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Avaliação da Aprendizagem Escolar: Do Processo Antidemocrático Para o Democrático
Aluno: Fernando Avelar Pinto1
Orientadora: Professora Sarah Aparecida da Cruz2
RESUMO
A avaliação da aprendizagem escolar como é aplicada na escola hoje, desperta muita
discussão entre todos os profissionais da escola, principalmente entre os professores. O
professor deve avaliar constantemente se seus alunos realmente adquiriram conhecimentos
significativos. A avaliação é um instrumento pedagógico de suma importância para ajudar o
professor nas tomadas de decisão sobre o efetivo aprendizado do aluno. Avaliar exige
planejamento, atenção e deve ser de comunicação muito clara entre os envolvidos no
processo. A cultura avaliativa atualmente deve ter um compromisso democrático para
assegurar a construção coletiva do conhecimento e não deve se tornar um instrumento de
tortura psicológica que dê poder ao professor sobre os educandos como forma de
disciplinamento. A avaliação é um instrumento diagnóstico que permite ao professor verificar
quais caminhos tomar em relação à aprendizagem do aluno e consequentemente tornar a
educação num processo democrático que deixará para trás critérios unilaterais de classificação
dos estudantes.
Palavras-chave: avaliação. Ensino e Aprendizagem. Processo Democrático. Professor/Aluno.
1- INTRODUÇÃO
1 Graduado em História pela Universidade Estadual Paulista e Professor de História da Rede Pública de Ensino do Estado de Minas Gerais. [email protected] Professora especialista em MBA em Gestão Estratégica e Inteligência em Negócios. [email protected]
A avaliação da aprendizagem escolar deve estar relacionada à questão da
aprendizagem do aluno, portanto uma preocupação constante de toda a equipe a escolar. Em
primeiro lugar, porque faz parte do trabalho docente verificar e julgar o rendimento dos
alunos de forma coerente e não como forma de coerção e disciplinamento como tem sido
usada ainda hoje na maioria das escolas. É importante ressaltar que o presente trabalho
apontará para alternativas mais democráticas do uso da avaliação da aprendizagem, tais como
a utilização da avaliação diagnóstica que permite avaliar de forma coerente o aluno e também
o trabalho do professor dentro da sala de aula. Atualmente a avaliação tem sido usada de
forma classificatória e instrumento de ação contra a democratização do ensino, na medida em
que ela não serve para que os alunos avancem seu aprendizado, ao contrário, acabam
estagnando. Frequentemente o termo avaliação é associado a outros, como exame, nota,
sucesso e fracasso, promoção e repetência. A atividade educativa não tem por meta atribuir
notas, mas realizar uma série de objetivos que se traduzem em termos de mudanças de
comportamento dos alunos. E cabe justamente à avaliação verificar em que medida esses
objetivos estão realmente sendo alcançados para ajudar o aluno a avançar na aprendizagem.
Uma forma democrática de avaliar seria um processo mediante o qual se determina o grau em
que a aprendizagem está realmente acontecendo e o quanto há de mudança de comportamento
dos alunos, não deve ser instrumento antidemocrático de tortura psicológica ou de
disciplinamento. Portanto uma boa avaliação tem que ser constante e planejada, sendo assim
fará parte de um sistema mais amplo que é o processo de ensino-aprendizagem, nele se
integrando. Como tal, ela deve ser planejada para ocorrer normalmente ao longo de todo esse
processo, fornecendo feedback e permitindo a recuperação imediata quando for necessário.
Além disso, a avaliação deve ter característica orientadora e diagnóstica, pois não visa
eliminar alunos, mas orientar e diagnosticar seu processo de aprendizagem para que possam
atingir os objetivos previstos. Nesse sentido a avaliação permite ao aluno conhecer seus erros
e acertos, auxiliando-o a corrigir suas falhas.
Deve-se compreender que a prática classificatória da avaliação é antidemocrática, uma
vez que não encaminha uma tomada de decisão para o avanço, para o crescimento. Essa
prática classificatória da avaliação torna-se grave quando o foco é somente quantitativo e não
qualitativo em relação à aprendizagem.
Através deste trabalho serão apontados os princípios básicos para a realização de uma
avaliação democrática e diagnóstica. É interessante lembrar que a forma de encarar e realizar
a avaliação reflete a atitude do professor e suas relações com o aluno.
A educação renovada e democrática não mudou apenas os métodos de ensino, que se
tornaram ativos, mas influiu, também sobre a concepção de avaliação. Antes ela tinha caráter
seletivo, uma vez que era vista apenas como uma forma de classificar e promover o aluno de
uma série para outra. Atualmente, a avaliação assume novas funções, pois é um meio de
diagnosticar e de verificar em que medida os objetivos propostos para o processo de ensino-
aprendizagem estão sendo atingidos. Portanto, a avaliação assume uma dimensão mais
abrangente e democrática. É isso que este trabalho abordará.
2 - A PRÁTICA DA AVALIAÇÃO NOS DIAS DE HOJE
Desde muito tempo que a avaliação na sala de aula tem sido usada somente com a
finalidade de ser apenas um exame que tem como objetivo controlar e classificar
quantitativamente os alunos. Avaliar na atualidade é privilegiar uma maneira de estar em aula,
valorizar normas, formas, definir alunos modelo dentro de critérios classificatórios que criam
hierarquias de excelência que dão poder ao professor para rotular os “bons” e os “maus”
alunos (Perrenoud 1999). Os professores têm utilizado procedimentos de avaliação que
somente resultam no levantamento de dados por meio de testes e provas escritas. O mais
comum é entender a avaliação somente como o ato de aplicar provas, atribuir notas e
classificar os estudantes. O professor reduz a avaliação à cobrança daquilo que o aluno
memorizou e utiliza a nota apenas como instrumento de controle e ameaça. Nos dias de hoje
vemos professores que exaltam seu poder de aprovar ou reprovar. Muitas vezes ouvimos
afirmações descabidas sobre o que deve ser um trabalho docente de qualidade, por exemplo:
“O professor fulano é excelente, reprova mais da metade da classe”, “O ensino na escola X é
muito puxado, poucos alunos conseguem passar de ano”. São ideias sem nexo, porque a
atribuição de notas visa somente o controle formal, com o objetivo de classificar e não de
verdadeiramente ensinar e também porque o que importa nesse processo é o posicionamento
do professor que irá decidir se o aluno está adequado ou não em relação ao conteúdo que
transmite. Assim sobrevive a pedagogia do exame inserida no sistema de ensino que de
acordo com Luckesi (2002, p. 18),
está interessado nos percentuais de aprovação/reprovação do total de educandos; os pais estão desejosos de que seus filhos avancem nas séries de escolaridade; os professores se utilizam permanentemente dos procedimentos de avaliação como elementos motivadores dos estudantes, por meio de ameaça; os estudantes estão
sempre na expectativa de virem a ser aprovados ou reprovados e, para isso, servem-se dos mais variados expedientes.
Essa atitude ignora completamente a complexidade de características que envolvem o ensino,
tais como a formação do aluno, os métodos utilizados pelo professor, a situação social dos
alunos, as condições de organização do ensino, os conhecimentos prévios que os alunos
possuem, as diferenças individuais etc. Quando o professor utiliza critérios unilaterais, ele
acaba avaliando os alunos pelo mérito individual, pela sua capacidade de se ajustarem aos
seus objetivos, independentemente das condições do ensino e tudo mais que pode interferir no
rendimento escolar (Luckesi 2002).
O outro problema sobre a avaliação é quando utilizada como forma de recompensa aos
“bons” alunos e punição para os alunos considerados desinteressados ou indisciplinados. As
notas são transformadas em armas de intimidação e ameaça para uns e prêmio para outros. É
muito comum vermos a prática de dar e tirar pontos conforme o comportamento dos alunos. O
professor assim acaba excluindo seu papel de docente, isto é, o de assegurar as condições
pedagógicas de ensino-aprendizagem para que os alunos sejam estimulados e realmente
aprendam (Luckesi 2002).
Com uma função classificatória e punitiva a avaliação torna-se um instrumento
estático e frenador do processo de aprendizagem e crescimento do aluno, sendo assim,
classificar constitui uma prática na avaliação que subtrai aquilo que lhe é constitutivo: a
obrigatoriedade da tomada de decisão quanto à ação e quais caminhos deveriam ser tomados
para melhorar a aprendizagem (Luckesi 2002).
Os problemas aqui apontados mostram duas posições extremas em relação à avaliação
escolar: considerar apenas os aspectos quantitativos e não os aspectos qualitativos. O
entendimento correto da avaliação consiste em considerar a relação mútua entre os aspectos
quantitativos e qualitativos. O professor deve organizar o ensino com o objetivo de
desenvolver a autonomia dos alunos. Assim, a quantificação deve ser transformada em
qualificação, isto é, numa apreciação qualitativa dos resultados verificados (Perrenoud 1999).
É bem verdade que a atitude de dar notas somente com base em provas escritas tem
limitações. As provas frequentemente são empregadas apenas para medir capacidade de
memorização. Os professores ainda têm dificuldades em avaliar resultados mais importantes
do processo de ensino, como a compreensão, a originalidade, a capacidade de resolver
problemas, a capacidade de fazer relações entre fatos e ideias (Libâneo 1994).
3 – AS CARACTERÍSTICAS DE UMA AVALIAÇÃO DEMOCRÁTICA
A avaliação é uma tarefa didática importante, necessária e permanente do trabalho do
professor, que deve acompanhar passo a passo o processo de ensino e aprendizagem, portanto
necessita ser um instrumento democrático e transparente com intuito de diagnosticar o
desenvolvimento tanto do professor quanto do aluno (Libâneo 1994).
Poderemos agora apresentar as características que transformam a avaliação num
processo mais dinâmico e democrático com ênfase no real aprendizado do aluno e também
como instrumento de verificação do próprio do trabalho do professor (Libâneo 1994). Para
atender sua real função educativa deixaremos alguns equívocos sobre a avaliação para trás,
tais como seus objetivos e funções.
3.1 - REFLETIR OS OBJETIVOS E OS MÉTODOS
A avaliação faz parte do processo de ensino-aprendizagem, não é uma etapa isolada.
Existe uma exigência de que esteja em sintonia com os objetivos e métodos expressos no dia-
a-dia da sala de aula e no planejamento do professor (Luckesi 2002). Os objetivos devem ser
bem claros, apresentando conhecimentos, habilidades, cuja compreensão, assimilação e
aplicação devem estar enquadradas em métodos adequados, devem manifestar nas mais
variadas formas tais como exercícios em sala, provas, trabalhos em grupo etc.
Uma característica importante é que os objetivos sejam bem claros, pois os alunos
necessitam saber para que estão trabalhando e no que estão sendo avaliados (Perrenoud 1999).
3.2 - PERMITIR A REVISÃO DO PLANEJAMENTO
O levantamento do conhecimento prévio dos alunos para começar novo conteúdo, os
progressos ou deficiências na assimilação de conhecimentos, as verificações parciais e finais
são elementos muito importantes que possibilitam a revisão do planejamento do professor e a
correção dos rumos do trabalho docente. Não apenas durante as aulas, mas fora dela, o
professor vai conhecendo mais sobre o desempenho e aproveitamento escolar dos alunos
(Libâneo 1994).
A avaliação possibilita a tornar mais claros os objetivos que se quer atingir. No
começo de um conteúdo específico, o professor não está muito seguro de como alcançar os
objetivos no decorrer do processo de transmissão e assimilação (Luckesi 2002). À medida que
o professor conduz seu trabalho, vai observando a reação dos alunos, os objetivos vão ficando
mais claros, o que possibilita tomar novas decisões para as atividades que virão.
3.3 - AUXILIAR NO DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES
Todas as atividades de avaliação concorrem para o desenvolvimento intelectual, social
e moral dos alunos, e tem como objetivo diagnosticar como o professor e a escola estão
contribuindo para que isso aconteça. O objetivo do processo de ensino-aprendizagem é que
todos os alunos desenvolvam suas habilidades físicas e intelectuais, seu pensamento
autônomo e criativo, tendo em vista tarefas teóricas e práticas, de modo que se preparem
efetivamente para a vida social. Avaliação deve auxiliar os alunos a crescerem. Os alunos são
diferentes, não possuem o mesmo nível social e têm suas características. A avaliação
possibilita o conhecimento de cada um, da sua posição em relação à classe, estabelecendo
uma base para as atividades de ensino-aprendizagem (Libâneo 1994).
3.4 - FOCAR NA ATIVIDADE DOS ALUNOS
A avaliação da aprendizagem escolar deve centrar-se no entendimento de que as
habilidades se expressam no processo da atividade do aluno em situações do cotidiano da sala
de aula. Sendo assim, é insuficiente restringir as verificações a testes e provas no final de
trimestres ou bimestres (Libâneo 1994).
3.5 - SER CLARA E OBJETIVA
A avaliação tem que ser bastante objetiva, com capacidade de comprovar os
conhecimentos adquiridos pelos alunos, de acordo com os objetivos e os conteúdos
trabalhados em sala de aula. Para que haja garantia de objetividade, deve-se aplicar
instrumentos de avaliação diversificados (Libâneo 1994).
3.6 - AUXILIAR NA PERCEPÇÃO DO TRABALHO DO PROFESSOR
Ensinar e aprender são dois verbos indissociáveis, duas faces da mesma moeda. Ao
avaliar os seus alunos, o professor está, também, avaliando seu próprio trabalho (Luckesi
2002).
A avaliação é um termômetro do trabalho do professor. Quando ele analisa os
resultados do rendimento dos alunos, obtém informações sobre o desenvolvimento do seu
próprio trabalho (Luckesi 2002). O professor pode verificar se seus objetivos estão
suficientemente claros, se os conteúdos estão acessíveis e significativos, se os métodos e
recursos estão adequados, se o professor está conseguindo comunicar-se bem com os alunos,
se ele está dando atenção aos alunos com mais dificuldades e se os alunos estão valorizando
os estudos.
3.7 - APRESENTAR VALORES E EXPECTATIVAS DO PROFESSOR EM
RELAÇÃO AOS ALUNOS
As habilidades, os conhecimentos, as atitudes, a maneira de ser do professor, indicam
propósitos e crenças em relação ao papel que ele exerce socialmente e profissionalmente
diante de seus alunos. Se o professor não dá verdadeira atenção ao aluno pobre ou mal
sucedido, isso pode estar indicando uma discriminação social com esse aluno. Se ele não se
empenha na organização dos alunos, no relacionamento entre as crianças, indica que não
valoriza esses aspectos. Atitudes de predileção por certos alunos, de preconceito social, de
ironia com o modo de os alunos se expressarem são antidemocráticas (Libâneo 1994).
A avaliação é um processo pedagógico. Nela o professor mostra as suas qualidades de
educador na medida em que trabalha sempre com objetivos definidos em relação às
habilidades intelectuais dos alunos face às exigências da vida social (Libâneo 1994).
O professor deve ter convicções éticas, pedagógicas e sociais. Ao fazer a análise
qualitativa dos resultados da aprendizagem, levará em conta os seus propósitos educativos
(Luckesi 2002). Assim, não é democrático estabelecer objetivos cujo alcance esteja acima das
reais possibilidades dos alunos
3.8 – DEVE SER UM PROCESSO CONTÍNUO E SISTEMÁTICO
A avaliação não pode ser esporádica nem improvisada, mas, ao contrário, deve ser
constante e planejada. Nessa perspectiva, a avaliação faz parte de um sistema mais amplo que
é o processo de ensino-aprendizagem, nele se integrando. Como tal, ela deve ser planejada
para ocorrer normalmente ao longo de todo esse processo, fornecendo feedback e permitindo
a recuperação imediata quando for necessária (Luckesi 2002).
4 – A AVALIAÇÃO COMO INSTRUMENTO DIAGNÓSTICO
Constata-se que a avaliação da aprendizagem é um processo contínuo que deve ocorrer
nos mais diferentes momentos do trabalho. A verificação e a qualificação dos resultados da
aprendizagem têm como objetivos sempre diagnosticar e superar dificuldades, corrigir falhas
e estimular os alunos a que continuem dedicando-se a aprender cada vez mais. Sendo uma das
funções da avaliação determinar o quanto e em que nível de qualidade estão sendo atingidos
os objetivos, são necessários instrumentos e procedimentos de verificação adequados
(Perrenoud 1999). Por exemplo, no começo de um conteúdo deve-se fazer uma sondagem dos
conhecimentos prévios dos alunos, por meio de revisões, correções de tarefas, dissertações,
conversas etc. Durante o desenvolvimento do conteúdo acompanha-se o rendimento dos
alunos por meio de atividades, estudo dirigido, trabalho em grupo, observação, recordação da
matéria sempre com objetivo de auxiliar os alunos no processo de aprendizagem num
diagnóstico mais completo conforme nos aponta Perrenoud (1999, p.89)
A ideia de avaliação formativa sistematiza esse funcionamento, levando o professor a observar mais metodicamente os alunos, a compreender melhor seus funcionamentos, de modo a ajustar de maneira mais sistemática e individualizada suas intervenções pedagógicas e as situações didáticas que propõe, tudo isso na expectativa de otimizar as aprendizagens.
Podemos constatar, portanto, que o processo de avaliação é um diagnóstico constante e
inclui instrumentos e procedimentos de verificação diversificados. No que se refere à uma
proposta de avaliação diagnóstica, há que se pensar nela como um instrumento de avanço e,
para tanto, ela terá as funções de autocompreensão do sistema de ensino, de autocompreensão
do professor e de autocompreensão do aluno como nos afirma Luckesi (2002).
A avaliação diagnóstica realizada com os alunos permite ao sistema de ensino e ao
professor analisar como estão atingindo os seus objetivos. O professor, na medida em que está
atento ao progresso de seus alunos, poderá através da avaliação da aprendizagem acompanhar
o quanto seu trabalho está sendo eficiente ou não. O aluno poderá estar permanentemente
descobrindo em que nível de aprendizagem se encontra, podendo adquirir consciência do seu
limite e das necessidades de avanço (Luckesi 2002).
5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
É importante ressaltar que a escola nos dias de hoje deve partir para a perspectiva de
uma avaliação diagnóstica. Com isso pode-se dizer que a primeira coisa a ser feita, para que a
avaliação sirva à democratização do ensino, é modificar sua utilização de classificatória para
diagnóstica. Ou seja, a avaliação deverá ser assumida como um instrumento de compreensão
do estágio de aprendizagem em que se encontra o aluno, tendo em vista tomar decisões
suficientes e satisfatórias para que possa avançar no seu processo de aprendizagem. Se é
importante aprender aquilo que se ensina na escola, a função da avaliação será possibilitar ao
educador condições de compreensão do estágio em que o aluno se encontra, tendo em vista
trabalhar com ele para que saia do estágio defasado em que se encontra e possa avançar em
termos dos conhecimentos necessários. Desse modo, a avaliação não seria tão somente um
instrumento para a aprovação ou reprovação dos alunos, mas sim um instrumento de
diagnóstico da sua situação, tendo em vista a definição de encaminhamentos adequados para a
sua aprendizagem. Se um aluno está defasado não há que, pura e simplesmente, reprova-lo e
mantê-lo nesta situação.
Se determinado conhecimento tem caráter essencial na aprendizagem do aluno, ele
deverá adquiri-lo. Nesta perspectiva, a avaliação servirá para a verificação de sua apropriação,
ou não, por parte do aluno. Se o conhecimento é importante e o aluno não o adquiriu, há que
trabalhar para que adquira.
Para que a avaliação diagnóstica seja possível, é preciso compreendê-la e realiza-la
comprometida com uma concepção pedagógica. No caso, ela deve estar comprometida com
uma proposta democrática e crítica de ensino, uma vez que esta concepção está preocupada
com a perspectiva de que o aluno deverá apropriar-se criticamente de conhecimentos
necessários à sua realização como sujeito crítico dentro desta sociedade que se caracteriza
pela competição e a desigualdade. A avaliação diagnóstica não se propõe e nem existe de uma
forma solta e isolada. É condição de sua existência a articulação com uma concepção
pedagógica democrática e inclusiva.
Evaluation of School Learning: From the Anti-Democratic to the Democratic Process
ABSTRACT
The assessment of school learning the way it´s done at schools nowadays, awakes plenty of
discussion among all the school professionals, and chiefly among teachers. Teachers must
constantly assess whether their students have really acquired substantial knowledge.
Assessment is an extremely important pedagogic tool to help teachers in the decision-making
process to measure the actual learning of the student´s. Assessing demands planning and
attention; and communication must be very clear among the parts involved in the process. The
current assessment culture should have a democratic form a commitment to ensure the
collective building of knowledge and it must not become an instrument for psychological
torture that grants the teacher power over the student as a way of disciplining. Assessment is a
diagnostic tool that allows the teachers to decide which ways to take concerning the student´s
learning process; and consequently turn the education into a democratic process that will
leave behind the one-way criteria for classifying students.
Key-words: evaluation. Teaching and learning process. Democratic process. Teacher/student.
REFERÊNCIAS
LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo, Cortez, 1994.
LUCKESI, Cipriano C. Avaliação da Aprendizagem Escolar. São Paulo, Cortez Editora, 2002.
PERRENOUD, Philippe. Avaliação: da excelência à regulação das aprendizagens entre duas lógicas. Tradução Patrícia Chittoni Ramos. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999.
VEIGA, Ilma P. A. (org.). Repensando a Didática. São Paulo, Papirus, 1988.