AULA9_COESAO_2013

32
CoEsão e CoeRência: desenVolvendo a CompenciA Textual Profa. Fatima Barbosa Email: [email protected]

Transcript of AULA9_COESAO_2013

Page 1: AULA9_COESAO_2013

CoEsão e CoeRência: desenVolvendo

a CompetênciA Textual

Profa. Fatima BarbosaEmail: [email protected]

Page 2: AULA9_COESAO_2013

CoEsão e Coerência

Entendemos por coesão as ligações entre os elementos da superfície textual.Com KOCH (1988 e 1989) consideramos dois tipos básicos de mecanismos de coesão:

1) a coesão referencial “que se estabelece entre dois ou mais componentes dasuperfície textual que remetem (ou permitem recuperar) um mesmo referente (que pode, evidentemente, ser acrescido de outros traços que se lhe vão agregando textualmente” (KOCH-1988:75).

Este tipo de coesão ocorre através de dois mecanismos básicos: a)substituição, “quando um componente da superfície textual é retomado (anaforicamente) ou precedido (cataforicamente) por uma pro-forma” (KOCH-1988:75); b)b) reiteração que pode se fazer através de sinônimos, hiperônimos, nomes genéricos, expressões nominais definidas ou repetição do mesmo item lexical.

Page 3: AULA9_COESAO_2013

CoEsão Sequencial

“É aquela que diz respeito aos procedimentos linguísticos por meio dos quais se estabelecem diversos tipos de interdependência semântica e/ou pragmática entre enunciados (ou partes de enunciados) à medida que se faz o texto progredir” (KOCH-1988:75).

A coesão sequencial ocorre também através de dois mecanismos básicos (Cf. KOCH-1988:76-78):

a) Recorrência que se faz através da recorrência de termos, de estruturas (paralelismo), de conteúdos semânticos (paráfrase), de recursos fonológicos segmentais e suprassegmentais (ritmo, rima, aliteração, eco, etc.), de aspectos e tempos verbais.

Page 4: AULA9_COESAO_2013

CoEsão Sequencial

b) Progressão cujos mecanismos possibilitam:

- a manutenção temática pelo uso de termos de um mesmo campo lexical e

- os encadeamentos que podem ocorrer por justaposição (com o uso de partículas sequenciadoras temporais que se referem ao tempo do mundo real ou partículas ordenadoras ou continuativas de enunciados ou sequências textuais) ou por conexão (feita por meio de conectores do tipo lógico ou por operadores do discurso, estabelecendo os dois tipos de conectores relações diversas).

Page 5: AULA9_COESAO_2013

MecaNismoS de CoEsão e de Coerência

Um texto não é uma unidade constituída por uma soma de sentenças ou por um amontoado caótico de palavras e frases. Os enunciados, os segmentos do texto estão estritamente interligados entre si; há conexão entre as palavras, entre as frases, entre os parágrafos e as diferentes partes. É o encadeamento semântico.

Esse encadeamento semântico dá coesão ao texto. Dizemos então que um texto tem COESÃO quando seus vários elementos estão organicamente articulados entre si, quando há concatenação entre eles. Para haver a coesão, a língua utiliza diversos recursos aos quais chamamos de Mecanismos de coesão.

Segundo Mira Mateus, coesão textual diz respeito aos processos linguísticos que permitem revelar a interdependência semântica existente entre sequências textuais: Ex.: Entrei na livraria mas não comprei nenhum livro.

Page 6: AULA9_COESAO_2013

MecaNismoS de CoEsão e de Coerência

COESÃOÉ uma característica de todo texto bem formado, compreendendo as diferentes frases que estão interligadas através de vários métodos que permitem a cada frase seja interpretada em relação às outras."

Estes procedimentos linguísticos são aqueles realizados ao se estabelecer relações gramaticais e semânticas entre palavras, expressões ou frases do texto. Eles também são procedimentos linguísticos usando pró-formas, conectores e marcadores textuais.

Relações gramaticais são estabelecidas através da anáfora catáfora, reticências e dêixis.

Page 7: AULA9_COESAO_2013

MecaNismoS de CoEsão e de Coerência

COÊRENCIA

É a propriedade que se encarrega da informação. É basicamente semântica e afeta a organização profunda de significado do texto.

A coerência é, pois, o mecanismo mediante o qual se ordena ou dispõe a informação a partir do estabelecimento de relações hierárquicas. Tal hierarquia se estabelece entre conceitos, proposições (orações) e sequências e se organizam em função de macroestruturas e superestruturas esquemáticas.

“Os enunciados que formam um texto não constituem uma lista arbitrária, mas estão em função do que se quer expressar: um enunciado pode conter informação que amplie, explique, corrija ou contraste o dito anteriormente. Para conseguir a coerência textual existem uma série de MECANISMOS:

Page 8: AULA9_COESAO_2013

MecaNismoS de CoEsão e de Coerência

Para a mesma autora, coerência textual diz respeito aos processos mentais de apropriação do real que permitem inter-relacionar sequências textuais: Ex.: Se esse animal respira por pulmões, não é peixe.

Podemos assim dizer que existe um sistema de regras interiorizadas por todos os membros de uma comunidade linguística. Este sistema de regras de base constitui a competência textual dos sujeitos, competência essa que uma gramática do texto se propõe a modalizar.

Uma tal gramática fornece, dentro de um quadro formal, determinadas regras para a boa formação textual. Destas regras podemos fazer derivar certos julgamentos de coerência textual.

Page 9: AULA9_COESAO_2013

MecaNismoS de CoEsão

Coesão por referência

João Paulo II esteve em Porto Alegre. Aqui, ele disse que a Igreja continua a favor do celibato. ‘Aqui’ retoma ‘Porto Alegre’, e ‘ele’ retoma ‘João Paulo II’.

Os elementos de referência não podem ser interpretados por si mesmos; remetem a outros itens do texto, necessários a sua interpretação.Pronominalizações são elementos de referência: Os pronomes pessoais (ele, ela, o, a, lhe, etc.), Os pronomes possessivos (meu, teu, seu, etc.), Os pronomes demonstrativos (este, esse aquele, etc.) e Os advérbios de lugar (aqui, ali, etc.).

A utilização de um pronome torna possível a repetição, à distância, de um sintagma ou até de uma frase inteira. O caso mais frequente é o da anáfora, em que o referente antecipa o pronome. Ex.: Uma senhora foi assassinada ontem. Ela foi encontrada estrangulada no seu quarto.

Page 10: AULA9_COESAO_2013

CoEsão por Anáfora

A Linguística Textual denomina coesão referencial aquela em que um elemento da superfície textual faz remissão a outro(s) componente(s) da textualidade discursiva. É o que comumente chamamos de retomada textual. O primeiro elemento é denominado forma referencial ou remissiva e o segundo elemento de referência ou referente textual (VILELA e KOCH, 2001).

A remissão referencial, quando feita para trás, constitui-se na anáfora. Os elementos anafóricos podem ser representados de forma bem ampla: por um nome, um sintagma, um fragmento de oração ou a própria oração, ou mesmo todo um enunciado. E esses elementos, à medida que vão sendo referenciados por outros anafóricos, vão se (re)construindo no texto, modificando-se, incorporando ou subtraindo sentidos.

Page 11: AULA9_COESAO_2013

CoEsão por Anáfora

O processo de referenciação pode ser feito para trás – processo anafórico – oupara frente – processo catafórico. «Relação de dependência entre A e B em que B precede A numa relação paralela à da anáfora. Exemplos:

“Desde que a Maria o deixou, o João nunca mais foi o mesmo.”O significado do pronome complemento (o) da primeira oração é determinado pelo SN (o João) da segunda oração.»

“A irmã olhou-o e disse: - João, estás com um ar cansado.”O pronome pessoal o é uma expressão referencialmente não autônoma, cujo valor depende da interpretação de uma expressão presente no contexto discursivo subsequente, o nome próprio João.

A referência será chamada ANÁFORA quando se referir a algo já citado no texto. Será CATÁFORA quando se referir a algo que será dito no texto.

Page 12: AULA9_COESAO_2013

MecaNismoS de CoEsão

Coesão por referência

No caso mais raro da catáfora, o pronome antecipa o seu referente. Ex.: Deixe-me confessar-lhe isto: este crime impressionou-me. Ou ainda: Não me importo de o confessar: este crime impressionou-me.

Expressões Definidas: Tal como as pronominalizações, as expressões definidas permitem relembrar nominalmente ou virtualmente um elemento de uma frase numa outra frase ou até numa outra sequência textual. Ex.: O meu tio tem dois gatos. Todos os dias caminhamos no jardim. Os gatos vão sempre conosco.

Page 13: AULA9_COESAO_2013

MecaNismoS de CoEsão

Coesão por referência

No caso mais raro da catáfora, o pronome antecipa o seu referente. Ex.: Deixe-me confessar-lhe isto: este crime impressionou-me. Ou ainda: Não me importo de o confessar: este crime impressionou-me.

Expressões Definidas: Tal como as pronominalizações, as expressões definidas permitem relembrar nominalmente ou virtualmente um elemento de uma frase numa outra frase ou até numa outra sequência textual. Ex.: O meu tio tem dois gatos. Todos os dias caminhamos no jardim. Os gatos vão sempre conosco.

Page 14: AULA9_COESAO_2013

MecaNismoS de CoEsão

No entanto, os problemas aparecem quando o nome que se repete é imediatamente vizinho daquele que o precede. Ex.: A Margarida comprou um vestido. O vestido é colorido e muito elegante.

Neste caso, o problema resolve-se com a aplicação de dêiticos contextuais. Ex.: A Margarida comprou um vestido. Ele é colorido e muito elegante.

Pode também resolver-se a situação virtualmente utilizando a elipse. Ex.: A Margarida comprou um vestido. É colorido e muito elegante. Ou ainda: A Margarida comprou um vestido que é colorido e muito elegante.

Coesão por elipseJoão Paulo II esteve em Porto Alegre. Aqui, disse que a Igreja continua a favor do celibato.

O leitor, ao ler, ao ler o segmento B, se depara com o verbo disse e, para interpretar seu sujeito, tem que voltar ao segmento A e descobrir que quem disse foi João Paulo II.

Page 15: AULA9_COESAO_2013

MecaNismoS de CoEsão

Substituições Lexicais: O uso de expressões definidas e de dêiticos contextuais é muitas vezes acompanhado de substituições lexicais. Este processo evita as repetições de lexemas, permitindo uma retoma do elemento linguístico. Ex.: Deu-se um crime, em Lisboa, ontem à noite: estrangularam uma senhora. Este assassinato é odioso.

Também neste caso, surgem algumas regras que se torna necessário respeitar. Por exemplo, o termo mais genérico não pode preceder o seu representante mais específico. Ex.: O piloto alemão venceu ontem o grande prêmio da Alemanha. Schumacher festejou euforicamente junto da sua equipe.

Se se inverterem os substantivos, a relação entre os elementos linguísticos torna-se mais clara, favorecendo a coerência textual. Assim, Schumacher, como termo mais específico, deveria preceder o piloto alemão.

Page 16: AULA9_COESAO_2013

MecaNismoS de CoEsão

João Paulo II esteve em Porto Alegre.Na capital gaúcha, o papa disse que a Igreja continua a favor ...."Porto Alegre" = "capital gaúcha" e 'João Paulo II" = "papa"

A coesão lexical permite àquele que escreve manifestar sua atitude em relação aos termos, veja:João Paulo II esteve em Porto Alegre. Aqui, Sua Santidade disse que a Igreja ...João Paulo II esteve ontem em Varsóvia. Lá, o inimigo do comunismo afirmou ...

D E I X I S A marcação é feita por certos elementos linguísticos que mostram ou indicam uma pessoa, lugar ou tempo. Também pode se referir a outros elementos do discurso ou só na memória. Exemplo:

Eu chamei João e Maria, mas apenas esta respondeu'‘. Esta desempenha a dêixis.

Anáfora, elipse catáfora são formas de dêixis.

Page 17: AULA9_COESAO_2013

CoEsÃo: o que é?

A substituição de um nome próprio por um nome comum se processa muitas vezes mediante a antonomásia. Trata-se de um recurso que expressa um atributo inconfundível de uma pessoa, de uma divindade, de um povo, de um país ou de uma cidade. Veja abaixo:.

Castro Alves - O Poeta dos Escravos Gonçalves Dias - O Cantor dos Índios

Rui Barbosa - O Águia de Haia Simon Bolívar - O Libertador

José Bonifácio - O Patriarca da Independência

Jesus cristo - O Salvador, o nazareno, o Redentor

Édipo - O Vencedor da Esfinge Átila - O Flagelo de Deus

Aquiles - O Herói de Tróia D. Quixote - O Cavaleiro de Triste Figura

Cuba - A Pérola das Antilhas Veneza - A rainha do Adriático

Jerusalém - O Berço do Cristianismo Egito - O Berço dos Faraós

Ásia - O Berço do Gênero Humano Leônidas - O Herói das Termópilas

Sólon - O Legislador de Atenas Moisés - O Legislador dos Judeus

Hipócrates - O Pai da Medicina Heródoto - O Pai da História

José de Alencar - O Autor de Iracema Raimundo Correa - O Autor de As Pombas

Page 18: AULA9_COESAO_2013

MecaNismoS de CoEsão

Há também que ter em conta que a substituição lexical se pode efetuar por:

Sinonímia: seleção de expressões linguísticas que tenham a maior parte dos traços semânticos idêntica: A criança caiu. O pequeno nunca mais aprende a cair!

Antonímia: seleção de expressões linguísticas que tenham a maior parte dos traços semânticos oposta: Disseste a verdade? Isso cheira-me a mentira!

Hiperonímia: A primeira expressão mantém com a segunda uma relação classe-elemento: Gosto imensamente de marisco. Lagosta, então, adoro!

Hiponímia: A primeira expressão mantém com a segunda uma relação elemento-classe: O gato te arranhou? O que esperavas de um felino?

Page 19: AULA9_COESAO_2013

MecaNismoS de CoEsão

Coesão lexical por hiperônimos

Muitas vezes, neste tipo de coesão, utilizamos sinônimos superordenados ou hiperônimos, isto é, palavras que correspondem ao gênero do termo a ser retomado.

Exemplo:Mesa = móvelFaca = talherTermômetro = instrumentoComputador = equipamentoEnceradeira = eletrodoméstico

Exemplo:Acabamos de receber 30 termômetros clínicos.Os instrumentos deverão ser encaminhados ao Departamento de Pediatria.

Page 20: AULA9_COESAO_2013

MecaNismoS de CoEsão

No entanto, todas as sequências são asseguradas pela repetição do pronome na 3ª pessoa.

Podemos afirmar, neste caso, que a repetição do pronome não é suficiente para garantir coerência a uma sequência textual. Assim, a diferença de avaliação que fazemos ao analisar as várias hipóteses de respostas que vimos anteriormente sustenta-se no fato de R1 e R2 retomarem inferências presentes em P:

- aconteceu alguma coisa à bolacha da Maria, -a Maria comeu qualquer coisa.

Já R3 não retoma nenhuma inferência potencialmente deduzível de P. Conclui-se, então, que a retoma de inferências ou de pressuposições garante uma fortificação da coerência textual.

Page 21: AULA9_COESAO_2013

MecaNismoS de CoEsão

Coesão lexical por repetição do mesmo item

O papa viajou pelo Brasil.O papa reuniu nas capitais grande multidão de admiradores.

Coesão por substituiçãoA coesão por substituição consiste na colocação de um item num lugar de outro segmento.

O papa ajoelhou-se. As pessoas também.O papa é a favor do celibato. Mas eu não penso assim.O papa ajoelhou-se. Todos fizeram o mesmo.

Page 22: AULA9_COESAO_2013

CoEsÃo: Texto

1. O papa João Paulo II disse ontem, dia de seu 77º aniversário, que seu desejo

2. é "ser melhor". ................. reuniu-se na igreja romana de Ant'Attanasio com

3. um grupo de crianças, uma das quais disse: "No dia do meu aniversário

4. minha mãe sempre pergunta o que eu quero.E você, o que quer? .................

5. respondeu: "Ser melhor". Outro menino perguntou a ..................... que

6. presente gostaria de ganhar neste dia especial. "A presença das crianças me

7. basta", respondeu ............................ . Em seus aniversários, ...............

8. costuma compartilhar um grande bolo, preparado por irmã Germana, sua

9. cozinheira polonesa, com seus maiores amigos, mas não sopra as velinhas,

10. pois este gesto não faz parte das tradições de seu país, a Polônia. Os

11. convidados mais frequentes a compartilhar nesse dia a mesa com................

12. no Vaticano são o cardeal polonês André Marie Deskur e o engenheiro

13. Jerzy Kluger, um amigo judeu polonês de colégio. Com a chegada da

14. primavera, .............. parece mais disposto. .............. deve visitar o Brasil na

15. primeira quinzena de outubro.

Page 23: AULA9_COESAO_2013

CoEsÃo: Texto

Agora complete as lacunas como aniversarianteO PontíficeJoão Paulo IIO Sumo PontíficeO Santo Padreo Papa

Como você pode constatar, a palavra “papa” foi substituída várias vezes pelas palavras e expressões acima indicadas. Essas substituições evitam a repetição pura e simples da mesma palavra e propiciam o desenvolvimento contínuo ou o encadeamento semântico do texto, na medida em que se recupera numa frase ou passagem um termo ou ideia presente em outra.

O pronome seu(s) (linhas 1 e 7) recupera semanticamente a expressão papa João Paulo II;“este gesto” recupera “sopra as velinhas”; “nesse dia”, o "dia do aniversário do Papa”.

Page 24: AULA9_COESAO_2013

Princípio da Progressão

Para que um texto seja coeso e coerente, torna-se necessário que o seu desenvolvimento se faça acompanhar de uma informação semântica constantemente renovada.

Este segundo princípio completa o primeiro, uma vez que estipula que um texto, para ser coerente, não deve se contentar com uma repetição constante da própria matéria. Por exemplo:

O ferreiro estava vestido com umas calças pretas, um chapéu claro e uma vestimenta preta. Tinha ao pé de si uma bigorna e batia com força na bigorna. Todos os gestos que fazia consistiam em bater com o martelo na bigorna. A bigorna onde batia com o martelo era achatada em cima e pontiaguda em baixo e batia com o martelo na bigorna.

Page 25: AULA9_COESAO_2013

Princípio da Progressão

Se tivermos em conta apenas o princípio da recorrência, este texto não será incoerente, será até coerente demais. No entanto, segundo o princípio da progressão, a produção de um texto coerente pressupõe que se realize um equilíbrio cuidado entre continuidade temática e progressão semântica.

Torna-se necessário dominar, simultaneamente, estes dois princípios (recorrência e progressão) uma vez que a abordagem da informação não se pode processar de qualquer maneira. Assim, um texto será coerente se a ordem linear das sequências acompanhar a ordenação temporal dos fatos descritos. Ex.: Cheguei, vi e venci.(e não Vi, venci e cheguei).

O texto será coerente desde que reconheçamos, na ordenação das suas sequências, uma ordenação de causa-consequência entre os estados de coisas descritos. Ex.: Houve seca porque não choveu. (e não Houve seca porque choveu).

Page 26: AULA9_COESAO_2013

Princípio da Não-Contradição

Para que um texto seja coerente, torna-se necessário que o seu desenvolvimento não introduza nenhum elemento semântico que contradiga um conteúdo apresentado ou pressuposto por uma ocorrência anterior ou dedutível por inferência. Ou seja, este princípio estipula simplesmente que é inadmissível que uma mesma proposição seja conjuntamente verdadeira e não verdadeira. Vamos, seguidamente, preocupar-nos, sobretudo, com o caso das contradições inferenciais e pressuposicionais.

Contradição inferencial quando a partir de uma proposição podemos deduzir uma outra que contradiz um conteúdo semântico apresentado ou dedutível.

Ex.: A minha tia é viúva. O seu marido coleciona relógios de bolso.

As inferências que autorizam viúva não são retomadas na segunda frase, como são perfeitamente contraditas por essa mesma frase.

Page 27: AULA9_COESAO_2013

Princípio da Não-Contradição

As contradições pressuposicionais

São em tudo comparáveis às inferenciais, com a exceção de que no caso das pressuposicionais é um conteúdo pressuposto que se encontra contradito.

Ex.: O Júlio ignora que a sua mulher o engana. A sua esposa é-lhe perfeitamente fiel.

Na segunda frase, afirma-se a inegável fidelidade da mulher de Júlio, enquanto a primeira pressupõe o inverso.

É frequente, nestes casos, que o emissor recupere a contradição presente com a ajuda de conectores do tipo mas, entretanto, contudo, no entanto, todavia, que assinalam que o emissor se apercebe dessa contradição, assume-a, anula-a e toma partido dela.

Ex.: O João detesta viajar. No entanto, está entusiasmado com a partida para Itália, uma vez que sempre sonhou visitar Florença.

Page 28: AULA9_COESAO_2013

Princípio da Relação

Para que um texto seja coerente, torna-se necessário que denote, no seu mundo de representação, fatos que se apresentem diretamente relacionados.

Ou seja, este princípio enuncia que para uma sequência ser admitida como coerente, terá de apresentar ações, estados ou eventos que sejam congruentes com o tipo de mundo representado nesse texto.

Assim, se tivermos em conta as três frases seguintes A Silvia foi estudar. A Silvia vai fazer um exame. O circuito de Adelaide agradou aos pilotos de Fórmula 1.

A sequência formada por 1+2 surge-nos, desde logo, como sendo mais congruente do que as sequências 1+3 ou 2+3..

Page 29: AULA9_COESAO_2013

Princípio da Relação

Nos discursos naturais, as relações de relevância fatual são, na maior parte dos casos, manifestadas por conectores que as explicitam semanticamente.

Ex.: A Silvia foi estudar porque vai fazer um exame. Ou também: A Silvia vai fazer um exame portanto foi estudar.

A impossibilidade de ligar duas frases por meio de conectores constitui um bom teste para descobrir uma incongruência.

Ex.: A Silvia foi estudar logo o circuito de Adelaide agradou aos pilotos de Fórmula 1.

Page 30: AULA9_COESAO_2013

Princípio da Relação

1. O João comprou um livro. Emprestou-o à prima. Anáfora Catáfora Elipse

2. Ele falou-lhe na prima. Qual? Na Marília. Anáfora catáfora Elipse

3. Os rapazes ficaram quietinhos; nem ousaram pestanejar. Anáfora catáfora elipse

4. A Rita e a Joana têm quinze anos. Elas são muito amiga.Anáfora catáfora elipse

5. Eles conheceram-se no Recife, pois é lá que costumam passar férias com os pais.Anáfora catáfora elipse

 

Page 31: AULA9_COESAO_2013

Princípio da Relação

6. A Rita e a Joana têm quinze anos. As meninas nunca mais se separaram.Anáfora catáfora elipse

7. Ambas gostam de jogar tênis e voleibol. Esporte é o seu passatempo preferido. Anáfora catáfora elipse

8. A Rita gosta de flores e a Joana também. Anáfora catáfora elipse

9. O cão seguia-o para todo o lado, reparou o rapaz quando se voltou.Anáfora catáfora elipse

Page 32: AULA9_COESAO_2013

Referências

CARVALHO,. Maria da Conceição. Fragmentos (auto)biográficos: eduardo frieiro na sua correspondência. Disponível em: http://www.letras.ufmg.br/poslit/08_publicacoes_pgs/Em%20Tese%2014/TEXTO%2013.pdf . Acesso em: janeiro, 2013.

CUNHA, C.; CINTRA, L F. L. Nova Gramática do Português Contemporâneo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.

Portal Literal: Disponível em: http://www.literal.com.br/. Acesso em: 2012 [2013]

POLÓNIO, D. M. de M. Pragmática linguística: coesão e coerência textual. Millenium, 8, 1997.

SCARTON, Gilberto; SMITH, Marisa M. Manual de redação. Porto Alegre: PUCRS, FALE/GWEB/PROGRAD, [2002].

TRAVAGLIA, L. C. Contribuições do verbo à coesão e à coerência textuais. Cad.Est.Ling., Campinas, (27):71-84, Jul./Dez. 1994