UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SULINSTITUTO DE ARTES - DEPARTAMENTO DE ARTES VISUAISLICENCIATURA EM ARTES VISUAIS
CAROLINA DA SILVA MENDOZA
2012
Múltiplas maneiras de se interpretar a mesma experiênciaEu gosto da arte que pode ser apreciada de maneiras distintas. É como passear sozinho
por uma floresta trilhando um caminho emocionante e objetivo, mas também abstrato, e depois passear pela mesma floresta com um amigo botânico que lhe conta tudo sobre as plantas, seus nomes, suas origens, etc. Eu gosto muito das duas experiências. Nenhuma é melhor que a outra, são apenas diferentes. É isso que torna a arte tão especial.
FLETCHER, Harell. Algumas ideias sobre arte e educação. In: CAMNITZER, Luiz; PÉREZ-BARREIRO, Gabriel (orgs). Educação para a arte / Arte para a educação. Porto Alegre: Fundação Bienal do Mercosul, 2009, p. 49-63
Mapa conceitual realizado na disciplina de LABORATÓRIO DE PROJETOS DE ENSINO EM ARTES VISUAIS I (2008)
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SULINSTITUTO DE ARTES – DEPARTAMENTO DE ARTES VISUAISLABORATÓRIO DE MUSEOGRAFIAProfa. Dra. Ana Albani de Carvalho
entrelugaresações culturais no Instituto Goethe
Andréia WiestCarol Mendoza
Luiza MendonçaVivan Andretta
Projeto de exposição realizado para a disciplina de Laboratório de Museografia (2010)
entrelugares
O projeto ENTRELUGARES compreende uma série de ações culturais realizadas a partir
do Instituto Goethe de Porto Alegre e pretende colocar em discussão o conceito de
lugar na contemporaneidade.
Serão produzidas 3 exposições de arte com duração de 21 dias cada uma, sempre
acompanhadas de oficinas e seminários. Cada mostra reunirá 2 artistas – um brasileiro e
outro de fora do país, incentivando um intercâmbio entre os dois.
Cada exposição é o desdobramento da anterior: a primeira exposição ocupará apenas a
galeria do Instituto Goethe; na segunda, os dois artistas serão convidados a intervir no
espaço interno do prédio do Instituto Goethe; a terceira exposição será a ocupação do
espaço exterior ao Instituto. Acompanhando cada exposição serão realizados 1 seminário
entre os artistas e a curadoria e 3 oficinas, procurando agregar segmentos de público
mais amplos. O projeto também compreende uma oficina de formação de educadores.
entrelugares projeto curatorial
O projeto ENTRELUGARES se propõe a colocar em discussão o conceito de lugar na
contemporaneidade. A partir do espaço do Instituto Goethe de Porto Alegre,
acontecem uma série de ações culturais que buscam prolongar a discussão de
ENTRELUGARES a diferentes públicos.
Três exposições são abarcadas por esse projeto – À MARGEM, LINHA D’AGUA e AO
LÉU. Uma é o desdobramento da anterior, explorando diferentes ideias de lugar e
também diferentes lugares físicos do Instituto Goethe. Cada exposição une dois
artistas de regiões diferentes do globo, incentivando um intercâmbio entre eles.
Acompanhando cada mostra também estão previstas uma série de seminários e
oficinas.
proposta educativa
As ações culturais que constituem a programação do projeto ENTRELUGARES
depositam especial atenção aos educadores, pois entendem o papel
fundamental destes na ampliação das esferas do discurso acerca da arte
contemporânea.
Esta iniciativa reforça a necessidade de organização de ações culturais que
aproximem os educadores, sobretudo os responsáveis pelo ensino das artes,
oferecendo a estes um espaço para fruir, pensar e discutir as transversalidades
desta área de conhecimento. Neste sentido, os seminários, oficinas, material
educativo, catálogos e outros recursos foram concebidos como ferramentas
didáticas que potencializam os desdobramentos conceituais da exposição
ENTRELUGARES.
Esta justaposição de idéias e conceitos que se pretende desencadear a partir das
ações culturais do projeto ENTRELUGARES não poderia ser melhor ilustrada
senão por um mapa rizomático, no qual os lugares se conectam por diferentes
trajetos. Assim, ao invés de propor um material educativo que já contenha
caminhos para o educador utilizar em sua aula, como exercícios ou atividades
práticas, incentiva-se que cada um construa seu próprio mapa-conceitual, com
lugares e percursos possíveis de inspirar um processo de ensino e aprendizagem
transdisciplinar.
O mapa-conceitual será o caderno de anotações do educador durante os
seminários de abertura de cada módulo da exposição. Ele servirá como ilustração
para conceitos que podem ser ressignificados e contextualizados pelo educador
em seus projetos de aula. Alguns exemplos de possíveis percursos deste mapa-
conceitual serão experimentados a partir das oficinas realizadas durante as
exposições pelos mediadores culturais.
Assim, o projeto ENTRELUGARES, por meio de suas ações culturais e
educativas, propõe-se a criar um espaço de encontro para ver, pensar e
discutir temas da contemporaneidade, através das tensões criadas pela
arte e que podem ser reapropriadas e ampliadas pela educação.
proposta educativa
A proposta educativa consiste em:
•Um encontro de Formação de Educadores – onde além de professores, e
interessado na área, participarão os futuros educadores-oficineiros das
atividades programadas. Será através da participação nesse encontro que
serão escolhidos.
•Desenvolvimento e distribuição do material educativo.
•Organização dos três seminários.
•Desenvolvimento e aplicação das oficinas para diversos públicos.
•Catalogação dos resultados do educativo ao longo do projeto.
material educativo
Dentro da proposta de ampliação de leituras, o material educativo desenvolvido
para o projeto ENTRELUGARES tem por objetivo estimular o educador a construir
a sua própria linha de trabalho educativo, a partir das discussões e conceitos
abordados nas exposições e seminários.
Diferentemente dos materiais didáticos convencionais, que partem de exercícios de
leitura de imagem, o mapa conceitual desenvolvido parte dos conceitos presentes
no projeto ENTRELUGARES e dos interesses do educador com seus educandos.
Estimular o educador a ser um pesquisador, sem entregar “fórmulas mágicas”, é o
principal objetivo desse material.
Por ser um mapa, a permanência do mesmo está em seu conteúdo (que será
construído pelo educador) e não na sua materialidade.
oficinas entrelugares à margem
Oficina Pensando o nosso lugar e o Outro
Sinopse: Refletir sobre os conceitos de lugar e deslocamento, a partir de uma atividade
prática. Pensar o que e qual é o nosso lugar, e como pensamos e interagimos com o que está
distante. Um exercício do olhar próximo e do olhar além.
Atividade: Pensar no seu lugar e identificar elementos que sejam característicos do mesmo
para si. Reconstruir algum desses elementos (aqui a reconstrução poderá ser feita através de
diversas linguagens, pertinentemente conforme o público) . Criar um “lugar” de oposição
(que poderá ser construído ou um lugar real) e alocar o elemento reconstruído nesse local.
Fotografar. A partir disso, refletir a respeito dessa relação.
Para crianças menores: Construir esse elemento e colocá-lo em algum lugar do Instituto
Goethe. Fotografar o elemento naquele lugar. Conversar sobre a conveniência daquele
objeto, naquele lugar.
Material: diversos (o que estiver disponível nas oficinas – papéis, cola, tesoura, material para
desenho, barbantes, caixas de papelão,...), câmera fotográfica.
oficinas entrelugares à margem
oficinas
entrelugares linha d'agua
Oficina Configurando planos e horizontes
Sinopse: Pensar no que significa o horizonte e quais leituras podemos ter do mesmo, seja de
maneira subjetiva, como objetiva. Trabalhar planos e linhas, tanto no espaço plano, como no
espaço físico, utilizando-os como recursos gráficos. Construir “horizontes” possíveis.
Atividade: Poderá ser realizada em grupo, pequenos grupos ou individualmente. Primeiramente
realizar um “projeto” em uma superfície plana (desenho, ou outro meio) sobre a sua leitura do que
é ou seria “horizonte”. A leitura poderá ser subjetiva ou objetiva – tanto poderá ser uma
interpretação pessoal, como uma referência concreta. A partir desse “projeto”, montá-lo no
espaço, utilizando materiais planos e linhas.
Para crianças menores: Primeiro investigar o que elas entendem por “horizonte”. Depois,
trabalhar a atividade acima a partir da percepção delas.
Material: barbante, arame, lã (ou qualquer tipo de material linear), papéis (coloridos,
brancos e de gramaturas e tamanhos diversos), lápis, placas de MDF (diversos tamanhos,
cores e formas), fitas adesivas, cola, tesoura.
oficinas
entrelugares linha d'agua
oficinas entrelugares ao léu
Oficina Ressignificando espaços e contextos
Sinopse: Como percebemos os lugares? Por que o mesmo lugar pode ter diferentes percepções?
Pensar em como trabalhar essas percepções e aguçar o questionamento das mesmas. Discutir a carga
significados pessoais ou coletivos que um espaço/lugar pode possuir em determinados contextos.
Atividade: Deverá ser realizada em grupo. Podem ser duplas, pequenos grupos, ou com o grupo
inteiro. Uma pessoa começa a descrever um determinado lugar, sem aprofundar em detalhes físicos do
local, e sim como se sente nele e/ou as experiências que lá teve. Cada um irá criar uma imagem do
lugar imaginado a partir dessa descrição, atribuindo características que lhe forem surgindo. Os lugares
escolhidos para serem descritos devem ser lugares públicos. Após, cada um irá falar a respeito da sua
“construção”, como imaginou esse lugar, e ao final (com a ajuda de um computador conectado à
internet) iremos ver como esse lugar é realmente. Discutir essa relação de percepções do espaço a
partir da experiência individual.
Para crianças menores: Escolher um lugar no Instituto Goethe (pode ser uma sala, ou um
espaço de convivência) e transformá-lo em “outro lugar”, através de intervenções
temporárias nesses espaços.
Materiais: computador com conexão à internet, projetor, lápis (de cor e de desenho), giz
pastel (seco e/ou oleoso), papéis (diversas cores, gramaturas de tamanhos), cola, tesoura,
fitas adesivas, objetos diversos (brinquedos, livros, revistas, objetos decorativos, ...).
oficinas entrelugares ao léu
entrelugares ações culturaisO grande diferencial do projeto ENTRELUGARES , é a preocupação com a formação de
públicos e com o debate acerca dos conceitos apresentados nas obras e exposições. Ao
apresentar um projeto pedagógico juntamente a um projeto curatorial artístico,
ENTRELUGARES aventura-se por uma prática que quase exclusivamente está associada a
grandes museus ou grandes eventos. Tentar mostrar que a arte pode ir além da
apresentação expositiva é o desafio ao qual este projeto se propõe. E será através de
diversas ações culturais que o presente projeto se completa.
A primeira dessas ações será a Formação de Educadores. A ideia de utilizar a
nomenclatura “educadores” partiu da necessidade de deixar claro que qualquer um que
esteja envolvido na área educativa é o nosso público-alvo. Ali poderemos discutir
estratégias e possibilidades de uso do material educativo, de trabalhos com os conceitos
curatoriais e artísticos, além de dinâmicas que possibilitem o educador a construir seu
próprio repertório educativo.
entrelugares ações culturais
Também será na Formação de Educadores que os interessados em trabalhar
como educadores-oficineiros participarão. Será aberta uma oportunidade de
trabalho com arte-educação para aqueles que tenham interesse e aptidão,
abrindo mais um espaço de experiência na área de mediação cultural.
Com os seminários, o público e os artistas terão a oportunidade de trocar
experiências e se aprofundar nas relações de lugares proposta pela curadoria.
Os seminários funcionarão como um espaço de reflexão complementar as
exposições.
As oficinas (que serão ministradas pelos educadores-oficineiros) darão a
oportunidade de experenciar esses conceitos através de atividades práticas
que incitam o debate e a reflexão. Adaptadas a diversos públicos, será através
dessas atividades que o espectador poderá ser envolvido pela experiência
artística.
Ao almejar uma relação mais profunda com o público, indo além da relação
“obra-observador”, o projeto ENTRELUGARES mostra que o campo artístico
não pode mais restringir-se a lugares específicos – a arte está em diversos
lugares.
entrelugares à margemSeminário Sobre fronteiras, pertencimento, deslocamento
Mesa Marcelo Moscheta, Dan Halter, Adam Davies e a curadora
O brasileiro Marcelo Moscheta e os naturais do Zimbabue Dan Halter e Adam Davies
discutem lugar como território, investigando as noções de transpasse de fronteiras,
pertencimento a um lugar, enraizamento, deslocamento. Moscheta, ao deslocar rochas
da Galiza para Portugal, coloca a paisagem de um país dentro de outro. Halter e
Davies realizam um ato político na África do Sul ao trocar elementos de um país a
outro sem que nada seja percebido, evidenciando a equivalência e os problemas da
fronteira Zimbabue-África do Sul.
Oficina Pensando o nosso lugar e o Outro
Sinopse Refletir sobre os conceitos de lugar e deslocamento a partir de uma atividade
prática. Pensar o que e qual é o nosso lugar, e como pensamos e interagimos com o
que está distante. Um exercício do olhar próximo e do olhar além.
entrelugares linha d'agua
Seminário Sobre visões de espaço e horizontes
Mesa Marcos Sari, Katrin Strobel e a curadora
Nesse seminário o brasileiro Marcos Sari e a alemã Katrin Strobel colocam em
discussão o lugar como horizonte, como a demarcação de um olhar. Sari cria
horizontes com campos de cor, paisagens que o olho imagina. Strobel filma linhas de
horizonte d´agua, lugares infinitos.
Oficina Configurando planos e horizontes
Sinopse Pensar no que significa o horizonte e quais leituras podemos ter do mesmo,
seja de maneira subjetiva, como objetiva. Trabalhar planos e linhas, tanto no espaço
plano, como no espaço físico, utilizando-os como recursos gráficos. Construir
“horizontes” possíveis.
entrelugares ao léu
Seminário Sobre criar lugares possíveis
Mesa Iara Freiberg, James Webb e a curadora
Nesse seminário a brasileira Iara Freiberg e o sul-africano James Webb conversam
sobre a recriação de lugares. Freiberg reinventa lugares por meio de intervenções
gráficas e ilusões de ótica, enquanto Webb provoca estranhamento ao cruzar
elementos de dois lugares já existentes.
Oficina Ressignificando espaços e contextos
Sinopse Como percebemos os lugares? Por que o mesmo lugar pode ter diferentes
percepções? Pensar em como trabalhar essas percepções e aguçar o questionamento
das mesmas. Discutir a carga significados pessoais ou coletivos que um espaço/lugar
pode possuir em determinados contextos.
Pranchas de materiais didáticos referentes às exposições realizadas na Fundação Iberê Camargo, pesquisadas e escritas por mim.
* Dentro do Traço, Mesmo - prancha Waltércio Caldas (2009)* Desenhar no Espaço - prancha Hélio Oiticica (2010)* Desenhar no Espaço - prancha Willys de Castro (2010)
Na Fundação Iberê Camargo, além do material didático, como mediadora realizava o atendimento ao público (mediações), concepção e execução de oficinas e era responsável por aspectos operacionais da equipe.
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