Cultura.Sul Junho34

16
JUN | 2011 • Nº 34 • Mensal • O Cultura.Sul faz parte integrante da edição do POSTAL do ALGARVE e não pode ser vendido separadamente www.issuu.com/postaldoalgarve JUNHO • Mensalmente com o POSTAL em conjunto com o PÚBLICO 10.064 EXEMPLARES Francisco Amaral salienta que Alcoutim vive hoje cultura » p. 7 Recordar os lápis Viarco » p. 6 ACTA estreia A Tempestade de Shakespeare » p. 12 Festival da água Dar de beber aos sentidos p. 4 e 5

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Festival da água: Dar de beber aos sentidos » Francisco Amaral salienta que Alcoutim vive hoje cultura » Recordar os lápis Viarco » ACTA estreia A Tempestade de Shakespeare

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Francisco Amaral salienta que Alcoutim vive hoje cultura

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• Festival da água

Dar de beber aos sentidos

p. 4 e 5

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momento Vítor Correia

Quinta dos Vales - Allgarve - Fado Maior

blogosfera jady batista

Simplex dictum

Ficha TécnicaDirecção:GORDAAssociação Sócio-Cultural

Editor:João Evaristo

Paginação:Postal do Algarve

Responsáveis pelas secções:» baú.S: Joaquim Parra» blogosfera.S: Jady Batista» livro.S: Adriana Nogueira» momento.S: Vítor Correia» museu.S: Isabel Soares» palco.S: João Evaristo» políticas.S: Henrique Dias Freire» panorâmica.S: Ricardo Claro

Colaboradores:AGECAL, ALFA, CRIA, Cine-clube de Faro, Cineclube de Tavira, DRCAlg, DREAlg, António Pina, Elisete Santos, Marta Dias, Pedro Jubilot; nesta edição: João Amaro, José Barradas, José Carlos Barros, Maria Teresa Laranjo, Mário Serra Pereira

Parceiros:Direcção Regional de Cultura do Al-garve, Direcção Regional de Educa-ção do Algarve, Postal do Algarve.

e-mail:[email protected]

Capa: Concepção e pós-produção da imagem Festival da Água_www.youmix.pt

on-line: www.issuu.com/postaldoalgarve

Tiragem:10.064 exemplares

João EvaristoEditor Cultura.Sul

Um espaço que dá relevo a uma fonte de actividade literária que fervilha, muitas vezes, à margem dos circuitos convencionais.

StrongNós humanos, queremos sempre

mais, queremos sempre o que não te-mos, o que não possuímos, a riqueza, o consumismo, o impossível. E para o obtermos fazemos de tudo: pisamos, roubamos, destruímos, sacrificamos, matamos. Porquê?

Porque a nossa sede e cegueira pelo que achamos ser de valor ultrapassa todos os limites. Porque não sabemos dar valor àquilo que temos, ao que nos rodeia, à beleza que temos à nossa volta, à riqueza que realmente possuímos e que tem mais valor que todo o dinheiro do mundo: a família, os amigos, os co-legas, o trabalho, a escola, tudo.

Nós temos tudo, está na altura de co-meçar a dar-lhe valor. O devido valor.

Por isso, promete a ti mesmo ser forte, que nada pode perturbar a tua paz de espírito.

Tenta sempre olhar para o lado

positivo de tudo e faz com que o teu optimismo se torne realidade.

Pensa apenas no melhor, trabalha apenas para o melhor e tem sempre a expectativa do melhor.

Perdoa e esquece os erros do pas-sado, insiste em conseguir as grandes conquistas do futuro. Disponibiliza o maior tempo possível a melhorar o que és. Tanto tempo que nem sequer vais ter tempo para criticar os outros.

Vive na esperança que o mundo está do teu lado enquanto te manteres fiel, verdadeiro e dares o melhor que há em ti, sempre.

AtitudesQuanto mais vivo, mais percebo o

impacto de uma atitude na vida. Ati-tudes, para mim, são mais importantes que factos, mais importantes que o pas-sado, que a educação, que o dinheiro, que as circunstancias, que o fracasso,

que o sucesso. Mais importante que o que as outras pessoas pensam ou dizem ou fazem. É mais importante que a aparência, inteligência ou habilidade. A coisa mais notável que temos todos os dias é a escolha da atitude que vamos ter durante o dia. Não podemos mudar o passado e mudar o facto de algu-mas pessoas terem agido de uma certa maneira. Nós não podemos mudar o

inevitável. A única coisa que podemos fazer é jogar com a única corda que temos, que é a nossa atitude.

Estou plenamente convencida de que a vida é 10% do que me acontece e 90% de como reajo a isso. E assim sou tu e eu. Nós estamos no comando das nossas atitudes.

http://worldhallucinate.blogspot.com/

Uma rajada de sueste afron-tou-o há poucos dias fazendo com que ele, que apenas pensa quando a isso é obrigado, desse consigo a reflectir de livre, espon-tânea e surpreendente prazeirosa vontade.

Está comprovada a nature-za inspiradora de uma mesa de café!

- Foi fruto da sua reflexão o seguinte - Então eu que sou tão inteligente e competente vejo-me, há tantos anos, mandado por pes-soas tão criticáveis e que considero menos inteligentes e competentes do que eu?

Certo de que faria melhor do que eles, seguiu-se a este acha-que introdutório, uma série de propostas e contrapropostas, críticas e ofensas e explicitações pormenorizadas do que deveria ser feito, pulverizado com uma certa arrogância saloia de quem descobriu o óbvio que só um cego é que não vê e que os outros, não sendo cegos, não viram.

Os parceiros de mesa e das ou-tras mesas aplaudiam o comício. E ele, entre uma mine e um pires de tremoços, não percebia que enquan-to empanturrava o ego, continuava a ser mandado por seres inferiores e a obedecer passivamente, a sorrir por fora e a grunhir pelo avesso.

Almariado com a luminosi-dade do seu ser, ainda não per-cebeu que a sua inteligência e competência sendo superiores são de natureza diferente - Não servem a função primária de criar, produzir, coordenar ou governar. Essas actividades implicam riscos, para além de que são demasiado falíveis.

A sua inteligência é mais direc-cionada para a autópsia do erro.

Por isso ele nunca falha!- É mais uma mine!

Mines e tremoços!

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cinemaCineclube de Faro

Um sonho de filme. Uma home-nagem que abre portas tão criativas quanto as que a coreógrafa e dança-rina, falecida em 2009, escancarou. Wim Wenders no melhor regresso que podia ter. Um documentário que não o é. Um espectáculo de dança

que não o é. Um filme que não o é – é cinema. Renovado, inovador, ousado. E muito tocante.

Como tal, Sonhos de dança – nos passos de Pina Bausch, apro-funda o seu re/conhecimento, pois é o documentário que Pina Bausch

deixou como prova de uma obra fantástica e revolucionária. Em 2008, a coreógrafa escolheu 40 adolescentes que não a conheciam e convidou-os a dançar. Em ape-nas dez meses, os jovens tomaram consciência do seu corpo, das difi-culdades que ele pode representar e do génio de Bausch. A 27 de Junho, será a nossa vez.

Liz Taylor morreu? Não: as movie stars são eternas.

Cinco obras-primas do cinema pro-tagonizadas por uma estrela tão cin-tilante em vida como em qualquer ecrã que a projecte. Seja acompanha-da por James Dean, Paul Newman, Montgomery Clift, Richardi Burton ou Marlon Brando, a senhora do olhar violeta arranca nestes clássicos papéis inesquecíveis e arrebatadores. De entrada – melhor dito, de passa-gem! – livre, nas traseiras da sede se o clima o permitir, uma intervenção aberta à comunidade - e não só à cinéfila!

Pina

Cineclube de Tavira

SESSÕES REGULARESCine-Teatro António Pinheiro | 21.30

2 JUN | Teatro de Sonhos, Rui Simões, Portugal 2003 (50’) M/12 (Em colabo-ração com INATEL)5 JUN | Jane Eyre, Cary Fukanaga, Rei-no Unido/E.U.A. 2011 (120’) M/129 JUN | Assalto ao Santa Maria, Fran-cisco Manso, Portugal 2009 (104’) M/1212 JUN | Tôquiô! (Tóquio!), ong Joon-Ho, França/Japão/Coreia do Sul/Ale-manha 2008 (112’) M/16

16 JUN | Deux la Vague (Os 2 da Nova-Vaga), Emmanuel Laurent, França 2010 (91’) M/1219 JUN | Tropa de Elite 2: O Inimigo Agora é Outro, José Padilha, Brasil 2011 (116’) M/1623 JUN | Tournée (Em Digressão), Matthieu Amalric, França 2010 (111’) M/1626 JUN | Waste Land (Lixo Electróni-co), Lucy Walker, Brasil/Reino Unido 2010 (90’) M/630 JUN | Camino, Javier Fesser, Espa-nha 2008 (138’) M/12

PROGRAMAÇÃOwww.cineclube-tavira.com 281 320 594 | 965 209 198

No início do mês de Maio decor-reu a 14ª edição do Festival Inter-nacional de Cinema para Crianças e Jovens de Kristiansand, no sul da Noruega. Um festival com bastante interesse não apenas a nível de esco-lha de filmes mas sobretudo por ser um festival que foca a vasta produ-ção europeia de cinema destinado

principalmente aos jovens, em cujas histórias os mais novos (até aos 16 anos) reconhecem as suas alegrias e/ou angústias. Um tipo de evento que continua a fazer bastante falta em Portugal. As conversas que tive com inúmeras personalidades (rea-lizadores, produtores, jovens actores e actrizes e distribuidores de filmes

oriundos de toda a Europa), mais uma vez confirmaram que na maioria dos países europeus, anualmente, há pelo menos um Festival de Cine-ma para Crianças e, talvez até mais importante, há uma distribuidora especializada em filmes para jovens, o que também (ainda) não existe no nosso país...

No futuro próximo, iremos ten-tar trazer uns dos filmes exibidos este ano em Kristiansand e, com a ajuda preciosa deste Festival e de algumas instituições escandinavas de cinema, já existem planos para montar uma Mostra Escandinava de Cinema para Crianças e Jovens em Tavira. Um sonho de longa data que, com a necessária dedicação e paixão, talvez em breve se torne re-alidade. Já agora, a nossa 12ª Mos-tra de Cinema Europeu de Tavira terá lugar de 15 a 25 de Julho (11 sessões) e a 7ª Mostra de Cinema

Não-Europeu de Tavira segue de 5 a 14 de Agosto. O local será o mes-mo dos anos anteriores: ao ar livre, nos belos Claustros do Convento

do Carmo. O programa completo estará disponível no nosso site no final da primeira semana de Junho. A não perder! Até breve!

Mostra Escandinava

PROGRAMAÇÃOwww.cineclubefaro.com

CICLO ENSINA-ME A NÃO ANDAR COM OS PÉS NO CHÃOIPJ | 22.00 | Sócios 2m, Estudantes 3,5m, Restante público 4m13 JUN | Pina, de Wim Wenders,Alemanha/França, 2010, 100’27 JUN | Sonhos de Dança nos Passos de Pina Bausch, de Anne Linsel e Rai-ner Hoffmann, Alemanha, 2010, 89

CICLO ELIZABETH TAYLOR. PROFIS-SÃO: MOVIE STARSEDE AO AR LIVRE* | 22.00 | Entrada livre

1 JUN | O Gigante, de George Stevens, EUA, 1956, 201’8 JUN | Gata em Telhado de Zinco Quente, de Richard Brooks, EUA, 1958, 108’15 JUN | Bruscamente no Verão Pas-sado, de Joseph Mankiewicz, EUA, 1959, 114’23 JUN | Quem Tem Medo de Virgínia Woolf?, de Mike Nichols, 1966, 131’

30 JUN | Reflexos num Olho Dourado, de John Huston, EUA, 1967, 108’(* dependente das condições atmosféricas)

20 JUN | 22.00 | Farinelli, de Gérard Corbiau, 1994, França/Itália/Bélgica, 111’.Devido às inundações do passado dia 18 de Maio, a sede da Associação Mú-sica XXI e o seu património ficaram gravemente danificados.O Cineclube de Faro promove uma sessão especial na 2ªf, dia 20 de Ju-nho, às 22h, no Instituto Português da Juventude, com o filme FARINELLI, de Gérard Corbiau, 1994, França/Itá-lia/Bélgica, 111’.A entrada é livre, mas será feita uma recolha de donativos que reverterá na totalidade para a Associação Mú-sica XXI.

“FAdAS”18 JUN | 22.00 | AuditórioMunicipal de LagoaMafalda Arnauth apresenta o seu novo disco, um verdadeiro tributo às mulheres que influenciaram o seu percurso artístico

“O MAR”Até 27 de Junho | Galeria de ArtePintor Samora Barros - AlbufeiraExposição de pintura de José Maria Cas-tizo, que aborda a temática do mar e a sua envolvência

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Um apelo aos sentidos com a água como mote é o que cinco entidades se propõem levar a cabo com a primeira edição do Festival da Água.

Agendado para os dias 3 a 5 de Ju-nho, a Águas do Algarve SA, a Direc-ção Regional da Cultura do Algarve, a Câmara Municipal de Faro, a Junta de Freguesia de Estoi e a Entidade Re-gional de Turismo, criaram um evento em que tudo gira em torno do precioso líquido e que antevê a comemoração do Dia Mundial do Ambiente, que coin-cide com o último dia do evento.

Todos os caminhos vão dar a Estoi e ao Festival da Água en-tre 3 e 5 de Junho e para não perder uma gota o Cultura.Sul deixa-lhe as coordenadas do evento:

37° 5’ 44” N, 7° 53’ 35” W

A água domina assim três dias de festival que incluem concertos, expo-sições, visitas guiadas, conferências, animação para pequenos e graúdos, pinturas faciais, experiências interac-tivas com água, massagens, poesia e gastronomia, e o que se promete é um espírito descontraído que invade as ruas de Estoi, as ruínas do Milreu e o Palácio de Estoi, numa acção de sensibilização para a importância da água e para os problemas e desafios que se colocam à humanidade na ges-tão de um dos bens essenciais mais escassos.

Um festival inovador

O Cultura.Sul falou com Teresa Fernandes, responsável da Comuni-cação da Águas do Algarve, sobre o festival e os objectivos do evento ino-vador a nível nacional.

“A ideia do festival foi agarrada pela Águas do Algarve na sequência de uma ideia lançada numa tertúlia realizada em Estoi”, diz Teresa Fer-nandes, que assumiu para si a parte de leão da organização de um even-

to que, reconhece, “foge um pouco à forma de comunicar que normalmente assumimos na estratégia de sensibili-zação e de acções educacionais que desenvolvemos”.

Para a responsável da empresa que gere os sistemas multimuni-cipais de abastecimento de água e

de saneamento do Algarve, “muito embora o nosso core business seja a água para abastecimento e o sa-neamento, há sempre uma profun-da preocupação da empresa no que respeita às questões ambientais em

geral e à salvaguarda do ambiente no que mais directamente diz respeito à protecção dos recursos hídricos”, é no seguimento desta que é uma po-lítica sempre presente nas acções da Águas do Algarve que, refere Teresa Fernandes, “todos os anos a empresa leva a cabo - além de todas as acções

pontuais que desenvolvemos junto dos vários públicos para quem co-municamos - uma acção de grande impacto dirigida ao público em geral e cujo objectivo é o de manter a aten-ção das pessoas para a temática da

água”.“No último ano desenvolvemos

a campanha ‘Água da torneira – eu bebo’ nas praias do Algarve e levamos a acção de sensibilização até junto dos veraneantes”, recorda Teresa Fernan-des, que destaca, “este ano associamo-nos a várias entidades para erguer um

festival sobre a temática da água que tem a característica de ser inovador a nível nacional”.

Sensibilizar e educar

O Festival da Água em Estoi é assim o grande acontecimento da política de comunicação da empresa Águas do Al-garve para este ano e pretende abarcar numa união entre as artes, a cultura, o património e as questões ambientais, to-das as questões relacionadas com a água e a sua preservação e gestão enquanto

Falar com a Águas do Algar-ve pela voz de Teresa Fernandes implica necessariamente falar de água da torneira e da qualidade de excelência que a água que chega à casa dos algarvios tem hoje, depois de anos em que a realidade nem sempre foi esta.

Certificada para consumo hu-mano e obedecendo aos mais eleva-dos padrões de qualidade, compro-vados por laboratórios da empresa em permanência e por laboratórios independentes, a água fornecida pela Águas do Algarve cumpre e supera os mais apertados critérios de qualidade.

Ideias como as de que a água tem demasiado calcário ou a presença de substâncias químicas capazes de lhe alterar o sabor ou a qualidade intrín-seca são ideias perfeitamente ultrapas-sadas depois de investidos milhões de

Águada torneira, qualidadede excelência

euros no desenvolvimento de um dos projectos mais bem sucedidos a nível nacional na área, o Sistema Multi-municipal de Abastecimento de Água do Algarve (SMMAA).

Integrando várias barragens, o SMMAA fornece essencialmente aos algarvios água recolhida à su-perfície nas albufeiras do sistema, sujeita a rigoroso tratamento nas Estações de Tratamento de Águas e levada até aos pontos de entrega municipais através de uma rede de distribuição de água em alta, cujo controlo e gestão garantem a mais elevada qualidade da água que bebemos.

O Festival da Água celebra também a qualidade da água que bebemos da torneira na região e as ementas dos restaurantes de Estoi aderentes ao evento dão nota disso mesmo.

Ao mesmo tempo, a Águas do Algarve vai receber os visitantes do certame com cantis de oferta para levarem consigo água da tor-neira durante o passeio pelas ruas de Estoi.

Também da água da torneira, não vai querer perder uma gota. Porque a qualidade não se discute, bebe-se.

panorâmica

Festival Da água

Água para os sentidos•

Teresa Fernandes responsável pela comunicação da Águas do Algarve

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Falar com a Águas do Algar-ve pela voz de Teresa Fernandes implica necessariamente falar de água da torneira e da qualidade de excelência que a água que chega à casa dos algarvios tem hoje, depois de anos em que a realidade nem sempre foi esta.

Certificada para consumo hu-mano e obedecendo aos mais eleva-dos padrões de qualidade, compro-vados por laboratórios da empresa em permanência e por laboratórios independentes, a água fornecida pela Águas do Algarve cumpre e supera os mais apertados critérios de qualidade.

Ideias como as de que a água tem demasiado calcário ou a presença de substâncias químicas capazes de lhe alterar o sabor ou a qualidade intrín-seca são ideias perfeitamente ultrapas-sadas depois de investidos milhões de

Águada torneira, qualidadede excelência

euros no desenvolvimento de um dos projectos mais bem sucedidos a nível nacional na área, o Sistema Multi-municipal de Abastecimento de Água do Algarve (SMMAA).

Integrando várias barragens, o SMMAA fornece essencialmente aos algarvios água recolhida à su-perfície nas albufeiras do sistema, sujeita a rigoroso tratamento nas Estações de Tratamento de Águas e levada até aos pontos de entrega municipais através de uma rede de distribuição de água em alta, cujo controlo e gestão garantem a mais elevada qualidade da água que bebemos.

O Festival da Água celebra também a qualidade da água que bebemos da torneira na região e as ementas dos restaurantes de Estoi aderentes ao evento dão nota disso mesmo.

Ao mesmo tempo, a Águas do Algarve vai receber os visitantes do certame com cantis de oferta para levarem consigo água da tor-neira durante o passeio pelas ruas de Estoi.

Também da água da torneira, não vai querer perder uma gota. Porque a qualidade não se discute, bebe-se.

Especialistas em euforia colectiva e transmissão de ritmos contagiantes, segundo os próprios, os Farra Fanfar-ra preparam-se para incendiar as ruas de Estoi durante o segundo dia do Festival da Água (dia 4 de Junho).O concerto do colectivo de músicos e animadores que através da música acústica e do poder dos instrumen-tos de sopro e percussão prometem animar a farra está agendado para as 22 horas no Largo da Liberdade.Os Farra Fanfarra unem a vertigem do ritmo com diversos números de circo, numa explosão de alegria, onde bombos, caixas, timbales, pratos, tubas e trombones, congas e tochas, trompetes, clarinetes, sa-xofones altos e tenores se unem aos inesperados megafones e escovas de dentes, capacetes e barítonos, sempre em crescendo porque para o grupo a boa disposição só pode mesmo crescer.

Funk, Jazz, Disco, Punk, Latin e ritmos Balcânicos são alguns dos estilos que servem de plataforma para desenhar um espectáculo de características raras e onde tudo é possível, menos ficar indiferente.A chamada está feita para sair à rua e deixar-se levar pela saudável loucura de quem dá tudo para o deixar carregado de energia e boa disposição.

“Na senda das pedras falantes”, é a performance multidisciplinar que convida a conhecer o patrimó-nio de uma forma original, rein-ventando o conceito de visita aos monumentos.

A iniciativa, que vem percorren-do algumas das mais emblemáticas áreas patrimoniais do Algarve, che-ga agora às Ruínas do Milreu, onde se propõe, uma vez mais, juntar a poesia, a música e as massagens num todo que permite vivenciar o

património de forma única.Deixe-se enlevar pela massagem,

enquanto a música do acordeão e outros instrumentos inusitados o acompanham num quadro pleno de sensibilidade, onde a leitura de poesia remata com toque de midas o enquadramento.

Som, voz e mãos unidos numa experiência desenhada à medida de cada visitante num espaço inespe-rado, as ruínas romanas.

O Festival da Água convida à diversão também em família e por isso mesmo nada melhor do que levar os mais pequenos a uma via-gem pelo mundo da água, porque as iniciativas dedicadas à pequenada prometem.

Pintura facial, experiências in-teractivas com água (pela mão do Centro de Ciência Viva de Tavi-ra), animação do palco móvel com Tosta-mista, o malabarista, e con-trabanda, são pontos altos criados a pensar nos mais novos.

Mas as ruas vão estar cheias de animação em Estoi e o festival chama as crianças e jovens a mais do que ir a um espectáculo. Para eles a proposta é que o espectáculo se cruze com cada um na rua, que sintam o conceito em cada esquina e recanto e saiam do primeiro Fes-

tival das Água com uma recordação para sempre.

Porque o mundo e o futuro estás nas mãos dos pequenotes, o evento tem à espera de cada um uma experiência bem ao ritmo das traquinices.

Andar ao longo da Ribeira de Alface é a proposta de mais uma das iniciativas do festival. Uma rota traçada em exclusivo para o evento e que percorre as margem do curso de água numa viagem à descoberta dos segredos de um habitat.

A viagem quer mostrar o património natural, mas tam-bém o edificado, que rodeia a ribeira e promete um passeio retemperador para marcar o início do terceiro dia do Festi-val da Água (pelas 10 horas).

Depois de descobrir os

segredos de uma das ribeiras de Estoi, terra desde sempre ligada à água, deixe-se ficar e arraste o dia até ao concerto da Rockestra, marcado para as 21 horas.

A marcar a abertura do Festival da Água estará um concerto de música clássica a cargo da Orquestra do Algar-ve sob a direcção do maestro Pedro Neves.

As partituras a executar pela orquestra regional in-cluem obras de Wolfgang Amadeus Mozart, com a Abertura de Don Giovanni e a Sinfonia Nº 41 em Dó Maior, K. 551, Júpiter e Eu-rico Carrapatoso, com Aver-o-Mar, Pequena Sinfonietta Marítima.

A Orquestra do Algarve apresentar-se-á com a sua formação completa, com um espectáculo que decerto vai

brindar os presentes com a qualidade sobejamente reco-nhecida a uma das melhores orquestras nacionais.

O concerto tem início com a abertura da Ópera Don Giovanni, do génio austría-co Mozart, depois, a orquestra executa a obra do compositor português Eurico Carrapa-toso, Aver-o-Mar, uma das obras sinfónicas de um dos grandes mestres portugueses da composição da actualidade, e encerra com a interpretação de Mozart, desta feita com a última sinfonia escrita pelo compositor, a n.º 41 em Só Maior, comummente deno-minada por Júpiter.

A farra invade Estoi

Reinventar a descoberta do património

recurso indispensável ao Homem.Num programa pensado para toda

a família que alia diversão, educação e sensibilização, a expressão artísti-ca pretende cativar a atenção para o tema da água, porque, como diz Teresa Fernandes, “ a água está em todo o lado e em tudo. Nós mesmos somos essencialmente água”.

“Não vai querer perder uma gota” é a frase chave do Festival da Água, porque é disso mesmo que se trata.

Junte a família ou amigos, venha só

Orquestra do Algarve apresenta Mozart e Carrapatoso

Água para os pequeninos

O Festival da Água promete animação ao longo de três dias numa terra profundamente ligada à água, Estoi, e o programa prevê um sem-número de actividades, iniciativas e espectáculos, para miúdos e graúdos.

Um acontecimento que traz a água para o centro da agenda de eventos do Algarve e que faz com que o apelo aos sentidos seja rei du-rante os dias e noites do festival.

Todos na rua para uma festa que se faz na rua ela mesma é o desafio a quem quiser viver dias inesquecíveis.

Um convite que se adapta à fa-mília como a cada um dos visitantes da mesma forma emocionante.

O Cultura.Sul traz-lhe os des-taques do cartaz do festival e para saber tudo basta uma ida ao sítio da internet: www.aguasdoalgar-ve.pt/festivaldaagua.

Os destaques do cartaz

na rota da Água

Ricardo Claro

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Não me recordo da marca do pri-meiro lápis que utilizei, mas na Pri-mária sim: Viarco. As caixinhas de seis lápis de cor (também havia de doze, mas nem todas as bolsas lá chegavam), com meninos e meninas, cãezinhos e gatinhos, motas e carros de corrida ainda hoje permanecem na minha memória.

A sua utilização implicava todo um ritual

Primeiro era retirada da mala e co-locada em cima da carteira. Depois, havia que “fazer a ponta ao lápis” (não esquecendo de guardar a ponta que se partisse, para a colecção de pontas). Seguia-se o momento solene em que, com a língua, se molhava a ponta e se começava a colorir o desenho.

Para além dos lápis de cor, também havia os outros, os de “carvão”, para as cópias e para as contas. Destes, o meu preferido (que me salvou de tantas reguadas), era o que tinha a tabuada, e que só se utilizava nos dias de cha-madas ou “pontos”( testes) e que era proibido afiar.

Também os havia simples ou com a escala musical, selos, animais, sinais de trânsito, a história da carochinha, o alfabeto caligráfico e até com uma pequena borracha no topo.

Mas na escola, também se utili-zavam outros produtos desta marca, como por exemplo os lápis de cera e as penas de madeira com aparo.

Quem não se lembra daquele es-tranho lápis achatado encarrapitado atrás da orelha do carpinteiro? E nos escritórios e repartições públicas aquele outro metade azul e metade verme-

lho? Para já não falar do famoso lápis azul…

Parece que os primeiros lápis de grafite apareceram na Inglaterra no século XVI.

Inicialmente, as barras de grafite, misturadas com cola, eram colocadas na ranhura de um bocado de madeira e amarradas com um cordel. Deve-se, simultaneamente, ao francês Nicho-las Conte e ao austríaco Hartmuth, um novo processo de produção dos lápis utilizando uma mistura à base de argila e água, com uma pequena porção de grafite em pó. Após a mo-delagem, esta mistura era sujeita a altas temperaturas (que ditavam o grau de dureza da grafite) de modo a solidifi-car, sendo posteriormente envolto em madeira dura.

Lothar von Faber (alemão) guarne-ceu os seus lápis com o seu nome. Nas-ciam assim na Alemanha, os primeiros artigos de escrever com marca regista-da. Faber é considerado o criador dos

lápis hexagonais e, além disso, foi ele que estabeleceu as normas relativas ao comprimento, à grossura e ao grau de dureza destes artigos, as quais foram incorporadas por quase todos os outros fabricantes do mundo.

A origem do fabrico de lápis em Portugal remonta ao ano de 1907 quando o Conselheiro Figueiredo Faria juntamente com o seu sócio o Engenheiro Francês Jules Cacheux decidem construir em Vila do Conde uma unidade industrial de fabrico de lápis designada por “Faria, Cacheux & Cª”, também conhecida como Portu-gália - Fábrica Portuguesa de Lápis.

Em 1931, Manuel Vieira Araújo, industrial da chapelaria, decide diver-sificar o ramo de actividade da Vieira Araújo & Cª, Lda, e adquire a Fábrica Portuguesa de Lápis, registando em 1936 a marca Viarco. O novo sector do grupo vai ficar a cargo do filho, António Vieira Araújo. Os primeiros anos de trabalho foram aplicados na pesquisa e desenvolvimento de for-mulários, equipamentos e métodos de produção que permitiram melhorar ainda mais a qualidade dos produ-tos, assim como diversificar a oferta. Em 1941, quando o mercado já se

encontrava consolidado e estavam garantidas todas as informações necessárias ao bom funcionamen-to, a empresa deslocalizou-se de

Vila do Conde para as actuais ins-talações em S. João da Madeira. Os anos que se seguiram foram mar-cados por sucessivos desenvolvimen-tos tecnológicos que levaram ao iní-cio da produção dos lápis de cera e de uma vasta gama de lápis técnicos utilizados nas mais diversas profissões. Na década de 70 a fábrica de lápis tor-na-se autónoma e passa a denominar-se Viarco - Indústria de Lápis, Lda. Actualmente, a Viarco continua a ser a única fábrica de Lápis em Portugal e provavelmente uma das mais versáteis a nível mundial.

Para os nostálgicos merece a pena uma visita às lojas “A Vida Portugue-sa”, onde se pode encontrar uma gran-de variedade de artigos da VIARCO (http://loja.avidaportuguesa.com).

Os lápis ViarcoJoaquim ParraProfessor de Históriae [email protected]

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As associações culturais já têm di-nâmica própria, defende Francisco Amaral. Em pouco mais de meia dúzia de anos, diz que Alcoutim passou do “zero” para uma crescente dinâmica cultural. Anuncia a construção de um auditório de duzentos lugares e a ho-menagem a todos os carolas que em 60 anos deram vida às tradicionais Festas de Alcoutim.

CULTURA.SUL - As Festas de Alcoutim são, em Setembro, ponto de encontro de muitos visitantes. Que novidades há para a edição deste ano?Francisco Amaral – Dada a crise sen-tida pelo país, este ano vamos reduzir o número de dias de festa que passam de cinco para três. Logicamente que vamos diminuir custos com a contratação de artistas, fogo-de-artifício, etc. Embora com estes cortes, vamos tentar realizar uma festa digna da história e tradição de 60 anos.Uma das novidades será precisamente o historial desses 60 anos, com homena-gem a todos os carolas comissionistas que deram vida às famosas e tradicio-nais Festas de Alcoutim.

C.S. - As artes tradicionais são o tema central de muitos dos eventos tradicionais realizados no concelho. Pensa que estes eventos têm contri-buído para não deixar morrer esses saberes tradicionais?FA - Infelizmente, alguns desses sa-beres já tinham morrido mas nós con-seguimos recuperá-los. A Associação “A Moira”, organizadora das Feiras de Artesanato, recuperou vários motivos etnográficos que já tinham desapare-cido da nossa convivência.O que se passou, por exemplo, na al-deia do Pereiro é paradigmático. A actividade cultural daquela freguesia era praticamente zero. Com o regresso à terra da professora Suzete e do Sr. António Francisco, o que lá se passa é encantador. Têm um grupo etnográ-fico bastante rico e que muito valoriza a Feira de Artesanato. Realizam as Marchas Populares do São João, com muita originalidade. Têm um grupo de cantares e de teatro, etc.O Grito de Alegria em Giões, o Clube de Vaqueiros, os Inter-Vivos, o TEA, a Associação Cultural dos Balurcos, inclusive o Sr. Mestre na Corte Ta-belião, são outros exemplos do que se passa em Alcoutim.

C.S. - Há dificuldades em mobilizar a população para eventos culturais?FA - Não, antes pelo contrário. Há uma grande apetência das pessoas por eventos culturais. Muitas vezes, só as dificuldades de transporte não permi-tem às pessoas esse acesso. Muitas vezes

a câmara resolve essas dificuldades.

C.S. - Existe uma agenda cultural destinada à população local e uma outra destinada aos visitantes?FA - Não, é exactamente a mesma. Realizamos muitos bailes de acordeão em montes, com música popular por-tuguesa. Além de serem eventos bara-tos, toda a minha gente gosta, locais e visitantes. E já agora, como médico, estes eventos fazem muito bem à saú-de sob vários pontos de vista: físico, psicológico e social.

C.S. - Que balanço faz da actividade do espaço Casa dos Condes – Bi-blioteca Municipal de Alcoutim?FA - Este espaço é totalmente vol-tado para a cultura. Tem exposições permanentes. Está bem dinamiza-do por excelentes funcionários da Câmara com a Cristina e o Carlos Barão que, inclusive, realizam serões à sexta-feira, com temas bastantes interessantes.

C.S. - Como vê a cooperação entre Alcoutim e o concelho de Sanlúcar del Guadiana?FA - Esta cooperação, não só a nível cul-tural como outros, poderia ser melhor do que é. De facto, Alcoutim não tem interlocutor no outro lado. O Ayunta-mento de Sanlúcar é bastante pequeno com um movimento cultural incipiente. Assim, torna-se difícil uma boa coope-ração, quando há muitas limitações no outro lado.

C.S. - Que retrato faz da actividade das associações culturais do conce-lho?FA - Se compararmos com o que era a vida cultural há mais de uma dúzia de anos, em que praticamente não existia nada, concluímos que hoje a vida cultural nestas associações tem mais “vida”, passo a expressão. Quando cheguei à Câmara nunca tinha sido realizada uma exposição de pintura, fotografia e cultura, etc. A museografia e a arqueologia eram zero. Admito que muitas iniciativas cul-turais têm partido da Câmara, como por exemplo, aulas de música, dança, canto, realização de eventos, etc. Mas, Alcoutim, hoje em dia, já tem uma di-nâmica cultural própria independente da Câmara, cito exemplos: o Teatro Experimental de Alcoutim, A Moira, O Grito de Alegria, o Clube de Va-queiros, a ADECMAR, a Associação Cultural dos Balurcos, a Associação Estrela Pereirense, etc.Tenho um grande orgulho nestas as-sociações e de estar ligado à criação de todas elas.

C.S. - Que tipo de apoios é dado às associações pela autarquia?FA - Damos apoio da mais diversa índole, não só monetária mas também logística. O apoio “moral” às vezes também é muito importante.

C.S. - Pensa que as autarquias de-viam apostar no intercâmbio de actuações de grupos dos diferentes

concelhos da região?FA - Logicamente e em parte já o fazemos.

C.S. - Que novos espaços culturais são necessários no concelho?FA - Já está em concurso de obra o novo auditório de Alcoutim, com ca-pacidade para duzentos lugares. Anti-gamente chamar-se-ia cine-teatro.

C.S. - Que avaliação faz do papel do Ministério da Cultura?FA - Inexistente. O que seria da cul-tura neste país se não fossem as au-tarquias?!

C.S. - E como avalia a Direcção Re-gional da Cultura?FA - Com os tostões que tem, que mais podem fazer, além da boa vontade?

C.S. - Como espera ver o concelho, em termos culturais, até ao final deste seu mandato?FA - Estamos no bom caminho e em velocidade de cruzeiro. As associações culturais já têm dinâmica própria. É só deixarmos as “coisas” acontecerem.

C.S. - Qual é para si a importância para o Algarve do Caderno de Artes & Letras «Cultura.Sul»?FA - É importante dar a conhecer a vida cultural que se realiza em cada um dos municípios. Há experiências muito enriquecedoras, que há que di-vulgar para serem transportadas para outros locais.

eNtrevista com FraNcisco amaral, presiDeNte Da câmara muNicipal

Alcoutim cria cultura•

Leitura sobe ao palco do Auditório de Olhão

O campeonato concelhio de leitura, LER – Leitura Rápida e Expressiva, nasceu de um desa-fio lançado a todas as escolas do concelho de Olhão, no sentido de promover a leitura e valori-zar os melhores leitores. Foram seleccionados para a fase final os alunos: Liliana Fernandes San-tos (1º lugar) e Gonçalo Vicente Martins (2º lugar), do 1º ciclo; Ana Filipa Cotrim Carrasqueira (1º lugar), Carolina Gonçalves Russo (2º lugar), Alexandro Ro-mualdo Babicio (2º lugar), do 2º ciclo; e Carolina de Jesus Viegas (1º lugar) Ana Margarida Cotrim Carrasqueira (2º lugar) e Jéssica Margarida de Jesus Romeira (3º lugar), do 3º ciclo.

A qualidade dos leitores difi-cultou a tarefa do júri, composto por Salomé Horta, coordenadora das bibliotecas da Universidade do Algarve, Carla Caramujo, chefe de Divisão de Educação da Autarquia de Olhão e Henrique Dias Freire, director do Postal do Algarve.

A festa final realizou-se no Auditório Municipal de Olhão e contou com a participação es-pecial de Viviane, do Conser-vatório de Música de Olhão, da Academia de Dança do Algarve e de Ana Rita Silva, a jovem olha-nense, finalista do Campeonato Nacional de Leitura, disputado em Lisboa no dia 21.

Esta é uma iniciativa do Mu-nicipio de Olhão, organizada pela Casa da Juventude e pelo Auditó-rio Municipal, que contou com a parceria do Postal do Algarve que ofereceu uma assinatura anual a todos os participantes.

política henrique dias Freire

Ana Filipa Carrasqueira

Carolina Viegas

Liliana Santos

O que seria da cultura neste país se não fossem as autarquias?!, afirma Francisco Amaral

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Espaço CRIA

João AmaroCoordenador Executivo do CRIA - Divi-são de Empreendedorismo e Transfe-rência de Tecnologia da Universidade do Algarvewww.cria.pt

Todos os dias somos confrontados com notícias (más) sobre a conjuntura económica em que vivemos e vamos viver nos próximos tempos. Sabemos que a economia de Portugal não vai

crescer, que pelo contrário vamos en-trar em recessão, o desemprego vai aumentar e os impostos vão florescer, reduzindo ainda mais o nosso poder de compra. Paralelamente ouvimos de várias fontes um apelo ao empreende-dorismo, à criação de novas empresas e de produtos inovadores, de alto valor acrescentado e internacionalizáveis.

Os eventos e iniciativas de promo-ção e incentivo ao empreendedoris-mo lançados em Portugal são vários. Mais recentemente contámos com o «Empreenda por Favor», «Empre-ender em Tempos de Crise», «Con-

curso Realize o Seu Sonho», entre outros. Podemos assim considerar que a necessidade existe e o estímulo também. O que verdadeiramente não existe é uma envolvente adequada, um ambiente facilitador, instrumentos de apoio adequados, e uma cultura empreendedora e criativa.

A Administração Pública, com intervenção nesta área, tem concen-trado os seus esforços na criação de mecanismos de financiamento. Contudo, e de uma forma geral, estes são excessivamente formata-dos, super burocráticos e na maior

parte das vezes inadaptados à nossa realidade. No esquecimento tem ficado o investimento em estruturas de formação e assistência técnica aos empreendedores, a criação de espaços de localização a custos con-trolados (ex: incubadoras de empre-sas), a simplificação dos processos de licenciamento e a realização de iniciativas que fomentem a geração de novas ideias de negócio. É neste contexto que se torna importante investir no estímulo à actividade criativa das pessoas, pois ajuda-as a identificar as oportunidades e o

caminho que terão que percor-rer para a sua concretização. O financiamento é importante, mas não é aí que começa a actividade empreendedora!

Para todos aqueles que acreditam que há em si um potencial criativo por explorar, sugiro que participem no Laboratório de Inovação para Indústrias Culturais e Criativas, que se realizará nos dias 28 e 29 de Junho na Universidade do Algarve (www.cria.pt).

Empreender com Criatividade precisa-se!

Empreender com Criatividade precisa-se!

Ramos RosaAlgures num espaço e tempo do Algarve, a vida e a ficção intrometeram-sena poesia de António Ramos Rosa

Bibliografia: António Ra-mos Rosa, ‘Prosas seguidas de Diálogos’ (4águas, 2011); Excertos de poemas de Ra-mos Rosa.

Discografia: Fernando Lo-pes Graça - ‘Canções Herói-cas’, LP – Valentim de Car-valho,1974.

A terra deste poeta será sempre aquela a que chamamos a nossa ter-ra. Para confirmar basta olharmos também para o céu e descrevermos com ele o lugar onde quase todas as casas têm açoteias, deitava-me nas noites de verão, sobre o ladrilho e contemplava, deslumbrado, o coro universal das constelações vibrantes no leque total do firmamento. Tal-vez por isso tenha criado uma revista de nome Cassiopeia.

Nunca deixando que os sentidos se fechassem para além das palavras, per-tenceu à direcção fundadora do Cine-clube de Faro em 1956, para mostrar a arte onde para aquém da imagem, o movimento que, incessantemen-te, a constitui e a abre ao mundo, na relação vital entre a formação pictórica e a constituição do real na sua inicial indeterminação.

De Faro, onde era dirigente do MUD – Movimento de Unidade Democrática Juvenil, participou na organização de um dos encontros da Semana da Juventude, que no mês de Março de 1947, reuniu na mata de Bela Mandil (Olhão) jovens vindos de todo o país. Ali, no esplendor da relva primaveril, António faria um empol-gante discurso contra o nazismo e o fascismo. Mas quando depois a polícia chegou dispersaram-me os amigos - tenho o coração confundido e a rua é estreita em cada passo-as casas

engolem-nos, sumimo-nos - num quarto só com os sonhos trocados - com toda a vida às avessas. Ainda assim entraram a cantar nas ruas de Olhão, os versos de uma canção herói-ca do compositor F. Lopes Graça, que também ali estava nesse dia: Olhai que vamos passar Nosso canto é de verdade; Vinde connosco lutar, Nós

somos a liberdade.Pouco importa que se diga que Ra-

mos Rosa é um dos mais importantes poetas portugueses vivos, se a imor-talidade já lhe foi oferecida em vida. Mas também isso pouco lhe importa já que para ele …é a criação poética… a mais profunda satisfação e melhor recompensa de todas as vicissitudes

e infortúnios… e das… homenagens e dos prémios, embora gratificantes, se situam na periferia e não no cerne da minha vida poética.

Um homem que assim não pôde adiar o amor, nem a liberdade, nem a vida para outro século é um ho-mem sem quotidiano, ou melhor, sem tempo.

Pedro [email protected]

Quotidianos poéticos

António Ramos Rosa

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A primeira vez que ouvi falar de Erri De Luca foi há poucos anos. Apercebi-me, então, de que, apesar de não ser um jovem na altura do seu primeiro romance (saído em 1989, ti-nha ele 39 anos) era um dos autores ita-lianos mais prestigiados e premiados, sendo já muitos os livros editados em Portugal e muitos mais os que publicou em Itália (tem cerca de 60 obras, entre romances – a maioria –, poesia e teatro, para além de muitas traduções).

Nascido em Nápoles, Erri De Luca não gosta de ser identificado como um autor italiano, mas um autor «em italiano». É conhecido pelo seu acti-vismo político de esquerda e pelo seu apregoado ateísmo, que foi mais real-çado devido ao facto de ser também tradutor de alguns livros da Bíblia, directamente do hebraico (que apren-deu como autodidacta). Aliás, o autor não se considera ateu, mas sim não crente. Um não crente que diz palavras como estas, na introdução a um outro seu livro, Caroço de Azeitona (Assírio & Alvim, 2009. Em Itália saiu em 2002): «O silêncio de Deus é a sua escuta, quem reza alcança-a. Não o sei fazer, não me sei dirigir a ele. […] Falo de Deus na terceira pessoa, leio sobre ele, ouço falar dele e sinto outros viverem dele (peço que me deixem usar a letra minúscula de ‘ele’. Quem não acredita não tem direito a usar maiúscula)». Gosta de ler a Bíblia de manhã, para passar o dia a remoer o que leu, como se faz quando se deixa um caroço de azeitona na boca (jus-tificando, assim, o título).

Este livro de Erri De Luca que es-colhi para hoje, O dia antes da felici-dade, foi publicado em 2009, tanto no país de origem como cá (pela Bertrand Editora) e, ainda que pequenino (103 páginas), é uma obra marcante: acaba-mos de o ler e sentimos que fizemos uma grande viagem.

Paradoxalmente, quase todas as ce-nas se passam num espaço fechado: na casa de Dom Gaetano, o porteiro, ou no espaço circundante: pátios, casas abandonadas, caves secretas. Todas

as recordações de guerra e pós-guerra, de orfanatos distantes, concentram-se ali, nas memórias e na sabedoria de um que as vai passando para o outro, que as recebe, sem pedir explicações, mesmo que não perceba. Um dia com-preenderá. Mesmo quando a cena se passa num barco, decorre no silêncio e no isolamento de um outro mundo apenas falado e sonhado.

Pelo vidro da portaria desfilavam personagens: primeiro, quase anóni-mas para o narrador enquanto criança; depois, acompanhamos o seu cresci-mento e com ele o reconhecimento da diferença, a aprendizagem das relações sociais com a vizinhança.

Vemos um pequeno «franzino e contorcionista» a ir à escola e a desco-brir a paixão da leitura, apadrinhado por Dom Raimondo, o livreiro alfar-rabista, que lhe empresta livros e que um dia lhe ensinou: «Mais do que a roupa e os sapatos, os livros é que tra-zem a marca da pessoa. […] O vazio na parede deixado por uma bibliote-

ca vendida é o vazio mais profundo que conheço. Trago comigo os livros mandados para o exílio, dou-lhes uma segunda vida. Tal como a segunda demão numa pintura, que serve para o retoque final, a segunda vida de um livro é a melhor.» (p.30).

Vemos um adolescente a descobrir o sexo e o amor, assim mesmo, separa-dos. «Na idade das comoções, o cora-ção não basta para estancar o impulso do sangue. […] É a idade arriscada. As mulheres têm uma exaltação física que nós, homens, não conhecemos. Nós podemo-nos exaltar por uma mulher, elas exaltam-se pela força que corre dentro delas. É uma energia selvagem, vem de longe, das sacerdotisas que guardavam o fogo.» (p.53).

O narrador confessa que sempre gostou da escola e das matérias: «Di-vertia-me o latim, língua inventada por algum enigmatista. Traduzi-lo era buscar a solução. Não gostava do caso acusativo, tinha um nome feio. O dativo era bonito, teatral o voca-

tivo, essencial o ablativo. O italiano era preguiçoso pois renunciava aos casos. […] A história era uma lista de ingredientes, quando se trocavam as doses saía um prato completamente diferente. Não podia fazer a mesma brincadeira com a química e a físi-ca. Os átomos haviam distribuído o mundo entre si de maneira pacífica, mas houvera uma época de guerra entre oxigénio e hidrogénio antes de se atingir a concórdia através da fór-mula da água. A água é um tratado de paz. A química era o estudo do equilíbrio alcançado pela matéria do mundo.» (p.54).

Um judeu estivera escondido no alçapão de contrabandistas que havia na praça, pois os homens do povo que «eram cobardolas a fazer de espiões» tinham-no denunciado aos alemães. Fugira sem sapatos, mas levara con-sigo um pacote de livros, tendo sido protegido pelo porteiro do prédio do narrador: «Os judeus estão habituados a fugir, como nós que temos o terramo-

to por baixo e o vulcão activo. Mas nós não fugimos de casa com livros. – Eu sim, Dom Gaetano, eu levo comigo os livros da escola, se precisar de fugir por causa do terramoto.» (p.14).

Como o cumprimento de uma profecia que só a literatura permite, após uma luta de sangue por questões de honra, com navalha à mistura («A navalha e os homens do Sul anda-ram sempre juntos. Não me permitia imaginar como a usaria em caso de perigo. Improvisaria.» – p.84), o nar-rador tem de partir para a Argentina, com um nome falso (que, tal como o verdadeiro, nunca sabemos qual é), mas também leva consigo os seus li-vros: «Olhei para os livros e para os cadernos em cima dos joelhos, adeus à escola, fim de aulas, todas juntas. A cidade que me havia ensinado, perdia-a. […] quando te tiver ensinado, terei de te largar, a cidade empurrava-me para o alto-mar» (p.102).

Uma história tão bem escrita que dá mesmo gosto ler.

O dia antes da felicidade

“Quebra-Nozes e o rei dOS CAMundOnGOS”25 e 26 JUN | 16.00 | Auditório Municipal - OlhãoFernando Gomes, autor e encenador, criou este espectáculo sobre o verdadeiro significado dos valores do amor e da amizade

“VERãO EM TAViRA 2011”30 JUN | 22.00 | Praça da República – TaviraConcerto pela Orquestra do Algarve

dest

aque

Adriana NogueiraClassicistaProfessora da Universidade do [email protected]

Do outro lado do sol,de Margarida Pisa

Tenho um pequeno livro na mi-nha biblioteca que se chama Do outro lado do sol. É a primeira obra de Margarida Pisa, publica-da já este ano, e que pode ser comprada atra-vés do novo método print-on-demand: es-crevemos para a editora (Sítio do Livro) e eles imprimem os exemplares que quisermos.

Margar i-da Pisa é uma açoriana radi-cada no Algarve, que junto a este Atlântico mais suave encontrou o que procurava. Neste livro, partilha o seu percurso de reencontro consigo mesma, com o amor, o mar, o sol, os cheiros, as cores, os sons, a

luz e tudo o mais que a envolve, em que acredita, e que transmite

com a legr ia e tranquilidade.É um livro intimis-ta sem ser solitá-rio: a busca do Eu constrói-se com os outros. As-sim, dedica-se (na «Parte II – Au-rora») a mostrar como todas as partes – os ami-gos – formam um todo. O discurso da autora reme-te-nos para uma realidade alterna-tiva, onírica, qua-se sensacionista,

para uma busca do om (conside-rado pelo hinduísmo – e não só – como o som do universo e usado em mantras) e para, como se afir-ma na biografia, o encontrar um sentido na vida.

Da miNha biblioteca•

livro

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Espaço ALFA

Nunca como hoje a fotografia esteve ao alcance de tantos apaixo-nados por esta forma de expressão. Os meios diversificaram-se, passan-do a fotografia a poder ser captada por uma grande variedade de equi-pamentos, sobretudo em formato digital – algo quase impensável, “com qualidade fotográfica”, há apenas al-guns anos. Por outro lado, o apelo à partilha, com o surgimento de blo-gues e, sobretudo, a emergência das redes sociais, constitui um estímulo a que se publiquem fotografias sobre quase tudo, a qualquer hora.

Porém, quantos dos fotógrafos conhecem os seus direitos e deveres antes e depois do “clique”?

Existe um conhecimento, decor-

rente da vivência social, que formata as condutas essenciais do cidadão-fotógrafo. Para a generalidade das situações bastará o bom senso para exercer a actividade fotográfica com tranquilidade. Contudo, há situações em que tal não é suficiente e importa ter presente que “o desconhecimento da lei não aproveita a ninguém”.

Genericamente, pode afirmar-se que existe um direito a fotografar, mas existem limitações decorrentes de direitos de terceiros e que podem impedir ou limitar a captação ou uso de uma imagem – v.g., o direito à imagem de qualquer outro cidadão, o direito de propriedade, direitos de autor, a segurança pública ou pos-turas municipais.

Por outro lado, após a captação da fotografia, surgem novos direitos e deveres para o fotógrafo. Quando a imagem seja reconhecida como artística, a sua protecção principal decorre do Código dos Direitos de Autor. Porém, ainda que não tendo esse mérito, a fotografia obtida pode merecer outro tipo de protecção, v.g., pelo seu valor comercial.

O conhecimento dos traços es-senciais dos direitos e deveres dos fotógrafos é, assim, uma obrigação de todos quantos utilizam a câmara fotográfica, seja profissionalmente ou em lazer.

Mário Serra PereiraConsultor e formador especializado

em Direitos de Autor

Direito a fotografar

Uma experiência de gestãocultural em espaço rural

É sábado, a noite está fria, não fosse ainda Inverno e não estivéssemos no interior, no barrocal algarvio, Chove um pouco. São quase 22 horas, hora de início do espectáculo. Junto à bilhetei-ra, onde hoje está o Ricardo a vender os ingressos, o único funcionário da Associação, com apenas 20 anos, já se encontram varias pessoas que vieram propositadamente da cidade.

Nós estamos ainda cá fora, eu e os meus restantes membros/colegas da Direcção, o Luís que é agricul-tor, o Sérgio o técnico de farmácia, o Miguel que é mecânico e o outro Luís. Este trabalho em rede com ou-tras instituições/associações, locais e nacionais, tem-nos permitido regula-ridade e diversidade na programação, por um lado, criar hábitos culturais e fidelizar públicos, e por outro baixar custos de produção.

Com a remodelação deste espaço, que ao mesmo tempo é a sede da as-sociação, graças àquilo que podemos definir como fazendo parte de uma política de descentralização, conse-guiu-se dotar esta parte do Algarve, este território, com um equipamento que foi perspectivado como lugar de mediação e encontro, e que julgamos tem vindo a cumprir a sua missão.

Alem da biblioteca escolar onde se promove o gosto pelo livro e pela leitura em articulação com a esco-la primária local, o edifício dispõe ainda de um espaço Internet e uma pequena sala polivalente, com capaci-dade para cerca de 150 pessoas, para espectáculos, conferências, seminários e exposições.

Não nos basta geri-lo, no sentido administrativo da palavra, é preciso animá-lo, usá-lo, fazer dele um pólo de actividade cultural continuada. Assim entendemos que é um espa-ço vivo, que esperamos, inspire um entendimento comum do lugar, que funcione como elemento unificador e ajude a forjar uma identificação e posse públicas do mesmo.

Nesta altura temos uma exposição de fotografia patente. Conseguimos promover um workshop de sonoplas-

tia, dj e vj que deu origem a trabalhos criativos e interessantes.

Procuramos programar coisas di-ferentes, que os públicos tenham aces-so a diferentes estéticas e linguagens. Além disso é hoje recorrente afirmar que investir na qualificação/formação dos públicos é uma prioridade das políticas culturais.

Hoje no bar está a Andreia, me-diadora imobiliária, e a Orlandina, estudante universitária. Elas são da aldeia. O nosso técnico de som re-sidente, o Ruben, é arquitecto, já fez o sound check e agora pôs música ambiente, hoje escolheu Deolinda, este cd foi oferecido pela própria Ana Bacalhau... As nossas propostas têm passado por uma vinculação fluída, que se tem vindo a construir espa-cial e discursivamente com a comu-nidade local. Este tipo de trabalho

permite-nos converter a comunida-de em protagonista da significação identitária que se vai associando ao espaço. Como escreveu António Pin-to Ribeiro num artigo para a OBS: “É possível conceber espaços onde aconteçam as obras de culto pelas quais determinada comunidade se identifica, se reconhece e se revitaliza. Afinal é isto programar!”

A Casa está cheia hoje, nem a chuva afastou as pessoas, engraçado verificar como os públicos se cruzam, pessoas aqui da aldeia, pessoas da cidade, portugueses e estrangeiros, o local passa a global.

Aí vêm eles, o público aplaude e eles sobem ao palco. O Cid baixa as luzes e começa o espectáculo. Qual é o espectáculo? O espectáculo de hoje é com os Virgem Suta, na Casa do Povo de Santo Estevão em Tavira.

A Associação Livre Fotógrafos do Algarve (ALFA) promove no sá-bado, dia 4 de Junho, um workshop sobre Direitos de Imagem Direitos de Autor, com Mário Serra Pereira em Portimão. Mário Serra Pereira é jurista licenciado em Direito e por muitos considerado o melhor especialista nacional na matéria. A formação jurídica de um fotógrafo – profissional ou amador – é um aspecto muitas vezes descurado e, em geral, apenas se sente a sua

falta quando algo “corre mal”.Este curso tem a duração de um

dia, destina-se a todos os interes-sados que pretendam obter, de forma simples, informação sobre os aspectos legais que enquadram o exercício da sua profissão ou do seu hobby, nomeadamente, as principais directivas relacionadas com a rentabilização e a protecção da obra fotográfica.

O programa irá abordar contra-tos tipo sobre direitos de cedên-

cia de utilização (Model Releases), Royalties, negociação com Brokers e bancos de imagem, Google Street View, direitos patrimoniais e direitos morais do autor, entre outros.

O curso interessa a fotógrafos amadores e profissionais, marke-teers, directores de comunicação de empresas e do sector públi-co, responsáveis pela redacção e negociação de model releases e jornalistas.

ALFA promove workshop sobre Direitos de Imagem Direitos de Autor

Workshop em Direitos dos fotógrafos

04-06-2011

Portimão

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Formador: Mário Serra Pereira

Inscrições:www.alfa.pt Tel: 925 606 619 / 282 111 494

Direitos de Imagem / Direitos de Autor

04 Junho das 9h às 17hetic_algarve Portimão

Espaço AGECAL

José BarradasSócio da AGECAL – Associaçãode Gestores Culturais do Algarve

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O Teatro Nacional do Luxemburgo vai estar pela primeira vez em Portugal em Junho, no âmbito de uma parce-ria com o Teatro de Trier, da Alema-nha, e a ACTA, do Algarve, para a apresentação de “A Tempestade”, de Shakespeare, um projecto financiado pelo programa Cultura da UE.

Luís Vicente é o protagonista desta peça de Shakespeare, que se apresenta com actores dos três países envolvidos e é representada em português, alemão e inglês.

Além de Luís Vicente, participam ainda os actores portugueses Mário Spencer, Carlos Pereira e a actriz Tâ-nia Silva.

O espectáculo, em Portugal, será apresentado apenas no Algarve: em Portimão, no TEMPO - Teatro Municipal de Portimão, a 10 e 11 de Junho, pelas 21.30, e em Faro, no Teatro Municipal de Faro/Teatro das Figuras, a 17 e 18 de Junho também às 21.30 horas.

Crítica alemã e luxemburguesa destacam o carácter excepcional do elenco português

Tradução: Dieter Lintz

«No final, os aplausos foram unâni-

mes e favoráveis: o público da estreia, na passada noite de sábado, entusias-mou-se com a versão invulgar do dra-

ma de Shakespeare “A Tempestade”, a primeira co-produção europeia do Teatro de Trier. É bastante elevado o objectivo que o encenador e director artístico Gerhard Weber quer atingir: três línguas diferentes em palco, em que pelo menos uma, o público não domina; os actores de diferentes na-cionalidades, que têm que contracenar uns com os outros, sem se compre-enderem. Isso num espectáculo que, - diferencialmente de uma ópera -, vive somente da língua.» Trierischer Volksfreund, 14.2.2011, p.25.

«O conjunto de actores – no qual Luc Feit, no papel do bobo Trínculo representa solidamente as cores nacio-nais – distingue-se pela sua proveitosa homogeneidade, em que teatralmente se sobressaem sobretudo Luís Vicente, como mago Próspero, Mário Spencer, como rebelde Caliban, e Carlos Pereira no papel de Ariel (uma tarefa nada fácil no seu traje de “astronauta Spiff!”)

Os cerca de 135 minutos (aliviados com uma breve pausa para os actores e espectadores poderem respirar), re-velam-se espantosamente divertidos, o que se deve não só à diversidade da encenação, mas também à ma-

gia da extraordinária arte de narrar de Shakespeare.» Vesna AndonovicVesna Andonovic - Luxemburger Wort, 21.02.2011, p. 17

«A construção de alguns papéis é divertida, como o de António (Klaus-

Michael Nix), o dândi arrogante, e Miranda (Tânia Silva), uma menina da natureza alheada do mundo e vestida com uma sainha de peles. […]

Christian Miedreichs, o sempre embriagado despenseiro é convincen-te, bem como Luís e Carlos Pereira (Ariel). É especialmente de salientar o actor que interpreta Caliban, Mário Spencer. A forma como ele se atreve, grita, ameaça, sorri diabolicamente, joga com os seus (belos) músculos, se atira ao chão diante do seu “Deus” para beijar os seus pés, é simplesmente divinal.» Maxie Weber – Luxemburger Tageblatt, 17.02.2011, p. 14

Co-produção trilingue: luxemburgo/AlemAnhA/portugAl

A Tempestade de Shakespeare•

“SéTImo FADo”10 JUN | 21.30 | Centro Cultural de LagosJoana Amendoeira marca dez anos de carreira com o novo álbum

“Correr o FADo”25 JUN | 21.30 | Teatro das Figuras – FaroO Quorum Ballet propõe um novo encontro com este género musical

palco

A TEMPESTADEACTUAÇÕES ÚNICAS

10/11 JUN | 21.30 | Tea-tro Municipal de Portimão (TEMPO)17/18 JUN | 21.30 | Teatro das Figuras - Teatro Municipal de Faro

Cena entre Próspero (Luís Vicente) e Miranda (Tânia Silva) Mário Spencer surpreende no papel de Caliban

Luís Vicente é o protagonista desta peça

Friedemann Vetter

Friedemann Vetter

Friedemann Vetter

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“5”10 JUN | 22.00 | Centro de Con-gressos do Arade – LagoaOs britânicos Lamb regressam a Por-tugal com o seu novo álbum

“VIAgem Ao FeITICeIro De oz”4 JUN | 11.30 | Teatro das Figuras – FaroOs intérpretes são os alunos das actividades extracur-riculares de música e dança educativa do jardim-de-infância Oficina Divertida

dest

aque

«Um surdo, um cego e uma muda. Será que estes três “mutila-dos” conseguem contar uma histó-ria tão grande como a de “Otelo”? Pensamos que sim. O ciúme cego de Otelo, a inveja surda de Iago e a inocência muda de Desdémona... Não poderia haver melhores intér-pretes! A matéria deste espectáculo, assenta nos sentimentos que surgem imutáveis e reais, reconhecidos de imediato, por todos os espectadores. A tragédia clássica, desce do pedes-tal e apresenta-se aqui como uma pantomina dialogada. A música de “Otelo” de Giuseppe Verdi, é usada como instrumento que sublinha as emoções e convida a representação dos actores a entrar num grande quadro melodramático. O texto de Shakespeare é lapidado, restando só as frases emblemáticas dos per-sonagens e informações narrativas importantes. Em compensação, os actores criam um novo texto, sobre o amor e o ciúme. Fazem-no usan-do um sotaque forte e estranho que acentua o carácter popular e cómico desta peça».

Este espectáculo está integrado no programa de artes performati-vas Movimenta-te - Trajectórias de

programação cultural em rede, que abrange o Algarve Central (Faro, Loulé, S. Brás, Olhão e Tavira).

Trata-se de um trabalho inspirado

em Otello de Shakespeare e Verdi com texto de Bruno Stori; encenação e dramaturgia de Letizia Quintavalla e Bruno Stori; interpretação de Car-

los Paca, Paula Diogo e Pedro Gil; música de Otello di Giuseppe Verdi; pesquisa musical de Alessandro Nidi; tradução de Alessandra Bálsamo.

teAtro delle briCiole

«Um beijo... mais um beijo... outro beijo»

A não perder!

22.00 | Ar Livre | 60m1 JUN | Claustros do Convento de S. Francisco (Faro)2 JUN | Cerca do Convento (Loulé)4 JUN | Largo da Câmara (Olhão)5 JUN | Jardim da Verbena(São Brás de Alportel)9 JUN | Palácio da Galeria (Tavira)

Trajectórias de programação cul-tural em rede

Movimenta-te é um programa de artes performativas que se “movi-menta” entre os cinco Municípios do Algarve Central, os seus Teatros, os diversos equipamentos e espaços ao ar livre, que, como uma rede de pesca, se lança, na expectativa de prender públicos transversais e locais ao in-teresse e inovação das suas propostas de programação artística.

Movimenta-te é um apelo às po-pulações, mas também a cada pes-soa de qualquer idade e origem, que reside neste espaço geográfico, para não ficar parado, ir à procura, sair

por momentos dos seus hábitos e se aproximar daquilo que esta rede de programação cultural tem para ofe-recer: a descoberta e o fascínio por novos lugares do imaginário ligados ao território algarvio.

Um convite em tempos de crise, onde é necessário encontrar uma força interior para olhar o futuro.

Um projecto de trabalho com e sobre Faro, Loulé, S. Brás, Olhão e Tavira, que a partir das suas culturas e História próprias, parte para um novo desafio cultural conjunto.

A Arte: o Teatro, a Dança e a Música são o pretexto para um en-contro entre visões de artistas e as

pessoas que habitam este território, estas cidades.

Constrói-se assim, um lugar im-portante de vida e convívio entre o futuro e o seu imaginário. Convi-damos artistas e projectos que irão inventar “in loco”, outros modos de convocar o público, modos que respondam às suas necessidades, à sua curiosidade, ao direito que tem de ser curioso, de ser atento, de ser crítico e culto.

Espectáculos, novas criações a partir dos vários territórios, resi-dências com artistas locais e de fora, ateliês e oficinas para escolas e comu-nidades, concertos fazem parte desta

programação que será apresentada entre Abril de 2011 e Junho de 2012 e que se divide em dois momentos distintos (Abril a Dezembro de 2011 e Janeiro a Junho de 2012).

Este programa quer funcionar como um convite aberto e perma-

nente para que se criem e vivam no-vos momentos culturais transver-sais com as populações que vivem e habitam neste território do Algarve Central.

Giacomo ScalisiDirector Artístico

movimenta-te

Espectáculo integrado na promoção cultural da rede de Faro, Loulé, São Brás, Olhão e Tavira

João evaristo

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No interior das muralhas medievais da cidade de Faro, conhecidas por Vila-Adentro, no sítio da antiga Judiaria, des-cobrimos um testemunho do passado, materializado num ex-traordinário edifício que, pela sua antiguidade, grandiosidade e beleza, nos fascina e convida a visitar. Trata-se, portanto, do Antigo Convento de Nossa Se-nhora da Assunção, do século XVI. Este grandioso edifício monástico quinhentista, clas-sificado como “Monumento Nacional”, é considerado um ícone patrimonial do Município de Faro.

Este convento, em tempos idos, cumpriu a sua função enquanto lugar de clausura do mundo e do íntegro serviço a Deus. Hoje, tornou-se num es-paço de sociabilidade por exce-lência: visita-se e contempla-se enquanto monumento carrega-do de simbologia religiosa, mas também, porque se adaptou e transformou no Museu Muni-cipal de Faro, ponto de atracção histórica e cultural que conserva e testemunha a História e as memórias da gente de Faro.

Depois deste breve aponta-mento, é tempo de entrarmos para contemplarmos o conjunto monumental, do qual destaca-mos o portal exterior da igreja que apresenta uma espectacu-lar decoração e, igualmente, o claustro, de dois pisos, proto-renascentista. Olhando atenta-mente percebemos ainda, aqui e ali, os sinais do tempo grava-dos nas pedras que persistiram durante séculos. Dos extraor-dinários trabalhos de canta-ria guardamos na lembrança aqueles que parecem ter sido os guardiões do convento: as

gárgulas com formas grotes-cas e seres fantásticos. Se têm mistérios por decifrar as pedras deste convento? Certamente que têm. Mas ficamos por aqui relativamente às suas histórias, pois uma vez dentro do edifício vamos descobrir o que guardam os espaços que hoje constituem o popular e centenário Museu Municipal de Faro.

Dos testemunhos do passado notamos o significativo espólio arqueológico que integra o acer-vo do museu. As suas colecções são, fundamentalmente, da pré-história e das épocas romana e medieval. No primeiro piso mereceram a nossa atenção três salas de exposições permanentes às quais se acede pelo claustro: a sala do Mosaico Romano, a ex-posição “Caminhos do Algarve Romano” e a “Sala Islâmica”.

Pois bem, tratamos de retomar a visita, contemplando o extraor-dinário “Mosaico do Oceano” (séc. II/III). Este assemelha-se a um enorme “tapete” com de-coração geométrica, contendo no centro um medalhão com a representação do Deus Oceano; ao que parece, este mosaico ro-mano deveria ter pertencido a um edifício público situado na zona ribeirinha da antiga cidade de Ossonoba, actual Faro.

Num outro espaço está pa-tente a exposição “Caminhos do Algarve Romano”. Aqui descobrimos os segredos das pedras talhadas e gravadas que perpetuam a memória dos romanos. Estes deixa-ram-nos a sua mensagem em pedras imutáveis. Por entre fragmentos de pedra lavrada, que outrora deram forma e sentido aos edifícios e espa-ços, por onde andaram há dois mil anos outras gentes, hoje somos nós que percorremos este “caminho” que nos leva ao quotidiano da antiga cidade romana de Ossonoba.

A nossa viagem continua e, ainda no primeiro piso, en-

contramos uma outra exposi-ção que recria os espaços de uma casa islâmica que nos dá a conhecer aspectos da vida quotidiana dos árabes. Este espaço evoca a longa perma-nência deste povo no Algarve (durante cerca de cinco séculos) e as suas influências nos nos-sos usos e costumes. A casa islâmica tinha como principal característica a interioridade e estava dividida em diversos compartimentos que serviam para dormir, conviver ou guar-dar os alimentos. Aqui aprecia-mos diferentes utensílios (louça de cozinha, louça de mesa, re-cipientes de armazenamento, candis de bico, peças de jogo, entre outros objectos) perten-centes aos diversos espaços das habitações da cidade islâmica de Santa Maria (actual Faro).

Ao subirmos ao segundo piso do claustro somos con-quistados pelo admirável

acervo pictórico - colecção de pintura antiga dos séculos XVI ao XIX -, proveniente de edifícios religiosos algarvios e com estilos artísticos que vão desde o Renascimento, passando pelo Barroco, Ro-cocó e Neoclássico. Mas não ficamos por aqui relativamente ao património artístico, outras coisas do nosso Algarve e das nossas gentes são retratadas neste museu, ref iro-me ao imaginário popular onde se combinam histórias, mitos e lendas encantadas. Carlos Por-fírio inspirou-se em algumas dessas lendas das mouras en-cantadas, recolhidas por Fran-cisco Xavier de Ataíde Olivei-ra, e pintou diversos quadros que são testemunho artístico e enriquecedor da cultura do Algarve. Assim, tivemos a oportunidade de apreciar na exposição “O Algarve encan-tado na obra de Carlos Porfí-

rio” nove quadros (“Moura do pente de ouro”, “A moura de Olhão”, O Mourinho Encanta-do”, “Lenda das Amendoeiras em flor”, “A Zorra Berradeira”, “Zarra”, “O Touro Preto”, “O

tacho do Tesouro” e “O Palá-cio de Ouro”), de excepcional qualidade artística.

Rendidos aos encantos des-tas lendas e aos mistérios deste convento, que tantos recantos ainda nos deixa por descobrir, terminamos por ora esta visita. O resto fica para depois. Com a

certeza, porém, se descobrirão novas histórias, porventura tão ou mais interessantes…

museus - A vez e A voz do visitAnte

museu municipal de Faro•

Claustros do Convento

museu

Isabel SoaresMuseóloga/Arqueóloga

A Pintura Antiga

Os Caminhos do Algarve RomanoO Algarve Encantado na Obra de Carlos PorfírioSala do Mosaico Romano

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A educação/formação é, nos dias de hoje, factor capital para o desen-volvimento de qualquer sociedade no seu colectivo e de cada indivíduo que dela faz parte.

As políticas de educação e forma-ção têm cada vez mais que incenti-var e enquadrar sistemas flexíveis e adequados às necessidades, interes-ses e condicionalismos dos diferentes agentes e actores envolvidos, promo-vendo um contínuo desenvolvimento de competências cognitivas, técnicas, sociais, pessoais e interpessoais e a sua transferência para os diversos con-textos de vida (profissional, social, cultural, familiar).

É neste contexto que se têm vindo a conceber, implementar e a desen-volver por todo o território ofertas qualificantes, muito diversificadas, para jovens e adultos. A educação e a formação são bases fundamentais para qualquer sociedade que pretenda assumir-se como sociedade da inova-

ção e do conhecimento no quadro de um novo paradigma político, gerador ele próprio de um novo paradigma de ensino e formação, que promova o desenvolvimento de uma sociedade aprendente.

Na região do Algarve a rede de oferta qualificante tem vindo a ser construída, alargada e consolidada com a colaboração e o empenho de um número crescente de entidades públicas e privadas (Escolas, Centros de Formação Profissional, Centros Novas Oportunidades, Empresas, Associações …), que têm vindo a aderir a este grande desafio, envol-vendo-se neste projecto.

Na Direcção Regional de Edu-cação do Algarve esta área de acti-vidade está sob a responsabilidade da Divisão de Qualificação para Jovens e Adultos (DQ JA), equipa constitu-ída por sete elementos, que procura promover e apoiar o desenvolvimento de dinâmicas de educação e formação susceptíveis de proporcionar o envol-vimento de um número crescente de jovens e adultos em ofertas formativas diversificadas e, simultaneamente, garantir o reforço da qualidade das aprendizagens construídas ao longo dos percursos qualificantes.

Tal implica fomentar a cooperação entre as entidades públicas e privadas com responsabilidades ao nível da qualificação dos recursos humanos da região, facilitando e potenciando o estabelecimento de parcerias locais, territoriais e regionais, com vista à realização de um trabalho concertado, à rentabilização de estruturas e equi-pamentos e à pertinência, diversifica-ção, articulação, complementaridade e qualidade da oferta.

Esta prática de trabalho em rede en-volve todas as instituições que, operando

em conjunto, conseguem ter um melhor conhecimento da realidade através da partilha de conhecimentos e informa-ções, de diferentes perspectivas de aná-lise das problemáticas, de articulação de estratégias, criando novos modelos de relacionamento institucional, renta-bilizando de forma mais adequada os recursos, gerando sinergias potencia-doras de dinâmicas mais frutíferas e atingindo objectivos e metas de forma mais consistente e célere.

As Redes Territoriaisde Qualificação no Algarve

As Redes Territoriais de Qualifi-cação na região do Algarve têm vindo a construir-se e a desenvolver-se com a participação das mais diversas ins-tituições e entidades:

- Direcção Regional de Educação do Algarve

- Delegação Regional do Algarve do IEFP

- Câmaras Municipais- Juntas de Freguesia- Centros Novas Oportunida-

des;- Centros de Emprego - Centros de Formação Profis-

sional;- Escolas públicas e privadas;- Escolas Profissionais;- Universidade do Algarve e outras

instituições do Ensino Superior;- Escola de Hotelaria e Turismo

do Algarve- Entidades promotoras e forma-

doras que desenvolvem actividade na região do Algarve;

- Empresas;- Associações Empresariais;

- Associações e colectividades locais;

- (...)

A Divisão de Qualificação para Jovens e Adultos

A actividade da Divisão de Quali-ficação para Jovens e Adultos centra-se, essencialmente, em:

- Dinamizar sessões de trabalho para organização da rede de oferta de qualificação a implementar na região, em resposta às necessidades previa-mente diagnosticadas localmente.

- Sistematizar e divulgar na página electrónica da Direcção Regional de Educação do Algarve informação sobre:

- A oferta de qualificação, para jo-vens e adultos, disponível na região;

- Actividades realizadas ou a re-alizar pelos diversos promotores de iniciativas no âmbito da qualificação de jovens e adultos;

- Divulgação de estudos e investi-

gações realizadas sobre temáticas de relevante interesse no âmbito da edu-cação e formação de jovens e adultos, da aprendizagem ao longo da vida e da emergência de qualificação das populações;

- Acompanhar e monitorizar as actividades desenvolvidas pelos Cen-tros Novas Oportunidades e pelas entidades formadoras;

- Acompanhar e apoiar técni-ca e pedagogicamente as equipas formativas;

- Desenvolver Acções de For-mação para as equipas pedagógicas responsáveis pelos Centros Novas Oportunidades e pelas ofertas for-mativas;

- Organizar e/ou participar em Seminários, Encontros, Feiras e ou-tras iniciativas que concorrem para a divulgação e partilha de experiências e de projectos, para a valorização dos processos, para a disseminação de boas práticas e para o reforço e alar-gamento das redes de cooperação.

Redes de Qualificação para Jovens e Adultos

Espaço Educação

Maria Teresa LaranjoChefe da Divisão de Qualificaçãopara Jovens e Adultos [email protected]

Workshop “A mobilidade dos jovens no contexto europeu” – INFORMA’11

Cidade das Qualificações – Futurália 2011

Visita de acompanhamento técnico pedagógico às ofertas qualificantes para jovens e adultos

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As discussões sobre energia nucle-ar devem ser deixadas ao cuidado dos cientistas que estudam o fenómeno e dão toques de calcanhar, nos in-tervalos para o café, em electrões e isótopos de urânio. Nós, os comuns, não realizamos sequer as diferenças entre a energia produzida por cisão de núcleos pesados ou por fusão de núcleos leves. Não obstante, qualquer um de nós, os comuns, há muito que suspeita da bondade da coisa: e não ficámos propriamente surpreendidos ao assistir ao terror de Fukushima; e não nos surpreenderam as imagens recentes das barreiras policiais e dos fatos especiais anti-radioactividade, nas ruas concretas, com a realidade a imitar a ficção num exemplo triste do caminho que levamos do ponto de vista civilizacional. E nem nos surpreenderíamos mesmo que inves-tigássemos um pouco sobre o assunto: consta dos manuais técnicos que uma das principais vantagens da energia

nuclear decorre de «a operação normal de um reactor nuclear não conduzir à libertação de gases poluentes para a atmosfera». Pois, como se vê… A única coisa que nos surpreende, por-tanto, são afirmações do género das da senhora secretária de estado Hillary Clinton, quando se alembra de dizer que «a crise nuclear no Japão suscita questões sobre o uso da energia nucle-ar». Ora aí está o que nós, os comuns, há muito suspeitávamos: que a energia nuclear «suscita questões»…

O mesmo com o turismo. Nós, os comuns, sabemos lá... Nós, os comuns, não sabemos sequer o que é o trade, confundimos hotel e resort e nem dis-cernimos muito bem onde começam as férias e acaba a vilegiatura. Por isso apenas nos surpreendemos de assistir às notícias do trade (seja isso o que for) e aos resultados da conjuntura (que é o que é). O Algarve, a região por exce-lência do turismo nacional, continua a perder hóspedes e receitas geradas pelo

sector. Parece que o Algarve (ou talvez o Allgarve…), entre dois anos recen-tes, registou quebras inesperadas (pela dimensão) nas taxas de ocupação das unidades hoteleiras e perdeu quase – o quê?... – dois milhões de dormidas.

E, contas feitas – a) neste actual contexto de crise; b) num modelo de desenvolvimento que assenta no sector do turismo –, a região do Algarve é, hoje, a região do país com mais ele-vada taxa de desemprego…

A nós, os comuns – que não de-ciframos o significado do costumeiro trade da conversa fiada dos especialistas –, há muito nos parecia que a coisa não haveria de vir a ser senão o que efecti-vamente foi. E só nos surpreende é que, agora, o fenómeno «suscite questões» aos peritos que dão toques de calca-nhar nos conceitos e nas estratégias nos intervalos dos congressos. Mo-delo esgotado, portanto? Será? Nós, os comuns, não sabemos…

Um destino turístico vale, cada

vez mais, pela especificidade. Pelo que é único. Pelo que não pode re-plicar-se em outros territórios. Pelo que está profundamente enraizado numa cultura, numa geografia, numa história feita de fios que não se per-mitiu que se emaranhassem de todo. Um albricoque, hoje por hoje, é mais importante para o nosso turismo do que o espectáculo da vedeta interna-cional que, a meio de uma tournée por lugares vulgarizados e iguais, vem ao Algarve e dá ao Allgarve o nome a um cartaz em letras capitulares.

O ponto é que haja ainda alguém que produza o albricoque. Que a nossa agricultura, que a nossa pesca, que os nossos recursos silvestres, que o nosso património (histórico, arque-ológico, gastronómico, intangível…), não sejam entregues à displicência de acharmos que não contam.

As discussões sobre o turismo, no Algarve, haverão necessariamente de ultrapassar as discussões sobre o tu-

rismo. Sobre os chavões do turismo. O futuro do turismo, na Região, não poderá deixar de ser (diremos nós, os comuns) o que conseguirmos que seja a Região no seu todo: com uma economia diversificada, com respei-to pela nossa cultura, pelas nossas especificidades, pela Paisagem, pelo ambiente, pela ruralidade, pelo que nos distingue e individualiza. Pode-mos prosseguir as estratégias todas, ter cartazes coloridos nas rotundas a anunciar o concerto da vedeta da tv por cabo – mas nada será de nós no turismo se o albricoque (e isto é um modo de dizer, claro) não nos distinguir de um destino algures do outro lado do mundo, vulgarizado, cómodo, insípido, onde nos é per-mitido passar uma semana de férias a metade do preço.

Arq. José Carlos Barros, Vice-presidente da Câmara Municipal

de Vila Real de Stº António

Isto é um modo de dizer

O Plano Regional de Ordenamento do Território do Algarve (PROTAL) definiu como um dos seus objetivos estratégicos a diversificação da base económica regional e a promoção de Conhecimento e Inovação no domínio do Património Histórico como fatores de qualificação e de diversificação da oferta e competitividade da «marca» Algarve.

Neste sentido, as discussões em torno do Plano Estratégico da Cultura para o Algarve (PECALG), iniciativa da Dire-ção Regional de Cultura, têm apontado a inovação de métodos e a qualificação dos recursos humanos como metas na área das Ciências e Técnicas do Patri-mónio. Para as atingir, será necessário reorientar e requalificar os programas de investigação, de inovação técnica e científica e de cooperação transdiscipli-nar e internacional: quer no âmbito das Universidades e Escolas Profissionais, quer no das empresas especializadas no domínio dos bens patrimoniais. A tutela visa também, deste modo, habilitar o Algarve como região com capacidade de prestação (e mesmo exportação) de serviços especializados na área patri-monial.

A preservação e a valorização do pa-trimónio cultural – imóvel, integrado, móvel – requerem o desenvolvimento de acções concretas, entre as quais as de conservação-restauro. Aos seus tra-balhos especializados, cada vez mais

dependentes da componente científica e laboratorial, devem-se a preservação de grande parte do património histó-rico algarvio, mormente a partir da circunstância em que diversas discipli-nas contribuam para o conhecimento, estudo e intervenção nos diversos bens patrimoniais.

Compreender, por um lado, quais as necessidades de apetrechamento do Algarve em equipamentos científicos e laboratoriais e, por outro lado, quais os requisitos e desafios que se colocam à formação e actividade dos conservado-res-restauradores, bem como as contin-gências, muitas vezes existentes em obra, de intervenção nos bens patrimoniais, são algumas das questões que urge apro-fundar no âmbito do PECALG.

Na estrutura nuclear da Direção Re-gional de Cultura do Algarvea, é através da Direção de Serviços dos Bens Cul-turais (DSBC) que se procura agilizar as operações de estudo, registo e reabi-litação do património cultural imóvel, em articulação com o IGESPAR, e que se encontram já plasmadas no Plano Regional de Intervenções Prioritárias do Algarve (PRIPALG)b. Dispondo agora de um dos mais avançados en-quadramentos jurídicos do mundoc é igualmente através da DSBC que, em articulação com o Instituto dos Museus e da Conservação (IMC), o Ministério da Cultura tutela as intervenções de conservação e restauro do património

cultural móvel e integrado que se en-contra legalmente protegido.

Para a operacionalização desses imperativos tutelares parece, contudo, imprescindível dispor de equipamentos técnicos e dos necessários meios huma-nos. A recentemente apresentada Rede Nacional de Conservação e Restauro (RENACOR), iniciativa do IMC, procura dar globalmente resposta ao primeiro destes aspectos, mediante a criação de um sistema de infraestruturas de apoio científico e técnico a museus e entidades públicas e privadas regionais, alavancando o potencial dos núcleos de apoio previstos na lei quadro dos museus portuguesesd.

Contudo, é também fundamental acautelar a vertente humana, prover a região de profissionais dotados de um imprescindível saber-fazer, tendo em

conta que é ainda muito escasso o nú-mero de conservadores-restauradores que, no Algarve, operam em regime de permanência nos museus e centros de restauro dependentes de entidades oficiaise e que igualmente rareiam os técnicos auxiliares com formação ade-quada. Neste aspeto – e saudando o recente protocolo firmado entre o IMC e a FCT para a concessão de bolsas de in-vestigação no domínio da conservação-restauro –, a tutela tem que apostar na melhoria da formação e na clarificação das diretivas públicas para o exercício da profissão: mas na exigência de uma crescente intervenção de profissionais formados em contexto de trabalho prá-tico, de nível superior e intermédio, e não somente de especialistas formados em contexto de aprendizagem científi-co-laboratorial de nível superior. Sem

descurar o seu papel de fiscalização do rigoroso cumprimento de normativos claros e de procedimentos estabilizados e internacionalmente aceites – apaná-gio de uma função pública ao serviço da cidadania, num panorama em que, crescentemente, a conservação-restauro se assume como atividade empresarial e como oportunidade de negócio.

(Endnotes)a) Nos termos da Portaria n.º

373/2007, de 30 de Março.b) Aspeto já por nós anteriormente

abordado nesta coluna.c) Lei n.º 107/2001 de 8 de Setem-

bro (estabelece as bases da política e do regime de protecção e valorização do património cultural); Decreto-Lei n.º 140/2009 de 15 de Junho (desenvolvi-mento do regime jurídico relativo aos estudos, projectos, obras ou intervenções em bens culturais imóveis classificados, estabelece um procedimento para os bens móveis e para o património móvel integrado em bens culturais imóveis legalmente protegidos).

d) Lei n.º 47/2004 de 19 de Agosto, artigos 107.º e 108.º.

e) À data atual, seis conservadores-restauradores e menos de uma dúzia de técnicos auxiliares.

Direção Regionalde Cultura do Algarve

Conservação e restauro no Algarve – carências e potencialidades

António Pina Convida