A ESCOLA DE MÚSICA DA SÉ DE ÉVORA (Paulo Cabral)

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Paulo Adérito Azeredo Cabral Aluno: 3110714 Licenciatura em Educação Musical – 2º Ano Docente: Dr.ª Rui Bessa Disciplina: História da Música Portuguesa 3º Semestre – 20122013 1 A ESCOLA DE MÚSICA DA SÉ DE ÉVORA E A GERAÇÃO DE OURO DE COMPOSITORES POLIFONICO

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Licenciatura em Educação Musical – 2º Ano    Docente: Dr.ª Rui Bessa Disciplina: História da Música Portuguesa    3º Semestre – 2012‐2013 

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A ESCOLA DE MÚSICA DA SÉ DE ÉVORA

E A

GERAÇÃO DE OURO DE COMPOSITORES POLIFONICO

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Índice

Sé Catedral de Évora ....................................................................................................................................... 3

Renascimento em Portugal ............................................................................................................................ 4

A SÉ DE ÉVORA E A MÚSICA ..................................................................................................................... 5

Pedro Escobar (C.1465-1535) ....................................................................................................................... 5

Mateus de Aranda (c.1495-1548) ................................................................................................................. 6

A escola Manuel Mendes (1578-1589) ........................................................................................................ 7

Filipe de magalhaes (1571–1652) .................................................................................................................. 9

Duarte Lobo (1565-1646) ........................................................................................................................... 10

Frei Manuel Cardoso (1566–1650) ........................................................................................................... 12

Conclusão: ...................................................................................................................................................... 13

Cronologia da Sé de Évora ......................................................................................................................... 14

Bibliografia ....................................................................................................................................................... 15

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SÉ CATEDRAL DE ÉVORA

A data da construção da Sé Catedral de Évora, não reúne consenso entre os historiadores, existem várias teses.

A versão baseada no Livro dos Aniversários do arquivo capitular da Sé de Évora é a de que o inicio da sua construção é do ano 1186, aquando a nomeação de D. Paio para bispo de Évora.

Outros historiadores atribuem a D. Durando, então bispo de Évora, a sua construção, em pleno reinado de D. Afonso III, no sec. XIII. Esta teoria é baseada numa inscrição no túmulo do bispo..

Estima-se assim que o seu período de construção é entre o ano 1280 e 1340, sendo certo a existência de um outro edifício como sede da diocese anterior a este. A construção é feita dentro do período de organização do país.

Da denominada Sé de Évora fazem parte a igreja, claustro, as três torres , a torre zimbório, a torre dos azulejos e a torre lanterna ou do relógio, e a sua construção mais recente a capela mor.

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RENASCIMENTO EM PORTUGAL

Painéis de São Vicente de Fora - Nuno Gonçalves (1470-1480

O Renascimento é o movimento cultural que assinala o fim da idade média e o inicio de uma idade moderna, humanista. Com exploração marítima Portuguesa surge o comércio marítimo, o contacto comercial alarga-se para todos os lados do globo terrestre. A descoberta de novas culturas coloca em causa o pensamento feudal. Surge uma nova classe social abastada, a burguesia, que se dedica ao comércio ultramarino.

As suas fortunas permitem uma vida luxuosa e o interesse pelo culto das ciências e da cultura. O termo renascimento nasce em Itália, foi uma movimento que procurou a redescoberta e a revalorização das referências cientificas e culturais da antiga Grécia, o pensamento virado para o humanismo e naturalismo.

O Renascimento cultural é trazido para Portugal através das rotas comerciais, contribuindo em muito para a sua divulgação o surgimento da imprensa por Johannes Gutenberg. O movimento renascentista também se refletiu na música, de Itália vieram a influências musicais da polifonia, como poderemos ver mais à frente.

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A SÉ DE ÉVORA E A MÚSICA

PEDRO ESCOBAR (C.1465-1535)

Considerado o grande responsável pela transição e introdução da música polifonia sacra em Portugal. Também conhecido como Pedro do Porto, nasceu no Porto, julga-se ser filho de imigrantes de origem castelhana. Foi cantor na capela da Rainha Isabel I de Castela, na altura descrito como único Português ao serviço da Rainha. Grande parte da sua carreira foi feita em Espanha. Considerado um excelente compositor e muito querido.

Em 1507 recebeu a oferta de emprego como mestre de capela da catedral de Sevilha. Lá, ele tinha a seu cargo os meninos cantores, tendo que cuidar de sua hospedagem e alimentação, além de ter que ensiná-los a cantar

Em 1521 vem para Portugal trabalhar a convite de D. Afonso, cardeal de Évora, para trabalhar como mestre de capela e fundar o colégio interno da Sé. Assume funções idênticas aos da Sé de Sevilha e ainda viajava por todo o território para descobrir crianças que tivesses apetência para a música para serem cantores da capela.

Morre em Évora na miséria e viciado no álcool.

Pedro Escovar é conhecido como um dos compositores mais antigos cujas suas obras manuscritas sobreviveram até aos dias de hoje

Obra: 2 - Missas completas,

1 - Requiem,

7 - Motetos,

4 - Antífonas,

8 - Hinos

18-Vilâncicos.

Destaca-se o seu Moteto Clamabat Autem mulier Cananea, que foi muito elogiado pelos seus precedentes e serviu de fonte para muitas peças instrumentais de compositores posteriores.

Em 1528 é substituído por Mateus de Aranda.

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MATEUS DE ARANDA (C.1495-1548)

No início de 1528 Mateus de Aranda é contratado para substituir Pedro Escovar. Sabe-se que estudou em Itália com Pedro Ciruelo e é de origem espanhola. Deparou-se com um corpo discente insuficiente (14 capelães cantores e 4 moços de coro), além disso por vezes indisponível para frequentar as aulas.. Foi deste modo que em 1528 é criada a escola de cantores da Sé de Évora, orientada pelo mestre, de onde os moços de coro receberiam o ensino, alojamento, roupa e alimentação.

No ano de 1540 é criado o Arcebispado de Évora pela bula Gratiae Divinum Praemium e a nomeação do Cardeal D. Henrique como Arcebispo, dada tal importância este cria o Colégio dos moços do coro em regime de internato permitindo agora uma melhor dedicação à criação de novos cantores.

Mateus de Aranda foi mestre de capela de 1528 a 1544, durante este período que permaneceu em Évora foi muito grande o seu contributo para a formação da escola, a formação de um coro profissional e ain)a a criação de dois tratados de música, um de cantochão ( Tractado de cãtollano em 1533) e outro de música polifónica ( Tractado de canto mensurable em 1535) sendo que foram os primeiros livros de música impressos em Portugal, mais propriamente na oficina German Gallarde em Lisboa.

Obra: Tractado de cãtollano (1533)

Tractado de canto mensurable (1535)

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A ESCOLA MANUEL MENDES (1578-1589)

Manuel Mendes nasceu em Lisboa, estuda com Cosme Delgado, vem para Évora a convite do Cardeal-Infante D. Henrique que pretende que este reorganize toda a escola. O mestre de capela até Mateus de Aranda era um responsável máximo por tudo o que se passava na Capela da Sé, ou seja o trabalho seria o de compor, ensaiar, e dirigir o coro, assim como toda a organização do colégio, desde a prospeção à alimentação, vestuário.

A reorganização do Cardeal vai ser um ponto de viragem na qualidade da música na Sé de Évora e na música sacra feita em Portugal. Mantém o mestre de capela, cuja as suas funções passam a ser apenas da parte musical, dirigir os ensaios e a composição. Cria uma nova função chamada de mestre de Claustra. O mestre de claustra é uma espécie de professor e diretor pedagógico do colégio. Para esse cargo o Cardeal Infante D. Henrique convida o mestre de capela da sua de capela particular em Vila Viçosa, de seu nome Manuel Mendes.

Manuel Mendes vai estar como mestre de claustra entre 1578 a 1589.

A sé de Évora vive nesta altura uma fase muito luxuoso, muito rica o que possibilitava a contratação de músicos de excelência aliada à sua excelente escola, foram os condimentos para criação de um epicentro musical de muita qualidade, que vai influenciar todo o resto de Portugal.

A importância do seu papel na história da música Portuguesa é destacado pelo excelente pedagogo que foi, e ao nível a que elevou sua escola de música, foi de tal ordem que logo na sua primeira geração de compositores a apelidaram de “geração de ouro da polifonia portuguesa”. Dessa primeira geração de alunos de Manuel Mendes salientam-se três grandes compositores: Filipe de Magalhães, Duarte Lobo e Manuel Cardoso. Além destes compositores saíram outros em grande número e em grande qualidade, da escola de Évora. Ver fig 1.

A Manuel Mendes são reconhecidas qualidades excecionais de ensino, como grande pedagogo.

Como compositor Manuel Mendes era bastante elogiado, mas apenas chegou até nós uma aleluia, toda a sua obra desapareceu. Manuel Mendes deixou por testamento todos os seus manuscritos a Filipe de Magalhães, seu discípulo e sucessor. Cumprindo-se o seu testamento, todo o seu espolio seguiu para Lisboa endereçado a Filipe de Magalhães. Sabe-se que Filipe de Magalhães os utilizou na Sé de Lisboa, tentou perante a Casa Palatin de Antuepia a sua publicação, mas o pelo elevado preço veio a desistir. Julga-se que foram entregues ao Rei D. João IV e que estes arderam todos no incêndio que se seguiu ao terramoto de 1755.

Sabe-se também que Manuel Mendes escreveu um tratado de música, a Arte da Música, mas que também ardeu no incêndio.

Obra: 1 Aléluia

1 Tratado A Arte da Música – ardeu no incêndio do terramoto de 1755

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FILIPE DE MAGALHAES (1571–1652)

Filipe de Magalhães nasceu em Azeitão, Portugal, em 1571.

Foi admitido no colégio com 10 anos de idade, Era o preferido de Manuel Mendes, e vai ser o seu sucessor como mestre de claustra e compositor da Sé de Évora.

Em 1623 sabendo de uma vaga na Capela Real de Lisboa de D. João IV concorre à vaga e se mantém por lá como mestre de capela até ao ano de 1641, uma ano após a chegada ao poder do Rei restaurador D. João IV que o aposentou e substituiu pelo seu mestre de capela da Casa de Vila Vicosa o padre Marcos Soares Pereira irmão do grande compositor da segunda geração de Èvora João Lourenço Rebelo.

Estilo de Composição:

Domínio total e perfeito da técnica contrapontistica.

Foi também um excelente professor criou a chamada nata da segunda geração de compositores da Sé de Évora, são eles Estevão de Brito, Esteban López Morago e Frei Manuel Correia.

Obra:

1639 - Livro Publicado Missarum Liber, dedicado a Filipe II de Portugal.

1639 – Cantica Beatissima Virgines.

1614, 1642, 1724 – Cantus Ecclesiasticus

1 – Missa a oito vozes

1 – Missa a seis vozes

Lamentações para a quinta feira Santa

Vilancicos de Natal a sete e cinco vozes.

Motetos a seis vozes

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DUARTE LOBO (1565-1646)

Da escola de Manuel Cardoso, Duarte Lobo foi que maior prestigio tinha, dado comprovado pelas obras editadas pela editora Plantain, a principal editora de musica em todo o mundo e a mais prestigiada, o que prova um reconhecimento por toda a Europa.

Relativamente ao nascimento de Duarte lobo, depois de ser ponto assente considerar que nasceu em Lisboa. Duarte lobo entrou no colégio da Sé de Évora logo no primeiro ano de magistério de Manuel Mendes, marcado com a data de 1575, e sabendo-se ainda que as admissões de crianças nos coros das capelas, segundo o regimento da época, tinham o intervalo de idades de 8 a 10 anos, podemos concluir que Duarte lobo terá nascido entre 1565 e 1567 e morreu no dia 24 de setembro de 1646. Chegou a ser mestre de capela da Sé de Evora, . Por volta de 1591 volta para Lisboa, onde 4 anos depois era já mestre de capela do hospital real de Lisboa. Ensinou música no colégio do

claustro da sé de Lisboa até 1639 onde foi mestre de António Fernandes, João Alvares Frouvo, Fernando de Almeida e Manuel Machado. Dos seus alunos destacam-se Manuel Machado e Gonçalo Mendes Saldanha. Ainda foi diretor do seminário de S. Bartolomeu de Lisboa.

È dos compositores da época de hoje em dia mais gravado, para isso contribui o facto de ser o que tem mais partituras editadas.

Estilo de Composição:

Duarte lobo tinha um estilo de composição polifónico muito influenciado por Palestrina e Francisco Guerrero.

Estilo mais austero rigoroso no tratamento das dissonâncias e formas cadenciais. As sua composição era muita das vezes apelidada de perfeita, isto porque mostrava um domínio teórico brilhante.

Continha também influências de Josquim des Prez e Joannes Ockeghem na utilização do cantus firmus e nas técnicas canónicas. Com muitas notas longas, e algumas dissonâncias não preparadas, uma elevada expressividade na interpretação do texto, mas mesmo assim, foi muito fiel até ao fim ao estilo renascentista.

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Obra Ainda se desconhecem algumas partes da sua obra, e muitas delas ainda esperam serem passadas para a notação moderna. Mesmo após os esquecimentos que sofreram os polifonistas renascentistas portugueses após crises sucedidas durante o liberalismo, em alturas quando ninguém falava de Duarte lobo, o seu nome apareceu numa publicação impressa de uma obra histórica em Espanha no ano de 1856. “los portugueses en dicha época no fueron inferires á los castellanos y catalanes ni en la música pronafa ni en la eclesiástica. Por estos tiempos floresció en Lisboa, Edardo Lobo del que existen algunas cantiñas, cuatros, madrigales, etc. en dialeto português; y misas, salmos, motetes, y un libro del canto magnificat por los ocho tonos impresso en Amberes en el año de 1600” (ALEGRIA,1984, p. 31)

1602 Opúscula) – uma coleção de opúsculos com a música para as Matinas da Noite de Natal e antífonas de Nossa Senhora. (o trabalho já estava pronto em 1600 mas a demora deveu-se á falta, em Lisboa, de uma oficina com os caracteres musicais moveis para música de canto d’órgão)

1603 Officium Defunctorum (livro de cantochão)

1605 Cantica Beatae Virginis

1607 Liber Processionum/ et stationum/ ecclesiae olysiponensis – livro com as antífonas que se cantavam nas procissões e missas estacionárias celebradas na igreja de Lisboa.

Um intervalo de 16 anos, antes a próxima impressão.

1621 Liber Missarum I (200 exemplares) – 2 antífonas, 2 motetes e 8 missas

Mais um longo intervalo de 18 anos até a próxima impressão

1639 Liber Missarum II

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FREI MANUEL CARDOSO (1566–1650)

Nasceu em Fronteira do Alentejo em 1566. Foi admitido para o colégio dos moços do coro da Sé de Évora em 1575 e foi aluno de Manuel Mendes e Cosme Delgado. Em 1588 ingressou na ordem carmelita, e fez os seus votos em 1589, no Convento do Carmo, em Lisboa. Foi professor de Musica de D. João IV, e é o principal responsável pelo gosto do futuro rei à música. Frei Manuel Cardoso e o Rei D. João IV tinham um grande amizade, prova disso é as visitas que o rei lhe fez ao convento das Carmelitas. Permanence no convento do Carmo por 62 anos, foi lá que escreveu toda a sua obra musical, era exímio na composição e no órgão. Deu concertos em Madrid.

Muitas das suas obras, provavelmente as mais progressistas, foram destruídas no terramoto, seguido de incêndio, de 1755.

Obra:

Publicou cinco livros nas oficinas de Pedro Craesbeck, antigo funcionário da prestigiada Plantiniana, que entretanto se tinha instalado em Lisboa.

Obra

1613 "Cantica Beatae Virginis": contém 16 composições sobre o Magnificat ( dedicado a D. Nuno Alves Pereira)

1625 – liber primus missarum (dedicado ao duque de Barcelos (Rei D. João IV).(

2 Antifonias – 7 missas e 2 motetos

1636 – liber tertius missarum –

8 missas

1648 Vários Motetes / Oficio da semana Santa e outras cousas

Existe ainda um quarto livro mencionado mas até hoje desconhecido.

Estilo de composição È o mais original de todos, consegue fazer algo diferente, mais vanguardista e atrevido, usa intervalos aumentados e diminutos, cromatismos, dissonâncias não preparadas.

O seu melhor aluno foi João Lourenço Rebelo.

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CONCLUSÃO:

• Geração de ouro - Renascimento tardio – Barroco inicial

A geração de ouro tinha um estilo de composição polifónico muito influenciado por Palestrina e Francisco Guerrero. As suas composições são de uma enorme qualidade isso é inquestionável, tudo o que fazia era perfeito. O estilo anda desfasado no tempo, a Europa estava a entrar no barroco quando estes compositores compunham.

O principal destaque deve-se ao facto de na minha opinião a Sé de Évora ser o primeiro centro de estudos de música criado com o propósito de habilitar músicos de qualidade, a maior preocupação era a qualidade. Isso veio-se a refletir por todo o Portugal a confirmação é o facto de dai saírem 3 gerações de compositores de grande qualidade. Também se salientar a importância da influência de Manuel Cardoso no Rei D. João IV e todas as consequências que daí advieram tais como a criação de uma Capela Real e o mecenato real para futuras gerações.

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CRONOLOGIA DA SÉ DE ÉVORA

1186 - Nomeação de D. Paio para bispo de Évora

1185 - 1211 Reinado de D. Sancho I “ o gordo”.

1186 - Suposto inicio da construção.

1211 - 1223 Reinado de D. Afonso II “ O gordo”.

1223 - 1248 Reinado de D. Sancho II “ O Capelo”

1248 - 1279 Reinado de D. Afonso III “ O bolonhês”.

1279 - 1325 Reinado de D. Dinis I “ O lavrador”.

1280 - 1340 Período da construção da Sé de Evora.

1300 – 1377 – Guillaume de Machault

1325 - 1357 Reinado de D. Afonso IV O bravo”.

1415 - Conquista de Ceuta - Início da expansão portuguesa

1500 – Descoberta do caminho marítimo para o Brasil

1521 – Pedro de Escovar nomeado mestre capela

1528 – Mateus de Aranda substitui Pedro Escobar

1525 – 1594 Giovanni Pierluigi da Palestrina

1547 -. 1605 Manuel Mendes - padre, e professor do coro da catedral.

1545 - Concilio de Trento

1555 - 1633 Manuel Rodrigues Coelho

1565 - 1646 Duarte Lobo

1566 - 1650 Frei Manuel Cardoso

1567 - 1643 Claudio Monteverdi

1571 - 1652 Filipe de Magalhães

1578 – 1589 Manuel Mendes nomeado mestre de Claustra

1589 – Filipe de Magalhães nomeado mestre de Claustra.

1640 – Restauração da independência – D. João IV

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BIBLIOGRAFIA

Alegria, J. A. (1985). O Ensino e Práctica da Música nas Sés de Portugal. Lisboa: CALP - Coleção Biblioteca Breve - Volume 101.

Alegria, J. A. (1984). Polifonistas portugueses. Lisboa: CALP - Coleção Biblioteca Breve - Volume 86.

Branco, J. d. (1995). História da música Portuguesa. Mem Martins: Edições Europa América Lda.

http://cathedral.lnec.pt/portugues/evora.html. (s.d.). Obtido em 8 de 12 de 2012, de http://cathedral.lnec.pt: http://cathedral.lnec.pt/portugues/evora.html

Nery, R. V., & Castro, P. F. (1991). História da Música. Lisboa: Imprensa Nacional Casa da Moeda.