Post on 07-Feb-2018
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O titulo MEMORIAL DO CONVENTO
MEMORIAL(...) Escrito em que se descreve qualquer coisa que se
pretende guardar na memria. (...) Escrito que relata factos memorveis.
Antnio de Morais, Novo Dicionrio Compacto da Lngua Portuguesa, VolIII
DO CONVENTO-Convento de Mafra -Edificioportugus construdo
por ordem de D. Joo V entre 1717 e 1744, sendo o seu enorm
e custo
suportado pelas remessas de ouro do Brasil. obra do arquitecto Joo
Ludovice. O
conjunto (convento e palcio) marcado por um barroco j
arcaizantee para o tempo um dos maiores da Europa.
Dicionrio Enciclopdico da Lngua Portuguesa, Edies Alfa
CONTRACAPA -Texto-sntese
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vez.
A frmula inicial "Erauma vez" conduz-nos para um mundo fictcio, o
mundo da infanciae dos contos que ouvamos atentos e maravilhados.
A repetio, intencional e insistente, convida-nos a ler e a entrar num
mundo ficcional onde tudo parece imaginrio, excepto, partida, o
convento que sabemos existir em Mafra, e, certamente, o rei que viveu
nessa poca.
Acontecimentos verdicos/ficcionais.
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O rei
D. Joo V (1689-1750). F
ilho de D. P
edro II e da rainha Maria
Sofia de Neuburg, foi proclamado rei em 1 de Janeiro de 1707 e casou no
ano seguinte com a princesa Maria Ana de ustria, de quem teve seis
filhos. O longo perodo do seu reinado foi m
uito debatido, entre opinies
opostas que o consideravam de boa governao ou de pssima
administrao das riquezas que a descoberta e explorao das minas de
ouro e pedras preciosas no Brasil trouxeram ento ao errio rgio. (...)
Dicionrio Enciclopdico da Histria de Portugal, vol. I. p.358
O rei fez promessa de levantar um convento em Mafra porque estava
preocupado com a falta de descendentes. Apesar de existirem bastardos,
a sua pretenso era que a rainha lhe desse um filho para sucederao
trono. O convento irconstruir-se aps o nascimento da princesa Maria
Brbara, em cumprimento da promessa.
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A gente que construiu o convento o povo, o povo annimo que trabalha
e sofre s ordens do rei, no spara cumprir a sua promessa mas
tambm para satisfazer a sua vaidade.
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amuito importante, o povo construiu o convento
custa de muitos sacrifcios e vivia em completa misria fisicae moral.
um povo humilde e trabalhador, elogiado e enaltecido pelo autor, que
tenta tir-lo do anonimato e o individualiza em vrias personagens e
tambm simbolicamente atribuindo-lhe um nome para cada letra do
alfabeto: (...) essa a nossa obrigao, spara isso escrevemos, torn-
los imortais, pois aficam, se de ns depende, Alcino, Brs, Cristvo,
Daniel, Egas, Firmino, Geraldo, Horcio, Isidro, Juvino, Lus, Marcolino,
Nicanor, Onofre, Paulo, Quitrio, Rufno, Sebastio, Tadeu, Ubaldo,
Valrio, Xavier, Zacarias,... (Cap. XIX, p. 242).
dentre o povo que surgem personagens como Francisco Marques,
Manuel Milho, JosPequeno e o par amoroso Baltasar e Blimunda.
A Epopeia da Pedra uma descrio belssima e pormenorizada sobre os
trabalhos e as dificuldades que tiveram ento para transportar uma pedra
enorme que se destinava varanda situada sobre o prtico da igreja e
que viria de Pro Pinheiro, a cerca de quinze quilmetros de Mafra. Para
transportar a pedra, foi preciso construir um enorme carro que foi puxado
por duzentas juntas de bois. A pedra tinha sete metros de comprimento
por trs de largura e sessenta e quatro centmetros de espessura; pesava
mais de trinta toneladas e levou oito dias a ser transportada. Muitas
peripcias aconteceram durante o percurso, mas o que se revela de maior
importncia o sofrimento dos homens:
(...) Deve-se a construo do convento de Mafra ao rei D. Joo V, por um
voto que fez se lhe nascesse um filho, vo aqui seiscentos homens que
no fizeram filho nenhum rainha e eles que pagam o voto, que se
lixam, com perdo da anacrnica voz. (Cap. XIX, p. 257).
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Baltasar Mateus um mutilado de guerra, foi soldado na Guerra da
Sucesso espanhola, donde foi expulso por ter perdido a mo esquerda
"estraalhada por uma bala".
de Mafra e, quando volta para Portugal, conhece Blimundana
procisso de um auto-de-fem Lisboa, em pleno Rossio. A partir desse
momento, passam a viver juntos uma histria de amor e paixo.
Alm de ser um dos operrios que trabalhou na construo do
Convento, participa tambm na construo da Passarola.
Blimundafilha de SebastianaMaria de Jesus que ia, condenada ao
degredo para Angola, na procisso do auto-de-fem que eles se
conheceram.
Blimundavidente, tem a capacidade de, em jejum, olhar por dentro das
pessoas e das coisas. Ajuda na construo da passarola, contribuindo
com os seus poderes mgicos na recolha das "vontades". Partilha com
Baltasar as alegrias e as preocupaes da vida, mas sobretudo um amor
verdadeiro, espontneo e duradouro.
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O Padre Bartolomeu de Gusmo tinha um sonho, queria voar e, paraisso,
construiu a passarola.
Tem a proteco e a amizade de D. Joo V mas nem isso o livra da
perseguio do Santo Oficio.
Realiza o seu sonho com a ajuda de Baltasar, de Blimundae do msico
Scarlatti.
Acaba por morrer louco, em Toledo, para onde havia fugido.
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Parte mais extensa do enunciado narrativo: as relaes entre a Coroa e a
Igreja que detm o poder sobre o povo.
-Esta aco contempla a narrao de eventos, de histrias
variadas, de sonhos, de dilogos, de sentenas e comentrios do narrador.
-ainda possvel observar interiores e exteriores,
pormenorizadamente descritos.
So trs os momentos fundamentais relacionados com o Convento de
Mafra: a escolha do local, o lanamento da primeira pedra, a sagrao da
Baslica.
A trama inicia-se com a promessa de D. Joo V mandar erigir em Mafra
um Convento de Franciscanos, caso a esposa desse luz um filho, no
prazo de um ano.
Aps o nascimento de uma princesa, em 1712, e do seu baptizado, o rei
cumprira sua promessa, lanando, em Mafra, a primeira pedra do
Convento, no dia 17 de Novembro de 1717.
As obras iniciam-se, sendo os trabalhadores recrutados fora. Os anos
passam e o transporte de uma enorme pedra de Pro Pinheiro para Mafra
ocupa uma longa sequncia. D. Joo V pede ao arquitecto alemo Joo
Frederico Ludovice que construa uma Baslica igual de S. Pedro.
Perante a impossibilidade de tal projecto megalmano, o rei ordena que o
Convento seja aumentado para instalar trezentos frades, agendando a
sagrao da Baslica para o ano de 1730, no dia do seu aniversrio. Tal
implica novo recrutamento,afora, de milhares de homens.Umaextensa
sequencia e dedicada aos casamentos dos principesD. Josee D. Maria
Barbara com D. Maria Vitoria e D. Fernando, respectivamente.
O transporte das estatuas dos santos provenientes de Italiaconstitui outra
sequencia.
A narrativa respeitante a construaodo Convento termina com a
Sagraaoda Basilica(no dia do aniversario do rei, em 1730), cujas obras
ainda estavam por terminar.
Abramos o livro...O primeiro pargrafo (as caractersticas da escrita de
Saramago):
note-se o tom depreciativo e irnico "e athoje ainda no emprenhou", "tem
a madre seca", "nem isto nem aquilo fizeram inchar athoje a barriga de D.
Maria Ana".
assinale-se a deturpao da conhecida expresso popular "ainda a
procisso vai no adro", para querer dizer que ainda muito cedo (aforismos e
provrbios que aparecem transformados mas reconhecveis).
O quinto pargrafo serve para exemplificar a forma livre e inovadora como
na obra aparece o discurso directo. Assim, cada fala apresenta-se com uma
vrgula no final, o incio sendo apenas marcado por letra maiscula que
aparece aps a vrgula e sendo eliminados os pontos de int