UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA
ESPECIALlZA<;;Ao EM PSICOPEDAGOGIA
SiNDROME DE ASPERGER
UM ESTUDO DE CASO
CURITIBA
2003
ANDREA GRAUMAM PUCCI
SiNDROME DE ASPERGER
UM ESTUDO DE CASO
Monografia apresentada paraObtenc;ao do titulo de especialistano Curso de Psicopedagogia daUniversidade Tuiuti do Parana.
Orientador: Jurandi Serra Freitas
CURITIBA
2003
SUMARIO
1 INTRODU9Ao ..
2 FUNDAMENTA9Ao TEORICA - SiNDROME DE ASPERGER ..
2.1 DEFINIi;AO ..
2.1.1 Epidemiologia ..
2.2 CRITERIO PARADIAGNOSTICO DE AS ...
3 APRENDIZAGEM ...
3.1 A APRENDIZAGEM DO ASPERGER ..
3.1.1 A crianc;a Pre-Escolar ..
3.1.2 Escola Elementar..
3.1.3 Graus Mais Adiantados ...
3.1.4 Adullos Asperger ..
4 ESTUDO DE CASO ..
4.1 DESCRIi;Ao DO CLiENTE ..
4.2 AVALlA9AO COM 0 CLiENTE ..
4.3 SiNTESE DA AVALlAi;AO ..
5 PLANO DE TRABALHO ...
6 CONCLUsAo ..
REFERENCIAS ..
9
15
19
19
19
20
22
24
24
25
25
3031
33
RESUMO
o presente trabalho foi realizado baseado nurn estudo de casc. Em entrevista coma mae do menor coletaram-se dad os sobre sua queixa, que inicialmente era dedificuldade de aprendizagem, dados pessoais e historia de desenvolvimento. Amae relatou que 0 cliente passou por diversas avaliagoes ate que foidiagnosticado com 0 CID 299.80. Transtorno de Asperger au rnais comumentedenominado Sindrome de Asperger. Tal diagn6stico foi a justificativa para afundamentayao teo rica deste trabalho. Seu desenvolvimento discorre sabreaprendizagem dita normal e a aprendizagem no portador da sindrome. Realizou-se ainda urn estudo de casa, para tal, fcram utilizadas tecnicas formais deavalia9ao como: Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem; EscalaWeschler de Inteligencia para crian<;as; Teste Gestflltico Visomotor Bender;Tecnicas Projetivas Psicopedagogicas - Parelha Educativa, Familia Educativa,Fazendo 0 que mais gosta - Provas Piagetianas - Conservayao de Pequenosconjuntos discretos de Elementos e Seriagao - e 0 Diagnostico das HabiJidadesPre-Escolares. Apos a obten<;ao dos resultados, Parada Global doDesenvolvimento, tragou-se 0 plano de trabalho com atividades e jogos quepoderiam servir como dispadores para 0 desenvolvimento da cognig2lo do cliente.
Palavras-chave: Sind rome de Asperger, Estudo de Casa, Aprendizagem.
iii
1 INTRODU<;:AO
Este trabalho tern par objetivo cumprir exigencia do curso de P6s-graduaryao em
Psicopedagogia da Universidade Tuiuti do Parana. Sera a apresentado urn estudo de
case que engloba conhecimentos teoricos aliados a pratica.
A pesquisa prop6e uma compreensao global do processo de aprendizagem e
este relacionado a Sindrome de Asperger.
Neste estudo de casa, apresenta-se urn sujeito de 12 anos de idade com atraso
de desenvolvimento perceptivel desde 2 anos quando comec;:ou andar.
A queixa inicial era de dificuldade de desenvolvimento na escola e no campo
social. Vista que 0 sujeito ja havia realizado diversas avalia<;:oes - neurologica,
(onoaudioI6gica, psicoeducacional- as quais revelaram 0 diagnostico.
Sido diagnosticado como portador da Sindrome de Asperger, fato que originou
forte angustia na familia, despertou 0 interesse pela pesquisa aprofundada sobre a
sind rome, seu desenvolvimento e prognostico.
o conhecimento adquirido sobre 0 sujeito e a patologia trouxe alguns
questionamentos. Como identificar as estratE~gias educacionais, pedagogicas e
psicopedagogicas mais eficazes para futuramente realizar a inclusao do mesmo no
ensino regular?
Visando responder a tais questionamentos realizar-se a uma pesquisa do tema
- Sind rome de Asperger - avalia9ao e proposta de trabalho para 0 caso em questao.
2 FUNDAMENTAGAO TEORICA - SiNDROME DE ASPERGER
2.1 DEFINIGAO
Tada tentativa de definic;ao do autismo tern inicio na primeira descric;ao dada par
Leo Kanner em 1943 no arligo intitulado: "Disturbios autisticos do cantata afetivo"
(Autistic disturbances of affective contact).
TUSTIN (1984) designa autismo como um estado de sensac;ao dominada e
centrada no corpo que conslilui a essen cia do eu.
Sao chamadas autistas as crianc;:as que tern inaplidao para estabelecer relac;:6es
norma is com 0 Dutro; um atraso na aquisic;:ao da linguagem e, quando ela se
desenvolve, uma incapacidade de Ihe dar um valor de comunicac;ao. Essas crianc;as
apresenlam igualmente estereotipias gestuais, contrastando com esse quadro, elas
tern, a julgar par seu aspecto exterior, um rosto inteligente e uma aparencia fisica
normal.
Nessa primeira publica\=ao KANNER ressaltava que 0 sintoma fundamental, "0
isolamento autistico", estava presente na crian\=a desde 0 inicio da vida. Ele sugeria
que se tratava entao de um disturbio inato.
A grande originalidade de KANNER foi a de individualizar em um grupo de
crian9as que Ihe foram encaminhadas, uma nova sindrome, reunindo sinais clinicos
especificos, formando um quadro clinico total mente a parte e diferenciado das
sindromes psiquiatricas pre-existentes.
Retomou essa nO\=c3a,juntamente com EISENBERG em 1956, abservando que a
sindrome pade se revelar, depais de urn desenvolvimento aparentemente normal, no
primeiro au segundo ana de vida.
o conceita de autisma de BEULER fai uma Fonte de confusao; pois segundo seu
conceito, a autismo nos esquizofrenicos se refere a urn retraimenta ativa no imaginario.
1. Sugere "urn retraimento" fora das rela\=oes socia is enquanto KANNER
descreve uma incapacidade de desenvolvimento e relacionamento social:
2. lmplica uma vida imaginaria rica, enquanto Kanner sugere uma falta de
imagina9ao;
3. Postula uma liga9ao com a esquizofrenia dos adultos.
Isto explica 0 fato de psiquiatras algumas vezes terem utilizado de forma
permutavel os diagnosticos de esquizofrenia infantil, psicose infantil e de autismo. As
eta pas das primeiras pesquisas tin ham a finalidade de validar 0 conceito de autismo,
verificar sua existencia universal e sua especificidade.
A Sindrome de Asperger, tambem chamada "Desordem de Asperger", e uma
categoria relativamente nova de desordem de desenvolvimento, 0 termo tendo entrado
em uso geral nos ultimos 15 anos. Embora urn grupo de crian9as com esse quadro
clinico tenha side descrito originalmente, de uma forma muito acurada, na decada de
1940 por urn pediatra vienense, HANS ASPERGER, a Sindrome de Asperger (AS) foi
oficialmente reconhecida no "Manual de Diagn6stico e Estatisticas de Desordens
Mentais" pel a primeira vez na quarta edis:ao, publicada em 1994.
Um ana apes a descris:ao do autismo infantil por KANNER, condis:ao
psicopatol6gica que alcan~ou grande repercussao, HANS ASPERGER, em 1944,
descreveu uma condis:ao que denominou pSicopatia autistica. ASPERGER desconhecia
o trabalho de KANNER e utilizou 0 termo autistica referindo-se ao que considerava uma
condis:ao diferente daquela.
Os trabalhos iniciais sobre a Sind rome de Asperger datam de 1971 e chamavam
a atens:ao para as semelhans:as entre as crians:as estudadas per ele e aquelas
descritas por Kanner.
Os pacientes descritos por ele apresentavam desvios importantes nas areas de
inlegras:ao social, comunicar;;:ao e comportamenlo jogo simb61ico e hoje se sabe que
tais alteras:6es sao comuns ao conjunto das desordens autisticas.
SCHWARTZMAN (1997) cita que estas crian~as desde muito pequenas
mostram-se muito quietas, isoladas e respondem pouco aos estimulos ambientais. Nao
demons tram prazer em ficar no colo e dificilmente sao controladas ou confortadas
quando estao irritadas ou chorando.
o grau de isolamento quase nunca e tao severo quanto aquele encontrado nas
crian9as autisticas tipicas, porem e suficiente para chamar a aten9<lO dos familiares.
o desenvolvimento motor e normal ou atrasado sendo que, diferentemente do
que ocorre na maioria das crian9as com autismo classico, os pacientes sao
desajeitadas e apresentam dificuldades pSicamotoras 6bvias. Por esta razao,
freqOentemente, nao se interessam ou nao participam, pelo menos de atividades
esportivas.
Por vezes, tem-se a impressao de que a crian9a fala com sotaque estrangeiro. A
compreensao, tambem pode estar comprometida uma vez que esses pacientes
entendem, em geral, 0 que Ihes e dito de forma muito literal. Nao conseguem aprender,
em geral, 0 senti do metaf6rico de algumas frases e express6es. A aparente disparidade
entre a utiliza9ao de uma forma pedante e rebuscada no falar e a dificuldade na
compreensao de palavras simples e triviais chama muita a aten9aO.
As areas da comunica9ao sao sempre e bastante comprometidas. Pode haver
atraso no inicio da fala, nao sen do raro os casos em que a fala somente se estabelece,
de forma mais fluente, por volta dos tres ou quatro anos de idade. Pode haver uma fase
em que dificuldades fonoarticulat6rias sao bastante evidentes, porem vencidas essas
etapas iniciais a fala se desenvolve rapidamenle adquirindo a crian9a extenso
vocabulario. Fala de forma pedante, utilizando palavras dificeis e constru96es de frases
rebuscadas. A utilizay30 de palavras pouco usuais para sua idade e freqOente. Esse
born desempenho na fala e, em geral, apenas aparente, uma vez que utilizam as
palavras e frases de forma muito estereotipada e repelitiva. Utilizam a linguagem de
forma automatica e pouco espontanea. Pode haver uma fase inicial em que a ecolalia efreqOente, embora nunca tao acentuado quanto no autismo tlpico. Sua forma de falar epeculiar, com altera96es no ritmo, entona9ao, altura e timbre.
Elementos nao verba is da comunica9ao, tambem, estao afetados, a mimica
facial e reduzida, a utiliza9ao de gestos e pobre e quando ocorre e de forma desajeitada
e fora d 0 contexto em que estao sendo utilizados. Embora utilizem a cantata visual nao
conseguem au tern muita dificuldade em se comunicar pelo olhar. Nao entendem e
parecem nem perceber expressoes facia is dos interlocutores, nao utilizando, portanto,
este tipo de pista para perceber a que se passa como outro.
Devido a haver poucos artigos de revista compreensiveis na literatura medica ate
agora e devido a AS ser provavelmente e consideravelmente mais comuns do que
inicialmente se pensava, esta discussao tentara descrever a sindrome em alguns
detalhes e oferecer sugestoes relacionadas a sua administrayao. Estudantes com AS
sao comurnente vistas na educa9ao regular, embora freqOentemente nao
diagnosticados ou diagnosticados erroneamente, de modo que se trata de t6pico de
alguma importancia para os profissionais assim como para os pais.
Sind rome de Asperger e 0 termo aplicado ao mais suave e de alta funcionalidade
do que e conhecido como 0 espectro de desordens pervasivas (presentes e
perceptiveis a todo tempo) de desenvolvimento (ou espectro de autismo). Como todas
as condiyoes ao longo do espectro, parece representar uma desordern de
desenvolvimento neurologicamenle baseada, muito freqOentemente de causa
desconhecida, na qual ha desvios e anormalidades em tres amplos aspectos do
desenvolvimento: relacionamento social, usa da linguagem para a comunicayao e
certas caracteristicas de comportamento e estilo envolvendo caracteristicas repetitivas
ou perseverativas sobre um numero limitado, porem intense, de interesses.
E a presenya dessas tres categerias de disfunyao, que pade variar de
relativamente amena a severa, que clinicarnente define todas as desordens pervasivas
de desenvolvimento, de AS ate 0 autismo classico. Embora a ideia de urn continuo POD
(pervasive developmental disorder) ao longo de uma (mica dimensao seja util para
enlender as semelhan9as clinicas de cendiyoes ao long a do espectro, nao e totalmente
claro se AS e somente uma forma atenuada de autismo au se as condiyoes sao
relacionadas par alga mais que suas grandes semelhan<;as clfnicas.
Sind rome de Asperger representa a poryaO das POD caracterizada per elevadas
habilidades cognitivas (pelo menos 0.1. normal, as vezes indo ate as faixas mais altas)
e par fun<;oes de linguagem normais, se comparadas a outras desordens ao longo do
espectro. De fato, a presenya de caracteristicas basica de linguagem agora e usada
como um dos criterios para 0 diagnostico de AS, embora esteja proximo de dificuldades
sutis com linguagem pragmatica e social. Muitos pesquisadores acham que ha duas
areas de relativa intensidade que distinguem AS de outras formas de autismo e POD e
concorrem para urn melhor prognostico em AS.
Estudiosos nao chegaram a consenso se existe alguma diferen9a entre AS e
Autismo de Alta Funcionalidade (HFA). Alguns pesquisadores sugerem que 0 deficit
neuropsicol6gico basico e diferente para as duas condic;6es, mas outros nao estao
convencidos de que alguma distiny30 significativa possa ser feita entre os dois. Um
pesquisador, UTA FRITH, caracterizou criangas com AS como tendo "tra90s de
autismo"
De fato, e provavel que se possa encontrar multiplos sub-tipos e mecanismos por
detras do amplo quadro ellnico AS. Isto abre espayo para alguma confusao relacionada
a terrnos de diagnostico e e provavel que crianc;as muito parecidas atraves do pais
venham sen do diagnosticadas como AS, HFA ou POD, dependendo de onde e por
quem foram avaliadas.
Principalmente quando men ores podem apresentar movimentos estereotipados
como flapping de maos, marcha na ponta dos pes, balanceio do corpo, girar 0 carpo,
etc.
Uma caracteristica muito interessante desta condi9ao e 0 fato de que as crianc;as
apresentam 0 campo limitado e peculiar de interesse5. Chamam a atenC;30 por 5e
dedicar de forma muito envolvente em urn ou poucos assunt05 sobre os quais
demonstram um interesse e curiosidades muito pronunciadas. Com conseqOencia, os
assuntos pelos quais se interessam nao sao usuais no seu grupo eta rio, sendo comum
o interesse por linguas mortas, quadros numericos (honflrios de trens, listas telef6nicas),
seres extraterrenos, herois de desenhos anirnados, desenho, computadores, maquinas.
etc.
Uma vez que a propria AS mostra urn espectro de severidade dos sintomas,
algumas crianc;as, que podem atingir criterios para esse diagnostico nao sao
absolutamente diagnosticadas e sao vistas como "incomuns" ou "um pouco diferentes",
ou sao erroneamente diagnosticadas com condic;oes como desordens de ateng30,
disturbios emocionais, etc. Muitos nesse campo acreditam que nao ha uma fronteira
clara separando crianyas AS de crianyas "norma;s porem diferentes". A inclusao de AS
como uma categoria separada no novo DMS-4, com criterios mais ou menos claros de
diagnostico, pode levar a grande consistencia de identifica9ao no futuro.
Leem tudo 0 que se relaciona com 0 assunto de seu interesse em detrimenta,
freqOentemente, de outras atividades mais proprias de sua idade. Nao e ;ncomum que
aprendam a ler espontaneamente e, par esta razao, chegam ao consultorio com a
suspeila de que sejam superdotados.
Na sua descriyao original, ASPERGER afirma que esta condiyao se
acompanhava por inteligencia normal, boa criatividade e capacidade imaginativa.
Sabemos, entretanto, hoje em cerca de 20% das casos identificados ha retardo mental
em graus variados. Sabemos, tambem, que nem sempre seu comportamento e tao
bom, uma vez que par certas aspectos, freqOentemente, presentes esta condiyaa ja fai
descrita com 0 nome de ~Personalidade Esquiz6ide da Infancia" (WOLFF & BARLOW,
1979; WOLFF & CHICK, 1980).
Par vezes, os seres humanos sao levades a superestima.-Ios quanto a
inteligencia deixando-se levar pelo vocabularie amplo, forma sofisticada de se
expressar e aparente erudiyao. Na verdade, muitas dessas habilidades nada rnais sao
do que a repetic;ao de dados decarados e repetidos de forma quase que estereatipada.
Algumas dessas crianyas sao bons alunos, enquanto que em oulros casos pode-
se dizer que encontram dificuldades na leitura, escrita ou matematica.
A experiencia tern demonstrado que essas crianyas nao sao, habitual mente,
diagnosticadas e sao submetidas a varias tentativas terapeuticas. Os casas
diagnosticados como portadares de Sind rome de Asperger chegam ao consult6rio com
rOlulos como: hiperatividade, disturbios da condula, desarmonia evolutiva, disturbios
pSicamatares au bloqueio emocianal. Os pais relatam que em algum momenta algum
profissional chamou-Ihes a atenyaa para presenC;a de sinais autisticos, mas que tal
diagnostico fai afastado considerando nao haver sintomas suficientes.
A possibilidade de fatores geneticos deve ser considerada, uma vez que varies
trabalhos tern demonstrado a presenya de mais de urn afetado par familia.
Estas crianc;as per nao serem devidamente identificadas e nao terem suas
necessidades preenchidas acabam demonstrando um nlvel de sofrimento muito mais
acentuado, 0 que acabara por produzir desordens psicologicas secundarias.
o diagnostico correto e crucial para que se possa proceder ao diagnostico
diferencial adequado. Nas descric;oes originais afirmava-se que este transtorno afetava
meninos e tinha urn born prognostico, pois as dificuldades socia is tenderiam a se
minimizar com 0 passar dos anos e grar;:as as habilidades em que estes individuos se
sobressaem. Atualmente, sabe-se que as meninas tambem sao atingidas porem numa
propon;ao de 9: 1 .
2.1.1 Epidemiologia
Os melhores estudos que tern sido conduzidos ate agora como citados em
BAUER (1995) sugerem que AS e consideravelmente mais comum que 0 autismo
classico. Enquanto 0 autismo tern tradicionaJmente sido encontrado a taxa de 4 a cada
10.000 crianc;as, estima-se que a Sindrome de Asperger esteja na faixa de 20 a 25 por
10.000. Isso significa que para cada caso de autismo tipico, as escolas devem esperar
encontrar diversas crianr;:as com a quadro AS (isso e tanto mais verdade para 0 ensino
basico, onde a maloria das crianr;:as com AS sao encontradas). De fato, urn estudo
criterioso, baseado nas popular;:oes, foi conduzido pelo grupo do Or. GILLBERG, na
Suecia, concluindo que aproximadamente 0,7% das crianr;:as estudadas tern um quadro
clinico diagnosticavel au sugerindo AS em algum grau. Particularmente se forem
incluidas as crianc;as que tern muitas das caracteristicas AS e parecem ser levemente
enquadraveis ao longo do espectro tido como "normal". Entao parece ser uma condigao
nada rara.
Todos os estudos concordam que a Sind rome de Asperger e muito rnais comum
em rapazes que em garotas. A razao para isso e desconhecida. AS e muito comumente
associada com outros tipos de diagnostico, nova mente por razoes desconhecidas,
incluindo: "tics" como a desordem de Tourette, problemas de atenc;ao e problemas de
humor, como depressao e ansiedade. Em alguns casos ha um claro componente
genetico, onde um dos pais (normal mente 0 pai) mostra ou 0 quadro AS completo ou
pelo men os alguns dos trayos associados ao AS; fatores geneticos parecem ser mais
comuns em AS que no autismo classico. TralYos de temperamento como ter interesses
intensos e limitados, estilo rfgido ou compulsivo e desajustamento social ou timidez
tambem parecem ser mais comuns, sozinhos ou combinadas, em parentes de crianyas
AS.
Algumas vezes podera haver caso de autisma em parentes, reforc;:ando a
impressao de que AS e autismo sejam as vezes condiyoes relacionadas. Quiros
estudos tern demonstrado taxa relativamente alta de depressao, uni au bipolar, em
parentes de crianlYas com AS, sugerindo relaIY30 genetica pelo menos em alguns casos.
Parece que, como no autismo, 0 quadro clinico seja provavelmente influenciada par
muitos fatores, inclusive geneticos, de modo que nao ha uma causa unica identificavel
na maiaria dos casos.
22 CRITERIO PARADIAGNOSTICO DE AS
o novo criterio OSM-4 para diagn6stico de AS, com muito da linguagem sendo
ariunda dos criterios de diagnostico do autismo, incluem a presenc;;a de particularidades
qualitativas na iterayao social, envolvendo alguns ou todos dentre:
Ha uso de peculiaridades no comportamento nao-verbal para regular a
interayao social;
Ha falha no desenvolvimento de relayoes com seus pares em idade;
Falta de interesse espontaneo em dividir experiencias com outros;
Falta de reciprocidade emocional au social.
Pad roes restritos, repetitivos e estereotipados de comportamento, interesses e
atividades envolvendo:
10
Ha preocupagao com urn au mais padr6es de interesse restritos e
estereotipados;
Ha inflexibilidade a rotinas e rituais nao-funcionais especificos;
H,::'Imaneirismos motores estereotipados ou repetitivos, ou preocupac;ao com
partes de objetos.
Estes comportamentos precisam ser suficientes para interferir significativamente
com fungoes sociais au outras areas. Alem disso, e necessario nao haver atraso
significativ~ nas fungoes cognitivas gerais, auto-ajuda/caracteristicas adaptativas,
interesse no ambiente au desenvolvimento geral da linguagem.
CRISTOPHER GILLBERG, urn medico sueco que estudou AS extensivamente,
propoe seis criterios para 0 diagnosticQ, elaborando sobre os criterios DSM-4. Seus seis
criterios capturam 0 estilo unico dessas crianr;:as, como 0 isolamento social com
extremo egocentrismo, que pod em incluir:
Falta de habilidade para interagir com seus pares;
Falta de desejo de interagir;
Apreciar;:ao pobre do grupo social
Respostas social mente improprias.
Interesses e preocupar;:6es limitadas:
Mais retinas que memorizar;:6es;
Relativa exclusividade de interesses - aderencia repetitiva.
Rotinas e rituais repetitivos, que podem ser:
Auto-impostos;
Impostos por outros.
11
Peculiaridades de tala e linguagem, como:
Passivel atraso inicial de desenvolvimento, nao detectado consistentemente;
Linguagem expressiva superficialmente perteita;
Pros6dia impar, caracteristicas peculiares de voz;
Compreensao diferente, incluindo interpretayao errada de significados litera is
au implicitos.
Problemas na comunicac;:ao nae-verbal, como:
Usa limitado de gestos;
Linguagem corporal desajeitada;
Express6es faciais limitadas au improprias;
Olhar fixe peculiar;
Dificuldade de ajuste a proximidade ffsica.
Oesajeitamento motor:
- Pode nao fazer necessariamente parte do quadro em lodos as casas.
Caracteristicas clinicas
o mais 6bvio marco da Sindrome de Asperger e a caracteristica que faz dessas
crianc;:as tao (micas e fascinantes e sua peculiar, idiossincratica area de Winteresse
especial". Em contraste com 0 mais tipico autismo, onde os interesses sao mais
provavelmente por objetos ou parte de objetos, no AS os interesses sao mais
freqOentemente por areas intelectuais especificas. FreqOentemente, quando eles
entram para a escola, mostram interesse obsessive em uma area como matematica,
aspectos de ciencia, leitura (alguns tem historico de hiperlexia - leitura rotineira em
idade precoce) ou algum aspecto de historia au geografia, querendo aprender tudo que
12
for passive I sabre 0 objeto e tendendo a insistir nissa em conversas e jOg05 livres.
Tenho vista algumas crianc;:as com AS cujo foco sao mapas, clima, astronomia, varios
tipos de maquinas au aspectos de carras, trens, avioes e foguetes.
Curiosamente, voltando a descrig130 original do Dr. ASPERGER em 1944, a area
de transportes tern parecido ser de especial fascinio (ele descreveu crianc;as que
memorizavam as linhas de bonde de Viena ate a ultimo ponto). Muitas criangas com
AS. ate 3 anos de idade, parecem ser especial mente atentas a coisas como as rotas
nas viagens de carro. As vezes as areas de fascfnio representam exagero de interesses
comuns em nossa cultura, como Tartarugas Ninja, Power Rangers, dinossauros, etc.
Em muitas crianc;as as areas de interesse especial mudam com 0 tempe, com uma
preocupa9;30 sen do substituida por outra. Em algumas criangas, no entanto, os
inleresses podem persistir ate a fase adulta e ha muitos casos onde as fascina<;6es de
infancia formaram a base para carreiras adultas.
A outra maior caracteristica de AS e a deflcienle socializa<;ao, e isse, tambem,
tende a ser algo diferente do que se ve no autlsmo tfpico. Embora crian9as com AS
sejam freqOentemente notadas par pais e professores como estando "em seu proprio
mundo" e preocupadas com sua propria agenda, elas raramenle sao distantes como as
criangas com autismo. De fato, muitas criangas com AS, pelo menos na idade escolar,
expressam desejo de viver em sociedade e ler amigos. Sao freqOentemente
profundamente frustradas e desapontadas com suas dificuldades socia is. Seu problema
nao e exatamente a falta de intera9ao, mas a falta de afetividade nas itera90es. Eles
parecem ter dificuldade para aprender a "fazer conex6es" sociais. Gillbert descreveu
isso como uma ~desordem de empatia", a inabilidade de efetivamente ~Ier" as
necessidades e perspectivas dos outros e responder apropriadamente. Como resultado,
crian<;as com AS tendem a ler errado as situa90es socia is e suas itera<;6es e suas
respostas sao freqOentemente vistas par oulros como "impares".
Embora caracteristicas "norma is" de linguagem sejam uma caracteristica que
distingue AS de outras formas de autismo e POD, usual mente ha algumas diferen<;as
observaveis na forma como essas criangas usam a linguagem. Essa e a habllidade em
que sao mais fortes, as vezes muito fortes. Sua pros6dia - aqueles aspectos da
13
linguagem falada como volume, entonay3o, inflexao, velocidade, etc - e freqOentemente
diferente. As vezes soa formal au pedante, express6es idiomaticas e girias sao
freqOentemente naD usadas ou usadas erroneamente, e as caisas sao freqOentemente
tomadas muito literalmente. A compreensao da linguagem tende ao concreto, com
problemas crescendo quando a linguagem S9 torna rna is abstrata nos graus rna is
elevados. Pragmatica, au informal, habilidades de linguagem sao freqOentemente
fracas devido a problemas com retornos, uma tendencia a reverter para areas de
interesse especial au dificuldade de sustentar 0 "dar e reeeber" das conversas. Muitas
crianyas com AS tern dificuldade com humor, tendendo a nao ~pegar" brincadeiras,
particularmente coisas como trocadilhos ou jogos de palavras, A crenya comum de que
crianc;:as com desordem pervasivas de desenvolvimento sao sem senso de humor e
freqOentemente um erro. Algumas crianyas com AS tendem a ser hiperverbais, nao
entendendo que isso interfere com suas interayoes com os Olltres e afastando-os.
Quando se exam ina a hist6ria inicial da linguagem de crianyas com AS nao ha
padr6es simples: algumas delas manifestam normal mente, e as vezes ate
prematuramente, os sintomas basicos, enquanto outras mostram claramente atrasos na
fala com rapida recuperac;:ao da linguagem normal quando comec;:a a fase escolar. Nas
crianc;:as abaixo de 3 anos em que a linguagem ainda nao chegou a faixa normal, a
diferencia<;ao de diagn6stico entre AS e autismo leve pode ser dificil, a ponto de
somente 0 tempo pode clarificar 0 diagn6stico. FreqQentemente, durante os primeiros
anos, pode-se perceber caracteristicas assocladas a linguagem similares as do
autismo, como aspectos repetitivos da linguagem ou usa de frases feilas ou figuras de
material ouvido previamente.
Em seu trabalho original de 1944, descrevendo crianc;:as que depois passaram a
ser designadas pelo seu nome, HANS ASPERGER reconheceu que embora os
sintomas e problemas mudem com 0 tempo, 0 problema geral raramente acaba. Ele
escreveu que:
No curso do desenvolvimento, cerlas caracterfsticas predominam ou recuam, de modo que osproblemas apresenlados mudam consideravelmenle. Todavia, os aspectos essenciaispermanecem inallerados
14
Na primeira infancia existe dificuldade em aprender habilidades simples e
adaptavao social. Estas dificuldades surgem do mesma disturbio que cause problemas
de conduta e aprendizado na idade escolar, problemas de desempenho no trabalho na
fase adolescente e conflitos sociais e conjugais na fase adultos." Par outro lado, naD se
questiona que crian~as com AS tern geralmente problemas mais brandos em cad a
idade se comparados aqueles com outras formas de autismo e POD, e seu prognostico
final e certamente melhor. De fato, uma das mais importantes raz6es para distinguir AS
de Qutras formas de autismo e seu hist6rico consideravelmente mais branda.
15
3 APRENDIZAGEM
E comum restringir-se 0 conceito de aprendizagem somente aos fen6menos que
Dearrem na escola, como resultado do ensino. Entretanto, a termo tern urn sentido muito
mais amplo: abrangendo as habitos que formam-se, os aspectos da vida afetiva e a
assimila9clo de valores culturais. Enfim, a aprendizagem se refere aos aspectos
funcionais, resultado de toda estimulavclo ambiental recebida pelo individuD no decorrer
da vida.
Para JOSE e COELHO (1999) a aprendizagem e 0 resultado da estimula<;ao pelo
ambiente sabre 0 individuo que se express a sob a forma de mudan<;a de
comportamento em funvao da experiencia.
ViTOR DA FONSECA (1995) tambem define a aprendizagem com sendo 0
resultado de uma experiencia. Para ele e uma res posta modificada, estavel e duradora,
interiorizada e consolidada no proprio cerebro do individuo.
Por conseqCII§ncia, a aprendizagem compreende uma relar;;:ao integrada entre 0
individuo e 0 seu envolvimento, do qual resulta uma plasticidade adaptativa de
comportamentos ou condutas.
Tal modificayao de comportamento, provocada pelas experiencias passadas e
uma funr;;:aodo sistema nervoso central.
Os mecanismos envolvidos na aprendizagem nao estao ainda totalmente
conhecidos. Por meio de investigar;;:oes, reconhecem-se ja os seguintes fatores: a
importancia dos processos neurologicos; 0 papel da atividade bioeJetrica; a
dependencia de rear;;:oes quimicas; os arranjos moJecuJares nas celulas nervosas e
gliais; a eficiemcia sinaptica; os trayos de memoria; e 0 metabolismo proteico.
A aprendizagem e, portanto, uma funr;;:ao do cerebra. Nao ha uma regiao
espedfica do cerebro que seja responsavel pela aprendizagem.
o homem esta con stante mente aprendendo, ou seja, desde 0 momenta que
nasce aprende a se adaptar e produzir. Desta forma, a aprendizagem pode ser
considerada uma variavel dependente uma vez que e urn momento de construyao que
produz urn nivel de integrayao psicossocial, pode ser aprendido e seguido por oulros e
16
que possui uma estrutura interna. A psicopedagogia, par sua vez vern estudar a
aprendizagem. Seja ela no ambito escolar, social au familiar.
No ambito escolar, que e justamente 0 campo aqui apresentado, 0 professor equem exerce 0 papel de mediador, nao apenas de transmissor de pensamentos. A ele
cabe, portanto, a fungao de fazer com que 0 sujeito em questao - aluno de pre a 4<1,
serie - desenvolva suas potendalidades, aprenda a criar, a transformar como tambem
aprende com ele.
Para que 0 professor possa ter 0 manejo adequado das formas melhores de
executar tal tarefa precisa conhecer bern seu objeto de trabalho e seu receptor de
mensagem. Percebe-se que ate entaD se valorizava demais este ultimo e pouea a
mensagem. Ora pouco adianta conhecer determinado sujeito se 0 profissional nao
souber de que forma transmiti-Ia, a maneira que a mensagem melhor se adapta a tal
aluno.
Desta forma parece evidente a necessidade do professor da faixa ja citada, ter 0
conhecimento da "ciencia da aprendizagem" - a psicopedagogia. Pois esta nao objetiva
apenas a aprendizagem, mas as dificuldades que possam aparecer, seu diagn6stico,
tratamento e prevenyao.
o processo de aprendizagem sofre interferencia de varios fatores - intelectual,
pSicomotor, fisico, social - mas e do fator emocional que depende grande parte da
educayao infantil. A problematica decorrente da interferencia desses fatores na
aprendizagem sera tratada de maneira mais minuciosa posteriormente. Como as
pessoas aprendem?
As teorias contempOrl3neaS se ap6iam ou no subjetivismo e ou no objetivismo.
o comportamentalismo e 0 neocomporiamentalismo vem de uma visao
objetivista de mundo, de sociedade, de homem. Por este motivo, a enfase nestas
teorias e com tudo que e visivel e mensuravel. As teorias de fundo construtivistas tem
uma visao subjetivista e isto se reflete em seus pressupostos de aprendizagem
aprender e uma gradativa e continua transformayao das estruturas do pensamento, nao
necessaria mente visiveis e mensuraveis.
17
Para 0 comportamentaiismo - tern como origem a psicologia experimental de
Watson (inicio deste secula) e ve 0 homem como uma "tabula rasa" que va; adquirindo
urn repert6rio de respostas para atender as contingencias do meio externo. 0 processo
de aprendizagem e fun<;:ao de situa<;:oes de ensina, onde os individUDS tern constantes
reforc;os positivDs para respostas corretas. Deve-se evitar respostas erradas para que
naQ haja refon;:o de comportamentos errados.
As situac;oes de ensine sao apresentadas em pequenas unidades escolares em
grau de complexidade crescente. Ha sempre ao final de cad a unidade perguntas e
feedback (vista como recompensa para acertos). A instru<;:ao programada tao em voga
nas decadas de 60 e 70 e baseada nesta visao de aprendizagem.
Nas teorias de fundo construtivista, temos duas visoes - 0 construtivismo de PIAGET
(chamado de epistemologia genetica) e 0 construtivismo de BRUNER. Piaget
desenvolveu uma teoria bastante complexa na busca de explicaC;ao sobre a genese do
conhecimento.
Note-se que por conhecimento entende-se uma explicaC;ao nao empirica e nao
sensorial da realidade objetiva e uma progress iva e refinada adaptac;:ao e alterac;ao do
meio que envolve 0 sujeito. Para PIAGET, lodos os individuos independentemente da
cullura, da estratificac;ao social experimentam 0 mesmo processo de desenvolvimento,
que ocorre em 4 estagios: sensorio motor, pre-opera to rio, operacional concreto e das
operac;oes formais - que seria 0 estagio final - razao dos estagios anteriores e de todo
processo de desenvolvimento, que nos capacita e en tender e explicar 0 mundo.
A psicologia da aprendizagem faz uso de pontos chave da teoria piagetiana para
estruturar situac;oes de aprendizagem: os estagios de desenvolvimento cognitiv~
fornecem indicadores para a definic;ao da complexidade da situac;:ao, ou seja, deve-se
prop~r situac;:6es de aprendizagem compativel com 0 estagio atual de desenvolvimento
cognitivo do aluno; para Piaget aprender e atuar sabre a objeto da aprendizagem para
compreende-Io e modifica-Io. Dai surge 0 outro conceito chave - a aprendizagem ativa;
como aprender e uma continua adaptac;:ao ao melo externo, aprende-se quando se
entra em conflito cognitivo - ou seja - quando somas defrontados com uma situac;.3o que
18
nao sabemos resolver. 0 organismo se desequilibra frente ao novo, mas como todo
organismo vivo procuramos 0 equilibria.
Para encontrar 0 equilibria, lanyamos mao de urn complexo processo de
adaptagao. Adaptaryao e 0 processo pelo qual 0 sujeito adquire urn equilibria entre
assimilac;ao e acomodagao. A assimilagao refere-s8 a introjegc3.o de conhecimentos
sabre 0 meio e a incorporag3o ao conjunto de conhecimento$ jil existentes. Atraves da
incorporac;ao, a estrutura de conhecimento existente se modifica de modo a acomodar-
se a novos elementos - tal modificac;ao e denominada acomodayc3o. Equilibria e 0
processo de organizayao das estruturas cognitivas nurn sistema coerente,
interdependente, que possibilita ao individuo a adapta<;:ao a realldade. E a partir deste
entendimento que as situa90es de aprendizagem baseiam-se em jogos e desafios, nos
quais 0 sujeito e defrontado com um problema novo para resolver.
BRUNER tem uma teoria de desenvolvimento cognitivo e uma teo ria de
aprendizagem. Sua teo ria de desenvolvimento cognitive assemelha-se, a grosse modo,
a teoria de Piaget. Sua teoria de aprendizagem contempla a aprendizagem por
descoberta. Seu enfoque e a explora921o de ailernativas e a curricula em espiral. 0
canceito de explora<;:ao de alternativas pressupoe que 0 ambiente ou conteudo de
ensino deve proporcionar alternativas para que 0 aluno passa inferir rela90es e
estabelecer similaridades entre as ideias apresentadas, favorecendo a descoberta de
principios ou rela<;:6es. Por sua vez 0 curricula em espiral permite que 0 aluno veja 0
mesmo t6pico em diferentes niveis de profundidade e modos de representa<;:2Io.
A teoria socio-interacionista de VYGOSTSKY (1896-1980) diz que a inteligencia
humana se desenvelve a partir das intera<;:6es socia is. Os pontes chave em teo ria que
impactarn 0 desenvolvimenta de situa<;:6es de aprendizagem sao:
Aprender e fortemente condicionado pela cultura e pela intera9ao social;
Desenvolvimento cognitiv~ e limitado a urn determinado potencial para
cada intervala de idade;
Desenvolvimente cognitive complete requer intera<;:2Iosocial.
19
3.1 A APRENDIZAGEM DO ASPERGER
3.1.1 A crianc;a Pna-Escolar
Algumas criangas pod em ter atrasos iniciais de linguagem com fapida
recupera9ao entre as 3 e 5 anos de idade, au mesma nao evidenciar atraso inicial de
desenvolvimento exceto, talvez, algum desajeitamento motor. Em alguns casas,
entretanto, se observa atentamente a crianya na fase de 3 a 5 anos, trayos do
diagn6stico podem ser encontrados, e em muitos casas uma avaliacyao abrangente
pode ao menDS apontar para urn diagn6stico no espectro PDD/autismo.
Embora essas crianc;:as se relacionem de modo perfeitamente normal dentro da
familia, problemas podem ser natadas quando entram no ambiente da pre·escola. 1550
pede incluir: tend€mcia a evitar iterac;:oes socia is espontaneas ou mostrar habilidades
fracas em interar;:6es, problemas para sustentar simples conversar;:oes ou tendencia a
ser perseverativo ou repetitiv~ quando conversando, respostas verbais dfspares,
preferencia por rotinas e dificuldade com transir;:6es, dificuldade para regular respostas
sociais/emocionais com raiva, agressao, ansiedade excessiva, hiperatfvidade,
parecendo estar "em seu proprio mundo", e tendencia a sobrefocar em objetos au
assuntos em particular. Certamenle, a lista e muito parecida com as primeiros sintomas
de autismo ou POD. Comparado a essas crianr;:as, no entanto, tera linguagem menos
anormal e podera nao ser tao obviamente udiferente" das outras crianr;:as. Areas com
habilidades particularmente fortes podem estar presentes, como reconhecimento de
letras au numeros, memorizar;:ao de fatos, entre outros.
3.1.2 Escola Elementar
Em geral, ao Ingressar no Jardim de inffmcia pede ainda nae side
adequadamente diagnosticada. Em alguns casas, podem estar presentes observar;:6es
relacionadas ao comportamento {hiperatividade, falta de atenr;:ao, agressividade,
20
aus€mcias) nos anos pre-escolares; suas habilidades socials e interavoes com as pares
podem ser classificadas como "imaturas"; a crian~a pade ser vista como tendo algo
incomum. Se esses problemas fcrem mais severos, entaD educac;ao especial pade ser
sugerida, mas provavelmente crianr;;:as com AS seguem 0 caminho escolar normal.
FreqOentemente a progresso academico nos primeiros anos e area de relativo
sucesso; per exemplo, leitura e usualmente boa e habilidades de calculo pade ser
igualmente forte, embora habilidades com a lapis sejam consideravelmente fracas. 0
professor provavelmente atacara as areas "obsessivas" de interesse da crianr;;:8, que
freqOentemente atrapalham as trabalhos de classe. Muitas crianc;;as AS mostrarao
algum interesse social em outras crianc;;as, embora possa ser pequeno, mas elas
normalmente apresentam fraco desempenho para fazer e manter amizades.
Elas podem mostrar particular interesse em uma ou poucas crianc;;as ao seu
red~r, mas normalmente a profundidade de suas iterac;;oes sera relativamente
superficial. Por outro lado, conheci algumas crianc;;as AS que se apresentam atenciosas
e "bonitas", particularmente quando interagindo com adultos. 0 deticit social, quando
menos severo, pode ser subestimado p~r muitos observadores.
o curso atraves da escola elementar pode variar consideravelmente de crianc;;a
para crianc;;a, e problemas podem variar de leves e faceis de administrar a severos e
intrataveis, dependendo de fatores como 0 grau de inteligencia da crianc;;a, propriedade
da administrac;;ao na escola e em casa, estilo de temperamento da crian<;:a e a presen<;:a
au ausencia de fatores complicadores como hiperatividade, problemas de atenc;;ao,
ansiedade, problemas de aprendizagem, e outras.
3.1.3 Graus Mais Adiantados
A medida que a crianc;;a AS se move atraves da escola media e secundaria, as
areas mats dificeis continuam a ser aquelas relacionadas a socializa<;:ao e ajustamento
comportamental. Paradoxalmente, devido a crianc;;as AS serem freqOenlemente
administradas em escola normal, e devido a seus problemas especificos de
21
desenvolvimento poderem ser mais facilmente relevados (especialmente se forem
brilhantes e nao agirem tao "estranhamente"), elas sao freqOentemente mal
interpretados nessa idade par seus professores e colegas. No nivel secundario as
professores freqOentemente tern menos oportunidade de conhecer bern a crianc;:a e
problemas com comportamento ou habilidades de trabalho/estudo podem ser
erroneamente atribuidas a problemas emocionais au motivacionais. Em alguns lugares,
como cantina, educayao fisica au playground, a crianya pode entrar em conflitos au luta
de foryas com professores au estudantes que naD estejam familiarizados com seu estilo
de interac;ao. IS50 pade as vezes levar a serias explos6es. A pres sao se acumula
nessas crianyas ate que reagem de uma forma dramatica e inapropriada.
Na escola media, onde as pressoes por ser igual sao maiores e a tolerancia a
diferenyas e minima, crianyas com AS podem ser postas de lado, mal interpretadas, ou
importunadas e perseguidas. Desejando fazer amigos e mante~los, mas frustradas nas
tentativas, podem se afastar cad a vez rnais au seu comportamento pode se tornar cad a
vez rna is problematico na forma de ausencias e nao~COOperayao. Algum grau de
depressao nao e incomum e e urn complicador.
Se nao ha significativas dificuldades de aprendizado, 0 desempenho academico
pode conllnuar forte, particuJarmente em suas areas de particular interesse;
frequentemente, no entanto, havera subitas tendencias a interpretar erroneamente
informayoes, particularmente abstrayoes ou linguagem figurativa. Dificuldades de
aprendizado sao frequentes e dificuldades de atenc;::ao e organizayao podem estar
presentes.
Afortunadamente, no segundo grau a tolerancia pelas variayoes e
excentricidades individuais cresce. Se a crianya vai bern academicamente, isso pode
dar~lhe 0 respeito dos oulros estudantes. Alguns estudantes AS podem ser tach ados
como "nerds", urn grupo como qual efetivamente se parece em muitos aspectos e com
o qual pode superar com AS. 0 adoJescente AS pode formar amizades com oulros
estudantes que compartilham seus inleresses alraves de clubes de computador ou de
matemcitica, feiras de ciencias, clubes de Star Trek e outros. Com sorle e
gerenciamento adequados, muitos desses estudantes desenvolverao habilidades
22
consideraveis, "graus sociais" e habilidades gerais para se encaixar rnais
confortavelmente em sua idade, facilitando seu caminho.
3.1.4 Adultas Asperger
Criangas Asperger crescem. E importante notar que tem-se a informayao limitada
relativa aos resultados da maiaria das crian9as AS. Recentemente AS foi separada do
autismo tipico e a resultado dos cases rnais brandos geralmente nao fcram relatados.
Os dadas disponiveis sugerem que, comparados a outras formas de autismo/POD,
criangas com AS sao rna is aptas a crescer e ser adultos independentes em termos de
emprego, casamento, familia.
Uma das rnais interessantes e uteis Fontes de dados vern indiretamente, da
observagao dos pais au parentes da crianga AS, que parecem eles proprios ter AS.
Dessas observac;6es fica claro que AS nao impede 0 potencial de uma vida adulta mais
"normal". Comumente esses adultos gravitarao para uma acupac;ao au profissao
relacionada a sua propria area de interesse especial, as vezes se tornando muito
talentoso. Muitos dos estudantes brilhantes AS sao capazes de completar com sucesso
a faculdade e ate mesmo pos-gradUayc3o. Em muilos casos continuarao a demonstrar,
pelo menos em alguma extensao, sutis diferenc;as nas iteray6es socia is. Eles podem
ser desafiados pelas exigencias sociais e emocionais do casamento, embora se saiba
que muitos efetivamente se casam.
Sua rigidez de estilo e perspectiva idiossincratica no rnundo podem gerar
dificuldades de iterac;6es, dentro e fora da familia. Tambem hit. 0 risco de problemas de
humor, como depressao e ansiedade, e e sabidos que muitos encontram seu caminho
com pSiquiatras e oulros especialistas em saude mental onde, sugere GILLBERT, a
verdadeira natureza de seus problemas pode nao ser reconhecida ou diagnosticada
erroneamente.
De fala, GILLBERG eslima que lalvez 30-50% dos adultas com AS nunca faram
avaliados ou corretamente diagnosticados. Esses "Aspergers norma is" sao vistas pelos
23
outros como "urn pouco diferentes" au eXcEmtricos, au talvez recebam Dutro diagnostico
psiquiatrico. Encontrei alguns individuos que acredito S8 encaixem nessa categoria, e
fico impressionado pDr quantos deles foram capazes de usar suas habilidades,
freqOentemente suportadas pelos que as amam, para achar aquila que considero ser
urn alto nivel de funcionalidade, personalidade e profissionalismo. Foi sugerido que
alguns dos mais brilhantes e altamente funcionais individuos com AS representam
recurso unico para a sociedade, tendo interesse unico em avan9ar 0 conhecimento em
varias areas da ciemcia, matematica, etc.
24
4 ESTUDO DE CASO
4.1 DESCRIi;:Ao DO CLiENTE
Sujeito com 12 anos, nascido na cidade de Curitiba em 20107/90, e 0 terceiro
filho do casal, fruto de uma gravidez nao planejada, cujo parto foi cesareo.
Aos cinco meses de idade, uma infecC;:3o de garganta seguida de febre levou·o a
uma consulta medica, nesta a medica percebeu urn pequeno atraso motor,
encaminhando-o ao neurologista que solicitou uma investigaC;:3o que naD (oi realizada
na epoca per dificuldades financeiras (sic).
o menor comec;:ou a andar aos 2 anos de idade, verbalizou as primeiras palavras
aDs 3 anos e 0 controle dos esfincteres aconteceu tambem aos 3 anos e meio.
Em maio de 1994 iniciou as avaliac;:6es. A investigaC;:flo audiol6gica nao
demonstrou alterac;:oes. Em julho, do ana seguinte fez a EEG sob sana, ativado por
fotoestimulac;;ao,tambem com resultados dentro da normalidade. Realizou uma
ressonancia magnetica que demonstrou leve ectasia basilar (dilatac;;ao da arteria
basilar).
Realizada a pesquisa de x fri3gil, em agosto de 1996, verificou-se compativel
com a normalidade.
Em dezembro de 1999 realizou avaliac;;ao psicopedag6gica que demonstrou os
seguinles resultados: executa atividade de vida diaria, realiza encaixes, utiliza
corretamente 0 lapis, expressa ecolalia.
Nesta epoca teve 0 diagnostico de transtorno global do desenvolvimento com
hiperatividade, pautas autistas e deficiencia.
Em relac;;ao a fala diagnosticou retardo de aquisic;;ao da linguagern devido a
etiologia psicogenita (autismo).
Ern novernbro de 2000 foi realizada nova avaliac;;ao psicoeducacional que revelou
defasagem intelectual, conduta atipica.
Foi encaminhado para classe especial em dezembro de 2001 no qual 0 parecer
da professora relatou que faz copia, Ie, reconhece formas e cores.
25
Fai descrito como uma crian9a timida que realiza cantata visual e corporal
algumas vezes.
o parecer fonoaudiol6gico de setembro de 2002 revelou que 0 menor passui
disturbio de linguagem em decorremcia de autismo de auto-funcionamento (Sindorme
de Asperger) ainda utiliza a ecolalia e apresenta dificuldade de utilizar pronomes
pessoais.
4.2 AVALlA9AO COM 0 CLiENTE
Material utilizado:
EOCA: entrevista operativa centrada na aprendizagem;
Teste visomotor bender;
Tecnicas projetivas psicopedagogicas: parelha educativa, familia
educativa e fazendo 0 que mais 905ta;
Provas piagetianas: diagnostico operat6rio (conservac;c3o de pequenos
conjuntos discretos de elementos e seriac;c3o);
Teste diagnostico de habilidade do pre~escolar;
Verificayao pedagogica.
4.3 SiNTESE DA AVALlA9AO
Como dita a Avaliac;:ao Psicopedagogica dentro dos parametros da Epistemologia
Convergente iniciou~se 0 processo com a Entrevista Operativa centrada na
aprendizagem.
Esta tecnica tern par objetivo investigar 0 que 0 sujeito sabe, 0 que aprendeu 0
que Ihe foi ensinado. Sendo, inclusive, esta a consigna utilizada em sua aplicac;:ao.
26
A partir desta consigna espera-se que 0 sujeito mostre 0 que sabe, seja
desenhar, pintar, recortar, colar, escrevef, ler, calcular au qualquer Dutra caisa que
possa realizar com as materiais oferecidos (cola, tesoura, papsl sulfite, papel colorido,
papel pautado, lapis preto sem panta, apontador, borracha, lapis de cor, revista para
recorte) e dois livros de histaria - no caso "Joao e 0 Pe de Feijao" e "Contando de urn a
dez" - tais livros nao correspondem a idade cronol6gica do avaliado, mas sirn asuspeita de sua capacidade intelectual.
o examinando nao realizou nenhuma larefa, ficava olhando para a janela, para
as objetos e para 0 entrevistador demonstrando-se assustado atraves do olhar, quando
sinalizado que 0 tempo havia acabado fez referencia a guardar 0 material.
Assim, nao foi possivel avaliar as dificuldades especificas que G apresenta, mas
pode-se hipotetizar que se tem um caso de parada global do desenvolvimento com
defasagem gerais em relac;ao a aprendizagem sistematica.
Na Segunda sessao aplicou-se a Escala Wechsler de Inteligencia para crianc;as,
que tem por objetivo avaliar 0 desempenho do sujeito nas areas verbal e de execuc;ao.
A parte verbal do wise mede conhecimentos gerais, dando ideia de como
procede a comunicac;ao familiar; avalia a capacidade de utilizar julgamento pratico na
vida diaria, socializac;ao, maturidade de consciemeia e sentido moral. Testa tambem, a
habilidade em utilizar eoneeitos numerieos e abstratos: a capacidade associativa e a
memoria auditiva imediata.
Porem nao foi possivel realizar a parte verbal, 0 avaliado apresentava ecolalia 0
tempo todo e nao respondia ao que era perguntado.
Na parte de execuc;ao sao avaliadas as capacidades de atenc;ao, concentrac;ao,
percepc;ao de detalhes, seqOencia logieo-temporal, analise e sintese com e sem modelo
e a eapaeidade de eopia ou destreza visomotora.
Demonstrou boa eapaeidade de analise e sintese com modelo, nas atividades
de memoria, perceP9ao de detalhes, seqOencia logieo temporal e copia apresentou
rebaixamento.
27
Os resultados obtidos ate agora revelam ObSt.3cUlo epistemico, ou seja,
dificuJdade apresentada na aprendizagem par uma parada au Jentifica980 na
construyao da estrutura cog nit iva.
Na aplicayao do teste visomotor Bender que visa proporcionar urn indice de
maturary80 visomotora, demonstrou urn ponto nac significativ~ e 4 pontcs significativQs
para lesac cerebral e nenhum ponto indicador de problemas emocionais.
Durante a sessao seguinte executou as tecnicas projelivas psicopedagogicas.
Visando investigar a rede de vinculos que a sujeito estabelece nos dominios escolar
(Parelha Educativa), familiar (Familia Educativa) e consigo mesma (Fazendo a que
rna is 905Ia).
No desenho da parelha educativa (de Malvina Oris e Maria Luisa Q campo)
observou-se bom vinculo com a educador, regular vinculo com a aprendizagem. A
posi<;ao do desenho na folha revelou que G e um sujeito exigente apareceu ainda a
supervaloriza<;ao do conhecimento sabre a ato da transmissao, a omissao do relata
demonstra mecanisme de defesa de nega<;ao.
o desenho da familia educativa (alguns autores atribuem a Jorge Visca sua
autoria) s6 apresentou desenho de uma figura feminina. Este desenho foi colocado na
folha em posi<;ao exigente regressivo, sem outros dados que permitam analise.
Fazenda 0 que mais gosta (tambem par Jorge Visca) foi a ultimo desenho
realizado e par ausencia do relato nEw fai passive I realizar analise detalhada.
De forma geral, pode-se dizer que G tem "medo de aprender" e de expor seus
canhecimentos tendo em vista sua enorme dificuldade de expressao.
A analise do desenho das figuras humana presente em seus desenhos
demonstra que se encontra na fase pre-esquemalica que corresponde ao perioda
piagetiana intuitivo articulado.
Qutros itens do desenho sugerem isalamente, persanalidade agressiva,
desamparo perante seus impulses e sentimento de defici€mcia.
28
As provas piagetianas fcram realizadas na quarta sessao. Na prova de
conserva~ao de pequenos conjuntos discretos de elementos realizou a identidade inicial
eo terma a terma, porem naa conservou.
Na prova de seriavao de palitos necessitou de sugestao de serie inicial e por
tateamento realizou a serie simples, porem nao deu continuidade a prova. Este
comportamento e compatlvel com 0 pensamento da entrada do periodo cognitiv~ das
operac;:6es concretas.
Normalmente ainda seriam realizadas outras provas, mas, devido a difiGuldade e
nao verbalizacyao do avaliado passou-se a Dutra atividade - Teste Oia9n65tico de
Habilidades do Pre-escolar ou DHP que tern por objetivo principal avaliar as atividades
iniciais como:
Habilidade Verbal: e a medida par itens de vacabulario e compreensao de
fatos verbalizados;
Habilidade Perceptivel espacial e Lateralizayao: que integra itens de
discriminac;ao visual, auditiva e itens de lateralizac;ao.
Habilidade numerica e vocabulario Aritmetico: e a medida par meio de
itens de compreensao de relac;oes numericas simples, aquisiy.3o do
conceito de numeros e vocabulario aritmetico;
Habilidade de raciocinio de Analise e Sinlese: encontram-se no teste
itens de educac;ao de relayoes simples, tais como complementayao de
series figurais, composiyao de partes num todo e identificayao de figuras
absurdas;
Habilidade visomotora: e solicitada ao examinando a execuc;.3o de uma
tarefa de coordenay.3o dos movimentos digitais e a copia de figuras
geometricas, envolvendo relac;oes de forma e posic;ao.
Os resultados apresentados pelo individuo nesla tecnica foram de classificayao
Forte para a habilidade verbal, ou seja, possui boa compreensao da linguagem verbal.
29
Classificatyao Media para habilidade perceptivo-espacial e raciocinio de analise e
sintese. 0 raciocinio numeriCD obteve resultados abaixo da media e Fraca para
destreza matara.
30
5 PLANO DE TRABALHO
Tendo em vista as resultados obtidos na avalia9ao formal do individuo conclui-se
que ha necessidade em realizar a terapia psicopedagogica para auxilia-Io em suas
dificuldades, ternando-as conscientes e que a mesma possa aprender a conviver com
elas, tirar delas beneficios e resolver problemas da vida diaria.
Segundo Jorge Visca a utilizayc30 dos jogos 16gicos nos tratamentos
psicopedag6gicos requerem a fundamentay.3o dos aspectos essenciais: a nivel
cognitiv~ do paciente e 0 conhecimento que ambos possuem dos jog as.
o mesma autor segue colocando que as jogos poem em exercicio as funy6es
cognitivas e afetivas, e tambem desenvolvem conteudos socia is. As opera90es exigidas
nos jogos naD sao distintas das requeridas na vida cotidiana e, consequentemente, naa
distinguem daquelas estimuladas pelo tratamento pSicopedagogico.
Para que esta possibilidade seja efetiva e real trabalhar-se-a com material grafico
(lapis, papel, cola, tesoura, lapis de cor, borracha, apontador. .. ) e jogos que estimulem
as areas deficitarias, que sao as areas de c6pia, raciocfnio numerico seria<;:ao e
correspondencia termo a termo. A seguir sugestoes de alguns materiais que serao
utilizados como disparadores:
Cartas enigmatieas: para estimula<;:.3o da habilidade visomotora;
Numeros alegres, Do 1 ao 25, Resposta Magica, Conta Certa, Compre
bern, Yam, Lance Livre, Bloeos logicos, Reguas Numericas e outros que
estimulem 0 raciocinio logico matematico;
Rack, logica, Logix, Senha e outros materiais estimulantes da fun<;:ao
seriativa e conservativa.
Alem do supra citado, utilizar-se-a, ainda os interesses demonstrados pelo
avaliado, atividades graficas e motoras que Ihe permitam melhorar a qualidade de vida.
31
6 CONCLUsiio
o individuo avaliado procurou a avaliat;ao devido a sua grande dificuldade em
se relacionar socialmente e de aprender conceitos novos. E um estudante de classe
especial de uma escola publica de Sao Jose dos Pinhais, pertencente a Regiao
Metropolitana de Curitiba.
Uma avaliac;ao neurol6gica realizada em julho de 1995 revelou uma alterac;ao na
arteria basilar, fato que deu inicio a uma serle de avaliac;6es que concluiram a presenc;a
de Sind rome de Asperger.
Esta avaliaC;8o teve par objetivo investigar quais os facilitadores da
aprendizagem do portador. Primeiramente realizou-se uma investigayao da
funcionalidade intelectual e cog nit iva do sujeito em questao.
Na avaliac;ao sensorial foi perceptivel que nada consta em rela9ao a visao.
Avalia9ao da area s6cia emocional atraves de tecnica formal de avalia9ao
revelou baixa auto-estima, inseguran9a e carater perceptivo (nao projetivo).
Avalia9ao formal demonstrou limita9ao intelectual apresentando-se acima da
media em analise e sintese com modelo. mem6ria e apresentou dificuldades de
desempenho nas atividades verba is.
A avalia9ao psicomotora revelou idade motora de 5 anos e por meio da
linguagem de tecnica formal revelou pobreza de ideias e dificuldades de expressao.
Ja a avalia9ao pedag6gica demonstrou que este sujeito encontra-se no periodo
pre-alfabetico, nao possuindo total maturidade para aprendizagem da leitura, escrita e
matematica.
Assim concluiu-se que esta presente urn obstaculo epistemico, ou seja, uma
dificuldade apresentada na aprendizagem devido a uma parada ou lentifica930 na
constru9ao da estrutura cognitiva, ainda urn leve rebaixamento intelectual aliado a
transtorno de aprendizagem (Cid 315), confirmando-se 0 diagnostico de Transtorno de
Asperger (Cid 299.80).
Com base nestas condusoes sugere-se urn trabalho terapeutico para melhoria
da auto-esOma, autoconfian9a, classifica9ao, conserva90es, opera90es basicas,
32
alfabetizayao, atenyc30 e concentrayao. Sugerindo-se ainda que 0 menor continue
sendo atendido em classe especial.
33
REFERENCIAS
BAUER, Stephen. Asperger Syndrome - Trough the Lifespan. Rio de Janeiro: ArtesMedicas, 1995
COELHO &. Problemas de Aprendizagem. Sao Paulo: Atica, 2001.
DSM IV. Manual diagn6stico e Estatistico de Transtornos Mentais. 411, Ed. Sao Paulo:
Artes Medicas, 995.
FONSECA, V. Introduyao as Dificuldades de Aprendizagem. Sao Paulo: Artes Medicas,1995.
GAUDERER, C. Autismo e Qutros atrasos do desenvolvimento. Sao Paulo: Revinter.1997.
GILLBERG, C. Asperger Syndrome and Recurret Psychosis: a case study. Sao Paulo,1985.
seoz &. Psicopedagogia: 0 carater interdisciplinar na formaryElo e atuaryao profissionalSao Paulo: Artes Medicas, 1990.
TUSTIN, F. Estados Autisticos em Crianyas. Sao Paulo: Imago, 1984.
Top Related