides pass am fazer parte da microbiota uretral a presenCa de contagens
significativas destas especies no semen sugere urna implica~ao infecciosa
particularmente na prostatite
Estudo molecular filogenetico baseado em 16S rRNA peR realizado em
pacientes com prostatite croniea demonstrou sinais bacterian05 em 65 dos
pacientes estudados Foi constatada a ocorreuromcia de um amplo espectro de
especies bacterianas no fluido prostatico dos pacientes incluindo Corynebacterium
Staphylococcus PepiosfreptococGUS Streptococcus e Escherichia Especies do
genera Corynebacterium foram encontradas em maior proponao incluindo especies
ainda nae descritas e n~o presentes nas amostras de controle sugerindo que
possam ter um papel na doen~a au que sejam conseqOemcia da mesma 0 estudo
mostreu ainda que os microrganismos associ ados com prestatite geralmente
ocorrem em comunidades microbianas distintas daquelas encontradas em liquidos
prostaticos normais (TANNER ot al 1999)
Segundo Domingue e Hellstrom (1998) a observaltio microsc6pica
cuidadosa de amostras de secre~~o prostatica bern como a inocula~~o em meios
enriquecidos sao essenciais para a isolamento de corineformes Foi realizado estudo
em uma amostra de secre~ao prostatica na qual a colora~ao de Gram apresentou
cocobacilos gram Itlbeis pleom6rficos que nao se desenvolveram em meios de rotina
incubados por 72 horas a 35degC Houve desenvolvimento em meio de cultura
enriquecido com extrato de leveduras e sora de cavalo e incubado no minimo 72
horas em atmosfera de 5 de CO2 a 35degC A secregao inoculada em caldo triptose
demonstrou a presen~a de bacilos gram-varitlveis (microscopicamente) e quando
repicada produziu bacilos de crescimento lento em meios de retina e enriquecidos
38
(incubados aerobicamente anaerobicamente ou sob tensao de CO2 par 72 haras)
Corineformes ocultos pod em ser agentes etiol6gicos da prostatite idiopatica croniea
que sao frequentemente perdidos au nao percebidos em procedimentos
bacteriol6gicos de rotina
52 Gardnerella vaginais
o significado de Gardnerela vaginais em urina e controverso pois a
principal associacao patogElnica desta bacteria e com a vaginose na mulher Embora
baixas contagens na urina parecam refletir a micro biota da uretra masculina ou
feminina contagens aeima de 10000 UFCml ja fcram associadas com bacteriuria
sintomatica ITU recorrente cistite na mulher uretrite e prostatite no homem
Entretanto me sma quando ern altas contagens freqOentemente nao ha resposta
leucocitaria Gardnerela vaginalis e encantrada mais freqOentemente em mulheres e
pacientes com doena renal e ap6s instrumentaao (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
Estuda realizado par Agarwal e Dixon (2001) investigau a passivel papel de
Gardnerella vaginalis na cistite intersticial usando metodos maleculares para
garantir a recuperaCao do microrganismo mesmo em baixas contagens Nenhuma
das trinta e tres amastras de bi6psias de bexiga de pacientes com cistite intersticial
foram positivas para Gardnerella vaginais a que embora nao exclua seu
envalvimenta na cistite intersticial diminui esta probabilidade
Ginestre Perez et al (2001) realizaram estudo de mil trezentas e setenta
amostras de jato media de urina de pacientes com sintomas de ITU Gardnerella
vaginalis cujo papel patagenica no trato urinario e discutivel ocupou a segundo
lugar em freqOencia etiologica (1763) ficando atras somente de Escherichia coli
(5210) e superando microrganismos cansiderados uropat6genas classicos como
39
Proteus mirabifis (763) Klebsiella pneumoniae (684) e Pseudomonas
aeruginosa (368) Embera a presen~a de Gardnerella vaginais em amostras de
jato media urinario possa indicar contaminayao vaginal todos as cultivos positivos
para esta bacteria apresentavam contagens superiores a 100000 UFCml e
provinham de pacientes sintomaticos representando urna alta probabilidade de
infec~ao urinaria verdadeira
53 Mycoplasma hominis E Ureaplasma urealyticum
Especies patogenicas como Mycoplasma hominis e Ureaplasma urealyticum
ocorrem freqOentemente como colonizantes do trato urogenital inferior de homens e
mulheres saudaveis A ocorrencia de infec~ao esta provavelmente relacionada a
imunossupressao obstru~ao ou procedimentos previos de instrumental)ao no trato
urinario Ureaplasma urealyticum tern sido encontrado em calculos urinarios de
pacientes com liHase infecciosa sugerindo uma possivel associal)ao causal
Mycoplasma hominis tern sido isolado do trato urinario superior em pacientes com
sintomas de pielonefrite aguda FreqOentemente ha resposta imunol6gica especifica
(MURRAY 1999)
Foi pesquisada a presen9a de Ureaplasma urealyticum e Mycoplasma
hominis em amostras de jato medio de 314 mulheres e 52 homens sintomaticos do
trata urinltilria Ureaplasma urealyticum fai isalada em 54 (171) das mulheres e 8
(154) dos hom ens e Mycoplasma hominis foi isolado em 12 (38) das mulheres
e 4 (77) dos homens Ureaplasma urealyOcum foi superado apenas par
Escherichia coli e Gardnerella vaginalis em ambos grupas 366 e 254
respectivamente no sexo feminina e 585 e 308 no masculino Demonstrou-se
partanto que a bacteriuria par ureaplasmas e relativamente co mum porem nao e
40
detectada por metodos convencionais de cultura de urina (AVILES ZARAGOZA
1998)
A significancia de micoplasmas em amostras de jato medic urinario e de
dificil determinacao devido a provavel contaminacao da amostra par
microrganismos colonizantes da vagina e uretra distal Entretanto estudos
realizados em amostras de aspirado suprapubico em gestantes demons tram que 0
desenvolvimento de pre-eclampsia e tres vezes mais prov3vel em mulheres
apresentando culturas positivas para ureaplasmas no inicio da gestacao do que em
mulheres com culturas negativas no mesmo periodo (KONEMAN ef a 1997)
54 Haemophilus spp
Existem varios estudos relacionando Haemophifus influenzae e Haemophilus
parainfluenzae a ITU embora sua freqOencia e significancia nae tenham sido
confirmadas Alguns pesquisadores sugerem a inclusao de agar chocolate em
culturas de urina de crian~as por causa da associa~ao de Haemophilus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae com outras infec~6es nesta faixa etaria (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
Maskell (1989) citou a ocorrencia de certas bacterias fastidiosas em sftios do
trato urinflrio abaixe da bexiga como par exemple em cases de prostatite por
Haemophilus influenzae
55 Lactobacillus spp
Em estudo realizado em pacientes do sexe feminine com sind rome uretral
aguda demonstrou-se uma alta freqOencia de isolamentos de lactobacilos Durante
dois anos amastras de jato medic de tais pacientes foram cultivadas observando-se
a principio alta concentracao de lactobacilos principalmente nas pacientes
sintomaticas Ao final do estudo durante 0 qual foi impedido 0 usa de antibi6ticos os
41
lactobacilos desapareceram da urina de muitas mulheres as quais tornaram-se
assintomaticas Os autores concluiram que as sintomas da sindrome uretra podem
ser devidos a multiplica~ao desproporcional de lactobacilos na uretra distal como
resultado de antibioticoterapia frequentemente administrada em cursos prolongados
para resolurao dos sintomas urinarios Lactobacilos tambem tern sido relatados em
amostras de urina obtidas diretamente da bexiga e de amostras de tecido obtidas
par bi6psia vesical bern como ocasionalmente isolados em urinas de mulheres
idosas com sintomas urinarios (MASKELL 1989)
56 COCOS GRAM-POSITIVOS
Microrganismos dos generos Lactococcus Gemella Aerococcus e
Globicatella embora possam estar presentes como contaminantes em culturas de
material clinico tern sido isolados como patogenos oportunistas ern urina e outras
amostras de pacientes imunocomprometidos Esforyos para identifica-Ios devem ser
realizados quando os isolados forem clinicamente significantes isto e isolados
repetidamente ou em cultura pura Devido a semelhanya com outros cocos gram-
positivos isolados com mais freq04sectncia como estreptococos enterococos e
estafilococos possivelmente sao confundidos com especies destes generos
(MURRAY 1999)
Golapachar et al (2004) relata ram um caso de infec9ao do trato urinario com
bacteremia causa do por Aerococcus viridans em um homem de 87 anos residente
em uma cUnica de repouso A cultura de urina apresentau crescimenta de 105
UFCml de Aerococcus viridans e a hemocultura fai positiva para a mesmo
microrganismo Os testes bioqulmicos que leva ram a identificayao do
microrganismo faram reayoes negativas de catalase e LAP (Ieucina aminopeptidase)
e reaDes positivas para PYR (L-pyrrolidonyl-beta-naphtylamina) fermentaao de
42
trehalose e manese resistencia a optoquina crescimento em agar bile esculina 40
e cresci menta em cloreto de s6die 65 As especies de Aerococcus sao anaer6bias
facultativas a maioria catalase negativa com tendemcia a formaCao de tetrades na
morfologia microsc6pica PYR positivo e LAP negativ~ a que as diferencia de
enterococos e estreptococos
A escassa documentacao a respeito de infecyoes humanas por Aerocccus
sp deve-se provavelmente a sua similaridade microbiol6gica aos estreptococos alfa-
hemoliticos e enterococos e possiveis erras na interpretacao laboratorial de
amostras clinicas No casa acima descrito a laborat6rio de microbiologia nao pade
reaHzar a antibiograma devido a natureza fastidiosa da bacteria mas houve sucesso
terapeutico ap6s administray8o intravenosa de levofloxacin (GOLAPACHAR et al
2004)
Um caso de pielonefrite e urossepsis por Streptococcus pneumoniae foi
relatado em urn hornem de 82 anos com hist6ria clinica de leucemia linf6ide cronica
e diabetes mellitus Exames radiograficos abdominais e tomografia computadorizada
mostraram uma imagem indicativa de extensa pielonefrite no rim esquerdo sem
nenhum outro foco de infecc8o 0 abscesso renal foi tratado por drenagem
transuretral e 0 material purulento obtido foi cultivado assim como materiais de
orofaringe escarro e sangue Esearro e orofaringe revelaram apenas mierobiota
normal do trato respirat6rio enquanto 0 material drenado e as hemoculturas
demonstraram microseopicamente cocos gram-positiv~s aos pares e em eadeias
alguns dos quais eram lanceolados havendo bom crescimento em agar sangue de
carneiro e agar chocolate a 37degC As col6nias eram fracamente alfa-hemoliticas no
agar sangue e nao muc6ides catalase-negativas e sensiveis a optoquina Testes de
aglutinac8o sorologiea de ambos materiais confirmaram a identificac8o e testes
43
moleculares demonstraram ser as dois isolados identicas Apesar da terapia
antimicrobiana a paciente desenvolveu coagula98o intravascular disseminada e
sofreu uma parada cardiaca sendo que 0 quadro foi revertido mas tornau-se
necessaria a nefrotomia para eliminar a foco da infeccao Em contraste a estud05
anteriores a paciente descrito apresentou um verdadeiro casa de pielonefrite
abscesso renal e urossepsis causados par Streptococcus pneumoniae A presenca
de doencas como leucemia linf6ide crOniea e diabetes mellitus fcram 5uficientes para
causar um certa grau de imunossupressao e predispor a paciente a infeccao par
Streptococcus pneumoniae mesma sem hist6ria antecedente de infecC8o
pneumoc6cica trauma ou interven9ao cirurgica (DUFKE KUNZE-KRONAWITIER
SCHUBERT2004)
57 BACT~RIAS ANAER6BIAS
Tern sido descritos casas de infec90es do trato urinario par bacterias
anaer6bias com as mais diverses tipos de apresenta90es clinicas entre processes
crenicos e agudos As bacterias recuperadas sao bacilos gram negativQs incluindo
Bacteroides fragifis Prevotella sp e Porphyromonas sp Clostridium sp cocos
gram-positiv~s e Actinomyces sp Em muitos casas sao recuperadas em culturas
mistas com coliformes e estreptococos (BROOK 2004)
58 OUTRAS BACT~RIAS FASTIDIOSAS
Foi descrita par Greub e Raoult (2002) uma nova especie bacteriana
Actinobaculum massiliae recuperada da urina de uma mulher de 81 anos com ITU
cr6nica Os estudos fenotipicos genotfpicos e filogeneticos realizados mostraram
ser 0 isolado urna nova especie ainda nao recanhecida dentro do genera
Actinobaculum e foi proposta a denominacao Actinobaculum massiliae A mesma
cepa faj isolada tres vezes num perlodo de sete meses mesmo apes tratamento
44
com amoxicilina sulfametoxazol~trimetoprim e rifampicina Devida ao fata do
microrganismo nao ser isolado em procedimentos laboratoriais de rotina uma ITU
devido a Actinobaculum massiliae pade ser mal diagnosticada Alem disso as
col6nias apresentam heterogeneidade morfol6gica ap6s cinco dias de incubacao
podendo levar a uma errOnea interpretaC(ao de contaminacao com duas especies de
badlas gram~positivos 0 usa de agar sangue de carneiro e incubacao prolongada
motivado pela presenca de 106 leuc6cit05 per ml na urina da paciente permitiu a
desenvolvimento da cepa Houve cura ap6s tratamento com doxiciclina (GREUB
RAOUL T 2002)
Em estudo clinico e microbiol6gico de mulheres com sindrome uretral -
excluindo pacientes com cistite bacteriana - 41 pacientes foram comparadas com 42
pacientes controle Nao foi encontrada diferenca entre pacientes e con troles em
incid~ncia de Chlamydia trachomatis e outros microrganismos de transmiss3o
sexual 0 numero de lactobacilos e outros microrganismos fastidiosos bem como a
numero de leucocitos na urina nao apresentaram diferenca entre pacientes com
sintomas leves e intensos ou entre pacientes e controles Os auto res sustentam a
hipotese da sindrome uretral nao ser causada por infecrao bacteriana ou clamidial
(GILLESPIE et al 1989)
45
6 CONCLUSAO UMA REFLExAO
E indiscutivel a importo1ncia para a laborat6rio de requisicoes de exame
completas com informayoes sabre suspeita clinica existencia de sintomas
anormalidades do trata urinario e condhoes imunol6gicas do paciente Embora
tradicionalmente a maiaria dos medicos nao fornega muitas informacoes sabre 0
paciente ao laborat6rio a microbiologista pede incentivar a criacao de urn canal de
comunicacao quando observar a necessidade de informagoes sobre determinado
paciente
Exames anteriores do paciente sempre que disponiveis devem ser
consultados e comparados pois informacoes sabre infecc6es recorrentes au
recidivantes especies bacterianas envolvidas au presen9a de piuria esteril sao
importantes para direcionar a pesquisa para agentes fastidiosos
o metoda de coleta e as condi~6es de transporte da urina deterrninam a
qualidade da amostra e a quao relevantes serao as microrganismos nela
encontrados Considerando-se que urna bacteria normalmente considerada como
contarninante introduzida durante a coleta pode ser em alguns casos patogenica ou
ainda que uma especie fastidiosa patogenica de crescimento lento pode ter seu
crescimento inibido par uma contaminante de crescimenta mais rapido a coleta
adequada torna-se urn fator de suma importancia para a detec~ao de especies
fastidiosas em urina
Como ja discutida torna-se indispensavel a realiza~ao da calora~ao de
Gram em amostras de urina pOis alem de ser urn teste de triagem rapida e barato
para bacteriuria acima de 105 UFCml pode ser 0 unica indicativa da presen~a de
urna especie fastidiosa
46
A comunica~ao entre a microbiologista e a medico pode determinar nao 56 a
sucesso do diagn6stico e do tratamento como a viabilidade economica da pesquisa
de bacterias fastidiosas para 0 laborat6rio urna vez que direciona as esforyos
laboratoriais aos pacientes que realmente necessitam evitando 9a5t05
desnecessarios
Bacte-rias fastidiosas podem nao responder ao tratamento antibi6tico para
pat6genos convencionais do trato urinario portanto a pesquisa precocemente
direcionada para tais agentes pode melhorar 0 progn6stico das ITU evitando a
administracao de antibioticos inadequados au desnecessarios
Como observado nos diversos casas reiatados bacterias fastidiosas
ocorrem em cenaries clinicos especificos 0 entendimento do processo da doen=a e
as condi=oes do paciente pod em ajudar muito 0 laboratorio no esfor=o para
recuperar a bacteria do material clinico
47
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
ALBINI C A Cullura de Urina Analise das metodologias interfer~ncja sobre as
resultados e proposta para padronizacao 1994 54 f Monografia (Especia1iza9aO em
Bacteriologia) - Setor de Ciencias da Saude Departamento de Patologia Medica
Universidade Federal do Parana Curitiba
AGARWAL M DIXON R A A study to detect Gardnerella vagina lis DNA in
interstitial cystitis British Journal of Urology (on line) 2001 Disponlvel em
httpwwwbjuiorg889articlebju2514aspAcessoem 03 fev 2005
BATRA A Interstitial Cystitis Updade Infection Urology (on line) 1999 Disponivel
em httphomeswipnetsellsopicupdatehtm Acessa em 20 dez 2004
CLARIDGE J E JOHNSON J R PEZZLO M T Laboratory Diagnosis of Urinary
Tract Infections Washington American Society for Microbiology 281998
BROOK I Urinary tract genito-urinary suppurative infections due to anaerobic
bacteria International Journal of Urology (on line) 2004 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezigueryfcgicmd=Retrieveampdb=pubmedampdopt=Abst
ractamplist uids=15009360 Acesso em 18 mar 2005
DOMANN E HONG G IMIRZALIOGLU C TURSCHNER S KOHLE J
WATZEL C HAIN T HOSSAIN H CHAKRABORTY T Culture-Independent
Identification of Pathogenic Bacteria and Polymicrobial Infections in the Genitourinary
Tract of Renal Transplant Recipients Journal of Clinical Microbiology (on line) 2003
48
Disponivel em httpjcmasmorgcgireprintl41125500pdf Acesso em 18
mar2005
DOMINGUE G J HELLSTROMW J G Prostatitis Clinical Microbiology Reviews
(on line) 1998 Disponivel em httpcmrasmorglcgilcontentifuIl11141604 Acesso
em 03 fev 2005
DUFKE S KUNZE-KRONAWITIER H SCHUBERT S Pyelonephritis and
Urosepsis Caused by Streptococcus pneumoniae Journal of Clinical Microbiology
(on line) 2004 Disponlvel em httpjcmasmorgcgicontentifuIl4294383 Acesso
em 06 mar2005
FAIRLEY K F BIRCH D F Detection of Bladder Bacteriuria in Patients with Acute
Urinary Symptoms The Journal of Infectious Diseases Melbourne v 159 n2 p
226-231 fev 1989
FRAIMOW H S JUNGKIND D L LANDER D W DELSO D R DEAN J L
Urinary Tract Infection with an Enterococcus taecais Isolate that Requires
Vancomycin for Growth Annals of Internal Medicine (on line) 1994 Oisponivel em
httpwwwannalsorgcgicontentifuIl1211122 Acesso em 18 mar 2005
FRANZ M HCRL W H Common errors in diagnosis and management of urinary
tract infection I Patophysiology and diagnostic techniques Nephrology Dialysis
Transplantation (on line) 1999 Disponivel em
httpltwwwndtoupjournalsorgcgicontentifuIl141127 46 Acesso em 01 dez 2004
49
GIBB A P Plates are Belter than Broth for Recovery of Fastidious Organisms from
some Specimen Material Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Oisponivel
em httpjcmasmorgcgireprinU4041129pdf Acesso em 06 mar2005
GILLESPIE W A HENDERSON E P LINTON K B SMITH P J Microbiology
of the urethral (frequency and dysuria) syndrome A controlled study with 5-year
review British Journal of Urology (on line) 1989 Disponfvel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
2804564ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr 2005
GINESTRE PEREZ M ROMERO-A~EZ S MARTINEZ-GARCIA A RINCON-
VILLALOBOS G HARRIS-SOCORRO B CATELLANO-GONZALES M AVILA-
ROO Y PEROZO-MENA A Gardnerella vaginalis y uropat6genos convencionales
em pacientes ambulatorios Revista de La Sociedad Venezolana de Microbiaogia
(on line) 2001 Disponivel em
httpwwwseieloorgvaseielo phpscriptsci arttextamppid=S 1315-
25562001000200003amplng=esampnrm=isso Acesso em 05 jan 2005
GOBERNADO M CRUZ F J DALET F BROSETA E DE CUETO M
SANTOS M DE LA ROSA M Procedimientos en Microbiologla Clinica La
infeccion urinaria 2002 Disponivel em
httpwwwseimcorgprotocolosmicrobiologiaindice14htm Acesso em 01 dez
2004
50
GOLAPACHAR A AKINS R L DAVIS W R SIDDIQUI A A Urinary tract
infection caused by Aerococcus viridans a case report International Medical Journal
for Experimental and Clinical Research (on line) 2004 Oisponivel em
httpwlNNmedscimonitcompubvol 10no 114928pdf Acesso em 03 dez 2004
GREUB G RAOULT D Actinobaculum massiliae a new species causing chronic
urinary tract infection Journal of Clinical Microbiology (on line) 2002 Disponivel em
httpwwwpubmedcentralnihgov articlerender fcgitool=pubmedamppubmedid=12409
355 Acesso em 13 fev2005
HElLBERG I P Diagnosis and clinical management of urinary tract infection
Disponivel em httpwwwunineteducin2003confpfefermanpfefermanhtml
Acesso em 20 out 2004
KONEMAN E W ALLEN S D JANDA W M SCHREKENBERGER P C
WINN Jr W C Cr Atlas and Textbook of Diagnostic Microbiology 5ed
Philadelphia Lippincott-Raven 1997
LIPSKY B A Managing Prostatitis and Urinary Tract Infection in Men Infectious
Diseases Infoalerl (on line) 2003 Oisponivel em
httpwwwdpacomhklpdflinfolnfoALERT 15pdf Acesso em 10 dez 2004
MASKELL R A new look at the diagnosis of infection of the urinary tract and its
adjacents structures Joumaloflnfecfion Portsmouth n 19 p 207-217 jul 1989
51
MERIA P DESGRIPPES A ARFI C LE DUC A Encrusted Cystitis and Pyelitis
Journal of Urology (on line) 1998 Disponlvel em
htlpIwwwjurologycomipUrejuroabstract00005392-1 99807000-
00003htmmiddotjsessionid-CnHOtEDjxvOgrxiWIUac52pekluG1HSCZzrnOpCIJH4V107ePU
evI848681301-949856032190011-1 Acesso em 21 abr 2005
McCUE J D The Management of Complicated Urinary Tract Infections Infectious
Diseases Infoalert (on line) 1999 Disponfvel em
htlpIwwwdpacomhkJpdlfinlofinlo alart 01pdl Acesso em 01 dez 2004
MURRAY P R Manual of Clinical Microbiology 7ed Washington ASM Press
1999
NABER K G BERGMAN B BISHOP M C JOHANSEN T E B BOTTO H
LOBEL B CRUZ F J SELVAGGI F P European Association 01 Urology
Guidelines on Urinary and Male Genital Tract Infections Disponlvel em
httpwwwuroweborglfilesluploaded filesuti mgtLpdf Acesso em 20 dez 2004
OPLUSTIL C P Urocultura In__ Procedimentos basicos em microbiologia
clinica 2 ed Sao Paulo Sarvier 2004 p 88-93
OSBORNE J About Interstitial Cystitis Disponivel em htlplwwwic-
networkcomhandbooklbasicshtmlintro Acesso em 20 dez 2004
52
PEDRAZA AVILES A G ORTIZ ZARAGOZA M C Symptomatic bacteriuria due to
Ureaplasma and Mycoplasma in adults Revista Latinoamericana de Microbiologia
(on line) 1998 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedampdopt=Abs
tractamplist uids=20388109 Acesso em 20 abr 2005
RIEGEL P RUIMY R BRIEL D de PREVOST G JEHL F BIMET F
CHRISTEN R MONTEIL H Corynebacterium seminale sp Nov a New Species
Associated with Genital Infections in Male Patients Journal of Clinical Microbiology
(on line) 1995 Disponlvel em
htlpllwwwpubmedcentralnihgovpicrenderfcgiartid=228387ampblobtype=pdf
Acesso em 19 mar 2005
SORIANO F PONTE C A case of urinary tract infection caused by
Corynebacterium urealyticum and coryneform group F1 European Journal of Clinical
Microbiology Infectious Diseases (on line) 1992 Disponfvel em
httoIwwwncbinlmnihgoventreziguervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
1396772ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr2005
TANNER M A SHOSKES DSHAHEDA PACENR Prevalence of
Corynebacterial 16S fRna Sequences in Patients with Bacterial and Nonbacterial
Prostatitis Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Disponivel em
httpmcmasmorgcontenVfull3761863 Acesso em 06 mar 2005
TRABULSI L R ALTERTHUM F Escherichia coli uropatagenica (UPEC) In
Microbiaagia 4 ed Sao Paulo Atheneu 2004 p 303-309
53
SUMARIO
LIST A DE TABELAS 5
RESUMO 6
1 INTRODUCAO 7
2 CONSIDERACDES SOBRE MICRORGANISMOS FASTIDIOSOS 9
3 PATOGENESE DAS INFECCDES DO TRATO URINARIO 11
31 SINDROMES CLiNICAS 13
4 A ROTINA DA UROCUL TURA NO LABORAT6RI0 DE ANALISES CLiNICAS 20
41 COLETA E TRANSPORTE DE AMOSTRAS
42 A IMPORTANCIA DA COLORA9AO DE GRAM
24
28
5 BACTERIAS FASTIDIOSAS E INFECCAO DO TRATO URINARIO 31
51 Corynebacterium spp 35
52 Gardnerella vaginalis 38
53 Mycoplasma hominis E Ureaplasma urealyticum
54 Haemophilus spp
39
40
55 Lactobacillusspp 40
56 COCOS GRAMmiddotPOSITIVOS 41
57 BACTERIAS ANAEROBIAS 43
58 OUTRAS BACTERIAS FASTIDIOSAS 43
6 CONCLUSAO UMA REFLExAO 45
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS 47
RESUMO
As jnfec~6es do trato urinario estao entre as mais freqOentes nos seres humanosCondicoes predisponentes nos pacientes podem faverecer a infec980 por bacteriasde metabolismo complexo pouco habituais neste 5[tio anat6mico As metodologiasde cultivo de urina utilizadas em laboratorios clinicos propiciam 0 desenvolvimentodos uropatogenos mais comuns no entante podem falhar quando a bacteriacausadora da infeccao tratar-se de urna especie fastidiosa Considerando talproblema realizou-se urn levantamento bibliografico no intuito de verifiear em quaissituacOes bacterias exigentes devem ser pesquisadas e sugerir procedimentoslaboratoriais para a deteccao de tais especies em amostras de urina 0 diagn6sticolaboratorial adequado melhora 0 progn6stico das infec90es do trato urinario
1 INTRODUltAO
Considerando-se as infec90es humanas as das vias urinarias estao entre as
mais comuns ocupando 0 segundo lugar depois das infec90es respirat6rias
(GOBERNADO et a 2002) Estima-se a ocorrencia de 150 mil hoes de casas anuais
em lodo 0 mundo (TRABULSI ALTERTHUM 2004)
Como resultado da grande frequElncia de infec90es urinarias e da facilidade
de obtenyao de amostras as culturas de urina representam a maior parte do
contingente de exames em laborat6rios de microbialogia cllnica (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
Os metodos diagn6sticos e terapeuticos atuais freqOentemente invasivQs
bem como a sobrevida aumentada da populayao podem favorecer a infeccao por
microrganismos de metabolismo complexo Alem disso indivfduos
imunologicamente comprometidos podem ser suscetiveis a infec90es urinarias por
microrganismos nao usual mente patogenicos Tais microrganismos pod em
apresentar dificuldade de desenvolvimento nos meios de cultura comumente
utilizados em protocol as de cultivo de amostras de urina
As tecnicas rotineiras de coleta e cultivo de urina permitem a desenvolvimento
dos uropatogenos mais comuns Para a pesquisa de microrganismos pouco
habituais e necessaria a realizagao de procedimentos diferenciados como 0
emprego de meios de cultura enriquecidos aumento do tempo de incubayao e
atmosferas especiais
Considerando-se que as metodologias atualmente utilizadas podem nao isolar
as microrganismos exigentes envolvidos em infecyOes do trato urinario a presente
trabalho objetiva atraves de revisao bibliogn3fica verificar na literatura especializada
as situa90es e a frequencia em que e recomendavel a pesquisa de microrganismos
fastidiosos assim como divulgar sua importancia na patog~nese das infeccoes do
trato urinario
2 CONSIDERA90ES SOBRE MICRORGANISMOS FASTIDIOSOS
o termo bacteria fastidiosa tern sido tradicionalmente aplicado a
microrganismos que nao se desenvolvem OUse desenvolvem fracamente em todos
as meios de cultura tradicionais como agar sangue agar chocolate au agar Mac
Conkey requerem atmosfera capnofilica au microaerofilica e incubayao prolongada
As necessidades especiais de crescimento podem tambem dificultar a identific3cao
bioquimica dos isolados (MURRAY 1999)
No contexto das ITU bacterias fastidiosas podem ser definidas como
aquelas que requerem condiyoes de crescimento diferente da tradicional incubayao
aer6bia por 18 a 24 heras em melo de isolamento prima rio Meies de cultura
adicionais au incubarao prolongada em atmosfera contendo CO2 podem ser
necessarios (MASKELL 1989)
Uma das raz6es para se considerar que bacterias fastidiosas podem ter
importancia na patogenese das ITU e a existencia de divers as condi90es cHnicas
caracterizadas par evidencia de doen9a inflamat6ria para as quais nenhum
microrganismo causal e detectado bem como nenhuma outra causa nao infecciosa eencontrada Estas condi90es incluem a cistite intersticial a slndrome uretral aguda e
a prostatite crOnica idiopatica Muitos pacientes apresentam piuria outros
apresentam evidencias cllnicas de inflama9ao alem de sintomas que sao
clinicamente indistinguiveis dos pacientes com pat6genos usuais (MASKELL 1989)
Outro motive para 0 reconhecimento de bacterias fastidiosas como
clinicamente importantes no trato urinario e 0 numero crescente de publica90es
evidenciando 0 isolamento de tais agentes em muitos pacientes Urna vez que tais
bacterias tern sido investigadas e reconhecidas como causa de infecyOes
10
clinicamente significantes do trato urinario torna-se natural 0 direcionamento de
esfor90s para a sua detec9ilo (MASKELL 1989)
Microrganismos fastidiosos pod em em muitos casas apresentar-se como
patogenos secundarios do trato urinario como resultado de selecao apas
tratamentos anti bacteria nos principalmente nos multiplos cursos de antibi6ticos
ut1lizados nas ITU recorrentes (MASKELL 1989)
o presente trabalho tern como objetivo estudar a ocorrencia de bacterias
fastidiosas em ITU Incluem-se aqui bacterias naD usualmente patogemicas neste
sitio anatomica embora conhecidamente patogemicas em Qutros sitios bern como
especies geralmente consideradas como contaminantes em urina e que poderao ter
papel patogenico e ser relevantes em alguns casos que serao discutidos a seguir
II
3 PATOGENESE DAS INFECCOES DO TRATO URINARIO
As infecc6es bacterianas do trato urinario sao na malaria das vezes
adquiridas por via ascendente a partir da uretra podendo atingir a bexiga e 0 trato
urinario superior (ureter pelves renais e rins) A via hematogenica e menos comum
mas pode acontecer a dissemina~ao de bacterias no interior do glomerulo e do
cortex renal em pacientes com septicemia (KONEMAN et al 1997)
As infecroes do trato urinario sao aproximadamente quatorze vezes mais
comuns no sexo feminin~ sendo a colonizar8o da area periuretral e as alterayoes
anat6micas da uretra e regiao circundante durante a relar8o sexual as principals
latores predisponentes (MIMS el a 1995)
As infecroes urinarias em crianras sao mais comuns em meninos nao
circuncidados pela colonizayao da uretra e prepucio com microrganismos fecais
(MIMS et a 1995)
o f1uxo constante de urina e 0 esvaziamento regular da bexiga sao fatores
de prote9ao contra infec90es portanto urn comprometirnento rnecanico au funcional
do flux a urinario e uma condi9ao importante para a instalacao de um pat6geno Os
fatores rnecanicos incluem calculo renal refluxo vesicoureteral obstru9ao do colo da
bexiga estrangulamento da uretra hipertrofia prostatica e cateterismo Entre os
fatores funcionais mais comuns estao a gravidez e as neoplasias pelvicas devido a
pressao externa sabre as ureteres A osmolalidade extrema da urina 0 conteudo
elevado de ureia e 0 baixo pH tambem sao fatores inibit6rios para 0 crescimento de
bacterias as quais podem ser alterados principalmente quando ocorre lesao na
mucosa (KONEMAN et al 1997)
A micro biota das membranas mucosas exerce papel de prote9ao inibindo a
desenvolvimento de pat6genos pela competicao par nutrientes au sitias de ligacao e
12
pela produ9ao de bacteriocin as (KONEMAN et al 1997) Em mulheres em idade
fertil a producao de estr6genos estimula a colonizaryao vaginal com lactobacllos
bacterias usualmente naD patog~nicas que promovem a pH acido inibitorio para a
maiaria das bacterias As mulheres na pos-menopausa ficam suscetiveis a
colonizacIo da area periuretral par uropat6genos devido ao deficit de estrogenia e
conseqOente aumento do pH vaginal (McCUE 1999)
As bacterias gram-negativas possuem como importante fatar de virulencia
estruturas especializadas chamadas fimbrias ou pili e protelnas externas de
membrana que favorecem a adesao as superficies celulares mucosas ou cutaneas
Fatores de adesao tambem sao encontrados em bacterias gram-positivas como as
acidos lipoteicoicos em estreptococos e proteina M em estafilococos (KONEMAN ef
al1997)
Os fatores de virulencia de Escherichia coli e Proteus mirabilis estao bern
estabelecidos e incluem a sintese de aerobactina e enterobactina (proteinas
seqOestradoras de ferro elemento necessario para replica~ao da bacteria) assim
como a expressao da ffmbria e a produ~ao de hemolisina Flmbrias manose-
sensiveis (tipo 1) tern sido encontradas em especies nao patogenicas e fimbrias
manose-resistentes (tipo P) apenas em especies uropatogenicas As ultimas tern
sido associadas a pielonefrite pois tern a capacidade de aderir aos receptores das
celulas uroepiteliais e posteriormente ascender da bexiga para as rins (FRANZ
HORL 1999) A produ~ao de hernolisina esta associ ada a capacidade de causar
lesao renal (MIMS et al 1995)
Antigenos polissacaridicos capsula res acidos (K) estao associ ados ahabilidade de causar pielonefrite e auxiliarn na inibiCao da fagocitose favorecendo a
resistencia de Escherichia coli aos mecanismos de defesa do hospedeiro (MIMS et
13
al 1995) as polissacarfdeos capsulares bloqueiam a opsonizacao da bacteria par
interferirem com a deposi9ao do complemento (TRABULSI ALTERTHUM 2004)
Estafilococos coagulase negativos tern apresentado capacidade de
aderemcia as celulas do epitelio uretral e a protefnas celulares incluindo laminina
fibronectina vitronectina e colageno que podem permitir uma infeqao ascendente e
subseqOente colonizacao da glandula prostatica Ah~m disso produzem substancias
com propriedades antifagociticas antiquimiotaticas e antiproliferativas que afetam as
neutr6filos e linf6citos prejudicando as mecanismos de defesa do hospedeiro
(DOMINGUE HELLSTROM 1998)
A patogemese da prostatite bacteriana nao esta bern definida mas acredita-
se que 0 mecanisme principal seja infecyao uretral ascendente ou refluxo de urina
infectada da bexiga para os ductos prostaticos pela uretra posterior A prostatite
bacteriana pode ocorrer tambem como complicacao apes instrumentayao ou cirurgia
genitourinaria (LIPSKY 2003)
Assim como os microrganismos que possuem propriedades uropatogemicas
infectam 0 trato urinario normal bacterias nao reconhecidamente uropatogeuromicas
podem causar infeccao quando na presenca de anormalidades do trato urinario ou
quando os mecanismos de defesa do hospedeiro estao prejudicados como em
crian9as idosos gravidas diabeticos e imunocomprometidos como os
transplantados renais (FRANZ HORL 1999)
31 SiNDROMES CLiNICAS
o termo infeccao do trato urinario (lTU) inclui uma ampla gama de
s[ndromes clinicas sendo as mais comuns na pratica cHnica a bacteriuria
assintomatica a cistite (incluindo a sind rome uretral aguda) e a pielonefrite
Qualquer uma das sindromes pode ocorrer em urn paciente com anormalidades
14
urol6gicas que predispOem a ITU au dificultam 0 tratamento e nestes cases a
infec~ao e designada complicadaD
bull Sindromes ITU menes comumente
encontradas incluem prostatite abscessos renais e urossepsis (ITU com bacteremia)
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
As infec90es do trato urinario nao complicadas sao comuns e estima-se que
50 das mulheres que possuem 0 trato gemito-urinario normal apresentarao pelo
menes urn episodio de ITU aguda durante a vida As ITU complicadas estao
associadas a anormalidades funcionais au estruturais do trato urinario (bexiga
neurogenica refluxo vesicQureteral rim esponjoso medular nefrocalcinose cistos
renais etc) obstru9aO do trato urinario (hiperplasia benigna da pr6stata urolitiase
tumores estenose da jungao uretero-pelvica) cateterizagao ou instrumentacao
patogenos multirresistentes imunossupressao ou prostatite (HElLBERG 2003)
A diferenciagao entre ITU inferior e superior e importante tendo em vista as
complicagOes do envolvimento renal na infecgao no entanto os procedimentos
diagn6sticos mais acurados sao invasivos e apresentam risco (cateterizagao)
Usualmente a elevagao de parflmetros inflamat6rios como a proteina C reativa
leucocitose e febre indicam ITU superior e rnais recentemente tern sido utilizada
como marcador a excreyao aumentada de N-acetil-beta-glucosaminidase A
resoluyao da bacteriuria ap6s urn dia ou ap6s tratamentos curtos de tnsects dias condiz
com ITU inferior (FRANZ HORL 1999)
Murray (1999) cita como principais bacterias patogeuromicas no trato urinario
Escherichia coli Proteus mirabilis Klebsiella spp Enterobacter spp Pseudomonas
spp Enterococcus spp Staphylococcus saprophyticus Staphylococcus aureus
Ureaplasma spp Mycobacterium tuberculosis e Neisseria gonorrhoeae Sao
encontrados como microrganismos comensais no trato gemito-urinario
15
Corynebacterium spp Lactobacillus spp Staphylococcus spp Streptococcus spp
Neisseria spp nao patogemicas Mycoplasma spp Ureaplasma spp Gardnerella
vaginalis microrganismos entericos Acinetobacter spp Capnocytophaga spp
Enterococcus spp e bacterias anaer6bias
A bacteriuria assintomatica e definida pela presen~a de bacterias em algum
local do trato urinario na ausencia de sintomas Sua significancia clinica e
controversa tendo em vista que certes grupos de pacientes podem sofrer
consequeuromcias graves como por exemplo crian~as com refluxo vesicQureteral nas
quais a infecvao silenciosa pode causar dana renal e tambem gestantes nas quais
a progressao da infecCao pode causar dana ao feto bern como aumentar 0 risco de
pielonetrite na mae (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Cistite e definida como a infec9c3o presumivelmente limitada a bexiga pela
presen9a de sintomas caracteristicos (disuria urgencia OUfrequemcia) e ausencia de
sintomas sugestivos de inflamacZlo em Qutros locais do tratc urinario (CLARRIOGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
A sindrome uretral aguda tambem conhecida por sind rome piuria-disuria au
abacteriuria sintomatica e caracterizada por sintomas de ITU (disuria urgencia e
miccoes freqOentes) acompanhados de leucocituria e cultura de urina negativa au
com baixas contagens de bacterias Atualmente reconhece-se que 0 criteria de
contagem de colonias tradicional utilizado para diferenciar cistite bacteriana de
sindrome uretral aguda e controverso e que muitas mulheres disuricas com baixas
contagens de col6nias necessitam de tratamento para ITU bacteriana aguda
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998 HElLBERG 2003)
A sind rome uretral aguda pode ser causada por bacterias fastidiosas ou nao
usuais como Chlamydia trachomatis Ureaplasma urealylicum Neisseria
16
gonorrhoeae Mycoplasma spp Mycobacterium spp Trichomonas spp au Candida
spp Outras causas incluem abscessos rena is obstrucao ureteral completa e
luberculose renal (HEllBERG 2003)
A inflamacao dos rins e pelves renais (pielonefrite) oeasiona sintomas de
dor ou sensibilidade envolvendo 0 f1anco frequentemente acompanhados par urna
resposta inflamat6ria sistemica incluindo febre calafrios indisposicao dar de
cabera e nauseas as quais naD acorrem em pacientes com cistite Em alguns
pacientes estas manifestaroes sistemicas ocorrem sem sinais au sintomas locais de
envolvimenlo renal condilao denominada de ITU febril (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZlO 1998)
A cistite intersticial e urna inflamacao croniea e freqOentemente severa da
bexiga cuja causa e desconhecida Os sintomas primarios sao freqUelncia urgencia
e dor abdominal ou perineal e as culturas de urina sao raramente positivas Os
pacientes normalmente apresentam pequenas hemorragias (glomerulayoes) ou
ulceras na bexiga ahsectm de diminui9aO da capacidade urinaria e rela90es sexuais
dolorosas Muitos pacientes recebem urn diagn6stico prirnario de sind rome uretral
ale a descoberta do real diagn6slico (OSBORNE 2003)
Muitos pacientes com cistite intersticial tern urna hist6ria de ITU recorrente
Alguns autores teorizarn que a bacteria causa dora pode ser urna especie fastidiosa
ou presente ern pequeno numero e que a sua presen9a pode na~ produzir a cistite
intersticial mas ser responsavel p~r urna resposta inflamat6ria e imunol6gica
(BATRA1999)
A infeC9aO bacteriana da glandula prostatica (prostatite) pode ocorrer como
resultado de infeC9aO uretral ascendente par refluxo de urina infectada para as
ductos prostaticos via uretra posterior ou par via linfogenica ou hernatogenica A
17
prostatite bacteriana aguda promove urn abrupto inrdo de febre e sintomas
genitourinarios e constitucionais enquanto a croniea e urna enfermidade sutl
caracterizada por recidivas lTU recorrente e persistencia da bacteria na secre9ao
prostcitica mesma apas multiplos cursos de antibioticoterapia Urna terceira
sindrome a prostatite croniea idiopatica (inclui-se aqui a prostatite nao bacteriana e
a prostatodlnia) usualmente caracteriza-se par dor perineal persistente e sintomas
urol6gicos podendo ou nao estar associada a urn grande numero de celulas
inflamatorias na secre9ao prostatica e a urna bacteria cultivclvel laboratorialmente
(DOMINGUE HELLSTROM 1998)
A prostatite crOniea em homens com culturas negativas mas com
leucocitose na secrecao prosttltica (mais de 10 leuc6citos por campo em aumento de
1000X) e classificada como prostatite nao bacteriana e a doenca naqueles cujas
culturas sao negativas e que nao apresentam leucocitose na secreCao prostatica e
classificada como prostatodlnia (TANNER et al 1999)
o agente etiol6gico predominante nas prostatites bacterianas agudas e
cronicas e Escherichia coli seguido par especies de Proteus e Providencia e menos
cornu mente Klebsiefla spp Pseudomonas spp Serratia spp e Enterobacter spp
Estudos recentes demons tram que cepas de Escherichia coli causadoras de
prostatite expressam fatores de virulemcia similares as cepas causadoras de
pielonefrite Staphylococcus aureus Staphylococcus saprophyticus e outros
estafilococos coagulase negativos ocasionalmente podem causar prostatite assim
como algumas bacterias fastidiosas como por exemplo corinebacterias Gardnerella
vaginalis e Haemophilus influenza (LIPSKY 2003)
A prostatite cronica idiopatica (nao bacteriana) e uma condicao multi-
sintomatica de causa discutivel Etiologias propostas sao infeccoes par Chlamydia
18
trachomatis Mycoplasma hominis Ureapfasma urealyticum Trichomonas vaginalis
au agentes virais embora muitos estudos naD confirmem lais dados Tecnicas
microbiol6gicas especiais e tecnicas moleculares tern demonstrado em pacientes
com prostatite naD bacteriana colonizaf(80 prostatica com especies bacterianas de
baixa virulencia e tambem bacterias fastidiosas sugerindo etiologia infecciosa
(LIPSKY 2003)
Homens jovens com prostatite aguda podem ter baixas concentracoes de
bacterias na urina as quais nao sao reconhecidas como significantes e
possivelmente naD reportadas au entao podem ser infectados com microrganismos
fastidiosos como Gardnerella vaginais Quando traladas par insuficiente periodo de
tempo ou com um antibiotico inadequado que nao atinge urna concentracao
terapeutica adequada no tecido prostatico tais pacientes podem evoluir para uma
condi9ao de prostatite crOnica (MASKELL 1989)
A ITU e comum apos transplantes renais embora os riscos estejam sendo
diminuidos pelo uso de menores doses de imunossupressores e tambern pelo uso
profilatico de antibioticos Entre os fatores predisponentes pode-se citar infeccao
previa no rim do doador bern como alteracao do uroepitl~lio do receptor causada p~r
cateteres vesica is e stents ureterais Nos primeiros tr~s meses as ITU sao
geralmente assintomaticas e recidivantes ap6s esse perlodo sao menos freqOentes
e ha melhor resposta a antibi6ticos embora sejam comuns as complicacOes
urol6gicas como fistulas e obstrucoes Isquemia do orgao devido a dano arterial
pode promover ITU pela colonizacao bacteriana do tecido lesado usualmente por
bacterias comensais ou fastidiosas A erradicacao das infecc6es pode tomar-se
impossivel ate que 0 rim ou pelos menos 0 segmento prejudicado seja removido
(NABER et ai 2004)
19
Lactobacilos corinebacterias e alguns estreptococos fastidiosos podem ser
patogenos secundarios em ITU originalmente selecionados da microbiata uretral par
tratamento antibi6tico Tal situa~ao pade acorrer em pacientes que tenham recebido
agentes antibacterianos durante long05 periodos au antibioticoterapia aSSDciada a
urn periodo de cateterizayao A falha na deteqao laboratorial destas especies pade
resultar em tratamento antimicrobiano inadequada exacerbando 0 problema OU
ainda levar a investiga90es invasivas desnecessiuias (MASKELL 1989)
20
4 A ROTINA DA UROCULTURA NO LABORATORIO DE ANALISESCLiNICAS
o diagn6stico microbiol6gico de uma infeqao urinaria mesma baseando-se
na determinay80 de microrganismos em urn Hquido biologico normalmente esteril
apresenta dificuldades com relaCao a valoriz8gao dos resultados E sabido que
existem microrganismos naturalmente residentes na uretra regiao genital e perinea
que podem contaminar a urina acidentalmente somando-se a issa a a9ao da
temperatura que estimula a proliferar8o bacteriana Par outro lado as tecnicas de
coleta e cultivo de amastras devem ser direcionadas a pesquisa de microrganismos
pouco habituais as quais podem ser importantes em determinadas situaroes
(GOBERNADO ef al 2002)
A decisao de como uma amostra deve ser cultivada depende do metoda de
coleta e dos sinais e sintornas cllnicos do paciente informa~6es que deveriam ser
transmitidas ao laboratorio pelo medico Entretanto na maioria das vezes 0
laborat6rio recebe informa~6es incompletas ou incorretas que resultam na realiza~ao
de muito ou pouco trabalho com uma determinada amostra (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
A classifica~ao de culturas de urina por tipos permite que 0 manejo das
amostras seja direcionado pela necessidade clinica e que 0 laborat6rio possa
escolher os meios de cultura e a quantidade de inoculo mais apropriada Com base
nos dad os cllnicos do paciente podem-se definir tres tipos de cultura de urina
retina inspeao e invesligaliva (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
As culturas de retina sao apropriadas para pacientes ambulatoriais e com
ITU nao complicadas As culturas de inspe~ao devem ser realizadas em pacientes
geriatricos e individuos que utilizam cateteres vesicais nos quais a caloniza~ao au
infec~ao por multiplos microrganismos e comum Culturas investigativas sao aquelas
21
direcionadas para diagn6sticos especificos microrganismos fastidiosos ou grupos
diferenciados de pacientes Devern ser realizadas nos casas de cultura previa
negativa de falha na terapia antimicrobiana au no case de suspeita de urn
uropat6geno naD usual E tambem apropriada a sua realiza980 quando ha
discrepimcia entre a apresentacao clinica do paciente au a coloracao de Gram e 0
resultado previa da cultura (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Os meios de cultura m~is utilizados para semeadura de urina sao as
seletivQs diferenciais como 0 meio de Teague (agar eosin a azul de metileno) e de
Mac Conkey associados ao agar sangue 0 meio de CLEO (agar cistina lactose
eletr61ito deficiente) e muito utilizado no Brasil e permite 0 crescimento de bacterias
gram-negativas e gram-positivas Tais meios auxiliam na identifica980 presuntiva da
bacteria atraves da colora98o colonial indicando a capacidade de fermenta980 da
lactose (ALBINI 2004)
Segundo Clarridge Johnson e Pezzlo (1998) culturas urinarias de rotina
devem ser realizadas semeando as amostras em agar sangue de carneiro 5 e em
agar Mac Conkey eu um meio seletive similar e incubando as placas por 18 a 24
horas a 35 - 37deg C em ar ambiente Ainda assim e meio de CLEO e preferido nos
laboratories brasileiros pela sua versatilidade Para microrganismos fastidiosos 0
agar chocolate deve ser utilizado em conjunto com agar CNA (Columbia-colistin a-
acido nalidixico) eagar MacConkey devendo-se utilizar a al93 calibrada de 001ml
alem da al9a 0001 ml As placas de CNA e agar chocolate devem ser incubadas em
5 CO2 por 48 horas
Para popula96es especificas com ITU cronicas ou anormalidades
anatomicas pode ser apropriada a cultura visando microrganismos anaerobios au de
cresci menta lento (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
22
Para popula90es nas quais as culturas polimicrobianas sao comuns 0 agar
CNA pade ser utilizado para demonstrar a presenca de enterococos Qutros cocos
gram-positives au leveduras presentes nas culturas mistas 0 agar CNA permite urn
born cresci menta de estreptococos corinebacterias e Gardnerela vaginalis e deve
ser incubado por 48 horas a 35 C (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Amostras obtidas par puncao suprapubica au de pacientes com suspeita de
sindrome uretral aguda devem ser semeadas com al98 calibrada de 001 ml a1em
da ala de 0001 ml em agar sangue (OPLUSTIL et al 2004) Contagens baixas ou
mesma multiplos tipos de microrganismos devem ser valorizados em tais cases
(KONEMAN 1997)
Corynebacterium ureafyticum e Qutras corinebacterias desenvolvem-se bem
em agar sangue de carneiro 5 au agar CNA mas sao mais bern visualizadas ap6s
incubaao de 48 horas (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
As calOnias de Gardnerella vaginalis sao fracamente visiveis em agar
sangue ap6s 24 haras de incuba~ao e recomenda-se a usa de agar CNA au HBT
(agar sangue tween bicamada) e incuba~aa par 48 haras em tensaa de C02
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
as tactabacilos podem ser isolados em meias de isotamento prima rio
utilizadas para urina como a meio de CLEO no entanto devem ser incubadas par 48
horas em atmosfera de CO (MASKELL 1989)
a resultada da cultura deve ser sempre carrelacianada com a leitura do
Gram Caso nao haja crescimento ap6s 18 a 24 horas de incuba~ao e na
microscapia tenha sido observada a presen~a de microrganismas au numero
eleva do de leuc6citas deve-se incubar as ptacas par mais 24 haras (OPLUSTIL et
al2004)
23
A piuMa esteril e urn achado importante que po de refletir usa de
antibioticoterapia outras doencas como neoplasias au calculos urinarios au
infeccoes com microrganismos que naD sao detectados par rnetodos rotineiros de
cultura (MIMS et aI 1995)
o conceito de bacteriuria significativa para 0 diagn6stico das ITU e
tradicionalmente baseado no criteria quantitativa estabelecido par Kass na decada
de 1950 permitindo a distincao entre colonizarao e infecrao A utilidade e a
consistemcia do criteria de contagem de colOnias superior OU igual a 105 par mililitro
tern sido validadas repetidamente par varios pesquisadores demonstrando que tal
criterio nilo pode ser aplicado a todos os pacientes (FRANZ HORL 1999)
A baixa especificidade da cultura quantitativa de jato medio se deve apossivel adilao de bacterias comensais a urina durante a coleta A baixa
sensibilidade dos resultados inferiores a 105 UFCml pode ser devida a excregao
intermitente de bacterias que pode ocorrer em determinados sitlos do trato urinario
bem como ao uso de meios de cultura que nao proporcionam 0 cresci menta de
todas as especies capazes de infectar 0 trato urinario (FAIRLEY BIRCH 1989)
Altas contagens de bacterias aer6bias sao encontradas em amostras de
urina de jato medio quando os microrganismos sao providos de 6timo substrato e de
ten sao de O2 relativamente alta Em algumas sltuagoes como infecgoes cronicas
prostatite infecgao das glandulas parauretrais em mulheres litiase infecciosa e
cicatrizes renais per pielonefrite croniea os mierorganismos podem nao se
multiplicar tao rapidamente e pertanto nao apresentarem contagens tao altas quanta
nas cistites agudas Os sitlos de infecgao abaixe da bexiga nao fornecem as
mesmas condigoes favoraveis de incubagao ahsectgtmdisso a velocidade do fluxo
24
urinario e a freqO~ncia de miccaosao fatores que influem nas contagens bacterianas
(MASKELL 1989)
Torna-se claro que considerar baixas contagens de pat6genos aero bios em
culturas puras como contaminaCao e incorreto e pode levar a erros de diagn6stico
pois infeccoes de grande signific~ncia cHniea pod em nao estar sendo detectadas t
igualmente importante nao considerar automaticamente urna alta contagem de
col6nias como infecy8o sem considerar as condicoes do paciente e da coleta 0 usa
de antibi6ticos em resposta a urna alta contagem bacteriana pode selecionar cepas
resistentes tornando mais dificil 0 tratamento de infecgoes posteriores verdadeiras
(MASKELL 1989)
Alguns procedimentos utilizados para 0 diagnostico das ITU sao
considerados inaceitaveis atualmente e nao devem ser realizados como cultura de
cateter de Foley cultura de urina em meios Hquidos cultura de sedimento urinario
pesquisa de anaer6bios como procedimento de rotina e em urina de jato media au
obtida par cateteriza9ao bem como cultura de urinas que tenham permanecido mais
de duas heras sem refrigeragao au canservagao (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO1998)
41 COLETA E TRANS PORTE DE AMOSTRAS
A coleta e a trans porte inadequado da amostra podem levar a um resultado
de diffcil interpreta9aO Portanto a medida mais importante para realizar uma cultura
de urina e estabelecer rfgidos criterios de coleta e propiciar treinamento constante
para as profissionais envolvidos na realiza9aO da coleta (OPLUSTIL et al 2004)
Koneman et al (1997) recomendam que a paciente receba as instru90es de
coleta impressas ap6s receb~-Ias verbalmente Caso 0 paciente demonstre
inseguran9a au nao compreenda urn profissional treinado deve explicar novamente
25
passo a passo ou se passivel acompanhar pessoalmente a coleta (coleta
supervision ada)
Amostras de urina de jato media sao as amostras mais comumente
submetidas a cultura De preferencia deve ser colhida a primeira urina da manha
podendo ser aceitas urinas com pelo menos 2 heras de reten~ao Ap6s higiene da
regiao genital despreza-se 0 primeiro jato - 0 que auxilia a eliminacao dos
contaminantes da uretra inferior - e colhe-se 0 jato media em fraseD esteril
apropriado desprezando-se 0 final da mic9ilo (OPLUSTIL eJ al 2004) A higiene
genital deve ser realizada com agua e sabao naD anti-septico devendo ser as [abias
vaginais afastados e 0 prepucio retraido antes da miccao (GOBERNADO et 81
2002)
Alguns autores afirmam que mesma quando a coleta e meticutosamente
reatizada com a assist~ncia de um pro fissional treinado a urina apresenta-se
frequentemente contaminada (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Amostras urinarias de criancas obtidas com saco coletor devem ser colhidas
apos higiene da regiao genital e colocacao do saco coletor de forma asseptica
Troca-se 0 coletor a cada 45 minutos ou 1 h~ra repetindo-se a higiene e evitando-se
contaminacao fecal 0 coletor deve chegar fechado ao laborat6rio Tas amostras
freqOentemente sao contaminadas com microrganismos fecais promovendo
resultados falso-positivos portanto 0 maior significado clinico de amostras obtidas
com saco coletor e 0 resultado negativo (OPLUSTIL et a 2004) Culturas positivas
devem ser confirmadas por metodos de cateterizacao direta ou aspiracao
suprapubica (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Em pacientes com sanda vesical permanente pinca-se a canula do coletor
realiza-se desinfeccao da canula com alcool 70 e punciona-se com seringa e
26
agulha estereis colocando-se a amostra em frasee esteri Nunea se deve obter a
amostra do saco coletor de pacientes sand ados porque a multiplica9ao bacteriana
fornecera urn numero muito maior que aquele real mente presente no paciente
(OPLUSTIL et al 2004) Tambem nao se reeomenda deseoneetar 0 eateter do tubo
coletor sob risco de introduyao de microrganismos no sistema Sempre que passivel
tal coleta deve ser realizada ap6s troea do cateter pois urna microbiota que naD
corresponde a do paciente pade residir em cateteres antigos (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
A punyao suprapubica e considerada a metoda padrao auro para coleta de
urina par representar a verdadeira bacteriuria vesical (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998) Calhe-se com seringa e agulha diretamente par pun9ao vesical Tal
procedimento evita problemas de contamina9ao uretral e e recomendado para
crian9as ate dois anos detec9ao de anaer6bios enos casos de repeti9ao de ex ames
com interpretaoes duvidosas (OPLUSTIL et al 2004) Pode tambem estar indieada
para homens de qualquer idade com fimose e em mulheres com bacteriurias de
repeti~o de proeedeneia duvidosa (GOBERNADO et al 2002)
A cateteriza9ao com finalidade unica de obten9ao de amostras somente
deve ser realizada em pacientes nos quais nao seja possivel a elimina9aO
espontanea de urina como doentes neurologicos au com problemas urol6gicos
obstrutivos Caso seja necessaria devern-se utilizar tecnicas rigorosas de assepsia
por causa do alto risco de introdu9ao de rnicrorganismos (KONEMAN et a 1997
GOBERNADO et a 2002)
Para a pesquisa de Mycobacterium tuberculosis tres amostras de urina da
manha devem ser coletadas em dias consecutivos as tecnicas de cultivo para
27
micobacterias naD permitem a cresci menta de outros agentes e portanto a coleta
nac necessita de assepsia rigorosa (MIMS et al 1995)
Caso naD seja passivel a processamento da amostra de urina em ate 2
haras apas a coleta a amostra deve ser refrigerada (2 a 80 C) e processada em ate
24 haras tempo maximo para manuten~ao da contagem bacteriana estavel 0 usc
do preservativo acido b6rico permite que a amostra permane98 a temperatura
ambiente (20 a 25 C) ate 24 horas antes de ser process ada (OPLUSTIL ef aI 2004
CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Sistemas de trans porte usanda acido b6rico podem ser metodos alternativQs
para coletas realizadas em casa au em locais distantes do laborat6ria e mostram-se
tao efetivos quanta a refrigeragao (KONEMAM ef ai 1997)
Oepois de coletada a amostra de urina deve ser encaminhada ao laboratorio
a mais rapido possivel e com todas as informayoes necessarias para degprocessamento Devem ser relatados 0 horario e 0 metodo da coleta 0 tempo de
reteny80 da urina 0 tipo de paciente (por exemplo urologico ou geriatrico) a idade
o sexo se 0 paciente tem recebido quantidades aumentadas de Ifquido
apresentay80 clinica (existencia de sintomas) resultados de urinalise (presen9a de
celulas inflamat6rias) e resultados antecedentes de cultura (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
De maneira ideal as amostras devem ser coletadas antes do inicio da
terapia antimicrobiana Caso 0 paciente ja esteja recebendo ou tenha recebido
antibioticoterapia nas 48 horas antecedentes a realizay80 do exame esta
informay80 deve ser explicitada no formulario de requisiy80 do exame (MIMS et al
1995)
28
Recoletas devem ser solicitadas quando amostras nae refrigeradas forem
recebidas 2 horas ou mais ap6s a coleta au quando nac fcrem comunicados 0
horario e a forma de coleta No entanto nenhuma amostra deve ser desprezada
antes do cantata com 0 medico solicitante po is ela pade em alguns casas ser
insubstituivel (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Menos de 5 das urinas coretadas e transportadas adequadamente
apresentam multiplos microrganismos Exce~6es sao amostras de pacientes com
bexiga neurogemica au usa cranico de cateteres nos quais a bacteriuria
polimicrobiana pade ser detectada em 30 a 80 das culturas freqOentemente sem
infecao (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Segundo Koneman et al (1997) a acuracia do procedimento de coleta de
urina pode ser monitorada pela frequencia de exames com contagens entre 104 a 105
UFCml que nao deve exceder 5 a 10 se os procedimentos forem realizados
apropriadamente
42 A IMPORTANCIA DA COLORAltAo DE GRAM
Durante as ultimas decadas testes rapidos de triagem para bacteriuria foram
desenvolvidos com 0 propos ito de fornecer resultados mais rapid os e de eliminar a
necessidade de cultivar amostras negativas Entretanto sua utilizacao e limitada
principalmente pela incapacidade de detectar baixos niveis de bacteriuria e piuria
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
A coloracao de Gram da urina nao centrifugada e um dos metodos mais
rapidos seguros e baratos para estimar bacteriuria superior a 105 UFCml e
presenca de mais de 8 a 10 leucocitoslJl Homogeneiza-se muito bem a urina
coloca-se uma gota sobre lamina sem espalhar e deixa-se secar ao ar A lamina
deve ser fixada par calor au metanol (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998) A
29
presenca de uma ou mais celulas bacterianas per campo em aumento de 1000
vezes tern sensibilidade de 94 e especificidade de 90 em refletir uma contagem
de colOnias superior a 10 UFCml (KONEMAN ef al 1997)
Embora seja urn metoda barato de triagem a coloraC8o de Gram naD e
utilizada par muitos laborat6rios pelo consumo de tempo e baixa sensibilidade em
contagens inferiores a 105 UFCml Sugere-se a sua utilizacao como teste de triagem
apenas em pacientes com contagens de col6nias provavelmente altas
principalmente as assintomaticos e com suspeita de pielonefrite Alguns autores
relatam melhora da sensibilidade a nlveis acima de 104 UFCml com 0 usa de
citocentrifuga (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
A coloraCao de Gram do sedimento urinario em bora ainda utilizada por
muitos laboratorios e impropria pela baixa reprodutibilidade e dificuldade de
padronizacao e correlacao com os metodos de velocidade de excrecao de leucocitos
au contagem em camara (ALBINI 1994)
As informac6es fornecidas pela cOloracao de Gram sobre a morfologia do
microrganismo e caracteristicas na coloracao sao extremamente importantes para a
selecao inicial da terapia antimicrobiana enquanto se aguarda 0 informe definitivo
do resultado da cultura e do antibiograma (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO
1998)
~ imprescindivel a realizacao da coloracao de Gram para deteccao de
bacterias fastidiosas ou nao usuais Devido a dificuldade de desenvolvimento nos
meios utilizados para a deteccao de enterobacterias em alguns casos somente a
visualizacao microscopica indicarcfi a sua presenca (FRANZ HORL 1999)
A observacao microscopica da urina permite verificar a qualidade da amostra
especialmente em mulheres nas quais a contaminacao vaginal e frequente
30
produzindo resultados falso-positivos A presen~a de muitas celulas epiteliais e de
mais de urn tipo de microrganismo no Gram sugere contamina9aO da amostra em
decorrencia da coleta (OPLUSTIL et ai 2004)
Dutro aspecto importante da coloracao de Gram e a sua utilidade no
monitoramento das culturas podendo-se pelo seu resultado detectar erras tecnicos
e ate mesmo troca de amostras (ALBINI 2004)
31
5 BACTERIAS FASTIDIOSAS E INFECcAO DO TRATO URINARIO
Em 1989 Maskell citou a ocorrencia de bacterias fastidiosas como algumas
especies de estreptococos Gardnerela vaginalis Haemophilus influenzae
Corynebacterium spp e lactobacilos em infecgoes da bexiga e trato urinario superior
isoladas de amostras de urina obtidas par cateteriz8gao aspiragao supra-pubica e
tarn bam de amostras de tecido obtidas per bi6psia vesical Relatou tambem a
preseng8 de tais bacterias na urina de gestantes assintomaticas com mais
freqOencia do que em nao-gestantes e que as gestantes apresentando bacteriuria
posteriormente desenvolviam sintomas com mais freqoencia do que as que nao
apresentavam bacterias na urina
Fairley e Birch (1989) realizaram um importante estudo demonstrando que
pacientes com sintomas de infec~ao do trato urinario apresentando resultados
negativos em culturas de rotina podem abrigar bacterias fastidiosas ou baixas
contagens de uropat6genos convencionais na bexiga Os pacientes incluidos no
estudo foram os que apresentaram resultados inconclusivos em culturas previas de
jato medio como desenvolvimento inferior a 105 UFCml de um pat6geno
convencional ou a desenvolvimento superior a 102 UFCml de uma bacteria
fastidiosa Foram avaiiadas urinas obtidas por aspirayao suprapubica de 1817
mulheres e 300 homens cultivadas para uropat6genos convencionais e bacterias
fastidiosas utilizando in6culo que proporcionou resultados entre 101 e 107 UFCml A
freqOencia de isolamentos esta representada na tabela 1
32
TABELA 1 - FREQUENCIA DE BACTERIURIA EM 2117 PACIENTES(AMOSTRAS OBTIDAS POR PUNCAO SUPRAPUBICA) -1989
Uropat6-Culturas positivas $omente $omente especies genos
(n = 597) uropat6genos fastidiosas conven-convencionais (n = 366) cionais
n = 170 eespeci-
Pacientes Unica Multiplas Unica Multiplas Unica Multiplas esespecie especies especie especies especie especies faslidio-
sasMulheres (n = 1817) 370 191 148 5 222 125 61Homens (n = 300) 36 0 17 0 19 0 0
FONTE The Royal Melbourne Hospital
Vinte e aito especies microbianas foram isoladas no trabalho em questao
sendo Ureaplasma urealylicum Gardnerella vaginalis Escherichia coli Mycoplasma
hominis e Staphylococcus epidermidis as especies mais isoladas Quinhentas e
oitenta e uma (70) das 830 cepas isoladas pertenciam a especies fastidiosas -
Ureaplasma urealyticum Gardnerella vaginalis e Mycoplasma hominis - que nao sao
recuperadas em meies de cultura canvencianais Gardnerella vaginais fai mais
freqUente em mulheres enquanto Ureaplasma urealyticum nao apresentou diferen9a
estatisticamente significativa entre os sexas Treze esptkies fcram isoladas em
apenas uma ou duas ocasioes entre elas Streptococcus equi Streptococcus
equisimifis Streptococcus sanguis Morganella morgan Klebsiella oxytoca
Peptococcus anaerobius Proteus vulgaris Enterobacter aerogenes Salmonella
enteritidis Pseudomonas aeruginosa Haemophilus influenzae Haemophilus
parainfluenzae e Haemophilus parahaemofyticus Anaer6bios estritos foram isolados
de apenas sete dos 597 pacientes (FAIRLEY BIRCH 1989)
Culturas polimicrobianas foram obtidas em urn teno das pacientes do sexo
feminino e nao foram verificadas no sexe masculino A freqOencia de uropat6genos
cenvencienais e fastidiesos encontra-se na tabela 2
33
TABELA 2 - FREQU~NCIA DE UROPATOGENOS CONVENCIONAISE BACTERIAS FASTIDIOSAS EM 191 PACIENTES DO SEXOFEMININO COM BACTERIURIA POLMICROBIANA - 1989
Numero de Somente Samente especies Especiesespecies (numera uropat6genos fastidiosas convencionais e
de pacientes) convencionais fastidiosasOois (153) 9 99 45Tres (34) 0 17 17Quatro (4) 0 1 3
FONTE The Royal Melboume Hospital
Ureaplasmas au Gardnerella vaginalis fcram recuperados em 179 das 191
mulheres com infecgao polimicrobiana estando presentes concomitantemente em
100 das 191 amostras sugerindo urna passivel relacc3osimbi6tica Uropat6genos
convencionais fcram isolados em pouco mais de 33 das mulheres na maiaria dos
casas acompanhados por bacterias fastidiosas indicando que infeccoes
polimicrobianas usualmente envolvem bacterias fastidiosas (FAIRLEY BIRCH
1989)
A contagem de col6nias excedeu 105 UFCml apenas na minoria dos
pacientes portanto a bacteriuria nao seria detectada em muitos individuos caso 0
valor de ponto de corte tradicional tivesse sido utilizado Os resultados tambem
mostraram que baixas contagens bacterianas podem acontecer com qualquer uma
das especies bacterianas isoladas embora tenham sido mais freqoentes para
Ureaplasma urealytieum e Mycoplasma hominis Cento e setenta e quatro (21)
isolados apresentaram contagens inferiores a 103 UFCml sendo 138 (84)
pertencentes a especies fastidiosas (FAIRLEY BIRCH 1989)
Franz e HOrl (1999) citaram a ocorrencia de HaemophiJus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae pneumococos Campyobaeter Legionella
pneumophila Salmonella spp Shigella spp Corynebacterium grupo 02
34
Mycobacterium tuberculosis micobacterias atipicas e fungos como causadores
ocasionais de ITU
Domann et al (2003) realizaram estudo em amostras do trato urinario de
transplantados renais utilizando tecnicas moleculares baseadas em 168 rRNA peR
e cromatografla liquida de alta performance (DHPLC) Foi avaliada a aplicaaD do
metoda em 109 amostras e observou-se 100 de correlacao para amostras cultura-
positivas Para as amostras cultura-negativas a DHPLC permitiu a deteccao de
uropat6genos previa mente conhecidos como Corynebacterium urealyticum e
Gardnerella vaginalis mas tambem agentes nao usuais como AnaerocDCCUs
laclolyticus Bacteroides vufgatus Diaisler invisus Fusobacterium nuceaturn
Lactobacillus iners Leptotrichia amnionii Prevotella buccalis Prevotella ruminicola
Rahnella aquatilis e Streptococcus intermedius detectados como unicos pat6genos
ou como agentes de infecyoes polimicrobianas Uma vez que as ITU sao
freqGentemente associadas com inicio precoce de rejeiyBo cronica em
transplantados renais e conveniente a pesquisa de agentes patogenicos
oportunistas e nao usuais para 0 correto direcionamento do tratamento
antimicrobiano
Quatro casos de ITU com bacteremia por Methylobacterium spp em
pacientes do sexo feminino imunocompetentes foram reportados por Lee Tang e Uu
(2004) Todas as pacientes tiveram hemoculturas positivas para Methylobacterlum
spp e suas culturas de urina foram negativas ou positivas para Escherichia coli com
crescimento concomitante de outro bacHo gram-negativ~ em baixa contagem que foi
ignorado Foram realizados experimentos especiais com os isolados indicando que
de acordo com os procedimentos padrao para culturas de urina com 24 horas de
incubayao a 35degC as colonias de Methylobacterium spp nao sao visualizadas e 0
35
pequeno numero de col6nias observado ap6s incuba~ao adicional de 24 heras a
temperatura ambiente apenas sugere ser a especie urn contaminante
Particularmente quando especies de Methyfobacterium estao presentes
concomitantemente com Escherichia coli ocorre supressao do cresci menta de
Methylobacterium spp tornando impassivel a sua deteccao 0 estudo conclui que a
falta de relatos de casas de ITU por Methylobacterium spp deve-se a impossibilidade
de detec~ao da especie por metodos padrao de cultura de urina au ainda porque a
baixa virulelncia da bacteria pode produzir ITU autolimitadas au talvez muitas vezes
curadas com as antibi6tico5 normalmente utilizados As especies estudadas fcram
variavelmente resistentes as cefalosporinas acido nalidixico nitrofurantoina e
sulfametoxazol-trimetoprim e 100 suscetiveis a ciprofloxacin imipenem e
aminoglicosideos
51 Corynebacterium spp
Corynebaclerium urealylicum pode ser uma importante embora rara causa
de ITU variando a freqOencia de isolamentos significativos de zero a 35 em
popularoes nao selecionadas A bacteriuria por Corynebacterium urealyticum ocorre
em pacientes hospitalizados per longos perledes severamente
imunocomprometidos urologicamente manipulados ou idosos Tal microrganismo
tam bern tern sido associado com pielonefrite e pode desaparecer espontaneamente
da urina mesmo sem antibioticoterapia (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Corynebacterium glucuroneyticum tambem chamado Corynebacterium
seminae tern side iselade de semen e trate g~nite-urinarie masculine e pede causar
prostatite ou uretrite Corynebacterium pseudogenitalium (CDC grupo F1) tambem
tern sido reconhecido como pat6gene do trato urinario (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
36
Foi relatado por Soriano e Ponte (1992) um caso de cistite de incrusta~ao
causado por urn corineforme identificado como CDC grupo F1 0 paciente havia
sofrido ITU previas persistentes causadas por Corynebacterium ureayticum (CDC
grupo 02) A cura bacteriol6gica foi alcan=ada apes urn mes de tratamento com
amoxicilina e acido acetohidroxamico
Meria at al (1998) realizaram levantamento bibliografico entre as anos de
1985 a 1997 sabre casas de cistite e pielite de incrustacao Foi constatado a
aumento progressive no numero de cases especialmente em pacientes
imunodeprimidos e particularmente em transplantados renais Tais inflamacoes
cr6nicas estao associadas com incrustac6es da mucosa causadas por bacterias
produtoras de urease tendo sido as mais freqOentes especies de Corynebacterium
grupo 02 A presenCa de urina alcalina contendo abundantes debris mucopurulentos
calcificados e alta mente sugestiva e pode auxiliar no diagnostico clinico A
demonstracao da bacteria envolvida requer culturas prolongadas em meios de
cultura enriquecidos 0 diagnostico precoce pode evitar falhas de tratamento e uma
possivel rejeicao do orgao transplantado
Em estudo realizado par Riegel et al (1995) corineformes em quantidades
significativas (104a 105 UFCml) foram isolados em amostras de semen uretra urina
e sangue de homens inferteis com diagn6stico de prostatite As analises genomicas
realizadas demonstraram ser as cepas pertencentes a uma mesma especie dentro
do genero Corynebacterium As 12 amostras mostraram padroes bioquimicos
simi lares entre elas born crescimento em agar sangue de carneiro em contraste com
crescimento pobre no mesmo meio suplementado com Tween 80 1 teste de
CAMP positivo fermentacao de glicose sacarose e presenCa de beta-glucuronidase
Tais caracteristicas permitiram a distincao destas cepas dos outros membros do
37
genera e 0 nome proposto foi Corynebacterium seminae Embera organismos
difter6ides pass am fazer parte da microbiota uretral a presenCa de contagens
significativas destas especies no semen sugere urna implica~ao infecciosa
particularmente na prostatite
Estudo molecular filogenetico baseado em 16S rRNA peR realizado em
pacientes com prostatite croniea demonstrou sinais bacterian05 em 65 dos
pacientes estudados Foi constatada a ocorreuromcia de um amplo espectro de
especies bacterianas no fluido prostatico dos pacientes incluindo Corynebacterium
Staphylococcus PepiosfreptococGUS Streptococcus e Escherichia Especies do
genera Corynebacterium foram encontradas em maior proponao incluindo especies
ainda nae descritas e n~o presentes nas amostras de controle sugerindo que
possam ter um papel na doen~a au que sejam conseqOemcia da mesma 0 estudo
mostreu ainda que os microrganismos associ ados com prestatite geralmente
ocorrem em comunidades microbianas distintas daquelas encontradas em liquidos
prostaticos normais (TANNER ot al 1999)
Segundo Domingue e Hellstrom (1998) a observaltio microsc6pica
cuidadosa de amostras de secre~~o prostatica bern como a inocula~~o em meios
enriquecidos sao essenciais para a isolamento de corineformes Foi realizado estudo
em uma amostra de secre~ao prostatica na qual a colora~ao de Gram apresentou
cocobacilos gram Itlbeis pleom6rficos que nao se desenvolveram em meios de rotina
incubados por 72 horas a 35degC Houve desenvolvimento em meio de cultura
enriquecido com extrato de leveduras e sora de cavalo e incubado no minimo 72
horas em atmosfera de 5 de CO2 a 35degC A secregao inoculada em caldo triptose
demonstrou a presen~a de bacilos gram-varitlveis (microscopicamente) e quando
repicada produziu bacilos de crescimento lento em meios de retina e enriquecidos
38
(incubados aerobicamente anaerobicamente ou sob tensao de CO2 par 72 haras)
Corineformes ocultos pod em ser agentes etiol6gicos da prostatite idiopatica croniea
que sao frequentemente perdidos au nao percebidos em procedimentos
bacteriol6gicos de rotina
52 Gardnerella vaginais
o significado de Gardnerela vaginais em urina e controverso pois a
principal associacao patogElnica desta bacteria e com a vaginose na mulher Embora
baixas contagens na urina parecam refletir a micro biota da uretra masculina ou
feminina contagens aeima de 10000 UFCml ja fcram associadas com bacteriuria
sintomatica ITU recorrente cistite na mulher uretrite e prostatite no homem
Entretanto me sma quando ern altas contagens freqOentemente nao ha resposta
leucocitaria Gardnerela vaginalis e encantrada mais freqOentemente em mulheres e
pacientes com doena renal e ap6s instrumentaao (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
Estuda realizado par Agarwal e Dixon (2001) investigau a passivel papel de
Gardnerella vaginalis na cistite intersticial usando metodos maleculares para
garantir a recuperaCao do microrganismo mesmo em baixas contagens Nenhuma
das trinta e tres amastras de bi6psias de bexiga de pacientes com cistite intersticial
foram positivas para Gardnerella vaginais a que embora nao exclua seu
envalvimenta na cistite intersticial diminui esta probabilidade
Ginestre Perez et al (2001) realizaram estudo de mil trezentas e setenta
amostras de jato media de urina de pacientes com sintomas de ITU Gardnerella
vaginalis cujo papel patagenica no trato urinario e discutivel ocupou a segundo
lugar em freqOencia etiologica (1763) ficando atras somente de Escherichia coli
(5210) e superando microrganismos cansiderados uropat6genas classicos como
39
Proteus mirabifis (763) Klebsiella pneumoniae (684) e Pseudomonas
aeruginosa (368) Embera a presen~a de Gardnerella vaginais em amostras de
jato media urinario possa indicar contaminayao vaginal todos as cultivos positivos
para esta bacteria apresentavam contagens superiores a 100000 UFCml e
provinham de pacientes sintomaticos representando urna alta probabilidade de
infec~ao urinaria verdadeira
53 Mycoplasma hominis E Ureaplasma urealyticum
Especies patogenicas como Mycoplasma hominis e Ureaplasma urealyticum
ocorrem freqOentemente como colonizantes do trato urogenital inferior de homens e
mulheres saudaveis A ocorrencia de infec~ao esta provavelmente relacionada a
imunossupressao obstru~ao ou procedimentos previos de instrumental)ao no trato
urinario Ureaplasma urealyticum tern sido encontrado em calculos urinarios de
pacientes com liHase infecciosa sugerindo uma possivel associal)ao causal
Mycoplasma hominis tern sido isolado do trato urinario superior em pacientes com
sintomas de pielonefrite aguda FreqOentemente ha resposta imunol6gica especifica
(MURRAY 1999)
Foi pesquisada a presen9a de Ureaplasma urealyticum e Mycoplasma
hominis em amostras de jato medio de 314 mulheres e 52 homens sintomaticos do
trata urinltilria Ureaplasma urealyticum fai isalada em 54 (171) das mulheres e 8
(154) dos hom ens e Mycoplasma hominis foi isolado em 12 (38) das mulheres
e 4 (77) dos homens Ureaplasma urealyOcum foi superado apenas par
Escherichia coli e Gardnerella vaginalis em ambos grupas 366 e 254
respectivamente no sexo feminina e 585 e 308 no masculino Demonstrou-se
partanto que a bacteriuria par ureaplasmas e relativamente co mum porem nao e
40
detectada por metodos convencionais de cultura de urina (AVILES ZARAGOZA
1998)
A significancia de micoplasmas em amostras de jato medic urinario e de
dificil determinacao devido a provavel contaminacao da amostra par
microrganismos colonizantes da vagina e uretra distal Entretanto estudos
realizados em amostras de aspirado suprapubico em gestantes demons tram que 0
desenvolvimento de pre-eclampsia e tres vezes mais prov3vel em mulheres
apresentando culturas positivas para ureaplasmas no inicio da gestacao do que em
mulheres com culturas negativas no mesmo periodo (KONEMAN ef a 1997)
54 Haemophilus spp
Existem varios estudos relacionando Haemophifus influenzae e Haemophilus
parainfluenzae a ITU embora sua freqOencia e significancia nae tenham sido
confirmadas Alguns pesquisadores sugerem a inclusao de agar chocolate em
culturas de urina de crian~as por causa da associa~ao de Haemophilus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae com outras infec~6es nesta faixa etaria (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
Maskell (1989) citou a ocorrencia de certas bacterias fastidiosas em sftios do
trato urinflrio abaixe da bexiga como par exemple em cases de prostatite por
Haemophilus influenzae
55 Lactobacillus spp
Em estudo realizado em pacientes do sexe feminine com sind rome uretral
aguda demonstrou-se uma alta freqOencia de isolamentos de lactobacilos Durante
dois anos amastras de jato medic de tais pacientes foram cultivadas observando-se
a principio alta concentracao de lactobacilos principalmente nas pacientes
sintomaticas Ao final do estudo durante 0 qual foi impedido 0 usa de antibi6ticos os
41
lactobacilos desapareceram da urina de muitas mulheres as quais tornaram-se
assintomaticas Os autores concluiram que as sintomas da sindrome uretra podem
ser devidos a multiplica~ao desproporcional de lactobacilos na uretra distal como
resultado de antibioticoterapia frequentemente administrada em cursos prolongados
para resolurao dos sintomas urinarios Lactobacilos tambem tern sido relatados em
amostras de urina obtidas diretamente da bexiga e de amostras de tecido obtidas
par bi6psia vesical bern como ocasionalmente isolados em urinas de mulheres
idosas com sintomas urinarios (MASKELL 1989)
56 COCOS GRAM-POSITIVOS
Microrganismos dos generos Lactococcus Gemella Aerococcus e
Globicatella embora possam estar presentes como contaminantes em culturas de
material clinico tern sido isolados como patogenos oportunistas ern urina e outras
amostras de pacientes imunocomprometidos Esforyos para identifica-Ios devem ser
realizados quando os isolados forem clinicamente significantes isto e isolados
repetidamente ou em cultura pura Devido a semelhanya com outros cocos gram-
positivos isolados com mais freq04sectncia como estreptococos enterococos e
estafilococos possivelmente sao confundidos com especies destes generos
(MURRAY 1999)
Golapachar et al (2004) relata ram um caso de infec9ao do trato urinario com
bacteremia causa do por Aerococcus viridans em um homem de 87 anos residente
em uma cUnica de repouso A cultura de urina apresentau crescimenta de 105
UFCml de Aerococcus viridans e a hemocultura fai positiva para a mesmo
microrganismo Os testes bioqulmicos que leva ram a identificayao do
microrganismo faram reayoes negativas de catalase e LAP (Ieucina aminopeptidase)
e reaDes positivas para PYR (L-pyrrolidonyl-beta-naphtylamina) fermentaao de
42
trehalose e manese resistencia a optoquina crescimento em agar bile esculina 40
e cresci menta em cloreto de s6die 65 As especies de Aerococcus sao anaer6bias
facultativas a maioria catalase negativa com tendemcia a formaCao de tetrades na
morfologia microsc6pica PYR positivo e LAP negativ~ a que as diferencia de
enterococos e estreptococos
A escassa documentacao a respeito de infecyoes humanas por Aerocccus
sp deve-se provavelmente a sua similaridade microbiol6gica aos estreptococos alfa-
hemoliticos e enterococos e possiveis erras na interpretacao laboratorial de
amostras clinicas No casa acima descrito a laborat6rio de microbiologia nao pade
reaHzar a antibiograma devido a natureza fastidiosa da bacteria mas houve sucesso
terapeutico ap6s administray8o intravenosa de levofloxacin (GOLAPACHAR et al
2004)
Um caso de pielonefrite e urossepsis por Streptococcus pneumoniae foi
relatado em urn hornem de 82 anos com hist6ria clinica de leucemia linf6ide cronica
e diabetes mellitus Exames radiograficos abdominais e tomografia computadorizada
mostraram uma imagem indicativa de extensa pielonefrite no rim esquerdo sem
nenhum outro foco de infecc8o 0 abscesso renal foi tratado por drenagem
transuretral e 0 material purulento obtido foi cultivado assim como materiais de
orofaringe escarro e sangue Esearro e orofaringe revelaram apenas mierobiota
normal do trato respirat6rio enquanto 0 material drenado e as hemoculturas
demonstraram microseopicamente cocos gram-positiv~s aos pares e em eadeias
alguns dos quais eram lanceolados havendo bom crescimento em agar sangue de
carneiro e agar chocolate a 37degC As col6nias eram fracamente alfa-hemoliticas no
agar sangue e nao muc6ides catalase-negativas e sensiveis a optoquina Testes de
aglutinac8o sorologiea de ambos materiais confirmaram a identificac8o e testes
43
moleculares demonstraram ser as dois isolados identicas Apesar da terapia
antimicrobiana a paciente desenvolveu coagula98o intravascular disseminada e
sofreu uma parada cardiaca sendo que 0 quadro foi revertido mas tornau-se
necessaria a nefrotomia para eliminar a foco da infeccao Em contraste a estud05
anteriores a paciente descrito apresentou um verdadeiro casa de pielonefrite
abscesso renal e urossepsis causados par Streptococcus pneumoniae A presenca
de doencas como leucemia linf6ide crOniea e diabetes mellitus fcram 5uficientes para
causar um certa grau de imunossupressao e predispor a paciente a infeccao par
Streptococcus pneumoniae mesma sem hist6ria antecedente de infecC8o
pneumoc6cica trauma ou interven9ao cirurgica (DUFKE KUNZE-KRONAWITIER
SCHUBERT2004)
57 BACT~RIAS ANAER6BIAS
Tern sido descritos casas de infec90es do trato urinario par bacterias
anaer6bias com as mais diverses tipos de apresenta90es clinicas entre processes
crenicos e agudos As bacterias recuperadas sao bacilos gram negativQs incluindo
Bacteroides fragifis Prevotella sp e Porphyromonas sp Clostridium sp cocos
gram-positiv~s e Actinomyces sp Em muitos casas sao recuperadas em culturas
mistas com coliformes e estreptococos (BROOK 2004)
58 OUTRAS BACT~RIAS FASTIDIOSAS
Foi descrita par Greub e Raoult (2002) uma nova especie bacteriana
Actinobaculum massiliae recuperada da urina de uma mulher de 81 anos com ITU
cr6nica Os estudos fenotipicos genotfpicos e filogeneticos realizados mostraram
ser 0 isolado urna nova especie ainda nao recanhecida dentro do genera
Actinobaculum e foi proposta a denominacao Actinobaculum massiliae A mesma
cepa faj isolada tres vezes num perlodo de sete meses mesmo apes tratamento
44
com amoxicilina sulfametoxazol~trimetoprim e rifampicina Devida ao fata do
microrganismo nao ser isolado em procedimentos laboratoriais de rotina uma ITU
devido a Actinobaculum massiliae pade ser mal diagnosticada Alem disso as
col6nias apresentam heterogeneidade morfol6gica ap6s cinco dias de incubacao
podendo levar a uma errOnea interpretaC(ao de contaminacao com duas especies de
badlas gram~positivos 0 usa de agar sangue de carneiro e incubacao prolongada
motivado pela presenca de 106 leuc6cit05 per ml na urina da paciente permitiu a
desenvolvimento da cepa Houve cura ap6s tratamento com doxiciclina (GREUB
RAOUL T 2002)
Em estudo clinico e microbiol6gico de mulheres com sindrome uretral -
excluindo pacientes com cistite bacteriana - 41 pacientes foram comparadas com 42
pacientes controle Nao foi encontrada diferenca entre pacientes e con troles em
incid~ncia de Chlamydia trachomatis e outros microrganismos de transmiss3o
sexual 0 numero de lactobacilos e outros microrganismos fastidiosos bem como a
numero de leucocitos na urina nao apresentaram diferenca entre pacientes com
sintomas leves e intensos ou entre pacientes e controles Os auto res sustentam a
hipotese da sindrome uretral nao ser causada por infecrao bacteriana ou clamidial
(GILLESPIE et al 1989)
45
6 CONCLUSAO UMA REFLExAO
E indiscutivel a importo1ncia para a laborat6rio de requisicoes de exame
completas com informayoes sabre suspeita clinica existencia de sintomas
anormalidades do trata urinario e condhoes imunol6gicas do paciente Embora
tradicionalmente a maiaria dos medicos nao fornega muitas informacoes sabre 0
paciente ao laborat6rio a microbiologista pede incentivar a criacao de urn canal de
comunicacao quando observar a necessidade de informagoes sobre determinado
paciente
Exames anteriores do paciente sempre que disponiveis devem ser
consultados e comparados pois informacoes sabre infecc6es recorrentes au
recidivantes especies bacterianas envolvidas au presen9a de piuria esteril sao
importantes para direcionar a pesquisa para agentes fastidiosos
o metoda de coleta e as condi~6es de transporte da urina deterrninam a
qualidade da amostra e a quao relevantes serao as microrganismos nela
encontrados Considerando-se que urna bacteria normalmente considerada como
contarninante introduzida durante a coleta pode ser em alguns casos patogenica ou
ainda que uma especie fastidiosa patogenica de crescimento lento pode ter seu
crescimento inibido par uma contaminante de crescimenta mais rapido a coleta
adequada torna-se urn fator de suma importancia para a detec~ao de especies
fastidiosas em urina
Como ja discutida torna-se indispensavel a realiza~ao da calora~ao de
Gram em amostras de urina pOis alem de ser urn teste de triagem rapida e barato
para bacteriuria acima de 105 UFCml pode ser 0 unica indicativa da presen~a de
urna especie fastidiosa
46
A comunica~ao entre a microbiologista e a medico pode determinar nao 56 a
sucesso do diagn6stico e do tratamento como a viabilidade economica da pesquisa
de bacterias fastidiosas para 0 laborat6rio urna vez que direciona as esforyos
laboratoriais aos pacientes que realmente necessitam evitando 9a5t05
desnecessarios
Bacte-rias fastidiosas podem nao responder ao tratamento antibi6tico para
pat6genos convencionais do trato urinario portanto a pesquisa precocemente
direcionada para tais agentes pode melhorar 0 progn6stico das ITU evitando a
administracao de antibioticos inadequados au desnecessarios
Como observado nos diversos casas reiatados bacterias fastidiosas
ocorrem em cenaries clinicos especificos 0 entendimento do processo da doen=a e
as condi=oes do paciente pod em ajudar muito 0 laboratorio no esfor=o para
recuperar a bacteria do material clinico
47
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
ALBINI C A Cullura de Urina Analise das metodologias interfer~ncja sobre as
resultados e proposta para padronizacao 1994 54 f Monografia (Especia1iza9aO em
Bacteriologia) - Setor de Ciencias da Saude Departamento de Patologia Medica
Universidade Federal do Parana Curitiba
AGARWAL M DIXON R A A study to detect Gardnerella vagina lis DNA in
interstitial cystitis British Journal of Urology (on line) 2001 Disponlvel em
httpwwwbjuiorg889articlebju2514aspAcessoem 03 fev 2005
BATRA A Interstitial Cystitis Updade Infection Urology (on line) 1999 Disponivel
em httphomeswipnetsellsopicupdatehtm Acessa em 20 dez 2004
CLARIDGE J E JOHNSON J R PEZZLO M T Laboratory Diagnosis of Urinary
Tract Infections Washington American Society for Microbiology 281998
BROOK I Urinary tract genito-urinary suppurative infections due to anaerobic
bacteria International Journal of Urology (on line) 2004 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezigueryfcgicmd=Retrieveampdb=pubmedampdopt=Abst
ractamplist uids=15009360 Acesso em 18 mar 2005
DOMANN E HONG G IMIRZALIOGLU C TURSCHNER S KOHLE J
WATZEL C HAIN T HOSSAIN H CHAKRABORTY T Culture-Independent
Identification of Pathogenic Bacteria and Polymicrobial Infections in the Genitourinary
Tract of Renal Transplant Recipients Journal of Clinical Microbiology (on line) 2003
48
Disponivel em httpjcmasmorgcgireprintl41125500pdf Acesso em 18
mar2005
DOMINGUE G J HELLSTROMW J G Prostatitis Clinical Microbiology Reviews
(on line) 1998 Disponivel em httpcmrasmorglcgilcontentifuIl11141604 Acesso
em 03 fev 2005
DUFKE S KUNZE-KRONAWITIER H SCHUBERT S Pyelonephritis and
Urosepsis Caused by Streptococcus pneumoniae Journal of Clinical Microbiology
(on line) 2004 Disponlvel em httpjcmasmorgcgicontentifuIl4294383 Acesso
em 06 mar2005
FAIRLEY K F BIRCH D F Detection of Bladder Bacteriuria in Patients with Acute
Urinary Symptoms The Journal of Infectious Diseases Melbourne v 159 n2 p
226-231 fev 1989
FRAIMOW H S JUNGKIND D L LANDER D W DELSO D R DEAN J L
Urinary Tract Infection with an Enterococcus taecais Isolate that Requires
Vancomycin for Growth Annals of Internal Medicine (on line) 1994 Oisponivel em
httpwwwannalsorgcgicontentifuIl1211122 Acesso em 18 mar 2005
FRANZ M HCRL W H Common errors in diagnosis and management of urinary
tract infection I Patophysiology and diagnostic techniques Nephrology Dialysis
Transplantation (on line) 1999 Disponivel em
httpltwwwndtoupjournalsorgcgicontentifuIl141127 46 Acesso em 01 dez 2004
49
GIBB A P Plates are Belter than Broth for Recovery of Fastidious Organisms from
some Specimen Material Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Oisponivel
em httpjcmasmorgcgireprinU4041129pdf Acesso em 06 mar2005
GILLESPIE W A HENDERSON E P LINTON K B SMITH P J Microbiology
of the urethral (frequency and dysuria) syndrome A controlled study with 5-year
review British Journal of Urology (on line) 1989 Disponfvel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
2804564ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr 2005
GINESTRE PEREZ M ROMERO-A~EZ S MARTINEZ-GARCIA A RINCON-
VILLALOBOS G HARRIS-SOCORRO B CATELLANO-GONZALES M AVILA-
ROO Y PEROZO-MENA A Gardnerella vaginalis y uropat6genos convencionales
em pacientes ambulatorios Revista de La Sociedad Venezolana de Microbiaogia
(on line) 2001 Disponivel em
httpwwwseieloorgvaseielo phpscriptsci arttextamppid=S 1315-
25562001000200003amplng=esampnrm=isso Acesso em 05 jan 2005
GOBERNADO M CRUZ F J DALET F BROSETA E DE CUETO M
SANTOS M DE LA ROSA M Procedimientos en Microbiologla Clinica La
infeccion urinaria 2002 Disponivel em
httpwwwseimcorgprotocolosmicrobiologiaindice14htm Acesso em 01 dez
2004
50
GOLAPACHAR A AKINS R L DAVIS W R SIDDIQUI A A Urinary tract
infection caused by Aerococcus viridans a case report International Medical Journal
for Experimental and Clinical Research (on line) 2004 Oisponivel em
httpwlNNmedscimonitcompubvol 10no 114928pdf Acesso em 03 dez 2004
GREUB G RAOULT D Actinobaculum massiliae a new species causing chronic
urinary tract infection Journal of Clinical Microbiology (on line) 2002 Disponivel em
httpwwwpubmedcentralnihgov articlerender fcgitool=pubmedamppubmedid=12409
355 Acesso em 13 fev2005
HElLBERG I P Diagnosis and clinical management of urinary tract infection
Disponivel em httpwwwunineteducin2003confpfefermanpfefermanhtml
Acesso em 20 out 2004
KONEMAN E W ALLEN S D JANDA W M SCHREKENBERGER P C
WINN Jr W C Cr Atlas and Textbook of Diagnostic Microbiology 5ed
Philadelphia Lippincott-Raven 1997
LIPSKY B A Managing Prostatitis and Urinary Tract Infection in Men Infectious
Diseases Infoalerl (on line) 2003 Oisponivel em
httpwwwdpacomhklpdflinfolnfoALERT 15pdf Acesso em 10 dez 2004
MASKELL R A new look at the diagnosis of infection of the urinary tract and its
adjacents structures Joumaloflnfecfion Portsmouth n 19 p 207-217 jul 1989
51
MERIA P DESGRIPPES A ARFI C LE DUC A Encrusted Cystitis and Pyelitis
Journal of Urology (on line) 1998 Disponlvel em
htlpIwwwjurologycomipUrejuroabstract00005392-1 99807000-
00003htmmiddotjsessionid-CnHOtEDjxvOgrxiWIUac52pekluG1HSCZzrnOpCIJH4V107ePU
evI848681301-949856032190011-1 Acesso em 21 abr 2005
McCUE J D The Management of Complicated Urinary Tract Infections Infectious
Diseases Infoalert (on line) 1999 Disponfvel em
htlpIwwwdpacomhkJpdlfinlofinlo alart 01pdl Acesso em 01 dez 2004
MURRAY P R Manual of Clinical Microbiology 7ed Washington ASM Press
1999
NABER K G BERGMAN B BISHOP M C JOHANSEN T E B BOTTO H
LOBEL B CRUZ F J SELVAGGI F P European Association 01 Urology
Guidelines on Urinary and Male Genital Tract Infections Disponlvel em
httpwwwuroweborglfilesluploaded filesuti mgtLpdf Acesso em 20 dez 2004
OPLUSTIL C P Urocultura In__ Procedimentos basicos em microbiologia
clinica 2 ed Sao Paulo Sarvier 2004 p 88-93
OSBORNE J About Interstitial Cystitis Disponivel em htlplwwwic-
networkcomhandbooklbasicshtmlintro Acesso em 20 dez 2004
52
PEDRAZA AVILES A G ORTIZ ZARAGOZA M C Symptomatic bacteriuria due to
Ureaplasma and Mycoplasma in adults Revista Latinoamericana de Microbiologia
(on line) 1998 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedampdopt=Abs
tractamplist uids=20388109 Acesso em 20 abr 2005
RIEGEL P RUIMY R BRIEL D de PREVOST G JEHL F BIMET F
CHRISTEN R MONTEIL H Corynebacterium seminale sp Nov a New Species
Associated with Genital Infections in Male Patients Journal of Clinical Microbiology
(on line) 1995 Disponlvel em
htlpllwwwpubmedcentralnihgovpicrenderfcgiartid=228387ampblobtype=pdf
Acesso em 19 mar 2005
SORIANO F PONTE C A case of urinary tract infection caused by
Corynebacterium urealyticum and coryneform group F1 European Journal of Clinical
Microbiology Infectious Diseases (on line) 1992 Disponfvel em
httoIwwwncbinlmnihgoventreziguervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
1396772ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr2005
TANNER M A SHOSKES DSHAHEDA PACENR Prevalence of
Corynebacterial 16S fRna Sequences in Patients with Bacterial and Nonbacterial
Prostatitis Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Disponivel em
httpmcmasmorgcontenVfull3761863 Acesso em 06 mar 2005
TRABULSI L R ALTERTHUM F Escherichia coli uropatagenica (UPEC) In
Microbiaagia 4 ed Sao Paulo Atheneu 2004 p 303-309
53
RESUMO
As jnfec~6es do trato urinario estao entre as mais freqOentes nos seres humanosCondicoes predisponentes nos pacientes podem faverecer a infec980 por bacteriasde metabolismo complexo pouco habituais neste 5[tio anat6mico As metodologiasde cultivo de urina utilizadas em laboratorios clinicos propiciam 0 desenvolvimentodos uropatogenos mais comuns no entante podem falhar quando a bacteriacausadora da infeccao tratar-se de urna especie fastidiosa Considerando talproblema realizou-se urn levantamento bibliografico no intuito de verifiear em quaissituacOes bacterias exigentes devem ser pesquisadas e sugerir procedimentoslaboratoriais para a deteccao de tais especies em amostras de urina 0 diagn6sticolaboratorial adequado melhora 0 progn6stico das infec90es do trato urinario
1 INTRODUltAO
Considerando-se as infec90es humanas as das vias urinarias estao entre as
mais comuns ocupando 0 segundo lugar depois das infec90es respirat6rias
(GOBERNADO et a 2002) Estima-se a ocorrencia de 150 mil hoes de casas anuais
em lodo 0 mundo (TRABULSI ALTERTHUM 2004)
Como resultado da grande frequElncia de infec90es urinarias e da facilidade
de obtenyao de amostras as culturas de urina representam a maior parte do
contingente de exames em laborat6rios de microbialogia cllnica (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
Os metodos diagn6sticos e terapeuticos atuais freqOentemente invasivQs
bem como a sobrevida aumentada da populayao podem favorecer a infeccao por
microrganismos de metabolismo complexo Alem disso indivfduos
imunologicamente comprometidos podem ser suscetiveis a infec90es urinarias por
microrganismos nao usual mente patogenicos Tais microrganismos pod em
apresentar dificuldade de desenvolvimento nos meios de cultura comumente
utilizados em protocol as de cultivo de amostras de urina
As tecnicas rotineiras de coleta e cultivo de urina permitem a desenvolvimento
dos uropatogenos mais comuns Para a pesquisa de microrganismos pouco
habituais e necessaria a realizagao de procedimentos diferenciados como 0
emprego de meios de cultura enriquecidos aumento do tempo de incubayao e
atmosferas especiais
Considerando-se que as metodologias atualmente utilizadas podem nao isolar
as microrganismos exigentes envolvidos em infecyOes do trato urinario a presente
trabalho objetiva atraves de revisao bibliogn3fica verificar na literatura especializada
as situa90es e a frequencia em que e recomendavel a pesquisa de microrganismos
fastidiosos assim como divulgar sua importancia na patog~nese das infeccoes do
trato urinario
2 CONSIDERA90ES SOBRE MICRORGANISMOS FASTIDIOSOS
o termo bacteria fastidiosa tern sido tradicionalmente aplicado a
microrganismos que nao se desenvolvem OUse desenvolvem fracamente em todos
as meios de cultura tradicionais como agar sangue agar chocolate au agar Mac
Conkey requerem atmosfera capnofilica au microaerofilica e incubayao prolongada
As necessidades especiais de crescimento podem tambem dificultar a identific3cao
bioquimica dos isolados (MURRAY 1999)
No contexto das ITU bacterias fastidiosas podem ser definidas como
aquelas que requerem condiyoes de crescimento diferente da tradicional incubayao
aer6bia por 18 a 24 heras em melo de isolamento prima rio Meies de cultura
adicionais au incubarao prolongada em atmosfera contendo CO2 podem ser
necessarios (MASKELL 1989)
Uma das raz6es para se considerar que bacterias fastidiosas podem ter
importancia na patogenese das ITU e a existencia de divers as condi90es cHnicas
caracterizadas par evidencia de doen9a inflamat6ria para as quais nenhum
microrganismo causal e detectado bem como nenhuma outra causa nao infecciosa eencontrada Estas condi90es incluem a cistite intersticial a slndrome uretral aguda e
a prostatite crOnica idiopatica Muitos pacientes apresentam piuria outros
apresentam evidencias cllnicas de inflama9ao alem de sintomas que sao
clinicamente indistinguiveis dos pacientes com pat6genos usuais (MASKELL 1989)
Outro motive para 0 reconhecimento de bacterias fastidiosas como
clinicamente importantes no trato urinario e 0 numero crescente de publica90es
evidenciando 0 isolamento de tais agentes em muitos pacientes Urna vez que tais
bacterias tern sido investigadas e reconhecidas como causa de infecyOes
10
clinicamente significantes do trato urinario torna-se natural 0 direcionamento de
esfor90s para a sua detec9ilo (MASKELL 1989)
Microrganismos fastidiosos pod em em muitos casas apresentar-se como
patogenos secundarios do trato urinario como resultado de selecao apas
tratamentos anti bacteria nos principalmente nos multiplos cursos de antibi6ticos
ut1lizados nas ITU recorrentes (MASKELL 1989)
o presente trabalho tern como objetivo estudar a ocorrencia de bacterias
fastidiosas em ITU Incluem-se aqui bacterias naD usualmente patogemicas neste
sitio anatomica embora conhecidamente patogemicas em Qutros sitios bern como
especies geralmente consideradas como contaminantes em urina e que poderao ter
papel patogenico e ser relevantes em alguns casos que serao discutidos a seguir
II
3 PATOGENESE DAS INFECCOES DO TRATO URINARIO
As infecc6es bacterianas do trato urinario sao na malaria das vezes
adquiridas por via ascendente a partir da uretra podendo atingir a bexiga e 0 trato
urinario superior (ureter pelves renais e rins) A via hematogenica e menos comum
mas pode acontecer a dissemina~ao de bacterias no interior do glomerulo e do
cortex renal em pacientes com septicemia (KONEMAN et al 1997)
As infecroes do trato urinario sao aproximadamente quatorze vezes mais
comuns no sexo feminin~ sendo a colonizar8o da area periuretral e as alterayoes
anat6micas da uretra e regiao circundante durante a relar8o sexual as principals
latores predisponentes (MIMS el a 1995)
As infecroes urinarias em crianras sao mais comuns em meninos nao
circuncidados pela colonizayao da uretra e prepucio com microrganismos fecais
(MIMS et a 1995)
o f1uxo constante de urina e 0 esvaziamento regular da bexiga sao fatores
de prote9ao contra infec90es portanto urn comprometirnento rnecanico au funcional
do flux a urinario e uma condi9ao importante para a instalacao de um pat6geno Os
fatores rnecanicos incluem calculo renal refluxo vesicoureteral obstru9ao do colo da
bexiga estrangulamento da uretra hipertrofia prostatica e cateterismo Entre os
fatores funcionais mais comuns estao a gravidez e as neoplasias pelvicas devido a
pressao externa sabre as ureteres A osmolalidade extrema da urina 0 conteudo
elevado de ureia e 0 baixo pH tambem sao fatores inibit6rios para 0 crescimento de
bacterias as quais podem ser alterados principalmente quando ocorre lesao na
mucosa (KONEMAN et al 1997)
A micro biota das membranas mucosas exerce papel de prote9ao inibindo a
desenvolvimento de pat6genos pela competicao par nutrientes au sitias de ligacao e
12
pela produ9ao de bacteriocin as (KONEMAN et al 1997) Em mulheres em idade
fertil a producao de estr6genos estimula a colonizaryao vaginal com lactobacllos
bacterias usualmente naD patog~nicas que promovem a pH acido inibitorio para a
maiaria das bacterias As mulheres na pos-menopausa ficam suscetiveis a
colonizacIo da area periuretral par uropat6genos devido ao deficit de estrogenia e
conseqOente aumento do pH vaginal (McCUE 1999)
As bacterias gram-negativas possuem como importante fatar de virulencia
estruturas especializadas chamadas fimbrias ou pili e protelnas externas de
membrana que favorecem a adesao as superficies celulares mucosas ou cutaneas
Fatores de adesao tambem sao encontrados em bacterias gram-positivas como as
acidos lipoteicoicos em estreptococos e proteina M em estafilococos (KONEMAN ef
al1997)
Os fatores de virulencia de Escherichia coli e Proteus mirabilis estao bern
estabelecidos e incluem a sintese de aerobactina e enterobactina (proteinas
seqOestradoras de ferro elemento necessario para replica~ao da bacteria) assim
como a expressao da ffmbria e a produ~ao de hemolisina Flmbrias manose-
sensiveis (tipo 1) tern sido encontradas em especies nao patogenicas e fimbrias
manose-resistentes (tipo P) apenas em especies uropatogenicas As ultimas tern
sido associadas a pielonefrite pois tern a capacidade de aderir aos receptores das
celulas uroepiteliais e posteriormente ascender da bexiga para as rins (FRANZ
HORL 1999) A produ~ao de hernolisina esta associ ada a capacidade de causar
lesao renal (MIMS et al 1995)
Antigenos polissacaridicos capsula res acidos (K) estao associ ados ahabilidade de causar pielonefrite e auxiliarn na inibiCao da fagocitose favorecendo a
resistencia de Escherichia coli aos mecanismos de defesa do hospedeiro (MIMS et
13
al 1995) as polissacarfdeos capsulares bloqueiam a opsonizacao da bacteria par
interferirem com a deposi9ao do complemento (TRABULSI ALTERTHUM 2004)
Estafilococos coagulase negativos tern apresentado capacidade de
aderemcia as celulas do epitelio uretral e a protefnas celulares incluindo laminina
fibronectina vitronectina e colageno que podem permitir uma infeqao ascendente e
subseqOente colonizacao da glandula prostatica Ah~m disso produzem substancias
com propriedades antifagociticas antiquimiotaticas e antiproliferativas que afetam as
neutr6filos e linf6citos prejudicando as mecanismos de defesa do hospedeiro
(DOMINGUE HELLSTROM 1998)
A patogemese da prostatite bacteriana nao esta bern definida mas acredita-
se que 0 mecanisme principal seja infecyao uretral ascendente ou refluxo de urina
infectada da bexiga para os ductos prostaticos pela uretra posterior A prostatite
bacteriana pode ocorrer tambem como complicacao apes instrumentayao ou cirurgia
genitourinaria (LIPSKY 2003)
Assim como os microrganismos que possuem propriedades uropatogemicas
infectam 0 trato urinario normal bacterias nao reconhecidamente uropatogeuromicas
podem causar infeccao quando na presenca de anormalidades do trato urinario ou
quando os mecanismos de defesa do hospedeiro estao prejudicados como em
crian9as idosos gravidas diabeticos e imunocomprometidos como os
transplantados renais (FRANZ HORL 1999)
31 SiNDROMES CLiNICAS
o termo infeccao do trato urinario (lTU) inclui uma ampla gama de
s[ndromes clinicas sendo as mais comuns na pratica cHnica a bacteriuria
assintomatica a cistite (incluindo a sind rome uretral aguda) e a pielonefrite
Qualquer uma das sindromes pode ocorrer em urn paciente com anormalidades
14
urol6gicas que predispOem a ITU au dificultam 0 tratamento e nestes cases a
infec~ao e designada complicadaD
bull Sindromes ITU menes comumente
encontradas incluem prostatite abscessos renais e urossepsis (ITU com bacteremia)
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
As infec90es do trato urinario nao complicadas sao comuns e estima-se que
50 das mulheres que possuem 0 trato gemito-urinario normal apresentarao pelo
menes urn episodio de ITU aguda durante a vida As ITU complicadas estao
associadas a anormalidades funcionais au estruturais do trato urinario (bexiga
neurogenica refluxo vesicQureteral rim esponjoso medular nefrocalcinose cistos
renais etc) obstru9aO do trato urinario (hiperplasia benigna da pr6stata urolitiase
tumores estenose da jungao uretero-pelvica) cateterizagao ou instrumentacao
patogenos multirresistentes imunossupressao ou prostatite (HElLBERG 2003)
A diferenciagao entre ITU inferior e superior e importante tendo em vista as
complicagOes do envolvimento renal na infecgao no entanto os procedimentos
diagn6sticos mais acurados sao invasivos e apresentam risco (cateterizagao)
Usualmente a elevagao de parflmetros inflamat6rios como a proteina C reativa
leucocitose e febre indicam ITU superior e rnais recentemente tern sido utilizada
como marcador a excreyao aumentada de N-acetil-beta-glucosaminidase A
resoluyao da bacteriuria ap6s urn dia ou ap6s tratamentos curtos de tnsects dias condiz
com ITU inferior (FRANZ HORL 1999)
Murray (1999) cita como principais bacterias patogeuromicas no trato urinario
Escherichia coli Proteus mirabilis Klebsiella spp Enterobacter spp Pseudomonas
spp Enterococcus spp Staphylococcus saprophyticus Staphylococcus aureus
Ureaplasma spp Mycobacterium tuberculosis e Neisseria gonorrhoeae Sao
encontrados como microrganismos comensais no trato gemito-urinario
15
Corynebacterium spp Lactobacillus spp Staphylococcus spp Streptococcus spp
Neisseria spp nao patogemicas Mycoplasma spp Ureaplasma spp Gardnerella
vaginalis microrganismos entericos Acinetobacter spp Capnocytophaga spp
Enterococcus spp e bacterias anaer6bias
A bacteriuria assintomatica e definida pela presen~a de bacterias em algum
local do trato urinario na ausencia de sintomas Sua significancia clinica e
controversa tendo em vista que certes grupos de pacientes podem sofrer
consequeuromcias graves como por exemplo crian~as com refluxo vesicQureteral nas
quais a infecvao silenciosa pode causar dana renal e tambem gestantes nas quais
a progressao da infecCao pode causar dana ao feto bern como aumentar 0 risco de
pielonetrite na mae (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Cistite e definida como a infec9c3o presumivelmente limitada a bexiga pela
presen9a de sintomas caracteristicos (disuria urgencia OUfrequemcia) e ausencia de
sintomas sugestivos de inflamacZlo em Qutros locais do tratc urinario (CLARRIOGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
A sindrome uretral aguda tambem conhecida por sind rome piuria-disuria au
abacteriuria sintomatica e caracterizada por sintomas de ITU (disuria urgencia e
miccoes freqOentes) acompanhados de leucocituria e cultura de urina negativa au
com baixas contagens de bacterias Atualmente reconhece-se que 0 criteria de
contagem de colonias tradicional utilizado para diferenciar cistite bacteriana de
sindrome uretral aguda e controverso e que muitas mulheres disuricas com baixas
contagens de col6nias necessitam de tratamento para ITU bacteriana aguda
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998 HElLBERG 2003)
A sind rome uretral aguda pode ser causada por bacterias fastidiosas ou nao
usuais como Chlamydia trachomatis Ureaplasma urealylicum Neisseria
16
gonorrhoeae Mycoplasma spp Mycobacterium spp Trichomonas spp au Candida
spp Outras causas incluem abscessos rena is obstrucao ureteral completa e
luberculose renal (HEllBERG 2003)
A inflamacao dos rins e pelves renais (pielonefrite) oeasiona sintomas de
dor ou sensibilidade envolvendo 0 f1anco frequentemente acompanhados par urna
resposta inflamat6ria sistemica incluindo febre calafrios indisposicao dar de
cabera e nauseas as quais naD acorrem em pacientes com cistite Em alguns
pacientes estas manifestaroes sistemicas ocorrem sem sinais au sintomas locais de
envolvimenlo renal condilao denominada de ITU febril (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZlO 1998)
A cistite intersticial e urna inflamacao croniea e freqOentemente severa da
bexiga cuja causa e desconhecida Os sintomas primarios sao freqUelncia urgencia
e dor abdominal ou perineal e as culturas de urina sao raramente positivas Os
pacientes normalmente apresentam pequenas hemorragias (glomerulayoes) ou
ulceras na bexiga ahsectm de diminui9aO da capacidade urinaria e rela90es sexuais
dolorosas Muitos pacientes recebem urn diagn6stico prirnario de sind rome uretral
ale a descoberta do real diagn6slico (OSBORNE 2003)
Muitos pacientes com cistite intersticial tern urna hist6ria de ITU recorrente
Alguns autores teorizarn que a bacteria causa dora pode ser urna especie fastidiosa
ou presente ern pequeno numero e que a sua presen9a pode na~ produzir a cistite
intersticial mas ser responsavel p~r urna resposta inflamat6ria e imunol6gica
(BATRA1999)
A infeC9aO bacteriana da glandula prostatica (prostatite) pode ocorrer como
resultado de infeC9aO uretral ascendente par refluxo de urina infectada para as
ductos prostaticos via uretra posterior ou par via linfogenica ou hernatogenica A
17
prostatite bacteriana aguda promove urn abrupto inrdo de febre e sintomas
genitourinarios e constitucionais enquanto a croniea e urna enfermidade sutl
caracterizada por recidivas lTU recorrente e persistencia da bacteria na secre9ao
prostcitica mesma apas multiplos cursos de antibioticoterapia Urna terceira
sindrome a prostatite croniea idiopatica (inclui-se aqui a prostatite nao bacteriana e
a prostatodlnia) usualmente caracteriza-se par dor perineal persistente e sintomas
urol6gicos podendo ou nao estar associada a urn grande numero de celulas
inflamatorias na secre9ao prostatica e a urna bacteria cultivclvel laboratorialmente
(DOMINGUE HELLSTROM 1998)
A prostatite crOniea em homens com culturas negativas mas com
leucocitose na secrecao prosttltica (mais de 10 leuc6citos por campo em aumento de
1000X) e classificada como prostatite nao bacteriana e a doenca naqueles cujas
culturas sao negativas e que nao apresentam leucocitose na secreCao prostatica e
classificada como prostatodlnia (TANNER et al 1999)
o agente etiol6gico predominante nas prostatites bacterianas agudas e
cronicas e Escherichia coli seguido par especies de Proteus e Providencia e menos
cornu mente Klebsiefla spp Pseudomonas spp Serratia spp e Enterobacter spp
Estudos recentes demons tram que cepas de Escherichia coli causadoras de
prostatite expressam fatores de virulemcia similares as cepas causadoras de
pielonefrite Staphylococcus aureus Staphylococcus saprophyticus e outros
estafilococos coagulase negativos ocasionalmente podem causar prostatite assim
como algumas bacterias fastidiosas como por exemplo corinebacterias Gardnerella
vaginalis e Haemophilus influenza (LIPSKY 2003)
A prostatite cronica idiopatica (nao bacteriana) e uma condicao multi-
sintomatica de causa discutivel Etiologias propostas sao infeccoes par Chlamydia
18
trachomatis Mycoplasma hominis Ureapfasma urealyticum Trichomonas vaginalis
au agentes virais embora muitos estudos naD confirmem lais dados Tecnicas
microbiol6gicas especiais e tecnicas moleculares tern demonstrado em pacientes
com prostatite naD bacteriana colonizaf(80 prostatica com especies bacterianas de
baixa virulencia e tambem bacterias fastidiosas sugerindo etiologia infecciosa
(LIPSKY 2003)
Homens jovens com prostatite aguda podem ter baixas concentracoes de
bacterias na urina as quais nao sao reconhecidas como significantes e
possivelmente naD reportadas au entao podem ser infectados com microrganismos
fastidiosos como Gardnerella vaginais Quando traladas par insuficiente periodo de
tempo ou com um antibiotico inadequado que nao atinge urna concentracao
terapeutica adequada no tecido prostatico tais pacientes podem evoluir para uma
condi9ao de prostatite crOnica (MASKELL 1989)
A ITU e comum apos transplantes renais embora os riscos estejam sendo
diminuidos pelo uso de menores doses de imunossupressores e tambern pelo uso
profilatico de antibioticos Entre os fatores predisponentes pode-se citar infeccao
previa no rim do doador bern como alteracao do uroepitl~lio do receptor causada p~r
cateteres vesica is e stents ureterais Nos primeiros tr~s meses as ITU sao
geralmente assintomaticas e recidivantes ap6s esse perlodo sao menos freqOentes
e ha melhor resposta a antibi6ticos embora sejam comuns as complicacOes
urol6gicas como fistulas e obstrucoes Isquemia do orgao devido a dano arterial
pode promover ITU pela colonizacao bacteriana do tecido lesado usualmente por
bacterias comensais ou fastidiosas A erradicacao das infecc6es pode tomar-se
impossivel ate que 0 rim ou pelos menos 0 segmento prejudicado seja removido
(NABER et ai 2004)
19
Lactobacilos corinebacterias e alguns estreptococos fastidiosos podem ser
patogenos secundarios em ITU originalmente selecionados da microbiata uretral par
tratamento antibi6tico Tal situa~ao pade acorrer em pacientes que tenham recebido
agentes antibacterianos durante long05 periodos au antibioticoterapia aSSDciada a
urn periodo de cateterizayao A falha na deteqao laboratorial destas especies pade
resultar em tratamento antimicrobiano inadequada exacerbando 0 problema OU
ainda levar a investiga90es invasivas desnecessiuias (MASKELL 1989)
20
4 A ROTINA DA UROCULTURA NO LABORATORIO DE ANALISESCLiNICAS
o diagn6stico microbiol6gico de uma infeqao urinaria mesma baseando-se
na determinay80 de microrganismos em urn Hquido biologico normalmente esteril
apresenta dificuldades com relaCao a valoriz8gao dos resultados E sabido que
existem microrganismos naturalmente residentes na uretra regiao genital e perinea
que podem contaminar a urina acidentalmente somando-se a issa a a9ao da
temperatura que estimula a proliferar8o bacteriana Par outro lado as tecnicas de
coleta e cultivo de amastras devem ser direcionadas a pesquisa de microrganismos
pouco habituais as quais podem ser importantes em determinadas situaroes
(GOBERNADO ef al 2002)
A decisao de como uma amostra deve ser cultivada depende do metoda de
coleta e dos sinais e sintornas cllnicos do paciente informa~6es que deveriam ser
transmitidas ao laboratorio pelo medico Entretanto na maioria das vezes 0
laborat6rio recebe informa~6es incompletas ou incorretas que resultam na realiza~ao
de muito ou pouco trabalho com uma determinada amostra (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
A classifica~ao de culturas de urina por tipos permite que 0 manejo das
amostras seja direcionado pela necessidade clinica e que 0 laborat6rio possa
escolher os meios de cultura e a quantidade de inoculo mais apropriada Com base
nos dad os cllnicos do paciente podem-se definir tres tipos de cultura de urina
retina inspeao e invesligaliva (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
As culturas de retina sao apropriadas para pacientes ambulatoriais e com
ITU nao complicadas As culturas de inspe~ao devem ser realizadas em pacientes
geriatricos e individuos que utilizam cateteres vesicais nos quais a caloniza~ao au
infec~ao por multiplos microrganismos e comum Culturas investigativas sao aquelas
21
direcionadas para diagn6sticos especificos microrganismos fastidiosos ou grupos
diferenciados de pacientes Devern ser realizadas nos casas de cultura previa
negativa de falha na terapia antimicrobiana au no case de suspeita de urn
uropat6geno naD usual E tambem apropriada a sua realiza980 quando ha
discrepimcia entre a apresentacao clinica do paciente au a coloracao de Gram e 0
resultado previa da cultura (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Os meios de cultura m~is utilizados para semeadura de urina sao as
seletivQs diferenciais como 0 meio de Teague (agar eosin a azul de metileno) e de
Mac Conkey associados ao agar sangue 0 meio de CLEO (agar cistina lactose
eletr61ito deficiente) e muito utilizado no Brasil e permite 0 crescimento de bacterias
gram-negativas e gram-positivas Tais meios auxiliam na identifica980 presuntiva da
bacteria atraves da colora98o colonial indicando a capacidade de fermenta980 da
lactose (ALBINI 2004)
Segundo Clarridge Johnson e Pezzlo (1998) culturas urinarias de rotina
devem ser realizadas semeando as amostras em agar sangue de carneiro 5 e em
agar Mac Conkey eu um meio seletive similar e incubando as placas por 18 a 24
horas a 35 - 37deg C em ar ambiente Ainda assim e meio de CLEO e preferido nos
laboratories brasileiros pela sua versatilidade Para microrganismos fastidiosos 0
agar chocolate deve ser utilizado em conjunto com agar CNA (Columbia-colistin a-
acido nalidixico) eagar MacConkey devendo-se utilizar a al93 calibrada de 001ml
alem da al9a 0001 ml As placas de CNA e agar chocolate devem ser incubadas em
5 CO2 por 48 horas
Para popula96es especificas com ITU cronicas ou anormalidades
anatomicas pode ser apropriada a cultura visando microrganismos anaerobios au de
cresci menta lento (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
22
Para popula90es nas quais as culturas polimicrobianas sao comuns 0 agar
CNA pade ser utilizado para demonstrar a presenca de enterococos Qutros cocos
gram-positives au leveduras presentes nas culturas mistas 0 agar CNA permite urn
born cresci menta de estreptococos corinebacterias e Gardnerela vaginalis e deve
ser incubado por 48 horas a 35 C (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Amostras obtidas par puncao suprapubica au de pacientes com suspeita de
sindrome uretral aguda devem ser semeadas com al98 calibrada de 001 ml a1em
da ala de 0001 ml em agar sangue (OPLUSTIL et al 2004) Contagens baixas ou
mesma multiplos tipos de microrganismos devem ser valorizados em tais cases
(KONEMAN 1997)
Corynebacterium ureafyticum e Qutras corinebacterias desenvolvem-se bem
em agar sangue de carneiro 5 au agar CNA mas sao mais bern visualizadas ap6s
incubaao de 48 horas (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
As calOnias de Gardnerella vaginalis sao fracamente visiveis em agar
sangue ap6s 24 haras de incuba~ao e recomenda-se a usa de agar CNA au HBT
(agar sangue tween bicamada) e incuba~aa par 48 haras em tensaa de C02
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
as tactabacilos podem ser isolados em meias de isotamento prima rio
utilizadas para urina como a meio de CLEO no entanto devem ser incubadas par 48
horas em atmosfera de CO (MASKELL 1989)
a resultada da cultura deve ser sempre carrelacianada com a leitura do
Gram Caso nao haja crescimento ap6s 18 a 24 horas de incuba~ao e na
microscapia tenha sido observada a presen~a de microrganismas au numero
eleva do de leuc6citas deve-se incubar as ptacas par mais 24 haras (OPLUSTIL et
al2004)
23
A piuMa esteril e urn achado importante que po de refletir usa de
antibioticoterapia outras doencas como neoplasias au calculos urinarios au
infeccoes com microrganismos que naD sao detectados par rnetodos rotineiros de
cultura (MIMS et aI 1995)
o conceito de bacteriuria significativa para 0 diagn6stico das ITU e
tradicionalmente baseado no criteria quantitativa estabelecido par Kass na decada
de 1950 permitindo a distincao entre colonizarao e infecrao A utilidade e a
consistemcia do criteria de contagem de colOnias superior OU igual a 105 par mililitro
tern sido validadas repetidamente par varios pesquisadores demonstrando que tal
criterio nilo pode ser aplicado a todos os pacientes (FRANZ HORL 1999)
A baixa especificidade da cultura quantitativa de jato medio se deve apossivel adilao de bacterias comensais a urina durante a coleta A baixa
sensibilidade dos resultados inferiores a 105 UFCml pode ser devida a excregao
intermitente de bacterias que pode ocorrer em determinados sitlos do trato urinario
bem como ao uso de meios de cultura que nao proporcionam 0 cresci menta de
todas as especies capazes de infectar 0 trato urinario (FAIRLEY BIRCH 1989)
Altas contagens de bacterias aer6bias sao encontradas em amostras de
urina de jato medio quando os microrganismos sao providos de 6timo substrato e de
ten sao de O2 relativamente alta Em algumas sltuagoes como infecgoes cronicas
prostatite infecgao das glandulas parauretrais em mulheres litiase infecciosa e
cicatrizes renais per pielonefrite croniea os mierorganismos podem nao se
multiplicar tao rapidamente e pertanto nao apresentarem contagens tao altas quanta
nas cistites agudas Os sitlos de infecgao abaixe da bexiga nao fornecem as
mesmas condigoes favoraveis de incubagao ahsectgtmdisso a velocidade do fluxo
24
urinario e a freqO~ncia de miccaosao fatores que influem nas contagens bacterianas
(MASKELL 1989)
Torna-se claro que considerar baixas contagens de pat6genos aero bios em
culturas puras como contaminaCao e incorreto e pode levar a erros de diagn6stico
pois infeccoes de grande signific~ncia cHniea pod em nao estar sendo detectadas t
igualmente importante nao considerar automaticamente urna alta contagem de
col6nias como infecy8o sem considerar as condicoes do paciente e da coleta 0 usa
de antibi6ticos em resposta a urna alta contagem bacteriana pode selecionar cepas
resistentes tornando mais dificil 0 tratamento de infecgoes posteriores verdadeiras
(MASKELL 1989)
Alguns procedimentos utilizados para 0 diagnostico das ITU sao
considerados inaceitaveis atualmente e nao devem ser realizados como cultura de
cateter de Foley cultura de urina em meios Hquidos cultura de sedimento urinario
pesquisa de anaer6bios como procedimento de rotina e em urina de jato media au
obtida par cateteriza9ao bem como cultura de urinas que tenham permanecido mais
de duas heras sem refrigeragao au canservagao (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO1998)
41 COLETA E TRANS PORTE DE AMOSTRAS
A coleta e a trans porte inadequado da amostra podem levar a um resultado
de diffcil interpreta9aO Portanto a medida mais importante para realizar uma cultura
de urina e estabelecer rfgidos criterios de coleta e propiciar treinamento constante
para as profissionais envolvidos na realiza9aO da coleta (OPLUSTIL et al 2004)
Koneman et al (1997) recomendam que a paciente receba as instru90es de
coleta impressas ap6s receb~-Ias verbalmente Caso 0 paciente demonstre
inseguran9a au nao compreenda urn profissional treinado deve explicar novamente
25
passo a passo ou se passivel acompanhar pessoalmente a coleta (coleta
supervision ada)
Amostras de urina de jato media sao as amostras mais comumente
submetidas a cultura De preferencia deve ser colhida a primeira urina da manha
podendo ser aceitas urinas com pelo menos 2 heras de reten~ao Ap6s higiene da
regiao genital despreza-se 0 primeiro jato - 0 que auxilia a eliminacao dos
contaminantes da uretra inferior - e colhe-se 0 jato media em fraseD esteril
apropriado desprezando-se 0 final da mic9ilo (OPLUSTIL eJ al 2004) A higiene
genital deve ser realizada com agua e sabao naD anti-septico devendo ser as [abias
vaginais afastados e 0 prepucio retraido antes da miccao (GOBERNADO et 81
2002)
Alguns autores afirmam que mesma quando a coleta e meticutosamente
reatizada com a assist~ncia de um pro fissional treinado a urina apresenta-se
frequentemente contaminada (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Amostras urinarias de criancas obtidas com saco coletor devem ser colhidas
apos higiene da regiao genital e colocacao do saco coletor de forma asseptica
Troca-se 0 coletor a cada 45 minutos ou 1 h~ra repetindo-se a higiene e evitando-se
contaminacao fecal 0 coletor deve chegar fechado ao laborat6rio Tas amostras
freqOentemente sao contaminadas com microrganismos fecais promovendo
resultados falso-positivos portanto 0 maior significado clinico de amostras obtidas
com saco coletor e 0 resultado negativo (OPLUSTIL et a 2004) Culturas positivas
devem ser confirmadas por metodos de cateterizacao direta ou aspiracao
suprapubica (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Em pacientes com sanda vesical permanente pinca-se a canula do coletor
realiza-se desinfeccao da canula com alcool 70 e punciona-se com seringa e
26
agulha estereis colocando-se a amostra em frasee esteri Nunea se deve obter a
amostra do saco coletor de pacientes sand ados porque a multiplica9ao bacteriana
fornecera urn numero muito maior que aquele real mente presente no paciente
(OPLUSTIL et al 2004) Tambem nao se reeomenda deseoneetar 0 eateter do tubo
coletor sob risco de introduyao de microrganismos no sistema Sempre que passivel
tal coleta deve ser realizada ap6s troea do cateter pois urna microbiota que naD
corresponde a do paciente pade residir em cateteres antigos (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
A punyao suprapubica e considerada a metoda padrao auro para coleta de
urina par representar a verdadeira bacteriuria vesical (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998) Calhe-se com seringa e agulha diretamente par pun9ao vesical Tal
procedimento evita problemas de contamina9ao uretral e e recomendado para
crian9as ate dois anos detec9ao de anaer6bios enos casos de repeti9ao de ex ames
com interpretaoes duvidosas (OPLUSTIL et al 2004) Pode tambem estar indieada
para homens de qualquer idade com fimose e em mulheres com bacteriurias de
repeti~o de proeedeneia duvidosa (GOBERNADO et al 2002)
A cateteriza9ao com finalidade unica de obten9ao de amostras somente
deve ser realizada em pacientes nos quais nao seja possivel a elimina9aO
espontanea de urina como doentes neurologicos au com problemas urol6gicos
obstrutivos Caso seja necessaria devern-se utilizar tecnicas rigorosas de assepsia
por causa do alto risco de introdu9ao de rnicrorganismos (KONEMAN et a 1997
GOBERNADO et a 2002)
Para a pesquisa de Mycobacterium tuberculosis tres amostras de urina da
manha devem ser coletadas em dias consecutivos as tecnicas de cultivo para
27
micobacterias naD permitem a cresci menta de outros agentes e portanto a coleta
nac necessita de assepsia rigorosa (MIMS et al 1995)
Caso naD seja passivel a processamento da amostra de urina em ate 2
haras apas a coleta a amostra deve ser refrigerada (2 a 80 C) e processada em ate
24 haras tempo maximo para manuten~ao da contagem bacteriana estavel 0 usc
do preservativo acido b6rico permite que a amostra permane98 a temperatura
ambiente (20 a 25 C) ate 24 horas antes de ser process ada (OPLUSTIL ef aI 2004
CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Sistemas de trans porte usanda acido b6rico podem ser metodos alternativQs
para coletas realizadas em casa au em locais distantes do laborat6ria e mostram-se
tao efetivos quanta a refrigeragao (KONEMAM ef ai 1997)
Oepois de coletada a amostra de urina deve ser encaminhada ao laboratorio
a mais rapido possivel e com todas as informayoes necessarias para degprocessamento Devem ser relatados 0 horario e 0 metodo da coleta 0 tempo de
reteny80 da urina 0 tipo de paciente (por exemplo urologico ou geriatrico) a idade
o sexo se 0 paciente tem recebido quantidades aumentadas de Ifquido
apresentay80 clinica (existencia de sintomas) resultados de urinalise (presen9a de
celulas inflamat6rias) e resultados antecedentes de cultura (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
De maneira ideal as amostras devem ser coletadas antes do inicio da
terapia antimicrobiana Caso 0 paciente ja esteja recebendo ou tenha recebido
antibioticoterapia nas 48 horas antecedentes a realizay80 do exame esta
informay80 deve ser explicitada no formulario de requisiy80 do exame (MIMS et al
1995)
28
Recoletas devem ser solicitadas quando amostras nae refrigeradas forem
recebidas 2 horas ou mais ap6s a coleta au quando nac fcrem comunicados 0
horario e a forma de coleta No entanto nenhuma amostra deve ser desprezada
antes do cantata com 0 medico solicitante po is ela pade em alguns casas ser
insubstituivel (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Menos de 5 das urinas coretadas e transportadas adequadamente
apresentam multiplos microrganismos Exce~6es sao amostras de pacientes com
bexiga neurogemica au usa cranico de cateteres nos quais a bacteriuria
polimicrobiana pade ser detectada em 30 a 80 das culturas freqOentemente sem
infecao (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Segundo Koneman et al (1997) a acuracia do procedimento de coleta de
urina pode ser monitorada pela frequencia de exames com contagens entre 104 a 105
UFCml que nao deve exceder 5 a 10 se os procedimentos forem realizados
apropriadamente
42 A IMPORTANCIA DA COLORAltAo DE GRAM
Durante as ultimas decadas testes rapidos de triagem para bacteriuria foram
desenvolvidos com 0 propos ito de fornecer resultados mais rapid os e de eliminar a
necessidade de cultivar amostras negativas Entretanto sua utilizacao e limitada
principalmente pela incapacidade de detectar baixos niveis de bacteriuria e piuria
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
A coloracao de Gram da urina nao centrifugada e um dos metodos mais
rapidos seguros e baratos para estimar bacteriuria superior a 105 UFCml e
presenca de mais de 8 a 10 leucocitoslJl Homogeneiza-se muito bem a urina
coloca-se uma gota sobre lamina sem espalhar e deixa-se secar ao ar A lamina
deve ser fixada par calor au metanol (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998) A
29
presenca de uma ou mais celulas bacterianas per campo em aumento de 1000
vezes tern sensibilidade de 94 e especificidade de 90 em refletir uma contagem
de colOnias superior a 10 UFCml (KONEMAN ef al 1997)
Embora seja urn metoda barato de triagem a coloraC8o de Gram naD e
utilizada par muitos laborat6rios pelo consumo de tempo e baixa sensibilidade em
contagens inferiores a 105 UFCml Sugere-se a sua utilizacao como teste de triagem
apenas em pacientes com contagens de col6nias provavelmente altas
principalmente as assintomaticos e com suspeita de pielonefrite Alguns autores
relatam melhora da sensibilidade a nlveis acima de 104 UFCml com 0 usa de
citocentrifuga (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
A coloraCao de Gram do sedimento urinario em bora ainda utilizada por
muitos laboratorios e impropria pela baixa reprodutibilidade e dificuldade de
padronizacao e correlacao com os metodos de velocidade de excrecao de leucocitos
au contagem em camara (ALBINI 1994)
As informac6es fornecidas pela cOloracao de Gram sobre a morfologia do
microrganismo e caracteristicas na coloracao sao extremamente importantes para a
selecao inicial da terapia antimicrobiana enquanto se aguarda 0 informe definitivo
do resultado da cultura e do antibiograma (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO
1998)
~ imprescindivel a realizacao da coloracao de Gram para deteccao de
bacterias fastidiosas ou nao usuais Devido a dificuldade de desenvolvimento nos
meios utilizados para a deteccao de enterobacterias em alguns casos somente a
visualizacao microscopica indicarcfi a sua presenca (FRANZ HORL 1999)
A observacao microscopica da urina permite verificar a qualidade da amostra
especialmente em mulheres nas quais a contaminacao vaginal e frequente
30
produzindo resultados falso-positivos A presen~a de muitas celulas epiteliais e de
mais de urn tipo de microrganismo no Gram sugere contamina9aO da amostra em
decorrencia da coleta (OPLUSTIL et ai 2004)
Dutro aspecto importante da coloracao de Gram e a sua utilidade no
monitoramento das culturas podendo-se pelo seu resultado detectar erras tecnicos
e ate mesmo troca de amostras (ALBINI 2004)
31
5 BACTERIAS FASTIDIOSAS E INFECcAO DO TRATO URINARIO
Em 1989 Maskell citou a ocorrencia de bacterias fastidiosas como algumas
especies de estreptococos Gardnerela vaginalis Haemophilus influenzae
Corynebacterium spp e lactobacilos em infecgoes da bexiga e trato urinario superior
isoladas de amostras de urina obtidas par cateteriz8gao aspiragao supra-pubica e
tarn bam de amostras de tecido obtidas per bi6psia vesical Relatou tambem a
preseng8 de tais bacterias na urina de gestantes assintomaticas com mais
freqOencia do que em nao-gestantes e que as gestantes apresentando bacteriuria
posteriormente desenvolviam sintomas com mais freqoencia do que as que nao
apresentavam bacterias na urina
Fairley e Birch (1989) realizaram um importante estudo demonstrando que
pacientes com sintomas de infec~ao do trato urinario apresentando resultados
negativos em culturas de rotina podem abrigar bacterias fastidiosas ou baixas
contagens de uropat6genos convencionais na bexiga Os pacientes incluidos no
estudo foram os que apresentaram resultados inconclusivos em culturas previas de
jato medio como desenvolvimento inferior a 105 UFCml de um pat6geno
convencional ou a desenvolvimento superior a 102 UFCml de uma bacteria
fastidiosa Foram avaiiadas urinas obtidas por aspirayao suprapubica de 1817
mulheres e 300 homens cultivadas para uropat6genos convencionais e bacterias
fastidiosas utilizando in6culo que proporcionou resultados entre 101 e 107 UFCml A
freqOencia de isolamentos esta representada na tabela 1
32
TABELA 1 - FREQUENCIA DE BACTERIURIA EM 2117 PACIENTES(AMOSTRAS OBTIDAS POR PUNCAO SUPRAPUBICA) -1989
Uropat6-Culturas positivas $omente $omente especies genos
(n = 597) uropat6genos fastidiosas conven-convencionais (n = 366) cionais
n = 170 eespeci-
Pacientes Unica Multiplas Unica Multiplas Unica Multiplas esespecie especies especie especies especie especies faslidio-
sasMulheres (n = 1817) 370 191 148 5 222 125 61Homens (n = 300) 36 0 17 0 19 0 0
FONTE The Royal Melbourne Hospital
Vinte e aito especies microbianas foram isoladas no trabalho em questao
sendo Ureaplasma urealylicum Gardnerella vaginalis Escherichia coli Mycoplasma
hominis e Staphylococcus epidermidis as especies mais isoladas Quinhentas e
oitenta e uma (70) das 830 cepas isoladas pertenciam a especies fastidiosas -
Ureaplasma urealyticum Gardnerella vaginalis e Mycoplasma hominis - que nao sao
recuperadas em meies de cultura canvencianais Gardnerella vaginais fai mais
freqUente em mulheres enquanto Ureaplasma urealyticum nao apresentou diferen9a
estatisticamente significativa entre os sexas Treze esptkies fcram isoladas em
apenas uma ou duas ocasioes entre elas Streptococcus equi Streptococcus
equisimifis Streptococcus sanguis Morganella morgan Klebsiella oxytoca
Peptococcus anaerobius Proteus vulgaris Enterobacter aerogenes Salmonella
enteritidis Pseudomonas aeruginosa Haemophilus influenzae Haemophilus
parainfluenzae e Haemophilus parahaemofyticus Anaer6bios estritos foram isolados
de apenas sete dos 597 pacientes (FAIRLEY BIRCH 1989)
Culturas polimicrobianas foram obtidas em urn teno das pacientes do sexo
feminino e nao foram verificadas no sexe masculino A freqOencia de uropat6genos
cenvencienais e fastidiesos encontra-se na tabela 2
33
TABELA 2 - FREQU~NCIA DE UROPATOGENOS CONVENCIONAISE BACTERIAS FASTIDIOSAS EM 191 PACIENTES DO SEXOFEMININO COM BACTERIURIA POLMICROBIANA - 1989
Numero de Somente Samente especies Especiesespecies (numera uropat6genos fastidiosas convencionais e
de pacientes) convencionais fastidiosasOois (153) 9 99 45Tres (34) 0 17 17Quatro (4) 0 1 3
FONTE The Royal Melboume Hospital
Ureaplasmas au Gardnerella vaginalis fcram recuperados em 179 das 191
mulheres com infecgao polimicrobiana estando presentes concomitantemente em
100 das 191 amostras sugerindo urna passivel relacc3osimbi6tica Uropat6genos
convencionais fcram isolados em pouco mais de 33 das mulheres na maiaria dos
casas acompanhados por bacterias fastidiosas indicando que infeccoes
polimicrobianas usualmente envolvem bacterias fastidiosas (FAIRLEY BIRCH
1989)
A contagem de col6nias excedeu 105 UFCml apenas na minoria dos
pacientes portanto a bacteriuria nao seria detectada em muitos individuos caso 0
valor de ponto de corte tradicional tivesse sido utilizado Os resultados tambem
mostraram que baixas contagens bacterianas podem acontecer com qualquer uma
das especies bacterianas isoladas embora tenham sido mais freqoentes para
Ureaplasma urealytieum e Mycoplasma hominis Cento e setenta e quatro (21)
isolados apresentaram contagens inferiores a 103 UFCml sendo 138 (84)
pertencentes a especies fastidiosas (FAIRLEY BIRCH 1989)
Franz e HOrl (1999) citaram a ocorrencia de HaemophiJus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae pneumococos Campyobaeter Legionella
pneumophila Salmonella spp Shigella spp Corynebacterium grupo 02
34
Mycobacterium tuberculosis micobacterias atipicas e fungos como causadores
ocasionais de ITU
Domann et al (2003) realizaram estudo em amostras do trato urinario de
transplantados renais utilizando tecnicas moleculares baseadas em 168 rRNA peR
e cromatografla liquida de alta performance (DHPLC) Foi avaliada a aplicaaD do
metoda em 109 amostras e observou-se 100 de correlacao para amostras cultura-
positivas Para as amostras cultura-negativas a DHPLC permitiu a deteccao de
uropat6genos previa mente conhecidos como Corynebacterium urealyticum e
Gardnerella vaginalis mas tambem agentes nao usuais como AnaerocDCCUs
laclolyticus Bacteroides vufgatus Diaisler invisus Fusobacterium nuceaturn
Lactobacillus iners Leptotrichia amnionii Prevotella buccalis Prevotella ruminicola
Rahnella aquatilis e Streptococcus intermedius detectados como unicos pat6genos
ou como agentes de infecyoes polimicrobianas Uma vez que as ITU sao
freqGentemente associadas com inicio precoce de rejeiyBo cronica em
transplantados renais e conveniente a pesquisa de agentes patogenicos
oportunistas e nao usuais para 0 correto direcionamento do tratamento
antimicrobiano
Quatro casos de ITU com bacteremia por Methylobacterium spp em
pacientes do sexo feminino imunocompetentes foram reportados por Lee Tang e Uu
(2004) Todas as pacientes tiveram hemoculturas positivas para Methylobacterlum
spp e suas culturas de urina foram negativas ou positivas para Escherichia coli com
crescimento concomitante de outro bacHo gram-negativ~ em baixa contagem que foi
ignorado Foram realizados experimentos especiais com os isolados indicando que
de acordo com os procedimentos padrao para culturas de urina com 24 horas de
incubayao a 35degC as colonias de Methylobacterium spp nao sao visualizadas e 0
35
pequeno numero de col6nias observado ap6s incuba~ao adicional de 24 heras a
temperatura ambiente apenas sugere ser a especie urn contaminante
Particularmente quando especies de Methyfobacterium estao presentes
concomitantemente com Escherichia coli ocorre supressao do cresci menta de
Methylobacterium spp tornando impassivel a sua deteccao 0 estudo conclui que a
falta de relatos de casas de ITU por Methylobacterium spp deve-se a impossibilidade
de detec~ao da especie por metodos padrao de cultura de urina au ainda porque a
baixa virulelncia da bacteria pode produzir ITU autolimitadas au talvez muitas vezes
curadas com as antibi6tico5 normalmente utilizados As especies estudadas fcram
variavelmente resistentes as cefalosporinas acido nalidixico nitrofurantoina e
sulfametoxazol-trimetoprim e 100 suscetiveis a ciprofloxacin imipenem e
aminoglicosideos
51 Corynebacterium spp
Corynebaclerium urealylicum pode ser uma importante embora rara causa
de ITU variando a freqOencia de isolamentos significativos de zero a 35 em
popularoes nao selecionadas A bacteriuria por Corynebacterium urealyticum ocorre
em pacientes hospitalizados per longos perledes severamente
imunocomprometidos urologicamente manipulados ou idosos Tal microrganismo
tam bern tern sido associado com pielonefrite e pode desaparecer espontaneamente
da urina mesmo sem antibioticoterapia (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Corynebacterium glucuroneyticum tambem chamado Corynebacterium
seminae tern side iselade de semen e trate g~nite-urinarie masculine e pede causar
prostatite ou uretrite Corynebacterium pseudogenitalium (CDC grupo F1) tambem
tern sido reconhecido como pat6gene do trato urinario (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
36
Foi relatado por Soriano e Ponte (1992) um caso de cistite de incrusta~ao
causado por urn corineforme identificado como CDC grupo F1 0 paciente havia
sofrido ITU previas persistentes causadas por Corynebacterium ureayticum (CDC
grupo 02) A cura bacteriol6gica foi alcan=ada apes urn mes de tratamento com
amoxicilina e acido acetohidroxamico
Meria at al (1998) realizaram levantamento bibliografico entre as anos de
1985 a 1997 sabre casas de cistite e pielite de incrustacao Foi constatado a
aumento progressive no numero de cases especialmente em pacientes
imunodeprimidos e particularmente em transplantados renais Tais inflamacoes
cr6nicas estao associadas com incrustac6es da mucosa causadas por bacterias
produtoras de urease tendo sido as mais freqOentes especies de Corynebacterium
grupo 02 A presenCa de urina alcalina contendo abundantes debris mucopurulentos
calcificados e alta mente sugestiva e pode auxiliar no diagnostico clinico A
demonstracao da bacteria envolvida requer culturas prolongadas em meios de
cultura enriquecidos 0 diagnostico precoce pode evitar falhas de tratamento e uma
possivel rejeicao do orgao transplantado
Em estudo realizado par Riegel et al (1995) corineformes em quantidades
significativas (104a 105 UFCml) foram isolados em amostras de semen uretra urina
e sangue de homens inferteis com diagn6stico de prostatite As analises genomicas
realizadas demonstraram ser as cepas pertencentes a uma mesma especie dentro
do genero Corynebacterium As 12 amostras mostraram padroes bioquimicos
simi lares entre elas born crescimento em agar sangue de carneiro em contraste com
crescimento pobre no mesmo meio suplementado com Tween 80 1 teste de
CAMP positivo fermentacao de glicose sacarose e presenCa de beta-glucuronidase
Tais caracteristicas permitiram a distincao destas cepas dos outros membros do
37
genera e 0 nome proposto foi Corynebacterium seminae Embera organismos
difter6ides pass am fazer parte da microbiota uretral a presenCa de contagens
significativas destas especies no semen sugere urna implica~ao infecciosa
particularmente na prostatite
Estudo molecular filogenetico baseado em 16S rRNA peR realizado em
pacientes com prostatite croniea demonstrou sinais bacterian05 em 65 dos
pacientes estudados Foi constatada a ocorreuromcia de um amplo espectro de
especies bacterianas no fluido prostatico dos pacientes incluindo Corynebacterium
Staphylococcus PepiosfreptococGUS Streptococcus e Escherichia Especies do
genera Corynebacterium foram encontradas em maior proponao incluindo especies
ainda nae descritas e n~o presentes nas amostras de controle sugerindo que
possam ter um papel na doen~a au que sejam conseqOemcia da mesma 0 estudo
mostreu ainda que os microrganismos associ ados com prestatite geralmente
ocorrem em comunidades microbianas distintas daquelas encontradas em liquidos
prostaticos normais (TANNER ot al 1999)
Segundo Domingue e Hellstrom (1998) a observaltio microsc6pica
cuidadosa de amostras de secre~~o prostatica bern como a inocula~~o em meios
enriquecidos sao essenciais para a isolamento de corineformes Foi realizado estudo
em uma amostra de secre~ao prostatica na qual a colora~ao de Gram apresentou
cocobacilos gram Itlbeis pleom6rficos que nao se desenvolveram em meios de rotina
incubados por 72 horas a 35degC Houve desenvolvimento em meio de cultura
enriquecido com extrato de leveduras e sora de cavalo e incubado no minimo 72
horas em atmosfera de 5 de CO2 a 35degC A secregao inoculada em caldo triptose
demonstrou a presen~a de bacilos gram-varitlveis (microscopicamente) e quando
repicada produziu bacilos de crescimento lento em meios de retina e enriquecidos
38
(incubados aerobicamente anaerobicamente ou sob tensao de CO2 par 72 haras)
Corineformes ocultos pod em ser agentes etiol6gicos da prostatite idiopatica croniea
que sao frequentemente perdidos au nao percebidos em procedimentos
bacteriol6gicos de rotina
52 Gardnerella vaginais
o significado de Gardnerela vaginais em urina e controverso pois a
principal associacao patogElnica desta bacteria e com a vaginose na mulher Embora
baixas contagens na urina parecam refletir a micro biota da uretra masculina ou
feminina contagens aeima de 10000 UFCml ja fcram associadas com bacteriuria
sintomatica ITU recorrente cistite na mulher uretrite e prostatite no homem
Entretanto me sma quando ern altas contagens freqOentemente nao ha resposta
leucocitaria Gardnerela vaginalis e encantrada mais freqOentemente em mulheres e
pacientes com doena renal e ap6s instrumentaao (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
Estuda realizado par Agarwal e Dixon (2001) investigau a passivel papel de
Gardnerella vaginalis na cistite intersticial usando metodos maleculares para
garantir a recuperaCao do microrganismo mesmo em baixas contagens Nenhuma
das trinta e tres amastras de bi6psias de bexiga de pacientes com cistite intersticial
foram positivas para Gardnerella vaginais a que embora nao exclua seu
envalvimenta na cistite intersticial diminui esta probabilidade
Ginestre Perez et al (2001) realizaram estudo de mil trezentas e setenta
amostras de jato media de urina de pacientes com sintomas de ITU Gardnerella
vaginalis cujo papel patagenica no trato urinario e discutivel ocupou a segundo
lugar em freqOencia etiologica (1763) ficando atras somente de Escherichia coli
(5210) e superando microrganismos cansiderados uropat6genas classicos como
39
Proteus mirabifis (763) Klebsiella pneumoniae (684) e Pseudomonas
aeruginosa (368) Embera a presen~a de Gardnerella vaginais em amostras de
jato media urinario possa indicar contaminayao vaginal todos as cultivos positivos
para esta bacteria apresentavam contagens superiores a 100000 UFCml e
provinham de pacientes sintomaticos representando urna alta probabilidade de
infec~ao urinaria verdadeira
53 Mycoplasma hominis E Ureaplasma urealyticum
Especies patogenicas como Mycoplasma hominis e Ureaplasma urealyticum
ocorrem freqOentemente como colonizantes do trato urogenital inferior de homens e
mulheres saudaveis A ocorrencia de infec~ao esta provavelmente relacionada a
imunossupressao obstru~ao ou procedimentos previos de instrumental)ao no trato
urinario Ureaplasma urealyticum tern sido encontrado em calculos urinarios de
pacientes com liHase infecciosa sugerindo uma possivel associal)ao causal
Mycoplasma hominis tern sido isolado do trato urinario superior em pacientes com
sintomas de pielonefrite aguda FreqOentemente ha resposta imunol6gica especifica
(MURRAY 1999)
Foi pesquisada a presen9a de Ureaplasma urealyticum e Mycoplasma
hominis em amostras de jato medio de 314 mulheres e 52 homens sintomaticos do
trata urinltilria Ureaplasma urealyticum fai isalada em 54 (171) das mulheres e 8
(154) dos hom ens e Mycoplasma hominis foi isolado em 12 (38) das mulheres
e 4 (77) dos homens Ureaplasma urealyOcum foi superado apenas par
Escherichia coli e Gardnerella vaginalis em ambos grupas 366 e 254
respectivamente no sexo feminina e 585 e 308 no masculino Demonstrou-se
partanto que a bacteriuria par ureaplasmas e relativamente co mum porem nao e
40
detectada por metodos convencionais de cultura de urina (AVILES ZARAGOZA
1998)
A significancia de micoplasmas em amostras de jato medic urinario e de
dificil determinacao devido a provavel contaminacao da amostra par
microrganismos colonizantes da vagina e uretra distal Entretanto estudos
realizados em amostras de aspirado suprapubico em gestantes demons tram que 0
desenvolvimento de pre-eclampsia e tres vezes mais prov3vel em mulheres
apresentando culturas positivas para ureaplasmas no inicio da gestacao do que em
mulheres com culturas negativas no mesmo periodo (KONEMAN ef a 1997)
54 Haemophilus spp
Existem varios estudos relacionando Haemophifus influenzae e Haemophilus
parainfluenzae a ITU embora sua freqOencia e significancia nae tenham sido
confirmadas Alguns pesquisadores sugerem a inclusao de agar chocolate em
culturas de urina de crian~as por causa da associa~ao de Haemophilus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae com outras infec~6es nesta faixa etaria (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
Maskell (1989) citou a ocorrencia de certas bacterias fastidiosas em sftios do
trato urinflrio abaixe da bexiga como par exemple em cases de prostatite por
Haemophilus influenzae
55 Lactobacillus spp
Em estudo realizado em pacientes do sexe feminine com sind rome uretral
aguda demonstrou-se uma alta freqOencia de isolamentos de lactobacilos Durante
dois anos amastras de jato medic de tais pacientes foram cultivadas observando-se
a principio alta concentracao de lactobacilos principalmente nas pacientes
sintomaticas Ao final do estudo durante 0 qual foi impedido 0 usa de antibi6ticos os
41
lactobacilos desapareceram da urina de muitas mulheres as quais tornaram-se
assintomaticas Os autores concluiram que as sintomas da sindrome uretra podem
ser devidos a multiplica~ao desproporcional de lactobacilos na uretra distal como
resultado de antibioticoterapia frequentemente administrada em cursos prolongados
para resolurao dos sintomas urinarios Lactobacilos tambem tern sido relatados em
amostras de urina obtidas diretamente da bexiga e de amostras de tecido obtidas
par bi6psia vesical bern como ocasionalmente isolados em urinas de mulheres
idosas com sintomas urinarios (MASKELL 1989)
56 COCOS GRAM-POSITIVOS
Microrganismos dos generos Lactococcus Gemella Aerococcus e
Globicatella embora possam estar presentes como contaminantes em culturas de
material clinico tern sido isolados como patogenos oportunistas ern urina e outras
amostras de pacientes imunocomprometidos Esforyos para identifica-Ios devem ser
realizados quando os isolados forem clinicamente significantes isto e isolados
repetidamente ou em cultura pura Devido a semelhanya com outros cocos gram-
positivos isolados com mais freq04sectncia como estreptococos enterococos e
estafilococos possivelmente sao confundidos com especies destes generos
(MURRAY 1999)
Golapachar et al (2004) relata ram um caso de infec9ao do trato urinario com
bacteremia causa do por Aerococcus viridans em um homem de 87 anos residente
em uma cUnica de repouso A cultura de urina apresentau crescimenta de 105
UFCml de Aerococcus viridans e a hemocultura fai positiva para a mesmo
microrganismo Os testes bioqulmicos que leva ram a identificayao do
microrganismo faram reayoes negativas de catalase e LAP (Ieucina aminopeptidase)
e reaDes positivas para PYR (L-pyrrolidonyl-beta-naphtylamina) fermentaao de
42
trehalose e manese resistencia a optoquina crescimento em agar bile esculina 40
e cresci menta em cloreto de s6die 65 As especies de Aerococcus sao anaer6bias
facultativas a maioria catalase negativa com tendemcia a formaCao de tetrades na
morfologia microsc6pica PYR positivo e LAP negativ~ a que as diferencia de
enterococos e estreptococos
A escassa documentacao a respeito de infecyoes humanas por Aerocccus
sp deve-se provavelmente a sua similaridade microbiol6gica aos estreptococos alfa-
hemoliticos e enterococos e possiveis erras na interpretacao laboratorial de
amostras clinicas No casa acima descrito a laborat6rio de microbiologia nao pade
reaHzar a antibiograma devido a natureza fastidiosa da bacteria mas houve sucesso
terapeutico ap6s administray8o intravenosa de levofloxacin (GOLAPACHAR et al
2004)
Um caso de pielonefrite e urossepsis por Streptococcus pneumoniae foi
relatado em urn hornem de 82 anos com hist6ria clinica de leucemia linf6ide cronica
e diabetes mellitus Exames radiograficos abdominais e tomografia computadorizada
mostraram uma imagem indicativa de extensa pielonefrite no rim esquerdo sem
nenhum outro foco de infecc8o 0 abscesso renal foi tratado por drenagem
transuretral e 0 material purulento obtido foi cultivado assim como materiais de
orofaringe escarro e sangue Esearro e orofaringe revelaram apenas mierobiota
normal do trato respirat6rio enquanto 0 material drenado e as hemoculturas
demonstraram microseopicamente cocos gram-positiv~s aos pares e em eadeias
alguns dos quais eram lanceolados havendo bom crescimento em agar sangue de
carneiro e agar chocolate a 37degC As col6nias eram fracamente alfa-hemoliticas no
agar sangue e nao muc6ides catalase-negativas e sensiveis a optoquina Testes de
aglutinac8o sorologiea de ambos materiais confirmaram a identificac8o e testes
43
moleculares demonstraram ser as dois isolados identicas Apesar da terapia
antimicrobiana a paciente desenvolveu coagula98o intravascular disseminada e
sofreu uma parada cardiaca sendo que 0 quadro foi revertido mas tornau-se
necessaria a nefrotomia para eliminar a foco da infeccao Em contraste a estud05
anteriores a paciente descrito apresentou um verdadeiro casa de pielonefrite
abscesso renal e urossepsis causados par Streptococcus pneumoniae A presenca
de doencas como leucemia linf6ide crOniea e diabetes mellitus fcram 5uficientes para
causar um certa grau de imunossupressao e predispor a paciente a infeccao par
Streptococcus pneumoniae mesma sem hist6ria antecedente de infecC8o
pneumoc6cica trauma ou interven9ao cirurgica (DUFKE KUNZE-KRONAWITIER
SCHUBERT2004)
57 BACT~RIAS ANAER6BIAS
Tern sido descritos casas de infec90es do trato urinario par bacterias
anaer6bias com as mais diverses tipos de apresenta90es clinicas entre processes
crenicos e agudos As bacterias recuperadas sao bacilos gram negativQs incluindo
Bacteroides fragifis Prevotella sp e Porphyromonas sp Clostridium sp cocos
gram-positiv~s e Actinomyces sp Em muitos casas sao recuperadas em culturas
mistas com coliformes e estreptococos (BROOK 2004)
58 OUTRAS BACT~RIAS FASTIDIOSAS
Foi descrita par Greub e Raoult (2002) uma nova especie bacteriana
Actinobaculum massiliae recuperada da urina de uma mulher de 81 anos com ITU
cr6nica Os estudos fenotipicos genotfpicos e filogeneticos realizados mostraram
ser 0 isolado urna nova especie ainda nao recanhecida dentro do genera
Actinobaculum e foi proposta a denominacao Actinobaculum massiliae A mesma
cepa faj isolada tres vezes num perlodo de sete meses mesmo apes tratamento
44
com amoxicilina sulfametoxazol~trimetoprim e rifampicina Devida ao fata do
microrganismo nao ser isolado em procedimentos laboratoriais de rotina uma ITU
devido a Actinobaculum massiliae pade ser mal diagnosticada Alem disso as
col6nias apresentam heterogeneidade morfol6gica ap6s cinco dias de incubacao
podendo levar a uma errOnea interpretaC(ao de contaminacao com duas especies de
badlas gram~positivos 0 usa de agar sangue de carneiro e incubacao prolongada
motivado pela presenca de 106 leuc6cit05 per ml na urina da paciente permitiu a
desenvolvimento da cepa Houve cura ap6s tratamento com doxiciclina (GREUB
RAOUL T 2002)
Em estudo clinico e microbiol6gico de mulheres com sindrome uretral -
excluindo pacientes com cistite bacteriana - 41 pacientes foram comparadas com 42
pacientes controle Nao foi encontrada diferenca entre pacientes e con troles em
incid~ncia de Chlamydia trachomatis e outros microrganismos de transmiss3o
sexual 0 numero de lactobacilos e outros microrganismos fastidiosos bem como a
numero de leucocitos na urina nao apresentaram diferenca entre pacientes com
sintomas leves e intensos ou entre pacientes e controles Os auto res sustentam a
hipotese da sindrome uretral nao ser causada por infecrao bacteriana ou clamidial
(GILLESPIE et al 1989)
45
6 CONCLUSAO UMA REFLExAO
E indiscutivel a importo1ncia para a laborat6rio de requisicoes de exame
completas com informayoes sabre suspeita clinica existencia de sintomas
anormalidades do trata urinario e condhoes imunol6gicas do paciente Embora
tradicionalmente a maiaria dos medicos nao fornega muitas informacoes sabre 0
paciente ao laborat6rio a microbiologista pede incentivar a criacao de urn canal de
comunicacao quando observar a necessidade de informagoes sobre determinado
paciente
Exames anteriores do paciente sempre que disponiveis devem ser
consultados e comparados pois informacoes sabre infecc6es recorrentes au
recidivantes especies bacterianas envolvidas au presen9a de piuria esteril sao
importantes para direcionar a pesquisa para agentes fastidiosos
o metoda de coleta e as condi~6es de transporte da urina deterrninam a
qualidade da amostra e a quao relevantes serao as microrganismos nela
encontrados Considerando-se que urna bacteria normalmente considerada como
contarninante introduzida durante a coleta pode ser em alguns casos patogenica ou
ainda que uma especie fastidiosa patogenica de crescimento lento pode ter seu
crescimento inibido par uma contaminante de crescimenta mais rapido a coleta
adequada torna-se urn fator de suma importancia para a detec~ao de especies
fastidiosas em urina
Como ja discutida torna-se indispensavel a realiza~ao da calora~ao de
Gram em amostras de urina pOis alem de ser urn teste de triagem rapida e barato
para bacteriuria acima de 105 UFCml pode ser 0 unica indicativa da presen~a de
urna especie fastidiosa
46
A comunica~ao entre a microbiologista e a medico pode determinar nao 56 a
sucesso do diagn6stico e do tratamento como a viabilidade economica da pesquisa
de bacterias fastidiosas para 0 laborat6rio urna vez que direciona as esforyos
laboratoriais aos pacientes que realmente necessitam evitando 9a5t05
desnecessarios
Bacte-rias fastidiosas podem nao responder ao tratamento antibi6tico para
pat6genos convencionais do trato urinario portanto a pesquisa precocemente
direcionada para tais agentes pode melhorar 0 progn6stico das ITU evitando a
administracao de antibioticos inadequados au desnecessarios
Como observado nos diversos casas reiatados bacterias fastidiosas
ocorrem em cenaries clinicos especificos 0 entendimento do processo da doen=a e
as condi=oes do paciente pod em ajudar muito 0 laboratorio no esfor=o para
recuperar a bacteria do material clinico
47
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
ALBINI C A Cullura de Urina Analise das metodologias interfer~ncja sobre as
resultados e proposta para padronizacao 1994 54 f Monografia (Especia1iza9aO em
Bacteriologia) - Setor de Ciencias da Saude Departamento de Patologia Medica
Universidade Federal do Parana Curitiba
AGARWAL M DIXON R A A study to detect Gardnerella vagina lis DNA in
interstitial cystitis British Journal of Urology (on line) 2001 Disponlvel em
httpwwwbjuiorg889articlebju2514aspAcessoem 03 fev 2005
BATRA A Interstitial Cystitis Updade Infection Urology (on line) 1999 Disponivel
em httphomeswipnetsellsopicupdatehtm Acessa em 20 dez 2004
CLARIDGE J E JOHNSON J R PEZZLO M T Laboratory Diagnosis of Urinary
Tract Infections Washington American Society for Microbiology 281998
BROOK I Urinary tract genito-urinary suppurative infections due to anaerobic
bacteria International Journal of Urology (on line) 2004 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezigueryfcgicmd=Retrieveampdb=pubmedampdopt=Abst
ractamplist uids=15009360 Acesso em 18 mar 2005
DOMANN E HONG G IMIRZALIOGLU C TURSCHNER S KOHLE J
WATZEL C HAIN T HOSSAIN H CHAKRABORTY T Culture-Independent
Identification of Pathogenic Bacteria and Polymicrobial Infections in the Genitourinary
Tract of Renal Transplant Recipients Journal of Clinical Microbiology (on line) 2003
48
Disponivel em httpjcmasmorgcgireprintl41125500pdf Acesso em 18
mar2005
DOMINGUE G J HELLSTROMW J G Prostatitis Clinical Microbiology Reviews
(on line) 1998 Disponivel em httpcmrasmorglcgilcontentifuIl11141604 Acesso
em 03 fev 2005
DUFKE S KUNZE-KRONAWITIER H SCHUBERT S Pyelonephritis and
Urosepsis Caused by Streptococcus pneumoniae Journal of Clinical Microbiology
(on line) 2004 Disponlvel em httpjcmasmorgcgicontentifuIl4294383 Acesso
em 06 mar2005
FAIRLEY K F BIRCH D F Detection of Bladder Bacteriuria in Patients with Acute
Urinary Symptoms The Journal of Infectious Diseases Melbourne v 159 n2 p
226-231 fev 1989
FRAIMOW H S JUNGKIND D L LANDER D W DELSO D R DEAN J L
Urinary Tract Infection with an Enterococcus taecais Isolate that Requires
Vancomycin for Growth Annals of Internal Medicine (on line) 1994 Oisponivel em
httpwwwannalsorgcgicontentifuIl1211122 Acesso em 18 mar 2005
FRANZ M HCRL W H Common errors in diagnosis and management of urinary
tract infection I Patophysiology and diagnostic techniques Nephrology Dialysis
Transplantation (on line) 1999 Disponivel em
httpltwwwndtoupjournalsorgcgicontentifuIl141127 46 Acesso em 01 dez 2004
49
GIBB A P Plates are Belter than Broth for Recovery of Fastidious Organisms from
some Specimen Material Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Oisponivel
em httpjcmasmorgcgireprinU4041129pdf Acesso em 06 mar2005
GILLESPIE W A HENDERSON E P LINTON K B SMITH P J Microbiology
of the urethral (frequency and dysuria) syndrome A controlled study with 5-year
review British Journal of Urology (on line) 1989 Disponfvel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
2804564ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr 2005
GINESTRE PEREZ M ROMERO-A~EZ S MARTINEZ-GARCIA A RINCON-
VILLALOBOS G HARRIS-SOCORRO B CATELLANO-GONZALES M AVILA-
ROO Y PEROZO-MENA A Gardnerella vaginalis y uropat6genos convencionales
em pacientes ambulatorios Revista de La Sociedad Venezolana de Microbiaogia
(on line) 2001 Disponivel em
httpwwwseieloorgvaseielo phpscriptsci arttextamppid=S 1315-
25562001000200003amplng=esampnrm=isso Acesso em 05 jan 2005
GOBERNADO M CRUZ F J DALET F BROSETA E DE CUETO M
SANTOS M DE LA ROSA M Procedimientos en Microbiologla Clinica La
infeccion urinaria 2002 Disponivel em
httpwwwseimcorgprotocolosmicrobiologiaindice14htm Acesso em 01 dez
2004
50
GOLAPACHAR A AKINS R L DAVIS W R SIDDIQUI A A Urinary tract
infection caused by Aerococcus viridans a case report International Medical Journal
for Experimental and Clinical Research (on line) 2004 Oisponivel em
httpwlNNmedscimonitcompubvol 10no 114928pdf Acesso em 03 dez 2004
GREUB G RAOULT D Actinobaculum massiliae a new species causing chronic
urinary tract infection Journal of Clinical Microbiology (on line) 2002 Disponivel em
httpwwwpubmedcentralnihgov articlerender fcgitool=pubmedamppubmedid=12409
355 Acesso em 13 fev2005
HElLBERG I P Diagnosis and clinical management of urinary tract infection
Disponivel em httpwwwunineteducin2003confpfefermanpfefermanhtml
Acesso em 20 out 2004
KONEMAN E W ALLEN S D JANDA W M SCHREKENBERGER P C
WINN Jr W C Cr Atlas and Textbook of Diagnostic Microbiology 5ed
Philadelphia Lippincott-Raven 1997
LIPSKY B A Managing Prostatitis and Urinary Tract Infection in Men Infectious
Diseases Infoalerl (on line) 2003 Oisponivel em
httpwwwdpacomhklpdflinfolnfoALERT 15pdf Acesso em 10 dez 2004
MASKELL R A new look at the diagnosis of infection of the urinary tract and its
adjacents structures Joumaloflnfecfion Portsmouth n 19 p 207-217 jul 1989
51
MERIA P DESGRIPPES A ARFI C LE DUC A Encrusted Cystitis and Pyelitis
Journal of Urology (on line) 1998 Disponlvel em
htlpIwwwjurologycomipUrejuroabstract00005392-1 99807000-
00003htmmiddotjsessionid-CnHOtEDjxvOgrxiWIUac52pekluG1HSCZzrnOpCIJH4V107ePU
evI848681301-949856032190011-1 Acesso em 21 abr 2005
McCUE J D The Management of Complicated Urinary Tract Infections Infectious
Diseases Infoalert (on line) 1999 Disponfvel em
htlpIwwwdpacomhkJpdlfinlofinlo alart 01pdl Acesso em 01 dez 2004
MURRAY P R Manual of Clinical Microbiology 7ed Washington ASM Press
1999
NABER K G BERGMAN B BISHOP M C JOHANSEN T E B BOTTO H
LOBEL B CRUZ F J SELVAGGI F P European Association 01 Urology
Guidelines on Urinary and Male Genital Tract Infections Disponlvel em
httpwwwuroweborglfilesluploaded filesuti mgtLpdf Acesso em 20 dez 2004
OPLUSTIL C P Urocultura In__ Procedimentos basicos em microbiologia
clinica 2 ed Sao Paulo Sarvier 2004 p 88-93
OSBORNE J About Interstitial Cystitis Disponivel em htlplwwwic-
networkcomhandbooklbasicshtmlintro Acesso em 20 dez 2004
52
PEDRAZA AVILES A G ORTIZ ZARAGOZA M C Symptomatic bacteriuria due to
Ureaplasma and Mycoplasma in adults Revista Latinoamericana de Microbiologia
(on line) 1998 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedampdopt=Abs
tractamplist uids=20388109 Acesso em 20 abr 2005
RIEGEL P RUIMY R BRIEL D de PREVOST G JEHL F BIMET F
CHRISTEN R MONTEIL H Corynebacterium seminale sp Nov a New Species
Associated with Genital Infections in Male Patients Journal of Clinical Microbiology
(on line) 1995 Disponlvel em
htlpllwwwpubmedcentralnihgovpicrenderfcgiartid=228387ampblobtype=pdf
Acesso em 19 mar 2005
SORIANO F PONTE C A case of urinary tract infection caused by
Corynebacterium urealyticum and coryneform group F1 European Journal of Clinical
Microbiology Infectious Diseases (on line) 1992 Disponfvel em
httoIwwwncbinlmnihgoventreziguervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
1396772ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr2005
TANNER M A SHOSKES DSHAHEDA PACENR Prevalence of
Corynebacterial 16S fRna Sequences in Patients with Bacterial and Nonbacterial
Prostatitis Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Disponivel em
httpmcmasmorgcontenVfull3761863 Acesso em 06 mar 2005
TRABULSI L R ALTERTHUM F Escherichia coli uropatagenica (UPEC) In
Microbiaagia 4 ed Sao Paulo Atheneu 2004 p 303-309
53
1 INTRODUltAO
Considerando-se as infec90es humanas as das vias urinarias estao entre as
mais comuns ocupando 0 segundo lugar depois das infec90es respirat6rias
(GOBERNADO et a 2002) Estima-se a ocorrencia de 150 mil hoes de casas anuais
em lodo 0 mundo (TRABULSI ALTERTHUM 2004)
Como resultado da grande frequElncia de infec90es urinarias e da facilidade
de obtenyao de amostras as culturas de urina representam a maior parte do
contingente de exames em laborat6rios de microbialogia cllnica (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
Os metodos diagn6sticos e terapeuticos atuais freqOentemente invasivQs
bem como a sobrevida aumentada da populayao podem favorecer a infeccao por
microrganismos de metabolismo complexo Alem disso indivfduos
imunologicamente comprometidos podem ser suscetiveis a infec90es urinarias por
microrganismos nao usual mente patogenicos Tais microrganismos pod em
apresentar dificuldade de desenvolvimento nos meios de cultura comumente
utilizados em protocol as de cultivo de amostras de urina
As tecnicas rotineiras de coleta e cultivo de urina permitem a desenvolvimento
dos uropatogenos mais comuns Para a pesquisa de microrganismos pouco
habituais e necessaria a realizagao de procedimentos diferenciados como 0
emprego de meios de cultura enriquecidos aumento do tempo de incubayao e
atmosferas especiais
Considerando-se que as metodologias atualmente utilizadas podem nao isolar
as microrganismos exigentes envolvidos em infecyOes do trato urinario a presente
trabalho objetiva atraves de revisao bibliogn3fica verificar na literatura especializada
as situa90es e a frequencia em que e recomendavel a pesquisa de microrganismos
fastidiosos assim como divulgar sua importancia na patog~nese das infeccoes do
trato urinario
2 CONSIDERA90ES SOBRE MICRORGANISMOS FASTIDIOSOS
o termo bacteria fastidiosa tern sido tradicionalmente aplicado a
microrganismos que nao se desenvolvem OUse desenvolvem fracamente em todos
as meios de cultura tradicionais como agar sangue agar chocolate au agar Mac
Conkey requerem atmosfera capnofilica au microaerofilica e incubayao prolongada
As necessidades especiais de crescimento podem tambem dificultar a identific3cao
bioquimica dos isolados (MURRAY 1999)
No contexto das ITU bacterias fastidiosas podem ser definidas como
aquelas que requerem condiyoes de crescimento diferente da tradicional incubayao
aer6bia por 18 a 24 heras em melo de isolamento prima rio Meies de cultura
adicionais au incubarao prolongada em atmosfera contendo CO2 podem ser
necessarios (MASKELL 1989)
Uma das raz6es para se considerar que bacterias fastidiosas podem ter
importancia na patogenese das ITU e a existencia de divers as condi90es cHnicas
caracterizadas par evidencia de doen9a inflamat6ria para as quais nenhum
microrganismo causal e detectado bem como nenhuma outra causa nao infecciosa eencontrada Estas condi90es incluem a cistite intersticial a slndrome uretral aguda e
a prostatite crOnica idiopatica Muitos pacientes apresentam piuria outros
apresentam evidencias cllnicas de inflama9ao alem de sintomas que sao
clinicamente indistinguiveis dos pacientes com pat6genos usuais (MASKELL 1989)
Outro motive para 0 reconhecimento de bacterias fastidiosas como
clinicamente importantes no trato urinario e 0 numero crescente de publica90es
evidenciando 0 isolamento de tais agentes em muitos pacientes Urna vez que tais
bacterias tern sido investigadas e reconhecidas como causa de infecyOes
10
clinicamente significantes do trato urinario torna-se natural 0 direcionamento de
esfor90s para a sua detec9ilo (MASKELL 1989)
Microrganismos fastidiosos pod em em muitos casas apresentar-se como
patogenos secundarios do trato urinario como resultado de selecao apas
tratamentos anti bacteria nos principalmente nos multiplos cursos de antibi6ticos
ut1lizados nas ITU recorrentes (MASKELL 1989)
o presente trabalho tern como objetivo estudar a ocorrencia de bacterias
fastidiosas em ITU Incluem-se aqui bacterias naD usualmente patogemicas neste
sitio anatomica embora conhecidamente patogemicas em Qutros sitios bern como
especies geralmente consideradas como contaminantes em urina e que poderao ter
papel patogenico e ser relevantes em alguns casos que serao discutidos a seguir
II
3 PATOGENESE DAS INFECCOES DO TRATO URINARIO
As infecc6es bacterianas do trato urinario sao na malaria das vezes
adquiridas por via ascendente a partir da uretra podendo atingir a bexiga e 0 trato
urinario superior (ureter pelves renais e rins) A via hematogenica e menos comum
mas pode acontecer a dissemina~ao de bacterias no interior do glomerulo e do
cortex renal em pacientes com septicemia (KONEMAN et al 1997)
As infecroes do trato urinario sao aproximadamente quatorze vezes mais
comuns no sexo feminin~ sendo a colonizar8o da area periuretral e as alterayoes
anat6micas da uretra e regiao circundante durante a relar8o sexual as principals
latores predisponentes (MIMS el a 1995)
As infecroes urinarias em crianras sao mais comuns em meninos nao
circuncidados pela colonizayao da uretra e prepucio com microrganismos fecais
(MIMS et a 1995)
o f1uxo constante de urina e 0 esvaziamento regular da bexiga sao fatores
de prote9ao contra infec90es portanto urn comprometirnento rnecanico au funcional
do flux a urinario e uma condi9ao importante para a instalacao de um pat6geno Os
fatores rnecanicos incluem calculo renal refluxo vesicoureteral obstru9ao do colo da
bexiga estrangulamento da uretra hipertrofia prostatica e cateterismo Entre os
fatores funcionais mais comuns estao a gravidez e as neoplasias pelvicas devido a
pressao externa sabre as ureteres A osmolalidade extrema da urina 0 conteudo
elevado de ureia e 0 baixo pH tambem sao fatores inibit6rios para 0 crescimento de
bacterias as quais podem ser alterados principalmente quando ocorre lesao na
mucosa (KONEMAN et al 1997)
A micro biota das membranas mucosas exerce papel de prote9ao inibindo a
desenvolvimento de pat6genos pela competicao par nutrientes au sitias de ligacao e
12
pela produ9ao de bacteriocin as (KONEMAN et al 1997) Em mulheres em idade
fertil a producao de estr6genos estimula a colonizaryao vaginal com lactobacllos
bacterias usualmente naD patog~nicas que promovem a pH acido inibitorio para a
maiaria das bacterias As mulheres na pos-menopausa ficam suscetiveis a
colonizacIo da area periuretral par uropat6genos devido ao deficit de estrogenia e
conseqOente aumento do pH vaginal (McCUE 1999)
As bacterias gram-negativas possuem como importante fatar de virulencia
estruturas especializadas chamadas fimbrias ou pili e protelnas externas de
membrana que favorecem a adesao as superficies celulares mucosas ou cutaneas
Fatores de adesao tambem sao encontrados em bacterias gram-positivas como as
acidos lipoteicoicos em estreptococos e proteina M em estafilococos (KONEMAN ef
al1997)
Os fatores de virulencia de Escherichia coli e Proteus mirabilis estao bern
estabelecidos e incluem a sintese de aerobactina e enterobactina (proteinas
seqOestradoras de ferro elemento necessario para replica~ao da bacteria) assim
como a expressao da ffmbria e a produ~ao de hemolisina Flmbrias manose-
sensiveis (tipo 1) tern sido encontradas em especies nao patogenicas e fimbrias
manose-resistentes (tipo P) apenas em especies uropatogenicas As ultimas tern
sido associadas a pielonefrite pois tern a capacidade de aderir aos receptores das
celulas uroepiteliais e posteriormente ascender da bexiga para as rins (FRANZ
HORL 1999) A produ~ao de hernolisina esta associ ada a capacidade de causar
lesao renal (MIMS et al 1995)
Antigenos polissacaridicos capsula res acidos (K) estao associ ados ahabilidade de causar pielonefrite e auxiliarn na inibiCao da fagocitose favorecendo a
resistencia de Escherichia coli aos mecanismos de defesa do hospedeiro (MIMS et
13
al 1995) as polissacarfdeos capsulares bloqueiam a opsonizacao da bacteria par
interferirem com a deposi9ao do complemento (TRABULSI ALTERTHUM 2004)
Estafilococos coagulase negativos tern apresentado capacidade de
aderemcia as celulas do epitelio uretral e a protefnas celulares incluindo laminina
fibronectina vitronectina e colageno que podem permitir uma infeqao ascendente e
subseqOente colonizacao da glandula prostatica Ah~m disso produzem substancias
com propriedades antifagociticas antiquimiotaticas e antiproliferativas que afetam as
neutr6filos e linf6citos prejudicando as mecanismos de defesa do hospedeiro
(DOMINGUE HELLSTROM 1998)
A patogemese da prostatite bacteriana nao esta bern definida mas acredita-
se que 0 mecanisme principal seja infecyao uretral ascendente ou refluxo de urina
infectada da bexiga para os ductos prostaticos pela uretra posterior A prostatite
bacteriana pode ocorrer tambem como complicacao apes instrumentayao ou cirurgia
genitourinaria (LIPSKY 2003)
Assim como os microrganismos que possuem propriedades uropatogemicas
infectam 0 trato urinario normal bacterias nao reconhecidamente uropatogeuromicas
podem causar infeccao quando na presenca de anormalidades do trato urinario ou
quando os mecanismos de defesa do hospedeiro estao prejudicados como em
crian9as idosos gravidas diabeticos e imunocomprometidos como os
transplantados renais (FRANZ HORL 1999)
31 SiNDROMES CLiNICAS
o termo infeccao do trato urinario (lTU) inclui uma ampla gama de
s[ndromes clinicas sendo as mais comuns na pratica cHnica a bacteriuria
assintomatica a cistite (incluindo a sind rome uretral aguda) e a pielonefrite
Qualquer uma das sindromes pode ocorrer em urn paciente com anormalidades
14
urol6gicas que predispOem a ITU au dificultam 0 tratamento e nestes cases a
infec~ao e designada complicadaD
bull Sindromes ITU menes comumente
encontradas incluem prostatite abscessos renais e urossepsis (ITU com bacteremia)
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
As infec90es do trato urinario nao complicadas sao comuns e estima-se que
50 das mulheres que possuem 0 trato gemito-urinario normal apresentarao pelo
menes urn episodio de ITU aguda durante a vida As ITU complicadas estao
associadas a anormalidades funcionais au estruturais do trato urinario (bexiga
neurogenica refluxo vesicQureteral rim esponjoso medular nefrocalcinose cistos
renais etc) obstru9aO do trato urinario (hiperplasia benigna da pr6stata urolitiase
tumores estenose da jungao uretero-pelvica) cateterizagao ou instrumentacao
patogenos multirresistentes imunossupressao ou prostatite (HElLBERG 2003)
A diferenciagao entre ITU inferior e superior e importante tendo em vista as
complicagOes do envolvimento renal na infecgao no entanto os procedimentos
diagn6sticos mais acurados sao invasivos e apresentam risco (cateterizagao)
Usualmente a elevagao de parflmetros inflamat6rios como a proteina C reativa
leucocitose e febre indicam ITU superior e rnais recentemente tern sido utilizada
como marcador a excreyao aumentada de N-acetil-beta-glucosaminidase A
resoluyao da bacteriuria ap6s urn dia ou ap6s tratamentos curtos de tnsects dias condiz
com ITU inferior (FRANZ HORL 1999)
Murray (1999) cita como principais bacterias patogeuromicas no trato urinario
Escherichia coli Proteus mirabilis Klebsiella spp Enterobacter spp Pseudomonas
spp Enterococcus spp Staphylococcus saprophyticus Staphylococcus aureus
Ureaplasma spp Mycobacterium tuberculosis e Neisseria gonorrhoeae Sao
encontrados como microrganismos comensais no trato gemito-urinario
15
Corynebacterium spp Lactobacillus spp Staphylococcus spp Streptococcus spp
Neisseria spp nao patogemicas Mycoplasma spp Ureaplasma spp Gardnerella
vaginalis microrganismos entericos Acinetobacter spp Capnocytophaga spp
Enterococcus spp e bacterias anaer6bias
A bacteriuria assintomatica e definida pela presen~a de bacterias em algum
local do trato urinario na ausencia de sintomas Sua significancia clinica e
controversa tendo em vista que certes grupos de pacientes podem sofrer
consequeuromcias graves como por exemplo crian~as com refluxo vesicQureteral nas
quais a infecvao silenciosa pode causar dana renal e tambem gestantes nas quais
a progressao da infecCao pode causar dana ao feto bern como aumentar 0 risco de
pielonetrite na mae (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Cistite e definida como a infec9c3o presumivelmente limitada a bexiga pela
presen9a de sintomas caracteristicos (disuria urgencia OUfrequemcia) e ausencia de
sintomas sugestivos de inflamacZlo em Qutros locais do tratc urinario (CLARRIOGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
A sindrome uretral aguda tambem conhecida por sind rome piuria-disuria au
abacteriuria sintomatica e caracterizada por sintomas de ITU (disuria urgencia e
miccoes freqOentes) acompanhados de leucocituria e cultura de urina negativa au
com baixas contagens de bacterias Atualmente reconhece-se que 0 criteria de
contagem de colonias tradicional utilizado para diferenciar cistite bacteriana de
sindrome uretral aguda e controverso e que muitas mulheres disuricas com baixas
contagens de col6nias necessitam de tratamento para ITU bacteriana aguda
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998 HElLBERG 2003)
A sind rome uretral aguda pode ser causada por bacterias fastidiosas ou nao
usuais como Chlamydia trachomatis Ureaplasma urealylicum Neisseria
16
gonorrhoeae Mycoplasma spp Mycobacterium spp Trichomonas spp au Candida
spp Outras causas incluem abscessos rena is obstrucao ureteral completa e
luberculose renal (HEllBERG 2003)
A inflamacao dos rins e pelves renais (pielonefrite) oeasiona sintomas de
dor ou sensibilidade envolvendo 0 f1anco frequentemente acompanhados par urna
resposta inflamat6ria sistemica incluindo febre calafrios indisposicao dar de
cabera e nauseas as quais naD acorrem em pacientes com cistite Em alguns
pacientes estas manifestaroes sistemicas ocorrem sem sinais au sintomas locais de
envolvimenlo renal condilao denominada de ITU febril (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZlO 1998)
A cistite intersticial e urna inflamacao croniea e freqOentemente severa da
bexiga cuja causa e desconhecida Os sintomas primarios sao freqUelncia urgencia
e dor abdominal ou perineal e as culturas de urina sao raramente positivas Os
pacientes normalmente apresentam pequenas hemorragias (glomerulayoes) ou
ulceras na bexiga ahsectm de diminui9aO da capacidade urinaria e rela90es sexuais
dolorosas Muitos pacientes recebem urn diagn6stico prirnario de sind rome uretral
ale a descoberta do real diagn6slico (OSBORNE 2003)
Muitos pacientes com cistite intersticial tern urna hist6ria de ITU recorrente
Alguns autores teorizarn que a bacteria causa dora pode ser urna especie fastidiosa
ou presente ern pequeno numero e que a sua presen9a pode na~ produzir a cistite
intersticial mas ser responsavel p~r urna resposta inflamat6ria e imunol6gica
(BATRA1999)
A infeC9aO bacteriana da glandula prostatica (prostatite) pode ocorrer como
resultado de infeC9aO uretral ascendente par refluxo de urina infectada para as
ductos prostaticos via uretra posterior ou par via linfogenica ou hernatogenica A
17
prostatite bacteriana aguda promove urn abrupto inrdo de febre e sintomas
genitourinarios e constitucionais enquanto a croniea e urna enfermidade sutl
caracterizada por recidivas lTU recorrente e persistencia da bacteria na secre9ao
prostcitica mesma apas multiplos cursos de antibioticoterapia Urna terceira
sindrome a prostatite croniea idiopatica (inclui-se aqui a prostatite nao bacteriana e
a prostatodlnia) usualmente caracteriza-se par dor perineal persistente e sintomas
urol6gicos podendo ou nao estar associada a urn grande numero de celulas
inflamatorias na secre9ao prostatica e a urna bacteria cultivclvel laboratorialmente
(DOMINGUE HELLSTROM 1998)
A prostatite crOniea em homens com culturas negativas mas com
leucocitose na secrecao prosttltica (mais de 10 leuc6citos por campo em aumento de
1000X) e classificada como prostatite nao bacteriana e a doenca naqueles cujas
culturas sao negativas e que nao apresentam leucocitose na secreCao prostatica e
classificada como prostatodlnia (TANNER et al 1999)
o agente etiol6gico predominante nas prostatites bacterianas agudas e
cronicas e Escherichia coli seguido par especies de Proteus e Providencia e menos
cornu mente Klebsiefla spp Pseudomonas spp Serratia spp e Enterobacter spp
Estudos recentes demons tram que cepas de Escherichia coli causadoras de
prostatite expressam fatores de virulemcia similares as cepas causadoras de
pielonefrite Staphylococcus aureus Staphylococcus saprophyticus e outros
estafilococos coagulase negativos ocasionalmente podem causar prostatite assim
como algumas bacterias fastidiosas como por exemplo corinebacterias Gardnerella
vaginalis e Haemophilus influenza (LIPSKY 2003)
A prostatite cronica idiopatica (nao bacteriana) e uma condicao multi-
sintomatica de causa discutivel Etiologias propostas sao infeccoes par Chlamydia
18
trachomatis Mycoplasma hominis Ureapfasma urealyticum Trichomonas vaginalis
au agentes virais embora muitos estudos naD confirmem lais dados Tecnicas
microbiol6gicas especiais e tecnicas moleculares tern demonstrado em pacientes
com prostatite naD bacteriana colonizaf(80 prostatica com especies bacterianas de
baixa virulencia e tambem bacterias fastidiosas sugerindo etiologia infecciosa
(LIPSKY 2003)
Homens jovens com prostatite aguda podem ter baixas concentracoes de
bacterias na urina as quais nao sao reconhecidas como significantes e
possivelmente naD reportadas au entao podem ser infectados com microrganismos
fastidiosos como Gardnerella vaginais Quando traladas par insuficiente periodo de
tempo ou com um antibiotico inadequado que nao atinge urna concentracao
terapeutica adequada no tecido prostatico tais pacientes podem evoluir para uma
condi9ao de prostatite crOnica (MASKELL 1989)
A ITU e comum apos transplantes renais embora os riscos estejam sendo
diminuidos pelo uso de menores doses de imunossupressores e tambern pelo uso
profilatico de antibioticos Entre os fatores predisponentes pode-se citar infeccao
previa no rim do doador bern como alteracao do uroepitl~lio do receptor causada p~r
cateteres vesica is e stents ureterais Nos primeiros tr~s meses as ITU sao
geralmente assintomaticas e recidivantes ap6s esse perlodo sao menos freqOentes
e ha melhor resposta a antibi6ticos embora sejam comuns as complicacOes
urol6gicas como fistulas e obstrucoes Isquemia do orgao devido a dano arterial
pode promover ITU pela colonizacao bacteriana do tecido lesado usualmente por
bacterias comensais ou fastidiosas A erradicacao das infecc6es pode tomar-se
impossivel ate que 0 rim ou pelos menos 0 segmento prejudicado seja removido
(NABER et ai 2004)
19
Lactobacilos corinebacterias e alguns estreptococos fastidiosos podem ser
patogenos secundarios em ITU originalmente selecionados da microbiata uretral par
tratamento antibi6tico Tal situa~ao pade acorrer em pacientes que tenham recebido
agentes antibacterianos durante long05 periodos au antibioticoterapia aSSDciada a
urn periodo de cateterizayao A falha na deteqao laboratorial destas especies pade
resultar em tratamento antimicrobiano inadequada exacerbando 0 problema OU
ainda levar a investiga90es invasivas desnecessiuias (MASKELL 1989)
20
4 A ROTINA DA UROCULTURA NO LABORATORIO DE ANALISESCLiNICAS
o diagn6stico microbiol6gico de uma infeqao urinaria mesma baseando-se
na determinay80 de microrganismos em urn Hquido biologico normalmente esteril
apresenta dificuldades com relaCao a valoriz8gao dos resultados E sabido que
existem microrganismos naturalmente residentes na uretra regiao genital e perinea
que podem contaminar a urina acidentalmente somando-se a issa a a9ao da
temperatura que estimula a proliferar8o bacteriana Par outro lado as tecnicas de
coleta e cultivo de amastras devem ser direcionadas a pesquisa de microrganismos
pouco habituais as quais podem ser importantes em determinadas situaroes
(GOBERNADO ef al 2002)
A decisao de como uma amostra deve ser cultivada depende do metoda de
coleta e dos sinais e sintornas cllnicos do paciente informa~6es que deveriam ser
transmitidas ao laboratorio pelo medico Entretanto na maioria das vezes 0
laborat6rio recebe informa~6es incompletas ou incorretas que resultam na realiza~ao
de muito ou pouco trabalho com uma determinada amostra (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
A classifica~ao de culturas de urina por tipos permite que 0 manejo das
amostras seja direcionado pela necessidade clinica e que 0 laborat6rio possa
escolher os meios de cultura e a quantidade de inoculo mais apropriada Com base
nos dad os cllnicos do paciente podem-se definir tres tipos de cultura de urina
retina inspeao e invesligaliva (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
As culturas de retina sao apropriadas para pacientes ambulatoriais e com
ITU nao complicadas As culturas de inspe~ao devem ser realizadas em pacientes
geriatricos e individuos que utilizam cateteres vesicais nos quais a caloniza~ao au
infec~ao por multiplos microrganismos e comum Culturas investigativas sao aquelas
21
direcionadas para diagn6sticos especificos microrganismos fastidiosos ou grupos
diferenciados de pacientes Devern ser realizadas nos casas de cultura previa
negativa de falha na terapia antimicrobiana au no case de suspeita de urn
uropat6geno naD usual E tambem apropriada a sua realiza980 quando ha
discrepimcia entre a apresentacao clinica do paciente au a coloracao de Gram e 0
resultado previa da cultura (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Os meios de cultura m~is utilizados para semeadura de urina sao as
seletivQs diferenciais como 0 meio de Teague (agar eosin a azul de metileno) e de
Mac Conkey associados ao agar sangue 0 meio de CLEO (agar cistina lactose
eletr61ito deficiente) e muito utilizado no Brasil e permite 0 crescimento de bacterias
gram-negativas e gram-positivas Tais meios auxiliam na identifica980 presuntiva da
bacteria atraves da colora98o colonial indicando a capacidade de fermenta980 da
lactose (ALBINI 2004)
Segundo Clarridge Johnson e Pezzlo (1998) culturas urinarias de rotina
devem ser realizadas semeando as amostras em agar sangue de carneiro 5 e em
agar Mac Conkey eu um meio seletive similar e incubando as placas por 18 a 24
horas a 35 - 37deg C em ar ambiente Ainda assim e meio de CLEO e preferido nos
laboratories brasileiros pela sua versatilidade Para microrganismos fastidiosos 0
agar chocolate deve ser utilizado em conjunto com agar CNA (Columbia-colistin a-
acido nalidixico) eagar MacConkey devendo-se utilizar a al93 calibrada de 001ml
alem da al9a 0001 ml As placas de CNA e agar chocolate devem ser incubadas em
5 CO2 por 48 horas
Para popula96es especificas com ITU cronicas ou anormalidades
anatomicas pode ser apropriada a cultura visando microrganismos anaerobios au de
cresci menta lento (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
22
Para popula90es nas quais as culturas polimicrobianas sao comuns 0 agar
CNA pade ser utilizado para demonstrar a presenca de enterococos Qutros cocos
gram-positives au leveduras presentes nas culturas mistas 0 agar CNA permite urn
born cresci menta de estreptococos corinebacterias e Gardnerela vaginalis e deve
ser incubado por 48 horas a 35 C (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Amostras obtidas par puncao suprapubica au de pacientes com suspeita de
sindrome uretral aguda devem ser semeadas com al98 calibrada de 001 ml a1em
da ala de 0001 ml em agar sangue (OPLUSTIL et al 2004) Contagens baixas ou
mesma multiplos tipos de microrganismos devem ser valorizados em tais cases
(KONEMAN 1997)
Corynebacterium ureafyticum e Qutras corinebacterias desenvolvem-se bem
em agar sangue de carneiro 5 au agar CNA mas sao mais bern visualizadas ap6s
incubaao de 48 horas (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
As calOnias de Gardnerella vaginalis sao fracamente visiveis em agar
sangue ap6s 24 haras de incuba~ao e recomenda-se a usa de agar CNA au HBT
(agar sangue tween bicamada) e incuba~aa par 48 haras em tensaa de C02
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
as tactabacilos podem ser isolados em meias de isotamento prima rio
utilizadas para urina como a meio de CLEO no entanto devem ser incubadas par 48
horas em atmosfera de CO (MASKELL 1989)
a resultada da cultura deve ser sempre carrelacianada com a leitura do
Gram Caso nao haja crescimento ap6s 18 a 24 horas de incuba~ao e na
microscapia tenha sido observada a presen~a de microrganismas au numero
eleva do de leuc6citas deve-se incubar as ptacas par mais 24 haras (OPLUSTIL et
al2004)
23
A piuMa esteril e urn achado importante que po de refletir usa de
antibioticoterapia outras doencas como neoplasias au calculos urinarios au
infeccoes com microrganismos que naD sao detectados par rnetodos rotineiros de
cultura (MIMS et aI 1995)
o conceito de bacteriuria significativa para 0 diagn6stico das ITU e
tradicionalmente baseado no criteria quantitativa estabelecido par Kass na decada
de 1950 permitindo a distincao entre colonizarao e infecrao A utilidade e a
consistemcia do criteria de contagem de colOnias superior OU igual a 105 par mililitro
tern sido validadas repetidamente par varios pesquisadores demonstrando que tal
criterio nilo pode ser aplicado a todos os pacientes (FRANZ HORL 1999)
A baixa especificidade da cultura quantitativa de jato medio se deve apossivel adilao de bacterias comensais a urina durante a coleta A baixa
sensibilidade dos resultados inferiores a 105 UFCml pode ser devida a excregao
intermitente de bacterias que pode ocorrer em determinados sitlos do trato urinario
bem como ao uso de meios de cultura que nao proporcionam 0 cresci menta de
todas as especies capazes de infectar 0 trato urinario (FAIRLEY BIRCH 1989)
Altas contagens de bacterias aer6bias sao encontradas em amostras de
urina de jato medio quando os microrganismos sao providos de 6timo substrato e de
ten sao de O2 relativamente alta Em algumas sltuagoes como infecgoes cronicas
prostatite infecgao das glandulas parauretrais em mulheres litiase infecciosa e
cicatrizes renais per pielonefrite croniea os mierorganismos podem nao se
multiplicar tao rapidamente e pertanto nao apresentarem contagens tao altas quanta
nas cistites agudas Os sitlos de infecgao abaixe da bexiga nao fornecem as
mesmas condigoes favoraveis de incubagao ahsectgtmdisso a velocidade do fluxo
24
urinario e a freqO~ncia de miccaosao fatores que influem nas contagens bacterianas
(MASKELL 1989)
Torna-se claro que considerar baixas contagens de pat6genos aero bios em
culturas puras como contaminaCao e incorreto e pode levar a erros de diagn6stico
pois infeccoes de grande signific~ncia cHniea pod em nao estar sendo detectadas t
igualmente importante nao considerar automaticamente urna alta contagem de
col6nias como infecy8o sem considerar as condicoes do paciente e da coleta 0 usa
de antibi6ticos em resposta a urna alta contagem bacteriana pode selecionar cepas
resistentes tornando mais dificil 0 tratamento de infecgoes posteriores verdadeiras
(MASKELL 1989)
Alguns procedimentos utilizados para 0 diagnostico das ITU sao
considerados inaceitaveis atualmente e nao devem ser realizados como cultura de
cateter de Foley cultura de urina em meios Hquidos cultura de sedimento urinario
pesquisa de anaer6bios como procedimento de rotina e em urina de jato media au
obtida par cateteriza9ao bem como cultura de urinas que tenham permanecido mais
de duas heras sem refrigeragao au canservagao (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO1998)
41 COLETA E TRANS PORTE DE AMOSTRAS
A coleta e a trans porte inadequado da amostra podem levar a um resultado
de diffcil interpreta9aO Portanto a medida mais importante para realizar uma cultura
de urina e estabelecer rfgidos criterios de coleta e propiciar treinamento constante
para as profissionais envolvidos na realiza9aO da coleta (OPLUSTIL et al 2004)
Koneman et al (1997) recomendam que a paciente receba as instru90es de
coleta impressas ap6s receb~-Ias verbalmente Caso 0 paciente demonstre
inseguran9a au nao compreenda urn profissional treinado deve explicar novamente
25
passo a passo ou se passivel acompanhar pessoalmente a coleta (coleta
supervision ada)
Amostras de urina de jato media sao as amostras mais comumente
submetidas a cultura De preferencia deve ser colhida a primeira urina da manha
podendo ser aceitas urinas com pelo menos 2 heras de reten~ao Ap6s higiene da
regiao genital despreza-se 0 primeiro jato - 0 que auxilia a eliminacao dos
contaminantes da uretra inferior - e colhe-se 0 jato media em fraseD esteril
apropriado desprezando-se 0 final da mic9ilo (OPLUSTIL eJ al 2004) A higiene
genital deve ser realizada com agua e sabao naD anti-septico devendo ser as [abias
vaginais afastados e 0 prepucio retraido antes da miccao (GOBERNADO et 81
2002)
Alguns autores afirmam que mesma quando a coleta e meticutosamente
reatizada com a assist~ncia de um pro fissional treinado a urina apresenta-se
frequentemente contaminada (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Amostras urinarias de criancas obtidas com saco coletor devem ser colhidas
apos higiene da regiao genital e colocacao do saco coletor de forma asseptica
Troca-se 0 coletor a cada 45 minutos ou 1 h~ra repetindo-se a higiene e evitando-se
contaminacao fecal 0 coletor deve chegar fechado ao laborat6rio Tas amostras
freqOentemente sao contaminadas com microrganismos fecais promovendo
resultados falso-positivos portanto 0 maior significado clinico de amostras obtidas
com saco coletor e 0 resultado negativo (OPLUSTIL et a 2004) Culturas positivas
devem ser confirmadas por metodos de cateterizacao direta ou aspiracao
suprapubica (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Em pacientes com sanda vesical permanente pinca-se a canula do coletor
realiza-se desinfeccao da canula com alcool 70 e punciona-se com seringa e
26
agulha estereis colocando-se a amostra em frasee esteri Nunea se deve obter a
amostra do saco coletor de pacientes sand ados porque a multiplica9ao bacteriana
fornecera urn numero muito maior que aquele real mente presente no paciente
(OPLUSTIL et al 2004) Tambem nao se reeomenda deseoneetar 0 eateter do tubo
coletor sob risco de introduyao de microrganismos no sistema Sempre que passivel
tal coleta deve ser realizada ap6s troea do cateter pois urna microbiota que naD
corresponde a do paciente pade residir em cateteres antigos (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
A punyao suprapubica e considerada a metoda padrao auro para coleta de
urina par representar a verdadeira bacteriuria vesical (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998) Calhe-se com seringa e agulha diretamente par pun9ao vesical Tal
procedimento evita problemas de contamina9ao uretral e e recomendado para
crian9as ate dois anos detec9ao de anaer6bios enos casos de repeti9ao de ex ames
com interpretaoes duvidosas (OPLUSTIL et al 2004) Pode tambem estar indieada
para homens de qualquer idade com fimose e em mulheres com bacteriurias de
repeti~o de proeedeneia duvidosa (GOBERNADO et al 2002)
A cateteriza9ao com finalidade unica de obten9ao de amostras somente
deve ser realizada em pacientes nos quais nao seja possivel a elimina9aO
espontanea de urina como doentes neurologicos au com problemas urol6gicos
obstrutivos Caso seja necessaria devern-se utilizar tecnicas rigorosas de assepsia
por causa do alto risco de introdu9ao de rnicrorganismos (KONEMAN et a 1997
GOBERNADO et a 2002)
Para a pesquisa de Mycobacterium tuberculosis tres amostras de urina da
manha devem ser coletadas em dias consecutivos as tecnicas de cultivo para
27
micobacterias naD permitem a cresci menta de outros agentes e portanto a coleta
nac necessita de assepsia rigorosa (MIMS et al 1995)
Caso naD seja passivel a processamento da amostra de urina em ate 2
haras apas a coleta a amostra deve ser refrigerada (2 a 80 C) e processada em ate
24 haras tempo maximo para manuten~ao da contagem bacteriana estavel 0 usc
do preservativo acido b6rico permite que a amostra permane98 a temperatura
ambiente (20 a 25 C) ate 24 horas antes de ser process ada (OPLUSTIL ef aI 2004
CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Sistemas de trans porte usanda acido b6rico podem ser metodos alternativQs
para coletas realizadas em casa au em locais distantes do laborat6ria e mostram-se
tao efetivos quanta a refrigeragao (KONEMAM ef ai 1997)
Oepois de coletada a amostra de urina deve ser encaminhada ao laboratorio
a mais rapido possivel e com todas as informayoes necessarias para degprocessamento Devem ser relatados 0 horario e 0 metodo da coleta 0 tempo de
reteny80 da urina 0 tipo de paciente (por exemplo urologico ou geriatrico) a idade
o sexo se 0 paciente tem recebido quantidades aumentadas de Ifquido
apresentay80 clinica (existencia de sintomas) resultados de urinalise (presen9a de
celulas inflamat6rias) e resultados antecedentes de cultura (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
De maneira ideal as amostras devem ser coletadas antes do inicio da
terapia antimicrobiana Caso 0 paciente ja esteja recebendo ou tenha recebido
antibioticoterapia nas 48 horas antecedentes a realizay80 do exame esta
informay80 deve ser explicitada no formulario de requisiy80 do exame (MIMS et al
1995)
28
Recoletas devem ser solicitadas quando amostras nae refrigeradas forem
recebidas 2 horas ou mais ap6s a coleta au quando nac fcrem comunicados 0
horario e a forma de coleta No entanto nenhuma amostra deve ser desprezada
antes do cantata com 0 medico solicitante po is ela pade em alguns casas ser
insubstituivel (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Menos de 5 das urinas coretadas e transportadas adequadamente
apresentam multiplos microrganismos Exce~6es sao amostras de pacientes com
bexiga neurogemica au usa cranico de cateteres nos quais a bacteriuria
polimicrobiana pade ser detectada em 30 a 80 das culturas freqOentemente sem
infecao (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Segundo Koneman et al (1997) a acuracia do procedimento de coleta de
urina pode ser monitorada pela frequencia de exames com contagens entre 104 a 105
UFCml que nao deve exceder 5 a 10 se os procedimentos forem realizados
apropriadamente
42 A IMPORTANCIA DA COLORAltAo DE GRAM
Durante as ultimas decadas testes rapidos de triagem para bacteriuria foram
desenvolvidos com 0 propos ito de fornecer resultados mais rapid os e de eliminar a
necessidade de cultivar amostras negativas Entretanto sua utilizacao e limitada
principalmente pela incapacidade de detectar baixos niveis de bacteriuria e piuria
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
A coloracao de Gram da urina nao centrifugada e um dos metodos mais
rapidos seguros e baratos para estimar bacteriuria superior a 105 UFCml e
presenca de mais de 8 a 10 leucocitoslJl Homogeneiza-se muito bem a urina
coloca-se uma gota sobre lamina sem espalhar e deixa-se secar ao ar A lamina
deve ser fixada par calor au metanol (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998) A
29
presenca de uma ou mais celulas bacterianas per campo em aumento de 1000
vezes tern sensibilidade de 94 e especificidade de 90 em refletir uma contagem
de colOnias superior a 10 UFCml (KONEMAN ef al 1997)
Embora seja urn metoda barato de triagem a coloraC8o de Gram naD e
utilizada par muitos laborat6rios pelo consumo de tempo e baixa sensibilidade em
contagens inferiores a 105 UFCml Sugere-se a sua utilizacao como teste de triagem
apenas em pacientes com contagens de col6nias provavelmente altas
principalmente as assintomaticos e com suspeita de pielonefrite Alguns autores
relatam melhora da sensibilidade a nlveis acima de 104 UFCml com 0 usa de
citocentrifuga (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
A coloraCao de Gram do sedimento urinario em bora ainda utilizada por
muitos laboratorios e impropria pela baixa reprodutibilidade e dificuldade de
padronizacao e correlacao com os metodos de velocidade de excrecao de leucocitos
au contagem em camara (ALBINI 1994)
As informac6es fornecidas pela cOloracao de Gram sobre a morfologia do
microrganismo e caracteristicas na coloracao sao extremamente importantes para a
selecao inicial da terapia antimicrobiana enquanto se aguarda 0 informe definitivo
do resultado da cultura e do antibiograma (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO
1998)
~ imprescindivel a realizacao da coloracao de Gram para deteccao de
bacterias fastidiosas ou nao usuais Devido a dificuldade de desenvolvimento nos
meios utilizados para a deteccao de enterobacterias em alguns casos somente a
visualizacao microscopica indicarcfi a sua presenca (FRANZ HORL 1999)
A observacao microscopica da urina permite verificar a qualidade da amostra
especialmente em mulheres nas quais a contaminacao vaginal e frequente
30
produzindo resultados falso-positivos A presen~a de muitas celulas epiteliais e de
mais de urn tipo de microrganismo no Gram sugere contamina9aO da amostra em
decorrencia da coleta (OPLUSTIL et ai 2004)
Dutro aspecto importante da coloracao de Gram e a sua utilidade no
monitoramento das culturas podendo-se pelo seu resultado detectar erras tecnicos
e ate mesmo troca de amostras (ALBINI 2004)
31
5 BACTERIAS FASTIDIOSAS E INFECcAO DO TRATO URINARIO
Em 1989 Maskell citou a ocorrencia de bacterias fastidiosas como algumas
especies de estreptococos Gardnerela vaginalis Haemophilus influenzae
Corynebacterium spp e lactobacilos em infecgoes da bexiga e trato urinario superior
isoladas de amostras de urina obtidas par cateteriz8gao aspiragao supra-pubica e
tarn bam de amostras de tecido obtidas per bi6psia vesical Relatou tambem a
preseng8 de tais bacterias na urina de gestantes assintomaticas com mais
freqOencia do que em nao-gestantes e que as gestantes apresentando bacteriuria
posteriormente desenvolviam sintomas com mais freqoencia do que as que nao
apresentavam bacterias na urina
Fairley e Birch (1989) realizaram um importante estudo demonstrando que
pacientes com sintomas de infec~ao do trato urinario apresentando resultados
negativos em culturas de rotina podem abrigar bacterias fastidiosas ou baixas
contagens de uropat6genos convencionais na bexiga Os pacientes incluidos no
estudo foram os que apresentaram resultados inconclusivos em culturas previas de
jato medio como desenvolvimento inferior a 105 UFCml de um pat6geno
convencional ou a desenvolvimento superior a 102 UFCml de uma bacteria
fastidiosa Foram avaiiadas urinas obtidas por aspirayao suprapubica de 1817
mulheres e 300 homens cultivadas para uropat6genos convencionais e bacterias
fastidiosas utilizando in6culo que proporcionou resultados entre 101 e 107 UFCml A
freqOencia de isolamentos esta representada na tabela 1
32
TABELA 1 - FREQUENCIA DE BACTERIURIA EM 2117 PACIENTES(AMOSTRAS OBTIDAS POR PUNCAO SUPRAPUBICA) -1989
Uropat6-Culturas positivas $omente $omente especies genos
(n = 597) uropat6genos fastidiosas conven-convencionais (n = 366) cionais
n = 170 eespeci-
Pacientes Unica Multiplas Unica Multiplas Unica Multiplas esespecie especies especie especies especie especies faslidio-
sasMulheres (n = 1817) 370 191 148 5 222 125 61Homens (n = 300) 36 0 17 0 19 0 0
FONTE The Royal Melbourne Hospital
Vinte e aito especies microbianas foram isoladas no trabalho em questao
sendo Ureaplasma urealylicum Gardnerella vaginalis Escherichia coli Mycoplasma
hominis e Staphylococcus epidermidis as especies mais isoladas Quinhentas e
oitenta e uma (70) das 830 cepas isoladas pertenciam a especies fastidiosas -
Ureaplasma urealyticum Gardnerella vaginalis e Mycoplasma hominis - que nao sao
recuperadas em meies de cultura canvencianais Gardnerella vaginais fai mais
freqUente em mulheres enquanto Ureaplasma urealyticum nao apresentou diferen9a
estatisticamente significativa entre os sexas Treze esptkies fcram isoladas em
apenas uma ou duas ocasioes entre elas Streptococcus equi Streptococcus
equisimifis Streptococcus sanguis Morganella morgan Klebsiella oxytoca
Peptococcus anaerobius Proteus vulgaris Enterobacter aerogenes Salmonella
enteritidis Pseudomonas aeruginosa Haemophilus influenzae Haemophilus
parainfluenzae e Haemophilus parahaemofyticus Anaer6bios estritos foram isolados
de apenas sete dos 597 pacientes (FAIRLEY BIRCH 1989)
Culturas polimicrobianas foram obtidas em urn teno das pacientes do sexo
feminino e nao foram verificadas no sexe masculino A freqOencia de uropat6genos
cenvencienais e fastidiesos encontra-se na tabela 2
33
TABELA 2 - FREQU~NCIA DE UROPATOGENOS CONVENCIONAISE BACTERIAS FASTIDIOSAS EM 191 PACIENTES DO SEXOFEMININO COM BACTERIURIA POLMICROBIANA - 1989
Numero de Somente Samente especies Especiesespecies (numera uropat6genos fastidiosas convencionais e
de pacientes) convencionais fastidiosasOois (153) 9 99 45Tres (34) 0 17 17Quatro (4) 0 1 3
FONTE The Royal Melboume Hospital
Ureaplasmas au Gardnerella vaginalis fcram recuperados em 179 das 191
mulheres com infecgao polimicrobiana estando presentes concomitantemente em
100 das 191 amostras sugerindo urna passivel relacc3osimbi6tica Uropat6genos
convencionais fcram isolados em pouco mais de 33 das mulheres na maiaria dos
casas acompanhados por bacterias fastidiosas indicando que infeccoes
polimicrobianas usualmente envolvem bacterias fastidiosas (FAIRLEY BIRCH
1989)
A contagem de col6nias excedeu 105 UFCml apenas na minoria dos
pacientes portanto a bacteriuria nao seria detectada em muitos individuos caso 0
valor de ponto de corte tradicional tivesse sido utilizado Os resultados tambem
mostraram que baixas contagens bacterianas podem acontecer com qualquer uma
das especies bacterianas isoladas embora tenham sido mais freqoentes para
Ureaplasma urealytieum e Mycoplasma hominis Cento e setenta e quatro (21)
isolados apresentaram contagens inferiores a 103 UFCml sendo 138 (84)
pertencentes a especies fastidiosas (FAIRLEY BIRCH 1989)
Franz e HOrl (1999) citaram a ocorrencia de HaemophiJus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae pneumococos Campyobaeter Legionella
pneumophila Salmonella spp Shigella spp Corynebacterium grupo 02
34
Mycobacterium tuberculosis micobacterias atipicas e fungos como causadores
ocasionais de ITU
Domann et al (2003) realizaram estudo em amostras do trato urinario de
transplantados renais utilizando tecnicas moleculares baseadas em 168 rRNA peR
e cromatografla liquida de alta performance (DHPLC) Foi avaliada a aplicaaD do
metoda em 109 amostras e observou-se 100 de correlacao para amostras cultura-
positivas Para as amostras cultura-negativas a DHPLC permitiu a deteccao de
uropat6genos previa mente conhecidos como Corynebacterium urealyticum e
Gardnerella vaginalis mas tambem agentes nao usuais como AnaerocDCCUs
laclolyticus Bacteroides vufgatus Diaisler invisus Fusobacterium nuceaturn
Lactobacillus iners Leptotrichia amnionii Prevotella buccalis Prevotella ruminicola
Rahnella aquatilis e Streptococcus intermedius detectados como unicos pat6genos
ou como agentes de infecyoes polimicrobianas Uma vez que as ITU sao
freqGentemente associadas com inicio precoce de rejeiyBo cronica em
transplantados renais e conveniente a pesquisa de agentes patogenicos
oportunistas e nao usuais para 0 correto direcionamento do tratamento
antimicrobiano
Quatro casos de ITU com bacteremia por Methylobacterium spp em
pacientes do sexo feminino imunocompetentes foram reportados por Lee Tang e Uu
(2004) Todas as pacientes tiveram hemoculturas positivas para Methylobacterlum
spp e suas culturas de urina foram negativas ou positivas para Escherichia coli com
crescimento concomitante de outro bacHo gram-negativ~ em baixa contagem que foi
ignorado Foram realizados experimentos especiais com os isolados indicando que
de acordo com os procedimentos padrao para culturas de urina com 24 horas de
incubayao a 35degC as colonias de Methylobacterium spp nao sao visualizadas e 0
35
pequeno numero de col6nias observado ap6s incuba~ao adicional de 24 heras a
temperatura ambiente apenas sugere ser a especie urn contaminante
Particularmente quando especies de Methyfobacterium estao presentes
concomitantemente com Escherichia coli ocorre supressao do cresci menta de
Methylobacterium spp tornando impassivel a sua deteccao 0 estudo conclui que a
falta de relatos de casas de ITU por Methylobacterium spp deve-se a impossibilidade
de detec~ao da especie por metodos padrao de cultura de urina au ainda porque a
baixa virulelncia da bacteria pode produzir ITU autolimitadas au talvez muitas vezes
curadas com as antibi6tico5 normalmente utilizados As especies estudadas fcram
variavelmente resistentes as cefalosporinas acido nalidixico nitrofurantoina e
sulfametoxazol-trimetoprim e 100 suscetiveis a ciprofloxacin imipenem e
aminoglicosideos
51 Corynebacterium spp
Corynebaclerium urealylicum pode ser uma importante embora rara causa
de ITU variando a freqOencia de isolamentos significativos de zero a 35 em
popularoes nao selecionadas A bacteriuria por Corynebacterium urealyticum ocorre
em pacientes hospitalizados per longos perledes severamente
imunocomprometidos urologicamente manipulados ou idosos Tal microrganismo
tam bern tern sido associado com pielonefrite e pode desaparecer espontaneamente
da urina mesmo sem antibioticoterapia (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Corynebacterium glucuroneyticum tambem chamado Corynebacterium
seminae tern side iselade de semen e trate g~nite-urinarie masculine e pede causar
prostatite ou uretrite Corynebacterium pseudogenitalium (CDC grupo F1) tambem
tern sido reconhecido como pat6gene do trato urinario (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
36
Foi relatado por Soriano e Ponte (1992) um caso de cistite de incrusta~ao
causado por urn corineforme identificado como CDC grupo F1 0 paciente havia
sofrido ITU previas persistentes causadas por Corynebacterium ureayticum (CDC
grupo 02) A cura bacteriol6gica foi alcan=ada apes urn mes de tratamento com
amoxicilina e acido acetohidroxamico
Meria at al (1998) realizaram levantamento bibliografico entre as anos de
1985 a 1997 sabre casas de cistite e pielite de incrustacao Foi constatado a
aumento progressive no numero de cases especialmente em pacientes
imunodeprimidos e particularmente em transplantados renais Tais inflamacoes
cr6nicas estao associadas com incrustac6es da mucosa causadas por bacterias
produtoras de urease tendo sido as mais freqOentes especies de Corynebacterium
grupo 02 A presenCa de urina alcalina contendo abundantes debris mucopurulentos
calcificados e alta mente sugestiva e pode auxiliar no diagnostico clinico A
demonstracao da bacteria envolvida requer culturas prolongadas em meios de
cultura enriquecidos 0 diagnostico precoce pode evitar falhas de tratamento e uma
possivel rejeicao do orgao transplantado
Em estudo realizado par Riegel et al (1995) corineformes em quantidades
significativas (104a 105 UFCml) foram isolados em amostras de semen uretra urina
e sangue de homens inferteis com diagn6stico de prostatite As analises genomicas
realizadas demonstraram ser as cepas pertencentes a uma mesma especie dentro
do genero Corynebacterium As 12 amostras mostraram padroes bioquimicos
simi lares entre elas born crescimento em agar sangue de carneiro em contraste com
crescimento pobre no mesmo meio suplementado com Tween 80 1 teste de
CAMP positivo fermentacao de glicose sacarose e presenCa de beta-glucuronidase
Tais caracteristicas permitiram a distincao destas cepas dos outros membros do
37
genera e 0 nome proposto foi Corynebacterium seminae Embera organismos
difter6ides pass am fazer parte da microbiota uretral a presenCa de contagens
significativas destas especies no semen sugere urna implica~ao infecciosa
particularmente na prostatite
Estudo molecular filogenetico baseado em 16S rRNA peR realizado em
pacientes com prostatite croniea demonstrou sinais bacterian05 em 65 dos
pacientes estudados Foi constatada a ocorreuromcia de um amplo espectro de
especies bacterianas no fluido prostatico dos pacientes incluindo Corynebacterium
Staphylococcus PepiosfreptococGUS Streptococcus e Escherichia Especies do
genera Corynebacterium foram encontradas em maior proponao incluindo especies
ainda nae descritas e n~o presentes nas amostras de controle sugerindo que
possam ter um papel na doen~a au que sejam conseqOemcia da mesma 0 estudo
mostreu ainda que os microrganismos associ ados com prestatite geralmente
ocorrem em comunidades microbianas distintas daquelas encontradas em liquidos
prostaticos normais (TANNER ot al 1999)
Segundo Domingue e Hellstrom (1998) a observaltio microsc6pica
cuidadosa de amostras de secre~~o prostatica bern como a inocula~~o em meios
enriquecidos sao essenciais para a isolamento de corineformes Foi realizado estudo
em uma amostra de secre~ao prostatica na qual a colora~ao de Gram apresentou
cocobacilos gram Itlbeis pleom6rficos que nao se desenvolveram em meios de rotina
incubados por 72 horas a 35degC Houve desenvolvimento em meio de cultura
enriquecido com extrato de leveduras e sora de cavalo e incubado no minimo 72
horas em atmosfera de 5 de CO2 a 35degC A secregao inoculada em caldo triptose
demonstrou a presen~a de bacilos gram-varitlveis (microscopicamente) e quando
repicada produziu bacilos de crescimento lento em meios de retina e enriquecidos
38
(incubados aerobicamente anaerobicamente ou sob tensao de CO2 par 72 haras)
Corineformes ocultos pod em ser agentes etiol6gicos da prostatite idiopatica croniea
que sao frequentemente perdidos au nao percebidos em procedimentos
bacteriol6gicos de rotina
52 Gardnerella vaginais
o significado de Gardnerela vaginais em urina e controverso pois a
principal associacao patogElnica desta bacteria e com a vaginose na mulher Embora
baixas contagens na urina parecam refletir a micro biota da uretra masculina ou
feminina contagens aeima de 10000 UFCml ja fcram associadas com bacteriuria
sintomatica ITU recorrente cistite na mulher uretrite e prostatite no homem
Entretanto me sma quando ern altas contagens freqOentemente nao ha resposta
leucocitaria Gardnerela vaginalis e encantrada mais freqOentemente em mulheres e
pacientes com doena renal e ap6s instrumentaao (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
Estuda realizado par Agarwal e Dixon (2001) investigau a passivel papel de
Gardnerella vaginalis na cistite intersticial usando metodos maleculares para
garantir a recuperaCao do microrganismo mesmo em baixas contagens Nenhuma
das trinta e tres amastras de bi6psias de bexiga de pacientes com cistite intersticial
foram positivas para Gardnerella vaginais a que embora nao exclua seu
envalvimenta na cistite intersticial diminui esta probabilidade
Ginestre Perez et al (2001) realizaram estudo de mil trezentas e setenta
amostras de jato media de urina de pacientes com sintomas de ITU Gardnerella
vaginalis cujo papel patagenica no trato urinario e discutivel ocupou a segundo
lugar em freqOencia etiologica (1763) ficando atras somente de Escherichia coli
(5210) e superando microrganismos cansiderados uropat6genas classicos como
39
Proteus mirabifis (763) Klebsiella pneumoniae (684) e Pseudomonas
aeruginosa (368) Embera a presen~a de Gardnerella vaginais em amostras de
jato media urinario possa indicar contaminayao vaginal todos as cultivos positivos
para esta bacteria apresentavam contagens superiores a 100000 UFCml e
provinham de pacientes sintomaticos representando urna alta probabilidade de
infec~ao urinaria verdadeira
53 Mycoplasma hominis E Ureaplasma urealyticum
Especies patogenicas como Mycoplasma hominis e Ureaplasma urealyticum
ocorrem freqOentemente como colonizantes do trato urogenital inferior de homens e
mulheres saudaveis A ocorrencia de infec~ao esta provavelmente relacionada a
imunossupressao obstru~ao ou procedimentos previos de instrumental)ao no trato
urinario Ureaplasma urealyticum tern sido encontrado em calculos urinarios de
pacientes com liHase infecciosa sugerindo uma possivel associal)ao causal
Mycoplasma hominis tern sido isolado do trato urinario superior em pacientes com
sintomas de pielonefrite aguda FreqOentemente ha resposta imunol6gica especifica
(MURRAY 1999)
Foi pesquisada a presen9a de Ureaplasma urealyticum e Mycoplasma
hominis em amostras de jato medio de 314 mulheres e 52 homens sintomaticos do
trata urinltilria Ureaplasma urealyticum fai isalada em 54 (171) das mulheres e 8
(154) dos hom ens e Mycoplasma hominis foi isolado em 12 (38) das mulheres
e 4 (77) dos homens Ureaplasma urealyOcum foi superado apenas par
Escherichia coli e Gardnerella vaginalis em ambos grupas 366 e 254
respectivamente no sexo feminina e 585 e 308 no masculino Demonstrou-se
partanto que a bacteriuria par ureaplasmas e relativamente co mum porem nao e
40
detectada por metodos convencionais de cultura de urina (AVILES ZARAGOZA
1998)
A significancia de micoplasmas em amostras de jato medic urinario e de
dificil determinacao devido a provavel contaminacao da amostra par
microrganismos colonizantes da vagina e uretra distal Entretanto estudos
realizados em amostras de aspirado suprapubico em gestantes demons tram que 0
desenvolvimento de pre-eclampsia e tres vezes mais prov3vel em mulheres
apresentando culturas positivas para ureaplasmas no inicio da gestacao do que em
mulheres com culturas negativas no mesmo periodo (KONEMAN ef a 1997)
54 Haemophilus spp
Existem varios estudos relacionando Haemophifus influenzae e Haemophilus
parainfluenzae a ITU embora sua freqOencia e significancia nae tenham sido
confirmadas Alguns pesquisadores sugerem a inclusao de agar chocolate em
culturas de urina de crian~as por causa da associa~ao de Haemophilus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae com outras infec~6es nesta faixa etaria (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
Maskell (1989) citou a ocorrencia de certas bacterias fastidiosas em sftios do
trato urinflrio abaixe da bexiga como par exemple em cases de prostatite por
Haemophilus influenzae
55 Lactobacillus spp
Em estudo realizado em pacientes do sexe feminine com sind rome uretral
aguda demonstrou-se uma alta freqOencia de isolamentos de lactobacilos Durante
dois anos amastras de jato medic de tais pacientes foram cultivadas observando-se
a principio alta concentracao de lactobacilos principalmente nas pacientes
sintomaticas Ao final do estudo durante 0 qual foi impedido 0 usa de antibi6ticos os
41
lactobacilos desapareceram da urina de muitas mulheres as quais tornaram-se
assintomaticas Os autores concluiram que as sintomas da sindrome uretra podem
ser devidos a multiplica~ao desproporcional de lactobacilos na uretra distal como
resultado de antibioticoterapia frequentemente administrada em cursos prolongados
para resolurao dos sintomas urinarios Lactobacilos tambem tern sido relatados em
amostras de urina obtidas diretamente da bexiga e de amostras de tecido obtidas
par bi6psia vesical bern como ocasionalmente isolados em urinas de mulheres
idosas com sintomas urinarios (MASKELL 1989)
56 COCOS GRAM-POSITIVOS
Microrganismos dos generos Lactococcus Gemella Aerococcus e
Globicatella embora possam estar presentes como contaminantes em culturas de
material clinico tern sido isolados como patogenos oportunistas ern urina e outras
amostras de pacientes imunocomprometidos Esforyos para identifica-Ios devem ser
realizados quando os isolados forem clinicamente significantes isto e isolados
repetidamente ou em cultura pura Devido a semelhanya com outros cocos gram-
positivos isolados com mais freq04sectncia como estreptococos enterococos e
estafilococos possivelmente sao confundidos com especies destes generos
(MURRAY 1999)
Golapachar et al (2004) relata ram um caso de infec9ao do trato urinario com
bacteremia causa do por Aerococcus viridans em um homem de 87 anos residente
em uma cUnica de repouso A cultura de urina apresentau crescimenta de 105
UFCml de Aerococcus viridans e a hemocultura fai positiva para a mesmo
microrganismo Os testes bioqulmicos que leva ram a identificayao do
microrganismo faram reayoes negativas de catalase e LAP (Ieucina aminopeptidase)
e reaDes positivas para PYR (L-pyrrolidonyl-beta-naphtylamina) fermentaao de
42
trehalose e manese resistencia a optoquina crescimento em agar bile esculina 40
e cresci menta em cloreto de s6die 65 As especies de Aerococcus sao anaer6bias
facultativas a maioria catalase negativa com tendemcia a formaCao de tetrades na
morfologia microsc6pica PYR positivo e LAP negativ~ a que as diferencia de
enterococos e estreptococos
A escassa documentacao a respeito de infecyoes humanas por Aerocccus
sp deve-se provavelmente a sua similaridade microbiol6gica aos estreptococos alfa-
hemoliticos e enterococos e possiveis erras na interpretacao laboratorial de
amostras clinicas No casa acima descrito a laborat6rio de microbiologia nao pade
reaHzar a antibiograma devido a natureza fastidiosa da bacteria mas houve sucesso
terapeutico ap6s administray8o intravenosa de levofloxacin (GOLAPACHAR et al
2004)
Um caso de pielonefrite e urossepsis por Streptococcus pneumoniae foi
relatado em urn hornem de 82 anos com hist6ria clinica de leucemia linf6ide cronica
e diabetes mellitus Exames radiograficos abdominais e tomografia computadorizada
mostraram uma imagem indicativa de extensa pielonefrite no rim esquerdo sem
nenhum outro foco de infecc8o 0 abscesso renal foi tratado por drenagem
transuretral e 0 material purulento obtido foi cultivado assim como materiais de
orofaringe escarro e sangue Esearro e orofaringe revelaram apenas mierobiota
normal do trato respirat6rio enquanto 0 material drenado e as hemoculturas
demonstraram microseopicamente cocos gram-positiv~s aos pares e em eadeias
alguns dos quais eram lanceolados havendo bom crescimento em agar sangue de
carneiro e agar chocolate a 37degC As col6nias eram fracamente alfa-hemoliticas no
agar sangue e nao muc6ides catalase-negativas e sensiveis a optoquina Testes de
aglutinac8o sorologiea de ambos materiais confirmaram a identificac8o e testes
43
moleculares demonstraram ser as dois isolados identicas Apesar da terapia
antimicrobiana a paciente desenvolveu coagula98o intravascular disseminada e
sofreu uma parada cardiaca sendo que 0 quadro foi revertido mas tornau-se
necessaria a nefrotomia para eliminar a foco da infeccao Em contraste a estud05
anteriores a paciente descrito apresentou um verdadeiro casa de pielonefrite
abscesso renal e urossepsis causados par Streptococcus pneumoniae A presenca
de doencas como leucemia linf6ide crOniea e diabetes mellitus fcram 5uficientes para
causar um certa grau de imunossupressao e predispor a paciente a infeccao par
Streptococcus pneumoniae mesma sem hist6ria antecedente de infecC8o
pneumoc6cica trauma ou interven9ao cirurgica (DUFKE KUNZE-KRONAWITIER
SCHUBERT2004)
57 BACT~RIAS ANAER6BIAS
Tern sido descritos casas de infec90es do trato urinario par bacterias
anaer6bias com as mais diverses tipos de apresenta90es clinicas entre processes
crenicos e agudos As bacterias recuperadas sao bacilos gram negativQs incluindo
Bacteroides fragifis Prevotella sp e Porphyromonas sp Clostridium sp cocos
gram-positiv~s e Actinomyces sp Em muitos casas sao recuperadas em culturas
mistas com coliformes e estreptococos (BROOK 2004)
58 OUTRAS BACT~RIAS FASTIDIOSAS
Foi descrita par Greub e Raoult (2002) uma nova especie bacteriana
Actinobaculum massiliae recuperada da urina de uma mulher de 81 anos com ITU
cr6nica Os estudos fenotipicos genotfpicos e filogeneticos realizados mostraram
ser 0 isolado urna nova especie ainda nao recanhecida dentro do genera
Actinobaculum e foi proposta a denominacao Actinobaculum massiliae A mesma
cepa faj isolada tres vezes num perlodo de sete meses mesmo apes tratamento
44
com amoxicilina sulfametoxazol~trimetoprim e rifampicina Devida ao fata do
microrganismo nao ser isolado em procedimentos laboratoriais de rotina uma ITU
devido a Actinobaculum massiliae pade ser mal diagnosticada Alem disso as
col6nias apresentam heterogeneidade morfol6gica ap6s cinco dias de incubacao
podendo levar a uma errOnea interpretaC(ao de contaminacao com duas especies de
badlas gram~positivos 0 usa de agar sangue de carneiro e incubacao prolongada
motivado pela presenca de 106 leuc6cit05 per ml na urina da paciente permitiu a
desenvolvimento da cepa Houve cura ap6s tratamento com doxiciclina (GREUB
RAOUL T 2002)
Em estudo clinico e microbiol6gico de mulheres com sindrome uretral -
excluindo pacientes com cistite bacteriana - 41 pacientes foram comparadas com 42
pacientes controle Nao foi encontrada diferenca entre pacientes e con troles em
incid~ncia de Chlamydia trachomatis e outros microrganismos de transmiss3o
sexual 0 numero de lactobacilos e outros microrganismos fastidiosos bem como a
numero de leucocitos na urina nao apresentaram diferenca entre pacientes com
sintomas leves e intensos ou entre pacientes e controles Os auto res sustentam a
hipotese da sindrome uretral nao ser causada por infecrao bacteriana ou clamidial
(GILLESPIE et al 1989)
45
6 CONCLUSAO UMA REFLExAO
E indiscutivel a importo1ncia para a laborat6rio de requisicoes de exame
completas com informayoes sabre suspeita clinica existencia de sintomas
anormalidades do trata urinario e condhoes imunol6gicas do paciente Embora
tradicionalmente a maiaria dos medicos nao fornega muitas informacoes sabre 0
paciente ao laborat6rio a microbiologista pede incentivar a criacao de urn canal de
comunicacao quando observar a necessidade de informagoes sobre determinado
paciente
Exames anteriores do paciente sempre que disponiveis devem ser
consultados e comparados pois informacoes sabre infecc6es recorrentes au
recidivantes especies bacterianas envolvidas au presen9a de piuria esteril sao
importantes para direcionar a pesquisa para agentes fastidiosos
o metoda de coleta e as condi~6es de transporte da urina deterrninam a
qualidade da amostra e a quao relevantes serao as microrganismos nela
encontrados Considerando-se que urna bacteria normalmente considerada como
contarninante introduzida durante a coleta pode ser em alguns casos patogenica ou
ainda que uma especie fastidiosa patogenica de crescimento lento pode ter seu
crescimento inibido par uma contaminante de crescimenta mais rapido a coleta
adequada torna-se urn fator de suma importancia para a detec~ao de especies
fastidiosas em urina
Como ja discutida torna-se indispensavel a realiza~ao da calora~ao de
Gram em amostras de urina pOis alem de ser urn teste de triagem rapida e barato
para bacteriuria acima de 105 UFCml pode ser 0 unica indicativa da presen~a de
urna especie fastidiosa
46
A comunica~ao entre a microbiologista e a medico pode determinar nao 56 a
sucesso do diagn6stico e do tratamento como a viabilidade economica da pesquisa
de bacterias fastidiosas para 0 laborat6rio urna vez que direciona as esforyos
laboratoriais aos pacientes que realmente necessitam evitando 9a5t05
desnecessarios
Bacte-rias fastidiosas podem nao responder ao tratamento antibi6tico para
pat6genos convencionais do trato urinario portanto a pesquisa precocemente
direcionada para tais agentes pode melhorar 0 progn6stico das ITU evitando a
administracao de antibioticos inadequados au desnecessarios
Como observado nos diversos casas reiatados bacterias fastidiosas
ocorrem em cenaries clinicos especificos 0 entendimento do processo da doen=a e
as condi=oes do paciente pod em ajudar muito 0 laboratorio no esfor=o para
recuperar a bacteria do material clinico
47
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
ALBINI C A Cullura de Urina Analise das metodologias interfer~ncja sobre as
resultados e proposta para padronizacao 1994 54 f Monografia (Especia1iza9aO em
Bacteriologia) - Setor de Ciencias da Saude Departamento de Patologia Medica
Universidade Federal do Parana Curitiba
AGARWAL M DIXON R A A study to detect Gardnerella vagina lis DNA in
interstitial cystitis British Journal of Urology (on line) 2001 Disponlvel em
httpwwwbjuiorg889articlebju2514aspAcessoem 03 fev 2005
BATRA A Interstitial Cystitis Updade Infection Urology (on line) 1999 Disponivel
em httphomeswipnetsellsopicupdatehtm Acessa em 20 dez 2004
CLARIDGE J E JOHNSON J R PEZZLO M T Laboratory Diagnosis of Urinary
Tract Infections Washington American Society for Microbiology 281998
BROOK I Urinary tract genito-urinary suppurative infections due to anaerobic
bacteria International Journal of Urology (on line) 2004 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezigueryfcgicmd=Retrieveampdb=pubmedampdopt=Abst
ractamplist uids=15009360 Acesso em 18 mar 2005
DOMANN E HONG G IMIRZALIOGLU C TURSCHNER S KOHLE J
WATZEL C HAIN T HOSSAIN H CHAKRABORTY T Culture-Independent
Identification of Pathogenic Bacteria and Polymicrobial Infections in the Genitourinary
Tract of Renal Transplant Recipients Journal of Clinical Microbiology (on line) 2003
48
Disponivel em httpjcmasmorgcgireprintl41125500pdf Acesso em 18
mar2005
DOMINGUE G J HELLSTROMW J G Prostatitis Clinical Microbiology Reviews
(on line) 1998 Disponivel em httpcmrasmorglcgilcontentifuIl11141604 Acesso
em 03 fev 2005
DUFKE S KUNZE-KRONAWITIER H SCHUBERT S Pyelonephritis and
Urosepsis Caused by Streptococcus pneumoniae Journal of Clinical Microbiology
(on line) 2004 Disponlvel em httpjcmasmorgcgicontentifuIl4294383 Acesso
em 06 mar2005
FAIRLEY K F BIRCH D F Detection of Bladder Bacteriuria in Patients with Acute
Urinary Symptoms The Journal of Infectious Diseases Melbourne v 159 n2 p
226-231 fev 1989
FRAIMOW H S JUNGKIND D L LANDER D W DELSO D R DEAN J L
Urinary Tract Infection with an Enterococcus taecais Isolate that Requires
Vancomycin for Growth Annals of Internal Medicine (on line) 1994 Oisponivel em
httpwwwannalsorgcgicontentifuIl1211122 Acesso em 18 mar 2005
FRANZ M HCRL W H Common errors in diagnosis and management of urinary
tract infection I Patophysiology and diagnostic techniques Nephrology Dialysis
Transplantation (on line) 1999 Disponivel em
httpltwwwndtoupjournalsorgcgicontentifuIl141127 46 Acesso em 01 dez 2004
49
GIBB A P Plates are Belter than Broth for Recovery of Fastidious Organisms from
some Specimen Material Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Oisponivel
em httpjcmasmorgcgireprinU4041129pdf Acesso em 06 mar2005
GILLESPIE W A HENDERSON E P LINTON K B SMITH P J Microbiology
of the urethral (frequency and dysuria) syndrome A controlled study with 5-year
review British Journal of Urology (on line) 1989 Disponfvel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
2804564ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr 2005
GINESTRE PEREZ M ROMERO-A~EZ S MARTINEZ-GARCIA A RINCON-
VILLALOBOS G HARRIS-SOCORRO B CATELLANO-GONZALES M AVILA-
ROO Y PEROZO-MENA A Gardnerella vaginalis y uropat6genos convencionales
em pacientes ambulatorios Revista de La Sociedad Venezolana de Microbiaogia
(on line) 2001 Disponivel em
httpwwwseieloorgvaseielo phpscriptsci arttextamppid=S 1315-
25562001000200003amplng=esampnrm=isso Acesso em 05 jan 2005
GOBERNADO M CRUZ F J DALET F BROSETA E DE CUETO M
SANTOS M DE LA ROSA M Procedimientos en Microbiologla Clinica La
infeccion urinaria 2002 Disponivel em
httpwwwseimcorgprotocolosmicrobiologiaindice14htm Acesso em 01 dez
2004
50
GOLAPACHAR A AKINS R L DAVIS W R SIDDIQUI A A Urinary tract
infection caused by Aerococcus viridans a case report International Medical Journal
for Experimental and Clinical Research (on line) 2004 Oisponivel em
httpwlNNmedscimonitcompubvol 10no 114928pdf Acesso em 03 dez 2004
GREUB G RAOULT D Actinobaculum massiliae a new species causing chronic
urinary tract infection Journal of Clinical Microbiology (on line) 2002 Disponivel em
httpwwwpubmedcentralnihgov articlerender fcgitool=pubmedamppubmedid=12409
355 Acesso em 13 fev2005
HElLBERG I P Diagnosis and clinical management of urinary tract infection
Disponivel em httpwwwunineteducin2003confpfefermanpfefermanhtml
Acesso em 20 out 2004
KONEMAN E W ALLEN S D JANDA W M SCHREKENBERGER P C
WINN Jr W C Cr Atlas and Textbook of Diagnostic Microbiology 5ed
Philadelphia Lippincott-Raven 1997
LIPSKY B A Managing Prostatitis and Urinary Tract Infection in Men Infectious
Diseases Infoalerl (on line) 2003 Oisponivel em
httpwwwdpacomhklpdflinfolnfoALERT 15pdf Acesso em 10 dez 2004
MASKELL R A new look at the diagnosis of infection of the urinary tract and its
adjacents structures Joumaloflnfecfion Portsmouth n 19 p 207-217 jul 1989
51
MERIA P DESGRIPPES A ARFI C LE DUC A Encrusted Cystitis and Pyelitis
Journal of Urology (on line) 1998 Disponlvel em
htlpIwwwjurologycomipUrejuroabstract00005392-1 99807000-
00003htmmiddotjsessionid-CnHOtEDjxvOgrxiWIUac52pekluG1HSCZzrnOpCIJH4V107ePU
evI848681301-949856032190011-1 Acesso em 21 abr 2005
McCUE J D The Management of Complicated Urinary Tract Infections Infectious
Diseases Infoalert (on line) 1999 Disponfvel em
htlpIwwwdpacomhkJpdlfinlofinlo alart 01pdl Acesso em 01 dez 2004
MURRAY P R Manual of Clinical Microbiology 7ed Washington ASM Press
1999
NABER K G BERGMAN B BISHOP M C JOHANSEN T E B BOTTO H
LOBEL B CRUZ F J SELVAGGI F P European Association 01 Urology
Guidelines on Urinary and Male Genital Tract Infections Disponlvel em
httpwwwuroweborglfilesluploaded filesuti mgtLpdf Acesso em 20 dez 2004
OPLUSTIL C P Urocultura In__ Procedimentos basicos em microbiologia
clinica 2 ed Sao Paulo Sarvier 2004 p 88-93
OSBORNE J About Interstitial Cystitis Disponivel em htlplwwwic-
networkcomhandbooklbasicshtmlintro Acesso em 20 dez 2004
52
PEDRAZA AVILES A G ORTIZ ZARAGOZA M C Symptomatic bacteriuria due to
Ureaplasma and Mycoplasma in adults Revista Latinoamericana de Microbiologia
(on line) 1998 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedampdopt=Abs
tractamplist uids=20388109 Acesso em 20 abr 2005
RIEGEL P RUIMY R BRIEL D de PREVOST G JEHL F BIMET F
CHRISTEN R MONTEIL H Corynebacterium seminale sp Nov a New Species
Associated with Genital Infections in Male Patients Journal of Clinical Microbiology
(on line) 1995 Disponlvel em
htlpllwwwpubmedcentralnihgovpicrenderfcgiartid=228387ampblobtype=pdf
Acesso em 19 mar 2005
SORIANO F PONTE C A case of urinary tract infection caused by
Corynebacterium urealyticum and coryneform group F1 European Journal of Clinical
Microbiology Infectious Diseases (on line) 1992 Disponfvel em
httoIwwwncbinlmnihgoventreziguervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
1396772ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr2005
TANNER M A SHOSKES DSHAHEDA PACENR Prevalence of
Corynebacterial 16S fRna Sequences in Patients with Bacterial and Nonbacterial
Prostatitis Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Disponivel em
httpmcmasmorgcontenVfull3761863 Acesso em 06 mar 2005
TRABULSI L R ALTERTHUM F Escherichia coli uropatagenica (UPEC) In
Microbiaagia 4 ed Sao Paulo Atheneu 2004 p 303-309
53
fastidiosos assim como divulgar sua importancia na patog~nese das infeccoes do
trato urinario
2 CONSIDERA90ES SOBRE MICRORGANISMOS FASTIDIOSOS
o termo bacteria fastidiosa tern sido tradicionalmente aplicado a
microrganismos que nao se desenvolvem OUse desenvolvem fracamente em todos
as meios de cultura tradicionais como agar sangue agar chocolate au agar Mac
Conkey requerem atmosfera capnofilica au microaerofilica e incubayao prolongada
As necessidades especiais de crescimento podem tambem dificultar a identific3cao
bioquimica dos isolados (MURRAY 1999)
No contexto das ITU bacterias fastidiosas podem ser definidas como
aquelas que requerem condiyoes de crescimento diferente da tradicional incubayao
aer6bia por 18 a 24 heras em melo de isolamento prima rio Meies de cultura
adicionais au incubarao prolongada em atmosfera contendo CO2 podem ser
necessarios (MASKELL 1989)
Uma das raz6es para se considerar que bacterias fastidiosas podem ter
importancia na patogenese das ITU e a existencia de divers as condi90es cHnicas
caracterizadas par evidencia de doen9a inflamat6ria para as quais nenhum
microrganismo causal e detectado bem como nenhuma outra causa nao infecciosa eencontrada Estas condi90es incluem a cistite intersticial a slndrome uretral aguda e
a prostatite crOnica idiopatica Muitos pacientes apresentam piuria outros
apresentam evidencias cllnicas de inflama9ao alem de sintomas que sao
clinicamente indistinguiveis dos pacientes com pat6genos usuais (MASKELL 1989)
Outro motive para 0 reconhecimento de bacterias fastidiosas como
clinicamente importantes no trato urinario e 0 numero crescente de publica90es
evidenciando 0 isolamento de tais agentes em muitos pacientes Urna vez que tais
bacterias tern sido investigadas e reconhecidas como causa de infecyOes
10
clinicamente significantes do trato urinario torna-se natural 0 direcionamento de
esfor90s para a sua detec9ilo (MASKELL 1989)
Microrganismos fastidiosos pod em em muitos casas apresentar-se como
patogenos secundarios do trato urinario como resultado de selecao apas
tratamentos anti bacteria nos principalmente nos multiplos cursos de antibi6ticos
ut1lizados nas ITU recorrentes (MASKELL 1989)
o presente trabalho tern como objetivo estudar a ocorrencia de bacterias
fastidiosas em ITU Incluem-se aqui bacterias naD usualmente patogemicas neste
sitio anatomica embora conhecidamente patogemicas em Qutros sitios bern como
especies geralmente consideradas como contaminantes em urina e que poderao ter
papel patogenico e ser relevantes em alguns casos que serao discutidos a seguir
II
3 PATOGENESE DAS INFECCOES DO TRATO URINARIO
As infecc6es bacterianas do trato urinario sao na malaria das vezes
adquiridas por via ascendente a partir da uretra podendo atingir a bexiga e 0 trato
urinario superior (ureter pelves renais e rins) A via hematogenica e menos comum
mas pode acontecer a dissemina~ao de bacterias no interior do glomerulo e do
cortex renal em pacientes com septicemia (KONEMAN et al 1997)
As infecroes do trato urinario sao aproximadamente quatorze vezes mais
comuns no sexo feminin~ sendo a colonizar8o da area periuretral e as alterayoes
anat6micas da uretra e regiao circundante durante a relar8o sexual as principals
latores predisponentes (MIMS el a 1995)
As infecroes urinarias em crianras sao mais comuns em meninos nao
circuncidados pela colonizayao da uretra e prepucio com microrganismos fecais
(MIMS et a 1995)
o f1uxo constante de urina e 0 esvaziamento regular da bexiga sao fatores
de prote9ao contra infec90es portanto urn comprometirnento rnecanico au funcional
do flux a urinario e uma condi9ao importante para a instalacao de um pat6geno Os
fatores rnecanicos incluem calculo renal refluxo vesicoureteral obstru9ao do colo da
bexiga estrangulamento da uretra hipertrofia prostatica e cateterismo Entre os
fatores funcionais mais comuns estao a gravidez e as neoplasias pelvicas devido a
pressao externa sabre as ureteres A osmolalidade extrema da urina 0 conteudo
elevado de ureia e 0 baixo pH tambem sao fatores inibit6rios para 0 crescimento de
bacterias as quais podem ser alterados principalmente quando ocorre lesao na
mucosa (KONEMAN et al 1997)
A micro biota das membranas mucosas exerce papel de prote9ao inibindo a
desenvolvimento de pat6genos pela competicao par nutrientes au sitias de ligacao e
12
pela produ9ao de bacteriocin as (KONEMAN et al 1997) Em mulheres em idade
fertil a producao de estr6genos estimula a colonizaryao vaginal com lactobacllos
bacterias usualmente naD patog~nicas que promovem a pH acido inibitorio para a
maiaria das bacterias As mulheres na pos-menopausa ficam suscetiveis a
colonizacIo da area periuretral par uropat6genos devido ao deficit de estrogenia e
conseqOente aumento do pH vaginal (McCUE 1999)
As bacterias gram-negativas possuem como importante fatar de virulencia
estruturas especializadas chamadas fimbrias ou pili e protelnas externas de
membrana que favorecem a adesao as superficies celulares mucosas ou cutaneas
Fatores de adesao tambem sao encontrados em bacterias gram-positivas como as
acidos lipoteicoicos em estreptococos e proteina M em estafilococos (KONEMAN ef
al1997)
Os fatores de virulencia de Escherichia coli e Proteus mirabilis estao bern
estabelecidos e incluem a sintese de aerobactina e enterobactina (proteinas
seqOestradoras de ferro elemento necessario para replica~ao da bacteria) assim
como a expressao da ffmbria e a produ~ao de hemolisina Flmbrias manose-
sensiveis (tipo 1) tern sido encontradas em especies nao patogenicas e fimbrias
manose-resistentes (tipo P) apenas em especies uropatogenicas As ultimas tern
sido associadas a pielonefrite pois tern a capacidade de aderir aos receptores das
celulas uroepiteliais e posteriormente ascender da bexiga para as rins (FRANZ
HORL 1999) A produ~ao de hernolisina esta associ ada a capacidade de causar
lesao renal (MIMS et al 1995)
Antigenos polissacaridicos capsula res acidos (K) estao associ ados ahabilidade de causar pielonefrite e auxiliarn na inibiCao da fagocitose favorecendo a
resistencia de Escherichia coli aos mecanismos de defesa do hospedeiro (MIMS et
13
al 1995) as polissacarfdeos capsulares bloqueiam a opsonizacao da bacteria par
interferirem com a deposi9ao do complemento (TRABULSI ALTERTHUM 2004)
Estafilococos coagulase negativos tern apresentado capacidade de
aderemcia as celulas do epitelio uretral e a protefnas celulares incluindo laminina
fibronectina vitronectina e colageno que podem permitir uma infeqao ascendente e
subseqOente colonizacao da glandula prostatica Ah~m disso produzem substancias
com propriedades antifagociticas antiquimiotaticas e antiproliferativas que afetam as
neutr6filos e linf6citos prejudicando as mecanismos de defesa do hospedeiro
(DOMINGUE HELLSTROM 1998)
A patogemese da prostatite bacteriana nao esta bern definida mas acredita-
se que 0 mecanisme principal seja infecyao uretral ascendente ou refluxo de urina
infectada da bexiga para os ductos prostaticos pela uretra posterior A prostatite
bacteriana pode ocorrer tambem como complicacao apes instrumentayao ou cirurgia
genitourinaria (LIPSKY 2003)
Assim como os microrganismos que possuem propriedades uropatogemicas
infectam 0 trato urinario normal bacterias nao reconhecidamente uropatogeuromicas
podem causar infeccao quando na presenca de anormalidades do trato urinario ou
quando os mecanismos de defesa do hospedeiro estao prejudicados como em
crian9as idosos gravidas diabeticos e imunocomprometidos como os
transplantados renais (FRANZ HORL 1999)
31 SiNDROMES CLiNICAS
o termo infeccao do trato urinario (lTU) inclui uma ampla gama de
s[ndromes clinicas sendo as mais comuns na pratica cHnica a bacteriuria
assintomatica a cistite (incluindo a sind rome uretral aguda) e a pielonefrite
Qualquer uma das sindromes pode ocorrer em urn paciente com anormalidades
14
urol6gicas que predispOem a ITU au dificultam 0 tratamento e nestes cases a
infec~ao e designada complicadaD
bull Sindromes ITU menes comumente
encontradas incluem prostatite abscessos renais e urossepsis (ITU com bacteremia)
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
As infec90es do trato urinario nao complicadas sao comuns e estima-se que
50 das mulheres que possuem 0 trato gemito-urinario normal apresentarao pelo
menes urn episodio de ITU aguda durante a vida As ITU complicadas estao
associadas a anormalidades funcionais au estruturais do trato urinario (bexiga
neurogenica refluxo vesicQureteral rim esponjoso medular nefrocalcinose cistos
renais etc) obstru9aO do trato urinario (hiperplasia benigna da pr6stata urolitiase
tumores estenose da jungao uretero-pelvica) cateterizagao ou instrumentacao
patogenos multirresistentes imunossupressao ou prostatite (HElLBERG 2003)
A diferenciagao entre ITU inferior e superior e importante tendo em vista as
complicagOes do envolvimento renal na infecgao no entanto os procedimentos
diagn6sticos mais acurados sao invasivos e apresentam risco (cateterizagao)
Usualmente a elevagao de parflmetros inflamat6rios como a proteina C reativa
leucocitose e febre indicam ITU superior e rnais recentemente tern sido utilizada
como marcador a excreyao aumentada de N-acetil-beta-glucosaminidase A
resoluyao da bacteriuria ap6s urn dia ou ap6s tratamentos curtos de tnsects dias condiz
com ITU inferior (FRANZ HORL 1999)
Murray (1999) cita como principais bacterias patogeuromicas no trato urinario
Escherichia coli Proteus mirabilis Klebsiella spp Enterobacter spp Pseudomonas
spp Enterococcus spp Staphylococcus saprophyticus Staphylococcus aureus
Ureaplasma spp Mycobacterium tuberculosis e Neisseria gonorrhoeae Sao
encontrados como microrganismos comensais no trato gemito-urinario
15
Corynebacterium spp Lactobacillus spp Staphylococcus spp Streptococcus spp
Neisseria spp nao patogemicas Mycoplasma spp Ureaplasma spp Gardnerella
vaginalis microrganismos entericos Acinetobacter spp Capnocytophaga spp
Enterococcus spp e bacterias anaer6bias
A bacteriuria assintomatica e definida pela presen~a de bacterias em algum
local do trato urinario na ausencia de sintomas Sua significancia clinica e
controversa tendo em vista que certes grupos de pacientes podem sofrer
consequeuromcias graves como por exemplo crian~as com refluxo vesicQureteral nas
quais a infecvao silenciosa pode causar dana renal e tambem gestantes nas quais
a progressao da infecCao pode causar dana ao feto bern como aumentar 0 risco de
pielonetrite na mae (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Cistite e definida como a infec9c3o presumivelmente limitada a bexiga pela
presen9a de sintomas caracteristicos (disuria urgencia OUfrequemcia) e ausencia de
sintomas sugestivos de inflamacZlo em Qutros locais do tratc urinario (CLARRIOGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
A sindrome uretral aguda tambem conhecida por sind rome piuria-disuria au
abacteriuria sintomatica e caracterizada por sintomas de ITU (disuria urgencia e
miccoes freqOentes) acompanhados de leucocituria e cultura de urina negativa au
com baixas contagens de bacterias Atualmente reconhece-se que 0 criteria de
contagem de colonias tradicional utilizado para diferenciar cistite bacteriana de
sindrome uretral aguda e controverso e que muitas mulheres disuricas com baixas
contagens de col6nias necessitam de tratamento para ITU bacteriana aguda
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998 HElLBERG 2003)
A sind rome uretral aguda pode ser causada por bacterias fastidiosas ou nao
usuais como Chlamydia trachomatis Ureaplasma urealylicum Neisseria
16
gonorrhoeae Mycoplasma spp Mycobacterium spp Trichomonas spp au Candida
spp Outras causas incluem abscessos rena is obstrucao ureteral completa e
luberculose renal (HEllBERG 2003)
A inflamacao dos rins e pelves renais (pielonefrite) oeasiona sintomas de
dor ou sensibilidade envolvendo 0 f1anco frequentemente acompanhados par urna
resposta inflamat6ria sistemica incluindo febre calafrios indisposicao dar de
cabera e nauseas as quais naD acorrem em pacientes com cistite Em alguns
pacientes estas manifestaroes sistemicas ocorrem sem sinais au sintomas locais de
envolvimenlo renal condilao denominada de ITU febril (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZlO 1998)
A cistite intersticial e urna inflamacao croniea e freqOentemente severa da
bexiga cuja causa e desconhecida Os sintomas primarios sao freqUelncia urgencia
e dor abdominal ou perineal e as culturas de urina sao raramente positivas Os
pacientes normalmente apresentam pequenas hemorragias (glomerulayoes) ou
ulceras na bexiga ahsectm de diminui9aO da capacidade urinaria e rela90es sexuais
dolorosas Muitos pacientes recebem urn diagn6stico prirnario de sind rome uretral
ale a descoberta do real diagn6slico (OSBORNE 2003)
Muitos pacientes com cistite intersticial tern urna hist6ria de ITU recorrente
Alguns autores teorizarn que a bacteria causa dora pode ser urna especie fastidiosa
ou presente ern pequeno numero e que a sua presen9a pode na~ produzir a cistite
intersticial mas ser responsavel p~r urna resposta inflamat6ria e imunol6gica
(BATRA1999)
A infeC9aO bacteriana da glandula prostatica (prostatite) pode ocorrer como
resultado de infeC9aO uretral ascendente par refluxo de urina infectada para as
ductos prostaticos via uretra posterior ou par via linfogenica ou hernatogenica A
17
prostatite bacteriana aguda promove urn abrupto inrdo de febre e sintomas
genitourinarios e constitucionais enquanto a croniea e urna enfermidade sutl
caracterizada por recidivas lTU recorrente e persistencia da bacteria na secre9ao
prostcitica mesma apas multiplos cursos de antibioticoterapia Urna terceira
sindrome a prostatite croniea idiopatica (inclui-se aqui a prostatite nao bacteriana e
a prostatodlnia) usualmente caracteriza-se par dor perineal persistente e sintomas
urol6gicos podendo ou nao estar associada a urn grande numero de celulas
inflamatorias na secre9ao prostatica e a urna bacteria cultivclvel laboratorialmente
(DOMINGUE HELLSTROM 1998)
A prostatite crOniea em homens com culturas negativas mas com
leucocitose na secrecao prosttltica (mais de 10 leuc6citos por campo em aumento de
1000X) e classificada como prostatite nao bacteriana e a doenca naqueles cujas
culturas sao negativas e que nao apresentam leucocitose na secreCao prostatica e
classificada como prostatodlnia (TANNER et al 1999)
o agente etiol6gico predominante nas prostatites bacterianas agudas e
cronicas e Escherichia coli seguido par especies de Proteus e Providencia e menos
cornu mente Klebsiefla spp Pseudomonas spp Serratia spp e Enterobacter spp
Estudos recentes demons tram que cepas de Escherichia coli causadoras de
prostatite expressam fatores de virulemcia similares as cepas causadoras de
pielonefrite Staphylococcus aureus Staphylococcus saprophyticus e outros
estafilococos coagulase negativos ocasionalmente podem causar prostatite assim
como algumas bacterias fastidiosas como por exemplo corinebacterias Gardnerella
vaginalis e Haemophilus influenza (LIPSKY 2003)
A prostatite cronica idiopatica (nao bacteriana) e uma condicao multi-
sintomatica de causa discutivel Etiologias propostas sao infeccoes par Chlamydia
18
trachomatis Mycoplasma hominis Ureapfasma urealyticum Trichomonas vaginalis
au agentes virais embora muitos estudos naD confirmem lais dados Tecnicas
microbiol6gicas especiais e tecnicas moleculares tern demonstrado em pacientes
com prostatite naD bacteriana colonizaf(80 prostatica com especies bacterianas de
baixa virulencia e tambem bacterias fastidiosas sugerindo etiologia infecciosa
(LIPSKY 2003)
Homens jovens com prostatite aguda podem ter baixas concentracoes de
bacterias na urina as quais nao sao reconhecidas como significantes e
possivelmente naD reportadas au entao podem ser infectados com microrganismos
fastidiosos como Gardnerella vaginais Quando traladas par insuficiente periodo de
tempo ou com um antibiotico inadequado que nao atinge urna concentracao
terapeutica adequada no tecido prostatico tais pacientes podem evoluir para uma
condi9ao de prostatite crOnica (MASKELL 1989)
A ITU e comum apos transplantes renais embora os riscos estejam sendo
diminuidos pelo uso de menores doses de imunossupressores e tambern pelo uso
profilatico de antibioticos Entre os fatores predisponentes pode-se citar infeccao
previa no rim do doador bern como alteracao do uroepitl~lio do receptor causada p~r
cateteres vesica is e stents ureterais Nos primeiros tr~s meses as ITU sao
geralmente assintomaticas e recidivantes ap6s esse perlodo sao menos freqOentes
e ha melhor resposta a antibi6ticos embora sejam comuns as complicacOes
urol6gicas como fistulas e obstrucoes Isquemia do orgao devido a dano arterial
pode promover ITU pela colonizacao bacteriana do tecido lesado usualmente por
bacterias comensais ou fastidiosas A erradicacao das infecc6es pode tomar-se
impossivel ate que 0 rim ou pelos menos 0 segmento prejudicado seja removido
(NABER et ai 2004)
19
Lactobacilos corinebacterias e alguns estreptococos fastidiosos podem ser
patogenos secundarios em ITU originalmente selecionados da microbiata uretral par
tratamento antibi6tico Tal situa~ao pade acorrer em pacientes que tenham recebido
agentes antibacterianos durante long05 periodos au antibioticoterapia aSSDciada a
urn periodo de cateterizayao A falha na deteqao laboratorial destas especies pade
resultar em tratamento antimicrobiano inadequada exacerbando 0 problema OU
ainda levar a investiga90es invasivas desnecessiuias (MASKELL 1989)
20
4 A ROTINA DA UROCULTURA NO LABORATORIO DE ANALISESCLiNICAS
o diagn6stico microbiol6gico de uma infeqao urinaria mesma baseando-se
na determinay80 de microrganismos em urn Hquido biologico normalmente esteril
apresenta dificuldades com relaCao a valoriz8gao dos resultados E sabido que
existem microrganismos naturalmente residentes na uretra regiao genital e perinea
que podem contaminar a urina acidentalmente somando-se a issa a a9ao da
temperatura que estimula a proliferar8o bacteriana Par outro lado as tecnicas de
coleta e cultivo de amastras devem ser direcionadas a pesquisa de microrganismos
pouco habituais as quais podem ser importantes em determinadas situaroes
(GOBERNADO ef al 2002)
A decisao de como uma amostra deve ser cultivada depende do metoda de
coleta e dos sinais e sintornas cllnicos do paciente informa~6es que deveriam ser
transmitidas ao laboratorio pelo medico Entretanto na maioria das vezes 0
laborat6rio recebe informa~6es incompletas ou incorretas que resultam na realiza~ao
de muito ou pouco trabalho com uma determinada amostra (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
A classifica~ao de culturas de urina por tipos permite que 0 manejo das
amostras seja direcionado pela necessidade clinica e que 0 laborat6rio possa
escolher os meios de cultura e a quantidade de inoculo mais apropriada Com base
nos dad os cllnicos do paciente podem-se definir tres tipos de cultura de urina
retina inspeao e invesligaliva (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
As culturas de retina sao apropriadas para pacientes ambulatoriais e com
ITU nao complicadas As culturas de inspe~ao devem ser realizadas em pacientes
geriatricos e individuos que utilizam cateteres vesicais nos quais a caloniza~ao au
infec~ao por multiplos microrganismos e comum Culturas investigativas sao aquelas
21
direcionadas para diagn6sticos especificos microrganismos fastidiosos ou grupos
diferenciados de pacientes Devern ser realizadas nos casas de cultura previa
negativa de falha na terapia antimicrobiana au no case de suspeita de urn
uropat6geno naD usual E tambem apropriada a sua realiza980 quando ha
discrepimcia entre a apresentacao clinica do paciente au a coloracao de Gram e 0
resultado previa da cultura (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Os meios de cultura m~is utilizados para semeadura de urina sao as
seletivQs diferenciais como 0 meio de Teague (agar eosin a azul de metileno) e de
Mac Conkey associados ao agar sangue 0 meio de CLEO (agar cistina lactose
eletr61ito deficiente) e muito utilizado no Brasil e permite 0 crescimento de bacterias
gram-negativas e gram-positivas Tais meios auxiliam na identifica980 presuntiva da
bacteria atraves da colora98o colonial indicando a capacidade de fermenta980 da
lactose (ALBINI 2004)
Segundo Clarridge Johnson e Pezzlo (1998) culturas urinarias de rotina
devem ser realizadas semeando as amostras em agar sangue de carneiro 5 e em
agar Mac Conkey eu um meio seletive similar e incubando as placas por 18 a 24
horas a 35 - 37deg C em ar ambiente Ainda assim e meio de CLEO e preferido nos
laboratories brasileiros pela sua versatilidade Para microrganismos fastidiosos 0
agar chocolate deve ser utilizado em conjunto com agar CNA (Columbia-colistin a-
acido nalidixico) eagar MacConkey devendo-se utilizar a al93 calibrada de 001ml
alem da al9a 0001 ml As placas de CNA e agar chocolate devem ser incubadas em
5 CO2 por 48 horas
Para popula96es especificas com ITU cronicas ou anormalidades
anatomicas pode ser apropriada a cultura visando microrganismos anaerobios au de
cresci menta lento (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
22
Para popula90es nas quais as culturas polimicrobianas sao comuns 0 agar
CNA pade ser utilizado para demonstrar a presenca de enterococos Qutros cocos
gram-positives au leveduras presentes nas culturas mistas 0 agar CNA permite urn
born cresci menta de estreptococos corinebacterias e Gardnerela vaginalis e deve
ser incubado por 48 horas a 35 C (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Amostras obtidas par puncao suprapubica au de pacientes com suspeita de
sindrome uretral aguda devem ser semeadas com al98 calibrada de 001 ml a1em
da ala de 0001 ml em agar sangue (OPLUSTIL et al 2004) Contagens baixas ou
mesma multiplos tipos de microrganismos devem ser valorizados em tais cases
(KONEMAN 1997)
Corynebacterium ureafyticum e Qutras corinebacterias desenvolvem-se bem
em agar sangue de carneiro 5 au agar CNA mas sao mais bern visualizadas ap6s
incubaao de 48 horas (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
As calOnias de Gardnerella vaginalis sao fracamente visiveis em agar
sangue ap6s 24 haras de incuba~ao e recomenda-se a usa de agar CNA au HBT
(agar sangue tween bicamada) e incuba~aa par 48 haras em tensaa de C02
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
as tactabacilos podem ser isolados em meias de isotamento prima rio
utilizadas para urina como a meio de CLEO no entanto devem ser incubadas par 48
horas em atmosfera de CO (MASKELL 1989)
a resultada da cultura deve ser sempre carrelacianada com a leitura do
Gram Caso nao haja crescimento ap6s 18 a 24 horas de incuba~ao e na
microscapia tenha sido observada a presen~a de microrganismas au numero
eleva do de leuc6citas deve-se incubar as ptacas par mais 24 haras (OPLUSTIL et
al2004)
23
A piuMa esteril e urn achado importante que po de refletir usa de
antibioticoterapia outras doencas como neoplasias au calculos urinarios au
infeccoes com microrganismos que naD sao detectados par rnetodos rotineiros de
cultura (MIMS et aI 1995)
o conceito de bacteriuria significativa para 0 diagn6stico das ITU e
tradicionalmente baseado no criteria quantitativa estabelecido par Kass na decada
de 1950 permitindo a distincao entre colonizarao e infecrao A utilidade e a
consistemcia do criteria de contagem de colOnias superior OU igual a 105 par mililitro
tern sido validadas repetidamente par varios pesquisadores demonstrando que tal
criterio nilo pode ser aplicado a todos os pacientes (FRANZ HORL 1999)
A baixa especificidade da cultura quantitativa de jato medio se deve apossivel adilao de bacterias comensais a urina durante a coleta A baixa
sensibilidade dos resultados inferiores a 105 UFCml pode ser devida a excregao
intermitente de bacterias que pode ocorrer em determinados sitlos do trato urinario
bem como ao uso de meios de cultura que nao proporcionam 0 cresci menta de
todas as especies capazes de infectar 0 trato urinario (FAIRLEY BIRCH 1989)
Altas contagens de bacterias aer6bias sao encontradas em amostras de
urina de jato medio quando os microrganismos sao providos de 6timo substrato e de
ten sao de O2 relativamente alta Em algumas sltuagoes como infecgoes cronicas
prostatite infecgao das glandulas parauretrais em mulheres litiase infecciosa e
cicatrizes renais per pielonefrite croniea os mierorganismos podem nao se
multiplicar tao rapidamente e pertanto nao apresentarem contagens tao altas quanta
nas cistites agudas Os sitlos de infecgao abaixe da bexiga nao fornecem as
mesmas condigoes favoraveis de incubagao ahsectgtmdisso a velocidade do fluxo
24
urinario e a freqO~ncia de miccaosao fatores que influem nas contagens bacterianas
(MASKELL 1989)
Torna-se claro que considerar baixas contagens de pat6genos aero bios em
culturas puras como contaminaCao e incorreto e pode levar a erros de diagn6stico
pois infeccoes de grande signific~ncia cHniea pod em nao estar sendo detectadas t
igualmente importante nao considerar automaticamente urna alta contagem de
col6nias como infecy8o sem considerar as condicoes do paciente e da coleta 0 usa
de antibi6ticos em resposta a urna alta contagem bacteriana pode selecionar cepas
resistentes tornando mais dificil 0 tratamento de infecgoes posteriores verdadeiras
(MASKELL 1989)
Alguns procedimentos utilizados para 0 diagnostico das ITU sao
considerados inaceitaveis atualmente e nao devem ser realizados como cultura de
cateter de Foley cultura de urina em meios Hquidos cultura de sedimento urinario
pesquisa de anaer6bios como procedimento de rotina e em urina de jato media au
obtida par cateteriza9ao bem como cultura de urinas que tenham permanecido mais
de duas heras sem refrigeragao au canservagao (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO1998)
41 COLETA E TRANS PORTE DE AMOSTRAS
A coleta e a trans porte inadequado da amostra podem levar a um resultado
de diffcil interpreta9aO Portanto a medida mais importante para realizar uma cultura
de urina e estabelecer rfgidos criterios de coleta e propiciar treinamento constante
para as profissionais envolvidos na realiza9aO da coleta (OPLUSTIL et al 2004)
Koneman et al (1997) recomendam que a paciente receba as instru90es de
coleta impressas ap6s receb~-Ias verbalmente Caso 0 paciente demonstre
inseguran9a au nao compreenda urn profissional treinado deve explicar novamente
25
passo a passo ou se passivel acompanhar pessoalmente a coleta (coleta
supervision ada)
Amostras de urina de jato media sao as amostras mais comumente
submetidas a cultura De preferencia deve ser colhida a primeira urina da manha
podendo ser aceitas urinas com pelo menos 2 heras de reten~ao Ap6s higiene da
regiao genital despreza-se 0 primeiro jato - 0 que auxilia a eliminacao dos
contaminantes da uretra inferior - e colhe-se 0 jato media em fraseD esteril
apropriado desprezando-se 0 final da mic9ilo (OPLUSTIL eJ al 2004) A higiene
genital deve ser realizada com agua e sabao naD anti-septico devendo ser as [abias
vaginais afastados e 0 prepucio retraido antes da miccao (GOBERNADO et 81
2002)
Alguns autores afirmam que mesma quando a coleta e meticutosamente
reatizada com a assist~ncia de um pro fissional treinado a urina apresenta-se
frequentemente contaminada (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Amostras urinarias de criancas obtidas com saco coletor devem ser colhidas
apos higiene da regiao genital e colocacao do saco coletor de forma asseptica
Troca-se 0 coletor a cada 45 minutos ou 1 h~ra repetindo-se a higiene e evitando-se
contaminacao fecal 0 coletor deve chegar fechado ao laborat6rio Tas amostras
freqOentemente sao contaminadas com microrganismos fecais promovendo
resultados falso-positivos portanto 0 maior significado clinico de amostras obtidas
com saco coletor e 0 resultado negativo (OPLUSTIL et a 2004) Culturas positivas
devem ser confirmadas por metodos de cateterizacao direta ou aspiracao
suprapubica (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Em pacientes com sanda vesical permanente pinca-se a canula do coletor
realiza-se desinfeccao da canula com alcool 70 e punciona-se com seringa e
26
agulha estereis colocando-se a amostra em frasee esteri Nunea se deve obter a
amostra do saco coletor de pacientes sand ados porque a multiplica9ao bacteriana
fornecera urn numero muito maior que aquele real mente presente no paciente
(OPLUSTIL et al 2004) Tambem nao se reeomenda deseoneetar 0 eateter do tubo
coletor sob risco de introduyao de microrganismos no sistema Sempre que passivel
tal coleta deve ser realizada ap6s troea do cateter pois urna microbiota que naD
corresponde a do paciente pade residir em cateteres antigos (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
A punyao suprapubica e considerada a metoda padrao auro para coleta de
urina par representar a verdadeira bacteriuria vesical (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998) Calhe-se com seringa e agulha diretamente par pun9ao vesical Tal
procedimento evita problemas de contamina9ao uretral e e recomendado para
crian9as ate dois anos detec9ao de anaer6bios enos casos de repeti9ao de ex ames
com interpretaoes duvidosas (OPLUSTIL et al 2004) Pode tambem estar indieada
para homens de qualquer idade com fimose e em mulheres com bacteriurias de
repeti~o de proeedeneia duvidosa (GOBERNADO et al 2002)
A cateteriza9ao com finalidade unica de obten9ao de amostras somente
deve ser realizada em pacientes nos quais nao seja possivel a elimina9aO
espontanea de urina como doentes neurologicos au com problemas urol6gicos
obstrutivos Caso seja necessaria devern-se utilizar tecnicas rigorosas de assepsia
por causa do alto risco de introdu9ao de rnicrorganismos (KONEMAN et a 1997
GOBERNADO et a 2002)
Para a pesquisa de Mycobacterium tuberculosis tres amostras de urina da
manha devem ser coletadas em dias consecutivos as tecnicas de cultivo para
27
micobacterias naD permitem a cresci menta de outros agentes e portanto a coleta
nac necessita de assepsia rigorosa (MIMS et al 1995)
Caso naD seja passivel a processamento da amostra de urina em ate 2
haras apas a coleta a amostra deve ser refrigerada (2 a 80 C) e processada em ate
24 haras tempo maximo para manuten~ao da contagem bacteriana estavel 0 usc
do preservativo acido b6rico permite que a amostra permane98 a temperatura
ambiente (20 a 25 C) ate 24 horas antes de ser process ada (OPLUSTIL ef aI 2004
CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Sistemas de trans porte usanda acido b6rico podem ser metodos alternativQs
para coletas realizadas em casa au em locais distantes do laborat6ria e mostram-se
tao efetivos quanta a refrigeragao (KONEMAM ef ai 1997)
Oepois de coletada a amostra de urina deve ser encaminhada ao laboratorio
a mais rapido possivel e com todas as informayoes necessarias para degprocessamento Devem ser relatados 0 horario e 0 metodo da coleta 0 tempo de
reteny80 da urina 0 tipo de paciente (por exemplo urologico ou geriatrico) a idade
o sexo se 0 paciente tem recebido quantidades aumentadas de Ifquido
apresentay80 clinica (existencia de sintomas) resultados de urinalise (presen9a de
celulas inflamat6rias) e resultados antecedentes de cultura (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
De maneira ideal as amostras devem ser coletadas antes do inicio da
terapia antimicrobiana Caso 0 paciente ja esteja recebendo ou tenha recebido
antibioticoterapia nas 48 horas antecedentes a realizay80 do exame esta
informay80 deve ser explicitada no formulario de requisiy80 do exame (MIMS et al
1995)
28
Recoletas devem ser solicitadas quando amostras nae refrigeradas forem
recebidas 2 horas ou mais ap6s a coleta au quando nac fcrem comunicados 0
horario e a forma de coleta No entanto nenhuma amostra deve ser desprezada
antes do cantata com 0 medico solicitante po is ela pade em alguns casas ser
insubstituivel (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Menos de 5 das urinas coretadas e transportadas adequadamente
apresentam multiplos microrganismos Exce~6es sao amostras de pacientes com
bexiga neurogemica au usa cranico de cateteres nos quais a bacteriuria
polimicrobiana pade ser detectada em 30 a 80 das culturas freqOentemente sem
infecao (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Segundo Koneman et al (1997) a acuracia do procedimento de coleta de
urina pode ser monitorada pela frequencia de exames com contagens entre 104 a 105
UFCml que nao deve exceder 5 a 10 se os procedimentos forem realizados
apropriadamente
42 A IMPORTANCIA DA COLORAltAo DE GRAM
Durante as ultimas decadas testes rapidos de triagem para bacteriuria foram
desenvolvidos com 0 propos ito de fornecer resultados mais rapid os e de eliminar a
necessidade de cultivar amostras negativas Entretanto sua utilizacao e limitada
principalmente pela incapacidade de detectar baixos niveis de bacteriuria e piuria
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
A coloracao de Gram da urina nao centrifugada e um dos metodos mais
rapidos seguros e baratos para estimar bacteriuria superior a 105 UFCml e
presenca de mais de 8 a 10 leucocitoslJl Homogeneiza-se muito bem a urina
coloca-se uma gota sobre lamina sem espalhar e deixa-se secar ao ar A lamina
deve ser fixada par calor au metanol (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998) A
29
presenca de uma ou mais celulas bacterianas per campo em aumento de 1000
vezes tern sensibilidade de 94 e especificidade de 90 em refletir uma contagem
de colOnias superior a 10 UFCml (KONEMAN ef al 1997)
Embora seja urn metoda barato de triagem a coloraC8o de Gram naD e
utilizada par muitos laborat6rios pelo consumo de tempo e baixa sensibilidade em
contagens inferiores a 105 UFCml Sugere-se a sua utilizacao como teste de triagem
apenas em pacientes com contagens de col6nias provavelmente altas
principalmente as assintomaticos e com suspeita de pielonefrite Alguns autores
relatam melhora da sensibilidade a nlveis acima de 104 UFCml com 0 usa de
citocentrifuga (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
A coloraCao de Gram do sedimento urinario em bora ainda utilizada por
muitos laboratorios e impropria pela baixa reprodutibilidade e dificuldade de
padronizacao e correlacao com os metodos de velocidade de excrecao de leucocitos
au contagem em camara (ALBINI 1994)
As informac6es fornecidas pela cOloracao de Gram sobre a morfologia do
microrganismo e caracteristicas na coloracao sao extremamente importantes para a
selecao inicial da terapia antimicrobiana enquanto se aguarda 0 informe definitivo
do resultado da cultura e do antibiograma (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO
1998)
~ imprescindivel a realizacao da coloracao de Gram para deteccao de
bacterias fastidiosas ou nao usuais Devido a dificuldade de desenvolvimento nos
meios utilizados para a deteccao de enterobacterias em alguns casos somente a
visualizacao microscopica indicarcfi a sua presenca (FRANZ HORL 1999)
A observacao microscopica da urina permite verificar a qualidade da amostra
especialmente em mulheres nas quais a contaminacao vaginal e frequente
30
produzindo resultados falso-positivos A presen~a de muitas celulas epiteliais e de
mais de urn tipo de microrganismo no Gram sugere contamina9aO da amostra em
decorrencia da coleta (OPLUSTIL et ai 2004)
Dutro aspecto importante da coloracao de Gram e a sua utilidade no
monitoramento das culturas podendo-se pelo seu resultado detectar erras tecnicos
e ate mesmo troca de amostras (ALBINI 2004)
31
5 BACTERIAS FASTIDIOSAS E INFECcAO DO TRATO URINARIO
Em 1989 Maskell citou a ocorrencia de bacterias fastidiosas como algumas
especies de estreptococos Gardnerela vaginalis Haemophilus influenzae
Corynebacterium spp e lactobacilos em infecgoes da bexiga e trato urinario superior
isoladas de amostras de urina obtidas par cateteriz8gao aspiragao supra-pubica e
tarn bam de amostras de tecido obtidas per bi6psia vesical Relatou tambem a
preseng8 de tais bacterias na urina de gestantes assintomaticas com mais
freqOencia do que em nao-gestantes e que as gestantes apresentando bacteriuria
posteriormente desenvolviam sintomas com mais freqoencia do que as que nao
apresentavam bacterias na urina
Fairley e Birch (1989) realizaram um importante estudo demonstrando que
pacientes com sintomas de infec~ao do trato urinario apresentando resultados
negativos em culturas de rotina podem abrigar bacterias fastidiosas ou baixas
contagens de uropat6genos convencionais na bexiga Os pacientes incluidos no
estudo foram os que apresentaram resultados inconclusivos em culturas previas de
jato medio como desenvolvimento inferior a 105 UFCml de um pat6geno
convencional ou a desenvolvimento superior a 102 UFCml de uma bacteria
fastidiosa Foram avaiiadas urinas obtidas por aspirayao suprapubica de 1817
mulheres e 300 homens cultivadas para uropat6genos convencionais e bacterias
fastidiosas utilizando in6culo que proporcionou resultados entre 101 e 107 UFCml A
freqOencia de isolamentos esta representada na tabela 1
32
TABELA 1 - FREQUENCIA DE BACTERIURIA EM 2117 PACIENTES(AMOSTRAS OBTIDAS POR PUNCAO SUPRAPUBICA) -1989
Uropat6-Culturas positivas $omente $omente especies genos
(n = 597) uropat6genos fastidiosas conven-convencionais (n = 366) cionais
n = 170 eespeci-
Pacientes Unica Multiplas Unica Multiplas Unica Multiplas esespecie especies especie especies especie especies faslidio-
sasMulheres (n = 1817) 370 191 148 5 222 125 61Homens (n = 300) 36 0 17 0 19 0 0
FONTE The Royal Melbourne Hospital
Vinte e aito especies microbianas foram isoladas no trabalho em questao
sendo Ureaplasma urealylicum Gardnerella vaginalis Escherichia coli Mycoplasma
hominis e Staphylococcus epidermidis as especies mais isoladas Quinhentas e
oitenta e uma (70) das 830 cepas isoladas pertenciam a especies fastidiosas -
Ureaplasma urealyticum Gardnerella vaginalis e Mycoplasma hominis - que nao sao
recuperadas em meies de cultura canvencianais Gardnerella vaginais fai mais
freqUente em mulheres enquanto Ureaplasma urealyticum nao apresentou diferen9a
estatisticamente significativa entre os sexas Treze esptkies fcram isoladas em
apenas uma ou duas ocasioes entre elas Streptococcus equi Streptococcus
equisimifis Streptococcus sanguis Morganella morgan Klebsiella oxytoca
Peptococcus anaerobius Proteus vulgaris Enterobacter aerogenes Salmonella
enteritidis Pseudomonas aeruginosa Haemophilus influenzae Haemophilus
parainfluenzae e Haemophilus parahaemofyticus Anaer6bios estritos foram isolados
de apenas sete dos 597 pacientes (FAIRLEY BIRCH 1989)
Culturas polimicrobianas foram obtidas em urn teno das pacientes do sexo
feminino e nao foram verificadas no sexe masculino A freqOencia de uropat6genos
cenvencienais e fastidiesos encontra-se na tabela 2
33
TABELA 2 - FREQU~NCIA DE UROPATOGENOS CONVENCIONAISE BACTERIAS FASTIDIOSAS EM 191 PACIENTES DO SEXOFEMININO COM BACTERIURIA POLMICROBIANA - 1989
Numero de Somente Samente especies Especiesespecies (numera uropat6genos fastidiosas convencionais e
de pacientes) convencionais fastidiosasOois (153) 9 99 45Tres (34) 0 17 17Quatro (4) 0 1 3
FONTE The Royal Melboume Hospital
Ureaplasmas au Gardnerella vaginalis fcram recuperados em 179 das 191
mulheres com infecgao polimicrobiana estando presentes concomitantemente em
100 das 191 amostras sugerindo urna passivel relacc3osimbi6tica Uropat6genos
convencionais fcram isolados em pouco mais de 33 das mulheres na maiaria dos
casas acompanhados por bacterias fastidiosas indicando que infeccoes
polimicrobianas usualmente envolvem bacterias fastidiosas (FAIRLEY BIRCH
1989)
A contagem de col6nias excedeu 105 UFCml apenas na minoria dos
pacientes portanto a bacteriuria nao seria detectada em muitos individuos caso 0
valor de ponto de corte tradicional tivesse sido utilizado Os resultados tambem
mostraram que baixas contagens bacterianas podem acontecer com qualquer uma
das especies bacterianas isoladas embora tenham sido mais freqoentes para
Ureaplasma urealytieum e Mycoplasma hominis Cento e setenta e quatro (21)
isolados apresentaram contagens inferiores a 103 UFCml sendo 138 (84)
pertencentes a especies fastidiosas (FAIRLEY BIRCH 1989)
Franz e HOrl (1999) citaram a ocorrencia de HaemophiJus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae pneumococos Campyobaeter Legionella
pneumophila Salmonella spp Shigella spp Corynebacterium grupo 02
34
Mycobacterium tuberculosis micobacterias atipicas e fungos como causadores
ocasionais de ITU
Domann et al (2003) realizaram estudo em amostras do trato urinario de
transplantados renais utilizando tecnicas moleculares baseadas em 168 rRNA peR
e cromatografla liquida de alta performance (DHPLC) Foi avaliada a aplicaaD do
metoda em 109 amostras e observou-se 100 de correlacao para amostras cultura-
positivas Para as amostras cultura-negativas a DHPLC permitiu a deteccao de
uropat6genos previa mente conhecidos como Corynebacterium urealyticum e
Gardnerella vaginalis mas tambem agentes nao usuais como AnaerocDCCUs
laclolyticus Bacteroides vufgatus Diaisler invisus Fusobacterium nuceaturn
Lactobacillus iners Leptotrichia amnionii Prevotella buccalis Prevotella ruminicola
Rahnella aquatilis e Streptococcus intermedius detectados como unicos pat6genos
ou como agentes de infecyoes polimicrobianas Uma vez que as ITU sao
freqGentemente associadas com inicio precoce de rejeiyBo cronica em
transplantados renais e conveniente a pesquisa de agentes patogenicos
oportunistas e nao usuais para 0 correto direcionamento do tratamento
antimicrobiano
Quatro casos de ITU com bacteremia por Methylobacterium spp em
pacientes do sexo feminino imunocompetentes foram reportados por Lee Tang e Uu
(2004) Todas as pacientes tiveram hemoculturas positivas para Methylobacterlum
spp e suas culturas de urina foram negativas ou positivas para Escherichia coli com
crescimento concomitante de outro bacHo gram-negativ~ em baixa contagem que foi
ignorado Foram realizados experimentos especiais com os isolados indicando que
de acordo com os procedimentos padrao para culturas de urina com 24 horas de
incubayao a 35degC as colonias de Methylobacterium spp nao sao visualizadas e 0
35
pequeno numero de col6nias observado ap6s incuba~ao adicional de 24 heras a
temperatura ambiente apenas sugere ser a especie urn contaminante
Particularmente quando especies de Methyfobacterium estao presentes
concomitantemente com Escherichia coli ocorre supressao do cresci menta de
Methylobacterium spp tornando impassivel a sua deteccao 0 estudo conclui que a
falta de relatos de casas de ITU por Methylobacterium spp deve-se a impossibilidade
de detec~ao da especie por metodos padrao de cultura de urina au ainda porque a
baixa virulelncia da bacteria pode produzir ITU autolimitadas au talvez muitas vezes
curadas com as antibi6tico5 normalmente utilizados As especies estudadas fcram
variavelmente resistentes as cefalosporinas acido nalidixico nitrofurantoina e
sulfametoxazol-trimetoprim e 100 suscetiveis a ciprofloxacin imipenem e
aminoglicosideos
51 Corynebacterium spp
Corynebaclerium urealylicum pode ser uma importante embora rara causa
de ITU variando a freqOencia de isolamentos significativos de zero a 35 em
popularoes nao selecionadas A bacteriuria por Corynebacterium urealyticum ocorre
em pacientes hospitalizados per longos perledes severamente
imunocomprometidos urologicamente manipulados ou idosos Tal microrganismo
tam bern tern sido associado com pielonefrite e pode desaparecer espontaneamente
da urina mesmo sem antibioticoterapia (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Corynebacterium glucuroneyticum tambem chamado Corynebacterium
seminae tern side iselade de semen e trate g~nite-urinarie masculine e pede causar
prostatite ou uretrite Corynebacterium pseudogenitalium (CDC grupo F1) tambem
tern sido reconhecido como pat6gene do trato urinario (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
36
Foi relatado por Soriano e Ponte (1992) um caso de cistite de incrusta~ao
causado por urn corineforme identificado como CDC grupo F1 0 paciente havia
sofrido ITU previas persistentes causadas por Corynebacterium ureayticum (CDC
grupo 02) A cura bacteriol6gica foi alcan=ada apes urn mes de tratamento com
amoxicilina e acido acetohidroxamico
Meria at al (1998) realizaram levantamento bibliografico entre as anos de
1985 a 1997 sabre casas de cistite e pielite de incrustacao Foi constatado a
aumento progressive no numero de cases especialmente em pacientes
imunodeprimidos e particularmente em transplantados renais Tais inflamacoes
cr6nicas estao associadas com incrustac6es da mucosa causadas por bacterias
produtoras de urease tendo sido as mais freqOentes especies de Corynebacterium
grupo 02 A presenCa de urina alcalina contendo abundantes debris mucopurulentos
calcificados e alta mente sugestiva e pode auxiliar no diagnostico clinico A
demonstracao da bacteria envolvida requer culturas prolongadas em meios de
cultura enriquecidos 0 diagnostico precoce pode evitar falhas de tratamento e uma
possivel rejeicao do orgao transplantado
Em estudo realizado par Riegel et al (1995) corineformes em quantidades
significativas (104a 105 UFCml) foram isolados em amostras de semen uretra urina
e sangue de homens inferteis com diagn6stico de prostatite As analises genomicas
realizadas demonstraram ser as cepas pertencentes a uma mesma especie dentro
do genero Corynebacterium As 12 amostras mostraram padroes bioquimicos
simi lares entre elas born crescimento em agar sangue de carneiro em contraste com
crescimento pobre no mesmo meio suplementado com Tween 80 1 teste de
CAMP positivo fermentacao de glicose sacarose e presenCa de beta-glucuronidase
Tais caracteristicas permitiram a distincao destas cepas dos outros membros do
37
genera e 0 nome proposto foi Corynebacterium seminae Embera organismos
difter6ides pass am fazer parte da microbiota uretral a presenCa de contagens
significativas destas especies no semen sugere urna implica~ao infecciosa
particularmente na prostatite
Estudo molecular filogenetico baseado em 16S rRNA peR realizado em
pacientes com prostatite croniea demonstrou sinais bacterian05 em 65 dos
pacientes estudados Foi constatada a ocorreuromcia de um amplo espectro de
especies bacterianas no fluido prostatico dos pacientes incluindo Corynebacterium
Staphylococcus PepiosfreptococGUS Streptococcus e Escherichia Especies do
genera Corynebacterium foram encontradas em maior proponao incluindo especies
ainda nae descritas e n~o presentes nas amostras de controle sugerindo que
possam ter um papel na doen~a au que sejam conseqOemcia da mesma 0 estudo
mostreu ainda que os microrganismos associ ados com prestatite geralmente
ocorrem em comunidades microbianas distintas daquelas encontradas em liquidos
prostaticos normais (TANNER ot al 1999)
Segundo Domingue e Hellstrom (1998) a observaltio microsc6pica
cuidadosa de amostras de secre~~o prostatica bern como a inocula~~o em meios
enriquecidos sao essenciais para a isolamento de corineformes Foi realizado estudo
em uma amostra de secre~ao prostatica na qual a colora~ao de Gram apresentou
cocobacilos gram Itlbeis pleom6rficos que nao se desenvolveram em meios de rotina
incubados por 72 horas a 35degC Houve desenvolvimento em meio de cultura
enriquecido com extrato de leveduras e sora de cavalo e incubado no minimo 72
horas em atmosfera de 5 de CO2 a 35degC A secregao inoculada em caldo triptose
demonstrou a presen~a de bacilos gram-varitlveis (microscopicamente) e quando
repicada produziu bacilos de crescimento lento em meios de retina e enriquecidos
38
(incubados aerobicamente anaerobicamente ou sob tensao de CO2 par 72 haras)
Corineformes ocultos pod em ser agentes etiol6gicos da prostatite idiopatica croniea
que sao frequentemente perdidos au nao percebidos em procedimentos
bacteriol6gicos de rotina
52 Gardnerella vaginais
o significado de Gardnerela vaginais em urina e controverso pois a
principal associacao patogElnica desta bacteria e com a vaginose na mulher Embora
baixas contagens na urina parecam refletir a micro biota da uretra masculina ou
feminina contagens aeima de 10000 UFCml ja fcram associadas com bacteriuria
sintomatica ITU recorrente cistite na mulher uretrite e prostatite no homem
Entretanto me sma quando ern altas contagens freqOentemente nao ha resposta
leucocitaria Gardnerela vaginalis e encantrada mais freqOentemente em mulheres e
pacientes com doena renal e ap6s instrumentaao (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
Estuda realizado par Agarwal e Dixon (2001) investigau a passivel papel de
Gardnerella vaginalis na cistite intersticial usando metodos maleculares para
garantir a recuperaCao do microrganismo mesmo em baixas contagens Nenhuma
das trinta e tres amastras de bi6psias de bexiga de pacientes com cistite intersticial
foram positivas para Gardnerella vaginais a que embora nao exclua seu
envalvimenta na cistite intersticial diminui esta probabilidade
Ginestre Perez et al (2001) realizaram estudo de mil trezentas e setenta
amostras de jato media de urina de pacientes com sintomas de ITU Gardnerella
vaginalis cujo papel patagenica no trato urinario e discutivel ocupou a segundo
lugar em freqOencia etiologica (1763) ficando atras somente de Escherichia coli
(5210) e superando microrganismos cansiderados uropat6genas classicos como
39
Proteus mirabifis (763) Klebsiella pneumoniae (684) e Pseudomonas
aeruginosa (368) Embera a presen~a de Gardnerella vaginais em amostras de
jato media urinario possa indicar contaminayao vaginal todos as cultivos positivos
para esta bacteria apresentavam contagens superiores a 100000 UFCml e
provinham de pacientes sintomaticos representando urna alta probabilidade de
infec~ao urinaria verdadeira
53 Mycoplasma hominis E Ureaplasma urealyticum
Especies patogenicas como Mycoplasma hominis e Ureaplasma urealyticum
ocorrem freqOentemente como colonizantes do trato urogenital inferior de homens e
mulheres saudaveis A ocorrencia de infec~ao esta provavelmente relacionada a
imunossupressao obstru~ao ou procedimentos previos de instrumental)ao no trato
urinario Ureaplasma urealyticum tern sido encontrado em calculos urinarios de
pacientes com liHase infecciosa sugerindo uma possivel associal)ao causal
Mycoplasma hominis tern sido isolado do trato urinario superior em pacientes com
sintomas de pielonefrite aguda FreqOentemente ha resposta imunol6gica especifica
(MURRAY 1999)
Foi pesquisada a presen9a de Ureaplasma urealyticum e Mycoplasma
hominis em amostras de jato medio de 314 mulheres e 52 homens sintomaticos do
trata urinltilria Ureaplasma urealyticum fai isalada em 54 (171) das mulheres e 8
(154) dos hom ens e Mycoplasma hominis foi isolado em 12 (38) das mulheres
e 4 (77) dos homens Ureaplasma urealyOcum foi superado apenas par
Escherichia coli e Gardnerella vaginalis em ambos grupas 366 e 254
respectivamente no sexo feminina e 585 e 308 no masculino Demonstrou-se
partanto que a bacteriuria par ureaplasmas e relativamente co mum porem nao e
40
detectada por metodos convencionais de cultura de urina (AVILES ZARAGOZA
1998)
A significancia de micoplasmas em amostras de jato medic urinario e de
dificil determinacao devido a provavel contaminacao da amostra par
microrganismos colonizantes da vagina e uretra distal Entretanto estudos
realizados em amostras de aspirado suprapubico em gestantes demons tram que 0
desenvolvimento de pre-eclampsia e tres vezes mais prov3vel em mulheres
apresentando culturas positivas para ureaplasmas no inicio da gestacao do que em
mulheres com culturas negativas no mesmo periodo (KONEMAN ef a 1997)
54 Haemophilus spp
Existem varios estudos relacionando Haemophifus influenzae e Haemophilus
parainfluenzae a ITU embora sua freqOencia e significancia nae tenham sido
confirmadas Alguns pesquisadores sugerem a inclusao de agar chocolate em
culturas de urina de crian~as por causa da associa~ao de Haemophilus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae com outras infec~6es nesta faixa etaria (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
Maskell (1989) citou a ocorrencia de certas bacterias fastidiosas em sftios do
trato urinflrio abaixe da bexiga como par exemple em cases de prostatite por
Haemophilus influenzae
55 Lactobacillus spp
Em estudo realizado em pacientes do sexe feminine com sind rome uretral
aguda demonstrou-se uma alta freqOencia de isolamentos de lactobacilos Durante
dois anos amastras de jato medic de tais pacientes foram cultivadas observando-se
a principio alta concentracao de lactobacilos principalmente nas pacientes
sintomaticas Ao final do estudo durante 0 qual foi impedido 0 usa de antibi6ticos os
41
lactobacilos desapareceram da urina de muitas mulheres as quais tornaram-se
assintomaticas Os autores concluiram que as sintomas da sindrome uretra podem
ser devidos a multiplica~ao desproporcional de lactobacilos na uretra distal como
resultado de antibioticoterapia frequentemente administrada em cursos prolongados
para resolurao dos sintomas urinarios Lactobacilos tambem tern sido relatados em
amostras de urina obtidas diretamente da bexiga e de amostras de tecido obtidas
par bi6psia vesical bern como ocasionalmente isolados em urinas de mulheres
idosas com sintomas urinarios (MASKELL 1989)
56 COCOS GRAM-POSITIVOS
Microrganismos dos generos Lactococcus Gemella Aerococcus e
Globicatella embora possam estar presentes como contaminantes em culturas de
material clinico tern sido isolados como patogenos oportunistas ern urina e outras
amostras de pacientes imunocomprometidos Esforyos para identifica-Ios devem ser
realizados quando os isolados forem clinicamente significantes isto e isolados
repetidamente ou em cultura pura Devido a semelhanya com outros cocos gram-
positivos isolados com mais freq04sectncia como estreptococos enterococos e
estafilococos possivelmente sao confundidos com especies destes generos
(MURRAY 1999)
Golapachar et al (2004) relata ram um caso de infec9ao do trato urinario com
bacteremia causa do por Aerococcus viridans em um homem de 87 anos residente
em uma cUnica de repouso A cultura de urina apresentau crescimenta de 105
UFCml de Aerococcus viridans e a hemocultura fai positiva para a mesmo
microrganismo Os testes bioqulmicos que leva ram a identificayao do
microrganismo faram reayoes negativas de catalase e LAP (Ieucina aminopeptidase)
e reaDes positivas para PYR (L-pyrrolidonyl-beta-naphtylamina) fermentaao de
42
trehalose e manese resistencia a optoquina crescimento em agar bile esculina 40
e cresci menta em cloreto de s6die 65 As especies de Aerococcus sao anaer6bias
facultativas a maioria catalase negativa com tendemcia a formaCao de tetrades na
morfologia microsc6pica PYR positivo e LAP negativ~ a que as diferencia de
enterococos e estreptococos
A escassa documentacao a respeito de infecyoes humanas por Aerocccus
sp deve-se provavelmente a sua similaridade microbiol6gica aos estreptococos alfa-
hemoliticos e enterococos e possiveis erras na interpretacao laboratorial de
amostras clinicas No casa acima descrito a laborat6rio de microbiologia nao pade
reaHzar a antibiograma devido a natureza fastidiosa da bacteria mas houve sucesso
terapeutico ap6s administray8o intravenosa de levofloxacin (GOLAPACHAR et al
2004)
Um caso de pielonefrite e urossepsis por Streptococcus pneumoniae foi
relatado em urn hornem de 82 anos com hist6ria clinica de leucemia linf6ide cronica
e diabetes mellitus Exames radiograficos abdominais e tomografia computadorizada
mostraram uma imagem indicativa de extensa pielonefrite no rim esquerdo sem
nenhum outro foco de infecc8o 0 abscesso renal foi tratado por drenagem
transuretral e 0 material purulento obtido foi cultivado assim como materiais de
orofaringe escarro e sangue Esearro e orofaringe revelaram apenas mierobiota
normal do trato respirat6rio enquanto 0 material drenado e as hemoculturas
demonstraram microseopicamente cocos gram-positiv~s aos pares e em eadeias
alguns dos quais eram lanceolados havendo bom crescimento em agar sangue de
carneiro e agar chocolate a 37degC As col6nias eram fracamente alfa-hemoliticas no
agar sangue e nao muc6ides catalase-negativas e sensiveis a optoquina Testes de
aglutinac8o sorologiea de ambos materiais confirmaram a identificac8o e testes
43
moleculares demonstraram ser as dois isolados identicas Apesar da terapia
antimicrobiana a paciente desenvolveu coagula98o intravascular disseminada e
sofreu uma parada cardiaca sendo que 0 quadro foi revertido mas tornau-se
necessaria a nefrotomia para eliminar a foco da infeccao Em contraste a estud05
anteriores a paciente descrito apresentou um verdadeiro casa de pielonefrite
abscesso renal e urossepsis causados par Streptococcus pneumoniae A presenca
de doencas como leucemia linf6ide crOniea e diabetes mellitus fcram 5uficientes para
causar um certa grau de imunossupressao e predispor a paciente a infeccao par
Streptococcus pneumoniae mesma sem hist6ria antecedente de infecC8o
pneumoc6cica trauma ou interven9ao cirurgica (DUFKE KUNZE-KRONAWITIER
SCHUBERT2004)
57 BACT~RIAS ANAER6BIAS
Tern sido descritos casas de infec90es do trato urinario par bacterias
anaer6bias com as mais diverses tipos de apresenta90es clinicas entre processes
crenicos e agudos As bacterias recuperadas sao bacilos gram negativQs incluindo
Bacteroides fragifis Prevotella sp e Porphyromonas sp Clostridium sp cocos
gram-positiv~s e Actinomyces sp Em muitos casas sao recuperadas em culturas
mistas com coliformes e estreptococos (BROOK 2004)
58 OUTRAS BACT~RIAS FASTIDIOSAS
Foi descrita par Greub e Raoult (2002) uma nova especie bacteriana
Actinobaculum massiliae recuperada da urina de uma mulher de 81 anos com ITU
cr6nica Os estudos fenotipicos genotfpicos e filogeneticos realizados mostraram
ser 0 isolado urna nova especie ainda nao recanhecida dentro do genera
Actinobaculum e foi proposta a denominacao Actinobaculum massiliae A mesma
cepa faj isolada tres vezes num perlodo de sete meses mesmo apes tratamento
44
com amoxicilina sulfametoxazol~trimetoprim e rifampicina Devida ao fata do
microrganismo nao ser isolado em procedimentos laboratoriais de rotina uma ITU
devido a Actinobaculum massiliae pade ser mal diagnosticada Alem disso as
col6nias apresentam heterogeneidade morfol6gica ap6s cinco dias de incubacao
podendo levar a uma errOnea interpretaC(ao de contaminacao com duas especies de
badlas gram~positivos 0 usa de agar sangue de carneiro e incubacao prolongada
motivado pela presenca de 106 leuc6cit05 per ml na urina da paciente permitiu a
desenvolvimento da cepa Houve cura ap6s tratamento com doxiciclina (GREUB
RAOUL T 2002)
Em estudo clinico e microbiol6gico de mulheres com sindrome uretral -
excluindo pacientes com cistite bacteriana - 41 pacientes foram comparadas com 42
pacientes controle Nao foi encontrada diferenca entre pacientes e con troles em
incid~ncia de Chlamydia trachomatis e outros microrganismos de transmiss3o
sexual 0 numero de lactobacilos e outros microrganismos fastidiosos bem como a
numero de leucocitos na urina nao apresentaram diferenca entre pacientes com
sintomas leves e intensos ou entre pacientes e controles Os auto res sustentam a
hipotese da sindrome uretral nao ser causada por infecrao bacteriana ou clamidial
(GILLESPIE et al 1989)
45
6 CONCLUSAO UMA REFLExAO
E indiscutivel a importo1ncia para a laborat6rio de requisicoes de exame
completas com informayoes sabre suspeita clinica existencia de sintomas
anormalidades do trata urinario e condhoes imunol6gicas do paciente Embora
tradicionalmente a maiaria dos medicos nao fornega muitas informacoes sabre 0
paciente ao laborat6rio a microbiologista pede incentivar a criacao de urn canal de
comunicacao quando observar a necessidade de informagoes sobre determinado
paciente
Exames anteriores do paciente sempre que disponiveis devem ser
consultados e comparados pois informacoes sabre infecc6es recorrentes au
recidivantes especies bacterianas envolvidas au presen9a de piuria esteril sao
importantes para direcionar a pesquisa para agentes fastidiosos
o metoda de coleta e as condi~6es de transporte da urina deterrninam a
qualidade da amostra e a quao relevantes serao as microrganismos nela
encontrados Considerando-se que urna bacteria normalmente considerada como
contarninante introduzida durante a coleta pode ser em alguns casos patogenica ou
ainda que uma especie fastidiosa patogenica de crescimento lento pode ter seu
crescimento inibido par uma contaminante de crescimenta mais rapido a coleta
adequada torna-se urn fator de suma importancia para a detec~ao de especies
fastidiosas em urina
Como ja discutida torna-se indispensavel a realiza~ao da calora~ao de
Gram em amostras de urina pOis alem de ser urn teste de triagem rapida e barato
para bacteriuria acima de 105 UFCml pode ser 0 unica indicativa da presen~a de
urna especie fastidiosa
46
A comunica~ao entre a microbiologista e a medico pode determinar nao 56 a
sucesso do diagn6stico e do tratamento como a viabilidade economica da pesquisa
de bacterias fastidiosas para 0 laborat6rio urna vez que direciona as esforyos
laboratoriais aos pacientes que realmente necessitam evitando 9a5t05
desnecessarios
Bacte-rias fastidiosas podem nao responder ao tratamento antibi6tico para
pat6genos convencionais do trato urinario portanto a pesquisa precocemente
direcionada para tais agentes pode melhorar 0 progn6stico das ITU evitando a
administracao de antibioticos inadequados au desnecessarios
Como observado nos diversos casas reiatados bacterias fastidiosas
ocorrem em cenaries clinicos especificos 0 entendimento do processo da doen=a e
as condi=oes do paciente pod em ajudar muito 0 laboratorio no esfor=o para
recuperar a bacteria do material clinico
47
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
ALBINI C A Cullura de Urina Analise das metodologias interfer~ncja sobre as
resultados e proposta para padronizacao 1994 54 f Monografia (Especia1iza9aO em
Bacteriologia) - Setor de Ciencias da Saude Departamento de Patologia Medica
Universidade Federal do Parana Curitiba
AGARWAL M DIXON R A A study to detect Gardnerella vagina lis DNA in
interstitial cystitis British Journal of Urology (on line) 2001 Disponlvel em
httpwwwbjuiorg889articlebju2514aspAcessoem 03 fev 2005
BATRA A Interstitial Cystitis Updade Infection Urology (on line) 1999 Disponivel
em httphomeswipnetsellsopicupdatehtm Acessa em 20 dez 2004
CLARIDGE J E JOHNSON J R PEZZLO M T Laboratory Diagnosis of Urinary
Tract Infections Washington American Society for Microbiology 281998
BROOK I Urinary tract genito-urinary suppurative infections due to anaerobic
bacteria International Journal of Urology (on line) 2004 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezigueryfcgicmd=Retrieveampdb=pubmedampdopt=Abst
ractamplist uids=15009360 Acesso em 18 mar 2005
DOMANN E HONG G IMIRZALIOGLU C TURSCHNER S KOHLE J
WATZEL C HAIN T HOSSAIN H CHAKRABORTY T Culture-Independent
Identification of Pathogenic Bacteria and Polymicrobial Infections in the Genitourinary
Tract of Renal Transplant Recipients Journal of Clinical Microbiology (on line) 2003
48
Disponivel em httpjcmasmorgcgireprintl41125500pdf Acesso em 18
mar2005
DOMINGUE G J HELLSTROMW J G Prostatitis Clinical Microbiology Reviews
(on line) 1998 Disponivel em httpcmrasmorglcgilcontentifuIl11141604 Acesso
em 03 fev 2005
DUFKE S KUNZE-KRONAWITIER H SCHUBERT S Pyelonephritis and
Urosepsis Caused by Streptococcus pneumoniae Journal of Clinical Microbiology
(on line) 2004 Disponlvel em httpjcmasmorgcgicontentifuIl4294383 Acesso
em 06 mar2005
FAIRLEY K F BIRCH D F Detection of Bladder Bacteriuria in Patients with Acute
Urinary Symptoms The Journal of Infectious Diseases Melbourne v 159 n2 p
226-231 fev 1989
FRAIMOW H S JUNGKIND D L LANDER D W DELSO D R DEAN J L
Urinary Tract Infection with an Enterococcus taecais Isolate that Requires
Vancomycin for Growth Annals of Internal Medicine (on line) 1994 Oisponivel em
httpwwwannalsorgcgicontentifuIl1211122 Acesso em 18 mar 2005
FRANZ M HCRL W H Common errors in diagnosis and management of urinary
tract infection I Patophysiology and diagnostic techniques Nephrology Dialysis
Transplantation (on line) 1999 Disponivel em
httpltwwwndtoupjournalsorgcgicontentifuIl141127 46 Acesso em 01 dez 2004
49
GIBB A P Plates are Belter than Broth for Recovery of Fastidious Organisms from
some Specimen Material Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Oisponivel
em httpjcmasmorgcgireprinU4041129pdf Acesso em 06 mar2005
GILLESPIE W A HENDERSON E P LINTON K B SMITH P J Microbiology
of the urethral (frequency and dysuria) syndrome A controlled study with 5-year
review British Journal of Urology (on line) 1989 Disponfvel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
2804564ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr 2005
GINESTRE PEREZ M ROMERO-A~EZ S MARTINEZ-GARCIA A RINCON-
VILLALOBOS G HARRIS-SOCORRO B CATELLANO-GONZALES M AVILA-
ROO Y PEROZO-MENA A Gardnerella vaginalis y uropat6genos convencionales
em pacientes ambulatorios Revista de La Sociedad Venezolana de Microbiaogia
(on line) 2001 Disponivel em
httpwwwseieloorgvaseielo phpscriptsci arttextamppid=S 1315-
25562001000200003amplng=esampnrm=isso Acesso em 05 jan 2005
GOBERNADO M CRUZ F J DALET F BROSETA E DE CUETO M
SANTOS M DE LA ROSA M Procedimientos en Microbiologla Clinica La
infeccion urinaria 2002 Disponivel em
httpwwwseimcorgprotocolosmicrobiologiaindice14htm Acesso em 01 dez
2004
50
GOLAPACHAR A AKINS R L DAVIS W R SIDDIQUI A A Urinary tract
infection caused by Aerococcus viridans a case report International Medical Journal
for Experimental and Clinical Research (on line) 2004 Oisponivel em
httpwlNNmedscimonitcompubvol 10no 114928pdf Acesso em 03 dez 2004
GREUB G RAOULT D Actinobaculum massiliae a new species causing chronic
urinary tract infection Journal of Clinical Microbiology (on line) 2002 Disponivel em
httpwwwpubmedcentralnihgov articlerender fcgitool=pubmedamppubmedid=12409
355 Acesso em 13 fev2005
HElLBERG I P Diagnosis and clinical management of urinary tract infection
Disponivel em httpwwwunineteducin2003confpfefermanpfefermanhtml
Acesso em 20 out 2004
KONEMAN E W ALLEN S D JANDA W M SCHREKENBERGER P C
WINN Jr W C Cr Atlas and Textbook of Diagnostic Microbiology 5ed
Philadelphia Lippincott-Raven 1997
LIPSKY B A Managing Prostatitis and Urinary Tract Infection in Men Infectious
Diseases Infoalerl (on line) 2003 Oisponivel em
httpwwwdpacomhklpdflinfolnfoALERT 15pdf Acesso em 10 dez 2004
MASKELL R A new look at the diagnosis of infection of the urinary tract and its
adjacents structures Joumaloflnfecfion Portsmouth n 19 p 207-217 jul 1989
51
MERIA P DESGRIPPES A ARFI C LE DUC A Encrusted Cystitis and Pyelitis
Journal of Urology (on line) 1998 Disponlvel em
htlpIwwwjurologycomipUrejuroabstract00005392-1 99807000-
00003htmmiddotjsessionid-CnHOtEDjxvOgrxiWIUac52pekluG1HSCZzrnOpCIJH4V107ePU
evI848681301-949856032190011-1 Acesso em 21 abr 2005
McCUE J D The Management of Complicated Urinary Tract Infections Infectious
Diseases Infoalert (on line) 1999 Disponfvel em
htlpIwwwdpacomhkJpdlfinlofinlo alart 01pdl Acesso em 01 dez 2004
MURRAY P R Manual of Clinical Microbiology 7ed Washington ASM Press
1999
NABER K G BERGMAN B BISHOP M C JOHANSEN T E B BOTTO H
LOBEL B CRUZ F J SELVAGGI F P European Association 01 Urology
Guidelines on Urinary and Male Genital Tract Infections Disponlvel em
httpwwwuroweborglfilesluploaded filesuti mgtLpdf Acesso em 20 dez 2004
OPLUSTIL C P Urocultura In__ Procedimentos basicos em microbiologia
clinica 2 ed Sao Paulo Sarvier 2004 p 88-93
OSBORNE J About Interstitial Cystitis Disponivel em htlplwwwic-
networkcomhandbooklbasicshtmlintro Acesso em 20 dez 2004
52
PEDRAZA AVILES A G ORTIZ ZARAGOZA M C Symptomatic bacteriuria due to
Ureaplasma and Mycoplasma in adults Revista Latinoamericana de Microbiologia
(on line) 1998 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedampdopt=Abs
tractamplist uids=20388109 Acesso em 20 abr 2005
RIEGEL P RUIMY R BRIEL D de PREVOST G JEHL F BIMET F
CHRISTEN R MONTEIL H Corynebacterium seminale sp Nov a New Species
Associated with Genital Infections in Male Patients Journal of Clinical Microbiology
(on line) 1995 Disponlvel em
htlpllwwwpubmedcentralnihgovpicrenderfcgiartid=228387ampblobtype=pdf
Acesso em 19 mar 2005
SORIANO F PONTE C A case of urinary tract infection caused by
Corynebacterium urealyticum and coryneform group F1 European Journal of Clinical
Microbiology Infectious Diseases (on line) 1992 Disponfvel em
httoIwwwncbinlmnihgoventreziguervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
1396772ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr2005
TANNER M A SHOSKES DSHAHEDA PACENR Prevalence of
Corynebacterial 16S fRna Sequences in Patients with Bacterial and Nonbacterial
Prostatitis Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Disponivel em
httpmcmasmorgcontenVfull3761863 Acesso em 06 mar 2005
TRABULSI L R ALTERTHUM F Escherichia coli uropatagenica (UPEC) In
Microbiaagia 4 ed Sao Paulo Atheneu 2004 p 303-309
53
2 CONSIDERA90ES SOBRE MICRORGANISMOS FASTIDIOSOS
o termo bacteria fastidiosa tern sido tradicionalmente aplicado a
microrganismos que nao se desenvolvem OUse desenvolvem fracamente em todos
as meios de cultura tradicionais como agar sangue agar chocolate au agar Mac
Conkey requerem atmosfera capnofilica au microaerofilica e incubayao prolongada
As necessidades especiais de crescimento podem tambem dificultar a identific3cao
bioquimica dos isolados (MURRAY 1999)
No contexto das ITU bacterias fastidiosas podem ser definidas como
aquelas que requerem condiyoes de crescimento diferente da tradicional incubayao
aer6bia por 18 a 24 heras em melo de isolamento prima rio Meies de cultura
adicionais au incubarao prolongada em atmosfera contendo CO2 podem ser
necessarios (MASKELL 1989)
Uma das raz6es para se considerar que bacterias fastidiosas podem ter
importancia na patogenese das ITU e a existencia de divers as condi90es cHnicas
caracterizadas par evidencia de doen9a inflamat6ria para as quais nenhum
microrganismo causal e detectado bem como nenhuma outra causa nao infecciosa eencontrada Estas condi90es incluem a cistite intersticial a slndrome uretral aguda e
a prostatite crOnica idiopatica Muitos pacientes apresentam piuria outros
apresentam evidencias cllnicas de inflama9ao alem de sintomas que sao
clinicamente indistinguiveis dos pacientes com pat6genos usuais (MASKELL 1989)
Outro motive para 0 reconhecimento de bacterias fastidiosas como
clinicamente importantes no trato urinario e 0 numero crescente de publica90es
evidenciando 0 isolamento de tais agentes em muitos pacientes Urna vez que tais
bacterias tern sido investigadas e reconhecidas como causa de infecyOes
10
clinicamente significantes do trato urinario torna-se natural 0 direcionamento de
esfor90s para a sua detec9ilo (MASKELL 1989)
Microrganismos fastidiosos pod em em muitos casas apresentar-se como
patogenos secundarios do trato urinario como resultado de selecao apas
tratamentos anti bacteria nos principalmente nos multiplos cursos de antibi6ticos
ut1lizados nas ITU recorrentes (MASKELL 1989)
o presente trabalho tern como objetivo estudar a ocorrencia de bacterias
fastidiosas em ITU Incluem-se aqui bacterias naD usualmente patogemicas neste
sitio anatomica embora conhecidamente patogemicas em Qutros sitios bern como
especies geralmente consideradas como contaminantes em urina e que poderao ter
papel patogenico e ser relevantes em alguns casos que serao discutidos a seguir
II
3 PATOGENESE DAS INFECCOES DO TRATO URINARIO
As infecc6es bacterianas do trato urinario sao na malaria das vezes
adquiridas por via ascendente a partir da uretra podendo atingir a bexiga e 0 trato
urinario superior (ureter pelves renais e rins) A via hematogenica e menos comum
mas pode acontecer a dissemina~ao de bacterias no interior do glomerulo e do
cortex renal em pacientes com septicemia (KONEMAN et al 1997)
As infecroes do trato urinario sao aproximadamente quatorze vezes mais
comuns no sexo feminin~ sendo a colonizar8o da area periuretral e as alterayoes
anat6micas da uretra e regiao circundante durante a relar8o sexual as principals
latores predisponentes (MIMS el a 1995)
As infecroes urinarias em crianras sao mais comuns em meninos nao
circuncidados pela colonizayao da uretra e prepucio com microrganismos fecais
(MIMS et a 1995)
o f1uxo constante de urina e 0 esvaziamento regular da bexiga sao fatores
de prote9ao contra infec90es portanto urn comprometirnento rnecanico au funcional
do flux a urinario e uma condi9ao importante para a instalacao de um pat6geno Os
fatores rnecanicos incluem calculo renal refluxo vesicoureteral obstru9ao do colo da
bexiga estrangulamento da uretra hipertrofia prostatica e cateterismo Entre os
fatores funcionais mais comuns estao a gravidez e as neoplasias pelvicas devido a
pressao externa sabre as ureteres A osmolalidade extrema da urina 0 conteudo
elevado de ureia e 0 baixo pH tambem sao fatores inibit6rios para 0 crescimento de
bacterias as quais podem ser alterados principalmente quando ocorre lesao na
mucosa (KONEMAN et al 1997)
A micro biota das membranas mucosas exerce papel de prote9ao inibindo a
desenvolvimento de pat6genos pela competicao par nutrientes au sitias de ligacao e
12
pela produ9ao de bacteriocin as (KONEMAN et al 1997) Em mulheres em idade
fertil a producao de estr6genos estimula a colonizaryao vaginal com lactobacllos
bacterias usualmente naD patog~nicas que promovem a pH acido inibitorio para a
maiaria das bacterias As mulheres na pos-menopausa ficam suscetiveis a
colonizacIo da area periuretral par uropat6genos devido ao deficit de estrogenia e
conseqOente aumento do pH vaginal (McCUE 1999)
As bacterias gram-negativas possuem como importante fatar de virulencia
estruturas especializadas chamadas fimbrias ou pili e protelnas externas de
membrana que favorecem a adesao as superficies celulares mucosas ou cutaneas
Fatores de adesao tambem sao encontrados em bacterias gram-positivas como as
acidos lipoteicoicos em estreptococos e proteina M em estafilococos (KONEMAN ef
al1997)
Os fatores de virulencia de Escherichia coli e Proteus mirabilis estao bern
estabelecidos e incluem a sintese de aerobactina e enterobactina (proteinas
seqOestradoras de ferro elemento necessario para replica~ao da bacteria) assim
como a expressao da ffmbria e a produ~ao de hemolisina Flmbrias manose-
sensiveis (tipo 1) tern sido encontradas em especies nao patogenicas e fimbrias
manose-resistentes (tipo P) apenas em especies uropatogenicas As ultimas tern
sido associadas a pielonefrite pois tern a capacidade de aderir aos receptores das
celulas uroepiteliais e posteriormente ascender da bexiga para as rins (FRANZ
HORL 1999) A produ~ao de hernolisina esta associ ada a capacidade de causar
lesao renal (MIMS et al 1995)
Antigenos polissacaridicos capsula res acidos (K) estao associ ados ahabilidade de causar pielonefrite e auxiliarn na inibiCao da fagocitose favorecendo a
resistencia de Escherichia coli aos mecanismos de defesa do hospedeiro (MIMS et
13
al 1995) as polissacarfdeos capsulares bloqueiam a opsonizacao da bacteria par
interferirem com a deposi9ao do complemento (TRABULSI ALTERTHUM 2004)
Estafilococos coagulase negativos tern apresentado capacidade de
aderemcia as celulas do epitelio uretral e a protefnas celulares incluindo laminina
fibronectina vitronectina e colageno que podem permitir uma infeqao ascendente e
subseqOente colonizacao da glandula prostatica Ah~m disso produzem substancias
com propriedades antifagociticas antiquimiotaticas e antiproliferativas que afetam as
neutr6filos e linf6citos prejudicando as mecanismos de defesa do hospedeiro
(DOMINGUE HELLSTROM 1998)
A patogemese da prostatite bacteriana nao esta bern definida mas acredita-
se que 0 mecanisme principal seja infecyao uretral ascendente ou refluxo de urina
infectada da bexiga para os ductos prostaticos pela uretra posterior A prostatite
bacteriana pode ocorrer tambem como complicacao apes instrumentayao ou cirurgia
genitourinaria (LIPSKY 2003)
Assim como os microrganismos que possuem propriedades uropatogemicas
infectam 0 trato urinario normal bacterias nao reconhecidamente uropatogeuromicas
podem causar infeccao quando na presenca de anormalidades do trato urinario ou
quando os mecanismos de defesa do hospedeiro estao prejudicados como em
crian9as idosos gravidas diabeticos e imunocomprometidos como os
transplantados renais (FRANZ HORL 1999)
31 SiNDROMES CLiNICAS
o termo infeccao do trato urinario (lTU) inclui uma ampla gama de
s[ndromes clinicas sendo as mais comuns na pratica cHnica a bacteriuria
assintomatica a cistite (incluindo a sind rome uretral aguda) e a pielonefrite
Qualquer uma das sindromes pode ocorrer em urn paciente com anormalidades
14
urol6gicas que predispOem a ITU au dificultam 0 tratamento e nestes cases a
infec~ao e designada complicadaD
bull Sindromes ITU menes comumente
encontradas incluem prostatite abscessos renais e urossepsis (ITU com bacteremia)
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
As infec90es do trato urinario nao complicadas sao comuns e estima-se que
50 das mulheres que possuem 0 trato gemito-urinario normal apresentarao pelo
menes urn episodio de ITU aguda durante a vida As ITU complicadas estao
associadas a anormalidades funcionais au estruturais do trato urinario (bexiga
neurogenica refluxo vesicQureteral rim esponjoso medular nefrocalcinose cistos
renais etc) obstru9aO do trato urinario (hiperplasia benigna da pr6stata urolitiase
tumores estenose da jungao uretero-pelvica) cateterizagao ou instrumentacao
patogenos multirresistentes imunossupressao ou prostatite (HElLBERG 2003)
A diferenciagao entre ITU inferior e superior e importante tendo em vista as
complicagOes do envolvimento renal na infecgao no entanto os procedimentos
diagn6sticos mais acurados sao invasivos e apresentam risco (cateterizagao)
Usualmente a elevagao de parflmetros inflamat6rios como a proteina C reativa
leucocitose e febre indicam ITU superior e rnais recentemente tern sido utilizada
como marcador a excreyao aumentada de N-acetil-beta-glucosaminidase A
resoluyao da bacteriuria ap6s urn dia ou ap6s tratamentos curtos de tnsects dias condiz
com ITU inferior (FRANZ HORL 1999)
Murray (1999) cita como principais bacterias patogeuromicas no trato urinario
Escherichia coli Proteus mirabilis Klebsiella spp Enterobacter spp Pseudomonas
spp Enterococcus spp Staphylococcus saprophyticus Staphylococcus aureus
Ureaplasma spp Mycobacterium tuberculosis e Neisseria gonorrhoeae Sao
encontrados como microrganismos comensais no trato gemito-urinario
15
Corynebacterium spp Lactobacillus spp Staphylococcus spp Streptococcus spp
Neisseria spp nao patogemicas Mycoplasma spp Ureaplasma spp Gardnerella
vaginalis microrganismos entericos Acinetobacter spp Capnocytophaga spp
Enterococcus spp e bacterias anaer6bias
A bacteriuria assintomatica e definida pela presen~a de bacterias em algum
local do trato urinario na ausencia de sintomas Sua significancia clinica e
controversa tendo em vista que certes grupos de pacientes podem sofrer
consequeuromcias graves como por exemplo crian~as com refluxo vesicQureteral nas
quais a infecvao silenciosa pode causar dana renal e tambem gestantes nas quais
a progressao da infecCao pode causar dana ao feto bern como aumentar 0 risco de
pielonetrite na mae (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Cistite e definida como a infec9c3o presumivelmente limitada a bexiga pela
presen9a de sintomas caracteristicos (disuria urgencia OUfrequemcia) e ausencia de
sintomas sugestivos de inflamacZlo em Qutros locais do tratc urinario (CLARRIOGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
A sindrome uretral aguda tambem conhecida por sind rome piuria-disuria au
abacteriuria sintomatica e caracterizada por sintomas de ITU (disuria urgencia e
miccoes freqOentes) acompanhados de leucocituria e cultura de urina negativa au
com baixas contagens de bacterias Atualmente reconhece-se que 0 criteria de
contagem de colonias tradicional utilizado para diferenciar cistite bacteriana de
sindrome uretral aguda e controverso e que muitas mulheres disuricas com baixas
contagens de col6nias necessitam de tratamento para ITU bacteriana aguda
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998 HElLBERG 2003)
A sind rome uretral aguda pode ser causada por bacterias fastidiosas ou nao
usuais como Chlamydia trachomatis Ureaplasma urealylicum Neisseria
16
gonorrhoeae Mycoplasma spp Mycobacterium spp Trichomonas spp au Candida
spp Outras causas incluem abscessos rena is obstrucao ureteral completa e
luberculose renal (HEllBERG 2003)
A inflamacao dos rins e pelves renais (pielonefrite) oeasiona sintomas de
dor ou sensibilidade envolvendo 0 f1anco frequentemente acompanhados par urna
resposta inflamat6ria sistemica incluindo febre calafrios indisposicao dar de
cabera e nauseas as quais naD acorrem em pacientes com cistite Em alguns
pacientes estas manifestaroes sistemicas ocorrem sem sinais au sintomas locais de
envolvimenlo renal condilao denominada de ITU febril (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZlO 1998)
A cistite intersticial e urna inflamacao croniea e freqOentemente severa da
bexiga cuja causa e desconhecida Os sintomas primarios sao freqUelncia urgencia
e dor abdominal ou perineal e as culturas de urina sao raramente positivas Os
pacientes normalmente apresentam pequenas hemorragias (glomerulayoes) ou
ulceras na bexiga ahsectm de diminui9aO da capacidade urinaria e rela90es sexuais
dolorosas Muitos pacientes recebem urn diagn6stico prirnario de sind rome uretral
ale a descoberta do real diagn6slico (OSBORNE 2003)
Muitos pacientes com cistite intersticial tern urna hist6ria de ITU recorrente
Alguns autores teorizarn que a bacteria causa dora pode ser urna especie fastidiosa
ou presente ern pequeno numero e que a sua presen9a pode na~ produzir a cistite
intersticial mas ser responsavel p~r urna resposta inflamat6ria e imunol6gica
(BATRA1999)
A infeC9aO bacteriana da glandula prostatica (prostatite) pode ocorrer como
resultado de infeC9aO uretral ascendente par refluxo de urina infectada para as
ductos prostaticos via uretra posterior ou par via linfogenica ou hernatogenica A
17
prostatite bacteriana aguda promove urn abrupto inrdo de febre e sintomas
genitourinarios e constitucionais enquanto a croniea e urna enfermidade sutl
caracterizada por recidivas lTU recorrente e persistencia da bacteria na secre9ao
prostcitica mesma apas multiplos cursos de antibioticoterapia Urna terceira
sindrome a prostatite croniea idiopatica (inclui-se aqui a prostatite nao bacteriana e
a prostatodlnia) usualmente caracteriza-se par dor perineal persistente e sintomas
urol6gicos podendo ou nao estar associada a urn grande numero de celulas
inflamatorias na secre9ao prostatica e a urna bacteria cultivclvel laboratorialmente
(DOMINGUE HELLSTROM 1998)
A prostatite crOniea em homens com culturas negativas mas com
leucocitose na secrecao prosttltica (mais de 10 leuc6citos por campo em aumento de
1000X) e classificada como prostatite nao bacteriana e a doenca naqueles cujas
culturas sao negativas e que nao apresentam leucocitose na secreCao prostatica e
classificada como prostatodlnia (TANNER et al 1999)
o agente etiol6gico predominante nas prostatites bacterianas agudas e
cronicas e Escherichia coli seguido par especies de Proteus e Providencia e menos
cornu mente Klebsiefla spp Pseudomonas spp Serratia spp e Enterobacter spp
Estudos recentes demons tram que cepas de Escherichia coli causadoras de
prostatite expressam fatores de virulemcia similares as cepas causadoras de
pielonefrite Staphylococcus aureus Staphylococcus saprophyticus e outros
estafilococos coagulase negativos ocasionalmente podem causar prostatite assim
como algumas bacterias fastidiosas como por exemplo corinebacterias Gardnerella
vaginalis e Haemophilus influenza (LIPSKY 2003)
A prostatite cronica idiopatica (nao bacteriana) e uma condicao multi-
sintomatica de causa discutivel Etiologias propostas sao infeccoes par Chlamydia
18
trachomatis Mycoplasma hominis Ureapfasma urealyticum Trichomonas vaginalis
au agentes virais embora muitos estudos naD confirmem lais dados Tecnicas
microbiol6gicas especiais e tecnicas moleculares tern demonstrado em pacientes
com prostatite naD bacteriana colonizaf(80 prostatica com especies bacterianas de
baixa virulencia e tambem bacterias fastidiosas sugerindo etiologia infecciosa
(LIPSKY 2003)
Homens jovens com prostatite aguda podem ter baixas concentracoes de
bacterias na urina as quais nao sao reconhecidas como significantes e
possivelmente naD reportadas au entao podem ser infectados com microrganismos
fastidiosos como Gardnerella vaginais Quando traladas par insuficiente periodo de
tempo ou com um antibiotico inadequado que nao atinge urna concentracao
terapeutica adequada no tecido prostatico tais pacientes podem evoluir para uma
condi9ao de prostatite crOnica (MASKELL 1989)
A ITU e comum apos transplantes renais embora os riscos estejam sendo
diminuidos pelo uso de menores doses de imunossupressores e tambern pelo uso
profilatico de antibioticos Entre os fatores predisponentes pode-se citar infeccao
previa no rim do doador bern como alteracao do uroepitl~lio do receptor causada p~r
cateteres vesica is e stents ureterais Nos primeiros tr~s meses as ITU sao
geralmente assintomaticas e recidivantes ap6s esse perlodo sao menos freqOentes
e ha melhor resposta a antibi6ticos embora sejam comuns as complicacOes
urol6gicas como fistulas e obstrucoes Isquemia do orgao devido a dano arterial
pode promover ITU pela colonizacao bacteriana do tecido lesado usualmente por
bacterias comensais ou fastidiosas A erradicacao das infecc6es pode tomar-se
impossivel ate que 0 rim ou pelos menos 0 segmento prejudicado seja removido
(NABER et ai 2004)
19
Lactobacilos corinebacterias e alguns estreptococos fastidiosos podem ser
patogenos secundarios em ITU originalmente selecionados da microbiata uretral par
tratamento antibi6tico Tal situa~ao pade acorrer em pacientes que tenham recebido
agentes antibacterianos durante long05 periodos au antibioticoterapia aSSDciada a
urn periodo de cateterizayao A falha na deteqao laboratorial destas especies pade
resultar em tratamento antimicrobiano inadequada exacerbando 0 problema OU
ainda levar a investiga90es invasivas desnecessiuias (MASKELL 1989)
20
4 A ROTINA DA UROCULTURA NO LABORATORIO DE ANALISESCLiNICAS
o diagn6stico microbiol6gico de uma infeqao urinaria mesma baseando-se
na determinay80 de microrganismos em urn Hquido biologico normalmente esteril
apresenta dificuldades com relaCao a valoriz8gao dos resultados E sabido que
existem microrganismos naturalmente residentes na uretra regiao genital e perinea
que podem contaminar a urina acidentalmente somando-se a issa a a9ao da
temperatura que estimula a proliferar8o bacteriana Par outro lado as tecnicas de
coleta e cultivo de amastras devem ser direcionadas a pesquisa de microrganismos
pouco habituais as quais podem ser importantes em determinadas situaroes
(GOBERNADO ef al 2002)
A decisao de como uma amostra deve ser cultivada depende do metoda de
coleta e dos sinais e sintornas cllnicos do paciente informa~6es que deveriam ser
transmitidas ao laboratorio pelo medico Entretanto na maioria das vezes 0
laborat6rio recebe informa~6es incompletas ou incorretas que resultam na realiza~ao
de muito ou pouco trabalho com uma determinada amostra (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
A classifica~ao de culturas de urina por tipos permite que 0 manejo das
amostras seja direcionado pela necessidade clinica e que 0 laborat6rio possa
escolher os meios de cultura e a quantidade de inoculo mais apropriada Com base
nos dad os cllnicos do paciente podem-se definir tres tipos de cultura de urina
retina inspeao e invesligaliva (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
As culturas de retina sao apropriadas para pacientes ambulatoriais e com
ITU nao complicadas As culturas de inspe~ao devem ser realizadas em pacientes
geriatricos e individuos que utilizam cateteres vesicais nos quais a caloniza~ao au
infec~ao por multiplos microrganismos e comum Culturas investigativas sao aquelas
21
direcionadas para diagn6sticos especificos microrganismos fastidiosos ou grupos
diferenciados de pacientes Devern ser realizadas nos casas de cultura previa
negativa de falha na terapia antimicrobiana au no case de suspeita de urn
uropat6geno naD usual E tambem apropriada a sua realiza980 quando ha
discrepimcia entre a apresentacao clinica do paciente au a coloracao de Gram e 0
resultado previa da cultura (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Os meios de cultura m~is utilizados para semeadura de urina sao as
seletivQs diferenciais como 0 meio de Teague (agar eosin a azul de metileno) e de
Mac Conkey associados ao agar sangue 0 meio de CLEO (agar cistina lactose
eletr61ito deficiente) e muito utilizado no Brasil e permite 0 crescimento de bacterias
gram-negativas e gram-positivas Tais meios auxiliam na identifica980 presuntiva da
bacteria atraves da colora98o colonial indicando a capacidade de fermenta980 da
lactose (ALBINI 2004)
Segundo Clarridge Johnson e Pezzlo (1998) culturas urinarias de rotina
devem ser realizadas semeando as amostras em agar sangue de carneiro 5 e em
agar Mac Conkey eu um meio seletive similar e incubando as placas por 18 a 24
horas a 35 - 37deg C em ar ambiente Ainda assim e meio de CLEO e preferido nos
laboratories brasileiros pela sua versatilidade Para microrganismos fastidiosos 0
agar chocolate deve ser utilizado em conjunto com agar CNA (Columbia-colistin a-
acido nalidixico) eagar MacConkey devendo-se utilizar a al93 calibrada de 001ml
alem da al9a 0001 ml As placas de CNA e agar chocolate devem ser incubadas em
5 CO2 por 48 horas
Para popula96es especificas com ITU cronicas ou anormalidades
anatomicas pode ser apropriada a cultura visando microrganismos anaerobios au de
cresci menta lento (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
22
Para popula90es nas quais as culturas polimicrobianas sao comuns 0 agar
CNA pade ser utilizado para demonstrar a presenca de enterococos Qutros cocos
gram-positives au leveduras presentes nas culturas mistas 0 agar CNA permite urn
born cresci menta de estreptococos corinebacterias e Gardnerela vaginalis e deve
ser incubado por 48 horas a 35 C (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Amostras obtidas par puncao suprapubica au de pacientes com suspeita de
sindrome uretral aguda devem ser semeadas com al98 calibrada de 001 ml a1em
da ala de 0001 ml em agar sangue (OPLUSTIL et al 2004) Contagens baixas ou
mesma multiplos tipos de microrganismos devem ser valorizados em tais cases
(KONEMAN 1997)
Corynebacterium ureafyticum e Qutras corinebacterias desenvolvem-se bem
em agar sangue de carneiro 5 au agar CNA mas sao mais bern visualizadas ap6s
incubaao de 48 horas (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
As calOnias de Gardnerella vaginalis sao fracamente visiveis em agar
sangue ap6s 24 haras de incuba~ao e recomenda-se a usa de agar CNA au HBT
(agar sangue tween bicamada) e incuba~aa par 48 haras em tensaa de C02
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
as tactabacilos podem ser isolados em meias de isotamento prima rio
utilizadas para urina como a meio de CLEO no entanto devem ser incubadas par 48
horas em atmosfera de CO (MASKELL 1989)
a resultada da cultura deve ser sempre carrelacianada com a leitura do
Gram Caso nao haja crescimento ap6s 18 a 24 horas de incuba~ao e na
microscapia tenha sido observada a presen~a de microrganismas au numero
eleva do de leuc6citas deve-se incubar as ptacas par mais 24 haras (OPLUSTIL et
al2004)
23
A piuMa esteril e urn achado importante que po de refletir usa de
antibioticoterapia outras doencas como neoplasias au calculos urinarios au
infeccoes com microrganismos que naD sao detectados par rnetodos rotineiros de
cultura (MIMS et aI 1995)
o conceito de bacteriuria significativa para 0 diagn6stico das ITU e
tradicionalmente baseado no criteria quantitativa estabelecido par Kass na decada
de 1950 permitindo a distincao entre colonizarao e infecrao A utilidade e a
consistemcia do criteria de contagem de colOnias superior OU igual a 105 par mililitro
tern sido validadas repetidamente par varios pesquisadores demonstrando que tal
criterio nilo pode ser aplicado a todos os pacientes (FRANZ HORL 1999)
A baixa especificidade da cultura quantitativa de jato medio se deve apossivel adilao de bacterias comensais a urina durante a coleta A baixa
sensibilidade dos resultados inferiores a 105 UFCml pode ser devida a excregao
intermitente de bacterias que pode ocorrer em determinados sitlos do trato urinario
bem como ao uso de meios de cultura que nao proporcionam 0 cresci menta de
todas as especies capazes de infectar 0 trato urinario (FAIRLEY BIRCH 1989)
Altas contagens de bacterias aer6bias sao encontradas em amostras de
urina de jato medio quando os microrganismos sao providos de 6timo substrato e de
ten sao de O2 relativamente alta Em algumas sltuagoes como infecgoes cronicas
prostatite infecgao das glandulas parauretrais em mulheres litiase infecciosa e
cicatrizes renais per pielonefrite croniea os mierorganismos podem nao se
multiplicar tao rapidamente e pertanto nao apresentarem contagens tao altas quanta
nas cistites agudas Os sitlos de infecgao abaixe da bexiga nao fornecem as
mesmas condigoes favoraveis de incubagao ahsectgtmdisso a velocidade do fluxo
24
urinario e a freqO~ncia de miccaosao fatores que influem nas contagens bacterianas
(MASKELL 1989)
Torna-se claro que considerar baixas contagens de pat6genos aero bios em
culturas puras como contaminaCao e incorreto e pode levar a erros de diagn6stico
pois infeccoes de grande signific~ncia cHniea pod em nao estar sendo detectadas t
igualmente importante nao considerar automaticamente urna alta contagem de
col6nias como infecy8o sem considerar as condicoes do paciente e da coleta 0 usa
de antibi6ticos em resposta a urna alta contagem bacteriana pode selecionar cepas
resistentes tornando mais dificil 0 tratamento de infecgoes posteriores verdadeiras
(MASKELL 1989)
Alguns procedimentos utilizados para 0 diagnostico das ITU sao
considerados inaceitaveis atualmente e nao devem ser realizados como cultura de
cateter de Foley cultura de urina em meios Hquidos cultura de sedimento urinario
pesquisa de anaer6bios como procedimento de rotina e em urina de jato media au
obtida par cateteriza9ao bem como cultura de urinas que tenham permanecido mais
de duas heras sem refrigeragao au canservagao (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO1998)
41 COLETA E TRANS PORTE DE AMOSTRAS
A coleta e a trans porte inadequado da amostra podem levar a um resultado
de diffcil interpreta9aO Portanto a medida mais importante para realizar uma cultura
de urina e estabelecer rfgidos criterios de coleta e propiciar treinamento constante
para as profissionais envolvidos na realiza9aO da coleta (OPLUSTIL et al 2004)
Koneman et al (1997) recomendam que a paciente receba as instru90es de
coleta impressas ap6s receb~-Ias verbalmente Caso 0 paciente demonstre
inseguran9a au nao compreenda urn profissional treinado deve explicar novamente
25
passo a passo ou se passivel acompanhar pessoalmente a coleta (coleta
supervision ada)
Amostras de urina de jato media sao as amostras mais comumente
submetidas a cultura De preferencia deve ser colhida a primeira urina da manha
podendo ser aceitas urinas com pelo menos 2 heras de reten~ao Ap6s higiene da
regiao genital despreza-se 0 primeiro jato - 0 que auxilia a eliminacao dos
contaminantes da uretra inferior - e colhe-se 0 jato media em fraseD esteril
apropriado desprezando-se 0 final da mic9ilo (OPLUSTIL eJ al 2004) A higiene
genital deve ser realizada com agua e sabao naD anti-septico devendo ser as [abias
vaginais afastados e 0 prepucio retraido antes da miccao (GOBERNADO et 81
2002)
Alguns autores afirmam que mesma quando a coleta e meticutosamente
reatizada com a assist~ncia de um pro fissional treinado a urina apresenta-se
frequentemente contaminada (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Amostras urinarias de criancas obtidas com saco coletor devem ser colhidas
apos higiene da regiao genital e colocacao do saco coletor de forma asseptica
Troca-se 0 coletor a cada 45 minutos ou 1 h~ra repetindo-se a higiene e evitando-se
contaminacao fecal 0 coletor deve chegar fechado ao laborat6rio Tas amostras
freqOentemente sao contaminadas com microrganismos fecais promovendo
resultados falso-positivos portanto 0 maior significado clinico de amostras obtidas
com saco coletor e 0 resultado negativo (OPLUSTIL et a 2004) Culturas positivas
devem ser confirmadas por metodos de cateterizacao direta ou aspiracao
suprapubica (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Em pacientes com sanda vesical permanente pinca-se a canula do coletor
realiza-se desinfeccao da canula com alcool 70 e punciona-se com seringa e
26
agulha estereis colocando-se a amostra em frasee esteri Nunea se deve obter a
amostra do saco coletor de pacientes sand ados porque a multiplica9ao bacteriana
fornecera urn numero muito maior que aquele real mente presente no paciente
(OPLUSTIL et al 2004) Tambem nao se reeomenda deseoneetar 0 eateter do tubo
coletor sob risco de introduyao de microrganismos no sistema Sempre que passivel
tal coleta deve ser realizada ap6s troea do cateter pois urna microbiota que naD
corresponde a do paciente pade residir em cateteres antigos (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
A punyao suprapubica e considerada a metoda padrao auro para coleta de
urina par representar a verdadeira bacteriuria vesical (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998) Calhe-se com seringa e agulha diretamente par pun9ao vesical Tal
procedimento evita problemas de contamina9ao uretral e e recomendado para
crian9as ate dois anos detec9ao de anaer6bios enos casos de repeti9ao de ex ames
com interpretaoes duvidosas (OPLUSTIL et al 2004) Pode tambem estar indieada
para homens de qualquer idade com fimose e em mulheres com bacteriurias de
repeti~o de proeedeneia duvidosa (GOBERNADO et al 2002)
A cateteriza9ao com finalidade unica de obten9ao de amostras somente
deve ser realizada em pacientes nos quais nao seja possivel a elimina9aO
espontanea de urina como doentes neurologicos au com problemas urol6gicos
obstrutivos Caso seja necessaria devern-se utilizar tecnicas rigorosas de assepsia
por causa do alto risco de introdu9ao de rnicrorganismos (KONEMAN et a 1997
GOBERNADO et a 2002)
Para a pesquisa de Mycobacterium tuberculosis tres amostras de urina da
manha devem ser coletadas em dias consecutivos as tecnicas de cultivo para
27
micobacterias naD permitem a cresci menta de outros agentes e portanto a coleta
nac necessita de assepsia rigorosa (MIMS et al 1995)
Caso naD seja passivel a processamento da amostra de urina em ate 2
haras apas a coleta a amostra deve ser refrigerada (2 a 80 C) e processada em ate
24 haras tempo maximo para manuten~ao da contagem bacteriana estavel 0 usc
do preservativo acido b6rico permite que a amostra permane98 a temperatura
ambiente (20 a 25 C) ate 24 horas antes de ser process ada (OPLUSTIL ef aI 2004
CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Sistemas de trans porte usanda acido b6rico podem ser metodos alternativQs
para coletas realizadas em casa au em locais distantes do laborat6ria e mostram-se
tao efetivos quanta a refrigeragao (KONEMAM ef ai 1997)
Oepois de coletada a amostra de urina deve ser encaminhada ao laboratorio
a mais rapido possivel e com todas as informayoes necessarias para degprocessamento Devem ser relatados 0 horario e 0 metodo da coleta 0 tempo de
reteny80 da urina 0 tipo de paciente (por exemplo urologico ou geriatrico) a idade
o sexo se 0 paciente tem recebido quantidades aumentadas de Ifquido
apresentay80 clinica (existencia de sintomas) resultados de urinalise (presen9a de
celulas inflamat6rias) e resultados antecedentes de cultura (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
De maneira ideal as amostras devem ser coletadas antes do inicio da
terapia antimicrobiana Caso 0 paciente ja esteja recebendo ou tenha recebido
antibioticoterapia nas 48 horas antecedentes a realizay80 do exame esta
informay80 deve ser explicitada no formulario de requisiy80 do exame (MIMS et al
1995)
28
Recoletas devem ser solicitadas quando amostras nae refrigeradas forem
recebidas 2 horas ou mais ap6s a coleta au quando nac fcrem comunicados 0
horario e a forma de coleta No entanto nenhuma amostra deve ser desprezada
antes do cantata com 0 medico solicitante po is ela pade em alguns casas ser
insubstituivel (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Menos de 5 das urinas coretadas e transportadas adequadamente
apresentam multiplos microrganismos Exce~6es sao amostras de pacientes com
bexiga neurogemica au usa cranico de cateteres nos quais a bacteriuria
polimicrobiana pade ser detectada em 30 a 80 das culturas freqOentemente sem
infecao (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Segundo Koneman et al (1997) a acuracia do procedimento de coleta de
urina pode ser monitorada pela frequencia de exames com contagens entre 104 a 105
UFCml que nao deve exceder 5 a 10 se os procedimentos forem realizados
apropriadamente
42 A IMPORTANCIA DA COLORAltAo DE GRAM
Durante as ultimas decadas testes rapidos de triagem para bacteriuria foram
desenvolvidos com 0 propos ito de fornecer resultados mais rapid os e de eliminar a
necessidade de cultivar amostras negativas Entretanto sua utilizacao e limitada
principalmente pela incapacidade de detectar baixos niveis de bacteriuria e piuria
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
A coloracao de Gram da urina nao centrifugada e um dos metodos mais
rapidos seguros e baratos para estimar bacteriuria superior a 105 UFCml e
presenca de mais de 8 a 10 leucocitoslJl Homogeneiza-se muito bem a urina
coloca-se uma gota sobre lamina sem espalhar e deixa-se secar ao ar A lamina
deve ser fixada par calor au metanol (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998) A
29
presenca de uma ou mais celulas bacterianas per campo em aumento de 1000
vezes tern sensibilidade de 94 e especificidade de 90 em refletir uma contagem
de colOnias superior a 10 UFCml (KONEMAN ef al 1997)
Embora seja urn metoda barato de triagem a coloraC8o de Gram naD e
utilizada par muitos laborat6rios pelo consumo de tempo e baixa sensibilidade em
contagens inferiores a 105 UFCml Sugere-se a sua utilizacao como teste de triagem
apenas em pacientes com contagens de col6nias provavelmente altas
principalmente as assintomaticos e com suspeita de pielonefrite Alguns autores
relatam melhora da sensibilidade a nlveis acima de 104 UFCml com 0 usa de
citocentrifuga (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
A coloraCao de Gram do sedimento urinario em bora ainda utilizada por
muitos laboratorios e impropria pela baixa reprodutibilidade e dificuldade de
padronizacao e correlacao com os metodos de velocidade de excrecao de leucocitos
au contagem em camara (ALBINI 1994)
As informac6es fornecidas pela cOloracao de Gram sobre a morfologia do
microrganismo e caracteristicas na coloracao sao extremamente importantes para a
selecao inicial da terapia antimicrobiana enquanto se aguarda 0 informe definitivo
do resultado da cultura e do antibiograma (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO
1998)
~ imprescindivel a realizacao da coloracao de Gram para deteccao de
bacterias fastidiosas ou nao usuais Devido a dificuldade de desenvolvimento nos
meios utilizados para a deteccao de enterobacterias em alguns casos somente a
visualizacao microscopica indicarcfi a sua presenca (FRANZ HORL 1999)
A observacao microscopica da urina permite verificar a qualidade da amostra
especialmente em mulheres nas quais a contaminacao vaginal e frequente
30
produzindo resultados falso-positivos A presen~a de muitas celulas epiteliais e de
mais de urn tipo de microrganismo no Gram sugere contamina9aO da amostra em
decorrencia da coleta (OPLUSTIL et ai 2004)
Dutro aspecto importante da coloracao de Gram e a sua utilidade no
monitoramento das culturas podendo-se pelo seu resultado detectar erras tecnicos
e ate mesmo troca de amostras (ALBINI 2004)
31
5 BACTERIAS FASTIDIOSAS E INFECcAO DO TRATO URINARIO
Em 1989 Maskell citou a ocorrencia de bacterias fastidiosas como algumas
especies de estreptococos Gardnerela vaginalis Haemophilus influenzae
Corynebacterium spp e lactobacilos em infecgoes da bexiga e trato urinario superior
isoladas de amostras de urina obtidas par cateteriz8gao aspiragao supra-pubica e
tarn bam de amostras de tecido obtidas per bi6psia vesical Relatou tambem a
preseng8 de tais bacterias na urina de gestantes assintomaticas com mais
freqOencia do que em nao-gestantes e que as gestantes apresentando bacteriuria
posteriormente desenvolviam sintomas com mais freqoencia do que as que nao
apresentavam bacterias na urina
Fairley e Birch (1989) realizaram um importante estudo demonstrando que
pacientes com sintomas de infec~ao do trato urinario apresentando resultados
negativos em culturas de rotina podem abrigar bacterias fastidiosas ou baixas
contagens de uropat6genos convencionais na bexiga Os pacientes incluidos no
estudo foram os que apresentaram resultados inconclusivos em culturas previas de
jato medio como desenvolvimento inferior a 105 UFCml de um pat6geno
convencional ou a desenvolvimento superior a 102 UFCml de uma bacteria
fastidiosa Foram avaiiadas urinas obtidas por aspirayao suprapubica de 1817
mulheres e 300 homens cultivadas para uropat6genos convencionais e bacterias
fastidiosas utilizando in6culo que proporcionou resultados entre 101 e 107 UFCml A
freqOencia de isolamentos esta representada na tabela 1
32
TABELA 1 - FREQUENCIA DE BACTERIURIA EM 2117 PACIENTES(AMOSTRAS OBTIDAS POR PUNCAO SUPRAPUBICA) -1989
Uropat6-Culturas positivas $omente $omente especies genos
(n = 597) uropat6genos fastidiosas conven-convencionais (n = 366) cionais
n = 170 eespeci-
Pacientes Unica Multiplas Unica Multiplas Unica Multiplas esespecie especies especie especies especie especies faslidio-
sasMulheres (n = 1817) 370 191 148 5 222 125 61Homens (n = 300) 36 0 17 0 19 0 0
FONTE The Royal Melbourne Hospital
Vinte e aito especies microbianas foram isoladas no trabalho em questao
sendo Ureaplasma urealylicum Gardnerella vaginalis Escherichia coli Mycoplasma
hominis e Staphylococcus epidermidis as especies mais isoladas Quinhentas e
oitenta e uma (70) das 830 cepas isoladas pertenciam a especies fastidiosas -
Ureaplasma urealyticum Gardnerella vaginalis e Mycoplasma hominis - que nao sao
recuperadas em meies de cultura canvencianais Gardnerella vaginais fai mais
freqUente em mulheres enquanto Ureaplasma urealyticum nao apresentou diferen9a
estatisticamente significativa entre os sexas Treze esptkies fcram isoladas em
apenas uma ou duas ocasioes entre elas Streptococcus equi Streptococcus
equisimifis Streptococcus sanguis Morganella morgan Klebsiella oxytoca
Peptococcus anaerobius Proteus vulgaris Enterobacter aerogenes Salmonella
enteritidis Pseudomonas aeruginosa Haemophilus influenzae Haemophilus
parainfluenzae e Haemophilus parahaemofyticus Anaer6bios estritos foram isolados
de apenas sete dos 597 pacientes (FAIRLEY BIRCH 1989)
Culturas polimicrobianas foram obtidas em urn teno das pacientes do sexo
feminino e nao foram verificadas no sexe masculino A freqOencia de uropat6genos
cenvencienais e fastidiesos encontra-se na tabela 2
33
TABELA 2 - FREQU~NCIA DE UROPATOGENOS CONVENCIONAISE BACTERIAS FASTIDIOSAS EM 191 PACIENTES DO SEXOFEMININO COM BACTERIURIA POLMICROBIANA - 1989
Numero de Somente Samente especies Especiesespecies (numera uropat6genos fastidiosas convencionais e
de pacientes) convencionais fastidiosasOois (153) 9 99 45Tres (34) 0 17 17Quatro (4) 0 1 3
FONTE The Royal Melboume Hospital
Ureaplasmas au Gardnerella vaginalis fcram recuperados em 179 das 191
mulheres com infecgao polimicrobiana estando presentes concomitantemente em
100 das 191 amostras sugerindo urna passivel relacc3osimbi6tica Uropat6genos
convencionais fcram isolados em pouco mais de 33 das mulheres na maiaria dos
casas acompanhados por bacterias fastidiosas indicando que infeccoes
polimicrobianas usualmente envolvem bacterias fastidiosas (FAIRLEY BIRCH
1989)
A contagem de col6nias excedeu 105 UFCml apenas na minoria dos
pacientes portanto a bacteriuria nao seria detectada em muitos individuos caso 0
valor de ponto de corte tradicional tivesse sido utilizado Os resultados tambem
mostraram que baixas contagens bacterianas podem acontecer com qualquer uma
das especies bacterianas isoladas embora tenham sido mais freqoentes para
Ureaplasma urealytieum e Mycoplasma hominis Cento e setenta e quatro (21)
isolados apresentaram contagens inferiores a 103 UFCml sendo 138 (84)
pertencentes a especies fastidiosas (FAIRLEY BIRCH 1989)
Franz e HOrl (1999) citaram a ocorrencia de HaemophiJus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae pneumococos Campyobaeter Legionella
pneumophila Salmonella spp Shigella spp Corynebacterium grupo 02
34
Mycobacterium tuberculosis micobacterias atipicas e fungos como causadores
ocasionais de ITU
Domann et al (2003) realizaram estudo em amostras do trato urinario de
transplantados renais utilizando tecnicas moleculares baseadas em 168 rRNA peR
e cromatografla liquida de alta performance (DHPLC) Foi avaliada a aplicaaD do
metoda em 109 amostras e observou-se 100 de correlacao para amostras cultura-
positivas Para as amostras cultura-negativas a DHPLC permitiu a deteccao de
uropat6genos previa mente conhecidos como Corynebacterium urealyticum e
Gardnerella vaginalis mas tambem agentes nao usuais como AnaerocDCCUs
laclolyticus Bacteroides vufgatus Diaisler invisus Fusobacterium nuceaturn
Lactobacillus iners Leptotrichia amnionii Prevotella buccalis Prevotella ruminicola
Rahnella aquatilis e Streptococcus intermedius detectados como unicos pat6genos
ou como agentes de infecyoes polimicrobianas Uma vez que as ITU sao
freqGentemente associadas com inicio precoce de rejeiyBo cronica em
transplantados renais e conveniente a pesquisa de agentes patogenicos
oportunistas e nao usuais para 0 correto direcionamento do tratamento
antimicrobiano
Quatro casos de ITU com bacteremia por Methylobacterium spp em
pacientes do sexo feminino imunocompetentes foram reportados por Lee Tang e Uu
(2004) Todas as pacientes tiveram hemoculturas positivas para Methylobacterlum
spp e suas culturas de urina foram negativas ou positivas para Escherichia coli com
crescimento concomitante de outro bacHo gram-negativ~ em baixa contagem que foi
ignorado Foram realizados experimentos especiais com os isolados indicando que
de acordo com os procedimentos padrao para culturas de urina com 24 horas de
incubayao a 35degC as colonias de Methylobacterium spp nao sao visualizadas e 0
35
pequeno numero de col6nias observado ap6s incuba~ao adicional de 24 heras a
temperatura ambiente apenas sugere ser a especie urn contaminante
Particularmente quando especies de Methyfobacterium estao presentes
concomitantemente com Escherichia coli ocorre supressao do cresci menta de
Methylobacterium spp tornando impassivel a sua deteccao 0 estudo conclui que a
falta de relatos de casas de ITU por Methylobacterium spp deve-se a impossibilidade
de detec~ao da especie por metodos padrao de cultura de urina au ainda porque a
baixa virulelncia da bacteria pode produzir ITU autolimitadas au talvez muitas vezes
curadas com as antibi6tico5 normalmente utilizados As especies estudadas fcram
variavelmente resistentes as cefalosporinas acido nalidixico nitrofurantoina e
sulfametoxazol-trimetoprim e 100 suscetiveis a ciprofloxacin imipenem e
aminoglicosideos
51 Corynebacterium spp
Corynebaclerium urealylicum pode ser uma importante embora rara causa
de ITU variando a freqOencia de isolamentos significativos de zero a 35 em
popularoes nao selecionadas A bacteriuria por Corynebacterium urealyticum ocorre
em pacientes hospitalizados per longos perledes severamente
imunocomprometidos urologicamente manipulados ou idosos Tal microrganismo
tam bern tern sido associado com pielonefrite e pode desaparecer espontaneamente
da urina mesmo sem antibioticoterapia (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Corynebacterium glucuroneyticum tambem chamado Corynebacterium
seminae tern side iselade de semen e trate g~nite-urinarie masculine e pede causar
prostatite ou uretrite Corynebacterium pseudogenitalium (CDC grupo F1) tambem
tern sido reconhecido como pat6gene do trato urinario (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
36
Foi relatado por Soriano e Ponte (1992) um caso de cistite de incrusta~ao
causado por urn corineforme identificado como CDC grupo F1 0 paciente havia
sofrido ITU previas persistentes causadas por Corynebacterium ureayticum (CDC
grupo 02) A cura bacteriol6gica foi alcan=ada apes urn mes de tratamento com
amoxicilina e acido acetohidroxamico
Meria at al (1998) realizaram levantamento bibliografico entre as anos de
1985 a 1997 sabre casas de cistite e pielite de incrustacao Foi constatado a
aumento progressive no numero de cases especialmente em pacientes
imunodeprimidos e particularmente em transplantados renais Tais inflamacoes
cr6nicas estao associadas com incrustac6es da mucosa causadas por bacterias
produtoras de urease tendo sido as mais freqOentes especies de Corynebacterium
grupo 02 A presenCa de urina alcalina contendo abundantes debris mucopurulentos
calcificados e alta mente sugestiva e pode auxiliar no diagnostico clinico A
demonstracao da bacteria envolvida requer culturas prolongadas em meios de
cultura enriquecidos 0 diagnostico precoce pode evitar falhas de tratamento e uma
possivel rejeicao do orgao transplantado
Em estudo realizado par Riegel et al (1995) corineformes em quantidades
significativas (104a 105 UFCml) foram isolados em amostras de semen uretra urina
e sangue de homens inferteis com diagn6stico de prostatite As analises genomicas
realizadas demonstraram ser as cepas pertencentes a uma mesma especie dentro
do genero Corynebacterium As 12 amostras mostraram padroes bioquimicos
simi lares entre elas born crescimento em agar sangue de carneiro em contraste com
crescimento pobre no mesmo meio suplementado com Tween 80 1 teste de
CAMP positivo fermentacao de glicose sacarose e presenCa de beta-glucuronidase
Tais caracteristicas permitiram a distincao destas cepas dos outros membros do
37
genera e 0 nome proposto foi Corynebacterium seminae Embera organismos
difter6ides pass am fazer parte da microbiota uretral a presenCa de contagens
significativas destas especies no semen sugere urna implica~ao infecciosa
particularmente na prostatite
Estudo molecular filogenetico baseado em 16S rRNA peR realizado em
pacientes com prostatite croniea demonstrou sinais bacterian05 em 65 dos
pacientes estudados Foi constatada a ocorreuromcia de um amplo espectro de
especies bacterianas no fluido prostatico dos pacientes incluindo Corynebacterium
Staphylococcus PepiosfreptococGUS Streptococcus e Escherichia Especies do
genera Corynebacterium foram encontradas em maior proponao incluindo especies
ainda nae descritas e n~o presentes nas amostras de controle sugerindo que
possam ter um papel na doen~a au que sejam conseqOemcia da mesma 0 estudo
mostreu ainda que os microrganismos associ ados com prestatite geralmente
ocorrem em comunidades microbianas distintas daquelas encontradas em liquidos
prostaticos normais (TANNER ot al 1999)
Segundo Domingue e Hellstrom (1998) a observaltio microsc6pica
cuidadosa de amostras de secre~~o prostatica bern como a inocula~~o em meios
enriquecidos sao essenciais para a isolamento de corineformes Foi realizado estudo
em uma amostra de secre~ao prostatica na qual a colora~ao de Gram apresentou
cocobacilos gram Itlbeis pleom6rficos que nao se desenvolveram em meios de rotina
incubados por 72 horas a 35degC Houve desenvolvimento em meio de cultura
enriquecido com extrato de leveduras e sora de cavalo e incubado no minimo 72
horas em atmosfera de 5 de CO2 a 35degC A secregao inoculada em caldo triptose
demonstrou a presen~a de bacilos gram-varitlveis (microscopicamente) e quando
repicada produziu bacilos de crescimento lento em meios de retina e enriquecidos
38
(incubados aerobicamente anaerobicamente ou sob tensao de CO2 par 72 haras)
Corineformes ocultos pod em ser agentes etiol6gicos da prostatite idiopatica croniea
que sao frequentemente perdidos au nao percebidos em procedimentos
bacteriol6gicos de rotina
52 Gardnerella vaginais
o significado de Gardnerela vaginais em urina e controverso pois a
principal associacao patogElnica desta bacteria e com a vaginose na mulher Embora
baixas contagens na urina parecam refletir a micro biota da uretra masculina ou
feminina contagens aeima de 10000 UFCml ja fcram associadas com bacteriuria
sintomatica ITU recorrente cistite na mulher uretrite e prostatite no homem
Entretanto me sma quando ern altas contagens freqOentemente nao ha resposta
leucocitaria Gardnerela vaginalis e encantrada mais freqOentemente em mulheres e
pacientes com doena renal e ap6s instrumentaao (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
Estuda realizado par Agarwal e Dixon (2001) investigau a passivel papel de
Gardnerella vaginalis na cistite intersticial usando metodos maleculares para
garantir a recuperaCao do microrganismo mesmo em baixas contagens Nenhuma
das trinta e tres amastras de bi6psias de bexiga de pacientes com cistite intersticial
foram positivas para Gardnerella vaginais a que embora nao exclua seu
envalvimenta na cistite intersticial diminui esta probabilidade
Ginestre Perez et al (2001) realizaram estudo de mil trezentas e setenta
amostras de jato media de urina de pacientes com sintomas de ITU Gardnerella
vaginalis cujo papel patagenica no trato urinario e discutivel ocupou a segundo
lugar em freqOencia etiologica (1763) ficando atras somente de Escherichia coli
(5210) e superando microrganismos cansiderados uropat6genas classicos como
39
Proteus mirabifis (763) Klebsiella pneumoniae (684) e Pseudomonas
aeruginosa (368) Embera a presen~a de Gardnerella vaginais em amostras de
jato media urinario possa indicar contaminayao vaginal todos as cultivos positivos
para esta bacteria apresentavam contagens superiores a 100000 UFCml e
provinham de pacientes sintomaticos representando urna alta probabilidade de
infec~ao urinaria verdadeira
53 Mycoplasma hominis E Ureaplasma urealyticum
Especies patogenicas como Mycoplasma hominis e Ureaplasma urealyticum
ocorrem freqOentemente como colonizantes do trato urogenital inferior de homens e
mulheres saudaveis A ocorrencia de infec~ao esta provavelmente relacionada a
imunossupressao obstru~ao ou procedimentos previos de instrumental)ao no trato
urinario Ureaplasma urealyticum tern sido encontrado em calculos urinarios de
pacientes com liHase infecciosa sugerindo uma possivel associal)ao causal
Mycoplasma hominis tern sido isolado do trato urinario superior em pacientes com
sintomas de pielonefrite aguda FreqOentemente ha resposta imunol6gica especifica
(MURRAY 1999)
Foi pesquisada a presen9a de Ureaplasma urealyticum e Mycoplasma
hominis em amostras de jato medio de 314 mulheres e 52 homens sintomaticos do
trata urinltilria Ureaplasma urealyticum fai isalada em 54 (171) das mulheres e 8
(154) dos hom ens e Mycoplasma hominis foi isolado em 12 (38) das mulheres
e 4 (77) dos homens Ureaplasma urealyOcum foi superado apenas par
Escherichia coli e Gardnerella vaginalis em ambos grupas 366 e 254
respectivamente no sexo feminina e 585 e 308 no masculino Demonstrou-se
partanto que a bacteriuria par ureaplasmas e relativamente co mum porem nao e
40
detectada por metodos convencionais de cultura de urina (AVILES ZARAGOZA
1998)
A significancia de micoplasmas em amostras de jato medic urinario e de
dificil determinacao devido a provavel contaminacao da amostra par
microrganismos colonizantes da vagina e uretra distal Entretanto estudos
realizados em amostras de aspirado suprapubico em gestantes demons tram que 0
desenvolvimento de pre-eclampsia e tres vezes mais prov3vel em mulheres
apresentando culturas positivas para ureaplasmas no inicio da gestacao do que em
mulheres com culturas negativas no mesmo periodo (KONEMAN ef a 1997)
54 Haemophilus spp
Existem varios estudos relacionando Haemophifus influenzae e Haemophilus
parainfluenzae a ITU embora sua freqOencia e significancia nae tenham sido
confirmadas Alguns pesquisadores sugerem a inclusao de agar chocolate em
culturas de urina de crian~as por causa da associa~ao de Haemophilus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae com outras infec~6es nesta faixa etaria (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
Maskell (1989) citou a ocorrencia de certas bacterias fastidiosas em sftios do
trato urinflrio abaixe da bexiga como par exemple em cases de prostatite por
Haemophilus influenzae
55 Lactobacillus spp
Em estudo realizado em pacientes do sexe feminine com sind rome uretral
aguda demonstrou-se uma alta freqOencia de isolamentos de lactobacilos Durante
dois anos amastras de jato medic de tais pacientes foram cultivadas observando-se
a principio alta concentracao de lactobacilos principalmente nas pacientes
sintomaticas Ao final do estudo durante 0 qual foi impedido 0 usa de antibi6ticos os
41
lactobacilos desapareceram da urina de muitas mulheres as quais tornaram-se
assintomaticas Os autores concluiram que as sintomas da sindrome uretra podem
ser devidos a multiplica~ao desproporcional de lactobacilos na uretra distal como
resultado de antibioticoterapia frequentemente administrada em cursos prolongados
para resolurao dos sintomas urinarios Lactobacilos tambem tern sido relatados em
amostras de urina obtidas diretamente da bexiga e de amostras de tecido obtidas
par bi6psia vesical bern como ocasionalmente isolados em urinas de mulheres
idosas com sintomas urinarios (MASKELL 1989)
56 COCOS GRAM-POSITIVOS
Microrganismos dos generos Lactococcus Gemella Aerococcus e
Globicatella embora possam estar presentes como contaminantes em culturas de
material clinico tern sido isolados como patogenos oportunistas ern urina e outras
amostras de pacientes imunocomprometidos Esforyos para identifica-Ios devem ser
realizados quando os isolados forem clinicamente significantes isto e isolados
repetidamente ou em cultura pura Devido a semelhanya com outros cocos gram-
positivos isolados com mais freq04sectncia como estreptococos enterococos e
estafilococos possivelmente sao confundidos com especies destes generos
(MURRAY 1999)
Golapachar et al (2004) relata ram um caso de infec9ao do trato urinario com
bacteremia causa do por Aerococcus viridans em um homem de 87 anos residente
em uma cUnica de repouso A cultura de urina apresentau crescimenta de 105
UFCml de Aerococcus viridans e a hemocultura fai positiva para a mesmo
microrganismo Os testes bioqulmicos que leva ram a identificayao do
microrganismo faram reayoes negativas de catalase e LAP (Ieucina aminopeptidase)
e reaDes positivas para PYR (L-pyrrolidonyl-beta-naphtylamina) fermentaao de
42
trehalose e manese resistencia a optoquina crescimento em agar bile esculina 40
e cresci menta em cloreto de s6die 65 As especies de Aerococcus sao anaer6bias
facultativas a maioria catalase negativa com tendemcia a formaCao de tetrades na
morfologia microsc6pica PYR positivo e LAP negativ~ a que as diferencia de
enterococos e estreptococos
A escassa documentacao a respeito de infecyoes humanas por Aerocccus
sp deve-se provavelmente a sua similaridade microbiol6gica aos estreptococos alfa-
hemoliticos e enterococos e possiveis erras na interpretacao laboratorial de
amostras clinicas No casa acima descrito a laborat6rio de microbiologia nao pade
reaHzar a antibiograma devido a natureza fastidiosa da bacteria mas houve sucesso
terapeutico ap6s administray8o intravenosa de levofloxacin (GOLAPACHAR et al
2004)
Um caso de pielonefrite e urossepsis por Streptococcus pneumoniae foi
relatado em urn hornem de 82 anos com hist6ria clinica de leucemia linf6ide cronica
e diabetes mellitus Exames radiograficos abdominais e tomografia computadorizada
mostraram uma imagem indicativa de extensa pielonefrite no rim esquerdo sem
nenhum outro foco de infecc8o 0 abscesso renal foi tratado por drenagem
transuretral e 0 material purulento obtido foi cultivado assim como materiais de
orofaringe escarro e sangue Esearro e orofaringe revelaram apenas mierobiota
normal do trato respirat6rio enquanto 0 material drenado e as hemoculturas
demonstraram microseopicamente cocos gram-positiv~s aos pares e em eadeias
alguns dos quais eram lanceolados havendo bom crescimento em agar sangue de
carneiro e agar chocolate a 37degC As col6nias eram fracamente alfa-hemoliticas no
agar sangue e nao muc6ides catalase-negativas e sensiveis a optoquina Testes de
aglutinac8o sorologiea de ambos materiais confirmaram a identificac8o e testes
43
moleculares demonstraram ser as dois isolados identicas Apesar da terapia
antimicrobiana a paciente desenvolveu coagula98o intravascular disseminada e
sofreu uma parada cardiaca sendo que 0 quadro foi revertido mas tornau-se
necessaria a nefrotomia para eliminar a foco da infeccao Em contraste a estud05
anteriores a paciente descrito apresentou um verdadeiro casa de pielonefrite
abscesso renal e urossepsis causados par Streptococcus pneumoniae A presenca
de doencas como leucemia linf6ide crOniea e diabetes mellitus fcram 5uficientes para
causar um certa grau de imunossupressao e predispor a paciente a infeccao par
Streptococcus pneumoniae mesma sem hist6ria antecedente de infecC8o
pneumoc6cica trauma ou interven9ao cirurgica (DUFKE KUNZE-KRONAWITIER
SCHUBERT2004)
57 BACT~RIAS ANAER6BIAS
Tern sido descritos casas de infec90es do trato urinario par bacterias
anaer6bias com as mais diverses tipos de apresenta90es clinicas entre processes
crenicos e agudos As bacterias recuperadas sao bacilos gram negativQs incluindo
Bacteroides fragifis Prevotella sp e Porphyromonas sp Clostridium sp cocos
gram-positiv~s e Actinomyces sp Em muitos casas sao recuperadas em culturas
mistas com coliformes e estreptococos (BROOK 2004)
58 OUTRAS BACT~RIAS FASTIDIOSAS
Foi descrita par Greub e Raoult (2002) uma nova especie bacteriana
Actinobaculum massiliae recuperada da urina de uma mulher de 81 anos com ITU
cr6nica Os estudos fenotipicos genotfpicos e filogeneticos realizados mostraram
ser 0 isolado urna nova especie ainda nao recanhecida dentro do genera
Actinobaculum e foi proposta a denominacao Actinobaculum massiliae A mesma
cepa faj isolada tres vezes num perlodo de sete meses mesmo apes tratamento
44
com amoxicilina sulfametoxazol~trimetoprim e rifampicina Devida ao fata do
microrganismo nao ser isolado em procedimentos laboratoriais de rotina uma ITU
devido a Actinobaculum massiliae pade ser mal diagnosticada Alem disso as
col6nias apresentam heterogeneidade morfol6gica ap6s cinco dias de incubacao
podendo levar a uma errOnea interpretaC(ao de contaminacao com duas especies de
badlas gram~positivos 0 usa de agar sangue de carneiro e incubacao prolongada
motivado pela presenca de 106 leuc6cit05 per ml na urina da paciente permitiu a
desenvolvimento da cepa Houve cura ap6s tratamento com doxiciclina (GREUB
RAOUL T 2002)
Em estudo clinico e microbiol6gico de mulheres com sindrome uretral -
excluindo pacientes com cistite bacteriana - 41 pacientes foram comparadas com 42
pacientes controle Nao foi encontrada diferenca entre pacientes e con troles em
incid~ncia de Chlamydia trachomatis e outros microrganismos de transmiss3o
sexual 0 numero de lactobacilos e outros microrganismos fastidiosos bem como a
numero de leucocitos na urina nao apresentaram diferenca entre pacientes com
sintomas leves e intensos ou entre pacientes e controles Os auto res sustentam a
hipotese da sindrome uretral nao ser causada por infecrao bacteriana ou clamidial
(GILLESPIE et al 1989)
45
6 CONCLUSAO UMA REFLExAO
E indiscutivel a importo1ncia para a laborat6rio de requisicoes de exame
completas com informayoes sabre suspeita clinica existencia de sintomas
anormalidades do trata urinario e condhoes imunol6gicas do paciente Embora
tradicionalmente a maiaria dos medicos nao fornega muitas informacoes sabre 0
paciente ao laborat6rio a microbiologista pede incentivar a criacao de urn canal de
comunicacao quando observar a necessidade de informagoes sobre determinado
paciente
Exames anteriores do paciente sempre que disponiveis devem ser
consultados e comparados pois informacoes sabre infecc6es recorrentes au
recidivantes especies bacterianas envolvidas au presen9a de piuria esteril sao
importantes para direcionar a pesquisa para agentes fastidiosos
o metoda de coleta e as condi~6es de transporte da urina deterrninam a
qualidade da amostra e a quao relevantes serao as microrganismos nela
encontrados Considerando-se que urna bacteria normalmente considerada como
contarninante introduzida durante a coleta pode ser em alguns casos patogenica ou
ainda que uma especie fastidiosa patogenica de crescimento lento pode ter seu
crescimento inibido par uma contaminante de crescimenta mais rapido a coleta
adequada torna-se urn fator de suma importancia para a detec~ao de especies
fastidiosas em urina
Como ja discutida torna-se indispensavel a realiza~ao da calora~ao de
Gram em amostras de urina pOis alem de ser urn teste de triagem rapida e barato
para bacteriuria acima de 105 UFCml pode ser 0 unica indicativa da presen~a de
urna especie fastidiosa
46
A comunica~ao entre a microbiologista e a medico pode determinar nao 56 a
sucesso do diagn6stico e do tratamento como a viabilidade economica da pesquisa
de bacterias fastidiosas para 0 laborat6rio urna vez que direciona as esforyos
laboratoriais aos pacientes que realmente necessitam evitando 9a5t05
desnecessarios
Bacte-rias fastidiosas podem nao responder ao tratamento antibi6tico para
pat6genos convencionais do trato urinario portanto a pesquisa precocemente
direcionada para tais agentes pode melhorar 0 progn6stico das ITU evitando a
administracao de antibioticos inadequados au desnecessarios
Como observado nos diversos casas reiatados bacterias fastidiosas
ocorrem em cenaries clinicos especificos 0 entendimento do processo da doen=a e
as condi=oes do paciente pod em ajudar muito 0 laboratorio no esfor=o para
recuperar a bacteria do material clinico
47
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
ALBINI C A Cullura de Urina Analise das metodologias interfer~ncja sobre as
resultados e proposta para padronizacao 1994 54 f Monografia (Especia1iza9aO em
Bacteriologia) - Setor de Ciencias da Saude Departamento de Patologia Medica
Universidade Federal do Parana Curitiba
AGARWAL M DIXON R A A study to detect Gardnerella vagina lis DNA in
interstitial cystitis British Journal of Urology (on line) 2001 Disponlvel em
httpwwwbjuiorg889articlebju2514aspAcessoem 03 fev 2005
BATRA A Interstitial Cystitis Updade Infection Urology (on line) 1999 Disponivel
em httphomeswipnetsellsopicupdatehtm Acessa em 20 dez 2004
CLARIDGE J E JOHNSON J R PEZZLO M T Laboratory Diagnosis of Urinary
Tract Infections Washington American Society for Microbiology 281998
BROOK I Urinary tract genito-urinary suppurative infections due to anaerobic
bacteria International Journal of Urology (on line) 2004 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezigueryfcgicmd=Retrieveampdb=pubmedampdopt=Abst
ractamplist uids=15009360 Acesso em 18 mar 2005
DOMANN E HONG G IMIRZALIOGLU C TURSCHNER S KOHLE J
WATZEL C HAIN T HOSSAIN H CHAKRABORTY T Culture-Independent
Identification of Pathogenic Bacteria and Polymicrobial Infections in the Genitourinary
Tract of Renal Transplant Recipients Journal of Clinical Microbiology (on line) 2003
48
Disponivel em httpjcmasmorgcgireprintl41125500pdf Acesso em 18
mar2005
DOMINGUE G J HELLSTROMW J G Prostatitis Clinical Microbiology Reviews
(on line) 1998 Disponivel em httpcmrasmorglcgilcontentifuIl11141604 Acesso
em 03 fev 2005
DUFKE S KUNZE-KRONAWITIER H SCHUBERT S Pyelonephritis and
Urosepsis Caused by Streptococcus pneumoniae Journal of Clinical Microbiology
(on line) 2004 Disponlvel em httpjcmasmorgcgicontentifuIl4294383 Acesso
em 06 mar2005
FAIRLEY K F BIRCH D F Detection of Bladder Bacteriuria in Patients with Acute
Urinary Symptoms The Journal of Infectious Diseases Melbourne v 159 n2 p
226-231 fev 1989
FRAIMOW H S JUNGKIND D L LANDER D W DELSO D R DEAN J L
Urinary Tract Infection with an Enterococcus taecais Isolate that Requires
Vancomycin for Growth Annals of Internal Medicine (on line) 1994 Oisponivel em
httpwwwannalsorgcgicontentifuIl1211122 Acesso em 18 mar 2005
FRANZ M HCRL W H Common errors in diagnosis and management of urinary
tract infection I Patophysiology and diagnostic techniques Nephrology Dialysis
Transplantation (on line) 1999 Disponivel em
httpltwwwndtoupjournalsorgcgicontentifuIl141127 46 Acesso em 01 dez 2004
49
GIBB A P Plates are Belter than Broth for Recovery of Fastidious Organisms from
some Specimen Material Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Oisponivel
em httpjcmasmorgcgireprinU4041129pdf Acesso em 06 mar2005
GILLESPIE W A HENDERSON E P LINTON K B SMITH P J Microbiology
of the urethral (frequency and dysuria) syndrome A controlled study with 5-year
review British Journal of Urology (on line) 1989 Disponfvel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
2804564ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr 2005
GINESTRE PEREZ M ROMERO-A~EZ S MARTINEZ-GARCIA A RINCON-
VILLALOBOS G HARRIS-SOCORRO B CATELLANO-GONZALES M AVILA-
ROO Y PEROZO-MENA A Gardnerella vaginalis y uropat6genos convencionales
em pacientes ambulatorios Revista de La Sociedad Venezolana de Microbiaogia
(on line) 2001 Disponivel em
httpwwwseieloorgvaseielo phpscriptsci arttextamppid=S 1315-
25562001000200003amplng=esampnrm=isso Acesso em 05 jan 2005
GOBERNADO M CRUZ F J DALET F BROSETA E DE CUETO M
SANTOS M DE LA ROSA M Procedimientos en Microbiologla Clinica La
infeccion urinaria 2002 Disponivel em
httpwwwseimcorgprotocolosmicrobiologiaindice14htm Acesso em 01 dez
2004
50
GOLAPACHAR A AKINS R L DAVIS W R SIDDIQUI A A Urinary tract
infection caused by Aerococcus viridans a case report International Medical Journal
for Experimental and Clinical Research (on line) 2004 Oisponivel em
httpwlNNmedscimonitcompubvol 10no 114928pdf Acesso em 03 dez 2004
GREUB G RAOULT D Actinobaculum massiliae a new species causing chronic
urinary tract infection Journal of Clinical Microbiology (on line) 2002 Disponivel em
httpwwwpubmedcentralnihgov articlerender fcgitool=pubmedamppubmedid=12409
355 Acesso em 13 fev2005
HElLBERG I P Diagnosis and clinical management of urinary tract infection
Disponivel em httpwwwunineteducin2003confpfefermanpfefermanhtml
Acesso em 20 out 2004
KONEMAN E W ALLEN S D JANDA W M SCHREKENBERGER P C
WINN Jr W C Cr Atlas and Textbook of Diagnostic Microbiology 5ed
Philadelphia Lippincott-Raven 1997
LIPSKY B A Managing Prostatitis and Urinary Tract Infection in Men Infectious
Diseases Infoalerl (on line) 2003 Oisponivel em
httpwwwdpacomhklpdflinfolnfoALERT 15pdf Acesso em 10 dez 2004
MASKELL R A new look at the diagnosis of infection of the urinary tract and its
adjacents structures Joumaloflnfecfion Portsmouth n 19 p 207-217 jul 1989
51
MERIA P DESGRIPPES A ARFI C LE DUC A Encrusted Cystitis and Pyelitis
Journal of Urology (on line) 1998 Disponlvel em
htlpIwwwjurologycomipUrejuroabstract00005392-1 99807000-
00003htmmiddotjsessionid-CnHOtEDjxvOgrxiWIUac52pekluG1HSCZzrnOpCIJH4V107ePU
evI848681301-949856032190011-1 Acesso em 21 abr 2005
McCUE J D The Management of Complicated Urinary Tract Infections Infectious
Diseases Infoalert (on line) 1999 Disponfvel em
htlpIwwwdpacomhkJpdlfinlofinlo alart 01pdl Acesso em 01 dez 2004
MURRAY P R Manual of Clinical Microbiology 7ed Washington ASM Press
1999
NABER K G BERGMAN B BISHOP M C JOHANSEN T E B BOTTO H
LOBEL B CRUZ F J SELVAGGI F P European Association 01 Urology
Guidelines on Urinary and Male Genital Tract Infections Disponlvel em
httpwwwuroweborglfilesluploaded filesuti mgtLpdf Acesso em 20 dez 2004
OPLUSTIL C P Urocultura In__ Procedimentos basicos em microbiologia
clinica 2 ed Sao Paulo Sarvier 2004 p 88-93
OSBORNE J About Interstitial Cystitis Disponivel em htlplwwwic-
networkcomhandbooklbasicshtmlintro Acesso em 20 dez 2004
52
PEDRAZA AVILES A G ORTIZ ZARAGOZA M C Symptomatic bacteriuria due to
Ureaplasma and Mycoplasma in adults Revista Latinoamericana de Microbiologia
(on line) 1998 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedampdopt=Abs
tractamplist uids=20388109 Acesso em 20 abr 2005
RIEGEL P RUIMY R BRIEL D de PREVOST G JEHL F BIMET F
CHRISTEN R MONTEIL H Corynebacterium seminale sp Nov a New Species
Associated with Genital Infections in Male Patients Journal of Clinical Microbiology
(on line) 1995 Disponlvel em
htlpllwwwpubmedcentralnihgovpicrenderfcgiartid=228387ampblobtype=pdf
Acesso em 19 mar 2005
SORIANO F PONTE C A case of urinary tract infection caused by
Corynebacterium urealyticum and coryneform group F1 European Journal of Clinical
Microbiology Infectious Diseases (on line) 1992 Disponfvel em
httoIwwwncbinlmnihgoventreziguervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
1396772ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr2005
TANNER M A SHOSKES DSHAHEDA PACENR Prevalence of
Corynebacterial 16S fRna Sequences in Patients with Bacterial and Nonbacterial
Prostatitis Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Disponivel em
httpmcmasmorgcontenVfull3761863 Acesso em 06 mar 2005
TRABULSI L R ALTERTHUM F Escherichia coli uropatagenica (UPEC) In
Microbiaagia 4 ed Sao Paulo Atheneu 2004 p 303-309
53
10
clinicamente significantes do trato urinario torna-se natural 0 direcionamento de
esfor90s para a sua detec9ilo (MASKELL 1989)
Microrganismos fastidiosos pod em em muitos casas apresentar-se como
patogenos secundarios do trato urinario como resultado de selecao apas
tratamentos anti bacteria nos principalmente nos multiplos cursos de antibi6ticos
ut1lizados nas ITU recorrentes (MASKELL 1989)
o presente trabalho tern como objetivo estudar a ocorrencia de bacterias
fastidiosas em ITU Incluem-se aqui bacterias naD usualmente patogemicas neste
sitio anatomica embora conhecidamente patogemicas em Qutros sitios bern como
especies geralmente consideradas como contaminantes em urina e que poderao ter
papel patogenico e ser relevantes em alguns casos que serao discutidos a seguir
II
3 PATOGENESE DAS INFECCOES DO TRATO URINARIO
As infecc6es bacterianas do trato urinario sao na malaria das vezes
adquiridas por via ascendente a partir da uretra podendo atingir a bexiga e 0 trato
urinario superior (ureter pelves renais e rins) A via hematogenica e menos comum
mas pode acontecer a dissemina~ao de bacterias no interior do glomerulo e do
cortex renal em pacientes com septicemia (KONEMAN et al 1997)
As infecroes do trato urinario sao aproximadamente quatorze vezes mais
comuns no sexo feminin~ sendo a colonizar8o da area periuretral e as alterayoes
anat6micas da uretra e regiao circundante durante a relar8o sexual as principals
latores predisponentes (MIMS el a 1995)
As infecroes urinarias em crianras sao mais comuns em meninos nao
circuncidados pela colonizayao da uretra e prepucio com microrganismos fecais
(MIMS et a 1995)
o f1uxo constante de urina e 0 esvaziamento regular da bexiga sao fatores
de prote9ao contra infec90es portanto urn comprometirnento rnecanico au funcional
do flux a urinario e uma condi9ao importante para a instalacao de um pat6geno Os
fatores rnecanicos incluem calculo renal refluxo vesicoureteral obstru9ao do colo da
bexiga estrangulamento da uretra hipertrofia prostatica e cateterismo Entre os
fatores funcionais mais comuns estao a gravidez e as neoplasias pelvicas devido a
pressao externa sabre as ureteres A osmolalidade extrema da urina 0 conteudo
elevado de ureia e 0 baixo pH tambem sao fatores inibit6rios para 0 crescimento de
bacterias as quais podem ser alterados principalmente quando ocorre lesao na
mucosa (KONEMAN et al 1997)
A micro biota das membranas mucosas exerce papel de prote9ao inibindo a
desenvolvimento de pat6genos pela competicao par nutrientes au sitias de ligacao e
12
pela produ9ao de bacteriocin as (KONEMAN et al 1997) Em mulheres em idade
fertil a producao de estr6genos estimula a colonizaryao vaginal com lactobacllos
bacterias usualmente naD patog~nicas que promovem a pH acido inibitorio para a
maiaria das bacterias As mulheres na pos-menopausa ficam suscetiveis a
colonizacIo da area periuretral par uropat6genos devido ao deficit de estrogenia e
conseqOente aumento do pH vaginal (McCUE 1999)
As bacterias gram-negativas possuem como importante fatar de virulencia
estruturas especializadas chamadas fimbrias ou pili e protelnas externas de
membrana que favorecem a adesao as superficies celulares mucosas ou cutaneas
Fatores de adesao tambem sao encontrados em bacterias gram-positivas como as
acidos lipoteicoicos em estreptococos e proteina M em estafilococos (KONEMAN ef
al1997)
Os fatores de virulencia de Escherichia coli e Proteus mirabilis estao bern
estabelecidos e incluem a sintese de aerobactina e enterobactina (proteinas
seqOestradoras de ferro elemento necessario para replica~ao da bacteria) assim
como a expressao da ffmbria e a produ~ao de hemolisina Flmbrias manose-
sensiveis (tipo 1) tern sido encontradas em especies nao patogenicas e fimbrias
manose-resistentes (tipo P) apenas em especies uropatogenicas As ultimas tern
sido associadas a pielonefrite pois tern a capacidade de aderir aos receptores das
celulas uroepiteliais e posteriormente ascender da bexiga para as rins (FRANZ
HORL 1999) A produ~ao de hernolisina esta associ ada a capacidade de causar
lesao renal (MIMS et al 1995)
Antigenos polissacaridicos capsula res acidos (K) estao associ ados ahabilidade de causar pielonefrite e auxiliarn na inibiCao da fagocitose favorecendo a
resistencia de Escherichia coli aos mecanismos de defesa do hospedeiro (MIMS et
13
al 1995) as polissacarfdeos capsulares bloqueiam a opsonizacao da bacteria par
interferirem com a deposi9ao do complemento (TRABULSI ALTERTHUM 2004)
Estafilococos coagulase negativos tern apresentado capacidade de
aderemcia as celulas do epitelio uretral e a protefnas celulares incluindo laminina
fibronectina vitronectina e colageno que podem permitir uma infeqao ascendente e
subseqOente colonizacao da glandula prostatica Ah~m disso produzem substancias
com propriedades antifagociticas antiquimiotaticas e antiproliferativas que afetam as
neutr6filos e linf6citos prejudicando as mecanismos de defesa do hospedeiro
(DOMINGUE HELLSTROM 1998)
A patogemese da prostatite bacteriana nao esta bern definida mas acredita-
se que 0 mecanisme principal seja infecyao uretral ascendente ou refluxo de urina
infectada da bexiga para os ductos prostaticos pela uretra posterior A prostatite
bacteriana pode ocorrer tambem como complicacao apes instrumentayao ou cirurgia
genitourinaria (LIPSKY 2003)
Assim como os microrganismos que possuem propriedades uropatogemicas
infectam 0 trato urinario normal bacterias nao reconhecidamente uropatogeuromicas
podem causar infeccao quando na presenca de anormalidades do trato urinario ou
quando os mecanismos de defesa do hospedeiro estao prejudicados como em
crian9as idosos gravidas diabeticos e imunocomprometidos como os
transplantados renais (FRANZ HORL 1999)
31 SiNDROMES CLiNICAS
o termo infeccao do trato urinario (lTU) inclui uma ampla gama de
s[ndromes clinicas sendo as mais comuns na pratica cHnica a bacteriuria
assintomatica a cistite (incluindo a sind rome uretral aguda) e a pielonefrite
Qualquer uma das sindromes pode ocorrer em urn paciente com anormalidades
14
urol6gicas que predispOem a ITU au dificultam 0 tratamento e nestes cases a
infec~ao e designada complicadaD
bull Sindromes ITU menes comumente
encontradas incluem prostatite abscessos renais e urossepsis (ITU com bacteremia)
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
As infec90es do trato urinario nao complicadas sao comuns e estima-se que
50 das mulheres que possuem 0 trato gemito-urinario normal apresentarao pelo
menes urn episodio de ITU aguda durante a vida As ITU complicadas estao
associadas a anormalidades funcionais au estruturais do trato urinario (bexiga
neurogenica refluxo vesicQureteral rim esponjoso medular nefrocalcinose cistos
renais etc) obstru9aO do trato urinario (hiperplasia benigna da pr6stata urolitiase
tumores estenose da jungao uretero-pelvica) cateterizagao ou instrumentacao
patogenos multirresistentes imunossupressao ou prostatite (HElLBERG 2003)
A diferenciagao entre ITU inferior e superior e importante tendo em vista as
complicagOes do envolvimento renal na infecgao no entanto os procedimentos
diagn6sticos mais acurados sao invasivos e apresentam risco (cateterizagao)
Usualmente a elevagao de parflmetros inflamat6rios como a proteina C reativa
leucocitose e febre indicam ITU superior e rnais recentemente tern sido utilizada
como marcador a excreyao aumentada de N-acetil-beta-glucosaminidase A
resoluyao da bacteriuria ap6s urn dia ou ap6s tratamentos curtos de tnsects dias condiz
com ITU inferior (FRANZ HORL 1999)
Murray (1999) cita como principais bacterias patogeuromicas no trato urinario
Escherichia coli Proteus mirabilis Klebsiella spp Enterobacter spp Pseudomonas
spp Enterococcus spp Staphylococcus saprophyticus Staphylococcus aureus
Ureaplasma spp Mycobacterium tuberculosis e Neisseria gonorrhoeae Sao
encontrados como microrganismos comensais no trato gemito-urinario
15
Corynebacterium spp Lactobacillus spp Staphylococcus spp Streptococcus spp
Neisseria spp nao patogemicas Mycoplasma spp Ureaplasma spp Gardnerella
vaginalis microrganismos entericos Acinetobacter spp Capnocytophaga spp
Enterococcus spp e bacterias anaer6bias
A bacteriuria assintomatica e definida pela presen~a de bacterias em algum
local do trato urinario na ausencia de sintomas Sua significancia clinica e
controversa tendo em vista que certes grupos de pacientes podem sofrer
consequeuromcias graves como por exemplo crian~as com refluxo vesicQureteral nas
quais a infecvao silenciosa pode causar dana renal e tambem gestantes nas quais
a progressao da infecCao pode causar dana ao feto bern como aumentar 0 risco de
pielonetrite na mae (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Cistite e definida como a infec9c3o presumivelmente limitada a bexiga pela
presen9a de sintomas caracteristicos (disuria urgencia OUfrequemcia) e ausencia de
sintomas sugestivos de inflamacZlo em Qutros locais do tratc urinario (CLARRIOGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
A sindrome uretral aguda tambem conhecida por sind rome piuria-disuria au
abacteriuria sintomatica e caracterizada por sintomas de ITU (disuria urgencia e
miccoes freqOentes) acompanhados de leucocituria e cultura de urina negativa au
com baixas contagens de bacterias Atualmente reconhece-se que 0 criteria de
contagem de colonias tradicional utilizado para diferenciar cistite bacteriana de
sindrome uretral aguda e controverso e que muitas mulheres disuricas com baixas
contagens de col6nias necessitam de tratamento para ITU bacteriana aguda
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998 HElLBERG 2003)
A sind rome uretral aguda pode ser causada por bacterias fastidiosas ou nao
usuais como Chlamydia trachomatis Ureaplasma urealylicum Neisseria
16
gonorrhoeae Mycoplasma spp Mycobacterium spp Trichomonas spp au Candida
spp Outras causas incluem abscessos rena is obstrucao ureteral completa e
luberculose renal (HEllBERG 2003)
A inflamacao dos rins e pelves renais (pielonefrite) oeasiona sintomas de
dor ou sensibilidade envolvendo 0 f1anco frequentemente acompanhados par urna
resposta inflamat6ria sistemica incluindo febre calafrios indisposicao dar de
cabera e nauseas as quais naD acorrem em pacientes com cistite Em alguns
pacientes estas manifestaroes sistemicas ocorrem sem sinais au sintomas locais de
envolvimenlo renal condilao denominada de ITU febril (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZlO 1998)
A cistite intersticial e urna inflamacao croniea e freqOentemente severa da
bexiga cuja causa e desconhecida Os sintomas primarios sao freqUelncia urgencia
e dor abdominal ou perineal e as culturas de urina sao raramente positivas Os
pacientes normalmente apresentam pequenas hemorragias (glomerulayoes) ou
ulceras na bexiga ahsectm de diminui9aO da capacidade urinaria e rela90es sexuais
dolorosas Muitos pacientes recebem urn diagn6stico prirnario de sind rome uretral
ale a descoberta do real diagn6slico (OSBORNE 2003)
Muitos pacientes com cistite intersticial tern urna hist6ria de ITU recorrente
Alguns autores teorizarn que a bacteria causa dora pode ser urna especie fastidiosa
ou presente ern pequeno numero e que a sua presen9a pode na~ produzir a cistite
intersticial mas ser responsavel p~r urna resposta inflamat6ria e imunol6gica
(BATRA1999)
A infeC9aO bacteriana da glandula prostatica (prostatite) pode ocorrer como
resultado de infeC9aO uretral ascendente par refluxo de urina infectada para as
ductos prostaticos via uretra posterior ou par via linfogenica ou hernatogenica A
17
prostatite bacteriana aguda promove urn abrupto inrdo de febre e sintomas
genitourinarios e constitucionais enquanto a croniea e urna enfermidade sutl
caracterizada por recidivas lTU recorrente e persistencia da bacteria na secre9ao
prostcitica mesma apas multiplos cursos de antibioticoterapia Urna terceira
sindrome a prostatite croniea idiopatica (inclui-se aqui a prostatite nao bacteriana e
a prostatodlnia) usualmente caracteriza-se par dor perineal persistente e sintomas
urol6gicos podendo ou nao estar associada a urn grande numero de celulas
inflamatorias na secre9ao prostatica e a urna bacteria cultivclvel laboratorialmente
(DOMINGUE HELLSTROM 1998)
A prostatite crOniea em homens com culturas negativas mas com
leucocitose na secrecao prosttltica (mais de 10 leuc6citos por campo em aumento de
1000X) e classificada como prostatite nao bacteriana e a doenca naqueles cujas
culturas sao negativas e que nao apresentam leucocitose na secreCao prostatica e
classificada como prostatodlnia (TANNER et al 1999)
o agente etiol6gico predominante nas prostatites bacterianas agudas e
cronicas e Escherichia coli seguido par especies de Proteus e Providencia e menos
cornu mente Klebsiefla spp Pseudomonas spp Serratia spp e Enterobacter spp
Estudos recentes demons tram que cepas de Escherichia coli causadoras de
prostatite expressam fatores de virulemcia similares as cepas causadoras de
pielonefrite Staphylococcus aureus Staphylococcus saprophyticus e outros
estafilococos coagulase negativos ocasionalmente podem causar prostatite assim
como algumas bacterias fastidiosas como por exemplo corinebacterias Gardnerella
vaginalis e Haemophilus influenza (LIPSKY 2003)
A prostatite cronica idiopatica (nao bacteriana) e uma condicao multi-
sintomatica de causa discutivel Etiologias propostas sao infeccoes par Chlamydia
18
trachomatis Mycoplasma hominis Ureapfasma urealyticum Trichomonas vaginalis
au agentes virais embora muitos estudos naD confirmem lais dados Tecnicas
microbiol6gicas especiais e tecnicas moleculares tern demonstrado em pacientes
com prostatite naD bacteriana colonizaf(80 prostatica com especies bacterianas de
baixa virulencia e tambem bacterias fastidiosas sugerindo etiologia infecciosa
(LIPSKY 2003)
Homens jovens com prostatite aguda podem ter baixas concentracoes de
bacterias na urina as quais nao sao reconhecidas como significantes e
possivelmente naD reportadas au entao podem ser infectados com microrganismos
fastidiosos como Gardnerella vaginais Quando traladas par insuficiente periodo de
tempo ou com um antibiotico inadequado que nao atinge urna concentracao
terapeutica adequada no tecido prostatico tais pacientes podem evoluir para uma
condi9ao de prostatite crOnica (MASKELL 1989)
A ITU e comum apos transplantes renais embora os riscos estejam sendo
diminuidos pelo uso de menores doses de imunossupressores e tambern pelo uso
profilatico de antibioticos Entre os fatores predisponentes pode-se citar infeccao
previa no rim do doador bern como alteracao do uroepitl~lio do receptor causada p~r
cateteres vesica is e stents ureterais Nos primeiros tr~s meses as ITU sao
geralmente assintomaticas e recidivantes ap6s esse perlodo sao menos freqOentes
e ha melhor resposta a antibi6ticos embora sejam comuns as complicacOes
urol6gicas como fistulas e obstrucoes Isquemia do orgao devido a dano arterial
pode promover ITU pela colonizacao bacteriana do tecido lesado usualmente por
bacterias comensais ou fastidiosas A erradicacao das infecc6es pode tomar-se
impossivel ate que 0 rim ou pelos menos 0 segmento prejudicado seja removido
(NABER et ai 2004)
19
Lactobacilos corinebacterias e alguns estreptococos fastidiosos podem ser
patogenos secundarios em ITU originalmente selecionados da microbiata uretral par
tratamento antibi6tico Tal situa~ao pade acorrer em pacientes que tenham recebido
agentes antibacterianos durante long05 periodos au antibioticoterapia aSSDciada a
urn periodo de cateterizayao A falha na deteqao laboratorial destas especies pade
resultar em tratamento antimicrobiano inadequada exacerbando 0 problema OU
ainda levar a investiga90es invasivas desnecessiuias (MASKELL 1989)
20
4 A ROTINA DA UROCULTURA NO LABORATORIO DE ANALISESCLiNICAS
o diagn6stico microbiol6gico de uma infeqao urinaria mesma baseando-se
na determinay80 de microrganismos em urn Hquido biologico normalmente esteril
apresenta dificuldades com relaCao a valoriz8gao dos resultados E sabido que
existem microrganismos naturalmente residentes na uretra regiao genital e perinea
que podem contaminar a urina acidentalmente somando-se a issa a a9ao da
temperatura que estimula a proliferar8o bacteriana Par outro lado as tecnicas de
coleta e cultivo de amastras devem ser direcionadas a pesquisa de microrganismos
pouco habituais as quais podem ser importantes em determinadas situaroes
(GOBERNADO ef al 2002)
A decisao de como uma amostra deve ser cultivada depende do metoda de
coleta e dos sinais e sintornas cllnicos do paciente informa~6es que deveriam ser
transmitidas ao laboratorio pelo medico Entretanto na maioria das vezes 0
laborat6rio recebe informa~6es incompletas ou incorretas que resultam na realiza~ao
de muito ou pouco trabalho com uma determinada amostra (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
A classifica~ao de culturas de urina por tipos permite que 0 manejo das
amostras seja direcionado pela necessidade clinica e que 0 laborat6rio possa
escolher os meios de cultura e a quantidade de inoculo mais apropriada Com base
nos dad os cllnicos do paciente podem-se definir tres tipos de cultura de urina
retina inspeao e invesligaliva (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
As culturas de retina sao apropriadas para pacientes ambulatoriais e com
ITU nao complicadas As culturas de inspe~ao devem ser realizadas em pacientes
geriatricos e individuos que utilizam cateteres vesicais nos quais a caloniza~ao au
infec~ao por multiplos microrganismos e comum Culturas investigativas sao aquelas
21
direcionadas para diagn6sticos especificos microrganismos fastidiosos ou grupos
diferenciados de pacientes Devern ser realizadas nos casas de cultura previa
negativa de falha na terapia antimicrobiana au no case de suspeita de urn
uropat6geno naD usual E tambem apropriada a sua realiza980 quando ha
discrepimcia entre a apresentacao clinica do paciente au a coloracao de Gram e 0
resultado previa da cultura (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Os meios de cultura m~is utilizados para semeadura de urina sao as
seletivQs diferenciais como 0 meio de Teague (agar eosin a azul de metileno) e de
Mac Conkey associados ao agar sangue 0 meio de CLEO (agar cistina lactose
eletr61ito deficiente) e muito utilizado no Brasil e permite 0 crescimento de bacterias
gram-negativas e gram-positivas Tais meios auxiliam na identifica980 presuntiva da
bacteria atraves da colora98o colonial indicando a capacidade de fermenta980 da
lactose (ALBINI 2004)
Segundo Clarridge Johnson e Pezzlo (1998) culturas urinarias de rotina
devem ser realizadas semeando as amostras em agar sangue de carneiro 5 e em
agar Mac Conkey eu um meio seletive similar e incubando as placas por 18 a 24
horas a 35 - 37deg C em ar ambiente Ainda assim e meio de CLEO e preferido nos
laboratories brasileiros pela sua versatilidade Para microrganismos fastidiosos 0
agar chocolate deve ser utilizado em conjunto com agar CNA (Columbia-colistin a-
acido nalidixico) eagar MacConkey devendo-se utilizar a al93 calibrada de 001ml
alem da al9a 0001 ml As placas de CNA e agar chocolate devem ser incubadas em
5 CO2 por 48 horas
Para popula96es especificas com ITU cronicas ou anormalidades
anatomicas pode ser apropriada a cultura visando microrganismos anaerobios au de
cresci menta lento (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
22
Para popula90es nas quais as culturas polimicrobianas sao comuns 0 agar
CNA pade ser utilizado para demonstrar a presenca de enterococos Qutros cocos
gram-positives au leveduras presentes nas culturas mistas 0 agar CNA permite urn
born cresci menta de estreptococos corinebacterias e Gardnerela vaginalis e deve
ser incubado por 48 horas a 35 C (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Amostras obtidas par puncao suprapubica au de pacientes com suspeita de
sindrome uretral aguda devem ser semeadas com al98 calibrada de 001 ml a1em
da ala de 0001 ml em agar sangue (OPLUSTIL et al 2004) Contagens baixas ou
mesma multiplos tipos de microrganismos devem ser valorizados em tais cases
(KONEMAN 1997)
Corynebacterium ureafyticum e Qutras corinebacterias desenvolvem-se bem
em agar sangue de carneiro 5 au agar CNA mas sao mais bern visualizadas ap6s
incubaao de 48 horas (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
As calOnias de Gardnerella vaginalis sao fracamente visiveis em agar
sangue ap6s 24 haras de incuba~ao e recomenda-se a usa de agar CNA au HBT
(agar sangue tween bicamada) e incuba~aa par 48 haras em tensaa de C02
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
as tactabacilos podem ser isolados em meias de isotamento prima rio
utilizadas para urina como a meio de CLEO no entanto devem ser incubadas par 48
horas em atmosfera de CO (MASKELL 1989)
a resultada da cultura deve ser sempre carrelacianada com a leitura do
Gram Caso nao haja crescimento ap6s 18 a 24 horas de incuba~ao e na
microscapia tenha sido observada a presen~a de microrganismas au numero
eleva do de leuc6citas deve-se incubar as ptacas par mais 24 haras (OPLUSTIL et
al2004)
23
A piuMa esteril e urn achado importante que po de refletir usa de
antibioticoterapia outras doencas como neoplasias au calculos urinarios au
infeccoes com microrganismos que naD sao detectados par rnetodos rotineiros de
cultura (MIMS et aI 1995)
o conceito de bacteriuria significativa para 0 diagn6stico das ITU e
tradicionalmente baseado no criteria quantitativa estabelecido par Kass na decada
de 1950 permitindo a distincao entre colonizarao e infecrao A utilidade e a
consistemcia do criteria de contagem de colOnias superior OU igual a 105 par mililitro
tern sido validadas repetidamente par varios pesquisadores demonstrando que tal
criterio nilo pode ser aplicado a todos os pacientes (FRANZ HORL 1999)
A baixa especificidade da cultura quantitativa de jato medio se deve apossivel adilao de bacterias comensais a urina durante a coleta A baixa
sensibilidade dos resultados inferiores a 105 UFCml pode ser devida a excregao
intermitente de bacterias que pode ocorrer em determinados sitlos do trato urinario
bem como ao uso de meios de cultura que nao proporcionam 0 cresci menta de
todas as especies capazes de infectar 0 trato urinario (FAIRLEY BIRCH 1989)
Altas contagens de bacterias aer6bias sao encontradas em amostras de
urina de jato medio quando os microrganismos sao providos de 6timo substrato e de
ten sao de O2 relativamente alta Em algumas sltuagoes como infecgoes cronicas
prostatite infecgao das glandulas parauretrais em mulheres litiase infecciosa e
cicatrizes renais per pielonefrite croniea os mierorganismos podem nao se
multiplicar tao rapidamente e pertanto nao apresentarem contagens tao altas quanta
nas cistites agudas Os sitlos de infecgao abaixe da bexiga nao fornecem as
mesmas condigoes favoraveis de incubagao ahsectgtmdisso a velocidade do fluxo
24
urinario e a freqO~ncia de miccaosao fatores que influem nas contagens bacterianas
(MASKELL 1989)
Torna-se claro que considerar baixas contagens de pat6genos aero bios em
culturas puras como contaminaCao e incorreto e pode levar a erros de diagn6stico
pois infeccoes de grande signific~ncia cHniea pod em nao estar sendo detectadas t
igualmente importante nao considerar automaticamente urna alta contagem de
col6nias como infecy8o sem considerar as condicoes do paciente e da coleta 0 usa
de antibi6ticos em resposta a urna alta contagem bacteriana pode selecionar cepas
resistentes tornando mais dificil 0 tratamento de infecgoes posteriores verdadeiras
(MASKELL 1989)
Alguns procedimentos utilizados para 0 diagnostico das ITU sao
considerados inaceitaveis atualmente e nao devem ser realizados como cultura de
cateter de Foley cultura de urina em meios Hquidos cultura de sedimento urinario
pesquisa de anaer6bios como procedimento de rotina e em urina de jato media au
obtida par cateteriza9ao bem como cultura de urinas que tenham permanecido mais
de duas heras sem refrigeragao au canservagao (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO1998)
41 COLETA E TRANS PORTE DE AMOSTRAS
A coleta e a trans porte inadequado da amostra podem levar a um resultado
de diffcil interpreta9aO Portanto a medida mais importante para realizar uma cultura
de urina e estabelecer rfgidos criterios de coleta e propiciar treinamento constante
para as profissionais envolvidos na realiza9aO da coleta (OPLUSTIL et al 2004)
Koneman et al (1997) recomendam que a paciente receba as instru90es de
coleta impressas ap6s receb~-Ias verbalmente Caso 0 paciente demonstre
inseguran9a au nao compreenda urn profissional treinado deve explicar novamente
25
passo a passo ou se passivel acompanhar pessoalmente a coleta (coleta
supervision ada)
Amostras de urina de jato media sao as amostras mais comumente
submetidas a cultura De preferencia deve ser colhida a primeira urina da manha
podendo ser aceitas urinas com pelo menos 2 heras de reten~ao Ap6s higiene da
regiao genital despreza-se 0 primeiro jato - 0 que auxilia a eliminacao dos
contaminantes da uretra inferior - e colhe-se 0 jato media em fraseD esteril
apropriado desprezando-se 0 final da mic9ilo (OPLUSTIL eJ al 2004) A higiene
genital deve ser realizada com agua e sabao naD anti-septico devendo ser as [abias
vaginais afastados e 0 prepucio retraido antes da miccao (GOBERNADO et 81
2002)
Alguns autores afirmam que mesma quando a coleta e meticutosamente
reatizada com a assist~ncia de um pro fissional treinado a urina apresenta-se
frequentemente contaminada (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Amostras urinarias de criancas obtidas com saco coletor devem ser colhidas
apos higiene da regiao genital e colocacao do saco coletor de forma asseptica
Troca-se 0 coletor a cada 45 minutos ou 1 h~ra repetindo-se a higiene e evitando-se
contaminacao fecal 0 coletor deve chegar fechado ao laborat6rio Tas amostras
freqOentemente sao contaminadas com microrganismos fecais promovendo
resultados falso-positivos portanto 0 maior significado clinico de amostras obtidas
com saco coletor e 0 resultado negativo (OPLUSTIL et a 2004) Culturas positivas
devem ser confirmadas por metodos de cateterizacao direta ou aspiracao
suprapubica (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Em pacientes com sanda vesical permanente pinca-se a canula do coletor
realiza-se desinfeccao da canula com alcool 70 e punciona-se com seringa e
26
agulha estereis colocando-se a amostra em frasee esteri Nunea se deve obter a
amostra do saco coletor de pacientes sand ados porque a multiplica9ao bacteriana
fornecera urn numero muito maior que aquele real mente presente no paciente
(OPLUSTIL et al 2004) Tambem nao se reeomenda deseoneetar 0 eateter do tubo
coletor sob risco de introduyao de microrganismos no sistema Sempre que passivel
tal coleta deve ser realizada ap6s troea do cateter pois urna microbiota que naD
corresponde a do paciente pade residir em cateteres antigos (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
A punyao suprapubica e considerada a metoda padrao auro para coleta de
urina par representar a verdadeira bacteriuria vesical (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998) Calhe-se com seringa e agulha diretamente par pun9ao vesical Tal
procedimento evita problemas de contamina9ao uretral e e recomendado para
crian9as ate dois anos detec9ao de anaer6bios enos casos de repeti9ao de ex ames
com interpretaoes duvidosas (OPLUSTIL et al 2004) Pode tambem estar indieada
para homens de qualquer idade com fimose e em mulheres com bacteriurias de
repeti~o de proeedeneia duvidosa (GOBERNADO et al 2002)
A cateteriza9ao com finalidade unica de obten9ao de amostras somente
deve ser realizada em pacientes nos quais nao seja possivel a elimina9aO
espontanea de urina como doentes neurologicos au com problemas urol6gicos
obstrutivos Caso seja necessaria devern-se utilizar tecnicas rigorosas de assepsia
por causa do alto risco de introdu9ao de rnicrorganismos (KONEMAN et a 1997
GOBERNADO et a 2002)
Para a pesquisa de Mycobacterium tuberculosis tres amostras de urina da
manha devem ser coletadas em dias consecutivos as tecnicas de cultivo para
27
micobacterias naD permitem a cresci menta de outros agentes e portanto a coleta
nac necessita de assepsia rigorosa (MIMS et al 1995)
Caso naD seja passivel a processamento da amostra de urina em ate 2
haras apas a coleta a amostra deve ser refrigerada (2 a 80 C) e processada em ate
24 haras tempo maximo para manuten~ao da contagem bacteriana estavel 0 usc
do preservativo acido b6rico permite que a amostra permane98 a temperatura
ambiente (20 a 25 C) ate 24 horas antes de ser process ada (OPLUSTIL ef aI 2004
CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Sistemas de trans porte usanda acido b6rico podem ser metodos alternativQs
para coletas realizadas em casa au em locais distantes do laborat6ria e mostram-se
tao efetivos quanta a refrigeragao (KONEMAM ef ai 1997)
Oepois de coletada a amostra de urina deve ser encaminhada ao laboratorio
a mais rapido possivel e com todas as informayoes necessarias para degprocessamento Devem ser relatados 0 horario e 0 metodo da coleta 0 tempo de
reteny80 da urina 0 tipo de paciente (por exemplo urologico ou geriatrico) a idade
o sexo se 0 paciente tem recebido quantidades aumentadas de Ifquido
apresentay80 clinica (existencia de sintomas) resultados de urinalise (presen9a de
celulas inflamat6rias) e resultados antecedentes de cultura (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
De maneira ideal as amostras devem ser coletadas antes do inicio da
terapia antimicrobiana Caso 0 paciente ja esteja recebendo ou tenha recebido
antibioticoterapia nas 48 horas antecedentes a realizay80 do exame esta
informay80 deve ser explicitada no formulario de requisiy80 do exame (MIMS et al
1995)
28
Recoletas devem ser solicitadas quando amostras nae refrigeradas forem
recebidas 2 horas ou mais ap6s a coleta au quando nac fcrem comunicados 0
horario e a forma de coleta No entanto nenhuma amostra deve ser desprezada
antes do cantata com 0 medico solicitante po is ela pade em alguns casas ser
insubstituivel (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Menos de 5 das urinas coretadas e transportadas adequadamente
apresentam multiplos microrganismos Exce~6es sao amostras de pacientes com
bexiga neurogemica au usa cranico de cateteres nos quais a bacteriuria
polimicrobiana pade ser detectada em 30 a 80 das culturas freqOentemente sem
infecao (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Segundo Koneman et al (1997) a acuracia do procedimento de coleta de
urina pode ser monitorada pela frequencia de exames com contagens entre 104 a 105
UFCml que nao deve exceder 5 a 10 se os procedimentos forem realizados
apropriadamente
42 A IMPORTANCIA DA COLORAltAo DE GRAM
Durante as ultimas decadas testes rapidos de triagem para bacteriuria foram
desenvolvidos com 0 propos ito de fornecer resultados mais rapid os e de eliminar a
necessidade de cultivar amostras negativas Entretanto sua utilizacao e limitada
principalmente pela incapacidade de detectar baixos niveis de bacteriuria e piuria
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
A coloracao de Gram da urina nao centrifugada e um dos metodos mais
rapidos seguros e baratos para estimar bacteriuria superior a 105 UFCml e
presenca de mais de 8 a 10 leucocitoslJl Homogeneiza-se muito bem a urina
coloca-se uma gota sobre lamina sem espalhar e deixa-se secar ao ar A lamina
deve ser fixada par calor au metanol (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998) A
29
presenca de uma ou mais celulas bacterianas per campo em aumento de 1000
vezes tern sensibilidade de 94 e especificidade de 90 em refletir uma contagem
de colOnias superior a 10 UFCml (KONEMAN ef al 1997)
Embora seja urn metoda barato de triagem a coloraC8o de Gram naD e
utilizada par muitos laborat6rios pelo consumo de tempo e baixa sensibilidade em
contagens inferiores a 105 UFCml Sugere-se a sua utilizacao como teste de triagem
apenas em pacientes com contagens de col6nias provavelmente altas
principalmente as assintomaticos e com suspeita de pielonefrite Alguns autores
relatam melhora da sensibilidade a nlveis acima de 104 UFCml com 0 usa de
citocentrifuga (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
A coloraCao de Gram do sedimento urinario em bora ainda utilizada por
muitos laboratorios e impropria pela baixa reprodutibilidade e dificuldade de
padronizacao e correlacao com os metodos de velocidade de excrecao de leucocitos
au contagem em camara (ALBINI 1994)
As informac6es fornecidas pela cOloracao de Gram sobre a morfologia do
microrganismo e caracteristicas na coloracao sao extremamente importantes para a
selecao inicial da terapia antimicrobiana enquanto se aguarda 0 informe definitivo
do resultado da cultura e do antibiograma (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO
1998)
~ imprescindivel a realizacao da coloracao de Gram para deteccao de
bacterias fastidiosas ou nao usuais Devido a dificuldade de desenvolvimento nos
meios utilizados para a deteccao de enterobacterias em alguns casos somente a
visualizacao microscopica indicarcfi a sua presenca (FRANZ HORL 1999)
A observacao microscopica da urina permite verificar a qualidade da amostra
especialmente em mulheres nas quais a contaminacao vaginal e frequente
30
produzindo resultados falso-positivos A presen~a de muitas celulas epiteliais e de
mais de urn tipo de microrganismo no Gram sugere contamina9aO da amostra em
decorrencia da coleta (OPLUSTIL et ai 2004)
Dutro aspecto importante da coloracao de Gram e a sua utilidade no
monitoramento das culturas podendo-se pelo seu resultado detectar erras tecnicos
e ate mesmo troca de amostras (ALBINI 2004)
31
5 BACTERIAS FASTIDIOSAS E INFECcAO DO TRATO URINARIO
Em 1989 Maskell citou a ocorrencia de bacterias fastidiosas como algumas
especies de estreptococos Gardnerela vaginalis Haemophilus influenzae
Corynebacterium spp e lactobacilos em infecgoes da bexiga e trato urinario superior
isoladas de amostras de urina obtidas par cateteriz8gao aspiragao supra-pubica e
tarn bam de amostras de tecido obtidas per bi6psia vesical Relatou tambem a
preseng8 de tais bacterias na urina de gestantes assintomaticas com mais
freqOencia do que em nao-gestantes e que as gestantes apresentando bacteriuria
posteriormente desenvolviam sintomas com mais freqoencia do que as que nao
apresentavam bacterias na urina
Fairley e Birch (1989) realizaram um importante estudo demonstrando que
pacientes com sintomas de infec~ao do trato urinario apresentando resultados
negativos em culturas de rotina podem abrigar bacterias fastidiosas ou baixas
contagens de uropat6genos convencionais na bexiga Os pacientes incluidos no
estudo foram os que apresentaram resultados inconclusivos em culturas previas de
jato medio como desenvolvimento inferior a 105 UFCml de um pat6geno
convencional ou a desenvolvimento superior a 102 UFCml de uma bacteria
fastidiosa Foram avaiiadas urinas obtidas por aspirayao suprapubica de 1817
mulheres e 300 homens cultivadas para uropat6genos convencionais e bacterias
fastidiosas utilizando in6culo que proporcionou resultados entre 101 e 107 UFCml A
freqOencia de isolamentos esta representada na tabela 1
32
TABELA 1 - FREQUENCIA DE BACTERIURIA EM 2117 PACIENTES(AMOSTRAS OBTIDAS POR PUNCAO SUPRAPUBICA) -1989
Uropat6-Culturas positivas $omente $omente especies genos
(n = 597) uropat6genos fastidiosas conven-convencionais (n = 366) cionais
n = 170 eespeci-
Pacientes Unica Multiplas Unica Multiplas Unica Multiplas esespecie especies especie especies especie especies faslidio-
sasMulheres (n = 1817) 370 191 148 5 222 125 61Homens (n = 300) 36 0 17 0 19 0 0
FONTE The Royal Melbourne Hospital
Vinte e aito especies microbianas foram isoladas no trabalho em questao
sendo Ureaplasma urealylicum Gardnerella vaginalis Escherichia coli Mycoplasma
hominis e Staphylococcus epidermidis as especies mais isoladas Quinhentas e
oitenta e uma (70) das 830 cepas isoladas pertenciam a especies fastidiosas -
Ureaplasma urealyticum Gardnerella vaginalis e Mycoplasma hominis - que nao sao
recuperadas em meies de cultura canvencianais Gardnerella vaginais fai mais
freqUente em mulheres enquanto Ureaplasma urealyticum nao apresentou diferen9a
estatisticamente significativa entre os sexas Treze esptkies fcram isoladas em
apenas uma ou duas ocasioes entre elas Streptococcus equi Streptococcus
equisimifis Streptococcus sanguis Morganella morgan Klebsiella oxytoca
Peptococcus anaerobius Proteus vulgaris Enterobacter aerogenes Salmonella
enteritidis Pseudomonas aeruginosa Haemophilus influenzae Haemophilus
parainfluenzae e Haemophilus parahaemofyticus Anaer6bios estritos foram isolados
de apenas sete dos 597 pacientes (FAIRLEY BIRCH 1989)
Culturas polimicrobianas foram obtidas em urn teno das pacientes do sexo
feminino e nao foram verificadas no sexe masculino A freqOencia de uropat6genos
cenvencienais e fastidiesos encontra-se na tabela 2
33
TABELA 2 - FREQU~NCIA DE UROPATOGENOS CONVENCIONAISE BACTERIAS FASTIDIOSAS EM 191 PACIENTES DO SEXOFEMININO COM BACTERIURIA POLMICROBIANA - 1989
Numero de Somente Samente especies Especiesespecies (numera uropat6genos fastidiosas convencionais e
de pacientes) convencionais fastidiosasOois (153) 9 99 45Tres (34) 0 17 17Quatro (4) 0 1 3
FONTE The Royal Melboume Hospital
Ureaplasmas au Gardnerella vaginalis fcram recuperados em 179 das 191
mulheres com infecgao polimicrobiana estando presentes concomitantemente em
100 das 191 amostras sugerindo urna passivel relacc3osimbi6tica Uropat6genos
convencionais fcram isolados em pouco mais de 33 das mulheres na maiaria dos
casas acompanhados por bacterias fastidiosas indicando que infeccoes
polimicrobianas usualmente envolvem bacterias fastidiosas (FAIRLEY BIRCH
1989)
A contagem de col6nias excedeu 105 UFCml apenas na minoria dos
pacientes portanto a bacteriuria nao seria detectada em muitos individuos caso 0
valor de ponto de corte tradicional tivesse sido utilizado Os resultados tambem
mostraram que baixas contagens bacterianas podem acontecer com qualquer uma
das especies bacterianas isoladas embora tenham sido mais freqoentes para
Ureaplasma urealytieum e Mycoplasma hominis Cento e setenta e quatro (21)
isolados apresentaram contagens inferiores a 103 UFCml sendo 138 (84)
pertencentes a especies fastidiosas (FAIRLEY BIRCH 1989)
Franz e HOrl (1999) citaram a ocorrencia de HaemophiJus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae pneumococos Campyobaeter Legionella
pneumophila Salmonella spp Shigella spp Corynebacterium grupo 02
34
Mycobacterium tuberculosis micobacterias atipicas e fungos como causadores
ocasionais de ITU
Domann et al (2003) realizaram estudo em amostras do trato urinario de
transplantados renais utilizando tecnicas moleculares baseadas em 168 rRNA peR
e cromatografla liquida de alta performance (DHPLC) Foi avaliada a aplicaaD do
metoda em 109 amostras e observou-se 100 de correlacao para amostras cultura-
positivas Para as amostras cultura-negativas a DHPLC permitiu a deteccao de
uropat6genos previa mente conhecidos como Corynebacterium urealyticum e
Gardnerella vaginalis mas tambem agentes nao usuais como AnaerocDCCUs
laclolyticus Bacteroides vufgatus Diaisler invisus Fusobacterium nuceaturn
Lactobacillus iners Leptotrichia amnionii Prevotella buccalis Prevotella ruminicola
Rahnella aquatilis e Streptococcus intermedius detectados como unicos pat6genos
ou como agentes de infecyoes polimicrobianas Uma vez que as ITU sao
freqGentemente associadas com inicio precoce de rejeiyBo cronica em
transplantados renais e conveniente a pesquisa de agentes patogenicos
oportunistas e nao usuais para 0 correto direcionamento do tratamento
antimicrobiano
Quatro casos de ITU com bacteremia por Methylobacterium spp em
pacientes do sexo feminino imunocompetentes foram reportados por Lee Tang e Uu
(2004) Todas as pacientes tiveram hemoculturas positivas para Methylobacterlum
spp e suas culturas de urina foram negativas ou positivas para Escherichia coli com
crescimento concomitante de outro bacHo gram-negativ~ em baixa contagem que foi
ignorado Foram realizados experimentos especiais com os isolados indicando que
de acordo com os procedimentos padrao para culturas de urina com 24 horas de
incubayao a 35degC as colonias de Methylobacterium spp nao sao visualizadas e 0
35
pequeno numero de col6nias observado ap6s incuba~ao adicional de 24 heras a
temperatura ambiente apenas sugere ser a especie urn contaminante
Particularmente quando especies de Methyfobacterium estao presentes
concomitantemente com Escherichia coli ocorre supressao do cresci menta de
Methylobacterium spp tornando impassivel a sua deteccao 0 estudo conclui que a
falta de relatos de casas de ITU por Methylobacterium spp deve-se a impossibilidade
de detec~ao da especie por metodos padrao de cultura de urina au ainda porque a
baixa virulelncia da bacteria pode produzir ITU autolimitadas au talvez muitas vezes
curadas com as antibi6tico5 normalmente utilizados As especies estudadas fcram
variavelmente resistentes as cefalosporinas acido nalidixico nitrofurantoina e
sulfametoxazol-trimetoprim e 100 suscetiveis a ciprofloxacin imipenem e
aminoglicosideos
51 Corynebacterium spp
Corynebaclerium urealylicum pode ser uma importante embora rara causa
de ITU variando a freqOencia de isolamentos significativos de zero a 35 em
popularoes nao selecionadas A bacteriuria por Corynebacterium urealyticum ocorre
em pacientes hospitalizados per longos perledes severamente
imunocomprometidos urologicamente manipulados ou idosos Tal microrganismo
tam bern tern sido associado com pielonefrite e pode desaparecer espontaneamente
da urina mesmo sem antibioticoterapia (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Corynebacterium glucuroneyticum tambem chamado Corynebacterium
seminae tern side iselade de semen e trate g~nite-urinarie masculine e pede causar
prostatite ou uretrite Corynebacterium pseudogenitalium (CDC grupo F1) tambem
tern sido reconhecido como pat6gene do trato urinario (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
36
Foi relatado por Soriano e Ponte (1992) um caso de cistite de incrusta~ao
causado por urn corineforme identificado como CDC grupo F1 0 paciente havia
sofrido ITU previas persistentes causadas por Corynebacterium ureayticum (CDC
grupo 02) A cura bacteriol6gica foi alcan=ada apes urn mes de tratamento com
amoxicilina e acido acetohidroxamico
Meria at al (1998) realizaram levantamento bibliografico entre as anos de
1985 a 1997 sabre casas de cistite e pielite de incrustacao Foi constatado a
aumento progressive no numero de cases especialmente em pacientes
imunodeprimidos e particularmente em transplantados renais Tais inflamacoes
cr6nicas estao associadas com incrustac6es da mucosa causadas por bacterias
produtoras de urease tendo sido as mais freqOentes especies de Corynebacterium
grupo 02 A presenCa de urina alcalina contendo abundantes debris mucopurulentos
calcificados e alta mente sugestiva e pode auxiliar no diagnostico clinico A
demonstracao da bacteria envolvida requer culturas prolongadas em meios de
cultura enriquecidos 0 diagnostico precoce pode evitar falhas de tratamento e uma
possivel rejeicao do orgao transplantado
Em estudo realizado par Riegel et al (1995) corineformes em quantidades
significativas (104a 105 UFCml) foram isolados em amostras de semen uretra urina
e sangue de homens inferteis com diagn6stico de prostatite As analises genomicas
realizadas demonstraram ser as cepas pertencentes a uma mesma especie dentro
do genero Corynebacterium As 12 amostras mostraram padroes bioquimicos
simi lares entre elas born crescimento em agar sangue de carneiro em contraste com
crescimento pobre no mesmo meio suplementado com Tween 80 1 teste de
CAMP positivo fermentacao de glicose sacarose e presenCa de beta-glucuronidase
Tais caracteristicas permitiram a distincao destas cepas dos outros membros do
37
genera e 0 nome proposto foi Corynebacterium seminae Embera organismos
difter6ides pass am fazer parte da microbiota uretral a presenCa de contagens
significativas destas especies no semen sugere urna implica~ao infecciosa
particularmente na prostatite
Estudo molecular filogenetico baseado em 16S rRNA peR realizado em
pacientes com prostatite croniea demonstrou sinais bacterian05 em 65 dos
pacientes estudados Foi constatada a ocorreuromcia de um amplo espectro de
especies bacterianas no fluido prostatico dos pacientes incluindo Corynebacterium
Staphylococcus PepiosfreptococGUS Streptococcus e Escherichia Especies do
genera Corynebacterium foram encontradas em maior proponao incluindo especies
ainda nae descritas e n~o presentes nas amostras de controle sugerindo que
possam ter um papel na doen~a au que sejam conseqOemcia da mesma 0 estudo
mostreu ainda que os microrganismos associ ados com prestatite geralmente
ocorrem em comunidades microbianas distintas daquelas encontradas em liquidos
prostaticos normais (TANNER ot al 1999)
Segundo Domingue e Hellstrom (1998) a observaltio microsc6pica
cuidadosa de amostras de secre~~o prostatica bern como a inocula~~o em meios
enriquecidos sao essenciais para a isolamento de corineformes Foi realizado estudo
em uma amostra de secre~ao prostatica na qual a colora~ao de Gram apresentou
cocobacilos gram Itlbeis pleom6rficos que nao se desenvolveram em meios de rotina
incubados por 72 horas a 35degC Houve desenvolvimento em meio de cultura
enriquecido com extrato de leveduras e sora de cavalo e incubado no minimo 72
horas em atmosfera de 5 de CO2 a 35degC A secregao inoculada em caldo triptose
demonstrou a presen~a de bacilos gram-varitlveis (microscopicamente) e quando
repicada produziu bacilos de crescimento lento em meios de retina e enriquecidos
38
(incubados aerobicamente anaerobicamente ou sob tensao de CO2 par 72 haras)
Corineformes ocultos pod em ser agentes etiol6gicos da prostatite idiopatica croniea
que sao frequentemente perdidos au nao percebidos em procedimentos
bacteriol6gicos de rotina
52 Gardnerella vaginais
o significado de Gardnerela vaginais em urina e controverso pois a
principal associacao patogElnica desta bacteria e com a vaginose na mulher Embora
baixas contagens na urina parecam refletir a micro biota da uretra masculina ou
feminina contagens aeima de 10000 UFCml ja fcram associadas com bacteriuria
sintomatica ITU recorrente cistite na mulher uretrite e prostatite no homem
Entretanto me sma quando ern altas contagens freqOentemente nao ha resposta
leucocitaria Gardnerela vaginalis e encantrada mais freqOentemente em mulheres e
pacientes com doena renal e ap6s instrumentaao (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
Estuda realizado par Agarwal e Dixon (2001) investigau a passivel papel de
Gardnerella vaginalis na cistite intersticial usando metodos maleculares para
garantir a recuperaCao do microrganismo mesmo em baixas contagens Nenhuma
das trinta e tres amastras de bi6psias de bexiga de pacientes com cistite intersticial
foram positivas para Gardnerella vaginais a que embora nao exclua seu
envalvimenta na cistite intersticial diminui esta probabilidade
Ginestre Perez et al (2001) realizaram estudo de mil trezentas e setenta
amostras de jato media de urina de pacientes com sintomas de ITU Gardnerella
vaginalis cujo papel patagenica no trato urinario e discutivel ocupou a segundo
lugar em freqOencia etiologica (1763) ficando atras somente de Escherichia coli
(5210) e superando microrganismos cansiderados uropat6genas classicos como
39
Proteus mirabifis (763) Klebsiella pneumoniae (684) e Pseudomonas
aeruginosa (368) Embera a presen~a de Gardnerella vaginais em amostras de
jato media urinario possa indicar contaminayao vaginal todos as cultivos positivos
para esta bacteria apresentavam contagens superiores a 100000 UFCml e
provinham de pacientes sintomaticos representando urna alta probabilidade de
infec~ao urinaria verdadeira
53 Mycoplasma hominis E Ureaplasma urealyticum
Especies patogenicas como Mycoplasma hominis e Ureaplasma urealyticum
ocorrem freqOentemente como colonizantes do trato urogenital inferior de homens e
mulheres saudaveis A ocorrencia de infec~ao esta provavelmente relacionada a
imunossupressao obstru~ao ou procedimentos previos de instrumental)ao no trato
urinario Ureaplasma urealyticum tern sido encontrado em calculos urinarios de
pacientes com liHase infecciosa sugerindo uma possivel associal)ao causal
Mycoplasma hominis tern sido isolado do trato urinario superior em pacientes com
sintomas de pielonefrite aguda FreqOentemente ha resposta imunol6gica especifica
(MURRAY 1999)
Foi pesquisada a presen9a de Ureaplasma urealyticum e Mycoplasma
hominis em amostras de jato medio de 314 mulheres e 52 homens sintomaticos do
trata urinltilria Ureaplasma urealyticum fai isalada em 54 (171) das mulheres e 8
(154) dos hom ens e Mycoplasma hominis foi isolado em 12 (38) das mulheres
e 4 (77) dos homens Ureaplasma urealyOcum foi superado apenas par
Escherichia coli e Gardnerella vaginalis em ambos grupas 366 e 254
respectivamente no sexo feminina e 585 e 308 no masculino Demonstrou-se
partanto que a bacteriuria par ureaplasmas e relativamente co mum porem nao e
40
detectada por metodos convencionais de cultura de urina (AVILES ZARAGOZA
1998)
A significancia de micoplasmas em amostras de jato medic urinario e de
dificil determinacao devido a provavel contaminacao da amostra par
microrganismos colonizantes da vagina e uretra distal Entretanto estudos
realizados em amostras de aspirado suprapubico em gestantes demons tram que 0
desenvolvimento de pre-eclampsia e tres vezes mais prov3vel em mulheres
apresentando culturas positivas para ureaplasmas no inicio da gestacao do que em
mulheres com culturas negativas no mesmo periodo (KONEMAN ef a 1997)
54 Haemophilus spp
Existem varios estudos relacionando Haemophifus influenzae e Haemophilus
parainfluenzae a ITU embora sua freqOencia e significancia nae tenham sido
confirmadas Alguns pesquisadores sugerem a inclusao de agar chocolate em
culturas de urina de crian~as por causa da associa~ao de Haemophilus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae com outras infec~6es nesta faixa etaria (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
Maskell (1989) citou a ocorrencia de certas bacterias fastidiosas em sftios do
trato urinflrio abaixe da bexiga como par exemple em cases de prostatite por
Haemophilus influenzae
55 Lactobacillus spp
Em estudo realizado em pacientes do sexe feminine com sind rome uretral
aguda demonstrou-se uma alta freqOencia de isolamentos de lactobacilos Durante
dois anos amastras de jato medic de tais pacientes foram cultivadas observando-se
a principio alta concentracao de lactobacilos principalmente nas pacientes
sintomaticas Ao final do estudo durante 0 qual foi impedido 0 usa de antibi6ticos os
41
lactobacilos desapareceram da urina de muitas mulheres as quais tornaram-se
assintomaticas Os autores concluiram que as sintomas da sindrome uretra podem
ser devidos a multiplica~ao desproporcional de lactobacilos na uretra distal como
resultado de antibioticoterapia frequentemente administrada em cursos prolongados
para resolurao dos sintomas urinarios Lactobacilos tambem tern sido relatados em
amostras de urina obtidas diretamente da bexiga e de amostras de tecido obtidas
par bi6psia vesical bern como ocasionalmente isolados em urinas de mulheres
idosas com sintomas urinarios (MASKELL 1989)
56 COCOS GRAM-POSITIVOS
Microrganismos dos generos Lactococcus Gemella Aerococcus e
Globicatella embora possam estar presentes como contaminantes em culturas de
material clinico tern sido isolados como patogenos oportunistas ern urina e outras
amostras de pacientes imunocomprometidos Esforyos para identifica-Ios devem ser
realizados quando os isolados forem clinicamente significantes isto e isolados
repetidamente ou em cultura pura Devido a semelhanya com outros cocos gram-
positivos isolados com mais freq04sectncia como estreptococos enterococos e
estafilococos possivelmente sao confundidos com especies destes generos
(MURRAY 1999)
Golapachar et al (2004) relata ram um caso de infec9ao do trato urinario com
bacteremia causa do por Aerococcus viridans em um homem de 87 anos residente
em uma cUnica de repouso A cultura de urina apresentau crescimenta de 105
UFCml de Aerococcus viridans e a hemocultura fai positiva para a mesmo
microrganismo Os testes bioqulmicos que leva ram a identificayao do
microrganismo faram reayoes negativas de catalase e LAP (Ieucina aminopeptidase)
e reaDes positivas para PYR (L-pyrrolidonyl-beta-naphtylamina) fermentaao de
42
trehalose e manese resistencia a optoquina crescimento em agar bile esculina 40
e cresci menta em cloreto de s6die 65 As especies de Aerococcus sao anaer6bias
facultativas a maioria catalase negativa com tendemcia a formaCao de tetrades na
morfologia microsc6pica PYR positivo e LAP negativ~ a que as diferencia de
enterococos e estreptococos
A escassa documentacao a respeito de infecyoes humanas por Aerocccus
sp deve-se provavelmente a sua similaridade microbiol6gica aos estreptococos alfa-
hemoliticos e enterococos e possiveis erras na interpretacao laboratorial de
amostras clinicas No casa acima descrito a laborat6rio de microbiologia nao pade
reaHzar a antibiograma devido a natureza fastidiosa da bacteria mas houve sucesso
terapeutico ap6s administray8o intravenosa de levofloxacin (GOLAPACHAR et al
2004)
Um caso de pielonefrite e urossepsis por Streptococcus pneumoniae foi
relatado em urn hornem de 82 anos com hist6ria clinica de leucemia linf6ide cronica
e diabetes mellitus Exames radiograficos abdominais e tomografia computadorizada
mostraram uma imagem indicativa de extensa pielonefrite no rim esquerdo sem
nenhum outro foco de infecc8o 0 abscesso renal foi tratado por drenagem
transuretral e 0 material purulento obtido foi cultivado assim como materiais de
orofaringe escarro e sangue Esearro e orofaringe revelaram apenas mierobiota
normal do trato respirat6rio enquanto 0 material drenado e as hemoculturas
demonstraram microseopicamente cocos gram-positiv~s aos pares e em eadeias
alguns dos quais eram lanceolados havendo bom crescimento em agar sangue de
carneiro e agar chocolate a 37degC As col6nias eram fracamente alfa-hemoliticas no
agar sangue e nao muc6ides catalase-negativas e sensiveis a optoquina Testes de
aglutinac8o sorologiea de ambos materiais confirmaram a identificac8o e testes
43
moleculares demonstraram ser as dois isolados identicas Apesar da terapia
antimicrobiana a paciente desenvolveu coagula98o intravascular disseminada e
sofreu uma parada cardiaca sendo que 0 quadro foi revertido mas tornau-se
necessaria a nefrotomia para eliminar a foco da infeccao Em contraste a estud05
anteriores a paciente descrito apresentou um verdadeiro casa de pielonefrite
abscesso renal e urossepsis causados par Streptococcus pneumoniae A presenca
de doencas como leucemia linf6ide crOniea e diabetes mellitus fcram 5uficientes para
causar um certa grau de imunossupressao e predispor a paciente a infeccao par
Streptococcus pneumoniae mesma sem hist6ria antecedente de infecC8o
pneumoc6cica trauma ou interven9ao cirurgica (DUFKE KUNZE-KRONAWITIER
SCHUBERT2004)
57 BACT~RIAS ANAER6BIAS
Tern sido descritos casas de infec90es do trato urinario par bacterias
anaer6bias com as mais diverses tipos de apresenta90es clinicas entre processes
crenicos e agudos As bacterias recuperadas sao bacilos gram negativQs incluindo
Bacteroides fragifis Prevotella sp e Porphyromonas sp Clostridium sp cocos
gram-positiv~s e Actinomyces sp Em muitos casas sao recuperadas em culturas
mistas com coliformes e estreptococos (BROOK 2004)
58 OUTRAS BACT~RIAS FASTIDIOSAS
Foi descrita par Greub e Raoult (2002) uma nova especie bacteriana
Actinobaculum massiliae recuperada da urina de uma mulher de 81 anos com ITU
cr6nica Os estudos fenotipicos genotfpicos e filogeneticos realizados mostraram
ser 0 isolado urna nova especie ainda nao recanhecida dentro do genera
Actinobaculum e foi proposta a denominacao Actinobaculum massiliae A mesma
cepa faj isolada tres vezes num perlodo de sete meses mesmo apes tratamento
44
com amoxicilina sulfametoxazol~trimetoprim e rifampicina Devida ao fata do
microrganismo nao ser isolado em procedimentos laboratoriais de rotina uma ITU
devido a Actinobaculum massiliae pade ser mal diagnosticada Alem disso as
col6nias apresentam heterogeneidade morfol6gica ap6s cinco dias de incubacao
podendo levar a uma errOnea interpretaC(ao de contaminacao com duas especies de
badlas gram~positivos 0 usa de agar sangue de carneiro e incubacao prolongada
motivado pela presenca de 106 leuc6cit05 per ml na urina da paciente permitiu a
desenvolvimento da cepa Houve cura ap6s tratamento com doxiciclina (GREUB
RAOUL T 2002)
Em estudo clinico e microbiol6gico de mulheres com sindrome uretral -
excluindo pacientes com cistite bacteriana - 41 pacientes foram comparadas com 42
pacientes controle Nao foi encontrada diferenca entre pacientes e con troles em
incid~ncia de Chlamydia trachomatis e outros microrganismos de transmiss3o
sexual 0 numero de lactobacilos e outros microrganismos fastidiosos bem como a
numero de leucocitos na urina nao apresentaram diferenca entre pacientes com
sintomas leves e intensos ou entre pacientes e controles Os auto res sustentam a
hipotese da sindrome uretral nao ser causada por infecrao bacteriana ou clamidial
(GILLESPIE et al 1989)
45
6 CONCLUSAO UMA REFLExAO
E indiscutivel a importo1ncia para a laborat6rio de requisicoes de exame
completas com informayoes sabre suspeita clinica existencia de sintomas
anormalidades do trata urinario e condhoes imunol6gicas do paciente Embora
tradicionalmente a maiaria dos medicos nao fornega muitas informacoes sabre 0
paciente ao laborat6rio a microbiologista pede incentivar a criacao de urn canal de
comunicacao quando observar a necessidade de informagoes sobre determinado
paciente
Exames anteriores do paciente sempre que disponiveis devem ser
consultados e comparados pois informacoes sabre infecc6es recorrentes au
recidivantes especies bacterianas envolvidas au presen9a de piuria esteril sao
importantes para direcionar a pesquisa para agentes fastidiosos
o metoda de coleta e as condi~6es de transporte da urina deterrninam a
qualidade da amostra e a quao relevantes serao as microrganismos nela
encontrados Considerando-se que urna bacteria normalmente considerada como
contarninante introduzida durante a coleta pode ser em alguns casos patogenica ou
ainda que uma especie fastidiosa patogenica de crescimento lento pode ter seu
crescimento inibido par uma contaminante de crescimenta mais rapido a coleta
adequada torna-se urn fator de suma importancia para a detec~ao de especies
fastidiosas em urina
Como ja discutida torna-se indispensavel a realiza~ao da calora~ao de
Gram em amostras de urina pOis alem de ser urn teste de triagem rapida e barato
para bacteriuria acima de 105 UFCml pode ser 0 unica indicativa da presen~a de
urna especie fastidiosa
46
A comunica~ao entre a microbiologista e a medico pode determinar nao 56 a
sucesso do diagn6stico e do tratamento como a viabilidade economica da pesquisa
de bacterias fastidiosas para 0 laborat6rio urna vez que direciona as esforyos
laboratoriais aos pacientes que realmente necessitam evitando 9a5t05
desnecessarios
Bacte-rias fastidiosas podem nao responder ao tratamento antibi6tico para
pat6genos convencionais do trato urinario portanto a pesquisa precocemente
direcionada para tais agentes pode melhorar 0 progn6stico das ITU evitando a
administracao de antibioticos inadequados au desnecessarios
Como observado nos diversos casas reiatados bacterias fastidiosas
ocorrem em cenaries clinicos especificos 0 entendimento do processo da doen=a e
as condi=oes do paciente pod em ajudar muito 0 laboratorio no esfor=o para
recuperar a bacteria do material clinico
47
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
ALBINI C A Cullura de Urina Analise das metodologias interfer~ncja sobre as
resultados e proposta para padronizacao 1994 54 f Monografia (Especia1iza9aO em
Bacteriologia) - Setor de Ciencias da Saude Departamento de Patologia Medica
Universidade Federal do Parana Curitiba
AGARWAL M DIXON R A A study to detect Gardnerella vagina lis DNA in
interstitial cystitis British Journal of Urology (on line) 2001 Disponlvel em
httpwwwbjuiorg889articlebju2514aspAcessoem 03 fev 2005
BATRA A Interstitial Cystitis Updade Infection Urology (on line) 1999 Disponivel
em httphomeswipnetsellsopicupdatehtm Acessa em 20 dez 2004
CLARIDGE J E JOHNSON J R PEZZLO M T Laboratory Diagnosis of Urinary
Tract Infections Washington American Society for Microbiology 281998
BROOK I Urinary tract genito-urinary suppurative infections due to anaerobic
bacteria International Journal of Urology (on line) 2004 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezigueryfcgicmd=Retrieveampdb=pubmedampdopt=Abst
ractamplist uids=15009360 Acesso em 18 mar 2005
DOMANN E HONG G IMIRZALIOGLU C TURSCHNER S KOHLE J
WATZEL C HAIN T HOSSAIN H CHAKRABORTY T Culture-Independent
Identification of Pathogenic Bacteria and Polymicrobial Infections in the Genitourinary
Tract of Renal Transplant Recipients Journal of Clinical Microbiology (on line) 2003
48
Disponivel em httpjcmasmorgcgireprintl41125500pdf Acesso em 18
mar2005
DOMINGUE G J HELLSTROMW J G Prostatitis Clinical Microbiology Reviews
(on line) 1998 Disponivel em httpcmrasmorglcgilcontentifuIl11141604 Acesso
em 03 fev 2005
DUFKE S KUNZE-KRONAWITIER H SCHUBERT S Pyelonephritis and
Urosepsis Caused by Streptococcus pneumoniae Journal of Clinical Microbiology
(on line) 2004 Disponlvel em httpjcmasmorgcgicontentifuIl4294383 Acesso
em 06 mar2005
FAIRLEY K F BIRCH D F Detection of Bladder Bacteriuria in Patients with Acute
Urinary Symptoms The Journal of Infectious Diseases Melbourne v 159 n2 p
226-231 fev 1989
FRAIMOW H S JUNGKIND D L LANDER D W DELSO D R DEAN J L
Urinary Tract Infection with an Enterococcus taecais Isolate that Requires
Vancomycin for Growth Annals of Internal Medicine (on line) 1994 Oisponivel em
httpwwwannalsorgcgicontentifuIl1211122 Acesso em 18 mar 2005
FRANZ M HCRL W H Common errors in diagnosis and management of urinary
tract infection I Patophysiology and diagnostic techniques Nephrology Dialysis
Transplantation (on line) 1999 Disponivel em
httpltwwwndtoupjournalsorgcgicontentifuIl141127 46 Acesso em 01 dez 2004
49
GIBB A P Plates are Belter than Broth for Recovery of Fastidious Organisms from
some Specimen Material Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Oisponivel
em httpjcmasmorgcgireprinU4041129pdf Acesso em 06 mar2005
GILLESPIE W A HENDERSON E P LINTON K B SMITH P J Microbiology
of the urethral (frequency and dysuria) syndrome A controlled study with 5-year
review British Journal of Urology (on line) 1989 Disponfvel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
2804564ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr 2005
GINESTRE PEREZ M ROMERO-A~EZ S MARTINEZ-GARCIA A RINCON-
VILLALOBOS G HARRIS-SOCORRO B CATELLANO-GONZALES M AVILA-
ROO Y PEROZO-MENA A Gardnerella vaginalis y uropat6genos convencionales
em pacientes ambulatorios Revista de La Sociedad Venezolana de Microbiaogia
(on line) 2001 Disponivel em
httpwwwseieloorgvaseielo phpscriptsci arttextamppid=S 1315-
25562001000200003amplng=esampnrm=isso Acesso em 05 jan 2005
GOBERNADO M CRUZ F J DALET F BROSETA E DE CUETO M
SANTOS M DE LA ROSA M Procedimientos en Microbiologla Clinica La
infeccion urinaria 2002 Disponivel em
httpwwwseimcorgprotocolosmicrobiologiaindice14htm Acesso em 01 dez
2004
50
GOLAPACHAR A AKINS R L DAVIS W R SIDDIQUI A A Urinary tract
infection caused by Aerococcus viridans a case report International Medical Journal
for Experimental and Clinical Research (on line) 2004 Oisponivel em
httpwlNNmedscimonitcompubvol 10no 114928pdf Acesso em 03 dez 2004
GREUB G RAOULT D Actinobaculum massiliae a new species causing chronic
urinary tract infection Journal of Clinical Microbiology (on line) 2002 Disponivel em
httpwwwpubmedcentralnihgov articlerender fcgitool=pubmedamppubmedid=12409
355 Acesso em 13 fev2005
HElLBERG I P Diagnosis and clinical management of urinary tract infection
Disponivel em httpwwwunineteducin2003confpfefermanpfefermanhtml
Acesso em 20 out 2004
KONEMAN E W ALLEN S D JANDA W M SCHREKENBERGER P C
WINN Jr W C Cr Atlas and Textbook of Diagnostic Microbiology 5ed
Philadelphia Lippincott-Raven 1997
LIPSKY B A Managing Prostatitis and Urinary Tract Infection in Men Infectious
Diseases Infoalerl (on line) 2003 Oisponivel em
httpwwwdpacomhklpdflinfolnfoALERT 15pdf Acesso em 10 dez 2004
MASKELL R A new look at the diagnosis of infection of the urinary tract and its
adjacents structures Joumaloflnfecfion Portsmouth n 19 p 207-217 jul 1989
51
MERIA P DESGRIPPES A ARFI C LE DUC A Encrusted Cystitis and Pyelitis
Journal of Urology (on line) 1998 Disponlvel em
htlpIwwwjurologycomipUrejuroabstract00005392-1 99807000-
00003htmmiddotjsessionid-CnHOtEDjxvOgrxiWIUac52pekluG1HSCZzrnOpCIJH4V107ePU
evI848681301-949856032190011-1 Acesso em 21 abr 2005
McCUE J D The Management of Complicated Urinary Tract Infections Infectious
Diseases Infoalert (on line) 1999 Disponfvel em
htlpIwwwdpacomhkJpdlfinlofinlo alart 01pdl Acesso em 01 dez 2004
MURRAY P R Manual of Clinical Microbiology 7ed Washington ASM Press
1999
NABER K G BERGMAN B BISHOP M C JOHANSEN T E B BOTTO H
LOBEL B CRUZ F J SELVAGGI F P European Association 01 Urology
Guidelines on Urinary and Male Genital Tract Infections Disponlvel em
httpwwwuroweborglfilesluploaded filesuti mgtLpdf Acesso em 20 dez 2004
OPLUSTIL C P Urocultura In__ Procedimentos basicos em microbiologia
clinica 2 ed Sao Paulo Sarvier 2004 p 88-93
OSBORNE J About Interstitial Cystitis Disponivel em htlplwwwic-
networkcomhandbooklbasicshtmlintro Acesso em 20 dez 2004
52
PEDRAZA AVILES A G ORTIZ ZARAGOZA M C Symptomatic bacteriuria due to
Ureaplasma and Mycoplasma in adults Revista Latinoamericana de Microbiologia
(on line) 1998 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedampdopt=Abs
tractamplist uids=20388109 Acesso em 20 abr 2005
RIEGEL P RUIMY R BRIEL D de PREVOST G JEHL F BIMET F
CHRISTEN R MONTEIL H Corynebacterium seminale sp Nov a New Species
Associated with Genital Infections in Male Patients Journal of Clinical Microbiology
(on line) 1995 Disponlvel em
htlpllwwwpubmedcentralnihgovpicrenderfcgiartid=228387ampblobtype=pdf
Acesso em 19 mar 2005
SORIANO F PONTE C A case of urinary tract infection caused by
Corynebacterium urealyticum and coryneform group F1 European Journal of Clinical
Microbiology Infectious Diseases (on line) 1992 Disponfvel em
httoIwwwncbinlmnihgoventreziguervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
1396772ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr2005
TANNER M A SHOSKES DSHAHEDA PACENR Prevalence of
Corynebacterial 16S fRna Sequences in Patients with Bacterial and Nonbacterial
Prostatitis Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Disponivel em
httpmcmasmorgcontenVfull3761863 Acesso em 06 mar 2005
TRABULSI L R ALTERTHUM F Escherichia coli uropatagenica (UPEC) In
Microbiaagia 4 ed Sao Paulo Atheneu 2004 p 303-309
53
II
3 PATOGENESE DAS INFECCOES DO TRATO URINARIO
As infecc6es bacterianas do trato urinario sao na malaria das vezes
adquiridas por via ascendente a partir da uretra podendo atingir a bexiga e 0 trato
urinario superior (ureter pelves renais e rins) A via hematogenica e menos comum
mas pode acontecer a dissemina~ao de bacterias no interior do glomerulo e do
cortex renal em pacientes com septicemia (KONEMAN et al 1997)
As infecroes do trato urinario sao aproximadamente quatorze vezes mais
comuns no sexo feminin~ sendo a colonizar8o da area periuretral e as alterayoes
anat6micas da uretra e regiao circundante durante a relar8o sexual as principals
latores predisponentes (MIMS el a 1995)
As infecroes urinarias em crianras sao mais comuns em meninos nao
circuncidados pela colonizayao da uretra e prepucio com microrganismos fecais
(MIMS et a 1995)
o f1uxo constante de urina e 0 esvaziamento regular da bexiga sao fatores
de prote9ao contra infec90es portanto urn comprometirnento rnecanico au funcional
do flux a urinario e uma condi9ao importante para a instalacao de um pat6geno Os
fatores rnecanicos incluem calculo renal refluxo vesicoureteral obstru9ao do colo da
bexiga estrangulamento da uretra hipertrofia prostatica e cateterismo Entre os
fatores funcionais mais comuns estao a gravidez e as neoplasias pelvicas devido a
pressao externa sabre as ureteres A osmolalidade extrema da urina 0 conteudo
elevado de ureia e 0 baixo pH tambem sao fatores inibit6rios para 0 crescimento de
bacterias as quais podem ser alterados principalmente quando ocorre lesao na
mucosa (KONEMAN et al 1997)
A micro biota das membranas mucosas exerce papel de prote9ao inibindo a
desenvolvimento de pat6genos pela competicao par nutrientes au sitias de ligacao e
12
pela produ9ao de bacteriocin as (KONEMAN et al 1997) Em mulheres em idade
fertil a producao de estr6genos estimula a colonizaryao vaginal com lactobacllos
bacterias usualmente naD patog~nicas que promovem a pH acido inibitorio para a
maiaria das bacterias As mulheres na pos-menopausa ficam suscetiveis a
colonizacIo da area periuretral par uropat6genos devido ao deficit de estrogenia e
conseqOente aumento do pH vaginal (McCUE 1999)
As bacterias gram-negativas possuem como importante fatar de virulencia
estruturas especializadas chamadas fimbrias ou pili e protelnas externas de
membrana que favorecem a adesao as superficies celulares mucosas ou cutaneas
Fatores de adesao tambem sao encontrados em bacterias gram-positivas como as
acidos lipoteicoicos em estreptococos e proteina M em estafilococos (KONEMAN ef
al1997)
Os fatores de virulencia de Escherichia coli e Proteus mirabilis estao bern
estabelecidos e incluem a sintese de aerobactina e enterobactina (proteinas
seqOestradoras de ferro elemento necessario para replica~ao da bacteria) assim
como a expressao da ffmbria e a produ~ao de hemolisina Flmbrias manose-
sensiveis (tipo 1) tern sido encontradas em especies nao patogenicas e fimbrias
manose-resistentes (tipo P) apenas em especies uropatogenicas As ultimas tern
sido associadas a pielonefrite pois tern a capacidade de aderir aos receptores das
celulas uroepiteliais e posteriormente ascender da bexiga para as rins (FRANZ
HORL 1999) A produ~ao de hernolisina esta associ ada a capacidade de causar
lesao renal (MIMS et al 1995)
Antigenos polissacaridicos capsula res acidos (K) estao associ ados ahabilidade de causar pielonefrite e auxiliarn na inibiCao da fagocitose favorecendo a
resistencia de Escherichia coli aos mecanismos de defesa do hospedeiro (MIMS et
13
al 1995) as polissacarfdeos capsulares bloqueiam a opsonizacao da bacteria par
interferirem com a deposi9ao do complemento (TRABULSI ALTERTHUM 2004)
Estafilococos coagulase negativos tern apresentado capacidade de
aderemcia as celulas do epitelio uretral e a protefnas celulares incluindo laminina
fibronectina vitronectina e colageno que podem permitir uma infeqao ascendente e
subseqOente colonizacao da glandula prostatica Ah~m disso produzem substancias
com propriedades antifagociticas antiquimiotaticas e antiproliferativas que afetam as
neutr6filos e linf6citos prejudicando as mecanismos de defesa do hospedeiro
(DOMINGUE HELLSTROM 1998)
A patogemese da prostatite bacteriana nao esta bern definida mas acredita-
se que 0 mecanisme principal seja infecyao uretral ascendente ou refluxo de urina
infectada da bexiga para os ductos prostaticos pela uretra posterior A prostatite
bacteriana pode ocorrer tambem como complicacao apes instrumentayao ou cirurgia
genitourinaria (LIPSKY 2003)
Assim como os microrganismos que possuem propriedades uropatogemicas
infectam 0 trato urinario normal bacterias nao reconhecidamente uropatogeuromicas
podem causar infeccao quando na presenca de anormalidades do trato urinario ou
quando os mecanismos de defesa do hospedeiro estao prejudicados como em
crian9as idosos gravidas diabeticos e imunocomprometidos como os
transplantados renais (FRANZ HORL 1999)
31 SiNDROMES CLiNICAS
o termo infeccao do trato urinario (lTU) inclui uma ampla gama de
s[ndromes clinicas sendo as mais comuns na pratica cHnica a bacteriuria
assintomatica a cistite (incluindo a sind rome uretral aguda) e a pielonefrite
Qualquer uma das sindromes pode ocorrer em urn paciente com anormalidades
14
urol6gicas que predispOem a ITU au dificultam 0 tratamento e nestes cases a
infec~ao e designada complicadaD
bull Sindromes ITU menes comumente
encontradas incluem prostatite abscessos renais e urossepsis (ITU com bacteremia)
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
As infec90es do trato urinario nao complicadas sao comuns e estima-se que
50 das mulheres que possuem 0 trato gemito-urinario normal apresentarao pelo
menes urn episodio de ITU aguda durante a vida As ITU complicadas estao
associadas a anormalidades funcionais au estruturais do trato urinario (bexiga
neurogenica refluxo vesicQureteral rim esponjoso medular nefrocalcinose cistos
renais etc) obstru9aO do trato urinario (hiperplasia benigna da pr6stata urolitiase
tumores estenose da jungao uretero-pelvica) cateterizagao ou instrumentacao
patogenos multirresistentes imunossupressao ou prostatite (HElLBERG 2003)
A diferenciagao entre ITU inferior e superior e importante tendo em vista as
complicagOes do envolvimento renal na infecgao no entanto os procedimentos
diagn6sticos mais acurados sao invasivos e apresentam risco (cateterizagao)
Usualmente a elevagao de parflmetros inflamat6rios como a proteina C reativa
leucocitose e febre indicam ITU superior e rnais recentemente tern sido utilizada
como marcador a excreyao aumentada de N-acetil-beta-glucosaminidase A
resoluyao da bacteriuria ap6s urn dia ou ap6s tratamentos curtos de tnsects dias condiz
com ITU inferior (FRANZ HORL 1999)
Murray (1999) cita como principais bacterias patogeuromicas no trato urinario
Escherichia coli Proteus mirabilis Klebsiella spp Enterobacter spp Pseudomonas
spp Enterococcus spp Staphylococcus saprophyticus Staphylococcus aureus
Ureaplasma spp Mycobacterium tuberculosis e Neisseria gonorrhoeae Sao
encontrados como microrganismos comensais no trato gemito-urinario
15
Corynebacterium spp Lactobacillus spp Staphylococcus spp Streptococcus spp
Neisseria spp nao patogemicas Mycoplasma spp Ureaplasma spp Gardnerella
vaginalis microrganismos entericos Acinetobacter spp Capnocytophaga spp
Enterococcus spp e bacterias anaer6bias
A bacteriuria assintomatica e definida pela presen~a de bacterias em algum
local do trato urinario na ausencia de sintomas Sua significancia clinica e
controversa tendo em vista que certes grupos de pacientes podem sofrer
consequeuromcias graves como por exemplo crian~as com refluxo vesicQureteral nas
quais a infecvao silenciosa pode causar dana renal e tambem gestantes nas quais
a progressao da infecCao pode causar dana ao feto bern como aumentar 0 risco de
pielonetrite na mae (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Cistite e definida como a infec9c3o presumivelmente limitada a bexiga pela
presen9a de sintomas caracteristicos (disuria urgencia OUfrequemcia) e ausencia de
sintomas sugestivos de inflamacZlo em Qutros locais do tratc urinario (CLARRIOGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
A sindrome uretral aguda tambem conhecida por sind rome piuria-disuria au
abacteriuria sintomatica e caracterizada por sintomas de ITU (disuria urgencia e
miccoes freqOentes) acompanhados de leucocituria e cultura de urina negativa au
com baixas contagens de bacterias Atualmente reconhece-se que 0 criteria de
contagem de colonias tradicional utilizado para diferenciar cistite bacteriana de
sindrome uretral aguda e controverso e que muitas mulheres disuricas com baixas
contagens de col6nias necessitam de tratamento para ITU bacteriana aguda
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998 HElLBERG 2003)
A sind rome uretral aguda pode ser causada por bacterias fastidiosas ou nao
usuais como Chlamydia trachomatis Ureaplasma urealylicum Neisseria
16
gonorrhoeae Mycoplasma spp Mycobacterium spp Trichomonas spp au Candida
spp Outras causas incluem abscessos rena is obstrucao ureteral completa e
luberculose renal (HEllBERG 2003)
A inflamacao dos rins e pelves renais (pielonefrite) oeasiona sintomas de
dor ou sensibilidade envolvendo 0 f1anco frequentemente acompanhados par urna
resposta inflamat6ria sistemica incluindo febre calafrios indisposicao dar de
cabera e nauseas as quais naD acorrem em pacientes com cistite Em alguns
pacientes estas manifestaroes sistemicas ocorrem sem sinais au sintomas locais de
envolvimenlo renal condilao denominada de ITU febril (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZlO 1998)
A cistite intersticial e urna inflamacao croniea e freqOentemente severa da
bexiga cuja causa e desconhecida Os sintomas primarios sao freqUelncia urgencia
e dor abdominal ou perineal e as culturas de urina sao raramente positivas Os
pacientes normalmente apresentam pequenas hemorragias (glomerulayoes) ou
ulceras na bexiga ahsectm de diminui9aO da capacidade urinaria e rela90es sexuais
dolorosas Muitos pacientes recebem urn diagn6stico prirnario de sind rome uretral
ale a descoberta do real diagn6slico (OSBORNE 2003)
Muitos pacientes com cistite intersticial tern urna hist6ria de ITU recorrente
Alguns autores teorizarn que a bacteria causa dora pode ser urna especie fastidiosa
ou presente ern pequeno numero e que a sua presen9a pode na~ produzir a cistite
intersticial mas ser responsavel p~r urna resposta inflamat6ria e imunol6gica
(BATRA1999)
A infeC9aO bacteriana da glandula prostatica (prostatite) pode ocorrer como
resultado de infeC9aO uretral ascendente par refluxo de urina infectada para as
ductos prostaticos via uretra posterior ou par via linfogenica ou hernatogenica A
17
prostatite bacteriana aguda promove urn abrupto inrdo de febre e sintomas
genitourinarios e constitucionais enquanto a croniea e urna enfermidade sutl
caracterizada por recidivas lTU recorrente e persistencia da bacteria na secre9ao
prostcitica mesma apas multiplos cursos de antibioticoterapia Urna terceira
sindrome a prostatite croniea idiopatica (inclui-se aqui a prostatite nao bacteriana e
a prostatodlnia) usualmente caracteriza-se par dor perineal persistente e sintomas
urol6gicos podendo ou nao estar associada a urn grande numero de celulas
inflamatorias na secre9ao prostatica e a urna bacteria cultivclvel laboratorialmente
(DOMINGUE HELLSTROM 1998)
A prostatite crOniea em homens com culturas negativas mas com
leucocitose na secrecao prosttltica (mais de 10 leuc6citos por campo em aumento de
1000X) e classificada como prostatite nao bacteriana e a doenca naqueles cujas
culturas sao negativas e que nao apresentam leucocitose na secreCao prostatica e
classificada como prostatodlnia (TANNER et al 1999)
o agente etiol6gico predominante nas prostatites bacterianas agudas e
cronicas e Escherichia coli seguido par especies de Proteus e Providencia e menos
cornu mente Klebsiefla spp Pseudomonas spp Serratia spp e Enterobacter spp
Estudos recentes demons tram que cepas de Escherichia coli causadoras de
prostatite expressam fatores de virulemcia similares as cepas causadoras de
pielonefrite Staphylococcus aureus Staphylococcus saprophyticus e outros
estafilococos coagulase negativos ocasionalmente podem causar prostatite assim
como algumas bacterias fastidiosas como por exemplo corinebacterias Gardnerella
vaginalis e Haemophilus influenza (LIPSKY 2003)
A prostatite cronica idiopatica (nao bacteriana) e uma condicao multi-
sintomatica de causa discutivel Etiologias propostas sao infeccoes par Chlamydia
18
trachomatis Mycoplasma hominis Ureapfasma urealyticum Trichomonas vaginalis
au agentes virais embora muitos estudos naD confirmem lais dados Tecnicas
microbiol6gicas especiais e tecnicas moleculares tern demonstrado em pacientes
com prostatite naD bacteriana colonizaf(80 prostatica com especies bacterianas de
baixa virulencia e tambem bacterias fastidiosas sugerindo etiologia infecciosa
(LIPSKY 2003)
Homens jovens com prostatite aguda podem ter baixas concentracoes de
bacterias na urina as quais nao sao reconhecidas como significantes e
possivelmente naD reportadas au entao podem ser infectados com microrganismos
fastidiosos como Gardnerella vaginais Quando traladas par insuficiente periodo de
tempo ou com um antibiotico inadequado que nao atinge urna concentracao
terapeutica adequada no tecido prostatico tais pacientes podem evoluir para uma
condi9ao de prostatite crOnica (MASKELL 1989)
A ITU e comum apos transplantes renais embora os riscos estejam sendo
diminuidos pelo uso de menores doses de imunossupressores e tambern pelo uso
profilatico de antibioticos Entre os fatores predisponentes pode-se citar infeccao
previa no rim do doador bern como alteracao do uroepitl~lio do receptor causada p~r
cateteres vesica is e stents ureterais Nos primeiros tr~s meses as ITU sao
geralmente assintomaticas e recidivantes ap6s esse perlodo sao menos freqOentes
e ha melhor resposta a antibi6ticos embora sejam comuns as complicacOes
urol6gicas como fistulas e obstrucoes Isquemia do orgao devido a dano arterial
pode promover ITU pela colonizacao bacteriana do tecido lesado usualmente por
bacterias comensais ou fastidiosas A erradicacao das infecc6es pode tomar-se
impossivel ate que 0 rim ou pelos menos 0 segmento prejudicado seja removido
(NABER et ai 2004)
19
Lactobacilos corinebacterias e alguns estreptococos fastidiosos podem ser
patogenos secundarios em ITU originalmente selecionados da microbiata uretral par
tratamento antibi6tico Tal situa~ao pade acorrer em pacientes que tenham recebido
agentes antibacterianos durante long05 periodos au antibioticoterapia aSSDciada a
urn periodo de cateterizayao A falha na deteqao laboratorial destas especies pade
resultar em tratamento antimicrobiano inadequada exacerbando 0 problema OU
ainda levar a investiga90es invasivas desnecessiuias (MASKELL 1989)
20
4 A ROTINA DA UROCULTURA NO LABORATORIO DE ANALISESCLiNICAS
o diagn6stico microbiol6gico de uma infeqao urinaria mesma baseando-se
na determinay80 de microrganismos em urn Hquido biologico normalmente esteril
apresenta dificuldades com relaCao a valoriz8gao dos resultados E sabido que
existem microrganismos naturalmente residentes na uretra regiao genital e perinea
que podem contaminar a urina acidentalmente somando-se a issa a a9ao da
temperatura que estimula a proliferar8o bacteriana Par outro lado as tecnicas de
coleta e cultivo de amastras devem ser direcionadas a pesquisa de microrganismos
pouco habituais as quais podem ser importantes em determinadas situaroes
(GOBERNADO ef al 2002)
A decisao de como uma amostra deve ser cultivada depende do metoda de
coleta e dos sinais e sintornas cllnicos do paciente informa~6es que deveriam ser
transmitidas ao laboratorio pelo medico Entretanto na maioria das vezes 0
laborat6rio recebe informa~6es incompletas ou incorretas que resultam na realiza~ao
de muito ou pouco trabalho com uma determinada amostra (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
A classifica~ao de culturas de urina por tipos permite que 0 manejo das
amostras seja direcionado pela necessidade clinica e que 0 laborat6rio possa
escolher os meios de cultura e a quantidade de inoculo mais apropriada Com base
nos dad os cllnicos do paciente podem-se definir tres tipos de cultura de urina
retina inspeao e invesligaliva (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
As culturas de retina sao apropriadas para pacientes ambulatoriais e com
ITU nao complicadas As culturas de inspe~ao devem ser realizadas em pacientes
geriatricos e individuos que utilizam cateteres vesicais nos quais a caloniza~ao au
infec~ao por multiplos microrganismos e comum Culturas investigativas sao aquelas
21
direcionadas para diagn6sticos especificos microrganismos fastidiosos ou grupos
diferenciados de pacientes Devern ser realizadas nos casas de cultura previa
negativa de falha na terapia antimicrobiana au no case de suspeita de urn
uropat6geno naD usual E tambem apropriada a sua realiza980 quando ha
discrepimcia entre a apresentacao clinica do paciente au a coloracao de Gram e 0
resultado previa da cultura (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Os meios de cultura m~is utilizados para semeadura de urina sao as
seletivQs diferenciais como 0 meio de Teague (agar eosin a azul de metileno) e de
Mac Conkey associados ao agar sangue 0 meio de CLEO (agar cistina lactose
eletr61ito deficiente) e muito utilizado no Brasil e permite 0 crescimento de bacterias
gram-negativas e gram-positivas Tais meios auxiliam na identifica980 presuntiva da
bacteria atraves da colora98o colonial indicando a capacidade de fermenta980 da
lactose (ALBINI 2004)
Segundo Clarridge Johnson e Pezzlo (1998) culturas urinarias de rotina
devem ser realizadas semeando as amostras em agar sangue de carneiro 5 e em
agar Mac Conkey eu um meio seletive similar e incubando as placas por 18 a 24
horas a 35 - 37deg C em ar ambiente Ainda assim e meio de CLEO e preferido nos
laboratories brasileiros pela sua versatilidade Para microrganismos fastidiosos 0
agar chocolate deve ser utilizado em conjunto com agar CNA (Columbia-colistin a-
acido nalidixico) eagar MacConkey devendo-se utilizar a al93 calibrada de 001ml
alem da al9a 0001 ml As placas de CNA e agar chocolate devem ser incubadas em
5 CO2 por 48 horas
Para popula96es especificas com ITU cronicas ou anormalidades
anatomicas pode ser apropriada a cultura visando microrganismos anaerobios au de
cresci menta lento (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
22
Para popula90es nas quais as culturas polimicrobianas sao comuns 0 agar
CNA pade ser utilizado para demonstrar a presenca de enterococos Qutros cocos
gram-positives au leveduras presentes nas culturas mistas 0 agar CNA permite urn
born cresci menta de estreptococos corinebacterias e Gardnerela vaginalis e deve
ser incubado por 48 horas a 35 C (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Amostras obtidas par puncao suprapubica au de pacientes com suspeita de
sindrome uretral aguda devem ser semeadas com al98 calibrada de 001 ml a1em
da ala de 0001 ml em agar sangue (OPLUSTIL et al 2004) Contagens baixas ou
mesma multiplos tipos de microrganismos devem ser valorizados em tais cases
(KONEMAN 1997)
Corynebacterium ureafyticum e Qutras corinebacterias desenvolvem-se bem
em agar sangue de carneiro 5 au agar CNA mas sao mais bern visualizadas ap6s
incubaao de 48 horas (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
As calOnias de Gardnerella vaginalis sao fracamente visiveis em agar
sangue ap6s 24 haras de incuba~ao e recomenda-se a usa de agar CNA au HBT
(agar sangue tween bicamada) e incuba~aa par 48 haras em tensaa de C02
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
as tactabacilos podem ser isolados em meias de isotamento prima rio
utilizadas para urina como a meio de CLEO no entanto devem ser incubadas par 48
horas em atmosfera de CO (MASKELL 1989)
a resultada da cultura deve ser sempre carrelacianada com a leitura do
Gram Caso nao haja crescimento ap6s 18 a 24 horas de incuba~ao e na
microscapia tenha sido observada a presen~a de microrganismas au numero
eleva do de leuc6citas deve-se incubar as ptacas par mais 24 haras (OPLUSTIL et
al2004)
23
A piuMa esteril e urn achado importante que po de refletir usa de
antibioticoterapia outras doencas como neoplasias au calculos urinarios au
infeccoes com microrganismos que naD sao detectados par rnetodos rotineiros de
cultura (MIMS et aI 1995)
o conceito de bacteriuria significativa para 0 diagn6stico das ITU e
tradicionalmente baseado no criteria quantitativa estabelecido par Kass na decada
de 1950 permitindo a distincao entre colonizarao e infecrao A utilidade e a
consistemcia do criteria de contagem de colOnias superior OU igual a 105 par mililitro
tern sido validadas repetidamente par varios pesquisadores demonstrando que tal
criterio nilo pode ser aplicado a todos os pacientes (FRANZ HORL 1999)
A baixa especificidade da cultura quantitativa de jato medio se deve apossivel adilao de bacterias comensais a urina durante a coleta A baixa
sensibilidade dos resultados inferiores a 105 UFCml pode ser devida a excregao
intermitente de bacterias que pode ocorrer em determinados sitlos do trato urinario
bem como ao uso de meios de cultura que nao proporcionam 0 cresci menta de
todas as especies capazes de infectar 0 trato urinario (FAIRLEY BIRCH 1989)
Altas contagens de bacterias aer6bias sao encontradas em amostras de
urina de jato medio quando os microrganismos sao providos de 6timo substrato e de
ten sao de O2 relativamente alta Em algumas sltuagoes como infecgoes cronicas
prostatite infecgao das glandulas parauretrais em mulheres litiase infecciosa e
cicatrizes renais per pielonefrite croniea os mierorganismos podem nao se
multiplicar tao rapidamente e pertanto nao apresentarem contagens tao altas quanta
nas cistites agudas Os sitlos de infecgao abaixe da bexiga nao fornecem as
mesmas condigoes favoraveis de incubagao ahsectgtmdisso a velocidade do fluxo
24
urinario e a freqO~ncia de miccaosao fatores que influem nas contagens bacterianas
(MASKELL 1989)
Torna-se claro que considerar baixas contagens de pat6genos aero bios em
culturas puras como contaminaCao e incorreto e pode levar a erros de diagn6stico
pois infeccoes de grande signific~ncia cHniea pod em nao estar sendo detectadas t
igualmente importante nao considerar automaticamente urna alta contagem de
col6nias como infecy8o sem considerar as condicoes do paciente e da coleta 0 usa
de antibi6ticos em resposta a urna alta contagem bacteriana pode selecionar cepas
resistentes tornando mais dificil 0 tratamento de infecgoes posteriores verdadeiras
(MASKELL 1989)
Alguns procedimentos utilizados para 0 diagnostico das ITU sao
considerados inaceitaveis atualmente e nao devem ser realizados como cultura de
cateter de Foley cultura de urina em meios Hquidos cultura de sedimento urinario
pesquisa de anaer6bios como procedimento de rotina e em urina de jato media au
obtida par cateteriza9ao bem como cultura de urinas que tenham permanecido mais
de duas heras sem refrigeragao au canservagao (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO1998)
41 COLETA E TRANS PORTE DE AMOSTRAS
A coleta e a trans porte inadequado da amostra podem levar a um resultado
de diffcil interpreta9aO Portanto a medida mais importante para realizar uma cultura
de urina e estabelecer rfgidos criterios de coleta e propiciar treinamento constante
para as profissionais envolvidos na realiza9aO da coleta (OPLUSTIL et al 2004)
Koneman et al (1997) recomendam que a paciente receba as instru90es de
coleta impressas ap6s receb~-Ias verbalmente Caso 0 paciente demonstre
inseguran9a au nao compreenda urn profissional treinado deve explicar novamente
25
passo a passo ou se passivel acompanhar pessoalmente a coleta (coleta
supervision ada)
Amostras de urina de jato media sao as amostras mais comumente
submetidas a cultura De preferencia deve ser colhida a primeira urina da manha
podendo ser aceitas urinas com pelo menos 2 heras de reten~ao Ap6s higiene da
regiao genital despreza-se 0 primeiro jato - 0 que auxilia a eliminacao dos
contaminantes da uretra inferior - e colhe-se 0 jato media em fraseD esteril
apropriado desprezando-se 0 final da mic9ilo (OPLUSTIL eJ al 2004) A higiene
genital deve ser realizada com agua e sabao naD anti-septico devendo ser as [abias
vaginais afastados e 0 prepucio retraido antes da miccao (GOBERNADO et 81
2002)
Alguns autores afirmam que mesma quando a coleta e meticutosamente
reatizada com a assist~ncia de um pro fissional treinado a urina apresenta-se
frequentemente contaminada (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Amostras urinarias de criancas obtidas com saco coletor devem ser colhidas
apos higiene da regiao genital e colocacao do saco coletor de forma asseptica
Troca-se 0 coletor a cada 45 minutos ou 1 h~ra repetindo-se a higiene e evitando-se
contaminacao fecal 0 coletor deve chegar fechado ao laborat6rio Tas amostras
freqOentemente sao contaminadas com microrganismos fecais promovendo
resultados falso-positivos portanto 0 maior significado clinico de amostras obtidas
com saco coletor e 0 resultado negativo (OPLUSTIL et a 2004) Culturas positivas
devem ser confirmadas por metodos de cateterizacao direta ou aspiracao
suprapubica (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Em pacientes com sanda vesical permanente pinca-se a canula do coletor
realiza-se desinfeccao da canula com alcool 70 e punciona-se com seringa e
26
agulha estereis colocando-se a amostra em frasee esteri Nunea se deve obter a
amostra do saco coletor de pacientes sand ados porque a multiplica9ao bacteriana
fornecera urn numero muito maior que aquele real mente presente no paciente
(OPLUSTIL et al 2004) Tambem nao se reeomenda deseoneetar 0 eateter do tubo
coletor sob risco de introduyao de microrganismos no sistema Sempre que passivel
tal coleta deve ser realizada ap6s troea do cateter pois urna microbiota que naD
corresponde a do paciente pade residir em cateteres antigos (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
A punyao suprapubica e considerada a metoda padrao auro para coleta de
urina par representar a verdadeira bacteriuria vesical (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998) Calhe-se com seringa e agulha diretamente par pun9ao vesical Tal
procedimento evita problemas de contamina9ao uretral e e recomendado para
crian9as ate dois anos detec9ao de anaer6bios enos casos de repeti9ao de ex ames
com interpretaoes duvidosas (OPLUSTIL et al 2004) Pode tambem estar indieada
para homens de qualquer idade com fimose e em mulheres com bacteriurias de
repeti~o de proeedeneia duvidosa (GOBERNADO et al 2002)
A cateteriza9ao com finalidade unica de obten9ao de amostras somente
deve ser realizada em pacientes nos quais nao seja possivel a elimina9aO
espontanea de urina como doentes neurologicos au com problemas urol6gicos
obstrutivos Caso seja necessaria devern-se utilizar tecnicas rigorosas de assepsia
por causa do alto risco de introdu9ao de rnicrorganismos (KONEMAN et a 1997
GOBERNADO et a 2002)
Para a pesquisa de Mycobacterium tuberculosis tres amostras de urina da
manha devem ser coletadas em dias consecutivos as tecnicas de cultivo para
27
micobacterias naD permitem a cresci menta de outros agentes e portanto a coleta
nac necessita de assepsia rigorosa (MIMS et al 1995)
Caso naD seja passivel a processamento da amostra de urina em ate 2
haras apas a coleta a amostra deve ser refrigerada (2 a 80 C) e processada em ate
24 haras tempo maximo para manuten~ao da contagem bacteriana estavel 0 usc
do preservativo acido b6rico permite que a amostra permane98 a temperatura
ambiente (20 a 25 C) ate 24 horas antes de ser process ada (OPLUSTIL ef aI 2004
CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Sistemas de trans porte usanda acido b6rico podem ser metodos alternativQs
para coletas realizadas em casa au em locais distantes do laborat6ria e mostram-se
tao efetivos quanta a refrigeragao (KONEMAM ef ai 1997)
Oepois de coletada a amostra de urina deve ser encaminhada ao laboratorio
a mais rapido possivel e com todas as informayoes necessarias para degprocessamento Devem ser relatados 0 horario e 0 metodo da coleta 0 tempo de
reteny80 da urina 0 tipo de paciente (por exemplo urologico ou geriatrico) a idade
o sexo se 0 paciente tem recebido quantidades aumentadas de Ifquido
apresentay80 clinica (existencia de sintomas) resultados de urinalise (presen9a de
celulas inflamat6rias) e resultados antecedentes de cultura (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
De maneira ideal as amostras devem ser coletadas antes do inicio da
terapia antimicrobiana Caso 0 paciente ja esteja recebendo ou tenha recebido
antibioticoterapia nas 48 horas antecedentes a realizay80 do exame esta
informay80 deve ser explicitada no formulario de requisiy80 do exame (MIMS et al
1995)
28
Recoletas devem ser solicitadas quando amostras nae refrigeradas forem
recebidas 2 horas ou mais ap6s a coleta au quando nac fcrem comunicados 0
horario e a forma de coleta No entanto nenhuma amostra deve ser desprezada
antes do cantata com 0 medico solicitante po is ela pade em alguns casas ser
insubstituivel (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Menos de 5 das urinas coretadas e transportadas adequadamente
apresentam multiplos microrganismos Exce~6es sao amostras de pacientes com
bexiga neurogemica au usa cranico de cateteres nos quais a bacteriuria
polimicrobiana pade ser detectada em 30 a 80 das culturas freqOentemente sem
infecao (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Segundo Koneman et al (1997) a acuracia do procedimento de coleta de
urina pode ser monitorada pela frequencia de exames com contagens entre 104 a 105
UFCml que nao deve exceder 5 a 10 se os procedimentos forem realizados
apropriadamente
42 A IMPORTANCIA DA COLORAltAo DE GRAM
Durante as ultimas decadas testes rapidos de triagem para bacteriuria foram
desenvolvidos com 0 propos ito de fornecer resultados mais rapid os e de eliminar a
necessidade de cultivar amostras negativas Entretanto sua utilizacao e limitada
principalmente pela incapacidade de detectar baixos niveis de bacteriuria e piuria
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
A coloracao de Gram da urina nao centrifugada e um dos metodos mais
rapidos seguros e baratos para estimar bacteriuria superior a 105 UFCml e
presenca de mais de 8 a 10 leucocitoslJl Homogeneiza-se muito bem a urina
coloca-se uma gota sobre lamina sem espalhar e deixa-se secar ao ar A lamina
deve ser fixada par calor au metanol (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998) A
29
presenca de uma ou mais celulas bacterianas per campo em aumento de 1000
vezes tern sensibilidade de 94 e especificidade de 90 em refletir uma contagem
de colOnias superior a 10 UFCml (KONEMAN ef al 1997)
Embora seja urn metoda barato de triagem a coloraC8o de Gram naD e
utilizada par muitos laborat6rios pelo consumo de tempo e baixa sensibilidade em
contagens inferiores a 105 UFCml Sugere-se a sua utilizacao como teste de triagem
apenas em pacientes com contagens de col6nias provavelmente altas
principalmente as assintomaticos e com suspeita de pielonefrite Alguns autores
relatam melhora da sensibilidade a nlveis acima de 104 UFCml com 0 usa de
citocentrifuga (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
A coloraCao de Gram do sedimento urinario em bora ainda utilizada por
muitos laboratorios e impropria pela baixa reprodutibilidade e dificuldade de
padronizacao e correlacao com os metodos de velocidade de excrecao de leucocitos
au contagem em camara (ALBINI 1994)
As informac6es fornecidas pela cOloracao de Gram sobre a morfologia do
microrganismo e caracteristicas na coloracao sao extremamente importantes para a
selecao inicial da terapia antimicrobiana enquanto se aguarda 0 informe definitivo
do resultado da cultura e do antibiograma (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO
1998)
~ imprescindivel a realizacao da coloracao de Gram para deteccao de
bacterias fastidiosas ou nao usuais Devido a dificuldade de desenvolvimento nos
meios utilizados para a deteccao de enterobacterias em alguns casos somente a
visualizacao microscopica indicarcfi a sua presenca (FRANZ HORL 1999)
A observacao microscopica da urina permite verificar a qualidade da amostra
especialmente em mulheres nas quais a contaminacao vaginal e frequente
30
produzindo resultados falso-positivos A presen~a de muitas celulas epiteliais e de
mais de urn tipo de microrganismo no Gram sugere contamina9aO da amostra em
decorrencia da coleta (OPLUSTIL et ai 2004)
Dutro aspecto importante da coloracao de Gram e a sua utilidade no
monitoramento das culturas podendo-se pelo seu resultado detectar erras tecnicos
e ate mesmo troca de amostras (ALBINI 2004)
31
5 BACTERIAS FASTIDIOSAS E INFECcAO DO TRATO URINARIO
Em 1989 Maskell citou a ocorrencia de bacterias fastidiosas como algumas
especies de estreptococos Gardnerela vaginalis Haemophilus influenzae
Corynebacterium spp e lactobacilos em infecgoes da bexiga e trato urinario superior
isoladas de amostras de urina obtidas par cateteriz8gao aspiragao supra-pubica e
tarn bam de amostras de tecido obtidas per bi6psia vesical Relatou tambem a
preseng8 de tais bacterias na urina de gestantes assintomaticas com mais
freqOencia do que em nao-gestantes e que as gestantes apresentando bacteriuria
posteriormente desenvolviam sintomas com mais freqoencia do que as que nao
apresentavam bacterias na urina
Fairley e Birch (1989) realizaram um importante estudo demonstrando que
pacientes com sintomas de infec~ao do trato urinario apresentando resultados
negativos em culturas de rotina podem abrigar bacterias fastidiosas ou baixas
contagens de uropat6genos convencionais na bexiga Os pacientes incluidos no
estudo foram os que apresentaram resultados inconclusivos em culturas previas de
jato medio como desenvolvimento inferior a 105 UFCml de um pat6geno
convencional ou a desenvolvimento superior a 102 UFCml de uma bacteria
fastidiosa Foram avaiiadas urinas obtidas por aspirayao suprapubica de 1817
mulheres e 300 homens cultivadas para uropat6genos convencionais e bacterias
fastidiosas utilizando in6culo que proporcionou resultados entre 101 e 107 UFCml A
freqOencia de isolamentos esta representada na tabela 1
32
TABELA 1 - FREQUENCIA DE BACTERIURIA EM 2117 PACIENTES(AMOSTRAS OBTIDAS POR PUNCAO SUPRAPUBICA) -1989
Uropat6-Culturas positivas $omente $omente especies genos
(n = 597) uropat6genos fastidiosas conven-convencionais (n = 366) cionais
n = 170 eespeci-
Pacientes Unica Multiplas Unica Multiplas Unica Multiplas esespecie especies especie especies especie especies faslidio-
sasMulheres (n = 1817) 370 191 148 5 222 125 61Homens (n = 300) 36 0 17 0 19 0 0
FONTE The Royal Melbourne Hospital
Vinte e aito especies microbianas foram isoladas no trabalho em questao
sendo Ureaplasma urealylicum Gardnerella vaginalis Escherichia coli Mycoplasma
hominis e Staphylococcus epidermidis as especies mais isoladas Quinhentas e
oitenta e uma (70) das 830 cepas isoladas pertenciam a especies fastidiosas -
Ureaplasma urealyticum Gardnerella vaginalis e Mycoplasma hominis - que nao sao
recuperadas em meies de cultura canvencianais Gardnerella vaginais fai mais
freqUente em mulheres enquanto Ureaplasma urealyticum nao apresentou diferen9a
estatisticamente significativa entre os sexas Treze esptkies fcram isoladas em
apenas uma ou duas ocasioes entre elas Streptococcus equi Streptococcus
equisimifis Streptococcus sanguis Morganella morgan Klebsiella oxytoca
Peptococcus anaerobius Proteus vulgaris Enterobacter aerogenes Salmonella
enteritidis Pseudomonas aeruginosa Haemophilus influenzae Haemophilus
parainfluenzae e Haemophilus parahaemofyticus Anaer6bios estritos foram isolados
de apenas sete dos 597 pacientes (FAIRLEY BIRCH 1989)
Culturas polimicrobianas foram obtidas em urn teno das pacientes do sexo
feminino e nao foram verificadas no sexe masculino A freqOencia de uropat6genos
cenvencienais e fastidiesos encontra-se na tabela 2
33
TABELA 2 - FREQU~NCIA DE UROPATOGENOS CONVENCIONAISE BACTERIAS FASTIDIOSAS EM 191 PACIENTES DO SEXOFEMININO COM BACTERIURIA POLMICROBIANA - 1989
Numero de Somente Samente especies Especiesespecies (numera uropat6genos fastidiosas convencionais e
de pacientes) convencionais fastidiosasOois (153) 9 99 45Tres (34) 0 17 17Quatro (4) 0 1 3
FONTE The Royal Melboume Hospital
Ureaplasmas au Gardnerella vaginalis fcram recuperados em 179 das 191
mulheres com infecgao polimicrobiana estando presentes concomitantemente em
100 das 191 amostras sugerindo urna passivel relacc3osimbi6tica Uropat6genos
convencionais fcram isolados em pouco mais de 33 das mulheres na maiaria dos
casas acompanhados por bacterias fastidiosas indicando que infeccoes
polimicrobianas usualmente envolvem bacterias fastidiosas (FAIRLEY BIRCH
1989)
A contagem de col6nias excedeu 105 UFCml apenas na minoria dos
pacientes portanto a bacteriuria nao seria detectada em muitos individuos caso 0
valor de ponto de corte tradicional tivesse sido utilizado Os resultados tambem
mostraram que baixas contagens bacterianas podem acontecer com qualquer uma
das especies bacterianas isoladas embora tenham sido mais freqoentes para
Ureaplasma urealytieum e Mycoplasma hominis Cento e setenta e quatro (21)
isolados apresentaram contagens inferiores a 103 UFCml sendo 138 (84)
pertencentes a especies fastidiosas (FAIRLEY BIRCH 1989)
Franz e HOrl (1999) citaram a ocorrencia de HaemophiJus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae pneumococos Campyobaeter Legionella
pneumophila Salmonella spp Shigella spp Corynebacterium grupo 02
34
Mycobacterium tuberculosis micobacterias atipicas e fungos como causadores
ocasionais de ITU
Domann et al (2003) realizaram estudo em amostras do trato urinario de
transplantados renais utilizando tecnicas moleculares baseadas em 168 rRNA peR
e cromatografla liquida de alta performance (DHPLC) Foi avaliada a aplicaaD do
metoda em 109 amostras e observou-se 100 de correlacao para amostras cultura-
positivas Para as amostras cultura-negativas a DHPLC permitiu a deteccao de
uropat6genos previa mente conhecidos como Corynebacterium urealyticum e
Gardnerella vaginalis mas tambem agentes nao usuais como AnaerocDCCUs
laclolyticus Bacteroides vufgatus Diaisler invisus Fusobacterium nuceaturn
Lactobacillus iners Leptotrichia amnionii Prevotella buccalis Prevotella ruminicola
Rahnella aquatilis e Streptococcus intermedius detectados como unicos pat6genos
ou como agentes de infecyoes polimicrobianas Uma vez que as ITU sao
freqGentemente associadas com inicio precoce de rejeiyBo cronica em
transplantados renais e conveniente a pesquisa de agentes patogenicos
oportunistas e nao usuais para 0 correto direcionamento do tratamento
antimicrobiano
Quatro casos de ITU com bacteremia por Methylobacterium spp em
pacientes do sexo feminino imunocompetentes foram reportados por Lee Tang e Uu
(2004) Todas as pacientes tiveram hemoculturas positivas para Methylobacterlum
spp e suas culturas de urina foram negativas ou positivas para Escherichia coli com
crescimento concomitante de outro bacHo gram-negativ~ em baixa contagem que foi
ignorado Foram realizados experimentos especiais com os isolados indicando que
de acordo com os procedimentos padrao para culturas de urina com 24 horas de
incubayao a 35degC as colonias de Methylobacterium spp nao sao visualizadas e 0
35
pequeno numero de col6nias observado ap6s incuba~ao adicional de 24 heras a
temperatura ambiente apenas sugere ser a especie urn contaminante
Particularmente quando especies de Methyfobacterium estao presentes
concomitantemente com Escherichia coli ocorre supressao do cresci menta de
Methylobacterium spp tornando impassivel a sua deteccao 0 estudo conclui que a
falta de relatos de casas de ITU por Methylobacterium spp deve-se a impossibilidade
de detec~ao da especie por metodos padrao de cultura de urina au ainda porque a
baixa virulelncia da bacteria pode produzir ITU autolimitadas au talvez muitas vezes
curadas com as antibi6tico5 normalmente utilizados As especies estudadas fcram
variavelmente resistentes as cefalosporinas acido nalidixico nitrofurantoina e
sulfametoxazol-trimetoprim e 100 suscetiveis a ciprofloxacin imipenem e
aminoglicosideos
51 Corynebacterium spp
Corynebaclerium urealylicum pode ser uma importante embora rara causa
de ITU variando a freqOencia de isolamentos significativos de zero a 35 em
popularoes nao selecionadas A bacteriuria por Corynebacterium urealyticum ocorre
em pacientes hospitalizados per longos perledes severamente
imunocomprometidos urologicamente manipulados ou idosos Tal microrganismo
tam bern tern sido associado com pielonefrite e pode desaparecer espontaneamente
da urina mesmo sem antibioticoterapia (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Corynebacterium glucuroneyticum tambem chamado Corynebacterium
seminae tern side iselade de semen e trate g~nite-urinarie masculine e pede causar
prostatite ou uretrite Corynebacterium pseudogenitalium (CDC grupo F1) tambem
tern sido reconhecido como pat6gene do trato urinario (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
36
Foi relatado por Soriano e Ponte (1992) um caso de cistite de incrusta~ao
causado por urn corineforme identificado como CDC grupo F1 0 paciente havia
sofrido ITU previas persistentes causadas por Corynebacterium ureayticum (CDC
grupo 02) A cura bacteriol6gica foi alcan=ada apes urn mes de tratamento com
amoxicilina e acido acetohidroxamico
Meria at al (1998) realizaram levantamento bibliografico entre as anos de
1985 a 1997 sabre casas de cistite e pielite de incrustacao Foi constatado a
aumento progressive no numero de cases especialmente em pacientes
imunodeprimidos e particularmente em transplantados renais Tais inflamacoes
cr6nicas estao associadas com incrustac6es da mucosa causadas por bacterias
produtoras de urease tendo sido as mais freqOentes especies de Corynebacterium
grupo 02 A presenCa de urina alcalina contendo abundantes debris mucopurulentos
calcificados e alta mente sugestiva e pode auxiliar no diagnostico clinico A
demonstracao da bacteria envolvida requer culturas prolongadas em meios de
cultura enriquecidos 0 diagnostico precoce pode evitar falhas de tratamento e uma
possivel rejeicao do orgao transplantado
Em estudo realizado par Riegel et al (1995) corineformes em quantidades
significativas (104a 105 UFCml) foram isolados em amostras de semen uretra urina
e sangue de homens inferteis com diagn6stico de prostatite As analises genomicas
realizadas demonstraram ser as cepas pertencentes a uma mesma especie dentro
do genero Corynebacterium As 12 amostras mostraram padroes bioquimicos
simi lares entre elas born crescimento em agar sangue de carneiro em contraste com
crescimento pobre no mesmo meio suplementado com Tween 80 1 teste de
CAMP positivo fermentacao de glicose sacarose e presenCa de beta-glucuronidase
Tais caracteristicas permitiram a distincao destas cepas dos outros membros do
37
genera e 0 nome proposto foi Corynebacterium seminae Embera organismos
difter6ides pass am fazer parte da microbiota uretral a presenCa de contagens
significativas destas especies no semen sugere urna implica~ao infecciosa
particularmente na prostatite
Estudo molecular filogenetico baseado em 16S rRNA peR realizado em
pacientes com prostatite croniea demonstrou sinais bacterian05 em 65 dos
pacientes estudados Foi constatada a ocorreuromcia de um amplo espectro de
especies bacterianas no fluido prostatico dos pacientes incluindo Corynebacterium
Staphylococcus PepiosfreptococGUS Streptococcus e Escherichia Especies do
genera Corynebacterium foram encontradas em maior proponao incluindo especies
ainda nae descritas e n~o presentes nas amostras de controle sugerindo que
possam ter um papel na doen~a au que sejam conseqOemcia da mesma 0 estudo
mostreu ainda que os microrganismos associ ados com prestatite geralmente
ocorrem em comunidades microbianas distintas daquelas encontradas em liquidos
prostaticos normais (TANNER ot al 1999)
Segundo Domingue e Hellstrom (1998) a observaltio microsc6pica
cuidadosa de amostras de secre~~o prostatica bern como a inocula~~o em meios
enriquecidos sao essenciais para a isolamento de corineformes Foi realizado estudo
em uma amostra de secre~ao prostatica na qual a colora~ao de Gram apresentou
cocobacilos gram Itlbeis pleom6rficos que nao se desenvolveram em meios de rotina
incubados por 72 horas a 35degC Houve desenvolvimento em meio de cultura
enriquecido com extrato de leveduras e sora de cavalo e incubado no minimo 72
horas em atmosfera de 5 de CO2 a 35degC A secregao inoculada em caldo triptose
demonstrou a presen~a de bacilos gram-varitlveis (microscopicamente) e quando
repicada produziu bacilos de crescimento lento em meios de retina e enriquecidos
38
(incubados aerobicamente anaerobicamente ou sob tensao de CO2 par 72 haras)
Corineformes ocultos pod em ser agentes etiol6gicos da prostatite idiopatica croniea
que sao frequentemente perdidos au nao percebidos em procedimentos
bacteriol6gicos de rotina
52 Gardnerella vaginais
o significado de Gardnerela vaginais em urina e controverso pois a
principal associacao patogElnica desta bacteria e com a vaginose na mulher Embora
baixas contagens na urina parecam refletir a micro biota da uretra masculina ou
feminina contagens aeima de 10000 UFCml ja fcram associadas com bacteriuria
sintomatica ITU recorrente cistite na mulher uretrite e prostatite no homem
Entretanto me sma quando ern altas contagens freqOentemente nao ha resposta
leucocitaria Gardnerela vaginalis e encantrada mais freqOentemente em mulheres e
pacientes com doena renal e ap6s instrumentaao (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
Estuda realizado par Agarwal e Dixon (2001) investigau a passivel papel de
Gardnerella vaginalis na cistite intersticial usando metodos maleculares para
garantir a recuperaCao do microrganismo mesmo em baixas contagens Nenhuma
das trinta e tres amastras de bi6psias de bexiga de pacientes com cistite intersticial
foram positivas para Gardnerella vaginais a que embora nao exclua seu
envalvimenta na cistite intersticial diminui esta probabilidade
Ginestre Perez et al (2001) realizaram estudo de mil trezentas e setenta
amostras de jato media de urina de pacientes com sintomas de ITU Gardnerella
vaginalis cujo papel patagenica no trato urinario e discutivel ocupou a segundo
lugar em freqOencia etiologica (1763) ficando atras somente de Escherichia coli
(5210) e superando microrganismos cansiderados uropat6genas classicos como
39
Proteus mirabifis (763) Klebsiella pneumoniae (684) e Pseudomonas
aeruginosa (368) Embera a presen~a de Gardnerella vaginais em amostras de
jato media urinario possa indicar contaminayao vaginal todos as cultivos positivos
para esta bacteria apresentavam contagens superiores a 100000 UFCml e
provinham de pacientes sintomaticos representando urna alta probabilidade de
infec~ao urinaria verdadeira
53 Mycoplasma hominis E Ureaplasma urealyticum
Especies patogenicas como Mycoplasma hominis e Ureaplasma urealyticum
ocorrem freqOentemente como colonizantes do trato urogenital inferior de homens e
mulheres saudaveis A ocorrencia de infec~ao esta provavelmente relacionada a
imunossupressao obstru~ao ou procedimentos previos de instrumental)ao no trato
urinario Ureaplasma urealyticum tern sido encontrado em calculos urinarios de
pacientes com liHase infecciosa sugerindo uma possivel associal)ao causal
Mycoplasma hominis tern sido isolado do trato urinario superior em pacientes com
sintomas de pielonefrite aguda FreqOentemente ha resposta imunol6gica especifica
(MURRAY 1999)
Foi pesquisada a presen9a de Ureaplasma urealyticum e Mycoplasma
hominis em amostras de jato medio de 314 mulheres e 52 homens sintomaticos do
trata urinltilria Ureaplasma urealyticum fai isalada em 54 (171) das mulheres e 8
(154) dos hom ens e Mycoplasma hominis foi isolado em 12 (38) das mulheres
e 4 (77) dos homens Ureaplasma urealyOcum foi superado apenas par
Escherichia coli e Gardnerella vaginalis em ambos grupas 366 e 254
respectivamente no sexo feminina e 585 e 308 no masculino Demonstrou-se
partanto que a bacteriuria par ureaplasmas e relativamente co mum porem nao e
40
detectada por metodos convencionais de cultura de urina (AVILES ZARAGOZA
1998)
A significancia de micoplasmas em amostras de jato medic urinario e de
dificil determinacao devido a provavel contaminacao da amostra par
microrganismos colonizantes da vagina e uretra distal Entretanto estudos
realizados em amostras de aspirado suprapubico em gestantes demons tram que 0
desenvolvimento de pre-eclampsia e tres vezes mais prov3vel em mulheres
apresentando culturas positivas para ureaplasmas no inicio da gestacao do que em
mulheres com culturas negativas no mesmo periodo (KONEMAN ef a 1997)
54 Haemophilus spp
Existem varios estudos relacionando Haemophifus influenzae e Haemophilus
parainfluenzae a ITU embora sua freqOencia e significancia nae tenham sido
confirmadas Alguns pesquisadores sugerem a inclusao de agar chocolate em
culturas de urina de crian~as por causa da associa~ao de Haemophilus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae com outras infec~6es nesta faixa etaria (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
Maskell (1989) citou a ocorrencia de certas bacterias fastidiosas em sftios do
trato urinflrio abaixe da bexiga como par exemple em cases de prostatite por
Haemophilus influenzae
55 Lactobacillus spp
Em estudo realizado em pacientes do sexe feminine com sind rome uretral
aguda demonstrou-se uma alta freqOencia de isolamentos de lactobacilos Durante
dois anos amastras de jato medic de tais pacientes foram cultivadas observando-se
a principio alta concentracao de lactobacilos principalmente nas pacientes
sintomaticas Ao final do estudo durante 0 qual foi impedido 0 usa de antibi6ticos os
41
lactobacilos desapareceram da urina de muitas mulheres as quais tornaram-se
assintomaticas Os autores concluiram que as sintomas da sindrome uretra podem
ser devidos a multiplica~ao desproporcional de lactobacilos na uretra distal como
resultado de antibioticoterapia frequentemente administrada em cursos prolongados
para resolurao dos sintomas urinarios Lactobacilos tambem tern sido relatados em
amostras de urina obtidas diretamente da bexiga e de amostras de tecido obtidas
par bi6psia vesical bern como ocasionalmente isolados em urinas de mulheres
idosas com sintomas urinarios (MASKELL 1989)
56 COCOS GRAM-POSITIVOS
Microrganismos dos generos Lactococcus Gemella Aerococcus e
Globicatella embora possam estar presentes como contaminantes em culturas de
material clinico tern sido isolados como patogenos oportunistas ern urina e outras
amostras de pacientes imunocomprometidos Esforyos para identifica-Ios devem ser
realizados quando os isolados forem clinicamente significantes isto e isolados
repetidamente ou em cultura pura Devido a semelhanya com outros cocos gram-
positivos isolados com mais freq04sectncia como estreptococos enterococos e
estafilococos possivelmente sao confundidos com especies destes generos
(MURRAY 1999)
Golapachar et al (2004) relata ram um caso de infec9ao do trato urinario com
bacteremia causa do por Aerococcus viridans em um homem de 87 anos residente
em uma cUnica de repouso A cultura de urina apresentau crescimenta de 105
UFCml de Aerococcus viridans e a hemocultura fai positiva para a mesmo
microrganismo Os testes bioqulmicos que leva ram a identificayao do
microrganismo faram reayoes negativas de catalase e LAP (Ieucina aminopeptidase)
e reaDes positivas para PYR (L-pyrrolidonyl-beta-naphtylamina) fermentaao de
42
trehalose e manese resistencia a optoquina crescimento em agar bile esculina 40
e cresci menta em cloreto de s6die 65 As especies de Aerococcus sao anaer6bias
facultativas a maioria catalase negativa com tendemcia a formaCao de tetrades na
morfologia microsc6pica PYR positivo e LAP negativ~ a que as diferencia de
enterococos e estreptococos
A escassa documentacao a respeito de infecyoes humanas por Aerocccus
sp deve-se provavelmente a sua similaridade microbiol6gica aos estreptococos alfa-
hemoliticos e enterococos e possiveis erras na interpretacao laboratorial de
amostras clinicas No casa acima descrito a laborat6rio de microbiologia nao pade
reaHzar a antibiograma devido a natureza fastidiosa da bacteria mas houve sucesso
terapeutico ap6s administray8o intravenosa de levofloxacin (GOLAPACHAR et al
2004)
Um caso de pielonefrite e urossepsis por Streptococcus pneumoniae foi
relatado em urn hornem de 82 anos com hist6ria clinica de leucemia linf6ide cronica
e diabetes mellitus Exames radiograficos abdominais e tomografia computadorizada
mostraram uma imagem indicativa de extensa pielonefrite no rim esquerdo sem
nenhum outro foco de infecc8o 0 abscesso renal foi tratado por drenagem
transuretral e 0 material purulento obtido foi cultivado assim como materiais de
orofaringe escarro e sangue Esearro e orofaringe revelaram apenas mierobiota
normal do trato respirat6rio enquanto 0 material drenado e as hemoculturas
demonstraram microseopicamente cocos gram-positiv~s aos pares e em eadeias
alguns dos quais eram lanceolados havendo bom crescimento em agar sangue de
carneiro e agar chocolate a 37degC As col6nias eram fracamente alfa-hemoliticas no
agar sangue e nao muc6ides catalase-negativas e sensiveis a optoquina Testes de
aglutinac8o sorologiea de ambos materiais confirmaram a identificac8o e testes
43
moleculares demonstraram ser as dois isolados identicas Apesar da terapia
antimicrobiana a paciente desenvolveu coagula98o intravascular disseminada e
sofreu uma parada cardiaca sendo que 0 quadro foi revertido mas tornau-se
necessaria a nefrotomia para eliminar a foco da infeccao Em contraste a estud05
anteriores a paciente descrito apresentou um verdadeiro casa de pielonefrite
abscesso renal e urossepsis causados par Streptococcus pneumoniae A presenca
de doencas como leucemia linf6ide crOniea e diabetes mellitus fcram 5uficientes para
causar um certa grau de imunossupressao e predispor a paciente a infeccao par
Streptococcus pneumoniae mesma sem hist6ria antecedente de infecC8o
pneumoc6cica trauma ou interven9ao cirurgica (DUFKE KUNZE-KRONAWITIER
SCHUBERT2004)
57 BACT~RIAS ANAER6BIAS
Tern sido descritos casas de infec90es do trato urinario par bacterias
anaer6bias com as mais diverses tipos de apresenta90es clinicas entre processes
crenicos e agudos As bacterias recuperadas sao bacilos gram negativQs incluindo
Bacteroides fragifis Prevotella sp e Porphyromonas sp Clostridium sp cocos
gram-positiv~s e Actinomyces sp Em muitos casas sao recuperadas em culturas
mistas com coliformes e estreptococos (BROOK 2004)
58 OUTRAS BACT~RIAS FASTIDIOSAS
Foi descrita par Greub e Raoult (2002) uma nova especie bacteriana
Actinobaculum massiliae recuperada da urina de uma mulher de 81 anos com ITU
cr6nica Os estudos fenotipicos genotfpicos e filogeneticos realizados mostraram
ser 0 isolado urna nova especie ainda nao recanhecida dentro do genera
Actinobaculum e foi proposta a denominacao Actinobaculum massiliae A mesma
cepa faj isolada tres vezes num perlodo de sete meses mesmo apes tratamento
44
com amoxicilina sulfametoxazol~trimetoprim e rifampicina Devida ao fata do
microrganismo nao ser isolado em procedimentos laboratoriais de rotina uma ITU
devido a Actinobaculum massiliae pade ser mal diagnosticada Alem disso as
col6nias apresentam heterogeneidade morfol6gica ap6s cinco dias de incubacao
podendo levar a uma errOnea interpretaC(ao de contaminacao com duas especies de
badlas gram~positivos 0 usa de agar sangue de carneiro e incubacao prolongada
motivado pela presenca de 106 leuc6cit05 per ml na urina da paciente permitiu a
desenvolvimento da cepa Houve cura ap6s tratamento com doxiciclina (GREUB
RAOUL T 2002)
Em estudo clinico e microbiol6gico de mulheres com sindrome uretral -
excluindo pacientes com cistite bacteriana - 41 pacientes foram comparadas com 42
pacientes controle Nao foi encontrada diferenca entre pacientes e con troles em
incid~ncia de Chlamydia trachomatis e outros microrganismos de transmiss3o
sexual 0 numero de lactobacilos e outros microrganismos fastidiosos bem como a
numero de leucocitos na urina nao apresentaram diferenca entre pacientes com
sintomas leves e intensos ou entre pacientes e controles Os auto res sustentam a
hipotese da sindrome uretral nao ser causada por infecrao bacteriana ou clamidial
(GILLESPIE et al 1989)
45
6 CONCLUSAO UMA REFLExAO
E indiscutivel a importo1ncia para a laborat6rio de requisicoes de exame
completas com informayoes sabre suspeita clinica existencia de sintomas
anormalidades do trata urinario e condhoes imunol6gicas do paciente Embora
tradicionalmente a maiaria dos medicos nao fornega muitas informacoes sabre 0
paciente ao laborat6rio a microbiologista pede incentivar a criacao de urn canal de
comunicacao quando observar a necessidade de informagoes sobre determinado
paciente
Exames anteriores do paciente sempre que disponiveis devem ser
consultados e comparados pois informacoes sabre infecc6es recorrentes au
recidivantes especies bacterianas envolvidas au presen9a de piuria esteril sao
importantes para direcionar a pesquisa para agentes fastidiosos
o metoda de coleta e as condi~6es de transporte da urina deterrninam a
qualidade da amostra e a quao relevantes serao as microrganismos nela
encontrados Considerando-se que urna bacteria normalmente considerada como
contarninante introduzida durante a coleta pode ser em alguns casos patogenica ou
ainda que uma especie fastidiosa patogenica de crescimento lento pode ter seu
crescimento inibido par uma contaminante de crescimenta mais rapido a coleta
adequada torna-se urn fator de suma importancia para a detec~ao de especies
fastidiosas em urina
Como ja discutida torna-se indispensavel a realiza~ao da calora~ao de
Gram em amostras de urina pOis alem de ser urn teste de triagem rapida e barato
para bacteriuria acima de 105 UFCml pode ser 0 unica indicativa da presen~a de
urna especie fastidiosa
46
A comunica~ao entre a microbiologista e a medico pode determinar nao 56 a
sucesso do diagn6stico e do tratamento como a viabilidade economica da pesquisa
de bacterias fastidiosas para 0 laborat6rio urna vez que direciona as esforyos
laboratoriais aos pacientes que realmente necessitam evitando 9a5t05
desnecessarios
Bacte-rias fastidiosas podem nao responder ao tratamento antibi6tico para
pat6genos convencionais do trato urinario portanto a pesquisa precocemente
direcionada para tais agentes pode melhorar 0 progn6stico das ITU evitando a
administracao de antibioticos inadequados au desnecessarios
Como observado nos diversos casas reiatados bacterias fastidiosas
ocorrem em cenaries clinicos especificos 0 entendimento do processo da doen=a e
as condi=oes do paciente pod em ajudar muito 0 laboratorio no esfor=o para
recuperar a bacteria do material clinico
47
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
ALBINI C A Cullura de Urina Analise das metodologias interfer~ncja sobre as
resultados e proposta para padronizacao 1994 54 f Monografia (Especia1iza9aO em
Bacteriologia) - Setor de Ciencias da Saude Departamento de Patologia Medica
Universidade Federal do Parana Curitiba
AGARWAL M DIXON R A A study to detect Gardnerella vagina lis DNA in
interstitial cystitis British Journal of Urology (on line) 2001 Disponlvel em
httpwwwbjuiorg889articlebju2514aspAcessoem 03 fev 2005
BATRA A Interstitial Cystitis Updade Infection Urology (on line) 1999 Disponivel
em httphomeswipnetsellsopicupdatehtm Acessa em 20 dez 2004
CLARIDGE J E JOHNSON J R PEZZLO M T Laboratory Diagnosis of Urinary
Tract Infections Washington American Society for Microbiology 281998
BROOK I Urinary tract genito-urinary suppurative infections due to anaerobic
bacteria International Journal of Urology (on line) 2004 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezigueryfcgicmd=Retrieveampdb=pubmedampdopt=Abst
ractamplist uids=15009360 Acesso em 18 mar 2005
DOMANN E HONG G IMIRZALIOGLU C TURSCHNER S KOHLE J
WATZEL C HAIN T HOSSAIN H CHAKRABORTY T Culture-Independent
Identification of Pathogenic Bacteria and Polymicrobial Infections in the Genitourinary
Tract of Renal Transplant Recipients Journal of Clinical Microbiology (on line) 2003
48
Disponivel em httpjcmasmorgcgireprintl41125500pdf Acesso em 18
mar2005
DOMINGUE G J HELLSTROMW J G Prostatitis Clinical Microbiology Reviews
(on line) 1998 Disponivel em httpcmrasmorglcgilcontentifuIl11141604 Acesso
em 03 fev 2005
DUFKE S KUNZE-KRONAWITIER H SCHUBERT S Pyelonephritis and
Urosepsis Caused by Streptococcus pneumoniae Journal of Clinical Microbiology
(on line) 2004 Disponlvel em httpjcmasmorgcgicontentifuIl4294383 Acesso
em 06 mar2005
FAIRLEY K F BIRCH D F Detection of Bladder Bacteriuria in Patients with Acute
Urinary Symptoms The Journal of Infectious Diseases Melbourne v 159 n2 p
226-231 fev 1989
FRAIMOW H S JUNGKIND D L LANDER D W DELSO D R DEAN J L
Urinary Tract Infection with an Enterococcus taecais Isolate that Requires
Vancomycin for Growth Annals of Internal Medicine (on line) 1994 Oisponivel em
httpwwwannalsorgcgicontentifuIl1211122 Acesso em 18 mar 2005
FRANZ M HCRL W H Common errors in diagnosis and management of urinary
tract infection I Patophysiology and diagnostic techniques Nephrology Dialysis
Transplantation (on line) 1999 Disponivel em
httpltwwwndtoupjournalsorgcgicontentifuIl141127 46 Acesso em 01 dez 2004
49
GIBB A P Plates are Belter than Broth for Recovery of Fastidious Organisms from
some Specimen Material Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Oisponivel
em httpjcmasmorgcgireprinU4041129pdf Acesso em 06 mar2005
GILLESPIE W A HENDERSON E P LINTON K B SMITH P J Microbiology
of the urethral (frequency and dysuria) syndrome A controlled study with 5-year
review British Journal of Urology (on line) 1989 Disponfvel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
2804564ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr 2005
GINESTRE PEREZ M ROMERO-A~EZ S MARTINEZ-GARCIA A RINCON-
VILLALOBOS G HARRIS-SOCORRO B CATELLANO-GONZALES M AVILA-
ROO Y PEROZO-MENA A Gardnerella vaginalis y uropat6genos convencionales
em pacientes ambulatorios Revista de La Sociedad Venezolana de Microbiaogia
(on line) 2001 Disponivel em
httpwwwseieloorgvaseielo phpscriptsci arttextamppid=S 1315-
25562001000200003amplng=esampnrm=isso Acesso em 05 jan 2005
GOBERNADO M CRUZ F J DALET F BROSETA E DE CUETO M
SANTOS M DE LA ROSA M Procedimientos en Microbiologla Clinica La
infeccion urinaria 2002 Disponivel em
httpwwwseimcorgprotocolosmicrobiologiaindice14htm Acesso em 01 dez
2004
50
GOLAPACHAR A AKINS R L DAVIS W R SIDDIQUI A A Urinary tract
infection caused by Aerococcus viridans a case report International Medical Journal
for Experimental and Clinical Research (on line) 2004 Oisponivel em
httpwlNNmedscimonitcompubvol 10no 114928pdf Acesso em 03 dez 2004
GREUB G RAOULT D Actinobaculum massiliae a new species causing chronic
urinary tract infection Journal of Clinical Microbiology (on line) 2002 Disponivel em
httpwwwpubmedcentralnihgov articlerender fcgitool=pubmedamppubmedid=12409
355 Acesso em 13 fev2005
HElLBERG I P Diagnosis and clinical management of urinary tract infection
Disponivel em httpwwwunineteducin2003confpfefermanpfefermanhtml
Acesso em 20 out 2004
KONEMAN E W ALLEN S D JANDA W M SCHREKENBERGER P C
WINN Jr W C Cr Atlas and Textbook of Diagnostic Microbiology 5ed
Philadelphia Lippincott-Raven 1997
LIPSKY B A Managing Prostatitis and Urinary Tract Infection in Men Infectious
Diseases Infoalerl (on line) 2003 Oisponivel em
httpwwwdpacomhklpdflinfolnfoALERT 15pdf Acesso em 10 dez 2004
MASKELL R A new look at the diagnosis of infection of the urinary tract and its
adjacents structures Joumaloflnfecfion Portsmouth n 19 p 207-217 jul 1989
51
MERIA P DESGRIPPES A ARFI C LE DUC A Encrusted Cystitis and Pyelitis
Journal of Urology (on line) 1998 Disponlvel em
htlpIwwwjurologycomipUrejuroabstract00005392-1 99807000-
00003htmmiddotjsessionid-CnHOtEDjxvOgrxiWIUac52pekluG1HSCZzrnOpCIJH4V107ePU
evI848681301-949856032190011-1 Acesso em 21 abr 2005
McCUE J D The Management of Complicated Urinary Tract Infections Infectious
Diseases Infoalert (on line) 1999 Disponfvel em
htlpIwwwdpacomhkJpdlfinlofinlo alart 01pdl Acesso em 01 dez 2004
MURRAY P R Manual of Clinical Microbiology 7ed Washington ASM Press
1999
NABER K G BERGMAN B BISHOP M C JOHANSEN T E B BOTTO H
LOBEL B CRUZ F J SELVAGGI F P European Association 01 Urology
Guidelines on Urinary and Male Genital Tract Infections Disponlvel em
httpwwwuroweborglfilesluploaded filesuti mgtLpdf Acesso em 20 dez 2004
OPLUSTIL C P Urocultura In__ Procedimentos basicos em microbiologia
clinica 2 ed Sao Paulo Sarvier 2004 p 88-93
OSBORNE J About Interstitial Cystitis Disponivel em htlplwwwic-
networkcomhandbooklbasicshtmlintro Acesso em 20 dez 2004
52
PEDRAZA AVILES A G ORTIZ ZARAGOZA M C Symptomatic bacteriuria due to
Ureaplasma and Mycoplasma in adults Revista Latinoamericana de Microbiologia
(on line) 1998 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedampdopt=Abs
tractamplist uids=20388109 Acesso em 20 abr 2005
RIEGEL P RUIMY R BRIEL D de PREVOST G JEHL F BIMET F
CHRISTEN R MONTEIL H Corynebacterium seminale sp Nov a New Species
Associated with Genital Infections in Male Patients Journal of Clinical Microbiology
(on line) 1995 Disponlvel em
htlpllwwwpubmedcentralnihgovpicrenderfcgiartid=228387ampblobtype=pdf
Acesso em 19 mar 2005
SORIANO F PONTE C A case of urinary tract infection caused by
Corynebacterium urealyticum and coryneform group F1 European Journal of Clinical
Microbiology Infectious Diseases (on line) 1992 Disponfvel em
httoIwwwncbinlmnihgoventreziguervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
1396772ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr2005
TANNER M A SHOSKES DSHAHEDA PACENR Prevalence of
Corynebacterial 16S fRna Sequences in Patients with Bacterial and Nonbacterial
Prostatitis Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Disponivel em
httpmcmasmorgcontenVfull3761863 Acesso em 06 mar 2005
TRABULSI L R ALTERTHUM F Escherichia coli uropatagenica (UPEC) In
Microbiaagia 4 ed Sao Paulo Atheneu 2004 p 303-309
53
12
pela produ9ao de bacteriocin as (KONEMAN et al 1997) Em mulheres em idade
fertil a producao de estr6genos estimula a colonizaryao vaginal com lactobacllos
bacterias usualmente naD patog~nicas que promovem a pH acido inibitorio para a
maiaria das bacterias As mulheres na pos-menopausa ficam suscetiveis a
colonizacIo da area periuretral par uropat6genos devido ao deficit de estrogenia e
conseqOente aumento do pH vaginal (McCUE 1999)
As bacterias gram-negativas possuem como importante fatar de virulencia
estruturas especializadas chamadas fimbrias ou pili e protelnas externas de
membrana que favorecem a adesao as superficies celulares mucosas ou cutaneas
Fatores de adesao tambem sao encontrados em bacterias gram-positivas como as
acidos lipoteicoicos em estreptococos e proteina M em estafilococos (KONEMAN ef
al1997)
Os fatores de virulencia de Escherichia coli e Proteus mirabilis estao bern
estabelecidos e incluem a sintese de aerobactina e enterobactina (proteinas
seqOestradoras de ferro elemento necessario para replica~ao da bacteria) assim
como a expressao da ffmbria e a produ~ao de hemolisina Flmbrias manose-
sensiveis (tipo 1) tern sido encontradas em especies nao patogenicas e fimbrias
manose-resistentes (tipo P) apenas em especies uropatogenicas As ultimas tern
sido associadas a pielonefrite pois tern a capacidade de aderir aos receptores das
celulas uroepiteliais e posteriormente ascender da bexiga para as rins (FRANZ
HORL 1999) A produ~ao de hernolisina esta associ ada a capacidade de causar
lesao renal (MIMS et al 1995)
Antigenos polissacaridicos capsula res acidos (K) estao associ ados ahabilidade de causar pielonefrite e auxiliarn na inibiCao da fagocitose favorecendo a
resistencia de Escherichia coli aos mecanismos de defesa do hospedeiro (MIMS et
13
al 1995) as polissacarfdeos capsulares bloqueiam a opsonizacao da bacteria par
interferirem com a deposi9ao do complemento (TRABULSI ALTERTHUM 2004)
Estafilococos coagulase negativos tern apresentado capacidade de
aderemcia as celulas do epitelio uretral e a protefnas celulares incluindo laminina
fibronectina vitronectina e colageno que podem permitir uma infeqao ascendente e
subseqOente colonizacao da glandula prostatica Ah~m disso produzem substancias
com propriedades antifagociticas antiquimiotaticas e antiproliferativas que afetam as
neutr6filos e linf6citos prejudicando as mecanismos de defesa do hospedeiro
(DOMINGUE HELLSTROM 1998)
A patogemese da prostatite bacteriana nao esta bern definida mas acredita-
se que 0 mecanisme principal seja infecyao uretral ascendente ou refluxo de urina
infectada da bexiga para os ductos prostaticos pela uretra posterior A prostatite
bacteriana pode ocorrer tambem como complicacao apes instrumentayao ou cirurgia
genitourinaria (LIPSKY 2003)
Assim como os microrganismos que possuem propriedades uropatogemicas
infectam 0 trato urinario normal bacterias nao reconhecidamente uropatogeuromicas
podem causar infeccao quando na presenca de anormalidades do trato urinario ou
quando os mecanismos de defesa do hospedeiro estao prejudicados como em
crian9as idosos gravidas diabeticos e imunocomprometidos como os
transplantados renais (FRANZ HORL 1999)
31 SiNDROMES CLiNICAS
o termo infeccao do trato urinario (lTU) inclui uma ampla gama de
s[ndromes clinicas sendo as mais comuns na pratica cHnica a bacteriuria
assintomatica a cistite (incluindo a sind rome uretral aguda) e a pielonefrite
Qualquer uma das sindromes pode ocorrer em urn paciente com anormalidades
14
urol6gicas que predispOem a ITU au dificultam 0 tratamento e nestes cases a
infec~ao e designada complicadaD
bull Sindromes ITU menes comumente
encontradas incluem prostatite abscessos renais e urossepsis (ITU com bacteremia)
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
As infec90es do trato urinario nao complicadas sao comuns e estima-se que
50 das mulheres que possuem 0 trato gemito-urinario normal apresentarao pelo
menes urn episodio de ITU aguda durante a vida As ITU complicadas estao
associadas a anormalidades funcionais au estruturais do trato urinario (bexiga
neurogenica refluxo vesicQureteral rim esponjoso medular nefrocalcinose cistos
renais etc) obstru9aO do trato urinario (hiperplasia benigna da pr6stata urolitiase
tumores estenose da jungao uretero-pelvica) cateterizagao ou instrumentacao
patogenos multirresistentes imunossupressao ou prostatite (HElLBERG 2003)
A diferenciagao entre ITU inferior e superior e importante tendo em vista as
complicagOes do envolvimento renal na infecgao no entanto os procedimentos
diagn6sticos mais acurados sao invasivos e apresentam risco (cateterizagao)
Usualmente a elevagao de parflmetros inflamat6rios como a proteina C reativa
leucocitose e febre indicam ITU superior e rnais recentemente tern sido utilizada
como marcador a excreyao aumentada de N-acetil-beta-glucosaminidase A
resoluyao da bacteriuria ap6s urn dia ou ap6s tratamentos curtos de tnsects dias condiz
com ITU inferior (FRANZ HORL 1999)
Murray (1999) cita como principais bacterias patogeuromicas no trato urinario
Escherichia coli Proteus mirabilis Klebsiella spp Enterobacter spp Pseudomonas
spp Enterococcus spp Staphylococcus saprophyticus Staphylococcus aureus
Ureaplasma spp Mycobacterium tuberculosis e Neisseria gonorrhoeae Sao
encontrados como microrganismos comensais no trato gemito-urinario
15
Corynebacterium spp Lactobacillus spp Staphylococcus spp Streptococcus spp
Neisseria spp nao patogemicas Mycoplasma spp Ureaplasma spp Gardnerella
vaginalis microrganismos entericos Acinetobacter spp Capnocytophaga spp
Enterococcus spp e bacterias anaer6bias
A bacteriuria assintomatica e definida pela presen~a de bacterias em algum
local do trato urinario na ausencia de sintomas Sua significancia clinica e
controversa tendo em vista que certes grupos de pacientes podem sofrer
consequeuromcias graves como por exemplo crian~as com refluxo vesicQureteral nas
quais a infecvao silenciosa pode causar dana renal e tambem gestantes nas quais
a progressao da infecCao pode causar dana ao feto bern como aumentar 0 risco de
pielonetrite na mae (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Cistite e definida como a infec9c3o presumivelmente limitada a bexiga pela
presen9a de sintomas caracteristicos (disuria urgencia OUfrequemcia) e ausencia de
sintomas sugestivos de inflamacZlo em Qutros locais do tratc urinario (CLARRIOGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
A sindrome uretral aguda tambem conhecida por sind rome piuria-disuria au
abacteriuria sintomatica e caracterizada por sintomas de ITU (disuria urgencia e
miccoes freqOentes) acompanhados de leucocituria e cultura de urina negativa au
com baixas contagens de bacterias Atualmente reconhece-se que 0 criteria de
contagem de colonias tradicional utilizado para diferenciar cistite bacteriana de
sindrome uretral aguda e controverso e que muitas mulheres disuricas com baixas
contagens de col6nias necessitam de tratamento para ITU bacteriana aguda
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998 HElLBERG 2003)
A sind rome uretral aguda pode ser causada por bacterias fastidiosas ou nao
usuais como Chlamydia trachomatis Ureaplasma urealylicum Neisseria
16
gonorrhoeae Mycoplasma spp Mycobacterium spp Trichomonas spp au Candida
spp Outras causas incluem abscessos rena is obstrucao ureteral completa e
luberculose renal (HEllBERG 2003)
A inflamacao dos rins e pelves renais (pielonefrite) oeasiona sintomas de
dor ou sensibilidade envolvendo 0 f1anco frequentemente acompanhados par urna
resposta inflamat6ria sistemica incluindo febre calafrios indisposicao dar de
cabera e nauseas as quais naD acorrem em pacientes com cistite Em alguns
pacientes estas manifestaroes sistemicas ocorrem sem sinais au sintomas locais de
envolvimenlo renal condilao denominada de ITU febril (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZlO 1998)
A cistite intersticial e urna inflamacao croniea e freqOentemente severa da
bexiga cuja causa e desconhecida Os sintomas primarios sao freqUelncia urgencia
e dor abdominal ou perineal e as culturas de urina sao raramente positivas Os
pacientes normalmente apresentam pequenas hemorragias (glomerulayoes) ou
ulceras na bexiga ahsectm de diminui9aO da capacidade urinaria e rela90es sexuais
dolorosas Muitos pacientes recebem urn diagn6stico prirnario de sind rome uretral
ale a descoberta do real diagn6slico (OSBORNE 2003)
Muitos pacientes com cistite intersticial tern urna hist6ria de ITU recorrente
Alguns autores teorizarn que a bacteria causa dora pode ser urna especie fastidiosa
ou presente ern pequeno numero e que a sua presen9a pode na~ produzir a cistite
intersticial mas ser responsavel p~r urna resposta inflamat6ria e imunol6gica
(BATRA1999)
A infeC9aO bacteriana da glandula prostatica (prostatite) pode ocorrer como
resultado de infeC9aO uretral ascendente par refluxo de urina infectada para as
ductos prostaticos via uretra posterior ou par via linfogenica ou hernatogenica A
17
prostatite bacteriana aguda promove urn abrupto inrdo de febre e sintomas
genitourinarios e constitucionais enquanto a croniea e urna enfermidade sutl
caracterizada por recidivas lTU recorrente e persistencia da bacteria na secre9ao
prostcitica mesma apas multiplos cursos de antibioticoterapia Urna terceira
sindrome a prostatite croniea idiopatica (inclui-se aqui a prostatite nao bacteriana e
a prostatodlnia) usualmente caracteriza-se par dor perineal persistente e sintomas
urol6gicos podendo ou nao estar associada a urn grande numero de celulas
inflamatorias na secre9ao prostatica e a urna bacteria cultivclvel laboratorialmente
(DOMINGUE HELLSTROM 1998)
A prostatite crOniea em homens com culturas negativas mas com
leucocitose na secrecao prosttltica (mais de 10 leuc6citos por campo em aumento de
1000X) e classificada como prostatite nao bacteriana e a doenca naqueles cujas
culturas sao negativas e que nao apresentam leucocitose na secreCao prostatica e
classificada como prostatodlnia (TANNER et al 1999)
o agente etiol6gico predominante nas prostatites bacterianas agudas e
cronicas e Escherichia coli seguido par especies de Proteus e Providencia e menos
cornu mente Klebsiefla spp Pseudomonas spp Serratia spp e Enterobacter spp
Estudos recentes demons tram que cepas de Escherichia coli causadoras de
prostatite expressam fatores de virulemcia similares as cepas causadoras de
pielonefrite Staphylococcus aureus Staphylococcus saprophyticus e outros
estafilococos coagulase negativos ocasionalmente podem causar prostatite assim
como algumas bacterias fastidiosas como por exemplo corinebacterias Gardnerella
vaginalis e Haemophilus influenza (LIPSKY 2003)
A prostatite cronica idiopatica (nao bacteriana) e uma condicao multi-
sintomatica de causa discutivel Etiologias propostas sao infeccoes par Chlamydia
18
trachomatis Mycoplasma hominis Ureapfasma urealyticum Trichomonas vaginalis
au agentes virais embora muitos estudos naD confirmem lais dados Tecnicas
microbiol6gicas especiais e tecnicas moleculares tern demonstrado em pacientes
com prostatite naD bacteriana colonizaf(80 prostatica com especies bacterianas de
baixa virulencia e tambem bacterias fastidiosas sugerindo etiologia infecciosa
(LIPSKY 2003)
Homens jovens com prostatite aguda podem ter baixas concentracoes de
bacterias na urina as quais nao sao reconhecidas como significantes e
possivelmente naD reportadas au entao podem ser infectados com microrganismos
fastidiosos como Gardnerella vaginais Quando traladas par insuficiente periodo de
tempo ou com um antibiotico inadequado que nao atinge urna concentracao
terapeutica adequada no tecido prostatico tais pacientes podem evoluir para uma
condi9ao de prostatite crOnica (MASKELL 1989)
A ITU e comum apos transplantes renais embora os riscos estejam sendo
diminuidos pelo uso de menores doses de imunossupressores e tambern pelo uso
profilatico de antibioticos Entre os fatores predisponentes pode-se citar infeccao
previa no rim do doador bern como alteracao do uroepitl~lio do receptor causada p~r
cateteres vesica is e stents ureterais Nos primeiros tr~s meses as ITU sao
geralmente assintomaticas e recidivantes ap6s esse perlodo sao menos freqOentes
e ha melhor resposta a antibi6ticos embora sejam comuns as complicacOes
urol6gicas como fistulas e obstrucoes Isquemia do orgao devido a dano arterial
pode promover ITU pela colonizacao bacteriana do tecido lesado usualmente por
bacterias comensais ou fastidiosas A erradicacao das infecc6es pode tomar-se
impossivel ate que 0 rim ou pelos menos 0 segmento prejudicado seja removido
(NABER et ai 2004)
19
Lactobacilos corinebacterias e alguns estreptococos fastidiosos podem ser
patogenos secundarios em ITU originalmente selecionados da microbiata uretral par
tratamento antibi6tico Tal situa~ao pade acorrer em pacientes que tenham recebido
agentes antibacterianos durante long05 periodos au antibioticoterapia aSSDciada a
urn periodo de cateterizayao A falha na deteqao laboratorial destas especies pade
resultar em tratamento antimicrobiano inadequada exacerbando 0 problema OU
ainda levar a investiga90es invasivas desnecessiuias (MASKELL 1989)
20
4 A ROTINA DA UROCULTURA NO LABORATORIO DE ANALISESCLiNICAS
o diagn6stico microbiol6gico de uma infeqao urinaria mesma baseando-se
na determinay80 de microrganismos em urn Hquido biologico normalmente esteril
apresenta dificuldades com relaCao a valoriz8gao dos resultados E sabido que
existem microrganismos naturalmente residentes na uretra regiao genital e perinea
que podem contaminar a urina acidentalmente somando-se a issa a a9ao da
temperatura que estimula a proliferar8o bacteriana Par outro lado as tecnicas de
coleta e cultivo de amastras devem ser direcionadas a pesquisa de microrganismos
pouco habituais as quais podem ser importantes em determinadas situaroes
(GOBERNADO ef al 2002)
A decisao de como uma amostra deve ser cultivada depende do metoda de
coleta e dos sinais e sintornas cllnicos do paciente informa~6es que deveriam ser
transmitidas ao laboratorio pelo medico Entretanto na maioria das vezes 0
laborat6rio recebe informa~6es incompletas ou incorretas que resultam na realiza~ao
de muito ou pouco trabalho com uma determinada amostra (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
A classifica~ao de culturas de urina por tipos permite que 0 manejo das
amostras seja direcionado pela necessidade clinica e que 0 laborat6rio possa
escolher os meios de cultura e a quantidade de inoculo mais apropriada Com base
nos dad os cllnicos do paciente podem-se definir tres tipos de cultura de urina
retina inspeao e invesligaliva (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
As culturas de retina sao apropriadas para pacientes ambulatoriais e com
ITU nao complicadas As culturas de inspe~ao devem ser realizadas em pacientes
geriatricos e individuos que utilizam cateteres vesicais nos quais a caloniza~ao au
infec~ao por multiplos microrganismos e comum Culturas investigativas sao aquelas
21
direcionadas para diagn6sticos especificos microrganismos fastidiosos ou grupos
diferenciados de pacientes Devern ser realizadas nos casas de cultura previa
negativa de falha na terapia antimicrobiana au no case de suspeita de urn
uropat6geno naD usual E tambem apropriada a sua realiza980 quando ha
discrepimcia entre a apresentacao clinica do paciente au a coloracao de Gram e 0
resultado previa da cultura (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Os meios de cultura m~is utilizados para semeadura de urina sao as
seletivQs diferenciais como 0 meio de Teague (agar eosin a azul de metileno) e de
Mac Conkey associados ao agar sangue 0 meio de CLEO (agar cistina lactose
eletr61ito deficiente) e muito utilizado no Brasil e permite 0 crescimento de bacterias
gram-negativas e gram-positivas Tais meios auxiliam na identifica980 presuntiva da
bacteria atraves da colora98o colonial indicando a capacidade de fermenta980 da
lactose (ALBINI 2004)
Segundo Clarridge Johnson e Pezzlo (1998) culturas urinarias de rotina
devem ser realizadas semeando as amostras em agar sangue de carneiro 5 e em
agar Mac Conkey eu um meio seletive similar e incubando as placas por 18 a 24
horas a 35 - 37deg C em ar ambiente Ainda assim e meio de CLEO e preferido nos
laboratories brasileiros pela sua versatilidade Para microrganismos fastidiosos 0
agar chocolate deve ser utilizado em conjunto com agar CNA (Columbia-colistin a-
acido nalidixico) eagar MacConkey devendo-se utilizar a al93 calibrada de 001ml
alem da al9a 0001 ml As placas de CNA e agar chocolate devem ser incubadas em
5 CO2 por 48 horas
Para popula96es especificas com ITU cronicas ou anormalidades
anatomicas pode ser apropriada a cultura visando microrganismos anaerobios au de
cresci menta lento (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
22
Para popula90es nas quais as culturas polimicrobianas sao comuns 0 agar
CNA pade ser utilizado para demonstrar a presenca de enterococos Qutros cocos
gram-positives au leveduras presentes nas culturas mistas 0 agar CNA permite urn
born cresci menta de estreptococos corinebacterias e Gardnerela vaginalis e deve
ser incubado por 48 horas a 35 C (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Amostras obtidas par puncao suprapubica au de pacientes com suspeita de
sindrome uretral aguda devem ser semeadas com al98 calibrada de 001 ml a1em
da ala de 0001 ml em agar sangue (OPLUSTIL et al 2004) Contagens baixas ou
mesma multiplos tipos de microrganismos devem ser valorizados em tais cases
(KONEMAN 1997)
Corynebacterium ureafyticum e Qutras corinebacterias desenvolvem-se bem
em agar sangue de carneiro 5 au agar CNA mas sao mais bern visualizadas ap6s
incubaao de 48 horas (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
As calOnias de Gardnerella vaginalis sao fracamente visiveis em agar
sangue ap6s 24 haras de incuba~ao e recomenda-se a usa de agar CNA au HBT
(agar sangue tween bicamada) e incuba~aa par 48 haras em tensaa de C02
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
as tactabacilos podem ser isolados em meias de isotamento prima rio
utilizadas para urina como a meio de CLEO no entanto devem ser incubadas par 48
horas em atmosfera de CO (MASKELL 1989)
a resultada da cultura deve ser sempre carrelacianada com a leitura do
Gram Caso nao haja crescimento ap6s 18 a 24 horas de incuba~ao e na
microscapia tenha sido observada a presen~a de microrganismas au numero
eleva do de leuc6citas deve-se incubar as ptacas par mais 24 haras (OPLUSTIL et
al2004)
23
A piuMa esteril e urn achado importante que po de refletir usa de
antibioticoterapia outras doencas como neoplasias au calculos urinarios au
infeccoes com microrganismos que naD sao detectados par rnetodos rotineiros de
cultura (MIMS et aI 1995)
o conceito de bacteriuria significativa para 0 diagn6stico das ITU e
tradicionalmente baseado no criteria quantitativa estabelecido par Kass na decada
de 1950 permitindo a distincao entre colonizarao e infecrao A utilidade e a
consistemcia do criteria de contagem de colOnias superior OU igual a 105 par mililitro
tern sido validadas repetidamente par varios pesquisadores demonstrando que tal
criterio nilo pode ser aplicado a todos os pacientes (FRANZ HORL 1999)
A baixa especificidade da cultura quantitativa de jato medio se deve apossivel adilao de bacterias comensais a urina durante a coleta A baixa
sensibilidade dos resultados inferiores a 105 UFCml pode ser devida a excregao
intermitente de bacterias que pode ocorrer em determinados sitlos do trato urinario
bem como ao uso de meios de cultura que nao proporcionam 0 cresci menta de
todas as especies capazes de infectar 0 trato urinario (FAIRLEY BIRCH 1989)
Altas contagens de bacterias aer6bias sao encontradas em amostras de
urina de jato medio quando os microrganismos sao providos de 6timo substrato e de
ten sao de O2 relativamente alta Em algumas sltuagoes como infecgoes cronicas
prostatite infecgao das glandulas parauretrais em mulheres litiase infecciosa e
cicatrizes renais per pielonefrite croniea os mierorganismos podem nao se
multiplicar tao rapidamente e pertanto nao apresentarem contagens tao altas quanta
nas cistites agudas Os sitlos de infecgao abaixe da bexiga nao fornecem as
mesmas condigoes favoraveis de incubagao ahsectgtmdisso a velocidade do fluxo
24
urinario e a freqO~ncia de miccaosao fatores que influem nas contagens bacterianas
(MASKELL 1989)
Torna-se claro que considerar baixas contagens de pat6genos aero bios em
culturas puras como contaminaCao e incorreto e pode levar a erros de diagn6stico
pois infeccoes de grande signific~ncia cHniea pod em nao estar sendo detectadas t
igualmente importante nao considerar automaticamente urna alta contagem de
col6nias como infecy8o sem considerar as condicoes do paciente e da coleta 0 usa
de antibi6ticos em resposta a urna alta contagem bacteriana pode selecionar cepas
resistentes tornando mais dificil 0 tratamento de infecgoes posteriores verdadeiras
(MASKELL 1989)
Alguns procedimentos utilizados para 0 diagnostico das ITU sao
considerados inaceitaveis atualmente e nao devem ser realizados como cultura de
cateter de Foley cultura de urina em meios Hquidos cultura de sedimento urinario
pesquisa de anaer6bios como procedimento de rotina e em urina de jato media au
obtida par cateteriza9ao bem como cultura de urinas que tenham permanecido mais
de duas heras sem refrigeragao au canservagao (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO1998)
41 COLETA E TRANS PORTE DE AMOSTRAS
A coleta e a trans porte inadequado da amostra podem levar a um resultado
de diffcil interpreta9aO Portanto a medida mais importante para realizar uma cultura
de urina e estabelecer rfgidos criterios de coleta e propiciar treinamento constante
para as profissionais envolvidos na realiza9aO da coleta (OPLUSTIL et al 2004)
Koneman et al (1997) recomendam que a paciente receba as instru90es de
coleta impressas ap6s receb~-Ias verbalmente Caso 0 paciente demonstre
inseguran9a au nao compreenda urn profissional treinado deve explicar novamente
25
passo a passo ou se passivel acompanhar pessoalmente a coleta (coleta
supervision ada)
Amostras de urina de jato media sao as amostras mais comumente
submetidas a cultura De preferencia deve ser colhida a primeira urina da manha
podendo ser aceitas urinas com pelo menos 2 heras de reten~ao Ap6s higiene da
regiao genital despreza-se 0 primeiro jato - 0 que auxilia a eliminacao dos
contaminantes da uretra inferior - e colhe-se 0 jato media em fraseD esteril
apropriado desprezando-se 0 final da mic9ilo (OPLUSTIL eJ al 2004) A higiene
genital deve ser realizada com agua e sabao naD anti-septico devendo ser as [abias
vaginais afastados e 0 prepucio retraido antes da miccao (GOBERNADO et 81
2002)
Alguns autores afirmam que mesma quando a coleta e meticutosamente
reatizada com a assist~ncia de um pro fissional treinado a urina apresenta-se
frequentemente contaminada (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Amostras urinarias de criancas obtidas com saco coletor devem ser colhidas
apos higiene da regiao genital e colocacao do saco coletor de forma asseptica
Troca-se 0 coletor a cada 45 minutos ou 1 h~ra repetindo-se a higiene e evitando-se
contaminacao fecal 0 coletor deve chegar fechado ao laborat6rio Tas amostras
freqOentemente sao contaminadas com microrganismos fecais promovendo
resultados falso-positivos portanto 0 maior significado clinico de amostras obtidas
com saco coletor e 0 resultado negativo (OPLUSTIL et a 2004) Culturas positivas
devem ser confirmadas por metodos de cateterizacao direta ou aspiracao
suprapubica (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Em pacientes com sanda vesical permanente pinca-se a canula do coletor
realiza-se desinfeccao da canula com alcool 70 e punciona-se com seringa e
26
agulha estereis colocando-se a amostra em frasee esteri Nunea se deve obter a
amostra do saco coletor de pacientes sand ados porque a multiplica9ao bacteriana
fornecera urn numero muito maior que aquele real mente presente no paciente
(OPLUSTIL et al 2004) Tambem nao se reeomenda deseoneetar 0 eateter do tubo
coletor sob risco de introduyao de microrganismos no sistema Sempre que passivel
tal coleta deve ser realizada ap6s troea do cateter pois urna microbiota que naD
corresponde a do paciente pade residir em cateteres antigos (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
A punyao suprapubica e considerada a metoda padrao auro para coleta de
urina par representar a verdadeira bacteriuria vesical (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998) Calhe-se com seringa e agulha diretamente par pun9ao vesical Tal
procedimento evita problemas de contamina9ao uretral e e recomendado para
crian9as ate dois anos detec9ao de anaer6bios enos casos de repeti9ao de ex ames
com interpretaoes duvidosas (OPLUSTIL et al 2004) Pode tambem estar indieada
para homens de qualquer idade com fimose e em mulheres com bacteriurias de
repeti~o de proeedeneia duvidosa (GOBERNADO et al 2002)
A cateteriza9ao com finalidade unica de obten9ao de amostras somente
deve ser realizada em pacientes nos quais nao seja possivel a elimina9aO
espontanea de urina como doentes neurologicos au com problemas urol6gicos
obstrutivos Caso seja necessaria devern-se utilizar tecnicas rigorosas de assepsia
por causa do alto risco de introdu9ao de rnicrorganismos (KONEMAN et a 1997
GOBERNADO et a 2002)
Para a pesquisa de Mycobacterium tuberculosis tres amostras de urina da
manha devem ser coletadas em dias consecutivos as tecnicas de cultivo para
27
micobacterias naD permitem a cresci menta de outros agentes e portanto a coleta
nac necessita de assepsia rigorosa (MIMS et al 1995)
Caso naD seja passivel a processamento da amostra de urina em ate 2
haras apas a coleta a amostra deve ser refrigerada (2 a 80 C) e processada em ate
24 haras tempo maximo para manuten~ao da contagem bacteriana estavel 0 usc
do preservativo acido b6rico permite que a amostra permane98 a temperatura
ambiente (20 a 25 C) ate 24 horas antes de ser process ada (OPLUSTIL ef aI 2004
CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Sistemas de trans porte usanda acido b6rico podem ser metodos alternativQs
para coletas realizadas em casa au em locais distantes do laborat6ria e mostram-se
tao efetivos quanta a refrigeragao (KONEMAM ef ai 1997)
Oepois de coletada a amostra de urina deve ser encaminhada ao laboratorio
a mais rapido possivel e com todas as informayoes necessarias para degprocessamento Devem ser relatados 0 horario e 0 metodo da coleta 0 tempo de
reteny80 da urina 0 tipo de paciente (por exemplo urologico ou geriatrico) a idade
o sexo se 0 paciente tem recebido quantidades aumentadas de Ifquido
apresentay80 clinica (existencia de sintomas) resultados de urinalise (presen9a de
celulas inflamat6rias) e resultados antecedentes de cultura (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
De maneira ideal as amostras devem ser coletadas antes do inicio da
terapia antimicrobiana Caso 0 paciente ja esteja recebendo ou tenha recebido
antibioticoterapia nas 48 horas antecedentes a realizay80 do exame esta
informay80 deve ser explicitada no formulario de requisiy80 do exame (MIMS et al
1995)
28
Recoletas devem ser solicitadas quando amostras nae refrigeradas forem
recebidas 2 horas ou mais ap6s a coleta au quando nac fcrem comunicados 0
horario e a forma de coleta No entanto nenhuma amostra deve ser desprezada
antes do cantata com 0 medico solicitante po is ela pade em alguns casas ser
insubstituivel (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Menos de 5 das urinas coretadas e transportadas adequadamente
apresentam multiplos microrganismos Exce~6es sao amostras de pacientes com
bexiga neurogemica au usa cranico de cateteres nos quais a bacteriuria
polimicrobiana pade ser detectada em 30 a 80 das culturas freqOentemente sem
infecao (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Segundo Koneman et al (1997) a acuracia do procedimento de coleta de
urina pode ser monitorada pela frequencia de exames com contagens entre 104 a 105
UFCml que nao deve exceder 5 a 10 se os procedimentos forem realizados
apropriadamente
42 A IMPORTANCIA DA COLORAltAo DE GRAM
Durante as ultimas decadas testes rapidos de triagem para bacteriuria foram
desenvolvidos com 0 propos ito de fornecer resultados mais rapid os e de eliminar a
necessidade de cultivar amostras negativas Entretanto sua utilizacao e limitada
principalmente pela incapacidade de detectar baixos niveis de bacteriuria e piuria
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
A coloracao de Gram da urina nao centrifugada e um dos metodos mais
rapidos seguros e baratos para estimar bacteriuria superior a 105 UFCml e
presenca de mais de 8 a 10 leucocitoslJl Homogeneiza-se muito bem a urina
coloca-se uma gota sobre lamina sem espalhar e deixa-se secar ao ar A lamina
deve ser fixada par calor au metanol (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998) A
29
presenca de uma ou mais celulas bacterianas per campo em aumento de 1000
vezes tern sensibilidade de 94 e especificidade de 90 em refletir uma contagem
de colOnias superior a 10 UFCml (KONEMAN ef al 1997)
Embora seja urn metoda barato de triagem a coloraC8o de Gram naD e
utilizada par muitos laborat6rios pelo consumo de tempo e baixa sensibilidade em
contagens inferiores a 105 UFCml Sugere-se a sua utilizacao como teste de triagem
apenas em pacientes com contagens de col6nias provavelmente altas
principalmente as assintomaticos e com suspeita de pielonefrite Alguns autores
relatam melhora da sensibilidade a nlveis acima de 104 UFCml com 0 usa de
citocentrifuga (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
A coloraCao de Gram do sedimento urinario em bora ainda utilizada por
muitos laboratorios e impropria pela baixa reprodutibilidade e dificuldade de
padronizacao e correlacao com os metodos de velocidade de excrecao de leucocitos
au contagem em camara (ALBINI 1994)
As informac6es fornecidas pela cOloracao de Gram sobre a morfologia do
microrganismo e caracteristicas na coloracao sao extremamente importantes para a
selecao inicial da terapia antimicrobiana enquanto se aguarda 0 informe definitivo
do resultado da cultura e do antibiograma (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO
1998)
~ imprescindivel a realizacao da coloracao de Gram para deteccao de
bacterias fastidiosas ou nao usuais Devido a dificuldade de desenvolvimento nos
meios utilizados para a deteccao de enterobacterias em alguns casos somente a
visualizacao microscopica indicarcfi a sua presenca (FRANZ HORL 1999)
A observacao microscopica da urina permite verificar a qualidade da amostra
especialmente em mulheres nas quais a contaminacao vaginal e frequente
30
produzindo resultados falso-positivos A presen~a de muitas celulas epiteliais e de
mais de urn tipo de microrganismo no Gram sugere contamina9aO da amostra em
decorrencia da coleta (OPLUSTIL et ai 2004)
Dutro aspecto importante da coloracao de Gram e a sua utilidade no
monitoramento das culturas podendo-se pelo seu resultado detectar erras tecnicos
e ate mesmo troca de amostras (ALBINI 2004)
31
5 BACTERIAS FASTIDIOSAS E INFECcAO DO TRATO URINARIO
Em 1989 Maskell citou a ocorrencia de bacterias fastidiosas como algumas
especies de estreptococos Gardnerela vaginalis Haemophilus influenzae
Corynebacterium spp e lactobacilos em infecgoes da bexiga e trato urinario superior
isoladas de amostras de urina obtidas par cateteriz8gao aspiragao supra-pubica e
tarn bam de amostras de tecido obtidas per bi6psia vesical Relatou tambem a
preseng8 de tais bacterias na urina de gestantes assintomaticas com mais
freqOencia do que em nao-gestantes e que as gestantes apresentando bacteriuria
posteriormente desenvolviam sintomas com mais freqoencia do que as que nao
apresentavam bacterias na urina
Fairley e Birch (1989) realizaram um importante estudo demonstrando que
pacientes com sintomas de infec~ao do trato urinario apresentando resultados
negativos em culturas de rotina podem abrigar bacterias fastidiosas ou baixas
contagens de uropat6genos convencionais na bexiga Os pacientes incluidos no
estudo foram os que apresentaram resultados inconclusivos em culturas previas de
jato medio como desenvolvimento inferior a 105 UFCml de um pat6geno
convencional ou a desenvolvimento superior a 102 UFCml de uma bacteria
fastidiosa Foram avaiiadas urinas obtidas por aspirayao suprapubica de 1817
mulheres e 300 homens cultivadas para uropat6genos convencionais e bacterias
fastidiosas utilizando in6culo que proporcionou resultados entre 101 e 107 UFCml A
freqOencia de isolamentos esta representada na tabela 1
32
TABELA 1 - FREQUENCIA DE BACTERIURIA EM 2117 PACIENTES(AMOSTRAS OBTIDAS POR PUNCAO SUPRAPUBICA) -1989
Uropat6-Culturas positivas $omente $omente especies genos
(n = 597) uropat6genos fastidiosas conven-convencionais (n = 366) cionais
n = 170 eespeci-
Pacientes Unica Multiplas Unica Multiplas Unica Multiplas esespecie especies especie especies especie especies faslidio-
sasMulheres (n = 1817) 370 191 148 5 222 125 61Homens (n = 300) 36 0 17 0 19 0 0
FONTE The Royal Melbourne Hospital
Vinte e aito especies microbianas foram isoladas no trabalho em questao
sendo Ureaplasma urealylicum Gardnerella vaginalis Escherichia coli Mycoplasma
hominis e Staphylococcus epidermidis as especies mais isoladas Quinhentas e
oitenta e uma (70) das 830 cepas isoladas pertenciam a especies fastidiosas -
Ureaplasma urealyticum Gardnerella vaginalis e Mycoplasma hominis - que nao sao
recuperadas em meies de cultura canvencianais Gardnerella vaginais fai mais
freqUente em mulheres enquanto Ureaplasma urealyticum nao apresentou diferen9a
estatisticamente significativa entre os sexas Treze esptkies fcram isoladas em
apenas uma ou duas ocasioes entre elas Streptococcus equi Streptococcus
equisimifis Streptococcus sanguis Morganella morgan Klebsiella oxytoca
Peptococcus anaerobius Proteus vulgaris Enterobacter aerogenes Salmonella
enteritidis Pseudomonas aeruginosa Haemophilus influenzae Haemophilus
parainfluenzae e Haemophilus parahaemofyticus Anaer6bios estritos foram isolados
de apenas sete dos 597 pacientes (FAIRLEY BIRCH 1989)
Culturas polimicrobianas foram obtidas em urn teno das pacientes do sexo
feminino e nao foram verificadas no sexe masculino A freqOencia de uropat6genos
cenvencienais e fastidiesos encontra-se na tabela 2
33
TABELA 2 - FREQU~NCIA DE UROPATOGENOS CONVENCIONAISE BACTERIAS FASTIDIOSAS EM 191 PACIENTES DO SEXOFEMININO COM BACTERIURIA POLMICROBIANA - 1989
Numero de Somente Samente especies Especiesespecies (numera uropat6genos fastidiosas convencionais e
de pacientes) convencionais fastidiosasOois (153) 9 99 45Tres (34) 0 17 17Quatro (4) 0 1 3
FONTE The Royal Melboume Hospital
Ureaplasmas au Gardnerella vaginalis fcram recuperados em 179 das 191
mulheres com infecgao polimicrobiana estando presentes concomitantemente em
100 das 191 amostras sugerindo urna passivel relacc3osimbi6tica Uropat6genos
convencionais fcram isolados em pouco mais de 33 das mulheres na maiaria dos
casas acompanhados por bacterias fastidiosas indicando que infeccoes
polimicrobianas usualmente envolvem bacterias fastidiosas (FAIRLEY BIRCH
1989)
A contagem de col6nias excedeu 105 UFCml apenas na minoria dos
pacientes portanto a bacteriuria nao seria detectada em muitos individuos caso 0
valor de ponto de corte tradicional tivesse sido utilizado Os resultados tambem
mostraram que baixas contagens bacterianas podem acontecer com qualquer uma
das especies bacterianas isoladas embora tenham sido mais freqoentes para
Ureaplasma urealytieum e Mycoplasma hominis Cento e setenta e quatro (21)
isolados apresentaram contagens inferiores a 103 UFCml sendo 138 (84)
pertencentes a especies fastidiosas (FAIRLEY BIRCH 1989)
Franz e HOrl (1999) citaram a ocorrencia de HaemophiJus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae pneumococos Campyobaeter Legionella
pneumophila Salmonella spp Shigella spp Corynebacterium grupo 02
34
Mycobacterium tuberculosis micobacterias atipicas e fungos como causadores
ocasionais de ITU
Domann et al (2003) realizaram estudo em amostras do trato urinario de
transplantados renais utilizando tecnicas moleculares baseadas em 168 rRNA peR
e cromatografla liquida de alta performance (DHPLC) Foi avaliada a aplicaaD do
metoda em 109 amostras e observou-se 100 de correlacao para amostras cultura-
positivas Para as amostras cultura-negativas a DHPLC permitiu a deteccao de
uropat6genos previa mente conhecidos como Corynebacterium urealyticum e
Gardnerella vaginalis mas tambem agentes nao usuais como AnaerocDCCUs
laclolyticus Bacteroides vufgatus Diaisler invisus Fusobacterium nuceaturn
Lactobacillus iners Leptotrichia amnionii Prevotella buccalis Prevotella ruminicola
Rahnella aquatilis e Streptococcus intermedius detectados como unicos pat6genos
ou como agentes de infecyoes polimicrobianas Uma vez que as ITU sao
freqGentemente associadas com inicio precoce de rejeiyBo cronica em
transplantados renais e conveniente a pesquisa de agentes patogenicos
oportunistas e nao usuais para 0 correto direcionamento do tratamento
antimicrobiano
Quatro casos de ITU com bacteremia por Methylobacterium spp em
pacientes do sexo feminino imunocompetentes foram reportados por Lee Tang e Uu
(2004) Todas as pacientes tiveram hemoculturas positivas para Methylobacterlum
spp e suas culturas de urina foram negativas ou positivas para Escherichia coli com
crescimento concomitante de outro bacHo gram-negativ~ em baixa contagem que foi
ignorado Foram realizados experimentos especiais com os isolados indicando que
de acordo com os procedimentos padrao para culturas de urina com 24 horas de
incubayao a 35degC as colonias de Methylobacterium spp nao sao visualizadas e 0
35
pequeno numero de col6nias observado ap6s incuba~ao adicional de 24 heras a
temperatura ambiente apenas sugere ser a especie urn contaminante
Particularmente quando especies de Methyfobacterium estao presentes
concomitantemente com Escherichia coli ocorre supressao do cresci menta de
Methylobacterium spp tornando impassivel a sua deteccao 0 estudo conclui que a
falta de relatos de casas de ITU por Methylobacterium spp deve-se a impossibilidade
de detec~ao da especie por metodos padrao de cultura de urina au ainda porque a
baixa virulelncia da bacteria pode produzir ITU autolimitadas au talvez muitas vezes
curadas com as antibi6tico5 normalmente utilizados As especies estudadas fcram
variavelmente resistentes as cefalosporinas acido nalidixico nitrofurantoina e
sulfametoxazol-trimetoprim e 100 suscetiveis a ciprofloxacin imipenem e
aminoglicosideos
51 Corynebacterium spp
Corynebaclerium urealylicum pode ser uma importante embora rara causa
de ITU variando a freqOencia de isolamentos significativos de zero a 35 em
popularoes nao selecionadas A bacteriuria por Corynebacterium urealyticum ocorre
em pacientes hospitalizados per longos perledes severamente
imunocomprometidos urologicamente manipulados ou idosos Tal microrganismo
tam bern tern sido associado com pielonefrite e pode desaparecer espontaneamente
da urina mesmo sem antibioticoterapia (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Corynebacterium glucuroneyticum tambem chamado Corynebacterium
seminae tern side iselade de semen e trate g~nite-urinarie masculine e pede causar
prostatite ou uretrite Corynebacterium pseudogenitalium (CDC grupo F1) tambem
tern sido reconhecido como pat6gene do trato urinario (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
36
Foi relatado por Soriano e Ponte (1992) um caso de cistite de incrusta~ao
causado por urn corineforme identificado como CDC grupo F1 0 paciente havia
sofrido ITU previas persistentes causadas por Corynebacterium ureayticum (CDC
grupo 02) A cura bacteriol6gica foi alcan=ada apes urn mes de tratamento com
amoxicilina e acido acetohidroxamico
Meria at al (1998) realizaram levantamento bibliografico entre as anos de
1985 a 1997 sabre casas de cistite e pielite de incrustacao Foi constatado a
aumento progressive no numero de cases especialmente em pacientes
imunodeprimidos e particularmente em transplantados renais Tais inflamacoes
cr6nicas estao associadas com incrustac6es da mucosa causadas por bacterias
produtoras de urease tendo sido as mais freqOentes especies de Corynebacterium
grupo 02 A presenCa de urina alcalina contendo abundantes debris mucopurulentos
calcificados e alta mente sugestiva e pode auxiliar no diagnostico clinico A
demonstracao da bacteria envolvida requer culturas prolongadas em meios de
cultura enriquecidos 0 diagnostico precoce pode evitar falhas de tratamento e uma
possivel rejeicao do orgao transplantado
Em estudo realizado par Riegel et al (1995) corineformes em quantidades
significativas (104a 105 UFCml) foram isolados em amostras de semen uretra urina
e sangue de homens inferteis com diagn6stico de prostatite As analises genomicas
realizadas demonstraram ser as cepas pertencentes a uma mesma especie dentro
do genero Corynebacterium As 12 amostras mostraram padroes bioquimicos
simi lares entre elas born crescimento em agar sangue de carneiro em contraste com
crescimento pobre no mesmo meio suplementado com Tween 80 1 teste de
CAMP positivo fermentacao de glicose sacarose e presenCa de beta-glucuronidase
Tais caracteristicas permitiram a distincao destas cepas dos outros membros do
37
genera e 0 nome proposto foi Corynebacterium seminae Embera organismos
difter6ides pass am fazer parte da microbiota uretral a presenCa de contagens
significativas destas especies no semen sugere urna implica~ao infecciosa
particularmente na prostatite
Estudo molecular filogenetico baseado em 16S rRNA peR realizado em
pacientes com prostatite croniea demonstrou sinais bacterian05 em 65 dos
pacientes estudados Foi constatada a ocorreuromcia de um amplo espectro de
especies bacterianas no fluido prostatico dos pacientes incluindo Corynebacterium
Staphylococcus PepiosfreptococGUS Streptococcus e Escherichia Especies do
genera Corynebacterium foram encontradas em maior proponao incluindo especies
ainda nae descritas e n~o presentes nas amostras de controle sugerindo que
possam ter um papel na doen~a au que sejam conseqOemcia da mesma 0 estudo
mostreu ainda que os microrganismos associ ados com prestatite geralmente
ocorrem em comunidades microbianas distintas daquelas encontradas em liquidos
prostaticos normais (TANNER ot al 1999)
Segundo Domingue e Hellstrom (1998) a observaltio microsc6pica
cuidadosa de amostras de secre~~o prostatica bern como a inocula~~o em meios
enriquecidos sao essenciais para a isolamento de corineformes Foi realizado estudo
em uma amostra de secre~ao prostatica na qual a colora~ao de Gram apresentou
cocobacilos gram Itlbeis pleom6rficos que nao se desenvolveram em meios de rotina
incubados por 72 horas a 35degC Houve desenvolvimento em meio de cultura
enriquecido com extrato de leveduras e sora de cavalo e incubado no minimo 72
horas em atmosfera de 5 de CO2 a 35degC A secregao inoculada em caldo triptose
demonstrou a presen~a de bacilos gram-varitlveis (microscopicamente) e quando
repicada produziu bacilos de crescimento lento em meios de retina e enriquecidos
38
(incubados aerobicamente anaerobicamente ou sob tensao de CO2 par 72 haras)
Corineformes ocultos pod em ser agentes etiol6gicos da prostatite idiopatica croniea
que sao frequentemente perdidos au nao percebidos em procedimentos
bacteriol6gicos de rotina
52 Gardnerella vaginais
o significado de Gardnerela vaginais em urina e controverso pois a
principal associacao patogElnica desta bacteria e com a vaginose na mulher Embora
baixas contagens na urina parecam refletir a micro biota da uretra masculina ou
feminina contagens aeima de 10000 UFCml ja fcram associadas com bacteriuria
sintomatica ITU recorrente cistite na mulher uretrite e prostatite no homem
Entretanto me sma quando ern altas contagens freqOentemente nao ha resposta
leucocitaria Gardnerela vaginalis e encantrada mais freqOentemente em mulheres e
pacientes com doena renal e ap6s instrumentaao (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
Estuda realizado par Agarwal e Dixon (2001) investigau a passivel papel de
Gardnerella vaginalis na cistite intersticial usando metodos maleculares para
garantir a recuperaCao do microrganismo mesmo em baixas contagens Nenhuma
das trinta e tres amastras de bi6psias de bexiga de pacientes com cistite intersticial
foram positivas para Gardnerella vaginais a que embora nao exclua seu
envalvimenta na cistite intersticial diminui esta probabilidade
Ginestre Perez et al (2001) realizaram estudo de mil trezentas e setenta
amostras de jato media de urina de pacientes com sintomas de ITU Gardnerella
vaginalis cujo papel patagenica no trato urinario e discutivel ocupou a segundo
lugar em freqOencia etiologica (1763) ficando atras somente de Escherichia coli
(5210) e superando microrganismos cansiderados uropat6genas classicos como
39
Proteus mirabifis (763) Klebsiella pneumoniae (684) e Pseudomonas
aeruginosa (368) Embera a presen~a de Gardnerella vaginais em amostras de
jato media urinario possa indicar contaminayao vaginal todos as cultivos positivos
para esta bacteria apresentavam contagens superiores a 100000 UFCml e
provinham de pacientes sintomaticos representando urna alta probabilidade de
infec~ao urinaria verdadeira
53 Mycoplasma hominis E Ureaplasma urealyticum
Especies patogenicas como Mycoplasma hominis e Ureaplasma urealyticum
ocorrem freqOentemente como colonizantes do trato urogenital inferior de homens e
mulheres saudaveis A ocorrencia de infec~ao esta provavelmente relacionada a
imunossupressao obstru~ao ou procedimentos previos de instrumental)ao no trato
urinario Ureaplasma urealyticum tern sido encontrado em calculos urinarios de
pacientes com liHase infecciosa sugerindo uma possivel associal)ao causal
Mycoplasma hominis tern sido isolado do trato urinario superior em pacientes com
sintomas de pielonefrite aguda FreqOentemente ha resposta imunol6gica especifica
(MURRAY 1999)
Foi pesquisada a presen9a de Ureaplasma urealyticum e Mycoplasma
hominis em amostras de jato medio de 314 mulheres e 52 homens sintomaticos do
trata urinltilria Ureaplasma urealyticum fai isalada em 54 (171) das mulheres e 8
(154) dos hom ens e Mycoplasma hominis foi isolado em 12 (38) das mulheres
e 4 (77) dos homens Ureaplasma urealyOcum foi superado apenas par
Escherichia coli e Gardnerella vaginalis em ambos grupas 366 e 254
respectivamente no sexo feminina e 585 e 308 no masculino Demonstrou-se
partanto que a bacteriuria par ureaplasmas e relativamente co mum porem nao e
40
detectada por metodos convencionais de cultura de urina (AVILES ZARAGOZA
1998)
A significancia de micoplasmas em amostras de jato medic urinario e de
dificil determinacao devido a provavel contaminacao da amostra par
microrganismos colonizantes da vagina e uretra distal Entretanto estudos
realizados em amostras de aspirado suprapubico em gestantes demons tram que 0
desenvolvimento de pre-eclampsia e tres vezes mais prov3vel em mulheres
apresentando culturas positivas para ureaplasmas no inicio da gestacao do que em
mulheres com culturas negativas no mesmo periodo (KONEMAN ef a 1997)
54 Haemophilus spp
Existem varios estudos relacionando Haemophifus influenzae e Haemophilus
parainfluenzae a ITU embora sua freqOencia e significancia nae tenham sido
confirmadas Alguns pesquisadores sugerem a inclusao de agar chocolate em
culturas de urina de crian~as por causa da associa~ao de Haemophilus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae com outras infec~6es nesta faixa etaria (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
Maskell (1989) citou a ocorrencia de certas bacterias fastidiosas em sftios do
trato urinflrio abaixe da bexiga como par exemple em cases de prostatite por
Haemophilus influenzae
55 Lactobacillus spp
Em estudo realizado em pacientes do sexe feminine com sind rome uretral
aguda demonstrou-se uma alta freqOencia de isolamentos de lactobacilos Durante
dois anos amastras de jato medic de tais pacientes foram cultivadas observando-se
a principio alta concentracao de lactobacilos principalmente nas pacientes
sintomaticas Ao final do estudo durante 0 qual foi impedido 0 usa de antibi6ticos os
41
lactobacilos desapareceram da urina de muitas mulheres as quais tornaram-se
assintomaticas Os autores concluiram que as sintomas da sindrome uretra podem
ser devidos a multiplica~ao desproporcional de lactobacilos na uretra distal como
resultado de antibioticoterapia frequentemente administrada em cursos prolongados
para resolurao dos sintomas urinarios Lactobacilos tambem tern sido relatados em
amostras de urina obtidas diretamente da bexiga e de amostras de tecido obtidas
par bi6psia vesical bern como ocasionalmente isolados em urinas de mulheres
idosas com sintomas urinarios (MASKELL 1989)
56 COCOS GRAM-POSITIVOS
Microrganismos dos generos Lactococcus Gemella Aerococcus e
Globicatella embora possam estar presentes como contaminantes em culturas de
material clinico tern sido isolados como patogenos oportunistas ern urina e outras
amostras de pacientes imunocomprometidos Esforyos para identifica-Ios devem ser
realizados quando os isolados forem clinicamente significantes isto e isolados
repetidamente ou em cultura pura Devido a semelhanya com outros cocos gram-
positivos isolados com mais freq04sectncia como estreptococos enterococos e
estafilococos possivelmente sao confundidos com especies destes generos
(MURRAY 1999)
Golapachar et al (2004) relata ram um caso de infec9ao do trato urinario com
bacteremia causa do por Aerococcus viridans em um homem de 87 anos residente
em uma cUnica de repouso A cultura de urina apresentau crescimenta de 105
UFCml de Aerococcus viridans e a hemocultura fai positiva para a mesmo
microrganismo Os testes bioqulmicos que leva ram a identificayao do
microrganismo faram reayoes negativas de catalase e LAP (Ieucina aminopeptidase)
e reaDes positivas para PYR (L-pyrrolidonyl-beta-naphtylamina) fermentaao de
42
trehalose e manese resistencia a optoquina crescimento em agar bile esculina 40
e cresci menta em cloreto de s6die 65 As especies de Aerococcus sao anaer6bias
facultativas a maioria catalase negativa com tendemcia a formaCao de tetrades na
morfologia microsc6pica PYR positivo e LAP negativ~ a que as diferencia de
enterococos e estreptococos
A escassa documentacao a respeito de infecyoes humanas por Aerocccus
sp deve-se provavelmente a sua similaridade microbiol6gica aos estreptococos alfa-
hemoliticos e enterococos e possiveis erras na interpretacao laboratorial de
amostras clinicas No casa acima descrito a laborat6rio de microbiologia nao pade
reaHzar a antibiograma devido a natureza fastidiosa da bacteria mas houve sucesso
terapeutico ap6s administray8o intravenosa de levofloxacin (GOLAPACHAR et al
2004)
Um caso de pielonefrite e urossepsis por Streptococcus pneumoniae foi
relatado em urn hornem de 82 anos com hist6ria clinica de leucemia linf6ide cronica
e diabetes mellitus Exames radiograficos abdominais e tomografia computadorizada
mostraram uma imagem indicativa de extensa pielonefrite no rim esquerdo sem
nenhum outro foco de infecc8o 0 abscesso renal foi tratado por drenagem
transuretral e 0 material purulento obtido foi cultivado assim como materiais de
orofaringe escarro e sangue Esearro e orofaringe revelaram apenas mierobiota
normal do trato respirat6rio enquanto 0 material drenado e as hemoculturas
demonstraram microseopicamente cocos gram-positiv~s aos pares e em eadeias
alguns dos quais eram lanceolados havendo bom crescimento em agar sangue de
carneiro e agar chocolate a 37degC As col6nias eram fracamente alfa-hemoliticas no
agar sangue e nao muc6ides catalase-negativas e sensiveis a optoquina Testes de
aglutinac8o sorologiea de ambos materiais confirmaram a identificac8o e testes
43
moleculares demonstraram ser as dois isolados identicas Apesar da terapia
antimicrobiana a paciente desenvolveu coagula98o intravascular disseminada e
sofreu uma parada cardiaca sendo que 0 quadro foi revertido mas tornau-se
necessaria a nefrotomia para eliminar a foco da infeccao Em contraste a estud05
anteriores a paciente descrito apresentou um verdadeiro casa de pielonefrite
abscesso renal e urossepsis causados par Streptococcus pneumoniae A presenca
de doencas como leucemia linf6ide crOniea e diabetes mellitus fcram 5uficientes para
causar um certa grau de imunossupressao e predispor a paciente a infeccao par
Streptococcus pneumoniae mesma sem hist6ria antecedente de infecC8o
pneumoc6cica trauma ou interven9ao cirurgica (DUFKE KUNZE-KRONAWITIER
SCHUBERT2004)
57 BACT~RIAS ANAER6BIAS
Tern sido descritos casas de infec90es do trato urinario par bacterias
anaer6bias com as mais diverses tipos de apresenta90es clinicas entre processes
crenicos e agudos As bacterias recuperadas sao bacilos gram negativQs incluindo
Bacteroides fragifis Prevotella sp e Porphyromonas sp Clostridium sp cocos
gram-positiv~s e Actinomyces sp Em muitos casas sao recuperadas em culturas
mistas com coliformes e estreptococos (BROOK 2004)
58 OUTRAS BACT~RIAS FASTIDIOSAS
Foi descrita par Greub e Raoult (2002) uma nova especie bacteriana
Actinobaculum massiliae recuperada da urina de uma mulher de 81 anos com ITU
cr6nica Os estudos fenotipicos genotfpicos e filogeneticos realizados mostraram
ser 0 isolado urna nova especie ainda nao recanhecida dentro do genera
Actinobaculum e foi proposta a denominacao Actinobaculum massiliae A mesma
cepa faj isolada tres vezes num perlodo de sete meses mesmo apes tratamento
44
com amoxicilina sulfametoxazol~trimetoprim e rifampicina Devida ao fata do
microrganismo nao ser isolado em procedimentos laboratoriais de rotina uma ITU
devido a Actinobaculum massiliae pade ser mal diagnosticada Alem disso as
col6nias apresentam heterogeneidade morfol6gica ap6s cinco dias de incubacao
podendo levar a uma errOnea interpretaC(ao de contaminacao com duas especies de
badlas gram~positivos 0 usa de agar sangue de carneiro e incubacao prolongada
motivado pela presenca de 106 leuc6cit05 per ml na urina da paciente permitiu a
desenvolvimento da cepa Houve cura ap6s tratamento com doxiciclina (GREUB
RAOUL T 2002)
Em estudo clinico e microbiol6gico de mulheres com sindrome uretral -
excluindo pacientes com cistite bacteriana - 41 pacientes foram comparadas com 42
pacientes controle Nao foi encontrada diferenca entre pacientes e con troles em
incid~ncia de Chlamydia trachomatis e outros microrganismos de transmiss3o
sexual 0 numero de lactobacilos e outros microrganismos fastidiosos bem como a
numero de leucocitos na urina nao apresentaram diferenca entre pacientes com
sintomas leves e intensos ou entre pacientes e controles Os auto res sustentam a
hipotese da sindrome uretral nao ser causada por infecrao bacteriana ou clamidial
(GILLESPIE et al 1989)
45
6 CONCLUSAO UMA REFLExAO
E indiscutivel a importo1ncia para a laborat6rio de requisicoes de exame
completas com informayoes sabre suspeita clinica existencia de sintomas
anormalidades do trata urinario e condhoes imunol6gicas do paciente Embora
tradicionalmente a maiaria dos medicos nao fornega muitas informacoes sabre 0
paciente ao laborat6rio a microbiologista pede incentivar a criacao de urn canal de
comunicacao quando observar a necessidade de informagoes sobre determinado
paciente
Exames anteriores do paciente sempre que disponiveis devem ser
consultados e comparados pois informacoes sabre infecc6es recorrentes au
recidivantes especies bacterianas envolvidas au presen9a de piuria esteril sao
importantes para direcionar a pesquisa para agentes fastidiosos
o metoda de coleta e as condi~6es de transporte da urina deterrninam a
qualidade da amostra e a quao relevantes serao as microrganismos nela
encontrados Considerando-se que urna bacteria normalmente considerada como
contarninante introduzida durante a coleta pode ser em alguns casos patogenica ou
ainda que uma especie fastidiosa patogenica de crescimento lento pode ter seu
crescimento inibido par uma contaminante de crescimenta mais rapido a coleta
adequada torna-se urn fator de suma importancia para a detec~ao de especies
fastidiosas em urina
Como ja discutida torna-se indispensavel a realiza~ao da calora~ao de
Gram em amostras de urina pOis alem de ser urn teste de triagem rapida e barato
para bacteriuria acima de 105 UFCml pode ser 0 unica indicativa da presen~a de
urna especie fastidiosa
46
A comunica~ao entre a microbiologista e a medico pode determinar nao 56 a
sucesso do diagn6stico e do tratamento como a viabilidade economica da pesquisa
de bacterias fastidiosas para 0 laborat6rio urna vez que direciona as esforyos
laboratoriais aos pacientes que realmente necessitam evitando 9a5t05
desnecessarios
Bacte-rias fastidiosas podem nao responder ao tratamento antibi6tico para
pat6genos convencionais do trato urinario portanto a pesquisa precocemente
direcionada para tais agentes pode melhorar 0 progn6stico das ITU evitando a
administracao de antibioticos inadequados au desnecessarios
Como observado nos diversos casas reiatados bacterias fastidiosas
ocorrem em cenaries clinicos especificos 0 entendimento do processo da doen=a e
as condi=oes do paciente pod em ajudar muito 0 laboratorio no esfor=o para
recuperar a bacteria do material clinico
47
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
ALBINI C A Cullura de Urina Analise das metodologias interfer~ncja sobre as
resultados e proposta para padronizacao 1994 54 f Monografia (Especia1iza9aO em
Bacteriologia) - Setor de Ciencias da Saude Departamento de Patologia Medica
Universidade Federal do Parana Curitiba
AGARWAL M DIXON R A A study to detect Gardnerella vagina lis DNA in
interstitial cystitis British Journal of Urology (on line) 2001 Disponlvel em
httpwwwbjuiorg889articlebju2514aspAcessoem 03 fev 2005
BATRA A Interstitial Cystitis Updade Infection Urology (on line) 1999 Disponivel
em httphomeswipnetsellsopicupdatehtm Acessa em 20 dez 2004
CLARIDGE J E JOHNSON J R PEZZLO M T Laboratory Diagnosis of Urinary
Tract Infections Washington American Society for Microbiology 281998
BROOK I Urinary tract genito-urinary suppurative infections due to anaerobic
bacteria International Journal of Urology (on line) 2004 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezigueryfcgicmd=Retrieveampdb=pubmedampdopt=Abst
ractamplist uids=15009360 Acesso em 18 mar 2005
DOMANN E HONG G IMIRZALIOGLU C TURSCHNER S KOHLE J
WATZEL C HAIN T HOSSAIN H CHAKRABORTY T Culture-Independent
Identification of Pathogenic Bacteria and Polymicrobial Infections in the Genitourinary
Tract of Renal Transplant Recipients Journal of Clinical Microbiology (on line) 2003
48
Disponivel em httpjcmasmorgcgireprintl41125500pdf Acesso em 18
mar2005
DOMINGUE G J HELLSTROMW J G Prostatitis Clinical Microbiology Reviews
(on line) 1998 Disponivel em httpcmrasmorglcgilcontentifuIl11141604 Acesso
em 03 fev 2005
DUFKE S KUNZE-KRONAWITIER H SCHUBERT S Pyelonephritis and
Urosepsis Caused by Streptococcus pneumoniae Journal of Clinical Microbiology
(on line) 2004 Disponlvel em httpjcmasmorgcgicontentifuIl4294383 Acesso
em 06 mar2005
FAIRLEY K F BIRCH D F Detection of Bladder Bacteriuria in Patients with Acute
Urinary Symptoms The Journal of Infectious Diseases Melbourne v 159 n2 p
226-231 fev 1989
FRAIMOW H S JUNGKIND D L LANDER D W DELSO D R DEAN J L
Urinary Tract Infection with an Enterococcus taecais Isolate that Requires
Vancomycin for Growth Annals of Internal Medicine (on line) 1994 Oisponivel em
httpwwwannalsorgcgicontentifuIl1211122 Acesso em 18 mar 2005
FRANZ M HCRL W H Common errors in diagnosis and management of urinary
tract infection I Patophysiology and diagnostic techniques Nephrology Dialysis
Transplantation (on line) 1999 Disponivel em
httpltwwwndtoupjournalsorgcgicontentifuIl141127 46 Acesso em 01 dez 2004
49
GIBB A P Plates are Belter than Broth for Recovery of Fastidious Organisms from
some Specimen Material Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Oisponivel
em httpjcmasmorgcgireprinU4041129pdf Acesso em 06 mar2005
GILLESPIE W A HENDERSON E P LINTON K B SMITH P J Microbiology
of the urethral (frequency and dysuria) syndrome A controlled study with 5-year
review British Journal of Urology (on line) 1989 Disponfvel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
2804564ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr 2005
GINESTRE PEREZ M ROMERO-A~EZ S MARTINEZ-GARCIA A RINCON-
VILLALOBOS G HARRIS-SOCORRO B CATELLANO-GONZALES M AVILA-
ROO Y PEROZO-MENA A Gardnerella vaginalis y uropat6genos convencionales
em pacientes ambulatorios Revista de La Sociedad Venezolana de Microbiaogia
(on line) 2001 Disponivel em
httpwwwseieloorgvaseielo phpscriptsci arttextamppid=S 1315-
25562001000200003amplng=esampnrm=isso Acesso em 05 jan 2005
GOBERNADO M CRUZ F J DALET F BROSETA E DE CUETO M
SANTOS M DE LA ROSA M Procedimientos en Microbiologla Clinica La
infeccion urinaria 2002 Disponivel em
httpwwwseimcorgprotocolosmicrobiologiaindice14htm Acesso em 01 dez
2004
50
GOLAPACHAR A AKINS R L DAVIS W R SIDDIQUI A A Urinary tract
infection caused by Aerococcus viridans a case report International Medical Journal
for Experimental and Clinical Research (on line) 2004 Oisponivel em
httpwlNNmedscimonitcompubvol 10no 114928pdf Acesso em 03 dez 2004
GREUB G RAOULT D Actinobaculum massiliae a new species causing chronic
urinary tract infection Journal of Clinical Microbiology (on line) 2002 Disponivel em
httpwwwpubmedcentralnihgov articlerender fcgitool=pubmedamppubmedid=12409
355 Acesso em 13 fev2005
HElLBERG I P Diagnosis and clinical management of urinary tract infection
Disponivel em httpwwwunineteducin2003confpfefermanpfefermanhtml
Acesso em 20 out 2004
KONEMAN E W ALLEN S D JANDA W M SCHREKENBERGER P C
WINN Jr W C Cr Atlas and Textbook of Diagnostic Microbiology 5ed
Philadelphia Lippincott-Raven 1997
LIPSKY B A Managing Prostatitis and Urinary Tract Infection in Men Infectious
Diseases Infoalerl (on line) 2003 Oisponivel em
httpwwwdpacomhklpdflinfolnfoALERT 15pdf Acesso em 10 dez 2004
MASKELL R A new look at the diagnosis of infection of the urinary tract and its
adjacents structures Joumaloflnfecfion Portsmouth n 19 p 207-217 jul 1989
51
MERIA P DESGRIPPES A ARFI C LE DUC A Encrusted Cystitis and Pyelitis
Journal of Urology (on line) 1998 Disponlvel em
htlpIwwwjurologycomipUrejuroabstract00005392-1 99807000-
00003htmmiddotjsessionid-CnHOtEDjxvOgrxiWIUac52pekluG1HSCZzrnOpCIJH4V107ePU
evI848681301-949856032190011-1 Acesso em 21 abr 2005
McCUE J D The Management of Complicated Urinary Tract Infections Infectious
Diseases Infoalert (on line) 1999 Disponfvel em
htlpIwwwdpacomhkJpdlfinlofinlo alart 01pdl Acesso em 01 dez 2004
MURRAY P R Manual of Clinical Microbiology 7ed Washington ASM Press
1999
NABER K G BERGMAN B BISHOP M C JOHANSEN T E B BOTTO H
LOBEL B CRUZ F J SELVAGGI F P European Association 01 Urology
Guidelines on Urinary and Male Genital Tract Infections Disponlvel em
httpwwwuroweborglfilesluploaded filesuti mgtLpdf Acesso em 20 dez 2004
OPLUSTIL C P Urocultura In__ Procedimentos basicos em microbiologia
clinica 2 ed Sao Paulo Sarvier 2004 p 88-93
OSBORNE J About Interstitial Cystitis Disponivel em htlplwwwic-
networkcomhandbooklbasicshtmlintro Acesso em 20 dez 2004
52
PEDRAZA AVILES A G ORTIZ ZARAGOZA M C Symptomatic bacteriuria due to
Ureaplasma and Mycoplasma in adults Revista Latinoamericana de Microbiologia
(on line) 1998 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedampdopt=Abs
tractamplist uids=20388109 Acesso em 20 abr 2005
RIEGEL P RUIMY R BRIEL D de PREVOST G JEHL F BIMET F
CHRISTEN R MONTEIL H Corynebacterium seminale sp Nov a New Species
Associated with Genital Infections in Male Patients Journal of Clinical Microbiology
(on line) 1995 Disponlvel em
htlpllwwwpubmedcentralnihgovpicrenderfcgiartid=228387ampblobtype=pdf
Acesso em 19 mar 2005
SORIANO F PONTE C A case of urinary tract infection caused by
Corynebacterium urealyticum and coryneform group F1 European Journal of Clinical
Microbiology Infectious Diseases (on line) 1992 Disponfvel em
httoIwwwncbinlmnihgoventreziguervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
1396772ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr2005
TANNER M A SHOSKES DSHAHEDA PACENR Prevalence of
Corynebacterial 16S fRna Sequences in Patients with Bacterial and Nonbacterial
Prostatitis Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Disponivel em
httpmcmasmorgcontenVfull3761863 Acesso em 06 mar 2005
TRABULSI L R ALTERTHUM F Escherichia coli uropatagenica (UPEC) In
Microbiaagia 4 ed Sao Paulo Atheneu 2004 p 303-309
53
13
al 1995) as polissacarfdeos capsulares bloqueiam a opsonizacao da bacteria par
interferirem com a deposi9ao do complemento (TRABULSI ALTERTHUM 2004)
Estafilococos coagulase negativos tern apresentado capacidade de
aderemcia as celulas do epitelio uretral e a protefnas celulares incluindo laminina
fibronectina vitronectina e colageno que podem permitir uma infeqao ascendente e
subseqOente colonizacao da glandula prostatica Ah~m disso produzem substancias
com propriedades antifagociticas antiquimiotaticas e antiproliferativas que afetam as
neutr6filos e linf6citos prejudicando as mecanismos de defesa do hospedeiro
(DOMINGUE HELLSTROM 1998)
A patogemese da prostatite bacteriana nao esta bern definida mas acredita-
se que 0 mecanisme principal seja infecyao uretral ascendente ou refluxo de urina
infectada da bexiga para os ductos prostaticos pela uretra posterior A prostatite
bacteriana pode ocorrer tambem como complicacao apes instrumentayao ou cirurgia
genitourinaria (LIPSKY 2003)
Assim como os microrganismos que possuem propriedades uropatogemicas
infectam 0 trato urinario normal bacterias nao reconhecidamente uropatogeuromicas
podem causar infeccao quando na presenca de anormalidades do trato urinario ou
quando os mecanismos de defesa do hospedeiro estao prejudicados como em
crian9as idosos gravidas diabeticos e imunocomprometidos como os
transplantados renais (FRANZ HORL 1999)
31 SiNDROMES CLiNICAS
o termo infeccao do trato urinario (lTU) inclui uma ampla gama de
s[ndromes clinicas sendo as mais comuns na pratica cHnica a bacteriuria
assintomatica a cistite (incluindo a sind rome uretral aguda) e a pielonefrite
Qualquer uma das sindromes pode ocorrer em urn paciente com anormalidades
14
urol6gicas que predispOem a ITU au dificultam 0 tratamento e nestes cases a
infec~ao e designada complicadaD
bull Sindromes ITU menes comumente
encontradas incluem prostatite abscessos renais e urossepsis (ITU com bacteremia)
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
As infec90es do trato urinario nao complicadas sao comuns e estima-se que
50 das mulheres que possuem 0 trato gemito-urinario normal apresentarao pelo
menes urn episodio de ITU aguda durante a vida As ITU complicadas estao
associadas a anormalidades funcionais au estruturais do trato urinario (bexiga
neurogenica refluxo vesicQureteral rim esponjoso medular nefrocalcinose cistos
renais etc) obstru9aO do trato urinario (hiperplasia benigna da pr6stata urolitiase
tumores estenose da jungao uretero-pelvica) cateterizagao ou instrumentacao
patogenos multirresistentes imunossupressao ou prostatite (HElLBERG 2003)
A diferenciagao entre ITU inferior e superior e importante tendo em vista as
complicagOes do envolvimento renal na infecgao no entanto os procedimentos
diagn6sticos mais acurados sao invasivos e apresentam risco (cateterizagao)
Usualmente a elevagao de parflmetros inflamat6rios como a proteina C reativa
leucocitose e febre indicam ITU superior e rnais recentemente tern sido utilizada
como marcador a excreyao aumentada de N-acetil-beta-glucosaminidase A
resoluyao da bacteriuria ap6s urn dia ou ap6s tratamentos curtos de tnsects dias condiz
com ITU inferior (FRANZ HORL 1999)
Murray (1999) cita como principais bacterias patogeuromicas no trato urinario
Escherichia coli Proteus mirabilis Klebsiella spp Enterobacter spp Pseudomonas
spp Enterococcus spp Staphylococcus saprophyticus Staphylococcus aureus
Ureaplasma spp Mycobacterium tuberculosis e Neisseria gonorrhoeae Sao
encontrados como microrganismos comensais no trato gemito-urinario
15
Corynebacterium spp Lactobacillus spp Staphylococcus spp Streptococcus spp
Neisseria spp nao patogemicas Mycoplasma spp Ureaplasma spp Gardnerella
vaginalis microrganismos entericos Acinetobacter spp Capnocytophaga spp
Enterococcus spp e bacterias anaer6bias
A bacteriuria assintomatica e definida pela presen~a de bacterias em algum
local do trato urinario na ausencia de sintomas Sua significancia clinica e
controversa tendo em vista que certes grupos de pacientes podem sofrer
consequeuromcias graves como por exemplo crian~as com refluxo vesicQureteral nas
quais a infecvao silenciosa pode causar dana renal e tambem gestantes nas quais
a progressao da infecCao pode causar dana ao feto bern como aumentar 0 risco de
pielonetrite na mae (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Cistite e definida como a infec9c3o presumivelmente limitada a bexiga pela
presen9a de sintomas caracteristicos (disuria urgencia OUfrequemcia) e ausencia de
sintomas sugestivos de inflamacZlo em Qutros locais do tratc urinario (CLARRIOGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
A sindrome uretral aguda tambem conhecida por sind rome piuria-disuria au
abacteriuria sintomatica e caracterizada por sintomas de ITU (disuria urgencia e
miccoes freqOentes) acompanhados de leucocituria e cultura de urina negativa au
com baixas contagens de bacterias Atualmente reconhece-se que 0 criteria de
contagem de colonias tradicional utilizado para diferenciar cistite bacteriana de
sindrome uretral aguda e controverso e que muitas mulheres disuricas com baixas
contagens de col6nias necessitam de tratamento para ITU bacteriana aguda
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998 HElLBERG 2003)
A sind rome uretral aguda pode ser causada por bacterias fastidiosas ou nao
usuais como Chlamydia trachomatis Ureaplasma urealylicum Neisseria
16
gonorrhoeae Mycoplasma spp Mycobacterium spp Trichomonas spp au Candida
spp Outras causas incluem abscessos rena is obstrucao ureteral completa e
luberculose renal (HEllBERG 2003)
A inflamacao dos rins e pelves renais (pielonefrite) oeasiona sintomas de
dor ou sensibilidade envolvendo 0 f1anco frequentemente acompanhados par urna
resposta inflamat6ria sistemica incluindo febre calafrios indisposicao dar de
cabera e nauseas as quais naD acorrem em pacientes com cistite Em alguns
pacientes estas manifestaroes sistemicas ocorrem sem sinais au sintomas locais de
envolvimenlo renal condilao denominada de ITU febril (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZlO 1998)
A cistite intersticial e urna inflamacao croniea e freqOentemente severa da
bexiga cuja causa e desconhecida Os sintomas primarios sao freqUelncia urgencia
e dor abdominal ou perineal e as culturas de urina sao raramente positivas Os
pacientes normalmente apresentam pequenas hemorragias (glomerulayoes) ou
ulceras na bexiga ahsectm de diminui9aO da capacidade urinaria e rela90es sexuais
dolorosas Muitos pacientes recebem urn diagn6stico prirnario de sind rome uretral
ale a descoberta do real diagn6slico (OSBORNE 2003)
Muitos pacientes com cistite intersticial tern urna hist6ria de ITU recorrente
Alguns autores teorizarn que a bacteria causa dora pode ser urna especie fastidiosa
ou presente ern pequeno numero e que a sua presen9a pode na~ produzir a cistite
intersticial mas ser responsavel p~r urna resposta inflamat6ria e imunol6gica
(BATRA1999)
A infeC9aO bacteriana da glandula prostatica (prostatite) pode ocorrer como
resultado de infeC9aO uretral ascendente par refluxo de urina infectada para as
ductos prostaticos via uretra posterior ou par via linfogenica ou hernatogenica A
17
prostatite bacteriana aguda promove urn abrupto inrdo de febre e sintomas
genitourinarios e constitucionais enquanto a croniea e urna enfermidade sutl
caracterizada por recidivas lTU recorrente e persistencia da bacteria na secre9ao
prostcitica mesma apas multiplos cursos de antibioticoterapia Urna terceira
sindrome a prostatite croniea idiopatica (inclui-se aqui a prostatite nao bacteriana e
a prostatodlnia) usualmente caracteriza-se par dor perineal persistente e sintomas
urol6gicos podendo ou nao estar associada a urn grande numero de celulas
inflamatorias na secre9ao prostatica e a urna bacteria cultivclvel laboratorialmente
(DOMINGUE HELLSTROM 1998)
A prostatite crOniea em homens com culturas negativas mas com
leucocitose na secrecao prosttltica (mais de 10 leuc6citos por campo em aumento de
1000X) e classificada como prostatite nao bacteriana e a doenca naqueles cujas
culturas sao negativas e que nao apresentam leucocitose na secreCao prostatica e
classificada como prostatodlnia (TANNER et al 1999)
o agente etiol6gico predominante nas prostatites bacterianas agudas e
cronicas e Escherichia coli seguido par especies de Proteus e Providencia e menos
cornu mente Klebsiefla spp Pseudomonas spp Serratia spp e Enterobacter spp
Estudos recentes demons tram que cepas de Escherichia coli causadoras de
prostatite expressam fatores de virulemcia similares as cepas causadoras de
pielonefrite Staphylococcus aureus Staphylococcus saprophyticus e outros
estafilococos coagulase negativos ocasionalmente podem causar prostatite assim
como algumas bacterias fastidiosas como por exemplo corinebacterias Gardnerella
vaginalis e Haemophilus influenza (LIPSKY 2003)
A prostatite cronica idiopatica (nao bacteriana) e uma condicao multi-
sintomatica de causa discutivel Etiologias propostas sao infeccoes par Chlamydia
18
trachomatis Mycoplasma hominis Ureapfasma urealyticum Trichomonas vaginalis
au agentes virais embora muitos estudos naD confirmem lais dados Tecnicas
microbiol6gicas especiais e tecnicas moleculares tern demonstrado em pacientes
com prostatite naD bacteriana colonizaf(80 prostatica com especies bacterianas de
baixa virulencia e tambem bacterias fastidiosas sugerindo etiologia infecciosa
(LIPSKY 2003)
Homens jovens com prostatite aguda podem ter baixas concentracoes de
bacterias na urina as quais nao sao reconhecidas como significantes e
possivelmente naD reportadas au entao podem ser infectados com microrganismos
fastidiosos como Gardnerella vaginais Quando traladas par insuficiente periodo de
tempo ou com um antibiotico inadequado que nao atinge urna concentracao
terapeutica adequada no tecido prostatico tais pacientes podem evoluir para uma
condi9ao de prostatite crOnica (MASKELL 1989)
A ITU e comum apos transplantes renais embora os riscos estejam sendo
diminuidos pelo uso de menores doses de imunossupressores e tambern pelo uso
profilatico de antibioticos Entre os fatores predisponentes pode-se citar infeccao
previa no rim do doador bern como alteracao do uroepitl~lio do receptor causada p~r
cateteres vesica is e stents ureterais Nos primeiros tr~s meses as ITU sao
geralmente assintomaticas e recidivantes ap6s esse perlodo sao menos freqOentes
e ha melhor resposta a antibi6ticos embora sejam comuns as complicacOes
urol6gicas como fistulas e obstrucoes Isquemia do orgao devido a dano arterial
pode promover ITU pela colonizacao bacteriana do tecido lesado usualmente por
bacterias comensais ou fastidiosas A erradicacao das infecc6es pode tomar-se
impossivel ate que 0 rim ou pelos menos 0 segmento prejudicado seja removido
(NABER et ai 2004)
19
Lactobacilos corinebacterias e alguns estreptococos fastidiosos podem ser
patogenos secundarios em ITU originalmente selecionados da microbiata uretral par
tratamento antibi6tico Tal situa~ao pade acorrer em pacientes que tenham recebido
agentes antibacterianos durante long05 periodos au antibioticoterapia aSSDciada a
urn periodo de cateterizayao A falha na deteqao laboratorial destas especies pade
resultar em tratamento antimicrobiano inadequada exacerbando 0 problema OU
ainda levar a investiga90es invasivas desnecessiuias (MASKELL 1989)
20
4 A ROTINA DA UROCULTURA NO LABORATORIO DE ANALISESCLiNICAS
o diagn6stico microbiol6gico de uma infeqao urinaria mesma baseando-se
na determinay80 de microrganismos em urn Hquido biologico normalmente esteril
apresenta dificuldades com relaCao a valoriz8gao dos resultados E sabido que
existem microrganismos naturalmente residentes na uretra regiao genital e perinea
que podem contaminar a urina acidentalmente somando-se a issa a a9ao da
temperatura que estimula a proliferar8o bacteriana Par outro lado as tecnicas de
coleta e cultivo de amastras devem ser direcionadas a pesquisa de microrganismos
pouco habituais as quais podem ser importantes em determinadas situaroes
(GOBERNADO ef al 2002)
A decisao de como uma amostra deve ser cultivada depende do metoda de
coleta e dos sinais e sintornas cllnicos do paciente informa~6es que deveriam ser
transmitidas ao laboratorio pelo medico Entretanto na maioria das vezes 0
laborat6rio recebe informa~6es incompletas ou incorretas que resultam na realiza~ao
de muito ou pouco trabalho com uma determinada amostra (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
A classifica~ao de culturas de urina por tipos permite que 0 manejo das
amostras seja direcionado pela necessidade clinica e que 0 laborat6rio possa
escolher os meios de cultura e a quantidade de inoculo mais apropriada Com base
nos dad os cllnicos do paciente podem-se definir tres tipos de cultura de urina
retina inspeao e invesligaliva (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
As culturas de retina sao apropriadas para pacientes ambulatoriais e com
ITU nao complicadas As culturas de inspe~ao devem ser realizadas em pacientes
geriatricos e individuos que utilizam cateteres vesicais nos quais a caloniza~ao au
infec~ao por multiplos microrganismos e comum Culturas investigativas sao aquelas
21
direcionadas para diagn6sticos especificos microrganismos fastidiosos ou grupos
diferenciados de pacientes Devern ser realizadas nos casas de cultura previa
negativa de falha na terapia antimicrobiana au no case de suspeita de urn
uropat6geno naD usual E tambem apropriada a sua realiza980 quando ha
discrepimcia entre a apresentacao clinica do paciente au a coloracao de Gram e 0
resultado previa da cultura (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Os meios de cultura m~is utilizados para semeadura de urina sao as
seletivQs diferenciais como 0 meio de Teague (agar eosin a azul de metileno) e de
Mac Conkey associados ao agar sangue 0 meio de CLEO (agar cistina lactose
eletr61ito deficiente) e muito utilizado no Brasil e permite 0 crescimento de bacterias
gram-negativas e gram-positivas Tais meios auxiliam na identifica980 presuntiva da
bacteria atraves da colora98o colonial indicando a capacidade de fermenta980 da
lactose (ALBINI 2004)
Segundo Clarridge Johnson e Pezzlo (1998) culturas urinarias de rotina
devem ser realizadas semeando as amostras em agar sangue de carneiro 5 e em
agar Mac Conkey eu um meio seletive similar e incubando as placas por 18 a 24
horas a 35 - 37deg C em ar ambiente Ainda assim e meio de CLEO e preferido nos
laboratories brasileiros pela sua versatilidade Para microrganismos fastidiosos 0
agar chocolate deve ser utilizado em conjunto com agar CNA (Columbia-colistin a-
acido nalidixico) eagar MacConkey devendo-se utilizar a al93 calibrada de 001ml
alem da al9a 0001 ml As placas de CNA e agar chocolate devem ser incubadas em
5 CO2 por 48 horas
Para popula96es especificas com ITU cronicas ou anormalidades
anatomicas pode ser apropriada a cultura visando microrganismos anaerobios au de
cresci menta lento (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
22
Para popula90es nas quais as culturas polimicrobianas sao comuns 0 agar
CNA pade ser utilizado para demonstrar a presenca de enterococos Qutros cocos
gram-positives au leveduras presentes nas culturas mistas 0 agar CNA permite urn
born cresci menta de estreptococos corinebacterias e Gardnerela vaginalis e deve
ser incubado por 48 horas a 35 C (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Amostras obtidas par puncao suprapubica au de pacientes com suspeita de
sindrome uretral aguda devem ser semeadas com al98 calibrada de 001 ml a1em
da ala de 0001 ml em agar sangue (OPLUSTIL et al 2004) Contagens baixas ou
mesma multiplos tipos de microrganismos devem ser valorizados em tais cases
(KONEMAN 1997)
Corynebacterium ureafyticum e Qutras corinebacterias desenvolvem-se bem
em agar sangue de carneiro 5 au agar CNA mas sao mais bern visualizadas ap6s
incubaao de 48 horas (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
As calOnias de Gardnerella vaginalis sao fracamente visiveis em agar
sangue ap6s 24 haras de incuba~ao e recomenda-se a usa de agar CNA au HBT
(agar sangue tween bicamada) e incuba~aa par 48 haras em tensaa de C02
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
as tactabacilos podem ser isolados em meias de isotamento prima rio
utilizadas para urina como a meio de CLEO no entanto devem ser incubadas par 48
horas em atmosfera de CO (MASKELL 1989)
a resultada da cultura deve ser sempre carrelacianada com a leitura do
Gram Caso nao haja crescimento ap6s 18 a 24 horas de incuba~ao e na
microscapia tenha sido observada a presen~a de microrganismas au numero
eleva do de leuc6citas deve-se incubar as ptacas par mais 24 haras (OPLUSTIL et
al2004)
23
A piuMa esteril e urn achado importante que po de refletir usa de
antibioticoterapia outras doencas como neoplasias au calculos urinarios au
infeccoes com microrganismos que naD sao detectados par rnetodos rotineiros de
cultura (MIMS et aI 1995)
o conceito de bacteriuria significativa para 0 diagn6stico das ITU e
tradicionalmente baseado no criteria quantitativa estabelecido par Kass na decada
de 1950 permitindo a distincao entre colonizarao e infecrao A utilidade e a
consistemcia do criteria de contagem de colOnias superior OU igual a 105 par mililitro
tern sido validadas repetidamente par varios pesquisadores demonstrando que tal
criterio nilo pode ser aplicado a todos os pacientes (FRANZ HORL 1999)
A baixa especificidade da cultura quantitativa de jato medio se deve apossivel adilao de bacterias comensais a urina durante a coleta A baixa
sensibilidade dos resultados inferiores a 105 UFCml pode ser devida a excregao
intermitente de bacterias que pode ocorrer em determinados sitlos do trato urinario
bem como ao uso de meios de cultura que nao proporcionam 0 cresci menta de
todas as especies capazes de infectar 0 trato urinario (FAIRLEY BIRCH 1989)
Altas contagens de bacterias aer6bias sao encontradas em amostras de
urina de jato medio quando os microrganismos sao providos de 6timo substrato e de
ten sao de O2 relativamente alta Em algumas sltuagoes como infecgoes cronicas
prostatite infecgao das glandulas parauretrais em mulheres litiase infecciosa e
cicatrizes renais per pielonefrite croniea os mierorganismos podem nao se
multiplicar tao rapidamente e pertanto nao apresentarem contagens tao altas quanta
nas cistites agudas Os sitlos de infecgao abaixe da bexiga nao fornecem as
mesmas condigoes favoraveis de incubagao ahsectgtmdisso a velocidade do fluxo
24
urinario e a freqO~ncia de miccaosao fatores que influem nas contagens bacterianas
(MASKELL 1989)
Torna-se claro que considerar baixas contagens de pat6genos aero bios em
culturas puras como contaminaCao e incorreto e pode levar a erros de diagn6stico
pois infeccoes de grande signific~ncia cHniea pod em nao estar sendo detectadas t
igualmente importante nao considerar automaticamente urna alta contagem de
col6nias como infecy8o sem considerar as condicoes do paciente e da coleta 0 usa
de antibi6ticos em resposta a urna alta contagem bacteriana pode selecionar cepas
resistentes tornando mais dificil 0 tratamento de infecgoes posteriores verdadeiras
(MASKELL 1989)
Alguns procedimentos utilizados para 0 diagnostico das ITU sao
considerados inaceitaveis atualmente e nao devem ser realizados como cultura de
cateter de Foley cultura de urina em meios Hquidos cultura de sedimento urinario
pesquisa de anaer6bios como procedimento de rotina e em urina de jato media au
obtida par cateteriza9ao bem como cultura de urinas que tenham permanecido mais
de duas heras sem refrigeragao au canservagao (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO1998)
41 COLETA E TRANS PORTE DE AMOSTRAS
A coleta e a trans porte inadequado da amostra podem levar a um resultado
de diffcil interpreta9aO Portanto a medida mais importante para realizar uma cultura
de urina e estabelecer rfgidos criterios de coleta e propiciar treinamento constante
para as profissionais envolvidos na realiza9aO da coleta (OPLUSTIL et al 2004)
Koneman et al (1997) recomendam que a paciente receba as instru90es de
coleta impressas ap6s receb~-Ias verbalmente Caso 0 paciente demonstre
inseguran9a au nao compreenda urn profissional treinado deve explicar novamente
25
passo a passo ou se passivel acompanhar pessoalmente a coleta (coleta
supervision ada)
Amostras de urina de jato media sao as amostras mais comumente
submetidas a cultura De preferencia deve ser colhida a primeira urina da manha
podendo ser aceitas urinas com pelo menos 2 heras de reten~ao Ap6s higiene da
regiao genital despreza-se 0 primeiro jato - 0 que auxilia a eliminacao dos
contaminantes da uretra inferior - e colhe-se 0 jato media em fraseD esteril
apropriado desprezando-se 0 final da mic9ilo (OPLUSTIL eJ al 2004) A higiene
genital deve ser realizada com agua e sabao naD anti-septico devendo ser as [abias
vaginais afastados e 0 prepucio retraido antes da miccao (GOBERNADO et 81
2002)
Alguns autores afirmam que mesma quando a coleta e meticutosamente
reatizada com a assist~ncia de um pro fissional treinado a urina apresenta-se
frequentemente contaminada (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Amostras urinarias de criancas obtidas com saco coletor devem ser colhidas
apos higiene da regiao genital e colocacao do saco coletor de forma asseptica
Troca-se 0 coletor a cada 45 minutos ou 1 h~ra repetindo-se a higiene e evitando-se
contaminacao fecal 0 coletor deve chegar fechado ao laborat6rio Tas amostras
freqOentemente sao contaminadas com microrganismos fecais promovendo
resultados falso-positivos portanto 0 maior significado clinico de amostras obtidas
com saco coletor e 0 resultado negativo (OPLUSTIL et a 2004) Culturas positivas
devem ser confirmadas por metodos de cateterizacao direta ou aspiracao
suprapubica (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Em pacientes com sanda vesical permanente pinca-se a canula do coletor
realiza-se desinfeccao da canula com alcool 70 e punciona-se com seringa e
26
agulha estereis colocando-se a amostra em frasee esteri Nunea se deve obter a
amostra do saco coletor de pacientes sand ados porque a multiplica9ao bacteriana
fornecera urn numero muito maior que aquele real mente presente no paciente
(OPLUSTIL et al 2004) Tambem nao se reeomenda deseoneetar 0 eateter do tubo
coletor sob risco de introduyao de microrganismos no sistema Sempre que passivel
tal coleta deve ser realizada ap6s troea do cateter pois urna microbiota que naD
corresponde a do paciente pade residir em cateteres antigos (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
A punyao suprapubica e considerada a metoda padrao auro para coleta de
urina par representar a verdadeira bacteriuria vesical (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998) Calhe-se com seringa e agulha diretamente par pun9ao vesical Tal
procedimento evita problemas de contamina9ao uretral e e recomendado para
crian9as ate dois anos detec9ao de anaer6bios enos casos de repeti9ao de ex ames
com interpretaoes duvidosas (OPLUSTIL et al 2004) Pode tambem estar indieada
para homens de qualquer idade com fimose e em mulheres com bacteriurias de
repeti~o de proeedeneia duvidosa (GOBERNADO et al 2002)
A cateteriza9ao com finalidade unica de obten9ao de amostras somente
deve ser realizada em pacientes nos quais nao seja possivel a elimina9aO
espontanea de urina como doentes neurologicos au com problemas urol6gicos
obstrutivos Caso seja necessaria devern-se utilizar tecnicas rigorosas de assepsia
por causa do alto risco de introdu9ao de rnicrorganismos (KONEMAN et a 1997
GOBERNADO et a 2002)
Para a pesquisa de Mycobacterium tuberculosis tres amostras de urina da
manha devem ser coletadas em dias consecutivos as tecnicas de cultivo para
27
micobacterias naD permitem a cresci menta de outros agentes e portanto a coleta
nac necessita de assepsia rigorosa (MIMS et al 1995)
Caso naD seja passivel a processamento da amostra de urina em ate 2
haras apas a coleta a amostra deve ser refrigerada (2 a 80 C) e processada em ate
24 haras tempo maximo para manuten~ao da contagem bacteriana estavel 0 usc
do preservativo acido b6rico permite que a amostra permane98 a temperatura
ambiente (20 a 25 C) ate 24 horas antes de ser process ada (OPLUSTIL ef aI 2004
CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Sistemas de trans porte usanda acido b6rico podem ser metodos alternativQs
para coletas realizadas em casa au em locais distantes do laborat6ria e mostram-se
tao efetivos quanta a refrigeragao (KONEMAM ef ai 1997)
Oepois de coletada a amostra de urina deve ser encaminhada ao laboratorio
a mais rapido possivel e com todas as informayoes necessarias para degprocessamento Devem ser relatados 0 horario e 0 metodo da coleta 0 tempo de
reteny80 da urina 0 tipo de paciente (por exemplo urologico ou geriatrico) a idade
o sexo se 0 paciente tem recebido quantidades aumentadas de Ifquido
apresentay80 clinica (existencia de sintomas) resultados de urinalise (presen9a de
celulas inflamat6rias) e resultados antecedentes de cultura (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
De maneira ideal as amostras devem ser coletadas antes do inicio da
terapia antimicrobiana Caso 0 paciente ja esteja recebendo ou tenha recebido
antibioticoterapia nas 48 horas antecedentes a realizay80 do exame esta
informay80 deve ser explicitada no formulario de requisiy80 do exame (MIMS et al
1995)
28
Recoletas devem ser solicitadas quando amostras nae refrigeradas forem
recebidas 2 horas ou mais ap6s a coleta au quando nac fcrem comunicados 0
horario e a forma de coleta No entanto nenhuma amostra deve ser desprezada
antes do cantata com 0 medico solicitante po is ela pade em alguns casas ser
insubstituivel (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Menos de 5 das urinas coretadas e transportadas adequadamente
apresentam multiplos microrganismos Exce~6es sao amostras de pacientes com
bexiga neurogemica au usa cranico de cateteres nos quais a bacteriuria
polimicrobiana pade ser detectada em 30 a 80 das culturas freqOentemente sem
infecao (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Segundo Koneman et al (1997) a acuracia do procedimento de coleta de
urina pode ser monitorada pela frequencia de exames com contagens entre 104 a 105
UFCml que nao deve exceder 5 a 10 se os procedimentos forem realizados
apropriadamente
42 A IMPORTANCIA DA COLORAltAo DE GRAM
Durante as ultimas decadas testes rapidos de triagem para bacteriuria foram
desenvolvidos com 0 propos ito de fornecer resultados mais rapid os e de eliminar a
necessidade de cultivar amostras negativas Entretanto sua utilizacao e limitada
principalmente pela incapacidade de detectar baixos niveis de bacteriuria e piuria
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
A coloracao de Gram da urina nao centrifugada e um dos metodos mais
rapidos seguros e baratos para estimar bacteriuria superior a 105 UFCml e
presenca de mais de 8 a 10 leucocitoslJl Homogeneiza-se muito bem a urina
coloca-se uma gota sobre lamina sem espalhar e deixa-se secar ao ar A lamina
deve ser fixada par calor au metanol (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998) A
29
presenca de uma ou mais celulas bacterianas per campo em aumento de 1000
vezes tern sensibilidade de 94 e especificidade de 90 em refletir uma contagem
de colOnias superior a 10 UFCml (KONEMAN ef al 1997)
Embora seja urn metoda barato de triagem a coloraC8o de Gram naD e
utilizada par muitos laborat6rios pelo consumo de tempo e baixa sensibilidade em
contagens inferiores a 105 UFCml Sugere-se a sua utilizacao como teste de triagem
apenas em pacientes com contagens de col6nias provavelmente altas
principalmente as assintomaticos e com suspeita de pielonefrite Alguns autores
relatam melhora da sensibilidade a nlveis acima de 104 UFCml com 0 usa de
citocentrifuga (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
A coloraCao de Gram do sedimento urinario em bora ainda utilizada por
muitos laboratorios e impropria pela baixa reprodutibilidade e dificuldade de
padronizacao e correlacao com os metodos de velocidade de excrecao de leucocitos
au contagem em camara (ALBINI 1994)
As informac6es fornecidas pela cOloracao de Gram sobre a morfologia do
microrganismo e caracteristicas na coloracao sao extremamente importantes para a
selecao inicial da terapia antimicrobiana enquanto se aguarda 0 informe definitivo
do resultado da cultura e do antibiograma (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO
1998)
~ imprescindivel a realizacao da coloracao de Gram para deteccao de
bacterias fastidiosas ou nao usuais Devido a dificuldade de desenvolvimento nos
meios utilizados para a deteccao de enterobacterias em alguns casos somente a
visualizacao microscopica indicarcfi a sua presenca (FRANZ HORL 1999)
A observacao microscopica da urina permite verificar a qualidade da amostra
especialmente em mulheres nas quais a contaminacao vaginal e frequente
30
produzindo resultados falso-positivos A presen~a de muitas celulas epiteliais e de
mais de urn tipo de microrganismo no Gram sugere contamina9aO da amostra em
decorrencia da coleta (OPLUSTIL et ai 2004)
Dutro aspecto importante da coloracao de Gram e a sua utilidade no
monitoramento das culturas podendo-se pelo seu resultado detectar erras tecnicos
e ate mesmo troca de amostras (ALBINI 2004)
31
5 BACTERIAS FASTIDIOSAS E INFECcAO DO TRATO URINARIO
Em 1989 Maskell citou a ocorrencia de bacterias fastidiosas como algumas
especies de estreptococos Gardnerela vaginalis Haemophilus influenzae
Corynebacterium spp e lactobacilos em infecgoes da bexiga e trato urinario superior
isoladas de amostras de urina obtidas par cateteriz8gao aspiragao supra-pubica e
tarn bam de amostras de tecido obtidas per bi6psia vesical Relatou tambem a
preseng8 de tais bacterias na urina de gestantes assintomaticas com mais
freqOencia do que em nao-gestantes e que as gestantes apresentando bacteriuria
posteriormente desenvolviam sintomas com mais freqoencia do que as que nao
apresentavam bacterias na urina
Fairley e Birch (1989) realizaram um importante estudo demonstrando que
pacientes com sintomas de infec~ao do trato urinario apresentando resultados
negativos em culturas de rotina podem abrigar bacterias fastidiosas ou baixas
contagens de uropat6genos convencionais na bexiga Os pacientes incluidos no
estudo foram os que apresentaram resultados inconclusivos em culturas previas de
jato medio como desenvolvimento inferior a 105 UFCml de um pat6geno
convencional ou a desenvolvimento superior a 102 UFCml de uma bacteria
fastidiosa Foram avaiiadas urinas obtidas por aspirayao suprapubica de 1817
mulheres e 300 homens cultivadas para uropat6genos convencionais e bacterias
fastidiosas utilizando in6culo que proporcionou resultados entre 101 e 107 UFCml A
freqOencia de isolamentos esta representada na tabela 1
32
TABELA 1 - FREQUENCIA DE BACTERIURIA EM 2117 PACIENTES(AMOSTRAS OBTIDAS POR PUNCAO SUPRAPUBICA) -1989
Uropat6-Culturas positivas $omente $omente especies genos
(n = 597) uropat6genos fastidiosas conven-convencionais (n = 366) cionais
n = 170 eespeci-
Pacientes Unica Multiplas Unica Multiplas Unica Multiplas esespecie especies especie especies especie especies faslidio-
sasMulheres (n = 1817) 370 191 148 5 222 125 61Homens (n = 300) 36 0 17 0 19 0 0
FONTE The Royal Melbourne Hospital
Vinte e aito especies microbianas foram isoladas no trabalho em questao
sendo Ureaplasma urealylicum Gardnerella vaginalis Escherichia coli Mycoplasma
hominis e Staphylococcus epidermidis as especies mais isoladas Quinhentas e
oitenta e uma (70) das 830 cepas isoladas pertenciam a especies fastidiosas -
Ureaplasma urealyticum Gardnerella vaginalis e Mycoplasma hominis - que nao sao
recuperadas em meies de cultura canvencianais Gardnerella vaginais fai mais
freqUente em mulheres enquanto Ureaplasma urealyticum nao apresentou diferen9a
estatisticamente significativa entre os sexas Treze esptkies fcram isoladas em
apenas uma ou duas ocasioes entre elas Streptococcus equi Streptococcus
equisimifis Streptococcus sanguis Morganella morgan Klebsiella oxytoca
Peptococcus anaerobius Proteus vulgaris Enterobacter aerogenes Salmonella
enteritidis Pseudomonas aeruginosa Haemophilus influenzae Haemophilus
parainfluenzae e Haemophilus parahaemofyticus Anaer6bios estritos foram isolados
de apenas sete dos 597 pacientes (FAIRLEY BIRCH 1989)
Culturas polimicrobianas foram obtidas em urn teno das pacientes do sexo
feminino e nao foram verificadas no sexe masculino A freqOencia de uropat6genos
cenvencienais e fastidiesos encontra-se na tabela 2
33
TABELA 2 - FREQU~NCIA DE UROPATOGENOS CONVENCIONAISE BACTERIAS FASTIDIOSAS EM 191 PACIENTES DO SEXOFEMININO COM BACTERIURIA POLMICROBIANA - 1989
Numero de Somente Samente especies Especiesespecies (numera uropat6genos fastidiosas convencionais e
de pacientes) convencionais fastidiosasOois (153) 9 99 45Tres (34) 0 17 17Quatro (4) 0 1 3
FONTE The Royal Melboume Hospital
Ureaplasmas au Gardnerella vaginalis fcram recuperados em 179 das 191
mulheres com infecgao polimicrobiana estando presentes concomitantemente em
100 das 191 amostras sugerindo urna passivel relacc3osimbi6tica Uropat6genos
convencionais fcram isolados em pouco mais de 33 das mulheres na maiaria dos
casas acompanhados por bacterias fastidiosas indicando que infeccoes
polimicrobianas usualmente envolvem bacterias fastidiosas (FAIRLEY BIRCH
1989)
A contagem de col6nias excedeu 105 UFCml apenas na minoria dos
pacientes portanto a bacteriuria nao seria detectada em muitos individuos caso 0
valor de ponto de corte tradicional tivesse sido utilizado Os resultados tambem
mostraram que baixas contagens bacterianas podem acontecer com qualquer uma
das especies bacterianas isoladas embora tenham sido mais freqoentes para
Ureaplasma urealytieum e Mycoplasma hominis Cento e setenta e quatro (21)
isolados apresentaram contagens inferiores a 103 UFCml sendo 138 (84)
pertencentes a especies fastidiosas (FAIRLEY BIRCH 1989)
Franz e HOrl (1999) citaram a ocorrencia de HaemophiJus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae pneumococos Campyobaeter Legionella
pneumophila Salmonella spp Shigella spp Corynebacterium grupo 02
34
Mycobacterium tuberculosis micobacterias atipicas e fungos como causadores
ocasionais de ITU
Domann et al (2003) realizaram estudo em amostras do trato urinario de
transplantados renais utilizando tecnicas moleculares baseadas em 168 rRNA peR
e cromatografla liquida de alta performance (DHPLC) Foi avaliada a aplicaaD do
metoda em 109 amostras e observou-se 100 de correlacao para amostras cultura-
positivas Para as amostras cultura-negativas a DHPLC permitiu a deteccao de
uropat6genos previa mente conhecidos como Corynebacterium urealyticum e
Gardnerella vaginalis mas tambem agentes nao usuais como AnaerocDCCUs
laclolyticus Bacteroides vufgatus Diaisler invisus Fusobacterium nuceaturn
Lactobacillus iners Leptotrichia amnionii Prevotella buccalis Prevotella ruminicola
Rahnella aquatilis e Streptococcus intermedius detectados como unicos pat6genos
ou como agentes de infecyoes polimicrobianas Uma vez que as ITU sao
freqGentemente associadas com inicio precoce de rejeiyBo cronica em
transplantados renais e conveniente a pesquisa de agentes patogenicos
oportunistas e nao usuais para 0 correto direcionamento do tratamento
antimicrobiano
Quatro casos de ITU com bacteremia por Methylobacterium spp em
pacientes do sexo feminino imunocompetentes foram reportados por Lee Tang e Uu
(2004) Todas as pacientes tiveram hemoculturas positivas para Methylobacterlum
spp e suas culturas de urina foram negativas ou positivas para Escherichia coli com
crescimento concomitante de outro bacHo gram-negativ~ em baixa contagem que foi
ignorado Foram realizados experimentos especiais com os isolados indicando que
de acordo com os procedimentos padrao para culturas de urina com 24 horas de
incubayao a 35degC as colonias de Methylobacterium spp nao sao visualizadas e 0
35
pequeno numero de col6nias observado ap6s incuba~ao adicional de 24 heras a
temperatura ambiente apenas sugere ser a especie urn contaminante
Particularmente quando especies de Methyfobacterium estao presentes
concomitantemente com Escherichia coli ocorre supressao do cresci menta de
Methylobacterium spp tornando impassivel a sua deteccao 0 estudo conclui que a
falta de relatos de casas de ITU por Methylobacterium spp deve-se a impossibilidade
de detec~ao da especie por metodos padrao de cultura de urina au ainda porque a
baixa virulelncia da bacteria pode produzir ITU autolimitadas au talvez muitas vezes
curadas com as antibi6tico5 normalmente utilizados As especies estudadas fcram
variavelmente resistentes as cefalosporinas acido nalidixico nitrofurantoina e
sulfametoxazol-trimetoprim e 100 suscetiveis a ciprofloxacin imipenem e
aminoglicosideos
51 Corynebacterium spp
Corynebaclerium urealylicum pode ser uma importante embora rara causa
de ITU variando a freqOencia de isolamentos significativos de zero a 35 em
popularoes nao selecionadas A bacteriuria por Corynebacterium urealyticum ocorre
em pacientes hospitalizados per longos perledes severamente
imunocomprometidos urologicamente manipulados ou idosos Tal microrganismo
tam bern tern sido associado com pielonefrite e pode desaparecer espontaneamente
da urina mesmo sem antibioticoterapia (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Corynebacterium glucuroneyticum tambem chamado Corynebacterium
seminae tern side iselade de semen e trate g~nite-urinarie masculine e pede causar
prostatite ou uretrite Corynebacterium pseudogenitalium (CDC grupo F1) tambem
tern sido reconhecido como pat6gene do trato urinario (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
36
Foi relatado por Soriano e Ponte (1992) um caso de cistite de incrusta~ao
causado por urn corineforme identificado como CDC grupo F1 0 paciente havia
sofrido ITU previas persistentes causadas por Corynebacterium ureayticum (CDC
grupo 02) A cura bacteriol6gica foi alcan=ada apes urn mes de tratamento com
amoxicilina e acido acetohidroxamico
Meria at al (1998) realizaram levantamento bibliografico entre as anos de
1985 a 1997 sabre casas de cistite e pielite de incrustacao Foi constatado a
aumento progressive no numero de cases especialmente em pacientes
imunodeprimidos e particularmente em transplantados renais Tais inflamacoes
cr6nicas estao associadas com incrustac6es da mucosa causadas por bacterias
produtoras de urease tendo sido as mais freqOentes especies de Corynebacterium
grupo 02 A presenCa de urina alcalina contendo abundantes debris mucopurulentos
calcificados e alta mente sugestiva e pode auxiliar no diagnostico clinico A
demonstracao da bacteria envolvida requer culturas prolongadas em meios de
cultura enriquecidos 0 diagnostico precoce pode evitar falhas de tratamento e uma
possivel rejeicao do orgao transplantado
Em estudo realizado par Riegel et al (1995) corineformes em quantidades
significativas (104a 105 UFCml) foram isolados em amostras de semen uretra urina
e sangue de homens inferteis com diagn6stico de prostatite As analises genomicas
realizadas demonstraram ser as cepas pertencentes a uma mesma especie dentro
do genero Corynebacterium As 12 amostras mostraram padroes bioquimicos
simi lares entre elas born crescimento em agar sangue de carneiro em contraste com
crescimento pobre no mesmo meio suplementado com Tween 80 1 teste de
CAMP positivo fermentacao de glicose sacarose e presenCa de beta-glucuronidase
Tais caracteristicas permitiram a distincao destas cepas dos outros membros do
37
genera e 0 nome proposto foi Corynebacterium seminae Embera organismos
difter6ides pass am fazer parte da microbiota uretral a presenCa de contagens
significativas destas especies no semen sugere urna implica~ao infecciosa
particularmente na prostatite
Estudo molecular filogenetico baseado em 16S rRNA peR realizado em
pacientes com prostatite croniea demonstrou sinais bacterian05 em 65 dos
pacientes estudados Foi constatada a ocorreuromcia de um amplo espectro de
especies bacterianas no fluido prostatico dos pacientes incluindo Corynebacterium
Staphylococcus PepiosfreptococGUS Streptococcus e Escherichia Especies do
genera Corynebacterium foram encontradas em maior proponao incluindo especies
ainda nae descritas e n~o presentes nas amostras de controle sugerindo que
possam ter um papel na doen~a au que sejam conseqOemcia da mesma 0 estudo
mostreu ainda que os microrganismos associ ados com prestatite geralmente
ocorrem em comunidades microbianas distintas daquelas encontradas em liquidos
prostaticos normais (TANNER ot al 1999)
Segundo Domingue e Hellstrom (1998) a observaltio microsc6pica
cuidadosa de amostras de secre~~o prostatica bern como a inocula~~o em meios
enriquecidos sao essenciais para a isolamento de corineformes Foi realizado estudo
em uma amostra de secre~ao prostatica na qual a colora~ao de Gram apresentou
cocobacilos gram Itlbeis pleom6rficos que nao se desenvolveram em meios de rotina
incubados por 72 horas a 35degC Houve desenvolvimento em meio de cultura
enriquecido com extrato de leveduras e sora de cavalo e incubado no minimo 72
horas em atmosfera de 5 de CO2 a 35degC A secregao inoculada em caldo triptose
demonstrou a presen~a de bacilos gram-varitlveis (microscopicamente) e quando
repicada produziu bacilos de crescimento lento em meios de retina e enriquecidos
38
(incubados aerobicamente anaerobicamente ou sob tensao de CO2 par 72 haras)
Corineformes ocultos pod em ser agentes etiol6gicos da prostatite idiopatica croniea
que sao frequentemente perdidos au nao percebidos em procedimentos
bacteriol6gicos de rotina
52 Gardnerella vaginais
o significado de Gardnerela vaginais em urina e controverso pois a
principal associacao patogElnica desta bacteria e com a vaginose na mulher Embora
baixas contagens na urina parecam refletir a micro biota da uretra masculina ou
feminina contagens aeima de 10000 UFCml ja fcram associadas com bacteriuria
sintomatica ITU recorrente cistite na mulher uretrite e prostatite no homem
Entretanto me sma quando ern altas contagens freqOentemente nao ha resposta
leucocitaria Gardnerela vaginalis e encantrada mais freqOentemente em mulheres e
pacientes com doena renal e ap6s instrumentaao (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
Estuda realizado par Agarwal e Dixon (2001) investigau a passivel papel de
Gardnerella vaginalis na cistite intersticial usando metodos maleculares para
garantir a recuperaCao do microrganismo mesmo em baixas contagens Nenhuma
das trinta e tres amastras de bi6psias de bexiga de pacientes com cistite intersticial
foram positivas para Gardnerella vaginais a que embora nao exclua seu
envalvimenta na cistite intersticial diminui esta probabilidade
Ginestre Perez et al (2001) realizaram estudo de mil trezentas e setenta
amostras de jato media de urina de pacientes com sintomas de ITU Gardnerella
vaginalis cujo papel patagenica no trato urinario e discutivel ocupou a segundo
lugar em freqOencia etiologica (1763) ficando atras somente de Escherichia coli
(5210) e superando microrganismos cansiderados uropat6genas classicos como
39
Proteus mirabifis (763) Klebsiella pneumoniae (684) e Pseudomonas
aeruginosa (368) Embera a presen~a de Gardnerella vaginais em amostras de
jato media urinario possa indicar contaminayao vaginal todos as cultivos positivos
para esta bacteria apresentavam contagens superiores a 100000 UFCml e
provinham de pacientes sintomaticos representando urna alta probabilidade de
infec~ao urinaria verdadeira
53 Mycoplasma hominis E Ureaplasma urealyticum
Especies patogenicas como Mycoplasma hominis e Ureaplasma urealyticum
ocorrem freqOentemente como colonizantes do trato urogenital inferior de homens e
mulheres saudaveis A ocorrencia de infec~ao esta provavelmente relacionada a
imunossupressao obstru~ao ou procedimentos previos de instrumental)ao no trato
urinario Ureaplasma urealyticum tern sido encontrado em calculos urinarios de
pacientes com liHase infecciosa sugerindo uma possivel associal)ao causal
Mycoplasma hominis tern sido isolado do trato urinario superior em pacientes com
sintomas de pielonefrite aguda FreqOentemente ha resposta imunol6gica especifica
(MURRAY 1999)
Foi pesquisada a presen9a de Ureaplasma urealyticum e Mycoplasma
hominis em amostras de jato medio de 314 mulheres e 52 homens sintomaticos do
trata urinltilria Ureaplasma urealyticum fai isalada em 54 (171) das mulheres e 8
(154) dos hom ens e Mycoplasma hominis foi isolado em 12 (38) das mulheres
e 4 (77) dos homens Ureaplasma urealyOcum foi superado apenas par
Escherichia coli e Gardnerella vaginalis em ambos grupas 366 e 254
respectivamente no sexo feminina e 585 e 308 no masculino Demonstrou-se
partanto que a bacteriuria par ureaplasmas e relativamente co mum porem nao e
40
detectada por metodos convencionais de cultura de urina (AVILES ZARAGOZA
1998)
A significancia de micoplasmas em amostras de jato medic urinario e de
dificil determinacao devido a provavel contaminacao da amostra par
microrganismos colonizantes da vagina e uretra distal Entretanto estudos
realizados em amostras de aspirado suprapubico em gestantes demons tram que 0
desenvolvimento de pre-eclampsia e tres vezes mais prov3vel em mulheres
apresentando culturas positivas para ureaplasmas no inicio da gestacao do que em
mulheres com culturas negativas no mesmo periodo (KONEMAN ef a 1997)
54 Haemophilus spp
Existem varios estudos relacionando Haemophifus influenzae e Haemophilus
parainfluenzae a ITU embora sua freqOencia e significancia nae tenham sido
confirmadas Alguns pesquisadores sugerem a inclusao de agar chocolate em
culturas de urina de crian~as por causa da associa~ao de Haemophilus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae com outras infec~6es nesta faixa etaria (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
Maskell (1989) citou a ocorrencia de certas bacterias fastidiosas em sftios do
trato urinflrio abaixe da bexiga como par exemple em cases de prostatite por
Haemophilus influenzae
55 Lactobacillus spp
Em estudo realizado em pacientes do sexe feminine com sind rome uretral
aguda demonstrou-se uma alta freqOencia de isolamentos de lactobacilos Durante
dois anos amastras de jato medic de tais pacientes foram cultivadas observando-se
a principio alta concentracao de lactobacilos principalmente nas pacientes
sintomaticas Ao final do estudo durante 0 qual foi impedido 0 usa de antibi6ticos os
41
lactobacilos desapareceram da urina de muitas mulheres as quais tornaram-se
assintomaticas Os autores concluiram que as sintomas da sindrome uretra podem
ser devidos a multiplica~ao desproporcional de lactobacilos na uretra distal como
resultado de antibioticoterapia frequentemente administrada em cursos prolongados
para resolurao dos sintomas urinarios Lactobacilos tambem tern sido relatados em
amostras de urina obtidas diretamente da bexiga e de amostras de tecido obtidas
par bi6psia vesical bern como ocasionalmente isolados em urinas de mulheres
idosas com sintomas urinarios (MASKELL 1989)
56 COCOS GRAM-POSITIVOS
Microrganismos dos generos Lactococcus Gemella Aerococcus e
Globicatella embora possam estar presentes como contaminantes em culturas de
material clinico tern sido isolados como patogenos oportunistas ern urina e outras
amostras de pacientes imunocomprometidos Esforyos para identifica-Ios devem ser
realizados quando os isolados forem clinicamente significantes isto e isolados
repetidamente ou em cultura pura Devido a semelhanya com outros cocos gram-
positivos isolados com mais freq04sectncia como estreptococos enterococos e
estafilococos possivelmente sao confundidos com especies destes generos
(MURRAY 1999)
Golapachar et al (2004) relata ram um caso de infec9ao do trato urinario com
bacteremia causa do por Aerococcus viridans em um homem de 87 anos residente
em uma cUnica de repouso A cultura de urina apresentau crescimenta de 105
UFCml de Aerococcus viridans e a hemocultura fai positiva para a mesmo
microrganismo Os testes bioqulmicos que leva ram a identificayao do
microrganismo faram reayoes negativas de catalase e LAP (Ieucina aminopeptidase)
e reaDes positivas para PYR (L-pyrrolidonyl-beta-naphtylamina) fermentaao de
42
trehalose e manese resistencia a optoquina crescimento em agar bile esculina 40
e cresci menta em cloreto de s6die 65 As especies de Aerococcus sao anaer6bias
facultativas a maioria catalase negativa com tendemcia a formaCao de tetrades na
morfologia microsc6pica PYR positivo e LAP negativ~ a que as diferencia de
enterococos e estreptococos
A escassa documentacao a respeito de infecyoes humanas por Aerocccus
sp deve-se provavelmente a sua similaridade microbiol6gica aos estreptococos alfa-
hemoliticos e enterococos e possiveis erras na interpretacao laboratorial de
amostras clinicas No casa acima descrito a laborat6rio de microbiologia nao pade
reaHzar a antibiograma devido a natureza fastidiosa da bacteria mas houve sucesso
terapeutico ap6s administray8o intravenosa de levofloxacin (GOLAPACHAR et al
2004)
Um caso de pielonefrite e urossepsis por Streptococcus pneumoniae foi
relatado em urn hornem de 82 anos com hist6ria clinica de leucemia linf6ide cronica
e diabetes mellitus Exames radiograficos abdominais e tomografia computadorizada
mostraram uma imagem indicativa de extensa pielonefrite no rim esquerdo sem
nenhum outro foco de infecc8o 0 abscesso renal foi tratado por drenagem
transuretral e 0 material purulento obtido foi cultivado assim como materiais de
orofaringe escarro e sangue Esearro e orofaringe revelaram apenas mierobiota
normal do trato respirat6rio enquanto 0 material drenado e as hemoculturas
demonstraram microseopicamente cocos gram-positiv~s aos pares e em eadeias
alguns dos quais eram lanceolados havendo bom crescimento em agar sangue de
carneiro e agar chocolate a 37degC As col6nias eram fracamente alfa-hemoliticas no
agar sangue e nao muc6ides catalase-negativas e sensiveis a optoquina Testes de
aglutinac8o sorologiea de ambos materiais confirmaram a identificac8o e testes
43
moleculares demonstraram ser as dois isolados identicas Apesar da terapia
antimicrobiana a paciente desenvolveu coagula98o intravascular disseminada e
sofreu uma parada cardiaca sendo que 0 quadro foi revertido mas tornau-se
necessaria a nefrotomia para eliminar a foco da infeccao Em contraste a estud05
anteriores a paciente descrito apresentou um verdadeiro casa de pielonefrite
abscesso renal e urossepsis causados par Streptococcus pneumoniae A presenca
de doencas como leucemia linf6ide crOniea e diabetes mellitus fcram 5uficientes para
causar um certa grau de imunossupressao e predispor a paciente a infeccao par
Streptococcus pneumoniae mesma sem hist6ria antecedente de infecC8o
pneumoc6cica trauma ou interven9ao cirurgica (DUFKE KUNZE-KRONAWITIER
SCHUBERT2004)
57 BACT~RIAS ANAER6BIAS
Tern sido descritos casas de infec90es do trato urinario par bacterias
anaer6bias com as mais diverses tipos de apresenta90es clinicas entre processes
crenicos e agudos As bacterias recuperadas sao bacilos gram negativQs incluindo
Bacteroides fragifis Prevotella sp e Porphyromonas sp Clostridium sp cocos
gram-positiv~s e Actinomyces sp Em muitos casas sao recuperadas em culturas
mistas com coliformes e estreptococos (BROOK 2004)
58 OUTRAS BACT~RIAS FASTIDIOSAS
Foi descrita par Greub e Raoult (2002) uma nova especie bacteriana
Actinobaculum massiliae recuperada da urina de uma mulher de 81 anos com ITU
cr6nica Os estudos fenotipicos genotfpicos e filogeneticos realizados mostraram
ser 0 isolado urna nova especie ainda nao recanhecida dentro do genera
Actinobaculum e foi proposta a denominacao Actinobaculum massiliae A mesma
cepa faj isolada tres vezes num perlodo de sete meses mesmo apes tratamento
44
com amoxicilina sulfametoxazol~trimetoprim e rifampicina Devida ao fata do
microrganismo nao ser isolado em procedimentos laboratoriais de rotina uma ITU
devido a Actinobaculum massiliae pade ser mal diagnosticada Alem disso as
col6nias apresentam heterogeneidade morfol6gica ap6s cinco dias de incubacao
podendo levar a uma errOnea interpretaC(ao de contaminacao com duas especies de
badlas gram~positivos 0 usa de agar sangue de carneiro e incubacao prolongada
motivado pela presenca de 106 leuc6cit05 per ml na urina da paciente permitiu a
desenvolvimento da cepa Houve cura ap6s tratamento com doxiciclina (GREUB
RAOUL T 2002)
Em estudo clinico e microbiol6gico de mulheres com sindrome uretral -
excluindo pacientes com cistite bacteriana - 41 pacientes foram comparadas com 42
pacientes controle Nao foi encontrada diferenca entre pacientes e con troles em
incid~ncia de Chlamydia trachomatis e outros microrganismos de transmiss3o
sexual 0 numero de lactobacilos e outros microrganismos fastidiosos bem como a
numero de leucocitos na urina nao apresentaram diferenca entre pacientes com
sintomas leves e intensos ou entre pacientes e controles Os auto res sustentam a
hipotese da sindrome uretral nao ser causada por infecrao bacteriana ou clamidial
(GILLESPIE et al 1989)
45
6 CONCLUSAO UMA REFLExAO
E indiscutivel a importo1ncia para a laborat6rio de requisicoes de exame
completas com informayoes sabre suspeita clinica existencia de sintomas
anormalidades do trata urinario e condhoes imunol6gicas do paciente Embora
tradicionalmente a maiaria dos medicos nao fornega muitas informacoes sabre 0
paciente ao laborat6rio a microbiologista pede incentivar a criacao de urn canal de
comunicacao quando observar a necessidade de informagoes sobre determinado
paciente
Exames anteriores do paciente sempre que disponiveis devem ser
consultados e comparados pois informacoes sabre infecc6es recorrentes au
recidivantes especies bacterianas envolvidas au presen9a de piuria esteril sao
importantes para direcionar a pesquisa para agentes fastidiosos
o metoda de coleta e as condi~6es de transporte da urina deterrninam a
qualidade da amostra e a quao relevantes serao as microrganismos nela
encontrados Considerando-se que urna bacteria normalmente considerada como
contarninante introduzida durante a coleta pode ser em alguns casos patogenica ou
ainda que uma especie fastidiosa patogenica de crescimento lento pode ter seu
crescimento inibido par uma contaminante de crescimenta mais rapido a coleta
adequada torna-se urn fator de suma importancia para a detec~ao de especies
fastidiosas em urina
Como ja discutida torna-se indispensavel a realiza~ao da calora~ao de
Gram em amostras de urina pOis alem de ser urn teste de triagem rapida e barato
para bacteriuria acima de 105 UFCml pode ser 0 unica indicativa da presen~a de
urna especie fastidiosa
46
A comunica~ao entre a microbiologista e a medico pode determinar nao 56 a
sucesso do diagn6stico e do tratamento como a viabilidade economica da pesquisa
de bacterias fastidiosas para 0 laborat6rio urna vez que direciona as esforyos
laboratoriais aos pacientes que realmente necessitam evitando 9a5t05
desnecessarios
Bacte-rias fastidiosas podem nao responder ao tratamento antibi6tico para
pat6genos convencionais do trato urinario portanto a pesquisa precocemente
direcionada para tais agentes pode melhorar 0 progn6stico das ITU evitando a
administracao de antibioticos inadequados au desnecessarios
Como observado nos diversos casas reiatados bacterias fastidiosas
ocorrem em cenaries clinicos especificos 0 entendimento do processo da doen=a e
as condi=oes do paciente pod em ajudar muito 0 laboratorio no esfor=o para
recuperar a bacteria do material clinico
47
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
ALBINI C A Cullura de Urina Analise das metodologias interfer~ncja sobre as
resultados e proposta para padronizacao 1994 54 f Monografia (Especia1iza9aO em
Bacteriologia) - Setor de Ciencias da Saude Departamento de Patologia Medica
Universidade Federal do Parana Curitiba
AGARWAL M DIXON R A A study to detect Gardnerella vagina lis DNA in
interstitial cystitis British Journal of Urology (on line) 2001 Disponlvel em
httpwwwbjuiorg889articlebju2514aspAcessoem 03 fev 2005
BATRA A Interstitial Cystitis Updade Infection Urology (on line) 1999 Disponivel
em httphomeswipnetsellsopicupdatehtm Acessa em 20 dez 2004
CLARIDGE J E JOHNSON J R PEZZLO M T Laboratory Diagnosis of Urinary
Tract Infections Washington American Society for Microbiology 281998
BROOK I Urinary tract genito-urinary suppurative infections due to anaerobic
bacteria International Journal of Urology (on line) 2004 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezigueryfcgicmd=Retrieveampdb=pubmedampdopt=Abst
ractamplist uids=15009360 Acesso em 18 mar 2005
DOMANN E HONG G IMIRZALIOGLU C TURSCHNER S KOHLE J
WATZEL C HAIN T HOSSAIN H CHAKRABORTY T Culture-Independent
Identification of Pathogenic Bacteria and Polymicrobial Infections in the Genitourinary
Tract of Renal Transplant Recipients Journal of Clinical Microbiology (on line) 2003
48
Disponivel em httpjcmasmorgcgireprintl41125500pdf Acesso em 18
mar2005
DOMINGUE G J HELLSTROMW J G Prostatitis Clinical Microbiology Reviews
(on line) 1998 Disponivel em httpcmrasmorglcgilcontentifuIl11141604 Acesso
em 03 fev 2005
DUFKE S KUNZE-KRONAWITIER H SCHUBERT S Pyelonephritis and
Urosepsis Caused by Streptococcus pneumoniae Journal of Clinical Microbiology
(on line) 2004 Disponlvel em httpjcmasmorgcgicontentifuIl4294383 Acesso
em 06 mar2005
FAIRLEY K F BIRCH D F Detection of Bladder Bacteriuria in Patients with Acute
Urinary Symptoms The Journal of Infectious Diseases Melbourne v 159 n2 p
226-231 fev 1989
FRAIMOW H S JUNGKIND D L LANDER D W DELSO D R DEAN J L
Urinary Tract Infection with an Enterococcus taecais Isolate that Requires
Vancomycin for Growth Annals of Internal Medicine (on line) 1994 Oisponivel em
httpwwwannalsorgcgicontentifuIl1211122 Acesso em 18 mar 2005
FRANZ M HCRL W H Common errors in diagnosis and management of urinary
tract infection I Patophysiology and diagnostic techniques Nephrology Dialysis
Transplantation (on line) 1999 Disponivel em
httpltwwwndtoupjournalsorgcgicontentifuIl141127 46 Acesso em 01 dez 2004
49
GIBB A P Plates are Belter than Broth for Recovery of Fastidious Organisms from
some Specimen Material Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Oisponivel
em httpjcmasmorgcgireprinU4041129pdf Acesso em 06 mar2005
GILLESPIE W A HENDERSON E P LINTON K B SMITH P J Microbiology
of the urethral (frequency and dysuria) syndrome A controlled study with 5-year
review British Journal of Urology (on line) 1989 Disponfvel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
2804564ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr 2005
GINESTRE PEREZ M ROMERO-A~EZ S MARTINEZ-GARCIA A RINCON-
VILLALOBOS G HARRIS-SOCORRO B CATELLANO-GONZALES M AVILA-
ROO Y PEROZO-MENA A Gardnerella vaginalis y uropat6genos convencionales
em pacientes ambulatorios Revista de La Sociedad Venezolana de Microbiaogia
(on line) 2001 Disponivel em
httpwwwseieloorgvaseielo phpscriptsci arttextamppid=S 1315-
25562001000200003amplng=esampnrm=isso Acesso em 05 jan 2005
GOBERNADO M CRUZ F J DALET F BROSETA E DE CUETO M
SANTOS M DE LA ROSA M Procedimientos en Microbiologla Clinica La
infeccion urinaria 2002 Disponivel em
httpwwwseimcorgprotocolosmicrobiologiaindice14htm Acesso em 01 dez
2004
50
GOLAPACHAR A AKINS R L DAVIS W R SIDDIQUI A A Urinary tract
infection caused by Aerococcus viridans a case report International Medical Journal
for Experimental and Clinical Research (on line) 2004 Oisponivel em
httpwlNNmedscimonitcompubvol 10no 114928pdf Acesso em 03 dez 2004
GREUB G RAOULT D Actinobaculum massiliae a new species causing chronic
urinary tract infection Journal of Clinical Microbiology (on line) 2002 Disponivel em
httpwwwpubmedcentralnihgov articlerender fcgitool=pubmedamppubmedid=12409
355 Acesso em 13 fev2005
HElLBERG I P Diagnosis and clinical management of urinary tract infection
Disponivel em httpwwwunineteducin2003confpfefermanpfefermanhtml
Acesso em 20 out 2004
KONEMAN E W ALLEN S D JANDA W M SCHREKENBERGER P C
WINN Jr W C Cr Atlas and Textbook of Diagnostic Microbiology 5ed
Philadelphia Lippincott-Raven 1997
LIPSKY B A Managing Prostatitis and Urinary Tract Infection in Men Infectious
Diseases Infoalerl (on line) 2003 Oisponivel em
httpwwwdpacomhklpdflinfolnfoALERT 15pdf Acesso em 10 dez 2004
MASKELL R A new look at the diagnosis of infection of the urinary tract and its
adjacents structures Joumaloflnfecfion Portsmouth n 19 p 207-217 jul 1989
51
MERIA P DESGRIPPES A ARFI C LE DUC A Encrusted Cystitis and Pyelitis
Journal of Urology (on line) 1998 Disponlvel em
htlpIwwwjurologycomipUrejuroabstract00005392-1 99807000-
00003htmmiddotjsessionid-CnHOtEDjxvOgrxiWIUac52pekluG1HSCZzrnOpCIJH4V107ePU
evI848681301-949856032190011-1 Acesso em 21 abr 2005
McCUE J D The Management of Complicated Urinary Tract Infections Infectious
Diseases Infoalert (on line) 1999 Disponfvel em
htlpIwwwdpacomhkJpdlfinlofinlo alart 01pdl Acesso em 01 dez 2004
MURRAY P R Manual of Clinical Microbiology 7ed Washington ASM Press
1999
NABER K G BERGMAN B BISHOP M C JOHANSEN T E B BOTTO H
LOBEL B CRUZ F J SELVAGGI F P European Association 01 Urology
Guidelines on Urinary and Male Genital Tract Infections Disponlvel em
httpwwwuroweborglfilesluploaded filesuti mgtLpdf Acesso em 20 dez 2004
OPLUSTIL C P Urocultura In__ Procedimentos basicos em microbiologia
clinica 2 ed Sao Paulo Sarvier 2004 p 88-93
OSBORNE J About Interstitial Cystitis Disponivel em htlplwwwic-
networkcomhandbooklbasicshtmlintro Acesso em 20 dez 2004
52
PEDRAZA AVILES A G ORTIZ ZARAGOZA M C Symptomatic bacteriuria due to
Ureaplasma and Mycoplasma in adults Revista Latinoamericana de Microbiologia
(on line) 1998 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedampdopt=Abs
tractamplist uids=20388109 Acesso em 20 abr 2005
RIEGEL P RUIMY R BRIEL D de PREVOST G JEHL F BIMET F
CHRISTEN R MONTEIL H Corynebacterium seminale sp Nov a New Species
Associated with Genital Infections in Male Patients Journal of Clinical Microbiology
(on line) 1995 Disponlvel em
htlpllwwwpubmedcentralnihgovpicrenderfcgiartid=228387ampblobtype=pdf
Acesso em 19 mar 2005
SORIANO F PONTE C A case of urinary tract infection caused by
Corynebacterium urealyticum and coryneform group F1 European Journal of Clinical
Microbiology Infectious Diseases (on line) 1992 Disponfvel em
httoIwwwncbinlmnihgoventreziguervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
1396772ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr2005
TANNER M A SHOSKES DSHAHEDA PACENR Prevalence of
Corynebacterial 16S fRna Sequences in Patients with Bacterial and Nonbacterial
Prostatitis Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Disponivel em
httpmcmasmorgcontenVfull3761863 Acesso em 06 mar 2005
TRABULSI L R ALTERTHUM F Escherichia coli uropatagenica (UPEC) In
Microbiaagia 4 ed Sao Paulo Atheneu 2004 p 303-309
53
14
urol6gicas que predispOem a ITU au dificultam 0 tratamento e nestes cases a
infec~ao e designada complicadaD
bull Sindromes ITU menes comumente
encontradas incluem prostatite abscessos renais e urossepsis (ITU com bacteremia)
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
As infec90es do trato urinario nao complicadas sao comuns e estima-se que
50 das mulheres que possuem 0 trato gemito-urinario normal apresentarao pelo
menes urn episodio de ITU aguda durante a vida As ITU complicadas estao
associadas a anormalidades funcionais au estruturais do trato urinario (bexiga
neurogenica refluxo vesicQureteral rim esponjoso medular nefrocalcinose cistos
renais etc) obstru9aO do trato urinario (hiperplasia benigna da pr6stata urolitiase
tumores estenose da jungao uretero-pelvica) cateterizagao ou instrumentacao
patogenos multirresistentes imunossupressao ou prostatite (HElLBERG 2003)
A diferenciagao entre ITU inferior e superior e importante tendo em vista as
complicagOes do envolvimento renal na infecgao no entanto os procedimentos
diagn6sticos mais acurados sao invasivos e apresentam risco (cateterizagao)
Usualmente a elevagao de parflmetros inflamat6rios como a proteina C reativa
leucocitose e febre indicam ITU superior e rnais recentemente tern sido utilizada
como marcador a excreyao aumentada de N-acetil-beta-glucosaminidase A
resoluyao da bacteriuria ap6s urn dia ou ap6s tratamentos curtos de tnsects dias condiz
com ITU inferior (FRANZ HORL 1999)
Murray (1999) cita como principais bacterias patogeuromicas no trato urinario
Escherichia coli Proteus mirabilis Klebsiella spp Enterobacter spp Pseudomonas
spp Enterococcus spp Staphylococcus saprophyticus Staphylococcus aureus
Ureaplasma spp Mycobacterium tuberculosis e Neisseria gonorrhoeae Sao
encontrados como microrganismos comensais no trato gemito-urinario
15
Corynebacterium spp Lactobacillus spp Staphylococcus spp Streptococcus spp
Neisseria spp nao patogemicas Mycoplasma spp Ureaplasma spp Gardnerella
vaginalis microrganismos entericos Acinetobacter spp Capnocytophaga spp
Enterococcus spp e bacterias anaer6bias
A bacteriuria assintomatica e definida pela presen~a de bacterias em algum
local do trato urinario na ausencia de sintomas Sua significancia clinica e
controversa tendo em vista que certes grupos de pacientes podem sofrer
consequeuromcias graves como por exemplo crian~as com refluxo vesicQureteral nas
quais a infecvao silenciosa pode causar dana renal e tambem gestantes nas quais
a progressao da infecCao pode causar dana ao feto bern como aumentar 0 risco de
pielonetrite na mae (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Cistite e definida como a infec9c3o presumivelmente limitada a bexiga pela
presen9a de sintomas caracteristicos (disuria urgencia OUfrequemcia) e ausencia de
sintomas sugestivos de inflamacZlo em Qutros locais do tratc urinario (CLARRIOGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
A sindrome uretral aguda tambem conhecida por sind rome piuria-disuria au
abacteriuria sintomatica e caracterizada por sintomas de ITU (disuria urgencia e
miccoes freqOentes) acompanhados de leucocituria e cultura de urina negativa au
com baixas contagens de bacterias Atualmente reconhece-se que 0 criteria de
contagem de colonias tradicional utilizado para diferenciar cistite bacteriana de
sindrome uretral aguda e controverso e que muitas mulheres disuricas com baixas
contagens de col6nias necessitam de tratamento para ITU bacteriana aguda
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998 HElLBERG 2003)
A sind rome uretral aguda pode ser causada por bacterias fastidiosas ou nao
usuais como Chlamydia trachomatis Ureaplasma urealylicum Neisseria
16
gonorrhoeae Mycoplasma spp Mycobacterium spp Trichomonas spp au Candida
spp Outras causas incluem abscessos rena is obstrucao ureteral completa e
luberculose renal (HEllBERG 2003)
A inflamacao dos rins e pelves renais (pielonefrite) oeasiona sintomas de
dor ou sensibilidade envolvendo 0 f1anco frequentemente acompanhados par urna
resposta inflamat6ria sistemica incluindo febre calafrios indisposicao dar de
cabera e nauseas as quais naD acorrem em pacientes com cistite Em alguns
pacientes estas manifestaroes sistemicas ocorrem sem sinais au sintomas locais de
envolvimenlo renal condilao denominada de ITU febril (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZlO 1998)
A cistite intersticial e urna inflamacao croniea e freqOentemente severa da
bexiga cuja causa e desconhecida Os sintomas primarios sao freqUelncia urgencia
e dor abdominal ou perineal e as culturas de urina sao raramente positivas Os
pacientes normalmente apresentam pequenas hemorragias (glomerulayoes) ou
ulceras na bexiga ahsectm de diminui9aO da capacidade urinaria e rela90es sexuais
dolorosas Muitos pacientes recebem urn diagn6stico prirnario de sind rome uretral
ale a descoberta do real diagn6slico (OSBORNE 2003)
Muitos pacientes com cistite intersticial tern urna hist6ria de ITU recorrente
Alguns autores teorizarn que a bacteria causa dora pode ser urna especie fastidiosa
ou presente ern pequeno numero e que a sua presen9a pode na~ produzir a cistite
intersticial mas ser responsavel p~r urna resposta inflamat6ria e imunol6gica
(BATRA1999)
A infeC9aO bacteriana da glandula prostatica (prostatite) pode ocorrer como
resultado de infeC9aO uretral ascendente par refluxo de urina infectada para as
ductos prostaticos via uretra posterior ou par via linfogenica ou hernatogenica A
17
prostatite bacteriana aguda promove urn abrupto inrdo de febre e sintomas
genitourinarios e constitucionais enquanto a croniea e urna enfermidade sutl
caracterizada por recidivas lTU recorrente e persistencia da bacteria na secre9ao
prostcitica mesma apas multiplos cursos de antibioticoterapia Urna terceira
sindrome a prostatite croniea idiopatica (inclui-se aqui a prostatite nao bacteriana e
a prostatodlnia) usualmente caracteriza-se par dor perineal persistente e sintomas
urol6gicos podendo ou nao estar associada a urn grande numero de celulas
inflamatorias na secre9ao prostatica e a urna bacteria cultivclvel laboratorialmente
(DOMINGUE HELLSTROM 1998)
A prostatite crOniea em homens com culturas negativas mas com
leucocitose na secrecao prosttltica (mais de 10 leuc6citos por campo em aumento de
1000X) e classificada como prostatite nao bacteriana e a doenca naqueles cujas
culturas sao negativas e que nao apresentam leucocitose na secreCao prostatica e
classificada como prostatodlnia (TANNER et al 1999)
o agente etiol6gico predominante nas prostatites bacterianas agudas e
cronicas e Escherichia coli seguido par especies de Proteus e Providencia e menos
cornu mente Klebsiefla spp Pseudomonas spp Serratia spp e Enterobacter spp
Estudos recentes demons tram que cepas de Escherichia coli causadoras de
prostatite expressam fatores de virulemcia similares as cepas causadoras de
pielonefrite Staphylococcus aureus Staphylococcus saprophyticus e outros
estafilococos coagulase negativos ocasionalmente podem causar prostatite assim
como algumas bacterias fastidiosas como por exemplo corinebacterias Gardnerella
vaginalis e Haemophilus influenza (LIPSKY 2003)
A prostatite cronica idiopatica (nao bacteriana) e uma condicao multi-
sintomatica de causa discutivel Etiologias propostas sao infeccoes par Chlamydia
18
trachomatis Mycoplasma hominis Ureapfasma urealyticum Trichomonas vaginalis
au agentes virais embora muitos estudos naD confirmem lais dados Tecnicas
microbiol6gicas especiais e tecnicas moleculares tern demonstrado em pacientes
com prostatite naD bacteriana colonizaf(80 prostatica com especies bacterianas de
baixa virulencia e tambem bacterias fastidiosas sugerindo etiologia infecciosa
(LIPSKY 2003)
Homens jovens com prostatite aguda podem ter baixas concentracoes de
bacterias na urina as quais nao sao reconhecidas como significantes e
possivelmente naD reportadas au entao podem ser infectados com microrganismos
fastidiosos como Gardnerella vaginais Quando traladas par insuficiente periodo de
tempo ou com um antibiotico inadequado que nao atinge urna concentracao
terapeutica adequada no tecido prostatico tais pacientes podem evoluir para uma
condi9ao de prostatite crOnica (MASKELL 1989)
A ITU e comum apos transplantes renais embora os riscos estejam sendo
diminuidos pelo uso de menores doses de imunossupressores e tambern pelo uso
profilatico de antibioticos Entre os fatores predisponentes pode-se citar infeccao
previa no rim do doador bern como alteracao do uroepitl~lio do receptor causada p~r
cateteres vesica is e stents ureterais Nos primeiros tr~s meses as ITU sao
geralmente assintomaticas e recidivantes ap6s esse perlodo sao menos freqOentes
e ha melhor resposta a antibi6ticos embora sejam comuns as complicacOes
urol6gicas como fistulas e obstrucoes Isquemia do orgao devido a dano arterial
pode promover ITU pela colonizacao bacteriana do tecido lesado usualmente por
bacterias comensais ou fastidiosas A erradicacao das infecc6es pode tomar-se
impossivel ate que 0 rim ou pelos menos 0 segmento prejudicado seja removido
(NABER et ai 2004)
19
Lactobacilos corinebacterias e alguns estreptococos fastidiosos podem ser
patogenos secundarios em ITU originalmente selecionados da microbiata uretral par
tratamento antibi6tico Tal situa~ao pade acorrer em pacientes que tenham recebido
agentes antibacterianos durante long05 periodos au antibioticoterapia aSSDciada a
urn periodo de cateterizayao A falha na deteqao laboratorial destas especies pade
resultar em tratamento antimicrobiano inadequada exacerbando 0 problema OU
ainda levar a investiga90es invasivas desnecessiuias (MASKELL 1989)
20
4 A ROTINA DA UROCULTURA NO LABORATORIO DE ANALISESCLiNICAS
o diagn6stico microbiol6gico de uma infeqao urinaria mesma baseando-se
na determinay80 de microrganismos em urn Hquido biologico normalmente esteril
apresenta dificuldades com relaCao a valoriz8gao dos resultados E sabido que
existem microrganismos naturalmente residentes na uretra regiao genital e perinea
que podem contaminar a urina acidentalmente somando-se a issa a a9ao da
temperatura que estimula a proliferar8o bacteriana Par outro lado as tecnicas de
coleta e cultivo de amastras devem ser direcionadas a pesquisa de microrganismos
pouco habituais as quais podem ser importantes em determinadas situaroes
(GOBERNADO ef al 2002)
A decisao de como uma amostra deve ser cultivada depende do metoda de
coleta e dos sinais e sintornas cllnicos do paciente informa~6es que deveriam ser
transmitidas ao laboratorio pelo medico Entretanto na maioria das vezes 0
laborat6rio recebe informa~6es incompletas ou incorretas que resultam na realiza~ao
de muito ou pouco trabalho com uma determinada amostra (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
A classifica~ao de culturas de urina por tipos permite que 0 manejo das
amostras seja direcionado pela necessidade clinica e que 0 laborat6rio possa
escolher os meios de cultura e a quantidade de inoculo mais apropriada Com base
nos dad os cllnicos do paciente podem-se definir tres tipos de cultura de urina
retina inspeao e invesligaliva (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
As culturas de retina sao apropriadas para pacientes ambulatoriais e com
ITU nao complicadas As culturas de inspe~ao devem ser realizadas em pacientes
geriatricos e individuos que utilizam cateteres vesicais nos quais a caloniza~ao au
infec~ao por multiplos microrganismos e comum Culturas investigativas sao aquelas
21
direcionadas para diagn6sticos especificos microrganismos fastidiosos ou grupos
diferenciados de pacientes Devern ser realizadas nos casas de cultura previa
negativa de falha na terapia antimicrobiana au no case de suspeita de urn
uropat6geno naD usual E tambem apropriada a sua realiza980 quando ha
discrepimcia entre a apresentacao clinica do paciente au a coloracao de Gram e 0
resultado previa da cultura (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Os meios de cultura m~is utilizados para semeadura de urina sao as
seletivQs diferenciais como 0 meio de Teague (agar eosin a azul de metileno) e de
Mac Conkey associados ao agar sangue 0 meio de CLEO (agar cistina lactose
eletr61ito deficiente) e muito utilizado no Brasil e permite 0 crescimento de bacterias
gram-negativas e gram-positivas Tais meios auxiliam na identifica980 presuntiva da
bacteria atraves da colora98o colonial indicando a capacidade de fermenta980 da
lactose (ALBINI 2004)
Segundo Clarridge Johnson e Pezzlo (1998) culturas urinarias de rotina
devem ser realizadas semeando as amostras em agar sangue de carneiro 5 e em
agar Mac Conkey eu um meio seletive similar e incubando as placas por 18 a 24
horas a 35 - 37deg C em ar ambiente Ainda assim e meio de CLEO e preferido nos
laboratories brasileiros pela sua versatilidade Para microrganismos fastidiosos 0
agar chocolate deve ser utilizado em conjunto com agar CNA (Columbia-colistin a-
acido nalidixico) eagar MacConkey devendo-se utilizar a al93 calibrada de 001ml
alem da al9a 0001 ml As placas de CNA e agar chocolate devem ser incubadas em
5 CO2 por 48 horas
Para popula96es especificas com ITU cronicas ou anormalidades
anatomicas pode ser apropriada a cultura visando microrganismos anaerobios au de
cresci menta lento (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
22
Para popula90es nas quais as culturas polimicrobianas sao comuns 0 agar
CNA pade ser utilizado para demonstrar a presenca de enterococos Qutros cocos
gram-positives au leveduras presentes nas culturas mistas 0 agar CNA permite urn
born cresci menta de estreptococos corinebacterias e Gardnerela vaginalis e deve
ser incubado por 48 horas a 35 C (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Amostras obtidas par puncao suprapubica au de pacientes com suspeita de
sindrome uretral aguda devem ser semeadas com al98 calibrada de 001 ml a1em
da ala de 0001 ml em agar sangue (OPLUSTIL et al 2004) Contagens baixas ou
mesma multiplos tipos de microrganismos devem ser valorizados em tais cases
(KONEMAN 1997)
Corynebacterium ureafyticum e Qutras corinebacterias desenvolvem-se bem
em agar sangue de carneiro 5 au agar CNA mas sao mais bern visualizadas ap6s
incubaao de 48 horas (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
As calOnias de Gardnerella vaginalis sao fracamente visiveis em agar
sangue ap6s 24 haras de incuba~ao e recomenda-se a usa de agar CNA au HBT
(agar sangue tween bicamada) e incuba~aa par 48 haras em tensaa de C02
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
as tactabacilos podem ser isolados em meias de isotamento prima rio
utilizadas para urina como a meio de CLEO no entanto devem ser incubadas par 48
horas em atmosfera de CO (MASKELL 1989)
a resultada da cultura deve ser sempre carrelacianada com a leitura do
Gram Caso nao haja crescimento ap6s 18 a 24 horas de incuba~ao e na
microscapia tenha sido observada a presen~a de microrganismas au numero
eleva do de leuc6citas deve-se incubar as ptacas par mais 24 haras (OPLUSTIL et
al2004)
23
A piuMa esteril e urn achado importante que po de refletir usa de
antibioticoterapia outras doencas como neoplasias au calculos urinarios au
infeccoes com microrganismos que naD sao detectados par rnetodos rotineiros de
cultura (MIMS et aI 1995)
o conceito de bacteriuria significativa para 0 diagn6stico das ITU e
tradicionalmente baseado no criteria quantitativa estabelecido par Kass na decada
de 1950 permitindo a distincao entre colonizarao e infecrao A utilidade e a
consistemcia do criteria de contagem de colOnias superior OU igual a 105 par mililitro
tern sido validadas repetidamente par varios pesquisadores demonstrando que tal
criterio nilo pode ser aplicado a todos os pacientes (FRANZ HORL 1999)
A baixa especificidade da cultura quantitativa de jato medio se deve apossivel adilao de bacterias comensais a urina durante a coleta A baixa
sensibilidade dos resultados inferiores a 105 UFCml pode ser devida a excregao
intermitente de bacterias que pode ocorrer em determinados sitlos do trato urinario
bem como ao uso de meios de cultura que nao proporcionam 0 cresci menta de
todas as especies capazes de infectar 0 trato urinario (FAIRLEY BIRCH 1989)
Altas contagens de bacterias aer6bias sao encontradas em amostras de
urina de jato medio quando os microrganismos sao providos de 6timo substrato e de
ten sao de O2 relativamente alta Em algumas sltuagoes como infecgoes cronicas
prostatite infecgao das glandulas parauretrais em mulheres litiase infecciosa e
cicatrizes renais per pielonefrite croniea os mierorganismos podem nao se
multiplicar tao rapidamente e pertanto nao apresentarem contagens tao altas quanta
nas cistites agudas Os sitlos de infecgao abaixe da bexiga nao fornecem as
mesmas condigoes favoraveis de incubagao ahsectgtmdisso a velocidade do fluxo
24
urinario e a freqO~ncia de miccaosao fatores que influem nas contagens bacterianas
(MASKELL 1989)
Torna-se claro que considerar baixas contagens de pat6genos aero bios em
culturas puras como contaminaCao e incorreto e pode levar a erros de diagn6stico
pois infeccoes de grande signific~ncia cHniea pod em nao estar sendo detectadas t
igualmente importante nao considerar automaticamente urna alta contagem de
col6nias como infecy8o sem considerar as condicoes do paciente e da coleta 0 usa
de antibi6ticos em resposta a urna alta contagem bacteriana pode selecionar cepas
resistentes tornando mais dificil 0 tratamento de infecgoes posteriores verdadeiras
(MASKELL 1989)
Alguns procedimentos utilizados para 0 diagnostico das ITU sao
considerados inaceitaveis atualmente e nao devem ser realizados como cultura de
cateter de Foley cultura de urina em meios Hquidos cultura de sedimento urinario
pesquisa de anaer6bios como procedimento de rotina e em urina de jato media au
obtida par cateteriza9ao bem como cultura de urinas que tenham permanecido mais
de duas heras sem refrigeragao au canservagao (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO1998)
41 COLETA E TRANS PORTE DE AMOSTRAS
A coleta e a trans porte inadequado da amostra podem levar a um resultado
de diffcil interpreta9aO Portanto a medida mais importante para realizar uma cultura
de urina e estabelecer rfgidos criterios de coleta e propiciar treinamento constante
para as profissionais envolvidos na realiza9aO da coleta (OPLUSTIL et al 2004)
Koneman et al (1997) recomendam que a paciente receba as instru90es de
coleta impressas ap6s receb~-Ias verbalmente Caso 0 paciente demonstre
inseguran9a au nao compreenda urn profissional treinado deve explicar novamente
25
passo a passo ou se passivel acompanhar pessoalmente a coleta (coleta
supervision ada)
Amostras de urina de jato media sao as amostras mais comumente
submetidas a cultura De preferencia deve ser colhida a primeira urina da manha
podendo ser aceitas urinas com pelo menos 2 heras de reten~ao Ap6s higiene da
regiao genital despreza-se 0 primeiro jato - 0 que auxilia a eliminacao dos
contaminantes da uretra inferior - e colhe-se 0 jato media em fraseD esteril
apropriado desprezando-se 0 final da mic9ilo (OPLUSTIL eJ al 2004) A higiene
genital deve ser realizada com agua e sabao naD anti-septico devendo ser as [abias
vaginais afastados e 0 prepucio retraido antes da miccao (GOBERNADO et 81
2002)
Alguns autores afirmam que mesma quando a coleta e meticutosamente
reatizada com a assist~ncia de um pro fissional treinado a urina apresenta-se
frequentemente contaminada (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Amostras urinarias de criancas obtidas com saco coletor devem ser colhidas
apos higiene da regiao genital e colocacao do saco coletor de forma asseptica
Troca-se 0 coletor a cada 45 minutos ou 1 h~ra repetindo-se a higiene e evitando-se
contaminacao fecal 0 coletor deve chegar fechado ao laborat6rio Tas amostras
freqOentemente sao contaminadas com microrganismos fecais promovendo
resultados falso-positivos portanto 0 maior significado clinico de amostras obtidas
com saco coletor e 0 resultado negativo (OPLUSTIL et a 2004) Culturas positivas
devem ser confirmadas por metodos de cateterizacao direta ou aspiracao
suprapubica (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Em pacientes com sanda vesical permanente pinca-se a canula do coletor
realiza-se desinfeccao da canula com alcool 70 e punciona-se com seringa e
26
agulha estereis colocando-se a amostra em frasee esteri Nunea se deve obter a
amostra do saco coletor de pacientes sand ados porque a multiplica9ao bacteriana
fornecera urn numero muito maior que aquele real mente presente no paciente
(OPLUSTIL et al 2004) Tambem nao se reeomenda deseoneetar 0 eateter do tubo
coletor sob risco de introduyao de microrganismos no sistema Sempre que passivel
tal coleta deve ser realizada ap6s troea do cateter pois urna microbiota que naD
corresponde a do paciente pade residir em cateteres antigos (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
A punyao suprapubica e considerada a metoda padrao auro para coleta de
urina par representar a verdadeira bacteriuria vesical (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998) Calhe-se com seringa e agulha diretamente par pun9ao vesical Tal
procedimento evita problemas de contamina9ao uretral e e recomendado para
crian9as ate dois anos detec9ao de anaer6bios enos casos de repeti9ao de ex ames
com interpretaoes duvidosas (OPLUSTIL et al 2004) Pode tambem estar indieada
para homens de qualquer idade com fimose e em mulheres com bacteriurias de
repeti~o de proeedeneia duvidosa (GOBERNADO et al 2002)
A cateteriza9ao com finalidade unica de obten9ao de amostras somente
deve ser realizada em pacientes nos quais nao seja possivel a elimina9aO
espontanea de urina como doentes neurologicos au com problemas urol6gicos
obstrutivos Caso seja necessaria devern-se utilizar tecnicas rigorosas de assepsia
por causa do alto risco de introdu9ao de rnicrorganismos (KONEMAN et a 1997
GOBERNADO et a 2002)
Para a pesquisa de Mycobacterium tuberculosis tres amostras de urina da
manha devem ser coletadas em dias consecutivos as tecnicas de cultivo para
27
micobacterias naD permitem a cresci menta de outros agentes e portanto a coleta
nac necessita de assepsia rigorosa (MIMS et al 1995)
Caso naD seja passivel a processamento da amostra de urina em ate 2
haras apas a coleta a amostra deve ser refrigerada (2 a 80 C) e processada em ate
24 haras tempo maximo para manuten~ao da contagem bacteriana estavel 0 usc
do preservativo acido b6rico permite que a amostra permane98 a temperatura
ambiente (20 a 25 C) ate 24 horas antes de ser process ada (OPLUSTIL ef aI 2004
CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Sistemas de trans porte usanda acido b6rico podem ser metodos alternativQs
para coletas realizadas em casa au em locais distantes do laborat6ria e mostram-se
tao efetivos quanta a refrigeragao (KONEMAM ef ai 1997)
Oepois de coletada a amostra de urina deve ser encaminhada ao laboratorio
a mais rapido possivel e com todas as informayoes necessarias para degprocessamento Devem ser relatados 0 horario e 0 metodo da coleta 0 tempo de
reteny80 da urina 0 tipo de paciente (por exemplo urologico ou geriatrico) a idade
o sexo se 0 paciente tem recebido quantidades aumentadas de Ifquido
apresentay80 clinica (existencia de sintomas) resultados de urinalise (presen9a de
celulas inflamat6rias) e resultados antecedentes de cultura (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
De maneira ideal as amostras devem ser coletadas antes do inicio da
terapia antimicrobiana Caso 0 paciente ja esteja recebendo ou tenha recebido
antibioticoterapia nas 48 horas antecedentes a realizay80 do exame esta
informay80 deve ser explicitada no formulario de requisiy80 do exame (MIMS et al
1995)
28
Recoletas devem ser solicitadas quando amostras nae refrigeradas forem
recebidas 2 horas ou mais ap6s a coleta au quando nac fcrem comunicados 0
horario e a forma de coleta No entanto nenhuma amostra deve ser desprezada
antes do cantata com 0 medico solicitante po is ela pade em alguns casas ser
insubstituivel (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Menos de 5 das urinas coretadas e transportadas adequadamente
apresentam multiplos microrganismos Exce~6es sao amostras de pacientes com
bexiga neurogemica au usa cranico de cateteres nos quais a bacteriuria
polimicrobiana pade ser detectada em 30 a 80 das culturas freqOentemente sem
infecao (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Segundo Koneman et al (1997) a acuracia do procedimento de coleta de
urina pode ser monitorada pela frequencia de exames com contagens entre 104 a 105
UFCml que nao deve exceder 5 a 10 se os procedimentos forem realizados
apropriadamente
42 A IMPORTANCIA DA COLORAltAo DE GRAM
Durante as ultimas decadas testes rapidos de triagem para bacteriuria foram
desenvolvidos com 0 propos ito de fornecer resultados mais rapid os e de eliminar a
necessidade de cultivar amostras negativas Entretanto sua utilizacao e limitada
principalmente pela incapacidade de detectar baixos niveis de bacteriuria e piuria
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
A coloracao de Gram da urina nao centrifugada e um dos metodos mais
rapidos seguros e baratos para estimar bacteriuria superior a 105 UFCml e
presenca de mais de 8 a 10 leucocitoslJl Homogeneiza-se muito bem a urina
coloca-se uma gota sobre lamina sem espalhar e deixa-se secar ao ar A lamina
deve ser fixada par calor au metanol (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998) A
29
presenca de uma ou mais celulas bacterianas per campo em aumento de 1000
vezes tern sensibilidade de 94 e especificidade de 90 em refletir uma contagem
de colOnias superior a 10 UFCml (KONEMAN ef al 1997)
Embora seja urn metoda barato de triagem a coloraC8o de Gram naD e
utilizada par muitos laborat6rios pelo consumo de tempo e baixa sensibilidade em
contagens inferiores a 105 UFCml Sugere-se a sua utilizacao como teste de triagem
apenas em pacientes com contagens de col6nias provavelmente altas
principalmente as assintomaticos e com suspeita de pielonefrite Alguns autores
relatam melhora da sensibilidade a nlveis acima de 104 UFCml com 0 usa de
citocentrifuga (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
A coloraCao de Gram do sedimento urinario em bora ainda utilizada por
muitos laboratorios e impropria pela baixa reprodutibilidade e dificuldade de
padronizacao e correlacao com os metodos de velocidade de excrecao de leucocitos
au contagem em camara (ALBINI 1994)
As informac6es fornecidas pela cOloracao de Gram sobre a morfologia do
microrganismo e caracteristicas na coloracao sao extremamente importantes para a
selecao inicial da terapia antimicrobiana enquanto se aguarda 0 informe definitivo
do resultado da cultura e do antibiograma (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO
1998)
~ imprescindivel a realizacao da coloracao de Gram para deteccao de
bacterias fastidiosas ou nao usuais Devido a dificuldade de desenvolvimento nos
meios utilizados para a deteccao de enterobacterias em alguns casos somente a
visualizacao microscopica indicarcfi a sua presenca (FRANZ HORL 1999)
A observacao microscopica da urina permite verificar a qualidade da amostra
especialmente em mulheres nas quais a contaminacao vaginal e frequente
30
produzindo resultados falso-positivos A presen~a de muitas celulas epiteliais e de
mais de urn tipo de microrganismo no Gram sugere contamina9aO da amostra em
decorrencia da coleta (OPLUSTIL et ai 2004)
Dutro aspecto importante da coloracao de Gram e a sua utilidade no
monitoramento das culturas podendo-se pelo seu resultado detectar erras tecnicos
e ate mesmo troca de amostras (ALBINI 2004)
31
5 BACTERIAS FASTIDIOSAS E INFECcAO DO TRATO URINARIO
Em 1989 Maskell citou a ocorrencia de bacterias fastidiosas como algumas
especies de estreptococos Gardnerela vaginalis Haemophilus influenzae
Corynebacterium spp e lactobacilos em infecgoes da bexiga e trato urinario superior
isoladas de amostras de urina obtidas par cateteriz8gao aspiragao supra-pubica e
tarn bam de amostras de tecido obtidas per bi6psia vesical Relatou tambem a
preseng8 de tais bacterias na urina de gestantes assintomaticas com mais
freqOencia do que em nao-gestantes e que as gestantes apresentando bacteriuria
posteriormente desenvolviam sintomas com mais freqoencia do que as que nao
apresentavam bacterias na urina
Fairley e Birch (1989) realizaram um importante estudo demonstrando que
pacientes com sintomas de infec~ao do trato urinario apresentando resultados
negativos em culturas de rotina podem abrigar bacterias fastidiosas ou baixas
contagens de uropat6genos convencionais na bexiga Os pacientes incluidos no
estudo foram os que apresentaram resultados inconclusivos em culturas previas de
jato medio como desenvolvimento inferior a 105 UFCml de um pat6geno
convencional ou a desenvolvimento superior a 102 UFCml de uma bacteria
fastidiosa Foram avaiiadas urinas obtidas por aspirayao suprapubica de 1817
mulheres e 300 homens cultivadas para uropat6genos convencionais e bacterias
fastidiosas utilizando in6culo que proporcionou resultados entre 101 e 107 UFCml A
freqOencia de isolamentos esta representada na tabela 1
32
TABELA 1 - FREQUENCIA DE BACTERIURIA EM 2117 PACIENTES(AMOSTRAS OBTIDAS POR PUNCAO SUPRAPUBICA) -1989
Uropat6-Culturas positivas $omente $omente especies genos
(n = 597) uropat6genos fastidiosas conven-convencionais (n = 366) cionais
n = 170 eespeci-
Pacientes Unica Multiplas Unica Multiplas Unica Multiplas esespecie especies especie especies especie especies faslidio-
sasMulheres (n = 1817) 370 191 148 5 222 125 61Homens (n = 300) 36 0 17 0 19 0 0
FONTE The Royal Melbourne Hospital
Vinte e aito especies microbianas foram isoladas no trabalho em questao
sendo Ureaplasma urealylicum Gardnerella vaginalis Escherichia coli Mycoplasma
hominis e Staphylococcus epidermidis as especies mais isoladas Quinhentas e
oitenta e uma (70) das 830 cepas isoladas pertenciam a especies fastidiosas -
Ureaplasma urealyticum Gardnerella vaginalis e Mycoplasma hominis - que nao sao
recuperadas em meies de cultura canvencianais Gardnerella vaginais fai mais
freqUente em mulheres enquanto Ureaplasma urealyticum nao apresentou diferen9a
estatisticamente significativa entre os sexas Treze esptkies fcram isoladas em
apenas uma ou duas ocasioes entre elas Streptococcus equi Streptococcus
equisimifis Streptococcus sanguis Morganella morgan Klebsiella oxytoca
Peptococcus anaerobius Proteus vulgaris Enterobacter aerogenes Salmonella
enteritidis Pseudomonas aeruginosa Haemophilus influenzae Haemophilus
parainfluenzae e Haemophilus parahaemofyticus Anaer6bios estritos foram isolados
de apenas sete dos 597 pacientes (FAIRLEY BIRCH 1989)
Culturas polimicrobianas foram obtidas em urn teno das pacientes do sexo
feminino e nao foram verificadas no sexe masculino A freqOencia de uropat6genos
cenvencienais e fastidiesos encontra-se na tabela 2
33
TABELA 2 - FREQU~NCIA DE UROPATOGENOS CONVENCIONAISE BACTERIAS FASTIDIOSAS EM 191 PACIENTES DO SEXOFEMININO COM BACTERIURIA POLMICROBIANA - 1989
Numero de Somente Samente especies Especiesespecies (numera uropat6genos fastidiosas convencionais e
de pacientes) convencionais fastidiosasOois (153) 9 99 45Tres (34) 0 17 17Quatro (4) 0 1 3
FONTE The Royal Melboume Hospital
Ureaplasmas au Gardnerella vaginalis fcram recuperados em 179 das 191
mulheres com infecgao polimicrobiana estando presentes concomitantemente em
100 das 191 amostras sugerindo urna passivel relacc3osimbi6tica Uropat6genos
convencionais fcram isolados em pouco mais de 33 das mulheres na maiaria dos
casas acompanhados por bacterias fastidiosas indicando que infeccoes
polimicrobianas usualmente envolvem bacterias fastidiosas (FAIRLEY BIRCH
1989)
A contagem de col6nias excedeu 105 UFCml apenas na minoria dos
pacientes portanto a bacteriuria nao seria detectada em muitos individuos caso 0
valor de ponto de corte tradicional tivesse sido utilizado Os resultados tambem
mostraram que baixas contagens bacterianas podem acontecer com qualquer uma
das especies bacterianas isoladas embora tenham sido mais freqoentes para
Ureaplasma urealytieum e Mycoplasma hominis Cento e setenta e quatro (21)
isolados apresentaram contagens inferiores a 103 UFCml sendo 138 (84)
pertencentes a especies fastidiosas (FAIRLEY BIRCH 1989)
Franz e HOrl (1999) citaram a ocorrencia de HaemophiJus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae pneumococos Campyobaeter Legionella
pneumophila Salmonella spp Shigella spp Corynebacterium grupo 02
34
Mycobacterium tuberculosis micobacterias atipicas e fungos como causadores
ocasionais de ITU
Domann et al (2003) realizaram estudo em amostras do trato urinario de
transplantados renais utilizando tecnicas moleculares baseadas em 168 rRNA peR
e cromatografla liquida de alta performance (DHPLC) Foi avaliada a aplicaaD do
metoda em 109 amostras e observou-se 100 de correlacao para amostras cultura-
positivas Para as amostras cultura-negativas a DHPLC permitiu a deteccao de
uropat6genos previa mente conhecidos como Corynebacterium urealyticum e
Gardnerella vaginalis mas tambem agentes nao usuais como AnaerocDCCUs
laclolyticus Bacteroides vufgatus Diaisler invisus Fusobacterium nuceaturn
Lactobacillus iners Leptotrichia amnionii Prevotella buccalis Prevotella ruminicola
Rahnella aquatilis e Streptococcus intermedius detectados como unicos pat6genos
ou como agentes de infecyoes polimicrobianas Uma vez que as ITU sao
freqGentemente associadas com inicio precoce de rejeiyBo cronica em
transplantados renais e conveniente a pesquisa de agentes patogenicos
oportunistas e nao usuais para 0 correto direcionamento do tratamento
antimicrobiano
Quatro casos de ITU com bacteremia por Methylobacterium spp em
pacientes do sexo feminino imunocompetentes foram reportados por Lee Tang e Uu
(2004) Todas as pacientes tiveram hemoculturas positivas para Methylobacterlum
spp e suas culturas de urina foram negativas ou positivas para Escherichia coli com
crescimento concomitante de outro bacHo gram-negativ~ em baixa contagem que foi
ignorado Foram realizados experimentos especiais com os isolados indicando que
de acordo com os procedimentos padrao para culturas de urina com 24 horas de
incubayao a 35degC as colonias de Methylobacterium spp nao sao visualizadas e 0
35
pequeno numero de col6nias observado ap6s incuba~ao adicional de 24 heras a
temperatura ambiente apenas sugere ser a especie urn contaminante
Particularmente quando especies de Methyfobacterium estao presentes
concomitantemente com Escherichia coli ocorre supressao do cresci menta de
Methylobacterium spp tornando impassivel a sua deteccao 0 estudo conclui que a
falta de relatos de casas de ITU por Methylobacterium spp deve-se a impossibilidade
de detec~ao da especie por metodos padrao de cultura de urina au ainda porque a
baixa virulelncia da bacteria pode produzir ITU autolimitadas au talvez muitas vezes
curadas com as antibi6tico5 normalmente utilizados As especies estudadas fcram
variavelmente resistentes as cefalosporinas acido nalidixico nitrofurantoina e
sulfametoxazol-trimetoprim e 100 suscetiveis a ciprofloxacin imipenem e
aminoglicosideos
51 Corynebacterium spp
Corynebaclerium urealylicum pode ser uma importante embora rara causa
de ITU variando a freqOencia de isolamentos significativos de zero a 35 em
popularoes nao selecionadas A bacteriuria por Corynebacterium urealyticum ocorre
em pacientes hospitalizados per longos perledes severamente
imunocomprometidos urologicamente manipulados ou idosos Tal microrganismo
tam bern tern sido associado com pielonefrite e pode desaparecer espontaneamente
da urina mesmo sem antibioticoterapia (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Corynebacterium glucuroneyticum tambem chamado Corynebacterium
seminae tern side iselade de semen e trate g~nite-urinarie masculine e pede causar
prostatite ou uretrite Corynebacterium pseudogenitalium (CDC grupo F1) tambem
tern sido reconhecido como pat6gene do trato urinario (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
36
Foi relatado por Soriano e Ponte (1992) um caso de cistite de incrusta~ao
causado por urn corineforme identificado como CDC grupo F1 0 paciente havia
sofrido ITU previas persistentes causadas por Corynebacterium ureayticum (CDC
grupo 02) A cura bacteriol6gica foi alcan=ada apes urn mes de tratamento com
amoxicilina e acido acetohidroxamico
Meria at al (1998) realizaram levantamento bibliografico entre as anos de
1985 a 1997 sabre casas de cistite e pielite de incrustacao Foi constatado a
aumento progressive no numero de cases especialmente em pacientes
imunodeprimidos e particularmente em transplantados renais Tais inflamacoes
cr6nicas estao associadas com incrustac6es da mucosa causadas por bacterias
produtoras de urease tendo sido as mais freqOentes especies de Corynebacterium
grupo 02 A presenCa de urina alcalina contendo abundantes debris mucopurulentos
calcificados e alta mente sugestiva e pode auxiliar no diagnostico clinico A
demonstracao da bacteria envolvida requer culturas prolongadas em meios de
cultura enriquecidos 0 diagnostico precoce pode evitar falhas de tratamento e uma
possivel rejeicao do orgao transplantado
Em estudo realizado par Riegel et al (1995) corineformes em quantidades
significativas (104a 105 UFCml) foram isolados em amostras de semen uretra urina
e sangue de homens inferteis com diagn6stico de prostatite As analises genomicas
realizadas demonstraram ser as cepas pertencentes a uma mesma especie dentro
do genero Corynebacterium As 12 amostras mostraram padroes bioquimicos
simi lares entre elas born crescimento em agar sangue de carneiro em contraste com
crescimento pobre no mesmo meio suplementado com Tween 80 1 teste de
CAMP positivo fermentacao de glicose sacarose e presenCa de beta-glucuronidase
Tais caracteristicas permitiram a distincao destas cepas dos outros membros do
37
genera e 0 nome proposto foi Corynebacterium seminae Embera organismos
difter6ides pass am fazer parte da microbiota uretral a presenCa de contagens
significativas destas especies no semen sugere urna implica~ao infecciosa
particularmente na prostatite
Estudo molecular filogenetico baseado em 16S rRNA peR realizado em
pacientes com prostatite croniea demonstrou sinais bacterian05 em 65 dos
pacientes estudados Foi constatada a ocorreuromcia de um amplo espectro de
especies bacterianas no fluido prostatico dos pacientes incluindo Corynebacterium
Staphylococcus PepiosfreptococGUS Streptococcus e Escherichia Especies do
genera Corynebacterium foram encontradas em maior proponao incluindo especies
ainda nae descritas e n~o presentes nas amostras de controle sugerindo que
possam ter um papel na doen~a au que sejam conseqOemcia da mesma 0 estudo
mostreu ainda que os microrganismos associ ados com prestatite geralmente
ocorrem em comunidades microbianas distintas daquelas encontradas em liquidos
prostaticos normais (TANNER ot al 1999)
Segundo Domingue e Hellstrom (1998) a observaltio microsc6pica
cuidadosa de amostras de secre~~o prostatica bern como a inocula~~o em meios
enriquecidos sao essenciais para a isolamento de corineformes Foi realizado estudo
em uma amostra de secre~ao prostatica na qual a colora~ao de Gram apresentou
cocobacilos gram Itlbeis pleom6rficos que nao se desenvolveram em meios de rotina
incubados por 72 horas a 35degC Houve desenvolvimento em meio de cultura
enriquecido com extrato de leveduras e sora de cavalo e incubado no minimo 72
horas em atmosfera de 5 de CO2 a 35degC A secregao inoculada em caldo triptose
demonstrou a presen~a de bacilos gram-varitlveis (microscopicamente) e quando
repicada produziu bacilos de crescimento lento em meios de retina e enriquecidos
38
(incubados aerobicamente anaerobicamente ou sob tensao de CO2 par 72 haras)
Corineformes ocultos pod em ser agentes etiol6gicos da prostatite idiopatica croniea
que sao frequentemente perdidos au nao percebidos em procedimentos
bacteriol6gicos de rotina
52 Gardnerella vaginais
o significado de Gardnerela vaginais em urina e controverso pois a
principal associacao patogElnica desta bacteria e com a vaginose na mulher Embora
baixas contagens na urina parecam refletir a micro biota da uretra masculina ou
feminina contagens aeima de 10000 UFCml ja fcram associadas com bacteriuria
sintomatica ITU recorrente cistite na mulher uretrite e prostatite no homem
Entretanto me sma quando ern altas contagens freqOentemente nao ha resposta
leucocitaria Gardnerela vaginalis e encantrada mais freqOentemente em mulheres e
pacientes com doena renal e ap6s instrumentaao (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
Estuda realizado par Agarwal e Dixon (2001) investigau a passivel papel de
Gardnerella vaginalis na cistite intersticial usando metodos maleculares para
garantir a recuperaCao do microrganismo mesmo em baixas contagens Nenhuma
das trinta e tres amastras de bi6psias de bexiga de pacientes com cistite intersticial
foram positivas para Gardnerella vaginais a que embora nao exclua seu
envalvimenta na cistite intersticial diminui esta probabilidade
Ginestre Perez et al (2001) realizaram estudo de mil trezentas e setenta
amostras de jato media de urina de pacientes com sintomas de ITU Gardnerella
vaginalis cujo papel patagenica no trato urinario e discutivel ocupou a segundo
lugar em freqOencia etiologica (1763) ficando atras somente de Escherichia coli
(5210) e superando microrganismos cansiderados uropat6genas classicos como
39
Proteus mirabifis (763) Klebsiella pneumoniae (684) e Pseudomonas
aeruginosa (368) Embera a presen~a de Gardnerella vaginais em amostras de
jato media urinario possa indicar contaminayao vaginal todos as cultivos positivos
para esta bacteria apresentavam contagens superiores a 100000 UFCml e
provinham de pacientes sintomaticos representando urna alta probabilidade de
infec~ao urinaria verdadeira
53 Mycoplasma hominis E Ureaplasma urealyticum
Especies patogenicas como Mycoplasma hominis e Ureaplasma urealyticum
ocorrem freqOentemente como colonizantes do trato urogenital inferior de homens e
mulheres saudaveis A ocorrencia de infec~ao esta provavelmente relacionada a
imunossupressao obstru~ao ou procedimentos previos de instrumental)ao no trato
urinario Ureaplasma urealyticum tern sido encontrado em calculos urinarios de
pacientes com liHase infecciosa sugerindo uma possivel associal)ao causal
Mycoplasma hominis tern sido isolado do trato urinario superior em pacientes com
sintomas de pielonefrite aguda FreqOentemente ha resposta imunol6gica especifica
(MURRAY 1999)
Foi pesquisada a presen9a de Ureaplasma urealyticum e Mycoplasma
hominis em amostras de jato medio de 314 mulheres e 52 homens sintomaticos do
trata urinltilria Ureaplasma urealyticum fai isalada em 54 (171) das mulheres e 8
(154) dos hom ens e Mycoplasma hominis foi isolado em 12 (38) das mulheres
e 4 (77) dos homens Ureaplasma urealyOcum foi superado apenas par
Escherichia coli e Gardnerella vaginalis em ambos grupas 366 e 254
respectivamente no sexo feminina e 585 e 308 no masculino Demonstrou-se
partanto que a bacteriuria par ureaplasmas e relativamente co mum porem nao e
40
detectada por metodos convencionais de cultura de urina (AVILES ZARAGOZA
1998)
A significancia de micoplasmas em amostras de jato medic urinario e de
dificil determinacao devido a provavel contaminacao da amostra par
microrganismos colonizantes da vagina e uretra distal Entretanto estudos
realizados em amostras de aspirado suprapubico em gestantes demons tram que 0
desenvolvimento de pre-eclampsia e tres vezes mais prov3vel em mulheres
apresentando culturas positivas para ureaplasmas no inicio da gestacao do que em
mulheres com culturas negativas no mesmo periodo (KONEMAN ef a 1997)
54 Haemophilus spp
Existem varios estudos relacionando Haemophifus influenzae e Haemophilus
parainfluenzae a ITU embora sua freqOencia e significancia nae tenham sido
confirmadas Alguns pesquisadores sugerem a inclusao de agar chocolate em
culturas de urina de crian~as por causa da associa~ao de Haemophilus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae com outras infec~6es nesta faixa etaria (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
Maskell (1989) citou a ocorrencia de certas bacterias fastidiosas em sftios do
trato urinflrio abaixe da bexiga como par exemple em cases de prostatite por
Haemophilus influenzae
55 Lactobacillus spp
Em estudo realizado em pacientes do sexe feminine com sind rome uretral
aguda demonstrou-se uma alta freqOencia de isolamentos de lactobacilos Durante
dois anos amastras de jato medic de tais pacientes foram cultivadas observando-se
a principio alta concentracao de lactobacilos principalmente nas pacientes
sintomaticas Ao final do estudo durante 0 qual foi impedido 0 usa de antibi6ticos os
41
lactobacilos desapareceram da urina de muitas mulheres as quais tornaram-se
assintomaticas Os autores concluiram que as sintomas da sindrome uretra podem
ser devidos a multiplica~ao desproporcional de lactobacilos na uretra distal como
resultado de antibioticoterapia frequentemente administrada em cursos prolongados
para resolurao dos sintomas urinarios Lactobacilos tambem tern sido relatados em
amostras de urina obtidas diretamente da bexiga e de amostras de tecido obtidas
par bi6psia vesical bern como ocasionalmente isolados em urinas de mulheres
idosas com sintomas urinarios (MASKELL 1989)
56 COCOS GRAM-POSITIVOS
Microrganismos dos generos Lactococcus Gemella Aerococcus e
Globicatella embora possam estar presentes como contaminantes em culturas de
material clinico tern sido isolados como patogenos oportunistas ern urina e outras
amostras de pacientes imunocomprometidos Esforyos para identifica-Ios devem ser
realizados quando os isolados forem clinicamente significantes isto e isolados
repetidamente ou em cultura pura Devido a semelhanya com outros cocos gram-
positivos isolados com mais freq04sectncia como estreptococos enterococos e
estafilococos possivelmente sao confundidos com especies destes generos
(MURRAY 1999)
Golapachar et al (2004) relata ram um caso de infec9ao do trato urinario com
bacteremia causa do por Aerococcus viridans em um homem de 87 anos residente
em uma cUnica de repouso A cultura de urina apresentau crescimenta de 105
UFCml de Aerococcus viridans e a hemocultura fai positiva para a mesmo
microrganismo Os testes bioqulmicos que leva ram a identificayao do
microrganismo faram reayoes negativas de catalase e LAP (Ieucina aminopeptidase)
e reaDes positivas para PYR (L-pyrrolidonyl-beta-naphtylamina) fermentaao de
42
trehalose e manese resistencia a optoquina crescimento em agar bile esculina 40
e cresci menta em cloreto de s6die 65 As especies de Aerococcus sao anaer6bias
facultativas a maioria catalase negativa com tendemcia a formaCao de tetrades na
morfologia microsc6pica PYR positivo e LAP negativ~ a que as diferencia de
enterococos e estreptococos
A escassa documentacao a respeito de infecyoes humanas por Aerocccus
sp deve-se provavelmente a sua similaridade microbiol6gica aos estreptococos alfa-
hemoliticos e enterococos e possiveis erras na interpretacao laboratorial de
amostras clinicas No casa acima descrito a laborat6rio de microbiologia nao pade
reaHzar a antibiograma devido a natureza fastidiosa da bacteria mas houve sucesso
terapeutico ap6s administray8o intravenosa de levofloxacin (GOLAPACHAR et al
2004)
Um caso de pielonefrite e urossepsis por Streptococcus pneumoniae foi
relatado em urn hornem de 82 anos com hist6ria clinica de leucemia linf6ide cronica
e diabetes mellitus Exames radiograficos abdominais e tomografia computadorizada
mostraram uma imagem indicativa de extensa pielonefrite no rim esquerdo sem
nenhum outro foco de infecc8o 0 abscesso renal foi tratado por drenagem
transuretral e 0 material purulento obtido foi cultivado assim como materiais de
orofaringe escarro e sangue Esearro e orofaringe revelaram apenas mierobiota
normal do trato respirat6rio enquanto 0 material drenado e as hemoculturas
demonstraram microseopicamente cocos gram-positiv~s aos pares e em eadeias
alguns dos quais eram lanceolados havendo bom crescimento em agar sangue de
carneiro e agar chocolate a 37degC As col6nias eram fracamente alfa-hemoliticas no
agar sangue e nao muc6ides catalase-negativas e sensiveis a optoquina Testes de
aglutinac8o sorologiea de ambos materiais confirmaram a identificac8o e testes
43
moleculares demonstraram ser as dois isolados identicas Apesar da terapia
antimicrobiana a paciente desenvolveu coagula98o intravascular disseminada e
sofreu uma parada cardiaca sendo que 0 quadro foi revertido mas tornau-se
necessaria a nefrotomia para eliminar a foco da infeccao Em contraste a estud05
anteriores a paciente descrito apresentou um verdadeiro casa de pielonefrite
abscesso renal e urossepsis causados par Streptococcus pneumoniae A presenca
de doencas como leucemia linf6ide crOniea e diabetes mellitus fcram 5uficientes para
causar um certa grau de imunossupressao e predispor a paciente a infeccao par
Streptococcus pneumoniae mesma sem hist6ria antecedente de infecC8o
pneumoc6cica trauma ou interven9ao cirurgica (DUFKE KUNZE-KRONAWITIER
SCHUBERT2004)
57 BACT~RIAS ANAER6BIAS
Tern sido descritos casas de infec90es do trato urinario par bacterias
anaer6bias com as mais diverses tipos de apresenta90es clinicas entre processes
crenicos e agudos As bacterias recuperadas sao bacilos gram negativQs incluindo
Bacteroides fragifis Prevotella sp e Porphyromonas sp Clostridium sp cocos
gram-positiv~s e Actinomyces sp Em muitos casas sao recuperadas em culturas
mistas com coliformes e estreptococos (BROOK 2004)
58 OUTRAS BACT~RIAS FASTIDIOSAS
Foi descrita par Greub e Raoult (2002) uma nova especie bacteriana
Actinobaculum massiliae recuperada da urina de uma mulher de 81 anos com ITU
cr6nica Os estudos fenotipicos genotfpicos e filogeneticos realizados mostraram
ser 0 isolado urna nova especie ainda nao recanhecida dentro do genera
Actinobaculum e foi proposta a denominacao Actinobaculum massiliae A mesma
cepa faj isolada tres vezes num perlodo de sete meses mesmo apes tratamento
44
com amoxicilina sulfametoxazol~trimetoprim e rifampicina Devida ao fata do
microrganismo nao ser isolado em procedimentos laboratoriais de rotina uma ITU
devido a Actinobaculum massiliae pade ser mal diagnosticada Alem disso as
col6nias apresentam heterogeneidade morfol6gica ap6s cinco dias de incubacao
podendo levar a uma errOnea interpretaC(ao de contaminacao com duas especies de
badlas gram~positivos 0 usa de agar sangue de carneiro e incubacao prolongada
motivado pela presenca de 106 leuc6cit05 per ml na urina da paciente permitiu a
desenvolvimento da cepa Houve cura ap6s tratamento com doxiciclina (GREUB
RAOUL T 2002)
Em estudo clinico e microbiol6gico de mulheres com sindrome uretral -
excluindo pacientes com cistite bacteriana - 41 pacientes foram comparadas com 42
pacientes controle Nao foi encontrada diferenca entre pacientes e con troles em
incid~ncia de Chlamydia trachomatis e outros microrganismos de transmiss3o
sexual 0 numero de lactobacilos e outros microrganismos fastidiosos bem como a
numero de leucocitos na urina nao apresentaram diferenca entre pacientes com
sintomas leves e intensos ou entre pacientes e controles Os auto res sustentam a
hipotese da sindrome uretral nao ser causada por infecrao bacteriana ou clamidial
(GILLESPIE et al 1989)
45
6 CONCLUSAO UMA REFLExAO
E indiscutivel a importo1ncia para a laborat6rio de requisicoes de exame
completas com informayoes sabre suspeita clinica existencia de sintomas
anormalidades do trata urinario e condhoes imunol6gicas do paciente Embora
tradicionalmente a maiaria dos medicos nao fornega muitas informacoes sabre 0
paciente ao laborat6rio a microbiologista pede incentivar a criacao de urn canal de
comunicacao quando observar a necessidade de informagoes sobre determinado
paciente
Exames anteriores do paciente sempre que disponiveis devem ser
consultados e comparados pois informacoes sabre infecc6es recorrentes au
recidivantes especies bacterianas envolvidas au presen9a de piuria esteril sao
importantes para direcionar a pesquisa para agentes fastidiosos
o metoda de coleta e as condi~6es de transporte da urina deterrninam a
qualidade da amostra e a quao relevantes serao as microrganismos nela
encontrados Considerando-se que urna bacteria normalmente considerada como
contarninante introduzida durante a coleta pode ser em alguns casos patogenica ou
ainda que uma especie fastidiosa patogenica de crescimento lento pode ter seu
crescimento inibido par uma contaminante de crescimenta mais rapido a coleta
adequada torna-se urn fator de suma importancia para a detec~ao de especies
fastidiosas em urina
Como ja discutida torna-se indispensavel a realiza~ao da calora~ao de
Gram em amostras de urina pOis alem de ser urn teste de triagem rapida e barato
para bacteriuria acima de 105 UFCml pode ser 0 unica indicativa da presen~a de
urna especie fastidiosa
46
A comunica~ao entre a microbiologista e a medico pode determinar nao 56 a
sucesso do diagn6stico e do tratamento como a viabilidade economica da pesquisa
de bacterias fastidiosas para 0 laborat6rio urna vez que direciona as esforyos
laboratoriais aos pacientes que realmente necessitam evitando 9a5t05
desnecessarios
Bacte-rias fastidiosas podem nao responder ao tratamento antibi6tico para
pat6genos convencionais do trato urinario portanto a pesquisa precocemente
direcionada para tais agentes pode melhorar 0 progn6stico das ITU evitando a
administracao de antibioticos inadequados au desnecessarios
Como observado nos diversos casas reiatados bacterias fastidiosas
ocorrem em cenaries clinicos especificos 0 entendimento do processo da doen=a e
as condi=oes do paciente pod em ajudar muito 0 laboratorio no esfor=o para
recuperar a bacteria do material clinico
47
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
ALBINI C A Cullura de Urina Analise das metodologias interfer~ncja sobre as
resultados e proposta para padronizacao 1994 54 f Monografia (Especia1iza9aO em
Bacteriologia) - Setor de Ciencias da Saude Departamento de Patologia Medica
Universidade Federal do Parana Curitiba
AGARWAL M DIXON R A A study to detect Gardnerella vagina lis DNA in
interstitial cystitis British Journal of Urology (on line) 2001 Disponlvel em
httpwwwbjuiorg889articlebju2514aspAcessoem 03 fev 2005
BATRA A Interstitial Cystitis Updade Infection Urology (on line) 1999 Disponivel
em httphomeswipnetsellsopicupdatehtm Acessa em 20 dez 2004
CLARIDGE J E JOHNSON J R PEZZLO M T Laboratory Diagnosis of Urinary
Tract Infections Washington American Society for Microbiology 281998
BROOK I Urinary tract genito-urinary suppurative infections due to anaerobic
bacteria International Journal of Urology (on line) 2004 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezigueryfcgicmd=Retrieveampdb=pubmedampdopt=Abst
ractamplist uids=15009360 Acesso em 18 mar 2005
DOMANN E HONG G IMIRZALIOGLU C TURSCHNER S KOHLE J
WATZEL C HAIN T HOSSAIN H CHAKRABORTY T Culture-Independent
Identification of Pathogenic Bacteria and Polymicrobial Infections in the Genitourinary
Tract of Renal Transplant Recipients Journal of Clinical Microbiology (on line) 2003
48
Disponivel em httpjcmasmorgcgireprintl41125500pdf Acesso em 18
mar2005
DOMINGUE G J HELLSTROMW J G Prostatitis Clinical Microbiology Reviews
(on line) 1998 Disponivel em httpcmrasmorglcgilcontentifuIl11141604 Acesso
em 03 fev 2005
DUFKE S KUNZE-KRONAWITIER H SCHUBERT S Pyelonephritis and
Urosepsis Caused by Streptococcus pneumoniae Journal of Clinical Microbiology
(on line) 2004 Disponlvel em httpjcmasmorgcgicontentifuIl4294383 Acesso
em 06 mar2005
FAIRLEY K F BIRCH D F Detection of Bladder Bacteriuria in Patients with Acute
Urinary Symptoms The Journal of Infectious Diseases Melbourne v 159 n2 p
226-231 fev 1989
FRAIMOW H S JUNGKIND D L LANDER D W DELSO D R DEAN J L
Urinary Tract Infection with an Enterococcus taecais Isolate that Requires
Vancomycin for Growth Annals of Internal Medicine (on line) 1994 Oisponivel em
httpwwwannalsorgcgicontentifuIl1211122 Acesso em 18 mar 2005
FRANZ M HCRL W H Common errors in diagnosis and management of urinary
tract infection I Patophysiology and diagnostic techniques Nephrology Dialysis
Transplantation (on line) 1999 Disponivel em
httpltwwwndtoupjournalsorgcgicontentifuIl141127 46 Acesso em 01 dez 2004
49
GIBB A P Plates are Belter than Broth for Recovery of Fastidious Organisms from
some Specimen Material Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Oisponivel
em httpjcmasmorgcgireprinU4041129pdf Acesso em 06 mar2005
GILLESPIE W A HENDERSON E P LINTON K B SMITH P J Microbiology
of the urethral (frequency and dysuria) syndrome A controlled study with 5-year
review British Journal of Urology (on line) 1989 Disponfvel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
2804564ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr 2005
GINESTRE PEREZ M ROMERO-A~EZ S MARTINEZ-GARCIA A RINCON-
VILLALOBOS G HARRIS-SOCORRO B CATELLANO-GONZALES M AVILA-
ROO Y PEROZO-MENA A Gardnerella vaginalis y uropat6genos convencionales
em pacientes ambulatorios Revista de La Sociedad Venezolana de Microbiaogia
(on line) 2001 Disponivel em
httpwwwseieloorgvaseielo phpscriptsci arttextamppid=S 1315-
25562001000200003amplng=esampnrm=isso Acesso em 05 jan 2005
GOBERNADO M CRUZ F J DALET F BROSETA E DE CUETO M
SANTOS M DE LA ROSA M Procedimientos en Microbiologla Clinica La
infeccion urinaria 2002 Disponivel em
httpwwwseimcorgprotocolosmicrobiologiaindice14htm Acesso em 01 dez
2004
50
GOLAPACHAR A AKINS R L DAVIS W R SIDDIQUI A A Urinary tract
infection caused by Aerococcus viridans a case report International Medical Journal
for Experimental and Clinical Research (on line) 2004 Oisponivel em
httpwlNNmedscimonitcompubvol 10no 114928pdf Acesso em 03 dez 2004
GREUB G RAOULT D Actinobaculum massiliae a new species causing chronic
urinary tract infection Journal of Clinical Microbiology (on line) 2002 Disponivel em
httpwwwpubmedcentralnihgov articlerender fcgitool=pubmedamppubmedid=12409
355 Acesso em 13 fev2005
HElLBERG I P Diagnosis and clinical management of urinary tract infection
Disponivel em httpwwwunineteducin2003confpfefermanpfefermanhtml
Acesso em 20 out 2004
KONEMAN E W ALLEN S D JANDA W M SCHREKENBERGER P C
WINN Jr W C Cr Atlas and Textbook of Diagnostic Microbiology 5ed
Philadelphia Lippincott-Raven 1997
LIPSKY B A Managing Prostatitis and Urinary Tract Infection in Men Infectious
Diseases Infoalerl (on line) 2003 Oisponivel em
httpwwwdpacomhklpdflinfolnfoALERT 15pdf Acesso em 10 dez 2004
MASKELL R A new look at the diagnosis of infection of the urinary tract and its
adjacents structures Joumaloflnfecfion Portsmouth n 19 p 207-217 jul 1989
51
MERIA P DESGRIPPES A ARFI C LE DUC A Encrusted Cystitis and Pyelitis
Journal of Urology (on line) 1998 Disponlvel em
htlpIwwwjurologycomipUrejuroabstract00005392-1 99807000-
00003htmmiddotjsessionid-CnHOtEDjxvOgrxiWIUac52pekluG1HSCZzrnOpCIJH4V107ePU
evI848681301-949856032190011-1 Acesso em 21 abr 2005
McCUE J D The Management of Complicated Urinary Tract Infections Infectious
Diseases Infoalert (on line) 1999 Disponfvel em
htlpIwwwdpacomhkJpdlfinlofinlo alart 01pdl Acesso em 01 dez 2004
MURRAY P R Manual of Clinical Microbiology 7ed Washington ASM Press
1999
NABER K G BERGMAN B BISHOP M C JOHANSEN T E B BOTTO H
LOBEL B CRUZ F J SELVAGGI F P European Association 01 Urology
Guidelines on Urinary and Male Genital Tract Infections Disponlvel em
httpwwwuroweborglfilesluploaded filesuti mgtLpdf Acesso em 20 dez 2004
OPLUSTIL C P Urocultura In__ Procedimentos basicos em microbiologia
clinica 2 ed Sao Paulo Sarvier 2004 p 88-93
OSBORNE J About Interstitial Cystitis Disponivel em htlplwwwic-
networkcomhandbooklbasicshtmlintro Acesso em 20 dez 2004
52
PEDRAZA AVILES A G ORTIZ ZARAGOZA M C Symptomatic bacteriuria due to
Ureaplasma and Mycoplasma in adults Revista Latinoamericana de Microbiologia
(on line) 1998 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedampdopt=Abs
tractamplist uids=20388109 Acesso em 20 abr 2005
RIEGEL P RUIMY R BRIEL D de PREVOST G JEHL F BIMET F
CHRISTEN R MONTEIL H Corynebacterium seminale sp Nov a New Species
Associated with Genital Infections in Male Patients Journal of Clinical Microbiology
(on line) 1995 Disponlvel em
htlpllwwwpubmedcentralnihgovpicrenderfcgiartid=228387ampblobtype=pdf
Acesso em 19 mar 2005
SORIANO F PONTE C A case of urinary tract infection caused by
Corynebacterium urealyticum and coryneform group F1 European Journal of Clinical
Microbiology Infectious Diseases (on line) 1992 Disponfvel em
httoIwwwncbinlmnihgoventreziguervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
1396772ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr2005
TANNER M A SHOSKES DSHAHEDA PACENR Prevalence of
Corynebacterial 16S fRna Sequences in Patients with Bacterial and Nonbacterial
Prostatitis Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Disponivel em
httpmcmasmorgcontenVfull3761863 Acesso em 06 mar 2005
TRABULSI L R ALTERTHUM F Escherichia coli uropatagenica (UPEC) In
Microbiaagia 4 ed Sao Paulo Atheneu 2004 p 303-309
53
15
Corynebacterium spp Lactobacillus spp Staphylococcus spp Streptococcus spp
Neisseria spp nao patogemicas Mycoplasma spp Ureaplasma spp Gardnerella
vaginalis microrganismos entericos Acinetobacter spp Capnocytophaga spp
Enterococcus spp e bacterias anaer6bias
A bacteriuria assintomatica e definida pela presen~a de bacterias em algum
local do trato urinario na ausencia de sintomas Sua significancia clinica e
controversa tendo em vista que certes grupos de pacientes podem sofrer
consequeuromcias graves como por exemplo crian~as com refluxo vesicQureteral nas
quais a infecvao silenciosa pode causar dana renal e tambem gestantes nas quais
a progressao da infecCao pode causar dana ao feto bern como aumentar 0 risco de
pielonetrite na mae (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Cistite e definida como a infec9c3o presumivelmente limitada a bexiga pela
presen9a de sintomas caracteristicos (disuria urgencia OUfrequemcia) e ausencia de
sintomas sugestivos de inflamacZlo em Qutros locais do tratc urinario (CLARRIOGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
A sindrome uretral aguda tambem conhecida por sind rome piuria-disuria au
abacteriuria sintomatica e caracterizada por sintomas de ITU (disuria urgencia e
miccoes freqOentes) acompanhados de leucocituria e cultura de urina negativa au
com baixas contagens de bacterias Atualmente reconhece-se que 0 criteria de
contagem de colonias tradicional utilizado para diferenciar cistite bacteriana de
sindrome uretral aguda e controverso e que muitas mulheres disuricas com baixas
contagens de col6nias necessitam de tratamento para ITU bacteriana aguda
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998 HElLBERG 2003)
A sind rome uretral aguda pode ser causada por bacterias fastidiosas ou nao
usuais como Chlamydia trachomatis Ureaplasma urealylicum Neisseria
16
gonorrhoeae Mycoplasma spp Mycobacterium spp Trichomonas spp au Candida
spp Outras causas incluem abscessos rena is obstrucao ureteral completa e
luberculose renal (HEllBERG 2003)
A inflamacao dos rins e pelves renais (pielonefrite) oeasiona sintomas de
dor ou sensibilidade envolvendo 0 f1anco frequentemente acompanhados par urna
resposta inflamat6ria sistemica incluindo febre calafrios indisposicao dar de
cabera e nauseas as quais naD acorrem em pacientes com cistite Em alguns
pacientes estas manifestaroes sistemicas ocorrem sem sinais au sintomas locais de
envolvimenlo renal condilao denominada de ITU febril (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZlO 1998)
A cistite intersticial e urna inflamacao croniea e freqOentemente severa da
bexiga cuja causa e desconhecida Os sintomas primarios sao freqUelncia urgencia
e dor abdominal ou perineal e as culturas de urina sao raramente positivas Os
pacientes normalmente apresentam pequenas hemorragias (glomerulayoes) ou
ulceras na bexiga ahsectm de diminui9aO da capacidade urinaria e rela90es sexuais
dolorosas Muitos pacientes recebem urn diagn6stico prirnario de sind rome uretral
ale a descoberta do real diagn6slico (OSBORNE 2003)
Muitos pacientes com cistite intersticial tern urna hist6ria de ITU recorrente
Alguns autores teorizarn que a bacteria causa dora pode ser urna especie fastidiosa
ou presente ern pequeno numero e que a sua presen9a pode na~ produzir a cistite
intersticial mas ser responsavel p~r urna resposta inflamat6ria e imunol6gica
(BATRA1999)
A infeC9aO bacteriana da glandula prostatica (prostatite) pode ocorrer como
resultado de infeC9aO uretral ascendente par refluxo de urina infectada para as
ductos prostaticos via uretra posterior ou par via linfogenica ou hernatogenica A
17
prostatite bacteriana aguda promove urn abrupto inrdo de febre e sintomas
genitourinarios e constitucionais enquanto a croniea e urna enfermidade sutl
caracterizada por recidivas lTU recorrente e persistencia da bacteria na secre9ao
prostcitica mesma apas multiplos cursos de antibioticoterapia Urna terceira
sindrome a prostatite croniea idiopatica (inclui-se aqui a prostatite nao bacteriana e
a prostatodlnia) usualmente caracteriza-se par dor perineal persistente e sintomas
urol6gicos podendo ou nao estar associada a urn grande numero de celulas
inflamatorias na secre9ao prostatica e a urna bacteria cultivclvel laboratorialmente
(DOMINGUE HELLSTROM 1998)
A prostatite crOniea em homens com culturas negativas mas com
leucocitose na secrecao prosttltica (mais de 10 leuc6citos por campo em aumento de
1000X) e classificada como prostatite nao bacteriana e a doenca naqueles cujas
culturas sao negativas e que nao apresentam leucocitose na secreCao prostatica e
classificada como prostatodlnia (TANNER et al 1999)
o agente etiol6gico predominante nas prostatites bacterianas agudas e
cronicas e Escherichia coli seguido par especies de Proteus e Providencia e menos
cornu mente Klebsiefla spp Pseudomonas spp Serratia spp e Enterobacter spp
Estudos recentes demons tram que cepas de Escherichia coli causadoras de
prostatite expressam fatores de virulemcia similares as cepas causadoras de
pielonefrite Staphylococcus aureus Staphylococcus saprophyticus e outros
estafilococos coagulase negativos ocasionalmente podem causar prostatite assim
como algumas bacterias fastidiosas como por exemplo corinebacterias Gardnerella
vaginalis e Haemophilus influenza (LIPSKY 2003)
A prostatite cronica idiopatica (nao bacteriana) e uma condicao multi-
sintomatica de causa discutivel Etiologias propostas sao infeccoes par Chlamydia
18
trachomatis Mycoplasma hominis Ureapfasma urealyticum Trichomonas vaginalis
au agentes virais embora muitos estudos naD confirmem lais dados Tecnicas
microbiol6gicas especiais e tecnicas moleculares tern demonstrado em pacientes
com prostatite naD bacteriana colonizaf(80 prostatica com especies bacterianas de
baixa virulencia e tambem bacterias fastidiosas sugerindo etiologia infecciosa
(LIPSKY 2003)
Homens jovens com prostatite aguda podem ter baixas concentracoes de
bacterias na urina as quais nao sao reconhecidas como significantes e
possivelmente naD reportadas au entao podem ser infectados com microrganismos
fastidiosos como Gardnerella vaginais Quando traladas par insuficiente periodo de
tempo ou com um antibiotico inadequado que nao atinge urna concentracao
terapeutica adequada no tecido prostatico tais pacientes podem evoluir para uma
condi9ao de prostatite crOnica (MASKELL 1989)
A ITU e comum apos transplantes renais embora os riscos estejam sendo
diminuidos pelo uso de menores doses de imunossupressores e tambern pelo uso
profilatico de antibioticos Entre os fatores predisponentes pode-se citar infeccao
previa no rim do doador bern como alteracao do uroepitl~lio do receptor causada p~r
cateteres vesica is e stents ureterais Nos primeiros tr~s meses as ITU sao
geralmente assintomaticas e recidivantes ap6s esse perlodo sao menos freqOentes
e ha melhor resposta a antibi6ticos embora sejam comuns as complicacOes
urol6gicas como fistulas e obstrucoes Isquemia do orgao devido a dano arterial
pode promover ITU pela colonizacao bacteriana do tecido lesado usualmente por
bacterias comensais ou fastidiosas A erradicacao das infecc6es pode tomar-se
impossivel ate que 0 rim ou pelos menos 0 segmento prejudicado seja removido
(NABER et ai 2004)
19
Lactobacilos corinebacterias e alguns estreptococos fastidiosos podem ser
patogenos secundarios em ITU originalmente selecionados da microbiata uretral par
tratamento antibi6tico Tal situa~ao pade acorrer em pacientes que tenham recebido
agentes antibacterianos durante long05 periodos au antibioticoterapia aSSDciada a
urn periodo de cateterizayao A falha na deteqao laboratorial destas especies pade
resultar em tratamento antimicrobiano inadequada exacerbando 0 problema OU
ainda levar a investiga90es invasivas desnecessiuias (MASKELL 1989)
20
4 A ROTINA DA UROCULTURA NO LABORATORIO DE ANALISESCLiNICAS
o diagn6stico microbiol6gico de uma infeqao urinaria mesma baseando-se
na determinay80 de microrganismos em urn Hquido biologico normalmente esteril
apresenta dificuldades com relaCao a valoriz8gao dos resultados E sabido que
existem microrganismos naturalmente residentes na uretra regiao genital e perinea
que podem contaminar a urina acidentalmente somando-se a issa a a9ao da
temperatura que estimula a proliferar8o bacteriana Par outro lado as tecnicas de
coleta e cultivo de amastras devem ser direcionadas a pesquisa de microrganismos
pouco habituais as quais podem ser importantes em determinadas situaroes
(GOBERNADO ef al 2002)
A decisao de como uma amostra deve ser cultivada depende do metoda de
coleta e dos sinais e sintornas cllnicos do paciente informa~6es que deveriam ser
transmitidas ao laboratorio pelo medico Entretanto na maioria das vezes 0
laborat6rio recebe informa~6es incompletas ou incorretas que resultam na realiza~ao
de muito ou pouco trabalho com uma determinada amostra (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
A classifica~ao de culturas de urina por tipos permite que 0 manejo das
amostras seja direcionado pela necessidade clinica e que 0 laborat6rio possa
escolher os meios de cultura e a quantidade de inoculo mais apropriada Com base
nos dad os cllnicos do paciente podem-se definir tres tipos de cultura de urina
retina inspeao e invesligaliva (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
As culturas de retina sao apropriadas para pacientes ambulatoriais e com
ITU nao complicadas As culturas de inspe~ao devem ser realizadas em pacientes
geriatricos e individuos que utilizam cateteres vesicais nos quais a caloniza~ao au
infec~ao por multiplos microrganismos e comum Culturas investigativas sao aquelas
21
direcionadas para diagn6sticos especificos microrganismos fastidiosos ou grupos
diferenciados de pacientes Devern ser realizadas nos casas de cultura previa
negativa de falha na terapia antimicrobiana au no case de suspeita de urn
uropat6geno naD usual E tambem apropriada a sua realiza980 quando ha
discrepimcia entre a apresentacao clinica do paciente au a coloracao de Gram e 0
resultado previa da cultura (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Os meios de cultura m~is utilizados para semeadura de urina sao as
seletivQs diferenciais como 0 meio de Teague (agar eosin a azul de metileno) e de
Mac Conkey associados ao agar sangue 0 meio de CLEO (agar cistina lactose
eletr61ito deficiente) e muito utilizado no Brasil e permite 0 crescimento de bacterias
gram-negativas e gram-positivas Tais meios auxiliam na identifica980 presuntiva da
bacteria atraves da colora98o colonial indicando a capacidade de fermenta980 da
lactose (ALBINI 2004)
Segundo Clarridge Johnson e Pezzlo (1998) culturas urinarias de rotina
devem ser realizadas semeando as amostras em agar sangue de carneiro 5 e em
agar Mac Conkey eu um meio seletive similar e incubando as placas por 18 a 24
horas a 35 - 37deg C em ar ambiente Ainda assim e meio de CLEO e preferido nos
laboratories brasileiros pela sua versatilidade Para microrganismos fastidiosos 0
agar chocolate deve ser utilizado em conjunto com agar CNA (Columbia-colistin a-
acido nalidixico) eagar MacConkey devendo-se utilizar a al93 calibrada de 001ml
alem da al9a 0001 ml As placas de CNA e agar chocolate devem ser incubadas em
5 CO2 por 48 horas
Para popula96es especificas com ITU cronicas ou anormalidades
anatomicas pode ser apropriada a cultura visando microrganismos anaerobios au de
cresci menta lento (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
22
Para popula90es nas quais as culturas polimicrobianas sao comuns 0 agar
CNA pade ser utilizado para demonstrar a presenca de enterococos Qutros cocos
gram-positives au leveduras presentes nas culturas mistas 0 agar CNA permite urn
born cresci menta de estreptococos corinebacterias e Gardnerela vaginalis e deve
ser incubado por 48 horas a 35 C (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Amostras obtidas par puncao suprapubica au de pacientes com suspeita de
sindrome uretral aguda devem ser semeadas com al98 calibrada de 001 ml a1em
da ala de 0001 ml em agar sangue (OPLUSTIL et al 2004) Contagens baixas ou
mesma multiplos tipos de microrganismos devem ser valorizados em tais cases
(KONEMAN 1997)
Corynebacterium ureafyticum e Qutras corinebacterias desenvolvem-se bem
em agar sangue de carneiro 5 au agar CNA mas sao mais bern visualizadas ap6s
incubaao de 48 horas (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
As calOnias de Gardnerella vaginalis sao fracamente visiveis em agar
sangue ap6s 24 haras de incuba~ao e recomenda-se a usa de agar CNA au HBT
(agar sangue tween bicamada) e incuba~aa par 48 haras em tensaa de C02
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
as tactabacilos podem ser isolados em meias de isotamento prima rio
utilizadas para urina como a meio de CLEO no entanto devem ser incubadas par 48
horas em atmosfera de CO (MASKELL 1989)
a resultada da cultura deve ser sempre carrelacianada com a leitura do
Gram Caso nao haja crescimento ap6s 18 a 24 horas de incuba~ao e na
microscapia tenha sido observada a presen~a de microrganismas au numero
eleva do de leuc6citas deve-se incubar as ptacas par mais 24 haras (OPLUSTIL et
al2004)
23
A piuMa esteril e urn achado importante que po de refletir usa de
antibioticoterapia outras doencas como neoplasias au calculos urinarios au
infeccoes com microrganismos que naD sao detectados par rnetodos rotineiros de
cultura (MIMS et aI 1995)
o conceito de bacteriuria significativa para 0 diagn6stico das ITU e
tradicionalmente baseado no criteria quantitativa estabelecido par Kass na decada
de 1950 permitindo a distincao entre colonizarao e infecrao A utilidade e a
consistemcia do criteria de contagem de colOnias superior OU igual a 105 par mililitro
tern sido validadas repetidamente par varios pesquisadores demonstrando que tal
criterio nilo pode ser aplicado a todos os pacientes (FRANZ HORL 1999)
A baixa especificidade da cultura quantitativa de jato medio se deve apossivel adilao de bacterias comensais a urina durante a coleta A baixa
sensibilidade dos resultados inferiores a 105 UFCml pode ser devida a excregao
intermitente de bacterias que pode ocorrer em determinados sitlos do trato urinario
bem como ao uso de meios de cultura que nao proporcionam 0 cresci menta de
todas as especies capazes de infectar 0 trato urinario (FAIRLEY BIRCH 1989)
Altas contagens de bacterias aer6bias sao encontradas em amostras de
urina de jato medio quando os microrganismos sao providos de 6timo substrato e de
ten sao de O2 relativamente alta Em algumas sltuagoes como infecgoes cronicas
prostatite infecgao das glandulas parauretrais em mulheres litiase infecciosa e
cicatrizes renais per pielonefrite croniea os mierorganismos podem nao se
multiplicar tao rapidamente e pertanto nao apresentarem contagens tao altas quanta
nas cistites agudas Os sitlos de infecgao abaixe da bexiga nao fornecem as
mesmas condigoes favoraveis de incubagao ahsectgtmdisso a velocidade do fluxo
24
urinario e a freqO~ncia de miccaosao fatores que influem nas contagens bacterianas
(MASKELL 1989)
Torna-se claro que considerar baixas contagens de pat6genos aero bios em
culturas puras como contaminaCao e incorreto e pode levar a erros de diagn6stico
pois infeccoes de grande signific~ncia cHniea pod em nao estar sendo detectadas t
igualmente importante nao considerar automaticamente urna alta contagem de
col6nias como infecy8o sem considerar as condicoes do paciente e da coleta 0 usa
de antibi6ticos em resposta a urna alta contagem bacteriana pode selecionar cepas
resistentes tornando mais dificil 0 tratamento de infecgoes posteriores verdadeiras
(MASKELL 1989)
Alguns procedimentos utilizados para 0 diagnostico das ITU sao
considerados inaceitaveis atualmente e nao devem ser realizados como cultura de
cateter de Foley cultura de urina em meios Hquidos cultura de sedimento urinario
pesquisa de anaer6bios como procedimento de rotina e em urina de jato media au
obtida par cateteriza9ao bem como cultura de urinas que tenham permanecido mais
de duas heras sem refrigeragao au canservagao (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO1998)
41 COLETA E TRANS PORTE DE AMOSTRAS
A coleta e a trans porte inadequado da amostra podem levar a um resultado
de diffcil interpreta9aO Portanto a medida mais importante para realizar uma cultura
de urina e estabelecer rfgidos criterios de coleta e propiciar treinamento constante
para as profissionais envolvidos na realiza9aO da coleta (OPLUSTIL et al 2004)
Koneman et al (1997) recomendam que a paciente receba as instru90es de
coleta impressas ap6s receb~-Ias verbalmente Caso 0 paciente demonstre
inseguran9a au nao compreenda urn profissional treinado deve explicar novamente
25
passo a passo ou se passivel acompanhar pessoalmente a coleta (coleta
supervision ada)
Amostras de urina de jato media sao as amostras mais comumente
submetidas a cultura De preferencia deve ser colhida a primeira urina da manha
podendo ser aceitas urinas com pelo menos 2 heras de reten~ao Ap6s higiene da
regiao genital despreza-se 0 primeiro jato - 0 que auxilia a eliminacao dos
contaminantes da uretra inferior - e colhe-se 0 jato media em fraseD esteril
apropriado desprezando-se 0 final da mic9ilo (OPLUSTIL eJ al 2004) A higiene
genital deve ser realizada com agua e sabao naD anti-septico devendo ser as [abias
vaginais afastados e 0 prepucio retraido antes da miccao (GOBERNADO et 81
2002)
Alguns autores afirmam que mesma quando a coleta e meticutosamente
reatizada com a assist~ncia de um pro fissional treinado a urina apresenta-se
frequentemente contaminada (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Amostras urinarias de criancas obtidas com saco coletor devem ser colhidas
apos higiene da regiao genital e colocacao do saco coletor de forma asseptica
Troca-se 0 coletor a cada 45 minutos ou 1 h~ra repetindo-se a higiene e evitando-se
contaminacao fecal 0 coletor deve chegar fechado ao laborat6rio Tas amostras
freqOentemente sao contaminadas com microrganismos fecais promovendo
resultados falso-positivos portanto 0 maior significado clinico de amostras obtidas
com saco coletor e 0 resultado negativo (OPLUSTIL et a 2004) Culturas positivas
devem ser confirmadas por metodos de cateterizacao direta ou aspiracao
suprapubica (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Em pacientes com sanda vesical permanente pinca-se a canula do coletor
realiza-se desinfeccao da canula com alcool 70 e punciona-se com seringa e
26
agulha estereis colocando-se a amostra em frasee esteri Nunea se deve obter a
amostra do saco coletor de pacientes sand ados porque a multiplica9ao bacteriana
fornecera urn numero muito maior que aquele real mente presente no paciente
(OPLUSTIL et al 2004) Tambem nao se reeomenda deseoneetar 0 eateter do tubo
coletor sob risco de introduyao de microrganismos no sistema Sempre que passivel
tal coleta deve ser realizada ap6s troea do cateter pois urna microbiota que naD
corresponde a do paciente pade residir em cateteres antigos (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
A punyao suprapubica e considerada a metoda padrao auro para coleta de
urina par representar a verdadeira bacteriuria vesical (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998) Calhe-se com seringa e agulha diretamente par pun9ao vesical Tal
procedimento evita problemas de contamina9ao uretral e e recomendado para
crian9as ate dois anos detec9ao de anaer6bios enos casos de repeti9ao de ex ames
com interpretaoes duvidosas (OPLUSTIL et al 2004) Pode tambem estar indieada
para homens de qualquer idade com fimose e em mulheres com bacteriurias de
repeti~o de proeedeneia duvidosa (GOBERNADO et al 2002)
A cateteriza9ao com finalidade unica de obten9ao de amostras somente
deve ser realizada em pacientes nos quais nao seja possivel a elimina9aO
espontanea de urina como doentes neurologicos au com problemas urol6gicos
obstrutivos Caso seja necessaria devern-se utilizar tecnicas rigorosas de assepsia
por causa do alto risco de introdu9ao de rnicrorganismos (KONEMAN et a 1997
GOBERNADO et a 2002)
Para a pesquisa de Mycobacterium tuberculosis tres amostras de urina da
manha devem ser coletadas em dias consecutivos as tecnicas de cultivo para
27
micobacterias naD permitem a cresci menta de outros agentes e portanto a coleta
nac necessita de assepsia rigorosa (MIMS et al 1995)
Caso naD seja passivel a processamento da amostra de urina em ate 2
haras apas a coleta a amostra deve ser refrigerada (2 a 80 C) e processada em ate
24 haras tempo maximo para manuten~ao da contagem bacteriana estavel 0 usc
do preservativo acido b6rico permite que a amostra permane98 a temperatura
ambiente (20 a 25 C) ate 24 horas antes de ser process ada (OPLUSTIL ef aI 2004
CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Sistemas de trans porte usanda acido b6rico podem ser metodos alternativQs
para coletas realizadas em casa au em locais distantes do laborat6ria e mostram-se
tao efetivos quanta a refrigeragao (KONEMAM ef ai 1997)
Oepois de coletada a amostra de urina deve ser encaminhada ao laboratorio
a mais rapido possivel e com todas as informayoes necessarias para degprocessamento Devem ser relatados 0 horario e 0 metodo da coleta 0 tempo de
reteny80 da urina 0 tipo de paciente (por exemplo urologico ou geriatrico) a idade
o sexo se 0 paciente tem recebido quantidades aumentadas de Ifquido
apresentay80 clinica (existencia de sintomas) resultados de urinalise (presen9a de
celulas inflamat6rias) e resultados antecedentes de cultura (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
De maneira ideal as amostras devem ser coletadas antes do inicio da
terapia antimicrobiana Caso 0 paciente ja esteja recebendo ou tenha recebido
antibioticoterapia nas 48 horas antecedentes a realizay80 do exame esta
informay80 deve ser explicitada no formulario de requisiy80 do exame (MIMS et al
1995)
28
Recoletas devem ser solicitadas quando amostras nae refrigeradas forem
recebidas 2 horas ou mais ap6s a coleta au quando nac fcrem comunicados 0
horario e a forma de coleta No entanto nenhuma amostra deve ser desprezada
antes do cantata com 0 medico solicitante po is ela pade em alguns casas ser
insubstituivel (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Menos de 5 das urinas coretadas e transportadas adequadamente
apresentam multiplos microrganismos Exce~6es sao amostras de pacientes com
bexiga neurogemica au usa cranico de cateteres nos quais a bacteriuria
polimicrobiana pade ser detectada em 30 a 80 das culturas freqOentemente sem
infecao (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Segundo Koneman et al (1997) a acuracia do procedimento de coleta de
urina pode ser monitorada pela frequencia de exames com contagens entre 104 a 105
UFCml que nao deve exceder 5 a 10 se os procedimentos forem realizados
apropriadamente
42 A IMPORTANCIA DA COLORAltAo DE GRAM
Durante as ultimas decadas testes rapidos de triagem para bacteriuria foram
desenvolvidos com 0 propos ito de fornecer resultados mais rapid os e de eliminar a
necessidade de cultivar amostras negativas Entretanto sua utilizacao e limitada
principalmente pela incapacidade de detectar baixos niveis de bacteriuria e piuria
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
A coloracao de Gram da urina nao centrifugada e um dos metodos mais
rapidos seguros e baratos para estimar bacteriuria superior a 105 UFCml e
presenca de mais de 8 a 10 leucocitoslJl Homogeneiza-se muito bem a urina
coloca-se uma gota sobre lamina sem espalhar e deixa-se secar ao ar A lamina
deve ser fixada par calor au metanol (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998) A
29
presenca de uma ou mais celulas bacterianas per campo em aumento de 1000
vezes tern sensibilidade de 94 e especificidade de 90 em refletir uma contagem
de colOnias superior a 10 UFCml (KONEMAN ef al 1997)
Embora seja urn metoda barato de triagem a coloraC8o de Gram naD e
utilizada par muitos laborat6rios pelo consumo de tempo e baixa sensibilidade em
contagens inferiores a 105 UFCml Sugere-se a sua utilizacao como teste de triagem
apenas em pacientes com contagens de col6nias provavelmente altas
principalmente as assintomaticos e com suspeita de pielonefrite Alguns autores
relatam melhora da sensibilidade a nlveis acima de 104 UFCml com 0 usa de
citocentrifuga (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
A coloraCao de Gram do sedimento urinario em bora ainda utilizada por
muitos laboratorios e impropria pela baixa reprodutibilidade e dificuldade de
padronizacao e correlacao com os metodos de velocidade de excrecao de leucocitos
au contagem em camara (ALBINI 1994)
As informac6es fornecidas pela cOloracao de Gram sobre a morfologia do
microrganismo e caracteristicas na coloracao sao extremamente importantes para a
selecao inicial da terapia antimicrobiana enquanto se aguarda 0 informe definitivo
do resultado da cultura e do antibiograma (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO
1998)
~ imprescindivel a realizacao da coloracao de Gram para deteccao de
bacterias fastidiosas ou nao usuais Devido a dificuldade de desenvolvimento nos
meios utilizados para a deteccao de enterobacterias em alguns casos somente a
visualizacao microscopica indicarcfi a sua presenca (FRANZ HORL 1999)
A observacao microscopica da urina permite verificar a qualidade da amostra
especialmente em mulheres nas quais a contaminacao vaginal e frequente
30
produzindo resultados falso-positivos A presen~a de muitas celulas epiteliais e de
mais de urn tipo de microrganismo no Gram sugere contamina9aO da amostra em
decorrencia da coleta (OPLUSTIL et ai 2004)
Dutro aspecto importante da coloracao de Gram e a sua utilidade no
monitoramento das culturas podendo-se pelo seu resultado detectar erras tecnicos
e ate mesmo troca de amostras (ALBINI 2004)
31
5 BACTERIAS FASTIDIOSAS E INFECcAO DO TRATO URINARIO
Em 1989 Maskell citou a ocorrencia de bacterias fastidiosas como algumas
especies de estreptococos Gardnerela vaginalis Haemophilus influenzae
Corynebacterium spp e lactobacilos em infecgoes da bexiga e trato urinario superior
isoladas de amostras de urina obtidas par cateteriz8gao aspiragao supra-pubica e
tarn bam de amostras de tecido obtidas per bi6psia vesical Relatou tambem a
preseng8 de tais bacterias na urina de gestantes assintomaticas com mais
freqOencia do que em nao-gestantes e que as gestantes apresentando bacteriuria
posteriormente desenvolviam sintomas com mais freqoencia do que as que nao
apresentavam bacterias na urina
Fairley e Birch (1989) realizaram um importante estudo demonstrando que
pacientes com sintomas de infec~ao do trato urinario apresentando resultados
negativos em culturas de rotina podem abrigar bacterias fastidiosas ou baixas
contagens de uropat6genos convencionais na bexiga Os pacientes incluidos no
estudo foram os que apresentaram resultados inconclusivos em culturas previas de
jato medio como desenvolvimento inferior a 105 UFCml de um pat6geno
convencional ou a desenvolvimento superior a 102 UFCml de uma bacteria
fastidiosa Foram avaiiadas urinas obtidas por aspirayao suprapubica de 1817
mulheres e 300 homens cultivadas para uropat6genos convencionais e bacterias
fastidiosas utilizando in6culo que proporcionou resultados entre 101 e 107 UFCml A
freqOencia de isolamentos esta representada na tabela 1
32
TABELA 1 - FREQUENCIA DE BACTERIURIA EM 2117 PACIENTES(AMOSTRAS OBTIDAS POR PUNCAO SUPRAPUBICA) -1989
Uropat6-Culturas positivas $omente $omente especies genos
(n = 597) uropat6genos fastidiosas conven-convencionais (n = 366) cionais
n = 170 eespeci-
Pacientes Unica Multiplas Unica Multiplas Unica Multiplas esespecie especies especie especies especie especies faslidio-
sasMulheres (n = 1817) 370 191 148 5 222 125 61Homens (n = 300) 36 0 17 0 19 0 0
FONTE The Royal Melbourne Hospital
Vinte e aito especies microbianas foram isoladas no trabalho em questao
sendo Ureaplasma urealylicum Gardnerella vaginalis Escherichia coli Mycoplasma
hominis e Staphylococcus epidermidis as especies mais isoladas Quinhentas e
oitenta e uma (70) das 830 cepas isoladas pertenciam a especies fastidiosas -
Ureaplasma urealyticum Gardnerella vaginalis e Mycoplasma hominis - que nao sao
recuperadas em meies de cultura canvencianais Gardnerella vaginais fai mais
freqUente em mulheres enquanto Ureaplasma urealyticum nao apresentou diferen9a
estatisticamente significativa entre os sexas Treze esptkies fcram isoladas em
apenas uma ou duas ocasioes entre elas Streptococcus equi Streptococcus
equisimifis Streptococcus sanguis Morganella morgan Klebsiella oxytoca
Peptococcus anaerobius Proteus vulgaris Enterobacter aerogenes Salmonella
enteritidis Pseudomonas aeruginosa Haemophilus influenzae Haemophilus
parainfluenzae e Haemophilus parahaemofyticus Anaer6bios estritos foram isolados
de apenas sete dos 597 pacientes (FAIRLEY BIRCH 1989)
Culturas polimicrobianas foram obtidas em urn teno das pacientes do sexo
feminino e nao foram verificadas no sexe masculino A freqOencia de uropat6genos
cenvencienais e fastidiesos encontra-se na tabela 2
33
TABELA 2 - FREQU~NCIA DE UROPATOGENOS CONVENCIONAISE BACTERIAS FASTIDIOSAS EM 191 PACIENTES DO SEXOFEMININO COM BACTERIURIA POLMICROBIANA - 1989
Numero de Somente Samente especies Especiesespecies (numera uropat6genos fastidiosas convencionais e
de pacientes) convencionais fastidiosasOois (153) 9 99 45Tres (34) 0 17 17Quatro (4) 0 1 3
FONTE The Royal Melboume Hospital
Ureaplasmas au Gardnerella vaginalis fcram recuperados em 179 das 191
mulheres com infecgao polimicrobiana estando presentes concomitantemente em
100 das 191 amostras sugerindo urna passivel relacc3osimbi6tica Uropat6genos
convencionais fcram isolados em pouco mais de 33 das mulheres na maiaria dos
casas acompanhados por bacterias fastidiosas indicando que infeccoes
polimicrobianas usualmente envolvem bacterias fastidiosas (FAIRLEY BIRCH
1989)
A contagem de col6nias excedeu 105 UFCml apenas na minoria dos
pacientes portanto a bacteriuria nao seria detectada em muitos individuos caso 0
valor de ponto de corte tradicional tivesse sido utilizado Os resultados tambem
mostraram que baixas contagens bacterianas podem acontecer com qualquer uma
das especies bacterianas isoladas embora tenham sido mais freqoentes para
Ureaplasma urealytieum e Mycoplasma hominis Cento e setenta e quatro (21)
isolados apresentaram contagens inferiores a 103 UFCml sendo 138 (84)
pertencentes a especies fastidiosas (FAIRLEY BIRCH 1989)
Franz e HOrl (1999) citaram a ocorrencia de HaemophiJus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae pneumococos Campyobaeter Legionella
pneumophila Salmonella spp Shigella spp Corynebacterium grupo 02
34
Mycobacterium tuberculosis micobacterias atipicas e fungos como causadores
ocasionais de ITU
Domann et al (2003) realizaram estudo em amostras do trato urinario de
transplantados renais utilizando tecnicas moleculares baseadas em 168 rRNA peR
e cromatografla liquida de alta performance (DHPLC) Foi avaliada a aplicaaD do
metoda em 109 amostras e observou-se 100 de correlacao para amostras cultura-
positivas Para as amostras cultura-negativas a DHPLC permitiu a deteccao de
uropat6genos previa mente conhecidos como Corynebacterium urealyticum e
Gardnerella vaginalis mas tambem agentes nao usuais como AnaerocDCCUs
laclolyticus Bacteroides vufgatus Diaisler invisus Fusobacterium nuceaturn
Lactobacillus iners Leptotrichia amnionii Prevotella buccalis Prevotella ruminicola
Rahnella aquatilis e Streptococcus intermedius detectados como unicos pat6genos
ou como agentes de infecyoes polimicrobianas Uma vez que as ITU sao
freqGentemente associadas com inicio precoce de rejeiyBo cronica em
transplantados renais e conveniente a pesquisa de agentes patogenicos
oportunistas e nao usuais para 0 correto direcionamento do tratamento
antimicrobiano
Quatro casos de ITU com bacteremia por Methylobacterium spp em
pacientes do sexo feminino imunocompetentes foram reportados por Lee Tang e Uu
(2004) Todas as pacientes tiveram hemoculturas positivas para Methylobacterlum
spp e suas culturas de urina foram negativas ou positivas para Escherichia coli com
crescimento concomitante de outro bacHo gram-negativ~ em baixa contagem que foi
ignorado Foram realizados experimentos especiais com os isolados indicando que
de acordo com os procedimentos padrao para culturas de urina com 24 horas de
incubayao a 35degC as colonias de Methylobacterium spp nao sao visualizadas e 0
35
pequeno numero de col6nias observado ap6s incuba~ao adicional de 24 heras a
temperatura ambiente apenas sugere ser a especie urn contaminante
Particularmente quando especies de Methyfobacterium estao presentes
concomitantemente com Escherichia coli ocorre supressao do cresci menta de
Methylobacterium spp tornando impassivel a sua deteccao 0 estudo conclui que a
falta de relatos de casas de ITU por Methylobacterium spp deve-se a impossibilidade
de detec~ao da especie por metodos padrao de cultura de urina au ainda porque a
baixa virulelncia da bacteria pode produzir ITU autolimitadas au talvez muitas vezes
curadas com as antibi6tico5 normalmente utilizados As especies estudadas fcram
variavelmente resistentes as cefalosporinas acido nalidixico nitrofurantoina e
sulfametoxazol-trimetoprim e 100 suscetiveis a ciprofloxacin imipenem e
aminoglicosideos
51 Corynebacterium spp
Corynebaclerium urealylicum pode ser uma importante embora rara causa
de ITU variando a freqOencia de isolamentos significativos de zero a 35 em
popularoes nao selecionadas A bacteriuria por Corynebacterium urealyticum ocorre
em pacientes hospitalizados per longos perledes severamente
imunocomprometidos urologicamente manipulados ou idosos Tal microrganismo
tam bern tern sido associado com pielonefrite e pode desaparecer espontaneamente
da urina mesmo sem antibioticoterapia (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Corynebacterium glucuroneyticum tambem chamado Corynebacterium
seminae tern side iselade de semen e trate g~nite-urinarie masculine e pede causar
prostatite ou uretrite Corynebacterium pseudogenitalium (CDC grupo F1) tambem
tern sido reconhecido como pat6gene do trato urinario (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
36
Foi relatado por Soriano e Ponte (1992) um caso de cistite de incrusta~ao
causado por urn corineforme identificado como CDC grupo F1 0 paciente havia
sofrido ITU previas persistentes causadas por Corynebacterium ureayticum (CDC
grupo 02) A cura bacteriol6gica foi alcan=ada apes urn mes de tratamento com
amoxicilina e acido acetohidroxamico
Meria at al (1998) realizaram levantamento bibliografico entre as anos de
1985 a 1997 sabre casas de cistite e pielite de incrustacao Foi constatado a
aumento progressive no numero de cases especialmente em pacientes
imunodeprimidos e particularmente em transplantados renais Tais inflamacoes
cr6nicas estao associadas com incrustac6es da mucosa causadas por bacterias
produtoras de urease tendo sido as mais freqOentes especies de Corynebacterium
grupo 02 A presenCa de urina alcalina contendo abundantes debris mucopurulentos
calcificados e alta mente sugestiva e pode auxiliar no diagnostico clinico A
demonstracao da bacteria envolvida requer culturas prolongadas em meios de
cultura enriquecidos 0 diagnostico precoce pode evitar falhas de tratamento e uma
possivel rejeicao do orgao transplantado
Em estudo realizado par Riegel et al (1995) corineformes em quantidades
significativas (104a 105 UFCml) foram isolados em amostras de semen uretra urina
e sangue de homens inferteis com diagn6stico de prostatite As analises genomicas
realizadas demonstraram ser as cepas pertencentes a uma mesma especie dentro
do genero Corynebacterium As 12 amostras mostraram padroes bioquimicos
simi lares entre elas born crescimento em agar sangue de carneiro em contraste com
crescimento pobre no mesmo meio suplementado com Tween 80 1 teste de
CAMP positivo fermentacao de glicose sacarose e presenCa de beta-glucuronidase
Tais caracteristicas permitiram a distincao destas cepas dos outros membros do
37
genera e 0 nome proposto foi Corynebacterium seminae Embera organismos
difter6ides pass am fazer parte da microbiota uretral a presenCa de contagens
significativas destas especies no semen sugere urna implica~ao infecciosa
particularmente na prostatite
Estudo molecular filogenetico baseado em 16S rRNA peR realizado em
pacientes com prostatite croniea demonstrou sinais bacterian05 em 65 dos
pacientes estudados Foi constatada a ocorreuromcia de um amplo espectro de
especies bacterianas no fluido prostatico dos pacientes incluindo Corynebacterium
Staphylococcus PepiosfreptococGUS Streptococcus e Escherichia Especies do
genera Corynebacterium foram encontradas em maior proponao incluindo especies
ainda nae descritas e n~o presentes nas amostras de controle sugerindo que
possam ter um papel na doen~a au que sejam conseqOemcia da mesma 0 estudo
mostreu ainda que os microrganismos associ ados com prestatite geralmente
ocorrem em comunidades microbianas distintas daquelas encontradas em liquidos
prostaticos normais (TANNER ot al 1999)
Segundo Domingue e Hellstrom (1998) a observaltio microsc6pica
cuidadosa de amostras de secre~~o prostatica bern como a inocula~~o em meios
enriquecidos sao essenciais para a isolamento de corineformes Foi realizado estudo
em uma amostra de secre~ao prostatica na qual a colora~ao de Gram apresentou
cocobacilos gram Itlbeis pleom6rficos que nao se desenvolveram em meios de rotina
incubados por 72 horas a 35degC Houve desenvolvimento em meio de cultura
enriquecido com extrato de leveduras e sora de cavalo e incubado no minimo 72
horas em atmosfera de 5 de CO2 a 35degC A secregao inoculada em caldo triptose
demonstrou a presen~a de bacilos gram-varitlveis (microscopicamente) e quando
repicada produziu bacilos de crescimento lento em meios de retina e enriquecidos
38
(incubados aerobicamente anaerobicamente ou sob tensao de CO2 par 72 haras)
Corineformes ocultos pod em ser agentes etiol6gicos da prostatite idiopatica croniea
que sao frequentemente perdidos au nao percebidos em procedimentos
bacteriol6gicos de rotina
52 Gardnerella vaginais
o significado de Gardnerela vaginais em urina e controverso pois a
principal associacao patogElnica desta bacteria e com a vaginose na mulher Embora
baixas contagens na urina parecam refletir a micro biota da uretra masculina ou
feminina contagens aeima de 10000 UFCml ja fcram associadas com bacteriuria
sintomatica ITU recorrente cistite na mulher uretrite e prostatite no homem
Entretanto me sma quando ern altas contagens freqOentemente nao ha resposta
leucocitaria Gardnerela vaginalis e encantrada mais freqOentemente em mulheres e
pacientes com doena renal e ap6s instrumentaao (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
Estuda realizado par Agarwal e Dixon (2001) investigau a passivel papel de
Gardnerella vaginalis na cistite intersticial usando metodos maleculares para
garantir a recuperaCao do microrganismo mesmo em baixas contagens Nenhuma
das trinta e tres amastras de bi6psias de bexiga de pacientes com cistite intersticial
foram positivas para Gardnerella vaginais a que embora nao exclua seu
envalvimenta na cistite intersticial diminui esta probabilidade
Ginestre Perez et al (2001) realizaram estudo de mil trezentas e setenta
amostras de jato media de urina de pacientes com sintomas de ITU Gardnerella
vaginalis cujo papel patagenica no trato urinario e discutivel ocupou a segundo
lugar em freqOencia etiologica (1763) ficando atras somente de Escherichia coli
(5210) e superando microrganismos cansiderados uropat6genas classicos como
39
Proteus mirabifis (763) Klebsiella pneumoniae (684) e Pseudomonas
aeruginosa (368) Embera a presen~a de Gardnerella vaginais em amostras de
jato media urinario possa indicar contaminayao vaginal todos as cultivos positivos
para esta bacteria apresentavam contagens superiores a 100000 UFCml e
provinham de pacientes sintomaticos representando urna alta probabilidade de
infec~ao urinaria verdadeira
53 Mycoplasma hominis E Ureaplasma urealyticum
Especies patogenicas como Mycoplasma hominis e Ureaplasma urealyticum
ocorrem freqOentemente como colonizantes do trato urogenital inferior de homens e
mulheres saudaveis A ocorrencia de infec~ao esta provavelmente relacionada a
imunossupressao obstru~ao ou procedimentos previos de instrumental)ao no trato
urinario Ureaplasma urealyticum tern sido encontrado em calculos urinarios de
pacientes com liHase infecciosa sugerindo uma possivel associal)ao causal
Mycoplasma hominis tern sido isolado do trato urinario superior em pacientes com
sintomas de pielonefrite aguda FreqOentemente ha resposta imunol6gica especifica
(MURRAY 1999)
Foi pesquisada a presen9a de Ureaplasma urealyticum e Mycoplasma
hominis em amostras de jato medio de 314 mulheres e 52 homens sintomaticos do
trata urinltilria Ureaplasma urealyticum fai isalada em 54 (171) das mulheres e 8
(154) dos hom ens e Mycoplasma hominis foi isolado em 12 (38) das mulheres
e 4 (77) dos homens Ureaplasma urealyOcum foi superado apenas par
Escherichia coli e Gardnerella vaginalis em ambos grupas 366 e 254
respectivamente no sexo feminina e 585 e 308 no masculino Demonstrou-se
partanto que a bacteriuria par ureaplasmas e relativamente co mum porem nao e
40
detectada por metodos convencionais de cultura de urina (AVILES ZARAGOZA
1998)
A significancia de micoplasmas em amostras de jato medic urinario e de
dificil determinacao devido a provavel contaminacao da amostra par
microrganismos colonizantes da vagina e uretra distal Entretanto estudos
realizados em amostras de aspirado suprapubico em gestantes demons tram que 0
desenvolvimento de pre-eclampsia e tres vezes mais prov3vel em mulheres
apresentando culturas positivas para ureaplasmas no inicio da gestacao do que em
mulheres com culturas negativas no mesmo periodo (KONEMAN ef a 1997)
54 Haemophilus spp
Existem varios estudos relacionando Haemophifus influenzae e Haemophilus
parainfluenzae a ITU embora sua freqOencia e significancia nae tenham sido
confirmadas Alguns pesquisadores sugerem a inclusao de agar chocolate em
culturas de urina de crian~as por causa da associa~ao de Haemophilus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae com outras infec~6es nesta faixa etaria (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
Maskell (1989) citou a ocorrencia de certas bacterias fastidiosas em sftios do
trato urinflrio abaixe da bexiga como par exemple em cases de prostatite por
Haemophilus influenzae
55 Lactobacillus spp
Em estudo realizado em pacientes do sexe feminine com sind rome uretral
aguda demonstrou-se uma alta freqOencia de isolamentos de lactobacilos Durante
dois anos amastras de jato medic de tais pacientes foram cultivadas observando-se
a principio alta concentracao de lactobacilos principalmente nas pacientes
sintomaticas Ao final do estudo durante 0 qual foi impedido 0 usa de antibi6ticos os
41
lactobacilos desapareceram da urina de muitas mulheres as quais tornaram-se
assintomaticas Os autores concluiram que as sintomas da sindrome uretra podem
ser devidos a multiplica~ao desproporcional de lactobacilos na uretra distal como
resultado de antibioticoterapia frequentemente administrada em cursos prolongados
para resolurao dos sintomas urinarios Lactobacilos tambem tern sido relatados em
amostras de urina obtidas diretamente da bexiga e de amostras de tecido obtidas
par bi6psia vesical bern como ocasionalmente isolados em urinas de mulheres
idosas com sintomas urinarios (MASKELL 1989)
56 COCOS GRAM-POSITIVOS
Microrganismos dos generos Lactococcus Gemella Aerococcus e
Globicatella embora possam estar presentes como contaminantes em culturas de
material clinico tern sido isolados como patogenos oportunistas ern urina e outras
amostras de pacientes imunocomprometidos Esforyos para identifica-Ios devem ser
realizados quando os isolados forem clinicamente significantes isto e isolados
repetidamente ou em cultura pura Devido a semelhanya com outros cocos gram-
positivos isolados com mais freq04sectncia como estreptococos enterococos e
estafilococos possivelmente sao confundidos com especies destes generos
(MURRAY 1999)
Golapachar et al (2004) relata ram um caso de infec9ao do trato urinario com
bacteremia causa do por Aerococcus viridans em um homem de 87 anos residente
em uma cUnica de repouso A cultura de urina apresentau crescimenta de 105
UFCml de Aerococcus viridans e a hemocultura fai positiva para a mesmo
microrganismo Os testes bioqulmicos que leva ram a identificayao do
microrganismo faram reayoes negativas de catalase e LAP (Ieucina aminopeptidase)
e reaDes positivas para PYR (L-pyrrolidonyl-beta-naphtylamina) fermentaao de
42
trehalose e manese resistencia a optoquina crescimento em agar bile esculina 40
e cresci menta em cloreto de s6die 65 As especies de Aerococcus sao anaer6bias
facultativas a maioria catalase negativa com tendemcia a formaCao de tetrades na
morfologia microsc6pica PYR positivo e LAP negativ~ a que as diferencia de
enterococos e estreptococos
A escassa documentacao a respeito de infecyoes humanas por Aerocccus
sp deve-se provavelmente a sua similaridade microbiol6gica aos estreptococos alfa-
hemoliticos e enterococos e possiveis erras na interpretacao laboratorial de
amostras clinicas No casa acima descrito a laborat6rio de microbiologia nao pade
reaHzar a antibiograma devido a natureza fastidiosa da bacteria mas houve sucesso
terapeutico ap6s administray8o intravenosa de levofloxacin (GOLAPACHAR et al
2004)
Um caso de pielonefrite e urossepsis por Streptococcus pneumoniae foi
relatado em urn hornem de 82 anos com hist6ria clinica de leucemia linf6ide cronica
e diabetes mellitus Exames radiograficos abdominais e tomografia computadorizada
mostraram uma imagem indicativa de extensa pielonefrite no rim esquerdo sem
nenhum outro foco de infecc8o 0 abscesso renal foi tratado por drenagem
transuretral e 0 material purulento obtido foi cultivado assim como materiais de
orofaringe escarro e sangue Esearro e orofaringe revelaram apenas mierobiota
normal do trato respirat6rio enquanto 0 material drenado e as hemoculturas
demonstraram microseopicamente cocos gram-positiv~s aos pares e em eadeias
alguns dos quais eram lanceolados havendo bom crescimento em agar sangue de
carneiro e agar chocolate a 37degC As col6nias eram fracamente alfa-hemoliticas no
agar sangue e nao muc6ides catalase-negativas e sensiveis a optoquina Testes de
aglutinac8o sorologiea de ambos materiais confirmaram a identificac8o e testes
43
moleculares demonstraram ser as dois isolados identicas Apesar da terapia
antimicrobiana a paciente desenvolveu coagula98o intravascular disseminada e
sofreu uma parada cardiaca sendo que 0 quadro foi revertido mas tornau-se
necessaria a nefrotomia para eliminar a foco da infeccao Em contraste a estud05
anteriores a paciente descrito apresentou um verdadeiro casa de pielonefrite
abscesso renal e urossepsis causados par Streptococcus pneumoniae A presenca
de doencas como leucemia linf6ide crOniea e diabetes mellitus fcram 5uficientes para
causar um certa grau de imunossupressao e predispor a paciente a infeccao par
Streptococcus pneumoniae mesma sem hist6ria antecedente de infecC8o
pneumoc6cica trauma ou interven9ao cirurgica (DUFKE KUNZE-KRONAWITIER
SCHUBERT2004)
57 BACT~RIAS ANAER6BIAS
Tern sido descritos casas de infec90es do trato urinario par bacterias
anaer6bias com as mais diverses tipos de apresenta90es clinicas entre processes
crenicos e agudos As bacterias recuperadas sao bacilos gram negativQs incluindo
Bacteroides fragifis Prevotella sp e Porphyromonas sp Clostridium sp cocos
gram-positiv~s e Actinomyces sp Em muitos casas sao recuperadas em culturas
mistas com coliformes e estreptococos (BROOK 2004)
58 OUTRAS BACT~RIAS FASTIDIOSAS
Foi descrita par Greub e Raoult (2002) uma nova especie bacteriana
Actinobaculum massiliae recuperada da urina de uma mulher de 81 anos com ITU
cr6nica Os estudos fenotipicos genotfpicos e filogeneticos realizados mostraram
ser 0 isolado urna nova especie ainda nao recanhecida dentro do genera
Actinobaculum e foi proposta a denominacao Actinobaculum massiliae A mesma
cepa faj isolada tres vezes num perlodo de sete meses mesmo apes tratamento
44
com amoxicilina sulfametoxazol~trimetoprim e rifampicina Devida ao fata do
microrganismo nao ser isolado em procedimentos laboratoriais de rotina uma ITU
devido a Actinobaculum massiliae pade ser mal diagnosticada Alem disso as
col6nias apresentam heterogeneidade morfol6gica ap6s cinco dias de incubacao
podendo levar a uma errOnea interpretaC(ao de contaminacao com duas especies de
badlas gram~positivos 0 usa de agar sangue de carneiro e incubacao prolongada
motivado pela presenca de 106 leuc6cit05 per ml na urina da paciente permitiu a
desenvolvimento da cepa Houve cura ap6s tratamento com doxiciclina (GREUB
RAOUL T 2002)
Em estudo clinico e microbiol6gico de mulheres com sindrome uretral -
excluindo pacientes com cistite bacteriana - 41 pacientes foram comparadas com 42
pacientes controle Nao foi encontrada diferenca entre pacientes e con troles em
incid~ncia de Chlamydia trachomatis e outros microrganismos de transmiss3o
sexual 0 numero de lactobacilos e outros microrganismos fastidiosos bem como a
numero de leucocitos na urina nao apresentaram diferenca entre pacientes com
sintomas leves e intensos ou entre pacientes e controles Os auto res sustentam a
hipotese da sindrome uretral nao ser causada por infecrao bacteriana ou clamidial
(GILLESPIE et al 1989)
45
6 CONCLUSAO UMA REFLExAO
E indiscutivel a importo1ncia para a laborat6rio de requisicoes de exame
completas com informayoes sabre suspeita clinica existencia de sintomas
anormalidades do trata urinario e condhoes imunol6gicas do paciente Embora
tradicionalmente a maiaria dos medicos nao fornega muitas informacoes sabre 0
paciente ao laborat6rio a microbiologista pede incentivar a criacao de urn canal de
comunicacao quando observar a necessidade de informagoes sobre determinado
paciente
Exames anteriores do paciente sempre que disponiveis devem ser
consultados e comparados pois informacoes sabre infecc6es recorrentes au
recidivantes especies bacterianas envolvidas au presen9a de piuria esteril sao
importantes para direcionar a pesquisa para agentes fastidiosos
o metoda de coleta e as condi~6es de transporte da urina deterrninam a
qualidade da amostra e a quao relevantes serao as microrganismos nela
encontrados Considerando-se que urna bacteria normalmente considerada como
contarninante introduzida durante a coleta pode ser em alguns casos patogenica ou
ainda que uma especie fastidiosa patogenica de crescimento lento pode ter seu
crescimento inibido par uma contaminante de crescimenta mais rapido a coleta
adequada torna-se urn fator de suma importancia para a detec~ao de especies
fastidiosas em urina
Como ja discutida torna-se indispensavel a realiza~ao da calora~ao de
Gram em amostras de urina pOis alem de ser urn teste de triagem rapida e barato
para bacteriuria acima de 105 UFCml pode ser 0 unica indicativa da presen~a de
urna especie fastidiosa
46
A comunica~ao entre a microbiologista e a medico pode determinar nao 56 a
sucesso do diagn6stico e do tratamento como a viabilidade economica da pesquisa
de bacterias fastidiosas para 0 laborat6rio urna vez que direciona as esforyos
laboratoriais aos pacientes que realmente necessitam evitando 9a5t05
desnecessarios
Bacte-rias fastidiosas podem nao responder ao tratamento antibi6tico para
pat6genos convencionais do trato urinario portanto a pesquisa precocemente
direcionada para tais agentes pode melhorar 0 progn6stico das ITU evitando a
administracao de antibioticos inadequados au desnecessarios
Como observado nos diversos casas reiatados bacterias fastidiosas
ocorrem em cenaries clinicos especificos 0 entendimento do processo da doen=a e
as condi=oes do paciente pod em ajudar muito 0 laboratorio no esfor=o para
recuperar a bacteria do material clinico
47
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
ALBINI C A Cullura de Urina Analise das metodologias interfer~ncja sobre as
resultados e proposta para padronizacao 1994 54 f Monografia (Especia1iza9aO em
Bacteriologia) - Setor de Ciencias da Saude Departamento de Patologia Medica
Universidade Federal do Parana Curitiba
AGARWAL M DIXON R A A study to detect Gardnerella vagina lis DNA in
interstitial cystitis British Journal of Urology (on line) 2001 Disponlvel em
httpwwwbjuiorg889articlebju2514aspAcessoem 03 fev 2005
BATRA A Interstitial Cystitis Updade Infection Urology (on line) 1999 Disponivel
em httphomeswipnetsellsopicupdatehtm Acessa em 20 dez 2004
CLARIDGE J E JOHNSON J R PEZZLO M T Laboratory Diagnosis of Urinary
Tract Infections Washington American Society for Microbiology 281998
BROOK I Urinary tract genito-urinary suppurative infections due to anaerobic
bacteria International Journal of Urology (on line) 2004 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezigueryfcgicmd=Retrieveampdb=pubmedampdopt=Abst
ractamplist uids=15009360 Acesso em 18 mar 2005
DOMANN E HONG G IMIRZALIOGLU C TURSCHNER S KOHLE J
WATZEL C HAIN T HOSSAIN H CHAKRABORTY T Culture-Independent
Identification of Pathogenic Bacteria and Polymicrobial Infections in the Genitourinary
Tract of Renal Transplant Recipients Journal of Clinical Microbiology (on line) 2003
48
Disponivel em httpjcmasmorgcgireprintl41125500pdf Acesso em 18
mar2005
DOMINGUE G J HELLSTROMW J G Prostatitis Clinical Microbiology Reviews
(on line) 1998 Disponivel em httpcmrasmorglcgilcontentifuIl11141604 Acesso
em 03 fev 2005
DUFKE S KUNZE-KRONAWITIER H SCHUBERT S Pyelonephritis and
Urosepsis Caused by Streptococcus pneumoniae Journal of Clinical Microbiology
(on line) 2004 Disponlvel em httpjcmasmorgcgicontentifuIl4294383 Acesso
em 06 mar2005
FAIRLEY K F BIRCH D F Detection of Bladder Bacteriuria in Patients with Acute
Urinary Symptoms The Journal of Infectious Diseases Melbourne v 159 n2 p
226-231 fev 1989
FRAIMOW H S JUNGKIND D L LANDER D W DELSO D R DEAN J L
Urinary Tract Infection with an Enterococcus taecais Isolate that Requires
Vancomycin for Growth Annals of Internal Medicine (on line) 1994 Oisponivel em
httpwwwannalsorgcgicontentifuIl1211122 Acesso em 18 mar 2005
FRANZ M HCRL W H Common errors in diagnosis and management of urinary
tract infection I Patophysiology and diagnostic techniques Nephrology Dialysis
Transplantation (on line) 1999 Disponivel em
httpltwwwndtoupjournalsorgcgicontentifuIl141127 46 Acesso em 01 dez 2004
49
GIBB A P Plates are Belter than Broth for Recovery of Fastidious Organisms from
some Specimen Material Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Oisponivel
em httpjcmasmorgcgireprinU4041129pdf Acesso em 06 mar2005
GILLESPIE W A HENDERSON E P LINTON K B SMITH P J Microbiology
of the urethral (frequency and dysuria) syndrome A controlled study with 5-year
review British Journal of Urology (on line) 1989 Disponfvel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
2804564ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr 2005
GINESTRE PEREZ M ROMERO-A~EZ S MARTINEZ-GARCIA A RINCON-
VILLALOBOS G HARRIS-SOCORRO B CATELLANO-GONZALES M AVILA-
ROO Y PEROZO-MENA A Gardnerella vaginalis y uropat6genos convencionales
em pacientes ambulatorios Revista de La Sociedad Venezolana de Microbiaogia
(on line) 2001 Disponivel em
httpwwwseieloorgvaseielo phpscriptsci arttextamppid=S 1315-
25562001000200003amplng=esampnrm=isso Acesso em 05 jan 2005
GOBERNADO M CRUZ F J DALET F BROSETA E DE CUETO M
SANTOS M DE LA ROSA M Procedimientos en Microbiologla Clinica La
infeccion urinaria 2002 Disponivel em
httpwwwseimcorgprotocolosmicrobiologiaindice14htm Acesso em 01 dez
2004
50
GOLAPACHAR A AKINS R L DAVIS W R SIDDIQUI A A Urinary tract
infection caused by Aerococcus viridans a case report International Medical Journal
for Experimental and Clinical Research (on line) 2004 Oisponivel em
httpwlNNmedscimonitcompubvol 10no 114928pdf Acesso em 03 dez 2004
GREUB G RAOULT D Actinobaculum massiliae a new species causing chronic
urinary tract infection Journal of Clinical Microbiology (on line) 2002 Disponivel em
httpwwwpubmedcentralnihgov articlerender fcgitool=pubmedamppubmedid=12409
355 Acesso em 13 fev2005
HElLBERG I P Diagnosis and clinical management of urinary tract infection
Disponivel em httpwwwunineteducin2003confpfefermanpfefermanhtml
Acesso em 20 out 2004
KONEMAN E W ALLEN S D JANDA W M SCHREKENBERGER P C
WINN Jr W C Cr Atlas and Textbook of Diagnostic Microbiology 5ed
Philadelphia Lippincott-Raven 1997
LIPSKY B A Managing Prostatitis and Urinary Tract Infection in Men Infectious
Diseases Infoalerl (on line) 2003 Oisponivel em
httpwwwdpacomhklpdflinfolnfoALERT 15pdf Acesso em 10 dez 2004
MASKELL R A new look at the diagnosis of infection of the urinary tract and its
adjacents structures Joumaloflnfecfion Portsmouth n 19 p 207-217 jul 1989
51
MERIA P DESGRIPPES A ARFI C LE DUC A Encrusted Cystitis and Pyelitis
Journal of Urology (on line) 1998 Disponlvel em
htlpIwwwjurologycomipUrejuroabstract00005392-1 99807000-
00003htmmiddotjsessionid-CnHOtEDjxvOgrxiWIUac52pekluG1HSCZzrnOpCIJH4V107ePU
evI848681301-949856032190011-1 Acesso em 21 abr 2005
McCUE J D The Management of Complicated Urinary Tract Infections Infectious
Diseases Infoalert (on line) 1999 Disponfvel em
htlpIwwwdpacomhkJpdlfinlofinlo alart 01pdl Acesso em 01 dez 2004
MURRAY P R Manual of Clinical Microbiology 7ed Washington ASM Press
1999
NABER K G BERGMAN B BISHOP M C JOHANSEN T E B BOTTO H
LOBEL B CRUZ F J SELVAGGI F P European Association 01 Urology
Guidelines on Urinary and Male Genital Tract Infections Disponlvel em
httpwwwuroweborglfilesluploaded filesuti mgtLpdf Acesso em 20 dez 2004
OPLUSTIL C P Urocultura In__ Procedimentos basicos em microbiologia
clinica 2 ed Sao Paulo Sarvier 2004 p 88-93
OSBORNE J About Interstitial Cystitis Disponivel em htlplwwwic-
networkcomhandbooklbasicshtmlintro Acesso em 20 dez 2004
52
PEDRAZA AVILES A G ORTIZ ZARAGOZA M C Symptomatic bacteriuria due to
Ureaplasma and Mycoplasma in adults Revista Latinoamericana de Microbiologia
(on line) 1998 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedampdopt=Abs
tractamplist uids=20388109 Acesso em 20 abr 2005
RIEGEL P RUIMY R BRIEL D de PREVOST G JEHL F BIMET F
CHRISTEN R MONTEIL H Corynebacterium seminale sp Nov a New Species
Associated with Genital Infections in Male Patients Journal of Clinical Microbiology
(on line) 1995 Disponlvel em
htlpllwwwpubmedcentralnihgovpicrenderfcgiartid=228387ampblobtype=pdf
Acesso em 19 mar 2005
SORIANO F PONTE C A case of urinary tract infection caused by
Corynebacterium urealyticum and coryneform group F1 European Journal of Clinical
Microbiology Infectious Diseases (on line) 1992 Disponfvel em
httoIwwwncbinlmnihgoventreziguervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
1396772ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr2005
TANNER M A SHOSKES DSHAHEDA PACENR Prevalence of
Corynebacterial 16S fRna Sequences in Patients with Bacterial and Nonbacterial
Prostatitis Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Disponivel em
httpmcmasmorgcontenVfull3761863 Acesso em 06 mar 2005
TRABULSI L R ALTERTHUM F Escherichia coli uropatagenica (UPEC) In
Microbiaagia 4 ed Sao Paulo Atheneu 2004 p 303-309
53
16
gonorrhoeae Mycoplasma spp Mycobacterium spp Trichomonas spp au Candida
spp Outras causas incluem abscessos rena is obstrucao ureteral completa e
luberculose renal (HEllBERG 2003)
A inflamacao dos rins e pelves renais (pielonefrite) oeasiona sintomas de
dor ou sensibilidade envolvendo 0 f1anco frequentemente acompanhados par urna
resposta inflamat6ria sistemica incluindo febre calafrios indisposicao dar de
cabera e nauseas as quais naD acorrem em pacientes com cistite Em alguns
pacientes estas manifestaroes sistemicas ocorrem sem sinais au sintomas locais de
envolvimenlo renal condilao denominada de ITU febril (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZlO 1998)
A cistite intersticial e urna inflamacao croniea e freqOentemente severa da
bexiga cuja causa e desconhecida Os sintomas primarios sao freqUelncia urgencia
e dor abdominal ou perineal e as culturas de urina sao raramente positivas Os
pacientes normalmente apresentam pequenas hemorragias (glomerulayoes) ou
ulceras na bexiga ahsectm de diminui9aO da capacidade urinaria e rela90es sexuais
dolorosas Muitos pacientes recebem urn diagn6stico prirnario de sind rome uretral
ale a descoberta do real diagn6slico (OSBORNE 2003)
Muitos pacientes com cistite intersticial tern urna hist6ria de ITU recorrente
Alguns autores teorizarn que a bacteria causa dora pode ser urna especie fastidiosa
ou presente ern pequeno numero e que a sua presen9a pode na~ produzir a cistite
intersticial mas ser responsavel p~r urna resposta inflamat6ria e imunol6gica
(BATRA1999)
A infeC9aO bacteriana da glandula prostatica (prostatite) pode ocorrer como
resultado de infeC9aO uretral ascendente par refluxo de urina infectada para as
ductos prostaticos via uretra posterior ou par via linfogenica ou hernatogenica A
17
prostatite bacteriana aguda promove urn abrupto inrdo de febre e sintomas
genitourinarios e constitucionais enquanto a croniea e urna enfermidade sutl
caracterizada por recidivas lTU recorrente e persistencia da bacteria na secre9ao
prostcitica mesma apas multiplos cursos de antibioticoterapia Urna terceira
sindrome a prostatite croniea idiopatica (inclui-se aqui a prostatite nao bacteriana e
a prostatodlnia) usualmente caracteriza-se par dor perineal persistente e sintomas
urol6gicos podendo ou nao estar associada a urn grande numero de celulas
inflamatorias na secre9ao prostatica e a urna bacteria cultivclvel laboratorialmente
(DOMINGUE HELLSTROM 1998)
A prostatite crOniea em homens com culturas negativas mas com
leucocitose na secrecao prosttltica (mais de 10 leuc6citos por campo em aumento de
1000X) e classificada como prostatite nao bacteriana e a doenca naqueles cujas
culturas sao negativas e que nao apresentam leucocitose na secreCao prostatica e
classificada como prostatodlnia (TANNER et al 1999)
o agente etiol6gico predominante nas prostatites bacterianas agudas e
cronicas e Escherichia coli seguido par especies de Proteus e Providencia e menos
cornu mente Klebsiefla spp Pseudomonas spp Serratia spp e Enterobacter spp
Estudos recentes demons tram que cepas de Escherichia coli causadoras de
prostatite expressam fatores de virulemcia similares as cepas causadoras de
pielonefrite Staphylococcus aureus Staphylococcus saprophyticus e outros
estafilococos coagulase negativos ocasionalmente podem causar prostatite assim
como algumas bacterias fastidiosas como por exemplo corinebacterias Gardnerella
vaginalis e Haemophilus influenza (LIPSKY 2003)
A prostatite cronica idiopatica (nao bacteriana) e uma condicao multi-
sintomatica de causa discutivel Etiologias propostas sao infeccoes par Chlamydia
18
trachomatis Mycoplasma hominis Ureapfasma urealyticum Trichomonas vaginalis
au agentes virais embora muitos estudos naD confirmem lais dados Tecnicas
microbiol6gicas especiais e tecnicas moleculares tern demonstrado em pacientes
com prostatite naD bacteriana colonizaf(80 prostatica com especies bacterianas de
baixa virulencia e tambem bacterias fastidiosas sugerindo etiologia infecciosa
(LIPSKY 2003)
Homens jovens com prostatite aguda podem ter baixas concentracoes de
bacterias na urina as quais nao sao reconhecidas como significantes e
possivelmente naD reportadas au entao podem ser infectados com microrganismos
fastidiosos como Gardnerella vaginais Quando traladas par insuficiente periodo de
tempo ou com um antibiotico inadequado que nao atinge urna concentracao
terapeutica adequada no tecido prostatico tais pacientes podem evoluir para uma
condi9ao de prostatite crOnica (MASKELL 1989)
A ITU e comum apos transplantes renais embora os riscos estejam sendo
diminuidos pelo uso de menores doses de imunossupressores e tambern pelo uso
profilatico de antibioticos Entre os fatores predisponentes pode-se citar infeccao
previa no rim do doador bern como alteracao do uroepitl~lio do receptor causada p~r
cateteres vesica is e stents ureterais Nos primeiros tr~s meses as ITU sao
geralmente assintomaticas e recidivantes ap6s esse perlodo sao menos freqOentes
e ha melhor resposta a antibi6ticos embora sejam comuns as complicacOes
urol6gicas como fistulas e obstrucoes Isquemia do orgao devido a dano arterial
pode promover ITU pela colonizacao bacteriana do tecido lesado usualmente por
bacterias comensais ou fastidiosas A erradicacao das infecc6es pode tomar-se
impossivel ate que 0 rim ou pelos menos 0 segmento prejudicado seja removido
(NABER et ai 2004)
19
Lactobacilos corinebacterias e alguns estreptococos fastidiosos podem ser
patogenos secundarios em ITU originalmente selecionados da microbiata uretral par
tratamento antibi6tico Tal situa~ao pade acorrer em pacientes que tenham recebido
agentes antibacterianos durante long05 periodos au antibioticoterapia aSSDciada a
urn periodo de cateterizayao A falha na deteqao laboratorial destas especies pade
resultar em tratamento antimicrobiano inadequada exacerbando 0 problema OU
ainda levar a investiga90es invasivas desnecessiuias (MASKELL 1989)
20
4 A ROTINA DA UROCULTURA NO LABORATORIO DE ANALISESCLiNICAS
o diagn6stico microbiol6gico de uma infeqao urinaria mesma baseando-se
na determinay80 de microrganismos em urn Hquido biologico normalmente esteril
apresenta dificuldades com relaCao a valoriz8gao dos resultados E sabido que
existem microrganismos naturalmente residentes na uretra regiao genital e perinea
que podem contaminar a urina acidentalmente somando-se a issa a a9ao da
temperatura que estimula a proliferar8o bacteriana Par outro lado as tecnicas de
coleta e cultivo de amastras devem ser direcionadas a pesquisa de microrganismos
pouco habituais as quais podem ser importantes em determinadas situaroes
(GOBERNADO ef al 2002)
A decisao de como uma amostra deve ser cultivada depende do metoda de
coleta e dos sinais e sintornas cllnicos do paciente informa~6es que deveriam ser
transmitidas ao laboratorio pelo medico Entretanto na maioria das vezes 0
laborat6rio recebe informa~6es incompletas ou incorretas que resultam na realiza~ao
de muito ou pouco trabalho com uma determinada amostra (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
A classifica~ao de culturas de urina por tipos permite que 0 manejo das
amostras seja direcionado pela necessidade clinica e que 0 laborat6rio possa
escolher os meios de cultura e a quantidade de inoculo mais apropriada Com base
nos dad os cllnicos do paciente podem-se definir tres tipos de cultura de urina
retina inspeao e invesligaliva (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
As culturas de retina sao apropriadas para pacientes ambulatoriais e com
ITU nao complicadas As culturas de inspe~ao devem ser realizadas em pacientes
geriatricos e individuos que utilizam cateteres vesicais nos quais a caloniza~ao au
infec~ao por multiplos microrganismos e comum Culturas investigativas sao aquelas
21
direcionadas para diagn6sticos especificos microrganismos fastidiosos ou grupos
diferenciados de pacientes Devern ser realizadas nos casas de cultura previa
negativa de falha na terapia antimicrobiana au no case de suspeita de urn
uropat6geno naD usual E tambem apropriada a sua realiza980 quando ha
discrepimcia entre a apresentacao clinica do paciente au a coloracao de Gram e 0
resultado previa da cultura (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Os meios de cultura m~is utilizados para semeadura de urina sao as
seletivQs diferenciais como 0 meio de Teague (agar eosin a azul de metileno) e de
Mac Conkey associados ao agar sangue 0 meio de CLEO (agar cistina lactose
eletr61ito deficiente) e muito utilizado no Brasil e permite 0 crescimento de bacterias
gram-negativas e gram-positivas Tais meios auxiliam na identifica980 presuntiva da
bacteria atraves da colora98o colonial indicando a capacidade de fermenta980 da
lactose (ALBINI 2004)
Segundo Clarridge Johnson e Pezzlo (1998) culturas urinarias de rotina
devem ser realizadas semeando as amostras em agar sangue de carneiro 5 e em
agar Mac Conkey eu um meio seletive similar e incubando as placas por 18 a 24
horas a 35 - 37deg C em ar ambiente Ainda assim e meio de CLEO e preferido nos
laboratories brasileiros pela sua versatilidade Para microrganismos fastidiosos 0
agar chocolate deve ser utilizado em conjunto com agar CNA (Columbia-colistin a-
acido nalidixico) eagar MacConkey devendo-se utilizar a al93 calibrada de 001ml
alem da al9a 0001 ml As placas de CNA e agar chocolate devem ser incubadas em
5 CO2 por 48 horas
Para popula96es especificas com ITU cronicas ou anormalidades
anatomicas pode ser apropriada a cultura visando microrganismos anaerobios au de
cresci menta lento (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
22
Para popula90es nas quais as culturas polimicrobianas sao comuns 0 agar
CNA pade ser utilizado para demonstrar a presenca de enterococos Qutros cocos
gram-positives au leveduras presentes nas culturas mistas 0 agar CNA permite urn
born cresci menta de estreptococos corinebacterias e Gardnerela vaginalis e deve
ser incubado por 48 horas a 35 C (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Amostras obtidas par puncao suprapubica au de pacientes com suspeita de
sindrome uretral aguda devem ser semeadas com al98 calibrada de 001 ml a1em
da ala de 0001 ml em agar sangue (OPLUSTIL et al 2004) Contagens baixas ou
mesma multiplos tipos de microrganismos devem ser valorizados em tais cases
(KONEMAN 1997)
Corynebacterium ureafyticum e Qutras corinebacterias desenvolvem-se bem
em agar sangue de carneiro 5 au agar CNA mas sao mais bern visualizadas ap6s
incubaao de 48 horas (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
As calOnias de Gardnerella vaginalis sao fracamente visiveis em agar
sangue ap6s 24 haras de incuba~ao e recomenda-se a usa de agar CNA au HBT
(agar sangue tween bicamada) e incuba~aa par 48 haras em tensaa de C02
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
as tactabacilos podem ser isolados em meias de isotamento prima rio
utilizadas para urina como a meio de CLEO no entanto devem ser incubadas par 48
horas em atmosfera de CO (MASKELL 1989)
a resultada da cultura deve ser sempre carrelacianada com a leitura do
Gram Caso nao haja crescimento ap6s 18 a 24 horas de incuba~ao e na
microscapia tenha sido observada a presen~a de microrganismas au numero
eleva do de leuc6citas deve-se incubar as ptacas par mais 24 haras (OPLUSTIL et
al2004)
23
A piuMa esteril e urn achado importante que po de refletir usa de
antibioticoterapia outras doencas como neoplasias au calculos urinarios au
infeccoes com microrganismos que naD sao detectados par rnetodos rotineiros de
cultura (MIMS et aI 1995)
o conceito de bacteriuria significativa para 0 diagn6stico das ITU e
tradicionalmente baseado no criteria quantitativa estabelecido par Kass na decada
de 1950 permitindo a distincao entre colonizarao e infecrao A utilidade e a
consistemcia do criteria de contagem de colOnias superior OU igual a 105 par mililitro
tern sido validadas repetidamente par varios pesquisadores demonstrando que tal
criterio nilo pode ser aplicado a todos os pacientes (FRANZ HORL 1999)
A baixa especificidade da cultura quantitativa de jato medio se deve apossivel adilao de bacterias comensais a urina durante a coleta A baixa
sensibilidade dos resultados inferiores a 105 UFCml pode ser devida a excregao
intermitente de bacterias que pode ocorrer em determinados sitlos do trato urinario
bem como ao uso de meios de cultura que nao proporcionam 0 cresci menta de
todas as especies capazes de infectar 0 trato urinario (FAIRLEY BIRCH 1989)
Altas contagens de bacterias aer6bias sao encontradas em amostras de
urina de jato medio quando os microrganismos sao providos de 6timo substrato e de
ten sao de O2 relativamente alta Em algumas sltuagoes como infecgoes cronicas
prostatite infecgao das glandulas parauretrais em mulheres litiase infecciosa e
cicatrizes renais per pielonefrite croniea os mierorganismos podem nao se
multiplicar tao rapidamente e pertanto nao apresentarem contagens tao altas quanta
nas cistites agudas Os sitlos de infecgao abaixe da bexiga nao fornecem as
mesmas condigoes favoraveis de incubagao ahsectgtmdisso a velocidade do fluxo
24
urinario e a freqO~ncia de miccaosao fatores que influem nas contagens bacterianas
(MASKELL 1989)
Torna-se claro que considerar baixas contagens de pat6genos aero bios em
culturas puras como contaminaCao e incorreto e pode levar a erros de diagn6stico
pois infeccoes de grande signific~ncia cHniea pod em nao estar sendo detectadas t
igualmente importante nao considerar automaticamente urna alta contagem de
col6nias como infecy8o sem considerar as condicoes do paciente e da coleta 0 usa
de antibi6ticos em resposta a urna alta contagem bacteriana pode selecionar cepas
resistentes tornando mais dificil 0 tratamento de infecgoes posteriores verdadeiras
(MASKELL 1989)
Alguns procedimentos utilizados para 0 diagnostico das ITU sao
considerados inaceitaveis atualmente e nao devem ser realizados como cultura de
cateter de Foley cultura de urina em meios Hquidos cultura de sedimento urinario
pesquisa de anaer6bios como procedimento de rotina e em urina de jato media au
obtida par cateteriza9ao bem como cultura de urinas que tenham permanecido mais
de duas heras sem refrigeragao au canservagao (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO1998)
41 COLETA E TRANS PORTE DE AMOSTRAS
A coleta e a trans porte inadequado da amostra podem levar a um resultado
de diffcil interpreta9aO Portanto a medida mais importante para realizar uma cultura
de urina e estabelecer rfgidos criterios de coleta e propiciar treinamento constante
para as profissionais envolvidos na realiza9aO da coleta (OPLUSTIL et al 2004)
Koneman et al (1997) recomendam que a paciente receba as instru90es de
coleta impressas ap6s receb~-Ias verbalmente Caso 0 paciente demonstre
inseguran9a au nao compreenda urn profissional treinado deve explicar novamente
25
passo a passo ou se passivel acompanhar pessoalmente a coleta (coleta
supervision ada)
Amostras de urina de jato media sao as amostras mais comumente
submetidas a cultura De preferencia deve ser colhida a primeira urina da manha
podendo ser aceitas urinas com pelo menos 2 heras de reten~ao Ap6s higiene da
regiao genital despreza-se 0 primeiro jato - 0 que auxilia a eliminacao dos
contaminantes da uretra inferior - e colhe-se 0 jato media em fraseD esteril
apropriado desprezando-se 0 final da mic9ilo (OPLUSTIL eJ al 2004) A higiene
genital deve ser realizada com agua e sabao naD anti-septico devendo ser as [abias
vaginais afastados e 0 prepucio retraido antes da miccao (GOBERNADO et 81
2002)
Alguns autores afirmam que mesma quando a coleta e meticutosamente
reatizada com a assist~ncia de um pro fissional treinado a urina apresenta-se
frequentemente contaminada (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Amostras urinarias de criancas obtidas com saco coletor devem ser colhidas
apos higiene da regiao genital e colocacao do saco coletor de forma asseptica
Troca-se 0 coletor a cada 45 minutos ou 1 h~ra repetindo-se a higiene e evitando-se
contaminacao fecal 0 coletor deve chegar fechado ao laborat6rio Tas amostras
freqOentemente sao contaminadas com microrganismos fecais promovendo
resultados falso-positivos portanto 0 maior significado clinico de amostras obtidas
com saco coletor e 0 resultado negativo (OPLUSTIL et a 2004) Culturas positivas
devem ser confirmadas por metodos de cateterizacao direta ou aspiracao
suprapubica (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Em pacientes com sanda vesical permanente pinca-se a canula do coletor
realiza-se desinfeccao da canula com alcool 70 e punciona-se com seringa e
26
agulha estereis colocando-se a amostra em frasee esteri Nunea se deve obter a
amostra do saco coletor de pacientes sand ados porque a multiplica9ao bacteriana
fornecera urn numero muito maior que aquele real mente presente no paciente
(OPLUSTIL et al 2004) Tambem nao se reeomenda deseoneetar 0 eateter do tubo
coletor sob risco de introduyao de microrganismos no sistema Sempre que passivel
tal coleta deve ser realizada ap6s troea do cateter pois urna microbiota que naD
corresponde a do paciente pade residir em cateteres antigos (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
A punyao suprapubica e considerada a metoda padrao auro para coleta de
urina par representar a verdadeira bacteriuria vesical (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998) Calhe-se com seringa e agulha diretamente par pun9ao vesical Tal
procedimento evita problemas de contamina9ao uretral e e recomendado para
crian9as ate dois anos detec9ao de anaer6bios enos casos de repeti9ao de ex ames
com interpretaoes duvidosas (OPLUSTIL et al 2004) Pode tambem estar indieada
para homens de qualquer idade com fimose e em mulheres com bacteriurias de
repeti~o de proeedeneia duvidosa (GOBERNADO et al 2002)
A cateteriza9ao com finalidade unica de obten9ao de amostras somente
deve ser realizada em pacientes nos quais nao seja possivel a elimina9aO
espontanea de urina como doentes neurologicos au com problemas urol6gicos
obstrutivos Caso seja necessaria devern-se utilizar tecnicas rigorosas de assepsia
por causa do alto risco de introdu9ao de rnicrorganismos (KONEMAN et a 1997
GOBERNADO et a 2002)
Para a pesquisa de Mycobacterium tuberculosis tres amostras de urina da
manha devem ser coletadas em dias consecutivos as tecnicas de cultivo para
27
micobacterias naD permitem a cresci menta de outros agentes e portanto a coleta
nac necessita de assepsia rigorosa (MIMS et al 1995)
Caso naD seja passivel a processamento da amostra de urina em ate 2
haras apas a coleta a amostra deve ser refrigerada (2 a 80 C) e processada em ate
24 haras tempo maximo para manuten~ao da contagem bacteriana estavel 0 usc
do preservativo acido b6rico permite que a amostra permane98 a temperatura
ambiente (20 a 25 C) ate 24 horas antes de ser process ada (OPLUSTIL ef aI 2004
CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Sistemas de trans porte usanda acido b6rico podem ser metodos alternativQs
para coletas realizadas em casa au em locais distantes do laborat6ria e mostram-se
tao efetivos quanta a refrigeragao (KONEMAM ef ai 1997)
Oepois de coletada a amostra de urina deve ser encaminhada ao laboratorio
a mais rapido possivel e com todas as informayoes necessarias para degprocessamento Devem ser relatados 0 horario e 0 metodo da coleta 0 tempo de
reteny80 da urina 0 tipo de paciente (por exemplo urologico ou geriatrico) a idade
o sexo se 0 paciente tem recebido quantidades aumentadas de Ifquido
apresentay80 clinica (existencia de sintomas) resultados de urinalise (presen9a de
celulas inflamat6rias) e resultados antecedentes de cultura (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
De maneira ideal as amostras devem ser coletadas antes do inicio da
terapia antimicrobiana Caso 0 paciente ja esteja recebendo ou tenha recebido
antibioticoterapia nas 48 horas antecedentes a realizay80 do exame esta
informay80 deve ser explicitada no formulario de requisiy80 do exame (MIMS et al
1995)
28
Recoletas devem ser solicitadas quando amostras nae refrigeradas forem
recebidas 2 horas ou mais ap6s a coleta au quando nac fcrem comunicados 0
horario e a forma de coleta No entanto nenhuma amostra deve ser desprezada
antes do cantata com 0 medico solicitante po is ela pade em alguns casas ser
insubstituivel (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Menos de 5 das urinas coretadas e transportadas adequadamente
apresentam multiplos microrganismos Exce~6es sao amostras de pacientes com
bexiga neurogemica au usa cranico de cateteres nos quais a bacteriuria
polimicrobiana pade ser detectada em 30 a 80 das culturas freqOentemente sem
infecao (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Segundo Koneman et al (1997) a acuracia do procedimento de coleta de
urina pode ser monitorada pela frequencia de exames com contagens entre 104 a 105
UFCml que nao deve exceder 5 a 10 se os procedimentos forem realizados
apropriadamente
42 A IMPORTANCIA DA COLORAltAo DE GRAM
Durante as ultimas decadas testes rapidos de triagem para bacteriuria foram
desenvolvidos com 0 propos ito de fornecer resultados mais rapid os e de eliminar a
necessidade de cultivar amostras negativas Entretanto sua utilizacao e limitada
principalmente pela incapacidade de detectar baixos niveis de bacteriuria e piuria
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
A coloracao de Gram da urina nao centrifugada e um dos metodos mais
rapidos seguros e baratos para estimar bacteriuria superior a 105 UFCml e
presenca de mais de 8 a 10 leucocitoslJl Homogeneiza-se muito bem a urina
coloca-se uma gota sobre lamina sem espalhar e deixa-se secar ao ar A lamina
deve ser fixada par calor au metanol (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998) A
29
presenca de uma ou mais celulas bacterianas per campo em aumento de 1000
vezes tern sensibilidade de 94 e especificidade de 90 em refletir uma contagem
de colOnias superior a 10 UFCml (KONEMAN ef al 1997)
Embora seja urn metoda barato de triagem a coloraC8o de Gram naD e
utilizada par muitos laborat6rios pelo consumo de tempo e baixa sensibilidade em
contagens inferiores a 105 UFCml Sugere-se a sua utilizacao como teste de triagem
apenas em pacientes com contagens de col6nias provavelmente altas
principalmente as assintomaticos e com suspeita de pielonefrite Alguns autores
relatam melhora da sensibilidade a nlveis acima de 104 UFCml com 0 usa de
citocentrifuga (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
A coloraCao de Gram do sedimento urinario em bora ainda utilizada por
muitos laboratorios e impropria pela baixa reprodutibilidade e dificuldade de
padronizacao e correlacao com os metodos de velocidade de excrecao de leucocitos
au contagem em camara (ALBINI 1994)
As informac6es fornecidas pela cOloracao de Gram sobre a morfologia do
microrganismo e caracteristicas na coloracao sao extremamente importantes para a
selecao inicial da terapia antimicrobiana enquanto se aguarda 0 informe definitivo
do resultado da cultura e do antibiograma (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO
1998)
~ imprescindivel a realizacao da coloracao de Gram para deteccao de
bacterias fastidiosas ou nao usuais Devido a dificuldade de desenvolvimento nos
meios utilizados para a deteccao de enterobacterias em alguns casos somente a
visualizacao microscopica indicarcfi a sua presenca (FRANZ HORL 1999)
A observacao microscopica da urina permite verificar a qualidade da amostra
especialmente em mulheres nas quais a contaminacao vaginal e frequente
30
produzindo resultados falso-positivos A presen~a de muitas celulas epiteliais e de
mais de urn tipo de microrganismo no Gram sugere contamina9aO da amostra em
decorrencia da coleta (OPLUSTIL et ai 2004)
Dutro aspecto importante da coloracao de Gram e a sua utilidade no
monitoramento das culturas podendo-se pelo seu resultado detectar erras tecnicos
e ate mesmo troca de amostras (ALBINI 2004)
31
5 BACTERIAS FASTIDIOSAS E INFECcAO DO TRATO URINARIO
Em 1989 Maskell citou a ocorrencia de bacterias fastidiosas como algumas
especies de estreptococos Gardnerela vaginalis Haemophilus influenzae
Corynebacterium spp e lactobacilos em infecgoes da bexiga e trato urinario superior
isoladas de amostras de urina obtidas par cateteriz8gao aspiragao supra-pubica e
tarn bam de amostras de tecido obtidas per bi6psia vesical Relatou tambem a
preseng8 de tais bacterias na urina de gestantes assintomaticas com mais
freqOencia do que em nao-gestantes e que as gestantes apresentando bacteriuria
posteriormente desenvolviam sintomas com mais freqoencia do que as que nao
apresentavam bacterias na urina
Fairley e Birch (1989) realizaram um importante estudo demonstrando que
pacientes com sintomas de infec~ao do trato urinario apresentando resultados
negativos em culturas de rotina podem abrigar bacterias fastidiosas ou baixas
contagens de uropat6genos convencionais na bexiga Os pacientes incluidos no
estudo foram os que apresentaram resultados inconclusivos em culturas previas de
jato medio como desenvolvimento inferior a 105 UFCml de um pat6geno
convencional ou a desenvolvimento superior a 102 UFCml de uma bacteria
fastidiosa Foram avaiiadas urinas obtidas por aspirayao suprapubica de 1817
mulheres e 300 homens cultivadas para uropat6genos convencionais e bacterias
fastidiosas utilizando in6culo que proporcionou resultados entre 101 e 107 UFCml A
freqOencia de isolamentos esta representada na tabela 1
32
TABELA 1 - FREQUENCIA DE BACTERIURIA EM 2117 PACIENTES(AMOSTRAS OBTIDAS POR PUNCAO SUPRAPUBICA) -1989
Uropat6-Culturas positivas $omente $omente especies genos
(n = 597) uropat6genos fastidiosas conven-convencionais (n = 366) cionais
n = 170 eespeci-
Pacientes Unica Multiplas Unica Multiplas Unica Multiplas esespecie especies especie especies especie especies faslidio-
sasMulheres (n = 1817) 370 191 148 5 222 125 61Homens (n = 300) 36 0 17 0 19 0 0
FONTE The Royal Melbourne Hospital
Vinte e aito especies microbianas foram isoladas no trabalho em questao
sendo Ureaplasma urealylicum Gardnerella vaginalis Escherichia coli Mycoplasma
hominis e Staphylococcus epidermidis as especies mais isoladas Quinhentas e
oitenta e uma (70) das 830 cepas isoladas pertenciam a especies fastidiosas -
Ureaplasma urealyticum Gardnerella vaginalis e Mycoplasma hominis - que nao sao
recuperadas em meies de cultura canvencianais Gardnerella vaginais fai mais
freqUente em mulheres enquanto Ureaplasma urealyticum nao apresentou diferen9a
estatisticamente significativa entre os sexas Treze esptkies fcram isoladas em
apenas uma ou duas ocasioes entre elas Streptococcus equi Streptococcus
equisimifis Streptococcus sanguis Morganella morgan Klebsiella oxytoca
Peptococcus anaerobius Proteus vulgaris Enterobacter aerogenes Salmonella
enteritidis Pseudomonas aeruginosa Haemophilus influenzae Haemophilus
parainfluenzae e Haemophilus parahaemofyticus Anaer6bios estritos foram isolados
de apenas sete dos 597 pacientes (FAIRLEY BIRCH 1989)
Culturas polimicrobianas foram obtidas em urn teno das pacientes do sexo
feminino e nao foram verificadas no sexe masculino A freqOencia de uropat6genos
cenvencienais e fastidiesos encontra-se na tabela 2
33
TABELA 2 - FREQU~NCIA DE UROPATOGENOS CONVENCIONAISE BACTERIAS FASTIDIOSAS EM 191 PACIENTES DO SEXOFEMININO COM BACTERIURIA POLMICROBIANA - 1989
Numero de Somente Samente especies Especiesespecies (numera uropat6genos fastidiosas convencionais e
de pacientes) convencionais fastidiosasOois (153) 9 99 45Tres (34) 0 17 17Quatro (4) 0 1 3
FONTE The Royal Melboume Hospital
Ureaplasmas au Gardnerella vaginalis fcram recuperados em 179 das 191
mulheres com infecgao polimicrobiana estando presentes concomitantemente em
100 das 191 amostras sugerindo urna passivel relacc3osimbi6tica Uropat6genos
convencionais fcram isolados em pouco mais de 33 das mulheres na maiaria dos
casas acompanhados por bacterias fastidiosas indicando que infeccoes
polimicrobianas usualmente envolvem bacterias fastidiosas (FAIRLEY BIRCH
1989)
A contagem de col6nias excedeu 105 UFCml apenas na minoria dos
pacientes portanto a bacteriuria nao seria detectada em muitos individuos caso 0
valor de ponto de corte tradicional tivesse sido utilizado Os resultados tambem
mostraram que baixas contagens bacterianas podem acontecer com qualquer uma
das especies bacterianas isoladas embora tenham sido mais freqoentes para
Ureaplasma urealytieum e Mycoplasma hominis Cento e setenta e quatro (21)
isolados apresentaram contagens inferiores a 103 UFCml sendo 138 (84)
pertencentes a especies fastidiosas (FAIRLEY BIRCH 1989)
Franz e HOrl (1999) citaram a ocorrencia de HaemophiJus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae pneumococos Campyobaeter Legionella
pneumophila Salmonella spp Shigella spp Corynebacterium grupo 02
34
Mycobacterium tuberculosis micobacterias atipicas e fungos como causadores
ocasionais de ITU
Domann et al (2003) realizaram estudo em amostras do trato urinario de
transplantados renais utilizando tecnicas moleculares baseadas em 168 rRNA peR
e cromatografla liquida de alta performance (DHPLC) Foi avaliada a aplicaaD do
metoda em 109 amostras e observou-se 100 de correlacao para amostras cultura-
positivas Para as amostras cultura-negativas a DHPLC permitiu a deteccao de
uropat6genos previa mente conhecidos como Corynebacterium urealyticum e
Gardnerella vaginalis mas tambem agentes nao usuais como AnaerocDCCUs
laclolyticus Bacteroides vufgatus Diaisler invisus Fusobacterium nuceaturn
Lactobacillus iners Leptotrichia amnionii Prevotella buccalis Prevotella ruminicola
Rahnella aquatilis e Streptococcus intermedius detectados como unicos pat6genos
ou como agentes de infecyoes polimicrobianas Uma vez que as ITU sao
freqGentemente associadas com inicio precoce de rejeiyBo cronica em
transplantados renais e conveniente a pesquisa de agentes patogenicos
oportunistas e nao usuais para 0 correto direcionamento do tratamento
antimicrobiano
Quatro casos de ITU com bacteremia por Methylobacterium spp em
pacientes do sexo feminino imunocompetentes foram reportados por Lee Tang e Uu
(2004) Todas as pacientes tiveram hemoculturas positivas para Methylobacterlum
spp e suas culturas de urina foram negativas ou positivas para Escherichia coli com
crescimento concomitante de outro bacHo gram-negativ~ em baixa contagem que foi
ignorado Foram realizados experimentos especiais com os isolados indicando que
de acordo com os procedimentos padrao para culturas de urina com 24 horas de
incubayao a 35degC as colonias de Methylobacterium spp nao sao visualizadas e 0
35
pequeno numero de col6nias observado ap6s incuba~ao adicional de 24 heras a
temperatura ambiente apenas sugere ser a especie urn contaminante
Particularmente quando especies de Methyfobacterium estao presentes
concomitantemente com Escherichia coli ocorre supressao do cresci menta de
Methylobacterium spp tornando impassivel a sua deteccao 0 estudo conclui que a
falta de relatos de casas de ITU por Methylobacterium spp deve-se a impossibilidade
de detec~ao da especie por metodos padrao de cultura de urina au ainda porque a
baixa virulelncia da bacteria pode produzir ITU autolimitadas au talvez muitas vezes
curadas com as antibi6tico5 normalmente utilizados As especies estudadas fcram
variavelmente resistentes as cefalosporinas acido nalidixico nitrofurantoina e
sulfametoxazol-trimetoprim e 100 suscetiveis a ciprofloxacin imipenem e
aminoglicosideos
51 Corynebacterium spp
Corynebaclerium urealylicum pode ser uma importante embora rara causa
de ITU variando a freqOencia de isolamentos significativos de zero a 35 em
popularoes nao selecionadas A bacteriuria por Corynebacterium urealyticum ocorre
em pacientes hospitalizados per longos perledes severamente
imunocomprometidos urologicamente manipulados ou idosos Tal microrganismo
tam bern tern sido associado com pielonefrite e pode desaparecer espontaneamente
da urina mesmo sem antibioticoterapia (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Corynebacterium glucuroneyticum tambem chamado Corynebacterium
seminae tern side iselade de semen e trate g~nite-urinarie masculine e pede causar
prostatite ou uretrite Corynebacterium pseudogenitalium (CDC grupo F1) tambem
tern sido reconhecido como pat6gene do trato urinario (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
36
Foi relatado por Soriano e Ponte (1992) um caso de cistite de incrusta~ao
causado por urn corineforme identificado como CDC grupo F1 0 paciente havia
sofrido ITU previas persistentes causadas por Corynebacterium ureayticum (CDC
grupo 02) A cura bacteriol6gica foi alcan=ada apes urn mes de tratamento com
amoxicilina e acido acetohidroxamico
Meria at al (1998) realizaram levantamento bibliografico entre as anos de
1985 a 1997 sabre casas de cistite e pielite de incrustacao Foi constatado a
aumento progressive no numero de cases especialmente em pacientes
imunodeprimidos e particularmente em transplantados renais Tais inflamacoes
cr6nicas estao associadas com incrustac6es da mucosa causadas por bacterias
produtoras de urease tendo sido as mais freqOentes especies de Corynebacterium
grupo 02 A presenCa de urina alcalina contendo abundantes debris mucopurulentos
calcificados e alta mente sugestiva e pode auxiliar no diagnostico clinico A
demonstracao da bacteria envolvida requer culturas prolongadas em meios de
cultura enriquecidos 0 diagnostico precoce pode evitar falhas de tratamento e uma
possivel rejeicao do orgao transplantado
Em estudo realizado par Riegel et al (1995) corineformes em quantidades
significativas (104a 105 UFCml) foram isolados em amostras de semen uretra urina
e sangue de homens inferteis com diagn6stico de prostatite As analises genomicas
realizadas demonstraram ser as cepas pertencentes a uma mesma especie dentro
do genero Corynebacterium As 12 amostras mostraram padroes bioquimicos
simi lares entre elas born crescimento em agar sangue de carneiro em contraste com
crescimento pobre no mesmo meio suplementado com Tween 80 1 teste de
CAMP positivo fermentacao de glicose sacarose e presenCa de beta-glucuronidase
Tais caracteristicas permitiram a distincao destas cepas dos outros membros do
37
genera e 0 nome proposto foi Corynebacterium seminae Embera organismos
difter6ides pass am fazer parte da microbiota uretral a presenCa de contagens
significativas destas especies no semen sugere urna implica~ao infecciosa
particularmente na prostatite
Estudo molecular filogenetico baseado em 16S rRNA peR realizado em
pacientes com prostatite croniea demonstrou sinais bacterian05 em 65 dos
pacientes estudados Foi constatada a ocorreuromcia de um amplo espectro de
especies bacterianas no fluido prostatico dos pacientes incluindo Corynebacterium
Staphylococcus PepiosfreptococGUS Streptococcus e Escherichia Especies do
genera Corynebacterium foram encontradas em maior proponao incluindo especies
ainda nae descritas e n~o presentes nas amostras de controle sugerindo que
possam ter um papel na doen~a au que sejam conseqOemcia da mesma 0 estudo
mostreu ainda que os microrganismos associ ados com prestatite geralmente
ocorrem em comunidades microbianas distintas daquelas encontradas em liquidos
prostaticos normais (TANNER ot al 1999)
Segundo Domingue e Hellstrom (1998) a observaltio microsc6pica
cuidadosa de amostras de secre~~o prostatica bern como a inocula~~o em meios
enriquecidos sao essenciais para a isolamento de corineformes Foi realizado estudo
em uma amostra de secre~ao prostatica na qual a colora~ao de Gram apresentou
cocobacilos gram Itlbeis pleom6rficos que nao se desenvolveram em meios de rotina
incubados por 72 horas a 35degC Houve desenvolvimento em meio de cultura
enriquecido com extrato de leveduras e sora de cavalo e incubado no minimo 72
horas em atmosfera de 5 de CO2 a 35degC A secregao inoculada em caldo triptose
demonstrou a presen~a de bacilos gram-varitlveis (microscopicamente) e quando
repicada produziu bacilos de crescimento lento em meios de retina e enriquecidos
38
(incubados aerobicamente anaerobicamente ou sob tensao de CO2 par 72 haras)
Corineformes ocultos pod em ser agentes etiol6gicos da prostatite idiopatica croniea
que sao frequentemente perdidos au nao percebidos em procedimentos
bacteriol6gicos de rotina
52 Gardnerella vaginais
o significado de Gardnerela vaginais em urina e controverso pois a
principal associacao patogElnica desta bacteria e com a vaginose na mulher Embora
baixas contagens na urina parecam refletir a micro biota da uretra masculina ou
feminina contagens aeima de 10000 UFCml ja fcram associadas com bacteriuria
sintomatica ITU recorrente cistite na mulher uretrite e prostatite no homem
Entretanto me sma quando ern altas contagens freqOentemente nao ha resposta
leucocitaria Gardnerela vaginalis e encantrada mais freqOentemente em mulheres e
pacientes com doena renal e ap6s instrumentaao (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
Estuda realizado par Agarwal e Dixon (2001) investigau a passivel papel de
Gardnerella vaginalis na cistite intersticial usando metodos maleculares para
garantir a recuperaCao do microrganismo mesmo em baixas contagens Nenhuma
das trinta e tres amastras de bi6psias de bexiga de pacientes com cistite intersticial
foram positivas para Gardnerella vaginais a que embora nao exclua seu
envalvimenta na cistite intersticial diminui esta probabilidade
Ginestre Perez et al (2001) realizaram estudo de mil trezentas e setenta
amostras de jato media de urina de pacientes com sintomas de ITU Gardnerella
vaginalis cujo papel patagenica no trato urinario e discutivel ocupou a segundo
lugar em freqOencia etiologica (1763) ficando atras somente de Escherichia coli
(5210) e superando microrganismos cansiderados uropat6genas classicos como
39
Proteus mirabifis (763) Klebsiella pneumoniae (684) e Pseudomonas
aeruginosa (368) Embera a presen~a de Gardnerella vaginais em amostras de
jato media urinario possa indicar contaminayao vaginal todos as cultivos positivos
para esta bacteria apresentavam contagens superiores a 100000 UFCml e
provinham de pacientes sintomaticos representando urna alta probabilidade de
infec~ao urinaria verdadeira
53 Mycoplasma hominis E Ureaplasma urealyticum
Especies patogenicas como Mycoplasma hominis e Ureaplasma urealyticum
ocorrem freqOentemente como colonizantes do trato urogenital inferior de homens e
mulheres saudaveis A ocorrencia de infec~ao esta provavelmente relacionada a
imunossupressao obstru~ao ou procedimentos previos de instrumental)ao no trato
urinario Ureaplasma urealyticum tern sido encontrado em calculos urinarios de
pacientes com liHase infecciosa sugerindo uma possivel associal)ao causal
Mycoplasma hominis tern sido isolado do trato urinario superior em pacientes com
sintomas de pielonefrite aguda FreqOentemente ha resposta imunol6gica especifica
(MURRAY 1999)
Foi pesquisada a presen9a de Ureaplasma urealyticum e Mycoplasma
hominis em amostras de jato medio de 314 mulheres e 52 homens sintomaticos do
trata urinltilria Ureaplasma urealyticum fai isalada em 54 (171) das mulheres e 8
(154) dos hom ens e Mycoplasma hominis foi isolado em 12 (38) das mulheres
e 4 (77) dos homens Ureaplasma urealyOcum foi superado apenas par
Escherichia coli e Gardnerella vaginalis em ambos grupas 366 e 254
respectivamente no sexo feminina e 585 e 308 no masculino Demonstrou-se
partanto que a bacteriuria par ureaplasmas e relativamente co mum porem nao e
40
detectada por metodos convencionais de cultura de urina (AVILES ZARAGOZA
1998)
A significancia de micoplasmas em amostras de jato medic urinario e de
dificil determinacao devido a provavel contaminacao da amostra par
microrganismos colonizantes da vagina e uretra distal Entretanto estudos
realizados em amostras de aspirado suprapubico em gestantes demons tram que 0
desenvolvimento de pre-eclampsia e tres vezes mais prov3vel em mulheres
apresentando culturas positivas para ureaplasmas no inicio da gestacao do que em
mulheres com culturas negativas no mesmo periodo (KONEMAN ef a 1997)
54 Haemophilus spp
Existem varios estudos relacionando Haemophifus influenzae e Haemophilus
parainfluenzae a ITU embora sua freqOencia e significancia nae tenham sido
confirmadas Alguns pesquisadores sugerem a inclusao de agar chocolate em
culturas de urina de crian~as por causa da associa~ao de Haemophilus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae com outras infec~6es nesta faixa etaria (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
Maskell (1989) citou a ocorrencia de certas bacterias fastidiosas em sftios do
trato urinflrio abaixe da bexiga como par exemple em cases de prostatite por
Haemophilus influenzae
55 Lactobacillus spp
Em estudo realizado em pacientes do sexe feminine com sind rome uretral
aguda demonstrou-se uma alta freqOencia de isolamentos de lactobacilos Durante
dois anos amastras de jato medic de tais pacientes foram cultivadas observando-se
a principio alta concentracao de lactobacilos principalmente nas pacientes
sintomaticas Ao final do estudo durante 0 qual foi impedido 0 usa de antibi6ticos os
41
lactobacilos desapareceram da urina de muitas mulheres as quais tornaram-se
assintomaticas Os autores concluiram que as sintomas da sindrome uretra podem
ser devidos a multiplica~ao desproporcional de lactobacilos na uretra distal como
resultado de antibioticoterapia frequentemente administrada em cursos prolongados
para resolurao dos sintomas urinarios Lactobacilos tambem tern sido relatados em
amostras de urina obtidas diretamente da bexiga e de amostras de tecido obtidas
par bi6psia vesical bern como ocasionalmente isolados em urinas de mulheres
idosas com sintomas urinarios (MASKELL 1989)
56 COCOS GRAM-POSITIVOS
Microrganismos dos generos Lactococcus Gemella Aerococcus e
Globicatella embora possam estar presentes como contaminantes em culturas de
material clinico tern sido isolados como patogenos oportunistas ern urina e outras
amostras de pacientes imunocomprometidos Esforyos para identifica-Ios devem ser
realizados quando os isolados forem clinicamente significantes isto e isolados
repetidamente ou em cultura pura Devido a semelhanya com outros cocos gram-
positivos isolados com mais freq04sectncia como estreptococos enterococos e
estafilococos possivelmente sao confundidos com especies destes generos
(MURRAY 1999)
Golapachar et al (2004) relata ram um caso de infec9ao do trato urinario com
bacteremia causa do por Aerococcus viridans em um homem de 87 anos residente
em uma cUnica de repouso A cultura de urina apresentau crescimenta de 105
UFCml de Aerococcus viridans e a hemocultura fai positiva para a mesmo
microrganismo Os testes bioqulmicos que leva ram a identificayao do
microrganismo faram reayoes negativas de catalase e LAP (Ieucina aminopeptidase)
e reaDes positivas para PYR (L-pyrrolidonyl-beta-naphtylamina) fermentaao de
42
trehalose e manese resistencia a optoquina crescimento em agar bile esculina 40
e cresci menta em cloreto de s6die 65 As especies de Aerococcus sao anaer6bias
facultativas a maioria catalase negativa com tendemcia a formaCao de tetrades na
morfologia microsc6pica PYR positivo e LAP negativ~ a que as diferencia de
enterococos e estreptococos
A escassa documentacao a respeito de infecyoes humanas por Aerocccus
sp deve-se provavelmente a sua similaridade microbiol6gica aos estreptococos alfa-
hemoliticos e enterococos e possiveis erras na interpretacao laboratorial de
amostras clinicas No casa acima descrito a laborat6rio de microbiologia nao pade
reaHzar a antibiograma devido a natureza fastidiosa da bacteria mas houve sucesso
terapeutico ap6s administray8o intravenosa de levofloxacin (GOLAPACHAR et al
2004)
Um caso de pielonefrite e urossepsis por Streptococcus pneumoniae foi
relatado em urn hornem de 82 anos com hist6ria clinica de leucemia linf6ide cronica
e diabetes mellitus Exames radiograficos abdominais e tomografia computadorizada
mostraram uma imagem indicativa de extensa pielonefrite no rim esquerdo sem
nenhum outro foco de infecc8o 0 abscesso renal foi tratado por drenagem
transuretral e 0 material purulento obtido foi cultivado assim como materiais de
orofaringe escarro e sangue Esearro e orofaringe revelaram apenas mierobiota
normal do trato respirat6rio enquanto 0 material drenado e as hemoculturas
demonstraram microseopicamente cocos gram-positiv~s aos pares e em eadeias
alguns dos quais eram lanceolados havendo bom crescimento em agar sangue de
carneiro e agar chocolate a 37degC As col6nias eram fracamente alfa-hemoliticas no
agar sangue e nao muc6ides catalase-negativas e sensiveis a optoquina Testes de
aglutinac8o sorologiea de ambos materiais confirmaram a identificac8o e testes
43
moleculares demonstraram ser as dois isolados identicas Apesar da terapia
antimicrobiana a paciente desenvolveu coagula98o intravascular disseminada e
sofreu uma parada cardiaca sendo que 0 quadro foi revertido mas tornau-se
necessaria a nefrotomia para eliminar a foco da infeccao Em contraste a estud05
anteriores a paciente descrito apresentou um verdadeiro casa de pielonefrite
abscesso renal e urossepsis causados par Streptococcus pneumoniae A presenca
de doencas como leucemia linf6ide crOniea e diabetes mellitus fcram 5uficientes para
causar um certa grau de imunossupressao e predispor a paciente a infeccao par
Streptococcus pneumoniae mesma sem hist6ria antecedente de infecC8o
pneumoc6cica trauma ou interven9ao cirurgica (DUFKE KUNZE-KRONAWITIER
SCHUBERT2004)
57 BACT~RIAS ANAER6BIAS
Tern sido descritos casas de infec90es do trato urinario par bacterias
anaer6bias com as mais diverses tipos de apresenta90es clinicas entre processes
crenicos e agudos As bacterias recuperadas sao bacilos gram negativQs incluindo
Bacteroides fragifis Prevotella sp e Porphyromonas sp Clostridium sp cocos
gram-positiv~s e Actinomyces sp Em muitos casas sao recuperadas em culturas
mistas com coliformes e estreptococos (BROOK 2004)
58 OUTRAS BACT~RIAS FASTIDIOSAS
Foi descrita par Greub e Raoult (2002) uma nova especie bacteriana
Actinobaculum massiliae recuperada da urina de uma mulher de 81 anos com ITU
cr6nica Os estudos fenotipicos genotfpicos e filogeneticos realizados mostraram
ser 0 isolado urna nova especie ainda nao recanhecida dentro do genera
Actinobaculum e foi proposta a denominacao Actinobaculum massiliae A mesma
cepa faj isolada tres vezes num perlodo de sete meses mesmo apes tratamento
44
com amoxicilina sulfametoxazol~trimetoprim e rifampicina Devida ao fata do
microrganismo nao ser isolado em procedimentos laboratoriais de rotina uma ITU
devido a Actinobaculum massiliae pade ser mal diagnosticada Alem disso as
col6nias apresentam heterogeneidade morfol6gica ap6s cinco dias de incubacao
podendo levar a uma errOnea interpretaC(ao de contaminacao com duas especies de
badlas gram~positivos 0 usa de agar sangue de carneiro e incubacao prolongada
motivado pela presenca de 106 leuc6cit05 per ml na urina da paciente permitiu a
desenvolvimento da cepa Houve cura ap6s tratamento com doxiciclina (GREUB
RAOUL T 2002)
Em estudo clinico e microbiol6gico de mulheres com sindrome uretral -
excluindo pacientes com cistite bacteriana - 41 pacientes foram comparadas com 42
pacientes controle Nao foi encontrada diferenca entre pacientes e con troles em
incid~ncia de Chlamydia trachomatis e outros microrganismos de transmiss3o
sexual 0 numero de lactobacilos e outros microrganismos fastidiosos bem como a
numero de leucocitos na urina nao apresentaram diferenca entre pacientes com
sintomas leves e intensos ou entre pacientes e controles Os auto res sustentam a
hipotese da sindrome uretral nao ser causada por infecrao bacteriana ou clamidial
(GILLESPIE et al 1989)
45
6 CONCLUSAO UMA REFLExAO
E indiscutivel a importo1ncia para a laborat6rio de requisicoes de exame
completas com informayoes sabre suspeita clinica existencia de sintomas
anormalidades do trata urinario e condhoes imunol6gicas do paciente Embora
tradicionalmente a maiaria dos medicos nao fornega muitas informacoes sabre 0
paciente ao laborat6rio a microbiologista pede incentivar a criacao de urn canal de
comunicacao quando observar a necessidade de informagoes sobre determinado
paciente
Exames anteriores do paciente sempre que disponiveis devem ser
consultados e comparados pois informacoes sabre infecc6es recorrentes au
recidivantes especies bacterianas envolvidas au presen9a de piuria esteril sao
importantes para direcionar a pesquisa para agentes fastidiosos
o metoda de coleta e as condi~6es de transporte da urina deterrninam a
qualidade da amostra e a quao relevantes serao as microrganismos nela
encontrados Considerando-se que urna bacteria normalmente considerada como
contarninante introduzida durante a coleta pode ser em alguns casos patogenica ou
ainda que uma especie fastidiosa patogenica de crescimento lento pode ter seu
crescimento inibido par uma contaminante de crescimenta mais rapido a coleta
adequada torna-se urn fator de suma importancia para a detec~ao de especies
fastidiosas em urina
Como ja discutida torna-se indispensavel a realiza~ao da calora~ao de
Gram em amostras de urina pOis alem de ser urn teste de triagem rapida e barato
para bacteriuria acima de 105 UFCml pode ser 0 unica indicativa da presen~a de
urna especie fastidiosa
46
A comunica~ao entre a microbiologista e a medico pode determinar nao 56 a
sucesso do diagn6stico e do tratamento como a viabilidade economica da pesquisa
de bacterias fastidiosas para 0 laborat6rio urna vez que direciona as esforyos
laboratoriais aos pacientes que realmente necessitam evitando 9a5t05
desnecessarios
Bacte-rias fastidiosas podem nao responder ao tratamento antibi6tico para
pat6genos convencionais do trato urinario portanto a pesquisa precocemente
direcionada para tais agentes pode melhorar 0 progn6stico das ITU evitando a
administracao de antibioticos inadequados au desnecessarios
Como observado nos diversos casas reiatados bacterias fastidiosas
ocorrem em cenaries clinicos especificos 0 entendimento do processo da doen=a e
as condi=oes do paciente pod em ajudar muito 0 laboratorio no esfor=o para
recuperar a bacteria do material clinico
47
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
ALBINI C A Cullura de Urina Analise das metodologias interfer~ncja sobre as
resultados e proposta para padronizacao 1994 54 f Monografia (Especia1iza9aO em
Bacteriologia) - Setor de Ciencias da Saude Departamento de Patologia Medica
Universidade Federal do Parana Curitiba
AGARWAL M DIXON R A A study to detect Gardnerella vagina lis DNA in
interstitial cystitis British Journal of Urology (on line) 2001 Disponlvel em
httpwwwbjuiorg889articlebju2514aspAcessoem 03 fev 2005
BATRA A Interstitial Cystitis Updade Infection Urology (on line) 1999 Disponivel
em httphomeswipnetsellsopicupdatehtm Acessa em 20 dez 2004
CLARIDGE J E JOHNSON J R PEZZLO M T Laboratory Diagnosis of Urinary
Tract Infections Washington American Society for Microbiology 281998
BROOK I Urinary tract genito-urinary suppurative infections due to anaerobic
bacteria International Journal of Urology (on line) 2004 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezigueryfcgicmd=Retrieveampdb=pubmedampdopt=Abst
ractamplist uids=15009360 Acesso em 18 mar 2005
DOMANN E HONG G IMIRZALIOGLU C TURSCHNER S KOHLE J
WATZEL C HAIN T HOSSAIN H CHAKRABORTY T Culture-Independent
Identification of Pathogenic Bacteria and Polymicrobial Infections in the Genitourinary
Tract of Renal Transplant Recipients Journal of Clinical Microbiology (on line) 2003
48
Disponivel em httpjcmasmorgcgireprintl41125500pdf Acesso em 18
mar2005
DOMINGUE G J HELLSTROMW J G Prostatitis Clinical Microbiology Reviews
(on line) 1998 Disponivel em httpcmrasmorglcgilcontentifuIl11141604 Acesso
em 03 fev 2005
DUFKE S KUNZE-KRONAWITIER H SCHUBERT S Pyelonephritis and
Urosepsis Caused by Streptococcus pneumoniae Journal of Clinical Microbiology
(on line) 2004 Disponlvel em httpjcmasmorgcgicontentifuIl4294383 Acesso
em 06 mar2005
FAIRLEY K F BIRCH D F Detection of Bladder Bacteriuria in Patients with Acute
Urinary Symptoms The Journal of Infectious Diseases Melbourne v 159 n2 p
226-231 fev 1989
FRAIMOW H S JUNGKIND D L LANDER D W DELSO D R DEAN J L
Urinary Tract Infection with an Enterococcus taecais Isolate that Requires
Vancomycin for Growth Annals of Internal Medicine (on line) 1994 Oisponivel em
httpwwwannalsorgcgicontentifuIl1211122 Acesso em 18 mar 2005
FRANZ M HCRL W H Common errors in diagnosis and management of urinary
tract infection I Patophysiology and diagnostic techniques Nephrology Dialysis
Transplantation (on line) 1999 Disponivel em
httpltwwwndtoupjournalsorgcgicontentifuIl141127 46 Acesso em 01 dez 2004
49
GIBB A P Plates are Belter than Broth for Recovery of Fastidious Organisms from
some Specimen Material Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Oisponivel
em httpjcmasmorgcgireprinU4041129pdf Acesso em 06 mar2005
GILLESPIE W A HENDERSON E P LINTON K B SMITH P J Microbiology
of the urethral (frequency and dysuria) syndrome A controlled study with 5-year
review British Journal of Urology (on line) 1989 Disponfvel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
2804564ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr 2005
GINESTRE PEREZ M ROMERO-A~EZ S MARTINEZ-GARCIA A RINCON-
VILLALOBOS G HARRIS-SOCORRO B CATELLANO-GONZALES M AVILA-
ROO Y PEROZO-MENA A Gardnerella vaginalis y uropat6genos convencionales
em pacientes ambulatorios Revista de La Sociedad Venezolana de Microbiaogia
(on line) 2001 Disponivel em
httpwwwseieloorgvaseielo phpscriptsci arttextamppid=S 1315-
25562001000200003amplng=esampnrm=isso Acesso em 05 jan 2005
GOBERNADO M CRUZ F J DALET F BROSETA E DE CUETO M
SANTOS M DE LA ROSA M Procedimientos en Microbiologla Clinica La
infeccion urinaria 2002 Disponivel em
httpwwwseimcorgprotocolosmicrobiologiaindice14htm Acesso em 01 dez
2004
50
GOLAPACHAR A AKINS R L DAVIS W R SIDDIQUI A A Urinary tract
infection caused by Aerococcus viridans a case report International Medical Journal
for Experimental and Clinical Research (on line) 2004 Oisponivel em
httpwlNNmedscimonitcompubvol 10no 114928pdf Acesso em 03 dez 2004
GREUB G RAOULT D Actinobaculum massiliae a new species causing chronic
urinary tract infection Journal of Clinical Microbiology (on line) 2002 Disponivel em
httpwwwpubmedcentralnihgov articlerender fcgitool=pubmedamppubmedid=12409
355 Acesso em 13 fev2005
HElLBERG I P Diagnosis and clinical management of urinary tract infection
Disponivel em httpwwwunineteducin2003confpfefermanpfefermanhtml
Acesso em 20 out 2004
KONEMAN E W ALLEN S D JANDA W M SCHREKENBERGER P C
WINN Jr W C Cr Atlas and Textbook of Diagnostic Microbiology 5ed
Philadelphia Lippincott-Raven 1997
LIPSKY B A Managing Prostatitis and Urinary Tract Infection in Men Infectious
Diseases Infoalerl (on line) 2003 Oisponivel em
httpwwwdpacomhklpdflinfolnfoALERT 15pdf Acesso em 10 dez 2004
MASKELL R A new look at the diagnosis of infection of the urinary tract and its
adjacents structures Joumaloflnfecfion Portsmouth n 19 p 207-217 jul 1989
51
MERIA P DESGRIPPES A ARFI C LE DUC A Encrusted Cystitis and Pyelitis
Journal of Urology (on line) 1998 Disponlvel em
htlpIwwwjurologycomipUrejuroabstract00005392-1 99807000-
00003htmmiddotjsessionid-CnHOtEDjxvOgrxiWIUac52pekluG1HSCZzrnOpCIJH4V107ePU
evI848681301-949856032190011-1 Acesso em 21 abr 2005
McCUE J D The Management of Complicated Urinary Tract Infections Infectious
Diseases Infoalert (on line) 1999 Disponfvel em
htlpIwwwdpacomhkJpdlfinlofinlo alart 01pdl Acesso em 01 dez 2004
MURRAY P R Manual of Clinical Microbiology 7ed Washington ASM Press
1999
NABER K G BERGMAN B BISHOP M C JOHANSEN T E B BOTTO H
LOBEL B CRUZ F J SELVAGGI F P European Association 01 Urology
Guidelines on Urinary and Male Genital Tract Infections Disponlvel em
httpwwwuroweborglfilesluploaded filesuti mgtLpdf Acesso em 20 dez 2004
OPLUSTIL C P Urocultura In__ Procedimentos basicos em microbiologia
clinica 2 ed Sao Paulo Sarvier 2004 p 88-93
OSBORNE J About Interstitial Cystitis Disponivel em htlplwwwic-
networkcomhandbooklbasicshtmlintro Acesso em 20 dez 2004
52
PEDRAZA AVILES A G ORTIZ ZARAGOZA M C Symptomatic bacteriuria due to
Ureaplasma and Mycoplasma in adults Revista Latinoamericana de Microbiologia
(on line) 1998 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedampdopt=Abs
tractamplist uids=20388109 Acesso em 20 abr 2005
RIEGEL P RUIMY R BRIEL D de PREVOST G JEHL F BIMET F
CHRISTEN R MONTEIL H Corynebacterium seminale sp Nov a New Species
Associated with Genital Infections in Male Patients Journal of Clinical Microbiology
(on line) 1995 Disponlvel em
htlpllwwwpubmedcentralnihgovpicrenderfcgiartid=228387ampblobtype=pdf
Acesso em 19 mar 2005
SORIANO F PONTE C A case of urinary tract infection caused by
Corynebacterium urealyticum and coryneform group F1 European Journal of Clinical
Microbiology Infectious Diseases (on line) 1992 Disponfvel em
httoIwwwncbinlmnihgoventreziguervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
1396772ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr2005
TANNER M A SHOSKES DSHAHEDA PACENR Prevalence of
Corynebacterial 16S fRna Sequences in Patients with Bacterial and Nonbacterial
Prostatitis Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Disponivel em
httpmcmasmorgcontenVfull3761863 Acesso em 06 mar 2005
TRABULSI L R ALTERTHUM F Escherichia coli uropatagenica (UPEC) In
Microbiaagia 4 ed Sao Paulo Atheneu 2004 p 303-309
53
17
prostatite bacteriana aguda promove urn abrupto inrdo de febre e sintomas
genitourinarios e constitucionais enquanto a croniea e urna enfermidade sutl
caracterizada por recidivas lTU recorrente e persistencia da bacteria na secre9ao
prostcitica mesma apas multiplos cursos de antibioticoterapia Urna terceira
sindrome a prostatite croniea idiopatica (inclui-se aqui a prostatite nao bacteriana e
a prostatodlnia) usualmente caracteriza-se par dor perineal persistente e sintomas
urol6gicos podendo ou nao estar associada a urn grande numero de celulas
inflamatorias na secre9ao prostatica e a urna bacteria cultivclvel laboratorialmente
(DOMINGUE HELLSTROM 1998)
A prostatite crOniea em homens com culturas negativas mas com
leucocitose na secrecao prosttltica (mais de 10 leuc6citos por campo em aumento de
1000X) e classificada como prostatite nao bacteriana e a doenca naqueles cujas
culturas sao negativas e que nao apresentam leucocitose na secreCao prostatica e
classificada como prostatodlnia (TANNER et al 1999)
o agente etiol6gico predominante nas prostatites bacterianas agudas e
cronicas e Escherichia coli seguido par especies de Proteus e Providencia e menos
cornu mente Klebsiefla spp Pseudomonas spp Serratia spp e Enterobacter spp
Estudos recentes demons tram que cepas de Escherichia coli causadoras de
prostatite expressam fatores de virulemcia similares as cepas causadoras de
pielonefrite Staphylococcus aureus Staphylococcus saprophyticus e outros
estafilococos coagulase negativos ocasionalmente podem causar prostatite assim
como algumas bacterias fastidiosas como por exemplo corinebacterias Gardnerella
vaginalis e Haemophilus influenza (LIPSKY 2003)
A prostatite cronica idiopatica (nao bacteriana) e uma condicao multi-
sintomatica de causa discutivel Etiologias propostas sao infeccoes par Chlamydia
18
trachomatis Mycoplasma hominis Ureapfasma urealyticum Trichomonas vaginalis
au agentes virais embora muitos estudos naD confirmem lais dados Tecnicas
microbiol6gicas especiais e tecnicas moleculares tern demonstrado em pacientes
com prostatite naD bacteriana colonizaf(80 prostatica com especies bacterianas de
baixa virulencia e tambem bacterias fastidiosas sugerindo etiologia infecciosa
(LIPSKY 2003)
Homens jovens com prostatite aguda podem ter baixas concentracoes de
bacterias na urina as quais nao sao reconhecidas como significantes e
possivelmente naD reportadas au entao podem ser infectados com microrganismos
fastidiosos como Gardnerella vaginais Quando traladas par insuficiente periodo de
tempo ou com um antibiotico inadequado que nao atinge urna concentracao
terapeutica adequada no tecido prostatico tais pacientes podem evoluir para uma
condi9ao de prostatite crOnica (MASKELL 1989)
A ITU e comum apos transplantes renais embora os riscos estejam sendo
diminuidos pelo uso de menores doses de imunossupressores e tambern pelo uso
profilatico de antibioticos Entre os fatores predisponentes pode-se citar infeccao
previa no rim do doador bern como alteracao do uroepitl~lio do receptor causada p~r
cateteres vesica is e stents ureterais Nos primeiros tr~s meses as ITU sao
geralmente assintomaticas e recidivantes ap6s esse perlodo sao menos freqOentes
e ha melhor resposta a antibi6ticos embora sejam comuns as complicacOes
urol6gicas como fistulas e obstrucoes Isquemia do orgao devido a dano arterial
pode promover ITU pela colonizacao bacteriana do tecido lesado usualmente por
bacterias comensais ou fastidiosas A erradicacao das infecc6es pode tomar-se
impossivel ate que 0 rim ou pelos menos 0 segmento prejudicado seja removido
(NABER et ai 2004)
19
Lactobacilos corinebacterias e alguns estreptococos fastidiosos podem ser
patogenos secundarios em ITU originalmente selecionados da microbiata uretral par
tratamento antibi6tico Tal situa~ao pade acorrer em pacientes que tenham recebido
agentes antibacterianos durante long05 periodos au antibioticoterapia aSSDciada a
urn periodo de cateterizayao A falha na deteqao laboratorial destas especies pade
resultar em tratamento antimicrobiano inadequada exacerbando 0 problema OU
ainda levar a investiga90es invasivas desnecessiuias (MASKELL 1989)
20
4 A ROTINA DA UROCULTURA NO LABORATORIO DE ANALISESCLiNICAS
o diagn6stico microbiol6gico de uma infeqao urinaria mesma baseando-se
na determinay80 de microrganismos em urn Hquido biologico normalmente esteril
apresenta dificuldades com relaCao a valoriz8gao dos resultados E sabido que
existem microrganismos naturalmente residentes na uretra regiao genital e perinea
que podem contaminar a urina acidentalmente somando-se a issa a a9ao da
temperatura que estimula a proliferar8o bacteriana Par outro lado as tecnicas de
coleta e cultivo de amastras devem ser direcionadas a pesquisa de microrganismos
pouco habituais as quais podem ser importantes em determinadas situaroes
(GOBERNADO ef al 2002)
A decisao de como uma amostra deve ser cultivada depende do metoda de
coleta e dos sinais e sintornas cllnicos do paciente informa~6es que deveriam ser
transmitidas ao laboratorio pelo medico Entretanto na maioria das vezes 0
laborat6rio recebe informa~6es incompletas ou incorretas que resultam na realiza~ao
de muito ou pouco trabalho com uma determinada amostra (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
A classifica~ao de culturas de urina por tipos permite que 0 manejo das
amostras seja direcionado pela necessidade clinica e que 0 laborat6rio possa
escolher os meios de cultura e a quantidade de inoculo mais apropriada Com base
nos dad os cllnicos do paciente podem-se definir tres tipos de cultura de urina
retina inspeao e invesligaliva (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
As culturas de retina sao apropriadas para pacientes ambulatoriais e com
ITU nao complicadas As culturas de inspe~ao devem ser realizadas em pacientes
geriatricos e individuos que utilizam cateteres vesicais nos quais a caloniza~ao au
infec~ao por multiplos microrganismos e comum Culturas investigativas sao aquelas
21
direcionadas para diagn6sticos especificos microrganismos fastidiosos ou grupos
diferenciados de pacientes Devern ser realizadas nos casas de cultura previa
negativa de falha na terapia antimicrobiana au no case de suspeita de urn
uropat6geno naD usual E tambem apropriada a sua realiza980 quando ha
discrepimcia entre a apresentacao clinica do paciente au a coloracao de Gram e 0
resultado previa da cultura (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Os meios de cultura m~is utilizados para semeadura de urina sao as
seletivQs diferenciais como 0 meio de Teague (agar eosin a azul de metileno) e de
Mac Conkey associados ao agar sangue 0 meio de CLEO (agar cistina lactose
eletr61ito deficiente) e muito utilizado no Brasil e permite 0 crescimento de bacterias
gram-negativas e gram-positivas Tais meios auxiliam na identifica980 presuntiva da
bacteria atraves da colora98o colonial indicando a capacidade de fermenta980 da
lactose (ALBINI 2004)
Segundo Clarridge Johnson e Pezzlo (1998) culturas urinarias de rotina
devem ser realizadas semeando as amostras em agar sangue de carneiro 5 e em
agar Mac Conkey eu um meio seletive similar e incubando as placas por 18 a 24
horas a 35 - 37deg C em ar ambiente Ainda assim e meio de CLEO e preferido nos
laboratories brasileiros pela sua versatilidade Para microrganismos fastidiosos 0
agar chocolate deve ser utilizado em conjunto com agar CNA (Columbia-colistin a-
acido nalidixico) eagar MacConkey devendo-se utilizar a al93 calibrada de 001ml
alem da al9a 0001 ml As placas de CNA e agar chocolate devem ser incubadas em
5 CO2 por 48 horas
Para popula96es especificas com ITU cronicas ou anormalidades
anatomicas pode ser apropriada a cultura visando microrganismos anaerobios au de
cresci menta lento (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
22
Para popula90es nas quais as culturas polimicrobianas sao comuns 0 agar
CNA pade ser utilizado para demonstrar a presenca de enterococos Qutros cocos
gram-positives au leveduras presentes nas culturas mistas 0 agar CNA permite urn
born cresci menta de estreptococos corinebacterias e Gardnerela vaginalis e deve
ser incubado por 48 horas a 35 C (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Amostras obtidas par puncao suprapubica au de pacientes com suspeita de
sindrome uretral aguda devem ser semeadas com al98 calibrada de 001 ml a1em
da ala de 0001 ml em agar sangue (OPLUSTIL et al 2004) Contagens baixas ou
mesma multiplos tipos de microrganismos devem ser valorizados em tais cases
(KONEMAN 1997)
Corynebacterium ureafyticum e Qutras corinebacterias desenvolvem-se bem
em agar sangue de carneiro 5 au agar CNA mas sao mais bern visualizadas ap6s
incubaao de 48 horas (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
As calOnias de Gardnerella vaginalis sao fracamente visiveis em agar
sangue ap6s 24 haras de incuba~ao e recomenda-se a usa de agar CNA au HBT
(agar sangue tween bicamada) e incuba~aa par 48 haras em tensaa de C02
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
as tactabacilos podem ser isolados em meias de isotamento prima rio
utilizadas para urina como a meio de CLEO no entanto devem ser incubadas par 48
horas em atmosfera de CO (MASKELL 1989)
a resultada da cultura deve ser sempre carrelacianada com a leitura do
Gram Caso nao haja crescimento ap6s 18 a 24 horas de incuba~ao e na
microscapia tenha sido observada a presen~a de microrganismas au numero
eleva do de leuc6citas deve-se incubar as ptacas par mais 24 haras (OPLUSTIL et
al2004)
23
A piuMa esteril e urn achado importante que po de refletir usa de
antibioticoterapia outras doencas como neoplasias au calculos urinarios au
infeccoes com microrganismos que naD sao detectados par rnetodos rotineiros de
cultura (MIMS et aI 1995)
o conceito de bacteriuria significativa para 0 diagn6stico das ITU e
tradicionalmente baseado no criteria quantitativa estabelecido par Kass na decada
de 1950 permitindo a distincao entre colonizarao e infecrao A utilidade e a
consistemcia do criteria de contagem de colOnias superior OU igual a 105 par mililitro
tern sido validadas repetidamente par varios pesquisadores demonstrando que tal
criterio nilo pode ser aplicado a todos os pacientes (FRANZ HORL 1999)
A baixa especificidade da cultura quantitativa de jato medio se deve apossivel adilao de bacterias comensais a urina durante a coleta A baixa
sensibilidade dos resultados inferiores a 105 UFCml pode ser devida a excregao
intermitente de bacterias que pode ocorrer em determinados sitlos do trato urinario
bem como ao uso de meios de cultura que nao proporcionam 0 cresci menta de
todas as especies capazes de infectar 0 trato urinario (FAIRLEY BIRCH 1989)
Altas contagens de bacterias aer6bias sao encontradas em amostras de
urina de jato medio quando os microrganismos sao providos de 6timo substrato e de
ten sao de O2 relativamente alta Em algumas sltuagoes como infecgoes cronicas
prostatite infecgao das glandulas parauretrais em mulheres litiase infecciosa e
cicatrizes renais per pielonefrite croniea os mierorganismos podem nao se
multiplicar tao rapidamente e pertanto nao apresentarem contagens tao altas quanta
nas cistites agudas Os sitlos de infecgao abaixe da bexiga nao fornecem as
mesmas condigoes favoraveis de incubagao ahsectgtmdisso a velocidade do fluxo
24
urinario e a freqO~ncia de miccaosao fatores que influem nas contagens bacterianas
(MASKELL 1989)
Torna-se claro que considerar baixas contagens de pat6genos aero bios em
culturas puras como contaminaCao e incorreto e pode levar a erros de diagn6stico
pois infeccoes de grande signific~ncia cHniea pod em nao estar sendo detectadas t
igualmente importante nao considerar automaticamente urna alta contagem de
col6nias como infecy8o sem considerar as condicoes do paciente e da coleta 0 usa
de antibi6ticos em resposta a urna alta contagem bacteriana pode selecionar cepas
resistentes tornando mais dificil 0 tratamento de infecgoes posteriores verdadeiras
(MASKELL 1989)
Alguns procedimentos utilizados para 0 diagnostico das ITU sao
considerados inaceitaveis atualmente e nao devem ser realizados como cultura de
cateter de Foley cultura de urina em meios Hquidos cultura de sedimento urinario
pesquisa de anaer6bios como procedimento de rotina e em urina de jato media au
obtida par cateteriza9ao bem como cultura de urinas que tenham permanecido mais
de duas heras sem refrigeragao au canservagao (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO1998)
41 COLETA E TRANS PORTE DE AMOSTRAS
A coleta e a trans porte inadequado da amostra podem levar a um resultado
de diffcil interpreta9aO Portanto a medida mais importante para realizar uma cultura
de urina e estabelecer rfgidos criterios de coleta e propiciar treinamento constante
para as profissionais envolvidos na realiza9aO da coleta (OPLUSTIL et al 2004)
Koneman et al (1997) recomendam que a paciente receba as instru90es de
coleta impressas ap6s receb~-Ias verbalmente Caso 0 paciente demonstre
inseguran9a au nao compreenda urn profissional treinado deve explicar novamente
25
passo a passo ou se passivel acompanhar pessoalmente a coleta (coleta
supervision ada)
Amostras de urina de jato media sao as amostras mais comumente
submetidas a cultura De preferencia deve ser colhida a primeira urina da manha
podendo ser aceitas urinas com pelo menos 2 heras de reten~ao Ap6s higiene da
regiao genital despreza-se 0 primeiro jato - 0 que auxilia a eliminacao dos
contaminantes da uretra inferior - e colhe-se 0 jato media em fraseD esteril
apropriado desprezando-se 0 final da mic9ilo (OPLUSTIL eJ al 2004) A higiene
genital deve ser realizada com agua e sabao naD anti-septico devendo ser as [abias
vaginais afastados e 0 prepucio retraido antes da miccao (GOBERNADO et 81
2002)
Alguns autores afirmam que mesma quando a coleta e meticutosamente
reatizada com a assist~ncia de um pro fissional treinado a urina apresenta-se
frequentemente contaminada (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Amostras urinarias de criancas obtidas com saco coletor devem ser colhidas
apos higiene da regiao genital e colocacao do saco coletor de forma asseptica
Troca-se 0 coletor a cada 45 minutos ou 1 h~ra repetindo-se a higiene e evitando-se
contaminacao fecal 0 coletor deve chegar fechado ao laborat6rio Tas amostras
freqOentemente sao contaminadas com microrganismos fecais promovendo
resultados falso-positivos portanto 0 maior significado clinico de amostras obtidas
com saco coletor e 0 resultado negativo (OPLUSTIL et a 2004) Culturas positivas
devem ser confirmadas por metodos de cateterizacao direta ou aspiracao
suprapubica (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Em pacientes com sanda vesical permanente pinca-se a canula do coletor
realiza-se desinfeccao da canula com alcool 70 e punciona-se com seringa e
26
agulha estereis colocando-se a amostra em frasee esteri Nunea se deve obter a
amostra do saco coletor de pacientes sand ados porque a multiplica9ao bacteriana
fornecera urn numero muito maior que aquele real mente presente no paciente
(OPLUSTIL et al 2004) Tambem nao se reeomenda deseoneetar 0 eateter do tubo
coletor sob risco de introduyao de microrganismos no sistema Sempre que passivel
tal coleta deve ser realizada ap6s troea do cateter pois urna microbiota que naD
corresponde a do paciente pade residir em cateteres antigos (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
A punyao suprapubica e considerada a metoda padrao auro para coleta de
urina par representar a verdadeira bacteriuria vesical (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998) Calhe-se com seringa e agulha diretamente par pun9ao vesical Tal
procedimento evita problemas de contamina9ao uretral e e recomendado para
crian9as ate dois anos detec9ao de anaer6bios enos casos de repeti9ao de ex ames
com interpretaoes duvidosas (OPLUSTIL et al 2004) Pode tambem estar indieada
para homens de qualquer idade com fimose e em mulheres com bacteriurias de
repeti~o de proeedeneia duvidosa (GOBERNADO et al 2002)
A cateteriza9ao com finalidade unica de obten9ao de amostras somente
deve ser realizada em pacientes nos quais nao seja possivel a elimina9aO
espontanea de urina como doentes neurologicos au com problemas urol6gicos
obstrutivos Caso seja necessaria devern-se utilizar tecnicas rigorosas de assepsia
por causa do alto risco de introdu9ao de rnicrorganismos (KONEMAN et a 1997
GOBERNADO et a 2002)
Para a pesquisa de Mycobacterium tuberculosis tres amostras de urina da
manha devem ser coletadas em dias consecutivos as tecnicas de cultivo para
27
micobacterias naD permitem a cresci menta de outros agentes e portanto a coleta
nac necessita de assepsia rigorosa (MIMS et al 1995)
Caso naD seja passivel a processamento da amostra de urina em ate 2
haras apas a coleta a amostra deve ser refrigerada (2 a 80 C) e processada em ate
24 haras tempo maximo para manuten~ao da contagem bacteriana estavel 0 usc
do preservativo acido b6rico permite que a amostra permane98 a temperatura
ambiente (20 a 25 C) ate 24 horas antes de ser process ada (OPLUSTIL ef aI 2004
CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Sistemas de trans porte usanda acido b6rico podem ser metodos alternativQs
para coletas realizadas em casa au em locais distantes do laborat6ria e mostram-se
tao efetivos quanta a refrigeragao (KONEMAM ef ai 1997)
Oepois de coletada a amostra de urina deve ser encaminhada ao laboratorio
a mais rapido possivel e com todas as informayoes necessarias para degprocessamento Devem ser relatados 0 horario e 0 metodo da coleta 0 tempo de
reteny80 da urina 0 tipo de paciente (por exemplo urologico ou geriatrico) a idade
o sexo se 0 paciente tem recebido quantidades aumentadas de Ifquido
apresentay80 clinica (existencia de sintomas) resultados de urinalise (presen9a de
celulas inflamat6rias) e resultados antecedentes de cultura (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
De maneira ideal as amostras devem ser coletadas antes do inicio da
terapia antimicrobiana Caso 0 paciente ja esteja recebendo ou tenha recebido
antibioticoterapia nas 48 horas antecedentes a realizay80 do exame esta
informay80 deve ser explicitada no formulario de requisiy80 do exame (MIMS et al
1995)
28
Recoletas devem ser solicitadas quando amostras nae refrigeradas forem
recebidas 2 horas ou mais ap6s a coleta au quando nac fcrem comunicados 0
horario e a forma de coleta No entanto nenhuma amostra deve ser desprezada
antes do cantata com 0 medico solicitante po is ela pade em alguns casas ser
insubstituivel (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Menos de 5 das urinas coretadas e transportadas adequadamente
apresentam multiplos microrganismos Exce~6es sao amostras de pacientes com
bexiga neurogemica au usa cranico de cateteres nos quais a bacteriuria
polimicrobiana pade ser detectada em 30 a 80 das culturas freqOentemente sem
infecao (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Segundo Koneman et al (1997) a acuracia do procedimento de coleta de
urina pode ser monitorada pela frequencia de exames com contagens entre 104 a 105
UFCml que nao deve exceder 5 a 10 se os procedimentos forem realizados
apropriadamente
42 A IMPORTANCIA DA COLORAltAo DE GRAM
Durante as ultimas decadas testes rapidos de triagem para bacteriuria foram
desenvolvidos com 0 propos ito de fornecer resultados mais rapid os e de eliminar a
necessidade de cultivar amostras negativas Entretanto sua utilizacao e limitada
principalmente pela incapacidade de detectar baixos niveis de bacteriuria e piuria
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
A coloracao de Gram da urina nao centrifugada e um dos metodos mais
rapidos seguros e baratos para estimar bacteriuria superior a 105 UFCml e
presenca de mais de 8 a 10 leucocitoslJl Homogeneiza-se muito bem a urina
coloca-se uma gota sobre lamina sem espalhar e deixa-se secar ao ar A lamina
deve ser fixada par calor au metanol (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998) A
29
presenca de uma ou mais celulas bacterianas per campo em aumento de 1000
vezes tern sensibilidade de 94 e especificidade de 90 em refletir uma contagem
de colOnias superior a 10 UFCml (KONEMAN ef al 1997)
Embora seja urn metoda barato de triagem a coloraC8o de Gram naD e
utilizada par muitos laborat6rios pelo consumo de tempo e baixa sensibilidade em
contagens inferiores a 105 UFCml Sugere-se a sua utilizacao como teste de triagem
apenas em pacientes com contagens de col6nias provavelmente altas
principalmente as assintomaticos e com suspeita de pielonefrite Alguns autores
relatam melhora da sensibilidade a nlveis acima de 104 UFCml com 0 usa de
citocentrifuga (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
A coloraCao de Gram do sedimento urinario em bora ainda utilizada por
muitos laboratorios e impropria pela baixa reprodutibilidade e dificuldade de
padronizacao e correlacao com os metodos de velocidade de excrecao de leucocitos
au contagem em camara (ALBINI 1994)
As informac6es fornecidas pela cOloracao de Gram sobre a morfologia do
microrganismo e caracteristicas na coloracao sao extremamente importantes para a
selecao inicial da terapia antimicrobiana enquanto se aguarda 0 informe definitivo
do resultado da cultura e do antibiograma (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO
1998)
~ imprescindivel a realizacao da coloracao de Gram para deteccao de
bacterias fastidiosas ou nao usuais Devido a dificuldade de desenvolvimento nos
meios utilizados para a deteccao de enterobacterias em alguns casos somente a
visualizacao microscopica indicarcfi a sua presenca (FRANZ HORL 1999)
A observacao microscopica da urina permite verificar a qualidade da amostra
especialmente em mulheres nas quais a contaminacao vaginal e frequente
30
produzindo resultados falso-positivos A presen~a de muitas celulas epiteliais e de
mais de urn tipo de microrganismo no Gram sugere contamina9aO da amostra em
decorrencia da coleta (OPLUSTIL et ai 2004)
Dutro aspecto importante da coloracao de Gram e a sua utilidade no
monitoramento das culturas podendo-se pelo seu resultado detectar erras tecnicos
e ate mesmo troca de amostras (ALBINI 2004)
31
5 BACTERIAS FASTIDIOSAS E INFECcAO DO TRATO URINARIO
Em 1989 Maskell citou a ocorrencia de bacterias fastidiosas como algumas
especies de estreptococos Gardnerela vaginalis Haemophilus influenzae
Corynebacterium spp e lactobacilos em infecgoes da bexiga e trato urinario superior
isoladas de amostras de urina obtidas par cateteriz8gao aspiragao supra-pubica e
tarn bam de amostras de tecido obtidas per bi6psia vesical Relatou tambem a
preseng8 de tais bacterias na urina de gestantes assintomaticas com mais
freqOencia do que em nao-gestantes e que as gestantes apresentando bacteriuria
posteriormente desenvolviam sintomas com mais freqoencia do que as que nao
apresentavam bacterias na urina
Fairley e Birch (1989) realizaram um importante estudo demonstrando que
pacientes com sintomas de infec~ao do trato urinario apresentando resultados
negativos em culturas de rotina podem abrigar bacterias fastidiosas ou baixas
contagens de uropat6genos convencionais na bexiga Os pacientes incluidos no
estudo foram os que apresentaram resultados inconclusivos em culturas previas de
jato medio como desenvolvimento inferior a 105 UFCml de um pat6geno
convencional ou a desenvolvimento superior a 102 UFCml de uma bacteria
fastidiosa Foram avaiiadas urinas obtidas por aspirayao suprapubica de 1817
mulheres e 300 homens cultivadas para uropat6genos convencionais e bacterias
fastidiosas utilizando in6culo que proporcionou resultados entre 101 e 107 UFCml A
freqOencia de isolamentos esta representada na tabela 1
32
TABELA 1 - FREQUENCIA DE BACTERIURIA EM 2117 PACIENTES(AMOSTRAS OBTIDAS POR PUNCAO SUPRAPUBICA) -1989
Uropat6-Culturas positivas $omente $omente especies genos
(n = 597) uropat6genos fastidiosas conven-convencionais (n = 366) cionais
n = 170 eespeci-
Pacientes Unica Multiplas Unica Multiplas Unica Multiplas esespecie especies especie especies especie especies faslidio-
sasMulheres (n = 1817) 370 191 148 5 222 125 61Homens (n = 300) 36 0 17 0 19 0 0
FONTE The Royal Melbourne Hospital
Vinte e aito especies microbianas foram isoladas no trabalho em questao
sendo Ureaplasma urealylicum Gardnerella vaginalis Escherichia coli Mycoplasma
hominis e Staphylococcus epidermidis as especies mais isoladas Quinhentas e
oitenta e uma (70) das 830 cepas isoladas pertenciam a especies fastidiosas -
Ureaplasma urealyticum Gardnerella vaginalis e Mycoplasma hominis - que nao sao
recuperadas em meies de cultura canvencianais Gardnerella vaginais fai mais
freqUente em mulheres enquanto Ureaplasma urealyticum nao apresentou diferen9a
estatisticamente significativa entre os sexas Treze esptkies fcram isoladas em
apenas uma ou duas ocasioes entre elas Streptococcus equi Streptococcus
equisimifis Streptococcus sanguis Morganella morgan Klebsiella oxytoca
Peptococcus anaerobius Proteus vulgaris Enterobacter aerogenes Salmonella
enteritidis Pseudomonas aeruginosa Haemophilus influenzae Haemophilus
parainfluenzae e Haemophilus parahaemofyticus Anaer6bios estritos foram isolados
de apenas sete dos 597 pacientes (FAIRLEY BIRCH 1989)
Culturas polimicrobianas foram obtidas em urn teno das pacientes do sexo
feminino e nao foram verificadas no sexe masculino A freqOencia de uropat6genos
cenvencienais e fastidiesos encontra-se na tabela 2
33
TABELA 2 - FREQU~NCIA DE UROPATOGENOS CONVENCIONAISE BACTERIAS FASTIDIOSAS EM 191 PACIENTES DO SEXOFEMININO COM BACTERIURIA POLMICROBIANA - 1989
Numero de Somente Samente especies Especiesespecies (numera uropat6genos fastidiosas convencionais e
de pacientes) convencionais fastidiosasOois (153) 9 99 45Tres (34) 0 17 17Quatro (4) 0 1 3
FONTE The Royal Melboume Hospital
Ureaplasmas au Gardnerella vaginalis fcram recuperados em 179 das 191
mulheres com infecgao polimicrobiana estando presentes concomitantemente em
100 das 191 amostras sugerindo urna passivel relacc3osimbi6tica Uropat6genos
convencionais fcram isolados em pouco mais de 33 das mulheres na maiaria dos
casas acompanhados por bacterias fastidiosas indicando que infeccoes
polimicrobianas usualmente envolvem bacterias fastidiosas (FAIRLEY BIRCH
1989)
A contagem de col6nias excedeu 105 UFCml apenas na minoria dos
pacientes portanto a bacteriuria nao seria detectada em muitos individuos caso 0
valor de ponto de corte tradicional tivesse sido utilizado Os resultados tambem
mostraram que baixas contagens bacterianas podem acontecer com qualquer uma
das especies bacterianas isoladas embora tenham sido mais freqoentes para
Ureaplasma urealytieum e Mycoplasma hominis Cento e setenta e quatro (21)
isolados apresentaram contagens inferiores a 103 UFCml sendo 138 (84)
pertencentes a especies fastidiosas (FAIRLEY BIRCH 1989)
Franz e HOrl (1999) citaram a ocorrencia de HaemophiJus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae pneumococos Campyobaeter Legionella
pneumophila Salmonella spp Shigella spp Corynebacterium grupo 02
34
Mycobacterium tuberculosis micobacterias atipicas e fungos como causadores
ocasionais de ITU
Domann et al (2003) realizaram estudo em amostras do trato urinario de
transplantados renais utilizando tecnicas moleculares baseadas em 168 rRNA peR
e cromatografla liquida de alta performance (DHPLC) Foi avaliada a aplicaaD do
metoda em 109 amostras e observou-se 100 de correlacao para amostras cultura-
positivas Para as amostras cultura-negativas a DHPLC permitiu a deteccao de
uropat6genos previa mente conhecidos como Corynebacterium urealyticum e
Gardnerella vaginalis mas tambem agentes nao usuais como AnaerocDCCUs
laclolyticus Bacteroides vufgatus Diaisler invisus Fusobacterium nuceaturn
Lactobacillus iners Leptotrichia amnionii Prevotella buccalis Prevotella ruminicola
Rahnella aquatilis e Streptococcus intermedius detectados como unicos pat6genos
ou como agentes de infecyoes polimicrobianas Uma vez que as ITU sao
freqGentemente associadas com inicio precoce de rejeiyBo cronica em
transplantados renais e conveniente a pesquisa de agentes patogenicos
oportunistas e nao usuais para 0 correto direcionamento do tratamento
antimicrobiano
Quatro casos de ITU com bacteremia por Methylobacterium spp em
pacientes do sexo feminino imunocompetentes foram reportados por Lee Tang e Uu
(2004) Todas as pacientes tiveram hemoculturas positivas para Methylobacterlum
spp e suas culturas de urina foram negativas ou positivas para Escherichia coli com
crescimento concomitante de outro bacHo gram-negativ~ em baixa contagem que foi
ignorado Foram realizados experimentos especiais com os isolados indicando que
de acordo com os procedimentos padrao para culturas de urina com 24 horas de
incubayao a 35degC as colonias de Methylobacterium spp nao sao visualizadas e 0
35
pequeno numero de col6nias observado ap6s incuba~ao adicional de 24 heras a
temperatura ambiente apenas sugere ser a especie urn contaminante
Particularmente quando especies de Methyfobacterium estao presentes
concomitantemente com Escherichia coli ocorre supressao do cresci menta de
Methylobacterium spp tornando impassivel a sua deteccao 0 estudo conclui que a
falta de relatos de casas de ITU por Methylobacterium spp deve-se a impossibilidade
de detec~ao da especie por metodos padrao de cultura de urina au ainda porque a
baixa virulelncia da bacteria pode produzir ITU autolimitadas au talvez muitas vezes
curadas com as antibi6tico5 normalmente utilizados As especies estudadas fcram
variavelmente resistentes as cefalosporinas acido nalidixico nitrofurantoina e
sulfametoxazol-trimetoprim e 100 suscetiveis a ciprofloxacin imipenem e
aminoglicosideos
51 Corynebacterium spp
Corynebaclerium urealylicum pode ser uma importante embora rara causa
de ITU variando a freqOencia de isolamentos significativos de zero a 35 em
popularoes nao selecionadas A bacteriuria por Corynebacterium urealyticum ocorre
em pacientes hospitalizados per longos perledes severamente
imunocomprometidos urologicamente manipulados ou idosos Tal microrganismo
tam bern tern sido associado com pielonefrite e pode desaparecer espontaneamente
da urina mesmo sem antibioticoterapia (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Corynebacterium glucuroneyticum tambem chamado Corynebacterium
seminae tern side iselade de semen e trate g~nite-urinarie masculine e pede causar
prostatite ou uretrite Corynebacterium pseudogenitalium (CDC grupo F1) tambem
tern sido reconhecido como pat6gene do trato urinario (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
36
Foi relatado por Soriano e Ponte (1992) um caso de cistite de incrusta~ao
causado por urn corineforme identificado como CDC grupo F1 0 paciente havia
sofrido ITU previas persistentes causadas por Corynebacterium ureayticum (CDC
grupo 02) A cura bacteriol6gica foi alcan=ada apes urn mes de tratamento com
amoxicilina e acido acetohidroxamico
Meria at al (1998) realizaram levantamento bibliografico entre as anos de
1985 a 1997 sabre casas de cistite e pielite de incrustacao Foi constatado a
aumento progressive no numero de cases especialmente em pacientes
imunodeprimidos e particularmente em transplantados renais Tais inflamacoes
cr6nicas estao associadas com incrustac6es da mucosa causadas por bacterias
produtoras de urease tendo sido as mais freqOentes especies de Corynebacterium
grupo 02 A presenCa de urina alcalina contendo abundantes debris mucopurulentos
calcificados e alta mente sugestiva e pode auxiliar no diagnostico clinico A
demonstracao da bacteria envolvida requer culturas prolongadas em meios de
cultura enriquecidos 0 diagnostico precoce pode evitar falhas de tratamento e uma
possivel rejeicao do orgao transplantado
Em estudo realizado par Riegel et al (1995) corineformes em quantidades
significativas (104a 105 UFCml) foram isolados em amostras de semen uretra urina
e sangue de homens inferteis com diagn6stico de prostatite As analises genomicas
realizadas demonstraram ser as cepas pertencentes a uma mesma especie dentro
do genero Corynebacterium As 12 amostras mostraram padroes bioquimicos
simi lares entre elas born crescimento em agar sangue de carneiro em contraste com
crescimento pobre no mesmo meio suplementado com Tween 80 1 teste de
CAMP positivo fermentacao de glicose sacarose e presenCa de beta-glucuronidase
Tais caracteristicas permitiram a distincao destas cepas dos outros membros do
37
genera e 0 nome proposto foi Corynebacterium seminae Embera organismos
difter6ides pass am fazer parte da microbiota uretral a presenCa de contagens
significativas destas especies no semen sugere urna implica~ao infecciosa
particularmente na prostatite
Estudo molecular filogenetico baseado em 16S rRNA peR realizado em
pacientes com prostatite croniea demonstrou sinais bacterian05 em 65 dos
pacientes estudados Foi constatada a ocorreuromcia de um amplo espectro de
especies bacterianas no fluido prostatico dos pacientes incluindo Corynebacterium
Staphylococcus PepiosfreptococGUS Streptococcus e Escherichia Especies do
genera Corynebacterium foram encontradas em maior proponao incluindo especies
ainda nae descritas e n~o presentes nas amostras de controle sugerindo que
possam ter um papel na doen~a au que sejam conseqOemcia da mesma 0 estudo
mostreu ainda que os microrganismos associ ados com prestatite geralmente
ocorrem em comunidades microbianas distintas daquelas encontradas em liquidos
prostaticos normais (TANNER ot al 1999)
Segundo Domingue e Hellstrom (1998) a observaltio microsc6pica
cuidadosa de amostras de secre~~o prostatica bern como a inocula~~o em meios
enriquecidos sao essenciais para a isolamento de corineformes Foi realizado estudo
em uma amostra de secre~ao prostatica na qual a colora~ao de Gram apresentou
cocobacilos gram Itlbeis pleom6rficos que nao se desenvolveram em meios de rotina
incubados por 72 horas a 35degC Houve desenvolvimento em meio de cultura
enriquecido com extrato de leveduras e sora de cavalo e incubado no minimo 72
horas em atmosfera de 5 de CO2 a 35degC A secregao inoculada em caldo triptose
demonstrou a presen~a de bacilos gram-varitlveis (microscopicamente) e quando
repicada produziu bacilos de crescimento lento em meios de retina e enriquecidos
38
(incubados aerobicamente anaerobicamente ou sob tensao de CO2 par 72 haras)
Corineformes ocultos pod em ser agentes etiol6gicos da prostatite idiopatica croniea
que sao frequentemente perdidos au nao percebidos em procedimentos
bacteriol6gicos de rotina
52 Gardnerella vaginais
o significado de Gardnerela vaginais em urina e controverso pois a
principal associacao patogElnica desta bacteria e com a vaginose na mulher Embora
baixas contagens na urina parecam refletir a micro biota da uretra masculina ou
feminina contagens aeima de 10000 UFCml ja fcram associadas com bacteriuria
sintomatica ITU recorrente cistite na mulher uretrite e prostatite no homem
Entretanto me sma quando ern altas contagens freqOentemente nao ha resposta
leucocitaria Gardnerela vaginalis e encantrada mais freqOentemente em mulheres e
pacientes com doena renal e ap6s instrumentaao (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
Estuda realizado par Agarwal e Dixon (2001) investigau a passivel papel de
Gardnerella vaginalis na cistite intersticial usando metodos maleculares para
garantir a recuperaCao do microrganismo mesmo em baixas contagens Nenhuma
das trinta e tres amastras de bi6psias de bexiga de pacientes com cistite intersticial
foram positivas para Gardnerella vaginais a que embora nao exclua seu
envalvimenta na cistite intersticial diminui esta probabilidade
Ginestre Perez et al (2001) realizaram estudo de mil trezentas e setenta
amostras de jato media de urina de pacientes com sintomas de ITU Gardnerella
vaginalis cujo papel patagenica no trato urinario e discutivel ocupou a segundo
lugar em freqOencia etiologica (1763) ficando atras somente de Escherichia coli
(5210) e superando microrganismos cansiderados uropat6genas classicos como
39
Proteus mirabifis (763) Klebsiella pneumoniae (684) e Pseudomonas
aeruginosa (368) Embera a presen~a de Gardnerella vaginais em amostras de
jato media urinario possa indicar contaminayao vaginal todos as cultivos positivos
para esta bacteria apresentavam contagens superiores a 100000 UFCml e
provinham de pacientes sintomaticos representando urna alta probabilidade de
infec~ao urinaria verdadeira
53 Mycoplasma hominis E Ureaplasma urealyticum
Especies patogenicas como Mycoplasma hominis e Ureaplasma urealyticum
ocorrem freqOentemente como colonizantes do trato urogenital inferior de homens e
mulheres saudaveis A ocorrencia de infec~ao esta provavelmente relacionada a
imunossupressao obstru~ao ou procedimentos previos de instrumental)ao no trato
urinario Ureaplasma urealyticum tern sido encontrado em calculos urinarios de
pacientes com liHase infecciosa sugerindo uma possivel associal)ao causal
Mycoplasma hominis tern sido isolado do trato urinario superior em pacientes com
sintomas de pielonefrite aguda FreqOentemente ha resposta imunol6gica especifica
(MURRAY 1999)
Foi pesquisada a presen9a de Ureaplasma urealyticum e Mycoplasma
hominis em amostras de jato medio de 314 mulheres e 52 homens sintomaticos do
trata urinltilria Ureaplasma urealyticum fai isalada em 54 (171) das mulheres e 8
(154) dos hom ens e Mycoplasma hominis foi isolado em 12 (38) das mulheres
e 4 (77) dos homens Ureaplasma urealyOcum foi superado apenas par
Escherichia coli e Gardnerella vaginalis em ambos grupas 366 e 254
respectivamente no sexo feminina e 585 e 308 no masculino Demonstrou-se
partanto que a bacteriuria par ureaplasmas e relativamente co mum porem nao e
40
detectada por metodos convencionais de cultura de urina (AVILES ZARAGOZA
1998)
A significancia de micoplasmas em amostras de jato medic urinario e de
dificil determinacao devido a provavel contaminacao da amostra par
microrganismos colonizantes da vagina e uretra distal Entretanto estudos
realizados em amostras de aspirado suprapubico em gestantes demons tram que 0
desenvolvimento de pre-eclampsia e tres vezes mais prov3vel em mulheres
apresentando culturas positivas para ureaplasmas no inicio da gestacao do que em
mulheres com culturas negativas no mesmo periodo (KONEMAN ef a 1997)
54 Haemophilus spp
Existem varios estudos relacionando Haemophifus influenzae e Haemophilus
parainfluenzae a ITU embora sua freqOencia e significancia nae tenham sido
confirmadas Alguns pesquisadores sugerem a inclusao de agar chocolate em
culturas de urina de crian~as por causa da associa~ao de Haemophilus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae com outras infec~6es nesta faixa etaria (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
Maskell (1989) citou a ocorrencia de certas bacterias fastidiosas em sftios do
trato urinflrio abaixe da bexiga como par exemple em cases de prostatite por
Haemophilus influenzae
55 Lactobacillus spp
Em estudo realizado em pacientes do sexe feminine com sind rome uretral
aguda demonstrou-se uma alta freqOencia de isolamentos de lactobacilos Durante
dois anos amastras de jato medic de tais pacientes foram cultivadas observando-se
a principio alta concentracao de lactobacilos principalmente nas pacientes
sintomaticas Ao final do estudo durante 0 qual foi impedido 0 usa de antibi6ticos os
41
lactobacilos desapareceram da urina de muitas mulheres as quais tornaram-se
assintomaticas Os autores concluiram que as sintomas da sindrome uretra podem
ser devidos a multiplica~ao desproporcional de lactobacilos na uretra distal como
resultado de antibioticoterapia frequentemente administrada em cursos prolongados
para resolurao dos sintomas urinarios Lactobacilos tambem tern sido relatados em
amostras de urina obtidas diretamente da bexiga e de amostras de tecido obtidas
par bi6psia vesical bern como ocasionalmente isolados em urinas de mulheres
idosas com sintomas urinarios (MASKELL 1989)
56 COCOS GRAM-POSITIVOS
Microrganismos dos generos Lactococcus Gemella Aerococcus e
Globicatella embora possam estar presentes como contaminantes em culturas de
material clinico tern sido isolados como patogenos oportunistas ern urina e outras
amostras de pacientes imunocomprometidos Esforyos para identifica-Ios devem ser
realizados quando os isolados forem clinicamente significantes isto e isolados
repetidamente ou em cultura pura Devido a semelhanya com outros cocos gram-
positivos isolados com mais freq04sectncia como estreptococos enterococos e
estafilococos possivelmente sao confundidos com especies destes generos
(MURRAY 1999)
Golapachar et al (2004) relata ram um caso de infec9ao do trato urinario com
bacteremia causa do por Aerococcus viridans em um homem de 87 anos residente
em uma cUnica de repouso A cultura de urina apresentau crescimenta de 105
UFCml de Aerococcus viridans e a hemocultura fai positiva para a mesmo
microrganismo Os testes bioqulmicos que leva ram a identificayao do
microrganismo faram reayoes negativas de catalase e LAP (Ieucina aminopeptidase)
e reaDes positivas para PYR (L-pyrrolidonyl-beta-naphtylamina) fermentaao de
42
trehalose e manese resistencia a optoquina crescimento em agar bile esculina 40
e cresci menta em cloreto de s6die 65 As especies de Aerococcus sao anaer6bias
facultativas a maioria catalase negativa com tendemcia a formaCao de tetrades na
morfologia microsc6pica PYR positivo e LAP negativ~ a que as diferencia de
enterococos e estreptococos
A escassa documentacao a respeito de infecyoes humanas por Aerocccus
sp deve-se provavelmente a sua similaridade microbiol6gica aos estreptococos alfa-
hemoliticos e enterococos e possiveis erras na interpretacao laboratorial de
amostras clinicas No casa acima descrito a laborat6rio de microbiologia nao pade
reaHzar a antibiograma devido a natureza fastidiosa da bacteria mas houve sucesso
terapeutico ap6s administray8o intravenosa de levofloxacin (GOLAPACHAR et al
2004)
Um caso de pielonefrite e urossepsis por Streptococcus pneumoniae foi
relatado em urn hornem de 82 anos com hist6ria clinica de leucemia linf6ide cronica
e diabetes mellitus Exames radiograficos abdominais e tomografia computadorizada
mostraram uma imagem indicativa de extensa pielonefrite no rim esquerdo sem
nenhum outro foco de infecc8o 0 abscesso renal foi tratado por drenagem
transuretral e 0 material purulento obtido foi cultivado assim como materiais de
orofaringe escarro e sangue Esearro e orofaringe revelaram apenas mierobiota
normal do trato respirat6rio enquanto 0 material drenado e as hemoculturas
demonstraram microseopicamente cocos gram-positiv~s aos pares e em eadeias
alguns dos quais eram lanceolados havendo bom crescimento em agar sangue de
carneiro e agar chocolate a 37degC As col6nias eram fracamente alfa-hemoliticas no
agar sangue e nao muc6ides catalase-negativas e sensiveis a optoquina Testes de
aglutinac8o sorologiea de ambos materiais confirmaram a identificac8o e testes
43
moleculares demonstraram ser as dois isolados identicas Apesar da terapia
antimicrobiana a paciente desenvolveu coagula98o intravascular disseminada e
sofreu uma parada cardiaca sendo que 0 quadro foi revertido mas tornau-se
necessaria a nefrotomia para eliminar a foco da infeccao Em contraste a estud05
anteriores a paciente descrito apresentou um verdadeiro casa de pielonefrite
abscesso renal e urossepsis causados par Streptococcus pneumoniae A presenca
de doencas como leucemia linf6ide crOniea e diabetes mellitus fcram 5uficientes para
causar um certa grau de imunossupressao e predispor a paciente a infeccao par
Streptococcus pneumoniae mesma sem hist6ria antecedente de infecC8o
pneumoc6cica trauma ou interven9ao cirurgica (DUFKE KUNZE-KRONAWITIER
SCHUBERT2004)
57 BACT~RIAS ANAER6BIAS
Tern sido descritos casas de infec90es do trato urinario par bacterias
anaer6bias com as mais diverses tipos de apresenta90es clinicas entre processes
crenicos e agudos As bacterias recuperadas sao bacilos gram negativQs incluindo
Bacteroides fragifis Prevotella sp e Porphyromonas sp Clostridium sp cocos
gram-positiv~s e Actinomyces sp Em muitos casas sao recuperadas em culturas
mistas com coliformes e estreptococos (BROOK 2004)
58 OUTRAS BACT~RIAS FASTIDIOSAS
Foi descrita par Greub e Raoult (2002) uma nova especie bacteriana
Actinobaculum massiliae recuperada da urina de uma mulher de 81 anos com ITU
cr6nica Os estudos fenotipicos genotfpicos e filogeneticos realizados mostraram
ser 0 isolado urna nova especie ainda nao recanhecida dentro do genera
Actinobaculum e foi proposta a denominacao Actinobaculum massiliae A mesma
cepa faj isolada tres vezes num perlodo de sete meses mesmo apes tratamento
44
com amoxicilina sulfametoxazol~trimetoprim e rifampicina Devida ao fata do
microrganismo nao ser isolado em procedimentos laboratoriais de rotina uma ITU
devido a Actinobaculum massiliae pade ser mal diagnosticada Alem disso as
col6nias apresentam heterogeneidade morfol6gica ap6s cinco dias de incubacao
podendo levar a uma errOnea interpretaC(ao de contaminacao com duas especies de
badlas gram~positivos 0 usa de agar sangue de carneiro e incubacao prolongada
motivado pela presenca de 106 leuc6cit05 per ml na urina da paciente permitiu a
desenvolvimento da cepa Houve cura ap6s tratamento com doxiciclina (GREUB
RAOUL T 2002)
Em estudo clinico e microbiol6gico de mulheres com sindrome uretral -
excluindo pacientes com cistite bacteriana - 41 pacientes foram comparadas com 42
pacientes controle Nao foi encontrada diferenca entre pacientes e con troles em
incid~ncia de Chlamydia trachomatis e outros microrganismos de transmiss3o
sexual 0 numero de lactobacilos e outros microrganismos fastidiosos bem como a
numero de leucocitos na urina nao apresentaram diferenca entre pacientes com
sintomas leves e intensos ou entre pacientes e controles Os auto res sustentam a
hipotese da sindrome uretral nao ser causada por infecrao bacteriana ou clamidial
(GILLESPIE et al 1989)
45
6 CONCLUSAO UMA REFLExAO
E indiscutivel a importo1ncia para a laborat6rio de requisicoes de exame
completas com informayoes sabre suspeita clinica existencia de sintomas
anormalidades do trata urinario e condhoes imunol6gicas do paciente Embora
tradicionalmente a maiaria dos medicos nao fornega muitas informacoes sabre 0
paciente ao laborat6rio a microbiologista pede incentivar a criacao de urn canal de
comunicacao quando observar a necessidade de informagoes sobre determinado
paciente
Exames anteriores do paciente sempre que disponiveis devem ser
consultados e comparados pois informacoes sabre infecc6es recorrentes au
recidivantes especies bacterianas envolvidas au presen9a de piuria esteril sao
importantes para direcionar a pesquisa para agentes fastidiosos
o metoda de coleta e as condi~6es de transporte da urina deterrninam a
qualidade da amostra e a quao relevantes serao as microrganismos nela
encontrados Considerando-se que urna bacteria normalmente considerada como
contarninante introduzida durante a coleta pode ser em alguns casos patogenica ou
ainda que uma especie fastidiosa patogenica de crescimento lento pode ter seu
crescimento inibido par uma contaminante de crescimenta mais rapido a coleta
adequada torna-se urn fator de suma importancia para a detec~ao de especies
fastidiosas em urina
Como ja discutida torna-se indispensavel a realiza~ao da calora~ao de
Gram em amostras de urina pOis alem de ser urn teste de triagem rapida e barato
para bacteriuria acima de 105 UFCml pode ser 0 unica indicativa da presen~a de
urna especie fastidiosa
46
A comunica~ao entre a microbiologista e a medico pode determinar nao 56 a
sucesso do diagn6stico e do tratamento como a viabilidade economica da pesquisa
de bacterias fastidiosas para 0 laborat6rio urna vez que direciona as esforyos
laboratoriais aos pacientes que realmente necessitam evitando 9a5t05
desnecessarios
Bacte-rias fastidiosas podem nao responder ao tratamento antibi6tico para
pat6genos convencionais do trato urinario portanto a pesquisa precocemente
direcionada para tais agentes pode melhorar 0 progn6stico das ITU evitando a
administracao de antibioticos inadequados au desnecessarios
Como observado nos diversos casas reiatados bacterias fastidiosas
ocorrem em cenaries clinicos especificos 0 entendimento do processo da doen=a e
as condi=oes do paciente pod em ajudar muito 0 laboratorio no esfor=o para
recuperar a bacteria do material clinico
47
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
ALBINI C A Cullura de Urina Analise das metodologias interfer~ncja sobre as
resultados e proposta para padronizacao 1994 54 f Monografia (Especia1iza9aO em
Bacteriologia) - Setor de Ciencias da Saude Departamento de Patologia Medica
Universidade Federal do Parana Curitiba
AGARWAL M DIXON R A A study to detect Gardnerella vagina lis DNA in
interstitial cystitis British Journal of Urology (on line) 2001 Disponlvel em
httpwwwbjuiorg889articlebju2514aspAcessoem 03 fev 2005
BATRA A Interstitial Cystitis Updade Infection Urology (on line) 1999 Disponivel
em httphomeswipnetsellsopicupdatehtm Acessa em 20 dez 2004
CLARIDGE J E JOHNSON J R PEZZLO M T Laboratory Diagnosis of Urinary
Tract Infections Washington American Society for Microbiology 281998
BROOK I Urinary tract genito-urinary suppurative infections due to anaerobic
bacteria International Journal of Urology (on line) 2004 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezigueryfcgicmd=Retrieveampdb=pubmedampdopt=Abst
ractamplist uids=15009360 Acesso em 18 mar 2005
DOMANN E HONG G IMIRZALIOGLU C TURSCHNER S KOHLE J
WATZEL C HAIN T HOSSAIN H CHAKRABORTY T Culture-Independent
Identification of Pathogenic Bacteria and Polymicrobial Infections in the Genitourinary
Tract of Renal Transplant Recipients Journal of Clinical Microbiology (on line) 2003
48
Disponivel em httpjcmasmorgcgireprintl41125500pdf Acesso em 18
mar2005
DOMINGUE G J HELLSTROMW J G Prostatitis Clinical Microbiology Reviews
(on line) 1998 Disponivel em httpcmrasmorglcgilcontentifuIl11141604 Acesso
em 03 fev 2005
DUFKE S KUNZE-KRONAWITIER H SCHUBERT S Pyelonephritis and
Urosepsis Caused by Streptococcus pneumoniae Journal of Clinical Microbiology
(on line) 2004 Disponlvel em httpjcmasmorgcgicontentifuIl4294383 Acesso
em 06 mar2005
FAIRLEY K F BIRCH D F Detection of Bladder Bacteriuria in Patients with Acute
Urinary Symptoms The Journal of Infectious Diseases Melbourne v 159 n2 p
226-231 fev 1989
FRAIMOW H S JUNGKIND D L LANDER D W DELSO D R DEAN J L
Urinary Tract Infection with an Enterococcus taecais Isolate that Requires
Vancomycin for Growth Annals of Internal Medicine (on line) 1994 Oisponivel em
httpwwwannalsorgcgicontentifuIl1211122 Acesso em 18 mar 2005
FRANZ M HCRL W H Common errors in diagnosis and management of urinary
tract infection I Patophysiology and diagnostic techniques Nephrology Dialysis
Transplantation (on line) 1999 Disponivel em
httpltwwwndtoupjournalsorgcgicontentifuIl141127 46 Acesso em 01 dez 2004
49
GIBB A P Plates are Belter than Broth for Recovery of Fastidious Organisms from
some Specimen Material Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Oisponivel
em httpjcmasmorgcgireprinU4041129pdf Acesso em 06 mar2005
GILLESPIE W A HENDERSON E P LINTON K B SMITH P J Microbiology
of the urethral (frequency and dysuria) syndrome A controlled study with 5-year
review British Journal of Urology (on line) 1989 Disponfvel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
2804564ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr 2005
GINESTRE PEREZ M ROMERO-A~EZ S MARTINEZ-GARCIA A RINCON-
VILLALOBOS G HARRIS-SOCORRO B CATELLANO-GONZALES M AVILA-
ROO Y PEROZO-MENA A Gardnerella vaginalis y uropat6genos convencionales
em pacientes ambulatorios Revista de La Sociedad Venezolana de Microbiaogia
(on line) 2001 Disponivel em
httpwwwseieloorgvaseielo phpscriptsci arttextamppid=S 1315-
25562001000200003amplng=esampnrm=isso Acesso em 05 jan 2005
GOBERNADO M CRUZ F J DALET F BROSETA E DE CUETO M
SANTOS M DE LA ROSA M Procedimientos en Microbiologla Clinica La
infeccion urinaria 2002 Disponivel em
httpwwwseimcorgprotocolosmicrobiologiaindice14htm Acesso em 01 dez
2004
50
GOLAPACHAR A AKINS R L DAVIS W R SIDDIQUI A A Urinary tract
infection caused by Aerococcus viridans a case report International Medical Journal
for Experimental and Clinical Research (on line) 2004 Oisponivel em
httpwlNNmedscimonitcompubvol 10no 114928pdf Acesso em 03 dez 2004
GREUB G RAOULT D Actinobaculum massiliae a new species causing chronic
urinary tract infection Journal of Clinical Microbiology (on line) 2002 Disponivel em
httpwwwpubmedcentralnihgov articlerender fcgitool=pubmedamppubmedid=12409
355 Acesso em 13 fev2005
HElLBERG I P Diagnosis and clinical management of urinary tract infection
Disponivel em httpwwwunineteducin2003confpfefermanpfefermanhtml
Acesso em 20 out 2004
KONEMAN E W ALLEN S D JANDA W M SCHREKENBERGER P C
WINN Jr W C Cr Atlas and Textbook of Diagnostic Microbiology 5ed
Philadelphia Lippincott-Raven 1997
LIPSKY B A Managing Prostatitis and Urinary Tract Infection in Men Infectious
Diseases Infoalerl (on line) 2003 Oisponivel em
httpwwwdpacomhklpdflinfolnfoALERT 15pdf Acesso em 10 dez 2004
MASKELL R A new look at the diagnosis of infection of the urinary tract and its
adjacents structures Joumaloflnfecfion Portsmouth n 19 p 207-217 jul 1989
51
MERIA P DESGRIPPES A ARFI C LE DUC A Encrusted Cystitis and Pyelitis
Journal of Urology (on line) 1998 Disponlvel em
htlpIwwwjurologycomipUrejuroabstract00005392-1 99807000-
00003htmmiddotjsessionid-CnHOtEDjxvOgrxiWIUac52pekluG1HSCZzrnOpCIJH4V107ePU
evI848681301-949856032190011-1 Acesso em 21 abr 2005
McCUE J D The Management of Complicated Urinary Tract Infections Infectious
Diseases Infoalert (on line) 1999 Disponfvel em
htlpIwwwdpacomhkJpdlfinlofinlo alart 01pdl Acesso em 01 dez 2004
MURRAY P R Manual of Clinical Microbiology 7ed Washington ASM Press
1999
NABER K G BERGMAN B BISHOP M C JOHANSEN T E B BOTTO H
LOBEL B CRUZ F J SELVAGGI F P European Association 01 Urology
Guidelines on Urinary and Male Genital Tract Infections Disponlvel em
httpwwwuroweborglfilesluploaded filesuti mgtLpdf Acesso em 20 dez 2004
OPLUSTIL C P Urocultura In__ Procedimentos basicos em microbiologia
clinica 2 ed Sao Paulo Sarvier 2004 p 88-93
OSBORNE J About Interstitial Cystitis Disponivel em htlplwwwic-
networkcomhandbooklbasicshtmlintro Acesso em 20 dez 2004
52
PEDRAZA AVILES A G ORTIZ ZARAGOZA M C Symptomatic bacteriuria due to
Ureaplasma and Mycoplasma in adults Revista Latinoamericana de Microbiologia
(on line) 1998 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedampdopt=Abs
tractamplist uids=20388109 Acesso em 20 abr 2005
RIEGEL P RUIMY R BRIEL D de PREVOST G JEHL F BIMET F
CHRISTEN R MONTEIL H Corynebacterium seminale sp Nov a New Species
Associated with Genital Infections in Male Patients Journal of Clinical Microbiology
(on line) 1995 Disponlvel em
htlpllwwwpubmedcentralnihgovpicrenderfcgiartid=228387ampblobtype=pdf
Acesso em 19 mar 2005
SORIANO F PONTE C A case of urinary tract infection caused by
Corynebacterium urealyticum and coryneform group F1 European Journal of Clinical
Microbiology Infectious Diseases (on line) 1992 Disponfvel em
httoIwwwncbinlmnihgoventreziguervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
1396772ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr2005
TANNER M A SHOSKES DSHAHEDA PACENR Prevalence of
Corynebacterial 16S fRna Sequences in Patients with Bacterial and Nonbacterial
Prostatitis Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Disponivel em
httpmcmasmorgcontenVfull3761863 Acesso em 06 mar 2005
TRABULSI L R ALTERTHUM F Escherichia coli uropatagenica (UPEC) In
Microbiaagia 4 ed Sao Paulo Atheneu 2004 p 303-309
53
18
trachomatis Mycoplasma hominis Ureapfasma urealyticum Trichomonas vaginalis
au agentes virais embora muitos estudos naD confirmem lais dados Tecnicas
microbiol6gicas especiais e tecnicas moleculares tern demonstrado em pacientes
com prostatite naD bacteriana colonizaf(80 prostatica com especies bacterianas de
baixa virulencia e tambem bacterias fastidiosas sugerindo etiologia infecciosa
(LIPSKY 2003)
Homens jovens com prostatite aguda podem ter baixas concentracoes de
bacterias na urina as quais nao sao reconhecidas como significantes e
possivelmente naD reportadas au entao podem ser infectados com microrganismos
fastidiosos como Gardnerella vaginais Quando traladas par insuficiente periodo de
tempo ou com um antibiotico inadequado que nao atinge urna concentracao
terapeutica adequada no tecido prostatico tais pacientes podem evoluir para uma
condi9ao de prostatite crOnica (MASKELL 1989)
A ITU e comum apos transplantes renais embora os riscos estejam sendo
diminuidos pelo uso de menores doses de imunossupressores e tambern pelo uso
profilatico de antibioticos Entre os fatores predisponentes pode-se citar infeccao
previa no rim do doador bern como alteracao do uroepitl~lio do receptor causada p~r
cateteres vesica is e stents ureterais Nos primeiros tr~s meses as ITU sao
geralmente assintomaticas e recidivantes ap6s esse perlodo sao menos freqOentes
e ha melhor resposta a antibi6ticos embora sejam comuns as complicacOes
urol6gicas como fistulas e obstrucoes Isquemia do orgao devido a dano arterial
pode promover ITU pela colonizacao bacteriana do tecido lesado usualmente por
bacterias comensais ou fastidiosas A erradicacao das infecc6es pode tomar-se
impossivel ate que 0 rim ou pelos menos 0 segmento prejudicado seja removido
(NABER et ai 2004)
19
Lactobacilos corinebacterias e alguns estreptococos fastidiosos podem ser
patogenos secundarios em ITU originalmente selecionados da microbiata uretral par
tratamento antibi6tico Tal situa~ao pade acorrer em pacientes que tenham recebido
agentes antibacterianos durante long05 periodos au antibioticoterapia aSSDciada a
urn periodo de cateterizayao A falha na deteqao laboratorial destas especies pade
resultar em tratamento antimicrobiano inadequada exacerbando 0 problema OU
ainda levar a investiga90es invasivas desnecessiuias (MASKELL 1989)
20
4 A ROTINA DA UROCULTURA NO LABORATORIO DE ANALISESCLiNICAS
o diagn6stico microbiol6gico de uma infeqao urinaria mesma baseando-se
na determinay80 de microrganismos em urn Hquido biologico normalmente esteril
apresenta dificuldades com relaCao a valoriz8gao dos resultados E sabido que
existem microrganismos naturalmente residentes na uretra regiao genital e perinea
que podem contaminar a urina acidentalmente somando-se a issa a a9ao da
temperatura que estimula a proliferar8o bacteriana Par outro lado as tecnicas de
coleta e cultivo de amastras devem ser direcionadas a pesquisa de microrganismos
pouco habituais as quais podem ser importantes em determinadas situaroes
(GOBERNADO ef al 2002)
A decisao de como uma amostra deve ser cultivada depende do metoda de
coleta e dos sinais e sintornas cllnicos do paciente informa~6es que deveriam ser
transmitidas ao laboratorio pelo medico Entretanto na maioria das vezes 0
laborat6rio recebe informa~6es incompletas ou incorretas que resultam na realiza~ao
de muito ou pouco trabalho com uma determinada amostra (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
A classifica~ao de culturas de urina por tipos permite que 0 manejo das
amostras seja direcionado pela necessidade clinica e que 0 laborat6rio possa
escolher os meios de cultura e a quantidade de inoculo mais apropriada Com base
nos dad os cllnicos do paciente podem-se definir tres tipos de cultura de urina
retina inspeao e invesligaliva (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
As culturas de retina sao apropriadas para pacientes ambulatoriais e com
ITU nao complicadas As culturas de inspe~ao devem ser realizadas em pacientes
geriatricos e individuos que utilizam cateteres vesicais nos quais a caloniza~ao au
infec~ao por multiplos microrganismos e comum Culturas investigativas sao aquelas
21
direcionadas para diagn6sticos especificos microrganismos fastidiosos ou grupos
diferenciados de pacientes Devern ser realizadas nos casas de cultura previa
negativa de falha na terapia antimicrobiana au no case de suspeita de urn
uropat6geno naD usual E tambem apropriada a sua realiza980 quando ha
discrepimcia entre a apresentacao clinica do paciente au a coloracao de Gram e 0
resultado previa da cultura (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Os meios de cultura m~is utilizados para semeadura de urina sao as
seletivQs diferenciais como 0 meio de Teague (agar eosin a azul de metileno) e de
Mac Conkey associados ao agar sangue 0 meio de CLEO (agar cistina lactose
eletr61ito deficiente) e muito utilizado no Brasil e permite 0 crescimento de bacterias
gram-negativas e gram-positivas Tais meios auxiliam na identifica980 presuntiva da
bacteria atraves da colora98o colonial indicando a capacidade de fermenta980 da
lactose (ALBINI 2004)
Segundo Clarridge Johnson e Pezzlo (1998) culturas urinarias de rotina
devem ser realizadas semeando as amostras em agar sangue de carneiro 5 e em
agar Mac Conkey eu um meio seletive similar e incubando as placas por 18 a 24
horas a 35 - 37deg C em ar ambiente Ainda assim e meio de CLEO e preferido nos
laboratories brasileiros pela sua versatilidade Para microrganismos fastidiosos 0
agar chocolate deve ser utilizado em conjunto com agar CNA (Columbia-colistin a-
acido nalidixico) eagar MacConkey devendo-se utilizar a al93 calibrada de 001ml
alem da al9a 0001 ml As placas de CNA e agar chocolate devem ser incubadas em
5 CO2 por 48 horas
Para popula96es especificas com ITU cronicas ou anormalidades
anatomicas pode ser apropriada a cultura visando microrganismos anaerobios au de
cresci menta lento (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
22
Para popula90es nas quais as culturas polimicrobianas sao comuns 0 agar
CNA pade ser utilizado para demonstrar a presenca de enterococos Qutros cocos
gram-positives au leveduras presentes nas culturas mistas 0 agar CNA permite urn
born cresci menta de estreptococos corinebacterias e Gardnerela vaginalis e deve
ser incubado por 48 horas a 35 C (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Amostras obtidas par puncao suprapubica au de pacientes com suspeita de
sindrome uretral aguda devem ser semeadas com al98 calibrada de 001 ml a1em
da ala de 0001 ml em agar sangue (OPLUSTIL et al 2004) Contagens baixas ou
mesma multiplos tipos de microrganismos devem ser valorizados em tais cases
(KONEMAN 1997)
Corynebacterium ureafyticum e Qutras corinebacterias desenvolvem-se bem
em agar sangue de carneiro 5 au agar CNA mas sao mais bern visualizadas ap6s
incubaao de 48 horas (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
As calOnias de Gardnerella vaginalis sao fracamente visiveis em agar
sangue ap6s 24 haras de incuba~ao e recomenda-se a usa de agar CNA au HBT
(agar sangue tween bicamada) e incuba~aa par 48 haras em tensaa de C02
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
as tactabacilos podem ser isolados em meias de isotamento prima rio
utilizadas para urina como a meio de CLEO no entanto devem ser incubadas par 48
horas em atmosfera de CO (MASKELL 1989)
a resultada da cultura deve ser sempre carrelacianada com a leitura do
Gram Caso nao haja crescimento ap6s 18 a 24 horas de incuba~ao e na
microscapia tenha sido observada a presen~a de microrganismas au numero
eleva do de leuc6citas deve-se incubar as ptacas par mais 24 haras (OPLUSTIL et
al2004)
23
A piuMa esteril e urn achado importante que po de refletir usa de
antibioticoterapia outras doencas como neoplasias au calculos urinarios au
infeccoes com microrganismos que naD sao detectados par rnetodos rotineiros de
cultura (MIMS et aI 1995)
o conceito de bacteriuria significativa para 0 diagn6stico das ITU e
tradicionalmente baseado no criteria quantitativa estabelecido par Kass na decada
de 1950 permitindo a distincao entre colonizarao e infecrao A utilidade e a
consistemcia do criteria de contagem de colOnias superior OU igual a 105 par mililitro
tern sido validadas repetidamente par varios pesquisadores demonstrando que tal
criterio nilo pode ser aplicado a todos os pacientes (FRANZ HORL 1999)
A baixa especificidade da cultura quantitativa de jato medio se deve apossivel adilao de bacterias comensais a urina durante a coleta A baixa
sensibilidade dos resultados inferiores a 105 UFCml pode ser devida a excregao
intermitente de bacterias que pode ocorrer em determinados sitlos do trato urinario
bem como ao uso de meios de cultura que nao proporcionam 0 cresci menta de
todas as especies capazes de infectar 0 trato urinario (FAIRLEY BIRCH 1989)
Altas contagens de bacterias aer6bias sao encontradas em amostras de
urina de jato medio quando os microrganismos sao providos de 6timo substrato e de
ten sao de O2 relativamente alta Em algumas sltuagoes como infecgoes cronicas
prostatite infecgao das glandulas parauretrais em mulheres litiase infecciosa e
cicatrizes renais per pielonefrite croniea os mierorganismos podem nao se
multiplicar tao rapidamente e pertanto nao apresentarem contagens tao altas quanta
nas cistites agudas Os sitlos de infecgao abaixe da bexiga nao fornecem as
mesmas condigoes favoraveis de incubagao ahsectgtmdisso a velocidade do fluxo
24
urinario e a freqO~ncia de miccaosao fatores que influem nas contagens bacterianas
(MASKELL 1989)
Torna-se claro que considerar baixas contagens de pat6genos aero bios em
culturas puras como contaminaCao e incorreto e pode levar a erros de diagn6stico
pois infeccoes de grande signific~ncia cHniea pod em nao estar sendo detectadas t
igualmente importante nao considerar automaticamente urna alta contagem de
col6nias como infecy8o sem considerar as condicoes do paciente e da coleta 0 usa
de antibi6ticos em resposta a urna alta contagem bacteriana pode selecionar cepas
resistentes tornando mais dificil 0 tratamento de infecgoes posteriores verdadeiras
(MASKELL 1989)
Alguns procedimentos utilizados para 0 diagnostico das ITU sao
considerados inaceitaveis atualmente e nao devem ser realizados como cultura de
cateter de Foley cultura de urina em meios Hquidos cultura de sedimento urinario
pesquisa de anaer6bios como procedimento de rotina e em urina de jato media au
obtida par cateteriza9ao bem como cultura de urinas que tenham permanecido mais
de duas heras sem refrigeragao au canservagao (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO1998)
41 COLETA E TRANS PORTE DE AMOSTRAS
A coleta e a trans porte inadequado da amostra podem levar a um resultado
de diffcil interpreta9aO Portanto a medida mais importante para realizar uma cultura
de urina e estabelecer rfgidos criterios de coleta e propiciar treinamento constante
para as profissionais envolvidos na realiza9aO da coleta (OPLUSTIL et al 2004)
Koneman et al (1997) recomendam que a paciente receba as instru90es de
coleta impressas ap6s receb~-Ias verbalmente Caso 0 paciente demonstre
inseguran9a au nao compreenda urn profissional treinado deve explicar novamente
25
passo a passo ou se passivel acompanhar pessoalmente a coleta (coleta
supervision ada)
Amostras de urina de jato media sao as amostras mais comumente
submetidas a cultura De preferencia deve ser colhida a primeira urina da manha
podendo ser aceitas urinas com pelo menos 2 heras de reten~ao Ap6s higiene da
regiao genital despreza-se 0 primeiro jato - 0 que auxilia a eliminacao dos
contaminantes da uretra inferior - e colhe-se 0 jato media em fraseD esteril
apropriado desprezando-se 0 final da mic9ilo (OPLUSTIL eJ al 2004) A higiene
genital deve ser realizada com agua e sabao naD anti-septico devendo ser as [abias
vaginais afastados e 0 prepucio retraido antes da miccao (GOBERNADO et 81
2002)
Alguns autores afirmam que mesma quando a coleta e meticutosamente
reatizada com a assist~ncia de um pro fissional treinado a urina apresenta-se
frequentemente contaminada (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Amostras urinarias de criancas obtidas com saco coletor devem ser colhidas
apos higiene da regiao genital e colocacao do saco coletor de forma asseptica
Troca-se 0 coletor a cada 45 minutos ou 1 h~ra repetindo-se a higiene e evitando-se
contaminacao fecal 0 coletor deve chegar fechado ao laborat6rio Tas amostras
freqOentemente sao contaminadas com microrganismos fecais promovendo
resultados falso-positivos portanto 0 maior significado clinico de amostras obtidas
com saco coletor e 0 resultado negativo (OPLUSTIL et a 2004) Culturas positivas
devem ser confirmadas por metodos de cateterizacao direta ou aspiracao
suprapubica (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Em pacientes com sanda vesical permanente pinca-se a canula do coletor
realiza-se desinfeccao da canula com alcool 70 e punciona-se com seringa e
26
agulha estereis colocando-se a amostra em frasee esteri Nunea se deve obter a
amostra do saco coletor de pacientes sand ados porque a multiplica9ao bacteriana
fornecera urn numero muito maior que aquele real mente presente no paciente
(OPLUSTIL et al 2004) Tambem nao se reeomenda deseoneetar 0 eateter do tubo
coletor sob risco de introduyao de microrganismos no sistema Sempre que passivel
tal coleta deve ser realizada ap6s troea do cateter pois urna microbiota que naD
corresponde a do paciente pade residir em cateteres antigos (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
A punyao suprapubica e considerada a metoda padrao auro para coleta de
urina par representar a verdadeira bacteriuria vesical (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998) Calhe-se com seringa e agulha diretamente par pun9ao vesical Tal
procedimento evita problemas de contamina9ao uretral e e recomendado para
crian9as ate dois anos detec9ao de anaer6bios enos casos de repeti9ao de ex ames
com interpretaoes duvidosas (OPLUSTIL et al 2004) Pode tambem estar indieada
para homens de qualquer idade com fimose e em mulheres com bacteriurias de
repeti~o de proeedeneia duvidosa (GOBERNADO et al 2002)
A cateteriza9ao com finalidade unica de obten9ao de amostras somente
deve ser realizada em pacientes nos quais nao seja possivel a elimina9aO
espontanea de urina como doentes neurologicos au com problemas urol6gicos
obstrutivos Caso seja necessaria devern-se utilizar tecnicas rigorosas de assepsia
por causa do alto risco de introdu9ao de rnicrorganismos (KONEMAN et a 1997
GOBERNADO et a 2002)
Para a pesquisa de Mycobacterium tuberculosis tres amostras de urina da
manha devem ser coletadas em dias consecutivos as tecnicas de cultivo para
27
micobacterias naD permitem a cresci menta de outros agentes e portanto a coleta
nac necessita de assepsia rigorosa (MIMS et al 1995)
Caso naD seja passivel a processamento da amostra de urina em ate 2
haras apas a coleta a amostra deve ser refrigerada (2 a 80 C) e processada em ate
24 haras tempo maximo para manuten~ao da contagem bacteriana estavel 0 usc
do preservativo acido b6rico permite que a amostra permane98 a temperatura
ambiente (20 a 25 C) ate 24 horas antes de ser process ada (OPLUSTIL ef aI 2004
CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Sistemas de trans porte usanda acido b6rico podem ser metodos alternativQs
para coletas realizadas em casa au em locais distantes do laborat6ria e mostram-se
tao efetivos quanta a refrigeragao (KONEMAM ef ai 1997)
Oepois de coletada a amostra de urina deve ser encaminhada ao laboratorio
a mais rapido possivel e com todas as informayoes necessarias para degprocessamento Devem ser relatados 0 horario e 0 metodo da coleta 0 tempo de
reteny80 da urina 0 tipo de paciente (por exemplo urologico ou geriatrico) a idade
o sexo se 0 paciente tem recebido quantidades aumentadas de Ifquido
apresentay80 clinica (existencia de sintomas) resultados de urinalise (presen9a de
celulas inflamat6rias) e resultados antecedentes de cultura (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
De maneira ideal as amostras devem ser coletadas antes do inicio da
terapia antimicrobiana Caso 0 paciente ja esteja recebendo ou tenha recebido
antibioticoterapia nas 48 horas antecedentes a realizay80 do exame esta
informay80 deve ser explicitada no formulario de requisiy80 do exame (MIMS et al
1995)
28
Recoletas devem ser solicitadas quando amostras nae refrigeradas forem
recebidas 2 horas ou mais ap6s a coleta au quando nac fcrem comunicados 0
horario e a forma de coleta No entanto nenhuma amostra deve ser desprezada
antes do cantata com 0 medico solicitante po is ela pade em alguns casas ser
insubstituivel (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Menos de 5 das urinas coretadas e transportadas adequadamente
apresentam multiplos microrganismos Exce~6es sao amostras de pacientes com
bexiga neurogemica au usa cranico de cateteres nos quais a bacteriuria
polimicrobiana pade ser detectada em 30 a 80 das culturas freqOentemente sem
infecao (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Segundo Koneman et al (1997) a acuracia do procedimento de coleta de
urina pode ser monitorada pela frequencia de exames com contagens entre 104 a 105
UFCml que nao deve exceder 5 a 10 se os procedimentos forem realizados
apropriadamente
42 A IMPORTANCIA DA COLORAltAo DE GRAM
Durante as ultimas decadas testes rapidos de triagem para bacteriuria foram
desenvolvidos com 0 propos ito de fornecer resultados mais rapid os e de eliminar a
necessidade de cultivar amostras negativas Entretanto sua utilizacao e limitada
principalmente pela incapacidade de detectar baixos niveis de bacteriuria e piuria
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
A coloracao de Gram da urina nao centrifugada e um dos metodos mais
rapidos seguros e baratos para estimar bacteriuria superior a 105 UFCml e
presenca de mais de 8 a 10 leucocitoslJl Homogeneiza-se muito bem a urina
coloca-se uma gota sobre lamina sem espalhar e deixa-se secar ao ar A lamina
deve ser fixada par calor au metanol (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998) A
29
presenca de uma ou mais celulas bacterianas per campo em aumento de 1000
vezes tern sensibilidade de 94 e especificidade de 90 em refletir uma contagem
de colOnias superior a 10 UFCml (KONEMAN ef al 1997)
Embora seja urn metoda barato de triagem a coloraC8o de Gram naD e
utilizada par muitos laborat6rios pelo consumo de tempo e baixa sensibilidade em
contagens inferiores a 105 UFCml Sugere-se a sua utilizacao como teste de triagem
apenas em pacientes com contagens de col6nias provavelmente altas
principalmente as assintomaticos e com suspeita de pielonefrite Alguns autores
relatam melhora da sensibilidade a nlveis acima de 104 UFCml com 0 usa de
citocentrifuga (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
A coloraCao de Gram do sedimento urinario em bora ainda utilizada por
muitos laboratorios e impropria pela baixa reprodutibilidade e dificuldade de
padronizacao e correlacao com os metodos de velocidade de excrecao de leucocitos
au contagem em camara (ALBINI 1994)
As informac6es fornecidas pela cOloracao de Gram sobre a morfologia do
microrganismo e caracteristicas na coloracao sao extremamente importantes para a
selecao inicial da terapia antimicrobiana enquanto se aguarda 0 informe definitivo
do resultado da cultura e do antibiograma (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO
1998)
~ imprescindivel a realizacao da coloracao de Gram para deteccao de
bacterias fastidiosas ou nao usuais Devido a dificuldade de desenvolvimento nos
meios utilizados para a deteccao de enterobacterias em alguns casos somente a
visualizacao microscopica indicarcfi a sua presenca (FRANZ HORL 1999)
A observacao microscopica da urina permite verificar a qualidade da amostra
especialmente em mulheres nas quais a contaminacao vaginal e frequente
30
produzindo resultados falso-positivos A presen~a de muitas celulas epiteliais e de
mais de urn tipo de microrganismo no Gram sugere contamina9aO da amostra em
decorrencia da coleta (OPLUSTIL et ai 2004)
Dutro aspecto importante da coloracao de Gram e a sua utilidade no
monitoramento das culturas podendo-se pelo seu resultado detectar erras tecnicos
e ate mesmo troca de amostras (ALBINI 2004)
31
5 BACTERIAS FASTIDIOSAS E INFECcAO DO TRATO URINARIO
Em 1989 Maskell citou a ocorrencia de bacterias fastidiosas como algumas
especies de estreptococos Gardnerela vaginalis Haemophilus influenzae
Corynebacterium spp e lactobacilos em infecgoes da bexiga e trato urinario superior
isoladas de amostras de urina obtidas par cateteriz8gao aspiragao supra-pubica e
tarn bam de amostras de tecido obtidas per bi6psia vesical Relatou tambem a
preseng8 de tais bacterias na urina de gestantes assintomaticas com mais
freqOencia do que em nao-gestantes e que as gestantes apresentando bacteriuria
posteriormente desenvolviam sintomas com mais freqoencia do que as que nao
apresentavam bacterias na urina
Fairley e Birch (1989) realizaram um importante estudo demonstrando que
pacientes com sintomas de infec~ao do trato urinario apresentando resultados
negativos em culturas de rotina podem abrigar bacterias fastidiosas ou baixas
contagens de uropat6genos convencionais na bexiga Os pacientes incluidos no
estudo foram os que apresentaram resultados inconclusivos em culturas previas de
jato medio como desenvolvimento inferior a 105 UFCml de um pat6geno
convencional ou a desenvolvimento superior a 102 UFCml de uma bacteria
fastidiosa Foram avaiiadas urinas obtidas por aspirayao suprapubica de 1817
mulheres e 300 homens cultivadas para uropat6genos convencionais e bacterias
fastidiosas utilizando in6culo que proporcionou resultados entre 101 e 107 UFCml A
freqOencia de isolamentos esta representada na tabela 1
32
TABELA 1 - FREQUENCIA DE BACTERIURIA EM 2117 PACIENTES(AMOSTRAS OBTIDAS POR PUNCAO SUPRAPUBICA) -1989
Uropat6-Culturas positivas $omente $omente especies genos
(n = 597) uropat6genos fastidiosas conven-convencionais (n = 366) cionais
n = 170 eespeci-
Pacientes Unica Multiplas Unica Multiplas Unica Multiplas esespecie especies especie especies especie especies faslidio-
sasMulheres (n = 1817) 370 191 148 5 222 125 61Homens (n = 300) 36 0 17 0 19 0 0
FONTE The Royal Melbourne Hospital
Vinte e aito especies microbianas foram isoladas no trabalho em questao
sendo Ureaplasma urealylicum Gardnerella vaginalis Escherichia coli Mycoplasma
hominis e Staphylococcus epidermidis as especies mais isoladas Quinhentas e
oitenta e uma (70) das 830 cepas isoladas pertenciam a especies fastidiosas -
Ureaplasma urealyticum Gardnerella vaginalis e Mycoplasma hominis - que nao sao
recuperadas em meies de cultura canvencianais Gardnerella vaginais fai mais
freqUente em mulheres enquanto Ureaplasma urealyticum nao apresentou diferen9a
estatisticamente significativa entre os sexas Treze esptkies fcram isoladas em
apenas uma ou duas ocasioes entre elas Streptococcus equi Streptococcus
equisimifis Streptococcus sanguis Morganella morgan Klebsiella oxytoca
Peptococcus anaerobius Proteus vulgaris Enterobacter aerogenes Salmonella
enteritidis Pseudomonas aeruginosa Haemophilus influenzae Haemophilus
parainfluenzae e Haemophilus parahaemofyticus Anaer6bios estritos foram isolados
de apenas sete dos 597 pacientes (FAIRLEY BIRCH 1989)
Culturas polimicrobianas foram obtidas em urn teno das pacientes do sexo
feminino e nao foram verificadas no sexe masculino A freqOencia de uropat6genos
cenvencienais e fastidiesos encontra-se na tabela 2
33
TABELA 2 - FREQU~NCIA DE UROPATOGENOS CONVENCIONAISE BACTERIAS FASTIDIOSAS EM 191 PACIENTES DO SEXOFEMININO COM BACTERIURIA POLMICROBIANA - 1989
Numero de Somente Samente especies Especiesespecies (numera uropat6genos fastidiosas convencionais e
de pacientes) convencionais fastidiosasOois (153) 9 99 45Tres (34) 0 17 17Quatro (4) 0 1 3
FONTE The Royal Melboume Hospital
Ureaplasmas au Gardnerella vaginalis fcram recuperados em 179 das 191
mulheres com infecgao polimicrobiana estando presentes concomitantemente em
100 das 191 amostras sugerindo urna passivel relacc3osimbi6tica Uropat6genos
convencionais fcram isolados em pouco mais de 33 das mulheres na maiaria dos
casas acompanhados por bacterias fastidiosas indicando que infeccoes
polimicrobianas usualmente envolvem bacterias fastidiosas (FAIRLEY BIRCH
1989)
A contagem de col6nias excedeu 105 UFCml apenas na minoria dos
pacientes portanto a bacteriuria nao seria detectada em muitos individuos caso 0
valor de ponto de corte tradicional tivesse sido utilizado Os resultados tambem
mostraram que baixas contagens bacterianas podem acontecer com qualquer uma
das especies bacterianas isoladas embora tenham sido mais freqoentes para
Ureaplasma urealytieum e Mycoplasma hominis Cento e setenta e quatro (21)
isolados apresentaram contagens inferiores a 103 UFCml sendo 138 (84)
pertencentes a especies fastidiosas (FAIRLEY BIRCH 1989)
Franz e HOrl (1999) citaram a ocorrencia de HaemophiJus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae pneumococos Campyobaeter Legionella
pneumophila Salmonella spp Shigella spp Corynebacterium grupo 02
34
Mycobacterium tuberculosis micobacterias atipicas e fungos como causadores
ocasionais de ITU
Domann et al (2003) realizaram estudo em amostras do trato urinario de
transplantados renais utilizando tecnicas moleculares baseadas em 168 rRNA peR
e cromatografla liquida de alta performance (DHPLC) Foi avaliada a aplicaaD do
metoda em 109 amostras e observou-se 100 de correlacao para amostras cultura-
positivas Para as amostras cultura-negativas a DHPLC permitiu a deteccao de
uropat6genos previa mente conhecidos como Corynebacterium urealyticum e
Gardnerella vaginalis mas tambem agentes nao usuais como AnaerocDCCUs
laclolyticus Bacteroides vufgatus Diaisler invisus Fusobacterium nuceaturn
Lactobacillus iners Leptotrichia amnionii Prevotella buccalis Prevotella ruminicola
Rahnella aquatilis e Streptococcus intermedius detectados como unicos pat6genos
ou como agentes de infecyoes polimicrobianas Uma vez que as ITU sao
freqGentemente associadas com inicio precoce de rejeiyBo cronica em
transplantados renais e conveniente a pesquisa de agentes patogenicos
oportunistas e nao usuais para 0 correto direcionamento do tratamento
antimicrobiano
Quatro casos de ITU com bacteremia por Methylobacterium spp em
pacientes do sexo feminino imunocompetentes foram reportados por Lee Tang e Uu
(2004) Todas as pacientes tiveram hemoculturas positivas para Methylobacterlum
spp e suas culturas de urina foram negativas ou positivas para Escherichia coli com
crescimento concomitante de outro bacHo gram-negativ~ em baixa contagem que foi
ignorado Foram realizados experimentos especiais com os isolados indicando que
de acordo com os procedimentos padrao para culturas de urina com 24 horas de
incubayao a 35degC as colonias de Methylobacterium spp nao sao visualizadas e 0
35
pequeno numero de col6nias observado ap6s incuba~ao adicional de 24 heras a
temperatura ambiente apenas sugere ser a especie urn contaminante
Particularmente quando especies de Methyfobacterium estao presentes
concomitantemente com Escherichia coli ocorre supressao do cresci menta de
Methylobacterium spp tornando impassivel a sua deteccao 0 estudo conclui que a
falta de relatos de casas de ITU por Methylobacterium spp deve-se a impossibilidade
de detec~ao da especie por metodos padrao de cultura de urina au ainda porque a
baixa virulelncia da bacteria pode produzir ITU autolimitadas au talvez muitas vezes
curadas com as antibi6tico5 normalmente utilizados As especies estudadas fcram
variavelmente resistentes as cefalosporinas acido nalidixico nitrofurantoina e
sulfametoxazol-trimetoprim e 100 suscetiveis a ciprofloxacin imipenem e
aminoglicosideos
51 Corynebacterium spp
Corynebaclerium urealylicum pode ser uma importante embora rara causa
de ITU variando a freqOencia de isolamentos significativos de zero a 35 em
popularoes nao selecionadas A bacteriuria por Corynebacterium urealyticum ocorre
em pacientes hospitalizados per longos perledes severamente
imunocomprometidos urologicamente manipulados ou idosos Tal microrganismo
tam bern tern sido associado com pielonefrite e pode desaparecer espontaneamente
da urina mesmo sem antibioticoterapia (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Corynebacterium glucuroneyticum tambem chamado Corynebacterium
seminae tern side iselade de semen e trate g~nite-urinarie masculine e pede causar
prostatite ou uretrite Corynebacterium pseudogenitalium (CDC grupo F1) tambem
tern sido reconhecido como pat6gene do trato urinario (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
36
Foi relatado por Soriano e Ponte (1992) um caso de cistite de incrusta~ao
causado por urn corineforme identificado como CDC grupo F1 0 paciente havia
sofrido ITU previas persistentes causadas por Corynebacterium ureayticum (CDC
grupo 02) A cura bacteriol6gica foi alcan=ada apes urn mes de tratamento com
amoxicilina e acido acetohidroxamico
Meria at al (1998) realizaram levantamento bibliografico entre as anos de
1985 a 1997 sabre casas de cistite e pielite de incrustacao Foi constatado a
aumento progressive no numero de cases especialmente em pacientes
imunodeprimidos e particularmente em transplantados renais Tais inflamacoes
cr6nicas estao associadas com incrustac6es da mucosa causadas por bacterias
produtoras de urease tendo sido as mais freqOentes especies de Corynebacterium
grupo 02 A presenCa de urina alcalina contendo abundantes debris mucopurulentos
calcificados e alta mente sugestiva e pode auxiliar no diagnostico clinico A
demonstracao da bacteria envolvida requer culturas prolongadas em meios de
cultura enriquecidos 0 diagnostico precoce pode evitar falhas de tratamento e uma
possivel rejeicao do orgao transplantado
Em estudo realizado par Riegel et al (1995) corineformes em quantidades
significativas (104a 105 UFCml) foram isolados em amostras de semen uretra urina
e sangue de homens inferteis com diagn6stico de prostatite As analises genomicas
realizadas demonstraram ser as cepas pertencentes a uma mesma especie dentro
do genero Corynebacterium As 12 amostras mostraram padroes bioquimicos
simi lares entre elas born crescimento em agar sangue de carneiro em contraste com
crescimento pobre no mesmo meio suplementado com Tween 80 1 teste de
CAMP positivo fermentacao de glicose sacarose e presenCa de beta-glucuronidase
Tais caracteristicas permitiram a distincao destas cepas dos outros membros do
37
genera e 0 nome proposto foi Corynebacterium seminae Embera organismos
difter6ides pass am fazer parte da microbiota uretral a presenCa de contagens
significativas destas especies no semen sugere urna implica~ao infecciosa
particularmente na prostatite
Estudo molecular filogenetico baseado em 16S rRNA peR realizado em
pacientes com prostatite croniea demonstrou sinais bacterian05 em 65 dos
pacientes estudados Foi constatada a ocorreuromcia de um amplo espectro de
especies bacterianas no fluido prostatico dos pacientes incluindo Corynebacterium
Staphylococcus PepiosfreptococGUS Streptococcus e Escherichia Especies do
genera Corynebacterium foram encontradas em maior proponao incluindo especies
ainda nae descritas e n~o presentes nas amostras de controle sugerindo que
possam ter um papel na doen~a au que sejam conseqOemcia da mesma 0 estudo
mostreu ainda que os microrganismos associ ados com prestatite geralmente
ocorrem em comunidades microbianas distintas daquelas encontradas em liquidos
prostaticos normais (TANNER ot al 1999)
Segundo Domingue e Hellstrom (1998) a observaltio microsc6pica
cuidadosa de amostras de secre~~o prostatica bern como a inocula~~o em meios
enriquecidos sao essenciais para a isolamento de corineformes Foi realizado estudo
em uma amostra de secre~ao prostatica na qual a colora~ao de Gram apresentou
cocobacilos gram Itlbeis pleom6rficos que nao se desenvolveram em meios de rotina
incubados por 72 horas a 35degC Houve desenvolvimento em meio de cultura
enriquecido com extrato de leveduras e sora de cavalo e incubado no minimo 72
horas em atmosfera de 5 de CO2 a 35degC A secregao inoculada em caldo triptose
demonstrou a presen~a de bacilos gram-varitlveis (microscopicamente) e quando
repicada produziu bacilos de crescimento lento em meios de retina e enriquecidos
38
(incubados aerobicamente anaerobicamente ou sob tensao de CO2 par 72 haras)
Corineformes ocultos pod em ser agentes etiol6gicos da prostatite idiopatica croniea
que sao frequentemente perdidos au nao percebidos em procedimentos
bacteriol6gicos de rotina
52 Gardnerella vaginais
o significado de Gardnerela vaginais em urina e controverso pois a
principal associacao patogElnica desta bacteria e com a vaginose na mulher Embora
baixas contagens na urina parecam refletir a micro biota da uretra masculina ou
feminina contagens aeima de 10000 UFCml ja fcram associadas com bacteriuria
sintomatica ITU recorrente cistite na mulher uretrite e prostatite no homem
Entretanto me sma quando ern altas contagens freqOentemente nao ha resposta
leucocitaria Gardnerela vaginalis e encantrada mais freqOentemente em mulheres e
pacientes com doena renal e ap6s instrumentaao (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
Estuda realizado par Agarwal e Dixon (2001) investigau a passivel papel de
Gardnerella vaginalis na cistite intersticial usando metodos maleculares para
garantir a recuperaCao do microrganismo mesmo em baixas contagens Nenhuma
das trinta e tres amastras de bi6psias de bexiga de pacientes com cistite intersticial
foram positivas para Gardnerella vaginais a que embora nao exclua seu
envalvimenta na cistite intersticial diminui esta probabilidade
Ginestre Perez et al (2001) realizaram estudo de mil trezentas e setenta
amostras de jato media de urina de pacientes com sintomas de ITU Gardnerella
vaginalis cujo papel patagenica no trato urinario e discutivel ocupou a segundo
lugar em freqOencia etiologica (1763) ficando atras somente de Escherichia coli
(5210) e superando microrganismos cansiderados uropat6genas classicos como
39
Proteus mirabifis (763) Klebsiella pneumoniae (684) e Pseudomonas
aeruginosa (368) Embera a presen~a de Gardnerella vaginais em amostras de
jato media urinario possa indicar contaminayao vaginal todos as cultivos positivos
para esta bacteria apresentavam contagens superiores a 100000 UFCml e
provinham de pacientes sintomaticos representando urna alta probabilidade de
infec~ao urinaria verdadeira
53 Mycoplasma hominis E Ureaplasma urealyticum
Especies patogenicas como Mycoplasma hominis e Ureaplasma urealyticum
ocorrem freqOentemente como colonizantes do trato urogenital inferior de homens e
mulheres saudaveis A ocorrencia de infec~ao esta provavelmente relacionada a
imunossupressao obstru~ao ou procedimentos previos de instrumental)ao no trato
urinario Ureaplasma urealyticum tern sido encontrado em calculos urinarios de
pacientes com liHase infecciosa sugerindo uma possivel associal)ao causal
Mycoplasma hominis tern sido isolado do trato urinario superior em pacientes com
sintomas de pielonefrite aguda FreqOentemente ha resposta imunol6gica especifica
(MURRAY 1999)
Foi pesquisada a presen9a de Ureaplasma urealyticum e Mycoplasma
hominis em amostras de jato medio de 314 mulheres e 52 homens sintomaticos do
trata urinltilria Ureaplasma urealyticum fai isalada em 54 (171) das mulheres e 8
(154) dos hom ens e Mycoplasma hominis foi isolado em 12 (38) das mulheres
e 4 (77) dos homens Ureaplasma urealyOcum foi superado apenas par
Escherichia coli e Gardnerella vaginalis em ambos grupas 366 e 254
respectivamente no sexo feminina e 585 e 308 no masculino Demonstrou-se
partanto que a bacteriuria par ureaplasmas e relativamente co mum porem nao e
40
detectada por metodos convencionais de cultura de urina (AVILES ZARAGOZA
1998)
A significancia de micoplasmas em amostras de jato medic urinario e de
dificil determinacao devido a provavel contaminacao da amostra par
microrganismos colonizantes da vagina e uretra distal Entretanto estudos
realizados em amostras de aspirado suprapubico em gestantes demons tram que 0
desenvolvimento de pre-eclampsia e tres vezes mais prov3vel em mulheres
apresentando culturas positivas para ureaplasmas no inicio da gestacao do que em
mulheres com culturas negativas no mesmo periodo (KONEMAN ef a 1997)
54 Haemophilus spp
Existem varios estudos relacionando Haemophifus influenzae e Haemophilus
parainfluenzae a ITU embora sua freqOencia e significancia nae tenham sido
confirmadas Alguns pesquisadores sugerem a inclusao de agar chocolate em
culturas de urina de crian~as por causa da associa~ao de Haemophilus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae com outras infec~6es nesta faixa etaria (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
Maskell (1989) citou a ocorrencia de certas bacterias fastidiosas em sftios do
trato urinflrio abaixe da bexiga como par exemple em cases de prostatite por
Haemophilus influenzae
55 Lactobacillus spp
Em estudo realizado em pacientes do sexe feminine com sind rome uretral
aguda demonstrou-se uma alta freqOencia de isolamentos de lactobacilos Durante
dois anos amastras de jato medic de tais pacientes foram cultivadas observando-se
a principio alta concentracao de lactobacilos principalmente nas pacientes
sintomaticas Ao final do estudo durante 0 qual foi impedido 0 usa de antibi6ticos os
41
lactobacilos desapareceram da urina de muitas mulheres as quais tornaram-se
assintomaticas Os autores concluiram que as sintomas da sindrome uretra podem
ser devidos a multiplica~ao desproporcional de lactobacilos na uretra distal como
resultado de antibioticoterapia frequentemente administrada em cursos prolongados
para resolurao dos sintomas urinarios Lactobacilos tambem tern sido relatados em
amostras de urina obtidas diretamente da bexiga e de amostras de tecido obtidas
par bi6psia vesical bern como ocasionalmente isolados em urinas de mulheres
idosas com sintomas urinarios (MASKELL 1989)
56 COCOS GRAM-POSITIVOS
Microrganismos dos generos Lactococcus Gemella Aerococcus e
Globicatella embora possam estar presentes como contaminantes em culturas de
material clinico tern sido isolados como patogenos oportunistas ern urina e outras
amostras de pacientes imunocomprometidos Esforyos para identifica-Ios devem ser
realizados quando os isolados forem clinicamente significantes isto e isolados
repetidamente ou em cultura pura Devido a semelhanya com outros cocos gram-
positivos isolados com mais freq04sectncia como estreptococos enterococos e
estafilococos possivelmente sao confundidos com especies destes generos
(MURRAY 1999)
Golapachar et al (2004) relata ram um caso de infec9ao do trato urinario com
bacteremia causa do por Aerococcus viridans em um homem de 87 anos residente
em uma cUnica de repouso A cultura de urina apresentau crescimenta de 105
UFCml de Aerococcus viridans e a hemocultura fai positiva para a mesmo
microrganismo Os testes bioqulmicos que leva ram a identificayao do
microrganismo faram reayoes negativas de catalase e LAP (Ieucina aminopeptidase)
e reaDes positivas para PYR (L-pyrrolidonyl-beta-naphtylamina) fermentaao de
42
trehalose e manese resistencia a optoquina crescimento em agar bile esculina 40
e cresci menta em cloreto de s6die 65 As especies de Aerococcus sao anaer6bias
facultativas a maioria catalase negativa com tendemcia a formaCao de tetrades na
morfologia microsc6pica PYR positivo e LAP negativ~ a que as diferencia de
enterococos e estreptococos
A escassa documentacao a respeito de infecyoes humanas por Aerocccus
sp deve-se provavelmente a sua similaridade microbiol6gica aos estreptococos alfa-
hemoliticos e enterococos e possiveis erras na interpretacao laboratorial de
amostras clinicas No casa acima descrito a laborat6rio de microbiologia nao pade
reaHzar a antibiograma devido a natureza fastidiosa da bacteria mas houve sucesso
terapeutico ap6s administray8o intravenosa de levofloxacin (GOLAPACHAR et al
2004)
Um caso de pielonefrite e urossepsis por Streptococcus pneumoniae foi
relatado em urn hornem de 82 anos com hist6ria clinica de leucemia linf6ide cronica
e diabetes mellitus Exames radiograficos abdominais e tomografia computadorizada
mostraram uma imagem indicativa de extensa pielonefrite no rim esquerdo sem
nenhum outro foco de infecc8o 0 abscesso renal foi tratado por drenagem
transuretral e 0 material purulento obtido foi cultivado assim como materiais de
orofaringe escarro e sangue Esearro e orofaringe revelaram apenas mierobiota
normal do trato respirat6rio enquanto 0 material drenado e as hemoculturas
demonstraram microseopicamente cocos gram-positiv~s aos pares e em eadeias
alguns dos quais eram lanceolados havendo bom crescimento em agar sangue de
carneiro e agar chocolate a 37degC As col6nias eram fracamente alfa-hemoliticas no
agar sangue e nao muc6ides catalase-negativas e sensiveis a optoquina Testes de
aglutinac8o sorologiea de ambos materiais confirmaram a identificac8o e testes
43
moleculares demonstraram ser as dois isolados identicas Apesar da terapia
antimicrobiana a paciente desenvolveu coagula98o intravascular disseminada e
sofreu uma parada cardiaca sendo que 0 quadro foi revertido mas tornau-se
necessaria a nefrotomia para eliminar a foco da infeccao Em contraste a estud05
anteriores a paciente descrito apresentou um verdadeiro casa de pielonefrite
abscesso renal e urossepsis causados par Streptococcus pneumoniae A presenca
de doencas como leucemia linf6ide crOniea e diabetes mellitus fcram 5uficientes para
causar um certa grau de imunossupressao e predispor a paciente a infeccao par
Streptococcus pneumoniae mesma sem hist6ria antecedente de infecC8o
pneumoc6cica trauma ou interven9ao cirurgica (DUFKE KUNZE-KRONAWITIER
SCHUBERT2004)
57 BACT~RIAS ANAER6BIAS
Tern sido descritos casas de infec90es do trato urinario par bacterias
anaer6bias com as mais diverses tipos de apresenta90es clinicas entre processes
crenicos e agudos As bacterias recuperadas sao bacilos gram negativQs incluindo
Bacteroides fragifis Prevotella sp e Porphyromonas sp Clostridium sp cocos
gram-positiv~s e Actinomyces sp Em muitos casas sao recuperadas em culturas
mistas com coliformes e estreptococos (BROOK 2004)
58 OUTRAS BACT~RIAS FASTIDIOSAS
Foi descrita par Greub e Raoult (2002) uma nova especie bacteriana
Actinobaculum massiliae recuperada da urina de uma mulher de 81 anos com ITU
cr6nica Os estudos fenotipicos genotfpicos e filogeneticos realizados mostraram
ser 0 isolado urna nova especie ainda nao recanhecida dentro do genera
Actinobaculum e foi proposta a denominacao Actinobaculum massiliae A mesma
cepa faj isolada tres vezes num perlodo de sete meses mesmo apes tratamento
44
com amoxicilina sulfametoxazol~trimetoprim e rifampicina Devida ao fata do
microrganismo nao ser isolado em procedimentos laboratoriais de rotina uma ITU
devido a Actinobaculum massiliae pade ser mal diagnosticada Alem disso as
col6nias apresentam heterogeneidade morfol6gica ap6s cinco dias de incubacao
podendo levar a uma errOnea interpretaC(ao de contaminacao com duas especies de
badlas gram~positivos 0 usa de agar sangue de carneiro e incubacao prolongada
motivado pela presenca de 106 leuc6cit05 per ml na urina da paciente permitiu a
desenvolvimento da cepa Houve cura ap6s tratamento com doxiciclina (GREUB
RAOUL T 2002)
Em estudo clinico e microbiol6gico de mulheres com sindrome uretral -
excluindo pacientes com cistite bacteriana - 41 pacientes foram comparadas com 42
pacientes controle Nao foi encontrada diferenca entre pacientes e con troles em
incid~ncia de Chlamydia trachomatis e outros microrganismos de transmiss3o
sexual 0 numero de lactobacilos e outros microrganismos fastidiosos bem como a
numero de leucocitos na urina nao apresentaram diferenca entre pacientes com
sintomas leves e intensos ou entre pacientes e controles Os auto res sustentam a
hipotese da sindrome uretral nao ser causada por infecrao bacteriana ou clamidial
(GILLESPIE et al 1989)
45
6 CONCLUSAO UMA REFLExAO
E indiscutivel a importo1ncia para a laborat6rio de requisicoes de exame
completas com informayoes sabre suspeita clinica existencia de sintomas
anormalidades do trata urinario e condhoes imunol6gicas do paciente Embora
tradicionalmente a maiaria dos medicos nao fornega muitas informacoes sabre 0
paciente ao laborat6rio a microbiologista pede incentivar a criacao de urn canal de
comunicacao quando observar a necessidade de informagoes sobre determinado
paciente
Exames anteriores do paciente sempre que disponiveis devem ser
consultados e comparados pois informacoes sabre infecc6es recorrentes au
recidivantes especies bacterianas envolvidas au presen9a de piuria esteril sao
importantes para direcionar a pesquisa para agentes fastidiosos
o metoda de coleta e as condi~6es de transporte da urina deterrninam a
qualidade da amostra e a quao relevantes serao as microrganismos nela
encontrados Considerando-se que urna bacteria normalmente considerada como
contarninante introduzida durante a coleta pode ser em alguns casos patogenica ou
ainda que uma especie fastidiosa patogenica de crescimento lento pode ter seu
crescimento inibido par uma contaminante de crescimenta mais rapido a coleta
adequada torna-se urn fator de suma importancia para a detec~ao de especies
fastidiosas em urina
Como ja discutida torna-se indispensavel a realiza~ao da calora~ao de
Gram em amostras de urina pOis alem de ser urn teste de triagem rapida e barato
para bacteriuria acima de 105 UFCml pode ser 0 unica indicativa da presen~a de
urna especie fastidiosa
46
A comunica~ao entre a microbiologista e a medico pode determinar nao 56 a
sucesso do diagn6stico e do tratamento como a viabilidade economica da pesquisa
de bacterias fastidiosas para 0 laborat6rio urna vez que direciona as esforyos
laboratoriais aos pacientes que realmente necessitam evitando 9a5t05
desnecessarios
Bacte-rias fastidiosas podem nao responder ao tratamento antibi6tico para
pat6genos convencionais do trato urinario portanto a pesquisa precocemente
direcionada para tais agentes pode melhorar 0 progn6stico das ITU evitando a
administracao de antibioticos inadequados au desnecessarios
Como observado nos diversos casas reiatados bacterias fastidiosas
ocorrem em cenaries clinicos especificos 0 entendimento do processo da doen=a e
as condi=oes do paciente pod em ajudar muito 0 laboratorio no esfor=o para
recuperar a bacteria do material clinico
47
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
ALBINI C A Cullura de Urina Analise das metodologias interfer~ncja sobre as
resultados e proposta para padronizacao 1994 54 f Monografia (Especia1iza9aO em
Bacteriologia) - Setor de Ciencias da Saude Departamento de Patologia Medica
Universidade Federal do Parana Curitiba
AGARWAL M DIXON R A A study to detect Gardnerella vagina lis DNA in
interstitial cystitis British Journal of Urology (on line) 2001 Disponlvel em
httpwwwbjuiorg889articlebju2514aspAcessoem 03 fev 2005
BATRA A Interstitial Cystitis Updade Infection Urology (on line) 1999 Disponivel
em httphomeswipnetsellsopicupdatehtm Acessa em 20 dez 2004
CLARIDGE J E JOHNSON J R PEZZLO M T Laboratory Diagnosis of Urinary
Tract Infections Washington American Society for Microbiology 281998
BROOK I Urinary tract genito-urinary suppurative infections due to anaerobic
bacteria International Journal of Urology (on line) 2004 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezigueryfcgicmd=Retrieveampdb=pubmedampdopt=Abst
ractamplist uids=15009360 Acesso em 18 mar 2005
DOMANN E HONG G IMIRZALIOGLU C TURSCHNER S KOHLE J
WATZEL C HAIN T HOSSAIN H CHAKRABORTY T Culture-Independent
Identification of Pathogenic Bacteria and Polymicrobial Infections in the Genitourinary
Tract of Renal Transplant Recipients Journal of Clinical Microbiology (on line) 2003
48
Disponivel em httpjcmasmorgcgireprintl41125500pdf Acesso em 18
mar2005
DOMINGUE G J HELLSTROMW J G Prostatitis Clinical Microbiology Reviews
(on line) 1998 Disponivel em httpcmrasmorglcgilcontentifuIl11141604 Acesso
em 03 fev 2005
DUFKE S KUNZE-KRONAWITIER H SCHUBERT S Pyelonephritis and
Urosepsis Caused by Streptococcus pneumoniae Journal of Clinical Microbiology
(on line) 2004 Disponlvel em httpjcmasmorgcgicontentifuIl4294383 Acesso
em 06 mar2005
FAIRLEY K F BIRCH D F Detection of Bladder Bacteriuria in Patients with Acute
Urinary Symptoms The Journal of Infectious Diseases Melbourne v 159 n2 p
226-231 fev 1989
FRAIMOW H S JUNGKIND D L LANDER D W DELSO D R DEAN J L
Urinary Tract Infection with an Enterococcus taecais Isolate that Requires
Vancomycin for Growth Annals of Internal Medicine (on line) 1994 Oisponivel em
httpwwwannalsorgcgicontentifuIl1211122 Acesso em 18 mar 2005
FRANZ M HCRL W H Common errors in diagnosis and management of urinary
tract infection I Patophysiology and diagnostic techniques Nephrology Dialysis
Transplantation (on line) 1999 Disponivel em
httpltwwwndtoupjournalsorgcgicontentifuIl141127 46 Acesso em 01 dez 2004
49
GIBB A P Plates are Belter than Broth for Recovery of Fastidious Organisms from
some Specimen Material Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Oisponivel
em httpjcmasmorgcgireprinU4041129pdf Acesso em 06 mar2005
GILLESPIE W A HENDERSON E P LINTON K B SMITH P J Microbiology
of the urethral (frequency and dysuria) syndrome A controlled study with 5-year
review British Journal of Urology (on line) 1989 Disponfvel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
2804564ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr 2005
GINESTRE PEREZ M ROMERO-A~EZ S MARTINEZ-GARCIA A RINCON-
VILLALOBOS G HARRIS-SOCORRO B CATELLANO-GONZALES M AVILA-
ROO Y PEROZO-MENA A Gardnerella vaginalis y uropat6genos convencionales
em pacientes ambulatorios Revista de La Sociedad Venezolana de Microbiaogia
(on line) 2001 Disponivel em
httpwwwseieloorgvaseielo phpscriptsci arttextamppid=S 1315-
25562001000200003amplng=esampnrm=isso Acesso em 05 jan 2005
GOBERNADO M CRUZ F J DALET F BROSETA E DE CUETO M
SANTOS M DE LA ROSA M Procedimientos en Microbiologla Clinica La
infeccion urinaria 2002 Disponivel em
httpwwwseimcorgprotocolosmicrobiologiaindice14htm Acesso em 01 dez
2004
50
GOLAPACHAR A AKINS R L DAVIS W R SIDDIQUI A A Urinary tract
infection caused by Aerococcus viridans a case report International Medical Journal
for Experimental and Clinical Research (on line) 2004 Oisponivel em
httpwlNNmedscimonitcompubvol 10no 114928pdf Acesso em 03 dez 2004
GREUB G RAOULT D Actinobaculum massiliae a new species causing chronic
urinary tract infection Journal of Clinical Microbiology (on line) 2002 Disponivel em
httpwwwpubmedcentralnihgov articlerender fcgitool=pubmedamppubmedid=12409
355 Acesso em 13 fev2005
HElLBERG I P Diagnosis and clinical management of urinary tract infection
Disponivel em httpwwwunineteducin2003confpfefermanpfefermanhtml
Acesso em 20 out 2004
KONEMAN E W ALLEN S D JANDA W M SCHREKENBERGER P C
WINN Jr W C Cr Atlas and Textbook of Diagnostic Microbiology 5ed
Philadelphia Lippincott-Raven 1997
LIPSKY B A Managing Prostatitis and Urinary Tract Infection in Men Infectious
Diseases Infoalerl (on line) 2003 Oisponivel em
httpwwwdpacomhklpdflinfolnfoALERT 15pdf Acesso em 10 dez 2004
MASKELL R A new look at the diagnosis of infection of the urinary tract and its
adjacents structures Joumaloflnfecfion Portsmouth n 19 p 207-217 jul 1989
51
MERIA P DESGRIPPES A ARFI C LE DUC A Encrusted Cystitis and Pyelitis
Journal of Urology (on line) 1998 Disponlvel em
htlpIwwwjurologycomipUrejuroabstract00005392-1 99807000-
00003htmmiddotjsessionid-CnHOtEDjxvOgrxiWIUac52pekluG1HSCZzrnOpCIJH4V107ePU
evI848681301-949856032190011-1 Acesso em 21 abr 2005
McCUE J D The Management of Complicated Urinary Tract Infections Infectious
Diseases Infoalert (on line) 1999 Disponfvel em
htlpIwwwdpacomhkJpdlfinlofinlo alart 01pdl Acesso em 01 dez 2004
MURRAY P R Manual of Clinical Microbiology 7ed Washington ASM Press
1999
NABER K G BERGMAN B BISHOP M C JOHANSEN T E B BOTTO H
LOBEL B CRUZ F J SELVAGGI F P European Association 01 Urology
Guidelines on Urinary and Male Genital Tract Infections Disponlvel em
httpwwwuroweborglfilesluploaded filesuti mgtLpdf Acesso em 20 dez 2004
OPLUSTIL C P Urocultura In__ Procedimentos basicos em microbiologia
clinica 2 ed Sao Paulo Sarvier 2004 p 88-93
OSBORNE J About Interstitial Cystitis Disponivel em htlplwwwic-
networkcomhandbooklbasicshtmlintro Acesso em 20 dez 2004
52
PEDRAZA AVILES A G ORTIZ ZARAGOZA M C Symptomatic bacteriuria due to
Ureaplasma and Mycoplasma in adults Revista Latinoamericana de Microbiologia
(on line) 1998 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedampdopt=Abs
tractamplist uids=20388109 Acesso em 20 abr 2005
RIEGEL P RUIMY R BRIEL D de PREVOST G JEHL F BIMET F
CHRISTEN R MONTEIL H Corynebacterium seminale sp Nov a New Species
Associated with Genital Infections in Male Patients Journal of Clinical Microbiology
(on line) 1995 Disponlvel em
htlpllwwwpubmedcentralnihgovpicrenderfcgiartid=228387ampblobtype=pdf
Acesso em 19 mar 2005
SORIANO F PONTE C A case of urinary tract infection caused by
Corynebacterium urealyticum and coryneform group F1 European Journal of Clinical
Microbiology Infectious Diseases (on line) 1992 Disponfvel em
httoIwwwncbinlmnihgoventreziguervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
1396772ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr2005
TANNER M A SHOSKES DSHAHEDA PACENR Prevalence of
Corynebacterial 16S fRna Sequences in Patients with Bacterial and Nonbacterial
Prostatitis Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Disponivel em
httpmcmasmorgcontenVfull3761863 Acesso em 06 mar 2005
TRABULSI L R ALTERTHUM F Escherichia coli uropatagenica (UPEC) In
Microbiaagia 4 ed Sao Paulo Atheneu 2004 p 303-309
53
19
Lactobacilos corinebacterias e alguns estreptococos fastidiosos podem ser
patogenos secundarios em ITU originalmente selecionados da microbiata uretral par
tratamento antibi6tico Tal situa~ao pade acorrer em pacientes que tenham recebido
agentes antibacterianos durante long05 periodos au antibioticoterapia aSSDciada a
urn periodo de cateterizayao A falha na deteqao laboratorial destas especies pade
resultar em tratamento antimicrobiano inadequada exacerbando 0 problema OU
ainda levar a investiga90es invasivas desnecessiuias (MASKELL 1989)
20
4 A ROTINA DA UROCULTURA NO LABORATORIO DE ANALISESCLiNICAS
o diagn6stico microbiol6gico de uma infeqao urinaria mesma baseando-se
na determinay80 de microrganismos em urn Hquido biologico normalmente esteril
apresenta dificuldades com relaCao a valoriz8gao dos resultados E sabido que
existem microrganismos naturalmente residentes na uretra regiao genital e perinea
que podem contaminar a urina acidentalmente somando-se a issa a a9ao da
temperatura que estimula a proliferar8o bacteriana Par outro lado as tecnicas de
coleta e cultivo de amastras devem ser direcionadas a pesquisa de microrganismos
pouco habituais as quais podem ser importantes em determinadas situaroes
(GOBERNADO ef al 2002)
A decisao de como uma amostra deve ser cultivada depende do metoda de
coleta e dos sinais e sintornas cllnicos do paciente informa~6es que deveriam ser
transmitidas ao laboratorio pelo medico Entretanto na maioria das vezes 0
laborat6rio recebe informa~6es incompletas ou incorretas que resultam na realiza~ao
de muito ou pouco trabalho com uma determinada amostra (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
A classifica~ao de culturas de urina por tipos permite que 0 manejo das
amostras seja direcionado pela necessidade clinica e que 0 laborat6rio possa
escolher os meios de cultura e a quantidade de inoculo mais apropriada Com base
nos dad os cllnicos do paciente podem-se definir tres tipos de cultura de urina
retina inspeao e invesligaliva (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
As culturas de retina sao apropriadas para pacientes ambulatoriais e com
ITU nao complicadas As culturas de inspe~ao devem ser realizadas em pacientes
geriatricos e individuos que utilizam cateteres vesicais nos quais a caloniza~ao au
infec~ao por multiplos microrganismos e comum Culturas investigativas sao aquelas
21
direcionadas para diagn6sticos especificos microrganismos fastidiosos ou grupos
diferenciados de pacientes Devern ser realizadas nos casas de cultura previa
negativa de falha na terapia antimicrobiana au no case de suspeita de urn
uropat6geno naD usual E tambem apropriada a sua realiza980 quando ha
discrepimcia entre a apresentacao clinica do paciente au a coloracao de Gram e 0
resultado previa da cultura (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Os meios de cultura m~is utilizados para semeadura de urina sao as
seletivQs diferenciais como 0 meio de Teague (agar eosin a azul de metileno) e de
Mac Conkey associados ao agar sangue 0 meio de CLEO (agar cistina lactose
eletr61ito deficiente) e muito utilizado no Brasil e permite 0 crescimento de bacterias
gram-negativas e gram-positivas Tais meios auxiliam na identifica980 presuntiva da
bacteria atraves da colora98o colonial indicando a capacidade de fermenta980 da
lactose (ALBINI 2004)
Segundo Clarridge Johnson e Pezzlo (1998) culturas urinarias de rotina
devem ser realizadas semeando as amostras em agar sangue de carneiro 5 e em
agar Mac Conkey eu um meio seletive similar e incubando as placas por 18 a 24
horas a 35 - 37deg C em ar ambiente Ainda assim e meio de CLEO e preferido nos
laboratories brasileiros pela sua versatilidade Para microrganismos fastidiosos 0
agar chocolate deve ser utilizado em conjunto com agar CNA (Columbia-colistin a-
acido nalidixico) eagar MacConkey devendo-se utilizar a al93 calibrada de 001ml
alem da al9a 0001 ml As placas de CNA e agar chocolate devem ser incubadas em
5 CO2 por 48 horas
Para popula96es especificas com ITU cronicas ou anormalidades
anatomicas pode ser apropriada a cultura visando microrganismos anaerobios au de
cresci menta lento (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
22
Para popula90es nas quais as culturas polimicrobianas sao comuns 0 agar
CNA pade ser utilizado para demonstrar a presenca de enterococos Qutros cocos
gram-positives au leveduras presentes nas culturas mistas 0 agar CNA permite urn
born cresci menta de estreptococos corinebacterias e Gardnerela vaginalis e deve
ser incubado por 48 horas a 35 C (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Amostras obtidas par puncao suprapubica au de pacientes com suspeita de
sindrome uretral aguda devem ser semeadas com al98 calibrada de 001 ml a1em
da ala de 0001 ml em agar sangue (OPLUSTIL et al 2004) Contagens baixas ou
mesma multiplos tipos de microrganismos devem ser valorizados em tais cases
(KONEMAN 1997)
Corynebacterium ureafyticum e Qutras corinebacterias desenvolvem-se bem
em agar sangue de carneiro 5 au agar CNA mas sao mais bern visualizadas ap6s
incubaao de 48 horas (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
As calOnias de Gardnerella vaginalis sao fracamente visiveis em agar
sangue ap6s 24 haras de incuba~ao e recomenda-se a usa de agar CNA au HBT
(agar sangue tween bicamada) e incuba~aa par 48 haras em tensaa de C02
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
as tactabacilos podem ser isolados em meias de isotamento prima rio
utilizadas para urina como a meio de CLEO no entanto devem ser incubadas par 48
horas em atmosfera de CO (MASKELL 1989)
a resultada da cultura deve ser sempre carrelacianada com a leitura do
Gram Caso nao haja crescimento ap6s 18 a 24 horas de incuba~ao e na
microscapia tenha sido observada a presen~a de microrganismas au numero
eleva do de leuc6citas deve-se incubar as ptacas par mais 24 haras (OPLUSTIL et
al2004)
23
A piuMa esteril e urn achado importante que po de refletir usa de
antibioticoterapia outras doencas como neoplasias au calculos urinarios au
infeccoes com microrganismos que naD sao detectados par rnetodos rotineiros de
cultura (MIMS et aI 1995)
o conceito de bacteriuria significativa para 0 diagn6stico das ITU e
tradicionalmente baseado no criteria quantitativa estabelecido par Kass na decada
de 1950 permitindo a distincao entre colonizarao e infecrao A utilidade e a
consistemcia do criteria de contagem de colOnias superior OU igual a 105 par mililitro
tern sido validadas repetidamente par varios pesquisadores demonstrando que tal
criterio nilo pode ser aplicado a todos os pacientes (FRANZ HORL 1999)
A baixa especificidade da cultura quantitativa de jato medio se deve apossivel adilao de bacterias comensais a urina durante a coleta A baixa
sensibilidade dos resultados inferiores a 105 UFCml pode ser devida a excregao
intermitente de bacterias que pode ocorrer em determinados sitlos do trato urinario
bem como ao uso de meios de cultura que nao proporcionam 0 cresci menta de
todas as especies capazes de infectar 0 trato urinario (FAIRLEY BIRCH 1989)
Altas contagens de bacterias aer6bias sao encontradas em amostras de
urina de jato medio quando os microrganismos sao providos de 6timo substrato e de
ten sao de O2 relativamente alta Em algumas sltuagoes como infecgoes cronicas
prostatite infecgao das glandulas parauretrais em mulheres litiase infecciosa e
cicatrizes renais per pielonefrite croniea os mierorganismos podem nao se
multiplicar tao rapidamente e pertanto nao apresentarem contagens tao altas quanta
nas cistites agudas Os sitlos de infecgao abaixe da bexiga nao fornecem as
mesmas condigoes favoraveis de incubagao ahsectgtmdisso a velocidade do fluxo
24
urinario e a freqO~ncia de miccaosao fatores que influem nas contagens bacterianas
(MASKELL 1989)
Torna-se claro que considerar baixas contagens de pat6genos aero bios em
culturas puras como contaminaCao e incorreto e pode levar a erros de diagn6stico
pois infeccoes de grande signific~ncia cHniea pod em nao estar sendo detectadas t
igualmente importante nao considerar automaticamente urna alta contagem de
col6nias como infecy8o sem considerar as condicoes do paciente e da coleta 0 usa
de antibi6ticos em resposta a urna alta contagem bacteriana pode selecionar cepas
resistentes tornando mais dificil 0 tratamento de infecgoes posteriores verdadeiras
(MASKELL 1989)
Alguns procedimentos utilizados para 0 diagnostico das ITU sao
considerados inaceitaveis atualmente e nao devem ser realizados como cultura de
cateter de Foley cultura de urina em meios Hquidos cultura de sedimento urinario
pesquisa de anaer6bios como procedimento de rotina e em urina de jato media au
obtida par cateteriza9ao bem como cultura de urinas que tenham permanecido mais
de duas heras sem refrigeragao au canservagao (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO1998)
41 COLETA E TRANS PORTE DE AMOSTRAS
A coleta e a trans porte inadequado da amostra podem levar a um resultado
de diffcil interpreta9aO Portanto a medida mais importante para realizar uma cultura
de urina e estabelecer rfgidos criterios de coleta e propiciar treinamento constante
para as profissionais envolvidos na realiza9aO da coleta (OPLUSTIL et al 2004)
Koneman et al (1997) recomendam que a paciente receba as instru90es de
coleta impressas ap6s receb~-Ias verbalmente Caso 0 paciente demonstre
inseguran9a au nao compreenda urn profissional treinado deve explicar novamente
25
passo a passo ou se passivel acompanhar pessoalmente a coleta (coleta
supervision ada)
Amostras de urina de jato media sao as amostras mais comumente
submetidas a cultura De preferencia deve ser colhida a primeira urina da manha
podendo ser aceitas urinas com pelo menos 2 heras de reten~ao Ap6s higiene da
regiao genital despreza-se 0 primeiro jato - 0 que auxilia a eliminacao dos
contaminantes da uretra inferior - e colhe-se 0 jato media em fraseD esteril
apropriado desprezando-se 0 final da mic9ilo (OPLUSTIL eJ al 2004) A higiene
genital deve ser realizada com agua e sabao naD anti-septico devendo ser as [abias
vaginais afastados e 0 prepucio retraido antes da miccao (GOBERNADO et 81
2002)
Alguns autores afirmam que mesma quando a coleta e meticutosamente
reatizada com a assist~ncia de um pro fissional treinado a urina apresenta-se
frequentemente contaminada (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Amostras urinarias de criancas obtidas com saco coletor devem ser colhidas
apos higiene da regiao genital e colocacao do saco coletor de forma asseptica
Troca-se 0 coletor a cada 45 minutos ou 1 h~ra repetindo-se a higiene e evitando-se
contaminacao fecal 0 coletor deve chegar fechado ao laborat6rio Tas amostras
freqOentemente sao contaminadas com microrganismos fecais promovendo
resultados falso-positivos portanto 0 maior significado clinico de amostras obtidas
com saco coletor e 0 resultado negativo (OPLUSTIL et a 2004) Culturas positivas
devem ser confirmadas por metodos de cateterizacao direta ou aspiracao
suprapubica (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Em pacientes com sanda vesical permanente pinca-se a canula do coletor
realiza-se desinfeccao da canula com alcool 70 e punciona-se com seringa e
26
agulha estereis colocando-se a amostra em frasee esteri Nunea se deve obter a
amostra do saco coletor de pacientes sand ados porque a multiplica9ao bacteriana
fornecera urn numero muito maior que aquele real mente presente no paciente
(OPLUSTIL et al 2004) Tambem nao se reeomenda deseoneetar 0 eateter do tubo
coletor sob risco de introduyao de microrganismos no sistema Sempre que passivel
tal coleta deve ser realizada ap6s troea do cateter pois urna microbiota que naD
corresponde a do paciente pade residir em cateteres antigos (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
A punyao suprapubica e considerada a metoda padrao auro para coleta de
urina par representar a verdadeira bacteriuria vesical (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998) Calhe-se com seringa e agulha diretamente par pun9ao vesical Tal
procedimento evita problemas de contamina9ao uretral e e recomendado para
crian9as ate dois anos detec9ao de anaer6bios enos casos de repeti9ao de ex ames
com interpretaoes duvidosas (OPLUSTIL et al 2004) Pode tambem estar indieada
para homens de qualquer idade com fimose e em mulheres com bacteriurias de
repeti~o de proeedeneia duvidosa (GOBERNADO et al 2002)
A cateteriza9ao com finalidade unica de obten9ao de amostras somente
deve ser realizada em pacientes nos quais nao seja possivel a elimina9aO
espontanea de urina como doentes neurologicos au com problemas urol6gicos
obstrutivos Caso seja necessaria devern-se utilizar tecnicas rigorosas de assepsia
por causa do alto risco de introdu9ao de rnicrorganismos (KONEMAN et a 1997
GOBERNADO et a 2002)
Para a pesquisa de Mycobacterium tuberculosis tres amostras de urina da
manha devem ser coletadas em dias consecutivos as tecnicas de cultivo para
27
micobacterias naD permitem a cresci menta de outros agentes e portanto a coleta
nac necessita de assepsia rigorosa (MIMS et al 1995)
Caso naD seja passivel a processamento da amostra de urina em ate 2
haras apas a coleta a amostra deve ser refrigerada (2 a 80 C) e processada em ate
24 haras tempo maximo para manuten~ao da contagem bacteriana estavel 0 usc
do preservativo acido b6rico permite que a amostra permane98 a temperatura
ambiente (20 a 25 C) ate 24 horas antes de ser process ada (OPLUSTIL ef aI 2004
CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Sistemas de trans porte usanda acido b6rico podem ser metodos alternativQs
para coletas realizadas em casa au em locais distantes do laborat6ria e mostram-se
tao efetivos quanta a refrigeragao (KONEMAM ef ai 1997)
Oepois de coletada a amostra de urina deve ser encaminhada ao laboratorio
a mais rapido possivel e com todas as informayoes necessarias para degprocessamento Devem ser relatados 0 horario e 0 metodo da coleta 0 tempo de
reteny80 da urina 0 tipo de paciente (por exemplo urologico ou geriatrico) a idade
o sexo se 0 paciente tem recebido quantidades aumentadas de Ifquido
apresentay80 clinica (existencia de sintomas) resultados de urinalise (presen9a de
celulas inflamat6rias) e resultados antecedentes de cultura (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
De maneira ideal as amostras devem ser coletadas antes do inicio da
terapia antimicrobiana Caso 0 paciente ja esteja recebendo ou tenha recebido
antibioticoterapia nas 48 horas antecedentes a realizay80 do exame esta
informay80 deve ser explicitada no formulario de requisiy80 do exame (MIMS et al
1995)
28
Recoletas devem ser solicitadas quando amostras nae refrigeradas forem
recebidas 2 horas ou mais ap6s a coleta au quando nac fcrem comunicados 0
horario e a forma de coleta No entanto nenhuma amostra deve ser desprezada
antes do cantata com 0 medico solicitante po is ela pade em alguns casas ser
insubstituivel (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Menos de 5 das urinas coretadas e transportadas adequadamente
apresentam multiplos microrganismos Exce~6es sao amostras de pacientes com
bexiga neurogemica au usa cranico de cateteres nos quais a bacteriuria
polimicrobiana pade ser detectada em 30 a 80 das culturas freqOentemente sem
infecao (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Segundo Koneman et al (1997) a acuracia do procedimento de coleta de
urina pode ser monitorada pela frequencia de exames com contagens entre 104 a 105
UFCml que nao deve exceder 5 a 10 se os procedimentos forem realizados
apropriadamente
42 A IMPORTANCIA DA COLORAltAo DE GRAM
Durante as ultimas decadas testes rapidos de triagem para bacteriuria foram
desenvolvidos com 0 propos ito de fornecer resultados mais rapid os e de eliminar a
necessidade de cultivar amostras negativas Entretanto sua utilizacao e limitada
principalmente pela incapacidade de detectar baixos niveis de bacteriuria e piuria
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
A coloracao de Gram da urina nao centrifugada e um dos metodos mais
rapidos seguros e baratos para estimar bacteriuria superior a 105 UFCml e
presenca de mais de 8 a 10 leucocitoslJl Homogeneiza-se muito bem a urina
coloca-se uma gota sobre lamina sem espalhar e deixa-se secar ao ar A lamina
deve ser fixada par calor au metanol (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998) A
29
presenca de uma ou mais celulas bacterianas per campo em aumento de 1000
vezes tern sensibilidade de 94 e especificidade de 90 em refletir uma contagem
de colOnias superior a 10 UFCml (KONEMAN ef al 1997)
Embora seja urn metoda barato de triagem a coloraC8o de Gram naD e
utilizada par muitos laborat6rios pelo consumo de tempo e baixa sensibilidade em
contagens inferiores a 105 UFCml Sugere-se a sua utilizacao como teste de triagem
apenas em pacientes com contagens de col6nias provavelmente altas
principalmente as assintomaticos e com suspeita de pielonefrite Alguns autores
relatam melhora da sensibilidade a nlveis acima de 104 UFCml com 0 usa de
citocentrifuga (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
A coloraCao de Gram do sedimento urinario em bora ainda utilizada por
muitos laboratorios e impropria pela baixa reprodutibilidade e dificuldade de
padronizacao e correlacao com os metodos de velocidade de excrecao de leucocitos
au contagem em camara (ALBINI 1994)
As informac6es fornecidas pela cOloracao de Gram sobre a morfologia do
microrganismo e caracteristicas na coloracao sao extremamente importantes para a
selecao inicial da terapia antimicrobiana enquanto se aguarda 0 informe definitivo
do resultado da cultura e do antibiograma (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO
1998)
~ imprescindivel a realizacao da coloracao de Gram para deteccao de
bacterias fastidiosas ou nao usuais Devido a dificuldade de desenvolvimento nos
meios utilizados para a deteccao de enterobacterias em alguns casos somente a
visualizacao microscopica indicarcfi a sua presenca (FRANZ HORL 1999)
A observacao microscopica da urina permite verificar a qualidade da amostra
especialmente em mulheres nas quais a contaminacao vaginal e frequente
30
produzindo resultados falso-positivos A presen~a de muitas celulas epiteliais e de
mais de urn tipo de microrganismo no Gram sugere contamina9aO da amostra em
decorrencia da coleta (OPLUSTIL et ai 2004)
Dutro aspecto importante da coloracao de Gram e a sua utilidade no
monitoramento das culturas podendo-se pelo seu resultado detectar erras tecnicos
e ate mesmo troca de amostras (ALBINI 2004)
31
5 BACTERIAS FASTIDIOSAS E INFECcAO DO TRATO URINARIO
Em 1989 Maskell citou a ocorrencia de bacterias fastidiosas como algumas
especies de estreptococos Gardnerela vaginalis Haemophilus influenzae
Corynebacterium spp e lactobacilos em infecgoes da bexiga e trato urinario superior
isoladas de amostras de urina obtidas par cateteriz8gao aspiragao supra-pubica e
tarn bam de amostras de tecido obtidas per bi6psia vesical Relatou tambem a
preseng8 de tais bacterias na urina de gestantes assintomaticas com mais
freqOencia do que em nao-gestantes e que as gestantes apresentando bacteriuria
posteriormente desenvolviam sintomas com mais freqoencia do que as que nao
apresentavam bacterias na urina
Fairley e Birch (1989) realizaram um importante estudo demonstrando que
pacientes com sintomas de infec~ao do trato urinario apresentando resultados
negativos em culturas de rotina podem abrigar bacterias fastidiosas ou baixas
contagens de uropat6genos convencionais na bexiga Os pacientes incluidos no
estudo foram os que apresentaram resultados inconclusivos em culturas previas de
jato medio como desenvolvimento inferior a 105 UFCml de um pat6geno
convencional ou a desenvolvimento superior a 102 UFCml de uma bacteria
fastidiosa Foram avaiiadas urinas obtidas por aspirayao suprapubica de 1817
mulheres e 300 homens cultivadas para uropat6genos convencionais e bacterias
fastidiosas utilizando in6culo que proporcionou resultados entre 101 e 107 UFCml A
freqOencia de isolamentos esta representada na tabela 1
32
TABELA 1 - FREQUENCIA DE BACTERIURIA EM 2117 PACIENTES(AMOSTRAS OBTIDAS POR PUNCAO SUPRAPUBICA) -1989
Uropat6-Culturas positivas $omente $omente especies genos
(n = 597) uropat6genos fastidiosas conven-convencionais (n = 366) cionais
n = 170 eespeci-
Pacientes Unica Multiplas Unica Multiplas Unica Multiplas esespecie especies especie especies especie especies faslidio-
sasMulheres (n = 1817) 370 191 148 5 222 125 61Homens (n = 300) 36 0 17 0 19 0 0
FONTE The Royal Melbourne Hospital
Vinte e aito especies microbianas foram isoladas no trabalho em questao
sendo Ureaplasma urealylicum Gardnerella vaginalis Escherichia coli Mycoplasma
hominis e Staphylococcus epidermidis as especies mais isoladas Quinhentas e
oitenta e uma (70) das 830 cepas isoladas pertenciam a especies fastidiosas -
Ureaplasma urealyticum Gardnerella vaginalis e Mycoplasma hominis - que nao sao
recuperadas em meies de cultura canvencianais Gardnerella vaginais fai mais
freqUente em mulheres enquanto Ureaplasma urealyticum nao apresentou diferen9a
estatisticamente significativa entre os sexas Treze esptkies fcram isoladas em
apenas uma ou duas ocasioes entre elas Streptococcus equi Streptococcus
equisimifis Streptococcus sanguis Morganella morgan Klebsiella oxytoca
Peptococcus anaerobius Proteus vulgaris Enterobacter aerogenes Salmonella
enteritidis Pseudomonas aeruginosa Haemophilus influenzae Haemophilus
parainfluenzae e Haemophilus parahaemofyticus Anaer6bios estritos foram isolados
de apenas sete dos 597 pacientes (FAIRLEY BIRCH 1989)
Culturas polimicrobianas foram obtidas em urn teno das pacientes do sexo
feminino e nao foram verificadas no sexe masculino A freqOencia de uropat6genos
cenvencienais e fastidiesos encontra-se na tabela 2
33
TABELA 2 - FREQU~NCIA DE UROPATOGENOS CONVENCIONAISE BACTERIAS FASTIDIOSAS EM 191 PACIENTES DO SEXOFEMININO COM BACTERIURIA POLMICROBIANA - 1989
Numero de Somente Samente especies Especiesespecies (numera uropat6genos fastidiosas convencionais e
de pacientes) convencionais fastidiosasOois (153) 9 99 45Tres (34) 0 17 17Quatro (4) 0 1 3
FONTE The Royal Melboume Hospital
Ureaplasmas au Gardnerella vaginalis fcram recuperados em 179 das 191
mulheres com infecgao polimicrobiana estando presentes concomitantemente em
100 das 191 amostras sugerindo urna passivel relacc3osimbi6tica Uropat6genos
convencionais fcram isolados em pouco mais de 33 das mulheres na maiaria dos
casas acompanhados por bacterias fastidiosas indicando que infeccoes
polimicrobianas usualmente envolvem bacterias fastidiosas (FAIRLEY BIRCH
1989)
A contagem de col6nias excedeu 105 UFCml apenas na minoria dos
pacientes portanto a bacteriuria nao seria detectada em muitos individuos caso 0
valor de ponto de corte tradicional tivesse sido utilizado Os resultados tambem
mostraram que baixas contagens bacterianas podem acontecer com qualquer uma
das especies bacterianas isoladas embora tenham sido mais freqoentes para
Ureaplasma urealytieum e Mycoplasma hominis Cento e setenta e quatro (21)
isolados apresentaram contagens inferiores a 103 UFCml sendo 138 (84)
pertencentes a especies fastidiosas (FAIRLEY BIRCH 1989)
Franz e HOrl (1999) citaram a ocorrencia de HaemophiJus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae pneumococos Campyobaeter Legionella
pneumophila Salmonella spp Shigella spp Corynebacterium grupo 02
34
Mycobacterium tuberculosis micobacterias atipicas e fungos como causadores
ocasionais de ITU
Domann et al (2003) realizaram estudo em amostras do trato urinario de
transplantados renais utilizando tecnicas moleculares baseadas em 168 rRNA peR
e cromatografla liquida de alta performance (DHPLC) Foi avaliada a aplicaaD do
metoda em 109 amostras e observou-se 100 de correlacao para amostras cultura-
positivas Para as amostras cultura-negativas a DHPLC permitiu a deteccao de
uropat6genos previa mente conhecidos como Corynebacterium urealyticum e
Gardnerella vaginalis mas tambem agentes nao usuais como AnaerocDCCUs
laclolyticus Bacteroides vufgatus Diaisler invisus Fusobacterium nuceaturn
Lactobacillus iners Leptotrichia amnionii Prevotella buccalis Prevotella ruminicola
Rahnella aquatilis e Streptococcus intermedius detectados como unicos pat6genos
ou como agentes de infecyoes polimicrobianas Uma vez que as ITU sao
freqGentemente associadas com inicio precoce de rejeiyBo cronica em
transplantados renais e conveniente a pesquisa de agentes patogenicos
oportunistas e nao usuais para 0 correto direcionamento do tratamento
antimicrobiano
Quatro casos de ITU com bacteremia por Methylobacterium spp em
pacientes do sexo feminino imunocompetentes foram reportados por Lee Tang e Uu
(2004) Todas as pacientes tiveram hemoculturas positivas para Methylobacterlum
spp e suas culturas de urina foram negativas ou positivas para Escherichia coli com
crescimento concomitante de outro bacHo gram-negativ~ em baixa contagem que foi
ignorado Foram realizados experimentos especiais com os isolados indicando que
de acordo com os procedimentos padrao para culturas de urina com 24 horas de
incubayao a 35degC as colonias de Methylobacterium spp nao sao visualizadas e 0
35
pequeno numero de col6nias observado ap6s incuba~ao adicional de 24 heras a
temperatura ambiente apenas sugere ser a especie urn contaminante
Particularmente quando especies de Methyfobacterium estao presentes
concomitantemente com Escherichia coli ocorre supressao do cresci menta de
Methylobacterium spp tornando impassivel a sua deteccao 0 estudo conclui que a
falta de relatos de casas de ITU por Methylobacterium spp deve-se a impossibilidade
de detec~ao da especie por metodos padrao de cultura de urina au ainda porque a
baixa virulelncia da bacteria pode produzir ITU autolimitadas au talvez muitas vezes
curadas com as antibi6tico5 normalmente utilizados As especies estudadas fcram
variavelmente resistentes as cefalosporinas acido nalidixico nitrofurantoina e
sulfametoxazol-trimetoprim e 100 suscetiveis a ciprofloxacin imipenem e
aminoglicosideos
51 Corynebacterium spp
Corynebaclerium urealylicum pode ser uma importante embora rara causa
de ITU variando a freqOencia de isolamentos significativos de zero a 35 em
popularoes nao selecionadas A bacteriuria por Corynebacterium urealyticum ocorre
em pacientes hospitalizados per longos perledes severamente
imunocomprometidos urologicamente manipulados ou idosos Tal microrganismo
tam bern tern sido associado com pielonefrite e pode desaparecer espontaneamente
da urina mesmo sem antibioticoterapia (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Corynebacterium glucuroneyticum tambem chamado Corynebacterium
seminae tern side iselade de semen e trate g~nite-urinarie masculine e pede causar
prostatite ou uretrite Corynebacterium pseudogenitalium (CDC grupo F1) tambem
tern sido reconhecido como pat6gene do trato urinario (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
36
Foi relatado por Soriano e Ponte (1992) um caso de cistite de incrusta~ao
causado por urn corineforme identificado como CDC grupo F1 0 paciente havia
sofrido ITU previas persistentes causadas por Corynebacterium ureayticum (CDC
grupo 02) A cura bacteriol6gica foi alcan=ada apes urn mes de tratamento com
amoxicilina e acido acetohidroxamico
Meria at al (1998) realizaram levantamento bibliografico entre as anos de
1985 a 1997 sabre casas de cistite e pielite de incrustacao Foi constatado a
aumento progressive no numero de cases especialmente em pacientes
imunodeprimidos e particularmente em transplantados renais Tais inflamacoes
cr6nicas estao associadas com incrustac6es da mucosa causadas por bacterias
produtoras de urease tendo sido as mais freqOentes especies de Corynebacterium
grupo 02 A presenCa de urina alcalina contendo abundantes debris mucopurulentos
calcificados e alta mente sugestiva e pode auxiliar no diagnostico clinico A
demonstracao da bacteria envolvida requer culturas prolongadas em meios de
cultura enriquecidos 0 diagnostico precoce pode evitar falhas de tratamento e uma
possivel rejeicao do orgao transplantado
Em estudo realizado par Riegel et al (1995) corineformes em quantidades
significativas (104a 105 UFCml) foram isolados em amostras de semen uretra urina
e sangue de homens inferteis com diagn6stico de prostatite As analises genomicas
realizadas demonstraram ser as cepas pertencentes a uma mesma especie dentro
do genero Corynebacterium As 12 amostras mostraram padroes bioquimicos
simi lares entre elas born crescimento em agar sangue de carneiro em contraste com
crescimento pobre no mesmo meio suplementado com Tween 80 1 teste de
CAMP positivo fermentacao de glicose sacarose e presenCa de beta-glucuronidase
Tais caracteristicas permitiram a distincao destas cepas dos outros membros do
37
genera e 0 nome proposto foi Corynebacterium seminae Embera organismos
difter6ides pass am fazer parte da microbiota uretral a presenCa de contagens
significativas destas especies no semen sugere urna implica~ao infecciosa
particularmente na prostatite
Estudo molecular filogenetico baseado em 16S rRNA peR realizado em
pacientes com prostatite croniea demonstrou sinais bacterian05 em 65 dos
pacientes estudados Foi constatada a ocorreuromcia de um amplo espectro de
especies bacterianas no fluido prostatico dos pacientes incluindo Corynebacterium
Staphylococcus PepiosfreptococGUS Streptococcus e Escherichia Especies do
genera Corynebacterium foram encontradas em maior proponao incluindo especies
ainda nae descritas e n~o presentes nas amostras de controle sugerindo que
possam ter um papel na doen~a au que sejam conseqOemcia da mesma 0 estudo
mostreu ainda que os microrganismos associ ados com prestatite geralmente
ocorrem em comunidades microbianas distintas daquelas encontradas em liquidos
prostaticos normais (TANNER ot al 1999)
Segundo Domingue e Hellstrom (1998) a observaltio microsc6pica
cuidadosa de amostras de secre~~o prostatica bern como a inocula~~o em meios
enriquecidos sao essenciais para a isolamento de corineformes Foi realizado estudo
em uma amostra de secre~ao prostatica na qual a colora~ao de Gram apresentou
cocobacilos gram Itlbeis pleom6rficos que nao se desenvolveram em meios de rotina
incubados por 72 horas a 35degC Houve desenvolvimento em meio de cultura
enriquecido com extrato de leveduras e sora de cavalo e incubado no minimo 72
horas em atmosfera de 5 de CO2 a 35degC A secregao inoculada em caldo triptose
demonstrou a presen~a de bacilos gram-varitlveis (microscopicamente) e quando
repicada produziu bacilos de crescimento lento em meios de retina e enriquecidos
38
(incubados aerobicamente anaerobicamente ou sob tensao de CO2 par 72 haras)
Corineformes ocultos pod em ser agentes etiol6gicos da prostatite idiopatica croniea
que sao frequentemente perdidos au nao percebidos em procedimentos
bacteriol6gicos de rotina
52 Gardnerella vaginais
o significado de Gardnerela vaginais em urina e controverso pois a
principal associacao patogElnica desta bacteria e com a vaginose na mulher Embora
baixas contagens na urina parecam refletir a micro biota da uretra masculina ou
feminina contagens aeima de 10000 UFCml ja fcram associadas com bacteriuria
sintomatica ITU recorrente cistite na mulher uretrite e prostatite no homem
Entretanto me sma quando ern altas contagens freqOentemente nao ha resposta
leucocitaria Gardnerela vaginalis e encantrada mais freqOentemente em mulheres e
pacientes com doena renal e ap6s instrumentaao (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
Estuda realizado par Agarwal e Dixon (2001) investigau a passivel papel de
Gardnerella vaginalis na cistite intersticial usando metodos maleculares para
garantir a recuperaCao do microrganismo mesmo em baixas contagens Nenhuma
das trinta e tres amastras de bi6psias de bexiga de pacientes com cistite intersticial
foram positivas para Gardnerella vaginais a que embora nao exclua seu
envalvimenta na cistite intersticial diminui esta probabilidade
Ginestre Perez et al (2001) realizaram estudo de mil trezentas e setenta
amostras de jato media de urina de pacientes com sintomas de ITU Gardnerella
vaginalis cujo papel patagenica no trato urinario e discutivel ocupou a segundo
lugar em freqOencia etiologica (1763) ficando atras somente de Escherichia coli
(5210) e superando microrganismos cansiderados uropat6genas classicos como
39
Proteus mirabifis (763) Klebsiella pneumoniae (684) e Pseudomonas
aeruginosa (368) Embera a presen~a de Gardnerella vaginais em amostras de
jato media urinario possa indicar contaminayao vaginal todos as cultivos positivos
para esta bacteria apresentavam contagens superiores a 100000 UFCml e
provinham de pacientes sintomaticos representando urna alta probabilidade de
infec~ao urinaria verdadeira
53 Mycoplasma hominis E Ureaplasma urealyticum
Especies patogenicas como Mycoplasma hominis e Ureaplasma urealyticum
ocorrem freqOentemente como colonizantes do trato urogenital inferior de homens e
mulheres saudaveis A ocorrencia de infec~ao esta provavelmente relacionada a
imunossupressao obstru~ao ou procedimentos previos de instrumental)ao no trato
urinario Ureaplasma urealyticum tern sido encontrado em calculos urinarios de
pacientes com liHase infecciosa sugerindo uma possivel associal)ao causal
Mycoplasma hominis tern sido isolado do trato urinario superior em pacientes com
sintomas de pielonefrite aguda FreqOentemente ha resposta imunol6gica especifica
(MURRAY 1999)
Foi pesquisada a presen9a de Ureaplasma urealyticum e Mycoplasma
hominis em amostras de jato medio de 314 mulheres e 52 homens sintomaticos do
trata urinltilria Ureaplasma urealyticum fai isalada em 54 (171) das mulheres e 8
(154) dos hom ens e Mycoplasma hominis foi isolado em 12 (38) das mulheres
e 4 (77) dos homens Ureaplasma urealyOcum foi superado apenas par
Escherichia coli e Gardnerella vaginalis em ambos grupas 366 e 254
respectivamente no sexo feminina e 585 e 308 no masculino Demonstrou-se
partanto que a bacteriuria par ureaplasmas e relativamente co mum porem nao e
40
detectada por metodos convencionais de cultura de urina (AVILES ZARAGOZA
1998)
A significancia de micoplasmas em amostras de jato medic urinario e de
dificil determinacao devido a provavel contaminacao da amostra par
microrganismos colonizantes da vagina e uretra distal Entretanto estudos
realizados em amostras de aspirado suprapubico em gestantes demons tram que 0
desenvolvimento de pre-eclampsia e tres vezes mais prov3vel em mulheres
apresentando culturas positivas para ureaplasmas no inicio da gestacao do que em
mulheres com culturas negativas no mesmo periodo (KONEMAN ef a 1997)
54 Haemophilus spp
Existem varios estudos relacionando Haemophifus influenzae e Haemophilus
parainfluenzae a ITU embora sua freqOencia e significancia nae tenham sido
confirmadas Alguns pesquisadores sugerem a inclusao de agar chocolate em
culturas de urina de crian~as por causa da associa~ao de Haemophilus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae com outras infec~6es nesta faixa etaria (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
Maskell (1989) citou a ocorrencia de certas bacterias fastidiosas em sftios do
trato urinflrio abaixe da bexiga como par exemple em cases de prostatite por
Haemophilus influenzae
55 Lactobacillus spp
Em estudo realizado em pacientes do sexe feminine com sind rome uretral
aguda demonstrou-se uma alta freqOencia de isolamentos de lactobacilos Durante
dois anos amastras de jato medic de tais pacientes foram cultivadas observando-se
a principio alta concentracao de lactobacilos principalmente nas pacientes
sintomaticas Ao final do estudo durante 0 qual foi impedido 0 usa de antibi6ticos os
41
lactobacilos desapareceram da urina de muitas mulheres as quais tornaram-se
assintomaticas Os autores concluiram que as sintomas da sindrome uretra podem
ser devidos a multiplica~ao desproporcional de lactobacilos na uretra distal como
resultado de antibioticoterapia frequentemente administrada em cursos prolongados
para resolurao dos sintomas urinarios Lactobacilos tambem tern sido relatados em
amostras de urina obtidas diretamente da bexiga e de amostras de tecido obtidas
par bi6psia vesical bern como ocasionalmente isolados em urinas de mulheres
idosas com sintomas urinarios (MASKELL 1989)
56 COCOS GRAM-POSITIVOS
Microrganismos dos generos Lactococcus Gemella Aerococcus e
Globicatella embora possam estar presentes como contaminantes em culturas de
material clinico tern sido isolados como patogenos oportunistas ern urina e outras
amostras de pacientes imunocomprometidos Esforyos para identifica-Ios devem ser
realizados quando os isolados forem clinicamente significantes isto e isolados
repetidamente ou em cultura pura Devido a semelhanya com outros cocos gram-
positivos isolados com mais freq04sectncia como estreptococos enterococos e
estafilococos possivelmente sao confundidos com especies destes generos
(MURRAY 1999)
Golapachar et al (2004) relata ram um caso de infec9ao do trato urinario com
bacteremia causa do por Aerococcus viridans em um homem de 87 anos residente
em uma cUnica de repouso A cultura de urina apresentau crescimenta de 105
UFCml de Aerococcus viridans e a hemocultura fai positiva para a mesmo
microrganismo Os testes bioqulmicos que leva ram a identificayao do
microrganismo faram reayoes negativas de catalase e LAP (Ieucina aminopeptidase)
e reaDes positivas para PYR (L-pyrrolidonyl-beta-naphtylamina) fermentaao de
42
trehalose e manese resistencia a optoquina crescimento em agar bile esculina 40
e cresci menta em cloreto de s6die 65 As especies de Aerococcus sao anaer6bias
facultativas a maioria catalase negativa com tendemcia a formaCao de tetrades na
morfologia microsc6pica PYR positivo e LAP negativ~ a que as diferencia de
enterococos e estreptococos
A escassa documentacao a respeito de infecyoes humanas por Aerocccus
sp deve-se provavelmente a sua similaridade microbiol6gica aos estreptococos alfa-
hemoliticos e enterococos e possiveis erras na interpretacao laboratorial de
amostras clinicas No casa acima descrito a laborat6rio de microbiologia nao pade
reaHzar a antibiograma devido a natureza fastidiosa da bacteria mas houve sucesso
terapeutico ap6s administray8o intravenosa de levofloxacin (GOLAPACHAR et al
2004)
Um caso de pielonefrite e urossepsis por Streptococcus pneumoniae foi
relatado em urn hornem de 82 anos com hist6ria clinica de leucemia linf6ide cronica
e diabetes mellitus Exames radiograficos abdominais e tomografia computadorizada
mostraram uma imagem indicativa de extensa pielonefrite no rim esquerdo sem
nenhum outro foco de infecc8o 0 abscesso renal foi tratado por drenagem
transuretral e 0 material purulento obtido foi cultivado assim como materiais de
orofaringe escarro e sangue Esearro e orofaringe revelaram apenas mierobiota
normal do trato respirat6rio enquanto 0 material drenado e as hemoculturas
demonstraram microseopicamente cocos gram-positiv~s aos pares e em eadeias
alguns dos quais eram lanceolados havendo bom crescimento em agar sangue de
carneiro e agar chocolate a 37degC As col6nias eram fracamente alfa-hemoliticas no
agar sangue e nao muc6ides catalase-negativas e sensiveis a optoquina Testes de
aglutinac8o sorologiea de ambos materiais confirmaram a identificac8o e testes
43
moleculares demonstraram ser as dois isolados identicas Apesar da terapia
antimicrobiana a paciente desenvolveu coagula98o intravascular disseminada e
sofreu uma parada cardiaca sendo que 0 quadro foi revertido mas tornau-se
necessaria a nefrotomia para eliminar a foco da infeccao Em contraste a estud05
anteriores a paciente descrito apresentou um verdadeiro casa de pielonefrite
abscesso renal e urossepsis causados par Streptococcus pneumoniae A presenca
de doencas como leucemia linf6ide crOniea e diabetes mellitus fcram 5uficientes para
causar um certa grau de imunossupressao e predispor a paciente a infeccao par
Streptococcus pneumoniae mesma sem hist6ria antecedente de infecC8o
pneumoc6cica trauma ou interven9ao cirurgica (DUFKE KUNZE-KRONAWITIER
SCHUBERT2004)
57 BACT~RIAS ANAER6BIAS
Tern sido descritos casas de infec90es do trato urinario par bacterias
anaer6bias com as mais diverses tipos de apresenta90es clinicas entre processes
crenicos e agudos As bacterias recuperadas sao bacilos gram negativQs incluindo
Bacteroides fragifis Prevotella sp e Porphyromonas sp Clostridium sp cocos
gram-positiv~s e Actinomyces sp Em muitos casas sao recuperadas em culturas
mistas com coliformes e estreptococos (BROOK 2004)
58 OUTRAS BACT~RIAS FASTIDIOSAS
Foi descrita par Greub e Raoult (2002) uma nova especie bacteriana
Actinobaculum massiliae recuperada da urina de uma mulher de 81 anos com ITU
cr6nica Os estudos fenotipicos genotfpicos e filogeneticos realizados mostraram
ser 0 isolado urna nova especie ainda nao recanhecida dentro do genera
Actinobaculum e foi proposta a denominacao Actinobaculum massiliae A mesma
cepa faj isolada tres vezes num perlodo de sete meses mesmo apes tratamento
44
com amoxicilina sulfametoxazol~trimetoprim e rifampicina Devida ao fata do
microrganismo nao ser isolado em procedimentos laboratoriais de rotina uma ITU
devido a Actinobaculum massiliae pade ser mal diagnosticada Alem disso as
col6nias apresentam heterogeneidade morfol6gica ap6s cinco dias de incubacao
podendo levar a uma errOnea interpretaC(ao de contaminacao com duas especies de
badlas gram~positivos 0 usa de agar sangue de carneiro e incubacao prolongada
motivado pela presenca de 106 leuc6cit05 per ml na urina da paciente permitiu a
desenvolvimento da cepa Houve cura ap6s tratamento com doxiciclina (GREUB
RAOUL T 2002)
Em estudo clinico e microbiol6gico de mulheres com sindrome uretral -
excluindo pacientes com cistite bacteriana - 41 pacientes foram comparadas com 42
pacientes controle Nao foi encontrada diferenca entre pacientes e con troles em
incid~ncia de Chlamydia trachomatis e outros microrganismos de transmiss3o
sexual 0 numero de lactobacilos e outros microrganismos fastidiosos bem como a
numero de leucocitos na urina nao apresentaram diferenca entre pacientes com
sintomas leves e intensos ou entre pacientes e controles Os auto res sustentam a
hipotese da sindrome uretral nao ser causada por infecrao bacteriana ou clamidial
(GILLESPIE et al 1989)
45
6 CONCLUSAO UMA REFLExAO
E indiscutivel a importo1ncia para a laborat6rio de requisicoes de exame
completas com informayoes sabre suspeita clinica existencia de sintomas
anormalidades do trata urinario e condhoes imunol6gicas do paciente Embora
tradicionalmente a maiaria dos medicos nao fornega muitas informacoes sabre 0
paciente ao laborat6rio a microbiologista pede incentivar a criacao de urn canal de
comunicacao quando observar a necessidade de informagoes sobre determinado
paciente
Exames anteriores do paciente sempre que disponiveis devem ser
consultados e comparados pois informacoes sabre infecc6es recorrentes au
recidivantes especies bacterianas envolvidas au presen9a de piuria esteril sao
importantes para direcionar a pesquisa para agentes fastidiosos
o metoda de coleta e as condi~6es de transporte da urina deterrninam a
qualidade da amostra e a quao relevantes serao as microrganismos nela
encontrados Considerando-se que urna bacteria normalmente considerada como
contarninante introduzida durante a coleta pode ser em alguns casos patogenica ou
ainda que uma especie fastidiosa patogenica de crescimento lento pode ter seu
crescimento inibido par uma contaminante de crescimenta mais rapido a coleta
adequada torna-se urn fator de suma importancia para a detec~ao de especies
fastidiosas em urina
Como ja discutida torna-se indispensavel a realiza~ao da calora~ao de
Gram em amostras de urina pOis alem de ser urn teste de triagem rapida e barato
para bacteriuria acima de 105 UFCml pode ser 0 unica indicativa da presen~a de
urna especie fastidiosa
46
A comunica~ao entre a microbiologista e a medico pode determinar nao 56 a
sucesso do diagn6stico e do tratamento como a viabilidade economica da pesquisa
de bacterias fastidiosas para 0 laborat6rio urna vez que direciona as esforyos
laboratoriais aos pacientes que realmente necessitam evitando 9a5t05
desnecessarios
Bacte-rias fastidiosas podem nao responder ao tratamento antibi6tico para
pat6genos convencionais do trato urinario portanto a pesquisa precocemente
direcionada para tais agentes pode melhorar 0 progn6stico das ITU evitando a
administracao de antibioticos inadequados au desnecessarios
Como observado nos diversos casas reiatados bacterias fastidiosas
ocorrem em cenaries clinicos especificos 0 entendimento do processo da doen=a e
as condi=oes do paciente pod em ajudar muito 0 laboratorio no esfor=o para
recuperar a bacteria do material clinico
47
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
ALBINI C A Cullura de Urina Analise das metodologias interfer~ncja sobre as
resultados e proposta para padronizacao 1994 54 f Monografia (Especia1iza9aO em
Bacteriologia) - Setor de Ciencias da Saude Departamento de Patologia Medica
Universidade Federal do Parana Curitiba
AGARWAL M DIXON R A A study to detect Gardnerella vagina lis DNA in
interstitial cystitis British Journal of Urology (on line) 2001 Disponlvel em
httpwwwbjuiorg889articlebju2514aspAcessoem 03 fev 2005
BATRA A Interstitial Cystitis Updade Infection Urology (on line) 1999 Disponivel
em httphomeswipnetsellsopicupdatehtm Acessa em 20 dez 2004
CLARIDGE J E JOHNSON J R PEZZLO M T Laboratory Diagnosis of Urinary
Tract Infections Washington American Society for Microbiology 281998
BROOK I Urinary tract genito-urinary suppurative infections due to anaerobic
bacteria International Journal of Urology (on line) 2004 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezigueryfcgicmd=Retrieveampdb=pubmedampdopt=Abst
ractamplist uids=15009360 Acesso em 18 mar 2005
DOMANN E HONG G IMIRZALIOGLU C TURSCHNER S KOHLE J
WATZEL C HAIN T HOSSAIN H CHAKRABORTY T Culture-Independent
Identification of Pathogenic Bacteria and Polymicrobial Infections in the Genitourinary
Tract of Renal Transplant Recipients Journal of Clinical Microbiology (on line) 2003
48
Disponivel em httpjcmasmorgcgireprintl41125500pdf Acesso em 18
mar2005
DOMINGUE G J HELLSTROMW J G Prostatitis Clinical Microbiology Reviews
(on line) 1998 Disponivel em httpcmrasmorglcgilcontentifuIl11141604 Acesso
em 03 fev 2005
DUFKE S KUNZE-KRONAWITIER H SCHUBERT S Pyelonephritis and
Urosepsis Caused by Streptococcus pneumoniae Journal of Clinical Microbiology
(on line) 2004 Disponlvel em httpjcmasmorgcgicontentifuIl4294383 Acesso
em 06 mar2005
FAIRLEY K F BIRCH D F Detection of Bladder Bacteriuria in Patients with Acute
Urinary Symptoms The Journal of Infectious Diseases Melbourne v 159 n2 p
226-231 fev 1989
FRAIMOW H S JUNGKIND D L LANDER D W DELSO D R DEAN J L
Urinary Tract Infection with an Enterococcus taecais Isolate that Requires
Vancomycin for Growth Annals of Internal Medicine (on line) 1994 Oisponivel em
httpwwwannalsorgcgicontentifuIl1211122 Acesso em 18 mar 2005
FRANZ M HCRL W H Common errors in diagnosis and management of urinary
tract infection I Patophysiology and diagnostic techniques Nephrology Dialysis
Transplantation (on line) 1999 Disponivel em
httpltwwwndtoupjournalsorgcgicontentifuIl141127 46 Acesso em 01 dez 2004
49
GIBB A P Plates are Belter than Broth for Recovery of Fastidious Organisms from
some Specimen Material Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Oisponivel
em httpjcmasmorgcgireprinU4041129pdf Acesso em 06 mar2005
GILLESPIE W A HENDERSON E P LINTON K B SMITH P J Microbiology
of the urethral (frequency and dysuria) syndrome A controlled study with 5-year
review British Journal of Urology (on line) 1989 Disponfvel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
2804564ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr 2005
GINESTRE PEREZ M ROMERO-A~EZ S MARTINEZ-GARCIA A RINCON-
VILLALOBOS G HARRIS-SOCORRO B CATELLANO-GONZALES M AVILA-
ROO Y PEROZO-MENA A Gardnerella vaginalis y uropat6genos convencionales
em pacientes ambulatorios Revista de La Sociedad Venezolana de Microbiaogia
(on line) 2001 Disponivel em
httpwwwseieloorgvaseielo phpscriptsci arttextamppid=S 1315-
25562001000200003amplng=esampnrm=isso Acesso em 05 jan 2005
GOBERNADO M CRUZ F J DALET F BROSETA E DE CUETO M
SANTOS M DE LA ROSA M Procedimientos en Microbiologla Clinica La
infeccion urinaria 2002 Disponivel em
httpwwwseimcorgprotocolosmicrobiologiaindice14htm Acesso em 01 dez
2004
50
GOLAPACHAR A AKINS R L DAVIS W R SIDDIQUI A A Urinary tract
infection caused by Aerococcus viridans a case report International Medical Journal
for Experimental and Clinical Research (on line) 2004 Oisponivel em
httpwlNNmedscimonitcompubvol 10no 114928pdf Acesso em 03 dez 2004
GREUB G RAOULT D Actinobaculum massiliae a new species causing chronic
urinary tract infection Journal of Clinical Microbiology (on line) 2002 Disponivel em
httpwwwpubmedcentralnihgov articlerender fcgitool=pubmedamppubmedid=12409
355 Acesso em 13 fev2005
HElLBERG I P Diagnosis and clinical management of urinary tract infection
Disponivel em httpwwwunineteducin2003confpfefermanpfefermanhtml
Acesso em 20 out 2004
KONEMAN E W ALLEN S D JANDA W M SCHREKENBERGER P C
WINN Jr W C Cr Atlas and Textbook of Diagnostic Microbiology 5ed
Philadelphia Lippincott-Raven 1997
LIPSKY B A Managing Prostatitis and Urinary Tract Infection in Men Infectious
Diseases Infoalerl (on line) 2003 Oisponivel em
httpwwwdpacomhklpdflinfolnfoALERT 15pdf Acesso em 10 dez 2004
MASKELL R A new look at the diagnosis of infection of the urinary tract and its
adjacents structures Joumaloflnfecfion Portsmouth n 19 p 207-217 jul 1989
51
MERIA P DESGRIPPES A ARFI C LE DUC A Encrusted Cystitis and Pyelitis
Journal of Urology (on line) 1998 Disponlvel em
htlpIwwwjurologycomipUrejuroabstract00005392-1 99807000-
00003htmmiddotjsessionid-CnHOtEDjxvOgrxiWIUac52pekluG1HSCZzrnOpCIJH4V107ePU
evI848681301-949856032190011-1 Acesso em 21 abr 2005
McCUE J D The Management of Complicated Urinary Tract Infections Infectious
Diseases Infoalert (on line) 1999 Disponfvel em
htlpIwwwdpacomhkJpdlfinlofinlo alart 01pdl Acesso em 01 dez 2004
MURRAY P R Manual of Clinical Microbiology 7ed Washington ASM Press
1999
NABER K G BERGMAN B BISHOP M C JOHANSEN T E B BOTTO H
LOBEL B CRUZ F J SELVAGGI F P European Association 01 Urology
Guidelines on Urinary and Male Genital Tract Infections Disponlvel em
httpwwwuroweborglfilesluploaded filesuti mgtLpdf Acesso em 20 dez 2004
OPLUSTIL C P Urocultura In__ Procedimentos basicos em microbiologia
clinica 2 ed Sao Paulo Sarvier 2004 p 88-93
OSBORNE J About Interstitial Cystitis Disponivel em htlplwwwic-
networkcomhandbooklbasicshtmlintro Acesso em 20 dez 2004
52
PEDRAZA AVILES A G ORTIZ ZARAGOZA M C Symptomatic bacteriuria due to
Ureaplasma and Mycoplasma in adults Revista Latinoamericana de Microbiologia
(on line) 1998 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedampdopt=Abs
tractamplist uids=20388109 Acesso em 20 abr 2005
RIEGEL P RUIMY R BRIEL D de PREVOST G JEHL F BIMET F
CHRISTEN R MONTEIL H Corynebacterium seminale sp Nov a New Species
Associated with Genital Infections in Male Patients Journal of Clinical Microbiology
(on line) 1995 Disponlvel em
htlpllwwwpubmedcentralnihgovpicrenderfcgiartid=228387ampblobtype=pdf
Acesso em 19 mar 2005
SORIANO F PONTE C A case of urinary tract infection caused by
Corynebacterium urealyticum and coryneform group F1 European Journal of Clinical
Microbiology Infectious Diseases (on line) 1992 Disponfvel em
httoIwwwncbinlmnihgoventreziguervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
1396772ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr2005
TANNER M A SHOSKES DSHAHEDA PACENR Prevalence of
Corynebacterial 16S fRna Sequences in Patients with Bacterial and Nonbacterial
Prostatitis Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Disponivel em
httpmcmasmorgcontenVfull3761863 Acesso em 06 mar 2005
TRABULSI L R ALTERTHUM F Escherichia coli uropatagenica (UPEC) In
Microbiaagia 4 ed Sao Paulo Atheneu 2004 p 303-309
53
20
4 A ROTINA DA UROCULTURA NO LABORATORIO DE ANALISESCLiNICAS
o diagn6stico microbiol6gico de uma infeqao urinaria mesma baseando-se
na determinay80 de microrganismos em urn Hquido biologico normalmente esteril
apresenta dificuldades com relaCao a valoriz8gao dos resultados E sabido que
existem microrganismos naturalmente residentes na uretra regiao genital e perinea
que podem contaminar a urina acidentalmente somando-se a issa a a9ao da
temperatura que estimula a proliferar8o bacteriana Par outro lado as tecnicas de
coleta e cultivo de amastras devem ser direcionadas a pesquisa de microrganismos
pouco habituais as quais podem ser importantes em determinadas situaroes
(GOBERNADO ef al 2002)
A decisao de como uma amostra deve ser cultivada depende do metoda de
coleta e dos sinais e sintornas cllnicos do paciente informa~6es que deveriam ser
transmitidas ao laboratorio pelo medico Entretanto na maioria das vezes 0
laborat6rio recebe informa~6es incompletas ou incorretas que resultam na realiza~ao
de muito ou pouco trabalho com uma determinada amostra (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
A classifica~ao de culturas de urina por tipos permite que 0 manejo das
amostras seja direcionado pela necessidade clinica e que 0 laborat6rio possa
escolher os meios de cultura e a quantidade de inoculo mais apropriada Com base
nos dad os cllnicos do paciente podem-se definir tres tipos de cultura de urina
retina inspeao e invesligaliva (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
As culturas de retina sao apropriadas para pacientes ambulatoriais e com
ITU nao complicadas As culturas de inspe~ao devem ser realizadas em pacientes
geriatricos e individuos que utilizam cateteres vesicais nos quais a caloniza~ao au
infec~ao por multiplos microrganismos e comum Culturas investigativas sao aquelas
21
direcionadas para diagn6sticos especificos microrganismos fastidiosos ou grupos
diferenciados de pacientes Devern ser realizadas nos casas de cultura previa
negativa de falha na terapia antimicrobiana au no case de suspeita de urn
uropat6geno naD usual E tambem apropriada a sua realiza980 quando ha
discrepimcia entre a apresentacao clinica do paciente au a coloracao de Gram e 0
resultado previa da cultura (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Os meios de cultura m~is utilizados para semeadura de urina sao as
seletivQs diferenciais como 0 meio de Teague (agar eosin a azul de metileno) e de
Mac Conkey associados ao agar sangue 0 meio de CLEO (agar cistina lactose
eletr61ito deficiente) e muito utilizado no Brasil e permite 0 crescimento de bacterias
gram-negativas e gram-positivas Tais meios auxiliam na identifica980 presuntiva da
bacteria atraves da colora98o colonial indicando a capacidade de fermenta980 da
lactose (ALBINI 2004)
Segundo Clarridge Johnson e Pezzlo (1998) culturas urinarias de rotina
devem ser realizadas semeando as amostras em agar sangue de carneiro 5 e em
agar Mac Conkey eu um meio seletive similar e incubando as placas por 18 a 24
horas a 35 - 37deg C em ar ambiente Ainda assim e meio de CLEO e preferido nos
laboratories brasileiros pela sua versatilidade Para microrganismos fastidiosos 0
agar chocolate deve ser utilizado em conjunto com agar CNA (Columbia-colistin a-
acido nalidixico) eagar MacConkey devendo-se utilizar a al93 calibrada de 001ml
alem da al9a 0001 ml As placas de CNA e agar chocolate devem ser incubadas em
5 CO2 por 48 horas
Para popula96es especificas com ITU cronicas ou anormalidades
anatomicas pode ser apropriada a cultura visando microrganismos anaerobios au de
cresci menta lento (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
22
Para popula90es nas quais as culturas polimicrobianas sao comuns 0 agar
CNA pade ser utilizado para demonstrar a presenca de enterococos Qutros cocos
gram-positives au leveduras presentes nas culturas mistas 0 agar CNA permite urn
born cresci menta de estreptococos corinebacterias e Gardnerela vaginalis e deve
ser incubado por 48 horas a 35 C (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Amostras obtidas par puncao suprapubica au de pacientes com suspeita de
sindrome uretral aguda devem ser semeadas com al98 calibrada de 001 ml a1em
da ala de 0001 ml em agar sangue (OPLUSTIL et al 2004) Contagens baixas ou
mesma multiplos tipos de microrganismos devem ser valorizados em tais cases
(KONEMAN 1997)
Corynebacterium ureafyticum e Qutras corinebacterias desenvolvem-se bem
em agar sangue de carneiro 5 au agar CNA mas sao mais bern visualizadas ap6s
incubaao de 48 horas (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
As calOnias de Gardnerella vaginalis sao fracamente visiveis em agar
sangue ap6s 24 haras de incuba~ao e recomenda-se a usa de agar CNA au HBT
(agar sangue tween bicamada) e incuba~aa par 48 haras em tensaa de C02
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
as tactabacilos podem ser isolados em meias de isotamento prima rio
utilizadas para urina como a meio de CLEO no entanto devem ser incubadas par 48
horas em atmosfera de CO (MASKELL 1989)
a resultada da cultura deve ser sempre carrelacianada com a leitura do
Gram Caso nao haja crescimento ap6s 18 a 24 horas de incuba~ao e na
microscapia tenha sido observada a presen~a de microrganismas au numero
eleva do de leuc6citas deve-se incubar as ptacas par mais 24 haras (OPLUSTIL et
al2004)
23
A piuMa esteril e urn achado importante que po de refletir usa de
antibioticoterapia outras doencas como neoplasias au calculos urinarios au
infeccoes com microrganismos que naD sao detectados par rnetodos rotineiros de
cultura (MIMS et aI 1995)
o conceito de bacteriuria significativa para 0 diagn6stico das ITU e
tradicionalmente baseado no criteria quantitativa estabelecido par Kass na decada
de 1950 permitindo a distincao entre colonizarao e infecrao A utilidade e a
consistemcia do criteria de contagem de colOnias superior OU igual a 105 par mililitro
tern sido validadas repetidamente par varios pesquisadores demonstrando que tal
criterio nilo pode ser aplicado a todos os pacientes (FRANZ HORL 1999)
A baixa especificidade da cultura quantitativa de jato medio se deve apossivel adilao de bacterias comensais a urina durante a coleta A baixa
sensibilidade dos resultados inferiores a 105 UFCml pode ser devida a excregao
intermitente de bacterias que pode ocorrer em determinados sitlos do trato urinario
bem como ao uso de meios de cultura que nao proporcionam 0 cresci menta de
todas as especies capazes de infectar 0 trato urinario (FAIRLEY BIRCH 1989)
Altas contagens de bacterias aer6bias sao encontradas em amostras de
urina de jato medio quando os microrganismos sao providos de 6timo substrato e de
ten sao de O2 relativamente alta Em algumas sltuagoes como infecgoes cronicas
prostatite infecgao das glandulas parauretrais em mulheres litiase infecciosa e
cicatrizes renais per pielonefrite croniea os mierorganismos podem nao se
multiplicar tao rapidamente e pertanto nao apresentarem contagens tao altas quanta
nas cistites agudas Os sitlos de infecgao abaixe da bexiga nao fornecem as
mesmas condigoes favoraveis de incubagao ahsectgtmdisso a velocidade do fluxo
24
urinario e a freqO~ncia de miccaosao fatores que influem nas contagens bacterianas
(MASKELL 1989)
Torna-se claro que considerar baixas contagens de pat6genos aero bios em
culturas puras como contaminaCao e incorreto e pode levar a erros de diagn6stico
pois infeccoes de grande signific~ncia cHniea pod em nao estar sendo detectadas t
igualmente importante nao considerar automaticamente urna alta contagem de
col6nias como infecy8o sem considerar as condicoes do paciente e da coleta 0 usa
de antibi6ticos em resposta a urna alta contagem bacteriana pode selecionar cepas
resistentes tornando mais dificil 0 tratamento de infecgoes posteriores verdadeiras
(MASKELL 1989)
Alguns procedimentos utilizados para 0 diagnostico das ITU sao
considerados inaceitaveis atualmente e nao devem ser realizados como cultura de
cateter de Foley cultura de urina em meios Hquidos cultura de sedimento urinario
pesquisa de anaer6bios como procedimento de rotina e em urina de jato media au
obtida par cateteriza9ao bem como cultura de urinas que tenham permanecido mais
de duas heras sem refrigeragao au canservagao (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO1998)
41 COLETA E TRANS PORTE DE AMOSTRAS
A coleta e a trans porte inadequado da amostra podem levar a um resultado
de diffcil interpreta9aO Portanto a medida mais importante para realizar uma cultura
de urina e estabelecer rfgidos criterios de coleta e propiciar treinamento constante
para as profissionais envolvidos na realiza9aO da coleta (OPLUSTIL et al 2004)
Koneman et al (1997) recomendam que a paciente receba as instru90es de
coleta impressas ap6s receb~-Ias verbalmente Caso 0 paciente demonstre
inseguran9a au nao compreenda urn profissional treinado deve explicar novamente
25
passo a passo ou se passivel acompanhar pessoalmente a coleta (coleta
supervision ada)
Amostras de urina de jato media sao as amostras mais comumente
submetidas a cultura De preferencia deve ser colhida a primeira urina da manha
podendo ser aceitas urinas com pelo menos 2 heras de reten~ao Ap6s higiene da
regiao genital despreza-se 0 primeiro jato - 0 que auxilia a eliminacao dos
contaminantes da uretra inferior - e colhe-se 0 jato media em fraseD esteril
apropriado desprezando-se 0 final da mic9ilo (OPLUSTIL eJ al 2004) A higiene
genital deve ser realizada com agua e sabao naD anti-septico devendo ser as [abias
vaginais afastados e 0 prepucio retraido antes da miccao (GOBERNADO et 81
2002)
Alguns autores afirmam que mesma quando a coleta e meticutosamente
reatizada com a assist~ncia de um pro fissional treinado a urina apresenta-se
frequentemente contaminada (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Amostras urinarias de criancas obtidas com saco coletor devem ser colhidas
apos higiene da regiao genital e colocacao do saco coletor de forma asseptica
Troca-se 0 coletor a cada 45 minutos ou 1 h~ra repetindo-se a higiene e evitando-se
contaminacao fecal 0 coletor deve chegar fechado ao laborat6rio Tas amostras
freqOentemente sao contaminadas com microrganismos fecais promovendo
resultados falso-positivos portanto 0 maior significado clinico de amostras obtidas
com saco coletor e 0 resultado negativo (OPLUSTIL et a 2004) Culturas positivas
devem ser confirmadas por metodos de cateterizacao direta ou aspiracao
suprapubica (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Em pacientes com sanda vesical permanente pinca-se a canula do coletor
realiza-se desinfeccao da canula com alcool 70 e punciona-se com seringa e
26
agulha estereis colocando-se a amostra em frasee esteri Nunea se deve obter a
amostra do saco coletor de pacientes sand ados porque a multiplica9ao bacteriana
fornecera urn numero muito maior que aquele real mente presente no paciente
(OPLUSTIL et al 2004) Tambem nao se reeomenda deseoneetar 0 eateter do tubo
coletor sob risco de introduyao de microrganismos no sistema Sempre que passivel
tal coleta deve ser realizada ap6s troea do cateter pois urna microbiota que naD
corresponde a do paciente pade residir em cateteres antigos (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
A punyao suprapubica e considerada a metoda padrao auro para coleta de
urina par representar a verdadeira bacteriuria vesical (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998) Calhe-se com seringa e agulha diretamente par pun9ao vesical Tal
procedimento evita problemas de contamina9ao uretral e e recomendado para
crian9as ate dois anos detec9ao de anaer6bios enos casos de repeti9ao de ex ames
com interpretaoes duvidosas (OPLUSTIL et al 2004) Pode tambem estar indieada
para homens de qualquer idade com fimose e em mulheres com bacteriurias de
repeti~o de proeedeneia duvidosa (GOBERNADO et al 2002)
A cateteriza9ao com finalidade unica de obten9ao de amostras somente
deve ser realizada em pacientes nos quais nao seja possivel a elimina9aO
espontanea de urina como doentes neurologicos au com problemas urol6gicos
obstrutivos Caso seja necessaria devern-se utilizar tecnicas rigorosas de assepsia
por causa do alto risco de introdu9ao de rnicrorganismos (KONEMAN et a 1997
GOBERNADO et a 2002)
Para a pesquisa de Mycobacterium tuberculosis tres amostras de urina da
manha devem ser coletadas em dias consecutivos as tecnicas de cultivo para
27
micobacterias naD permitem a cresci menta de outros agentes e portanto a coleta
nac necessita de assepsia rigorosa (MIMS et al 1995)
Caso naD seja passivel a processamento da amostra de urina em ate 2
haras apas a coleta a amostra deve ser refrigerada (2 a 80 C) e processada em ate
24 haras tempo maximo para manuten~ao da contagem bacteriana estavel 0 usc
do preservativo acido b6rico permite que a amostra permane98 a temperatura
ambiente (20 a 25 C) ate 24 horas antes de ser process ada (OPLUSTIL ef aI 2004
CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Sistemas de trans porte usanda acido b6rico podem ser metodos alternativQs
para coletas realizadas em casa au em locais distantes do laborat6ria e mostram-se
tao efetivos quanta a refrigeragao (KONEMAM ef ai 1997)
Oepois de coletada a amostra de urina deve ser encaminhada ao laboratorio
a mais rapido possivel e com todas as informayoes necessarias para degprocessamento Devem ser relatados 0 horario e 0 metodo da coleta 0 tempo de
reteny80 da urina 0 tipo de paciente (por exemplo urologico ou geriatrico) a idade
o sexo se 0 paciente tem recebido quantidades aumentadas de Ifquido
apresentay80 clinica (existencia de sintomas) resultados de urinalise (presen9a de
celulas inflamat6rias) e resultados antecedentes de cultura (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
De maneira ideal as amostras devem ser coletadas antes do inicio da
terapia antimicrobiana Caso 0 paciente ja esteja recebendo ou tenha recebido
antibioticoterapia nas 48 horas antecedentes a realizay80 do exame esta
informay80 deve ser explicitada no formulario de requisiy80 do exame (MIMS et al
1995)
28
Recoletas devem ser solicitadas quando amostras nae refrigeradas forem
recebidas 2 horas ou mais ap6s a coleta au quando nac fcrem comunicados 0
horario e a forma de coleta No entanto nenhuma amostra deve ser desprezada
antes do cantata com 0 medico solicitante po is ela pade em alguns casas ser
insubstituivel (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Menos de 5 das urinas coretadas e transportadas adequadamente
apresentam multiplos microrganismos Exce~6es sao amostras de pacientes com
bexiga neurogemica au usa cranico de cateteres nos quais a bacteriuria
polimicrobiana pade ser detectada em 30 a 80 das culturas freqOentemente sem
infecao (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Segundo Koneman et al (1997) a acuracia do procedimento de coleta de
urina pode ser monitorada pela frequencia de exames com contagens entre 104 a 105
UFCml que nao deve exceder 5 a 10 se os procedimentos forem realizados
apropriadamente
42 A IMPORTANCIA DA COLORAltAo DE GRAM
Durante as ultimas decadas testes rapidos de triagem para bacteriuria foram
desenvolvidos com 0 propos ito de fornecer resultados mais rapid os e de eliminar a
necessidade de cultivar amostras negativas Entretanto sua utilizacao e limitada
principalmente pela incapacidade de detectar baixos niveis de bacteriuria e piuria
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
A coloracao de Gram da urina nao centrifugada e um dos metodos mais
rapidos seguros e baratos para estimar bacteriuria superior a 105 UFCml e
presenca de mais de 8 a 10 leucocitoslJl Homogeneiza-se muito bem a urina
coloca-se uma gota sobre lamina sem espalhar e deixa-se secar ao ar A lamina
deve ser fixada par calor au metanol (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998) A
29
presenca de uma ou mais celulas bacterianas per campo em aumento de 1000
vezes tern sensibilidade de 94 e especificidade de 90 em refletir uma contagem
de colOnias superior a 10 UFCml (KONEMAN ef al 1997)
Embora seja urn metoda barato de triagem a coloraC8o de Gram naD e
utilizada par muitos laborat6rios pelo consumo de tempo e baixa sensibilidade em
contagens inferiores a 105 UFCml Sugere-se a sua utilizacao como teste de triagem
apenas em pacientes com contagens de col6nias provavelmente altas
principalmente as assintomaticos e com suspeita de pielonefrite Alguns autores
relatam melhora da sensibilidade a nlveis acima de 104 UFCml com 0 usa de
citocentrifuga (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
A coloraCao de Gram do sedimento urinario em bora ainda utilizada por
muitos laboratorios e impropria pela baixa reprodutibilidade e dificuldade de
padronizacao e correlacao com os metodos de velocidade de excrecao de leucocitos
au contagem em camara (ALBINI 1994)
As informac6es fornecidas pela cOloracao de Gram sobre a morfologia do
microrganismo e caracteristicas na coloracao sao extremamente importantes para a
selecao inicial da terapia antimicrobiana enquanto se aguarda 0 informe definitivo
do resultado da cultura e do antibiograma (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO
1998)
~ imprescindivel a realizacao da coloracao de Gram para deteccao de
bacterias fastidiosas ou nao usuais Devido a dificuldade de desenvolvimento nos
meios utilizados para a deteccao de enterobacterias em alguns casos somente a
visualizacao microscopica indicarcfi a sua presenca (FRANZ HORL 1999)
A observacao microscopica da urina permite verificar a qualidade da amostra
especialmente em mulheres nas quais a contaminacao vaginal e frequente
30
produzindo resultados falso-positivos A presen~a de muitas celulas epiteliais e de
mais de urn tipo de microrganismo no Gram sugere contamina9aO da amostra em
decorrencia da coleta (OPLUSTIL et ai 2004)
Dutro aspecto importante da coloracao de Gram e a sua utilidade no
monitoramento das culturas podendo-se pelo seu resultado detectar erras tecnicos
e ate mesmo troca de amostras (ALBINI 2004)
31
5 BACTERIAS FASTIDIOSAS E INFECcAO DO TRATO URINARIO
Em 1989 Maskell citou a ocorrencia de bacterias fastidiosas como algumas
especies de estreptococos Gardnerela vaginalis Haemophilus influenzae
Corynebacterium spp e lactobacilos em infecgoes da bexiga e trato urinario superior
isoladas de amostras de urina obtidas par cateteriz8gao aspiragao supra-pubica e
tarn bam de amostras de tecido obtidas per bi6psia vesical Relatou tambem a
preseng8 de tais bacterias na urina de gestantes assintomaticas com mais
freqOencia do que em nao-gestantes e que as gestantes apresentando bacteriuria
posteriormente desenvolviam sintomas com mais freqoencia do que as que nao
apresentavam bacterias na urina
Fairley e Birch (1989) realizaram um importante estudo demonstrando que
pacientes com sintomas de infec~ao do trato urinario apresentando resultados
negativos em culturas de rotina podem abrigar bacterias fastidiosas ou baixas
contagens de uropat6genos convencionais na bexiga Os pacientes incluidos no
estudo foram os que apresentaram resultados inconclusivos em culturas previas de
jato medio como desenvolvimento inferior a 105 UFCml de um pat6geno
convencional ou a desenvolvimento superior a 102 UFCml de uma bacteria
fastidiosa Foram avaiiadas urinas obtidas por aspirayao suprapubica de 1817
mulheres e 300 homens cultivadas para uropat6genos convencionais e bacterias
fastidiosas utilizando in6culo que proporcionou resultados entre 101 e 107 UFCml A
freqOencia de isolamentos esta representada na tabela 1
32
TABELA 1 - FREQUENCIA DE BACTERIURIA EM 2117 PACIENTES(AMOSTRAS OBTIDAS POR PUNCAO SUPRAPUBICA) -1989
Uropat6-Culturas positivas $omente $omente especies genos
(n = 597) uropat6genos fastidiosas conven-convencionais (n = 366) cionais
n = 170 eespeci-
Pacientes Unica Multiplas Unica Multiplas Unica Multiplas esespecie especies especie especies especie especies faslidio-
sasMulheres (n = 1817) 370 191 148 5 222 125 61Homens (n = 300) 36 0 17 0 19 0 0
FONTE The Royal Melbourne Hospital
Vinte e aito especies microbianas foram isoladas no trabalho em questao
sendo Ureaplasma urealylicum Gardnerella vaginalis Escherichia coli Mycoplasma
hominis e Staphylococcus epidermidis as especies mais isoladas Quinhentas e
oitenta e uma (70) das 830 cepas isoladas pertenciam a especies fastidiosas -
Ureaplasma urealyticum Gardnerella vaginalis e Mycoplasma hominis - que nao sao
recuperadas em meies de cultura canvencianais Gardnerella vaginais fai mais
freqUente em mulheres enquanto Ureaplasma urealyticum nao apresentou diferen9a
estatisticamente significativa entre os sexas Treze esptkies fcram isoladas em
apenas uma ou duas ocasioes entre elas Streptococcus equi Streptococcus
equisimifis Streptococcus sanguis Morganella morgan Klebsiella oxytoca
Peptococcus anaerobius Proteus vulgaris Enterobacter aerogenes Salmonella
enteritidis Pseudomonas aeruginosa Haemophilus influenzae Haemophilus
parainfluenzae e Haemophilus parahaemofyticus Anaer6bios estritos foram isolados
de apenas sete dos 597 pacientes (FAIRLEY BIRCH 1989)
Culturas polimicrobianas foram obtidas em urn teno das pacientes do sexo
feminino e nao foram verificadas no sexe masculino A freqOencia de uropat6genos
cenvencienais e fastidiesos encontra-se na tabela 2
33
TABELA 2 - FREQU~NCIA DE UROPATOGENOS CONVENCIONAISE BACTERIAS FASTIDIOSAS EM 191 PACIENTES DO SEXOFEMININO COM BACTERIURIA POLMICROBIANA - 1989
Numero de Somente Samente especies Especiesespecies (numera uropat6genos fastidiosas convencionais e
de pacientes) convencionais fastidiosasOois (153) 9 99 45Tres (34) 0 17 17Quatro (4) 0 1 3
FONTE The Royal Melboume Hospital
Ureaplasmas au Gardnerella vaginalis fcram recuperados em 179 das 191
mulheres com infecgao polimicrobiana estando presentes concomitantemente em
100 das 191 amostras sugerindo urna passivel relacc3osimbi6tica Uropat6genos
convencionais fcram isolados em pouco mais de 33 das mulheres na maiaria dos
casas acompanhados por bacterias fastidiosas indicando que infeccoes
polimicrobianas usualmente envolvem bacterias fastidiosas (FAIRLEY BIRCH
1989)
A contagem de col6nias excedeu 105 UFCml apenas na minoria dos
pacientes portanto a bacteriuria nao seria detectada em muitos individuos caso 0
valor de ponto de corte tradicional tivesse sido utilizado Os resultados tambem
mostraram que baixas contagens bacterianas podem acontecer com qualquer uma
das especies bacterianas isoladas embora tenham sido mais freqoentes para
Ureaplasma urealytieum e Mycoplasma hominis Cento e setenta e quatro (21)
isolados apresentaram contagens inferiores a 103 UFCml sendo 138 (84)
pertencentes a especies fastidiosas (FAIRLEY BIRCH 1989)
Franz e HOrl (1999) citaram a ocorrencia de HaemophiJus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae pneumococos Campyobaeter Legionella
pneumophila Salmonella spp Shigella spp Corynebacterium grupo 02
34
Mycobacterium tuberculosis micobacterias atipicas e fungos como causadores
ocasionais de ITU
Domann et al (2003) realizaram estudo em amostras do trato urinario de
transplantados renais utilizando tecnicas moleculares baseadas em 168 rRNA peR
e cromatografla liquida de alta performance (DHPLC) Foi avaliada a aplicaaD do
metoda em 109 amostras e observou-se 100 de correlacao para amostras cultura-
positivas Para as amostras cultura-negativas a DHPLC permitiu a deteccao de
uropat6genos previa mente conhecidos como Corynebacterium urealyticum e
Gardnerella vaginalis mas tambem agentes nao usuais como AnaerocDCCUs
laclolyticus Bacteroides vufgatus Diaisler invisus Fusobacterium nuceaturn
Lactobacillus iners Leptotrichia amnionii Prevotella buccalis Prevotella ruminicola
Rahnella aquatilis e Streptococcus intermedius detectados como unicos pat6genos
ou como agentes de infecyoes polimicrobianas Uma vez que as ITU sao
freqGentemente associadas com inicio precoce de rejeiyBo cronica em
transplantados renais e conveniente a pesquisa de agentes patogenicos
oportunistas e nao usuais para 0 correto direcionamento do tratamento
antimicrobiano
Quatro casos de ITU com bacteremia por Methylobacterium spp em
pacientes do sexo feminino imunocompetentes foram reportados por Lee Tang e Uu
(2004) Todas as pacientes tiveram hemoculturas positivas para Methylobacterlum
spp e suas culturas de urina foram negativas ou positivas para Escherichia coli com
crescimento concomitante de outro bacHo gram-negativ~ em baixa contagem que foi
ignorado Foram realizados experimentos especiais com os isolados indicando que
de acordo com os procedimentos padrao para culturas de urina com 24 horas de
incubayao a 35degC as colonias de Methylobacterium spp nao sao visualizadas e 0
35
pequeno numero de col6nias observado ap6s incuba~ao adicional de 24 heras a
temperatura ambiente apenas sugere ser a especie urn contaminante
Particularmente quando especies de Methyfobacterium estao presentes
concomitantemente com Escherichia coli ocorre supressao do cresci menta de
Methylobacterium spp tornando impassivel a sua deteccao 0 estudo conclui que a
falta de relatos de casas de ITU por Methylobacterium spp deve-se a impossibilidade
de detec~ao da especie por metodos padrao de cultura de urina au ainda porque a
baixa virulelncia da bacteria pode produzir ITU autolimitadas au talvez muitas vezes
curadas com as antibi6tico5 normalmente utilizados As especies estudadas fcram
variavelmente resistentes as cefalosporinas acido nalidixico nitrofurantoina e
sulfametoxazol-trimetoprim e 100 suscetiveis a ciprofloxacin imipenem e
aminoglicosideos
51 Corynebacterium spp
Corynebaclerium urealylicum pode ser uma importante embora rara causa
de ITU variando a freqOencia de isolamentos significativos de zero a 35 em
popularoes nao selecionadas A bacteriuria por Corynebacterium urealyticum ocorre
em pacientes hospitalizados per longos perledes severamente
imunocomprometidos urologicamente manipulados ou idosos Tal microrganismo
tam bern tern sido associado com pielonefrite e pode desaparecer espontaneamente
da urina mesmo sem antibioticoterapia (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Corynebacterium glucuroneyticum tambem chamado Corynebacterium
seminae tern side iselade de semen e trate g~nite-urinarie masculine e pede causar
prostatite ou uretrite Corynebacterium pseudogenitalium (CDC grupo F1) tambem
tern sido reconhecido como pat6gene do trato urinario (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
36
Foi relatado por Soriano e Ponte (1992) um caso de cistite de incrusta~ao
causado por urn corineforme identificado como CDC grupo F1 0 paciente havia
sofrido ITU previas persistentes causadas por Corynebacterium ureayticum (CDC
grupo 02) A cura bacteriol6gica foi alcan=ada apes urn mes de tratamento com
amoxicilina e acido acetohidroxamico
Meria at al (1998) realizaram levantamento bibliografico entre as anos de
1985 a 1997 sabre casas de cistite e pielite de incrustacao Foi constatado a
aumento progressive no numero de cases especialmente em pacientes
imunodeprimidos e particularmente em transplantados renais Tais inflamacoes
cr6nicas estao associadas com incrustac6es da mucosa causadas por bacterias
produtoras de urease tendo sido as mais freqOentes especies de Corynebacterium
grupo 02 A presenCa de urina alcalina contendo abundantes debris mucopurulentos
calcificados e alta mente sugestiva e pode auxiliar no diagnostico clinico A
demonstracao da bacteria envolvida requer culturas prolongadas em meios de
cultura enriquecidos 0 diagnostico precoce pode evitar falhas de tratamento e uma
possivel rejeicao do orgao transplantado
Em estudo realizado par Riegel et al (1995) corineformes em quantidades
significativas (104a 105 UFCml) foram isolados em amostras de semen uretra urina
e sangue de homens inferteis com diagn6stico de prostatite As analises genomicas
realizadas demonstraram ser as cepas pertencentes a uma mesma especie dentro
do genero Corynebacterium As 12 amostras mostraram padroes bioquimicos
simi lares entre elas born crescimento em agar sangue de carneiro em contraste com
crescimento pobre no mesmo meio suplementado com Tween 80 1 teste de
CAMP positivo fermentacao de glicose sacarose e presenCa de beta-glucuronidase
Tais caracteristicas permitiram a distincao destas cepas dos outros membros do
37
genera e 0 nome proposto foi Corynebacterium seminae Embera organismos
difter6ides pass am fazer parte da microbiota uretral a presenCa de contagens
significativas destas especies no semen sugere urna implica~ao infecciosa
particularmente na prostatite
Estudo molecular filogenetico baseado em 16S rRNA peR realizado em
pacientes com prostatite croniea demonstrou sinais bacterian05 em 65 dos
pacientes estudados Foi constatada a ocorreuromcia de um amplo espectro de
especies bacterianas no fluido prostatico dos pacientes incluindo Corynebacterium
Staphylococcus PepiosfreptococGUS Streptococcus e Escherichia Especies do
genera Corynebacterium foram encontradas em maior proponao incluindo especies
ainda nae descritas e n~o presentes nas amostras de controle sugerindo que
possam ter um papel na doen~a au que sejam conseqOemcia da mesma 0 estudo
mostreu ainda que os microrganismos associ ados com prestatite geralmente
ocorrem em comunidades microbianas distintas daquelas encontradas em liquidos
prostaticos normais (TANNER ot al 1999)
Segundo Domingue e Hellstrom (1998) a observaltio microsc6pica
cuidadosa de amostras de secre~~o prostatica bern como a inocula~~o em meios
enriquecidos sao essenciais para a isolamento de corineformes Foi realizado estudo
em uma amostra de secre~ao prostatica na qual a colora~ao de Gram apresentou
cocobacilos gram Itlbeis pleom6rficos que nao se desenvolveram em meios de rotina
incubados por 72 horas a 35degC Houve desenvolvimento em meio de cultura
enriquecido com extrato de leveduras e sora de cavalo e incubado no minimo 72
horas em atmosfera de 5 de CO2 a 35degC A secregao inoculada em caldo triptose
demonstrou a presen~a de bacilos gram-varitlveis (microscopicamente) e quando
repicada produziu bacilos de crescimento lento em meios de retina e enriquecidos
38
(incubados aerobicamente anaerobicamente ou sob tensao de CO2 par 72 haras)
Corineformes ocultos pod em ser agentes etiol6gicos da prostatite idiopatica croniea
que sao frequentemente perdidos au nao percebidos em procedimentos
bacteriol6gicos de rotina
52 Gardnerella vaginais
o significado de Gardnerela vaginais em urina e controverso pois a
principal associacao patogElnica desta bacteria e com a vaginose na mulher Embora
baixas contagens na urina parecam refletir a micro biota da uretra masculina ou
feminina contagens aeima de 10000 UFCml ja fcram associadas com bacteriuria
sintomatica ITU recorrente cistite na mulher uretrite e prostatite no homem
Entretanto me sma quando ern altas contagens freqOentemente nao ha resposta
leucocitaria Gardnerela vaginalis e encantrada mais freqOentemente em mulheres e
pacientes com doena renal e ap6s instrumentaao (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
Estuda realizado par Agarwal e Dixon (2001) investigau a passivel papel de
Gardnerella vaginalis na cistite intersticial usando metodos maleculares para
garantir a recuperaCao do microrganismo mesmo em baixas contagens Nenhuma
das trinta e tres amastras de bi6psias de bexiga de pacientes com cistite intersticial
foram positivas para Gardnerella vaginais a que embora nao exclua seu
envalvimenta na cistite intersticial diminui esta probabilidade
Ginestre Perez et al (2001) realizaram estudo de mil trezentas e setenta
amostras de jato media de urina de pacientes com sintomas de ITU Gardnerella
vaginalis cujo papel patagenica no trato urinario e discutivel ocupou a segundo
lugar em freqOencia etiologica (1763) ficando atras somente de Escherichia coli
(5210) e superando microrganismos cansiderados uropat6genas classicos como
39
Proteus mirabifis (763) Klebsiella pneumoniae (684) e Pseudomonas
aeruginosa (368) Embera a presen~a de Gardnerella vaginais em amostras de
jato media urinario possa indicar contaminayao vaginal todos as cultivos positivos
para esta bacteria apresentavam contagens superiores a 100000 UFCml e
provinham de pacientes sintomaticos representando urna alta probabilidade de
infec~ao urinaria verdadeira
53 Mycoplasma hominis E Ureaplasma urealyticum
Especies patogenicas como Mycoplasma hominis e Ureaplasma urealyticum
ocorrem freqOentemente como colonizantes do trato urogenital inferior de homens e
mulheres saudaveis A ocorrencia de infec~ao esta provavelmente relacionada a
imunossupressao obstru~ao ou procedimentos previos de instrumental)ao no trato
urinario Ureaplasma urealyticum tern sido encontrado em calculos urinarios de
pacientes com liHase infecciosa sugerindo uma possivel associal)ao causal
Mycoplasma hominis tern sido isolado do trato urinario superior em pacientes com
sintomas de pielonefrite aguda FreqOentemente ha resposta imunol6gica especifica
(MURRAY 1999)
Foi pesquisada a presen9a de Ureaplasma urealyticum e Mycoplasma
hominis em amostras de jato medio de 314 mulheres e 52 homens sintomaticos do
trata urinltilria Ureaplasma urealyticum fai isalada em 54 (171) das mulheres e 8
(154) dos hom ens e Mycoplasma hominis foi isolado em 12 (38) das mulheres
e 4 (77) dos homens Ureaplasma urealyOcum foi superado apenas par
Escherichia coli e Gardnerella vaginalis em ambos grupas 366 e 254
respectivamente no sexo feminina e 585 e 308 no masculino Demonstrou-se
partanto que a bacteriuria par ureaplasmas e relativamente co mum porem nao e
40
detectada por metodos convencionais de cultura de urina (AVILES ZARAGOZA
1998)
A significancia de micoplasmas em amostras de jato medic urinario e de
dificil determinacao devido a provavel contaminacao da amostra par
microrganismos colonizantes da vagina e uretra distal Entretanto estudos
realizados em amostras de aspirado suprapubico em gestantes demons tram que 0
desenvolvimento de pre-eclampsia e tres vezes mais prov3vel em mulheres
apresentando culturas positivas para ureaplasmas no inicio da gestacao do que em
mulheres com culturas negativas no mesmo periodo (KONEMAN ef a 1997)
54 Haemophilus spp
Existem varios estudos relacionando Haemophifus influenzae e Haemophilus
parainfluenzae a ITU embora sua freqOencia e significancia nae tenham sido
confirmadas Alguns pesquisadores sugerem a inclusao de agar chocolate em
culturas de urina de crian~as por causa da associa~ao de Haemophilus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae com outras infec~6es nesta faixa etaria (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
Maskell (1989) citou a ocorrencia de certas bacterias fastidiosas em sftios do
trato urinflrio abaixe da bexiga como par exemple em cases de prostatite por
Haemophilus influenzae
55 Lactobacillus spp
Em estudo realizado em pacientes do sexe feminine com sind rome uretral
aguda demonstrou-se uma alta freqOencia de isolamentos de lactobacilos Durante
dois anos amastras de jato medic de tais pacientes foram cultivadas observando-se
a principio alta concentracao de lactobacilos principalmente nas pacientes
sintomaticas Ao final do estudo durante 0 qual foi impedido 0 usa de antibi6ticos os
41
lactobacilos desapareceram da urina de muitas mulheres as quais tornaram-se
assintomaticas Os autores concluiram que as sintomas da sindrome uretra podem
ser devidos a multiplica~ao desproporcional de lactobacilos na uretra distal como
resultado de antibioticoterapia frequentemente administrada em cursos prolongados
para resolurao dos sintomas urinarios Lactobacilos tambem tern sido relatados em
amostras de urina obtidas diretamente da bexiga e de amostras de tecido obtidas
par bi6psia vesical bern como ocasionalmente isolados em urinas de mulheres
idosas com sintomas urinarios (MASKELL 1989)
56 COCOS GRAM-POSITIVOS
Microrganismos dos generos Lactococcus Gemella Aerococcus e
Globicatella embora possam estar presentes como contaminantes em culturas de
material clinico tern sido isolados como patogenos oportunistas ern urina e outras
amostras de pacientes imunocomprometidos Esforyos para identifica-Ios devem ser
realizados quando os isolados forem clinicamente significantes isto e isolados
repetidamente ou em cultura pura Devido a semelhanya com outros cocos gram-
positivos isolados com mais freq04sectncia como estreptococos enterococos e
estafilococos possivelmente sao confundidos com especies destes generos
(MURRAY 1999)
Golapachar et al (2004) relata ram um caso de infec9ao do trato urinario com
bacteremia causa do por Aerococcus viridans em um homem de 87 anos residente
em uma cUnica de repouso A cultura de urina apresentau crescimenta de 105
UFCml de Aerococcus viridans e a hemocultura fai positiva para a mesmo
microrganismo Os testes bioqulmicos que leva ram a identificayao do
microrganismo faram reayoes negativas de catalase e LAP (Ieucina aminopeptidase)
e reaDes positivas para PYR (L-pyrrolidonyl-beta-naphtylamina) fermentaao de
42
trehalose e manese resistencia a optoquina crescimento em agar bile esculina 40
e cresci menta em cloreto de s6die 65 As especies de Aerococcus sao anaer6bias
facultativas a maioria catalase negativa com tendemcia a formaCao de tetrades na
morfologia microsc6pica PYR positivo e LAP negativ~ a que as diferencia de
enterococos e estreptococos
A escassa documentacao a respeito de infecyoes humanas por Aerocccus
sp deve-se provavelmente a sua similaridade microbiol6gica aos estreptococos alfa-
hemoliticos e enterococos e possiveis erras na interpretacao laboratorial de
amostras clinicas No casa acima descrito a laborat6rio de microbiologia nao pade
reaHzar a antibiograma devido a natureza fastidiosa da bacteria mas houve sucesso
terapeutico ap6s administray8o intravenosa de levofloxacin (GOLAPACHAR et al
2004)
Um caso de pielonefrite e urossepsis por Streptococcus pneumoniae foi
relatado em urn hornem de 82 anos com hist6ria clinica de leucemia linf6ide cronica
e diabetes mellitus Exames radiograficos abdominais e tomografia computadorizada
mostraram uma imagem indicativa de extensa pielonefrite no rim esquerdo sem
nenhum outro foco de infecc8o 0 abscesso renal foi tratado por drenagem
transuretral e 0 material purulento obtido foi cultivado assim como materiais de
orofaringe escarro e sangue Esearro e orofaringe revelaram apenas mierobiota
normal do trato respirat6rio enquanto 0 material drenado e as hemoculturas
demonstraram microseopicamente cocos gram-positiv~s aos pares e em eadeias
alguns dos quais eram lanceolados havendo bom crescimento em agar sangue de
carneiro e agar chocolate a 37degC As col6nias eram fracamente alfa-hemoliticas no
agar sangue e nao muc6ides catalase-negativas e sensiveis a optoquina Testes de
aglutinac8o sorologiea de ambos materiais confirmaram a identificac8o e testes
43
moleculares demonstraram ser as dois isolados identicas Apesar da terapia
antimicrobiana a paciente desenvolveu coagula98o intravascular disseminada e
sofreu uma parada cardiaca sendo que 0 quadro foi revertido mas tornau-se
necessaria a nefrotomia para eliminar a foco da infeccao Em contraste a estud05
anteriores a paciente descrito apresentou um verdadeiro casa de pielonefrite
abscesso renal e urossepsis causados par Streptococcus pneumoniae A presenca
de doencas como leucemia linf6ide crOniea e diabetes mellitus fcram 5uficientes para
causar um certa grau de imunossupressao e predispor a paciente a infeccao par
Streptococcus pneumoniae mesma sem hist6ria antecedente de infecC8o
pneumoc6cica trauma ou interven9ao cirurgica (DUFKE KUNZE-KRONAWITIER
SCHUBERT2004)
57 BACT~RIAS ANAER6BIAS
Tern sido descritos casas de infec90es do trato urinario par bacterias
anaer6bias com as mais diverses tipos de apresenta90es clinicas entre processes
crenicos e agudos As bacterias recuperadas sao bacilos gram negativQs incluindo
Bacteroides fragifis Prevotella sp e Porphyromonas sp Clostridium sp cocos
gram-positiv~s e Actinomyces sp Em muitos casas sao recuperadas em culturas
mistas com coliformes e estreptococos (BROOK 2004)
58 OUTRAS BACT~RIAS FASTIDIOSAS
Foi descrita par Greub e Raoult (2002) uma nova especie bacteriana
Actinobaculum massiliae recuperada da urina de uma mulher de 81 anos com ITU
cr6nica Os estudos fenotipicos genotfpicos e filogeneticos realizados mostraram
ser 0 isolado urna nova especie ainda nao recanhecida dentro do genera
Actinobaculum e foi proposta a denominacao Actinobaculum massiliae A mesma
cepa faj isolada tres vezes num perlodo de sete meses mesmo apes tratamento
44
com amoxicilina sulfametoxazol~trimetoprim e rifampicina Devida ao fata do
microrganismo nao ser isolado em procedimentos laboratoriais de rotina uma ITU
devido a Actinobaculum massiliae pade ser mal diagnosticada Alem disso as
col6nias apresentam heterogeneidade morfol6gica ap6s cinco dias de incubacao
podendo levar a uma errOnea interpretaC(ao de contaminacao com duas especies de
badlas gram~positivos 0 usa de agar sangue de carneiro e incubacao prolongada
motivado pela presenca de 106 leuc6cit05 per ml na urina da paciente permitiu a
desenvolvimento da cepa Houve cura ap6s tratamento com doxiciclina (GREUB
RAOUL T 2002)
Em estudo clinico e microbiol6gico de mulheres com sindrome uretral -
excluindo pacientes com cistite bacteriana - 41 pacientes foram comparadas com 42
pacientes controle Nao foi encontrada diferenca entre pacientes e con troles em
incid~ncia de Chlamydia trachomatis e outros microrganismos de transmiss3o
sexual 0 numero de lactobacilos e outros microrganismos fastidiosos bem como a
numero de leucocitos na urina nao apresentaram diferenca entre pacientes com
sintomas leves e intensos ou entre pacientes e controles Os auto res sustentam a
hipotese da sindrome uretral nao ser causada por infecrao bacteriana ou clamidial
(GILLESPIE et al 1989)
45
6 CONCLUSAO UMA REFLExAO
E indiscutivel a importo1ncia para a laborat6rio de requisicoes de exame
completas com informayoes sabre suspeita clinica existencia de sintomas
anormalidades do trata urinario e condhoes imunol6gicas do paciente Embora
tradicionalmente a maiaria dos medicos nao fornega muitas informacoes sabre 0
paciente ao laborat6rio a microbiologista pede incentivar a criacao de urn canal de
comunicacao quando observar a necessidade de informagoes sobre determinado
paciente
Exames anteriores do paciente sempre que disponiveis devem ser
consultados e comparados pois informacoes sabre infecc6es recorrentes au
recidivantes especies bacterianas envolvidas au presen9a de piuria esteril sao
importantes para direcionar a pesquisa para agentes fastidiosos
o metoda de coleta e as condi~6es de transporte da urina deterrninam a
qualidade da amostra e a quao relevantes serao as microrganismos nela
encontrados Considerando-se que urna bacteria normalmente considerada como
contarninante introduzida durante a coleta pode ser em alguns casos patogenica ou
ainda que uma especie fastidiosa patogenica de crescimento lento pode ter seu
crescimento inibido par uma contaminante de crescimenta mais rapido a coleta
adequada torna-se urn fator de suma importancia para a detec~ao de especies
fastidiosas em urina
Como ja discutida torna-se indispensavel a realiza~ao da calora~ao de
Gram em amostras de urina pOis alem de ser urn teste de triagem rapida e barato
para bacteriuria acima de 105 UFCml pode ser 0 unica indicativa da presen~a de
urna especie fastidiosa
46
A comunica~ao entre a microbiologista e a medico pode determinar nao 56 a
sucesso do diagn6stico e do tratamento como a viabilidade economica da pesquisa
de bacterias fastidiosas para 0 laborat6rio urna vez que direciona as esforyos
laboratoriais aos pacientes que realmente necessitam evitando 9a5t05
desnecessarios
Bacte-rias fastidiosas podem nao responder ao tratamento antibi6tico para
pat6genos convencionais do trato urinario portanto a pesquisa precocemente
direcionada para tais agentes pode melhorar 0 progn6stico das ITU evitando a
administracao de antibioticos inadequados au desnecessarios
Como observado nos diversos casas reiatados bacterias fastidiosas
ocorrem em cenaries clinicos especificos 0 entendimento do processo da doen=a e
as condi=oes do paciente pod em ajudar muito 0 laboratorio no esfor=o para
recuperar a bacteria do material clinico
47
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
ALBINI C A Cullura de Urina Analise das metodologias interfer~ncja sobre as
resultados e proposta para padronizacao 1994 54 f Monografia (Especia1iza9aO em
Bacteriologia) - Setor de Ciencias da Saude Departamento de Patologia Medica
Universidade Federal do Parana Curitiba
AGARWAL M DIXON R A A study to detect Gardnerella vagina lis DNA in
interstitial cystitis British Journal of Urology (on line) 2001 Disponlvel em
httpwwwbjuiorg889articlebju2514aspAcessoem 03 fev 2005
BATRA A Interstitial Cystitis Updade Infection Urology (on line) 1999 Disponivel
em httphomeswipnetsellsopicupdatehtm Acessa em 20 dez 2004
CLARIDGE J E JOHNSON J R PEZZLO M T Laboratory Diagnosis of Urinary
Tract Infections Washington American Society for Microbiology 281998
BROOK I Urinary tract genito-urinary suppurative infections due to anaerobic
bacteria International Journal of Urology (on line) 2004 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezigueryfcgicmd=Retrieveampdb=pubmedampdopt=Abst
ractamplist uids=15009360 Acesso em 18 mar 2005
DOMANN E HONG G IMIRZALIOGLU C TURSCHNER S KOHLE J
WATZEL C HAIN T HOSSAIN H CHAKRABORTY T Culture-Independent
Identification of Pathogenic Bacteria and Polymicrobial Infections in the Genitourinary
Tract of Renal Transplant Recipients Journal of Clinical Microbiology (on line) 2003
48
Disponivel em httpjcmasmorgcgireprintl41125500pdf Acesso em 18
mar2005
DOMINGUE G J HELLSTROMW J G Prostatitis Clinical Microbiology Reviews
(on line) 1998 Disponivel em httpcmrasmorglcgilcontentifuIl11141604 Acesso
em 03 fev 2005
DUFKE S KUNZE-KRONAWITIER H SCHUBERT S Pyelonephritis and
Urosepsis Caused by Streptococcus pneumoniae Journal of Clinical Microbiology
(on line) 2004 Disponlvel em httpjcmasmorgcgicontentifuIl4294383 Acesso
em 06 mar2005
FAIRLEY K F BIRCH D F Detection of Bladder Bacteriuria in Patients with Acute
Urinary Symptoms The Journal of Infectious Diseases Melbourne v 159 n2 p
226-231 fev 1989
FRAIMOW H S JUNGKIND D L LANDER D W DELSO D R DEAN J L
Urinary Tract Infection with an Enterococcus taecais Isolate that Requires
Vancomycin for Growth Annals of Internal Medicine (on line) 1994 Oisponivel em
httpwwwannalsorgcgicontentifuIl1211122 Acesso em 18 mar 2005
FRANZ M HCRL W H Common errors in diagnosis and management of urinary
tract infection I Patophysiology and diagnostic techniques Nephrology Dialysis
Transplantation (on line) 1999 Disponivel em
httpltwwwndtoupjournalsorgcgicontentifuIl141127 46 Acesso em 01 dez 2004
49
GIBB A P Plates are Belter than Broth for Recovery of Fastidious Organisms from
some Specimen Material Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Oisponivel
em httpjcmasmorgcgireprinU4041129pdf Acesso em 06 mar2005
GILLESPIE W A HENDERSON E P LINTON K B SMITH P J Microbiology
of the urethral (frequency and dysuria) syndrome A controlled study with 5-year
review British Journal of Urology (on line) 1989 Disponfvel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
2804564ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr 2005
GINESTRE PEREZ M ROMERO-A~EZ S MARTINEZ-GARCIA A RINCON-
VILLALOBOS G HARRIS-SOCORRO B CATELLANO-GONZALES M AVILA-
ROO Y PEROZO-MENA A Gardnerella vaginalis y uropat6genos convencionales
em pacientes ambulatorios Revista de La Sociedad Venezolana de Microbiaogia
(on line) 2001 Disponivel em
httpwwwseieloorgvaseielo phpscriptsci arttextamppid=S 1315-
25562001000200003amplng=esampnrm=isso Acesso em 05 jan 2005
GOBERNADO M CRUZ F J DALET F BROSETA E DE CUETO M
SANTOS M DE LA ROSA M Procedimientos en Microbiologla Clinica La
infeccion urinaria 2002 Disponivel em
httpwwwseimcorgprotocolosmicrobiologiaindice14htm Acesso em 01 dez
2004
50
GOLAPACHAR A AKINS R L DAVIS W R SIDDIQUI A A Urinary tract
infection caused by Aerococcus viridans a case report International Medical Journal
for Experimental and Clinical Research (on line) 2004 Oisponivel em
httpwlNNmedscimonitcompubvol 10no 114928pdf Acesso em 03 dez 2004
GREUB G RAOULT D Actinobaculum massiliae a new species causing chronic
urinary tract infection Journal of Clinical Microbiology (on line) 2002 Disponivel em
httpwwwpubmedcentralnihgov articlerender fcgitool=pubmedamppubmedid=12409
355 Acesso em 13 fev2005
HElLBERG I P Diagnosis and clinical management of urinary tract infection
Disponivel em httpwwwunineteducin2003confpfefermanpfefermanhtml
Acesso em 20 out 2004
KONEMAN E W ALLEN S D JANDA W M SCHREKENBERGER P C
WINN Jr W C Cr Atlas and Textbook of Diagnostic Microbiology 5ed
Philadelphia Lippincott-Raven 1997
LIPSKY B A Managing Prostatitis and Urinary Tract Infection in Men Infectious
Diseases Infoalerl (on line) 2003 Oisponivel em
httpwwwdpacomhklpdflinfolnfoALERT 15pdf Acesso em 10 dez 2004
MASKELL R A new look at the diagnosis of infection of the urinary tract and its
adjacents structures Joumaloflnfecfion Portsmouth n 19 p 207-217 jul 1989
51
MERIA P DESGRIPPES A ARFI C LE DUC A Encrusted Cystitis and Pyelitis
Journal of Urology (on line) 1998 Disponlvel em
htlpIwwwjurologycomipUrejuroabstract00005392-1 99807000-
00003htmmiddotjsessionid-CnHOtEDjxvOgrxiWIUac52pekluG1HSCZzrnOpCIJH4V107ePU
evI848681301-949856032190011-1 Acesso em 21 abr 2005
McCUE J D The Management of Complicated Urinary Tract Infections Infectious
Diseases Infoalert (on line) 1999 Disponfvel em
htlpIwwwdpacomhkJpdlfinlofinlo alart 01pdl Acesso em 01 dez 2004
MURRAY P R Manual of Clinical Microbiology 7ed Washington ASM Press
1999
NABER K G BERGMAN B BISHOP M C JOHANSEN T E B BOTTO H
LOBEL B CRUZ F J SELVAGGI F P European Association 01 Urology
Guidelines on Urinary and Male Genital Tract Infections Disponlvel em
httpwwwuroweborglfilesluploaded filesuti mgtLpdf Acesso em 20 dez 2004
OPLUSTIL C P Urocultura In__ Procedimentos basicos em microbiologia
clinica 2 ed Sao Paulo Sarvier 2004 p 88-93
OSBORNE J About Interstitial Cystitis Disponivel em htlplwwwic-
networkcomhandbooklbasicshtmlintro Acesso em 20 dez 2004
52
PEDRAZA AVILES A G ORTIZ ZARAGOZA M C Symptomatic bacteriuria due to
Ureaplasma and Mycoplasma in adults Revista Latinoamericana de Microbiologia
(on line) 1998 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedampdopt=Abs
tractamplist uids=20388109 Acesso em 20 abr 2005
RIEGEL P RUIMY R BRIEL D de PREVOST G JEHL F BIMET F
CHRISTEN R MONTEIL H Corynebacterium seminale sp Nov a New Species
Associated with Genital Infections in Male Patients Journal of Clinical Microbiology
(on line) 1995 Disponlvel em
htlpllwwwpubmedcentralnihgovpicrenderfcgiartid=228387ampblobtype=pdf
Acesso em 19 mar 2005
SORIANO F PONTE C A case of urinary tract infection caused by
Corynebacterium urealyticum and coryneform group F1 European Journal of Clinical
Microbiology Infectious Diseases (on line) 1992 Disponfvel em
httoIwwwncbinlmnihgoventreziguervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
1396772ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr2005
TANNER M A SHOSKES DSHAHEDA PACENR Prevalence of
Corynebacterial 16S fRna Sequences in Patients with Bacterial and Nonbacterial
Prostatitis Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Disponivel em
httpmcmasmorgcontenVfull3761863 Acesso em 06 mar 2005
TRABULSI L R ALTERTHUM F Escherichia coli uropatagenica (UPEC) In
Microbiaagia 4 ed Sao Paulo Atheneu 2004 p 303-309
53
21
direcionadas para diagn6sticos especificos microrganismos fastidiosos ou grupos
diferenciados de pacientes Devern ser realizadas nos casas de cultura previa
negativa de falha na terapia antimicrobiana au no case de suspeita de urn
uropat6geno naD usual E tambem apropriada a sua realiza980 quando ha
discrepimcia entre a apresentacao clinica do paciente au a coloracao de Gram e 0
resultado previa da cultura (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Os meios de cultura m~is utilizados para semeadura de urina sao as
seletivQs diferenciais como 0 meio de Teague (agar eosin a azul de metileno) e de
Mac Conkey associados ao agar sangue 0 meio de CLEO (agar cistina lactose
eletr61ito deficiente) e muito utilizado no Brasil e permite 0 crescimento de bacterias
gram-negativas e gram-positivas Tais meios auxiliam na identifica980 presuntiva da
bacteria atraves da colora98o colonial indicando a capacidade de fermenta980 da
lactose (ALBINI 2004)
Segundo Clarridge Johnson e Pezzlo (1998) culturas urinarias de rotina
devem ser realizadas semeando as amostras em agar sangue de carneiro 5 e em
agar Mac Conkey eu um meio seletive similar e incubando as placas por 18 a 24
horas a 35 - 37deg C em ar ambiente Ainda assim e meio de CLEO e preferido nos
laboratories brasileiros pela sua versatilidade Para microrganismos fastidiosos 0
agar chocolate deve ser utilizado em conjunto com agar CNA (Columbia-colistin a-
acido nalidixico) eagar MacConkey devendo-se utilizar a al93 calibrada de 001ml
alem da al9a 0001 ml As placas de CNA e agar chocolate devem ser incubadas em
5 CO2 por 48 horas
Para popula96es especificas com ITU cronicas ou anormalidades
anatomicas pode ser apropriada a cultura visando microrganismos anaerobios au de
cresci menta lento (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
22
Para popula90es nas quais as culturas polimicrobianas sao comuns 0 agar
CNA pade ser utilizado para demonstrar a presenca de enterococos Qutros cocos
gram-positives au leveduras presentes nas culturas mistas 0 agar CNA permite urn
born cresci menta de estreptococos corinebacterias e Gardnerela vaginalis e deve
ser incubado por 48 horas a 35 C (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Amostras obtidas par puncao suprapubica au de pacientes com suspeita de
sindrome uretral aguda devem ser semeadas com al98 calibrada de 001 ml a1em
da ala de 0001 ml em agar sangue (OPLUSTIL et al 2004) Contagens baixas ou
mesma multiplos tipos de microrganismos devem ser valorizados em tais cases
(KONEMAN 1997)
Corynebacterium ureafyticum e Qutras corinebacterias desenvolvem-se bem
em agar sangue de carneiro 5 au agar CNA mas sao mais bern visualizadas ap6s
incubaao de 48 horas (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
As calOnias de Gardnerella vaginalis sao fracamente visiveis em agar
sangue ap6s 24 haras de incuba~ao e recomenda-se a usa de agar CNA au HBT
(agar sangue tween bicamada) e incuba~aa par 48 haras em tensaa de C02
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
as tactabacilos podem ser isolados em meias de isotamento prima rio
utilizadas para urina como a meio de CLEO no entanto devem ser incubadas par 48
horas em atmosfera de CO (MASKELL 1989)
a resultada da cultura deve ser sempre carrelacianada com a leitura do
Gram Caso nao haja crescimento ap6s 18 a 24 horas de incuba~ao e na
microscapia tenha sido observada a presen~a de microrganismas au numero
eleva do de leuc6citas deve-se incubar as ptacas par mais 24 haras (OPLUSTIL et
al2004)
23
A piuMa esteril e urn achado importante que po de refletir usa de
antibioticoterapia outras doencas como neoplasias au calculos urinarios au
infeccoes com microrganismos que naD sao detectados par rnetodos rotineiros de
cultura (MIMS et aI 1995)
o conceito de bacteriuria significativa para 0 diagn6stico das ITU e
tradicionalmente baseado no criteria quantitativa estabelecido par Kass na decada
de 1950 permitindo a distincao entre colonizarao e infecrao A utilidade e a
consistemcia do criteria de contagem de colOnias superior OU igual a 105 par mililitro
tern sido validadas repetidamente par varios pesquisadores demonstrando que tal
criterio nilo pode ser aplicado a todos os pacientes (FRANZ HORL 1999)
A baixa especificidade da cultura quantitativa de jato medio se deve apossivel adilao de bacterias comensais a urina durante a coleta A baixa
sensibilidade dos resultados inferiores a 105 UFCml pode ser devida a excregao
intermitente de bacterias que pode ocorrer em determinados sitlos do trato urinario
bem como ao uso de meios de cultura que nao proporcionam 0 cresci menta de
todas as especies capazes de infectar 0 trato urinario (FAIRLEY BIRCH 1989)
Altas contagens de bacterias aer6bias sao encontradas em amostras de
urina de jato medio quando os microrganismos sao providos de 6timo substrato e de
ten sao de O2 relativamente alta Em algumas sltuagoes como infecgoes cronicas
prostatite infecgao das glandulas parauretrais em mulheres litiase infecciosa e
cicatrizes renais per pielonefrite croniea os mierorganismos podem nao se
multiplicar tao rapidamente e pertanto nao apresentarem contagens tao altas quanta
nas cistites agudas Os sitlos de infecgao abaixe da bexiga nao fornecem as
mesmas condigoes favoraveis de incubagao ahsectgtmdisso a velocidade do fluxo
24
urinario e a freqO~ncia de miccaosao fatores que influem nas contagens bacterianas
(MASKELL 1989)
Torna-se claro que considerar baixas contagens de pat6genos aero bios em
culturas puras como contaminaCao e incorreto e pode levar a erros de diagn6stico
pois infeccoes de grande signific~ncia cHniea pod em nao estar sendo detectadas t
igualmente importante nao considerar automaticamente urna alta contagem de
col6nias como infecy8o sem considerar as condicoes do paciente e da coleta 0 usa
de antibi6ticos em resposta a urna alta contagem bacteriana pode selecionar cepas
resistentes tornando mais dificil 0 tratamento de infecgoes posteriores verdadeiras
(MASKELL 1989)
Alguns procedimentos utilizados para 0 diagnostico das ITU sao
considerados inaceitaveis atualmente e nao devem ser realizados como cultura de
cateter de Foley cultura de urina em meios Hquidos cultura de sedimento urinario
pesquisa de anaer6bios como procedimento de rotina e em urina de jato media au
obtida par cateteriza9ao bem como cultura de urinas que tenham permanecido mais
de duas heras sem refrigeragao au canservagao (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO1998)
41 COLETA E TRANS PORTE DE AMOSTRAS
A coleta e a trans porte inadequado da amostra podem levar a um resultado
de diffcil interpreta9aO Portanto a medida mais importante para realizar uma cultura
de urina e estabelecer rfgidos criterios de coleta e propiciar treinamento constante
para as profissionais envolvidos na realiza9aO da coleta (OPLUSTIL et al 2004)
Koneman et al (1997) recomendam que a paciente receba as instru90es de
coleta impressas ap6s receb~-Ias verbalmente Caso 0 paciente demonstre
inseguran9a au nao compreenda urn profissional treinado deve explicar novamente
25
passo a passo ou se passivel acompanhar pessoalmente a coleta (coleta
supervision ada)
Amostras de urina de jato media sao as amostras mais comumente
submetidas a cultura De preferencia deve ser colhida a primeira urina da manha
podendo ser aceitas urinas com pelo menos 2 heras de reten~ao Ap6s higiene da
regiao genital despreza-se 0 primeiro jato - 0 que auxilia a eliminacao dos
contaminantes da uretra inferior - e colhe-se 0 jato media em fraseD esteril
apropriado desprezando-se 0 final da mic9ilo (OPLUSTIL eJ al 2004) A higiene
genital deve ser realizada com agua e sabao naD anti-septico devendo ser as [abias
vaginais afastados e 0 prepucio retraido antes da miccao (GOBERNADO et 81
2002)
Alguns autores afirmam que mesma quando a coleta e meticutosamente
reatizada com a assist~ncia de um pro fissional treinado a urina apresenta-se
frequentemente contaminada (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Amostras urinarias de criancas obtidas com saco coletor devem ser colhidas
apos higiene da regiao genital e colocacao do saco coletor de forma asseptica
Troca-se 0 coletor a cada 45 minutos ou 1 h~ra repetindo-se a higiene e evitando-se
contaminacao fecal 0 coletor deve chegar fechado ao laborat6rio Tas amostras
freqOentemente sao contaminadas com microrganismos fecais promovendo
resultados falso-positivos portanto 0 maior significado clinico de amostras obtidas
com saco coletor e 0 resultado negativo (OPLUSTIL et a 2004) Culturas positivas
devem ser confirmadas por metodos de cateterizacao direta ou aspiracao
suprapubica (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Em pacientes com sanda vesical permanente pinca-se a canula do coletor
realiza-se desinfeccao da canula com alcool 70 e punciona-se com seringa e
26
agulha estereis colocando-se a amostra em frasee esteri Nunea se deve obter a
amostra do saco coletor de pacientes sand ados porque a multiplica9ao bacteriana
fornecera urn numero muito maior que aquele real mente presente no paciente
(OPLUSTIL et al 2004) Tambem nao se reeomenda deseoneetar 0 eateter do tubo
coletor sob risco de introduyao de microrganismos no sistema Sempre que passivel
tal coleta deve ser realizada ap6s troea do cateter pois urna microbiota que naD
corresponde a do paciente pade residir em cateteres antigos (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
A punyao suprapubica e considerada a metoda padrao auro para coleta de
urina par representar a verdadeira bacteriuria vesical (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998) Calhe-se com seringa e agulha diretamente par pun9ao vesical Tal
procedimento evita problemas de contamina9ao uretral e e recomendado para
crian9as ate dois anos detec9ao de anaer6bios enos casos de repeti9ao de ex ames
com interpretaoes duvidosas (OPLUSTIL et al 2004) Pode tambem estar indieada
para homens de qualquer idade com fimose e em mulheres com bacteriurias de
repeti~o de proeedeneia duvidosa (GOBERNADO et al 2002)
A cateteriza9ao com finalidade unica de obten9ao de amostras somente
deve ser realizada em pacientes nos quais nao seja possivel a elimina9aO
espontanea de urina como doentes neurologicos au com problemas urol6gicos
obstrutivos Caso seja necessaria devern-se utilizar tecnicas rigorosas de assepsia
por causa do alto risco de introdu9ao de rnicrorganismos (KONEMAN et a 1997
GOBERNADO et a 2002)
Para a pesquisa de Mycobacterium tuberculosis tres amostras de urina da
manha devem ser coletadas em dias consecutivos as tecnicas de cultivo para
27
micobacterias naD permitem a cresci menta de outros agentes e portanto a coleta
nac necessita de assepsia rigorosa (MIMS et al 1995)
Caso naD seja passivel a processamento da amostra de urina em ate 2
haras apas a coleta a amostra deve ser refrigerada (2 a 80 C) e processada em ate
24 haras tempo maximo para manuten~ao da contagem bacteriana estavel 0 usc
do preservativo acido b6rico permite que a amostra permane98 a temperatura
ambiente (20 a 25 C) ate 24 horas antes de ser process ada (OPLUSTIL ef aI 2004
CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Sistemas de trans porte usanda acido b6rico podem ser metodos alternativQs
para coletas realizadas em casa au em locais distantes do laborat6ria e mostram-se
tao efetivos quanta a refrigeragao (KONEMAM ef ai 1997)
Oepois de coletada a amostra de urina deve ser encaminhada ao laboratorio
a mais rapido possivel e com todas as informayoes necessarias para degprocessamento Devem ser relatados 0 horario e 0 metodo da coleta 0 tempo de
reteny80 da urina 0 tipo de paciente (por exemplo urologico ou geriatrico) a idade
o sexo se 0 paciente tem recebido quantidades aumentadas de Ifquido
apresentay80 clinica (existencia de sintomas) resultados de urinalise (presen9a de
celulas inflamat6rias) e resultados antecedentes de cultura (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
De maneira ideal as amostras devem ser coletadas antes do inicio da
terapia antimicrobiana Caso 0 paciente ja esteja recebendo ou tenha recebido
antibioticoterapia nas 48 horas antecedentes a realizay80 do exame esta
informay80 deve ser explicitada no formulario de requisiy80 do exame (MIMS et al
1995)
28
Recoletas devem ser solicitadas quando amostras nae refrigeradas forem
recebidas 2 horas ou mais ap6s a coleta au quando nac fcrem comunicados 0
horario e a forma de coleta No entanto nenhuma amostra deve ser desprezada
antes do cantata com 0 medico solicitante po is ela pade em alguns casas ser
insubstituivel (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Menos de 5 das urinas coretadas e transportadas adequadamente
apresentam multiplos microrganismos Exce~6es sao amostras de pacientes com
bexiga neurogemica au usa cranico de cateteres nos quais a bacteriuria
polimicrobiana pade ser detectada em 30 a 80 das culturas freqOentemente sem
infecao (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Segundo Koneman et al (1997) a acuracia do procedimento de coleta de
urina pode ser monitorada pela frequencia de exames com contagens entre 104 a 105
UFCml que nao deve exceder 5 a 10 se os procedimentos forem realizados
apropriadamente
42 A IMPORTANCIA DA COLORAltAo DE GRAM
Durante as ultimas decadas testes rapidos de triagem para bacteriuria foram
desenvolvidos com 0 propos ito de fornecer resultados mais rapid os e de eliminar a
necessidade de cultivar amostras negativas Entretanto sua utilizacao e limitada
principalmente pela incapacidade de detectar baixos niveis de bacteriuria e piuria
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
A coloracao de Gram da urina nao centrifugada e um dos metodos mais
rapidos seguros e baratos para estimar bacteriuria superior a 105 UFCml e
presenca de mais de 8 a 10 leucocitoslJl Homogeneiza-se muito bem a urina
coloca-se uma gota sobre lamina sem espalhar e deixa-se secar ao ar A lamina
deve ser fixada par calor au metanol (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998) A
29
presenca de uma ou mais celulas bacterianas per campo em aumento de 1000
vezes tern sensibilidade de 94 e especificidade de 90 em refletir uma contagem
de colOnias superior a 10 UFCml (KONEMAN ef al 1997)
Embora seja urn metoda barato de triagem a coloraC8o de Gram naD e
utilizada par muitos laborat6rios pelo consumo de tempo e baixa sensibilidade em
contagens inferiores a 105 UFCml Sugere-se a sua utilizacao como teste de triagem
apenas em pacientes com contagens de col6nias provavelmente altas
principalmente as assintomaticos e com suspeita de pielonefrite Alguns autores
relatam melhora da sensibilidade a nlveis acima de 104 UFCml com 0 usa de
citocentrifuga (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
A coloraCao de Gram do sedimento urinario em bora ainda utilizada por
muitos laboratorios e impropria pela baixa reprodutibilidade e dificuldade de
padronizacao e correlacao com os metodos de velocidade de excrecao de leucocitos
au contagem em camara (ALBINI 1994)
As informac6es fornecidas pela cOloracao de Gram sobre a morfologia do
microrganismo e caracteristicas na coloracao sao extremamente importantes para a
selecao inicial da terapia antimicrobiana enquanto se aguarda 0 informe definitivo
do resultado da cultura e do antibiograma (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO
1998)
~ imprescindivel a realizacao da coloracao de Gram para deteccao de
bacterias fastidiosas ou nao usuais Devido a dificuldade de desenvolvimento nos
meios utilizados para a deteccao de enterobacterias em alguns casos somente a
visualizacao microscopica indicarcfi a sua presenca (FRANZ HORL 1999)
A observacao microscopica da urina permite verificar a qualidade da amostra
especialmente em mulheres nas quais a contaminacao vaginal e frequente
30
produzindo resultados falso-positivos A presen~a de muitas celulas epiteliais e de
mais de urn tipo de microrganismo no Gram sugere contamina9aO da amostra em
decorrencia da coleta (OPLUSTIL et ai 2004)
Dutro aspecto importante da coloracao de Gram e a sua utilidade no
monitoramento das culturas podendo-se pelo seu resultado detectar erras tecnicos
e ate mesmo troca de amostras (ALBINI 2004)
31
5 BACTERIAS FASTIDIOSAS E INFECcAO DO TRATO URINARIO
Em 1989 Maskell citou a ocorrencia de bacterias fastidiosas como algumas
especies de estreptococos Gardnerela vaginalis Haemophilus influenzae
Corynebacterium spp e lactobacilos em infecgoes da bexiga e trato urinario superior
isoladas de amostras de urina obtidas par cateteriz8gao aspiragao supra-pubica e
tarn bam de amostras de tecido obtidas per bi6psia vesical Relatou tambem a
preseng8 de tais bacterias na urina de gestantes assintomaticas com mais
freqOencia do que em nao-gestantes e que as gestantes apresentando bacteriuria
posteriormente desenvolviam sintomas com mais freqoencia do que as que nao
apresentavam bacterias na urina
Fairley e Birch (1989) realizaram um importante estudo demonstrando que
pacientes com sintomas de infec~ao do trato urinario apresentando resultados
negativos em culturas de rotina podem abrigar bacterias fastidiosas ou baixas
contagens de uropat6genos convencionais na bexiga Os pacientes incluidos no
estudo foram os que apresentaram resultados inconclusivos em culturas previas de
jato medio como desenvolvimento inferior a 105 UFCml de um pat6geno
convencional ou a desenvolvimento superior a 102 UFCml de uma bacteria
fastidiosa Foram avaiiadas urinas obtidas por aspirayao suprapubica de 1817
mulheres e 300 homens cultivadas para uropat6genos convencionais e bacterias
fastidiosas utilizando in6culo que proporcionou resultados entre 101 e 107 UFCml A
freqOencia de isolamentos esta representada na tabela 1
32
TABELA 1 - FREQUENCIA DE BACTERIURIA EM 2117 PACIENTES(AMOSTRAS OBTIDAS POR PUNCAO SUPRAPUBICA) -1989
Uropat6-Culturas positivas $omente $omente especies genos
(n = 597) uropat6genos fastidiosas conven-convencionais (n = 366) cionais
n = 170 eespeci-
Pacientes Unica Multiplas Unica Multiplas Unica Multiplas esespecie especies especie especies especie especies faslidio-
sasMulheres (n = 1817) 370 191 148 5 222 125 61Homens (n = 300) 36 0 17 0 19 0 0
FONTE The Royal Melbourne Hospital
Vinte e aito especies microbianas foram isoladas no trabalho em questao
sendo Ureaplasma urealylicum Gardnerella vaginalis Escherichia coli Mycoplasma
hominis e Staphylococcus epidermidis as especies mais isoladas Quinhentas e
oitenta e uma (70) das 830 cepas isoladas pertenciam a especies fastidiosas -
Ureaplasma urealyticum Gardnerella vaginalis e Mycoplasma hominis - que nao sao
recuperadas em meies de cultura canvencianais Gardnerella vaginais fai mais
freqUente em mulheres enquanto Ureaplasma urealyticum nao apresentou diferen9a
estatisticamente significativa entre os sexas Treze esptkies fcram isoladas em
apenas uma ou duas ocasioes entre elas Streptococcus equi Streptococcus
equisimifis Streptococcus sanguis Morganella morgan Klebsiella oxytoca
Peptococcus anaerobius Proteus vulgaris Enterobacter aerogenes Salmonella
enteritidis Pseudomonas aeruginosa Haemophilus influenzae Haemophilus
parainfluenzae e Haemophilus parahaemofyticus Anaer6bios estritos foram isolados
de apenas sete dos 597 pacientes (FAIRLEY BIRCH 1989)
Culturas polimicrobianas foram obtidas em urn teno das pacientes do sexo
feminino e nao foram verificadas no sexe masculino A freqOencia de uropat6genos
cenvencienais e fastidiesos encontra-se na tabela 2
33
TABELA 2 - FREQU~NCIA DE UROPATOGENOS CONVENCIONAISE BACTERIAS FASTIDIOSAS EM 191 PACIENTES DO SEXOFEMININO COM BACTERIURIA POLMICROBIANA - 1989
Numero de Somente Samente especies Especiesespecies (numera uropat6genos fastidiosas convencionais e
de pacientes) convencionais fastidiosasOois (153) 9 99 45Tres (34) 0 17 17Quatro (4) 0 1 3
FONTE The Royal Melboume Hospital
Ureaplasmas au Gardnerella vaginalis fcram recuperados em 179 das 191
mulheres com infecgao polimicrobiana estando presentes concomitantemente em
100 das 191 amostras sugerindo urna passivel relacc3osimbi6tica Uropat6genos
convencionais fcram isolados em pouco mais de 33 das mulheres na maiaria dos
casas acompanhados por bacterias fastidiosas indicando que infeccoes
polimicrobianas usualmente envolvem bacterias fastidiosas (FAIRLEY BIRCH
1989)
A contagem de col6nias excedeu 105 UFCml apenas na minoria dos
pacientes portanto a bacteriuria nao seria detectada em muitos individuos caso 0
valor de ponto de corte tradicional tivesse sido utilizado Os resultados tambem
mostraram que baixas contagens bacterianas podem acontecer com qualquer uma
das especies bacterianas isoladas embora tenham sido mais freqoentes para
Ureaplasma urealytieum e Mycoplasma hominis Cento e setenta e quatro (21)
isolados apresentaram contagens inferiores a 103 UFCml sendo 138 (84)
pertencentes a especies fastidiosas (FAIRLEY BIRCH 1989)
Franz e HOrl (1999) citaram a ocorrencia de HaemophiJus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae pneumococos Campyobaeter Legionella
pneumophila Salmonella spp Shigella spp Corynebacterium grupo 02
34
Mycobacterium tuberculosis micobacterias atipicas e fungos como causadores
ocasionais de ITU
Domann et al (2003) realizaram estudo em amostras do trato urinario de
transplantados renais utilizando tecnicas moleculares baseadas em 168 rRNA peR
e cromatografla liquida de alta performance (DHPLC) Foi avaliada a aplicaaD do
metoda em 109 amostras e observou-se 100 de correlacao para amostras cultura-
positivas Para as amostras cultura-negativas a DHPLC permitiu a deteccao de
uropat6genos previa mente conhecidos como Corynebacterium urealyticum e
Gardnerella vaginalis mas tambem agentes nao usuais como AnaerocDCCUs
laclolyticus Bacteroides vufgatus Diaisler invisus Fusobacterium nuceaturn
Lactobacillus iners Leptotrichia amnionii Prevotella buccalis Prevotella ruminicola
Rahnella aquatilis e Streptococcus intermedius detectados como unicos pat6genos
ou como agentes de infecyoes polimicrobianas Uma vez que as ITU sao
freqGentemente associadas com inicio precoce de rejeiyBo cronica em
transplantados renais e conveniente a pesquisa de agentes patogenicos
oportunistas e nao usuais para 0 correto direcionamento do tratamento
antimicrobiano
Quatro casos de ITU com bacteremia por Methylobacterium spp em
pacientes do sexo feminino imunocompetentes foram reportados por Lee Tang e Uu
(2004) Todas as pacientes tiveram hemoculturas positivas para Methylobacterlum
spp e suas culturas de urina foram negativas ou positivas para Escherichia coli com
crescimento concomitante de outro bacHo gram-negativ~ em baixa contagem que foi
ignorado Foram realizados experimentos especiais com os isolados indicando que
de acordo com os procedimentos padrao para culturas de urina com 24 horas de
incubayao a 35degC as colonias de Methylobacterium spp nao sao visualizadas e 0
35
pequeno numero de col6nias observado ap6s incuba~ao adicional de 24 heras a
temperatura ambiente apenas sugere ser a especie urn contaminante
Particularmente quando especies de Methyfobacterium estao presentes
concomitantemente com Escherichia coli ocorre supressao do cresci menta de
Methylobacterium spp tornando impassivel a sua deteccao 0 estudo conclui que a
falta de relatos de casas de ITU por Methylobacterium spp deve-se a impossibilidade
de detec~ao da especie por metodos padrao de cultura de urina au ainda porque a
baixa virulelncia da bacteria pode produzir ITU autolimitadas au talvez muitas vezes
curadas com as antibi6tico5 normalmente utilizados As especies estudadas fcram
variavelmente resistentes as cefalosporinas acido nalidixico nitrofurantoina e
sulfametoxazol-trimetoprim e 100 suscetiveis a ciprofloxacin imipenem e
aminoglicosideos
51 Corynebacterium spp
Corynebaclerium urealylicum pode ser uma importante embora rara causa
de ITU variando a freqOencia de isolamentos significativos de zero a 35 em
popularoes nao selecionadas A bacteriuria por Corynebacterium urealyticum ocorre
em pacientes hospitalizados per longos perledes severamente
imunocomprometidos urologicamente manipulados ou idosos Tal microrganismo
tam bern tern sido associado com pielonefrite e pode desaparecer espontaneamente
da urina mesmo sem antibioticoterapia (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Corynebacterium glucuroneyticum tambem chamado Corynebacterium
seminae tern side iselade de semen e trate g~nite-urinarie masculine e pede causar
prostatite ou uretrite Corynebacterium pseudogenitalium (CDC grupo F1) tambem
tern sido reconhecido como pat6gene do trato urinario (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
36
Foi relatado por Soriano e Ponte (1992) um caso de cistite de incrusta~ao
causado por urn corineforme identificado como CDC grupo F1 0 paciente havia
sofrido ITU previas persistentes causadas por Corynebacterium ureayticum (CDC
grupo 02) A cura bacteriol6gica foi alcan=ada apes urn mes de tratamento com
amoxicilina e acido acetohidroxamico
Meria at al (1998) realizaram levantamento bibliografico entre as anos de
1985 a 1997 sabre casas de cistite e pielite de incrustacao Foi constatado a
aumento progressive no numero de cases especialmente em pacientes
imunodeprimidos e particularmente em transplantados renais Tais inflamacoes
cr6nicas estao associadas com incrustac6es da mucosa causadas por bacterias
produtoras de urease tendo sido as mais freqOentes especies de Corynebacterium
grupo 02 A presenCa de urina alcalina contendo abundantes debris mucopurulentos
calcificados e alta mente sugestiva e pode auxiliar no diagnostico clinico A
demonstracao da bacteria envolvida requer culturas prolongadas em meios de
cultura enriquecidos 0 diagnostico precoce pode evitar falhas de tratamento e uma
possivel rejeicao do orgao transplantado
Em estudo realizado par Riegel et al (1995) corineformes em quantidades
significativas (104a 105 UFCml) foram isolados em amostras de semen uretra urina
e sangue de homens inferteis com diagn6stico de prostatite As analises genomicas
realizadas demonstraram ser as cepas pertencentes a uma mesma especie dentro
do genero Corynebacterium As 12 amostras mostraram padroes bioquimicos
simi lares entre elas born crescimento em agar sangue de carneiro em contraste com
crescimento pobre no mesmo meio suplementado com Tween 80 1 teste de
CAMP positivo fermentacao de glicose sacarose e presenCa de beta-glucuronidase
Tais caracteristicas permitiram a distincao destas cepas dos outros membros do
37
genera e 0 nome proposto foi Corynebacterium seminae Embera organismos
difter6ides pass am fazer parte da microbiota uretral a presenCa de contagens
significativas destas especies no semen sugere urna implica~ao infecciosa
particularmente na prostatite
Estudo molecular filogenetico baseado em 16S rRNA peR realizado em
pacientes com prostatite croniea demonstrou sinais bacterian05 em 65 dos
pacientes estudados Foi constatada a ocorreuromcia de um amplo espectro de
especies bacterianas no fluido prostatico dos pacientes incluindo Corynebacterium
Staphylococcus PepiosfreptococGUS Streptococcus e Escherichia Especies do
genera Corynebacterium foram encontradas em maior proponao incluindo especies
ainda nae descritas e n~o presentes nas amostras de controle sugerindo que
possam ter um papel na doen~a au que sejam conseqOemcia da mesma 0 estudo
mostreu ainda que os microrganismos associ ados com prestatite geralmente
ocorrem em comunidades microbianas distintas daquelas encontradas em liquidos
prostaticos normais (TANNER ot al 1999)
Segundo Domingue e Hellstrom (1998) a observaltio microsc6pica
cuidadosa de amostras de secre~~o prostatica bern como a inocula~~o em meios
enriquecidos sao essenciais para a isolamento de corineformes Foi realizado estudo
em uma amostra de secre~ao prostatica na qual a colora~ao de Gram apresentou
cocobacilos gram Itlbeis pleom6rficos que nao se desenvolveram em meios de rotina
incubados por 72 horas a 35degC Houve desenvolvimento em meio de cultura
enriquecido com extrato de leveduras e sora de cavalo e incubado no minimo 72
horas em atmosfera de 5 de CO2 a 35degC A secregao inoculada em caldo triptose
demonstrou a presen~a de bacilos gram-varitlveis (microscopicamente) e quando
repicada produziu bacilos de crescimento lento em meios de retina e enriquecidos
38
(incubados aerobicamente anaerobicamente ou sob tensao de CO2 par 72 haras)
Corineformes ocultos pod em ser agentes etiol6gicos da prostatite idiopatica croniea
que sao frequentemente perdidos au nao percebidos em procedimentos
bacteriol6gicos de rotina
52 Gardnerella vaginais
o significado de Gardnerela vaginais em urina e controverso pois a
principal associacao patogElnica desta bacteria e com a vaginose na mulher Embora
baixas contagens na urina parecam refletir a micro biota da uretra masculina ou
feminina contagens aeima de 10000 UFCml ja fcram associadas com bacteriuria
sintomatica ITU recorrente cistite na mulher uretrite e prostatite no homem
Entretanto me sma quando ern altas contagens freqOentemente nao ha resposta
leucocitaria Gardnerela vaginalis e encantrada mais freqOentemente em mulheres e
pacientes com doena renal e ap6s instrumentaao (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
Estuda realizado par Agarwal e Dixon (2001) investigau a passivel papel de
Gardnerella vaginalis na cistite intersticial usando metodos maleculares para
garantir a recuperaCao do microrganismo mesmo em baixas contagens Nenhuma
das trinta e tres amastras de bi6psias de bexiga de pacientes com cistite intersticial
foram positivas para Gardnerella vaginais a que embora nao exclua seu
envalvimenta na cistite intersticial diminui esta probabilidade
Ginestre Perez et al (2001) realizaram estudo de mil trezentas e setenta
amostras de jato media de urina de pacientes com sintomas de ITU Gardnerella
vaginalis cujo papel patagenica no trato urinario e discutivel ocupou a segundo
lugar em freqOencia etiologica (1763) ficando atras somente de Escherichia coli
(5210) e superando microrganismos cansiderados uropat6genas classicos como
39
Proteus mirabifis (763) Klebsiella pneumoniae (684) e Pseudomonas
aeruginosa (368) Embera a presen~a de Gardnerella vaginais em amostras de
jato media urinario possa indicar contaminayao vaginal todos as cultivos positivos
para esta bacteria apresentavam contagens superiores a 100000 UFCml e
provinham de pacientes sintomaticos representando urna alta probabilidade de
infec~ao urinaria verdadeira
53 Mycoplasma hominis E Ureaplasma urealyticum
Especies patogenicas como Mycoplasma hominis e Ureaplasma urealyticum
ocorrem freqOentemente como colonizantes do trato urogenital inferior de homens e
mulheres saudaveis A ocorrencia de infec~ao esta provavelmente relacionada a
imunossupressao obstru~ao ou procedimentos previos de instrumental)ao no trato
urinario Ureaplasma urealyticum tern sido encontrado em calculos urinarios de
pacientes com liHase infecciosa sugerindo uma possivel associal)ao causal
Mycoplasma hominis tern sido isolado do trato urinario superior em pacientes com
sintomas de pielonefrite aguda FreqOentemente ha resposta imunol6gica especifica
(MURRAY 1999)
Foi pesquisada a presen9a de Ureaplasma urealyticum e Mycoplasma
hominis em amostras de jato medio de 314 mulheres e 52 homens sintomaticos do
trata urinltilria Ureaplasma urealyticum fai isalada em 54 (171) das mulheres e 8
(154) dos hom ens e Mycoplasma hominis foi isolado em 12 (38) das mulheres
e 4 (77) dos homens Ureaplasma urealyOcum foi superado apenas par
Escherichia coli e Gardnerella vaginalis em ambos grupas 366 e 254
respectivamente no sexo feminina e 585 e 308 no masculino Demonstrou-se
partanto que a bacteriuria par ureaplasmas e relativamente co mum porem nao e
40
detectada por metodos convencionais de cultura de urina (AVILES ZARAGOZA
1998)
A significancia de micoplasmas em amostras de jato medic urinario e de
dificil determinacao devido a provavel contaminacao da amostra par
microrganismos colonizantes da vagina e uretra distal Entretanto estudos
realizados em amostras de aspirado suprapubico em gestantes demons tram que 0
desenvolvimento de pre-eclampsia e tres vezes mais prov3vel em mulheres
apresentando culturas positivas para ureaplasmas no inicio da gestacao do que em
mulheres com culturas negativas no mesmo periodo (KONEMAN ef a 1997)
54 Haemophilus spp
Existem varios estudos relacionando Haemophifus influenzae e Haemophilus
parainfluenzae a ITU embora sua freqOencia e significancia nae tenham sido
confirmadas Alguns pesquisadores sugerem a inclusao de agar chocolate em
culturas de urina de crian~as por causa da associa~ao de Haemophilus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae com outras infec~6es nesta faixa etaria (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
Maskell (1989) citou a ocorrencia de certas bacterias fastidiosas em sftios do
trato urinflrio abaixe da bexiga como par exemple em cases de prostatite por
Haemophilus influenzae
55 Lactobacillus spp
Em estudo realizado em pacientes do sexe feminine com sind rome uretral
aguda demonstrou-se uma alta freqOencia de isolamentos de lactobacilos Durante
dois anos amastras de jato medic de tais pacientes foram cultivadas observando-se
a principio alta concentracao de lactobacilos principalmente nas pacientes
sintomaticas Ao final do estudo durante 0 qual foi impedido 0 usa de antibi6ticos os
41
lactobacilos desapareceram da urina de muitas mulheres as quais tornaram-se
assintomaticas Os autores concluiram que as sintomas da sindrome uretra podem
ser devidos a multiplica~ao desproporcional de lactobacilos na uretra distal como
resultado de antibioticoterapia frequentemente administrada em cursos prolongados
para resolurao dos sintomas urinarios Lactobacilos tambem tern sido relatados em
amostras de urina obtidas diretamente da bexiga e de amostras de tecido obtidas
par bi6psia vesical bern como ocasionalmente isolados em urinas de mulheres
idosas com sintomas urinarios (MASKELL 1989)
56 COCOS GRAM-POSITIVOS
Microrganismos dos generos Lactococcus Gemella Aerococcus e
Globicatella embora possam estar presentes como contaminantes em culturas de
material clinico tern sido isolados como patogenos oportunistas ern urina e outras
amostras de pacientes imunocomprometidos Esforyos para identifica-Ios devem ser
realizados quando os isolados forem clinicamente significantes isto e isolados
repetidamente ou em cultura pura Devido a semelhanya com outros cocos gram-
positivos isolados com mais freq04sectncia como estreptococos enterococos e
estafilococos possivelmente sao confundidos com especies destes generos
(MURRAY 1999)
Golapachar et al (2004) relata ram um caso de infec9ao do trato urinario com
bacteremia causa do por Aerococcus viridans em um homem de 87 anos residente
em uma cUnica de repouso A cultura de urina apresentau crescimenta de 105
UFCml de Aerococcus viridans e a hemocultura fai positiva para a mesmo
microrganismo Os testes bioqulmicos que leva ram a identificayao do
microrganismo faram reayoes negativas de catalase e LAP (Ieucina aminopeptidase)
e reaDes positivas para PYR (L-pyrrolidonyl-beta-naphtylamina) fermentaao de
42
trehalose e manese resistencia a optoquina crescimento em agar bile esculina 40
e cresci menta em cloreto de s6die 65 As especies de Aerococcus sao anaer6bias
facultativas a maioria catalase negativa com tendemcia a formaCao de tetrades na
morfologia microsc6pica PYR positivo e LAP negativ~ a que as diferencia de
enterococos e estreptococos
A escassa documentacao a respeito de infecyoes humanas por Aerocccus
sp deve-se provavelmente a sua similaridade microbiol6gica aos estreptococos alfa-
hemoliticos e enterococos e possiveis erras na interpretacao laboratorial de
amostras clinicas No casa acima descrito a laborat6rio de microbiologia nao pade
reaHzar a antibiograma devido a natureza fastidiosa da bacteria mas houve sucesso
terapeutico ap6s administray8o intravenosa de levofloxacin (GOLAPACHAR et al
2004)
Um caso de pielonefrite e urossepsis por Streptococcus pneumoniae foi
relatado em urn hornem de 82 anos com hist6ria clinica de leucemia linf6ide cronica
e diabetes mellitus Exames radiograficos abdominais e tomografia computadorizada
mostraram uma imagem indicativa de extensa pielonefrite no rim esquerdo sem
nenhum outro foco de infecc8o 0 abscesso renal foi tratado por drenagem
transuretral e 0 material purulento obtido foi cultivado assim como materiais de
orofaringe escarro e sangue Esearro e orofaringe revelaram apenas mierobiota
normal do trato respirat6rio enquanto 0 material drenado e as hemoculturas
demonstraram microseopicamente cocos gram-positiv~s aos pares e em eadeias
alguns dos quais eram lanceolados havendo bom crescimento em agar sangue de
carneiro e agar chocolate a 37degC As col6nias eram fracamente alfa-hemoliticas no
agar sangue e nao muc6ides catalase-negativas e sensiveis a optoquina Testes de
aglutinac8o sorologiea de ambos materiais confirmaram a identificac8o e testes
43
moleculares demonstraram ser as dois isolados identicas Apesar da terapia
antimicrobiana a paciente desenvolveu coagula98o intravascular disseminada e
sofreu uma parada cardiaca sendo que 0 quadro foi revertido mas tornau-se
necessaria a nefrotomia para eliminar a foco da infeccao Em contraste a estud05
anteriores a paciente descrito apresentou um verdadeiro casa de pielonefrite
abscesso renal e urossepsis causados par Streptococcus pneumoniae A presenca
de doencas como leucemia linf6ide crOniea e diabetes mellitus fcram 5uficientes para
causar um certa grau de imunossupressao e predispor a paciente a infeccao par
Streptococcus pneumoniae mesma sem hist6ria antecedente de infecC8o
pneumoc6cica trauma ou interven9ao cirurgica (DUFKE KUNZE-KRONAWITIER
SCHUBERT2004)
57 BACT~RIAS ANAER6BIAS
Tern sido descritos casas de infec90es do trato urinario par bacterias
anaer6bias com as mais diverses tipos de apresenta90es clinicas entre processes
crenicos e agudos As bacterias recuperadas sao bacilos gram negativQs incluindo
Bacteroides fragifis Prevotella sp e Porphyromonas sp Clostridium sp cocos
gram-positiv~s e Actinomyces sp Em muitos casas sao recuperadas em culturas
mistas com coliformes e estreptococos (BROOK 2004)
58 OUTRAS BACT~RIAS FASTIDIOSAS
Foi descrita par Greub e Raoult (2002) uma nova especie bacteriana
Actinobaculum massiliae recuperada da urina de uma mulher de 81 anos com ITU
cr6nica Os estudos fenotipicos genotfpicos e filogeneticos realizados mostraram
ser 0 isolado urna nova especie ainda nao recanhecida dentro do genera
Actinobaculum e foi proposta a denominacao Actinobaculum massiliae A mesma
cepa faj isolada tres vezes num perlodo de sete meses mesmo apes tratamento
44
com amoxicilina sulfametoxazol~trimetoprim e rifampicina Devida ao fata do
microrganismo nao ser isolado em procedimentos laboratoriais de rotina uma ITU
devido a Actinobaculum massiliae pade ser mal diagnosticada Alem disso as
col6nias apresentam heterogeneidade morfol6gica ap6s cinco dias de incubacao
podendo levar a uma errOnea interpretaC(ao de contaminacao com duas especies de
badlas gram~positivos 0 usa de agar sangue de carneiro e incubacao prolongada
motivado pela presenca de 106 leuc6cit05 per ml na urina da paciente permitiu a
desenvolvimento da cepa Houve cura ap6s tratamento com doxiciclina (GREUB
RAOUL T 2002)
Em estudo clinico e microbiol6gico de mulheres com sindrome uretral -
excluindo pacientes com cistite bacteriana - 41 pacientes foram comparadas com 42
pacientes controle Nao foi encontrada diferenca entre pacientes e con troles em
incid~ncia de Chlamydia trachomatis e outros microrganismos de transmiss3o
sexual 0 numero de lactobacilos e outros microrganismos fastidiosos bem como a
numero de leucocitos na urina nao apresentaram diferenca entre pacientes com
sintomas leves e intensos ou entre pacientes e controles Os auto res sustentam a
hipotese da sindrome uretral nao ser causada por infecrao bacteriana ou clamidial
(GILLESPIE et al 1989)
45
6 CONCLUSAO UMA REFLExAO
E indiscutivel a importo1ncia para a laborat6rio de requisicoes de exame
completas com informayoes sabre suspeita clinica existencia de sintomas
anormalidades do trata urinario e condhoes imunol6gicas do paciente Embora
tradicionalmente a maiaria dos medicos nao fornega muitas informacoes sabre 0
paciente ao laborat6rio a microbiologista pede incentivar a criacao de urn canal de
comunicacao quando observar a necessidade de informagoes sobre determinado
paciente
Exames anteriores do paciente sempre que disponiveis devem ser
consultados e comparados pois informacoes sabre infecc6es recorrentes au
recidivantes especies bacterianas envolvidas au presen9a de piuria esteril sao
importantes para direcionar a pesquisa para agentes fastidiosos
o metoda de coleta e as condi~6es de transporte da urina deterrninam a
qualidade da amostra e a quao relevantes serao as microrganismos nela
encontrados Considerando-se que urna bacteria normalmente considerada como
contarninante introduzida durante a coleta pode ser em alguns casos patogenica ou
ainda que uma especie fastidiosa patogenica de crescimento lento pode ter seu
crescimento inibido par uma contaminante de crescimenta mais rapido a coleta
adequada torna-se urn fator de suma importancia para a detec~ao de especies
fastidiosas em urina
Como ja discutida torna-se indispensavel a realiza~ao da calora~ao de
Gram em amostras de urina pOis alem de ser urn teste de triagem rapida e barato
para bacteriuria acima de 105 UFCml pode ser 0 unica indicativa da presen~a de
urna especie fastidiosa
46
A comunica~ao entre a microbiologista e a medico pode determinar nao 56 a
sucesso do diagn6stico e do tratamento como a viabilidade economica da pesquisa
de bacterias fastidiosas para 0 laborat6rio urna vez que direciona as esforyos
laboratoriais aos pacientes que realmente necessitam evitando 9a5t05
desnecessarios
Bacte-rias fastidiosas podem nao responder ao tratamento antibi6tico para
pat6genos convencionais do trato urinario portanto a pesquisa precocemente
direcionada para tais agentes pode melhorar 0 progn6stico das ITU evitando a
administracao de antibioticos inadequados au desnecessarios
Como observado nos diversos casas reiatados bacterias fastidiosas
ocorrem em cenaries clinicos especificos 0 entendimento do processo da doen=a e
as condi=oes do paciente pod em ajudar muito 0 laboratorio no esfor=o para
recuperar a bacteria do material clinico
47
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
ALBINI C A Cullura de Urina Analise das metodologias interfer~ncja sobre as
resultados e proposta para padronizacao 1994 54 f Monografia (Especia1iza9aO em
Bacteriologia) - Setor de Ciencias da Saude Departamento de Patologia Medica
Universidade Federal do Parana Curitiba
AGARWAL M DIXON R A A study to detect Gardnerella vagina lis DNA in
interstitial cystitis British Journal of Urology (on line) 2001 Disponlvel em
httpwwwbjuiorg889articlebju2514aspAcessoem 03 fev 2005
BATRA A Interstitial Cystitis Updade Infection Urology (on line) 1999 Disponivel
em httphomeswipnetsellsopicupdatehtm Acessa em 20 dez 2004
CLARIDGE J E JOHNSON J R PEZZLO M T Laboratory Diagnosis of Urinary
Tract Infections Washington American Society for Microbiology 281998
BROOK I Urinary tract genito-urinary suppurative infections due to anaerobic
bacteria International Journal of Urology (on line) 2004 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezigueryfcgicmd=Retrieveampdb=pubmedampdopt=Abst
ractamplist uids=15009360 Acesso em 18 mar 2005
DOMANN E HONG G IMIRZALIOGLU C TURSCHNER S KOHLE J
WATZEL C HAIN T HOSSAIN H CHAKRABORTY T Culture-Independent
Identification of Pathogenic Bacteria and Polymicrobial Infections in the Genitourinary
Tract of Renal Transplant Recipients Journal of Clinical Microbiology (on line) 2003
48
Disponivel em httpjcmasmorgcgireprintl41125500pdf Acesso em 18
mar2005
DOMINGUE G J HELLSTROMW J G Prostatitis Clinical Microbiology Reviews
(on line) 1998 Disponivel em httpcmrasmorglcgilcontentifuIl11141604 Acesso
em 03 fev 2005
DUFKE S KUNZE-KRONAWITIER H SCHUBERT S Pyelonephritis and
Urosepsis Caused by Streptococcus pneumoniae Journal of Clinical Microbiology
(on line) 2004 Disponlvel em httpjcmasmorgcgicontentifuIl4294383 Acesso
em 06 mar2005
FAIRLEY K F BIRCH D F Detection of Bladder Bacteriuria in Patients with Acute
Urinary Symptoms The Journal of Infectious Diseases Melbourne v 159 n2 p
226-231 fev 1989
FRAIMOW H S JUNGKIND D L LANDER D W DELSO D R DEAN J L
Urinary Tract Infection with an Enterococcus taecais Isolate that Requires
Vancomycin for Growth Annals of Internal Medicine (on line) 1994 Oisponivel em
httpwwwannalsorgcgicontentifuIl1211122 Acesso em 18 mar 2005
FRANZ M HCRL W H Common errors in diagnosis and management of urinary
tract infection I Patophysiology and diagnostic techniques Nephrology Dialysis
Transplantation (on line) 1999 Disponivel em
httpltwwwndtoupjournalsorgcgicontentifuIl141127 46 Acesso em 01 dez 2004
49
GIBB A P Plates are Belter than Broth for Recovery of Fastidious Organisms from
some Specimen Material Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Oisponivel
em httpjcmasmorgcgireprinU4041129pdf Acesso em 06 mar2005
GILLESPIE W A HENDERSON E P LINTON K B SMITH P J Microbiology
of the urethral (frequency and dysuria) syndrome A controlled study with 5-year
review British Journal of Urology (on line) 1989 Disponfvel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
2804564ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr 2005
GINESTRE PEREZ M ROMERO-A~EZ S MARTINEZ-GARCIA A RINCON-
VILLALOBOS G HARRIS-SOCORRO B CATELLANO-GONZALES M AVILA-
ROO Y PEROZO-MENA A Gardnerella vaginalis y uropat6genos convencionales
em pacientes ambulatorios Revista de La Sociedad Venezolana de Microbiaogia
(on line) 2001 Disponivel em
httpwwwseieloorgvaseielo phpscriptsci arttextamppid=S 1315-
25562001000200003amplng=esampnrm=isso Acesso em 05 jan 2005
GOBERNADO M CRUZ F J DALET F BROSETA E DE CUETO M
SANTOS M DE LA ROSA M Procedimientos en Microbiologla Clinica La
infeccion urinaria 2002 Disponivel em
httpwwwseimcorgprotocolosmicrobiologiaindice14htm Acesso em 01 dez
2004
50
GOLAPACHAR A AKINS R L DAVIS W R SIDDIQUI A A Urinary tract
infection caused by Aerococcus viridans a case report International Medical Journal
for Experimental and Clinical Research (on line) 2004 Oisponivel em
httpwlNNmedscimonitcompubvol 10no 114928pdf Acesso em 03 dez 2004
GREUB G RAOULT D Actinobaculum massiliae a new species causing chronic
urinary tract infection Journal of Clinical Microbiology (on line) 2002 Disponivel em
httpwwwpubmedcentralnihgov articlerender fcgitool=pubmedamppubmedid=12409
355 Acesso em 13 fev2005
HElLBERG I P Diagnosis and clinical management of urinary tract infection
Disponivel em httpwwwunineteducin2003confpfefermanpfefermanhtml
Acesso em 20 out 2004
KONEMAN E W ALLEN S D JANDA W M SCHREKENBERGER P C
WINN Jr W C Cr Atlas and Textbook of Diagnostic Microbiology 5ed
Philadelphia Lippincott-Raven 1997
LIPSKY B A Managing Prostatitis and Urinary Tract Infection in Men Infectious
Diseases Infoalerl (on line) 2003 Oisponivel em
httpwwwdpacomhklpdflinfolnfoALERT 15pdf Acesso em 10 dez 2004
MASKELL R A new look at the diagnosis of infection of the urinary tract and its
adjacents structures Joumaloflnfecfion Portsmouth n 19 p 207-217 jul 1989
51
MERIA P DESGRIPPES A ARFI C LE DUC A Encrusted Cystitis and Pyelitis
Journal of Urology (on line) 1998 Disponlvel em
htlpIwwwjurologycomipUrejuroabstract00005392-1 99807000-
00003htmmiddotjsessionid-CnHOtEDjxvOgrxiWIUac52pekluG1HSCZzrnOpCIJH4V107ePU
evI848681301-949856032190011-1 Acesso em 21 abr 2005
McCUE J D The Management of Complicated Urinary Tract Infections Infectious
Diseases Infoalert (on line) 1999 Disponfvel em
htlpIwwwdpacomhkJpdlfinlofinlo alart 01pdl Acesso em 01 dez 2004
MURRAY P R Manual of Clinical Microbiology 7ed Washington ASM Press
1999
NABER K G BERGMAN B BISHOP M C JOHANSEN T E B BOTTO H
LOBEL B CRUZ F J SELVAGGI F P European Association 01 Urology
Guidelines on Urinary and Male Genital Tract Infections Disponlvel em
httpwwwuroweborglfilesluploaded filesuti mgtLpdf Acesso em 20 dez 2004
OPLUSTIL C P Urocultura In__ Procedimentos basicos em microbiologia
clinica 2 ed Sao Paulo Sarvier 2004 p 88-93
OSBORNE J About Interstitial Cystitis Disponivel em htlplwwwic-
networkcomhandbooklbasicshtmlintro Acesso em 20 dez 2004
52
PEDRAZA AVILES A G ORTIZ ZARAGOZA M C Symptomatic bacteriuria due to
Ureaplasma and Mycoplasma in adults Revista Latinoamericana de Microbiologia
(on line) 1998 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedampdopt=Abs
tractamplist uids=20388109 Acesso em 20 abr 2005
RIEGEL P RUIMY R BRIEL D de PREVOST G JEHL F BIMET F
CHRISTEN R MONTEIL H Corynebacterium seminale sp Nov a New Species
Associated with Genital Infections in Male Patients Journal of Clinical Microbiology
(on line) 1995 Disponlvel em
htlpllwwwpubmedcentralnihgovpicrenderfcgiartid=228387ampblobtype=pdf
Acesso em 19 mar 2005
SORIANO F PONTE C A case of urinary tract infection caused by
Corynebacterium urealyticum and coryneform group F1 European Journal of Clinical
Microbiology Infectious Diseases (on line) 1992 Disponfvel em
httoIwwwncbinlmnihgoventreziguervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
1396772ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr2005
TANNER M A SHOSKES DSHAHEDA PACENR Prevalence of
Corynebacterial 16S fRna Sequences in Patients with Bacterial and Nonbacterial
Prostatitis Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Disponivel em
httpmcmasmorgcontenVfull3761863 Acesso em 06 mar 2005
TRABULSI L R ALTERTHUM F Escherichia coli uropatagenica (UPEC) In
Microbiaagia 4 ed Sao Paulo Atheneu 2004 p 303-309
53
22
Para popula90es nas quais as culturas polimicrobianas sao comuns 0 agar
CNA pade ser utilizado para demonstrar a presenca de enterococos Qutros cocos
gram-positives au leveduras presentes nas culturas mistas 0 agar CNA permite urn
born cresci menta de estreptococos corinebacterias e Gardnerela vaginalis e deve
ser incubado por 48 horas a 35 C (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Amostras obtidas par puncao suprapubica au de pacientes com suspeita de
sindrome uretral aguda devem ser semeadas com al98 calibrada de 001 ml a1em
da ala de 0001 ml em agar sangue (OPLUSTIL et al 2004) Contagens baixas ou
mesma multiplos tipos de microrganismos devem ser valorizados em tais cases
(KONEMAN 1997)
Corynebacterium ureafyticum e Qutras corinebacterias desenvolvem-se bem
em agar sangue de carneiro 5 au agar CNA mas sao mais bern visualizadas ap6s
incubaao de 48 horas (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
As calOnias de Gardnerella vaginalis sao fracamente visiveis em agar
sangue ap6s 24 haras de incuba~ao e recomenda-se a usa de agar CNA au HBT
(agar sangue tween bicamada) e incuba~aa par 48 haras em tensaa de C02
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
as tactabacilos podem ser isolados em meias de isotamento prima rio
utilizadas para urina como a meio de CLEO no entanto devem ser incubadas par 48
horas em atmosfera de CO (MASKELL 1989)
a resultada da cultura deve ser sempre carrelacianada com a leitura do
Gram Caso nao haja crescimento ap6s 18 a 24 horas de incuba~ao e na
microscapia tenha sido observada a presen~a de microrganismas au numero
eleva do de leuc6citas deve-se incubar as ptacas par mais 24 haras (OPLUSTIL et
al2004)
23
A piuMa esteril e urn achado importante que po de refletir usa de
antibioticoterapia outras doencas como neoplasias au calculos urinarios au
infeccoes com microrganismos que naD sao detectados par rnetodos rotineiros de
cultura (MIMS et aI 1995)
o conceito de bacteriuria significativa para 0 diagn6stico das ITU e
tradicionalmente baseado no criteria quantitativa estabelecido par Kass na decada
de 1950 permitindo a distincao entre colonizarao e infecrao A utilidade e a
consistemcia do criteria de contagem de colOnias superior OU igual a 105 par mililitro
tern sido validadas repetidamente par varios pesquisadores demonstrando que tal
criterio nilo pode ser aplicado a todos os pacientes (FRANZ HORL 1999)
A baixa especificidade da cultura quantitativa de jato medio se deve apossivel adilao de bacterias comensais a urina durante a coleta A baixa
sensibilidade dos resultados inferiores a 105 UFCml pode ser devida a excregao
intermitente de bacterias que pode ocorrer em determinados sitlos do trato urinario
bem como ao uso de meios de cultura que nao proporcionam 0 cresci menta de
todas as especies capazes de infectar 0 trato urinario (FAIRLEY BIRCH 1989)
Altas contagens de bacterias aer6bias sao encontradas em amostras de
urina de jato medio quando os microrganismos sao providos de 6timo substrato e de
ten sao de O2 relativamente alta Em algumas sltuagoes como infecgoes cronicas
prostatite infecgao das glandulas parauretrais em mulheres litiase infecciosa e
cicatrizes renais per pielonefrite croniea os mierorganismos podem nao se
multiplicar tao rapidamente e pertanto nao apresentarem contagens tao altas quanta
nas cistites agudas Os sitlos de infecgao abaixe da bexiga nao fornecem as
mesmas condigoes favoraveis de incubagao ahsectgtmdisso a velocidade do fluxo
24
urinario e a freqO~ncia de miccaosao fatores que influem nas contagens bacterianas
(MASKELL 1989)
Torna-se claro que considerar baixas contagens de pat6genos aero bios em
culturas puras como contaminaCao e incorreto e pode levar a erros de diagn6stico
pois infeccoes de grande signific~ncia cHniea pod em nao estar sendo detectadas t
igualmente importante nao considerar automaticamente urna alta contagem de
col6nias como infecy8o sem considerar as condicoes do paciente e da coleta 0 usa
de antibi6ticos em resposta a urna alta contagem bacteriana pode selecionar cepas
resistentes tornando mais dificil 0 tratamento de infecgoes posteriores verdadeiras
(MASKELL 1989)
Alguns procedimentos utilizados para 0 diagnostico das ITU sao
considerados inaceitaveis atualmente e nao devem ser realizados como cultura de
cateter de Foley cultura de urina em meios Hquidos cultura de sedimento urinario
pesquisa de anaer6bios como procedimento de rotina e em urina de jato media au
obtida par cateteriza9ao bem como cultura de urinas que tenham permanecido mais
de duas heras sem refrigeragao au canservagao (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO1998)
41 COLETA E TRANS PORTE DE AMOSTRAS
A coleta e a trans porte inadequado da amostra podem levar a um resultado
de diffcil interpreta9aO Portanto a medida mais importante para realizar uma cultura
de urina e estabelecer rfgidos criterios de coleta e propiciar treinamento constante
para as profissionais envolvidos na realiza9aO da coleta (OPLUSTIL et al 2004)
Koneman et al (1997) recomendam que a paciente receba as instru90es de
coleta impressas ap6s receb~-Ias verbalmente Caso 0 paciente demonstre
inseguran9a au nao compreenda urn profissional treinado deve explicar novamente
25
passo a passo ou se passivel acompanhar pessoalmente a coleta (coleta
supervision ada)
Amostras de urina de jato media sao as amostras mais comumente
submetidas a cultura De preferencia deve ser colhida a primeira urina da manha
podendo ser aceitas urinas com pelo menos 2 heras de reten~ao Ap6s higiene da
regiao genital despreza-se 0 primeiro jato - 0 que auxilia a eliminacao dos
contaminantes da uretra inferior - e colhe-se 0 jato media em fraseD esteril
apropriado desprezando-se 0 final da mic9ilo (OPLUSTIL eJ al 2004) A higiene
genital deve ser realizada com agua e sabao naD anti-septico devendo ser as [abias
vaginais afastados e 0 prepucio retraido antes da miccao (GOBERNADO et 81
2002)
Alguns autores afirmam que mesma quando a coleta e meticutosamente
reatizada com a assist~ncia de um pro fissional treinado a urina apresenta-se
frequentemente contaminada (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Amostras urinarias de criancas obtidas com saco coletor devem ser colhidas
apos higiene da regiao genital e colocacao do saco coletor de forma asseptica
Troca-se 0 coletor a cada 45 minutos ou 1 h~ra repetindo-se a higiene e evitando-se
contaminacao fecal 0 coletor deve chegar fechado ao laborat6rio Tas amostras
freqOentemente sao contaminadas com microrganismos fecais promovendo
resultados falso-positivos portanto 0 maior significado clinico de amostras obtidas
com saco coletor e 0 resultado negativo (OPLUSTIL et a 2004) Culturas positivas
devem ser confirmadas por metodos de cateterizacao direta ou aspiracao
suprapubica (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Em pacientes com sanda vesical permanente pinca-se a canula do coletor
realiza-se desinfeccao da canula com alcool 70 e punciona-se com seringa e
26
agulha estereis colocando-se a amostra em frasee esteri Nunea se deve obter a
amostra do saco coletor de pacientes sand ados porque a multiplica9ao bacteriana
fornecera urn numero muito maior que aquele real mente presente no paciente
(OPLUSTIL et al 2004) Tambem nao se reeomenda deseoneetar 0 eateter do tubo
coletor sob risco de introduyao de microrganismos no sistema Sempre que passivel
tal coleta deve ser realizada ap6s troea do cateter pois urna microbiota que naD
corresponde a do paciente pade residir em cateteres antigos (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
A punyao suprapubica e considerada a metoda padrao auro para coleta de
urina par representar a verdadeira bacteriuria vesical (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998) Calhe-se com seringa e agulha diretamente par pun9ao vesical Tal
procedimento evita problemas de contamina9ao uretral e e recomendado para
crian9as ate dois anos detec9ao de anaer6bios enos casos de repeti9ao de ex ames
com interpretaoes duvidosas (OPLUSTIL et al 2004) Pode tambem estar indieada
para homens de qualquer idade com fimose e em mulheres com bacteriurias de
repeti~o de proeedeneia duvidosa (GOBERNADO et al 2002)
A cateteriza9ao com finalidade unica de obten9ao de amostras somente
deve ser realizada em pacientes nos quais nao seja possivel a elimina9aO
espontanea de urina como doentes neurologicos au com problemas urol6gicos
obstrutivos Caso seja necessaria devern-se utilizar tecnicas rigorosas de assepsia
por causa do alto risco de introdu9ao de rnicrorganismos (KONEMAN et a 1997
GOBERNADO et a 2002)
Para a pesquisa de Mycobacterium tuberculosis tres amostras de urina da
manha devem ser coletadas em dias consecutivos as tecnicas de cultivo para
27
micobacterias naD permitem a cresci menta de outros agentes e portanto a coleta
nac necessita de assepsia rigorosa (MIMS et al 1995)
Caso naD seja passivel a processamento da amostra de urina em ate 2
haras apas a coleta a amostra deve ser refrigerada (2 a 80 C) e processada em ate
24 haras tempo maximo para manuten~ao da contagem bacteriana estavel 0 usc
do preservativo acido b6rico permite que a amostra permane98 a temperatura
ambiente (20 a 25 C) ate 24 horas antes de ser process ada (OPLUSTIL ef aI 2004
CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Sistemas de trans porte usanda acido b6rico podem ser metodos alternativQs
para coletas realizadas em casa au em locais distantes do laborat6ria e mostram-se
tao efetivos quanta a refrigeragao (KONEMAM ef ai 1997)
Oepois de coletada a amostra de urina deve ser encaminhada ao laboratorio
a mais rapido possivel e com todas as informayoes necessarias para degprocessamento Devem ser relatados 0 horario e 0 metodo da coleta 0 tempo de
reteny80 da urina 0 tipo de paciente (por exemplo urologico ou geriatrico) a idade
o sexo se 0 paciente tem recebido quantidades aumentadas de Ifquido
apresentay80 clinica (existencia de sintomas) resultados de urinalise (presen9a de
celulas inflamat6rias) e resultados antecedentes de cultura (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
De maneira ideal as amostras devem ser coletadas antes do inicio da
terapia antimicrobiana Caso 0 paciente ja esteja recebendo ou tenha recebido
antibioticoterapia nas 48 horas antecedentes a realizay80 do exame esta
informay80 deve ser explicitada no formulario de requisiy80 do exame (MIMS et al
1995)
28
Recoletas devem ser solicitadas quando amostras nae refrigeradas forem
recebidas 2 horas ou mais ap6s a coleta au quando nac fcrem comunicados 0
horario e a forma de coleta No entanto nenhuma amostra deve ser desprezada
antes do cantata com 0 medico solicitante po is ela pade em alguns casas ser
insubstituivel (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Menos de 5 das urinas coretadas e transportadas adequadamente
apresentam multiplos microrganismos Exce~6es sao amostras de pacientes com
bexiga neurogemica au usa cranico de cateteres nos quais a bacteriuria
polimicrobiana pade ser detectada em 30 a 80 das culturas freqOentemente sem
infecao (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Segundo Koneman et al (1997) a acuracia do procedimento de coleta de
urina pode ser monitorada pela frequencia de exames com contagens entre 104 a 105
UFCml que nao deve exceder 5 a 10 se os procedimentos forem realizados
apropriadamente
42 A IMPORTANCIA DA COLORAltAo DE GRAM
Durante as ultimas decadas testes rapidos de triagem para bacteriuria foram
desenvolvidos com 0 propos ito de fornecer resultados mais rapid os e de eliminar a
necessidade de cultivar amostras negativas Entretanto sua utilizacao e limitada
principalmente pela incapacidade de detectar baixos niveis de bacteriuria e piuria
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
A coloracao de Gram da urina nao centrifugada e um dos metodos mais
rapidos seguros e baratos para estimar bacteriuria superior a 105 UFCml e
presenca de mais de 8 a 10 leucocitoslJl Homogeneiza-se muito bem a urina
coloca-se uma gota sobre lamina sem espalhar e deixa-se secar ao ar A lamina
deve ser fixada par calor au metanol (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998) A
29
presenca de uma ou mais celulas bacterianas per campo em aumento de 1000
vezes tern sensibilidade de 94 e especificidade de 90 em refletir uma contagem
de colOnias superior a 10 UFCml (KONEMAN ef al 1997)
Embora seja urn metoda barato de triagem a coloraC8o de Gram naD e
utilizada par muitos laborat6rios pelo consumo de tempo e baixa sensibilidade em
contagens inferiores a 105 UFCml Sugere-se a sua utilizacao como teste de triagem
apenas em pacientes com contagens de col6nias provavelmente altas
principalmente as assintomaticos e com suspeita de pielonefrite Alguns autores
relatam melhora da sensibilidade a nlveis acima de 104 UFCml com 0 usa de
citocentrifuga (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
A coloraCao de Gram do sedimento urinario em bora ainda utilizada por
muitos laboratorios e impropria pela baixa reprodutibilidade e dificuldade de
padronizacao e correlacao com os metodos de velocidade de excrecao de leucocitos
au contagem em camara (ALBINI 1994)
As informac6es fornecidas pela cOloracao de Gram sobre a morfologia do
microrganismo e caracteristicas na coloracao sao extremamente importantes para a
selecao inicial da terapia antimicrobiana enquanto se aguarda 0 informe definitivo
do resultado da cultura e do antibiograma (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO
1998)
~ imprescindivel a realizacao da coloracao de Gram para deteccao de
bacterias fastidiosas ou nao usuais Devido a dificuldade de desenvolvimento nos
meios utilizados para a deteccao de enterobacterias em alguns casos somente a
visualizacao microscopica indicarcfi a sua presenca (FRANZ HORL 1999)
A observacao microscopica da urina permite verificar a qualidade da amostra
especialmente em mulheres nas quais a contaminacao vaginal e frequente
30
produzindo resultados falso-positivos A presen~a de muitas celulas epiteliais e de
mais de urn tipo de microrganismo no Gram sugere contamina9aO da amostra em
decorrencia da coleta (OPLUSTIL et ai 2004)
Dutro aspecto importante da coloracao de Gram e a sua utilidade no
monitoramento das culturas podendo-se pelo seu resultado detectar erras tecnicos
e ate mesmo troca de amostras (ALBINI 2004)
31
5 BACTERIAS FASTIDIOSAS E INFECcAO DO TRATO URINARIO
Em 1989 Maskell citou a ocorrencia de bacterias fastidiosas como algumas
especies de estreptococos Gardnerela vaginalis Haemophilus influenzae
Corynebacterium spp e lactobacilos em infecgoes da bexiga e trato urinario superior
isoladas de amostras de urina obtidas par cateteriz8gao aspiragao supra-pubica e
tarn bam de amostras de tecido obtidas per bi6psia vesical Relatou tambem a
preseng8 de tais bacterias na urina de gestantes assintomaticas com mais
freqOencia do que em nao-gestantes e que as gestantes apresentando bacteriuria
posteriormente desenvolviam sintomas com mais freqoencia do que as que nao
apresentavam bacterias na urina
Fairley e Birch (1989) realizaram um importante estudo demonstrando que
pacientes com sintomas de infec~ao do trato urinario apresentando resultados
negativos em culturas de rotina podem abrigar bacterias fastidiosas ou baixas
contagens de uropat6genos convencionais na bexiga Os pacientes incluidos no
estudo foram os que apresentaram resultados inconclusivos em culturas previas de
jato medio como desenvolvimento inferior a 105 UFCml de um pat6geno
convencional ou a desenvolvimento superior a 102 UFCml de uma bacteria
fastidiosa Foram avaiiadas urinas obtidas por aspirayao suprapubica de 1817
mulheres e 300 homens cultivadas para uropat6genos convencionais e bacterias
fastidiosas utilizando in6culo que proporcionou resultados entre 101 e 107 UFCml A
freqOencia de isolamentos esta representada na tabela 1
32
TABELA 1 - FREQUENCIA DE BACTERIURIA EM 2117 PACIENTES(AMOSTRAS OBTIDAS POR PUNCAO SUPRAPUBICA) -1989
Uropat6-Culturas positivas $omente $omente especies genos
(n = 597) uropat6genos fastidiosas conven-convencionais (n = 366) cionais
n = 170 eespeci-
Pacientes Unica Multiplas Unica Multiplas Unica Multiplas esespecie especies especie especies especie especies faslidio-
sasMulheres (n = 1817) 370 191 148 5 222 125 61Homens (n = 300) 36 0 17 0 19 0 0
FONTE The Royal Melbourne Hospital
Vinte e aito especies microbianas foram isoladas no trabalho em questao
sendo Ureaplasma urealylicum Gardnerella vaginalis Escherichia coli Mycoplasma
hominis e Staphylococcus epidermidis as especies mais isoladas Quinhentas e
oitenta e uma (70) das 830 cepas isoladas pertenciam a especies fastidiosas -
Ureaplasma urealyticum Gardnerella vaginalis e Mycoplasma hominis - que nao sao
recuperadas em meies de cultura canvencianais Gardnerella vaginais fai mais
freqUente em mulheres enquanto Ureaplasma urealyticum nao apresentou diferen9a
estatisticamente significativa entre os sexas Treze esptkies fcram isoladas em
apenas uma ou duas ocasioes entre elas Streptococcus equi Streptococcus
equisimifis Streptococcus sanguis Morganella morgan Klebsiella oxytoca
Peptococcus anaerobius Proteus vulgaris Enterobacter aerogenes Salmonella
enteritidis Pseudomonas aeruginosa Haemophilus influenzae Haemophilus
parainfluenzae e Haemophilus parahaemofyticus Anaer6bios estritos foram isolados
de apenas sete dos 597 pacientes (FAIRLEY BIRCH 1989)
Culturas polimicrobianas foram obtidas em urn teno das pacientes do sexo
feminino e nao foram verificadas no sexe masculino A freqOencia de uropat6genos
cenvencienais e fastidiesos encontra-se na tabela 2
33
TABELA 2 - FREQU~NCIA DE UROPATOGENOS CONVENCIONAISE BACTERIAS FASTIDIOSAS EM 191 PACIENTES DO SEXOFEMININO COM BACTERIURIA POLMICROBIANA - 1989
Numero de Somente Samente especies Especiesespecies (numera uropat6genos fastidiosas convencionais e
de pacientes) convencionais fastidiosasOois (153) 9 99 45Tres (34) 0 17 17Quatro (4) 0 1 3
FONTE The Royal Melboume Hospital
Ureaplasmas au Gardnerella vaginalis fcram recuperados em 179 das 191
mulheres com infecgao polimicrobiana estando presentes concomitantemente em
100 das 191 amostras sugerindo urna passivel relacc3osimbi6tica Uropat6genos
convencionais fcram isolados em pouco mais de 33 das mulheres na maiaria dos
casas acompanhados por bacterias fastidiosas indicando que infeccoes
polimicrobianas usualmente envolvem bacterias fastidiosas (FAIRLEY BIRCH
1989)
A contagem de col6nias excedeu 105 UFCml apenas na minoria dos
pacientes portanto a bacteriuria nao seria detectada em muitos individuos caso 0
valor de ponto de corte tradicional tivesse sido utilizado Os resultados tambem
mostraram que baixas contagens bacterianas podem acontecer com qualquer uma
das especies bacterianas isoladas embora tenham sido mais freqoentes para
Ureaplasma urealytieum e Mycoplasma hominis Cento e setenta e quatro (21)
isolados apresentaram contagens inferiores a 103 UFCml sendo 138 (84)
pertencentes a especies fastidiosas (FAIRLEY BIRCH 1989)
Franz e HOrl (1999) citaram a ocorrencia de HaemophiJus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae pneumococos Campyobaeter Legionella
pneumophila Salmonella spp Shigella spp Corynebacterium grupo 02
34
Mycobacterium tuberculosis micobacterias atipicas e fungos como causadores
ocasionais de ITU
Domann et al (2003) realizaram estudo em amostras do trato urinario de
transplantados renais utilizando tecnicas moleculares baseadas em 168 rRNA peR
e cromatografla liquida de alta performance (DHPLC) Foi avaliada a aplicaaD do
metoda em 109 amostras e observou-se 100 de correlacao para amostras cultura-
positivas Para as amostras cultura-negativas a DHPLC permitiu a deteccao de
uropat6genos previa mente conhecidos como Corynebacterium urealyticum e
Gardnerella vaginalis mas tambem agentes nao usuais como AnaerocDCCUs
laclolyticus Bacteroides vufgatus Diaisler invisus Fusobacterium nuceaturn
Lactobacillus iners Leptotrichia amnionii Prevotella buccalis Prevotella ruminicola
Rahnella aquatilis e Streptococcus intermedius detectados como unicos pat6genos
ou como agentes de infecyoes polimicrobianas Uma vez que as ITU sao
freqGentemente associadas com inicio precoce de rejeiyBo cronica em
transplantados renais e conveniente a pesquisa de agentes patogenicos
oportunistas e nao usuais para 0 correto direcionamento do tratamento
antimicrobiano
Quatro casos de ITU com bacteremia por Methylobacterium spp em
pacientes do sexo feminino imunocompetentes foram reportados por Lee Tang e Uu
(2004) Todas as pacientes tiveram hemoculturas positivas para Methylobacterlum
spp e suas culturas de urina foram negativas ou positivas para Escherichia coli com
crescimento concomitante de outro bacHo gram-negativ~ em baixa contagem que foi
ignorado Foram realizados experimentos especiais com os isolados indicando que
de acordo com os procedimentos padrao para culturas de urina com 24 horas de
incubayao a 35degC as colonias de Methylobacterium spp nao sao visualizadas e 0
35
pequeno numero de col6nias observado ap6s incuba~ao adicional de 24 heras a
temperatura ambiente apenas sugere ser a especie urn contaminante
Particularmente quando especies de Methyfobacterium estao presentes
concomitantemente com Escherichia coli ocorre supressao do cresci menta de
Methylobacterium spp tornando impassivel a sua deteccao 0 estudo conclui que a
falta de relatos de casas de ITU por Methylobacterium spp deve-se a impossibilidade
de detec~ao da especie por metodos padrao de cultura de urina au ainda porque a
baixa virulelncia da bacteria pode produzir ITU autolimitadas au talvez muitas vezes
curadas com as antibi6tico5 normalmente utilizados As especies estudadas fcram
variavelmente resistentes as cefalosporinas acido nalidixico nitrofurantoina e
sulfametoxazol-trimetoprim e 100 suscetiveis a ciprofloxacin imipenem e
aminoglicosideos
51 Corynebacterium spp
Corynebaclerium urealylicum pode ser uma importante embora rara causa
de ITU variando a freqOencia de isolamentos significativos de zero a 35 em
popularoes nao selecionadas A bacteriuria por Corynebacterium urealyticum ocorre
em pacientes hospitalizados per longos perledes severamente
imunocomprometidos urologicamente manipulados ou idosos Tal microrganismo
tam bern tern sido associado com pielonefrite e pode desaparecer espontaneamente
da urina mesmo sem antibioticoterapia (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Corynebacterium glucuroneyticum tambem chamado Corynebacterium
seminae tern side iselade de semen e trate g~nite-urinarie masculine e pede causar
prostatite ou uretrite Corynebacterium pseudogenitalium (CDC grupo F1) tambem
tern sido reconhecido como pat6gene do trato urinario (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
36
Foi relatado por Soriano e Ponte (1992) um caso de cistite de incrusta~ao
causado por urn corineforme identificado como CDC grupo F1 0 paciente havia
sofrido ITU previas persistentes causadas por Corynebacterium ureayticum (CDC
grupo 02) A cura bacteriol6gica foi alcan=ada apes urn mes de tratamento com
amoxicilina e acido acetohidroxamico
Meria at al (1998) realizaram levantamento bibliografico entre as anos de
1985 a 1997 sabre casas de cistite e pielite de incrustacao Foi constatado a
aumento progressive no numero de cases especialmente em pacientes
imunodeprimidos e particularmente em transplantados renais Tais inflamacoes
cr6nicas estao associadas com incrustac6es da mucosa causadas por bacterias
produtoras de urease tendo sido as mais freqOentes especies de Corynebacterium
grupo 02 A presenCa de urina alcalina contendo abundantes debris mucopurulentos
calcificados e alta mente sugestiva e pode auxiliar no diagnostico clinico A
demonstracao da bacteria envolvida requer culturas prolongadas em meios de
cultura enriquecidos 0 diagnostico precoce pode evitar falhas de tratamento e uma
possivel rejeicao do orgao transplantado
Em estudo realizado par Riegel et al (1995) corineformes em quantidades
significativas (104a 105 UFCml) foram isolados em amostras de semen uretra urina
e sangue de homens inferteis com diagn6stico de prostatite As analises genomicas
realizadas demonstraram ser as cepas pertencentes a uma mesma especie dentro
do genero Corynebacterium As 12 amostras mostraram padroes bioquimicos
simi lares entre elas born crescimento em agar sangue de carneiro em contraste com
crescimento pobre no mesmo meio suplementado com Tween 80 1 teste de
CAMP positivo fermentacao de glicose sacarose e presenCa de beta-glucuronidase
Tais caracteristicas permitiram a distincao destas cepas dos outros membros do
37
genera e 0 nome proposto foi Corynebacterium seminae Embera organismos
difter6ides pass am fazer parte da microbiota uretral a presenCa de contagens
significativas destas especies no semen sugere urna implica~ao infecciosa
particularmente na prostatite
Estudo molecular filogenetico baseado em 16S rRNA peR realizado em
pacientes com prostatite croniea demonstrou sinais bacterian05 em 65 dos
pacientes estudados Foi constatada a ocorreuromcia de um amplo espectro de
especies bacterianas no fluido prostatico dos pacientes incluindo Corynebacterium
Staphylococcus PepiosfreptococGUS Streptococcus e Escherichia Especies do
genera Corynebacterium foram encontradas em maior proponao incluindo especies
ainda nae descritas e n~o presentes nas amostras de controle sugerindo que
possam ter um papel na doen~a au que sejam conseqOemcia da mesma 0 estudo
mostreu ainda que os microrganismos associ ados com prestatite geralmente
ocorrem em comunidades microbianas distintas daquelas encontradas em liquidos
prostaticos normais (TANNER ot al 1999)
Segundo Domingue e Hellstrom (1998) a observaltio microsc6pica
cuidadosa de amostras de secre~~o prostatica bern como a inocula~~o em meios
enriquecidos sao essenciais para a isolamento de corineformes Foi realizado estudo
em uma amostra de secre~ao prostatica na qual a colora~ao de Gram apresentou
cocobacilos gram Itlbeis pleom6rficos que nao se desenvolveram em meios de rotina
incubados por 72 horas a 35degC Houve desenvolvimento em meio de cultura
enriquecido com extrato de leveduras e sora de cavalo e incubado no minimo 72
horas em atmosfera de 5 de CO2 a 35degC A secregao inoculada em caldo triptose
demonstrou a presen~a de bacilos gram-varitlveis (microscopicamente) e quando
repicada produziu bacilos de crescimento lento em meios de retina e enriquecidos
38
(incubados aerobicamente anaerobicamente ou sob tensao de CO2 par 72 haras)
Corineformes ocultos pod em ser agentes etiol6gicos da prostatite idiopatica croniea
que sao frequentemente perdidos au nao percebidos em procedimentos
bacteriol6gicos de rotina
52 Gardnerella vaginais
o significado de Gardnerela vaginais em urina e controverso pois a
principal associacao patogElnica desta bacteria e com a vaginose na mulher Embora
baixas contagens na urina parecam refletir a micro biota da uretra masculina ou
feminina contagens aeima de 10000 UFCml ja fcram associadas com bacteriuria
sintomatica ITU recorrente cistite na mulher uretrite e prostatite no homem
Entretanto me sma quando ern altas contagens freqOentemente nao ha resposta
leucocitaria Gardnerela vaginalis e encantrada mais freqOentemente em mulheres e
pacientes com doena renal e ap6s instrumentaao (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
Estuda realizado par Agarwal e Dixon (2001) investigau a passivel papel de
Gardnerella vaginalis na cistite intersticial usando metodos maleculares para
garantir a recuperaCao do microrganismo mesmo em baixas contagens Nenhuma
das trinta e tres amastras de bi6psias de bexiga de pacientes com cistite intersticial
foram positivas para Gardnerella vaginais a que embora nao exclua seu
envalvimenta na cistite intersticial diminui esta probabilidade
Ginestre Perez et al (2001) realizaram estudo de mil trezentas e setenta
amostras de jato media de urina de pacientes com sintomas de ITU Gardnerella
vaginalis cujo papel patagenica no trato urinario e discutivel ocupou a segundo
lugar em freqOencia etiologica (1763) ficando atras somente de Escherichia coli
(5210) e superando microrganismos cansiderados uropat6genas classicos como
39
Proteus mirabifis (763) Klebsiella pneumoniae (684) e Pseudomonas
aeruginosa (368) Embera a presen~a de Gardnerella vaginais em amostras de
jato media urinario possa indicar contaminayao vaginal todos as cultivos positivos
para esta bacteria apresentavam contagens superiores a 100000 UFCml e
provinham de pacientes sintomaticos representando urna alta probabilidade de
infec~ao urinaria verdadeira
53 Mycoplasma hominis E Ureaplasma urealyticum
Especies patogenicas como Mycoplasma hominis e Ureaplasma urealyticum
ocorrem freqOentemente como colonizantes do trato urogenital inferior de homens e
mulheres saudaveis A ocorrencia de infec~ao esta provavelmente relacionada a
imunossupressao obstru~ao ou procedimentos previos de instrumental)ao no trato
urinario Ureaplasma urealyticum tern sido encontrado em calculos urinarios de
pacientes com liHase infecciosa sugerindo uma possivel associal)ao causal
Mycoplasma hominis tern sido isolado do trato urinario superior em pacientes com
sintomas de pielonefrite aguda FreqOentemente ha resposta imunol6gica especifica
(MURRAY 1999)
Foi pesquisada a presen9a de Ureaplasma urealyticum e Mycoplasma
hominis em amostras de jato medio de 314 mulheres e 52 homens sintomaticos do
trata urinltilria Ureaplasma urealyticum fai isalada em 54 (171) das mulheres e 8
(154) dos hom ens e Mycoplasma hominis foi isolado em 12 (38) das mulheres
e 4 (77) dos homens Ureaplasma urealyOcum foi superado apenas par
Escherichia coli e Gardnerella vaginalis em ambos grupas 366 e 254
respectivamente no sexo feminina e 585 e 308 no masculino Demonstrou-se
partanto que a bacteriuria par ureaplasmas e relativamente co mum porem nao e
40
detectada por metodos convencionais de cultura de urina (AVILES ZARAGOZA
1998)
A significancia de micoplasmas em amostras de jato medic urinario e de
dificil determinacao devido a provavel contaminacao da amostra par
microrganismos colonizantes da vagina e uretra distal Entretanto estudos
realizados em amostras de aspirado suprapubico em gestantes demons tram que 0
desenvolvimento de pre-eclampsia e tres vezes mais prov3vel em mulheres
apresentando culturas positivas para ureaplasmas no inicio da gestacao do que em
mulheres com culturas negativas no mesmo periodo (KONEMAN ef a 1997)
54 Haemophilus spp
Existem varios estudos relacionando Haemophifus influenzae e Haemophilus
parainfluenzae a ITU embora sua freqOencia e significancia nae tenham sido
confirmadas Alguns pesquisadores sugerem a inclusao de agar chocolate em
culturas de urina de crian~as por causa da associa~ao de Haemophilus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae com outras infec~6es nesta faixa etaria (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
Maskell (1989) citou a ocorrencia de certas bacterias fastidiosas em sftios do
trato urinflrio abaixe da bexiga como par exemple em cases de prostatite por
Haemophilus influenzae
55 Lactobacillus spp
Em estudo realizado em pacientes do sexe feminine com sind rome uretral
aguda demonstrou-se uma alta freqOencia de isolamentos de lactobacilos Durante
dois anos amastras de jato medic de tais pacientes foram cultivadas observando-se
a principio alta concentracao de lactobacilos principalmente nas pacientes
sintomaticas Ao final do estudo durante 0 qual foi impedido 0 usa de antibi6ticos os
41
lactobacilos desapareceram da urina de muitas mulheres as quais tornaram-se
assintomaticas Os autores concluiram que as sintomas da sindrome uretra podem
ser devidos a multiplica~ao desproporcional de lactobacilos na uretra distal como
resultado de antibioticoterapia frequentemente administrada em cursos prolongados
para resolurao dos sintomas urinarios Lactobacilos tambem tern sido relatados em
amostras de urina obtidas diretamente da bexiga e de amostras de tecido obtidas
par bi6psia vesical bern como ocasionalmente isolados em urinas de mulheres
idosas com sintomas urinarios (MASKELL 1989)
56 COCOS GRAM-POSITIVOS
Microrganismos dos generos Lactococcus Gemella Aerococcus e
Globicatella embora possam estar presentes como contaminantes em culturas de
material clinico tern sido isolados como patogenos oportunistas ern urina e outras
amostras de pacientes imunocomprometidos Esforyos para identifica-Ios devem ser
realizados quando os isolados forem clinicamente significantes isto e isolados
repetidamente ou em cultura pura Devido a semelhanya com outros cocos gram-
positivos isolados com mais freq04sectncia como estreptococos enterococos e
estafilococos possivelmente sao confundidos com especies destes generos
(MURRAY 1999)
Golapachar et al (2004) relata ram um caso de infec9ao do trato urinario com
bacteremia causa do por Aerococcus viridans em um homem de 87 anos residente
em uma cUnica de repouso A cultura de urina apresentau crescimenta de 105
UFCml de Aerococcus viridans e a hemocultura fai positiva para a mesmo
microrganismo Os testes bioqulmicos que leva ram a identificayao do
microrganismo faram reayoes negativas de catalase e LAP (Ieucina aminopeptidase)
e reaDes positivas para PYR (L-pyrrolidonyl-beta-naphtylamina) fermentaao de
42
trehalose e manese resistencia a optoquina crescimento em agar bile esculina 40
e cresci menta em cloreto de s6die 65 As especies de Aerococcus sao anaer6bias
facultativas a maioria catalase negativa com tendemcia a formaCao de tetrades na
morfologia microsc6pica PYR positivo e LAP negativ~ a que as diferencia de
enterococos e estreptococos
A escassa documentacao a respeito de infecyoes humanas por Aerocccus
sp deve-se provavelmente a sua similaridade microbiol6gica aos estreptococos alfa-
hemoliticos e enterococos e possiveis erras na interpretacao laboratorial de
amostras clinicas No casa acima descrito a laborat6rio de microbiologia nao pade
reaHzar a antibiograma devido a natureza fastidiosa da bacteria mas houve sucesso
terapeutico ap6s administray8o intravenosa de levofloxacin (GOLAPACHAR et al
2004)
Um caso de pielonefrite e urossepsis por Streptococcus pneumoniae foi
relatado em urn hornem de 82 anos com hist6ria clinica de leucemia linf6ide cronica
e diabetes mellitus Exames radiograficos abdominais e tomografia computadorizada
mostraram uma imagem indicativa de extensa pielonefrite no rim esquerdo sem
nenhum outro foco de infecc8o 0 abscesso renal foi tratado por drenagem
transuretral e 0 material purulento obtido foi cultivado assim como materiais de
orofaringe escarro e sangue Esearro e orofaringe revelaram apenas mierobiota
normal do trato respirat6rio enquanto 0 material drenado e as hemoculturas
demonstraram microseopicamente cocos gram-positiv~s aos pares e em eadeias
alguns dos quais eram lanceolados havendo bom crescimento em agar sangue de
carneiro e agar chocolate a 37degC As col6nias eram fracamente alfa-hemoliticas no
agar sangue e nao muc6ides catalase-negativas e sensiveis a optoquina Testes de
aglutinac8o sorologiea de ambos materiais confirmaram a identificac8o e testes
43
moleculares demonstraram ser as dois isolados identicas Apesar da terapia
antimicrobiana a paciente desenvolveu coagula98o intravascular disseminada e
sofreu uma parada cardiaca sendo que 0 quadro foi revertido mas tornau-se
necessaria a nefrotomia para eliminar a foco da infeccao Em contraste a estud05
anteriores a paciente descrito apresentou um verdadeiro casa de pielonefrite
abscesso renal e urossepsis causados par Streptococcus pneumoniae A presenca
de doencas como leucemia linf6ide crOniea e diabetes mellitus fcram 5uficientes para
causar um certa grau de imunossupressao e predispor a paciente a infeccao par
Streptococcus pneumoniae mesma sem hist6ria antecedente de infecC8o
pneumoc6cica trauma ou interven9ao cirurgica (DUFKE KUNZE-KRONAWITIER
SCHUBERT2004)
57 BACT~RIAS ANAER6BIAS
Tern sido descritos casas de infec90es do trato urinario par bacterias
anaer6bias com as mais diverses tipos de apresenta90es clinicas entre processes
crenicos e agudos As bacterias recuperadas sao bacilos gram negativQs incluindo
Bacteroides fragifis Prevotella sp e Porphyromonas sp Clostridium sp cocos
gram-positiv~s e Actinomyces sp Em muitos casas sao recuperadas em culturas
mistas com coliformes e estreptococos (BROOK 2004)
58 OUTRAS BACT~RIAS FASTIDIOSAS
Foi descrita par Greub e Raoult (2002) uma nova especie bacteriana
Actinobaculum massiliae recuperada da urina de uma mulher de 81 anos com ITU
cr6nica Os estudos fenotipicos genotfpicos e filogeneticos realizados mostraram
ser 0 isolado urna nova especie ainda nao recanhecida dentro do genera
Actinobaculum e foi proposta a denominacao Actinobaculum massiliae A mesma
cepa faj isolada tres vezes num perlodo de sete meses mesmo apes tratamento
44
com amoxicilina sulfametoxazol~trimetoprim e rifampicina Devida ao fata do
microrganismo nao ser isolado em procedimentos laboratoriais de rotina uma ITU
devido a Actinobaculum massiliae pade ser mal diagnosticada Alem disso as
col6nias apresentam heterogeneidade morfol6gica ap6s cinco dias de incubacao
podendo levar a uma errOnea interpretaC(ao de contaminacao com duas especies de
badlas gram~positivos 0 usa de agar sangue de carneiro e incubacao prolongada
motivado pela presenca de 106 leuc6cit05 per ml na urina da paciente permitiu a
desenvolvimento da cepa Houve cura ap6s tratamento com doxiciclina (GREUB
RAOUL T 2002)
Em estudo clinico e microbiol6gico de mulheres com sindrome uretral -
excluindo pacientes com cistite bacteriana - 41 pacientes foram comparadas com 42
pacientes controle Nao foi encontrada diferenca entre pacientes e con troles em
incid~ncia de Chlamydia trachomatis e outros microrganismos de transmiss3o
sexual 0 numero de lactobacilos e outros microrganismos fastidiosos bem como a
numero de leucocitos na urina nao apresentaram diferenca entre pacientes com
sintomas leves e intensos ou entre pacientes e controles Os auto res sustentam a
hipotese da sindrome uretral nao ser causada por infecrao bacteriana ou clamidial
(GILLESPIE et al 1989)
45
6 CONCLUSAO UMA REFLExAO
E indiscutivel a importo1ncia para a laborat6rio de requisicoes de exame
completas com informayoes sabre suspeita clinica existencia de sintomas
anormalidades do trata urinario e condhoes imunol6gicas do paciente Embora
tradicionalmente a maiaria dos medicos nao fornega muitas informacoes sabre 0
paciente ao laborat6rio a microbiologista pede incentivar a criacao de urn canal de
comunicacao quando observar a necessidade de informagoes sobre determinado
paciente
Exames anteriores do paciente sempre que disponiveis devem ser
consultados e comparados pois informacoes sabre infecc6es recorrentes au
recidivantes especies bacterianas envolvidas au presen9a de piuria esteril sao
importantes para direcionar a pesquisa para agentes fastidiosos
o metoda de coleta e as condi~6es de transporte da urina deterrninam a
qualidade da amostra e a quao relevantes serao as microrganismos nela
encontrados Considerando-se que urna bacteria normalmente considerada como
contarninante introduzida durante a coleta pode ser em alguns casos patogenica ou
ainda que uma especie fastidiosa patogenica de crescimento lento pode ter seu
crescimento inibido par uma contaminante de crescimenta mais rapido a coleta
adequada torna-se urn fator de suma importancia para a detec~ao de especies
fastidiosas em urina
Como ja discutida torna-se indispensavel a realiza~ao da calora~ao de
Gram em amostras de urina pOis alem de ser urn teste de triagem rapida e barato
para bacteriuria acima de 105 UFCml pode ser 0 unica indicativa da presen~a de
urna especie fastidiosa
46
A comunica~ao entre a microbiologista e a medico pode determinar nao 56 a
sucesso do diagn6stico e do tratamento como a viabilidade economica da pesquisa
de bacterias fastidiosas para 0 laborat6rio urna vez que direciona as esforyos
laboratoriais aos pacientes que realmente necessitam evitando 9a5t05
desnecessarios
Bacte-rias fastidiosas podem nao responder ao tratamento antibi6tico para
pat6genos convencionais do trato urinario portanto a pesquisa precocemente
direcionada para tais agentes pode melhorar 0 progn6stico das ITU evitando a
administracao de antibioticos inadequados au desnecessarios
Como observado nos diversos casas reiatados bacterias fastidiosas
ocorrem em cenaries clinicos especificos 0 entendimento do processo da doen=a e
as condi=oes do paciente pod em ajudar muito 0 laboratorio no esfor=o para
recuperar a bacteria do material clinico
47
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
ALBINI C A Cullura de Urina Analise das metodologias interfer~ncja sobre as
resultados e proposta para padronizacao 1994 54 f Monografia (Especia1iza9aO em
Bacteriologia) - Setor de Ciencias da Saude Departamento de Patologia Medica
Universidade Federal do Parana Curitiba
AGARWAL M DIXON R A A study to detect Gardnerella vagina lis DNA in
interstitial cystitis British Journal of Urology (on line) 2001 Disponlvel em
httpwwwbjuiorg889articlebju2514aspAcessoem 03 fev 2005
BATRA A Interstitial Cystitis Updade Infection Urology (on line) 1999 Disponivel
em httphomeswipnetsellsopicupdatehtm Acessa em 20 dez 2004
CLARIDGE J E JOHNSON J R PEZZLO M T Laboratory Diagnosis of Urinary
Tract Infections Washington American Society for Microbiology 281998
BROOK I Urinary tract genito-urinary suppurative infections due to anaerobic
bacteria International Journal of Urology (on line) 2004 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezigueryfcgicmd=Retrieveampdb=pubmedampdopt=Abst
ractamplist uids=15009360 Acesso em 18 mar 2005
DOMANN E HONG G IMIRZALIOGLU C TURSCHNER S KOHLE J
WATZEL C HAIN T HOSSAIN H CHAKRABORTY T Culture-Independent
Identification of Pathogenic Bacteria and Polymicrobial Infections in the Genitourinary
Tract of Renal Transplant Recipients Journal of Clinical Microbiology (on line) 2003
48
Disponivel em httpjcmasmorgcgireprintl41125500pdf Acesso em 18
mar2005
DOMINGUE G J HELLSTROMW J G Prostatitis Clinical Microbiology Reviews
(on line) 1998 Disponivel em httpcmrasmorglcgilcontentifuIl11141604 Acesso
em 03 fev 2005
DUFKE S KUNZE-KRONAWITIER H SCHUBERT S Pyelonephritis and
Urosepsis Caused by Streptococcus pneumoniae Journal of Clinical Microbiology
(on line) 2004 Disponlvel em httpjcmasmorgcgicontentifuIl4294383 Acesso
em 06 mar2005
FAIRLEY K F BIRCH D F Detection of Bladder Bacteriuria in Patients with Acute
Urinary Symptoms The Journal of Infectious Diseases Melbourne v 159 n2 p
226-231 fev 1989
FRAIMOW H S JUNGKIND D L LANDER D W DELSO D R DEAN J L
Urinary Tract Infection with an Enterococcus taecais Isolate that Requires
Vancomycin for Growth Annals of Internal Medicine (on line) 1994 Oisponivel em
httpwwwannalsorgcgicontentifuIl1211122 Acesso em 18 mar 2005
FRANZ M HCRL W H Common errors in diagnosis and management of urinary
tract infection I Patophysiology and diagnostic techniques Nephrology Dialysis
Transplantation (on line) 1999 Disponivel em
httpltwwwndtoupjournalsorgcgicontentifuIl141127 46 Acesso em 01 dez 2004
49
GIBB A P Plates are Belter than Broth for Recovery of Fastidious Organisms from
some Specimen Material Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Oisponivel
em httpjcmasmorgcgireprinU4041129pdf Acesso em 06 mar2005
GILLESPIE W A HENDERSON E P LINTON K B SMITH P J Microbiology
of the urethral (frequency and dysuria) syndrome A controlled study with 5-year
review British Journal of Urology (on line) 1989 Disponfvel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
2804564ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr 2005
GINESTRE PEREZ M ROMERO-A~EZ S MARTINEZ-GARCIA A RINCON-
VILLALOBOS G HARRIS-SOCORRO B CATELLANO-GONZALES M AVILA-
ROO Y PEROZO-MENA A Gardnerella vaginalis y uropat6genos convencionales
em pacientes ambulatorios Revista de La Sociedad Venezolana de Microbiaogia
(on line) 2001 Disponivel em
httpwwwseieloorgvaseielo phpscriptsci arttextamppid=S 1315-
25562001000200003amplng=esampnrm=isso Acesso em 05 jan 2005
GOBERNADO M CRUZ F J DALET F BROSETA E DE CUETO M
SANTOS M DE LA ROSA M Procedimientos en Microbiologla Clinica La
infeccion urinaria 2002 Disponivel em
httpwwwseimcorgprotocolosmicrobiologiaindice14htm Acesso em 01 dez
2004
50
GOLAPACHAR A AKINS R L DAVIS W R SIDDIQUI A A Urinary tract
infection caused by Aerococcus viridans a case report International Medical Journal
for Experimental and Clinical Research (on line) 2004 Oisponivel em
httpwlNNmedscimonitcompubvol 10no 114928pdf Acesso em 03 dez 2004
GREUB G RAOULT D Actinobaculum massiliae a new species causing chronic
urinary tract infection Journal of Clinical Microbiology (on line) 2002 Disponivel em
httpwwwpubmedcentralnihgov articlerender fcgitool=pubmedamppubmedid=12409
355 Acesso em 13 fev2005
HElLBERG I P Diagnosis and clinical management of urinary tract infection
Disponivel em httpwwwunineteducin2003confpfefermanpfefermanhtml
Acesso em 20 out 2004
KONEMAN E W ALLEN S D JANDA W M SCHREKENBERGER P C
WINN Jr W C Cr Atlas and Textbook of Diagnostic Microbiology 5ed
Philadelphia Lippincott-Raven 1997
LIPSKY B A Managing Prostatitis and Urinary Tract Infection in Men Infectious
Diseases Infoalerl (on line) 2003 Oisponivel em
httpwwwdpacomhklpdflinfolnfoALERT 15pdf Acesso em 10 dez 2004
MASKELL R A new look at the diagnosis of infection of the urinary tract and its
adjacents structures Joumaloflnfecfion Portsmouth n 19 p 207-217 jul 1989
51
MERIA P DESGRIPPES A ARFI C LE DUC A Encrusted Cystitis and Pyelitis
Journal of Urology (on line) 1998 Disponlvel em
htlpIwwwjurologycomipUrejuroabstract00005392-1 99807000-
00003htmmiddotjsessionid-CnHOtEDjxvOgrxiWIUac52pekluG1HSCZzrnOpCIJH4V107ePU
evI848681301-949856032190011-1 Acesso em 21 abr 2005
McCUE J D The Management of Complicated Urinary Tract Infections Infectious
Diseases Infoalert (on line) 1999 Disponfvel em
htlpIwwwdpacomhkJpdlfinlofinlo alart 01pdl Acesso em 01 dez 2004
MURRAY P R Manual of Clinical Microbiology 7ed Washington ASM Press
1999
NABER K G BERGMAN B BISHOP M C JOHANSEN T E B BOTTO H
LOBEL B CRUZ F J SELVAGGI F P European Association 01 Urology
Guidelines on Urinary and Male Genital Tract Infections Disponlvel em
httpwwwuroweborglfilesluploaded filesuti mgtLpdf Acesso em 20 dez 2004
OPLUSTIL C P Urocultura In__ Procedimentos basicos em microbiologia
clinica 2 ed Sao Paulo Sarvier 2004 p 88-93
OSBORNE J About Interstitial Cystitis Disponivel em htlplwwwic-
networkcomhandbooklbasicshtmlintro Acesso em 20 dez 2004
52
PEDRAZA AVILES A G ORTIZ ZARAGOZA M C Symptomatic bacteriuria due to
Ureaplasma and Mycoplasma in adults Revista Latinoamericana de Microbiologia
(on line) 1998 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedampdopt=Abs
tractamplist uids=20388109 Acesso em 20 abr 2005
RIEGEL P RUIMY R BRIEL D de PREVOST G JEHL F BIMET F
CHRISTEN R MONTEIL H Corynebacterium seminale sp Nov a New Species
Associated with Genital Infections in Male Patients Journal of Clinical Microbiology
(on line) 1995 Disponlvel em
htlpllwwwpubmedcentralnihgovpicrenderfcgiartid=228387ampblobtype=pdf
Acesso em 19 mar 2005
SORIANO F PONTE C A case of urinary tract infection caused by
Corynebacterium urealyticum and coryneform group F1 European Journal of Clinical
Microbiology Infectious Diseases (on line) 1992 Disponfvel em
httoIwwwncbinlmnihgoventreziguervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
1396772ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr2005
TANNER M A SHOSKES DSHAHEDA PACENR Prevalence of
Corynebacterial 16S fRna Sequences in Patients with Bacterial and Nonbacterial
Prostatitis Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Disponivel em
httpmcmasmorgcontenVfull3761863 Acesso em 06 mar 2005
TRABULSI L R ALTERTHUM F Escherichia coli uropatagenica (UPEC) In
Microbiaagia 4 ed Sao Paulo Atheneu 2004 p 303-309
53
23
A piuMa esteril e urn achado importante que po de refletir usa de
antibioticoterapia outras doencas como neoplasias au calculos urinarios au
infeccoes com microrganismos que naD sao detectados par rnetodos rotineiros de
cultura (MIMS et aI 1995)
o conceito de bacteriuria significativa para 0 diagn6stico das ITU e
tradicionalmente baseado no criteria quantitativa estabelecido par Kass na decada
de 1950 permitindo a distincao entre colonizarao e infecrao A utilidade e a
consistemcia do criteria de contagem de colOnias superior OU igual a 105 par mililitro
tern sido validadas repetidamente par varios pesquisadores demonstrando que tal
criterio nilo pode ser aplicado a todos os pacientes (FRANZ HORL 1999)
A baixa especificidade da cultura quantitativa de jato medio se deve apossivel adilao de bacterias comensais a urina durante a coleta A baixa
sensibilidade dos resultados inferiores a 105 UFCml pode ser devida a excregao
intermitente de bacterias que pode ocorrer em determinados sitlos do trato urinario
bem como ao uso de meios de cultura que nao proporcionam 0 cresci menta de
todas as especies capazes de infectar 0 trato urinario (FAIRLEY BIRCH 1989)
Altas contagens de bacterias aer6bias sao encontradas em amostras de
urina de jato medio quando os microrganismos sao providos de 6timo substrato e de
ten sao de O2 relativamente alta Em algumas sltuagoes como infecgoes cronicas
prostatite infecgao das glandulas parauretrais em mulheres litiase infecciosa e
cicatrizes renais per pielonefrite croniea os mierorganismos podem nao se
multiplicar tao rapidamente e pertanto nao apresentarem contagens tao altas quanta
nas cistites agudas Os sitlos de infecgao abaixe da bexiga nao fornecem as
mesmas condigoes favoraveis de incubagao ahsectgtmdisso a velocidade do fluxo
24
urinario e a freqO~ncia de miccaosao fatores que influem nas contagens bacterianas
(MASKELL 1989)
Torna-se claro que considerar baixas contagens de pat6genos aero bios em
culturas puras como contaminaCao e incorreto e pode levar a erros de diagn6stico
pois infeccoes de grande signific~ncia cHniea pod em nao estar sendo detectadas t
igualmente importante nao considerar automaticamente urna alta contagem de
col6nias como infecy8o sem considerar as condicoes do paciente e da coleta 0 usa
de antibi6ticos em resposta a urna alta contagem bacteriana pode selecionar cepas
resistentes tornando mais dificil 0 tratamento de infecgoes posteriores verdadeiras
(MASKELL 1989)
Alguns procedimentos utilizados para 0 diagnostico das ITU sao
considerados inaceitaveis atualmente e nao devem ser realizados como cultura de
cateter de Foley cultura de urina em meios Hquidos cultura de sedimento urinario
pesquisa de anaer6bios como procedimento de rotina e em urina de jato media au
obtida par cateteriza9ao bem como cultura de urinas que tenham permanecido mais
de duas heras sem refrigeragao au canservagao (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO1998)
41 COLETA E TRANS PORTE DE AMOSTRAS
A coleta e a trans porte inadequado da amostra podem levar a um resultado
de diffcil interpreta9aO Portanto a medida mais importante para realizar uma cultura
de urina e estabelecer rfgidos criterios de coleta e propiciar treinamento constante
para as profissionais envolvidos na realiza9aO da coleta (OPLUSTIL et al 2004)
Koneman et al (1997) recomendam que a paciente receba as instru90es de
coleta impressas ap6s receb~-Ias verbalmente Caso 0 paciente demonstre
inseguran9a au nao compreenda urn profissional treinado deve explicar novamente
25
passo a passo ou se passivel acompanhar pessoalmente a coleta (coleta
supervision ada)
Amostras de urina de jato media sao as amostras mais comumente
submetidas a cultura De preferencia deve ser colhida a primeira urina da manha
podendo ser aceitas urinas com pelo menos 2 heras de reten~ao Ap6s higiene da
regiao genital despreza-se 0 primeiro jato - 0 que auxilia a eliminacao dos
contaminantes da uretra inferior - e colhe-se 0 jato media em fraseD esteril
apropriado desprezando-se 0 final da mic9ilo (OPLUSTIL eJ al 2004) A higiene
genital deve ser realizada com agua e sabao naD anti-septico devendo ser as [abias
vaginais afastados e 0 prepucio retraido antes da miccao (GOBERNADO et 81
2002)
Alguns autores afirmam que mesma quando a coleta e meticutosamente
reatizada com a assist~ncia de um pro fissional treinado a urina apresenta-se
frequentemente contaminada (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Amostras urinarias de criancas obtidas com saco coletor devem ser colhidas
apos higiene da regiao genital e colocacao do saco coletor de forma asseptica
Troca-se 0 coletor a cada 45 minutos ou 1 h~ra repetindo-se a higiene e evitando-se
contaminacao fecal 0 coletor deve chegar fechado ao laborat6rio Tas amostras
freqOentemente sao contaminadas com microrganismos fecais promovendo
resultados falso-positivos portanto 0 maior significado clinico de amostras obtidas
com saco coletor e 0 resultado negativo (OPLUSTIL et a 2004) Culturas positivas
devem ser confirmadas por metodos de cateterizacao direta ou aspiracao
suprapubica (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Em pacientes com sanda vesical permanente pinca-se a canula do coletor
realiza-se desinfeccao da canula com alcool 70 e punciona-se com seringa e
26
agulha estereis colocando-se a amostra em frasee esteri Nunea se deve obter a
amostra do saco coletor de pacientes sand ados porque a multiplica9ao bacteriana
fornecera urn numero muito maior que aquele real mente presente no paciente
(OPLUSTIL et al 2004) Tambem nao se reeomenda deseoneetar 0 eateter do tubo
coletor sob risco de introduyao de microrganismos no sistema Sempre que passivel
tal coleta deve ser realizada ap6s troea do cateter pois urna microbiota que naD
corresponde a do paciente pade residir em cateteres antigos (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
A punyao suprapubica e considerada a metoda padrao auro para coleta de
urina par representar a verdadeira bacteriuria vesical (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998) Calhe-se com seringa e agulha diretamente par pun9ao vesical Tal
procedimento evita problemas de contamina9ao uretral e e recomendado para
crian9as ate dois anos detec9ao de anaer6bios enos casos de repeti9ao de ex ames
com interpretaoes duvidosas (OPLUSTIL et al 2004) Pode tambem estar indieada
para homens de qualquer idade com fimose e em mulheres com bacteriurias de
repeti~o de proeedeneia duvidosa (GOBERNADO et al 2002)
A cateteriza9ao com finalidade unica de obten9ao de amostras somente
deve ser realizada em pacientes nos quais nao seja possivel a elimina9aO
espontanea de urina como doentes neurologicos au com problemas urol6gicos
obstrutivos Caso seja necessaria devern-se utilizar tecnicas rigorosas de assepsia
por causa do alto risco de introdu9ao de rnicrorganismos (KONEMAN et a 1997
GOBERNADO et a 2002)
Para a pesquisa de Mycobacterium tuberculosis tres amostras de urina da
manha devem ser coletadas em dias consecutivos as tecnicas de cultivo para
27
micobacterias naD permitem a cresci menta de outros agentes e portanto a coleta
nac necessita de assepsia rigorosa (MIMS et al 1995)
Caso naD seja passivel a processamento da amostra de urina em ate 2
haras apas a coleta a amostra deve ser refrigerada (2 a 80 C) e processada em ate
24 haras tempo maximo para manuten~ao da contagem bacteriana estavel 0 usc
do preservativo acido b6rico permite que a amostra permane98 a temperatura
ambiente (20 a 25 C) ate 24 horas antes de ser process ada (OPLUSTIL ef aI 2004
CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Sistemas de trans porte usanda acido b6rico podem ser metodos alternativQs
para coletas realizadas em casa au em locais distantes do laborat6ria e mostram-se
tao efetivos quanta a refrigeragao (KONEMAM ef ai 1997)
Oepois de coletada a amostra de urina deve ser encaminhada ao laboratorio
a mais rapido possivel e com todas as informayoes necessarias para degprocessamento Devem ser relatados 0 horario e 0 metodo da coleta 0 tempo de
reteny80 da urina 0 tipo de paciente (por exemplo urologico ou geriatrico) a idade
o sexo se 0 paciente tem recebido quantidades aumentadas de Ifquido
apresentay80 clinica (existencia de sintomas) resultados de urinalise (presen9a de
celulas inflamat6rias) e resultados antecedentes de cultura (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
De maneira ideal as amostras devem ser coletadas antes do inicio da
terapia antimicrobiana Caso 0 paciente ja esteja recebendo ou tenha recebido
antibioticoterapia nas 48 horas antecedentes a realizay80 do exame esta
informay80 deve ser explicitada no formulario de requisiy80 do exame (MIMS et al
1995)
28
Recoletas devem ser solicitadas quando amostras nae refrigeradas forem
recebidas 2 horas ou mais ap6s a coleta au quando nac fcrem comunicados 0
horario e a forma de coleta No entanto nenhuma amostra deve ser desprezada
antes do cantata com 0 medico solicitante po is ela pade em alguns casas ser
insubstituivel (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Menos de 5 das urinas coretadas e transportadas adequadamente
apresentam multiplos microrganismos Exce~6es sao amostras de pacientes com
bexiga neurogemica au usa cranico de cateteres nos quais a bacteriuria
polimicrobiana pade ser detectada em 30 a 80 das culturas freqOentemente sem
infecao (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Segundo Koneman et al (1997) a acuracia do procedimento de coleta de
urina pode ser monitorada pela frequencia de exames com contagens entre 104 a 105
UFCml que nao deve exceder 5 a 10 se os procedimentos forem realizados
apropriadamente
42 A IMPORTANCIA DA COLORAltAo DE GRAM
Durante as ultimas decadas testes rapidos de triagem para bacteriuria foram
desenvolvidos com 0 propos ito de fornecer resultados mais rapid os e de eliminar a
necessidade de cultivar amostras negativas Entretanto sua utilizacao e limitada
principalmente pela incapacidade de detectar baixos niveis de bacteriuria e piuria
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
A coloracao de Gram da urina nao centrifugada e um dos metodos mais
rapidos seguros e baratos para estimar bacteriuria superior a 105 UFCml e
presenca de mais de 8 a 10 leucocitoslJl Homogeneiza-se muito bem a urina
coloca-se uma gota sobre lamina sem espalhar e deixa-se secar ao ar A lamina
deve ser fixada par calor au metanol (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998) A
29
presenca de uma ou mais celulas bacterianas per campo em aumento de 1000
vezes tern sensibilidade de 94 e especificidade de 90 em refletir uma contagem
de colOnias superior a 10 UFCml (KONEMAN ef al 1997)
Embora seja urn metoda barato de triagem a coloraC8o de Gram naD e
utilizada par muitos laborat6rios pelo consumo de tempo e baixa sensibilidade em
contagens inferiores a 105 UFCml Sugere-se a sua utilizacao como teste de triagem
apenas em pacientes com contagens de col6nias provavelmente altas
principalmente as assintomaticos e com suspeita de pielonefrite Alguns autores
relatam melhora da sensibilidade a nlveis acima de 104 UFCml com 0 usa de
citocentrifuga (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
A coloraCao de Gram do sedimento urinario em bora ainda utilizada por
muitos laboratorios e impropria pela baixa reprodutibilidade e dificuldade de
padronizacao e correlacao com os metodos de velocidade de excrecao de leucocitos
au contagem em camara (ALBINI 1994)
As informac6es fornecidas pela cOloracao de Gram sobre a morfologia do
microrganismo e caracteristicas na coloracao sao extremamente importantes para a
selecao inicial da terapia antimicrobiana enquanto se aguarda 0 informe definitivo
do resultado da cultura e do antibiograma (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO
1998)
~ imprescindivel a realizacao da coloracao de Gram para deteccao de
bacterias fastidiosas ou nao usuais Devido a dificuldade de desenvolvimento nos
meios utilizados para a deteccao de enterobacterias em alguns casos somente a
visualizacao microscopica indicarcfi a sua presenca (FRANZ HORL 1999)
A observacao microscopica da urina permite verificar a qualidade da amostra
especialmente em mulheres nas quais a contaminacao vaginal e frequente
30
produzindo resultados falso-positivos A presen~a de muitas celulas epiteliais e de
mais de urn tipo de microrganismo no Gram sugere contamina9aO da amostra em
decorrencia da coleta (OPLUSTIL et ai 2004)
Dutro aspecto importante da coloracao de Gram e a sua utilidade no
monitoramento das culturas podendo-se pelo seu resultado detectar erras tecnicos
e ate mesmo troca de amostras (ALBINI 2004)
31
5 BACTERIAS FASTIDIOSAS E INFECcAO DO TRATO URINARIO
Em 1989 Maskell citou a ocorrencia de bacterias fastidiosas como algumas
especies de estreptococos Gardnerela vaginalis Haemophilus influenzae
Corynebacterium spp e lactobacilos em infecgoes da bexiga e trato urinario superior
isoladas de amostras de urina obtidas par cateteriz8gao aspiragao supra-pubica e
tarn bam de amostras de tecido obtidas per bi6psia vesical Relatou tambem a
preseng8 de tais bacterias na urina de gestantes assintomaticas com mais
freqOencia do que em nao-gestantes e que as gestantes apresentando bacteriuria
posteriormente desenvolviam sintomas com mais freqoencia do que as que nao
apresentavam bacterias na urina
Fairley e Birch (1989) realizaram um importante estudo demonstrando que
pacientes com sintomas de infec~ao do trato urinario apresentando resultados
negativos em culturas de rotina podem abrigar bacterias fastidiosas ou baixas
contagens de uropat6genos convencionais na bexiga Os pacientes incluidos no
estudo foram os que apresentaram resultados inconclusivos em culturas previas de
jato medio como desenvolvimento inferior a 105 UFCml de um pat6geno
convencional ou a desenvolvimento superior a 102 UFCml de uma bacteria
fastidiosa Foram avaiiadas urinas obtidas por aspirayao suprapubica de 1817
mulheres e 300 homens cultivadas para uropat6genos convencionais e bacterias
fastidiosas utilizando in6culo que proporcionou resultados entre 101 e 107 UFCml A
freqOencia de isolamentos esta representada na tabela 1
32
TABELA 1 - FREQUENCIA DE BACTERIURIA EM 2117 PACIENTES(AMOSTRAS OBTIDAS POR PUNCAO SUPRAPUBICA) -1989
Uropat6-Culturas positivas $omente $omente especies genos
(n = 597) uropat6genos fastidiosas conven-convencionais (n = 366) cionais
n = 170 eespeci-
Pacientes Unica Multiplas Unica Multiplas Unica Multiplas esespecie especies especie especies especie especies faslidio-
sasMulheres (n = 1817) 370 191 148 5 222 125 61Homens (n = 300) 36 0 17 0 19 0 0
FONTE The Royal Melbourne Hospital
Vinte e aito especies microbianas foram isoladas no trabalho em questao
sendo Ureaplasma urealylicum Gardnerella vaginalis Escherichia coli Mycoplasma
hominis e Staphylococcus epidermidis as especies mais isoladas Quinhentas e
oitenta e uma (70) das 830 cepas isoladas pertenciam a especies fastidiosas -
Ureaplasma urealyticum Gardnerella vaginalis e Mycoplasma hominis - que nao sao
recuperadas em meies de cultura canvencianais Gardnerella vaginais fai mais
freqUente em mulheres enquanto Ureaplasma urealyticum nao apresentou diferen9a
estatisticamente significativa entre os sexas Treze esptkies fcram isoladas em
apenas uma ou duas ocasioes entre elas Streptococcus equi Streptococcus
equisimifis Streptococcus sanguis Morganella morgan Klebsiella oxytoca
Peptococcus anaerobius Proteus vulgaris Enterobacter aerogenes Salmonella
enteritidis Pseudomonas aeruginosa Haemophilus influenzae Haemophilus
parainfluenzae e Haemophilus parahaemofyticus Anaer6bios estritos foram isolados
de apenas sete dos 597 pacientes (FAIRLEY BIRCH 1989)
Culturas polimicrobianas foram obtidas em urn teno das pacientes do sexo
feminino e nao foram verificadas no sexe masculino A freqOencia de uropat6genos
cenvencienais e fastidiesos encontra-se na tabela 2
33
TABELA 2 - FREQU~NCIA DE UROPATOGENOS CONVENCIONAISE BACTERIAS FASTIDIOSAS EM 191 PACIENTES DO SEXOFEMININO COM BACTERIURIA POLMICROBIANA - 1989
Numero de Somente Samente especies Especiesespecies (numera uropat6genos fastidiosas convencionais e
de pacientes) convencionais fastidiosasOois (153) 9 99 45Tres (34) 0 17 17Quatro (4) 0 1 3
FONTE The Royal Melboume Hospital
Ureaplasmas au Gardnerella vaginalis fcram recuperados em 179 das 191
mulheres com infecgao polimicrobiana estando presentes concomitantemente em
100 das 191 amostras sugerindo urna passivel relacc3osimbi6tica Uropat6genos
convencionais fcram isolados em pouco mais de 33 das mulheres na maiaria dos
casas acompanhados por bacterias fastidiosas indicando que infeccoes
polimicrobianas usualmente envolvem bacterias fastidiosas (FAIRLEY BIRCH
1989)
A contagem de col6nias excedeu 105 UFCml apenas na minoria dos
pacientes portanto a bacteriuria nao seria detectada em muitos individuos caso 0
valor de ponto de corte tradicional tivesse sido utilizado Os resultados tambem
mostraram que baixas contagens bacterianas podem acontecer com qualquer uma
das especies bacterianas isoladas embora tenham sido mais freqoentes para
Ureaplasma urealytieum e Mycoplasma hominis Cento e setenta e quatro (21)
isolados apresentaram contagens inferiores a 103 UFCml sendo 138 (84)
pertencentes a especies fastidiosas (FAIRLEY BIRCH 1989)
Franz e HOrl (1999) citaram a ocorrencia de HaemophiJus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae pneumococos Campyobaeter Legionella
pneumophila Salmonella spp Shigella spp Corynebacterium grupo 02
34
Mycobacterium tuberculosis micobacterias atipicas e fungos como causadores
ocasionais de ITU
Domann et al (2003) realizaram estudo em amostras do trato urinario de
transplantados renais utilizando tecnicas moleculares baseadas em 168 rRNA peR
e cromatografla liquida de alta performance (DHPLC) Foi avaliada a aplicaaD do
metoda em 109 amostras e observou-se 100 de correlacao para amostras cultura-
positivas Para as amostras cultura-negativas a DHPLC permitiu a deteccao de
uropat6genos previa mente conhecidos como Corynebacterium urealyticum e
Gardnerella vaginalis mas tambem agentes nao usuais como AnaerocDCCUs
laclolyticus Bacteroides vufgatus Diaisler invisus Fusobacterium nuceaturn
Lactobacillus iners Leptotrichia amnionii Prevotella buccalis Prevotella ruminicola
Rahnella aquatilis e Streptococcus intermedius detectados como unicos pat6genos
ou como agentes de infecyoes polimicrobianas Uma vez que as ITU sao
freqGentemente associadas com inicio precoce de rejeiyBo cronica em
transplantados renais e conveniente a pesquisa de agentes patogenicos
oportunistas e nao usuais para 0 correto direcionamento do tratamento
antimicrobiano
Quatro casos de ITU com bacteremia por Methylobacterium spp em
pacientes do sexo feminino imunocompetentes foram reportados por Lee Tang e Uu
(2004) Todas as pacientes tiveram hemoculturas positivas para Methylobacterlum
spp e suas culturas de urina foram negativas ou positivas para Escherichia coli com
crescimento concomitante de outro bacHo gram-negativ~ em baixa contagem que foi
ignorado Foram realizados experimentos especiais com os isolados indicando que
de acordo com os procedimentos padrao para culturas de urina com 24 horas de
incubayao a 35degC as colonias de Methylobacterium spp nao sao visualizadas e 0
35
pequeno numero de col6nias observado ap6s incuba~ao adicional de 24 heras a
temperatura ambiente apenas sugere ser a especie urn contaminante
Particularmente quando especies de Methyfobacterium estao presentes
concomitantemente com Escherichia coli ocorre supressao do cresci menta de
Methylobacterium spp tornando impassivel a sua deteccao 0 estudo conclui que a
falta de relatos de casas de ITU por Methylobacterium spp deve-se a impossibilidade
de detec~ao da especie por metodos padrao de cultura de urina au ainda porque a
baixa virulelncia da bacteria pode produzir ITU autolimitadas au talvez muitas vezes
curadas com as antibi6tico5 normalmente utilizados As especies estudadas fcram
variavelmente resistentes as cefalosporinas acido nalidixico nitrofurantoina e
sulfametoxazol-trimetoprim e 100 suscetiveis a ciprofloxacin imipenem e
aminoglicosideos
51 Corynebacterium spp
Corynebaclerium urealylicum pode ser uma importante embora rara causa
de ITU variando a freqOencia de isolamentos significativos de zero a 35 em
popularoes nao selecionadas A bacteriuria por Corynebacterium urealyticum ocorre
em pacientes hospitalizados per longos perledes severamente
imunocomprometidos urologicamente manipulados ou idosos Tal microrganismo
tam bern tern sido associado com pielonefrite e pode desaparecer espontaneamente
da urina mesmo sem antibioticoterapia (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Corynebacterium glucuroneyticum tambem chamado Corynebacterium
seminae tern side iselade de semen e trate g~nite-urinarie masculine e pede causar
prostatite ou uretrite Corynebacterium pseudogenitalium (CDC grupo F1) tambem
tern sido reconhecido como pat6gene do trato urinario (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
36
Foi relatado por Soriano e Ponte (1992) um caso de cistite de incrusta~ao
causado por urn corineforme identificado como CDC grupo F1 0 paciente havia
sofrido ITU previas persistentes causadas por Corynebacterium ureayticum (CDC
grupo 02) A cura bacteriol6gica foi alcan=ada apes urn mes de tratamento com
amoxicilina e acido acetohidroxamico
Meria at al (1998) realizaram levantamento bibliografico entre as anos de
1985 a 1997 sabre casas de cistite e pielite de incrustacao Foi constatado a
aumento progressive no numero de cases especialmente em pacientes
imunodeprimidos e particularmente em transplantados renais Tais inflamacoes
cr6nicas estao associadas com incrustac6es da mucosa causadas por bacterias
produtoras de urease tendo sido as mais freqOentes especies de Corynebacterium
grupo 02 A presenCa de urina alcalina contendo abundantes debris mucopurulentos
calcificados e alta mente sugestiva e pode auxiliar no diagnostico clinico A
demonstracao da bacteria envolvida requer culturas prolongadas em meios de
cultura enriquecidos 0 diagnostico precoce pode evitar falhas de tratamento e uma
possivel rejeicao do orgao transplantado
Em estudo realizado par Riegel et al (1995) corineformes em quantidades
significativas (104a 105 UFCml) foram isolados em amostras de semen uretra urina
e sangue de homens inferteis com diagn6stico de prostatite As analises genomicas
realizadas demonstraram ser as cepas pertencentes a uma mesma especie dentro
do genero Corynebacterium As 12 amostras mostraram padroes bioquimicos
simi lares entre elas born crescimento em agar sangue de carneiro em contraste com
crescimento pobre no mesmo meio suplementado com Tween 80 1 teste de
CAMP positivo fermentacao de glicose sacarose e presenCa de beta-glucuronidase
Tais caracteristicas permitiram a distincao destas cepas dos outros membros do
37
genera e 0 nome proposto foi Corynebacterium seminae Embera organismos
difter6ides pass am fazer parte da microbiota uretral a presenCa de contagens
significativas destas especies no semen sugere urna implica~ao infecciosa
particularmente na prostatite
Estudo molecular filogenetico baseado em 16S rRNA peR realizado em
pacientes com prostatite croniea demonstrou sinais bacterian05 em 65 dos
pacientes estudados Foi constatada a ocorreuromcia de um amplo espectro de
especies bacterianas no fluido prostatico dos pacientes incluindo Corynebacterium
Staphylococcus PepiosfreptococGUS Streptococcus e Escherichia Especies do
genera Corynebacterium foram encontradas em maior proponao incluindo especies
ainda nae descritas e n~o presentes nas amostras de controle sugerindo que
possam ter um papel na doen~a au que sejam conseqOemcia da mesma 0 estudo
mostreu ainda que os microrganismos associ ados com prestatite geralmente
ocorrem em comunidades microbianas distintas daquelas encontradas em liquidos
prostaticos normais (TANNER ot al 1999)
Segundo Domingue e Hellstrom (1998) a observaltio microsc6pica
cuidadosa de amostras de secre~~o prostatica bern como a inocula~~o em meios
enriquecidos sao essenciais para a isolamento de corineformes Foi realizado estudo
em uma amostra de secre~ao prostatica na qual a colora~ao de Gram apresentou
cocobacilos gram Itlbeis pleom6rficos que nao se desenvolveram em meios de rotina
incubados por 72 horas a 35degC Houve desenvolvimento em meio de cultura
enriquecido com extrato de leveduras e sora de cavalo e incubado no minimo 72
horas em atmosfera de 5 de CO2 a 35degC A secregao inoculada em caldo triptose
demonstrou a presen~a de bacilos gram-varitlveis (microscopicamente) e quando
repicada produziu bacilos de crescimento lento em meios de retina e enriquecidos
38
(incubados aerobicamente anaerobicamente ou sob tensao de CO2 par 72 haras)
Corineformes ocultos pod em ser agentes etiol6gicos da prostatite idiopatica croniea
que sao frequentemente perdidos au nao percebidos em procedimentos
bacteriol6gicos de rotina
52 Gardnerella vaginais
o significado de Gardnerela vaginais em urina e controverso pois a
principal associacao patogElnica desta bacteria e com a vaginose na mulher Embora
baixas contagens na urina parecam refletir a micro biota da uretra masculina ou
feminina contagens aeima de 10000 UFCml ja fcram associadas com bacteriuria
sintomatica ITU recorrente cistite na mulher uretrite e prostatite no homem
Entretanto me sma quando ern altas contagens freqOentemente nao ha resposta
leucocitaria Gardnerela vaginalis e encantrada mais freqOentemente em mulheres e
pacientes com doena renal e ap6s instrumentaao (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
Estuda realizado par Agarwal e Dixon (2001) investigau a passivel papel de
Gardnerella vaginalis na cistite intersticial usando metodos maleculares para
garantir a recuperaCao do microrganismo mesmo em baixas contagens Nenhuma
das trinta e tres amastras de bi6psias de bexiga de pacientes com cistite intersticial
foram positivas para Gardnerella vaginais a que embora nao exclua seu
envalvimenta na cistite intersticial diminui esta probabilidade
Ginestre Perez et al (2001) realizaram estudo de mil trezentas e setenta
amostras de jato media de urina de pacientes com sintomas de ITU Gardnerella
vaginalis cujo papel patagenica no trato urinario e discutivel ocupou a segundo
lugar em freqOencia etiologica (1763) ficando atras somente de Escherichia coli
(5210) e superando microrganismos cansiderados uropat6genas classicos como
39
Proteus mirabifis (763) Klebsiella pneumoniae (684) e Pseudomonas
aeruginosa (368) Embera a presen~a de Gardnerella vaginais em amostras de
jato media urinario possa indicar contaminayao vaginal todos as cultivos positivos
para esta bacteria apresentavam contagens superiores a 100000 UFCml e
provinham de pacientes sintomaticos representando urna alta probabilidade de
infec~ao urinaria verdadeira
53 Mycoplasma hominis E Ureaplasma urealyticum
Especies patogenicas como Mycoplasma hominis e Ureaplasma urealyticum
ocorrem freqOentemente como colonizantes do trato urogenital inferior de homens e
mulheres saudaveis A ocorrencia de infec~ao esta provavelmente relacionada a
imunossupressao obstru~ao ou procedimentos previos de instrumental)ao no trato
urinario Ureaplasma urealyticum tern sido encontrado em calculos urinarios de
pacientes com liHase infecciosa sugerindo uma possivel associal)ao causal
Mycoplasma hominis tern sido isolado do trato urinario superior em pacientes com
sintomas de pielonefrite aguda FreqOentemente ha resposta imunol6gica especifica
(MURRAY 1999)
Foi pesquisada a presen9a de Ureaplasma urealyticum e Mycoplasma
hominis em amostras de jato medio de 314 mulheres e 52 homens sintomaticos do
trata urinltilria Ureaplasma urealyticum fai isalada em 54 (171) das mulheres e 8
(154) dos hom ens e Mycoplasma hominis foi isolado em 12 (38) das mulheres
e 4 (77) dos homens Ureaplasma urealyOcum foi superado apenas par
Escherichia coli e Gardnerella vaginalis em ambos grupas 366 e 254
respectivamente no sexo feminina e 585 e 308 no masculino Demonstrou-se
partanto que a bacteriuria par ureaplasmas e relativamente co mum porem nao e
40
detectada por metodos convencionais de cultura de urina (AVILES ZARAGOZA
1998)
A significancia de micoplasmas em amostras de jato medic urinario e de
dificil determinacao devido a provavel contaminacao da amostra par
microrganismos colonizantes da vagina e uretra distal Entretanto estudos
realizados em amostras de aspirado suprapubico em gestantes demons tram que 0
desenvolvimento de pre-eclampsia e tres vezes mais prov3vel em mulheres
apresentando culturas positivas para ureaplasmas no inicio da gestacao do que em
mulheres com culturas negativas no mesmo periodo (KONEMAN ef a 1997)
54 Haemophilus spp
Existem varios estudos relacionando Haemophifus influenzae e Haemophilus
parainfluenzae a ITU embora sua freqOencia e significancia nae tenham sido
confirmadas Alguns pesquisadores sugerem a inclusao de agar chocolate em
culturas de urina de crian~as por causa da associa~ao de Haemophilus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae com outras infec~6es nesta faixa etaria (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
Maskell (1989) citou a ocorrencia de certas bacterias fastidiosas em sftios do
trato urinflrio abaixe da bexiga como par exemple em cases de prostatite por
Haemophilus influenzae
55 Lactobacillus spp
Em estudo realizado em pacientes do sexe feminine com sind rome uretral
aguda demonstrou-se uma alta freqOencia de isolamentos de lactobacilos Durante
dois anos amastras de jato medic de tais pacientes foram cultivadas observando-se
a principio alta concentracao de lactobacilos principalmente nas pacientes
sintomaticas Ao final do estudo durante 0 qual foi impedido 0 usa de antibi6ticos os
41
lactobacilos desapareceram da urina de muitas mulheres as quais tornaram-se
assintomaticas Os autores concluiram que as sintomas da sindrome uretra podem
ser devidos a multiplica~ao desproporcional de lactobacilos na uretra distal como
resultado de antibioticoterapia frequentemente administrada em cursos prolongados
para resolurao dos sintomas urinarios Lactobacilos tambem tern sido relatados em
amostras de urina obtidas diretamente da bexiga e de amostras de tecido obtidas
par bi6psia vesical bern como ocasionalmente isolados em urinas de mulheres
idosas com sintomas urinarios (MASKELL 1989)
56 COCOS GRAM-POSITIVOS
Microrganismos dos generos Lactococcus Gemella Aerococcus e
Globicatella embora possam estar presentes como contaminantes em culturas de
material clinico tern sido isolados como patogenos oportunistas ern urina e outras
amostras de pacientes imunocomprometidos Esforyos para identifica-Ios devem ser
realizados quando os isolados forem clinicamente significantes isto e isolados
repetidamente ou em cultura pura Devido a semelhanya com outros cocos gram-
positivos isolados com mais freq04sectncia como estreptococos enterococos e
estafilococos possivelmente sao confundidos com especies destes generos
(MURRAY 1999)
Golapachar et al (2004) relata ram um caso de infec9ao do trato urinario com
bacteremia causa do por Aerococcus viridans em um homem de 87 anos residente
em uma cUnica de repouso A cultura de urina apresentau crescimenta de 105
UFCml de Aerococcus viridans e a hemocultura fai positiva para a mesmo
microrganismo Os testes bioqulmicos que leva ram a identificayao do
microrganismo faram reayoes negativas de catalase e LAP (Ieucina aminopeptidase)
e reaDes positivas para PYR (L-pyrrolidonyl-beta-naphtylamina) fermentaao de
42
trehalose e manese resistencia a optoquina crescimento em agar bile esculina 40
e cresci menta em cloreto de s6die 65 As especies de Aerococcus sao anaer6bias
facultativas a maioria catalase negativa com tendemcia a formaCao de tetrades na
morfologia microsc6pica PYR positivo e LAP negativ~ a que as diferencia de
enterococos e estreptococos
A escassa documentacao a respeito de infecyoes humanas por Aerocccus
sp deve-se provavelmente a sua similaridade microbiol6gica aos estreptococos alfa-
hemoliticos e enterococos e possiveis erras na interpretacao laboratorial de
amostras clinicas No casa acima descrito a laborat6rio de microbiologia nao pade
reaHzar a antibiograma devido a natureza fastidiosa da bacteria mas houve sucesso
terapeutico ap6s administray8o intravenosa de levofloxacin (GOLAPACHAR et al
2004)
Um caso de pielonefrite e urossepsis por Streptococcus pneumoniae foi
relatado em urn hornem de 82 anos com hist6ria clinica de leucemia linf6ide cronica
e diabetes mellitus Exames radiograficos abdominais e tomografia computadorizada
mostraram uma imagem indicativa de extensa pielonefrite no rim esquerdo sem
nenhum outro foco de infecc8o 0 abscesso renal foi tratado por drenagem
transuretral e 0 material purulento obtido foi cultivado assim como materiais de
orofaringe escarro e sangue Esearro e orofaringe revelaram apenas mierobiota
normal do trato respirat6rio enquanto 0 material drenado e as hemoculturas
demonstraram microseopicamente cocos gram-positiv~s aos pares e em eadeias
alguns dos quais eram lanceolados havendo bom crescimento em agar sangue de
carneiro e agar chocolate a 37degC As col6nias eram fracamente alfa-hemoliticas no
agar sangue e nao muc6ides catalase-negativas e sensiveis a optoquina Testes de
aglutinac8o sorologiea de ambos materiais confirmaram a identificac8o e testes
43
moleculares demonstraram ser as dois isolados identicas Apesar da terapia
antimicrobiana a paciente desenvolveu coagula98o intravascular disseminada e
sofreu uma parada cardiaca sendo que 0 quadro foi revertido mas tornau-se
necessaria a nefrotomia para eliminar a foco da infeccao Em contraste a estud05
anteriores a paciente descrito apresentou um verdadeiro casa de pielonefrite
abscesso renal e urossepsis causados par Streptococcus pneumoniae A presenca
de doencas como leucemia linf6ide crOniea e diabetes mellitus fcram 5uficientes para
causar um certa grau de imunossupressao e predispor a paciente a infeccao par
Streptococcus pneumoniae mesma sem hist6ria antecedente de infecC8o
pneumoc6cica trauma ou interven9ao cirurgica (DUFKE KUNZE-KRONAWITIER
SCHUBERT2004)
57 BACT~RIAS ANAER6BIAS
Tern sido descritos casas de infec90es do trato urinario par bacterias
anaer6bias com as mais diverses tipos de apresenta90es clinicas entre processes
crenicos e agudos As bacterias recuperadas sao bacilos gram negativQs incluindo
Bacteroides fragifis Prevotella sp e Porphyromonas sp Clostridium sp cocos
gram-positiv~s e Actinomyces sp Em muitos casas sao recuperadas em culturas
mistas com coliformes e estreptococos (BROOK 2004)
58 OUTRAS BACT~RIAS FASTIDIOSAS
Foi descrita par Greub e Raoult (2002) uma nova especie bacteriana
Actinobaculum massiliae recuperada da urina de uma mulher de 81 anos com ITU
cr6nica Os estudos fenotipicos genotfpicos e filogeneticos realizados mostraram
ser 0 isolado urna nova especie ainda nao recanhecida dentro do genera
Actinobaculum e foi proposta a denominacao Actinobaculum massiliae A mesma
cepa faj isolada tres vezes num perlodo de sete meses mesmo apes tratamento
44
com amoxicilina sulfametoxazol~trimetoprim e rifampicina Devida ao fata do
microrganismo nao ser isolado em procedimentos laboratoriais de rotina uma ITU
devido a Actinobaculum massiliae pade ser mal diagnosticada Alem disso as
col6nias apresentam heterogeneidade morfol6gica ap6s cinco dias de incubacao
podendo levar a uma errOnea interpretaC(ao de contaminacao com duas especies de
badlas gram~positivos 0 usa de agar sangue de carneiro e incubacao prolongada
motivado pela presenca de 106 leuc6cit05 per ml na urina da paciente permitiu a
desenvolvimento da cepa Houve cura ap6s tratamento com doxiciclina (GREUB
RAOUL T 2002)
Em estudo clinico e microbiol6gico de mulheres com sindrome uretral -
excluindo pacientes com cistite bacteriana - 41 pacientes foram comparadas com 42
pacientes controle Nao foi encontrada diferenca entre pacientes e con troles em
incid~ncia de Chlamydia trachomatis e outros microrganismos de transmiss3o
sexual 0 numero de lactobacilos e outros microrganismos fastidiosos bem como a
numero de leucocitos na urina nao apresentaram diferenca entre pacientes com
sintomas leves e intensos ou entre pacientes e controles Os auto res sustentam a
hipotese da sindrome uretral nao ser causada por infecrao bacteriana ou clamidial
(GILLESPIE et al 1989)
45
6 CONCLUSAO UMA REFLExAO
E indiscutivel a importo1ncia para a laborat6rio de requisicoes de exame
completas com informayoes sabre suspeita clinica existencia de sintomas
anormalidades do trata urinario e condhoes imunol6gicas do paciente Embora
tradicionalmente a maiaria dos medicos nao fornega muitas informacoes sabre 0
paciente ao laborat6rio a microbiologista pede incentivar a criacao de urn canal de
comunicacao quando observar a necessidade de informagoes sobre determinado
paciente
Exames anteriores do paciente sempre que disponiveis devem ser
consultados e comparados pois informacoes sabre infecc6es recorrentes au
recidivantes especies bacterianas envolvidas au presen9a de piuria esteril sao
importantes para direcionar a pesquisa para agentes fastidiosos
o metoda de coleta e as condi~6es de transporte da urina deterrninam a
qualidade da amostra e a quao relevantes serao as microrganismos nela
encontrados Considerando-se que urna bacteria normalmente considerada como
contarninante introduzida durante a coleta pode ser em alguns casos patogenica ou
ainda que uma especie fastidiosa patogenica de crescimento lento pode ter seu
crescimento inibido par uma contaminante de crescimenta mais rapido a coleta
adequada torna-se urn fator de suma importancia para a detec~ao de especies
fastidiosas em urina
Como ja discutida torna-se indispensavel a realiza~ao da calora~ao de
Gram em amostras de urina pOis alem de ser urn teste de triagem rapida e barato
para bacteriuria acima de 105 UFCml pode ser 0 unica indicativa da presen~a de
urna especie fastidiosa
46
A comunica~ao entre a microbiologista e a medico pode determinar nao 56 a
sucesso do diagn6stico e do tratamento como a viabilidade economica da pesquisa
de bacterias fastidiosas para 0 laborat6rio urna vez que direciona as esforyos
laboratoriais aos pacientes que realmente necessitam evitando 9a5t05
desnecessarios
Bacte-rias fastidiosas podem nao responder ao tratamento antibi6tico para
pat6genos convencionais do trato urinario portanto a pesquisa precocemente
direcionada para tais agentes pode melhorar 0 progn6stico das ITU evitando a
administracao de antibioticos inadequados au desnecessarios
Como observado nos diversos casas reiatados bacterias fastidiosas
ocorrem em cenaries clinicos especificos 0 entendimento do processo da doen=a e
as condi=oes do paciente pod em ajudar muito 0 laboratorio no esfor=o para
recuperar a bacteria do material clinico
47
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
ALBINI C A Cullura de Urina Analise das metodologias interfer~ncja sobre as
resultados e proposta para padronizacao 1994 54 f Monografia (Especia1iza9aO em
Bacteriologia) - Setor de Ciencias da Saude Departamento de Patologia Medica
Universidade Federal do Parana Curitiba
AGARWAL M DIXON R A A study to detect Gardnerella vagina lis DNA in
interstitial cystitis British Journal of Urology (on line) 2001 Disponlvel em
httpwwwbjuiorg889articlebju2514aspAcessoem 03 fev 2005
BATRA A Interstitial Cystitis Updade Infection Urology (on line) 1999 Disponivel
em httphomeswipnetsellsopicupdatehtm Acessa em 20 dez 2004
CLARIDGE J E JOHNSON J R PEZZLO M T Laboratory Diagnosis of Urinary
Tract Infections Washington American Society for Microbiology 281998
BROOK I Urinary tract genito-urinary suppurative infections due to anaerobic
bacteria International Journal of Urology (on line) 2004 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezigueryfcgicmd=Retrieveampdb=pubmedampdopt=Abst
ractamplist uids=15009360 Acesso em 18 mar 2005
DOMANN E HONG G IMIRZALIOGLU C TURSCHNER S KOHLE J
WATZEL C HAIN T HOSSAIN H CHAKRABORTY T Culture-Independent
Identification of Pathogenic Bacteria and Polymicrobial Infections in the Genitourinary
Tract of Renal Transplant Recipients Journal of Clinical Microbiology (on line) 2003
48
Disponivel em httpjcmasmorgcgireprintl41125500pdf Acesso em 18
mar2005
DOMINGUE G J HELLSTROMW J G Prostatitis Clinical Microbiology Reviews
(on line) 1998 Disponivel em httpcmrasmorglcgilcontentifuIl11141604 Acesso
em 03 fev 2005
DUFKE S KUNZE-KRONAWITIER H SCHUBERT S Pyelonephritis and
Urosepsis Caused by Streptococcus pneumoniae Journal of Clinical Microbiology
(on line) 2004 Disponlvel em httpjcmasmorgcgicontentifuIl4294383 Acesso
em 06 mar2005
FAIRLEY K F BIRCH D F Detection of Bladder Bacteriuria in Patients with Acute
Urinary Symptoms The Journal of Infectious Diseases Melbourne v 159 n2 p
226-231 fev 1989
FRAIMOW H S JUNGKIND D L LANDER D W DELSO D R DEAN J L
Urinary Tract Infection with an Enterococcus taecais Isolate that Requires
Vancomycin for Growth Annals of Internal Medicine (on line) 1994 Oisponivel em
httpwwwannalsorgcgicontentifuIl1211122 Acesso em 18 mar 2005
FRANZ M HCRL W H Common errors in diagnosis and management of urinary
tract infection I Patophysiology and diagnostic techniques Nephrology Dialysis
Transplantation (on line) 1999 Disponivel em
httpltwwwndtoupjournalsorgcgicontentifuIl141127 46 Acesso em 01 dez 2004
49
GIBB A P Plates are Belter than Broth for Recovery of Fastidious Organisms from
some Specimen Material Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Oisponivel
em httpjcmasmorgcgireprinU4041129pdf Acesso em 06 mar2005
GILLESPIE W A HENDERSON E P LINTON K B SMITH P J Microbiology
of the urethral (frequency and dysuria) syndrome A controlled study with 5-year
review British Journal of Urology (on line) 1989 Disponfvel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
2804564ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr 2005
GINESTRE PEREZ M ROMERO-A~EZ S MARTINEZ-GARCIA A RINCON-
VILLALOBOS G HARRIS-SOCORRO B CATELLANO-GONZALES M AVILA-
ROO Y PEROZO-MENA A Gardnerella vaginalis y uropat6genos convencionales
em pacientes ambulatorios Revista de La Sociedad Venezolana de Microbiaogia
(on line) 2001 Disponivel em
httpwwwseieloorgvaseielo phpscriptsci arttextamppid=S 1315-
25562001000200003amplng=esampnrm=isso Acesso em 05 jan 2005
GOBERNADO M CRUZ F J DALET F BROSETA E DE CUETO M
SANTOS M DE LA ROSA M Procedimientos en Microbiologla Clinica La
infeccion urinaria 2002 Disponivel em
httpwwwseimcorgprotocolosmicrobiologiaindice14htm Acesso em 01 dez
2004
50
GOLAPACHAR A AKINS R L DAVIS W R SIDDIQUI A A Urinary tract
infection caused by Aerococcus viridans a case report International Medical Journal
for Experimental and Clinical Research (on line) 2004 Oisponivel em
httpwlNNmedscimonitcompubvol 10no 114928pdf Acesso em 03 dez 2004
GREUB G RAOULT D Actinobaculum massiliae a new species causing chronic
urinary tract infection Journal of Clinical Microbiology (on line) 2002 Disponivel em
httpwwwpubmedcentralnihgov articlerender fcgitool=pubmedamppubmedid=12409
355 Acesso em 13 fev2005
HElLBERG I P Diagnosis and clinical management of urinary tract infection
Disponivel em httpwwwunineteducin2003confpfefermanpfefermanhtml
Acesso em 20 out 2004
KONEMAN E W ALLEN S D JANDA W M SCHREKENBERGER P C
WINN Jr W C Cr Atlas and Textbook of Diagnostic Microbiology 5ed
Philadelphia Lippincott-Raven 1997
LIPSKY B A Managing Prostatitis and Urinary Tract Infection in Men Infectious
Diseases Infoalerl (on line) 2003 Oisponivel em
httpwwwdpacomhklpdflinfolnfoALERT 15pdf Acesso em 10 dez 2004
MASKELL R A new look at the diagnosis of infection of the urinary tract and its
adjacents structures Joumaloflnfecfion Portsmouth n 19 p 207-217 jul 1989
51
MERIA P DESGRIPPES A ARFI C LE DUC A Encrusted Cystitis and Pyelitis
Journal of Urology (on line) 1998 Disponlvel em
htlpIwwwjurologycomipUrejuroabstract00005392-1 99807000-
00003htmmiddotjsessionid-CnHOtEDjxvOgrxiWIUac52pekluG1HSCZzrnOpCIJH4V107ePU
evI848681301-949856032190011-1 Acesso em 21 abr 2005
McCUE J D The Management of Complicated Urinary Tract Infections Infectious
Diseases Infoalert (on line) 1999 Disponfvel em
htlpIwwwdpacomhkJpdlfinlofinlo alart 01pdl Acesso em 01 dez 2004
MURRAY P R Manual of Clinical Microbiology 7ed Washington ASM Press
1999
NABER K G BERGMAN B BISHOP M C JOHANSEN T E B BOTTO H
LOBEL B CRUZ F J SELVAGGI F P European Association 01 Urology
Guidelines on Urinary and Male Genital Tract Infections Disponlvel em
httpwwwuroweborglfilesluploaded filesuti mgtLpdf Acesso em 20 dez 2004
OPLUSTIL C P Urocultura In__ Procedimentos basicos em microbiologia
clinica 2 ed Sao Paulo Sarvier 2004 p 88-93
OSBORNE J About Interstitial Cystitis Disponivel em htlplwwwic-
networkcomhandbooklbasicshtmlintro Acesso em 20 dez 2004
52
PEDRAZA AVILES A G ORTIZ ZARAGOZA M C Symptomatic bacteriuria due to
Ureaplasma and Mycoplasma in adults Revista Latinoamericana de Microbiologia
(on line) 1998 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedampdopt=Abs
tractamplist uids=20388109 Acesso em 20 abr 2005
RIEGEL P RUIMY R BRIEL D de PREVOST G JEHL F BIMET F
CHRISTEN R MONTEIL H Corynebacterium seminale sp Nov a New Species
Associated with Genital Infections in Male Patients Journal of Clinical Microbiology
(on line) 1995 Disponlvel em
htlpllwwwpubmedcentralnihgovpicrenderfcgiartid=228387ampblobtype=pdf
Acesso em 19 mar 2005
SORIANO F PONTE C A case of urinary tract infection caused by
Corynebacterium urealyticum and coryneform group F1 European Journal of Clinical
Microbiology Infectious Diseases (on line) 1992 Disponfvel em
httoIwwwncbinlmnihgoventreziguervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
1396772ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr2005
TANNER M A SHOSKES DSHAHEDA PACENR Prevalence of
Corynebacterial 16S fRna Sequences in Patients with Bacterial and Nonbacterial
Prostatitis Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Disponivel em
httpmcmasmorgcontenVfull3761863 Acesso em 06 mar 2005
TRABULSI L R ALTERTHUM F Escherichia coli uropatagenica (UPEC) In
Microbiaagia 4 ed Sao Paulo Atheneu 2004 p 303-309
53
24
urinario e a freqO~ncia de miccaosao fatores que influem nas contagens bacterianas
(MASKELL 1989)
Torna-se claro que considerar baixas contagens de pat6genos aero bios em
culturas puras como contaminaCao e incorreto e pode levar a erros de diagn6stico
pois infeccoes de grande signific~ncia cHniea pod em nao estar sendo detectadas t
igualmente importante nao considerar automaticamente urna alta contagem de
col6nias como infecy8o sem considerar as condicoes do paciente e da coleta 0 usa
de antibi6ticos em resposta a urna alta contagem bacteriana pode selecionar cepas
resistentes tornando mais dificil 0 tratamento de infecgoes posteriores verdadeiras
(MASKELL 1989)
Alguns procedimentos utilizados para 0 diagnostico das ITU sao
considerados inaceitaveis atualmente e nao devem ser realizados como cultura de
cateter de Foley cultura de urina em meios Hquidos cultura de sedimento urinario
pesquisa de anaer6bios como procedimento de rotina e em urina de jato media au
obtida par cateteriza9ao bem como cultura de urinas que tenham permanecido mais
de duas heras sem refrigeragao au canservagao (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO1998)
41 COLETA E TRANS PORTE DE AMOSTRAS
A coleta e a trans porte inadequado da amostra podem levar a um resultado
de diffcil interpreta9aO Portanto a medida mais importante para realizar uma cultura
de urina e estabelecer rfgidos criterios de coleta e propiciar treinamento constante
para as profissionais envolvidos na realiza9aO da coleta (OPLUSTIL et al 2004)
Koneman et al (1997) recomendam que a paciente receba as instru90es de
coleta impressas ap6s receb~-Ias verbalmente Caso 0 paciente demonstre
inseguran9a au nao compreenda urn profissional treinado deve explicar novamente
25
passo a passo ou se passivel acompanhar pessoalmente a coleta (coleta
supervision ada)
Amostras de urina de jato media sao as amostras mais comumente
submetidas a cultura De preferencia deve ser colhida a primeira urina da manha
podendo ser aceitas urinas com pelo menos 2 heras de reten~ao Ap6s higiene da
regiao genital despreza-se 0 primeiro jato - 0 que auxilia a eliminacao dos
contaminantes da uretra inferior - e colhe-se 0 jato media em fraseD esteril
apropriado desprezando-se 0 final da mic9ilo (OPLUSTIL eJ al 2004) A higiene
genital deve ser realizada com agua e sabao naD anti-septico devendo ser as [abias
vaginais afastados e 0 prepucio retraido antes da miccao (GOBERNADO et 81
2002)
Alguns autores afirmam que mesma quando a coleta e meticutosamente
reatizada com a assist~ncia de um pro fissional treinado a urina apresenta-se
frequentemente contaminada (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Amostras urinarias de criancas obtidas com saco coletor devem ser colhidas
apos higiene da regiao genital e colocacao do saco coletor de forma asseptica
Troca-se 0 coletor a cada 45 minutos ou 1 h~ra repetindo-se a higiene e evitando-se
contaminacao fecal 0 coletor deve chegar fechado ao laborat6rio Tas amostras
freqOentemente sao contaminadas com microrganismos fecais promovendo
resultados falso-positivos portanto 0 maior significado clinico de amostras obtidas
com saco coletor e 0 resultado negativo (OPLUSTIL et a 2004) Culturas positivas
devem ser confirmadas por metodos de cateterizacao direta ou aspiracao
suprapubica (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Em pacientes com sanda vesical permanente pinca-se a canula do coletor
realiza-se desinfeccao da canula com alcool 70 e punciona-se com seringa e
26
agulha estereis colocando-se a amostra em frasee esteri Nunea se deve obter a
amostra do saco coletor de pacientes sand ados porque a multiplica9ao bacteriana
fornecera urn numero muito maior que aquele real mente presente no paciente
(OPLUSTIL et al 2004) Tambem nao se reeomenda deseoneetar 0 eateter do tubo
coletor sob risco de introduyao de microrganismos no sistema Sempre que passivel
tal coleta deve ser realizada ap6s troea do cateter pois urna microbiota que naD
corresponde a do paciente pade residir em cateteres antigos (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
A punyao suprapubica e considerada a metoda padrao auro para coleta de
urina par representar a verdadeira bacteriuria vesical (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998) Calhe-se com seringa e agulha diretamente par pun9ao vesical Tal
procedimento evita problemas de contamina9ao uretral e e recomendado para
crian9as ate dois anos detec9ao de anaer6bios enos casos de repeti9ao de ex ames
com interpretaoes duvidosas (OPLUSTIL et al 2004) Pode tambem estar indieada
para homens de qualquer idade com fimose e em mulheres com bacteriurias de
repeti~o de proeedeneia duvidosa (GOBERNADO et al 2002)
A cateteriza9ao com finalidade unica de obten9ao de amostras somente
deve ser realizada em pacientes nos quais nao seja possivel a elimina9aO
espontanea de urina como doentes neurologicos au com problemas urol6gicos
obstrutivos Caso seja necessaria devern-se utilizar tecnicas rigorosas de assepsia
por causa do alto risco de introdu9ao de rnicrorganismos (KONEMAN et a 1997
GOBERNADO et a 2002)
Para a pesquisa de Mycobacterium tuberculosis tres amostras de urina da
manha devem ser coletadas em dias consecutivos as tecnicas de cultivo para
27
micobacterias naD permitem a cresci menta de outros agentes e portanto a coleta
nac necessita de assepsia rigorosa (MIMS et al 1995)
Caso naD seja passivel a processamento da amostra de urina em ate 2
haras apas a coleta a amostra deve ser refrigerada (2 a 80 C) e processada em ate
24 haras tempo maximo para manuten~ao da contagem bacteriana estavel 0 usc
do preservativo acido b6rico permite que a amostra permane98 a temperatura
ambiente (20 a 25 C) ate 24 horas antes de ser process ada (OPLUSTIL ef aI 2004
CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Sistemas de trans porte usanda acido b6rico podem ser metodos alternativQs
para coletas realizadas em casa au em locais distantes do laborat6ria e mostram-se
tao efetivos quanta a refrigeragao (KONEMAM ef ai 1997)
Oepois de coletada a amostra de urina deve ser encaminhada ao laboratorio
a mais rapido possivel e com todas as informayoes necessarias para degprocessamento Devem ser relatados 0 horario e 0 metodo da coleta 0 tempo de
reteny80 da urina 0 tipo de paciente (por exemplo urologico ou geriatrico) a idade
o sexo se 0 paciente tem recebido quantidades aumentadas de Ifquido
apresentay80 clinica (existencia de sintomas) resultados de urinalise (presen9a de
celulas inflamat6rias) e resultados antecedentes de cultura (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
De maneira ideal as amostras devem ser coletadas antes do inicio da
terapia antimicrobiana Caso 0 paciente ja esteja recebendo ou tenha recebido
antibioticoterapia nas 48 horas antecedentes a realizay80 do exame esta
informay80 deve ser explicitada no formulario de requisiy80 do exame (MIMS et al
1995)
28
Recoletas devem ser solicitadas quando amostras nae refrigeradas forem
recebidas 2 horas ou mais ap6s a coleta au quando nac fcrem comunicados 0
horario e a forma de coleta No entanto nenhuma amostra deve ser desprezada
antes do cantata com 0 medico solicitante po is ela pade em alguns casas ser
insubstituivel (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Menos de 5 das urinas coretadas e transportadas adequadamente
apresentam multiplos microrganismos Exce~6es sao amostras de pacientes com
bexiga neurogemica au usa cranico de cateteres nos quais a bacteriuria
polimicrobiana pade ser detectada em 30 a 80 das culturas freqOentemente sem
infecao (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Segundo Koneman et al (1997) a acuracia do procedimento de coleta de
urina pode ser monitorada pela frequencia de exames com contagens entre 104 a 105
UFCml que nao deve exceder 5 a 10 se os procedimentos forem realizados
apropriadamente
42 A IMPORTANCIA DA COLORAltAo DE GRAM
Durante as ultimas decadas testes rapidos de triagem para bacteriuria foram
desenvolvidos com 0 propos ito de fornecer resultados mais rapid os e de eliminar a
necessidade de cultivar amostras negativas Entretanto sua utilizacao e limitada
principalmente pela incapacidade de detectar baixos niveis de bacteriuria e piuria
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
A coloracao de Gram da urina nao centrifugada e um dos metodos mais
rapidos seguros e baratos para estimar bacteriuria superior a 105 UFCml e
presenca de mais de 8 a 10 leucocitoslJl Homogeneiza-se muito bem a urina
coloca-se uma gota sobre lamina sem espalhar e deixa-se secar ao ar A lamina
deve ser fixada par calor au metanol (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998) A
29
presenca de uma ou mais celulas bacterianas per campo em aumento de 1000
vezes tern sensibilidade de 94 e especificidade de 90 em refletir uma contagem
de colOnias superior a 10 UFCml (KONEMAN ef al 1997)
Embora seja urn metoda barato de triagem a coloraC8o de Gram naD e
utilizada par muitos laborat6rios pelo consumo de tempo e baixa sensibilidade em
contagens inferiores a 105 UFCml Sugere-se a sua utilizacao como teste de triagem
apenas em pacientes com contagens de col6nias provavelmente altas
principalmente as assintomaticos e com suspeita de pielonefrite Alguns autores
relatam melhora da sensibilidade a nlveis acima de 104 UFCml com 0 usa de
citocentrifuga (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
A coloraCao de Gram do sedimento urinario em bora ainda utilizada por
muitos laboratorios e impropria pela baixa reprodutibilidade e dificuldade de
padronizacao e correlacao com os metodos de velocidade de excrecao de leucocitos
au contagem em camara (ALBINI 1994)
As informac6es fornecidas pela cOloracao de Gram sobre a morfologia do
microrganismo e caracteristicas na coloracao sao extremamente importantes para a
selecao inicial da terapia antimicrobiana enquanto se aguarda 0 informe definitivo
do resultado da cultura e do antibiograma (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO
1998)
~ imprescindivel a realizacao da coloracao de Gram para deteccao de
bacterias fastidiosas ou nao usuais Devido a dificuldade de desenvolvimento nos
meios utilizados para a deteccao de enterobacterias em alguns casos somente a
visualizacao microscopica indicarcfi a sua presenca (FRANZ HORL 1999)
A observacao microscopica da urina permite verificar a qualidade da amostra
especialmente em mulheres nas quais a contaminacao vaginal e frequente
30
produzindo resultados falso-positivos A presen~a de muitas celulas epiteliais e de
mais de urn tipo de microrganismo no Gram sugere contamina9aO da amostra em
decorrencia da coleta (OPLUSTIL et ai 2004)
Dutro aspecto importante da coloracao de Gram e a sua utilidade no
monitoramento das culturas podendo-se pelo seu resultado detectar erras tecnicos
e ate mesmo troca de amostras (ALBINI 2004)
31
5 BACTERIAS FASTIDIOSAS E INFECcAO DO TRATO URINARIO
Em 1989 Maskell citou a ocorrencia de bacterias fastidiosas como algumas
especies de estreptococos Gardnerela vaginalis Haemophilus influenzae
Corynebacterium spp e lactobacilos em infecgoes da bexiga e trato urinario superior
isoladas de amostras de urina obtidas par cateteriz8gao aspiragao supra-pubica e
tarn bam de amostras de tecido obtidas per bi6psia vesical Relatou tambem a
preseng8 de tais bacterias na urina de gestantes assintomaticas com mais
freqOencia do que em nao-gestantes e que as gestantes apresentando bacteriuria
posteriormente desenvolviam sintomas com mais freqoencia do que as que nao
apresentavam bacterias na urina
Fairley e Birch (1989) realizaram um importante estudo demonstrando que
pacientes com sintomas de infec~ao do trato urinario apresentando resultados
negativos em culturas de rotina podem abrigar bacterias fastidiosas ou baixas
contagens de uropat6genos convencionais na bexiga Os pacientes incluidos no
estudo foram os que apresentaram resultados inconclusivos em culturas previas de
jato medio como desenvolvimento inferior a 105 UFCml de um pat6geno
convencional ou a desenvolvimento superior a 102 UFCml de uma bacteria
fastidiosa Foram avaiiadas urinas obtidas por aspirayao suprapubica de 1817
mulheres e 300 homens cultivadas para uropat6genos convencionais e bacterias
fastidiosas utilizando in6culo que proporcionou resultados entre 101 e 107 UFCml A
freqOencia de isolamentos esta representada na tabela 1
32
TABELA 1 - FREQUENCIA DE BACTERIURIA EM 2117 PACIENTES(AMOSTRAS OBTIDAS POR PUNCAO SUPRAPUBICA) -1989
Uropat6-Culturas positivas $omente $omente especies genos
(n = 597) uropat6genos fastidiosas conven-convencionais (n = 366) cionais
n = 170 eespeci-
Pacientes Unica Multiplas Unica Multiplas Unica Multiplas esespecie especies especie especies especie especies faslidio-
sasMulheres (n = 1817) 370 191 148 5 222 125 61Homens (n = 300) 36 0 17 0 19 0 0
FONTE The Royal Melbourne Hospital
Vinte e aito especies microbianas foram isoladas no trabalho em questao
sendo Ureaplasma urealylicum Gardnerella vaginalis Escherichia coli Mycoplasma
hominis e Staphylococcus epidermidis as especies mais isoladas Quinhentas e
oitenta e uma (70) das 830 cepas isoladas pertenciam a especies fastidiosas -
Ureaplasma urealyticum Gardnerella vaginalis e Mycoplasma hominis - que nao sao
recuperadas em meies de cultura canvencianais Gardnerella vaginais fai mais
freqUente em mulheres enquanto Ureaplasma urealyticum nao apresentou diferen9a
estatisticamente significativa entre os sexas Treze esptkies fcram isoladas em
apenas uma ou duas ocasioes entre elas Streptococcus equi Streptococcus
equisimifis Streptococcus sanguis Morganella morgan Klebsiella oxytoca
Peptococcus anaerobius Proteus vulgaris Enterobacter aerogenes Salmonella
enteritidis Pseudomonas aeruginosa Haemophilus influenzae Haemophilus
parainfluenzae e Haemophilus parahaemofyticus Anaer6bios estritos foram isolados
de apenas sete dos 597 pacientes (FAIRLEY BIRCH 1989)
Culturas polimicrobianas foram obtidas em urn teno das pacientes do sexo
feminino e nao foram verificadas no sexe masculino A freqOencia de uropat6genos
cenvencienais e fastidiesos encontra-se na tabela 2
33
TABELA 2 - FREQU~NCIA DE UROPATOGENOS CONVENCIONAISE BACTERIAS FASTIDIOSAS EM 191 PACIENTES DO SEXOFEMININO COM BACTERIURIA POLMICROBIANA - 1989
Numero de Somente Samente especies Especiesespecies (numera uropat6genos fastidiosas convencionais e
de pacientes) convencionais fastidiosasOois (153) 9 99 45Tres (34) 0 17 17Quatro (4) 0 1 3
FONTE The Royal Melboume Hospital
Ureaplasmas au Gardnerella vaginalis fcram recuperados em 179 das 191
mulheres com infecgao polimicrobiana estando presentes concomitantemente em
100 das 191 amostras sugerindo urna passivel relacc3osimbi6tica Uropat6genos
convencionais fcram isolados em pouco mais de 33 das mulheres na maiaria dos
casas acompanhados por bacterias fastidiosas indicando que infeccoes
polimicrobianas usualmente envolvem bacterias fastidiosas (FAIRLEY BIRCH
1989)
A contagem de col6nias excedeu 105 UFCml apenas na minoria dos
pacientes portanto a bacteriuria nao seria detectada em muitos individuos caso 0
valor de ponto de corte tradicional tivesse sido utilizado Os resultados tambem
mostraram que baixas contagens bacterianas podem acontecer com qualquer uma
das especies bacterianas isoladas embora tenham sido mais freqoentes para
Ureaplasma urealytieum e Mycoplasma hominis Cento e setenta e quatro (21)
isolados apresentaram contagens inferiores a 103 UFCml sendo 138 (84)
pertencentes a especies fastidiosas (FAIRLEY BIRCH 1989)
Franz e HOrl (1999) citaram a ocorrencia de HaemophiJus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae pneumococos Campyobaeter Legionella
pneumophila Salmonella spp Shigella spp Corynebacterium grupo 02
34
Mycobacterium tuberculosis micobacterias atipicas e fungos como causadores
ocasionais de ITU
Domann et al (2003) realizaram estudo em amostras do trato urinario de
transplantados renais utilizando tecnicas moleculares baseadas em 168 rRNA peR
e cromatografla liquida de alta performance (DHPLC) Foi avaliada a aplicaaD do
metoda em 109 amostras e observou-se 100 de correlacao para amostras cultura-
positivas Para as amostras cultura-negativas a DHPLC permitiu a deteccao de
uropat6genos previa mente conhecidos como Corynebacterium urealyticum e
Gardnerella vaginalis mas tambem agentes nao usuais como AnaerocDCCUs
laclolyticus Bacteroides vufgatus Diaisler invisus Fusobacterium nuceaturn
Lactobacillus iners Leptotrichia amnionii Prevotella buccalis Prevotella ruminicola
Rahnella aquatilis e Streptococcus intermedius detectados como unicos pat6genos
ou como agentes de infecyoes polimicrobianas Uma vez que as ITU sao
freqGentemente associadas com inicio precoce de rejeiyBo cronica em
transplantados renais e conveniente a pesquisa de agentes patogenicos
oportunistas e nao usuais para 0 correto direcionamento do tratamento
antimicrobiano
Quatro casos de ITU com bacteremia por Methylobacterium spp em
pacientes do sexo feminino imunocompetentes foram reportados por Lee Tang e Uu
(2004) Todas as pacientes tiveram hemoculturas positivas para Methylobacterlum
spp e suas culturas de urina foram negativas ou positivas para Escherichia coli com
crescimento concomitante de outro bacHo gram-negativ~ em baixa contagem que foi
ignorado Foram realizados experimentos especiais com os isolados indicando que
de acordo com os procedimentos padrao para culturas de urina com 24 horas de
incubayao a 35degC as colonias de Methylobacterium spp nao sao visualizadas e 0
35
pequeno numero de col6nias observado ap6s incuba~ao adicional de 24 heras a
temperatura ambiente apenas sugere ser a especie urn contaminante
Particularmente quando especies de Methyfobacterium estao presentes
concomitantemente com Escherichia coli ocorre supressao do cresci menta de
Methylobacterium spp tornando impassivel a sua deteccao 0 estudo conclui que a
falta de relatos de casas de ITU por Methylobacterium spp deve-se a impossibilidade
de detec~ao da especie por metodos padrao de cultura de urina au ainda porque a
baixa virulelncia da bacteria pode produzir ITU autolimitadas au talvez muitas vezes
curadas com as antibi6tico5 normalmente utilizados As especies estudadas fcram
variavelmente resistentes as cefalosporinas acido nalidixico nitrofurantoina e
sulfametoxazol-trimetoprim e 100 suscetiveis a ciprofloxacin imipenem e
aminoglicosideos
51 Corynebacterium spp
Corynebaclerium urealylicum pode ser uma importante embora rara causa
de ITU variando a freqOencia de isolamentos significativos de zero a 35 em
popularoes nao selecionadas A bacteriuria por Corynebacterium urealyticum ocorre
em pacientes hospitalizados per longos perledes severamente
imunocomprometidos urologicamente manipulados ou idosos Tal microrganismo
tam bern tern sido associado com pielonefrite e pode desaparecer espontaneamente
da urina mesmo sem antibioticoterapia (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Corynebacterium glucuroneyticum tambem chamado Corynebacterium
seminae tern side iselade de semen e trate g~nite-urinarie masculine e pede causar
prostatite ou uretrite Corynebacterium pseudogenitalium (CDC grupo F1) tambem
tern sido reconhecido como pat6gene do trato urinario (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
36
Foi relatado por Soriano e Ponte (1992) um caso de cistite de incrusta~ao
causado por urn corineforme identificado como CDC grupo F1 0 paciente havia
sofrido ITU previas persistentes causadas por Corynebacterium ureayticum (CDC
grupo 02) A cura bacteriol6gica foi alcan=ada apes urn mes de tratamento com
amoxicilina e acido acetohidroxamico
Meria at al (1998) realizaram levantamento bibliografico entre as anos de
1985 a 1997 sabre casas de cistite e pielite de incrustacao Foi constatado a
aumento progressive no numero de cases especialmente em pacientes
imunodeprimidos e particularmente em transplantados renais Tais inflamacoes
cr6nicas estao associadas com incrustac6es da mucosa causadas por bacterias
produtoras de urease tendo sido as mais freqOentes especies de Corynebacterium
grupo 02 A presenCa de urina alcalina contendo abundantes debris mucopurulentos
calcificados e alta mente sugestiva e pode auxiliar no diagnostico clinico A
demonstracao da bacteria envolvida requer culturas prolongadas em meios de
cultura enriquecidos 0 diagnostico precoce pode evitar falhas de tratamento e uma
possivel rejeicao do orgao transplantado
Em estudo realizado par Riegel et al (1995) corineformes em quantidades
significativas (104a 105 UFCml) foram isolados em amostras de semen uretra urina
e sangue de homens inferteis com diagn6stico de prostatite As analises genomicas
realizadas demonstraram ser as cepas pertencentes a uma mesma especie dentro
do genero Corynebacterium As 12 amostras mostraram padroes bioquimicos
simi lares entre elas born crescimento em agar sangue de carneiro em contraste com
crescimento pobre no mesmo meio suplementado com Tween 80 1 teste de
CAMP positivo fermentacao de glicose sacarose e presenCa de beta-glucuronidase
Tais caracteristicas permitiram a distincao destas cepas dos outros membros do
37
genera e 0 nome proposto foi Corynebacterium seminae Embera organismos
difter6ides pass am fazer parte da microbiota uretral a presenCa de contagens
significativas destas especies no semen sugere urna implica~ao infecciosa
particularmente na prostatite
Estudo molecular filogenetico baseado em 16S rRNA peR realizado em
pacientes com prostatite croniea demonstrou sinais bacterian05 em 65 dos
pacientes estudados Foi constatada a ocorreuromcia de um amplo espectro de
especies bacterianas no fluido prostatico dos pacientes incluindo Corynebacterium
Staphylococcus PepiosfreptococGUS Streptococcus e Escherichia Especies do
genera Corynebacterium foram encontradas em maior proponao incluindo especies
ainda nae descritas e n~o presentes nas amostras de controle sugerindo que
possam ter um papel na doen~a au que sejam conseqOemcia da mesma 0 estudo
mostreu ainda que os microrganismos associ ados com prestatite geralmente
ocorrem em comunidades microbianas distintas daquelas encontradas em liquidos
prostaticos normais (TANNER ot al 1999)
Segundo Domingue e Hellstrom (1998) a observaltio microsc6pica
cuidadosa de amostras de secre~~o prostatica bern como a inocula~~o em meios
enriquecidos sao essenciais para a isolamento de corineformes Foi realizado estudo
em uma amostra de secre~ao prostatica na qual a colora~ao de Gram apresentou
cocobacilos gram Itlbeis pleom6rficos que nao se desenvolveram em meios de rotina
incubados por 72 horas a 35degC Houve desenvolvimento em meio de cultura
enriquecido com extrato de leveduras e sora de cavalo e incubado no minimo 72
horas em atmosfera de 5 de CO2 a 35degC A secregao inoculada em caldo triptose
demonstrou a presen~a de bacilos gram-varitlveis (microscopicamente) e quando
repicada produziu bacilos de crescimento lento em meios de retina e enriquecidos
38
(incubados aerobicamente anaerobicamente ou sob tensao de CO2 par 72 haras)
Corineformes ocultos pod em ser agentes etiol6gicos da prostatite idiopatica croniea
que sao frequentemente perdidos au nao percebidos em procedimentos
bacteriol6gicos de rotina
52 Gardnerella vaginais
o significado de Gardnerela vaginais em urina e controverso pois a
principal associacao patogElnica desta bacteria e com a vaginose na mulher Embora
baixas contagens na urina parecam refletir a micro biota da uretra masculina ou
feminina contagens aeima de 10000 UFCml ja fcram associadas com bacteriuria
sintomatica ITU recorrente cistite na mulher uretrite e prostatite no homem
Entretanto me sma quando ern altas contagens freqOentemente nao ha resposta
leucocitaria Gardnerela vaginalis e encantrada mais freqOentemente em mulheres e
pacientes com doena renal e ap6s instrumentaao (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
Estuda realizado par Agarwal e Dixon (2001) investigau a passivel papel de
Gardnerella vaginalis na cistite intersticial usando metodos maleculares para
garantir a recuperaCao do microrganismo mesmo em baixas contagens Nenhuma
das trinta e tres amastras de bi6psias de bexiga de pacientes com cistite intersticial
foram positivas para Gardnerella vaginais a que embora nao exclua seu
envalvimenta na cistite intersticial diminui esta probabilidade
Ginestre Perez et al (2001) realizaram estudo de mil trezentas e setenta
amostras de jato media de urina de pacientes com sintomas de ITU Gardnerella
vaginalis cujo papel patagenica no trato urinario e discutivel ocupou a segundo
lugar em freqOencia etiologica (1763) ficando atras somente de Escherichia coli
(5210) e superando microrganismos cansiderados uropat6genas classicos como
39
Proteus mirabifis (763) Klebsiella pneumoniae (684) e Pseudomonas
aeruginosa (368) Embera a presen~a de Gardnerella vaginais em amostras de
jato media urinario possa indicar contaminayao vaginal todos as cultivos positivos
para esta bacteria apresentavam contagens superiores a 100000 UFCml e
provinham de pacientes sintomaticos representando urna alta probabilidade de
infec~ao urinaria verdadeira
53 Mycoplasma hominis E Ureaplasma urealyticum
Especies patogenicas como Mycoplasma hominis e Ureaplasma urealyticum
ocorrem freqOentemente como colonizantes do trato urogenital inferior de homens e
mulheres saudaveis A ocorrencia de infec~ao esta provavelmente relacionada a
imunossupressao obstru~ao ou procedimentos previos de instrumental)ao no trato
urinario Ureaplasma urealyticum tern sido encontrado em calculos urinarios de
pacientes com liHase infecciosa sugerindo uma possivel associal)ao causal
Mycoplasma hominis tern sido isolado do trato urinario superior em pacientes com
sintomas de pielonefrite aguda FreqOentemente ha resposta imunol6gica especifica
(MURRAY 1999)
Foi pesquisada a presen9a de Ureaplasma urealyticum e Mycoplasma
hominis em amostras de jato medio de 314 mulheres e 52 homens sintomaticos do
trata urinltilria Ureaplasma urealyticum fai isalada em 54 (171) das mulheres e 8
(154) dos hom ens e Mycoplasma hominis foi isolado em 12 (38) das mulheres
e 4 (77) dos homens Ureaplasma urealyOcum foi superado apenas par
Escherichia coli e Gardnerella vaginalis em ambos grupas 366 e 254
respectivamente no sexo feminina e 585 e 308 no masculino Demonstrou-se
partanto que a bacteriuria par ureaplasmas e relativamente co mum porem nao e
40
detectada por metodos convencionais de cultura de urina (AVILES ZARAGOZA
1998)
A significancia de micoplasmas em amostras de jato medic urinario e de
dificil determinacao devido a provavel contaminacao da amostra par
microrganismos colonizantes da vagina e uretra distal Entretanto estudos
realizados em amostras de aspirado suprapubico em gestantes demons tram que 0
desenvolvimento de pre-eclampsia e tres vezes mais prov3vel em mulheres
apresentando culturas positivas para ureaplasmas no inicio da gestacao do que em
mulheres com culturas negativas no mesmo periodo (KONEMAN ef a 1997)
54 Haemophilus spp
Existem varios estudos relacionando Haemophifus influenzae e Haemophilus
parainfluenzae a ITU embora sua freqOencia e significancia nae tenham sido
confirmadas Alguns pesquisadores sugerem a inclusao de agar chocolate em
culturas de urina de crian~as por causa da associa~ao de Haemophilus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae com outras infec~6es nesta faixa etaria (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
Maskell (1989) citou a ocorrencia de certas bacterias fastidiosas em sftios do
trato urinflrio abaixe da bexiga como par exemple em cases de prostatite por
Haemophilus influenzae
55 Lactobacillus spp
Em estudo realizado em pacientes do sexe feminine com sind rome uretral
aguda demonstrou-se uma alta freqOencia de isolamentos de lactobacilos Durante
dois anos amastras de jato medic de tais pacientes foram cultivadas observando-se
a principio alta concentracao de lactobacilos principalmente nas pacientes
sintomaticas Ao final do estudo durante 0 qual foi impedido 0 usa de antibi6ticos os
41
lactobacilos desapareceram da urina de muitas mulheres as quais tornaram-se
assintomaticas Os autores concluiram que as sintomas da sindrome uretra podem
ser devidos a multiplica~ao desproporcional de lactobacilos na uretra distal como
resultado de antibioticoterapia frequentemente administrada em cursos prolongados
para resolurao dos sintomas urinarios Lactobacilos tambem tern sido relatados em
amostras de urina obtidas diretamente da bexiga e de amostras de tecido obtidas
par bi6psia vesical bern como ocasionalmente isolados em urinas de mulheres
idosas com sintomas urinarios (MASKELL 1989)
56 COCOS GRAM-POSITIVOS
Microrganismos dos generos Lactococcus Gemella Aerococcus e
Globicatella embora possam estar presentes como contaminantes em culturas de
material clinico tern sido isolados como patogenos oportunistas ern urina e outras
amostras de pacientes imunocomprometidos Esforyos para identifica-Ios devem ser
realizados quando os isolados forem clinicamente significantes isto e isolados
repetidamente ou em cultura pura Devido a semelhanya com outros cocos gram-
positivos isolados com mais freq04sectncia como estreptococos enterococos e
estafilococos possivelmente sao confundidos com especies destes generos
(MURRAY 1999)
Golapachar et al (2004) relata ram um caso de infec9ao do trato urinario com
bacteremia causa do por Aerococcus viridans em um homem de 87 anos residente
em uma cUnica de repouso A cultura de urina apresentau crescimenta de 105
UFCml de Aerococcus viridans e a hemocultura fai positiva para a mesmo
microrganismo Os testes bioqulmicos que leva ram a identificayao do
microrganismo faram reayoes negativas de catalase e LAP (Ieucina aminopeptidase)
e reaDes positivas para PYR (L-pyrrolidonyl-beta-naphtylamina) fermentaao de
42
trehalose e manese resistencia a optoquina crescimento em agar bile esculina 40
e cresci menta em cloreto de s6die 65 As especies de Aerococcus sao anaer6bias
facultativas a maioria catalase negativa com tendemcia a formaCao de tetrades na
morfologia microsc6pica PYR positivo e LAP negativ~ a que as diferencia de
enterococos e estreptococos
A escassa documentacao a respeito de infecyoes humanas por Aerocccus
sp deve-se provavelmente a sua similaridade microbiol6gica aos estreptococos alfa-
hemoliticos e enterococos e possiveis erras na interpretacao laboratorial de
amostras clinicas No casa acima descrito a laborat6rio de microbiologia nao pade
reaHzar a antibiograma devido a natureza fastidiosa da bacteria mas houve sucesso
terapeutico ap6s administray8o intravenosa de levofloxacin (GOLAPACHAR et al
2004)
Um caso de pielonefrite e urossepsis por Streptococcus pneumoniae foi
relatado em urn hornem de 82 anos com hist6ria clinica de leucemia linf6ide cronica
e diabetes mellitus Exames radiograficos abdominais e tomografia computadorizada
mostraram uma imagem indicativa de extensa pielonefrite no rim esquerdo sem
nenhum outro foco de infecc8o 0 abscesso renal foi tratado por drenagem
transuretral e 0 material purulento obtido foi cultivado assim como materiais de
orofaringe escarro e sangue Esearro e orofaringe revelaram apenas mierobiota
normal do trato respirat6rio enquanto 0 material drenado e as hemoculturas
demonstraram microseopicamente cocos gram-positiv~s aos pares e em eadeias
alguns dos quais eram lanceolados havendo bom crescimento em agar sangue de
carneiro e agar chocolate a 37degC As col6nias eram fracamente alfa-hemoliticas no
agar sangue e nao muc6ides catalase-negativas e sensiveis a optoquina Testes de
aglutinac8o sorologiea de ambos materiais confirmaram a identificac8o e testes
43
moleculares demonstraram ser as dois isolados identicas Apesar da terapia
antimicrobiana a paciente desenvolveu coagula98o intravascular disseminada e
sofreu uma parada cardiaca sendo que 0 quadro foi revertido mas tornau-se
necessaria a nefrotomia para eliminar a foco da infeccao Em contraste a estud05
anteriores a paciente descrito apresentou um verdadeiro casa de pielonefrite
abscesso renal e urossepsis causados par Streptococcus pneumoniae A presenca
de doencas como leucemia linf6ide crOniea e diabetes mellitus fcram 5uficientes para
causar um certa grau de imunossupressao e predispor a paciente a infeccao par
Streptococcus pneumoniae mesma sem hist6ria antecedente de infecC8o
pneumoc6cica trauma ou interven9ao cirurgica (DUFKE KUNZE-KRONAWITIER
SCHUBERT2004)
57 BACT~RIAS ANAER6BIAS
Tern sido descritos casas de infec90es do trato urinario par bacterias
anaer6bias com as mais diverses tipos de apresenta90es clinicas entre processes
crenicos e agudos As bacterias recuperadas sao bacilos gram negativQs incluindo
Bacteroides fragifis Prevotella sp e Porphyromonas sp Clostridium sp cocos
gram-positiv~s e Actinomyces sp Em muitos casas sao recuperadas em culturas
mistas com coliformes e estreptococos (BROOK 2004)
58 OUTRAS BACT~RIAS FASTIDIOSAS
Foi descrita par Greub e Raoult (2002) uma nova especie bacteriana
Actinobaculum massiliae recuperada da urina de uma mulher de 81 anos com ITU
cr6nica Os estudos fenotipicos genotfpicos e filogeneticos realizados mostraram
ser 0 isolado urna nova especie ainda nao recanhecida dentro do genera
Actinobaculum e foi proposta a denominacao Actinobaculum massiliae A mesma
cepa faj isolada tres vezes num perlodo de sete meses mesmo apes tratamento
44
com amoxicilina sulfametoxazol~trimetoprim e rifampicina Devida ao fata do
microrganismo nao ser isolado em procedimentos laboratoriais de rotina uma ITU
devido a Actinobaculum massiliae pade ser mal diagnosticada Alem disso as
col6nias apresentam heterogeneidade morfol6gica ap6s cinco dias de incubacao
podendo levar a uma errOnea interpretaC(ao de contaminacao com duas especies de
badlas gram~positivos 0 usa de agar sangue de carneiro e incubacao prolongada
motivado pela presenca de 106 leuc6cit05 per ml na urina da paciente permitiu a
desenvolvimento da cepa Houve cura ap6s tratamento com doxiciclina (GREUB
RAOUL T 2002)
Em estudo clinico e microbiol6gico de mulheres com sindrome uretral -
excluindo pacientes com cistite bacteriana - 41 pacientes foram comparadas com 42
pacientes controle Nao foi encontrada diferenca entre pacientes e con troles em
incid~ncia de Chlamydia trachomatis e outros microrganismos de transmiss3o
sexual 0 numero de lactobacilos e outros microrganismos fastidiosos bem como a
numero de leucocitos na urina nao apresentaram diferenca entre pacientes com
sintomas leves e intensos ou entre pacientes e controles Os auto res sustentam a
hipotese da sindrome uretral nao ser causada por infecrao bacteriana ou clamidial
(GILLESPIE et al 1989)
45
6 CONCLUSAO UMA REFLExAO
E indiscutivel a importo1ncia para a laborat6rio de requisicoes de exame
completas com informayoes sabre suspeita clinica existencia de sintomas
anormalidades do trata urinario e condhoes imunol6gicas do paciente Embora
tradicionalmente a maiaria dos medicos nao fornega muitas informacoes sabre 0
paciente ao laborat6rio a microbiologista pede incentivar a criacao de urn canal de
comunicacao quando observar a necessidade de informagoes sobre determinado
paciente
Exames anteriores do paciente sempre que disponiveis devem ser
consultados e comparados pois informacoes sabre infecc6es recorrentes au
recidivantes especies bacterianas envolvidas au presen9a de piuria esteril sao
importantes para direcionar a pesquisa para agentes fastidiosos
o metoda de coleta e as condi~6es de transporte da urina deterrninam a
qualidade da amostra e a quao relevantes serao as microrganismos nela
encontrados Considerando-se que urna bacteria normalmente considerada como
contarninante introduzida durante a coleta pode ser em alguns casos patogenica ou
ainda que uma especie fastidiosa patogenica de crescimento lento pode ter seu
crescimento inibido par uma contaminante de crescimenta mais rapido a coleta
adequada torna-se urn fator de suma importancia para a detec~ao de especies
fastidiosas em urina
Como ja discutida torna-se indispensavel a realiza~ao da calora~ao de
Gram em amostras de urina pOis alem de ser urn teste de triagem rapida e barato
para bacteriuria acima de 105 UFCml pode ser 0 unica indicativa da presen~a de
urna especie fastidiosa
46
A comunica~ao entre a microbiologista e a medico pode determinar nao 56 a
sucesso do diagn6stico e do tratamento como a viabilidade economica da pesquisa
de bacterias fastidiosas para 0 laborat6rio urna vez que direciona as esforyos
laboratoriais aos pacientes que realmente necessitam evitando 9a5t05
desnecessarios
Bacte-rias fastidiosas podem nao responder ao tratamento antibi6tico para
pat6genos convencionais do trato urinario portanto a pesquisa precocemente
direcionada para tais agentes pode melhorar 0 progn6stico das ITU evitando a
administracao de antibioticos inadequados au desnecessarios
Como observado nos diversos casas reiatados bacterias fastidiosas
ocorrem em cenaries clinicos especificos 0 entendimento do processo da doen=a e
as condi=oes do paciente pod em ajudar muito 0 laboratorio no esfor=o para
recuperar a bacteria do material clinico
47
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
ALBINI C A Cullura de Urina Analise das metodologias interfer~ncja sobre as
resultados e proposta para padronizacao 1994 54 f Monografia (Especia1iza9aO em
Bacteriologia) - Setor de Ciencias da Saude Departamento de Patologia Medica
Universidade Federal do Parana Curitiba
AGARWAL M DIXON R A A study to detect Gardnerella vagina lis DNA in
interstitial cystitis British Journal of Urology (on line) 2001 Disponlvel em
httpwwwbjuiorg889articlebju2514aspAcessoem 03 fev 2005
BATRA A Interstitial Cystitis Updade Infection Urology (on line) 1999 Disponivel
em httphomeswipnetsellsopicupdatehtm Acessa em 20 dez 2004
CLARIDGE J E JOHNSON J R PEZZLO M T Laboratory Diagnosis of Urinary
Tract Infections Washington American Society for Microbiology 281998
BROOK I Urinary tract genito-urinary suppurative infections due to anaerobic
bacteria International Journal of Urology (on line) 2004 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezigueryfcgicmd=Retrieveampdb=pubmedampdopt=Abst
ractamplist uids=15009360 Acesso em 18 mar 2005
DOMANN E HONG G IMIRZALIOGLU C TURSCHNER S KOHLE J
WATZEL C HAIN T HOSSAIN H CHAKRABORTY T Culture-Independent
Identification of Pathogenic Bacteria and Polymicrobial Infections in the Genitourinary
Tract of Renal Transplant Recipients Journal of Clinical Microbiology (on line) 2003
48
Disponivel em httpjcmasmorgcgireprintl41125500pdf Acesso em 18
mar2005
DOMINGUE G J HELLSTROMW J G Prostatitis Clinical Microbiology Reviews
(on line) 1998 Disponivel em httpcmrasmorglcgilcontentifuIl11141604 Acesso
em 03 fev 2005
DUFKE S KUNZE-KRONAWITIER H SCHUBERT S Pyelonephritis and
Urosepsis Caused by Streptococcus pneumoniae Journal of Clinical Microbiology
(on line) 2004 Disponlvel em httpjcmasmorgcgicontentifuIl4294383 Acesso
em 06 mar2005
FAIRLEY K F BIRCH D F Detection of Bladder Bacteriuria in Patients with Acute
Urinary Symptoms The Journal of Infectious Diseases Melbourne v 159 n2 p
226-231 fev 1989
FRAIMOW H S JUNGKIND D L LANDER D W DELSO D R DEAN J L
Urinary Tract Infection with an Enterococcus taecais Isolate that Requires
Vancomycin for Growth Annals of Internal Medicine (on line) 1994 Oisponivel em
httpwwwannalsorgcgicontentifuIl1211122 Acesso em 18 mar 2005
FRANZ M HCRL W H Common errors in diagnosis and management of urinary
tract infection I Patophysiology and diagnostic techniques Nephrology Dialysis
Transplantation (on line) 1999 Disponivel em
httpltwwwndtoupjournalsorgcgicontentifuIl141127 46 Acesso em 01 dez 2004
49
GIBB A P Plates are Belter than Broth for Recovery of Fastidious Organisms from
some Specimen Material Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Oisponivel
em httpjcmasmorgcgireprinU4041129pdf Acesso em 06 mar2005
GILLESPIE W A HENDERSON E P LINTON K B SMITH P J Microbiology
of the urethral (frequency and dysuria) syndrome A controlled study with 5-year
review British Journal of Urology (on line) 1989 Disponfvel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
2804564ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr 2005
GINESTRE PEREZ M ROMERO-A~EZ S MARTINEZ-GARCIA A RINCON-
VILLALOBOS G HARRIS-SOCORRO B CATELLANO-GONZALES M AVILA-
ROO Y PEROZO-MENA A Gardnerella vaginalis y uropat6genos convencionales
em pacientes ambulatorios Revista de La Sociedad Venezolana de Microbiaogia
(on line) 2001 Disponivel em
httpwwwseieloorgvaseielo phpscriptsci arttextamppid=S 1315-
25562001000200003amplng=esampnrm=isso Acesso em 05 jan 2005
GOBERNADO M CRUZ F J DALET F BROSETA E DE CUETO M
SANTOS M DE LA ROSA M Procedimientos en Microbiologla Clinica La
infeccion urinaria 2002 Disponivel em
httpwwwseimcorgprotocolosmicrobiologiaindice14htm Acesso em 01 dez
2004
50
GOLAPACHAR A AKINS R L DAVIS W R SIDDIQUI A A Urinary tract
infection caused by Aerococcus viridans a case report International Medical Journal
for Experimental and Clinical Research (on line) 2004 Oisponivel em
httpwlNNmedscimonitcompubvol 10no 114928pdf Acesso em 03 dez 2004
GREUB G RAOULT D Actinobaculum massiliae a new species causing chronic
urinary tract infection Journal of Clinical Microbiology (on line) 2002 Disponivel em
httpwwwpubmedcentralnihgov articlerender fcgitool=pubmedamppubmedid=12409
355 Acesso em 13 fev2005
HElLBERG I P Diagnosis and clinical management of urinary tract infection
Disponivel em httpwwwunineteducin2003confpfefermanpfefermanhtml
Acesso em 20 out 2004
KONEMAN E W ALLEN S D JANDA W M SCHREKENBERGER P C
WINN Jr W C Cr Atlas and Textbook of Diagnostic Microbiology 5ed
Philadelphia Lippincott-Raven 1997
LIPSKY B A Managing Prostatitis and Urinary Tract Infection in Men Infectious
Diseases Infoalerl (on line) 2003 Oisponivel em
httpwwwdpacomhklpdflinfolnfoALERT 15pdf Acesso em 10 dez 2004
MASKELL R A new look at the diagnosis of infection of the urinary tract and its
adjacents structures Joumaloflnfecfion Portsmouth n 19 p 207-217 jul 1989
51
MERIA P DESGRIPPES A ARFI C LE DUC A Encrusted Cystitis and Pyelitis
Journal of Urology (on line) 1998 Disponlvel em
htlpIwwwjurologycomipUrejuroabstract00005392-1 99807000-
00003htmmiddotjsessionid-CnHOtEDjxvOgrxiWIUac52pekluG1HSCZzrnOpCIJH4V107ePU
evI848681301-949856032190011-1 Acesso em 21 abr 2005
McCUE J D The Management of Complicated Urinary Tract Infections Infectious
Diseases Infoalert (on line) 1999 Disponfvel em
htlpIwwwdpacomhkJpdlfinlofinlo alart 01pdl Acesso em 01 dez 2004
MURRAY P R Manual of Clinical Microbiology 7ed Washington ASM Press
1999
NABER K G BERGMAN B BISHOP M C JOHANSEN T E B BOTTO H
LOBEL B CRUZ F J SELVAGGI F P European Association 01 Urology
Guidelines on Urinary and Male Genital Tract Infections Disponlvel em
httpwwwuroweborglfilesluploaded filesuti mgtLpdf Acesso em 20 dez 2004
OPLUSTIL C P Urocultura In__ Procedimentos basicos em microbiologia
clinica 2 ed Sao Paulo Sarvier 2004 p 88-93
OSBORNE J About Interstitial Cystitis Disponivel em htlplwwwic-
networkcomhandbooklbasicshtmlintro Acesso em 20 dez 2004
52
PEDRAZA AVILES A G ORTIZ ZARAGOZA M C Symptomatic bacteriuria due to
Ureaplasma and Mycoplasma in adults Revista Latinoamericana de Microbiologia
(on line) 1998 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedampdopt=Abs
tractamplist uids=20388109 Acesso em 20 abr 2005
RIEGEL P RUIMY R BRIEL D de PREVOST G JEHL F BIMET F
CHRISTEN R MONTEIL H Corynebacterium seminale sp Nov a New Species
Associated with Genital Infections in Male Patients Journal of Clinical Microbiology
(on line) 1995 Disponlvel em
htlpllwwwpubmedcentralnihgovpicrenderfcgiartid=228387ampblobtype=pdf
Acesso em 19 mar 2005
SORIANO F PONTE C A case of urinary tract infection caused by
Corynebacterium urealyticum and coryneform group F1 European Journal of Clinical
Microbiology Infectious Diseases (on line) 1992 Disponfvel em
httoIwwwncbinlmnihgoventreziguervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
1396772ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr2005
TANNER M A SHOSKES DSHAHEDA PACENR Prevalence of
Corynebacterial 16S fRna Sequences in Patients with Bacterial and Nonbacterial
Prostatitis Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Disponivel em
httpmcmasmorgcontenVfull3761863 Acesso em 06 mar 2005
TRABULSI L R ALTERTHUM F Escherichia coli uropatagenica (UPEC) In
Microbiaagia 4 ed Sao Paulo Atheneu 2004 p 303-309
53
25
passo a passo ou se passivel acompanhar pessoalmente a coleta (coleta
supervision ada)
Amostras de urina de jato media sao as amostras mais comumente
submetidas a cultura De preferencia deve ser colhida a primeira urina da manha
podendo ser aceitas urinas com pelo menos 2 heras de reten~ao Ap6s higiene da
regiao genital despreza-se 0 primeiro jato - 0 que auxilia a eliminacao dos
contaminantes da uretra inferior - e colhe-se 0 jato media em fraseD esteril
apropriado desprezando-se 0 final da mic9ilo (OPLUSTIL eJ al 2004) A higiene
genital deve ser realizada com agua e sabao naD anti-septico devendo ser as [abias
vaginais afastados e 0 prepucio retraido antes da miccao (GOBERNADO et 81
2002)
Alguns autores afirmam que mesma quando a coleta e meticutosamente
reatizada com a assist~ncia de um pro fissional treinado a urina apresenta-se
frequentemente contaminada (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Amostras urinarias de criancas obtidas com saco coletor devem ser colhidas
apos higiene da regiao genital e colocacao do saco coletor de forma asseptica
Troca-se 0 coletor a cada 45 minutos ou 1 h~ra repetindo-se a higiene e evitando-se
contaminacao fecal 0 coletor deve chegar fechado ao laborat6rio Tas amostras
freqOentemente sao contaminadas com microrganismos fecais promovendo
resultados falso-positivos portanto 0 maior significado clinico de amostras obtidas
com saco coletor e 0 resultado negativo (OPLUSTIL et a 2004) Culturas positivas
devem ser confirmadas por metodos de cateterizacao direta ou aspiracao
suprapubica (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Em pacientes com sanda vesical permanente pinca-se a canula do coletor
realiza-se desinfeccao da canula com alcool 70 e punciona-se com seringa e
26
agulha estereis colocando-se a amostra em frasee esteri Nunea se deve obter a
amostra do saco coletor de pacientes sand ados porque a multiplica9ao bacteriana
fornecera urn numero muito maior que aquele real mente presente no paciente
(OPLUSTIL et al 2004) Tambem nao se reeomenda deseoneetar 0 eateter do tubo
coletor sob risco de introduyao de microrganismos no sistema Sempre que passivel
tal coleta deve ser realizada ap6s troea do cateter pois urna microbiota que naD
corresponde a do paciente pade residir em cateteres antigos (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
A punyao suprapubica e considerada a metoda padrao auro para coleta de
urina par representar a verdadeira bacteriuria vesical (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998) Calhe-se com seringa e agulha diretamente par pun9ao vesical Tal
procedimento evita problemas de contamina9ao uretral e e recomendado para
crian9as ate dois anos detec9ao de anaer6bios enos casos de repeti9ao de ex ames
com interpretaoes duvidosas (OPLUSTIL et al 2004) Pode tambem estar indieada
para homens de qualquer idade com fimose e em mulheres com bacteriurias de
repeti~o de proeedeneia duvidosa (GOBERNADO et al 2002)
A cateteriza9ao com finalidade unica de obten9ao de amostras somente
deve ser realizada em pacientes nos quais nao seja possivel a elimina9aO
espontanea de urina como doentes neurologicos au com problemas urol6gicos
obstrutivos Caso seja necessaria devern-se utilizar tecnicas rigorosas de assepsia
por causa do alto risco de introdu9ao de rnicrorganismos (KONEMAN et a 1997
GOBERNADO et a 2002)
Para a pesquisa de Mycobacterium tuberculosis tres amostras de urina da
manha devem ser coletadas em dias consecutivos as tecnicas de cultivo para
27
micobacterias naD permitem a cresci menta de outros agentes e portanto a coleta
nac necessita de assepsia rigorosa (MIMS et al 1995)
Caso naD seja passivel a processamento da amostra de urina em ate 2
haras apas a coleta a amostra deve ser refrigerada (2 a 80 C) e processada em ate
24 haras tempo maximo para manuten~ao da contagem bacteriana estavel 0 usc
do preservativo acido b6rico permite que a amostra permane98 a temperatura
ambiente (20 a 25 C) ate 24 horas antes de ser process ada (OPLUSTIL ef aI 2004
CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Sistemas de trans porte usanda acido b6rico podem ser metodos alternativQs
para coletas realizadas em casa au em locais distantes do laborat6ria e mostram-se
tao efetivos quanta a refrigeragao (KONEMAM ef ai 1997)
Oepois de coletada a amostra de urina deve ser encaminhada ao laboratorio
a mais rapido possivel e com todas as informayoes necessarias para degprocessamento Devem ser relatados 0 horario e 0 metodo da coleta 0 tempo de
reteny80 da urina 0 tipo de paciente (por exemplo urologico ou geriatrico) a idade
o sexo se 0 paciente tem recebido quantidades aumentadas de Ifquido
apresentay80 clinica (existencia de sintomas) resultados de urinalise (presen9a de
celulas inflamat6rias) e resultados antecedentes de cultura (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
De maneira ideal as amostras devem ser coletadas antes do inicio da
terapia antimicrobiana Caso 0 paciente ja esteja recebendo ou tenha recebido
antibioticoterapia nas 48 horas antecedentes a realizay80 do exame esta
informay80 deve ser explicitada no formulario de requisiy80 do exame (MIMS et al
1995)
28
Recoletas devem ser solicitadas quando amostras nae refrigeradas forem
recebidas 2 horas ou mais ap6s a coleta au quando nac fcrem comunicados 0
horario e a forma de coleta No entanto nenhuma amostra deve ser desprezada
antes do cantata com 0 medico solicitante po is ela pade em alguns casas ser
insubstituivel (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Menos de 5 das urinas coretadas e transportadas adequadamente
apresentam multiplos microrganismos Exce~6es sao amostras de pacientes com
bexiga neurogemica au usa cranico de cateteres nos quais a bacteriuria
polimicrobiana pade ser detectada em 30 a 80 das culturas freqOentemente sem
infecao (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Segundo Koneman et al (1997) a acuracia do procedimento de coleta de
urina pode ser monitorada pela frequencia de exames com contagens entre 104 a 105
UFCml que nao deve exceder 5 a 10 se os procedimentos forem realizados
apropriadamente
42 A IMPORTANCIA DA COLORAltAo DE GRAM
Durante as ultimas decadas testes rapidos de triagem para bacteriuria foram
desenvolvidos com 0 propos ito de fornecer resultados mais rapid os e de eliminar a
necessidade de cultivar amostras negativas Entretanto sua utilizacao e limitada
principalmente pela incapacidade de detectar baixos niveis de bacteriuria e piuria
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
A coloracao de Gram da urina nao centrifugada e um dos metodos mais
rapidos seguros e baratos para estimar bacteriuria superior a 105 UFCml e
presenca de mais de 8 a 10 leucocitoslJl Homogeneiza-se muito bem a urina
coloca-se uma gota sobre lamina sem espalhar e deixa-se secar ao ar A lamina
deve ser fixada par calor au metanol (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998) A
29
presenca de uma ou mais celulas bacterianas per campo em aumento de 1000
vezes tern sensibilidade de 94 e especificidade de 90 em refletir uma contagem
de colOnias superior a 10 UFCml (KONEMAN ef al 1997)
Embora seja urn metoda barato de triagem a coloraC8o de Gram naD e
utilizada par muitos laborat6rios pelo consumo de tempo e baixa sensibilidade em
contagens inferiores a 105 UFCml Sugere-se a sua utilizacao como teste de triagem
apenas em pacientes com contagens de col6nias provavelmente altas
principalmente as assintomaticos e com suspeita de pielonefrite Alguns autores
relatam melhora da sensibilidade a nlveis acima de 104 UFCml com 0 usa de
citocentrifuga (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
A coloraCao de Gram do sedimento urinario em bora ainda utilizada por
muitos laboratorios e impropria pela baixa reprodutibilidade e dificuldade de
padronizacao e correlacao com os metodos de velocidade de excrecao de leucocitos
au contagem em camara (ALBINI 1994)
As informac6es fornecidas pela cOloracao de Gram sobre a morfologia do
microrganismo e caracteristicas na coloracao sao extremamente importantes para a
selecao inicial da terapia antimicrobiana enquanto se aguarda 0 informe definitivo
do resultado da cultura e do antibiograma (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO
1998)
~ imprescindivel a realizacao da coloracao de Gram para deteccao de
bacterias fastidiosas ou nao usuais Devido a dificuldade de desenvolvimento nos
meios utilizados para a deteccao de enterobacterias em alguns casos somente a
visualizacao microscopica indicarcfi a sua presenca (FRANZ HORL 1999)
A observacao microscopica da urina permite verificar a qualidade da amostra
especialmente em mulheres nas quais a contaminacao vaginal e frequente
30
produzindo resultados falso-positivos A presen~a de muitas celulas epiteliais e de
mais de urn tipo de microrganismo no Gram sugere contamina9aO da amostra em
decorrencia da coleta (OPLUSTIL et ai 2004)
Dutro aspecto importante da coloracao de Gram e a sua utilidade no
monitoramento das culturas podendo-se pelo seu resultado detectar erras tecnicos
e ate mesmo troca de amostras (ALBINI 2004)
31
5 BACTERIAS FASTIDIOSAS E INFECcAO DO TRATO URINARIO
Em 1989 Maskell citou a ocorrencia de bacterias fastidiosas como algumas
especies de estreptococos Gardnerela vaginalis Haemophilus influenzae
Corynebacterium spp e lactobacilos em infecgoes da bexiga e trato urinario superior
isoladas de amostras de urina obtidas par cateteriz8gao aspiragao supra-pubica e
tarn bam de amostras de tecido obtidas per bi6psia vesical Relatou tambem a
preseng8 de tais bacterias na urina de gestantes assintomaticas com mais
freqOencia do que em nao-gestantes e que as gestantes apresentando bacteriuria
posteriormente desenvolviam sintomas com mais freqoencia do que as que nao
apresentavam bacterias na urina
Fairley e Birch (1989) realizaram um importante estudo demonstrando que
pacientes com sintomas de infec~ao do trato urinario apresentando resultados
negativos em culturas de rotina podem abrigar bacterias fastidiosas ou baixas
contagens de uropat6genos convencionais na bexiga Os pacientes incluidos no
estudo foram os que apresentaram resultados inconclusivos em culturas previas de
jato medio como desenvolvimento inferior a 105 UFCml de um pat6geno
convencional ou a desenvolvimento superior a 102 UFCml de uma bacteria
fastidiosa Foram avaiiadas urinas obtidas por aspirayao suprapubica de 1817
mulheres e 300 homens cultivadas para uropat6genos convencionais e bacterias
fastidiosas utilizando in6culo que proporcionou resultados entre 101 e 107 UFCml A
freqOencia de isolamentos esta representada na tabela 1
32
TABELA 1 - FREQUENCIA DE BACTERIURIA EM 2117 PACIENTES(AMOSTRAS OBTIDAS POR PUNCAO SUPRAPUBICA) -1989
Uropat6-Culturas positivas $omente $omente especies genos
(n = 597) uropat6genos fastidiosas conven-convencionais (n = 366) cionais
n = 170 eespeci-
Pacientes Unica Multiplas Unica Multiplas Unica Multiplas esespecie especies especie especies especie especies faslidio-
sasMulheres (n = 1817) 370 191 148 5 222 125 61Homens (n = 300) 36 0 17 0 19 0 0
FONTE The Royal Melbourne Hospital
Vinte e aito especies microbianas foram isoladas no trabalho em questao
sendo Ureaplasma urealylicum Gardnerella vaginalis Escherichia coli Mycoplasma
hominis e Staphylococcus epidermidis as especies mais isoladas Quinhentas e
oitenta e uma (70) das 830 cepas isoladas pertenciam a especies fastidiosas -
Ureaplasma urealyticum Gardnerella vaginalis e Mycoplasma hominis - que nao sao
recuperadas em meies de cultura canvencianais Gardnerella vaginais fai mais
freqUente em mulheres enquanto Ureaplasma urealyticum nao apresentou diferen9a
estatisticamente significativa entre os sexas Treze esptkies fcram isoladas em
apenas uma ou duas ocasioes entre elas Streptococcus equi Streptococcus
equisimifis Streptococcus sanguis Morganella morgan Klebsiella oxytoca
Peptococcus anaerobius Proteus vulgaris Enterobacter aerogenes Salmonella
enteritidis Pseudomonas aeruginosa Haemophilus influenzae Haemophilus
parainfluenzae e Haemophilus parahaemofyticus Anaer6bios estritos foram isolados
de apenas sete dos 597 pacientes (FAIRLEY BIRCH 1989)
Culturas polimicrobianas foram obtidas em urn teno das pacientes do sexo
feminino e nao foram verificadas no sexe masculino A freqOencia de uropat6genos
cenvencienais e fastidiesos encontra-se na tabela 2
33
TABELA 2 - FREQU~NCIA DE UROPATOGENOS CONVENCIONAISE BACTERIAS FASTIDIOSAS EM 191 PACIENTES DO SEXOFEMININO COM BACTERIURIA POLMICROBIANA - 1989
Numero de Somente Samente especies Especiesespecies (numera uropat6genos fastidiosas convencionais e
de pacientes) convencionais fastidiosasOois (153) 9 99 45Tres (34) 0 17 17Quatro (4) 0 1 3
FONTE The Royal Melboume Hospital
Ureaplasmas au Gardnerella vaginalis fcram recuperados em 179 das 191
mulheres com infecgao polimicrobiana estando presentes concomitantemente em
100 das 191 amostras sugerindo urna passivel relacc3osimbi6tica Uropat6genos
convencionais fcram isolados em pouco mais de 33 das mulheres na maiaria dos
casas acompanhados por bacterias fastidiosas indicando que infeccoes
polimicrobianas usualmente envolvem bacterias fastidiosas (FAIRLEY BIRCH
1989)
A contagem de col6nias excedeu 105 UFCml apenas na minoria dos
pacientes portanto a bacteriuria nao seria detectada em muitos individuos caso 0
valor de ponto de corte tradicional tivesse sido utilizado Os resultados tambem
mostraram que baixas contagens bacterianas podem acontecer com qualquer uma
das especies bacterianas isoladas embora tenham sido mais freqoentes para
Ureaplasma urealytieum e Mycoplasma hominis Cento e setenta e quatro (21)
isolados apresentaram contagens inferiores a 103 UFCml sendo 138 (84)
pertencentes a especies fastidiosas (FAIRLEY BIRCH 1989)
Franz e HOrl (1999) citaram a ocorrencia de HaemophiJus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae pneumococos Campyobaeter Legionella
pneumophila Salmonella spp Shigella spp Corynebacterium grupo 02
34
Mycobacterium tuberculosis micobacterias atipicas e fungos como causadores
ocasionais de ITU
Domann et al (2003) realizaram estudo em amostras do trato urinario de
transplantados renais utilizando tecnicas moleculares baseadas em 168 rRNA peR
e cromatografla liquida de alta performance (DHPLC) Foi avaliada a aplicaaD do
metoda em 109 amostras e observou-se 100 de correlacao para amostras cultura-
positivas Para as amostras cultura-negativas a DHPLC permitiu a deteccao de
uropat6genos previa mente conhecidos como Corynebacterium urealyticum e
Gardnerella vaginalis mas tambem agentes nao usuais como AnaerocDCCUs
laclolyticus Bacteroides vufgatus Diaisler invisus Fusobacterium nuceaturn
Lactobacillus iners Leptotrichia amnionii Prevotella buccalis Prevotella ruminicola
Rahnella aquatilis e Streptococcus intermedius detectados como unicos pat6genos
ou como agentes de infecyoes polimicrobianas Uma vez que as ITU sao
freqGentemente associadas com inicio precoce de rejeiyBo cronica em
transplantados renais e conveniente a pesquisa de agentes patogenicos
oportunistas e nao usuais para 0 correto direcionamento do tratamento
antimicrobiano
Quatro casos de ITU com bacteremia por Methylobacterium spp em
pacientes do sexo feminino imunocompetentes foram reportados por Lee Tang e Uu
(2004) Todas as pacientes tiveram hemoculturas positivas para Methylobacterlum
spp e suas culturas de urina foram negativas ou positivas para Escherichia coli com
crescimento concomitante de outro bacHo gram-negativ~ em baixa contagem que foi
ignorado Foram realizados experimentos especiais com os isolados indicando que
de acordo com os procedimentos padrao para culturas de urina com 24 horas de
incubayao a 35degC as colonias de Methylobacterium spp nao sao visualizadas e 0
35
pequeno numero de col6nias observado ap6s incuba~ao adicional de 24 heras a
temperatura ambiente apenas sugere ser a especie urn contaminante
Particularmente quando especies de Methyfobacterium estao presentes
concomitantemente com Escherichia coli ocorre supressao do cresci menta de
Methylobacterium spp tornando impassivel a sua deteccao 0 estudo conclui que a
falta de relatos de casas de ITU por Methylobacterium spp deve-se a impossibilidade
de detec~ao da especie por metodos padrao de cultura de urina au ainda porque a
baixa virulelncia da bacteria pode produzir ITU autolimitadas au talvez muitas vezes
curadas com as antibi6tico5 normalmente utilizados As especies estudadas fcram
variavelmente resistentes as cefalosporinas acido nalidixico nitrofurantoina e
sulfametoxazol-trimetoprim e 100 suscetiveis a ciprofloxacin imipenem e
aminoglicosideos
51 Corynebacterium spp
Corynebaclerium urealylicum pode ser uma importante embora rara causa
de ITU variando a freqOencia de isolamentos significativos de zero a 35 em
popularoes nao selecionadas A bacteriuria por Corynebacterium urealyticum ocorre
em pacientes hospitalizados per longos perledes severamente
imunocomprometidos urologicamente manipulados ou idosos Tal microrganismo
tam bern tern sido associado com pielonefrite e pode desaparecer espontaneamente
da urina mesmo sem antibioticoterapia (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Corynebacterium glucuroneyticum tambem chamado Corynebacterium
seminae tern side iselade de semen e trate g~nite-urinarie masculine e pede causar
prostatite ou uretrite Corynebacterium pseudogenitalium (CDC grupo F1) tambem
tern sido reconhecido como pat6gene do trato urinario (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
36
Foi relatado por Soriano e Ponte (1992) um caso de cistite de incrusta~ao
causado por urn corineforme identificado como CDC grupo F1 0 paciente havia
sofrido ITU previas persistentes causadas por Corynebacterium ureayticum (CDC
grupo 02) A cura bacteriol6gica foi alcan=ada apes urn mes de tratamento com
amoxicilina e acido acetohidroxamico
Meria at al (1998) realizaram levantamento bibliografico entre as anos de
1985 a 1997 sabre casas de cistite e pielite de incrustacao Foi constatado a
aumento progressive no numero de cases especialmente em pacientes
imunodeprimidos e particularmente em transplantados renais Tais inflamacoes
cr6nicas estao associadas com incrustac6es da mucosa causadas por bacterias
produtoras de urease tendo sido as mais freqOentes especies de Corynebacterium
grupo 02 A presenCa de urina alcalina contendo abundantes debris mucopurulentos
calcificados e alta mente sugestiva e pode auxiliar no diagnostico clinico A
demonstracao da bacteria envolvida requer culturas prolongadas em meios de
cultura enriquecidos 0 diagnostico precoce pode evitar falhas de tratamento e uma
possivel rejeicao do orgao transplantado
Em estudo realizado par Riegel et al (1995) corineformes em quantidades
significativas (104a 105 UFCml) foram isolados em amostras de semen uretra urina
e sangue de homens inferteis com diagn6stico de prostatite As analises genomicas
realizadas demonstraram ser as cepas pertencentes a uma mesma especie dentro
do genero Corynebacterium As 12 amostras mostraram padroes bioquimicos
simi lares entre elas born crescimento em agar sangue de carneiro em contraste com
crescimento pobre no mesmo meio suplementado com Tween 80 1 teste de
CAMP positivo fermentacao de glicose sacarose e presenCa de beta-glucuronidase
Tais caracteristicas permitiram a distincao destas cepas dos outros membros do
37
genera e 0 nome proposto foi Corynebacterium seminae Embera organismos
difter6ides pass am fazer parte da microbiota uretral a presenCa de contagens
significativas destas especies no semen sugere urna implica~ao infecciosa
particularmente na prostatite
Estudo molecular filogenetico baseado em 16S rRNA peR realizado em
pacientes com prostatite croniea demonstrou sinais bacterian05 em 65 dos
pacientes estudados Foi constatada a ocorreuromcia de um amplo espectro de
especies bacterianas no fluido prostatico dos pacientes incluindo Corynebacterium
Staphylococcus PepiosfreptococGUS Streptococcus e Escherichia Especies do
genera Corynebacterium foram encontradas em maior proponao incluindo especies
ainda nae descritas e n~o presentes nas amostras de controle sugerindo que
possam ter um papel na doen~a au que sejam conseqOemcia da mesma 0 estudo
mostreu ainda que os microrganismos associ ados com prestatite geralmente
ocorrem em comunidades microbianas distintas daquelas encontradas em liquidos
prostaticos normais (TANNER ot al 1999)
Segundo Domingue e Hellstrom (1998) a observaltio microsc6pica
cuidadosa de amostras de secre~~o prostatica bern como a inocula~~o em meios
enriquecidos sao essenciais para a isolamento de corineformes Foi realizado estudo
em uma amostra de secre~ao prostatica na qual a colora~ao de Gram apresentou
cocobacilos gram Itlbeis pleom6rficos que nao se desenvolveram em meios de rotina
incubados por 72 horas a 35degC Houve desenvolvimento em meio de cultura
enriquecido com extrato de leveduras e sora de cavalo e incubado no minimo 72
horas em atmosfera de 5 de CO2 a 35degC A secregao inoculada em caldo triptose
demonstrou a presen~a de bacilos gram-varitlveis (microscopicamente) e quando
repicada produziu bacilos de crescimento lento em meios de retina e enriquecidos
38
(incubados aerobicamente anaerobicamente ou sob tensao de CO2 par 72 haras)
Corineformes ocultos pod em ser agentes etiol6gicos da prostatite idiopatica croniea
que sao frequentemente perdidos au nao percebidos em procedimentos
bacteriol6gicos de rotina
52 Gardnerella vaginais
o significado de Gardnerela vaginais em urina e controverso pois a
principal associacao patogElnica desta bacteria e com a vaginose na mulher Embora
baixas contagens na urina parecam refletir a micro biota da uretra masculina ou
feminina contagens aeima de 10000 UFCml ja fcram associadas com bacteriuria
sintomatica ITU recorrente cistite na mulher uretrite e prostatite no homem
Entretanto me sma quando ern altas contagens freqOentemente nao ha resposta
leucocitaria Gardnerela vaginalis e encantrada mais freqOentemente em mulheres e
pacientes com doena renal e ap6s instrumentaao (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
Estuda realizado par Agarwal e Dixon (2001) investigau a passivel papel de
Gardnerella vaginalis na cistite intersticial usando metodos maleculares para
garantir a recuperaCao do microrganismo mesmo em baixas contagens Nenhuma
das trinta e tres amastras de bi6psias de bexiga de pacientes com cistite intersticial
foram positivas para Gardnerella vaginais a que embora nao exclua seu
envalvimenta na cistite intersticial diminui esta probabilidade
Ginestre Perez et al (2001) realizaram estudo de mil trezentas e setenta
amostras de jato media de urina de pacientes com sintomas de ITU Gardnerella
vaginalis cujo papel patagenica no trato urinario e discutivel ocupou a segundo
lugar em freqOencia etiologica (1763) ficando atras somente de Escherichia coli
(5210) e superando microrganismos cansiderados uropat6genas classicos como
39
Proteus mirabifis (763) Klebsiella pneumoniae (684) e Pseudomonas
aeruginosa (368) Embera a presen~a de Gardnerella vaginais em amostras de
jato media urinario possa indicar contaminayao vaginal todos as cultivos positivos
para esta bacteria apresentavam contagens superiores a 100000 UFCml e
provinham de pacientes sintomaticos representando urna alta probabilidade de
infec~ao urinaria verdadeira
53 Mycoplasma hominis E Ureaplasma urealyticum
Especies patogenicas como Mycoplasma hominis e Ureaplasma urealyticum
ocorrem freqOentemente como colonizantes do trato urogenital inferior de homens e
mulheres saudaveis A ocorrencia de infec~ao esta provavelmente relacionada a
imunossupressao obstru~ao ou procedimentos previos de instrumental)ao no trato
urinario Ureaplasma urealyticum tern sido encontrado em calculos urinarios de
pacientes com liHase infecciosa sugerindo uma possivel associal)ao causal
Mycoplasma hominis tern sido isolado do trato urinario superior em pacientes com
sintomas de pielonefrite aguda FreqOentemente ha resposta imunol6gica especifica
(MURRAY 1999)
Foi pesquisada a presen9a de Ureaplasma urealyticum e Mycoplasma
hominis em amostras de jato medio de 314 mulheres e 52 homens sintomaticos do
trata urinltilria Ureaplasma urealyticum fai isalada em 54 (171) das mulheres e 8
(154) dos hom ens e Mycoplasma hominis foi isolado em 12 (38) das mulheres
e 4 (77) dos homens Ureaplasma urealyOcum foi superado apenas par
Escherichia coli e Gardnerella vaginalis em ambos grupas 366 e 254
respectivamente no sexo feminina e 585 e 308 no masculino Demonstrou-se
partanto que a bacteriuria par ureaplasmas e relativamente co mum porem nao e
40
detectada por metodos convencionais de cultura de urina (AVILES ZARAGOZA
1998)
A significancia de micoplasmas em amostras de jato medic urinario e de
dificil determinacao devido a provavel contaminacao da amostra par
microrganismos colonizantes da vagina e uretra distal Entretanto estudos
realizados em amostras de aspirado suprapubico em gestantes demons tram que 0
desenvolvimento de pre-eclampsia e tres vezes mais prov3vel em mulheres
apresentando culturas positivas para ureaplasmas no inicio da gestacao do que em
mulheres com culturas negativas no mesmo periodo (KONEMAN ef a 1997)
54 Haemophilus spp
Existem varios estudos relacionando Haemophifus influenzae e Haemophilus
parainfluenzae a ITU embora sua freqOencia e significancia nae tenham sido
confirmadas Alguns pesquisadores sugerem a inclusao de agar chocolate em
culturas de urina de crian~as por causa da associa~ao de Haemophilus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae com outras infec~6es nesta faixa etaria (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
Maskell (1989) citou a ocorrencia de certas bacterias fastidiosas em sftios do
trato urinflrio abaixe da bexiga como par exemple em cases de prostatite por
Haemophilus influenzae
55 Lactobacillus spp
Em estudo realizado em pacientes do sexe feminine com sind rome uretral
aguda demonstrou-se uma alta freqOencia de isolamentos de lactobacilos Durante
dois anos amastras de jato medic de tais pacientes foram cultivadas observando-se
a principio alta concentracao de lactobacilos principalmente nas pacientes
sintomaticas Ao final do estudo durante 0 qual foi impedido 0 usa de antibi6ticos os
41
lactobacilos desapareceram da urina de muitas mulheres as quais tornaram-se
assintomaticas Os autores concluiram que as sintomas da sindrome uretra podem
ser devidos a multiplica~ao desproporcional de lactobacilos na uretra distal como
resultado de antibioticoterapia frequentemente administrada em cursos prolongados
para resolurao dos sintomas urinarios Lactobacilos tambem tern sido relatados em
amostras de urina obtidas diretamente da bexiga e de amostras de tecido obtidas
par bi6psia vesical bern como ocasionalmente isolados em urinas de mulheres
idosas com sintomas urinarios (MASKELL 1989)
56 COCOS GRAM-POSITIVOS
Microrganismos dos generos Lactococcus Gemella Aerococcus e
Globicatella embora possam estar presentes como contaminantes em culturas de
material clinico tern sido isolados como patogenos oportunistas ern urina e outras
amostras de pacientes imunocomprometidos Esforyos para identifica-Ios devem ser
realizados quando os isolados forem clinicamente significantes isto e isolados
repetidamente ou em cultura pura Devido a semelhanya com outros cocos gram-
positivos isolados com mais freq04sectncia como estreptococos enterococos e
estafilococos possivelmente sao confundidos com especies destes generos
(MURRAY 1999)
Golapachar et al (2004) relata ram um caso de infec9ao do trato urinario com
bacteremia causa do por Aerococcus viridans em um homem de 87 anos residente
em uma cUnica de repouso A cultura de urina apresentau crescimenta de 105
UFCml de Aerococcus viridans e a hemocultura fai positiva para a mesmo
microrganismo Os testes bioqulmicos que leva ram a identificayao do
microrganismo faram reayoes negativas de catalase e LAP (Ieucina aminopeptidase)
e reaDes positivas para PYR (L-pyrrolidonyl-beta-naphtylamina) fermentaao de
42
trehalose e manese resistencia a optoquina crescimento em agar bile esculina 40
e cresci menta em cloreto de s6die 65 As especies de Aerococcus sao anaer6bias
facultativas a maioria catalase negativa com tendemcia a formaCao de tetrades na
morfologia microsc6pica PYR positivo e LAP negativ~ a que as diferencia de
enterococos e estreptococos
A escassa documentacao a respeito de infecyoes humanas por Aerocccus
sp deve-se provavelmente a sua similaridade microbiol6gica aos estreptococos alfa-
hemoliticos e enterococos e possiveis erras na interpretacao laboratorial de
amostras clinicas No casa acima descrito a laborat6rio de microbiologia nao pade
reaHzar a antibiograma devido a natureza fastidiosa da bacteria mas houve sucesso
terapeutico ap6s administray8o intravenosa de levofloxacin (GOLAPACHAR et al
2004)
Um caso de pielonefrite e urossepsis por Streptococcus pneumoniae foi
relatado em urn hornem de 82 anos com hist6ria clinica de leucemia linf6ide cronica
e diabetes mellitus Exames radiograficos abdominais e tomografia computadorizada
mostraram uma imagem indicativa de extensa pielonefrite no rim esquerdo sem
nenhum outro foco de infecc8o 0 abscesso renal foi tratado por drenagem
transuretral e 0 material purulento obtido foi cultivado assim como materiais de
orofaringe escarro e sangue Esearro e orofaringe revelaram apenas mierobiota
normal do trato respirat6rio enquanto 0 material drenado e as hemoculturas
demonstraram microseopicamente cocos gram-positiv~s aos pares e em eadeias
alguns dos quais eram lanceolados havendo bom crescimento em agar sangue de
carneiro e agar chocolate a 37degC As col6nias eram fracamente alfa-hemoliticas no
agar sangue e nao muc6ides catalase-negativas e sensiveis a optoquina Testes de
aglutinac8o sorologiea de ambos materiais confirmaram a identificac8o e testes
43
moleculares demonstraram ser as dois isolados identicas Apesar da terapia
antimicrobiana a paciente desenvolveu coagula98o intravascular disseminada e
sofreu uma parada cardiaca sendo que 0 quadro foi revertido mas tornau-se
necessaria a nefrotomia para eliminar a foco da infeccao Em contraste a estud05
anteriores a paciente descrito apresentou um verdadeiro casa de pielonefrite
abscesso renal e urossepsis causados par Streptococcus pneumoniae A presenca
de doencas como leucemia linf6ide crOniea e diabetes mellitus fcram 5uficientes para
causar um certa grau de imunossupressao e predispor a paciente a infeccao par
Streptococcus pneumoniae mesma sem hist6ria antecedente de infecC8o
pneumoc6cica trauma ou interven9ao cirurgica (DUFKE KUNZE-KRONAWITIER
SCHUBERT2004)
57 BACT~RIAS ANAER6BIAS
Tern sido descritos casas de infec90es do trato urinario par bacterias
anaer6bias com as mais diverses tipos de apresenta90es clinicas entre processes
crenicos e agudos As bacterias recuperadas sao bacilos gram negativQs incluindo
Bacteroides fragifis Prevotella sp e Porphyromonas sp Clostridium sp cocos
gram-positiv~s e Actinomyces sp Em muitos casas sao recuperadas em culturas
mistas com coliformes e estreptococos (BROOK 2004)
58 OUTRAS BACT~RIAS FASTIDIOSAS
Foi descrita par Greub e Raoult (2002) uma nova especie bacteriana
Actinobaculum massiliae recuperada da urina de uma mulher de 81 anos com ITU
cr6nica Os estudos fenotipicos genotfpicos e filogeneticos realizados mostraram
ser 0 isolado urna nova especie ainda nao recanhecida dentro do genera
Actinobaculum e foi proposta a denominacao Actinobaculum massiliae A mesma
cepa faj isolada tres vezes num perlodo de sete meses mesmo apes tratamento
44
com amoxicilina sulfametoxazol~trimetoprim e rifampicina Devida ao fata do
microrganismo nao ser isolado em procedimentos laboratoriais de rotina uma ITU
devido a Actinobaculum massiliae pade ser mal diagnosticada Alem disso as
col6nias apresentam heterogeneidade morfol6gica ap6s cinco dias de incubacao
podendo levar a uma errOnea interpretaC(ao de contaminacao com duas especies de
badlas gram~positivos 0 usa de agar sangue de carneiro e incubacao prolongada
motivado pela presenca de 106 leuc6cit05 per ml na urina da paciente permitiu a
desenvolvimento da cepa Houve cura ap6s tratamento com doxiciclina (GREUB
RAOUL T 2002)
Em estudo clinico e microbiol6gico de mulheres com sindrome uretral -
excluindo pacientes com cistite bacteriana - 41 pacientes foram comparadas com 42
pacientes controle Nao foi encontrada diferenca entre pacientes e con troles em
incid~ncia de Chlamydia trachomatis e outros microrganismos de transmiss3o
sexual 0 numero de lactobacilos e outros microrganismos fastidiosos bem como a
numero de leucocitos na urina nao apresentaram diferenca entre pacientes com
sintomas leves e intensos ou entre pacientes e controles Os auto res sustentam a
hipotese da sindrome uretral nao ser causada por infecrao bacteriana ou clamidial
(GILLESPIE et al 1989)
45
6 CONCLUSAO UMA REFLExAO
E indiscutivel a importo1ncia para a laborat6rio de requisicoes de exame
completas com informayoes sabre suspeita clinica existencia de sintomas
anormalidades do trata urinario e condhoes imunol6gicas do paciente Embora
tradicionalmente a maiaria dos medicos nao fornega muitas informacoes sabre 0
paciente ao laborat6rio a microbiologista pede incentivar a criacao de urn canal de
comunicacao quando observar a necessidade de informagoes sobre determinado
paciente
Exames anteriores do paciente sempre que disponiveis devem ser
consultados e comparados pois informacoes sabre infecc6es recorrentes au
recidivantes especies bacterianas envolvidas au presen9a de piuria esteril sao
importantes para direcionar a pesquisa para agentes fastidiosos
o metoda de coleta e as condi~6es de transporte da urina deterrninam a
qualidade da amostra e a quao relevantes serao as microrganismos nela
encontrados Considerando-se que urna bacteria normalmente considerada como
contarninante introduzida durante a coleta pode ser em alguns casos patogenica ou
ainda que uma especie fastidiosa patogenica de crescimento lento pode ter seu
crescimento inibido par uma contaminante de crescimenta mais rapido a coleta
adequada torna-se urn fator de suma importancia para a detec~ao de especies
fastidiosas em urina
Como ja discutida torna-se indispensavel a realiza~ao da calora~ao de
Gram em amostras de urina pOis alem de ser urn teste de triagem rapida e barato
para bacteriuria acima de 105 UFCml pode ser 0 unica indicativa da presen~a de
urna especie fastidiosa
46
A comunica~ao entre a microbiologista e a medico pode determinar nao 56 a
sucesso do diagn6stico e do tratamento como a viabilidade economica da pesquisa
de bacterias fastidiosas para 0 laborat6rio urna vez que direciona as esforyos
laboratoriais aos pacientes que realmente necessitam evitando 9a5t05
desnecessarios
Bacte-rias fastidiosas podem nao responder ao tratamento antibi6tico para
pat6genos convencionais do trato urinario portanto a pesquisa precocemente
direcionada para tais agentes pode melhorar 0 progn6stico das ITU evitando a
administracao de antibioticos inadequados au desnecessarios
Como observado nos diversos casas reiatados bacterias fastidiosas
ocorrem em cenaries clinicos especificos 0 entendimento do processo da doen=a e
as condi=oes do paciente pod em ajudar muito 0 laboratorio no esfor=o para
recuperar a bacteria do material clinico
47
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
ALBINI C A Cullura de Urina Analise das metodologias interfer~ncja sobre as
resultados e proposta para padronizacao 1994 54 f Monografia (Especia1iza9aO em
Bacteriologia) - Setor de Ciencias da Saude Departamento de Patologia Medica
Universidade Federal do Parana Curitiba
AGARWAL M DIXON R A A study to detect Gardnerella vagina lis DNA in
interstitial cystitis British Journal of Urology (on line) 2001 Disponlvel em
httpwwwbjuiorg889articlebju2514aspAcessoem 03 fev 2005
BATRA A Interstitial Cystitis Updade Infection Urology (on line) 1999 Disponivel
em httphomeswipnetsellsopicupdatehtm Acessa em 20 dez 2004
CLARIDGE J E JOHNSON J R PEZZLO M T Laboratory Diagnosis of Urinary
Tract Infections Washington American Society for Microbiology 281998
BROOK I Urinary tract genito-urinary suppurative infections due to anaerobic
bacteria International Journal of Urology (on line) 2004 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezigueryfcgicmd=Retrieveampdb=pubmedampdopt=Abst
ractamplist uids=15009360 Acesso em 18 mar 2005
DOMANN E HONG G IMIRZALIOGLU C TURSCHNER S KOHLE J
WATZEL C HAIN T HOSSAIN H CHAKRABORTY T Culture-Independent
Identification of Pathogenic Bacteria and Polymicrobial Infections in the Genitourinary
Tract of Renal Transplant Recipients Journal of Clinical Microbiology (on line) 2003
48
Disponivel em httpjcmasmorgcgireprintl41125500pdf Acesso em 18
mar2005
DOMINGUE G J HELLSTROMW J G Prostatitis Clinical Microbiology Reviews
(on line) 1998 Disponivel em httpcmrasmorglcgilcontentifuIl11141604 Acesso
em 03 fev 2005
DUFKE S KUNZE-KRONAWITIER H SCHUBERT S Pyelonephritis and
Urosepsis Caused by Streptococcus pneumoniae Journal of Clinical Microbiology
(on line) 2004 Disponlvel em httpjcmasmorgcgicontentifuIl4294383 Acesso
em 06 mar2005
FAIRLEY K F BIRCH D F Detection of Bladder Bacteriuria in Patients with Acute
Urinary Symptoms The Journal of Infectious Diseases Melbourne v 159 n2 p
226-231 fev 1989
FRAIMOW H S JUNGKIND D L LANDER D W DELSO D R DEAN J L
Urinary Tract Infection with an Enterococcus taecais Isolate that Requires
Vancomycin for Growth Annals of Internal Medicine (on line) 1994 Oisponivel em
httpwwwannalsorgcgicontentifuIl1211122 Acesso em 18 mar 2005
FRANZ M HCRL W H Common errors in diagnosis and management of urinary
tract infection I Patophysiology and diagnostic techniques Nephrology Dialysis
Transplantation (on line) 1999 Disponivel em
httpltwwwndtoupjournalsorgcgicontentifuIl141127 46 Acesso em 01 dez 2004
49
GIBB A P Plates are Belter than Broth for Recovery of Fastidious Organisms from
some Specimen Material Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Oisponivel
em httpjcmasmorgcgireprinU4041129pdf Acesso em 06 mar2005
GILLESPIE W A HENDERSON E P LINTON K B SMITH P J Microbiology
of the urethral (frequency and dysuria) syndrome A controlled study with 5-year
review British Journal of Urology (on line) 1989 Disponfvel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
2804564ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr 2005
GINESTRE PEREZ M ROMERO-A~EZ S MARTINEZ-GARCIA A RINCON-
VILLALOBOS G HARRIS-SOCORRO B CATELLANO-GONZALES M AVILA-
ROO Y PEROZO-MENA A Gardnerella vaginalis y uropat6genos convencionales
em pacientes ambulatorios Revista de La Sociedad Venezolana de Microbiaogia
(on line) 2001 Disponivel em
httpwwwseieloorgvaseielo phpscriptsci arttextamppid=S 1315-
25562001000200003amplng=esampnrm=isso Acesso em 05 jan 2005
GOBERNADO M CRUZ F J DALET F BROSETA E DE CUETO M
SANTOS M DE LA ROSA M Procedimientos en Microbiologla Clinica La
infeccion urinaria 2002 Disponivel em
httpwwwseimcorgprotocolosmicrobiologiaindice14htm Acesso em 01 dez
2004
50
GOLAPACHAR A AKINS R L DAVIS W R SIDDIQUI A A Urinary tract
infection caused by Aerococcus viridans a case report International Medical Journal
for Experimental and Clinical Research (on line) 2004 Oisponivel em
httpwlNNmedscimonitcompubvol 10no 114928pdf Acesso em 03 dez 2004
GREUB G RAOULT D Actinobaculum massiliae a new species causing chronic
urinary tract infection Journal of Clinical Microbiology (on line) 2002 Disponivel em
httpwwwpubmedcentralnihgov articlerender fcgitool=pubmedamppubmedid=12409
355 Acesso em 13 fev2005
HElLBERG I P Diagnosis and clinical management of urinary tract infection
Disponivel em httpwwwunineteducin2003confpfefermanpfefermanhtml
Acesso em 20 out 2004
KONEMAN E W ALLEN S D JANDA W M SCHREKENBERGER P C
WINN Jr W C Cr Atlas and Textbook of Diagnostic Microbiology 5ed
Philadelphia Lippincott-Raven 1997
LIPSKY B A Managing Prostatitis and Urinary Tract Infection in Men Infectious
Diseases Infoalerl (on line) 2003 Oisponivel em
httpwwwdpacomhklpdflinfolnfoALERT 15pdf Acesso em 10 dez 2004
MASKELL R A new look at the diagnosis of infection of the urinary tract and its
adjacents structures Joumaloflnfecfion Portsmouth n 19 p 207-217 jul 1989
51
MERIA P DESGRIPPES A ARFI C LE DUC A Encrusted Cystitis and Pyelitis
Journal of Urology (on line) 1998 Disponlvel em
htlpIwwwjurologycomipUrejuroabstract00005392-1 99807000-
00003htmmiddotjsessionid-CnHOtEDjxvOgrxiWIUac52pekluG1HSCZzrnOpCIJH4V107ePU
evI848681301-949856032190011-1 Acesso em 21 abr 2005
McCUE J D The Management of Complicated Urinary Tract Infections Infectious
Diseases Infoalert (on line) 1999 Disponfvel em
htlpIwwwdpacomhkJpdlfinlofinlo alart 01pdl Acesso em 01 dez 2004
MURRAY P R Manual of Clinical Microbiology 7ed Washington ASM Press
1999
NABER K G BERGMAN B BISHOP M C JOHANSEN T E B BOTTO H
LOBEL B CRUZ F J SELVAGGI F P European Association 01 Urology
Guidelines on Urinary and Male Genital Tract Infections Disponlvel em
httpwwwuroweborglfilesluploaded filesuti mgtLpdf Acesso em 20 dez 2004
OPLUSTIL C P Urocultura In__ Procedimentos basicos em microbiologia
clinica 2 ed Sao Paulo Sarvier 2004 p 88-93
OSBORNE J About Interstitial Cystitis Disponivel em htlplwwwic-
networkcomhandbooklbasicshtmlintro Acesso em 20 dez 2004
52
PEDRAZA AVILES A G ORTIZ ZARAGOZA M C Symptomatic bacteriuria due to
Ureaplasma and Mycoplasma in adults Revista Latinoamericana de Microbiologia
(on line) 1998 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedampdopt=Abs
tractamplist uids=20388109 Acesso em 20 abr 2005
RIEGEL P RUIMY R BRIEL D de PREVOST G JEHL F BIMET F
CHRISTEN R MONTEIL H Corynebacterium seminale sp Nov a New Species
Associated with Genital Infections in Male Patients Journal of Clinical Microbiology
(on line) 1995 Disponlvel em
htlpllwwwpubmedcentralnihgovpicrenderfcgiartid=228387ampblobtype=pdf
Acesso em 19 mar 2005
SORIANO F PONTE C A case of urinary tract infection caused by
Corynebacterium urealyticum and coryneform group F1 European Journal of Clinical
Microbiology Infectious Diseases (on line) 1992 Disponfvel em
httoIwwwncbinlmnihgoventreziguervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
1396772ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr2005
TANNER M A SHOSKES DSHAHEDA PACENR Prevalence of
Corynebacterial 16S fRna Sequences in Patients with Bacterial and Nonbacterial
Prostatitis Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Disponivel em
httpmcmasmorgcontenVfull3761863 Acesso em 06 mar 2005
TRABULSI L R ALTERTHUM F Escherichia coli uropatagenica (UPEC) In
Microbiaagia 4 ed Sao Paulo Atheneu 2004 p 303-309
53
26
agulha estereis colocando-se a amostra em frasee esteri Nunea se deve obter a
amostra do saco coletor de pacientes sand ados porque a multiplica9ao bacteriana
fornecera urn numero muito maior que aquele real mente presente no paciente
(OPLUSTIL et al 2004) Tambem nao se reeomenda deseoneetar 0 eateter do tubo
coletor sob risco de introduyao de microrganismos no sistema Sempre que passivel
tal coleta deve ser realizada ap6s troea do cateter pois urna microbiota que naD
corresponde a do paciente pade residir em cateteres antigos (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
A punyao suprapubica e considerada a metoda padrao auro para coleta de
urina par representar a verdadeira bacteriuria vesical (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998) Calhe-se com seringa e agulha diretamente par pun9ao vesical Tal
procedimento evita problemas de contamina9ao uretral e e recomendado para
crian9as ate dois anos detec9ao de anaer6bios enos casos de repeti9ao de ex ames
com interpretaoes duvidosas (OPLUSTIL et al 2004) Pode tambem estar indieada
para homens de qualquer idade com fimose e em mulheres com bacteriurias de
repeti~o de proeedeneia duvidosa (GOBERNADO et al 2002)
A cateteriza9ao com finalidade unica de obten9ao de amostras somente
deve ser realizada em pacientes nos quais nao seja possivel a elimina9aO
espontanea de urina como doentes neurologicos au com problemas urol6gicos
obstrutivos Caso seja necessaria devern-se utilizar tecnicas rigorosas de assepsia
por causa do alto risco de introdu9ao de rnicrorganismos (KONEMAN et a 1997
GOBERNADO et a 2002)
Para a pesquisa de Mycobacterium tuberculosis tres amostras de urina da
manha devem ser coletadas em dias consecutivos as tecnicas de cultivo para
27
micobacterias naD permitem a cresci menta de outros agentes e portanto a coleta
nac necessita de assepsia rigorosa (MIMS et al 1995)
Caso naD seja passivel a processamento da amostra de urina em ate 2
haras apas a coleta a amostra deve ser refrigerada (2 a 80 C) e processada em ate
24 haras tempo maximo para manuten~ao da contagem bacteriana estavel 0 usc
do preservativo acido b6rico permite que a amostra permane98 a temperatura
ambiente (20 a 25 C) ate 24 horas antes de ser process ada (OPLUSTIL ef aI 2004
CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Sistemas de trans porte usanda acido b6rico podem ser metodos alternativQs
para coletas realizadas em casa au em locais distantes do laborat6ria e mostram-se
tao efetivos quanta a refrigeragao (KONEMAM ef ai 1997)
Oepois de coletada a amostra de urina deve ser encaminhada ao laboratorio
a mais rapido possivel e com todas as informayoes necessarias para degprocessamento Devem ser relatados 0 horario e 0 metodo da coleta 0 tempo de
reteny80 da urina 0 tipo de paciente (por exemplo urologico ou geriatrico) a idade
o sexo se 0 paciente tem recebido quantidades aumentadas de Ifquido
apresentay80 clinica (existencia de sintomas) resultados de urinalise (presen9a de
celulas inflamat6rias) e resultados antecedentes de cultura (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
De maneira ideal as amostras devem ser coletadas antes do inicio da
terapia antimicrobiana Caso 0 paciente ja esteja recebendo ou tenha recebido
antibioticoterapia nas 48 horas antecedentes a realizay80 do exame esta
informay80 deve ser explicitada no formulario de requisiy80 do exame (MIMS et al
1995)
28
Recoletas devem ser solicitadas quando amostras nae refrigeradas forem
recebidas 2 horas ou mais ap6s a coleta au quando nac fcrem comunicados 0
horario e a forma de coleta No entanto nenhuma amostra deve ser desprezada
antes do cantata com 0 medico solicitante po is ela pade em alguns casas ser
insubstituivel (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Menos de 5 das urinas coretadas e transportadas adequadamente
apresentam multiplos microrganismos Exce~6es sao amostras de pacientes com
bexiga neurogemica au usa cranico de cateteres nos quais a bacteriuria
polimicrobiana pade ser detectada em 30 a 80 das culturas freqOentemente sem
infecao (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Segundo Koneman et al (1997) a acuracia do procedimento de coleta de
urina pode ser monitorada pela frequencia de exames com contagens entre 104 a 105
UFCml que nao deve exceder 5 a 10 se os procedimentos forem realizados
apropriadamente
42 A IMPORTANCIA DA COLORAltAo DE GRAM
Durante as ultimas decadas testes rapidos de triagem para bacteriuria foram
desenvolvidos com 0 propos ito de fornecer resultados mais rapid os e de eliminar a
necessidade de cultivar amostras negativas Entretanto sua utilizacao e limitada
principalmente pela incapacidade de detectar baixos niveis de bacteriuria e piuria
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
A coloracao de Gram da urina nao centrifugada e um dos metodos mais
rapidos seguros e baratos para estimar bacteriuria superior a 105 UFCml e
presenca de mais de 8 a 10 leucocitoslJl Homogeneiza-se muito bem a urina
coloca-se uma gota sobre lamina sem espalhar e deixa-se secar ao ar A lamina
deve ser fixada par calor au metanol (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998) A
29
presenca de uma ou mais celulas bacterianas per campo em aumento de 1000
vezes tern sensibilidade de 94 e especificidade de 90 em refletir uma contagem
de colOnias superior a 10 UFCml (KONEMAN ef al 1997)
Embora seja urn metoda barato de triagem a coloraC8o de Gram naD e
utilizada par muitos laborat6rios pelo consumo de tempo e baixa sensibilidade em
contagens inferiores a 105 UFCml Sugere-se a sua utilizacao como teste de triagem
apenas em pacientes com contagens de col6nias provavelmente altas
principalmente as assintomaticos e com suspeita de pielonefrite Alguns autores
relatam melhora da sensibilidade a nlveis acima de 104 UFCml com 0 usa de
citocentrifuga (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
A coloraCao de Gram do sedimento urinario em bora ainda utilizada por
muitos laboratorios e impropria pela baixa reprodutibilidade e dificuldade de
padronizacao e correlacao com os metodos de velocidade de excrecao de leucocitos
au contagem em camara (ALBINI 1994)
As informac6es fornecidas pela cOloracao de Gram sobre a morfologia do
microrganismo e caracteristicas na coloracao sao extremamente importantes para a
selecao inicial da terapia antimicrobiana enquanto se aguarda 0 informe definitivo
do resultado da cultura e do antibiograma (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO
1998)
~ imprescindivel a realizacao da coloracao de Gram para deteccao de
bacterias fastidiosas ou nao usuais Devido a dificuldade de desenvolvimento nos
meios utilizados para a deteccao de enterobacterias em alguns casos somente a
visualizacao microscopica indicarcfi a sua presenca (FRANZ HORL 1999)
A observacao microscopica da urina permite verificar a qualidade da amostra
especialmente em mulheres nas quais a contaminacao vaginal e frequente
30
produzindo resultados falso-positivos A presen~a de muitas celulas epiteliais e de
mais de urn tipo de microrganismo no Gram sugere contamina9aO da amostra em
decorrencia da coleta (OPLUSTIL et ai 2004)
Dutro aspecto importante da coloracao de Gram e a sua utilidade no
monitoramento das culturas podendo-se pelo seu resultado detectar erras tecnicos
e ate mesmo troca de amostras (ALBINI 2004)
31
5 BACTERIAS FASTIDIOSAS E INFECcAO DO TRATO URINARIO
Em 1989 Maskell citou a ocorrencia de bacterias fastidiosas como algumas
especies de estreptococos Gardnerela vaginalis Haemophilus influenzae
Corynebacterium spp e lactobacilos em infecgoes da bexiga e trato urinario superior
isoladas de amostras de urina obtidas par cateteriz8gao aspiragao supra-pubica e
tarn bam de amostras de tecido obtidas per bi6psia vesical Relatou tambem a
preseng8 de tais bacterias na urina de gestantes assintomaticas com mais
freqOencia do que em nao-gestantes e que as gestantes apresentando bacteriuria
posteriormente desenvolviam sintomas com mais freqoencia do que as que nao
apresentavam bacterias na urina
Fairley e Birch (1989) realizaram um importante estudo demonstrando que
pacientes com sintomas de infec~ao do trato urinario apresentando resultados
negativos em culturas de rotina podem abrigar bacterias fastidiosas ou baixas
contagens de uropat6genos convencionais na bexiga Os pacientes incluidos no
estudo foram os que apresentaram resultados inconclusivos em culturas previas de
jato medio como desenvolvimento inferior a 105 UFCml de um pat6geno
convencional ou a desenvolvimento superior a 102 UFCml de uma bacteria
fastidiosa Foram avaiiadas urinas obtidas por aspirayao suprapubica de 1817
mulheres e 300 homens cultivadas para uropat6genos convencionais e bacterias
fastidiosas utilizando in6culo que proporcionou resultados entre 101 e 107 UFCml A
freqOencia de isolamentos esta representada na tabela 1
32
TABELA 1 - FREQUENCIA DE BACTERIURIA EM 2117 PACIENTES(AMOSTRAS OBTIDAS POR PUNCAO SUPRAPUBICA) -1989
Uropat6-Culturas positivas $omente $omente especies genos
(n = 597) uropat6genos fastidiosas conven-convencionais (n = 366) cionais
n = 170 eespeci-
Pacientes Unica Multiplas Unica Multiplas Unica Multiplas esespecie especies especie especies especie especies faslidio-
sasMulheres (n = 1817) 370 191 148 5 222 125 61Homens (n = 300) 36 0 17 0 19 0 0
FONTE The Royal Melbourne Hospital
Vinte e aito especies microbianas foram isoladas no trabalho em questao
sendo Ureaplasma urealylicum Gardnerella vaginalis Escherichia coli Mycoplasma
hominis e Staphylococcus epidermidis as especies mais isoladas Quinhentas e
oitenta e uma (70) das 830 cepas isoladas pertenciam a especies fastidiosas -
Ureaplasma urealyticum Gardnerella vaginalis e Mycoplasma hominis - que nao sao
recuperadas em meies de cultura canvencianais Gardnerella vaginais fai mais
freqUente em mulheres enquanto Ureaplasma urealyticum nao apresentou diferen9a
estatisticamente significativa entre os sexas Treze esptkies fcram isoladas em
apenas uma ou duas ocasioes entre elas Streptococcus equi Streptococcus
equisimifis Streptococcus sanguis Morganella morgan Klebsiella oxytoca
Peptococcus anaerobius Proteus vulgaris Enterobacter aerogenes Salmonella
enteritidis Pseudomonas aeruginosa Haemophilus influenzae Haemophilus
parainfluenzae e Haemophilus parahaemofyticus Anaer6bios estritos foram isolados
de apenas sete dos 597 pacientes (FAIRLEY BIRCH 1989)
Culturas polimicrobianas foram obtidas em urn teno das pacientes do sexo
feminino e nao foram verificadas no sexe masculino A freqOencia de uropat6genos
cenvencienais e fastidiesos encontra-se na tabela 2
33
TABELA 2 - FREQU~NCIA DE UROPATOGENOS CONVENCIONAISE BACTERIAS FASTIDIOSAS EM 191 PACIENTES DO SEXOFEMININO COM BACTERIURIA POLMICROBIANA - 1989
Numero de Somente Samente especies Especiesespecies (numera uropat6genos fastidiosas convencionais e
de pacientes) convencionais fastidiosasOois (153) 9 99 45Tres (34) 0 17 17Quatro (4) 0 1 3
FONTE The Royal Melboume Hospital
Ureaplasmas au Gardnerella vaginalis fcram recuperados em 179 das 191
mulheres com infecgao polimicrobiana estando presentes concomitantemente em
100 das 191 amostras sugerindo urna passivel relacc3osimbi6tica Uropat6genos
convencionais fcram isolados em pouco mais de 33 das mulheres na maiaria dos
casas acompanhados por bacterias fastidiosas indicando que infeccoes
polimicrobianas usualmente envolvem bacterias fastidiosas (FAIRLEY BIRCH
1989)
A contagem de col6nias excedeu 105 UFCml apenas na minoria dos
pacientes portanto a bacteriuria nao seria detectada em muitos individuos caso 0
valor de ponto de corte tradicional tivesse sido utilizado Os resultados tambem
mostraram que baixas contagens bacterianas podem acontecer com qualquer uma
das especies bacterianas isoladas embora tenham sido mais freqoentes para
Ureaplasma urealytieum e Mycoplasma hominis Cento e setenta e quatro (21)
isolados apresentaram contagens inferiores a 103 UFCml sendo 138 (84)
pertencentes a especies fastidiosas (FAIRLEY BIRCH 1989)
Franz e HOrl (1999) citaram a ocorrencia de HaemophiJus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae pneumococos Campyobaeter Legionella
pneumophila Salmonella spp Shigella spp Corynebacterium grupo 02
34
Mycobacterium tuberculosis micobacterias atipicas e fungos como causadores
ocasionais de ITU
Domann et al (2003) realizaram estudo em amostras do trato urinario de
transplantados renais utilizando tecnicas moleculares baseadas em 168 rRNA peR
e cromatografla liquida de alta performance (DHPLC) Foi avaliada a aplicaaD do
metoda em 109 amostras e observou-se 100 de correlacao para amostras cultura-
positivas Para as amostras cultura-negativas a DHPLC permitiu a deteccao de
uropat6genos previa mente conhecidos como Corynebacterium urealyticum e
Gardnerella vaginalis mas tambem agentes nao usuais como AnaerocDCCUs
laclolyticus Bacteroides vufgatus Diaisler invisus Fusobacterium nuceaturn
Lactobacillus iners Leptotrichia amnionii Prevotella buccalis Prevotella ruminicola
Rahnella aquatilis e Streptococcus intermedius detectados como unicos pat6genos
ou como agentes de infecyoes polimicrobianas Uma vez que as ITU sao
freqGentemente associadas com inicio precoce de rejeiyBo cronica em
transplantados renais e conveniente a pesquisa de agentes patogenicos
oportunistas e nao usuais para 0 correto direcionamento do tratamento
antimicrobiano
Quatro casos de ITU com bacteremia por Methylobacterium spp em
pacientes do sexo feminino imunocompetentes foram reportados por Lee Tang e Uu
(2004) Todas as pacientes tiveram hemoculturas positivas para Methylobacterlum
spp e suas culturas de urina foram negativas ou positivas para Escherichia coli com
crescimento concomitante de outro bacHo gram-negativ~ em baixa contagem que foi
ignorado Foram realizados experimentos especiais com os isolados indicando que
de acordo com os procedimentos padrao para culturas de urina com 24 horas de
incubayao a 35degC as colonias de Methylobacterium spp nao sao visualizadas e 0
35
pequeno numero de col6nias observado ap6s incuba~ao adicional de 24 heras a
temperatura ambiente apenas sugere ser a especie urn contaminante
Particularmente quando especies de Methyfobacterium estao presentes
concomitantemente com Escherichia coli ocorre supressao do cresci menta de
Methylobacterium spp tornando impassivel a sua deteccao 0 estudo conclui que a
falta de relatos de casas de ITU por Methylobacterium spp deve-se a impossibilidade
de detec~ao da especie por metodos padrao de cultura de urina au ainda porque a
baixa virulelncia da bacteria pode produzir ITU autolimitadas au talvez muitas vezes
curadas com as antibi6tico5 normalmente utilizados As especies estudadas fcram
variavelmente resistentes as cefalosporinas acido nalidixico nitrofurantoina e
sulfametoxazol-trimetoprim e 100 suscetiveis a ciprofloxacin imipenem e
aminoglicosideos
51 Corynebacterium spp
Corynebaclerium urealylicum pode ser uma importante embora rara causa
de ITU variando a freqOencia de isolamentos significativos de zero a 35 em
popularoes nao selecionadas A bacteriuria por Corynebacterium urealyticum ocorre
em pacientes hospitalizados per longos perledes severamente
imunocomprometidos urologicamente manipulados ou idosos Tal microrganismo
tam bern tern sido associado com pielonefrite e pode desaparecer espontaneamente
da urina mesmo sem antibioticoterapia (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Corynebacterium glucuroneyticum tambem chamado Corynebacterium
seminae tern side iselade de semen e trate g~nite-urinarie masculine e pede causar
prostatite ou uretrite Corynebacterium pseudogenitalium (CDC grupo F1) tambem
tern sido reconhecido como pat6gene do trato urinario (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
36
Foi relatado por Soriano e Ponte (1992) um caso de cistite de incrusta~ao
causado por urn corineforme identificado como CDC grupo F1 0 paciente havia
sofrido ITU previas persistentes causadas por Corynebacterium ureayticum (CDC
grupo 02) A cura bacteriol6gica foi alcan=ada apes urn mes de tratamento com
amoxicilina e acido acetohidroxamico
Meria at al (1998) realizaram levantamento bibliografico entre as anos de
1985 a 1997 sabre casas de cistite e pielite de incrustacao Foi constatado a
aumento progressive no numero de cases especialmente em pacientes
imunodeprimidos e particularmente em transplantados renais Tais inflamacoes
cr6nicas estao associadas com incrustac6es da mucosa causadas por bacterias
produtoras de urease tendo sido as mais freqOentes especies de Corynebacterium
grupo 02 A presenCa de urina alcalina contendo abundantes debris mucopurulentos
calcificados e alta mente sugestiva e pode auxiliar no diagnostico clinico A
demonstracao da bacteria envolvida requer culturas prolongadas em meios de
cultura enriquecidos 0 diagnostico precoce pode evitar falhas de tratamento e uma
possivel rejeicao do orgao transplantado
Em estudo realizado par Riegel et al (1995) corineformes em quantidades
significativas (104a 105 UFCml) foram isolados em amostras de semen uretra urina
e sangue de homens inferteis com diagn6stico de prostatite As analises genomicas
realizadas demonstraram ser as cepas pertencentes a uma mesma especie dentro
do genero Corynebacterium As 12 amostras mostraram padroes bioquimicos
simi lares entre elas born crescimento em agar sangue de carneiro em contraste com
crescimento pobre no mesmo meio suplementado com Tween 80 1 teste de
CAMP positivo fermentacao de glicose sacarose e presenCa de beta-glucuronidase
Tais caracteristicas permitiram a distincao destas cepas dos outros membros do
37
genera e 0 nome proposto foi Corynebacterium seminae Embera organismos
difter6ides pass am fazer parte da microbiota uretral a presenCa de contagens
significativas destas especies no semen sugere urna implica~ao infecciosa
particularmente na prostatite
Estudo molecular filogenetico baseado em 16S rRNA peR realizado em
pacientes com prostatite croniea demonstrou sinais bacterian05 em 65 dos
pacientes estudados Foi constatada a ocorreuromcia de um amplo espectro de
especies bacterianas no fluido prostatico dos pacientes incluindo Corynebacterium
Staphylococcus PepiosfreptococGUS Streptococcus e Escherichia Especies do
genera Corynebacterium foram encontradas em maior proponao incluindo especies
ainda nae descritas e n~o presentes nas amostras de controle sugerindo que
possam ter um papel na doen~a au que sejam conseqOemcia da mesma 0 estudo
mostreu ainda que os microrganismos associ ados com prestatite geralmente
ocorrem em comunidades microbianas distintas daquelas encontradas em liquidos
prostaticos normais (TANNER ot al 1999)
Segundo Domingue e Hellstrom (1998) a observaltio microsc6pica
cuidadosa de amostras de secre~~o prostatica bern como a inocula~~o em meios
enriquecidos sao essenciais para a isolamento de corineformes Foi realizado estudo
em uma amostra de secre~ao prostatica na qual a colora~ao de Gram apresentou
cocobacilos gram Itlbeis pleom6rficos que nao se desenvolveram em meios de rotina
incubados por 72 horas a 35degC Houve desenvolvimento em meio de cultura
enriquecido com extrato de leveduras e sora de cavalo e incubado no minimo 72
horas em atmosfera de 5 de CO2 a 35degC A secregao inoculada em caldo triptose
demonstrou a presen~a de bacilos gram-varitlveis (microscopicamente) e quando
repicada produziu bacilos de crescimento lento em meios de retina e enriquecidos
38
(incubados aerobicamente anaerobicamente ou sob tensao de CO2 par 72 haras)
Corineformes ocultos pod em ser agentes etiol6gicos da prostatite idiopatica croniea
que sao frequentemente perdidos au nao percebidos em procedimentos
bacteriol6gicos de rotina
52 Gardnerella vaginais
o significado de Gardnerela vaginais em urina e controverso pois a
principal associacao patogElnica desta bacteria e com a vaginose na mulher Embora
baixas contagens na urina parecam refletir a micro biota da uretra masculina ou
feminina contagens aeima de 10000 UFCml ja fcram associadas com bacteriuria
sintomatica ITU recorrente cistite na mulher uretrite e prostatite no homem
Entretanto me sma quando ern altas contagens freqOentemente nao ha resposta
leucocitaria Gardnerela vaginalis e encantrada mais freqOentemente em mulheres e
pacientes com doena renal e ap6s instrumentaao (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
Estuda realizado par Agarwal e Dixon (2001) investigau a passivel papel de
Gardnerella vaginalis na cistite intersticial usando metodos maleculares para
garantir a recuperaCao do microrganismo mesmo em baixas contagens Nenhuma
das trinta e tres amastras de bi6psias de bexiga de pacientes com cistite intersticial
foram positivas para Gardnerella vaginais a que embora nao exclua seu
envalvimenta na cistite intersticial diminui esta probabilidade
Ginestre Perez et al (2001) realizaram estudo de mil trezentas e setenta
amostras de jato media de urina de pacientes com sintomas de ITU Gardnerella
vaginalis cujo papel patagenica no trato urinario e discutivel ocupou a segundo
lugar em freqOencia etiologica (1763) ficando atras somente de Escherichia coli
(5210) e superando microrganismos cansiderados uropat6genas classicos como
39
Proteus mirabifis (763) Klebsiella pneumoniae (684) e Pseudomonas
aeruginosa (368) Embera a presen~a de Gardnerella vaginais em amostras de
jato media urinario possa indicar contaminayao vaginal todos as cultivos positivos
para esta bacteria apresentavam contagens superiores a 100000 UFCml e
provinham de pacientes sintomaticos representando urna alta probabilidade de
infec~ao urinaria verdadeira
53 Mycoplasma hominis E Ureaplasma urealyticum
Especies patogenicas como Mycoplasma hominis e Ureaplasma urealyticum
ocorrem freqOentemente como colonizantes do trato urogenital inferior de homens e
mulheres saudaveis A ocorrencia de infec~ao esta provavelmente relacionada a
imunossupressao obstru~ao ou procedimentos previos de instrumental)ao no trato
urinario Ureaplasma urealyticum tern sido encontrado em calculos urinarios de
pacientes com liHase infecciosa sugerindo uma possivel associal)ao causal
Mycoplasma hominis tern sido isolado do trato urinario superior em pacientes com
sintomas de pielonefrite aguda FreqOentemente ha resposta imunol6gica especifica
(MURRAY 1999)
Foi pesquisada a presen9a de Ureaplasma urealyticum e Mycoplasma
hominis em amostras de jato medio de 314 mulheres e 52 homens sintomaticos do
trata urinltilria Ureaplasma urealyticum fai isalada em 54 (171) das mulheres e 8
(154) dos hom ens e Mycoplasma hominis foi isolado em 12 (38) das mulheres
e 4 (77) dos homens Ureaplasma urealyOcum foi superado apenas par
Escherichia coli e Gardnerella vaginalis em ambos grupas 366 e 254
respectivamente no sexo feminina e 585 e 308 no masculino Demonstrou-se
partanto que a bacteriuria par ureaplasmas e relativamente co mum porem nao e
40
detectada por metodos convencionais de cultura de urina (AVILES ZARAGOZA
1998)
A significancia de micoplasmas em amostras de jato medic urinario e de
dificil determinacao devido a provavel contaminacao da amostra par
microrganismos colonizantes da vagina e uretra distal Entretanto estudos
realizados em amostras de aspirado suprapubico em gestantes demons tram que 0
desenvolvimento de pre-eclampsia e tres vezes mais prov3vel em mulheres
apresentando culturas positivas para ureaplasmas no inicio da gestacao do que em
mulheres com culturas negativas no mesmo periodo (KONEMAN ef a 1997)
54 Haemophilus spp
Existem varios estudos relacionando Haemophifus influenzae e Haemophilus
parainfluenzae a ITU embora sua freqOencia e significancia nae tenham sido
confirmadas Alguns pesquisadores sugerem a inclusao de agar chocolate em
culturas de urina de crian~as por causa da associa~ao de Haemophilus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae com outras infec~6es nesta faixa etaria (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
Maskell (1989) citou a ocorrencia de certas bacterias fastidiosas em sftios do
trato urinflrio abaixe da bexiga como par exemple em cases de prostatite por
Haemophilus influenzae
55 Lactobacillus spp
Em estudo realizado em pacientes do sexe feminine com sind rome uretral
aguda demonstrou-se uma alta freqOencia de isolamentos de lactobacilos Durante
dois anos amastras de jato medic de tais pacientes foram cultivadas observando-se
a principio alta concentracao de lactobacilos principalmente nas pacientes
sintomaticas Ao final do estudo durante 0 qual foi impedido 0 usa de antibi6ticos os
41
lactobacilos desapareceram da urina de muitas mulheres as quais tornaram-se
assintomaticas Os autores concluiram que as sintomas da sindrome uretra podem
ser devidos a multiplica~ao desproporcional de lactobacilos na uretra distal como
resultado de antibioticoterapia frequentemente administrada em cursos prolongados
para resolurao dos sintomas urinarios Lactobacilos tambem tern sido relatados em
amostras de urina obtidas diretamente da bexiga e de amostras de tecido obtidas
par bi6psia vesical bern como ocasionalmente isolados em urinas de mulheres
idosas com sintomas urinarios (MASKELL 1989)
56 COCOS GRAM-POSITIVOS
Microrganismos dos generos Lactococcus Gemella Aerococcus e
Globicatella embora possam estar presentes como contaminantes em culturas de
material clinico tern sido isolados como patogenos oportunistas ern urina e outras
amostras de pacientes imunocomprometidos Esforyos para identifica-Ios devem ser
realizados quando os isolados forem clinicamente significantes isto e isolados
repetidamente ou em cultura pura Devido a semelhanya com outros cocos gram-
positivos isolados com mais freq04sectncia como estreptococos enterococos e
estafilococos possivelmente sao confundidos com especies destes generos
(MURRAY 1999)
Golapachar et al (2004) relata ram um caso de infec9ao do trato urinario com
bacteremia causa do por Aerococcus viridans em um homem de 87 anos residente
em uma cUnica de repouso A cultura de urina apresentau crescimenta de 105
UFCml de Aerococcus viridans e a hemocultura fai positiva para a mesmo
microrganismo Os testes bioqulmicos que leva ram a identificayao do
microrganismo faram reayoes negativas de catalase e LAP (Ieucina aminopeptidase)
e reaDes positivas para PYR (L-pyrrolidonyl-beta-naphtylamina) fermentaao de
42
trehalose e manese resistencia a optoquina crescimento em agar bile esculina 40
e cresci menta em cloreto de s6die 65 As especies de Aerococcus sao anaer6bias
facultativas a maioria catalase negativa com tendemcia a formaCao de tetrades na
morfologia microsc6pica PYR positivo e LAP negativ~ a que as diferencia de
enterococos e estreptococos
A escassa documentacao a respeito de infecyoes humanas por Aerocccus
sp deve-se provavelmente a sua similaridade microbiol6gica aos estreptococos alfa-
hemoliticos e enterococos e possiveis erras na interpretacao laboratorial de
amostras clinicas No casa acima descrito a laborat6rio de microbiologia nao pade
reaHzar a antibiograma devido a natureza fastidiosa da bacteria mas houve sucesso
terapeutico ap6s administray8o intravenosa de levofloxacin (GOLAPACHAR et al
2004)
Um caso de pielonefrite e urossepsis por Streptococcus pneumoniae foi
relatado em urn hornem de 82 anos com hist6ria clinica de leucemia linf6ide cronica
e diabetes mellitus Exames radiograficos abdominais e tomografia computadorizada
mostraram uma imagem indicativa de extensa pielonefrite no rim esquerdo sem
nenhum outro foco de infecc8o 0 abscesso renal foi tratado por drenagem
transuretral e 0 material purulento obtido foi cultivado assim como materiais de
orofaringe escarro e sangue Esearro e orofaringe revelaram apenas mierobiota
normal do trato respirat6rio enquanto 0 material drenado e as hemoculturas
demonstraram microseopicamente cocos gram-positiv~s aos pares e em eadeias
alguns dos quais eram lanceolados havendo bom crescimento em agar sangue de
carneiro e agar chocolate a 37degC As col6nias eram fracamente alfa-hemoliticas no
agar sangue e nao muc6ides catalase-negativas e sensiveis a optoquina Testes de
aglutinac8o sorologiea de ambos materiais confirmaram a identificac8o e testes
43
moleculares demonstraram ser as dois isolados identicas Apesar da terapia
antimicrobiana a paciente desenvolveu coagula98o intravascular disseminada e
sofreu uma parada cardiaca sendo que 0 quadro foi revertido mas tornau-se
necessaria a nefrotomia para eliminar a foco da infeccao Em contraste a estud05
anteriores a paciente descrito apresentou um verdadeiro casa de pielonefrite
abscesso renal e urossepsis causados par Streptococcus pneumoniae A presenca
de doencas como leucemia linf6ide crOniea e diabetes mellitus fcram 5uficientes para
causar um certa grau de imunossupressao e predispor a paciente a infeccao par
Streptococcus pneumoniae mesma sem hist6ria antecedente de infecC8o
pneumoc6cica trauma ou interven9ao cirurgica (DUFKE KUNZE-KRONAWITIER
SCHUBERT2004)
57 BACT~RIAS ANAER6BIAS
Tern sido descritos casas de infec90es do trato urinario par bacterias
anaer6bias com as mais diverses tipos de apresenta90es clinicas entre processes
crenicos e agudos As bacterias recuperadas sao bacilos gram negativQs incluindo
Bacteroides fragifis Prevotella sp e Porphyromonas sp Clostridium sp cocos
gram-positiv~s e Actinomyces sp Em muitos casas sao recuperadas em culturas
mistas com coliformes e estreptococos (BROOK 2004)
58 OUTRAS BACT~RIAS FASTIDIOSAS
Foi descrita par Greub e Raoult (2002) uma nova especie bacteriana
Actinobaculum massiliae recuperada da urina de uma mulher de 81 anos com ITU
cr6nica Os estudos fenotipicos genotfpicos e filogeneticos realizados mostraram
ser 0 isolado urna nova especie ainda nao recanhecida dentro do genera
Actinobaculum e foi proposta a denominacao Actinobaculum massiliae A mesma
cepa faj isolada tres vezes num perlodo de sete meses mesmo apes tratamento
44
com amoxicilina sulfametoxazol~trimetoprim e rifampicina Devida ao fata do
microrganismo nao ser isolado em procedimentos laboratoriais de rotina uma ITU
devido a Actinobaculum massiliae pade ser mal diagnosticada Alem disso as
col6nias apresentam heterogeneidade morfol6gica ap6s cinco dias de incubacao
podendo levar a uma errOnea interpretaC(ao de contaminacao com duas especies de
badlas gram~positivos 0 usa de agar sangue de carneiro e incubacao prolongada
motivado pela presenca de 106 leuc6cit05 per ml na urina da paciente permitiu a
desenvolvimento da cepa Houve cura ap6s tratamento com doxiciclina (GREUB
RAOUL T 2002)
Em estudo clinico e microbiol6gico de mulheres com sindrome uretral -
excluindo pacientes com cistite bacteriana - 41 pacientes foram comparadas com 42
pacientes controle Nao foi encontrada diferenca entre pacientes e con troles em
incid~ncia de Chlamydia trachomatis e outros microrganismos de transmiss3o
sexual 0 numero de lactobacilos e outros microrganismos fastidiosos bem como a
numero de leucocitos na urina nao apresentaram diferenca entre pacientes com
sintomas leves e intensos ou entre pacientes e controles Os auto res sustentam a
hipotese da sindrome uretral nao ser causada por infecrao bacteriana ou clamidial
(GILLESPIE et al 1989)
45
6 CONCLUSAO UMA REFLExAO
E indiscutivel a importo1ncia para a laborat6rio de requisicoes de exame
completas com informayoes sabre suspeita clinica existencia de sintomas
anormalidades do trata urinario e condhoes imunol6gicas do paciente Embora
tradicionalmente a maiaria dos medicos nao fornega muitas informacoes sabre 0
paciente ao laborat6rio a microbiologista pede incentivar a criacao de urn canal de
comunicacao quando observar a necessidade de informagoes sobre determinado
paciente
Exames anteriores do paciente sempre que disponiveis devem ser
consultados e comparados pois informacoes sabre infecc6es recorrentes au
recidivantes especies bacterianas envolvidas au presen9a de piuria esteril sao
importantes para direcionar a pesquisa para agentes fastidiosos
o metoda de coleta e as condi~6es de transporte da urina deterrninam a
qualidade da amostra e a quao relevantes serao as microrganismos nela
encontrados Considerando-se que urna bacteria normalmente considerada como
contarninante introduzida durante a coleta pode ser em alguns casos patogenica ou
ainda que uma especie fastidiosa patogenica de crescimento lento pode ter seu
crescimento inibido par uma contaminante de crescimenta mais rapido a coleta
adequada torna-se urn fator de suma importancia para a detec~ao de especies
fastidiosas em urina
Como ja discutida torna-se indispensavel a realiza~ao da calora~ao de
Gram em amostras de urina pOis alem de ser urn teste de triagem rapida e barato
para bacteriuria acima de 105 UFCml pode ser 0 unica indicativa da presen~a de
urna especie fastidiosa
46
A comunica~ao entre a microbiologista e a medico pode determinar nao 56 a
sucesso do diagn6stico e do tratamento como a viabilidade economica da pesquisa
de bacterias fastidiosas para 0 laborat6rio urna vez que direciona as esforyos
laboratoriais aos pacientes que realmente necessitam evitando 9a5t05
desnecessarios
Bacte-rias fastidiosas podem nao responder ao tratamento antibi6tico para
pat6genos convencionais do trato urinario portanto a pesquisa precocemente
direcionada para tais agentes pode melhorar 0 progn6stico das ITU evitando a
administracao de antibioticos inadequados au desnecessarios
Como observado nos diversos casas reiatados bacterias fastidiosas
ocorrem em cenaries clinicos especificos 0 entendimento do processo da doen=a e
as condi=oes do paciente pod em ajudar muito 0 laboratorio no esfor=o para
recuperar a bacteria do material clinico
47
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
ALBINI C A Cullura de Urina Analise das metodologias interfer~ncja sobre as
resultados e proposta para padronizacao 1994 54 f Monografia (Especia1iza9aO em
Bacteriologia) - Setor de Ciencias da Saude Departamento de Patologia Medica
Universidade Federal do Parana Curitiba
AGARWAL M DIXON R A A study to detect Gardnerella vagina lis DNA in
interstitial cystitis British Journal of Urology (on line) 2001 Disponlvel em
httpwwwbjuiorg889articlebju2514aspAcessoem 03 fev 2005
BATRA A Interstitial Cystitis Updade Infection Urology (on line) 1999 Disponivel
em httphomeswipnetsellsopicupdatehtm Acessa em 20 dez 2004
CLARIDGE J E JOHNSON J R PEZZLO M T Laboratory Diagnosis of Urinary
Tract Infections Washington American Society for Microbiology 281998
BROOK I Urinary tract genito-urinary suppurative infections due to anaerobic
bacteria International Journal of Urology (on line) 2004 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezigueryfcgicmd=Retrieveampdb=pubmedampdopt=Abst
ractamplist uids=15009360 Acesso em 18 mar 2005
DOMANN E HONG G IMIRZALIOGLU C TURSCHNER S KOHLE J
WATZEL C HAIN T HOSSAIN H CHAKRABORTY T Culture-Independent
Identification of Pathogenic Bacteria and Polymicrobial Infections in the Genitourinary
Tract of Renal Transplant Recipients Journal of Clinical Microbiology (on line) 2003
48
Disponivel em httpjcmasmorgcgireprintl41125500pdf Acesso em 18
mar2005
DOMINGUE G J HELLSTROMW J G Prostatitis Clinical Microbiology Reviews
(on line) 1998 Disponivel em httpcmrasmorglcgilcontentifuIl11141604 Acesso
em 03 fev 2005
DUFKE S KUNZE-KRONAWITIER H SCHUBERT S Pyelonephritis and
Urosepsis Caused by Streptococcus pneumoniae Journal of Clinical Microbiology
(on line) 2004 Disponlvel em httpjcmasmorgcgicontentifuIl4294383 Acesso
em 06 mar2005
FAIRLEY K F BIRCH D F Detection of Bladder Bacteriuria in Patients with Acute
Urinary Symptoms The Journal of Infectious Diseases Melbourne v 159 n2 p
226-231 fev 1989
FRAIMOW H S JUNGKIND D L LANDER D W DELSO D R DEAN J L
Urinary Tract Infection with an Enterococcus taecais Isolate that Requires
Vancomycin for Growth Annals of Internal Medicine (on line) 1994 Oisponivel em
httpwwwannalsorgcgicontentifuIl1211122 Acesso em 18 mar 2005
FRANZ M HCRL W H Common errors in diagnosis and management of urinary
tract infection I Patophysiology and diagnostic techniques Nephrology Dialysis
Transplantation (on line) 1999 Disponivel em
httpltwwwndtoupjournalsorgcgicontentifuIl141127 46 Acesso em 01 dez 2004
49
GIBB A P Plates are Belter than Broth for Recovery of Fastidious Organisms from
some Specimen Material Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Oisponivel
em httpjcmasmorgcgireprinU4041129pdf Acesso em 06 mar2005
GILLESPIE W A HENDERSON E P LINTON K B SMITH P J Microbiology
of the urethral (frequency and dysuria) syndrome A controlled study with 5-year
review British Journal of Urology (on line) 1989 Disponfvel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
2804564ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr 2005
GINESTRE PEREZ M ROMERO-A~EZ S MARTINEZ-GARCIA A RINCON-
VILLALOBOS G HARRIS-SOCORRO B CATELLANO-GONZALES M AVILA-
ROO Y PEROZO-MENA A Gardnerella vaginalis y uropat6genos convencionales
em pacientes ambulatorios Revista de La Sociedad Venezolana de Microbiaogia
(on line) 2001 Disponivel em
httpwwwseieloorgvaseielo phpscriptsci arttextamppid=S 1315-
25562001000200003amplng=esampnrm=isso Acesso em 05 jan 2005
GOBERNADO M CRUZ F J DALET F BROSETA E DE CUETO M
SANTOS M DE LA ROSA M Procedimientos en Microbiologla Clinica La
infeccion urinaria 2002 Disponivel em
httpwwwseimcorgprotocolosmicrobiologiaindice14htm Acesso em 01 dez
2004
50
GOLAPACHAR A AKINS R L DAVIS W R SIDDIQUI A A Urinary tract
infection caused by Aerococcus viridans a case report International Medical Journal
for Experimental and Clinical Research (on line) 2004 Oisponivel em
httpwlNNmedscimonitcompubvol 10no 114928pdf Acesso em 03 dez 2004
GREUB G RAOULT D Actinobaculum massiliae a new species causing chronic
urinary tract infection Journal of Clinical Microbiology (on line) 2002 Disponivel em
httpwwwpubmedcentralnihgov articlerender fcgitool=pubmedamppubmedid=12409
355 Acesso em 13 fev2005
HElLBERG I P Diagnosis and clinical management of urinary tract infection
Disponivel em httpwwwunineteducin2003confpfefermanpfefermanhtml
Acesso em 20 out 2004
KONEMAN E W ALLEN S D JANDA W M SCHREKENBERGER P C
WINN Jr W C Cr Atlas and Textbook of Diagnostic Microbiology 5ed
Philadelphia Lippincott-Raven 1997
LIPSKY B A Managing Prostatitis and Urinary Tract Infection in Men Infectious
Diseases Infoalerl (on line) 2003 Oisponivel em
httpwwwdpacomhklpdflinfolnfoALERT 15pdf Acesso em 10 dez 2004
MASKELL R A new look at the diagnosis of infection of the urinary tract and its
adjacents structures Joumaloflnfecfion Portsmouth n 19 p 207-217 jul 1989
51
MERIA P DESGRIPPES A ARFI C LE DUC A Encrusted Cystitis and Pyelitis
Journal of Urology (on line) 1998 Disponlvel em
htlpIwwwjurologycomipUrejuroabstract00005392-1 99807000-
00003htmmiddotjsessionid-CnHOtEDjxvOgrxiWIUac52pekluG1HSCZzrnOpCIJH4V107ePU
evI848681301-949856032190011-1 Acesso em 21 abr 2005
McCUE J D The Management of Complicated Urinary Tract Infections Infectious
Diseases Infoalert (on line) 1999 Disponfvel em
htlpIwwwdpacomhkJpdlfinlofinlo alart 01pdl Acesso em 01 dez 2004
MURRAY P R Manual of Clinical Microbiology 7ed Washington ASM Press
1999
NABER K G BERGMAN B BISHOP M C JOHANSEN T E B BOTTO H
LOBEL B CRUZ F J SELVAGGI F P European Association 01 Urology
Guidelines on Urinary and Male Genital Tract Infections Disponlvel em
httpwwwuroweborglfilesluploaded filesuti mgtLpdf Acesso em 20 dez 2004
OPLUSTIL C P Urocultura In__ Procedimentos basicos em microbiologia
clinica 2 ed Sao Paulo Sarvier 2004 p 88-93
OSBORNE J About Interstitial Cystitis Disponivel em htlplwwwic-
networkcomhandbooklbasicshtmlintro Acesso em 20 dez 2004
52
PEDRAZA AVILES A G ORTIZ ZARAGOZA M C Symptomatic bacteriuria due to
Ureaplasma and Mycoplasma in adults Revista Latinoamericana de Microbiologia
(on line) 1998 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedampdopt=Abs
tractamplist uids=20388109 Acesso em 20 abr 2005
RIEGEL P RUIMY R BRIEL D de PREVOST G JEHL F BIMET F
CHRISTEN R MONTEIL H Corynebacterium seminale sp Nov a New Species
Associated with Genital Infections in Male Patients Journal of Clinical Microbiology
(on line) 1995 Disponlvel em
htlpllwwwpubmedcentralnihgovpicrenderfcgiartid=228387ampblobtype=pdf
Acesso em 19 mar 2005
SORIANO F PONTE C A case of urinary tract infection caused by
Corynebacterium urealyticum and coryneform group F1 European Journal of Clinical
Microbiology Infectious Diseases (on line) 1992 Disponfvel em
httoIwwwncbinlmnihgoventreziguervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
1396772ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr2005
TANNER M A SHOSKES DSHAHEDA PACENR Prevalence of
Corynebacterial 16S fRna Sequences in Patients with Bacterial and Nonbacterial
Prostatitis Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Disponivel em
httpmcmasmorgcontenVfull3761863 Acesso em 06 mar 2005
TRABULSI L R ALTERTHUM F Escherichia coli uropatagenica (UPEC) In
Microbiaagia 4 ed Sao Paulo Atheneu 2004 p 303-309
53
27
micobacterias naD permitem a cresci menta de outros agentes e portanto a coleta
nac necessita de assepsia rigorosa (MIMS et al 1995)
Caso naD seja passivel a processamento da amostra de urina em ate 2
haras apas a coleta a amostra deve ser refrigerada (2 a 80 C) e processada em ate
24 haras tempo maximo para manuten~ao da contagem bacteriana estavel 0 usc
do preservativo acido b6rico permite que a amostra permane98 a temperatura
ambiente (20 a 25 C) ate 24 horas antes de ser process ada (OPLUSTIL ef aI 2004
CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Sistemas de trans porte usanda acido b6rico podem ser metodos alternativQs
para coletas realizadas em casa au em locais distantes do laborat6ria e mostram-se
tao efetivos quanta a refrigeragao (KONEMAM ef ai 1997)
Oepois de coletada a amostra de urina deve ser encaminhada ao laboratorio
a mais rapido possivel e com todas as informayoes necessarias para degprocessamento Devem ser relatados 0 horario e 0 metodo da coleta 0 tempo de
reteny80 da urina 0 tipo de paciente (por exemplo urologico ou geriatrico) a idade
o sexo se 0 paciente tem recebido quantidades aumentadas de Ifquido
apresentay80 clinica (existencia de sintomas) resultados de urinalise (presen9a de
celulas inflamat6rias) e resultados antecedentes de cultura (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
De maneira ideal as amostras devem ser coletadas antes do inicio da
terapia antimicrobiana Caso 0 paciente ja esteja recebendo ou tenha recebido
antibioticoterapia nas 48 horas antecedentes a realizay80 do exame esta
informay80 deve ser explicitada no formulario de requisiy80 do exame (MIMS et al
1995)
28
Recoletas devem ser solicitadas quando amostras nae refrigeradas forem
recebidas 2 horas ou mais ap6s a coleta au quando nac fcrem comunicados 0
horario e a forma de coleta No entanto nenhuma amostra deve ser desprezada
antes do cantata com 0 medico solicitante po is ela pade em alguns casas ser
insubstituivel (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Menos de 5 das urinas coretadas e transportadas adequadamente
apresentam multiplos microrganismos Exce~6es sao amostras de pacientes com
bexiga neurogemica au usa cranico de cateteres nos quais a bacteriuria
polimicrobiana pade ser detectada em 30 a 80 das culturas freqOentemente sem
infecao (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Segundo Koneman et al (1997) a acuracia do procedimento de coleta de
urina pode ser monitorada pela frequencia de exames com contagens entre 104 a 105
UFCml que nao deve exceder 5 a 10 se os procedimentos forem realizados
apropriadamente
42 A IMPORTANCIA DA COLORAltAo DE GRAM
Durante as ultimas decadas testes rapidos de triagem para bacteriuria foram
desenvolvidos com 0 propos ito de fornecer resultados mais rapid os e de eliminar a
necessidade de cultivar amostras negativas Entretanto sua utilizacao e limitada
principalmente pela incapacidade de detectar baixos niveis de bacteriuria e piuria
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
A coloracao de Gram da urina nao centrifugada e um dos metodos mais
rapidos seguros e baratos para estimar bacteriuria superior a 105 UFCml e
presenca de mais de 8 a 10 leucocitoslJl Homogeneiza-se muito bem a urina
coloca-se uma gota sobre lamina sem espalhar e deixa-se secar ao ar A lamina
deve ser fixada par calor au metanol (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998) A
29
presenca de uma ou mais celulas bacterianas per campo em aumento de 1000
vezes tern sensibilidade de 94 e especificidade de 90 em refletir uma contagem
de colOnias superior a 10 UFCml (KONEMAN ef al 1997)
Embora seja urn metoda barato de triagem a coloraC8o de Gram naD e
utilizada par muitos laborat6rios pelo consumo de tempo e baixa sensibilidade em
contagens inferiores a 105 UFCml Sugere-se a sua utilizacao como teste de triagem
apenas em pacientes com contagens de col6nias provavelmente altas
principalmente as assintomaticos e com suspeita de pielonefrite Alguns autores
relatam melhora da sensibilidade a nlveis acima de 104 UFCml com 0 usa de
citocentrifuga (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
A coloraCao de Gram do sedimento urinario em bora ainda utilizada por
muitos laboratorios e impropria pela baixa reprodutibilidade e dificuldade de
padronizacao e correlacao com os metodos de velocidade de excrecao de leucocitos
au contagem em camara (ALBINI 1994)
As informac6es fornecidas pela cOloracao de Gram sobre a morfologia do
microrganismo e caracteristicas na coloracao sao extremamente importantes para a
selecao inicial da terapia antimicrobiana enquanto se aguarda 0 informe definitivo
do resultado da cultura e do antibiograma (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO
1998)
~ imprescindivel a realizacao da coloracao de Gram para deteccao de
bacterias fastidiosas ou nao usuais Devido a dificuldade de desenvolvimento nos
meios utilizados para a deteccao de enterobacterias em alguns casos somente a
visualizacao microscopica indicarcfi a sua presenca (FRANZ HORL 1999)
A observacao microscopica da urina permite verificar a qualidade da amostra
especialmente em mulheres nas quais a contaminacao vaginal e frequente
30
produzindo resultados falso-positivos A presen~a de muitas celulas epiteliais e de
mais de urn tipo de microrganismo no Gram sugere contamina9aO da amostra em
decorrencia da coleta (OPLUSTIL et ai 2004)
Dutro aspecto importante da coloracao de Gram e a sua utilidade no
monitoramento das culturas podendo-se pelo seu resultado detectar erras tecnicos
e ate mesmo troca de amostras (ALBINI 2004)
31
5 BACTERIAS FASTIDIOSAS E INFECcAO DO TRATO URINARIO
Em 1989 Maskell citou a ocorrencia de bacterias fastidiosas como algumas
especies de estreptococos Gardnerela vaginalis Haemophilus influenzae
Corynebacterium spp e lactobacilos em infecgoes da bexiga e trato urinario superior
isoladas de amostras de urina obtidas par cateteriz8gao aspiragao supra-pubica e
tarn bam de amostras de tecido obtidas per bi6psia vesical Relatou tambem a
preseng8 de tais bacterias na urina de gestantes assintomaticas com mais
freqOencia do que em nao-gestantes e que as gestantes apresentando bacteriuria
posteriormente desenvolviam sintomas com mais freqoencia do que as que nao
apresentavam bacterias na urina
Fairley e Birch (1989) realizaram um importante estudo demonstrando que
pacientes com sintomas de infec~ao do trato urinario apresentando resultados
negativos em culturas de rotina podem abrigar bacterias fastidiosas ou baixas
contagens de uropat6genos convencionais na bexiga Os pacientes incluidos no
estudo foram os que apresentaram resultados inconclusivos em culturas previas de
jato medio como desenvolvimento inferior a 105 UFCml de um pat6geno
convencional ou a desenvolvimento superior a 102 UFCml de uma bacteria
fastidiosa Foram avaiiadas urinas obtidas por aspirayao suprapubica de 1817
mulheres e 300 homens cultivadas para uropat6genos convencionais e bacterias
fastidiosas utilizando in6culo que proporcionou resultados entre 101 e 107 UFCml A
freqOencia de isolamentos esta representada na tabela 1
32
TABELA 1 - FREQUENCIA DE BACTERIURIA EM 2117 PACIENTES(AMOSTRAS OBTIDAS POR PUNCAO SUPRAPUBICA) -1989
Uropat6-Culturas positivas $omente $omente especies genos
(n = 597) uropat6genos fastidiosas conven-convencionais (n = 366) cionais
n = 170 eespeci-
Pacientes Unica Multiplas Unica Multiplas Unica Multiplas esespecie especies especie especies especie especies faslidio-
sasMulheres (n = 1817) 370 191 148 5 222 125 61Homens (n = 300) 36 0 17 0 19 0 0
FONTE The Royal Melbourne Hospital
Vinte e aito especies microbianas foram isoladas no trabalho em questao
sendo Ureaplasma urealylicum Gardnerella vaginalis Escherichia coli Mycoplasma
hominis e Staphylococcus epidermidis as especies mais isoladas Quinhentas e
oitenta e uma (70) das 830 cepas isoladas pertenciam a especies fastidiosas -
Ureaplasma urealyticum Gardnerella vaginalis e Mycoplasma hominis - que nao sao
recuperadas em meies de cultura canvencianais Gardnerella vaginais fai mais
freqUente em mulheres enquanto Ureaplasma urealyticum nao apresentou diferen9a
estatisticamente significativa entre os sexas Treze esptkies fcram isoladas em
apenas uma ou duas ocasioes entre elas Streptococcus equi Streptococcus
equisimifis Streptococcus sanguis Morganella morgan Klebsiella oxytoca
Peptococcus anaerobius Proteus vulgaris Enterobacter aerogenes Salmonella
enteritidis Pseudomonas aeruginosa Haemophilus influenzae Haemophilus
parainfluenzae e Haemophilus parahaemofyticus Anaer6bios estritos foram isolados
de apenas sete dos 597 pacientes (FAIRLEY BIRCH 1989)
Culturas polimicrobianas foram obtidas em urn teno das pacientes do sexo
feminino e nao foram verificadas no sexe masculino A freqOencia de uropat6genos
cenvencienais e fastidiesos encontra-se na tabela 2
33
TABELA 2 - FREQU~NCIA DE UROPATOGENOS CONVENCIONAISE BACTERIAS FASTIDIOSAS EM 191 PACIENTES DO SEXOFEMININO COM BACTERIURIA POLMICROBIANA - 1989
Numero de Somente Samente especies Especiesespecies (numera uropat6genos fastidiosas convencionais e
de pacientes) convencionais fastidiosasOois (153) 9 99 45Tres (34) 0 17 17Quatro (4) 0 1 3
FONTE The Royal Melboume Hospital
Ureaplasmas au Gardnerella vaginalis fcram recuperados em 179 das 191
mulheres com infecgao polimicrobiana estando presentes concomitantemente em
100 das 191 amostras sugerindo urna passivel relacc3osimbi6tica Uropat6genos
convencionais fcram isolados em pouco mais de 33 das mulheres na maiaria dos
casas acompanhados por bacterias fastidiosas indicando que infeccoes
polimicrobianas usualmente envolvem bacterias fastidiosas (FAIRLEY BIRCH
1989)
A contagem de col6nias excedeu 105 UFCml apenas na minoria dos
pacientes portanto a bacteriuria nao seria detectada em muitos individuos caso 0
valor de ponto de corte tradicional tivesse sido utilizado Os resultados tambem
mostraram que baixas contagens bacterianas podem acontecer com qualquer uma
das especies bacterianas isoladas embora tenham sido mais freqoentes para
Ureaplasma urealytieum e Mycoplasma hominis Cento e setenta e quatro (21)
isolados apresentaram contagens inferiores a 103 UFCml sendo 138 (84)
pertencentes a especies fastidiosas (FAIRLEY BIRCH 1989)
Franz e HOrl (1999) citaram a ocorrencia de HaemophiJus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae pneumococos Campyobaeter Legionella
pneumophila Salmonella spp Shigella spp Corynebacterium grupo 02
34
Mycobacterium tuberculosis micobacterias atipicas e fungos como causadores
ocasionais de ITU
Domann et al (2003) realizaram estudo em amostras do trato urinario de
transplantados renais utilizando tecnicas moleculares baseadas em 168 rRNA peR
e cromatografla liquida de alta performance (DHPLC) Foi avaliada a aplicaaD do
metoda em 109 amostras e observou-se 100 de correlacao para amostras cultura-
positivas Para as amostras cultura-negativas a DHPLC permitiu a deteccao de
uropat6genos previa mente conhecidos como Corynebacterium urealyticum e
Gardnerella vaginalis mas tambem agentes nao usuais como AnaerocDCCUs
laclolyticus Bacteroides vufgatus Diaisler invisus Fusobacterium nuceaturn
Lactobacillus iners Leptotrichia amnionii Prevotella buccalis Prevotella ruminicola
Rahnella aquatilis e Streptococcus intermedius detectados como unicos pat6genos
ou como agentes de infecyoes polimicrobianas Uma vez que as ITU sao
freqGentemente associadas com inicio precoce de rejeiyBo cronica em
transplantados renais e conveniente a pesquisa de agentes patogenicos
oportunistas e nao usuais para 0 correto direcionamento do tratamento
antimicrobiano
Quatro casos de ITU com bacteremia por Methylobacterium spp em
pacientes do sexo feminino imunocompetentes foram reportados por Lee Tang e Uu
(2004) Todas as pacientes tiveram hemoculturas positivas para Methylobacterlum
spp e suas culturas de urina foram negativas ou positivas para Escherichia coli com
crescimento concomitante de outro bacHo gram-negativ~ em baixa contagem que foi
ignorado Foram realizados experimentos especiais com os isolados indicando que
de acordo com os procedimentos padrao para culturas de urina com 24 horas de
incubayao a 35degC as colonias de Methylobacterium spp nao sao visualizadas e 0
35
pequeno numero de col6nias observado ap6s incuba~ao adicional de 24 heras a
temperatura ambiente apenas sugere ser a especie urn contaminante
Particularmente quando especies de Methyfobacterium estao presentes
concomitantemente com Escherichia coli ocorre supressao do cresci menta de
Methylobacterium spp tornando impassivel a sua deteccao 0 estudo conclui que a
falta de relatos de casas de ITU por Methylobacterium spp deve-se a impossibilidade
de detec~ao da especie por metodos padrao de cultura de urina au ainda porque a
baixa virulelncia da bacteria pode produzir ITU autolimitadas au talvez muitas vezes
curadas com as antibi6tico5 normalmente utilizados As especies estudadas fcram
variavelmente resistentes as cefalosporinas acido nalidixico nitrofurantoina e
sulfametoxazol-trimetoprim e 100 suscetiveis a ciprofloxacin imipenem e
aminoglicosideos
51 Corynebacterium spp
Corynebaclerium urealylicum pode ser uma importante embora rara causa
de ITU variando a freqOencia de isolamentos significativos de zero a 35 em
popularoes nao selecionadas A bacteriuria por Corynebacterium urealyticum ocorre
em pacientes hospitalizados per longos perledes severamente
imunocomprometidos urologicamente manipulados ou idosos Tal microrganismo
tam bern tern sido associado com pielonefrite e pode desaparecer espontaneamente
da urina mesmo sem antibioticoterapia (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Corynebacterium glucuroneyticum tambem chamado Corynebacterium
seminae tern side iselade de semen e trate g~nite-urinarie masculine e pede causar
prostatite ou uretrite Corynebacterium pseudogenitalium (CDC grupo F1) tambem
tern sido reconhecido como pat6gene do trato urinario (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
36
Foi relatado por Soriano e Ponte (1992) um caso de cistite de incrusta~ao
causado por urn corineforme identificado como CDC grupo F1 0 paciente havia
sofrido ITU previas persistentes causadas por Corynebacterium ureayticum (CDC
grupo 02) A cura bacteriol6gica foi alcan=ada apes urn mes de tratamento com
amoxicilina e acido acetohidroxamico
Meria at al (1998) realizaram levantamento bibliografico entre as anos de
1985 a 1997 sabre casas de cistite e pielite de incrustacao Foi constatado a
aumento progressive no numero de cases especialmente em pacientes
imunodeprimidos e particularmente em transplantados renais Tais inflamacoes
cr6nicas estao associadas com incrustac6es da mucosa causadas por bacterias
produtoras de urease tendo sido as mais freqOentes especies de Corynebacterium
grupo 02 A presenCa de urina alcalina contendo abundantes debris mucopurulentos
calcificados e alta mente sugestiva e pode auxiliar no diagnostico clinico A
demonstracao da bacteria envolvida requer culturas prolongadas em meios de
cultura enriquecidos 0 diagnostico precoce pode evitar falhas de tratamento e uma
possivel rejeicao do orgao transplantado
Em estudo realizado par Riegel et al (1995) corineformes em quantidades
significativas (104a 105 UFCml) foram isolados em amostras de semen uretra urina
e sangue de homens inferteis com diagn6stico de prostatite As analises genomicas
realizadas demonstraram ser as cepas pertencentes a uma mesma especie dentro
do genero Corynebacterium As 12 amostras mostraram padroes bioquimicos
simi lares entre elas born crescimento em agar sangue de carneiro em contraste com
crescimento pobre no mesmo meio suplementado com Tween 80 1 teste de
CAMP positivo fermentacao de glicose sacarose e presenCa de beta-glucuronidase
Tais caracteristicas permitiram a distincao destas cepas dos outros membros do
37
genera e 0 nome proposto foi Corynebacterium seminae Embera organismos
difter6ides pass am fazer parte da microbiota uretral a presenCa de contagens
significativas destas especies no semen sugere urna implica~ao infecciosa
particularmente na prostatite
Estudo molecular filogenetico baseado em 16S rRNA peR realizado em
pacientes com prostatite croniea demonstrou sinais bacterian05 em 65 dos
pacientes estudados Foi constatada a ocorreuromcia de um amplo espectro de
especies bacterianas no fluido prostatico dos pacientes incluindo Corynebacterium
Staphylococcus PepiosfreptococGUS Streptococcus e Escherichia Especies do
genera Corynebacterium foram encontradas em maior proponao incluindo especies
ainda nae descritas e n~o presentes nas amostras de controle sugerindo que
possam ter um papel na doen~a au que sejam conseqOemcia da mesma 0 estudo
mostreu ainda que os microrganismos associ ados com prestatite geralmente
ocorrem em comunidades microbianas distintas daquelas encontradas em liquidos
prostaticos normais (TANNER ot al 1999)
Segundo Domingue e Hellstrom (1998) a observaltio microsc6pica
cuidadosa de amostras de secre~~o prostatica bern como a inocula~~o em meios
enriquecidos sao essenciais para a isolamento de corineformes Foi realizado estudo
em uma amostra de secre~ao prostatica na qual a colora~ao de Gram apresentou
cocobacilos gram Itlbeis pleom6rficos que nao se desenvolveram em meios de rotina
incubados por 72 horas a 35degC Houve desenvolvimento em meio de cultura
enriquecido com extrato de leveduras e sora de cavalo e incubado no minimo 72
horas em atmosfera de 5 de CO2 a 35degC A secregao inoculada em caldo triptose
demonstrou a presen~a de bacilos gram-varitlveis (microscopicamente) e quando
repicada produziu bacilos de crescimento lento em meios de retina e enriquecidos
38
(incubados aerobicamente anaerobicamente ou sob tensao de CO2 par 72 haras)
Corineformes ocultos pod em ser agentes etiol6gicos da prostatite idiopatica croniea
que sao frequentemente perdidos au nao percebidos em procedimentos
bacteriol6gicos de rotina
52 Gardnerella vaginais
o significado de Gardnerela vaginais em urina e controverso pois a
principal associacao patogElnica desta bacteria e com a vaginose na mulher Embora
baixas contagens na urina parecam refletir a micro biota da uretra masculina ou
feminina contagens aeima de 10000 UFCml ja fcram associadas com bacteriuria
sintomatica ITU recorrente cistite na mulher uretrite e prostatite no homem
Entretanto me sma quando ern altas contagens freqOentemente nao ha resposta
leucocitaria Gardnerela vaginalis e encantrada mais freqOentemente em mulheres e
pacientes com doena renal e ap6s instrumentaao (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
Estuda realizado par Agarwal e Dixon (2001) investigau a passivel papel de
Gardnerella vaginalis na cistite intersticial usando metodos maleculares para
garantir a recuperaCao do microrganismo mesmo em baixas contagens Nenhuma
das trinta e tres amastras de bi6psias de bexiga de pacientes com cistite intersticial
foram positivas para Gardnerella vaginais a que embora nao exclua seu
envalvimenta na cistite intersticial diminui esta probabilidade
Ginestre Perez et al (2001) realizaram estudo de mil trezentas e setenta
amostras de jato media de urina de pacientes com sintomas de ITU Gardnerella
vaginalis cujo papel patagenica no trato urinario e discutivel ocupou a segundo
lugar em freqOencia etiologica (1763) ficando atras somente de Escherichia coli
(5210) e superando microrganismos cansiderados uropat6genas classicos como
39
Proteus mirabifis (763) Klebsiella pneumoniae (684) e Pseudomonas
aeruginosa (368) Embera a presen~a de Gardnerella vaginais em amostras de
jato media urinario possa indicar contaminayao vaginal todos as cultivos positivos
para esta bacteria apresentavam contagens superiores a 100000 UFCml e
provinham de pacientes sintomaticos representando urna alta probabilidade de
infec~ao urinaria verdadeira
53 Mycoplasma hominis E Ureaplasma urealyticum
Especies patogenicas como Mycoplasma hominis e Ureaplasma urealyticum
ocorrem freqOentemente como colonizantes do trato urogenital inferior de homens e
mulheres saudaveis A ocorrencia de infec~ao esta provavelmente relacionada a
imunossupressao obstru~ao ou procedimentos previos de instrumental)ao no trato
urinario Ureaplasma urealyticum tern sido encontrado em calculos urinarios de
pacientes com liHase infecciosa sugerindo uma possivel associal)ao causal
Mycoplasma hominis tern sido isolado do trato urinario superior em pacientes com
sintomas de pielonefrite aguda FreqOentemente ha resposta imunol6gica especifica
(MURRAY 1999)
Foi pesquisada a presen9a de Ureaplasma urealyticum e Mycoplasma
hominis em amostras de jato medio de 314 mulheres e 52 homens sintomaticos do
trata urinltilria Ureaplasma urealyticum fai isalada em 54 (171) das mulheres e 8
(154) dos hom ens e Mycoplasma hominis foi isolado em 12 (38) das mulheres
e 4 (77) dos homens Ureaplasma urealyOcum foi superado apenas par
Escherichia coli e Gardnerella vaginalis em ambos grupas 366 e 254
respectivamente no sexo feminina e 585 e 308 no masculino Demonstrou-se
partanto que a bacteriuria par ureaplasmas e relativamente co mum porem nao e
40
detectada por metodos convencionais de cultura de urina (AVILES ZARAGOZA
1998)
A significancia de micoplasmas em amostras de jato medic urinario e de
dificil determinacao devido a provavel contaminacao da amostra par
microrganismos colonizantes da vagina e uretra distal Entretanto estudos
realizados em amostras de aspirado suprapubico em gestantes demons tram que 0
desenvolvimento de pre-eclampsia e tres vezes mais prov3vel em mulheres
apresentando culturas positivas para ureaplasmas no inicio da gestacao do que em
mulheres com culturas negativas no mesmo periodo (KONEMAN ef a 1997)
54 Haemophilus spp
Existem varios estudos relacionando Haemophifus influenzae e Haemophilus
parainfluenzae a ITU embora sua freqOencia e significancia nae tenham sido
confirmadas Alguns pesquisadores sugerem a inclusao de agar chocolate em
culturas de urina de crian~as por causa da associa~ao de Haemophilus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae com outras infec~6es nesta faixa etaria (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
Maskell (1989) citou a ocorrencia de certas bacterias fastidiosas em sftios do
trato urinflrio abaixe da bexiga como par exemple em cases de prostatite por
Haemophilus influenzae
55 Lactobacillus spp
Em estudo realizado em pacientes do sexe feminine com sind rome uretral
aguda demonstrou-se uma alta freqOencia de isolamentos de lactobacilos Durante
dois anos amastras de jato medic de tais pacientes foram cultivadas observando-se
a principio alta concentracao de lactobacilos principalmente nas pacientes
sintomaticas Ao final do estudo durante 0 qual foi impedido 0 usa de antibi6ticos os
41
lactobacilos desapareceram da urina de muitas mulheres as quais tornaram-se
assintomaticas Os autores concluiram que as sintomas da sindrome uretra podem
ser devidos a multiplica~ao desproporcional de lactobacilos na uretra distal como
resultado de antibioticoterapia frequentemente administrada em cursos prolongados
para resolurao dos sintomas urinarios Lactobacilos tambem tern sido relatados em
amostras de urina obtidas diretamente da bexiga e de amostras de tecido obtidas
par bi6psia vesical bern como ocasionalmente isolados em urinas de mulheres
idosas com sintomas urinarios (MASKELL 1989)
56 COCOS GRAM-POSITIVOS
Microrganismos dos generos Lactococcus Gemella Aerococcus e
Globicatella embora possam estar presentes como contaminantes em culturas de
material clinico tern sido isolados como patogenos oportunistas ern urina e outras
amostras de pacientes imunocomprometidos Esforyos para identifica-Ios devem ser
realizados quando os isolados forem clinicamente significantes isto e isolados
repetidamente ou em cultura pura Devido a semelhanya com outros cocos gram-
positivos isolados com mais freq04sectncia como estreptococos enterococos e
estafilococos possivelmente sao confundidos com especies destes generos
(MURRAY 1999)
Golapachar et al (2004) relata ram um caso de infec9ao do trato urinario com
bacteremia causa do por Aerococcus viridans em um homem de 87 anos residente
em uma cUnica de repouso A cultura de urina apresentau crescimenta de 105
UFCml de Aerococcus viridans e a hemocultura fai positiva para a mesmo
microrganismo Os testes bioqulmicos que leva ram a identificayao do
microrganismo faram reayoes negativas de catalase e LAP (Ieucina aminopeptidase)
e reaDes positivas para PYR (L-pyrrolidonyl-beta-naphtylamina) fermentaao de
42
trehalose e manese resistencia a optoquina crescimento em agar bile esculina 40
e cresci menta em cloreto de s6die 65 As especies de Aerococcus sao anaer6bias
facultativas a maioria catalase negativa com tendemcia a formaCao de tetrades na
morfologia microsc6pica PYR positivo e LAP negativ~ a que as diferencia de
enterococos e estreptococos
A escassa documentacao a respeito de infecyoes humanas por Aerocccus
sp deve-se provavelmente a sua similaridade microbiol6gica aos estreptococos alfa-
hemoliticos e enterococos e possiveis erras na interpretacao laboratorial de
amostras clinicas No casa acima descrito a laborat6rio de microbiologia nao pade
reaHzar a antibiograma devido a natureza fastidiosa da bacteria mas houve sucesso
terapeutico ap6s administray8o intravenosa de levofloxacin (GOLAPACHAR et al
2004)
Um caso de pielonefrite e urossepsis por Streptococcus pneumoniae foi
relatado em urn hornem de 82 anos com hist6ria clinica de leucemia linf6ide cronica
e diabetes mellitus Exames radiograficos abdominais e tomografia computadorizada
mostraram uma imagem indicativa de extensa pielonefrite no rim esquerdo sem
nenhum outro foco de infecc8o 0 abscesso renal foi tratado por drenagem
transuretral e 0 material purulento obtido foi cultivado assim como materiais de
orofaringe escarro e sangue Esearro e orofaringe revelaram apenas mierobiota
normal do trato respirat6rio enquanto 0 material drenado e as hemoculturas
demonstraram microseopicamente cocos gram-positiv~s aos pares e em eadeias
alguns dos quais eram lanceolados havendo bom crescimento em agar sangue de
carneiro e agar chocolate a 37degC As col6nias eram fracamente alfa-hemoliticas no
agar sangue e nao muc6ides catalase-negativas e sensiveis a optoquina Testes de
aglutinac8o sorologiea de ambos materiais confirmaram a identificac8o e testes
43
moleculares demonstraram ser as dois isolados identicas Apesar da terapia
antimicrobiana a paciente desenvolveu coagula98o intravascular disseminada e
sofreu uma parada cardiaca sendo que 0 quadro foi revertido mas tornau-se
necessaria a nefrotomia para eliminar a foco da infeccao Em contraste a estud05
anteriores a paciente descrito apresentou um verdadeiro casa de pielonefrite
abscesso renal e urossepsis causados par Streptococcus pneumoniae A presenca
de doencas como leucemia linf6ide crOniea e diabetes mellitus fcram 5uficientes para
causar um certa grau de imunossupressao e predispor a paciente a infeccao par
Streptococcus pneumoniae mesma sem hist6ria antecedente de infecC8o
pneumoc6cica trauma ou interven9ao cirurgica (DUFKE KUNZE-KRONAWITIER
SCHUBERT2004)
57 BACT~RIAS ANAER6BIAS
Tern sido descritos casas de infec90es do trato urinario par bacterias
anaer6bias com as mais diverses tipos de apresenta90es clinicas entre processes
crenicos e agudos As bacterias recuperadas sao bacilos gram negativQs incluindo
Bacteroides fragifis Prevotella sp e Porphyromonas sp Clostridium sp cocos
gram-positiv~s e Actinomyces sp Em muitos casas sao recuperadas em culturas
mistas com coliformes e estreptococos (BROOK 2004)
58 OUTRAS BACT~RIAS FASTIDIOSAS
Foi descrita par Greub e Raoult (2002) uma nova especie bacteriana
Actinobaculum massiliae recuperada da urina de uma mulher de 81 anos com ITU
cr6nica Os estudos fenotipicos genotfpicos e filogeneticos realizados mostraram
ser 0 isolado urna nova especie ainda nao recanhecida dentro do genera
Actinobaculum e foi proposta a denominacao Actinobaculum massiliae A mesma
cepa faj isolada tres vezes num perlodo de sete meses mesmo apes tratamento
44
com amoxicilina sulfametoxazol~trimetoprim e rifampicina Devida ao fata do
microrganismo nao ser isolado em procedimentos laboratoriais de rotina uma ITU
devido a Actinobaculum massiliae pade ser mal diagnosticada Alem disso as
col6nias apresentam heterogeneidade morfol6gica ap6s cinco dias de incubacao
podendo levar a uma errOnea interpretaC(ao de contaminacao com duas especies de
badlas gram~positivos 0 usa de agar sangue de carneiro e incubacao prolongada
motivado pela presenca de 106 leuc6cit05 per ml na urina da paciente permitiu a
desenvolvimento da cepa Houve cura ap6s tratamento com doxiciclina (GREUB
RAOUL T 2002)
Em estudo clinico e microbiol6gico de mulheres com sindrome uretral -
excluindo pacientes com cistite bacteriana - 41 pacientes foram comparadas com 42
pacientes controle Nao foi encontrada diferenca entre pacientes e con troles em
incid~ncia de Chlamydia trachomatis e outros microrganismos de transmiss3o
sexual 0 numero de lactobacilos e outros microrganismos fastidiosos bem como a
numero de leucocitos na urina nao apresentaram diferenca entre pacientes com
sintomas leves e intensos ou entre pacientes e controles Os auto res sustentam a
hipotese da sindrome uretral nao ser causada por infecrao bacteriana ou clamidial
(GILLESPIE et al 1989)
45
6 CONCLUSAO UMA REFLExAO
E indiscutivel a importo1ncia para a laborat6rio de requisicoes de exame
completas com informayoes sabre suspeita clinica existencia de sintomas
anormalidades do trata urinario e condhoes imunol6gicas do paciente Embora
tradicionalmente a maiaria dos medicos nao fornega muitas informacoes sabre 0
paciente ao laborat6rio a microbiologista pede incentivar a criacao de urn canal de
comunicacao quando observar a necessidade de informagoes sobre determinado
paciente
Exames anteriores do paciente sempre que disponiveis devem ser
consultados e comparados pois informacoes sabre infecc6es recorrentes au
recidivantes especies bacterianas envolvidas au presen9a de piuria esteril sao
importantes para direcionar a pesquisa para agentes fastidiosos
o metoda de coleta e as condi~6es de transporte da urina deterrninam a
qualidade da amostra e a quao relevantes serao as microrganismos nela
encontrados Considerando-se que urna bacteria normalmente considerada como
contarninante introduzida durante a coleta pode ser em alguns casos patogenica ou
ainda que uma especie fastidiosa patogenica de crescimento lento pode ter seu
crescimento inibido par uma contaminante de crescimenta mais rapido a coleta
adequada torna-se urn fator de suma importancia para a detec~ao de especies
fastidiosas em urina
Como ja discutida torna-se indispensavel a realiza~ao da calora~ao de
Gram em amostras de urina pOis alem de ser urn teste de triagem rapida e barato
para bacteriuria acima de 105 UFCml pode ser 0 unica indicativa da presen~a de
urna especie fastidiosa
46
A comunica~ao entre a microbiologista e a medico pode determinar nao 56 a
sucesso do diagn6stico e do tratamento como a viabilidade economica da pesquisa
de bacterias fastidiosas para 0 laborat6rio urna vez que direciona as esforyos
laboratoriais aos pacientes que realmente necessitam evitando 9a5t05
desnecessarios
Bacte-rias fastidiosas podem nao responder ao tratamento antibi6tico para
pat6genos convencionais do trato urinario portanto a pesquisa precocemente
direcionada para tais agentes pode melhorar 0 progn6stico das ITU evitando a
administracao de antibioticos inadequados au desnecessarios
Como observado nos diversos casas reiatados bacterias fastidiosas
ocorrem em cenaries clinicos especificos 0 entendimento do processo da doen=a e
as condi=oes do paciente pod em ajudar muito 0 laboratorio no esfor=o para
recuperar a bacteria do material clinico
47
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
ALBINI C A Cullura de Urina Analise das metodologias interfer~ncja sobre as
resultados e proposta para padronizacao 1994 54 f Monografia (Especia1iza9aO em
Bacteriologia) - Setor de Ciencias da Saude Departamento de Patologia Medica
Universidade Federal do Parana Curitiba
AGARWAL M DIXON R A A study to detect Gardnerella vagina lis DNA in
interstitial cystitis British Journal of Urology (on line) 2001 Disponlvel em
httpwwwbjuiorg889articlebju2514aspAcessoem 03 fev 2005
BATRA A Interstitial Cystitis Updade Infection Urology (on line) 1999 Disponivel
em httphomeswipnetsellsopicupdatehtm Acessa em 20 dez 2004
CLARIDGE J E JOHNSON J R PEZZLO M T Laboratory Diagnosis of Urinary
Tract Infections Washington American Society for Microbiology 281998
BROOK I Urinary tract genito-urinary suppurative infections due to anaerobic
bacteria International Journal of Urology (on line) 2004 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezigueryfcgicmd=Retrieveampdb=pubmedampdopt=Abst
ractamplist uids=15009360 Acesso em 18 mar 2005
DOMANN E HONG G IMIRZALIOGLU C TURSCHNER S KOHLE J
WATZEL C HAIN T HOSSAIN H CHAKRABORTY T Culture-Independent
Identification of Pathogenic Bacteria and Polymicrobial Infections in the Genitourinary
Tract of Renal Transplant Recipients Journal of Clinical Microbiology (on line) 2003
48
Disponivel em httpjcmasmorgcgireprintl41125500pdf Acesso em 18
mar2005
DOMINGUE G J HELLSTROMW J G Prostatitis Clinical Microbiology Reviews
(on line) 1998 Disponivel em httpcmrasmorglcgilcontentifuIl11141604 Acesso
em 03 fev 2005
DUFKE S KUNZE-KRONAWITIER H SCHUBERT S Pyelonephritis and
Urosepsis Caused by Streptococcus pneumoniae Journal of Clinical Microbiology
(on line) 2004 Disponlvel em httpjcmasmorgcgicontentifuIl4294383 Acesso
em 06 mar2005
FAIRLEY K F BIRCH D F Detection of Bladder Bacteriuria in Patients with Acute
Urinary Symptoms The Journal of Infectious Diseases Melbourne v 159 n2 p
226-231 fev 1989
FRAIMOW H S JUNGKIND D L LANDER D W DELSO D R DEAN J L
Urinary Tract Infection with an Enterococcus taecais Isolate that Requires
Vancomycin for Growth Annals of Internal Medicine (on line) 1994 Oisponivel em
httpwwwannalsorgcgicontentifuIl1211122 Acesso em 18 mar 2005
FRANZ M HCRL W H Common errors in diagnosis and management of urinary
tract infection I Patophysiology and diagnostic techniques Nephrology Dialysis
Transplantation (on line) 1999 Disponivel em
httpltwwwndtoupjournalsorgcgicontentifuIl141127 46 Acesso em 01 dez 2004
49
GIBB A P Plates are Belter than Broth for Recovery of Fastidious Organisms from
some Specimen Material Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Oisponivel
em httpjcmasmorgcgireprinU4041129pdf Acesso em 06 mar2005
GILLESPIE W A HENDERSON E P LINTON K B SMITH P J Microbiology
of the urethral (frequency and dysuria) syndrome A controlled study with 5-year
review British Journal of Urology (on line) 1989 Disponfvel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
2804564ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr 2005
GINESTRE PEREZ M ROMERO-A~EZ S MARTINEZ-GARCIA A RINCON-
VILLALOBOS G HARRIS-SOCORRO B CATELLANO-GONZALES M AVILA-
ROO Y PEROZO-MENA A Gardnerella vaginalis y uropat6genos convencionales
em pacientes ambulatorios Revista de La Sociedad Venezolana de Microbiaogia
(on line) 2001 Disponivel em
httpwwwseieloorgvaseielo phpscriptsci arttextamppid=S 1315-
25562001000200003amplng=esampnrm=isso Acesso em 05 jan 2005
GOBERNADO M CRUZ F J DALET F BROSETA E DE CUETO M
SANTOS M DE LA ROSA M Procedimientos en Microbiologla Clinica La
infeccion urinaria 2002 Disponivel em
httpwwwseimcorgprotocolosmicrobiologiaindice14htm Acesso em 01 dez
2004
50
GOLAPACHAR A AKINS R L DAVIS W R SIDDIQUI A A Urinary tract
infection caused by Aerococcus viridans a case report International Medical Journal
for Experimental and Clinical Research (on line) 2004 Oisponivel em
httpwlNNmedscimonitcompubvol 10no 114928pdf Acesso em 03 dez 2004
GREUB G RAOULT D Actinobaculum massiliae a new species causing chronic
urinary tract infection Journal of Clinical Microbiology (on line) 2002 Disponivel em
httpwwwpubmedcentralnihgov articlerender fcgitool=pubmedamppubmedid=12409
355 Acesso em 13 fev2005
HElLBERG I P Diagnosis and clinical management of urinary tract infection
Disponivel em httpwwwunineteducin2003confpfefermanpfefermanhtml
Acesso em 20 out 2004
KONEMAN E W ALLEN S D JANDA W M SCHREKENBERGER P C
WINN Jr W C Cr Atlas and Textbook of Diagnostic Microbiology 5ed
Philadelphia Lippincott-Raven 1997
LIPSKY B A Managing Prostatitis and Urinary Tract Infection in Men Infectious
Diseases Infoalerl (on line) 2003 Oisponivel em
httpwwwdpacomhklpdflinfolnfoALERT 15pdf Acesso em 10 dez 2004
MASKELL R A new look at the diagnosis of infection of the urinary tract and its
adjacents structures Joumaloflnfecfion Portsmouth n 19 p 207-217 jul 1989
51
MERIA P DESGRIPPES A ARFI C LE DUC A Encrusted Cystitis and Pyelitis
Journal of Urology (on line) 1998 Disponlvel em
htlpIwwwjurologycomipUrejuroabstract00005392-1 99807000-
00003htmmiddotjsessionid-CnHOtEDjxvOgrxiWIUac52pekluG1HSCZzrnOpCIJH4V107ePU
evI848681301-949856032190011-1 Acesso em 21 abr 2005
McCUE J D The Management of Complicated Urinary Tract Infections Infectious
Diseases Infoalert (on line) 1999 Disponfvel em
htlpIwwwdpacomhkJpdlfinlofinlo alart 01pdl Acesso em 01 dez 2004
MURRAY P R Manual of Clinical Microbiology 7ed Washington ASM Press
1999
NABER K G BERGMAN B BISHOP M C JOHANSEN T E B BOTTO H
LOBEL B CRUZ F J SELVAGGI F P European Association 01 Urology
Guidelines on Urinary and Male Genital Tract Infections Disponlvel em
httpwwwuroweborglfilesluploaded filesuti mgtLpdf Acesso em 20 dez 2004
OPLUSTIL C P Urocultura In__ Procedimentos basicos em microbiologia
clinica 2 ed Sao Paulo Sarvier 2004 p 88-93
OSBORNE J About Interstitial Cystitis Disponivel em htlplwwwic-
networkcomhandbooklbasicshtmlintro Acesso em 20 dez 2004
52
PEDRAZA AVILES A G ORTIZ ZARAGOZA M C Symptomatic bacteriuria due to
Ureaplasma and Mycoplasma in adults Revista Latinoamericana de Microbiologia
(on line) 1998 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedampdopt=Abs
tractamplist uids=20388109 Acesso em 20 abr 2005
RIEGEL P RUIMY R BRIEL D de PREVOST G JEHL F BIMET F
CHRISTEN R MONTEIL H Corynebacterium seminale sp Nov a New Species
Associated with Genital Infections in Male Patients Journal of Clinical Microbiology
(on line) 1995 Disponlvel em
htlpllwwwpubmedcentralnihgovpicrenderfcgiartid=228387ampblobtype=pdf
Acesso em 19 mar 2005
SORIANO F PONTE C A case of urinary tract infection caused by
Corynebacterium urealyticum and coryneform group F1 European Journal of Clinical
Microbiology Infectious Diseases (on line) 1992 Disponfvel em
httoIwwwncbinlmnihgoventreziguervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
1396772ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr2005
TANNER M A SHOSKES DSHAHEDA PACENR Prevalence of
Corynebacterial 16S fRna Sequences in Patients with Bacterial and Nonbacterial
Prostatitis Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Disponivel em
httpmcmasmorgcontenVfull3761863 Acesso em 06 mar 2005
TRABULSI L R ALTERTHUM F Escherichia coli uropatagenica (UPEC) In
Microbiaagia 4 ed Sao Paulo Atheneu 2004 p 303-309
53
28
Recoletas devem ser solicitadas quando amostras nae refrigeradas forem
recebidas 2 horas ou mais ap6s a coleta au quando nac fcrem comunicados 0
horario e a forma de coleta No entanto nenhuma amostra deve ser desprezada
antes do cantata com 0 medico solicitante po is ela pade em alguns casas ser
insubstituivel (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Menos de 5 das urinas coretadas e transportadas adequadamente
apresentam multiplos microrganismos Exce~6es sao amostras de pacientes com
bexiga neurogemica au usa cranico de cateteres nos quais a bacteriuria
polimicrobiana pade ser detectada em 30 a 80 das culturas freqOentemente sem
infecao (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Segundo Koneman et al (1997) a acuracia do procedimento de coleta de
urina pode ser monitorada pela frequencia de exames com contagens entre 104 a 105
UFCml que nao deve exceder 5 a 10 se os procedimentos forem realizados
apropriadamente
42 A IMPORTANCIA DA COLORAltAo DE GRAM
Durante as ultimas decadas testes rapidos de triagem para bacteriuria foram
desenvolvidos com 0 propos ito de fornecer resultados mais rapid os e de eliminar a
necessidade de cultivar amostras negativas Entretanto sua utilizacao e limitada
principalmente pela incapacidade de detectar baixos niveis de bacteriuria e piuria
(CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
A coloracao de Gram da urina nao centrifugada e um dos metodos mais
rapidos seguros e baratos para estimar bacteriuria superior a 105 UFCml e
presenca de mais de 8 a 10 leucocitoslJl Homogeneiza-se muito bem a urina
coloca-se uma gota sobre lamina sem espalhar e deixa-se secar ao ar A lamina
deve ser fixada par calor au metanol (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998) A
29
presenca de uma ou mais celulas bacterianas per campo em aumento de 1000
vezes tern sensibilidade de 94 e especificidade de 90 em refletir uma contagem
de colOnias superior a 10 UFCml (KONEMAN ef al 1997)
Embora seja urn metoda barato de triagem a coloraC8o de Gram naD e
utilizada par muitos laborat6rios pelo consumo de tempo e baixa sensibilidade em
contagens inferiores a 105 UFCml Sugere-se a sua utilizacao como teste de triagem
apenas em pacientes com contagens de col6nias provavelmente altas
principalmente as assintomaticos e com suspeita de pielonefrite Alguns autores
relatam melhora da sensibilidade a nlveis acima de 104 UFCml com 0 usa de
citocentrifuga (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
A coloraCao de Gram do sedimento urinario em bora ainda utilizada por
muitos laboratorios e impropria pela baixa reprodutibilidade e dificuldade de
padronizacao e correlacao com os metodos de velocidade de excrecao de leucocitos
au contagem em camara (ALBINI 1994)
As informac6es fornecidas pela cOloracao de Gram sobre a morfologia do
microrganismo e caracteristicas na coloracao sao extremamente importantes para a
selecao inicial da terapia antimicrobiana enquanto se aguarda 0 informe definitivo
do resultado da cultura e do antibiograma (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO
1998)
~ imprescindivel a realizacao da coloracao de Gram para deteccao de
bacterias fastidiosas ou nao usuais Devido a dificuldade de desenvolvimento nos
meios utilizados para a deteccao de enterobacterias em alguns casos somente a
visualizacao microscopica indicarcfi a sua presenca (FRANZ HORL 1999)
A observacao microscopica da urina permite verificar a qualidade da amostra
especialmente em mulheres nas quais a contaminacao vaginal e frequente
30
produzindo resultados falso-positivos A presen~a de muitas celulas epiteliais e de
mais de urn tipo de microrganismo no Gram sugere contamina9aO da amostra em
decorrencia da coleta (OPLUSTIL et ai 2004)
Dutro aspecto importante da coloracao de Gram e a sua utilidade no
monitoramento das culturas podendo-se pelo seu resultado detectar erras tecnicos
e ate mesmo troca de amostras (ALBINI 2004)
31
5 BACTERIAS FASTIDIOSAS E INFECcAO DO TRATO URINARIO
Em 1989 Maskell citou a ocorrencia de bacterias fastidiosas como algumas
especies de estreptococos Gardnerela vaginalis Haemophilus influenzae
Corynebacterium spp e lactobacilos em infecgoes da bexiga e trato urinario superior
isoladas de amostras de urina obtidas par cateteriz8gao aspiragao supra-pubica e
tarn bam de amostras de tecido obtidas per bi6psia vesical Relatou tambem a
preseng8 de tais bacterias na urina de gestantes assintomaticas com mais
freqOencia do que em nao-gestantes e que as gestantes apresentando bacteriuria
posteriormente desenvolviam sintomas com mais freqoencia do que as que nao
apresentavam bacterias na urina
Fairley e Birch (1989) realizaram um importante estudo demonstrando que
pacientes com sintomas de infec~ao do trato urinario apresentando resultados
negativos em culturas de rotina podem abrigar bacterias fastidiosas ou baixas
contagens de uropat6genos convencionais na bexiga Os pacientes incluidos no
estudo foram os que apresentaram resultados inconclusivos em culturas previas de
jato medio como desenvolvimento inferior a 105 UFCml de um pat6geno
convencional ou a desenvolvimento superior a 102 UFCml de uma bacteria
fastidiosa Foram avaiiadas urinas obtidas por aspirayao suprapubica de 1817
mulheres e 300 homens cultivadas para uropat6genos convencionais e bacterias
fastidiosas utilizando in6culo que proporcionou resultados entre 101 e 107 UFCml A
freqOencia de isolamentos esta representada na tabela 1
32
TABELA 1 - FREQUENCIA DE BACTERIURIA EM 2117 PACIENTES(AMOSTRAS OBTIDAS POR PUNCAO SUPRAPUBICA) -1989
Uropat6-Culturas positivas $omente $omente especies genos
(n = 597) uropat6genos fastidiosas conven-convencionais (n = 366) cionais
n = 170 eespeci-
Pacientes Unica Multiplas Unica Multiplas Unica Multiplas esespecie especies especie especies especie especies faslidio-
sasMulheres (n = 1817) 370 191 148 5 222 125 61Homens (n = 300) 36 0 17 0 19 0 0
FONTE The Royal Melbourne Hospital
Vinte e aito especies microbianas foram isoladas no trabalho em questao
sendo Ureaplasma urealylicum Gardnerella vaginalis Escherichia coli Mycoplasma
hominis e Staphylococcus epidermidis as especies mais isoladas Quinhentas e
oitenta e uma (70) das 830 cepas isoladas pertenciam a especies fastidiosas -
Ureaplasma urealyticum Gardnerella vaginalis e Mycoplasma hominis - que nao sao
recuperadas em meies de cultura canvencianais Gardnerella vaginais fai mais
freqUente em mulheres enquanto Ureaplasma urealyticum nao apresentou diferen9a
estatisticamente significativa entre os sexas Treze esptkies fcram isoladas em
apenas uma ou duas ocasioes entre elas Streptococcus equi Streptococcus
equisimifis Streptococcus sanguis Morganella morgan Klebsiella oxytoca
Peptococcus anaerobius Proteus vulgaris Enterobacter aerogenes Salmonella
enteritidis Pseudomonas aeruginosa Haemophilus influenzae Haemophilus
parainfluenzae e Haemophilus parahaemofyticus Anaer6bios estritos foram isolados
de apenas sete dos 597 pacientes (FAIRLEY BIRCH 1989)
Culturas polimicrobianas foram obtidas em urn teno das pacientes do sexo
feminino e nao foram verificadas no sexe masculino A freqOencia de uropat6genos
cenvencienais e fastidiesos encontra-se na tabela 2
33
TABELA 2 - FREQU~NCIA DE UROPATOGENOS CONVENCIONAISE BACTERIAS FASTIDIOSAS EM 191 PACIENTES DO SEXOFEMININO COM BACTERIURIA POLMICROBIANA - 1989
Numero de Somente Samente especies Especiesespecies (numera uropat6genos fastidiosas convencionais e
de pacientes) convencionais fastidiosasOois (153) 9 99 45Tres (34) 0 17 17Quatro (4) 0 1 3
FONTE The Royal Melboume Hospital
Ureaplasmas au Gardnerella vaginalis fcram recuperados em 179 das 191
mulheres com infecgao polimicrobiana estando presentes concomitantemente em
100 das 191 amostras sugerindo urna passivel relacc3osimbi6tica Uropat6genos
convencionais fcram isolados em pouco mais de 33 das mulheres na maiaria dos
casas acompanhados por bacterias fastidiosas indicando que infeccoes
polimicrobianas usualmente envolvem bacterias fastidiosas (FAIRLEY BIRCH
1989)
A contagem de col6nias excedeu 105 UFCml apenas na minoria dos
pacientes portanto a bacteriuria nao seria detectada em muitos individuos caso 0
valor de ponto de corte tradicional tivesse sido utilizado Os resultados tambem
mostraram que baixas contagens bacterianas podem acontecer com qualquer uma
das especies bacterianas isoladas embora tenham sido mais freqoentes para
Ureaplasma urealytieum e Mycoplasma hominis Cento e setenta e quatro (21)
isolados apresentaram contagens inferiores a 103 UFCml sendo 138 (84)
pertencentes a especies fastidiosas (FAIRLEY BIRCH 1989)
Franz e HOrl (1999) citaram a ocorrencia de HaemophiJus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae pneumococos Campyobaeter Legionella
pneumophila Salmonella spp Shigella spp Corynebacterium grupo 02
34
Mycobacterium tuberculosis micobacterias atipicas e fungos como causadores
ocasionais de ITU
Domann et al (2003) realizaram estudo em amostras do trato urinario de
transplantados renais utilizando tecnicas moleculares baseadas em 168 rRNA peR
e cromatografla liquida de alta performance (DHPLC) Foi avaliada a aplicaaD do
metoda em 109 amostras e observou-se 100 de correlacao para amostras cultura-
positivas Para as amostras cultura-negativas a DHPLC permitiu a deteccao de
uropat6genos previa mente conhecidos como Corynebacterium urealyticum e
Gardnerella vaginalis mas tambem agentes nao usuais como AnaerocDCCUs
laclolyticus Bacteroides vufgatus Diaisler invisus Fusobacterium nuceaturn
Lactobacillus iners Leptotrichia amnionii Prevotella buccalis Prevotella ruminicola
Rahnella aquatilis e Streptococcus intermedius detectados como unicos pat6genos
ou como agentes de infecyoes polimicrobianas Uma vez que as ITU sao
freqGentemente associadas com inicio precoce de rejeiyBo cronica em
transplantados renais e conveniente a pesquisa de agentes patogenicos
oportunistas e nao usuais para 0 correto direcionamento do tratamento
antimicrobiano
Quatro casos de ITU com bacteremia por Methylobacterium spp em
pacientes do sexo feminino imunocompetentes foram reportados por Lee Tang e Uu
(2004) Todas as pacientes tiveram hemoculturas positivas para Methylobacterlum
spp e suas culturas de urina foram negativas ou positivas para Escherichia coli com
crescimento concomitante de outro bacHo gram-negativ~ em baixa contagem que foi
ignorado Foram realizados experimentos especiais com os isolados indicando que
de acordo com os procedimentos padrao para culturas de urina com 24 horas de
incubayao a 35degC as colonias de Methylobacterium spp nao sao visualizadas e 0
35
pequeno numero de col6nias observado ap6s incuba~ao adicional de 24 heras a
temperatura ambiente apenas sugere ser a especie urn contaminante
Particularmente quando especies de Methyfobacterium estao presentes
concomitantemente com Escherichia coli ocorre supressao do cresci menta de
Methylobacterium spp tornando impassivel a sua deteccao 0 estudo conclui que a
falta de relatos de casas de ITU por Methylobacterium spp deve-se a impossibilidade
de detec~ao da especie por metodos padrao de cultura de urina au ainda porque a
baixa virulelncia da bacteria pode produzir ITU autolimitadas au talvez muitas vezes
curadas com as antibi6tico5 normalmente utilizados As especies estudadas fcram
variavelmente resistentes as cefalosporinas acido nalidixico nitrofurantoina e
sulfametoxazol-trimetoprim e 100 suscetiveis a ciprofloxacin imipenem e
aminoglicosideos
51 Corynebacterium spp
Corynebaclerium urealylicum pode ser uma importante embora rara causa
de ITU variando a freqOencia de isolamentos significativos de zero a 35 em
popularoes nao selecionadas A bacteriuria por Corynebacterium urealyticum ocorre
em pacientes hospitalizados per longos perledes severamente
imunocomprometidos urologicamente manipulados ou idosos Tal microrganismo
tam bern tern sido associado com pielonefrite e pode desaparecer espontaneamente
da urina mesmo sem antibioticoterapia (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Corynebacterium glucuroneyticum tambem chamado Corynebacterium
seminae tern side iselade de semen e trate g~nite-urinarie masculine e pede causar
prostatite ou uretrite Corynebacterium pseudogenitalium (CDC grupo F1) tambem
tern sido reconhecido como pat6gene do trato urinario (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
36
Foi relatado por Soriano e Ponte (1992) um caso de cistite de incrusta~ao
causado por urn corineforme identificado como CDC grupo F1 0 paciente havia
sofrido ITU previas persistentes causadas por Corynebacterium ureayticum (CDC
grupo 02) A cura bacteriol6gica foi alcan=ada apes urn mes de tratamento com
amoxicilina e acido acetohidroxamico
Meria at al (1998) realizaram levantamento bibliografico entre as anos de
1985 a 1997 sabre casas de cistite e pielite de incrustacao Foi constatado a
aumento progressive no numero de cases especialmente em pacientes
imunodeprimidos e particularmente em transplantados renais Tais inflamacoes
cr6nicas estao associadas com incrustac6es da mucosa causadas por bacterias
produtoras de urease tendo sido as mais freqOentes especies de Corynebacterium
grupo 02 A presenCa de urina alcalina contendo abundantes debris mucopurulentos
calcificados e alta mente sugestiva e pode auxiliar no diagnostico clinico A
demonstracao da bacteria envolvida requer culturas prolongadas em meios de
cultura enriquecidos 0 diagnostico precoce pode evitar falhas de tratamento e uma
possivel rejeicao do orgao transplantado
Em estudo realizado par Riegel et al (1995) corineformes em quantidades
significativas (104a 105 UFCml) foram isolados em amostras de semen uretra urina
e sangue de homens inferteis com diagn6stico de prostatite As analises genomicas
realizadas demonstraram ser as cepas pertencentes a uma mesma especie dentro
do genero Corynebacterium As 12 amostras mostraram padroes bioquimicos
simi lares entre elas born crescimento em agar sangue de carneiro em contraste com
crescimento pobre no mesmo meio suplementado com Tween 80 1 teste de
CAMP positivo fermentacao de glicose sacarose e presenCa de beta-glucuronidase
Tais caracteristicas permitiram a distincao destas cepas dos outros membros do
37
genera e 0 nome proposto foi Corynebacterium seminae Embera organismos
difter6ides pass am fazer parte da microbiota uretral a presenCa de contagens
significativas destas especies no semen sugere urna implica~ao infecciosa
particularmente na prostatite
Estudo molecular filogenetico baseado em 16S rRNA peR realizado em
pacientes com prostatite croniea demonstrou sinais bacterian05 em 65 dos
pacientes estudados Foi constatada a ocorreuromcia de um amplo espectro de
especies bacterianas no fluido prostatico dos pacientes incluindo Corynebacterium
Staphylococcus PepiosfreptococGUS Streptococcus e Escherichia Especies do
genera Corynebacterium foram encontradas em maior proponao incluindo especies
ainda nae descritas e n~o presentes nas amostras de controle sugerindo que
possam ter um papel na doen~a au que sejam conseqOemcia da mesma 0 estudo
mostreu ainda que os microrganismos associ ados com prestatite geralmente
ocorrem em comunidades microbianas distintas daquelas encontradas em liquidos
prostaticos normais (TANNER ot al 1999)
Segundo Domingue e Hellstrom (1998) a observaltio microsc6pica
cuidadosa de amostras de secre~~o prostatica bern como a inocula~~o em meios
enriquecidos sao essenciais para a isolamento de corineformes Foi realizado estudo
em uma amostra de secre~ao prostatica na qual a colora~ao de Gram apresentou
cocobacilos gram Itlbeis pleom6rficos que nao se desenvolveram em meios de rotina
incubados por 72 horas a 35degC Houve desenvolvimento em meio de cultura
enriquecido com extrato de leveduras e sora de cavalo e incubado no minimo 72
horas em atmosfera de 5 de CO2 a 35degC A secregao inoculada em caldo triptose
demonstrou a presen~a de bacilos gram-varitlveis (microscopicamente) e quando
repicada produziu bacilos de crescimento lento em meios de retina e enriquecidos
38
(incubados aerobicamente anaerobicamente ou sob tensao de CO2 par 72 haras)
Corineformes ocultos pod em ser agentes etiol6gicos da prostatite idiopatica croniea
que sao frequentemente perdidos au nao percebidos em procedimentos
bacteriol6gicos de rotina
52 Gardnerella vaginais
o significado de Gardnerela vaginais em urina e controverso pois a
principal associacao patogElnica desta bacteria e com a vaginose na mulher Embora
baixas contagens na urina parecam refletir a micro biota da uretra masculina ou
feminina contagens aeima de 10000 UFCml ja fcram associadas com bacteriuria
sintomatica ITU recorrente cistite na mulher uretrite e prostatite no homem
Entretanto me sma quando ern altas contagens freqOentemente nao ha resposta
leucocitaria Gardnerela vaginalis e encantrada mais freqOentemente em mulheres e
pacientes com doena renal e ap6s instrumentaao (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
Estuda realizado par Agarwal e Dixon (2001) investigau a passivel papel de
Gardnerella vaginalis na cistite intersticial usando metodos maleculares para
garantir a recuperaCao do microrganismo mesmo em baixas contagens Nenhuma
das trinta e tres amastras de bi6psias de bexiga de pacientes com cistite intersticial
foram positivas para Gardnerella vaginais a que embora nao exclua seu
envalvimenta na cistite intersticial diminui esta probabilidade
Ginestre Perez et al (2001) realizaram estudo de mil trezentas e setenta
amostras de jato media de urina de pacientes com sintomas de ITU Gardnerella
vaginalis cujo papel patagenica no trato urinario e discutivel ocupou a segundo
lugar em freqOencia etiologica (1763) ficando atras somente de Escherichia coli
(5210) e superando microrganismos cansiderados uropat6genas classicos como
39
Proteus mirabifis (763) Klebsiella pneumoniae (684) e Pseudomonas
aeruginosa (368) Embera a presen~a de Gardnerella vaginais em amostras de
jato media urinario possa indicar contaminayao vaginal todos as cultivos positivos
para esta bacteria apresentavam contagens superiores a 100000 UFCml e
provinham de pacientes sintomaticos representando urna alta probabilidade de
infec~ao urinaria verdadeira
53 Mycoplasma hominis E Ureaplasma urealyticum
Especies patogenicas como Mycoplasma hominis e Ureaplasma urealyticum
ocorrem freqOentemente como colonizantes do trato urogenital inferior de homens e
mulheres saudaveis A ocorrencia de infec~ao esta provavelmente relacionada a
imunossupressao obstru~ao ou procedimentos previos de instrumental)ao no trato
urinario Ureaplasma urealyticum tern sido encontrado em calculos urinarios de
pacientes com liHase infecciosa sugerindo uma possivel associal)ao causal
Mycoplasma hominis tern sido isolado do trato urinario superior em pacientes com
sintomas de pielonefrite aguda FreqOentemente ha resposta imunol6gica especifica
(MURRAY 1999)
Foi pesquisada a presen9a de Ureaplasma urealyticum e Mycoplasma
hominis em amostras de jato medio de 314 mulheres e 52 homens sintomaticos do
trata urinltilria Ureaplasma urealyticum fai isalada em 54 (171) das mulheres e 8
(154) dos hom ens e Mycoplasma hominis foi isolado em 12 (38) das mulheres
e 4 (77) dos homens Ureaplasma urealyOcum foi superado apenas par
Escherichia coli e Gardnerella vaginalis em ambos grupas 366 e 254
respectivamente no sexo feminina e 585 e 308 no masculino Demonstrou-se
partanto que a bacteriuria par ureaplasmas e relativamente co mum porem nao e
40
detectada por metodos convencionais de cultura de urina (AVILES ZARAGOZA
1998)
A significancia de micoplasmas em amostras de jato medic urinario e de
dificil determinacao devido a provavel contaminacao da amostra par
microrganismos colonizantes da vagina e uretra distal Entretanto estudos
realizados em amostras de aspirado suprapubico em gestantes demons tram que 0
desenvolvimento de pre-eclampsia e tres vezes mais prov3vel em mulheres
apresentando culturas positivas para ureaplasmas no inicio da gestacao do que em
mulheres com culturas negativas no mesmo periodo (KONEMAN ef a 1997)
54 Haemophilus spp
Existem varios estudos relacionando Haemophifus influenzae e Haemophilus
parainfluenzae a ITU embora sua freqOencia e significancia nae tenham sido
confirmadas Alguns pesquisadores sugerem a inclusao de agar chocolate em
culturas de urina de crian~as por causa da associa~ao de Haemophilus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae com outras infec~6es nesta faixa etaria (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
Maskell (1989) citou a ocorrencia de certas bacterias fastidiosas em sftios do
trato urinflrio abaixe da bexiga como par exemple em cases de prostatite por
Haemophilus influenzae
55 Lactobacillus spp
Em estudo realizado em pacientes do sexe feminine com sind rome uretral
aguda demonstrou-se uma alta freqOencia de isolamentos de lactobacilos Durante
dois anos amastras de jato medic de tais pacientes foram cultivadas observando-se
a principio alta concentracao de lactobacilos principalmente nas pacientes
sintomaticas Ao final do estudo durante 0 qual foi impedido 0 usa de antibi6ticos os
41
lactobacilos desapareceram da urina de muitas mulheres as quais tornaram-se
assintomaticas Os autores concluiram que as sintomas da sindrome uretra podem
ser devidos a multiplica~ao desproporcional de lactobacilos na uretra distal como
resultado de antibioticoterapia frequentemente administrada em cursos prolongados
para resolurao dos sintomas urinarios Lactobacilos tambem tern sido relatados em
amostras de urina obtidas diretamente da bexiga e de amostras de tecido obtidas
par bi6psia vesical bern como ocasionalmente isolados em urinas de mulheres
idosas com sintomas urinarios (MASKELL 1989)
56 COCOS GRAM-POSITIVOS
Microrganismos dos generos Lactococcus Gemella Aerococcus e
Globicatella embora possam estar presentes como contaminantes em culturas de
material clinico tern sido isolados como patogenos oportunistas ern urina e outras
amostras de pacientes imunocomprometidos Esforyos para identifica-Ios devem ser
realizados quando os isolados forem clinicamente significantes isto e isolados
repetidamente ou em cultura pura Devido a semelhanya com outros cocos gram-
positivos isolados com mais freq04sectncia como estreptococos enterococos e
estafilococos possivelmente sao confundidos com especies destes generos
(MURRAY 1999)
Golapachar et al (2004) relata ram um caso de infec9ao do trato urinario com
bacteremia causa do por Aerococcus viridans em um homem de 87 anos residente
em uma cUnica de repouso A cultura de urina apresentau crescimenta de 105
UFCml de Aerococcus viridans e a hemocultura fai positiva para a mesmo
microrganismo Os testes bioqulmicos que leva ram a identificayao do
microrganismo faram reayoes negativas de catalase e LAP (Ieucina aminopeptidase)
e reaDes positivas para PYR (L-pyrrolidonyl-beta-naphtylamina) fermentaao de
42
trehalose e manese resistencia a optoquina crescimento em agar bile esculina 40
e cresci menta em cloreto de s6die 65 As especies de Aerococcus sao anaer6bias
facultativas a maioria catalase negativa com tendemcia a formaCao de tetrades na
morfologia microsc6pica PYR positivo e LAP negativ~ a que as diferencia de
enterococos e estreptococos
A escassa documentacao a respeito de infecyoes humanas por Aerocccus
sp deve-se provavelmente a sua similaridade microbiol6gica aos estreptococos alfa-
hemoliticos e enterococos e possiveis erras na interpretacao laboratorial de
amostras clinicas No casa acima descrito a laborat6rio de microbiologia nao pade
reaHzar a antibiograma devido a natureza fastidiosa da bacteria mas houve sucesso
terapeutico ap6s administray8o intravenosa de levofloxacin (GOLAPACHAR et al
2004)
Um caso de pielonefrite e urossepsis por Streptococcus pneumoniae foi
relatado em urn hornem de 82 anos com hist6ria clinica de leucemia linf6ide cronica
e diabetes mellitus Exames radiograficos abdominais e tomografia computadorizada
mostraram uma imagem indicativa de extensa pielonefrite no rim esquerdo sem
nenhum outro foco de infecc8o 0 abscesso renal foi tratado por drenagem
transuretral e 0 material purulento obtido foi cultivado assim como materiais de
orofaringe escarro e sangue Esearro e orofaringe revelaram apenas mierobiota
normal do trato respirat6rio enquanto 0 material drenado e as hemoculturas
demonstraram microseopicamente cocos gram-positiv~s aos pares e em eadeias
alguns dos quais eram lanceolados havendo bom crescimento em agar sangue de
carneiro e agar chocolate a 37degC As col6nias eram fracamente alfa-hemoliticas no
agar sangue e nao muc6ides catalase-negativas e sensiveis a optoquina Testes de
aglutinac8o sorologiea de ambos materiais confirmaram a identificac8o e testes
43
moleculares demonstraram ser as dois isolados identicas Apesar da terapia
antimicrobiana a paciente desenvolveu coagula98o intravascular disseminada e
sofreu uma parada cardiaca sendo que 0 quadro foi revertido mas tornau-se
necessaria a nefrotomia para eliminar a foco da infeccao Em contraste a estud05
anteriores a paciente descrito apresentou um verdadeiro casa de pielonefrite
abscesso renal e urossepsis causados par Streptococcus pneumoniae A presenca
de doencas como leucemia linf6ide crOniea e diabetes mellitus fcram 5uficientes para
causar um certa grau de imunossupressao e predispor a paciente a infeccao par
Streptococcus pneumoniae mesma sem hist6ria antecedente de infecC8o
pneumoc6cica trauma ou interven9ao cirurgica (DUFKE KUNZE-KRONAWITIER
SCHUBERT2004)
57 BACT~RIAS ANAER6BIAS
Tern sido descritos casas de infec90es do trato urinario par bacterias
anaer6bias com as mais diverses tipos de apresenta90es clinicas entre processes
crenicos e agudos As bacterias recuperadas sao bacilos gram negativQs incluindo
Bacteroides fragifis Prevotella sp e Porphyromonas sp Clostridium sp cocos
gram-positiv~s e Actinomyces sp Em muitos casas sao recuperadas em culturas
mistas com coliformes e estreptococos (BROOK 2004)
58 OUTRAS BACT~RIAS FASTIDIOSAS
Foi descrita par Greub e Raoult (2002) uma nova especie bacteriana
Actinobaculum massiliae recuperada da urina de uma mulher de 81 anos com ITU
cr6nica Os estudos fenotipicos genotfpicos e filogeneticos realizados mostraram
ser 0 isolado urna nova especie ainda nao recanhecida dentro do genera
Actinobaculum e foi proposta a denominacao Actinobaculum massiliae A mesma
cepa faj isolada tres vezes num perlodo de sete meses mesmo apes tratamento
44
com amoxicilina sulfametoxazol~trimetoprim e rifampicina Devida ao fata do
microrganismo nao ser isolado em procedimentos laboratoriais de rotina uma ITU
devido a Actinobaculum massiliae pade ser mal diagnosticada Alem disso as
col6nias apresentam heterogeneidade morfol6gica ap6s cinco dias de incubacao
podendo levar a uma errOnea interpretaC(ao de contaminacao com duas especies de
badlas gram~positivos 0 usa de agar sangue de carneiro e incubacao prolongada
motivado pela presenca de 106 leuc6cit05 per ml na urina da paciente permitiu a
desenvolvimento da cepa Houve cura ap6s tratamento com doxiciclina (GREUB
RAOUL T 2002)
Em estudo clinico e microbiol6gico de mulheres com sindrome uretral -
excluindo pacientes com cistite bacteriana - 41 pacientes foram comparadas com 42
pacientes controle Nao foi encontrada diferenca entre pacientes e con troles em
incid~ncia de Chlamydia trachomatis e outros microrganismos de transmiss3o
sexual 0 numero de lactobacilos e outros microrganismos fastidiosos bem como a
numero de leucocitos na urina nao apresentaram diferenca entre pacientes com
sintomas leves e intensos ou entre pacientes e controles Os auto res sustentam a
hipotese da sindrome uretral nao ser causada por infecrao bacteriana ou clamidial
(GILLESPIE et al 1989)
45
6 CONCLUSAO UMA REFLExAO
E indiscutivel a importo1ncia para a laborat6rio de requisicoes de exame
completas com informayoes sabre suspeita clinica existencia de sintomas
anormalidades do trata urinario e condhoes imunol6gicas do paciente Embora
tradicionalmente a maiaria dos medicos nao fornega muitas informacoes sabre 0
paciente ao laborat6rio a microbiologista pede incentivar a criacao de urn canal de
comunicacao quando observar a necessidade de informagoes sobre determinado
paciente
Exames anteriores do paciente sempre que disponiveis devem ser
consultados e comparados pois informacoes sabre infecc6es recorrentes au
recidivantes especies bacterianas envolvidas au presen9a de piuria esteril sao
importantes para direcionar a pesquisa para agentes fastidiosos
o metoda de coleta e as condi~6es de transporte da urina deterrninam a
qualidade da amostra e a quao relevantes serao as microrganismos nela
encontrados Considerando-se que urna bacteria normalmente considerada como
contarninante introduzida durante a coleta pode ser em alguns casos patogenica ou
ainda que uma especie fastidiosa patogenica de crescimento lento pode ter seu
crescimento inibido par uma contaminante de crescimenta mais rapido a coleta
adequada torna-se urn fator de suma importancia para a detec~ao de especies
fastidiosas em urina
Como ja discutida torna-se indispensavel a realiza~ao da calora~ao de
Gram em amostras de urina pOis alem de ser urn teste de triagem rapida e barato
para bacteriuria acima de 105 UFCml pode ser 0 unica indicativa da presen~a de
urna especie fastidiosa
46
A comunica~ao entre a microbiologista e a medico pode determinar nao 56 a
sucesso do diagn6stico e do tratamento como a viabilidade economica da pesquisa
de bacterias fastidiosas para 0 laborat6rio urna vez que direciona as esforyos
laboratoriais aos pacientes que realmente necessitam evitando 9a5t05
desnecessarios
Bacte-rias fastidiosas podem nao responder ao tratamento antibi6tico para
pat6genos convencionais do trato urinario portanto a pesquisa precocemente
direcionada para tais agentes pode melhorar 0 progn6stico das ITU evitando a
administracao de antibioticos inadequados au desnecessarios
Como observado nos diversos casas reiatados bacterias fastidiosas
ocorrem em cenaries clinicos especificos 0 entendimento do processo da doen=a e
as condi=oes do paciente pod em ajudar muito 0 laboratorio no esfor=o para
recuperar a bacteria do material clinico
47
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
ALBINI C A Cullura de Urina Analise das metodologias interfer~ncja sobre as
resultados e proposta para padronizacao 1994 54 f Monografia (Especia1iza9aO em
Bacteriologia) - Setor de Ciencias da Saude Departamento de Patologia Medica
Universidade Federal do Parana Curitiba
AGARWAL M DIXON R A A study to detect Gardnerella vagina lis DNA in
interstitial cystitis British Journal of Urology (on line) 2001 Disponlvel em
httpwwwbjuiorg889articlebju2514aspAcessoem 03 fev 2005
BATRA A Interstitial Cystitis Updade Infection Urology (on line) 1999 Disponivel
em httphomeswipnetsellsopicupdatehtm Acessa em 20 dez 2004
CLARIDGE J E JOHNSON J R PEZZLO M T Laboratory Diagnosis of Urinary
Tract Infections Washington American Society for Microbiology 281998
BROOK I Urinary tract genito-urinary suppurative infections due to anaerobic
bacteria International Journal of Urology (on line) 2004 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezigueryfcgicmd=Retrieveampdb=pubmedampdopt=Abst
ractamplist uids=15009360 Acesso em 18 mar 2005
DOMANN E HONG G IMIRZALIOGLU C TURSCHNER S KOHLE J
WATZEL C HAIN T HOSSAIN H CHAKRABORTY T Culture-Independent
Identification of Pathogenic Bacteria and Polymicrobial Infections in the Genitourinary
Tract of Renal Transplant Recipients Journal of Clinical Microbiology (on line) 2003
48
Disponivel em httpjcmasmorgcgireprintl41125500pdf Acesso em 18
mar2005
DOMINGUE G J HELLSTROMW J G Prostatitis Clinical Microbiology Reviews
(on line) 1998 Disponivel em httpcmrasmorglcgilcontentifuIl11141604 Acesso
em 03 fev 2005
DUFKE S KUNZE-KRONAWITIER H SCHUBERT S Pyelonephritis and
Urosepsis Caused by Streptococcus pneumoniae Journal of Clinical Microbiology
(on line) 2004 Disponlvel em httpjcmasmorgcgicontentifuIl4294383 Acesso
em 06 mar2005
FAIRLEY K F BIRCH D F Detection of Bladder Bacteriuria in Patients with Acute
Urinary Symptoms The Journal of Infectious Diseases Melbourne v 159 n2 p
226-231 fev 1989
FRAIMOW H S JUNGKIND D L LANDER D W DELSO D R DEAN J L
Urinary Tract Infection with an Enterococcus taecais Isolate that Requires
Vancomycin for Growth Annals of Internal Medicine (on line) 1994 Oisponivel em
httpwwwannalsorgcgicontentifuIl1211122 Acesso em 18 mar 2005
FRANZ M HCRL W H Common errors in diagnosis and management of urinary
tract infection I Patophysiology and diagnostic techniques Nephrology Dialysis
Transplantation (on line) 1999 Disponivel em
httpltwwwndtoupjournalsorgcgicontentifuIl141127 46 Acesso em 01 dez 2004
49
GIBB A P Plates are Belter than Broth for Recovery of Fastidious Organisms from
some Specimen Material Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Oisponivel
em httpjcmasmorgcgireprinU4041129pdf Acesso em 06 mar2005
GILLESPIE W A HENDERSON E P LINTON K B SMITH P J Microbiology
of the urethral (frequency and dysuria) syndrome A controlled study with 5-year
review British Journal of Urology (on line) 1989 Disponfvel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
2804564ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr 2005
GINESTRE PEREZ M ROMERO-A~EZ S MARTINEZ-GARCIA A RINCON-
VILLALOBOS G HARRIS-SOCORRO B CATELLANO-GONZALES M AVILA-
ROO Y PEROZO-MENA A Gardnerella vaginalis y uropat6genos convencionales
em pacientes ambulatorios Revista de La Sociedad Venezolana de Microbiaogia
(on line) 2001 Disponivel em
httpwwwseieloorgvaseielo phpscriptsci arttextamppid=S 1315-
25562001000200003amplng=esampnrm=isso Acesso em 05 jan 2005
GOBERNADO M CRUZ F J DALET F BROSETA E DE CUETO M
SANTOS M DE LA ROSA M Procedimientos en Microbiologla Clinica La
infeccion urinaria 2002 Disponivel em
httpwwwseimcorgprotocolosmicrobiologiaindice14htm Acesso em 01 dez
2004
50
GOLAPACHAR A AKINS R L DAVIS W R SIDDIQUI A A Urinary tract
infection caused by Aerococcus viridans a case report International Medical Journal
for Experimental and Clinical Research (on line) 2004 Oisponivel em
httpwlNNmedscimonitcompubvol 10no 114928pdf Acesso em 03 dez 2004
GREUB G RAOULT D Actinobaculum massiliae a new species causing chronic
urinary tract infection Journal of Clinical Microbiology (on line) 2002 Disponivel em
httpwwwpubmedcentralnihgov articlerender fcgitool=pubmedamppubmedid=12409
355 Acesso em 13 fev2005
HElLBERG I P Diagnosis and clinical management of urinary tract infection
Disponivel em httpwwwunineteducin2003confpfefermanpfefermanhtml
Acesso em 20 out 2004
KONEMAN E W ALLEN S D JANDA W M SCHREKENBERGER P C
WINN Jr W C Cr Atlas and Textbook of Diagnostic Microbiology 5ed
Philadelphia Lippincott-Raven 1997
LIPSKY B A Managing Prostatitis and Urinary Tract Infection in Men Infectious
Diseases Infoalerl (on line) 2003 Oisponivel em
httpwwwdpacomhklpdflinfolnfoALERT 15pdf Acesso em 10 dez 2004
MASKELL R A new look at the diagnosis of infection of the urinary tract and its
adjacents structures Joumaloflnfecfion Portsmouth n 19 p 207-217 jul 1989
51
MERIA P DESGRIPPES A ARFI C LE DUC A Encrusted Cystitis and Pyelitis
Journal of Urology (on line) 1998 Disponlvel em
htlpIwwwjurologycomipUrejuroabstract00005392-1 99807000-
00003htmmiddotjsessionid-CnHOtEDjxvOgrxiWIUac52pekluG1HSCZzrnOpCIJH4V107ePU
evI848681301-949856032190011-1 Acesso em 21 abr 2005
McCUE J D The Management of Complicated Urinary Tract Infections Infectious
Diseases Infoalert (on line) 1999 Disponfvel em
htlpIwwwdpacomhkJpdlfinlofinlo alart 01pdl Acesso em 01 dez 2004
MURRAY P R Manual of Clinical Microbiology 7ed Washington ASM Press
1999
NABER K G BERGMAN B BISHOP M C JOHANSEN T E B BOTTO H
LOBEL B CRUZ F J SELVAGGI F P European Association 01 Urology
Guidelines on Urinary and Male Genital Tract Infections Disponlvel em
httpwwwuroweborglfilesluploaded filesuti mgtLpdf Acesso em 20 dez 2004
OPLUSTIL C P Urocultura In__ Procedimentos basicos em microbiologia
clinica 2 ed Sao Paulo Sarvier 2004 p 88-93
OSBORNE J About Interstitial Cystitis Disponivel em htlplwwwic-
networkcomhandbooklbasicshtmlintro Acesso em 20 dez 2004
52
PEDRAZA AVILES A G ORTIZ ZARAGOZA M C Symptomatic bacteriuria due to
Ureaplasma and Mycoplasma in adults Revista Latinoamericana de Microbiologia
(on line) 1998 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedampdopt=Abs
tractamplist uids=20388109 Acesso em 20 abr 2005
RIEGEL P RUIMY R BRIEL D de PREVOST G JEHL F BIMET F
CHRISTEN R MONTEIL H Corynebacterium seminale sp Nov a New Species
Associated with Genital Infections in Male Patients Journal of Clinical Microbiology
(on line) 1995 Disponlvel em
htlpllwwwpubmedcentralnihgovpicrenderfcgiartid=228387ampblobtype=pdf
Acesso em 19 mar 2005
SORIANO F PONTE C A case of urinary tract infection caused by
Corynebacterium urealyticum and coryneform group F1 European Journal of Clinical
Microbiology Infectious Diseases (on line) 1992 Disponfvel em
httoIwwwncbinlmnihgoventreziguervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
1396772ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr2005
TANNER M A SHOSKES DSHAHEDA PACENR Prevalence of
Corynebacterial 16S fRna Sequences in Patients with Bacterial and Nonbacterial
Prostatitis Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Disponivel em
httpmcmasmorgcontenVfull3761863 Acesso em 06 mar 2005
TRABULSI L R ALTERTHUM F Escherichia coli uropatagenica (UPEC) In
Microbiaagia 4 ed Sao Paulo Atheneu 2004 p 303-309
53
29
presenca de uma ou mais celulas bacterianas per campo em aumento de 1000
vezes tern sensibilidade de 94 e especificidade de 90 em refletir uma contagem
de colOnias superior a 10 UFCml (KONEMAN ef al 1997)
Embora seja urn metoda barato de triagem a coloraC8o de Gram naD e
utilizada par muitos laborat6rios pelo consumo de tempo e baixa sensibilidade em
contagens inferiores a 105 UFCml Sugere-se a sua utilizacao como teste de triagem
apenas em pacientes com contagens de col6nias provavelmente altas
principalmente as assintomaticos e com suspeita de pielonefrite Alguns autores
relatam melhora da sensibilidade a nlveis acima de 104 UFCml com 0 usa de
citocentrifuga (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
A coloraCao de Gram do sedimento urinario em bora ainda utilizada por
muitos laboratorios e impropria pela baixa reprodutibilidade e dificuldade de
padronizacao e correlacao com os metodos de velocidade de excrecao de leucocitos
au contagem em camara (ALBINI 1994)
As informac6es fornecidas pela cOloracao de Gram sobre a morfologia do
microrganismo e caracteristicas na coloracao sao extremamente importantes para a
selecao inicial da terapia antimicrobiana enquanto se aguarda 0 informe definitivo
do resultado da cultura e do antibiograma (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO
1998)
~ imprescindivel a realizacao da coloracao de Gram para deteccao de
bacterias fastidiosas ou nao usuais Devido a dificuldade de desenvolvimento nos
meios utilizados para a deteccao de enterobacterias em alguns casos somente a
visualizacao microscopica indicarcfi a sua presenca (FRANZ HORL 1999)
A observacao microscopica da urina permite verificar a qualidade da amostra
especialmente em mulheres nas quais a contaminacao vaginal e frequente
30
produzindo resultados falso-positivos A presen~a de muitas celulas epiteliais e de
mais de urn tipo de microrganismo no Gram sugere contamina9aO da amostra em
decorrencia da coleta (OPLUSTIL et ai 2004)
Dutro aspecto importante da coloracao de Gram e a sua utilidade no
monitoramento das culturas podendo-se pelo seu resultado detectar erras tecnicos
e ate mesmo troca de amostras (ALBINI 2004)
31
5 BACTERIAS FASTIDIOSAS E INFECcAO DO TRATO URINARIO
Em 1989 Maskell citou a ocorrencia de bacterias fastidiosas como algumas
especies de estreptococos Gardnerela vaginalis Haemophilus influenzae
Corynebacterium spp e lactobacilos em infecgoes da bexiga e trato urinario superior
isoladas de amostras de urina obtidas par cateteriz8gao aspiragao supra-pubica e
tarn bam de amostras de tecido obtidas per bi6psia vesical Relatou tambem a
preseng8 de tais bacterias na urina de gestantes assintomaticas com mais
freqOencia do que em nao-gestantes e que as gestantes apresentando bacteriuria
posteriormente desenvolviam sintomas com mais freqoencia do que as que nao
apresentavam bacterias na urina
Fairley e Birch (1989) realizaram um importante estudo demonstrando que
pacientes com sintomas de infec~ao do trato urinario apresentando resultados
negativos em culturas de rotina podem abrigar bacterias fastidiosas ou baixas
contagens de uropat6genos convencionais na bexiga Os pacientes incluidos no
estudo foram os que apresentaram resultados inconclusivos em culturas previas de
jato medio como desenvolvimento inferior a 105 UFCml de um pat6geno
convencional ou a desenvolvimento superior a 102 UFCml de uma bacteria
fastidiosa Foram avaiiadas urinas obtidas por aspirayao suprapubica de 1817
mulheres e 300 homens cultivadas para uropat6genos convencionais e bacterias
fastidiosas utilizando in6culo que proporcionou resultados entre 101 e 107 UFCml A
freqOencia de isolamentos esta representada na tabela 1
32
TABELA 1 - FREQUENCIA DE BACTERIURIA EM 2117 PACIENTES(AMOSTRAS OBTIDAS POR PUNCAO SUPRAPUBICA) -1989
Uropat6-Culturas positivas $omente $omente especies genos
(n = 597) uropat6genos fastidiosas conven-convencionais (n = 366) cionais
n = 170 eespeci-
Pacientes Unica Multiplas Unica Multiplas Unica Multiplas esespecie especies especie especies especie especies faslidio-
sasMulheres (n = 1817) 370 191 148 5 222 125 61Homens (n = 300) 36 0 17 0 19 0 0
FONTE The Royal Melbourne Hospital
Vinte e aito especies microbianas foram isoladas no trabalho em questao
sendo Ureaplasma urealylicum Gardnerella vaginalis Escherichia coli Mycoplasma
hominis e Staphylococcus epidermidis as especies mais isoladas Quinhentas e
oitenta e uma (70) das 830 cepas isoladas pertenciam a especies fastidiosas -
Ureaplasma urealyticum Gardnerella vaginalis e Mycoplasma hominis - que nao sao
recuperadas em meies de cultura canvencianais Gardnerella vaginais fai mais
freqUente em mulheres enquanto Ureaplasma urealyticum nao apresentou diferen9a
estatisticamente significativa entre os sexas Treze esptkies fcram isoladas em
apenas uma ou duas ocasioes entre elas Streptococcus equi Streptococcus
equisimifis Streptococcus sanguis Morganella morgan Klebsiella oxytoca
Peptococcus anaerobius Proteus vulgaris Enterobacter aerogenes Salmonella
enteritidis Pseudomonas aeruginosa Haemophilus influenzae Haemophilus
parainfluenzae e Haemophilus parahaemofyticus Anaer6bios estritos foram isolados
de apenas sete dos 597 pacientes (FAIRLEY BIRCH 1989)
Culturas polimicrobianas foram obtidas em urn teno das pacientes do sexo
feminino e nao foram verificadas no sexe masculino A freqOencia de uropat6genos
cenvencienais e fastidiesos encontra-se na tabela 2
33
TABELA 2 - FREQU~NCIA DE UROPATOGENOS CONVENCIONAISE BACTERIAS FASTIDIOSAS EM 191 PACIENTES DO SEXOFEMININO COM BACTERIURIA POLMICROBIANA - 1989
Numero de Somente Samente especies Especiesespecies (numera uropat6genos fastidiosas convencionais e
de pacientes) convencionais fastidiosasOois (153) 9 99 45Tres (34) 0 17 17Quatro (4) 0 1 3
FONTE The Royal Melboume Hospital
Ureaplasmas au Gardnerella vaginalis fcram recuperados em 179 das 191
mulheres com infecgao polimicrobiana estando presentes concomitantemente em
100 das 191 amostras sugerindo urna passivel relacc3osimbi6tica Uropat6genos
convencionais fcram isolados em pouco mais de 33 das mulheres na maiaria dos
casas acompanhados por bacterias fastidiosas indicando que infeccoes
polimicrobianas usualmente envolvem bacterias fastidiosas (FAIRLEY BIRCH
1989)
A contagem de col6nias excedeu 105 UFCml apenas na minoria dos
pacientes portanto a bacteriuria nao seria detectada em muitos individuos caso 0
valor de ponto de corte tradicional tivesse sido utilizado Os resultados tambem
mostraram que baixas contagens bacterianas podem acontecer com qualquer uma
das especies bacterianas isoladas embora tenham sido mais freqoentes para
Ureaplasma urealytieum e Mycoplasma hominis Cento e setenta e quatro (21)
isolados apresentaram contagens inferiores a 103 UFCml sendo 138 (84)
pertencentes a especies fastidiosas (FAIRLEY BIRCH 1989)
Franz e HOrl (1999) citaram a ocorrencia de HaemophiJus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae pneumococos Campyobaeter Legionella
pneumophila Salmonella spp Shigella spp Corynebacterium grupo 02
34
Mycobacterium tuberculosis micobacterias atipicas e fungos como causadores
ocasionais de ITU
Domann et al (2003) realizaram estudo em amostras do trato urinario de
transplantados renais utilizando tecnicas moleculares baseadas em 168 rRNA peR
e cromatografla liquida de alta performance (DHPLC) Foi avaliada a aplicaaD do
metoda em 109 amostras e observou-se 100 de correlacao para amostras cultura-
positivas Para as amostras cultura-negativas a DHPLC permitiu a deteccao de
uropat6genos previa mente conhecidos como Corynebacterium urealyticum e
Gardnerella vaginalis mas tambem agentes nao usuais como AnaerocDCCUs
laclolyticus Bacteroides vufgatus Diaisler invisus Fusobacterium nuceaturn
Lactobacillus iners Leptotrichia amnionii Prevotella buccalis Prevotella ruminicola
Rahnella aquatilis e Streptococcus intermedius detectados como unicos pat6genos
ou como agentes de infecyoes polimicrobianas Uma vez que as ITU sao
freqGentemente associadas com inicio precoce de rejeiyBo cronica em
transplantados renais e conveniente a pesquisa de agentes patogenicos
oportunistas e nao usuais para 0 correto direcionamento do tratamento
antimicrobiano
Quatro casos de ITU com bacteremia por Methylobacterium spp em
pacientes do sexo feminino imunocompetentes foram reportados por Lee Tang e Uu
(2004) Todas as pacientes tiveram hemoculturas positivas para Methylobacterlum
spp e suas culturas de urina foram negativas ou positivas para Escherichia coli com
crescimento concomitante de outro bacHo gram-negativ~ em baixa contagem que foi
ignorado Foram realizados experimentos especiais com os isolados indicando que
de acordo com os procedimentos padrao para culturas de urina com 24 horas de
incubayao a 35degC as colonias de Methylobacterium spp nao sao visualizadas e 0
35
pequeno numero de col6nias observado ap6s incuba~ao adicional de 24 heras a
temperatura ambiente apenas sugere ser a especie urn contaminante
Particularmente quando especies de Methyfobacterium estao presentes
concomitantemente com Escherichia coli ocorre supressao do cresci menta de
Methylobacterium spp tornando impassivel a sua deteccao 0 estudo conclui que a
falta de relatos de casas de ITU por Methylobacterium spp deve-se a impossibilidade
de detec~ao da especie por metodos padrao de cultura de urina au ainda porque a
baixa virulelncia da bacteria pode produzir ITU autolimitadas au talvez muitas vezes
curadas com as antibi6tico5 normalmente utilizados As especies estudadas fcram
variavelmente resistentes as cefalosporinas acido nalidixico nitrofurantoina e
sulfametoxazol-trimetoprim e 100 suscetiveis a ciprofloxacin imipenem e
aminoglicosideos
51 Corynebacterium spp
Corynebaclerium urealylicum pode ser uma importante embora rara causa
de ITU variando a freqOencia de isolamentos significativos de zero a 35 em
popularoes nao selecionadas A bacteriuria por Corynebacterium urealyticum ocorre
em pacientes hospitalizados per longos perledes severamente
imunocomprometidos urologicamente manipulados ou idosos Tal microrganismo
tam bern tern sido associado com pielonefrite e pode desaparecer espontaneamente
da urina mesmo sem antibioticoterapia (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Corynebacterium glucuroneyticum tambem chamado Corynebacterium
seminae tern side iselade de semen e trate g~nite-urinarie masculine e pede causar
prostatite ou uretrite Corynebacterium pseudogenitalium (CDC grupo F1) tambem
tern sido reconhecido como pat6gene do trato urinario (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
36
Foi relatado por Soriano e Ponte (1992) um caso de cistite de incrusta~ao
causado por urn corineforme identificado como CDC grupo F1 0 paciente havia
sofrido ITU previas persistentes causadas por Corynebacterium ureayticum (CDC
grupo 02) A cura bacteriol6gica foi alcan=ada apes urn mes de tratamento com
amoxicilina e acido acetohidroxamico
Meria at al (1998) realizaram levantamento bibliografico entre as anos de
1985 a 1997 sabre casas de cistite e pielite de incrustacao Foi constatado a
aumento progressive no numero de cases especialmente em pacientes
imunodeprimidos e particularmente em transplantados renais Tais inflamacoes
cr6nicas estao associadas com incrustac6es da mucosa causadas por bacterias
produtoras de urease tendo sido as mais freqOentes especies de Corynebacterium
grupo 02 A presenCa de urina alcalina contendo abundantes debris mucopurulentos
calcificados e alta mente sugestiva e pode auxiliar no diagnostico clinico A
demonstracao da bacteria envolvida requer culturas prolongadas em meios de
cultura enriquecidos 0 diagnostico precoce pode evitar falhas de tratamento e uma
possivel rejeicao do orgao transplantado
Em estudo realizado par Riegel et al (1995) corineformes em quantidades
significativas (104a 105 UFCml) foram isolados em amostras de semen uretra urina
e sangue de homens inferteis com diagn6stico de prostatite As analises genomicas
realizadas demonstraram ser as cepas pertencentes a uma mesma especie dentro
do genero Corynebacterium As 12 amostras mostraram padroes bioquimicos
simi lares entre elas born crescimento em agar sangue de carneiro em contraste com
crescimento pobre no mesmo meio suplementado com Tween 80 1 teste de
CAMP positivo fermentacao de glicose sacarose e presenCa de beta-glucuronidase
Tais caracteristicas permitiram a distincao destas cepas dos outros membros do
37
genera e 0 nome proposto foi Corynebacterium seminae Embera organismos
difter6ides pass am fazer parte da microbiota uretral a presenCa de contagens
significativas destas especies no semen sugere urna implica~ao infecciosa
particularmente na prostatite
Estudo molecular filogenetico baseado em 16S rRNA peR realizado em
pacientes com prostatite croniea demonstrou sinais bacterian05 em 65 dos
pacientes estudados Foi constatada a ocorreuromcia de um amplo espectro de
especies bacterianas no fluido prostatico dos pacientes incluindo Corynebacterium
Staphylococcus PepiosfreptococGUS Streptococcus e Escherichia Especies do
genera Corynebacterium foram encontradas em maior proponao incluindo especies
ainda nae descritas e n~o presentes nas amostras de controle sugerindo que
possam ter um papel na doen~a au que sejam conseqOemcia da mesma 0 estudo
mostreu ainda que os microrganismos associ ados com prestatite geralmente
ocorrem em comunidades microbianas distintas daquelas encontradas em liquidos
prostaticos normais (TANNER ot al 1999)
Segundo Domingue e Hellstrom (1998) a observaltio microsc6pica
cuidadosa de amostras de secre~~o prostatica bern como a inocula~~o em meios
enriquecidos sao essenciais para a isolamento de corineformes Foi realizado estudo
em uma amostra de secre~ao prostatica na qual a colora~ao de Gram apresentou
cocobacilos gram Itlbeis pleom6rficos que nao se desenvolveram em meios de rotina
incubados por 72 horas a 35degC Houve desenvolvimento em meio de cultura
enriquecido com extrato de leveduras e sora de cavalo e incubado no minimo 72
horas em atmosfera de 5 de CO2 a 35degC A secregao inoculada em caldo triptose
demonstrou a presen~a de bacilos gram-varitlveis (microscopicamente) e quando
repicada produziu bacilos de crescimento lento em meios de retina e enriquecidos
38
(incubados aerobicamente anaerobicamente ou sob tensao de CO2 par 72 haras)
Corineformes ocultos pod em ser agentes etiol6gicos da prostatite idiopatica croniea
que sao frequentemente perdidos au nao percebidos em procedimentos
bacteriol6gicos de rotina
52 Gardnerella vaginais
o significado de Gardnerela vaginais em urina e controverso pois a
principal associacao patogElnica desta bacteria e com a vaginose na mulher Embora
baixas contagens na urina parecam refletir a micro biota da uretra masculina ou
feminina contagens aeima de 10000 UFCml ja fcram associadas com bacteriuria
sintomatica ITU recorrente cistite na mulher uretrite e prostatite no homem
Entretanto me sma quando ern altas contagens freqOentemente nao ha resposta
leucocitaria Gardnerela vaginalis e encantrada mais freqOentemente em mulheres e
pacientes com doena renal e ap6s instrumentaao (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
Estuda realizado par Agarwal e Dixon (2001) investigau a passivel papel de
Gardnerella vaginalis na cistite intersticial usando metodos maleculares para
garantir a recuperaCao do microrganismo mesmo em baixas contagens Nenhuma
das trinta e tres amastras de bi6psias de bexiga de pacientes com cistite intersticial
foram positivas para Gardnerella vaginais a que embora nao exclua seu
envalvimenta na cistite intersticial diminui esta probabilidade
Ginestre Perez et al (2001) realizaram estudo de mil trezentas e setenta
amostras de jato media de urina de pacientes com sintomas de ITU Gardnerella
vaginalis cujo papel patagenica no trato urinario e discutivel ocupou a segundo
lugar em freqOencia etiologica (1763) ficando atras somente de Escherichia coli
(5210) e superando microrganismos cansiderados uropat6genas classicos como
39
Proteus mirabifis (763) Klebsiella pneumoniae (684) e Pseudomonas
aeruginosa (368) Embera a presen~a de Gardnerella vaginais em amostras de
jato media urinario possa indicar contaminayao vaginal todos as cultivos positivos
para esta bacteria apresentavam contagens superiores a 100000 UFCml e
provinham de pacientes sintomaticos representando urna alta probabilidade de
infec~ao urinaria verdadeira
53 Mycoplasma hominis E Ureaplasma urealyticum
Especies patogenicas como Mycoplasma hominis e Ureaplasma urealyticum
ocorrem freqOentemente como colonizantes do trato urogenital inferior de homens e
mulheres saudaveis A ocorrencia de infec~ao esta provavelmente relacionada a
imunossupressao obstru~ao ou procedimentos previos de instrumental)ao no trato
urinario Ureaplasma urealyticum tern sido encontrado em calculos urinarios de
pacientes com liHase infecciosa sugerindo uma possivel associal)ao causal
Mycoplasma hominis tern sido isolado do trato urinario superior em pacientes com
sintomas de pielonefrite aguda FreqOentemente ha resposta imunol6gica especifica
(MURRAY 1999)
Foi pesquisada a presen9a de Ureaplasma urealyticum e Mycoplasma
hominis em amostras de jato medio de 314 mulheres e 52 homens sintomaticos do
trata urinltilria Ureaplasma urealyticum fai isalada em 54 (171) das mulheres e 8
(154) dos hom ens e Mycoplasma hominis foi isolado em 12 (38) das mulheres
e 4 (77) dos homens Ureaplasma urealyOcum foi superado apenas par
Escherichia coli e Gardnerella vaginalis em ambos grupas 366 e 254
respectivamente no sexo feminina e 585 e 308 no masculino Demonstrou-se
partanto que a bacteriuria par ureaplasmas e relativamente co mum porem nao e
40
detectada por metodos convencionais de cultura de urina (AVILES ZARAGOZA
1998)
A significancia de micoplasmas em amostras de jato medic urinario e de
dificil determinacao devido a provavel contaminacao da amostra par
microrganismos colonizantes da vagina e uretra distal Entretanto estudos
realizados em amostras de aspirado suprapubico em gestantes demons tram que 0
desenvolvimento de pre-eclampsia e tres vezes mais prov3vel em mulheres
apresentando culturas positivas para ureaplasmas no inicio da gestacao do que em
mulheres com culturas negativas no mesmo periodo (KONEMAN ef a 1997)
54 Haemophilus spp
Existem varios estudos relacionando Haemophifus influenzae e Haemophilus
parainfluenzae a ITU embora sua freqOencia e significancia nae tenham sido
confirmadas Alguns pesquisadores sugerem a inclusao de agar chocolate em
culturas de urina de crian~as por causa da associa~ao de Haemophilus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae com outras infec~6es nesta faixa etaria (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
Maskell (1989) citou a ocorrencia de certas bacterias fastidiosas em sftios do
trato urinflrio abaixe da bexiga como par exemple em cases de prostatite por
Haemophilus influenzae
55 Lactobacillus spp
Em estudo realizado em pacientes do sexe feminine com sind rome uretral
aguda demonstrou-se uma alta freqOencia de isolamentos de lactobacilos Durante
dois anos amastras de jato medic de tais pacientes foram cultivadas observando-se
a principio alta concentracao de lactobacilos principalmente nas pacientes
sintomaticas Ao final do estudo durante 0 qual foi impedido 0 usa de antibi6ticos os
41
lactobacilos desapareceram da urina de muitas mulheres as quais tornaram-se
assintomaticas Os autores concluiram que as sintomas da sindrome uretra podem
ser devidos a multiplica~ao desproporcional de lactobacilos na uretra distal como
resultado de antibioticoterapia frequentemente administrada em cursos prolongados
para resolurao dos sintomas urinarios Lactobacilos tambem tern sido relatados em
amostras de urina obtidas diretamente da bexiga e de amostras de tecido obtidas
par bi6psia vesical bern como ocasionalmente isolados em urinas de mulheres
idosas com sintomas urinarios (MASKELL 1989)
56 COCOS GRAM-POSITIVOS
Microrganismos dos generos Lactococcus Gemella Aerococcus e
Globicatella embora possam estar presentes como contaminantes em culturas de
material clinico tern sido isolados como patogenos oportunistas ern urina e outras
amostras de pacientes imunocomprometidos Esforyos para identifica-Ios devem ser
realizados quando os isolados forem clinicamente significantes isto e isolados
repetidamente ou em cultura pura Devido a semelhanya com outros cocos gram-
positivos isolados com mais freq04sectncia como estreptococos enterococos e
estafilococos possivelmente sao confundidos com especies destes generos
(MURRAY 1999)
Golapachar et al (2004) relata ram um caso de infec9ao do trato urinario com
bacteremia causa do por Aerococcus viridans em um homem de 87 anos residente
em uma cUnica de repouso A cultura de urina apresentau crescimenta de 105
UFCml de Aerococcus viridans e a hemocultura fai positiva para a mesmo
microrganismo Os testes bioqulmicos que leva ram a identificayao do
microrganismo faram reayoes negativas de catalase e LAP (Ieucina aminopeptidase)
e reaDes positivas para PYR (L-pyrrolidonyl-beta-naphtylamina) fermentaao de
42
trehalose e manese resistencia a optoquina crescimento em agar bile esculina 40
e cresci menta em cloreto de s6die 65 As especies de Aerococcus sao anaer6bias
facultativas a maioria catalase negativa com tendemcia a formaCao de tetrades na
morfologia microsc6pica PYR positivo e LAP negativ~ a que as diferencia de
enterococos e estreptococos
A escassa documentacao a respeito de infecyoes humanas por Aerocccus
sp deve-se provavelmente a sua similaridade microbiol6gica aos estreptococos alfa-
hemoliticos e enterococos e possiveis erras na interpretacao laboratorial de
amostras clinicas No casa acima descrito a laborat6rio de microbiologia nao pade
reaHzar a antibiograma devido a natureza fastidiosa da bacteria mas houve sucesso
terapeutico ap6s administray8o intravenosa de levofloxacin (GOLAPACHAR et al
2004)
Um caso de pielonefrite e urossepsis por Streptococcus pneumoniae foi
relatado em urn hornem de 82 anos com hist6ria clinica de leucemia linf6ide cronica
e diabetes mellitus Exames radiograficos abdominais e tomografia computadorizada
mostraram uma imagem indicativa de extensa pielonefrite no rim esquerdo sem
nenhum outro foco de infecc8o 0 abscesso renal foi tratado por drenagem
transuretral e 0 material purulento obtido foi cultivado assim como materiais de
orofaringe escarro e sangue Esearro e orofaringe revelaram apenas mierobiota
normal do trato respirat6rio enquanto 0 material drenado e as hemoculturas
demonstraram microseopicamente cocos gram-positiv~s aos pares e em eadeias
alguns dos quais eram lanceolados havendo bom crescimento em agar sangue de
carneiro e agar chocolate a 37degC As col6nias eram fracamente alfa-hemoliticas no
agar sangue e nao muc6ides catalase-negativas e sensiveis a optoquina Testes de
aglutinac8o sorologiea de ambos materiais confirmaram a identificac8o e testes
43
moleculares demonstraram ser as dois isolados identicas Apesar da terapia
antimicrobiana a paciente desenvolveu coagula98o intravascular disseminada e
sofreu uma parada cardiaca sendo que 0 quadro foi revertido mas tornau-se
necessaria a nefrotomia para eliminar a foco da infeccao Em contraste a estud05
anteriores a paciente descrito apresentou um verdadeiro casa de pielonefrite
abscesso renal e urossepsis causados par Streptococcus pneumoniae A presenca
de doencas como leucemia linf6ide crOniea e diabetes mellitus fcram 5uficientes para
causar um certa grau de imunossupressao e predispor a paciente a infeccao par
Streptococcus pneumoniae mesma sem hist6ria antecedente de infecC8o
pneumoc6cica trauma ou interven9ao cirurgica (DUFKE KUNZE-KRONAWITIER
SCHUBERT2004)
57 BACT~RIAS ANAER6BIAS
Tern sido descritos casas de infec90es do trato urinario par bacterias
anaer6bias com as mais diverses tipos de apresenta90es clinicas entre processes
crenicos e agudos As bacterias recuperadas sao bacilos gram negativQs incluindo
Bacteroides fragifis Prevotella sp e Porphyromonas sp Clostridium sp cocos
gram-positiv~s e Actinomyces sp Em muitos casas sao recuperadas em culturas
mistas com coliformes e estreptococos (BROOK 2004)
58 OUTRAS BACT~RIAS FASTIDIOSAS
Foi descrita par Greub e Raoult (2002) uma nova especie bacteriana
Actinobaculum massiliae recuperada da urina de uma mulher de 81 anos com ITU
cr6nica Os estudos fenotipicos genotfpicos e filogeneticos realizados mostraram
ser 0 isolado urna nova especie ainda nao recanhecida dentro do genera
Actinobaculum e foi proposta a denominacao Actinobaculum massiliae A mesma
cepa faj isolada tres vezes num perlodo de sete meses mesmo apes tratamento
44
com amoxicilina sulfametoxazol~trimetoprim e rifampicina Devida ao fata do
microrganismo nao ser isolado em procedimentos laboratoriais de rotina uma ITU
devido a Actinobaculum massiliae pade ser mal diagnosticada Alem disso as
col6nias apresentam heterogeneidade morfol6gica ap6s cinco dias de incubacao
podendo levar a uma errOnea interpretaC(ao de contaminacao com duas especies de
badlas gram~positivos 0 usa de agar sangue de carneiro e incubacao prolongada
motivado pela presenca de 106 leuc6cit05 per ml na urina da paciente permitiu a
desenvolvimento da cepa Houve cura ap6s tratamento com doxiciclina (GREUB
RAOUL T 2002)
Em estudo clinico e microbiol6gico de mulheres com sindrome uretral -
excluindo pacientes com cistite bacteriana - 41 pacientes foram comparadas com 42
pacientes controle Nao foi encontrada diferenca entre pacientes e con troles em
incid~ncia de Chlamydia trachomatis e outros microrganismos de transmiss3o
sexual 0 numero de lactobacilos e outros microrganismos fastidiosos bem como a
numero de leucocitos na urina nao apresentaram diferenca entre pacientes com
sintomas leves e intensos ou entre pacientes e controles Os auto res sustentam a
hipotese da sindrome uretral nao ser causada por infecrao bacteriana ou clamidial
(GILLESPIE et al 1989)
45
6 CONCLUSAO UMA REFLExAO
E indiscutivel a importo1ncia para a laborat6rio de requisicoes de exame
completas com informayoes sabre suspeita clinica existencia de sintomas
anormalidades do trata urinario e condhoes imunol6gicas do paciente Embora
tradicionalmente a maiaria dos medicos nao fornega muitas informacoes sabre 0
paciente ao laborat6rio a microbiologista pede incentivar a criacao de urn canal de
comunicacao quando observar a necessidade de informagoes sobre determinado
paciente
Exames anteriores do paciente sempre que disponiveis devem ser
consultados e comparados pois informacoes sabre infecc6es recorrentes au
recidivantes especies bacterianas envolvidas au presen9a de piuria esteril sao
importantes para direcionar a pesquisa para agentes fastidiosos
o metoda de coleta e as condi~6es de transporte da urina deterrninam a
qualidade da amostra e a quao relevantes serao as microrganismos nela
encontrados Considerando-se que urna bacteria normalmente considerada como
contarninante introduzida durante a coleta pode ser em alguns casos patogenica ou
ainda que uma especie fastidiosa patogenica de crescimento lento pode ter seu
crescimento inibido par uma contaminante de crescimenta mais rapido a coleta
adequada torna-se urn fator de suma importancia para a detec~ao de especies
fastidiosas em urina
Como ja discutida torna-se indispensavel a realiza~ao da calora~ao de
Gram em amostras de urina pOis alem de ser urn teste de triagem rapida e barato
para bacteriuria acima de 105 UFCml pode ser 0 unica indicativa da presen~a de
urna especie fastidiosa
46
A comunica~ao entre a microbiologista e a medico pode determinar nao 56 a
sucesso do diagn6stico e do tratamento como a viabilidade economica da pesquisa
de bacterias fastidiosas para 0 laborat6rio urna vez que direciona as esforyos
laboratoriais aos pacientes que realmente necessitam evitando 9a5t05
desnecessarios
Bacte-rias fastidiosas podem nao responder ao tratamento antibi6tico para
pat6genos convencionais do trato urinario portanto a pesquisa precocemente
direcionada para tais agentes pode melhorar 0 progn6stico das ITU evitando a
administracao de antibioticos inadequados au desnecessarios
Como observado nos diversos casas reiatados bacterias fastidiosas
ocorrem em cenaries clinicos especificos 0 entendimento do processo da doen=a e
as condi=oes do paciente pod em ajudar muito 0 laboratorio no esfor=o para
recuperar a bacteria do material clinico
47
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
ALBINI C A Cullura de Urina Analise das metodologias interfer~ncja sobre as
resultados e proposta para padronizacao 1994 54 f Monografia (Especia1iza9aO em
Bacteriologia) - Setor de Ciencias da Saude Departamento de Patologia Medica
Universidade Federal do Parana Curitiba
AGARWAL M DIXON R A A study to detect Gardnerella vagina lis DNA in
interstitial cystitis British Journal of Urology (on line) 2001 Disponlvel em
httpwwwbjuiorg889articlebju2514aspAcessoem 03 fev 2005
BATRA A Interstitial Cystitis Updade Infection Urology (on line) 1999 Disponivel
em httphomeswipnetsellsopicupdatehtm Acessa em 20 dez 2004
CLARIDGE J E JOHNSON J R PEZZLO M T Laboratory Diagnosis of Urinary
Tract Infections Washington American Society for Microbiology 281998
BROOK I Urinary tract genito-urinary suppurative infections due to anaerobic
bacteria International Journal of Urology (on line) 2004 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezigueryfcgicmd=Retrieveampdb=pubmedampdopt=Abst
ractamplist uids=15009360 Acesso em 18 mar 2005
DOMANN E HONG G IMIRZALIOGLU C TURSCHNER S KOHLE J
WATZEL C HAIN T HOSSAIN H CHAKRABORTY T Culture-Independent
Identification of Pathogenic Bacteria and Polymicrobial Infections in the Genitourinary
Tract of Renal Transplant Recipients Journal of Clinical Microbiology (on line) 2003
48
Disponivel em httpjcmasmorgcgireprintl41125500pdf Acesso em 18
mar2005
DOMINGUE G J HELLSTROMW J G Prostatitis Clinical Microbiology Reviews
(on line) 1998 Disponivel em httpcmrasmorglcgilcontentifuIl11141604 Acesso
em 03 fev 2005
DUFKE S KUNZE-KRONAWITIER H SCHUBERT S Pyelonephritis and
Urosepsis Caused by Streptococcus pneumoniae Journal of Clinical Microbiology
(on line) 2004 Disponlvel em httpjcmasmorgcgicontentifuIl4294383 Acesso
em 06 mar2005
FAIRLEY K F BIRCH D F Detection of Bladder Bacteriuria in Patients with Acute
Urinary Symptoms The Journal of Infectious Diseases Melbourne v 159 n2 p
226-231 fev 1989
FRAIMOW H S JUNGKIND D L LANDER D W DELSO D R DEAN J L
Urinary Tract Infection with an Enterococcus taecais Isolate that Requires
Vancomycin for Growth Annals of Internal Medicine (on line) 1994 Oisponivel em
httpwwwannalsorgcgicontentifuIl1211122 Acesso em 18 mar 2005
FRANZ M HCRL W H Common errors in diagnosis and management of urinary
tract infection I Patophysiology and diagnostic techniques Nephrology Dialysis
Transplantation (on line) 1999 Disponivel em
httpltwwwndtoupjournalsorgcgicontentifuIl141127 46 Acesso em 01 dez 2004
49
GIBB A P Plates are Belter than Broth for Recovery of Fastidious Organisms from
some Specimen Material Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Oisponivel
em httpjcmasmorgcgireprinU4041129pdf Acesso em 06 mar2005
GILLESPIE W A HENDERSON E P LINTON K B SMITH P J Microbiology
of the urethral (frequency and dysuria) syndrome A controlled study with 5-year
review British Journal of Urology (on line) 1989 Disponfvel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
2804564ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr 2005
GINESTRE PEREZ M ROMERO-A~EZ S MARTINEZ-GARCIA A RINCON-
VILLALOBOS G HARRIS-SOCORRO B CATELLANO-GONZALES M AVILA-
ROO Y PEROZO-MENA A Gardnerella vaginalis y uropat6genos convencionales
em pacientes ambulatorios Revista de La Sociedad Venezolana de Microbiaogia
(on line) 2001 Disponivel em
httpwwwseieloorgvaseielo phpscriptsci arttextamppid=S 1315-
25562001000200003amplng=esampnrm=isso Acesso em 05 jan 2005
GOBERNADO M CRUZ F J DALET F BROSETA E DE CUETO M
SANTOS M DE LA ROSA M Procedimientos en Microbiologla Clinica La
infeccion urinaria 2002 Disponivel em
httpwwwseimcorgprotocolosmicrobiologiaindice14htm Acesso em 01 dez
2004
50
GOLAPACHAR A AKINS R L DAVIS W R SIDDIQUI A A Urinary tract
infection caused by Aerococcus viridans a case report International Medical Journal
for Experimental and Clinical Research (on line) 2004 Oisponivel em
httpwlNNmedscimonitcompubvol 10no 114928pdf Acesso em 03 dez 2004
GREUB G RAOULT D Actinobaculum massiliae a new species causing chronic
urinary tract infection Journal of Clinical Microbiology (on line) 2002 Disponivel em
httpwwwpubmedcentralnihgov articlerender fcgitool=pubmedamppubmedid=12409
355 Acesso em 13 fev2005
HElLBERG I P Diagnosis and clinical management of urinary tract infection
Disponivel em httpwwwunineteducin2003confpfefermanpfefermanhtml
Acesso em 20 out 2004
KONEMAN E W ALLEN S D JANDA W M SCHREKENBERGER P C
WINN Jr W C Cr Atlas and Textbook of Diagnostic Microbiology 5ed
Philadelphia Lippincott-Raven 1997
LIPSKY B A Managing Prostatitis and Urinary Tract Infection in Men Infectious
Diseases Infoalerl (on line) 2003 Oisponivel em
httpwwwdpacomhklpdflinfolnfoALERT 15pdf Acesso em 10 dez 2004
MASKELL R A new look at the diagnosis of infection of the urinary tract and its
adjacents structures Joumaloflnfecfion Portsmouth n 19 p 207-217 jul 1989
51
MERIA P DESGRIPPES A ARFI C LE DUC A Encrusted Cystitis and Pyelitis
Journal of Urology (on line) 1998 Disponlvel em
htlpIwwwjurologycomipUrejuroabstract00005392-1 99807000-
00003htmmiddotjsessionid-CnHOtEDjxvOgrxiWIUac52pekluG1HSCZzrnOpCIJH4V107ePU
evI848681301-949856032190011-1 Acesso em 21 abr 2005
McCUE J D The Management of Complicated Urinary Tract Infections Infectious
Diseases Infoalert (on line) 1999 Disponfvel em
htlpIwwwdpacomhkJpdlfinlofinlo alart 01pdl Acesso em 01 dez 2004
MURRAY P R Manual of Clinical Microbiology 7ed Washington ASM Press
1999
NABER K G BERGMAN B BISHOP M C JOHANSEN T E B BOTTO H
LOBEL B CRUZ F J SELVAGGI F P European Association 01 Urology
Guidelines on Urinary and Male Genital Tract Infections Disponlvel em
httpwwwuroweborglfilesluploaded filesuti mgtLpdf Acesso em 20 dez 2004
OPLUSTIL C P Urocultura In__ Procedimentos basicos em microbiologia
clinica 2 ed Sao Paulo Sarvier 2004 p 88-93
OSBORNE J About Interstitial Cystitis Disponivel em htlplwwwic-
networkcomhandbooklbasicshtmlintro Acesso em 20 dez 2004
52
PEDRAZA AVILES A G ORTIZ ZARAGOZA M C Symptomatic bacteriuria due to
Ureaplasma and Mycoplasma in adults Revista Latinoamericana de Microbiologia
(on line) 1998 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedampdopt=Abs
tractamplist uids=20388109 Acesso em 20 abr 2005
RIEGEL P RUIMY R BRIEL D de PREVOST G JEHL F BIMET F
CHRISTEN R MONTEIL H Corynebacterium seminale sp Nov a New Species
Associated with Genital Infections in Male Patients Journal of Clinical Microbiology
(on line) 1995 Disponlvel em
htlpllwwwpubmedcentralnihgovpicrenderfcgiartid=228387ampblobtype=pdf
Acesso em 19 mar 2005
SORIANO F PONTE C A case of urinary tract infection caused by
Corynebacterium urealyticum and coryneform group F1 European Journal of Clinical
Microbiology Infectious Diseases (on line) 1992 Disponfvel em
httoIwwwncbinlmnihgoventreziguervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
1396772ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr2005
TANNER M A SHOSKES DSHAHEDA PACENR Prevalence of
Corynebacterial 16S fRna Sequences in Patients with Bacterial and Nonbacterial
Prostatitis Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Disponivel em
httpmcmasmorgcontenVfull3761863 Acesso em 06 mar 2005
TRABULSI L R ALTERTHUM F Escherichia coli uropatagenica (UPEC) In
Microbiaagia 4 ed Sao Paulo Atheneu 2004 p 303-309
53
30
produzindo resultados falso-positivos A presen~a de muitas celulas epiteliais e de
mais de urn tipo de microrganismo no Gram sugere contamina9aO da amostra em
decorrencia da coleta (OPLUSTIL et ai 2004)
Dutro aspecto importante da coloracao de Gram e a sua utilidade no
monitoramento das culturas podendo-se pelo seu resultado detectar erras tecnicos
e ate mesmo troca de amostras (ALBINI 2004)
31
5 BACTERIAS FASTIDIOSAS E INFECcAO DO TRATO URINARIO
Em 1989 Maskell citou a ocorrencia de bacterias fastidiosas como algumas
especies de estreptococos Gardnerela vaginalis Haemophilus influenzae
Corynebacterium spp e lactobacilos em infecgoes da bexiga e trato urinario superior
isoladas de amostras de urina obtidas par cateteriz8gao aspiragao supra-pubica e
tarn bam de amostras de tecido obtidas per bi6psia vesical Relatou tambem a
preseng8 de tais bacterias na urina de gestantes assintomaticas com mais
freqOencia do que em nao-gestantes e que as gestantes apresentando bacteriuria
posteriormente desenvolviam sintomas com mais freqoencia do que as que nao
apresentavam bacterias na urina
Fairley e Birch (1989) realizaram um importante estudo demonstrando que
pacientes com sintomas de infec~ao do trato urinario apresentando resultados
negativos em culturas de rotina podem abrigar bacterias fastidiosas ou baixas
contagens de uropat6genos convencionais na bexiga Os pacientes incluidos no
estudo foram os que apresentaram resultados inconclusivos em culturas previas de
jato medio como desenvolvimento inferior a 105 UFCml de um pat6geno
convencional ou a desenvolvimento superior a 102 UFCml de uma bacteria
fastidiosa Foram avaiiadas urinas obtidas por aspirayao suprapubica de 1817
mulheres e 300 homens cultivadas para uropat6genos convencionais e bacterias
fastidiosas utilizando in6culo que proporcionou resultados entre 101 e 107 UFCml A
freqOencia de isolamentos esta representada na tabela 1
32
TABELA 1 - FREQUENCIA DE BACTERIURIA EM 2117 PACIENTES(AMOSTRAS OBTIDAS POR PUNCAO SUPRAPUBICA) -1989
Uropat6-Culturas positivas $omente $omente especies genos
(n = 597) uropat6genos fastidiosas conven-convencionais (n = 366) cionais
n = 170 eespeci-
Pacientes Unica Multiplas Unica Multiplas Unica Multiplas esespecie especies especie especies especie especies faslidio-
sasMulheres (n = 1817) 370 191 148 5 222 125 61Homens (n = 300) 36 0 17 0 19 0 0
FONTE The Royal Melbourne Hospital
Vinte e aito especies microbianas foram isoladas no trabalho em questao
sendo Ureaplasma urealylicum Gardnerella vaginalis Escherichia coli Mycoplasma
hominis e Staphylococcus epidermidis as especies mais isoladas Quinhentas e
oitenta e uma (70) das 830 cepas isoladas pertenciam a especies fastidiosas -
Ureaplasma urealyticum Gardnerella vaginalis e Mycoplasma hominis - que nao sao
recuperadas em meies de cultura canvencianais Gardnerella vaginais fai mais
freqUente em mulheres enquanto Ureaplasma urealyticum nao apresentou diferen9a
estatisticamente significativa entre os sexas Treze esptkies fcram isoladas em
apenas uma ou duas ocasioes entre elas Streptococcus equi Streptococcus
equisimifis Streptococcus sanguis Morganella morgan Klebsiella oxytoca
Peptococcus anaerobius Proteus vulgaris Enterobacter aerogenes Salmonella
enteritidis Pseudomonas aeruginosa Haemophilus influenzae Haemophilus
parainfluenzae e Haemophilus parahaemofyticus Anaer6bios estritos foram isolados
de apenas sete dos 597 pacientes (FAIRLEY BIRCH 1989)
Culturas polimicrobianas foram obtidas em urn teno das pacientes do sexo
feminino e nao foram verificadas no sexe masculino A freqOencia de uropat6genos
cenvencienais e fastidiesos encontra-se na tabela 2
33
TABELA 2 - FREQU~NCIA DE UROPATOGENOS CONVENCIONAISE BACTERIAS FASTIDIOSAS EM 191 PACIENTES DO SEXOFEMININO COM BACTERIURIA POLMICROBIANA - 1989
Numero de Somente Samente especies Especiesespecies (numera uropat6genos fastidiosas convencionais e
de pacientes) convencionais fastidiosasOois (153) 9 99 45Tres (34) 0 17 17Quatro (4) 0 1 3
FONTE The Royal Melboume Hospital
Ureaplasmas au Gardnerella vaginalis fcram recuperados em 179 das 191
mulheres com infecgao polimicrobiana estando presentes concomitantemente em
100 das 191 amostras sugerindo urna passivel relacc3osimbi6tica Uropat6genos
convencionais fcram isolados em pouco mais de 33 das mulheres na maiaria dos
casas acompanhados por bacterias fastidiosas indicando que infeccoes
polimicrobianas usualmente envolvem bacterias fastidiosas (FAIRLEY BIRCH
1989)
A contagem de col6nias excedeu 105 UFCml apenas na minoria dos
pacientes portanto a bacteriuria nao seria detectada em muitos individuos caso 0
valor de ponto de corte tradicional tivesse sido utilizado Os resultados tambem
mostraram que baixas contagens bacterianas podem acontecer com qualquer uma
das especies bacterianas isoladas embora tenham sido mais freqoentes para
Ureaplasma urealytieum e Mycoplasma hominis Cento e setenta e quatro (21)
isolados apresentaram contagens inferiores a 103 UFCml sendo 138 (84)
pertencentes a especies fastidiosas (FAIRLEY BIRCH 1989)
Franz e HOrl (1999) citaram a ocorrencia de HaemophiJus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae pneumococos Campyobaeter Legionella
pneumophila Salmonella spp Shigella spp Corynebacterium grupo 02
34
Mycobacterium tuberculosis micobacterias atipicas e fungos como causadores
ocasionais de ITU
Domann et al (2003) realizaram estudo em amostras do trato urinario de
transplantados renais utilizando tecnicas moleculares baseadas em 168 rRNA peR
e cromatografla liquida de alta performance (DHPLC) Foi avaliada a aplicaaD do
metoda em 109 amostras e observou-se 100 de correlacao para amostras cultura-
positivas Para as amostras cultura-negativas a DHPLC permitiu a deteccao de
uropat6genos previa mente conhecidos como Corynebacterium urealyticum e
Gardnerella vaginalis mas tambem agentes nao usuais como AnaerocDCCUs
laclolyticus Bacteroides vufgatus Diaisler invisus Fusobacterium nuceaturn
Lactobacillus iners Leptotrichia amnionii Prevotella buccalis Prevotella ruminicola
Rahnella aquatilis e Streptococcus intermedius detectados como unicos pat6genos
ou como agentes de infecyoes polimicrobianas Uma vez que as ITU sao
freqGentemente associadas com inicio precoce de rejeiyBo cronica em
transplantados renais e conveniente a pesquisa de agentes patogenicos
oportunistas e nao usuais para 0 correto direcionamento do tratamento
antimicrobiano
Quatro casos de ITU com bacteremia por Methylobacterium spp em
pacientes do sexo feminino imunocompetentes foram reportados por Lee Tang e Uu
(2004) Todas as pacientes tiveram hemoculturas positivas para Methylobacterlum
spp e suas culturas de urina foram negativas ou positivas para Escherichia coli com
crescimento concomitante de outro bacHo gram-negativ~ em baixa contagem que foi
ignorado Foram realizados experimentos especiais com os isolados indicando que
de acordo com os procedimentos padrao para culturas de urina com 24 horas de
incubayao a 35degC as colonias de Methylobacterium spp nao sao visualizadas e 0
35
pequeno numero de col6nias observado ap6s incuba~ao adicional de 24 heras a
temperatura ambiente apenas sugere ser a especie urn contaminante
Particularmente quando especies de Methyfobacterium estao presentes
concomitantemente com Escherichia coli ocorre supressao do cresci menta de
Methylobacterium spp tornando impassivel a sua deteccao 0 estudo conclui que a
falta de relatos de casas de ITU por Methylobacterium spp deve-se a impossibilidade
de detec~ao da especie por metodos padrao de cultura de urina au ainda porque a
baixa virulelncia da bacteria pode produzir ITU autolimitadas au talvez muitas vezes
curadas com as antibi6tico5 normalmente utilizados As especies estudadas fcram
variavelmente resistentes as cefalosporinas acido nalidixico nitrofurantoina e
sulfametoxazol-trimetoprim e 100 suscetiveis a ciprofloxacin imipenem e
aminoglicosideos
51 Corynebacterium spp
Corynebaclerium urealylicum pode ser uma importante embora rara causa
de ITU variando a freqOencia de isolamentos significativos de zero a 35 em
popularoes nao selecionadas A bacteriuria por Corynebacterium urealyticum ocorre
em pacientes hospitalizados per longos perledes severamente
imunocomprometidos urologicamente manipulados ou idosos Tal microrganismo
tam bern tern sido associado com pielonefrite e pode desaparecer espontaneamente
da urina mesmo sem antibioticoterapia (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Corynebacterium glucuroneyticum tambem chamado Corynebacterium
seminae tern side iselade de semen e trate g~nite-urinarie masculine e pede causar
prostatite ou uretrite Corynebacterium pseudogenitalium (CDC grupo F1) tambem
tern sido reconhecido como pat6gene do trato urinario (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
36
Foi relatado por Soriano e Ponte (1992) um caso de cistite de incrusta~ao
causado por urn corineforme identificado como CDC grupo F1 0 paciente havia
sofrido ITU previas persistentes causadas por Corynebacterium ureayticum (CDC
grupo 02) A cura bacteriol6gica foi alcan=ada apes urn mes de tratamento com
amoxicilina e acido acetohidroxamico
Meria at al (1998) realizaram levantamento bibliografico entre as anos de
1985 a 1997 sabre casas de cistite e pielite de incrustacao Foi constatado a
aumento progressive no numero de cases especialmente em pacientes
imunodeprimidos e particularmente em transplantados renais Tais inflamacoes
cr6nicas estao associadas com incrustac6es da mucosa causadas por bacterias
produtoras de urease tendo sido as mais freqOentes especies de Corynebacterium
grupo 02 A presenCa de urina alcalina contendo abundantes debris mucopurulentos
calcificados e alta mente sugestiva e pode auxiliar no diagnostico clinico A
demonstracao da bacteria envolvida requer culturas prolongadas em meios de
cultura enriquecidos 0 diagnostico precoce pode evitar falhas de tratamento e uma
possivel rejeicao do orgao transplantado
Em estudo realizado par Riegel et al (1995) corineformes em quantidades
significativas (104a 105 UFCml) foram isolados em amostras de semen uretra urina
e sangue de homens inferteis com diagn6stico de prostatite As analises genomicas
realizadas demonstraram ser as cepas pertencentes a uma mesma especie dentro
do genero Corynebacterium As 12 amostras mostraram padroes bioquimicos
simi lares entre elas born crescimento em agar sangue de carneiro em contraste com
crescimento pobre no mesmo meio suplementado com Tween 80 1 teste de
CAMP positivo fermentacao de glicose sacarose e presenCa de beta-glucuronidase
Tais caracteristicas permitiram a distincao destas cepas dos outros membros do
37
genera e 0 nome proposto foi Corynebacterium seminae Embera organismos
difter6ides pass am fazer parte da microbiota uretral a presenCa de contagens
significativas destas especies no semen sugere urna implica~ao infecciosa
particularmente na prostatite
Estudo molecular filogenetico baseado em 16S rRNA peR realizado em
pacientes com prostatite croniea demonstrou sinais bacterian05 em 65 dos
pacientes estudados Foi constatada a ocorreuromcia de um amplo espectro de
especies bacterianas no fluido prostatico dos pacientes incluindo Corynebacterium
Staphylococcus PepiosfreptococGUS Streptococcus e Escherichia Especies do
genera Corynebacterium foram encontradas em maior proponao incluindo especies
ainda nae descritas e n~o presentes nas amostras de controle sugerindo que
possam ter um papel na doen~a au que sejam conseqOemcia da mesma 0 estudo
mostreu ainda que os microrganismos associ ados com prestatite geralmente
ocorrem em comunidades microbianas distintas daquelas encontradas em liquidos
prostaticos normais (TANNER ot al 1999)
Segundo Domingue e Hellstrom (1998) a observaltio microsc6pica
cuidadosa de amostras de secre~~o prostatica bern como a inocula~~o em meios
enriquecidos sao essenciais para a isolamento de corineformes Foi realizado estudo
em uma amostra de secre~ao prostatica na qual a colora~ao de Gram apresentou
cocobacilos gram Itlbeis pleom6rficos que nao se desenvolveram em meios de rotina
incubados por 72 horas a 35degC Houve desenvolvimento em meio de cultura
enriquecido com extrato de leveduras e sora de cavalo e incubado no minimo 72
horas em atmosfera de 5 de CO2 a 35degC A secregao inoculada em caldo triptose
demonstrou a presen~a de bacilos gram-varitlveis (microscopicamente) e quando
repicada produziu bacilos de crescimento lento em meios de retina e enriquecidos
38
(incubados aerobicamente anaerobicamente ou sob tensao de CO2 par 72 haras)
Corineformes ocultos pod em ser agentes etiol6gicos da prostatite idiopatica croniea
que sao frequentemente perdidos au nao percebidos em procedimentos
bacteriol6gicos de rotina
52 Gardnerella vaginais
o significado de Gardnerela vaginais em urina e controverso pois a
principal associacao patogElnica desta bacteria e com a vaginose na mulher Embora
baixas contagens na urina parecam refletir a micro biota da uretra masculina ou
feminina contagens aeima de 10000 UFCml ja fcram associadas com bacteriuria
sintomatica ITU recorrente cistite na mulher uretrite e prostatite no homem
Entretanto me sma quando ern altas contagens freqOentemente nao ha resposta
leucocitaria Gardnerela vaginalis e encantrada mais freqOentemente em mulheres e
pacientes com doena renal e ap6s instrumentaao (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
Estuda realizado par Agarwal e Dixon (2001) investigau a passivel papel de
Gardnerella vaginalis na cistite intersticial usando metodos maleculares para
garantir a recuperaCao do microrganismo mesmo em baixas contagens Nenhuma
das trinta e tres amastras de bi6psias de bexiga de pacientes com cistite intersticial
foram positivas para Gardnerella vaginais a que embora nao exclua seu
envalvimenta na cistite intersticial diminui esta probabilidade
Ginestre Perez et al (2001) realizaram estudo de mil trezentas e setenta
amostras de jato media de urina de pacientes com sintomas de ITU Gardnerella
vaginalis cujo papel patagenica no trato urinario e discutivel ocupou a segundo
lugar em freqOencia etiologica (1763) ficando atras somente de Escherichia coli
(5210) e superando microrganismos cansiderados uropat6genas classicos como
39
Proteus mirabifis (763) Klebsiella pneumoniae (684) e Pseudomonas
aeruginosa (368) Embera a presen~a de Gardnerella vaginais em amostras de
jato media urinario possa indicar contaminayao vaginal todos as cultivos positivos
para esta bacteria apresentavam contagens superiores a 100000 UFCml e
provinham de pacientes sintomaticos representando urna alta probabilidade de
infec~ao urinaria verdadeira
53 Mycoplasma hominis E Ureaplasma urealyticum
Especies patogenicas como Mycoplasma hominis e Ureaplasma urealyticum
ocorrem freqOentemente como colonizantes do trato urogenital inferior de homens e
mulheres saudaveis A ocorrencia de infec~ao esta provavelmente relacionada a
imunossupressao obstru~ao ou procedimentos previos de instrumental)ao no trato
urinario Ureaplasma urealyticum tern sido encontrado em calculos urinarios de
pacientes com liHase infecciosa sugerindo uma possivel associal)ao causal
Mycoplasma hominis tern sido isolado do trato urinario superior em pacientes com
sintomas de pielonefrite aguda FreqOentemente ha resposta imunol6gica especifica
(MURRAY 1999)
Foi pesquisada a presen9a de Ureaplasma urealyticum e Mycoplasma
hominis em amostras de jato medio de 314 mulheres e 52 homens sintomaticos do
trata urinltilria Ureaplasma urealyticum fai isalada em 54 (171) das mulheres e 8
(154) dos hom ens e Mycoplasma hominis foi isolado em 12 (38) das mulheres
e 4 (77) dos homens Ureaplasma urealyOcum foi superado apenas par
Escherichia coli e Gardnerella vaginalis em ambos grupas 366 e 254
respectivamente no sexo feminina e 585 e 308 no masculino Demonstrou-se
partanto que a bacteriuria par ureaplasmas e relativamente co mum porem nao e
40
detectada por metodos convencionais de cultura de urina (AVILES ZARAGOZA
1998)
A significancia de micoplasmas em amostras de jato medic urinario e de
dificil determinacao devido a provavel contaminacao da amostra par
microrganismos colonizantes da vagina e uretra distal Entretanto estudos
realizados em amostras de aspirado suprapubico em gestantes demons tram que 0
desenvolvimento de pre-eclampsia e tres vezes mais prov3vel em mulheres
apresentando culturas positivas para ureaplasmas no inicio da gestacao do que em
mulheres com culturas negativas no mesmo periodo (KONEMAN ef a 1997)
54 Haemophilus spp
Existem varios estudos relacionando Haemophifus influenzae e Haemophilus
parainfluenzae a ITU embora sua freqOencia e significancia nae tenham sido
confirmadas Alguns pesquisadores sugerem a inclusao de agar chocolate em
culturas de urina de crian~as por causa da associa~ao de Haemophilus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae com outras infec~6es nesta faixa etaria (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
Maskell (1989) citou a ocorrencia de certas bacterias fastidiosas em sftios do
trato urinflrio abaixe da bexiga como par exemple em cases de prostatite por
Haemophilus influenzae
55 Lactobacillus spp
Em estudo realizado em pacientes do sexe feminine com sind rome uretral
aguda demonstrou-se uma alta freqOencia de isolamentos de lactobacilos Durante
dois anos amastras de jato medic de tais pacientes foram cultivadas observando-se
a principio alta concentracao de lactobacilos principalmente nas pacientes
sintomaticas Ao final do estudo durante 0 qual foi impedido 0 usa de antibi6ticos os
41
lactobacilos desapareceram da urina de muitas mulheres as quais tornaram-se
assintomaticas Os autores concluiram que as sintomas da sindrome uretra podem
ser devidos a multiplica~ao desproporcional de lactobacilos na uretra distal como
resultado de antibioticoterapia frequentemente administrada em cursos prolongados
para resolurao dos sintomas urinarios Lactobacilos tambem tern sido relatados em
amostras de urina obtidas diretamente da bexiga e de amostras de tecido obtidas
par bi6psia vesical bern como ocasionalmente isolados em urinas de mulheres
idosas com sintomas urinarios (MASKELL 1989)
56 COCOS GRAM-POSITIVOS
Microrganismos dos generos Lactococcus Gemella Aerococcus e
Globicatella embora possam estar presentes como contaminantes em culturas de
material clinico tern sido isolados como patogenos oportunistas ern urina e outras
amostras de pacientes imunocomprometidos Esforyos para identifica-Ios devem ser
realizados quando os isolados forem clinicamente significantes isto e isolados
repetidamente ou em cultura pura Devido a semelhanya com outros cocos gram-
positivos isolados com mais freq04sectncia como estreptococos enterococos e
estafilococos possivelmente sao confundidos com especies destes generos
(MURRAY 1999)
Golapachar et al (2004) relata ram um caso de infec9ao do trato urinario com
bacteremia causa do por Aerococcus viridans em um homem de 87 anos residente
em uma cUnica de repouso A cultura de urina apresentau crescimenta de 105
UFCml de Aerococcus viridans e a hemocultura fai positiva para a mesmo
microrganismo Os testes bioqulmicos que leva ram a identificayao do
microrganismo faram reayoes negativas de catalase e LAP (Ieucina aminopeptidase)
e reaDes positivas para PYR (L-pyrrolidonyl-beta-naphtylamina) fermentaao de
42
trehalose e manese resistencia a optoquina crescimento em agar bile esculina 40
e cresci menta em cloreto de s6die 65 As especies de Aerococcus sao anaer6bias
facultativas a maioria catalase negativa com tendemcia a formaCao de tetrades na
morfologia microsc6pica PYR positivo e LAP negativ~ a que as diferencia de
enterococos e estreptococos
A escassa documentacao a respeito de infecyoes humanas por Aerocccus
sp deve-se provavelmente a sua similaridade microbiol6gica aos estreptococos alfa-
hemoliticos e enterococos e possiveis erras na interpretacao laboratorial de
amostras clinicas No casa acima descrito a laborat6rio de microbiologia nao pade
reaHzar a antibiograma devido a natureza fastidiosa da bacteria mas houve sucesso
terapeutico ap6s administray8o intravenosa de levofloxacin (GOLAPACHAR et al
2004)
Um caso de pielonefrite e urossepsis por Streptococcus pneumoniae foi
relatado em urn hornem de 82 anos com hist6ria clinica de leucemia linf6ide cronica
e diabetes mellitus Exames radiograficos abdominais e tomografia computadorizada
mostraram uma imagem indicativa de extensa pielonefrite no rim esquerdo sem
nenhum outro foco de infecc8o 0 abscesso renal foi tratado por drenagem
transuretral e 0 material purulento obtido foi cultivado assim como materiais de
orofaringe escarro e sangue Esearro e orofaringe revelaram apenas mierobiota
normal do trato respirat6rio enquanto 0 material drenado e as hemoculturas
demonstraram microseopicamente cocos gram-positiv~s aos pares e em eadeias
alguns dos quais eram lanceolados havendo bom crescimento em agar sangue de
carneiro e agar chocolate a 37degC As col6nias eram fracamente alfa-hemoliticas no
agar sangue e nao muc6ides catalase-negativas e sensiveis a optoquina Testes de
aglutinac8o sorologiea de ambos materiais confirmaram a identificac8o e testes
43
moleculares demonstraram ser as dois isolados identicas Apesar da terapia
antimicrobiana a paciente desenvolveu coagula98o intravascular disseminada e
sofreu uma parada cardiaca sendo que 0 quadro foi revertido mas tornau-se
necessaria a nefrotomia para eliminar a foco da infeccao Em contraste a estud05
anteriores a paciente descrito apresentou um verdadeiro casa de pielonefrite
abscesso renal e urossepsis causados par Streptococcus pneumoniae A presenca
de doencas como leucemia linf6ide crOniea e diabetes mellitus fcram 5uficientes para
causar um certa grau de imunossupressao e predispor a paciente a infeccao par
Streptococcus pneumoniae mesma sem hist6ria antecedente de infecC8o
pneumoc6cica trauma ou interven9ao cirurgica (DUFKE KUNZE-KRONAWITIER
SCHUBERT2004)
57 BACT~RIAS ANAER6BIAS
Tern sido descritos casas de infec90es do trato urinario par bacterias
anaer6bias com as mais diverses tipos de apresenta90es clinicas entre processes
crenicos e agudos As bacterias recuperadas sao bacilos gram negativQs incluindo
Bacteroides fragifis Prevotella sp e Porphyromonas sp Clostridium sp cocos
gram-positiv~s e Actinomyces sp Em muitos casas sao recuperadas em culturas
mistas com coliformes e estreptococos (BROOK 2004)
58 OUTRAS BACT~RIAS FASTIDIOSAS
Foi descrita par Greub e Raoult (2002) uma nova especie bacteriana
Actinobaculum massiliae recuperada da urina de uma mulher de 81 anos com ITU
cr6nica Os estudos fenotipicos genotfpicos e filogeneticos realizados mostraram
ser 0 isolado urna nova especie ainda nao recanhecida dentro do genera
Actinobaculum e foi proposta a denominacao Actinobaculum massiliae A mesma
cepa faj isolada tres vezes num perlodo de sete meses mesmo apes tratamento
44
com amoxicilina sulfametoxazol~trimetoprim e rifampicina Devida ao fata do
microrganismo nao ser isolado em procedimentos laboratoriais de rotina uma ITU
devido a Actinobaculum massiliae pade ser mal diagnosticada Alem disso as
col6nias apresentam heterogeneidade morfol6gica ap6s cinco dias de incubacao
podendo levar a uma errOnea interpretaC(ao de contaminacao com duas especies de
badlas gram~positivos 0 usa de agar sangue de carneiro e incubacao prolongada
motivado pela presenca de 106 leuc6cit05 per ml na urina da paciente permitiu a
desenvolvimento da cepa Houve cura ap6s tratamento com doxiciclina (GREUB
RAOUL T 2002)
Em estudo clinico e microbiol6gico de mulheres com sindrome uretral -
excluindo pacientes com cistite bacteriana - 41 pacientes foram comparadas com 42
pacientes controle Nao foi encontrada diferenca entre pacientes e con troles em
incid~ncia de Chlamydia trachomatis e outros microrganismos de transmiss3o
sexual 0 numero de lactobacilos e outros microrganismos fastidiosos bem como a
numero de leucocitos na urina nao apresentaram diferenca entre pacientes com
sintomas leves e intensos ou entre pacientes e controles Os auto res sustentam a
hipotese da sindrome uretral nao ser causada por infecrao bacteriana ou clamidial
(GILLESPIE et al 1989)
45
6 CONCLUSAO UMA REFLExAO
E indiscutivel a importo1ncia para a laborat6rio de requisicoes de exame
completas com informayoes sabre suspeita clinica existencia de sintomas
anormalidades do trata urinario e condhoes imunol6gicas do paciente Embora
tradicionalmente a maiaria dos medicos nao fornega muitas informacoes sabre 0
paciente ao laborat6rio a microbiologista pede incentivar a criacao de urn canal de
comunicacao quando observar a necessidade de informagoes sobre determinado
paciente
Exames anteriores do paciente sempre que disponiveis devem ser
consultados e comparados pois informacoes sabre infecc6es recorrentes au
recidivantes especies bacterianas envolvidas au presen9a de piuria esteril sao
importantes para direcionar a pesquisa para agentes fastidiosos
o metoda de coleta e as condi~6es de transporte da urina deterrninam a
qualidade da amostra e a quao relevantes serao as microrganismos nela
encontrados Considerando-se que urna bacteria normalmente considerada como
contarninante introduzida durante a coleta pode ser em alguns casos patogenica ou
ainda que uma especie fastidiosa patogenica de crescimento lento pode ter seu
crescimento inibido par uma contaminante de crescimenta mais rapido a coleta
adequada torna-se urn fator de suma importancia para a detec~ao de especies
fastidiosas em urina
Como ja discutida torna-se indispensavel a realiza~ao da calora~ao de
Gram em amostras de urina pOis alem de ser urn teste de triagem rapida e barato
para bacteriuria acima de 105 UFCml pode ser 0 unica indicativa da presen~a de
urna especie fastidiosa
46
A comunica~ao entre a microbiologista e a medico pode determinar nao 56 a
sucesso do diagn6stico e do tratamento como a viabilidade economica da pesquisa
de bacterias fastidiosas para 0 laborat6rio urna vez que direciona as esforyos
laboratoriais aos pacientes que realmente necessitam evitando 9a5t05
desnecessarios
Bacte-rias fastidiosas podem nao responder ao tratamento antibi6tico para
pat6genos convencionais do trato urinario portanto a pesquisa precocemente
direcionada para tais agentes pode melhorar 0 progn6stico das ITU evitando a
administracao de antibioticos inadequados au desnecessarios
Como observado nos diversos casas reiatados bacterias fastidiosas
ocorrem em cenaries clinicos especificos 0 entendimento do processo da doen=a e
as condi=oes do paciente pod em ajudar muito 0 laboratorio no esfor=o para
recuperar a bacteria do material clinico
47
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
ALBINI C A Cullura de Urina Analise das metodologias interfer~ncja sobre as
resultados e proposta para padronizacao 1994 54 f Monografia (Especia1iza9aO em
Bacteriologia) - Setor de Ciencias da Saude Departamento de Patologia Medica
Universidade Federal do Parana Curitiba
AGARWAL M DIXON R A A study to detect Gardnerella vagina lis DNA in
interstitial cystitis British Journal of Urology (on line) 2001 Disponlvel em
httpwwwbjuiorg889articlebju2514aspAcessoem 03 fev 2005
BATRA A Interstitial Cystitis Updade Infection Urology (on line) 1999 Disponivel
em httphomeswipnetsellsopicupdatehtm Acessa em 20 dez 2004
CLARIDGE J E JOHNSON J R PEZZLO M T Laboratory Diagnosis of Urinary
Tract Infections Washington American Society for Microbiology 281998
BROOK I Urinary tract genito-urinary suppurative infections due to anaerobic
bacteria International Journal of Urology (on line) 2004 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezigueryfcgicmd=Retrieveampdb=pubmedampdopt=Abst
ractamplist uids=15009360 Acesso em 18 mar 2005
DOMANN E HONG G IMIRZALIOGLU C TURSCHNER S KOHLE J
WATZEL C HAIN T HOSSAIN H CHAKRABORTY T Culture-Independent
Identification of Pathogenic Bacteria and Polymicrobial Infections in the Genitourinary
Tract of Renal Transplant Recipients Journal of Clinical Microbiology (on line) 2003
48
Disponivel em httpjcmasmorgcgireprintl41125500pdf Acesso em 18
mar2005
DOMINGUE G J HELLSTROMW J G Prostatitis Clinical Microbiology Reviews
(on line) 1998 Disponivel em httpcmrasmorglcgilcontentifuIl11141604 Acesso
em 03 fev 2005
DUFKE S KUNZE-KRONAWITIER H SCHUBERT S Pyelonephritis and
Urosepsis Caused by Streptococcus pneumoniae Journal of Clinical Microbiology
(on line) 2004 Disponlvel em httpjcmasmorgcgicontentifuIl4294383 Acesso
em 06 mar2005
FAIRLEY K F BIRCH D F Detection of Bladder Bacteriuria in Patients with Acute
Urinary Symptoms The Journal of Infectious Diseases Melbourne v 159 n2 p
226-231 fev 1989
FRAIMOW H S JUNGKIND D L LANDER D W DELSO D R DEAN J L
Urinary Tract Infection with an Enterococcus taecais Isolate that Requires
Vancomycin for Growth Annals of Internal Medicine (on line) 1994 Oisponivel em
httpwwwannalsorgcgicontentifuIl1211122 Acesso em 18 mar 2005
FRANZ M HCRL W H Common errors in diagnosis and management of urinary
tract infection I Patophysiology and diagnostic techniques Nephrology Dialysis
Transplantation (on line) 1999 Disponivel em
httpltwwwndtoupjournalsorgcgicontentifuIl141127 46 Acesso em 01 dez 2004
49
GIBB A P Plates are Belter than Broth for Recovery of Fastidious Organisms from
some Specimen Material Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Oisponivel
em httpjcmasmorgcgireprinU4041129pdf Acesso em 06 mar2005
GILLESPIE W A HENDERSON E P LINTON K B SMITH P J Microbiology
of the urethral (frequency and dysuria) syndrome A controlled study with 5-year
review British Journal of Urology (on line) 1989 Disponfvel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
2804564ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr 2005
GINESTRE PEREZ M ROMERO-A~EZ S MARTINEZ-GARCIA A RINCON-
VILLALOBOS G HARRIS-SOCORRO B CATELLANO-GONZALES M AVILA-
ROO Y PEROZO-MENA A Gardnerella vaginalis y uropat6genos convencionales
em pacientes ambulatorios Revista de La Sociedad Venezolana de Microbiaogia
(on line) 2001 Disponivel em
httpwwwseieloorgvaseielo phpscriptsci arttextamppid=S 1315-
25562001000200003amplng=esampnrm=isso Acesso em 05 jan 2005
GOBERNADO M CRUZ F J DALET F BROSETA E DE CUETO M
SANTOS M DE LA ROSA M Procedimientos en Microbiologla Clinica La
infeccion urinaria 2002 Disponivel em
httpwwwseimcorgprotocolosmicrobiologiaindice14htm Acesso em 01 dez
2004
50
GOLAPACHAR A AKINS R L DAVIS W R SIDDIQUI A A Urinary tract
infection caused by Aerococcus viridans a case report International Medical Journal
for Experimental and Clinical Research (on line) 2004 Oisponivel em
httpwlNNmedscimonitcompubvol 10no 114928pdf Acesso em 03 dez 2004
GREUB G RAOULT D Actinobaculum massiliae a new species causing chronic
urinary tract infection Journal of Clinical Microbiology (on line) 2002 Disponivel em
httpwwwpubmedcentralnihgov articlerender fcgitool=pubmedamppubmedid=12409
355 Acesso em 13 fev2005
HElLBERG I P Diagnosis and clinical management of urinary tract infection
Disponivel em httpwwwunineteducin2003confpfefermanpfefermanhtml
Acesso em 20 out 2004
KONEMAN E W ALLEN S D JANDA W M SCHREKENBERGER P C
WINN Jr W C Cr Atlas and Textbook of Diagnostic Microbiology 5ed
Philadelphia Lippincott-Raven 1997
LIPSKY B A Managing Prostatitis and Urinary Tract Infection in Men Infectious
Diseases Infoalerl (on line) 2003 Oisponivel em
httpwwwdpacomhklpdflinfolnfoALERT 15pdf Acesso em 10 dez 2004
MASKELL R A new look at the diagnosis of infection of the urinary tract and its
adjacents structures Joumaloflnfecfion Portsmouth n 19 p 207-217 jul 1989
51
MERIA P DESGRIPPES A ARFI C LE DUC A Encrusted Cystitis and Pyelitis
Journal of Urology (on line) 1998 Disponlvel em
htlpIwwwjurologycomipUrejuroabstract00005392-1 99807000-
00003htmmiddotjsessionid-CnHOtEDjxvOgrxiWIUac52pekluG1HSCZzrnOpCIJH4V107ePU
evI848681301-949856032190011-1 Acesso em 21 abr 2005
McCUE J D The Management of Complicated Urinary Tract Infections Infectious
Diseases Infoalert (on line) 1999 Disponfvel em
htlpIwwwdpacomhkJpdlfinlofinlo alart 01pdl Acesso em 01 dez 2004
MURRAY P R Manual of Clinical Microbiology 7ed Washington ASM Press
1999
NABER K G BERGMAN B BISHOP M C JOHANSEN T E B BOTTO H
LOBEL B CRUZ F J SELVAGGI F P European Association 01 Urology
Guidelines on Urinary and Male Genital Tract Infections Disponlvel em
httpwwwuroweborglfilesluploaded filesuti mgtLpdf Acesso em 20 dez 2004
OPLUSTIL C P Urocultura In__ Procedimentos basicos em microbiologia
clinica 2 ed Sao Paulo Sarvier 2004 p 88-93
OSBORNE J About Interstitial Cystitis Disponivel em htlplwwwic-
networkcomhandbooklbasicshtmlintro Acesso em 20 dez 2004
52
PEDRAZA AVILES A G ORTIZ ZARAGOZA M C Symptomatic bacteriuria due to
Ureaplasma and Mycoplasma in adults Revista Latinoamericana de Microbiologia
(on line) 1998 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedampdopt=Abs
tractamplist uids=20388109 Acesso em 20 abr 2005
RIEGEL P RUIMY R BRIEL D de PREVOST G JEHL F BIMET F
CHRISTEN R MONTEIL H Corynebacterium seminale sp Nov a New Species
Associated with Genital Infections in Male Patients Journal of Clinical Microbiology
(on line) 1995 Disponlvel em
htlpllwwwpubmedcentralnihgovpicrenderfcgiartid=228387ampblobtype=pdf
Acesso em 19 mar 2005
SORIANO F PONTE C A case of urinary tract infection caused by
Corynebacterium urealyticum and coryneform group F1 European Journal of Clinical
Microbiology Infectious Diseases (on line) 1992 Disponfvel em
httoIwwwncbinlmnihgoventreziguervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
1396772ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr2005
TANNER M A SHOSKES DSHAHEDA PACENR Prevalence of
Corynebacterial 16S fRna Sequences in Patients with Bacterial and Nonbacterial
Prostatitis Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Disponivel em
httpmcmasmorgcontenVfull3761863 Acesso em 06 mar 2005
TRABULSI L R ALTERTHUM F Escherichia coli uropatagenica (UPEC) In
Microbiaagia 4 ed Sao Paulo Atheneu 2004 p 303-309
53
31
5 BACTERIAS FASTIDIOSAS E INFECcAO DO TRATO URINARIO
Em 1989 Maskell citou a ocorrencia de bacterias fastidiosas como algumas
especies de estreptococos Gardnerela vaginalis Haemophilus influenzae
Corynebacterium spp e lactobacilos em infecgoes da bexiga e trato urinario superior
isoladas de amostras de urina obtidas par cateteriz8gao aspiragao supra-pubica e
tarn bam de amostras de tecido obtidas per bi6psia vesical Relatou tambem a
preseng8 de tais bacterias na urina de gestantes assintomaticas com mais
freqOencia do que em nao-gestantes e que as gestantes apresentando bacteriuria
posteriormente desenvolviam sintomas com mais freqoencia do que as que nao
apresentavam bacterias na urina
Fairley e Birch (1989) realizaram um importante estudo demonstrando que
pacientes com sintomas de infec~ao do trato urinario apresentando resultados
negativos em culturas de rotina podem abrigar bacterias fastidiosas ou baixas
contagens de uropat6genos convencionais na bexiga Os pacientes incluidos no
estudo foram os que apresentaram resultados inconclusivos em culturas previas de
jato medio como desenvolvimento inferior a 105 UFCml de um pat6geno
convencional ou a desenvolvimento superior a 102 UFCml de uma bacteria
fastidiosa Foram avaiiadas urinas obtidas por aspirayao suprapubica de 1817
mulheres e 300 homens cultivadas para uropat6genos convencionais e bacterias
fastidiosas utilizando in6culo que proporcionou resultados entre 101 e 107 UFCml A
freqOencia de isolamentos esta representada na tabela 1
32
TABELA 1 - FREQUENCIA DE BACTERIURIA EM 2117 PACIENTES(AMOSTRAS OBTIDAS POR PUNCAO SUPRAPUBICA) -1989
Uropat6-Culturas positivas $omente $omente especies genos
(n = 597) uropat6genos fastidiosas conven-convencionais (n = 366) cionais
n = 170 eespeci-
Pacientes Unica Multiplas Unica Multiplas Unica Multiplas esespecie especies especie especies especie especies faslidio-
sasMulheres (n = 1817) 370 191 148 5 222 125 61Homens (n = 300) 36 0 17 0 19 0 0
FONTE The Royal Melbourne Hospital
Vinte e aito especies microbianas foram isoladas no trabalho em questao
sendo Ureaplasma urealylicum Gardnerella vaginalis Escherichia coli Mycoplasma
hominis e Staphylococcus epidermidis as especies mais isoladas Quinhentas e
oitenta e uma (70) das 830 cepas isoladas pertenciam a especies fastidiosas -
Ureaplasma urealyticum Gardnerella vaginalis e Mycoplasma hominis - que nao sao
recuperadas em meies de cultura canvencianais Gardnerella vaginais fai mais
freqUente em mulheres enquanto Ureaplasma urealyticum nao apresentou diferen9a
estatisticamente significativa entre os sexas Treze esptkies fcram isoladas em
apenas uma ou duas ocasioes entre elas Streptococcus equi Streptococcus
equisimifis Streptococcus sanguis Morganella morgan Klebsiella oxytoca
Peptococcus anaerobius Proteus vulgaris Enterobacter aerogenes Salmonella
enteritidis Pseudomonas aeruginosa Haemophilus influenzae Haemophilus
parainfluenzae e Haemophilus parahaemofyticus Anaer6bios estritos foram isolados
de apenas sete dos 597 pacientes (FAIRLEY BIRCH 1989)
Culturas polimicrobianas foram obtidas em urn teno das pacientes do sexo
feminino e nao foram verificadas no sexe masculino A freqOencia de uropat6genos
cenvencienais e fastidiesos encontra-se na tabela 2
33
TABELA 2 - FREQU~NCIA DE UROPATOGENOS CONVENCIONAISE BACTERIAS FASTIDIOSAS EM 191 PACIENTES DO SEXOFEMININO COM BACTERIURIA POLMICROBIANA - 1989
Numero de Somente Samente especies Especiesespecies (numera uropat6genos fastidiosas convencionais e
de pacientes) convencionais fastidiosasOois (153) 9 99 45Tres (34) 0 17 17Quatro (4) 0 1 3
FONTE The Royal Melboume Hospital
Ureaplasmas au Gardnerella vaginalis fcram recuperados em 179 das 191
mulheres com infecgao polimicrobiana estando presentes concomitantemente em
100 das 191 amostras sugerindo urna passivel relacc3osimbi6tica Uropat6genos
convencionais fcram isolados em pouco mais de 33 das mulheres na maiaria dos
casas acompanhados por bacterias fastidiosas indicando que infeccoes
polimicrobianas usualmente envolvem bacterias fastidiosas (FAIRLEY BIRCH
1989)
A contagem de col6nias excedeu 105 UFCml apenas na minoria dos
pacientes portanto a bacteriuria nao seria detectada em muitos individuos caso 0
valor de ponto de corte tradicional tivesse sido utilizado Os resultados tambem
mostraram que baixas contagens bacterianas podem acontecer com qualquer uma
das especies bacterianas isoladas embora tenham sido mais freqoentes para
Ureaplasma urealytieum e Mycoplasma hominis Cento e setenta e quatro (21)
isolados apresentaram contagens inferiores a 103 UFCml sendo 138 (84)
pertencentes a especies fastidiosas (FAIRLEY BIRCH 1989)
Franz e HOrl (1999) citaram a ocorrencia de HaemophiJus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae pneumococos Campyobaeter Legionella
pneumophila Salmonella spp Shigella spp Corynebacterium grupo 02
34
Mycobacterium tuberculosis micobacterias atipicas e fungos como causadores
ocasionais de ITU
Domann et al (2003) realizaram estudo em amostras do trato urinario de
transplantados renais utilizando tecnicas moleculares baseadas em 168 rRNA peR
e cromatografla liquida de alta performance (DHPLC) Foi avaliada a aplicaaD do
metoda em 109 amostras e observou-se 100 de correlacao para amostras cultura-
positivas Para as amostras cultura-negativas a DHPLC permitiu a deteccao de
uropat6genos previa mente conhecidos como Corynebacterium urealyticum e
Gardnerella vaginalis mas tambem agentes nao usuais como AnaerocDCCUs
laclolyticus Bacteroides vufgatus Diaisler invisus Fusobacterium nuceaturn
Lactobacillus iners Leptotrichia amnionii Prevotella buccalis Prevotella ruminicola
Rahnella aquatilis e Streptococcus intermedius detectados como unicos pat6genos
ou como agentes de infecyoes polimicrobianas Uma vez que as ITU sao
freqGentemente associadas com inicio precoce de rejeiyBo cronica em
transplantados renais e conveniente a pesquisa de agentes patogenicos
oportunistas e nao usuais para 0 correto direcionamento do tratamento
antimicrobiano
Quatro casos de ITU com bacteremia por Methylobacterium spp em
pacientes do sexo feminino imunocompetentes foram reportados por Lee Tang e Uu
(2004) Todas as pacientes tiveram hemoculturas positivas para Methylobacterlum
spp e suas culturas de urina foram negativas ou positivas para Escherichia coli com
crescimento concomitante de outro bacHo gram-negativ~ em baixa contagem que foi
ignorado Foram realizados experimentos especiais com os isolados indicando que
de acordo com os procedimentos padrao para culturas de urina com 24 horas de
incubayao a 35degC as colonias de Methylobacterium spp nao sao visualizadas e 0
35
pequeno numero de col6nias observado ap6s incuba~ao adicional de 24 heras a
temperatura ambiente apenas sugere ser a especie urn contaminante
Particularmente quando especies de Methyfobacterium estao presentes
concomitantemente com Escherichia coli ocorre supressao do cresci menta de
Methylobacterium spp tornando impassivel a sua deteccao 0 estudo conclui que a
falta de relatos de casas de ITU por Methylobacterium spp deve-se a impossibilidade
de detec~ao da especie por metodos padrao de cultura de urina au ainda porque a
baixa virulelncia da bacteria pode produzir ITU autolimitadas au talvez muitas vezes
curadas com as antibi6tico5 normalmente utilizados As especies estudadas fcram
variavelmente resistentes as cefalosporinas acido nalidixico nitrofurantoina e
sulfametoxazol-trimetoprim e 100 suscetiveis a ciprofloxacin imipenem e
aminoglicosideos
51 Corynebacterium spp
Corynebaclerium urealylicum pode ser uma importante embora rara causa
de ITU variando a freqOencia de isolamentos significativos de zero a 35 em
popularoes nao selecionadas A bacteriuria por Corynebacterium urealyticum ocorre
em pacientes hospitalizados per longos perledes severamente
imunocomprometidos urologicamente manipulados ou idosos Tal microrganismo
tam bern tern sido associado com pielonefrite e pode desaparecer espontaneamente
da urina mesmo sem antibioticoterapia (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Corynebacterium glucuroneyticum tambem chamado Corynebacterium
seminae tern side iselade de semen e trate g~nite-urinarie masculine e pede causar
prostatite ou uretrite Corynebacterium pseudogenitalium (CDC grupo F1) tambem
tern sido reconhecido como pat6gene do trato urinario (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
36
Foi relatado por Soriano e Ponte (1992) um caso de cistite de incrusta~ao
causado por urn corineforme identificado como CDC grupo F1 0 paciente havia
sofrido ITU previas persistentes causadas por Corynebacterium ureayticum (CDC
grupo 02) A cura bacteriol6gica foi alcan=ada apes urn mes de tratamento com
amoxicilina e acido acetohidroxamico
Meria at al (1998) realizaram levantamento bibliografico entre as anos de
1985 a 1997 sabre casas de cistite e pielite de incrustacao Foi constatado a
aumento progressive no numero de cases especialmente em pacientes
imunodeprimidos e particularmente em transplantados renais Tais inflamacoes
cr6nicas estao associadas com incrustac6es da mucosa causadas por bacterias
produtoras de urease tendo sido as mais freqOentes especies de Corynebacterium
grupo 02 A presenCa de urina alcalina contendo abundantes debris mucopurulentos
calcificados e alta mente sugestiva e pode auxiliar no diagnostico clinico A
demonstracao da bacteria envolvida requer culturas prolongadas em meios de
cultura enriquecidos 0 diagnostico precoce pode evitar falhas de tratamento e uma
possivel rejeicao do orgao transplantado
Em estudo realizado par Riegel et al (1995) corineformes em quantidades
significativas (104a 105 UFCml) foram isolados em amostras de semen uretra urina
e sangue de homens inferteis com diagn6stico de prostatite As analises genomicas
realizadas demonstraram ser as cepas pertencentes a uma mesma especie dentro
do genero Corynebacterium As 12 amostras mostraram padroes bioquimicos
simi lares entre elas born crescimento em agar sangue de carneiro em contraste com
crescimento pobre no mesmo meio suplementado com Tween 80 1 teste de
CAMP positivo fermentacao de glicose sacarose e presenCa de beta-glucuronidase
Tais caracteristicas permitiram a distincao destas cepas dos outros membros do
37
genera e 0 nome proposto foi Corynebacterium seminae Embera organismos
difter6ides pass am fazer parte da microbiota uretral a presenCa de contagens
significativas destas especies no semen sugere urna implica~ao infecciosa
particularmente na prostatite
Estudo molecular filogenetico baseado em 16S rRNA peR realizado em
pacientes com prostatite croniea demonstrou sinais bacterian05 em 65 dos
pacientes estudados Foi constatada a ocorreuromcia de um amplo espectro de
especies bacterianas no fluido prostatico dos pacientes incluindo Corynebacterium
Staphylococcus PepiosfreptococGUS Streptococcus e Escherichia Especies do
genera Corynebacterium foram encontradas em maior proponao incluindo especies
ainda nae descritas e n~o presentes nas amostras de controle sugerindo que
possam ter um papel na doen~a au que sejam conseqOemcia da mesma 0 estudo
mostreu ainda que os microrganismos associ ados com prestatite geralmente
ocorrem em comunidades microbianas distintas daquelas encontradas em liquidos
prostaticos normais (TANNER ot al 1999)
Segundo Domingue e Hellstrom (1998) a observaltio microsc6pica
cuidadosa de amostras de secre~~o prostatica bern como a inocula~~o em meios
enriquecidos sao essenciais para a isolamento de corineformes Foi realizado estudo
em uma amostra de secre~ao prostatica na qual a colora~ao de Gram apresentou
cocobacilos gram Itlbeis pleom6rficos que nao se desenvolveram em meios de rotina
incubados por 72 horas a 35degC Houve desenvolvimento em meio de cultura
enriquecido com extrato de leveduras e sora de cavalo e incubado no minimo 72
horas em atmosfera de 5 de CO2 a 35degC A secregao inoculada em caldo triptose
demonstrou a presen~a de bacilos gram-varitlveis (microscopicamente) e quando
repicada produziu bacilos de crescimento lento em meios de retina e enriquecidos
38
(incubados aerobicamente anaerobicamente ou sob tensao de CO2 par 72 haras)
Corineformes ocultos pod em ser agentes etiol6gicos da prostatite idiopatica croniea
que sao frequentemente perdidos au nao percebidos em procedimentos
bacteriol6gicos de rotina
52 Gardnerella vaginais
o significado de Gardnerela vaginais em urina e controverso pois a
principal associacao patogElnica desta bacteria e com a vaginose na mulher Embora
baixas contagens na urina parecam refletir a micro biota da uretra masculina ou
feminina contagens aeima de 10000 UFCml ja fcram associadas com bacteriuria
sintomatica ITU recorrente cistite na mulher uretrite e prostatite no homem
Entretanto me sma quando ern altas contagens freqOentemente nao ha resposta
leucocitaria Gardnerela vaginalis e encantrada mais freqOentemente em mulheres e
pacientes com doena renal e ap6s instrumentaao (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
Estuda realizado par Agarwal e Dixon (2001) investigau a passivel papel de
Gardnerella vaginalis na cistite intersticial usando metodos maleculares para
garantir a recuperaCao do microrganismo mesmo em baixas contagens Nenhuma
das trinta e tres amastras de bi6psias de bexiga de pacientes com cistite intersticial
foram positivas para Gardnerella vaginais a que embora nao exclua seu
envalvimenta na cistite intersticial diminui esta probabilidade
Ginestre Perez et al (2001) realizaram estudo de mil trezentas e setenta
amostras de jato media de urina de pacientes com sintomas de ITU Gardnerella
vaginalis cujo papel patagenica no trato urinario e discutivel ocupou a segundo
lugar em freqOencia etiologica (1763) ficando atras somente de Escherichia coli
(5210) e superando microrganismos cansiderados uropat6genas classicos como
39
Proteus mirabifis (763) Klebsiella pneumoniae (684) e Pseudomonas
aeruginosa (368) Embera a presen~a de Gardnerella vaginais em amostras de
jato media urinario possa indicar contaminayao vaginal todos as cultivos positivos
para esta bacteria apresentavam contagens superiores a 100000 UFCml e
provinham de pacientes sintomaticos representando urna alta probabilidade de
infec~ao urinaria verdadeira
53 Mycoplasma hominis E Ureaplasma urealyticum
Especies patogenicas como Mycoplasma hominis e Ureaplasma urealyticum
ocorrem freqOentemente como colonizantes do trato urogenital inferior de homens e
mulheres saudaveis A ocorrencia de infec~ao esta provavelmente relacionada a
imunossupressao obstru~ao ou procedimentos previos de instrumental)ao no trato
urinario Ureaplasma urealyticum tern sido encontrado em calculos urinarios de
pacientes com liHase infecciosa sugerindo uma possivel associal)ao causal
Mycoplasma hominis tern sido isolado do trato urinario superior em pacientes com
sintomas de pielonefrite aguda FreqOentemente ha resposta imunol6gica especifica
(MURRAY 1999)
Foi pesquisada a presen9a de Ureaplasma urealyticum e Mycoplasma
hominis em amostras de jato medio de 314 mulheres e 52 homens sintomaticos do
trata urinltilria Ureaplasma urealyticum fai isalada em 54 (171) das mulheres e 8
(154) dos hom ens e Mycoplasma hominis foi isolado em 12 (38) das mulheres
e 4 (77) dos homens Ureaplasma urealyOcum foi superado apenas par
Escherichia coli e Gardnerella vaginalis em ambos grupas 366 e 254
respectivamente no sexo feminina e 585 e 308 no masculino Demonstrou-se
partanto que a bacteriuria par ureaplasmas e relativamente co mum porem nao e
40
detectada por metodos convencionais de cultura de urina (AVILES ZARAGOZA
1998)
A significancia de micoplasmas em amostras de jato medic urinario e de
dificil determinacao devido a provavel contaminacao da amostra par
microrganismos colonizantes da vagina e uretra distal Entretanto estudos
realizados em amostras de aspirado suprapubico em gestantes demons tram que 0
desenvolvimento de pre-eclampsia e tres vezes mais prov3vel em mulheres
apresentando culturas positivas para ureaplasmas no inicio da gestacao do que em
mulheres com culturas negativas no mesmo periodo (KONEMAN ef a 1997)
54 Haemophilus spp
Existem varios estudos relacionando Haemophifus influenzae e Haemophilus
parainfluenzae a ITU embora sua freqOencia e significancia nae tenham sido
confirmadas Alguns pesquisadores sugerem a inclusao de agar chocolate em
culturas de urina de crian~as por causa da associa~ao de Haemophilus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae com outras infec~6es nesta faixa etaria (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
Maskell (1989) citou a ocorrencia de certas bacterias fastidiosas em sftios do
trato urinflrio abaixe da bexiga como par exemple em cases de prostatite por
Haemophilus influenzae
55 Lactobacillus spp
Em estudo realizado em pacientes do sexe feminine com sind rome uretral
aguda demonstrou-se uma alta freqOencia de isolamentos de lactobacilos Durante
dois anos amastras de jato medic de tais pacientes foram cultivadas observando-se
a principio alta concentracao de lactobacilos principalmente nas pacientes
sintomaticas Ao final do estudo durante 0 qual foi impedido 0 usa de antibi6ticos os
41
lactobacilos desapareceram da urina de muitas mulheres as quais tornaram-se
assintomaticas Os autores concluiram que as sintomas da sindrome uretra podem
ser devidos a multiplica~ao desproporcional de lactobacilos na uretra distal como
resultado de antibioticoterapia frequentemente administrada em cursos prolongados
para resolurao dos sintomas urinarios Lactobacilos tambem tern sido relatados em
amostras de urina obtidas diretamente da bexiga e de amostras de tecido obtidas
par bi6psia vesical bern como ocasionalmente isolados em urinas de mulheres
idosas com sintomas urinarios (MASKELL 1989)
56 COCOS GRAM-POSITIVOS
Microrganismos dos generos Lactococcus Gemella Aerococcus e
Globicatella embora possam estar presentes como contaminantes em culturas de
material clinico tern sido isolados como patogenos oportunistas ern urina e outras
amostras de pacientes imunocomprometidos Esforyos para identifica-Ios devem ser
realizados quando os isolados forem clinicamente significantes isto e isolados
repetidamente ou em cultura pura Devido a semelhanya com outros cocos gram-
positivos isolados com mais freq04sectncia como estreptococos enterococos e
estafilococos possivelmente sao confundidos com especies destes generos
(MURRAY 1999)
Golapachar et al (2004) relata ram um caso de infec9ao do trato urinario com
bacteremia causa do por Aerococcus viridans em um homem de 87 anos residente
em uma cUnica de repouso A cultura de urina apresentau crescimenta de 105
UFCml de Aerococcus viridans e a hemocultura fai positiva para a mesmo
microrganismo Os testes bioqulmicos que leva ram a identificayao do
microrganismo faram reayoes negativas de catalase e LAP (Ieucina aminopeptidase)
e reaDes positivas para PYR (L-pyrrolidonyl-beta-naphtylamina) fermentaao de
42
trehalose e manese resistencia a optoquina crescimento em agar bile esculina 40
e cresci menta em cloreto de s6die 65 As especies de Aerococcus sao anaer6bias
facultativas a maioria catalase negativa com tendemcia a formaCao de tetrades na
morfologia microsc6pica PYR positivo e LAP negativ~ a que as diferencia de
enterococos e estreptococos
A escassa documentacao a respeito de infecyoes humanas por Aerocccus
sp deve-se provavelmente a sua similaridade microbiol6gica aos estreptococos alfa-
hemoliticos e enterococos e possiveis erras na interpretacao laboratorial de
amostras clinicas No casa acima descrito a laborat6rio de microbiologia nao pade
reaHzar a antibiograma devido a natureza fastidiosa da bacteria mas houve sucesso
terapeutico ap6s administray8o intravenosa de levofloxacin (GOLAPACHAR et al
2004)
Um caso de pielonefrite e urossepsis por Streptococcus pneumoniae foi
relatado em urn hornem de 82 anos com hist6ria clinica de leucemia linf6ide cronica
e diabetes mellitus Exames radiograficos abdominais e tomografia computadorizada
mostraram uma imagem indicativa de extensa pielonefrite no rim esquerdo sem
nenhum outro foco de infecc8o 0 abscesso renal foi tratado por drenagem
transuretral e 0 material purulento obtido foi cultivado assim como materiais de
orofaringe escarro e sangue Esearro e orofaringe revelaram apenas mierobiota
normal do trato respirat6rio enquanto 0 material drenado e as hemoculturas
demonstraram microseopicamente cocos gram-positiv~s aos pares e em eadeias
alguns dos quais eram lanceolados havendo bom crescimento em agar sangue de
carneiro e agar chocolate a 37degC As col6nias eram fracamente alfa-hemoliticas no
agar sangue e nao muc6ides catalase-negativas e sensiveis a optoquina Testes de
aglutinac8o sorologiea de ambos materiais confirmaram a identificac8o e testes
43
moleculares demonstraram ser as dois isolados identicas Apesar da terapia
antimicrobiana a paciente desenvolveu coagula98o intravascular disseminada e
sofreu uma parada cardiaca sendo que 0 quadro foi revertido mas tornau-se
necessaria a nefrotomia para eliminar a foco da infeccao Em contraste a estud05
anteriores a paciente descrito apresentou um verdadeiro casa de pielonefrite
abscesso renal e urossepsis causados par Streptococcus pneumoniae A presenca
de doencas como leucemia linf6ide crOniea e diabetes mellitus fcram 5uficientes para
causar um certa grau de imunossupressao e predispor a paciente a infeccao par
Streptococcus pneumoniae mesma sem hist6ria antecedente de infecC8o
pneumoc6cica trauma ou interven9ao cirurgica (DUFKE KUNZE-KRONAWITIER
SCHUBERT2004)
57 BACT~RIAS ANAER6BIAS
Tern sido descritos casas de infec90es do trato urinario par bacterias
anaer6bias com as mais diverses tipos de apresenta90es clinicas entre processes
crenicos e agudos As bacterias recuperadas sao bacilos gram negativQs incluindo
Bacteroides fragifis Prevotella sp e Porphyromonas sp Clostridium sp cocos
gram-positiv~s e Actinomyces sp Em muitos casas sao recuperadas em culturas
mistas com coliformes e estreptococos (BROOK 2004)
58 OUTRAS BACT~RIAS FASTIDIOSAS
Foi descrita par Greub e Raoult (2002) uma nova especie bacteriana
Actinobaculum massiliae recuperada da urina de uma mulher de 81 anos com ITU
cr6nica Os estudos fenotipicos genotfpicos e filogeneticos realizados mostraram
ser 0 isolado urna nova especie ainda nao recanhecida dentro do genera
Actinobaculum e foi proposta a denominacao Actinobaculum massiliae A mesma
cepa faj isolada tres vezes num perlodo de sete meses mesmo apes tratamento
44
com amoxicilina sulfametoxazol~trimetoprim e rifampicina Devida ao fata do
microrganismo nao ser isolado em procedimentos laboratoriais de rotina uma ITU
devido a Actinobaculum massiliae pade ser mal diagnosticada Alem disso as
col6nias apresentam heterogeneidade morfol6gica ap6s cinco dias de incubacao
podendo levar a uma errOnea interpretaC(ao de contaminacao com duas especies de
badlas gram~positivos 0 usa de agar sangue de carneiro e incubacao prolongada
motivado pela presenca de 106 leuc6cit05 per ml na urina da paciente permitiu a
desenvolvimento da cepa Houve cura ap6s tratamento com doxiciclina (GREUB
RAOUL T 2002)
Em estudo clinico e microbiol6gico de mulheres com sindrome uretral -
excluindo pacientes com cistite bacteriana - 41 pacientes foram comparadas com 42
pacientes controle Nao foi encontrada diferenca entre pacientes e con troles em
incid~ncia de Chlamydia trachomatis e outros microrganismos de transmiss3o
sexual 0 numero de lactobacilos e outros microrganismos fastidiosos bem como a
numero de leucocitos na urina nao apresentaram diferenca entre pacientes com
sintomas leves e intensos ou entre pacientes e controles Os auto res sustentam a
hipotese da sindrome uretral nao ser causada por infecrao bacteriana ou clamidial
(GILLESPIE et al 1989)
45
6 CONCLUSAO UMA REFLExAO
E indiscutivel a importo1ncia para a laborat6rio de requisicoes de exame
completas com informayoes sabre suspeita clinica existencia de sintomas
anormalidades do trata urinario e condhoes imunol6gicas do paciente Embora
tradicionalmente a maiaria dos medicos nao fornega muitas informacoes sabre 0
paciente ao laborat6rio a microbiologista pede incentivar a criacao de urn canal de
comunicacao quando observar a necessidade de informagoes sobre determinado
paciente
Exames anteriores do paciente sempre que disponiveis devem ser
consultados e comparados pois informacoes sabre infecc6es recorrentes au
recidivantes especies bacterianas envolvidas au presen9a de piuria esteril sao
importantes para direcionar a pesquisa para agentes fastidiosos
o metoda de coleta e as condi~6es de transporte da urina deterrninam a
qualidade da amostra e a quao relevantes serao as microrganismos nela
encontrados Considerando-se que urna bacteria normalmente considerada como
contarninante introduzida durante a coleta pode ser em alguns casos patogenica ou
ainda que uma especie fastidiosa patogenica de crescimento lento pode ter seu
crescimento inibido par uma contaminante de crescimenta mais rapido a coleta
adequada torna-se urn fator de suma importancia para a detec~ao de especies
fastidiosas em urina
Como ja discutida torna-se indispensavel a realiza~ao da calora~ao de
Gram em amostras de urina pOis alem de ser urn teste de triagem rapida e barato
para bacteriuria acima de 105 UFCml pode ser 0 unica indicativa da presen~a de
urna especie fastidiosa
46
A comunica~ao entre a microbiologista e a medico pode determinar nao 56 a
sucesso do diagn6stico e do tratamento como a viabilidade economica da pesquisa
de bacterias fastidiosas para 0 laborat6rio urna vez que direciona as esforyos
laboratoriais aos pacientes que realmente necessitam evitando 9a5t05
desnecessarios
Bacte-rias fastidiosas podem nao responder ao tratamento antibi6tico para
pat6genos convencionais do trato urinario portanto a pesquisa precocemente
direcionada para tais agentes pode melhorar 0 progn6stico das ITU evitando a
administracao de antibioticos inadequados au desnecessarios
Como observado nos diversos casas reiatados bacterias fastidiosas
ocorrem em cenaries clinicos especificos 0 entendimento do processo da doen=a e
as condi=oes do paciente pod em ajudar muito 0 laboratorio no esfor=o para
recuperar a bacteria do material clinico
47
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
ALBINI C A Cullura de Urina Analise das metodologias interfer~ncja sobre as
resultados e proposta para padronizacao 1994 54 f Monografia (Especia1iza9aO em
Bacteriologia) - Setor de Ciencias da Saude Departamento de Patologia Medica
Universidade Federal do Parana Curitiba
AGARWAL M DIXON R A A study to detect Gardnerella vagina lis DNA in
interstitial cystitis British Journal of Urology (on line) 2001 Disponlvel em
httpwwwbjuiorg889articlebju2514aspAcessoem 03 fev 2005
BATRA A Interstitial Cystitis Updade Infection Urology (on line) 1999 Disponivel
em httphomeswipnetsellsopicupdatehtm Acessa em 20 dez 2004
CLARIDGE J E JOHNSON J R PEZZLO M T Laboratory Diagnosis of Urinary
Tract Infections Washington American Society for Microbiology 281998
BROOK I Urinary tract genito-urinary suppurative infections due to anaerobic
bacteria International Journal of Urology (on line) 2004 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezigueryfcgicmd=Retrieveampdb=pubmedampdopt=Abst
ractamplist uids=15009360 Acesso em 18 mar 2005
DOMANN E HONG G IMIRZALIOGLU C TURSCHNER S KOHLE J
WATZEL C HAIN T HOSSAIN H CHAKRABORTY T Culture-Independent
Identification of Pathogenic Bacteria and Polymicrobial Infections in the Genitourinary
Tract of Renal Transplant Recipients Journal of Clinical Microbiology (on line) 2003
48
Disponivel em httpjcmasmorgcgireprintl41125500pdf Acesso em 18
mar2005
DOMINGUE G J HELLSTROMW J G Prostatitis Clinical Microbiology Reviews
(on line) 1998 Disponivel em httpcmrasmorglcgilcontentifuIl11141604 Acesso
em 03 fev 2005
DUFKE S KUNZE-KRONAWITIER H SCHUBERT S Pyelonephritis and
Urosepsis Caused by Streptococcus pneumoniae Journal of Clinical Microbiology
(on line) 2004 Disponlvel em httpjcmasmorgcgicontentifuIl4294383 Acesso
em 06 mar2005
FAIRLEY K F BIRCH D F Detection of Bladder Bacteriuria in Patients with Acute
Urinary Symptoms The Journal of Infectious Diseases Melbourne v 159 n2 p
226-231 fev 1989
FRAIMOW H S JUNGKIND D L LANDER D W DELSO D R DEAN J L
Urinary Tract Infection with an Enterococcus taecais Isolate that Requires
Vancomycin for Growth Annals of Internal Medicine (on line) 1994 Oisponivel em
httpwwwannalsorgcgicontentifuIl1211122 Acesso em 18 mar 2005
FRANZ M HCRL W H Common errors in diagnosis and management of urinary
tract infection I Patophysiology and diagnostic techniques Nephrology Dialysis
Transplantation (on line) 1999 Disponivel em
httpltwwwndtoupjournalsorgcgicontentifuIl141127 46 Acesso em 01 dez 2004
49
GIBB A P Plates are Belter than Broth for Recovery of Fastidious Organisms from
some Specimen Material Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Oisponivel
em httpjcmasmorgcgireprinU4041129pdf Acesso em 06 mar2005
GILLESPIE W A HENDERSON E P LINTON K B SMITH P J Microbiology
of the urethral (frequency and dysuria) syndrome A controlled study with 5-year
review British Journal of Urology (on line) 1989 Disponfvel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
2804564ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr 2005
GINESTRE PEREZ M ROMERO-A~EZ S MARTINEZ-GARCIA A RINCON-
VILLALOBOS G HARRIS-SOCORRO B CATELLANO-GONZALES M AVILA-
ROO Y PEROZO-MENA A Gardnerella vaginalis y uropat6genos convencionales
em pacientes ambulatorios Revista de La Sociedad Venezolana de Microbiaogia
(on line) 2001 Disponivel em
httpwwwseieloorgvaseielo phpscriptsci arttextamppid=S 1315-
25562001000200003amplng=esampnrm=isso Acesso em 05 jan 2005
GOBERNADO M CRUZ F J DALET F BROSETA E DE CUETO M
SANTOS M DE LA ROSA M Procedimientos en Microbiologla Clinica La
infeccion urinaria 2002 Disponivel em
httpwwwseimcorgprotocolosmicrobiologiaindice14htm Acesso em 01 dez
2004
50
GOLAPACHAR A AKINS R L DAVIS W R SIDDIQUI A A Urinary tract
infection caused by Aerococcus viridans a case report International Medical Journal
for Experimental and Clinical Research (on line) 2004 Oisponivel em
httpwlNNmedscimonitcompubvol 10no 114928pdf Acesso em 03 dez 2004
GREUB G RAOULT D Actinobaculum massiliae a new species causing chronic
urinary tract infection Journal of Clinical Microbiology (on line) 2002 Disponivel em
httpwwwpubmedcentralnihgov articlerender fcgitool=pubmedamppubmedid=12409
355 Acesso em 13 fev2005
HElLBERG I P Diagnosis and clinical management of urinary tract infection
Disponivel em httpwwwunineteducin2003confpfefermanpfefermanhtml
Acesso em 20 out 2004
KONEMAN E W ALLEN S D JANDA W M SCHREKENBERGER P C
WINN Jr W C Cr Atlas and Textbook of Diagnostic Microbiology 5ed
Philadelphia Lippincott-Raven 1997
LIPSKY B A Managing Prostatitis and Urinary Tract Infection in Men Infectious
Diseases Infoalerl (on line) 2003 Oisponivel em
httpwwwdpacomhklpdflinfolnfoALERT 15pdf Acesso em 10 dez 2004
MASKELL R A new look at the diagnosis of infection of the urinary tract and its
adjacents structures Joumaloflnfecfion Portsmouth n 19 p 207-217 jul 1989
51
MERIA P DESGRIPPES A ARFI C LE DUC A Encrusted Cystitis and Pyelitis
Journal of Urology (on line) 1998 Disponlvel em
htlpIwwwjurologycomipUrejuroabstract00005392-1 99807000-
00003htmmiddotjsessionid-CnHOtEDjxvOgrxiWIUac52pekluG1HSCZzrnOpCIJH4V107ePU
evI848681301-949856032190011-1 Acesso em 21 abr 2005
McCUE J D The Management of Complicated Urinary Tract Infections Infectious
Diseases Infoalert (on line) 1999 Disponfvel em
htlpIwwwdpacomhkJpdlfinlofinlo alart 01pdl Acesso em 01 dez 2004
MURRAY P R Manual of Clinical Microbiology 7ed Washington ASM Press
1999
NABER K G BERGMAN B BISHOP M C JOHANSEN T E B BOTTO H
LOBEL B CRUZ F J SELVAGGI F P European Association 01 Urology
Guidelines on Urinary and Male Genital Tract Infections Disponlvel em
httpwwwuroweborglfilesluploaded filesuti mgtLpdf Acesso em 20 dez 2004
OPLUSTIL C P Urocultura In__ Procedimentos basicos em microbiologia
clinica 2 ed Sao Paulo Sarvier 2004 p 88-93
OSBORNE J About Interstitial Cystitis Disponivel em htlplwwwic-
networkcomhandbooklbasicshtmlintro Acesso em 20 dez 2004
52
PEDRAZA AVILES A G ORTIZ ZARAGOZA M C Symptomatic bacteriuria due to
Ureaplasma and Mycoplasma in adults Revista Latinoamericana de Microbiologia
(on line) 1998 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedampdopt=Abs
tractamplist uids=20388109 Acesso em 20 abr 2005
RIEGEL P RUIMY R BRIEL D de PREVOST G JEHL F BIMET F
CHRISTEN R MONTEIL H Corynebacterium seminale sp Nov a New Species
Associated with Genital Infections in Male Patients Journal of Clinical Microbiology
(on line) 1995 Disponlvel em
htlpllwwwpubmedcentralnihgovpicrenderfcgiartid=228387ampblobtype=pdf
Acesso em 19 mar 2005
SORIANO F PONTE C A case of urinary tract infection caused by
Corynebacterium urealyticum and coryneform group F1 European Journal of Clinical
Microbiology Infectious Diseases (on line) 1992 Disponfvel em
httoIwwwncbinlmnihgoventreziguervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
1396772ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr2005
TANNER M A SHOSKES DSHAHEDA PACENR Prevalence of
Corynebacterial 16S fRna Sequences in Patients with Bacterial and Nonbacterial
Prostatitis Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Disponivel em
httpmcmasmorgcontenVfull3761863 Acesso em 06 mar 2005
TRABULSI L R ALTERTHUM F Escherichia coli uropatagenica (UPEC) In
Microbiaagia 4 ed Sao Paulo Atheneu 2004 p 303-309
53
32
TABELA 1 - FREQUENCIA DE BACTERIURIA EM 2117 PACIENTES(AMOSTRAS OBTIDAS POR PUNCAO SUPRAPUBICA) -1989
Uropat6-Culturas positivas $omente $omente especies genos
(n = 597) uropat6genos fastidiosas conven-convencionais (n = 366) cionais
n = 170 eespeci-
Pacientes Unica Multiplas Unica Multiplas Unica Multiplas esespecie especies especie especies especie especies faslidio-
sasMulheres (n = 1817) 370 191 148 5 222 125 61Homens (n = 300) 36 0 17 0 19 0 0
FONTE The Royal Melbourne Hospital
Vinte e aito especies microbianas foram isoladas no trabalho em questao
sendo Ureaplasma urealylicum Gardnerella vaginalis Escherichia coli Mycoplasma
hominis e Staphylococcus epidermidis as especies mais isoladas Quinhentas e
oitenta e uma (70) das 830 cepas isoladas pertenciam a especies fastidiosas -
Ureaplasma urealyticum Gardnerella vaginalis e Mycoplasma hominis - que nao sao
recuperadas em meies de cultura canvencianais Gardnerella vaginais fai mais
freqUente em mulheres enquanto Ureaplasma urealyticum nao apresentou diferen9a
estatisticamente significativa entre os sexas Treze esptkies fcram isoladas em
apenas uma ou duas ocasioes entre elas Streptococcus equi Streptococcus
equisimifis Streptococcus sanguis Morganella morgan Klebsiella oxytoca
Peptococcus anaerobius Proteus vulgaris Enterobacter aerogenes Salmonella
enteritidis Pseudomonas aeruginosa Haemophilus influenzae Haemophilus
parainfluenzae e Haemophilus parahaemofyticus Anaer6bios estritos foram isolados
de apenas sete dos 597 pacientes (FAIRLEY BIRCH 1989)
Culturas polimicrobianas foram obtidas em urn teno das pacientes do sexo
feminino e nao foram verificadas no sexe masculino A freqOencia de uropat6genos
cenvencienais e fastidiesos encontra-se na tabela 2
33
TABELA 2 - FREQU~NCIA DE UROPATOGENOS CONVENCIONAISE BACTERIAS FASTIDIOSAS EM 191 PACIENTES DO SEXOFEMININO COM BACTERIURIA POLMICROBIANA - 1989
Numero de Somente Samente especies Especiesespecies (numera uropat6genos fastidiosas convencionais e
de pacientes) convencionais fastidiosasOois (153) 9 99 45Tres (34) 0 17 17Quatro (4) 0 1 3
FONTE The Royal Melboume Hospital
Ureaplasmas au Gardnerella vaginalis fcram recuperados em 179 das 191
mulheres com infecgao polimicrobiana estando presentes concomitantemente em
100 das 191 amostras sugerindo urna passivel relacc3osimbi6tica Uropat6genos
convencionais fcram isolados em pouco mais de 33 das mulheres na maiaria dos
casas acompanhados por bacterias fastidiosas indicando que infeccoes
polimicrobianas usualmente envolvem bacterias fastidiosas (FAIRLEY BIRCH
1989)
A contagem de col6nias excedeu 105 UFCml apenas na minoria dos
pacientes portanto a bacteriuria nao seria detectada em muitos individuos caso 0
valor de ponto de corte tradicional tivesse sido utilizado Os resultados tambem
mostraram que baixas contagens bacterianas podem acontecer com qualquer uma
das especies bacterianas isoladas embora tenham sido mais freqoentes para
Ureaplasma urealytieum e Mycoplasma hominis Cento e setenta e quatro (21)
isolados apresentaram contagens inferiores a 103 UFCml sendo 138 (84)
pertencentes a especies fastidiosas (FAIRLEY BIRCH 1989)
Franz e HOrl (1999) citaram a ocorrencia de HaemophiJus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae pneumococos Campyobaeter Legionella
pneumophila Salmonella spp Shigella spp Corynebacterium grupo 02
34
Mycobacterium tuberculosis micobacterias atipicas e fungos como causadores
ocasionais de ITU
Domann et al (2003) realizaram estudo em amostras do trato urinario de
transplantados renais utilizando tecnicas moleculares baseadas em 168 rRNA peR
e cromatografla liquida de alta performance (DHPLC) Foi avaliada a aplicaaD do
metoda em 109 amostras e observou-se 100 de correlacao para amostras cultura-
positivas Para as amostras cultura-negativas a DHPLC permitiu a deteccao de
uropat6genos previa mente conhecidos como Corynebacterium urealyticum e
Gardnerella vaginalis mas tambem agentes nao usuais como AnaerocDCCUs
laclolyticus Bacteroides vufgatus Diaisler invisus Fusobacterium nuceaturn
Lactobacillus iners Leptotrichia amnionii Prevotella buccalis Prevotella ruminicola
Rahnella aquatilis e Streptococcus intermedius detectados como unicos pat6genos
ou como agentes de infecyoes polimicrobianas Uma vez que as ITU sao
freqGentemente associadas com inicio precoce de rejeiyBo cronica em
transplantados renais e conveniente a pesquisa de agentes patogenicos
oportunistas e nao usuais para 0 correto direcionamento do tratamento
antimicrobiano
Quatro casos de ITU com bacteremia por Methylobacterium spp em
pacientes do sexo feminino imunocompetentes foram reportados por Lee Tang e Uu
(2004) Todas as pacientes tiveram hemoculturas positivas para Methylobacterlum
spp e suas culturas de urina foram negativas ou positivas para Escherichia coli com
crescimento concomitante de outro bacHo gram-negativ~ em baixa contagem que foi
ignorado Foram realizados experimentos especiais com os isolados indicando que
de acordo com os procedimentos padrao para culturas de urina com 24 horas de
incubayao a 35degC as colonias de Methylobacterium spp nao sao visualizadas e 0
35
pequeno numero de col6nias observado ap6s incuba~ao adicional de 24 heras a
temperatura ambiente apenas sugere ser a especie urn contaminante
Particularmente quando especies de Methyfobacterium estao presentes
concomitantemente com Escherichia coli ocorre supressao do cresci menta de
Methylobacterium spp tornando impassivel a sua deteccao 0 estudo conclui que a
falta de relatos de casas de ITU por Methylobacterium spp deve-se a impossibilidade
de detec~ao da especie por metodos padrao de cultura de urina au ainda porque a
baixa virulelncia da bacteria pode produzir ITU autolimitadas au talvez muitas vezes
curadas com as antibi6tico5 normalmente utilizados As especies estudadas fcram
variavelmente resistentes as cefalosporinas acido nalidixico nitrofurantoina e
sulfametoxazol-trimetoprim e 100 suscetiveis a ciprofloxacin imipenem e
aminoglicosideos
51 Corynebacterium spp
Corynebaclerium urealylicum pode ser uma importante embora rara causa
de ITU variando a freqOencia de isolamentos significativos de zero a 35 em
popularoes nao selecionadas A bacteriuria por Corynebacterium urealyticum ocorre
em pacientes hospitalizados per longos perledes severamente
imunocomprometidos urologicamente manipulados ou idosos Tal microrganismo
tam bern tern sido associado com pielonefrite e pode desaparecer espontaneamente
da urina mesmo sem antibioticoterapia (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Corynebacterium glucuroneyticum tambem chamado Corynebacterium
seminae tern side iselade de semen e trate g~nite-urinarie masculine e pede causar
prostatite ou uretrite Corynebacterium pseudogenitalium (CDC grupo F1) tambem
tern sido reconhecido como pat6gene do trato urinario (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
36
Foi relatado por Soriano e Ponte (1992) um caso de cistite de incrusta~ao
causado por urn corineforme identificado como CDC grupo F1 0 paciente havia
sofrido ITU previas persistentes causadas por Corynebacterium ureayticum (CDC
grupo 02) A cura bacteriol6gica foi alcan=ada apes urn mes de tratamento com
amoxicilina e acido acetohidroxamico
Meria at al (1998) realizaram levantamento bibliografico entre as anos de
1985 a 1997 sabre casas de cistite e pielite de incrustacao Foi constatado a
aumento progressive no numero de cases especialmente em pacientes
imunodeprimidos e particularmente em transplantados renais Tais inflamacoes
cr6nicas estao associadas com incrustac6es da mucosa causadas por bacterias
produtoras de urease tendo sido as mais freqOentes especies de Corynebacterium
grupo 02 A presenCa de urina alcalina contendo abundantes debris mucopurulentos
calcificados e alta mente sugestiva e pode auxiliar no diagnostico clinico A
demonstracao da bacteria envolvida requer culturas prolongadas em meios de
cultura enriquecidos 0 diagnostico precoce pode evitar falhas de tratamento e uma
possivel rejeicao do orgao transplantado
Em estudo realizado par Riegel et al (1995) corineformes em quantidades
significativas (104a 105 UFCml) foram isolados em amostras de semen uretra urina
e sangue de homens inferteis com diagn6stico de prostatite As analises genomicas
realizadas demonstraram ser as cepas pertencentes a uma mesma especie dentro
do genero Corynebacterium As 12 amostras mostraram padroes bioquimicos
simi lares entre elas born crescimento em agar sangue de carneiro em contraste com
crescimento pobre no mesmo meio suplementado com Tween 80 1 teste de
CAMP positivo fermentacao de glicose sacarose e presenCa de beta-glucuronidase
Tais caracteristicas permitiram a distincao destas cepas dos outros membros do
37
genera e 0 nome proposto foi Corynebacterium seminae Embera organismos
difter6ides pass am fazer parte da microbiota uretral a presenCa de contagens
significativas destas especies no semen sugere urna implica~ao infecciosa
particularmente na prostatite
Estudo molecular filogenetico baseado em 16S rRNA peR realizado em
pacientes com prostatite croniea demonstrou sinais bacterian05 em 65 dos
pacientes estudados Foi constatada a ocorreuromcia de um amplo espectro de
especies bacterianas no fluido prostatico dos pacientes incluindo Corynebacterium
Staphylococcus PepiosfreptococGUS Streptococcus e Escherichia Especies do
genera Corynebacterium foram encontradas em maior proponao incluindo especies
ainda nae descritas e n~o presentes nas amostras de controle sugerindo que
possam ter um papel na doen~a au que sejam conseqOemcia da mesma 0 estudo
mostreu ainda que os microrganismos associ ados com prestatite geralmente
ocorrem em comunidades microbianas distintas daquelas encontradas em liquidos
prostaticos normais (TANNER ot al 1999)
Segundo Domingue e Hellstrom (1998) a observaltio microsc6pica
cuidadosa de amostras de secre~~o prostatica bern como a inocula~~o em meios
enriquecidos sao essenciais para a isolamento de corineformes Foi realizado estudo
em uma amostra de secre~ao prostatica na qual a colora~ao de Gram apresentou
cocobacilos gram Itlbeis pleom6rficos que nao se desenvolveram em meios de rotina
incubados por 72 horas a 35degC Houve desenvolvimento em meio de cultura
enriquecido com extrato de leveduras e sora de cavalo e incubado no minimo 72
horas em atmosfera de 5 de CO2 a 35degC A secregao inoculada em caldo triptose
demonstrou a presen~a de bacilos gram-varitlveis (microscopicamente) e quando
repicada produziu bacilos de crescimento lento em meios de retina e enriquecidos
38
(incubados aerobicamente anaerobicamente ou sob tensao de CO2 par 72 haras)
Corineformes ocultos pod em ser agentes etiol6gicos da prostatite idiopatica croniea
que sao frequentemente perdidos au nao percebidos em procedimentos
bacteriol6gicos de rotina
52 Gardnerella vaginais
o significado de Gardnerela vaginais em urina e controverso pois a
principal associacao patogElnica desta bacteria e com a vaginose na mulher Embora
baixas contagens na urina parecam refletir a micro biota da uretra masculina ou
feminina contagens aeima de 10000 UFCml ja fcram associadas com bacteriuria
sintomatica ITU recorrente cistite na mulher uretrite e prostatite no homem
Entretanto me sma quando ern altas contagens freqOentemente nao ha resposta
leucocitaria Gardnerela vaginalis e encantrada mais freqOentemente em mulheres e
pacientes com doena renal e ap6s instrumentaao (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
Estuda realizado par Agarwal e Dixon (2001) investigau a passivel papel de
Gardnerella vaginalis na cistite intersticial usando metodos maleculares para
garantir a recuperaCao do microrganismo mesmo em baixas contagens Nenhuma
das trinta e tres amastras de bi6psias de bexiga de pacientes com cistite intersticial
foram positivas para Gardnerella vaginais a que embora nao exclua seu
envalvimenta na cistite intersticial diminui esta probabilidade
Ginestre Perez et al (2001) realizaram estudo de mil trezentas e setenta
amostras de jato media de urina de pacientes com sintomas de ITU Gardnerella
vaginalis cujo papel patagenica no trato urinario e discutivel ocupou a segundo
lugar em freqOencia etiologica (1763) ficando atras somente de Escherichia coli
(5210) e superando microrganismos cansiderados uropat6genas classicos como
39
Proteus mirabifis (763) Klebsiella pneumoniae (684) e Pseudomonas
aeruginosa (368) Embera a presen~a de Gardnerella vaginais em amostras de
jato media urinario possa indicar contaminayao vaginal todos as cultivos positivos
para esta bacteria apresentavam contagens superiores a 100000 UFCml e
provinham de pacientes sintomaticos representando urna alta probabilidade de
infec~ao urinaria verdadeira
53 Mycoplasma hominis E Ureaplasma urealyticum
Especies patogenicas como Mycoplasma hominis e Ureaplasma urealyticum
ocorrem freqOentemente como colonizantes do trato urogenital inferior de homens e
mulheres saudaveis A ocorrencia de infec~ao esta provavelmente relacionada a
imunossupressao obstru~ao ou procedimentos previos de instrumental)ao no trato
urinario Ureaplasma urealyticum tern sido encontrado em calculos urinarios de
pacientes com liHase infecciosa sugerindo uma possivel associal)ao causal
Mycoplasma hominis tern sido isolado do trato urinario superior em pacientes com
sintomas de pielonefrite aguda FreqOentemente ha resposta imunol6gica especifica
(MURRAY 1999)
Foi pesquisada a presen9a de Ureaplasma urealyticum e Mycoplasma
hominis em amostras de jato medio de 314 mulheres e 52 homens sintomaticos do
trata urinltilria Ureaplasma urealyticum fai isalada em 54 (171) das mulheres e 8
(154) dos hom ens e Mycoplasma hominis foi isolado em 12 (38) das mulheres
e 4 (77) dos homens Ureaplasma urealyOcum foi superado apenas par
Escherichia coli e Gardnerella vaginalis em ambos grupas 366 e 254
respectivamente no sexo feminina e 585 e 308 no masculino Demonstrou-se
partanto que a bacteriuria par ureaplasmas e relativamente co mum porem nao e
40
detectada por metodos convencionais de cultura de urina (AVILES ZARAGOZA
1998)
A significancia de micoplasmas em amostras de jato medic urinario e de
dificil determinacao devido a provavel contaminacao da amostra par
microrganismos colonizantes da vagina e uretra distal Entretanto estudos
realizados em amostras de aspirado suprapubico em gestantes demons tram que 0
desenvolvimento de pre-eclampsia e tres vezes mais prov3vel em mulheres
apresentando culturas positivas para ureaplasmas no inicio da gestacao do que em
mulheres com culturas negativas no mesmo periodo (KONEMAN ef a 1997)
54 Haemophilus spp
Existem varios estudos relacionando Haemophifus influenzae e Haemophilus
parainfluenzae a ITU embora sua freqOencia e significancia nae tenham sido
confirmadas Alguns pesquisadores sugerem a inclusao de agar chocolate em
culturas de urina de crian~as por causa da associa~ao de Haemophilus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae com outras infec~6es nesta faixa etaria (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
Maskell (1989) citou a ocorrencia de certas bacterias fastidiosas em sftios do
trato urinflrio abaixe da bexiga como par exemple em cases de prostatite por
Haemophilus influenzae
55 Lactobacillus spp
Em estudo realizado em pacientes do sexe feminine com sind rome uretral
aguda demonstrou-se uma alta freqOencia de isolamentos de lactobacilos Durante
dois anos amastras de jato medic de tais pacientes foram cultivadas observando-se
a principio alta concentracao de lactobacilos principalmente nas pacientes
sintomaticas Ao final do estudo durante 0 qual foi impedido 0 usa de antibi6ticos os
41
lactobacilos desapareceram da urina de muitas mulheres as quais tornaram-se
assintomaticas Os autores concluiram que as sintomas da sindrome uretra podem
ser devidos a multiplica~ao desproporcional de lactobacilos na uretra distal como
resultado de antibioticoterapia frequentemente administrada em cursos prolongados
para resolurao dos sintomas urinarios Lactobacilos tambem tern sido relatados em
amostras de urina obtidas diretamente da bexiga e de amostras de tecido obtidas
par bi6psia vesical bern como ocasionalmente isolados em urinas de mulheres
idosas com sintomas urinarios (MASKELL 1989)
56 COCOS GRAM-POSITIVOS
Microrganismos dos generos Lactococcus Gemella Aerococcus e
Globicatella embora possam estar presentes como contaminantes em culturas de
material clinico tern sido isolados como patogenos oportunistas ern urina e outras
amostras de pacientes imunocomprometidos Esforyos para identifica-Ios devem ser
realizados quando os isolados forem clinicamente significantes isto e isolados
repetidamente ou em cultura pura Devido a semelhanya com outros cocos gram-
positivos isolados com mais freq04sectncia como estreptococos enterococos e
estafilococos possivelmente sao confundidos com especies destes generos
(MURRAY 1999)
Golapachar et al (2004) relata ram um caso de infec9ao do trato urinario com
bacteremia causa do por Aerococcus viridans em um homem de 87 anos residente
em uma cUnica de repouso A cultura de urina apresentau crescimenta de 105
UFCml de Aerococcus viridans e a hemocultura fai positiva para a mesmo
microrganismo Os testes bioqulmicos que leva ram a identificayao do
microrganismo faram reayoes negativas de catalase e LAP (Ieucina aminopeptidase)
e reaDes positivas para PYR (L-pyrrolidonyl-beta-naphtylamina) fermentaao de
42
trehalose e manese resistencia a optoquina crescimento em agar bile esculina 40
e cresci menta em cloreto de s6die 65 As especies de Aerococcus sao anaer6bias
facultativas a maioria catalase negativa com tendemcia a formaCao de tetrades na
morfologia microsc6pica PYR positivo e LAP negativ~ a que as diferencia de
enterococos e estreptococos
A escassa documentacao a respeito de infecyoes humanas por Aerocccus
sp deve-se provavelmente a sua similaridade microbiol6gica aos estreptococos alfa-
hemoliticos e enterococos e possiveis erras na interpretacao laboratorial de
amostras clinicas No casa acima descrito a laborat6rio de microbiologia nao pade
reaHzar a antibiograma devido a natureza fastidiosa da bacteria mas houve sucesso
terapeutico ap6s administray8o intravenosa de levofloxacin (GOLAPACHAR et al
2004)
Um caso de pielonefrite e urossepsis por Streptococcus pneumoniae foi
relatado em urn hornem de 82 anos com hist6ria clinica de leucemia linf6ide cronica
e diabetes mellitus Exames radiograficos abdominais e tomografia computadorizada
mostraram uma imagem indicativa de extensa pielonefrite no rim esquerdo sem
nenhum outro foco de infecc8o 0 abscesso renal foi tratado por drenagem
transuretral e 0 material purulento obtido foi cultivado assim como materiais de
orofaringe escarro e sangue Esearro e orofaringe revelaram apenas mierobiota
normal do trato respirat6rio enquanto 0 material drenado e as hemoculturas
demonstraram microseopicamente cocos gram-positiv~s aos pares e em eadeias
alguns dos quais eram lanceolados havendo bom crescimento em agar sangue de
carneiro e agar chocolate a 37degC As col6nias eram fracamente alfa-hemoliticas no
agar sangue e nao muc6ides catalase-negativas e sensiveis a optoquina Testes de
aglutinac8o sorologiea de ambos materiais confirmaram a identificac8o e testes
43
moleculares demonstraram ser as dois isolados identicas Apesar da terapia
antimicrobiana a paciente desenvolveu coagula98o intravascular disseminada e
sofreu uma parada cardiaca sendo que 0 quadro foi revertido mas tornau-se
necessaria a nefrotomia para eliminar a foco da infeccao Em contraste a estud05
anteriores a paciente descrito apresentou um verdadeiro casa de pielonefrite
abscesso renal e urossepsis causados par Streptococcus pneumoniae A presenca
de doencas como leucemia linf6ide crOniea e diabetes mellitus fcram 5uficientes para
causar um certa grau de imunossupressao e predispor a paciente a infeccao par
Streptococcus pneumoniae mesma sem hist6ria antecedente de infecC8o
pneumoc6cica trauma ou interven9ao cirurgica (DUFKE KUNZE-KRONAWITIER
SCHUBERT2004)
57 BACT~RIAS ANAER6BIAS
Tern sido descritos casas de infec90es do trato urinario par bacterias
anaer6bias com as mais diverses tipos de apresenta90es clinicas entre processes
crenicos e agudos As bacterias recuperadas sao bacilos gram negativQs incluindo
Bacteroides fragifis Prevotella sp e Porphyromonas sp Clostridium sp cocos
gram-positiv~s e Actinomyces sp Em muitos casas sao recuperadas em culturas
mistas com coliformes e estreptococos (BROOK 2004)
58 OUTRAS BACT~RIAS FASTIDIOSAS
Foi descrita par Greub e Raoult (2002) uma nova especie bacteriana
Actinobaculum massiliae recuperada da urina de uma mulher de 81 anos com ITU
cr6nica Os estudos fenotipicos genotfpicos e filogeneticos realizados mostraram
ser 0 isolado urna nova especie ainda nao recanhecida dentro do genera
Actinobaculum e foi proposta a denominacao Actinobaculum massiliae A mesma
cepa faj isolada tres vezes num perlodo de sete meses mesmo apes tratamento
44
com amoxicilina sulfametoxazol~trimetoprim e rifampicina Devida ao fata do
microrganismo nao ser isolado em procedimentos laboratoriais de rotina uma ITU
devido a Actinobaculum massiliae pade ser mal diagnosticada Alem disso as
col6nias apresentam heterogeneidade morfol6gica ap6s cinco dias de incubacao
podendo levar a uma errOnea interpretaC(ao de contaminacao com duas especies de
badlas gram~positivos 0 usa de agar sangue de carneiro e incubacao prolongada
motivado pela presenca de 106 leuc6cit05 per ml na urina da paciente permitiu a
desenvolvimento da cepa Houve cura ap6s tratamento com doxiciclina (GREUB
RAOUL T 2002)
Em estudo clinico e microbiol6gico de mulheres com sindrome uretral -
excluindo pacientes com cistite bacteriana - 41 pacientes foram comparadas com 42
pacientes controle Nao foi encontrada diferenca entre pacientes e con troles em
incid~ncia de Chlamydia trachomatis e outros microrganismos de transmiss3o
sexual 0 numero de lactobacilos e outros microrganismos fastidiosos bem como a
numero de leucocitos na urina nao apresentaram diferenca entre pacientes com
sintomas leves e intensos ou entre pacientes e controles Os auto res sustentam a
hipotese da sindrome uretral nao ser causada por infecrao bacteriana ou clamidial
(GILLESPIE et al 1989)
45
6 CONCLUSAO UMA REFLExAO
E indiscutivel a importo1ncia para a laborat6rio de requisicoes de exame
completas com informayoes sabre suspeita clinica existencia de sintomas
anormalidades do trata urinario e condhoes imunol6gicas do paciente Embora
tradicionalmente a maiaria dos medicos nao fornega muitas informacoes sabre 0
paciente ao laborat6rio a microbiologista pede incentivar a criacao de urn canal de
comunicacao quando observar a necessidade de informagoes sobre determinado
paciente
Exames anteriores do paciente sempre que disponiveis devem ser
consultados e comparados pois informacoes sabre infecc6es recorrentes au
recidivantes especies bacterianas envolvidas au presen9a de piuria esteril sao
importantes para direcionar a pesquisa para agentes fastidiosos
o metoda de coleta e as condi~6es de transporte da urina deterrninam a
qualidade da amostra e a quao relevantes serao as microrganismos nela
encontrados Considerando-se que urna bacteria normalmente considerada como
contarninante introduzida durante a coleta pode ser em alguns casos patogenica ou
ainda que uma especie fastidiosa patogenica de crescimento lento pode ter seu
crescimento inibido par uma contaminante de crescimenta mais rapido a coleta
adequada torna-se urn fator de suma importancia para a detec~ao de especies
fastidiosas em urina
Como ja discutida torna-se indispensavel a realiza~ao da calora~ao de
Gram em amostras de urina pOis alem de ser urn teste de triagem rapida e barato
para bacteriuria acima de 105 UFCml pode ser 0 unica indicativa da presen~a de
urna especie fastidiosa
46
A comunica~ao entre a microbiologista e a medico pode determinar nao 56 a
sucesso do diagn6stico e do tratamento como a viabilidade economica da pesquisa
de bacterias fastidiosas para 0 laborat6rio urna vez que direciona as esforyos
laboratoriais aos pacientes que realmente necessitam evitando 9a5t05
desnecessarios
Bacte-rias fastidiosas podem nao responder ao tratamento antibi6tico para
pat6genos convencionais do trato urinario portanto a pesquisa precocemente
direcionada para tais agentes pode melhorar 0 progn6stico das ITU evitando a
administracao de antibioticos inadequados au desnecessarios
Como observado nos diversos casas reiatados bacterias fastidiosas
ocorrem em cenaries clinicos especificos 0 entendimento do processo da doen=a e
as condi=oes do paciente pod em ajudar muito 0 laboratorio no esfor=o para
recuperar a bacteria do material clinico
47
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
ALBINI C A Cullura de Urina Analise das metodologias interfer~ncja sobre as
resultados e proposta para padronizacao 1994 54 f Monografia (Especia1iza9aO em
Bacteriologia) - Setor de Ciencias da Saude Departamento de Patologia Medica
Universidade Federal do Parana Curitiba
AGARWAL M DIXON R A A study to detect Gardnerella vagina lis DNA in
interstitial cystitis British Journal of Urology (on line) 2001 Disponlvel em
httpwwwbjuiorg889articlebju2514aspAcessoem 03 fev 2005
BATRA A Interstitial Cystitis Updade Infection Urology (on line) 1999 Disponivel
em httphomeswipnetsellsopicupdatehtm Acessa em 20 dez 2004
CLARIDGE J E JOHNSON J R PEZZLO M T Laboratory Diagnosis of Urinary
Tract Infections Washington American Society for Microbiology 281998
BROOK I Urinary tract genito-urinary suppurative infections due to anaerobic
bacteria International Journal of Urology (on line) 2004 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezigueryfcgicmd=Retrieveampdb=pubmedampdopt=Abst
ractamplist uids=15009360 Acesso em 18 mar 2005
DOMANN E HONG G IMIRZALIOGLU C TURSCHNER S KOHLE J
WATZEL C HAIN T HOSSAIN H CHAKRABORTY T Culture-Independent
Identification of Pathogenic Bacteria and Polymicrobial Infections in the Genitourinary
Tract of Renal Transplant Recipients Journal of Clinical Microbiology (on line) 2003
48
Disponivel em httpjcmasmorgcgireprintl41125500pdf Acesso em 18
mar2005
DOMINGUE G J HELLSTROMW J G Prostatitis Clinical Microbiology Reviews
(on line) 1998 Disponivel em httpcmrasmorglcgilcontentifuIl11141604 Acesso
em 03 fev 2005
DUFKE S KUNZE-KRONAWITIER H SCHUBERT S Pyelonephritis and
Urosepsis Caused by Streptococcus pneumoniae Journal of Clinical Microbiology
(on line) 2004 Disponlvel em httpjcmasmorgcgicontentifuIl4294383 Acesso
em 06 mar2005
FAIRLEY K F BIRCH D F Detection of Bladder Bacteriuria in Patients with Acute
Urinary Symptoms The Journal of Infectious Diseases Melbourne v 159 n2 p
226-231 fev 1989
FRAIMOW H S JUNGKIND D L LANDER D W DELSO D R DEAN J L
Urinary Tract Infection with an Enterococcus taecais Isolate that Requires
Vancomycin for Growth Annals of Internal Medicine (on line) 1994 Oisponivel em
httpwwwannalsorgcgicontentifuIl1211122 Acesso em 18 mar 2005
FRANZ M HCRL W H Common errors in diagnosis and management of urinary
tract infection I Patophysiology and diagnostic techniques Nephrology Dialysis
Transplantation (on line) 1999 Disponivel em
httpltwwwndtoupjournalsorgcgicontentifuIl141127 46 Acesso em 01 dez 2004
49
GIBB A P Plates are Belter than Broth for Recovery of Fastidious Organisms from
some Specimen Material Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Oisponivel
em httpjcmasmorgcgireprinU4041129pdf Acesso em 06 mar2005
GILLESPIE W A HENDERSON E P LINTON K B SMITH P J Microbiology
of the urethral (frequency and dysuria) syndrome A controlled study with 5-year
review British Journal of Urology (on line) 1989 Disponfvel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
2804564ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr 2005
GINESTRE PEREZ M ROMERO-A~EZ S MARTINEZ-GARCIA A RINCON-
VILLALOBOS G HARRIS-SOCORRO B CATELLANO-GONZALES M AVILA-
ROO Y PEROZO-MENA A Gardnerella vaginalis y uropat6genos convencionales
em pacientes ambulatorios Revista de La Sociedad Venezolana de Microbiaogia
(on line) 2001 Disponivel em
httpwwwseieloorgvaseielo phpscriptsci arttextamppid=S 1315-
25562001000200003amplng=esampnrm=isso Acesso em 05 jan 2005
GOBERNADO M CRUZ F J DALET F BROSETA E DE CUETO M
SANTOS M DE LA ROSA M Procedimientos en Microbiologla Clinica La
infeccion urinaria 2002 Disponivel em
httpwwwseimcorgprotocolosmicrobiologiaindice14htm Acesso em 01 dez
2004
50
GOLAPACHAR A AKINS R L DAVIS W R SIDDIQUI A A Urinary tract
infection caused by Aerococcus viridans a case report International Medical Journal
for Experimental and Clinical Research (on line) 2004 Oisponivel em
httpwlNNmedscimonitcompubvol 10no 114928pdf Acesso em 03 dez 2004
GREUB G RAOULT D Actinobaculum massiliae a new species causing chronic
urinary tract infection Journal of Clinical Microbiology (on line) 2002 Disponivel em
httpwwwpubmedcentralnihgov articlerender fcgitool=pubmedamppubmedid=12409
355 Acesso em 13 fev2005
HElLBERG I P Diagnosis and clinical management of urinary tract infection
Disponivel em httpwwwunineteducin2003confpfefermanpfefermanhtml
Acesso em 20 out 2004
KONEMAN E W ALLEN S D JANDA W M SCHREKENBERGER P C
WINN Jr W C Cr Atlas and Textbook of Diagnostic Microbiology 5ed
Philadelphia Lippincott-Raven 1997
LIPSKY B A Managing Prostatitis and Urinary Tract Infection in Men Infectious
Diseases Infoalerl (on line) 2003 Oisponivel em
httpwwwdpacomhklpdflinfolnfoALERT 15pdf Acesso em 10 dez 2004
MASKELL R A new look at the diagnosis of infection of the urinary tract and its
adjacents structures Joumaloflnfecfion Portsmouth n 19 p 207-217 jul 1989
51
MERIA P DESGRIPPES A ARFI C LE DUC A Encrusted Cystitis and Pyelitis
Journal of Urology (on line) 1998 Disponlvel em
htlpIwwwjurologycomipUrejuroabstract00005392-1 99807000-
00003htmmiddotjsessionid-CnHOtEDjxvOgrxiWIUac52pekluG1HSCZzrnOpCIJH4V107ePU
evI848681301-949856032190011-1 Acesso em 21 abr 2005
McCUE J D The Management of Complicated Urinary Tract Infections Infectious
Diseases Infoalert (on line) 1999 Disponfvel em
htlpIwwwdpacomhkJpdlfinlofinlo alart 01pdl Acesso em 01 dez 2004
MURRAY P R Manual of Clinical Microbiology 7ed Washington ASM Press
1999
NABER K G BERGMAN B BISHOP M C JOHANSEN T E B BOTTO H
LOBEL B CRUZ F J SELVAGGI F P European Association 01 Urology
Guidelines on Urinary and Male Genital Tract Infections Disponlvel em
httpwwwuroweborglfilesluploaded filesuti mgtLpdf Acesso em 20 dez 2004
OPLUSTIL C P Urocultura In__ Procedimentos basicos em microbiologia
clinica 2 ed Sao Paulo Sarvier 2004 p 88-93
OSBORNE J About Interstitial Cystitis Disponivel em htlplwwwic-
networkcomhandbooklbasicshtmlintro Acesso em 20 dez 2004
52
PEDRAZA AVILES A G ORTIZ ZARAGOZA M C Symptomatic bacteriuria due to
Ureaplasma and Mycoplasma in adults Revista Latinoamericana de Microbiologia
(on line) 1998 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedampdopt=Abs
tractamplist uids=20388109 Acesso em 20 abr 2005
RIEGEL P RUIMY R BRIEL D de PREVOST G JEHL F BIMET F
CHRISTEN R MONTEIL H Corynebacterium seminale sp Nov a New Species
Associated with Genital Infections in Male Patients Journal of Clinical Microbiology
(on line) 1995 Disponlvel em
htlpllwwwpubmedcentralnihgovpicrenderfcgiartid=228387ampblobtype=pdf
Acesso em 19 mar 2005
SORIANO F PONTE C A case of urinary tract infection caused by
Corynebacterium urealyticum and coryneform group F1 European Journal of Clinical
Microbiology Infectious Diseases (on line) 1992 Disponfvel em
httoIwwwncbinlmnihgoventreziguervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
1396772ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr2005
TANNER M A SHOSKES DSHAHEDA PACENR Prevalence of
Corynebacterial 16S fRna Sequences in Patients with Bacterial and Nonbacterial
Prostatitis Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Disponivel em
httpmcmasmorgcontenVfull3761863 Acesso em 06 mar 2005
TRABULSI L R ALTERTHUM F Escherichia coli uropatagenica (UPEC) In
Microbiaagia 4 ed Sao Paulo Atheneu 2004 p 303-309
53
33
TABELA 2 - FREQU~NCIA DE UROPATOGENOS CONVENCIONAISE BACTERIAS FASTIDIOSAS EM 191 PACIENTES DO SEXOFEMININO COM BACTERIURIA POLMICROBIANA - 1989
Numero de Somente Samente especies Especiesespecies (numera uropat6genos fastidiosas convencionais e
de pacientes) convencionais fastidiosasOois (153) 9 99 45Tres (34) 0 17 17Quatro (4) 0 1 3
FONTE The Royal Melboume Hospital
Ureaplasmas au Gardnerella vaginalis fcram recuperados em 179 das 191
mulheres com infecgao polimicrobiana estando presentes concomitantemente em
100 das 191 amostras sugerindo urna passivel relacc3osimbi6tica Uropat6genos
convencionais fcram isolados em pouco mais de 33 das mulheres na maiaria dos
casas acompanhados por bacterias fastidiosas indicando que infeccoes
polimicrobianas usualmente envolvem bacterias fastidiosas (FAIRLEY BIRCH
1989)
A contagem de col6nias excedeu 105 UFCml apenas na minoria dos
pacientes portanto a bacteriuria nao seria detectada em muitos individuos caso 0
valor de ponto de corte tradicional tivesse sido utilizado Os resultados tambem
mostraram que baixas contagens bacterianas podem acontecer com qualquer uma
das especies bacterianas isoladas embora tenham sido mais freqoentes para
Ureaplasma urealytieum e Mycoplasma hominis Cento e setenta e quatro (21)
isolados apresentaram contagens inferiores a 103 UFCml sendo 138 (84)
pertencentes a especies fastidiosas (FAIRLEY BIRCH 1989)
Franz e HOrl (1999) citaram a ocorrencia de HaemophiJus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae pneumococos Campyobaeter Legionella
pneumophila Salmonella spp Shigella spp Corynebacterium grupo 02
34
Mycobacterium tuberculosis micobacterias atipicas e fungos como causadores
ocasionais de ITU
Domann et al (2003) realizaram estudo em amostras do trato urinario de
transplantados renais utilizando tecnicas moleculares baseadas em 168 rRNA peR
e cromatografla liquida de alta performance (DHPLC) Foi avaliada a aplicaaD do
metoda em 109 amostras e observou-se 100 de correlacao para amostras cultura-
positivas Para as amostras cultura-negativas a DHPLC permitiu a deteccao de
uropat6genos previa mente conhecidos como Corynebacterium urealyticum e
Gardnerella vaginalis mas tambem agentes nao usuais como AnaerocDCCUs
laclolyticus Bacteroides vufgatus Diaisler invisus Fusobacterium nuceaturn
Lactobacillus iners Leptotrichia amnionii Prevotella buccalis Prevotella ruminicola
Rahnella aquatilis e Streptococcus intermedius detectados como unicos pat6genos
ou como agentes de infecyoes polimicrobianas Uma vez que as ITU sao
freqGentemente associadas com inicio precoce de rejeiyBo cronica em
transplantados renais e conveniente a pesquisa de agentes patogenicos
oportunistas e nao usuais para 0 correto direcionamento do tratamento
antimicrobiano
Quatro casos de ITU com bacteremia por Methylobacterium spp em
pacientes do sexo feminino imunocompetentes foram reportados por Lee Tang e Uu
(2004) Todas as pacientes tiveram hemoculturas positivas para Methylobacterlum
spp e suas culturas de urina foram negativas ou positivas para Escherichia coli com
crescimento concomitante de outro bacHo gram-negativ~ em baixa contagem que foi
ignorado Foram realizados experimentos especiais com os isolados indicando que
de acordo com os procedimentos padrao para culturas de urina com 24 horas de
incubayao a 35degC as colonias de Methylobacterium spp nao sao visualizadas e 0
35
pequeno numero de col6nias observado ap6s incuba~ao adicional de 24 heras a
temperatura ambiente apenas sugere ser a especie urn contaminante
Particularmente quando especies de Methyfobacterium estao presentes
concomitantemente com Escherichia coli ocorre supressao do cresci menta de
Methylobacterium spp tornando impassivel a sua deteccao 0 estudo conclui que a
falta de relatos de casas de ITU por Methylobacterium spp deve-se a impossibilidade
de detec~ao da especie por metodos padrao de cultura de urina au ainda porque a
baixa virulelncia da bacteria pode produzir ITU autolimitadas au talvez muitas vezes
curadas com as antibi6tico5 normalmente utilizados As especies estudadas fcram
variavelmente resistentes as cefalosporinas acido nalidixico nitrofurantoina e
sulfametoxazol-trimetoprim e 100 suscetiveis a ciprofloxacin imipenem e
aminoglicosideos
51 Corynebacterium spp
Corynebaclerium urealylicum pode ser uma importante embora rara causa
de ITU variando a freqOencia de isolamentos significativos de zero a 35 em
popularoes nao selecionadas A bacteriuria por Corynebacterium urealyticum ocorre
em pacientes hospitalizados per longos perledes severamente
imunocomprometidos urologicamente manipulados ou idosos Tal microrganismo
tam bern tern sido associado com pielonefrite e pode desaparecer espontaneamente
da urina mesmo sem antibioticoterapia (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Corynebacterium glucuroneyticum tambem chamado Corynebacterium
seminae tern side iselade de semen e trate g~nite-urinarie masculine e pede causar
prostatite ou uretrite Corynebacterium pseudogenitalium (CDC grupo F1) tambem
tern sido reconhecido como pat6gene do trato urinario (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
36
Foi relatado por Soriano e Ponte (1992) um caso de cistite de incrusta~ao
causado por urn corineforme identificado como CDC grupo F1 0 paciente havia
sofrido ITU previas persistentes causadas por Corynebacterium ureayticum (CDC
grupo 02) A cura bacteriol6gica foi alcan=ada apes urn mes de tratamento com
amoxicilina e acido acetohidroxamico
Meria at al (1998) realizaram levantamento bibliografico entre as anos de
1985 a 1997 sabre casas de cistite e pielite de incrustacao Foi constatado a
aumento progressive no numero de cases especialmente em pacientes
imunodeprimidos e particularmente em transplantados renais Tais inflamacoes
cr6nicas estao associadas com incrustac6es da mucosa causadas por bacterias
produtoras de urease tendo sido as mais freqOentes especies de Corynebacterium
grupo 02 A presenCa de urina alcalina contendo abundantes debris mucopurulentos
calcificados e alta mente sugestiva e pode auxiliar no diagnostico clinico A
demonstracao da bacteria envolvida requer culturas prolongadas em meios de
cultura enriquecidos 0 diagnostico precoce pode evitar falhas de tratamento e uma
possivel rejeicao do orgao transplantado
Em estudo realizado par Riegel et al (1995) corineformes em quantidades
significativas (104a 105 UFCml) foram isolados em amostras de semen uretra urina
e sangue de homens inferteis com diagn6stico de prostatite As analises genomicas
realizadas demonstraram ser as cepas pertencentes a uma mesma especie dentro
do genero Corynebacterium As 12 amostras mostraram padroes bioquimicos
simi lares entre elas born crescimento em agar sangue de carneiro em contraste com
crescimento pobre no mesmo meio suplementado com Tween 80 1 teste de
CAMP positivo fermentacao de glicose sacarose e presenCa de beta-glucuronidase
Tais caracteristicas permitiram a distincao destas cepas dos outros membros do
37
genera e 0 nome proposto foi Corynebacterium seminae Embera organismos
difter6ides pass am fazer parte da microbiota uretral a presenCa de contagens
significativas destas especies no semen sugere urna implica~ao infecciosa
particularmente na prostatite
Estudo molecular filogenetico baseado em 16S rRNA peR realizado em
pacientes com prostatite croniea demonstrou sinais bacterian05 em 65 dos
pacientes estudados Foi constatada a ocorreuromcia de um amplo espectro de
especies bacterianas no fluido prostatico dos pacientes incluindo Corynebacterium
Staphylococcus PepiosfreptococGUS Streptococcus e Escherichia Especies do
genera Corynebacterium foram encontradas em maior proponao incluindo especies
ainda nae descritas e n~o presentes nas amostras de controle sugerindo que
possam ter um papel na doen~a au que sejam conseqOemcia da mesma 0 estudo
mostreu ainda que os microrganismos associ ados com prestatite geralmente
ocorrem em comunidades microbianas distintas daquelas encontradas em liquidos
prostaticos normais (TANNER ot al 1999)
Segundo Domingue e Hellstrom (1998) a observaltio microsc6pica
cuidadosa de amostras de secre~~o prostatica bern como a inocula~~o em meios
enriquecidos sao essenciais para a isolamento de corineformes Foi realizado estudo
em uma amostra de secre~ao prostatica na qual a colora~ao de Gram apresentou
cocobacilos gram Itlbeis pleom6rficos que nao se desenvolveram em meios de rotina
incubados por 72 horas a 35degC Houve desenvolvimento em meio de cultura
enriquecido com extrato de leveduras e sora de cavalo e incubado no minimo 72
horas em atmosfera de 5 de CO2 a 35degC A secregao inoculada em caldo triptose
demonstrou a presen~a de bacilos gram-varitlveis (microscopicamente) e quando
repicada produziu bacilos de crescimento lento em meios de retina e enriquecidos
38
(incubados aerobicamente anaerobicamente ou sob tensao de CO2 par 72 haras)
Corineformes ocultos pod em ser agentes etiol6gicos da prostatite idiopatica croniea
que sao frequentemente perdidos au nao percebidos em procedimentos
bacteriol6gicos de rotina
52 Gardnerella vaginais
o significado de Gardnerela vaginais em urina e controverso pois a
principal associacao patogElnica desta bacteria e com a vaginose na mulher Embora
baixas contagens na urina parecam refletir a micro biota da uretra masculina ou
feminina contagens aeima de 10000 UFCml ja fcram associadas com bacteriuria
sintomatica ITU recorrente cistite na mulher uretrite e prostatite no homem
Entretanto me sma quando ern altas contagens freqOentemente nao ha resposta
leucocitaria Gardnerela vaginalis e encantrada mais freqOentemente em mulheres e
pacientes com doena renal e ap6s instrumentaao (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
Estuda realizado par Agarwal e Dixon (2001) investigau a passivel papel de
Gardnerella vaginalis na cistite intersticial usando metodos maleculares para
garantir a recuperaCao do microrganismo mesmo em baixas contagens Nenhuma
das trinta e tres amastras de bi6psias de bexiga de pacientes com cistite intersticial
foram positivas para Gardnerella vaginais a que embora nao exclua seu
envalvimenta na cistite intersticial diminui esta probabilidade
Ginestre Perez et al (2001) realizaram estudo de mil trezentas e setenta
amostras de jato media de urina de pacientes com sintomas de ITU Gardnerella
vaginalis cujo papel patagenica no trato urinario e discutivel ocupou a segundo
lugar em freqOencia etiologica (1763) ficando atras somente de Escherichia coli
(5210) e superando microrganismos cansiderados uropat6genas classicos como
39
Proteus mirabifis (763) Klebsiella pneumoniae (684) e Pseudomonas
aeruginosa (368) Embera a presen~a de Gardnerella vaginais em amostras de
jato media urinario possa indicar contaminayao vaginal todos as cultivos positivos
para esta bacteria apresentavam contagens superiores a 100000 UFCml e
provinham de pacientes sintomaticos representando urna alta probabilidade de
infec~ao urinaria verdadeira
53 Mycoplasma hominis E Ureaplasma urealyticum
Especies patogenicas como Mycoplasma hominis e Ureaplasma urealyticum
ocorrem freqOentemente como colonizantes do trato urogenital inferior de homens e
mulheres saudaveis A ocorrencia de infec~ao esta provavelmente relacionada a
imunossupressao obstru~ao ou procedimentos previos de instrumental)ao no trato
urinario Ureaplasma urealyticum tern sido encontrado em calculos urinarios de
pacientes com liHase infecciosa sugerindo uma possivel associal)ao causal
Mycoplasma hominis tern sido isolado do trato urinario superior em pacientes com
sintomas de pielonefrite aguda FreqOentemente ha resposta imunol6gica especifica
(MURRAY 1999)
Foi pesquisada a presen9a de Ureaplasma urealyticum e Mycoplasma
hominis em amostras de jato medio de 314 mulheres e 52 homens sintomaticos do
trata urinltilria Ureaplasma urealyticum fai isalada em 54 (171) das mulheres e 8
(154) dos hom ens e Mycoplasma hominis foi isolado em 12 (38) das mulheres
e 4 (77) dos homens Ureaplasma urealyOcum foi superado apenas par
Escherichia coli e Gardnerella vaginalis em ambos grupas 366 e 254
respectivamente no sexo feminina e 585 e 308 no masculino Demonstrou-se
partanto que a bacteriuria par ureaplasmas e relativamente co mum porem nao e
40
detectada por metodos convencionais de cultura de urina (AVILES ZARAGOZA
1998)
A significancia de micoplasmas em amostras de jato medic urinario e de
dificil determinacao devido a provavel contaminacao da amostra par
microrganismos colonizantes da vagina e uretra distal Entretanto estudos
realizados em amostras de aspirado suprapubico em gestantes demons tram que 0
desenvolvimento de pre-eclampsia e tres vezes mais prov3vel em mulheres
apresentando culturas positivas para ureaplasmas no inicio da gestacao do que em
mulheres com culturas negativas no mesmo periodo (KONEMAN ef a 1997)
54 Haemophilus spp
Existem varios estudos relacionando Haemophifus influenzae e Haemophilus
parainfluenzae a ITU embora sua freqOencia e significancia nae tenham sido
confirmadas Alguns pesquisadores sugerem a inclusao de agar chocolate em
culturas de urina de crian~as por causa da associa~ao de Haemophilus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae com outras infec~6es nesta faixa etaria (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
Maskell (1989) citou a ocorrencia de certas bacterias fastidiosas em sftios do
trato urinflrio abaixe da bexiga como par exemple em cases de prostatite por
Haemophilus influenzae
55 Lactobacillus spp
Em estudo realizado em pacientes do sexe feminine com sind rome uretral
aguda demonstrou-se uma alta freqOencia de isolamentos de lactobacilos Durante
dois anos amastras de jato medic de tais pacientes foram cultivadas observando-se
a principio alta concentracao de lactobacilos principalmente nas pacientes
sintomaticas Ao final do estudo durante 0 qual foi impedido 0 usa de antibi6ticos os
41
lactobacilos desapareceram da urina de muitas mulheres as quais tornaram-se
assintomaticas Os autores concluiram que as sintomas da sindrome uretra podem
ser devidos a multiplica~ao desproporcional de lactobacilos na uretra distal como
resultado de antibioticoterapia frequentemente administrada em cursos prolongados
para resolurao dos sintomas urinarios Lactobacilos tambem tern sido relatados em
amostras de urina obtidas diretamente da bexiga e de amostras de tecido obtidas
par bi6psia vesical bern como ocasionalmente isolados em urinas de mulheres
idosas com sintomas urinarios (MASKELL 1989)
56 COCOS GRAM-POSITIVOS
Microrganismos dos generos Lactococcus Gemella Aerococcus e
Globicatella embora possam estar presentes como contaminantes em culturas de
material clinico tern sido isolados como patogenos oportunistas ern urina e outras
amostras de pacientes imunocomprometidos Esforyos para identifica-Ios devem ser
realizados quando os isolados forem clinicamente significantes isto e isolados
repetidamente ou em cultura pura Devido a semelhanya com outros cocos gram-
positivos isolados com mais freq04sectncia como estreptococos enterococos e
estafilococos possivelmente sao confundidos com especies destes generos
(MURRAY 1999)
Golapachar et al (2004) relata ram um caso de infec9ao do trato urinario com
bacteremia causa do por Aerococcus viridans em um homem de 87 anos residente
em uma cUnica de repouso A cultura de urina apresentau crescimenta de 105
UFCml de Aerococcus viridans e a hemocultura fai positiva para a mesmo
microrganismo Os testes bioqulmicos que leva ram a identificayao do
microrganismo faram reayoes negativas de catalase e LAP (Ieucina aminopeptidase)
e reaDes positivas para PYR (L-pyrrolidonyl-beta-naphtylamina) fermentaao de
42
trehalose e manese resistencia a optoquina crescimento em agar bile esculina 40
e cresci menta em cloreto de s6die 65 As especies de Aerococcus sao anaer6bias
facultativas a maioria catalase negativa com tendemcia a formaCao de tetrades na
morfologia microsc6pica PYR positivo e LAP negativ~ a que as diferencia de
enterococos e estreptococos
A escassa documentacao a respeito de infecyoes humanas por Aerocccus
sp deve-se provavelmente a sua similaridade microbiol6gica aos estreptococos alfa-
hemoliticos e enterococos e possiveis erras na interpretacao laboratorial de
amostras clinicas No casa acima descrito a laborat6rio de microbiologia nao pade
reaHzar a antibiograma devido a natureza fastidiosa da bacteria mas houve sucesso
terapeutico ap6s administray8o intravenosa de levofloxacin (GOLAPACHAR et al
2004)
Um caso de pielonefrite e urossepsis por Streptococcus pneumoniae foi
relatado em urn hornem de 82 anos com hist6ria clinica de leucemia linf6ide cronica
e diabetes mellitus Exames radiograficos abdominais e tomografia computadorizada
mostraram uma imagem indicativa de extensa pielonefrite no rim esquerdo sem
nenhum outro foco de infecc8o 0 abscesso renal foi tratado por drenagem
transuretral e 0 material purulento obtido foi cultivado assim como materiais de
orofaringe escarro e sangue Esearro e orofaringe revelaram apenas mierobiota
normal do trato respirat6rio enquanto 0 material drenado e as hemoculturas
demonstraram microseopicamente cocos gram-positiv~s aos pares e em eadeias
alguns dos quais eram lanceolados havendo bom crescimento em agar sangue de
carneiro e agar chocolate a 37degC As col6nias eram fracamente alfa-hemoliticas no
agar sangue e nao muc6ides catalase-negativas e sensiveis a optoquina Testes de
aglutinac8o sorologiea de ambos materiais confirmaram a identificac8o e testes
43
moleculares demonstraram ser as dois isolados identicas Apesar da terapia
antimicrobiana a paciente desenvolveu coagula98o intravascular disseminada e
sofreu uma parada cardiaca sendo que 0 quadro foi revertido mas tornau-se
necessaria a nefrotomia para eliminar a foco da infeccao Em contraste a estud05
anteriores a paciente descrito apresentou um verdadeiro casa de pielonefrite
abscesso renal e urossepsis causados par Streptococcus pneumoniae A presenca
de doencas como leucemia linf6ide crOniea e diabetes mellitus fcram 5uficientes para
causar um certa grau de imunossupressao e predispor a paciente a infeccao par
Streptococcus pneumoniae mesma sem hist6ria antecedente de infecC8o
pneumoc6cica trauma ou interven9ao cirurgica (DUFKE KUNZE-KRONAWITIER
SCHUBERT2004)
57 BACT~RIAS ANAER6BIAS
Tern sido descritos casas de infec90es do trato urinario par bacterias
anaer6bias com as mais diverses tipos de apresenta90es clinicas entre processes
crenicos e agudos As bacterias recuperadas sao bacilos gram negativQs incluindo
Bacteroides fragifis Prevotella sp e Porphyromonas sp Clostridium sp cocos
gram-positiv~s e Actinomyces sp Em muitos casas sao recuperadas em culturas
mistas com coliformes e estreptococos (BROOK 2004)
58 OUTRAS BACT~RIAS FASTIDIOSAS
Foi descrita par Greub e Raoult (2002) uma nova especie bacteriana
Actinobaculum massiliae recuperada da urina de uma mulher de 81 anos com ITU
cr6nica Os estudos fenotipicos genotfpicos e filogeneticos realizados mostraram
ser 0 isolado urna nova especie ainda nao recanhecida dentro do genera
Actinobaculum e foi proposta a denominacao Actinobaculum massiliae A mesma
cepa faj isolada tres vezes num perlodo de sete meses mesmo apes tratamento
44
com amoxicilina sulfametoxazol~trimetoprim e rifampicina Devida ao fata do
microrganismo nao ser isolado em procedimentos laboratoriais de rotina uma ITU
devido a Actinobaculum massiliae pade ser mal diagnosticada Alem disso as
col6nias apresentam heterogeneidade morfol6gica ap6s cinco dias de incubacao
podendo levar a uma errOnea interpretaC(ao de contaminacao com duas especies de
badlas gram~positivos 0 usa de agar sangue de carneiro e incubacao prolongada
motivado pela presenca de 106 leuc6cit05 per ml na urina da paciente permitiu a
desenvolvimento da cepa Houve cura ap6s tratamento com doxiciclina (GREUB
RAOUL T 2002)
Em estudo clinico e microbiol6gico de mulheres com sindrome uretral -
excluindo pacientes com cistite bacteriana - 41 pacientes foram comparadas com 42
pacientes controle Nao foi encontrada diferenca entre pacientes e con troles em
incid~ncia de Chlamydia trachomatis e outros microrganismos de transmiss3o
sexual 0 numero de lactobacilos e outros microrganismos fastidiosos bem como a
numero de leucocitos na urina nao apresentaram diferenca entre pacientes com
sintomas leves e intensos ou entre pacientes e controles Os auto res sustentam a
hipotese da sindrome uretral nao ser causada por infecrao bacteriana ou clamidial
(GILLESPIE et al 1989)
45
6 CONCLUSAO UMA REFLExAO
E indiscutivel a importo1ncia para a laborat6rio de requisicoes de exame
completas com informayoes sabre suspeita clinica existencia de sintomas
anormalidades do trata urinario e condhoes imunol6gicas do paciente Embora
tradicionalmente a maiaria dos medicos nao fornega muitas informacoes sabre 0
paciente ao laborat6rio a microbiologista pede incentivar a criacao de urn canal de
comunicacao quando observar a necessidade de informagoes sobre determinado
paciente
Exames anteriores do paciente sempre que disponiveis devem ser
consultados e comparados pois informacoes sabre infecc6es recorrentes au
recidivantes especies bacterianas envolvidas au presen9a de piuria esteril sao
importantes para direcionar a pesquisa para agentes fastidiosos
o metoda de coleta e as condi~6es de transporte da urina deterrninam a
qualidade da amostra e a quao relevantes serao as microrganismos nela
encontrados Considerando-se que urna bacteria normalmente considerada como
contarninante introduzida durante a coleta pode ser em alguns casos patogenica ou
ainda que uma especie fastidiosa patogenica de crescimento lento pode ter seu
crescimento inibido par uma contaminante de crescimenta mais rapido a coleta
adequada torna-se urn fator de suma importancia para a detec~ao de especies
fastidiosas em urina
Como ja discutida torna-se indispensavel a realiza~ao da calora~ao de
Gram em amostras de urina pOis alem de ser urn teste de triagem rapida e barato
para bacteriuria acima de 105 UFCml pode ser 0 unica indicativa da presen~a de
urna especie fastidiosa
46
A comunica~ao entre a microbiologista e a medico pode determinar nao 56 a
sucesso do diagn6stico e do tratamento como a viabilidade economica da pesquisa
de bacterias fastidiosas para 0 laborat6rio urna vez que direciona as esforyos
laboratoriais aos pacientes que realmente necessitam evitando 9a5t05
desnecessarios
Bacte-rias fastidiosas podem nao responder ao tratamento antibi6tico para
pat6genos convencionais do trato urinario portanto a pesquisa precocemente
direcionada para tais agentes pode melhorar 0 progn6stico das ITU evitando a
administracao de antibioticos inadequados au desnecessarios
Como observado nos diversos casas reiatados bacterias fastidiosas
ocorrem em cenaries clinicos especificos 0 entendimento do processo da doen=a e
as condi=oes do paciente pod em ajudar muito 0 laboratorio no esfor=o para
recuperar a bacteria do material clinico
47
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
ALBINI C A Cullura de Urina Analise das metodologias interfer~ncja sobre as
resultados e proposta para padronizacao 1994 54 f Monografia (Especia1iza9aO em
Bacteriologia) - Setor de Ciencias da Saude Departamento de Patologia Medica
Universidade Federal do Parana Curitiba
AGARWAL M DIXON R A A study to detect Gardnerella vagina lis DNA in
interstitial cystitis British Journal of Urology (on line) 2001 Disponlvel em
httpwwwbjuiorg889articlebju2514aspAcessoem 03 fev 2005
BATRA A Interstitial Cystitis Updade Infection Urology (on line) 1999 Disponivel
em httphomeswipnetsellsopicupdatehtm Acessa em 20 dez 2004
CLARIDGE J E JOHNSON J R PEZZLO M T Laboratory Diagnosis of Urinary
Tract Infections Washington American Society for Microbiology 281998
BROOK I Urinary tract genito-urinary suppurative infections due to anaerobic
bacteria International Journal of Urology (on line) 2004 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezigueryfcgicmd=Retrieveampdb=pubmedampdopt=Abst
ractamplist uids=15009360 Acesso em 18 mar 2005
DOMANN E HONG G IMIRZALIOGLU C TURSCHNER S KOHLE J
WATZEL C HAIN T HOSSAIN H CHAKRABORTY T Culture-Independent
Identification of Pathogenic Bacteria and Polymicrobial Infections in the Genitourinary
Tract of Renal Transplant Recipients Journal of Clinical Microbiology (on line) 2003
48
Disponivel em httpjcmasmorgcgireprintl41125500pdf Acesso em 18
mar2005
DOMINGUE G J HELLSTROMW J G Prostatitis Clinical Microbiology Reviews
(on line) 1998 Disponivel em httpcmrasmorglcgilcontentifuIl11141604 Acesso
em 03 fev 2005
DUFKE S KUNZE-KRONAWITIER H SCHUBERT S Pyelonephritis and
Urosepsis Caused by Streptococcus pneumoniae Journal of Clinical Microbiology
(on line) 2004 Disponlvel em httpjcmasmorgcgicontentifuIl4294383 Acesso
em 06 mar2005
FAIRLEY K F BIRCH D F Detection of Bladder Bacteriuria in Patients with Acute
Urinary Symptoms The Journal of Infectious Diseases Melbourne v 159 n2 p
226-231 fev 1989
FRAIMOW H S JUNGKIND D L LANDER D W DELSO D R DEAN J L
Urinary Tract Infection with an Enterococcus taecais Isolate that Requires
Vancomycin for Growth Annals of Internal Medicine (on line) 1994 Oisponivel em
httpwwwannalsorgcgicontentifuIl1211122 Acesso em 18 mar 2005
FRANZ M HCRL W H Common errors in diagnosis and management of urinary
tract infection I Patophysiology and diagnostic techniques Nephrology Dialysis
Transplantation (on line) 1999 Disponivel em
httpltwwwndtoupjournalsorgcgicontentifuIl141127 46 Acesso em 01 dez 2004
49
GIBB A P Plates are Belter than Broth for Recovery of Fastidious Organisms from
some Specimen Material Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Oisponivel
em httpjcmasmorgcgireprinU4041129pdf Acesso em 06 mar2005
GILLESPIE W A HENDERSON E P LINTON K B SMITH P J Microbiology
of the urethral (frequency and dysuria) syndrome A controlled study with 5-year
review British Journal of Urology (on line) 1989 Disponfvel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
2804564ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr 2005
GINESTRE PEREZ M ROMERO-A~EZ S MARTINEZ-GARCIA A RINCON-
VILLALOBOS G HARRIS-SOCORRO B CATELLANO-GONZALES M AVILA-
ROO Y PEROZO-MENA A Gardnerella vaginalis y uropat6genos convencionales
em pacientes ambulatorios Revista de La Sociedad Venezolana de Microbiaogia
(on line) 2001 Disponivel em
httpwwwseieloorgvaseielo phpscriptsci arttextamppid=S 1315-
25562001000200003amplng=esampnrm=isso Acesso em 05 jan 2005
GOBERNADO M CRUZ F J DALET F BROSETA E DE CUETO M
SANTOS M DE LA ROSA M Procedimientos en Microbiologla Clinica La
infeccion urinaria 2002 Disponivel em
httpwwwseimcorgprotocolosmicrobiologiaindice14htm Acesso em 01 dez
2004
50
GOLAPACHAR A AKINS R L DAVIS W R SIDDIQUI A A Urinary tract
infection caused by Aerococcus viridans a case report International Medical Journal
for Experimental and Clinical Research (on line) 2004 Oisponivel em
httpwlNNmedscimonitcompubvol 10no 114928pdf Acesso em 03 dez 2004
GREUB G RAOULT D Actinobaculum massiliae a new species causing chronic
urinary tract infection Journal of Clinical Microbiology (on line) 2002 Disponivel em
httpwwwpubmedcentralnihgov articlerender fcgitool=pubmedamppubmedid=12409
355 Acesso em 13 fev2005
HElLBERG I P Diagnosis and clinical management of urinary tract infection
Disponivel em httpwwwunineteducin2003confpfefermanpfefermanhtml
Acesso em 20 out 2004
KONEMAN E W ALLEN S D JANDA W M SCHREKENBERGER P C
WINN Jr W C Cr Atlas and Textbook of Diagnostic Microbiology 5ed
Philadelphia Lippincott-Raven 1997
LIPSKY B A Managing Prostatitis and Urinary Tract Infection in Men Infectious
Diseases Infoalerl (on line) 2003 Oisponivel em
httpwwwdpacomhklpdflinfolnfoALERT 15pdf Acesso em 10 dez 2004
MASKELL R A new look at the diagnosis of infection of the urinary tract and its
adjacents structures Joumaloflnfecfion Portsmouth n 19 p 207-217 jul 1989
51
MERIA P DESGRIPPES A ARFI C LE DUC A Encrusted Cystitis and Pyelitis
Journal of Urology (on line) 1998 Disponlvel em
htlpIwwwjurologycomipUrejuroabstract00005392-1 99807000-
00003htmmiddotjsessionid-CnHOtEDjxvOgrxiWIUac52pekluG1HSCZzrnOpCIJH4V107ePU
evI848681301-949856032190011-1 Acesso em 21 abr 2005
McCUE J D The Management of Complicated Urinary Tract Infections Infectious
Diseases Infoalert (on line) 1999 Disponfvel em
htlpIwwwdpacomhkJpdlfinlofinlo alart 01pdl Acesso em 01 dez 2004
MURRAY P R Manual of Clinical Microbiology 7ed Washington ASM Press
1999
NABER K G BERGMAN B BISHOP M C JOHANSEN T E B BOTTO H
LOBEL B CRUZ F J SELVAGGI F P European Association 01 Urology
Guidelines on Urinary and Male Genital Tract Infections Disponlvel em
httpwwwuroweborglfilesluploaded filesuti mgtLpdf Acesso em 20 dez 2004
OPLUSTIL C P Urocultura In__ Procedimentos basicos em microbiologia
clinica 2 ed Sao Paulo Sarvier 2004 p 88-93
OSBORNE J About Interstitial Cystitis Disponivel em htlplwwwic-
networkcomhandbooklbasicshtmlintro Acesso em 20 dez 2004
52
PEDRAZA AVILES A G ORTIZ ZARAGOZA M C Symptomatic bacteriuria due to
Ureaplasma and Mycoplasma in adults Revista Latinoamericana de Microbiologia
(on line) 1998 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedampdopt=Abs
tractamplist uids=20388109 Acesso em 20 abr 2005
RIEGEL P RUIMY R BRIEL D de PREVOST G JEHL F BIMET F
CHRISTEN R MONTEIL H Corynebacterium seminale sp Nov a New Species
Associated with Genital Infections in Male Patients Journal of Clinical Microbiology
(on line) 1995 Disponlvel em
htlpllwwwpubmedcentralnihgovpicrenderfcgiartid=228387ampblobtype=pdf
Acesso em 19 mar 2005
SORIANO F PONTE C A case of urinary tract infection caused by
Corynebacterium urealyticum and coryneform group F1 European Journal of Clinical
Microbiology Infectious Diseases (on line) 1992 Disponfvel em
httoIwwwncbinlmnihgoventreziguervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
1396772ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr2005
TANNER M A SHOSKES DSHAHEDA PACENR Prevalence of
Corynebacterial 16S fRna Sequences in Patients with Bacterial and Nonbacterial
Prostatitis Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Disponivel em
httpmcmasmorgcontenVfull3761863 Acesso em 06 mar 2005
TRABULSI L R ALTERTHUM F Escherichia coli uropatagenica (UPEC) In
Microbiaagia 4 ed Sao Paulo Atheneu 2004 p 303-309
53
34
Mycobacterium tuberculosis micobacterias atipicas e fungos como causadores
ocasionais de ITU
Domann et al (2003) realizaram estudo em amostras do trato urinario de
transplantados renais utilizando tecnicas moleculares baseadas em 168 rRNA peR
e cromatografla liquida de alta performance (DHPLC) Foi avaliada a aplicaaD do
metoda em 109 amostras e observou-se 100 de correlacao para amostras cultura-
positivas Para as amostras cultura-negativas a DHPLC permitiu a deteccao de
uropat6genos previa mente conhecidos como Corynebacterium urealyticum e
Gardnerella vaginalis mas tambem agentes nao usuais como AnaerocDCCUs
laclolyticus Bacteroides vufgatus Diaisler invisus Fusobacterium nuceaturn
Lactobacillus iners Leptotrichia amnionii Prevotella buccalis Prevotella ruminicola
Rahnella aquatilis e Streptococcus intermedius detectados como unicos pat6genos
ou como agentes de infecyoes polimicrobianas Uma vez que as ITU sao
freqGentemente associadas com inicio precoce de rejeiyBo cronica em
transplantados renais e conveniente a pesquisa de agentes patogenicos
oportunistas e nao usuais para 0 correto direcionamento do tratamento
antimicrobiano
Quatro casos de ITU com bacteremia por Methylobacterium spp em
pacientes do sexo feminino imunocompetentes foram reportados por Lee Tang e Uu
(2004) Todas as pacientes tiveram hemoculturas positivas para Methylobacterlum
spp e suas culturas de urina foram negativas ou positivas para Escherichia coli com
crescimento concomitante de outro bacHo gram-negativ~ em baixa contagem que foi
ignorado Foram realizados experimentos especiais com os isolados indicando que
de acordo com os procedimentos padrao para culturas de urina com 24 horas de
incubayao a 35degC as colonias de Methylobacterium spp nao sao visualizadas e 0
35
pequeno numero de col6nias observado ap6s incuba~ao adicional de 24 heras a
temperatura ambiente apenas sugere ser a especie urn contaminante
Particularmente quando especies de Methyfobacterium estao presentes
concomitantemente com Escherichia coli ocorre supressao do cresci menta de
Methylobacterium spp tornando impassivel a sua deteccao 0 estudo conclui que a
falta de relatos de casas de ITU por Methylobacterium spp deve-se a impossibilidade
de detec~ao da especie por metodos padrao de cultura de urina au ainda porque a
baixa virulelncia da bacteria pode produzir ITU autolimitadas au talvez muitas vezes
curadas com as antibi6tico5 normalmente utilizados As especies estudadas fcram
variavelmente resistentes as cefalosporinas acido nalidixico nitrofurantoina e
sulfametoxazol-trimetoprim e 100 suscetiveis a ciprofloxacin imipenem e
aminoglicosideos
51 Corynebacterium spp
Corynebaclerium urealylicum pode ser uma importante embora rara causa
de ITU variando a freqOencia de isolamentos significativos de zero a 35 em
popularoes nao selecionadas A bacteriuria por Corynebacterium urealyticum ocorre
em pacientes hospitalizados per longos perledes severamente
imunocomprometidos urologicamente manipulados ou idosos Tal microrganismo
tam bern tern sido associado com pielonefrite e pode desaparecer espontaneamente
da urina mesmo sem antibioticoterapia (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Corynebacterium glucuroneyticum tambem chamado Corynebacterium
seminae tern side iselade de semen e trate g~nite-urinarie masculine e pede causar
prostatite ou uretrite Corynebacterium pseudogenitalium (CDC grupo F1) tambem
tern sido reconhecido como pat6gene do trato urinario (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
36
Foi relatado por Soriano e Ponte (1992) um caso de cistite de incrusta~ao
causado por urn corineforme identificado como CDC grupo F1 0 paciente havia
sofrido ITU previas persistentes causadas por Corynebacterium ureayticum (CDC
grupo 02) A cura bacteriol6gica foi alcan=ada apes urn mes de tratamento com
amoxicilina e acido acetohidroxamico
Meria at al (1998) realizaram levantamento bibliografico entre as anos de
1985 a 1997 sabre casas de cistite e pielite de incrustacao Foi constatado a
aumento progressive no numero de cases especialmente em pacientes
imunodeprimidos e particularmente em transplantados renais Tais inflamacoes
cr6nicas estao associadas com incrustac6es da mucosa causadas por bacterias
produtoras de urease tendo sido as mais freqOentes especies de Corynebacterium
grupo 02 A presenCa de urina alcalina contendo abundantes debris mucopurulentos
calcificados e alta mente sugestiva e pode auxiliar no diagnostico clinico A
demonstracao da bacteria envolvida requer culturas prolongadas em meios de
cultura enriquecidos 0 diagnostico precoce pode evitar falhas de tratamento e uma
possivel rejeicao do orgao transplantado
Em estudo realizado par Riegel et al (1995) corineformes em quantidades
significativas (104a 105 UFCml) foram isolados em amostras de semen uretra urina
e sangue de homens inferteis com diagn6stico de prostatite As analises genomicas
realizadas demonstraram ser as cepas pertencentes a uma mesma especie dentro
do genero Corynebacterium As 12 amostras mostraram padroes bioquimicos
simi lares entre elas born crescimento em agar sangue de carneiro em contraste com
crescimento pobre no mesmo meio suplementado com Tween 80 1 teste de
CAMP positivo fermentacao de glicose sacarose e presenCa de beta-glucuronidase
Tais caracteristicas permitiram a distincao destas cepas dos outros membros do
37
genera e 0 nome proposto foi Corynebacterium seminae Embera organismos
difter6ides pass am fazer parte da microbiota uretral a presenCa de contagens
significativas destas especies no semen sugere urna implica~ao infecciosa
particularmente na prostatite
Estudo molecular filogenetico baseado em 16S rRNA peR realizado em
pacientes com prostatite croniea demonstrou sinais bacterian05 em 65 dos
pacientes estudados Foi constatada a ocorreuromcia de um amplo espectro de
especies bacterianas no fluido prostatico dos pacientes incluindo Corynebacterium
Staphylococcus PepiosfreptococGUS Streptococcus e Escherichia Especies do
genera Corynebacterium foram encontradas em maior proponao incluindo especies
ainda nae descritas e n~o presentes nas amostras de controle sugerindo que
possam ter um papel na doen~a au que sejam conseqOemcia da mesma 0 estudo
mostreu ainda que os microrganismos associ ados com prestatite geralmente
ocorrem em comunidades microbianas distintas daquelas encontradas em liquidos
prostaticos normais (TANNER ot al 1999)
Segundo Domingue e Hellstrom (1998) a observaltio microsc6pica
cuidadosa de amostras de secre~~o prostatica bern como a inocula~~o em meios
enriquecidos sao essenciais para a isolamento de corineformes Foi realizado estudo
em uma amostra de secre~ao prostatica na qual a colora~ao de Gram apresentou
cocobacilos gram Itlbeis pleom6rficos que nao se desenvolveram em meios de rotina
incubados por 72 horas a 35degC Houve desenvolvimento em meio de cultura
enriquecido com extrato de leveduras e sora de cavalo e incubado no minimo 72
horas em atmosfera de 5 de CO2 a 35degC A secregao inoculada em caldo triptose
demonstrou a presen~a de bacilos gram-varitlveis (microscopicamente) e quando
repicada produziu bacilos de crescimento lento em meios de retina e enriquecidos
38
(incubados aerobicamente anaerobicamente ou sob tensao de CO2 par 72 haras)
Corineformes ocultos pod em ser agentes etiol6gicos da prostatite idiopatica croniea
que sao frequentemente perdidos au nao percebidos em procedimentos
bacteriol6gicos de rotina
52 Gardnerella vaginais
o significado de Gardnerela vaginais em urina e controverso pois a
principal associacao patogElnica desta bacteria e com a vaginose na mulher Embora
baixas contagens na urina parecam refletir a micro biota da uretra masculina ou
feminina contagens aeima de 10000 UFCml ja fcram associadas com bacteriuria
sintomatica ITU recorrente cistite na mulher uretrite e prostatite no homem
Entretanto me sma quando ern altas contagens freqOentemente nao ha resposta
leucocitaria Gardnerela vaginalis e encantrada mais freqOentemente em mulheres e
pacientes com doena renal e ap6s instrumentaao (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
Estuda realizado par Agarwal e Dixon (2001) investigau a passivel papel de
Gardnerella vaginalis na cistite intersticial usando metodos maleculares para
garantir a recuperaCao do microrganismo mesmo em baixas contagens Nenhuma
das trinta e tres amastras de bi6psias de bexiga de pacientes com cistite intersticial
foram positivas para Gardnerella vaginais a que embora nao exclua seu
envalvimenta na cistite intersticial diminui esta probabilidade
Ginestre Perez et al (2001) realizaram estudo de mil trezentas e setenta
amostras de jato media de urina de pacientes com sintomas de ITU Gardnerella
vaginalis cujo papel patagenica no trato urinario e discutivel ocupou a segundo
lugar em freqOencia etiologica (1763) ficando atras somente de Escherichia coli
(5210) e superando microrganismos cansiderados uropat6genas classicos como
39
Proteus mirabifis (763) Klebsiella pneumoniae (684) e Pseudomonas
aeruginosa (368) Embera a presen~a de Gardnerella vaginais em amostras de
jato media urinario possa indicar contaminayao vaginal todos as cultivos positivos
para esta bacteria apresentavam contagens superiores a 100000 UFCml e
provinham de pacientes sintomaticos representando urna alta probabilidade de
infec~ao urinaria verdadeira
53 Mycoplasma hominis E Ureaplasma urealyticum
Especies patogenicas como Mycoplasma hominis e Ureaplasma urealyticum
ocorrem freqOentemente como colonizantes do trato urogenital inferior de homens e
mulheres saudaveis A ocorrencia de infec~ao esta provavelmente relacionada a
imunossupressao obstru~ao ou procedimentos previos de instrumental)ao no trato
urinario Ureaplasma urealyticum tern sido encontrado em calculos urinarios de
pacientes com liHase infecciosa sugerindo uma possivel associal)ao causal
Mycoplasma hominis tern sido isolado do trato urinario superior em pacientes com
sintomas de pielonefrite aguda FreqOentemente ha resposta imunol6gica especifica
(MURRAY 1999)
Foi pesquisada a presen9a de Ureaplasma urealyticum e Mycoplasma
hominis em amostras de jato medio de 314 mulheres e 52 homens sintomaticos do
trata urinltilria Ureaplasma urealyticum fai isalada em 54 (171) das mulheres e 8
(154) dos hom ens e Mycoplasma hominis foi isolado em 12 (38) das mulheres
e 4 (77) dos homens Ureaplasma urealyOcum foi superado apenas par
Escherichia coli e Gardnerella vaginalis em ambos grupas 366 e 254
respectivamente no sexo feminina e 585 e 308 no masculino Demonstrou-se
partanto que a bacteriuria par ureaplasmas e relativamente co mum porem nao e
40
detectada por metodos convencionais de cultura de urina (AVILES ZARAGOZA
1998)
A significancia de micoplasmas em amostras de jato medic urinario e de
dificil determinacao devido a provavel contaminacao da amostra par
microrganismos colonizantes da vagina e uretra distal Entretanto estudos
realizados em amostras de aspirado suprapubico em gestantes demons tram que 0
desenvolvimento de pre-eclampsia e tres vezes mais prov3vel em mulheres
apresentando culturas positivas para ureaplasmas no inicio da gestacao do que em
mulheres com culturas negativas no mesmo periodo (KONEMAN ef a 1997)
54 Haemophilus spp
Existem varios estudos relacionando Haemophifus influenzae e Haemophilus
parainfluenzae a ITU embora sua freqOencia e significancia nae tenham sido
confirmadas Alguns pesquisadores sugerem a inclusao de agar chocolate em
culturas de urina de crian~as por causa da associa~ao de Haemophilus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae com outras infec~6es nesta faixa etaria (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
Maskell (1989) citou a ocorrencia de certas bacterias fastidiosas em sftios do
trato urinflrio abaixe da bexiga como par exemple em cases de prostatite por
Haemophilus influenzae
55 Lactobacillus spp
Em estudo realizado em pacientes do sexe feminine com sind rome uretral
aguda demonstrou-se uma alta freqOencia de isolamentos de lactobacilos Durante
dois anos amastras de jato medic de tais pacientes foram cultivadas observando-se
a principio alta concentracao de lactobacilos principalmente nas pacientes
sintomaticas Ao final do estudo durante 0 qual foi impedido 0 usa de antibi6ticos os
41
lactobacilos desapareceram da urina de muitas mulheres as quais tornaram-se
assintomaticas Os autores concluiram que as sintomas da sindrome uretra podem
ser devidos a multiplica~ao desproporcional de lactobacilos na uretra distal como
resultado de antibioticoterapia frequentemente administrada em cursos prolongados
para resolurao dos sintomas urinarios Lactobacilos tambem tern sido relatados em
amostras de urina obtidas diretamente da bexiga e de amostras de tecido obtidas
par bi6psia vesical bern como ocasionalmente isolados em urinas de mulheres
idosas com sintomas urinarios (MASKELL 1989)
56 COCOS GRAM-POSITIVOS
Microrganismos dos generos Lactococcus Gemella Aerococcus e
Globicatella embora possam estar presentes como contaminantes em culturas de
material clinico tern sido isolados como patogenos oportunistas ern urina e outras
amostras de pacientes imunocomprometidos Esforyos para identifica-Ios devem ser
realizados quando os isolados forem clinicamente significantes isto e isolados
repetidamente ou em cultura pura Devido a semelhanya com outros cocos gram-
positivos isolados com mais freq04sectncia como estreptococos enterococos e
estafilococos possivelmente sao confundidos com especies destes generos
(MURRAY 1999)
Golapachar et al (2004) relata ram um caso de infec9ao do trato urinario com
bacteremia causa do por Aerococcus viridans em um homem de 87 anos residente
em uma cUnica de repouso A cultura de urina apresentau crescimenta de 105
UFCml de Aerococcus viridans e a hemocultura fai positiva para a mesmo
microrganismo Os testes bioqulmicos que leva ram a identificayao do
microrganismo faram reayoes negativas de catalase e LAP (Ieucina aminopeptidase)
e reaDes positivas para PYR (L-pyrrolidonyl-beta-naphtylamina) fermentaao de
42
trehalose e manese resistencia a optoquina crescimento em agar bile esculina 40
e cresci menta em cloreto de s6die 65 As especies de Aerococcus sao anaer6bias
facultativas a maioria catalase negativa com tendemcia a formaCao de tetrades na
morfologia microsc6pica PYR positivo e LAP negativ~ a que as diferencia de
enterococos e estreptococos
A escassa documentacao a respeito de infecyoes humanas por Aerocccus
sp deve-se provavelmente a sua similaridade microbiol6gica aos estreptococos alfa-
hemoliticos e enterococos e possiveis erras na interpretacao laboratorial de
amostras clinicas No casa acima descrito a laborat6rio de microbiologia nao pade
reaHzar a antibiograma devido a natureza fastidiosa da bacteria mas houve sucesso
terapeutico ap6s administray8o intravenosa de levofloxacin (GOLAPACHAR et al
2004)
Um caso de pielonefrite e urossepsis por Streptococcus pneumoniae foi
relatado em urn hornem de 82 anos com hist6ria clinica de leucemia linf6ide cronica
e diabetes mellitus Exames radiograficos abdominais e tomografia computadorizada
mostraram uma imagem indicativa de extensa pielonefrite no rim esquerdo sem
nenhum outro foco de infecc8o 0 abscesso renal foi tratado por drenagem
transuretral e 0 material purulento obtido foi cultivado assim como materiais de
orofaringe escarro e sangue Esearro e orofaringe revelaram apenas mierobiota
normal do trato respirat6rio enquanto 0 material drenado e as hemoculturas
demonstraram microseopicamente cocos gram-positiv~s aos pares e em eadeias
alguns dos quais eram lanceolados havendo bom crescimento em agar sangue de
carneiro e agar chocolate a 37degC As col6nias eram fracamente alfa-hemoliticas no
agar sangue e nao muc6ides catalase-negativas e sensiveis a optoquina Testes de
aglutinac8o sorologiea de ambos materiais confirmaram a identificac8o e testes
43
moleculares demonstraram ser as dois isolados identicas Apesar da terapia
antimicrobiana a paciente desenvolveu coagula98o intravascular disseminada e
sofreu uma parada cardiaca sendo que 0 quadro foi revertido mas tornau-se
necessaria a nefrotomia para eliminar a foco da infeccao Em contraste a estud05
anteriores a paciente descrito apresentou um verdadeiro casa de pielonefrite
abscesso renal e urossepsis causados par Streptococcus pneumoniae A presenca
de doencas como leucemia linf6ide crOniea e diabetes mellitus fcram 5uficientes para
causar um certa grau de imunossupressao e predispor a paciente a infeccao par
Streptococcus pneumoniae mesma sem hist6ria antecedente de infecC8o
pneumoc6cica trauma ou interven9ao cirurgica (DUFKE KUNZE-KRONAWITIER
SCHUBERT2004)
57 BACT~RIAS ANAER6BIAS
Tern sido descritos casas de infec90es do trato urinario par bacterias
anaer6bias com as mais diverses tipos de apresenta90es clinicas entre processes
crenicos e agudos As bacterias recuperadas sao bacilos gram negativQs incluindo
Bacteroides fragifis Prevotella sp e Porphyromonas sp Clostridium sp cocos
gram-positiv~s e Actinomyces sp Em muitos casas sao recuperadas em culturas
mistas com coliformes e estreptococos (BROOK 2004)
58 OUTRAS BACT~RIAS FASTIDIOSAS
Foi descrita par Greub e Raoult (2002) uma nova especie bacteriana
Actinobaculum massiliae recuperada da urina de uma mulher de 81 anos com ITU
cr6nica Os estudos fenotipicos genotfpicos e filogeneticos realizados mostraram
ser 0 isolado urna nova especie ainda nao recanhecida dentro do genera
Actinobaculum e foi proposta a denominacao Actinobaculum massiliae A mesma
cepa faj isolada tres vezes num perlodo de sete meses mesmo apes tratamento
44
com amoxicilina sulfametoxazol~trimetoprim e rifampicina Devida ao fata do
microrganismo nao ser isolado em procedimentos laboratoriais de rotina uma ITU
devido a Actinobaculum massiliae pade ser mal diagnosticada Alem disso as
col6nias apresentam heterogeneidade morfol6gica ap6s cinco dias de incubacao
podendo levar a uma errOnea interpretaC(ao de contaminacao com duas especies de
badlas gram~positivos 0 usa de agar sangue de carneiro e incubacao prolongada
motivado pela presenca de 106 leuc6cit05 per ml na urina da paciente permitiu a
desenvolvimento da cepa Houve cura ap6s tratamento com doxiciclina (GREUB
RAOUL T 2002)
Em estudo clinico e microbiol6gico de mulheres com sindrome uretral -
excluindo pacientes com cistite bacteriana - 41 pacientes foram comparadas com 42
pacientes controle Nao foi encontrada diferenca entre pacientes e con troles em
incid~ncia de Chlamydia trachomatis e outros microrganismos de transmiss3o
sexual 0 numero de lactobacilos e outros microrganismos fastidiosos bem como a
numero de leucocitos na urina nao apresentaram diferenca entre pacientes com
sintomas leves e intensos ou entre pacientes e controles Os auto res sustentam a
hipotese da sindrome uretral nao ser causada por infecrao bacteriana ou clamidial
(GILLESPIE et al 1989)
45
6 CONCLUSAO UMA REFLExAO
E indiscutivel a importo1ncia para a laborat6rio de requisicoes de exame
completas com informayoes sabre suspeita clinica existencia de sintomas
anormalidades do trata urinario e condhoes imunol6gicas do paciente Embora
tradicionalmente a maiaria dos medicos nao fornega muitas informacoes sabre 0
paciente ao laborat6rio a microbiologista pede incentivar a criacao de urn canal de
comunicacao quando observar a necessidade de informagoes sobre determinado
paciente
Exames anteriores do paciente sempre que disponiveis devem ser
consultados e comparados pois informacoes sabre infecc6es recorrentes au
recidivantes especies bacterianas envolvidas au presen9a de piuria esteril sao
importantes para direcionar a pesquisa para agentes fastidiosos
o metoda de coleta e as condi~6es de transporte da urina deterrninam a
qualidade da amostra e a quao relevantes serao as microrganismos nela
encontrados Considerando-se que urna bacteria normalmente considerada como
contarninante introduzida durante a coleta pode ser em alguns casos patogenica ou
ainda que uma especie fastidiosa patogenica de crescimento lento pode ter seu
crescimento inibido par uma contaminante de crescimenta mais rapido a coleta
adequada torna-se urn fator de suma importancia para a detec~ao de especies
fastidiosas em urina
Como ja discutida torna-se indispensavel a realiza~ao da calora~ao de
Gram em amostras de urina pOis alem de ser urn teste de triagem rapida e barato
para bacteriuria acima de 105 UFCml pode ser 0 unica indicativa da presen~a de
urna especie fastidiosa
46
A comunica~ao entre a microbiologista e a medico pode determinar nao 56 a
sucesso do diagn6stico e do tratamento como a viabilidade economica da pesquisa
de bacterias fastidiosas para 0 laborat6rio urna vez que direciona as esforyos
laboratoriais aos pacientes que realmente necessitam evitando 9a5t05
desnecessarios
Bacte-rias fastidiosas podem nao responder ao tratamento antibi6tico para
pat6genos convencionais do trato urinario portanto a pesquisa precocemente
direcionada para tais agentes pode melhorar 0 progn6stico das ITU evitando a
administracao de antibioticos inadequados au desnecessarios
Como observado nos diversos casas reiatados bacterias fastidiosas
ocorrem em cenaries clinicos especificos 0 entendimento do processo da doen=a e
as condi=oes do paciente pod em ajudar muito 0 laboratorio no esfor=o para
recuperar a bacteria do material clinico
47
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
ALBINI C A Cullura de Urina Analise das metodologias interfer~ncja sobre as
resultados e proposta para padronizacao 1994 54 f Monografia (Especia1iza9aO em
Bacteriologia) - Setor de Ciencias da Saude Departamento de Patologia Medica
Universidade Federal do Parana Curitiba
AGARWAL M DIXON R A A study to detect Gardnerella vagina lis DNA in
interstitial cystitis British Journal of Urology (on line) 2001 Disponlvel em
httpwwwbjuiorg889articlebju2514aspAcessoem 03 fev 2005
BATRA A Interstitial Cystitis Updade Infection Urology (on line) 1999 Disponivel
em httphomeswipnetsellsopicupdatehtm Acessa em 20 dez 2004
CLARIDGE J E JOHNSON J R PEZZLO M T Laboratory Diagnosis of Urinary
Tract Infections Washington American Society for Microbiology 281998
BROOK I Urinary tract genito-urinary suppurative infections due to anaerobic
bacteria International Journal of Urology (on line) 2004 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezigueryfcgicmd=Retrieveampdb=pubmedampdopt=Abst
ractamplist uids=15009360 Acesso em 18 mar 2005
DOMANN E HONG G IMIRZALIOGLU C TURSCHNER S KOHLE J
WATZEL C HAIN T HOSSAIN H CHAKRABORTY T Culture-Independent
Identification of Pathogenic Bacteria and Polymicrobial Infections in the Genitourinary
Tract of Renal Transplant Recipients Journal of Clinical Microbiology (on line) 2003
48
Disponivel em httpjcmasmorgcgireprintl41125500pdf Acesso em 18
mar2005
DOMINGUE G J HELLSTROMW J G Prostatitis Clinical Microbiology Reviews
(on line) 1998 Disponivel em httpcmrasmorglcgilcontentifuIl11141604 Acesso
em 03 fev 2005
DUFKE S KUNZE-KRONAWITIER H SCHUBERT S Pyelonephritis and
Urosepsis Caused by Streptococcus pneumoniae Journal of Clinical Microbiology
(on line) 2004 Disponlvel em httpjcmasmorgcgicontentifuIl4294383 Acesso
em 06 mar2005
FAIRLEY K F BIRCH D F Detection of Bladder Bacteriuria in Patients with Acute
Urinary Symptoms The Journal of Infectious Diseases Melbourne v 159 n2 p
226-231 fev 1989
FRAIMOW H S JUNGKIND D L LANDER D W DELSO D R DEAN J L
Urinary Tract Infection with an Enterococcus taecais Isolate that Requires
Vancomycin for Growth Annals of Internal Medicine (on line) 1994 Oisponivel em
httpwwwannalsorgcgicontentifuIl1211122 Acesso em 18 mar 2005
FRANZ M HCRL W H Common errors in diagnosis and management of urinary
tract infection I Patophysiology and diagnostic techniques Nephrology Dialysis
Transplantation (on line) 1999 Disponivel em
httpltwwwndtoupjournalsorgcgicontentifuIl141127 46 Acesso em 01 dez 2004
49
GIBB A P Plates are Belter than Broth for Recovery of Fastidious Organisms from
some Specimen Material Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Oisponivel
em httpjcmasmorgcgireprinU4041129pdf Acesso em 06 mar2005
GILLESPIE W A HENDERSON E P LINTON K B SMITH P J Microbiology
of the urethral (frequency and dysuria) syndrome A controlled study with 5-year
review British Journal of Urology (on line) 1989 Disponfvel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
2804564ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr 2005
GINESTRE PEREZ M ROMERO-A~EZ S MARTINEZ-GARCIA A RINCON-
VILLALOBOS G HARRIS-SOCORRO B CATELLANO-GONZALES M AVILA-
ROO Y PEROZO-MENA A Gardnerella vaginalis y uropat6genos convencionales
em pacientes ambulatorios Revista de La Sociedad Venezolana de Microbiaogia
(on line) 2001 Disponivel em
httpwwwseieloorgvaseielo phpscriptsci arttextamppid=S 1315-
25562001000200003amplng=esampnrm=isso Acesso em 05 jan 2005
GOBERNADO M CRUZ F J DALET F BROSETA E DE CUETO M
SANTOS M DE LA ROSA M Procedimientos en Microbiologla Clinica La
infeccion urinaria 2002 Disponivel em
httpwwwseimcorgprotocolosmicrobiologiaindice14htm Acesso em 01 dez
2004
50
GOLAPACHAR A AKINS R L DAVIS W R SIDDIQUI A A Urinary tract
infection caused by Aerococcus viridans a case report International Medical Journal
for Experimental and Clinical Research (on line) 2004 Oisponivel em
httpwlNNmedscimonitcompubvol 10no 114928pdf Acesso em 03 dez 2004
GREUB G RAOULT D Actinobaculum massiliae a new species causing chronic
urinary tract infection Journal of Clinical Microbiology (on line) 2002 Disponivel em
httpwwwpubmedcentralnihgov articlerender fcgitool=pubmedamppubmedid=12409
355 Acesso em 13 fev2005
HElLBERG I P Diagnosis and clinical management of urinary tract infection
Disponivel em httpwwwunineteducin2003confpfefermanpfefermanhtml
Acesso em 20 out 2004
KONEMAN E W ALLEN S D JANDA W M SCHREKENBERGER P C
WINN Jr W C Cr Atlas and Textbook of Diagnostic Microbiology 5ed
Philadelphia Lippincott-Raven 1997
LIPSKY B A Managing Prostatitis and Urinary Tract Infection in Men Infectious
Diseases Infoalerl (on line) 2003 Oisponivel em
httpwwwdpacomhklpdflinfolnfoALERT 15pdf Acesso em 10 dez 2004
MASKELL R A new look at the diagnosis of infection of the urinary tract and its
adjacents structures Joumaloflnfecfion Portsmouth n 19 p 207-217 jul 1989
51
MERIA P DESGRIPPES A ARFI C LE DUC A Encrusted Cystitis and Pyelitis
Journal of Urology (on line) 1998 Disponlvel em
htlpIwwwjurologycomipUrejuroabstract00005392-1 99807000-
00003htmmiddotjsessionid-CnHOtEDjxvOgrxiWIUac52pekluG1HSCZzrnOpCIJH4V107ePU
evI848681301-949856032190011-1 Acesso em 21 abr 2005
McCUE J D The Management of Complicated Urinary Tract Infections Infectious
Diseases Infoalert (on line) 1999 Disponfvel em
htlpIwwwdpacomhkJpdlfinlofinlo alart 01pdl Acesso em 01 dez 2004
MURRAY P R Manual of Clinical Microbiology 7ed Washington ASM Press
1999
NABER K G BERGMAN B BISHOP M C JOHANSEN T E B BOTTO H
LOBEL B CRUZ F J SELVAGGI F P European Association 01 Urology
Guidelines on Urinary and Male Genital Tract Infections Disponlvel em
httpwwwuroweborglfilesluploaded filesuti mgtLpdf Acesso em 20 dez 2004
OPLUSTIL C P Urocultura In__ Procedimentos basicos em microbiologia
clinica 2 ed Sao Paulo Sarvier 2004 p 88-93
OSBORNE J About Interstitial Cystitis Disponivel em htlplwwwic-
networkcomhandbooklbasicshtmlintro Acesso em 20 dez 2004
52
PEDRAZA AVILES A G ORTIZ ZARAGOZA M C Symptomatic bacteriuria due to
Ureaplasma and Mycoplasma in adults Revista Latinoamericana de Microbiologia
(on line) 1998 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedampdopt=Abs
tractamplist uids=20388109 Acesso em 20 abr 2005
RIEGEL P RUIMY R BRIEL D de PREVOST G JEHL F BIMET F
CHRISTEN R MONTEIL H Corynebacterium seminale sp Nov a New Species
Associated with Genital Infections in Male Patients Journal of Clinical Microbiology
(on line) 1995 Disponlvel em
htlpllwwwpubmedcentralnihgovpicrenderfcgiartid=228387ampblobtype=pdf
Acesso em 19 mar 2005
SORIANO F PONTE C A case of urinary tract infection caused by
Corynebacterium urealyticum and coryneform group F1 European Journal of Clinical
Microbiology Infectious Diseases (on line) 1992 Disponfvel em
httoIwwwncbinlmnihgoventreziguervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
1396772ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr2005
TANNER M A SHOSKES DSHAHEDA PACENR Prevalence of
Corynebacterial 16S fRna Sequences in Patients with Bacterial and Nonbacterial
Prostatitis Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Disponivel em
httpmcmasmorgcontenVfull3761863 Acesso em 06 mar 2005
TRABULSI L R ALTERTHUM F Escherichia coli uropatagenica (UPEC) In
Microbiaagia 4 ed Sao Paulo Atheneu 2004 p 303-309
53
35
pequeno numero de col6nias observado ap6s incuba~ao adicional de 24 heras a
temperatura ambiente apenas sugere ser a especie urn contaminante
Particularmente quando especies de Methyfobacterium estao presentes
concomitantemente com Escherichia coli ocorre supressao do cresci menta de
Methylobacterium spp tornando impassivel a sua deteccao 0 estudo conclui que a
falta de relatos de casas de ITU por Methylobacterium spp deve-se a impossibilidade
de detec~ao da especie por metodos padrao de cultura de urina au ainda porque a
baixa virulelncia da bacteria pode produzir ITU autolimitadas au talvez muitas vezes
curadas com as antibi6tico5 normalmente utilizados As especies estudadas fcram
variavelmente resistentes as cefalosporinas acido nalidixico nitrofurantoina e
sulfametoxazol-trimetoprim e 100 suscetiveis a ciprofloxacin imipenem e
aminoglicosideos
51 Corynebacterium spp
Corynebaclerium urealylicum pode ser uma importante embora rara causa
de ITU variando a freqOencia de isolamentos significativos de zero a 35 em
popularoes nao selecionadas A bacteriuria por Corynebacterium urealyticum ocorre
em pacientes hospitalizados per longos perledes severamente
imunocomprometidos urologicamente manipulados ou idosos Tal microrganismo
tam bern tern sido associado com pielonefrite e pode desaparecer espontaneamente
da urina mesmo sem antibioticoterapia (CLARRIDGE JOHNSON PEZZLO 1998)
Corynebacterium glucuroneyticum tambem chamado Corynebacterium
seminae tern side iselade de semen e trate g~nite-urinarie masculine e pede causar
prostatite ou uretrite Corynebacterium pseudogenitalium (CDC grupo F1) tambem
tern sido reconhecido como pat6gene do trato urinario (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
36
Foi relatado por Soriano e Ponte (1992) um caso de cistite de incrusta~ao
causado por urn corineforme identificado como CDC grupo F1 0 paciente havia
sofrido ITU previas persistentes causadas por Corynebacterium ureayticum (CDC
grupo 02) A cura bacteriol6gica foi alcan=ada apes urn mes de tratamento com
amoxicilina e acido acetohidroxamico
Meria at al (1998) realizaram levantamento bibliografico entre as anos de
1985 a 1997 sabre casas de cistite e pielite de incrustacao Foi constatado a
aumento progressive no numero de cases especialmente em pacientes
imunodeprimidos e particularmente em transplantados renais Tais inflamacoes
cr6nicas estao associadas com incrustac6es da mucosa causadas por bacterias
produtoras de urease tendo sido as mais freqOentes especies de Corynebacterium
grupo 02 A presenCa de urina alcalina contendo abundantes debris mucopurulentos
calcificados e alta mente sugestiva e pode auxiliar no diagnostico clinico A
demonstracao da bacteria envolvida requer culturas prolongadas em meios de
cultura enriquecidos 0 diagnostico precoce pode evitar falhas de tratamento e uma
possivel rejeicao do orgao transplantado
Em estudo realizado par Riegel et al (1995) corineformes em quantidades
significativas (104a 105 UFCml) foram isolados em amostras de semen uretra urina
e sangue de homens inferteis com diagn6stico de prostatite As analises genomicas
realizadas demonstraram ser as cepas pertencentes a uma mesma especie dentro
do genero Corynebacterium As 12 amostras mostraram padroes bioquimicos
simi lares entre elas born crescimento em agar sangue de carneiro em contraste com
crescimento pobre no mesmo meio suplementado com Tween 80 1 teste de
CAMP positivo fermentacao de glicose sacarose e presenCa de beta-glucuronidase
Tais caracteristicas permitiram a distincao destas cepas dos outros membros do
37
genera e 0 nome proposto foi Corynebacterium seminae Embera organismos
difter6ides pass am fazer parte da microbiota uretral a presenCa de contagens
significativas destas especies no semen sugere urna implica~ao infecciosa
particularmente na prostatite
Estudo molecular filogenetico baseado em 16S rRNA peR realizado em
pacientes com prostatite croniea demonstrou sinais bacterian05 em 65 dos
pacientes estudados Foi constatada a ocorreuromcia de um amplo espectro de
especies bacterianas no fluido prostatico dos pacientes incluindo Corynebacterium
Staphylococcus PepiosfreptococGUS Streptococcus e Escherichia Especies do
genera Corynebacterium foram encontradas em maior proponao incluindo especies
ainda nae descritas e n~o presentes nas amostras de controle sugerindo que
possam ter um papel na doen~a au que sejam conseqOemcia da mesma 0 estudo
mostreu ainda que os microrganismos associ ados com prestatite geralmente
ocorrem em comunidades microbianas distintas daquelas encontradas em liquidos
prostaticos normais (TANNER ot al 1999)
Segundo Domingue e Hellstrom (1998) a observaltio microsc6pica
cuidadosa de amostras de secre~~o prostatica bern como a inocula~~o em meios
enriquecidos sao essenciais para a isolamento de corineformes Foi realizado estudo
em uma amostra de secre~ao prostatica na qual a colora~ao de Gram apresentou
cocobacilos gram Itlbeis pleom6rficos que nao se desenvolveram em meios de rotina
incubados por 72 horas a 35degC Houve desenvolvimento em meio de cultura
enriquecido com extrato de leveduras e sora de cavalo e incubado no minimo 72
horas em atmosfera de 5 de CO2 a 35degC A secregao inoculada em caldo triptose
demonstrou a presen~a de bacilos gram-varitlveis (microscopicamente) e quando
repicada produziu bacilos de crescimento lento em meios de retina e enriquecidos
38
(incubados aerobicamente anaerobicamente ou sob tensao de CO2 par 72 haras)
Corineformes ocultos pod em ser agentes etiol6gicos da prostatite idiopatica croniea
que sao frequentemente perdidos au nao percebidos em procedimentos
bacteriol6gicos de rotina
52 Gardnerella vaginais
o significado de Gardnerela vaginais em urina e controverso pois a
principal associacao patogElnica desta bacteria e com a vaginose na mulher Embora
baixas contagens na urina parecam refletir a micro biota da uretra masculina ou
feminina contagens aeima de 10000 UFCml ja fcram associadas com bacteriuria
sintomatica ITU recorrente cistite na mulher uretrite e prostatite no homem
Entretanto me sma quando ern altas contagens freqOentemente nao ha resposta
leucocitaria Gardnerela vaginalis e encantrada mais freqOentemente em mulheres e
pacientes com doena renal e ap6s instrumentaao (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
Estuda realizado par Agarwal e Dixon (2001) investigau a passivel papel de
Gardnerella vaginalis na cistite intersticial usando metodos maleculares para
garantir a recuperaCao do microrganismo mesmo em baixas contagens Nenhuma
das trinta e tres amastras de bi6psias de bexiga de pacientes com cistite intersticial
foram positivas para Gardnerella vaginais a que embora nao exclua seu
envalvimenta na cistite intersticial diminui esta probabilidade
Ginestre Perez et al (2001) realizaram estudo de mil trezentas e setenta
amostras de jato media de urina de pacientes com sintomas de ITU Gardnerella
vaginalis cujo papel patagenica no trato urinario e discutivel ocupou a segundo
lugar em freqOencia etiologica (1763) ficando atras somente de Escherichia coli
(5210) e superando microrganismos cansiderados uropat6genas classicos como
39
Proteus mirabifis (763) Klebsiella pneumoniae (684) e Pseudomonas
aeruginosa (368) Embera a presen~a de Gardnerella vaginais em amostras de
jato media urinario possa indicar contaminayao vaginal todos as cultivos positivos
para esta bacteria apresentavam contagens superiores a 100000 UFCml e
provinham de pacientes sintomaticos representando urna alta probabilidade de
infec~ao urinaria verdadeira
53 Mycoplasma hominis E Ureaplasma urealyticum
Especies patogenicas como Mycoplasma hominis e Ureaplasma urealyticum
ocorrem freqOentemente como colonizantes do trato urogenital inferior de homens e
mulheres saudaveis A ocorrencia de infec~ao esta provavelmente relacionada a
imunossupressao obstru~ao ou procedimentos previos de instrumental)ao no trato
urinario Ureaplasma urealyticum tern sido encontrado em calculos urinarios de
pacientes com liHase infecciosa sugerindo uma possivel associal)ao causal
Mycoplasma hominis tern sido isolado do trato urinario superior em pacientes com
sintomas de pielonefrite aguda FreqOentemente ha resposta imunol6gica especifica
(MURRAY 1999)
Foi pesquisada a presen9a de Ureaplasma urealyticum e Mycoplasma
hominis em amostras de jato medio de 314 mulheres e 52 homens sintomaticos do
trata urinltilria Ureaplasma urealyticum fai isalada em 54 (171) das mulheres e 8
(154) dos hom ens e Mycoplasma hominis foi isolado em 12 (38) das mulheres
e 4 (77) dos homens Ureaplasma urealyOcum foi superado apenas par
Escherichia coli e Gardnerella vaginalis em ambos grupas 366 e 254
respectivamente no sexo feminina e 585 e 308 no masculino Demonstrou-se
partanto que a bacteriuria par ureaplasmas e relativamente co mum porem nao e
40
detectada por metodos convencionais de cultura de urina (AVILES ZARAGOZA
1998)
A significancia de micoplasmas em amostras de jato medic urinario e de
dificil determinacao devido a provavel contaminacao da amostra par
microrganismos colonizantes da vagina e uretra distal Entretanto estudos
realizados em amostras de aspirado suprapubico em gestantes demons tram que 0
desenvolvimento de pre-eclampsia e tres vezes mais prov3vel em mulheres
apresentando culturas positivas para ureaplasmas no inicio da gestacao do que em
mulheres com culturas negativas no mesmo periodo (KONEMAN ef a 1997)
54 Haemophilus spp
Existem varios estudos relacionando Haemophifus influenzae e Haemophilus
parainfluenzae a ITU embora sua freqOencia e significancia nae tenham sido
confirmadas Alguns pesquisadores sugerem a inclusao de agar chocolate em
culturas de urina de crian~as por causa da associa~ao de Haemophilus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae com outras infec~6es nesta faixa etaria (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
Maskell (1989) citou a ocorrencia de certas bacterias fastidiosas em sftios do
trato urinflrio abaixe da bexiga como par exemple em cases de prostatite por
Haemophilus influenzae
55 Lactobacillus spp
Em estudo realizado em pacientes do sexe feminine com sind rome uretral
aguda demonstrou-se uma alta freqOencia de isolamentos de lactobacilos Durante
dois anos amastras de jato medic de tais pacientes foram cultivadas observando-se
a principio alta concentracao de lactobacilos principalmente nas pacientes
sintomaticas Ao final do estudo durante 0 qual foi impedido 0 usa de antibi6ticos os
41
lactobacilos desapareceram da urina de muitas mulheres as quais tornaram-se
assintomaticas Os autores concluiram que as sintomas da sindrome uretra podem
ser devidos a multiplica~ao desproporcional de lactobacilos na uretra distal como
resultado de antibioticoterapia frequentemente administrada em cursos prolongados
para resolurao dos sintomas urinarios Lactobacilos tambem tern sido relatados em
amostras de urina obtidas diretamente da bexiga e de amostras de tecido obtidas
par bi6psia vesical bern como ocasionalmente isolados em urinas de mulheres
idosas com sintomas urinarios (MASKELL 1989)
56 COCOS GRAM-POSITIVOS
Microrganismos dos generos Lactococcus Gemella Aerococcus e
Globicatella embora possam estar presentes como contaminantes em culturas de
material clinico tern sido isolados como patogenos oportunistas ern urina e outras
amostras de pacientes imunocomprometidos Esforyos para identifica-Ios devem ser
realizados quando os isolados forem clinicamente significantes isto e isolados
repetidamente ou em cultura pura Devido a semelhanya com outros cocos gram-
positivos isolados com mais freq04sectncia como estreptococos enterococos e
estafilococos possivelmente sao confundidos com especies destes generos
(MURRAY 1999)
Golapachar et al (2004) relata ram um caso de infec9ao do trato urinario com
bacteremia causa do por Aerococcus viridans em um homem de 87 anos residente
em uma cUnica de repouso A cultura de urina apresentau crescimenta de 105
UFCml de Aerococcus viridans e a hemocultura fai positiva para a mesmo
microrganismo Os testes bioqulmicos que leva ram a identificayao do
microrganismo faram reayoes negativas de catalase e LAP (Ieucina aminopeptidase)
e reaDes positivas para PYR (L-pyrrolidonyl-beta-naphtylamina) fermentaao de
42
trehalose e manese resistencia a optoquina crescimento em agar bile esculina 40
e cresci menta em cloreto de s6die 65 As especies de Aerococcus sao anaer6bias
facultativas a maioria catalase negativa com tendemcia a formaCao de tetrades na
morfologia microsc6pica PYR positivo e LAP negativ~ a que as diferencia de
enterococos e estreptococos
A escassa documentacao a respeito de infecyoes humanas por Aerocccus
sp deve-se provavelmente a sua similaridade microbiol6gica aos estreptococos alfa-
hemoliticos e enterococos e possiveis erras na interpretacao laboratorial de
amostras clinicas No casa acima descrito a laborat6rio de microbiologia nao pade
reaHzar a antibiograma devido a natureza fastidiosa da bacteria mas houve sucesso
terapeutico ap6s administray8o intravenosa de levofloxacin (GOLAPACHAR et al
2004)
Um caso de pielonefrite e urossepsis por Streptococcus pneumoniae foi
relatado em urn hornem de 82 anos com hist6ria clinica de leucemia linf6ide cronica
e diabetes mellitus Exames radiograficos abdominais e tomografia computadorizada
mostraram uma imagem indicativa de extensa pielonefrite no rim esquerdo sem
nenhum outro foco de infecc8o 0 abscesso renal foi tratado por drenagem
transuretral e 0 material purulento obtido foi cultivado assim como materiais de
orofaringe escarro e sangue Esearro e orofaringe revelaram apenas mierobiota
normal do trato respirat6rio enquanto 0 material drenado e as hemoculturas
demonstraram microseopicamente cocos gram-positiv~s aos pares e em eadeias
alguns dos quais eram lanceolados havendo bom crescimento em agar sangue de
carneiro e agar chocolate a 37degC As col6nias eram fracamente alfa-hemoliticas no
agar sangue e nao muc6ides catalase-negativas e sensiveis a optoquina Testes de
aglutinac8o sorologiea de ambos materiais confirmaram a identificac8o e testes
43
moleculares demonstraram ser as dois isolados identicas Apesar da terapia
antimicrobiana a paciente desenvolveu coagula98o intravascular disseminada e
sofreu uma parada cardiaca sendo que 0 quadro foi revertido mas tornau-se
necessaria a nefrotomia para eliminar a foco da infeccao Em contraste a estud05
anteriores a paciente descrito apresentou um verdadeiro casa de pielonefrite
abscesso renal e urossepsis causados par Streptococcus pneumoniae A presenca
de doencas como leucemia linf6ide crOniea e diabetes mellitus fcram 5uficientes para
causar um certa grau de imunossupressao e predispor a paciente a infeccao par
Streptococcus pneumoniae mesma sem hist6ria antecedente de infecC8o
pneumoc6cica trauma ou interven9ao cirurgica (DUFKE KUNZE-KRONAWITIER
SCHUBERT2004)
57 BACT~RIAS ANAER6BIAS
Tern sido descritos casas de infec90es do trato urinario par bacterias
anaer6bias com as mais diverses tipos de apresenta90es clinicas entre processes
crenicos e agudos As bacterias recuperadas sao bacilos gram negativQs incluindo
Bacteroides fragifis Prevotella sp e Porphyromonas sp Clostridium sp cocos
gram-positiv~s e Actinomyces sp Em muitos casas sao recuperadas em culturas
mistas com coliformes e estreptococos (BROOK 2004)
58 OUTRAS BACT~RIAS FASTIDIOSAS
Foi descrita par Greub e Raoult (2002) uma nova especie bacteriana
Actinobaculum massiliae recuperada da urina de uma mulher de 81 anos com ITU
cr6nica Os estudos fenotipicos genotfpicos e filogeneticos realizados mostraram
ser 0 isolado urna nova especie ainda nao recanhecida dentro do genera
Actinobaculum e foi proposta a denominacao Actinobaculum massiliae A mesma
cepa faj isolada tres vezes num perlodo de sete meses mesmo apes tratamento
44
com amoxicilina sulfametoxazol~trimetoprim e rifampicina Devida ao fata do
microrganismo nao ser isolado em procedimentos laboratoriais de rotina uma ITU
devido a Actinobaculum massiliae pade ser mal diagnosticada Alem disso as
col6nias apresentam heterogeneidade morfol6gica ap6s cinco dias de incubacao
podendo levar a uma errOnea interpretaC(ao de contaminacao com duas especies de
badlas gram~positivos 0 usa de agar sangue de carneiro e incubacao prolongada
motivado pela presenca de 106 leuc6cit05 per ml na urina da paciente permitiu a
desenvolvimento da cepa Houve cura ap6s tratamento com doxiciclina (GREUB
RAOUL T 2002)
Em estudo clinico e microbiol6gico de mulheres com sindrome uretral -
excluindo pacientes com cistite bacteriana - 41 pacientes foram comparadas com 42
pacientes controle Nao foi encontrada diferenca entre pacientes e con troles em
incid~ncia de Chlamydia trachomatis e outros microrganismos de transmiss3o
sexual 0 numero de lactobacilos e outros microrganismos fastidiosos bem como a
numero de leucocitos na urina nao apresentaram diferenca entre pacientes com
sintomas leves e intensos ou entre pacientes e controles Os auto res sustentam a
hipotese da sindrome uretral nao ser causada por infecrao bacteriana ou clamidial
(GILLESPIE et al 1989)
45
6 CONCLUSAO UMA REFLExAO
E indiscutivel a importo1ncia para a laborat6rio de requisicoes de exame
completas com informayoes sabre suspeita clinica existencia de sintomas
anormalidades do trata urinario e condhoes imunol6gicas do paciente Embora
tradicionalmente a maiaria dos medicos nao fornega muitas informacoes sabre 0
paciente ao laborat6rio a microbiologista pede incentivar a criacao de urn canal de
comunicacao quando observar a necessidade de informagoes sobre determinado
paciente
Exames anteriores do paciente sempre que disponiveis devem ser
consultados e comparados pois informacoes sabre infecc6es recorrentes au
recidivantes especies bacterianas envolvidas au presen9a de piuria esteril sao
importantes para direcionar a pesquisa para agentes fastidiosos
o metoda de coleta e as condi~6es de transporte da urina deterrninam a
qualidade da amostra e a quao relevantes serao as microrganismos nela
encontrados Considerando-se que urna bacteria normalmente considerada como
contarninante introduzida durante a coleta pode ser em alguns casos patogenica ou
ainda que uma especie fastidiosa patogenica de crescimento lento pode ter seu
crescimento inibido par uma contaminante de crescimenta mais rapido a coleta
adequada torna-se urn fator de suma importancia para a detec~ao de especies
fastidiosas em urina
Como ja discutida torna-se indispensavel a realiza~ao da calora~ao de
Gram em amostras de urina pOis alem de ser urn teste de triagem rapida e barato
para bacteriuria acima de 105 UFCml pode ser 0 unica indicativa da presen~a de
urna especie fastidiosa
46
A comunica~ao entre a microbiologista e a medico pode determinar nao 56 a
sucesso do diagn6stico e do tratamento como a viabilidade economica da pesquisa
de bacterias fastidiosas para 0 laborat6rio urna vez que direciona as esforyos
laboratoriais aos pacientes que realmente necessitam evitando 9a5t05
desnecessarios
Bacte-rias fastidiosas podem nao responder ao tratamento antibi6tico para
pat6genos convencionais do trato urinario portanto a pesquisa precocemente
direcionada para tais agentes pode melhorar 0 progn6stico das ITU evitando a
administracao de antibioticos inadequados au desnecessarios
Como observado nos diversos casas reiatados bacterias fastidiosas
ocorrem em cenaries clinicos especificos 0 entendimento do processo da doen=a e
as condi=oes do paciente pod em ajudar muito 0 laboratorio no esfor=o para
recuperar a bacteria do material clinico
47
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
ALBINI C A Cullura de Urina Analise das metodologias interfer~ncja sobre as
resultados e proposta para padronizacao 1994 54 f Monografia (Especia1iza9aO em
Bacteriologia) - Setor de Ciencias da Saude Departamento de Patologia Medica
Universidade Federal do Parana Curitiba
AGARWAL M DIXON R A A study to detect Gardnerella vagina lis DNA in
interstitial cystitis British Journal of Urology (on line) 2001 Disponlvel em
httpwwwbjuiorg889articlebju2514aspAcessoem 03 fev 2005
BATRA A Interstitial Cystitis Updade Infection Urology (on line) 1999 Disponivel
em httphomeswipnetsellsopicupdatehtm Acessa em 20 dez 2004
CLARIDGE J E JOHNSON J R PEZZLO M T Laboratory Diagnosis of Urinary
Tract Infections Washington American Society for Microbiology 281998
BROOK I Urinary tract genito-urinary suppurative infections due to anaerobic
bacteria International Journal of Urology (on line) 2004 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezigueryfcgicmd=Retrieveampdb=pubmedampdopt=Abst
ractamplist uids=15009360 Acesso em 18 mar 2005
DOMANN E HONG G IMIRZALIOGLU C TURSCHNER S KOHLE J
WATZEL C HAIN T HOSSAIN H CHAKRABORTY T Culture-Independent
Identification of Pathogenic Bacteria and Polymicrobial Infections in the Genitourinary
Tract of Renal Transplant Recipients Journal of Clinical Microbiology (on line) 2003
48
Disponivel em httpjcmasmorgcgireprintl41125500pdf Acesso em 18
mar2005
DOMINGUE G J HELLSTROMW J G Prostatitis Clinical Microbiology Reviews
(on line) 1998 Disponivel em httpcmrasmorglcgilcontentifuIl11141604 Acesso
em 03 fev 2005
DUFKE S KUNZE-KRONAWITIER H SCHUBERT S Pyelonephritis and
Urosepsis Caused by Streptococcus pneumoniae Journal of Clinical Microbiology
(on line) 2004 Disponlvel em httpjcmasmorgcgicontentifuIl4294383 Acesso
em 06 mar2005
FAIRLEY K F BIRCH D F Detection of Bladder Bacteriuria in Patients with Acute
Urinary Symptoms The Journal of Infectious Diseases Melbourne v 159 n2 p
226-231 fev 1989
FRAIMOW H S JUNGKIND D L LANDER D W DELSO D R DEAN J L
Urinary Tract Infection with an Enterococcus taecais Isolate that Requires
Vancomycin for Growth Annals of Internal Medicine (on line) 1994 Oisponivel em
httpwwwannalsorgcgicontentifuIl1211122 Acesso em 18 mar 2005
FRANZ M HCRL W H Common errors in diagnosis and management of urinary
tract infection I Patophysiology and diagnostic techniques Nephrology Dialysis
Transplantation (on line) 1999 Disponivel em
httpltwwwndtoupjournalsorgcgicontentifuIl141127 46 Acesso em 01 dez 2004
49
GIBB A P Plates are Belter than Broth for Recovery of Fastidious Organisms from
some Specimen Material Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Oisponivel
em httpjcmasmorgcgireprinU4041129pdf Acesso em 06 mar2005
GILLESPIE W A HENDERSON E P LINTON K B SMITH P J Microbiology
of the urethral (frequency and dysuria) syndrome A controlled study with 5-year
review British Journal of Urology (on line) 1989 Disponfvel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
2804564ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr 2005
GINESTRE PEREZ M ROMERO-A~EZ S MARTINEZ-GARCIA A RINCON-
VILLALOBOS G HARRIS-SOCORRO B CATELLANO-GONZALES M AVILA-
ROO Y PEROZO-MENA A Gardnerella vaginalis y uropat6genos convencionales
em pacientes ambulatorios Revista de La Sociedad Venezolana de Microbiaogia
(on line) 2001 Disponivel em
httpwwwseieloorgvaseielo phpscriptsci arttextamppid=S 1315-
25562001000200003amplng=esampnrm=isso Acesso em 05 jan 2005
GOBERNADO M CRUZ F J DALET F BROSETA E DE CUETO M
SANTOS M DE LA ROSA M Procedimientos en Microbiologla Clinica La
infeccion urinaria 2002 Disponivel em
httpwwwseimcorgprotocolosmicrobiologiaindice14htm Acesso em 01 dez
2004
50
GOLAPACHAR A AKINS R L DAVIS W R SIDDIQUI A A Urinary tract
infection caused by Aerococcus viridans a case report International Medical Journal
for Experimental and Clinical Research (on line) 2004 Oisponivel em
httpwlNNmedscimonitcompubvol 10no 114928pdf Acesso em 03 dez 2004
GREUB G RAOULT D Actinobaculum massiliae a new species causing chronic
urinary tract infection Journal of Clinical Microbiology (on line) 2002 Disponivel em
httpwwwpubmedcentralnihgov articlerender fcgitool=pubmedamppubmedid=12409
355 Acesso em 13 fev2005
HElLBERG I P Diagnosis and clinical management of urinary tract infection
Disponivel em httpwwwunineteducin2003confpfefermanpfefermanhtml
Acesso em 20 out 2004
KONEMAN E W ALLEN S D JANDA W M SCHREKENBERGER P C
WINN Jr W C Cr Atlas and Textbook of Diagnostic Microbiology 5ed
Philadelphia Lippincott-Raven 1997
LIPSKY B A Managing Prostatitis and Urinary Tract Infection in Men Infectious
Diseases Infoalerl (on line) 2003 Oisponivel em
httpwwwdpacomhklpdflinfolnfoALERT 15pdf Acesso em 10 dez 2004
MASKELL R A new look at the diagnosis of infection of the urinary tract and its
adjacents structures Joumaloflnfecfion Portsmouth n 19 p 207-217 jul 1989
51
MERIA P DESGRIPPES A ARFI C LE DUC A Encrusted Cystitis and Pyelitis
Journal of Urology (on line) 1998 Disponlvel em
htlpIwwwjurologycomipUrejuroabstract00005392-1 99807000-
00003htmmiddotjsessionid-CnHOtEDjxvOgrxiWIUac52pekluG1HSCZzrnOpCIJH4V107ePU
evI848681301-949856032190011-1 Acesso em 21 abr 2005
McCUE J D The Management of Complicated Urinary Tract Infections Infectious
Diseases Infoalert (on line) 1999 Disponfvel em
htlpIwwwdpacomhkJpdlfinlofinlo alart 01pdl Acesso em 01 dez 2004
MURRAY P R Manual of Clinical Microbiology 7ed Washington ASM Press
1999
NABER K G BERGMAN B BISHOP M C JOHANSEN T E B BOTTO H
LOBEL B CRUZ F J SELVAGGI F P European Association 01 Urology
Guidelines on Urinary and Male Genital Tract Infections Disponlvel em
httpwwwuroweborglfilesluploaded filesuti mgtLpdf Acesso em 20 dez 2004
OPLUSTIL C P Urocultura In__ Procedimentos basicos em microbiologia
clinica 2 ed Sao Paulo Sarvier 2004 p 88-93
OSBORNE J About Interstitial Cystitis Disponivel em htlplwwwic-
networkcomhandbooklbasicshtmlintro Acesso em 20 dez 2004
52
PEDRAZA AVILES A G ORTIZ ZARAGOZA M C Symptomatic bacteriuria due to
Ureaplasma and Mycoplasma in adults Revista Latinoamericana de Microbiologia
(on line) 1998 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedampdopt=Abs
tractamplist uids=20388109 Acesso em 20 abr 2005
RIEGEL P RUIMY R BRIEL D de PREVOST G JEHL F BIMET F
CHRISTEN R MONTEIL H Corynebacterium seminale sp Nov a New Species
Associated with Genital Infections in Male Patients Journal of Clinical Microbiology
(on line) 1995 Disponlvel em
htlpllwwwpubmedcentralnihgovpicrenderfcgiartid=228387ampblobtype=pdf
Acesso em 19 mar 2005
SORIANO F PONTE C A case of urinary tract infection caused by
Corynebacterium urealyticum and coryneform group F1 European Journal of Clinical
Microbiology Infectious Diseases (on line) 1992 Disponfvel em
httoIwwwncbinlmnihgoventreziguervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
1396772ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr2005
TANNER M A SHOSKES DSHAHEDA PACENR Prevalence of
Corynebacterial 16S fRna Sequences in Patients with Bacterial and Nonbacterial
Prostatitis Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Disponivel em
httpmcmasmorgcontenVfull3761863 Acesso em 06 mar 2005
TRABULSI L R ALTERTHUM F Escherichia coli uropatagenica (UPEC) In
Microbiaagia 4 ed Sao Paulo Atheneu 2004 p 303-309
53
36
Foi relatado por Soriano e Ponte (1992) um caso de cistite de incrusta~ao
causado por urn corineforme identificado como CDC grupo F1 0 paciente havia
sofrido ITU previas persistentes causadas por Corynebacterium ureayticum (CDC
grupo 02) A cura bacteriol6gica foi alcan=ada apes urn mes de tratamento com
amoxicilina e acido acetohidroxamico
Meria at al (1998) realizaram levantamento bibliografico entre as anos de
1985 a 1997 sabre casas de cistite e pielite de incrustacao Foi constatado a
aumento progressive no numero de cases especialmente em pacientes
imunodeprimidos e particularmente em transplantados renais Tais inflamacoes
cr6nicas estao associadas com incrustac6es da mucosa causadas por bacterias
produtoras de urease tendo sido as mais freqOentes especies de Corynebacterium
grupo 02 A presenCa de urina alcalina contendo abundantes debris mucopurulentos
calcificados e alta mente sugestiva e pode auxiliar no diagnostico clinico A
demonstracao da bacteria envolvida requer culturas prolongadas em meios de
cultura enriquecidos 0 diagnostico precoce pode evitar falhas de tratamento e uma
possivel rejeicao do orgao transplantado
Em estudo realizado par Riegel et al (1995) corineformes em quantidades
significativas (104a 105 UFCml) foram isolados em amostras de semen uretra urina
e sangue de homens inferteis com diagn6stico de prostatite As analises genomicas
realizadas demonstraram ser as cepas pertencentes a uma mesma especie dentro
do genero Corynebacterium As 12 amostras mostraram padroes bioquimicos
simi lares entre elas born crescimento em agar sangue de carneiro em contraste com
crescimento pobre no mesmo meio suplementado com Tween 80 1 teste de
CAMP positivo fermentacao de glicose sacarose e presenCa de beta-glucuronidase
Tais caracteristicas permitiram a distincao destas cepas dos outros membros do
37
genera e 0 nome proposto foi Corynebacterium seminae Embera organismos
difter6ides pass am fazer parte da microbiota uretral a presenCa de contagens
significativas destas especies no semen sugere urna implica~ao infecciosa
particularmente na prostatite
Estudo molecular filogenetico baseado em 16S rRNA peR realizado em
pacientes com prostatite croniea demonstrou sinais bacterian05 em 65 dos
pacientes estudados Foi constatada a ocorreuromcia de um amplo espectro de
especies bacterianas no fluido prostatico dos pacientes incluindo Corynebacterium
Staphylococcus PepiosfreptococGUS Streptococcus e Escherichia Especies do
genera Corynebacterium foram encontradas em maior proponao incluindo especies
ainda nae descritas e n~o presentes nas amostras de controle sugerindo que
possam ter um papel na doen~a au que sejam conseqOemcia da mesma 0 estudo
mostreu ainda que os microrganismos associ ados com prestatite geralmente
ocorrem em comunidades microbianas distintas daquelas encontradas em liquidos
prostaticos normais (TANNER ot al 1999)
Segundo Domingue e Hellstrom (1998) a observaltio microsc6pica
cuidadosa de amostras de secre~~o prostatica bern como a inocula~~o em meios
enriquecidos sao essenciais para a isolamento de corineformes Foi realizado estudo
em uma amostra de secre~ao prostatica na qual a colora~ao de Gram apresentou
cocobacilos gram Itlbeis pleom6rficos que nao se desenvolveram em meios de rotina
incubados por 72 horas a 35degC Houve desenvolvimento em meio de cultura
enriquecido com extrato de leveduras e sora de cavalo e incubado no minimo 72
horas em atmosfera de 5 de CO2 a 35degC A secregao inoculada em caldo triptose
demonstrou a presen~a de bacilos gram-varitlveis (microscopicamente) e quando
repicada produziu bacilos de crescimento lento em meios de retina e enriquecidos
38
(incubados aerobicamente anaerobicamente ou sob tensao de CO2 par 72 haras)
Corineformes ocultos pod em ser agentes etiol6gicos da prostatite idiopatica croniea
que sao frequentemente perdidos au nao percebidos em procedimentos
bacteriol6gicos de rotina
52 Gardnerella vaginais
o significado de Gardnerela vaginais em urina e controverso pois a
principal associacao patogElnica desta bacteria e com a vaginose na mulher Embora
baixas contagens na urina parecam refletir a micro biota da uretra masculina ou
feminina contagens aeima de 10000 UFCml ja fcram associadas com bacteriuria
sintomatica ITU recorrente cistite na mulher uretrite e prostatite no homem
Entretanto me sma quando ern altas contagens freqOentemente nao ha resposta
leucocitaria Gardnerela vaginalis e encantrada mais freqOentemente em mulheres e
pacientes com doena renal e ap6s instrumentaao (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
Estuda realizado par Agarwal e Dixon (2001) investigau a passivel papel de
Gardnerella vaginalis na cistite intersticial usando metodos maleculares para
garantir a recuperaCao do microrganismo mesmo em baixas contagens Nenhuma
das trinta e tres amastras de bi6psias de bexiga de pacientes com cistite intersticial
foram positivas para Gardnerella vaginais a que embora nao exclua seu
envalvimenta na cistite intersticial diminui esta probabilidade
Ginestre Perez et al (2001) realizaram estudo de mil trezentas e setenta
amostras de jato media de urina de pacientes com sintomas de ITU Gardnerella
vaginalis cujo papel patagenica no trato urinario e discutivel ocupou a segundo
lugar em freqOencia etiologica (1763) ficando atras somente de Escherichia coli
(5210) e superando microrganismos cansiderados uropat6genas classicos como
39
Proteus mirabifis (763) Klebsiella pneumoniae (684) e Pseudomonas
aeruginosa (368) Embera a presen~a de Gardnerella vaginais em amostras de
jato media urinario possa indicar contaminayao vaginal todos as cultivos positivos
para esta bacteria apresentavam contagens superiores a 100000 UFCml e
provinham de pacientes sintomaticos representando urna alta probabilidade de
infec~ao urinaria verdadeira
53 Mycoplasma hominis E Ureaplasma urealyticum
Especies patogenicas como Mycoplasma hominis e Ureaplasma urealyticum
ocorrem freqOentemente como colonizantes do trato urogenital inferior de homens e
mulheres saudaveis A ocorrencia de infec~ao esta provavelmente relacionada a
imunossupressao obstru~ao ou procedimentos previos de instrumental)ao no trato
urinario Ureaplasma urealyticum tern sido encontrado em calculos urinarios de
pacientes com liHase infecciosa sugerindo uma possivel associal)ao causal
Mycoplasma hominis tern sido isolado do trato urinario superior em pacientes com
sintomas de pielonefrite aguda FreqOentemente ha resposta imunol6gica especifica
(MURRAY 1999)
Foi pesquisada a presen9a de Ureaplasma urealyticum e Mycoplasma
hominis em amostras de jato medio de 314 mulheres e 52 homens sintomaticos do
trata urinltilria Ureaplasma urealyticum fai isalada em 54 (171) das mulheres e 8
(154) dos hom ens e Mycoplasma hominis foi isolado em 12 (38) das mulheres
e 4 (77) dos homens Ureaplasma urealyOcum foi superado apenas par
Escherichia coli e Gardnerella vaginalis em ambos grupas 366 e 254
respectivamente no sexo feminina e 585 e 308 no masculino Demonstrou-se
partanto que a bacteriuria par ureaplasmas e relativamente co mum porem nao e
40
detectada por metodos convencionais de cultura de urina (AVILES ZARAGOZA
1998)
A significancia de micoplasmas em amostras de jato medic urinario e de
dificil determinacao devido a provavel contaminacao da amostra par
microrganismos colonizantes da vagina e uretra distal Entretanto estudos
realizados em amostras de aspirado suprapubico em gestantes demons tram que 0
desenvolvimento de pre-eclampsia e tres vezes mais prov3vel em mulheres
apresentando culturas positivas para ureaplasmas no inicio da gestacao do que em
mulheres com culturas negativas no mesmo periodo (KONEMAN ef a 1997)
54 Haemophilus spp
Existem varios estudos relacionando Haemophifus influenzae e Haemophilus
parainfluenzae a ITU embora sua freqOencia e significancia nae tenham sido
confirmadas Alguns pesquisadores sugerem a inclusao de agar chocolate em
culturas de urina de crian~as por causa da associa~ao de Haemophilus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae com outras infec~6es nesta faixa etaria (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
Maskell (1989) citou a ocorrencia de certas bacterias fastidiosas em sftios do
trato urinflrio abaixe da bexiga como par exemple em cases de prostatite por
Haemophilus influenzae
55 Lactobacillus spp
Em estudo realizado em pacientes do sexe feminine com sind rome uretral
aguda demonstrou-se uma alta freqOencia de isolamentos de lactobacilos Durante
dois anos amastras de jato medic de tais pacientes foram cultivadas observando-se
a principio alta concentracao de lactobacilos principalmente nas pacientes
sintomaticas Ao final do estudo durante 0 qual foi impedido 0 usa de antibi6ticos os
41
lactobacilos desapareceram da urina de muitas mulheres as quais tornaram-se
assintomaticas Os autores concluiram que as sintomas da sindrome uretra podem
ser devidos a multiplica~ao desproporcional de lactobacilos na uretra distal como
resultado de antibioticoterapia frequentemente administrada em cursos prolongados
para resolurao dos sintomas urinarios Lactobacilos tambem tern sido relatados em
amostras de urina obtidas diretamente da bexiga e de amostras de tecido obtidas
par bi6psia vesical bern como ocasionalmente isolados em urinas de mulheres
idosas com sintomas urinarios (MASKELL 1989)
56 COCOS GRAM-POSITIVOS
Microrganismos dos generos Lactococcus Gemella Aerococcus e
Globicatella embora possam estar presentes como contaminantes em culturas de
material clinico tern sido isolados como patogenos oportunistas ern urina e outras
amostras de pacientes imunocomprometidos Esforyos para identifica-Ios devem ser
realizados quando os isolados forem clinicamente significantes isto e isolados
repetidamente ou em cultura pura Devido a semelhanya com outros cocos gram-
positivos isolados com mais freq04sectncia como estreptococos enterococos e
estafilococos possivelmente sao confundidos com especies destes generos
(MURRAY 1999)
Golapachar et al (2004) relata ram um caso de infec9ao do trato urinario com
bacteremia causa do por Aerococcus viridans em um homem de 87 anos residente
em uma cUnica de repouso A cultura de urina apresentau crescimenta de 105
UFCml de Aerococcus viridans e a hemocultura fai positiva para a mesmo
microrganismo Os testes bioqulmicos que leva ram a identificayao do
microrganismo faram reayoes negativas de catalase e LAP (Ieucina aminopeptidase)
e reaDes positivas para PYR (L-pyrrolidonyl-beta-naphtylamina) fermentaao de
42
trehalose e manese resistencia a optoquina crescimento em agar bile esculina 40
e cresci menta em cloreto de s6die 65 As especies de Aerococcus sao anaer6bias
facultativas a maioria catalase negativa com tendemcia a formaCao de tetrades na
morfologia microsc6pica PYR positivo e LAP negativ~ a que as diferencia de
enterococos e estreptococos
A escassa documentacao a respeito de infecyoes humanas por Aerocccus
sp deve-se provavelmente a sua similaridade microbiol6gica aos estreptococos alfa-
hemoliticos e enterococos e possiveis erras na interpretacao laboratorial de
amostras clinicas No casa acima descrito a laborat6rio de microbiologia nao pade
reaHzar a antibiograma devido a natureza fastidiosa da bacteria mas houve sucesso
terapeutico ap6s administray8o intravenosa de levofloxacin (GOLAPACHAR et al
2004)
Um caso de pielonefrite e urossepsis por Streptococcus pneumoniae foi
relatado em urn hornem de 82 anos com hist6ria clinica de leucemia linf6ide cronica
e diabetes mellitus Exames radiograficos abdominais e tomografia computadorizada
mostraram uma imagem indicativa de extensa pielonefrite no rim esquerdo sem
nenhum outro foco de infecc8o 0 abscesso renal foi tratado por drenagem
transuretral e 0 material purulento obtido foi cultivado assim como materiais de
orofaringe escarro e sangue Esearro e orofaringe revelaram apenas mierobiota
normal do trato respirat6rio enquanto 0 material drenado e as hemoculturas
demonstraram microseopicamente cocos gram-positiv~s aos pares e em eadeias
alguns dos quais eram lanceolados havendo bom crescimento em agar sangue de
carneiro e agar chocolate a 37degC As col6nias eram fracamente alfa-hemoliticas no
agar sangue e nao muc6ides catalase-negativas e sensiveis a optoquina Testes de
aglutinac8o sorologiea de ambos materiais confirmaram a identificac8o e testes
43
moleculares demonstraram ser as dois isolados identicas Apesar da terapia
antimicrobiana a paciente desenvolveu coagula98o intravascular disseminada e
sofreu uma parada cardiaca sendo que 0 quadro foi revertido mas tornau-se
necessaria a nefrotomia para eliminar a foco da infeccao Em contraste a estud05
anteriores a paciente descrito apresentou um verdadeiro casa de pielonefrite
abscesso renal e urossepsis causados par Streptococcus pneumoniae A presenca
de doencas como leucemia linf6ide crOniea e diabetes mellitus fcram 5uficientes para
causar um certa grau de imunossupressao e predispor a paciente a infeccao par
Streptococcus pneumoniae mesma sem hist6ria antecedente de infecC8o
pneumoc6cica trauma ou interven9ao cirurgica (DUFKE KUNZE-KRONAWITIER
SCHUBERT2004)
57 BACT~RIAS ANAER6BIAS
Tern sido descritos casas de infec90es do trato urinario par bacterias
anaer6bias com as mais diverses tipos de apresenta90es clinicas entre processes
crenicos e agudos As bacterias recuperadas sao bacilos gram negativQs incluindo
Bacteroides fragifis Prevotella sp e Porphyromonas sp Clostridium sp cocos
gram-positiv~s e Actinomyces sp Em muitos casas sao recuperadas em culturas
mistas com coliformes e estreptococos (BROOK 2004)
58 OUTRAS BACT~RIAS FASTIDIOSAS
Foi descrita par Greub e Raoult (2002) uma nova especie bacteriana
Actinobaculum massiliae recuperada da urina de uma mulher de 81 anos com ITU
cr6nica Os estudos fenotipicos genotfpicos e filogeneticos realizados mostraram
ser 0 isolado urna nova especie ainda nao recanhecida dentro do genera
Actinobaculum e foi proposta a denominacao Actinobaculum massiliae A mesma
cepa faj isolada tres vezes num perlodo de sete meses mesmo apes tratamento
44
com amoxicilina sulfametoxazol~trimetoprim e rifampicina Devida ao fata do
microrganismo nao ser isolado em procedimentos laboratoriais de rotina uma ITU
devido a Actinobaculum massiliae pade ser mal diagnosticada Alem disso as
col6nias apresentam heterogeneidade morfol6gica ap6s cinco dias de incubacao
podendo levar a uma errOnea interpretaC(ao de contaminacao com duas especies de
badlas gram~positivos 0 usa de agar sangue de carneiro e incubacao prolongada
motivado pela presenca de 106 leuc6cit05 per ml na urina da paciente permitiu a
desenvolvimento da cepa Houve cura ap6s tratamento com doxiciclina (GREUB
RAOUL T 2002)
Em estudo clinico e microbiol6gico de mulheres com sindrome uretral -
excluindo pacientes com cistite bacteriana - 41 pacientes foram comparadas com 42
pacientes controle Nao foi encontrada diferenca entre pacientes e con troles em
incid~ncia de Chlamydia trachomatis e outros microrganismos de transmiss3o
sexual 0 numero de lactobacilos e outros microrganismos fastidiosos bem como a
numero de leucocitos na urina nao apresentaram diferenca entre pacientes com
sintomas leves e intensos ou entre pacientes e controles Os auto res sustentam a
hipotese da sindrome uretral nao ser causada por infecrao bacteriana ou clamidial
(GILLESPIE et al 1989)
45
6 CONCLUSAO UMA REFLExAO
E indiscutivel a importo1ncia para a laborat6rio de requisicoes de exame
completas com informayoes sabre suspeita clinica existencia de sintomas
anormalidades do trata urinario e condhoes imunol6gicas do paciente Embora
tradicionalmente a maiaria dos medicos nao fornega muitas informacoes sabre 0
paciente ao laborat6rio a microbiologista pede incentivar a criacao de urn canal de
comunicacao quando observar a necessidade de informagoes sobre determinado
paciente
Exames anteriores do paciente sempre que disponiveis devem ser
consultados e comparados pois informacoes sabre infecc6es recorrentes au
recidivantes especies bacterianas envolvidas au presen9a de piuria esteril sao
importantes para direcionar a pesquisa para agentes fastidiosos
o metoda de coleta e as condi~6es de transporte da urina deterrninam a
qualidade da amostra e a quao relevantes serao as microrganismos nela
encontrados Considerando-se que urna bacteria normalmente considerada como
contarninante introduzida durante a coleta pode ser em alguns casos patogenica ou
ainda que uma especie fastidiosa patogenica de crescimento lento pode ter seu
crescimento inibido par uma contaminante de crescimenta mais rapido a coleta
adequada torna-se urn fator de suma importancia para a detec~ao de especies
fastidiosas em urina
Como ja discutida torna-se indispensavel a realiza~ao da calora~ao de
Gram em amostras de urina pOis alem de ser urn teste de triagem rapida e barato
para bacteriuria acima de 105 UFCml pode ser 0 unica indicativa da presen~a de
urna especie fastidiosa
46
A comunica~ao entre a microbiologista e a medico pode determinar nao 56 a
sucesso do diagn6stico e do tratamento como a viabilidade economica da pesquisa
de bacterias fastidiosas para 0 laborat6rio urna vez que direciona as esforyos
laboratoriais aos pacientes que realmente necessitam evitando 9a5t05
desnecessarios
Bacte-rias fastidiosas podem nao responder ao tratamento antibi6tico para
pat6genos convencionais do trato urinario portanto a pesquisa precocemente
direcionada para tais agentes pode melhorar 0 progn6stico das ITU evitando a
administracao de antibioticos inadequados au desnecessarios
Como observado nos diversos casas reiatados bacterias fastidiosas
ocorrem em cenaries clinicos especificos 0 entendimento do processo da doen=a e
as condi=oes do paciente pod em ajudar muito 0 laboratorio no esfor=o para
recuperar a bacteria do material clinico
47
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
ALBINI C A Cullura de Urina Analise das metodologias interfer~ncja sobre as
resultados e proposta para padronizacao 1994 54 f Monografia (Especia1iza9aO em
Bacteriologia) - Setor de Ciencias da Saude Departamento de Patologia Medica
Universidade Federal do Parana Curitiba
AGARWAL M DIXON R A A study to detect Gardnerella vagina lis DNA in
interstitial cystitis British Journal of Urology (on line) 2001 Disponlvel em
httpwwwbjuiorg889articlebju2514aspAcessoem 03 fev 2005
BATRA A Interstitial Cystitis Updade Infection Urology (on line) 1999 Disponivel
em httphomeswipnetsellsopicupdatehtm Acessa em 20 dez 2004
CLARIDGE J E JOHNSON J R PEZZLO M T Laboratory Diagnosis of Urinary
Tract Infections Washington American Society for Microbiology 281998
BROOK I Urinary tract genito-urinary suppurative infections due to anaerobic
bacteria International Journal of Urology (on line) 2004 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezigueryfcgicmd=Retrieveampdb=pubmedampdopt=Abst
ractamplist uids=15009360 Acesso em 18 mar 2005
DOMANN E HONG G IMIRZALIOGLU C TURSCHNER S KOHLE J
WATZEL C HAIN T HOSSAIN H CHAKRABORTY T Culture-Independent
Identification of Pathogenic Bacteria and Polymicrobial Infections in the Genitourinary
Tract of Renal Transplant Recipients Journal of Clinical Microbiology (on line) 2003
48
Disponivel em httpjcmasmorgcgireprintl41125500pdf Acesso em 18
mar2005
DOMINGUE G J HELLSTROMW J G Prostatitis Clinical Microbiology Reviews
(on line) 1998 Disponivel em httpcmrasmorglcgilcontentifuIl11141604 Acesso
em 03 fev 2005
DUFKE S KUNZE-KRONAWITIER H SCHUBERT S Pyelonephritis and
Urosepsis Caused by Streptococcus pneumoniae Journal of Clinical Microbiology
(on line) 2004 Disponlvel em httpjcmasmorgcgicontentifuIl4294383 Acesso
em 06 mar2005
FAIRLEY K F BIRCH D F Detection of Bladder Bacteriuria in Patients with Acute
Urinary Symptoms The Journal of Infectious Diseases Melbourne v 159 n2 p
226-231 fev 1989
FRAIMOW H S JUNGKIND D L LANDER D W DELSO D R DEAN J L
Urinary Tract Infection with an Enterococcus taecais Isolate that Requires
Vancomycin for Growth Annals of Internal Medicine (on line) 1994 Oisponivel em
httpwwwannalsorgcgicontentifuIl1211122 Acesso em 18 mar 2005
FRANZ M HCRL W H Common errors in diagnosis and management of urinary
tract infection I Patophysiology and diagnostic techniques Nephrology Dialysis
Transplantation (on line) 1999 Disponivel em
httpltwwwndtoupjournalsorgcgicontentifuIl141127 46 Acesso em 01 dez 2004
49
GIBB A P Plates are Belter than Broth for Recovery of Fastidious Organisms from
some Specimen Material Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Oisponivel
em httpjcmasmorgcgireprinU4041129pdf Acesso em 06 mar2005
GILLESPIE W A HENDERSON E P LINTON K B SMITH P J Microbiology
of the urethral (frequency and dysuria) syndrome A controlled study with 5-year
review British Journal of Urology (on line) 1989 Disponfvel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
2804564ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr 2005
GINESTRE PEREZ M ROMERO-A~EZ S MARTINEZ-GARCIA A RINCON-
VILLALOBOS G HARRIS-SOCORRO B CATELLANO-GONZALES M AVILA-
ROO Y PEROZO-MENA A Gardnerella vaginalis y uropat6genos convencionales
em pacientes ambulatorios Revista de La Sociedad Venezolana de Microbiaogia
(on line) 2001 Disponivel em
httpwwwseieloorgvaseielo phpscriptsci arttextamppid=S 1315-
25562001000200003amplng=esampnrm=isso Acesso em 05 jan 2005
GOBERNADO M CRUZ F J DALET F BROSETA E DE CUETO M
SANTOS M DE LA ROSA M Procedimientos en Microbiologla Clinica La
infeccion urinaria 2002 Disponivel em
httpwwwseimcorgprotocolosmicrobiologiaindice14htm Acesso em 01 dez
2004
50
GOLAPACHAR A AKINS R L DAVIS W R SIDDIQUI A A Urinary tract
infection caused by Aerococcus viridans a case report International Medical Journal
for Experimental and Clinical Research (on line) 2004 Oisponivel em
httpwlNNmedscimonitcompubvol 10no 114928pdf Acesso em 03 dez 2004
GREUB G RAOULT D Actinobaculum massiliae a new species causing chronic
urinary tract infection Journal of Clinical Microbiology (on line) 2002 Disponivel em
httpwwwpubmedcentralnihgov articlerender fcgitool=pubmedamppubmedid=12409
355 Acesso em 13 fev2005
HElLBERG I P Diagnosis and clinical management of urinary tract infection
Disponivel em httpwwwunineteducin2003confpfefermanpfefermanhtml
Acesso em 20 out 2004
KONEMAN E W ALLEN S D JANDA W M SCHREKENBERGER P C
WINN Jr W C Cr Atlas and Textbook of Diagnostic Microbiology 5ed
Philadelphia Lippincott-Raven 1997
LIPSKY B A Managing Prostatitis and Urinary Tract Infection in Men Infectious
Diseases Infoalerl (on line) 2003 Oisponivel em
httpwwwdpacomhklpdflinfolnfoALERT 15pdf Acesso em 10 dez 2004
MASKELL R A new look at the diagnosis of infection of the urinary tract and its
adjacents structures Joumaloflnfecfion Portsmouth n 19 p 207-217 jul 1989
51
MERIA P DESGRIPPES A ARFI C LE DUC A Encrusted Cystitis and Pyelitis
Journal of Urology (on line) 1998 Disponlvel em
htlpIwwwjurologycomipUrejuroabstract00005392-1 99807000-
00003htmmiddotjsessionid-CnHOtEDjxvOgrxiWIUac52pekluG1HSCZzrnOpCIJH4V107ePU
evI848681301-949856032190011-1 Acesso em 21 abr 2005
McCUE J D The Management of Complicated Urinary Tract Infections Infectious
Diseases Infoalert (on line) 1999 Disponfvel em
htlpIwwwdpacomhkJpdlfinlofinlo alart 01pdl Acesso em 01 dez 2004
MURRAY P R Manual of Clinical Microbiology 7ed Washington ASM Press
1999
NABER K G BERGMAN B BISHOP M C JOHANSEN T E B BOTTO H
LOBEL B CRUZ F J SELVAGGI F P European Association 01 Urology
Guidelines on Urinary and Male Genital Tract Infections Disponlvel em
httpwwwuroweborglfilesluploaded filesuti mgtLpdf Acesso em 20 dez 2004
OPLUSTIL C P Urocultura In__ Procedimentos basicos em microbiologia
clinica 2 ed Sao Paulo Sarvier 2004 p 88-93
OSBORNE J About Interstitial Cystitis Disponivel em htlplwwwic-
networkcomhandbooklbasicshtmlintro Acesso em 20 dez 2004
52
PEDRAZA AVILES A G ORTIZ ZARAGOZA M C Symptomatic bacteriuria due to
Ureaplasma and Mycoplasma in adults Revista Latinoamericana de Microbiologia
(on line) 1998 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedampdopt=Abs
tractamplist uids=20388109 Acesso em 20 abr 2005
RIEGEL P RUIMY R BRIEL D de PREVOST G JEHL F BIMET F
CHRISTEN R MONTEIL H Corynebacterium seminale sp Nov a New Species
Associated with Genital Infections in Male Patients Journal of Clinical Microbiology
(on line) 1995 Disponlvel em
htlpllwwwpubmedcentralnihgovpicrenderfcgiartid=228387ampblobtype=pdf
Acesso em 19 mar 2005
SORIANO F PONTE C A case of urinary tract infection caused by
Corynebacterium urealyticum and coryneform group F1 European Journal of Clinical
Microbiology Infectious Diseases (on line) 1992 Disponfvel em
httoIwwwncbinlmnihgoventreziguervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
1396772ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr2005
TANNER M A SHOSKES DSHAHEDA PACENR Prevalence of
Corynebacterial 16S fRna Sequences in Patients with Bacterial and Nonbacterial
Prostatitis Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Disponivel em
httpmcmasmorgcontenVfull3761863 Acesso em 06 mar 2005
TRABULSI L R ALTERTHUM F Escherichia coli uropatagenica (UPEC) In
Microbiaagia 4 ed Sao Paulo Atheneu 2004 p 303-309
53
37
genera e 0 nome proposto foi Corynebacterium seminae Embera organismos
difter6ides pass am fazer parte da microbiota uretral a presenCa de contagens
significativas destas especies no semen sugere urna implica~ao infecciosa
particularmente na prostatite
Estudo molecular filogenetico baseado em 16S rRNA peR realizado em
pacientes com prostatite croniea demonstrou sinais bacterian05 em 65 dos
pacientes estudados Foi constatada a ocorreuromcia de um amplo espectro de
especies bacterianas no fluido prostatico dos pacientes incluindo Corynebacterium
Staphylococcus PepiosfreptococGUS Streptococcus e Escherichia Especies do
genera Corynebacterium foram encontradas em maior proponao incluindo especies
ainda nae descritas e n~o presentes nas amostras de controle sugerindo que
possam ter um papel na doen~a au que sejam conseqOemcia da mesma 0 estudo
mostreu ainda que os microrganismos associ ados com prestatite geralmente
ocorrem em comunidades microbianas distintas daquelas encontradas em liquidos
prostaticos normais (TANNER ot al 1999)
Segundo Domingue e Hellstrom (1998) a observaltio microsc6pica
cuidadosa de amostras de secre~~o prostatica bern como a inocula~~o em meios
enriquecidos sao essenciais para a isolamento de corineformes Foi realizado estudo
em uma amostra de secre~ao prostatica na qual a colora~ao de Gram apresentou
cocobacilos gram Itlbeis pleom6rficos que nao se desenvolveram em meios de rotina
incubados por 72 horas a 35degC Houve desenvolvimento em meio de cultura
enriquecido com extrato de leveduras e sora de cavalo e incubado no minimo 72
horas em atmosfera de 5 de CO2 a 35degC A secregao inoculada em caldo triptose
demonstrou a presen~a de bacilos gram-varitlveis (microscopicamente) e quando
repicada produziu bacilos de crescimento lento em meios de retina e enriquecidos
38
(incubados aerobicamente anaerobicamente ou sob tensao de CO2 par 72 haras)
Corineformes ocultos pod em ser agentes etiol6gicos da prostatite idiopatica croniea
que sao frequentemente perdidos au nao percebidos em procedimentos
bacteriol6gicos de rotina
52 Gardnerella vaginais
o significado de Gardnerela vaginais em urina e controverso pois a
principal associacao patogElnica desta bacteria e com a vaginose na mulher Embora
baixas contagens na urina parecam refletir a micro biota da uretra masculina ou
feminina contagens aeima de 10000 UFCml ja fcram associadas com bacteriuria
sintomatica ITU recorrente cistite na mulher uretrite e prostatite no homem
Entretanto me sma quando ern altas contagens freqOentemente nao ha resposta
leucocitaria Gardnerela vaginalis e encantrada mais freqOentemente em mulheres e
pacientes com doena renal e ap6s instrumentaao (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
Estuda realizado par Agarwal e Dixon (2001) investigau a passivel papel de
Gardnerella vaginalis na cistite intersticial usando metodos maleculares para
garantir a recuperaCao do microrganismo mesmo em baixas contagens Nenhuma
das trinta e tres amastras de bi6psias de bexiga de pacientes com cistite intersticial
foram positivas para Gardnerella vaginais a que embora nao exclua seu
envalvimenta na cistite intersticial diminui esta probabilidade
Ginestre Perez et al (2001) realizaram estudo de mil trezentas e setenta
amostras de jato media de urina de pacientes com sintomas de ITU Gardnerella
vaginalis cujo papel patagenica no trato urinario e discutivel ocupou a segundo
lugar em freqOencia etiologica (1763) ficando atras somente de Escherichia coli
(5210) e superando microrganismos cansiderados uropat6genas classicos como
39
Proteus mirabifis (763) Klebsiella pneumoniae (684) e Pseudomonas
aeruginosa (368) Embera a presen~a de Gardnerella vaginais em amostras de
jato media urinario possa indicar contaminayao vaginal todos as cultivos positivos
para esta bacteria apresentavam contagens superiores a 100000 UFCml e
provinham de pacientes sintomaticos representando urna alta probabilidade de
infec~ao urinaria verdadeira
53 Mycoplasma hominis E Ureaplasma urealyticum
Especies patogenicas como Mycoplasma hominis e Ureaplasma urealyticum
ocorrem freqOentemente como colonizantes do trato urogenital inferior de homens e
mulheres saudaveis A ocorrencia de infec~ao esta provavelmente relacionada a
imunossupressao obstru~ao ou procedimentos previos de instrumental)ao no trato
urinario Ureaplasma urealyticum tern sido encontrado em calculos urinarios de
pacientes com liHase infecciosa sugerindo uma possivel associal)ao causal
Mycoplasma hominis tern sido isolado do trato urinario superior em pacientes com
sintomas de pielonefrite aguda FreqOentemente ha resposta imunol6gica especifica
(MURRAY 1999)
Foi pesquisada a presen9a de Ureaplasma urealyticum e Mycoplasma
hominis em amostras de jato medio de 314 mulheres e 52 homens sintomaticos do
trata urinltilria Ureaplasma urealyticum fai isalada em 54 (171) das mulheres e 8
(154) dos hom ens e Mycoplasma hominis foi isolado em 12 (38) das mulheres
e 4 (77) dos homens Ureaplasma urealyOcum foi superado apenas par
Escherichia coli e Gardnerella vaginalis em ambos grupas 366 e 254
respectivamente no sexo feminina e 585 e 308 no masculino Demonstrou-se
partanto que a bacteriuria par ureaplasmas e relativamente co mum porem nao e
40
detectada por metodos convencionais de cultura de urina (AVILES ZARAGOZA
1998)
A significancia de micoplasmas em amostras de jato medic urinario e de
dificil determinacao devido a provavel contaminacao da amostra par
microrganismos colonizantes da vagina e uretra distal Entretanto estudos
realizados em amostras de aspirado suprapubico em gestantes demons tram que 0
desenvolvimento de pre-eclampsia e tres vezes mais prov3vel em mulheres
apresentando culturas positivas para ureaplasmas no inicio da gestacao do que em
mulheres com culturas negativas no mesmo periodo (KONEMAN ef a 1997)
54 Haemophilus spp
Existem varios estudos relacionando Haemophifus influenzae e Haemophilus
parainfluenzae a ITU embora sua freqOencia e significancia nae tenham sido
confirmadas Alguns pesquisadores sugerem a inclusao de agar chocolate em
culturas de urina de crian~as por causa da associa~ao de Haemophilus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae com outras infec~6es nesta faixa etaria (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
Maskell (1989) citou a ocorrencia de certas bacterias fastidiosas em sftios do
trato urinflrio abaixe da bexiga como par exemple em cases de prostatite por
Haemophilus influenzae
55 Lactobacillus spp
Em estudo realizado em pacientes do sexe feminine com sind rome uretral
aguda demonstrou-se uma alta freqOencia de isolamentos de lactobacilos Durante
dois anos amastras de jato medic de tais pacientes foram cultivadas observando-se
a principio alta concentracao de lactobacilos principalmente nas pacientes
sintomaticas Ao final do estudo durante 0 qual foi impedido 0 usa de antibi6ticos os
41
lactobacilos desapareceram da urina de muitas mulheres as quais tornaram-se
assintomaticas Os autores concluiram que as sintomas da sindrome uretra podem
ser devidos a multiplica~ao desproporcional de lactobacilos na uretra distal como
resultado de antibioticoterapia frequentemente administrada em cursos prolongados
para resolurao dos sintomas urinarios Lactobacilos tambem tern sido relatados em
amostras de urina obtidas diretamente da bexiga e de amostras de tecido obtidas
par bi6psia vesical bern como ocasionalmente isolados em urinas de mulheres
idosas com sintomas urinarios (MASKELL 1989)
56 COCOS GRAM-POSITIVOS
Microrganismos dos generos Lactococcus Gemella Aerococcus e
Globicatella embora possam estar presentes como contaminantes em culturas de
material clinico tern sido isolados como patogenos oportunistas ern urina e outras
amostras de pacientes imunocomprometidos Esforyos para identifica-Ios devem ser
realizados quando os isolados forem clinicamente significantes isto e isolados
repetidamente ou em cultura pura Devido a semelhanya com outros cocos gram-
positivos isolados com mais freq04sectncia como estreptococos enterococos e
estafilococos possivelmente sao confundidos com especies destes generos
(MURRAY 1999)
Golapachar et al (2004) relata ram um caso de infec9ao do trato urinario com
bacteremia causa do por Aerococcus viridans em um homem de 87 anos residente
em uma cUnica de repouso A cultura de urina apresentau crescimenta de 105
UFCml de Aerococcus viridans e a hemocultura fai positiva para a mesmo
microrganismo Os testes bioqulmicos que leva ram a identificayao do
microrganismo faram reayoes negativas de catalase e LAP (Ieucina aminopeptidase)
e reaDes positivas para PYR (L-pyrrolidonyl-beta-naphtylamina) fermentaao de
42
trehalose e manese resistencia a optoquina crescimento em agar bile esculina 40
e cresci menta em cloreto de s6die 65 As especies de Aerococcus sao anaer6bias
facultativas a maioria catalase negativa com tendemcia a formaCao de tetrades na
morfologia microsc6pica PYR positivo e LAP negativ~ a que as diferencia de
enterococos e estreptococos
A escassa documentacao a respeito de infecyoes humanas por Aerocccus
sp deve-se provavelmente a sua similaridade microbiol6gica aos estreptococos alfa-
hemoliticos e enterococos e possiveis erras na interpretacao laboratorial de
amostras clinicas No casa acima descrito a laborat6rio de microbiologia nao pade
reaHzar a antibiograma devido a natureza fastidiosa da bacteria mas houve sucesso
terapeutico ap6s administray8o intravenosa de levofloxacin (GOLAPACHAR et al
2004)
Um caso de pielonefrite e urossepsis por Streptococcus pneumoniae foi
relatado em urn hornem de 82 anos com hist6ria clinica de leucemia linf6ide cronica
e diabetes mellitus Exames radiograficos abdominais e tomografia computadorizada
mostraram uma imagem indicativa de extensa pielonefrite no rim esquerdo sem
nenhum outro foco de infecc8o 0 abscesso renal foi tratado por drenagem
transuretral e 0 material purulento obtido foi cultivado assim como materiais de
orofaringe escarro e sangue Esearro e orofaringe revelaram apenas mierobiota
normal do trato respirat6rio enquanto 0 material drenado e as hemoculturas
demonstraram microseopicamente cocos gram-positiv~s aos pares e em eadeias
alguns dos quais eram lanceolados havendo bom crescimento em agar sangue de
carneiro e agar chocolate a 37degC As col6nias eram fracamente alfa-hemoliticas no
agar sangue e nao muc6ides catalase-negativas e sensiveis a optoquina Testes de
aglutinac8o sorologiea de ambos materiais confirmaram a identificac8o e testes
43
moleculares demonstraram ser as dois isolados identicas Apesar da terapia
antimicrobiana a paciente desenvolveu coagula98o intravascular disseminada e
sofreu uma parada cardiaca sendo que 0 quadro foi revertido mas tornau-se
necessaria a nefrotomia para eliminar a foco da infeccao Em contraste a estud05
anteriores a paciente descrito apresentou um verdadeiro casa de pielonefrite
abscesso renal e urossepsis causados par Streptococcus pneumoniae A presenca
de doencas como leucemia linf6ide crOniea e diabetes mellitus fcram 5uficientes para
causar um certa grau de imunossupressao e predispor a paciente a infeccao par
Streptococcus pneumoniae mesma sem hist6ria antecedente de infecC8o
pneumoc6cica trauma ou interven9ao cirurgica (DUFKE KUNZE-KRONAWITIER
SCHUBERT2004)
57 BACT~RIAS ANAER6BIAS
Tern sido descritos casas de infec90es do trato urinario par bacterias
anaer6bias com as mais diverses tipos de apresenta90es clinicas entre processes
crenicos e agudos As bacterias recuperadas sao bacilos gram negativQs incluindo
Bacteroides fragifis Prevotella sp e Porphyromonas sp Clostridium sp cocos
gram-positiv~s e Actinomyces sp Em muitos casas sao recuperadas em culturas
mistas com coliformes e estreptococos (BROOK 2004)
58 OUTRAS BACT~RIAS FASTIDIOSAS
Foi descrita par Greub e Raoult (2002) uma nova especie bacteriana
Actinobaculum massiliae recuperada da urina de uma mulher de 81 anos com ITU
cr6nica Os estudos fenotipicos genotfpicos e filogeneticos realizados mostraram
ser 0 isolado urna nova especie ainda nao recanhecida dentro do genera
Actinobaculum e foi proposta a denominacao Actinobaculum massiliae A mesma
cepa faj isolada tres vezes num perlodo de sete meses mesmo apes tratamento
44
com amoxicilina sulfametoxazol~trimetoprim e rifampicina Devida ao fata do
microrganismo nao ser isolado em procedimentos laboratoriais de rotina uma ITU
devido a Actinobaculum massiliae pade ser mal diagnosticada Alem disso as
col6nias apresentam heterogeneidade morfol6gica ap6s cinco dias de incubacao
podendo levar a uma errOnea interpretaC(ao de contaminacao com duas especies de
badlas gram~positivos 0 usa de agar sangue de carneiro e incubacao prolongada
motivado pela presenca de 106 leuc6cit05 per ml na urina da paciente permitiu a
desenvolvimento da cepa Houve cura ap6s tratamento com doxiciclina (GREUB
RAOUL T 2002)
Em estudo clinico e microbiol6gico de mulheres com sindrome uretral -
excluindo pacientes com cistite bacteriana - 41 pacientes foram comparadas com 42
pacientes controle Nao foi encontrada diferenca entre pacientes e con troles em
incid~ncia de Chlamydia trachomatis e outros microrganismos de transmiss3o
sexual 0 numero de lactobacilos e outros microrganismos fastidiosos bem como a
numero de leucocitos na urina nao apresentaram diferenca entre pacientes com
sintomas leves e intensos ou entre pacientes e controles Os auto res sustentam a
hipotese da sindrome uretral nao ser causada por infecrao bacteriana ou clamidial
(GILLESPIE et al 1989)
45
6 CONCLUSAO UMA REFLExAO
E indiscutivel a importo1ncia para a laborat6rio de requisicoes de exame
completas com informayoes sabre suspeita clinica existencia de sintomas
anormalidades do trata urinario e condhoes imunol6gicas do paciente Embora
tradicionalmente a maiaria dos medicos nao fornega muitas informacoes sabre 0
paciente ao laborat6rio a microbiologista pede incentivar a criacao de urn canal de
comunicacao quando observar a necessidade de informagoes sobre determinado
paciente
Exames anteriores do paciente sempre que disponiveis devem ser
consultados e comparados pois informacoes sabre infecc6es recorrentes au
recidivantes especies bacterianas envolvidas au presen9a de piuria esteril sao
importantes para direcionar a pesquisa para agentes fastidiosos
o metoda de coleta e as condi~6es de transporte da urina deterrninam a
qualidade da amostra e a quao relevantes serao as microrganismos nela
encontrados Considerando-se que urna bacteria normalmente considerada como
contarninante introduzida durante a coleta pode ser em alguns casos patogenica ou
ainda que uma especie fastidiosa patogenica de crescimento lento pode ter seu
crescimento inibido par uma contaminante de crescimenta mais rapido a coleta
adequada torna-se urn fator de suma importancia para a detec~ao de especies
fastidiosas em urina
Como ja discutida torna-se indispensavel a realiza~ao da calora~ao de
Gram em amostras de urina pOis alem de ser urn teste de triagem rapida e barato
para bacteriuria acima de 105 UFCml pode ser 0 unica indicativa da presen~a de
urna especie fastidiosa
46
A comunica~ao entre a microbiologista e a medico pode determinar nao 56 a
sucesso do diagn6stico e do tratamento como a viabilidade economica da pesquisa
de bacterias fastidiosas para 0 laborat6rio urna vez que direciona as esforyos
laboratoriais aos pacientes que realmente necessitam evitando 9a5t05
desnecessarios
Bacte-rias fastidiosas podem nao responder ao tratamento antibi6tico para
pat6genos convencionais do trato urinario portanto a pesquisa precocemente
direcionada para tais agentes pode melhorar 0 progn6stico das ITU evitando a
administracao de antibioticos inadequados au desnecessarios
Como observado nos diversos casas reiatados bacterias fastidiosas
ocorrem em cenaries clinicos especificos 0 entendimento do processo da doen=a e
as condi=oes do paciente pod em ajudar muito 0 laboratorio no esfor=o para
recuperar a bacteria do material clinico
47
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
ALBINI C A Cullura de Urina Analise das metodologias interfer~ncja sobre as
resultados e proposta para padronizacao 1994 54 f Monografia (Especia1iza9aO em
Bacteriologia) - Setor de Ciencias da Saude Departamento de Patologia Medica
Universidade Federal do Parana Curitiba
AGARWAL M DIXON R A A study to detect Gardnerella vagina lis DNA in
interstitial cystitis British Journal of Urology (on line) 2001 Disponlvel em
httpwwwbjuiorg889articlebju2514aspAcessoem 03 fev 2005
BATRA A Interstitial Cystitis Updade Infection Urology (on line) 1999 Disponivel
em httphomeswipnetsellsopicupdatehtm Acessa em 20 dez 2004
CLARIDGE J E JOHNSON J R PEZZLO M T Laboratory Diagnosis of Urinary
Tract Infections Washington American Society for Microbiology 281998
BROOK I Urinary tract genito-urinary suppurative infections due to anaerobic
bacteria International Journal of Urology (on line) 2004 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezigueryfcgicmd=Retrieveampdb=pubmedampdopt=Abst
ractamplist uids=15009360 Acesso em 18 mar 2005
DOMANN E HONG G IMIRZALIOGLU C TURSCHNER S KOHLE J
WATZEL C HAIN T HOSSAIN H CHAKRABORTY T Culture-Independent
Identification of Pathogenic Bacteria and Polymicrobial Infections in the Genitourinary
Tract of Renal Transplant Recipients Journal of Clinical Microbiology (on line) 2003
48
Disponivel em httpjcmasmorgcgireprintl41125500pdf Acesso em 18
mar2005
DOMINGUE G J HELLSTROMW J G Prostatitis Clinical Microbiology Reviews
(on line) 1998 Disponivel em httpcmrasmorglcgilcontentifuIl11141604 Acesso
em 03 fev 2005
DUFKE S KUNZE-KRONAWITIER H SCHUBERT S Pyelonephritis and
Urosepsis Caused by Streptococcus pneumoniae Journal of Clinical Microbiology
(on line) 2004 Disponlvel em httpjcmasmorgcgicontentifuIl4294383 Acesso
em 06 mar2005
FAIRLEY K F BIRCH D F Detection of Bladder Bacteriuria in Patients with Acute
Urinary Symptoms The Journal of Infectious Diseases Melbourne v 159 n2 p
226-231 fev 1989
FRAIMOW H S JUNGKIND D L LANDER D W DELSO D R DEAN J L
Urinary Tract Infection with an Enterococcus taecais Isolate that Requires
Vancomycin for Growth Annals of Internal Medicine (on line) 1994 Oisponivel em
httpwwwannalsorgcgicontentifuIl1211122 Acesso em 18 mar 2005
FRANZ M HCRL W H Common errors in diagnosis and management of urinary
tract infection I Patophysiology and diagnostic techniques Nephrology Dialysis
Transplantation (on line) 1999 Disponivel em
httpltwwwndtoupjournalsorgcgicontentifuIl141127 46 Acesso em 01 dez 2004
49
GIBB A P Plates are Belter than Broth for Recovery of Fastidious Organisms from
some Specimen Material Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Oisponivel
em httpjcmasmorgcgireprinU4041129pdf Acesso em 06 mar2005
GILLESPIE W A HENDERSON E P LINTON K B SMITH P J Microbiology
of the urethral (frequency and dysuria) syndrome A controlled study with 5-year
review British Journal of Urology (on line) 1989 Disponfvel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
2804564ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr 2005
GINESTRE PEREZ M ROMERO-A~EZ S MARTINEZ-GARCIA A RINCON-
VILLALOBOS G HARRIS-SOCORRO B CATELLANO-GONZALES M AVILA-
ROO Y PEROZO-MENA A Gardnerella vaginalis y uropat6genos convencionales
em pacientes ambulatorios Revista de La Sociedad Venezolana de Microbiaogia
(on line) 2001 Disponivel em
httpwwwseieloorgvaseielo phpscriptsci arttextamppid=S 1315-
25562001000200003amplng=esampnrm=isso Acesso em 05 jan 2005
GOBERNADO M CRUZ F J DALET F BROSETA E DE CUETO M
SANTOS M DE LA ROSA M Procedimientos en Microbiologla Clinica La
infeccion urinaria 2002 Disponivel em
httpwwwseimcorgprotocolosmicrobiologiaindice14htm Acesso em 01 dez
2004
50
GOLAPACHAR A AKINS R L DAVIS W R SIDDIQUI A A Urinary tract
infection caused by Aerococcus viridans a case report International Medical Journal
for Experimental and Clinical Research (on line) 2004 Oisponivel em
httpwlNNmedscimonitcompubvol 10no 114928pdf Acesso em 03 dez 2004
GREUB G RAOULT D Actinobaculum massiliae a new species causing chronic
urinary tract infection Journal of Clinical Microbiology (on line) 2002 Disponivel em
httpwwwpubmedcentralnihgov articlerender fcgitool=pubmedamppubmedid=12409
355 Acesso em 13 fev2005
HElLBERG I P Diagnosis and clinical management of urinary tract infection
Disponivel em httpwwwunineteducin2003confpfefermanpfefermanhtml
Acesso em 20 out 2004
KONEMAN E W ALLEN S D JANDA W M SCHREKENBERGER P C
WINN Jr W C Cr Atlas and Textbook of Diagnostic Microbiology 5ed
Philadelphia Lippincott-Raven 1997
LIPSKY B A Managing Prostatitis and Urinary Tract Infection in Men Infectious
Diseases Infoalerl (on line) 2003 Oisponivel em
httpwwwdpacomhklpdflinfolnfoALERT 15pdf Acesso em 10 dez 2004
MASKELL R A new look at the diagnosis of infection of the urinary tract and its
adjacents structures Joumaloflnfecfion Portsmouth n 19 p 207-217 jul 1989
51
MERIA P DESGRIPPES A ARFI C LE DUC A Encrusted Cystitis and Pyelitis
Journal of Urology (on line) 1998 Disponlvel em
htlpIwwwjurologycomipUrejuroabstract00005392-1 99807000-
00003htmmiddotjsessionid-CnHOtEDjxvOgrxiWIUac52pekluG1HSCZzrnOpCIJH4V107ePU
evI848681301-949856032190011-1 Acesso em 21 abr 2005
McCUE J D The Management of Complicated Urinary Tract Infections Infectious
Diseases Infoalert (on line) 1999 Disponfvel em
htlpIwwwdpacomhkJpdlfinlofinlo alart 01pdl Acesso em 01 dez 2004
MURRAY P R Manual of Clinical Microbiology 7ed Washington ASM Press
1999
NABER K G BERGMAN B BISHOP M C JOHANSEN T E B BOTTO H
LOBEL B CRUZ F J SELVAGGI F P European Association 01 Urology
Guidelines on Urinary and Male Genital Tract Infections Disponlvel em
httpwwwuroweborglfilesluploaded filesuti mgtLpdf Acesso em 20 dez 2004
OPLUSTIL C P Urocultura In__ Procedimentos basicos em microbiologia
clinica 2 ed Sao Paulo Sarvier 2004 p 88-93
OSBORNE J About Interstitial Cystitis Disponivel em htlplwwwic-
networkcomhandbooklbasicshtmlintro Acesso em 20 dez 2004
52
PEDRAZA AVILES A G ORTIZ ZARAGOZA M C Symptomatic bacteriuria due to
Ureaplasma and Mycoplasma in adults Revista Latinoamericana de Microbiologia
(on line) 1998 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedampdopt=Abs
tractamplist uids=20388109 Acesso em 20 abr 2005
RIEGEL P RUIMY R BRIEL D de PREVOST G JEHL F BIMET F
CHRISTEN R MONTEIL H Corynebacterium seminale sp Nov a New Species
Associated with Genital Infections in Male Patients Journal of Clinical Microbiology
(on line) 1995 Disponlvel em
htlpllwwwpubmedcentralnihgovpicrenderfcgiartid=228387ampblobtype=pdf
Acesso em 19 mar 2005
SORIANO F PONTE C A case of urinary tract infection caused by
Corynebacterium urealyticum and coryneform group F1 European Journal of Clinical
Microbiology Infectious Diseases (on line) 1992 Disponfvel em
httoIwwwncbinlmnihgoventreziguervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
1396772ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr2005
TANNER M A SHOSKES DSHAHEDA PACENR Prevalence of
Corynebacterial 16S fRna Sequences in Patients with Bacterial and Nonbacterial
Prostatitis Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Disponivel em
httpmcmasmorgcontenVfull3761863 Acesso em 06 mar 2005
TRABULSI L R ALTERTHUM F Escherichia coli uropatagenica (UPEC) In
Microbiaagia 4 ed Sao Paulo Atheneu 2004 p 303-309
53
38
(incubados aerobicamente anaerobicamente ou sob tensao de CO2 par 72 haras)
Corineformes ocultos pod em ser agentes etiol6gicos da prostatite idiopatica croniea
que sao frequentemente perdidos au nao percebidos em procedimentos
bacteriol6gicos de rotina
52 Gardnerella vaginais
o significado de Gardnerela vaginais em urina e controverso pois a
principal associacao patogElnica desta bacteria e com a vaginose na mulher Embora
baixas contagens na urina parecam refletir a micro biota da uretra masculina ou
feminina contagens aeima de 10000 UFCml ja fcram associadas com bacteriuria
sintomatica ITU recorrente cistite na mulher uretrite e prostatite no homem
Entretanto me sma quando ern altas contagens freqOentemente nao ha resposta
leucocitaria Gardnerela vaginalis e encantrada mais freqOentemente em mulheres e
pacientes com doena renal e ap6s instrumentaao (CLARRIDGE JOHNSON
PEZZLO 1998)
Estuda realizado par Agarwal e Dixon (2001) investigau a passivel papel de
Gardnerella vaginalis na cistite intersticial usando metodos maleculares para
garantir a recuperaCao do microrganismo mesmo em baixas contagens Nenhuma
das trinta e tres amastras de bi6psias de bexiga de pacientes com cistite intersticial
foram positivas para Gardnerella vaginais a que embora nao exclua seu
envalvimenta na cistite intersticial diminui esta probabilidade
Ginestre Perez et al (2001) realizaram estudo de mil trezentas e setenta
amostras de jato media de urina de pacientes com sintomas de ITU Gardnerella
vaginalis cujo papel patagenica no trato urinario e discutivel ocupou a segundo
lugar em freqOencia etiologica (1763) ficando atras somente de Escherichia coli
(5210) e superando microrganismos cansiderados uropat6genas classicos como
39
Proteus mirabifis (763) Klebsiella pneumoniae (684) e Pseudomonas
aeruginosa (368) Embera a presen~a de Gardnerella vaginais em amostras de
jato media urinario possa indicar contaminayao vaginal todos as cultivos positivos
para esta bacteria apresentavam contagens superiores a 100000 UFCml e
provinham de pacientes sintomaticos representando urna alta probabilidade de
infec~ao urinaria verdadeira
53 Mycoplasma hominis E Ureaplasma urealyticum
Especies patogenicas como Mycoplasma hominis e Ureaplasma urealyticum
ocorrem freqOentemente como colonizantes do trato urogenital inferior de homens e
mulheres saudaveis A ocorrencia de infec~ao esta provavelmente relacionada a
imunossupressao obstru~ao ou procedimentos previos de instrumental)ao no trato
urinario Ureaplasma urealyticum tern sido encontrado em calculos urinarios de
pacientes com liHase infecciosa sugerindo uma possivel associal)ao causal
Mycoplasma hominis tern sido isolado do trato urinario superior em pacientes com
sintomas de pielonefrite aguda FreqOentemente ha resposta imunol6gica especifica
(MURRAY 1999)
Foi pesquisada a presen9a de Ureaplasma urealyticum e Mycoplasma
hominis em amostras de jato medio de 314 mulheres e 52 homens sintomaticos do
trata urinltilria Ureaplasma urealyticum fai isalada em 54 (171) das mulheres e 8
(154) dos hom ens e Mycoplasma hominis foi isolado em 12 (38) das mulheres
e 4 (77) dos homens Ureaplasma urealyOcum foi superado apenas par
Escherichia coli e Gardnerella vaginalis em ambos grupas 366 e 254
respectivamente no sexo feminina e 585 e 308 no masculino Demonstrou-se
partanto que a bacteriuria par ureaplasmas e relativamente co mum porem nao e
40
detectada por metodos convencionais de cultura de urina (AVILES ZARAGOZA
1998)
A significancia de micoplasmas em amostras de jato medic urinario e de
dificil determinacao devido a provavel contaminacao da amostra par
microrganismos colonizantes da vagina e uretra distal Entretanto estudos
realizados em amostras de aspirado suprapubico em gestantes demons tram que 0
desenvolvimento de pre-eclampsia e tres vezes mais prov3vel em mulheres
apresentando culturas positivas para ureaplasmas no inicio da gestacao do que em
mulheres com culturas negativas no mesmo periodo (KONEMAN ef a 1997)
54 Haemophilus spp
Existem varios estudos relacionando Haemophifus influenzae e Haemophilus
parainfluenzae a ITU embora sua freqOencia e significancia nae tenham sido
confirmadas Alguns pesquisadores sugerem a inclusao de agar chocolate em
culturas de urina de crian~as por causa da associa~ao de Haemophilus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae com outras infec~6es nesta faixa etaria (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
Maskell (1989) citou a ocorrencia de certas bacterias fastidiosas em sftios do
trato urinflrio abaixe da bexiga como par exemple em cases de prostatite por
Haemophilus influenzae
55 Lactobacillus spp
Em estudo realizado em pacientes do sexe feminine com sind rome uretral
aguda demonstrou-se uma alta freqOencia de isolamentos de lactobacilos Durante
dois anos amastras de jato medic de tais pacientes foram cultivadas observando-se
a principio alta concentracao de lactobacilos principalmente nas pacientes
sintomaticas Ao final do estudo durante 0 qual foi impedido 0 usa de antibi6ticos os
41
lactobacilos desapareceram da urina de muitas mulheres as quais tornaram-se
assintomaticas Os autores concluiram que as sintomas da sindrome uretra podem
ser devidos a multiplica~ao desproporcional de lactobacilos na uretra distal como
resultado de antibioticoterapia frequentemente administrada em cursos prolongados
para resolurao dos sintomas urinarios Lactobacilos tambem tern sido relatados em
amostras de urina obtidas diretamente da bexiga e de amostras de tecido obtidas
par bi6psia vesical bern como ocasionalmente isolados em urinas de mulheres
idosas com sintomas urinarios (MASKELL 1989)
56 COCOS GRAM-POSITIVOS
Microrganismos dos generos Lactococcus Gemella Aerococcus e
Globicatella embora possam estar presentes como contaminantes em culturas de
material clinico tern sido isolados como patogenos oportunistas ern urina e outras
amostras de pacientes imunocomprometidos Esforyos para identifica-Ios devem ser
realizados quando os isolados forem clinicamente significantes isto e isolados
repetidamente ou em cultura pura Devido a semelhanya com outros cocos gram-
positivos isolados com mais freq04sectncia como estreptococos enterococos e
estafilococos possivelmente sao confundidos com especies destes generos
(MURRAY 1999)
Golapachar et al (2004) relata ram um caso de infec9ao do trato urinario com
bacteremia causa do por Aerococcus viridans em um homem de 87 anos residente
em uma cUnica de repouso A cultura de urina apresentau crescimenta de 105
UFCml de Aerococcus viridans e a hemocultura fai positiva para a mesmo
microrganismo Os testes bioqulmicos que leva ram a identificayao do
microrganismo faram reayoes negativas de catalase e LAP (Ieucina aminopeptidase)
e reaDes positivas para PYR (L-pyrrolidonyl-beta-naphtylamina) fermentaao de
42
trehalose e manese resistencia a optoquina crescimento em agar bile esculina 40
e cresci menta em cloreto de s6die 65 As especies de Aerococcus sao anaer6bias
facultativas a maioria catalase negativa com tendemcia a formaCao de tetrades na
morfologia microsc6pica PYR positivo e LAP negativ~ a que as diferencia de
enterococos e estreptococos
A escassa documentacao a respeito de infecyoes humanas por Aerocccus
sp deve-se provavelmente a sua similaridade microbiol6gica aos estreptococos alfa-
hemoliticos e enterococos e possiveis erras na interpretacao laboratorial de
amostras clinicas No casa acima descrito a laborat6rio de microbiologia nao pade
reaHzar a antibiograma devido a natureza fastidiosa da bacteria mas houve sucesso
terapeutico ap6s administray8o intravenosa de levofloxacin (GOLAPACHAR et al
2004)
Um caso de pielonefrite e urossepsis por Streptococcus pneumoniae foi
relatado em urn hornem de 82 anos com hist6ria clinica de leucemia linf6ide cronica
e diabetes mellitus Exames radiograficos abdominais e tomografia computadorizada
mostraram uma imagem indicativa de extensa pielonefrite no rim esquerdo sem
nenhum outro foco de infecc8o 0 abscesso renal foi tratado por drenagem
transuretral e 0 material purulento obtido foi cultivado assim como materiais de
orofaringe escarro e sangue Esearro e orofaringe revelaram apenas mierobiota
normal do trato respirat6rio enquanto 0 material drenado e as hemoculturas
demonstraram microseopicamente cocos gram-positiv~s aos pares e em eadeias
alguns dos quais eram lanceolados havendo bom crescimento em agar sangue de
carneiro e agar chocolate a 37degC As col6nias eram fracamente alfa-hemoliticas no
agar sangue e nao muc6ides catalase-negativas e sensiveis a optoquina Testes de
aglutinac8o sorologiea de ambos materiais confirmaram a identificac8o e testes
43
moleculares demonstraram ser as dois isolados identicas Apesar da terapia
antimicrobiana a paciente desenvolveu coagula98o intravascular disseminada e
sofreu uma parada cardiaca sendo que 0 quadro foi revertido mas tornau-se
necessaria a nefrotomia para eliminar a foco da infeccao Em contraste a estud05
anteriores a paciente descrito apresentou um verdadeiro casa de pielonefrite
abscesso renal e urossepsis causados par Streptococcus pneumoniae A presenca
de doencas como leucemia linf6ide crOniea e diabetes mellitus fcram 5uficientes para
causar um certa grau de imunossupressao e predispor a paciente a infeccao par
Streptococcus pneumoniae mesma sem hist6ria antecedente de infecC8o
pneumoc6cica trauma ou interven9ao cirurgica (DUFKE KUNZE-KRONAWITIER
SCHUBERT2004)
57 BACT~RIAS ANAER6BIAS
Tern sido descritos casas de infec90es do trato urinario par bacterias
anaer6bias com as mais diverses tipos de apresenta90es clinicas entre processes
crenicos e agudos As bacterias recuperadas sao bacilos gram negativQs incluindo
Bacteroides fragifis Prevotella sp e Porphyromonas sp Clostridium sp cocos
gram-positiv~s e Actinomyces sp Em muitos casas sao recuperadas em culturas
mistas com coliformes e estreptococos (BROOK 2004)
58 OUTRAS BACT~RIAS FASTIDIOSAS
Foi descrita par Greub e Raoult (2002) uma nova especie bacteriana
Actinobaculum massiliae recuperada da urina de uma mulher de 81 anos com ITU
cr6nica Os estudos fenotipicos genotfpicos e filogeneticos realizados mostraram
ser 0 isolado urna nova especie ainda nao recanhecida dentro do genera
Actinobaculum e foi proposta a denominacao Actinobaculum massiliae A mesma
cepa faj isolada tres vezes num perlodo de sete meses mesmo apes tratamento
44
com amoxicilina sulfametoxazol~trimetoprim e rifampicina Devida ao fata do
microrganismo nao ser isolado em procedimentos laboratoriais de rotina uma ITU
devido a Actinobaculum massiliae pade ser mal diagnosticada Alem disso as
col6nias apresentam heterogeneidade morfol6gica ap6s cinco dias de incubacao
podendo levar a uma errOnea interpretaC(ao de contaminacao com duas especies de
badlas gram~positivos 0 usa de agar sangue de carneiro e incubacao prolongada
motivado pela presenca de 106 leuc6cit05 per ml na urina da paciente permitiu a
desenvolvimento da cepa Houve cura ap6s tratamento com doxiciclina (GREUB
RAOUL T 2002)
Em estudo clinico e microbiol6gico de mulheres com sindrome uretral -
excluindo pacientes com cistite bacteriana - 41 pacientes foram comparadas com 42
pacientes controle Nao foi encontrada diferenca entre pacientes e con troles em
incid~ncia de Chlamydia trachomatis e outros microrganismos de transmiss3o
sexual 0 numero de lactobacilos e outros microrganismos fastidiosos bem como a
numero de leucocitos na urina nao apresentaram diferenca entre pacientes com
sintomas leves e intensos ou entre pacientes e controles Os auto res sustentam a
hipotese da sindrome uretral nao ser causada por infecrao bacteriana ou clamidial
(GILLESPIE et al 1989)
45
6 CONCLUSAO UMA REFLExAO
E indiscutivel a importo1ncia para a laborat6rio de requisicoes de exame
completas com informayoes sabre suspeita clinica existencia de sintomas
anormalidades do trata urinario e condhoes imunol6gicas do paciente Embora
tradicionalmente a maiaria dos medicos nao fornega muitas informacoes sabre 0
paciente ao laborat6rio a microbiologista pede incentivar a criacao de urn canal de
comunicacao quando observar a necessidade de informagoes sobre determinado
paciente
Exames anteriores do paciente sempre que disponiveis devem ser
consultados e comparados pois informacoes sabre infecc6es recorrentes au
recidivantes especies bacterianas envolvidas au presen9a de piuria esteril sao
importantes para direcionar a pesquisa para agentes fastidiosos
o metoda de coleta e as condi~6es de transporte da urina deterrninam a
qualidade da amostra e a quao relevantes serao as microrganismos nela
encontrados Considerando-se que urna bacteria normalmente considerada como
contarninante introduzida durante a coleta pode ser em alguns casos patogenica ou
ainda que uma especie fastidiosa patogenica de crescimento lento pode ter seu
crescimento inibido par uma contaminante de crescimenta mais rapido a coleta
adequada torna-se urn fator de suma importancia para a detec~ao de especies
fastidiosas em urina
Como ja discutida torna-se indispensavel a realiza~ao da calora~ao de
Gram em amostras de urina pOis alem de ser urn teste de triagem rapida e barato
para bacteriuria acima de 105 UFCml pode ser 0 unica indicativa da presen~a de
urna especie fastidiosa
46
A comunica~ao entre a microbiologista e a medico pode determinar nao 56 a
sucesso do diagn6stico e do tratamento como a viabilidade economica da pesquisa
de bacterias fastidiosas para 0 laborat6rio urna vez que direciona as esforyos
laboratoriais aos pacientes que realmente necessitam evitando 9a5t05
desnecessarios
Bacte-rias fastidiosas podem nao responder ao tratamento antibi6tico para
pat6genos convencionais do trato urinario portanto a pesquisa precocemente
direcionada para tais agentes pode melhorar 0 progn6stico das ITU evitando a
administracao de antibioticos inadequados au desnecessarios
Como observado nos diversos casas reiatados bacterias fastidiosas
ocorrem em cenaries clinicos especificos 0 entendimento do processo da doen=a e
as condi=oes do paciente pod em ajudar muito 0 laboratorio no esfor=o para
recuperar a bacteria do material clinico
47
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
ALBINI C A Cullura de Urina Analise das metodologias interfer~ncja sobre as
resultados e proposta para padronizacao 1994 54 f Monografia (Especia1iza9aO em
Bacteriologia) - Setor de Ciencias da Saude Departamento de Patologia Medica
Universidade Federal do Parana Curitiba
AGARWAL M DIXON R A A study to detect Gardnerella vagina lis DNA in
interstitial cystitis British Journal of Urology (on line) 2001 Disponlvel em
httpwwwbjuiorg889articlebju2514aspAcessoem 03 fev 2005
BATRA A Interstitial Cystitis Updade Infection Urology (on line) 1999 Disponivel
em httphomeswipnetsellsopicupdatehtm Acessa em 20 dez 2004
CLARIDGE J E JOHNSON J R PEZZLO M T Laboratory Diagnosis of Urinary
Tract Infections Washington American Society for Microbiology 281998
BROOK I Urinary tract genito-urinary suppurative infections due to anaerobic
bacteria International Journal of Urology (on line) 2004 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezigueryfcgicmd=Retrieveampdb=pubmedampdopt=Abst
ractamplist uids=15009360 Acesso em 18 mar 2005
DOMANN E HONG G IMIRZALIOGLU C TURSCHNER S KOHLE J
WATZEL C HAIN T HOSSAIN H CHAKRABORTY T Culture-Independent
Identification of Pathogenic Bacteria and Polymicrobial Infections in the Genitourinary
Tract of Renal Transplant Recipients Journal of Clinical Microbiology (on line) 2003
48
Disponivel em httpjcmasmorgcgireprintl41125500pdf Acesso em 18
mar2005
DOMINGUE G J HELLSTROMW J G Prostatitis Clinical Microbiology Reviews
(on line) 1998 Disponivel em httpcmrasmorglcgilcontentifuIl11141604 Acesso
em 03 fev 2005
DUFKE S KUNZE-KRONAWITIER H SCHUBERT S Pyelonephritis and
Urosepsis Caused by Streptococcus pneumoniae Journal of Clinical Microbiology
(on line) 2004 Disponlvel em httpjcmasmorgcgicontentifuIl4294383 Acesso
em 06 mar2005
FAIRLEY K F BIRCH D F Detection of Bladder Bacteriuria in Patients with Acute
Urinary Symptoms The Journal of Infectious Diseases Melbourne v 159 n2 p
226-231 fev 1989
FRAIMOW H S JUNGKIND D L LANDER D W DELSO D R DEAN J L
Urinary Tract Infection with an Enterococcus taecais Isolate that Requires
Vancomycin for Growth Annals of Internal Medicine (on line) 1994 Oisponivel em
httpwwwannalsorgcgicontentifuIl1211122 Acesso em 18 mar 2005
FRANZ M HCRL W H Common errors in diagnosis and management of urinary
tract infection I Patophysiology and diagnostic techniques Nephrology Dialysis
Transplantation (on line) 1999 Disponivel em
httpltwwwndtoupjournalsorgcgicontentifuIl141127 46 Acesso em 01 dez 2004
49
GIBB A P Plates are Belter than Broth for Recovery of Fastidious Organisms from
some Specimen Material Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Oisponivel
em httpjcmasmorgcgireprinU4041129pdf Acesso em 06 mar2005
GILLESPIE W A HENDERSON E P LINTON K B SMITH P J Microbiology
of the urethral (frequency and dysuria) syndrome A controlled study with 5-year
review British Journal of Urology (on line) 1989 Disponfvel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
2804564ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr 2005
GINESTRE PEREZ M ROMERO-A~EZ S MARTINEZ-GARCIA A RINCON-
VILLALOBOS G HARRIS-SOCORRO B CATELLANO-GONZALES M AVILA-
ROO Y PEROZO-MENA A Gardnerella vaginalis y uropat6genos convencionales
em pacientes ambulatorios Revista de La Sociedad Venezolana de Microbiaogia
(on line) 2001 Disponivel em
httpwwwseieloorgvaseielo phpscriptsci arttextamppid=S 1315-
25562001000200003amplng=esampnrm=isso Acesso em 05 jan 2005
GOBERNADO M CRUZ F J DALET F BROSETA E DE CUETO M
SANTOS M DE LA ROSA M Procedimientos en Microbiologla Clinica La
infeccion urinaria 2002 Disponivel em
httpwwwseimcorgprotocolosmicrobiologiaindice14htm Acesso em 01 dez
2004
50
GOLAPACHAR A AKINS R L DAVIS W R SIDDIQUI A A Urinary tract
infection caused by Aerococcus viridans a case report International Medical Journal
for Experimental and Clinical Research (on line) 2004 Oisponivel em
httpwlNNmedscimonitcompubvol 10no 114928pdf Acesso em 03 dez 2004
GREUB G RAOULT D Actinobaculum massiliae a new species causing chronic
urinary tract infection Journal of Clinical Microbiology (on line) 2002 Disponivel em
httpwwwpubmedcentralnihgov articlerender fcgitool=pubmedamppubmedid=12409
355 Acesso em 13 fev2005
HElLBERG I P Diagnosis and clinical management of urinary tract infection
Disponivel em httpwwwunineteducin2003confpfefermanpfefermanhtml
Acesso em 20 out 2004
KONEMAN E W ALLEN S D JANDA W M SCHREKENBERGER P C
WINN Jr W C Cr Atlas and Textbook of Diagnostic Microbiology 5ed
Philadelphia Lippincott-Raven 1997
LIPSKY B A Managing Prostatitis and Urinary Tract Infection in Men Infectious
Diseases Infoalerl (on line) 2003 Oisponivel em
httpwwwdpacomhklpdflinfolnfoALERT 15pdf Acesso em 10 dez 2004
MASKELL R A new look at the diagnosis of infection of the urinary tract and its
adjacents structures Joumaloflnfecfion Portsmouth n 19 p 207-217 jul 1989
51
MERIA P DESGRIPPES A ARFI C LE DUC A Encrusted Cystitis and Pyelitis
Journal of Urology (on line) 1998 Disponlvel em
htlpIwwwjurologycomipUrejuroabstract00005392-1 99807000-
00003htmmiddotjsessionid-CnHOtEDjxvOgrxiWIUac52pekluG1HSCZzrnOpCIJH4V107ePU
evI848681301-949856032190011-1 Acesso em 21 abr 2005
McCUE J D The Management of Complicated Urinary Tract Infections Infectious
Diseases Infoalert (on line) 1999 Disponfvel em
htlpIwwwdpacomhkJpdlfinlofinlo alart 01pdl Acesso em 01 dez 2004
MURRAY P R Manual of Clinical Microbiology 7ed Washington ASM Press
1999
NABER K G BERGMAN B BISHOP M C JOHANSEN T E B BOTTO H
LOBEL B CRUZ F J SELVAGGI F P European Association 01 Urology
Guidelines on Urinary and Male Genital Tract Infections Disponlvel em
httpwwwuroweborglfilesluploaded filesuti mgtLpdf Acesso em 20 dez 2004
OPLUSTIL C P Urocultura In__ Procedimentos basicos em microbiologia
clinica 2 ed Sao Paulo Sarvier 2004 p 88-93
OSBORNE J About Interstitial Cystitis Disponivel em htlplwwwic-
networkcomhandbooklbasicshtmlintro Acesso em 20 dez 2004
52
PEDRAZA AVILES A G ORTIZ ZARAGOZA M C Symptomatic bacteriuria due to
Ureaplasma and Mycoplasma in adults Revista Latinoamericana de Microbiologia
(on line) 1998 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedampdopt=Abs
tractamplist uids=20388109 Acesso em 20 abr 2005
RIEGEL P RUIMY R BRIEL D de PREVOST G JEHL F BIMET F
CHRISTEN R MONTEIL H Corynebacterium seminale sp Nov a New Species
Associated with Genital Infections in Male Patients Journal of Clinical Microbiology
(on line) 1995 Disponlvel em
htlpllwwwpubmedcentralnihgovpicrenderfcgiartid=228387ampblobtype=pdf
Acesso em 19 mar 2005
SORIANO F PONTE C A case of urinary tract infection caused by
Corynebacterium urealyticum and coryneform group F1 European Journal of Clinical
Microbiology Infectious Diseases (on line) 1992 Disponfvel em
httoIwwwncbinlmnihgoventreziguervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
1396772ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr2005
TANNER M A SHOSKES DSHAHEDA PACENR Prevalence of
Corynebacterial 16S fRna Sequences in Patients with Bacterial and Nonbacterial
Prostatitis Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Disponivel em
httpmcmasmorgcontenVfull3761863 Acesso em 06 mar 2005
TRABULSI L R ALTERTHUM F Escherichia coli uropatagenica (UPEC) In
Microbiaagia 4 ed Sao Paulo Atheneu 2004 p 303-309
53
39
Proteus mirabifis (763) Klebsiella pneumoniae (684) e Pseudomonas
aeruginosa (368) Embera a presen~a de Gardnerella vaginais em amostras de
jato media urinario possa indicar contaminayao vaginal todos as cultivos positivos
para esta bacteria apresentavam contagens superiores a 100000 UFCml e
provinham de pacientes sintomaticos representando urna alta probabilidade de
infec~ao urinaria verdadeira
53 Mycoplasma hominis E Ureaplasma urealyticum
Especies patogenicas como Mycoplasma hominis e Ureaplasma urealyticum
ocorrem freqOentemente como colonizantes do trato urogenital inferior de homens e
mulheres saudaveis A ocorrencia de infec~ao esta provavelmente relacionada a
imunossupressao obstru~ao ou procedimentos previos de instrumental)ao no trato
urinario Ureaplasma urealyticum tern sido encontrado em calculos urinarios de
pacientes com liHase infecciosa sugerindo uma possivel associal)ao causal
Mycoplasma hominis tern sido isolado do trato urinario superior em pacientes com
sintomas de pielonefrite aguda FreqOentemente ha resposta imunol6gica especifica
(MURRAY 1999)
Foi pesquisada a presen9a de Ureaplasma urealyticum e Mycoplasma
hominis em amostras de jato medio de 314 mulheres e 52 homens sintomaticos do
trata urinltilria Ureaplasma urealyticum fai isalada em 54 (171) das mulheres e 8
(154) dos hom ens e Mycoplasma hominis foi isolado em 12 (38) das mulheres
e 4 (77) dos homens Ureaplasma urealyOcum foi superado apenas par
Escherichia coli e Gardnerella vaginalis em ambos grupas 366 e 254
respectivamente no sexo feminina e 585 e 308 no masculino Demonstrou-se
partanto que a bacteriuria par ureaplasmas e relativamente co mum porem nao e
40
detectada por metodos convencionais de cultura de urina (AVILES ZARAGOZA
1998)
A significancia de micoplasmas em amostras de jato medic urinario e de
dificil determinacao devido a provavel contaminacao da amostra par
microrganismos colonizantes da vagina e uretra distal Entretanto estudos
realizados em amostras de aspirado suprapubico em gestantes demons tram que 0
desenvolvimento de pre-eclampsia e tres vezes mais prov3vel em mulheres
apresentando culturas positivas para ureaplasmas no inicio da gestacao do que em
mulheres com culturas negativas no mesmo periodo (KONEMAN ef a 1997)
54 Haemophilus spp
Existem varios estudos relacionando Haemophifus influenzae e Haemophilus
parainfluenzae a ITU embora sua freqOencia e significancia nae tenham sido
confirmadas Alguns pesquisadores sugerem a inclusao de agar chocolate em
culturas de urina de crian~as por causa da associa~ao de Haemophilus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae com outras infec~6es nesta faixa etaria (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
Maskell (1989) citou a ocorrencia de certas bacterias fastidiosas em sftios do
trato urinflrio abaixe da bexiga como par exemple em cases de prostatite por
Haemophilus influenzae
55 Lactobacillus spp
Em estudo realizado em pacientes do sexe feminine com sind rome uretral
aguda demonstrou-se uma alta freqOencia de isolamentos de lactobacilos Durante
dois anos amastras de jato medic de tais pacientes foram cultivadas observando-se
a principio alta concentracao de lactobacilos principalmente nas pacientes
sintomaticas Ao final do estudo durante 0 qual foi impedido 0 usa de antibi6ticos os
41
lactobacilos desapareceram da urina de muitas mulheres as quais tornaram-se
assintomaticas Os autores concluiram que as sintomas da sindrome uretra podem
ser devidos a multiplica~ao desproporcional de lactobacilos na uretra distal como
resultado de antibioticoterapia frequentemente administrada em cursos prolongados
para resolurao dos sintomas urinarios Lactobacilos tambem tern sido relatados em
amostras de urina obtidas diretamente da bexiga e de amostras de tecido obtidas
par bi6psia vesical bern como ocasionalmente isolados em urinas de mulheres
idosas com sintomas urinarios (MASKELL 1989)
56 COCOS GRAM-POSITIVOS
Microrganismos dos generos Lactococcus Gemella Aerococcus e
Globicatella embora possam estar presentes como contaminantes em culturas de
material clinico tern sido isolados como patogenos oportunistas ern urina e outras
amostras de pacientes imunocomprometidos Esforyos para identifica-Ios devem ser
realizados quando os isolados forem clinicamente significantes isto e isolados
repetidamente ou em cultura pura Devido a semelhanya com outros cocos gram-
positivos isolados com mais freq04sectncia como estreptococos enterococos e
estafilococos possivelmente sao confundidos com especies destes generos
(MURRAY 1999)
Golapachar et al (2004) relata ram um caso de infec9ao do trato urinario com
bacteremia causa do por Aerococcus viridans em um homem de 87 anos residente
em uma cUnica de repouso A cultura de urina apresentau crescimenta de 105
UFCml de Aerococcus viridans e a hemocultura fai positiva para a mesmo
microrganismo Os testes bioqulmicos que leva ram a identificayao do
microrganismo faram reayoes negativas de catalase e LAP (Ieucina aminopeptidase)
e reaDes positivas para PYR (L-pyrrolidonyl-beta-naphtylamina) fermentaao de
42
trehalose e manese resistencia a optoquina crescimento em agar bile esculina 40
e cresci menta em cloreto de s6die 65 As especies de Aerococcus sao anaer6bias
facultativas a maioria catalase negativa com tendemcia a formaCao de tetrades na
morfologia microsc6pica PYR positivo e LAP negativ~ a que as diferencia de
enterococos e estreptococos
A escassa documentacao a respeito de infecyoes humanas por Aerocccus
sp deve-se provavelmente a sua similaridade microbiol6gica aos estreptococos alfa-
hemoliticos e enterococos e possiveis erras na interpretacao laboratorial de
amostras clinicas No casa acima descrito a laborat6rio de microbiologia nao pade
reaHzar a antibiograma devido a natureza fastidiosa da bacteria mas houve sucesso
terapeutico ap6s administray8o intravenosa de levofloxacin (GOLAPACHAR et al
2004)
Um caso de pielonefrite e urossepsis por Streptococcus pneumoniae foi
relatado em urn hornem de 82 anos com hist6ria clinica de leucemia linf6ide cronica
e diabetes mellitus Exames radiograficos abdominais e tomografia computadorizada
mostraram uma imagem indicativa de extensa pielonefrite no rim esquerdo sem
nenhum outro foco de infecc8o 0 abscesso renal foi tratado por drenagem
transuretral e 0 material purulento obtido foi cultivado assim como materiais de
orofaringe escarro e sangue Esearro e orofaringe revelaram apenas mierobiota
normal do trato respirat6rio enquanto 0 material drenado e as hemoculturas
demonstraram microseopicamente cocos gram-positiv~s aos pares e em eadeias
alguns dos quais eram lanceolados havendo bom crescimento em agar sangue de
carneiro e agar chocolate a 37degC As col6nias eram fracamente alfa-hemoliticas no
agar sangue e nao muc6ides catalase-negativas e sensiveis a optoquina Testes de
aglutinac8o sorologiea de ambos materiais confirmaram a identificac8o e testes
43
moleculares demonstraram ser as dois isolados identicas Apesar da terapia
antimicrobiana a paciente desenvolveu coagula98o intravascular disseminada e
sofreu uma parada cardiaca sendo que 0 quadro foi revertido mas tornau-se
necessaria a nefrotomia para eliminar a foco da infeccao Em contraste a estud05
anteriores a paciente descrito apresentou um verdadeiro casa de pielonefrite
abscesso renal e urossepsis causados par Streptococcus pneumoniae A presenca
de doencas como leucemia linf6ide crOniea e diabetes mellitus fcram 5uficientes para
causar um certa grau de imunossupressao e predispor a paciente a infeccao par
Streptococcus pneumoniae mesma sem hist6ria antecedente de infecC8o
pneumoc6cica trauma ou interven9ao cirurgica (DUFKE KUNZE-KRONAWITIER
SCHUBERT2004)
57 BACT~RIAS ANAER6BIAS
Tern sido descritos casas de infec90es do trato urinario par bacterias
anaer6bias com as mais diverses tipos de apresenta90es clinicas entre processes
crenicos e agudos As bacterias recuperadas sao bacilos gram negativQs incluindo
Bacteroides fragifis Prevotella sp e Porphyromonas sp Clostridium sp cocos
gram-positiv~s e Actinomyces sp Em muitos casas sao recuperadas em culturas
mistas com coliformes e estreptococos (BROOK 2004)
58 OUTRAS BACT~RIAS FASTIDIOSAS
Foi descrita par Greub e Raoult (2002) uma nova especie bacteriana
Actinobaculum massiliae recuperada da urina de uma mulher de 81 anos com ITU
cr6nica Os estudos fenotipicos genotfpicos e filogeneticos realizados mostraram
ser 0 isolado urna nova especie ainda nao recanhecida dentro do genera
Actinobaculum e foi proposta a denominacao Actinobaculum massiliae A mesma
cepa faj isolada tres vezes num perlodo de sete meses mesmo apes tratamento
44
com amoxicilina sulfametoxazol~trimetoprim e rifampicina Devida ao fata do
microrganismo nao ser isolado em procedimentos laboratoriais de rotina uma ITU
devido a Actinobaculum massiliae pade ser mal diagnosticada Alem disso as
col6nias apresentam heterogeneidade morfol6gica ap6s cinco dias de incubacao
podendo levar a uma errOnea interpretaC(ao de contaminacao com duas especies de
badlas gram~positivos 0 usa de agar sangue de carneiro e incubacao prolongada
motivado pela presenca de 106 leuc6cit05 per ml na urina da paciente permitiu a
desenvolvimento da cepa Houve cura ap6s tratamento com doxiciclina (GREUB
RAOUL T 2002)
Em estudo clinico e microbiol6gico de mulheres com sindrome uretral -
excluindo pacientes com cistite bacteriana - 41 pacientes foram comparadas com 42
pacientes controle Nao foi encontrada diferenca entre pacientes e con troles em
incid~ncia de Chlamydia trachomatis e outros microrganismos de transmiss3o
sexual 0 numero de lactobacilos e outros microrganismos fastidiosos bem como a
numero de leucocitos na urina nao apresentaram diferenca entre pacientes com
sintomas leves e intensos ou entre pacientes e controles Os auto res sustentam a
hipotese da sindrome uretral nao ser causada por infecrao bacteriana ou clamidial
(GILLESPIE et al 1989)
45
6 CONCLUSAO UMA REFLExAO
E indiscutivel a importo1ncia para a laborat6rio de requisicoes de exame
completas com informayoes sabre suspeita clinica existencia de sintomas
anormalidades do trata urinario e condhoes imunol6gicas do paciente Embora
tradicionalmente a maiaria dos medicos nao fornega muitas informacoes sabre 0
paciente ao laborat6rio a microbiologista pede incentivar a criacao de urn canal de
comunicacao quando observar a necessidade de informagoes sobre determinado
paciente
Exames anteriores do paciente sempre que disponiveis devem ser
consultados e comparados pois informacoes sabre infecc6es recorrentes au
recidivantes especies bacterianas envolvidas au presen9a de piuria esteril sao
importantes para direcionar a pesquisa para agentes fastidiosos
o metoda de coleta e as condi~6es de transporte da urina deterrninam a
qualidade da amostra e a quao relevantes serao as microrganismos nela
encontrados Considerando-se que urna bacteria normalmente considerada como
contarninante introduzida durante a coleta pode ser em alguns casos patogenica ou
ainda que uma especie fastidiosa patogenica de crescimento lento pode ter seu
crescimento inibido par uma contaminante de crescimenta mais rapido a coleta
adequada torna-se urn fator de suma importancia para a detec~ao de especies
fastidiosas em urina
Como ja discutida torna-se indispensavel a realiza~ao da calora~ao de
Gram em amostras de urina pOis alem de ser urn teste de triagem rapida e barato
para bacteriuria acima de 105 UFCml pode ser 0 unica indicativa da presen~a de
urna especie fastidiosa
46
A comunica~ao entre a microbiologista e a medico pode determinar nao 56 a
sucesso do diagn6stico e do tratamento como a viabilidade economica da pesquisa
de bacterias fastidiosas para 0 laborat6rio urna vez que direciona as esforyos
laboratoriais aos pacientes que realmente necessitam evitando 9a5t05
desnecessarios
Bacte-rias fastidiosas podem nao responder ao tratamento antibi6tico para
pat6genos convencionais do trato urinario portanto a pesquisa precocemente
direcionada para tais agentes pode melhorar 0 progn6stico das ITU evitando a
administracao de antibioticos inadequados au desnecessarios
Como observado nos diversos casas reiatados bacterias fastidiosas
ocorrem em cenaries clinicos especificos 0 entendimento do processo da doen=a e
as condi=oes do paciente pod em ajudar muito 0 laboratorio no esfor=o para
recuperar a bacteria do material clinico
47
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
ALBINI C A Cullura de Urina Analise das metodologias interfer~ncja sobre as
resultados e proposta para padronizacao 1994 54 f Monografia (Especia1iza9aO em
Bacteriologia) - Setor de Ciencias da Saude Departamento de Patologia Medica
Universidade Federal do Parana Curitiba
AGARWAL M DIXON R A A study to detect Gardnerella vagina lis DNA in
interstitial cystitis British Journal of Urology (on line) 2001 Disponlvel em
httpwwwbjuiorg889articlebju2514aspAcessoem 03 fev 2005
BATRA A Interstitial Cystitis Updade Infection Urology (on line) 1999 Disponivel
em httphomeswipnetsellsopicupdatehtm Acessa em 20 dez 2004
CLARIDGE J E JOHNSON J R PEZZLO M T Laboratory Diagnosis of Urinary
Tract Infections Washington American Society for Microbiology 281998
BROOK I Urinary tract genito-urinary suppurative infections due to anaerobic
bacteria International Journal of Urology (on line) 2004 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezigueryfcgicmd=Retrieveampdb=pubmedampdopt=Abst
ractamplist uids=15009360 Acesso em 18 mar 2005
DOMANN E HONG G IMIRZALIOGLU C TURSCHNER S KOHLE J
WATZEL C HAIN T HOSSAIN H CHAKRABORTY T Culture-Independent
Identification of Pathogenic Bacteria and Polymicrobial Infections in the Genitourinary
Tract of Renal Transplant Recipients Journal of Clinical Microbiology (on line) 2003
48
Disponivel em httpjcmasmorgcgireprintl41125500pdf Acesso em 18
mar2005
DOMINGUE G J HELLSTROMW J G Prostatitis Clinical Microbiology Reviews
(on line) 1998 Disponivel em httpcmrasmorglcgilcontentifuIl11141604 Acesso
em 03 fev 2005
DUFKE S KUNZE-KRONAWITIER H SCHUBERT S Pyelonephritis and
Urosepsis Caused by Streptococcus pneumoniae Journal of Clinical Microbiology
(on line) 2004 Disponlvel em httpjcmasmorgcgicontentifuIl4294383 Acesso
em 06 mar2005
FAIRLEY K F BIRCH D F Detection of Bladder Bacteriuria in Patients with Acute
Urinary Symptoms The Journal of Infectious Diseases Melbourne v 159 n2 p
226-231 fev 1989
FRAIMOW H S JUNGKIND D L LANDER D W DELSO D R DEAN J L
Urinary Tract Infection with an Enterococcus taecais Isolate that Requires
Vancomycin for Growth Annals of Internal Medicine (on line) 1994 Oisponivel em
httpwwwannalsorgcgicontentifuIl1211122 Acesso em 18 mar 2005
FRANZ M HCRL W H Common errors in diagnosis and management of urinary
tract infection I Patophysiology and diagnostic techniques Nephrology Dialysis
Transplantation (on line) 1999 Disponivel em
httpltwwwndtoupjournalsorgcgicontentifuIl141127 46 Acesso em 01 dez 2004
49
GIBB A P Plates are Belter than Broth for Recovery of Fastidious Organisms from
some Specimen Material Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Oisponivel
em httpjcmasmorgcgireprinU4041129pdf Acesso em 06 mar2005
GILLESPIE W A HENDERSON E P LINTON K B SMITH P J Microbiology
of the urethral (frequency and dysuria) syndrome A controlled study with 5-year
review British Journal of Urology (on line) 1989 Disponfvel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
2804564ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr 2005
GINESTRE PEREZ M ROMERO-A~EZ S MARTINEZ-GARCIA A RINCON-
VILLALOBOS G HARRIS-SOCORRO B CATELLANO-GONZALES M AVILA-
ROO Y PEROZO-MENA A Gardnerella vaginalis y uropat6genos convencionales
em pacientes ambulatorios Revista de La Sociedad Venezolana de Microbiaogia
(on line) 2001 Disponivel em
httpwwwseieloorgvaseielo phpscriptsci arttextamppid=S 1315-
25562001000200003amplng=esampnrm=isso Acesso em 05 jan 2005
GOBERNADO M CRUZ F J DALET F BROSETA E DE CUETO M
SANTOS M DE LA ROSA M Procedimientos en Microbiologla Clinica La
infeccion urinaria 2002 Disponivel em
httpwwwseimcorgprotocolosmicrobiologiaindice14htm Acesso em 01 dez
2004
50
GOLAPACHAR A AKINS R L DAVIS W R SIDDIQUI A A Urinary tract
infection caused by Aerococcus viridans a case report International Medical Journal
for Experimental and Clinical Research (on line) 2004 Oisponivel em
httpwlNNmedscimonitcompubvol 10no 114928pdf Acesso em 03 dez 2004
GREUB G RAOULT D Actinobaculum massiliae a new species causing chronic
urinary tract infection Journal of Clinical Microbiology (on line) 2002 Disponivel em
httpwwwpubmedcentralnihgov articlerender fcgitool=pubmedamppubmedid=12409
355 Acesso em 13 fev2005
HElLBERG I P Diagnosis and clinical management of urinary tract infection
Disponivel em httpwwwunineteducin2003confpfefermanpfefermanhtml
Acesso em 20 out 2004
KONEMAN E W ALLEN S D JANDA W M SCHREKENBERGER P C
WINN Jr W C Cr Atlas and Textbook of Diagnostic Microbiology 5ed
Philadelphia Lippincott-Raven 1997
LIPSKY B A Managing Prostatitis and Urinary Tract Infection in Men Infectious
Diseases Infoalerl (on line) 2003 Oisponivel em
httpwwwdpacomhklpdflinfolnfoALERT 15pdf Acesso em 10 dez 2004
MASKELL R A new look at the diagnosis of infection of the urinary tract and its
adjacents structures Joumaloflnfecfion Portsmouth n 19 p 207-217 jul 1989
51
MERIA P DESGRIPPES A ARFI C LE DUC A Encrusted Cystitis and Pyelitis
Journal of Urology (on line) 1998 Disponlvel em
htlpIwwwjurologycomipUrejuroabstract00005392-1 99807000-
00003htmmiddotjsessionid-CnHOtEDjxvOgrxiWIUac52pekluG1HSCZzrnOpCIJH4V107ePU
evI848681301-949856032190011-1 Acesso em 21 abr 2005
McCUE J D The Management of Complicated Urinary Tract Infections Infectious
Diseases Infoalert (on line) 1999 Disponfvel em
htlpIwwwdpacomhkJpdlfinlofinlo alart 01pdl Acesso em 01 dez 2004
MURRAY P R Manual of Clinical Microbiology 7ed Washington ASM Press
1999
NABER K G BERGMAN B BISHOP M C JOHANSEN T E B BOTTO H
LOBEL B CRUZ F J SELVAGGI F P European Association 01 Urology
Guidelines on Urinary and Male Genital Tract Infections Disponlvel em
httpwwwuroweborglfilesluploaded filesuti mgtLpdf Acesso em 20 dez 2004
OPLUSTIL C P Urocultura In__ Procedimentos basicos em microbiologia
clinica 2 ed Sao Paulo Sarvier 2004 p 88-93
OSBORNE J About Interstitial Cystitis Disponivel em htlplwwwic-
networkcomhandbooklbasicshtmlintro Acesso em 20 dez 2004
52
PEDRAZA AVILES A G ORTIZ ZARAGOZA M C Symptomatic bacteriuria due to
Ureaplasma and Mycoplasma in adults Revista Latinoamericana de Microbiologia
(on line) 1998 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedampdopt=Abs
tractamplist uids=20388109 Acesso em 20 abr 2005
RIEGEL P RUIMY R BRIEL D de PREVOST G JEHL F BIMET F
CHRISTEN R MONTEIL H Corynebacterium seminale sp Nov a New Species
Associated with Genital Infections in Male Patients Journal of Clinical Microbiology
(on line) 1995 Disponlvel em
htlpllwwwpubmedcentralnihgovpicrenderfcgiartid=228387ampblobtype=pdf
Acesso em 19 mar 2005
SORIANO F PONTE C A case of urinary tract infection caused by
Corynebacterium urealyticum and coryneform group F1 European Journal of Clinical
Microbiology Infectious Diseases (on line) 1992 Disponfvel em
httoIwwwncbinlmnihgoventreziguervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
1396772ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr2005
TANNER M A SHOSKES DSHAHEDA PACENR Prevalence of
Corynebacterial 16S fRna Sequences in Patients with Bacterial and Nonbacterial
Prostatitis Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Disponivel em
httpmcmasmorgcontenVfull3761863 Acesso em 06 mar 2005
TRABULSI L R ALTERTHUM F Escherichia coli uropatagenica (UPEC) In
Microbiaagia 4 ed Sao Paulo Atheneu 2004 p 303-309
53
40
detectada por metodos convencionais de cultura de urina (AVILES ZARAGOZA
1998)
A significancia de micoplasmas em amostras de jato medic urinario e de
dificil determinacao devido a provavel contaminacao da amostra par
microrganismos colonizantes da vagina e uretra distal Entretanto estudos
realizados em amostras de aspirado suprapubico em gestantes demons tram que 0
desenvolvimento de pre-eclampsia e tres vezes mais prov3vel em mulheres
apresentando culturas positivas para ureaplasmas no inicio da gestacao do que em
mulheres com culturas negativas no mesmo periodo (KONEMAN ef a 1997)
54 Haemophilus spp
Existem varios estudos relacionando Haemophifus influenzae e Haemophilus
parainfluenzae a ITU embora sua freqOencia e significancia nae tenham sido
confirmadas Alguns pesquisadores sugerem a inclusao de agar chocolate em
culturas de urina de crian~as por causa da associa~ao de Haemophilus influenzae e
Haemophifus parainfluenzae com outras infec~6es nesta faixa etaria (CLARRIDGE
JOHNSON PEZZLO 1998)
Maskell (1989) citou a ocorrencia de certas bacterias fastidiosas em sftios do
trato urinflrio abaixe da bexiga como par exemple em cases de prostatite por
Haemophilus influenzae
55 Lactobacillus spp
Em estudo realizado em pacientes do sexe feminine com sind rome uretral
aguda demonstrou-se uma alta freqOencia de isolamentos de lactobacilos Durante
dois anos amastras de jato medic de tais pacientes foram cultivadas observando-se
a principio alta concentracao de lactobacilos principalmente nas pacientes
sintomaticas Ao final do estudo durante 0 qual foi impedido 0 usa de antibi6ticos os
41
lactobacilos desapareceram da urina de muitas mulheres as quais tornaram-se
assintomaticas Os autores concluiram que as sintomas da sindrome uretra podem
ser devidos a multiplica~ao desproporcional de lactobacilos na uretra distal como
resultado de antibioticoterapia frequentemente administrada em cursos prolongados
para resolurao dos sintomas urinarios Lactobacilos tambem tern sido relatados em
amostras de urina obtidas diretamente da bexiga e de amostras de tecido obtidas
par bi6psia vesical bern como ocasionalmente isolados em urinas de mulheres
idosas com sintomas urinarios (MASKELL 1989)
56 COCOS GRAM-POSITIVOS
Microrganismos dos generos Lactococcus Gemella Aerococcus e
Globicatella embora possam estar presentes como contaminantes em culturas de
material clinico tern sido isolados como patogenos oportunistas ern urina e outras
amostras de pacientes imunocomprometidos Esforyos para identifica-Ios devem ser
realizados quando os isolados forem clinicamente significantes isto e isolados
repetidamente ou em cultura pura Devido a semelhanya com outros cocos gram-
positivos isolados com mais freq04sectncia como estreptococos enterococos e
estafilococos possivelmente sao confundidos com especies destes generos
(MURRAY 1999)
Golapachar et al (2004) relata ram um caso de infec9ao do trato urinario com
bacteremia causa do por Aerococcus viridans em um homem de 87 anos residente
em uma cUnica de repouso A cultura de urina apresentau crescimenta de 105
UFCml de Aerococcus viridans e a hemocultura fai positiva para a mesmo
microrganismo Os testes bioqulmicos que leva ram a identificayao do
microrganismo faram reayoes negativas de catalase e LAP (Ieucina aminopeptidase)
e reaDes positivas para PYR (L-pyrrolidonyl-beta-naphtylamina) fermentaao de
42
trehalose e manese resistencia a optoquina crescimento em agar bile esculina 40
e cresci menta em cloreto de s6die 65 As especies de Aerococcus sao anaer6bias
facultativas a maioria catalase negativa com tendemcia a formaCao de tetrades na
morfologia microsc6pica PYR positivo e LAP negativ~ a que as diferencia de
enterococos e estreptococos
A escassa documentacao a respeito de infecyoes humanas por Aerocccus
sp deve-se provavelmente a sua similaridade microbiol6gica aos estreptococos alfa-
hemoliticos e enterococos e possiveis erras na interpretacao laboratorial de
amostras clinicas No casa acima descrito a laborat6rio de microbiologia nao pade
reaHzar a antibiograma devido a natureza fastidiosa da bacteria mas houve sucesso
terapeutico ap6s administray8o intravenosa de levofloxacin (GOLAPACHAR et al
2004)
Um caso de pielonefrite e urossepsis por Streptococcus pneumoniae foi
relatado em urn hornem de 82 anos com hist6ria clinica de leucemia linf6ide cronica
e diabetes mellitus Exames radiograficos abdominais e tomografia computadorizada
mostraram uma imagem indicativa de extensa pielonefrite no rim esquerdo sem
nenhum outro foco de infecc8o 0 abscesso renal foi tratado por drenagem
transuretral e 0 material purulento obtido foi cultivado assim como materiais de
orofaringe escarro e sangue Esearro e orofaringe revelaram apenas mierobiota
normal do trato respirat6rio enquanto 0 material drenado e as hemoculturas
demonstraram microseopicamente cocos gram-positiv~s aos pares e em eadeias
alguns dos quais eram lanceolados havendo bom crescimento em agar sangue de
carneiro e agar chocolate a 37degC As col6nias eram fracamente alfa-hemoliticas no
agar sangue e nao muc6ides catalase-negativas e sensiveis a optoquina Testes de
aglutinac8o sorologiea de ambos materiais confirmaram a identificac8o e testes
43
moleculares demonstraram ser as dois isolados identicas Apesar da terapia
antimicrobiana a paciente desenvolveu coagula98o intravascular disseminada e
sofreu uma parada cardiaca sendo que 0 quadro foi revertido mas tornau-se
necessaria a nefrotomia para eliminar a foco da infeccao Em contraste a estud05
anteriores a paciente descrito apresentou um verdadeiro casa de pielonefrite
abscesso renal e urossepsis causados par Streptococcus pneumoniae A presenca
de doencas como leucemia linf6ide crOniea e diabetes mellitus fcram 5uficientes para
causar um certa grau de imunossupressao e predispor a paciente a infeccao par
Streptococcus pneumoniae mesma sem hist6ria antecedente de infecC8o
pneumoc6cica trauma ou interven9ao cirurgica (DUFKE KUNZE-KRONAWITIER
SCHUBERT2004)
57 BACT~RIAS ANAER6BIAS
Tern sido descritos casas de infec90es do trato urinario par bacterias
anaer6bias com as mais diverses tipos de apresenta90es clinicas entre processes
crenicos e agudos As bacterias recuperadas sao bacilos gram negativQs incluindo
Bacteroides fragifis Prevotella sp e Porphyromonas sp Clostridium sp cocos
gram-positiv~s e Actinomyces sp Em muitos casas sao recuperadas em culturas
mistas com coliformes e estreptococos (BROOK 2004)
58 OUTRAS BACT~RIAS FASTIDIOSAS
Foi descrita par Greub e Raoult (2002) uma nova especie bacteriana
Actinobaculum massiliae recuperada da urina de uma mulher de 81 anos com ITU
cr6nica Os estudos fenotipicos genotfpicos e filogeneticos realizados mostraram
ser 0 isolado urna nova especie ainda nao recanhecida dentro do genera
Actinobaculum e foi proposta a denominacao Actinobaculum massiliae A mesma
cepa faj isolada tres vezes num perlodo de sete meses mesmo apes tratamento
44
com amoxicilina sulfametoxazol~trimetoprim e rifampicina Devida ao fata do
microrganismo nao ser isolado em procedimentos laboratoriais de rotina uma ITU
devido a Actinobaculum massiliae pade ser mal diagnosticada Alem disso as
col6nias apresentam heterogeneidade morfol6gica ap6s cinco dias de incubacao
podendo levar a uma errOnea interpretaC(ao de contaminacao com duas especies de
badlas gram~positivos 0 usa de agar sangue de carneiro e incubacao prolongada
motivado pela presenca de 106 leuc6cit05 per ml na urina da paciente permitiu a
desenvolvimento da cepa Houve cura ap6s tratamento com doxiciclina (GREUB
RAOUL T 2002)
Em estudo clinico e microbiol6gico de mulheres com sindrome uretral -
excluindo pacientes com cistite bacteriana - 41 pacientes foram comparadas com 42
pacientes controle Nao foi encontrada diferenca entre pacientes e con troles em
incid~ncia de Chlamydia trachomatis e outros microrganismos de transmiss3o
sexual 0 numero de lactobacilos e outros microrganismos fastidiosos bem como a
numero de leucocitos na urina nao apresentaram diferenca entre pacientes com
sintomas leves e intensos ou entre pacientes e controles Os auto res sustentam a
hipotese da sindrome uretral nao ser causada por infecrao bacteriana ou clamidial
(GILLESPIE et al 1989)
45
6 CONCLUSAO UMA REFLExAO
E indiscutivel a importo1ncia para a laborat6rio de requisicoes de exame
completas com informayoes sabre suspeita clinica existencia de sintomas
anormalidades do trata urinario e condhoes imunol6gicas do paciente Embora
tradicionalmente a maiaria dos medicos nao fornega muitas informacoes sabre 0
paciente ao laborat6rio a microbiologista pede incentivar a criacao de urn canal de
comunicacao quando observar a necessidade de informagoes sobre determinado
paciente
Exames anteriores do paciente sempre que disponiveis devem ser
consultados e comparados pois informacoes sabre infecc6es recorrentes au
recidivantes especies bacterianas envolvidas au presen9a de piuria esteril sao
importantes para direcionar a pesquisa para agentes fastidiosos
o metoda de coleta e as condi~6es de transporte da urina deterrninam a
qualidade da amostra e a quao relevantes serao as microrganismos nela
encontrados Considerando-se que urna bacteria normalmente considerada como
contarninante introduzida durante a coleta pode ser em alguns casos patogenica ou
ainda que uma especie fastidiosa patogenica de crescimento lento pode ter seu
crescimento inibido par uma contaminante de crescimenta mais rapido a coleta
adequada torna-se urn fator de suma importancia para a detec~ao de especies
fastidiosas em urina
Como ja discutida torna-se indispensavel a realiza~ao da calora~ao de
Gram em amostras de urina pOis alem de ser urn teste de triagem rapida e barato
para bacteriuria acima de 105 UFCml pode ser 0 unica indicativa da presen~a de
urna especie fastidiosa
46
A comunica~ao entre a microbiologista e a medico pode determinar nao 56 a
sucesso do diagn6stico e do tratamento como a viabilidade economica da pesquisa
de bacterias fastidiosas para 0 laborat6rio urna vez que direciona as esforyos
laboratoriais aos pacientes que realmente necessitam evitando 9a5t05
desnecessarios
Bacte-rias fastidiosas podem nao responder ao tratamento antibi6tico para
pat6genos convencionais do trato urinario portanto a pesquisa precocemente
direcionada para tais agentes pode melhorar 0 progn6stico das ITU evitando a
administracao de antibioticos inadequados au desnecessarios
Como observado nos diversos casas reiatados bacterias fastidiosas
ocorrem em cenaries clinicos especificos 0 entendimento do processo da doen=a e
as condi=oes do paciente pod em ajudar muito 0 laboratorio no esfor=o para
recuperar a bacteria do material clinico
47
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
ALBINI C A Cullura de Urina Analise das metodologias interfer~ncja sobre as
resultados e proposta para padronizacao 1994 54 f Monografia (Especia1iza9aO em
Bacteriologia) - Setor de Ciencias da Saude Departamento de Patologia Medica
Universidade Federal do Parana Curitiba
AGARWAL M DIXON R A A study to detect Gardnerella vagina lis DNA in
interstitial cystitis British Journal of Urology (on line) 2001 Disponlvel em
httpwwwbjuiorg889articlebju2514aspAcessoem 03 fev 2005
BATRA A Interstitial Cystitis Updade Infection Urology (on line) 1999 Disponivel
em httphomeswipnetsellsopicupdatehtm Acessa em 20 dez 2004
CLARIDGE J E JOHNSON J R PEZZLO M T Laboratory Diagnosis of Urinary
Tract Infections Washington American Society for Microbiology 281998
BROOK I Urinary tract genito-urinary suppurative infections due to anaerobic
bacteria International Journal of Urology (on line) 2004 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezigueryfcgicmd=Retrieveampdb=pubmedampdopt=Abst
ractamplist uids=15009360 Acesso em 18 mar 2005
DOMANN E HONG G IMIRZALIOGLU C TURSCHNER S KOHLE J
WATZEL C HAIN T HOSSAIN H CHAKRABORTY T Culture-Independent
Identification of Pathogenic Bacteria and Polymicrobial Infections in the Genitourinary
Tract of Renal Transplant Recipients Journal of Clinical Microbiology (on line) 2003
48
Disponivel em httpjcmasmorgcgireprintl41125500pdf Acesso em 18
mar2005
DOMINGUE G J HELLSTROMW J G Prostatitis Clinical Microbiology Reviews
(on line) 1998 Disponivel em httpcmrasmorglcgilcontentifuIl11141604 Acesso
em 03 fev 2005
DUFKE S KUNZE-KRONAWITIER H SCHUBERT S Pyelonephritis and
Urosepsis Caused by Streptococcus pneumoniae Journal of Clinical Microbiology
(on line) 2004 Disponlvel em httpjcmasmorgcgicontentifuIl4294383 Acesso
em 06 mar2005
FAIRLEY K F BIRCH D F Detection of Bladder Bacteriuria in Patients with Acute
Urinary Symptoms The Journal of Infectious Diseases Melbourne v 159 n2 p
226-231 fev 1989
FRAIMOW H S JUNGKIND D L LANDER D W DELSO D R DEAN J L
Urinary Tract Infection with an Enterococcus taecais Isolate that Requires
Vancomycin for Growth Annals of Internal Medicine (on line) 1994 Oisponivel em
httpwwwannalsorgcgicontentifuIl1211122 Acesso em 18 mar 2005
FRANZ M HCRL W H Common errors in diagnosis and management of urinary
tract infection I Patophysiology and diagnostic techniques Nephrology Dialysis
Transplantation (on line) 1999 Disponivel em
httpltwwwndtoupjournalsorgcgicontentifuIl141127 46 Acesso em 01 dez 2004
49
GIBB A P Plates are Belter than Broth for Recovery of Fastidious Organisms from
some Specimen Material Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Oisponivel
em httpjcmasmorgcgireprinU4041129pdf Acesso em 06 mar2005
GILLESPIE W A HENDERSON E P LINTON K B SMITH P J Microbiology
of the urethral (frequency and dysuria) syndrome A controlled study with 5-year
review British Journal of Urology (on line) 1989 Disponfvel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
2804564ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr 2005
GINESTRE PEREZ M ROMERO-A~EZ S MARTINEZ-GARCIA A RINCON-
VILLALOBOS G HARRIS-SOCORRO B CATELLANO-GONZALES M AVILA-
ROO Y PEROZO-MENA A Gardnerella vaginalis y uropat6genos convencionales
em pacientes ambulatorios Revista de La Sociedad Venezolana de Microbiaogia
(on line) 2001 Disponivel em
httpwwwseieloorgvaseielo phpscriptsci arttextamppid=S 1315-
25562001000200003amplng=esampnrm=isso Acesso em 05 jan 2005
GOBERNADO M CRUZ F J DALET F BROSETA E DE CUETO M
SANTOS M DE LA ROSA M Procedimientos en Microbiologla Clinica La
infeccion urinaria 2002 Disponivel em
httpwwwseimcorgprotocolosmicrobiologiaindice14htm Acesso em 01 dez
2004
50
GOLAPACHAR A AKINS R L DAVIS W R SIDDIQUI A A Urinary tract
infection caused by Aerococcus viridans a case report International Medical Journal
for Experimental and Clinical Research (on line) 2004 Oisponivel em
httpwlNNmedscimonitcompubvol 10no 114928pdf Acesso em 03 dez 2004
GREUB G RAOULT D Actinobaculum massiliae a new species causing chronic
urinary tract infection Journal of Clinical Microbiology (on line) 2002 Disponivel em
httpwwwpubmedcentralnihgov articlerender fcgitool=pubmedamppubmedid=12409
355 Acesso em 13 fev2005
HElLBERG I P Diagnosis and clinical management of urinary tract infection
Disponivel em httpwwwunineteducin2003confpfefermanpfefermanhtml
Acesso em 20 out 2004
KONEMAN E W ALLEN S D JANDA W M SCHREKENBERGER P C
WINN Jr W C Cr Atlas and Textbook of Diagnostic Microbiology 5ed
Philadelphia Lippincott-Raven 1997
LIPSKY B A Managing Prostatitis and Urinary Tract Infection in Men Infectious
Diseases Infoalerl (on line) 2003 Oisponivel em
httpwwwdpacomhklpdflinfolnfoALERT 15pdf Acesso em 10 dez 2004
MASKELL R A new look at the diagnosis of infection of the urinary tract and its
adjacents structures Joumaloflnfecfion Portsmouth n 19 p 207-217 jul 1989
51
MERIA P DESGRIPPES A ARFI C LE DUC A Encrusted Cystitis and Pyelitis
Journal of Urology (on line) 1998 Disponlvel em
htlpIwwwjurologycomipUrejuroabstract00005392-1 99807000-
00003htmmiddotjsessionid-CnHOtEDjxvOgrxiWIUac52pekluG1HSCZzrnOpCIJH4V107ePU
evI848681301-949856032190011-1 Acesso em 21 abr 2005
McCUE J D The Management of Complicated Urinary Tract Infections Infectious
Diseases Infoalert (on line) 1999 Disponfvel em
htlpIwwwdpacomhkJpdlfinlofinlo alart 01pdl Acesso em 01 dez 2004
MURRAY P R Manual of Clinical Microbiology 7ed Washington ASM Press
1999
NABER K G BERGMAN B BISHOP M C JOHANSEN T E B BOTTO H
LOBEL B CRUZ F J SELVAGGI F P European Association 01 Urology
Guidelines on Urinary and Male Genital Tract Infections Disponlvel em
httpwwwuroweborglfilesluploaded filesuti mgtLpdf Acesso em 20 dez 2004
OPLUSTIL C P Urocultura In__ Procedimentos basicos em microbiologia
clinica 2 ed Sao Paulo Sarvier 2004 p 88-93
OSBORNE J About Interstitial Cystitis Disponivel em htlplwwwic-
networkcomhandbooklbasicshtmlintro Acesso em 20 dez 2004
52
PEDRAZA AVILES A G ORTIZ ZARAGOZA M C Symptomatic bacteriuria due to
Ureaplasma and Mycoplasma in adults Revista Latinoamericana de Microbiologia
(on line) 1998 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedampdopt=Abs
tractamplist uids=20388109 Acesso em 20 abr 2005
RIEGEL P RUIMY R BRIEL D de PREVOST G JEHL F BIMET F
CHRISTEN R MONTEIL H Corynebacterium seminale sp Nov a New Species
Associated with Genital Infections in Male Patients Journal of Clinical Microbiology
(on line) 1995 Disponlvel em
htlpllwwwpubmedcentralnihgovpicrenderfcgiartid=228387ampblobtype=pdf
Acesso em 19 mar 2005
SORIANO F PONTE C A case of urinary tract infection caused by
Corynebacterium urealyticum and coryneform group F1 European Journal of Clinical
Microbiology Infectious Diseases (on line) 1992 Disponfvel em
httoIwwwncbinlmnihgoventreziguervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
1396772ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr2005
TANNER M A SHOSKES DSHAHEDA PACENR Prevalence of
Corynebacterial 16S fRna Sequences in Patients with Bacterial and Nonbacterial
Prostatitis Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Disponivel em
httpmcmasmorgcontenVfull3761863 Acesso em 06 mar 2005
TRABULSI L R ALTERTHUM F Escherichia coli uropatagenica (UPEC) In
Microbiaagia 4 ed Sao Paulo Atheneu 2004 p 303-309
53
41
lactobacilos desapareceram da urina de muitas mulheres as quais tornaram-se
assintomaticas Os autores concluiram que as sintomas da sindrome uretra podem
ser devidos a multiplica~ao desproporcional de lactobacilos na uretra distal como
resultado de antibioticoterapia frequentemente administrada em cursos prolongados
para resolurao dos sintomas urinarios Lactobacilos tambem tern sido relatados em
amostras de urina obtidas diretamente da bexiga e de amostras de tecido obtidas
par bi6psia vesical bern como ocasionalmente isolados em urinas de mulheres
idosas com sintomas urinarios (MASKELL 1989)
56 COCOS GRAM-POSITIVOS
Microrganismos dos generos Lactococcus Gemella Aerococcus e
Globicatella embora possam estar presentes como contaminantes em culturas de
material clinico tern sido isolados como patogenos oportunistas ern urina e outras
amostras de pacientes imunocomprometidos Esforyos para identifica-Ios devem ser
realizados quando os isolados forem clinicamente significantes isto e isolados
repetidamente ou em cultura pura Devido a semelhanya com outros cocos gram-
positivos isolados com mais freq04sectncia como estreptococos enterococos e
estafilococos possivelmente sao confundidos com especies destes generos
(MURRAY 1999)
Golapachar et al (2004) relata ram um caso de infec9ao do trato urinario com
bacteremia causa do por Aerococcus viridans em um homem de 87 anos residente
em uma cUnica de repouso A cultura de urina apresentau crescimenta de 105
UFCml de Aerococcus viridans e a hemocultura fai positiva para a mesmo
microrganismo Os testes bioqulmicos que leva ram a identificayao do
microrganismo faram reayoes negativas de catalase e LAP (Ieucina aminopeptidase)
e reaDes positivas para PYR (L-pyrrolidonyl-beta-naphtylamina) fermentaao de
42
trehalose e manese resistencia a optoquina crescimento em agar bile esculina 40
e cresci menta em cloreto de s6die 65 As especies de Aerococcus sao anaer6bias
facultativas a maioria catalase negativa com tendemcia a formaCao de tetrades na
morfologia microsc6pica PYR positivo e LAP negativ~ a que as diferencia de
enterococos e estreptococos
A escassa documentacao a respeito de infecyoes humanas por Aerocccus
sp deve-se provavelmente a sua similaridade microbiol6gica aos estreptococos alfa-
hemoliticos e enterococos e possiveis erras na interpretacao laboratorial de
amostras clinicas No casa acima descrito a laborat6rio de microbiologia nao pade
reaHzar a antibiograma devido a natureza fastidiosa da bacteria mas houve sucesso
terapeutico ap6s administray8o intravenosa de levofloxacin (GOLAPACHAR et al
2004)
Um caso de pielonefrite e urossepsis por Streptococcus pneumoniae foi
relatado em urn hornem de 82 anos com hist6ria clinica de leucemia linf6ide cronica
e diabetes mellitus Exames radiograficos abdominais e tomografia computadorizada
mostraram uma imagem indicativa de extensa pielonefrite no rim esquerdo sem
nenhum outro foco de infecc8o 0 abscesso renal foi tratado por drenagem
transuretral e 0 material purulento obtido foi cultivado assim como materiais de
orofaringe escarro e sangue Esearro e orofaringe revelaram apenas mierobiota
normal do trato respirat6rio enquanto 0 material drenado e as hemoculturas
demonstraram microseopicamente cocos gram-positiv~s aos pares e em eadeias
alguns dos quais eram lanceolados havendo bom crescimento em agar sangue de
carneiro e agar chocolate a 37degC As col6nias eram fracamente alfa-hemoliticas no
agar sangue e nao muc6ides catalase-negativas e sensiveis a optoquina Testes de
aglutinac8o sorologiea de ambos materiais confirmaram a identificac8o e testes
43
moleculares demonstraram ser as dois isolados identicas Apesar da terapia
antimicrobiana a paciente desenvolveu coagula98o intravascular disseminada e
sofreu uma parada cardiaca sendo que 0 quadro foi revertido mas tornau-se
necessaria a nefrotomia para eliminar a foco da infeccao Em contraste a estud05
anteriores a paciente descrito apresentou um verdadeiro casa de pielonefrite
abscesso renal e urossepsis causados par Streptococcus pneumoniae A presenca
de doencas como leucemia linf6ide crOniea e diabetes mellitus fcram 5uficientes para
causar um certa grau de imunossupressao e predispor a paciente a infeccao par
Streptococcus pneumoniae mesma sem hist6ria antecedente de infecC8o
pneumoc6cica trauma ou interven9ao cirurgica (DUFKE KUNZE-KRONAWITIER
SCHUBERT2004)
57 BACT~RIAS ANAER6BIAS
Tern sido descritos casas de infec90es do trato urinario par bacterias
anaer6bias com as mais diverses tipos de apresenta90es clinicas entre processes
crenicos e agudos As bacterias recuperadas sao bacilos gram negativQs incluindo
Bacteroides fragifis Prevotella sp e Porphyromonas sp Clostridium sp cocos
gram-positiv~s e Actinomyces sp Em muitos casas sao recuperadas em culturas
mistas com coliformes e estreptococos (BROOK 2004)
58 OUTRAS BACT~RIAS FASTIDIOSAS
Foi descrita par Greub e Raoult (2002) uma nova especie bacteriana
Actinobaculum massiliae recuperada da urina de uma mulher de 81 anos com ITU
cr6nica Os estudos fenotipicos genotfpicos e filogeneticos realizados mostraram
ser 0 isolado urna nova especie ainda nao recanhecida dentro do genera
Actinobaculum e foi proposta a denominacao Actinobaculum massiliae A mesma
cepa faj isolada tres vezes num perlodo de sete meses mesmo apes tratamento
44
com amoxicilina sulfametoxazol~trimetoprim e rifampicina Devida ao fata do
microrganismo nao ser isolado em procedimentos laboratoriais de rotina uma ITU
devido a Actinobaculum massiliae pade ser mal diagnosticada Alem disso as
col6nias apresentam heterogeneidade morfol6gica ap6s cinco dias de incubacao
podendo levar a uma errOnea interpretaC(ao de contaminacao com duas especies de
badlas gram~positivos 0 usa de agar sangue de carneiro e incubacao prolongada
motivado pela presenca de 106 leuc6cit05 per ml na urina da paciente permitiu a
desenvolvimento da cepa Houve cura ap6s tratamento com doxiciclina (GREUB
RAOUL T 2002)
Em estudo clinico e microbiol6gico de mulheres com sindrome uretral -
excluindo pacientes com cistite bacteriana - 41 pacientes foram comparadas com 42
pacientes controle Nao foi encontrada diferenca entre pacientes e con troles em
incid~ncia de Chlamydia trachomatis e outros microrganismos de transmiss3o
sexual 0 numero de lactobacilos e outros microrganismos fastidiosos bem como a
numero de leucocitos na urina nao apresentaram diferenca entre pacientes com
sintomas leves e intensos ou entre pacientes e controles Os auto res sustentam a
hipotese da sindrome uretral nao ser causada por infecrao bacteriana ou clamidial
(GILLESPIE et al 1989)
45
6 CONCLUSAO UMA REFLExAO
E indiscutivel a importo1ncia para a laborat6rio de requisicoes de exame
completas com informayoes sabre suspeita clinica existencia de sintomas
anormalidades do trata urinario e condhoes imunol6gicas do paciente Embora
tradicionalmente a maiaria dos medicos nao fornega muitas informacoes sabre 0
paciente ao laborat6rio a microbiologista pede incentivar a criacao de urn canal de
comunicacao quando observar a necessidade de informagoes sobre determinado
paciente
Exames anteriores do paciente sempre que disponiveis devem ser
consultados e comparados pois informacoes sabre infecc6es recorrentes au
recidivantes especies bacterianas envolvidas au presen9a de piuria esteril sao
importantes para direcionar a pesquisa para agentes fastidiosos
o metoda de coleta e as condi~6es de transporte da urina deterrninam a
qualidade da amostra e a quao relevantes serao as microrganismos nela
encontrados Considerando-se que urna bacteria normalmente considerada como
contarninante introduzida durante a coleta pode ser em alguns casos patogenica ou
ainda que uma especie fastidiosa patogenica de crescimento lento pode ter seu
crescimento inibido par uma contaminante de crescimenta mais rapido a coleta
adequada torna-se urn fator de suma importancia para a detec~ao de especies
fastidiosas em urina
Como ja discutida torna-se indispensavel a realiza~ao da calora~ao de
Gram em amostras de urina pOis alem de ser urn teste de triagem rapida e barato
para bacteriuria acima de 105 UFCml pode ser 0 unica indicativa da presen~a de
urna especie fastidiosa
46
A comunica~ao entre a microbiologista e a medico pode determinar nao 56 a
sucesso do diagn6stico e do tratamento como a viabilidade economica da pesquisa
de bacterias fastidiosas para 0 laborat6rio urna vez que direciona as esforyos
laboratoriais aos pacientes que realmente necessitam evitando 9a5t05
desnecessarios
Bacte-rias fastidiosas podem nao responder ao tratamento antibi6tico para
pat6genos convencionais do trato urinario portanto a pesquisa precocemente
direcionada para tais agentes pode melhorar 0 progn6stico das ITU evitando a
administracao de antibioticos inadequados au desnecessarios
Como observado nos diversos casas reiatados bacterias fastidiosas
ocorrem em cenaries clinicos especificos 0 entendimento do processo da doen=a e
as condi=oes do paciente pod em ajudar muito 0 laboratorio no esfor=o para
recuperar a bacteria do material clinico
47
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
ALBINI C A Cullura de Urina Analise das metodologias interfer~ncja sobre as
resultados e proposta para padronizacao 1994 54 f Monografia (Especia1iza9aO em
Bacteriologia) - Setor de Ciencias da Saude Departamento de Patologia Medica
Universidade Federal do Parana Curitiba
AGARWAL M DIXON R A A study to detect Gardnerella vagina lis DNA in
interstitial cystitis British Journal of Urology (on line) 2001 Disponlvel em
httpwwwbjuiorg889articlebju2514aspAcessoem 03 fev 2005
BATRA A Interstitial Cystitis Updade Infection Urology (on line) 1999 Disponivel
em httphomeswipnetsellsopicupdatehtm Acessa em 20 dez 2004
CLARIDGE J E JOHNSON J R PEZZLO M T Laboratory Diagnosis of Urinary
Tract Infections Washington American Society for Microbiology 281998
BROOK I Urinary tract genito-urinary suppurative infections due to anaerobic
bacteria International Journal of Urology (on line) 2004 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezigueryfcgicmd=Retrieveampdb=pubmedampdopt=Abst
ractamplist uids=15009360 Acesso em 18 mar 2005
DOMANN E HONG G IMIRZALIOGLU C TURSCHNER S KOHLE J
WATZEL C HAIN T HOSSAIN H CHAKRABORTY T Culture-Independent
Identification of Pathogenic Bacteria and Polymicrobial Infections in the Genitourinary
Tract of Renal Transplant Recipients Journal of Clinical Microbiology (on line) 2003
48
Disponivel em httpjcmasmorgcgireprintl41125500pdf Acesso em 18
mar2005
DOMINGUE G J HELLSTROMW J G Prostatitis Clinical Microbiology Reviews
(on line) 1998 Disponivel em httpcmrasmorglcgilcontentifuIl11141604 Acesso
em 03 fev 2005
DUFKE S KUNZE-KRONAWITIER H SCHUBERT S Pyelonephritis and
Urosepsis Caused by Streptococcus pneumoniae Journal of Clinical Microbiology
(on line) 2004 Disponlvel em httpjcmasmorgcgicontentifuIl4294383 Acesso
em 06 mar2005
FAIRLEY K F BIRCH D F Detection of Bladder Bacteriuria in Patients with Acute
Urinary Symptoms The Journal of Infectious Diseases Melbourne v 159 n2 p
226-231 fev 1989
FRAIMOW H S JUNGKIND D L LANDER D W DELSO D R DEAN J L
Urinary Tract Infection with an Enterococcus taecais Isolate that Requires
Vancomycin for Growth Annals of Internal Medicine (on line) 1994 Oisponivel em
httpwwwannalsorgcgicontentifuIl1211122 Acesso em 18 mar 2005
FRANZ M HCRL W H Common errors in diagnosis and management of urinary
tract infection I Patophysiology and diagnostic techniques Nephrology Dialysis
Transplantation (on line) 1999 Disponivel em
httpltwwwndtoupjournalsorgcgicontentifuIl141127 46 Acesso em 01 dez 2004
49
GIBB A P Plates are Belter than Broth for Recovery of Fastidious Organisms from
some Specimen Material Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Oisponivel
em httpjcmasmorgcgireprinU4041129pdf Acesso em 06 mar2005
GILLESPIE W A HENDERSON E P LINTON K B SMITH P J Microbiology
of the urethral (frequency and dysuria) syndrome A controlled study with 5-year
review British Journal of Urology (on line) 1989 Disponfvel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
2804564ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr 2005
GINESTRE PEREZ M ROMERO-A~EZ S MARTINEZ-GARCIA A RINCON-
VILLALOBOS G HARRIS-SOCORRO B CATELLANO-GONZALES M AVILA-
ROO Y PEROZO-MENA A Gardnerella vaginalis y uropat6genos convencionales
em pacientes ambulatorios Revista de La Sociedad Venezolana de Microbiaogia
(on line) 2001 Disponivel em
httpwwwseieloorgvaseielo phpscriptsci arttextamppid=S 1315-
25562001000200003amplng=esampnrm=isso Acesso em 05 jan 2005
GOBERNADO M CRUZ F J DALET F BROSETA E DE CUETO M
SANTOS M DE LA ROSA M Procedimientos en Microbiologla Clinica La
infeccion urinaria 2002 Disponivel em
httpwwwseimcorgprotocolosmicrobiologiaindice14htm Acesso em 01 dez
2004
50
GOLAPACHAR A AKINS R L DAVIS W R SIDDIQUI A A Urinary tract
infection caused by Aerococcus viridans a case report International Medical Journal
for Experimental and Clinical Research (on line) 2004 Oisponivel em
httpwlNNmedscimonitcompubvol 10no 114928pdf Acesso em 03 dez 2004
GREUB G RAOULT D Actinobaculum massiliae a new species causing chronic
urinary tract infection Journal of Clinical Microbiology (on line) 2002 Disponivel em
httpwwwpubmedcentralnihgov articlerender fcgitool=pubmedamppubmedid=12409
355 Acesso em 13 fev2005
HElLBERG I P Diagnosis and clinical management of urinary tract infection
Disponivel em httpwwwunineteducin2003confpfefermanpfefermanhtml
Acesso em 20 out 2004
KONEMAN E W ALLEN S D JANDA W M SCHREKENBERGER P C
WINN Jr W C Cr Atlas and Textbook of Diagnostic Microbiology 5ed
Philadelphia Lippincott-Raven 1997
LIPSKY B A Managing Prostatitis and Urinary Tract Infection in Men Infectious
Diseases Infoalerl (on line) 2003 Oisponivel em
httpwwwdpacomhklpdflinfolnfoALERT 15pdf Acesso em 10 dez 2004
MASKELL R A new look at the diagnosis of infection of the urinary tract and its
adjacents structures Joumaloflnfecfion Portsmouth n 19 p 207-217 jul 1989
51
MERIA P DESGRIPPES A ARFI C LE DUC A Encrusted Cystitis and Pyelitis
Journal of Urology (on line) 1998 Disponlvel em
htlpIwwwjurologycomipUrejuroabstract00005392-1 99807000-
00003htmmiddotjsessionid-CnHOtEDjxvOgrxiWIUac52pekluG1HSCZzrnOpCIJH4V107ePU
evI848681301-949856032190011-1 Acesso em 21 abr 2005
McCUE J D The Management of Complicated Urinary Tract Infections Infectious
Diseases Infoalert (on line) 1999 Disponfvel em
htlpIwwwdpacomhkJpdlfinlofinlo alart 01pdl Acesso em 01 dez 2004
MURRAY P R Manual of Clinical Microbiology 7ed Washington ASM Press
1999
NABER K G BERGMAN B BISHOP M C JOHANSEN T E B BOTTO H
LOBEL B CRUZ F J SELVAGGI F P European Association 01 Urology
Guidelines on Urinary and Male Genital Tract Infections Disponlvel em
httpwwwuroweborglfilesluploaded filesuti mgtLpdf Acesso em 20 dez 2004
OPLUSTIL C P Urocultura In__ Procedimentos basicos em microbiologia
clinica 2 ed Sao Paulo Sarvier 2004 p 88-93
OSBORNE J About Interstitial Cystitis Disponivel em htlplwwwic-
networkcomhandbooklbasicshtmlintro Acesso em 20 dez 2004
52
PEDRAZA AVILES A G ORTIZ ZARAGOZA M C Symptomatic bacteriuria due to
Ureaplasma and Mycoplasma in adults Revista Latinoamericana de Microbiologia
(on line) 1998 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedampdopt=Abs
tractamplist uids=20388109 Acesso em 20 abr 2005
RIEGEL P RUIMY R BRIEL D de PREVOST G JEHL F BIMET F
CHRISTEN R MONTEIL H Corynebacterium seminale sp Nov a New Species
Associated with Genital Infections in Male Patients Journal of Clinical Microbiology
(on line) 1995 Disponlvel em
htlpllwwwpubmedcentralnihgovpicrenderfcgiartid=228387ampblobtype=pdf
Acesso em 19 mar 2005
SORIANO F PONTE C A case of urinary tract infection caused by
Corynebacterium urealyticum and coryneform group F1 European Journal of Clinical
Microbiology Infectious Diseases (on line) 1992 Disponfvel em
httoIwwwncbinlmnihgoventreziguervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
1396772ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr2005
TANNER M A SHOSKES DSHAHEDA PACENR Prevalence of
Corynebacterial 16S fRna Sequences in Patients with Bacterial and Nonbacterial
Prostatitis Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Disponivel em
httpmcmasmorgcontenVfull3761863 Acesso em 06 mar 2005
TRABULSI L R ALTERTHUM F Escherichia coli uropatagenica (UPEC) In
Microbiaagia 4 ed Sao Paulo Atheneu 2004 p 303-309
53
42
trehalose e manese resistencia a optoquina crescimento em agar bile esculina 40
e cresci menta em cloreto de s6die 65 As especies de Aerococcus sao anaer6bias
facultativas a maioria catalase negativa com tendemcia a formaCao de tetrades na
morfologia microsc6pica PYR positivo e LAP negativ~ a que as diferencia de
enterococos e estreptococos
A escassa documentacao a respeito de infecyoes humanas por Aerocccus
sp deve-se provavelmente a sua similaridade microbiol6gica aos estreptococos alfa-
hemoliticos e enterococos e possiveis erras na interpretacao laboratorial de
amostras clinicas No casa acima descrito a laborat6rio de microbiologia nao pade
reaHzar a antibiograma devido a natureza fastidiosa da bacteria mas houve sucesso
terapeutico ap6s administray8o intravenosa de levofloxacin (GOLAPACHAR et al
2004)
Um caso de pielonefrite e urossepsis por Streptococcus pneumoniae foi
relatado em urn hornem de 82 anos com hist6ria clinica de leucemia linf6ide cronica
e diabetes mellitus Exames radiograficos abdominais e tomografia computadorizada
mostraram uma imagem indicativa de extensa pielonefrite no rim esquerdo sem
nenhum outro foco de infecc8o 0 abscesso renal foi tratado por drenagem
transuretral e 0 material purulento obtido foi cultivado assim como materiais de
orofaringe escarro e sangue Esearro e orofaringe revelaram apenas mierobiota
normal do trato respirat6rio enquanto 0 material drenado e as hemoculturas
demonstraram microseopicamente cocos gram-positiv~s aos pares e em eadeias
alguns dos quais eram lanceolados havendo bom crescimento em agar sangue de
carneiro e agar chocolate a 37degC As col6nias eram fracamente alfa-hemoliticas no
agar sangue e nao muc6ides catalase-negativas e sensiveis a optoquina Testes de
aglutinac8o sorologiea de ambos materiais confirmaram a identificac8o e testes
43
moleculares demonstraram ser as dois isolados identicas Apesar da terapia
antimicrobiana a paciente desenvolveu coagula98o intravascular disseminada e
sofreu uma parada cardiaca sendo que 0 quadro foi revertido mas tornau-se
necessaria a nefrotomia para eliminar a foco da infeccao Em contraste a estud05
anteriores a paciente descrito apresentou um verdadeiro casa de pielonefrite
abscesso renal e urossepsis causados par Streptococcus pneumoniae A presenca
de doencas como leucemia linf6ide crOniea e diabetes mellitus fcram 5uficientes para
causar um certa grau de imunossupressao e predispor a paciente a infeccao par
Streptococcus pneumoniae mesma sem hist6ria antecedente de infecC8o
pneumoc6cica trauma ou interven9ao cirurgica (DUFKE KUNZE-KRONAWITIER
SCHUBERT2004)
57 BACT~RIAS ANAER6BIAS
Tern sido descritos casas de infec90es do trato urinario par bacterias
anaer6bias com as mais diverses tipos de apresenta90es clinicas entre processes
crenicos e agudos As bacterias recuperadas sao bacilos gram negativQs incluindo
Bacteroides fragifis Prevotella sp e Porphyromonas sp Clostridium sp cocos
gram-positiv~s e Actinomyces sp Em muitos casas sao recuperadas em culturas
mistas com coliformes e estreptococos (BROOK 2004)
58 OUTRAS BACT~RIAS FASTIDIOSAS
Foi descrita par Greub e Raoult (2002) uma nova especie bacteriana
Actinobaculum massiliae recuperada da urina de uma mulher de 81 anos com ITU
cr6nica Os estudos fenotipicos genotfpicos e filogeneticos realizados mostraram
ser 0 isolado urna nova especie ainda nao recanhecida dentro do genera
Actinobaculum e foi proposta a denominacao Actinobaculum massiliae A mesma
cepa faj isolada tres vezes num perlodo de sete meses mesmo apes tratamento
44
com amoxicilina sulfametoxazol~trimetoprim e rifampicina Devida ao fata do
microrganismo nao ser isolado em procedimentos laboratoriais de rotina uma ITU
devido a Actinobaculum massiliae pade ser mal diagnosticada Alem disso as
col6nias apresentam heterogeneidade morfol6gica ap6s cinco dias de incubacao
podendo levar a uma errOnea interpretaC(ao de contaminacao com duas especies de
badlas gram~positivos 0 usa de agar sangue de carneiro e incubacao prolongada
motivado pela presenca de 106 leuc6cit05 per ml na urina da paciente permitiu a
desenvolvimento da cepa Houve cura ap6s tratamento com doxiciclina (GREUB
RAOUL T 2002)
Em estudo clinico e microbiol6gico de mulheres com sindrome uretral -
excluindo pacientes com cistite bacteriana - 41 pacientes foram comparadas com 42
pacientes controle Nao foi encontrada diferenca entre pacientes e con troles em
incid~ncia de Chlamydia trachomatis e outros microrganismos de transmiss3o
sexual 0 numero de lactobacilos e outros microrganismos fastidiosos bem como a
numero de leucocitos na urina nao apresentaram diferenca entre pacientes com
sintomas leves e intensos ou entre pacientes e controles Os auto res sustentam a
hipotese da sindrome uretral nao ser causada por infecrao bacteriana ou clamidial
(GILLESPIE et al 1989)
45
6 CONCLUSAO UMA REFLExAO
E indiscutivel a importo1ncia para a laborat6rio de requisicoes de exame
completas com informayoes sabre suspeita clinica existencia de sintomas
anormalidades do trata urinario e condhoes imunol6gicas do paciente Embora
tradicionalmente a maiaria dos medicos nao fornega muitas informacoes sabre 0
paciente ao laborat6rio a microbiologista pede incentivar a criacao de urn canal de
comunicacao quando observar a necessidade de informagoes sobre determinado
paciente
Exames anteriores do paciente sempre que disponiveis devem ser
consultados e comparados pois informacoes sabre infecc6es recorrentes au
recidivantes especies bacterianas envolvidas au presen9a de piuria esteril sao
importantes para direcionar a pesquisa para agentes fastidiosos
o metoda de coleta e as condi~6es de transporte da urina deterrninam a
qualidade da amostra e a quao relevantes serao as microrganismos nela
encontrados Considerando-se que urna bacteria normalmente considerada como
contarninante introduzida durante a coleta pode ser em alguns casos patogenica ou
ainda que uma especie fastidiosa patogenica de crescimento lento pode ter seu
crescimento inibido par uma contaminante de crescimenta mais rapido a coleta
adequada torna-se urn fator de suma importancia para a detec~ao de especies
fastidiosas em urina
Como ja discutida torna-se indispensavel a realiza~ao da calora~ao de
Gram em amostras de urina pOis alem de ser urn teste de triagem rapida e barato
para bacteriuria acima de 105 UFCml pode ser 0 unica indicativa da presen~a de
urna especie fastidiosa
46
A comunica~ao entre a microbiologista e a medico pode determinar nao 56 a
sucesso do diagn6stico e do tratamento como a viabilidade economica da pesquisa
de bacterias fastidiosas para 0 laborat6rio urna vez que direciona as esforyos
laboratoriais aos pacientes que realmente necessitam evitando 9a5t05
desnecessarios
Bacte-rias fastidiosas podem nao responder ao tratamento antibi6tico para
pat6genos convencionais do trato urinario portanto a pesquisa precocemente
direcionada para tais agentes pode melhorar 0 progn6stico das ITU evitando a
administracao de antibioticos inadequados au desnecessarios
Como observado nos diversos casas reiatados bacterias fastidiosas
ocorrem em cenaries clinicos especificos 0 entendimento do processo da doen=a e
as condi=oes do paciente pod em ajudar muito 0 laboratorio no esfor=o para
recuperar a bacteria do material clinico
47
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
ALBINI C A Cullura de Urina Analise das metodologias interfer~ncja sobre as
resultados e proposta para padronizacao 1994 54 f Monografia (Especia1iza9aO em
Bacteriologia) - Setor de Ciencias da Saude Departamento de Patologia Medica
Universidade Federal do Parana Curitiba
AGARWAL M DIXON R A A study to detect Gardnerella vagina lis DNA in
interstitial cystitis British Journal of Urology (on line) 2001 Disponlvel em
httpwwwbjuiorg889articlebju2514aspAcessoem 03 fev 2005
BATRA A Interstitial Cystitis Updade Infection Urology (on line) 1999 Disponivel
em httphomeswipnetsellsopicupdatehtm Acessa em 20 dez 2004
CLARIDGE J E JOHNSON J R PEZZLO M T Laboratory Diagnosis of Urinary
Tract Infections Washington American Society for Microbiology 281998
BROOK I Urinary tract genito-urinary suppurative infections due to anaerobic
bacteria International Journal of Urology (on line) 2004 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezigueryfcgicmd=Retrieveampdb=pubmedampdopt=Abst
ractamplist uids=15009360 Acesso em 18 mar 2005
DOMANN E HONG G IMIRZALIOGLU C TURSCHNER S KOHLE J
WATZEL C HAIN T HOSSAIN H CHAKRABORTY T Culture-Independent
Identification of Pathogenic Bacteria and Polymicrobial Infections in the Genitourinary
Tract of Renal Transplant Recipients Journal of Clinical Microbiology (on line) 2003
48
Disponivel em httpjcmasmorgcgireprintl41125500pdf Acesso em 18
mar2005
DOMINGUE G J HELLSTROMW J G Prostatitis Clinical Microbiology Reviews
(on line) 1998 Disponivel em httpcmrasmorglcgilcontentifuIl11141604 Acesso
em 03 fev 2005
DUFKE S KUNZE-KRONAWITIER H SCHUBERT S Pyelonephritis and
Urosepsis Caused by Streptococcus pneumoniae Journal of Clinical Microbiology
(on line) 2004 Disponlvel em httpjcmasmorgcgicontentifuIl4294383 Acesso
em 06 mar2005
FAIRLEY K F BIRCH D F Detection of Bladder Bacteriuria in Patients with Acute
Urinary Symptoms The Journal of Infectious Diseases Melbourne v 159 n2 p
226-231 fev 1989
FRAIMOW H S JUNGKIND D L LANDER D W DELSO D R DEAN J L
Urinary Tract Infection with an Enterococcus taecais Isolate that Requires
Vancomycin for Growth Annals of Internal Medicine (on line) 1994 Oisponivel em
httpwwwannalsorgcgicontentifuIl1211122 Acesso em 18 mar 2005
FRANZ M HCRL W H Common errors in diagnosis and management of urinary
tract infection I Patophysiology and diagnostic techniques Nephrology Dialysis
Transplantation (on line) 1999 Disponivel em
httpltwwwndtoupjournalsorgcgicontentifuIl141127 46 Acesso em 01 dez 2004
49
GIBB A P Plates are Belter than Broth for Recovery of Fastidious Organisms from
some Specimen Material Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Oisponivel
em httpjcmasmorgcgireprinU4041129pdf Acesso em 06 mar2005
GILLESPIE W A HENDERSON E P LINTON K B SMITH P J Microbiology
of the urethral (frequency and dysuria) syndrome A controlled study with 5-year
review British Journal of Urology (on line) 1989 Disponfvel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
2804564ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr 2005
GINESTRE PEREZ M ROMERO-A~EZ S MARTINEZ-GARCIA A RINCON-
VILLALOBOS G HARRIS-SOCORRO B CATELLANO-GONZALES M AVILA-
ROO Y PEROZO-MENA A Gardnerella vaginalis y uropat6genos convencionales
em pacientes ambulatorios Revista de La Sociedad Venezolana de Microbiaogia
(on line) 2001 Disponivel em
httpwwwseieloorgvaseielo phpscriptsci arttextamppid=S 1315-
25562001000200003amplng=esampnrm=isso Acesso em 05 jan 2005
GOBERNADO M CRUZ F J DALET F BROSETA E DE CUETO M
SANTOS M DE LA ROSA M Procedimientos en Microbiologla Clinica La
infeccion urinaria 2002 Disponivel em
httpwwwseimcorgprotocolosmicrobiologiaindice14htm Acesso em 01 dez
2004
50
GOLAPACHAR A AKINS R L DAVIS W R SIDDIQUI A A Urinary tract
infection caused by Aerococcus viridans a case report International Medical Journal
for Experimental and Clinical Research (on line) 2004 Oisponivel em
httpwlNNmedscimonitcompubvol 10no 114928pdf Acesso em 03 dez 2004
GREUB G RAOULT D Actinobaculum massiliae a new species causing chronic
urinary tract infection Journal of Clinical Microbiology (on line) 2002 Disponivel em
httpwwwpubmedcentralnihgov articlerender fcgitool=pubmedamppubmedid=12409
355 Acesso em 13 fev2005
HElLBERG I P Diagnosis and clinical management of urinary tract infection
Disponivel em httpwwwunineteducin2003confpfefermanpfefermanhtml
Acesso em 20 out 2004
KONEMAN E W ALLEN S D JANDA W M SCHREKENBERGER P C
WINN Jr W C Cr Atlas and Textbook of Diagnostic Microbiology 5ed
Philadelphia Lippincott-Raven 1997
LIPSKY B A Managing Prostatitis and Urinary Tract Infection in Men Infectious
Diseases Infoalerl (on line) 2003 Oisponivel em
httpwwwdpacomhklpdflinfolnfoALERT 15pdf Acesso em 10 dez 2004
MASKELL R A new look at the diagnosis of infection of the urinary tract and its
adjacents structures Joumaloflnfecfion Portsmouth n 19 p 207-217 jul 1989
51
MERIA P DESGRIPPES A ARFI C LE DUC A Encrusted Cystitis and Pyelitis
Journal of Urology (on line) 1998 Disponlvel em
htlpIwwwjurologycomipUrejuroabstract00005392-1 99807000-
00003htmmiddotjsessionid-CnHOtEDjxvOgrxiWIUac52pekluG1HSCZzrnOpCIJH4V107ePU
evI848681301-949856032190011-1 Acesso em 21 abr 2005
McCUE J D The Management of Complicated Urinary Tract Infections Infectious
Diseases Infoalert (on line) 1999 Disponfvel em
htlpIwwwdpacomhkJpdlfinlofinlo alart 01pdl Acesso em 01 dez 2004
MURRAY P R Manual of Clinical Microbiology 7ed Washington ASM Press
1999
NABER K G BERGMAN B BISHOP M C JOHANSEN T E B BOTTO H
LOBEL B CRUZ F J SELVAGGI F P European Association 01 Urology
Guidelines on Urinary and Male Genital Tract Infections Disponlvel em
httpwwwuroweborglfilesluploaded filesuti mgtLpdf Acesso em 20 dez 2004
OPLUSTIL C P Urocultura In__ Procedimentos basicos em microbiologia
clinica 2 ed Sao Paulo Sarvier 2004 p 88-93
OSBORNE J About Interstitial Cystitis Disponivel em htlplwwwic-
networkcomhandbooklbasicshtmlintro Acesso em 20 dez 2004
52
PEDRAZA AVILES A G ORTIZ ZARAGOZA M C Symptomatic bacteriuria due to
Ureaplasma and Mycoplasma in adults Revista Latinoamericana de Microbiologia
(on line) 1998 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedampdopt=Abs
tractamplist uids=20388109 Acesso em 20 abr 2005
RIEGEL P RUIMY R BRIEL D de PREVOST G JEHL F BIMET F
CHRISTEN R MONTEIL H Corynebacterium seminale sp Nov a New Species
Associated with Genital Infections in Male Patients Journal of Clinical Microbiology
(on line) 1995 Disponlvel em
htlpllwwwpubmedcentralnihgovpicrenderfcgiartid=228387ampblobtype=pdf
Acesso em 19 mar 2005
SORIANO F PONTE C A case of urinary tract infection caused by
Corynebacterium urealyticum and coryneform group F1 European Journal of Clinical
Microbiology Infectious Diseases (on line) 1992 Disponfvel em
httoIwwwncbinlmnihgoventreziguervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
1396772ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr2005
TANNER M A SHOSKES DSHAHEDA PACENR Prevalence of
Corynebacterial 16S fRna Sequences in Patients with Bacterial and Nonbacterial
Prostatitis Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Disponivel em
httpmcmasmorgcontenVfull3761863 Acesso em 06 mar 2005
TRABULSI L R ALTERTHUM F Escherichia coli uropatagenica (UPEC) In
Microbiaagia 4 ed Sao Paulo Atheneu 2004 p 303-309
53
43
moleculares demonstraram ser as dois isolados identicas Apesar da terapia
antimicrobiana a paciente desenvolveu coagula98o intravascular disseminada e
sofreu uma parada cardiaca sendo que 0 quadro foi revertido mas tornau-se
necessaria a nefrotomia para eliminar a foco da infeccao Em contraste a estud05
anteriores a paciente descrito apresentou um verdadeiro casa de pielonefrite
abscesso renal e urossepsis causados par Streptococcus pneumoniae A presenca
de doencas como leucemia linf6ide crOniea e diabetes mellitus fcram 5uficientes para
causar um certa grau de imunossupressao e predispor a paciente a infeccao par
Streptococcus pneumoniae mesma sem hist6ria antecedente de infecC8o
pneumoc6cica trauma ou interven9ao cirurgica (DUFKE KUNZE-KRONAWITIER
SCHUBERT2004)
57 BACT~RIAS ANAER6BIAS
Tern sido descritos casas de infec90es do trato urinario par bacterias
anaer6bias com as mais diverses tipos de apresenta90es clinicas entre processes
crenicos e agudos As bacterias recuperadas sao bacilos gram negativQs incluindo
Bacteroides fragifis Prevotella sp e Porphyromonas sp Clostridium sp cocos
gram-positiv~s e Actinomyces sp Em muitos casas sao recuperadas em culturas
mistas com coliformes e estreptococos (BROOK 2004)
58 OUTRAS BACT~RIAS FASTIDIOSAS
Foi descrita par Greub e Raoult (2002) uma nova especie bacteriana
Actinobaculum massiliae recuperada da urina de uma mulher de 81 anos com ITU
cr6nica Os estudos fenotipicos genotfpicos e filogeneticos realizados mostraram
ser 0 isolado urna nova especie ainda nao recanhecida dentro do genera
Actinobaculum e foi proposta a denominacao Actinobaculum massiliae A mesma
cepa faj isolada tres vezes num perlodo de sete meses mesmo apes tratamento
44
com amoxicilina sulfametoxazol~trimetoprim e rifampicina Devida ao fata do
microrganismo nao ser isolado em procedimentos laboratoriais de rotina uma ITU
devido a Actinobaculum massiliae pade ser mal diagnosticada Alem disso as
col6nias apresentam heterogeneidade morfol6gica ap6s cinco dias de incubacao
podendo levar a uma errOnea interpretaC(ao de contaminacao com duas especies de
badlas gram~positivos 0 usa de agar sangue de carneiro e incubacao prolongada
motivado pela presenca de 106 leuc6cit05 per ml na urina da paciente permitiu a
desenvolvimento da cepa Houve cura ap6s tratamento com doxiciclina (GREUB
RAOUL T 2002)
Em estudo clinico e microbiol6gico de mulheres com sindrome uretral -
excluindo pacientes com cistite bacteriana - 41 pacientes foram comparadas com 42
pacientes controle Nao foi encontrada diferenca entre pacientes e con troles em
incid~ncia de Chlamydia trachomatis e outros microrganismos de transmiss3o
sexual 0 numero de lactobacilos e outros microrganismos fastidiosos bem como a
numero de leucocitos na urina nao apresentaram diferenca entre pacientes com
sintomas leves e intensos ou entre pacientes e controles Os auto res sustentam a
hipotese da sindrome uretral nao ser causada por infecrao bacteriana ou clamidial
(GILLESPIE et al 1989)
45
6 CONCLUSAO UMA REFLExAO
E indiscutivel a importo1ncia para a laborat6rio de requisicoes de exame
completas com informayoes sabre suspeita clinica existencia de sintomas
anormalidades do trata urinario e condhoes imunol6gicas do paciente Embora
tradicionalmente a maiaria dos medicos nao fornega muitas informacoes sabre 0
paciente ao laborat6rio a microbiologista pede incentivar a criacao de urn canal de
comunicacao quando observar a necessidade de informagoes sobre determinado
paciente
Exames anteriores do paciente sempre que disponiveis devem ser
consultados e comparados pois informacoes sabre infecc6es recorrentes au
recidivantes especies bacterianas envolvidas au presen9a de piuria esteril sao
importantes para direcionar a pesquisa para agentes fastidiosos
o metoda de coleta e as condi~6es de transporte da urina deterrninam a
qualidade da amostra e a quao relevantes serao as microrganismos nela
encontrados Considerando-se que urna bacteria normalmente considerada como
contarninante introduzida durante a coleta pode ser em alguns casos patogenica ou
ainda que uma especie fastidiosa patogenica de crescimento lento pode ter seu
crescimento inibido par uma contaminante de crescimenta mais rapido a coleta
adequada torna-se urn fator de suma importancia para a detec~ao de especies
fastidiosas em urina
Como ja discutida torna-se indispensavel a realiza~ao da calora~ao de
Gram em amostras de urina pOis alem de ser urn teste de triagem rapida e barato
para bacteriuria acima de 105 UFCml pode ser 0 unica indicativa da presen~a de
urna especie fastidiosa
46
A comunica~ao entre a microbiologista e a medico pode determinar nao 56 a
sucesso do diagn6stico e do tratamento como a viabilidade economica da pesquisa
de bacterias fastidiosas para 0 laborat6rio urna vez que direciona as esforyos
laboratoriais aos pacientes que realmente necessitam evitando 9a5t05
desnecessarios
Bacte-rias fastidiosas podem nao responder ao tratamento antibi6tico para
pat6genos convencionais do trato urinario portanto a pesquisa precocemente
direcionada para tais agentes pode melhorar 0 progn6stico das ITU evitando a
administracao de antibioticos inadequados au desnecessarios
Como observado nos diversos casas reiatados bacterias fastidiosas
ocorrem em cenaries clinicos especificos 0 entendimento do processo da doen=a e
as condi=oes do paciente pod em ajudar muito 0 laboratorio no esfor=o para
recuperar a bacteria do material clinico
47
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
ALBINI C A Cullura de Urina Analise das metodologias interfer~ncja sobre as
resultados e proposta para padronizacao 1994 54 f Monografia (Especia1iza9aO em
Bacteriologia) - Setor de Ciencias da Saude Departamento de Patologia Medica
Universidade Federal do Parana Curitiba
AGARWAL M DIXON R A A study to detect Gardnerella vagina lis DNA in
interstitial cystitis British Journal of Urology (on line) 2001 Disponlvel em
httpwwwbjuiorg889articlebju2514aspAcessoem 03 fev 2005
BATRA A Interstitial Cystitis Updade Infection Urology (on line) 1999 Disponivel
em httphomeswipnetsellsopicupdatehtm Acessa em 20 dez 2004
CLARIDGE J E JOHNSON J R PEZZLO M T Laboratory Diagnosis of Urinary
Tract Infections Washington American Society for Microbiology 281998
BROOK I Urinary tract genito-urinary suppurative infections due to anaerobic
bacteria International Journal of Urology (on line) 2004 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezigueryfcgicmd=Retrieveampdb=pubmedampdopt=Abst
ractamplist uids=15009360 Acesso em 18 mar 2005
DOMANN E HONG G IMIRZALIOGLU C TURSCHNER S KOHLE J
WATZEL C HAIN T HOSSAIN H CHAKRABORTY T Culture-Independent
Identification of Pathogenic Bacteria and Polymicrobial Infections in the Genitourinary
Tract of Renal Transplant Recipients Journal of Clinical Microbiology (on line) 2003
48
Disponivel em httpjcmasmorgcgireprintl41125500pdf Acesso em 18
mar2005
DOMINGUE G J HELLSTROMW J G Prostatitis Clinical Microbiology Reviews
(on line) 1998 Disponivel em httpcmrasmorglcgilcontentifuIl11141604 Acesso
em 03 fev 2005
DUFKE S KUNZE-KRONAWITIER H SCHUBERT S Pyelonephritis and
Urosepsis Caused by Streptococcus pneumoniae Journal of Clinical Microbiology
(on line) 2004 Disponlvel em httpjcmasmorgcgicontentifuIl4294383 Acesso
em 06 mar2005
FAIRLEY K F BIRCH D F Detection of Bladder Bacteriuria in Patients with Acute
Urinary Symptoms The Journal of Infectious Diseases Melbourne v 159 n2 p
226-231 fev 1989
FRAIMOW H S JUNGKIND D L LANDER D W DELSO D R DEAN J L
Urinary Tract Infection with an Enterococcus taecais Isolate that Requires
Vancomycin for Growth Annals of Internal Medicine (on line) 1994 Oisponivel em
httpwwwannalsorgcgicontentifuIl1211122 Acesso em 18 mar 2005
FRANZ M HCRL W H Common errors in diagnosis and management of urinary
tract infection I Patophysiology and diagnostic techniques Nephrology Dialysis
Transplantation (on line) 1999 Disponivel em
httpltwwwndtoupjournalsorgcgicontentifuIl141127 46 Acesso em 01 dez 2004
49
GIBB A P Plates are Belter than Broth for Recovery of Fastidious Organisms from
some Specimen Material Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Oisponivel
em httpjcmasmorgcgireprinU4041129pdf Acesso em 06 mar2005
GILLESPIE W A HENDERSON E P LINTON K B SMITH P J Microbiology
of the urethral (frequency and dysuria) syndrome A controlled study with 5-year
review British Journal of Urology (on line) 1989 Disponfvel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
2804564ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr 2005
GINESTRE PEREZ M ROMERO-A~EZ S MARTINEZ-GARCIA A RINCON-
VILLALOBOS G HARRIS-SOCORRO B CATELLANO-GONZALES M AVILA-
ROO Y PEROZO-MENA A Gardnerella vaginalis y uropat6genos convencionales
em pacientes ambulatorios Revista de La Sociedad Venezolana de Microbiaogia
(on line) 2001 Disponivel em
httpwwwseieloorgvaseielo phpscriptsci arttextamppid=S 1315-
25562001000200003amplng=esampnrm=isso Acesso em 05 jan 2005
GOBERNADO M CRUZ F J DALET F BROSETA E DE CUETO M
SANTOS M DE LA ROSA M Procedimientos en Microbiologla Clinica La
infeccion urinaria 2002 Disponivel em
httpwwwseimcorgprotocolosmicrobiologiaindice14htm Acesso em 01 dez
2004
50
GOLAPACHAR A AKINS R L DAVIS W R SIDDIQUI A A Urinary tract
infection caused by Aerococcus viridans a case report International Medical Journal
for Experimental and Clinical Research (on line) 2004 Oisponivel em
httpwlNNmedscimonitcompubvol 10no 114928pdf Acesso em 03 dez 2004
GREUB G RAOULT D Actinobaculum massiliae a new species causing chronic
urinary tract infection Journal of Clinical Microbiology (on line) 2002 Disponivel em
httpwwwpubmedcentralnihgov articlerender fcgitool=pubmedamppubmedid=12409
355 Acesso em 13 fev2005
HElLBERG I P Diagnosis and clinical management of urinary tract infection
Disponivel em httpwwwunineteducin2003confpfefermanpfefermanhtml
Acesso em 20 out 2004
KONEMAN E W ALLEN S D JANDA W M SCHREKENBERGER P C
WINN Jr W C Cr Atlas and Textbook of Diagnostic Microbiology 5ed
Philadelphia Lippincott-Raven 1997
LIPSKY B A Managing Prostatitis and Urinary Tract Infection in Men Infectious
Diseases Infoalerl (on line) 2003 Oisponivel em
httpwwwdpacomhklpdflinfolnfoALERT 15pdf Acesso em 10 dez 2004
MASKELL R A new look at the diagnosis of infection of the urinary tract and its
adjacents structures Joumaloflnfecfion Portsmouth n 19 p 207-217 jul 1989
51
MERIA P DESGRIPPES A ARFI C LE DUC A Encrusted Cystitis and Pyelitis
Journal of Urology (on line) 1998 Disponlvel em
htlpIwwwjurologycomipUrejuroabstract00005392-1 99807000-
00003htmmiddotjsessionid-CnHOtEDjxvOgrxiWIUac52pekluG1HSCZzrnOpCIJH4V107ePU
evI848681301-949856032190011-1 Acesso em 21 abr 2005
McCUE J D The Management of Complicated Urinary Tract Infections Infectious
Diseases Infoalert (on line) 1999 Disponfvel em
htlpIwwwdpacomhkJpdlfinlofinlo alart 01pdl Acesso em 01 dez 2004
MURRAY P R Manual of Clinical Microbiology 7ed Washington ASM Press
1999
NABER K G BERGMAN B BISHOP M C JOHANSEN T E B BOTTO H
LOBEL B CRUZ F J SELVAGGI F P European Association 01 Urology
Guidelines on Urinary and Male Genital Tract Infections Disponlvel em
httpwwwuroweborglfilesluploaded filesuti mgtLpdf Acesso em 20 dez 2004
OPLUSTIL C P Urocultura In__ Procedimentos basicos em microbiologia
clinica 2 ed Sao Paulo Sarvier 2004 p 88-93
OSBORNE J About Interstitial Cystitis Disponivel em htlplwwwic-
networkcomhandbooklbasicshtmlintro Acesso em 20 dez 2004
52
PEDRAZA AVILES A G ORTIZ ZARAGOZA M C Symptomatic bacteriuria due to
Ureaplasma and Mycoplasma in adults Revista Latinoamericana de Microbiologia
(on line) 1998 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedampdopt=Abs
tractamplist uids=20388109 Acesso em 20 abr 2005
RIEGEL P RUIMY R BRIEL D de PREVOST G JEHL F BIMET F
CHRISTEN R MONTEIL H Corynebacterium seminale sp Nov a New Species
Associated with Genital Infections in Male Patients Journal of Clinical Microbiology
(on line) 1995 Disponlvel em
htlpllwwwpubmedcentralnihgovpicrenderfcgiartid=228387ampblobtype=pdf
Acesso em 19 mar 2005
SORIANO F PONTE C A case of urinary tract infection caused by
Corynebacterium urealyticum and coryneform group F1 European Journal of Clinical
Microbiology Infectious Diseases (on line) 1992 Disponfvel em
httoIwwwncbinlmnihgoventreziguervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
1396772ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr2005
TANNER M A SHOSKES DSHAHEDA PACENR Prevalence of
Corynebacterial 16S fRna Sequences in Patients with Bacterial and Nonbacterial
Prostatitis Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Disponivel em
httpmcmasmorgcontenVfull3761863 Acesso em 06 mar 2005
TRABULSI L R ALTERTHUM F Escherichia coli uropatagenica (UPEC) In
Microbiaagia 4 ed Sao Paulo Atheneu 2004 p 303-309
53
44
com amoxicilina sulfametoxazol~trimetoprim e rifampicina Devida ao fata do
microrganismo nao ser isolado em procedimentos laboratoriais de rotina uma ITU
devido a Actinobaculum massiliae pade ser mal diagnosticada Alem disso as
col6nias apresentam heterogeneidade morfol6gica ap6s cinco dias de incubacao
podendo levar a uma errOnea interpretaC(ao de contaminacao com duas especies de
badlas gram~positivos 0 usa de agar sangue de carneiro e incubacao prolongada
motivado pela presenca de 106 leuc6cit05 per ml na urina da paciente permitiu a
desenvolvimento da cepa Houve cura ap6s tratamento com doxiciclina (GREUB
RAOUL T 2002)
Em estudo clinico e microbiol6gico de mulheres com sindrome uretral -
excluindo pacientes com cistite bacteriana - 41 pacientes foram comparadas com 42
pacientes controle Nao foi encontrada diferenca entre pacientes e con troles em
incid~ncia de Chlamydia trachomatis e outros microrganismos de transmiss3o
sexual 0 numero de lactobacilos e outros microrganismos fastidiosos bem como a
numero de leucocitos na urina nao apresentaram diferenca entre pacientes com
sintomas leves e intensos ou entre pacientes e controles Os auto res sustentam a
hipotese da sindrome uretral nao ser causada por infecrao bacteriana ou clamidial
(GILLESPIE et al 1989)
45
6 CONCLUSAO UMA REFLExAO
E indiscutivel a importo1ncia para a laborat6rio de requisicoes de exame
completas com informayoes sabre suspeita clinica existencia de sintomas
anormalidades do trata urinario e condhoes imunol6gicas do paciente Embora
tradicionalmente a maiaria dos medicos nao fornega muitas informacoes sabre 0
paciente ao laborat6rio a microbiologista pede incentivar a criacao de urn canal de
comunicacao quando observar a necessidade de informagoes sobre determinado
paciente
Exames anteriores do paciente sempre que disponiveis devem ser
consultados e comparados pois informacoes sabre infecc6es recorrentes au
recidivantes especies bacterianas envolvidas au presen9a de piuria esteril sao
importantes para direcionar a pesquisa para agentes fastidiosos
o metoda de coleta e as condi~6es de transporte da urina deterrninam a
qualidade da amostra e a quao relevantes serao as microrganismos nela
encontrados Considerando-se que urna bacteria normalmente considerada como
contarninante introduzida durante a coleta pode ser em alguns casos patogenica ou
ainda que uma especie fastidiosa patogenica de crescimento lento pode ter seu
crescimento inibido par uma contaminante de crescimenta mais rapido a coleta
adequada torna-se urn fator de suma importancia para a detec~ao de especies
fastidiosas em urina
Como ja discutida torna-se indispensavel a realiza~ao da calora~ao de
Gram em amostras de urina pOis alem de ser urn teste de triagem rapida e barato
para bacteriuria acima de 105 UFCml pode ser 0 unica indicativa da presen~a de
urna especie fastidiosa
46
A comunica~ao entre a microbiologista e a medico pode determinar nao 56 a
sucesso do diagn6stico e do tratamento como a viabilidade economica da pesquisa
de bacterias fastidiosas para 0 laborat6rio urna vez que direciona as esforyos
laboratoriais aos pacientes que realmente necessitam evitando 9a5t05
desnecessarios
Bacte-rias fastidiosas podem nao responder ao tratamento antibi6tico para
pat6genos convencionais do trato urinario portanto a pesquisa precocemente
direcionada para tais agentes pode melhorar 0 progn6stico das ITU evitando a
administracao de antibioticos inadequados au desnecessarios
Como observado nos diversos casas reiatados bacterias fastidiosas
ocorrem em cenaries clinicos especificos 0 entendimento do processo da doen=a e
as condi=oes do paciente pod em ajudar muito 0 laboratorio no esfor=o para
recuperar a bacteria do material clinico
47
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
ALBINI C A Cullura de Urina Analise das metodologias interfer~ncja sobre as
resultados e proposta para padronizacao 1994 54 f Monografia (Especia1iza9aO em
Bacteriologia) - Setor de Ciencias da Saude Departamento de Patologia Medica
Universidade Federal do Parana Curitiba
AGARWAL M DIXON R A A study to detect Gardnerella vagina lis DNA in
interstitial cystitis British Journal of Urology (on line) 2001 Disponlvel em
httpwwwbjuiorg889articlebju2514aspAcessoem 03 fev 2005
BATRA A Interstitial Cystitis Updade Infection Urology (on line) 1999 Disponivel
em httphomeswipnetsellsopicupdatehtm Acessa em 20 dez 2004
CLARIDGE J E JOHNSON J R PEZZLO M T Laboratory Diagnosis of Urinary
Tract Infections Washington American Society for Microbiology 281998
BROOK I Urinary tract genito-urinary suppurative infections due to anaerobic
bacteria International Journal of Urology (on line) 2004 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezigueryfcgicmd=Retrieveampdb=pubmedampdopt=Abst
ractamplist uids=15009360 Acesso em 18 mar 2005
DOMANN E HONG G IMIRZALIOGLU C TURSCHNER S KOHLE J
WATZEL C HAIN T HOSSAIN H CHAKRABORTY T Culture-Independent
Identification of Pathogenic Bacteria and Polymicrobial Infections in the Genitourinary
Tract of Renal Transplant Recipients Journal of Clinical Microbiology (on line) 2003
48
Disponivel em httpjcmasmorgcgireprintl41125500pdf Acesso em 18
mar2005
DOMINGUE G J HELLSTROMW J G Prostatitis Clinical Microbiology Reviews
(on line) 1998 Disponivel em httpcmrasmorglcgilcontentifuIl11141604 Acesso
em 03 fev 2005
DUFKE S KUNZE-KRONAWITIER H SCHUBERT S Pyelonephritis and
Urosepsis Caused by Streptococcus pneumoniae Journal of Clinical Microbiology
(on line) 2004 Disponlvel em httpjcmasmorgcgicontentifuIl4294383 Acesso
em 06 mar2005
FAIRLEY K F BIRCH D F Detection of Bladder Bacteriuria in Patients with Acute
Urinary Symptoms The Journal of Infectious Diseases Melbourne v 159 n2 p
226-231 fev 1989
FRAIMOW H S JUNGKIND D L LANDER D W DELSO D R DEAN J L
Urinary Tract Infection with an Enterococcus taecais Isolate that Requires
Vancomycin for Growth Annals of Internal Medicine (on line) 1994 Oisponivel em
httpwwwannalsorgcgicontentifuIl1211122 Acesso em 18 mar 2005
FRANZ M HCRL W H Common errors in diagnosis and management of urinary
tract infection I Patophysiology and diagnostic techniques Nephrology Dialysis
Transplantation (on line) 1999 Disponivel em
httpltwwwndtoupjournalsorgcgicontentifuIl141127 46 Acesso em 01 dez 2004
49
GIBB A P Plates are Belter than Broth for Recovery of Fastidious Organisms from
some Specimen Material Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Oisponivel
em httpjcmasmorgcgireprinU4041129pdf Acesso em 06 mar2005
GILLESPIE W A HENDERSON E P LINTON K B SMITH P J Microbiology
of the urethral (frequency and dysuria) syndrome A controlled study with 5-year
review British Journal of Urology (on line) 1989 Disponfvel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
2804564ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr 2005
GINESTRE PEREZ M ROMERO-A~EZ S MARTINEZ-GARCIA A RINCON-
VILLALOBOS G HARRIS-SOCORRO B CATELLANO-GONZALES M AVILA-
ROO Y PEROZO-MENA A Gardnerella vaginalis y uropat6genos convencionales
em pacientes ambulatorios Revista de La Sociedad Venezolana de Microbiaogia
(on line) 2001 Disponivel em
httpwwwseieloorgvaseielo phpscriptsci arttextamppid=S 1315-
25562001000200003amplng=esampnrm=isso Acesso em 05 jan 2005
GOBERNADO M CRUZ F J DALET F BROSETA E DE CUETO M
SANTOS M DE LA ROSA M Procedimientos en Microbiologla Clinica La
infeccion urinaria 2002 Disponivel em
httpwwwseimcorgprotocolosmicrobiologiaindice14htm Acesso em 01 dez
2004
50
GOLAPACHAR A AKINS R L DAVIS W R SIDDIQUI A A Urinary tract
infection caused by Aerococcus viridans a case report International Medical Journal
for Experimental and Clinical Research (on line) 2004 Oisponivel em
httpwlNNmedscimonitcompubvol 10no 114928pdf Acesso em 03 dez 2004
GREUB G RAOULT D Actinobaculum massiliae a new species causing chronic
urinary tract infection Journal of Clinical Microbiology (on line) 2002 Disponivel em
httpwwwpubmedcentralnihgov articlerender fcgitool=pubmedamppubmedid=12409
355 Acesso em 13 fev2005
HElLBERG I P Diagnosis and clinical management of urinary tract infection
Disponivel em httpwwwunineteducin2003confpfefermanpfefermanhtml
Acesso em 20 out 2004
KONEMAN E W ALLEN S D JANDA W M SCHREKENBERGER P C
WINN Jr W C Cr Atlas and Textbook of Diagnostic Microbiology 5ed
Philadelphia Lippincott-Raven 1997
LIPSKY B A Managing Prostatitis and Urinary Tract Infection in Men Infectious
Diseases Infoalerl (on line) 2003 Oisponivel em
httpwwwdpacomhklpdflinfolnfoALERT 15pdf Acesso em 10 dez 2004
MASKELL R A new look at the diagnosis of infection of the urinary tract and its
adjacents structures Joumaloflnfecfion Portsmouth n 19 p 207-217 jul 1989
51
MERIA P DESGRIPPES A ARFI C LE DUC A Encrusted Cystitis and Pyelitis
Journal of Urology (on line) 1998 Disponlvel em
htlpIwwwjurologycomipUrejuroabstract00005392-1 99807000-
00003htmmiddotjsessionid-CnHOtEDjxvOgrxiWIUac52pekluG1HSCZzrnOpCIJH4V107ePU
evI848681301-949856032190011-1 Acesso em 21 abr 2005
McCUE J D The Management of Complicated Urinary Tract Infections Infectious
Diseases Infoalert (on line) 1999 Disponfvel em
htlpIwwwdpacomhkJpdlfinlofinlo alart 01pdl Acesso em 01 dez 2004
MURRAY P R Manual of Clinical Microbiology 7ed Washington ASM Press
1999
NABER K G BERGMAN B BISHOP M C JOHANSEN T E B BOTTO H
LOBEL B CRUZ F J SELVAGGI F P European Association 01 Urology
Guidelines on Urinary and Male Genital Tract Infections Disponlvel em
httpwwwuroweborglfilesluploaded filesuti mgtLpdf Acesso em 20 dez 2004
OPLUSTIL C P Urocultura In__ Procedimentos basicos em microbiologia
clinica 2 ed Sao Paulo Sarvier 2004 p 88-93
OSBORNE J About Interstitial Cystitis Disponivel em htlplwwwic-
networkcomhandbooklbasicshtmlintro Acesso em 20 dez 2004
52
PEDRAZA AVILES A G ORTIZ ZARAGOZA M C Symptomatic bacteriuria due to
Ureaplasma and Mycoplasma in adults Revista Latinoamericana de Microbiologia
(on line) 1998 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedampdopt=Abs
tractamplist uids=20388109 Acesso em 20 abr 2005
RIEGEL P RUIMY R BRIEL D de PREVOST G JEHL F BIMET F
CHRISTEN R MONTEIL H Corynebacterium seminale sp Nov a New Species
Associated with Genital Infections in Male Patients Journal of Clinical Microbiology
(on line) 1995 Disponlvel em
htlpllwwwpubmedcentralnihgovpicrenderfcgiartid=228387ampblobtype=pdf
Acesso em 19 mar 2005
SORIANO F PONTE C A case of urinary tract infection caused by
Corynebacterium urealyticum and coryneform group F1 European Journal of Clinical
Microbiology Infectious Diseases (on line) 1992 Disponfvel em
httoIwwwncbinlmnihgoventreziguervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
1396772ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr2005
TANNER M A SHOSKES DSHAHEDA PACENR Prevalence of
Corynebacterial 16S fRna Sequences in Patients with Bacterial and Nonbacterial
Prostatitis Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Disponivel em
httpmcmasmorgcontenVfull3761863 Acesso em 06 mar 2005
TRABULSI L R ALTERTHUM F Escherichia coli uropatagenica (UPEC) In
Microbiaagia 4 ed Sao Paulo Atheneu 2004 p 303-309
53
45
6 CONCLUSAO UMA REFLExAO
E indiscutivel a importo1ncia para a laborat6rio de requisicoes de exame
completas com informayoes sabre suspeita clinica existencia de sintomas
anormalidades do trata urinario e condhoes imunol6gicas do paciente Embora
tradicionalmente a maiaria dos medicos nao fornega muitas informacoes sabre 0
paciente ao laborat6rio a microbiologista pede incentivar a criacao de urn canal de
comunicacao quando observar a necessidade de informagoes sobre determinado
paciente
Exames anteriores do paciente sempre que disponiveis devem ser
consultados e comparados pois informacoes sabre infecc6es recorrentes au
recidivantes especies bacterianas envolvidas au presen9a de piuria esteril sao
importantes para direcionar a pesquisa para agentes fastidiosos
o metoda de coleta e as condi~6es de transporte da urina deterrninam a
qualidade da amostra e a quao relevantes serao as microrganismos nela
encontrados Considerando-se que urna bacteria normalmente considerada como
contarninante introduzida durante a coleta pode ser em alguns casos patogenica ou
ainda que uma especie fastidiosa patogenica de crescimento lento pode ter seu
crescimento inibido par uma contaminante de crescimenta mais rapido a coleta
adequada torna-se urn fator de suma importancia para a detec~ao de especies
fastidiosas em urina
Como ja discutida torna-se indispensavel a realiza~ao da calora~ao de
Gram em amostras de urina pOis alem de ser urn teste de triagem rapida e barato
para bacteriuria acima de 105 UFCml pode ser 0 unica indicativa da presen~a de
urna especie fastidiosa
46
A comunica~ao entre a microbiologista e a medico pode determinar nao 56 a
sucesso do diagn6stico e do tratamento como a viabilidade economica da pesquisa
de bacterias fastidiosas para 0 laborat6rio urna vez que direciona as esforyos
laboratoriais aos pacientes que realmente necessitam evitando 9a5t05
desnecessarios
Bacte-rias fastidiosas podem nao responder ao tratamento antibi6tico para
pat6genos convencionais do trato urinario portanto a pesquisa precocemente
direcionada para tais agentes pode melhorar 0 progn6stico das ITU evitando a
administracao de antibioticos inadequados au desnecessarios
Como observado nos diversos casas reiatados bacterias fastidiosas
ocorrem em cenaries clinicos especificos 0 entendimento do processo da doen=a e
as condi=oes do paciente pod em ajudar muito 0 laboratorio no esfor=o para
recuperar a bacteria do material clinico
47
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
ALBINI C A Cullura de Urina Analise das metodologias interfer~ncja sobre as
resultados e proposta para padronizacao 1994 54 f Monografia (Especia1iza9aO em
Bacteriologia) - Setor de Ciencias da Saude Departamento de Patologia Medica
Universidade Federal do Parana Curitiba
AGARWAL M DIXON R A A study to detect Gardnerella vagina lis DNA in
interstitial cystitis British Journal of Urology (on line) 2001 Disponlvel em
httpwwwbjuiorg889articlebju2514aspAcessoem 03 fev 2005
BATRA A Interstitial Cystitis Updade Infection Urology (on line) 1999 Disponivel
em httphomeswipnetsellsopicupdatehtm Acessa em 20 dez 2004
CLARIDGE J E JOHNSON J R PEZZLO M T Laboratory Diagnosis of Urinary
Tract Infections Washington American Society for Microbiology 281998
BROOK I Urinary tract genito-urinary suppurative infections due to anaerobic
bacteria International Journal of Urology (on line) 2004 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezigueryfcgicmd=Retrieveampdb=pubmedampdopt=Abst
ractamplist uids=15009360 Acesso em 18 mar 2005
DOMANN E HONG G IMIRZALIOGLU C TURSCHNER S KOHLE J
WATZEL C HAIN T HOSSAIN H CHAKRABORTY T Culture-Independent
Identification of Pathogenic Bacteria and Polymicrobial Infections in the Genitourinary
Tract of Renal Transplant Recipients Journal of Clinical Microbiology (on line) 2003
48
Disponivel em httpjcmasmorgcgireprintl41125500pdf Acesso em 18
mar2005
DOMINGUE G J HELLSTROMW J G Prostatitis Clinical Microbiology Reviews
(on line) 1998 Disponivel em httpcmrasmorglcgilcontentifuIl11141604 Acesso
em 03 fev 2005
DUFKE S KUNZE-KRONAWITIER H SCHUBERT S Pyelonephritis and
Urosepsis Caused by Streptococcus pneumoniae Journal of Clinical Microbiology
(on line) 2004 Disponlvel em httpjcmasmorgcgicontentifuIl4294383 Acesso
em 06 mar2005
FAIRLEY K F BIRCH D F Detection of Bladder Bacteriuria in Patients with Acute
Urinary Symptoms The Journal of Infectious Diseases Melbourne v 159 n2 p
226-231 fev 1989
FRAIMOW H S JUNGKIND D L LANDER D W DELSO D R DEAN J L
Urinary Tract Infection with an Enterococcus taecais Isolate that Requires
Vancomycin for Growth Annals of Internal Medicine (on line) 1994 Oisponivel em
httpwwwannalsorgcgicontentifuIl1211122 Acesso em 18 mar 2005
FRANZ M HCRL W H Common errors in diagnosis and management of urinary
tract infection I Patophysiology and diagnostic techniques Nephrology Dialysis
Transplantation (on line) 1999 Disponivel em
httpltwwwndtoupjournalsorgcgicontentifuIl141127 46 Acesso em 01 dez 2004
49
GIBB A P Plates are Belter than Broth for Recovery of Fastidious Organisms from
some Specimen Material Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Oisponivel
em httpjcmasmorgcgireprinU4041129pdf Acesso em 06 mar2005
GILLESPIE W A HENDERSON E P LINTON K B SMITH P J Microbiology
of the urethral (frequency and dysuria) syndrome A controlled study with 5-year
review British Journal of Urology (on line) 1989 Disponfvel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
2804564ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr 2005
GINESTRE PEREZ M ROMERO-A~EZ S MARTINEZ-GARCIA A RINCON-
VILLALOBOS G HARRIS-SOCORRO B CATELLANO-GONZALES M AVILA-
ROO Y PEROZO-MENA A Gardnerella vaginalis y uropat6genos convencionales
em pacientes ambulatorios Revista de La Sociedad Venezolana de Microbiaogia
(on line) 2001 Disponivel em
httpwwwseieloorgvaseielo phpscriptsci arttextamppid=S 1315-
25562001000200003amplng=esampnrm=isso Acesso em 05 jan 2005
GOBERNADO M CRUZ F J DALET F BROSETA E DE CUETO M
SANTOS M DE LA ROSA M Procedimientos en Microbiologla Clinica La
infeccion urinaria 2002 Disponivel em
httpwwwseimcorgprotocolosmicrobiologiaindice14htm Acesso em 01 dez
2004
50
GOLAPACHAR A AKINS R L DAVIS W R SIDDIQUI A A Urinary tract
infection caused by Aerococcus viridans a case report International Medical Journal
for Experimental and Clinical Research (on line) 2004 Oisponivel em
httpwlNNmedscimonitcompubvol 10no 114928pdf Acesso em 03 dez 2004
GREUB G RAOULT D Actinobaculum massiliae a new species causing chronic
urinary tract infection Journal of Clinical Microbiology (on line) 2002 Disponivel em
httpwwwpubmedcentralnihgov articlerender fcgitool=pubmedamppubmedid=12409
355 Acesso em 13 fev2005
HElLBERG I P Diagnosis and clinical management of urinary tract infection
Disponivel em httpwwwunineteducin2003confpfefermanpfefermanhtml
Acesso em 20 out 2004
KONEMAN E W ALLEN S D JANDA W M SCHREKENBERGER P C
WINN Jr W C Cr Atlas and Textbook of Diagnostic Microbiology 5ed
Philadelphia Lippincott-Raven 1997
LIPSKY B A Managing Prostatitis and Urinary Tract Infection in Men Infectious
Diseases Infoalerl (on line) 2003 Oisponivel em
httpwwwdpacomhklpdflinfolnfoALERT 15pdf Acesso em 10 dez 2004
MASKELL R A new look at the diagnosis of infection of the urinary tract and its
adjacents structures Joumaloflnfecfion Portsmouth n 19 p 207-217 jul 1989
51
MERIA P DESGRIPPES A ARFI C LE DUC A Encrusted Cystitis and Pyelitis
Journal of Urology (on line) 1998 Disponlvel em
htlpIwwwjurologycomipUrejuroabstract00005392-1 99807000-
00003htmmiddotjsessionid-CnHOtEDjxvOgrxiWIUac52pekluG1HSCZzrnOpCIJH4V107ePU
evI848681301-949856032190011-1 Acesso em 21 abr 2005
McCUE J D The Management of Complicated Urinary Tract Infections Infectious
Diseases Infoalert (on line) 1999 Disponfvel em
htlpIwwwdpacomhkJpdlfinlofinlo alart 01pdl Acesso em 01 dez 2004
MURRAY P R Manual of Clinical Microbiology 7ed Washington ASM Press
1999
NABER K G BERGMAN B BISHOP M C JOHANSEN T E B BOTTO H
LOBEL B CRUZ F J SELVAGGI F P European Association 01 Urology
Guidelines on Urinary and Male Genital Tract Infections Disponlvel em
httpwwwuroweborglfilesluploaded filesuti mgtLpdf Acesso em 20 dez 2004
OPLUSTIL C P Urocultura In__ Procedimentos basicos em microbiologia
clinica 2 ed Sao Paulo Sarvier 2004 p 88-93
OSBORNE J About Interstitial Cystitis Disponivel em htlplwwwic-
networkcomhandbooklbasicshtmlintro Acesso em 20 dez 2004
52
PEDRAZA AVILES A G ORTIZ ZARAGOZA M C Symptomatic bacteriuria due to
Ureaplasma and Mycoplasma in adults Revista Latinoamericana de Microbiologia
(on line) 1998 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedampdopt=Abs
tractamplist uids=20388109 Acesso em 20 abr 2005
RIEGEL P RUIMY R BRIEL D de PREVOST G JEHL F BIMET F
CHRISTEN R MONTEIL H Corynebacterium seminale sp Nov a New Species
Associated with Genital Infections in Male Patients Journal of Clinical Microbiology
(on line) 1995 Disponlvel em
htlpllwwwpubmedcentralnihgovpicrenderfcgiartid=228387ampblobtype=pdf
Acesso em 19 mar 2005
SORIANO F PONTE C A case of urinary tract infection caused by
Corynebacterium urealyticum and coryneform group F1 European Journal of Clinical
Microbiology Infectious Diseases (on line) 1992 Disponfvel em
httoIwwwncbinlmnihgoventreziguervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
1396772ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr2005
TANNER M A SHOSKES DSHAHEDA PACENR Prevalence of
Corynebacterial 16S fRna Sequences in Patients with Bacterial and Nonbacterial
Prostatitis Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Disponivel em
httpmcmasmorgcontenVfull3761863 Acesso em 06 mar 2005
TRABULSI L R ALTERTHUM F Escherichia coli uropatagenica (UPEC) In
Microbiaagia 4 ed Sao Paulo Atheneu 2004 p 303-309
53
46
A comunica~ao entre a microbiologista e a medico pode determinar nao 56 a
sucesso do diagn6stico e do tratamento como a viabilidade economica da pesquisa
de bacterias fastidiosas para 0 laborat6rio urna vez que direciona as esforyos
laboratoriais aos pacientes que realmente necessitam evitando 9a5t05
desnecessarios
Bacte-rias fastidiosas podem nao responder ao tratamento antibi6tico para
pat6genos convencionais do trato urinario portanto a pesquisa precocemente
direcionada para tais agentes pode melhorar 0 progn6stico das ITU evitando a
administracao de antibioticos inadequados au desnecessarios
Como observado nos diversos casas reiatados bacterias fastidiosas
ocorrem em cenaries clinicos especificos 0 entendimento do processo da doen=a e
as condi=oes do paciente pod em ajudar muito 0 laboratorio no esfor=o para
recuperar a bacteria do material clinico
47
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
ALBINI C A Cullura de Urina Analise das metodologias interfer~ncja sobre as
resultados e proposta para padronizacao 1994 54 f Monografia (Especia1iza9aO em
Bacteriologia) - Setor de Ciencias da Saude Departamento de Patologia Medica
Universidade Federal do Parana Curitiba
AGARWAL M DIXON R A A study to detect Gardnerella vagina lis DNA in
interstitial cystitis British Journal of Urology (on line) 2001 Disponlvel em
httpwwwbjuiorg889articlebju2514aspAcessoem 03 fev 2005
BATRA A Interstitial Cystitis Updade Infection Urology (on line) 1999 Disponivel
em httphomeswipnetsellsopicupdatehtm Acessa em 20 dez 2004
CLARIDGE J E JOHNSON J R PEZZLO M T Laboratory Diagnosis of Urinary
Tract Infections Washington American Society for Microbiology 281998
BROOK I Urinary tract genito-urinary suppurative infections due to anaerobic
bacteria International Journal of Urology (on line) 2004 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezigueryfcgicmd=Retrieveampdb=pubmedampdopt=Abst
ractamplist uids=15009360 Acesso em 18 mar 2005
DOMANN E HONG G IMIRZALIOGLU C TURSCHNER S KOHLE J
WATZEL C HAIN T HOSSAIN H CHAKRABORTY T Culture-Independent
Identification of Pathogenic Bacteria and Polymicrobial Infections in the Genitourinary
Tract of Renal Transplant Recipients Journal of Clinical Microbiology (on line) 2003
48
Disponivel em httpjcmasmorgcgireprintl41125500pdf Acesso em 18
mar2005
DOMINGUE G J HELLSTROMW J G Prostatitis Clinical Microbiology Reviews
(on line) 1998 Disponivel em httpcmrasmorglcgilcontentifuIl11141604 Acesso
em 03 fev 2005
DUFKE S KUNZE-KRONAWITIER H SCHUBERT S Pyelonephritis and
Urosepsis Caused by Streptococcus pneumoniae Journal of Clinical Microbiology
(on line) 2004 Disponlvel em httpjcmasmorgcgicontentifuIl4294383 Acesso
em 06 mar2005
FAIRLEY K F BIRCH D F Detection of Bladder Bacteriuria in Patients with Acute
Urinary Symptoms The Journal of Infectious Diseases Melbourne v 159 n2 p
226-231 fev 1989
FRAIMOW H S JUNGKIND D L LANDER D W DELSO D R DEAN J L
Urinary Tract Infection with an Enterococcus taecais Isolate that Requires
Vancomycin for Growth Annals of Internal Medicine (on line) 1994 Oisponivel em
httpwwwannalsorgcgicontentifuIl1211122 Acesso em 18 mar 2005
FRANZ M HCRL W H Common errors in diagnosis and management of urinary
tract infection I Patophysiology and diagnostic techniques Nephrology Dialysis
Transplantation (on line) 1999 Disponivel em
httpltwwwndtoupjournalsorgcgicontentifuIl141127 46 Acesso em 01 dez 2004
49
GIBB A P Plates are Belter than Broth for Recovery of Fastidious Organisms from
some Specimen Material Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Oisponivel
em httpjcmasmorgcgireprinU4041129pdf Acesso em 06 mar2005
GILLESPIE W A HENDERSON E P LINTON K B SMITH P J Microbiology
of the urethral (frequency and dysuria) syndrome A controlled study with 5-year
review British Journal of Urology (on line) 1989 Disponfvel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
2804564ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr 2005
GINESTRE PEREZ M ROMERO-A~EZ S MARTINEZ-GARCIA A RINCON-
VILLALOBOS G HARRIS-SOCORRO B CATELLANO-GONZALES M AVILA-
ROO Y PEROZO-MENA A Gardnerella vaginalis y uropat6genos convencionales
em pacientes ambulatorios Revista de La Sociedad Venezolana de Microbiaogia
(on line) 2001 Disponivel em
httpwwwseieloorgvaseielo phpscriptsci arttextamppid=S 1315-
25562001000200003amplng=esampnrm=isso Acesso em 05 jan 2005
GOBERNADO M CRUZ F J DALET F BROSETA E DE CUETO M
SANTOS M DE LA ROSA M Procedimientos en Microbiologla Clinica La
infeccion urinaria 2002 Disponivel em
httpwwwseimcorgprotocolosmicrobiologiaindice14htm Acesso em 01 dez
2004
50
GOLAPACHAR A AKINS R L DAVIS W R SIDDIQUI A A Urinary tract
infection caused by Aerococcus viridans a case report International Medical Journal
for Experimental and Clinical Research (on line) 2004 Oisponivel em
httpwlNNmedscimonitcompubvol 10no 114928pdf Acesso em 03 dez 2004
GREUB G RAOULT D Actinobaculum massiliae a new species causing chronic
urinary tract infection Journal of Clinical Microbiology (on line) 2002 Disponivel em
httpwwwpubmedcentralnihgov articlerender fcgitool=pubmedamppubmedid=12409
355 Acesso em 13 fev2005
HElLBERG I P Diagnosis and clinical management of urinary tract infection
Disponivel em httpwwwunineteducin2003confpfefermanpfefermanhtml
Acesso em 20 out 2004
KONEMAN E W ALLEN S D JANDA W M SCHREKENBERGER P C
WINN Jr W C Cr Atlas and Textbook of Diagnostic Microbiology 5ed
Philadelphia Lippincott-Raven 1997
LIPSKY B A Managing Prostatitis and Urinary Tract Infection in Men Infectious
Diseases Infoalerl (on line) 2003 Oisponivel em
httpwwwdpacomhklpdflinfolnfoALERT 15pdf Acesso em 10 dez 2004
MASKELL R A new look at the diagnosis of infection of the urinary tract and its
adjacents structures Joumaloflnfecfion Portsmouth n 19 p 207-217 jul 1989
51
MERIA P DESGRIPPES A ARFI C LE DUC A Encrusted Cystitis and Pyelitis
Journal of Urology (on line) 1998 Disponlvel em
htlpIwwwjurologycomipUrejuroabstract00005392-1 99807000-
00003htmmiddotjsessionid-CnHOtEDjxvOgrxiWIUac52pekluG1HSCZzrnOpCIJH4V107ePU
evI848681301-949856032190011-1 Acesso em 21 abr 2005
McCUE J D The Management of Complicated Urinary Tract Infections Infectious
Diseases Infoalert (on line) 1999 Disponfvel em
htlpIwwwdpacomhkJpdlfinlofinlo alart 01pdl Acesso em 01 dez 2004
MURRAY P R Manual of Clinical Microbiology 7ed Washington ASM Press
1999
NABER K G BERGMAN B BISHOP M C JOHANSEN T E B BOTTO H
LOBEL B CRUZ F J SELVAGGI F P European Association 01 Urology
Guidelines on Urinary and Male Genital Tract Infections Disponlvel em
httpwwwuroweborglfilesluploaded filesuti mgtLpdf Acesso em 20 dez 2004
OPLUSTIL C P Urocultura In__ Procedimentos basicos em microbiologia
clinica 2 ed Sao Paulo Sarvier 2004 p 88-93
OSBORNE J About Interstitial Cystitis Disponivel em htlplwwwic-
networkcomhandbooklbasicshtmlintro Acesso em 20 dez 2004
52
PEDRAZA AVILES A G ORTIZ ZARAGOZA M C Symptomatic bacteriuria due to
Ureaplasma and Mycoplasma in adults Revista Latinoamericana de Microbiologia
(on line) 1998 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedampdopt=Abs
tractamplist uids=20388109 Acesso em 20 abr 2005
RIEGEL P RUIMY R BRIEL D de PREVOST G JEHL F BIMET F
CHRISTEN R MONTEIL H Corynebacterium seminale sp Nov a New Species
Associated with Genital Infections in Male Patients Journal of Clinical Microbiology
(on line) 1995 Disponlvel em
htlpllwwwpubmedcentralnihgovpicrenderfcgiartid=228387ampblobtype=pdf
Acesso em 19 mar 2005
SORIANO F PONTE C A case of urinary tract infection caused by
Corynebacterium urealyticum and coryneform group F1 European Journal of Clinical
Microbiology Infectious Diseases (on line) 1992 Disponfvel em
httoIwwwncbinlmnihgoventreziguervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
1396772ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr2005
TANNER M A SHOSKES DSHAHEDA PACENR Prevalence of
Corynebacterial 16S fRna Sequences in Patients with Bacterial and Nonbacterial
Prostatitis Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Disponivel em
httpmcmasmorgcontenVfull3761863 Acesso em 06 mar 2005
TRABULSI L R ALTERTHUM F Escherichia coli uropatagenica (UPEC) In
Microbiaagia 4 ed Sao Paulo Atheneu 2004 p 303-309
53
47
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
ALBINI C A Cullura de Urina Analise das metodologias interfer~ncja sobre as
resultados e proposta para padronizacao 1994 54 f Monografia (Especia1iza9aO em
Bacteriologia) - Setor de Ciencias da Saude Departamento de Patologia Medica
Universidade Federal do Parana Curitiba
AGARWAL M DIXON R A A study to detect Gardnerella vagina lis DNA in
interstitial cystitis British Journal of Urology (on line) 2001 Disponlvel em
httpwwwbjuiorg889articlebju2514aspAcessoem 03 fev 2005
BATRA A Interstitial Cystitis Updade Infection Urology (on line) 1999 Disponivel
em httphomeswipnetsellsopicupdatehtm Acessa em 20 dez 2004
CLARIDGE J E JOHNSON J R PEZZLO M T Laboratory Diagnosis of Urinary
Tract Infections Washington American Society for Microbiology 281998
BROOK I Urinary tract genito-urinary suppurative infections due to anaerobic
bacteria International Journal of Urology (on line) 2004 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezigueryfcgicmd=Retrieveampdb=pubmedampdopt=Abst
ractamplist uids=15009360 Acesso em 18 mar 2005
DOMANN E HONG G IMIRZALIOGLU C TURSCHNER S KOHLE J
WATZEL C HAIN T HOSSAIN H CHAKRABORTY T Culture-Independent
Identification of Pathogenic Bacteria and Polymicrobial Infections in the Genitourinary
Tract of Renal Transplant Recipients Journal of Clinical Microbiology (on line) 2003
48
Disponivel em httpjcmasmorgcgireprintl41125500pdf Acesso em 18
mar2005
DOMINGUE G J HELLSTROMW J G Prostatitis Clinical Microbiology Reviews
(on line) 1998 Disponivel em httpcmrasmorglcgilcontentifuIl11141604 Acesso
em 03 fev 2005
DUFKE S KUNZE-KRONAWITIER H SCHUBERT S Pyelonephritis and
Urosepsis Caused by Streptococcus pneumoniae Journal of Clinical Microbiology
(on line) 2004 Disponlvel em httpjcmasmorgcgicontentifuIl4294383 Acesso
em 06 mar2005
FAIRLEY K F BIRCH D F Detection of Bladder Bacteriuria in Patients with Acute
Urinary Symptoms The Journal of Infectious Diseases Melbourne v 159 n2 p
226-231 fev 1989
FRAIMOW H S JUNGKIND D L LANDER D W DELSO D R DEAN J L
Urinary Tract Infection with an Enterococcus taecais Isolate that Requires
Vancomycin for Growth Annals of Internal Medicine (on line) 1994 Oisponivel em
httpwwwannalsorgcgicontentifuIl1211122 Acesso em 18 mar 2005
FRANZ M HCRL W H Common errors in diagnosis and management of urinary
tract infection I Patophysiology and diagnostic techniques Nephrology Dialysis
Transplantation (on line) 1999 Disponivel em
httpltwwwndtoupjournalsorgcgicontentifuIl141127 46 Acesso em 01 dez 2004
49
GIBB A P Plates are Belter than Broth for Recovery of Fastidious Organisms from
some Specimen Material Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Oisponivel
em httpjcmasmorgcgireprinU4041129pdf Acesso em 06 mar2005
GILLESPIE W A HENDERSON E P LINTON K B SMITH P J Microbiology
of the urethral (frequency and dysuria) syndrome A controlled study with 5-year
review British Journal of Urology (on line) 1989 Disponfvel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
2804564ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr 2005
GINESTRE PEREZ M ROMERO-A~EZ S MARTINEZ-GARCIA A RINCON-
VILLALOBOS G HARRIS-SOCORRO B CATELLANO-GONZALES M AVILA-
ROO Y PEROZO-MENA A Gardnerella vaginalis y uropat6genos convencionales
em pacientes ambulatorios Revista de La Sociedad Venezolana de Microbiaogia
(on line) 2001 Disponivel em
httpwwwseieloorgvaseielo phpscriptsci arttextamppid=S 1315-
25562001000200003amplng=esampnrm=isso Acesso em 05 jan 2005
GOBERNADO M CRUZ F J DALET F BROSETA E DE CUETO M
SANTOS M DE LA ROSA M Procedimientos en Microbiologla Clinica La
infeccion urinaria 2002 Disponivel em
httpwwwseimcorgprotocolosmicrobiologiaindice14htm Acesso em 01 dez
2004
50
GOLAPACHAR A AKINS R L DAVIS W R SIDDIQUI A A Urinary tract
infection caused by Aerococcus viridans a case report International Medical Journal
for Experimental and Clinical Research (on line) 2004 Oisponivel em
httpwlNNmedscimonitcompubvol 10no 114928pdf Acesso em 03 dez 2004
GREUB G RAOULT D Actinobaculum massiliae a new species causing chronic
urinary tract infection Journal of Clinical Microbiology (on line) 2002 Disponivel em
httpwwwpubmedcentralnihgov articlerender fcgitool=pubmedamppubmedid=12409
355 Acesso em 13 fev2005
HElLBERG I P Diagnosis and clinical management of urinary tract infection
Disponivel em httpwwwunineteducin2003confpfefermanpfefermanhtml
Acesso em 20 out 2004
KONEMAN E W ALLEN S D JANDA W M SCHREKENBERGER P C
WINN Jr W C Cr Atlas and Textbook of Diagnostic Microbiology 5ed
Philadelphia Lippincott-Raven 1997
LIPSKY B A Managing Prostatitis and Urinary Tract Infection in Men Infectious
Diseases Infoalerl (on line) 2003 Oisponivel em
httpwwwdpacomhklpdflinfolnfoALERT 15pdf Acesso em 10 dez 2004
MASKELL R A new look at the diagnosis of infection of the urinary tract and its
adjacents structures Joumaloflnfecfion Portsmouth n 19 p 207-217 jul 1989
51
MERIA P DESGRIPPES A ARFI C LE DUC A Encrusted Cystitis and Pyelitis
Journal of Urology (on line) 1998 Disponlvel em
htlpIwwwjurologycomipUrejuroabstract00005392-1 99807000-
00003htmmiddotjsessionid-CnHOtEDjxvOgrxiWIUac52pekluG1HSCZzrnOpCIJH4V107ePU
evI848681301-949856032190011-1 Acesso em 21 abr 2005
McCUE J D The Management of Complicated Urinary Tract Infections Infectious
Diseases Infoalert (on line) 1999 Disponfvel em
htlpIwwwdpacomhkJpdlfinlofinlo alart 01pdl Acesso em 01 dez 2004
MURRAY P R Manual of Clinical Microbiology 7ed Washington ASM Press
1999
NABER K G BERGMAN B BISHOP M C JOHANSEN T E B BOTTO H
LOBEL B CRUZ F J SELVAGGI F P European Association 01 Urology
Guidelines on Urinary and Male Genital Tract Infections Disponlvel em
httpwwwuroweborglfilesluploaded filesuti mgtLpdf Acesso em 20 dez 2004
OPLUSTIL C P Urocultura In__ Procedimentos basicos em microbiologia
clinica 2 ed Sao Paulo Sarvier 2004 p 88-93
OSBORNE J About Interstitial Cystitis Disponivel em htlplwwwic-
networkcomhandbooklbasicshtmlintro Acesso em 20 dez 2004
52
PEDRAZA AVILES A G ORTIZ ZARAGOZA M C Symptomatic bacteriuria due to
Ureaplasma and Mycoplasma in adults Revista Latinoamericana de Microbiologia
(on line) 1998 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedampdopt=Abs
tractamplist uids=20388109 Acesso em 20 abr 2005
RIEGEL P RUIMY R BRIEL D de PREVOST G JEHL F BIMET F
CHRISTEN R MONTEIL H Corynebacterium seminale sp Nov a New Species
Associated with Genital Infections in Male Patients Journal of Clinical Microbiology
(on line) 1995 Disponlvel em
htlpllwwwpubmedcentralnihgovpicrenderfcgiartid=228387ampblobtype=pdf
Acesso em 19 mar 2005
SORIANO F PONTE C A case of urinary tract infection caused by
Corynebacterium urealyticum and coryneform group F1 European Journal of Clinical
Microbiology Infectious Diseases (on line) 1992 Disponfvel em
httoIwwwncbinlmnihgoventreziguervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
1396772ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr2005
TANNER M A SHOSKES DSHAHEDA PACENR Prevalence of
Corynebacterial 16S fRna Sequences in Patients with Bacterial and Nonbacterial
Prostatitis Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Disponivel em
httpmcmasmorgcontenVfull3761863 Acesso em 06 mar 2005
TRABULSI L R ALTERTHUM F Escherichia coli uropatagenica (UPEC) In
Microbiaagia 4 ed Sao Paulo Atheneu 2004 p 303-309
53
48
Disponivel em httpjcmasmorgcgireprintl41125500pdf Acesso em 18
mar2005
DOMINGUE G J HELLSTROMW J G Prostatitis Clinical Microbiology Reviews
(on line) 1998 Disponivel em httpcmrasmorglcgilcontentifuIl11141604 Acesso
em 03 fev 2005
DUFKE S KUNZE-KRONAWITIER H SCHUBERT S Pyelonephritis and
Urosepsis Caused by Streptococcus pneumoniae Journal of Clinical Microbiology
(on line) 2004 Disponlvel em httpjcmasmorgcgicontentifuIl4294383 Acesso
em 06 mar2005
FAIRLEY K F BIRCH D F Detection of Bladder Bacteriuria in Patients with Acute
Urinary Symptoms The Journal of Infectious Diseases Melbourne v 159 n2 p
226-231 fev 1989
FRAIMOW H S JUNGKIND D L LANDER D W DELSO D R DEAN J L
Urinary Tract Infection with an Enterococcus taecais Isolate that Requires
Vancomycin for Growth Annals of Internal Medicine (on line) 1994 Oisponivel em
httpwwwannalsorgcgicontentifuIl1211122 Acesso em 18 mar 2005
FRANZ M HCRL W H Common errors in diagnosis and management of urinary
tract infection I Patophysiology and diagnostic techniques Nephrology Dialysis
Transplantation (on line) 1999 Disponivel em
httpltwwwndtoupjournalsorgcgicontentifuIl141127 46 Acesso em 01 dez 2004
49
GIBB A P Plates are Belter than Broth for Recovery of Fastidious Organisms from
some Specimen Material Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Oisponivel
em httpjcmasmorgcgireprinU4041129pdf Acesso em 06 mar2005
GILLESPIE W A HENDERSON E P LINTON K B SMITH P J Microbiology
of the urethral (frequency and dysuria) syndrome A controlled study with 5-year
review British Journal of Urology (on line) 1989 Disponfvel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
2804564ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr 2005
GINESTRE PEREZ M ROMERO-A~EZ S MARTINEZ-GARCIA A RINCON-
VILLALOBOS G HARRIS-SOCORRO B CATELLANO-GONZALES M AVILA-
ROO Y PEROZO-MENA A Gardnerella vaginalis y uropat6genos convencionales
em pacientes ambulatorios Revista de La Sociedad Venezolana de Microbiaogia
(on line) 2001 Disponivel em
httpwwwseieloorgvaseielo phpscriptsci arttextamppid=S 1315-
25562001000200003amplng=esampnrm=isso Acesso em 05 jan 2005
GOBERNADO M CRUZ F J DALET F BROSETA E DE CUETO M
SANTOS M DE LA ROSA M Procedimientos en Microbiologla Clinica La
infeccion urinaria 2002 Disponivel em
httpwwwseimcorgprotocolosmicrobiologiaindice14htm Acesso em 01 dez
2004
50
GOLAPACHAR A AKINS R L DAVIS W R SIDDIQUI A A Urinary tract
infection caused by Aerococcus viridans a case report International Medical Journal
for Experimental and Clinical Research (on line) 2004 Oisponivel em
httpwlNNmedscimonitcompubvol 10no 114928pdf Acesso em 03 dez 2004
GREUB G RAOULT D Actinobaculum massiliae a new species causing chronic
urinary tract infection Journal of Clinical Microbiology (on line) 2002 Disponivel em
httpwwwpubmedcentralnihgov articlerender fcgitool=pubmedamppubmedid=12409
355 Acesso em 13 fev2005
HElLBERG I P Diagnosis and clinical management of urinary tract infection
Disponivel em httpwwwunineteducin2003confpfefermanpfefermanhtml
Acesso em 20 out 2004
KONEMAN E W ALLEN S D JANDA W M SCHREKENBERGER P C
WINN Jr W C Cr Atlas and Textbook of Diagnostic Microbiology 5ed
Philadelphia Lippincott-Raven 1997
LIPSKY B A Managing Prostatitis and Urinary Tract Infection in Men Infectious
Diseases Infoalerl (on line) 2003 Oisponivel em
httpwwwdpacomhklpdflinfolnfoALERT 15pdf Acesso em 10 dez 2004
MASKELL R A new look at the diagnosis of infection of the urinary tract and its
adjacents structures Joumaloflnfecfion Portsmouth n 19 p 207-217 jul 1989
51
MERIA P DESGRIPPES A ARFI C LE DUC A Encrusted Cystitis and Pyelitis
Journal of Urology (on line) 1998 Disponlvel em
htlpIwwwjurologycomipUrejuroabstract00005392-1 99807000-
00003htmmiddotjsessionid-CnHOtEDjxvOgrxiWIUac52pekluG1HSCZzrnOpCIJH4V107ePU
evI848681301-949856032190011-1 Acesso em 21 abr 2005
McCUE J D The Management of Complicated Urinary Tract Infections Infectious
Diseases Infoalert (on line) 1999 Disponfvel em
htlpIwwwdpacomhkJpdlfinlofinlo alart 01pdl Acesso em 01 dez 2004
MURRAY P R Manual of Clinical Microbiology 7ed Washington ASM Press
1999
NABER K G BERGMAN B BISHOP M C JOHANSEN T E B BOTTO H
LOBEL B CRUZ F J SELVAGGI F P European Association 01 Urology
Guidelines on Urinary and Male Genital Tract Infections Disponlvel em
httpwwwuroweborglfilesluploaded filesuti mgtLpdf Acesso em 20 dez 2004
OPLUSTIL C P Urocultura In__ Procedimentos basicos em microbiologia
clinica 2 ed Sao Paulo Sarvier 2004 p 88-93
OSBORNE J About Interstitial Cystitis Disponivel em htlplwwwic-
networkcomhandbooklbasicshtmlintro Acesso em 20 dez 2004
52
PEDRAZA AVILES A G ORTIZ ZARAGOZA M C Symptomatic bacteriuria due to
Ureaplasma and Mycoplasma in adults Revista Latinoamericana de Microbiologia
(on line) 1998 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedampdopt=Abs
tractamplist uids=20388109 Acesso em 20 abr 2005
RIEGEL P RUIMY R BRIEL D de PREVOST G JEHL F BIMET F
CHRISTEN R MONTEIL H Corynebacterium seminale sp Nov a New Species
Associated with Genital Infections in Male Patients Journal of Clinical Microbiology
(on line) 1995 Disponlvel em
htlpllwwwpubmedcentralnihgovpicrenderfcgiartid=228387ampblobtype=pdf
Acesso em 19 mar 2005
SORIANO F PONTE C A case of urinary tract infection caused by
Corynebacterium urealyticum and coryneform group F1 European Journal of Clinical
Microbiology Infectious Diseases (on line) 1992 Disponfvel em
httoIwwwncbinlmnihgoventreziguervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
1396772ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr2005
TANNER M A SHOSKES DSHAHEDA PACENR Prevalence of
Corynebacterial 16S fRna Sequences in Patients with Bacterial and Nonbacterial
Prostatitis Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Disponivel em
httpmcmasmorgcontenVfull3761863 Acesso em 06 mar 2005
TRABULSI L R ALTERTHUM F Escherichia coli uropatagenica (UPEC) In
Microbiaagia 4 ed Sao Paulo Atheneu 2004 p 303-309
53
49
GIBB A P Plates are Belter than Broth for Recovery of Fastidious Organisms from
some Specimen Material Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Oisponivel
em httpjcmasmorgcgireprinU4041129pdf Acesso em 06 mar2005
GILLESPIE W A HENDERSON E P LINTON K B SMITH P J Microbiology
of the urethral (frequency and dysuria) syndrome A controlled study with 5-year
review British Journal of Urology (on line) 1989 Disponfvel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
2804564ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr 2005
GINESTRE PEREZ M ROMERO-A~EZ S MARTINEZ-GARCIA A RINCON-
VILLALOBOS G HARRIS-SOCORRO B CATELLANO-GONZALES M AVILA-
ROO Y PEROZO-MENA A Gardnerella vaginalis y uropat6genos convencionales
em pacientes ambulatorios Revista de La Sociedad Venezolana de Microbiaogia
(on line) 2001 Disponivel em
httpwwwseieloorgvaseielo phpscriptsci arttextamppid=S 1315-
25562001000200003amplng=esampnrm=isso Acesso em 05 jan 2005
GOBERNADO M CRUZ F J DALET F BROSETA E DE CUETO M
SANTOS M DE LA ROSA M Procedimientos en Microbiologla Clinica La
infeccion urinaria 2002 Disponivel em
httpwwwseimcorgprotocolosmicrobiologiaindice14htm Acesso em 01 dez
2004
50
GOLAPACHAR A AKINS R L DAVIS W R SIDDIQUI A A Urinary tract
infection caused by Aerococcus viridans a case report International Medical Journal
for Experimental and Clinical Research (on line) 2004 Oisponivel em
httpwlNNmedscimonitcompubvol 10no 114928pdf Acesso em 03 dez 2004
GREUB G RAOULT D Actinobaculum massiliae a new species causing chronic
urinary tract infection Journal of Clinical Microbiology (on line) 2002 Disponivel em
httpwwwpubmedcentralnihgov articlerender fcgitool=pubmedamppubmedid=12409
355 Acesso em 13 fev2005
HElLBERG I P Diagnosis and clinical management of urinary tract infection
Disponivel em httpwwwunineteducin2003confpfefermanpfefermanhtml
Acesso em 20 out 2004
KONEMAN E W ALLEN S D JANDA W M SCHREKENBERGER P C
WINN Jr W C Cr Atlas and Textbook of Diagnostic Microbiology 5ed
Philadelphia Lippincott-Raven 1997
LIPSKY B A Managing Prostatitis and Urinary Tract Infection in Men Infectious
Diseases Infoalerl (on line) 2003 Oisponivel em
httpwwwdpacomhklpdflinfolnfoALERT 15pdf Acesso em 10 dez 2004
MASKELL R A new look at the diagnosis of infection of the urinary tract and its
adjacents structures Joumaloflnfecfion Portsmouth n 19 p 207-217 jul 1989
51
MERIA P DESGRIPPES A ARFI C LE DUC A Encrusted Cystitis and Pyelitis
Journal of Urology (on line) 1998 Disponlvel em
htlpIwwwjurologycomipUrejuroabstract00005392-1 99807000-
00003htmmiddotjsessionid-CnHOtEDjxvOgrxiWIUac52pekluG1HSCZzrnOpCIJH4V107ePU
evI848681301-949856032190011-1 Acesso em 21 abr 2005
McCUE J D The Management of Complicated Urinary Tract Infections Infectious
Diseases Infoalert (on line) 1999 Disponfvel em
htlpIwwwdpacomhkJpdlfinlofinlo alart 01pdl Acesso em 01 dez 2004
MURRAY P R Manual of Clinical Microbiology 7ed Washington ASM Press
1999
NABER K G BERGMAN B BISHOP M C JOHANSEN T E B BOTTO H
LOBEL B CRUZ F J SELVAGGI F P European Association 01 Urology
Guidelines on Urinary and Male Genital Tract Infections Disponlvel em
httpwwwuroweborglfilesluploaded filesuti mgtLpdf Acesso em 20 dez 2004
OPLUSTIL C P Urocultura In__ Procedimentos basicos em microbiologia
clinica 2 ed Sao Paulo Sarvier 2004 p 88-93
OSBORNE J About Interstitial Cystitis Disponivel em htlplwwwic-
networkcomhandbooklbasicshtmlintro Acesso em 20 dez 2004
52
PEDRAZA AVILES A G ORTIZ ZARAGOZA M C Symptomatic bacteriuria due to
Ureaplasma and Mycoplasma in adults Revista Latinoamericana de Microbiologia
(on line) 1998 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedampdopt=Abs
tractamplist uids=20388109 Acesso em 20 abr 2005
RIEGEL P RUIMY R BRIEL D de PREVOST G JEHL F BIMET F
CHRISTEN R MONTEIL H Corynebacterium seminale sp Nov a New Species
Associated with Genital Infections in Male Patients Journal of Clinical Microbiology
(on line) 1995 Disponlvel em
htlpllwwwpubmedcentralnihgovpicrenderfcgiartid=228387ampblobtype=pdf
Acesso em 19 mar 2005
SORIANO F PONTE C A case of urinary tract infection caused by
Corynebacterium urealyticum and coryneform group F1 European Journal of Clinical
Microbiology Infectious Diseases (on line) 1992 Disponfvel em
httoIwwwncbinlmnihgoventreziguervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
1396772ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr2005
TANNER M A SHOSKES DSHAHEDA PACENR Prevalence of
Corynebacterial 16S fRna Sequences in Patients with Bacterial and Nonbacterial
Prostatitis Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Disponivel em
httpmcmasmorgcontenVfull3761863 Acesso em 06 mar 2005
TRABULSI L R ALTERTHUM F Escherichia coli uropatagenica (UPEC) In
Microbiaagia 4 ed Sao Paulo Atheneu 2004 p 303-309
53
50
GOLAPACHAR A AKINS R L DAVIS W R SIDDIQUI A A Urinary tract
infection caused by Aerococcus viridans a case report International Medical Journal
for Experimental and Clinical Research (on line) 2004 Oisponivel em
httpwlNNmedscimonitcompubvol 10no 114928pdf Acesso em 03 dez 2004
GREUB G RAOULT D Actinobaculum massiliae a new species causing chronic
urinary tract infection Journal of Clinical Microbiology (on line) 2002 Disponivel em
httpwwwpubmedcentralnihgov articlerender fcgitool=pubmedamppubmedid=12409
355 Acesso em 13 fev2005
HElLBERG I P Diagnosis and clinical management of urinary tract infection
Disponivel em httpwwwunineteducin2003confpfefermanpfefermanhtml
Acesso em 20 out 2004
KONEMAN E W ALLEN S D JANDA W M SCHREKENBERGER P C
WINN Jr W C Cr Atlas and Textbook of Diagnostic Microbiology 5ed
Philadelphia Lippincott-Raven 1997
LIPSKY B A Managing Prostatitis and Urinary Tract Infection in Men Infectious
Diseases Infoalerl (on line) 2003 Oisponivel em
httpwwwdpacomhklpdflinfolnfoALERT 15pdf Acesso em 10 dez 2004
MASKELL R A new look at the diagnosis of infection of the urinary tract and its
adjacents structures Joumaloflnfecfion Portsmouth n 19 p 207-217 jul 1989
51
MERIA P DESGRIPPES A ARFI C LE DUC A Encrusted Cystitis and Pyelitis
Journal of Urology (on line) 1998 Disponlvel em
htlpIwwwjurologycomipUrejuroabstract00005392-1 99807000-
00003htmmiddotjsessionid-CnHOtEDjxvOgrxiWIUac52pekluG1HSCZzrnOpCIJH4V107ePU
evI848681301-949856032190011-1 Acesso em 21 abr 2005
McCUE J D The Management of Complicated Urinary Tract Infections Infectious
Diseases Infoalert (on line) 1999 Disponfvel em
htlpIwwwdpacomhkJpdlfinlofinlo alart 01pdl Acesso em 01 dez 2004
MURRAY P R Manual of Clinical Microbiology 7ed Washington ASM Press
1999
NABER K G BERGMAN B BISHOP M C JOHANSEN T E B BOTTO H
LOBEL B CRUZ F J SELVAGGI F P European Association 01 Urology
Guidelines on Urinary and Male Genital Tract Infections Disponlvel em
httpwwwuroweborglfilesluploaded filesuti mgtLpdf Acesso em 20 dez 2004
OPLUSTIL C P Urocultura In__ Procedimentos basicos em microbiologia
clinica 2 ed Sao Paulo Sarvier 2004 p 88-93
OSBORNE J About Interstitial Cystitis Disponivel em htlplwwwic-
networkcomhandbooklbasicshtmlintro Acesso em 20 dez 2004
52
PEDRAZA AVILES A G ORTIZ ZARAGOZA M C Symptomatic bacteriuria due to
Ureaplasma and Mycoplasma in adults Revista Latinoamericana de Microbiologia
(on line) 1998 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedampdopt=Abs
tractamplist uids=20388109 Acesso em 20 abr 2005
RIEGEL P RUIMY R BRIEL D de PREVOST G JEHL F BIMET F
CHRISTEN R MONTEIL H Corynebacterium seminale sp Nov a New Species
Associated with Genital Infections in Male Patients Journal of Clinical Microbiology
(on line) 1995 Disponlvel em
htlpllwwwpubmedcentralnihgovpicrenderfcgiartid=228387ampblobtype=pdf
Acesso em 19 mar 2005
SORIANO F PONTE C A case of urinary tract infection caused by
Corynebacterium urealyticum and coryneform group F1 European Journal of Clinical
Microbiology Infectious Diseases (on line) 1992 Disponfvel em
httoIwwwncbinlmnihgoventreziguervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
1396772ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr2005
TANNER M A SHOSKES DSHAHEDA PACENR Prevalence of
Corynebacterial 16S fRna Sequences in Patients with Bacterial and Nonbacterial
Prostatitis Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Disponivel em
httpmcmasmorgcontenVfull3761863 Acesso em 06 mar 2005
TRABULSI L R ALTERTHUM F Escherichia coli uropatagenica (UPEC) In
Microbiaagia 4 ed Sao Paulo Atheneu 2004 p 303-309
53
51
MERIA P DESGRIPPES A ARFI C LE DUC A Encrusted Cystitis and Pyelitis
Journal of Urology (on line) 1998 Disponlvel em
htlpIwwwjurologycomipUrejuroabstract00005392-1 99807000-
00003htmmiddotjsessionid-CnHOtEDjxvOgrxiWIUac52pekluG1HSCZzrnOpCIJH4V107ePU
evI848681301-949856032190011-1 Acesso em 21 abr 2005
McCUE J D The Management of Complicated Urinary Tract Infections Infectious
Diseases Infoalert (on line) 1999 Disponfvel em
htlpIwwwdpacomhkJpdlfinlofinlo alart 01pdl Acesso em 01 dez 2004
MURRAY P R Manual of Clinical Microbiology 7ed Washington ASM Press
1999
NABER K G BERGMAN B BISHOP M C JOHANSEN T E B BOTTO H
LOBEL B CRUZ F J SELVAGGI F P European Association 01 Urology
Guidelines on Urinary and Male Genital Tract Infections Disponlvel em
httpwwwuroweborglfilesluploaded filesuti mgtLpdf Acesso em 20 dez 2004
OPLUSTIL C P Urocultura In__ Procedimentos basicos em microbiologia
clinica 2 ed Sao Paulo Sarvier 2004 p 88-93
OSBORNE J About Interstitial Cystitis Disponivel em htlplwwwic-
networkcomhandbooklbasicshtmlintro Acesso em 20 dez 2004
52
PEDRAZA AVILES A G ORTIZ ZARAGOZA M C Symptomatic bacteriuria due to
Ureaplasma and Mycoplasma in adults Revista Latinoamericana de Microbiologia
(on line) 1998 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedampdopt=Abs
tractamplist uids=20388109 Acesso em 20 abr 2005
RIEGEL P RUIMY R BRIEL D de PREVOST G JEHL F BIMET F
CHRISTEN R MONTEIL H Corynebacterium seminale sp Nov a New Species
Associated with Genital Infections in Male Patients Journal of Clinical Microbiology
(on line) 1995 Disponlvel em
htlpllwwwpubmedcentralnihgovpicrenderfcgiartid=228387ampblobtype=pdf
Acesso em 19 mar 2005
SORIANO F PONTE C A case of urinary tract infection caused by
Corynebacterium urealyticum and coryneform group F1 European Journal of Clinical
Microbiology Infectious Diseases (on line) 1992 Disponfvel em
httoIwwwncbinlmnihgoventreziguervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
1396772ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr2005
TANNER M A SHOSKES DSHAHEDA PACENR Prevalence of
Corynebacterial 16S fRna Sequences in Patients with Bacterial and Nonbacterial
Prostatitis Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Disponivel em
httpmcmasmorgcontenVfull3761863 Acesso em 06 mar 2005
TRABULSI L R ALTERTHUM F Escherichia coli uropatagenica (UPEC) In
Microbiaagia 4 ed Sao Paulo Atheneu 2004 p 303-309
53
52
PEDRAZA AVILES A G ORTIZ ZARAGOZA M C Symptomatic bacteriuria due to
Ureaplasma and Mycoplasma in adults Revista Latinoamericana de Microbiologia
(on line) 1998 Disponivel em
httpwwwncbinlmnihgoventrezlquervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedampdopt=Abs
tractamplist uids=20388109 Acesso em 20 abr 2005
RIEGEL P RUIMY R BRIEL D de PREVOST G JEHL F BIMET F
CHRISTEN R MONTEIL H Corynebacterium seminale sp Nov a New Species
Associated with Genital Infections in Male Patients Journal of Clinical Microbiology
(on line) 1995 Disponlvel em
htlpllwwwpubmedcentralnihgovpicrenderfcgiartid=228387ampblobtype=pdf
Acesso em 19 mar 2005
SORIANO F PONTE C A case of urinary tract infection caused by
Corynebacterium urealyticum and coryneform group F1 European Journal of Clinical
Microbiology Infectious Diseases (on line) 1992 Disponfvel em
httoIwwwncbinlmnihgoventreziguervfcgicmd=Retrieveampdb=PubMedamplist uids=
1396772ampdopt=Abstract Acesso em 21 abr2005
TANNER M A SHOSKES DSHAHEDA PACENR Prevalence of
Corynebacterial 16S fRna Sequences in Patients with Bacterial and Nonbacterial
Prostatitis Journal of Clinical Microbiology (on line) 1999 Disponivel em
httpmcmasmorgcontenVfull3761863 Acesso em 06 mar 2005
TRABULSI L R ALTERTHUM F Escherichia coli uropatagenica (UPEC) In
Microbiaagia 4 ed Sao Paulo Atheneu 2004 p 303-309
53