Crônica: Do amor ao caso ou de um caso de amor?
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Do amor ao acaso ou de um caso de
amor?
Ana Fabyely Kams
Naquele dia, ele acordou e
procurou as malas. Não sabia por quê.
Na verdade, estava em busca das
chaves do carro. De alguma maneira,
achou que poderiam estar em algum
bolso dentro da mala que na noite
anterior deixou entre aberta meio caída
no chão. É porque assim que chegou
não pensou em guardá-las no seu
devido lugar, estava interessado em
abraçar sua esposa com a mais
profunda afeição que pudesse
demonstrar, e beijá-la como nunca
antes havia feito.
Um detalhe o qual não citei, é
que o homem não trabalhava em sua
cidade, por isso passava longos dias
fora de casa. Buscava uma forma que
trouxesse melhorias para sua vida
conjugal, digo, financeira. A mulher não
era daquelas que sofria
terminantemente cada segundo pela
falta do calor do marido, na verdade,
tentava manter o rosto calmo e
tranquilo todas as vezes que vizinhos
lhe perguntavam sobre a volta daquele
homem tão esforçado. Mas sempre que
o via sentia que o queria mais perto,
um pouco mais que da outra vez.
Faziam-se apaixonados, disso
não restavam dúvidas!
Acontece que na manhã
daquele dia ao acordar, ele se
preocupou em encontrar suas chaves,
pois estava atrasado, tinha que retomar
a rotina do trabalho, e não as achava
em lugar algum. Foi então que notou a
falta da mulher na casa, ia pedir-lhe
que o ajudasse a encontrá-las, mas
quando foi até a porta da entrada,
olhou na garagem e percebeu que o
carro havia sumido. Virou-se para o
sofá e ao lado, na mesinha havia um
bilhete que dizia: "Eu te amei, mas não
me espere! Use seu tempo para fazer
algo produtivo a si e não se permita
ficar alheio a ninguém. PS: Por favor,
leve este bilhete a vizinha do 34, ela
merece saber quais seriam as últimas
palavras do marido.". Ele olhou atônito
para aquele papel e não conseguia
classificar o que sentir no momento.
Correu até o apartamento 34 e viu uma
mulher sentada tomando uma caneca
de café na janela da frente, dava para
sentir o aroma da porta em que estava.
Pensou em mostrar o bilhete, mas viu
que ela era bonita demais para sofrer
um impacto desses logo pela manhã.
Ela estava levemente desarrumada e
com um estranho ar de felicidade ao se
libertar de algo que a aprisionava.
Perguntou se tinha um pouco de pó de
café para emprestar e como viu que ela
foi lhe foi solícita, sentou e conversou.
Enquanto olhava para ela, pensou
consigo: Se um novo amor nascer
deste momento, tomarei mais cuidado
com o tempo que me dedico ao
trabalho, quem mora no apartamento
ao lado, e também aonde deixo as
chaves do carro pago em parcelas.