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XI ECOMIG – Encontro dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação Social de Minas Gerais Faculdade de Comunicação - Universidade Federal de Juiz de Fora | 18 e 19 de outubro de 2018
A NARRATIVA HERÓICA E A MEMÓRIA AUTORREFERENCIAL NO WEBDOC:
“ABERTURA POLÍTICA - 1974-1985” DO SITE MEMÓRIA GLOBO1
THE HEROIC NARRATIVE AND THE SELF-REFERENTIAL MEMORY IN THE
WEBDOC “ POLITICAL OPENING - 1974 -1985” OF THE SITE MEMÓRIA GLOBO.
Raíza Ribeiro Halfeld2
Cláudia Thomé3
Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Resumo
Este trabalho tem por objetivo analisar como a Rede Globo constrói uma narrativa heroica e
uma memória autorreferencial por meio dos conteúdos que ela mesma disponibiliza no site
Memória Globo. Tendo como objeto de estudo o webdoc intitulado “Abertura Política-1974-
1985”, a pesquisa analisa a estratégia narrativa da emissora ao mesclar depoimentos
fornecidos pelos próprios jornalistas da empresa com imagens de reportagens selecionadas
sobre determinado período histórico. O trabalho se propõe a observar ainda como tais
iniciativas são empregadas para legitimar mensagens e construir memórias. Serão utilizados
aportes teóricos relacionados à memória, à história, ao webdocumentário e ao jornalismo.
Para análise do material, será utilizada a metodologia de telejornalismo da autora Itânia
Gomes (2011).
Abstract
his work aims to analyze how Globo Network constructs a heroic narrative and a self-
referential memory through the contents that it makes available on the Globo Memory site.
Having as a study object the webdoc entitled "Political Opening-1974-1985", the research
analyzes the narrative strategy of the broadcaster by merging testimonies provided by the
company's own journalists with images of selected reports about a certain historical period.
The paper proposes to observe how such initiatives are used to legitimize messages and build
memories. It will be used theoretical contributions related to memory, history, web document
and journalism. For the analysis of the material, it will be used the methodology of
telejornalismo of the author Itânia Gomes (2011).
Palavras-chave: webdocumentário; memória; jornalismo; história; Rede Globo.
1 Trabalho apresentado no GT1 - Linguagens e Narrativas, do XI Encontro dos Programas de Pós-Graduação em
Comunicação Social de Minas Gerais, 18 e 19 de outubro de 2018. 2Mestranda do PPGCOM da UFJF na linha de Competência Midiática, Estética e Temporalidade. Integrante do
grupo de pesquisa CNPq, “Narrativas Midiáticas e Dialogias”, sob a orientação da professora Cláudia Thomé.
E-mail: [email protected]. 3 Professora da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal de Juiz de Fora (Facom-UFJF) e do
Programa de Pós-graduação em Comunicação da UFJF. E-mail:[email protected] .
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Keywords: webdocumentary; memory; journalism; history; Rede Globo.
1. Introdução
A mídia sempre exerceu forte influência na nossa percepção de mundo, configurando-
se como uma das principais responsáveis pela construção da memória social. Muitos dos fatos
históricos que lembramos hoje só se tornaram conhecidos por terem sido mediados pelos
meios de comunicação. Sendo assim, pode-se dizer que é através das narrativas do presente
que é possível observar as práticas de armazenar, preservar e reconstruir versões do passado.
O desenvolvimento das tecnologias digitais, bem como da internet nas últimas
décadas, modificou as relações na sociedade. O excesso de informação e a aceleração do
tempo contribuíram para tornar o mundo mais fragmentado. Nesse contexto, a memória
passou a exercer um papel fundamental no que diz respeito à formação de identidades. A
necessidade de ter um referencial e de se ancorar em algo contribuiu para a fomentação de
iniciativas memorialísticas nos mais diversos setores.
No âmbito comunicacional, percebe-se que as instituições estão investindo em
projetos autorreferenciais de rememoração para legitimar suas mensagens, reforçar suas
identidades e criar laços de pertencimento com público. Muitos têm se apropriado da história
oral e do testemunho para conferir sentido aquilo que é transmitido. É o caso do site
“Memória Globo”4 que apresenta seções e conteúdos relacionados a programas e coberturas
feitas pela emissora ao longo dos anos. Nesse artigo, iremos analisar, em especial, o webdoc
intitulado “Abertura Política 1974-1985” que utiliza depoimentos de jornalistas sobre aquele
período, com imagens de matérias antigas, para reconstruir uma narrativa do passado.
Durante a pesquisa iremos verificar como os fatos históricos são rememorados pela
emissora e de que maneira são apresentados para o público na atualidade. Além disso, iremos
investigar quais narrativas são empregadas e quais aspectos são evidenciados pela emissora.
2. A Memória nos Discursos Jornalísticos
Pierre Nora (1999) já dizia que se nas sociedades tradicionais, baseadas na memória, o
ideal era ressuscitar o passado; na sociedade contemporânea o novo ideal é representá-lo.
Nesse sentido, pode-se dizer que a memória exerce papel fundamental na construção de
identidades. De acordo com o autor, existem lugares – espaços físicos ou não - onde as
pessoas, os grupos sociais ou até mesmo uma sociedade inteira podem ancorar suas memórias
4 Acessado em 08/08/2018. Disponível em http://memoriaglobo.globo.com/ .
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diante da aceleração do tempo. Nesse processo, os meios de comunicação exercem grande
influência na medida em que produzem acontecimentos históricos.
O jornalismo, em especial, produz ,diariamente, registros de fatos e com isso faz a
marcação do sentido histórico. Segundo Letícia Matheus (2010):
As marcas do tempo são especialmente sensíveis nos jornais, localizando o leitor
num “lugar” na duração. O consumo diário das narrativas jornalísticas fornece um
forte parâmetro espaço-temporal [...] (MATHEUS 2010, p.2-3).
Sendo assim, pode-se dizer que o jornalismo mantém relações claras com a história e
se caracteriza como uma importante ferramenta de compreensão e recuperação de lembranças,
bem como, de formação de identidades. De acordo com Berkowitiz (2011), a partir daquilo
que nos é mostrado, a memória consegue fazer associações que auxiliam na compreensão dos
acontecimentos presentes no seu contexto. Sendo assim, é por meio das narrativas
encontradas no jornalismo que, muitas vezes, é possível analisar, preservar e reconstruir
várias versões de passados. Para Santa Cruz (2016), as notícias são uma forma não-ficcional
de contar histórias e dependem intensamente de estratégias temporais.
Jornalistas sempre se apoiaram em temas relacionados com o tempo e em recursos
narrativos para manter a continuidade da história, o engajamento dos leitores e a
visibilidade da notícia. (...) Acontecimentos de longa duração se encaixam também
nesta perspectiva, com o tempo se deslocando para ser a questão mais relevante ou
sendo alçado à categoria de valor-notícia. Da celebração de aniversários a
retrospectivas de final de ano, passando por simples analogias verbais e visuais
conectando o passado e o presente, o jornalismo incorporou um endereçamento para
tempos anteriores, perceptível por meio de uma ampla mostra de suas convenções e
práticas (SANTA CRUZ, 2016 p. 37-38).
Marialva Barbosa (2004) endossa essa ideia ao afirmar que o jornalismo, ao selecionar
assuntos que devem ser lembrados em detrimento de outros, produz uma espécie de
classificação do mundo para o leitor a partir de critérios altamente subjetivos.
O jornal retém em sua estrutura assuntos que, em princípio, guardariam alguma
identificação com o leitor. Entretanto, como não se pode informar a totalidade, o
jornalismo seleciona e hierarquiza as informações tomando por base critérios
subjetivos. A própria distribuição das notícias em eixos centrais de análise, onde
informações em rubricas específicas produzem uma classificação permanente do
mundo social para o leitor, mostra esta tendência. (BARBOSA, 2004, p.2)
Nunca se produziu tanta informação quanto nos dias de hoje. Diante de novas
possibilidades de produção, distribuição e consumo de conteúdos, as instituições jornalísticas
estão buscando produzir materiais que sirvam de referência para a sociedade. Importante
destacar que o jornalismo constrói socialmente o presente, selecionando os fatos que serão
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noticiados e dando a eles determinadas angulações. Segundo Palácios (2010), grande parte da
sociedade se vê representada no jornalismo, uma vez que ele possui a função de transformar
o presente vivido em notícia, um presente que é, constantemente, atualizado e recuperado.
A partir dessa perspectiva, pode-se dizer que o jornalismo se configura como um
importante “lugar de memória”, como bem coloca Nora (1993). É por meio do jornalismo
que são registrados fatos, testemunhos e versões do mundo. Para Eliza Casadei (2012), sem
testemunho não há jornalismo. Isso se dá pelo fato de ser, justamente, o testemunho uma das
etapas que buscam garantir alguns preceitos da profissão, como a objetividade e a
credibilidade. Para Ricouer (2007) o ato de testemunhar tem valor, simplesmente, porque
acreditamos que uma pessoa é capaz de dizer a verdade. Assim, ele assume um caráter moral,
de comprometimento, se afirmando como um laço de sociabilidade. A partir dessa
“promessa” de dizer sempre a verdade é que é assegurado o vínculo social.
A partir dos rituais jornalísticos, dos critérios de noticiabilidade5, o jornalismo tenta
garantir que essa aproximação com o real se cumpra. Segundo Motta (2008), o narrador
jornalístico, narra como se o real estivesse sempre lá fora, apenas esperando para ser contado,
independente da posição de um observador ou de alguém para contar. Assim, o jornalística
atua como um narrador discreto.
O jornalista utiliza recursos de linguagens que buscam camuflar seu papel enquanto
narrador. Apagar sua mediação. É um narrador que nega até o limite a narração.
Finge não narrar, apaga a sua presença. Faz os fatos surgirem no horizonte como se
estivessem falando por si próprios. (MOTTA, 2008, p.38).
Pode-se dizer que mecanismos simples, que são utilizados nas narrativas, são
responsáveis por construir grandes campos de referencialidades, demarcando tempo e lugar,
construindo, então uma memória social.
Segundo Pollak (1992), um indivíduo para lembrar seu passado precisa se remeter às
lembranças dos outros, que se constituem como pontos de referência, onde estão fixados pela
sociedade. Para ele, as memórias são sempre enquadradas, a partir de perspectivas dos grupos,
e são o fruto de lutas hegemônicas dentro da sociedade. Sendo assim, ela possui um caráter
negocial e é feita de camadas de recordação e de esquecimento, com ambos os movimentos
contribuindo para a cristalização do que deve ser relembrado.
5 Podemos definir o conceito de noticiabilidade, como um conjunto de critérios e operações que fornecem a
aptidão de merecer um tratamento jornalístico, isto é, possuir valor como notícia. Assim, os critérios de
noticiabilidade, são o conjunto de valores- notícia que determinam se um acontecimento ou assunto é suscetível
de se tornar notícia, isto é, de ser julgado como merecedor, de ser transformado em matéria noticiada.
(TRAQUINA,, 2005, p.63)
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Segundo Halbwachs (2006), mesmo que pareça particular, a memória sempre remete a
um grupo, uma vez que o indivíduo carrega em si a lembrança, mas está sempre interagindo
na sociedade. “Nossas lembranças permanecem coletivas e nos são lembradas por outros,
ainda que se trate de eventos em que somente nós estivemos envolvidos e objetos que
somente nós vimos” (HALBWACHS, 2006, p. 30).
Há uma relação direta entre a memória individual e coletiva.
para que a nossa memória se aproveite da memória dos outros, não basta que estes
nos apresentem seus testemunhos: também é preciso que ela não tenha deixado de
concordar com as memórias deles e que existam muitos pontos de contato entre uma
e outras para que a lembrança que nos fazem recordar venha a ser constituída sobre
uma base comum. (HALBWACHS, 2006, p. 39)
Para que uma lembrança seja reconhecida e reconstruída, os atores sociais precisam
buscar marcas de proximidade que os permitam continuar fazendo parte de um mesmo grupo,
dividindo as mesmas recordações. Segundo Bosi, o passado e o presente articulam-se através
das lembranças que podem ser condicionadas através das ações do cotidiano. Para a autora, o
instrumento socializador da lembrança é a linguagem.
Na maior parte das vezes, lembrar não é reviver, mas refazer, reconstruir, repensar,
com imagens e ideias de hoje, as experiências do passado, a memória não é sonho, é
trabalho (...) A lembrança é uma imagem construída pelos materiais que estão,
agora, à nossa disposição, no conjunto de representações que povoam nossa
consciência atual (Bosi,1995,p. 55)
3. Webdocumentário : uma estratégia de rememoração no jornalismo
Em tempos de convergência midiática, o webdocumentário configura-se como uma
nova proposta narrativa. O gênero, ainda pouco utilizado no jornalismo, tem origem no
documentário tradicional, e tem sido utilizado por instituições jornalísticas para guardar e
veicular a memória de diferentes temporalidades.
Esse novo formato propõe uma construção mais interativa e busca oferecer novas
experiências para o leitor. São muitas as ferramentas utilizadas na construção de um webdoc,
dentre elas, pode-se citar: depoimentos, imagens paradas, imagens em movimento, sons,
mapas, câmeras subjetivas, textos, animações e hipertexto. Uma das características principais
que diferenciam o webdocumentário do documentário tradicional é a ausência de uma
sequência narrativa linear. Segundo Loureiro (2000), no webdocumentário a linearidade só é
rompida pela criação de uma bifurcação ou encruzilhada.
Ao pesquisar sobre a produção de webdocumentários, observa-se uma variedade de
nomes e especificações utilizadas por diferentes autores. Para Bauer (2011), o
webdocumentário é feito a partir de um único tema, em que os demais elementos narrativos se
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transformam em um complemento ao tema proposto. Assim, o vídeo seria o elemento
principal, sendo complementado por links de textos, áudios, gráficos e tabelas. Tudo isso
criaria uma espécie de narrativa com a característica principal da não linearidade e permitiria
a interação do internauta por meio de opções de navegação.
Ribas (2003) endossa essa ideia, ao dizer que a hipertextualidade, a interatividade e a
memória seriam características desse modelo de produção. Para ele, por meio do hipertexto, é
possível construir narrativas, fazendo associações entre dados e permitindo que o internauta
trace o caminho que for mais conveniente. Sendo assim, a estrutura narrativa apenas indica
trajetos, mas não determina uma ordem a ser seguida.
A construção das páginas através das micronarrativas organiza a informação de
maneira fragmentada, mas articulada dentro da totalidade do documentário,
oferecendo níveis de aprofundamento e integrando formatos distintos. Tanto
entrevistas em texto, como em áudio e vídeo, podem ser divididas por
assunto e reorganizadas, tendo em vista a fácil movimentação do usuário na
busca por informações. (RIBAS, 2003, p.7).
As múltiplas possibilidades que o ambiente online proporciona, permite que o
conteúdo seja trabalhado de várias maneiras. Assim, sem os limites de armazenamento de
informação, a memória aliada a instantaneidade e a interatividade é ainda mais potencializada.
Grecolin, Sacrini e Tomba (2002), destacam que o webdocumentário tende a ser um
produto totalmente diferenciado do documentário tradicional já que são necessárias
tecnologias multimídias para a sua confecção. Para Spinelli (2013) o termo webdocumentário
retrata o tratamento criativo de experiências documentárias na web, representadas por projetos
multimídias, interativos e não lineares que utilizam os recursos digitais e priorizam a
produção audiovisual documentária na sua constituição.
Para essa pesquisa, no entanto, vamos nos basear nas definições apresentada por Nash
(2012). A autora chama a atenção para o fato do webdocumentário apresentar algumas
semelhanças com o documentário tradicional, tais como: civismo democrático (fornece
informações para fomentar a participação dos cidadãos), investigação jornalística e
interrogação radical (questiona o status quo e apresenta alternativas). Segundo a autora o que
diferencia o webdocumentário são os padrões de organização textual. Sendo assim, três
estruturas são empregadas: a narrativa, a categórica e a colaborativa.
No webdocumentário do tipo narrativo, um ponto central de narração é determinado e
a história se desenvolve a partir dele. Não existe uma ordem cronológica a ser seguida. A
forma como os eventos estão estruturados e os enquadramentos utilizados deixarão em
evidência a ordem temporal. Já o modo categórico utiliza vários elementos como objetos,
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personagens, lugares e tópicos para organizar a estrutura da obra e dar sentido às
micronarrativas. No entanto, embora esses elementos tenham pontos em comum, não existe
uma relação narrativa direta entre eles. Ao contrário do formato anterior, não existe uma
hierarquia que organize a narrativa. Por último, o tipo colaborativo é estruturado a partir das
contribuições dos usuários. Embora Nash (2012) não apresente, de maneira ampla, os detalhes
sobre os tipos de participações existentes, ela identifica que é possível encontrar contribuições
de usuários fornecendo material para a obra, editando conteúdo ou integrando uma
comunidade em torno da obra.
Com relação a interatividade, esse artigo irá se basear nos conceitos desenvolvidos por
Alex Primo (2000). Para ele existe um sistema interativo e um reativo. O interativo é aquele
que dá total autonomia para o espectador. Por meio da interação mútua, cada agente, ativo e
criativo, influencia o comportamento do outro. Já o reativo oferece uma gama pré-
determinada de escolhas, sendo mais fechado, baseado apenas na ação e reação.
Pode-se dizer que sistemas interativos mútuos operam em modo virtual, pois
interfaceiam dois ou mais agentes inteligentes e criativos. Mesmo que hajam roteiros
rígidos pré-definidos, [...] nada pode garantir que sempre os mesmos estímulos
garantirão as mesmas respostas. [...] Já em um sistema informático reativo, baseado
na relação estímulo-resposta, e sendo um sistema fechado, cada estímulo é pensado
e programado por antecedência para que certas respostas sejam apresentadas..
(PRIMO, 2000, p. 88- 89).
Os conceitos desenvolvidos por Primo (2000) são fundamentais para compreendermos
o processo de construção de um webdocumentário.
4. Sobre o site Memória Globo
Idealizado pela historiadora Sílvia Fiuza, o site Memória Globo6 foi lançado em junho
de 2008 e apresenta tanto conteúdos audiovisuais, quanto textuais sobre programas,
coberturas e profissionais da emissora. Com uma equipe constituída por jornalistas,
historiadores e antropólogos, que utilizam a técnica da história oral para realizar entrevistas
com jornalistas, autores, atores, diretores, cinegrafistas, produtores, figurinistas, editores,
iluminadores, entre outros; conseguem traçar um panorama da história da Rede Globo e da
televisão no Brasil. A partir do material que é coletado, a emissora gera novos produtos, que
vão desde perfis dos entrevistados até livros e publicações. Inclusive, há livros que são
anteriores ao site e que estão ali citados.
6 Acessado em 4 de outubro de 2018. Disponível em: http://memoriaglobo.globo.com/
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Figura 1
Fonte: http://memoriaglobo.globo.com/
O site apresenta abas que permitem a navegação do internauta pela história da
empresa. A aba “Programas” , por exemplo, contém as linhas do tempo relacionadas ao
entretenimento, ao jornalismo e ao esporte. Já a aba “Perfil” apresenta os profissionais da
emissora. A aba “Mostras” contém os programas especiais produzidos pela Globo, como
“Você Decide 25 anos” e “Mais Você, 15 anos!”.
Há ainda a aba “Erros” que traz os equívocos que ocorreram em coberturas feitas pela
Rede Globo e assumidos pela emissora, com as respectivas explicações dos erros, em um
processo de mea culpa da emissora, diante de críticas que recebeu por tais coberturas. Além
disso, o site apresenta uma aba denominada “Acusações Falsas”, onde a emissora emite a sua
versão dos fatos, esclarecendo sobre cada uma das denúncias divulgadas.
A história da instituição pode ser encontrada nas abas: “Grupo Globo”, “Memória
Grupo Globo”, “Princípios Editoriais”, “Publicações”, “Quem somos” e “Fale Conosco”.
Em 2013, a plataforma passou por um processo de transformação a fim de melhorar a
exibição dos materiais disponibilizados e aumentar a interação com público. Nesse ano,
foram incluídos na aba“Vídeos” o que a emissora chama de webdocumentários ou
“Webdocs”.
Figura 2
Fonte: memoriaglobo.globo.com/videos
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5. Narrativas heroicas e a memória autorreferencial no webdoc “Abertura
Política – 1974-1985”.
Como já foi mencionado, o site Memória Globo possui uma seção denominada
“Vídeos”, na qual ele disponibiliza os webdocs divididos nas seguintes categorias: esporte,
entretenimento e jornalismo. Os conteúdos apresentados são relacionados a programas e
coberturas jornalísticas feitas pela emissora ao longo dos anos. Todos trazem depoimentos dos
profissionais que estiveram envolvidos com a produção desses materiais nas respectivas
épocas. O público pode acessar qualquer um deles, sem perder a lógica narrativa. Não existe
uma sequência a ser seguida, cada webdoc é independente do outro. Além disso, o tempo de
duração de cada um varia entre 2 minutos e 22 minutos.
Falando especificamente do webdoc escolhido para esse artigo, intitulado “Abertura
Política – 1974-1985”, observa-se que ele possui 11 minutos e 49 segundos. As reportagens
que foram produzidas durante esse período são mescladas aos comentários dos 12
profissionais convidados para relembrar os fatos históricos. São eles: Ricardo Pereira
(jornalista), Sérgio Motta Melo (jornalista), Toninho Drumond (jornalista), Álvaro Pereiro
(jornalista), Wilson Ibiapina (cinegrafista) , Ronan Soares (jornalista), Luiz Fernando Silva
Pinto (jornalista), Marilena Chiarelli (jornalista), Carlos Henrique de Almeida Santos
(jornalista), Pedro Rogério (jornalista), Armando Nogueira (jornalista) e Luiz Edgar de
Andrade (jornalista). Chama a atenção o fato de haver apenas uma mulher e um cinegrafista.
5.1 Análise do webdoc “Abertura Política – 1974- 1985”.
Para essa pesquisa utilizaremos a metodologia de análise do telejornalismo da autora
Itania Gomes (2011). Levando em consideração que o teor dos conteúdos disponibilizados na
plataforma do site Memória Globo advém da televisão iremos nos ancorar na proposta de
modos de endereçamento a partir dos operadores de análise. A autora propõe uma abordagem
a partir de quatro critérios: mediador, contexto comunicativo, pacto sobre o papel do
jornalismo e organização temática.
De acordo com Gomes (2011), todo programa jornalístico precisa contar com um
mediador como figura central, para construir a ligação entre o telespectador, os outros
jornalistas, que fazem o programa, e as fontes. Assim, para compreender os modos de
endereçamento, é fundamental analisar quem são os apresentadores, como eles se posicionam
diante das câmeras e, portanto, como se posicionam frente ao público.
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No webdoc “Abertura Política 1974-1985” não há um único mediador. Os próprios
profissionais atuam como testemunhas da história e como mediadores, dando um tom de
conversa ao vídeo. Apesar de não falarem diretamente com o público e de haver muitos cortes
nas falas, eles vão construindo uma narrativa baseada nas memórias autorreferenciais. Nota-
se também que a temporalidade muda o tempo todo, uma vez que eles vão mesclando várias
imagens de coberturas jornalísticas antigas, daquele período específico, com os depoimentos
dos profissionais de hoje.
Outro fator apontado por Gomes (2011) está relacionado ao contexto comunicativo.
Segundo a autora, um programa jornalístico sempre apresenta definições dos seus
participantes, dos objetivos e dos modos de se comunicar explicitamente e implicitamente
através das escolhas técnicas, do cenário e da postura do apresentador. No webdoc analisado,
a cobertura que a Globo fez é o grande destaque. Apesar de haver muitos cortes, as vozes dos
profissionais surgem para dar legitimidade às mensagens apresentadas. O cenário, por sua
vez, é bem simples, sendo composto apenas por um logotipo do site “Memória Globo” atrás
do jornalista entrevistado.
FIGURA 3
Fonte: memoriaglobo.globo.com/videos
Levando em consideração a classificação desenvolvida por Nash (2012), pode-se
dizer que o webdoc analisado está na categoria narrativa, uma vez que possui um ponto
central de narração, no caso, a “Abertura Política”, e vai se desenvolvendo a partir dele. Além
disso, a forma como os eventos são estruturados e os enquadramentos utilizados acabam
ditando a ordem temporal a ser seguida. A cada momento é mostrada uma fase da história e os
depoimentos correspondentes a cada episódio. Contudo é preciso dizer que, por se tratar de
um webdocumentário, ele possui poucas características relativas à interação. Não há outras
opções de percursos para o usuário seguir na narrativa, faltam hiperlinks, ícones e espaços
para comentários.
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A questão do pacto sobre o papel do jornalismo é outro aspecto apontado por Gomes
(2011). A relação entre programa e telespectador é regulada por uma série de acordos. Por
isso, para compreensão desse pacto é fundamental analisar como o programa atualiza as
premissas que constituem o jornalismo como instituição social. No webdoc analisado
percebe-se que a todo instante a emissora tenta reforçar a ideia de imparcialidade, de
responsabilidade social, de pioneirismo e de objetividade ao longo dos anos. Por meio desses
critérios, ela tenta se autoafirmar e reforçar seu papel enquanto empresa de comunicação.
Por último, Gomes (2011) coloca a organização temática como o operador de maior
importância para a análise dos modos de endereçamento. De acordo com ela, é essencial
verificar como a temática é abordada e como se articula aos outros operadores de análise. No
webdoc pesquisado, nota-se que as reportagens da época, selecionadas pela emissora, são
utilizadas como pano de fundo para enaltecer a cobertura feita pela Rede Globo durante o
período. Há um destaque muito maior para o jornalismo feito pela emissora, do que para os
fatos em si. Logo nos primeiros minutos a questão da censura é abordada nos discursos dos
jornalistas. Eles chamam a atenção para o fato de que na época haviam poucas coberturas
políticas e que tudo tinha que ser dito e feito de forma cuidadosa. “Quando começou a cobrir
Brasília basicamente não existia matéria política. Era o máximo da ditadura fechada!”, relata
o jornalista, Ricardo Pereira7.
O poder que a Rede Globo exercia é apontado como um agravante a mais para a
repressão. “Quanto mais poder, quanto mais popular era a Globo maior era a pressão”,
comenta o jornalista, Ronan Soares8. Essa censura também é relatada nas coberturas
internacionais.
Nós começamos a cobrir o exterior com objetivo interno. Então as belas reportagens
que fazíamos, como „Eleições dos Estados Unidos‟, era o processo democrático;
„Revolução dos cravos‟, era rebelião contra a ditadura. Nós sabíamos que tudo isso,
o alvo principal era a adesão, a conscientização da população brasileira sobre a
abertura política.9
7 Acessado em 12/07/2018. Disponível em:
http://memoriaglobo.globo.com/videos/idvideo/2122642/title/webdoc-jornalismo-abertura-politica-1974-
1985.htm
8 Acessado em 12/07/2018. Disponível em:
http://memoriaglobo.globo.com/videos/idvideo/2122642/title/webdoc-jornalismo-abertura-politica-1974-
1985.htm
9 Trecho de depoimento de Ronan Soares no webdoc “Abertura Política - 1964 - 1975”, disponível em
http://memoriaglobo.globo.com/videos/idvideo/2122642/title/webdoc-jornalismo-abertura-politica-1974-
1985.htm
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O processo de anistia também é relatado nos depoimentos. “A Globo entrou nessa
cobertura e era tolerada pelo regime militar, pois seria um contrassenso o regime anistiar e
ficar tolhendo a opinião”, comenta o jornalista Álvaro Pereira, no mesmo webdoc.
Apesar dos profissionais relatarem essa questão da censura contra a emissora e
também sobre essas estratégias de combate à repressão, é importante lembrar que a Globo
apoiou o golpe militar. Isso foi reconhecido e publicado no próprio site do jornal “O Globo”10
em 31/08/2013 por meio de um editorial, intitulado “Apoio editorial ao golpe de 64 foi um
erro”, na qual as Organizações Globo fazem uma meia culpa. Nesta seção intitulada “Erros”
há uma meia culpa sobre outras coberturas, como das “Diretas Já” e posteriormente, já no
período inicial da redemocratização, sobre o “Debate Lula x Collor”.
O pioneirismo é outro ponto evidenciado nos testemunhos. A reportagem da morte do
ex-presidente Jucelino Kubitschek, por exemplo, é apontada como uma das maiores
coberturas já feitas pela emissora. Além disso, a entrevista do General Ernesto Geisel a um
repórter da TV Globo no exterior é mostrada como um furo de reportagem para a época.
De repente aparece um repórter da Rede Globo entrevistando um presidente da
República, num regime militar e com direito de fazer perguntas. Olha que coisa
inovadora! Era a primeira vez que ele falava da intenção dele em conduzir a
abertura.11
Essa ideia da emissora, enquanto precursora das coberturas políticas, também é
evidenciada na fala do jornalista Carlos Henrique de Almeida Santos12
, no mesmo webdoc.
“Isso foi quase um marco. Uma mudança de atitude, uma relação mais fluente que até então
não havia entre o presidente e a mídia”.
As rotinas de produção e o trabalho diário no Congresso Nacional também são pontos
ressaltados pelo jornalista, que aponta novamente um pioneirismo da emissora. , “começamos
a nos capacitar para fazer isso. Para levar essa perspectiva a um conjunto da opinião pública
da sociedade brasileira. Porque sem o engajamento, sem o mínimo de crença e adesão da
sociedade, esse processo tendia a naufragar”.
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Acessado em 17/07/2018. Disponível em
https://oglobo.globo.com/brasil/apoio-editorial-ao-golpe-de-64-foi-um-erro-9771604
11
Trecho de depoimento do jornalista Álvaro Pereira no webdoc “Abertura Política - 1964 - 1975”, disponível
em http://memoriaglobo.globo.com/videos/idvideo/2122642/title/webdoc-jornalismo-abertura-politica-1974-
1985.htm 12
Acessado em 12/07/2018. Disponível em
http://memoriaglobo.globo.com/videos/idvideo/2122642/title/webdoc-jornalismo-abertura-politica-1974-
1985.htm .
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A ideia de compromisso social aparece o tempo todo, mesmo que de forma implícita,
nos discursos dos profissionais que tentam transmitir essa ideia sobre a importância da Rede
Globo nesse processo de redemocratização do país. Isso fica bem claro no depoimento do
jornalista, Pedro Rogério13
: “ a rede Globo realizou nesse período um trabalho fundamental
para a preservação daquilo que havíamos avançados em termos democráticos”. Percebe-se
que o tempo todo a emissora tenta salientar esses valores jornalísticos.
6. Considerações Finais
A partir da análise do webdoc “Abertura Política – 1974- 1985” é possível perceber
que, a todo instante, a Globo tenta construir uma memória que privilegia muito mais a
atuação dela, durante as coberturas jornalísticas, do que dos fatos jornalísticos em si.
A partir de critérios próprios, a emissora elencou as matérias e os assuntos que
deveriam ser lembrados. Porém, tudo foi mostrado de forma muito superficial e rápida. O
processo de abertura política que durou 11 anos é compactado em um vídeo de 11 minutos e
49 segundos, repleto de cortes secos. As falas dos profissionais envolvidos nas produções
daquele período ganharam muito mais destaque.
O testemunho e a memória autorreferencial parecem ser a grande aposta da emissora,
que buscou, através dos depoimentos, expor as dificuldades, as fragilidades e as estratégias
utilizadas durante aquele período de cobertura política da história do Brasil. A abordagem
utilizada nas narrativas se ateve mais em elencar e enfatizar a excelência dos profissionais
que ali trabalharam, do que mostrar a situação do país naquela época. O pioneirismo, o
heroísmo, o compromisso com o social e a imparcialidade foram os aspectos mais ressaltados
nos depoimentos.
Outra questão observada está relacionada ao formato do material que eles
apresentaram como webdocumentário. O conteúdo produzido não apresenta características de
interação para que ele seja, de fato, considerado um webdocumentário. Trata-se, portanto, de
um conteúdo documental na web, mas sem a interatividade prevista pelos teóricos.
Por fim, pode-se dizer que o site “Memória Globo” funciona muito mais do que um
simples repositório de lembranças, uma vez que busca produzir conteúdos novos a partir de
materiais antigos, conferindo assim, novos significados aquilo que é contado. Nesse jogo de
temporalidades, ela determina o que deve ser memorável e redefine o novo. Assim, entre
13
Acessado em 12/07/2018. Disponível em
http://memoriaglobo.globo.com/videos/idvideo/2122642/title/webdoc-jornalismo-abertura-politica-1974-
1985.htm .
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lembranças e esquecimentos, a emissora busca criar um espaço de memória, construindo não
apenas sua própria identidade , mas também, uma memória coletiva.
Referências
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– uma comunidade interpretativa transnacional.