UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
Programa de Extensão e Pesquisa em Saúde Urbana, Ambiente e Desigualdades
Projeto Intersossego
RELATÓRIO FINAL DAS ATIVIDADES REALIZADAS PELOS
BOLSISTAS DO PROJETO INTERSOSSEGO
- Março a Dezembro de 2014 -
Profa. Alzira Maria Baptista Lewgoy
Coordenadora
Profa. Maria Inês Azambuja
Coordenadora Adjunta
Profa. Ramona Fernanda Ceriotti Toassi
Integrante do Projeto
Porto Alegre - RS
2014
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INTRODUÇÃO
Este relatório de atividades realizadas pelos bolsistas que integram o
Projeto InterSossego, no âmbito da extensão, no período de março a dezem-
bro de 2014, vem atender as exigências técnico-administrativas da Coordena-
ção do Programa de Extensão e Pesquisa em Saúde Urbana, Ambiente e
Desigualdades, bem como as requisições de qualificação acadêmico-
profissional do Projeto InterSossego.
Neste ano, foram selecionados sete bolsistas, sendo cinco acadêmicos
das áreas de Arquitetura e Urbanismo, Comunicação Social e Relações Públi-
cas, Serviço Social, Psicologia e Odontologia, todos vinculados ao Edital
MEC/SESu PROEXT2014, e dois acadêmicos da área de Saúde Coletiva e de
Odontologia, ligados ao Programa de Bolsas da Pró-Reitoria de Extensão –
PROREXT/UFRGS . As atividades relatadas pelos bolsistas estão vinculadas
ao Plano de Trabalho do Projeto Intersossego de 2014/UFRGS. Contudo, as
narrativas descritas pelos acadêmicos não tiveram a supervisão da coordena-
ção deste Projeto, para que os mesmos pudessem sentir-se livre para descri-
ção e avaliação do processo.
As vivências, conforme os registros a seguir, revelam que o projeto pro-
porcionou uma experiência impar, fértil e produtiva. Alguns fragmentos dos bol-
sistas são balizadores desta riqueza ao se referirem sobre: “[...] o desafio de
estar lá à noite, em algumas noites muito frias, não foi o suficiente para nos
afastar de estar na comunidade”, “[...] Atuações em extensão tem ensinado na
prática como atuar de forma coletiva, intersetorial e interdisciplinar, tendo em
vista o currículo engessado das graduações”, “[...] a grande oportunidade de
participar e apresentar trabalho em dois Eventos Nacionais, um em Belo Hori-
zonte/MG... e segundo ...na cidade do Rio de Janeiro/RJ”, “[...]este projeto mul-
tidisciplinar é capaz de despertar sentimentos e habilidades que nós graduan-
dos não imaginamos adquirir durante nossa faculdade. Uma palavra que define
este trabalho é o CONHECIMENTO, de nós mesmos, da realidade da nossa
sociedade e de que juntos, podemos fazer a diferença.”, “[...] Pude sentir na
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prática de cada atividade a sua importância. Isso me inspira a cada dia mais
buscar ser esse profissional que se reconstruiu no Projeto InterSossego, gra-
ças a absorção das experiências vividas lá”.
E por fim, registro e agradeço a atuação das professoras Maria Inês
Azambuja e Ramona Fernanda Ceriotti Toassi, parceiras do projeto InterSos-
sego, que muito contribuíram para a consolidação da riqueza da experiência
junto aos bolsistas.
Profa. Alzira Maria Baptista Lewgoy
Coordenadora do Projeto InterSossego
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ACADÊMICO: IGOR FERREIRA ESPINDOLA - BOLSISTA DE EXTENSÃO PROEXT CURSO: COMUNICAÇÃO SOCIAL - RELAÇÕES PÚBLICAS PERIODO: Março a Dezembro de 2014
A extensão no Projeto InterSossego, do Programa Saúde Urbana, me pro-
porcionou experiências nas quais pude aplicar conhecimentos aprendidos na
Universidade no curso de Comunicação Social -Relações Públicas. Entre es-
sas, fiquei responsável pela produção e diagramação das edições 10, 11 e 12
do jornal Saúde, Sossego!, monitoramento e alimentação de conteúdos da pá-
gina do Projeto InterSossego no Facebook
(http://www.facebook.com/projetointersossego) e produção e edição de vídeos
relacionados ao projeto.
Nesse ano, o jornal “Saúde, Sossego!” passou a conter 12 páginas, quan-
do antes tinha 8, para dar maior espaço aos conteúdos produzidos pelos bol-
sistas e demais integrantes e parceiros do Projeto. Em relação a esses conteú-
dos, a visita que fiz à comunidade do Morro da Cruz, para escrever a matéria
para o espaço InterVilas, foi uma experiência muito agradável, gratificante e
produtiva ao passo que pude conhecer uma nova realidade, trazer conheci-
mentos para a comunidade da Vila Sossego e ainda aplicar o conteúdo produ-
zido na área da comunicação. A intensão para o próximo ano é distribuir o jor-
nal na comunidade que mora ao redor da Vila Sossego, para que essa ganhe
visibilidade e se referencie no bairro.
O Projeto InterSossego criou uma página no Facebook a partir da consta-
tação de que muitos moradores usavam a rede social, além de que o espaço
seria propício para divulgação do trabalho da extensão para dentro e fora da
Universidade. As matérias do jornal Saúde, Sossego! são alimentam a página,
além de diversos outros conteúdos, informações e notícias que são publicadas
mais atualizadas que no jornal. Além disso, a página serve para divulgar even-
tos que são realizados por nós ou por projetos parceiros.
Até o presente momento, dois vídeos foram produzidos. O primeiro, intitu-
lado "Vila Sossego e a Dengue", é um curta metragem documental que conta a
epidemia de dengue na comunidade em 2013 pela perspectiva e experiência
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dos próprios moradores, a partir de entrevistas com os mesmos (disponível em
http://youtu.be/wj0PyivEm0I). O segundo, é um vídeo de apresentação e relato
dos três anos do Projeto InterSossego, com narração da Professora Coordena-
dora Alzira Baptista Lewgoy (disponível em http://youtu.be/KL03slwTHpQ).
Ambos os vídeos foram apresentados no 2 Simpósio Brasileiro de Saúde e
Ambiente, que ocorreu em Belo Horizonte nos dias 19 a 22 de Outubro. O ví-
deo "Vila Sossego e a Dengue" foi apresentado por mim e pela Professora Ma-
ria Inês Azambuja junto ao trabalho "Relato de caso e de debate sobre uma
microepidemia de Dengue na Vila Sossego, Porto Alegre, 2013", do qual sou
coautor. A participação nesse evento foi possível graças ao auxílio do Progra-
ma Saúde Urbana e da PRAE (Proreitoria de Auxilio Estudantil) da UFRGS.
Estão sendo produzidos ainda outros 5 vídeos, sendo um ambiental da 2 Feira
de Saúde e outros 4 com trechos dos quatro momentos do 2 Encontro InterVi-
las.
Quanto a esses eventos, a participação na organização dos mesmos foi
muito importante para minha formação acadêmica, visto que uma das várias
estratégias comunicacionais das relações públicas são os eventos. Os dois
eventos, que ocorreram em Outubro, me mostraram o grande trabalho que está
por trás dessas organizações e o quanto de problemas enfrentarmos antes,
durante e depois dos eventos.
Participei, ainda, como coautor no artigo "Cidades, Desigualdades e a
Dengue. Lições de uma microepidemia na Vila Sossego, em Porto Alegre", jun-
to com as Profªs. Maria Inês Azambuja e Alzira Baptista Lewgoy e Dr. João
Henrique Kolling, que será publicado pelo PRONEM em 2015.
A extensão no Projeto InterSossego foi de muito proveito para minha for-
mação acadêmica e individual. As funções exercidas dentro do Projeto me pro-
porcionaram experiências práticas de conteúdos que havia aprendido apenas
na teoria ou em práticas apenas dentro da Universidade. As disciplinas de Mí-
dias Audiovisuais, Mídia Impressa e Cultura e Poder nas Organizações me
possibilitaram atuar nos curtas metragens, no Jornal Saúde, Sossego e na per-
cepção da importância da atuação da comunicação do Projeto InterSossego na
comunidade Vila Sossego em prol da conquista dos direitos dos moradores,
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respectivamente. Além disso, o trabalho interdisciplinar me mostrou sua impor-
tância em ser exercido e estimulado, tanto na Universalidade quanto em diver-
sas outras instituições. Poder trabalhar com profissionais e estudantes de di-
versas áreas que não da comunicação social era uma possiblidade que não
existia para mim até estar como bolsista neste projeto. As reuniões que partici-
pamos com a Equipe 1 me possibilitaram presenciar a interdisciplinaridade
dentro de um ambiente de saúde. Nestas, eu era responsável por comparecer
e redigir as atas que são enviadas a todos os participantes do Projeto InterSos-
sego.
Pessoalmente, pude ter contato com realidades de comunidades com as
quais não conhecia. Estar dentro de uma comunidade com péssima infra-
estrutura como a Vila Sossego não é novidade na minha vida. O que é novo e
surpreendente é poder ter esse contato dialogando com a comunidade nas
reuniões que participamos mensalmente dentro da comunidade. O desafio de
estar lá à noite, em algumas noites muito frias, não foi o suficiente para nos
afastar de estar na comunidade.
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ACADÊMICO: ÍCARO EPIFÂNIO SANTANA - BOLSISTA DE EXTENSÃO PROEXT CURSO: ARQUITETURA E URBANISMO PERÍODO: Março a Dezembro de 2014
ATIVIDADES REALIZADAS INDIVIDUALMENTE
Apresentação de slides apresentada no “I Congresso da Saúde dos paí-
ses de língua portuguesa - A geografia da saúde no cruzamento de sa-
beres” na Universidade de Coimbra, Portugal;
Elaboração de Folder de divulgação da Mesa Redonda “Microepidemia
de Dengue na Vila Sossego em 2013 – Identificação e Determinantes”
no anexo 1 Saúde na UFRGS;
Elaboração do Projeto paisagístico de requalificação de espaço público
degradado no território da Vila Sossego;
Elaboração Matéria “Jardim Sossego vem aí” para 11ª edição do jornal
“Saúde, Sossego” de 2014;
Participação do Cerimonial da 2ª Sessão do “II Encontro Intervilas”
Elaboração do Folder de divulgação do projeto Intersossego para a Mos-
tra Interativa do Salão de Extensão UFRGS 2014;
Elaboração da Maquete mostrando evolução da intervenção do projeto
na Vila Sossego;
Elaboração e a apresentação dos slides apresentados no “VIIl Encontro
Regional Rio de Janeiro da ABRAPSO – O psicólogo social na cidade:
ações territoriais, lutas políticas e subjetividade” na UFRJ;
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ATIVIDADES REALIZADAS EM GRUPO
Participação no Grupo de estudos Interdisciplinares: Território e Territori-
alidade;
Participação de três reuniões das sete realizadas na Vila Sossego: (3/7);
Participação em Evento Científico: VIIl Encontro Regional Rio de Janeiro
da ABRAPSO – O psicólogo social na cidade: ações territoriais, lutas po-
líticas e subjetividade na UFRJ;
Elaboração de artigo para submissão do evento - VIIl Encontro Regional
Rio de Janeiro da ABRAPSO
Participação na mesa redonda “Microepidemia de Dengue na Vila Sos-
sego em 2013 – Identificação e Determinantes” no anexo 1 Saúde na
UFRGS;
Organização do “II Encontro Intervilas”;
Participação de 6 das 8 reuniões realizadas entre UFRGS/ UBS/ CRAS
Centro na UBS Santa Cecília: (6/8);
Participação de 16 reuniões das 24 realizadas entre bolsistas e Coorde-
nação e professores do projeto para planejamento, execução e avalia-
ção do projeto: (16/24);
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ACADÊMICA: LIZIANE GUEDES - BOLSISTA DE EXTENSÃO PROEXT CURSO: PSICOLOGIA PERIODO: Março a Dezembro de 2014
Durante o ano de 2014 o Projeto InterSossego organizou reuniões: entre os
bolsistas e os professores da UFRGS (estive presente em 23 reuniões); entre
os professores da UFRGS, os bolsistas do projeto, integrantes da equipe 1 da
UBS Santa Cecília/HCPA (estive presente em 5 reuniões); entre os professores
da UFRGS, os bolsistas do projeto, integrantes da equipe 1 da UBS Santa Ce-
cília/HCPA e os moradores da Vila Sossego (não comparecei em nenhuma
reunião, pois tenho aula todas as noites). Durante esse mesmo ano participa-
mos das reuniões entre o CRAS Centro/PMPA (estive presente em 6 reuniões).
O Projeto InterSossego organizou três eventos no ano de 2014, os quais
exigiram bastante trabalho do grupo de bolsistas. Foram os eventos:
A) Mesa Redonda “Microepidemia da Dengue na Vila Sossego em 2013” –
09.05.14, com a participação de 60 pessoas;
B) II Encontro Intervilas – 10.10 e 11.10.14, com a participação de 140 pes-
soas;
C) II Feira de Promoção de Saúde – 25.10.14, com a circulação de aproxi-
madamente 200 pessoas.
Desses espaços a II Feira de Promoção de Saúde foi um momento bastan-
te enriquecedor, pois contou com a participação das crianças e dos jovens da
comunidade, quando deixaram suas caras no muro da Vila Sossego através do
grafite.
Participei de dois eventos científicos, apresentando os resultados do traba-
lho do ano de 2014, referente a Jardim Sossego:
A) Nos dias 20 a 24 de Outubro de 2014, ocorreu o XV Salão de Extensão
da UFRGS, no Campus do Vale – Porto Alegre – RS, onde o grupo de bolsistas
participou de dois espaços de apresentação de trabalhos. Estive bastante en-
volvida na Mostra Interativa, exposta durante toda a semana, com o trabalho
“Jardim Sossego - Do Lixo ao Luxo: O processo de apropriação e transforma-
ção da comunidade Vila Sossego”, apresentado pelos bolsistas Emily Santos
(Odontologia), Ícaro Epifânio (Arquitetura), Liziane Guedes (Psicologia) e Taya-
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ne Ribeiro (Odontologia).
B) No dia 05 de Novembro de 2014, no XVIII Encontro Regional Rio de Ja-
neiro da ABRAPSO, que aconteceu na UFRJ (utilizando verba do projeto para
pagamento das despesas), foi apresentada a comunicação oral "Jardim Sosse-
go – Do Lixo ao Luxo na Vila Sossego" pelos bolsistas de extensão Liziane
Guedes (Psicologia), Ícaro Epifânio (Arquitetura e Urbanismo) e Manuela Al-
meida (Serviço Social).
A experiência de apresentação de trabalho acadêmico em outra universi-
dade federal foi bastante significativa para que compreendêssemos uma parte
das diversas realidades comunitárias do Brasil, a partir das falas de estudantes
e professores de outros estados. Essa foi uma oportunidade bastante importan-
te de publicar meu primeiro artigo, com meus colegas como coautores, o qual
consta nos anais do evento, na p. 86, que segue no link abaixo.
https://encontro2014rjabrapso.files.wordpress.com/2014/11/trabalhos-
completos-do-viii-encontro-da-regional-rio-abrapso2.pdf
Além disso, a partir desse intercâmbio de estados pudemos diminuir a invi-
sibilidade que tanto assola os moradores da Vila Sossego ao falar de nossa
experiência nessa universidade tão conceituada.
O grupo realizou a produção de vídeos a respeito da Vila Sossego e da Mi-
croepidemia da Dengue, que foram momentos de grandes aprendizagens. Es-
sa produção está no Youtube e na página do facebook do projeto. O link é:
https://www.youtube.com/watch?v=wj0PyivEm0I
As vivências desse ano no projeto InterSossego foram muito construtivas
para minha formação profissional. Atuações em extensão tem ensinado na prá-
tica como atuar de forma coletiva, intersetorial e interdisciplinar, tendo em vista
o currículo engessado das graduações.
São raros os espaços onde os alunos protagonizem a troca de experiên-
cias, de saberes e principalmente de visões, sendo, portanto, de extrema im-
portância para o crescimento do profissional e pessoal, e auxiliando na cons-
trução de uma nova postura acadêmica em frente à realidade vivida pela soci-
edade brasileira.
https://encontro2014rjabrapso.files.wordpress.com/2014/11/trabalhos-completos-do-viii-encontro-da-regional-rio-abrapso2.pdfhttps://encontro2014rjabrapso.files.wordpress.com/2014/11/trabalhos-completos-do-viii-encontro-da-regional-rio-abrapso2.pdfhttps://www.youtube.com/watch?v=wj0PyivEm0I
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ACADÊMICA: MANUELA ALMEIDA – BOLSISTA DE EXTENSÃO PROEXT CURSO: SERVIÇO SOCIAL PERIODO: Março a Dezembro de 2014
Ao longo de 2014, a partir de março, quando ingressei no Projeto de Ex-
tensão Projeto Intersossego, tive a oportunidade de participar de diversas ativi-
dades e com isso, acrescentando cada vez mais conhecimento.
Essas atividades foram as reuniões do grupo nas quintas-feiras à tarde,
Grupo de Estudos, Reunião com a comunidade na Vila Sossego, a qual partici-
pei ao longo de todo primeiro semestre. No segundo semestre não foi possível
dar continuidade na participação das reuniões a noite em função de uma dis-
ciplina no mesmo horário. Participei também das reuniões de Rede realizada
uma vez por mês no CRAS Centro, com a participação da UBS Santa Cecília,
Conselho Tutelar e Escolas do território.
Além dessas atividades sistemáticas, participei também a) do II Intervilas
onde pude assistir a fala de profissionais e pessoas da comunidade, a qual me
fizeram ter maior conhecimento da realidade vivenciada em Vilas, e b) da II
Feira de Promoção à Saúde onde trabalhamos junto à comunidade com ques-
tões relacionadas a promoção e educação em saúde e que culminou com a
Inauguração da Praça do Local, o “Jardim Sossego”.
Por fim, tive a grande oportunidade de participar e apresentar trabalho
em dois Eventos Nacionais, um em Belo Horizonte/MG, organizado pela
ABRASCO, no qual apresentei, juntamente com a Professora Alzira Lewgoy,
um vídeo sobre o processo de construção do “Jardim Sossego” junto a comu-
nidade. O segundo trabalho foi apresentado junto aos colegas bolsistas do pro-
jeto Ícaro Epifânio e Liziane Guedes, na cidade do Rio de Janeiro/RJ em um
evento Organizado pela ABRAPSO, onde o trabalho apresentado foi resultado
de nosso aprendizado adquirido ao longo do ano no Projeto Intersossego.
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ACADÊMICA: TAYANE MASSIGNANI RIBEIRO - BOLSISTA DE EXTENSÃO PROEXT CURSO: ODONTOLOGIA PERIODO: Março a Dezembro de 2014 ORGANIZAÇÃO DE EVENTO
a) II Feira de Saúde da Vila Sossego
Descrição: A II Feira de Saúde disponibilizou diversas atividades relacionadas
à promoção de saúde e que proporcionassem o bem estar da comunidade. Di-
versas informações sobre reciclagem, higiene e desenvolvimento de empreen-
dimentos foram disponibilizadas à Vila Sossego e a todos que compareceram
na Feira, além da possibilidade de participar de uma roda de conversa para a
troca de experiência entre as comunidades.
Período - Anual: Ocorreu em 25 de outubro.
b) II Encontro Intervilas
Descrição: O II Encontro Intervilas promoveu diversas palestras com o objetivo
da troca de conhecimentos e experiências entre moradores, e profissionais e
estudantes que trabalham em comunidades como a Sossego, da discussão
sobre os avanços que se conquistou e o que ainda precisa ser mudado, além
de apresentar a realidade local de cada comunidade. Foram feitas palestras
para que se pudesse ampliar os conceitos que temos em saúde pública e como
eles se aplicam em cada projeto.
Período - Anual: Ocorreu nos dias 10 e 11 de outubro.
PARTICIPAÇÃO EM EVENTOS
a) II Feira de Promoção de Saúde da Vila Sossego
b) II Encontro Intervilas
c) Mostra no 15º Salão de Extensão UFRGS
Descrição: O objetivo foi mostrar para toda a comunidade acadêmica o trabalho
de extensão feito durante o ano de 2014, principalmente a criação do Jardim
Sossego e todas as experiências que os bolsistas tiveram neste ano, quanto ao
desenvolvimento tanto profissional quanto pessoal.
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Período - Anual: Ocorreu nos dias 20 e 24 de outubro.
ORGANIZAÇÃO E PARTICIPAÇÃO NA CRIAÇÃO DO JARDIM SOSSEGO
Descrição: A Equipe, juntamente com a participação e o trabalho de moradores
da Vila Sossego, durante o ano de 2014, elaborou um conjunto de mudanças
em uma região da vila que foi foco de dengue, resultado do grande acúmulo de
lixo e das chuvas. O objetivo não foi somente criar um lugar limpo e de convi-
vência para os moradores, tivemos o objetivo de criar um valor pessoal e, des-
sa forma, os moradores da Sossego deixaram o Jardim com características da
comunidade, com a criação de uma horta e um muro com desenhos que des-
sem um aspecto singular ao local.
Período - Ano de 2014
PARTICIPAÇÃO EM REUNIÕES DA UFRGS COM A UNIDADE BÁSICA DE
SAÚDE SANTA CECÍLIA:
Descrição: Reunião com o objetivo de que o grupo da UFRGS articule com a
Equipe 1 da UBS Santa Cecília para discutir o procedimento dos projetos e ati-
vidades sendo feitos por todo o Projeto Intersossego na Vila.
Período - Mensal: Ocorreram nos dias 27 de março, 8 de maio, 29 de maio e 4
de setembro.
PARTICIPAÇÃO EM REUNIÕES FEITAS COM A VILA SOSSEGO, UFRGS E
UBS SANTA CECÍLIA:
Descrição: Reunião com o objetivo de disponibilizar um espaço para que os
moradores da Vila Sossego possam interagir com o grupo do projeto, de forma
a expressar suas ideias e opiniões, decidindo em conjunto as ações e mudan-
ças necessárias.
Período - Mensal: Ocorreu nos dias 27 de março, 8 de maio, 3 de julho e 4 de
setembro.
PARTICIPAÇÃO EM REUNIÕES COM OS INTEGRANTES DO PROJETO
VINCULADOS À UFRGS:
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Descrição: Reunião com o objetivo de que os componentes do grupo da
UFRGS possam organizar e programar atividades, eventos e reuniões, discutir
o andamento do Projeto, as mudanças que precisam ser executadas e todas as
ações voltadas para a comunidade.
Período - Mensal : Minha Participação nas que ocorreram nos dias:
Abril: 3, 10, 17 e 24 Maio: 8, 15, 22 e 29 Junho: 5, 12 e 26 Julho: 3 e 17 Agosto: 7, 14, 21 e 28 Setembro: 4, 11, 18 e 25 Outubro: 2, 9, 16 e 30 Novembro: 20 Dezembro: 11 e 18
ATIVIDADE DE SAÚDE BUCAL COM AS CRIANÇAS DA VILA SOSSEGO
Descrição: Essa atividade foi pensada e destinada primeiramente para as cri-
anças da vila, foi feito um teatro para instigá-las sobre a importância de se ter o
hábito de cuidar da higiene oral e da saúde alimentar. Posteriormente foram
feitas algumas avaliações sobre o perfil de saúde bucal de várias dessas crian-
ças e se distribuiu escovas para orientá-las sobre como fazer a correta escova-
ção. Ocorreu no dia 10 de julho.
PARTICIPAÇÃO NA ELABORAÇÃO DOS JORNAIS “SAÚDE SOSSEGO”
Descrição: O jornal da procura apresentar assuntos que interessem a Vila Sos-
sego, mostrar conquistas e histórias dos moradores, atividades que estão
acontecendo na Vila ou que possam interessar os moradores, notícias que se
relacionem com os temas saúde e bem estar. Além disso, tem como objetivo
dar mais autonomia para a comunidade e também criar um espaço que tenha a
característica da Vila Sossego.
Período - Trimestral - Edições -10ª, 11ª e 12ª
PARTICIPAÇÃO NO GRUPO DE ESTUDO INTERDISCIPLINAR
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Descrição : Grupo de Estudos do Projeto Intersossego os outros projetos do
Saúde Urbana com a finalidade de discutir temas pertinentes ao trabalho que
realizamos e aprimorarmos nosso conhecimento sobre estes.
Período - Mensal -Os encontros ocorreram nos dias:
27 de maio – Tema: território e territorialidade
24 de junho – Tema: território e territorialidade
26 de agosto – Tema: formação política
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ACADÊMICA: - BIBIANNA PAVIM -BOLSISTA DE EXTENSÃO PROREXT CURSO: SAÚDE COLETIVA PERIODO: Março a Dezembro de 2014 O Projeto InterSossego é um projeto que visa a vivência a integralidade
e a intersetorialidade. Além de “aguçar” a responsabilidade social que temos
perante a sociedade, este projeto multidisciplinar é capaz de despertar senti-
mentos e habilidades que nós graduandos não imaginamos adquirir durante
nossa faculdade. Uma palavra que define este trabalho é o CONHECIMENTO,
de nós mesmos, da realidade da nossa sociedade e de que juntos, podemos
fazer a diferença.”
Início meu relatório colocando uma frase que resume este ano de proje-
to para mim:
O InterSossego proporcionou vivências entre colegas de diversos cursos distin-
tos, com professores que puderam nos transmitir seu conhecimento de forma
mais prática e pessoal, profissionais da saúde (UBS), entre outros.... Foi
um trabalho árduo que contou com a participação de todos e de diversas reuni-
ões e atividades realizadas ao longo de dois semestres.
Dentre as atividades realizadas, as que mais se destacaram foram as
seguintes:
Elaboração dos jornais " Saude Sossego" que contou com a partici-
pação dos bolsistas, professoras, profissionais envolvidos e a comu-
nidade;
Participação na elaboração de resumos e artigos que foram apresen-
tados em eventos ( ou seja, colegas bolsistas do projeto participaram
de eventos, levando resumos e trabalhos, onde todos tiveram partici-
pação na escrita);
Participação na organização e realização da II Feira da Saúde, reali-
zada no dia 25/10, sábado à tarde e contou com a participação dos
bolsistas, profissionais convidados, UBS, professores, comunidade,
entre outros;
Participação na organização e realização do II Intervilas, que teve a
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duração de dois dias. O Evento teve como tema principal: "Território,
Desigualdades Sociais e Saúde: Desafios para o Trabalho e Forma-
ção Profissional". Contamos com um total de 140 participantes, onde
os bolsistas do projeto realizaram a divulgação, apresentação e or-
ganização total do Evento.
Apresentação de comunicação oral na Tertúlia do XV Salão de Ex-
tensão da UFRGS, apresentado pela bolsista Bibianna Pavim, cujo o
tema foi: “A Comunicação no Processo de Promoção da Saúde na
Vila Sossego”;
Participação do XV Salão de Extensão da UFRGS na Mostra do Sa-
lão de Extensão para apresentar aos participantes e interessados o
trabalho de três anos do Projeto InterSossego;
Participação no projeto de Criação do “Recanto Sossego”, local onde
foi recriado um novo espaço de lazer para os moradores da comuni-
dade. Neste local era armazenado um lixão improvisado, onde foi
possível fazer a limpeza do local, bem como sua revitalização. O pro-
jeto aconteceu com a ajuda dos bolsistas, sendo que o bolsista da
àrea de arquitetura Ícaro Epifânio – tomou a frente do projeto. Obti-
vemos a ajuda dos moradores da comunidade, das professoras e de
líderes comunitário da Lomba do Pinheiro .
Participei de todo este trabalho no qual foi realizado através de reuniões
semanais entre os bolsistas e professores e a Coordenadora do projeto e reu-
niões mensais entre bolsistas, Coordenadora do projeto e funcionários da equi-
pe 1 da UBS e moradores da Vila Sossego. Foi realizado, ainda um grupo
de estudos entre os bolsistas e professores e coordenadora do projeto, onde
mensalmente eram discutidos temas relevantes para a nossa execução no Pro-
jeto.
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ACADÊMICA: EMILY PRISCILLA SILVA SANTOS - BOLSISTA DE EXTENSÃO PROREXT CURSO: ODONTOLOGIA PERIODO: Março a Dezembro de 2014 ENCONTROS REALIZADOS:
Participação nas reuniões na Vila Sossego: As reuniões na Vila foram
realizadas com a comunidade para discutir ideias do grupo, dos
moradores e de todas as atividades planejadas. Durante esse período
foram realizados 6 encontros, dos quais eu pude participar de 3.
Participação nas reuniões na UFRGS: As reuniões na UFRGS foram
realizadas semanalmente, durante esse período tivemos 24 encontros,
dos quais eu participei de 20 deles. Nesses encontros desenvolvemos
ideias e planejamentos para todas as atividades realizadas.
Participação nas reuniões do grupo de estudo: Os encontros do grupo
de estudo, foram realizados mensalmente na sala do anexo I de saúde
da UFRGS, juntamente ao Projeto Despertar, com o objetivo de debater
assuntos relacionados a comunidade.
EVENTOS REALIZADOS:
Participação na organização da Mesa Redonda “Microepidemia da
Dengue na Vila Sossego em 2013”: Realizada no dia 09 de maio de
2014, com a participação de 60 pessoas. Estive presente com os
bolsistas Igor, Tayne, Bibiana, Manuela e Ícaro, que trabalharam na
organização e desenvolvimento desse evento.
Participação no II Encontro Intervilas: Realizado no dia 10 e 11 de
outubro de 2014, com a participação de 140 pessoas. Tive a
oportunidade de realizar o momento cultural com dois amigos músicos.
Todos os bolsistas estavam envolvidos na organização e realização do
evento.
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Participação na II Feira de Promoção de Saúde: Realizada dia 25 de
outubro de 2014, com circulação de aproximadamente 200 pessoas.
Esse evento foi realizado na Vila Sossego em uma tarde de sábado e
foram organizadas tendas de atendimento a saúde bucal, reciclagem,
entre outras. Nesse evento tive a oportunidade de realizar a atividade de
plantio e reciclagem com as crianças da Vila Sossego.
Participação na Semana Acadêmica: Do Lixo ao Luxo: O processo de
apropriação e transformação da comunidade Vila Sossego”.
Na semana acadêmica da UFRGS, com os colegas Ícaro Epifânio
(Arquitetura), Liziane Guedes (Psicologia) e Tayane Ribeiro (Odontologia).
Foram apresentados na mostra as atividades realizadas na Vila e todo o
processo de transformação do lixo, em Jardim Sossego. Apresentei na mostra
dois dias com os colegas bolsistas do Projeto InterSossego Ícaro, Tayane e
Liziane.
O Projeto InterSossego, me proporcionou a experiência de conhecer
uma comunidade, onde a problema era o lixo e esse lixo resultava em grandes
consequências para toda a população. O incentivo dos coordenadores nos
levou a analisar cada questão social que representava aquela situação e assim
nos capacitou a pensar em ações possíveis para determinar a problematização
e mesmo com a falta de experiência pude perceber que a saúde poderia ser
resultado não só da prática e da técnica que o meu curso poderia oferecer, mas
também de outras atividades que a teoria do curso e o conhecimento adquirido
poderia proporcionar. Aprendemos que saúde não é apenas a ausência da
doença e pude ver que podemos atuar tanto na ausência da doença, como
também contribuir com o bem-estar. Hoje foram acrescentados pontos positivos
na minha visão de um bom profissional na área da saúde bucal. Pude sentir na
prática de cada atividade a sua importância. Isso me inspira a cada dia mais
buscar ser esse profissional que se reconstruiu no Projeto InterSossego,
graças a absorção das experiências vividas lá.
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APÊNDICE A Artigo elaborado pelo grupo de bolsistas, sob orientação das professoras coor-denadoras do projeto, e publicado nos anais do 8º Encontro Regional da ABRAP-SO - Associação Brasileira de Psicologia Social, realizado no Rio de Janeiro, RJ, de 5 a 7 de novembro de 2014.
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PROGRAMA SAÚDE URBANA
PROJETO INTERSOSSEGO
LIZIANE GUEDES DA SILVA
ÍCARO EPIFÂNIO SANTANA
MANUELA NOGUEIRA ALMEIDA
BIBIANNA DE OLIVEIRA PAVIM
EMILY PRISCILLA SILVA DOS SANTOS
IGOR FERREIRA ESPÍNDOLA
TAYANE MASSGNANI RIBEIRO
MARIA INÊS AZAMBUJA
ALZIRA MARIA BAPTISTA LEWGOY
Jardim Sossego - Do Lixo ao Luxo na Vila Sossego
PORTO ALEGRE - RS
2014
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Jardim Sossego - Do Lixo ao Luxo na Vila Sossego
Liziane Guedes da Silva
Acadêmica em Psicologia, Bolsista de Extensão do Projeto InterSossego
Projeto InterSossego/Programa Saúde Urbana, Ambiente e Desigualdades/UFRGS [email protected]
Ícaro Epifânio Santana
Acadêmico em Arquitetura e Urbanismo, Bolsista de Extensão do Projeto InterSossego
Projeto InterSossego/Programa Saúde Urbana, Ambiente e Desigualdades/UFRGS [email protected]
Manuela Nogueira de Almeida
Acadêmica em Serviço Social, Bolsista de Extensão do Projeto InterSossego Projeto InterSossego/Programa Saúde Urbana, Ambiente e Desigualdades/UFRGS
Bibianna de Oliveira Pavim Acadêmica em Saúde Coletiva, Bolsista de Extensão do Projeto InterSossego
Projeto InterSossego/Programa Saúde Urbana, Ambiente e Desigualdades/UFRGS [email protected]
Emily Priscilla Silva dos Santos
Acadêmica em Odontologia, Bolsista de Extensão do Projeto InterSossego Projeto InterSossego/Programa Saúde Urbana, Ambiente e Desigualdades/UFRGS
Igor Ferreira Espíndola Acadêmico em Relações Públicas, Bolsista de Extensão do Projeto InterSossego
Projeto InterSossego/Programa Saúde Urbana, Ambiente e Desigualdades/UFRGS [email protected]
Tayane Massignani Ribeiro Acadêmica em Odontologia, Bolsista de Extensão do Projeto InterSossego/UFRGS
Projeto InterSossego/Programa Saúde Urbana, Ambiente e Desigualdades [email protected]
Maria Inês Reinert Azambuja
Prof. Medicina Social, Coordenadora Adjunta do Projeto InterSossego Projeto InterSossego/Programa Saúde Urbana, Ambiente e Desigualdades
Universidade Federal do Rio Grande do Sul/Brasil [email protected]
Alzira Maria Baptista Lewgoy
Prof. Serviço Social, Coordenadora do Projeto InterSossego Projeto InterSossego/Programa Saúde Urbana, Ambiente e Desigualdades/UFRGS
mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]
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ESTRUTURA DO ARTIGO
RESUMO
1. INTRODUÇÃO
2. DESENVOLVIMENTO
2.1 O PROJETO INTERSOSSEGO E OS CASOS DE DENGUE NA VILA
SOSSEGO: MOTIVAÇÃO PARA A TRANSFORMAÇÃO
2.2 O JARDIM SOSSEGO: DO LIXO AO LUXO
2.3 O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO JARDIM SOSSEGO:
OLHARES INTERDISCIPLINARES
2.4DESAFIOS DA FORMAÇÃO E DO TRABALHO INTERDISCIPLINAR
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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Resumo
O presente artigo aborda uma experiência acadêmico-profissional inter-
disciplinar e intersetorial vinculada ao Projeto InterSossego, projeto de exten-
são integrante do Programa Saúde Urbana/UFRGS, realizado na Vila Sossego,
com parceiros dos setores de saúde e assistência social e por estudantes de
diversas áreas: arquitetura, comunicação social, odontologia, psicologia, saúde
coletiva e serviço social. Essa atuação visa desenvolver a participação prota-
gonista dos moradores da comunidade, que culminou na transformação da
praça local, que armazenava lixo e sujeira, em um local que acolhe esses sujei-
tos e suas esperanças. A Vila Sossego apresenta características peculiares no
contexto urbano de Porto Alegre/Rio Grande do Sul diferenciando-a de ocupa-
ções afastadas dos centros urbanos. Caracteriza-se por ser uma vila de pe-
quena área e população, que sofre uma constante pressão para remoção.A
formação interdisciplinar em atividade de extensão possibilita a construção de
conhecimentos coletivos e extraclasses significativos aos estudantes de saúde
e irá contribuir para uma atuação comprometida e integral.
Palavra-chave: saúde urbana, formação profissional, comunidade.
Abstract
This article presents InterSossego Project, integral extension project of
the Urban Health Program / UFRGS, held in Vila Sossego with partners in
health and social care sectors interdisciplinary and inter-professional academic
experience and students from various fields: architecture , media, dentistry,
psychology, public health, and social service. This activity aims to develop the
protagonist participation of community residents, culminating in the
transformation of local square, that stored garbage and dirt in a place that
welcomes those guys and their hopes.
The Vila Sossego presents distinctive characteristics in the urban context
of Porto Alegre / Rio Grande do Sul distinguishing it from occupations far from
urban centers. It is characterized by being a small village area and population,
which undergoes a constant pressure for removal. The interdisciplinary training
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in extension activity allows students to build significant health and Afterschool
collective knowledge and will contribute to a committed and integral action.
Keyword: urban health, vocational training, community.
1.INTRODUÇÃO
O Projeto INTEGRALIDADE E INTERSETORIALIDADE: TRABALHO
MULTIPROFISSIONAL NUMA MICRO REGIÃO DA UBS HCPA /SANTA
CECILIA – ou Projeto InterSossego de extensão comunitária, teve início em
2011. É um projeto vinculado ao Programa Saúde Urbana que visa a promoção
da Saúde Urbana no nível local – o que requer problematizar neste nível os
determinantes sociais do adoecimento e como modificá-los a partir da
comunidade. Este projeto atua através da intersetorialidade, tendo como
referência a interdisciplinaridade, unindo áreas de atuações diversas, tanto de
órgãos, quanto de alunos da graduação. Justifica-se que essa é o encontro de
diferentes disciplinas, seja na perspectiva pedagógica ou epistemológica, para
a construção de um novo saber. Este saber, por sua vez, é produzido pela
intersecção dos diferentes saberes/disciplinas. Uma visão interdisciplinar deve
estar presente tanto no campo da teoria como no da prática, seja essa prática
de intervenção social, pedagógica ou de pesquisa (Bispo, et al, 2014). Dessa
forma, nosso Projeto desenvolve-se em parceria entre a UFRGS (Programa
Saúde Urbana), a Unidade Básica de Saúde (UBS) Santa Cecília (Equipe
1)/HCPA; o CRAS Centro (Centro Regional de Assistência Social, Região
Centro, da Pref. Municipal de Porto Alegre) e a Vila Sossego ( Bairro Santana –
Porto Alegre – RS).
2. DESENVOLVIMENTO
2.1 O PROJETO INTERSOSSEGO E OS CASOS DE DENGUE NA VILA
SOSSEGO: MOTIVAÇÃO PARA A TRANSFORMAÇÃO
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O Projeto Intersossego tem como foco uma comunidade, de
aproximadamente 330 pessoas, que habita há mais de 30 anos, de maneira
irregular, um território central na cidade de Porto Alegre – a Vila Sossego –
localizada paralelamente à Avenida Ipiranga. Em 2008 o local foi reconhecido
como Área Especial de Interesse Social, ou seja, destinada a reurbanização
com manutenção dos moradores no local. Passados 6 anos o processo de
construção de moradias ainda não aconteceu e é a demanda mais urgente
dessa comunidade, sempre surgindo nos diálogos realizados entre o grupo que
constitui o Projeto InterSossego.
Figura 1. Mapa de localização da Vila Sossego.
Imagem: elaborada pelo bolsista de arquitetura Icaro Epifânio
Fonte: Lewgoy(2014) Azambuja(2013)
Em Março de 2013, na reunião mensal do grupo de professores e alunos
da UFRGS, servidores da Unidade Básica de Saúde (UBS) Santa Cecília e do
Centro de Referência em Assistência Social (CRAS) Centro, realizada na Vila
juntamente aos moradores, houve um número elevado de participantes. Os
moradores carregavam cartazes com a frase “Chega de reunião e pesquisa,
queremos solução”, em contraposição ao seguimento do censo (que buscava
conhecer as características sociodemográficas da vila Sossego), o que os mo-
radores de fato queriam era ação frente ao crescente número de casos de
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dengue que estavam sendo detectados em moradores da comunidade. “Os
moradores estavam muito apreensivos com o diagnóstico de cinco casos con-
firmados ou suspeitos de Dengue entre os vizinhos, no primeiro ano em que se
registrava mais casos autóctones do que importados de Dengue na cidade de
Porto Alegre.” (AZAMBUJA et al, 2014, p.1)
O primeiro caso foi identificado devido à atuação de um agente de en-
demias no local de trabalho de uma moradora. Ela reconheceu os sintomas
descritos e, após exame sorológico, teve o caso confirmado, na segunda se-
mana de fevereiro. Em três semana identificou-se um segundo caso e no início
do mês de Março, outras três pessoas foram infectadas com a doença.Os mo-
radores tinham razão para se sentirem alarmados. Cinco casos em uma comu-
nidade pequena, de 327 pessoas, correspondem a uma taxa de incidência de
mais de 1500/100 mil., muito superior ao limite de 300 por 100 mil a partir do
qual o Ministério da Saúde considera a incidência como elevada. E ao final de
três semanas os 5 casos se transformaram em 10, ou seja, 3% dos moradores
da Vila Sossego tiveram Dengue confirmado no período entre 7/2 e 27/3/2013,
uma taxa 10 vezes maior que a taxa considerada elevada pelo Ministério da
Saúde Sem falar em 2 outros casos em residentes próximos (ver Figura 2).
(AZAMBUJA et al, 2014, p.1)
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Figura 2. Mapa de localização dos casos de dengue nas residências da
Vila Sossego.
Fonte: Azambuja et al, 2014
A grande área verde que se vê no mapa (da figura 1), na esquina da
Rua Luís de Camões com a Rua Livramento, corresponde a um terreno privado
utilizado até 2013, como depósito de sucata a céu aberto, por um grande reci-
clador que morava em prédio próprio na Rua Veador Porto. A comunidade se
mobilizou ao perceber que o terreno privado seria o foco da dengue. Juntamen-
te ao projeto InterSossego buscaram os parceiros necessários para neutralizar
o aumento do risco de casos de Dengue. Esse protesto demonstra o quanto a
comunidade unida pode atingir seus objetivos, a partir do momento que pauta
suas demandas com os parceiros certos e frente aos órgãos competentes. En-
tretanto, cabe ressaltar que o auxílio da mídia foi imprescindível para desaco-
modar o poder público. Somente após o Jornal do Comércio veicular notícia
informando a situação da dengue na Vila Sossego, e após um morador ser in-
fectado por uma segunda vez pelo mosquito, que ocorreu a intervenção do Es-
tado. (AZAMBUJA et al, 2014)
2.2 .O JARDIM SOSSEGO: DO LIXO AO LUXO
O surgimento do Jardim Sossego na Vila Sossego ocorreu em
articulação com a II Feira de Promoção de Saúde, que estava prevista para
ocorrer no mês de Junho do ano de 2014, que não foi possível devido à chuva,
pois o evento seria a céu aberto. Dessa forma, o evento foi remarcado para o
dia 25.10.14, data que foi inaugurada oficialmente o Jardim Sossego.
Em reunião intersetorial mensal que ocorre na Vila Sossego, os
moradores da Vila Sossego, os profissionais da equipe 1 da UBS Santa
Cecília/HPCA e os alunos e professoras da UFRGS problematizaram o uso
contínuo desse espaço como lixão para pessoas externas à comunidade.
Nesse momento também relembraram o quanto esse aglomerado de lixo
esteve diretamente conectado aos 10 casos de dengue notificados nessa
microrregião (correspondentes a 10% do total de casos ocorridos em Porto
Alegre em 2013, índice alto para essa comunidade).O grupo pensou em uma
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28
forma de ocupar aquele espaço, visando inibir a continuidade do acúmulo de
lixo, e principalmente de fazê-lo servir ao lazer da comunidade, atuando como
espaço de integração comunitária.
Nesse meio tempo a equipe do Projeto InterSossego foi convidada à
conhecer a Horta Comunitária da Lomba do Pinheiro, localizada na zona leste
de Porto Alegre, espaço gerido pela comunidade do bairro juntamente a
professores do município de Porto Alegre e da UFRGS. Nessa visita a ideia de
reconstrução da praça se mostrou possível pois permitiu aos integrantes do
Projeto aprender o que tem sido feito lá, que deu certo, e que também
podemos trazer para a Sossego. A horta na cidade representa um espaço onde
se pode cultivar, além de plantas, a integração entre membros de uma mesma
comunidade, o que é de extrema importância para o convívio comunitário. Além
disso, o cultivo na horta é uma atividade terapêutica, reduz o estresse, diminui
o sedentarismo e promove educação ambiental nas cidades.
Dessa reflexão teve origem a proposta de aproveitamento do espaço
para a construção de um jardim – para o semeio de flores no solo – e uma
horta vertical – para o cultivo de pequenos legumes, ervas e temperos –, além
de manter os brinquedos infantis – que já estavam no local, mas não eram
usufruídos pela comunidade devido ao perigo que a concentração de lixo
oferecia às crianças, fosse pelo mau cheiro, fosse pelo perigo de
contaminação.
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Figura 3. Lixão na Vila Sossego em 03.04.14.
Fonte: Foto do bolsista de Relações Públicas Igor Espindola
Ressalta-se que a ideia de construir um espaço conveniente para os
moradores só foi possível devido à característica interdisciplinar dos
integrantes do Projeto. Essa conexão de saberes que possibilitou uma ação
complexa, que a partir de cuidados em saúde, minimizasse os riscos para a
comunidade, entregando um espaço de lazer e, principalmente, inibindo a
continuidade do acúmulo de lixo.
A construção do Jardim Sossego possibilitaria: (a) embelezar o espaço,
(b) evitar doenças, ao acabar com um antigo foco de dengue e possível
proliferação de bactérias por onde os animais circulavam livremente antes do
contato com os moradores, (c) gerar à comunidade um excedente do plantio de
produtos naturais/orgânicos, (d) construir um conhecimento a respeito do
cultivo da terra e das plantas que a população urbana, em geral, não possui,
gerando uma reflexão a cerca do o cuidado com o meio ambiente e com a
terra, (e) elevar o senso de comunidade ao aproximar os moradores uns dos
outros durante o plantio e manutenção do jardim .
Mobilizados, a equipe do Projeto e os líderes comunitários angariaram
os recursos materiais para a construção. As lideranças contataram os órgãos
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30
municipais responsáveis pela limpeza da área e envolveram-se ofertando mão
de obra. A prefeitura de Porto Alegre forneceu e instalou os moirões e a cerca
que delimita o espaço do Jardim, diminuindo a possibilidade de descarte (por
carroceiros que não residem na Vila) de lixo no local. Em seguida os servido-
res realizaram a instalação de um brinquedo para uso das crianças. Entretanto,
o local no Jardim onde o brinquedo foi colocado estava em desencontro ao pro-
jeto arquitetônico acordado com os moradores da comunidade, tendo invadido
o espaço previsto para a horta. E, apesar da orientação do líder comunitário
envolvido no processo, a urgência do poder público em mostrar serviço acabou
gerando uma desconsideração das demandas da comunidade, numa relação
totalmente verticalizada. Na maioria das vezes, as necessidades das comuni-
dades periféricas não são ouvidas, muito menos respeitadas pelo poder públi-
co.A criação do Jardim Sossego abriu espaço para outra funcionalidade e re-
presentação a esse local, que do lixo passou a servir ao lazer da comunidade e
atuar como espaço de integração comunitária.
Figura 4. Jardim Sossego em 11.10.14, antes da Feira de Saúde.
Fonte: Foto do bolsista de Relações Públicas Igor Espindola
2.3 O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO JARDIM SOSSEGO: OLHARES
INTERDISCIPLINARES
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31
O desenvolvimento do Jardim Sossego tem possibilitado não só diminuir
o risco de doenças, principalmente a dengue, na Vila Sossego, mas também
estreitar os laços afetivos entre os moradores da comunidade, fortificando o
sentimento de pertença dos mesmos e a relação de identificação e cuidado que
se estabelece com o espaço e com o coletivo. Segundo Ornelas (2002, p. 11),
“o sentimento de comunidade e de pertença em relação a uma vizinhança, a
preocupação demonstrada pelos outros e o acreditar que alguém se preocupa
com o (a) próprio (a) são atitudes cruciais que podem apoiar ou desencorajar a
participação”.
Sentir-se pertencente a uma comunidade eleva o cuidado do sujeito com
o espaço que habita, melhora a percepção de si mesmo (ligado ao fato de
querer bem ao espaço em que se reside) e facilita a criação de uma rede social
que auxilie no enfrentamento das dificuldades, tanto individuais, quanto
coletivas. Portanto, o sentimento de pertença é necessário para que os
moradores da comunidade percebam-se (ou tornem-se) potentes e
protagonistas nas lutas dos direitos comunitários, pois a comunidade unida
possui mais poder de busca de suas metas que indivíduos aleatórios.
A relação existente entre os indivíduos e o território que habitam é
bastante significativa para a constituição dos sujeitos. O sujeito molda o espaço
– reproduzindo características suas nele – e simultaneamente o espaço
modifica o sujeito. Segundo Massey (2008) é preciso entender o território não
só como produto da sociedade, mas também como produtor dela. À medida
que a Vila Sossego se torna um espaço respeitado e bonito aos olhos dos
moradores e dos que circulam pela vila, gradativamente os moradores também
se tornarão. Nesse processo, o espaço é reconstituído e os sujeitos também o
são.
Enxergar o espaço como merecedor de afeto faz com o que o indivíduo
e o coletivo de moradores queiram tornar o local mais bem cuidado, buscando
seus direitos junto ao poder público para a melhoria do território. As
características do território configuram o ambiente, que por sua vez, influencia
no processo saúde-doença da população. O território nesse caso seria mais
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32
que um depositário de atributos da população, mas também o lugar da
responsabilidade e da atuação compartilhada (PEDROSA E TELES, 2001.).
Enquanto se estreita o sentimento do sujeito com o território que habita,
uma teia se desenvolve, conectando diversos elos, entre eles: a) o
pertencimento – dos moradores com o território, a partir do cuidado –, b) os
movimentos sociais – que se fortalecem com o empoderamento das
comunidades, e suas lideranças, nas lutas pelos seus direitos – e c) o
desenvolvimento em saúde – vista de forma ampliada, e sendo compreendida
a partir da perspectiva de uma comunidade menos vulnerável, com mais laços
de rede social e com maior qualidade de vida.
Segundo Sarriera e Saforcada (2010, p. 98) as redes sociais se
constroem dentro da comunidade e o apoio social é considerado como uma
função dentre as múltiplas oferecidas pelas redes sociais; é pensado como a
principal função e também como promotor de construção das redes. Dessa
forma, a rede social é uma fonte que se alimenta e se impulsiona,
possibilitando que cada participante reflita e fortaleça sua autoimagem
conectada com o papel que desempenha e ocupa na comunidade.
Nem sempre a vida na comunidade corre às mil maravilhas. Um dos
principais desafios que essa equipe de alunos percebeu foi a falta de união
cotidiana da comunidade. Ou seja, a comunidade da Vila Sossego conseguiu
perceber, a partir da mudança do Jardim Sossego e de outras conquistas, que
é capaz de atingir suas metas quando une-se em busca de um objetivo
comum. Contudo, essa união só ocorre quando há risco iminente, seja de
doenças, seja de desapropriação (a comunidade segue na luta pela
regularização das moradias e reforma das residências) ou qualquer outro fator
que atinja uma certa parcela da comunidade. Entretanto, essa característica
não pode ser vista como um defeito, tendo em vista que, mesmo que
eventualmente, os moradores da comunidade sabem que há redes sociais que
podem ser acessadas e fortalecidas quando a necessidade exige.
Destaca-se os principais objetivos atrelados ao Jardim Sossego, segun-
do Lewgoy (2014c):
(a).Elevar o empoderamento e o protagonismo dos moradores da Vila Sosse-
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33
go, através da participação e da apropriação de um lugar comum, a praça, e
assim fomentar na comunidade a busca autônoma pela garantia dos seus direi-
tos fundamentais; (b).Perceber como essas relações influenciam na identidade
comunitária, no sentimento de pertencimento da comunidade à cidade e na
problemática da saúde urbana, além de problematizar como ações de consci-
entização e práticas da universidade na vila podem transformar tais relações.
(c).Estimular e instrumentalizar os alunos do Projeto para uma atuação inter-
disciplinar e intersetorial, a partir dos conhecimentos gerados em seus núcleos
de saber, mas compreendendo o sujeito como ser integral e complexo, ponto
importante para a formação profissional; (d).Estreitar os laços de trabalho com
os parceiros que realizam o trabalho, a Unidade Básica de Saúde Santa Cecília
e o Centro de Referência em Assistência Social da região Centro.
Ações diversas tem sido realizadas entre a equipe do projeto para aten-
der os objetivos propostos no planejamento para o ano 04 do Projeto InterSos-
sego, como: a) reuniões semanais entre os alunos de graduação que partici-
pam do projeto para pensar em programas as estratégias a serem realizadas
para as ações junto à Vila Sossego e unir os mais diversos conhecimentos
acadêmicos para tal propósito; b) a realização de reuniões mensais entre os
integrantes do Projeto na comunidade, na unidade básica de saúde e no
CRAS; c) o estímulo à reflexão coletiva, visando à tomada de decisão e empo-
deramento dos moradores para solução de suas demandas; d) atividades inte-
gradoras nos fins de semana na vila, com intuito prático, educativo e reflexivo
com os moradores, sendo notável a participação das crianças; e) o estímulo à
integração do grupo a outras comunidades; f) atividades práticas de plantio,
reforma e revitalização de espaços degradados; g) incentivo ao planejamento
da reforma do espaço, por parte dos moradores e auxílio na busca de verba,
por todo os integrantes do projeto, através de rifas e descontos em lojas dos
produtos necessários.
2.4 DESAFIOS DA FORMAÇÃO E DO TRABALHO INTERDISCIPLINAR
O desenvolvimento das ações do Projeto InterSossego apresenta-se
como um desafio continuo para o grupo de alunos, uma vez que ao presenciar
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a realidade reconstroem o saber acadêmico relacionando o aprendizado teórico
com a vivência estudantil na prática extensionista. Segundo Lewgoy (2014b),
“para os alunos, a experiência de inserção em um território possibilitou pensar
sobre os problemas numa dimensão não apenas teórica, mas teórica a partir
da prática”.
O trabalho interdisciplinar é um constante desafio aos profissionais,
principalmente aqueles que atuam em saúde e aos que estão em formação
para a mesma finalidade. Ocorre que o ensino brasileiro sempre foi
fragmentado, principalmente o ensino em escola pública, desde o nível
fundamental até o atual nível superior. A escola e a universidade, na maioria
das vezes, não ensinam o aluno a refletir e construir conhecimento, apenas
absorver e reproduzir o que já está dado, abordando as diversas questões a
partir dos mesmos autores.
Dessa forma, a construção de conhecimento coletivo, uma exigência da
atual concepção de saúde ampliada, aquele que considera o ser humano na
sua integralidade, se torna um desafio ainda maior, quando o acadêmico e o
profissional se deparam com situações complexas, que exijam mais de uma
resposta, em situações que nem sempre a teoria dá conta. Tais acontecimentos
podem ser catalisadores de motivações ou frustrações, variando de acordo
com a capacidade do profissional/acadêmico em adequar-se às necessidades
do campo de trabalho.
A atuação com seres humanos, seja em saúde, educação, assistência,
ou outros, exige compreensões que vão além da constatação de presença ou
ausência de doença/aprendizagem/pobreza. “Os primeiros desafios a serem
superados nesta nova ótica de trabalho em equipe são o rompimento com o
paradigma do modelo biomédico e com a visão reducionista da concepção
saúde e doença. Ruptura essa que nos impõe a prática interdisciplinar”
(MADEIRA, 2009, p.64).
A prática interdisciplinar demanda que os profissionais sejam capazes
de compreender o contexto em que vive determinado sujeito para poder
sugerir-lhe um atendimento, adequando-o às suas necessidades. E como fazer
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35
isso a partir de uma única ótica, a acadêmica e centrada no saber de cada área
de atuação?
Partindo desse pressuposto, é possível imaginar as problemáticas que
irão surgir quando esse profissional adentrar ao mercado de trabalho e
perceber que os seus pacientes são muito mais complexos do que as
classificações do CID (Classificação Internacional de Doenças) são capazes de
alcançar. A concepção do processo de saúde/doença tendo como referência os
determinantes sociais da saúde aponta para desafio em estabelecer uma
hierarquia de determinações entre os fatores mais gerais de natureza social,
econômica, política e as mediações através das quais esses fatores incidem
sobre a situação de saúde de grupos e pessoas, já que a relação de
determinação não é uma simples relação direta de causa-efeito. (MENDES et
al, 2008, p. 29)
O Projeto InterSossego inclui tantas áreas de conhecimento e visa atin-
gir tantas questões no cotidiano desses sujeitos que o trabalho central abrange,
as questões culturais, relações humanas, inserção do meio, qualidade de vida,
mobilidade urbana, protagonismo comunitário, entre outros fatores que irão
influenciar fortemente no cotidiano e na vida desses sujeitos. A partir da prática
interdisciplinar, os sujeitos exercitam a capacidade de realizar a integração dos
saberes, possibilitando que o olhar se torne mais diverso e elevando as alterna-
tivas de compreensão dos fenômenos, reconhecendo-os como complexos e
reforçando a necessidade de coerência na materialização da integralidade
(MENDES et al, 2008).
Com a vivência e o trabalho em grupo, o acadêmico tem a oportunidade
de inserção em outras áreas de conhecimento, possibilitando o acesso a infor-
mações e práticas que poderão ser utilizadas e agregadas no dia a dia em seu
meio profissional. A construção do Jardim Sossego construiu nos alunos o de-
senvolvimento de ações que abrangem não só a prática como também ações
que contribuem com a qualidade de vida. Desenvolvendo atividades que não
se restringem apenas ao saber acadêmico, mas sim ao desenvolvimento de
saberes em diversas áreas, que são adquiridas através da troca de conheci-
mento com o grupo interdisciplinar.
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Trabalhar com pessoas de diferentes áreas não é uma atividade sim-
ples, por isso mesmo deve-se iniciá-la na graduação, para que, ao chegar ao
mercado de trabalho, os futuros profissionais já estejam acostumados ao traba-
lho coletivo, que só traz benefícios ao usuário. “Sem dúvida, a interdisciplinari-
dade vai além de uma justaposição ou adição de diferentes ângulos sobre de-
terminados objetos de análise. As disciplinas se comunicam umas com as ou-
tras, confrontam e discutem as suas perspectivas, estabelecendo entre si uma
interação mais forte.” (MENDES et al, 2008, p. 29)
Além disso, é importante ressaltar que o trabalho interdisciplinar em ati-
vidade de extensão se difere do trabalho em pesquisa exatamente por propiciar
ao aluno uma aproximação com seu real campo de atuação, possibilitando uma
construção de conhecimento prático, e não apenas teórico. Nesse cotidiano
aprende-se que é necessário que os profissionais trabalhem coletivamente,
valorizando o saber um do outro e apropriando- desse saber.
3.CONSIDERAÇÕES FINAIS
A reforma do Jardim Sossego foi tão efetiva que resultou na presença do
Prefeito de Porto Alegre para inaugurar a praça. Uma das principais inquieta-
ções da comunidade da Sossego era o quanto estavam invisíveis e esqueci-
dos. Invisíveis ao restante da sociedade por estarem dentro de um bairro de
classe média, escondidos por um prédio residencial de dezenas de andares e
esquecidos pelo poder público. Essa situação de invisibilidade modificou-se,
mesmo que parcialmente, com o comparecimento do representante da prefeitu-
ra da Capital em duas ocasiões à Vila Sossego, após a chegada do Projeto
InterSossego, consagrando os atos feitos pela comunidade em parceria com o
projeto.
Apesar das circunstâncias, a atuação ativa e empoderada das lideranças
comunitárias foi imprescindível para que o serviço da prefeitura fosse prestado.
E esse é um dos resultados mais positivos que pode ser citado, pois demonstra
o desenvolvimento de uma autonomia por parte de moradores da comunidade
em busca de suas próprias demandas, sem a necessidade constante do
intermédio dos “experts” da universidade.
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O Projeto InterSossego ainda está em andamento, mas já é possível no-
tar o início de uma formação de protagonismo dos moradores perante suas
comunidade, transformando as decisões tomadas nas reuniões em realidade,
demonstrando amadurecimento no sentido de valorizar a união do coletivo. A
partir da visão dos alunos, a comunidade precisaria manter fortalecidos os la-
ços comunitários para além das situações emergenciais, contudo, não cabe à
academia trazer questões de fora para dentro, e sim possibilitar a reflexão e
percepção daqueles que residem nesse local para que eles percebam suas
necessidades, pautem-nas e façam com que virem realidade.
Para a formação profissional, esta experiência tem sido enriquecedora e
tem ensinado na prática como atuar de forma coletiva e interdisciplinar. O
currículo das graduações ainda são “engessados” e não visam uma ação e
inserção entre diversas áreas, sendo importante a participação em projetos de
extensão universitários, onde os alunos protagonizem uma troca de
experiências, saberes e principalmente de visões, fator de extrema importância
para um crescimento do profissional tanto na questão curricular, como na
questão pessoal, construindo uma nova postura acadêmica em frente à
realidade.
REFERÊNCIAS
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