Crônica argumentativa

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Crnica argumentativa

Crnica argumentativa Redao. 7 srie

Ana Luza ValentimArgumentao

O cronista do jornal como cigano que toda noite arma sua tenda e pela manh a desmancha e vai

(Rubem Braga)

Conceito A caracterstica mais relevante de uma crnica o propsito com que ela escrita. Seu eixo temtico sempre em torno de uma realidade social, poltica ou cultural. Essa mesma realidade avaliada pelo autor da crnica e uma opinio formulada, quase sempre com um tom de protesto ou de argumentao. Por vezes, assume um tom at mesmo sarcstico, no intento de criticar ou revelar as mazelas sociais. A crnica argumentativa aquela na qual o objetivo maior do cronista relatar um ponto de vista diferente do que a maioria consegue enxergar.Caractersticas Apresentao do assunto ou controvrsia a ser discutida, normalmente, no incio do texto;Tratamento subjetivo do tema, deixando perpassar a sensibilidade e as emoes do cronista;Linguagem criativa e figurada, geralmente de acordo com o padro culto informal da lngua;A crnica argumentativa visa a apresentar a opinio do autor, sem obrigatoriamente buscar convencer o leitor;Exposio de argumentos que fundamentam o ponto de vista do autor;Concluso surpreendente, criativa, ou concluso-sntese, que retoma as ideias do texto e confirma o ponto de vista defendido.

Exemplos Texto I Bullying de gente grandeROSELY SAYO

No gosto do conceito de bullying e do uso que temos feito dessa palavra. Eu j disse isso e reafirmo em nossa conversa de hoje. Por que tenho rejeio em relao ao conceito? Porque ele leva o adulto a se ausentar das questes que os mais novos enfrentam na convivncia com seus iguais. como se nada do comportamento manifestado pelas crianas --nos conflitos, nas provocaes, brigas e desavenas, nos apelidos e nas piadas a respeito de aparncia-- tivesse relao com o mundo adulto. E mais: como se elas fossem totalmente responsveis por tudo o que fazem. De errado, claro. O conceito nos permite, portanto, ficar de fora desses problemas. Talvez por isso mesmo faa tanto sucesso entre ns, adultos.E o que dizer, ento, do uso da palavra? Temos uma especial atrao pelo exagero nessa questo. Uma criana pequena que mordida pelo colega na escola, um primo que zomba do outro que perdeu o jogo, a criana que usa culos e ganha um apelido por isso... tudo agora transformado no tal do bullying.Bem, mas encontrei um bom uso para essa palavra e esse conceito -e disso que vou falar hoje. Trata-se do bullying de adultos contra crianas e adolescentes. Outro dia ouvi a me de uma menina cham-la de "anta" e dizer que ela s fazia coisas erradas. Ainda ouvi a garota responder, com cara de choro, que no havia feito o que fizera por querer... Havia errado tentando acertar. Isso bullying, concorda leitor?Uma criana humilhada por algum contra quem no pode ou no consegue se defender pode muito bem ser assim entendido. (...)Talvez esteja na hora de fazermos um acordo no mundo adulto: o de s falarmos do bullying entre os mais novos quando controlarmos nosso prprio comportamento e pararmos com essa histria de humilhar, depreciar, excluir, intimidar e agredir, velada ou escancaradamente, as crianas e os adolescentes.

Texto II O Inferno de DisneyA Disney um conceito apavorante de infncia organizado em um sistema angustiante de filasFERNANDA TORRES

Por doze anos recusei levar meu filho Disney. Uma convico esttica inarredvel orientava a minha negao. Nessas frias, porm, uma viagem ao Mxico com escala em Miami amoleceu meu corao de me.No dia 24 de janeiro do fatdico ano de 2012, abandonei os maias e a esplendorosa pennsula do Yucatn para entrar em um avio rumo Orlando. A temporada de cinco dias na Flrida foi comparvel aos crculos de sofrimento de "A Divina Comdia", de Dante.Como Deus ora pelos inocentes, meu rebento menor, de trs, caiu com 39 graus de febre no aeroporto de Cancn. A milagrosa virose o deixou de molho nas primeiras 72 horas de aflio na Amrica, enquanto eu e o maior adentrvamos as profundezas da terra onde os sonhos se tornam realidade.O Limbo, primeiro crculo de penitncia, se apresentou na forma de montanhas-russas colossais que comprimem os sentidos a foras G inimaginveis. Deixei meus neurnios serem prensados contra a parede do crnio em loopings cadenciados, at ser cuspida tal e qual um zumbi agastado, tomado por abobamento crnico.As mquinas medievais de martrio causam nusea, vmito e enxaqueca. Para os que preferem sofrer ao rs do cho, simuladores provocam a mesma sensao de abismo sem sarem do lugar em que esto.Na stima hora do dia, enquanto era sugada, no lugar da chupeta, por uma Maggie Simpson descomunal, eu j no falava e nem me mexia. Ca dura no resort de golfe, "wonder land" da terceira idade muito frequente na regio.A Flrida o ltimo refgio dos que viveram at a aposentadoria.Abri o olho e reneguei assistir a tormenta das baleias cativas nos tanques do Sea World. Atrs de motivos para ser castigada, fui arrastada s compras por um furaco chamado luxria.Usufrumos o cu nublado da Universal da tarde seguinte. O ar de quermesse do parque vazio, o clima ameno e o Harry Potter nos fizeram crer na alegria infantil dos americanos. Driblamos bem a comida intragvel, servida em pores individuais que alimentariam tribos inteiras. O jejum ddiva quando se encara as aves inchadas a hormnio e o teor transgnico das lanchonetes. Orlando a cidade campe da obesidade mrbida; o Lago de Lama dos que sucumbiram gula.Parte IA ltima alvorada foi dedicada Disney. O sol brilhou no sbado de inverno, atraindo a multido bblica que lotou os milhes de metros quadrados de hotis, zoolgicos e parques temticos; interligados por rodovias, hidrovias e ferrovias futuristas.A Disney um conceito apavorante de infncia organizado em um sistema angustiante de filas. o ante-inferno dos indecisos que aguardam em caracis indianos uma satisfao que nunca chega.Voc anseia para ter o direito de aguardar em p, agarrada democrtica senha que s amplia a espera. A jornada se esvai em uma azucrinante administrao de tickets. A condenao eterna expectativa seria at suportvel, no fosse o suplcio sonoro.Como vespas a picar os tmpanos, a voz aguda das musiquinhas enjoadas, os "cling", "cleng", "glom" das engenhocas de ferro e a proliferao de musicais da Broadway, encabeados pelo grande show do castelo da Cinderela, so de perder a razo. E mesmo durante o safari, nica esperana de silncio ecolgico, o timbre de buzina da guia aspirante atriz vinha pinar os nervos.A comparao entre a delicadeza do Caribe mexicano e a artificialidade embalada em plstico de Orlando foi um choque e tanto.Antes de partir, visitei o paraso. Um pntano na zona rural povoado por crocodilos, peixes e pssaros semelhante ao gigantesco charco que Walt Disney adquiriu h dcadas atrs.Em paz, no meio da lagoa virgem, me perguntei o porqu da zona urbana daquele lugar manifestar um prazer masoquista to arraigado.Talvez seja culpa pelo excesso de ofertas nos supermercados, pela inveno do papel higinico felpudo, do "super size" tudo, dos veculos alcolatras e das cidades sem pedestres. A insustentvel fartura social se penitencia tomando sustos em trem fantasmas mirabolantes.No diverso, dvida crist. A Disney nasceu na Idade Mdia.

PARTE II PROPOSTA DE REDAOCrnica Argumentativa

Vndalos saqueiam lojas de Abreu e Lima (PE) durante greve de policiais.Na quarta (14), produtos em estabelecimentos e caminhes foram roubados.Para evitar novos saques, Fora Nacional e Exrcito seguiro para a cidade.Pedro Lins

Em Pernambuco, policiais militares e bombeiros decidiram manter a greve iniciada na noite de tera-feira (13). No municpio de Abreu e Lima, na Regio Metropolitana do Recife, houve saques e depredaes.Correria nas ruas, lojas arrombadas e saqueadas, muita gente carregando eletrodomsticos roubados, comerciantes com medo. Nada do que se esperava para um dia de festa: o feriado da emancipao do municpio.A confuso comeou no incio da tarde, quando o engarrafamento se formou na rodovia BR-101, que corta a cidade de Abreu e Lima (PE). Dois nibus atravessados na pista bloqueavam o trnsito. Um deles estava com o vidro quebrado.Uma carreta que transportava bebidas foi saqueada. O mesmo aconteceu com um caminho-ba dos Correios. A Polcia Rodoviria Federal chegou e prendeu vrias pessoas ainda dentro do veculo. Algumas imagens mostram saqueadores tentando roubar a carga de outros caminhes que passavam pela rodovia.A Polcia Rodoviria Federal montou uma blitz para tentar impedir os saques s lojas. Mesmo assim, o efetivo de 30 policiais foi insuficiente para conter os vndalos. 25 pessoas foram presas no momento em que tentavam levar para casa o que haviam roubado."Ns estvamos fazendo treinamento com o pessoal de batedores para a Copa do Mundo. E a, quando comeou a acontecer o arrasto, fomos acionados, viemos todos para o local, mas a demanda muito grande", relata Clevson Neves, inspetor da Polcia Rodoviria Federal.O governo estadual anunciou a chegada a Pernambuco, na quinta-feira (15), de homens da Fora Nacional e que o policiamento ser reforado tambm por tropas do Exrcito.A partir da notcia, elabore uma crnica argumentativa sobre o episdio em Abreu e Lima.

Lembrando...