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BraBuletas

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ZAZIE EDIÇÕES

EditoresLaura ErberKarl Erik Schøllhammer

CriaçãoLaura Erber

DesignMarcus Moraes

[email protected]

Exemplar de cortesia. Venda proibida.

Rio de Janeiro, 2015.

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BraBuletasZuca sardan

Ninguém Mais Sabe

C o l e ç ã o

ZAZ IE E D I Ç Õ E S

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Sempre desenhei, desde a minha mais tenra infância querida, que os anos... (pois sim !... era uma vez...). Meu tema preferido era o Zepelim passando por cima do Pâo-de-A§úcar. Mas quando, já rapazola, decidi me lan§ar no mundo das artes, meus desenhos foram barrados em tod’os salôes, de prestígio ou da paróquia... Meu pai FF (ele nâo gostava do próprio prenome, que jamais pro-nunciou, nem pra própria esposa, que o chamava de... Saldanha). Ele pintava de short e camisa de meia, num quartim de empregada (as duas arrumadeiras moravam no outro quarto (em cama de dois andares). Ele come§ou a carreira como cubista (era o que de mais moderno havia no Brasil dos 40s. Escapou assim da arte proletária realista vinda de Moscou pra nossa inteligentsia.) Pedi-lhe que me passasse seus quadros gorados... (ele tinha uma pátina extraordinária...) Eu virava o quadro de cabe§a pra baixo e pintava em cima: um melâo num prato virava uma sereia rubicunda sentada num rochedo, um chapéu virava um navio... Fiz um sucesso danado com os paren-tes, sobretudo os que vinham do extremo sul do Brasil.

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Mas meu pai achou que eu estava ficando pregui§oso, e cortou o fornecimento da matéria prima. Face ao consu-mado fracasso, virei poeta, Deux ex machina... em vez de ler Drummond, o jovem romântico preferia ouvir tangos de Gardel e ler A Manha, do Barâo de Itararé. N’A Manha, havia um truque impagável de desenhar com tinta grossa sobre as fotografias, botando colossal bigodeira num pa-dre, ceroulas estreladas num jogador de futebol, etzzz etz-zz. Passei a adotar o truque, que me deu acesso ao mundo do Collage... e cheguei assim ao Surrealismo, Max Enst, Jarry, via Barâo de Itararé (nosso Père Ubu méconnu)... Fa§o desenhos de cabe§a pra baixo... me dá uma visâo a vol-d’oiseau... Desconfio que Paolo Uccello usava do mes-mo estratagema. Enfim, minha obcessâo mítico-totêmica com a arte rupestre e seus mágicos graffiti, com narrativa visual, mediante superposi§âo de imagens, me inspirou a uma quebra definitiva da fronteira entre poesia e desenho, o que ora vem desembocar, justamente, na Poesia Gráfica. zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz

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Coleção Ninguém Mais Sabe

O que é um desenho? Ninguém mais sabe Algoque não requer que você espere secar enquanto você está fazendo?Algo sobre papel? John Cage*

*tradução de Rogério Duprat,Em: De segunda a um ano, Editora Cobogó.

Reunindo artistas visuais, designers, cartunistas, desenhistas por acaso, amadores e pessoas miúdas, esta coleção se interessa pelas infinitas possibili-dades de compreensão do desenho a partir de suas práticas contemporâneas.

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Coleção Ninguém Mais Sabe

Zuca Sardan brabuletas

Carla Guagliardi onde está o tempo que deixei neste espaço

Anne-Lise Broyer anaga

Dan Perjovischi dRaw

Tove Storch my head, my hand

Sebastian Diaz Morales blue prints

Luiza Leite e Tatiana Podlubny cavalo imóvel

Omar Sözen (Omar é um menino de 8 anos)Dodonezia

Raïssa de Góes algumas ideias de uma pequena criatura

Maíra Senise /the country goose/ habitantes cegos tocam sobre pedras paredes ou papéis/

Fernanda Lopes desenhos involuntários

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