Cidades - 8º Ano

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Geografia | 8º Ano Cidades, principais áreas de fixação humana Cidades: Atualmente, mais de 50% da população mundial vive em cidades – espaços reduzidos, com poucas condições de habitabilidade e espaços verdes. Megacidades – cidades que albergam uma quantidade elevada de pessoas. A cidade deve ser um espaço agradável e sustentável, por isso: recuperam-se edifícios, criam-se parques, desloca-se a indústria para a periferia, cria-se mobiliário urbano funcional e elegante, desenvolvem-se transportes Consequências do forte crescimento urbano das cidades: Filas de trânsito, bairros de lata ou favelas, falta de espaços verdes, pobreza, sem-abrigo, poluição, resíduos urbanos acumulados, falta de saneamento, falta de água potável… Soluções: Criação de espaços verdes, arruamentos para peões e ciclovias, ecopontos e ecocentros para separação de resíduos urbanos, construção de vias rápidas exteriores às cidades que desviem o trânsito do centro, recuperação e modernização de edifícios e praças. Definir cidade O conceito de cidade difere de país para país, devendo satisfazer os seguintes critérios: Qualitativos usados pela administração de cada país, considera-se cidade, uma localidade com um nº de habitantes superior a um limite mínimo e com uma maior densidade populacional. Quantitativos predominância de edifícios em altura, residências coletivas, equipamentos urbanos ( água, gás, eletricidade, saneamento básico, mobiliário urbano…), transportes coletivos ( autocarros, comboios, metropolitanos…) , sede de administração local e capacidade de influenciar a envolvente. Socioeconómicos população empregada nos setores terciário e secundário. A ONU recomenda a adoção de critérios mistos: considera-se que uma cidade é uma localidade de muitos habitantes, que se dedicam aos setores terciário e secundário, e que exerce forte influência sobre o seu território e áreas envolventes. Alguns países exigem o cumprimento de critérios específicos para elevar uma localidade à categoria de cidade. Ex.: Dinamarca – um lugar é considerado cidade se tiver, pelo menos, 200 habitantes e apresentar características urbanas. Portugal – segundo a lei nº 11/82 de 2 de junho, uma vila é considerada cidade se contar com um nº de eleitores, em aglomerado populacional contínuo, superior a 8000 e possuir, pelo menos, metade dos seguintes equipamentos coletivos: hospitais com serviço de permanência; farmácias; bombeiros; casa de espetáculos e centro cultural; museu e biblioteca; hotéis; infantários e escolas pré-primárias; escolas preparatórias e secundárias, transportes públicos, urbanos e suburbanos; parques ou jardins públicos.

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Cidades - 8º Ano

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Geografia | 8º Ano Cidades, principais áreas de fixação humana

Cidades:

Atualmente, mais de 50% da população mundial vive em cidades – espaços reduzidos, com poucas condições de habitabilidade e espaços verdes.

Megacidades – cidades que albergam uma quantidade elevada de pessoas. A cidade deve ser um espaço agradável e sustentável, por isso:

recuperam-se edifícios, criam-se parques, desloca-se a indústria para a periferia, cria-se mobiliário urbano funcional e elegante, desenvolvem-se transportes

Consequências do forte crescimento urbano das cidades:

Filas de trânsito, bairros de lata ou favelas, falta de espaços verdes, pobreza, sem-abrigo, poluição, resíduos urbanos acumulados, falta de saneamento, falta de água potável…

Soluções:

Criação de espaços verdes, arruamentos para peões e ciclovias, ecopontos e ecocentros para separação de resíduos urbanos, construção de vias rápidas exteriores às cidades que desviem o trânsito do centro, recuperação e modernização de edifícios e praças.

Definir cidade

O conceito de cidade difere de país para país, devendo satisfazer os seguintes critérios:

Qualitativos usados pela administração de cada país, considera-se cidade, uma localidade com um nº de habitantes superior a um limite mínimo e com uma maior densidade populacional.

Quantitativos predominância de edifícios em altura, residências coletivas, equipamentos urbanos ( água, gás, eletricidade, saneamento básico, mobiliário urbano…), transportes coletivos ( autocarros, comboios, metropolitanos…) , sede de administração local e capacidade de influenciar a envolvente.

Socioeconómicos população empregada nos setores terciário e secundário.

A ONU recomenda a adoção de critérios mistos: considera-se que uma cidade é uma localidade de muitos habitantes, que se dedicam aos setores terciário e secundário, e que exerce forte influência sobre o seu território e áreas envolventes.

Alguns países exigem o cumprimento de critérios específicos para elevar uma localidade à categoria de cidade. Ex.:

Dinamarca – um lugar é considerado cidade se tiver, pelo menos, 200 habitantes e apresentar características urbanas.

Portugal – segundo a lei nº 11/82 de 2 de junho, uma vila é considerada cidade se contar com um nº de eleitores, em aglomerado populacional contínuo, superior a 8000 e possuir, pelo menos, metade dos seguintes equipamentos coletivos:

hospitais com serviço de permanência; farmácias; bombeiros; casa de espetáculos e centro cultural; museu e biblioteca; hotéis; infantários e escolas pré-primárias; escolas preparatórias e secundárias, transportes públicos, urbanos e suburbanos; parques ou jardins públicos.

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A urbanização estende-se a todo o mundo, transformando um espaço rural (destinado às atividades agrícolas e pecuárias, onde habita a população rural) ou natural (florestas) num espaço urbano (área de atração, onde dominam os serviços e onde se concentra a população e edifícios), em resultado do desenvolvimento das cidades e da ocupação das suas periferias (alargamento da cidade para o campo).

Consequentemente, a população das áreas rurais diminui (êxodo rural) e aumenta nas áreas urbanas (elevada taxa de urbanização).

Surgimento das cidades:

As primeiras cidades da Antiguidade eram centros religiosos e administrativos ou locais de mercado e o campo dominava a economia de subsistência, vivendo toda a população no meio rural.

As cidades cresceram, dando-se uma explosão urbana, especialmente no século XXI.

Cidade pré-industrial cidades pequenas, instalaram-se ao logo de rios, predominando as atividades comerciais, artesanais e culturais; concentravam os poderes político e religioso e eram muralhadas; desenvolveram-se até à Idade Moderna, pela Europa, África e América. Exs.: Mesopotâmia, Egito, Turquia, Índia e China.

Cidade industrial com a Revolução Industrial, as cidades evoluíram e cresceram para a periferia, derrubando muralhas e construindo novos bairros (burgueses e operários), e áreas industriais; criaram-se estradas, iluminação, caminhos de ferro e estações ferroviárias.

Cidade atual a partir de 1950 o crescimento urbano foi muito rápido em todo o mundo, diferenciando-se nos países mais desenvolvidos e menos desenvolvidos:

Países mais desenvolvidos – três quartos da população vive em cidades, mas o ritmo é lento (Europa, Rússia e Japão)

Países menos desenvolvidos – o aumento da taxa de urbanização é maior (na América Latina desacelerou, mas em África e na Ásia continua explosivo).

As cidades têm tendência a expandirem, para espaços urbanos, que englobam a cidade e a área mais próxima (com aeroporto, porto marítimo, espaços verdes, estádios e centros comerciais. O espaço urbano compreende:

a cidade – área inscrita dentro dos limites administrativos; a periferia – espaços circundantes à cidade, formando aglomeração urbana (subúrbios), que cresce

devido ao elevado preço do solo da cidade e ao desenvolvimento das áreas de transporte, podendo invadir terreno rural.

Área periurbana – afastada da periferia, mas que depende da cidade; é ocupada por funções urbanas (indústria, comércio e alguns serviços).

Com o crescimento dos espaços urbanos, surgem novas formas de aglomeração urbana:

Metrópoles – grandes cidades centrais, com periferia densamente povoada (quase todas as capitais mundiais).

Área metropolitana – crescimento da metrópole para lá dos seus limites geográficos, formando um conjunto integrado social e económico com outras cidades dos subúrbios (Madrid, Paris, Londres, Lisboa).

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Conurbação – encontro de duas ou mais cidades através dos seus subúrbios, formando uma área urbanizada contínua (Amesterdão e Roterdão, nos Países Baixos)

Megalópole – conurbação entre duas ou mais metrópoles ou áreas metropolitanas, originado áreas urbanas ainda maiores (Boston e Washington, nos EUA).

Megacidades: Cidades com mais de 10 milhões de habitantes, em consequência do crescimento urbano das cidades. São aglomerados atrativos pelo seu emprego e prosperidade, mas com problemas de poluição, ordenamento do território e desigualdades, especialmente nos países em desenvolvimento.

Crescimento urbano

Impactes O crescimento das áreas urbanas, nem sempre é acompanhado pelo crescimento adequado de infraestruturas de apoio à população, condicionado a sua qualidade de vida.

Necessidades crescentes de infraestruturas e de equipamento: o saneamento, abastecimento alimentar, energia e transporte de bens e pessoas, exigem modernização de infraestruturas, que não ocorre ao ritmo da urbanização, resultando em trânsito caótico, falta de parques de estacionamento, etc.

Contrastes económicos: grandes disparidades económicas que originam insegurança, criminalidade e intolerância.

Contrates sociais: bairros de classe alta e média-alta, bairros populares e de operários e bairros de lata (contrastes mais evidentes nos países menos desenvolvidos).

Poluição: poluição do ar pelas fábricas e transportes, com consequências para a saúde da população e para o aumento da temperatura (clima urbano); descargas de águas residuais em rios e mares; grandes quantidades de lixo em aterros; poluição sonora (provoca doenças do foro físico e psíquico).

Soluções É necessário criar centros urbanos mais eficientes e melhorar a qualidade de vida dos habitantes, através do planeamento territorial.

Criar espaços verdes e áreas de lazer: parques municipais e infantis, áreas residenciais ajardinadas, piscinas municipais…

Transportes públicos eficientes e ecológicos: corredores para transportes públicos, metro de superfície ou subterrâneo, autocarros a gás ou elétricos…

Arruamentos destinados a peões: interditar a circulação de automóveis e desviar transportes públicos dos centros históricos.

Vias rápidas: circulação rápida que passa fora do centro da cidade.

Reabilitação de edifícios no centro da cidade: recuperar edifícios, criar arruamentos e praças, para promover o retorno da população a espaços desocupados.

Construção de parques de estacionamento: na periferia da cidade, para reduzir o trânsito citadino e fomentar o uso de transportes públicos.

Construção de bairros sociais: para realojar populações mais pobres e eliminar bairros degradados.

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Cidades sustentáveis

É necessário preservar os recursos ambientais e assegurar condições dignas de vida à população, evitando a exclusão de grupos na sociedade, no processo de desenvolvimento da cidade.

O ambiente urbano engloba o ambiente natural e de interação humana e social, que garantem a sustentabilidade das cidades.

Tenta-se criar ambientes mais sustentáveis, a partir de novos padrões de qualidade de vida para os seus habitantes e gerações futuras.

Funções urbanas:

Defesa – cidades com origem em castelos e muralhas, para defesa da população.

Residencial – cidades que nasceram com a função de zonas habitacionais.

Comercial – importantes centros de comércio.

Industrial – a principal atividade é a indústria, em áreas de grandes ou pequenas no interior da cidade.

Cultural – atividades ligadas a universidades, bibliotecas, monumentos históricos e religiosos.

Religiosa – predominam os templos, comércio e turismo religioso.

Recreio e turismo – predominam casinos, festivais e espetáculos, repouso ou turismo.

Financeira – predominam bolsas de valores, seguradoras e bancos.

Político-administrativa – centros de decisão financeira e política, que podem afetar um país ou vários países.

Áreas funcionais da cidade:

Centro da cidade – Núcleo histórico da cidade europeia ou Medina da cidade árabe. Concentra monumentos antigos, civis, religiosos e apresenta traçado irregular.

Baixa ou centro de negócios – City inglesa ou CBD norte-americano. Concentram-se atividades administrativas e comerciais.

Centros secundários – Cidades policêntricas, como La Defense, em Paris, que se desenvolveu na continuidade de um eixo viário.

Vias de ligação – Contornam os centros, ligando-os a outras cidades. Predominam autoestradas, itinerários principais e complementares, estações de camionagem e caminhos de ferro ou áreas de grandes mercados abastecedores e armazéns.

Áreas residenciais – Distribuem-se pela cidade.

Áreas industriais – Cada vez mais organizadas em parques industriais.

Áreas comerciais – Disseminadas pela cidade: comércio tradicional perto de áreas residenciais; comércio especializado no centro da cidade; comércio de grandes superfícies na periferia.

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Morfologia urbana - A planta da cidade descreve a sua organização espacial e morfologia, isto é, o traçado das ruas e a combinação entre espaços edificados e espaços livres.

Tipos de plantas urbanas:

Irregular – traçado irregular das ruas, que são estreitas e sinuosas, acabando em escadas e becos sem saída; típicas de cidades antigas, em terrenos acidentados, anteriores à existência do automóvel.

Radioconcêntrica – ruas organizadas a partir de um centro, em eixos circulares que permitem mobilidade; típicas de cidades medievais, que se organizavam a partir do castelo muralhado até às portas da muralha; a muralha deu lugar a vias circulares que envolveram o centro urbano.

Ortogonal – ruas cruzam-se em ângulos retos; típicas das cidades norte-americanas, gregas e romanas

Gestão dos centros urbanos:

Os centros urbanos confrontam-se com um crescimento desigual, abandono do centro (fenómeno centrífugo), criação de periferias se ordenamento do território, bairros degradados, congestionamento do trânsito, poluição, etc.

É necessário planear os centros urbanos, recuperar áreas degradadas e os centros das cidades. Os planos diretores municipais, os planos de ocupação do solo e os planos de revitalização das

cidades são o planeamento e intervenção que existem nas cidades. Estes planos permitem o regresso da população às cidades recuperadas (fenómeno centrípeto),

assegurando a revitalização e equilíbrio do centros urbanos. As plantas são gradualmente modificadas, com a criação de espaços verdes e gimnodesportivos, vias

de circunvalação, parques industriais, etc.

Inter-relação entre os espaços rural e urbano:

Os hábitos e modos de vida da população urbana tendem a constituir vidas agitadas e individualistas, horários rígidos, vida noturna acentuada, compras apressadas, etc.

A população rural tem um a vida mais calma, com horários dependentes do calendário agrícola, poucos transportes e poluição quase inexistente, preservando as tradições e a vivência em comunidade.

Espaço rural:

Domínio das atividades agrícolas, pecuária, exploração florestal e pequenas indústrias. Trabalho agrícola como atividade económica principal Desenvolve em espaços amplos, com povoamento disperso ou concentrado à volta de um centro

religioso. Áreas de fraca densidade populacional, com habitações térreas. Paisagem dominante agrícola. Com potencialidades turísticas ligadas ao ambiente, artesanato, gastronomia e tradições. Ambiente mais equilibrado e saudável. Dependente dos espaços urbanos para as compras, administração central, emprego, etc.

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Espaço urbano:

Domínio das atividades industriais, comerciais, de serviços, etc. Espaço restrito e denso ao nível de edifícios e vias de circulação. Foco de investimento económico e decisão política, que atraem a população. Áreas de forte densidade populacional. Dominam edifícios de habitação coletiva em altura, avenidas, muito tráfego, centros comerciais e

jardins com mobiliário urbano. Espaços poluídos, com áreas degradadas, bairros operários, parques industriais e vias de circulação. Depende do espaço rural, no fornecimento de alimentos e nas áreas de lazer e turismo.

As cidades em Portugal:

No início do séc. XX registou-se um aumento da taxa de urbanização, que estabilizou no início do séc. XXI.

Portugal é um dos países europeus com menos crescimento urbano. As cidades portuguesas cresceram em dimensão, à custa do êxodo rural, agudizando a litoralização e

a bipolarização urbana. As cidades continuam a expandir-se para a periferia, criando manchas urbanas de razoável

dimensão. Em 2013 contabilizavam-se 159 cidades. As áreas metropolitanas do Porto e de Lisboa são áreas com maior nº de residentes. A maior parte

da população concentra-se nas cidades próximas destes centros. Na Madeira e nos Açores, a ruralidade é grande e as cidades são pequenas e a população concentra-

se nas capitais: Funchal e Ponta Delgada.

As cidades europeias:

Os núcleos antigos das cidades europeias refletem o seu passado histórico através de monumentos antigos, palácios, museus, igrejas, etc.

À volta do centro surgem edifícios do século XIX e alguns edifícios, em altura, modernos, constituindo os centros administrativos e de negócios.

As áreas residenciais estão por toda a cidades e a qualidade das construções identifica o tipo de classe social que aí vive.

Os transportes públicos melhoraram em qualidade e quantidade (exs.: metro de superfície ou subterrâneo).

As indústrias poluidoras e de grande dimensão, localizam-se nos arredores, organizadas em parques industriais.