AlogicaTKemdeducao.pdf
-
Upload
anaclaudiagolzio -
Category
Documents
-
view
4 -
download
1
Transcript of AlogicaTKemdeducao.pdf
-
285 Knesis, Vol. II, n 04, Dezembro-2010, p. 285-311
A LGICA TK EM DEDUO NATURAL, CLCULO DE SEQUENTES E TABLEAUX
THE TK LOGIC IN NATURAL DEDUCTION, SEQUENT
CALCULUS AND TABLEAUX
Ana Claudia de Jesus Golzio*
Angela Pereira Rodrigues*
Resumo: (Feitosa, Grcio, Nascimento, 2007) introduziram uma nova lgica, a Lgica TK, que foi apresentada inicialmente no estilo hilbertiano. O objetivo deste trabalho apresentar a Lgica TK em sistemas de deduo natural, clculo de sequentes e tableaux assim como demonstrar a equivalncia entre esses novos sistemas e o original. Palavras-chave: Sistema hilbertiano. Deduo natural. Clculo de seqentes. Tableaux. Lgica TK. Abstract: (Feitosa, Grcio, Nascimento, 2007) introduced a new logic, the TK Logic, that was presented initially in the Hilbert style. The objective of this work is to present the TK Logic in systems of natural deduction, sequent calculus and tableaux as well as to show the equivalence between this new systems and the original one. Keywords: Hilbert system. Natural deduction. Sequent calculus. Tableaux. TK Logic.
1. Introduo
A lgica aparentemente nasceu na Grcia, com os sofistas, por volta do sculo V
a. C., entretanto foi Aristteles [384-322 a.C.], filsofo grego quem sistematizou e or-
ganizou esse conhecimento, elevando-o categoria de cincia.
Na lgica moderna, a anlise dos mtodos de inferncias feita a partir de lin-
guagens artificiais, formadas por um conjunto de smbolos que permitem encontrar ex-
presses que tm significado nico para uma teoria, isto , sem ambiguidade. A presen-
a de linguagens artificiais uma das principais caractersticas de um sistema formal.
Um sistema formal o componente sinttico de uma teoria e o estudo dos signi-
ficados que esses smbolos adquirem caracteriza o componente semntico. O Clculo
Proposicional Clssico (CPC) um exemplo de sistema formal.
* Faculdade de Filosofia e Cincias - Universidade Estadual Paulista. [email protected]. * Faculdade de Filosofia e Cincias. Universidade Estadual Paulista. [email protected].
-
A lgica TK em deduo natural...
Knesis, Vol. II, n 04, Dezembro-2010, p. 285-311 286
David Hilbert [1862-1943] um dos matemticos mais importantes da virada do
Sculo XIX para o Sculo XX, em 1920, apresentou a proposta de que teorias matem-
ticas deveriam ser fundadas em princpios axiomticos e mostrar que as teorias matem-
ticas eram isentas de contradio.
Atualmente relacionada Proposta de Hilbert temos a teoria da prova, que se
constitui num notrio ramo da Lgica. Seu objetivo central pesquisar mtodos de pro-
va ou de deduo. Alguns exemplos de mtodos de deduo so: sistema hilbertiano,
sistema de deduo natural, sistema de clculo de sequentes e sistema de tableaux.
Outros conceitos de fundamental importncia para este trabalho esto relaciona-
dos noo de consequncia lgica.
Tarski (2001), em seu artigo Acerca do conceito de consequncia lgica, afir-
ma que o conceito de consequncia lgica no foi introduzido arbitrariamente no campo
das investigaes estritamente formais, mas foram feitos esforos para aproxim-lo do
conceito usual de consequncia, isto , do conceito usado na linguagem do dia-a-dia.
No artigo citado acima encontramos a primeira tentativa de formular uma defi-
nio precisa do conceito apropriado de consequncia, feita por Carnap, e que pode ser
enunciada como:
A sentena X segue-se logicamente das sentenas da classe K se, e somente se,
a classe consistindo de todas as sentenas de K e da negao de X contraditria.
No artigo Sobre alguns conceitos fundamentais da metamatemtica de Tarski
(2001) existe uma primeira introduo lgica abstrata (ou universal), definindo o sig-
nificado e estabelecendo as propriedades elementares de alguns conceitos importantes
pertencentes s cincias dedutivas, a partir da definio de um sistema lgico constitu-
do somente por sentenas e pelo operador de consequncia. O operador de consequncia
de Tarski indica, dado um conjunto de sentenas, qual a consequncia do conjunto
dado.
Ainda de acordo com o artigo citado acima, o campo de pesquisa da metamate-
mtica formado pelas disciplinas dedutivas formalizadas, e estas disciplinas so con-
sideradas como conjuntos de sentenas, tambm chamadas de sentenas significativas,
nos quais, a partir das sentenas de qualquer conjunto X, outras sentenas podem ser
obtidas por meio de operaes denominadas regras de inferncia. Essas sentenas so
chamadas de consequncias do conjunto de sentenas X. O conjunto de todas as senten-
as denotado por S e o conjunto de todas as consequncias de X denotado pelo sm-
bolo Cn(X).
-
A lgica TK em deduo natural...
Knesis, Vol. II, n 04, Dezembro-2010, p. 285-311 287
Velasco (2004) apresenta algumas propriedades do operador de consequncia
presentes no texto On some fundamental concepts of metamathematics de Alfred
Tarski, em que L = (S, Cn) uma estrutura de Tarski, Cn o operador de consequncia
e S um conjunto no vazio e enumervel. importante ressaltar que a enumerabilida-
de j no exigida nas definies de (Feitosa, Grcio, Nascimento, 2007) acerca do
operador de consequncia.
Ainda segundo (Velasco, 2004) o operador Cn definido no conjunto dos sub-
conjuntos de S, isto , Cn: P(S) P(S) e deve satisfazer os axiomas:
Ax1: X Cn(X)
Ax2: Cn(Cn(X)) = Cn(X)
Ax3: Cn(X) = Cn(X), para todo X X tal que X finito e
Ax4: Existe uma sentena x tal que Cn({x}) = S.
Tarski assumiu posteriormente a condio X Y Cn(X) Cn(Y) como axi-
oma ao invs do axioma Ax3, entretanto esse novo sistema mais fraco que o primeiro,
pois o axioma Ax3 no dedutvel de um sistema que contenha a condio acima e os
axiomas Ax1, Ax2 e Ax4.
De forma similar, Feitosa, Grcio e Nascimento (2007) definem o operador de
consequncia em S como uma funo Cn: P(S) P(S) tal que, para todo X, Y S,
ocorre (1), (2) e (3):
X Cn(X) (1)
X Y Cn(X) Cn(Y) (2)
Cn(Cn(X)) Cn(X) (3).
O item (1) diz que toda sentena que pertence a certo conjunto X considerada
como consequncia desse conjunto. J o item (2) diz que se um conjunto X est contido
em um conjunto Y e se uma sentena pertence s consequncias do conjunto X, ento
esta sentena pertence s consequncias do conjunto Y. O item (3) diz que se uma sen-
tena pertence ao conjunto das consequencias das consequencias do conjunto X, ento
esta sentea pertence s consequencias do conjunto X. E dos itens (1) e (3), possvel
obter Cn(Cn(X)) = Cn(X), isto , o conjunto das consequncias das consequncias de
um conjunto X coincide com o conjunto das consequncias de X.
A partir dessa definio do operador de consequncia, vrios resultados envol-
vendo o conceito de espaos quase topolgicos so obtidos - ver (Feitosa, Grcio, Nas-
cimento, 2007).
-
A lgica TK em deduo natural...
Knesis, Vol. II, n 04, Dezembro-2010, p. 285-311 288
As definies de (Feitosa, Grcio, Nascimento, 2007) e de (Velasco, 2004) fo-
ram apresentadas concomitantemente devido relevncia das primeiras para este traba-
lho. Pois usando recursos algbricos, Feitosa, Grcio e Nascimento (2007) interpretaram
uma verso simplificada do operador de consequncia de Tarski como operador de uma
estrutura algbrica. A partir da, esses autores introduziram uma nova lgica, a Lgica
TK, de cunho modal, que caracteriza as noes acima indicadas e que foi apresentada
no estilo hilbertiano, com axiomas e regras de deduo.
O objetivo central desse trabalho apresentar a Lgica TK em sistemas de
deduo natural, cculo de sequentes e tableaux e mostrar a equivalncia entre esses
novos sistemas e a verso introduzida por Feitosa, Grcio e Nascimento (2007). Mostrar
essa equivalncia significa mostrar que todas as dedues obtidas na Lgica TK
tambm podem ser obtidas atravs de cada novo sistema apresentado neste trabalho e
vice-versa.
2. O Clculo Proposicional Clssico num sistema hilbertiano
O mtodo axiomtico surgiu na Grcia antiga e podemos dizer que um grande
colaborador foi Euclides de Alexandria [330-275 a.C.], que sistematizou a geometria em
sua obra Elementos, formada por 13 livros. A partir de axiomas e postulados Euclides
demonstrou 465 proposies. Durante sculos, a geometria de Euclides foi considerada
como manifestao mxima do saber rigoroso e organizado. Atualmente, sabemos que
Euclides fazia uso, em suas dedues, de conceitos no explicados anteriormente e de
definies que apenas do uma idia intuitiva do que se queria definir, tal como o de
uma linha ser um comprimento sem largura.
Apenas no final do Sculo XIX, o mtodo axiomtico adquiriu um aspecto for-
mal cabalmente rigoroso devido a trabalhos como o do matemtico alemo David Hil-
bert. Hilbert axiomatizou a geometria euclidiana.
A verso hilbertiana para o CPC utilizada aqui baseada em (Schwichtenberg,
Troelstra, 2000) com algumas pequenas adaptaes.
Definio 2.1: Faremos uso de uma linguagem , determinada por um alfabeto (conjun-
to de smbolos), um conjunto de frmulas, axiomas (que so frmulas da lgica s quais
se atribui um status especial de verdades bsicas) e pela regra de deduo Modus
Ponens (que nos permitir inferir novas frmulas a partir de outras frmulas):
-
A lgica TK em deduo natural...
Knesis, Vol. II, n 04, Dezembro-2010, p. 285-311 289
Alfabeto: os smbolos de so os seguintes: , , , , ), (, p1, p2, p3, ...
Observaes: (i) consideramos (falso) uma constante lgica e introduziremos o co-
nectivo (negao) por definio
A =df A .
(ii) o smbolo (se, e somente se) tambm definido
AB =df (AB) (BA).
Naturalmente, =df significa que o termo da esquerda definido pelo termo da direita.
Conjunto de frmulas:
a) as variveis proposicionais so frmulas atmicas;
b) uma frmula atmica;
c) se A e B so frmulas, ento AB, AB, A B e A so frmulas;
d) todas as frmulas so dadas pelos itens (a), (b) e (c).
Axiomas:
(Ax1) A (B A)
(Ax2) (A (B C)) ((A B) (A C))
(Ax3) A AB
(Ax4) B AB
(Ax5) (A C) ((B C) (AB C))
(Ax6) AB A
(Ax7) AB B
(Ax8) A (B (AB))
(Ax9) A
(Ax10) A(A ).
Observao: o que chamamos de axiomas so na realidade esquemas de axiomas, isto
, A, B e C so frmulas quaisquer e, portanto, existem infinitas instncias destes axio-
mas.
-
A lgica TK em deduo natural...
Knesis, Vol. II, n 04, Dezembro-2010, p. 285-311 290
Regra de deduo - Modus Ponens (MP):
A, A B B.
Definio 2.2: Uma demonstrao uma sequncia de frmulas A1,..., An, tal que, toda
frmula na sequncia uma instncia de um axioma ou obtida de dois membros ante-
riores da sequncia atravs da regra Modus Ponens.
Definio 2.3: Um teorema A uma frmula, tal que existe uma demonstrao A1,...,
An, em que o ltimo termo da sequncia A (ou seja, An = A).
Representamos que A um teorema por A.
Os axiomas tambm so teoremas cujas demonstraes so sequncias com ape-
nas uma frmula.
Definio 2.4: Uma deduo a partir de um conjunto de frmulas uma sequncia
A1, ..., An, 1 i n, em que vale alguma das condies seguintes:
a) Ai um axioma;
b) Ai ;
c) Ai obtida, por meio da regra Modus Ponens, de dois membros anteriores.
O ltimo membro da sequncia, An, uma consequncia de , e denotamos isto
por An.
Temos a seguir o enunciado do Teorema da Deduo. No o provaremos, mas
sua prova pode ser encontrada em (Feitosa, Paulovich, 2005).
Teorema 2.5: (Teorema da Deduo, T.D.) Seja {A, B} um conjunto de frmulas
de . Se {A} B, ento A B.
-
A lgica TK em deduo natural...
Knesis, Vol. II, n 04, Dezembro-2010, p. 285-311 291
Como rvores iro desempenhar um papel importante ao longo deste trabalho,
vamos comear apresentando a sua definio.
Definio 2.6: Um rvore uma estrutura S, L, R, tal que:
S representa um conjunto de elementos {A1, A2, A3,..., An} chamados pontos.
L uma funo que associa a cada ponto A, um inteiro positivo L(A) chamado
nvel de A.
R uma relao definida em S, na qual A chamado antecessor de B e B
chamado sucessor de A. Essa relao deve obedecer as seguintes condies:
i. H um nico ponto A1 de nvel 1, chamado origem da rvore.
ii. Todos os pontos de S, menos a origem (a origem no tm antecessor), tem
um nico antecessor.
iii. Para quaisquer pontos A e B, se B um sucessor imediato de A, ento L(B)
= L(A) + 1.
3. O Clculo Proposicional Clssico dado em um sistema de deduo natural
Segundo Hilbert, os sistemas de axiomatizao no espelham a forma como as
pessoas, em geral, procedem em suas dedues. Ento, em 1935, Gerhard Gentzen, na
tentativa de criar um sistema que fosse o mais prximo do procedimento humano usual
e instigado por questes sobre a Fundamentao da Matemtica, mais especificamente,
sobre a consistncia da Aritmtica, desenvolveu o sistema de prova denominado dedu-
o natural. Porm, devido presena de uma regra no sistema de deduo natural,
chamada regra do corte, Gentzen no conseguiu demonstrar a consistncia da aritmtica
apresentada neste sistema.
O procedimento de deduo num sistema de deduo natural consiste em aplicar
um conjunto de regras de inferncias a um conjunto de premissas, gerando alguns resul-
tados. Se ainda no o resultado desejado, ento aplicam-se novamente regras at que o
resultado desejado aparea.
As regras do sistema so de dois tipos: de introduo e de eliminao, ou seja, o
sistema possui regras para introduzir conectivos e regras para elimin-los.
As regras do sistema de deduo natural so regras postuladas, ou seja, so re-
gras aceitas sem demonstrao. Entretanto, a escolha destas regras no aleatria, elas
-
A lgica TK em deduo natural...
Knesis, Vol. II, n 04, Dezembro-2010, p. 285-311 292
devem preservar a principal caracterstica de uma deduo lgica: se as premissas de
uma deduo so verdadeiras, ento a concluso tem que ser verdadeira.
O mtodo de deduo natural apresentado aqui ser determinado sobre a lingua-
gem ou alfabeto proposicional = { , , , , , ( , ) , p1, p2, p3, ...}do Clculo
Proposicional Clssico e composto das seguintes regras:
Regras de introduo (I) Regras de eliminao (E)
Conjuno
( ) BA
B
A
A
BA
B
BA
Disjuno
( ) BAA
BA
B
C
BA se A C ou B C
Condicional
( ) BA
B
A
M
B
A
BA
Bicondicional
( ) BA
AB
BA
BA
BA
AB
BA
Negao
( ) AA
A
A
Cada regra receber um nome. A regra de introduo da conjuno ser repre-
sentada por (I ) e a de eliminao por (E ), ou seja, se a regra for de introduo o seu
nome ter a letra I e o smbolo do operador que ela introduz e se a regra for de elimina-
o o seu nome ser composto pela letra E seguida do operador que ela elimina.
Definio 3.1: Sejam um conjunto qualquer de frmulas e A uma frmula. Uma de-
duo atravs do mtodo de deduo natural de A a partir de uma sequncia finita
C1, ..., Cn de frmulas, tal que Cn = A e todo Ci, 1 i n, uma frmula, de modo que
Ci ou Ci foi obtida de frmulas anteriores da sequncia, por meio da aplicao de
alguma das regras de inferncia apresentadas acima.
-
A lgica TK em deduo natural...
Knesis, Vol. II, n 04, Dezembro-2010, p. 285-311 293
Definio 3.2: Sejam um conjunto qualquer de frmulas e A uma frmula. Dizemos
que deriva A por deduo natural, se existe uma deduo de A a partir de atravs do
mtodo de deduo natural. Denotamos tal fato por A.
4. O Clculo Proposicional Clssico num clculo de sequentes
Para solucionar o problema que ocorreu com a deduo natural, em 1935, Gent-
zen criou o sistema de clculo de sequentes, o qual possibilitou a demonstrao do Teo-
rema da Eliminao do Corte (ou Hauptsatz). Este teorema garante que toda prova pode
ser transformada em uma prova normal, ou seja, uma deduo sem a presena da regra
do corte. Assim, Gentzen pde provar a consistncia da aritmtica. Apenas em 1965,
Prawitz conseguiu demonstrar a consistncia da aritmtica usando um sistema de dedu-
o natural.
O sistema que ser utilizado uma adaptao do sistema encontrado em (Schwi-
chtenberg, Troelstra, 2000). Usamos tambm algumas definies dadas por Gentzen
(1969).
Nossa linguagem far uso de um alfabeto, um conjunto de frmulas, axiomas e
regras. O alfabeto e o conjunto de frmulas sero os mesmos dados no mtodo axiom-
tico, porm acrescentaremos o smbolo no alfabeto.
Definio 4.1: Multiconjuntos finitos so conjuntos finitos com possvel repetio de
elementos.
Em conjuntos {A, A, A, B} e {A, B} so conjuntos iguais, mas, quando traba-
lhamos com multiconjuntos, temos que {A, A, A, B} {A, B}.
Definio 4.2: Sequentes so expresses da forma , em que e so multicon-
juntos finitos. Chamamos de antecedente e de consequente do sequente.
Observao: No sistema hilbertiano, entendemos o sequente , com = {A 1,
A2,..., An}, = {B1, B2,, Bm} e C uma frmula qualquer, da seguinte maneira:
a) Se e no so vazios, ento: (A1 A2 ... An) (B1 B2 Bm).
-
A lgica TK em deduo natural...
Knesis, Vol. II, n 04, Dezembro-2010, p. 285-311 294
b) Se vazio e no , ento: B1 B2 ... Bm.
c) Se vazio e no , ento: A1 A2 ... An C C.
d) Se e so vazios, ento: C C.
Definio 4.3: Considerando A e B frmulas arbitrrias e e multiconjuntos finitos,
os seguintes axiomas e regras regem este sistema:
Axiomas:
(Ax) A A
(L) .
Regras estruturais:
-atenuao:
(LW)
A,
(RW)
, A
-contrao:
(LC) A, A,
A,
(RC) , A, A
, A
Regras operacionais:
(L) A, B,
AB,
(R) , A; , B
, AB
(L) A, ; B,
AB,
(R) , A, B
, AB
(L) , A; B,
A B,
(R) A, , B
, A B.
Definio 4.4: Chamamos de sequentes superiores e inferiores aos sequentes que esto,
respectivamente, acima ou abaixo das linhas em que aparecem as regras consideradas.
Definio 4.5: Uma prova construda a partir de axiomas por meio de regras de infe-
rncia e tem a forma de uma rvore (invertida) , tal que:
a) Os pontos mais altos de so axiomas;
-
A lgica TK em deduo natural...
Knesis, Vol. II, n 04, Dezembro-2010, p. 285-311 295
b) Cada ponto de , exceto o ltimo, o sequente superior de uma aplicao de
uma regra de inferncia cujo sequente inferior tambm ocorre em , imediata-
mente abaixo de .
Definio 4.6: Uma frmula A um teorema do clculo de sequentes se o sequente
A pode ser provado.
5. O Clculo Proposicional Clssico em um sistema de tableaux
O mtodo dos tableaux analtico um mtodo de prova baseado em refutao
que permite verificar se uma determinada frmula ou no um teorema de uma teoria.
Alguns textos remetem a origem do mtodo dos tableaux Gentzen, pois muitos
trabalhos que levaram ao desenvolvimento dos sistemas de tableaux foram de algum
modo, inspirados pelos trabalhos de Gentzen em relao aos sistemas de provas.
Segundo o Handbook of Tableaux Methods (1999) Beth e Hintikka, tambm
contriburam com o desenvolvimento dos tableaux. O primeiro artigo de Hintikka apa-
receu em 1955, no mesmo ano em que apareceu o artigo de Beth, entretanto as apresen-
taes dos sistemas de tableaux de Beth e de Hintikka no possuam uma notao sim-
plificada. Isso s foi possvel graas aos trabalhos de Zbigniew Lis e de Raymond
Smullyan. Lis publicou suas idias em 1960, mas devido ao grande abismo fixado entre
o ocidente e o oriente da Europa, elas permaneceram por muito tempo desconhecidas e
o trabalho e Lis s voltou a receber ateno nos ltimos anos.
Smullyan aprimorou diversos conceitos e idias relacionadas aos tableaux, cul-
minando, em 1968, com a publicao de seu livro First-Order Logic e foi com esse
completo trabalho de Smullyan que o mtodo dos tableaux se tornou bastante conheci-
do.
Uma apresentao formal desse mtodo de refutao com base em (Smullyan,
1994) feita atravs das definies abaixo:
Definio 5.1: Uma rvore ordenada uma rvore no ordenada acrescida de uma fun-
o que atribui a cada ponto de juno z uma seqncia (z) que no contm repeti-
es, e cujo conjunto de termos consiste em todos os sucessores de z.
-
A lgica TK em deduo natural...
Knesis, Vol. II, n 04, Dezembro-2010, p. 285-311 296
Definio 5.2: Uma rvore didica uma rvore ordenada em que cada ponto juno
tem no mximo dois sucessores.
Definio 5.3: Um ponto chamado de ponto final quando no possui pontos sucesso-
res. Se ele tem exatamente um sucessor chamado de ponto simples e se ele possui
mais que um sucessor chamado de ponto de juno.
Definio 5.4: Um ramo qualquer sequncia finita ou infinita de pontos, comeando
pela origem, de maneira que cada termo da sequncia, exceto (se houver) o ltimo,
antecessor do prximo.
Definio 5.5: Quando um ramo tem um nmero finito de pontos, o ltimo ponto dessa
sequncia o ponto final do ramo (da rvore) e esse ramo finito. Quando um ramo
tem um nmero infinito de pontos um ramo infinito.
Definio 5.6: Os elementos bsicos do sistema de tableaux T so:
I) Um alfabeto (AlfT) formado por um conjunto enumervel de smbolos proposicionais
p1, p2, ..., pn, smbolos de pontuao ( e ), um conjunto de operadores lgicos { ,
, , };
II) Um conjunto de frmulas (ForT), tal que, suas frmulas so obtidas recursivamente
por:
i) Todo smbolo proposicional uma frmula, dita frmula atmica;
ii) Se A uma frmula, ento A uma frmula;
iii) Se A e B so frmulas, ento A B, AB, A B tambm so frmulas;
iv) O conjunto de todas as frmulas gerado apenas pelos itens acima.
III) Conjunto de regras de deduo.
Definio 5.7: A noo de subfrmula imediata dada pelas condies abaixo:
I) Variveis proposicionais no tm subfrmulas imediatas.
II) A tem apenas A como subfrmula imediata.
III) As frmulas A B, AB e AB tm apenas A e B como subfrmulas imediatas.
-
A lgica TK em deduo natural...
Knesis, Vol. II, n 04, Dezembro-2010, p. 285-311 297
Definio 5.8: A noo de subfrmula implicitamente definida pelas regras:
I) Se A uma subfrmula imediata de B ou se A coincide com B, ento A uma sub-
frmula de B.
II) Se A uma subfrmula de B e B subfrmula de C, ento A uma subfrmula de
C.
Definio 5.9: As regras de expanso do tableau so as seguintes:
I) Regras do tipo conjuntivo: so regras que adicionam novas frmulas ao final do ramo.
As frmulas desse tipo so representadas pela letra e quando ocorrer no ramo alguma
frmula do tipo , ser acrescentado no mesmo ramo as frmulas 1 e 2.
Nome da regra 1 2
R (A B) A B
R (A B) A B
R A B A B
II) Regras do tipo disjuntivo: so regras que bifurcam um ramo em dois. As frmulas
desse tipo so representadas pela letra e quando ocorrer no ramo alguma frmula do
tipo , sero acrescentadas as frmulas 1 e 2, uma do lado da outra, no final do ramo e
cada uma ser a origem de um novo ramo.
Nome da regra 1 2
R A B A B
R A B A B
R (A B) A B
III) Regra especial: A regra da Dupla Negao (DN) ser considerada uma regra de tipo
especial. Ela adiciona uma nova frmula ao final do ramo. As frmulas desse tipo so
representadas pela letra e quando ocorrer no ramo alguma frmula do tipo , ser a-
crescentado no mesmo ramo a frmulas 1.
-
A lgica TK em deduo natural...
Knesis, Vol. II, n 04, Dezembro-2010, p. 285-311 298
Nome da Regra 1
R A A
Definio 5.10: Um tableau analtico T para uma frmula A uma rvore ordenada
didica , cujos pontos so frmulas, e que construda como se segue. Inicia-se colo-
cando A na origem. Supe-se que j um tableau construdo para A e B um
ponto final. Ento se pode estender atravs de uma das seguintes operaes:
i) Se alguma frmula do tipo ocorre no ramo (em que B est), ento se pode adicionar
ou 1 ou 2 como nico sucessor de B;
ii) Se alguma frmula do tipo ocorre no ramo (em que B est), ento se pode simulta-
neamente adicionar 1 como sucessor da esquerda de B e 2 como sucessor da direita de
B;
iii) Se alguma frmula do tipo ocorre no ramo (em que B est), ento se pode adicio-
nar ou 1 como nico sucessor de B.
Definio 5.11: Um ramo de tableau fechado quando existem neste ramo pontos que
correspondam s frmulas A e A.
Definio 5.12: Um tableau para uma determinada frmula A fechado quando todos
os seus ramos so fechados.
Definio 5.13: Dizemos que deriva A por tableau, se existe um tableau fechado para
o conjunto {, A}. Denotamos tal fato por =|| A.
6. A Lgica TK na verso hilbertiana
Existem muitas outras lgicas alm da lgica clssica. Podemos classificar as
lgicas em: lgicas ampliadas, que estendem a lgica clssica e lgicas alternativas, que
se propem a substituir a lgica clssica.
A lgica introduzida por Feitosa, Grcio e Nascimento (2007), chamada Lgica
TK, um exemplo de lgica ampliada, pois estende a lgica clssica ao enriquecer sua
linguagem com um novo operador de carter modal, motivado pelo operador de conse-
quncia de Tarski.
-
A lgica TK em deduo natural...
Knesis, Vol. II, n 04, Dezembro-2010, p. 285-311 299
Como a Lgica TK uma extenso do CPC, ento todos os resultados que valem
para o CPC, em particular o que j foi visto, so vlidos na Lgica TK. Porm, teremos
alguns resultados a mais, dados pelo novo operador lgico.
Definio 6.1: A Lgica proposicional TK, de linguagem LH(,, , , p1, p2, p3,...),
definida por meio dos seguintes axiomas e regras:
Axiomas:
Axiomas do Clculo Proposicional Clssico
AxTK1 A A
AxTK2 A A.
Regras de Deduo:
MP: A, A B B
R: A B A B.
Observao: Quando trabalhamos com o operador de consequncia, o Teorema da De-
duo no se aplica.
Proposio 6.2: (AB) A.
Demonstrao:
1. (AB) A Tautologia
2. (AB) A R em 1.
Proposio 6.3: A (AB).
Demonstrao:
1. A (AB) Tautologia
2. A (AB) R em 1.
Proposio 6.4: A frmula (A B) (A B) no vlida. Podemos encontrar
este resultado em Feitosa, Grcio e Nascimento (2007).
-
A lgica TK em deduo natural...
Knesis, Vol. II, n 04, Dezembro-2010, p. 285-311 300
Proposio 6.5: A A.
Demonstrao:
1. A Premissa
2. A A AxTK1
3. A MP em 1 e 2.
7. A Lgica TK em um sistema de deduo natural
Definio 7.1: A Lgica proposicional TK em um sistema de deduo natural de lin-
guagem LDN(,, , , , p1, p2, p3,...), obtida atravs do acrscimo de novas regras
as regras do sistema de deduo natural para o CPC. Essas novas regras, especficas
para o operador , so:
R: A
A
R: A_
A
R: AB_
AB
R: A
A
Definio 7.2: As definies de demonstrao e deduo (derivabilidade) so as mes-
mas apresentadas no clculo proposicional clssico.
Agora ser estabelecida a equivalncia entre a Lgica TK na verso axiomtica
introduzido por Feitosa, Grcio e Nascimento (2007) e a lgica TK em deduo natural
apresentada neste trabalho.
A equivalncia entre um sistema de deduo natural e um sistema hilbertiano j
foi feita em Gentzen (1969) para a lgica proposicional clssica. Assim, neste trabalho a
demonstrao desta equivalncia ser estendida apenas para os casos que envolvem o
operador .
-
A lgica TK em deduo natural...
Knesis, Vol. II, n 04, Dezembro-2010, p. 285-311 301
Teorema 7.3: Todas as regras da Lgica TK em deduo natural podem ser deduzidas
atravs do sistema da Lgica TK na verso axiomtica.
R: A A
1. A Premissa
2. A A Axtk1
3. A MP em 1 e 2
R: A A
1. A Premissa
2. A A Ax tk2
3. A MP em 1 e 2
R: A B A B
1. AB Premissa
2. AB R em 1
R: A A
1. A Premissa
2. A A tautologia
3. A A R em 2
4. A MP em 1 e 3.
Teorema 7.4: Todos os axiomas e regras da Lgica TK na verso axiomtica podem ser
deduzidos atravs do sistema da Lgica TK em deduo natural.
AxTK1: A A
1. A H
2. A (R) em 1
3. A A (I) de 1 a 2
-
A lgica TK em deduo natural...
Knesis, Vol. II, n 04, Dezembro-2010, p. 285-311 302
AxTK2: A A
1. A H
2. A (R) em 1
3. A A (I) de 1 a 2
R: A B A B.
1. A B H
2. A B (R) em 1.
Portanto, pelos Teoremas 7.3 e 7.4, est estabelecida a equivalncia entre os sistemas
da Lgica TK nas verses axiomtica e deduo natural.
8. A Lgica TK em clculo de sequentes
Estenderemos o sistema de clculo de sequentes visto neste trabalho atravs da
introduo do operador na linguagem e das seguintes regras para este operador:
(TK1) A
A
(TK2) A
A
(TK3) A B
A B.
Observao: A regra (R) no pode ser aplicada aps a regra (TK3), caso isso ocorra,
provaramos o Teorema da Deduo. Dessa forma, esta lgica teria mais teoremas do
que a Lgica TK introduzida em (Feitosa, Grcio, Nascimento, 2007).
Provaremos um resultado vlido na Lgica TK atravs do clculo de sequentes:
-
A lgica TK em deduo natural...
Knesis, Vol. II, n 04, Dezembro-2010, p. 285-311 303
A A
A A (Ax)
A A (TK1).
Agora mostraremos a equivalncia entre o sistema hilbertiano da Lgica TK in-
troduzida em (Feitosa, Grcio, Nascimento, 2007) e o sistema em clculo de sequentes
introduzido neste trabalho. Para mostrarmos a equivalncia entre estes dois sistemas
estenderemos a equivalncia entre os sistemas hilbertiano e de clculo de sequentes para
o Clculo Proposicional Clssico encontrada na literatura para as regras do operador de
consequncia.
() Provaremos que as regras (TK1), (TK2) e (TK3) podem ser deduzidas dentro da
Lgica TK na verso hilbertiana.
(TK 1) A
A
1. A Premissa
2. A A AxTK1
3. A MP em 1 e 2.
(TK 2) A
A
1. A Premissa
2. A A AxTK2
3. A MP em 1 e 2.
(TK 3) A B
A B
1. A B Premissa
-
A lgica TK em deduo natural...
Knesis, Vol. II, n 04, Dezembro-2010, p. 285-311 304
2. A B R.
() Provaremos, agora, que os axiomas AxTK1 e AxTK2 e a regra R correspondem a
algum sequente vlido.
A A
A A (Ax)
A A (TK1)
A A (R)
A A
A A (Ax)
A A (TK2)
A A (R)
A B A B
A B A B (Ax)
A B A B (TK3).
9. Um sistema de tableaux para a Lgica TK
Definio 9.1: A Lgica proposicional TK em um sistema tableaux de linguagem
LT(,, , , , p1, p2, p3,...), composta de regras do sistema de tableaux para o CPC
e de regras, especficas para o operador , que so:
R : A
A
R: A
A
-
A lgica TK em deduo natural...
Knesis, Vol. II, n 04, Dezembro-2010, p. 285-311 305
R: )BA(
B
A
, quando =|| A B
Observaes: A regra R s deve ser aplicada no caso da frmula A B ser hip-
tese do argumento ou um teorema da Lgica TK em tableaux.
Os resultados vlidos para o CPC em um sistema de tableaux ainda so vlidas
aqui.
Abaixo ser estabelecida a equivalncia entre a Lgica TK na verso hilbertiana
introduzida por Feitosa, Grcio e Nascimento (2007) e a lgica TK no sistema de table-
aux apresentada neste trabalho.
Teorema 9.2: Os conjuntos (, A) e (, A) so T-inconsistentes o conjunto T-
inconsistente.
Demonstrao: A demonstrao desse teorema j foi feita em (Carnielli; Coni-
glio; Bianconi, 2006, p. 88) para a parte clssica de TKtab. Portanto, ser apenas esten-
dida para o operador .
() Se os conjuntos (, A) e (, A) so T-inconsistentes, ento o conjunto T-
inconsistente.
Demonstrao por induo sobre a complexidade de A:
I. J foi analisado para o caso de A ser uma frmula atmica.
II. Se a frmula A do tipo B:
(i) Por hiptese, o conjunto (, B) T-inconsistente e, pela definio 5.12, existe um
tableau fechado para (, B):
.3
B.2
.1
Como existe um tableau fechado para (, B), ento ou existe um tableau fe-
chado para ou o tableau fecha com o acrscimo da frmula B. No segundo caso,
conclui-se que B ocorre no tableau.
(ii) Por hiptese, o conjunto (, B) tambm T-inconsistente. Assim, pela definio
5.12, existe um tableau fechado para (, B):
-
A lgica TK em deduo natural...
Knesis, Vol. II, n 04, Dezembro-2010, p. 285-311 306
.3
B.2
.1
Como tambm existe um tableau fechado para (, B), ento ou existe um
tableau fechado para ou o tableau fecha com o acrscimo da frmula B. Logo,
B ocorre no tableau, isto , B ocorre no tableau.
De (i) e (ii) segue que fechado, pois B B ocorre no tableau de ou h
um tableau fechado para independente destas frmulas.
Portanto, T-inconsistente.
O teorema seguinte mostra que todos os teoremas que podem ser obtidos no sis-
tema hilbertiano de TK tambm podem ser obtidos no sistema de tableaux de TK.
Teorema 9.3: Se A, ento A.
Demonstrao: A demonstrao desse teorema, j foi feita em Silvestrini (2005) para a
parte clssica da Lgica TK em tableaux. Assim, a demonstrao por induo sobre o
comprimento da deduo de A, a partir de ser estendida para o operador .
Seja A um esquema de axioma da Lgica TK. Devemos verificar que existe um
tableau fechado para {A}.
Para o esquema de axioma Axtk1, tem-se, A1 B B.
Para o esquema Axtk2, tem-se, A2 B B.
,5,3.6
R,4B.5
R,2)B(.4
R,2B.3
)BB(.2
.1
,5,4.6
R,3B.5
R,2)B(.4
R,2B.3
)BB(.2
.1
-
A lgica TK em deduo natural...
Knesis, Vol. II, n 04, Dezembro-2010, p. 285-311 307
Hiptese de Induo: Ai Ai, para todo i n.
Como j foi visto no caso clssico, as trs possibilidades para An+1 em um passo
n+1 da deduo de A, a partir de so:
i. An+1 uma premissa ou
ii. An+1 um esquema de axioma da Lgica TK ou
iii. An+1 deduzida a partir de alguma regra da Lgica TK.
Para (i) e (ii), a demonstrao a mesma feita anteriormente para verificar a ba-
se da induo. Para o caso (iii), preciso analisar a nica regra ainda no avaliada que
exclusiva da Lgica TK, a R.
H uma deduo em que An B C e An+1 B C. Assim B C.
Pela hiptese de induo, h um tableau fechado para B C.
Logo, preciso mostrar que o tableau B C tambm fecha. Para isso
ser construdo o tableau de { (B C)}:
Como B C, ento possvel aplicar a regra R na linha 5 do tableau acima,
entretanto, por hiptese de induo B C e, portanto, o tableau fecha.
Com esses resultados conclumos que se A, ento A.
Teorema 9.4: Se A, ento A.
Demonstrao: A demonstrao desse teorema ser estendida para o operador , pois j
foi feita em Silvestrini (2005) para a parte clssica da Lgica TK em tableaux.
R,4)CB(.5
R,2C.4
R,2B.3
)CB(.2
.1
-
A lgica TK em deduo natural...
Knesis, Vol. II, n 04, Dezembro-2010, p. 285-311 308
Para cada regra da Lgica TK em tableaux ser obtida na Lgica TK uma cor-
respondente deduo usando uma reduo ao absurdo (RAA), ou seja, uma deduo
indireta.
A regra (R ) tem uma deduo vlida na Lgica TK: A A:
1. A p.
2. A p.p.
3. A A tautologia
4. A MP em 2 e 3
5. A A Axtk1
6. A MP em 4 e 5
7. A (A(AA)) tautologia
8. A(AA) MP em 1 e 7
9. AA MP em 6 e 8
10. A RAA de 2 a 9
A regra (R) tem uma deduo vlida na Lgica TK: A A:
1. A p.
2. A p.p.
3. A A Axtk2
4. A MP em 1 e 3
5. A (A(AA)) tautologia
6. A(AA) MP em 2 e 5
7. AA MP em 4 e 6
8. A RAA de 2 a 7
A regra (R) tem uma deduo vlida na Lgica TK: A, B (AB):
1. A p.
2. B p.
-
A lgica TK em deduo natural...
Knesis, Vol. II, n 04, Dezembro-2010, p. 285-311 309
3. (AB) p. p.
4. (AB) (AB) tautologia
5. A B MP em 3 e 4
6. A B R em 5
7. B MP em 1 e 6
8. B (B (B B)) tautologia
9. B (B B) MP em 2 e 8
10. B B MP em 7 e 9
11. (AB) RAA de 3 a 10
Com esses resultados, temos que se A, ento A.
Portanto, pelos Teoremas 9.3 e 9.4, este trabalho apresenta a equivalncia entre a
Lgica TK na verso axiomtica e a Lgica TK em um sistema de tableaux.
10. Consideraes Finais
A Lgica TK foi inicialmente apresentada por Feitosa, Grcio e Nascimento
(2007) em um sistema hilbertiano, na qual, para verificar se uma frmula ou no um
teorema da Lgica TK, as dedues so feitas a partir de axiomas e regras de infern-
cias.
O presente trabalho apresenta a equivalncia entre a Lgica TK na verso axio-
mtica e a Lgica TK em sistemas de deduo natural, clculo de sequente e tableaux, o
que torna possvel verificar se uma frmula um teorema da Lgica TK, tambm atra-
vs de um sistema de deduo natural, ou de um sistema de clculo de sequentes ou
ainda de um sistema de tableaux. Assim todas as dedues obtidas na Lgica TK dada
no sistema hilbertiano, tambm podem ser obtidas atravs da Lgica TK nos demais
sistemas e vice-versa.
Essa equivalncia tambm permite concluir que a correo e a completude, pro-
priedades j demonstradas por Feitosa, Grcio e Nascimento (2007) para a Lgica TK
na verso hilbertiana, tambm so vlidas para os sistemas de deduo natural, de clcu-
lo de sequentes e de tableaux para a Lgica TK.
Dessa forma, em trabalhos envolvendo a Lgica TK, possvel escolher dentre
-
A lgica TK em deduo natural...
Knesis, Vol. II, n 04, Dezembro-2010, p. 285-311 310
os sistemas acima o melhor para se obter os resultados pretendidos.
Referncias
BETH, E. W. The foundations of mathematics. Amsterdam: North Holland.1959. CARNIELLI, W.A.; CONIGLIO, M.E.; BIANCONI, R. Lgica e aplicaes: Matem-tica, Cincia da Computao e Filosofia (Verso Preliminar - Captulos 1 a 5), 2006. Disponvel em: . Acesso em 02 de agosto de 2007. CARNIELLI, W. A.; EPSTEIN, R. L. Computabilidade, funes computveis, lgica e os fundamentos da Matemtica. So Paulo: Editora Unesp, 2006. CASTRO, M. A. Hierarquias de sistemas de deduo natural e de sistemas de tableaux analticos para os sistemas de Cn de Da Costa. Tese de doutorado (Doutorado em Lgica e Filosofia da Cincia) Instituto de Filosofia e Cincias Humanas, universidade Estadual de Campinas. Campinas, 2004. EPSTEIN, R. L. The semantic foundations of logic: propositional logics. Kluwer Aca-demic Publishers, 1947. V. 1. FEITOSA, H. A.; GRCIO, M. C. C.; NASCIMENTO, M. C. A logic of the Tarskis consequence operator. Campinas: Unicamp. Centro de lgica, Epistemologia e Histria da Cincia CLE, 2007. Disponvel em: . Acesso em: 07 fev. 2008. FEITOSA, H. A., PAULOVICH, L. Um preldio lgica. So Paulo: Editora Unesp, 2005. FINGER, M.; MELO, A. C. V.; SILVA, F. S. C. Lgica para computao. So Paulo: Thomson Learning, 2006. FITTING, M. C. Introduction. In: DAGOSTINO, M; GABBAY, D.V.; HAHNLE, R.; POSEGGA, J. (Eds.). Handbook of Tableaux Methods. Dordrecht: Kluwer Academic Publishers, 1999. p. 1- 43. GENTZEN, G. The collected papers of Gerhard Gentzen. Editor M. E. Szabo. Amster-dam: North-Holland Publishing Company, 1969. MATULOVIC, M. A lgica do Muito em um sistema de tabls. Dissertao de mestra-do (Mestrado em Filosofia da Mente, Epistemologia e Lgica) Faculdade de Filosofia e Cincias, Universidade Estadual Paulista. Marlia, 2008. MENDELSON, E. Introduction to mathematical logic. New York: D. Van Nostrand Company, 1964. MORTARI, C. A. Introduo lgica. So Paulo: Editora UNESP, 2001. MOURA, J. E. A. Um estudo de C em clculo de sequentes e deduo natural. Tese (Doutorado em Lgica) Programa de Ps-Graduao em Lgica e Filosofia da Cin-cia, UNICAMP, Campinas, 2000. NASCIMENTO, M. C., FEITOSA, H. A. As lgebras dos operadores de consequncia. So Paulo: Revista de Matemtica e Estatstica, 2005. v. 23, n. 1, p. 19-30. SAUTTER, F. T. Lewis Carrol e a pr-histria das rvores de refutao. In: FEITOSA, H. A.; SAUTTER, F. T. (orgs.). Coleo CLE. Campinas: UNICAMP, Centro de Lgi-ca, Epistemologia e Histria da Cincia, v.39, p. 91-103, 2004. SCHWICHTENBERG, H.; TROELSTRA, A. S. Basic proof theory. Cambridge: Cam-bridge University Press, 2000. SILVESTRINI, L. H. C. Tableaux e induo na lgica do plausvel. Dissertao de mestrado (Mestrado em Epistemologia e Lgica) Faculdade de Filosofia e Cincias, Universidade Estadual Paulista. Marlia, 2005. SMULLYAN, R. M. First-order logic. New York: Springer-Verlag / Dover Publication, 1968.
-
A lgica TK em deduo natural...
Knesis, Vol. II, n 04, Dezembro-2010, p. 285-311 311
TARSKI, A. Acerca do conceito de consequncia lgica. Princpios: revista de filosofi-a, UFRN, Natal, v. 8, n. 10, p. 220-233, 2001. ______. Logic, Semantic, Metamathematics. 2.ed. Indianpolis: Hackett Publishing Co., 1983. ______. Sobre alguns conceitos fundamentais de metamatemtica. Princpios: revista de filosofia, UFRN, Natal, v. 8, n. 10, p. 187-209, 2001. VELASCO, P. D. N. Sobre o operador de consequncia de Tarski. In: MARTINS, R. A.; MARTINS, L. A. C.; SILVA, C. C.; FERREIRA, J. M. H. (Eds.). Filosofia e hist-ria da cincia no Cone Sul: 3o Encontro. Campinas: AFHIC, 2004.
Artigo recebido em: 16/08/10 Aceito em: 02/12/10