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GATEKEEPER

A ROTINA DO EDITORO dia-a-dia dos editores doJornal Tribuna do Planalto.Matérias exclusivas com oseditores das áreas deComunidade e Cultura,Politica e Educação.

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Índice GATEKEEPER

Sara

Lea

l

EDIÇÃO 2.269 | ANO 45 | N° 12TIRAGEM 1 208 663 EXEMPLARES

02 | EDITORIAL 06 | POLÍTICA

03 | ENTREVISTA05 | EDUCAÇÃO

Gilson: editor é mais quecortar texto Pág. 03

Editorial

GATEKEEPER | 22 DE JUNHO,2012 | 2

O editor de um jornal é aquele que chama-mos de “porteiro das

informações”. É aquele que define o que vai ser noticiado, seguindo o valer-notícia, a linha editorial, entre outros. É um cargo alto a ser atingindo dentro de uma redação jor-nalística. Precisa de muita bagagem cultural no jornal-ismo, pericia e perspicácia. A correria do dia-a-dia, fazer títulos, legendas de fo-tos, escolher a manchete, te o “fato” para definir as chama-das de capa das matérias, as quais devem ser de maior in-teresse do público e, entre out-ros trabalhos que tem como principal inimigo, o tempo.O editor não está ali para ree-screver a história do repórter, mas sim para fazer a filtragem

de acordo com a linha edito-ria do veiculo. Ele está ali para acompanhar e supervisionar todo o processo de produção e veiculação, no caso dessa edição, do Jornal Tribuna do Planalto. O editor é respon-sável pela rotina produtiva do jornal. Nesta edição da Re-vista Gatekeeper é possível encontrar reportagens com

editores de diversas áreas do Jornal Tribuna do Planalto, contando sua história para se tornar editor e a rotina dentro da redação do jornal. Sempre mostrando o lado do “porteiro da redação” e entendendo que editar não é só cortar, mas é a construção da notícia sem perder a importância da es-trutura na hora da construção da mesma.

Mirella abreu

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EntrEvista GILBERTO PEREIRA Sara r. leal Pereira

Após formado, Geraldo passa no concurso abril de jornalismo onde, de acor-

do com ele, aprendeu a escrever. Após estagiar na revista super in-teressante em São Paulo, Geraldo retorna á Goiânia e agora trabalha como editor no jornal Tribuna do Planalto.

Por que ser um editor? Você indicaria essa profissão pra alguém?O trabalho de edição é um passonatural de quem segue a profissãode jornalismo. Você entra comoestagiário, depois é efetivadocom repórter e se você conseguirentrar na política editorial da empresa você se torna editor. En-tão é uma conseqüência, porque jornalismo não é uma carreira, né?Primeiro você é repórter, depoisvocê pode ser repórter especial oujá vai pra editor, depois pode setornar um editor executivo, editorchefe, pode se tornar um diretorde redação, secretário editorial...assim vai.

Você é do tipo que prefere ficarna redação ao invés de ir prarua?Eu sou um caso complicado.Durante muito tempo eu trabalheicomo jornalista, principalmenteem São Paulo, sem querer serjornalista. Eu não me achava jor-nalista, até hoje me acho meio queum “estranho no ninho”. A grandesacada é a seguinte, se você tiver

“Editar não é só cortar, é mais do que isso”Nascido em Tocantins e formado em Jornalismo pela Universidade Feder-al de Goiás, Geraldo G. Pereira é o atual editor de Comunidades e Cultura do jornal Tribuna do Planalto

Sara

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EntrEvista GILBERTO PEREIRA um bom editor num jornal que teofereça uma boa estrutura é legalser repórter. Agora, se os repór-teres não estiverem alcançandoaquilo que o jornal quer e vocêestiver percebendo isso, é legalvocê ser editor pra poder colocaras coisas no lugar.

Como funciona a editoria decomunidades e cultura?A editoria de comunidades é umcaderno que tem oito páginas, edentro dessas oito páginas tema parte de cultura. A editoriade Cultura é basicamente sobreliteratura. São três resenhas sobrelançamentos de livros, alguns tex-tos de opinião, de vez em quandoeu falo sobre televisão, e as vezes,é feito uma cobertura sobre algumevento na cidade que eu ache que seja interessante. A parte de co-munidade eu costumo dizer queé tudo menos política e educação.Cobre saúde, mercado financeiro,economia, agronegócio, cidades,meio ambiente... ou seja, é bemamplo.

Pra você, qual é a melhor parteda profissão de editor?A melhor parte é quando vocêencontra um repórter que entendeo que você quer e começa a fazeraquilo que você pede. Editar é umtrabalho que vem desde a criaçãodas pautas, da percepção decomo funciona a linha editorialdo jornal. É feito o levantamentodas pautas e a partir daí os repór-teres são mandados para as ruas.Então, quando o repórter entendeo que você pede, o que você quere escreve um bom texto, essa é amelhor parte do trabalho do edi-tor.

E qual seria a pior?A pior é a pressão. Por exemplo,agora nós estamos passando porum momento político complicado,né? O jornalista tem que seguir

algumas coisas que são muito mais diplomáticas e muito mais políti-cas do que cobertura jornalística. Aí fica mais complicado, princi-palmente pro editor. Não no meu caso, porque eu trabalho com comuni-dades e o Tribuna já não tem toda essa pressão. Outra coisa ruim é quan-do se espera um texto de qualidade e o repórter chega com uma matéria mal escrita. É necessário fazer o fechamento, e se fosse pra fazer aquele texto ficar do jeito que você quer, entraria madrugada á dentro.

Como funciona a decisão de terque optar por um assunto ououtro?O editor tem que saber o seguinte:pra onde ele quer ir, em que veículo está e pra onde é que vai o jornal, ou seja, o que o veículo quer. Se ele sabe dessas coisas, entende como funciona o jornale está inserido nele, toda vez quevocê for escolher uma pauta, no mar de coisas que existem na cidade, vai obter um resultado positivo. Tem que entender o que o jornal pensa disso e o que elepróprio pensa sobre o assunto. Vale a pena levar tal assunto empauta, sair na capa ou colocar sóuma matéria secundária? É assimque a gente escolhe.

Quais as características quemum bom editor deve ter?Consciência de linguagem, sabera diferença de “linguagem” para“língua”. Língua é um conjuntode códigos comuns á um grupode pessoas, á uma sociedade, áuma nação. A linguagem é o usoque se faz desses códigos numaparticularidade, como linguagemcientifica, filosófica e artística. Nocaso de comunicação, a linguagemé jornalística. Então, o editor tem

que ter essa consciência e tem que saber fazer a leitura do seu próprio mundo. Tem que ter os horizontes abertos pra entender, razoavel-

mente, como fun-ciona a sociedade. O trabalho do editor é editar, e editar vem de “édito”, que é uma lei que se coloca pra que seja obedecida. Essa lei cria no mas dentro de uma sociedade ou comunidade.

Assim trabalha o editor. Ele diz: “É assim que tem que ser. Estou nesse cargo porque acham que eu compreendo como fu ciona essa empresa. Você faça isso, você faz aquilo.” Editar não é só cortar, é mais do que isso. É fazer entrar em vigência as normas que foram estabelecidas pela empresa.

Você acha que o jornal sai a carado editor?Sim. E quanto melhor for o editormais o jornal sai com a marcadele.

Como se edita o texto de umrepórter respeitando o trabalhodele?Temos que ter respeito com orepórter, não compaixão. Se forficar com pena dele não dá prafechar o jornal. É necessário terprofissionalismo e respeito peloseu trabalho, mas não quer dizerque tenha que pensar “coitadinhodele”. O repórter sabe disso. É dito,por exemplo, que a matéria temque ter determinado número decaracteres, e ele ultrapassa esselimite. Aí é preciso cortar. Porém,é necessário cuidado ao editar.Não se pode manipular o que afonte diz de modo que o sentidoseja mudado. É válido apenasacertar a fala de modo que fiquemais charmoso e mais fácil de oleitor entender.

“Temos que terrespeito com orepórter, não

compaixão. Sefor ficar compena dele nãodá pra fechar o

jornal.”

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Educação

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A Jornalista Maria José Rodrigues formada pela Universidade Federal de

Goiás é editora á 18 anos no jornal Tribuna Planalto. Ela trabalhou no jornal Diário da Manha na revisão, em seguida no jornal O Popular no arquivo de fotos e de imagens e na reportagem de cultura da organi-zação. Cobriu férias na Tribuna e logo depois foi contratada. A jor-nalista conversou com a Revista Gatekeerper e falou sobre sua edi-toria no jornal. Quando ela veio para o Jor-nal Tribuna do Planalto, ele era o único jornal de Goiânia que não tinha editoria de cultura. Maria José com sua experiência do jornal O Popular criou junto com o edi-tor chefe o caderno de cultura da Tribuna. A Editoria de educação em que Maria José é responsável tem uma dinâmica diferente entre as demais, primeiro porque o foco é educação. O jornal aproveita o melhor das matérias para falar di-retamente para professores e não tem a pressão que das outras edito-rias. A Tribuna não está preocupa-da com a mazela da educação e sim em mostrar que existem projetos, incentivos a educação. Na redação as pautas são estabelecidas com a comunicação dos funcionários da redação. O que tem assunto melhor e com mais consistência vira matéria de capa e as outras são distribuídas no restante das páginas.

Em uma par-ticipação que a jor-nalista teve no comitê de jornal da educação NJ, em que todos os jornais da educação se reúnem uma vez no ano para discutir á novidade e avanços, descobriu que nen-hum caderno de edu-cação estava pautado em fazer o factual, pois o factual ficava para ser pautado para as outras editorias. A proposta do jornal era pedagógica para servir como um suporte para o pro-fessor. “Agente vê tanta coisa legal e ninguém mostra” Quando houve a iniciativa do jornal em mostrar um caderno com material de incentivo e projetos da educação a demanda cresceu nas escolas. A educação existe uma co-brança no dia a dia das pessoas e precisa de investimento. Qual o rumo do jornal hoje, ninguém sabe responder. Você vê mil caminhos no jornalismo mais na verdade não tem nenhum, tudo ficou segmen-tado. A jornalista não consegue ver o caminho do jornal hoje. No término da Universi-dade Maria José queria trabalhar em rádio, mas para sua sobre-vivência foi para o jornal. Ela dá uma dica para os Universitários: “Pegue todas as oportunidades em todas as áreas, descubra o que

você gosta para não se frustrar de-pois de formado”. Correr contra o tempo e experimentar. A Jornalista afirma: “Hoje tá mais fácil para os estudantes, pois as empresas dão oportunidade para estágio, fazer contato com os jornalistas é outro meio que facilita a entrada no mer-cado de trabalho”. A finalização de um mate-rial jornalístico necessita de um processo de acabamento para ser publicado. A edição faz a análise de todo o material disponível, modifi-cando e revendo conteúdos. A es-sência do produto jornalístico está na edição, pois tem a finalidade de fazer a seleção e organização das informações. Nos veículos impres-sos a edição consiste em rever, ana-lisar e cortar texto de acordo com espaço de impressão pré-definido.

Outro modo de escrever sobre a educação

Segundo Maria José o salário de um editor na Tribuna é em média de 3.000 á 6.000 reais.

Maria José Rodrigues, editora do Jornal Tibuna do Planalto diz sobre a criação do caderno escola e o surgimento da ediroria de Educação

ana Flávia ribeiro

Mirella abreu

Ana

Flá

via

Rib

eiro

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Política

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Ser editor de um jornal diário não é tarefa para qualquer um. Todos os fatores desse

trabalho possuem em comum um inimigo: o tempo. A correria do dia-a-dia é determinada pelo ato de fazer títulos e legendas para fo-tos, além da difícil tarefa de escol-her a manchete. É preciso ter “tato e faro” para definir as chamadas de capa das matérias, cujas funções são de atrair a atenção do leitor e consequente venda do jornal. É o que o jornalista Eduardo Sartora-to vivencia diariamente à frente da editoria de política do jornal Tribuna do Planalto. Formado há 7 anos pela Universidade Federal de Goiás (UFG), Eduardo iniciou sua car-reira no próprio jornal Tribuna do Planalto como estagiário na edito-ria de política. Um bom exemplo para mostrar como o estágio pode ser a principal porta de entrada para muitos profissionais do setor. Confira a entrevista concedida por Eduardo abaixo, na qual ele faz um panorama geral de sua carreira e conta um pouco de sua rotina como editor:

1 – (Revista Gatekeeper) Por fa-vor Eduardo, fale resumidamente sobre sua carreira até agora, da formação até seu cargo de editor no jornal.(Eduardo) Eu me formei em Jor-nalismo na Universidade Federal de Goiás, no final de 2005. Em ago-sto já havia ingressado na Tribuna

do Planalto como es-tagiário na editoria de política. Fui contratado em abril de 2006 como repórter, e fiquei no jornal até maio de 2009, quando pedi demissão. Estudei inglês e italiano na Europa por um ano e voltei para Goiás em julho de 2010. Assumi um cargo na equipe de Assessoria de Imprensa do candidato Vander-lan Cardoso ao gov-erno do Estado e, no segundo turno, integrei a equipe do candidato Iris Rezende. Em julho de 2011, voltei a Tribu-na do Planalto como repórter e sou editor de política desde o início de junho de 2012.

2 – (Revista Gatekeeper) Você já trabalhou em algum outro veículo ou algum outro meio (tel-evisão, rádio)? (Eduardo) Trabalhei no rádio, ain-da na faculdade. Fui estagiário e monitor dos programas Banquete Esportivo e Doutores da Bola na Rádio Universitária. Eram progra-mas com enfoque no esporte goi-ano.

3 – (Revista Gatekeeper) Como é ser editor? É cansativo? São quan-tas horas semanais? (Eduardo) Editor é a pessoa que pensa a edição do jornal. Formu-

la as pautas, orienta os repórteres e faz a edição dos textos finais. A carga horária é a mesma para todos os jornalistas profissionais (30h/se-mana), mas o editor acaba levando trabalho para casa. Já que toda a edição ficar por sua responsabi-lidade, o editor não desliga nunca, sempre pensando o que poderia ser melhor para uma edição mais atualizada.

4 – (Revista Gatekeeper) Como você chegou até o jornal Tribuna?(Eduardo) Como disse anterior-mente, cheguei como estagiário em agosto de 2005.

5 – (Revista Gatekeeper) Suas perspectivas do jornalismo mu-daram em relação à quando você ainda era universitário?

Formado há 7 anos pela Universidade Federal de Goiás (UFG), Eduardo Sartorato iniciou sua carreira no próprio jornal Tribuna do Planalto como estagiário na editoria de política

“Editor é a pessoa que pensa a edição do jornal”

Cinthia borgeS

Paulo eduardo roriz

Eduardo Santoro, editor de Politica “somo apenas uma testemunha ocular da história e não a história em si”.

Ana

Flá

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Política

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(Eduardo) Em relação ao jornal-ismo não, sempre tive uma visão realista da profissão. Agora, em relação à área de atuação, sim. Nunca me vi trabalhando com política estadual. Como a oportu-nidade surgiu nesta área, mantive a cabeça aberta e hoje gosto muito do tema.6 – (Revista Gatekeeper) Você é editor de política. Isso foi escolha sua? Você tem afeição pelo tema? Como é falar sobre esse tema em Goiás?(Eduardo) Acho que já falei um pouco acima. É difícil falar so-bre política em Goiás porque a grande parte da população não se interessa pelo tema. Isso muda um pouco durante as eleições. Existem também as dificuldades na relação entre jornalismo e poder, mas isso não é exclusivo de Goiás.

7 – (Revista Gatekeeper) Edição é algo que você aprendeu a gostar ou sempre teve afeição por isso?(Eduardo) Na faculdade a gente tem muito pouca experiência com edição. Quando você chega a um jornal (principalmente semanário,

onde você não é tão pressionado pelo tempo), mesmo não sendo ed-itor, você passa a ajudar a finalizar a edição. Foi aí que percebi que gosto muito das tarefas de edição.

8 – (Revista Gatekeeper) Quais são os maiores cuidados que um editor deve ter para não deixar seu ponto de vista interferir no ato de se noticiar?(Eduardo) Editor, assim como o repórter, tem que ter consciência de que é apenas uma testemunha ocular da história e não a história em si. Isso não é fácil, pois queren-do ou não você interfere no pro-cesso. O que você não pode fazer é tentar interferir intencionalmente devido a outros interesses que não o de informar.

9 – (Revista Gatekeeper) Tem al-guma matéria em especial que você se orgulha de ter contribuído?(Eduardo) Várias matérias, não conseguiria citar uma. Mas este sentimento vem principalmente quando você consegue explorar um ângulo que ninguém tinha per-

cebido ainda, ou quando você faz um material com longas pesquisas.

10 – (Revista Gatekeeper) Como é sua relação com o repórter?(Eduardo) O editor tem que ganhar a confiança do repórter e estimular o trabalho. O contato é constante, principalmente o trabalho de ori-entação. A equipe tem que ser a mais coesa possível, com cada um ajudando o outro.

11 – (Revista Gatekeeper) Você já passou por alguma situação cu-riosa na prática jornalística?(Eduardo) É impossível passar pelo jornalismo e não ter histórias para contar. As curiosidades vão desde as relações pessoais - os diferentes tipos de pessoas que você se rela-ciona na prática jornalística -, até mesmo acontecimentos. Um dia você pega uma gravata emprestada com um deputado para entrar no plenário da Assembleia, outro dia você vê dois colegas trocando so-cos em alguma coletiva. Tem dia que você é convidado para grandes jantares, em outros você “almoça” às 23 horas. São alguns exemplos.

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