Caderno Mazup do dia 24.08, ed 105

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O INFORMATIVO DO VALE 24 de agosto de 2012 www.mazup.com.br #105 fotos Luca Lunardi Onde está a cultura de Lajeado?

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Onde está a cultura de Lajeado? Confira a matéria do caderno desta semana.

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O INFORMATIVO DO VALE 24 de agosto de 2012

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Onde está a cultura deLajeado?

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Entretenimento não é cultura na visão da produtora cultu-ral Mariana Beppler. E olha que ela só tem 23 anos e gos-ta de baladas e festas como todo jovem, mas ama teatro,

música e dança. Nos anos 1980, os trintões se lembram do que Titãs cantava:

“a gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte.” O Vale do Taquari tem sede de que? Tem fome de quê? Qual é a cultura que habita o corpo do Vale do Taquari?

Uma vez, o roqueiro Wander Wildner que influenciou o punk gaúcho há três décadas e há um ano veio morar em Lajeado, disse, que a cultura é reflexo do seu povo. É bem provável que não se lembre da própria frase, mas a cultura, como muito bem frisou Djavan um dia, tem um lado B muito interessante. É pre-ciso ter curiosidade para desbravá-la. Mariana Beppler diz que é preciso ser curioso por ela. Nascida em uma família de artis-tas (a irmã é atriz profissional, o irmão viveu da música durante anos), Mariana ajudou a trazer no ano passado, pelo Sesc, cem eventos culturais à região, entre teatro, literatura e manifesta-ções artísticas. “A cultura é um produto, a partir do momento em que ela serve de sustento para muitas pessoas. Dá para viver bem com ela e não precisa ser ator da Globo”. Sua irmã mantém um grupo teatral em Porto Alegre e viaja por todo o Brasil.

Invisível aos olhos, perto do coração

Produtora cultural há dois anos, Mariana tem um trabalho árduo. Ninguém sabe o esforço que dá trazer uma peça de tea-tro, agendar horário, ver iluminação, marcar condução para os artistas. Tudo por uma hora e meia de espetáculo. Ela vive ga-rimpando eventos para trazer ao Vale, para fazer com que os olhos das pessoas brilhem de emoção, por isso, sabe que sim,

Quando o jovem olha um para a face do outro e diz que não tem lugar para ir a fim de “elevar” seu nível de cultura, quer dizer isso mesmo? Há controvérsias. No ano passado, a melhor peça do século passou por aqui e só 70 pessoas foram vê-la

tem cultura aqui. As pessoas que não enxergam. “Talvez elas es-tejam com visão distorcida do que é cultura. É o que faz pensar. É o que instiga. Mas as pessoas querem informação pronta. Que-rem entretenimento. Elas já tem muitos problemas, querem rir com um programa de humor que fale palavrão. Mas cultura não é só isso. É agente transformador”.

O discurso de uma garota de 23 anos difere daqueles que os jovens estão acostumados a ouvir. Mariana quer o senso crítico. Espera que o teatro, o palco, despertem a consciência, causam impacto, seja ele bom ou ruim, mas que de fato, cometam algum tipo de espanto no público. Por isso, para ela, a comédia stand up (um humorista em cima do palco) não é cultura. É riso. “Cultura para mim é pesquisa”.

Em Lajeado, as pessoas gostam da comédia fá-cil, mas resistem ao drama. “Creio que elas con-fundem entretenimento com cultura, por isso muitas reclamam de que faltam opções”.

Prova de que a região é privilegiada em cultura e de que veio à cidade no ano passado uma das dez melhores peças do século 21. Foi assistida por 70 pessoas. Só 70 pessoas. A peça RJ Shakeas-peare Juventude Interrompida, falava de quatro estudantes de um colégio interno que fazem leituras de Romeu e Julieta entre os compromissos escolares. A brincadeira de representar vai se tornando mais intensa e toma conta da rotina dos garotos. “Foi um espetáculo surreal, quem veio saiu arrepiado”, diz Mariana. Mas passou em brancas nuvens pelo Vale do Taquari. Ganhou repercussão em todo o Brasil e pouquíssima aqui.

É como diz Mariana: “As pessoas devem estar predispostas a cultura”.

texto: Andréia [email protected]

cultura dessa cidade sou eu

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Quando o jovem olha um para a face do outro e diz que não tem lugar para ir a fim de “elevar” seu nível de cultura, quer dizer isso mesmo? Há controvérsias. No ano passado, a melhor peça do século passou por aqui e só 70 pessoas foram vê-la

“A arte faz as pessoas pararem no meio do

turbilhão de coisas em que estão e pensarem.

Gera reflexão. Seja drama ou comédia.”

tem cultura aqui. As pessoas que não enxergam. “Talvez elas es-tejam com visão distorcida do que é cultura. É o que faz pensar. É o que instiga. Mas as pessoas querem informação pronta. Que-rem entretenimento. Elas já tem muitos problemas, querem rir com um programa de humor que fale palavrão. Mas cultura não é só isso. É agente transformador”.

O discurso de uma garota de 23 anos difere daqueles que os jovens estão acostumados a ouvir. Mariana quer o senso crítico. Espera que o teatro, o palco, despertem a consciência, causam impacto, seja ele bom ou ruim, mas que de fato, cometam algum tipo de espanto no público. Por isso, para ela, a comédia stand up (um humorista em cima do palco) não é cultura. É riso. “Cultura para mim é pesquisa”.

Em Lajeado, as pessoas gostam da comédia fá-cil, mas resistem ao drama. “Creio que elas con-fundem entretenimento com cultura, por isso muitas reclamam de que faltam opções”.

Prova de que a região é privilegiada em cultura e de que veio à cidade no ano passado uma das dez melhores peças do século 21. Foi assistida por 70 pessoas. Só 70 pessoas. A peça RJ Shakeas-peare Juventude Interrompida, falava de quatro estudantes de um colégio interno que fazem leituras de Romeu e Julieta entre os compromissos escolares. A brincadeira de representar vai se tornando mais intensa e toma conta da rotina dos garotos. “Foi um espetáculo surreal, quem veio saiu arrepiado”, diz Mariana. Mas passou em brancas nuvens pelo Vale do Taquari. Ganhou repercussão em todo o Brasil e pouquíssima aqui.

É como diz Mariana: “As pessoas devem estar predispostas a cultura”.

E você, encontra aqui a cultura que procura?Dê sua opinião em facebook.com/tonomazup

Se for dizer que existe toda a infraestrutura do mundo para Lajeado, bem, isso não é verda-de. No auditório do Sesc cabem 150 pessoas. Para peças maiores, devemos buscar salões como Soges, CTC, Centro Comunitário, e lo-cais pequenos em outras cidades. Lajeado também não tem um cinema que preste e a galera reclama a beça disso e com razão. Mas falta mais consciência de cultura do que estrutura. Quanto mais as pessoas aderirem a ideias culturais, mais prédios e salões serão construídos. “As pessoas não se importam de pagar mais por uma festa, mas não pagam mais por um teatro. E isso independe do poder aquisitivo.” Mas Mariana tem esperança. “Já passamos por fases mais complicadas, o público aumen-tou. Há pessoas fieis que vem assistir a eventos instrumentais. Antes, o público não passava de 20 pessoas. Dobrou. O processo de formação de platéia está bem claro para nós, podemos di-zer que temos um público que consome cultura em Lajeado, mas o que falta é realmente o público jovem aderir.

Palco pequeno

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Vai um Aplauso aí?

Terça-feira foi dia de quê? Mais um Interva-lo Aplauso! Desta vem quem recebeu a galera do Mazup com chocolates Aplauso da Vonpar Alimentos foi a escola Bom Jesus, de Arroio do Meio! A sistemática já está ligado, né? Propor-cionamos um recreio diferente, com música, distribuição de chocolates e a escolha da gu-ria mais popular e o cara mais estudioso, su-geridos pelos próprios colegas. E, os escolhi-dos, levam pra casa um kit com sete sabores do chocolate Aplauso! Quem levou os kits no Bom Jesus foram os alunos Marine Laísa Matte e Claudio Rodrigo Gisch (foto acima).

Quer ver a cobertura completa do Intervalo Aplauso no Bom Jesus? Acesse mazup.com.br!