55555843 Tradicao Yoruba
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Virtual n 1
CULTURA IORUBCostumes e Tradies
Maria Inez Couto de Almeida
Ifatosin
2006
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Copyright @ 2006 Maria Inez Couto de Almeida
Projeto de Extenso Universitria da UERJ Publicaes Dialogarts
Sub-Reitoria de Extenso e Cultura SR2
Departamento de Programas e Projetos de Extenso DEPEXT
Centro de Educao e Humanidades CEH
Instituto de Letras ILE
Departamento de Lngua Portuguesa, Literatura Portuguesa e FilologiaRomnica LIPO
Coordenao: Prof. Dr. Darcilia Simes e Prof. Dr. Flavio Garca
Assessoria Executiva: Prof. Dr. Cludio Cezar Henriques
Revises de lngua, digitao e diagramao: Flavio Garca
Diagramao: Flavio Garca e Poliana Azevedo de MacedoCapa: Darcilia Simes, Flavio Garca e Maria Inez Couto de Almeida
Coleo Em Questo virtual
www.dialogarts.com.br/
S390 A lmeida , Mar ia Inez Couto de .
Cu l tu ra Io rub: costumes e t rad ies / Mar ia
Inez Couto de Almeida, I fa tosin . Rio de
Jane i ro : D ia logar ts , 2006 .
173 p . (Co leo Em Questo v i r tua l, n 1 )
B ib l iogra f ia .
ISBN 85 -86837-24 -5
1 . Iorub (Povo af r icano) Cul tura , usos ecostumes. 2 . Cu l tos a f ro -bras i le i ros . I . T tu lo .I I . Sr ie .
CDD 391392
393
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http://www.dialogarts.com.br/http://www.dialogarts.com.br/ -
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ndice
PREFCIO .. . . .. . . . . .. . . . .. . . . . .. . . . .. . . . . .. . . . .. . . . . .. 5 DEDICATRIA .. . . . .. . . . .. . . . . .. . . . . .. . . . . .. . . . . .. . . . 9 AGRADECIMENTOS .. . . . .. . . . .. . . . . .. . . . . .. . . . . .. . 10INTRODUO... . . . . . . . .. . . . .. . . . . .. . . . .. . . . . .. . . . . 12COSTUMES E TRADIES.. . . .. . . . . .. . . . . .. . . . .. 14O R E I . . . . .. . . . . .. . . . .. . . . . .. . . . .. . . . . .. . . . . .. . . . .. . . 22 HIGIENE E BELEZA .. . . . .. . . . .. . . . . .. . . . . .. . . . .. . . . 28COMPORTAMENTO GRUPAL . . .. . .. . .. . .. . .. . .. 38CASAMENTO E MORTE .. . . . .. . . . .. . . . . .. . . . .. . . . 54O SOBRENATURAL NO FOLCLORE AFRICANO... . . .. . . . . .. . . . . .. . . . .. . . . . .. . . . .. . . . . .. . . . .. . . . . .. . . . . 80 EXEMPLO DE LENDAS DO FOLCLORE IORUB.. . . . .. . . . . .. . . . . .. . . . .. . . . . .. . . . .. . . . . .. . . . .. . . . . .. . . . . 84 AS BRUXAS .. . . . .. . . . . .. . . . . .. . . . . .. . . . .. . . . . .. . . . .. 87 RELIGIO ... . .. . . . . .. . . . .. . . . . .. . . . .. . . . . .. . . . .. . . . . 92
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O PENSAMENTO IORUB SOBRE O CRIADOR... . . .. . . . . .. . . . . .. . . . .. . . . . .. . . . .. . . . . .. . . . .. . . . . .. . . . . 94 CONHECIMENTOS SOBRE ALGUNS ORIXS100 IDIOMA.... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .144 NOMES PRPRIOS E TTULOS .. . . .. . . . . .. . . . .146MESES DO ANO ... . . .. . . . .. . . . . .. . . . . .. . . . .. . . . . .151DIAS DA SEMANA (nomes tradicionais) .153 PROVRBIOS E ADIVINHAES .. . . .. . . . . .. . .154SAUDAES.... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .159 PALAVRAS ESPECIAIS FORMA DE EXPRESSARSENTIMENTOS .... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .166 DEDICATRIAS.... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .170 BIBLIOGRAFIA .. . . . .. . . . . .. . . . . .. . . . . .. . . . .. . . . . ..171 MARIA INEZ COUTO DE ALMEIDA .... . . . . . . .173
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PREFCIOEm 2002, para a edio impressa deste mesmo ttulo
na Coleo Em Questo, dizamos que aquele ento novo
volume Cultura lorub - Costumes e tradies punha em
destaque a cultura negra iorubana, trazida para o Brasil pelos
escravos africanos, nos pores dos navios negreiros, durante
o longo perodo de trfico de escravos entre a costa africana e
a Amrica. Junto mo-de-obra importada fora, veio um
complexo sistema ideolgico-mtico-religioso de ver e de estar
no mundo. A filosofia de vida do africano, que cruzara o vasto
Atlntico, procurou, no novo mundo, sob a fria dos aoites,
um modo de resistir, de subsistir, de adaptar-se, de perma-
necer.
No Brasil, sob a designao popular e mais genrica de
candombl, a cultura e a religio africanas encontraram lugar
e mantiveram-se vivas. Mas muito de sua tradio histrica,
de suas origens nativas, de sua essncia, ou se perdeu ao
longo dos tempos, ou se deixou embotar pela presso crist
do mundo branco. Hoje, tem-se feito grande esforo no
sentido de recuperar e restituir ao candombl as bases de
sua gnese. E a universidade brasileira vem dando sua
contribuio, com programas de estudo, ncleos culturais,
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cursos de ps-graduao e publicaes. Enfim, o candombl
vem daindo dos pores dos navios negreiros, das senzalas,
dos quilombos e entrando pela porta da frente na sociedade
letrada.
Hoje, para esta nova edio de Cultura lorub -
Costumes e tradies, inaugurando a Coleo Em Questo
virtual, tantos outros poderiam ser os motivos evocados para
justific-la. Os PCNs (Parmetros Curriculares Nacionais do
MEC) abordam a necessidade do ensino da Cultura Afro-
Brasileira na Educao Bsica. De 2002 para c, foram
criados cursos universitrios de Graduao especificamente
sobre Cultura Afro-Brasileira. Cresceram, a perder de vista, as
Ps-Graduaes tanto em Cultura quanto em Religies Afro-
Brasileiras. Cursinhos de extenso vm pululam Brasil fora,
divulgando aspectos variados da Cultura Afro-Brasileira. So
muitos eventos acadmicos, eventos sociais, eventos
culturais, festas, festivais, publicaes... a Cultura Afro-
Brasileira sendo lembrada e exaltada em cada cantinho
perdido deste imenso Brasil.
Nesse cenrio vasto e diversificado que ora seapresenta, ainda resta um espao reservado para esta nova
publicao de Cultura lorub - Costumes e tradies, que,
agora virtual e gratuita, poder atingir os cantes perdidos por
a e contribuir, de maneira prpria, com tantas outras
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iniciativas afins, que tematizam e divulgam, de maneira sria
e cientfica, a cultura e a religio afro-brasileiras.
Maria Inez, pesquisadora competente e dedicada, 24
horas por dia vivendo a atmosfera do candombl, dentro e
fora de sua casa de santo, em seu lar, em seu escritrio,
diante de seu computador, Maria Inez tem contribudo
bastante com todos os que a procuram. So tradues do
iorub para o portugus ou verses do portugus para o
iorub; so rezas, cnticos, ervas, sementes; so histrias,
lendas, curiosidades; enfim, um pouquinho de cada coisa,
com uma pitada aqui e ali de danas, de comidas, de bebidas,
de prazeres. Mas, tambm, de seriedade, de contatos
msticos e respeitosos com os orculos, de orientao, de
amizade.
Desse modo, retornando quela apresentao que
fizera em 2002, cabe concluir apontando que, novamente, vai
aqui mais uma contribuio ao estudo de temas que andam
sempre Em Questo. Este texto, assinado pela portuguesa
Maria Ins Couto de Almeida, Ifatosin, brasileira desde
criancinha pois veio para c aos 5 anos de idade eafricana na filosofia de vida h mais de 20 anos pois data de
muito longe sua iniciao na casa de Pai Jernymo - pretende
ocupar um pequeno espao nas tendncias que ora se
ocupam da afro-descendncia, repor as coisas no seu lugar
mais apropriado.
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Humilde, mas informativo; curto, mas profundo; singelo,
mas didtico. Assim Cultura lorub - Costumes e tradies.
Assim tambm Maria Inez, a quem agradeo a chance e a
graa de ter podido conviver, mesmo que brevemente, na
intimidade do saudoso, amigo, afetivo, grandioso e
espiritualizado Pai Agenor, que teremos sempre guardado em
nossa boa memria.
Maio de 2006
Flavio GarcaDoutor em Letras pela PUC-RJ
Professor Adjunto da UERJ/UniSUAMKekereawo - Babalorix
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DEDICATRIA Dedico este livro a minha filha Luciana.
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AGRADECIMENTOS(o mesmo da edio impressa de 2002)
Se pudesse, faria um livro inteiro de agradecimentos a
todas as pessoas que participaram de minha vida,
estimulando este projeto a longo de quase 20 anos.
Agradeo, acima de tudo, a Oy e Obaluaiy, que me
escolheram para ser sua filha;
Ao Babalorix Jernymo de Souza, de Xang (in memoriam),
que me confirmou essa escolha;
Ao Prof. Agenor Miranda Rocha, pelo enorme apoio e foraque me deu, quando mais precisei, e que continua me dando
at hoje;
A meu pai carnal Armando Paulino de Almeida (in memoriam),
a quem devo tudo que sou e que tenho;
Ao Dr. Richard Yianka Alabi Ajagunna, que despertou em mimo amor pela cultura nigeriana;
Ao Babalorix Jlio dOxossi, pela orientao espiritual;
Ao Babalorix Flavio dOy Prof. Flavio Garca -, pelo apoio
neste projeto;
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A Mrcia Schlesinger e Carlos Lopes (Hekamiah) pela fora e
insistncia.
Maria Inez Couto de AlmeidaIfatosin
Notas do Editor:
Caberia alterar a redao do primeiro de quase 20 anos para mais de 20 anos;
importante registrar que, hoje, o agradecimento ao Prof. Agenor Miranda Rocha tambm passaserin memorian, uma vez que nosso querido guia espiritual j nos deixou;
Tambm vale a pena dizer que o Babalorix Jlio dOxossi o atual zelador de santo e guiaespiritual de Maria Inez.
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INTRODUOEste livro se prope a mostrar um pouco da cultura e da
tradio africanas, especialmente da Nigria.
A idia surgiu durante aulas particulares de iorub,ministradas por Michael Ademola Adesoji.
Muita coisa foi escrita em portugus sobre religies
afro-brasileiras, porm muito pouco se refere a tradies e
costumes que originaram grande parte das tradies do
Candombl, sem ter a religio como tema principal. Cabe citar
os excelentes romances de Antnio Olinto, obrasconsagradas, que alm do enredo bsico relatam com muita
fidelidade os costumes tradicionais da Nigria.
No pretendemos fazer um guia de costumes, nem nos
passou pela cabea em momento algum criticar ou corrigir o
que se faz no Brasil j h tantos anos, pois temos
conscincia, inclusive como praticantes da religio, que as
tradies trazidas da frica pelos escravos sofreram, como
no podia deixar de ser, modificaes devido aculturao,
transmisso oral, miscigenao de raas, e principalmente
condio de opresso em que viviam os escravos, que alm
de terem um idioma completamente diferente do dos
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colonizadores, no podiam se comunicar livremente entre si e
eram tratados como mercadoria. Sem contar que vinham de
diversos pontos da frica, trazendo costumes e tradies
diferentes, j que estamos escrevendo especificamente sobre
a Nigria, regio de Ketu, origem do Nag.
Repetimos que no nosso pensamento ensinar nada.
Queremos apenas prestar uma homenagem aos nossos
ancestrais, mostrando aos interessados como se faziam e
fazem cultos e rituais, e como surgiram de alguma forma nas
religies afro-brasileiras alguns costumes do dia-a-dia
nigeriano.
A idia original foi compartilhada com o Prof. Michael,
que traduziu todos os textos iorub da pesquisa. No tenho
mais notcias dele, deve ter voltado sua ptria, masagradeo muito sua colaborao e o grande apoio que me
deu no incio.
O que posso dizer do nosso trabalho que, embora
sem a pretenso de ser uma grande obra, foi feito com
dedicao e seriedade.
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COSTUMES E TRADIESVerificamos uma grande semelhana entre os
costumes tradicionais dos iorub - independente de religio, e
os rituais nas cerimnias dos candombls de Ketu, no Brasil.
No pretendemos, nem sequer podemos, discutir
fundamentos. Queremos apenas mostrar pontos comuns
entre os antigos hbitos dos povos que formavam o grupo
iorub e o comportamento atual dos adeptos da religio
trazida para o Brasil. Acreditamos em uma adaptao dos
costumes para propiciar a aplicao dos fundamentos.
Cuide de suas maneiras
Cuide de suas maneiras, meu amigo!
A honra pode abandonar nossa casa,
e a beleza, s vezes, acaba.
O rico de hoje pode ser o pobre de amanh.
A honra como o mar,
e tambm a onda da riqueza;
ambas podem escapar de nossa casa.
Mas as boas maneiras acompanham-nos
at ao tmulo.
O dinheiro no nada,
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As boas maneiras que so
a beleza da humanidade.
Se voc tem dinheiro, mas no se comporta bem,
quem ir confiar em voc?
Ou, se voc uma mulher muito linda,
mas no se comporta de maneira adequada,
quem desejar t-la como esposa?
Ou, ainda, se voc muito educado,mas engana as pessoas,
quem confiar em voc para negcios?
Cuide de suas maneiras, meu amigo.
Sem bons modos, a educao no tem valor.
Todos amam uma pessoa que sabe se comportar.
Esta poesia iorub retrata bem os costumes e a
importncia que o povo d educao e honra.
TOJ W RE
Toj w re, ore mi!
Ol a ma si lo nil eni,
Ew a s ma s lra enia,
Olw n ndi ols b dola
kun lola, kun ngb oro,
Gbogbo won l ns lo nl eni;
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Sgbon w ni mbni d sree,
Owo k je nkan fn ni,
w lew lomo enia.
B o lw b o k n w nko,
Tani je fin tn o b ohun rere?
Tb b o s e obrin rogbodo,
B o b jn s wa t ed nfe,
Tan je fe a sl b aya?Tb bi o je onjbt enia,
B a tile mo w modj,
Tan je gb se aje fn o se?
Toj w re, ore mi,
w k s, eko dgb,
Gbogbo aiye ni nfe ni t je rere.
A importncia dada ao bom carter (wpele)
w o que caracteriza uma pessoa sob o ponto de
vista tico. Para ser feliz uma pessoa deve ter w pele, pois
quem tem bom carter no entra em choque com os seres
humanos nem com os poderes sobrenaturais. Esse o mais
importante dos valores morais iorub, e a essncia da f
consiste em cultiv-lo.
A lenda de w relatada na literatura de If.
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w era uma mulher de rara beleza com quem Ornml
se casou, aps ela ter se separado de diversos outros
deuses.
Apesar de sua beleza, w tinha maus costumes e
falava demais, sendo ainda preguiosa e irresponsvel.
Depois de algum tempo de casados, Orunmila, no
podendo suportar o mau comportamento de sua esposa,
mandou-a embora.
Entretanto, quando w partiu, Ornml percebeu que
no podia viver sem ela. Perdeu o respeito dos vizinhos, sua
prtica divinatria perdeu o valor, seus clientes se afastaram,
ficou sem dinheiro, enfim perdeu tudo e foi desprezado por
todos.
Tentando achar uma soluo, vestiu-se de Egngn e
saiu por a, procura de w. Foi casa dos 16 odu de If
procura da esposa, cantando na porta de cada um:
Grande Sacerdote de If deAjer,
Adivinho deAjer,
Onde voc virw, diga-me.
w, w que estou procurando.
Se voc tem dinheiro, mas no tem w,
O dinheiro no seu;
w a pessoa que eu procuro.
Se algum tem filhos, mas no tem w,
As crianas pertencem a outra pessoa;
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w, w quem ns procuramos...
Se temos uma casa, mas no temos w,
A casa no nossa, de outra pessoa.
w, w o que procuramos.
Se voc tem roupas, mas tem falta de w,
As roupas pertencem a outra pessoa.
w, w o que procuramos.
Todas as boas coisas da vida que um homem possui,
Se ele perderw, elas passam a pertencer a outra pessoa.
w, o que estamos procura!
(Ogbon in, awo Alr;
Df fn Alr, j Os,
Omo Amrin kn dogbon agogo.
morn, awo Ajer, Dif fun Ajer,
Omo gbj koroo j jle.
Nbo l gb rw fn un o,
w, w l n'w o, w.
n b o lw, t nw,
Owo olw ni.
w, w l n'w o, w.
Omo la b,
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T nw, Omo olomo ni.
w, w l n'w o, w.
B a nl, t nw,
Il oml ni.
w, w l n'w o, w.
B a lso,t nw
Aso, also ni.
w, w l n'w o, w.Ire gbogbo t a ni,
T nw.)
Depois de grande procura Orunmila achou w casada
com Oljo. Quando cantou na porta de Oljo, este foi porta
receb-lo e recusou-se a devolv-la. Ento eles comearam a
brigar. Ornmil bateu em Oljo com a perna de uma cabraque havia sacrificado antes de sair de casa. O impacto atirou
Oljo a muitas milhas de distncia, e w foi levada de volta
para sua casa.
Ao analisar a lenda vemos as vrias razes da
importncia dada a w.
Primeiro importante que o bom carter seja
simbolizado por uma mulher. No folclore iorub as mulheres
representam os dois extremos - amor, cuidado, devoo e
beleza, versus fraqueza, deslealdade e falsidade. S as
mulheres podem simbolizar essa dualidade, de acordo com o
conceito iorub.
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A lenda mostra ainda que o homem deve cuidar de seu
carter to bem como cuida de sua esposa. Da mesma forma
que manter a esposa obrigao do marido, o bom carter
deve ser uma obrigao para os que tm f e querem viver de
forma correta.
As mulheres so consideradas bruxas e podem at ser
mentirosas, mas os iorub crem que a sociedade no pode
sobreviver sem elas. Da mesma forma, pode ser difcil ter
bom carter, mas no se pode ser feliz sem ele.
w foi uma mulher que perdeu os bons hbitos.
Significa que o homem que quer ter bom carter deve estar
preparado para encarar egbin - coisa suja - e passar por
algumas situaes desagradveis, que podem ofender sua
dignidade e decncia. Mesmo assim no deve se desviar dobom caminho, para no perder a essncia e o valor de sua
vida.
Os versos equiparam w aos bens materiais que os
homens almejam: dinheiro, filhos, casa e roupas. Um homem
que tem bens materiais, mas no tem carter, provavelmente
ir perder tudo para uma pessoa de carter, que saber
melhor tomar conta desses bens. w o atributo de maior
valor entre todos, no sistema iorub.
Vemos que o costume dos zeladores de santo, de
transmitir ensinamentos atravs de lendas (itans) em que os
Orixs se comportam como pessoas comuns, com seus
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defeitos e fraquezas, tambm uma herana da cultura
tradicional iorub.
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O R E I
Como era escolhido
Somente trs meses aps a morte de um rei Iorub
que o Conselho encarregado de escolher o novo rei
comeava a busca, entre os descendentes das famlias reais.
As pessoas que tinham condies de ocupar o trono
eram apontadas pelas famlias, e comeavam as pesquisas
para a escolha do novo rei.
Primeiro era consultado um Babalawo, para saber qual
a indicao de If (orculo). No jogo de bzios If apontava o
nome escolhido, e em seguida o Conselho dava a deciso
final, de acordo com as investigaes sobre sua vida. Quando
finalmente o nome era aceito, ningum mais podia ir contra a
escolha.
Em seguida, a Prefeitura local era informada, para
aprovao oficial. S aps todas essas providncias era
marcado o dia em que o escolhido saberia que tinha sido
eleito rei, e seria apresentado ao povo.
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Atualmente, nas localidades em que ainda se realiza
essa cerimnia, a Prefeitura providencia segurana policial,
para evitar tumultos, mas antigamente o prprio povo se
encarregava disso.
Todo o povo da localidade comparecia reunio para
apresentao do rei, incluindo todos os candidatos a rei, sem
saber quem fora o escolhido. O chefe do Conselho fazia um
discurso explicando o motivo da reunio, e, em seguida, um
guerreiro ou homem influente no local levantava-se e tirava o
chapu do eleito.
S nesse momento todos ficavam sabendo quem fora
escolhido por If, inclusive o prprio, que ficava muito
surpreso, emocionado e feliz.
Em seguida batiam nele com uma folha especial, kik,
entregavam-lhe um abebe (espcie de leque), e
apresentavam-no ao povo, perguntando se gostaram da
escolha. Todos respondiam:
Kbys, kd pe lor ki bt pe lese
(Saudamos o Rei, que a coroa fique por longo tempo em sua cabea
e os sapatos em seus ps).
Ao final da aclamao o novo rei era levado para casa
de um membro do Conselho, pessoa influente na localidade, o
odofin. L ele ficava recolhido por um perodo de trs meses.
Passado esse prazo, era banhado, vestido com trajes tpicos,
sapatos brilhantes, enfeitado com adornos que o deixavam
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muito bonito, e o povo ia ao seu encontro, em meio a uma
grande festa, levando-o para o palcio, onde passaria a
morar.
Fazia-se um ritual antes de entrar no palcio: eram
apresentadas ao rei trs cabaas cobertas, a primeira
contendo sal, a segunda, cinzas, e a terceira, leo de dend e
terra. Alinhavam-se as mulheres de um lado e os homens do
Conselho do outro, e o rei escolhia uma cabaa, cujo
contedo indicava como iria ser o reinado. Se escolhesse o
sal, o perodo seria tranqilo; as cinzas indicavam que as
coisas no iam correr bem, pois eram sinal de mau agouro; j
o dend e terra significavam que haveria fartura na cidade.
Antes da cerimnia o rei oferecia um sacrifcio aos Orixs,
para fazer uma boa escolha, que satisfizesse o povo.
Depois da escolha, se tivesse sido tirada uma cabaa
com um bom pressgio, todos festejavam e o rei era levado
ao trono, e aclamado pelo povo:
Kbys
Oba alse ekeji ris!
Ki d pe lr, ki bt pe lese!Ki gb tr dra fun gbogbo wa o!
(Salve o rei,
O rei de direito, segundo os Orixs!
Que a coroa dure em sua cabea e os sapatos nos seus ps!
Que no seu tempo tudo corra bem para ns!)
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O novo rei percorria o palcio, visitando o tmulo dos
reis mortos. Depois voltava para o trono, onde recebia a
coroa e os paramentos, que variavam de acordo com a
localidade. S ento o rei podia pela primeira vez se dirigir ao
povo para agradecer, recebendo muitos presentes de todos
(sal, obi, dinheiro etc.), e sendo saudado por suas esposas:
Kbys.
Oba odndn aso-de-dero
Oba a de ki ile pet,...
(Salve o Rei!
Rei recoberto de gentilezas,
O Rei chegou trazendo sade...)
Aps esse dia, o rei submetia-se a diversos rituais
espirituais de grande importncia, para passar a mandar em
todo o povo da cidade, inclusive os mais velhos.
Dessa antiga tradio originaram-se no Brasil os rituais
e cerimonias relacionados com a escolha do Pai de Santo,
nas casas de Ketu.
A posse das terras
Em princpio, todas as terras de uma localidade
pertenciam ao rei. Isso inclusive citado numa cantiga
tradicional: Rei, que tens a terra, deixa-me ter a terra para
andar...
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Antigamente qualquer pessoa que quisesse um terreno
teria que pedir ao rei. Atualmente deve dirigir-se Prefeitura
da localidade onde se situa o terreno.
O interessado em possuir um terreno fazia uma doao
de obi, vinho de palma, etc., e a prefeitura ficava com uma
parte, dividindo o restante com as pessoas importantes da rua
onde se situava o terreno pretendido. A doao da terra era
feita em cerimnia pblica, para construo de uma casa ou
uma plantao. O terreno no podia mais ser retomado, a
menos que a pessoa cometesse uma falta grave contra os
doadores.
O novo dono era obrigado a plantar em suas terras, e
devia doar ao governo, todos os anos, uma parte da
produo, que era estipulada de acordo com o tamanho doterreno e o tipo de plantao.
De acordo com a tradio, nas cidades iorub deveria
existir uma rea de mata, preservada, onde as pessoas iam
fazer obrigaes para seus Orixs. Este local, de propriedade
da Prefeitura, no pode ser invadido, nem pelos caadores,
que s vo l na poca de suas festas religiosas.
Atualmente, entretanto, os costumes mudaram
bastante. Algumas cidades como Lagos, Ibadn, Abeokut e
Iles no conservam mais o costume de preservar matas
sagradas, pois nelas existem minerais valiosos que precisam
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ser extrados do solo para o desenvolvimento econmico do
pas.
No Brasil, nas casas tradicionais de Ketu, existe um
local sagrado na mata, onde so cultivadas ervas do culto e
onde se faz oferendas e obrigaes. Esses locais so
preservados, e proibida a entrada por qualquer outro motivo
que no seja de fundo religioso. Devido falta de espao,
principalmente nas grandes cidades, algumas Casas vo
fazer suas obrigaes em matas pblicas.
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HIGIENE E BELEZA
hbito de abrir cicatrizes no rosto
Antiga prtica muito difundida entre os iorub, hoje em
dia j no to comum, pois com o desenvolvimento cultural
e tecnolgico perdeu a finalidade, e tende a desaparecer por
completo.
A origem desse costume foi na Nigria Ocidental (povo
iorub), devido grande quantidade de guerras que havia na
regio. Os fulani estavam sempre em guerra com os iorub, e
as prprias cidades guerreavam entre si. No meio de uma
batalha uma pessoa poderia matar algum do seu prprio
grupo. J com as marcas no rosto a identificao tornou-se
bem mais fcil, e s eram mortos ou aprisionados como
escravos aqueles com marcas diferentes, ou os que no
tinham marca alguma.
Outro motivo para as marcas era que os escravos,
quando no tinham marcas, levavam no rosto a marca de seu
dono.
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Os grupos familiares tambm costumavam marcar o
rosto para facilitar a identificao de pessoas da mesma
famlia, ao se encontrarem fora da cidade.
Finalmente, algumas pessoas se achavam mais bonitas
com cicatrizes no rosto, para estar na moda.
Atualmente os ijeb e os ijes no cortam mais marcas
no rosto dos recm-nascidos. Em Ondo so feitas marcas
somente no rosto do primognito, enquanto em Oyo existemfamlias que fazem as cicatrizes at hoje.
Alguns exemplos das marcas usadas nas diversas
cidades do grupo iorub:
1. bj meta - trs marcas horizontais grandes de
cada lado do rosto, ou seis menores.
2.bj merin - quatro marcas horizontais grandes de
cada lado do rosto, ou oito menores.
3. bj alagbele - um dos modelos anteriores com
mais trs marcas verticais em cima.
4. Pl - este tipo de marca feito para embelezar. So
trs marcas verticais de cada lado do rosto. Caracterstica da
cidade de Ife.
5. Gombo - so trs marcas verticais laterais bem
grandes de cada lado, da cabea at ao queixo. So
caractersticas da cidade de Oyo.
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6. Marca da cidade de Ondo - Uma cicatriz vertical,
comprida, de cada lado, na frente do rosto.
7. Marca de Ijeb - Trs marcas verticais curtas de
cada lado do rosto.
8. bj de Egb - trs marcas verticais em cima de
trs horizontais.
9. bj de Ijes - quatro marcas horizontais de cada
lado.
10. Pl de kit - uma marca vertical de cada lado do
rosto (encontra-se tambm trs de cada lado).
11.bj de kit - nove pequenas marcas horizontais
(trs a trs) com trs verticais acima.
12. Ture - diversas marcas verticais finas de cada lado.
Ao encontrar uma pessoa com uma destas cicatrizes,
voc poder facilmente identific-la como nigeriana.
Tudo indica que as curas feitas nos filhos de santo
foram originadas nesse costume, pois servem tambm como
identificao das pessoas de candombl.
Beleza do corpo
Antigamente as mulheres iorub gostavam de
embelezar o corpo com tintas e cortes.
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Para fazer desenhos no rosto e partes visveis do corpo
era usada a seiva de uma rvore chamada bje. O nome
dessa pintura nbje, e demora muito a sair da pele.
Outros produtos vegetais bastante usados eram o sn
(tinta vermelha extrada de uma planta) e o ll (planta que
tambm d colorao vermelha, tipo henna). O sn era
usado nas festas de casamento, nascimento e posse do rei.
Nessas ocasies encontravam-se mulheres pintadas com
sn dos ps cabea, pois achavam que isso as tornava
mais bonitas.
Ao dar luz as mulheres costumavam embelezar seu
corpo e o da criana com sn. Uma esposa nova na casa
tambm costumava pintar os ps com sn noite, ao deitar,
para ficar bonita.
O uso de ll um costume hauss, trazido para a
regio dos iorub pelos muulmanos. A folha era misturada
com kanun. As mulheres pintavam os ps e as unhas das
mos e ps, deixando descansar por algumas horas. Depois
lavavam o local, e ele ficava cor-de-rosa.
Uma das coisas de que os iorub mais gostavam eram
as marcas. Muitas mulheres faziam cortes no rosto, testa,
barriga, costas e at nas ndegas. No rosto usavam uma
agulha, e no corpo uma lmina, colocando no corte um lquido
chamado oye dd, que fazia com que as cicatrizes ficassem
pretas.
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Atualmente esse costume est praticamente extinto. Os
catlicos e os muulmanos, por exemplo, no o adotam.
Outra forma muito comum de embelezar o corpo era
furar as orelhas, nariz ou lbios. Logo ao nascer um beb do
sexo feminino, a me furava as orelhas para colocar brincos
que, em certas regies como sul de Benue, terra dos tapa e
hauss, eram pedaos de coral, sendo preciso furos bem
grandes. Nos lbios e nariz eram usados anis ou um pedao
grosso de coral.
Destes hbitos, o nico que ainda permanece o de
furar as orelhas.
Aqui, mais uma vez, vemos que uma herana iorub
o costume de pintar os iyawo com produtos naturais (waji,
sn, etc.) para a festa da sada do seu Orix.
Cuidados com os cabelos
Outro costume dos iorub era a raspagem da cabea
para os homens, e os penteados bem elaborados para as
mulheres.
H muito tempo, se o homem no raspasse a cabea
era sinal at de falta de higiene. Atualmente o costume ficou
restrito s aos mais velhos. S entre os hauss o costume
ainda mantido por jovens.
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Somente alguns homens deixavam o cabelo crescer, e
usavam penteados especiais, que os identificavam como
sendo devotos dos orixs: os filhos de Sango, os caadores
de Ode e os olori.
Na terra iorub, ao se encontrar um homem com um
penteado especial, deve-se lembrar que pertence religio
dos orixs.
Cabelos de homem
Antes da colonizao inglesa, os iorub iam raspando a
cabea medida a que os cabelos cresciam, e espalhavam
leo na careca para ficar brilhando. Os jovens mensageiros
do rei, para serem identificados, costumavam raspar um dos
lados da cabea, deixando os cabelos crescidos no outro
lado. Era o chamado lar.
Atualmente os homens usam o penteado que mais lhes
agradar. Muitos preferem o estilo "black". Alguns usam
penteados especiais, como j foi dito, por motivos religiosos.
Cabelos de mulher
As mulheres costumavam fazer diversos tipos de
penteado. Cada estilo tinha um nome, como suk, alagogo,
korob, etc.
H trs tipos bsicos mais usados:
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Irun biba - o mais simples, deixa os cabelos soltos.
Quando a mulher est com pressa, faz o biba, porque
rpido e pode ser feito sem ajuda. Pode ser usado para sair.
Irun kk - cabelos presos, o penteado executado com
linha preta, para a mulher que no tem muitos cabelos. feito
com a ajuda de outra pessoa.
Irun dd - penteado preso, mais elaborado. Algumas
formas de faz-lo:
Um dos estilos chama-se sk. Os cabelos so
penteados para cima e presos no alto, juntos.
Outra forma de dd o ptewo (bater palmas). O
cabelo dividido de orelha a orelha e penteado de baixo para
cima dos dois lados, at se encontrarem. Quando pronto
parece estar batendo palmas. feito por profissionais.
Outro tipo o pnmo (boca fechada). Abre-se o
cabelo em volta da cabea toda e penteia-se de baixo para
cima e de cima para baixo, encontrando-se no meio.
Ipko elede o cabelo solto, todo penteado para a
frente.
Antigamente esses penteados eram muito usados, e
at ensinados nas escolas. Depois as jovens passaram a
alisar os cabelos, pela influncia dos colonizadores de raa
branca.
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O hbito de raspar a cabea do iyawo parece no ter
nenhuma relao com este costume, pois adotado para
ambos os sexos, e simboliza o nascimento para uma nova
vida, semelhante a um recm-nascido.
Vesturio
Antes da colonizao os iorub s usavam roupas
tpicas, hbito que permanece at hoje, porm com
modificaes de influncia ocidental.
Trajes sociais masculinos (egbejod)
Para sair, os homens idosos e ricos usam uma tnica
grande, chegando at aos joelhos, chamada dndg. comum seu uso entre chefes de cidades.
Outra tnica tpica o agbd, largo, bem simples, feito
em qualquer tipo de tecido. Costuma ser usado por adultos,
mas jovens tambm podem usar.
J o gbry uma tnica sem mangas, com dois
bolsos e bordados artsticos na frente.
H tambm o bb, comprido, de tecido leve, e com
mangas curtas ou compridas. aberto do lado na altura do
peito, e fecha com trs botes. Serve tambm para usar
como roupa de baixo.
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Dnsk outro tipo de roupa que pode ser usada por
baixo.
Todas essas roupas so usadas sobre diversos tipos
de cala (skt):
Snyinmotan - tipo de cala apertada nas pernas, que
chegava pouco abaixo do joelho. Era usada em situaes de
trabalho em que a perna da cala pudesse atrapalhar. Hoje
em dia no se usa mais.
Soro - uma cala comprida, at altura do sapato. A
boca no muito larga. Costuma ser usada com o bb.
Kembe - uma cala tradicional, muito larga desde a
cintura at altura do joelho, depois afinando para baixo at
aos ps.
Nenhum iorub sai com suas roupas tradicionais, sem
um chapu (fil), que pode ser do tipo rb, bentigo, kete ou
eletiaja, que tem pontas laterais, como orelhas de cachorro.
Trajes femininos
Para sair as mulheres iorub usam:
Aso r - uma roupa enrolada em torno da cintura at
aos ps, como uma canga. Costuma ser usada em cima do
bb feminino, feito do mesmo tecido. Atualmente esses
modelos so feitos em tecidos europeus.
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Bb feminino - Semelhante ao masculino, mas com
mangas mais curtas.
Sm uma roupa para ser usada sob o bb.
Principalmente quando o bb de renda ou lese, devido
transparncia.
Sobre o ombro esquerdo usa-se o iborn (tipo pano da
costa das baianas), que pode ser de tecido ingls ou de aso
oke.
Quando as mulheres se vestem com esses trajes
tpicos, indispensvel usar um turbante (gl) muito bem
trabalhado.
Para completar colocam braceletes, anis e cordes,
pintam o rosto com atike e colocam tiro nas plpebras.
No vesturio ritual das cerimonias de Ketu, predomina a
influncia europia, com muitas saias rodadas, lams,
brocados, sendo deixada de lado a autenticidade dos trajes
regionais, bem mais simples, porm muito mais bonitos.
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COMPORTAMENTO GRUPAL
A criana africana
Normalmente imaginamos as crianas africanas criadas
em liberdade, brincando na selva com elefantes e outros
animais que s conhecemos do zo. A realidade, entretanto,
bem diferente. Embora os costumes estejam se
transformando rapidamente pela influncia europia, a
educao dos filhos at hoje segue princpios rgidos.
Assim que uma criana - de ambos os sexos - se
mostra capaz de carregar um pacote sem deix-lo cair, ou de
desempenhar pequenas tarefas domsticas, treinada para
fazer servios de maior responsabilidade, auxiliando os
adultos.
A pobreza, aliada aos costumes tradicionais, obriga acriana a ter uma infncia pouco normal para a nossa
cultura. Ela fornece sua parcela de mo-de-obra para o
sustento da comunidade, nem que tenha, digamos, quatro
anos de idade.
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Cada criana importante para o grupo como
contribuio de trabalho, e em algumas tribos, antes da
colonizao, as crianas que nasciam deficientes eram
abandonadas, morrendo de fome e frio. Em alguns locais, at
o nascimento de gmeos alterava a estrutura familiar, e um
deles era sacrificado.
Com poucos dias de nascida a criana amarrada s
costas da me. Este processo faz com que ela se sinta
segura, fique perto do alimento, e ao mesmo tempo seja
embalada, enquanto a me trabalha. raro haver um beb
choro, pois a crena diz que quando o beb chora porque
a me infiel, e por isso as mes fazem tudo para evitar que
seus filhos chorem.
Ao crescer um pouco, a criana passa a ser carregadanas ancas de uma irm mais velha, ou outra menina da tribo,
at aprender a engatinhar, fase que acontece mais cedo nas
crianas de raa negra.
Com a colonizao pelos pases europeus, entretanto,
a estrutura primitiva das tribos mudou bastante, e essa
influncia marcante no comportamento das crianas. Elas
sabem que, se estudarem, vo ter uma vida melhor. Procuram
aprender o idioma do pas colonizador, e tm como meta
fazer um curso superior, de preferncia no exterior, voltando,
entretanto, depois de formadas, para desempenhar as
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funes junto ao seu povo, visando o desenvolvimento do seu
pas.
Chegam mesmo a procurar trabalhos remunerados
para poder comprar livros, e na hora das provas foi
constatado seu grande nvel de tenso e preocupao, muito
maior do que o das crianas americanas da mesma idade.
O sucesso de uma criana na escola considerado um
sucesso de todo seu grupo, e h uma expectativa de que,depois de formada, recompense o grupo ajudando a educar
as outras crianas.
As brincadeiras limitam-se geralmente s ocasies de
festa, entre a plantao e a colheita. As crianas ensaiam
jogos, msicas e danas para apresentar na festa. Os ensaios
so feitos em grupo, noite, sob o luar.
Tambm nas grandes cidades, embora no haja esse
envolvimento grupal, as crianas tm uma orientao rgida
com relao a famlia, trabalho e estudo.
Nos candombls de Ketu o trabalho distribudo entre
os filhos, em prol do grupo, as tarefas variam de acordo comtempo de feitura e sexo do Orix, e os mais velhos tm
sempre a obrigao de cuidar dos mais novos.
Educao domstica
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Os iorub valorizam muito a educao e o respeito
dentro de casa, transmitidos de pais para filhos.
A importncia do cumprimento
Pela manh, ao acordar, o filho tem a obrigao de
cumprimentar os pais. Se for do sexo masculino ter que se
baixar no cho, e do feminino dever se ajoelhar, e
permanecer na posio at os pais lhe responderem ocumprimento. H ainda um cumprimento especfico para a
tarde outro para a noite.
Existem pessoas que tm direito a um cumprimento
especial, como fazendeiros, Babalawo, caadores, ferreiros, e
muitos outros. Todas as pessoas que esto trabalhando
tambm so cumprimentadas por quem passa.
Os reis tm direito a um cumprimento especial, j citado
anteriormente, que demonstra o grande respeito que o povo
lhes dedica. O cumprimento antigo, mas continua a ser
usado at hoje, porque os reis so e sero sempre
respeitados.
Respeito aos mais velhos
Os iorub geralmente respeitam e exigem respeito uns
dos outros. Existe uma regra muito importante: o irmo mais
novo no pode chamar o mais velho pelo nome. Deve dizer
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meu irmo ou minha irm. Os pais tambm no podem ser
chamados pelo nome.
Na nossa cultura, normal os pais sarem de manh
para comprar po e cuidarem de todos os afazeres
domsticos, enquanto os filhos dormem.
comum, tambm, os filhos se negarem a fazer o que
os pais mandam, e alguns at xingam os pais. Na Nigria
isso no acontece, porque a criao muito mais rgida, e d-se muita importncia educao dentro de casa. Os filhos
desempenham pequenas tarefas, no se negam a fazer o que
os pais mandam, e impera a obedincia e o respeito.
No Brasil, nas casas de Ketu bem organizadas, que
seguem os preceitos, os filhos, ao levantarem ou chegarem
da rua, no podem falar com ningum antes de saudar os
Orixs e o pai ou me de santo; devem cumprimentar o pai de
santo abaixados, e aguardar ordem para se levantar. Cada
membro da casa deve ser saudado de acordo com seu cargo
na hierarquia, e reinam o respeito e a obedincia aos mais
velhos.
Escravido -ErX wof
As palavras wof e er, embora paream ter o mesmo
sentido - escravido - tm significados muito diferentes. Ser
wof era muito melhor do que serer.
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Er
A diferena de tratamento deve-se maneira como odono conseguia aquela pessoa para trabalhar para ele. O er
era o escravo capturado durante a guerra que, adulto ou
criana, era obrigado a trabalhar sem parar, sendo maltratado
o tempo todo. Se morresse, ningum se importava.
wofO wof era muito diferente. Tratava-se de uma pessoa
alugada por seu pai a algum rico, em troca de dinheiro. O
filho ficava morando com o novo patro, e trabalhando para
ele at o pai poder resgatar a dvida. Antigamente esse
sistema era muito usado, e as pessoas que no possuam
filhos ficavam trabalhando, elas prprias, at pagar a dvida.
O wof podia voltar para casa depois de seu pai pagar
a dvida. Enquanto estivesse na casa do patro, o que poderia
durar anos, era bem tratado, comia mesa com a famlia,
ganhava tudo que o filho do dono da casa ganhasse, no
trabalhava debaixo de chuva ou com sol demais, tinha um dia
de descanso semanal aos domingos, e no podia morrer de
forma alguma na casa onde estivesse servindo. J o er no
podia parar de trabalhar, chovesse ou fizesse sol e, se
morresse, ningum se importava.
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Se o pai do wof morresse, ou nunca pudesse terminar
de pagar, ele ficava trabalhando e morando com o patro,
como filho, podendo se tornar independente se este
resolvesse perdoar a dvida.
A filha mulher tambm podia ser wof, s que ela s
trabalhava para mulheres, nunca para homens.
Este costume muito antigo e, ao que se sabe, foi
totalmente erradicado.
Em algumas roas de candombl os iyawos que no
tm recursos para pagar as despesas com a feitura, ficam
durante um bom tempo trabalhando na casa do pai ou me de
santo, prestando servios domsticos, e ajudando no culto.
Outros, que no dispem de tempo integral, pedem dinheiro
na rua, vestidos com os trajes rituais, para pagar sua dvida.
Adolescncia
Em algumas tribos, ao chegar puberdade, meninas e
meninos passavam por rituais de iniciao, compostos de
cerimnias, provas e danas, que marcavam sua entrada na
vida adulta. Moas e rapazes submetiam-se orgulhosamente
aos rituais, por mais penosos que fossem, para serem
considerados adultos pelos demais membros do grupo.
A circunciso fazia parte da iniciao dos rapazes em
quase todas as localidades. Eles passavam ainda por muitas
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outras provas de coragem, como passar a noite numa cabana
escura, preparada pelos adultos, ouvindo sons assustadores
e vendo assombraes.
Na regio oriental da Nigria era comum trancar as
meninas numa cabana de engorda onde eram alimentadas
em excesso durante semanas ou meses, at ao dia da festa,
quando apareciam na plenitude de suas formas
arredondadas, usando colares vistosos, pintadas com
corantes.
Os rapazes, aps as cerimnias de iniciao, podiam
tornar-se guerreiros ou caadores. s moas estava
destinada a misso de ser dona de casa e me de famlia.
Costumes familiares
A maioria dos padres tradicionais de comportamento
em famlia j desapareceu, devido, principalmente, s
facilidades da tecnologia moderna.
Em algumas tribos era costume o casal separar-se
aps o parto, indo a mulher para casa da me por um
perodo. Modernamente, por exemplo, a me pode estar
morando longe, e sem a tradicional separao rompe-se o
esquema primitivo de planejamento familiar, e os filhos
nascem um atrs do outro.
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Nas antigas tribos era adotada a poligamia, desde que
o homem pudesse sustentar as mulheres que possua.
Modernamente este sistema gera confuso, e cria mais um
problema para o chefe da famlia.
No campo, a me cuidava da lavoura e dos filhos. Hoje
a mulher tem que competir com o homem no mercado de
trabalho, pois na maioria das vezes ele no tem condies de
arcar sozinho com as despesas de toda a famlia.
Trabalho comunitrio
H uma srie de tarefas que no se pode fazer sozinho,
e os iorub se ajudavam mutuamente usando dois processos
diferentes: aaro e owe.
Naquela poca, mesmo que a pessoa tivesse posses,
era necessrio a cooperao dos vizinhos, porque as aldeias
eram pequenas - cerca de duzentos habitantes, ficavam muito
distantes umas das outras, e no havia os modernos meios
de transporte.
Aaro - Adultos e jovens costumavam reunir-se para
ajudar uns aos outros na tarefa mais comum, que era o
trabalho no campo. O aaro consistia em um grupo de
fazendeiros se reunir para fazer o trabalho de um deles,
depois o do outro, e assim por diante, at terminar o trabalho
de todos. Cada fazendeiro conseguia ter mais trabalho feito
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em um dia, do que se trabalhasse sozinho por uma semana, e
sem nenhuma despesa.
Owe - Quando uma pessoa precisava de ajuda para
realizar uma tarefa, reunia um grupo de amigos para ajudar e
providenciava bastante comida e bebida para todos. Podia ser
feito o owe para cortar lenha, construir ou reformar uma casa,
etc. O patrocinador gastava sempre muito dinheiro.
Esse costume ainda existe no Brasil, quando soformados mutires de amigos e vizinhos para construo de
casas e outras tarefas, especialmente no interior.
Abik
Era chamada de abik uma criana que se acreditava
nascer e morrer vrias vezes. Por exemplo, quando uma
mulher dava luz um filho e este morria, e ela continuava a
ter filhos que morriam cedo ou que nasciam mortas, os iorub
acreditavam tratar-se da mesma criana que morria e voltava.
Da o nome de abik: bi- nascer, e ku - morrer.
Diz a tradio que os abik eram crianas que
gostavam de escurido, de andar sozinhas pelas
encruzilhadas ou pela beira dos rios ao por do sol. Por isso as
mulheres grvidas no deviam sair noite, nem passar em
encruzilhadas, porque se encontrassem uma dessas crianas,
ela poderia substituir a criana que estava dentro da barriga,
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s para fazer a me sofrer. Dizia-se que eram crianas que
prometiam voltar para o cu num determinado prazo, e ento
morriam. No tinham pena nem medo de ningum, e s
faziam maldades. Eles sabiam quando algum usava um
amuleto para evit-los.
No dia em que decidiam vir terra, nada os segurava,
nem mesmo os feitios para evit-los. S os babalawo
antigos e experientes ainda conseguiam control-los.
Para conquistar o abik podiam ser tomadas trs
medidas.
A primeira era lev-lo a um babalawo poderoso.
A segunda, dar-lhe um nome de perdoar, ou de
prend-lo a ns. Com esse tipo de nome ele poderia ficar
sensibilizado e resolver ficar. Esses nomes eram, por
exemplo:
Durojeye (fica e desfruta do mundo),
Durosinmi(fica e descansa comigo),
Malomo (no v mais embora), ou
Jokotimi(senta e fica comigo).
Quando mesmo assim a criana morria novamente, ao
voltar, davam-lhe um nome que o deixasse com vergonha
para ver se assim ele ficava. Um desses nomes Aja
(cachorro).
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A terceira coisa que se fazia era para o abiku
desaparecer e nunca mais voltar. Cortavam todos os dedos
antes de enterr-lo, ou queimavam-no e jogavam no rio.
Dizem que os que voltavam mesmo assim, nasciam sem os
dedos, ou com as marcas das queimaduras. Alguns, depois
de tantas tentativas, nasciam abobalhados e no morriam
mais, para fazer os pais sofrerem. A maioria dos retardados
era considerada abik.
Naturalmente hoje em dia apenas um pequeno nmero
de pessoas acredita em abik, e sabe-se que a morte
contnua dos filhos se d devido a problemas que j possuem
soluo na medicina moderna.
A escolha do nome dos filhos
Desde muito tempo os iorub reuniam a famlia e os
amigos e comemoravam o Dia-de-dar-o-nome aos filhos
(komojde), costume esse que dura at hoje.
O nome escolhido de acordo com a famlia a que a
criana pertence, a posio em que nasceu, se chorou muito,etc.
Se uma criana vem ao mundo num dia de festa, ou no
Natal e Ano Novo, pode chamar-se Bodunde, ou Abiodun
(bi/b- nascer, odun - festa).
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As que nascem na estrada, na rua, podem chamar-se
Abiona (ona - estrada), e as que nascem num dia de chuva,
Bejide (ej / ojo - chuva). J se choveu muito na madrugada
do nascimento, pode-se dar um nome derivado de ojo.
Pessoas que nascem em famlia real, tm os nomes de
Adesoji, Ademola, Adeniyi, Adekanmi, Adeniji, e outros
formados com a palavra ade (coroa).
As pessoas nascidas num dia de alegria para a famliaso chamadas Adebayo, Ayodeji, Bolaji, e outros nomes
compostos de ayo (alegria) e ola (dignidade, riqueza).
Se morre ao nascer, a criana pode receber os nomes
de Popo, Kosoko, Kokumo (no morra mais), e outros,
conforme visto emAbiku.
Se uma criana nasce aps a morte de seu pai
chamada de Babatunde, ou Babajide. Se nascer aps a
morte da av, chamada de Iyabo.
A criana que nasce quando a me no tem
menstruao chama-se lr. Se nasce depois de passados
os nove meses, chama-se Omope.
Crianas que necessitam cuidados especiais para se
criarem chamam-seAduke, Abike, Apeke, Alake, Amoke etc.
Se nascem gmeos, devem chamar-se infalivelmente
Taiwo, o que nasce primeiro, e Kehinde o segundo a nascer.
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Se forem trigmeos, o terceiro deve chamar-se Eta-k. O
prximo filho do casal, tem que se chamarIdowu.
A lenda diz que Taiwo ou Tayewo (to-aiy-w) o mais
novo, e sai na frente para provar o mundo, a mando de
Kehinde, considerado o mais velho (ehin - atrs, de - chegar).
Se Taiwo chorar, sinal de que o mundo bom, doce como
mel, e ento Kehinde sai.
Outros nomes so dados de acordo com a tradiofamiliar, ou quando se pede a gravidez a um orix:
Famlia de caadores: Odewmi, Odewole, Odeyemi,
Odesanmi, etc.
Famlia de guerreiros: Akinbde, Akintola, Akinyemi,
Akinwumi, e outros.
Famlia que segue a religio dos orixs: Osagbemi,
Aborisade, Abegund, Omtd, e outros.
Homenagem a Sango: Sangotade, Sangobiyi,
Sangogbemi, Sangowende, etc.
Homenagem a Ogun: Ogunsol, Ogund, Ogunmola,
Ogundl, etc.
Homenagem a Esu: Esubiyi (nascido pela vontade de
Esu), Esutosin (para agradecer a Esu), etc.
Para os iorub esu no tem a conotao pejorativa, de
demnio, que tem entre ns. Esu um orix como os outros,
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e o nome tradicional, portanto a pessoa usa-o sem
problemas.
Ikmojde
H um dia certo para se dar o nome aos bebs iorub
do sexo masculino: sempre nove dias depois do nascimento.
Catlicos e muulmanos do o nome oito dias aps o
nascimento, independente do sexo.
No Ikmojde - o ritual de dar o nome, usa-se orogbo,
gua, vinho, sal e mel. O chefe da famlia d orogbo para o
recm nascido comer, para ter vida longa. Depois toca os
lbios do beb com sal e mel, para ele ter uma existncia
alegre, e em seguida abenoa a criana, e distribui os
orogbos para todos comerem.
Por causa da importncia dada escolha do nome, e
de sua relao com diversos fatores da vida da famlia, existe
o seguinte provrbio:
Ile lai w so omo l'oruko ( a casa que se deve
observar primeiro, antes de dar o nome criana).
Entre os iorub cada pessoa possui, tambm, seu oriki
(cntico de louvor descrevendo o que a pessoa , ou o que se
espera que a criana venha a ser. Geralmente fala da bravura
e honra, se for homem, e da formosura e virtudes, se for
mulher).
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Mais uma vez, vemos a semelhana entre os costumes
tradicionais iorub e os candombls de Ketu. Os iyawo, na
terceira sada, do o nome que receberam de If na feitura,
e que sempre relacionado com o seu Orix - pai ou me
(em geral nome composto com Oba para os filhos de Sango,
Yeye para os de Osun, Ya os de Oya, Iji, os de Obaluaiye, N
os de Nan, Iwin os de Osal, Odo os de Yemoja etc.).
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CASAMENTO E MORTE
O Casamento
Antigamente o casamento era um ato muito importante,
e as pessoas casavam assim que tinham condies. Se uma
pessoa com condies no quisesse se casar, tinha at que
sair da cidade, por causa da insistncia dos parentes e
conhecidos. Tradicionalmente a escolha da noiva era feita
antes dela nascer, ou quando era ainda criana.
Se um rapaz quisesse casar, procurava dentre seus
vizinhos um senhor honrado, que tivesse algumas esposas.
Primeiramente o jovem visitava a famlia, levando sempre
presentes para agradar o dono da casa. Um dia pedia-lhe
que, quando uma das esposas ficasse grvida, caso
nascesse uma menina, lhe fosse dada como esposa.
Quando uma das esposas engravidava, o rapaz
passava a cuidar do casal. Se nascesse uma menina, ele
assumia a responsabilidade do beb, pois j era considerada
sua esposa. Durante o crescimento da criana o rapaz devia
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mostrar aos pais que podia cuidar dela, e que nunca a
deixaria passar fome.
Quando ela ficava moa, comeavam a se encontrar e
conversar, e era marcada a data do casamento. A moa no
tinha outra opo, e jamais poderia se separar do marido, pois
os pais nunca a perdoariam.
Ifojsde - a escolha da noivaCom o passar do tempo, surgiu outro modo mais
moderno de procurar uma noiva. Quando um rapaz adulto
tinha condies para se casar, os pais comeavam a
procurar-lhe uma esposa, sem ele saber.
Ele, por sua vez, tambm comeava a procurar uma
noiva, e seu comportamento mudava. Tomava banho vrias
vezes ao dia, e passava a cuidar dos dentes, cabelos e
unhas. Quando finalmente se apaixonava, contratava uma
alrin (investigadora), uma mulher cuja funo era descobrir
tudo sobre a moa e sua famlia, porque para casar precisava
ter certeza de que era com a pessoa certa.
Se a moa tivesse mau comportamento, ou em sua
famlia houvesse dvidas, mendigos, leprosos, ladres ou
qualquer fato desabonador, o rapaz desistia do casamento.
Se ao contrrio, tudo fosse positivo, comeava o trabalho de
conquista.
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A alrin elogiava o rapaz na frente da moa, e
planejava uma forma de fazer com que se encontrassem.
Caso a moa gostasse do rapaz, seguiam-se outros
encontros, at resolverem casar. S ento a moa autorizava
o rapaz a comunicar o namoro aos pais dela.
Itoro - o pedido de casamento
Primeiro o rapaz falava com seu pai, dizendo que viuuma flor muito bonita na casa de fulano, e desejava colh-la,
e explicava os entendimentos que j havia tido com a moa.
O pai do rapaz ia ento casa da moa, com os membros
mais velhos da famlia, para o pedido de casamento. A esta
altura, ela tambm j havia comunicado ao pai.
Geralmente o pai da noiva marcava uma outra data,
para a me tambm estar presente. No dia do pedido o noivo
pagava s esposas do pai para banharem a noiva. As famlias
e os amigos ento se reuniam para o pedido oficial. A famlia
do rapaz levava presentes (vinho, obi, whisky, etc.) para a
casa da noiva.
Uma pessoa mais velha chamava os noivos,
perguntando moa se ela gostava do rapaz. Se respondia
que sim, eram considerados noivos, e todos bebiam vinho de
palmeira para comemorar.
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Depois do noivado o rapaz comeava a pensar no que
iria oferecer como dote ao pai da noiva. No dia da entrega dos
presentes, antes de comear a comemorao tudo que o
noivo levava era usado para rezar para os noivos. A pessoa
mais velha da famlia da noiva entregava a moa pessoa
mais velha da famlia do rapaz, recomendando que ela no
deveria apanhar, no deveria passar fome, etc.
Os presentes tradicionais oferecidos pelo rapaz
famlia da moa eram:
mel, cana de acar e sal - que quer dizer que eles
iriam ter uma vida alegre, boa;
obi e orogbo - significando que eles iriam ter uma longa
vida juntos;
bzios (dinheiro) - significando que iriam ser ricos;
pimenta da costa (atare) - significando fecundidade;
azeite de dend (epo) - que queria dizer que eles no
teriam dificuldades na vida.
Aps a reza a moa se preparava para deixar a casa
dos pais. A partir desse dia a moa passava a morar na casa
do noivo, vivendo como esposa.
Todo o enxoval da noiva era dado pelo noivo, quer em
forma de dinheiro para as compras, ou dos objetos que ela iria
precisar. Em todo o processo, desde a busca da namorada
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at o dia do casamento, era sempre o rapaz quem pagava
tudo, e a data s era marcada depois de tudo pago. Em
algumas localidades, o pai da noiva ainda pedia ao rapaz um
dote em dinheiro.
O canto nupcial (ekun ywo)
O canto nupcial era cantado pelas noivas na vspera
do casamento, e faz parte da tradio oral iorub. O ritualvariava de acordo com a localidade, e descrevemos aqui
como era na cidade de Oyo, de acordo com pesquisa feita
naquele local.
O canto era transmitido de gerao a gerao, de forma
oral. As noivas procuravam mulheres antigas para
acrescentar mais versos aos que aprendiam desde a
adolescncia. Fazem isso por um perodo de 2 a 3 meses
antes do casamento.
O canto nupcial expressava a emoo da noiva sobre
as pessoas e coisas que faziam parte de sua vida,
especialmente parentes e amigos. Representava seus
sentimentos com relao aos parentes, principalmente a me.
Falava de sua tristeza por ter que ir embora e deixar a famlia
e sua posio na casa. Ia deixar tudo e passar a viver na
companhia de um homem a quem pouco conhecia,
convivendo com pessoas inteiramente novas para ela. Era um
perodo de incerteza. Por outro lado havia o sentimento de
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alegria, pois iria se tornar independente e formar sua prpria
famlia.
No dia marcado, primeiro a moa cantava para seus
pais, ajoelhada, expressando gratido e rezando para que
eles fossem recompensados pelo trabalho que tiveram com
ela, e pedindo a bno, para ser feliz, no ser estril nem dar
luz um abik.
Era crena iorub que a bno dos pais era essencialno incio da nova vida de uma noiva. Pedia-lhes que
rezassem para ela ser feliz com os novos parentes. Se um
dos pais fosse morto, ia cantar beira do tmulo, pedindo sua
bno.
Depois saa pela cidade, cantando de casa em casa.
Cantava para os parentes e amigos, expressando sua
ansiedade, seus medos e incertezas sobre a vida: medo de
no saber resolver os problemas tornando-se ridcula ou
malquista, medo de ser maltratada ou insultada.
Se no meio do caminho encontrasse uma amiga de
infncia, deveria cantar lembrando a amizade, as artes que
fizeram juntas, dizendo que o que as estava separando no
era briga nem inimizade, mas a necessidade de constituir uma
nova famlia.
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No canto ela falava discretamente de sua beleza, e do
orgulho de ter preservado a virgindade. Tradicionalmente as
virgens usavam contas na cintura.
Se encontrasse uma mulher casada estril, deveria
cantar expressando sua simpatia, e rezando para que a outra
ficasse frtil. Se encontrasse outra noiva realizando a mesma
cerimonia, as duas iniciavam uma competio de canto, como
um desafio.
O canto nupcial no tinha rima nem mtrica regular. O
comprimento de cada verso podia variar, de acordo com a
moa. A beleza do canto dependia tambm da beleza da voz
da noiva.
O ritual do casamento
O ritual do casamento variava de cidade para cidade,
mas era sempre noite que a noiva ia para casa do noivo.
Se a moa fosse de famlia rica penteava os cabelos de
forma diferente e colocava roupas e sapatos da melhor
qualidade. Se fosse filha de um rei enfeitava os cabelos,braos e pernas com contas de coral. No caminho era
cumprimentada como o prprio rei.
Na hora da noiva deixar a casa do pai, este rezava por
ela, e toda a famlia acompanhava as oraes,
acompanhando a moa at rua, em cortejo, que passava
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pelas casas dos parentes dos noivos, para todos a
abenoarem.
Ao sair da casa dos pais a moa recebia um menino ou
menina para ficar como seu ajudante (em geral uma irm ou
irmo mais novo). Essa criana passava a executar o
trabalho domstico.
Ao chegar casa do noivo o rapaz saa, porque a
tradio dizia que ela no devia encontrar o noivo dentro decasa. Antes de a moa entrar, o noivo lavava-lhe os ps, para
deixar todo o passado do lado de fora e comear uma vida
inteiramente nova. Na entrada da porta era colocada uma
cabaa, que a noiva devia quebrar com os ps. O nmero de
pedaos em que ela a conseguisse quebrar indicava o
nmero de filhos do casal. Por esse motivo, era semprecomprada uma cabaa bem fina, para se quebrar em muitos
cacos.
Ao entrar na casa do noivo, a moa era recebida pela
famlia e levada para um quarto, onde ficava durante trs dias.
No terceiro dia o marido ia dormir com ela, para saber se j
havia conhecido outro homem antes dele. Se a moa no
fosse mais virgem, era devolvida famlia.
Na manh do quarto dia a famlia da noiva ia visitar o
casal. Se a moa no tivesse casado virgem, a famlia do
noivo dava-lhes de presente um jarro de vinho pela metade,
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significando que a mulher era usada. Ela voltava para casa
dos pais, e a famlia ficava coberta de vergonha.
Se a moa fosse virgem, no stimo dia aps o
casamento as outras esposas arrumavam tudo, preparavam
comida, e todos comemoravam.
A partir da s se ouvia falar nela aps trs meses.
Havia uma festa em que ela que fazia a comida, e ela podia
sair pela primeira vez para visitar seus pais. Depois desse diaj podia ir s compras, fazer comida para todos, e passava a
ser chamada iyawo (esposa), at o marido arranjar mais uma
esposa.
Sr omo - Doar a filha - tipo de cerimnia de
casamento feita pelas pessoas que seguiam a religio
muulmana. O pai criava a filha e planejava do-la como
esposa a um pastor muulmano, calmo e de bons costumes.
O pastor s ficava sabendo na vspera, quando o pai
mandava dizer que se preparasse para dar banho em uma
esposa. Ele no podia recusar, e tinha que se preparar para
receb-la. O pai da moa dava roupas, sapatos, dinheiro, tudo
para os noivos, e havia uma grande festa, aps a qual eram
considerados marido e mulher.
Havia outro processo de casamento muulmano que
era idntico ao tradicional yorub, mudando apenas as rezas.
O pai do rapaz fazia o pedido ao pai da moa, e no dia
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marcado ela era levada, noite, para casa do noivo, sendo
considerados casados.
Atualmente raro encontrar algum que ainda siga
estes rituais. Modernamente os casamentos so realizados no
civil e no religioso, de acordo com a crena e a vontade dos
noivos, e o rapaz que escolhe sua futura esposa.
Casamento catlico - cerimnia igual realizada em
qualquer parte do mundo. Na Nigria quem casar na igrejacatlica s podia se separar depois de trs anos.
Casamento civil - Feito no cartrio, o processo
sempre o mesmo, independente de religio. A diferena que
os cristos juram sobre a Bblia, os muulmanos com o Kovan
e as pessoas da religio dos orixs juram por Ogun.
Atualmente, nas casas de candombl brasileiras, a
recm-iniciada, chamada iyawo (iyawo), aps a feitura, no
pode sair da casa de santo por um certo perodo, que varia de
casa para casa.
A morte - os rituais de enterro
Os iorub acreditavam que ao morrer iriam para outro
mundo, semelhante a este. Por esse motivo, os mortos eram
muito bem cuidados, para no passarem vergonha quando l
chegassem. O caixo seria a casa do morto no outro mundo.
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O povo apresentava dois comportamentos diferentes
diante da morte. Se morresse um jovem, ou ocorresse uma
morte inesperada, era encarada com tristeza. J se morresse
um velho que teve uma vida prspera, todos festejavam.
Se um jovem morresse subitamente, todos choravam
muito, e procuravam descobrir o motivo, chamando at o
esprito do morto para dizer se fora ele mesmo (esprito) quem
havia levado a pessoa, ou se fora um trabalho feito por
algum.
O corpo era enterrado dentro de casa, e a famlia fazia
muitos trabalhos espirituais, para que o mesmo no
acontecesse com outros membros.
Se morresse uma pessoa pobre, sem parentes para
pagar o enterro, os conhecidos enrolavam o morto em suas
roupas, e cavavam um buraco, fazendo o enterro sem
nenhuma despesa. No caso de um mendigo ou um leproso,
era enterrado no mato, longe da cidade.
Se uma pessoa morresse ao visitar algum, deveria ser
enterrado na casa onde morreu, pelo dono da casa, que
mandava avisar a famlia do morto.
Uma morte muito triste era a de mulher grvida. A
criana deveria ser tirada da barriga, e a mulher, em algumas
localidades, era levada para o mato, e encostada a uma
rvore.
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O corpo de um corcunda (abuk) tambm no podia ser
enterrado dentro de casa. Devia ser levado para o mato, e
feito um ritual.
J os presidirios no eram enterrados. O corpo ficava
jogado para os animais comerem. Por causa disso as
pessoas evitavam fazer coisas erradas, com medo de morrer
na priso.
Quando uma pessoa morria de sarampo - que eraconsiderado o Orisa Sonponno - a famlia no podia chorar,
para no aumentar a fora dele. Todos vestiam roupa de
festa, bebiam e danavam. No se podia dizer do que a
pessoa tinha morrido, s Baba gbe e lo (o pai o levou), ou
Baba ti gbe e ni iyawo(o pai casou com ele). O enterro era
feito pelas pessoas que cuidavam do Orisa, e o corpo eraenterrado fora de casa, num local que s essas pessoas
conheciam.
Quando um raio matava uma pessoa, os filhos de
Sango levavam o corpo para um lugar chamado r,
deitavam-no junto ao fogo, e faziam um ritual para tirar o raio
e tentar acordar o morto. Conta-se que havia casos em que a
pessoa acordava, mas se o raio fosse fulminante, o corpo era
enterrado num local desconhecido da famlia, com todos os
pertences do morto e algumas oferendas.
Se algum caa de cima de uma palmeira, era
enterrado no local onde caiu.
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Quem morria afogado devia ser enterrado na beira de
um rio.
Os caadores famosos eram enterrados no mato pelos
outros caadores. Eles pegavam todos os pertences de caa
do morto, e colocavam-nos numa rvore prxima ao local,
arrumados como se fosse uma pessoa, com o chapu, a
bolsa e a arma presos nos galhos da rvore. Ali eram feitas
oferendas para o morto.
Ao morrer um rei, ningum podia comentar o assunto.
S depois de serem feitos os rituais era dado um toque num
tambor especial, anunciando cidade que o rei havia morrido.
Em Oyo o corpo do rei era levado para um lugar chamado
bara, e at chegar l o cortejo parava em onze locais
diferentes para fazer rituais.
Antigamente o rei era enterrado com doze pessoas:
quatro mulheres em baixo, quatro em cima, e dois homens de
cada lado do caixo. Eles seriam os empregados do rei no
outro mundo. Algumas dessas pessoas chegavam a tomar
veneno para serem enterradas com o rei e servi-lo no outro
mundo.
O tratamento do cadver
As circunstncias da morte, idade e status social de
uma pessoa, eram fatores importantes que ditavam a forma
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de tratamento do cadver e a condio das cerimnias do
funeral. Quando uma pessoa que teve uma vida longa e
respeitvel morria de uma forma boa, o cadver era
imediatamente enrolado numa esteira, e eram enviadas
mensagens aos familiares. Morassem perto ou longe todos os
que recebiam a notcia vinham prestar suas ltimas
homenagens ao morto. Normalmente era nessas ocasies
que as pessoas conheciam os parentes mais afastados: tios,
tias, sobrinhos, e primos de terceiro grau, pois todos se
reuniam. Enquanto isso eram feitos os preparativos para lavar
o defunto.
O cadver recebia um banho morno, com sabo e
esponja. O cabelo da mulher era bem penteado, e o do
homem s vezes completamente raspado, ou penteado e
escovado. Era costume o filho mais velho estar presente
quando o corpo de seu pai era lavado, e ele deveria ser o
primeiro a jogar gua. Este costume dava nfase
importncia de ter um filho homem como descendente. O
banho do defunto era muito importante, porque eles
acreditavam que a pessoa teria que estar limpa para ser
admitida na morada dos ancestrais. Se um cadver no fosse
lavado dentro do cerimonial, acreditava-se que ele no teria
lugar junto aos ancestrais e o esprito ficaria vagando. Esse
esprito era chamado iwin ou iseku.
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Depois do banho o cadver era vestido com roupas
adequadas, muito bonitas, em geral todo de branco. Se fosse
homem, colocava-se um chapu branco.
O morto no podia ser vestido de vermelho, caso
contrrio, ao renascer, seria leproso.
Era ento trazido para a sala de estar e colocado numa
cama muito bem decorada. Comeava a festa, com msica e
dana. Do lado de fora disparavam-se armas. Representavaum sinal de respeito ao morto e uma forma de anunciar ao
povo que ocorreu um grande evento.
Como antigamente no havia previso da durao das
cerimnias fnebres, e poderia ocorrer deteriorao, eles
tinham mtodos muito antigos de preservao, de forma que
o corpo poderia ficar dois ou mais dias sem cheirar mal. A
idia era de que o morto no deveria ser enterrado
imediatamente, deveria ter a oportunidade de esticar as
costas e ter o ltimo descanso na sua morada da terra.
Durante esse perodo as roupas do morto e a decorao da
cama onde ele estava deitado eram trocadas, cada uma mais
bonita e mais rica do que a outra. Fazia parte das honras
rendidas ao morto. As crianas e os parentes prximos davam
belos e caros presentes que eram levados pelo morto para o
outro mundo.
Muito tempo atrs os tmulos dos iorub eram cavados
dentro de casa, em quartos destinados a esse fim. Os
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familiares cavavam um buraco de seis a nove metros, fazendo
uma espcie de quarto em baixo. Depois colocavam o caixo
no buraco e toda a famlia jogava terra e conversava com o
morto, mandando recados para os outros familiares j mortos.
Em seguida os homens cobriam o buraco com terra e
matavam uma galinha preta em cima.
Atualmente essa prtica mudou. Os tmulos so
cavados nos compounds familiares.
Os cristos eram enterrados prximo igreja, os
muulmanos, na frente de suas casas.
Para os iorub, enterrar algum num cemitrio comum
era deix-lo de parte e perder contato com ele, porque a
venerao normal aos ancestrais, que inclua rituais diversos
e rezas, no era adequada para ser feita em lugar pblico, s
podia ser feita em famlia.
No dia em que o corpo ia ser enterrado, muitas pessoas
se reuniam para as ltimas homenagens. O enterro
normalmente era feito tarde. O corpo era trazido para fora e
colocado num carro (carruagem). Diferentes grupos de dana
e canto se apresentavam e eram bem recebidos e
remunerados pelos filhos e parentes do morto.
Antes do por do sol a dana parava, e o cadver,
enrolado em lindas e pesadas roupas e numa esteira
especial, era levado em solene procisso para o tmulo.
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O corpo era colocado cuidadosamente no tmulo, cada
parte do corpo arrumada. Eram colocadas junto lindas roupas,
peas de prata, dinheiro e tudo que o morto poderia vir a
precisar no outro mundo.
H muito tempo, quando morria um rei ou um chefe
importante, escravos e esposas do morto eram enterrados
com ele, mas hoje em dia alguns desses costumes antigos
mudaram. No se pode imaginar seres humanos serem
enterrados com o chefe morto.
Assim, foi feito um tipo de substituio. Um animal era
imolado e o sangue jogado sobre o tmulo. Acredita-se que o
animal sacrificado acompanhava o morto para o outro mundo.
Antes de fechar o tmulo, muitas das pessoas presentes,
principalmente crianas e parentes prximos, rezavam alto edemoradamente enquanto choravam e atiravam terra no
cadver, pedindo-lhe que fizesse uma coisa ou outra pelos
vivos que estava deixando. Tambm mandavam mensagens
para os ancestrais que haviam morrido anteriormente.
Esta uma evidncia viva da crena no outro mundo e
no poder dos ancestrais.
Acreditava-se que o morto estaria iniciando uma
viagem para uma outra esfera, onde ele ou ela iria ser muito
mais poderoso do que antes.
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que os moradores da localidade os haviam descoberto. H
depoimentos de pessoas que encontraram esse tipo de morto.
Tambm crianas que estavam na escola no momento
em que um de seus pais faleceu, testemunharam que seu pai
ou me foi visit-los e deixar instrues e mensagens
importantes.
Esses espritos assumem forma humana. Fica muito
difcil fazermos uma afirmao categrica sobre o assunto.Como os antigos, at hoje os iorub no tentam resolver o
problema luz de uma teoria coerente, preferindo usar
diversas abordagens e custando a reconhecer as
contradies. Conclui-se que para eles a alma que
sobrevive morte, e se Olodumare sua fonte, a alma volta
fonte, para ser usada de acordo com a vontade do deusmaior.
Acredita-se que quando a pessoa que est morrendo
diz M nre le - Estou indo para casa quer dizer que ela
est voltando ao lugar de onde veio, aos ps de Olodumare.
Crena nos ancestrais
At hoje os iorub acreditam que seus mortos
continuam vivendo em outro mundo, crem na sua existncia
ativa, e sabem que a morte no finaliza a vida humana, pois a
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vida na terra se estende a uma outra vida no alm, no local
chamado de "morada dos mortos".
Quase todas as religies tendem a ter uma viso
holstica da morte: alm dos componentes fsicos tangveis, o
homem possui um elemento intangvel e indestrutvel, que
sobrevive morte fsica - a alma.
Com relao aos componentes do ser humano, os
iorub acham que a forma fsica humana (ara) moldada embarro por Orisanl. Em seguida Olodumare lhe insufla seu
hlito, o chamado emi (esprito). Alm do ara e do emi o
homem recebe ainda a alma. O conceito de alma muito
complexo e dificilmente usado no sentido correto.
Por no possurem vocabulrio adequado, os antigos
tradutores do iorub traduziram alma como okan (corao)
ou emi(esprito). Corao um rgo tangvel, mas a alma
intangvel, sendo a essncia do ser.
Quando um ser humano vai ser criado, ele recebe o
esprito e a alma, alm do corpo fsico. Quando o corpo
fsico morre, o esprito e a essncia que aqui chamamos de
alma no acabam, voltam para Olodumare, que a fonte
que dispe das almas segundo sua vontade.
A religio iorub enfatiza ao mesmo tempo a
reencarnao e a continuao da vida em outro mundo
semelhante ao nosso. A morte vista no como extino,
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mas como uma mudana de uma vida para a outra.
Literalmente, um ancestral algum de quem uma pessoa
descende, por parte de pai ou me, que viveu num tempo
passado, como um av ou bisav. Porm quando os iorub
falam de ancestrais se referem aos espritos de seus
antepassados com os quais os vivos convivem como filhos,
de forma afetiva.
No qualquer morto que recebe essa considerao.
Para receber esse tratamento esses homens e mulheres
devem ter vivido bem, ter tido uma vida longa, ter deixado
bons filhos e boas lembranas. Crianas ou jovens que
morrem prematuramente, mulheres estreis e todos os que
tm uma morte ruim, por exemplo, uma pessoa morta por
Sango, Ayelala ou Soponno, ficam excludos deste grupo
respeitvel.
Depois da morte, o pai de um homem torna-se para ele
a figura mais importante no mundo dos espritos. O pai visto
como aquele que une o indivduo sua linha de ancestrais.
Alm dele todos os membros de geraes passadas que
esto no mundo dos espritos so considerados ancestraisdessa pessoa, e ele est ligado a todos eles.
Embora os ancestrais incluam homens e mulheres das
geraes anteriores, os ancestrais masculinos so muito mais
importantes. Para se tornar um ancestral conceituado, um
homem tem que viver bem, morrer bem e deixar bons filhos,
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que lhe faam rituais de funeral adequados, e que continuem
em contato com ele por intermdio de oferendas e oraes.
Julgamento aps a morte
Estes fatos levantam a questo do julgamento aps a
morte. Acreditam que o julgamento ocorre o tempo todo, aqui
mesmo na Terra. As divindades que combatem o mal podem
punir pessoas, que tero assim uma morte ruim, mas ojulgamento final pertence a Olodumare que decide quem so
os bons e os maus. Os bons so privilegiados, indo para o
cu bom, voltando para a essncia que Olodumare, e os
maus indo para o cu mau. O julgamento baseia-se nas
aes dos indivduos na Terra.
Os detalhes do julgamento no nos so contados pelos
mais velhos, mas eles tm um ditado importante: Ohun
gbogbo t a b se ly, la knle r lOrun"(Daremos conta
no outro mundo de tudo que fizermos na Terra). S quando
algum julgado tem a chance de ir para o cu bom se
reunir com os ancestrais e viver outra vida.
O cu bom, (cu dos nossos pais) dividido em
diversos pases, cidades e vilas, onde grupos diferentes de
pessoas vivem juntas, como na Terra. Aps o julgamento a
pessoa boa tem permisso para ir para o local habitado por
seus ancestrais, e a vida continua como aqui. Os bons usam
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boas roupas, comem boa comida e podem reencarnar e
nascer de novo na famlia.
Se algum condenado vai para o cu dos maus,
onde sofre muito. A alma no pode se reunir com os
ancestrais, e quando liberada, finalmente, no tem chance
de ter uma vida normal, e condenada a vagar por locais
desertos, comer restos de comida, vermes, e, s vezes,
reencarnar em animais e pssaros.
Por ocasio da morte de parentes, as crianas
costumam fazer uma saudao de despedida, desejando que
o morto no coma centopias, no coma vermes, mas que
coma junto com os outros, no cu, todas as coisas boas que
se comem por l.
Os filsofos iorub sempre lembram que se voc no
quer comer centopias e vermes, no outro mundo, deve se
comportar bem, enquanto est vivo. Os seres humanos so
responsveis por suas aes.
Reencarnao
Os iorub acreditam que os ancestrais tm modos
diferentes de voltar ao mundo dos vivos. Uma das formas
mais comuns reencarnar na prpria famlia, nascendo como
filho ou neto do morto. Acredita-se que os ancestrais
escolhem isso devido a seu amor pela famlia e pelo mundo.
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Para os iorub o mundo o melhor lugar para viver. Os
vivos desejam ver seus mortos reencarnar o mais depressa
possvel, depois da morte. Reza-se Bb/Iya y l'w re
o!"(Que seu pai/me volte a ser uma criana para voc). s
vezes, em seu entusiasmo, dizem: Bb/Iya tt y o!"
(Que o pai/ me reencarne rpido). O filho que tem a sorte de
dar luz ao pai ou me sente-se particularmente feliz.
Quando nasce uma criana os iorub consultam o
orculo para descobrir qual o ancestral que reencarnou, mas
acredita-se que se uma criana nasce logo aps a morte do
pai ou av, a alma do recm morto que est de volta. O
menino recebe o nome de Babatunde (o pai voltou). Uma
menina que nasce aps a morte da me ou da av se chama
Iyab, ou Ytnde (a me voltou).
No se costuma dar esses nomes a mais de uma
criana, aps a morte de pais ou avs. Quer dizer, o mesmo
pai ou me no reencarna diversas vezes, nem em diversos
parentes, e sim uma s vez numa determinada criana da
famlia.
Note-se que s os ancestrais bons reencarnam em
seus descendentes. Nenhuma famlia deseja ter a
reencarnao de um ancestral que morreu mal. Os maus
ancestrais - como j foi dito - reencarnam em animais ou
pssaros, e vagam em locais abandonados e desertos.
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No Brasil quando morre uma pessoa de Santo,
especialmente se tiver um cargo na sua roa, so feitos
diversos rituais com o morto e seus pertences. Em seguida a
casa passa por longo perodo de rituais. o chamado asese,
de origem iorub.
A viva (op)
Era costume iorub a viva no sair de casa, emhiptese alguma, nem pentear os cabelos, durante trs
meses. Ela devia dormir em cima do tmulo, e ali chorar trs
vezes ao dia, durante sete dias. Passados os trs meses,
raspava a cabea e fazia vrios rituais. S ento podia sair
rua.
A herana
As esposas, filhos menores, casa, fazenda, e os
demais pertences do morto eram divididos como herana. Se
no houvesse um testamento escrito, os membros mais
velhos da famlia se encarregavam da partilha.
Os agraciados eram primeiro o filho mais velho, depois
a filha mais velha, e assim por diante, at chegar caula.
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O SOBRENATURAL NOFOLCLORE AFRICANO
As lendas
Apesar do elemento sobrenatural ser muito marcante
no folclore, havia na mente do povo uma distino bem clara
entre realidade e fantasia. As lendas d